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REVISTA Nº 53 NEGÓCIOS BEM INFORMADOS COMO OS BANCOS BRASILEIROS Já ESTãO USANDO O BIG DATA PARA MELHORAR SEU RELACIONAMENTO COM CLIENTES, DIMINUIR CUSTOS E, CLARO, IDENTIFICAR NOVAS OPORTUNIDADES NADA ELEMENTAR Tendo Watson, da IBM, como maior estrela, computação cognitiva quer ler seres humanos MUNDO HIPERCONECTADO Como alinhar avanços high tech às necessidades reais dos consumidores

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REVISTA Nº 53

NEGÓCIOS BEM INFORMADOSComo os baNCos brasileiros já estão usaNdo o big data para melhorar seu relaCioNameNto Com ClieNtes, dimiNuir Custos e, Claro, ideNtifiCar Novas oportuNidades

NADA ELEMENTAR

Tendo Watson, da IBM, como maior estrela, computação cognitiva quer ler seres humanos

MuNDO hIpERCONECTADO

Como alinhar avanços high tech às necessidades reais dos consumidores

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4 revista Ciab febrabaN

Comissão orgaNiZadora: PRESIDENTE: Gustavo de Souza Fosse – Banco do Brasil. VICE-PRESIDENTE: Keiji Sakai – Banco BM&FBovespa. membros: Adauto Del Fávero – HSBC, Armando Corrêa – Citibank, Eliane Grotti Borges – Caixa Econômica Federal, Jorge Fernando Krug Santos – Banrisul, Jorge Luiz Viegas Ramalho – Itaú Unibanco, Jorge Vacarini – Deutsche Bank, Paulo César Duarte Cherberle – Bradesco, Ricardo Shigueaki Nozuma – Santander Brasil, Ronei Maranssati – Banco do Brasil. diretoria de eveNtos: Nair Macedo (diretora), Marcelo Assumpção (gerente de relacionamento), Hilda Nishijima Solera (assessora). diretoria de polÍtiCas de imagem e ComuNiCaÇão: Pedro Luiz Rodrigues (diretor), Cleide Sanchez Rodriguez (gerente), Danilo Gregório (assessor). diretoria de polÍtiCas de NegÓCios e operaÇÕes: Leandro Vilain João (diretor), Nilton César Gratão (assessor), Vitor Lee Harris (assessor). marKetiNg: Silvia Fernanda Mazzola (assessora) revista Ciab febrabaN: EDIÇÃO: Danilo Gregório. PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO: Ideia Visual. JORNALISTA RESPONSÁVEL: Cleide Sanchez Rodriguez (MTb 15.318) Esta é uma publicação da Federação Brasileira de Bancos – FEBRABAN, Av. Brigadeiro Faria Lima, 1485 – 14º andar – Torre Norte – 01452-921 – São Paulo – SP

Copyright 2014. Todos os direitos reservados

www.ciab.org.brwww.facebook.com/CiabFEBRABANTwitter: @ciabfebraban

[email protected]: @febraban

6 Editorial

8 Artigo: Liliane Dutra ISO 20022: universal e flexível

21 Espaço Inovação

10 ciab 2014Bancos usam big data para melhorar relacionamento com clientes, ganhar eficiência e gerar novos negócios

16 ciab 2014Empresas se perguntam como combinar avanço tecnológico às necessidades reais dos consumidores

25 empreendedorismoCom Watson, IBM chega à “terceira era da computação”, baseada em sistemas cognitivos

sumário

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missão cumprida

Com o tema central “estratégia digi-tal numa sociedade hiperconectada”, o 24ª Ciab FEBRABAN, realizado em

junho, recebeu quase 16 mil visitantes na área de exposição, reunindo 118 empresas, que apresentaram soluções inovadoras para o mer-cado financeiro, aplicáveis às mais variadas dimensões, como segurança, eficiência ope-racional e atendimento ao cliente. Inovações em terminais de autoatendimento, biometria e mobile banking foram alguns dos destaques nos estandes de expositores.

Em relação ao congresso, contamos com a participação de 3 keynote speakers, 13 pales-trantes internacionais, 72 palestrantes locais, 30 mediadores e 6 debatedores. As palestras mais bem avaliadas pelos congressistas foram aquelas em que os meios digitais e a mobilidade estiveram presentes direta ou indiretamente nas discussões, entre elas, “A transformação de negócios com o consumidor hiperconectado”; “The new era of cognitive computing”; “Mo-bile payments”; “Marco Civil da Internet”; “Analytics e big data”, entre outras.

Um resultado que nos enche de orgulho, pois demostra o acerto na escolha do tema central do evento. E não poderia ser diferen-te. Os canais digitais e a mobilidade estão se

transformando numa grande aliada dos negó-cios, alterando o modo de nos relacionarmos com clientes e ofertarmos produtos, assegu-rando maior conveniência aos consumidores.

Chamou a atenção que o Ciab 2014 esteve mais internacional. No total, 100 participantes estrangeiros passaram pelo evento, vindos de 24 países, da América do Sul, Norte, Europa e Ásia. O Espaço Internacional, destinado à exposição de empresas que não têm sede no Brasil, este ano cresceu 28% em número de empresas expositoras. O avanço, certamente, é consequência da expansão do mercado fi-nanceiro brasileiro e da maior atratividade provocada por eventos internacionais como a pela Copa do Mundo.

Também não poderíamos deixar de lembrar o Espaço Inovação, uma iniciativa da FEBRABAN e do Instituto de Tecnologia de Software (ITS) que completa dez anos e, mais uma vez, reuniu as inovações de startups nacionais.

