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CORPVS/Rev. dos Cursos de saúde da Faculdade Integrada do Ceará Fortaleza v.1 n.14 p. 08-38 abr./jun. 2010

ooREVISTA DOS CURSOS DE SAÚDE

FACULDADE INTEGRADA DO CEARÁ

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DIREÇÃO GERAL

Ana Flávia Alcântara Rocha Chaves

DIREÇÃO ACADÊMICA

Candice Costa Nobrega

EDITOR-CHEFE CORPVS

Dr. Vasco Pinheiro Diógenes Bastos - FIC Dra. Raimunda Hermelinda Maia Macena - UFC

EDITORIA CIENTÍFICA

Esp. Antônio Carlos da Silva - FIC [email protected]

Ms. Letícia Adriana Pires Ferreira dos Santos FIC/ UECE [email protected]

Dra. Rosiléa Alves de Sousa - FIC [email protected]

CONSELHO EDITORIAL:

Andréa Cristina Silva Benevides - FIC Angela Massayo Ginbo - FMJ

Denise Maria de Sá Machado Diniz - FIC Eldair Melo Mesquita Filho - FIC

Eniziê Paiva Weyne Rodrigues - FIC Estélio Henrique Martin Dantas - FIC

Maria do Socorro Quintino Farias – FIC Nilce Almino de Freitas-IJF

Evandro Martins - FIC Paulo Marconi Linhares Mendonça - FIC

Sheilimar Regina Barragão de Sá Magalhães – FIC

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

Antonio Carlos da Silva Henrique Dantas Studart

Humberto Alves de Araújo Gabriela Casimiro Linhares

Mariana André Cavalcante

REVISÃO DE TEXTOS

Ms. Letícia Adriana Pires Ferreira dos Santos - UECE Ms.Rosana Cátia Barbosa Terceiro - FIC

Ms. Raimunda Maria do Socorro Sanches de Brito - FIC Esp. Antônio Orion Paiva

Ms. Mirna Gurgel Carlos da Silva – FIC

NORMALIZAÇÃO

Luiza Helena de Jesus Barbosa - CRB - 830

CORPVS/Revista dos Cursos de saúde da Faculdade Integrada do Ceará. – v.1, n.1, (jan./mar.2007). – Fortaleza: Faculdade Integrada do Ceará,2007. v.: il, 30 cm

Trimestral ISSN 1980-9166 v.1, n.14, abr./jun.2010

1.Saúde,Periódicos 2.Educação Física 3.Fisioterapia 4.Gestão Hospitalar I. Título II. Faculdade Integrada do Ceará.

CDD 612

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v.1 - n. 14 - abr./jun. 2010 - ISSN 1980-9166

ooREVISTA DOS CURSOS DE SAÚDE

FACULDADE INTEGRADA DO CEARÁ

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Editorial

É com grande satisfação que trazemos a público mais um número da revista Cor-

pvs com cinco artigos. O primeiro Como as Bailarinas Clássicas percebem seus Corpos

sob a Influência da Cultura Corporal da Dança: Um Estudo que Aborda Corpo e Subjeti-

vidade de Bárbara Raquel Agostin destaca que a compreensão do conceito de corpo

no ballet clássico e toda sua complexidade é uma tarefa ainda difícil. O protótipo de

que ser bastante magro é necessário, caso não seja bem orientado, pode causar riscos

à saúde física e mental.

O segundo artigo intitulado Mortalidade Materna no Ceará: Análise em uma Ma-

ternidade Terciária de Fortaleza (1992-2008) de Ana Ciléia Pinto Teixeira Henriques

e colaboradores aborda que mais do que uma decisão médica, a questão da mortalida-

de materna envolve decisões políticas de priorização da saúde da mulher em diversos

contextos, de capacitação profissional, não apenas no atendimento direto ao paciente 

mas também na coleta de dados e na elaboração dos indicadores que nortearão a

tomada de decisão baseada nas necessidades de saúde percebidas, além da humaniza-

ção da assistência.

A seguir, o artigo Motivos que Levam a Mulher Mastectomizada a Não Participar de

um Programa de Hidroterapia de Keliane Lima Evangelista e colaboradores trata sobre

a relevância da detecção dos motivos para que opção terapêutica seja mais difundida.

Juliana Monte Tenório de Almeida; Maria Tereza Aguiar Pessoa Morano es-

creveram no estudo Os Efeitos a Longo Prazo do Programa de Reabilitação Pulmonar

em Pacientes DPOC  sobre os efeitos em longo prazo do Programa de Reabilitação

Pulmonar em pacientes com diagnóstico de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica,

onde esses resultados serão de grande importância, podendo ajudar na busca de solu-

ções para melhoria permanente na saúde.

No último estudo, sobre o Impacto de um Programa de Atividade Física Sobre um

Grupo de Índividuos Hipertensos em uma Academia na Cidade de Fortaleza Edson Godoy

Palomares e colaboradores discorrem sobre como um programa de exercícios aeróbios

e resistidos pode exercer um efeito positivo sobre a pressão arterial dos indivíduos.

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Sum ário

Artigos Originais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Como as Bailarinas Clássicas Percebem seus Corpos sob a Influência da Cultura Corporal da Dança: Um Estudo que Aborda Corpo e Subjetividade . . . . . . . . . . . . . 8

Bárbara Raquel Agostin

Motivos que Levam a Mulher Mastectomizada a Não Participar de um Programa de Hidroterapia 14Keliane Lima Evangelista; Renata dos Santos Vasconcelos; Raquel Pinto Sales ;

Thiago Brasileiro de Vasconcelos; Raimunda Hermelinda Maia Macena;

Vasco Pinheiro Diógenes Bastos

Os Efeitos a Longo Prazo do Programa de Reabilitação Pulmonar em Pacientes DPOC . . . 19Juliana Monte Tenório de Almeida; Maria Tereza Aguiar Pessoa Morano

O Impacto de um Programa de Atividade Física Sobre um Grupo de Índividuos Hipertensos em uma Academia na Cidade de Fortaleza . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Edson Godoy Palomares; Adriano César Carneiro Loureiro; Prodamy da Silva Pacheco Neto;

Augusto César Teixeira Henrique; Fidel Machado de Castro Silva; Andrea Cristina da Silva Benevides

Artigos de Revisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 Mortalidade Materna no Ceará: Análise em uma Maternidade Terciária de Fortaleza (1992-2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

Ana Ciléia Pinto Teixeira Henriques; Karla de Abreu Peixoto Moreira;Paulo César de Almeida;

Francisca Alice Cunha Rodrigues; Fátima Carvalho Fernandes; Francisco Herlânio Costa Carvalho

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Artigos OriginaisArtigos Originais

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8CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(14) abr./jun. 2010.

Como as Bailarinas Clássicas Percebem seus Corpos sob a Influência da Cultura Corporal da Dança: Um Estudo que Aborda Corpo e Subjetividade

Bárbara Raquel AgostinI

RESUMO

A dança sempre fez parte da vida do homem desde os tempos mais primitivos até a modernidade. Antes mesmo de o homem se expressar por palavras ele já se expressava por meio de gestos e movimento (organizados ou não). As danças com o passar dos sécu-los saíram de um papel vital nas comunidades e foram se organizando em outras formas: diversão e espetáculos. Neste panorama, encontra-se o ballet clássico. Que, surgindo nas cortes italianas, migrando para a França e se fortificando na Rússia assume e toma para si suas características. No tocante ao corpo físico/cinestésico o ballet exige muita disciplina, autocontrole, preparação física e perseverança. No tocante cultural percebemos que os corpos das bailarinas são frágeis, inalcançáveis,límpidos e perfeitos. Além de toda tecnologia midiática que existe hoje em dia para a busca de um corpo perfeito. Como o corpo é um espelho da sociedade e das relações entre os participantes da mesma resolvemos investigar como as bailarinas clássicas percebem seus corpos no contexto social em que estão inseridas. Como objetivos específicos resolvemos verificar se as bailarinas relacionam beleza estética do corpo á beleza técnica da dança; verificar a concepção de beleza relacionada á magreza e verificar se existe intrinsecamente em cada participante a

“ditadura do corpo virtuoso”. A metodologia utilizada foi à pesquisa de campo exploratória com abordagem quantitativa por meio de questionário (Lakatos, 1991). A população deste estudo foi composta por trinta e duas (32) bailarinas praticantes de ballet clássico na cidade de Fortaleza/CE, pertencentes há quatro escolas/companhia de ballet da cidade. O instrumento utilizado para coleta de dados foi um questionário composto por doze questões objetivas e uma questão dissertativa. Os resultados foram analisados utilizando medidas estatísticas básicas. Como resultado percebeu que a influência do universo corporal do ballet é muito rígida e pode transformar a relação do indivíduo com seu corpo, apoiado pelas exigências da mídia. Visto que as bailarinas se iniciam nesta prática relativamente cedo é preciso um acompanhamento adequado para evitar possíveis distúrbios emocionais, físicos e relacionais.

Palavras-chave: Ballet clássico. Corpo E Influência Cultural.

ABSTRACT

Dancing has always been part of human life since the earliest times to modernity. Even before the man express himself in words he expressed himself through gestures and movement (organized or not). The dances over the control, physical preparation and perseverance. Regarding cultural realize that the bodies of the dancers are fragile, unreachable, clear and perfect. Beyond all media technology that exists today in the search for a perfect body. As the body is a mirror of society and the relationships between the participants decided to investigate the same as the classical dancers perceive their bodies in the social context in which they operate. Specific objectives decided verify the dancers relate aesthetic beauty of the body to the beauty of dance technique, verifying the design of thinness and beauty related will check each participant exists intrinsically in the “dictatorship of the virtuous body.” The methodology used was the exploratory field research with a quantitative approach using a questionnaire (Lakatos, 1991). The study population was composed of thirty-two (32) ballet dancers practicing in the city of Fortaleza / CE, belonging to four schools / ballet company in town. The instrument used for data collection was a questionnaire composed of twelve objective questions and an Essay question. The results were analyzed using basic statistical measures. As a result he realized that the influence of the ballet universe body is very rigid and can turn the individual’s relationship with his body, supported by the demands of the media. Since the dan-cers begin relatively early in this practice need proper monitoring to avoid possible emotional disturbances, physical and relational.

Keywords: Classical Ballet, body and cultural Influence.

I. Mestra em Educação/PUCPR – Doutoranda/Universidade Estatal da Rússia. Docente Centro Universitário Estácio FIC do Ceará e-mail: [email protected] Telefone: (85) 0768-7624

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9CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(14) abr./jun. 2010.

Bárbara Raquel AgostinComo as Bailarinas Clássicas Percebem Seus Corpos

O BALLET CLÁSSICO E SUAS MUDANÇAS: INFLUÊNCIA NA TÉCNICA

A história do ballet clássico é relativamente anti-ga, e têm sua origem mais profunda ligada as danças do séc. XIII realizadas nas cortes italianas e france-sas. Naquele tempo, um gênero denominado MOMO ou MASCARADA1 se fazia presente na vida social da classe européia dominante. Este foi um dos primeiros estilos a incorporar as finalidades da dança-espetáculo, ainda conforme o autor, este gênero adiantava alguns elementos do ballet de corte que iria ocorrer 100 anos mais tarde.

Com o passar dos anos, o ballet foi se aperfeiçoando, passando por diversos gêneros: ballet de corte, ballet co-média, ballet tragédia, ópera ballet, entre outros. Porém sua passagem por todos estes estilos foi o que o definiu como é hoje. A codificação do ballet ocorreu por volta do início do século XVIII, inicialmente pela escola francesa, com apoio do Rei para desenvolver a dança acadêmica, se-guida pelas escolas italiana e russa.

Todo percurso do ballet clássico, analisado numa perspectiva de história corporal, pode ser lido em Ga-delha2. A autora traça um caminho seguido pelo corpo, muitas vezes inconscientemente, que ocorre da seguinte forma:• Do corpo nômade ao corpo metrificado;• Do corpo codificado ao corpo virtuoso;• O corpo reformado;• O corpo romântico;• O corpo disciplinado.Em cada um destes tópicos é abordada a história da

evolução do ballet clássico paralelamente a sua técnica. Notamos então, que a técnica do ballet clássico come-çou de uma maneira, e, como não poderia deixar de ser, mudou radicalmente até atingir os formatos atuais. A dança, feminina e masculina, se tornou mais verti-calizada, virtuosa e atlética. Maior número de giros, mais altura nos saltos, pernas cada vez mais altas, mais, mais e mais! Essa é uma palavra comum nos ensaios e treinamentos.

Para atingir um nível técnico elevado, que contemple as expectativas do público da modernidade os bailari-nos precisam treinar várias horas por dia. Se dividindo entre ensaios, aulas e audições. Um bailarino que faça apenas 2 horas de aula por dia dificilmente atingirá um nível de preparação física que um bailarino que treina de 5 a 6 horas por dia. Mas nos perguntamos: - O que essa modificação técnica implicou/implica nos autores (bailarinos) deste processo? Quais as percepções destes bailarinos?

CORPO E SUBJETIVIDADE NAS BAILARINAS: UMA HISTÓRIA ATRAVÉS DOS TEMPOS

A história do corpo humano é a história da civilização conforme Ugarte3. A autora ainda nos aponta que a revo-lução da informação e do conhecimento atingiu o corpo de maneira brutal. Parece que o corpo é um dos temas mais discutidos no mundo contemporâneo, sendo objeto de es-tudos cada vez mais freqüentes no domínio das ciências humanas e sociais.

Para Crespo4 os estudos sobre o corpo processam-se num quadro de crise de civilização e civilizações; e parece que a história do corpo encontra-se no cruzamento dos múltiplos elementos econômicos, políticos e culturais de uma totalidade. Portanto, é necessário um maior e mais detalhado aprofundamento das investigações sobre as prá-ticas e as representações do corpo, pois ainda há muito por conhecer numa área em que a “dimensão escondida” das condutas humanas é de uma riqueza imprevisível.

No sentido de indicar possíveis caminhos para se construir a história do corpo, o autor ainda salienta a im-portância de nunca esquecer que a história do corpo deve encontrar a sua principal justificativa nos problemas que se colocam aos homens do mundo atual. A história do corpo é um reflexo dos pensamentos, ações, relações e articulações da ação humana ao longo de vários períodos de tempo. Se toda prática social exige o corpo e, conco-mitantemente exige o peso da história sobre o corpo, em termos das definições sociais que traz uma compreensão do corpo enquanto local cultural onde a ideologia faz seu trabalho pode ajudar no desvelamento de questões postas na história.

Neste sentido que McLaren5 cita Connel que diz: o corpo nunca está fora da história, e a história nunca está livre da presença do corpo e de seus efeitos. As dicoto-mias tradicionais subjacentes ao reducionismo agora têm que ser substituídas por uma explicação mais adequada e complexa das relações sociais nas qual essa incorporação e interação ocorrem.

Todas as ações artísticas do homem estão relacionadas à como este vive, percebe e interage com sua realidade e seus pares. No ballet, e na construção do “corpo bailarino” (aquele que chamo por ter passado muitos anos na prática desta atividade) não foi diferente. O ballet clássico é cheio de regras corporais, onde se deve ser: longelínea, magra, com pernas em posição de x, com a parte superior do pé mais ressaltada (o chamado pelos bailarinos de “colo de pé”), mulheres não podem ser muito altas, tem que ter um excelente nível de f lexibilidade, força isométrica, estru-tura biomecânica de quadril com encaixe do fêmur mais aberta. E, se não bastasse tudo isso, ainda deve-se ter um

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10CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(14) abr./jun. 2010.

