revista comunità italiana edição 146

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Rio de Janeiro, agosto de 2010 Ano XVII – Nº 146 A dois meses das eleições, o que esperar do novo presidente do Brasil? www.comunitaitaliana.com URBANISMO Os detalhes da restauração completa do Coliseu ECONOMIA Na Itália, Fiat e sindicatos travam queda de braço Vacanze Para driblar a crise econômica, italianos redescobrem o próprio país enquanto o jet set internacional volta a cair de amores pela mítica Capri MÚSICA O sucesso de Ana Carolina e Chiara Civello www.comunitaitaliana.com ISSN 1676-3220 R$ 11,90

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Edição Completa Número 146 para leitura online. Revista Comunità Italiana, a maior mídia da comunidade ítalo-brasileira.

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Page 1: Revista Comunità Italiana Edição 146

Rio de Janeiro, agosto de 2010 Ano XVII – Nº 146

A dois meses das eleições, o que esperar do novo presidente do Brasil?

www.comunitaitaliana.com

UrBAnismoos detalhes da restauração completa do Coliseu

EConomiAna itália, Fiat e sindicatos travam queda de braço

VacanzePara driblar a crise econômica, italianos redescobrem o próprio país enquanto o jet set internacional volta a cair de amores pela mítica Capri

músiCAo sucesso de Ana Carolina e Chiara Civello

www.comunitaitaliana.com

ISS

N 1

676-

3220

R$

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CAPA Depois do estouro da crise econômica mundial, o turismo na Itália dá sinais de recuperação. Italianos buscam novos roteiros dentro do país enquanto ricos e famosos redescobrem a mítica ilha de Capri

EditorialCiranda .........................................................................................06

Cose NostreDepois de George Clooney, o casal Angelina Jolie e Brad Pitt compram imóvel na Itália .............................................07

PolíticaA dois meses das eleições que escolherá o novo presidente do Brasil, especialistas analisam o panorama político do país ....................... 18

EconomiaNa Itália, Fiat tenta implantar nova linha de montagem para maximizar produtividade e enfrenta resistência dos sindicatos .......24

EnergiaNo Vêneto, usina de hidrogênio entra em operação e faz a Itália dar um passo à frente em termos de tecnologia limpa ...........................27

CooperazioneParaná dà inizio ad attività cooperative in un progetto per il settore agricolo che conta sulla partecipazione dell’Italia ..........................40

LivroProcurador italiano que atuou em casos de terrorismo tenta esclarecer o público sobre o trabalho da Justiça .............................49

CalcioBrasile si divide in quattro regioni per i Mondiali di Calcio nel 2014 ...........................................................53

50 584644UrbanismoColiseuFoi dada a largada para a restauração de um dos maiores símbolos da civilização

ExposiçãoAlberto MagnelliPintor italiano que ajudou a compor o acervo do MASP recebe homenagem com exibição de suas obras em São Paulo

MúsicaRestaCanção que celebra parceria entre a brasileira Ana Carolina e a italiana Chiara Civello faz sucesso no Brasil

Azeite L’Oliveto MatarazzoProduto orgânico feito na Túscia pela tradicional família italiana que atuou na industrialização no Brasil, chega ao mercado do país

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Entretenimento com cultura e informaçãoeditorial

FUNDADA EM MARÇO DE 1994

DIREtOR-PREsIDENtE / EDItOR:Pietro Domenico Petraglia

(RJ23820JP)

DIREtOR: Julio Cezar Vanni

PUblICAÇãO MENsAl E PRODUÇãO:Editora Comunità ltda.

tIRAgEM: 40.000 exemplares

EstA EDIÇãO FOI CONClUíDA EM:11/08/2010 às 15:30h

DIstRIbUIÇãO: brasil e Itália

REDAÇãO E ADMINIstRAÇãO:Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói,

Centro, RJ CEP: 24030-050tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555

E-MAIl: [email protected]

sUbEDItORA: sônia Apoliná[email protected]

REDAÇãO: guilherme Aquino; Nayra garofle; sarah Castro; sílvia souza;

Janaína Cesar; lisomar silva

REVIsãO / tRADUÇãO: Cristiana Cocco

PROJEtO gRáFICO E DIAgRAMAÇãO:Alberto Carvalho

[email protected]

AssIstENtE DE ARtE:Wilson Rodrigues

[email protected]

CAPA: Assessorato al turismo - Capri

COlAbORADOREs: luana Dangelo; Pietro Polizzo; Venceslao soligo; Marco lucchesi;

Domenico De Masi; Fernanda Maranesi; beatriz Rassele; giordano Iapalucci;

Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta; Fernanda Miranda; Paride Vallarelli; Aline buaes

CORREsPONDENtEs: guilherme Aquino (Milão);Janaína Cesar (treviso);leandro Demori (Roma)lisomar silva (Roma);

Quintino Di Vona (salerno)Robson bertolino (são Paulo)

PUblICIDADE: Rio de Janeiro - tel/Fax: (21) 2722-2555

[email protected]

REPREsENtANtEs: Minas gerais - gC Comunicação & Marketing

geraldo Cocolo Jr. tel: (31) - 3317-7704 / (31) 9978-7636

[email protected]

ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos

e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo

assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.

La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori e sprimono, nella massima libertà, personali

opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione.

IssN 1676-3220

Se no Brasil temos a certeza de que iremos às urnas em 3 de outubro próximo, na maior eleição da história do País – com 134 milhões de eleitores para 20.839 candidatos registrados aos vários cargos em disputa –, na Itália existe uma tre-menda confusão política. Tudo devido ao rompimento entre o primeiro minis-

tro Silvio Berlusconi e o presidente da Câmara, Gianfranco Fini. Juntos eles fundaram o partido do atual governo Il Popolo della Libertà (Pdl) e depois de dois anos de muitas divergências entre os dois líderes, a lua-de-mel acaba, Fini dá início a outro partido e se recusa a deixar o cargo ao qual foi colocado pela maioria eleita dos deputados.

Tudo indica que teremos eleições antecipadas na bota ainda este ano. A popu-lação italiana se vê perdida diante de uma classe política que briga em seus mean-dros e se distancia do povo, mostrando-se incapaz de resolver os graves problemas de uma Itália que luta para se salvar da crise.

E no exterior, como se movem os 12 deputados e 6 senadores eleitos para re-presentar os cidadãos fora da Itália? Desde que foi colocado em prática este direito de voto em 2006, o que observamos é que a confusa política italiana passou suas fronteiras. De repente, quem possui um passaporte se viu diante de um dilema de participar de um pleito onde não conhecia os candidatos biônicos e tão pouco as diretrizes dos inúmeros partidos que surgiram. Isso sem falar dos dois referendos que se sucederam e causaram ainda maior estranheza por se tratarem de temáticas muito específicas. Foram muitas as fraudes pelo falho sistema de voto por correspondência e muito se discutiu sobre a mudança desta prática durante os anos. Fato é que os nossos representantes não conse-guiram sequer aprovar uma única moção porque se vêem engessados dentro do atual sistema e são raros os casos de prestação de contas com os eleitores. Agora, estamos na iminência de novas eleições lá, na Itália, e deveremos ver surgir novas campanhas para os cargos que representam o País no mundo. Dos cidadãos com direito a voto, 47,3 mi-lhões em 2008, temos 2,7 milhões residentes no exterior. Os deputados eleitos na Itália foram 618 com uma relação de 72 mil pessoas por deputado. Os deputados eleitos no exterior foram 12, com uma relação de 225 mil pessoas por deputado. E agora, quem virá?

Transferindo a pergunta para o Brasil, a se manter as atuais pesquisas de inten-ção de voto, o sucessor de Lula será escolhido entre Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) ou Marina Silva (PV), os três candidatos melhores posicionados na disputa presidencial. O vencedor receberá do atual presidente um país que, a todo instante, é lembrado como um dos que melhor enfrentou a crise econômica mundial. Tanto que o ritmo dos negócios só aumenta, por aqui. Nesta edição, registramos os planos de expansão de várias empresas bem como a chegada ao Brasil de produtos tipicamente made in Italy como o azeite de oliva feito por Adriano Matarazzo di Licosa, um dos descendentes da família italiana que se colocou entre as pioneiras da industrialização no Brasil, no início do século 20. A reportagem de Comunità foi recebida por Adria-no em sua propriedade, na província de Viterbo, na parte noroeste da região Lácio.

Como se trata da edição do mês de agosto, a revista não poderia ter deixado de falar sobre a sagrada instituição italiana das férias. Nossa reportagem de capa mostra como o turismo interno se tornou a solução para se manter a tradição em tempos de rescaldo de crise econômica. Os italianos diminuíram o tempo em que ficam fora de casa e foram em busca de novos roteiros. Enquanto isso, o governo fez uma grande campanha para “lembrar” os encantos do país para sua população. Parece que funcio-nou. Tem muita gente “descobrindo” a própria cidade onde mora. Além disso, um dos tradicionais destinos turísticos do país, a mítica ilha de Capri, também foi, este ano, redescoberta pelos ricos e famosos que sempre deixaram um rastro de glamour no lo-cal. Essa movimentação aconteceu graças à renovação de um tradicional restaurante da ilha, Il Riccio, aonde celebridades chegam vindas diretamente de seus iates de luxo.

Boa leitura.

Pietro Petraglia Editor

Ciranda

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Julio Vanni

COSE NOSTRE

mais fofocaElisabetta deixou o grupo pa-

ra se tornar diretora do For-mitalia luxury group, uma dis-tribuidora de móveis fundada por seu pai, Paolo gucci. A mar-ca (longe da dinastia da família desde os 1990) faz parte do gru-po francês PP.PA que detém tam-bém as marcas Ysl, stella Mc-Cartney, Puma, bottega Veneta e balenciaga. Elisabetta não é a primeira da família a parar no no-ticiário por conta das confusões do clã. Há um caso bem mais sé-rio: o assassinato de Maurizio gucci, outro filho de guccio, pla-nejado pela ex-mulher, Patrizia Reggiano, condenada a 26 anos de prisão. A trama deve virar fil-me pelas mãos de Ridley scott e Angelina Jolie está cotada para o papel de Patrizia.

VinhosAs exportações de vinho ita-

liano tiveram um aumen-to recorde no mundo devido ao crescimento nos mercados da União Europeia (UE) e dos Es-tados Unidos. Os dados são da Coldiretti, organização italia-na de representação de pessoas e empresas que operam na área agrícola, e baseiam-se em uma pesquisa do Instituto de Estatís-ticas Italiano (Istat) relativa ao primeiro quadrimestre de 2010. O vinho é o principal produto de exportação agroalimentar da Itá-lia com mais da metade do fatu-ramento exterior que é realizado no mercado da UE, onde a Ale-manha é o principal consumidor. Já o primeiro mercado fora da UE é o dos Estados Unidos onde o vinho italiano lidera as vendas.

FofocaO gucci group entrou com uma liminar contra Elisabetta

gucci em um tribunal de Florença. O grupo se adiantou aos boatos de que a herdeira da grife italiana, que não traba-lha mais nas empresas desde 1995, vai abrir um hotel de luxo em Dubai com o famoso sobrenome na fachada. “A gucci quer deixar claro que não há relação alguma com o hotel de Elisa-betta, que não está envolvida neste processo e em nenhum outro de criação dela”, disse a companhia em comunicado. Eli-sabetta é neta de guccio, o fundador da gucci.

BrangelinaDepois de george Clooney, o casal Angelina Jolie e brad Pitt pode

virar figurinha fácil na Itália. brangelina, como são conhecidos em Hollywood, compraram uma casa no valor de 40 milhões de dólares no país. segundo o site sobre celebridades Perez Hilton, o imóvel tem 15 quartos e sete banheiros e fica na cidadezinha de Valpolicella. “Eles que-riam um local reservado, tranquilo e livre para eles já aproveitarem as fé-rias”, disse Alexander Proto, ex-dono da casa. Além da enorme quantida-de de quartos, a residência ainda tem um cinema, uma sala de ginástica, duas piscinas com cascatas e duas banheiras de hidromassagem.

rapidinhas● O jornalista e escritor gianni Miná foi homenageado, mês pas-sado, no Auditório da Embaixada brasileira em Roma, com o Prê-mio Vento do Mar por sua atua-ção na promoção da cultura bra-sileira. A premiação é uma inicia-tiva da Associação Cultural brasil Memória, de gianni Ciuffini.● saudosistas da obra de luchi-no Visconti perderam em julho dois colaboradores de seu tra-

balho: aos 79 anos, o cenógra-fo, arquiteto e decorador giorgio Pes e, a roteirista suso Cecchi d’Amico, aos 96 anos, morreram em Roma. ● guardas municipais de turim multaram a banda irlandesa U2 por exceder o volume do som nos ensaios do show que o grupo apresentou no início deste mês na cidade. O valor do tributo não foi revelado.

Turim reconhece Depois de celebrarem

seu casamento simbó-lico – pois o país não re-conhece a união civil en-tre pessoas do mesmo sexo – duas italianas retiraram na prefeitura de turim um “certificado de reconheci-mento familiar baseado no vínculo afetivo”. trata-se de um tipo de documento que só é emitido por esse gover-no municipal. O documento foi criado em julho e, Debo-ra galbiati Ventrella e Anto-nella D’Annibale foram o pri-meiro casal a fazer uso da declaração - cujos efeitos se limitam aos benefícios mu-nicipais de saúde, habita-ção, entre outros.

Uma banheira esculpida em um único bloco de puro cristal bran-co da Amazônia brasileira foi colocada à venda na famosa loja

de departamentos Harrods, em londres. A peça é a segunda numa série de duas banheiras esculpidas de bloco de dez toneladas (a pri-meira foi comprada por magnata russo, em 2008) e custa 530 libras (1,4 milhão de reais). A banheira tem 2,3 metros de comprimento por 61 centímetros de profundidade. A série de banheiras foi escul-pida pela italiana baldi. O bloco de cristal de onde saíram as peças foi descoberto em 2006 e levado a Florença para ser trabalhado.

Carbonero Depois de passar de vilã à musa da seleção

espanhola na copa do Mundo, a jornalista sara Carbonero vai participar de um programa do canal pago Mediaset Premium, na Itália. O canal faz parte do grupo de mídia do primeiro ministro italiano silvio berlusconi, do qual também inte-gra o canal espanhol telecinco, onde a jornalista

trabalha. Carbonero vai mandar notícias sobre o Real Madrid, clube onde está seu namorado, o goleiro Iker Casillas, e sobre a liga espanhola de futebol para a Itália.

segundo o jornal la Repubblica, a jornalis-ta foi “cortejada de modo intenso” pelo canal italiano.

Projeto A Câmara Italiana de santa Ca-

tarina está colaborando com o projeto ItEs – “Ocupação e de-senvolvimento da comunidade italiana no exterior”. O objetivo é abrir um centro de serviços para atendimento aos jovens desem-pregados ou no subemprego. Pa-ra informações adicionais e envio de currículos, os jovens deverão entrar em contato através do te-lefone (48) 3027-2710 ou pelo e-mail [email protected].

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opinião

enquete

Não - 25%Não – 44,4% Gianfranco Fini - 45.5%

Sim - 75%Sim – 55,6%Silvio Berlusconi - 54.5%

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 30 de julho a 5 de agosto.

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 23 a 27 de julho.

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 27 a 30 de julho.

Crise política na direita da Itália. Quem tem razão?

Mano Menezes é o novo técnico da seleção brasileira. Foi uma

boa escolha da CbF?

Vôlei:o brasil vai conquistar o tricampeonado no Mundial e se

igualar a Italia em títulos?

frases

“Eu chego para ser o técnico da

seleção com muito orgulho. A maioria

dos técnicos gostaria de estar no meu lugar”,

Mano Menezes, novo técnico da seleção brasileira

de futebol

“Sono rimasto un po’ scioccato, pensavo che la Ferrari avesse imparato. Ora tutti sanno come mi

sono sentito”,

Rubens Barrichello, pilota di F-1, che ha vissuto la stessa

situazione di Massa nel 2009, anche lui nella Ferrari

“Chiamerò solo chi gioca nella propria squadra.

Quindi preferisco Balotelli titolare in Inghilterra che

riserva in Italia”,

Cesare Prandelli, nuovo ct dell’Azzurra, nazionale di

calcio italiana

“O Brasil mudou e vai salvar o mundo. O Brasil sempre foi uma eterna promessa, mas talvez

agora, pela primeira vez, isso possa se tornar em

parte verdade”,

Caetano Veloso, cantor, em Roma, onde fez show

“Il giorno che mi dirò di essere il secondo pilota smetterò di correre”,

Felipe Massa, pilota de F-1, dopo essere stato obbligato dalla Ferrari a farsi sorpassare dal

suo collega di équipe, Fernando Alonso

cartas“Escrevo com muita alegria para agradecer pela belíssima re-

portagem sobre a bienal de Veneza. Ficamos muito felizes com a completude e precisão com as quais o texto foi escrito. Pa-rabéns pelo trabalho de todos vocês”.

DanIel CoRsI – São Paulo, SP – por e-mail

Senti uma nostalgia maravilhosa ao ler a matéria sobre Capo D’Or-lando. Ver as fotos e os lugares citados me fizeram recordar o tem-

po de criança, quando percorria aqueles lugares. Visito meus familiares com frequência, mas a matéria me fez matar ainda mais a saudade”.

BasílIo CatRInI – Rio de Janeiro, RJ - por telefone

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Visitamos Roma em janeiro de 2010 e ficamos encantados com a cidade.

Estava frio, mas com os dias ensolarados. Mas o melhor de tudo é que nesta época do ano, não há muitos turistas e não pe-gamos fila para entrar em lugar nenhum. Nesta foto, estamos em frente a Fontana de trevi, uma das fontes mais bonitas da cidade. lá é ideal para sentar, tomar sor-vete e recarregar as energias.

eRnanI leMossão Paulo - sP

Mande sua foto comentada para esta coluna pelo e-mail: [email protected]

Arq

uivo

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soal

ConCerto

A III semana Internacional de Arte Organística traz ao Rio de Janeiro o italiano Frances-co di lernia. Professor de ór-gão no Conservatório de Músi-ca em Foggia, di lernia é tam-bém diretor artístico do Festi-val Internacional de Órgão da cidade de bari, criado por ele em 1995. Nascido em Foggia, em 1962, o organista tem no currículo cursos em bologna e na Alemanha, na Academia de Música de lübeck. Como con-certista tem atuado nos fes-tivais e centros musicais de maior prestígio na Europa, EUA e ásia. serão duas apre-sentações, com patrocínio do Instituto Italiano de Cultura. Dia 20 de agosto, 19h, no Mos-teiro de são bento e dia 21, às 20h, na Igreja do sagrado Co-ração (Petrópolis). Mais infor-mações: 3534-4300.

CinemaAté 22 de agosto, quem apre-cia produções cinematográfi-cas que retratam o velho oeste pode conferir a mostra “Faro-este spaghetti – bangue-ban-gue à Italiana”. A mostra re-úne as mais importantes do gênero que consagrou nomes como Clint Eastwood e Char-les bronson como Keoma, Era Uma Vez No Oeste, sartana, Uma bala para o general, Viva Django!. O faroeste spaghetti, como é popularmente conheci-do o faroeste feito na Itália, teve início na década de 60, quando a indústria cinemato-gráfica local resolveu investir em um gênero já consagrado e de produção até então restri-ta aos EUA. A mostra entra em cartaz no CCbb brasília e de-pois segue para o CCbb Rio de Janeiro. tels: (61) 3310-7087 e (21) 3808-2020.

Dança“les ballets trockadero de Mon-te Carlo” apresenta um grupo de “bailarinas” capazes de exi-bir clássicos da dança de forma nunca vista antes. A companhia, criada há 36 anos, é formada apenas por homens que mos-tram técnica impecável. E com humor divertem plateias pelo mundo afora ao exagerarem os passos, derrubar-se uns aos ou-tros, demonstrarem inveja, bri-garem por um lugar melhor na ribalta, além de usarem e abusa-rem dos “clichês” da dança clás-sica. No programa “ChopEniana” (também conhecida como lês sylphides), “la Vivandiere” e um dos clássicos do Kirov, “As bodas de Raymonda”, com co-reografia do célebre Marius Pe-tipa. As apresentações serão no Rio de Janeiro (24 de agos-to, theatro Municipal) e em são Paulo (27 e 28 de agosto, no te-

atro bradesco). saiba mais pelo site www.trockadero.org.

ExposiçãoA Caixa Cultural Rio de Janeiro apresenta até 19 de setembro, a exposição “sérgio Rodrigues – Um Designer dos trópicos”. Com curadoria de Marta Micheli e Ve-ronica Rodrigues (filha do de-signer), a mostra traz ao pú-blico um lado pouco conhecido do processo criativo do artista que trabalhou com lucio Costa, Oscar Niemeyer e Roberto burle Marx e, deixou um estilo essen-cialmente brasileiro no interior das edificações da capital bra-sileira, fundada 50 anos atrás. Com aproximadamente 70 obras expostas, destaca-se um móvel inédito e a poltrona Mole que, em 1961, ganhou o IV Concur-so Internazionale del Móbile em Cantú (Itália). Informações: 2544 – 4080.

na estante click do leitor

agenda

serviço

Relações internacionais entre Brasil e Itália – O caso san-ta Catarina. Nas últimas décadas do século 20, o mundo vi-veu um período de intensa globalização que muito beneficiou a área das relações internacionais que, em franco desenvol-vimento, deixou de ser competência única dos diplomatas. Estados e municípios brasileiros foram estimulados a trilhar novos caminhos ainda que com autonomias limitadas. Mauro beal traz o exemplo de santa Catarina que, povoada por des-cendentes de italianos, consolidou acordos e parcerias em di-ferentes frentes. O autor nos mostra porque as relações insti-tucionais desenvolvidas naquele estado podem ser referência para o diálogo com outros países e como o brasil e os demais estados podem trabalhar de forma conjunta. letras Contem-porâneas, 207 páginas, preço sob consulta.

Da pedra ao nada – A viagem da imagem. Depois de Diálogos sobre a tecnologia do cinema brasileiro – em que presta conta dos trabalhadores que sonharam a indústria cinematográfica e passaram despercebidos em sua história -, Paulo schettino se volta às questões de produção de imagem e seus suportes. Resgata memórias intangíveis ao computador e momentos em que o cinema brasileiro fez clássicas adaptações da literatu-ra. E a obra não se restringe à produção brasileira: Pasoli-ni, o mais mediático dos diretores italianos tem um capítulo dedicado às suas indas e vindas ideológicas e aos discursos culturais. É sem dúvida um passeio sobre a sétima arte que, inclusive, analisa o advento da televisão e os reflexos neste universo. Até a interatividade, ainda que rapidamente, é de-batida. O cineasta deixa claro que, com técnicas novas e se reinventando, o homem e o cinema seguirão sua viagem. lCtE Editora, 188 páginas, 37 reais.

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Page 10: Revista Comunità Italiana Edição 146

Fabio Porta

[email protected]

La grande opportunità di un Brasile sempre più forte per un’Italia sempre più debole…

il Brasile ha superato l’italia!

Pochi osservatori politici (in Italia come in brasile), ma anche pochi organi di in-formazione, hanno dato

rilievo ad una notizia apparente-mente minore, ma a mio parere estremamente indicativa: il brasi-le ha superato l’Italia nella classi-fica dei paesi più ricchi del mondo. sì, è proprio così: il PIl brasiliano è superiore all’equivalente indica-tore della ricchezza complessiva italiana. Non è, ripeto, un fatto di poco conto. sembra trascorso quasi un secolo, e non pochi de-cenni, da quando – erano gli anni ’80 – l’Italia mirava ad essere la quinta o sesta potenza economica mondiale; in quegli stessi anni il brasile non si avvicinava nemme-no lontanamente alle prime dieci posizioni e sembrava destinato a rimanere quel “Paese del futuro” descritto da tanti, ma di un futuro ancora indefinito e distante.

Per gli operatori economici e gli analisti dei sistemi politico-finanziari internazionali, invece, questa notizia non è affatto una sorpresa. Anzi, potremmo dire, è una “non notizia”, vale a dire un fatto ampiamente prevedibile e per questo ripetutamente annunciato.

Dove sta allora la notizia? Nel fatto, per esempio, che il brasi-le sia l’unico Paese emergente del mondo dove vive una rilevantissi-ma comunità di origine italiana. Proprio così: crescono infatti a ritmi simili e conquistano analo-gamente posizioni di punta nel-le classifiche economiche altre potenze emergenti come la Cina, l’India o la Russia. In nessuno di questi Paesi vive però una comu-nità di oltre trenta milioni di cit-

tadini di origine italiana. In nes-suno di questi Paesi l’Italia può contare su di un contingente di oltre trecentomila cittadini italia-ni, che in brasile sarebbero oggi almeno più del doppio se una len-ta e complessa procedura per il riconoscimento della cittadinan-za italiana e una inadeguata re-te consolare non avessero in que-sti anni contribuito a rallentare e quasi impedire di fatto la naturale definizione di tantissimi processi.

l’Italia (intesa come istituzio-ne) non sembra aver colto appieno tale unica e inedita opportunità; con qualche sporadica eccezione, politici e diplomatici hanno affron-tato in questi anni questo tema più come un “problema” che non co-me una “opportunità”, nonostan-te fosse sotto gli occhi di tutti che a richiedere il riconoscimento ius sanguinis della cittadinanza italia-na – così come previsto dalla leg-ge – erano in grandissima maggio-ranza persone e famiglie interessa-te all’Italia (ed al suo passaporto) non per riceverne un’elemosina o una improbabile assistenza, ma per recuperare orgogliosamente un le-game di sangue, e magari per be-neficiarsi dei “vantaggi” del nuovo documento di viaggio ottenuto. Vantaggi, ad essere sinceri, pro-babilmente più interessanti per un Paese come il nostro, che anno do-po anno perde posizioni nella clas-sifica del turismo internazionale ol-tre che in quella altrettanto impla-cabile del Prodotto Interno lordo.

Chi infatti dovrebbe avere più interesse nel mantenere e rafforzare tale vincolo esistente e fondato sulla grandissima co-munità dei doppi-cittadini? Il

brasile, che cresce ad un ritmo del 7-9%, e che tra qualche an-no sarà il quinto o sesto gigante economico del pianeta, o l’Italia che vive una delle sue più serie crisi economiche, dove a fatica si raggiunge l’1% di sviluppo annuo e il livello di disoccupazione in alcune regioni è intorno al 20% ?

E’ chiaro che una politica che comprendesse nella sua intera po-tenzialità tale fenomeno non do-vrebbe limitarsi al semplice rila-scio di un passaporto. Occorre-rebbe interrogarsi sulle modalità di integrazione socioculturale dei nuovi cittadini, con un corrispon-dente investimento non solo nel necessario rafforzamento dei ser-vizi consolari ma anche dei pro-grammi di diffusione della lingua e della cultura italiana unitamen-

te ad una piena valorizzazione del sistema di rappresentanza territo-riale delle nostre collettività resi-denti all’estero, a partire dal ruolo dei Comites. Questi ultimi dovreb-bero vedere così rafforzate le fun-zioni insieme ad un potenziamen-to di quei mezzi e di quelle strut-ture minime per essere non solo percepiti, ma anche azionati, co-me veri e propri motori di quella cittadinanza attiva che – a partire dalle giovani generazioni italiane all’estero – potrebbe contribuire a rivitalizzare in un proficuo le-game con l’Italia il futuro econo-mico ma anche politico del Paese.

scrivere queste cose all’indo-mani dell’approvazione della ma-novra finanziaria correttiva pro-posta dal governo berlusconi e approvata dal Parlamento sembra quasi un’eresia. Invece non lo è. se infatti dobbiamo avere il co-raggio di dire che è giusto taglia-re, risparmiare, ridurre gli sprechi e diminuire la spesa pubblica per allineare l’Italia ai giusti vinco-li imposti dall’Europa, altrettanto coraggio dobbiamo avere nel de-nunciare la miopia (e a volte l’ar-rogante ignoranza) di chi si osti-na a non vedere come la via ma-estra della crescita e della ripresa dell’economia italiana passa anche dal rilancio della presenza di que-sto grande Paese sulla scena inter-nazionale, rafforzandone le proprie strutture di rappresentanza istitu-zionale (Ambasciate e Consolati), quelle di rappresentanza politica (Comites e Cgie) e – soprattutto – credendo ed investendo nella mag-giore risorsa che abbiamo e che gli altri non hanno e forse ci invidia-no: gli italiani nel mondo!

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Page 11: Revista Comunità Italiana Edição 146

Ezio Maranesi

[email protected]

La parabola di Fini: ideale o convenienza?

La metamorfosisoltanto Kafka avrebbe po-

tuto pensare ad una meta-morfosi cosí radicale. gre-gorio samsa, nel racconto

di Kafka, si addormenta commes-so e si sveglia insetto. gianfranco Fini, che era fascista, correra con la sinistra post-comunista. Fini nasce politicamente come delfino di Almirante, leader del Movimen-to sociale Italiano, porto natura-le degli ex-fascisti. Deputato dal 1983, segretario del partito nel 1988, fondatore di Alleanza Na-zionale come dissidenza del MsI, Fini era ed è un moderato di forte personalità, forte al punto di non gradire la mediazione, non esitan-do, quando gli conviene, a disso-ciarsi e correre da solo. Perse co-sí per strada correligionari impor-tanti: Rauti, ritenuto estremista, la Mussolini, storace, governato-re del lazio. Nei primi anni ’90 il suo rapporto con l’idea fascista è, al minimo, confuso. Di quel pe-riodo sono sue alcune frasi stori-che: “credo ancora nel fascismo”, “Mussolini fu il più grande statista del XX secolo”, “Esistono momenti nei quali la libertà non è inclusa nei valori importanti”. Però, nello stesso tempo, bolla le leggi raz-ziali fasciste come il male assoluto e dice “la destra si deve riconosce-re nei valori dell’antifascismo”. Il suo distacco dal fascismo è pro-gressivo, ma netto. Nel ’92 berlu-sconi entra nell’arena. Ha carisma, forte personalità e occupa lo stes-so spazio che Fini intende occu-pare. E furono gomitate e abbracci fino ai giorni nostri, a seconda di come tirasse il vento. Fini si allea con berlusconi e con lui fonda il Popolo delle libertà. Concorre nel definirne il programma elettora-le, stravince le elezioni del 2008 e assume la carica di presidente della Camera dei Deputati. Aveva firmato poco tempo prima una du-rissima legge anti-immigrazione;

oggi, contro il programma del par-tito, predica la più ampia tolleran-za verso gli immigrati e chiede sia dato loro il voto.

berlusconi e il suo governo sono oggetto da tempo di ogni ge-nere di attacchi e accuse da parte dei suoi oppositori. Da un alleato ci si potrebbe aspettare appoggio. Dal presidente della Camera ci si potrebbe aspettare un prudente

silenzio. Ma non passa giorno che Fini non manifesti ostentatamente il suo dissenso su qualche decisio-ne governativa. l’opposizione, vo-ciante quanto sbrindellata, ringra-zia; non le par vero contare su un alleato tanto prestigioso annidato tra gli avversari. Il governo, natu-ralmente, è in difficoltà. se già, per tante ragioni, gli era difficile go-vernare, cosí diventa impossibile.

A noi, poveri elettori, che ci aspettiamo che il governo gover-ni, che il Paese si dia le riforme di cui ha assoluto bisogno, che vede che nulla accade, vengono spontanei alcuni pensieri.

