revista do trabalho 53

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Julho / Setembro de 2015 - Ano 15 - nº 53 Revista do Trabalho Força-tarefa resgata trabalhadores em condição análoga à escravidão Página 5 TAC, sentença em ACP, interdições e novas operações nos frigoríficos Páginas 6 a 8 Lançado “Movimento em Defesa da Democracia e dos Direitos Sociais” Página 18 MPT completa 10 anos de interiorização no RS Páginas 10 e 11 O Ministério Público doTrabalho (MPT) completou 10 anos de sua interiorização no Rio Grande do Sul (RS). A primeira das oito unidades localizadas no Interior gaúcho foi inaugurada, em 14 de julho de 2005, em Santa Maria. No mesmo ano, em 18 de agosto, foi a vez da implantação em Passo Fundo. Em 2006, foram realizadas outras quatro inaugurações: 8 de junho em Santa Cruz do Sul, 24 de agosto em Pelotas, 18 de setembro em Caxias do Sul e 5 de dezembro em Santo Ângelo. As duas últimas cerimônias aconteceram nos dias 2 de agosto de 2007, em Uruguaiana, e 22 de julho de 2009, em Novo Hamburgo. O Estado possui 497 municípios. A consequência do processo de interiorização foi a maior aproximação de seu público alvo: os trabalhadores. As notícias de fato (denúncias), as audiências administrativas, as mediações, as audiências públicas e as inspeções, enfim, todas suas atribuições se aproximaram dos destinatários. A interiorização intensificou a articulação com juízes do Trabalho, auditores-fiscais do Traba- lho, sindicatos e demais agentes públicos e so- ciais envolvidos. 31 municípios 63 municípios 123 municípios 83 municípios 41 municípios 11 municípios 34 municípios 72 municípios 39 municípios Uruguaiana Santa Maria Passo Fundo Santo Ângelo Santa Cruz do Sul Caxias do Sul Pelotas Porto Alegre Novo Hamburgo

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Page 1: Revista do trabalho 53

Julho / Setembro de 2015 - Ano 15 - nº 53

Revista doTrabalho

Força-tarefa resgata trabalhadores em condição análoga à escravidão

Página 5

TAC, sentença em ACP, interdições e novas operações nos frigoríficos

Páginas 6 a 8

Lançado “Movimento em Defesa da Democracia e dos Direitos Sociais”

Página 18

MPT completa 10 anos de interiorização no RS

Páginas 10 e 11

O Ministério Público doTrabalho (MPT)completou 10 anos de sua interiorizaçãono Rio Grande do Sul (RS). A primeira das oitounidades localizadas no Interior gaúcho foiinaugurada, em 14 de julho de 2005, em Santa Maria.No mesmo ano, em 18 de agosto, foi a vez da implantação em Passo Fundo. Em 2006, foram realizadas outras quatro inaugurações: 8 de junho em Santa Cruz do Sul, 24 de agosto em Pelotas, 18 de setembro em Caxias do Sul e 5 de dezembro em Santo Ângelo. As duas últimas cerimônias aconteceram nos dias 2 de agosto de 2007, em Uruguaiana, e 22 de julho de 2009, em Novo Hamburgo. O Estado possui 497 municípios.

A consequência do processo de interiorização foi a maior aproximação de seu público alvo: os trabalhadores. As notícias de fato (denúncias), as audiências administrativas, as mediações, as audiências públicas e as inspeções, enfim, todas suas atribuições se aproximaram dos destinatários. A interiorização intensificou a articulação com juízes do Trabalho, auditores-fiscais do Traba-lho, sindicatos e demais agentes públicos e so-ciais envolvidos.

31 municípios

63 municípios

123 municípios83 municípios

41 municípios

11 municípios

34 municípios

72 municípios

39 municípios

Uruguaiana

Santa Maria

Passo FundoSanto Ângelo

Santa Cruz do Sul

Caxias do Sul

Pelotas

Porto AlegreNovo Hamburgo

Page 2: Revista do trabalho 53

Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul

Porto AlegreRua Ramiro Barcelos, 104, bairro Floresta • 90035-000Rua Sete de Setembro, 1.133, Centro Histórico • 90010-191(51) 3284-3000 | www.prt4.mpt.mp.br

Caxias do Sul (6 no mapa)Rua Dante Pelizzari, 1.554, 2º andar, Panazzolo • 95082-030 (54) 3213-6000 | [email protected] em Gramado: Rua João Carniel, 484, 2º andar, Carniel • 95670-000

Novo Hamburgo (8 no mapa)Rua Júlio de Castilhos, 679, 9º andar, Centro • 93510-130 (51) 3910-5200 | [email protected]

Passo Fundo (1 no mapa)Rua Coronel Chicuta, 575, 4º andar, Centro • 99010-051(54) 3317-5850 | [email protected]

Pelotas (4 no mapa)Rua Menna Barreto, 752, Areal • 96077-640(53) 3260-2950 | [email protected] Posto em Rio Grande: Rua Val Porto, 485, Centro • 96202-700

Santa Cruz do Sul (7 no mapa)Rua Vinte e Oito de Setembro, 844, Centro • 96810-110 (51) 3740-0600 | [email protected]

Santa Maria (2 no mapa)Alameda Buenos Aires, 322, Nossa Senhora das Dores 97050-545 (55) 3220-0600 | [email protected]

Santo Ângelo (3 no mapa)Rua Antunes Ribas, 1.888, Centro • 98803-230 (55) 3312-0300 | [email protected]

Uruguaiana (5 no mapa)Rua General Bento Martins, 2.497, sala 1.602, Centro 97510-901 (55) 3911-3400 | [email protected]

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2 7

1

8PortoAlegre

Procurador-Chefe: Fabiano Holz BeserraProcurador-Chefe Adjunto: Rogério Uzun FleischmannProcurador-Chefe Substituto: Paulo Joarês Vieira

Procuradores Regionais do Trabalho (por antiguidade): Eduardo Antunes Parmeggiani, Luiz Fernando Mathias Vilar, Victor Hugo Laitano, Beatriz de Holleben Junqueira Fialho, Paulo Eduardo Pinto de Queiroz, Ana Luiza Alves Gomes, Lourenço Agostini de Andrade, Silvana Ribeiro Martins (coordenadora de atuação em 2º grau de jurisdição) e Maria Cristina Sanchez Gomes Ferreira.

Procuradores do Trabalho (por antiguidade):Porto Alegre: Leandro Araujo, Márcia Medeiros de Farias, Aline Maria Homrich Schneider Conzatti, Adriane Arnt Herbst, Marcelo Goulart, Denise Maria Schellenberger Fernandes (coordenadora substituta de atuação em 2º grau de jurisdição), Ivo Eugênio Marques, Viktor Byruchko Junior, Marlise Souza Fontoura, Ivan Sérgio Camargo dos Santos, Cristiano Bocorny Correa, Philippe Gomes Jardim, Paula Rousseff Araujo, Sheila Ferreira Delpino, Gilson Luiz Laydner de Azevedo (coordenador substituto de atuação em 1º grau de jurisdição), Aline Zerwes Bottari Brasil, Márcia Bacher Medeiros, Luiz Alessandro Machado, Adriane Perini

Artifon, Juliana Hörlle Pereira, Roberto Portela Mildner, Noedi Rodrigues da Silva (coordenador de atuação em 1º grau de jurisdição), Patrícia de Mello Sanfelici, Carlos Carneiro Esteves Neto (lotação provisória) e Tayse de Alencar Macário da Silva. Caxias do Sul: Ricardo Wagner Garcia, Rodrigo Maffei (coordenador), Mariana Furlan Teixeira e Mônica Fenalti Delgado Pasetto. Novo Hamburgo: Priscila Boaroto, Juliana Bortoncello Ferreira e Fernanda Estrela Guimarães (coordenadora). Passo Fundo: Roger Ballejo Villarinho, Flávia Bornéo Funck (coordenadora) e Renata Falcone Capistrano da Silva. Pelotas: Rubia Vanessa Canabarro e Alexandre Marin Ragagnin (coordenador). Santa Cruz do Sul: Enéria Thomazini, Bernardo Mata Schuch, Márcio Dutra da Costa (coordenador) e Fernanda Pessamílio Freitas Ferreira (lotação provisória). Santa Maria: Jean Carlo Voltolini, Evandro Paulo Brizzi (coordenador) e Bruna Iensen Desconzi. Santo Ângelo: Itaboray Bocchi da Silva (coordenador) e Fernanda Alitta Moreira da Costa. Uruguaiana: Eduardo Trajano Cesar dos Santos (coordenador) e Fernanda Arruda Dutra.

* Atuação em 1º grau de jurisdição: 46 (cor branca). -* Atuação em 2º grau de jurisdição: 14 (cor amarela).

2 Editorial

Revista do Trabalho é uma publicação do MPT-RS, com circulação nacional dirigida, distribuição gratuita e tiragem de 3.000 exemplares.

Comitê Editorial: Procurador do Trabalho Viktor Byruchko Junior

Assessoria de Comunicação (Ascom):(51) 3284-3066 e [email protected]

Editor-chefe:Flávio Wornicov Portela (reg. prof. MTE/RS 6132) Analista de Comunicação - Jornalismo:Luis Guilherme Nakajo Estagiários de Jornalismo:Franciele Costa dos SantosManoella de Vargas van Meegen

Colaboradores:Flávio Santos da SilveiraVicente Prado Nogueira

Impressão:Quatro Estações Indústria Gráfica Ltda. (Tramandaí/RS)

Inicia-se uma nova gestão para o biênio 2015/17. Um início é sempre um sopro de vida. Mas, ao mesmo tempo, não pode significar desrespeito pelo que já vem acon-tecendo. Basta uma passada de olhos pelas próximas páginas desta edição para ver-mos o quanto o MPT no RS está permeável à sociedade e com ela relaciona-se em audiências públicas, fóruns, etc, para percebermos os resultados da atuação concer-tada (notadamente no projeto dos frigoríficos) e a rapidez com que respondemos a situações graves (caso da triste constatação de trabalho em condições análogas à de escravo em Encruzilhada do Sul), para notarmos a força e a importância da atuação específica de cada membro do MPT. Mas há por onde avançar. A atuação temática e por projetos é um primeiro ponto. As análises estatísticas baseadas em ferramentas poderosas disponibilizadas pela Procuradoria Geral do Trabalho (PGT) servirão como instrumento para uma atuação articulada, de alcance geral e focada nos problemas de maior relevo. Com isso ganhará o mundo do trabalho. Um segun-do ponto é a infraestrutura. Esta edição noticia a inauguração da sede Centro. Tere-mos com isso maior espaço, mas também maior desafio na integração dos setores. A nova sede em construção demanda atenção constante. Necessitamos calma, para que as mudanças signifiquem real melhoria das condições de trabalho. Um terceiro ponto é a formação de membros e servidores e o fornecimento de instrumentos para uma atuação racional e efetiva. Instrumentos digitais e formação continuada serão nosso foco. A capa traz: interiorização do MPT no RS completa dez anos. Nos-sas PTMs são motivo de orgulho. Elevaram no Interior do Estado nossa incidência, qualificaram-na, aproximaram o MPT da população. Estamos todos de parabéns e, em especial, os valorosos colegas atuantes no Interior. Muito já feito, muito há a fazer. Boa leitura e boa jornada para todos nós!

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Page 3: Revista do trabalho 53

Centro 1 - O MPT-RS inaugurou, em 25/9, a sede Centro, localizada na rua Sete de Setembro, 1.133, no Centro Histórico de Porto Alegre. O prédio é ocupado, desde 14/9, pelos setores administrativos. A cerimô-nia foi coordenada pelo procura-dor-geral do Trabalho (PGT) recém empossado, Ronaldo Curado Fleu-ry, e pelo então procurador-chefe, Fabiano Beserra. O dispositivo de honra incluiu os então procurado-res-chefes adjunto e substituto do MPT-RS, Rogério Fleischmann e Paulo Joarês, o procurador-chefe substituto da Procuradoria Re-gional da República (PRR4), Do-mingos Sávio Dresch da Silveira, a procuradora do Estado Rosele Gazzola, a procuradora-geral do Município de Porto Alegre, Cristia-ne da Costa Nery, e a presidente do TRT4, Cleusa Regina Halfen. Centro 2 - O procurador Domingos da Silveira lembrou um pouco da história do MPF, que manteve no mesmo prédio a Procuradoria Regio-nal da República da 4ª Região, e do crescimento vivido pelo Ministério Público da União (MPU) no período, frente às demandas da sociedade. A presidente Cleusa Halfen destacou a cooperação, em nível local e na-cional, entre o MPT e a Justiça do Trabalho, estreitada com abertura de fluxos de informação entre os órgãos. O procurador Fabiano Beserra agradeceu aos servidores e aos procuradores-chefes adjunto e substitu-to pelo apoio no processo. O PGT Ronaldo Fleury destacou o tema das migrações, que são um problema crescente e de escala mundial. “A história teima em se repetir. Vemos episó-dios, no Brasil e no mundo, de xenofobia, completamen-te injustificável, irracional”, afirmou. Segundo o PGT, a maior parte dos resgates de trabalhadores em condi-ção análoga à de escravidão, em grande parte imigran-tes, são realizados nas cidades, e não mais nos campos. Centro 3 - O MPT mantém também a sede na rua Ramiro Barcelos, 104, bairro Floresta. A previsão é de que a mudança dos setores administrati-vos para a sede Centro se complete em novembro, mês em que os gabi-netes de alguns procuradores também deverão ser transferidos. A maior parte dos gabinetes, as salas de audiência, as coordenadorias jurídicas e o protocolo permanecerão na sede Ramiro. Atualmente, o MPT-RS constrói sede própria no bairro Praia de Belas, que reunirá futuramente todos os setores da Procuradoria. A primeira fase da obra foi iniciada em 2 de mar-ço e tem prazo de conclusão de 18 meses.

rEsumo 3Redes sociais: facebook.com/MPTnoRS - twitter.com/MPT_RS - youtube.com/mptnors

14º - O procurador Rogério Uzun Fleischmann foi empossado procurador-chefe do MPT-RS, em 1/10, em Brasília, junto com os eleitos nas demais 23 PRTs. Com man-dato de dois anos, Rogério substituiu o procurador Fabiano Holz Beserra, de quem era adjunto, e é o 14º procurador-chefe na história de 74 anos do MPT-RS. O procu-rador Paulo Joarês Vieira foi indicado adjunto. Rogério venceu a eleição realizada em 22/9. No universo de 60 votantes, houve 3 abstenções. Dos 57 votos válidos, Ro-gério fez 34 (59,6%), contra 23 (40,4%) do procurador Roberto Portela Mildner, que concorreu ao lado do procurador Noedi Rodrigues da Silva como adjunto. Rogério é natural de Porto Alegre (RS) e tem 43 anos. Formou-se em Ciências Jurídicas e So-ciais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atuou como servidor do TRT-RS de 1993 a 2005. Ingressou no MPT como procurador, tendo atuado em São Luís (MA) antes de ser removido para Porto Alegre. Foi representante da Coor-denadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical (Conalis), do MPT.