Como se vê, o Ciab 2014 seguiu sua tra-dição de trazer para o centro do debate temas mais atuais envolvendo a tecnologia da infor-mação, atendendo os anseios de executivos e profissionais que transitam entre as finanças e a tecnologia. n

gustavo fosseDiretor Setorial de Tecnologia eAutomação Bancária da FEBRABAN

editorial

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artigo

universal e flexívelPor Liliane Dutra*

a utilização do padrão internacional de mensagens ISO 20022 foi uma das soluções adotadas nos últimos anos

por instituições financeiras e reguladores dos cinco continentes com o objetivo de garan-tir competitividade internacional, minimizar custos e fraudes, maximizar interoperabili-dade entre mercados e sistemas, e facilitar a transferência e disponibilidade de informa-ções para consumidores.

A norma ISO 20022 foi elaborada pelo Comitê Técnico 68 (ISO/TC68), responsável pelo desenvolvimento de padrões internacio-nais para a indústria de produtos e serviços financeiros. Estruturados numa rede de orga-nismos nacionais e internacionais, os Comitês Técnicos da International Organization for Standardization (ISSO) têm como compro-misso assegurar que as normas sejam desenvol-vidas com o intuito de atender às demandas do mercado como um todo, não somente de um país ou instituição.

A flexibilidade é fator primordial para a ampla adoção da norma ISO 20022 – desen-volvida como um padrão de comunicação para todo o universo financeiro através de consenso global –, promovendo a liberdade de utilização de diferentes tecnologias e meios de comunica-ção sem se desvincular dos conceitos universais elaborados pelos organismos internacionais.

O padrão ISO 20022 busca oferecer um modo universal de comunicação entre as ins-

tituições financeiras, através da utilização de uma metodologia comum, baseada nos prin-cípios da modelagem de negócios, que permite a usuários e desenvolvedores capturar, analisar e descrever seus processos de negócios e suas necessidades de informação – frequentemente distintos dentre os diversos países – com a ado-ção de uma linguagem independente.

Essa abordagem flexível dos processos de desenvolvimento de novas mensagens incentiva a construção de modelos pelos próprios usuários, respeitando uma metodologia universal e estimu-lando a migração para uma linguagem comum. Além disso, está disponível no repositório da ISO 20022 um dicionário contendo os componentes detalhados das mensagens padrão ISO 20022, bem como um catálogo de processos de negó-cios, com modelos e esquemas que auxiliam no processo de desenvolvimento de mensagens em linguagem XML ou ASN.1. Dessa forma, qual-quer comunidade de usuários ou organização pode utilizar a metodologia ISO para desenvolver mensagens candidatas a padrão ISO 20022. n

*liliane dutra é economista, especialista em padroni-zação e integração de in-formações, coordenadora da Comissão brasileira de estudo especial de serviços financeiros - abNt/Cee-112 e consultora da Cip para pa-dronização internacional de informações.

adotada por instituições financeiras e reguladores dos cinco continentes, norma iso 20022 incentiva construção de modelos pelos próprios usuários e migração para uma linguagem comum

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Padronização Internacionalde Informações para umMundo Hiperconectado

INFORME PUBLICITÁRIO

O futuro das geraçõespassa por aqui.

Conciliar crescimento, inovação, tecnologia de ponta ecustos, com rapidez e segurança, para a solidez e a estabilidade

do sistema financeiro. Esse desafio é de todos nós.

RealizaçãoApoio

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Negócios bem informados

Por Felipe Falleti

Como os bancos brasileiros já estão usando o big data para melhorar seu relacionamento com clientes, diminuir custos e, claro, identificar novas oportunidades

você tem compulsão por comprar li-vros, adora passear de bicicleta nos dias livres e quando sai com seu carro novo

só o para na rua em último caso, procurando sempre um estacionamento privado. Talvez você não saiba exatamente quanto dinheiro gastou com livros ou estacionamento e, menos ainda, quantos quilômetros rodou pedalando. Mas seu cartão de crédito e apps para celular são totalmente capazes de registrar esses dados. Ao observar essa realidade, o professor da Univer-sidade de Stanford, Andreas Weigen, concluiu que os dados sabem bem mais sobre nós do que nós mesmos.

Desde que Weigen cunhou sua célebre frase, em 2008, o fenômeno do big data esca-pou das discussões acadêmicas para ganhar os corredores de hospitais, agências de publicidade e, naturalmente, salas de reunião das equipes de negócios e tecnologia da informação de gran-des instituições financeiras. Ao longo do Ciab 2014, executivos de instituições como Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Caixa Econômica Federal apresentaram alguns casos de como os bancos estão usando a avalanche de dados criados por seus sistemas TI para aumen-tar eficiência e gerar novos negócios.

Uma das aplicações inovadoras apresen-tadas no evento foi desenvolvida pelo time de

tecnologia do Banco do Brasil e integra concei-tos como redes sociais, hábitos de consumo do cliente e atendimento pós-vendas. De acordo com Geraldo Afonso Dezena, vice-presidente de TI do BB, o banco desenvolveu uma solução para melhorar sua comunicação com correntis-tas a partir de dados coletados em redes sociais, como Twitter e Facebook.

de olhos e ouvidos nas redesAo todo, a área de marketing e comunicação do BB gerencia 10 contas no Twitter e 7 fan pages no Facebook, somando um total de 10 milhões de fãs ou seguidores. Esses usuários buscam, nas redes oficiais do banco público, informações sobre como obter crédito pessoal, fazer um se-guro de automóvel ou até mesmo financiar uma safra agrícola. Embora já existam, no mercado, ferramentas para monitorar redes sociais, como Scup e Hootsuite, nenhuma delas era capaz de se integrar com eficiência aos sistemas do banco e, por isso, ao longo de sete meses, um software de coleta e análise de dados foi desenvolvido internamente.