Bárbara Raquel AgostinComo as Bailarinas Clássicas Percebem Seus Corpos

temperamento para “agüentar” as cobranças diárias dos coreógrafos sobre corpo e desempenho.

No início do período romântico do ballet clássico, o físico das bailarinas era um pouco mais “cheinho”. Os fi-gurinos não eram tão curtos, e mostravam do joelho para baixo (o chamado tutu romântico). A dança era mais ro-mântica, como o próprio nome já diz, e menos virtuosa. Havia na Europa, uma tendência da classe burguesa, em negar os problemas da época, e por isso este período teve grande popularidade.

Neste panorama, além de interagir com o públi-co, a bailarina percebia toda uma cultura ao seu redor e, principalmente, ao redor de seu corpo. Pois este é seu ins-trumento de trabalho. E, como instrumento de trabalho, todas as tensões, exigências, decepções, alegrias e influên-cias caem sobre ele.

Na metade de período romântico em diante, com a mu-dança do centro mundial de ballet para a Rússia, esta arte assume uma técnica mais apurada e diferenciada. Um core-ógrafo francês chamado PETIPA, imprime ao ballet o que poderia haver de mais virtuoso, técnico, atlético em suas montagens coreográficas. E, a partir de então, mais uma vez, o corpo das bailarinas reassume novas características. Agora se encontrava mais esguio, para poder: saltar mais, elevar mais as pernas, ter mais eixo de equilíbrio e girar mais. De lá para cá, estas características foram se acentu-ando intensamente, mesmo com a dança contemporânea ocupando seu lugar. Parece que o corpo das bailarinas é uma massa de modelar, que ao longo de anos, vai se mo-dificando, mesmo que de maneira imposta e despercebida por elas, numa cultura corporal elitista e rotuladora.

Nos dias atuais, além da cobrança acadêmica (do ballet), existe a cobrança da sociedade para ter um corpo dentro de padrões pré-estabelecidos. Percebe-se que a relação de cada um com seu corpo apóia-se, assim, sobre duas bases de comparação imagética: uma oferecida pelos espelhos, outra difundida em outdoors, televisores, revistas, catá-logos. E, a bailarina, em seu espaço de trabalho é cercada de espelhos. Ao sair deste espaço, ainda se depara com a mídia e suas artimanhas para fazer com que, a qualquer preço se obtenham um corpo perfeito.

“Bailarina” é uma representação social plenamente ins-tituída. Enquanto profissão consiste em dançar em teatros, anfiteatros, e posteriormente aos espetáculos posar para fotografias e ainda assistir suas gravações para detectar erros e falhas nas performances (costume muito utiliza-do por professores, ensaiadores e coreógrafos). Trata-se da pessoa que encarna, senão a “felicidade sem máculas” de Santaella, ao menos a beleza e leveza, disposta a divulgar as próprias feições e a adotar um estilo de vida (de corpo e de “eu”) para tanto.

Merleau-Ponty6 em seu estudo sobre a percepção, já ressaltava que o corpo é uma forma de expressão, ple-no de intencionalidade e poder de significação. Porém Focault7 afirma que o corpo pode ser docilizado, ou seja, pode ser disciplinado em função de sua utilidade. E é nessa perspectiva que compreendemos o corpo das bailarinas.

Se for verdadeiro o paulatino crescimento da impor-tância dos corpos, se o projeto do “eu” passa a ser, para muitas pessoas, um projeto do corpo , se as doenças psí-quicas (anorexia e bulimia) são sintomas da cultura , e se o mito da beleza expressa e possibilita formas de domina-ção (especialmente desfavorável às mulheres) – tudo isto está diretamente relacionado à disseminação (numérica e geográfica) de imagens e, acima de tudo, de imagens da mídia .

Bordo8 afirma que as “imagens sociais” são as gran-des causadoras de frustração das pessoas com seus corpos

– o que se expressa nos distúrbios alimentares. Insatisfa-ção acentuada entre as mulheres. Naomi Wolf 9 é mais uma entre as autoras feministas que se debruça sobre essa problemática. Seu livro O mito da beleza é um esforço argumentativo para demonstrar como os imperativos da aparência substituíram os da domesticidade mantendo a dominação feminina.

A preocupação com a beleza, juventude, esbelteza, exige uma terceira jornada de trabalho para as mulheres

– “em busca deste padrão de beleza que não vai chegar”, ou – grifo meu – vai chegar a muito custo. A fixação atual sobre o corpo feminino não é tanto prescrição sobre a apa-rência, mas, através desta, prescrição de comportamentos. Mantendo as mulheres vulneráveis à aprovação externa, atrelando auto-estima a capacidade de agradar olhos habi-tuados aos ideais físicos disseminados em massa, faz-se do valor delas (para elas mesmas, inclusive) o que aparentam. Se observarmos este cenário, veremos que as bailarinas se encontram numa posição de fragilidade extrema, pois so-frem influências por todos os lados. Professores, mídia, e, principalmente, delas próprias.

O ballet é uma arte, que trabalha procurando a melho-ria estética: a beleza das linhas e das formas. Ao falarmos de beleza física vemos que a “verdadeira” beleza não po-deria ser estabelecida de acordo com critérios objetivos (quadril estreito, pernas longas, pele lisa e clara, pés pe-quenos). A beleza é algo de mais impalpável, um brilho emitido em determinados momentos e cuja percepção é subjetiva. Mas ao mesmo tempo, a beleza para o ballet é diferenciada, pois está baseada em padrões de magreza, de formas e linhas corporais pré-determinadas há décadas.

Este esforço de ampliar as versões do belo se é fra-gilmente embasado em uma concepção quase mística

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11CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(14) abr./jun. 2010.

Bárbara Raquel AgostinComo as Bailarinas Clássicas Percebem Seus Corpos

(dependente da sensibilidade de quem lê), ao menos se presta para desnaturalizar a impressão de óbvio que per-meia o gosto e o des-gosto. O senso estético corporal, construído em larga medida através do trabalho de bai-larinas, é uma armadilha à qual Wolf se refere como Iron Maiden – armadilha incrementada pela nova ideologia da beleza como passível de ser alcançada por todos (ou me-lhor, todas). Porém, ao observarmos a arte, em sua estética, não podemos deixar de relacionar a beleza física com a técnica.

Outro ponto que nos chama atenção é a competiti-vidade. Pois é atributo estrutural da experiência de vida e de trabalho de bailarinas. Uma espécie de ética do

“eu por mim mesmo/a” é o que determina o funciona-mento do mercado de trabalho destas. Cada aspirante precisa ser aceita e ingressar inicialmente numa compa-nhia por uma espécie de audição determinada. Depois são cotidianamente testada em aulas, ensaios que sele-cionam quem vai dançar os melhores papéis, os papéis secundários, e, até mesmo, que não vai dançar. Todos os dias, portanto, uma competição. É possivelmente esta dificuldade de acesso que torna tão invejável o ofício de corporificar a beleza num palco, exprimindo emoção e virtuosidade. Com efeito, o número de escolas de bal-let vem crescendo consideravelmente em Fortaleza e a quantidade de alunas presentes nelas atesta a assertiva segundo a qual esta é uma das mais desejadas atividades de jovens artistas.

Contemporaneamente, os imperativos da retificação estética são muito mais exigentes entre as mulheres do que entre os homens – a pedagogia do defeito é muito mais forte para a construção da feminilidade. Isto se expressa, por exemplo, no tocante à utilização de maquiagem, na preocupação com a magreza e no esforço de congelar o passar dos anos.

OBJETIVO:

Geral:

• Identificar como as bailarinas clássicas percebem seus corpos no contexto social em que estão inseridas.

Específicos:

• Verificar se as bailarinas relacionam beleza estética do corpo á beleza técnica da dança;

• Verificar a concepção de beleza relacionada á magreza;

• Verificar se existe intrinsecamente em cada partici-pante a “ditadura do corpo virtuoso”.

METODOLOGIA

Tipo de Pesquisa

Neste artigo, foi utilizada como metodologia a pesqui-sa de campo exploratória com abordagem quantitativa por meio de questionário. Esta pesquisa é feita com questio-nários pré-elaborados que admitem respostas alternativas e cujos resultados são apresentados de modo numérico, permitindo uma avaliação quantitativa dos dados. Serão utilizadas também algumas perguntas abertas que se-gundo Mazzotti10 permitirão ao informante responder livremente, usando linguagem própria e emitir opiniões. Será utilizada uma combinação de respostas múltiplas com as respostas abertas, pois possibilita mais informa-ções sobre o assunto, sem prejudicar a tabulação.

Portanto se realizou uma pesquisa quantitativa que permite mensurar opiniões, reações, sensações, hábitos e atitudes, por meio de uma amostra que represente a popu-lação de forma estaticamente comprovada.

População

A população deste estudo foi composta por trinta e duas (32) bailarinas praticantes de ballet clássico na cidade de Fortaleza/CE. Estas eram pertencentes há quatro esco-las/companhia de ballet da cidade.

Critérios de inclusão:

• Ser bailarina clássica há pelo menos dois anos inte-grante do corpo de baile;

• Ser integrante do corpo de baile da escola/compa-nhia em que dançam;

• Ter realizado no mínimo dez apresentações pela escola/companhia na qual estão atuando;

• Treino diário acima de três horas

Critérios de exclusão:

• Ser bailarina clássica menos que dois anos inte-grante do corpo de baile;

• Treino diário abaixo de três horas;• Ser integrante nova nas escola/companhia.

Instrumento

O instrumento utilizado para coleta de dados foi um questionário composto por doze questões objeti-vas e uma questão dissertativa referente ao objetivo da pesquisa.

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12CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(14) abr./jun. 2010.

Bárbara Raquel AgostinComo as Bailarinas Clássicas Percebem Seus Corpos

Análise dos resultados

Os resultados foram analisados utilizando medidas es-tatísticas básicas: média e desvio padrão. E as perguntas discursivas tiveram análise de conteúdo.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A primeira questão era referente à idade das participan-tes. A média de idade das participantes foi de 15,31 anos de idade. A participante mais nova tinha 13 anos de idade e a mais velha tinha 24 anos de idade.

Isso nos mostra que muitas integrantes do corpo de baile que realiza apresentações de forma profissional ainda são adolescentes. Estas passando por importantes altera-ções fisiológicas, relacionais e motoras.

A segunda questão se referia à classe social nas quais as participantes pertenciam 8,3% responderam que perten-ciam a classe baixa e 91,8% responderam que pertenciam a classe média. Nenhuma participante se enquadrou na classe média alta ou na classe alta.

Isso nos evidencia que o ballet é uma arte na quais os indivíduos integrantes á classe baixa tem menor parti-cipação. Pois, desde a formação inicial, é necessário um investimento até que se tenha alguma forma de retorno financeiro. O que nem sempre acontece.

A questão três era referente à raça na quais as parti-cipantes pertenciam. Nesta, 16% responderam que eram pertencentes á raça branca, 12,5% responderam que eram pertencentes à raça negra, 12,5 % mulatas e 25% perten-centes á outras raças. Isso nos mostra que já vem havendo uma diversidade maior no ballet clássico. Surgido na Eu-ropa, antigamente, excluía alguns tipos de raça de forma

“indireta”, o que não é mais possível de se observar hoje nas escolas.

A questão quatro era referente ao número de anos de prática de ballet clássico. Nesta, 15,6% responderam que a prática era de 3 anos, 50% respondeu que era de 5 anos ou mais, 34,3% responderam que era acima de 10 anos e nenhuma respondeu que o tempo de prática era de aproxi-madamente 1 ano.

Para se formar um bailarino (a), cinco anos são relati-vamente pouco. Porém, tem se tornado comum a prática de “Corpos de Baile” infantil e juvenil nas escolas. Para, desde cedo, incentivar as alunas a terem experiência de palco. A grande maioria dos bailarinos são aqueles que se destacaram desde a infância. E, foram arrebatados, para o trabalho profissional ou pré-profissional.

A questão cinco era dissertativa. Perguntava o que era ser bonita para as praticantes. Notamos que, com exce-ção das mais novas – que relataram que era ter um corpo

perfeito/bonito/magro – as outras disseram que era ser fe-liz consigo mesma e se aceitar.

A questão seis questionava se as bailarinas se consi-deravam magras. Nesta 31,25% responderam que sim (se consideravam magras), 12,5% responderam que não (não se consideravam magras) e 56,25% responderam que pode-riam emagrecer “alguns quilinhos”.

Estas respostas nos mostram que a aceitação do cor-po “bailarino” está num padrão estético que sempre busca forma e perfeição. A beleza estática desta arte relaciona beleza á magreza. Essa cobrança acontece desde os pri-meiros anos de treinamento.

A questão sete era perguntava se as participantes já tinham feito algum tipo de regime. Nesta 37,5% respon-deram que sim (já haviam feito algum tipo de regime). Já 53,12% responderam que nunca tinham feito regime e 9,37% responderam que “vivem de regime”.

Este é um dado que nos impressionou. Pois, pela gran-de experiência na área, acreditávamos que seria o contrário. Porém, conceito como reeducação alimentar vem ganhan-do espaço. Deixando de lado “regimes malucos”.

A questão oito perguntava se elas conheciam alguma bailarina que tem/tivesse os seguintes distúrbios alimen-tares: anorexia e bulemia. Nesta 43,75% responderam que sim e 50% responderam que não. Já 6,25% responderam que as próprias tinham distúrbios alimentares.

Essa questão seria uma das mais preocupantes. A ano-rexia é uma percepção distorcida quanto ao próprio corpo, que leva a pessoa a ver-se e sentir-se como “gorda” mesmo após perder muito peso. Essa percepção errônea faz com que o anoréxico mantenha seu peso abaixo dos níveis ide-ais para sua estatura, prejudicando seriamente a própria saúde. Mesmo quando parentes e amigos comentam sobre sua magreza excessiva, o indivíduo não consegue perce-ber e insiste em continuar emagrecendo. Já a bulemia, de acordo com o manual de diagnóstico a Bulimia Nervo-sa é caracterizada por episódios repetidos de voracidade alimentar (ingestão num período curto de tempo, geral-mente inferior a duas horas, de uma grande quantidade de alimentos). Estes episódios são seguidos por compor-tamentos compensatórios inapropriados para impedir o aumento de peso, como por exemplo, vomito auto-indu-zido, abuso de laxantes, diuréticos ou outras medicações, jejum ou exercício físico excessivo.

Isso porque muitas vezes professores podem demorar a perceber, já que o ballet é uma atividade que necessita de um físico magro (mas saudável). Notamos que deve existir, de maneira imperiosa, a presença de um suporte psicológico ás companhias de dança. Devemos buscar mecanismos de apoios com universidade e centros psicológicos para que estes distúrbios aconteçam em menor número ou não aconteçam.

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13CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(14) abr./jun. 2010.

Bárbara Raquel AgostinComo as Bailarinas Clássicas Percebem Seus Corpos

A questão nove perguntava se o desempenho na dança seria melhor se estivesse mais magras. Nesta, 71% res-ponderam que sim (o desempenho seria melhor). Já 28% responderam que não (que estar mais magra não iria me-lhorar o desempenho).