Prêmio - Os jornalistas Carlos Rollsing e Humberto Trezzi (Zero Hora) venceram, na noite do dia 14/8, o prêmio especial MPT de Jornalismo, escolhido entre os vencedores da etapa nacional por categorias da competição. Os re-pórteres são responsáveis pela webreportagem “Os novos imi-grantes”, vencedora da categoria nacional webjornalismo. Além de-les, venceram na etapa regional Sul: Diego Queijo (Diário Popular, de Pelotas), na categoria jornal impresso, e Carine Prediger Da Pieve (Unijuí FM), na categoria radiojornalismo. Aproveitando a vinda do então procurador-geral do Trabalho para o lançamento do “Movimento em Defesa da De-mocracia e dos Direitos Sociais” (ler página 18), a direção do Gru-po RBS recepcionou o então PGT Luís Antônio Camargo de Melo em sua sede no dia 21/8. Um pai-nel lembrando o prêmio foi insta-lado na entrada da empresa.

Procuradores Rogério e Fabiano

Letreiro projetado aplicado na foto

PGT Ronaldo

Idade mínima - A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18/2011 prevê a re-dução da idade mínima de admissão ao trabalho para 14 anos, em vez dos atu-ais 16. Em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, essa e outras três PECs si-milares podem ser levadas, em breve, a votação, o que preocupa o MPT pelo conteúdo e pela rapidez no procedimen-to. Para o procurador-chefe Rogério Fleischmann, esse tema é essencial para o desenvolvimento da nação. “Estamos falando do que vamos reservar para nossos jovens: educação de qualidade ou trabalho indecente – que é o normal-mente ofertado para crianças e adoles-centes. Em tempos em que se discute e tenta-se implementar educação de qua-lidade e profissionalização, a proposta representa um retrocesso perigosíssimo e inaceitável”, alerta.

Page 4: Revista do trabalho 53

4 rEsumo

Flávia Bornéo Funck, procuradora do Trabalho, em entrevista veiculada no programa “Canal de Notícias”, da UPF TV (Passo Fundo), em 21/8/2015, sobre o Fórum Permanente de Debates sobre Pessoa com Deficiência, realizado no Município de Marau, onde foi palestrante.

“A pessoa com deficiência no Brasil, infeliz-mente, fica um pouco limitada. Se nós saír-mos do país, acabamos vendo mais pessoas com cadeira de rodas. Será que existe mais pessoas com deficiência nesses lugares? Não, é que aqui no Brasil, infelizmente, ainda não atingimos esse nível de acessibilidade.”

MPT-RS NA MÍDIA

Trabalho infantil - A Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho de Crianças e Adolescentes (Coordinfância) criou, em 24/8, grupo de estudo para o combate ao trabalho infantil na indústria do tabaco. O objetivo é concentrar os es-forços de atuação do MPT nos três Estados da região Sul do Brasil, onde as lavouras de fumo se concentram. A reunião inicial, realizada no MPT-RS, foi conduzida pelo coordenador nacional da Coordinfância, procurador Rafael Dias Marques (MPT--PA), contando com a participação dos coordenadores regionais da Coordinfância no Rio Grande do Sul, Patrícia de Melo Sanfelici; em Santa Catarina, Marcelo Goss Neves; e no Paraná, Margaret Matos de Carvalho; além dos procuradores Rogério Fleischmann, Enéria Thomazini e Bernardo Mata Schuch (os dois últimos do MPT em Santa Cruz do Sul) e da assistente so-cial do MPT-RS, Vitória Raskin. De acordo com o coordenador Rafael, a maior dificuldade no combate ao trabalho infantil no setor é a pulverização das unidades produtoras do tabaco, em territórios amplos, dificultando a fiscalização. Foram discutidos na reunião aspectos das redes de proteção locais, a eficácia de ações promocionais já tomadas no passado, como audiências públicas, e a necessidade de programa de políticas públicas complementar à atuação promocional e repressiva.

Procuradores e assistente social

MPT na Escola - O MPT em Pelotas destina-rá quatro tablets para a Secretaria de Justiça Social e Segurança do Município. Os equipa-mentos serão dados como prêmio do concurso de desenho e redação promovido pela Secre-taria, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, a 3ª Coordenadoria Estadual de Educação, o MPT-RS e o Ministério do Traba-lho e Emprego (MTE). Mil cartilhas do projeto MPT na Escola também foram distribuídas nas escolas públicas participantes, como material pedagógico. O tema do concurso é prevenção e combate ao trabalho infantil. Há duas cate-gorias: desenho, voltada a alunos do 1º ao 4º ano do Ensino Fundamental; e redação, voltada a alunos do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental. As escolas interessadas em participar do concurso puderam se inscrever até 30 de se-tembro. Após atividades de debate sobre o assunto, as escolas selecionarão os trabalhos, remetendo-os para avaliação até 6 de novembro. Serão pre-miados um aluno de cada ano escolar. Eles receberão kits educativos. Além dos kits, um aluno de cada categoria, escolhido como destaque, receberá um tablet, prêmio que também será entregue ao professor. A cerimônia de en-trega dos prêmios está prevista para o dia 19 de novembro. Além das premia-ções, será impressa publicação com os desenhos e redações selecionados. O valor para a compra dos tablets decorre de acordo judicial, firmado pelo procurador do Trabalho Alexandre Marin Ragagnin.

10 Medidas Contra a Corrupção - Em 5/8, o então procurador-chefe Fabiano Be-serra recebeu visita dos procuradores-chefe da Procuradoria Regional da República (PRR4), Marco André Seifert, e da Procuradoria da República no Estado (PR/RS), Fabíola Dörr Caloy. Na reunião, o MPT-RS foi convidado e confirmou participação na campanha "10 Medidas Contra a Corrupção", ação nacional do Ministério Público Federal (MPF), lançada em 18/8. Também participou da reunião a procuradora re-gional da República Maria Emília Corrêa da Costa Dick.

CREA - A participação do Conselho Regional de Engenharia e Agro-nomia do Estado (CREA-RS) na força-tarefa dos frigoríficos quali-fica investigações do MPT. As duas instituições firmaram termo de cooperação técnica em março de 2015. Os órgãos já desenvolviam projetos conjuntos. Desde o início da força-tarefa dos frigoríficos, em 2014, o CREA participou de 14 operações conjuntas. De acordo com o procurador Rogério Fleis-chmann, o apoio técnico do CREA e de outros órgãos especializados soma-se aos esforços da divisão de perícia do MPT e do MTE. O presidente do CREA, Melvis Bar-rios Júnior, explica que a coope-ração é igualmente vantajosa para o CREA em sua atividade-fim, a fiscalização do exercício profissio-nal de engenheiros e agrônomos, “por gerar melhor qualificação das empresas e mapear necessi-dades profissionais dentro delas”. GISA - Em 31/8, o Grupo Interins-titucional de Cooperação Socio-ambiental (GISA) reuniu-se com o procurador Rogério Fleischmann. O grupo apresentou série de me-didas voltadas ao controle do con-sumo de água e energia e compras sustentáveis. O programa MPT Ambiental estuda a adoção dessas medidas. O GISA é o resultado de uma parceria firmada entre treze instituições, incluindo Poder Judi-ciário, Ministério Público, Tribunal de Contas e Procuradoria do Esta-do do RS. O objetivo da parceria é a mútua cooperação na promoção de ações e eventos relacionados à gestão pública ambiental. O Grupo existe desde 2010 e discute temas vinculados à sustentabilidade, por meio de reuniões que ocorrem nas sedes das instituições.

Page 5: Revista do trabalho 53

trabalho Escravo 5

Força-tarefa resgata trabalhadores em condição análoga à escravidão em Encruzilhada do Sul

Força-tarefa resgatou, em 2/9, seis trabalhadores re-duzidos à condição análoga a de escravo, em fazenda que explorava corte manual de acácia. Além desses seis que estavam no local, outros sete já trabalharam na mesma tarefa desde maio. A propriedade está localizada no Passo da China, no 5º distrito de Encruzilhada do Sul, no Vale do Rio Pardo, 169 km da Capital, Porto Alegre. Para chegar na fazenda, a 40 km do Centro do Município, são percorridos 35 km de estrada de terra. A operação teve origem em de-núncia formulada no site do Ministério Púbico do Trabalho (MPT), que atuou em conjunto com o Ministério do Traba-lho e Emprego (MTE) e com apoio da Polícia Federal (PF).

A ação confirmou informações reportadas na denúncia feita de forma sigilosa. A situação flagrada, dentre outras irregularidades, apontou falta de pagamento de salários, alojamento em condições sub-humanas (barracos de lona), inexistência de acomodações indevassáveis para homens, mulheres e crianças (convivência promíscua), inexistência de instalações sanitárias adequadas, com precárias condições de saúde e higiene (falta de material de primeiros socorros ou de fossas sépticas), falta de água potável e alimentação parca, aliciamento de trabalhadores de uma para outra localidade do território nacional (que, isoladamente, configura o crime do art. 207, caput, do Código Penal, com pena cominada de um a três anos e multa), truck-system (os populares “barra-cões”, que têm representado o renascimento da servidão por dívidas), inexistência de refeitório adequado para os traba-lhadores e de cozinha adequada para o preparo de alimentos, ausência de equipamentos de proteção individual e coletiva, meio ambiente de trabalho nocivo (selva, chão batido, ani-mais peçonhentos, umidade etc.), coação moral e cerceamen-to da liberdade em razão da ausência de pagamentos, falta de assistência médica e ausência de registro na Carteira do Trabalho e Previdência Social (CTPS).

Conforme relato colhido dos trabalhadores, eles recebiam R$ 4 por m³ de acácia. A produção individual diária era em tor-no de 10 m³, o que rendia R$ 40. Todos os trabalhadores ti-nham valores atrasados há mais de 21 dias. Foram resgatados (os cinco primeiros vindos do Município de Candelária) E. S., contratado pelo dono da propriedade e contratante dos tra-balhadores, S. J. V. (22 anos), F. J. O. (33) e A. V. (40), os quatro há mais de quatro meses no local, mais L. G. (41) e (este último vindo do Município de Triunfo), J. J. N. (35), os dois últimos há 49 dias na fazenda. Dois sofreram acidente de trabalho nos últimos dias e não foram atendidos. A jornada diária era das 7h às 18h. Um trabalhador era analfabeto.

PAGAMENTO

O proprietário Gilson Gomes Lisboa foi localizado por tele-fone e chamado, no meio da tarde, para comparecer ao local. Foi proposto pelo MPT que o empregador, acompanhado de dois advogados, firmasse termo de ajuste de conduta (TAC). Foi dado prazo até o dia seguinte, quando haveria nova reu-nião, em Cachoeira do Sul (cidade mais próxima com vagas suficientes em hotéis para alojar toda força-tarefa e os traba-lhadores), para o empregador assinar o TAC.

O MTE comunicou a interdição da frente de trabalho, no-tificou o empregador para efetuar a formalização dos con-tratos, o alojamento dos trabalhadores em local digno e a alimentação dos mesmos, até o pagamento das rescisões e o retorno dos trabalhadores a suas origens. A PF ficou de resol-ver a questão criminal em reunião na Delegacia em Santa Cruz do Sul. Os trabalhadores foram hospedados em apartamentos individuais em hotel, às custas do empregador.

Na tarde seguinte, o empregador firmou o TAC, compro-metendo-se a cumprir 28 obrigações. O fazendeiro também pagará, a título de dano moral coletivo, R$ 100 mil, em qua-tro parcelas mensais de R$ 25 mil, a partir de 30 de janeiro de 2016, com reversão à comunidade lesada, a critério do MPT, preservado o interesse público.

Os seis trabalhadores receberam, na manhã seguinte, as verbas pertinentes à rescisão indireta dos contratos de empre-go. A título de dano moral individual, cada empregado rece-beu a quantia equivalente em dobro. A indenização é cabível aos outros sete empregados envolvidos no trabalho degra-dante flagrado.

