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Testando os limites da AMBIENTE revista do meio Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental Acesse: www.portaldomeioambiente.org.br ano VII • novembro 2012 53 9772236101004 ISSN 2236-1014 ONU: contas mostram viabilidade da economia verde As ‘coisas indescritíveis’ do mundo de consumo Carta de Rio Branco – 35º Congresso dos Jornalistas Redução de emissões de gases poderá ser recompensada sustentabilidade

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Edição 53 da Revista do Meio Ambiente

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Testando os limites da

aMbienterevista do meioRebia Rede Brasileira de Informação Ambiental

Acesse: www.portaldomeioambiente.org.br

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9772236101004

ISSN 2236-1014

onu: contas mostram viabilidade da economia verdeas ‘coisas indescritíveis’ do mundo de consumo

carta de rio branco – 35º congresso dos Jornalistasredução de emissões de gases poderá ser recompensada

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nesta edição

fl orestas7 Redução de emissões de gases por desmatamento poderá ser recompensada

comunicação ambiental10 Sustentabilidade é tema de debate no 35º Congresso dos Jornalistas por Leandro Chaves

consumo responsável17 As ‘coisas indescritíveis’ do mundo de consumo por Washington Novaes

economia verde18 Contas mostram viabilidade da economia verde, diz Stelzer, da ONU por Pedro Biondi

• Desafi o das mudanças para a sustentabilidade• MT é responsável por cerca de 30% do desmatamento na Amazônia Legal• Mapa interativo mostra desmatamento na Amazônia• Tapar o sol com a peneira não faz sombra, um aviso à ministra do Meio Ambiente• Carta de Rio Branco• Primavera silenciosa• Ibama aprova megaporto de R$ 3,5 bi no sul da Bahia• Para a aplicação do Princípio 10• Direito à informação ambiental• Os consumidores do futuro• O desafi o de crescer sem degradar• Um clique pela sustentabilidade• Cidades e Soluções ganha prêmio de jornalismo e doa valor aos índios Suruís• Demonstrar compromisso e ser transparente• O cliente quer ser ouvido• Fenômenos climáticos extremos e conectados• Brasil perdeu o senso de urgência da mitigação das mudanças climáticas• Invasões biológicas• Anvisa demite gerente-geral que denunciou fraude • Anvisa anuncia devassa no setor de agrotóxicos• Médicos veem relação entre vida urbana e distúrbios mentais• Cemitérios, fontes renováveis de contaminação• Guia do Meio Ambiente

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30Os artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

• Saiba mais sobre a Rebia: www.portaldomeioambiente.org.br/pma/rebia-OSC/o-que-e-a-rebia.html• Participe do Fórum dos leitores e voluntários da Rebia: http://br.groups.yahoo.com/group/rebia/• Acompanhe a Rebia no Twitter: https://twitter.com/#!/pmeioambiente• Participe da Rebia no Facebook: www.facebook.com/groups/311542508874299/378356505526232/• Participe da Rebia no Orkut: www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=800116• Blog dos moderadores da Rebia: http://blog-rebia.blogspot.com/Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental: organização da sociedade civil, sem fi ns lucrativos, com a missão de contribuir para a formação e mobilização da Cidadania Ambiental planetária através da democratização da informação ambiental e da educação ambiental com atuação em todo o território nacional, editando e distribuindo gratuitamente a Revista do Meio Ambiente e o Portal do Meio Ambiente. CNPJ: 05.291.019/0001-58. Sede: Trav. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - 24370-290 – Site: www.rebia.org.brConselho Consultivo e EditorialAdalberto Marcondes, Ademar Leal Soares, Aristides Arthur Soffi ati, Bernardo Niskier, Carlos A. Muniz, David Man Wai Zee, Flávio L. de Souza, Keylah Tavares, Luiz A. Prado, Maurício Cabral, Paulo Braga, Raul Mazzei, Ricardo Harduim, Rogério Álvaro S. de Castro, Rogério RuschelDiretoria ExecutivaPresidente: Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista Moderadores dos Fóruns RebiaRebia Nacional ([email protected]): Ivan Ruela – gestor ambiental (Aimorés, MG)Rebia Norte ([email protected]) – Rebia Acre: Evandro J. L. Ferreira, pesquisador do INPA/UFAC • Rebia Manaus: Demis Lima, gestor ambiental • Rebia Pará: José Varella, escritorRebia Nordeste ([email protected]) – Coordenador: Efraim Neto, jornalista ambiental • Rebia Bahia: Liliana Peixinho, jornalista ambiental e educadora ambiental • Rebia Alagoas: Carlos Roberto, jornalista ambiental • Rebia Ceará: Zacharias B. de Oliveira, jornalista, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente • Rebia Piauí: Dionísio Carvalho, jornalista ambiental • Rebia Paraíba: Ronilson José da Paz, mestre em Biologia • Rebia Natal: Luciana Maia Xavier, jornalista ambientalRebia Centro-Oeste ([email protected]): Eric Fischer Rempe, consultor técnico (Brasília) e Fabrício Fonseca Ângelo, jornalista ambiental Rebia Sudeste ([email protected]) - Rebia Espírito Santo: Sebastião Francisco Alves, biólogo Rebia Sul ([email protected]) - Coordenador regional: Paulo Pizzi, biólogo • Rebia Paraná: Juliano Raramilho, biólogo • Rebia Santa Catarina: Germano Woehl Junior, mestre e doutor em Física. Rio Grande do Sul: Julio Wandam - Os Verdes de Tapes/RS e GT de Comunicação da Rede Bioma Pampa, fi liada a APEDeMA/RSPessoa JurídicaA Rebia mantém parceria com uma rede solidária de OSCIPs (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que respondem juridicamente pela fi nanças dos veículos de comunicação e projetos da Rebia:• Associação Ecológica PiratingaúnaCNPJ: 03.744.280/0001-30 • Sede: R. Maria Luiza Gonzaga, nº 217, Ano Bom - Barra Mansa, RJ • CEP: 27323-300 • Utilidade Pública Municipal e isenta das inscrições estadual e municipal • Prima – Mata Atlântica e Sustentabilidade(Ministério da Justiça - registro nº 08015.011781/2003-61) – CNPJ: 06.034.803/0001-43 • Sede: R. Fagundes Varela, nº 305/1032, Ingá, Niterói, RJ - CEP: 24210-520 • Inscrição estadual: Isenta e inscrição Municipal: 131974-0www.prima.org.br

Redação: Tv. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - 24370-290 • Tel.: (21) 2610-2272Editor e Redator-chefe (voluntário): Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista. Em 1999 recebeu o Prêmio Global 500 da ONU para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas • escritorvilmarberna.com.br • escritorvilmarberna.blogspot.com • [email protected] • Cel (21) 9994-7634Diretor Técnico (voluntário): Gustavo Berna, biólogo marinho, pós-graduado em gestão ambiental • (21) 8751-9301 • [email protected]órter-fotográfi co (voluntário): Leonardo da Silva Demamam Berna • (21) 7857-1573 ID 55*8*3824 • [email protected] de Atendimento (voluntária): Inês de Oliveira Berna, professora e bióloga Pós-graduada em Meio Ambiente • (21) 8711-3122 • [email protected] Editor Científi co (voluntário): Fabrício Fonseca Ângelo, jornalista, mestre em Ciência Ambiental, especialista em Informação Científi ca e Tecnológica em Saúde Pública • (21) 2710-5798 / 9509-3960 • MSN: [email protected] • Skype: fabricioangelo •midiaemeioambiente.blogspot.comProdução gráfi ca: Projeto gráfi co e diagramação: Estúdio Mutum • (11) 3852-5489 Skype: estudio.mutum • [email protected]ão: Imprinta Express Gráfi ca e Editora Ltda. Comercial:Representação em Brasília: Minas de Ideias Comunicação Integrada (Emília Rabello e Agatha Carnielli • Brasília (61) 3408-4361 / 9556-4242Rio de Janeiro: (21) 2558-3751 / 9114-7707 • [email protected]: agatha.cn •minasdeideias.com.br

Revista ‘neutra em Carbono’

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editorial

sustentabilidade

Existem limites para o papel da informação e da educação nas mudan-ças. Alguns resistem a mudar, e não necessariamente por falta de infor-mação, formação ou por maldade, mas por que mudar é difícil mesmo. Algumas mudanças a sociedade aprova e recomenda, outras não, o que tor-na a mudança não menos necessária, apenas mais desafiadora.

Por exemplo, a sociedade condena o hábito de fumar. Estabelece zonas de exclusão para fumantes e não fumantes, proibiu a propaganda de cigarro e obriga os fabricantes a veicularem imagens e textos dramáticos nos maços de cigarro. Ainda assim, não foi suficiente para convencer cerca de 20 por cento da sociedade a largarem o vício.

Por outro lado, a Sociedade estimula o consumismo, por todos os canais, de todas as maneiras, e a propaganda não respeita sequer as crianças mais jovens que ainda não sabem discernir direito o certo do errado, catequizando-as ao consumo desde cedo, ensinando que presentes materiais é uma forma de me-dir o tamanho do afeto e uma tentativa de suprir ausências de quem se ama.

Ao contrário de ser proibido, quanto mais se consome, mais a sociedade reconhece como bom, desejável, importante consumir. Não que exista nada de errado em consumir. É o que fazemos do berço ao túmulo. O problema está no exagero, na tentativa de se obter felicidade e respeito social através do consumo de bens materiais, na desigualdade que chega ao ponto de di-vidir as pessoas em classes pelo seu poder de consumo. Quem pode consu-mir e acumular mais, fica no topo da pirâmide social, quem não pode, fica na base. No meio, ficam os que lutam para não descer e almejam o andar de cima. Assim, a luta não é exatamente para acabar com a pirâmide, mas para que todos tenham os mesmos direitos de chegarem ao topo, ainda que do ponto de vista das utopias.

O resultado é um verdadeiro saque aos recursos naturais, destruição ma-ciça de ecossistemas e poluições de todo tipo, a ponto deste nosso estilo de vida estar ameaçando o próprio futuro da humanidade. E numa hipótese de todos ao mesmo padrão de consumo dos que estão no topo da pirâmide, não haveria recursos naturais necessários para todos. Então, é falsa a ideia dos pa-íses divididos em primeiro, segundo e terceiro lugar, como se houvesse uma corrida pelo desenvolvimento, pois não há possibilidades físicas do Plane-ta sustentar a todos que chegarem ao mesmo padrão dos chamados países

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de primeiro mundo. Ou se redistribui melhor a riqueza, ou se admite que a desigualdade faz parte de uma estratégia perversa de uns se apossarem de mais recursos do que os outros.

A nova escravidão moderna chama-se con-sumismo. E, esta, nem precisa de correntes e chicotes, pois não nos aprisiona de fora para dentro, mas captura nossos sonhos, desejos, utopias, e os transforma em bens de consu-mo, obrigando-nos a dedicar o melhor de nos-so tempo, liberdade e criatividade ao traba-lho. Temos pressa para produzir demais numa ponta e consumir demais na outra e falta tem-po até para comer direito. Comemos cada vez mais depressa e alimentos de má qualidade, o resultado são as epidemias de obesidade, dia-betes, hipertensão, ansiedade, depressão. E as-sim como entupimos nossas artérias de gor-dura, entupimos as ruas e avenidas de nossas cidades de automóveis, e com frequência vive-mos sem mobilidade no trânsito.

Ao contrário das campanhas contra o fumo, no consumismo, a campanha é por mais consumo e não menos. Nas embalagens dos produtos que consumimos não vem impresso imagens que mostrem o quanto de nossa saúde, da mobilida-de de nossas cidades e de meio ambiente teve de ser sacrificado. Não mostram as montanhas de lixo e a poluição que deixamos para trás com nosso estilo de vida e de consumo. Não mos-tram as injustiças sociais que acompanham as injustiças ambientais. Entretanto, sabemos dis-so e, ainda assim, como fazem os fumantes, pre-ferimos ignorar os avisos. Somos uma socieda-de viciada e dependente do consumismo e não queremos nos libertar. Ou queremos? * Vilmar é escritor e jornalista, fundou a Rebia - Rede Brasileira de Informação Ambiental (rebia.org.br), e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente), e o Portal do Meio Ambiente (portaldomeioambiente.org.br). Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas

Desafios das mudanças para a

Somos uma sociedade viciada e dependente do consumismo e não queremos nos libertar. Ou queremos?

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MT é responsável por cerca de 30% do desmatamento na

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Os dados do Sistema de Alerta de Desma-tamento (SAD) divulgados pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazô-nia (Imazon) apontam que o desmata-mento teve alta de 377% em outubro de 2012 na comparação com o mesmo perí-odo do ano anterior, abrangendo uma área de 487 quilômetros quadrados. Em outubro de 2011 os desmates na Amazônia Legal foram em uma área de 102 km2.

Conforme o levantamento, devido a co-bertura de nuvens, foi possível monitorar 83% do território, um valor bem superior a outubro/2011 (51%). O desmatamento acumulado no período de agosto a ou-tubro/2012 totalizou 1.151,6 km2. Houve aumento de 125% em relação ao período anterior (agosto a outubro/2011) quando o desmatamento somou 511 km2.

Em outubro de 2012, o desmatamento de-tectado pelo SAD comprometeu 26 milhões de toneladas de CO2 equivalente. No acu-mulado do período (agosto a outubro/2012) as emissões de CO2 equivalentes compro-metidas com o desmatamento totalizaram 57 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 27% em relação ao período anterior (agosto a outubro/2011). Fonte: G1

A plataforma de mapas interativos de ((o))eco, o InfoAmazonia.org, disponibilizou desde o fim de outubro dados de desmatamento dos 9 países que detêm a maior floresta tropical do planeta.

Até então, desde que lançado na Rio+20, o InfoAmazonia agregava ape-nas informações sobre áreas desmatadas no Brasil. A partir de agora, o des-matamento poderá ser acompanhado nas florestas do Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.

Os dados da PanAmazônia foram incluídos no mapa do desmatamento graças a uma parceria com o sistema Terra-i, um consórcio de pesquisado-res que utiliza imagens dos satélites Aqua e Terra para fazer um monitora-mento a cada 16 dias da destruição da floresta. A série histórica do Terra-i inicia-se em 2004 e os dados mais recentes mostram desmatamentos de maio de 2012. A atualização é disponibilizada a cada 3 meses.

Já as informações sobre o desmatamento no Brasil presentes no Info-Amazonia são providas pelos dois sistemas de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O Prodes, considerada a taxa oficial de desmatamento, é atualizado uma vez por ano. E o Deter, o sistema de alertas em tempo real, é disponibilizado a cada mês.

Um dos colaboradores do projeto, o professor Mark Mulligan, do King´s College de Londres, explicou em conversa telefônica que o Terra-i funcio-na a partir de um programa (ou algoritmo) que permite aos computadores identificarem alterações fora do padrão comum das variações naturais da vegetação. O monitoramento do sistema abrange toda a América Latina, mas no caso do InfoAmazonia, os limites utililizados para definir as fron-teiras da PanAmazônia são aqueles adotados pela Rede Amazônica de In-formação Sociambiental Georeferenciada (Raisg). Além do King’s College, as organizações que colaboram com o Terra-i são o Centro Internacional de Agricultura Tropical (Ciat - Dapa, baseado na Colômbia), a organização não governamental The Nature Conservancy (TNC) e a School of Business and Engineering – Hegi-VD, escola de engenharia baseada na Suíça.