“Construímos uma ferramenta capaz de monitorar as citações referentes ao BB nos perfis oficiais do banco nas redes sociais. Com ela, é possível identificar a quantidade de citações, sua natureza (positiva, negativa

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ou neutra), os assuntos mais comentados e até os dias e horários em que elas ocorrem com maior frequência”, afirma Dezena. De acordo com o executivo, os dados coletados servem, num primeiro momento, para dar respostas rá-pidas aos correntistas, contornar o surgimento de crises com consumidores ou mesmo recolher sugestões e dados que ajudem a instituição a aprimorar seus serviços.

Este tipo de ação, apelidada de “SAC 2.0”, no entanto, é apenas um dos recursos do caso de big data do Banco do Brasil. O maior obje-tivo da empresa é usar esses dados como fonte para gerar novos negócios. “A partir do cruza-mento de posts públicos disponíveis em redes sociais, pode-se saber se um cliente comprou um carro e oferecer um seguro específico para ele. Com mais informações sobre o perfil desse mesmo cliente, pode-se oferecer uma apólice com melhores condições que as praticadas pela concorrência”, diz o executivo. De acordo com

Dezena, numa segunda etapa, o software do BB será capaz de relacionar esses dados a informa-ções, por exemplo, sobre seus hábitos de direção e áreas da cidade em que o motorista trafega, fatores determinantes para estimar o risco de um acidente ou roubo e que poderá permitir ofertas mais acuradas de seguro de automóvel.

mapa diversoInstituições públicas como o BB, que buscam atender não só às demandas e avanços do merca-do, mas também às especificidades do governo e de sistemas de tecnologia antigos, o chamado “legado”, precisam de grandes investimentos em infraestrutura, servidores e data centers para administrar dados e implementar soluções em nuvem. Paulo Maia da Costa, gerente executivo da Caixa Econômica Federal (CEF), demons-trou como o banco por trás do FGTS, loterias e financiamento da casa própria está transforman-do sua infraestrutura para adaptar-se aos novos

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modelos de mercado. “Falar de big data e nuvem, hoje, é como falar de internet no passado. Há algum tempo, algumas empresas discutiam se fazia sentido para elas estar na web, o que se mostrou absolutamente essencial. Do mesmo modo, investir em soluções de cloud e big data é inevitável para o setor financeiro”, diz Costa.

Segundo o executivo, o desafio maior da CEF foi renovar sua infraestrutura e criar sistemas capazes de coletar dados por meio de diferentes soluções de software e tecnologias de transmissão de informações. “Nós somos um banco com mais de 71 milhões de correntis-tas, que está presente em todos os municípios brasileiros, em alguns por meio de agências móveis dentro de embarcações, caso recorrente na Amazônia. Portanto, para nós não é trivial implementar mudanças de padrão tecnológico e ferramentas de análise de dados.”

Para dar conta de seu tamanho, a insti-tuição pública inaugurou um data center no ano passado, em Brasília, e está construindo um segundo, no Rio de Janeiro. De acordo com

Costa, o banco está desenvolvendo soluções de software livre para oferecer serviço de infraes-trutura a agências espalhadas por todo o Brasil e conseguir integrar, por meio de plataformas web based (executadas pela internet), dados co-letados por unidades de áreas remotas do País.

Segundo o executivo, quando uma agên-cia precisa configurar um novo servidor, esse processo já é feito em até 15 minutos, tempo considerado baixo se levada em conta a comple-xidade dos sistemas usados pela Caixa. Com a renovação de seu parque tecnológico, a Caixa será capaz de integrar dados não só de seus mais de 70 milhões de clientes, mas também de aposta-dores que recorrem a lotéricas e postos bancários administrados pela instituição.

Feita a integração de dados, a expectativa do banco é que a possibilidade de analisá-los permita, por um lado, melhorar o nível de aten-dimento da Caixa, oferecendo produtos mais adequados para cada tipo de cliente e, por ou-tro, identificar novos produtos que possam fazer sentido para o mercado, como financiamento com juros menores para clientes com menor chance de inadimplência e seguros com valores ajustados de acordo com o perfil de risco do segurado — em cálculo feito não por estatísticas gerais, calcadas em gênero ou faixa etária, mas em dados individualizados do comportamento de cada correntista.

um novo cliente, uma nova interface Entre os bancos que apresentaram exemplos de uso de big data no Ciab 2014, o Itaú Unibanco exibiu um projeto que prevê integrar os dados coletados a partir de todas as telas usadas pelo cliente, como celular, tablet, notebook e caixa de autoatendimento. De acordo com Pedro Danati, superintendente de sistemas do Itaú Unibanco, o desafio da empresa não é recolher

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dados transacionais, por exemplo, sobre de-pósitos, transferências e pagamentos, mas, sim, dados comportamentais, que sejam capazes de entender como o usuário utiliza cada platafor-ma tecnológica.

Um cliente que acessou a opção “emprésti-mos” no seu app para celular poderá ter interes-se em ver destacado o item “empréstimo” na tela de uma caixa automático quando a acessar. Ou, ainda, um correntista que usa com frequência a opção de pagar contas em seu bankline no note-book poderá encontrar um atalho para efetuar pagamentos quando utilizar seu app móvel do Itaú Unibanco no próximo acesso. “Quando nós decidimos investir em big data foi como criar uma empresa dentro da empresa. Reuni-mos pessoas de áreas distintas, como negócios, tecnologia e estatísticas para tentar pensar de forma disruptiva, sem nos prendermos a pa-drões anteriormente adotados pelo banco. Nos-so objetivo é desenvolver coisas grandes, que realmente façam a diferença para o correntista e para a instituição”, afirmou Danati.