Isso nos mostra como é clara a relação entre o rendi-mento/performance no ballet clássico e a questão do peso. Muitos elementos, mas especificamente os saltos e as elevações serão facilitadas com menor cinco de gordura corporal. Assim como o trabalho nas sapatilhas de pontas.

A questão dez perguntava se elas acreditavam que as mulheres mais magras eram mais felizes. Nestas 60% responderam que sim e 40% responderam que não. Es-tes percentuais nos mostram que apesar de não realizarem regimes de forma constante, boa parte acredita que a feli-cidade está relacionada á magreza.

A questão onze perguntava se elas acreditavam que mulheres bonitas são mais felizes. Nesta 68,75% respon-deram que sim e 31,25% responderam que não. Mais um dado que estabelece relação com os outros, nos mostrando que beleza e magreza estão interligadas, seja no contexto da dança ou em outros contextos.

A questão doze perguntava se elas acreditavam que existia “inveja” no ballet. E, 100% responderam que sim. Parece-nos um fator indiscutível dados os números. Porém convém, para um próximo artigo, aprofundar o tema. Isso porque se mostra existente nas relações de todas as compa-nhias de ballet.

A questão 13 perguntava se o maior motivo de inveja era o físico das praticantes ou as praticantes que eram des-taques. E 100% responderam que as solistas eram as mais invejadas. Entretanto, nas questões anteriores elas relata-ram que o desempenho seria melhor se estivessem mais magras.

CONSIDERAÇÕES FINAIS ARTICULADAS

Compreender o conceito de corpo no ballet clássico e toda sua complexidade é uma tarefa ainda difícil. O paradigma de que ser bastante magro é necessário, caso não seja bem orientado, pode causar riscos s saúde física e mental. Esse pequeno artigo apenas é o início de uma discussão que deve ser pensada e refletida por todos os profissionais na área da dança.

REFERÊNCIAS

1. Bourcier, P. História da dança no ocidente. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 20012. Gadelha, R. P. A dança possível: ligações do corpo em cena. Fortaleza: (2006).3. Ugarte, M. C. D. A história do corpo humano. Jornal da Unicamp. Jul 2005; 33-45;4. Crespo J. A história do corpo. Lisboa: Difel; 1990.5. McLaren P. Rituais na escola: em direção a uma economia política de símbolos e gestos na Educação. Petrópolis:

Vozes; 1991.6. Merleau-Ponty M. Fenomenologia da percepção. Rio de Janeiro: Freire Bastos; 1971.7. Focault M. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes; 1989.8. Bordo SB. Babe and the contemporary body; never just pictures; can woman harass a man? In: Enhancing Human

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São Paulo: Pioneira, 1999.

Submissão: 12/02/2010 Aceite: 15/04/2010

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14CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(14) abr./jun. 2010

Motivos que Levam a Mulher Mastectomizada a Não Participar de um Programa de Hidroterapia

Keliane Lima EvangelistaI Renata dos Santos VasconcelosII

Raquel Pinto SalesIII Thiago Brasileiro de VasconcelosIV

Raimunda Hermelinda Maia MacenaV Vasco Pinheiro Diógenes Bastos VI

RESUMO

O câncer de mama é uma doença crônica, degenerativa de evolução prolongada e progressiva. A hidroterapia vem ganhando cada vez mais espaço por beneficiar um maior número de pacientes, sendo, portanto, recomendado sem restrições para as pacientes mas-tectomizadas. O presente estudo objetivou relatar os motivos que levam a mulher mastectomizada a não participar de um programa de hidroterapia. Estudo do tipo descritivo, transversal, de natureza quantitativa. Participaram do estudo nove mulheres mastec-tomizadas residentes em Fortaleza integrantes do Programa de Assistência à Mulher Mastectomizada da Faculdade Integrada do Ceará (PROAMMA/FIC). A coleta de dados constou de um questionário semi-estruturado, contendo perguntas objetivas, onde a mesma aplicou em único momento, no período de agosto a outubro de dois mil e seis, mediante aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da FIC. O estudo seguiu os preceitos éticos que envolvem a pesquisa com seres humanos. O perfil epidemiológico resultou: mulheres diagnosticadas com câncer de mama com uma média de idade de 44,4 anos; baixo nível de escolaridade; perten-cente à classe social média; raça negra; não-tabagistas; casadas; mães; amamentaram de 1-6 meses; primeiro filho com menos de 30 anos; usaram contraceptivos orais por um período de 6-60 meses; com menarca precoce e com história familiar de câncer de mama. Identificamos que o nível de conhecimento das mulheres sobre a hidroterapia é baixo, repercutindo na escassez dessas pacientes na terapia, pois atualmente nenhuma delas está participando. O não conhecimento da terapia, pouca informação, pouca condição financeira e inibição por não possuir uma prótese que possa molhar, são os principais motivos relacionados a não utilização da técnica. Diante da detecção dos motivos que levam a mulher mastectomizada a não participar de um programa de hidroterapia, é que julgamos de grande valia a realização de medidas de esclarecimento para a população em geral, e assim divulgarmos cada vez mais os efeitos benéficos que esse recurso oferece para estas mulheres, fazendo inclusive com que elas desfrutem de mais uma opção terapêutica.

Palavras-chave: Neoplasias da Mama. Mastectomia. Fisioterapia. Hidroterapia.

ABSTRACT

Breast cancer is a chronic, degenerative changes of prolonged and progressive. The hydrotherapy is gaining more space to benefit a greater number of patients, and therefore recommended no restrictions for mastectomy patients. This study aimed to report the reasons why women do not attend to the mastectomy a hydrotherapy program. Descriptive study, cross-sectional quantitative. The study included nine women with mastectomies in Fortaleza members of the Assistance Program for Women Mastectomized Inte-grated School of Ceará (PROAMMA / FIC). Data collection consisted of a semi-structured questionnaire with objective questions, where it was applied in a single moment, in the period from August to October two thousand and six, with the approval of the Ethics in Research of the FIC. The study followed the ethical research involving humans. The epidemiological results: women diagnosed with breast cancer with a mean age of 44.4 years, low education level, belonging to the middle class, black, non-smokers, married, mothers, breastfed for 1-6 months ; first child under 30 years; used oral contraceptives for a period of 6-60 months, with early menarche and family history of breast cancer. We identified that the level of knowledge about women’s hydrotherapy is low, ref lecting the scarcity of these patients in therapy, as currently none of them are participating. Not knowing the therapy, little

I. Fisioterapeuta. Graduada pela Faculdade Integrada do Ceará (FIC).II. Fisioterapeuta. Graduada pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR).III. Fisioterapeuta. Graduada pela Faculdade Integrada do Ceará (FIC).IV. Acadêmico do curso de Fisioterapia da Faculdade Integrada do Ceará (FIC).V. Enfermeira. Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade de Fortaleza e Doutora em Ciências Médicas pela Universidade Federal do CearáVI. Fisioterapeuta. Doutor em Farmacologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Professor da Faculdade Estácio do Ceará / FIC.

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15CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(14) abr./jun. 2010

Evangelista et alMotivos que Levam a Mulher Mastectomizada a Não Participar de um Programa de Hidroterapia

information, poor financial condition and inhibition does not have a prosthesis that can get wet, are the main reasons not related to use of the technique. Given the detection of the reasons why women with mastectomies to not participate in a hydrotherapy pro-gram, which we believe is of great value to carry out measures to provide information to the general population, and thus disclose more beneficial effects that this feature offers for these women, including doing what they enjoy more than one therapeutic option.

Keywords: Breast Neoplasms. Mastectomy, Physical Therapy Specialty. Hydrotherapy.

INTRODUÇÃO

O câncer de mama é uma doença crônica, degenera-tiva de evolução prolongada e progressiva, podendo ser interrompido em uma de suas fases. Ele se origina da di-ferenciação de células normais ocasionando a formação de um aglomerado de células anormais sobrepostas, que são as massas tumorais 1,2.

De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2006 o carcinoma mamário será o segundo mais incidente no Brasil com 48.930 casos 3. O câncer da mama e seu tratamento, muitas vezes, mutilador podem conduzir a mulher a alterações na sua auto-ima-gem, perda funcional, alterações psíquicas, emocionais e sociais 4.

Visando minimizar tais alterações causadas pelo tra-tamento, a hidroterapia vem ganhando cada vez mais espaço por beneficiar um maior número de pacientes. Tradicionalmente utilizada no tratamento do deficiente físico e mental e basicamente nos problemas neurológicos, atualmente a hidroterapia está sendo usada também em programas de controle à dor crônica, na reabilitação car-díaca, no meio ortopédico, bem como no tratamento de pacientes pós-mastectomia 5.

Considerando-se que a não-adesão e a falta de um esforço pleno podem ser um problema no processo de re-cuperação, a hidroterapia pode ser uma alternativa útil na motivação de pacientes, pois os exercícios são executados em grupo e encorajam a interação social, trazem apoio e motivação para os pacientes com lesões similares nas vá-rias fases da recuperação6.

No Programa de Assistência à Mulher Mastectomi-zada do Curso de Fisioterapia da Faculdade Integrada do Ceará (PROAMMA/FIC), são atendidas várias pacientes pós-mastectomia. Elas recebem tratamento fisioterápico convencional, apoio psicológico e compartilham suas experiências em grupo. Na mesma instituição funciona um Projeto de Responsabilidade Social de Hidroterapia, onde são tratados vários pacientes de diversas pato-logias, entretanto, são identificadas poucas pacientes mastectomizadas.

Diante disso, objetivou-se relatar os motivos que levam a mulher mastectomizada a não participar de um progra-ma de hidroterapia.

METODOLOGIA

Estudo do tipo descritivo, transversal, de natu-reza quantitativa. Participaram do estudo mulheres mastectomizadas residentes em Fortaleza participantes do Programa de Assistência à Mulher Mastectomizada da Faculdade Integrada do Ceará (PROAMMA/FIC) na Unidade Via Corpus localizada na Rua Eliseu Uchoa Becco, 600 – Água Fria. Fortaleza-Ce, no período agos-to a outubro de 2006.

Foram incluídas no estudo mulheres que realizaram a mastectomia a mais de um ano, com faixa etária de 29 a 70 anos, independente de raça, condição social e econômica, que concordaram em participar do estudo mediante as-sinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido.

A coleta de dados constou de um questionário semi--estruturado, elaborado pelos pesquisadores, contendo perguntas objetivas, com características demográficas e relacionadas ao programa de hidroterapia. O questionário foi aplicado em único momento, duas vezes por semana.

Foi explanado, às mulheres que desconheciam a hidro-terapia, sobre a terapia aquática indicando os efeitos e os benefícios que a técnica proporciona nas mastectomizadas.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesqui-sa da Faculdade Integrada do Ceará e seguiu as Normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde – Pes-quisa envolvendo seres humanos 7.

Os dados foram analisados com base na estatística descritiva mediante um software, Microsoft Excel 2000 versão 7. Após a tabulação dos dados, os mesmos foram apresentados sob forma de gráficos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram da pesquisa nove pacientes do PROAMMA com idade média de 54,4 anos (mínima de 29 anos e máxima de 70 anos). Porém, no período de diagnóstico da doença as mulheres apresentavam idade entre 26 a 59 anos com uma média de 44,4 anos. Entretanto, Goodman; Snyder8 desta-caram que o pico de incidência do câncer de mama é de 45-70 anos, com uma média de idade entre 60-61 anos.

O nível de escolaridade das pacientes variou desde o ní-vel fundamental incompleto até o nível superior, onde 34% (n= 3) relataram ter o ensino fundamental incompleto, 22%

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16CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(14) abr./jun. 2010

Evangelista et alMotivos que Levam a Mulher Mastectomizada a Não Participar de um Programa de Hidroterapia

(n = 2) nível médio incompleto, 22 % (n = 2) nível superior, 11% (n= 1) nível médio completo e 11% (n= 1) nível funda-mental. Em estudo recente, Molina et al 9, relacionaram o nível de escolaridade com a prevalência do câncer de mama e constataram que, quanto maior o grau de estudo melhor o esclarecimento sobre os métodos de prevenção do câncer de mama.

Ao serem abordadas sobre o tabagismo, detectamos que nenhuma paciente é tabagista (100%), porém 22% (n=2) das pacientes são ex-fumantes. Quando questiona-mos sobre a utilização de bebidas alcoólicas, constamos que 56% (n=5) das mulheres não bebem e 44% (n=4) são etilistas. Segundo Guerra11, o alcoolismo e etilismo são fatores de riscos clássicos para a incidência de câncer de mama.

Quando abordadas ao fato de serem mães, a materni-dade estava presente em 78% (n=7) das pacientes, apenas 22% (n=2) não tiveram filhos. O número de filhos varia de um a oito por mulher. Em 55% (n=5) delas, o primeiro filho foi antes dos 30 anos e 45% (n=4) tiveram o primeiro filho depois dos 32 anos. Decarli et al12, analisaram 2588 casos de câncer de mama e concluíram que três ou mais gestações completas é um fator protetor independente para o aparecimento da doença, fato que não pôde ser evidenciado no presente estudo.

Das mulheres pesquisadas que são mães (n=7), 86% (n=6) amamentaram pelo menos um mês (1-6 meses), apenas 14% (n=1) não amamentaram. A prática de ama-mentação por pelo menos 3-12 meses, foi descrita por Mendes et al 13 como um fator de proteção para o câncer de mama. Porém, no presente estudo a prática da amamen-tação não pareceu ter favorecido uma prevenção à doença nessa população específica.

De acordo com o GRÁFICO 1, 45% (n=4) das pacien-tes se submeteram à cirurgia do tipo Mastectomia Radical Modificada, 22 % (n=2) das pacientes submeteram-se à Mastectomia Radical, 11% (n=1) à Mastectomia Total e 22% (n=2) à Quadrantectomia, valendo ressaltar que uma paciente se submeteu a duas cirurgias, uma Mastectomia Radical Modificada na mama esquerda e uma Quadran-tectomia na mama direita.

45%

22% 22%

11%

Gráfi co 1 - Distribuição da amostra segundo ao tipo de cirurgiaFonte: Pesquisa da autora. Fortaleza(2006).

Em conseqüência ao tratamento cirúrgico, as pacien-tes ainda apresentam algumas complicações físicas onde, 78% apresentam linfedema, 56% apresentam aderências, 56% apresentam dor, 56% apresentam repuxamento, 56% apresentam alteração de sensibilidade, 33% apresentam diminuição de amplitude de movimento, 33% apresentam diminuição de força, 33% apresentam dificuldades nas ati-vidades da vida diária e 22% apresentam depressão.

Os tipos de cirurgia (conservadora e mastectomia seguida ou não da reconstrução imediata), o tempo da cirurgia e as consequências geradas pelo tratamento in-fluenciam claramente a qualidade de vida em mulheres tratadas por câncer da mama. Nissen et al 14 demonstram, em um estudo prospectivo, que mulheres submetidas à mastectomia seguida da reconstrução imediata apresen-tam maior distúrbio do humor e bem estar. Os autores justificam esse achado devido ao maior tempo de interna-ção dessas mulheres do que aquelas submetidas somente à mastectomia. Entretanto, Cohen et al 15 inferem que os efeitos dos diferentes tratamentos cirúrgicos tornam-se mais aparentes somente após um período de alguns anos do diagnóstico inicial.