Uma das tendências identificadas pelo Terra-i é um aceleramento da des-truição das florestas da Colômbia na região de Caquetá. A região estava sob domínio das Farc até o início dos anos 2000. Mas o processo de pacificação permitiu que produtores locais voltassem a produzir grãos e aumentarem as fazendas de gado leiteiro, como mostrou reportagem de ((o))eco Amazônia. Fonte: ((o))eco

Em rosa as áreas desmatadas na Amazônia Legal

Cerca de 30% dos desmates realizados na Amazônia Legal em outubro deste ano ocorreram em Mato Grosso, estado que registrou o segundo pior desempenho, antecedido pelo Pará cuja responsabilidade para os desmates foi de 36%, pouco mais de um terço

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Acesse a plataforma em http://infoamazonia.org/pt/

O monitoramento do sistema abrange

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ser recompensadaIniciativa visa estabelecer valor econômico para a “floresta em pé” e criar regras que viabilizem a remuneração do proprietário que mantém área florestada

Redução de emissões de gases por desmatamento poderá

A Comissão de Constituição, Justiça e Cida-dania (CCJ) aprovou, em 7 de novembro, pro-jeto de lei (PLS 212/2011) do senador Eduardo Braga (PMDB-AM) que cria sistema de redu-ção de emissões por desmatamento e degra-dação florestal e incentiva o manejo susten-tável e o aumento dos estoques de carbono, conhecido como REDD+. A iniciativa visa esta-belecer valor econômico para a “floresta em pé” e criar regras que viabilizem a remuneração do proprietário que mantém área florestada.

Para o autor da proposta, a implantação do sistema de REDD+ contribuirá para que as florestas brasileiras sejam vistas como ativos econômicos. A medida, segundo prevê, será um estímulo para a preservação e recupera-ção de áreas florestadas nas propriedades ru-rais, contribuindo para a redução das emis-sões de gases de efeito estufa e para minimi-zar os efeitos das mudanças climáticas.

O país ainda não conta com um ordenamen-to legal para regulamentar o mercado de ser-viços ambientais, ou seja, a remuneração pela proteção de ecossistemas responsáveis pela manutenção da vida no planeta e das con-dições necessárias à produção agropecuária. Caso o sistema REDD+ seja transformado em lei, comunidades tradicionais ou mesmo agri-cultores individuais que preservam matas na-tivas poderão entrar nesse mercado e ter aces-so a uma nova fonte de renda.

Para viabilizar o mecanismo, o projeto pre-vê que seja instituída a Unidade de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (Uredd), correspondente a uma tone-lada de dióxido de carbono equivalente que deixou de ser emitida com a manutenção da floresta. As Uredds poderão ser usadas na ob-tenção de financiamentos ou convertidas em títulos que poderão ser negociados em bolsas de valores do país ou no exterior.

O texto estabelece que seja criada uma Co-missão Nacional para REDD+, que terá, entre

outras, a função de regulamentar a UREDD e a emissão de títulos. Tam-bém prevê que o sistema seja financiado com recursos dos fundos sobre Mudança do Clima, Amazônico, de Meio Ambiente e de Desenvolvimen-to Florestal, além de recursos provenientes de acordos internacionais, doações e de orçamentos públicos.

Código FlorestalDurante a tramitação do projeto de reforma do Código Florestal (PLC

30/2011) no Senado, Eduardo Braga apresentou emenda para incluir o sis-tema de REDD+ na nova lei, mas a sugestão foi rejeitada. O texto aprovado pelos senadores incluiu outros incentivos econômicos e financeiros para preservação e recuperação de áreas florestadas, como a concessão de cré-dito agrícola com juros menores e prazos de pagamento maiores.

Nos debates sobre o novo código, tanto Eduardo Braga quanto Jorge Viana (PT-AC), que dividiu com Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) a relatoria da matéria, argumentaram reiteradas vezes que as florestas devem ser vistas como ativos e não como ônus ou impedimento ao desenvolvimento do Brasil.

Na justificação do PLS 212/2011, Eduardo Braga afirma que a formalização de um sistema de REDD+ no país é essencial para consolidar o controle do desmatamento nos biomas, por meio de incentivos à preservação. O rela-tor do projeto na CCJ, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), elogiou a inicia-tiva e apresentou voto favorável.

Durante a discussão da matéria na CCJ nesta quarta-feira, Eduardo Braga observou que o Brasil tem apresentado resultados positivos na redução do desmatamento e que precisa, cada vez mais, inovar e avançar nesta questão. Luiz Henrique afirmou que a política mais eficaz para garantir a preservação ambiental é atribuir valor econômico aos bens florestais, o que, segundo o senador, poderá ser viabilizado pelo PLS 212/2011.

A proposta será analisada agora pelas comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Meio Ambiente (CMA), esta última em decisão terminativa. Fonte: Agência Senado

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saúde e meio ambiente

tapar o sol com a peneiranão faz sombra, um aviso à ministra do Meio Ambiente

A ministra Teixeira anuncia pomposamente que “a moratória da soja e o meio ambiente provam que no Brasil, se pode aumentar a produção de soja, sem impactar o meio ambiente”. Ela pode se iludir e iludir os desinformados, que não vivem na Amazônia e não acompa-nham os acontecimentos. Não adiantou alguém vir dizer que apenas 2 milhões de hectares de soja estão plantados na Amazônia, como se essa área fosse uns 10 a 15 campos de futebol de floresta destruída.

A tal moratória da soja foi uma armação das empresas exportadoras de grãos, Cargill, Bunge, Maggi e outras agrupadas numa associação chamada Abiove, que foram apoiadas por ONGs ambientalistas, que in-genuamente (se é que se pode dizer que ONGs internacionais sejam in-gênuas), acreditaram numa moratória de dois anos, com possibilidade de mais um ano, mais um ano e mais outros. Com o boom da economia chinesa e o mal da vaca louca na Europa, o preço da soja disparou no mercado internacional. O governo brasileiro, que baseia o crescimen-to do PIB especialmente na exportação de commodities fechou os olhos à expansão da “nova fronteira” agrícola no Oeste do Pará.

A armação da Abiove começou em 2006, quando o desmatamento na Amazônia estava galopante, a questão do meio ambiente e a Amazônia passaram a ser uma questões de vida ou morte. A proposta era uma mora-tória de dois anos, a partir de julho 2006. Críticos dessa armação propuse-ram que se se queria uma moratória séria, que contasse a partir de 2003, quando iniciou o grande desmatamento para soja no Oeste do Pará e fos-se por dez anos. Os exportadores de grãos perceberam a intenção da pro-posta de dez anos e reagiram. Como as ONGs preferiram ficar com a Abio-ve, ignoraram os críticos e assim ficou. E está dando no que existe hoje.

Só no último ano (2011/2012) aumentou o desmatamento com plantio de soja na Amazônia em 18.000 hectares. Só no Estado do Pará foram 2.000 hectares de desmatamento, sendo que na região Oeste está a maior con-centração de plantio de soja. Dizer que a moratória de dois anos, que já vai

com aditivos de mais seis anos, foi a solução é realmente querer tapar o sol com peneira. E a presença do plantio de soja no Oeste do Pará trouxe ainda outra agravante, o uso intensi-vo de agrotóxicos, contaminando terra e ma-nanciais de igarapés, lagos e rios. O aumento de câncer em algumas comunidades rurais da região revela que, enquanto grandes em-presas exportadoras ganham grandes lucros, enquanto plantadores de soja ganham suas boas rendas, os impactos sociais e ambien-tais se multiplicam.

A moratória da soja na Amazônia continua a ser uma falácia aplaudida até pela ministra do meio ambiente. Ou ela é muito ingênua, o que é difícil acreditar, ou ela aplaude o cres-cimento da Economia, sem se importar com os povos da Amazônia. Mas para quem vive na Amazônia e acompanha os acontecimen-tos com um olhar de indignação, não se ilude com tais anúncios de diminuição de desma-tamento na região. É importante que os e as brasileiras com ética saibam que a soja conti-nua a ser uma desgraça para a Amazônia. Fonte: Instituto Humanitas Unisinos

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“Só no último ano (2011/12) aumentou o desmatamento com plantio de soja na Amazônia em 18.000 hectares. Só no Estado do Pará foram 2.000 hectares de desmatamento, sendo que na região Oeste está a maior concentração de plantio de soja. Dizer que a moratória de dois anos, que já vai com aditivos de mais seis anos, foi a solução é realmente querer tapar o sol com peneira”, escreve Edilberto Sena, padre, coordenador geral da Rádio Rural de Santarém, presidente da Rede Notícias da Amazônia – RNA e membro da Frente em Defesa da Amazônia – FDA, ao enviar o artigo que publicamos a seguir

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, participa da divulgação dos dados que indicam que a área de soja plantada em terras de desmatamentos na Amazônia saltou de 11,69 mil hectares na safra de 2010/2011 para 18,41 mil hectares no ciclo 2011/2012, representando um aumento de 57%. Os números estão no estudo Moratória da Soja

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Cultura e comunicação para a sustentabilidade

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Construção da Pessoa, Ética e Felicidade

Educação e Cidadania socioambiental

meio ambiente e sustentabilidade

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No último dia do 35º Congresso Nacional dos Jornalistas, que este ano teve sede no Acre, os participantes tiveram a oportunidade de se apro-fundar em um dos temas que tem pautado cada vez mais o jornalismo brasileiro: desenvolvimento sustentável. O painel Sustentabilidade e Desenvolvimento da Amazônia, que aconteceu no auditório da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Acre (Fecomercio/AC), teve como painelistas o senador Jorge Viana e o pesquisador da Uni-versidade Federal do Acre (Ufac), Foster Brown.

O debate contava com a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva como debatedora, mas ela não compareceu devido a problemas de saúde, segundo a organização do evento.

Os dois participantes focaram seus discursos nos eventos climáticos extremos que os acreanos enfrentaram em 2005, com a falta de chuvas, e no início deste ano, com a cheia do rio Acre. Para eles, essas duas situações são respostas para as agressões ambientais provocadas pelo homem.

Causados pelo intenso calor e ausência de chuvas por mais de três meses, os incêndios florestais espontâneos ocorridos na Amazônia em 2005, por exemplo, desafiaram as autoridades e os estudiosos, que até então não ti-nham conhecimento da possibilidade de queimadas em florestas tropicais sem influência humana. Para Viana, este episódio “teve relação direta com a mudança que o clima está passando nos últimos anos”.

Segundo Brown, os incêndios da maior seca dos últimos 40 anos no Acre derrubaram entre 330 mil e 400 mil hectares de floresta no Estado. “Os efei-tos também são sentidos nas aldeias indígenas, onde seus habitantes recla-mam do forte calor, da seca dos rios e da baixa produtividade agrícola”, disse.

Neste ano, a mesma população que enfrentou uma de suas piores secas precisou abandonar suas casas alagadas pela maior cheia da história do

Senador Jorge Viana e Foster Brown debateram sobre Desenvolvimento Sustentável

rio Acre, que atingiu mais de 120 mil pessoas – só em Rio Branco 1,7 mil famílias tiveram de deixar suas casas. Os prejuízos, segundo o pes-quisador da Ufac, foi e mais de R$ 200 milhões para os oito municípios atingidos pela en-chente. De 2009 para cá, a capital acreana já gastou aproximadamente R$ 45 milhões com a cheia do manancial.

“Sempre vai acontecer desastres naturais. A resposta da sociedade é que pode ser dife-rente”, afirmou Brown.

Sustentabilidade e comunicaçãoDurante o debate, o senador Jorge Viana res-

saltou a importância dos meios de comunica-ção na veiculação de informações sobre sus-tentabilidade. De acordo com ele, a sociedade precisa de mais jornalistas que conheçam a fundo o termo para cobrar coerência nas prá-ticas ditas sustentáveis.

“É necessário o repórter ter o senso crítico apurado. Hoje as palavras ‘sustentabilidade’ e ‘sustentável’ estão presentes nos discursos de muita gente. Quem não pensa ou traba-lha a sustentabilidade está fora do contexto. Mas, às vezes, existe diferença entre o que se prega e o que se pratica”.

Ainda segundo Viana, o tema não é trata-do como deveria pelos jornais formais. A sa-ída é “inserir o assunto na vida dos jorna-listas. Precisamos que a imprensa seja mais

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Sustentabilidade é tema de debate no 35º Congresso dos Jornalistas

A Rebia participou do evento no painel O Jornalismo Ambiental e as Diversidades Ambientais no Brasil, que teve como debatedores Vilmar Berna (Rebia) e Juarez Tosi (Ecoagência-RS) e a mediação de José Torves (Fenaj)

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conhecedora do assunto do que o entrevis-tado”, argumenta.

Ele citou o jornal O Varadouro, que circu-lou no Acre durante a Ditadura Militar, como exemplo de influência jornalística para a mu-dança de uma realidade. O veículo, criado pe-los jornalistas Elson Martins e Silvio Marti-nello, desafiava as autoridades públicas do Estado ao defender explicitamente as comu-nidades mais excluídas do Acre, como os ín-dios e os seringueiros, além de lutar pelo fim do desmatamento da floresta que abrigava es-sas populações.

Prêmio Chalub Leite encerra congressoO último dia do 35º Congresso Nacional dos

Jornalistas também foi marcado pela entrega do 13º Prêmio José Chalub Leite para os pro-fissionais da imprensa acreana. A solenidade aconteceu no Maison Borges.

Antes, no auditório da Fecomercio/AC, acon-teceu o ato de lançamento do relatório da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Violência e Liberdade de Imprensa no Brasil – 2011, e da Comissão Nacional “Memória, Ver-dade e Justiça”. Participaram o presidente do órgão, Celso Schröder; o assessor especial da Secretaria de Direito Humanos da Presidência da República e coordenador do Projeto Direito à Memória e à Verdade, Gilney Viana; e a dire-tora do Departamento de Relações Institucio-nais da Fenaj Beth Costa.

Em seguida, Vilmar Berna, da Rede Brasilei-ra de Informação Ambiental (Rebia) e Juarez Tosi, da Ecoagência Solidária e Notícias Am-bientais, falaram sobre Jornalismo Ambiental e as Diversidades Ambientais no Brasil na últi-ma roda de conversa do evento.

Para a presidente do Sindicato dos Jornalis-tas do Acre (Sinjac), Jane Vasconcelos, o con-gresso no Acre fez história porque, pela pri-meira vez, mudou seu tema ao se pautar pelo meio ambiente. “A temática tratada pelo even-to é extremamente necessária para os forma-dores de opinião. Ainda mais porque é isso que a sociedade espera de nós, jornalistas, nes-tes tempos em que o termo sustentabilidade se popularizou”, disse.

“A realização desse congresso no Acre foi um marco para a Fenaj. Incorporamos a sus-tentabilidade na nossa plataforma de debate. As discussões sobre esse assunto não são na-turais, elas precisam de um indutor e esse foi o nosso papel”, concluiu Beth Costa, que tam-bém é Secretária Executiva da Federação In-ternacional dos Jornalistas (FIJ). Fonte: Página 20

Os jornalistas brasileiros, reunidos em seu 35º Congresso Nacio-nal, realizado em Rio Branco (Acre), no período de 7 a 10 de no-vembro, dirigem-se à Nação Brasileira para expressar suas preo-cupações relativas ao modelo de crescimento econômico adotado na maioria dos países do mundo, no qual o ser humano, o respeito aos demais seres vivos e a utilização responsável dos recursos natu-rais do planeta não são a prioridade.