Na avaliação do executivo, a integração de dados coletados em múltiplas interfaces e a análise inteligente permitirá ao banco, em um futuro próximo, prever com mais exatidão os hábitos e as preferências de seus clientes e gerar informações que possam ser aproveitadas em tempo real, como oferecer produtos financeiros no momento mais propício para a aceitação. Esse maior conhecimento da carteira de clientes tende a diminuir as perdas com fraudes, baixar as taxas de inadimplência e os custos da insti-tuição. Afinal, com mais informações, a chance de tomar uma decisão acertada sobe.

siga aquele carroA análise comportamental do cliente também está por trás do projeto que integra dispositi-vos móveis, internet das coisas e big data do

Bradesco, que já testa com um grupo de 70 funcionários e algumas instituições parceiras o uso do smartphone como carteira virtual. De acordo com Maurício Machado de Minas, diretor executivo do Bradesco, o objetivo do projeto é que usuários de smartphones com sistemas operacionais Android e iOS possam pagar contas, pedir reembolso de seguro saúde ou realizar transações financeiras usando apenas um único app do Bradesco em seu aparelho. “O principal desafio desse projeto é treinar todos os agentes envolvidos, inclusive o varejo”, afirma Machado.

De acordo com o projeto, após um jantar será possível aproximar o celular de uma máqui-na de pagamentos para pagar a conta. Dados do seguro saúde, seguro do carro, cartão de crédito e de conta corrente ficam todos armazenados no app, dispensando o uso de todos os cartões de plástico que normalmente seriam necessários. Além de proporcionar comodidade para o clien-te, o fato de todos os dados serem processados de forma integrada facilita sua coleta e análise por ferramentas de big data.

O projeto ainda prevê a instalação de chips nos veículos de clientes segurados pelo Bradesco Auto. O uso desse dispositivo permitirá saber qual cliente usa mais vezes o automóvel e qual o deixa vários dias por semana na garagem. O cruzamento das informações fará o banco com-preender quais clientes merecem um desconto maior ao renovar o seguro e, ainda, cortar os custos da instituição financeira com investiga-ção de sinistros, uma vez que a maior riqueza de dados ajuda a diferenciar ocorrências verda-deiras de eventuais tentativas de fraude contra a seguradora.

Ao que tudo indica, os dados sabem mais sobre a carteira de clientes de um banco do que o próprio banco. É hora de equilibrar esse conhecimento. n

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A história mostra que toda mudança traz resistência. Mas resistir às mudanças não faz e nunca fez parte da evolução dos negócios. Já imaginou as próximas mudanças para o futuro tecnológico da sua empresa? Então reimagine. Conheça a Stefanini. A maior empresa latino-americana em serviços de TI, presente em 30 países, sendo a 3ª empresa mais globalizada do país. www.stefanini.com

“A televisãonão dará certo.”

The New York Times, 1939

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os bancos brasileiros já passaram por vários grandes testes tecnológi-cos, mas nada comparado às ques-

tões colocadas pelos clientes hiperconectados. Tradicionalmente vetores da introdução da inovação, pela primeira vez as instituições financeiras veem a mão se inverter. Agora, são os consumidores que estão forçando as empresas a se reinventarem para absorver no-vidades apresentadas por meio de uma miría-de de aplicações e dispositivos – muitas vezes mais avançados que as soluções oferecidas pelas instituições financeiras. Esse panorama tecnológico foi amplamente discutido na 24ª edição do Ciab FEBRABAN, realizada de 4 a 6 de junho, em São Paulo, que teve como tema central “Estratégia Digital no Mundo Hiperconectado”.

Ricardo Guerra, diretor-gerente do Itaú Unibanco, quantificou o contexto digital no painel “O Cliente no Banco Digital”, mos-trando por que o Brasil, especialmente, é cada vez mais digital e conectado: diariamente, em todo o planeta, são postadas 4,5 bilhões de “curtidas” no Facebook e realizadas 3,5 bi-lhões de buscas no Google, números que são mais da metade da população do planeta. A mudança de comportamento é especialmente acelerada no Brasil, que está cada vez mais en-gajado na revolução digital, segundo Guerra. Metade da população brasileira tem acesso à internet, ante 40% da população mundial.

O País ocupa a quinta posição no nú-mero de usuários de internet, de acordo com dados da comScore, atrás apenas de nações desenvolvidas como Estados Unidos e Japão e populosas como China e Índia – que, no entanto, têm taxas de penetração menor do que a do Brasil. Os brasileiros continuam liderando o ranking da América Latina em tempo gasto na internet, com média 35,6 horas mensais, acima das 23 horas da média mundial, considerando-se apenas os acessos por computador pessoal (PC).

somos sociaisSomente nas redes sociais, o brasileiro passa quase 13 horas por mês, mais que o dobro da média global. Os jovens são os mais engaja-dos, mas todas as gerações estão na internet. Engana-se quem pensa que internet é ape-nas para jovens: 18% dos usuários nos Brasil têm a partir de 45 anos de idade, segundo a comScore.

“Quando a gente analisa tudo isso no banco, constata o quanto nosso cliente é di-gital e espera que a gente saiba prover serviços que atendam as suas necessidades através desse universo”, resumiu Ricardo Guerra. Nesse sen-tido, é fundamental que os bancos entendam como esse cliente hiperconectado se comporta e de que forma a vida dele está mudando para oferecer uma resposta adequada, alterando a maneira como os serviços são prestados.

estratégia em construção

Por Carmen Nery

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fornecedores de tecnologia e bancos debatem como alinhar avanços high tech às necessidades reais do cliente2014

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Para o executivo do Itaú Unibanco, o consumidor hoje possui expectativas mais altas: compara experiências digitais e espera que sejam gratificantes. Além disso, tem mais informações e acesso a meios de comunicação, mas recorre menos a especialistas e confia cada vez menos nas fontes tradicionais e cada vez mais nos amigos para a tomada de decisão. “Ele tem mais opção de escolha com acesso a diversos fornecedores de produtos e serviços; inúmeras opções de preço, qualidade e canal de distribuição; e o custo de mudança é cada vez menor”, alerta Guerra.

foco na experiência“Estamos vivendo um dos mais desafiadores períodos do mercado de serviços financeiros. Caminhamos para a tempestade do banco di-gital, em que o grande desafio não é colocar o foco na tecnologia e sim nos clientes. É preciso focar nas entregas, em novas receitas e novos modelos de negócio. Para isso, os times de tec-nologia têm de se reinventar”, analisou Alistair Newton, vice-presidente do Gartner Research.