Há estudos mostrando que a prática de exercícios fí-sicos, associada ao tratamento do câncer, é descrita como benéfica, pois tem um efeito psicológico positivo no hu-mor, melhora a capacidade funcional, aumenta o apetite e melhora a qualidade de vida dos pacientes 16. Quando abordadas sobre o conhecimento acerca da hidroterapia, o estudo identificou que 67% (n=6) das mulheres não tinham conhecimento algum sobre o que é hidroterapia, apenas 33% (n=3) responderam que conheciam.

Entretanto, das mulheres que afirmaram conhecer a hidroterapia (n=3), 67% (n=2) não sabiam citar os efeitos nem as indicações da terapia, apenas 33% (n=1) responde-ram para quê a hidroterapia é indicada, devendo-se isso ao motivo de já ter participado de um programa de hi-droterapia por um período de doze meses, relatando que a terapia influenciou na melhora das dores na coluna devido às orientações dos profissionais da área sobre os exercícios e ainda que não se sentisse inibida em participar da terapia.

O conhecimento sobre a percepção dos benefícios e barreiras a respeito da prática da atividade física pode ser um importante indicador para o desenvolvimento de pro-gramas de reabilitação de pacientes em risco de apresentar limitações físicas, como é o caso de mulheres mastectomi-zadas 3.

Das pacientes que disseram conhecer a hidroterapia e que não participaram da técnica, 67% (n=2), relataram que o motivo que leva a não participar da terapia, é a falta de informações e pouca condição financeira e ainda afirma-ram que não se sentiam inibidas em participar. Fato que

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17CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(14) abr./jun. 2010

Evangelista et alMotivos que Levam a Mulher Mastectomizada a Não Participar de um Programa de Hidroterapia

infere a influência do fator sócio econômico não apenas na prevenção do câncer de mama como também no trata-mento da doença.

As mulheres que não conheciam a hidroterapia 67% (n=6), após serem esclarecidas sobre os benefícios que a hi-droterapia proporciona nas mulheres mastectomizadas, 83% (n=5) delas demonstraram interesse em participar da terapia, contudo, 17% (n=1) das pacientes mostraram-se desinteres-sadas em participar da mesma devido à impossibilidade de fazer esforços e a outros problemas de saúde. Apenas 17% (n=1) sentem-se inibidas, apesar de demonstrar interesse, devido sua prótese mamária não poder ser molhada.

A identificação dos exercícios como benéficos não somente para o bem-estar geral, mas também para as ar-ticulações, musculatura e movimentação são concordantes com os dados de pesquisas quando concluem que o exer-cício físico, além de manter e melhorar a força muscular,

a saúde e a energia, deve ser usado como estratégia para aqueles pacientes oncológicos que relatam fadiga 17.

CONCLUSÃO

Os dados mostraram que os motivos que inf luenciam as mulheres mastectomizadas a não participarem de um programa de hidroterapia seriam o não conhecimento da terapia, pouca informação, pouca condição financeira e inibição por não possuir uma prótese que possa molhar.

Diante da detecção dos motivos que levam a mulher mastectomizada a não participar da hidroterapia, é que julgamos de grande valia a realização de medidas de escla-recimento para a população em geral, e assim divulgarmos cada vez mais os efeitos benéficos que esse recurso oferece para estas mulheres, fazendo inclusive com que elas des-frutem de mais uma opção terapêutica.

REFERÊNCIAS

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18CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(14) abr./jun. 2010

Evangelista et alMotivos que Levam a Mulher Mastectomizada a Não Participar de um Programa de Hidroterapia

17. Mota DDCF, Pimenta CAM. Fadiga em pacientes com câncer avançado: conceito, avaliação e intervenção. Revista Brasileira de Cancerologia. 2002; 48 (4): 577-83.

Submissão: 22/03/2010 Aceite: 09/05/2010

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19CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(14) abr./jun. 2010.

Os Efeitos a Longo Prazo do Programa de Reabilitação Pulmonar em Pacientes DPOC

Juliana Monte Tenório de AlmeidaI Maria Tereza Aguiar Pessoa MoranoII

RESUMO

A Reabilitação Pulmonar é recomendada para pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica ( DPOC). O objetivo desse estudo foi analisar os efeitos em longo prazo do programa de reabilitação pulmonar. Foram estudados 17 pacientes, sendo 10 do sexo feminino e 7 do sexo masculino, com idade média de 57,05±7,69 anos. O estudo foi realizado no Setor de Reabilitação Pulmonar, localizado no Hospital Dr. Carlos Albert Studart Gomes, no período de março a abril de 2010. Foram incluídos no estudo pacientes com diagnóstico clínico e espirométrico de DPOC que participaram do grupo de reabilitação pulmonar e excluídos os afastados do programa de reabilitação há mais de um ano e num período menor que seis meses, estivessem em exacerbação e tivessem adquirido nesse período co-morbidades. A pesquisa foi realizada primeiramente através de prontuários, onde foram identificados os dados da manovacuometria, do peak-flow, do teste da caminhada de 6 minutos e do questionário de qualidade de vida SF-36 e posteriormen-te foram realizadas novas avaliações analisando as variáveis citadas acima, para comparação dos dados obtidos. Os resultados de qualidade de vida SF-36 e manovacuometria não apresentaram resultados estatisticamente significativos. O teste da caminhada e o peak-flow apresentaram diminuição significativa entre os dois momentos (p=0,001, p=0,04). Os dados apontam que os beneficios da reabilitação pulmonar foram perdidos ao longo de seis meses á um ano do término do programa e sugerem a continuidade das atividades físicas após Reabilitação Pulmonar.

Palavras-chave: Reabilitação pulmonar. DPOC.Teste da caminhada de 6 minutos.

ABSTRACT

Pulmonary Rehabilitation is recommended for patients with Chronic Obstructive Pulmonary Disease (COPD). The aim of this study was to analyze the long-term effects of pulmonary rehabilitation program. We studied 17 patients, 10 females and seven ma-les, mean age of 57.05 + _ 7.69 years. The study was conducted in the field of pulmonary rehabilitation, located in the Hospital Dr. Carlos Albert Studart in the period March-April 2010. The study included patients with clinical and spirometric who participated in pulmonary rehabilitation group and excluded those who are away from the rehabilitation program for over a year and a period less than six months or who were in exacerbation, or have acquired this period comorbidities. The research was conducted primarily through medical records, which were identified data manometer, the peak f low, the walk test and the questionnaire of life SF-36 and subsequently the patients were evaluated in these same variables being made a new assessment by the researcher to compare the data obtained. The results of the SF-36 and manometer showed no statistically significant results. The walk test and peak f low were significantly decreased (p = 0.001, p = 0.04). The data suggest that the benefits of pulmonary rehabilitation have been lost over time.

Keywords: Pulmonary Rehabilitation, COPD, test 6-minute walk.

INTRODUÇÃO

I. Pós-Graduação em Fisioterapia Cardiorespiratória pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR)II. Fisioterapeuta, Mestra em Educação em Saúde pela UNIFOR e professora da Graduação em Fisioterapia da UNIFOR.

Os portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) possuem uma limitação crônica ao f luxo aéreo, progressiva e irreversível, com aumento da resistência das vias aéreas e aprisionamento de ar levando a uma dificul-dade expiratória 1.

O tabagismo é a principal causa de DPOC, mas so-mente 15% dos fumantes apresentam fenótipo da molestia,

sugerindo que, somados a suscetibilidade individual, fato-res adicionais estão envolvidos, como poluição ambiental, exposição a químicos, fumaça inalada, tabagismo passivo, infecções virais e bacterianas, deficiência de alfa1 antitrip-sina e outras molestias associadas 2.

A resistência aumentada das vias aéreas, a ventilação ineficiente, a hiperinsuflação, as desvantagens mecânicas

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20CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(14) abr./jun. 2010.

Almeida e MoranoOs Efeitos a Longo Prazo do Programa de Reabilitação Pulmonar

dos músculos respiratórios e as anormalidades das trocas gasosas associadas ao sintoma de dispnéia, contribui para a limitação ventilatória durante o esforço físico 3. Diminuin-do sua atividade fisica global devido à piora progressiva da função pulmonar, sendo traduzida por dispnéia, percep-ção de cansaço ao realizar qualquer forma de esforço físico. O progressivo descondicionamento físico associado à ina-tividade do início a um círculo vicioso, em que a piora da dispnéia se associa a esforços físicos cada vez menores, com grave comprometimento da qualidade de vida 4. Devido às características clínicas, os programas de reabilitação pul-monar são essenciais para pacientes com DPOC porque visa melhorar a capacidade aos esforços físicos, melhorar a força e endurance dos músculos respiratórios e periféricos, aumentar as habilidades de independência e dimimuir os sintomas respiratórios, melhorando, assim a qualidade de vida dos pacientes 5.

A educação e o treinamento auxiliam o paciente e a seus parentes a desenvolverem um conhecimento de tra-balho do processo de doença, gerando um programa de tratamento apropriado, eficaz e colaborativo. Tão impor-tante quanto o processo educacional inicial é a adesão em longo prazo aos princípios aprendidos 6. A intolerância ao exercício é uma característica e uma manifestação proble-mática da DPOC. Os pacientes com DPOC moderada a grave são comumente limitados em suas habilidades de realizar tarefas usuais, tais como atividades de trabalho, exercício recreacional e seus hobbies 7.

O mecanismo fisiológico da intolerância ao exercício na DPOC envolve os seguintes achados: perda alveolar e do recolhimento elástico, contribui para o aumento da complacência pulmonar e para o prejuízo da perfusão pul-monar. Essas alterações resultam de prolongada inalação de fumaça de cigarro irritando as vias aéreas, aumentando assim, a produção de muco e a resistência de vias aéreas. Com o tempo, essas alterações fisiopatológicas contri-buem para o aumento do espaço morto anatômico e da capacidade pulmonar total; a hiperinsuflação pulmonar e da parede torácica causam rebaixamento das hemicúpu-las diafragmáticas, contribuindo para a maior ineficiência respiratória e aumento do custo metabólico 7.

Existem muitas abordagens adotadas para melhorar a capacidade de exercício do indivíduo, que se estende desde exercícios para todo o corpo até treinamentos mus-culares muito específicos 8. Estando como componentes desse tratamento; o treinamento aerobio, o treinamento de força, os exercícios dos membros superiores e treina-mento muscular ventilatório. Estando contraindicados os pacientes com angina instável e infarto agudo do miocár-dio recente, cor pulmonale agudo, hipertensão pulmonar grave, disfunção hepática e déficit cognitivo grave, e

paciente fumante só devem ser incluídos se estiverem en-volvidos em algum programa direcionado para a cessação do fumo 9.

O presente estudo visa analisar os efeitos em longo prazo do Programa de Reabilitação Pulmonar em pa-cientes com diagnóstico de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, onde esses resultados serão de grande importân-cia, podendo ajudar na busca de soluções para melhoria permanente na saúde. Esse estudo busca cientificamente, através do seu desenvolvimento, mostrar a importância da Fisioterapia, do Programa de Reabilitação Pulmonar con-tribuíndo no desenvolvimento de iniciativas relacionadas à saúde do paciente DPOC.

MÉTODOS

O estudo foi intervencionista, exploratório, descritivo de abordagem quantitativo, desenvolvido em um hospital público, localizado em Fortaleza-CE, durante os meses de março a abril de 2010.

Foram incluídos no estudo pacientes com diagnós-tico clínico e espirométrico de DPOC que participaram do grupo de reabilitação pulmonar e excluídos os que es-tão afastados do programa de reabilitação há mais de um ano e num período menor que seis meses e que estivessem em exacerbação, ou tenham adquirido nesse período co-

-morbidades. O quantitativo da amostra foi composto por 37 pacientes, sendo que somente 17 pacientes terminaram a pesquisa. A pesquisa foi realizada primeiramente através de prontuário, onde foram identificados os dados da ma-novacuometria, do peak-flow, do teste da caminhada e do questionário de vida SF-36 e posteriormente os pacientes foram avaliados nessas mesmas variáveis sendo feito uma nova avaliação pelo pesquisador, para comparação dos da-dos obtidos.

O teste da caminhada foi realizado conforme o pro-tocolo do serviço, sendo feita num corredor de 30 metros, demarcado de metro em metro. Sendo verificados no re-pouso, ao final dos seis minutos e após os cinco minutos de repouso os valores de frequencia cardiaca, saturação peri-ferica de oxigenio, frequência respiratoria, pressão arterial e escala de BORG para membros inferiores e dispnéia. E aos três minutos de teste foi verificada a frequência cardí-aca e a saturação periférica de oxigênio 10.

O Pico de f luxo expiratório foi realizado partindo-se de uma inspiração máxima seguida por uma expiração forçada máxima, curta e explosiva através da peça bocal acoplada ao medidor de pico de f luxo, sendo medidas três vezes, foi anotado o de maior valor 11.

Na manovacuometria para a avaliação da PImáx o pa-ciente foi posicionado adequadamente, orientado, recebeu

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21CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(14) abr./jun. 2010.

Almeida e MoranoOs Efeitos a Longo Prazo do Programa de Reabilitação Pulmonar

um prendedor nasal para evitar escapes e inicia encai-xando adequadamente o bocal entre seus lábios, realizar um esforço inspiratório máximo, partindo da capacidade residual funcional, durante cerca de 3 segundos, tendo sido anteriormente orientado para que esse esforço seja máximo desde o início e para que tente sustentá-lo duran-te toda a manobra. Durante todo o período de esforço, o avaliador deve manter constante incentivo ao paciente de maneira padronizada 12. Para a avaliação da PEmáx, o pa-ciente parte da Capacidade Residual Funcional, encaixa o bocal e realiza um esforço expiratório máximo, tendo sua bochecha comprimida pelo examinador ou pelo próprio paciente para evitar vazamentos 13.

Para avaliar a repercussão em relação à qualidade de vida dos pacientes, foi aplicado o Medical Outcomes Study 36-Short-Form Health Survey (SF-36) validado no Brasil por Ciconelli 14, em 1997, que é um instrumento genérico de avaliação da qualidade de vida. Possui 8 áreas de abor-dagem e é auto-aplicável. Cinco áreas (função física, rotina física, dor corporal, função social e rotina emocional) de-finem qualidade de vida como a ausência de limitação ou disfunção. Para aquelas, 100 pontos identificam o indiví-duo sem problemas de saúde. As três áreas restantes (saúde geral, vitalidade e saúde mental) são bipolares e medem o estado positivo ou negativo em relação à vida. Para aque-las, um escore de 50 indica ausência de disfunção, entre 50 a 100, um estado positivo de saúde 15.

Os dados obtidos foram analisados estatisticamen-te utilizando-se o teste t Student através do programa estatístico Epi Info versão 6.04. Consideraremos como es-tatisticamente significantes os valores de p<0,05 16.

Antes da realização dos atendimentos, os pacientes foram inicialmente esclarecidos sobre os objetivos e a importância da pesquisa, assinando o termo de consen-timento livre e esclarecido, de acordo com a Resolução n.º196/96 do Conselho Nacional de Saúde que estabelece os preceitos éticos para a pesquisa envolvendo seres hu-manos17. A pesquisa foi submetida ao Comitê de ética em pesquisa - COÉTICA e aprovada sob o parecer nº 708/10.

RESULTADOS

A amostra do estudo foi composta por 37 pacientes, sendo que a amostra foi perdida pelo não comparecimento dos pacientes para a avaliação, restando 17 pacientes, sen-do 7 (25%) do sexo masculino e 10 (75%) do feminino com idade média de 57,05±7,69 anos.