A categoria entende que a mais recente crise do capitalismo refor-ça a necessidade de a humanidade buscar novos caminhos para o efetivo desenvolvimento dos diversos povos que habitam o planeta, reunidos ou não em nações. A forma predatória de exploração do ser humano e dos recursos naturais do planeta precisa dar lugar ao de-senvolvimento com sustentabilidade.

Este é um salto para o qual o Jornalismo e os jornalistas profissio-nais têm importante contribuição a dar. O Jornalismo Ambiental deve ser difundido até que cheguemos à condição ideal de que todo o Jornalismo seja ambiental. E, para além do jornalismo especializa-do, o olhar sobre as questões socioambientais – pilares da sustenta-bilidade – tem de estar presente, transversalmente em toda a cober-tura jornalística.

O Jornalismo, como forma de conhecimento imediato da realidade, deve proporcionar aos cidadãos(ãs) brasileiros(as), as informações ne-cessárias para a formação do juízo crítico em relação ao que é comu-mente apresentado como avanço para a Nação. Desenvolvimento medi-do pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo, não re-vela os custos socioambientais que quase invariavelmente são gerados.

Para cumprir seu papel social, os jornalistas precisam contar com um ambiente de real liberdade de expressão e de democracia nas co-municações. Assim como os autonomistas acreanos lutaram, no pas-sado, para conquistar seus direitos políticos, transformando o Acre em Estado, os jornalistas lutam pela conquista de autonomia intelec-tual sobre seu trabalho. Esta autonomia é condição para que o Jorna-lismo seja meio para a liberdade de expressão dos diversos segmen-tos da sociedade, em especial da classe trabalhadora.

A categoria, que é protagonista no debate sobre a democratização dos meios de comunicação, reitera a urgência da aprovação de um novo marco regulatório para a área das comunicações, sob a princí-pio do controle público dos meios, entendido como um conjunto de mecanismos e espaços públicos que atuem no sentido de impedir o predomínio de interesses privados em detrimento do interesse ge-ral da sociedade. Para isso, conclama a presidenta Dilma Rousseff a levar adiante as propostas aprovadas na Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada em 2009.

Entre estas propostas, os jornalistas destacam a criação do Conse-lho Nacional de Comunicação, a aprovação de uma nova Lei de Im-prensa para o país e a necessidade de aperfeiçoar a regulamentação

cartade Rio Branco

Confira o conteúdo da carta do 35º Congresso Nacional

Sustentabilidade

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nov 2012 revista do meio ambiente

silenciosa

Muitas reportagens têm lembrado a coinci-dência de tantos aniversários de 50 anos. Em 1962 saiu o primeiro fi lme de James Bond e o primeiro compacto dos Beatles. No mesmo outubro, o subcomandante russo Vasili Arkhi-pov evitou a Terceira Guerra Mundial, mesmo colocando sua própria vida em risco.

Mais importante para o ambiente foi o lan-çamento de Primavera Silenciosa de Rachel Carson, em outubro de 1962.

Este é um livro que não suporta escrutínio detalhado. Muitas de suas pre-visões, também, não ocorreram. Desde seu lançamento a indústria quími-ca não teve difi culdades em encontrar pontos falhos e como era previsível, atirou sem dó, algumas vezes até errando. Em uma destas vezes, o livro foi acusado de mortes por malária que o DDT poderia ter evitado. Bobagem. Este inseticida nunca foi banido para este uso e até a autora aceitava seu uso para controle do inseto vetor.

Por muitos anos, cri que os pontos fracos do livro eram tantos que ele seria um desserviço para a causa ambiental, mas mudei de ideia ao perceber o tanto que foi feito por causa dele. Logo após seu lançamento, o então presi-dente dos EUA pediu a seu Comitê de Aconselhamento Científi co (se algu-ma Presidente gostar da ideia, esta coluna não terá sido em vão) que inves-tigasse o problema. Contrariando o Ministério da Agricultura e grande par-te da Indústria Química, o governo norte americano baniu o DDT. Devemos a Carson a precaução de desconfi ar de produtos sintéticos e a existência de órgãos governamentais para o ambiente, como IAP, EPA e Cetesb.

Carson errou nos detalhes mas acertou maravilhosamente nas gran-des questões. Sua demonstração que grandes conglomerados promovem intencionalmente campanhas de desinformação antecedeu a discussão sobre os malefícios do fumo e das alterações climáticas. Neste próximo dia 6/11 a Califórnia votará a identifi cação de transgênicos, mais um fruto tardio de Primavera Silenciosa.

A história de Carson mostra uma mulher capaz de fazer diferença também em sua família. Seu pai morreu em meio a seu doutorado e ela sustentou mãe e duas sobrinhas após a morte de sua irmã mais velha. Ela veio a falecer dois anos depois da edição de Primavera Silenciosa, e nunca divulgou sua luta con-tra o câncer, com receio de considerassem seu argumento como algo pessoal.

Mais do que um livro sobre pesticidas, Primavera Silenciosa é um questio-namento sobre o efeito humano no mundo natural. Ainda temos alguns me-ses em 2012 para fazer algo que nossos fi lhos lembrem daqui 50 anos. *Doutor pela Universidade de Harvard, professor associado de Recursos naturais da Universidade Estadual de Londrina, consultor do programa Fodepal da Fao-Onu, autor dos livros Biologia da Conservação e Histórias Impublicáveis sobre trabalhos acadêmicos e seus autores. Também ajuda escolas do Vale do Paraíba (SP), Brasília (DF), Curitiba e Londrina (PR) a transformar lixo de cozinha em adubo orgânico e a coletar água da chuva. É professor visitante da UFPR, PUC-PR, Uneb - Paulo Afonso e Duke (EUA)

A importância do livro de Rachel Carson, lançado em 1962

texto Efraim Rodrigues*

Primavera

de Rachel

Este é um livro que não suporta escrutínio detalhado. Muitas de suas pre-

da profissão de jornalistas, tendo como base a criação do Conselho Federal e Conselhos Regionais de Jornalistas (CFJ) e, ainda, a retomada da exigência da for-mação de nível superior em Jornalismo para o exercício da profissão, com a apro-vação na Câmara dos Deputados da Pro-posta de Emenda à Constituição (PEC), já aprovada no Senado.

Neste sentido, os jornalistas repudiam todas as tentativas de classifi car como autoritárias as propostas de regulamen-tação da profi ssão de jornalista e do se-tor das comunicações, manipulação pro-movida pela mídia conservadora que, fre-quentemente, também atua contra os go-vernos progressistas da América Latina.

Os jornalistas brasileiros também preci-sam de condições dignas de trabalho. Por isso reivindicam a aprovação da lei fede-ral que cria o Piso Nacional da Categoria e o respeito à jornada de trabalho de 5 ho-ras diárias e às demais normas estabeleci-das na CLT, para por fi m à crescente preca-rização das relações de trabalho.

A categoria reivindica a implementa-ção de um protocolo nacional, a ser ce-lebrado com os empregadores, contem-plando o Piso Nacional, o respeito aos di-reitos de autor dos jornalistas e medidas para garantir a segurança dos trabalha-dores no exercício da profissão.

Os jornalistas somam-se ao esforço de resgate da dívida histórica para com aqueles que foram vítimas de violências praticadas pelo Estado Brasileiro quan-do sob domínio da ditadura militar e o fazem por meio da criação da Comissão Memória, Verdade e Justiça da Fenaj.

Por fi m, os jornalistas brasileiros reafi r-mam seu compromisso com promoção da igualdade de gênero e etnicorracial, entendendo que os grupos sociais histo-ricamente discriminados têm o direito de desfrutar do binômio justiça e desenvol-vimento. Reafi rmam também o compro-misso com a observância de seu Código de Ética, com a defesa das liberdades de expressão e de imprensa e do direito do cidadão (ã) à comunicação, ressaltando o papel fundamental do Jornalismo na con-solidação da democracia e da cidadania. Fonte: Fenaj

carta de rio branco (continuação)

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política ambiental

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A licença prévia concedida pelo Ibama, con-forme apurou o Valor, contempla a cons-trução de um terminal de uso privativo da empresa Bahia Mineração (Bamin) e de um terminal de uso público. As duas estruturas serão usadas para o transporte de minério de ferro, soja, etanol e fertilizantes, entre outros granéis sólidos.

Para liberar a licença, o Ibama impôs ao gover-no baiano e à Bamin o atendimento a 19 ações compensatórias, além da implantação de 34 pro-gramas ambientais. Entre as medidas condicio-nantes estão projetos como o tratamento de re-síduos sólidos, o incentivo à atividade pesqueira, a proteção à fauna terrestre e até um programa de prevenção à exploração sexual na região. Par-te das ações exigidas pelo licenciamento deverá ter início imediato, enquanto outros projetos se-rão realizados ao longo da construção do porto e, em alguns casos, durante sua operação. O início efetivo das obras depende agora da comprova-ção de atendimento às condicionantes. A licença tem dois anos de validade.

A previsão é que a construção de Porto Sul gere cerca de 2,6 mil empregos diretos no auge das obras. O prazo total estimado para conclu-são do empreendimento é de 54 meses. A par-tir daí, a estrutura passará a ser operada por cerca de 1,7 mil funcionários.

Desenhado para movimentar cem milhões de toneladas por ano, Porto Sul contará com ponte de acesso marítimo, na qual a atracação será a 3,5 km da costa. O porto, estudado há décadas, nasce dentro do novo modelo de concessão por-tuária preparado pelo governo. O projeto foi alvo de acusações de ambientalistas, que enxer-gam riscos de degradação em uma área de ape-lo turístico, cercada por riquezas naturais. Para viabilizar o empreendimento e reduzir suas fra-gilidades ambientais, o governo mudou o local de instalação, de Ponta da Tulha para Aritaguá.

Aprovação de porto deve acelerar obras da Ferrovia Oeste-Leste

O avanço no processo de licenciamento am-biental do Porto Sul da Bahia deve trazer uma nova injeção de ânimo para as obras da Ferro-via de Integração Oeste-Leste (Fiol), empreen-dimento tocado pela estatal Valec. A malha de 1.019 quilômetros da ferrovia que sai do litoral baiano até chegar ao município de Barreiras, no Oeste do Estado, tem enfrentado uma série de dificuldades para sair do papel. Um de seus maiores problemas é a desapropriação de imó-

de R$ 3,5 bi no sul da BahiaUm dos mais importantes e polêmicos projetos de infraestrutura portuária do país vai sair do papel. O Ibama deu sinal verde para a construção do Porto Sul, um megacomplexo portuário que será instalado em Ilhéus, no sul da Bahia. Com investimentos estimados em R$ 3,5 bi e área total de 1,8 mil hectares, Porto Sul é defendido como empreendimento crucial para viabilizar o escoamento de minério do Sertão baiano, por ser o destino final da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), malha que está sendo construída pela estatal Valec

veis. No traçado planejado entre Ilhéus e Barreiras existem nada menos que 2.501 propriedades que precisam ser liberadas para dar passagem aos tri-lhos. Até abril deste ano, apenas um terço desses casos estavam resolvidos e as obras avançavam apenas pontualmente, em pequenos trechos.

A Fiol soma investimentos de R$ 4,2 bilhões, dinheiro que sairá do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A prioridade da União e também do go-verno baiano é destravar ao menos os primeiros 500 km da malha que ligarão o município de Caetité até os terminais do Porto Sul. A situação é crítica. Até abril, apenas 15% deste trecho estava liberado para a ação dos trabalhadores.

Em Caetité estão as minas da Bahia Mineração (Bamin). O projeto da em-presa prevê que 19,5 milhões de toneladas de minério de ferro sejam trans-portados por ano até o Porto Sul. Numa segunda fase, mais 45 milhões de toneladas anuais deverão ser carregadas pelos trilhos da Fiol e embarcadas em navios ancorados em seu terminal, em Ilhéus. Sem a ferrovia, não tem negócio. Pelo plano da empresa, não há previsão de nenhum outro modal de escoamento ou de entrega. A previsão da Bamin, conforme previsto no relatório de impacto ambiental do Porto Sul, é de que seu terminal portu-ário receba, em média, cerca de quatro composições ferroviárias por dia, cada uma com 140 vagões. Com essa estrutura, a empresa terá capacidade de movimenta diariamente 62,1 mil toneladas de minério de ferro.

Com seu controle 100% nas mãos da Eurasian Natural Resources Corpo-ration (ENRC), grupo do Cazaquistão, a Bamin pretende iniciar sua explo-ração em Caetité em 2014, transformando a Bahia no terceiro maior pro-dutor de minério de ferro do país. Para a Valec, a conclusão da Fiol tornou-se uma questão de honra. A estatal, que tinha a missão de reconstruir toda a malha ferroviária do país, teve a maior parte de seus projetos sa-cados pelo governo, para que agora sejam concedidos à iniciativa privada. Em obras, sobrou para a Valec o trecho sul da Ferrovia Norte-Sul e a Fiol. Fonte: Instituto Humanitas Unisinos

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política ambiental

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Os representantes dos países signatários da aplicação do Princípio 10 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimen-to aprovaram dia 7/11, em reunião na sede da Comissão Econômica para a América La-tina e o Caribe (Cepal), um roteiro para a im-plementação do acordo em nível regional.

O Princípio 10 da declaração aprovada em 1992 na Conferência das Nações Unidas so-bre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Eco92, que ocorreu no Rio de Janeiro, fala da participação dos cidadãos nas questões am-bientais e da facilitação e estimulo à parti-cipação por meio do acesso deles à informa-ções sobre o meio ambiente.

O princípio determina que as nações devem facilitar a conscientização e a participação po-pular, colocando as informações à disposição de todos. Determina também que será propor-cionado o acesso efetivo a mecanismos judi-ciais e administrativos, inclusive no que se re-fere à compensação e reparação de danos.

No texto aprovado hoje, os representantes declaram que informação é a base de todas as sociedades democráticas e que é imprescin-dível incorporar a informação ambiental ao domínio público. Eles também reconheceram que é necessário promover a participação de todos os setores da sociedade no desenvolvi-mento dos temas que constituem a agenda ambiental regional.

Os países signatários destacaram que os principais objetivos do documento devem ser alcançar uma visão comum sobre a importân-cia e os benefícios dos direitos de acesso do Princípio 10 e reconhecer as condições particu-lares de cada país. O avanço do plano de ação será discutido no primeiro quadrimestre de 2013 e prevê a realização de encontros sobre pontos específicos ao menos uma vez por ano.

Foi acordada a elaboração de um informe so-bre a situação dos direitos de acesso do Princípio 10 nos países signatários, assim como de outro documento que reúna práticas neste sentido, tanto em nível nacional como internacional. Fonte: Agência Brasil

Pressuposto inabdicável de uma gestão ambiental sustentável (pú-blica ou privada) é a informação ambiental, cuja abordagem re-quer considerar, ao menos, dois aspectos: a elaboração e o acesso. Sua inacessibilidade tem como resultado o não conhecer e assim, a inevitável incompreensão de um determinado ambiente, das múlti-plas relações a ele inerentes e da sua complexidade.

