revista comunità italiana edição 158

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Bem servir Rio de Janeiro, setembro de 2011 Ano XVIII – Nº 158 Binho Marques fala sobre o novo Código Florestal www.comunitaitaliana.com Profissionalização de serviços em bares e restaurantes ganha importância no país Presidente Dilma sanciona lei que regulamenta a profissão do sommelier ECONOMIA Com a crise, ICE fecha as portas TURISMO Programa especial visa turistas dos países do BRIC HISTÓRIA Lista dos imigrantes que chegaram nos vapores do século XIX está na rede ISSN 1676-3220 R$ 11,90 R 7,00

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Edição Completa Número 158 para leitura online. Revista Comunità Italiana, a maior mídia da comunidade ítalo-brasileira.

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Bem servir

Rio de Janeiro, setembro de 2011 Ano XVIII – Nº 158

Binho Marques fala sobre o novo Código Florestal

www.comunitaitaliana.com

Profissionalização de serviços em bares e restaurantes ganha importância no país

Presidente Dilma sanciona lei que regulamenta a profissão do sommelier

Economiacom a crise, icE fecha as portas

TurismoPrograma especial visa turistas dos países do Bric

HisTóriaLista dos imigrantes que chegaram nos vapores do século XiX está na rede

ISSN

167

6-32

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Job: 271861 -- Empresa: Burti -- Arquivo: 271861-22051-81360_22358-048-Fiat-Features 500 Prata-45x32_pag001.pdfRegistro: 43446 -- Data: 19:10:38 26/08/2011

Job: 271861 -- Empresa: Burti -- Arquivo: 271861-22051-81360_22358-048-Fiat-Features 500 Prata-45x32_pag001.pdfRegistro: 43446 -- Data: 19:10:38 26/08/2011

32 | Qualidade à mesa Profissionalização dos serviços em bares e restaurantes é um desafio para um país que ainda enfrenta problemas como a falta de qualificação e de escolaridade básica

26 | Lista de vapores online Já é possível buscar na internet pistas dos imigrantes que desembarcaram no Brasil no século XIX

30 | A volta Alpinista italiana Nives Meroi anuncia seu retorno aos picos das montanhas no melhor estilo alpino

12 | Revolução acreana O ex-governador do Acre, Binho Marques, fala sobre Código Florestal, Chico Mendes e os projetos ambientais para a Amazônia

46 | Futurismo Exposição no Maxxi de Roma mostra os destaques da arquitetura chinesa contemporânea, como a floresta urbana vertical inserida em uma torre de 70 andares

50 | Nova Geometria A arte dos fractais atrai cada vez mais adeptos em torno de um conceito que ultrapassa os padrões da matemática euclidiana

16 | Aviso aos navegantes Às vésperas do Salão Náutico de Gênova, empresas italianas do setor apostam no mercado externo para retomar crescimento

Inspirado no vulcão da Sicília que registrou intensas erupções nos últimos meses, o pintor Antonio Peticov compôs a obra L’Etna. A pintura será exposta durante os eventos da programação Italia comes to you

17 | ICE Decisão de fechar o Instituto italiano para o Comércio Exterior surpreende e preocupa a Itália

14 | Limite Turistas italianos e hoteleiros reclamam do decreto do MRE que limita o prazo do visto para 90 dias improrrogáveis

Setembro de 2011 Ano XVII I Nº158

15

CAPA Nossos colunistas07 | Cose NostreO presidente da FIAT no Brasil Cledorvino Belini é tema do livro A Virada Estratégica da Fiat no Brasil, lançado em São Paulo

10 | Fabio Porta Risorgerà dalle ceneri di una crisi economica devastante il carattere tradizionalmente ottimista e cordiale degli italiani?

11 | Ezio MaranesiTravestiti: la vita moderna ci obbliga ad apparire diversi da come siamo

24 | Guilherme Aquino Corte nos fundos para a cultura cancela mostras no país

42 | Didimo EffgenA pauta do encontro entre a presidente Dilma e o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande

43 | Giordano Iapalucci La gipsoteca di Lorenzo Bartolini a Firenze fino al 6 novembre

53 | Andrea Ciprandi RattoLa giustizia sportiva continua il suo incerto corso, con una serie di Club che pagano l’attività da scommettitori di alcuni loro tesserati

56 | Claudia Monteiro De Castro Bombardeado na Segunda Guerra, o Monastério de Santa Clara, reformado, faz parte dos tesouros de Nápoles

Exposição

Arte

Turismo

Moda

História

Esporte

Meio ambiente Negócios

Economia

31 | Italian Style Os destaques e lançamentos das grifes italianas para o outono-inverno europeu, como as bolsas em ecopele da Prada

setembro 2011 | comunitàitaliana4

www.telespazio.net.br

225x320+3 20-04-2011 9:12 Pagina 1 C M Y CM MY CY CMY K

Diretor-PresiDente / eDitor:Pietro Domenico Petraglia

(rJ23820JP)

Diretor: Julio Cezar Vanni

PubliCação Mensal e ProDução:editora Comunità ltda.

tirageM: 40.000 exemplares

esta eDição foi ConCluíDa eM:08/09/2011 às 18:00h

Distribuição: brasil e itália

reDação e aDMinistração:rua Marquês de Caxias, 31, niterói, Centro, rJ

CeP: 24030-050tel/fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555

e-Mail: [email protected]

reDação: guilherme aquino; leandro Demori; Cíntia salomão Castro; nathielle Hó

Vanessa Corrêa da silva; stefania Pelusi

reVisão / traDução: Cristiana Cocco

ProJeto gráfiCo e DiagraMação:alberto Carvalho

[email protected]

CaPa: Daniel babinski

ColaboraDores:Pietro Polizzo; Venceslao soligo; Marco lucchesi; Domenico De Masi; fernanda Maranesi; beatriz rassele; giordano iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; ezio Maranesi; fabio Porta; Paride

Vallarelli; aline buaes; franco gaggiato; Walter fanganiello Maierovitch; gianfranco Coppola

CorresPonDentes: guilherme aquino (Milão); leandro Demori (roma);

Janaína Cesar (treviso); lisomar silva (roma); Quintino Di Vona (salerno); robson bertolino

(são Paulo); stefania Pelusi (brasília); Vanessa Corrêa da silva (são Paulo);

gianfranco Coppola (nápoles)

PubliCiDaDe: osvaldo requião

rio de Janeiro - tel/fax: (21) 2722-2555Cel: (21) 9483-2399

[email protected]

rePresentantes: espírito santo - Dídimo effgen

tel: (27) 3229-1986; 3062-1953; 8846-4493

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brasília - ZMC representações Zélia Corrêa

tel: (61) 9986-2467 / (61) 3349-5061e-mail:[email protected]

Minas gerais - gC Comunicação & Marketing geraldo Cocolo Jr.

tel: (31) 3317-7704 / (31) 9978-7636 [email protected]

Comunitàitaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos

e estrangeiros. os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo

assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.

la rivista Comunitàitaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. i collaboratori esprimono, nella massima

libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione.

issn 1676-3220

No último dia 7 de setembro, enquanto por aqui tínhamos os desfiles pela Independência, com um orgulho nacional bem elevado pelo crescimento brasileiro dos últimos tempos, o Senado italiano aprovava um pacote de austeridade de € 45 bilhões, com o objetivo de convencer os investidores de

que a terceira maior economia da zona do euro não será arrastada para a crise da dívida.O governo recebeu voto de confiança também na Câmara dos Deputados no dia

seguinte, em regime de urgência, e aumentou o volume do aperto após a queda dos mercados motivada por preocupações com a estabilidade financeira do país.

Com o pacote, o país deve atingir o equilíbrio do orçamento até 2014. O plano inclui redução de isenção de impostos, cortes em aposen-tadorias, um tributo sobre aplicações financeiras, repasse de despesas médicas para os cidadãos e um compromisso de privatizar algumas estatais (correios e ferrovias, entre outras). Mas a maior parte dessas ações ficará para 2013 e 2014. Também há 16 medidas visando estimular o cresci-mento da economia, como isenções tributárias para pesqui-sa e novos contratos trabalhistas baseados em ganhos de produtividade.

E a Europa confia no destino da economia italiana para dar fim à crise financeira do bloco. Uma crise que tem a in-tervenção direta de especuladores. Uma verdadeira guerra entre os Senhores das bolsas e os estados, que são afeta-dos diretamente vendo-se obrigados a implementar planos emergenciais contra suas próprias populações. Os constan-tes alertas das empresas de classificação de risco Moody’s e

Standard & Poor’s rebaixando as notas dos países mostram que quanto mais a espe-culação atua apostando em catástrofe, mais as economias são afetadas negativamen-te. Assim, os estados ficam a mercê deste sistema, como a própria Itália que precisou corrigir os valores do pacote em mais de 10% em menos de uma semana devido à piora das contas.

Este fenômeno não é novo e caracterizou outras crises do capitalismo ocidental. Com a globalização, o cassino mundial está aberto 24 horas e as apostas de praças fe-chadas pelo fuso são influenciadas pelas abertas. Tudo com tecnologia que permite mo-vimentações rapidíssimas de compra e venda. E é importante lembrar que este mesmo mercado que arruína países, também leva liquidez, investimentos, serviços financeiros. Portanto é preciso regulá-lo, mas é fundamental que os governos tenham líderes capa-zes de tomar decisões justas. Depois é esperar para que tudo volte ao normal, pois neste campo, ganha-se quando desce e quando sobe.

A Itália tem uma capacidade grande de adaptação e enfrentamento de momen-tos econômicos ruins. É um país com uma grande capacidade de economia e com es-trutura para adaptar-se.

A adversidade é fundamental para o ajuste das políticas e para o surgimento de iniciativas locais e regionais. É importante que o país se organize e volte a estimular a difusão de tecnologias e a formação de recursos humanos. A conquista de mercados internacionais nos anos 90, principalmente por grupos de empresas da Terceira Itá-lia, teve como substrato de competitividade a diferenciação do produto, possibilitada pelas formas organizacionais adotadas, pelo gerenciamento das novas tecnologias e pela excelência do design.

É hora de tomar as decisões acertadas e investir no que a Itália tem de melhor.

Boa leitura!

Reinventar-se

Editorial ExpEdiEntE

Fundada em março de 1994

Pietro Petraglia Editor

setembro 2011 | comunitàitaliana6

O empresário ítalo-brasileiro Cledorvino Belini (ao centro) este-ve presente no evento de lançamento da trilogia escrita pela

professora da PUC de Minas, Betania Tanure, na noite de 29 de agosto, no Hotel Hyatt, em São Paulo. Cada livro é dedicado à trajetória de um executivo. A obra A Virada Estratégica da Fiat no Brasil traz uma análise da estratégia empreendida por Belini, pre-sidente da empresa que sofreu uma reestruturação no momento em que atravessava uma fase de guerra de preços. A trajetó-ria da Natura através do fundador Luiz Seabra (à esquerda) é o foco de Realização de um Sonho, enquanto Os dois lados da moeda em fusões e aquisições aborda o case de bancos sob a gestão de Fábio Barbosa (à direita), ex-Santander e atualmente presidente da Abril S.A.

Hóspede, não turistaO comune de Barga, na província de Lucca, acaba de abolir

do seu vocabulário as palavras turista e turismo. Para os barghigiani, são referências frias que não condizem com o espírito acolhedor da população. Eles alegam que nas lín-guas anglo-saxônicas, a palavra tourism é associada à pala-vra consumerism que significa consumismo. É de interesse da população de Barga que os “turistas” não sejam conside-rados apenas pelo fato de deixarem uma boa receita para o município. Tendo em conta que o termo é depreciativo, a população da cidade acatou a decisão das autoridades, prefe-rindo considerar os visitantes como hóspedes ilustres. Pre-tendem as autoridades locais que a ideia seja aplicada em todos os municípios do Médio Vale do Rio Cerchio.

Geronimo Stilton na BienalO Brasil é o país homenageado na 15ª Bienal do Livro do

Rio de Janeiro. O evento exalta a cultura do país e des-taca a importância da literatura brasileira, suas vertentes e influências na sociedade, no Riocentro, no início de se-tembro. O evento reuniu 950 expositores e 150 autores nacionais e estrangeiros. A Itália também levou seu repre-sentante. A Editora Planeta lançou a série infanto-juvenil do ratinho italiano Geronimo Stilton. O conjunto de livros tem como autora a italiana Elisabetta Dami, que assina como o escritor de ficção Geronimo Stilton. Foram apre-sentados quatro títulos na Bienal: O meu nome é Stilton; Geronimo Stilton; A maratona mais louca do mundo; S.O.S.  Perdido no espaço; e Halloween... Que medo!