O conceito da vez é a experiência que o cliente quer ter nos serviços que contrata. “O mais importante quando lidamos com diferen-tes devices e o que ocorre através deles é o que o usuário vê na tela fisicamente. O segundo foco é a experiência emocional que assegura que a marca seja percebida pelos consumi-dores em diferentes dispositivos”, explicou

Felipe Hillard, diretor de desenvolvimento de negócios da Fjord Accenture para Europa e América Latina, especialista em design e usa-bilidade de tecnologias digitais para clientes financeiros.

Às vezes, no setor financeiro, a sensação é de que é difícil mensurar e definir bons exemplos nesse ambiente totalmente novo e em constante transformação. Mas é possível pinçar histórias de sucesso. “Nós trabalha-mos para o PayPal nos últimos quatro anos. Nosso engajamento inicial foi todo focado em design, e, em seguida, ajudamos a em-presa a ganhar escala em seu negócio, que estava estagnado”, disse Hillard, que abriu o painel “Transformando a Experiência Digital dos Clientes”.

Rodrigo Corumba, vice-presidente de serviços financeiros da Capgemini, observou que o cliente hiperconectado quer uma ex-periência homogênea multicanal e integrada. Isso significa, por exemplo, iniciar um atendi-mento num canal e terminar em outro, tendo a sensação de que o banco entende suas ne-cessidades. O executivo avalia que os bancos também deveriam mudar a relação de comu-nicação. “O cliente quer o banco interagin-do com ele de forma bidirecional. E aí entra o novo desafio de atuação nas redes sociais. Muito mais do que responder a perguntas, é preciso interagir e fazer parte das redes so-ciais”, afirmou Corumba.

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Para Leonardo Framil, diretor de serviços financeiros da Accenture, os bancos têm muito mais a ganhar do que a perder nesse cenário. No entanto, seria importante e compreender como o cliente, tido como o grande propulsor da transformação digital, comporta-se nesse novo mundo. “Ouso dizer que o futuro papel do Chief Information Officer vai se transfor-mar em Chief Experience Officer, ou alguém na organização que determina qual experiência a empresa quer dar aos clientes nos diferentes segmentos”, disse Framil, que participou do painel “Desafios do Mundo Hiperconectado”.

CompetiçãoFramil observou, porém, que transformar a ins-tituição financeira em um banco digital não vai simplesmente resolver a experiência que o cliente está buscando. Existe uma competição

que se divide em três grupos. O primeiro se refere aos bancos e aos que nasceram digitais e concorrem com o próprio negócio não digital. Outro inclui aqueles que estão criando novos conceitos, como a Google Wallet, a carteira digital do Google. E, por fim, há os que con-correm pela experiência, como o Facebook, que está em processo de obtenção de licença para se tornar banco na Europa.

Segundo os especialistas, entre os dilemas desse mundo digital, em que se eliminam as fron-teiras, está o de como os bancos vão atuar em um ecossistema ampliado, selando parcerias com instituições financeiras e não financeiras. Outro impasse resulta da evolução tecnológica, que su-gere a migração gradativa do modelo atual de operação para o de banco digital. E, finalmente, existe a pressão por rentabilidade. Uma saída é mirar mais as oportunidades do que as ameaças.

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Os bancos têm uma base de clientes importante e possuem dados transacionais que podem ser usa-dos para gerar conhecimento. Conceitos como big data e business analitic estão na ordem do dia.

Carlos Cunha, presidente da EMC, aler-tou que, no mercado financeiro, começam a surgir novos agentes com soluções que ainda não são revolucionárias, mas já trazem inova-ções, como a Lenddo e o Google Progressive. A Lenddo criou uma aplicação baseada em big data que consegue fazer análise de crédito, no universo da internet, das pessoas de baixa ren-da e oferecer empréstimos. Por enquanto, atua nas Filipinas, na China e no México, onde a regulamentação é menos rigorosa.

O mundo hiperconectado é povoado por milhões de desenvolvedores de software, ressaltou Cunha. A Apple anunciou neste ano ter chegado à marca de 9 milhões de desen-volvedores em todo o globo. “Mais cedo ou mais tarde, vai surgir alguma solução disrup-tiva que altere a liderança do segmento. A inovação no sistema financeiro já está aconte-cendo, e o ideal para os bancos é que ela saia de dentro de casa para que eles continuem mantendo sua liderança”, aconselhou o pre-sidente da EMC.

Para isso os bancos têm de reagir com velocidade e criar aplicações que interajam com os clientes. Isso sem esquecer as prio-ridades impostas pela busca por eficiência operacional e pelo tratamento do legado que o novo entrante não tem. Essas questões criam uma nova agenda para as equipes de tecnologia: mobilidade, desenvolvimento de aplicações de forma ágil, big data, data center definido por software e segurança trabalhada de forma analítica.

situação atualDiante desse cenário complexo traçado pelos especialistas, os CIOs presentes nos painéis descreveram suas estruturas de hoje. Para Roberto Nogueira Zambon, diretor execu-tivo de tecnologia da informação da Caixa Econômica Federal, já que a mudança é ace-lerada e irreversível, é preciso refletir sobre seus impactos no banco, que conta com 70 milhões de clientes. “Ouso dizer que boa par-te deles não está preparada para essa mudança, e isso me obriga a conviver com dupla experi-ência: a dos clientes tradicionais e dos hiper-conectados. Quanto mais rápido eu trouxer os clientes para a nova experiência, menores serão meus custos”, ponderou Zambon.