Sem conhecimento, a decisão fica inevitavelmente precariza-da ou, no mínimo, prejudicada e, consequentemente, as possibili-dades de efeitos danosos à biodiversidade e também à sociedade são ampliadas. Por outro lado, o acesso à informação ambiental não é uma garantia absoluta do pleno afastamento de tais efeitos. Mas é, sim, um dos muitos instrumentos legalmente instituídos para uma política ambiental que os previna ou, quando acontecerem, que os minimizem.

Por isso que um dos princípios formadores do Direito Ambiental é o da informação, o qual inundou as normas ambientais desde a Consti-tuição Federal, passando por leis federais, chegando às regras locais. Em diplomas internacionais também verificamos tal princípio, como na Declaração do Rio de Janeiro (1992), quando garante ao indivíduo o acesso a “informações relativas ao meio ambiente”.

É condição constitucional para a garantia do direito fundamental ao ambiente ecologicamente equilibrado, das presentes e futuras gera-ções, a publicidade dada pelo órgão ambiental (municipal, estadual ou federal) aos dados relativos a determinada obra e/ou atividade, atinen-te ao licenciamento ambiental ou ao Estudo Prévio de Impacto Ambien-tal e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental.

Mais além, determina uma emenda, em 1989, à Lei 6.938/81, que dispõe sobre a política nacional do meio ambiente, a qual garantiu à coletividade e obrigou ao órgão público ambiental a prestação de informações. Nem mes-mo a inexistência da informação reclamada pode ser arguida, pois nesses casos ela deverá ser produzida pelo poder público e publicizada (XI, art. 9º).

Não diverge a Constituição do RS. No seu art. 168, quando trata da po-lítica de desenvolvimento, igualmente garante à coletividade o acesso às informações sobre qualidade de vida e meio ambiente. Na mesma direção, o Código Estadual do Meio Ambiente que considera direito do cidadão o acesso à informação ambiental (II, art. 2º).

Assim, foge da legalidade a administração pública que não informa, informa parcialmente ou de maneira não-clara sobre atos e/ou ma-térias ambientais relativas às suas atribuições. Ademais, tal conduta pode configurar, em tese, crime contra a administração pública am-biental, previsto na Lei 9.605/98.

Não permitir que a coletividade conheça os impactos negativos de empreendimentos não é só uma inconstitucionalidade, mas também uma afronta aos princípios democráticos e republicanos e uma real ameaça à tutela ambiental. *Antonio Soler é professor de Direito Ambiental e membro do CEAFonte: http://centrodeestudosambientais.wordpress.com

Países assinam acordo para assegurar participação das pessoas e informação nas questões ambientais

O acesso às informações públicas é um direito e não um favor

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É muito comum quando falamos em meio ambiente e sustentabilidade, indagarmos sobre que planeta e qualidade de vida estamos legando às gerações futuras, mas nos esquecemos de perguntar que crianças esta-mos legando ao planeta. Em outubro, o Ministério do Meio Ambiente lan-çou a campanha Crianças e consumo, com ações que ocorrerão até o fim do ano, em parceria com o Instituto Alana, organização não governamental de defesa da infância livre de consumismo.

Em 15 de outubro, comemorou-se o Dia do Consumo Consciente. A data foi instituída pelo Consumers International e adotada pelo Ministério do Meio Ambiente desde 2009 para conscientizar a população sobre os problemas socioambientais que os padrões atuais de produção e consumo estão cau-sando. As montanhas de lixo que se acumulam nos lixões e aterros sanitá-rios são apenas um sintoma de algo mais grave, a doença urbana do consu-mo concentrado e exacerbado de embalagens e o do descarte inadequado.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada em 2010, e o Plano Na-cional dela derivado são regidos pelo princípio do compartilhamento. Não basta o governo fazer sua parte, nem mesmo as empresas — que deverão se responsabilizar pelo destino final das embalagens que produzem ou distri-buem, se os consumidores não mudarem hábitos de consumo e de descarte.

Para dar exemplo, o MMA assinou um acordo com a Associação Brasileira de Embalagens para que os invólucros de todos os produtos passem a in-formar como deve ser feito o descarte após o uso (no pós-consumo). As ade-quações serão feitas em mil produtos por ano, até que todas as embalagens tragam essa informação em 2014.

Mas não basta descartar adequadamente, é necessário reduzir o volume de embalagens. É notório e sabido que não existem nas cidades, sobretu-do as maiores, terrenos disponíveis para a construção de aterros sanitários. Nenhum bairro quer a proximidade com lixões ou seus sucedâneos.

Cada vez mais as pessoas compreendem que a luta pelo meio ambien-te não é uma batalha para salvar o planeta, mas sim para preservar a nós

Proteger as crianças da publicidade excessiva, não incentivar o consumismo, estimular a imaginação e a criatividade delas, promover o contato com a natureza e com os livros. Seguramente, é um caminho promissor se desejarmos adultos responsáveis, mais sensíveis e solidários, e sobretudo mais motivados a agirem como agentes transformadores da realidade

Os consumidores doconsumo responsável

mesmos e o mundo em que vivemos. Segundo a pesquisa “O que o brasileiro pensa do meio ambiente do consumo sustentável”, realizada este ano pelo Ministério do Meio Ambiente, às vésperas da Rio+20, 65% da população consi-deram que cuidar do meio ambiente tem a ver com a nossa sobrevivência.

Quase tudo que nós adultos buscamos fazer, como reduzir o desmatamento da Amazônia para garantir o equilíbrio climático no pla-neta, reduzir o consumo de sacolas plásticas para diminuir a geração de resíduos e evitar enchentes, separar o lixo para reciclagem, pre-servar a biodiversidade, gerar energia de fon-tes renováveis — todas essas ações têm nos-sos filhos como motivação. Afeto e responsa-bilidade se misturam na visão que cada gera-ção tem de melhorar o mundo.

Cabe aos pais, professores e cuidadores das creches mediar essa relação da criança com o consumo: por que substituir a banana ou a maçã na merenda do filho por um produto in-dustrializado? Quais as desvantagens nutri-cionais envolvidas? O crescimento da classe C tem levado a população a oferecer às crian-ças mais salgadinhos, biscoitos e refrigerantes sem fazer a conta desse custo lá na frente.

Mudar a cabeça de adultos de gerações dis-tintas é trabalho difícil. Muitos cresceram acre-ditando na abundância da natureza, outros na importância de sobrepujá-la, e a grande maio-ria sequer relaciona seu consumo com qualquer impacto ambiental. São os jovens e as crianças que melhor assimilam a mensagem de defesa do meio ambiente e de mudança dos padrões de vida e consumo. É importante fortalecer esse aprendizado, estimulando cada vez mais o pen-samento crítico nas crianças, vinculando sua ideia de qualidade de vida com o meio ambiente.

Usufruir sustentavelmente dos recursos am-bientais, consumir sem consumismo, compre-ender que é mais importante ser do que ter, respeitar o próximo e cuidar do que é de todos — esses são valores essenciais para um cida-dão brasileiro contemporâneo. Fonte: www.jorgeviana.com.br* Doutora em história da educação brasileira pela Universidade de São Paulo (USP), é secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente

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nov 2012revista do meio ambiente

O historiador Eric J. Hobsbawn, que morreu no começo de outubro, deixou livros em que caracterizou de forma contundente os tem-pos que estamos vivendo. “Quando as pes-soas não têm mais eixos de futuros sociais acabam fazendo coisas indescritíveis”, escre-veu ele no ensaio Barbárie: Manual do Usuário (Estado, 2/10). Ou, então, “aí está a essência da questão: resolver os problemas sem referên-cias do passado”. Por isso, certamente Hobsba-wn não se espantaria com a notícia estampa-da neste jornal poucos dias antes de sua morte: Na Espanha, cadeados nas latas de lixo (27/9). “Com cada vez mais pessoas vivendo de res-tos, prefeitura (de Madri) tranca as latas como medida de saúde pública.” Nada haveria a es-tranhar num país onde a taxa de desemprego está por volta de 25%, 22% das famílias vivem na pobreza e 600 mil não têm nenhuma renda.

E que pensaria o historiador com a notícia (Estado, 26/9) de que as autoridades de Bula-wato, no Zimbábue (África), “pediram aos ci-dadãos que sincronizem as descargas de seus vasos sanitários para poupar água. (...) Os mo-radores devem esvaziar os vasos apenas a cada três dias e em horários determinados”? Provavelmente Hobsbawn não se espantaria, informado das estatísticas da ONU segundo as quais 23% da população mundial (mais de 1,5 bilhão de pessoas) defeca ao ar livre por não ter instalações sanitárias em sua casa. As do Zimbábue ainda estão à frente.

E da China que pensaria ele ao ler nos jornais (22/9) que a prefeitura de Xinjian, no leste do país, “está sob intensa crítica da opinião públi-ca após enjaular dezenas de mendigos no mes-mo lugar durante um festival religioso”? Ao lado da foto das jaulas nas ruas com mendigos encarcerados, a explicação de autoridades de que assim fizeram porque os pedintes assedia-vam peregrinos e corriam risco de ser atrope-lados ou pisoteados. Mas “entraram nas jaulas voluntariamente”. Será para não correr riscos desse tipo que “quatro estrangeiros de origem ignorada” vivem há três meses no aeroporto de Cumbica, em São Paulo, recusando-se a di-zer sua nacionalidade e procedência (Folha de S.Paulo, 29/9)? “Em tempos de transformação”,

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disse o psicanalista Leopold Nosek a Sonia Racy (Estado, 7/10), “quando o ve-lho não existe mais e o novo ainda não se estruturou, criam-se os monstros”.

Para onde se caminhará? Na Europa, diz a Organização Internacional do Trabalho que, com todo o sul do continente em crise, o desemprego na fai-xa dos 15 aos 24 anos crescerá 22% em 2013, pouco menos no ano seguinte. Nos Estados Unidos, a taxa de desemprego entre jovens está em 17,4%, tal-vez caia para 13,35% até 2017 (Agência Estado, 5/9). O desemprego médio nos 17 países da zona do euro subiu para 11,4%.

Pulemos para o lado de cá. Um em cada cinco brasileiros entre 18 e 25 anos não trabalha nem estuda (Estado, 26/9). São 5,3 milhões de jovens. Compu-tados também os que buscam trabalho, chega-se a 7,2 milhões. As mulheres são maioria. E o déficit ocorre embora o País tenha gerado 2,2 milhões de empregos formais em 2011.

As estatísticas são alarmantes. A revista New Scientist (28/7) diz que 1% da população norte-americana controla 40% da riqueza. Já existem 1.226 bilionários no mundo. “Nós somos os 99%”, diz o movimento de protesto Occupy. Entre suas estatísticas estão as que os relatórios do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) vêm publicando desde a dé-cada de 1990: pouco mais de 250 pessoas, com ativos superiores a US$ 1 bi-lhão cada, têm, juntas, mais do que o produto bruto conjunto dos 40 países mais pobres, onde vivem 600 milhões de pessoas. Já a metade mais pobre da população mundial fica com 1% da renda global total. Menos de 20% da população mundial, concentrada nos países industrializados, consome 80% dos recursos totais. E 92 mil pessoas já acumulam em paraísos fiscais cerca de US$ 21 trilhões, afirma a Tax Justice Network.

E que se fará, com a população mundial aumentando e os recursos na-turais – inclusive terra para plantar alimentos – escasseando? É cada vez maior o número de economistas que já mencionam com frequência a “crise da finitude de recursos”. Os preços médios de alimentos “devem dobrar até 2030, incluídos milho (mais 177%), trigo (mais 120% e arroz (107%)”, alerta a ONG Oxfam (Instituto Carbono Brasil, 6/9). 775 milhões de jovens e adultos são analfabetos e não têm como aumentar a renda (Rádio ONU, 10/9).

De volta outra vez ao nosso terreiro, vemos que “mais de 90% das cidades estão sem plano para o lixo” (Estado, 2/8). Na cidade de São Paulo, 90% do lixo reciclável vai para aterros sanitários (CicloVivo, 10/8). Diariamente 5,4 bilhões de litros de esgotos não tratados são descartados. Perto de metade dos domi-cílios não é ligada a redes de esgotos. A perda de água nas redes de distribui-ção (por furos, vazamentos, etc.) está por volta de 40% do total. Mas 23% das cidades racionam água, segundo o IBGE (Estado, 20/10/2011). E grande parte da água do Rio São Francisco que será transposta irá para localidades com essas perdas – antes de corrigi-las. E com o líquido custando muito mais caro, já que muita energia será necessária para elevá-lo aos pontos de destino.

Enquanto isso, a campanha eleitoral correu morna em praticamente todo o País, com candidatos fazendo de conta que vivemos na terra da promis-são, não precisamos de planos diretores rigorosos nas cidades, não preci-samos responsabilizar quem mais consome – e mais gera resíduos –, não precisamos impedir a impermeabilização do solo das cidades nem impedir a ocupação de áreas de risco.

“A sociedade de consumo”, escreveu Hobsbawn, “interessa-se apenas pelo que pode comprar agora e no futuro”. Mas terá de resolver o problema de 1 bi-lhão de idosos em dez anos (Fundo de População das Nações Unidas, 1/10).” Fonte: O Estado de S. Paulo

as ‘coisas indescritíveis’“A sociedade de consumo”, escreveu Hobsbawn, “interessa-se apenas pelo que pode comprar agora e no futuro”

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Mais justa, mais inteligente, mais inclusiva. É a definição de economia verde para o secretário-geral assistente de Coordenação Política e Assuntos Interagenciais da Organização das Nações Unidas (ONU), Thomas Stelzer

O economista e diplomata austríaco reitera a necessidade de “business cases” para mostrar a viabilidade de novas práticas, ou comprovar que outras estão ultrapassadas. O termo pode ser entendido como estudo de caso, experiência de negócio ou projeto piloto – ou seja, algo realizado na prática e que permite uma avaliação precisa de custos e benefícios.

Em entrevista, ele diz que a economia verde é a “fórmula mágica” para atin-gir o crescimento sem depredar os recursos naturais, reduzindo as desigual-dades e aumentando o acesso aos ganhos da globalização. Em sua opinião, energias sustentáveis e eficiência energética já mostraram sua rentabilidade.

O representante das Nações Unidas veio ao Brasil para participar da aber-tura da 9ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT 2012), que tem como tema “Economia verde, sustentabilidade e erradicação da pobreza”. Ele destaca o papel da sociedade civil e aponta as cidades como laboratórios para a implantação do novo modelo de desenvolvimento.

Thomas Stelzer afirma, ainda, que todos viverão melhor se os recursos dis-poníveis forem partilhados. Nesse sentido, elogia os programas sociais bra-sileiros e alerta para a urgência de um uso melhor dos recursos hídricos.

A 9ª SNCT tem no seu tema a economia verde, que foi também a questão central da conferência Rio+20. Como chegar a esse modelo, superando interesses de curto prazo, sejam de países ou empresas?Thomas Stelzer: A avaliação entre casos de negócios e o bem comum e entre investimentos de curto e longo prazo, será um enorme desafio para qualquer país. Como produzir um equilíbrio entre interesses das empresas e interesses comuns? Não podemos separar. A pergunta é: como podemos fazer a curto prazo e a longo prazo?

Se quisermos implementar os consensos baseados no cenário de aumen-to de 2 graus Celsius na temperatura global, que vários cientistas conside-ram muito alto, teremos que reduzir as emissões de CO2 em 50% até 2050 enquanto criamos trabalho decente para 78 milhões de pessoas que en-tram no mercado de trabalho global todo ano.