Festa da AchiropitaUma das mais tradicionais festas italianas do Brasil, a Fes-

ta de Nossa Senhora Achiropita, no bairro da Bela Vista, em São Paulo, completou 85 anos em agosto. A tradição da festa, que presta uma homenagem à padroeira do bairro, co-meçou com a chegada dos imigrantes italianos, em grande parte da Calábria, ao bairro do Bixiga, no início do século XX. A devoção dos imigrantes italianos foi contagiando todo o bairro, e hoje se tornou um símbolo de fé, alegria e solida-riedade, estendendo-se por toda a cidade.

Panaro no RioMario Panaro é o novo

cônsul geral do Rio de Janeiro. Ele ocupa o car-go no lugar de Umberto Malnati, nomeado Embai-xador do Gabão. Empossa-do no dia 1º de setembro, Panaro é natural da cidade de Spinazzola, na provín-cia de Bari, no Sul da Itá-lia. Casado e pai de dois filhos, já dirigiu os consu-lados italianos em vários países, entre eles Etiópia, Venezuela, Dinamarca, Irã e Alemanha, além de ter sido cônsul na cidade de Porto Alegre. Também foi Conselheiro de Embaixa-da, no Ministério italiano das Relações Exteriores.

Reunião em BrasíliaNo dia 14 de outubro aconte-

ce, em Brasília, a II Reunião de Coordenação do Sistema Itália no Brasil. O encontro será presidido pelo embaixador Gherardo La Francesca e trata-rá de assuntos importantes nas áreas temáticas consular, cul-tural, econômica e comercial. A reunião, na Embaixada italiana, contará com uma plenária para discutir dois pontos: a prepara-ção do Conselho de Cooperação Itália-Brasil e a programação de eventos previstos para aconte-cer em comemoração ao ano da Itália no Brasil.

Dança italianaA mostra de dança Correios em

Movimento brindou o públi-co brasileiro com apresentações de grupos italianos, como a Compagnia Zappalà Danza, de Catânia, durante o mês de agos-to. O palco foi o Centro Cultural Correios. Os italianos também participaram do projeto Dança em Trânsito, realizado na praia de Copacabana. As coreogra-fias foram apresentadas na rua para um público incomum — o passante é o protagonista do espetáculo, e interage comple-tamente com ele.

Só PoesiaO livro Só Poesia, do escritor

Cássio Junqueira, foi lança-do no Brasil com edição bilín-gue pela editora Comunità. A obra foi divulgada em diversas cidades brasileiras, com direito a recitais com a participação de Cássio, da cantora Carmen Queiroz e da tradutora Amina Di Munno. Os temas aborda-dos são universais, imbuídos da sensibilidade típica femini-na: solidão, dor, saudade, busca de Deus, silêncio, amor, morte, loucura, assim como felicidade e vida, sentimentos dúbios re-tratados nos versos do poeta. O conteúdo da obra tem uma lin-guagem palatável, sem artifí-cios ou metáforas complicadas, passando longe da erudição. A tradução foi fiel e conseguiu captar o todo significativo.

cosenostreJul ioVanni

comunitàitaliana | setembro 2011 7

“Adorei a matéria Destino Tropical, de Fernanda Galvão. Re-almente tem muito estrangeiro vindo trabalhar aqui no

Rio, principalmente por causa dos  Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo que vêm aí. Eu passeei outro dia no Teleférico do Complexo do Alemão e conversei com um funcionário lá que era americano. Bom isso, não? Os tempos mudaram, mesmo!

CLÁUDIO MESQUITA BORGES, Rio de Janeiro – RJ – por e-mail

“Ótima matéria sobre Adoniran Barbosa, esse grande ícone do samba brasileiro! Parabenizo à revista Comunità Italia-

na pela homenagem a esse artista de múltiplos talentos, e ao pro-dutor musical Thiago Marques Luiz  por mostrar mais uma vez a versatilidade da música brasileira juntando artista de renome e novas promessas para esta homenagem mais que merecida.

THIAGO DOS SANTOS CHAGAS, Rio de Janeiro – RJ – por e-mail

cartas

Você concorda com a decisão da presidente Dilma em afastar o ministro Jobim do governo?

Você teme levar algum prejuízo por conta da atual crise das bolsas de valores?

Que tipo de café você prefere?

No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 04/08/11 a 09/08/11.

No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 10/08/11 a 15/08/11.

No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 16/08/11 a 22/08/11.

Não - 14,3%

Café de filtro 13,3%

Não - 25%

Sim - 85,7%

Café expresso 86,7%

Sim - 75%

opinião

“Todos nós somos 25% gays, eu também tenho essa parcela, só que, após um atento exame, descobri que a minha é lésbica”,Silvio Berlusconi, primeiro-ministro da Itália, ao ironizar a pergunta de um militante, durante um ato de seu partido, o PDL, sobre homossexualidade

“Foi um negócio muito pessoal, mas estou muito bem e pronta para o concurso. Eu quero agradecer aos médicos do hospital, a todos os fãs. Estou bem”,Elisa Torrini, a Miss Itália, à imprensa brasileira, após receber alta do Hospital São Luiz, onde foi internada por motivo não divulgado, 15 dias antes da final do concurso de Miss Universo, em São Paulo

“O meu filme não é político, e sim sobre uma questão de moralidade: o que

significa ser disposto a vender a própria alma para atingir um objetivo? Nunca o

considerei político, mas pessoal”,George Clooney, ator, ao apresentar à imprensa

italiana The Ides of March, o longa dirigido e interpretado por ele que abriu a 68ª edição da

Mostra de Cinema de Veneza, em 31 de agosto

“Que hipocrisia. Por que deveria escolher meu

companheiro segundo um clichê? Prefiro favorecer minhas impressões. E o

meu coração”, Barbara Berlusconi, ao falar

sobre seu namoro com o jogador brasileiro Pato, em uma

entrevista à revista Vanity Fair

“Os jogadores de futebol ganham milhões de euros

por ano. Não vejo como poderiam dar para trás

diante de uma contribuição extraordinária de

solidariedade, necessária em um momento de crise grave. Como explicariam

isso aos torcedores?”, Adriano Galliani, diretor executivo

do Milan, sobre a proposta da Lega Nord de obrigar os atletas a pagaram o imposto em dobro para conter a crise econômica

“C’è troppo ‘velinismo’ nella vita politica italiana. Quando il massimo obiettivo della vita è che tua figlia sia invitata su uno yacht, diventi una velina, o vinca il concorso per ‘miss lato B’, resti sconcertato”,Giuliano Amato, presidente dell’Istituto dell’Enciclopedia italiana, durante il Meeting Cl di Rimini

“I migliori e più cordiali auguri per questa festività a tutti i cittadini italiani di fede islamica, così come ai numerosi mussulmani ospiti o residenti stabilmente nel nostro Paese”,Giorgio Napolitano, , il Presidente della Repubblica Italiana, in occasione della conclusione del mese islamico di Ramadan il 30 agosto

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no celular

enquetes frases

setembro 2011 | comunitàitaliana8

“Sou advogado, músico e fundei a Associação Cultural Fala Brasil,

em Palermo (Sicília) em 1988. Há pelo menos 25 anos dedico-me à música brasileira. Fiz minha primeira viagem ao Brasil em 1990 e realizo projetos com grupos e músicos, além de parce-rias em CDs e shows”

VINCENzO PALERMO Palermo, Sicília — por e-mail

Itália – café – BrasilPara antecipar as comemora-ções do Momento Itália-Brasil, o Museu do Café, situado na cidade de São Paulo, promove

a exposição Itália – café – Bra-sil: Qui si beve Caffè, até 29 de janeiro de 2012. Com objetos de época, a exposição passeia pelas transformações do tradi-cional cafezinho ao longo dos anos e contempla a revolução dos filtros de papel, do café so-lúvel e das cafeteiras italianas, até chegar às modernas má-quinas de expresso caseiras. www.cultura.sp.gov.br.

Feira das Américas no RioMuitos expositores inter-nacionais estão de olho no mercado brasileiro e esco-lheram a Feira das Américas - ABAV, o maior evento de

turismo do continente, para mostrar seus produtos. Reali-zada pela Associação Brasileira

de Agências de Viagens (ABAV), acontece de 19 a 21 de outu-bro, no Riocentro, e apresenta produtos, serviços e destinos de todas as partes do mundo, para um público em busca de networking e negócios. www.feiradasamericas.com.br

XXVI Festival do Cinema Latino Americano Estão abertas as inscrições para o Festival de Cinema de Trieste, na Itália, que acontece entre 22 a 30 de outubro, no

Teatro Miela. Organizado pe-la Associação pela Promoção da Cultura Latino Americana na Itália (APCLAI) e em par-ceria com outras instituições italianas e latinoamericanas, exibe longa e curta metragens e documentários, além de pro-mover debates. As inscrições podem ser feitas pelo site www.cinelatinotrieste.org

REcine 2011O REcine 2011 homenageia o cinema italiano com a Mostra Informativa que acontece no Arquivo Nacional, de 7 a 11 de novembro. Serão exibidos filmes dos mais variados gêne-ros, com destaque para obras

de diretores consagrados. Di-retores menos conhecidos e igualmente talentosos, que não tiveram seus filmes lança-dos comercialmente no Brasil, terão seu espaço na mostra. As produções dos estúdios Vera Cruz e do Cinema Novo brasileiro, influenciadas pe-los italianos, complementam a programação. O Arquivo

Nacional fica no centro do Rio de Janeiro. A entrada é franca. www.recine.com.br

Topázio Cinemas O Topázio Cinemas de In-daiatuba mantém a tradição e promove, em setembro, a 11ª edição do Festival de Filmes Italianos, em parceria com a Sociedade Ítalo-Brasileira de Indaiatuba (SP). O ingresso

para cada exibição deve ser trocado por um quilo de ali-mento não perecível, que será doado para a Associação Be-neficente Irmã Dulce e para o Instituto de Reabilitação e Prevenção em Saúde Indaiá. A noite de encerramento do Festival contará com show do músico Lino Italianíssimo. www.cinetopazio.com.br

clickdoleitornaestante

João Paulo II – A biografia O livro de Andrea Riccar-di trata de diversos aspectos relacionados a João Paulo II, como sua personalidade e história, a importância de cada uma das inúmeras pessoas com quem se relacionou, a si-tuação da política e da economia mundial ao longo do seu papado, as especulações se seria ele conservador ou pro-gressista, dentre outros. O leitor vai conhecer um pouco mais sobre o Papa que favoreceu a união entre os cristãos, o diálogo entre as religiões e trabalhou pela paz. Paulus, 608 páginas, R$46,00.

Itália: presente e futuro Com o intuito de trazer um pouco de luz aos fatos que compõem o cenário italiano de hoje e seus desdobramentos futuros, João Fábio Ber-tonha lança uma obra que faz menção à crise europeia e à era Berlusconi. O autor retrata um Estado Italiano rígido, que tem muitos ranços históricos da Era Berlus-coni, e que precisa de uma renovação. Por isso mesmo, são oferecidas alternativas de mudanças do cenário po-lítico e sócioeconômico italiano. Editora Contexto, 144 páginas, R$ 25,00.

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uivo

pes

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SErviço

agenda

comunitàitaliana | setembro 2011 9

L’araba feniceRisorgerà dalle ceneri di una crisi economica devastante il carattere tradizionalmente ottimista e cordiale degli italiani?

Parallelismi e analogie van-no sempre “maneggiati con cura”, come ordigni ed esplo-sivi. Sono infatti parenti

stretti, nella retorica e nella letteratu-ra, degli stereotipi e dei luoghi comuni: il rischio, cioè, è sempre quello di ba-nalizzare e semplificare argomenti seri che meritano una riflessione approfon-dita e non una mera comparazione meccanica, ossia forzata e antistorica.

Eppure in alcuni casi ritengo utile rischiare e venire meno a questo giu-sto accorgimento; a volte il parallelismo aiuta a comprendere e spiegare meglio una determinata realtà, collegandola idealmente ad un’altra, che chi ci ascolta o legge conosce bene, per aiutarlo a de-cifrare meglio una determinata realtà.

Chiedendo scusa per questo lungo prologo, entro direttamente nell’argo-mento che vorrei affrontare questo mese: esiste un’analogia tra il periodo di crescita del Brasile di questi anni e il “bo-om economico” dell’Italia degli anni ’60?

Avendo vissuto entrambi i periodi ho potuto notare parecchie similitudi-ni, anche se in contesti radicalmente diversi dal punto di vista storico e cul-turale, oltre che sociale ed economico.