No TC6 foi observado piora dos resultados em 13 (76,4%) dos pacientes, quando comparado o teste feito ao final dos três meses do programa e a avaliação feita após seis meses a um ano do término do programa. No primeiro

teste a média foi de 449,3 metros, com desvio padrão de ± 78,8 metros. Já no segundo teste a média foi de 342,1 metros, com desvio padrão de ± 87,7 metros (figura 3)

449,38

78,86

342,19*

87,75

0

100

200

300

400

500

600

TC6-Pré TC6-Pós

Figura 3 Comparação do TC6-Pré e TC6-Pós (tcal=3,762; *p<0,05)

Média Desvio Padrão

Figura 3: Comparação do TC6-Pré e TC6-Pós (tcal=3,762; *p<0,05)

Os dados obtidos no pico de f luxo expiratório apre-sentaram piora dos seus parâmetros, em 11 (64,7%) dos pacientes quando comparado com a avaliação anterior. Su-gerindo variáveis graus de obstrução, que podem ser vistos no gráfico 4.

261,56

109,08

213,44*

78,63

0

50

100

150

200

250

300

350

400

PF-Pré PF-Pós

Figura 4 Comparação do PF-Pré e PF-Pós (tcal=2,248; *p<0,05)

Média Desvio Padrão

Figura 4: Comparação do PF-Pré e PF-Pós (tcal=2,248; *p<0,05)

Os resultados relacionados ao manovacuometro não tiveram diferencias significativas entre as duas avaliações com p>0,05, tendo uma média de PImáx 64,3±16,9, no pri-meiro teste. No segundo teste a média foi mais alta sendo de 70±22,29. E na PEmáx a média do primeiro teste foi 78,44 ±23,50, e no segundo foi 80 ±30,66, como mostra a figura 5 e 6).

64,38

16,92

70,00

22,29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Pi-Pré Pi-Pós

Figura 5 Comparação do Pi-Pré e Pi-Pós (tcal=0,847; p>0,05)

Média Desvio Padrão

Figura 5: Comparação do Pi-Pré e Pi-Pós (tcal=0,847; *p<0,05)

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22CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(14) abr./jun. 2010.

Almeida e MoranoOs Efeitos a Longo Prazo do Programa de Reabilitação Pulmonar

78,44

23,50

80,00

30,66

0

20

40

60

80

100

120

Pe-Pré Pe-Pós

Figura 6 Comparação do Pe-Pré e Pe-pós (tcal=0,331; p>0,05)

Média Desvio Padrão

Figura 6: Comparação do Pe-Pré e Pe-Pós (tcal=0,331; *p<0,05)

No questionário de qualidade de vida SF-36, ao com-parar o CFS (componente físico sumarizado) e o CMS (componente mental sumarizado), antes e depois, não tive-ram dados significativos com p>0,05 (figura 1 e 2).

40,89

7,54

43,64

13,51

0

10

20

30

40

50

60

CFS-Pré CFS-Pós

Figura 1 Comparação do CFS-Pré e CFS-Pós (tcal=0,775; p>0,05)

Média Desvio Padrão

Figura 1: Comparação do CFS-Pré e CFS-Pós (tcal=0,775; *p<0,05)

46,60

13,81

46,81

11,83

0

10

20

30

40

50

60

70

CMS-Pré CMS-pós

Figura 2 Comparação do CMS-Pré e CMS-Pós (tcal=0,043; p>0,05)

Média Desvio Padrão

Figura 2: Comparação do CMS-Pré e CMS-Pós (tcal=0,043; *p<0,05)

O presente trabalho verificou os efeitos a longo pra-zo da Reabilitação Pulmonar, no teste de caminhada de seis minutos houve diminuição da distância percorrida, e também diminuição do volume de f luxo expiratório.

No questionário de qualidade de vida SF-36, na medida de manovacuometria houve melhora dos parâmetros, porém sem significado estatístico.

DISCUSSÃO

Este estudo avaliou os efeitos em longo prazo da Re-abilitação Pulmonar em pacientes portadores de DPOC, através da análise de vários desfechos. A literatura esta-belece com grau de evidencia A que os pacientes DPOC devem ser submetidos à reabilitação pulmonar, uma vez que os efeitos dessa intervenção, já foram amplamente comprovados18,19.

A educação e o treinamento auxiliam o paciente e a seus parentes a desenvolverem um conhecimento de tra-balho do processo de doença, gerando um programa de tratamento apropriado, eficaz e colaborativo. Tão impor-tante quanto o processo educacional inicial é a adesão em longo prazo aos princípios aprendidos 6. Algo que pos-sivelmente não aconteceu no nosso estudo pelos baixos resultados encontrado. Como já está exaustivamente re-latado na literatura 20, não há ganho de função pulmonar após programas de reabilitação, o que foi constatado nos nossos dados.

Os resultados de nosso estudo no teste da caminhada de 6 minutos, desde a pós-reabilitação até os 6-12 meses, são semelhantes à de outras publicações, onde a persistência das melhoras no teste de caminhada de 6 minutos, come-çam a declinar dos 6 aos 12 meses independentes do tipo de manutenção pós reabilitação 21,22 Entretanto é bem co-nhecida a dificuldade de manter a motivação de continuar com os exercícios do programa em grupos com doentes crônicos. Possivelmente a RP, como é implementada atu-almente, seja capaz de modificar o comportamento em curto prazo nesses pacientes, sendo incapaz de mudar os hábitos em longo prazo.

Vários autores observaram que os benefícios obtidos após a fase intensiva da RP, diminuem com o tempo 23.

CONCLUSÃO

Os dados apontam que os beneficios da reabilitação pulmonar foram perdidos ao longo do tempo e sugerem a continuidade dos exercícios físicos após Reabilitação Pulmonar. Este estudo evidenciou ainda que os pacientes necessitam de maior educação, em relação à importância dos exercícios em longo prazo.

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23CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(14) abr./jun. 2010.

Almeida e MoranoOs Efeitos a Longo Prazo do Programa de Reabilitação Pulmonar

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Submissão: 08/04/2010 Aceite: 05/05/2010

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24CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(14) abr./jun. 2010.

O Impacto de um Programa de Atividade Física Sobre um Grupo de Índividuos Hipertensos em uma Academia na Cidade de Fortaleza

Edson Godoy PalomaresI

Adriano César Carneiro LoureiroII

Prodamy da Silva Pacheco NetoIII

Augusto César Teixeira HenriqueIV

Fidel Machado de Castro SilvaV

Andrea Cristina da Silva BenevidesVI

RESUMO

Segundo as V diretrizes Brasileira de Hipertensão Arterial Sistêmica, o exercício físico deve ser utilizado no programa de trata-mento da hipertensão arterial sistêmica como um veículo não-medicamentoso para o controle diário dos níveis pressóricos. Assim, esse trabalho teve como objetivo avaliar e comparar o impacto de um programa de exercícios físicos sobre os indivíduos hipertensos participantes da pesquisa. Trata-se de uma pesquisa de campo onde foi aplicado um programa de exercícios aeróbios e resistidos com oito indivíduos durante oito semanas. Foi aplicado um questionário antes do início do programa de exercícios e, antes e após o pro-grama, os indivíduos tinham a pressão arterial aferida. Também foram realizados testes de 20 RMs e cálculo da freqüência cardíaca máxima e % da freqüência cardíaca máxima para mensuração da carga utilizada no programa. As variáveis coletadas e analisadas foram os valores pressóricos sistólicos e diastólicos, a carga média dos testes, o comportamento da freqüência cardíaca durante os exercícios e as informações obtidas no questionário. Os resultados foram apresentados por estatística descritiva e posterior corre-lação por teste-T de amostras dependentes. Os resultados encontrados foram à obesidade (75%) e o stress (62,5%) como principais fatores de risco e como principais objetivos foram à perda de peso (75%) e o alívio do stress (62,5). Quanto aos valores para pressão sis-tólica, apenas para valores após sessão de treinamento (média de 135,0 para 128,9 ± 4,31mmhg) houve diferença significativa (p<0,01). Quanto aos valores para pressão diastólica houve diferença significativa (p<0,01) tanto para os valores pré-treino (média de 86,6 para 80,3 ± 4,45 mmHg) como para os valores pós-treino (média de 82,2 para 79,3 ± 2,05 mmHg). Verificou-se uma média de 174 ± 15bpm e 134 ± 14bpm para freqüência cardíaca máxima e média de treinamento. Para membros superiores e inferiores a diferença de carga foi estatisticamente significativa (p<0,01). Assim, observou-se que um programa de exercícios aeróbios e resistidos pode exercer um efeito positivo sobre a pressão arterial dos indivíduos participantes da pesquisa.

Palavras-chave: Hipertensão arterial sistêmica. Exercícios aeróbios. Exercícios resistidos.

ABSTRACT

According to the V Brazilian Guidelines of Arterial Systemic Hypertension, exercise should be used in the treatment program for arterial systemic hypertension as a non-drug vehicle to control daily blood pressure levels. Thus, this study aimed to assess and compare the impact of an exercise program on hypertensive study participants. In this field research, it was applied a program of aerobic and resistance exercises with eight individuals for eight weeks. A questionnaire was administered before the start of the exercise program and, before and after the program, subjects had their blood pressure measured. Tests of 20 RMs were made as well as the calculation of maximum heart rate and the percentage of maximum heart rate to measure the load used in the program. The variables collected and analyzed were systolic and diastolic blood pressure values, the average load tests, the behavior of heart rate during exercise and the information gathered in the questionnaire. The results were presented by descriptive statistics and sub-sequent correlation for test-T of dependent samples. The results were obesity (75%) and stress (62.5%) as major risk factors and main objectives were weight loss (75%) and stress relief (62.5). When referring to the values for systolic pressure, only for values after the

I. Educador Físico. Mestre em Fisiologia do Treinamento Esportivo pela Universidade Estatal de Cultura Física da Rússia. Professor do Centro Universitário Estácio do Ceará.II. Educador Físico. Mestre em Ciências Fisiológicas pela Universidade Estadual do Ceará. Professor do Centro Universitário Estácio do Ceará.III. Educador Físico. Graduado em Educação Física pela Universidade Federal do Ceará e especialista em Nutrição e Exercício Físico pela Universidade Estadual do Ceará. Professor do Centro Universitário Estácio do Ceará.IV. Educador Físico. Graduado pela Universidade Federal do Ceará.V. Acadêmico do curso de Educação Física da Universidade Federal do Ceará.VI. Mestre em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Ceará. Graduada pela Universidade de Fortaleza. Professora do Centro Universitário Estácio do Ceara.

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25CORPVS/Rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do Ceará, Fortaleza, 1(14) abr./jun. 2010.

Palomares et alO impacto de um Programa de Atividade Física

INTRODUÇÃO

A prática da atividade física é algo que remonta desde os primórdios da espécie humana. O homem primitivo usava o seu corpo e os movimentos que era capaz de realizar para sua sobrevivência. Com o tempo, surge à tecnologia e, cada vez menos o homem necessita de seu corpo para sobreviver. Assim, a atividade física assume novos valores diante de novas necessidades impostas pelo homem.

Mas, mesmo diante de tantos recursos científicos e tec-nológicos alcançados pelo homem, o número de doenças e, consequentemente, de mortes aumentou nas últimas dé-cadas (OPAS/OMS, 2003). Isso se deve, principalmente, há um aumento no nível de sedentarismo, stress e obesi-dade provocados pelos avanços tecnocientíficos e que são importantes fatores de risco para doenças, como, as car-diovasculares. Entre essas pode-se destacar a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) por ser, ao mesmo tempo, uma doença e um fator de risco para outras doenças do sistema cardiovascular, possuindo uma alta prevalência no Brasil (SBH; SBC; SBN, 2006).

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde/Or-ganização Mundial da Saúde (2003), há uma prevalência entre 14% e 40% dos países do continente americano em que os pacientes com essa enfermidade desconhecem sua existência.

No Brasil, estima-se que 30% da população geral com mais de 40 anos tenha a pressão arterial elevada (OPAS/OMS, 2003).

A necessidade de um tratamento eficaz aumenta dian-te do fato de a HAS representar um fator de risco para doenças cardiovasculares. As doenças cardiovasculares são responsáveis por 27% dos casos de óbito no Brasil, estando em primeiro lugar nas causas de mortes (SBH; SBC; SBN, 2002).

No homem, a pressão arterial apresenta valores que variam de acordo com a idade. Segundo a Sociedade Bra-sileira de Cardiologia (2006), um indivíduo adulto, em condições normais, apresenta sua pressão sistólica no valor inferior a 130 mmHg e sua pressão diastólica no valor in-ferior a 85 mmHg. Esses valores podem variar para mais (hipertensão) ou para menos (hipotensão), (Quadro 1).

A regulação da pressão arterial depende da inte-gração dos sistemas cardiovascular, renal, neural e endócrino (FARIA FILHO et al., 2000: CAMPAG-NOLE; HAIBARA, 2001: GUYTON; HALL, 2002). A manutenção dos níveis pressóricos dentro de uma faixa de normalidade depende do débito cardíaco e da resistência vascular periférica (IRIGOYEN et al., 2001: OIGMAN, 2000).

Na hipertensão arterial os valores pressóricos sobem por influência dos chamados fatores de risco. Os fatores de risco estão, em sua maioria, ligados aos hábitos e ao estilo de vida de cada pessoa. Podem ser responsáveis pelo aumento da resistência periférica na circulação sanguínea, que pode culminar na elevação da pressão arterial e, em casos mais graves, no surgimento de outras doenças car-diovasculares como, por exemplo, isquemia miocárdica ou insuficiência cardíaca (SBC, 2004).

Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH; SBC; SBN, 2006), os principais fatores de risco são: histórico patológico familiar, idade, raça, obesida-de, sedentarismo, álcool, sal, fatores socioeconômicos e o tabagismo.

De acordo com Mcardle; Katch; Katch, (2008), a ne-cessidade de maior qualidade de vida para se viver mais e melhor é a premissa para exercício e longevidade. Ou seja, torna-se cada vez mais claro e comum entre todos os indivíduos o conhecimento de que, teoricamente, o exercício físico contribui para uma vida mais longa e saudável.

O exercício físico regular atua na prevenção e controle de doenças cardiovasculares, influenciando quase todos seus fatores de risco e, associada a modificações na alimentação, deveria ser meta prioritária nos programas de prevenção de doenças cardiovasculares (RIQUE et al., 2002).

O tratamento não-farmacológico da HAS envolve a participação de diversos profissionais da área da saúde, além do médico. Isso se deve ao fato de a HAS ser uma doença multifatorial e necessitar de diversas orientações para objetivos diferentes (SBH; SBC; SBN, 2002).

Na HAS leve ou moderada o exercício físico regular tem o papel de agente não-fármacólogico contribuindo de maneira positiva no controle da pressão arterial, podendo

training session (average of 135.0 to 128.9 ± 4.31 mmHg) had significant difference (p <0.01). The values for diastolic pressure had significant difference (p <0.01) as for the pre-training (average of 86.6 to 80.3 ± 4.45 mmHg) and for the post-training values (average of 82 2 to 79.3 ± 2.05 mmHg). There was an average of 174 ± 15bpm and 134 ± 14 bpm for maximum and average heart rate training. For the upper and lower members, the charge difference was statistically significant (p <0.01). Thus, it was observed that a program of aerobic and resistance exercise can have a positive effect on blood pressure of individuals participating in this research.