O procurador do Trabalho Bernardo Mata Schuch, respon-sável pela investigação existente no inquérito civil que tramita no MPT em Santa Cruz do Sul, afirma que “as atividades labo-rais desenvolvidas por mais de 4 meses ofendem não somente a direitos individuais do lesado, mas também e, fundamental-mente, aos interesses difusos de toda a sociedade brasileira, tratando-se de grave violação à dignidade da pessoa humana e ao patrimônio ético-moral da sociedade. Condições degra-dantes de trabalho são as que configuram desprezo à digni-dade da pessoa humana, pelo descumprimento dos direitos fundamentais do trabalhador, em especial os referentes a hi-giene, saúde, segurança, moradia, repouso, alimentação ou outros relacionados a direitos da personalidade, decorrentes de situação de sujeição que, por qualquer razão, torne irrele-vante a vontade do trabalhador.” O eventual descumprimento das cláusulas sujeitará o compromissário à multa de R$ 20 mil por infração e trabalhador encontrado em desconformidade.

Seis dos 13 trabalhadores beneficiados estavam no local

Alojamento: barracas de lona em condições sub-humanas

Procuradores e assistente social

Page 6: Revista do trabalho 53

6 FrigoríFicos

Paverama compromete-se a ajustar conduta

Obtida condenação da BRF de Lajeado

O MPT em Santa Cruz do Sul obteve a condenação da Brasil Foods S.A. em ação civil pública (ACP) movida por conta de terceirização ilícita do abate halal na plan-ta de Lajeado. A empresa deverá rescindir contratos de terceirização de atividades-fim, especialmente os relativos a abate de frangos, contratando diretamente os trabalhadores, sob pena de multa diária de R$ 1 mil, multiplicada pelo número de trabalhadores em situa-ção irregular. A multa incide após 90 dias do trânsito em julgado da sentença. A decisão vale para todas as uni-dades da BRF no Estado. A empresa deve ainda pagar indenização, a título de danos morais coletivos, de R$ 500 mil.

Inquérito civil, iniciado com denúncia do MTE, cons-tatou a terceirização ilícita das atividades do abate ha-lal, mediante contrato com a empresa Central Islâmica Brasileira de Alimentos Halal Ltda (CIBAL). A terceiri-zação dura mais de 9 anos. A BRF se recusou a firmar termo de ajuste de conduta (TAC), proposto pelo MPT. O abate, realizado dentro das prescrições da religião islâmica, é requisito para venda de carne a países do Oriente Médio. A ação foi ajuizada pelo procurador do Trabalho Itaboray Bocchi da Silva e instruída pelo pro-curador do Trabalho Bernardo Mata Schuch. Quando notificado oficialmente da decisão, proferida pela 2ª Vara do Trabalho de Lajeado, o MPT deve interpor re-curso da decisão para acelerar e elevar condenação.

O frigorífico Paverama Ltda., localizado no Município de mesmo nome, firmou termo de ajuste de conduta (TAC) pe-rante o MPT em Santa Cruz do Sul, durante audiência admi-nistrativa realizada em 27/8. O ato foi presidido pelo respon-sável pelo inquérito civil, procurador do Trabalho Bernardo Mata Schuch. No TAC, constam 34 compromissos de correção de irregularidades trabalhistas, especialmente as referentes ao meio ambiente de trabalho da planta, que o frigorífico já começou a resolver. Foram concedidos prazos diferenciados para cada adequação, levando em conta a urgência e a com-plexidade das irregularidades.

As obrigações envolvem treinamento de admissão, pausas e registros de trabalho, Comissão Interna de Prevenção de Acidente (CIPA), ergonomia e riscos psicossociais. O eventual descumprimento resultará na aplicação da multa de R$ 3.000 a cada constatação de inadimplemento, por cláusula descum-prida. O procurador esclareceu que o TAC “preserva o proces-so empresarial produtivo e procura assegurar o respeito míni-mo às condições de saúde e segurança dos trabalhadores na planta frigorífica”. Segundo Bernardo, toda a documentação técnica e jurídica apresentada pela empresa “revela a boa-fé do Frigorífico Paverama na resolução de todas as irregularida-des verificadas”.

Em 15 de julho de 2015, o Paverama foi a 14º operação dos frigoríficos inspecionados por força-tarefa do MPT que investiga meio ambiente de trabalho nos frigoríficos gaúchos (desde janeiro de 2014). Foi, também, o terceiro a firmar TAC. Foram encontrados no Paverama, de médio porte, riscos gra-ves à segurança e à saúde dos 60 trabalhadores em atividade. Na planta, são abatidos em média, diariamente, 70 bovinos.

As inúmeras irregularidades flagradas foram expostas na primeira audiência administrativa realizada em 23 de julho. Novos pontos de adequação foram sugeridos pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado (CREA-RS), pelo Centro Regional de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) Vales, pela Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA) e pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Traba-lho (Fundacentro), que participaram da inspeção.

Em reunião com a diretoria da empresa, o grupo de traba-lho comunicou todas as irregularidades encontradas, entre elas riscos de queda, esmagamento, decepamento, ausência de controle de pausas e de rodízios, uso insuficiente de equi-pamentos de proteção individual (EPIs), além de insuficiência dos planos de gerenciamento de risco, que estavam em con-flito com a realidade da empresa. Na reunião, o MPT entregou notificação indicando as irregularidades encontradas, às quais o frigorífico deve iniciar a solucionar de imediato.

Audiência administrativa realizada em Santa Cruz do Sul

Força-tarefa comandada pelo MPT inspecionou, em 9/9, o Frigorífico Chesini Ltda, em Farroupilha. A indústria tem 298 empregados (nove estrangeiros: seis haitianos e três senegaleses) e abate 33 mil frangos por dia. A empresa também atua na suinocultura (criação e engorda de suínos). A ação teve apoio técnico da Fun-dacentro, do Cerest Serra e do Cerest Canoas - Vale dos Sinos, do CREA, e do movimento sindical dos trabalha-dores. Os relatórios de todos esses parceiros instruirá inquérito civil (IC) em andamento no MPT caxiense. Esta foi a 17ª operação do grupo que investiga, desde janeiro do ano passado, meio ambiente do trabalho em frigoríficos gaúchos.

O grupo operacional diagnosticou a falta de docu-mentação, como por exemplo, do prontuário das ins-talações elétricas e outros relativos a NR 10, havendo apenas relatórios esparsos. Os treinamentos referentes às NR 10 e 35 não existem, mas foram visualizados, du-rante a visita, várias atividades que contemplam estas normas. Embora já tenha havido visitas de vários ór-gãos, com autos de infração, permanecem em alta na empresa problemas na organização do trabalho, no ambiente, na ergonomia, em riscos biológicos e físicos. “A empresa parece não estar levandos a sério e man-tém a permanência destas irregularidades em prejuízo à segurança do trabalho”, conclui a equipe. Os traba-lhadores farroupilhenses cumprem jornada de 8h48min diárias, de segunda a sexta-feira.

Força-tarefa investiga Chesini, em Farroupilha

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FrigoríFicos 7

Solucionados graves riscos aos trabalhadores em máquinas na JBS, em Frederico Westphalen

O MPT solucionou graves e iminen-tes riscos aos trabalhadores em máqui-nas instaladas no frigorífico JBS Foods, em Frederico Westphalen. A superação dos principais problemas de segurança no maquinário da planta frederiquense é resultado da 15ª operação da força--tarefa que investiga, desde 2014, meio ambiente do trabalho em frigoríficos gaúchos. A vistoria foi realizada de 11 a 13/8, simultaneamente à operação no Alibem, em Santa Rosa (notícia abaixo). Os relatórios de todos parceiros instrui-rá inquérito civil em andamento no MPT em Passo Fundo, unidade com abran-gência sobre Frederico Westphalen.

No primeiro dia da inspeção, a pró-pria empresa foi convencida a autointer-ditar cinco serras-fita da planta, sendo quatro no setor da sala de corte e uma no setor de sequestro (retalhos da car-caça), devido ao grave e iminente risco à saúde e segurança dos trabalhadores. Duas serras-fitas já foram trocadas pela JBS e outras três estão sendo adquiri-das. Também foram paralisadas duas estrechadeiras, três afiadoras de facas e uma lixadeira. Duas centrífugas foram sucateadas e uma já substituída. No últi-mo dia da operação, reunião com repre-sentantes da empresa serviu para que a força-tarefa comunicasse os problemas encontrados na indústria. A JBS frederi-quense é a maior empregadora do Mu-nicípio, com 930 trabalhadores, e abate dois mil suínos diariamente.

O procurador do Trabalho Ricardo Garcia (coordenador estadual do Pro-jeto de Adequação das Condições de Trabalho nos Frigoríficos e lotado em Caxias do Sul), afirma que “a planta é muito antiga e isso agrava as condições de saúde e de segurança e dificulta a solução. O problema é que, apesar de possuí-la há mais de dois anos, a empre-sa ainda não tem gestão de risco, nem projeto global para enfrentá-los. Em ra-zão disso, muitos problemas evidentes só foram solucionados quando apon-tados pela força-tarefa, mas muitos e

sérios continuam exigindo intervenção rápida para sua solução, razão pela qual a força-tarefa continuará monitorando a planta”. A força-tarefa foi formada por 17 integrantes, incluindo a procuradora Flávia Bornéo Funck (lotada em Passo Fundo).

A fisioterapeuta Carine Taís Guagni-ni Benedet (de Caxias do Sul) que presta serviço para a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Ali-mentação e Afins (CNTA) explica que “em ergonomia, tem que haver melho-ra, mas com os profissionais em ação e com autonomia, tudo poderá ser resol-vido, ou amenizado. Sobretudo é ne-cessário que saia do papel e passe para efetiva prática. A empresa, desde 2013, tem suporte ergonômico através da Análise Ergonômica do Trabalho (AET) apresentada. A AET de 2014 traz estudo mais aprofundado e aponta riscos rela-tivos a repetição e posturas com carga excessiva, traz claramente as medidas de controle a serem tomadas em todas as instâncias do processo”.

O movimento sindical dos trabalha-dores, representado pelo secretário--geral da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Rio Grande do Sul (FTIA/RS), Dori Nei Scor-tegagna, avaliou que “a participação da FTIA/RS em mais uma força-tarefa com-prova que os problemas enfrentados pe-los trabalhadores são os mesmos já en-contrados em outros frigoríficos. A falta de segurança, o adoecimento e as pos-turas inadequadas são alguns fatores corriqueiros nos frigoríficos visitados. A atividade conjunta foi, de certa forma, frustrante, pois - apesar do conhecimen-to de todos - as empresas ainda não es-tão tomando as medidas necessárias”.

Pela Fundacentro, a tecnologista Maria Muccillo, representante da ban-cada do governo na Comissão Nacional Tripartite Temática (CNTT) da NR-36, voltada ao setor frigorífico, afirma que “considerando os pilares que sustentam um sistema de gestão de risco para res-

ponder as conformidades relacionadas aos procedimentos no cenário produti-vo, modo operatório, práticas na orga-nização do trabalho, documentações referentes à planejamento, avaliação e resultados, tendo o elenco de normas fundamentais, o modelo de gestão tem que se basear em três quesitos: equida-de, exequibilidade e avaliação criterio-sa. Este conjunto levará a renovação da credibilidade interna e externa, que pos-sibilitará perseguir a melhoria continua em todos os aspectos”.

Para o Centro Regional de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) Ma-cronorte, as operações da força-tarefa nos frigoríficos são de suma importância para integrar os diversos olhares em tor-no do mesmo ambiente de trabalho. Há a necessidade de que a empresa repen-se a gestão em saúde e segurança, espe-cialmente quanto aos dados epidemio-lógicos e posterior planejamento efetivo de ações de prevenção e melhoria das condições de trabalho dos empregados, inclusive dos profissionais de saúde da unidade .

O CREA fiscalizou a participação téc-nica de profissionais e empresas presen-tes no projeto e execução de serviços e obras constantes na legislação e norma-tivas. Estão sendo fiscalizados o quadro técnico e as atividades constantes nas Normas Regulamentadoras 9, 10, 12, 13, 33 , 35 e 36, que determinam as medidas de controle e sistemas preventivos que garantam a saúde e integridade física dos trabalhadores.

Interditadas atividades no Alibem (Santa Rosa)Atividades e máquinas do frigorífico Alibem Alimentos

S. A., no Município de Santa Rosa, foram interditadas, em 14/8, pelo MTE, por caracterização do risco grave e iminen-te à integridade dos trabalhadores. A decisão é resultado da fiscalização (16ª operação desde o início de 2014) de grupo de auditores-fiscais do Trabalho, realizada de terça a sexta-feira, simultaneamente à operação no JBS Foods,

em Frederico Westphalen (notícia acima).A ação fiscal teve apoio da procuradora do Trabalho

Fernanda Alitta Moreira da Costa e do movimento sin-dical dos trabalhadores. Para a retomada das atividades e sustação das interdições, a empresa procedeu a correção das situações apontadas pela fiscalização do trabalho. A empresa conta com 1.639 empregados diretos.

Serra-fita autointerditada pela JBS

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8 FrigoríFicos

O O frigorífico de abate de suínos da Cooperativa Central Aurora Alimentos, em Erechim, foi interditado em 18/9 pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), devido à condição de risco gra-ve e iminente à saúde e à integridade física dos trabalhadores. A interdição é resultado da força-tarefa conjunta com o Ministério Público do Trabalho (MPT) que fiscalizou, de 15 a 18/9, a planta lo-calizada na rua Itália, 1.526, bairro Três Vendas. O Município fica no Nordes-te rio-grandense, a 377 km da Capital, Porto Alegre. A indústria tem 1.126 em-pregados e abate 1.650 suínos por dia. Durante a paralisação dos serviços, em decorrência da interdição, os emprega-dos devem receber os salários como se estivessem em efetivo exercício, nos termos do §6º do art. 161 da Consolida-ção das Leis do Trabalho (CLT). A empre-sa também possui um frigorífico avícola na cidade, que já havia sido interditado pelo MTE em fevereiro de 2015. A ação foi acompanhada pelo movimento sin-dical dos trabalhadores. Os relatórios do MTE instruirão inquérito civil (IC) em an-damento no MPT passo-fundense, uni-dade com abrangência sobre Erechim.