La principale delle analogie mi sembra possa essere quella della fortis-sima espansione dei consumi interni, uno dei fattori principali dell’accelera-to sviluppo dell’Italia degli anni ’60 e del Brasile di oggi.

Grazie alla corsa ai beni di consumo di massa l’industria automobilistica italiana, ma anche la cosiddetta “linea bianca” (quella degli elettrodomestici, per capirsi), trainarono un’economia che da poco meno di un ventennio si era risollevata dal di-sastro della seconda guerra mondiale e che nel giro di pochi anni avrebbe fatto diven-tare l’Italia una delle sette potenze del pia-neta.

L’ottimismo regna-va indiscusso sull’Italia e sugli italiani: chi in quegli anni metteva su famiglia (come i miei genitori) sapeva che i propri figli avrebbero

goduto di una prosperità e di un livello di benessere superiore al loro e questo clima generale di positività rafforzava e rendeva stabile e vigorosa la crescita del Paese.

Anche la politica ne risentiva e fu così che, sempre alla fine degli anni’60, ini-ziò una stagione di riforme positive che avrebbe segnato per sempre anche la cre-scita sociale e politica del Paese.

Pure questo secondo aspetto, l’otti-mismo e la visione positiva del futuro, collegano idealmente l’Italia di allora al Brasile di oggi; un sondaggio parallelo condotto tra famiglie brasiliane e ita-liane (e in contemporanea in altre parti del mondo) dimostra una differenza radicale e speculare legata proprio all’at-teggiamento rispetto al futuro: ottimisti, ovviamente, i brasiliani; pessimisti, reali-

sticamente, gli italiani… A parlare in maniera chiara e netta sono i dati macro-economici, anche se a me sono sempre interessati di più i comportamenti sociali e quindi collettivi. Tali atteggiamenti sono insieme causa ed effetto delle performance econo-miche; una propensione positiva al consumo è in-fatti causa della crescita economica, ma allo stesso tempo frutto di un clima

positivo a sua volta causato dai buoni ri-sultati dello sviluppo di un Paese.

In politica una discussione simile avviene quando si discute sull’esigenza – attualissima in Italia, ma non solo – di diminuire la spesa pubblica e contenere al massimo il deficit di bilancio, senza che queste scelte interferiscano negativamen-te sulla crescita economica; non sempre

infatti ai dovuti “tagli alla spesa” corri-sponde un rilancio dell’economia, anzi spesso accade esattamente il contrario, soprattutto in assenza di una parallela azione di sostegno alle imprese e alle fa-miglie (cioè ai veri produttori di reddito e quindi di consumo e sviluppo).

Un’ultima osservazione sui compor-tamenti, ossia sul carattere. Quello degli italiani, anche a causa della crisi, conti-nua a cambiare radicalmente, e perlopiù in negativo. Ne sanno qualcosa i nostri emigrati all’estero che lasciarono il Paese sessanta o settanta anni fa (o i nipoti di chi lo lasciò all’inizio del secolo scorso): il tradizionale sorriso, la spensieratezza perenne, l’ironia costante e la cordiale e disinteressata accoglienza e simpatia degli italiani sono sempre meno tratti distintivi ed evidenti di questo popolo, lasciando il passo ad un atteggiamento a prima vista più nevrotico e distaccato, stressato e distratto. Chi non si è lasciato spaventare da questa apparente rivolu-zione genetica degli italiani, ed ha scavato a fondo del vero carattere dei loro paren-ti o antenati, ha poi scoperto che questa mutazione è più superficiale di quanto appaia, e che sotto quella dura crosta si cela ancora lo spirito forte e buono del-la ‘brava gens italica’. Uno spirito un po’ indebolito e forse frustrato, è vero, ma sempre pronto a risorgere dalle ceneri co-me l’Araba Fenice!

Esiste un’analogia tra il periodo di crescita del

Brasile di questi anni e il boom

economico dell’Italia degli

anni ’60?

opinioneFabioPor ta

setembro 2011 | comunitàitaliana10

TravestitiLa vita moderna ci obbliga ad apparire diversi da come siamo

Non pensino i maliziosi che voglia censurare le passeg-giate dei maschietti che, in sgargianti e ridotte vesti

femminili, borsette al vento, adornano il paesaggio urbano offrendo ai passanti le loro grazie, e ciascuno immagini quali a seconda dei suoi pruriti. Parlo di trave-stiti seri. Il pollice verso di Nerone non fu sufficente a sterminare la stirpe dei gla-diatori. Negli anni essi si moltiplicarono, tanto che oggi, nei pressi del Colosseo, ve ne sono centinaia e non c’è più spazio per le nuove leve. E quando nuovi gladiatori appaiono sono botte all’ultimo sangue, molto più pittoresche di quelle di due mil-lenni fa.

Anche oggi, come ieri, il trofeo è la sopravvivenza: allora era la vita, oggi è la cinesina che vuole essere immortalata con il panciuto, sudato e poco convincen-te gladiatore romano e paga la tariffa di 20 euro per foto, garantendo cosí la pagnot-ta giornaliera, ben farcita, al vincitore. Il gladio di latta, l’elmo giallo-rosso e lo scu-do di plastica evitano la carneficina e il vincitore, tronfio come un gallo, orgoglio-so di aver difeso il suo spazio minacciato, controlla la fuga degli usurpatori alla ri-cerca di luoghi meno battuti dalle giulive cinesine. Quella vaga aria felliniana che si respira a Trastevere, il dolce ponentino e il buon Frascati, quando è buono, sem-brano incoraggiare il visitante a celare la sua vera natura e apparire migliore, o co-munque diverso. Cosí che i peccatori più incalliti si mischiano con i devoti e vanno, la domenica mattina, a farsi benedire in piazza San Pietro e vogliono, non importa il sacrificio e la fatica, prostarsi di fronte alla tomba di Papa Wojtyla. Senza pen-tirsi. Il trasformismo più stupefacente è quello dei pagliacci.

Un tempo, quando c’era logica nelle cose, gli esseri umani si travestivano da pagliacci per divertirsi e divertire, un’ora o tutta una vita, a seconda del carattere. Oggi tutto gira al contrario e i pagliac-ci si travestono da politici, frequentano i palazzi del potere, governano e fanno decreti che i sudditi, poveracci o trave-stiti da poveracci, subiscono o aggirano quando possono. Roma sembra essere il palco perfetto per questa sceneggiata. Vedendolo e ascoltandolo, l’homo po-liticus sembra una persona serissima. Giacca e camicia impeccabili, cravatta elegantemente annodata, sa parlare ed

essere convincente. Con alcune eccezio-ni, naturalmente: per esempio Bossi e i suoi legionari, ruspanti e sbracati nel linguaggio e nell’abbigliamento. L’ho-mo politicus, occhio sfuggente per la vergogna, riesce a convincere che la sua missione è il bene del Paese. Poi, visti i risultati, ci rendiamo conto che ciò che conta per lui è la supremazia del suo gruppo politico, garanzia di poltrone ben remunerate. Non importa quanto bi-slacche e nocive siano le sue idee. Questi signori, si fa per dire, sono intelligenti-ni; sembra impossibile che sfornino le scemenze che leggiamo sui giornali e

scartino le opzioni serie che farebbero bene all’Italia. È la moderna comme-dia dell’arte, giacca e cravatta al posto delle nostre gloriose vecchie masche-re. Ma forse il mondo di oggi esige che ci si travesta. Dei vigliacchi black bloc vediamo solo gli occhi. Potrem-mo persino capirli se affrontassero a viso aperto la polizia: non mi sta be-ne il mondo in cui vivo e quindi lotto contro uno strumento del potere. Nascondersi è viltà: tiro il sasso e na-scondo la mano.

Vi sono poi le musulmane ortodos-se che si travestono da spaventapasseri.

Sotto quel burka ci può essere chiun-que: una femmina sottomessa, mio nonno o un ET. Non lo sapremo mai. I dubbi sono angosciosi. Potrà sedersi al bar? Come farà ad andare in bagno? Come potrà bere un caffè? Mistero. Il sindaco Pisapia vuole aprire una mo-schea in ogni quartiere di Milano. Quegli enigmatici esseri prenderanno coraggio e la Galleria si popolerà di cilindri con fessura per gli occhi e tar-ga di riconoscimento sul didietro, di futura adozione. Armani disegnerá il burka made in Italy, con cristalli Swa-rovski. Ma non stupiamoci: in fondo ci travestiamo un po’ tutti quando vo-gliamo apparire quelli che non siamo. Cioè spesso. È una delle regole del manuale di sopravvivenza nella giun-gla moderna.

Vi sono poi le mussulmane ortodosse

che si travestono da spaventapasseri. Armani disegnerà il burka made in Italy,

con cristalli Swarovski. Ma non stupiamoci: in fondo ci travestiamo un po’ tutti quando vogliamo apparire

quelli che non siamo

opinioneEzioMaranesi

comunitàitaliana | setembro 2011 11

sabiam que estavam entrando na Bolívia”, revela.

A revolução acreanaEm 1899, os bolivianos tenta-ram assegurar o controle da área, mas os brasileiros se revolta-ram e provocaram os confrontos fronteiriços conhecidos como a Revolução Acreana.

— O Acre virou um território federal, uma coisa nova que não existia. Os habitantes continua-ram lutando e aumentando a sua identidade como povo, através dos movimentos autonomistas, para que virasse um estado. Ele se tornou um estado mesmo, como os demais da federação, somente em 1962, muito recentemente — comentou ele, que atuou como consultor da Unicef na área de Educação entre 1997 e 1998.

Tais episódios geraram uma cultura diferenciada no Acre que hoje chamamos de “povo da flores-ta”, define Binho.

— São os seringueiros que se encontraram com a população indí-gena, que trazia uma nova cultura. É um povo que aprendeu a viver na floresta, a viver dela e com ela. As São gerações que aprenderam a ti-rar dela seu sustento sem destruí-la – analisou o político de 48 anos, fi-liado ao Partido dos Trabalhadores.

defesa da Amazônia — para fundar o Projeto Seringueiro, que implan-tou dezenas de escolas na floresta acreana, oferecendo alfabetização para os trabalhadores e suas crian-ças. A trajetória do  ex-governador é marcada pela dedicação ao forta-lecimento do movimento social no Acre. O seu projeto de governo esta-va firmado em quatro eixos: gestão participativa; desenvolvimento econômico sustentável; inclusão social; e infraestrutura.

Até o início do século XX, o Acre pertencia à Bolívia. Porém, grande parte de sua população era de bra-sileiros que exploravam seringais.

— Durante uma grande seca no Nordeste, em 1877, muitas pes-soas migraram para a Amazônia porque a borracha começava ser um grande produto de exportação. Elas foram subindo os rios para procurá-la. Entraram na floresta sem saber que estavam saindo do Brasil e chegaram aonde hoje é o estado do Acre.

Lá, moravam índios que não tinham praticamente nenhum con-tato com os brancos, conta Binho. No mapa, a região era chamada de “terra não conhecida”, mas perten-cia à Bolívia, e o Brasil reconheceu o fato em vários tratados. Porém, “os brasileiros que chegaram lá não

Situado no extremo oeste da Região Norte, o Acre foi a última grande área a ser incor-porada ao território brasileiro e também o primeiro estado a ser governado por uma bra-

sileira, a professora Iolanda Fleming.— O Acre é um estado particular, bastante dife-

rente dos outros estados da Amazônia, Foi até um país: o estado independente do Acre – explicou a Co-munità Binho Marques, governador do Acre de 2007 a dezembro de 2010 e especialista em História Econô-mica da Amazônia.

Nos anos 80, Marques se uniu a Chico Mendes — até hoje uma referência internacional na luta em

“Lula teve muitas dificuldades durante o

seu mandato, até porque temos um parlamento

muito conservador, em grande parte dominado

pelos agronegócios. Marina Silva, se tivesse

sido eleita, eu não sei como sobreviveria”

O povo da florestaO ex-governador do Acre Binho Marques fala à Comunità sobre o polêmico Código Florestal e conta detalhes sobre as políticas ambientais desenvolvidas no estado

Stefania PelusiDe Brasília

MEio aMbiEntE

12 setembro 2011 | comunitàitaliana

Chico MendesEntre os seringueiros, uma gran-de liderança foi o Chico Mendes, “um sócio ambientalista que me ensinou a não ter preconceitos, e a dialogar com todos”, relembrou Marques.

— No começo, tive muitas di-ficuldades de dialogar com Chico, pois eu vinha de um movimento de esquerda dogmático, mas com ele aprendi que não podemos dei-xar ninguém de fora para construir uma sociedade nova — recorda.