Como atingir o crescimento econômico sem depredar os recursos natu-rais, reduzindo as desigualdades sociais e aumentando o acesso aos ganhos econômicos da globalização? É uma pressão enorme, e a fórmula mágica é a economia verde. Aquela que não toma emprestado do futuro, que é baseada numa revolução no que diz respeito a produção e consumo. Que tem um olhar totalmente novo para a macroeconomia e tenta refletir uma precificação justa, mostrando o custo real do que estamos consumindo. O preço real da energia fóssil, por exemplo.

Se você tiver preços transparentes, a energia sustentável vai se mostrar como forte oportunidade de negócio já hoje. Se você redirecionar subsídios que eram destinados a energia fóssil, ou aos biocombustíveis – sei que é um ponto meio delicado no Brasil –, ou à indústria nuclear – nenhuma de-las, sustentável –, conseguirá dar escala a fontes sustentáveis muito rápi-do. Nós conseguiremos se fizermos o balanço, montarmos o caso: quais são

contas mostram viabilidadeda economia verde, diz Stelzer, da ONU

os interesses globais, quais são os objetivos comuns. E financiá-los. Energia limpa, água limpa, desenvolvimento integrado, desenvol-vimento participativo, são objetivos comuns.

Há bons exemplos nesse sentido?Portugal conseguiu, em cinco anos, aumentar em perto de 50% a participação das novas fon-tes na matriz energética. Temos a tecnologia hoje para implementar uma economia total-mente nova.

Em todos os países, grandes interesses, inte-resses ocidentais, tentam prolongar seu ciclo de vida financiando partidos, pagando políti-cos. A questão é como fazer valer o ponto de vista dos mais preocupados. E eu vejo exem-plos muito positivos. Amigos me contam que 15 anos atrás, na China, nunca viram o sol [por-que a fumaça da queima de carvão encobria muitas cidades]. Mas nos últimos cinco anos a indústria limpa está no centro da agenda do país. Claro, existe a escassez de carvão, que empurrou a indústria fóssil para fora. Mas, então, temos que investir em dispositivos de controle de emissão de carbono, em controle de emissões de carros.

O equilíbrio depende muito de sermos ca-pazes de avaliar exemplos de negócios. É uma ilusão querer superar os interesses ocidentais pela via política. Os 500 mais ricos tem todos os lucros de derivados de petróleo. O único jei-to de superar isso é mostrar que petróleo não

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Thomas Stelzer durante o Fórum Econômico Mundial em Jakarta, Indonésia (2011)

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é mais um business case. Mostrar não só o dinheiro que pagamos no posto de gasolina, mas também custos sociais, ambientais e de defesa. Os Estados Unidos gastam diariamente US$ 4 bilhões em importação de petróleo, mas os custos macroeconômicos são mais que o dobro.

Outro exemplo: nos EUA, os subsídios para agrocombustíveis são de US$ 12 bilhões por ano, segundo o Financial Times. Isso não é efeito de mudan-ças climáticas, tem a ver apenas com segurança alimentar e energética. Mas temos que mensurar o business case. Um artigo recente destacou que a energia nuclear nunca teve um business case. Nenhuma planta nuclear foi construída com investimento privado. Foram construídas com dinheiro dos contribuintes ou subsídios provenientes do montante de impostos. En-tão, há outras razões pelas quais podemos advogar contra a energia nucle-ar, como o risco de ser abduzida politicamente, mas economicamente ela não faz sentido. Economicamente faz muito sentido sair da energia suja e entrar na limpa e sustentável. Isso equilibra suas contas. Em cada um dos orçamentos europeus, a importação de combustíveis fósseis representa um quarto do orçamento. Se redirecionarmos investimentos que estão apoian-do mentalidades do passado, energia ultrapassada, podemos chegar lá.

Como as cidades sustentáveis entram nessa agenda?Elas são um dos nossos maiores desafios hoje. É preciso planejar cidades mais sustentáveis. Onde as pessoas morem muito mais perto do trabalho. Onde seja muito mais fácil prover os serviços públicos, escola, os serviços em geral. Muita gente acha que organização é ruim, mas não é. Organizar é um grande desafio. As cidades são laboratórios, que podem gerar platafor-mas culturais do que podemos fazer de modo muito melhor.

Não há razão alguma para que uma pessoa precise dirigir um carro hoje, na área urbana, a não ser em casos excepcionais. Há cidades que reduziram dramaticamente o número de automóveis investindo em transporte públi-co de qualidade e fazendo o ato de dirigir muito mais caro e menos praze-roso. Zurique, por exemplo.

Se olharmos para Manhattan, é hoje uma ilha verde. Setecentos mil carros se dirigem para lá todo dia, mas os moradores não usam carro.

As cidades da África Subsaariana vão dobrar de população em dez anos. Pense em cidades como Lagos e Nairóbi. Em Nairóbi, a faixa etária média é de 25 anos e o desemprego é de 75%. O que as pessoas vão fazer se não hou-ver emprego, se você não consegue prover emprego? Como administrar os processos políticos? Grandes cidades são um grande desafio, mas também uma enorme oportunidade.

O senhor também vê com centralidade a participação social, não é?O ponto é: interesse de quem? Quem está tomando as decisões? Interesses da população ou de muito poucos? Temos que ser muito claros. Se olharmos o desenvolvimento econômico nos últimos 20 anos, veremos que não 1%, mas 0,1% da população será capaz de concentrar os maiores ganhos da globaliza-ção nos próximos 20 anos. Só conseguiremos equilibrar os interesses se rom-permos o ciclo. Como fazê-lo é uma questão difícil. A maioria dos políticos pensa em ciclos eleitorais de quatro anos. Por isso acredito fortemente na so-ciedade civil. Ela tem o luxo de pensar adiante. Tem a possibilidade de manter os políticos sob avaliação e apresentar a conta das promessas deles na eleição seguinte. Mas o controle social está sendo mal exercido. A única maneira de identificar os interesses compartilhados é dar voz a todos os interesses.

Os países mais pacíficos são aqueles com sociedades mais equilibradas e integradas. Quanto mais longe disso, mais polarizada a sociedade. Nas so-ciedades em que as pessoas mais participam dos avanços, dos ganhos finan-ceiros, da seguridade social, de um futuro compartilhado, de segurança, de um patamar de educação, há menos interesse em brigar. Nós vimos que em países norte-africanos enormes massas de pessoas sem emprego e escolari-

dade foram as deflagradoras de revoluções e o Estado se afastou, porque não conseguia pro-ver trabalho decente – que está na origem de toda participação e no centro da agenda.

Como a ciência pode contribuir para a construção desse novo modelo?A tecnologia, claro, está no centro também. Nós chegamos longe. Podemos fazer qualquer coisa hoje. Podemos facilmente produzir car-ros que rodam 100 quilômetros com 3 litros. Podemos abastecê-los com energia elétri-ca. Se conseguirmos reduzir radicalmente as emissões dos carros, isso terá forte impacto, porque o trânsito produz 30% das emissões de carbono. Também podemos, hoje, isolar nossa casa muito melhor contra o frio e o ca-lor. Tudo isso vai prover amostras do futuro.

Nos Estados Unidos há 120 milhões de pré-dios construídos. Se você aumenta em 50% a eficiência energética deles, cria emprego para as futuras gerações. Uma mudança nas jane-las do Empire State – apenas as 6 mil janelas – resultou numa economia de 40% de energia. Isso significa que o investimento se paga em quatro anos. É investimento inteligente. É um business case. Nos Estados Unidos, a eficiência energética cresceu 60% nos últimos 15 anos, sem necessidade de qualquer decisão do Con-gresso Nacional, apenas por conta do mercado.

Com design inteligente, pode-se viver muito bem sem esbanjar. Mas viveremos muito me-lhor se partilharmos os recursos de que dispo-mos, se eles não continuarem concentrados por poucos. Um bilhão de pessoas não têm se-gurança alimentar. É isso que queremos dizer com “economia verde”: mais justa, mais inte-ligente, mais inclusiva. Uma economia que considera os recursos naturais, que integra os três pilares – econômico, social e ambiental – e que provê acesso aos ganhos da sociedade.

E o papel da popularização da ciência, diante desse cenário?Como popularizar a ciência? É uma questão de mercado e de acesso ao mercado. Para a econo-mia verde, como propiciar capacitação para que países que se encontram num estágio muito mais atrasado de desenvolvimento tecnológico se beneficiem da tecnologia? Direcionar investi-mentos, superar problemas de direitos autorais e repensar o conceito de como compartilhar. Maurice Strong, o pai da Rio 92, disse, muito enfaticamente, por ocasião da Rio+20: não te-mos apenas que atentar a renda, mas também a como proveremos acesso ao capital de uma maneira diferente. Esse é o próximo capítulo. Fonte: Envolverde

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Frear a extinção de espécies, estabelecer um novo padrão de matrizes energéticas e re-duzir o uso de insumos na agricultura são, para o pesquisador do Núcleo Petrobras de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral, Cláudio Boechat, os grandes desafi os que a sociedade atual enfrenta quando o assunto é pegada ecológica.

Ele lembra que quanto mais desenvolvidas as nações, maiores as marcas que elas vêm dei-xando no planeta. Nesta entrevista ele aponta a mudança de atitude como algo urgente.

Confi ra a conversa.

Pesquisas apontam que quanto maior o índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de uma cidade, estado, ou país, maior é também o tamanho da pegada ecológica da região. Por que isto ocorre?Cláudio Boechat: O modo de desenvolvimen-to utilizado nos últimos séculos gera muito impacto no meio ambiente. Aqueles países que conseguiram um IDH alto, que são tam-bém os mais desenvolvidos economicamente, têm uma pegada ecológica maior. Isto é decor-rente do processo de desenvolvimento.

Esses países com pegadas maiores possuem alguma característica comum?Os países que conseguiram avançar mais no IDH estão no geral em regiões onde os inver-nos são muito rigorosos, o que faz com que as pessoas, queimem combustível para aquecer as casas e locais de convívio. Este combustí-vel é quase sempre fóssil, por conta do custo mais baixo. Isto fez com que a pegada ecoló-gica desses países aumentasse muito. Já nos países mais pobres, com IDH mais baixo, você tem outras realidades da natureza. São am-

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bientes um pouco mais quentes e mais favo-ráveis a uma vida onde se consome menos energia. Porém, a pegada ecológica dos dois perfi s de países se caracteriza por uma explo-ração muitas vezes danosa para o meio am-biente. Assim, mesmo os países que possuem um IDH baixo têm uma pegada relativamen-te baixa, mas em ascensão.

É possível reverter esse quadro?Sim. Existe todo um movimento global efeti-vo para reverter esse quadro. Nos países que têm IDH alto, a tentativa é de estabelecer ou-tras formas de consumir energia, por exemplo, com a energia dos ventos e a energia solar.

Como a pegada ecológica do Brasil se enquadra nesse panorama?O Brasil está em posição mediana no que diz respeito à pegada ecológica e também me-diana no que diz respeito ao IDH. Estamos em uma situação favorável, porque a gente pode ainda estimular a preservação ambiental, ao mesmo tempo em que a nossa sociedade se desenvolve. Nosso país é um dos poucos do mundo que tem condição para avançar com pouca pegada. Porém, nós temos alguns danos já causados aqui no Brasil, como por exemplo, a poluição das águas e a degradação das fl o-restas, que são os grandes fatores de pegada ecológica brasileira.

Qual o grande desafi o para frear o aumento da pegada ecológica tanto no Brasil quanto no mundo?No mundo a energia é o que desponta como o grande desafi o, porque quando a gente con-some energia de origem fóssil, emite muito CO2 e isto cria o problema do efeito estufa. Existe também o tema da extinção das espé-cies e outro ponto de limite planetário que está sendo ultrapassado, que é uso de potás-sio e nitrogênio nas plantações. Está havendo o uso excessivo destes insumos para produ-zir alimentos em uma escala cada vez maior e com maior produtividade. Os grandes desa-fi os que temos hoje no mundo em relação à pegada ecológica se referem a energia, biodi-versidade e cultivo de alimentos. Fonte: www.jorgeviana.com.br

Entrevista originalmente publicada em: http://envolverde.com.br/sociedade/entrevista-sociedade/o-desafio-de-crescer-sem-degradar-entrevista-com-claudio-boechat-2/

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Entrevista cedida por Cláudio Boechat, pesquisador do Núcleo Petrobras de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral, para a revista Envolverde

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Link do programa: http://g1.globo.com/globo-news/cidades-e-solucoes/platb/2012/07/05/indios-protegem-florestas-com-smartphones/

destaques ambientais

Cidades e Soluções ganha prêmio de jornalismo e doa valor aos

O programa Cidades e Soluções foi agraciado com dois prêmios. O primeiro, já anunciado previamente pelos organizadores, foi o de Jornalismo & Companhia/HSBC de Imprensa e Sustentabili-dade na categoria televisão, pela reportagem Índios protegem a floresta com Smartphones, exibida em 27/jun/2012.

O segundo prêmio, revelado apenas ao fi nal da cerimônia realizada na Ecohouse em São Paulo, foi o mais importante da noite. A comis-são julgadora selecionou dentre todas as reportagens, de todas as tre-ze categorias premiadas, qual o trabalho mais relevante. E o Cidades e Soluções foi novamente escolhido.

O Prêmio Jornalistas & Companhia/HSBC de Imprensa e Sustentabilidade registrou este ano um número recorde de inscrições: foram 1.023 trabalhos registrados de 572 jornalistas de todo o Brasil. A equipe agraciada reúne os jornalistas André Trigueiro, Aline Peres, Klara Duccini, Silvana Requena, Clarissa Cavalcanti, Rita Araújo, Marcus Vinícius, Franklin Feitosa, Jakson Binas, Martha Sampaio, Ana Paula Mandina e Ana Carolina Oliveira.

A reportagem premiada tem origem em um projeto da Coluna Sus-tentável, do Jornal da Globo, apresentada por André Trigueiro. A repor-tagem de pouco mais de seis minutos exibida no telejornal da Rede Globo inspirou uma versão estendida, de aproximadamente vinte e três minutos (com um novo roteiro e mais entrevistas), que acabou sendo agraciada com o prêmio.

Decidimos doar o valor do Prêmio Especial (R$ 10 mil) para a Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí (http://www.surui.org), que vem de-senvolvendo um trabalho expecional em defesa desta comunidade histo-ricamente perseguida e desrespeitada em seus direitos. Importante lem-brar que o líder Almir Suruí permanece ameaçado de morte por denun-ciar a ação de madeireiros clandestinos na reserva Suruí, na divisa dos estados de Rondônia e Mato Grosso. Agradecemos mais uma vez a todos os que nos acompanham na Globo News, no canal Futura ou na internet.

Um grande e afetuoso abraço, André Trigueiro e equipe. Fonte: www.mundosustentavel.com.br

índios suruís

Foi lançado no mês passado o Click Sustenta-bilidade (www.clicksutentabilidade.com.br), portal com o objetivo de facilitar a interação do internauta com ações efetivas de susten-tabilidade ao disponibilizar produtos ecoló-gicos, que serão entregues gratuitamente aos usuários, assim que conquistarem um deter-minado número de cliques. Para participar, é preciso se cadastrar, escolher um projeto ou produto e divulgá-lo nas redes sociais, reu-nindo votos de amigos.