Chamou atenção o fato de os vesti-ários não possuirem chuveiros, apesar de os trabalhadores serem expostos ao sangue e a fluidos de origem animal. Os

empregados da linha de produção cum-prem jornada de 8h48min diárias, de se-gunda a sexta-feira. A jornada inclui três pausas de 20min cada (60min no total), atendendo à Norma Regulamentadora (NR) 36, do MTE, e exclui intervalo de 1h para almoço. A NR 36 entrou em vigor em 18 de abril de 2013. Estabelece requi-sitos mínimos para avaliação, controle e monitoramento dos riscos existentes nas atividades desenvolvidas na indús-tria de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo hu-mano, de forma a garantir permanente-mente a segurança, a saúde e a qualida-de de vida no trabalho.

Esta foi a 19ª operação da força-tarefa que investiga, desde janeiro do ano passado, meio ambiente do trabalho em frigoríficos gaúchos. Na mesma semana, outro grupamento operativo comandado pelo MPT, com apoio técnico do Cerest, do CREA e da CNTA, vistoriou o frigorífico Apebrun Comércio de Carnes Ltda., em Vacaria (ler notícia abaixo à direita). Estão planejadas para serem realizadas, até o Natal, outras fiscalizações (algumas simultâneas) em empresas de abate de bovinos e suínos em outras regiões do Estado, mais cinco monitoramentos em plantas avícolas localizadas na Serra gaúcha, sob vigilância, desde 2006.

A força-tarefa teve participação de seis integrantes. Pelo MPT, a procurado-ra do Trabalho Renata Falcone Capis-trano da Silva (responsável pelo inqué-rito civil e lotada em Passo Fundo). Pelo MTE, participaram quatro auditores-fis-cais do Trabalho: Mauro Marques Mül-ler (coordenador estadual do Projeto Frigoríficos do MTE), Marcelo Naegele (chefe da fiscalização da gerência regio-nal passo-fundense), Áurea Machado de Macedo (os três lotados em Passo Fundo), e Roberto Dias Schellenberger (lotado em Porto Alegre).

A ação também foi acompanhada pelo movimento sindical, representado pelo coordenador político da Confede-ração Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins para a região Sul (CNTA-Sul), Darci Pires da Rocha.

Interditado frigorífico Aurora (suínos), em Erechim

Trabalhador em ação na Aurora

Cosuel (Encantado) - O MPT expediu, na tarde do dia 24/9, Notificação Re-comendatória à Cooperativa dos Suinocultores de Encantado Ltda. (Cosuel), que produz a marca “Dália”. No prazo de 24 horas, a empresa deve proceder à adequação de 18 situações ao disposto na legislação trabalhista. O docu-mento entregue em reunião com dirigentes da empresa recomenda, ainda, a paralisação da atividade ou máquina para viabilizar a correção e por apresen-tar risco grave e iminente de acidente ou adoecimento. Existe pena de res-ponsabilização civil e criminal em caso de negligência no cumprimento desse dever. Para outras 15 situações, foi concedido prazo de 30 dias, enquanto 14 situações receberam 60 dias. No mesmo documento, a Cosuel foi notificada a comparecer, em 4 de dezembro, às 15h, na sede do MPT em Santa Cruz do Sul, unidade com abrangência sobre Encantado. A audiência administrativa, presidida pela procuradora Enéria Thomazini, servirá para que a Cooperativa demonstre cumprimento do determinado, mediante meios idôneos de prova, bem como para celebrar termo de ajuste de conduta (TAC), visando a correta e completa adequação de seu ambiente de trabalho às condições estabeleci-das na legislação trabalhista. A Notificação Recomendatória é resultado da 20ª operação da força-tarefa do MPT (junto com Fundacentro, Cerest, Crea e movimento sindical dos trabalhadores), que investiga meio ambiente do tra-balho em frigoríficos gaúchos desde janeiro de 2014. O Município de Encanta-do fica no Vale do Taquari, região Centro Oriental rio-grandense, a 148 km da Capital, Porto Alegre. A operação na planta, localizada na rua Guerino Lucca, 320, Centro, foi realizada de 22 a 24/9. O Cadastro Geral de Empregados e De-sempregados (Caged) informa que, atualmente, a empresa tem 1.752 empre-gados na matriz encantadense, sendo 1.500 na linha de produção, incluindo 411 estrangeiros (80% haitianos e 20% dominicanos, 290 homens, 121 mulhe-res). A Cooperativa tem 4.700 associados e abate, diariamente, 2.600 suínos de 105 dias de idade. A Cosuel é a maior empresa da região.

Apebrun (Vacaria) - A 18º ope-ração da força-tarefa comandada pelo procurador Ricardo Garcia investigou, no dia 16/9, o Apebrun Comércio de Carnes Ltda. A indús-tria tem 40 empregados na linha de produção e abate 59 cabeças de gado por dia, em média. Os re-latórios de todos esses parceiros instruirá inquérito civil (IC) em an-damento no MPT caxiense, unida-de com abrangência sobre Vaca-ria. Os integrantes da força-tarefa vacariense diagnosticaram pro-blemas de segurança de máqui-nas e procedimentos industriais, de gestão de risco insuficiente e de riscos ergonômicos no setor produtivo sem tratamento ade-quado. A força-tarefa inspecionou as instalações fabris para analisar as condições de segurança e de saúde do ambiente. Foram visto-riadas as máquinas, caldeiras, tra-tamento de água, e os setores de trabalho do processo produtivo. Também foram analisados os pro-gramas de prevenção de riscos.

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construção civil 9

Audiência pública com 2h de duração realizada em 16/7 reuniu 120 interessa-dos em Lagoa Vermelha para debater meio ambiente do trabalho na cons-trução civil, principalmente saúde e se-gurança (SST). O evento aconteceu na sede da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) e foi organizado pelo Sin-dicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e Mobiliário de Lagoa Vermelha (Sintracom LV).

O MPT em Caxias do Sul notificou 17 empresas lagoenses do setor para comparecerem na reunião. A unidade caxiense está investigando e comba-tendo irregularidades trabalhistas no setor em vários municípios da região. O objetivo do encontro foi o de esclarecer as empresas sobre questões referentes às Normas Regulamentadoras 18 (con-dições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção civil) e 35 (traba-lho em altura) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

A procuradora do Trabalho Mariana Furlan Teixeira (lotada no MPT em Ca-

xias do Sul) explicou ao público presente (formado por trabalhadores, empresá-rios, engenheiros e técnicos em SST) a atuação do MPT. Depois, ressaltou a importância da SST para o trabalhador. Lembrou que, na construção civil, a in-formalidade é grande. “Isto causa a pre-cariedade das relações. Quem não tem Carteira de Trabalho e Previdência So-cial (CTPS), não tem garantias”. Alertou que os acidentes de trabalho têm quatro consequências: civil, trabalhista, previ-denciária e criminal. Em Caxias do Sul, já existe uma Vara do Trabalho especializa-da em acidentes do trabalho. “Vale mui-to mais apenas investir em segurança do trabalho, porque sai mais barato”, afir-mou a procuradora, que deu um recado aos trabalhadores: “Vocês têm que ser os primeiros a cobrar SST, como os equi-pamentos de proteção coletiva (EPCs) e individual (EPIs), das empresas. Caso as empresas não adotem as providências, então devem ser acionados os sindica-tos e dos órgãos públicos como o MTE e o MPT”.

O chefe da fiscalização da Gerência Regional de Passo Fundo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Marce-lo Naegele, disse que discutir informa-lidade é coisa do passado, tendo em vista que o registro do trabalhador é o cerne da relação de emprego, gerando os demais direitos. “A empresa que não assina carteira, será multada pelo MTE e não tem discussão”. Afirmou que as normas devem ser cumpridas, indepen-dentemente da crise econômica. A SST é direito constitucional e não podemos retroagir em sua aplicação em face de situações transitórias, declarou.

120 interessados debatem saúde e segurança na construção civil no Município de Lagoa Vermelha

Evento aconteceu na sede da AABB

Audiência discute CIPAs na construção civil de Caxias do Sul, Flores da Cunha e São Marcos

Foi realizada no dia 28/7 audiência pública do Comitê Permanente Sobre Condições e Meio Ambiente na Indústria da Construção Civil na Região Nordeste do Rio Grande do Sul (CPMR-Nordeste/RS), voltado a empresas do ramo da construção civil. O evento foi realizado em parceria com o MPT em Caxias do Sul, com o objetivo de discutir a situa-ção das Comissões Internas de Preven-ção de Acidentes (CIPAs) em empresas de Caxias do Sul, Flores da Cunha e São Marcos. O evento aconteceu no Teatro da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Participaram aproximadamente 150 re-presentantes de empresas.

De acordo com o procurador Ricardo Garcia, as CIPAS são peças fundamen-tais de uma política permanente em saú-de e segurança. Quando corretamente valorizadas e implementadas, além de garantirem maior segurança para os trabalhadores, trazem também maior segurança para os empregadores. “A CIPA é uma ferramenta barata, constitu-ída por empregados da própria empre-sa, presentes em todos os setores, que devem conversar com os empregados e elaborar programas, como o Progra-ma de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Controle Mé-

dico de Saúde Ocupacional (PCMSO), e avaliá-los. Se a CIPA não funcionar, nada funciona”.

O gerente regional do MTE, Vanius Corte,lembrou que o MTE, cuja atribui-ção é fiscalizar a aplicação da legislação, também leva em conta a atenção dada pela empresa aos aspectos de seguran-ça e saúde, o que pode diminuir o peso das sanções a serem aplicadas, quando constatadas as irregularidades. “Nossa ideia é que as empresas façam, a par-tir deste momento, a regularização das CIPAs, busquem apoio do Sesi, do Sin-duscon e do próprio MTE, para evitar a ocorrência do problema” explica.

A coordenadora do Centro de Refe-rência Regional em Saúde do Trabalha-dor (Cerest) Serra, Ana Maria Mezzo-mo Bedin, apresentou levantamento de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinam), que abrangem acidentes com trabalhadores a despeito de seu vínculo empregatício, e que apontam redução de mais de 20% dos acidentes com trabalhadores no ramo da construção civil nos 47 Municí-pios da Serra gaúcha sob a circunscrição do Cerest Serra nos últimos 5 anos. “Ti-vemos, em 2010, 861 agravos relaciona-dos ao trabalho na construção civil; em

2011, 870; em 2012, 791; em 2013, 717; e em 2014, tivemos 654”, avaliou.

O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Cons-trução e do Mobiliário de Caxias do Sul (STICM), Carlos Fadanelli, enfatizou a importância da união de esforços para que as CIPAs passem a funcionar e isto se traduza em segurança. “Houve me-lhora no setor, mas há muito a se fazer. Os acidentes continuam acontecendo. A situação das CIPAs atualmente é a mesma que a da presença de técnicos e engenheiros de segurança nas obras, em 2008, quando houve audiência con-vocada pelo MPT e foi colocada a ne-cessidade de haver a presença desses profissionais, presentes hoje em cerca de 70% delas”, lembrou.

Evento aconteceu no Teatro da UCS

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10 capa

10 anos de interiorização no RS aproximam MPT dos trabalhadoresO Ministério Público do Trabalho (MPT) completou 10 anos

de sua interiorização no Rio Grande do Sul. A primeira das oito unidades localizadas no Interior gaúcho foi inaugurada em 14 de julho de 2005, em Santa Maria. No mesmo ano, em 18 de agosto, foi a vez da implantação em Passo Fundo. Em 2006, foram realizadas outras quatro inaugurações: 8 de junho em Santa Cruz do Sul, 24 de agosto em Pelotas, 18 de setembro em Caxias do Sul e 5 de dezembro em Santo Ângelo. As duas últimas cerimônias aconteceram nos dias 2 de agosto de 2007, em Uruguaiana, e 22 de julho de 2009, em Novo Hamburgo. O Estado possui 497 municípios.

O MPT, um dos ramos do Ministério Público da União (MPU), é uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do estado. O MPT tem autonomia funcional e administrativa e, dessa forma, atua como órgão independente dos poderes Le-gislativo, Executivo e Judiciário. Os procuradores do Trabalho

buscam dar proteção aos direitos fundamentais e sociais do ci-dadão diante de ilegalidades praticadas na seara trabalhista. As Procuradorias do Trabalho nos Municípios (PTMs), são unidades descentralizadas da Procuradoria Regional do Trabalho (PRT), localizada em Porto Alegre. As unidades foram criadas com o objetivo de interiorizar o MPT, colocando seus serviços à dispo-sição da população de maneira mais acessível. Atualmente, 23 procuradores do Trabalho atuam nas oito unidades no Interior gaúcho, auxiliados por 63 servidores. Uma vaga de procurador em Pelotas deverá ser preenchida ao final do concurso público que está em andamento.

Para o procurador-chefe do MPT-RS, Fabiano Holz Beserra, cujo mandato terminou em 30 de setembro, “a consequência do processo de interiorização foi a maior aproximação desse ramo ministerial - com forte viés social - de seu público alvo: os tra-balhadores. As notícias de fato (denúncias), as audiências admi-nistrativas, as mediações, as audiências públicas, as inspeções,

SANTA MARIA - A capa da segunda edição de 2005 do “Notícias” (antigo informativo impresso do MPT-RS), in-formava sobre a inauguração do Ofício (antigo nome das PTMs) em Santa Maria:

“A procuradora-geral do Trabalho, Sandra Lia Simón, es-teve presente na solenidade e disse que o processo de inte-riorização do MPT é uma grande realidade, já que este foi o 16º Ofício implantado em cidades do Interior dos estados brasileiros. Para o procurador-chefe do MPT-RS, Paulo Bor-ges da Fonseca Seger, o maior desafio agora será fortalecer a confiança dos cidadãos de que seus direitos fundamentais, no âmbito da atuação do MPT, serão assegurados. O procura-dor do Trabalho Evandro Paulo Brizzi foi designado para atuar nesse Ofício, no qual, futuramente, serão lotados mais dois procuradores. Segundo Brizzi, o Ofício buscará a implementa-ção das metas institucionais de atuação prioritária. ‘O Centro do Estado ganha importante instrumento de defesa da ordem jurídica trabalhista’, salientou.”