Chico Mendes não era ape-nas alguém que contestava: “era alguém que fazia uma proposta, colocava alternativas”.

— Ele construiu algo novo chamado Reserva Extrativista: no lugar de fazer reforma agrária e dividir a terra em pequenos lotes, ele pensava em manter a floresta do jeito que estava, sem delimitar, respeitando a visão dos seringuei-ros de não ter propriedade privada — conta.

Os primeiros assentamentos extrativistas foram criados em 1987 e converteram a floresta em alternativa para a economia.

— Mas esta evolução gerou o ódio dos fazendeiros, que se senti-ram ameaçados. Eles pensavam que a solução para Amazônia fosse a am-pliação da fronteira agrícola com o agronegócio, substituindo a floresta pelo gado — relatou o especialista.

Modelo de desenvolvimento Marques acredita que dentro da flo-resta as pessoas podem ter uma boa qualidade de vida através de uma rede de escolas, centros de saúde e cooperativas. No Acre, criou-se um “modelo de desenvolvimento adequado para Amazônia e para a vida na floresta e a sua cultura, um padrão que pode funcionar para outros povos que vivem do extrati-vismo sustentável”, acredita.

Para Binho, apesar da morte de Chico Mendes (1988), o movi-mento continuou vivo e avançou com muitos projetos interessan-tes e alternativos, como os pólos agroflorestais em torno da cidade, exemplos de uma economia de pro-dução familiar.

Entre os projetos, destaca-se a Florestania (cidadania dos po-vos da floresta), que propõe um novo modelo econômico de desen-volvimento sustentável no Acre, explorando a floresta sem danificar o meio ambiente.

— A educação acreana saiu do último lugar na classificação do

Ministério da Educação para estar entre os dez primeiros lugares num espaço de tempo muito curto. Pa-ra que haja um governo justo, uma economia sustentável, é preciso que a população possa estar em condi-ção de protagonizar esses processos e que tenha uma educação — frisa.

Um dos complicadores para re-alizar os projetos é a dificuldade de acesso à floresta no Acre, lem-bra Binho Marques. No entanto, avançado em vários aspetos, espe-cialmente na legislação ambiental, o estado começou fazer o zonea-mento ecológico econômico em 1999, o que envolveu fatores so-ciais e culturais da população.

— Antes de virar lei, o zoneamen-to no Acre passou, durante um ano, por um debate na sociedade, desde os pequenos produtores até os grandes fazendeiros, para definir claramente o que cada um ia fazer. As fazenda de gado não poderiam aumentar, impactar na floresta. Existem áreas mais vulneráveis ambientalmente que não podem ser utilizadas. E as-sim por diante — explica.

No Acre, existe um conjunto de leis ambientais. O último consistiu na criação de um sistema de servi-ços para as pessoas permanecerem na floresta e serem remuneradas pela sua manutenção. Marques explicou também outro progra-ma chamado valorização do ativo ambiental, que trabalha com os pequenos produtores de modo que abandonem a antiga prática de des-matamento e queimada.

— As pessoas cadastradas recebem uma remuneração, um car-dápio de serviços do governo que os atende prioritariamente. Há quatro certificações para provar se estão seguindo as regras. Existe também um sistema de monitoramente por satélite para avaliar se a propriedade avançou ou não no desmatamento para permanecer no programa.

Código FlorestalSobre as políticas do atual governo, Marques preferiu não comentar, já que se passaram poucos meses da posse da Dilma.

— O ex-presidente Lula teve muitas dificuldades durante o seu mandato, até porque temos um parlamento muito conservador, em grande parte dominado pelos agronegócios. A Marina Silva, que era do Partido Verde, se tivesse sido eleita, eu não sei como sobre-viveria.

Um dos temas mais polêmicos dos últimos meses é a reforma do Código Florestal, já aprovado pela Câmara e em análise no Senado.

Em geral, quem é  a favor  das alterações são os ruralistas e os fazendeiros. Isso porque, com o novo Código, novas áreas ficarão disponíveis para o plantio. Co-mo o Código Florestal brasileiro é um dos mais rígidos do mundo, eles acreditam que uma flexibili-zação seria boa para trazer mais lucros e mais produção de alimen-tos no país. A parte mais criticada pelos ambientalistas é o texto su-gerido na Câmara dos Deputados, propondo perdão de multas por desmatamento feito até 2008 sem exigir a recuperação de áreas des-matadas ilegalmente.

Segundo o ex governador do Acre, o debate sobre o Código é mui-to difícil, mas não podemos ficar acanhados porque “o parlamento acaba absorvendo a agressividade do setor pecuarista que é muito grande”.

— Por outro lado, é preciso sa-ber negociar porque o Congresso é um campo difícil, que não é tão fa-vorável ao diálogo, e o Jorge Viana (senador escolhido para ser o rela-tor do Código na Comissão de Meio Ambiente do Senado) vai ter muito trabalho com isso — conclui.

Binho Marques participou do 3º

Fórum dos Povos Indígenas em 2010

O cacique Biraci Brasil Yawanawá

e o ex-governador Binho Marques

comunitàitaliana | setembro 2011 13

O Brasil tem se destacado no cenário internacional como importante rotei-ro turístico. Por ser um

país de clima tropical, de belas paisa-gens e por ser um terreno fértil para investimentos, a demanda é gran-de. De acordo com o Banco Central, no acumulado dos sete primeiros meses de 2011, os estrangeiros gas-taram em serviços turísticos US$ 3,859 bilhões, ou seja, 14,48% a mais em comparação com o mesmo período do ano passado. Os núme-ros são animadores. E a Itália, nos últimos anos, se consolidou como um dos principais mercados emis-sores de turistas para o Brasil, mas essa situação pode mudar com a no-va política de vistos adotada pelo Ministério das Relações Exteriores. Os turistas italianos poderão per-manecer no país até, no máximo, 90 dias por ano, improrrogáveis, ao invés dos 180 anteriores. A informa-ção está no Quadro Geral de Regime de Vistos, do Ministério das Rela-ções Exteriores, atualizado em 20 de julho deste ano.

A política de concessão do visto praticada pelo Ministério tem como fundamento jurídico e ideológico a reciprocidade. Hoje, de acordo com o Estatuto do Estrangeiro (Lei 6.815 de 1980), o Brasil deve aplicar o prin-cípio e exigir o visto dos indivíduos de países que tornam obrigatório o visto dos brasileiros. A assessoria do MRE alega que a reciprocidade é a base do respeito entre diferentes nações que buscam manter um equi-líbrio de hospitalidade. “A igualdade de tratamento afasta as relações de subordinação. A reciprocidade im-plica na identidade ou na igualdade de direitos, de obrigações e de bene-fícios”, informaram à Comunità, os assessores do Ministério.

Antes da medida, o turista ita-liano recebia um prazo de estada de até 90 dias, no final do qual se podia pedir à Polícia Federal uma prorrogação por mais 90. Para a concessão da prorrogação, o tu-rista interessado devia apresentar

passagem de volta e demonstrar possuir os meios econômicos para sustentar-se no país, uma vez que o mesmo não pode trabalhar. Agora, o prolongamento da estada no Bra-sil não pode ser requerido.

ReclamaçõesMuitos italianos ficaram indigna-dos com a medida. Eles afirmam que as exigências não são as mes-mas cobradas dos brasileiros que chegam à Itália. O italiano Eduardo Magaldi, colaborador nas escolas de samba Beija-Flor de Nilópolis e Salgueiro, se sente muito afetado com a decisão do MRE. Ele, que tem uma companheira brasileira há do-ze anos e necessita vir ao Brasil de tempos em tempos, acredita que o MRE levou em consideração o caso Cesare Battisti ao adotar a medida.

— O caso Battisti acirrou os ânimos nas relações políticas entre Brasil e Itália. Houve um descon-forto por parte do governo italiano,

diante da concessão do status de refugiado político ofertado pelo Brasil a Cesare Battisti através do Ministro da Justiça Tarso Genro. Battisti foi condenado por um ato de terrorismo contra a extrema direita italiana, e o Brasil de certa forma teria contrariado a decisão do outro país — opina.

Mercado Empresários italianos vêem o país como um mercado em potencial, investindo principalmente em pequenas empresas de alta tec-nologia. Além disso, os turistas italianos representam uma fonte de renda para o ramo hoteleiro e de entretenimento.

O general manager do Resort La Torre de Porto Seguro, o italiano Luigi Rotunno, ressalta que a mu-dança prejudica o turismo de longa permanência. Ele afirma que os mais afetados são os homens acima de 60 anos “que procuram fugir do frio da Itália”. Rotunno conclui que, para a economia da cidade turística da Bahia, a vinda de italianos repre-senta um bom aporte de divisas.

— Essa medida tem, sem dú-vida, um efeito negativo para o mercado do turismo entre Itália e Brasil. Existe um aspecto pou-co acolhedor que toca unicamente a Itália entre os países da Europa. Estamos perdendo uma fatia de turistas da melhor idade que cos-tumavam passar de quatro a cinco meses no verão brasileiro para fu-gir do inverno.

Esses clientes são importantes para a economia do litoral bra-sileiro, já que gastam não só nos segmentos turísticos, mas também nos produtos de necessidades do dia a dia, diz Luigi. Eles também investem facilmente em imóveis já que, no período de alta temporada, os preços dos aluguéis são altos, portanto convém ter a casa própria.

— Infelizmente, não se sabe exatamente o motivo dessa decisão além da “reciprocidade”. Espero por outro lado que essa medida possa ser revista — completa.

O italiano ressalta outra medida que pode afetar ainda mais o turis-mo da melhor idade, que é o decreto nº 95, que prevê visto de permanên-cia para os turistas aposentados que ganham na faixa de R$ 6.000,00 mensais de aposentadoria.

— Os aposentados italianos dificilmente ganham essa quantia. Essa é mais uma medida que freia a entrada de turistas italianos no pa-ís — enfatiza Rotunno.

Tudo por tabelaTuristas italianos e setor hoteleiro reclamam do novo decreto que limita o prazo do visto para 90 dias improrrogáveis

turiSMo

Nathielle Hó

“Infelizmente, não se sabe exatamente o motivo dessa decisão, além da reciprocidade. Espero que essa medida possa ser revista”Luigi Rotunno, gerente geral do Resort La Torre de Porto Seguro

O italiano Eduardo Magaldi engrossa

o coro dos descontentes

com a medida do governo brasileiro que aumentou as

exigências para os turistas que vêm

ao país

setembro 2011 | comunitàitaliana14

Programado para acontecer entre outubro e novembro em São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro, o projeto Italia comes to you tem como objetivo consolidar as relações comer-

ciais entre a Itália e os países do chamado Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), através da realização de uma sé-rie de eventos abertos ao público.

A iniciativa é do Enit, a agência italiana de turismo. Além de reforçar as relações comerciais com os países do Bric, o projeto pretende consolidar a Itália como um dos principais destinos turísticos de brasileiros, russos, indianos e chineses. Haverá diversos eventos abertos ao público, além de sorteios de passagens aé-reas e cruzeiros.

A ideia da Itália vista através dos olhos de artistas estrangeiros representa o fio condutor do projeto. O público poderá conferir, em exposição, as obras de arte realizadas por artistas locais, feitas após uma experi-ência de viagem à Itália.

O diretor da Enit para a América Latina, Salvatore Costanzo, explica que, entre os motivos que os brasi-leiros têm para escolher a Itália como destino de férias, está a diversificação de ofertas das cidades, além da atual taxa de câmbio.

— Quem gosta de esquiar encontra nas cidades italianas uma estrutura completa, que inclui cultura, spas, luxo e roteiros históricos. A conveniência está na oferta mais vantajosa. A Argentina, por exemplo, não reúne a diversidade de serviços que temos nem as atra-ções históricas que existem na Itália — afirma.

Agenda A programação brasileira começa em São Paulo no dia 15 de outubro, com uma cerimônia de inauguração, pela manhã, com a presença da ministra italiana do Turismo, Brambilla e, à noite, um jantar de gala. Os dez artistas participantes terão suas obras expostas no parque do

Ibirapuera. Um passeio ciclístico também está previsto, com saída do colégio Dante Alighieri em direção ao Ibirapuera, além de encontros de atividades dedicadas à gastrono-mia, à cultura e ao cinema italiano, e da entrega do Prêmio Itália, que homenageará personalidades brasi-leiras e italianas residentes no Brasil que se destacaram por seus serviços à comunidade.