Essa é uma jornada que os bancos têm de enfrentar, na opinião de Gilson Girardi, líder de core banking do HSBC. Mas ele lembrou que o setor no Brasil é muito regulamentado e que os novos concorrentes não poderão fugir do mesmo grau regulamentação. “Temos uma base instalada de profissionais que também não está preparada para esse novo mundo hi-perconectado. Mas o mundo hiperconectado também tem de se conectar com o enorme legado que precisamos manter”, completou Girardi. Como se vê, estamos apenas no co-meço dessa transição. n

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empreendedorismo

vitrine para estreantesPor Marianna Duarte de Aragão

em dez edições, cerca de 170 empresas e 225 soluções passaram pelo espaço inovação

em 2005, um grupo de 18 empresas novatas se espremia pela primeira vez em um estande coletivo de 260 metros

quadrados no Ciab, o maior evento de tec-nologia para o setor financeiro da América Latina. Elas estavam ali para exibir ao seleto público da feira soluções inovadoras desen-volvidas por seus negócios. Mais que isso, as participantes do primeiro Espaço Inovação, como foi batizado o estande, protagonizavam o início de uma parceria entre o Instituto de Tecnologia de Software (ITS) e a FEBRABAN que viria a se consolidar nos anos seguintes como a maior vitrine para startups brasileiras do segmento de tecnologia aplicada ao setor financeiro. “Nossa ideia inicial era aproximar dois universos: o das pequenas e médias em-presas e o das grandes corporações do setor bancário e de TI”, diz Descartes Teixeira, pre-sidente do conselho gestor do ITS e um dos idealizadores do projeto. “Enquanto as peque-nas buscam visibilidade, as grandes querem conhecer soluções modernas e eficientes para seus negócios.”

Os resultados recentes mostram que o Espaço tem sido terreno fértil para a união desses dois universos. Em dez edições, o Es-paço recebeu cerca de 170 empresas e lançou 225 soluções inovadoras. Muitas se tornaram ferramentas reconhecidas e adotadas no mer-cado – estima-se que 50% das ideias apresen-tadas se tornaram produtos e passaram a ser comercializadas. A aceitação fez com que as empresas expositoras, então startups, se conso-

lidassem como fornecedores de soluções de TI no Brasil e também no exterior, alavancando suas vendas e presença internacional. Segundo estimativa do ITS, pelo menos 12 pequenos negócios que passaram pelo estande coletivo hoje estão internacionalizados. “As empresas que chegam ao Espaço estão lá por mérito, após passar por um crivo técnico rigoroso, e isso é cada vez mais reconhecido no mercado”, diz Descartes Teixeira.

Na última edição do Ciab, o Espaço reuniu 16 startups com produtos de áreas tra-dicionais como segurança e cartões mas tam-bém novidades em mobilidade e ferramentas de inclusão social. A paulista Intoo estreou no

alberto oliveira, da voxage, no espaço inovação 2014: “se não existisse esse canal, muitas pequenas não teriam a chance de se apresentar para um mercado bilionário”

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estande em junho deste ano e, menos de dois meses depois, já colhe frutos da experiência. A empresa criada há um ano e meio apresentou sua plataforma online de análise de crédito, que busca informações em centenas de base de dados para montar, em poucas horas, perfis de crédito para empresas. A solução já atraiu o interesse de investidores como os braços de in-vestimento do grupo Telefônica e do Mercado Livre, além do fundo Arpex Capital.

feedback instantâneoAnderson Pereira, responsável pela área de vendas da Intoo, conta que deixou o evento com um contrato assinado com um banco, cujo nome ainda não pode ser revelado de-vido a detalhes contratuais. Além disso, con-versas com outro potencial cliente do setor financeiro estão em andamento, após contato inicial feito na feira. “Já participei de muitas feiras, mas é raro ouvir a frase que ouvi no último Ciab: ‘Adorei o produto. Onde posso assinar?’”, diz Anderson. Ele destaca o nível do público participante do Ciab, formado por tomadores de decisão das principais ins-tituições financeiras do país. “CEOs, superin-tendentes, gerentes de produtos e pessoas de alto escalão na área de tecnologia de bancos passaram pelo nosso estande”, conta. Para o fundador e sócio da Intoo, Arthur Farache, a presença no Espaço Inovação abriu portas importantes para a empresa. “Vamos querer estar presentes novamente nos próximos anos, seja com novos produtos ou para fortalecer nossa imagem no mercado”, afirma. A Intoo opera hoje em parceria com 14 bancos e seis fundos de investimento e tem uma base de clientes de cerca de 6 milhões de empresas.

Outra participante da edição deste ano, a empresa mineira Simply deixou de ser no-vata nessa área do Ciab há algum tempo. A

companhia de automação bancária levou seu primeiro produto ao local, o Simple Front, em 2011. Nos anos seguintes, fez da sua par-ticipação no estande coletivo uma espécie de “laboratório” para a solução que seria lança-da em 2014, a S-Works, que reúne e integra diferentes tecnologias em uma plataforma para formalização eletrônica de documentos. Segundo Caroline Gomes, analista de marke-ting do grupo Simply, a empresa amadureceu a ideia que deu origem à S-Works dentro do Espaço Inovação. “Com o networking proporcionado na feira e contato com ou-tros parceiros do estande, evoluímos para esse novo produto”, diz ela. “Além disso, a cultura empreendedora e a imagem institu-cional da empresa foram reforçadas durante as nossas participações no Espaço.” Após o lançamento da plataforma S-Works na últi-ma edição do Ciab, a Simply espera alavan-car seu faturamento em até 30%.