Nos 10 anos do MPT em Santa Maria, já exerceram as funções de procuradores: Evandro Paulo Brizzi (desde 2005 e coordenador da unidade desde 2014), Luiz Ales-sandro Machado (2007-2008 e 2011-2012), Thais Barbosa Athayde (2008 - 2009), Jean Carlo Voltolini (desde 2009) e Bruna Iensen Desconzi (desde 2010). O quadro é formado, ainda, pelos servidores Alessandro Barbosa da Silva, Clau-dio Streb, Cláudio Vicente Kroth Jr. (chefe da Secretaria Administrativa), Ivo Vourvupulos Viana, Julian Ritzel Farret, Liliane Nunes Portela, Solange Martins da Palma e Valkiria Lucchese.

Passados 10 anos, o procurador Evandro permanece atu-ando em Santa Maria. “Nesta década, muitas atuações con-seguiram alterar a realidade para melhor, creio que a pri-meira grande mudança foi a regularização das contratações dos profissionais de atenção básica à saúde dos municípios da região de abrangência, que na época eram em sua maio-ria contratados por meio de entes interpostos (associações, consórcios, empresas terceirizadas). Foi uma das primeiras experiências de atuação mais intensa com o Ministério Pú-blico Estadual, que tem diversas Promotorias de Justiça da região. Atualmente, a esmagadora maioria de tais contrata-ções foram regularizadas pelos municípios com assinatura de TACs e realização de concursos públicos”, avalia.

Destacam-se, ainda, a atuação coordenada com o Minis-

tério do Trabalho e Emprego (MTE) visando: a contratação de pessoas com deficiência (PCDs), por parte das empresas com mais de cem empregados; a contratação de jovens aprendizes pelas empresas, o cumprimento das Normas de Saúde e Segurança no Trabalho em geral, mas com enfo-que em silos e armazéns e na construção civil. “A atuação quanto ao cumprimento de Normas de Saúde e Segurança é meta prioritária em todos os setores de atividade econô-mica, com atenção especial aos setores em que os índices de acidentes de trabalho eram mais altos”, declarou Brizzi.

Fato marcante na história da PTM ocorreu em 2007, quando foram resgatados 41 trabalhadores, entre eles al-guns estrangeiros, reduzidos à condição análoga à escra-vidão, na retirada de madeira no interior do Município de Cacequi. Os trabalhadores tiveram seus direitos trabalhis-tas reconhecidos e pagos pelo empregador, que firmou TAC com o MPT, e retornaram às suas localidades de origem com passagens pagas pelo empregador. Um dos projetos que está sendo implementado e que se pretende seja au-mentado é na segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e processamento de carnes e derivados, conforme prevê a Norma Regulamentadora (NR) 36. A unidade tam-bém promoveu diversas campanhas de conscientização veiculadas nas mídias locais e regionais nos últimos anos, pagas com valores decorrentes de multas por descumpri-mento de TACs. O MPT em Santa Maria tem abrangência sobre 41 municípios da região.

Procuradores do Trabalho Evandro, Bruna e Jean

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capa 11

10 anos de interiorização no RS aproximam MPT dos trabalhadoresenfim, todas suas atribuições se aproximaram dos destinatários. A interiorização também intensificou a articulação dos procu-radores com juízes do Trabalho, sindicatos, auditores-fiscais do Trabalho e demais agentes públicos e sociais envolvidos. Atual-mente, dos 13.038 expedientes (notícia de fato NF, procedimen-to preparatório PP, inquérito civil IC, procedimento de acom-panhamento judicial PAJ, mediações MED e procedimentos promocionais PROMO) do MPT em tramitação no Estado, 6.759 (51,84%) estão nas Procuradorias do Interior. Isso também per-mitiu a realização de projetos de âmbito estadual, com destaque para a segurança na construção civil e nos frigoríficos, sem falar nos regionais, como nos estaleiros e no Porto de Rio Grande e nas cadeias de produção do fumo em Santa Cruz do Sul.”

PASSO FUNDO - O MPT em Passo Fundo realizou, em 18/8, entrevista coletiva com a mídia local para apresentar balanço dos 10 anos de sua instalação no Município, em 18 de agosto de 2005. A unidade recebe, em média, mensal-mente, em torno de 35 denúncias e responde por 11 Varas do Trabalho (4 em Passo Fundo, 3 em Erechim, 1 em Frede-rico Westphalen, 1 em Palmeira das Missões, 1 em Soledade e 1 em Carazinho, além de 1 Posto em Marau). O MPT em Passo Fundo tem 123 municípios (é a unidade com maior número de cidades em sua área de abrangência).

Em 2013, o MPT em Passo Fundo deu início ao cadas-tramento de entidades para a destinação de valores, bens ou serviços decorrentes do descumprimento de obrigações fixadas em termos de ajuste de conduta (TACs) e/ou deci-sões judiciais. Nesse período, a partir dos projetos apresen-tados pelas entidades cadastradas, foi possível realizar des-tinação R$ 1.479.691,00. A unidade efetuou, também, forte campanha de combate às fraudes envolvendo cooperativas de trabalho. Distribuiu cartilhas do “MPT na Escola” nas es-colas da rede municipal passo-fundense. Destaca-se, ainda, a participação na força-tarefa de combate ao fumo nos es-tabelecimentos de entretenimento do Município.

Nos 10 anos do MPT em Passo Fundo, já exerceram as funções de procuradores: Aline Zerwes Bottari Brasil (2005 - 2006), Fabiano Holz Beserra (2006- 2007), Juliana Hörlle Pereira (2006 - 2009), Patrícia de Mello Sanfelici (2007 - 2010), Bernardo Mata Schuch (2009 - 2010), Már-cio Dutra da Costa (2010 - 2012), Mariana Furlan Teixei-ra (2010 - 2012) e Mônica Fenalti Delgado Pasetto (2012 - 2014). Atualmente, atuam Roger Ballejo Villarinho (desde 2010), Flávia Bornéo Funck (desde 2012) e Renata Falcone Capistrano da Silva (desde 2014). O quadro ainda é forma-do pelos servidores Daniele Curcio Feijo, Ezequiel Paulo Za-nellato, Mayara Trombeta, Homero Alvenis Dutra, Priscila Debona (chefe da Secretaria Administrativa), Vernei Estevo Ordakowski, Vinícius Albrecht Ribas, Marcos César Santos Salgado e Evandro Balsan.

A capa da terceira edição de 2005 do “Notícias” informa-va que:

“O Ofício (antigo nome das PTMs) em Passo Fundo “en-cerrou o ano com cerca de 125 procedimentos tramitando. (...) As denúncias mais frequentes envolvem intermediação irre-gular de mão de obra por pseudocooperativas de trabalho; ir-regularidades na administração pública, tal como a contrata-ção sem concurso e terceirização ilícita; e as situações de lide simulada”. Desde as instalações dos Ofícios, a relação com a comunidade vem crescendo, ao mesmo tempo em que a po-

pulação passa a compreender melhor a função do MPT, que é defender os direitos difusos e coletivos dos trabalhadores e a ordem jurídica nas relações de trabalho”.

Na página 12, a procuradora Aline Bottari, primeira a atuar em Passo Fundo (2005 a 2006) e lotada, atualmente, em Porto Alegre, afirmava que “um dos fatos mais importan-tes na criação destes Ofícios é a aproximação com as outras instituições, como os Ministérios Públicos Federal e Estadual, o Ministério do Trabalho e Emprego, e até mesmo a Polícia Fe-deral. Muitas fiscalizações estão sendo realizadas em conjun-to, o que torna o trabalho mais eficiente, trazendo benefícios à comunidade gaúcha”.

A atual coordenadora da unidade, procuradora do Tra-balho Flávia Bornéo Funck, informa que, atualmente, os temas de maior incidência relacionam-se aos aspectos liga-dos ao meio ambiente de trabalho (com ênfase nas áreas de metalurgia, frigoríficos e construção civil), fraudes traba-lhistas (falta de registro de empregados, pagamentos “por fora” e terceirização), jornadas irregulares (sem a marcação correta do ponto ou com horas extras habituais) e assédio moral. Recentemente, uma das principais demandas se re-lacionava à proliferação de cooperativas de trabalho, bem assim às contratações irregulares pela administração pú-blica, situações em que se observou considerável melhoria após forte atuação do MPT em Passo Fundo, tanto na esfera extrajudicial, quanto na judicial. Além da atuação repressi-va, há que se destacar a proativa, por meio da participação dos procuradores em palestras e seminários, elaboração de cartilhas, implantação de Projetos das Coordenadorias (como o “MPT na Escola” e o “Projeto Frigoríficos”), reali-zação de campanhas específicas relacionadas a determina-do tema, tais como combate aos acidentes do trabalho e à negligência no uso dos EPIs, especialmente voltado para a construção civil, inserção da pessoa com deficiência (PCD) no mercado de trabalho, dentre outros.

Procuradores do Trabalho Renata, Flávia e Roger

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12 audiências

Administradoras notificadas para entregar cadastros dos condomínios de Caxias do Sul

Audiência pública reuniu, em 3/8, sete grandes administradoras de con-domínios de Caxias do Sul. As empresas foram notificadas para a reunião pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) de Caxias do Sul, onde aconteceu o encon-tro. A iniciativa foi solicitada pelo Co-mitê Permanente Microrregional Sobre Condições e Meio Ambiente na Indústria da Construção Civil na Região Nordeste do Rio Grande do Sul (CPMR-Nordeste). Foi dado prazo para as empresas entre-garem cadastro dos nomes dos condo-mínios administrados e seus respectivos síndicos, com endereços e telefones. Estima-se que existam mais de três mil condomínios no Município. Todos serão convocados para uma grande audiência pública até o final do ano. Na oportuni-dade, serão alertados sobre as responsa-bilidades dos condomínios na execução de obras de pinturas e reparos, além da necessidade de efetuarem contratações criteriosas dos prestadores de serviços.

O procurador do Trabalho Ricardo Garcia ressalta que, quando ocorre al-gum acidente de trabalho em obras do tipo, a responsabilização recai sobre o síndico e, solidariamente, sobre o con-domínio e os condôminos. A Iniciativa faz parte do projeto do MPT em Caxias do Sul voltado à prevenção de acidentes no setor da construção civil. O geren-te regional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Vanius João de Araújo Corte, lembra que “é bem comum acon-

tecer acidentes de trabalho em obras em condomínios, tendo em vista a pre-cariedade das condições de trabalho e a ausência de qualquer preocupação com a regularidade dos contratados e com a segurança do trabalho”.

O atual coordenador do CPMR-Nor-deste, Virvi Jordão Marcilio, lembra que a atividade do Comitê vem desde 2007 na forma de conscientização e informa-ção a trabalhadores e empregadores nas questões de saúde e segurança do trabalho. O dirigente explica que “está se buscando parceria com as adminis-tradoras para conscientização dos sín-dicos quanto à contratação de empresas de manutenção predial, contando com os dados de suas carteiras, para forma-tar atividade junto aos condomínios da cidade de Caxias do Sul”. Participaram da audiência pública as empresas Bento Alves, Opus, Mais Condomínios, Só con-domínios, Fox, Impéria e S.O.S. Condo-mínios.

O Comitê, instituído em setem-bro de 2007, é uma entidade colegiada composta por três bancadas (governo, empregadores e empregados) que se al-ternam na presidência. Os atuais repre-sentantes das bancadas no CPMR são auditores-fiscais do Ministério do Traba-lho e Emprego em exercício na Gerên-cia Regional do Trabalho e Emprego de Caxias do Sul (Governo Federal) e repre-sentantes dos seguintes sindicatos: Sin-dicato dos Trabalhadores das Indústrias

da Construção e do Mobiliário de Caxias do Sul, Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias da Construção e do Mobiliário de Bento Gonçalves, Sindicato dos Tra-balhadores das Indústrias da Constru-ção e do Mobiliário de Flores da Cunha, Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho de Caxias do Sul (empregados) e Sindicato da Indústria da Construção Civil de Caxias do Sul (empregadores). Participam, com orientações técnicas, o Centro Regional de Referência em Saú-de do Trabalhador (Cerest) Serra e a Vi-gilância Sanitária.

Seus objetivos são divulgar e promo-ver o cumprimento e propor alterações da Normas Regulamentadoras, além de desenvolver ações no sentido de minimi-zar a ocorrência de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho na construção civil na região Nordeste. Suas reuniões, mensais, podem ser acompanhadas por interessados.

Auditório do MPT em Caxias do Sul

Reabilitação profissional - O Ministério Público do Tra-balho (MPT) em Passo Fundo, em conjunto com o Insti-tuto Nacional do Seguro Social (INSS) realizou, em 6/7, audiência coletiva para abordar o tema “reabilitação profissional”. A iniciativa, de acordo com a procurado-ra do Trabalho Flávia Bornéo Funck, partiu de uma de-manda do INSS que encaminhou ofício ao MPT relatan-do alguns entraves enfrentados quando do retorno do trabalhador reabilitado a algumas empresas da região. Comparaceram 21 das maiores empresas da região de Passo Fundo e Erechim. Foi explicitado o procedimento de reabilitação, desde a fase da perícia inicial até o re-torno ao trabalho, e sanados alguns questionamentos feitos pelas empresas. Segundo a procuradora, “a expe-riência foi positiva pois esclareceu alguns aspectos prá-ticos da recolocação profissional, inclusive no que tange à convênios existentes com o INSS e as empregadoras, dentre os quais a possibilidade de haver a readaptação/reabilitação dentro da empresa, bem assim da possibili-dade de expedição de certificado de reabilitação quan-do da contratação do empregado, após exame médico admissional em que se constate alguma limitação da capacidade laborativa”.