Porto Alegre recebe a comiti-va do projeto de 29 de outubro a 6 de novembro de 2011, enquanto os eventos no Rio de Janeiro acontecem de 12 a 20 de novembro. A programa-ção é semelhante nas três capitais.

O dia do Made in Italy prome-te mostrar ao público o melhor das indústrias automobilística, alimentar e da moda. Além do Pavi-lhão Itália com exposição de obras de arte e produtos regionais, en-contros para troca de informações sobre o setor de turismo reunirão

operadores, agentes de viagem e companhias aéreas.

InspiraçãoOs artistas brasileiros que viajaram ao país foram divididos em dois grupos, que visitaram diferentes regiões. O primeiro grupo foi for-mado por artistas convidados pela organização do evento e incluiu os pintores Antonio Peticov, Claudio Tozzi e Zelio Alves Pinto, o escul-tor Caciporè Torres e o cartunista Ziraldo Alves Pinto, que não pôde participar da viagem, mas fará uma obra para o evento.

Durante dez dias, esses artistas passaram pelas regiões da Lombar-dia, Valle D’Aosta, Piemonte, Ligúria, Toscana, Úmbria, Lácio, Sardenha, Campanha, Calábria e Sicília.

Cinco jovens artistas tam-bém participaram da viagem, após participarem de uma seleção re-alizada por uma banca formada pela organização do evento e pelos artistas convidados: Andre Fornaza (designer gráfico), Francisco Cava (músico), Francisco Ding Musa (fo-tógrafo), Rodrigo Ribeiro (fotógrafo) e Marcos Monteiro (pintor).

EtnaO pintor Antonio Peticov conta que a experiência foi muito rica.

— Pudemos ter uma boa ideia de cada região — declarou. Apesar de ter vivido durante 14 anos em Milão, nunca havia visitado destinos como Nápoles e Sardenha. Ele afirma ter uma relação de gratidão com a Itália, o país que lhe “deu muita coisa”. “Ainda tenho muitos amigos lá”, completou.

Os dias passados no país resul-taram na obra L’Etna, que destaca o vulcão localizado na Sicília, até hoje ativo.

— Coloquei o Etna flutuando no céu porque a relação dos italia-nos com ele é muito forte. Muitas pessoas viram o quadro e disseram que parece a Toscana. É uma soma-tória de toda a minha experiência com a Itália, um quadro feito de ícones — explicou.

Na China, a campanha come-çou pela cidade de Cantão e passa por Pequim em meados deste mês, finalizando em Shangai na segun-da semana de outubro. A capital russa Moscou também recebeu o projeto no mês passado, enquanto Ekateringburgo e São Petersburgo abrigam as instalações em setem-bro. De acordo com a programação, a Índia — mais precisamente Mum-bai, Delhi e Bangalore — receberá o melhor da Itália em 2012.

A Itália quer vocêConhecida por ser um dos destinos turísticos mais populares do mundo, Itália organiza ação para consolidar a preferência nos países do Bric. Três capitais do Brasil abrigam eventos a partir de outubro

Vanessa Corrêa da Silva e Cintia Salomão Castro

turiSMo

comunitàitaliana | setembro 2011 15

Entre os dias 1° e 9 de outubro, Gênova vai se transformar no cen-tro mundial dos barcos

a vela e a motor. O Salão Naútico de Gênova abre as portas para um mundo de novidades. Em meio à tempestade provocada pela crise de 2008, e ainda sob os efeitos das ondas do tsunami financeiro que causou danos e prejuízos, os orga-nizadores apostam no otimismo cauto para recuperar a dianteira. De um total de cerca de duas mil embarcações, 450 são novos mo-delos vistos pela primeira vez em público. Os estaleiros navais conti-nuaram a investir em pesquisa e na prospecção de novos mercados. Es-tes são sinais fortes da tenacidade da indústria naval italiana, líder na fabricação de embarcações de luxo.

Os números do evento falam por si: são seis grandes pavilhões em terra firme, além de ruas e pra-ças ocupadas por veleiros e iates. Durante nove dias, outros aconte-cimentos ocupam os corações e as mentes dos genoveses e dos visitan-tes. Um deles é o GenovainBlue, com uma série de manifestações cul-turais relacionadas ao mundo das embarcações em museus e teatros. Cerca de 1.300 expositores arma-rão suas tendas para vender, sendo quase 35% de origem estrangeira do além-mar. Seminários e debates também promovem o conhecimento

e a troca de ideias sobre o mercado e a tecnologia do futuro.

Salva-vidasMas estas são as boas novas. As más notícias chegam através do Observatório Náutica e Finança, que todos os anos faz uma ecogra-fia do setor. Dele, sai a informação de que os mercados emergentes são a tábua de salvação dos estalei-ros. Foram avaliados os estados de saúde de 53 construtores — dos quais 33 tiveram resultados nega-tivos — e 31 empresas que giram ao redor dos estaleiros, com 38% de perdas. Um exemplo são as 23 empresas do setor náu-tico que entraram com uma recurso junto ao tribunal de Spezia con-tra o estaleiro naval Baglietto por falta de pagamento de créditos. Outro dado é a redução da produção no mer-cado internacional dos megaiates em 27%, e isso significa uma per-da de faturamento de 9 bilhões de euros. A Itália retraiu a sua cota de participação nas vendas inter-nacionais, caindo de 51% para 50,2%. O consumo interno dimi-nuiu em 33,9%, mas, no campo da exportação, a queda nas compras foi de “apenas” 20,5%. Pelo se-gundo ano consecutivo, o mercado estrangeiro serviu de salva-vidas para as vendas.

Os dados negativos, no entanto, deixam margem de manobra para os timoneiros italianos demonstra-rem a sua força. O país ainda é o líder mundial do setor. E a forte presença italiana no exterior deve ser o pon-to de partida para uma retoma do crescimento. Somente agora, a Chi-na descobre os prazeres da cultura marítima. Os olhos puxados arrega-lam-se diante dos iates e da beleza do design, além da potência e da tecno-logia das embarcações made in Italy. Profissionalismo e coragem formam os propulsores deste barco italiano pronto para vencer o maremoto im-posto pelo mundo das finanças.

EquilíbrioA gangorra provocada pelos em-préstimos bancários no tempo das vacas gordas e as perdas concre-tas durante a crise mostram que o setor deve desintoxicar-se dos cré-ditos e débitos e seguir em frente com o próprio combústivel. O equi-líbrio entre empréstimos e injeções de capitais pode ajudar a diminuir o rombo no casco dos estaleiros. E, como sempre, quem paga os prejuí-zos é o lado mais fraco da corda: as pequenas e médias empresas.

Nos últimos dois anos, o setor da náutica italiana assistiu a um fenômeno de delocali-zação de estaleiros como o Azimuth. A produção migra para países como o Brasil, a Turquia e a China, em bus-ca de custos mais baixos e clientes com a carteria mais cheia e líquida. Uma das saídas apontadas é o investimento em turismo náutico e o leasing junto a empresas e estaleiros que preservem a identidade cultural e industrial de um

país que nada com as forças reduzidas ao mínimo para tentar não afundar e permanecer na superfície. Os ar-madores sabem que agora contas se fazem com o número de barcos vendi-dos de um lado e o custo de produção do outro, sem margens para contor-cionismos contábeis ou manobras esquivas da realidade.

Hora da viradaSetor náutico italiano se reúne em Gênova em outubro e aposta nos mercados emergentes para não afundar na crise

Apesar da crise, o país ainda é o líder mundial do setor. A

forte presença italiana no exterior deve ser o ponto de partida

para uma retoma do crescimento

Guilherme AquinoDe Milão

nEgócioS

16 setembro 2011 | comunitàitaliana

Surpresa. É assim que a imprensa italiana se apre-senta quando o assunto é o fechamento do Institu-

to Nacional para Comércio Exterior (ICE) no país. De acordo com a lei de número 111, publicada em julho deste ano, o órgão deixará de exis-tir no mundo, sendo absorvido, em parte, pelo Ministério do Desen-volvimento Econômico. Ainda sem dar um parecer definitivo sobre o fim do ICE na Itália e no mundo, os jornais procuram esclarecer o que vai acontecer às empresas italianas nos próximos meses.

A princípio, o que todos dizem é que o órgão não deixará de exis-tir ‘totalmente’, se mantendo com uma pequena estrutura de supor-te e auxílio às empresas italianas. Porém, ninguém sabe dizer ao cer-to de que maneira o Instituto, sob este novo formato, irá funcionar. Tudo que se sabe é que funções atribuídas anteriormente ao ICE serão comandas pelo Ministério do Desenvolvimento Econômico. Co-mo, quando e de que forma isso irá acontecer ainda é assunto sigiloso ou, pelo menos, pouco comentado na capital italiana.

A certeza que a imprensa local parece ter, percebida em reporta-gens sobre o assunto publicadas no Corriere della Sera e a agência de notícias Ansa, é que a medida drás-tica de fechamento do Instituto é para conter — ou amenizar — a crise econômica instalada na Itália.

De acordo com o Corriere, o fim do ICE faz parte da manovra do governo italiano para equilibrar o or-çamento. Reportagens publicadas

no jornal reforçam a teoria que, se o governo mostra para o mundo sua preocupação com a crise eco-nômica, mudando regras internas, é porque deseja se reerguer em seu território antes de voltar a se fir-mar no mercado estrangeiro.

Ainda segundo o jornal, cor-tar gastos públicos e privatizar algumas empresas é uma das saídas mais rápidas para ‘arrumar a casa’, mas o tempo e o mundo mostram que essas soluções nem sempre são suficientes.

País dividido Mesmo com essas informações passadas pela imprensa, o desti-no da economia italiana parece nebuloso. No entanto, o governo encontra apoio em vários setores. A presidente da Confindustria, Emma Marcegaglia, disse que, para sair da crise, você tem que “cortar os gas-tos com pensões, saúde e do serviço civil” — palavras que repercutem bastante na mídia italiana. Segundo Marcegaglia, estes setores represen-tam três quartos da dívida do país.

O assunto, porém, divide opini-ões. Há os que querem o país mais forte internamente e outros que acreditam que a força tem que vir de fora. Porém, com o fim do ICE, o governo italiano terá um corte no orçamento, abolindo despe-sas relacionadas aos recursos humanos, fi-nanceiros e materiais que faziam parte do Instituto. Além disso, as empresas italianas deixam de ter exclusividade de contatos no mer-cado externo, o que proporciona uma duplicidade de ação entre o Ministério das Relações Exteriores

— que fica, a princípio, encarrega-do dessa relação empresa italiana/mundo — e o Ministério do Desen-volvimento Econômico.

Todas essas mudanças podem acelerar o processo de internacio-nalização das empresas italianas, tornando o produto made in Italy mais forte. A teoria, segundo a im-prensa local, é boa, mas na prática ninguém sabe se dará certo. Porém, para sair da crise econômica, a Itália está apostando em cortes internos, o que, em um futuro próximo, po-de gerar visibilidade e revitalização externa de seus produtos. Dessa forma, o país voltaria a competir no mercado internacional.

Com o fim do ICE, fica a per-gunta: o que será das pequenas e médias empresas italianas no exte-rior? Sem suporte e sem apoio, elas estão entregues à sua própria sor-te. O tempo dirá se mudar o rumo do comércio externo cortando cur-tos internos foi o melhor caminho encontrado pelo governo italiano para sair do sufoco.

Fechamento do ICE causa surpresa e suspense na ItáliaInstituto para o Comércio Exterior impulsionou as empresas italianas mundo afora. Sem ele, país mostra preocupação em fortalecer mercado interno antes de apostar no mercado estrangeiro

EconoMia

Janaína PereiraDe Roma

A presidente de Confindustria, Emma

Marcegaglia, defende corte de gastos com pensões e serviços para conter a crise econômica italiana

17comunitàitaliana | setembro 2011

Per quanto riguarda il com-mercio, l’importazione di prodotti italiani in Brasile è in continua ascesa. Nel

2010 le esportazioni italiane sono cresciute del 32%, pari a 4,8 miliar-di di dollari, mentre le importazioni dal Brasile hanno registrato una cre-scita del 40,4%, equivalente a 4,2 miliardi di dollari.

Cristiano Musillo è l’attuale con-sigliere economico e commerciale dell’Ambasciata italiana a Brasilia. Uomo pragmatico, pugliese, giunto a Brasilia da appena sei mesi insie-me alla moglie e ai suoi due piccoli figli, uno di sei anni e un altro di ventuno mesi. Prima di approdare al Planalto Central, è stato console per due anni a Recife, nel nordest del Brasile, poi consigliere politico in Bulgaria e ha lavorato all´Ufficio Stampa della Farnesina.