Keywords: Hypertension. Aerobic exercises. Resistance exercises.

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Palomares et alO impacto de um Programa de Atividade Física

os seus efeitos permanecerem por até 22 horas após sua prática (FOSS; KETEYIAN, 2000).

O exercício físico caracteriza-se por uma situação que tira o organismo de sua homeostase, implicando em adaptações fisiológicas. Entre essas, temos as respostas do sistema cardiovascular ao exercício. Essas respostas podem ser agudas e crônicas. O tipo e a magnitude da resposta cardiovascular dependem das características do exercício executado, como: tipo, intensidade, duração e massa muscular envolvida (BRUM et al., 2004). O quadro 2 apresenta algumas respostas agudas do exercício sobre a função cardiovascular.

Apesar das respostas durante a realização dos exercícios, existem também as respostas pós-exercícios. Dentre essas, podemos destacar a hipotensão arterial pós-exercício.

Segundo Negrão e Rondon (2001), o treinamento fí-sico regular provoca, em média, redução de 11 e 8 mmHg na pressão arterial sistólica e diastólica, respectivamente. Sabe-se que a pressão arterial pós-exercício físico está condicionada, principalmente, à intensidade do exercício (FORJAZ, 1998).

Estudos demonstrando o efeito hipotensivo pós-exer-cício sobre a pressão arterial de indivíduos hipertensos são importantes para o fortalecimento do conhecimento des-sas alterações e para a aplicabilidade desse conhecimento já existente na literatura na vida e no controle dessa enfer-midade por seus portadores.

Por essa razão, essa pesquisa tem por objetivo compro-var pela aplicação de um programa de exercícios físicos os efeitos positivos da atividade física sobre a pressão arterial de um grupo com 8 indivíduos hipertensos.

METODOLOGIA

O estudo trata-se de uma pesquisa experimental, de campo. A pesquisa foi realizada em uma academia no bairro do Papicu na cidade de Fortaleza/ CE com endere-ço na rua Dr. Gilberto Studart, 2300.

População e amostra

A academia contava com um público em torno de 120 pessoas que frequentam o espaço de segunda à sexta - fei-ra. Desse total, encontravam-se 17 alunos com hipertensão arterial relatada durante a avaliação física, todos diag-nosticados por médico cardiologista e orientados por tal à prática de exercícios físicos regulares. Dentre os alunos hipertensos, foram escolhidos 8 pessoas de forma aleatória. Assim, o grupo que participou da pesquisa foi formado por 8 pessoas, do sexo masculino e, todos com idade entre 20 e 64 anos.

Critérios de inclusão

Primeiramente, que frequentassem a academia pelo menos 3 vezes por semana e, que já realizassem atividade física regular por pelo menos 3 meses.

Critérios de exclusão

Caso o indivíduo participante da pesquisa apresentasse, pelo menos, uma falta ao longo do período da pesquisa e, se houvesse algum indivíduo que não realizasse atividade física por um período mínimo de 3 meses.

Coleta dos dados

Inicialmente, foi aplicado um questionário para a co-leta de algumas informações. O questionário foi entregue ao indivíduo onde ele ficou só para responder. Em caso de dúvida ele poderia pedir auxílio ao pesquisador. No questionário o indivíduo deveria informar dados, como há quanto tempo sabe que é hipertenso e qual medicação faz uso? Realiza algum controle na ingestão de sal e, se esse controle é feito por dieta ou por conta própria.

Durante as 8 semanas o grupo foi submetido ao se-guinte procedimento: foi realizada a aferência da pressão arterial antes e depois do programa de exercícios. A afe-rência foi feita sempre após um período de repouso de 5 minutos onde o indivíduo deveria estar sentado com o bra-ço apoiado sobre a mesa (isso antes e depois do programa de exercícios). O braço foi o direito e o material utilizado para aferição da pressão arterial foi o esfigmomanômetro aneróide Sanny e o estetoscópio Sanny.

O grupo foi submetido a uma frequência de 3 dias por semana a uma sessão de atividade física com duração média de 60 minutos ao dia. A sessão era composta de exercícios aeróbicos com duração média de 30 minutos e exercícios re-sistidos com duração média de 30 minutos. Os exercícios aeróbicos foram realizados na esteira. Assim, a aplicação da carga nos exercícios aeróbicos foi de 60% a 80% da frequê-

-ncia cardíaca máxima estimada na avaliação pela fórmula de Karvonen et al. (1957), 220 – idade. O controle para isso foi feito pelo monitoramento da frequência cardíaca que foi verificada por um monitor cardíaco polar FS3 a cada 10 minutos durante as sessões de treinamento aeróbio e a intensidade do treino foi de 75% da frequência cardíaca máxima.

Os exercícios resistidos foram realizados em uma sala de musculação com aparelhos próprios para a prática. De acordo com a adaptação de cada indivíduo mem-bro da amostra foi aplicada uma sobrecarga dentro dos princípios do treinamento desportivo e de acordo com

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a capacidade de cada um. A aplicação da carga foi defi-nida por repetição máxima. O indivíduo realizou vinte repetições máximas de um exercício e, por regra de três foi definido a carga do exercício. A carga foi equivalente a 75% da utilizada para as vinte repetições máximas. O teste para aplicação da nova carga foi realizado a cada 2 semanas. O protocolo de aplicação do treinamento na academia incluiu exercícios que foram realizados na forma de circuito. Os exercícios realizados foram o leg inclinado (45º), leg horizontal, supino reto, puxador. Em todos foram realizados três séries de quinze repetições com 1 minuto de intervalo após a realização de uma volta do circuito.

Análise dos dados

A análise dos dados foi realizada de forma compa-rativa, com sua exposição em quadros e gráficos que apresentaram os dados padrões e os dados coletados. Os resultados da estatística descritiva foram expressos como média ± desvio padrão da média. Para comparação das médias foi utilizado o teste-T de amostras dependentes. Foi utilizado o software SPSS 15.0 (Statistical Package for the Social Sciences) e significância para p< 0,01. Os dados padrões para essa pesquisa foram os valores (para pres-são arterial) apresentados pela Sociedade Brasileira de Hipertensão.

Aspectos éticos

O projeto da pesquisa intitulado “O impacto de um programa de atividade física sobre um grupo de indivíduos hipertensos em uma academia na cidade de Fortaleza”, foi submetido à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Todos os par-ticipantes da amostra da pesquisa passaram pelo processo de esclarecimento onde, foi explicado de que se tratava a pesquisa e como aconteceria a coleta dos dados. Depois assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foi emitida, por parte da academia, uma declaração dando autorização para se realizar a coleta dos dados.

RESULTADOS

De acordo com as respostas obtidas no questionário, os indivíduos apresentavam idade média de 46,37 ± 15,20 anos, onde 62,5% dos participantes apresentavam idade superior a 40 anos. Verificou-se que 75% dos indivíduos eram diagnosticados como hipertensos a mais de 5 anos. 12,5% haviam sido diagnosticados como hipertensos há 2 e 3 anos e 12,5% há 3 e 4 anos.

Os principais fatores de risco para HAS entre os indiví-duos foram a obesidade (75%), o stress (62,5%) e o histórico patológico familiar (50%). Dos membros participantes da pesquisa 50% realizavam dieta e 75% realizavam o controle de sal por conta própria. 62,5% dos indivíduos realizavam atividade física a mais de 1 ano e o medicamento mais uti-lizado foi o NAPRIX 10/5 mg (50%).

Os principais objetivos que levavam os indivíduos a prática de exercícios físicos foram o controle da PA (100%), a redução de peso (75%) e o alívio do stress (62,5%).

Observou-se uma média de 174 ± 15 bpm para frequê--ncia cardíaca máxima e 134 ± 14 bpm para frequência cardíaca média de treinamento. Em relação ao % da inten-sidade média, verificou-se ainda uma média de 76,7 ± 3,7% da frequência cardíaca máxima.

A carga média para os exercícios de membros inferio-res no 1º teste foi de 95,0 ± 25,6 kg e para o 4º teste foi de 123,1 ± 30,1 kg. Já a carga média utilizada após o 1º teste durante o programa de AF foi de 71,2 ± 19,2 kg e a carga média utilizada após o 4º teste foi de 92,5 ± 22,0 kg. A diferença de carga entre o 1º e o 4º teste foi significativa (p<0,01).

A carga média para o exercício supino reto no 1º teste foi de 16,7 ± 6,6 kg e para o 4º teste foi de 23,0 ± 10,0 kg. Já a carga média utilizada após o 1º teste durante o programa de AF foi de 12,6 ± 4,7 kg e a carga média utilizada após o 4º teste foi de 17,6 ± 7,5 kg. A diferença de carga do 1º e 4º teste foram estatisticamente significativa (p< 0,01).

A carga média para o exercício puxador no 1º teste foi de 3,9 ± 0,8 pl e para o 4º teste foi de 5,5 ± 1,4 pl. Já a carga média utilizada após o 1º teste durante o programa de AF foi de 2,9 ± 0,6 pl e a carga média utilizada após o 4º teste foi de 4,2 ± 1,1 pl. A diferença de carga entre o 1º e o 4º teste foi estatisticamente significativa (p< 0,01).

De maneira geral, observou-se um aumento de 22,7% entre o 1º e o 4º teste para membros inferiores e de 30,4% para membros superiores.

Os valores médios observados para pressão arterial sis-tólica pré-treino na 1ª semana foi de 143,5 ± 4,7 mmHg e na 8ª semana foi de 142,2 ± 4,6 mmHg. Para os valores pós-treino da 1ª semana foi encontrado 135,0 ± 5,1 mmHg e da 8ª semana foi de 128,9 ± 3,2 mmHg. Os resultados obti-dos para redução dos valores para pressão sistólica, antes e após treino, apresentaram significância (p<0,01).

Os valores médios observados para pressão arterial diastólica pré-treino na 1ª semana foi de 86,6 ± 4,8 mmHg e na 8ª semana foi de 80,8 ± 2,8 mmHg. Para os valores pós-treino da 1ª semana foi encontrado 82,2 ± 4,6 mmHg e da 8ª semana foi de 79,3 ± 1,6 mmHg. Os resultados obti-dos para redução dos valores para pressão diastólica, antes e após treino, apresentaram significância (p<0,01).

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DISCUSSÃO

Segundo a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (SBH; SBC; SBN, 2006), a pressão arterial (PA) aumenta linearmente com o avanço da idade.

Sabe-se que a obesidade cresce cada vez mais entre a população em geral e, que sua causa está associada à má alimentação e falta de atividade física diária. Segundo Ferreira e Zanella (2000), estudos epidemiológicos apon-tam aumento de 3 a 8 vezes na frequência de hipertensão arterial entre indivíduos obesos.

Segundo a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, há evidências de relação positiva entre estresse emocional e aumento da pressão arterial. O controle do estresse é necessário na prevenção primária da hipertensão arterial (SBH; SBC; SBN, 2006). As recomendações para prevenção primária não medicamentosa contra a hiperten-são arterial envolvem, segundo a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (SBH; SBC; SBN, 2006), há-bitos alimentares saudáveis e prática de atividade física (exercícios aeróbios e resistidos). Há relação inversa entre quantidade total de atividade física e incidência de hiper-tensão arterial.

Segundo Rique et al. (2002): Molina et al. (2003), a American Heart Association recomenda 6 g de sódio ao dia ou o equivalente há 11/2 colher de chá de sal de mesa. No entanto, deve-se levar em consideração o alto teor de só-dio adicionado aos alimentos industrializados. Estudos epidemiológicos realizados com a população brasileira de-monstram que a população brasileira em geral consome, diariamente, 12g de sal ao dia (SBH;SBC; SBN, 2006).

Esse medicamento é classificado como anti-hiper-tensivo, podendo ser indicado para hipertensão arterial, insuficiência cardíaca congestiva e para redução da morta-lidade após o infarto do miocárdio. É um potente inibidor da enzima de conversão da angiotensina (ECA) e bem absorvido no trato gastrointestinal. É conhecido, ge-nericamente, como Ramipril e é contra-indicado para pacientes que estejam realizando hemodiálise de alto f lu-xo, com histórico de angioedema, na estenose bilateral da artéria renal ou unilateral em rim único, na estenose mi-tral ou aórtica, na insuficiência renal importante e durante a gravidez e lactação e na hipersensibilidade a qualquer componente da fórmula (ANVISA, 2006).

Os dados encontrados como principais objetivos para à prática de atividade física pelos participantes da pesquisa demonstram a necessidade de uma mudança do estilo de vida desses indivíduos, o que pode ser fundamental para uma melhoria na qualidade de vida e um melhor controle da hipertensão arterial como meio profilático para possí-veis outras doenças cardiovasculares.

Segundo Monteiro; Sobral Filho (2004), a atividade física é um dos principais meios para prevenção primá-ria não medicamentosa da hipertensão arterial sistêmica e, responsável por um efeito positivo do exercício físico sobre a pressão arterial (PA), conhecido como hipotensão arterial pós-exercício (SBH; SBC; SBN, 2006). Estudos epidemiológicos e clínicos têm demonstrado efeitos bené-ficos da prática de atividade física sobre a pressão arterial em indivíduos de todas as idades. Alto nível de ativida-de física diária está associado a menores níveis de pressão arterial em repouso (SBC, 2004: CIOLAC; GUIMA-RÃES, 2004).

Segundo Negrão e Rondon (2001), o treinamento físico regular provoca, em média, redução de 11 e 8 mmHg na pressão arterial sistólica e diastólica, respectivamente.

Os efeitos crônicos do exercício sobre a pressão arterial definem-se pela redução dos valores pressóricos, sendo es-ses resultados melhores vistos em indivíduos hipertensos. A hipotensão pós-exercício caracteriza-se pela redução dos valores pressóricos na fase de recuperação para valores in-feriores aos verificados antes do exercício (BRUM et al., 2004).

Uma metanálise de 54 estudos longitudinais rando-mizados controlados, examinando o efeito do exercício físico aeróbio sobre a pressão arterial, demonstrou que essa modalidade de exercício reduz, em média, 3,8mmHg e 2,6mmHg a pressão sistólica e diastólica, respectivamente. Reduções de apenas 2mmHg na pressão diastólica podem diminuir substancialmente o risco de doenças e mortes associadas à hipertensão, o que demonstra que a prática de exercício aeróbio representa importante benefício para a saúde de indivíduos hipertensos (CIOLAC; GUIMA-RÃES, 2004: FORJAZ, 1998).

Os exercícios aeróbicos provocam efeitos fisiológicos, principalmente, no músculo esquelético, no sistema res-piratório e no sistema circulatório. Esses efeitos são, na verdade, adaptações fisiológicas do organismo em resposta ao exercício. Segundo Foss e Keteyian (2000), as altera-ções cardiorrespiratórias induzidas pelo exercício aeróbico podem ser verificadas em repouso, durante o exercício sub-máximo e máximo, sendo essas provocadas por mudanças, principalmente, no sistema de transporte de oxigênio.