Primo: Fini è co-fondatore del Pdl. Ha concorso a fare il programma di governo. Due anni fa. Ha il diritto, come accade a tutti noi, di cambiare opinione

su qualche punto del programma. Ha però il dovere di discuterne nell’ambito del partito e, una volta che il partito abbia deciso, deve sostenere pubblicamente la decisione presa. se il dissenso fosse insuperabile, avrebbe il do-vere di andarsene.

secondo: poiché la rottura sembra ormai insanabile, perché Fini non se ne va? Andarsene, per

Fini, significa dover presentar-si alle prossime elezioni con un nuovo partito. Oggi può contare su una trentina di deputati e al-cuni senatori, ma non ha l’appog-gio popolare, cioè il voto. l’elet-torato pensa che sia un traditore, anche quando dice cose condivi-sibili. berlusconi non lo caccia perché è in difficoltà. Comincia a sentirsi isolato anche nel suo partito e non ha più la grinta di un tempo. Avrebbe dovuto addi-targli la porta subito, alle prime schermaglie, con decisione.

terzo: perché Fini fa l’oppo-sitore? Fini è troppo ambizioso e non ha pazienza. Potrebbe esse-re l’erede naturale di berlusconi, che ha 72 anni e non è eterno, politicamente s’intende. Ma Fini ha fretta. Pensa che finirà con avere l’appoggio delle destre e cerca il consenso delle sinistre. In un panorama cosí povero di concorrenti presentabili in en-trambi gli schieramenti politici non sará difficile a Fini arrivare al potere. gli italiani dimentiche-ranno il tradimento.

Quarto: perché berlusca non lo caccia? Accadrà. la corda è troppo tesa: finirà col rompersi. Con con-seguenze ora imprevedibili.

tiriamo le somme e diamo un giudizio. Fini ostacola l’operato del governo e sta fornendo un pes-simo servizio alla Patria. l’Italia ha bisogno di riforme strutturali ur-genti e radicali se vuole conservare un ruolo di rilievo nello scenario mondiale. Ha bisogno di profonde modifiche del sistema sociale, di darsi una moderna identità politi-ca e culturale. Ha bisogno di un governo forte, e berlusconi po-trebbe promuovere i cambiamenti necessari. Purtroppo, il suo alleato numero uno ha cambiato bandiera. la poltrona, per un politicante di professione, è più importante che servire la Patria.

“L’italia ha bisogno di riforme strutturali urgenti e radicali se vuole conservare un ruolo di rilievo nello scenario mondiale”

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Paride Vallarelli

OpiNiONE

“Uomo di capacità straordinarie che si serve della magia”, questa è una delle

tante definizioni che accompa-gna la figura dello stregone o del mago. già, perché di stregoni in giro se ne vedono sempre tan-ti e agli occhi della gente (non proprio tutta per la verità…) ap-paiono come figure uniche, qua-si misteriose, che sollevando un braccio o addirittura il solo dito compiono azioni mirabili degne di essere raccontate ai posteri.

la storia dell’uomo, d’altra parte, si è sempre nutrita di miti e leggende per millenni e nel Me-dioevo, in particolare, ha trovato terreno fertile. storie di eretici e diavoli, agiografie di santi e uo-mini di fede, l’epica avventurosa di soldati, cavalieri e re guerrieri, insomma una vastissima produ-zione di fatti e eventi che spesso si intrecciano con magia e strego-neria per dare forza alla narrazio-ne e farne mito, come si trattasse di antiche divinità greco-romane, e lasciare una traccia indelebile nel solco scavato dalla storia.

Certo, perché ancora oggi, nonostante l’uomo sia diventa-to molto più tecnologico che in passato ed abbia aperto frontiere nuove nel campo della conoscen-za (penso solo a ciò che forse un giorno la quantistica riuscirà a spiegarci arrivando a dare rispo-ste inimmaginabili), si è alla ri-cerca di una guida, di un gran sa-cerdote che si presenti ai nostri occhi come la soluzione dei mali che affliggono l’intera umanità.

Che ne sarà, perciò, del bra-sile del dopo lula? Che ne sarà di un paese che negli ultimi otto anni ha vissuto nel mito del suo figlio più illustre e che ora, suo malgrado, è costretto a lasciare la guida di capopopolo? Che ne sarà di lula stesso? si, perché

Lo stregone

smessi i panni dello stregone ca-pace di stare con il democratico Chavez o con il piccolo bomba-rolo persiano Ahmadinejad e avendo perseguito altre mirabili “svolte” in politica estera che ne hanno ingigantito il mito fino ad apparire in una speciale clas-sifica del time Magazine quale “Most influential World leader” (occupando addirittura il secon-do posto davanti a barak Obama) in compagnia di illustri amici e colleghi, l’Olimpo è oramai in attesa del suo arrivo. la scalata per entrare nella storia quale uno dei maggiori statisti della nostra epoca è quasi completata.

In realtà quando mi sono ac-corto che sul time Magazine ave-va scritto di lula proprio Michael Moore non ci potevo credere… Non potevo accettare che anche Michael Moore arrivasse a soste-nere alcune tesi riguardo al bra-sile di lula che, secondo il mio modestissimo avviso, sono sem-plicemente frutto della più banale

retorica e di tanti luoghi comuni. Naturalmente mi rincresce scri-vere questo, poiché ho sempre apprezzato Michael Moore ed ho considerato “bowling a Columbi-ne” una grande opera seguita da altri lavori pregevoli, ma i meriti attribuiti a lula, grande leader del gigante sudamericano, mi puzza-no assai. It sucks, come direbbero gli Americani… appunto.

Col film di barreto, “lula il figlio del brasile”, poi, si è con-segnato alla storia un uomo con una visione del mondo che, sem-pre secondo il mio modestissimo parere, rimane ancorata al passa-to (lo affermo pur sapendo che in brasile i problemi sociali sono enormi e sostenendo che il ruolo dei sindacati è fondamentale per i lavoratori e per le classi povere). già, perché lula in fondo ha ripro-posto la vecchia ricetta del con-ductor, ossia di colui che, grazie ai suoi straordinari poteri, è in grado di insegnare il cammino al suo po-polo e portarlo verso la salvezza.

Nessuno nega all’attuale pre-sidente brasiliano di essere dota-to di carisma e di avere sempre, almeno a parole, preso le difese dei poveri e di chi ha poco, ma la sua retorica nei confronti dei pro-blemi sociali mi ha fatto spesso pensare che l’uomo in questione si sia convinto che a volte basti sollevare un braccio, in un gesto ieratico, per dare a tutti i suoi fi-gli ciò che loro dovrebbe essere dato: lavoro, casa e soldi. In salsa populistica e demagogica, insom-ma, potremmo dire “panem et cir-censes” che, si badi, non è sempre un male in assoluto, ma che non deve essere l’unica soluzione alle tante difficoltà. E’ come dire, in definitiva, che a Napoli negli anni Ottanta i problemi si risolsero come d’incanto portando Mara-dona a giocare sotto il Vesuvio… Certo, certo intanto la Camorra continuava a sparare e fare affari con droga e traffico d’armi.

Insomma, lo avete capito, a me gli stregoni proprio non piac-ciono. Ce n’è un altro in Italia che forse (ma non ne sono con-vinto) tra mille scandali e trame oscure dovrà farsi da parte. già, perché aspirare alla felicità del popolo è dovere di chiunque, ma deve essere chiaro che il popo-lo e chi lo guida sono due entità distinte e separate. Il rischio, al-trimenti, è quello della tirannia e, come ci insegna la storia, so-no molti quegli stregoni anima-ti anche da buone intenzioni che poi si trasformano in tutt’altro. E’ la storia del mondo, ci si è pas-sati tante e tante volte, ma non s’impara mai. Comunque, anche per lula il momento è giunto di farsi da parte. già, e continuo a rimanere sempre sorpreso, quasi inebetito, a vedere gli indici di popolarità di cui gode dopo otto anni di presidenza e, forse, sono io a non capire.

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notizie

BandoIl governo brasiliano il mese scorso ha emesso il bando d’asta

pubblica per le opere del tAV (treno ad alta velocità) che col-legherà Campinas, são Paulo e Rio. I lavori dovrebbero cominciare nel 2011e finire sei anni dopo. tuttavia ci si aspetta che il vinci-tore possa anticipare alcuni tratti per i Mondiali del 2014 e per le Olimpiadi del 2016. Il costo previsto è di 33,1 miliardi di reais. Per dare inizio ai lavori sarà necessario avere tutte le licenze am-bientali e dovranno essere espropriate le aree di percorrenza del treno. secondo l’Agência Nacional de transportes terrestres (ANtt) il percorso avrà 90,9 chilometri di tunnel e 103 chilometri di pon-ti e viadotti. Il viaggio da são Paulo a Rio de Janeiro dovrebbe durare un’ora e 33 minuti e costerà tra i 150 e i 200 reais – che si riferiscono alla classe economica, il primo per l’orario normale, il secondo per quello di punta. l’impresa o consorzio che offrirà il valore più basso di tariffa vincerà l’asta per la costruzione e la messa in opera del tAV. si saprà chi è il vincitore entro novembre.

PortiLa Camera Italiana di santa Catarina sta organizzando uma

missione di imprenditori brasiliani che si recheranno in Ita-lia tra il 18 e il 24 ottobre per visitare il porto di genova. la meta è di conoscere le tecnologie italiane nel comparto portuale e di vagliare le opportunità di cooperazione per la costruzione nava-le. Il viaggio fa parte di una serie di azioni del progetto “Portos: Aspectos de Infraestrutura e logística: Uma oportunidade para as empresas italianas”, realizzato in rete con le Camere Italiane di Caracas (Venezuela) san José (Costa Rica), Quito (Ecuador), santo Domingo (Repubblica Domenicana), Montevideo (Uruguay), Rio de Janeiro e são Paulo.

HotelL’imprenditore del ramo alberghiero Emanuele garosci è ve-

nuto in brasile per sondare eventuali possibilità di ampliare i suoi affari. Proprietario della Palazzina grassi a Venezia, sareb-be interessato as aprire qualche hotel boutique a Rio, são Paulo e probabilmente a brasília. Con lo sguardo rivolto ai Mondiali del 2014, garosci sarebbe disposto a investire in brasile 200 milio-ni di dollari.

Bando 1Durante l’emissione del bando di concorso il presidente luiz

Inácio lula da silva ha firmato il testo del disegno di legge che sarà inviato al Congresso Nacional, che prevede la creazione della Empresa de transporte Ferroviário de Alta Velocidade s.A. Il nuovo ente statale avrà la responsabilità di gestire la tecnologia utilizzata dal consorzio vincitore dell’asta, oltre a dover vigilare sull’andamen-to del progetto. l’impresa sarà legata al Ministério dos transportes.

nomeEsce Petro-sal, entra Pré-sal s.A. Questo sarà il nome della

statale brasiliana che sarà creata per controllare le risorse dello sfruttamento di petrolio nello strato pre-sale. la nuova im-presa si doveva chiamare Petro-sal, ma il nome era già registrato. la decisione finale sul nome della impresa dipende ora dall’appro-vazione del Congresso.

CaviglieraE’stato sanzionato dal presidente luiz Inácio lula da silva il

disegno di legge, approvato dal Congresso a maggio, che permette l’introduzione di un sistema per controllare elettronica-mente i detenuti usando braccialetti o cavigliere. la nuova legge prevede l’uso delle “manette elettroniche” solo per i detenuti in regime di semilibertà durante l’uscita temporanea – come i gior-no della mamma e il Natale -, e per i detenuti agli arresti domici-liari. Inoltre crea dei doveri per cui i detenuti possono perdere il beneficio se l’attrezzo viene tolto o manomesso. l’inizio del pro-cesso di vigilanza elettronica dipende dalla normativa di confer-ma del disegno.

ricostruzioneIl governo di Alagoas ha presentato un programma per ricostru-

ire le città colpite dall’inondazione avvenuta a giugno. secon-do il coordinatore dell’operazione, il segretario statale del Desen-volvimento Econômico luiz Otávio gomes, la quantificazione dei danni è di 1 miliardo di reais, e comprende i danni fisici, ambien-tali e socioeconomici. l’opera di ricostruzione deve cominciare in agosto. All’inizio è prevista la costruzione di 18.500 case. secon-do gomes, a causa dell’inondazione, lo stato ha già ricevuto 75 milioni di reais dal governo federale.

Buste di plasticaIl mese scorso è entrata in vigore nello stato di Rio de Janeiro

la legge che mira a ridurre l’uso delle buste di plastica. Adesso le imprese commerciali avranno tre opzioni: potranno dare gratu-itamente ai clienti buste riciclabili, offrire uno sconto a chi por-ta borse personali per la spesa oppure dare in cambio qualunque prodotto del paniere ogni 50 buste riconsegnate pulite. l’autore della legge è l’ex ministro del Meio Ambiente, il deputato Car-los Minc, e l’obiettivo della legge è di “cambiare le abitudini dei consumatori”. la legge è stata criticata dalla Federação das In-dústrias do Rio. secondo l’ente la miglior soluzione per il proble-ma sarebbe quella di educare i cittadini ad usare correttamente le buste di plastica, aumentandone la possibilità di riciclaggio.

marijuanaNeurologi fra i più famosi del brasile hanno firmato un do-

cumento pubblico per difendere la liberalizzazione della marijuana non solo per uso medicinale, ma anche per “consumo personale”. Firmano il documento nomi come stevens Rehen del-la UFRJ, co-autore del primo ceppo di cellule staminali in brasi-le e sidarta Ribeiro, direttore dell’Instituto de Neurociências di Natal. Parlano a nome della sbNeC (sociedade brasileira de Neu-rociências e Comportamento), che rappresenta 1.500 ricercatori. Il motivo del documento è sorto dalla incarcerazione del mu-sicista Pedro Caetano, bassista della banda di reggae Ponto de Equilíbrio, accusato di traffico di droga perché hanno scoper-to che coltivava dieci piedi di marijuana e otto germogli del-la pianta a casa sua a Niterói (RJ). secondo il suo avvocato il musicista pianta l’erba per consumo personale. Come sostenuto dai membri della sbNeC si ha conoscenze scientifiche sufficienti perlomeno per permettere l’uso medicinale dell’erba in brasile. l’ente si basa sugli studi che dimostrano gli effetti terapeutici che un giorno potranno tornare utili nel trattamento di malattie come il Parkinson.

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De principal aliado de Berlusconi a desafeto,

Fini é expulso do partido que

ajudou a criar. Rompimento

dos dois abre uma crise

política na Itália que pode vir a ter eleições antecipadas

Pilar quebrado

o governo berlusconi está na berlinda. Mas há al-guém do outro lado da li-nha? Com eleições ante-

cipadas na mira, partidos contrá-rios ao premier aquecem o elei-torado. As cartas estão na mesa e correm de Nichi Vendola, go-vernador da Puglia e homossexu-al assumido, ao ex-presidente da Ferrari, luca di Montezemolo.

Ventos de fim de festa so-pram no governo silvio berlusco-ni III. A briga com seu principal aliado e co-fundador do Popolo della Libertà (PDl) – que se ar-rasta desde o ano passado – teve desfecho final na última semana de julho quando, em coletiva à imprensa, o próprio premier leu uma carta assinada pela cúpu-la de seu partido “convidando” gianfranco Fini a se retirar do PDl e do cargo que ocupa como presidente da Câmera.

Em resposta, Fini saiu do par-tido com seus aliados (cerca de 50, entre deputados e senadores),

fundou um grupo à parte deno-minado Futuro e Libertà e avisou que não sairá por livre espontâ-nea vontade do cargo de presi-dente da Câmara dos Deputados.

Em momento delicado, fon-tes de ambos os lados se negam a falar abertamente. Enquanto “berlusconianos” buscam salvar a imagem do governo e evitar eleições antecipadas, “finianos” e partidos à esquerda dão como certa a queda de toda a teia po-lítica atual no fechar de cortinas do verão europeu.

A grande pergunta é: caso caia berlusconi no final de agos-to, quem será capaz de enfrentá-lo politicamente? As apostas são no sentido de que ele certamente jogará como candidato em cam-po para voltar ao poder.

O Partido Democrático (PD), principal ator de centro-esquerda do país, sofre uma disputa inter-na pela chance de concorrer nas possíveis eleições. O candidato natural seria Pier luigi bersani,

Leandro demoriEspEcial dE Roma

política

secretário nacional do partido e líder dos Democratas. Nos salões do PD, no entanto, ganha força o nome de Nichi Vendola, governa-dor da Puglia e figura bem cotada no quadro geral da política ita-liana. Uma sondagem feita pela Ipr Marketing a pedido do jornal La Repubblica mostra que, se as eleições fossem hoje, os italianos com voto na centro-esquerda pre-feririam Vendola a bersani: 51% a

49%. Para também 49% dos elei-tores, Vendola tem chances reais de bater berlusconi nas urnas, enquanto somente 31% acredi-tam no êxito de bersani.

Um detalhe pode atrapalhar Nichi Vendola em seu caminho ao Palazzo Chigi: o governador é gay assumido, membro-funda-dor da Associazione Lesbica e Gay Italiana (Arcibay) e não se sabe qual seria a reação do eleitorado

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em uma eleição de grandes proporções e exposição midiática como a que se apresenta. É um empecilho a ser considerado in-ternamente no PD.

Outros partidos de centro-esquerda também devem apre-sentar candidatos em caso de eleições antecipadas. O princi-pal deles é Antonio Di Pietro, da Italia dei Valori (IdV). Antigo procurador antimáfia e integran-te da equipe da Operação Mãos limpas, Di Pietro congrega votos que tendem a discursar pela mo-ralidade da política nacional. O político, no entanto, demonstra estilo muito radical em seus pro-nunciamentos, o que desagrada à maioria dos eleitores.

Para além das polarizações entre esquerda e direita, talvez o principal desafeto atual de sil-vio berlusconi possa ser seu al-goz eleitoral. Fini é candidato em potencial, e congregaria par-te importante de votos – não su-ficientes, a princípio, para ser eleito premier, mas forte o bastan-te para apoiar um candidato anti-berlusconi e levá-lo à vitória.

Em torno de Fini, nos últimos meses, também se especula a hi-pótese de luca di Montezemolo, ex-presidente da FIAt, se lançar candidato. O executivo é um dos cabeças do grupo Itália Futura, “associação nascida para promo-ver o debate civil e político sobre o futuro do país”.

Itália Futura não é um parti-do, apesar de apresentar ares de tal. Caso “saia em campo”, Mon-tezemolo repetirá a história do empresário de sucesso que deci-diu abraçar a política para mudar o quadro geral e recolocar a Itá-lia nos trilhos. História já con-tada, em primeira pessoa, pelo próprio silvio berlusconi.

Voltas políticasgianfranco Fini, de 58 anos, é um atuante antigo da cena política italiana. Em 2008, quando berlus-coni voltou ao poder, assumiu co-mo presidente da Câmara dos De-putados. Ex-militante neofascis-ta, já tinha sido vice-premiê no governo de berlusconi, de 2001 a 2006, e também ministro das Re-lações Exteriores de 2004 a 2006.

Fini foi por 15 anos, presi-dente do partido de direita Alian-ça Nacional – formação política que surgiu em 1994 a partir do

antigo partido neofascista Movi-mento social Italiano (MsI). Ele dissolveu seu partido para criar o PDl, em 2009, com berlusconi.

Até romper com o primeiro-ministro italiano, ele era apon-tado como seu natural sucessor político. O presidente da Câmara não estava satisfeito com a forma como berlusconi vinha interferin-do no trabalho do próprio parla-mento. Ele já tinha manifestado descontentamento em relação ao comportamento do premier quan-do estourou o escândalo de seu envolvimento com supostas pros-titutas que resultou na sua sepa-ração de Veronia lario.

O PDl justificou a expulsão de Fini do partido sob a alegação de o político teria adotado “um perfil de oposição ao governo, ao parti-do e à presidência do conselho”.

Em pronunciamento, Fini afirmou ter sido expulso do par-tido que contribui a fundar “em duas horas”, sem a possibilidade de exprimir suas razões:

— Foi escrita uma página feia para a centro-direita e para a polí-tica italiana em geral. todavia, is-so não nos impedirá de preservar

os valores autenticamente livres e reformistas do PDl e de continu-ar a construir um Futuro de liber-dade para a Itália — declarou. — Agradeço aos muitos cidadãos que nestas horas difíceis manifestaram sua solidariedade e me convidaram a continuar na defesa de valores irrenunciáveis, como o amor à pá-tria, a coesão nacional, a justiça social e a legalidade. legalidade no sentido mais amplo do termo, ou seja, a luta contra o crime co-mo meritamente está fazendo o governo, mas também legalidade como ética pública, sentido de Es-tado, de respeito às regras.

Jornalista formado em Psico-logia, Fini é militante desde os 17 anos. Foi eleito pela primei-ra vez à Câmara dos Deputados em 1983. É um dos autores da lei bossi-Fini, que regulamenta a permanência na Itália de cida-dãos que não nasceram em ne-nhum dos países da União Eu-ropéia. Umberto bossi é o líder do xenófobo liga Norte, partido que, junto com o PDl, dá maioria a berlusconi no Parlamento.

É também de sua autoria a lei Fini-giovanardi, que aboliu a dis-tinção entre drogas leves, como a maconha, e pesadas, como heroí-na e cocaína, mas passou a punir com base na quantidade do princí-pio ativo contido no entorpecente.

Nos últimos anos, Fini vinha tentando apagar seu controverso passado ligado ao fascismo. bus-cava passar uma imagem de polí-tico conservador confiável, líder de uma direita moderna, que se reconciliou com os judeus, e dei-xou de elogiar Mussolini como o estadista mais importante do sé-culo 20, como era acostumado a fazer nos anos 80.

Fumante compulsivo, ves-tido sempre de forma elegante, Fini é considerado um dos polí-ticos mais habilidosos da Itália. No entanto, é acusado constan-temente de incoerência por suas posições a favor da família, sen-do separado da mulher e tendo uma filha fora do matrimônio.

Ele se separou da sua primeira esposa, com quem teve uma filha depois de 19 anos de casamen-to. Cinco meses depois, tornou-se pública a relação vivida com uma jovem advogada e apresentadora de televisão, com quem teve sua segunda filha em 2007.

Colaborou Sônia ApolinárioBersani e Vendola: disputa interna no PD para concorrer nas possíveis eleições

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Comunitàitaliana - A poucos meses da elei-ção deste ano, as pesquisas de intenção de voto revelam que a distância entre o senhor e o segundo colocado é grande, o

que indica que o senhor poderia vencer já no 1º turno. Co-mo avalia esse quadro?

sérgio Cabral – Costumo dizer que eleição e mineração, só depois da apuração. Então, é trabalhar forte e ao mesmo

tempo continuar governando. Nesta eleição, a po-pulação vai avaliar o que temos feito pelo

estado, nos últimos três anos e meio, e dizer se este governo merece

continuar ou não. Estamos recuperando o estado,

que estava decaden-te quando assu-mimos, quebra-do. O povo do Rio sabe que conquistamos

Ele quer maispolítica

Aos 47 anos, Sérgio de Oliveira Santos Filho usa na vida política o mesmo nome do pai, Sérgio Cabral que,

além de jornalista como o filho, é escritor, produtor, crítico

musical e três vezes vereador no Rio de Janeiro. As semelhanças

vão além do nome. Sérgio Cabral Filho herdou também o lado político. Aos 27 anos,

em 1990, elegeu-se deputado estadual, sendo reeleito mais

duas vezes até 2002, quando chegou ao Senado. Candidato ao governo do Rio pelo PMDB em 2006, encarou o segundo turno

contra Denise Frossard (PPS). Para vencer, Cabral optou por uma coligação com nove partidos, e

apoiou e recebeu apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Resultado: vitória

para Cabral com 68% dos votos, e vitória para Lula que, ajudado

por ele, levou 69% dos votos fluminenses, consolidando a

aliança com o Rio. Hoje, Sérgio Cabral está na disputa pelo

governo do estado novamente. Desta vez, tendo como seu

principal adversário, Fernando Gabeira (PV).

— O Rio de Janeiro recuperou a sua autoestima, a sua, eu diria,

vocação para a felicidade — afirmou o governador, em entrevista

por e-mail para Comunità

nayra GarofLe

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muito até aqui. Ainda estamos longe do ideal, mas avançamos. As UPAs 24h, com mais de 5 mi-lhões de atendimentos, desafo-garam as emergências dos hos-pitais, que também estão sendo modernizados e prestando um atendimento digno às pessoas. Na segurança, com as UPPs, re-tomamos comunidades das mãos de criminosos. Investimos na po-lícia, que hoje tem novos carros, equipamentos e premiação por mérito, o que já tem feito cair os índices de criminalidade. Desde o começo do governo, houve uma determinação e a bandidagem percebeu que não haveria mais acordo. O PAC das comunidades é outro exemplo do que estamos fazendo para melhorar a vida da população. teremos a Copa do Mundo, as Olimpíadas, e todo o legado que deixarão. temos de-safios? temos. Mas estamos no caminho certo. Como diz o Jor-ge benjor, esse grande cantor de quem sou fã, na música Fio Ma-ravilha, vamos com “humildade em gol”. Ou seja, tendo objetivo, mas com humildade, mostrando à população o que fizemos e o que ainda vamos fazer.Ci - se reeleito, o senhor será o governador do rio na Copa do mundo de 2014, no Brasil. Que perspectivas e desafios isso traz para o seu possível segundo mandato? sC – As perspectivas são extra-ordinárias. E não só com a Copa de 2014. Mas também com os Jo-gos Mundiais Militares, em 2011; a Copa das Confederações, em 2013; e as Olimpíadas de 2016. Há uma agenda de grandes even-tos esportivos no estado. Eventos de grande porte que deixarão um legado social, de infraestrutura, na educação, na saúde, na segu-rança. será uma verdadeira trans-formação. Não é exagero afirmar que vai nascer um novo Rio de Janeiro. Empresas que já tinham o brasil no mapa passaram a ver o Rio de Janeiro de outra maneira. tenho essa percepção diariamen-te. Várias companhias, dos mais variados segmentos, têm me pro-curado e demonstrado interesse em investir no nosso estado. se tivermos, como teremos, o esgo-to tratado, o transporte público de massa ampliado, as moradias em comunidades carentes de boa qualidade, tudo isso fica para a vida toda.

Ci – no seu primeiro mandato, o senhor estreitou laços entre o rio de Janeiro e a itália, em bus-ca de parcerias comerciais e in-vestimentos. Como avalia essa aproximação e de que forma po-deria ampliá-la? sC – tanto na Itália como nos outros países em que estive com a minha equipe em missões de governo, o objetivo foi sem-pre que o Rio saísse da toca e mostrasse as suas potencialida-des. Eu acho que, com planeja-mento e muito trabalho, temos conseguido “vender” bem o Rio, no sentido de mostrar ao mun-do as nossas possibilidades e vocações e atrair investimentos para o nosso estado. As Olimpí-adas de 2016 fazem parte desse processo. No caso da Itália, por exemplo, depois que fui lá, em-presários italianos vieram ao Rio interessados em investir nas áre-as de construção civil e infraes-trutura. Houve também o anún-cio da instalação de uma fábrica de fogões industriais da brasilei-ra Falmec, em uma joint venture com a italiana smeg, para citar outro exemplo. A ideia é traba-lhar ainda mais para criar e con-solidar parcerias entre empresas brasileiras e italianas.Ci – A comunidade italiana tem forte presença no Estado do rio de Janeiro. o senhor estreitou laços com esta importante comunida-de. Como observa essa vocação cosmopolita do rio de Janeiro?sC – O Rio é uma cidade, um es-tado cosmopolita por natureza. sempre foi irradiador de tendên-cias, de moda, de cultura para o brasil inteiro. E continua sendo a capital cultural do país. Acon-

tece que essa característica fan-tástica que o Rio sempre teve es-tava apagada, nas últimas duas décadas. Havia aqui um lamento coletivo, aquela “síndrome de vi-ra-lata”, na expressão do grande jornalista e escritor Nelson Ro-drigues. só se falava em violên-cia, em problemas crônicos na saúde, na educação, no esvazia-mento econômico do Rio de Ja-neiro. Agora, isso mudou. O Rio de Janeiro recuperou a sua au-toestima, a sua, eu diria, voca-ção para a felicidade. Com essa série de melhorias, de conquistas a que já me referi, a população voltou a enxergar luz no fim do túnel. É um momento muito fér-til. Voltamos a ser referência pa-ra o brasil e para o mundo.Ci – Em 2011, a itália reforçará sua presença no Brasil a partir de vários projetos sócio-cultu-rais e do incremento das rela-ções comerciais. Tudo graças ao momento itália-Brasil, lança-do recentemente pelo presiden-te Luiz inácio Lula da silva e pelo primeiro-ministro silvio Berlus-coni. Esta iniciativa contará com

o apoio do seu governo, caso se-ja reeleito?sC – Com certeza. sempre fui muito próximo das lideranças ita-lianas. Já recebi até uma medalha da República da Itália nos anos 90, quando era presidente da As-sembleia legislativa. Hoje, vivem no Rio de Janeiro cerca de 600 mil italianos e seus descendentes. A comunidade italiana teve e tem uma enorme importância na for-mação cultural, social e econômi-ca do brasil. Vamos apoiar a agen-da de eventos culturais, gastronô-micos e empresariais no estado e receber os italianos que visitarem o Rio de Janeiro de braços aber-tos, como sempre fizemos. Ci – neste seu primeiro mandato, o senhor se tornou parceiro do pre-sidente Lula e agora apoia a can-didatura de Dilma rousseff. o se-nhor acredita que o rio pode sair prejudicado caso outro candidato se torne presidente do Brasil?sC – De maneira nenhuma. O im-portante é você trabalhar insti-tucionalmente, de forma séria e buscando o que é melhor para o seu estado. Durante o meu gover-no, fiz questão de trabalhar em parceria com o governo federal em prol do Rio de Janeiro. Esse modelo de gestão, de parceria baseada em projetos concretos, como o que pautou a relação do Rio com brasília, gerou frutos e a população percebe claramen-te a importância do trabalho em conjunto. Caso eu seja reeleito, continuarei, com a minha equipe, a trabalhar na mesma linha, bus-cando parcerias, em sintonia com o governo federal. Apoio a candi-datura de Dilma Rousseff porque tenho certeza de que ela é a pes-soa credenciada para dar conti-nuidade ao governo extraordiná-rio do presidente lula. Não tenho dúvida de que ela será eleita.

intenção de votoPesquisa Datafolha encomendada pela tV globo e pelo jornal

Folha de s.Paulo, feita entre os dias 20 e 23 de julho, apon-taram o seguinte quadro de intenções de voto para o governo do Rio de Janeiro:

sérgio Cabral (PmDB) 53%Gabeira (PV) 18%

Cyro Garcia (PsTU) 3%Eduardo serra (PCB) 3%

Fernando Peregrino (Pr) 1%Jefferson moura (PsoL) 1%

Em branco/ nulo/ nenhum 9%não sabe 12%

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Pesquisa do Ibope realiza-da entre os dias 26 e 29 de julho, informa que Dil-ma estaria com 39% das

intenções de voto, contra 34% de serra e 7% de Marina. Em ju-nho, aferição também feita pe-lo Ibope indi-cava que

26% dos cidadãos desejam que o próximo presidente faça pou-cas mudanças e que 39% são da opinião que o eleito em 2010 de-ve dar total continuidade à atu-al administração petista. Ainda de acordo com a pesquisa, ques-tões ressaltadas pela população

até 2006 como a fome, a mi-séria e a corrupção per-

deram importância, atualmente. As áre-

as que os entre-vistados querem

que sejam alvo de atenção do próximo pre-sidente são saúde, segu-rança, com-bate às dro-gas, emprego

e educação. Para o cien-

tista político e professor titular da Universidade de são Paulo (UsP)

José álvaro Moisés, esse quadro pode ser

explicado pelos be-nefícios adquiridos,

por parte da popula-ção, durante a gestão

de lula. Ele explica que questões que haviam sido

desenvolvidas no governo Fernando Henrique Cardoso -

como o controle da inflação, a estabilidade da moeda e os com-promissos do déficit e superávit

fiscal - foram mantidas e, alguns casos, até ampliadas.

segundo Moisés, foi isso o que permitiu que o brasil passas-se pela crise econômica de 2008 sem consequências mais graves:

— Ao invés de deixar as em-presas, principalmente finan-ceiras e bancos completamente soltas, fazendo qualquer políti-ca, houve um controle. Mas es-se controle teve início no gover-no FHC, quando foi introduzida a lei de responsabilidade fiscal dos estados e dos municípios brasi-leiros, assim como a política de controle dos bancos através do Proex (Programa de Financiamen-to às Exportações), que foi muito criticado pelo Pt na época, mas que depois foi seguido pelo par-tido de lula — explica.