ComunitàItaliana – Quante aziende italiane sono presenti in questo momento in Brasile?Cristiano Musillo – Possiamo contare quasi  600  stabilimenti e fi-liali di 432 imprese italiane presenti in Brasile, di cui molte radicate nel paese ormai da vari decenni. Que-sti numeri includono una decina di grandi gruppi, 5 uffici di rappresen-tanza di istituti finanziari, 14 filiali di imprese di costruzione e proget-tazione. La presenza italiana si arricchisce, inoltre, di circa  570 filiali di PMI (piccole e medie imprese) e di un numero ancora più ampio d’inve-stimenti d’imprenditori italiani non vincolati ad una casa madre in Italia. E questi numeri stanno aumentando sempre di più: solo in questi primi sei mesi, da quando ho assunto l’incari-co, si sono stabilite 70 nuove aziende

italiane, oltre a quelle che hanno in-tenzione di aprire nuove filiali.

CI – Quali sono i settori prin-cipali?CM – I settori di punta sono quelli le-gati alla meccanica, come automobili, macchinari, e componentistica, che per numero di filiali rappresentano il 55% della presenza italiana. A questi seguono telefonia, energia, chimica, arredamento, moda e industria ali-mentare. Oltre ai casi di successo nei servizi di telecomunicazioni e infor-matica, consulenza e progettazione, turismo e assicurazioni.

CI – Dove sono situate la maggior parte delle aziende italiane in Brasile?CM – Più della metà sono radicate nello stato di San Paolo, mentre la re-stante quota è distribuita tra Minas Gerais, Rio, Paraná, Rio Grande do Sul, Spirito Santo e Santa Catarina. Questo riflette in parte la storia dell’immigra-zione italiana dei secoli scorsi.

CI – Recentemente, il nord-est brasiliano attrae sempre di più gli investimenti di grandi gruppi industriali italiani. Come il caso della nuova fabbrica della FIAT in Pernambuco. Si tratta di un fenomeno isolato o è il prossimo futuro?CM – La crescita del PIL e gli incen-tivi offerti da parte di questi stati

brasiliani  rappresentano  condizioni favorevoli offerte da questa regio-ne. Per questo stiamo lavorando a un progetto pilota che sarà realiz-zato nel nordest, con l’obiettivo di aumentare gli scambi tra il Bra-sile e l’Italia soprattutto rivolto alle piccole e medie imprese, ambi-to in cui il nostro paese vanta una lunga esperienza. Tra i settori priori-tari abbiamo identificato l’industria automobilistica (es. Fiat), delle tele-comunicazioni (es. Tim), dei marmi e granito, il settore di design dei mobili (es. Cosmob) e il nuovo mer-cato dell’energia rinnovabile. Questo progetto vuole unire l’esperienza dei due paesi: la tecnologia delle PMI italiane con la conoscienza del ter-ritorio e la mano d’opera brasiliana. L’iniziativa ha come protagonista lo stabilimento della Fiat in Pernambu-co, che, insieme all’istituto brasiliano SENAI, collaboreranno per costruire un centro di alta formazione profes-sionale e post-laurea per tecnici e ingegneri meccanici. La seconda par-te del progetto consiste nel fornire le linee di credito per le PMI italo - bra-siliane attraverso la Banca d’Italia e il BNDES (Banca  Nazionale   per lo  Sviluppo  Economico e Sociali) e altri istituti finanziari  di entrambi i Paesi.

CI – Questo progetto potrà essere utilizzato anche in altre zone del paese?CM – L’intenzione è proprio quel-la di diffondere questo “progetto pilota”  in  altre  regioni del Brasile e  in altri settori specifici, attraverso il lavoro congiunto dell’Ambascia-ta d’Italia con il governo federale e statale brasiliano. Inoltre puntiamo a replicare lo stesso format/model-lo  anche in altri due Paesi dell’America Latina: Argentina e Messico. In que-sto caso il Brasile diventerebbe un modello, una best-practice per le altre

Brasile: un Paese diopportunitàL’attuale consigliere economico dell’Ambasciata italiana in Brasile spiega a Comunità perché questo paese attrae molte aziende italiane ad aprire nuove filiali

intErviSta

Stefania PelusiDe Brasília

Musillo: “Stiamo lavorando ad um

progetto pilota che sarà realizzato nel nordest per

aumentare gli scambi tra i due Paesi

rivolto soprattutto alle piccole e medie

imprese”

Il nuovo stabilimento della FIAT sarà

costruito a Pernambuco, segno di crescita della regione

nord-est del Brasile

setembro 2011 | comunitàitaliana18

Stabilimenti e sedi di aziende italiane in Brasile

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Aziende d’ediliziA

Aziende di impiAnti industriAli

Aziende di servizi

sedi e uffici commerciAli

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nazioni. Si tratta di un’iniziativa con un’applicazione pratica operativa che sará presentata a Roma il pros-simo 5/6 ottobre  in occasione della V Conferenza Italia America Latina.

CI – Quali sono i progetti futuri?CM – Stiamo ultimando un e-book che sarà presentato in anteprima sempre durante la V Conferenza Italia - America Latina a Roma il 5 e 6 ottobre, in cui il Brasile sarà il l’ospite d’onore. È uno studio dina-mico che segnala, attraverso diversi grafici, le opportunità economico-commerciali per le aziende italiane che vogliono aprire una filiale in Brasile. Oltre al censimento  delle imprese già presenti nel territorio brasiliano, sono inclusi un´analisi della ripartizione per settori e per stato, uno studio sugli incentivi, la defiscalizzazione e le linee di cre-dito. Una vera e propria guida di assistenza per le aziende italiane che vogliono stabilirsi in Brasile.

CI – Chi sono gli altri enti che collaborano per la realizza-zione di queste iniziative?CM – Per fare un buon lavo-ro è necessario creare una rete di collaborazioni sia dalla parte ita-liana che da quella brasiliana. Per quanto riguarda l’Italia stanno partecipando, oltre alla rete con-solare, le Camere di Commercio Italo-Brasiliane e il Dipartimento

per la Promozione dell’Interscam-bio (ex ICE - Istituto nazionale per il Commercio Estero), due aziende di consulenza, KPMG e Value Team, lo studio Guarnera di San Paolo, la Confindustria e la Banca d’Italia. Mentre i partner brasiliani sono: i ministeri (tra cui il MDIC – Mini-stero per lo Sviluppo dell’Industria e del Commercio), i governi dei alcuni stati brasiliani (es. Pernam-buco e Bahia), CNI (Confindustria brasiliana), Senai e Sebrae (istituti di alta formazione).

CI – Come l’esperienza ita-liana potrebbe aiutare lo sviluppo brasiliano?CM – La forza dell’Italia è racchiusa nelle PMI che lavorano insieme in un distretto industriale; hanno imparato a collaborare e a concentrare la catena produttiva e  la ricerca scientifica  in un solo luogo. Ad esempio, se qua-ranta piccole aziende specializzate lavorano in rete e che cosí operando possono utilizzare economie  esterne, si trasforma in un’economia esterna che ha un solo grande gruppo che produce un prodotto specializzato. Questo fa si che i costi diminuiscano e che si sviluppino innovazioni tecno-logiche di processo e di prodotto.

CI – Che cosa pensa dell’at-tuale situazione dell’Italia e della recente manovra fi-nanziaria annunciata dal

ministro dell’economia Giu-lio Tremonti?CM – L’Italia, insieme ad altri Pae-si dell’Unione Europea  e del mondo occidentale , si trova in un momen-to economico molto delicato. Il Governo italiano ha innanzitutto approvato  una manovra economica che razionalizza la spesa pubblica e opera tagli per quasi 80 miliardi di euro, con l´obiettivo di raggiungere giá nel 2013 il pareggio di bilancio. Una manovra concepita in coerenza con gli obiettivi fissati in sede euro-pea e giudicata positivamente dalle istituzioni    internazionali.  L´Italia, inoltre, ha fondamentali economici solidi. Personalmente sono fiducio-so e penso che lo sforzo dell’Italia e di tutta l’Europa sarà premiato.  

CI – E come vede la situazio-ne economica del Brasile?CM – Il Brasile è un paese che vanta una crescita economica molto positi-va, però deve fare attenzione al debito privato. Mentre in Italia la situazione è diversa da questo punto di vista, perché il debito delle famiglie italia-ne è molto contenuto: c’è una antica propensione al risparmio e il sistema bancario poi, è solvibile e ha recente-mente superato gli stress test europei.

CI – Durante il MIB, Momento Italia Brasile, parteciperan-no anche le aziende italiane che hanno aperto le loro fi-liali in Brasile?CM – Sicuramente, questo even-to è un aiuto per le aziende italiane che si sono già stabilite in Brasile e per quelle che stanno valutando la situazione del mercato. Il MIB vuole essere uno scambio di esperienze tra le due nazioni attraverso centinaia di eventi in tutto il territorio brasiliano. In Brasile ci sono 30 milioni di oriun-di, quasi una metà dell’Italia! È forte il legame tra i due paesi, per questo non si è voluto racchiudere l’evento nella parola anno, ma è stato battez-zato come momento che inizierà il 15 ottobre e durerà fino a giugno 2012.

CI – Cosa ne pensa del Brasi-le? È stato difficile adattarsi a questo Paese?CM – È un paese accogliente e guar-da con simpatia e amicizia al popolo italiano molto accogliente, allegro e ha un forte sentimento italiano. Pochi giorni fa un brasiliano mi ha confessato che quando arriva in Ita-lia, si sente in casa. Questa grande familiarità tra i due paesi aiuta an-che nel lavoro, si discute insieme, con trasparenza e giovialità.

Il ministro dell’Economia, Giulio

Tremonti, che ha annunciato la manovra

finanziaria: per Musillo, si trata di um momento economico

molto delicato

comunitàitaliana | setembro 2011 19

Due capitali molto diverse tra loro, la prima racchiude lo splendore dell’Impero Romano attraverso i suoi monumenti a cielo aperto; la seconda, più giovane e moderna, ospita l’ar-

chitettura senza spigoli del centenario Oscar Niemeyer.Queste due città hanno una data in comune, quella

di fondazione: il 21 aprile, solo che Roma nel 753 a.C. e Brasilia nel recente 1960.

Due capitali che stanno aumentando sempre di più gli scambi tra di loro. Il più recente è nell’ambito del diritto internazionale.

I giorni 25, 26 e 27 agosto si è svolto a Brasilia il seminario dedicato alla proprietà intellettuale: il mar-chio commerciale e lo sport, in vista delle manifestazioni sportive internazionali che il Brasile dovrà ospitare nel 2014 e nel 2016. Tra gli ospiti sono stati invitati i pro-fessori italiani dell’Università Roma 3 Antonietta Di Blase e Francesco Macario, insieme alla professoressa italo-brasiliana dell’Università di São Paulo (USP) Mari Stela Basso e all’avvocato brasiliano Gustavo Piva.

Il promotore dell’iniziativa e praticante avvocato, Federico Penna ha spiegato com’è nata quest’idea: lo scorso giugno un gruppo di studenti e professionisti dell’ambi-to giuridico brasiliano si sono recati a Roma per seguire un corso di 20 ore sul diritto privato uniforme e armonizza-zione delle regole di conflitto nell’Unione Europea, presso l’Università di Roma 3. Tra i partecipanti, vi erano persone di 30-35 anni, qualificate, in viaggio all’estero per la prima volta nella loro vita. Questo è un indice della crescita economica brasiliana.

Secondo la professoressa di dirit-to internazionale Antonietta di Blase, l’affluenza delle persone che volevano

partecipare era tale che hanno do-vuto fare una piccola selezione per restringere il numero a 40 parteci-panti — questo è un segno di un grande interesse verso il sistema giuridico europeo e italiano.

— La globalizzazione funziona creando i network tra le persone — dichiara il promotore dell’inizia-tiva — si creano amicizie, scambi culturali perché attraverso questo progetto internazionale, i parteci-panti possono conoscere una nuova lingua, un nuovo paese ed e anche una possibilità di fare contatti professionali futuri, lavorativi o universitari. Un’idea di viaggio di-versa, orientata al diritto.

Lo scambio è stato possibi-le attraverso l’accordo firmato tra l’Università Projeção di Brasilia e l’Universita italiana Roma 3.

Il professore Asdrubal Junior, direttore della facoltà di giurispru-denza dell’università Projeção, ha dichiarato:

— È stata un’ esperienza che ha contribuito in maniera signifi-cativa alla formazione dei nostri studenti, che hanno potuto acqui-sire una visione del diritto europeo facendo anche un confronto con il nostro sistema in America del Sud.