Assim como os exercícios aeróbicos, os exercícios resistidos provocam alterações fisiológicas tanto no mús-culo esquelético como no coração (FLECK; KRAEMER, 1999). Segundo Foss e Keteyian (2000), as respostas fi-siológicas que resultam do treinamento resistido ocorrem, principalmente, dentro dos músculos esqueléticos, entre-tanto, algumas adaptações ocorrem dentro do coração. No coração as mudanças pelo treinamento resistido são, em geral, de aumento da massa cardíaca (em relação a

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indivíduos sedentários) e causadas pela sobrecarga de pressão (FOSS; KETEYIAN, 2000).

As alterações promovidas pelos exercícios resistidos também englobam melhorias no equilíbrio e coordenação, na marcha, nas atividades da vida diária

(AVDS), na função imunológica, na função neuromus-cular, na produção de força, na massa óssea, na composição corporal (relação massa corpórea magra/massa corpórea de gordura) e no metabolismo (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2008).

Indivíduos hipertensos têm sido tradicionalmente de-sencorajados a realizar exercício resistido devido ao receio de essa modalidade de exercício precipitar um evento cerebro-vascular ou cardíaco. Porém, estudos investigando o efeito de longo período de treinamento com exercício resistido sobre a pressão sanguínea de repouso não documentaram efeitos deletérios, sugerindo que indivíduos hipertensos não devem evitar sua prática, pois ela proporciona grandes benefícios para a qualidade de vida (CIOLAC; GUIMA-RÃES, 2004: FERREIRA; MOISÉS, 2000).

Aumento de força representa respostas fisiológicas ao exercício resistido, podendo ser essas respostas sobre o músculo cardíaco como, por exemplo: recrutamento au-mentado de unidades motoras, maiores reservas de ATP CP, entre outras que podem influenciar diretamente sobre o controle da PA (FOSS; KETEYIAN, 2000).

Os exercícios resistidos ou exercícios de musculação possuem papel de destaque, pois quando executados em al-tas intensidades, apesar de serem feitos de forma dinâmica apresentam componentes isométricos, fazendo com que a resposta cardiovascular durante sua execução assemelhe-se àquela observada em exercícios estáticos (BRUM et al., 2004).

O treinamento de força pode trazer diversos benefícios à saúde de indivíduos tanto hipertensos quanto normo-tensos (FISHER, 2001 apud BARQUILHA et al., 2009) através da alteração no comportamento da pressão arte-rial (PA) após uma única sessão de treinamento de força (SIMÃO et al., 2005 apud BARQUILHA et al., 2009).

As respostas do organismo humano ao exercício físi-co variam segundo a especificidade do exercício, mas é comprovado que o exercício físico regular, independente de qual seja, promove benefícios ao homem que podem contribuir não apenas para uma melhor qualidade de vida, mas também previne e combate as diversas doenças ao quais nossos organismos estão, geralmente, predispostos (McARDLE; KATCH; KATCH, 2008).

Para a classificação de Hipertensão arterial sistêmica (SBH, 2006) os indivíduos apresentaram melhores valo-res pressóricos sistólicos e diastólicos após o programa de treinamento sendo classificados com valores pressóricos sistólicos dentro de uma zona limítrofe.

Contrariando os resultados encontrados, Rodriguez et al., 2008 apud Barquilha et al., 2009, aferiram a PA após um treinamento de força e nesse estudo não foi en-contrada alteração significativa da PA após o esforço em comparação com o grupo controle. Roltsch et al., 2001 apud Barquilha et al., 2009, também não encontraram efeito hipotensor após a realização de duas séries em 12 exercícios de força. A PA nesse estudo foi controlada por um período de 24 horas. Corroborando com esses estudos Focht e Koltyn, 1999 apud Barquilha et al., 2009, também não encontraram efeito hipotensor após a pratica de exer-cícios de força.

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que houve diferenças importantes nos valores para pressão arterial antes e após um programa de atividade física entre os indivíduos participantes da pes-quisa em estudo.

Considerando que o programa de atividade física foi composto por atividades aeróbias (esteira) e exercícios de musculação, verifica-se que a redução dos valores pressó-ricos antes e após treinamento fora influenciado por esses dois componentes. Conhecendo as características metabó-licas específicas das duas atividades presentes no programa e seus efeitos sobre a pressão arterial é claro que os re-sultados encontrados demonstram um efeito significativo das duas atividades sobre a redução da pressão arterial de indivíduos hipertensos, quando aliadas.

Deve-se destacar que não houve um estudo separado de cada atividade e seus efeitos pós-exercício sobre a pres-são dos indivíduos hipertensos participantes da pesquisa.

Esses resultados foram importantes para fortalecer o conhecimento prévio existente na literatura a respeito dos efeitos do exercício físico de maneira aguda e crônica so-bre a PA, assim como para demonstrar a importância de exercícios aeróbios e de musculação para essa população no controle da PA e, como forma menos onerosa de tratamento da hipertensão arterial pelos órgãos de saúde responsáveis.

CLASSIFICAÇÃO DA P.A. (>18 ANOS)

SISTÓLICA (mmHg)

DIASTÓLICA (mmHg)

ÓTIMA <120 <80

NORMAL <130 <85

LIMÍTROFE 130 – 139 85 – 89

HIPERTENSÃO ESTÁGIO 1 (leve) 140 – 159 90 – 99

HIPERTENSÃO ESTÁGIO 2 (moderada) 160 – 179 100 – 109

HIPERTENSÃO ESTÁGIO 3 (grave) >180 >110

SISTÓLICA ISOLADA >140 <90

Quadro 1- Classificação da pressão arterial segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia. Fonte: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (SBH; SBC; SBN, 2006).

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FATORES DE RISCO

HISTÓRICO PATOLÓGICA FAMILIAR Está relacionado à hereditariedade.

RAÇA Geneticamente, há uma maior predisposição para hipertensão arterial por parte do negro.

ÁLCOOL O consumo aumenta o risco, independente da quantidade ingerida.

SEDENTARISMO A prática de exercícios regulares contribui no combate ao sobrepeso e no controle da hipertensão arterial.

TABAGISMO Acarreta complicações respiratórias, afetando de forma direta o sistema circulatório e promovendo sobrecarga no desempenho cardíaco.

IDADE A pressão arterial varia com a idade. Teoricamente, quanto mais velho maior o trabalho do coração.

FATORES SÓCIOECONÔMICOS Nível sócio-econômico mais baixo está associado a HAS e maior prevalência para fatores de risco para aumento da PA.

Quadro 2 - Principais fatores de risco para o desenvolvimento da Hipertensão arterial sistêmica segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia: Fonte: V diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (SBH; SBC; SBN, 2006).

REFERÊNCIAS

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Submissão: 13/03/2010 Aceite: 08/04/2010

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Mortalidade Materna no Ceará: Análise em uma Maternidade Terciária de Fortaleza (1992-2008)

Ana Ciléia Pinto Teixeira HenriquesI

Karla de Abreu Peixoto MoreiraII

Paulo César de AlmeidaIII

Francisca Alice Cunha RodriguesIIV

Fátima Carvalho FernandesV

Francisco Herlânio Costa CarvalhoVI

RESUMO

Objetivos: Identificar o perfil dos óbitos maternos ocorridos em uma Maternidade Terciária de Fortaleza-CE. Métodos: Rea-lizou-se um estudo descritivo, documental, com 163 prontuários de gestantes que evoluíram a óbito no período de 1992 a 2008. Utilizou-se formulário abordando características socioeconômicas e do óbito das gestantes atendidas na Maternidade-Escola Assis Chateaubriand - Universidade Federal do Ceará. Resultados: Encontrou-se maior número de óbitos em mulheres pardas (RP = 3), provenientes do interior do estado (RP = 1,4), com idade entre 20 a 29 anos (RP = 2), domésticas ou donas de casa (RP = 3,6) e casadas (RP = 1,6). Verificou-se maior concentração de óbitos nos primeiros cinco anos do período estudado, com maior número destes ocorridos em 1993 (11,7%). Os principais motivos de internação das gestantes foram os sangramentos transvaginais (27,6%) seguidos de sinais sugestivos de pré-eclâmpsia (20,2%). As principais causas básicas de óbito materno foram: os distúrbios hiper-tensivos da gestação e suas complicações (31,3%), tendo a eclâmpsia isoladamente representado 25,8% dos óbitos totais no período. Conclusões: O perfil dos óbitos maternos caracterizou-se por ocorrer com maior prevalência em mulheres jovens (20-29 anos), pardas, casadas e trabalhadoras do lar; oriundas principalmente do interior do estado; com causas obstétricas diretas responsabi-lizando a maior parte deles.

Palavras-chave: Registros de mortalidade. Serviços de saúde materna. Indicadores de morbi-mortalidade. Epidemiologia.

ABSTRACT

Objectives: To identify the profile of maternal deaths occurred in a tertiary maternity in Fortaleza-CE. Methods: We conducted a descriptive study, documentary, with records of 163 pregnant women who died in the period 1992 to 2008. We used a questionnaire covering socioeconomic characteristics and mortality of pregnant women in the Maternity School Assis Chateaubriand - Federal University of Ceará. Results: There was a greater number of deaths in skinned women (PR = 3), from within the state (PR = 1.4), aged 20 to 29 years (PR = 2), domestic or housewives ( RP = 3.6) and married (PR = 1.6). A higher concentration of deaths in the first five years of the study period, with the largest number of these occurred in 1993 (11.7%). The main reasons for hospitalization of pregnant women were transvaginal bleeding (27.6%) followed by signs suggestive of pre-eclampsia (20.2%). The main underlying causes of maternal death were: hypertensive disorders of pregnancy and its complications (31.3%) and eclampsia alone represented 25.8% of total deaths in the period. Conclusions: The profile of maternal deaths was characterized by a higher prevalence in young (20-29 years), skinned women, married and working from home, mainly from within the state, with responsibility to direct obstetric causes most of them.

Keywords: Mortality registries. Maternal health services. Indicators of morbidity and mortality. Epidemiology.

I. Universidade Federal do Ceará/UFCII. Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza/FAMETRO III. Universidade Estadual do Ceará/UECE IV. Universidade Estadual do Ceará/UECE V. Universidade Federal do Ceará/UFCVI. Universidade Federal do Ceará/UFC.

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Henriques et alAnálise em uma Maternidade Terciária de Fortaleza

INTRODUÇÃO

Define-se como óbito materno a morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da mes-ma, independentemente da duração ou da localização da gravidez, causada por qualquer fator relacionado ou agra-vado pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela. Os indicadores apresentam-se em queda nos últimos anos, porém ainda compõem índices alarmantes nas esta-tísticas nacionais, principalmente quando comparadas aos países desenvolvidos 1, 2.

O Relatório da Situação Mundial da Infância 2009 apresenta que, segundo dados de 2005, o risco de morrer por complicações relacionadas à gravidez e ao parto no caso de uma mulher que vive em um país menos desen-volvido é, em média, mais de 300 vezes maior do que no caso de uma mulher que vive em um país industrializado3

Nesta classificação se inclui o Brasil, característico ainda por suas disparidades quanto às regiões e estados, notório por seus indicadores de saúde diversos que incluem índices de mortalidade materna extremos, ainda conside-rados subnotificados visto as dificuldades encontradas no reconhecimento destes óbitos 4, 5.

A mortalidade materna pode ser considerada um dos mais importantes indicadores de saúde, não apenas da mulher, mas da população como um todo, portanto, deve ser reconhecido nos diferentes espaços político-geográfi-cos, pois é um fiel preditor de falhas na assistência à saúde, sendo também um excelente indicador de iniqüidades. No Brasil, as diferenças mostram-se marcantes entre os estados e mesmo nestes, diferentes municípios podem ter índices limítrofes alarmantes 6.

Estudos realizados em instituições de saúde como ma-ternidades e hospitais de nível terciário, podem ajudar no reconhecimento do real perfil de mortalidade materna de uma região, visto serem nestes que ocorrem à maioria dos partos superando, em parte, as dificuldades com subnoti-ficação e subregistro 1, 7, 8.

Este estudo objetivou caracterizar os óbitos maternos quanto ao perfil de mulheres acometidas e as causas des-sas mortes ocorridas em uma maternidade de referência de Fortaleza–CE.

MÉTODOS

Tratou-se de um estudo retrospectivo, observacional descritivo, tipo documental (dados secundários), com en-foque quantitativo e recorte temporal do tipo transversal.

Foi realizado na Maternidade-Escola Assis Chate-aubriand ligada à Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza, que atende a pacientes de médio e alto risco

gestacionais provenientes da capital e do interior do esta-do. Essa Instituição possui 10.762,63 m² de área construída, com 220 leitos, divididos entre as especialidades de Gine-cologia-Obstetrícia e Neonatologia incluindo unidades de terapia intensiva materna e neonatal. Conta com equipe multidisciplinar de 986 funcionários, dentre servidores, prestadores de serviço e terceirizados, realizando atendi-mento integral à saúde da mulher e do recém-nascido.

Foram analisados prontuários referentes aos óbitos ma-ternos ocorridos no período de 1992 a 2008, disponibilizados pelo Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME) em uma lista gerada pelo sistema que contabilizou 311 óbitos para o período analisado. Consideraram-se critérios de inclusão todas as mortes por causas obstétricas diretas e indiretas que ocorreram no hospital no período estudado, cujos prontu-ários estivessem acessíveis no momento da coleta de dados.

O instrumento de coleta de dados foi composto por itens objetivos, abrangendo dados de características sociodemo-gráficas e de causas do óbito materno. O preenchimento das variáveis foi realizado com base nas declarações de óbito (DO) e informações dos prontuários, em especial as evoluções médicas e de enfermagem, resultados de exames laboratoriais e dados contidos no cartão da gestante.

Os dados coletados foram analisados através do Pro-grama Statistical Package for Social Sciences for Personal Computer (SPSS-PC), versão 17.0, com o qual se calcularam as frequências, porcentagens, percentuais válidos, excluídas as variáveis sem preenchimento (missing) e os percentuais acumulados, para análise de frequências simples e relativas das variáveis do estudo. Realizou-se também o cálculo das razões de prevalência (RP) a fim de determinar quais de-monstraram no estudo maior risco de ocorrência para o óbito materno e das Razões de Mortalidade Materna (RMM) definida como a razão entre o número de óbitos maternos identificados divididos pelo número de nascidos vivos do mesmo período expresso por 100 mil nascidos vivos 2.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Instituição através do Parecer Nº 093/09 e segue os preceitos da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

RESULTADOS

Dos 311 registros de óbitos disponibilizados pelo SAME foram analisados no total 163, excluíndo-se os que estavam indisponíveis no momento da coleta de da-dos por questões burocráticas e administrativas (16; 5,2%), prontuários que não possuíam número correto de registro no SAME, logo não puderam ser resgatados (34; 10,9%) e aqueles que, após minuciosa leitura dos dados dos for-mulários de admissão e evolução nos prontuários não se constituíram como óbitos maternos (98; 31,5%) segundo a

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definição do Guia de Vigilância Epidemiológica do Óbito Materno2 , ocasionando uma perda de 47,6%.

Caracterizando socioeconomicamente a amostra, en-controu-se em relação à raça, que predominaram mulheres de raça parda (37,4%), seguido da raça branca (12,7%), tendo apresentado uma RP igual a três vezes de serem mulheres pardas em comparação a serem brancas.

A idade das gestantes variou de 12 a 43 anos, com média de 27,1 (±7, 7). Os óbitos se concentraram na faixa dos 20 a 29 anos (42,3%), com RP de dois. A faixa etária de 30 a 39 anos representou 29,5%. Este estudo encontrou ainda uma parcela significativa de mulheres entre 12 a 19 anos (20,9%), demons-trando o risco que se pode conferir à gravidez na adolescência.