A empresária e fundadora, Paula Zomignani, explica que o objetivo do portal é levar iniciati-vas sustentáveis às casas das pessoas, estimu-lando a solidariedade e a responsabilidade so-cial. “A iniciativa é benéfi ca tanto para os investi-dores, quanto para os usuários”, destaca.

A proposta é proporcionar o diálogo entre os três pilares da sustentabilidade: econômico, so-cial e ambiental, num processo em que todos saem ganhando. O setor econômico fornece o capital e recebe visibilidade, atrelando sua marca a uma iniciativa socioambientalmente responsável; a sociedade é benefi ciada com o acesso a produtos e projetos diferenciados, que estimulem a responsabilidade social e a am-pliação da consciência; e o setor ambiental ga-nha com a contribuição dos cidadãos e com a redução de impacto ambiental, gerada pelos os produtos ecológicos disponibilizados no portal.

O internauta se cadastra no portal e escolhe um projeto para participar. Para viabilizá-lo, ele deve compartilhar em suas redes sociais, convi-dando os amigos a votarem também. Assim que chegar ao número de votos necessário, o usuá-rio receberá gratuitamente e em casa o produ-to pelo qual se inscreveu. Em seguida, ele deverá postar fotos ou vídeos, sobre como utilizou seu novo produto em casa. Desta forma, ele conclui-rá seu projeto e poderá se inscrever em outro.

Cada pessoa pode votar apenas uma vez por dia e não há competição entre os internautas, mas sim cooperação. O investidor que tiver inte-resse pode fi nanciar uma quantidade ilimitada de projetos, tendo sua marca divulgada em um determinado número de acessos, variando de acordo com seu investimento. Fonte: Diário do nordeste

Dentre 1.023 trabalhos registrados de 572 jornalistas, o programa foi eleito o destaque do ano pela comissão julgadora do Prêmio Jornalistas & Companhia/HSBC de Imprensa e Sustentabilidade

Portal oferece a usuários oportunidade de criar ou participar de projetos sustentáveis

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No prefácio de Trust US, Jacqueline Lardelel declara: “A Cúpula Mundial sobre Desenvol-vimento Sustentável (CMDS) em Joanesbur-go confirmou a necessidade de engajar as empresas como parte da solução para os de-safios do desenvolvimento sustentável que enfrentamos no mundo.

Ao mesmo tempo, notícias sobre escândalos corporativos no início do ano aqueceram o deba-te sobre responsabilidade empresarial e presta-ção de contas. Não foi, portanto, nenhuma sur-presa quando a Declaração de Joanesburgo pe-diu por “cooperação do setor privado exigindo prestação de contas por parte das Empresas”

Para organizações que já preparam relató-rios de sustentabilidade, a comunicação com os stakeholders e com a sociedade em geral é citada frequentemente como o motivo número um para começar a relatar. Espera-se que o processo de relato de sustentabili-dade melhore a credibilidade da organiza-ção e sua reputação perante investidores, clientes e membros da comunidade. Mui-tas organizações percebem que, embora as agências reguladoras concedam às empre-sas licenças de operação, elas precisam ain-

da obter ou manter uma espécie de “licença social de operação” da so-ciedade. Por conseguinte, a capacidade de uma organização para falar de aspectos econômicos, ambientais e sociais de suas operações de um modo confiável e coerente tem um valor muito alto hoje em dia. Isso é válido para empresas de todos os portes e setores.

Há provavelmente duas razões para esse reconhecimento. Em primei-ro lugar, as questões econômicas, ambientais e sociais estão se tornando cada vez mais do interesse de todos. Em segundo lugar, as empresas e a so-ciedade em geral estão conscientes da complexidade desse assunto. Estão também atentas ao fato de que as organizações com alto desempenho, seja qual for o porte ou setor têm que tomar decisões rápidas por meio de pro-cessos rápidos e, geralmente, com recursos limitados. A combinação desses fatores pode facilmente levar a erros e impactos negativos em várias áreas. Além do mais, tudo isso acontece em um mundo de conexões digitais ins-tantâneas em que as notícias (boas e ruins) circulam rapidamente.

Dentro desse contexto, espera-se que a organização com alto desempe-nho monitore seu desempenho em várias áreas e trate seus pontos fracos do mesmo modo como trata seus pontos fortes – com transparência e pro fissionalismo. Espera-se que a organização seja responsável e preste contas. Se você olhar para organizações relatoras em vários setores, tanto empre-sariais como sem fins lucrativos, você encontrará organizações que oficial ou extra-oficialmente lideram seus respectivos setores em vários aspectos (ex.: a mais respeitada, a com maior redução de emissões, a melhor empre-sa para se trabalhar). Um estudo recente revelou que as organizações com alto desempenho ambiental são as melhores relatoras. https://www.globalreporting.org/resourcelibrary/Portuquese-Starting-Points-2-G3.1.pdf

O número de organizações e indivíduos que questionam as empresas sobre seu desempenho social e ambiental cresceu drasticamente na última década. Investidores, clientes, funcionários, moradores da comunidade e ativistas estão todos expressando suas preocupações e questionando o compromisso empresarial com uma conduta responsável

StakeholderS IndIcação de Interesse em Informações sobre sustentabIlIdade

Investidores

• Carbon Disclosure Project – 200 investidores exigiram divulgação de emissões de gás de efeito estufa• Deliberações dos acionistas para um relatório mais abrangente• Índice Dow Jones de Sustentabilidade e outros solicitaram informações sobre sustentabilidade• Princípios do Equador – os principais agentes financeiros exigiram a discussão dos impactos socioambientais de grandes projetos em países em desenvolvimento

Agências Reguladoras Muitas nações exigiram dados socioambientais em relatórios anuais

Funcionários Um dos dois principais públicos de relatórios de sustentabilidade

ONGs• Publique o que você paga – 200 ONGs no mundo todo pediram transparência nos pagamentos de impostos e royalties• De 56 ONGs socioambientais globais, 70% consideraram os Relatórios de Sustentabilidade Empresariais “muito” ou “razoavelmente” úteis

Público em geralEm uma pesquisa com 21 mil pessoas, 50% afirmaram que ter lido ou ouvido falar a respeito de um relatório de sustentabilidade melhorou sua impressão sobre a empresa, levou-as a comprar produtos da empresa ou falar bem da empresa para os outros

Mídia Muitos rankings empresariais possuem critérios socioambientais

Quem quer saber o que?

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ouvidoO cliente quer ser

Empresas brasileiras aprendem a valorizar a voz do cliente. Ninguém gosta de falar para as paredes. A sensação é comum quando, na posição de consumidor, precisamos nos comunicar com alguma empresa, seja para sanar uma dúvida, fazer uma reclamação ou dar uma sugestão. É uma situação desigual. As empresas “falam” conosco por meio de notícias e peças publicitárias em todos os meios de comunicação, e, quando temos algo a dizer... nem sempre somos ouvidos.

Em um mundo no qual a imagem pública das corporações depende mui-to da transparência e da valorização do cliente, as grandes empresas brasi-leiras ainda têm um longo caminho a percorrer quando se trata de usar os feedbacks (respostas) espontâneos dados pelos consumidores para melho-rar seus processos, produtos e serviços.

“Nossas empresas estão melhorando na relação com os clientes e com a sociedade como um todo. Mas ainda há muito a evoluir. Ouvir o cliente é a consultoria mais barata a que uma companhia pode recorrer”, considera Ro-berto Leite, criador do blog Testando os Limites da Sustentabilidade, no qual questiona diretamente grandes corporações brasileiras a respeito de suas posturas de responsabilidade social – e publica as respostas dadas. “É pre-ciso notar que o cliente que dá o feedback não é o ‘chato’ e, sim, aquele que gosta da empresa e oferece, de forma rápida e gratuita, a oportunidade de melhorar. Complicado é quando o cliente não reclama, simplesmente troca de produto ou serviço e ninguém fi ca sabendo”, complementa.

Mas não basta simplesmente ouvir. Aprender a ouvir atentamente o público deve ser uma prática permanente em empresas de todos os tamanhos, apon-tam observadores e especialistas. “As ouvidorias e os serviços de atendimento ao consumidor (SAC) não devem se limitar a repassar reclamações e acom-panhar as soluções dadas. É preciso encarar o feedback vindo do cliente como uma forma de aprendizado, necessário para a evolução da empresa”, afi rma Alexandre Mendonça, analista de recursos humanos da consultoria especia-lizada Albernaz (Rio de Janeiro - RJ). Deixar as demandas (sejam reclamações, sejam sugestões ou, até mesmo, elogios) sem resposta, ignorando o que o pú-blico tem a dizer, é um pecado mortal. “O cliente que fi ca sem retorno se impa-cienta e pode prejudicar a imagem da empresa”, lembra o consultor.

Tão importante quanto receber essas deman-das e dar retorno com a solução defi nitiva aos clientes é usar as informações geradas como fonte valiosa no aprimoramento dos proces-sos da empresa. O Banco do Brasil, por exemplo, tem uma Ouvidoria que funciona como últi-ma instância administrativa de solução das de-mandas dos consumidores. E o objetivo é sem-pre melhorar o atendimento como um todo e não resolver somente as demandas individuais. “Apenas solucionar o problema do cliente não é sufi ciente”, explica Sérgio Camilo, Ouvidor do BB, referindo-se à necessidade de transformar os atendimentos em aprendizado que se rever-tam em melhorias nos processos do BB e para os clientes em geral. Acompanhando medidas corretivas propostas pela própria Ouvidoria BB, sempre em parceria com as diretorias, fo-ram constatadas quedas sensíveis nas queixas sobre atendimento, débitos não autorizados e problemas nas faturas de cartões de crédito, três das causas que vinham se tornando recor-rentes no BB. “Ao recebermos um feedback, re-visitamos todo o processo, e ouvimos gerentes e funcionários das diretorias. Ao fi nal, além de apresentarmos solução em última instância no Conglomerado BB, explicamos também todo esse percurso ao cliente. Cerca de 70% das re-clamações são resolvidas já no primeiro conta-to telefônico com a Central de Atendimento da Ouvidoria”, garante Sérgio Camilo.

seja você a mudança que quer para o mundoO blog Testando os Limites da Sustentabilidade é composto por várias pessoas que buscam testar os limites das organizações. Busca discutir com a sociedade as ações de sustentabilidade nas empresas que são divulgadas em balanços e peças publicitárias. Sob a compilação de Roberto Leite, editor do blog Testando os Limites da Sustentabilidade que se propõe a dar divulgação a questionamentos e respostas das organizações sobre o tema Sustentabilidade. Buscamos fazer perguntas mais apuradas e críticas sobre sustentabilidade e apresentar a resposta (se enviarem) das empresas que se dizem socialmente responsáveis. Conto com o apoio de todos para termos um acervo interessante sobre como a sociedade deve cobrar a postura das empresas.

Em um mundo no qual a imagem pública das corporações depende muito da transparência e da valorização do cliente, as grandes empresas brasileiras ainda têm um longo caminho a percorrer quando se trata de usar os feedbacks (respostas) espontâneos dados pelos consumidores para melhorar seus processos, produtos e serviços

Mais informações: [email protected] ou no blog testandooslimitesdasustentabilidade.blogspot.com.br

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extremos e conectadosTeleconexões são associações remotas. O que acontece em um lado do planeta pode ter efeito no outro lado. Um exemplo é o El Niño, fenôme-no climático de origem tropical provocado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, produzindo seca no Nordeste brasileiro e chuvas intensas no Sul do Brasil, entre outros efeitos.

Outro exemplo de teleconexão remete à origem do El Niño: a causa do fenômeno – o aquecimento do Pacífico oeste – pode estar relacionada ao aquecimento do Oceano Índico.

Segundo José Marengo, pesquisador do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a identifica-ção de teleconexões e a análise de suas influências na circulação atmos-férica podem ser úteis para a compreensão da ocorrência de eventos anô-malos em várias partes do mundo.

“Teleconexões estão associadas a causas naturais e não à influência an-trópica. Em uma fase de tempo de 100 anos, podem ser observados dife-rentes padrões de oscilação, com efeitos sobre o clima de uma determina-da região, como o El Niño, a Oscilação Decanal do Pacífico e a Oscilação do Atlântico Norte. Estamos vivendo, por exemplo, um período mais frio do Oceano Pacífico, com o Atlântico desempenhando um papel mais impor-tante”, disse Marengo, que é membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), no Simpósio Inter-relações Oceano-Continen-te no Cenário das Mudanças Globais, realizado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) em outubro.

Estudos recentes mostram que o El Niño tem diferentes facetas. Ao ana-lisar os fenômenos ocorridos entre 1900 e 2012, o grupo liderado por Edmo Campos, professor do Instituto Oceanográfico (IO) da Universidade de São Paulo observou 14 eventos mais secos e 14 mais molhados.

“A explicação para isso vem do Atlântico Sul, que tem papel determinante para saber se o El Niño será ‘seco’ ou ‘molhado’. No Atlântico ocorre uma sé-rie de fenômenos importantes para o clima global. O El Niño não depende do Atlântico, mas, a partir das relações entre este e o Oceano Pacífico, seus impactos serão diferentes”, disse Campos, que coordena projetos de pesqui-sa financiados pela Fapesp, como o Impacto do Atlântico Sul na célula de circulação meridional e no clima.

De acordo com Campos, observações e modelos indicam que variações na célula de revolvimento meridional (em inglês Meridional Overturning Cell, MOC) estão fortemente relacionadas a importantes mudanças climáticas. Até o momento, a maior parte das observações tem se concentrado no Atlân-tico Norte. “Entretanto, estudos indicam que o Atlântico Sul não é um mero condutor passivo de massas de água formadas em outras regiões e que mu-danças no fluxo de retorno da MOC no Atlântico Sul poderiam impactar sig-nificativamente o clima regional e global”, disse Campos à Agência Fapesp.

“Dessa forma, uma MOC enfraquecida resulta em um Atlântico Sul mais quente, o que pode implicar mais chuva no Nordeste brasileiro. O El Niño passou a ter um papel mais passivo, enquanto o Oceano Atlântico tem hoje um papel mais ativo”, destacou.

Eventos extremosBjörn Kjerfve, presidente da World Maritime University (WMU), na Sué-

cia, ressalta que os oceanos têm papel preponderante em qualquer cenário de mudança climática. “Os oceanos são reguladores do clima do planeta. Se a temperatura média da Terra aumentar em 1 grau, uma determinada quantidade de gelo vai derreter”, disse Kjerfve no simpósio.

Fenômenos climáticos

O aquecimento do Atlântico Sul resultou no furacão Catarina, que atingiu a região sul do Brasil em março de 2004. O aquecimento do Atlântico Norte levou à formação do Sandy, que atingiu a costa leste dos Estados Unidos há poucos dias. “Furacões têm uma relação próxima à temperatura do mar. Eles só ocor-rem se a temperatura da superfície do oceano estiver acima de 26º graus. O Catarina aconte-ceu porque de alguma forma a temperatura da água estava acima da média”, disse Campos.