Un’iniziativa che è iniziata a Roma e si è conclusa a Brasilia at-traverso il seminario all’universita Projeção a cui hanno partecipato 400 persone, e che ha avuto come pro-tagonisti due dei professori italiani

che hanno tenuto il corso a fine giu-gno all’università di Roma 3.

— Abbiamo riscontrato un di-verso tipo di partecipazione dello studente brasiliano, rispetto a quel-lo italiano, che è abituato a fare molte domande e a interagire di più con il docente, c’è un rapporto più stretto. Inoltre abbiamo saputo, ad esempio, che in Brasile il professore viene chiamato per nome — raccon-ta stupita la professoressa De Blase.

Per quanto riguarda il corso a Roma la docente ha spiegato che era finalizzato alla comparazione tra il sistema giuridico europeo e quello brasiliano, e ai tentativi di integrazione giuridica con altri pa-esi dell’America Latina.

— Io mi occupo in particolare della normativa dell’Unione Eu-ropea, che è una materia tecnica piuttosto difficile. Per questo è in-dispensabile spiegare il concetto di sovrannazionale: sono istituzioni che assorbono delle competenze che prima appartenevano ai singo-li stati e che, non tanto volentieri, rinunciano alla competenza legi-slativa in nome di un’integrazione a livello europeo.

Francesco Macario, docente di diritto comparato e diritto civile ha sottolineato che la facoltà di giuri-sprudenza di Roma 3 è tra le poche che sono nate all’insegna dell’in-ternazionalizzazione del diritto europeo. È un’università molto inte-ressata ai rapporti con l’Europa, che ha già attivato scambi con la Spagna, la Francia, “ma adesso vorremmo ampliare il discorso anche all’Ame-rica del Nord e del Sud, facendola diventare una facoltà internazionale a tutti gli effetti”, spiega.

— Lo scambio serve proprio per conoscere mondi diversi, natural-mente se un italiano va in Francia e un francese in Italia, trova una situazione molto simile. Mentre se uno va a studiare in Brasile trova un diritto sostanziale abbastanza simi-le, ma un mondo completamente diverso a livello di insegnamento e di organizzazione giudiziaria. Stu-diare il diritto qui è interessante perché è un laboratorio del dirit-to applicato: ha un pò di influenza della vecchia Europa e un pò di in-fluenza più recente degli Stati Uniti, però non molti in Europa studiano il diritto sudamericano, sono più tutti quanti attratti dal diritto del Nord America. Anche se adesso la situazione sta un pò cambiano e quindi lo studio del diritto dei paesi emergenti avrà molti più collega-menti — ha concluso il docente.

Quando il diritto unisce due capitaliForum internazionale a Brasilia promuove dialogo tra professori di diritto italiano e brasiliano

diritto

Stefania PelusiDe Brasília

I professori italiani all’Ambasciata italiana: Antonietta di Blase, Roberto Spandre (Addetto Scientifico dell’Ambasciata), Asdrubal

Junior, Francesco Macario e Federico Penna

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setembro 2011 | comunitàitaliana20

2011, o pior ano para os refugiados

Alto comissário da ONU para refugiados declara que o Brasil é exemplo para o mundo na integração dos estrangeiros

Em visita a Brasília no início de agosto, o al-to comissário da Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e ex- primeiro mi-nistro de Portugal (1995-2001), António

Guterres, elogiou a legislação brasileira que trata do te-ma — uma das mais avançadas do mundo em termos de direitos garantidos — e que pode ficar ainda melhor.

— Neste momento, há em discussão no Congresso (brasileiro) uma série de matérias de grande impor-tância, relacionadas ao Estatuto do Estrangeiro e à Convenção das Nações Unidas sobre Direitos dos Tra-balhadores Migrantes e das suas famílias. Espero ver logo um projeto que venha do Ministério da Justiça, que reconhece os direitos dos apátridas, daqueles que não têm nacionalidade – declarou, em Brasília, onde se encontrou com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, no Itamaraty.

Guterres frisou a característica essencial da socie-dade brasileira: a diversidade, que assume hoje uma enorme importância enquanto pensamos a proteção dos refugiados na escala mundial.

Além disso, o comissário afirmou que o Brasil possui uma sociedade civil atuante e uma moderna legislação so-bre refúgio que permite aos cerca de 4.500 refugiados de 77 nacionalidades encontrarem as condições de recons-truir suas vidas com dignidade e respeito. Pelos dados da Acnur de 2010, entre os refugiados presentes no Brasil, 39% são angolanos, 14% colombianos, 10% são oriundos do Congo, 6% da Libéria e 5% do Iraque. A maior parte dos vem da África e, em seguida, das Américas.

De acordo com o Itamaraty, o Brasil será destaque na campanha global lançada pela Acnur. Em 2011, o

governo brasileiro planejou repassar à agência cerca de US$ 3,7 milhões, enquanto em 2009 a quantia não passou de US$ 50 mil. Os recursos estão sendo utilizados em diferentes países, como Equador, Haiti, Irã, Ira-que, Paquistão e Armênia, além de Tunísia e Egito, mais recentemente.

Situação na EuropaPara Guterres, o massacre ocorrido na Noruega em 22 de julho mostra a necessidade de ampliar os esfor-ços para combater a discriminação aos estrangeiros no mundo.

— Quando há uma atmosfera tão dramática e um crime hedion-do como o que ocorreu na Noruega, reconhecemos a enorme importân-cia do Brasil como exemplo de uma sociedade de tolerância — afirmou.

Sobre a situação na Europa, Guterres admitiu que, sempre que há uma crise econômica e eleva-dos níveis de desemprego, torna-se

mais difícil a integração dos refu-giados. Isso gera também reações negativas das populações locais em relação aos estrangeiros.

— A emergência do populismo político, a intolerância religiosa e a irresponsabilidade de certos meios de comunicação social têm contri-buído para gerar na Europa uma hostilidade com relação aos estran-geiros, imigrantes e refugiados, criando movimentos de opinião sensíveis à xenofobia e ao racismo, os quais se tornam um obstáculo para as políticas de exílio — decla-rou o português.

Ele também afirmou que é im-portante aumentar o orçamento do Conare (Conselho Nacional para Refugiados) “para facilitar todos os aspetos de integração, que vão des-de a aprendizagem de português à integração no sistema de educação e saúde, e à procura por emprego”.

Emergência De acordo com Guterres, os confli-tos e as crises estão cada vez mais duradouros e sem perspectiva de solução, o que dificulta o retorno das pessoas.

— Parece que estamos em um mundo descontrolado, à deriva. As crises estão imprevisíveis. Em esca-la mundial, tivemos este ano uma situação até agora única na nos-sa história: houve, em apenas um semestre, uma crise por mês. Na Costa do Marfim, tivemos 170.000 refugiados e mais de meio milhão de deslocados internos; na Líbia, mais de 1 milhão de pessoas cruzando a fronteira da Líbia com a Tunísia e o Egito, enquanto outros atravessa-ram para Europa; depois, a situação na Síria, no Iêmen, o conflito na fronteira e os problemas internos do Sudão. E, agora, a emergência dramática da Somália — alertou.

Para piorar, nenhuma das cri-ses antigas se resolveu, como a do Afeganistão, do Iraque e do Con-go. Menos de 20% dos refugiados no mundo voltam aos países de origem. Há dois anos, 1 milhão de refugiados retornavam à terra na-tal, mas atualmente o número é inferior a 200 mil.

Esta foi a segunda visita ofi-cial de António Guterres enquanto chefe do Acnur ao Brasil, fruto de convite feito pelo governo brasi-leiro para estreitar ainda mais as relações entre a Agência da ONU para Refugiados e o país. A primei-ra ocorreu em novembro de 2005, quando reuniu-se com o então pre-sidente Lula.

Stefania PelusiDe Brasília

Para o ex-primeiro ministro de Portugal, eventos como o massacre ocorrido em julho na Noruega deixam mais evidente para o mundo o exemplo

dado pelo Brasil na tolerância com os estrangeiros

política

comunitàitaliana | setembro 2011 21

Brasil, bom cliente do Made in ItalyMesmo com a crise econômica italiana, a Itália exporta cada

vez mais para o Brasil. Segundo dados do anuário 2011 do Istat, o instituto italiano de estatística, o país está entre os melhores clientes dos produtos made in Italy, com um cresci-mento de 44%, o que totaliza quase 3% do export italiano.

De acordo com nota divulgada pelo órgão, o giro comer-cial entre os dois países, nos últimos anos, movimentou cerca de US$ 5 bilhões. De 2006 para cá, os investimentos italianos no Brasil cresceram ainda mais. Hoje, a Itália ocupa o sexto lugar entre os parceiros comerciais do Brasil e o 10º lugar entre os países investidores.

O que mais mudou ao longo desses anos foi o fluxo das relações comerciais não somente das grandes empresas ita-lianas já presentes em território brasileiro, como também das pequenas e médias empresas, com um aumento de 20% nos últimos três anos.

Entre os produtos italianos mais valorizados no mercado brasileiro, estão os mecânicos instrumentais, os acessórios para auto, os lubrificantes, as válvulas a esfera, as máquinas para embalagem, os barcos e os helicópteros.

Parque OlímpicoTommaso Principi, de Cesena (FC) foi o autor do projeto

italiano que concorreu ao concurso do Parque Olímpico Rio 2016, elaborado para a construção das instalações olím-picas na região portuária da cidade. O projeto vencedor leva a assinatura da empresa londrina Aecom e tem o americano Bill Hanway como arquiteto responsável, em parceria com o brasileiro Daniel Gusmão.

Participaram da proposta italiana as empresas Ecolo-gia Studio, Mario Kaiser, Yellow Office, OBR Open Building Research, Fvero e Milani Ingegneria. O projeto (foto), assim como todos os 59 que participaram do concurso, esteve ex-posto no Instituto de Arquitetos do Brasil do Rio de Janeiro, de 22 de agosto até 9 de setembro.

O Parque Olímpico tem uma área de 1.180.000 m² e vai abrigar disputas de 15 modalidades olímpicas e 11 parao-límpicas.

notíciaS

notíciaS

CGIL no BrasilUma delegação da maior central sindical da Itália — a

CGIL, abreviação da Confederação Geral Italiana do Trabalho — passou alguns dias do final de agosto no Brasil para uma missão de reconhecimento. Chefiado pelo secretá-rio geral do governo da Região da Lombardia, Giovanni Marco Mauro Baseotto, o grupo era formado por 13 delegados da entidade. Visitar o Rio é “etapa fundamental da missão para melhor conhecer a realidade brasileira”, comentou Baseotto, que já esteve outras vezes no Brasil, país que o surpreende pelas constantes mudanças. “Os lugares por onde passamos parecem sempre uma novidade. Em pouco tempo, as mu-danças acontecem com uma velocidade impressionante. Os canteiros abertos indicam a existência de uma economia viva em um país que se configura como um dos mais estratégicos no cenário mundial”, completou o sindicalista.

StromboliNão é apenas o Etna que vem arrancando suspiros dos

turistas com suas erupções espetaculares. O Strom-boli, o vulcão mais ativo das ilhas e, assim como o Etna, localizado na Sicília, mostrou sua força em pelo menos du-as ocasiões de agosto. No auge das férias do verão europeu, as excursões de turistas junto à montanha tiveram de ser canceladas por causa de explosões sentidas nas cidades vi-zinhas. O horário de pico era o início da madrugada. Os eventos sísmicos estão sendo monitorados pelo Osservato-rio Vesuviano di Napoli.

JMJ 2013 no RioUm ano antes da Copa, o Brasil sediará um dos maiores

eventos religiosos do mundo. O Rio Janeiro será a sede da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2013, cujo tema é Ide e fazei discípulos de todos os povos. O anúncio oficial foi feito pelo Papa Bento XVI no dia 21 de agosto, diante de mi-lhares de fiéis reunidos na missa de encerramento do evento deste ano, em Madri. Eufóricos, os brasileiros presentes na missa cantaram trechos de Cidade Maravilhosa após ouvir a notícia. Mais de dois milhões de jovens prestigiaram as cele-brações na capital espanhola. Idealizado pelo Papa João Paulo II, o evento reúne jovens de países e culturas diferentes. O Rio é a primeira capital brasileira escolhida para sediar a JMJ.