Cotas de aprendizagem - O Ministério Público do Traba-lho (MPT) em Santa Maria realizou, em 26/6, audiência pública para abordar cotas de aprendizagem, não cum-pridas por algumas empresas do Município. Em parce-ria com o Ministério Público Estadual (MPE-RS), o MPT ofereceu aos 170 empresários lista de 300 adolescentes em situação de vulnerabilidade social, obtidas pela Pro-motoria da Infância e Juventude e Conselho Tutelar. A iniciativa, de acordo com a procuradora Bruna Iensen Desconzi, alia o atendimento aos adolescentes da lista, alguns deles retirados do trabalho infantil irregular ou em cumprimento de medidas sócio-educativas, com a resolução da dificuldade alegada por algumas empre-sas em encontrar aprendizes e cumprirem a cota deter-minada em Lei. Levantamento da procuradora aponta quase 500 vagas não preenchidas nas empresas locais. “O projeto-piloto oferece às empresas os nomes desses adolescentes, que variam de 15 a 17 anos, para que os contratem e assim comecem o curso teórico e, após, a parte prática, em associação com Sistema S (Senac, Senai e Sest/Senat)”. A ação decorre de procedimento promocional desenvolvido pelo MPT para a erradicação do trabalho infantil.

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dEstinaçõEs 13

CVI Refrigerantes firma acordo de R$ 1 milhãoA CVI Refrigerantes Ltda., empresa que atua na produ-

ção, comercialização e distribuição de produtos das linhas The Coca-Cola Company, Heineken e Leão Alimentos, fir-mou acordo de R$ 1 milhão com o MPT em Santa Maria. O MPT acionou a empresa, em abril de 2014, em razão da ocorrência de casos de excesso de jornada de trabalho. A CVI tem fábricas em Santa Maria, onde tem 673 emprega-dos, e outras cidades.

O acordo, homologado pela 2ª Vara do Trabalho do Mu-nicípio, encerra ação civil pública (ACP), sob responsabili-dade da procuradora do Trabalho Bruna Iensen Desconzi. O valor será destinado a investimentos sociais no Municí-pio, bem como a entidades assistenciais cadastradas na assistência social, órgãos públicos ou fundos próprios, con-forme critérios a serem definidos com o acompanhamento

do MPT e da Justiça do Trabalho.Com o acordo, a empresa também se comprometeu a

adotar todas as obrigações constantes nas sete cláusulas da ACP, dentre elas a obrigação de não prorrogar a jornada normal de trabalho além do limite legal de duas horas diá-rias, sem qualquer justificativa legal; conceder o intervalo de repouso e alimentação aos empregados, bem como o re-pouso semanal remunerado; respeitar o limite máximo de 12 horas da jornada de trabalho, na realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto. O descumprimento, ainda que parcial, das cláusulas, obriga a empresa a pagar multa, no valor cor-respondente ao piso básico da categoria profissional, mul-tiplicado pelo número de trabalhadores prejudicados e de ocorrências verificadas pelo MTE, em fiscalizações.

Uruguaiana - No dia 13/8, o Ministério Público do Trabalho (MPT) em Uruguaiana destinou R$ 110.114,71 à Santa Casa do Município, valor a ser utilizado na compra e instalação de equipamentos da unidade de terapia intensiva (UTI) do complexo hospitalar, voltados à assistência a pacientes com doenças cardiovasculares. O valor decorre de multa, aplicada pelo MPT, em ação onde ocorreu o descumpri-mento de termo de ajuste de conduta (TAC).

Foram adquiridos cama, poltrona, mesa, reanimadores, estetoscópio, conjuntos de nebulização, monitor, respira-dor servo-S e escada em aço inox. O projeto foi um dos ins-critos a partir de novembro de 2014, quando o MPT abriu cadastro público para destinação de bens, serviços e valo-res decorrentes de indenizações por dano moral coletivo e de inadimplemento de obrigações em procedimentos e ações judiciais conduzidos pelo MPT.

Em 31/8, o MPT em Uruguaiana destinou R$ 10 mil à

Associação Damas de Caridade, mantenedora do Lar São José, localizado em Itaqui. O valor decorre de multa apli-cada pelo MPT por descumprimento de termo de ajuste de conduta (TAC), firmado por empresa do ramo alimentício, e será revertido na quitação de contas de consumo da insti-tuição, que é mantida com doações de particulares. Ambas as destinações foram acordadas pelo procurador do Traba-lho Eduardo Trajano Cesar dos Santos.

O Lar São José atende a idosos a partir de 60 anos, que vivem em regime de internato. O projeto, apresentado ao Ministério Público do Trabalho em Uruguaiana no fim do ano passado, prevê a redução dos custos correntes do lar com eletricidade, água, leite e telefone, de modo a desen-volver ações socioassitenciais, visando à melhoria das con-dições de subsistência e de elevação da qualidade de vida dos residentes. O pagamento das contas foi assumido pela empresa em agosto de 2015.

Revitalizados refeitório e cozinha de HospitalUm acordo judicial celebrado pela Procuradoria do

Trabalho em Santo Ângelo e homologado pela Justiça do Trabalho deste mesmo município resultou em destinação de valores para projeto de revitalização do refeitório e da cozinha do Hospital Santo Ângelo. A inauguração dos no-vos espaços foi realizada no dia 2/9, e contou com a pre-sença do procurador do Trabalho Itaboray Bocchi da Silva, do juiz do Trabalho Edson Moreira Rodrigues, do provedor do hospital, Bruno Hesse, do prefeito do Município, Valdir Andres, do presidente da Câmara de Vereadores, Pedro Waskievicz e do coordenador da 12ª Coordenadoria Re-gional de Saúde, Antônio Sartori, entre outras autorida-des e convidados.

Hesse destacou que a ampliação e revitalização do re-feitório e da cozinha contou com o apoio da Central do Dí-zimo Pró-Vida de Piracibacaba (SP), que repassou em R$ 80 mil em materiais para a obra, e recursos repassados a partir da atuação do Ministério do Público do Trabalho pe-rante a Justiça do Trabalho. Cerca de 470 refeições diárias, entre café da manhã, almoço e janta, são servidas aos pa-cientes e funcionários do hospital.

O MPT e a Justiça do Trabalho em Santo Ângelo têm

participado com destaque em ações de relevância social como as desenvolvidas pelo Hospital do Município. “São recursos provenientes de termos de ajustamento de con-duta, decisões e acordos judiciais que são revertidos em benefício dos trabalhadores e da comunidade locais”, diz o procurador Itaboray.

Novas instalações dobraram capacidade de atendimento

Foto: Cristiano Devicari

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14 atuação

RGE acionada por terceirizações ilegaisO Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul

(MPT-RS) ajuizou ação civil pública (ACP) contra a Rio Grande Energia S.A., concessionária responsável pelo fornecimento de energia elétrica de 264 municípios do Estado. Inquérito ci-vil, conduzido pelo procurador do Trabalho Marcelo Goulart, constatou terceirização de atividades-fim da empresa. A de-núncia partiu da 2ª Vara do Trabalho de Gravataí.

Entre as atividades terceirizadas irregularmente estão li-gação, corte e religação de unidades consumidoras, regula-rização de ligações clandestinas, manutenção de redes, ma-nutenções de emergência, projetos e construção de redes. Na

Justiça do Trabalho, há centenas de ações trabalhistas contra a empresa, principalmente postulações de vínculo de empre-go.

O MPT pede provisoriamente a condenação da empresa à interrupção das terceirizações, sob pena de multa de R$ 50 mil por trabalhador atingido. Além disso, em caráter definitivo, a empresa pode ser condenada ao pagamento de indenização, a título de danos morais coletivos, no valor de R$ 150 milhões, reversíveis ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O MPT também pede a realização de anúncio público, pago pela em-presa, divulgando o conteúdo da condenação.

Praia de Belas - O MPT ajuizou no dia 5/8 ação civil pú-blica contra o Condomínio Civil do Shopping Praia de Belas por desrespeito à obrigação de manter creche para os filhos de empregadas em período de amamen-tação.

A ação foi ajuizada pelo procurador do Trabalho Paulo Joarês Vieira. O MPT pede na ação que o shop-ping, via condenação judicial, ofereça, por no mínimo dois anos, a guarda, vigilância e assistência das crian-ças, realizadas por profissionais habilitados, seguindo as prescrições dos Ministérios da Saúde e Educação. O shopping recusou assinatura de termo de ajuste de conduta (TAC), proposto pelo MPT durante as investi-gações. O MPT também pede a condenação do shop-ping a indenizar trabalhadoras lactantes, em valor equi-valente ao custo mensal dos serviços de uma creche em Porto Alegre, a ser apurado em liquidação de sentença.

EPTC: investigados locais de trabalho dos agentesO MPT realizou na manhã do dia 10/9 audiência com a Em-

presa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e o Sindicato dos Agentes de Fiscalização de Trânsito do Município de Porto Alegre (Sintran). O objetivo foi acompanhar o estado atual dos locais de trabalho das estruturas administrativas dos agentes de fiscalização de trânsito da EPTC. Em junho, a EPTC já havia apresentado cronograma para a correção das irregularidades ao MPT.

Durante a investigação conduzida pelo procurador do Tra-balho Philippe Gomes Jardim, foram identificados vários des-cumprimentos de itens da Norma Regulamentadora (NR) nº 24, que trata de condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho, tais como irregularidades nos vestiários e refeitó-rios. “Estamos recolhendo a comprovação das irregularidades para a instrução do procedimento e tomada de medidas judi-

ciais cabíveis “, explica o procurador.As irregularidades se referem aos locais de trabalho admi-

nistrativo dos agentes de fiscalização de trânsito, chamados Postos de Controle Avançado (PCAs) e também na Gerência de Controle e Operação de Transporte (GCOT). A fiscalização do MTE encontrou irregularidades em 3 dos 4 PCAs em ope-ração. A EPTC informou que há previsão de construção de no-vas sedes para os PCAs Centro, Sul e Leste, objeto de autos de infração, e mudança da GCOT para novo prédio, cedido pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), e sen-do atualmente reformado.

Estiveram presentes na audiência as representantes da EPTC, Milene Hartmann (preposta) e Giovana Albo Hess (Ad-vogada), o presidente do Sintran, Pablo Pacheco Fernandes, e o vice-presidente do sindicato, Carlos Alberto da Silveira.

São Pedro - O MPT ajuizou ação civil pública contra a Fundação Teatro São Pedro, por contratações irregu-lares, realizadas sem concurso público. Inquérito civil aponta que 28 vagas são preenchidas incorretamente, mediante empresa interposta, para o exercício de fun-ções de caráter permanente.

A ação foi ajuizada pelo procurador do Trabalho Ivo Eugênio Marques. À Fundação foram concedidos su-cessivos prazos para a substituição do pessoal, que não foi realizada até o momento. Em 2014, o MPT notificou a fundação e o Estado para que apresentassem crono-grama para abertura e realização de concurso público para o preenchimento das vagas dentro do novo pla-no. Com o ajuizamento da ação, o MPT requer que a fundação realize o concurso público até 14/1 de 2016, sob pena de multa mensal de R$ 20 mil. Os valores são reversíveis ao Fundo de Amparo ao Trabalhador.

Esporte Clube Pelotas - O Esporte Clube Pelotas firmou termo de ajuste de conduta (TAC) perante o Ministério Pú-blico do Trabalho (MPT) em Pelotas. A medida visa garantir que, nos contratos de trabalho, os valores pagos pelo licen-ciamento de direito de imagem sejam, no máximo, o mes-mo montante pago de salário.

Segundo o procurador do Trabalho Alexandre Marin Ragagnin, responsável pelo caso, nos contratos dos atletas eram fixados reduzidos valores a título de salário e parce-la considerável da remuneração como direito de imagem, evitando a incidência de contribuições sociais e tributos.

“Foram identificadas diversas ações trabalhistas propostas contra o clube, sendo que em algumas foi constatado que o valor pago por concessão de imagem era quatro vezes maior que o salário e não havia a efetiva utilização da ima-gem, sendo reconhecida a natureza salarial dos valores”, conta. De acordo com Ragagnin, como o contrato de direi-to de imagem está agora vinculado a um contrato principal, não poderá ter valor superior ao salário.

O TAC especifica que o Pelotas deve seguir a medida até que uma regulamentação legal sobre o assunto seja criada. Quando isso ocorrer, o clube deverá se ajustar a ela.

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sEntEnças 15Condição insegura de trabalho condena Rinaldi

O MPT em Caxias do Sul obteve a condenação da Rinaldi S.A. Indústria de Pneumáticos, de Bento Gonçalves, por ex-por seus empregados a situações de risco grave de acidentes e adoecimentos. A decisão da 2ª Vara do Trabalho de Bento Gonçalves confirma decisão liminar, concedida ao MPT em março de 2014, em ação civil pública (ACP). A empresa deve pagar, a título de dano moral coletivo, indenização de R$ 600 mil, reversível ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD). Ainda deve pagar multas em que incorreu por descumprir a liminar.

A decisão garante, em caráter definitivo, aos empregados da Rinaldi condições mínimas de dignidade, definidas em 22 obrigações cujo descumprimento impõe à empresa o paga-mento de multa de R$ 30 mil por item. Elas devem ser imple-mentadas em 72 horas. A Justiça também expediu requisição à Polícia Federal para investigação de existência de crime de contrabando e associação criminosa na prática de importação de máquina irregular, com violação de normas protetivas do MTE.