Ao persistir a tendência do aquecimento das águas do Atlântico Sul, o Brasil poderá ver a passagem de novos furacões. “Na média glo-bal, a quantidade de chuva aumentou e a tem-peratura do planeta também, mas não sabe-mos se isso criará condições favoráveis para a ocorrência desses eventos”, disse Campos, lembrando que os relatórios do IPCC não apon-tam para uma resposta definitiva sobre a ocor-rência de eventos extremos, como os furacões.

O inverno quente e início de primavera frio ex-perimentados pelo Brasil em 2012 podem signi-ficar um ajuste natural. “Estamos saindo de um período seco. Isso é atribuído ao aquecimento global, que tem causas naturais e antrópicas. O ser humano amplifica o aquecimento. Porém, não se pode atribuir essas anomalias exclusi-vamente à ação antrópica”, disse Campos, que coordena o Projeto Pirata, programa de coope-ração entre Brasil, França e Estados Unidos cria-do em 1995 para observar o Oceano Atlântico.

“Sabemos muito mais do Pacífico do que do Atlântico. A conexão mais importante entre o oceano e a nossa costa é a região tropical, por isso é importante monitorar a região de bifur-cação com o Sul equatorial. O pré-sal, por exem-plo, será afetado por fenômenos que ocorrem muito distante dali”, disse o professor do IO-USP.

“Em termos de ciência oceanográfica, ainda não avançamos muito. Mas o primeiro país a sofrer alterações diretas em função das varia-ções do Atlântico Sul será o Brasil. Estamos co-nectados com o Atlântico, por isso o país pre-cisa ser a referência dos estudos sobre o Atlân-tico Sul”, disse Campos. Fonte: Agência Fapesp

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O que ocorre em um lado do planeta pode ter efeito no outro, apontam cientistas. Um exemplo é o El Niño, que produz seca no Nordeste brasileiro e chuvas intensas no Sul e cuja causa pode estar relacionada ao aquecimento do Oceano Índico

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Em audiência pública no dia 7/11, parlamentares, especialistas e repre-sentantes do governo discutiram os planos públicos setoriais de miti-gação e adaptação às mudanças climáticas. Durante a reunião, realizada pela Comissão Mista Permanente de Mudanças Climáticas (CMMC) do Con-gresso Nacional, o diretor de campanhas da organização não governamental Greenpeace, Sérgio Leitão, afirmou que o governo federal perdeu a noção de quão urgente é o tema para o país. “A grande preocupação do Greenpeace é que estamos perdendo o senso de urgência desse tema. Nosso governo não dá a devida atenção ao enfrentamento das mudanças climáticas”, disse.

O representante do Greenpeace criticou os planos setoriais apresentados (transportes, energia, saúde e mobilidade urbana) por serem incompletos ou pouco audaciosos, por exemplo, na busca pela diminuição da emissão de gases que causam o efeito estufa.

Segundo Sérgio Leitão, as autoridades brasileiras são descuidadas e dão pou-ca atenção à questão. Para exemplificar, ele citou o plano setorial do setor energético, que prevê investimentos de mais de R$ 740 bilhões apenas para a exploração do petróleo da camada pré-sal, enquanto o mesmo documento não traz planos para o incremento do uso da energia solar no país. “O Brasil tem enorme potencial em energia solar e no plano não tem uma linha sequer sobre incentivo à energia solar ou investimentos na área”, sublinhou Sérgio.

Eficiência energéticaO Plano Decenal de Expansão de Energia 2020 foi apresentado pelo dire-

tor do Departamento de Planejamento Energético, Paulo César Magalhães Domingues, e pelo coordenador-geral de Sustentabilidade Ambiental do Setor Energético, Luis Fernando Badanhan, ambos do Ministério de Minas e Energia (MME).

Eles explicaram as metodologias usadas no plano e exporam as metas de diminuição de gases para o setor energético, que pretende reduzir em mais de 230 milhões de toneladas as emissões até 2020. Os representantes do ministério explicitaram ainda as metas de aumento da participação de bio-combustíveis no setor de transporte e os planos de expansão da energia renovável no país, que inclui pequenas centrais hidrelétricas, biomassa e energia eólica. Destacaram também a importância das ações em prol do uso consciente de energia.

O diretor do Greenpeace também acusou o governo de estar diminuindo os investimentos em biocombustíveis e disse que o Brasil é o segundo pior país do G20 em eficiência energética, ficando à frente apenas da Arábia Saudita. “O Brasil não está preocupado com a eficiência energética e com a redução do consumo de energia”, afirmou.

Sérgio Leitão criticou os planos governamentais de construção de 34 novas usinas hidrelétricas nos próximos anos, principalmente na região amazônica. Para ele, o país tem alternativas que não impliquem na inun-dação de mais de seis mil quilômetros quadrados, que ocasionariam gran-des prejuízos socioambientais.

Paulo César Magalhães Domingues retrucou dizendo que o governo se preocupa, sim, com a expansão das energias renováveis. “O Brasil tem 45% de sua matriz energética limpa e renovável. É com muito orgulho que te-mos hoje grandes usinas hidrelétricas no nosso sistema e esse é o motivo da matriz energética ser limpa e renovável”, afirmou Paulo.

Brasil perdeu o senso de urgência da mitigação das

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Para diretor do Greenpeace, nosso governo não dá a devida atenção ao enfrentamento das mudanças climáticas

Poluição do arO representante do Greenpeace ainda fez

críticas ao descaso do governo com o acom-panhamento da qualidade do ar e níveis de poluição nas grandes cidades brasileiras. Ele disse que a maioria dos aglomerados urbanos no país não tem estações de mediação da qua-lidade do ar ou as tem “velhas e atrasadas”. Sérgio Leitão ressaltou o fato de que a polui-ção do ar causa ou agrava vários tipos de do-enças na população, impactando os custos do Sistema Único de Saúde (SUS).

O diretor do Departamento de Vigilância Ambiental e Saúde do Trabalhador do Minis-tério da Saúde, Guilherme Franco Netto, ex-pôs o Plano Setorial da Saúde para Mitigação e Adaptação à Mudança do Clima, elabora-do de acordo com diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Um dos principais objetivos do plano, expli-cou Franco Netto, é o estabelecimento de me-didas de adaptação do SUS, para minimizar as vulnerabilidades da população frente aos impactos da mudança do clima. As ações in-cluem, por exemplo, a consolidação do baixo consumo de carbono nos serviços de saúde. Ele concordou com a necessidade de um es-tudo mais aprofundado do impacto financei-ro no SUS dos problemas de saúde causados pela poluição atmosférica.

A primeira parte da audiência pública foi conduzida pelo relator da CMMC, senador Sérgio Souza (PMDB-PR). A segunda parte da reunião foi comandada pelo presidente da comissão, o deputado federal Márcio Macêdo (PT-SE). O presidente da CMMC cobrou das áreas governamentais representadas na au-diência pública o estabelecimento de metas mais ousadas na diminuição das emissões de gases do efeito estufa. Fonte: Agência Senado

mudanças climáticas

Avenida Prestes Maia, em São Paulo

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Invasões

As invasões biológicas (IB) constituem uma das maiores ameaças à bio-diversidade do planeta . Elas também causam impactos na agricultu-ra, na pecuária, na indústria e na saúde do homem, provocando sérios danos socioeconômicos. Estima-se que no mundo, as perdas com as IB representem 5% da economia global . No Brasil, alcançariam por volta de 40 bilhões de dólares3, o equivalente ao PIB de Países como a Coreia do Nor-te e Guatemala e de Estado brasileiros como Espírito Santo e Pernambuco.

Em vistas dessa realidade, instrumentos legais (e.g. leis, decretos, resolu-ções, instruções normativas, portarias, deliberações e etc.) vêm sendo institu-ídos em muitos Países (e.g.. África do Sul, Austrália, Estados Unidos da Amé-rica, Espanha e Portugal) e Estados da Federação (e.g. Paraná, Pernambuco, Santa Catarina e São Paulo). No Brasil, a Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio) publicou em 21 de outubro de 2009 a Resolução n° 5, que dispõe so-bre a Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras. O objetivo deste documento foi de “prevenir e mitigar os impactos negativos de espécies exó-ticas invasoras sobre a população humana, os setores produtivos, o meio am-biente e a biodiversidade, por meio do planejamento e execução de ações de prevenção, erradicação, contenção ou controle de espécies exóticas invasoras com a articulação entre os órgãos dos Governos Federal, Estadual e Munici-pal e a sociedade civil, incluindo a cooperação internacional”4.

No ano seguinte, na Conferência das Partes (Cop10) da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), realizada em Nagoya, Japão, o Brasil conjun-tamente com outros 192 países signatários, estabeleceram as 20 Metas de Aichi. Destaca-se a Meta 9 – Controle de espécies exóticas invasoras – que versa que “até 2020, espécies exóticas invasoras e seus vetores terão sido identificados, espécies prioritárias terão sido controladas ou erradica-das, e medidas de controle de vetores terão sido tomadas para impedir sua introdução e estabelecimento”5.

Esses fatos traduzem a crescente preocupação global com as IB e encerram de vez qualquer “conflito estereotipado” sobre a real importância do tema. Mes-mo assim, após quatro anos de iniciadas as obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias do Nordeste Setentrional (Pisf), uma das maio-res em andamento no Brasil, nada foi feito nesse tocante. É pertinente ressaltar ainda, a existência da Condicionante Específica 2.50 da Licença de Instalação n° 438/2007 expedida pelo Ibama6 ao empreendedor das obras do Pisf: o Mi-nistério da Integração Nacional (MI): “Prevenir a introdução, realizar o monito-ramento e o controle de espécies exóticas favorecidas pela implantação do em-preendimento que possam causar danos ao meio ambiente e a saúde pública”.

Para a realização das obras do Pisf, uma área de mais de 12.000 ha (120 km²) está sendo completamente alterada. Além da supressão total da ve-getação da área citada, as modificações em outros recursos naturais (e.g. solos e recursos hídricos) estão criando nichos específicos, que vem sendo dominados ou monodominados por espécies exóticas e exóticas invasoras7.

Alguns resultados de pesquisas realizadas pelo Crad/Univasf trazem números e condições preocupantes. Até o momento já foram inventariadas nessas áreas 62 plantas exóticas, das quais seis (9,7%) exóticas invasoras, além de outras dezenas que já apresentam discretas expansões nas suas populações, sugerindo o inicio de novos processos de IB8.

A espécie Nicotiana glauca, por exemplo, já apresenta uma área invadida superior a 800 ha9. Essa espécie é toxica para animais10 e para o ser humano

biológicas

As obras do projeto de integração do Rio São Francisco e o descaso com as invasões biológicas

denúncia

(Schenkel et al., 2003) e devido suas altas taxas de transpiração, altera a disponibilidade de re-cursos hídricos, podendo comprometer o desen-volvimento de comunidades nativas11.

Outras plantas (e.g. Argemone mexicana, Calotropis procera, Prosopis juliflora, Prosopis pallida, e pelo menos uma dezenas de Poace-ae) apresentam atributos e impactos tão im-portantes quanto os descritos acima. Algumas delas ainda são consideradas pragas de cultu-ras agrícolas e pastagens.

Em vista do cenário caótico apresentado, é necessário urgência na criação e implanta-ção de ações de prevenção e de erradicação de espécies exóticas e exóticas invasoras nas áreas sob influência do Pisf. O conhecimento acumulado sobre as IB demonstram que esse problema tende a ser maximizado com o tem-po, o que corresponde a maiores dificuldades e ônus para com as intervenções.

1 • ZEnnI, R.D. & ZILLER, S.R. 2011. An Overview of Invasive Plants in Brazil.2 • SMA. 2010. Espécies exóticas invasoras. 3 • PIMEnTEL, D. et al.. 2001. Economic and Environmental Threats of Alien Plant, Animal, and Microbe Invasions. 4 • MMA. 2009. Resolução Conabio n° 5 de 21/10/2009. 5 • UICN. 2011. Metas de Aichi: Situação atual no Brasil. 6• IBAMA. 2007. Licença de Instalação n° 438/2007. 7 • FABRICAnTE, J.R.; SIqUEIRA-FILHO, J.A. 2012. Mudanças nas Paisagens das Caatingas e as Invasões Biológicas. 8 • FABRICAnTE, J.R.; SIqUEIRA-FILHO, J.A. 2012. Plantas Exóticas e Invasoras das Caatingas do Rio São Francisco. In: SIqUEIRA-FILHO, J.A. (Org.). Flora das Caatingas do Rio São Francisco: História Natural e Conservação. 9 • FABRICAnTE, J.R. et al. 2012. Plantas exóticas e invasoras do rio São Francisco: Nicotiana glauca Graham. 10 • BOTHA, C.J. et al. 2011. Nicotiana glauca poisoning in ostriches (Struthio camelus). 11 • BRAnDES, D. 2000. Nicotiana glauca als invasive Pflanze auf Fuerteventura. Dietmar Brandes (Hrsg.): Adventivpflamen.

A exótica invasora Nicotiana glauca (fumo-bravo) na área das obras do Pisf

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) demitiu o gerente-geral de toxico-logia que tinha denunciado fraude na auto-rização de venda de seis agrotóxicos. Foi por meio de uma nota, publicada em uma rede so-cial, que Luiz Cláudio Meirelles contou o que aconteceu. Segundo ele, os produtos agrotó-xicos não passaram pela necessária avaliação toxicológica para receber o registro do Minis-tério da Agricultura. O ex-gerente disse que a assinatura dele foi falsifi cada e que os proces-sos em situação irregular desapareceram.

O ex-gerente diz que, em agosto, assim que detectou as irregularidades, pediu que o Mi-nistério da Agricultura suspendesse os re-gistros. Nenhum produto está no mercado. Ele conta que também comunicou o caso, três meses atrás, à direção da agência e pe-diu a demissão do gerente responsável pelas

Após denúncia do ex-gerente-geral da área de agrotóxicos sobre apro-vação de seis produtos de forma irregular, a Agência Nacional de Vigi-lância Sanitária (Anvisa) anunciou uma devassa em todos os processos dessa área que ingressaram na agência desde 2008. Serão submetidos à auditoria 120 processos. Luiz Claudio Meirelles, ex-gerente de Toxicologia da Anvisa, foi exonerado na semana passada, após denunciar irregularida-des na autorização de liberação de agrotóxicos.

A direção da Anvisa pretende sugerir que essa auditoria seja estendida ao Ibama e ao Ministério da Agricultura (Mapa), que também analisam e aprovam liberação de agrotóxicos. Em reunião na tarde de ontem no Mapa, a sugestão da Anvisa de estender a auditoria aos outros órgãos esteve na pauta, e o ministério afirmou que será elaborado um comuni-cado conjunto sobre o assunto.

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gerente-geral que denunciou fraude em autorizações

Anvisa anuncia devassa no setor de

Segundo ele, produtos agrotóxicos não passaram pela necessária avaliação toxicológica para receber o registro do Ministério da Agricultura. Ex-gerente disse que sua assinatura foi falsificada e que processos irregulares sumiram

Auditoria pode ser estendida a áreas do Ibama e do Ministério da Agricultura

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Leia mais em http://oglobo.globo.com/pais/anvisa-anuncia-devassa-no-setor-de-agrotoxicos-6793121#ixzz2CxDmLmmR

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“É importante apurar exaustivamente o que aconteceu. A Anvisa ainda tem dúvida se to-dos os processos com problemas já foram identifi cados. Tudo o que poderia ser feito foi feito”, afi rmou o diretor-presidente da agên-cia, Dirceu Barbano, que, em nota na segun-da, criticou o comportamento de Meirelles.