Outro fator considerado co-mo “segundo grande mérito” do atual governo pelo cientista po-lítico diz respeito à questão so-cial. Na opinião de Moisés, não somente o bolsa-família, mas outros pontos desenvolvidos contribuíram para a desigualda-de social no país.

— O que reduziu a pobreza foi o aumento do salário mínimo con-jugado com políticas em relação à população da área rural. Esse con-junto mostrou que é possível o de-senvolvimento com a diminuição das desigualdades — avalia.

O economista do Instituto de Estudos do trabalho e socieda-de (Iets), André Urani concorda

com Moisés. Para ele, grande par-te do governo lula manteve os fundamentos macroeconômicos, além de “aperfeiçoar, consolidar e aprofundar” a busca por solu-ções de problemas sociais que também já tinham sido lançados no governo anterior.

— Daqui a 50 anos, vai ser possível dizer que o brasil mudou durante esse período histórico que junta o FHC e o lula — diz. —Houve avanços consideráveis de poder aquisitivo das cama-das menos abastadas. As pessoas querem alguém que não ameace essa prioridade à redução da po-breza e que não ameace tampou-co a estabilidade que foi conquis-tada em uma luta que durou mui-to tempo. O povo está satisfeito com essa combinação de fatores: proteção de poder de compra da moeda e poder aquisitivo.

Moisés e Urani também obser-varam que, depois de dois man-datos, o Pt que se encontra atu-almente no governo é bem menos petista do que quando chegou lá. A “culpa” dessa situação, na ava-liação do cientista político foi o tipo de alianças “feitas com o se-tor mais conservador da política brasileira, a exemplo do ex-presi-dente José sarney” :

— O sarney representa uma concepção extremamente atra-sada e patrimonialista da polí-tica brasileira e o governo, para poder manter a sua maioria, fez aliança com ele e com o próprio Fernando Collor, que tinha sido um competidor extremamente duro em relação ao lula, e com alguns políticos que estão ameaçados de estarem fora da competição eleitoral por causa de seus processos ju-diciais. Isso tem um preço para a manutenção da de-mocracia no brasil, que é de deslocar o eixo polí-tico da esquerda para o centro direita. O Pt não está no centro esquerda, o Pt está no centro direita – afirma Moisés.

Urani acrescenta que, “sem a menor dúvida”, boa parte dos valores obtidos durante os dois mandatos de lula deve-se ao fato de que “o governo lula não seguiu o programa do Pt”. Na opinião do economista, é “preocupante” ob-servar que, a partir da crise eco-nômica, se abriu um pretexto para uma maior intervenção do estado

Cartas na mesa

política

Dentro de dois meses, os brasileiros vão às urnas escolher o novo presidente da República pelos próximos quatro anos. Depois de dois mandatos seguidos, Luiz Inácio Lula da Silva é obrigado, por lei, a ficar um mandato fora do jogo político. Sua candidata, Dilma Rousseff, se mostra ora na liderança das pesquisas de intenção de voto, ora empatada com José Serra (PSDB). O terceiro lugar tem sido ocupado por Marina Silva (PV). Ao todo, dez candidatos disputam a vaga de governante máximo do Brasil

nayra GarofLe

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na economia. Para ele, esse rumo “com certeza é uma inversão de rota em relação ao caminho que o brasil vinha trilhando desde o go-verno FHC”.

Outra “distorção extrema-mente forte das propostas que o Pt teve na sua origem” foi, se-gundo Moisés, os casos de cor-rupção. Ele afirma que, “a te-se que prevaleceu” dentro do próprio partido foi de que todo mundo praticou corrupção, por-tanto todos os partidos estão en-volvidos com isso. Para o cien-tista político, em vários casos, “lula passou a mão na cabeça”. Esse gesto, avalia, “não garante a renovação da política que era a proposta do Pt na sua origem”.

sobre os candidatossegundo Moisés, a candidata do presidente, Dilma Rousseff, está fazendo um esforço para se apre-sentar para a opinião pública co-mo continuidade do lula. Ela, porém, não tem, na sua avalia-ção, “o devido lastro” não ape-nas da opinião pública - já que é a primeira vez que se candidata – mas do próprio Pt, já que che-gou a desqualificar o programa de governo idealizado pelo par-tido ao afirmar que pontos deve-riam ser revistos.

Já Urani ressalta o “currículo político” do candidato José serra e afirma que se o cargo de presi-dente fosse disputado num con-curso público, “certamente” ele estaria bastante preparado. serra já foi ministro, senador, deputa-do constituinte, governador, pre-feito, e secretário estadual, sem-pre por são Paulo.

Do ponto de vista macro po-lítico e macroeconômico, Moisés afirma não enxergar “grandes di-ferenças” entre eles:

— serra propõe mais contro-le do estado sobre a economia no sentido de controle das distor-ções fiscais enquanto Dilma pro-põe mais intervenção do estado na sociedade no sentido mais tra-dicional, mais estadista. Enquan-to serra tem um ponto de vista mais ligado ao mercado, Dilma tem o ponto de vista mais liga-

do ao Estado. As diferenças não são muito grandes. Ambos

desejam enfrentar os mesmos problemas,

mas por caminhos diferentes.

sobre a candidata do PV, Marina silva, Moi-sés é cate-górico ao afirmar que é neces-sário que ela pas-se a dis-cutir ou-

tras ques-tões além

do Meio Am-biente.

— Ela não pode ser uma

candidata bem sucedida se só apre-

sentar o menu Meio Ambiente, que é ex-

tremamente importan-

te, mas não é a única questão. É preciso fazer a relação desta questão com as demais. Ela es-tá tentando fazer isso, mas ainda não teve audiência suficiente pa-ra mostrar que isso é possível na sua concepção — avalia.

Para Urani, Marina repre-senta “a grande novidade” des-sa eleição por simbolizar “uma agenda mais moderna, mais ino-vadora, seja do ponto de vista do meio ambiente, seja do ponto de vista social”.

— Ela foi muito in-teligente, muito es-perta de não se colocar como o p o s i ç ã o ao gover-no lula. Ela reco-nhece os a vanço s que hou-ve nos dois go v e r no s e preten-de ir além. É claro que ela não tem o currículo que tem o ser-ra, mas também foi ministra, sena-dora, vereadora. Ela tem uma carreira boa, importante, veio de longe, soube se fazer por caminhos

improváveis, tem toda a minha admiração. Ela teve a capacidade de introduzir na agenda política do país algumas questões que es-tavam desprezadas. Eu acho que ela tem um potencial que não se previa. A campanha seria mui-to chata fosse limitada a Dilma e serra. A Marina coloca os compo-nentes mais saborosos nos deba-tes — afirma.

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A due mesi dalle elezioni che decideranno il nuovo presidente del brasile per i prossimi quattro anni, i

tre candidati che, secondo i son-daggi, riceverebbero il maggior numero di voti per presidente della Repubblica, hanno detto la loro sul “caso battisti”.

se non cambiano idea, il risul-tato di questo imbroglio politico-diplomatico dà 2 a 1 per l’estra-dizione. Infatti i candidati Dilma Rousseff (Pt) e José serra (PsDb) hanno dichiarato di essere favore-voli a questa soluzione; invece Ma-rina silva (PV) pensa che l’italiano dovrebbe rimanere in brasile.

battisti è stato condannato per quattro omicidi in Italia e è in carcere preventivo in brasile dal 2007. Il supremo tribunal Federal (stF) si è già dimostrato favorevo-le all’estradizione col voto dell’an-no scorso. Ma ha anche determi-

nato che la parola finale sarebbe spettata al presidente luiz Inácio lula da silva, che non ha reso pub-blica la sua decisione. Nel marzo scorso l’italiano era stato condan-nato anche a due anni in semili-bertà dalla 2ª Vara Criminal Federal do Rio per uso di passaporto falso. Ma battisti si trova ancora nel car-cere della Papuda, a brasília.

Il primo a parlarne è stato José serra, subito dopo aver reso nota la sua candidatura alla presiden-za. In aprile, durante un viaggio a salvador (bA) serra aveva detto che battisti era stato condanna-to “in un processo legale, in un paese democratico”e che, quindi, avrebbe dovuto essere estradato:

— se è stato condannato dalla giustizia italiana, in rispet-to all’autodeterminazione dei popoli doveva essere consegna-to alla giustizia italiana, perché si tratta di una democrazia, non di una dittatura che perseguita

qualcuno in modo arbitrario.In giugno è stato il turno

di parola di Dilma Rousseff.

Intervistata da una radio a Cam-pinas (sP), ha detto che se sarà eletta presidente e dovrà prendere una decisione su di questo seguirà la decisione del stF. l’insediamen-to del nuovo presidente sarà il 1º gennaio 2011.

— C’è stata una decisione del supremo tribunal Federal. Credo che il presidente lula, entro la fine del governo, deciderà. Ma se non lo farà io penso che si dovrà seguire la decisione del stF. E la sua decisio-ne è chiara — ha dichiarato Dilma.

Il mese dopo Marina silva è stata nella mira delle domande sul caso battisti, durante un’intervi-sta organizzata dal portale terra. secondo la candidata il brasile “ha sempre avuto una tradizione di dare riparo politico a stranieri”:

— Il brasile, tra l’altro, ha già dato riparo a dittatori. Perché dovrebbe essere diverso quando riguarda battisti?

Però Marina silva ci ha tenuto a sottolineare che tenere battisti in brasile non significa “mettere in dubbio le istituzioni italiane” che

l’hanno giudicado e condannato. Per Marina “è importante che la politica estera brasiliana mantenga le sue tradizioni e i suoi principi”.

Il “caso battisti” ha avuto ini-zio nel febbraio 2009, quando l’al-lora ministro della giustizia, tarso genro ha concesso rifugio poli-tico all’italiano, malgrado l’Ita-lia ne avesse chiesto l’estradizio-ne appena era stato arrestato in brasile, due anni prima. Quando il caso era stato giudicato dal stF il voto del ministro Eros grau avevo dato speranze ai difensori della permanenza di battisti in brasile. secondo la sentenza della corte la parola finale sarà di responsabi-lità del presidente della Repub-blica, che dovrà tenere conto del trattato di estradizione firmato tra l’Italia e il brasile. E il presi-dente potrà, nella sua decisione, verificare se l’ex-attivista è vera-mente, come lui si dichiare, un perseguitato politico, oppure no.

Visto che in brasile non c’è l’ergastolo, pena alla quale batti-sti è stato condannato in Italia, coloro che sono contrari all’estra-dizione – come il senatore del Par-tido dos trabalhadores, Eduardo suplicy (sP) – credono che il pre-sidente potrebbe dire che la de-cisione giuridica italiana è incom-patibile con la legislazione brasi-liana. Inoltre secondo dei giuristi brasiliani, anche se il presidente decidesse a favore dell’estradizio-ne, battisti non potrebbe tornare in Italia prima di aver scontato la condanna della giustizia brasiliana per uso di passaporto falso.

Ma due dei principali candidati a successori del presidente Lula sono a favore dell’estradizione di Battisti

Estradizione: marina è contro

nayra GarofLe

politica

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A tradição italiana no culti-vo do café está rendendo bons frutos para a família baggio, não por acaso,

também nome de marca da be-bida. Na empresa, não se houve falar em crise, mas em expansão dos negócios.

Há quase 130 anos, a famí-lia tem experiência no cultivo de café. Iniciaram como fornecedo-res de grãos até que, em 2006, a quarta geração deu um novo ru-mo nos negócios criando a mar-ca baggio Coffees. Agora, o gru-po amplia seu próprio processo de torrefação de grãos e, com isso, espera crescer nada menos do que 50% até o fim de 2010. Quem informa é a diretora co-mercial da empresa liana baggio Ometto, trineta do imigrante ita-liano salvatore baggio, o respon-sável pelo início dessa história.

— Nossa intenção é unir a tradição e o conhecimento ad-quirido pelas quatro gerações da família a um conceito moderno de produção de café — afirma liana que mora em uma fazenda na cidade de Araras, no interior de são Paulo.

A trajetória da baggio Coffes começou junto com a imigração italiana no país. Em meados de 1886, o imigrante salvatore bag-gio saiu do porto de Padova rumo ao brasil. Ele aportou na região Mogiana, no interior do nordes-te de são Paulo. Na Itália, ele

trabalhava como sineiro em uma igreja da cidade de Campo di san Pieiro, no norte do país. No bra-sil, terminou por trabalhar na la-voura e, em 1890, comprou seu primeiro pedaço de terra, onde passou a produzir café como se fazia na Itália: plantando as mu-das de acordo com a estação do ano e o clima da região.

Os negócios foram crescendo pelo estado de são Paulo, Para-ná e, em meados dos anos 70, os descendentes de salvatore bag-gio expandiram a produção para o sul de Minas gerais. segundo liana, as fazendas do grupo pro-duzem, atualmente, cerca de 15 mil sacas de café por ano. Ela conta que ter a própria marca da bebida era um sonho antigo. O que a animou a torná-lo realida-de foram alguns números. Mais precisamente, os que expressam o gosto do brasileiro em tomar um bom cafezinho.

segundo dados da Associação brasileira da Indústria do Café (Abic), o consumo interno deverá atingir 21 milhões de sacas nos próximos dois anos, desde que a evolução anual se mantenha em, pelo menos, 5% ao ano. Os con-sumidores, de acordo a Abic, es-tão bebendo mais xícaras de café por dia e diversificando as for-mas da bebida, adicionando ao café filtrado consumido nos la-res, os cafés expressos, cappuc-cinos e outras combinações com

leite. Este resultado aproxima o consumo per capita brasileiro ao da Alemanha (5,86 kg/hab/ano) e já supera os índices da Itália e da França (5,5 kg/hab). Os cam-peões de consumo ainda são Fin-lândia, Noruega e Dinamarca (13 kg/hab/ano).

segundo liana, o brasileiro passa por uma mudança de hábi-to e tem preferido o café especial ao café comum. Ela informa que, em 2009, a empresa registrou um crescimento de 300% para o seg-mento gourmet. Já o café nor-mal cresceu 4,7% em 2009. Pa-ra conquistar ainda mais o gosto dos brasileiros, a baggio Coffees aposta nos cafés aromatizados. A previsão, segundo a diretora, é de um incremento nos negócios

relacionados a café especiais en-tre 5% e 8% para o próximo ano, sendo esse segmento responsá-vel por cerca de 15% do fatura-mento total da baggio.

Atualmente, a empresa tem os três tipos de produtos: bag-gio bourbon (produzido com grãos 100% arábica da variedade bourbon amarelo do sul de Minas gerais, de característica adocica-da); baggio gourmet (produzido com grãos 100% arábica, resul-tado de blends de grãos da Al-ta Mogiana paulista e do sul de Minas) e baggio Aromas (grãos gourmet adocicados com aromas naturais ou artificiais que resul-tam nas versões chocolate com menta, caramelo, amaretto, li-mão e açaí). todas essas linhas passam pela supervisão do baris-ta Clodoaldo Iglezia, diretor in-dustrial da empresa.

se no cultivo, a tradição im-pera, na embalagem, o que fala mais alto é a tecnologia: feita com um filme especial, possui uma válvula que permite que os gases gerados pelo café saiam sem que a embalagem se rom-pa, o que garante a qualidade do produto. Não por acaso, a em-presa faturou prêmios importan-tes no setor, como o World Pa-ckaging Organisation (WPO), em 2008, de embalagens não alcoó-licas, além de melhor design em embalagens da Associação brasi-leira de Embalagem (Abre).

na xícaraMarca de café de origem italiana aposta no crescente hábito do brasileiro de degustar a bebida para aumentar sua presença no mercado nacional

robson bertoLinocoRREspondEntE • são paulo

negócios

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Que outro nome mais apro-priado uma marina pode-ria ter e que lugar mais apropriado ela poderia se

localizar além de Porto seguro, na bahia? Foi o que pensaram dois italianos, o arquiteto Edo-ardo Miola e o engenheiro Mau-ro Nalim, idealizadores do proje-to que tem tudo para alavancar a economia da cidade. No mês passado, Miola apresentou ofi-cialmente a ideia ao prefeito gil-berto Abade, e ao secretário de Indústria Naval e Portuária da bahia, Roberto benjamim e, se-gundo as autoridades, a Marina Porto seguro deve ser aprovada.

— Estamos trabalhando com muita satisfação para levar o projeto ao Instituto brasileiro do Meio Ambiente (IbAMA) e ao Instituto do Patrimônio Históri-co e Artístico Nacional (IPHAN) para que eles apontem as possí-veis solicitações de mudança, já que a área em que ficaria a ma-rina é uma região delicada, de manguezal. Então, há questões ambientais a serem analisadas. Mas demos a garantia de que te-remos um primeiro retorno em 30 a 45 dias — diz benjamin.

O projeto diz respeito a um complexo de apoio naval e turís-tico de 200 mil metros quadra-

dos que envolve investimentos privados da ordem de 50 milhões de euros. A Marina Porto seguro vai ajudar a girar a economia da cidade e da Costa do Descobri-mento, gerando empregos, além de colocar o destino na rota de um mercado promissor, atraindo um público de alto poder aqui-sitivo e até mesmo, como espera o prefeito, eventos esportivos na área náutica.

Miola e Nalim são especilistas no setor com atuação na ligúria. O engenheiro explica que o lito-ral de Porto seguro foi escolhido por eles para o desenvolvimento do projeto por conta de sua po-sição geográfica, “seu contexto ambiental e sua relevância histó-rica”. Além disso, explica, a mor-fologia da costa é protegida por uma longa barreira de corais.

— Porto seguro está locali-zada numa costa belíssima e in-

teressante do ponto de vista lo-gístico e turístico. tem enorme potencialidade, o aeroporto per-mite o tráfego direto e sem es-cala da Europa. E, claro, tem a particularidade do nome. Não por acaso, seu nome reflete as ca-racterísticas de proteção natural que oferece aos navegadores. É bom pensar que estamos a redes-cobrir um lugar como os antigos navegadores – conta Miola.

Outro ponto ressaltado pe-lo arquiteto italiano é a recep-tividade turística de Porto, uma cidade onde vivem cerca de dois mil italianos, muitos deles, em-preendedores locais. toda a cos-ta até Cabrália, a 26 quilômetros, tem uma ampla rede hoteleira e uma área residencial extensa. Entre os municípios de Ilhéus e Caravelas ainda não há uma in-fraestrutura náutico-desportiva o que também contribuiu para a escolha de Porto seguro.

De acordo com os projetistas, toda a Marina levará até três anos para ser construída, mas o cais para atracação dos barcos estará pronto em nove meses, a partir da data de aprovação da obra. se-gundo Miola, cerca de 340 barcos poderão atracar na marina.

tombada pelo IPHAN desde 1973, como Patrimônio Históri-co Nacional e reconhecida pela Unesco, no ano 2000, como Pa-trimônio Natural da Humanidade, Porto seguro, é uma cidade que exige atenção diante de um pro-jeto como esse. segundo Miola, a preocupação com o meio am-biente “não é uma simples atitu-de, é uma necessidade absoluta”.

O italiano conhecia a cidade apenas “de mapa”. Mas se apai-xonou com o local assim que chegou para estudá-la melhor e finalizar o projeto:

— Fiquei fascinado pela es-pontaneidade do povo, pelo traba-lho dos pescadores descendo o rio em barcos de pesca. Outra emoção que senti foi quando andei de bar-co no rio buranhém numa tarde de sol. Naquele momento eu percebi que Porto seguro pode ter o seu pôr do sol na água se apenas es-tivermos de frente para o rio, para o oeste. sempre que mostramos o projeto os comentários são posi-tivos e acho que nós apenas in-terpretamos uma vocação natural deste lugar — afirma.

Complexo de apoio naval apresentado por projetistas italianos pode alavancar a economia da cidade baiana

redescobrindo Porto seguro

nayra GarofLe

negócios

O projeto foi apresentado oficialmente às autoridades no fim de junho

22 C o m u n i t à i t a l i a n a / a g o s t o 2 0 1 0

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affari

nato nel 1963 e laureato in scienze Politiche all’Uni-versità di Roma “la sa-pienza”, Fabrizio Di Ama-

to, Presidente e Amministrato-re Delegato di Maire tecnimont s.p.A., inizia molto giovane la sua carriera di imprenditore, fon-dando la prima società di manu-tenzione a 19 anni. Attraverso un percorso di crescita costante e grazie a un ambizioso programma di Merging & Acquisition, è og-gi azionista di riferimento, Presi-dente e Amministratore Delegato di Maire tecnimont. Fabrizio Di Amato è inoltre Amministrato-re Unico di Maire gestioni spA e Presidente di tecnimont spA.

Da diversi anni è impegnato attivamente nel settore dell’in-gegneria organizzata. Dal dicem-bre 2004 è membro del Consiglio Direttivo dell’OICE (Associazio-ne Italiana delle Organizzazio-ni di Ingegneria, Architettura e Consulenza tecnico-economica) e dal maggio 2007 è presidente dell’ANIMP (Associazione Italia-na di Impiantistica Industriale). Dal 25 settembre 2008 Fabrizio Di Amato è presidente di Feder-progetti, composta dalle associa-zioni ANIMP, OICE, UAMI, Assi-stal, ANIE, ANIMA e AssOMINE-RARIA, che è stata ufficialmente ammessa in Confindustria. Fabri-zio Di Amato, in qualità di presi-dente di Federprogetti, è mem-bro della giunta di Confindustria.

Maire tecnimont s.p.A. è a ca-po di un gruppo internazionale di Engineering & Construction che opera in tre settori di riferimento: Oil, gas & Petrolchimico; Energia; Infrastrutture & Ingegneria Civi-le. Quotato alla borsa di Milano, il gruppo è presente in oltre 30 paesi, controlla oltre 40 società operative e può contare su un or-ganico di oltre 5.100 dipendenti, di cui circa la metà all’estero. Al 31 dicembre 2009 il gruppo ha re-alizzato ricavi per € 2.164 milio-ni e un utile netto, dopo la quo-ta dei terzi, pari a € 77 milioni. Il gruppo Maire tecnimont è pre-sente in America latina dai primi anni settanta e si avvale di uffici operativi a santiago del Cile, são Paulo e belo Horizonte.

Comunitàitaliana – Lei conside-ra che maire Tecnimont sia un nome importante nel fornimento di petrolchimici e nella produ-zione di centrali elettriche?

Fabrizio Di Amato - Maire tecni-mont è a capo di un gruppo in-ternazionale di Engineering & Construction, quotato alla borsa di Milano. Il gruppo è presente in oltre 30 paesi, controlla ol-tre 40 società operative e può contare su un organico di circa 5.100 dipendenti, di cui circa la metà all’estero. Attualmente, in brasile, Maire tecnimont sta ese-guendo, in consorzio per i gruppi MPX e EDP, due centrali elettri-che, una nello stato del Maran-hão e un’altra nello stato del Cearà, presso il porto di Pecém,

per un valore complessivo pari a circa 1,5 miliardi di Euro. Inol-tre, Maire tecnimont ha sigla-to un ulteriore accordo con MPX Energia per la costruzione di una terza linea nella centrale elettri-ca a Pecém che conferma il buon posizionamento del gruppo sul mercato energetico brasiliano. Ci - Qual è stato il ruolo di Tec-nimont do Brasil nel gruppo in questi ultimi dieci anni e quali sono le aspettative per un futuro prossimo?FDA - tecnimont do brasil riuni-sce le attività consolidate di tec-

nimont nel petrolchimico e di Maire Engineering, già Fiat Engi-neering, negli stabilimenti indu-striali e in alcune delle centrali elettriche più importanti del bra-sile, da Ibirité a santa Cruz. Oggi, grazie all’integrazione in un’unica realtà, tecnimont do brasil offre competenze in tutti e tre i settori di riferimento: Oil, gas & Petrol-chimico; Energia; Infrastruttu-re & Ingegneria Civile. Il brasile svolge quindi oggi un ruolo fon-damentale nel processo di inter-nazionalizzazione del gruppo.Ci – E per quanto riguarda l’Ame-rica Latina in generale?FDA - Per quanto riguarda l’area dell’America latina, i progetti re-alizzati e in fase di realizzazione confermano le enormi opportuni-tà per il gruppo Maire tecnimont nell’ oil, gas e petrolchimico, nell’energia e nelle infrastruttu-re. Infatti, le rilevanti prospet-tive di crescita dell’area deter-minano una grande domanda di energia e di infrastrutture indu-striali. In America latina portia-mo tecnologie e know-how, men-tre puntiamo a potenziare le ca-pacità di esecuzione locali.Ci - oggigiorno Tecnimont è un investitore globale in progetti di EPC e, fidandosi delle fonti di acquisizione globale, quali sono i piani di Tecnimont per ciò che concerne le tendenze di richie-ste di una serie di imprese bra-siliane che vogliono partecipare alla realizzazione del progetto in Brasile, usando fornitori locali per rifornire le attrezzature?FDA - Il mercato brasiliano, in analogia a molte altre economie emergenti, tende a privilegiare nel settore dell’ingegneria e del main contracting il cosiddetto lo-cal content, ovvero il contenuto locale in termini di forniture di servizi e materiali. Il gruppo Mai-re tecnimont può contare sulla sua presenza consolidata in bra-sile, che garantisce capacità pro-duttiva in termini di ore di inge-gneria, supervisione alla costru-zione, oltre che stabili relazioni con il mondo dei fornitori locali.

A medio termine, il gruppo inoltre intende accrescere la pro-pria capacità locale, sia per linee interne che tramite acquisizioni di piccole società, continuando così ad affermarsi come realtà competitiva nel mercato brasi-liano e, più in generale, in tutta l’area dell’America latina.

Tecnimont rafforza presenza in Brasile

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o mercado do trabalho pas-sa por uma prova de fer-ro e fogo. Na Itália, o au-mento dos índices de de-

semprego foi na ordem de 9,1%, no primeiro semestre de 2010, a mais alta porcentagem dos úl-timos cinco anos. Isso significa que cerca de 1 milhão de empre-gos foram perdidos desde o inicio da crise econômica mundial. E se os cálculos do Centro de Estudos da Confindústria forem realísticos, outros 246 mil empregados esta-rão na rua até o final deste ano.

Dentro desse quadro, a ba-talha pelo trabalho se acentuou, sobretudo, quando a Fiat entrou

em campo alegando a necessida-de de desativar dois dos estabele-cimentos italianos do grupo. seu presidente, o ítalo-suíço-cana-dense sergio Marchionne, traçou já em 2009, o destino e o futuro das filiais localizadas em termi-ni Imerese (sicília) e Pomigliano D’Arco, na região da Campania. Ao anunciar a entrada da parceira americana Chrysler no pregão da bolsa de Valores de Nova Iorque, a partir do próximo ano, além do aumento da produção italiana pa-ra até um milhão de veículos até 2012, Marchionne sentenciou:

— As cinco fábricas automo-bilísticas italianas produzem 650

mil veículos com quase 22 mil de-pendentes, enquanto todo o gru-po emprega 30 mil pessoas na Itá-lia. Na Polônia, o estabelecimento de tichy produz, sozinho, quase o mesmo número de carros com cer-ca de um terço do número de ope-rários empregados. No brasil, os 9400 trabalhadores da filial de be-tim chegam a fabricar 730 mil uni-dades por ano. Na Europa, custa menos produzir veículos modelo Panda na Polônia do que na Itália.

Resultado: cerca de 2200 ope-rários no estabelecimento sicilia-no de termini Imerese - e outros 300 pertencentes às fornecedoras de peças e acessórios - cessam

suas atividades em 2012. A pro-dução do modelo lancia Ypsilon será transferida para outra unida-de do grupo. No caso ainda aber-to de Pomigliano D’Arco, a Confe-deração geral Italiana do trabalho (CgIl) e a Federação Italiana dos Operários Metalúrgicos (FIOM) - duas das cinco centrais sindicais que representam metalúrgicos – recusaram-se a firmar o acor-do que Marchionne apresentou e acentuaram a sua oposição depois que 92% dos 5200 trabalhadores participaram de uma votação in-formal. A maioria (64%) apóia o programa de Marchionne, que pro-mete trazer da Polônia a linha de produção do modelo Panda, mas confirma a fabricação de 190 mil unidades anuais da monovolume lo na sérvia no lugar da fábrica de Mirafiori (turim).

Os 36% que se pronunciaram contra o plano e os investimentos

Na Itália, Fiat tenta implantar novidades em termos de organização de linha de montagem para maximizar produtividade e enfrenta resistência dos sindicatos

operação Panda

Lisomar siLvacoRREspondEntE • Roma

economia

O presidente mundial da Fiat, Sergio Marchionne

24 C o m u n i t à i t a l i a n a / J u l h o 2 0 1 0

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de 700 milhões de euros que a Fiat prometia fazer no estabeleci-mento de Pomigliano D’Arco, resis-tem sobretudo às modalidades do acordo, que poderiam representar o início de um novo e inquietante cenário nas relações trabalhistas na Itália, pátria do Estatuto dos trabalhadores, cuja Constituição coloca, em seu primeiro artigo, o país como “Uma República Demo-crática fundada no trabalho”.

No final de julho, Marchionne anunciou a criação da empresa Fabbrica Italia spa, com capital social de 50 mil euros e contro-le total do grupo Fiat. Fabbrica Italia spa é destinada a perma-necer fora dos acordos e das as-sociações empresariais do setor metal-mecânico, ficando pronta a recontratar os trabalhadores de Pomigliano d’Arco com novas modalidades contratuais, que ex-cluem as bases do contrato na-cional para a categoria.

Enquanto as centrais sindi-cais mantêm a firme posição de defesa do mercado do trabalho e do emprego a qualquer preço, a vice-secretária da CgIl, suzanna Camusso, explica:

— Os trabalhadores estarão submetidos a intervalos mais bre-ves, deverão enfrentar horários extraordinários obrigatórios de

trabalho, com fortes restrições quanto a ausências por motivos de saúde e até sanções ao direito de greve, que agridem e desres-peitam diretamente os artigos 39 e 40 da Constituição italiana.

O ministro do trabalho, Mau-rizio sacconi, manifestou entu-siasmo pelo acordo, mas redi-mensionou sua avaliação dian-te da forte oposição sindical de CgIl e FIOM. Já Marchionne pre-feriu continuar o diálogo somen-te com os sindicatos que aprova-ram as bases da proposta unila-teral que formulou.

idade média Pós-moderna? Os trabalhadores contrários ao acordo com a Fiat, também apon-tam como problemáticos dois ou-tros elementos ligados ao contro-le da produção e aos reduzidos intervalos dedicados ao repouso e às refeições. Estes aspectos es-tão diretamente ligados às siglas WCM (World Class Manufacturing) e Ergo-Uas, aparentemente técni-cas, mas que podem condicionar a vida e a saúde psicofísica de operários, técnicos e dirigentes.