A ACP se baseia em investigação do MPT iniciada em 2011, mediante denúncia, e em inspeção do MTE na fábrica da em-presa, em agosto de 2013. Na ocasião, foram emitidos dois termos de interdição e 25 autos de infração, referentes, entre outros motivos, à negligência da empresa com as normas de medicina e saúde do trabalho, especialmente com as Normas Regulamentadoras (NRs) 12 e 15. A Rinaldi se recusou, em

duas ocasiões, a firmar TACs propostos pelo MPT.De acordo com o procurador do Trabalho Ricardo Garcia,

responsável pelo caso, “a empresa não tem nenhum controle de seu ambiente de trabalho e por isso, inicialmente, buscou--se implementar um padrão de gestão de risco, de forma ne-gociada, que desse a ela as ferramentas para agir e se ade-quar. Ela nunca quis negociar. Sempre protelou e se recusou a adequar-se. Essa teimosia conduziu-a a duas interdições, qua-se uma centena de autos de infração e condenação milionária, entre multas e indenização. Tudo poderia ter sido mais fácil e rápido, e barato.”

De acordo com dados do INSS, ocorreram na empresa 74 afastamentos e uma morte por acidente de trabalho entre 2006 e 2011, em um universo de 759 empregados.

Empresa foi condenada ao pagamento de indenização

Banrisul - O MPT obteve liminar contra o Banco do Es-tado do Rio Grande do Sul (Banrisul), obrigando o ban-co a se abster de atos discriminatórios ou represálias contra empregados que o acionem judicialmente. A multa diária fixada pela 14ª Vara do Trabalho de Por-to Alegre, para o caso de descumprimento, é de R$ 10 mil, reversível ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD).

Inquérito civil conduzido pela procuradora do Tra-balho Aline Zerwes Bottari Brasil partiu de denúncias encaminhadas pelo Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e pela própria Justiça do Trabalho. Constatou-se que a prática não se restringia a casos isolados. As re-presálias envolviam transferência, descomissionamen-to, perda de função, dispensa, afastamento de cargos e perda de parcelas salariais habitualmente pagas.

O Banrisul se recusou a firmar termo de ajuste de conduta (TAC), proposto pelo MPT. Em definitivo, além da confirmação dos efeitos da liminar, o MPT requer a condenação do banco ao pagamento de indenização, a título de danos morais coletivos, de R$ 1,7 milhão, re-versível ao FDD, e divulgação da sentença em jornais.

Estágios - Após ação civil pública (ACP) ajuizada pelo MPT em Santa Maria, o município de Restinga Seca deverá rea-lizar processos seletivos públicos para contratação de es-tagiários. A decisão é do TRT4 e determina que a seleção deve ser feita sob os princípios constitucionais da impes-soalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Segundo a procuradora do Trabalho Bruna Iesen Desconzi, responsá-vel pelo caso, durante o inquérito civil foram constatados muitos estagiários em situação irregular no Município.

Também após ação civil pública ajuizada pelo MPT, a

Assembleia Legislativa do Estado não poderá mais renovar contratos dos estagiários. A decisão é da 18ª Vara do Tra-balho de Porto Alegre, e deve abranger estagiários da área administrativa e também os que atuam nos gabinetes dos deputados estaduais. A decisão estabelece multa de R$ 10 mil para o Poder Público, em cada caso de descumprimen-to de estágio que for verificado. Segundo a procuradora do Trabalho Patrícia Sanfelici, a decisão não atende plena-mente aos pedidos da ação ajuizada pelo MPT, pois extin-gue a exigência de processo seletivo para seleções futuras .

Colombo condenada por irregularidades em descanso

O Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS) obteve a condenação das Lojas Colombo S/A ao cumprimento da legislação referente a descanso semanal re-munerado. A rede deve concedê-lo a todos os empregados após 6 dias consecutivos de trabalho, preferencialmente aos domingos, e obrigatoriamente em um domingo a cada três semanas, sob pena de pagamento de multa no valor de R$ 5.000, multiplicado pelo número de trabalhadores que tive-rem o repouso semanal remunerado violado, incidente em cada ocasião em que verificado o descumprimento. A medida vale para todas as lojas nos Estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

A empresa também foi condenada pela 26ª Vara do Traba-lho de Porto Alegre ao pagamento de indenização, a título de danos morais coletivos, de R$ 500.000. A sentença foi profe-rida pela juíza do Trabalho substituta Daniela Meister Pereira. Indenização e eventuais multas devem ser revertidas ao Fun-do de Defesa de Direitos Difusos (FDD). A decisão decorre de ação civil pública (ACP), ajuizada pelo procurador do Trabalho Paulo Joarês Vieira. Ainda cabe recurso da decisão.

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16 atuação

Pelotas recebe audiência do Fórum de combate ao impacto dos agrotóxicos

O Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos (FGCIA) re-alizou, no dia 16/9, audiência pública em Pelotas, na região Sul do Rio Gran-de do Sul. É a segunda audiência reali-zada pelo Fórum no interior do Estado, com o objetivo de trocar informações, debater e propor encaminhamentos a respeito dos impactos do uso de agro-tóxicos na saúde e no meio ambiente. O evento que aconteceu no auditório Dom Antônio Zattera, da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), contando com público de aproximadamente 350 participantes, foi aberto com uma in-tervenção teatral do setor de cultura do Movimento dos Trabalhadores Ru-rais Sem Terra (MST) estadual.

A mesa foi composta pelo coorde-nador do FGCIA, Noedi Rodrigues da Silva (procurador do Trabalho), coorde-nadores adjuntos Ana Paula Carvalho de Medeiros (procuradora da República), Daniel Martini (promotor de Justiça e coordenador do Centro de Apoio Opera-cional de Defesa do Meio Ambiente do MP Estadual), o delegado da Polícia Fe-deral Cássio Berg Barcellos e a coorde-nadora do curso de Ecologia da UCPEL, Carina Costa Estrela.

O procurador Noedi destacou a di-mensão do problema e a importância da união de esforços dos Ministérios Públicos e parceiros, viabilizados pelo Fórum. “Há múltiplos aspectos não en-frentados até o momento”, explicou o procurador. “Há muito investimento no marketing desses produtos, mas não há muitas ações no seu enfrentamento,

nem pesquisas que aprofundem a rela-ção de causa e efeito entre agrotóxicos e câncer, por exemplo”.

O delegado Cássio falou do contra-bando de agrotóxicos. O promotor de Justiça Daniel Martini, coordenador ad-junto do Fórum e coordenador do Cen-tro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente (CAOMA), destacou operações conjuntas locais realizadas pelo MPE na área alimentar, de agroquí-micos. A procuradora da República Ana Paula resumiu a atuação do MPF a partir das discussões realizadas pelo Fórum. A procuradora da República Suzette Bra-gagnolo explicou a campanha nacional do MPF 10 Medidas contra a corrupção que está coletando assinaturas para proposição de Leis para o combate à corrupção. Foram coletadas assinaturas durante o evento.

A palestra científica foi proferida pelo coordenador do Grupo de Trabalho de Agrotóxicos e Transgênicos da Asso-ciação Brasileira de Agroecologia, Leo-nardo Melgarejo. O especialista explicou falsas percepções sobre os agrotóxicos, como a de que pessoas em meio urbano não têm riscos de contaminação, o que é desmentido por estudos, ou que se de-sintegrem no ambiente, ou que o corpo humano os elimine sem consequências. Também destacou que a maior parte dos suicídios do País se concentra na zona rural, onde há o uso de agroquí-micos fosforados, influentes sobre o sistema nervoso central.

Foi dada a palavra, ainda, a represen-tantes de órgãos públicos, associações

civis, universidades, movimentos sindi-cais e sociais organizados. Os principais pontos destacados foram contamição de solo e lençóis freáticos, necessidade de ferramentas de recebimento de de-núncias, utilização de transgênicos na produção de alimentos como milho e soja, entre outros.

A Coordenação do Fórum considerou as intervenções muito qualificadas e re-afirmou a importância da participação popular nas audiências públicas. Será proposta a criação de uma comissão de educação, um dos temas levantados, e de um link no site do Fórum para enca-minhamento de denúncias para serem distribuídas ao órgãos competentes. A próxima audiência pública será em Ca-xias do Sul, no dia 4 de novembro.

Em junho, o FGCIA encaminhou ofí-cios a prefeitos da região de Ijuí, aler-tando-os sobre a ilegalidade da prática da capina química. No dia 25/9, o MPT e demais membros do FGCIA se reuniram com a diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para tratar da im-plantação de sistema de rastreamento eletrônico de aeronaves agrícolas.

Encenação teatral do MST abriu evento

Força-tarefa notifica serrarias de JaquiranaNove serrarias de Jaquirana foram notificadas para

entregar documentação que comprove cumprimento da legislação trabalhista e das Normas Regulamentadoras (NRs). As notificações são resultado de força-tarefa do MPT e do MTE, que fiscalizaram as empresas nos dias 27 e 28/7. Os estabelecimentos deverão ser autuados e mul-tados pelo MTE. Até o final do ano, outras operações de-verão ser realizadas com o objetivo de vistoriar as demais indústrias do setor no Município, que conta com cerca de 25 serrarias e madeireiras. A proposta do MPT é atuar para que todas as empresas do setor corrijam o ambiente de trabalho de forma negociada ou por meio de ação civil pública. Nesse sentido, foram instaurados inquéritos civiis contra todas as empresas já fiscalizadas.

A operação teve participação do procurador do Traba-lho Rodrigo Maffei e dos auditores-fiscais do Trabalho Ro-berto Misturini e Ricardo Luis Brand. Na avaliação do pro-

curador, “as serrarias, nos últimos quatro anos, evoluíram em alguns aspectos quanto ao cumprimento da legislação trabalhista. Nas diligências realizadas, não foi constatado trabalho infantil, os empregados estavam registrados e utilizavam equipamentos de proteção individual. No en-tanto, é necessário que as empresas evoluam quanto à gestão de segurança no trabalho, havendo a necessidade imediata de melhorias nas máquinas e equipamentos, de forma a proporcionar maior segurança aos trabalhadores”.

As serrarias são investigadas pelo MPT, principalmen-te, pela falta de proteção em máquinas – serras circulares, serras-fita, destopadeiras, plainas, dentre outras – com risco de acidente grave, e possibilidade de mutilação e, inclusive, morte, bem como quanto à implementação das medidas dispostas nos Programas de Prevenção de Riscos Ambientais e nos Programas de Controle Médico e Saúde Ocupacional.

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atuação 17

Apurado descumprimento de piso regional

Buscada alternativas para trabalho infantil no lixão

No dia 12/8, a procuradora do Trabalho Fernanda Arruda Dutra reuniu-se com o secretário municipal de Ação Social e Habitação de Uruguaiana, Rogério de Mo-raes, com a coordenadora do Programa de Erradicação ao Trabalho Infantil (PETI) da região, Andreia de Mora-es Maia, e com representantes do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). O objetivo do encontro foi tratar da situação do lixão de Uruguaia-na e discutir uma alternativa para as crianças.

A procuradora relatou a necessidade de uma mu-dança cultural e também de um trabalho feito de forma contínua e ininterrupta. Segundo ela, a postura do MPT não é punitiva com relação às famílias que vivem no li-xão. O secretário considerou correta a abordagem do MPT e se mostrou aberto à parceria.

Em 21/7, o MPT em Uruguaiana, juntamente com o Ministério Público Estadual, o Conselho Tutelar do Mu-nicípio e o Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador (Cerest) Oeste, realizou inspeção no lixão de Uruguaiana. A medida tinha como propósito verifi-car a ocorrência de trabalho infantil e de catadores au-tônomos no aterro.

A denúncia da ocorrência de trabalho infantil na lo-calidade partiu do Cerest, pois havia sido verificada a presença de crianças no lixão. Durante a ação, consta-tou-se que a maioria das crianças presentes no aterro estão abaixo da idade escolar; desse modo, os pais jus-tificam levá-las até lá pois não tem onde deixá-las.

Segundo a procuradora Fernanda, há indícios de tra-balho infantil e trabalho autônomo ilegal no aterro.

O MPT-RS realizou, em 28/9, audiência com a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RS), Força Sin-dical e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O objetivo foi reunir informações sobre o cumprimento do piso salarial regional gaúcho, defini-do pela Lei Estadual nº 14.653, de 2014.

As federações haviam apresentado ao MPT relação de empresas que descumprem o piso, que vale para todo empre-gado que não tenha piso definido em lei federal, convenção ou acordo coletivo de trabalho. Em 2012, o MPT havia expe-dido recomendação a seis federações sindicais patronais, no sentido de que orientassem as empresas sobre a obrigato-riedade do cumprimento da legislação. As federações que, à época, receberam a recomendação foram: a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), a Federação do Co-mércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio), a Federação da Agricultura do Estado (Farsul), a Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Estado do Rio Grande do Sul (Fetransul), a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (Fehosul) e a Federação das Empresas de Transportes Rodovi-ários do Estado (FETERGS).

De acordo com a CTB, o efeito da recomendação foi positi-va, mas há um movimento empresarial contrário ao piso. Em 2014 e 2015, ações de inconstitucionalidade foram ajuizadas

pela FIERGS e pela Fecomércio contra o disposto na lei esta-dual. As ações foram julgadas improcedentes pelo Tribunal de Justiça (TJ) gaúcho. Ainda de acordo com a CTB, as federa-ções não estariam orientando os empregadores a obedecer ao piso regional.