Para pequenos negócios que ainda lutam para se estabelecer no mercado e dar lucro, a exposição obtida no evento é uma das maiores recompensas. Apesar de pagarem uma taxa simbólica para se instalar no Espaço, a quan-tia está longe dos valores cobrados por um estande regular na feira. “Se não existisse esse canal, muitas pequenas não teriam a chance de se apresentar para um mercado bilionário, que é o representado pelo setor bancário no Brasil”, diz Alberto Oliveira, diretor de rela-cionamento com clientes da VoxAge, outra “veterana” da iniciativa, com três participa-ções nos últimos anos. No Ciab de 2014, a empresa apresentou um dispositivo para lei-tura em voz alta de documentos, voltado a clientes de banco que têm deficiência visual. “Durante a feira, recebemos feedbacks e até sugestões de como aplicar a solução em outros setores”, conta Oliveira.

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A busca por inovação entre as parti-cipantes do Espaço Inovação é premiada anualmente por meio do prêmio Solução Mais Inovadora, que este ano foi para a QualiSign, de São Paulo. Com apenas cinco meses de vida, a QualiSign é um spin-off da desenvolvedora de software QualiSoft, porém focada na área de certificação e as-sinatura digitais. Seu portal integrado de assinatura digital já coleciona clientes de peso como os bancos BNP Paribas, Fibra, Daycoval e Fibra. “Além de ser uma ferra-menta fantástica e inovadora, trata-se de uma solução já bastante testada pela empre-sa, o que conta pontos”, explica Descartes Teixeira.

peneiraPor trás dos resultados positivos do Espaço Inovação, está um processo de seleção e pre-paração rigoroso, que se inicia pelo menos seis meses antes de cada edição do Ciab. Em janeiro, o ITS começa a receber as ins-crições de empresas interessadas em estar no estande coletivo, hoje com cerca de 300 metros quadrados. Segundo Descartes, em média, entre 40 e 50 startups se inscrevem a cada ano. Para serem selecionadas, elas pre-cisam atender a alguns critérios, como fatu-ramento máximo de 7 milhões de reais por ano, ser formalizada, ter desenvolvimento de tecnologia próprio e uma solução já em fase de testes. Após um período de avalia-ção, um comitê formado por 15 pessoas, entre professores universitários, consultores de empresas e representantes da Febraban e do ITS, escolhe quem estará no estande do próxima Ciab em uma reunião final, em maio. “Nosso objetivo é avaliar a solução inovadora que está sendo proposta, não a empresa”, explica o executivo do ITS.

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Nova culturaO desenvolvimento da cultura empreendedora no Brasil nos últimos anos vem dando fôlego extra à iniciativa da FEBRABAN e do ITS. Descartes Teixeira acredita que iniciativas re-centes do governo federal, como o programa TI Maior e Start-Up Brasil, que apoia e financia empresas iniciantes de tecnologia, devem esti-mular o interesse das startups em participar do Espaço. A Intoo, uma das participantes deste ano, é exemplar desse movimento: a companhia passou pelo programa de aceleração da Wayra, aceleradora do grupo Telefônica, e faz parte do projeto Start-Up Brasil, do Ministério da Ci-ência e Tecnologia. O crescimento da cultura de inovação no País também está mudando a mentalidade das grandes corporações, diz o exe-

cutivo do ITS. “Em 2005, quando começamos, percebia certa resistência das grandes empresas no relacionamento com as pequenas e médias inovadoras. Mas hoje elas são desejadas.”

Nas próximas edições, o objetivo dos organizadores é continuar surfando esta onda, mas com a preocupação de incluir cada vez mais soluções de diferentes áreas de negócios. “Vamos dar ênfase a tecnologia de ponta em áreas no-vas, como cloud computing e mobile payment”, afirma o executivo do ITS. Outro foco são as ferramentas de alcance social, para inclusão de minorias, como deficientes visuais. “Acima de tudo, queremos consolidar a ideia de que Febraban é um lugar onde as PMEs podem se ‘exibir’ e mostrar ao mercado que não precisam ser grandes para inovar.” n

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170empresas presentes nos últimos dez anos

225Soluções de tecnologia apresentadas no estande

40a50empresas se inscrevem por ano para participar

12empresas que passaram pelo Espaço se internacionalizaram

r$7mié o faturamento máximo das empresas que podem participar

as principais conquistas das empresas que passaram pelo espaço inovação nestes dez anos

NetMax, participante do Espaço Inovação em 2012: adquirida por empresa nacional, a BSI Tecnologia, integradora de TI;

Neki Technologies, participante em 2013: adquirida por grupo Provider IT, empresa integradora de TI;

Grupo HDI, participante entre 2008 e 2010: atraiu investidor-anjo durante feira e recebeu aporte de recursos; hoje, participa do Ciab com estande próprio;

Navita, Cash-Monitor, Neurotech e Execplan: participantes do Espaço que receberam prêmios internacionais após passagem por estande coletivo;

A cada ano, pelo menos uma empresa com passagem pelo Espaço cresce e passa a expor no Ciab no ano seguinte com estande próprio. É o caso de companhias como QualiSoft, MT4, BRToken, Grupo HDI, Sirsan e Comprova.

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foi uma cena digna de um filme de ficção científica: em 2011, o supercomputador Watson, da IBM, surpreendeu o mun-

do ao derrotar dois ex-campeões humanos do programa de perguntas e respostas Jeopardy!, da TV norte-americana, realizando pesquisas e análises de informações em tempo real. Desde então, ele venceu muitos outros desafios, nas áreas de medicina, finanças, em atendimentos de call center, na culinária – aprendeu até a falar palavrões enquanto estudava um dicio-nário de gírias.

Hoje, mais esperto e experimente, Watson é uma plataforma na nuvem da IBM, que apos-ta numa nova era da computação cognitiva, em que as máquinas serão capazes de analisar gran-des volumes de dados, aprender e interagir com os humanos de forma natural e personalizada. Em janeiro, ganhou uma divisão dedicada, a Watson Group, com 2 mil funcionários e inves-timento de US$ 1 bilhão, além de um fundo de US$ 100 milhões para aportar em startups que trabalhem com ideias interessantes em cima da plataforma. A expectativa é que a área fature U$ 10 bilhões anuais dentro de dez anos.