O World Class Manufacturing é um conceito presente há qua-se dois anos no estabelecimento italiano de turim. Reproduz, com as devidas adaptações, o modelo usado pela indústria automobi-

lística japonesa toyota. É aplica-da em todo mundo e baseia-se no envolvimento psico-emotivo de todas as categorias de trabalha-dores, técnicos, dirigentes e ven-dedores do produto final, através de um slogan pronunciado em vá-rias línguas: “Your Toytota is my Toyota” (A sua toyota é a minha toyota). Aos olhos do poten-cial comprador, o produto ganha maior valor, pois é criado, cons-truído e oferecido por vários pro-fissionais atenciosos e orgulho-sos do resultado alcançado.

Porém, o principal objetivo da empresa é o de obter o sistemáti-co envolvimento de todas as ca-tegorias de trabalhadores no pro-cesso de melhoramento contínuo do produto para aumentar seu grau qualitativo e a eficiência da mão-de-obra, diminuindo os cus-tos e intensificando a produção. Esta doutrina econômica, mais conhecida como “toyotismo”, foi introduzida na Europa por Hajime Yamashina, um professor japonês que trabalha no Department of Precison Engeneering da Univer-sidade de Kyoto. Yamashina, aos 60 anos de idade, passa boa par-te de seu tempo viajando e, onde quer que esteja, procura adaptar seu programa de maximização da produtividade à cultura industrial local que encontra.

Os critérios de produção se-gundo os parâmetros do WCM, aplicados a soluções de raciona-lização do ambiente de trabalho se fundem com a avaliação calcu-lada do sistema técnico-informá-tico de produção Ergo-Uas, onde a ergonomia pode contribuir para a repetição dos gestos em maior número de vezes no mesmo es-paço de tempo. se a produção dos veículos Panda for desloca-da do estabelecimento polonês de tichy para Pomigliano D’Arco, os trabalhadores terão que acei-tar primeiro a introdução des-ses parâmetros na reorganização produtiva da fábrica, que poderá levar até dois anos. Muitas ati-vidades de movimento físico dos operários na fase produtiva estão catalogadas no campo em que o processo Wcm/Ergo-Uas conside-ra destituídas de valor agregado, para se chegar ao produto final. Entre elas estão caminhar, ten-tar parafusar ou passar materiais a um colega.

10 minutos = 6650 automóveisReduzir a pausa de repouso ou para refeições de 40 para 30 mi-nutos, nos turnos de trabalho definidos no estabelecimento de Pomigliano D’Arco, conforme o Ergo-Uas, pode equivaler à pro-dução anual aumentada de 6650

Manifestações da oposição sindical de CGIL e FIOM Linha de produção em Santa Catarina, 1925

Maurizio Sacconi: entusiasmo inicial pelo acordo foi revisto

após reação sindical

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atualidade

veículos Panda. O sociólogo Pa-trizio di Nicola, docente de sis-temas Organizativos na Faculda-de de Ciências da Comunicação na Universidade la sapienza, de Roma, fez as contas: no novo esquema, as atuais duas pausas de 20 minutos são substituídas por três com duração respectiva de 10 minutos. A diferença to-tal de tempo entre as duas ti-pologias de intervalo (10 minu-tos) equivale a 8,3 operações a mais em cada turno de trabalho e que, coordenadas e somadas, se transformam na produção diária de 25 automóveis modelo Panda. Em um ano, aqueles 10 minutos equivalem a 6650 veículos.

A medição a ser adotada para o estabelecimento Fiat de Pomi-gliano D’Arco, esclarece Di Nico-la, foi aplicada na fábrica Mira-fiori, de turim, para a produção do veículo Mito. No sistema tra-dicional, os operários tinham 5 segundos de intervalo para ca-da minuto de trabalho e podiam acumular tempo suficiente pa-ra criar um intervalo mais rela-xante. Agora, passaram a dispor praticamente de um segundo de repouso para cada minuto de tra-balho. Unidos, o sistema Wcm e o Ergo-Uas podem significar, se-gundo a Fiat, a produção anual majorada de até 280 mil veícu-los, ou seja, praticamente um automóvel por minuto.

A diferença entre as menta-lidades japonesa e italiana na aplicação desses parâmetros, se-gundo Di Nicola, pode se revelar sutilmente diabólica:

— A participação dos traba-lhadores no processo produtivo é uma inspiração do engenheiro japonês taiichi Ohno, que proje-tou o ‘Toyota Production System’ baseado no princípio ‘Jidoka’, correspondente ao conceito de ‘automatização com um toque humano’. trata-se de um sistema no qual o trabalhador tem larga autonomia para suspender a pro-dução sem autorização prévia, se perceber que algo não funciona bem nas fases produtivas, pa-ra salvaguardar a qualidade do produto. Nas fábricas ocidentais, porém, essa opção é fortemente vinculada às decisões tomadas exclusivamente em níveis muito superiores de direção na hierar-quia empresarial.

luciano gallino, professor de sociologia na Faculdade de Ci-

ências da Formação na Univer-sidade de turim, fez várias pes-quisas no campo da sociologia do trabalho e da Indústria. se-gundo ele, o modelo Fiat coloca a fábrica - sobretudo o trabalha-dor - em regime de produção a ciclo contínuo:

— As cláusulas da Fiat são duríssimas. Pode ser até que o grupo acabe abaixando o cus-to de produção de seus veículos na Itália. Hoje a indústria auto-mobilística mundial se encontra submetida a um excesso espan-toso de capacidade produtiva, estimada por volta de 40%. Por-tanto, enfrenta uma guerra feroz de competição e quem paga essa conta são os fornecedores e os trabalhadores.

Para gallino, o caso da Fiat deve ser enquadrado na “globali-zação sem máscaras”. Ele explica que, se um operário na Polônia ou em qualquer outro país em desenvolvimento, produz um cer-to número de veículos por ano, “o mesmo deve acabar aconte-cendo nos estabelecimentos in-

dustriais italianos”. Outros gru-pos como Renault, Volkswagen, toyota e general Motors fazem esse mesmo raciocínio:

— se os operários de outros países aceitam condições drásti-cas de trabalho para não perde-rem seus empregos, o mesmo po-de acontecer na Itália. Mas a fal-ta de alternativas a esse estado de coisas não é casual: foi ela-borada e construída com o pas-sar do tempo através de um as-fixiante coquetel preparado com leis, decisões políticas, opções praticadas pelas grandes empre-sas e pelo sistema financeiro — afirma gallino.

A resistência que os operá-rios e os sindicatos ofereceram à atual proposta da Fiat levou Mar-chionne a encerrar as atividades no estabelecimento de Pomiglia-no D’Arco, para abrir em segui-da uma nova empresa que reser-ve suas vagas somente aos ope-rários que já apóiam e aceitam o plano de reformas no sistema produtivo Wcm/Ergo-Uas do gru-po. Esse estratagema, já usado

no caso de falência da compa-nhia aérea Alitalia há quase dois anos, permite a abertura da bre-cha que outras empresas de mé-dio e grande porte esperam para legitimar a alteração das bases de contrato com seus emprega-dos na Itália, antes de buscar novas possibilidades de desloca-mento de seus estabelecimentos em outros países.

todas as partes envolvidas, porém, têm pelo menos dois for-tes inimigos comuns. O primeiro deles está na incontrolável fabri-cação e no crescente comércio de produtos e bens falsificados, que produzem um colossal volu-me anual de negócios, avaliados pela Associação Nacional do Co-mércio (Confesercenti) em torno a 7,8 bilhões de euros. Os chi-neses, por exemplo, consegui-ram produzir até modelos Ferrari, com grau tão elevado de perfei-ção, que somente os funcioná-rios da própria indústria de Ma-ranello souberam descobrir a di-ferença entre o modelo original e o falsificado.

O segundo inimigo se encon-tra na poderosa rede da crimina-lidade organizada globalizada, pronta a tirar proveito do deses-pero que 30 milhões de novos desempregados estão para en-frentar ao saírem do circuito do consumo, com a perda de 4 mil bilhões de dólares no mercado oficial. O alarme neste sentido emerge das previsões do Fundo Monetário Internacional. Previ-sões para as quais nem os chefes de Estado e governo dos 20 pa-íses mais industrializados conse-guiram dar uma resposta concre-ta até o momento.

Acima, linha de produção da Toyota. Abaixo, o engenheiro

japonês, Taiichi Ohno

O professor de Sociologia Luciano Gallino

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A primeira usina mundial de energia alimentada por hi-drogênio começou a fun-cionar em Porto Maghera,

em Veneza. E funciona a todo va-por. A eletricidade produzida a partir do gás como matéria-pri-ma permite acender as luzes nas casas de 20 mil famílias e evita o lançamento de 17 mil tonela-das anuais de CO2 no ambiente. A central de Fusina representa uma conquista italiana para a produ-ção de energia limpa - por ano, algo em torno dos 60 milhões de quilowatts/ hora.

A planta tem capacidade para gerar uma potência máxima de 16 MW. E dentro dela, nada se perde, tudo se transforma. O hidrogênio alimenta, a ciclos combinados, a central que transforma o gás em eletricidade e calor, num total de 12 MW. O rendimento de toda a operação aumenta em quase 40% porque o calor liberado nos tubos de descarga produz um vapor em elevada temperatura - ar quente e vapor de água - e é conduzido a uma vizinha central de energia

energia

Umanova Energia

No Vêneto, usina alimentada por hidrogênio entra em operação e faz a Itália dar um passo à frente em termos de tecnologia limpa

a carvão. O “presente” inesperado garante 4 MW de eletricidade.

O complexo industrial recebe 1,3 toneladas de hidrogênio por hora. E o rendimento elétrico che-ga a 42 % - altíssima eficiência - praticamente sem emitir poluentes na atmosfera, ou seja, pouca emis-são de óxido de enxofre e só. O gás chega através do processo by-pro-duct, ou seja, como um subproduto usado para uma diferente finaliza-ção daquela prevista originalmen-te no ciclo produtivo. Assim, o que antes era um desperdício torna-se uma matéria-prima para a criação de energia elétrica, a partir de fon-te renovável.

A usina surge na área da cen-tral Enel “Andrea Palladio”, junta ao Pólo Petroquímico de Porto Mar-ghera. A ideia é transformar o local numa zona para projetos dentro do Hydrogen Park que visam experi-mentar as diferentes possibilidades de uso do hidrogênio. O desenvol-vimento de novas tecnologias no setor dos transportes e da geração de energia é o principal objetivo deste “campus do mundo verde”.

O investimento de 50 milhões de euros na elaboração do complexo

foi financiado pela Enel, pela região Vêneto, pela Província e Prefeitura de Veneza. A sinergia entre as insti-tuições atesta a responsabilidade e os objetivos comuns de incremen-tar o uso de energia alternativa e de fonte renovável no nordeste do país. O consórcio para a operação tinha lançado as bases em 2003 e, agora, a energia verde dá os frutos.

A opção de usar a planta de Fusina não foi à toa. O parque tem sido cabeça de ponte pa-ra inovações tecnológicas e am-bientais. Em 1997, foram insta-lados filtros para purificação das emissões de gases na atmosfe-ra. Onze anos depois, a zona foi escolhida para um experimento bem sucedido de abatimento das partículas em suspensão. Atual-mente, o lugar é a vanguarda ita-liana para a reciclagem dos resí-duos tóxicos produzidos pela so-ciedade e pela indústria.

Enquanto a discussão sobre a energia nuclear começa a esboçar um retorno à mídia italiana e aos debates em praças públicas, a Enel - segunda principal empresa de energia a gás na Itália - continua a prosseguir rumo à energia sus-tentável: há seis anos, alcançou a redução de 30% de emissão de CO2 na produção termoelétrica (algo como 20 milhões de toneladas). Já, em 2008, a recuperação de de-jetos especiais chegou a 90%.

Com 30 milhões de clien-tes na Europa, ásia e áfrica, a multinacional italiana aposta na energia verde e planta novas ini-ciativas para, no futuro, forne-cer um serviço em sintonia com o mundo de amanhã, mas, que já bate na porta hoje. Com a gre-en Economy, que vai forte, prin-cipalmente, depois do acidente com a plataforma da bP no gol-fo do México e com a guinada do governo americano em privi-legiar as opções energéticas de fontes renováveis, a Enel mostra que está no caminho certo. E a Itália mostra dá um exemplo pa-ra as gerações futuras.

GuiLherme aquinocoRREspondEntE • milão

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aLine buaes, de nápoLes e Leandro demori, de roma

capa

na Itália, as férias são sa-gradas. No verão euro-peu, de junho a setem-bro, quando os termôme-

tros registram um calor digno de Rio de Janeiro, a movimentação dos italianos é intensa, sendo que, agosto, é o mês preferido pela grande maioria para “sumir” de casa.

Em época de crise econômi-ca, vale tudo para manter a tradi-

ção. Quem sentiu o baque e pre-cisou apertar os cintos, adaptou roteiros e buscou alternativas. Mas há sempre aqueles que nun-ca sentem cheiro de crise no ar. Nos dois casos, a própria Itália parece que saiu beneficiada com a situação. A força do governo para que os italianos mantives-sem seus gastos de verão no pró-prio país foi reforçada, mês pas-sado, por um vídeo publicitário

Crise econômica faz italiano redescobrir o próprio paísCrisi economica fa riscoprire agli italiani il loro paese

Glamour eterno

I n Italia le ferie sono sa-cre. Durante l’estate euro-pea, da giugno a settembre, quando i termometri regi-

strano un caldo pari a quello di Rio de Janeiro, gli spostamenti degli italiani è intenso ma ago-sto è il mese preferito da quasi tutti per “sparire” di casa.

In momenti di crisi economi-ca vale di tutto per mantenere la tradizione. Chi ne ha sentito

il peso e ha dovuto stringere la cinghia ha adattato le sue mete e cercato alternative. Ma ci so-no coloro che non sentono mai la puzza di crisi nell’aria. In am-bedue i casi la stessa Italia viene a guadagnarci. La pressione go-vernativa per far mantenere dagli italiani le spese estive nel loro paese è stata aumentata, il mese scorso, da un video pubblicitario trasmesso in TV e su Internet. In

C o m u n i t à i t a l i a n a / a g o s t o 2 0 1 028

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divulgado na tV e na Internet. Nele, o premier silvio berlusconi pede para que os italianos viajem na própria península.

Independente desse ape-lo, os endinheirados já estavam tomando o rumo da Itália, mais precisamente de Capri. Depois de um tempo um pouco esquecida por eles, a mítica ilha banhada pelo Mediterrâneo voltou a se fir-mar como reduto do jet set inter-nacional. Muita dessa badalação é “culpa” de um único restauran-te, o Il Riccio.

Enquanto a movimentação do turismo na Itália retoma, aos poucos, aos patamares de 2008 – acalmando a queda sentida no

ano passado –, o perfil do ita-liano médio em férias está ainda adaptado a condições financeiras pouco favoráveis.

Previsões feitas pelo Centro Studi Casa Ambiente e Territorio di Assoedilizia (Cescat) mostram que as férias devem encolher: os dias em viagem passam de 14 para 12, em média. Além disso, é cada vez maior o contingente de quem dá apenas pequenas es-capadas nos finais de semana: 2 milhões de pessoas preferem fa-zer passeios de 2 a 4 dias em vez de permanecer fora por longos períodos. Apesar disso, os dados são animadores para as baixas expectativas iniciais.

esso il premier Silvio Berlusconi chiede agli italiani di viaggiare in territorio nazionale.

Ma anche senza questo ap-pello i ricconi già si stavano in-teressando all’Italia, e special-mente a Capri. Dopo un periodo in cui era stata un po’ dimenti-cata, la mitica isola bagnata dal Mediterraneo si è riaffermata co-me meta del jet-society interna-zionale. Gran parte della “colpa” di questo revival è da attribuire ad un unico ristorante, Il Riccio.

Allo stesso tempo che il mo-vimento turistico italiano ripren-de, poco a poco, i livelli del 2008 – placando il retrocesso sentito l’anno scorso –, il profilo dell’ita-

liano medio in ferie si trova an-cora adattato alla situazione fi-nanziaria poco favorevole.

Previsioni fatte dal Centro Studi Casa Ambiente e Territorio di Assoedilizia (Cescat)

Dicono che le ferie dovranno diminuire: i giorni in viaggio pas-sano dai 14 ai 12 in media. Inoltre è sempre più grande il gruppo di quelli che passano fuori solo i fi-ne settimana: 2 milioni di persone preferiscono fare brevi viaggi dai 2 ai 4 giorni invece di rimanere fuori per lunghi periodi. Malgrado que-sto i dati sono favorevoli, dovuto alle inferiori aspettative iniziali.

— Sembra superata la psi-cosi della crisi – sembra crede-

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— Parece superada a psicose da crise – acredita Achille Colom-bo Clerici, presidente da Cescat.

A redução do número de dias e as pequenas viagens de fim de semana trouxeram novidades. A presença nas grandes cida-des, por exemplo, deve aumen-tar, justamente porque se tornam menos caóticas com o êxodo dos próprios cidadãos em direção a balneários ou montanhas. O mar é ainda o destino preferido dos italianos (55%), mas deve sofrer queda este ano.

Como nos últimos anos, três modalidades consideradas eco-nômicas devem ter um aumen-to: os cruzeiros, o agriturismo (hospedagens em fazendas) e o turismo fitness, para quem quer andar de bicicleta, fazer trekking ou caminhadas e cuidar do corpo enquanto conhece novos lugares.

Outra pesquisa, feita dessa vez pela Unioncamere-Isnart a pedido do l’Osservatorio Naziona-le del Turismo, aponta um aumen-to de 4% entre as pessoas que passarão as férias em campings.

A contrastar com as previsões da Cescat, um estudo do portal de turismo Expedia mostra que a metade dos italianos se con-sidera muito bom quando a or-dem é poupar dinheiro na hora de planejar as férias. A realida-de, no entanto, é um tanto di-versa, conforme a pesquisa que ouviu meio milhão de pessoas. O portal divulgou que os ita-lianos são os que passam me-nos tempo na frente do com-putador para procurar hotéis

de bom custo e benefício. Resul-tado: dinheiro mal gasto ou gas-to de modo “errado”.

Ainda na contramão de como os italianos enxergam a si mesmo, outro estudo, muito peculiar, pro-curou saber se o folclórico latin lover ainda estava vivo na mente dos turistas. Amarga desilusão. Após ouvir cerca de 1000 estran-geiras em férias pela Itália, 8 en-tre 10 delas declararam que não enxergam mais nos italianos os antigos galãs de outros tempos. Para 57% das moças, o proble-ma é que os italianos de hoje são muito... femininos.

Passeio de bacanaslocalizado sobre terraços naturais entre as rochas e o mar Mediter-râneo, nas proximidades da míti-ca gruta Azul, Il Riccio é um dos históricos restaurantes de Capri. Após uma reforma realizada em

capa

Polêmica

Polemica

A contrastar com o apelo do governo para que os

italianos optassem pelo tu-rismo doméstico, a revista L’Espresso publicou fotos da ministra do turismo Michela brambilla em férias, em uma bela praia. só que na Fran-ça. A desculpa oficial foi que ela estava na Côte d’Azur em busca de praias que aceitas-sem cães – sua paixão – pa-ra copiar o modelo na Itália. Pegou mal.

In contrasto con gli appelli governati-vi affinché gli italiani scegliessero il

turismo domestico, la rivista L’Espresso ha pubblicato delle foto del ministro del Turismo, Michela Brambilla, in ferie in una bella spiaggia. Solo che in Francia. La scusa ufficiale è stata che lei era sul-la Costa Azzurra in cerca di spiagge che accettassero cani – la sua passione – per copiare il modello in Italia. Non è stata dige-rita bene.

O turismo fitness é uma forma econômica para quem quer cuidar do corpo e conhecer novos lugares

Il turismo fitness è una maniera economica di badare al proprio corpo e conoscere nuovi posti

re Achille Colombo Clerici, presi-dente della Cescat.

La riduzione del numero di giorni e i piccoli viaggi di fine settimana hanno introdotto delle novità. Per esempio, la presenza nelle grandi città dovrebbe au-mentare, proprio perché diven-tano meno caotiche con l’esodo degli stessi cittadini verso città di mare o di montagna. Il mare

è ancora la meta preferita degli italiani (55%) ma dovrà subire una diminuzione quest’anno.

Come negli ultimi anni, tre tipi di viaggio considerati econo-mici aumenteranno: le crociere, l’agriturismo ed il turismo fitness per chi vuole andare in biciclet-ta, fare trekking o camminate e badare al proprio corpo mentre conosce posti nuovi.

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2009, o lugar voltou a ser ponto de encontro de ricos e famosos.

O Il Riccio hoje recebe os hós-pedes do Capri Palace Hotel, que o adquiriu em 2007, mas também muitos clientes vips, que acessam o restaurante principalmente pelo mar, diretamente de suas embar-cações, como fazia, nos anos 60, o casal Jacqueline Kennedy e Aris-tóteles Onassis vindos do célebre iate Christina. Federico Fellini, Ri-ta Hayworth, grace Kelly, sophia loren e Maria Callas também cos-tumavam frequentá-lo.

Eleita como reduto de verão pelos imperadores romanos Au-gusto e seu sucessor tibério, que usavam as águas cristalinas da gruta Azul como banheira particu-lar, Capri tem uma história de mais de dois mil anos como destino no-bre e exclusivo. Augusto e tibé-rio foram os primeiros a constru-írem belas mansões na ilha, que, assim como sua vizinha Nápoles, sofreu com o passar dos séculos as mais diversas influências trazidas por seus dominadores. sarracenos, normandos, espanhóis e france-ses, deixaram marcas visíveis até hoje na arquitetura dos seus pré-dios, igrejas, praças e palacetes.

A partir do século 18, o local foi redescoberto graças às fasci-nantes cores das mais de 60 gru-tas desta ilha de formação calcá-ria. E uma nova leva de morado-res famosos começou a chegar ao local. Oscar Wilde, thomas Mann, Ranier Maria Rilke e Pablo Neru-da, além de ricos e excêntricos em geral, contribuíram para for-mar esta pequena e cosmopolita colônia internacional, que tornou esta pequena ilha, com pouco mais de 10 km de extensão, cir-

cundada por falésias e águas cris-talinas, famosa no mundo inteiro.

A partir dos anos 50 do século 20, foi a vez de Hollywood des-cobrir o lugar. As presenças cons-tantes de grace Kelly, greta gar-bo, liz taylor e Rita Hayworth fez com que o mito de Capri explodis-se como símbolo de charme e gla-mour. Foi nesta época, em 1954, que em um canto escondido de Anacapri, a segunda cidade da ilha junto a Capri, a menos de 100 metros da gruta Azul, que Anto-nino De gregório - mais conheci-do como Riccio pelos seus abun-

Acima, Il Riccio, o restaurante das celebridades. Abaixo, o antigo

proprietário Gabrielle InserraSopra, Il Riccio, il ristorante delle celebrità. Sotto, l’ex proprietario

Gabrielle Inserra

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Un’altra ricerca, stavolta fat-ta dalla Unioncamere-Isnart sot-to richiesta dell’Osservatorio Na-zionale del Turismo, indica un aumento del 4% tra coloro che passeranno le ferie nei camping.

A discordare con le previsioni della Cescat, uno studio del porta-le di turismo Expedia mostra che la metà degli italiani si considera molto bravo a risparmiare i soldi quando pianifica le ferie. Ma la re-altà è un po’differente, da quanto si rileva dai dati di una pesqui-sa che ha sentito mezzo milione di persone. Il portale ha reso no-to che gli italiani sono quelli che passano meno tempo davanti ad un computer a cercare alberghi convenienti. Risultato: soldi spesi male o spesi in modo “sbagliato”.

Sempre controcorrente a come gli italiani vedono sé stessi, un al-tro studio molto particolare ha cer-cato di sapere se il folclorico latin lover era ancora vivo nella men-te delle turiste. Delusione amara: dopo aver sentito circa 1000 stra-niere in ferie per l’Italia, 8 su 10 hanno dichiarato di non vedere più negli italiani i bei corteggiatori di altri tempi. Per il 57% delle donne

il problema degli italiani odierni è di essere troppo... femminili.

Gita da vipSituato sulle terrazze naturali tra le rocce e il mar Mediterraneo, vi-cino alla mitica Grotta Azzurra, Il Riccio è uno degli storici ristorani di Capri. Dopo una ristrutturazio-ne portata a termine nel 2009, il locale ora è di nuovo punto d’in-contro tra ricchi e famosi.

Il Riccio oggigiorno ospita chi soggiorna al Capri Palace Hotel, che l’ha comprato nel 2007, ma anche molti clienti vip che en-trano nel ristorante specialmente dal mare, direttamente dalle loro barche, come facevano, negli anni ’60, Jacqueline Kennedy e Aristo-teles Onassis, sbarcati dal famoso yacht Christina. Anche Federico Fellini, Rita Hayworth, Grace Kel-ly, Sophia Loren e Maria Callas lo frequentavano spesso.

Eletta come residenza estiva dall’imperatore romano Cesare Au-gusto e dal suo successore Tiberio, che usavano l’acqua trasparente della Grotta Azzurra come vasca privata, Capri ha una storia di più di mille anni come destino nobile ed esclusivo. Cesare e Tiberio sono stati i primi a costruirvi delle bel-le ville e l’isola, cosí come la vici-na Napoli, ha subíto con il passare dei secoli le più svariate influenze portate dai suoi dominatori. Sara-ceni, normanni, spagnoli e fran-cesi hanno lasciato segni visibili fino ad oggi nell’architettura di edifici, chiese, piazze e palazzetti.

Dal XVIII secolo il luogo è stato riscoperto grazie agli affascinanti

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dantes cabelos crespos - abriu um simples e tradicional restaurante, o Add’o’Riccio, onde oferecia a tí-pica culinária da ilha, com muito peixe fresco e frutos do mar.

— O Riccio sempre foi fre-quentado pelos visitantes mais ilustres de Capri, como as famí-lias reais, as condessas, os gover-nantes, empresários e artistas — conta gabrielle Inserra, segundo proprietário do restaurante (entre os anos de 1984 e 2007) que re-cepcionou celebridades como a princesa soraya do Irã, o príncipe Hussein da Jordânia, e jogadores de futebol como o argentino Die-go Armando Maradona e o brasi-leiro Paulo Roberto Falcão, que na década de 80 atuavam pelo Napo-li e pela Roma, respectivamente.

— Não me lembro muito bem das pessoas que vinham aqui, pois eu era sempre muito reser-vado. Para mim, era normal todas aquelas pessoas, não me impor-tavam quais eram famosas ou não — diz o caprese Inserra, que an-tes de assumir o restaurante ro-dou o mundo como marinheiro e em uma de suas andanças conhe-ceu a esposa, a alemã gerd Roth, que mais tarde se tornou a cozi-nheira oficial do Add’o’Riccio.

A Capri dos anos 2000Hoje, nomes como a princesa Char-lotte de Mônaco, o escritor Jo-

hn grisham, a atriz Julia Roberts e o jogador português Cristiano Ronaldo, continuam alimentando o mito de Capri. Apesar da inva-são dos turistas, estes visitantes ilustres encontram seus paraísos particulares nas mansões privadas e nas dezenas de hotéis de luxo espalhados pela ilha, localizados principalmente em Anacapri, onde se encontra o Capri Palace.

O novo dono do histórico Add’o’Riccio reabriu o estabe-lecimento no ano passado sob o nome de Riccio beach Club & Restaurant, com uma nova deco-ração, um novo chef, uma nova administração, mas mantendo o

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Calças Capri Pantaloni CapriCriadas originalmente pe-

la estilista russa sonja de lennart no final da década de 40, as calças Capri ganharam este nome devido à paixão da família lennart pela já céle-bre ilha italiana. No entanto, estas calças unissex levemen-te folgadas com comprimen-to pelo meio da canela ga-nhou popularidade em todo o mundo depois que estrelas de Hollywood, como grace Kelly, desfilaram com o modelo pelas ruas da ilha, entre o final dos anos 50 e início dos anos 60.

C reati in origine dalla sti-lista russa Sonja de Len-

nart alla fine degli anni ’40, i pantaloni Capri hanno avuto questo nome dovuto alla pas-sione della famiglia Lennart per la celebre isola italiana. Ma questi pantaloni unisex leg-germente larghi e lunghi fino a metà polpaccio sono diventati famosi in tutto il mondo do-po che star di Hollywood come Grace Kelly hanno sfilato con il modello per le vie dell’isola, tra la fine degli anni ’50 e gli inizi degli anni ’60.

Add’o Riccio: nova decoração, novo chef, mas o mesmo aconchego rústico do lugar original

A Gruta Azul seduz quem a conhece, desde a época dos

imperadores romanos

A princesa Soraya do Irã costuma ser vista na ilha

Add’o Riccio: nuovo arredamento, nuovo chef, ma la stessa accoglienza rustica del luogo originale

La Grotta azzurra seduce chi la conosce dall’epoca degli imperatori romani

La principessa iraniana Soraya è vista spesso sull’isola

colori delle più di 60 grotte di quest’isola di formazione calcarica. E una nuova onda di abitanti fa-mosi ha cominciato ad arrivare sul posto. Oscar Wilde, Thomas Mann, Ranier Maria Rilke e Pablo Neruda, oltre a ricchi ed eccentrici in gene-rale, hanno contribuito a formare questa piccola e cosmopolita colo-nia internazionale, che ha occupa-to questa piccola isola di poco più di 10 km di lunghezza, circondata da scogliere e acqua trasparente, famosa in tutto il mondo.

Dagli anni ’50 del secolo scor-so Hollywood ha scoperto il po-sto. La presenza costante di Gra-ce Kelly, Greta Garbo, Liz Taylor

e Rita Hayworth ha fatto sí che il mito di Capri esplodisse come simbolo di charme e glamour. E proprio nel 1954 un angoletto nascosto di Anacapri, seconda cittadina dell’isola dopo Capri, a meno di 100 metri dalla Grot-ta Azzurra, Antonino De Gregorio – chiamato Riccio dovuto ai suoi folti capelli ricci – ha aperto un semplice e tradizionale ristoran-te, l’Add’o’Riccio, in cui serviva la tipica cucina dell’isola, con molto pesce fresco e frutti di mare.

— Il Riccio è sempre stato frequentato dagli ospiti più illu-stri di Capri, come le famiglie re-ali, le contesse, i governanti, im-prenditori ed artisti — racconta Gabrielle Inserra, secondo pro-prietario del ristorante (tra gli anni 1984 e 2007), che ha fatto gli onori di casa a celebrità come la principessa iraniana Soraya, il principe giordanianiano Hussein e calciatori come l’argentino Diego Armando Maradona e il brasiliano Paulo Roberto Falcão, che negli anni ’80 giocavano il primo per il Napoli e il secondo per la Roma.

— Non mi ricordo molto bene le persone che venivano qui, vi-sto che ero sempre molto discre-to. Per me era normale [vedere] tutte quelle persone, non mi im-portavo di chi fosse famoso e di chi no — dice il caprese Inserra, che prima di prendere le redini del ristorante ha girato il mondo come marinaio e in uno dei suoi viaggi ha conosciuto la moglie, la tedesca Gerd Roth, che dopo è di-ventata la cuoca dell’Add’o’Riccio.

La Capri del 2000Ai giorni d’oggi nomi come quel-lo della principessa Charlotte di Monaco, dello scrittore John Gri-sham, dell’attrice Julia Roberts e del calciatore portoghese Cristia-no Ronaldo continuano a mante-nere vivo il mito di Capri. Malgra-do l’invasione di turisti, questi ospiti illustri trovano i loro para-disi privati nelle ville e nelle deci-ne di hotel di lusso sparsi sull’iso-

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mesmo aconchego rústico do lu-gar original, tanto que o novo restaurante agradou Inserra.