No momento, o procurador responsável pelo procedi-mento, Philippe Gomes Jardim, irá analisar as informações prestadas em audiência para tomar as providências cabíveis pelo MPT. Participaram da audiência o presidente da CTB, Guiomar Vidor, Aline Vargas (jornalista) e Vitor Rocha Nas-cimento (advogado); o diretor da Força Sindical, Dionisio Neuleraldo Pinto Mazui; e o supervisor técnico do Dieese, Ricardo Franzoi.

Uruguaiana notificada por assédio moral

A Secretaria de Saúde de Uruguaiana recebeu, no dia 31/7, notificação recomendatória emitida pelo MPT, in-dicando medidas que devem ser adotadas para comba-ter assédio moral contra agentes comunitários de saúde e de combate a endemias, prática constatada pelo MPT em inquérito civil conduzido pelo procurador do Traba-lho Eduardo Trajano Cesar dos Santos.

O Município deve se abster de dispensar estes ser-vidores arbitrariamente e combater o assédio moral no ambiente de trabalho, evitando, entre outras práticas, ameaçar de demissão servidor que apresente laudo mé-dico, aplicar advertências por motivo fútil ou falso, con-ferir atribuições em excesso ou metas de produtividade inatingíveis, gritar, tratar com desrespeito, constranger ou inferiorizar servidor, garantindo-lhe tratamento dig-no e resguardando-o de atos atentatórios à integridade psíquica.

O combate ao assédio moral na Secretaria também deve incluir acompanhamento dos coordenadores e su-pervisores que praticaram os atos de assédio investiga-dos pelo MPT. Caso não siga as recomendações aponta-das, o Município será acionado judicialmente, podendo ser condenado ao cumprimento das obrigações traba-lhistas e ao pagamento de indenização, a título de da-nos morais coletivos, em valor a ser definido. A situa-ção, denunciada pelo site do MPT-RS, foi provocada por troca de coordenadoria, em abril de 2015. O Sindicato dos Municipários de Uruguaiana (SIMUR) informa que, desde então, 14 servidores procuraram o sindicato para relatar a ocorrência de assédio moral. O Município não respondeu aos pedidos de esclarecimento do SIMUR.

Procurador Philippe (centro) presidiu reunião no MPT

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18 dirEitos

O MPT foi um dos idealizadores do “Movimento em Defe-sa da Democracia e dos Direitos Sociais”, lançado em 20/8. O ato foi realizado na Paróquia Nossa Senhora da Pompéia, em Porto Alegre, e recebeu mais de 600 pessoas. Diversas lide-ranças, incluindo o então procurador-geral do Trabalho (PGT), Luís Antônio Camargo de Melo, conclamaram a sociedade brasileira, por medidas contra o ataque sistemático aos direi-tos sociais, em defesa de um processo eleitoral transparente, democrático e livre da interferência econômica, contra os re-trocessos sociais e legais, por mais garantias e melhores con-dições de trabalho, a fim de assegurar o desenvolvimento do Brasil, baseado na justiça social, dignidade da pessoa e melho-ria das condições de vida do povo.

Em seu procunciamento, o PGT garantiu que “o projeto das terceirizações, caso seja aprovado no Senado Federal, po-derá fazer ruir todo o sistema de proteção do trabalho cons-truído no Brasil ao longo das últimas décadas. Diante disso, não há outro caminho, senão a organização, a mobilização e o enfrentamento”. A mesa foi presidida pelo coordenador regional da Coordenadoria Nacional de Promoção da Liber-dade Sindical (Conalis) do MPT, procurador Ricardo Garcia. O então procurador-chefe Fabiano Holz Beserra, esclareceu que “o evento serve para manter a mobilização da sociedade civil trabalhadora contra pautas que representam retroces-so social inaceitável. Projetos de lei como os que instituem a terceirização sem limites e a redução da idade mínima para o trabalho constituem medidas oportunistas que estão sendo impostas em momento de crise. Temos de nos articular para manutenção de patamar civilizatório mínimo”.

A ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Maria Helena Mallmann, criticou a tentativa de precarizar as condi-ções de trabalho por meio do projeto de lei da terceirização, que já foi aprovado na Câmara dos Deputados. O secretário da Comissão Especial de Mobilização para a Reforma Política da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ex-presidente da

UNE, Aldo Silva Arantes, afirmou que “os gaúchos que luta-ram com Leonel Brizola pela legalidade, devem lembrar da tradição gaúcha e tomar as ruas, não podemos ficar na pas-sividade e deixar que a direita tome conta”. Arantes arrancou muitos aplausos da plateia, e durante momentos de sua fala a palavra de ordem “não vai ter golpe” foi puxada pelos pre-sentes.

Preocupadas com o avanço das pautas conservadoras no Congresso Nacional e o agravamento e instabilidade do atu-al quadro político no Brasil, as entidades e instituições esta-vam se reunindo há algum tempo para criar o Movimento. No evento de hoje, também foi lançado o “Manifesto em Defesa da Democracia e dos Direitos Sociais”. A carta foi lida ao públi-co pelo procurador Ricardo.

O lançamento do “Movimento” e do “Manifesto” reuniu diversas outras entidades, instituições e o conjunto da socie-dade para reafirmar a defesa das liberdades constitucionais, da democracia e dos direitos sociais e para dizer que não será aceito o rompimento da ordem democrática e nenhum retro-cesso ou retirada de direitos do povo trabalhador.

MPT participa do lançamento do “Movimento em Defesa da Democracia e dos Direitos Sociais”

Mais de 600 lideranças lotaram salão na Paróquia da Pompéia

Seminário debate trabalho, ação coletiva e democraciaO seminário “Trabalho, ação coletiva e democracia” foi rea-

lizado, em 3/7, pelo MPT, em parceria com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central dos Trabalhado-res e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e União Geral dos Traba-lhadores (UGT). O evento, realizado no auditório do MPT-RS, objetivou debater o papel da ampliação de direitos através das organizações de representação coletiva dos trabalhado-res como possibilidade de fortalecimento da democracia.

O então procurador-chefe do MPT-RS, Fabiano Holz Be-serra, destacou a ação conjunta de Ministério Público, Justi-ça do Trabalho e entidades sindicais em audiência pública da Assembleia Legislativa do Estado, promovida pelo Senado Federal, para consulta à sociedade sobre o PLC 30/2015, que estende as terceirizações para atividades-fim, além das ativi-dades-meio. “A ideia do evento foi a de aproximar o MPT das entidades sindicais. Já somos próximos por conta de nossas atribuições. Se olharmos a Constituição Federal e também as Leis que regem as entidades sindicais e o MPT, veremos que elas seguem os mesmos princípios. A diferença é que a repre-sentação sindical se dá em torno da categoria profissional e a representação do MP através de públicos mais difusos de co-letividades de trabalhadores. Mas a ação que o MPT pode ajui-zar na Justiça é do mesmo tipo de ação que o sindicato pode ajuizar”, explicou.

Foi apresentado histórico do movimento sindical brasilei-ro nos séculos XX e XXI, em paralelo à economia brasileira do período, pelo conselheiro da Associação Gaúcha dos Advoga-dos Trabalhistas (Agetra), Antonio Escosteguy Castro. O co-ordenador nacional da Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical (Conalis), procurador Francisco Gerson Marques de Lima, apresentou detalhes da atuação da Coor-denadoria na busca por aproximação com os sindicatos, lem-brando que as interpretações sobre a contribuição assistencial são controversas mesmo dentro do MPT. Participaram tam-bém dos painéis o presidente da CUT, Claudir Nespolo, e o desembargador federal do Trabalho Luiz Alberto de Vargas.

Público de 80 pessoas no auditório do MPT na sede Ramiro

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EntrEvista 19

Quais são os principais destaques da gestão 2013/2015 da PRT4?Acho que podemos pontuar sobre a forma como foi feita a gestão e suas principais realizações. Foi a primeira experiência de uma gestão em que o procurador-chefe adjunto foi exonerado integralmente de distribuição, então pôde se dedicar exclusivamente à administração. Algo como se houvesse dois chefes. Foi possível repartir as atribuições e conduzir projetos em paralelo, otimizando as realizações da chefia.

E quais foram as principais realizações da gestão?O maior destaque foi, sem dúvida, o início da obra da futura sede da PRT4. O terreno foi obtido em 2005 e somente no presente ano (2015) conseguimos iniciar a construção. Houve muito esforço para tanto, especialmente dos servidores administrativos envolvidos. Foram duas licitações desertas (sem interessados). Cada uma delas foi uma enorme frustração. Não bastasse isso, uma grande obra precisa de recursos. Os que tínhamos no MPT não eram suficientes, então foi necessária busca de emendas no Congresso Nacional. Com a ajuda do procurador-chefe que nos antecedeu, Dr. Ivan Camargo dos Santos, passamos dias percorrendo gabinetes de parlamentares gaúchos no Congresso explicando a relevância do MPT e a necessidade de uma sede própria. O esforço valeu a pena. A bancada gaúcha compreendeu a importância do nosso pleito e destinou uma emenda para a construção da obra. Para este ano, foram previstos 10 milhões, sendo que, por disposição regimental, o financiamento dos próximos anos está garantido. Há outras realizações a destacar?Sem dúvida. Uma grande vitória para a PRT4 foi obtida junto ao Tribunal Pleno do TRT4. Desde 2012, quando houve uma alteração no regimento do TRT4, o membro do MPT que fazia sessões no Tribunal não tinha, quando figurávamos como parte, acesso ao voto do relator, então havia muitas dificuldades para saber qual estratégia adotar. E mais, segundo os colegas que atuavam perante os órgãos fracionários (turmas e seções), os advogados tinham acesso ao voto desde a abertura da sessão, ao passo que o Ministério Público não o tinha nem depois de encerrada, tendo de contar com a colaboração do secretário para saber o resultado do julgamento. Além disso, uma nova alteração regimental foi proposta, na qual não apenas se mantinha a vedação de acesso ao voto do relator, como, quando o Ministério Público do Trabalho atuasse na condição de órgão agente, necessitaria de inscrição prévia para se manifestar na sessão de julgamento. Além de configurar restrição ao desempenho de nossas atividades, tais disposições, no entender da chefia, simbolicamente representariam uma grave capitis diminutio.

O pedido de vista e a retirada de pauta do processo que tratava do assunto, ocorridos há mais de um ano, foram tensos. O MPT já havia tido vista dos autos. Na ocasião, a intervenção da Presidente Cleusa Regina Halfen foi muito importante, convencendo os desembargadores que não concordavam a conceder a vista. Pois bem, devolvidos os autos com a manifestação do MPT, o processo entrou em pauta e a própria relatora, Des. Ana Luiza Heineck Kruse, alterou seu voto, propondo a simples revogação do antigo dispositivo (“Art. 94-A. O Ministério Público do Trabalho não terá acesso aos votos do Relator nos casos em que figurar como órgão agente”), sem a sua substituição por outro anteriormente redigido, que previa ainda a mencionada necessidade de inscrição. Foi feita sustentação oral pelo MPT e o Plenário, com exceção apenas de um Desembargador, afastou do regimento interno do Tribunal as restrições às prerrogativas ministeriais. Foi uma grande demonstração de respeito ao MPT-RS.

Como é dirigir uma Procuradoria do porte da 4ª Região?Em que pese a carência de membros e servidores, não é uma tarefa tão difícil quanto parece. A área administrativa (área meio ou estrutural) é composta por servidores muito capacitados, íntegros e com um bom tempo de casa. Fazem uma gestão patrimonial e de contratos muito boa, não obstante a citada carência de pessoal. Acima de tudo, são muito confiáveis. Não temos apontamentos junto ao Tribunal de Contas da União. O mesmo vale para os Procuradores e os servidores que os assessoram. Sempre contamos com a colaboração de todos. Muitas vezes, basta a chefia apoiar iniciativas dos próprios interessados, que as coisas acontecem. Um exemplo disso foi o projeto de atuação perante o setor frigorífico. A chefia apoiou o projeto, com recursos e participação direta, e os envolvidos transformaram a realidade do meio ambiente laboral no setor.

Algo mais a destacar?Um legado importante que fica é o patrimônio imobiliário da PRT4. Obtivemos, com a chancela do Procurador-Geral da República uma segunda sede, localizada no centro da Capital. Temos recursos para custear os contratos necessários e a área meio da PRT4 já se mudou para o local. Em novembro, diversos procuradores também vão se mudar para lá e, dessa forma, temos condições de aguardar a construção da nossa futura sede em condições adequadas de espaço físico. O mesmo vale para o interior do Estado. Compramos mais uma área contígua à PTM de Caxias do Sul. Fizemos uma locação sob medida em Santa Cruz do Sul, onde a proprietária construiu um imóvel de acordo com as especificações trazidas pelo próprio MPT, com acessibilidade plena. Estamos fazendo o mesmo em Pelotas e Passo Fundo. Há perspectiva de aquisição desses três imóveis. Enfim, temos boas condições para os próximos anos.

Fabiano Holz BeserraProcurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da 4ª Região (PRT4)

Natural de São Miguel do Oeste (SC), graduou-se em Direito pela UFRGS e como Mestre em Processo Civil pela PUCRS. É autor do livro “Ação Civil Pública e Relações de Trabalho: tutela da moralidade e da probidade administrativa”. Ingressou na carreira do MPT no 12º Concurso (2006). Exerceu os encargos de coordenador substituto da Coordenadoria de Atuação em 1º Grau de Jurisdição (Coord1); representante regional da Conap, Conatpa e Coordigualdade; representante (suplente) junto à Escola Judicial do TRT4; e secretário-geral da ANPT. Foi coordenador das unidades do MPT em Pelotas e em Santa Cruz do Sul. Procurador-chefe do MPT-RS de 2013 a 2015. Antes do MPT, atuou na Advocacia Geral da União (AGU).

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