Barbano admite que “há indícios concretos” de que os processos apontados por Meirelles podem ter problemas, e por isso, foi pedido o cancelamento dos informes dos seis pro-dutos liberados. Fonte: O Globo

liberações indevidas. Meirelles, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz e que estava há quase 13 anos cedido à Anvisa, foi surpreendido com sua própria demissão, na semana passada.

“Cumpri todos os ritos e toda a hierarquia da casa pensando na preser-vação da equipe e da instituição, por conta da credibilidade que nós te-mos hoje em relação à avaliação toxicológica de agrotóxicos do Brasil, e fui exonerado do cargo”, disse o ex-gerente de toxicologia da Anvisa.

Em nota, a Anvisa considerou as denúncias “extremamente graves” e disse que encaminhou o caso à corregedoria da agência e à Polícia Federal. Também confi rmou a demissão dos dois gerentes: o acusado das irregularidades e de Luiz Meirelles, por considerar que ele “tinha elementos que permitiam iden-tifi car e evitar os fatos há mais tempo, já que foi gerente-geral por doze anos”.

A Anvisa também informou que vai auditar todos os informes de ava-liação toxicológica concedidos desde 2008. Isso se refere à cerca de 120 produtos. Se for detectada alguma irregularidade, serão tomadas as de-vidas providências. O ex-gerente responsável pelas liberações suspeitas é Ricardo Augusto Veloso. Ele não foi encontrado para comentar as de-núncias. O Ministério Público também está investigando o caso. Fonte: G1

“A Anvisa ainda tem dúvida se todos os processos com problemas já foram identifi cados”, afi rmou o diretor-presidente da agência, Dirceu Barbano

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distúrbios mentaisMédicos veem relação entre vida urbana e

Barulho, trânsito, lixo, pessoas apressadas e se empurrando por todos os lados – a vida nas grandes cidades é estressante. Mas as perspectivas de um emprego melhor, um salário mais alto e de um estilo de vida ur-bano atraem cada vez mais pessoas às cidades. Se há 60 anos menos de um terço da população mundial vivia em cidades, hoje mais da metade mora em centros urbanos. Até 2050, a estimativa é que essa cota atinja 70%.

“Com o aumento das populações urbanas, o número de distúrbios psíqui-cos também tem aumentado em todo o mundo”, alerta Andreas Meyer-Lin-denberg, diretor do Instituto Central de Saúde Mental de Mannheim. “So-mente a depressão custa aos cidadãos europeus 120 bilhões de euros por ano. O custo de todas as doenças psíquicas juntas, incluindo demência, ansiedade e psicose, ultrapassa o orçamento do fundo de resgate do euro. A frequência e a gravidade dessas doenças costumam ser subestimadas”, afirma.

Em 2003, psiquiatras britânicos publicaram um estudo sobre o estado psi-cológico dos moradores do bairro londrino de Camberwell, uma área que teve um grande crescimento desde meados da década de 1960. Entre 1965 e 1997, o número de pacientes com esquizofrenia quase dobrou – um aumen-to acima do crescimento da população.

Na Alemanha, o número de dias de licença médica no trabalho relacionada a distúrbios mentais dobrou entre 2000 e 2010. Na América do Norte, recentes estimativas apontam que 40% dos casos de licença estão ligados à depressão.

“Nas cidades pode acontecer de as pessoas não conhecerem seus vizinhos, não conseguirem construir uma rede de apoio social como nas vilas e pe-quenas cidades. Elas se sentem sozinhas e socialmente excluídas, sem uma espécie de rede social de segurança”, observa Andreas Heinz, diretor da Clínica de Psiquiatria e Psicoterapia no hospital Charité, em Berlim.

Quase não existem estudos consistentes sobre a influência do meio ur-bano no cérebro humano. Mas pesquisas com animais mostram que o iso-lamento social altera o sistema neurotransmissor do cérebro. “Acredita-se que a serotonina é um neurotransmissor importante para amortecer situ-ações de risco. Quando animais são isolados socialmente desde cedo, o ní-vel de serotonina diminui drasticamente. Isso significa que as regiões que respondem a estímulos ameaçadores são desinibidas e reagem de maneira mais forte, o que pode contribuir para que o indivíduo desenvolva mais fa-cilmente distúrbios de ansiedade ou depressões”, diz Heinz.

Um dos primeiros estudos feitos com seres humanos parece confirmar essa suposição. Com ajuda de um aparelho de ressonância magnética, a equipe do psiquiatra Andreas Meyer-Lindenberg analisou o cérebro de pessoas que cresceram na cidade e de pessoas que se mudaram para a cidade já adultos.

Enquanto os voluntários resolviam pequenas tarefas de cálculo, os pes-quisadores os colocavam sob pressão, por exemplo criticando que eles eram muito lentos, cometiam erros ou que eram piores que seus antecessores.

“Olhamos especificamente para as áreas do cérebro que são ativadas quando se está es-tressado – e que também têm um desenvol-vimento distinto, dependendo da experiên-cia urbana que a pessoa teve. Especialmente as amídalas cerebelosas reagiram ao estresse social, e de maneira mais intensa quando o vo-luntário vinha de um ambiente urbano. Essa região do cérebro está sempre ativa quando percebemos algo como sendo uma ameaça. Elas podem desencadear reações agressivas que podem gerar transtornos de ansiedade”, explica Meyer-Lindenberg.

Além disso, quem cresceu na cidade grande apresentava, sob estresse, em regiões especí-ficas do cérebro, uma atividade semelhante à apresentada por pessoas com predisposição genética para a esquizofrenia.

Pesquisa melhora planejamento urbanoEm todo o mundo, as cidades estão crescen-

do muito e se transformando. “Mas não exis-tem ainda dados significativos de como uma cidade ideal deve ser quando se leva em con-sideração a saúde mental de seus habitantes”, observa Meyer-Lindenberg.

Por isso, o especialista desenvolveu, em co-laboração com geólogos da Universidade de Heidelberg e físicos do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe, um dispositivo móvel que pode testar voluntários em diversos pontos de uma cidade. Assim, os pesquisadores podem testar o funcionamento do cérebro em lugares e si-tuações diferentes, como num cruzamento ou num parque.

Juntamente com posteriores análises do cé-rebro dos voluntários, os pesquisadores espe-ram obter dados mais concretos de como o cé-rebro processa os diferentes aspectos da vida cotidiana nas cidades.

Os resultados dessa pesquisa poderão ser de grande valor para a arquitetura e o plane-jamento urbano, afirma Richard Burdett, pro-fessor de estudos urbanos da London School of Economics. Para ele, o neuro-urbanismo, uma nova área do conhecimento que estuda a re-lação entre o estresse e as doenças psíquicas, pode ajudar a evitar a propagação de doenças psíquicas nas cidades.

“Planejadores urbanos precisam ter em menteque devem encontrar o equilíbrio entre a necessidadede organizar muitas pessoas em poucoespaço e a necessidade de se criar espaçosabertos” – Andreas Meyer-Lindenberg

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contaminaçãoCemitérios, fontes renováveis de

Pouco mais de sete em cada dez cemité-rios públicos brasileiros têm problemas de ordem ambiental e sanitária, de acor-do com estudo do geólogo e mestre em en-genharia sanitária Lezíro Marques Silva. O levantamento, concluído em 2011, reuniu dados de mais de mil cemitérios do país, en-tre públicos e privados. O pesquisador, que é professor da Universidade São Judas, expli-ca que os problemas começam na superfície com a proliferação de animais vetores de do-enças e continuam no subsolo com a conta-minação do lençol freático.

“Se o necrochorume escapa do túmulo, ele pode entrar em contato com o lençol freático, criando uma mancha de poluição que atinge quilômetros de distância a ponto de contami-nar poços e rios”, explica o geólogo. O necro-chorume é um líquido formado durante a de-composição de cadáveres enterrados, similar ao gerado pelos resíduos sólidos em aterros sanitários. “Ele é rico em substâncias tóxicas como putrecina, cadaverina e alguns metais pesados”, explica.

Lezíro Marques informou ainda que a con-taminação do lençol freático ocorre em qua-se a totalidade dos cemitérios públicos com problemas ambientais e sanitários. Ele des-taca que a saturação desses equipamentos públicos agravam ainda mais os prejuízos provocados por essas condições. “Com o es-gotamento da capacidade de sepultamento, o que sobra são terrenos do ponto de vista geológico inadequados, como lençol freático raso, área de várzea e morro”, critica.

O professor Walter Malagutti, do Departa-mento de Geologia da Universidade Estadu-al Paulista (Unesp), que também desenvolve pesquisa na área, explica que não havia a pre-ocupação de observar os critérios geológicos para construção de cemitérios. “Pode ocorrer de alguns terem sido implantados em locais inadequados. Muitos estão em áreas nobres, como as regiões centrais.”

Cerca de 75% dos cemitérios públicos do país têm problemas ambientais e sanitários

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Cemitério São Luiz, na zona sul da cidade de São Paulo

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Ele avalia que o ideal seria considerar os mesmos critérios dos aterros sa-nitários, como lençol freático mais profundo possível, rocha impermeável e distância dos centros urbanos, para construção de cemitérios.

Walter Malagutti explica ainda que os cemitérios são fonte renovável de contaminação, pois, diferentemente dos aterros, eles não costumam ser de-sativados. “Pela legislação brasileira, depois de cinco a sete anos, quando ficam só ossos, eles são removidos e colocado outro corpo no local”, relata. Segundo o professor da Unesp, um diagnóstico ambiental dos locais de en-terro já existentes e a observação de critérios geológicos para a implanta-ção de novos cemitérios são algumas medidas para amenizar a situação.

Já a pesquisa desenvolvida por Lezíro Marques resultou no desenvolvi-mento de substâncias capazes de neutralizar o necrochorume, reduzin-do o nível de contaminação. “A grande meta é não permitir que o líquido extravase”, destacou. Para tanto, foi criada uma espécie de colchão a ser colocado na sepultura, o qual possui um líquido que elimina os efeitos dos poluentes. Uma ação semelhante é conseguida por uma substância que lava o subsolo retirando o necrochorume. “Tem solução, mas pouco é feito”, avalia.

O geólogo destaca ainda a necessidade de uma legislação mais específi-ca, que oriente a construção de lajes de contenção e obrigue uso de subs-tâncias neutralizadoras do necrochorume.

Os pesquisadores concordam que a cremação seria a solução mais adequa-da para a preservação do meio físico. Eles avaliam, no entanto, que a questão cultural é o principal empecilho para o uso da técnica. “A cremação é muito incipiente no Brasil. E isso não tem a ver diretamente com o custo. Enquanto se paga entre R$ 350 e R$ 400 para cremar um corpo, o enterro mais simples custa no mínimo R$ 2 mil. É uma questão cultural”, avalia Lezíro.” Fonte: Agência Brasil

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTA

RÁDIO BANDEIRANTESAM 1360 (RJ) COM ÁTILA NUNES FILHO

Permitir que dezenas de ouvintes diaria-mente entrem no ar para reclamar, protes-tar, denunciar, sem censura. Essa é a fórmu-la do sucesso de audiência do Programa Reclamar Adianta que vai ao ar de segun-da à sexta feira pela Rádio Bandeirantes AM 1360 (RJ). Na verdade, esse sucesso é um re-sultado, e não o objetivo. O objetivo sempre foi - e é - de dar voz aos cidadãos que não tem acesso aos veículos de comunicação para externar seus pontos de vista.

Todas as reclamações dirigidas à empresas ou às autoridades, recebem nossa atenção – de forma personalizada – que não se encer-ra quando acaba o programa ao meio dia. A partir desse instante começa o atendi-mento fora do ar. O monitoramento dessas reclamações pela nossa equipe continua no restante do dia, às vezes, do resto da sema-na, até a se alcançar a solução.

O alcance dos assuntos foi ampliado, esten-do-se às reclamações dos ouvintes em rela-ção aos órgãos do governo federal, gover-nos estaduais e prefeituras.

Dezenas de profissionais trabalham hoje in-teiramente dedicados à milhares de ouvin-tes que acompanham o programa ao vivo pela Rádio Bandeirantes ou pela internet, com o fundamental apoio do serviço de in-teresse público Em Defesa do Consumidor (www.emdefesadoconsumidor.com.br).

A central telefônica, criada para atender durante as duas horas de programa, hoje funciona 24 horas por dia.

As três dezenas de profissionais que atuam no Programa Reclamar Adianta preparam-se para ampliar o atendimento nacionalmente.

Tudo isso se deve, contudo, aos milhares de ouvintes que sintonizam a Rádio Bandeiran-tes AM 1360 do Rio de Janeiro, de segunda à sexta-feira, das 10h ao meio dia.

Obrigado a todos.

E guarde o número de telefone de nossa Cen-tral de Atendimento: (021) 3282-5588. Se pre-ferir, nos mande um e-mail. O atendimento é 100% gratuito e personalizado.

A equipe doPrograma Reclamar Adianta

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTARÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, entre 10h e meio dia,Acesse pela internet: www.reclamaradianta.com.br

Central telefônica 24h: (021) 3282-5588twitter: @defesaconsumowww.emdefesadoconsumidor.com.br

PROGRAMA PAPO MADURORÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, ao meio dia,Acesse pela internet: www.papomaduro.com.br

Central telefônica 24h: (021) 3282-5144

Advocacia Rogerio Alvaro Serra de CastroTel. (21) 2531.1005 | Tel/Fax. (21) 2531.2949

Rua da Assembleia, nº 10 - cj 2514 Centro20011-901 Rio de Janeiro/RJ Brasil

[email protected] | [email protected] | [email protected]

Informações: (21) 2620-20452711-2656 / 2717-8713http://ateliercanellas.blogspot.com.br/Rua Miguel de Frias, 206/603, Icaraí - Niterói (RJ) • [email protected]

Atelier Canella’s Cursos (para crianças, adultos e 3ª idade)• Desenho: artístico, mangá, nanquim, pastel, ao vivo, perspectiva• Pintura: óleo, acrílico, aquarela, arteterapia• Curso de habilidade específica para vestibulares

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CUPOM DO ASSINANTESIM, quero ser assinante-colaborador da Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental, uma organização sem fins lucrativos, assegurando meu livre acesso ao conteúdo do PORTAL DO MEIO AMBIENTE (www.portaldomeioambiente.org.br) e o recebimento da versão impressa e gratuita da REVISTA DO MEIO AMBIENTE sempre que for editada. Declaro concordar com o pagamento de R$ 100,00 (cem reais) referentes às despesas de manuseio e de postagem de 12 (doze) edições impressas, que receberei uma a uma, independente do tempo que dure. Farei o pagamento através de depósito bancário na Caixa Econômica Federal, Agência 3092 OP 003, C/C 627-5, em favor da PRIMA – MATA ATLÂNTICA E SUSTENTABILIDADE – CNPJ nº 06.034.803/0001-43, parceira da Rebia neste projeto pela democratização da informação socioambiental no Brasil. Após o pagamento, informarei pelo e-mail [email protected] a data, hora e valor do depósito e os dados completos (nome completo, endereço completo) a fim de receber meus exemplares.

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Revista do Meio AmbienteRedação: Trav. Gonçalo

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Telefax: (21) 2610-2272ano VII • ed 53 • novembro 2012 ISSN 2236-1014