A decoração manteve o mais clássico estilo mediterrâneo, chi-que e informal, com mesas de ma-deira em azul e toalhas brancas, vitrais em mosaico e espreguiça-deiras espalhadas pelos terraços

naturais. O restaurante recebe os hóspedes do hotel, assim como clientes que chegam para passar o dia, almoçar, jantar ou apenas saborear um drink. A parte do be-ach Club oferece um acesso privi-legiado ao mar e cabanas priva-das nos terraços mais afastados.

As mesas de madeira, do mes-mo estilo das originais do Add’o Riccio foram produzidas por ar-tesãos locais, enquanto o gran-de destaque da cozinha conti-nua sendo os frutos do mar, co-mo o prato que leva o nome do restaurante, Spaghetti ai Ricci, já que “riccio” em italiano significa também o popular ouriço-do-mar também consumido na região. Ou-tros destaques do cardápio são a Linguine Fra Diavolo, que traz la-gosta e frutos do mar, e o Plateau Royal, oferecido em pouquíssimos restaurantes da região e que inclui

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A diretora do Capri Palace, Caroline Corteau

La direttrice del Capri Palace, Caroline Corteau

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música brasileira musica brasilianaOrganizado pelas associa-

ções brasil Memórias e globomultimedia, com apoio da Embaixada do brasil na Itália, “Vento do Mar” reuniu entre os dias 19 e 24 de julho passado em Anacapri, grandes intérpre-tes para homenagear os mais célebres personagens da música brasileira. O objetivo do evento, além de promover a música, a poesia, a arte e a literatura bra-sileiras na Itália, foi também homenagear a cidade do Rio de Janeiro. Dentre os shows apre-sentados, o mais emocionan-te foi o da cantora Fafá de be-lém, que interpretou músicas de Chico buarque e homenageou o compositor italiano sergio En-

drigo ao cantar “Io che amo solo te” e “samba in preludio”. leila Pinheiro se apresentou na noi-te de encerramento num show em homenagem a tom Jobim. Uma projeção da obra-prima do cineasta francês Marcel Camus, Orfeu Negro - Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1960, com trilha sonora original de tom Jo-bim e Vinícius de Moraes - abriu a semana de música brasileira realizada na ilha. Na programa-ção, uma noite foi dedicada a Heitor Villa lobos e outra a ba-den Powell, que teve suas músi-cas cantadas pela brasileira Fe-licidade suzy. Já o pianista Jim Porto centralizou seu repertório em Vinicius de Moraes.

O rganizzato dalle associa-zioni Brasil Memórias e

Globomultimedia, con l’appog-gio dell’Ambasciata brasiliana in Italia, “Vento do Mar” ha riuni-to ad Anacapri, tra il 19 e il 24 luglio scorsi, grandi interpreti per rendere omaggio i più cele-bri personaggi della musica bra-siliana. L’obiettivo dell’evento, oltre ad essere quello promuove-re la musica, la poesia, l’arte e la letteratura brasiliana in Italia, è stato anche di rendere omaggio a Rio de Janeiro. Tra i concerti presentati il più emozionante è stato quello della cantante Fafá de Belém, che ha interpretato canzoni di Chico Buarque ed ha reso omaggio al cantautore ita-

liano Sergio Endrigo cantando “Io che amo solo te” e “Samba in preludio”. Leila Pinheiro si è presentata nella notte di chiu-sura in un concerto in omaggio a Tom Jobim. Una proiezione del capolavoro del cineasta france-se Marcel Camus, “Orfeo Negro” – Oscar di Miglior Film Straniero nel 1960, con musica originale di Tom Jobim e Vinícius de Moraes – ha aperto la settimana di mu-sica brasiliana realizzata sull’iso-la. Nel programma c’era una se-rata dedicata a Heitor Villa Lobos e un’altra a Baden Powell, che è stato interpretato dalla brasiliana Felicidade Suzy. Invece il pianista Jim Porto ha centralizzato il suo repertorio su Vinicius de Moraes.

la, specialmente ad Anacapri, do-ve si trova il Capri Palace.

Il nuovo proprietario dello sto-rico Add’o’Riccio ha riaperto il ri-storante l’anno scorso chiamando-lo Riccio Beach Club & Restaurant, usando un nuovo arredamento, un nuovo cuoco, una nuova ammini-strazione ma conservando la stessa ospitalità rustica del luogo origi-nale, tant’è vero che il nuovo risto-rante è piaciuto ad Inserra.

L’arredamento ha mantenuto il più classico stile mediterraneo, chiq ed informale, con tavoli di legno azzurri e tovaglie bianche, vetri colorati a mosaico e chaise-longue nelle varie terrazze natu-rali. Il ristorante riceve gli ospiti dell’hotel, cosí come i clienti che ci vanno per passarci la giornata, pranzare, cenare o solo assapo-rare un drink. La parte del Be-ach Club offre un entrata privilie-

giata sul mare e capanne private sulle terrazze più isolate.

I tavoli di legno, dello stes-so stile delle originali dell’ Add’o Riccio, sono state prodotte da artigiani locali, mentre il piatto forte continuano ad essere i frutti di mare, come il piatto che porta il nome del ristorante, Spaghetti ai Ricci, visto che “riccio” in ita-liano significa anche il popolare riccio di mare mangiato anche in questa regione. Altri piatti forti del menu sono le Linguine Fra’ Diavolo, con aragosta e frutti di mare, e il Plateau Royal, offerto in pochissimi ristoranti della zo-na e che ha come ingredienti le ostriche Perla Nera e Gillardeau, vongole, aragoste e gamberi.

— Il profilo dei clienti che frequentano il ristorante è spe-cialmente di proprietari di mo-toscafi e yacht, che arrivano dal

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trufas, ostras Perola Negra e gillar-deau, vôngole, lagosta e camarão.

— O perfil dos clientes que frequentam o restaurante é prin-cipalmente donos de lanchas e ia-tes, que chegam pelo mar, muitos deles à noite, especialmente pa-ra jantar, provenientes de Nápoles ou de outras cidades do golfo, co-mo sorrento e Positano. Os barcos se posicionam no pequeno espaço reservado no mar em frente ao res-taurante e já entendemos que são clientes e acionamos nosso bar-queiro para buscar os passageiros — informa Caroline Corteau, dire-tora do Capri Palace, salientando que pelo fato de as coordenadas

marítimas do restaurante estarem disponíveis na internet, o acesso é facilitado, mesmo sem reservas.

segundo Caroline, o local também costuma ser reservado para festas privadas. Ela revelou que, no final de julho, houve uma grande celebração promovida por socialites paulistanas, cujos no-mes ela não quis revelar. O nú-mero de brasileiros presentes tanto no hotel quanto no restau-rante nos últimos anos cresceu muito, segundo a diretora, que afirma que 4% dos seus hóspe-des em 2009 eram brasileiros, a maioria casais em lua-de-mel ou famílias em férias.

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mare, la maggior parte di sera, spe-cialmente per la cena, venendo da Napoli o da altre cit-tà del golfo, come Sorrento e Po-sitano. Le barche ormeggiano nel piccolo spazio riservato di fronte al ristorante e sappiamo già che sono clienti e allora chiamiamo il nostro barcaiolo per prendere i passeggeri — informa Caroline Corteau, direttore del Capri Pala-ce, mettendo in risalto che il fat-to di aver reso disponibili le co-ordinate marittime del ristorante su internet ne ha facilitato l’ac-cesso, anche senza prenotazioni.

Secondo Caroline il ristorante di solito viene prenotato anche per feste private. Ed ha rivelato che alla fine di luglio c’è stata una festa promossa da signore vip di São Paulo, i cui nomi non ha vo-luto rivelare. Il numero di brasilia-ni presenti tanto nell’hotel quanto nel ristorante negli ultimi anni è aumentato molto, secondo la di-rettrice, che dice che il 4% dei suoi ospiti nel 2009 era di brasi-liani, la maggior parte coppie in luna di miele o famiglie in ferie.

Ao mar, de bicicleta

A Itália é o quinto país que re-cebe mais turistas no mun-

do. sua capital, Roma, é a tercei-ra cidade mais visitada da União Europeia, sendo constantemente considerada como uma das mais belas cidades antigas do mundo. Porém, no auge do verão - agos-to, principalmente - a cidade po-de se tornar desagradável pelo forte calor dos dias mais tórridos do ano. Nem mesmo as clássicas fontes de água potável, gelada e gratuita dos tempos do Império e que ainda hoje se encontram espalhadas pela cidade, são ca-pazes de refrigerar sensações tér-micas que beiram os 40º.

Uma opção para fugir do ca-lor romano, dos monumentos com longas filas e das ruas con-gestionados de turistas é rodar

alguns quilômetros ao norte em direção à costa da toscana. Na parte tirrênica do Mar Mediterrâ-neo, uma reserva natural e uma praia podem ser a salvação para a fuga do calor quase insuportá-vel: a Duna della Feniglia, loca-lizada na parte sul de um tôm-bolo que liga o Monte Argentário ao continente. Os tômbolos são acidentes geográficos que unem uma ilha ao continente por uma estreita trilha de terra resultan-te do acúmulo de sedimentos – neste caso, areia. O ar selvagem pinta a paisagem de tons verde-escuros por conta da floresta de pinheiros predominante.

O passeio à praia da Feniglia começa na estação de trem Roma termini, em direção a Orbetello, na toscana. A viagem dura cerca

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de uma hora e meia e pode cus-tar de 8,15 euros a 16,50 euros, dependendo da categoria do trem. Os trens Eurostar, mais caros, che-gam mais cedo e são muitas vezes a única opção de locomoção em determinadas faixas de horário. Aliás, todos os horários dos trens italianos estão disponíveis no site da trenitalia (www.trenitalia.it) ou nas estações do país.

Chegando em Orbetello, vá à tabacaria da estação e com-pre um bilhete para Porto Ercole (1,80 euro). Na frente da taba-caria há um ponto de ônibus on-de os carros da linha Orbetello-Porto Ercole estacionam de 45 em 45 minutos. Caso haja tempo disponível até a chegada do pró-ximo ônibus, beba um capucci-no e prove um dos doces locais vendidos no bar da estação. Ao entrar no ônibus que leva a Porto Ercole, peça indicações ao moto-rista para descer na praia da Fe-niglia, faixa de mar de aproxima-damente 6 quilômetros protegi-da por uma reserva natural quase que somente de pinheiros.

Chegando na Feniglia -- após cerca de 15 minutos de ônibus --, alugue uma bicicleta em um dos estacionamentos que permeiam a entrada da reserva, ao custo de 5 euros a diária. Para isso, será ne-cessário deixar um documento de identidade. sendo assim, é bom levar sempre seu passaporte.

Há vários caminhos possíveis dentro da mata. Um deles é pelas trilhas internas que circundam o lago, onde o tráfego de pessoas e bicicletas é quase inexistente.

Fazer um pic nic sob as sombras dos pinheiros pode ser uma ótima opção para hora da refeição. Va-le também pegar a estrada prin-cipal, igualmente vetada à cir-culação de carros como todas as outras, e percorrer os seis quilô-metros da via em um passeio de dificuldade baixa, em uma estra-da situada entre o mar e a lagoa. A cada quilômetro, caminhos que levam a um e à outra cruzam o trecho. A qualquer momento dos 12 quilômetros, entre a ida e a volta, pode-se estacionar a bici-cleta e dar um refrescante mergu-lho nas águas mansas do tirreno.

Os traçados internos, melhor para pic nics, são, no entanto, mais arenosos e menos consisten-tes do que a estrada principal, o que pode aumentar sensivelmente a força das pedaladas. Caso pen-se em encará-los, peça ao locatá-rio uma mountain bike em vez dastradicionais city bikes. Há chances reais de radicalizar um pouco a ex-periência, mesmo que a dificulda-de continue pouca e possa ser fei-ta por ciclistas de final de semana.

Quando estiver na trilhas in-ternas que flanqueiam a lagoa, atente para os avisos de que o banho é proibido por questões de segurança: não há salva-vi-das no local.

Para aqueles que desejam suar ainda mais, uma opção é dar a volta completa na lagoa. são cerca de 19 quilômetros passando de um tômbolo ao ou-tro, um passeio de aproximada-mente 3 horas de duração, com

L’Italia è il quinto paese che ri-ceve più turisti al mondo. La sua capitale Roma è la terza città più visitata dell’Unione Europea ed è considerata una delle città anti-che più belle del mondo. Tuttavia in piena estate - principalmente nel mese di agosto- la città può diventare sgradevole a causa del grande calore che si può avere nei giorni più torridi dell’anno. Neanche le classiche fontanelle d’acqua potabile, fresca e gratui-ta dai tempi dell’Impero che an-cora oggi si possono incontrare sparse per la città, sono capaci di ridurre la sensazione termica che sfiora i 40º.

Una opzione per fuggire dal calore romano, dai monumen-ti con lunghe file e dalle strade congestionate di turisti, è diri-gersi al nord per qualche chilo-metro verso la costa della Tosca-na. Sul versante tirrenico del Mar Mediterraneo una riserva natura-le e una spiaggia possono esse-re la salvezza per tenersi lontani dal calore quasi insopportabile: la Duna della Feniglia, che si tro-va nella parte sud di un tombolo che collega il Monte Argentario al continente. I tomboli sono picco-li rilievi geografici che uniscono un’isola al continente attraverso una stretta lingua di terra forma-ta dall’accumulo di sedimenti – in

questo caso di sabbia. Il paesag-gio di tipo selvaggio ha toni di colore verde scuro a causa del bo-sco di pini che vi predomina.

La gita alla spiaggia della Fe-niglia comincia alla stazione fer-roviaria Roma Termini, direzione Orbetello in Toscana. Il viaggio dura circa un’ora e mezzo e costa dagli 8,15 ai 16,50 euro, secon-do il treno e la classe in cui si viaggia. Con i treni Eurostar, più cari, il viaggio dura meno e alle volte sono l’unica scelta possibi-le, dipende dagli orari. Comun-que gli orari di tutti i treni ita-liani si trovano sul sito di Treni-talia (www.trenitalia.it) o nelle stazioni ferroviarie.

Quando arrivate a Orbetel-lo andate alla tabaccheria della stazione e comprate un biglietto per Porto Ercole (euro 1,80). Di fronte alla tabaccheria c’è il ca-polinea degli autobus della linea Orbetello-Porto Ercole, che par-tono ogni 45 minuti. Se avete a disposizione del tempo, in attesa dell’autobus prendete un cappuc-cino e provate uno dei dolci lo-cali che vendono al bar della sta-zione. Quando salite sull’autobus per Porto Ercole chiedete all’au-tista di indicarvi quando scende-re per la spiaggia della Feniglia,

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pausas para beber água, comer, tirar fotos ou simplesmente olhar para o horizonte. Pergunte ao locatário da bicicleta qual o caminho mais apropriado, que pode variar dependendo do seu ponto de partida.

Como quiserAs águas da praia da Feniglia são cristalinas a ponto de proporcionar a visão de seus pés no fundo areno-so quando seu corpo já está quase totalmente tomado pela água. Di-ferentemente da maioria das praias italianas, que adotam um sistema de pagamento diário para uso (cer-ca de 15 euros diários pelo alu-guel de um par de cadeiras e um guarda-sol em local pré-determi-nado), a praia da Feniglia tem ares semi-selvagens onde cada um se instala onde e como achar mais conveniente.

Há a clássica possibilidade de levar cadeiras e guarda-sóis – ou estrutura ainda mais com-pleta como garrafas e caixas tér-micas. Indispensável, no entan-to, são somente toalha e protetor solar. Mas se o propósito é andar ao máximo de bicicleta, cadeiras e guarda-sol mais atrapalham do que ajudam. Além do mais, o sol da pe-nínsula não “queima” tanto quan-to o do brasil. Caso decida chegar cedo na praia e dedicar as primei-ras horas da manhã ao mar, com sorte, você poderá se “apossar” de uma das várias estruturas de ma-deira rudimentares construídas ao longo dos anos pelos próprios ba-nhistas com madeiras trazidas da floresta. são cômodos e peculiares abrigos contra os raios solares.

Na Feniglia não há os tradi-cionais muros de pedras maríti-mos que compõem a paisagem de

che è una fascia di mare di circa 6 chilometri protetta da una riserva naturale quasi tutta di pini.

Giunti alla Feniglia - dopo circa 15 minuti di viaggio - af-fittate una bicicletta in uno dei parcheggi che si trovano all’in-gresso della riserva, al costo di 5 euro al giorno. E’ necessario la-sciare un documento d’identità. Ragion per cui è sempre meglio portare il passaporto con sé.

Dentro il bosco si possono fare vari tipi di camminata. Una è percorrere all’interno i sentie-ri che circondano il lago, dove il traffico di persone e biciclette è quasi inesistente. Fare un picnic all’ora di pranzo sotto l’ombra dei pini è un’ottima scelta. E’ anche bello prendere la strada princi-pale, vietata alle macchine come tutte le altre strade, e percorrere i sei chilometri in una passeggiata con bassa difficoltà, nella strada che sta fra il mare e la laguna. Ad ogni chilometro incontrate sen-tieri che portano all’uno o all’al-tra. In qualunque momento dei 12 chilometri, fra andata e ritorno, potete fermarvi con la bicicletta e fare un tuffo rinfrescante nell’ac-qua calma del Tirreno.

I tracciati interni, miglio-ri per un picnic, sono di terreno sabbioso e più morbido rispetto alla strada principale e questo può aumentare sensibilmente la forza della pedalata. Se pensate di affrontare questo tipo di terre-no chiedete al noleggiatore una mountain bike invece della tra-dizionale city bike. Ci sono rea-li possibilità che l’esperienza dia

un buon esito anche se affronta-ta da un ciclista di “fine settima-na” e trattandosi di una cammi-nata di modesta difficoltà.

Quando vi trovate sui sentieri interni che costeggiano la lagu-na state attenti agli avvisi che informano che è proibito fare il bagno per questioni di sicurez-za: sul posto non c’è il servizio di salvataggio.

Per coloro che vogliono suda-re di più è possibile fare il gi-ro completo della laguna. Sono circa 19 chilometri passando da un tombolo all’altro, una passeg-giata che dura circa 3 ore. Pote-te fermarvi per bere dell’acqua, mangiare, scattare foto o sem-plicemente guardare l’orizzonte. Chiedete al noleggiatore della bicicletta qual è la passeggia-ta che vi conviene fare, può di-pendere dal punto da cui partite. Come vi pareL’acqua della spiaggia della Feni-glia è cristallina al punto di per-mettervi di vedere i piedi sul fon-do sabbioso quando il vostro cor-po è già quasi del tutto immerso. A differenza della maggior parte delle spiagge italiane, dove si de-ve pagare un tanto al giorno (circa 15 euro per l’affitto di due sedie a sdraio ed un ombrellone da piazza-re in un punto stabilito), la spiag-gia della Feniglia conserva un’aria semiselvaggia, e ciascuno si ferma dove e come gli pare meglio.

C’è la classica possibili-tà di portare sedie e ombrello-ne, o andare equipaggiati an-che di bibite e borsa termica.

No percurso de bicicleta, uma reserva natural de pinheiros. Em Duna della Feniglia, as pessoas levam os próprios guarda-sóis e as cadeiras

Nel percorso in bicicletta c’è una riserva naturale di pini. A Duna della Feniglia la gente si porta i propri ombrelloni e le sedie a sdraio

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Di indispensabile comunque c’è l’asciugamano e la crema di pro-tezione solare. Ma se l’intenzione è al massimo andare in biciclet-ta, le sedie e l’ombrellone sono più inutili che altro. Oltretutto il sole della penisola non “brucia” tanto quanto quello del Brasile. Nel caso decideste di arrivare al-la spiaggia presto e dedicare al mare le prime ore della mattina-ta, con un po’ di fortuna potrete “prendere possesso” di una delle varie strutture di legno rudimen-tali costruite negli anni proprio dai bagnanti con legna presa nel bosco. Sono comodi e singolari ripari contro i raggi solari.

Alla Feniglia non ci sono i tra-dizionali muri di pietra che fan-no parte del paesaggio di molte spiagge italiane (soprattutto nei movimentati posti di mare del sud

dell’Emilia-Romagna e del nord delle Marche). Questi muri, costru-iti per rifrangere le onde e aumen-tare la fascia di sabbia, qui non servono. Olrepassando di qualche metro l’onda che si rompe dolce-mente si può nuotare o soltanto galleggiare, senza nessun rischio d’essere infastidito dalle onde. Nei giorni senza vento il mare è “piat-to”, come dicono gli italiani, cioè piatto come la laguna.

Ci sono dei ristoranti nelle due punte della riserva – dentro no. E allora è bene portarsi, oltre all’acqua obbligatoria, degli an-tipasti tradizionali del paese tipo i formaggi stagionali, il prosciut-to crudo, le olive dolci pugliesi e il pane, che potrete comprare in qualunque supermercato o mer-cato tradizionale. Se avete uno zaino con lo scomparto termico portate anche una bottiglia di vino rosé o un bianco frizzante (lasciato in frigorifero la notte precedente), e gustatevi questo banchetto di sapori inconfondi-bili mentre siete immersi nell’in-tenso odore classico dei pini emanato dal bosco. Il tutto per un costo medio inferiore ai 20 euro per due persone.

La spiaggia poi è ideale per chi pratica lo snorkeling o l’im-mersione. Non ci sono formazio-ni di coralli, ma la trasparenza dell’acqua garantisce una visibi-lità di molti metri nuotando in mezzo agli insoliti pesci del Mar Mediterraneo. L’ambiente quasi selvaggio della Feniglia è otti-mo anche per coloro che amano il contatto stretto con la natura: non è raro vedere italiane e stra-niere sfilare in topless lungo la spiaggia. Potete farlo anche voi in libertà, o solo guardare.

muitas praias italianas (sobretudo nos badalados balneários do sul da Emilia-Romagna e do norte de Marche). Os muros, construídos para acalmar as águas e aumen-tar a faixa de areia, são desne-cessários aqui. Passando alguns metros da fraca arrebentação, é possível nadar ou somente boiar calmamente, sem risco de ser importunado por ondas. Em dias sem vento, o mar é “piato”, como dizem os italianos, ou seja, plano como uma lagoa.

Há restaurantes nas duas pontas da reserva – dentro não. Assim, uma boa opção é levar, além da obrigatória água, al-guns aperitivos tradicionais do país como queijos da estação, presunto cru, azeitonas, do-ces da Puglia e pão, comprados em qualquer supermercado ou feira de rua. Caso disponha de uma mochila com compartimen-

Castelos

Castelli

Em busca de roteiros originais, os italianos acabaram por “descobrir” seus castelos. Conhecê-los está se tornando mais

comum, até porque, vários passaram a abrir suas portas ao grande público. Atualmente, o mais visitado é o Castello di Miramare, em trieste, feito a pedido do Arquiduque Massimiliano d’Asburgo, em 1855. Em Andria (comuna italiana da região da Puglia, província de bari), o Castel del Monte de 1240, feito a pedido de Federico II di svevia, é o segundo mais procurado. Em terceiro lugar está o Castello dei Conti guidi, na província de Arezzo.

G li italiani, alla ricerca di viaggi originali, hanno finito con lo “scoprire” i loro castelli. E visitarli sta diventando alla

portata di tutti, anche perché molti adesso aprono le loro porte al grande pubblico. Attualmente quello più visitato è il Castello di Miramare a Trieste, fatto costruire dall’arciduca Massimiliano d’Asburgo nel 1855. Ad Andria (piccola città della Puglia in pro-vincia di Bari), Castel del Monte, fatto costruire da Federico II di Svevia nel 1240, è il secondo castello più visitato. Al terzo posto c’è il Castello dei Conti Guidi in provincia di Arezzo.

to térmico, acrescente um belo vinho rosé ou branco (frisantes) deixado na geladeira na noi-te anterior e delicie-se com um banquete de sabores inconfun-díveis em meio ao odor clássi-co de pinho emanado em relevo pela floresta. tudo a um custo médio inferior a 20 euros para duas pessoas.

A praia também é ideal aos praticantes do snorkeling ou do mergulho. Não há formações de corais, mas a pureza da água garante muitos metros de visi-bilidade submarina entre os es-tranhos peixes mediterrâneos. O ambiente quase selvagem da Feniglia é uma boa pedida tam-bém aos que gostam de um con-tato mais íntimo com a natureza: não raro, italianas e estrangeiras desfilam de top less pelas areias locais. Pode-se fazer livremente, ou apenas apreciar a vista.

Miramare é o castelo mais visitado pelos italianos

Quello di Miramare è il castello più visitato dagli italiani

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Lisomar Silva

ROMA

CrepúsculoUma das coisas mais gostosas de se

fazer no verão romano é ver o pa-norama da Cidade Eterna do alto da coli-na de gianicolo, na hora do crepúsculo. Depois, é fácil descer pela ladeira sinu-osa que liga a praça principal ao Anfi-teatro Quercia del tasso, com exibições ao ar livre de peças teatrais inspiradas na cultura popular, interpretadas pelos atores da companhia teatral la Plautina. Divertimento garantido. Anfiteatro Quer-cia del tasso - Passeggiata del gianicolo, snc (trastavere) Ingressos: 18 euros.

sabor antigoSan lorenzo é outro dos bairros popula-

res romanos mais tradicionais e genuínos, agora na crista da onda. Mantém vivos os tra-ços de uma antiga arquitetura industrial e ar-tesanal, onde nasceram as primeiras associa-ções com seus salões de jogos para operários, artesãos e aposentados. Hoje, essas associa-ções abrem suas portas aos jovens interessa-dos em conhecer a gastronomia popular do bairro, a preços bem acessíveis. Em algumas delas é possível assistir a uma boa partida de futebol e até participar da torcida pelo time preferido dos frequentadores - mas não corra o risco de se entusiasmar pelo time adver-sário. spazio sociale Ondarossa 32 - Via dei Volsci, 32.

Cocktail barOutro badaladíssimo bairro romano, tras-

tevere é meta obrigatória para uma di-vertida noite de verão. se você preferir um bate-papo regado a bom vinho e deliciosos tira-gostos, o melhor lugar é o stairs Club. O cardápio do verão inspira a provar todos os vinhos que puder, acompanhado por um ser-viço de buffet de variadas iguarias gastronô-micas. De terças a sextas, paga-se um preço único (18 euros), mas a oferta se torna mais atraente nos fins de semana: 15 euros para os rapazes e 12 euros para as garotas. All you can drink – stairs Club - Via della scala, 43.

Vinho sob chuva de estrelasA data é importante: 10 de agosto.

Festeja-se são lourenço, jovem di-ácono romano que morreu em 258

d.C. Em toda a Itália, a festa coincide com o maravilhoso fenômeno astronômico das estrelas cadentes. Olhe para o céu e, quan-do você menos espera, um astro brilhan-te e parecido com um cometa em altíssi-ma velocidade risca o firmamento com um traço luminoso que desaparece em poucos segundos. A lembrança desta experiência é inesquecível. Os produtores de vinho de to-do o país celebram são lourenço por duas

noites seguidas com um bom copo de vi-nho em suas cantinas. Atualmente, a festa se realiza também nas grandes cidades. Em Roma, você pode participar deste adorável brinde de verão no Jardim Zoológico – atu-almente classificado como bioparque - de Villa borghese. O clima é de festa com mú-sica e vinhos da melhor produção regional do lazio. Aproveite a ocasião para conhe-cer e degustar também alguns dos mais sa-borosos produtos da gastronomia romana e, se houver uma estrela cadente brilhando no céu, faça seus três desejos secretos!

Testaccio open airEste é um dos mais antigos e tradicionais

bairros romanos. No período do Império, testaccio era o principal porto do Rio tibre, onde atracavam inúmeras embarcações tra-zendo preciosas mercadorias como mármore, ou matérias-primas como trigo e vinho. Mui-tos de seus habitantes ainda são originários de Roma e o bairro conserva uma convida-tiva atmosfera popular. No verão, suas pra-ças e jardins se transformam em palcos para a apresentação de filmes ao ar livre, grupos musicais com festas e muita dança. Akab/Ca-ve di testaccio é um deles: abre seus portões todas as sextas-feiras à noite até as 4 da ma-drugada, com a exibição de jovens artistas pop e música contemporânea. Out side - Neo Club Akab/Cave - Via monte testaccio, 69

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La filiera produttiva di miele, latte e frutta sarà incentiva-ta nel Paraná a partire dal 2011. Concluso il progetto

durato un anno, i tecnici agra-ri dello stato hanno cominciato un corso di formazione per dare impulso alle attività del setto-re e stimolare il reddito. Questo processo fa parte di un progetto coordinato dalla regione italia-na Emilia Romagna, che porterà benefici a 18 comuni dello stato brasiliano ed anche ad alcune cit-tà dell’Argentina e della Colombia.

Denominato Urbal III, il programma di cooperazione dell’Unione Europea si propone l’obiettivo di promuovere il be-nessere e la riduzione di disugua-glianza, offrendo alle persone del luogo le condizioni di una cresci-ta sociale ed economica. Vi parte-cipano i comuni agricoli che pre-sentano un indice basso di svilup-po umano e con caratteristiche di povertà e problemi abitativi.

l’accordo coinvolge 22 en-ti. Per la parte brasiliana è stato firmato dal governatore Orlando Pessuti e dal segretario dell’Agri-coltura e Approvigionamento Eri-

kson Chandoha. secondo il go-vernatore le prime trattative per l’accordo sono cominciate fra il 2003 e il 2006, quando era se-gretario dell’Agricoltura.

secondo Alessia benizzi, rap-presentante dell’ufficio responsa-bile della regione Emilia Roma-gna in Paraná, l’accordo comu-ne rappresenta una “sfida molto grande”, perché si tratta di un progetto che conduce dati cogni-tivi e azioni di benessere al di qua e al di là dell’oceano.

— sono località che avevano bisogno di un tipo d’attenzione con proposte alternative concrete per stimolare lo sviluppo – com-menta la coordinatrice del proget-to nel Paraná Marilene giachini.

I comuni scelti fanno parte di regioni conosciute come Vale do Iguaçu e Caminhos do tibagi. Della prima fanno parte União da Vitória, general Carneiro, Porto

Vitória, Cruz Machado, bituruna, Paula Freitas, Paulo Frontin, são Mateus do sul, Antonio Olinto e são João do triunfo. In questo territorio si mira a rafforzare la filiera produttiva di latte e frutta, in particolare dell’uva da tavola.

Invece nel secondo territorio l’obiettivo è di dare impulso all’api-cultura, prevedendo di impianta-re otto unità di riferimento per la produzione del miele e suoi deriva-ti. Fanno parte di questo gruppo Reserva, tibagi, Imbaú, Ortigueira, telêmaco borba, Ventania, Curiúva e Figueira. l’investimento è giusti-ficato. Dati dell’Instituto brasilei-ro de geografia e Estatística (Ib-gE) mostrano che il Paraná occupa il secondo posto nella produzione nazionale del miele con 4.635 ton-nellate. Il leader nel ranking è lo stato del Rio grande do sul.

secondo il segretario Chan-doha l’accordo di cooperazione

tecnica e finanziaria potrà valer-si di 530 mila euro da parte della regione italiana e di 133,8 mila euro da parte del governo para-naense, che pagherà le ore tecni-che di lavoro.

Tappetrenta tecnici statali – 15 per territorio – hanno cominciato a giugno il primo modulo di lezio-ni. Nel secondo semestre il grup-po darà lezioni in spagna, paese scelto come sede per il prossimo modulo dovuto ad una fiera del settore di apicoltura. sono que-sti i tecnici che affiancheranno i produttori perché possano aderi-re a progetti che incrementino il reddito e il miglioramento delle condizioni sociali.