“Watson vai ajudar as pessoas a toma-rem melhores decisões, com base na massa de informações disponíveis. Ele vai aumentar a inteligência humana e permitir que façamos coisas que antes não era possível fazer”, dis-se Mike Rhodin, vice-presidente sênior para Watson da IBM, em sua apresentação no Ciab 2014, em 4 de junho. Na sua visita ao Brasil, o executivo da IBM já conversou com alguns clientes em potencial.

Computadores pensam

Computação cognitiva começa a transformar negócios, a medicina e até a cozinha

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No campo das probabilidadesNo Ciab 2014, Rhodin explicou que os sistemas cognitivos são capazes de indicar as respostas com maior probabilidade de acerto e mostrar qual foi o raciocínio que o levou até esses resultados. “Sa-ímos de uma era de programas determinísticos para a era dos sistemas que não trabalham com certezas, mas com a última resposta mais prová-vel obtida com os dados mais recentes.” É uma abordagem muito diferente da adotada pelo su-percomputador que encarou o campeão mundial de xadrez Kasparov em 1996, o Deep Blue, que fazia cálculos precisos e aplicava jogadas armaze-nadas em sua memória. Watson marca a terceira era da computação, afirmou Rhodin.

Para chegar às suas conclusões, Watson ana-lisa uma grande massa de dados, o chamado big data, em uma velocidade que o cérebro humano

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não consegue alcançar – em 17 segundos, ele é capaz de analisar 3.500 livros e 400.000 artigos, por exemplo. Mas não estamos falando somente de números que podem ser processados, disse o executivo da IBM. “Vejamos quantos dados têm sido produzidos, por sistemas bancários, pelo go-verno, por cada um de nós em nossos dispositivos móveis, pelos sensores dos dispositivos ligados à rede. Hoje, a maioria dessas informações são não estruturadas, como textos de blogs, de redes sociais, que precisam ser ‘lidos’ pelo Watson.” O desafio agora é aprender a lidar melhor com a lin-guagem natural, além de aprender outros idiomas – por enquanto, Watson só sabe inglês. “Além de conhecer o idioma, ele precisará se familiarizar com os jargões de cada grupo como médicos, advogados e profissionais de TI.”

Com a capacidade de “ler”, analisar infor-mações para responder perguntas e aprender, por meio da experiência e interação, Watson encontrou seus primeiros trabalhos reais na medicina. Desde 2012, ajuda em diagnósticos e faz sugestões de tratamentos personalizados nas clínicas de tratamento de câncer MD Anderson e Memorial Sloan, nos Estados Unidos. As ha-bilidades cognitivas do sistema são usadas para enxergar conexões entre tantas informações de pacientes e publicações médicas, para apontar as causas da doença e sugerir os melhores tra-tamentos disponíveis. “Watson é o conselheiro que vai indicar as possibilidades baseado nos últimos estudos”, disse Rhodin.

descobrindo saboresAlém de se portar como braço direito dos mé-dicos, Watson pode auxiliar os profissionais da gastronomia. Embora seja esperto – não, ele ainda não aprendeu a cozinhar – sua função é cruzar informações sobre ingredientes, receitas e outros dados para explorar combinações novas de alimentos para chegar a resultados deliciosos.

O aplicativo gastronômico, criado em parceria com a revista norte-americana Bon Appetit, está em fase de testes. O chef Watson analisa as com-binações presentes nas receitas já existentes e a avaliação que as pessoas têm de alguns pratos. Rhodin, da IBM, espera que essa mesma lógica da “descoberta” seja aplicada também à indústria farmacêutica, que poderá estudar novas integra-ções de drogas com ajuda do supercomputador.

Uma das promessas do Watson é conseguir trazer satisfação para quem liga para as empresas, oferecendo qualidade das centrais de atendimen-to ao cliente, que geralmente têm péssima fama junto aos consumidores. Nos primeiros testes, o supercomputador conseguiu uma redução de 40% do tempo de atendimento. “Os call centers trazem muita dor de cabeça para as empresas, pois é uma operação cara, com treinamento difícil e com alta rotatividade de funcionários, o que afeta a qualidade da interação.” Com o Watson, a perspectiva é de oferecer um atendi-mento personalizado, que relacione rapidamen-te todas as informações do cliente e do banco. O banco DBS, de Cingapura, por exemplo, está trabalhando em parceria com a IBM para usar o Watson para oferecer recomendações financeiras de acordo com o perfil do cliente.

Antes que as pessoas se sintam ameaça-das pelas máquinas, Rhodin rejeita a ideia de que o humano será substituído pelos super-computadores. “Watson não vai tomar deci-sões, nem substituir o ser humano, ele será um conselheiro.” Mas o executivo prevê que a tecnologia vai provocar fortes mudanças em algumas profissões e setores como o varejo, área jurídica e bancos, abrindo novas perspectivas de trabalho e de carreira como a de “cientista de dados”. “Homem e máquina vão trabalhar juntos. Estamos no início de uma nova era da computação que vai nos permitir fazer coisas que antes só poderíamos sonhar”, disse. n

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Vivemos em um Planeta mais Inteligente.

Estamos gerando quantidades sem precedentes de dados todos os dias. Temos acesso a poderosos negócios e serviços de tecnologia sob demanda por meio da Cloud. E temos novas maneiras de nos conectar pelos dispositivos móveis e pelas redes sociais.

A convergência de todas essas forças nos permite novas formas de criação de valor e transformação das indústrias, das profissões e da sociedade.

Vivemos em um momento de mudanças e oportunidades extraordinárias. O que faremos com isso?

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