Quanto ao estado civil, encontrou-se maior número de mulheres casadas (46%), com uma RP de 1,6. O estudo encontrou um número significativo de mulheres solteiras (28,2%). Em 25,8% dos prontuários a informação não es-tava disponível, ficando comprometida a comprovação da influência desta variável como fator contribuinte aos óbi-tos maternos destas pacientes.

No que diz respeito à escolaridade, 143 prontuários (87,7%) não continham nenhuma informação referente a este dado, logo ficando impossível a análise desta variável. Entre os que continham a informação, predominou o nú-mero de mulheres com mais de 12 anos de estudos (3,7%).

Quanto à ocupação das gestantes no momento do óbi-to, encontrou-se uma predominância de mulheres que trabalhavam como domésticas (21,5%), com uma RP de 1,6 maior ocorrência de óbito nestas mulheres, seguidas de mulheres que exerciam atividades domésticas no próprio lar (12,9%), denominadas nos prontuários como “do lar”. É importante ressaltar que em 56,4% dos prontuários não havia esta informação.

O dado do local de origem da gestante foi referido pela qual Célula Regional de Saúde (CERES) a mesma per-tencia e, no caso de a gestante ser proveniente de Fortaleza, de qual bairro e Secretaria Executiva Regional (SER) a mesma era proveniente. Desta forma buscava-se identifi-car em que regiões concentraram-se o número de mulheres que evoluíram a óbito.

Verificou-se predominância de gestantes provenientes do interior do estado (59,5%) quando comparado àquelas provenientes de Fortaleza (40,5%), onde é localizada a maternidade em estudo, com uma RP de 1,4 vezes maior ocorrência de óbito nas provenientes do interior.

Quando analisados os municípios de maior procedência das mulheres, além da capital, verificou-se maior número de óbitos provenientes de Caucaia (8%) e Maracanaú (3,7%), ambos pertencentes à Região Metropolitana de Fortaleza. Dos 184 municípios do Estado do Ceará, 50 (27%) consta-ram entre os casos de gestantes que evoluíram a óbito na

maternidade e das 21 CERES que compõem o Estado do Ceará, 15 (71%) constaram como procedência de gestantes que evoluíram a óbito. Dez gestantes foram referidas de CERES que não pertencem à Macrorregião de Saúde de Fortaleza.

Houve registro de óbitos provenientes de todas as seis SER de Fortaleza, com predominância das SER III (19 casos, 11,7%, RP = 4,7) e SER V (20 casos, 12,3%, RP = 4,9). A Maternidade-Escola Assis Chateaubriand localiza-se na SER III. A SER de maior proximidade geográfica da SER III é a SER V.

A maioria dos óbitos concentrou-se no período de 1993 a 1996 correspondendo a 41,7% dos casos do período ana-lisado. O ano de 1993 correspondeu isoladamente a 11,7% dos óbitos do período com a ocorrência de 19 óbitos ma-ternos (Gráfico 1).

Gráfico 1- Caracterização do período de ocorrência dos óbitos maternos por ano em Maternidade Terciária de Fortaleza-CE. 1992-2008

Calculou-se a Razão de Mortalidade Materna ano a ano e encontraram-se valores entre 24,8 óbitos por 100.000 nascidos vivos (NV) e 327,9 óbitos por 100.000 NV refe-rente ao ano de 2004. Apenas a RMM de 1992 não pode ser calculada visto à ausência de dados fidedignos quanto ao número registrado de nascidos vivos (Gráfico 2).

Gráfico 2 - Razões de Mortalidade Materna por ano em Maternidade Terciária de Fortaleza-CE. 1992-2008

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Avaliaram-se as morbidades relacionadas e as causas referidas dos óbitos; os motivos de internação e/ou aten-dimento ao serem admitidas, relatados nos formulários de admissão ou evoluções médicas; a causa básica do óbito, relatada na Declaração de Óbito ou quando esta ausen-te, relatada nas evoluções médicas e de enfermagem; e as causas antecedentes ao óbito, compreendidas como “todas as doenças, afecções mórbidas ou lesões que produziram a morte, ou contribuíram para ela” (Tabela 1).

Caracterização das morbidades associadas ao óbito materno n %

Motivos de atendimento/internaçãoCrises convulsivasDispnéia progressivaSangramento transvaginalSinais sugestivos de PETrabalho de partoOutras causas

111145331053

6,76,7

27,620,36,2

32,5

Causas básicas do óbito Distúrbios hipertensivos e suas complicaçõesDistúrbios da placenta e contração uterinaInfecçõesNeoplasiasDistúrbios cardiovasculares e embólicosAbortamentosDistúrbios cerebrovascularesOutras causasNão constam dados

512522111095

1812

31,315,313,5

6,76,25,53,0

11,17,4

Causas antecedentes ao óbito* Insuficiência renalSepseAsmaInsuficiência respiratóriaSíndrome HELLPAVChCoagulopatiasPneumoniaEdema agudo de pulmãoOutras causasNão constam dados

312726261711217

111324

1916,6

1616

10,46,7

12,94,36,7

814,7

* Em 139 prontuários foram relatadas mais de uma causa antecedente.

DISCUSSÃO

O óbito de uma mulher jovem em plena idade reprodu-tiva e produtiva, decorrente da gravidez ou do parto, além de uma tragédia, é vergonhoso para os indicadores de saú-de de um país, visto todas as inovações de fácil acesso e baixos custos disponíveis atualmente para assistência ao pré-natal, parto e puerpério 1.

Identificar os padrões de condições socioeconômicas de mulheres que evoluíram a óbito por causas relacionadas à gravidez, parto e puerpério torna-se fundamental devido à influência que estes fatores podem exercer na qualidade de atenção a estes períodos. É importante ressaltar, que dentro de um mesmo padrão social, nem todas as mulheres estão expostas a riscos semelhantes: algumas apresentam maior probabilidade de morrer ou sofrer agravos do que outras 9.

Considerando a idade das mulheres, Succi et al 10 afirmam que o risco destas apresentarem qualquer com-plicação é mínimo quando a mulher tem entre 18 e 30 anos,

porém esta afirmação não condiz com o resultado deste estudo que apresentou maior proporção do número de óbi-tos concentrados nesta faixa etária (63%).

O maior número de óbitos de mulheres casadas diver-ge dos resultados da maioria dos estudos, que comprovam maior ocorrência de óbito de mulheres que vivem sem companheiro6. De acordo com a CPI da Mortalidade Materna, as mulheres solteiras apresentam maior probabi-lidade para o óbito, considerando o abandono como fator contribuinte para este fim11.

Foram comprometidas as análises de escolaridade e de ocupação destas mulheres visto a ausência de informações nos prontuários, o que compromete a análise de fatores que possam indicar maior vulnerabilidade à ocorrência do óbito materno. Porém, concorda-se que as altas taxas de mortalidade materna atingem desigualmente as regiões brasileiras, com maior prevalência entre mulheres das clas-ses sociais com menor ingresso e acesso aos bens sociais 2.

A análise sociodemográfica nos estudos é importante visto que este aspecto pode revelar o grau de vulnerabili-dade de diferentes realidades; portanto, ao se pensar em ações que reduzam a morte materna, é necessário que estas incluam, principalmente, as populações menos favo-recidas economicamente 12.

Analisando a procedência das gestantes, é importan-te compreender a atual divisão político-administrativa do Ceará criada em 1999, quando o estado foi dividido em três macrorregiões e 21 microrregiões de saúde, definidas pelos critérios de contiguidade intermunicipal, escala adequada, potencial de recursos para estruturação de equipamen-tos de maior densidade tecnológica em atenção à saúde, sistemas de saúde pública e sistemas de apoio, disposição política para cooperação e identidade cultural 13.

Nas microrregiões de saúde estão estruturados os siste-mas de serviços de saúde que constituem a atenção à saúde primária e secundária. Como suporte, estão às ações de saúde pública e as ações de serviços de apoio, que integram estes dois níveis de atenção. Em cada uma das macrorre-giões de saúde estão implementados serviços de saúde, nos quais conjuntos de microrregiões convergem para pólos terciários14.

Logo, visualiza-se a questão do conhecimento da pro-cedência das gestantes quanto às áreas acima delimitadas como importante recurso para identificação das necessi-dades em saúde, visto que a ocorrência do óbito materno em determinada área está intimamente relacionada à defi-ciência nos serviços de saúde que nela atuam.

O fato de algumas gestantes serem provenientes de outras macrorregiões demonstra falha na atenção às ges-tantes nestes serviços ou dificuldade no acesso, fazendo com que as gestantes percorram um longo caminho até

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Henriques et alAnálise em uma Maternidade Terciária de Fortaleza

conseguirem atendimento em outra instituição, o que pode piorar a condição da mulher, principalmente nos ca-sos mais graves.

A peregrinação da gestante por uma assistência obs-tétrica nas instituições hospitalares é uma realidade constante. Estas mulheres, muitas vezes, vêm de regiões distantes para a Capital em busca de serviços obstétricos de melhor qualidade e maior especificidade, devendo-se haver uma integração entre a assistência pré-natal e o par-to para a possibilidade de acesso integral e contínuo dessas mulheres com o sistema de rede hierarquizado. Urge maior hierarquização da rede, pois as unidades de saúde devem saber para onde referenciar essa gestante do pré-natal de acordo com o seu risco obstétrico. Portanto, um sistema de referência e contra-referência eficaz poderia amenizar essa problemática 15.

As elevadas razões de mortalidade materna encon-tradas convergem com dados descritos na literatura em estudos realizados em instituições terciárias, o que pode ser justificado por estas serem centros de referência re-gional, recebendo pacientes em condições de alto risco gestacional provenientes de municípios que não contam com suporte hospitalar terciário 8.

Em estudo realizado no Ceará por Moura et al 16, que abrangeu parte do período analisado neste estudo (1998 a 2002), a RMM variou de 93,3/100.000 NV no início do período a 85,9 em 2002. No Ceará, no período de 2003 a 2007 ocorreram 596 mortes maternas relacionadas à gesta-ção, parto e puerpério. A avaliação da magnitude dessas mortes tem mostrado as RMM de 75,0 em 2003, 86,6 em 2004, 86,6 em 2005, 70,7 em 2006 e 64,1 em 2007, índices muito abaixo dos encontrados na maternidade em estu-do, mas elevados diante do preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de 20 óbitos por 100.000 NV 3, 17.

Quanto às causas básicas de óbito encontradas, verifi-cou-se um perfil de causas já descrito na literatura, sendo as mais frequentes os distúrbios hipertensivos e suas com-plicações com 51 casos (31,3%) A eclâmpsia representou 25,8% das causas básicas.

O perfil encontrado converge com o resultado de estudo realizado por Bezerra et al (2005) na mesma Ma-ternidade que analisou 296 óbitos maternos ocorridos no período de 1981 a 2003, descrevendo que 122 ocorreram por complicações da hipertensão (41,2%), 74 por hemorragia (25,0%) e 58 por infecção (19,6%).

Quanto às causas antecedentes ao óbito, encontraram--se como mais frequentes a insuficiência renal (19%), a sepse (16,6%) e a insuficiência respiratória (16%), demons-trando a gravidade dos casos e a morbidade associada.

A análise deste aspecto foi dificultada devido à maioria dos estudos encontrados abordarem principalmente as causas

básicas de óbitos, pouco relatando a questão das causas que antecederam estes óbitos. O conhecimento destas causas é importante, visto que, dependendo do quadro de gravidade da gestante e da patologia associada, esta tende a desenvolver inúmeras complicações decorrentes do processo patológico. O maior tempo de internação da gestante pode estar associa-do ao desenvolvimento de maiores complicações, em especial as infecções hospitalares e condições iatrogênicas.

Visualizaram-se condições graves que, no entanto, po-deriam ter sido prevenidas visto que a maioria das causas de óbitos maternos identificadas são claramente classifica-das como obstétricas diretas, isto é, aquelas que ocorrem por complicações obstétricas durante gravidez, parto ou puerpério devido a intervenções, omissões, tratamento in-correto ou a uma cadeia de eventos resultantes de qualquer dessas causas e que por sua definição, são consideradas causas evitáveis ou ao menos passíveis de intervenção2.

A questão da mortalidade materna fundamenta-se como problema de saúde pública que requer urgentes medidas de intervenção, visto que como apresentado nestes resultados, o perfil de acometidas e as causas de óbitos identificadas já são amplamente descritas na literatura, configurando um quadro que deve ser analisado com maior atenção nos ser-viços de saúde de forma a evitar novas mortes, que violam o direito da mulher à reprodução segura.

Enquanto o governo não melhorar as condições socioe-conômicas da população e não criar unidades diretamente filiadas com outros níveis de atenção, provendo cuidado diferenciado à gravidez de risco, mulheres chegarão às emergências dos hospitais cada vez mais descompensadas e com condições de difícil controle 4.

Ramos et al 1 ressaltam que o tema da mortalidade materna deve ser analisado como problema de direitos hu-manos e justiça social e deve-se ter como meta promover a saúde feminina como sendo um investimento econômico e social altamente relevante.

Apesar de o estudo ter abordado os óbitos maternos ocorridos apenas em uma instituição, certas considerações podem ser feitas quanto à mortalidade materna no Estado, visto que a maternidade é referência em atendimento às gestantes de alto risco e possui capacidade de atendimento para grande demanda em Fortaleza, recebendo pacientes da capital e do interior. Logo, o perfil de óbitos maternos encontrado no estudo pode refletir as reais deficiências distribuídas nas 21 microrregiões de saúde, visto que a ocorrência do óbito tem como causas associadas impor-tantes as falhas na atenção prestada à gestante.

Um dos problemas para o adequado monitoramento da mortalidade materna é a baixa confiabilidade nas es-tatísticas de saúde nacionais. Para seu cálculo, exigem-se informações completas e precisas sobre o número e a causa

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Henriques et alAnálise em uma Maternidade Terciária de Fortaleza

dos óbitos de mulheres em idade fértil, o que, segundo Leal 18, não é fácil de obter. Estima-se que a cobertura do SIM/MS (Sistema de Informação de Mortalidade/ Ministério da Saúde) seja de cerca de 85% e que essa sub-

-informação concentra-se, quase que exclusivamente, nas Regiões Norte e Nordeste do país 6.

A ausência de informações relevantes nos prontuários, assim como de documentos como a Declaração de Óbito e o Cartão da Gestante, dificultou a análise de dados, o que enfatiza a importância da realização de estudos que abordem diferentes metodologias, a fim de complementa-rem-se as informações colhidas em prontuários, visto que muitos profissionais não reconhecem o valor do registro

como fundamental para análise das condições de saúde da clientela atendida.

Mais do que uma decisão médica, a questão da mor-talidade materna envolve decisões políticas de priorização da saúde da mulher em diversos contextos, de capacitação profissional, não apenas no atendimento direto ao pacien-te, mas também na coleta de dados e na elaboração dos indicadores que nortearão a tomada de decisão baseada nas necessidades de saúde percebidas, além da humani-zação da assistência, visto que o descaso a condição da mulher em processo de parturição pode ser fator desenca-deante de complicações em uma gravidez aparentemente sem riscos, mas que nem por isso, requer menos cuidados.

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Submissão: 13/04/2010 Aceite: 02/06/2010

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