— sono loro che trasmet-teranno le proprie cognizioni sull’amministraziome e la gestione d’affari a circa 200 agricoltori fa-miliari. I professori del corso ven-gono da Italia, spagna e Portogal-lo — fa sapere la coordinatrice.

Nel territorio Caminhos do ti-bagi, oltre alle unità di riferimen-to per la produzione del miele e dei suoi derivati, fra le varie me-te del progetto c’è la mappatu-ra georeferenziata, che è un pro-cesso di segnalazione di immagi-ne con coordinate - degli apiari coinvolti. secondo Marilene ci si aspetta che i progetti presentati dai gruppi coinvolti comincino a funzionare a gennaio:

— Questo progetto è molto importante, stiamo parlando di territori che insieme concentra-no circa 340 mila abitanti e un totale di 382 aree abitative. so-no località con la vocazione per l’agricoltura e con zone di defo-restazione e e macchia. Dobbia-mo sfruttare questa possibilità di aiuto alle famiglie residenti.

rafforzando le radici

Paraná dà inizio ad attività cooperative in un progetto per il settore agricolo che conta sulla partecipazione dell’Italia

siLvia souza

Coordinatori del progetto e professori posano all’apertura del corso

cooperazione

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Gli ospedali italiani nel mondo fuori dalla manovra fiscaleEsistono nel mondo al-

meno 50 ospedali le-gati all’Italia, sotto l’ala protettrice dell’Al-

leanza Ospedali italiani nel mon-do. In sudamerica sono 10: due in brasile, il nostro di Rio de Ja-neiro e di Foz do Iguaçu, sette in Argentina ed uno in Uruguai, tut-ti al servizio delle Comunità ita-liane. In Africa sono 25 ed il resto in medio oriente ed India soste-nuti da istituzioni di carità oppu-re da alcuni importanti ospedali privati in Italia ed ONgs.

l’Alleanza degli ospedali ita-liani nel mondo, presieduta dal-la senatrice barbara Contini in-tende dare un importante sup-porto a questi ospedali nati, co-me il nostro di Rio de Janeiro,

quale società di mutuo soccor-so ancor prima che l´Italia fos-se unificata, intorno al 1854, vivendo tutte le fasi gloriose e meno gloriose che hanno ac-compagnato le nostre Comunità italiane all´estero nel tempo.

la mannaia della recessione che sta tagliando costi e spe-se della macchina governativa in Italia avrebbe colpito tutte queste istituzioni se l’Alleanza, attraverso lo sforzo e la tena-cia della senatrice Contini, con l´aiuto del ministro Frattini, non avesse ottenuto che gli Ospeda-li Italiani nel mondo potessero usufruire dei “finanziamenti pre-visti dalla legge 180/92”.

Ancora oggi questi ospeda-li, con accordi e contatti diret-

ti con i più importanti ospedali italiani (il nostro di Rio ha un accordo col san gallicano di Ro-ma), sono di supporto alla Co-munità italiana meno abbiente: ogni prestazione viene erogata su indicazione del Consolato in assistenza ai nostri connaziona-li, il tutto sostenuto e controlla-to dalle autorità italiane.

tutti gli ospedali italia-ni nel mondo fanno filantro-pia nella regione dove risiedo-no in beneficio dei poveri, dei favelati nel caso del brasile, il nostro nel grajaù sta attirando l’attenzione della municipali-tà di Rio con cui ci sono in-tese per integrare il sUs con servizio di emodialisi, emodi-namica e oftalmologia, questo

dimostra che l´Ospedale ita-liano si sta guadagnando tale idoneità in base ai ben tremila e cinquecento interventi men-silmente attraverso visite e cu-re elargite gratuitamente agli abitanti “do morro”!

grazie quindi all´Alleanza de-gli Ospedali ed al vicepresidente mondiale, Antonio Aldo Chianel-lo, presidente dell´Ospedale Ita-liano di Rio e membro del Consi-glio di UNIMED-Rio, che ha fatto le giuste pressioni si possa con-tinuiare a prestare l´assistenza ai nostri connazionali a crescere e progredire.

Raffaele di luca, Direttore di planejamento

ospedale italiano RJ

Informe

Page 41: Revista Comunità Italiana Edição 146

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comunità italiana2.pdf 8-07-2010 11:00:56

ritorno alle origini

Sindaci di comuni dello stato di Rio Grande do Sul visitano provincie del Veneto

rafforzare le radici culturali comuni e porre le basi per nuovi progetti di coopera-zione industriale fra la re-

gione veneta e lo stato brasilia-no del Rio grande do sul. E’ stato con questo obiettivo che circa 30 sindaci di comuni gauchos del sud del brasile sono andati in Italia per una serie di visite alle provin-cie di quella regione.

E siccome la maggior parte de-gli immigranti italiani che hanno colonizzato questa regione pro-venivano dal Veneto, la missione tecnica organizzata dalla Asso-ciação dos Municípios da Encosta superior do Nordeste (Amesne) ha assunto il carattere di un ritorno

lorizzare le radici venete, ma noi non vogliamo né possiamo fermar-ci appena agli aspetti culturali. Il nostro obiettivo è soprattutto di guardare al futuro, creando insie-me un sistema di relazioni anche in campo economico e imprendi-toriale — fa rilevare stival Daniel.

Nella sede della Provincia di belluno la delegazione è stata ri-cevuta dall’assessore provinciale all’Emigrazione Ivano Faoro, che ha spiegato come possono funzio-nare le relazioni fra i comuni gau-chos e le provincie del Veneto. se-condo lui l’intenzione della Ammi-nistrazione Provinciale è di creare imprese italo-brasiliane e di met-tere a disposizione le tecnologie

necessarie per contribuire alla cre-scita economica del paese. la visi-ta a belluno ha offerto anche l’oc-casione per incontrare il presiden-te dell’Associazione dei belunesi nel Mondo (AbM) gioachino bratti.

Anche i sindaci brasiliani so-no stati nella provincia di Vicenza, dove sono stati ricevuti dall’asses-sore alla Cultura e Identità Vene-ta Martino bonotto, il quale si è rivolto al gruppo parlando solo in dialetto veneto – una prova che gli sforzi dei comuni per preservare la lingua degli antenati sono stati notevoli e riconosciuti in Italia.

La storiaFondata il 3 giugno del 1966, con la sede a bento gonçalves, nella serra gaúcha, la Amesne riunisce 34 co-muni come Caxias do sul e Antonio Prado – conosciuta come la città più italiana del brasile (l’ultima colonia italiana creata dal governo imperia-le). Fra le varie funzioni l’associa-zione si occupa dell’integrazione e rappresentanza giuridica e extra-giudiziale dei comuni della regio-ne, così come di promuovere ini-ziative di interesse generale, con l’obiettivo di valorizzare le istitu-zioni autonome locali.

alle origini, e non si è limitata a ciò. Infatti secondo il presiden-te della Amesne e il sindaco del-la città di Antônio Prado, Marcos scopel, gli aspetti somiglianti in questo caso devono dare impulso e sviluppo ad ambo le parti.

la delegazione è stata ricevuta ufficialmente a Palazzo balbi, sede della giunta Regionale del Vene-to a Venezia, dove si è riunita con l’assessore ai Flussi Migratori stival Daniel, con gli assessori dell’Inter-nazionalizzazione Marino Finozzi e Antonio Franzina, e con il consi-gliere capo della segreteria di spe-sa e Autarchia Roberto Ciambetti.

— la regione e le associazioni di emigranti sono impegnate a va-

siLvia souza

cooperazione

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CuidadosGripes, resfriados e rinite alérgi-

ca são mais comuns no inverno. O ministério da saúde brasileiro divulgou informações para orientar a população sobre sintomas possíveis e métodos de tratamento. segundo o órgão, hábitos de higiene simples como evitar compar-tilhar objetos pessoais com pessoas gri-padas e lavar as mãos constantemente são medidas eficazes para restringir as chances de contágio. água e sabão são recomendados para realizar a assepsia das mãos e do rosto. lugares úmidos e frios permitem a multiplicação do vírus, devendo ser ventilados e iluminados pelo sol como formas de prevenção.

Do VaticanoEspecialistas italianos concluíram

que existe uma “conexão significa-tiva” entre a exposição à radiação emi-tida por transmissores da Rádio Vaticano e uma maior incidência de câncer entre crianças que moram próximo às antenas, nos arredores de Roma. Após cinco anos de uma investigação ordenada pela Jus-tiça, especialistas do mais prestigioso centro de pesquisas sobre câncer da Itá-lia concluíram que uma alta incidência de tumores e de leucemia entre crianças de cidades e vilarejos próximos a Roma têm relação com a radiação eletromag-nética emitida por 60 transmissores da rádio localizados na região.

SaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute

Picada de abelhaPela primeira vez no mundo, foi produzi-

do um lote de soro contra o veneno de abelhas em larga escala. Os 80 litros de soro começaram a ser fabricados em 2008 e foram patenteados pelo Instituto butantã, em são Paulo, este ano. O soro produzido vai passar por uma avaliação na Agência Nacional de Vi-gilância sanitária e será submetido a outros testes em animais e pessoas que sofreram grandes ataques de enxames de abelhas. O diretor do serviço de imunologia do instituto, José Roberto Marcelino, acredita que o soro estará disponível na rede pública em 2011. Cerca de 20 ml do soro podem fornecer ao or-ganismo uma quantidade de anticorpos capaz de neutralizar cerca de 90% dos problemas causados pelas picadas de abelhas africanas, espécie comum no país.

obesidadeEstudo divulgado em congresso interna-

cional sobre obesidade em Estocolmo, na suécia, afirma que obesos morrem, em média, oito anos antes em comparação com pessoas da mesma faixa etária sem distúrbios alimen-tares. segundo os cientistas, o risco de mor-te prematura aumenta 10% a cada unidade acima do patamar de 25 pontos do índice de Massa Corporal (IMC), estabelecido como li-mite para peso normal.

mais umaAgora, além do Viagra, os italianos con-

tam com a pílula vermelha para com-bater os problemas de ereção. A Univer-sidade Federico II, de Nápoles, acaba de apresentar a tradamix, uma cápsula cujos ingredientes são substâncias naturais que não apresentaram efeitos colaterais e que, segundo os cientistas, é eficaz para recu-perar progressivamente o desejo sexual e a função erétil, mas também para prevenir os processos de fibrose do corpo cavernoso, vinculados ao envelhecimento.

Contra o estresseConsumir bebidas açucaradas ajuda a

combater a tensão e o estresse, equi-librando a dinâmica do corpo, segundo os cientistas das Universidades south Wa-les e Queensland, na Austrália. Eles sele-cionaram alguns voluntários que tinham que se imaginar em uma reunião com o chefe ou suportar a volta para casa após um dia de trabalho duro, mas podiam recor-rer a um copo de limonada adoçada. Apesar da ideia de que o consumo de bebidas doces pode elevar os níveis de glicose e também o comportamento im-pulsivo, os cientistas concluíram que a gli-cose pode aumentar, quando estimulada, o controle executivo, isto é, aquele meca-nismo de filtragem (das tensões) que im-pede que o es-tresse e a tensão go-v e r n e m n o s s o compor-tamento.

super tomateA Itália acaba de conhecer o super toma-

te. segundo a associação de agriculto-res Coldiretti, trata-se de uma variedade sem organismos geneticamente modificados, que conta com uma concentração superior a 50% de licopeno, um carotenóide de reconhecido efeito ‘antienvelhecimento’. O tomate “nor-mal” já é conhecido como o elixir da vida, re-médio natural contra o envelhecimento e efi-caz na prevenção de doenças cardiovasculares e cancerígenas pelo alto teor de licopeno (an-tioxidante), superior a 50%.

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EnciclopediaUn sogno di più di 50 anni è divenuto realtà: adesso il brasi-

le ha la sua enciclopedia. Pubblicata dalla Editora Oceano, la Enciclopédia do brasil è divisa in cinque volumi con un totale di 1.200 pagine. Il lavoro è stato realizzato da 30 ricercatori brasilia-ni coordinati dai professori spagnoli José luis sánchez e Meritxell Almarza. lo scrittore modernista Mário de Andrade era stato colui che aveva cercato di realizzare questo arduo compito sotto richie-sta dell’Instituto Nacional do livro, allora fondato di recente. la richiesta fu fatta nel 1939, ma Andrade abbandonò il progetto in-completo nel 1950. Ora, per evitare che l’opera diventi datata, il suo contenuto viene aggiornato in un sito internet ogni settimana su temi legati alle sue voci. “Abbiamo conservato l’idea di Mário de Andrade di fare un’enciclopedia sul brasile e per il brasile”, dice la professoressa Meritxell, che vive in brasile da sette anni.

EroiUn gruppo di super eroi è stato creato per difendere la na-

tura brasiliana. sono i protagonisti di “Amazon – guerrei-ros da Amazônia”. si tratta del primo libro di una trilogia di fu-metti per bambini. Creato da Ronaldo barcelos, con disegni di Ronaldo santana, il libro è stato pubblicato dalla litteris Edi-tora. la storia racconta le avventure di tre giovani che subi-scono un incidente aereo nella Foresta Amazzonica. Poi vengo-no ritrovati da una tribu indigena che, in realtà, appartiene ad una civiltà dimenticata. Dagli indigeni i ragazzini ricevono su-per poteri per salvare la foresta dalla devastazione. Il progetto prevede la produzione di film e una fiction tV.

GemellaggioCè un po’ di barga, anzi di Fornaci di barga (toscana), in un

paese del brasile che si chiama Pequeri, un centro di 4 mila abitanti, fondato nel 1879 con l’arrivo di quindici emigranti bar-ghigiani. Pequeri si trova a tre ore di auto da Rio de Janeiro, ed è conosciuta come la più colta tra le piccole città dell’interno dello stato di Minas gerais. Nelle sue scuole pubbliche ancora oggi si insegna la lingua italiana. Da un po’ di tempo gli amministratori di Pequeri hanno un sogno nel cassetto: un bel gemellaggio con barga, da cui sono partiti i fondatori della cittadina. la proposta è già stata approvata dal Consiglio Comunale della città, ed il sin-daco Raul salles ha inviato una lettera che riporta questa proposta al sindaco di barga, nella speranza che il gemellaggio possa diven-tare una realtà quanto prima. Il responsabile per il gemellaggio è il professor Julio Vanni, direttore della rivista ComunitàItaliana. In settembre Vanni sarà a lucca ed in tale occasione ha intenzione di incontrare il sindaco bonini e di cercare di trovare il consenso di barga per questa iniziativa.

CagarrasLa Câmara dos Deputados ha appro-

vato il disegno di legge del depu-tato federale Fernando gabeira (PV) che crea il Monumento Natural das Cagarras. la meta è quella di proteggere l’arcipe-lago omonimo, che rimane al largo di Rio de Janeiro. Il disegno vieta la pesca con esplosivi, reti o trappole e anche la creazione di un piano di lavoro per sti-molare il turismo sostenibile sul posto.

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Levou de oito a dez anos pa-ra ser construído, tendo sido inaugurado no ano 80 d.C. pelo imperador tito. Duran-

te 500 anos, sua arena serviu de cenário para lutas sangrentas en-tre gladiadores, de combates entre feras e prisioneiros condenados à morte certa, bem como do martírio dos cristãos perseguidos. Resistiu a incêndios, intempéries e terre-motos. No sexto século, perma-neceu abandonado e usado como habitação, oficina, forte, sede de ordens religiosas, templo cristão e depósito para materiais de cons-trução. Hoje, é passarela do turis-mo internacional de massa, palco da tradicional procissão pontifí-cia na recordação da Via sacra nas vésperas da Páscoa e, muitas ve-zes, palco de espetáculos musicais com artistas de fama mundial.

O Coliseu, com seus esplen-dorosos 1938 anos de existência, representa um principal cartão de visitas da Cidade Eterna e es-tá para ser submetido a retoques especiais, com rejuvenescimento patrocinado por grupos empresa-riais, financeiros e bancários ita-

lianos e estrangeiros, dispostos a cobrir uma despesa inicial calcu-lada em 25 milhões de euros.

A restauração de sua área to-tal, calculada em 3.357 metros quadrados, será dividida em várias fases, mas o extraordinário monu-mento da história romana deverá

manter suas portas abertas aos visitantes de todo mundo duran-te as obras. Os patrocinadores do projeto de restauração estão con-vidados a darem sua contribuição voluntária, mas não haverá uma reciprocidade direta pela inicia-tiva. Ou seja, estarão impedidos de pendurar painéis publicitários em sua fachada ou arcos e gale-rias, limitando-se a afixar anún-cios ou cartazes com altura má-xima de dois metros nos tapumes apoiados no pavimento térreo que circunda o monumento. se quise-rem, poderão colocar seus símbo-los nos bilhetes de ingresso ven-didos aos turistas e visitantes ou programar eventos culturais que lhes dêem destaque.

A fase de inscrição e seleção dos candidatos a benfeitores, oficializada com a publicação de um edital de concorrência inter-nacional na Gazeta Oficial, dura até o começo de setembro. Em seguida, o ministério dos bens Culturais e a prefeitura de Roma vão conhecer e avaliar as respec-tivas quotas de participação dos contribuintes. Caso o custo ini-cial tenha sido coberto, as obras poderão ser iniciadas ainda este ano, para serem concluídas em 2013. O orçamento anunciado exclui os custos de iluminação da área que circunda o monumento e a zona do Fórum Romano, que serão calculados somente depois de terminada a de restauração do monumento propriamente dito.

Para o ministro dos bens Cul-turais sandro bondi, a experi-ência de restauração do Coliseu somente com o patrocínio da

Edital lançado mês passado abre concorrência internacional para restauração de um dos maiores símbolos de Roma

Coliseu em obras

Lisomar siLvacoRREspondEntE • Roma

urbanismo

Reprodução do Coliseu por Giovanni Battista Piranesi, de 1757

44 C o m u n i t à i t a l i a n a / a g o s t o 2 0 1 0

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iniciativa privada tem a mesma importância das obras monumen-tais realizadas na Capela sistina, mas com uma diferença: o pra-zo para a conclusão das obras do monumento será curto, enquan-to que a restauração dos afrescos na Capela teve várias fases deli-cadas e acabou se prolongando por 20 anos.

As novas etapas de interven-ção sucedem as que atualmente estão sendo realizadas para re-forçar as bases e as estruturas da construção, catalogada pela Unesco como Patrimônio da Hu-manidade e cujo primeiro nome histórico é Anfiteatro Flaviano. A obra começa com retoques nas fachadas. Em seguida, passa-se à restauração das arquibancadas do primeiro e segundo e andares, com melhoramentos e moderni-zação das redes internas de ilu-minação elétrica, alarme e vigi-lância. Por último, é prevista a construção de uma sede externa com livraria, toalete e demais serviços ao público, na praça ao lado do Coliseu.

Hologramas e smogOs trabalhos de restauração do Coliseu foram definidos, mas outra grande novidade vem das mãos (e dos cérebros) dos pes-quisadores em atividade no CNR – Centro Nacional de Pesquisas. A proposta de criar uma solução de convivência entre a arqueo-logia e as novas tecnologias se sintetiza em um conjunto de luzes e imagens projetadas pa-ra reconstruir os espaços corres-pondentes às antigas arquiban-cadas. A arena também poderá ser iluminada de modo a repro-duzir uma dinâmica de movimen-to virtual com lutas e combates, projetada na perspectiva tridi-mensional holográfica. se pos-sível, os especialistas tentarão desenvolver uma rede sonoriza-da que ajude o espectador a ter uma ideia de como aquelas lu-tas se desenvolviam. O objetivo é fazer com que o público tenha uma percepção completa do que foi o Coliseu.

O tráfego, a poluição e os grafites que arranham os muros estão entre os principais inimi-gos do monumento. tanto que os ecologistas se mobilizam para obter o bloqueio do trânsito de automóveis naquela área do cen-tro histórico. O presidente da As-

sociação legambiente na região lácio, lorenzo Parlati, informou dados reveladores: cerca de 2 mil veículos transitam por hora a poucos metros de distância do Coliseu e 85% deles são de pro-prietários particulares, produzin-do um barulho entre 77 e 95 de-cibéis, equivalente ao que se re-gistra nas grandes rodovias com tráfego intenso.

O trecho do metrô que passa nas proximidades do monumento também será modernizado. se-gundo o prefeito gianni Aleman-no, os veículos que passam na-quela zona terão que diminuir a velocidade de trânsito. Uma vez restaurado, porém, o Coliseu di-ficilmente voltará a ser utilizado como palco para concertos, pois não oferece uma acústica ade-quada a espetáculos musicais.

O projeto de restauração do Coliseu já estava sendo desen-volvido há cerca de um ano, mas acabou sofrendo uma forte ace-leração quando, no mês de maio, várias partes em pedra despen-caram de uma das 74 arcadas de entrada do público para a arena. Os detritos caíram de uma altu-ra de 10 metros, mas por sorte, o monumento se encontrava fe-chado ao público. trata-se de um ponto onde muitos visitantes pa-ram para admiram uma estátua equestre encontrada em 2008 e colocada naquele trecho desde o ano passado. As chuvas intensas do período primaveril, somadas às sucessivas variações de tem-peratura, poderiam ter provoca-do a queda.

Um dos primeiros candida-tos abertamente interessados em participar da operação cole-tiva de restauração é o empre-sário italiano Diego della Valle,

proprietário da marca tod’s de calçados, roupas e acessórios. Ele se dispôs a patrocinar uma parte da restauração e pensa em reunir outros empresários capa-zes de “adotar” outros trechos a serem recuperados. A propos-ta de patrocínio da restauração está despertando também o ape-tite de magnatas do calibre do americano Rupert Murdoch, bem como de setores da empresa pri-vada japonesa.

Construído e ampliado em di-versas fases, o Coliseu hoje tem quatro andares. Era completa-mente recoberto com pedras des-tinadas a um acabamento de alta qualidade como mármore, pedra travertina, ladrilho e tufo (pe-dra calcária com grandes poros). A sua forma elíptica compreen-de dois eixos que medem respec-tivamente 190 m por 155 m. A fachada é composta por arcadas, decoradas com colunas realiza-das segundo os desenhos dórico, jônico e conríntio, para dar uma variedade à construção que se er-gue em linha vertical.O empresário Diego Della Valle

Acima, na parte subterrânea ainda são bem visíveis os espaços destinados a celas e jaulas. Abaixo, ilustração de Jean-León Gérôme, de 1872

segundo os documentos rela-tivos à realização do Coliseu, seu pavimento era de madeira normal-mente coberta de areia para absor-ver o sangue dos combatentes. Na parte subterrânea ainda são bem visíveis os espaços destinados a celas e jaulas com acesso direto para a arena. A arquitetura e a en-genharia arrojadas do monumen-to se ressaltavam também com as tendas móveis - criadas para pro-teger os espectadores do sol - e elevadores móveis que ligavam os espaços subterrâneos à arena e ao andar térreo do monumento.

O Coliseu é formado por cinco anéis arquitetônicos concêntricos, completados por arcos realizados em concreto e revestidos por al-venaria. Os assentos das arqui-bancadas – divididas segundo as classe sociais do período imperial - tinham acabamento em mármore, tendo um trono na parte central, circundado por assentos destinados aos principais senadores e tribunos. O último anel construído era com-pletado por estátuas que recorda-vam as divindades romanas.

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Traços abstratos

Pintor italiano que ajudou a compor o acervo do MASP e do MAM recebe homenagem com exposição de suas obras até setembro, em São Paulo

nayra GarofLe

exposição

ticulares brasileiras e ao próprio MAC UsP. Crítico francês, Abadie é o conservador do acervo Mag-nelli pertencente aos familiares do artista.

— Magnelli estava inserido na Arte Moderna na primeira parte do século 20 e incorporou elementos desse período, como o futurismo. Nos anos 30, já na França, ele re-cebeu influências do cubismo. Ele acaba formando um diálogo entre a figuração e a abstração – expli-ca a professora lisbeth.

A relação com Ciccillo Mata-razzo teve início através do ir-mão de Alberto, Aldo Magnelli, que trabalhava em uma das in-dústrias da família Matarazzo. Ciccillo, grande incentivador das artes plásticas, propusera-se a criar um museu de arte moder-na na cidade de são Paulo. Com isso, contou com a ajuda de Al-berto Magnelli que reuniu obras para compor o acervo do MAsP. Neste momento, dava por inicia-da a construção do que viria a

ser na América latina o primeiro grande acervo moderno interna-cional. Com isso, iniciou-se tam-bém todo um processo de aqui-sição de obras de artistas liga-dos às vanguardas que marcaram a primeira metade do século 20.

— Ciccillo confiou-lhe a ta-refa de localizar obras de artistas expressivos que estivessem dis-poníveis à compra em Paris, on-

de Magnelli morava, na época. O pintor observava as possibili-dades, informava e aconselhava o industrial sobre a aquisição de trabalhos de importantes artistas em destaque no cenário parisien-se do pós-II grande guerra – con-ta a professora, lembrando que as obras selecionadas por Magnelli, inicialmente, foram de artistas vinculados à história do cubismo. Em seguida, sugeriu a compra de obras ligadas à abstração, ten-dência que se afirmava mundial-mente no cenário artístico.

Nesta mesma época, Ciccillo Matarazzo e sua mulher, Dona Yo-landa Penteado, adquiriram tam-bém obras para suas coleções pessoais e, hoje, todo este con-junto se encontra no acervo do MAC UsP.

Alberto Magnelli nasceu em Florença, mas viveu 44 anos na França. Na Itália, interessou-se pelas artes plásticas desde criança e recebeu incentivo da família para se dedicar à pintu-

os historiadores costumam dizer que os imigrantes italianos que desembar-caram no brasil no fim do

século 19 e início do século 20 ajudaram no desenvolvimento do país. É possível concordar com esta afirmação também na área cultural. Foi com a ajuda do artis-ta italiano Alberto Magnelli que Francisco Antônio Paulo Mataraz-zo sobrinho, mais conhecido co-mo Ciccillo Matarazzo, pôde fun-dar o Museu de Arte de são Pau-lo (MAsP), em 1949. Com notória importância no cenário da cultura brasileira, Alberto Magnelli acaba de receber uma homenagem no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de são Paulo (MAC UsP), com suas obras expostas até o dia 12 de setembro.

“Magnelli” acompanha várias fases do artista, como as obras “Pintura nº0520” (1915), “Mu-lher no banho” (1917), “Compo-sição (Pedras nº 22)” e “Ouvertu-re n°2” (1969). O pintor recebeu influências de diversas escolas, como o Renascentismo, o Cubis-mo e o Futurismo, até chegar às linhas abstratas que o apontam como um dos artistas mais impor-tantes do mundo. A mostra com 64 pinturas do artista feitas entre 1912 e 1969 é uma idealização da ex-diretora do MAC e professora de Estética e História da Arte da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de são Paulo, lisbeth Rebollo gonçalves, com curadoria do professor de História da Arte da Universidade livre de bruxelas, Daniel Abadie. As obras pertencem a acervos da França e da bélgica, além de coleções par-

Serão expostas 64 pinturas do artista, realizadas entre

1912 e 1969

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ra. Mais tarde, o francês Henri Matisse influenciou suas compo-sições com figuras em cores for-tes e contornos pretos, primei-ramente figurativas e, posterior-mente, abstratas e geométricas. Magnelli foi um pioneiro da pin-tura abstrata e membro da Abs-tración Création de Paris, movi-mento de grande impulso à abs-tração e à criação.

— Paris era o grande cen-tro cultural do mundo ocidental, com um mercado de arte muito dinâmico. Algumas vezes, Mag-nelli adquiria diretamente as obras de artistas com os quais se relacionava, outras indicava on-de comprar – relata lisbeth.

Em Paris, o artista conviveu com guillaume Appolinaire, Pa-blo Picasso, Fernand léger, Ale-

Serviço: “Magnelli”. MaC USP ibiraPUera – Pavilhão CiCCillo Matarazzo, 3º PiSo – ParqUe

ibiraPUera, São PaUlo. De terça a DoMingo, DaS 10 àS 18 horaS.

entraDa gratUita.

Ciccillo matarazzoFrancisco Antônio Pau-

lo Matarazzo sobrinho (1898 – 1977) foi um indus-trial e mecenas ítalo-brasi-leiro. Filho de Andrea Ma-tarazzo, um dos irmãos do conde Francesco Matarazzo, dirigiu empresas de diver-sos ramos em são Paulo e foi grande incentivador das artes plásticas. Fundou, em 1946, o Museu de Arte Mo-derna de são Paulo e, em 1951, a bienal Internacional de Arte de são Paulo, enti-dade que presidiu até a da-ta de sua morte. Foi também um dos fundadores do teatro brasileiro de Comédia e dos estúdios da Companhia Cine-matográfica Vera Cruz.

xander Archipenko, entre outros. Magnelli estudou os fundamen-tos dos mestres do trecento e do Quattrocento (giotto, Uccello, Masaccio, Piero della Frances-ca) e estas referências são evi-denciadas no início de sua car-reira, que principia aos 15 anos, quando participa, precocemente, de exposições de arte moderna e bienais em toda a Europa. Foi o contato com os cubistas que o levou à simplificação de sua composição e à abstração, ini-ciando, em 1915, a série Explo-sions lyriques. Retornou à figura-ção nos anos de 1920, registran-do personagens, paisagens e na-turezas-mortas, em diálogo com a pintura metafísica de De Chiri-co e Morandi. Por volta de 1931, visitou as pedreiras de mármore, em Carrara, que inspiraram a sé-rie Pierres éclatées. A partir daí, voltou-se ao abstracionismo, in-tegrando, então, o grupo Abs-traction Création.

Na década de 1950, seu pres-tígio e o reconhecimento inter-nacional revelam-se nas partici-pações e no destaque que obtém na bienal de Veneza e na I bie-nal de são Paulo (Prêmio Aqui-sição), além da premiação que recebeu nos Estados Unidos, o Prêmio guggenheim de Nova Ior-que. Na ocasião de seus 80 anos, Magnelli recebeu homenagens em bergamo, Arra, Oslo, genes, Pa-ris, Copenhagen, spoleto e turim.

Outra grande participação de Magnelli no cenário artístico bra-sileiro foi o “empurrão” que deu para que se estreitassem os laços entre Matarazzo e o crítico le-ón Degand, que viria a ser, entre julho de 1948 e junho de 1949, o primeiro diretor artístico do MAsP. Por conta disso, a partir

de 1947, uma interessante cor-respondência foi mantida entre o crítico belga e Ciccillo Mataraz-zo. Degand era adepto do abs-tracionismo e frequentava, como Magnelli, o circuito de vanguarda em Paris.

Com isso, para os apreciado-res de arte e estudiosos, a expo-sição Magnelli no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de são Paulo tem forte significa-ção histórica. Daniel Abadie vem desenvolvendo sólida e contínua pesquisa sobre a obra de Magnelli e promovendo significativas ex-posições e publicações sobre sua produção, divulgando-a interna-cionalmente. A documentação reunida para a exposição coloca luz sobre as relações do artista com o meio cultural brasileiro, quando se dá a afirmação da ar-te moderna e o nascimento dos primeiros museus a ela voltados.

— É fato que para quem de-seja ter uma formação completa é de extrema importância conhe-cer este artista que teve tanto significado para a arte moderna e a sua participação na arte do brasil – diz lisbeth.

Obras da mostra “Magnelli” pertencem a acervos da França e da Bélgica, além de coleções particulares brasileiras e ao próprio MAC USP

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Vida duraO Centro de Identificação de via Corelli,

mais uma vez, foi palco de conflitos en-tre extracomunitários - muitos transexuais brasileiros - e a polícia. O problema é a velha conhecida falta de condição de hospedagem para os imigrantes irregulares que esperam os documentos de expulsão do país. O no-vo pacote de segurança estendeu o prazo de permanência nesses centros - espalhados em toda a Itália - de dois a seis meses. No CEI de Milão existem 119 pessoas, 80 homens, 22 mulheres e 17 trans.

Guilherme Aquino

MilãO

Campo de BatalhaA guerra pela posse dos terrenos destina-

dos à Expo 2015 está provocando uma paralisia total, em Milão. Um time de advoga-dos, consultores e técnicos trabalha em meio a uma areia movediça de insidiosas propostas privadas em nome do bem estar da coletivi-dade. A grande questão gira em torno do pós-Expo 2015. A ideia é de dividir o uso dos ter-renos, metade para os investidores e a outra parte para o setor público. A questão central é de quanto seria o volume permitido para a construção de novos imóveis e os tentáculos da especulação imobiliária. Em jogo, quan-tias da ordem de meio bilhão de euros.

sóMilão ganhou o título de cidade dos sol-

teiros (as). Este é o resultado de uma pesquisa da prefeitura da cidade. O número de casamentos civis diminuiu, em 2009, em 9% - a queda chega a 40% nos últimos dez anos - e existem 340 mil “famílias” com ape-nas um componente, de um total de 680 mil cadastradas. Neste universo estão as mulhe-res viúvas – vivem em média seis anos a mais do que os companheiros -, os casais lAt (li-ving apart together) que não renunciam à li-berdade individual e fogem do desgaste da rotina de um casamento tradicional morando em tetos diferentes - e os separados recente-mente, além dos solteiros convictos.

O s camelôs que montam barraqui-nhas nos Navigli, nobre zona cul-tural e residencial de Milão, estão

no prejuízo. Eles foram tirados das ruas pe-la guarda municipal, mesmo depois de terem pago dois mil euros, por cabeça, para tra-balhar em paz, na calçada, durante os três meses de verão. O pagamento foi feito à As-

sociação Cultural Naviglio Pavese, que reú-ne proprietários de bares e restaurantes da região. suspeita-se que o valor total pago pelos ambulantes corresponde à soma devi-da pelos comerciantes à prefeitura pelo di-reito de espalhar mesas e cadeiras em uma área de 3.550 metros. Alguém comprou gato por lebre.

Gato por lebre

Vende-seA torre Velasca, um dos símbolos de

Milão, está à venda. Ela foi constru-ída em 1958, em apenas dois anos, nu-ma área residencial desaparecida durante o raid aéreo inglês-norte-americano, na segunda guerra Mundial. O proprietário é o grupo Fondiaria sai, do empresário-empreiteiro salvatore ligresti. O valor é top-secret. Mas o imóvel possui 26 mil metros quadrados, entre apartamentos e lojas, espalhados pelos 27 andares, bem no centro da cidade, além de um total de 218 vagas de automóveis. Quase metade do prédio está vazio.

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livro

o livro chega num momen-to difícil para a justiça italiana. A guerra aberta do poder Executivo - leia-

se o primeiro ministro silvio ber-lusconi - contra a magistratura atinge o ápice com a proposta da lei da mordaça que restringe, de forma quase absoluta, o trabalho de interceptação telefônica, fun-damental para a investigação de um crime, um ato ilícito.

Ao longo das 580 páginas de Ne Valeva a Pena, (editora later-za), o procurador público no tri-bunal de Milão, Armando spata-ro, conta 30 anos de experiência na linha de frente contra o terro-rismo vividos dentro de um apa-rato judiciário e policial de altís-simo nível, com casos de reper-cussões internacionais, como o sequestro – ilegal - por agentes da CIA (central de inteligência norte-americana) de Abu Omar, o líder muçulmano em Milão, nu-ma clara violação às leis vigen-tes do país.

— A sobreposição do chama-do “segredo de Estado”, imposto por dois governos, Prodi e ber-lusconi, causou a impunidade — sentencia o magistrado sobre o envolvimento do aparato secreto italiano no caso que, no entan-to, acena com a condenação dos americanos pela justiça dos Esta-dos Unidos.

Presente e passado se mis-turam na narração. Chegou-se a pensar de colocar um ponto de in-terrogação no título do livro, mas o procurador foi contra por achar que passaria uma mensagem de dúvida, “não encorajante”.

— Neste momento, assisti-mos a uma agressão que corrói a autoridade judicial — diz spataro durante a apresentação do livro

na sede milanesa da Associação dos Correspondentes Estrangeiros.

Para o procurador, nasci-do em taranto, 62 anos atrás, a Itália, hoje, vive “um delicado momento de informação opaca, com os meios de televisão que não são o máximo da transpa-rência”. segundo ele, partem do pressuposto de que a magistra-tura tenha “abusado” de infor-mações privilegiadas, “mas, a

verdade é que não querem a in-terceptação”.

O livro foi escrito com o ob-jetivo de apresentar ao leitor o trabalho que existe por trás de uma sentença - a percepção de quem caminha sobre o fio da navalha numa delicada investi-gação; as rotas transversais que se cruzam ao acaso com sinais que devem ser decifrados; a ba-nalidade de gestos e ações que

escondem informações funda-mentais para a resolução de um caso. Ne Valeva a Pena defen-de a importância primordial da escritura e do cumprimento de uma sentença.

Uma das características da magistratura italiana é o da gran-de exposição pública. Ao contrá-rio do que existe em outros pa-íses, nos quais os juízes vivem longe dos refletores, na Itália, eles foram chamados para “mo-ralizar” a sociedade. O proces-so “Mani Pulite”, no começo dos anos 90, reescreveu a importân-cia dos juízes e procuradores co-mo sendo parte de uma classe acima de qualquer suspeita. O Ju-diciário tornou-se um espelho da credibilidade e não se livrou dele.

O autor do livro conhece a fundo os modos de operação tan-to do terrorismo quanto da máfia. Afinal, ele já ocupou-se de cri-mes desses dois grupos. A ndran-gheta no Norte, ramificação ma-fiosa na rica região italiana, sen-tiu a força do procurador spataro no combate contra a presença da organização criminosa no tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e concorrências e licitações de obras públicas.

O livro re-vela como o sistema inves-tigativo italia-no é excelen-te, mas, sem o apoio do Es-tado e de uma legislação e da sociedade, o crime pode aca-bar compensando.

— O homicídio de um “cala-brese”, de um “pugliese”, a prin-cípio não se pode debitar à máfia. Mas, um crime comum pode, per-feitamente, ser uma ponta da má-fia e, por isso mesmo e não ape-nas, deve ser investigado levando em conta esta hipótese. Os cri-mes “menores” devem ter a mes-ma atenção perante a lei. Na ver-dade, a fragilidade da luta contra atos mais simples enfraquece o combate contra a máfia porque, nem sempre, os crimes levam uma ‘marca mafiosa’ — explica spata-ro que, sorrindo, lembra dos tem-pos em que era “obrigado” a ca-minhar com uma pasta blindada e do uso de um sobretudo à prova de balas que pesava mais do que o risco que corria de vida.

Procurador lança livro para esclarecer o público sobre o trabalho que existe por trás de uma sentença

Valeu a pena

GuiLherme aquinocoRREspondEntE • milão

No livro, 30 anos de experiência contra o terrorismo

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– r esta foi a pri-meira música que fiz depois de estar muito

tempo sem compor. Eu chamei a Chiara para cantar essa música co-migo em são Paulo, mas a música ainda estava sem letra. Eu sabia que uma “pressãozinha” seria boa para terminarmos e, dito e feito. Cantamos em dueto em são Paulo. Daí por dian-te, cantei sempre com a Chia-ra essa canção que foi feita em duas línguas. Acho que essa música deve ser interpretada em dueto — diz Ana.

Essa amizade ítalo-brasileira nasceu graças a um amigo: Daniel Jobim, neto de tom Jobim. Chiara é apaixonada pela música brasileira. Ela conta que, ironica-mente, essa paixão começou quando ela foi morar nos Estados Unidos. tinha 18 anos quando ganhou uma bolsa para es-tudar música na berklee school of Music, em boston. Foi lá que ela conheceu a MPb e, depois, Daniel Jobim. Em 2008, ele a con-vidou para ir ao brasil. No Rio, levou a ami-ga italiana para participar de um sarau dos Compositores Unidos, onde, por acaso, também estava Ana Carolina.

Canção de amor e amizade

O Brasil tem cerca de 30 milhões de ítalo-descendentes,

uma das maiores concentrações do mundo. Esse grande

contingente de pessoas é responsável por manter várias

tradições culturais da Itália no país. Mesmo assim,

não é fácil ouvir música na língua italiana por aqui.

Nos últimos meses, porém, esse quadro está um

pouco mudado. Em quase todos os lugares aonde se

chega, é provável que jorre de alguma caixa de

som a música Resta.

A canção faz parte da trilha

sonora da novela Passione, que a

Rede Globo exibe em seu horário

nobre e é um dos maiores índices

de audiência da TV brasileira. Mas

chegou lá porque já estava fazendo sucesso entre o público.

Resta é uma autêntica parceria ítalo-brasileira que, pelas mãos

da cantora Ana Carolina, apresentou para os brasileiros a

cantora e pianista italiana Chiara Civello. A romântica

música é cantada em dueto, nas duas línguas.

Este mês, Chiara estará mais uma vez no Brasil,

mais precisamente no Rio de Janeiro, onde fará duas

apresentações para convidados e a abertura de um

show de Ana Carolina. Comunità “reuniu” as duas

cantoras antes para um bate-papo. Por e-mail,

elas contaram para a revista como se conheceram e

como se tornaram “amigas de infância”. Chiara,

de 35 anos, mandou suas respostas de Roma,

cidade onde nasceu e passa a maior parte

do tempo, apesar de se dividir também

entre os Estados Unidos e, agora, Brasil.

Já a mineira de Juiz de Fora Ana

Carolina, de 36 anos, respondeu

logo após chegar de uma turnê

pela Europa, com passagem

por três cidades italianas:

Roma, Milão e Rimini.

nayra GarofLe

música

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— Nossa amizade começou assim mesmo (risos). O violão ro-dando, Ana cantou uma música, eu cantei outra e a parceria co-meçou sem a gente se dar conta. Ela me pediu uma melodia e, dois dias depois, respondi com a me-lodia da música Resta, que juntas terminamos – conta Chiara.

Resta está no oitavo álbum de Ana Carolina, N9ve, lançado no ano passado. O convite para Chia-ra participar do seu CD, surgiu, como a própria Ana Carolina diz “de um modo muito natural”. se-gundo Chiara, participar do álbum da brasileira foi “uma experiên-cia única”, que lhe rendeu “muito aprendizado”. Além de compor, a italiana também cantou.

— Essa parceria acrescen-tou enormemente meu universo musical. A troca é linda. Apren-demos uma com a outra a cada música e melhoramos individual-mente — revela.

se Chiara é só elogios a Ana Carolina, o mesmo pode ser dito da brasileira que afirma ser esta uma das parcerias mais novas e importantes de sua carreira.

— Às vezes somos uma fábri-ca de canções (risos)... tudo vi-ra música. Às vezes paramos um pouquinho e achamos que nun-ca mais vamos compor. Quando a gente menos espera, já esta-mos fazendo uma nova música — afirma Ana Carolina.

Este ano é a vez de Chiara mostrar o que mais esta parceria com a amiga brasileira poderia render além de N9ve. Em julho, ela lançou o CD 7752. Nas suas 11 faixas, a artista italiana divi-diu a autoria de cinco canções com a brasileira. Ana Carolina também tocou violão em todas as

faixas e co-produziu uma delas, Sofa. sobre a continuação desta parceria nos próximos trabalhos, Chiara demonstra total interesse.

— Adoraria tocar piano para ela como ela tocou violão para mim. Isso quase já aconteceu e espero que role algum dia. tenho a certeza de que muitas outras canções ainda irão nascer nos caminhos da nossa parceria — afirma a italiana que já fala por-tuguês fluentemente.

Para Ana Carolina, que não sa-be falar italiano, a parceria é co-mo uma via de mão dupla onde uma completa o trabalho da outra:

— Viemos de escolas diferen-tes, portanto minha intuição mu-sical completa o conhecimento mais acadêmico dela e vice-ver-sa. geralmente, eu componho ao violão e ela ao piano, o que é ri-co e nos proporciona sonoridades diferentes na feitura das canções.

7752Chiara Civello reúne no disco 7752 parte do repertório que compôs in-fluenciada por sua recente e inten-sa convivência com músicos brasi-leiros. Além de Ana Carolina, o CD conta com a participação de An-tonio Villeroy (Un uomo che no sa dire addio) e Dudu Falcão (Simples-mente aconteceu), músicos e com-positores que costumam abastecer de canções a própria Ana Carolina.

O título do álbum se refere à distância em quilômetros que se-para Nova Iorque do Rio de Janei-ro. Antes de ser apresentada por Daniel Jobim aos saraus cariocas, Chiara costumava compor sozi-nha, mas com algumas exceções:

— Já compus com burt ba-charach. Uma das experiências mais lindas e importantes da mi-nha vida. Compor em parcerias está sendo uma experiência va-liosa, divertida e intensa.

Com carreira em ascensão nos Estados Unidos e na Europa, Chia-

ra já tinha dois discos lançados pela Universal. O primeiro, no se-lo jazzístico Verve, Last quarter moon (2005), incluiu uma par-ceria, Trouble, com o mestre su-premo do pop, burt bacharach, a quem ela foi apresentada pelo produtor Russ titelman (que tem no seu currículo trabalhos com Paul simon, Eric Clapton, Rickie lee Jones e James taylor). O se-gundo, The space between (2007), com 13 faixas compostas por ela, foi bem recebido pela crítica. seu terceiro disco é o que traz mais letras em italiano e Chiara reve-la que não foi uma escolha, “sim-plesmente aconteceu”.

Foi a avó da cantora que per-cebeu seu talento para a música: ao colocá-la na frente do piano, aos três anos de idade, viu que menina conseguia tirar melodias de ouvido, sem saber nada do instrumento. A família, então, a matriculou em uma pequena escola de música perto de casa. Da música italiana, Chiara afirma gostar de músicos como Mina, luigi tenco, lucio battisti, gian-na Nannini e Paolo Conte.

— Dos novos, gosto bastante do tiziano Ferro. Adoro a música italiana por conta da melo-dia e o fato de ser muito romântica — afirma.

Nos Estados Unidos, foram quatro anos dedicados ao jazz, onde estudou a

obra de thelonious Monk, billie Holiday, Miles Davis, Ella Fitzge-rald, Charlie Parker e outros. Em boston, começou a se apresentar no circuito de clubes de jazz até se mudar para Nova Iorque, on-de conheceu o produtor Russ ti-telman, a quem entregou uma fi-ta demo. Dele, ouviu a sugestão que tentasse compor seu próprio repertório e Chiara assim o fez. O produtor gostou e, a partir de en-tão, passou a abrir muitas portas para a cantora. Foi titelman quem a apresentou a Daniel Jobim.

— Quando me mudei para os Estados Unidos desenvolvi uma grande paixão pelos mestres da MPb a começar por tom Jobim, João gilberto, Caetano Veloso, Chico buarque, Milton Nascimento — conta ela para quem a música brasileira que “une os três elemen-tos da canção de um jeito sublime: harmonia, melodia e ritmo”.

sobre os shows que serão rea-lizados este mês, as expectativas de Chiara são “de passar uma lin-da primeira noite ao vivo com os brasileiros”. Chiara e Ana Carolina ainda não fizeram shows juntas na Itália, mas segundo a brasilei-ra, com certeza há esta intenção.

— O Rio é uma cidade com-pleta. Eu adoro. No brasil, conhe-ço também teresópolis (cidade serrana fluminense), são Paulo, salvador e um pouquinho de Mi-nas gerais — diz Chiara.

PassioneA novela Passione tem du-

as trilhas sonoras: uma nacional e outra só com mú-sicas italianas, que tem Res-ta. O diretor musical da emis-sora, Mariozinho Rocha, foi o responsável pela escolha das músicas. Há planos de uma terceira trilha, também com canções italianas, que podem vir a ser interpretadas pelo também ator Daniel boaven-tura. tudo vai depender do sucesso da trilha já lançada.

Ana Carolina: “Eu componho ao violão e ela ao piano e isso nos proporciona sonoridades diferentes na feitura das canções”

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Andrea Ciprandi Ratto

CAlCiO

Che calcio ci aspetta?

Archiviati i Mondiali con uno dei più clamorosi flop nella storia calcistica italiana, poche settimane

ci separano dall’inizio del nuovo campionato. saranno giornate decisive non tanto per la prepa-razione, che già tutte le squadre hanno iniziato benché senza la maggior parte dei reduci dalla disastrosa campagna sudafrica-na, quanto per il mercato.

Non appena lippi ha gira-to i tacchi per rientrare negli spogliatoi di Ellis Park al termi-ne della sconfitta decisiva con la slovacchia, seguito nel giro di pochi minuti da giocatori e assistenti vari, giusto il tempo di asciugarsi le lacrime, le dita di tutti gli inviati e quelle dei commentatori rimasti in Italia hanno iniziato a battere sul-le tastiere dei computer paro-le come ‘ricostruzione’, ‘settori giovanili’ e ‘vivai’. ben presto, a queste si sono aggiunte ‘oriun-di’ e ‘naturalizzati’, fino a quan-do il nuovo c.t. Prandelli non ha coniato l’espressione ‘nuovi italiani’, di certo rassicurante e politicamente assai corretta, ma nella sostanza indicatrice della situazione delicata e deficita-ria in cui si ritrova il movimen-to calcistico italiano dopo anni di gestione sciagurata. sì, per-ché se la soluzione al problema dell’assenza di forze fresche ve-nisse trovata in questa scorcia-toia, la Nazionale rischierebbe di essere modellata sulla falsa-riga dei tanti Club che contano sul pret-a-jouer. Ahimé.

Proprio questo aspetto che a breve verificheremo quanto inci-sivo o meglio decisivo s’intrec-

Le future generazioni

cia coi temi di mercato cui si fa-ceva cenno. E’ evidente, infat-ti, che la strada intrapresa dalle singole squadre si rifletterà an-cora una volta sull’organizzazio-ne della Nazionale, lasciando al selezionatore poca scelta al di là di quella iniziale, che potreb-be rivelarsi drastica nel momen-to in cui decidesse di puntare sui giovani poco rodati che offre il nostro Campionato (restano esclusi i pochi ragazzi di talento impegnati all’estero) piuttosto che principalmente su campio-ni di provata esperienza nonché provenienza variegata. Ecco, una volta che Prandelli dimo-strerà di voler puntare su questi o quelli, come sempre dovrà poi fare i conti con quel c’è. E nel primo caso sarà costretto a dar fondo a tutta la propria abilità, imponendo innanzitutto ai Club l’impiego di più giovani in ruoli da protagonisti.

Ed è qui che casca l’asino, come si suol dire. Il pasticcio, l’ennesimo, è stato fatto dal-la Federazione, che in corsa ha provato a limitare l’acquisizione di nuovi stranieri dall’estero la-sciando comunque libere le con-trattazioni riguardanti i tantis-simi che giocano già in Italia. Questo nel tentativo repentino e un po’ ingenuo di obbligare an-che i Club più importanti a da-re spazio ai giovani calciatori italiani, senza però tener conto del fatto che a questi si potreb-bero ugualmente preferire gli stranieri che sono già qui, vista soprattutto l’ampia scelta. Cer-tamente infastiditi, a ragione, da un cambio di regole in cor-sa soprattutto a fronte di tan-

ti soldi che ci sono in ballo, mi è parso però che i Club abbiano comunque fatto capire attraver-so la lega (che li rappresenta) che sarebbero proprio i quattri-ni non più gestibili come piani-ficato a preoccuparli. la tutela dei settori giovanili, da cui più o meno sinceramente era parti-ta l’iniziativa della Federazione, ha invece avuto un ruolo decisa-mente marginale.

Comunque la si pensi, mi viene naturale osservare che al-la fine proprio ai giovani si do-vrà arrivare, però. l’annunciato fairplay finanziario voluto dalla UEFA fra un paio di anni inchio-derà tutte le società calcistiche europee alle proprie responsa-bilità, obbligandole non solo a investire parte dei propri soldi in un certo modo (con iniziative come la costruzione di impianti di proprietà ma anche iniezio-ni al merchandising e proprio ai vivai) ma anche a presenta-re bilanci che dipendano esclu-sivamente dall’attività svolta, dimenticandosi interventi im-provvisi e risolutori di capita-li esterni. Molti Club italiani, al pari di quelli europei, hanno allora già frenato decisamen-te rispetto anche solo all’anno scorso, e così benché il tipico agosto dei botti di mercato sia ancora lontano dal concludersi, non c’è praticamente nessuno che stia comprando senza aver prima venduto. E non sono po-chi i ragazzi pronti a essere fi-nalmente trattenuti dalle grandi invece che dirottati, come co-stume, in serie b o in squadre di serie A, ma che non sono in gra-do di fargli fare anche esperien-

ze europee, per esempio. Un po’ necessità urgente, visti i pochi quattrini che girano, e un po’ pianificazione, in vista dell’ap-puntamento apparentemente inevitabile col citato e impla-cabile (speriamo finalmente per tutti) fairplay finanziario.

Fatto sta che i giovani fini-ranno comunque per tornare a essere al centro dell’attenzione. Purtroppo solo perché non se ne potrà fare a meno, e ci sarà da ri-dere a osservare i grandi Club che si spiano per vedere chi farà que-sto passo per primo, col rischio magari di indebolirsi rispetto a chi rimanderà il cambiamento fino all’ultimo… E poi in Ita-lia non ci sono i corrispettivi di barcellona, Manchester United e Arsenal, che ogni anno lanciano tre o quattro campioncini nuovi da leccarsi le dita… In attesa di scoprire se dei limiti agli acqui-sti di stranieri da fuori Italia ci saranno davvero e riguarderanno anche le prossime stagioni, mi auguro poi che ai giovani di ca-sa nostra non vengano preferiti i diciotto-ventenni già pronti che vengono dal sud America senza che la loro crescita abbia pesa-to sulle casse dei Club nostrani. Ai Martinez e ai suarez, che so, preferirei i Rossi e i Caputo, in-somma. Non certo per sciovini-smo, ma perché oltre che a chiu-dere affari redditizi con l’estero vorrei che i dirigenti italiani riu-scissero a dare finalmente corpo a un sentimento diffuso nel Pa-ese, fatto anche di orgoglio. Al-trimenti smettiamola di dire che il calcio è lo sport della gente e chiariamo una volta per tutte che è dell’agente.

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se i Mondiali del sudafri-ca lascia un po’di nostal-gia negli amanti del cal-cio, gli organizzatori dei

prossimi Mondiali vivono già una nuova fase. Ancora a Johan-nesburg e prima dell’ultimo fi-schio dell’arbitro, i lavori per i Mondiali in brasile hanno avuto come apertura la presentazione del simbolo ufficiale per il 2014. Una delle misure più importan-ti sarà la regionalizzazione del brasile in quattro parti. l’idea, secondo il presidente della Con-federação brasileira de Futebol (CbF), Ricardo teixeira, mira a facilitare il trasporto dei tifosi e inaugura una nuova mappa spor-tiva brasiliana.

— Il nostro paese è di di-mensioni continentali e voglia-mo evitare che ci siano grandi spostamenti di tifosi e turisti durante i Mondiali. È in fase avanzate un piano del governo di mobilità urbana — spiega il dirigente della CbF.

segretario-generale della Fe-derazione Internazionale di Fo-otball (Fifa), Jérôme Valcke è il responsabile del progetto in cui le sedi delle partite sarebbero divise in: Regione 1 (belo Ho-

rizonte, Rio de Janeiro e salva-dor), Regione 2 (Curitiba, Porto Alegre e são

Paulo), Regione 3 (brasília, Cuiabá e Manaus) e Regione 4 (Fortaleza, Natal e Recife).

Questa strategia dipende an-cora da qualche dettaglio, ma dal 30 luglio 2011 tifosi di tutto il mondo potranno seguire i passi delle loro nazionali di calcio. Quel giorno il presidente della CbF, che è anche presidente del Comitê Or-ganizador da Copa 2014, spera di realizzare il sorteggio delle squa-dre per le eliminatorie. teixeira valuta che la data, anticipata di qualche mese in confronto al sorteggio per i Mondiali scorsi, facilita la realizzazione delle par-tite in continenti come l’Asia, che ospita molte nazionali.

In sudamerica le nazionali giocheranno in un unico gruppo, con partite di andata e ritorno. Il brasile, dato che è la sede, ha già il posto garantito e non parteci-perà a questa tappa. Fino quando non sarà definito dove avrà luo-go questa cerimonia, le 12 città sede usano risorse per lavori in stadi e nella parte di reception turistica. secondo teixeira la maggiore preoccupazione legata

ai Mondiali del brasile è la situa-zione di servizio degli aeroporti.

ApprofittandoMentre il governo federale si sfor-za per autorizzare gli stanziamen-ti e propone leggi per rendere più agili le approvazioni di lavori di infrastruttura per l’evento, Rio de Janeiro è già un passo in avanti della lotta per ospitare la nostra nazionale. Malgrado il Comitato Esecutivo dei Mondiali – incari-cato di questa decisione – non sia stato ancora formato, il pre-sidente vorrebbe che l’area scelta per il soggiorno di commissione e giocatori brasiliani fosse quella di barra da tijuca, zona ovest di Rio. Probabilmente si deve anche al fatto che per il quartiere c’è un progetto per la costruzione della nuova sede della CbF, che include anche un Museo del Calcio.

Per ciò che riguarda la sicu-rezza in brasile, di cui si parla sempre nei tg internazionali, teixeira conferma di non esse-re preoccupato, e ricorda che il brasile ha ricevuto molti elogi durante i giochi Panamericani di Rio de Janeiro nel 2007, quando i turisti non hanno avuto nessun tipo di problema.

— Il problema della sicurezza è mondiale. lo vedo nei viaggi che faccio. In Africa abbiamo inviato un gruppo di intelligenza solo per occuparsi di questo. Conteremo su tutta la struttura governativa e la Coppa delle Confederazioni nel 2013 servirà da test per questo sistema che, sicuramente, servirà per la Coppa America nel 2015 e per le Olimpiadi nel 2016 — sot-tolinea teixeira.

Alla fine dell’evento in suda-frica il saldo degli investimenti nei Mondiali è arrivato a 33 mi-liardi di rands (circa 7,5 miliar-di di reais). secondo il governo sudafricano il grande feedback causato dai Mondiali riguarda la creazione di 130 mila impieghi e una crescita dello 0,4% del PIl sudafricano. Circa 38 miliardi di rands (circa 8,8 miliardi di reais) sono stati investiti nell’econo-mia sudafricana.

— Capiremo tutti i benefici che i Mondiali ci hanno apporta-to nei prossimo mesi, ma è lam-pante che le persone già vengo-no in maggior numero per cono-scere il paese e spendono qui i loro soldi — ha detto il ministro delle Finanze del sudafrica, Pra-vin gordhan.

Brasile si divide in quattro regioni per i Mondiali di Calcio nel 2014

E il calcio va avanti...

siLvia souza

calcio

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Giordano Iapalucci

FiRENzE

Per Ville e per GiardiniPer chi volesse seguire un circuito al-

ternativo ai grandi musei fiorentini e ai classici percorsi turistici ha trovato l’oc-casione giusta. “Per Ville e per giardini” è un’percorso unico per visitare i “tesori” pre-senti nella periferia collinare nord-ovest di Firenze. Un luogo ricco di ville: Villa Corsini come quelle medicee di Castello o della Pe-traia. Nel percorso sono inseriti anche siti ar-cheologici di epoca etrusca e il museo delle ceramiche ginori a sesto Fiorentino. l’ingres-so è gratuito in tutte le Ville ed esiste un pullman navetta che parte da Piazza stazio-ne il sabato e la domenica. Info orari: www.villegiardinifirenze.it

GraphikosGraphikós, dal duplice significato

greco di scrittura e disegno, è una mostra dedicata a Fausto Melotti (1901-1986) che nasce dalla volontà di esporre le 132 opere tra litografie e incisioni di recente donazione. Fausto Melotti, ade-rente alla corrente dell’astrattismo già tra gli anni venti e trenta porterà sem-pre con sé anche una componente che riflette la sua educazione matematico-ingegneristica legata al linguaggio e al-le strutture musicali. Dopo un periodo di appannamento nell’evoluzione della sua arte, durante la 2° guerra mondia-le, riuscì negli ultimi tempi a far si che le sue opere si arricchissero di una po-sitiva componente cromatica. Ingresso gratuito in abbinamento con il biglietto della galleria degli Uffizi. Orario: 8.15 – 18.30. lunedì chiuso.

senza tempo…senza titolo…senza versoFino al 3 settembre la galleria del Palaz-

zo Coveri presenta le opere del maestro Raffaello Niccolai. si tratta di circa 30 tele contemporanee a tecnica mista e acrilico cre-ate a partire dall’anno 2000. Particolarmen-te preziose le sue opere lo sono anche per-ché le precedenti furono quasi tutte distrutte durante un incendio nel suo paese, bientina, nel 1995. I quadri del Niccolai colpiscono per la loro grande esplosione di colori che tra-smettono libertà e anticonformismo nella lo-ro costruzione di contenuti. Ognuna di que-ste è di proposito senza titolo, tempo e versi in modo che ognuno possa metterci libera-mente le proprie emozioni e crearsi il proprio percorso immaginario in maniera spontanea. Ingresso: libero.

Palio dell’AssuntaOgni 16 agosto, a siena, esattamente in

Piazza del Campo sotto la torre del Man-gia, si corre il cosiddetto “Palio dell’Assunta” in onore della Madonna Assunta. Conosciuto più comunemente come “Palio di siena” è una ri-evocazione storica di epoca medievale che si conclude con la corsa a cavallo tra 10 “contra-de” (quartieri) estratte a sorte tra le 17 attual-mente esistenti. si tratta di una festa che si corre ormai ininterrottamente dal 1644 ed è il momento clou per tutta la città di siena. Essen-do un evento molto sentito dai cittadini senesi è bene arrivare presto la mattina anche se la corsa vera e propria, dopo il corteo storico con gli sbandieratori inizierà solo verso le 19.00.

Firenze, come tutta la toscana, ha un legame molto forte con la cul-tura del vino. A tal riguardo la città

ha voluto rendergli omaggio, tra le nume-rose iniziative, con “Vinum nostrum. Arte, scienza e miti del vino nelle civiltà del Me-diterraneo antico”; un’esposizione cultu-rale che rimarrà aperta fino al 15 maggio 2011. l’idea nasce dalla voglia di riscoper-

ta dell’arte e della scienza, come dei miti e delle leggende legate alla bevanda di bac-co. All’interno della mostra saranno espo-sti tra l’altro anche due pezzi di grande va-lore: il vaso di vino più antico al mondo e la copia di una statua romana del II secolo a.C. a monito del consumo eccessivo di vi-no. Presso Villa bardini (Costa san giorgio) con orario 17.30-22.00. Ingresso 10 euro.

Vinum nostrum

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italian style

Calças Capri Diretamente inspirada na

moda dos anos 50 e 60 em Capri, a linha Capri touch da

clássica boutique caprese Mariorita traz novas versões,

em seda colorida, das clássicas calças modelo pescador,

hoje conhecidas no mundo inteiro como “capri”. Os modelos

são produzidos sob medida para as clientes. Mariorita Concept store - Via

Capodimonte, 14 Anacapri. Preços: Calça Capri em seda pura shantung a

partir de € 220 Caftano em seda pura shantung a partir de € 365

Cerâmicas O conjunto Capri, típico nos restaurantes à beira mar da ilha, inclui prato fundo e raso e apoio (€ 120). Já o Fish bianco blue é especial para aperitivos e saladas, e se transforma em 7 peças separadas (€ 380). the sea gull - Via Roma, 25 Capri.

Baia 50 motorboat No melhor estilo Capri, a lancha baia 50 é o modelo preferido dos frequentadores da ilha, que escolhem os locais mais exclusivos, acessíveis apenas de barco, para passarem os dias. O modelo b50 com acessórios padrões, relançado recentemente pela baia Yacht, tradicional fabricante de lanchas e iates sediada no golfo de Nápoles, é uma homenagem ao seu barco mais famoso em todo o mundo. Cantieri di baia Yacht - Via lucullo 45 baia. Preço: 890 mil euros.

“K” Modelo criado pelo artesão Amedeo Canfora, presente com suas sandálias de couro no centro de Capri desde 1946, em homenagem a uma das suas clientes mais assíduas e mais famosas, Jackie Kennedy Onassis. Ela era recebida no atelier em horários noturnos, quando escolhia à vontade seus modelos preferidos. Entre as outras clientes que ganharam um modelo próprio está a top model inglesa Naomi Campbell, cuja sandália “Naomi” (€175) é oferecida em três cores, White, turquoise e Pink. Canfora Capri sandals - Via Camerelle, 3 Capri. www.canforacapri.com. Preço: € 270

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

C apri costuma borbulhar durante o verão europeu. A ilha tem um estilo próprio,

que influencia de objetos de decoração a roupas e calçados, passando pelas indispen-sáveis lanchas italianas. A vocação de Capri como paraíso de ricos e famosos remonta aos tempos dos imperadores romanos. Não por acaso, Capri costuma lançar modas.

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Em 1889, apavorados com os acon-tecimentos políticos na Itália e as dificuldades de uma vida

sem perspectivas, meus bisavós Stefa-no Bartolo Granato, de 45 anos, e Elisa Antônia Fantato, 40 anos, ven-deram a pequena propriedade que ti-nham em Salvaterra, na província de Rovigo e partiram para o Brasil. Vie-ram com seus 10 filhos: José, Valentino Angelo, Gotardo, Umbelino, Umberto, Amadeu, Olivia, Waltino, Mercedes e Gílio - este de apenas dois anos de idade, e a irmã de mi-nha bisavó Paulina Fantato, com 68 anos. Embarcaram em Gênova, no navio Umber-to I. A viagem durou quase 2 meses. Em agosto, há 121 anos, chegaram no Rio de Janei-ro, onde foram orientados a seguir para Juiz de Fora (MG), uma região próspera e perto da capital.

Com algum “soldi in tas-ca”, compraram seis alqueires de terras plantadas de cafe-eiros, no distrito de Sarandi-ra. Diversificaram a plantação e, além da criação de animas domésticos, produziram cere-

il lettore racconta

ais, legumes e frutas, que vendiam na cidade. Trabalhando de sol a sol com os filhos de 12 a 20 anos de idade, prosperaram e puderam comprar a fazenda da Cachoei-ra, no distrito de São Pedro do Pequeri. Mais tarde, venderam a Cachoeira e compraram o sítio Carazal e a fazenda da Ser-ra onde construíram uma nova sede bem ao estilo da casa em que moravam em Rovigo, na Itália. Com o passar do tem-po, as filhas casaram e foram viver no estado de São Paulo. Os filhos mais velhos montaram seus próprios negócios. Amadeu, Valtimio, Umberto e Umbeli-no, continuaram na agricul-tura com plantações de café, frutas e legumes; José, casado, estabeleceu-se em Sossego, no município de Santana do Deserto, com casa de comér-cio criando oito filhos.

Valentino Angelo, Go-tardo e Gilio ficaram em São Pedro do Pequeri, na época, distrito de Mar de Espa-nha, onde foram donos de vá-rias fazendas e sítios. Gilio casou-se com Laura Garri-do, preferindo viver de um bom sítio onde criou os filhos,

Francisca Elisa, Gilio e Célio. Gotardo casou-se com a italiana Mônica Amábi-le Vedoato. Tiveram três filhos: Adélia, Rodolfo e José. Mas foi o casamento de meus avós Valentino Ângelo e Amélia Margherita Vedoato - cunhada de Gotardo - que mais trouxe rebentos ao mundo. O casal teve 23 filhos. Sendo assim, durante algumas décadas, a fa-mília Granato foi a maior, entre os municípios de Bicas, Pequeri, Mar de Espanha, Santana do Deserto e Juiz de Fora. Meu avô, Valentino Angelo,

era empreendedor e sempre pensou em promover o progresso de Peque-ri, investindo, além do comércio de importação e exportação, também em moderna fábrica de queijos finos, má-quinas de beneficiar café e cereais, armazém de secos e molhados, mine-ração de caulim e malacacheta. Com idade já avançada, ainda investiu na compra do hotel Avenida em Juiz de Fora, criando, assim, mercado de trabalho para dois filhos.

Dos tios que conheci, recor-do-me do Estevão que estudou Ci-ências Contábeis, foi o contabilista da família e sempre colaborou com os negócios dos irmãos. Mas ainda teve o tio Vitório (um dos mais fa-mosos fabricantes de queijos finos da região); Humberto, comerciante em Juiz de Fora; Primo Augusto e Sebastião (que antes de serem co-merciantes em Volta Redonda, fo-ram sócios no comércio em Pequeri e líderes nos esportes na cidade, sustentando o time de futebol lo-cal); Geraldo (herói da 2ª. Guerra Mundial); e Angelo Valentino (um coletor estadual e vereador na Câ-mara Municipal de Pequeri).

Das minhas tias, lembro-me de Helena, que foi professora; Olinda, vi-úva, que mudou-se para Volta Redonda onde o filho Wandir de Carvalho foi diretor Companhia Siderúrgica Na-cional e Secretário de Segurança do antigo Estado do Rio de Janeiro e diretor da Loteria Estadual; e da tia Virgínia, cujo filho José Valen-tino foi major aviador da FEB. Com tantos filhos e netos, uma reunião da família realizada em 1970, con-tou com a presença de mais de 500 descendentes.

O destino me deu a felicidade de ser filho de Dalva Granato, que

também foi uma lí-der comunitária em Pequeri e de Ascânio Gouvea Matta, um dos 17 filhos de Ba-tista Matta e Iaiá Gouveia Matta. Com tantos parentes, du-rante certo tempo, formamos um for-te time de fute-bol. Eis porque eu e meus irmãos Hen-rique e Eduardo temos orgulho da nossa majestosa as-cendência brasi-leira e italiana.

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seja pelos benefícios ofe-recidos à saúde ou até mesmo pelas particulari-dades gustativas, a verda-

de é que o azeite vem ganhando cada vez mais destaque no pala-dar dos brasileiros. Foi pensan-do nisso que será realizado em setembro, pela quarta vez, a Ex-poAzeite – Feira Internacional de Azeites, Azeitonas e produ-tos Delicatessen em são Paulo e no Rio de Janeiro. Neste ano, o evento traz uma novidade: o Con-curso de Azeite de Oliva Extravir-gem, visando destacar o que há de melhor para o consumidor.

segundo um dos organiza-dores do evento, Jaime Klapp, o principal objetivo da feira é apresentar as novidades mun-diais ao mercado nacional. Em são Paulo, a ExpoAzeite será re-alizada nos dias 13 e 14 de se-tembro, no Centro Fecomércio de Eventos, já no Rio de Janeiro se-rá no dia 16, na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. A Câmara ítalo-brasilei-ra de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro está organizando um Espaço Itália dentro do evento.

— Em nossa última edição, realizada no ano passado, recebe-mos cerca de 1300 pessoas. Cada vez mais as pessoas se interes-sam pelo azeite — afirma Klapp.

Pela primeira vez em qua-tro edições, haverá um concur-so aberto a todos os produtores da iguaria. O Prêmio ExpoAzeite será oferecido aos três primeiros colocados nas categorias suave, intenso e moderado. Farão parte do corpo de jurados membros da Associação Mille sensi brasil, que emite certificados de qualidade.

— A proposta é prestigiar as marcas de todo o mundo que pro-duzem azeites de altíssima quali-

dade, com dedicação e paixão. E destacá-las ao consumidor brasi-leiro – afirma a organizadora do evento, Patricia galasini.

Um outro concurso voltado exclusivamente a estudantes de gastronomia do Rio de Janeiro, premiará o vencedor com um Cur-so de Degustação de Azeites no senac. Já o segundo e terceiro lugares receberão um kit com li-vros sobre gastronomia. Os inte-ressados deverão enviar uma re-ceita que utilize azeite até 30 de agosto para o e-mail [email protected] .

A feira é considerada pelos especialistas como a maior do país nesse segmento, com de-gustações, mostra de produtos e palestras. É destinada a profis-sionais de gastronomia, gerentes de hotéis e restaurantes, reven-dedores, supermercados e espe-cialistas no assunto.

As palestras e os seminários informativos e técnicos que se-rão promovidos pelos profissio-nais do setor têm por objeti-vo esclarecer os pontos funda-mentais sobre o azeite, que vão desde as normas técnicas, mer-cado, gastronomia e análises

de resultados de pesquisas reali-zadas com algumas marcas e ca-racterísticas do produto.

Ainda para os interessados em se especializarem no assun-to, em são Paulo, o senai rece-berá o especialista Vitor Fratini,

ExpoAzeite lança sua quarta edição, em setembro, e traz como novidade o primeiro concuso para escolher o melhor produto dentre as marcas expositoras

Provar para conhecer

nayra GarofLe

azeite

direto da Itália, para ministrar o curso de formação de Degus-tadores Profissionais para Azei-te de Oliva. As inscrições estão abertas até o dia 3 de setembro, através do site www.expoazeite.wordpress.com. sobre o azeiteComo o fenômeno que ocorreu com o vinho há alguns anos, o azeite de oliva começa a desper-tar a atenção dos consumidores gourmet que têm interesse em saborear um bom produto. A de-gustação é a melhor forma de escolher um bom azeite. O ide-al é que o consumidor prove uma pequena porção do produto pu-ro logo depois da compra, assim aos poucos, vai percebendo qual é a sua preferência. Outro fator importante é o prazo de fabrica-ção do produto. Diferente do vi-nho, o ideal é que o azeite se-ja novo, já que sua qualidade é maior logo após o envase.

Ao comprar um azeite deve-se prestar atenção também em sua acidez. A União Europeia classi-fica azeites de oliva extravirgem aqueles que possuem uma acidez menor que 0,8%. Aqueles que se classificam como azeite de oliva virgem possuem entre 0,8% e 2% de acidez. Os azeites com acidez maior do que 2% denominam-se azeite de oliva virgem lampan-te. Destinam-se exclusivamente a uso industrial na mistura com outros azeites de oliva.

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hesitou em arregaçar as mangas, preparar o terreno e plantar, com suas mãos, cerca de 18 mil pés de oliveiras que hoje cobrem su-as propriedades, distribuídas em 84 hectares de vales e colinas do antigo território de túscia - pro-víncia de Viterbo - localizada na parte noroeste da região lácio, fazendo divisa com as regiões da toscana e Úmbria.

O terreno vulcânico e o clima daquela área conferem às tipolo-gias de olivas produzidas o justo grau de acidez, aroma e cor que dão ao seu azeite um equilíbrio muito agradável, mesmo para os

paladares mais exigentes. As oli-veiras plantadas pertencem, na maioria, à variedade Caninese (70%) quase todas localizadas em zonas de colina. Em seguida, as árvores da tipologia Frantoio tos-cano (20%) com o restante dis-tribuído entre as variedades lec-cino, Pendolino e Maurino, cres-cem, sobretudo, nos vales. Cada 100 quilos (um quintal) de olivas colhidas equivalem a 12 quilos de azeite produzido. A produção de azeite atualmente é de 35 tonela-das, mas deve crescer em virtude da entrada em produção de olivas de recente plantação.

Quase todos os dias, Mata-razzo caminha ou passa com seu jipe pelas vielas entre as planta-ções e controla o estado das oli-veiras, assim com a evolução e o crescimento das azeitonas. Cal-cula-se que são necessárias de 1.300 a duas mil azeitonas pa-ra se produzir 250 mililitros (um copo) de azeite. Ele conhece ca-da oliveira como a palma de sua mão. Iniciou o plantio na pro-priedade de seu pai. Ao mesmo tempo, foi aprendendo a identi-ficar o ritmo e os ciclos da natu-reza, associando o trabalho arte-sanal de tratamento da terra às modernas tecnologias de produ-ção do seu azeite. Em seguida, ampliou a propriedade compran-do outras áreas de terreno fértil. Hoje, após 25 anos de atividades,

Azeite orgânico produzido pela tradicional família Matarazzo, na Itália, chega ao mercado brasileiro

sabor nobreQuando começou a revol-

ver a terra e a plantar oli-veiras, Adriano Mataraz-zo di licosa sonhava em

produzir um azeite extravirgem de alta qualidade, mas não ima-ginava que seu produto se clas-sificasse entre os 50 melhores do mundo e entrasse no mercado brasileiro em tão pouco tempo. Adriano, de 61 anos, é um dos descendentes da família italiana que se colocou entre as pionei-ras da industrialização no brasil, no início do século 20. A agricul-tura orgânica é a sua verdadei-ra paixão, tão forte que ele não

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a sua empresa agrícola “l’Oliveto Matarazzo” começa a dar os pri-meiros resultados satisfatórios.

— A produção orgânica ex-clui todo e qualquer tipo de tra-tamento da terra e das plantas com produtos químicos. Isso sig-nifica que se usam adubos e fer-tilizantes naturais, assim como outros produtos para proteger as plantas contra epidemias ou patologias agressivas. significa também que, se o terreno se tor-na estéril, é necessário revolver a terra e deixá-la repousar durante pelo menos quatro ou cinco anos, para que recupere um potencial energético capaz de suportar a cultivação e o crescimento de novos vegetais, além da produ-ção de seus frutos. As oliveiras são plantas seculares, portanto, requerem uma substituição so-mente se morrem em consequên-cia de patologias ou por efeito das intempéries. temos uma zo-na onde as árvores plantadas têm quase 150 anos e produzem azei-tonas que dão o melhor azeite de toda a nossa produção — afirma Matarazzo à Comunità, enquan-to caminhava com a repórter pe-la propriedade.

Outro elemento importante ligado à qualidade do azeite é usar somente as olivas colhidas diretamente das árvores com sis-temas de extração mecânica, sem misturá-las com os frutos caídos naturalmente no chão. Uma vez realizada essa etapa, Matarazzo leva imediatamente as azeito-nas à prensagem em um moder-níssimo equipamento de aço sob temperatura e pressão controla-das para evitar problemas de oxi-dação ou de alteração na acidez. Já na fase de engarrafamento, os recipientes passam por um pro-cesso de aspiração que elimina partículas de pó ou corpos es-tranhos que possam prejudicar a qualidade e a conservação do azeite. são usadas garrafas de vi-dro verde escuro para proteger o óleo da luz direta e melhor man-ter os componentes que caracte-rizam o produto.

No caso do azeite de oliva, pode-se obter um produto com uma só tipologia de azeitona ou combinando diversos varietais. O azeite extravirgem Matarazzo é produzido em uma zona Dop, ou seja, que recebe também a Deno-minação de Origem Protegida, al-tamente apreciada pelos consu-

midores. O empresário já se mos-tra entusiasmado com a próxima colheita de olivas, que se realiza no período entre o final de ou-tubro e o começo de novembro:

— Vejo que vai ser de ótima qualidade, embora a quantidade de olivas a serem colhidas seja menor que no ano passado. Isso porque podamos algumas árvores e outras sofreram com os efei-tos do clima. tenho certeza que meu azeite vai atingir um nível superior ao da última produção. O azeite vai manter sua cor verde luminosa com reflexos dourados, com um perfume vigoroso e ele-gante ao mesmo tempo.

Matarazzo diz que todos os aromas dos vegetais típicos da região se encontram concentra-dos e combinados no seu azeite. Os especialistas do Movimento Slow Food classificam essa sinfo-nia de fragrâncias pertencentes às azeitonas do tipo Caninese, recordando os aromas silvestres do louro e da alcachofra, com nu-ances típicas das frutas cítricas. Ao prová-lo, enfatizam o equilí-brio e a personalidade levemente picante do azeite, com suave sa-bor amargo final que caracteriza as olivas da região.

ouro VerdeO trabalho na olivicultura orgâni-ca é particularmente árduo, pois requer grandes investimentos no plano econômico, muita atenção do cultivador, sobretudo com a justa dosagem de adubos naturais, espalhados no terreno durante os meses de janeiro e fevereiro - em pleno inverno europeu - a poda no momento e modo certos, o cresci-mento de árvores saudáveis, além do respeito pelos períodos de re-pouso das plantas frutíferas e do terreno em fase de regeneração.

— É uma atividade com pa-râmetros diametralmente opostos

aos da agricultura intensiva, de larga escala e orientada a esgotar rapidamente o potencial do terre-no cultivado. Mas o resultado po-de ser altamente compensador — explica o nobre cultivador.

No caso do azeite extravir-gem de Matarazzo, a produção dos últimos quatro anos rece-beu várias premiações e menções honrosas nos melhores concursos italianos e internacionais, além de citações altamente elogio-sas nos principais guias do setor oleico nacional e estrangeiro. Es-te ano, o produto foi agraciado com o símbolo das três Olivas, classificação dada para a exce-lente qualidade reconhecida pe-los especialistas do movimento mundial Slow Food.

Matarazzo tem o modo gen-til e elegante dos nobres de alta linhagem, unido à simplicidade prática de quem lida diariamente com seus colaboradores e a agri-cultura sem temores nem reve-rências. Diz que herdou sua pai-xão pela terra do avô giuseppe (filho do conde Francesco Mata-razzo, fundador do grupo indus-trial no brasil no século passado) quando, criança, o acompanhava a verificar o estado das planta-ções na fazenda de propriedade da família em Nápoles, cidade onde nasceu. Adriano aprendeu na prática cotidiana tudo sobre o cultivo das plantas e os cuidados com a terra. Fala muito rapida-mente da experiência empresa-rial que a família desenvolveu ao trazer à Itália a distribuição ex-clusiva da Coca-Cola e ao inven-tar a famosa bebida Fanta usan-do frutas cítricas como matéria-prima. Em seguida, a licença pa-ra engarrafamento e distribuição da bebida americana foi vendida, assim como a produção da Fanta.

Matarazzo arregaçou as mangas, preparou o terreno e plantou cerca de 18 mil pés de oliveiras

O produtor confere de perto, quase todos os dias, a evolução e o crescimento das azeitonas

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Enquanto fala de sua família, Matarazzo admira suas oliveiras com carinho: observa a situação dos troncos e dos ramos, pega algumas das azeitonas em cres-cimento e examina suas dimen-sões. Fala de seu mundo agrícola com humildade, porque sabe que a natureza também tem segredos dificilmente decifráveis. seus dois irmãos, giuseppe e Anna, mantêm atividades diversas da agricultura. Dos quatro filhos – tiziana, livia, Ermellino e Nicolò – este último começa a manifes-tar sua curiosidade pela ativida-de oleica. O brasão de família – também usado para identificar o azeite – pertenceu a uma baro-nesa do século 18, sendo mais tarde designado a Francesco Ma-tarazzo pelo rei Vittorio Emanue-le II com o grau de conde.

O azeite extravirgem Mataraz-zo foi provado por especialistas de alto nível como Marco Oreggia, di-retor do guia Flos Olei, que regis-tra e publica anualmente as eti-

quetas da melhor produção oleica mundial. Oreggia e seus colabo-radores atribuem ótima avaliação ao produto e especulam que, no futuro, o azeite de Adriano tem todas as premissas para receber novas premiações e ganhar novas fatias de mercado na Itália e no exterior. Hoje, boa parte da produ-ção é exportada para a Alemanha, Espanha, França, suíça, Holan-da, suécia, Dinamarca, Noruega, Japão e taiwan. O brasil é o pri-meiro país latino-americano a im-portar o produto, que chegou ao mercado em julho, em princípio, a ser comercializado pela rede Em-pório santa luzia, de são Paulo. Para cá, Matarazzo exportou 150 embalagens contendo garrafas de um litro, 750 ml e 500 ml, totali-zando 1800 litros de azeite.

Matarazzo calcula que, em poucos anos, a sua produção de azeite vai chegar a 70 – 80 tone-ladas anuais, pois vai dispor de cerca de 9 mil quintais de azeito-nas. seu amor é todo concentra-do na produção de azeite, mas já tem planos para investir no agri-turismo e cultivar alcachofras e aspargos típicos da região, desti-nados à exportação. Ele não tem medo da crise econômica:

— Em tempos de crise, o im-portante é cultivar novas ideias. Quando caminho entre as olivei-ras, sinto-me em paz, distante

dos conflitos do mundo material. A cor das folhas, a forma quase escultural das árvores e a calma que reina nos olivais me relaxam muito. Quanto à produção, an-tigamente não se podia falar de azeite artesanal, pois não exis-tiam tecnologias adequadas de colheita e processamento do lí-quido. Além disso, era muito co-mum eliminar oliveiras para dar espaço a outras culturas. Nos úl-timos 20 anos, porém, a cultura e o consumo do azeite foram valo-

rizados. Resta, agora, os consu-midores aprenderem a distinguir e apreciar melhor o conceito de qualidade para os azeites artesa-nais como o meu, sem confundi-los com o óleo de produção in-dustrial. Para se conhecer melhor o conceito de qualidade é preciso saber também um pouco de sua história. Fico muito curioso tam-bém em conhecer o melhor possí-vel a maneira como nossos ante-passados produziam e conservam o azeite de oliva.

atualidade

Azeite de oliva na itáliaSegundo produtor mundial

de azeite de oliva, a Itá-lia conta com uma produção média anual entre 600 e 700 milhões de toneladas. Cerca de 1 milhão de hectares do território italiano tem plan-tações de oliveiras. Apesar de ser produzido em 19 de suas 20 regiões (exceção feita pa-ra Vale D’Aosta), existem ca-racterísticas que marcam uma distinção entre quantidade e qualidade do produto. As re-giões da Apúlia, Calábria e si-cília produzem o equivalente a 90% do total, seguidas da Campânia e do lácio. Cerca de 75% da produção nacional são vendidos no mercado do atacado para serem engarra-fados e embalados por tercei-ros. A quantidade produzida de azeite extravirgem corres-ponde a dois terços do total, com 38 denominações Dop re-conhecidas pela União Euro-peia. As regiões toscana, li-gúria, Úmbria e Abruzzo têm suas produções consideradas de qualidade altamente apre-ciada no mercado italiano e estrangeiro.

A presença de oliveiras na região do lácio é muito anti-ga, com clima e terreno favorá-veis para seu desenvolvimento. Plantadas pelos povos etruscos em toda a parte central da Itá-lia – especialmente na região túscia, correspondente à atu-al província de Viterbo - mui-tas árvores ainda se encontram em plena produção, apesar de terem 2 mil anos de idade. Em seguida, os romanos aperfeiço-aram as técnicas de produção e transformação das olivas, di-fundindo a olivicultura em lar-ga escala em todos os territó-rios conquistados no período do Império, com o objetivo de manter sempre abastecido o território do governo central. segundo pesquisa realizada pe-lo especialista Marco Oreggia, estima-se que, no período de Roma imperial, se consumiam anualmente cerca de 321 mil ânforas de óleo, equivalentes a cerca de 22.500 toneladas do produto. Durante a Idade Mé-dia, as técnicas de produção foram conservadas, sobretudo, pelos prelados de clausura dos centros religiosos.

Após 25 anos de trabalho árduo, a empresa começa a apresentar resultados satisfatórios

O diretor do guia Flos Olei, Marco Oreggia

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Sapori d’Italiarobson bertoLino

Serviço: faMiglia granDi oSteria - rUa CUnha gago, 864, PinheiroS, SP. telefone (11) 3814-1106

são Paulo - O restaurante Famiglia grandi Osteria é um típi-co restaurante italiano em uma “cidade italiana” chamada são Paulo. O que o diferencia das inúmeras cantinas e trattorias da cidade são a cozinha quase artesanal e a tradição familiar que

sobressai no estabelecimento.O restauranteur tullio grandi comanda a casa junto com a esposa,

Cristiany, a filha Danyela e o genro e chef Felipe Cilli. Aberto em mar-ço deste ano no bairro de Pinheiros, a Famiglia grandi Osteria já trilha um caminho promissor em um mercado que requer muita criatividade.

Para contar a história da Famiglia (nos dois sentidos) é preciso vol-tar um pouco ao passado. grandi comandou por duas décadas a badala-da Cantina do Piero - Il Vero, nos Jardins. Este foi um dos muitos restau-rantes criados por seu pai, o empresário Piero grandi, de 76 anos, e ain-da um grande e requisitado conhecedor da culinária italiana no brasil. tullio permaneceu na casa até o ano passado, quando decidiu traçar um novo caminho. Foi neste momento que surgiu a Famiglia grandi Osteria.

— Eu e minha esposa estávamos na Itália em uma viagem de ne-gócios. tivemos a ideia de voltar a são Paulo e montar um restaurante pequeno com um conceito diferenciado — conta o empresário.

Na fachada, com tijolos à vista, camisas penduradas em um pe-queno varal rústico comprovam a proposta do local. lá dentro, o clima é de um típico jantar na casa da nonna. Um balcão com antipastos e embutidos fica à vista do cliente, além de uma adega climatizada com cerca de 700 garrafas. No piso superior, uma fonte de água, réplica de uma encontrada na cidade de lucca faz uma homenagem à toscana, região de origem dos proprietários. O local também tem uma horta, de onde saem as ervas para o tempero dos pratos. No salão, uma jukebox só com músicas italianas é a atração.

Apesar de servir itens mais requintados do que uma cantina, a Fa-miglia grandi resgata a essência dos pratos italianos e receitas origi-nais. Além das massas, o cardápio inclui antepastos, saladas, sopas, risottos, carnes, peixes e doces. Em meio a tudo isso, tullio continua cultivando uma relação intimista e familiar com os clientes, recebendo todos de forma calorosa e simpática.

Entre os destaques que saem da cozinha, que fica aparente, es-tá o papardele al ragu de agnello (massa caseira acompanhada de cordeiro desfiado com molho de tomates) que leva até 8 horas de preparo. Outro prato que conso-me horas no fogo é o coniglio alla cacciatora (carne de coelho feita no vinho tinto e que chega so-bre uma suculenta polenta mole), uma especialidade que, segundo

Como na casa da nonna

Famiglia Grandi Osteria dá novos sabores à culinária italiana em São Paulo

Saltimbocca alla romana

Ingredientes para a carne: 4 escalopes de carne de vitelo; 4 fo-lhas de sálvia; 4 fatias de presunto cru italiano; 250 ml de vinho branco; sal e pimenta do reino a gosto; 2 colheres de sopa de azeite extra virgem; 4 palitos de dente.

Ingredientes para a guarnição: 3 batatas; 50 ml de creme de leite; 1 colher de sopa de manteiga; 1 gema de ovo; sal a gosto

Modo de fazer: Cozinhar as batatas sem casa e amassar bem para não deixar pedaços. levar ao foto e acrescentar a gema, o creme de leite, a manteiga e o sal. Mexer bem para que fique macio e reservar. temperar os escalopes com sal e pimenta do reino. Colocar em cada um uma fatia de presunto cru e uma folha de sálvia, prendendo com palito. Aquecer o azeite em uma frigideira e colocar os escalopes com a sálvia virada para cima. Quando a carne estiver dourada em-baixo, acrescentar o vinho em toda a frigideira e deixar reduzir um pouco o líquido. Retirar os palitos e servir com o purê de batatas.

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Danyela, “requer muita atenção no preparo”. também está entre os mais pedidos da casa o agnellotti recheado de queijo de cabra e bresaola ao molho de tomate com manjericão fresco. No menu ainda consta a fa-mosa saltimbocca alla romana. A Famiglia conta também com algumas opções para os vegetarianos, como a lasanha recheada de berinjela.

Expert na pâtisserie, Danyela indica o tiramisù, o pudim de leite e a mousse de chocolate como algumas das opções de sobremesa. Uma das curiosidades é a receita da mousse, que leva azeite extra virgem na composição.

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Claudia Monteiro de Castro

lA gENTE, il pOSTO

sora maria,o quiosque di grattachecca

Bebida símbolo do ve-rão romano, a gratta-checca, uma espécie

de raspadinha, popular desde os anos 30, pode ser encon-trada em diversos quiosques em Roma. Um dos melhores que a vendem é o quiosque da sora Maria, no bairro de Pra-ti, pertinho da igreja de san giuseppe, na esquina da via trionfale com a via telesio. A fila, que é uma espécie de

garantia de qualidade, é bem longa no pico do verão. Hoje não podemos mais encontrar a sora Maria, que serviu tantas pessoas no passado, porém, o quiosque continua em famí-lia, com sua filha. são vários os sabores disponíveis, mas os “carros-chefe” do quiosque são a grattachecca di amarena (tipo de cereja) com pedaços de côco e de limão. Ótimo pa-ra matar a sede.

Programa de romanoO calor está de lascar. O asfalto da calçada derrete quando vo-

cê pisa nele. Os mosquitos começam a atacar. bem-vindo ao verão romano.

brincadeiras à parte, mesmo sob um sol de 40 graus, o verão, em quase qualquer lugar do mundo, é minha estação preferida. E, em Roma, é uma época gostosa, onde é possível se divertir com pouco. Para isso, basta seguir o exemplo dos romanos. A cidade fica cheia de quiosques com filas homéricas - outro símbolo de que o verão final-mente chegou.

Fila pra quê? Ora, para duas delícias frescas do verão: a gratta-checca e o cocomero. O primeiro é uma versão da nossa raspadinha, ou seja, gelo picadinho com sabor. Vem num copo de plástico e se pode pedir nos mais diversos sabores: menta, amarena, tamarindo, framboesa. Cocomero, em dialeto romano, é a melancia vendida nos quiosques, em fa-tias. Os romanos fazem fila para a raspadinha e para a melan-cia e é um programa que vale a tarde, para mostrar que dinheiro não traz felici-dade. Como a fila é lon-ga e no verão as pesso-as estão num clima me-nos estressado, é uma ótima oportunidade de socializar, bater um pa-po, fazer uma amizade vapt-vupt e conhecer um pouco os romanos. Cla-ro que para quem ama o velho amigo sorvetinho, também não faltam filas nas sorveterias da cida-de, mas a tal raspadinha

e a melancia são programas de romano de verdade e matam a sede bem mais que o sorvete.

No verão, também tem o que os romanos chamam de “arenas”. Muitos bairros da cidade organizam cinema ao ar livre, um deles bem no meio da ilha do rio tibre. De noite, fica agradável assistir a um filme com o ventinho do verão, chamado ponentino, que sopra para refrescar o calorão diurno.

Cinema ao ar livre evoca a minha infância. lembro das inúmeras vezes que meu pai me levou com minhas irmãs na sessão Coca Cola, na lagoa, no Rio de Janeiro, para curtir um filminho. Porém, diferente de Roma, de dentro do carro, com direito a um refrigerante geladinho. Além do cineminha, nos parques de Roma, são organizados shows, com artistas do mundo inteiro.

Mas muitos romanos trabalham no verão, (pelo menos em julho, já que em agosto Roma é deserta) e

aproveitam o final de semana para um outro programa: ir à praia ou ao lago. É uma ver-dadeira peregrinação, aos sá-bados e domingos, para ir às praias mais próximas, Ostia e Fregene, ou aos lagos, como o de Martignano, mesmo se o lago é motivo de controvérsia entre os romanos. tem quem adore, pelo seu ar bucólico e por não ficar lotado como as praias. Outros afirmam

categoricamente que lago é coisa de pessoa melancólica.

Controvérsias à parte, em Roma, podem reclamar do tór-rido verão, mas não da falta do que fazer.

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