O imposto e os jogadores de futebolA possibilidade de pagar em dobro a alíquota do chamado

imposto solidário, obrigação da qual até hoje estiveram isentos, fez com que os jogadores de futebol convocassem uma greve na Itália. O pagamento da taxa dobrada foi de-fendido pela Lega Nord, partido de extrema direita, como medida para integrar o pacote italiano contra a crise econô-mica. Adriano Galliani, o diretor executivo do Milan, clube presidido por Silvio Berlusconi, não se opôs à proposta. “Nós do Milan já decidimos que a taxa de solidariedade, se con-firmada, será paga pelos jogadores como o fazem todos os trabalhadores italianos. Não há negociação. Se não concor-dam, que façam greve”. O dirigente, porém, manifestou pre-ocupação sobre o tema: “Temo que, nos próximos dias, esse assunto se torne muito quente”. O pagamento da taxa é pre-visto para todos os que ganham mais de 90 mil euros anuais.

Roma antiga em 3DO motor de buscas Google, que já colocou na rede versões

tridimensionais de cidades italianas como Milão, Veneza, Florença e Áquila, disponibilizou as maravilhas arquitetônicas da Roma antiga na web. Há algumas semanas, o internauta pode percorrer virtualmente as ruas da cidade eterna com os traçados que apresentava na época do imperador Constantino, por volta de 320 d.C., no Google Earth e no Google Maps.

As imagens em 3D constituem um achado para pes-quisadores e interessados no tema: são mais de seis mil monumentos, como o Coliseu, a Basílica Júlia e os templos das Vestais. Alguns apresentam as disposições internas com-pletas, entre colunas, tetos e pisos. O internauta pode conferir a novidade na página http://earth.google.com.br/rome/.

Brasileiro gasta mais no exteriorO s brasileiros estão gastando mais no exterior. É o que

dizem as estatísticas do Banco Central. Em julho, os tu-ristas gastaram 2,19 bilhões, uma alta de 42,9% em relação ao mesmo mês de 2010 (US$ 1,53 bilhões). No acumulado do ano, as despesas no exterior chegam a US$ 12,38 bilhões. A elevação dos gastos é favorecida pelo crescimento do empre-go e da renda no Brasil e, também, pelo dólar desvalorizado - fator que barateia as passagens e hotéis cotados na moeda norte-americana. O BC também informou que as despesas líquidas com viagens internacionais totalizaram US$1,7 bi-lhão, com aumentos de 42,9% nos gastos de brasileiros no exterior e de 11,7% nos gastos de estrangeiros no País.

comunitàitaliana | setembro 2011 23

Divórcio alla italianaA Igreja dentro do território italiano

possui um poder político muito grande. Ter o Vaticano no quintal de casa significa fazer contas com o Deus e o Diabo na terra de Dante. Com o Diabo, principalmente, quando o tema é o divórcio. Na Itália ele pode ser pedido apenas três anos depois da separação. Mas, por valores que come-çam em 3.500 e vão até 7.000 euros, os casais italianos podem divorciar-se rapidamente, em poucos meses, na Romênia, Inglaterra e Espanha. As-sim, nasce o turismo do divórcio, pa-cote anti-matrimônio, que prevê hos-pedagem em quartos separados.

Periferia à luz vermelhaNo parque de via Roane, na pracinha

perto da via Quinto Romano, meni-nos e meninas, adolescentes, transam de madrugada. Não é uma orgia entre os jovens mas se trata de um fenômeno que começa a ganhar novos adeptos. O pouco caso com o qual eles lidam com a sexuali-dade faz com que os atos sexuais ocorram em espaços públicos, perto de amigos que conversam ali perto como se nada esti-vesse ocorrendo a poucos metros de dis-tância. Tudo, naturalmente fotografado e “postado” no facebook.

ArrivederciUma das autoridades eclesiásticas mais

progressistas do mundo católico, o ex-arcebispo de Millão, Dionigi Tettamanzi, ganhou uma bela despedida. Ele acompa-nhou um grupo de dez mil jovens milane-ses que viajaram para Madri por conta da Jornada Mundial da Juventude. Ao longo da viagem e da permanência na capital espanhola, todos comemoram muito a presença do cardeal Tettamanzi. Ali eles também trocaram as primeiras impres-sões com o novo arcebispo de Milão, An-gelo Scola — e Tettamanzi, ex-papabili, vai deixar saudades.

Westfield MilanO maior centro comercial da Europa vai

nascer na ex-área da alfândega, em Segrate, ao lado do aeroporto de Linate, perto do Idroscalo, a “praia” dos milane-ses. O projeto está orçado em 1.25 bilhões de euros e terá 170 mil metros quadrados de lojas de luxo e áreas de lazer. O gru-po australiano Westfield e o empresário italiano Antonio Percassi, do grupo Sti-lo, estão juntos na aventura que deverá começar em 2012 e terminar em 2015, a tempo da Expo e em sintonia com abertu-ra prevista da linha 4 do metrô, Forlanini.

O governo italiano cortou 80% dos fun-dos para cultura de Milão. Junte-se a

isso os buracos no balanço contábil da cidade, com novos cortes previstos mais à frente, e as contas estão feitas. Dos 4 milhões de euros de orçamento inicial,

agora sobram apenas 800 mil. O jeito vai ser passar o chapéu junto às instituições privadas. O problema é que, em tempos de vacas magras, todos estão com os cofres fechados. Três mostras previstas para o outono já foram canceladas.

Miséria cultural

milãoGui lhermeAquino

setembro 2011 | comunitàitaliana24

Representantes e pro-prietários dos nove restaurantes do Rio de Janeiro que se saíram

vencedores da edição 2010-2011 do Marchio Ospitalità Italiana esti-veram reunidos na sede da Firjan na noite de 31 de agosto para re-ceber a placa e o certificado do selo, entregues pela Câmara Ítalo-brasileira de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro. A iniciativa faz parte de um projeto que começou em 1997 na Itália e ganhou o mun-do a partir da supervisão da União das Câmaras de Comércio italianas no mundo, a Unioncamere, e do Instituto Italiano de Pesquisas Tu-rísticas, o Isnart.

O objetivo da premiação, que já foi concedida a 55 estabelecimentos no Brasil, é valorizar a cultura gas-tronômica da Itália, promover as tradições de produtos agroalimen-tares originais, respeitar o padrão de qualidade do país e zelar pela imagem dos restaurantes italianos.

Um comitê formado por diversas instituições avalia os candidatos e a concessão do selo, como a Agência Italiana de Turismo (Enit), o Instituto

Italiano de Comércio Exterior (ICE) e a Federação Italiana para Atividades do setor de bares, restaurantes, entretenimento e outros (FI-PE). Em São Paulo, 30 locais receberam o se-lo, entregues no último mês de fevereiro.

Embaixadores Ao receber o certificado, o chef exe-cutivo do restaurante Alessandro & Frederico, Gennaro Cannone, ressaltou o papel das casas gastro-nômicas italianas no exterior.

— Somos como pequenos em-baixadores italianos pelo mundo — definiu.

A placa, que será fixada nas pa-redes dos restaurantes, foi entregue pelo presidente da Câmara Ítalo-bra-sileira do Rio, Pietro Petraglia. Ele lembrou que a excelência italiana de-ve ser buscada de forma constante.

— Vocês, clientes, poderão ava-liar os restaurantes premiados, e cobrar dos mesmos para que conti-nuem com essa qualidade. Estamos certos de que a gastronomia italia-na vai ajudar no desenvolvimento

do estado. Aliás, a combinação do serviço italiano com o sorriso ca-rioca é a ideal.

Além da aparênciaPara levar o selo, o restaurante de-ve provar que a fidelidade ao made in Italy vai além do nome e rege su-as atividades, desde a escolha dos ingredientes ao contato com o pú-blico. Os critérios incluem possuir uma versão do cardápio escrita em língua italiana; seguir pelo 51% de receitas tradicionais; contar ao me-nos com um profissional que saiba se comunicar em italiano com a clientela; oferecer um ambiente com elementos de identidade ita-liana; e possuir, no mínimo, 30% de vinhos italianos de origem re-conhecida.

A edição 2010/2011 é a primei-ra de nível mundial, para a qual se inscreveram 1120 candidatos de vários países. Destes, 440 obtive-ram o selo.

A maior parte das 13 casas escolhidas pelo Ospitalità Italia-na está localizada na zona sul do Rio. Além da pizzaria Alessandro & Frederico e do Fasano Al Mare, especializado em frutos do mar ao estilo mediterrâneo, ambos situa-dos em Ipanema, foram premiados o Da Brambini, no Leme; o Fratelli, presente na Barra da Tijuca e no Leblon; o Giuseppe e o Margutta Città, ambos no centro da cidade; o La Fiducia, em Copacabana; e o Mi-lano D.O.C. e a Osteria dell’Angolo, também em Ipanema.

O objetivo agora é estender a iniciativa a outros estados da área de atuação da Câmara Ítalo-brasi-leira do Rio, como Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, Ceará e Distri-to Federal. Outro projeto é realizar encontros entre os representantes dos estabelecimentos e fornece-dores para identificar eventuais problemáticas e suas soluções, tu-do em nome da qualidade made in Italy, explicou o secretário geral da Câmara, Basílio Catrini.

I veri italianiNove restaurantes do Rio de Janeiro selecionados por seguirem a tradição e usarem produtos originais recebem o selo Ospitalità Italiana

No alto, o presidente da Câmara Ítalo-brasileira do Rio, Pietro Petraglia,

entrega a placa ao representante do

restaurante Giuseppe, ambos observados

pela subsecretária de Comércio e Serviços do

estado, Dulce Ângela Procópio. Ao lado, o secretário geral da

Câmara, Basílio Catrini, que explicou os critérios

da seleção aos presentes. Abaixo, os premiados

do restaurante Fasano Al Mare, Luca Gozzani e Riccardo Zaroni, com o selo na mão, ao lado de Alessandro Barillà (vice-Presidente da Câmara) e

de Petraglia

Cintia Salomão Castro

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comunitàitaliana | setembro 2011 25

Durante a década de 1990, os pedidos de cidadania por parte de ítalo-brasileiros regis-

traram um boom, crescimento que foi sentido diretamente pelos fun-cionários do Arquivo Nacional, o órgão responsável pela guarda das relações dos imigrantes transpor-tados nos vapores que entraram no país desde o final do século XIX. Essa busca maciça por documentos amarelados pelo tempo foi o que motivou a elaboração do projeto de cadastramento desses imigrantes.

— Os pedidos aumentaram muito a partir de 1990. Todos os dias chegavam várias pessoas pa-ra fazer consultas. Muitos sabiam somente o ano de nascimento do

avô. Foi então que a professora Ismênia de Lima Martins, da Uni-versidade Federal Fluminense, que foi coordenadora da primeira fase do trabalho, propôs que ela-borássemos um projeto, a partir do financiamento do BNDES — conta Mauro Lerner Markowski, coorde-nador de documentos escritos do Arquivo Nacional. 

Rio como LampedusaCalcula-se que mais de três milhões de imigrantes estrangeiros tenham desembarcado em terras brasilei-ras entre os séculos XIX e XX. Cada vapor trazia cerca de mil pessoas de diversas nacionalidades, entre italianos, portugueses, espanhóis, libaneses, sírios e polacos. Os principais portos de entrada eram Santos e Rio de Janei-ro e os estrangeiros eram

obrigados a fornecer dados para o preenchimento do cadastro, que fi-cava com as autoridades de controle da imigração. Os dados mostram que, somente no ano de 1888 — ano da Abolição da Escravatura assinada pela Princesa Isabel — 14.037 cidadãos italianos passaram

pelo Rio. Uma parte desse total permaneceu na re-gião, enquanto milhares

HiStória

a um clique da

origemAcervo online do Arquivo Nacional torna possível encontrar informações de

imigrantes estrangeiros que desembarcaram no Brasil no final do século XIX

Cintia Salomão Castro

A sede do Arquivo Nacional, no Rio: a

busca constante de ítalo-brasileiros pelos

documentos dos ancestrais motivou

a elaboração do projeto, idealizado pela

professora Ismênia Martins

setembro 2011 | comunitàitaliana26

seguiam para outros estados. O movimento variava de acordo com os acontecimentos no continente europeu. Em média, 60 vapores an-coravam todos os meses nas águas do Brasil, mas es-se número poderia ser reduzido a zero no auge de confli-tos bélicos.

— Notamos que, durante a primeira Guerra Mundial, há uma drástica redução da presença dos vapores. O mesmo acontece no início da Segunda Guerra. Naquele período, atravessar o Atlân-tico era muito perigoso — explica o historiador Mau-ro Lerner.

Aberto e gratuitoOs dados relativos aos imigrantes estrangeiros reunidos nas listas de vapores podem ser acessados por qualquer pessoa através da in-ternet. Não é necessário sequer

o preenchimento de cadastro. As informações até agora disponíveis vão de 1885 a 1891, e correspon-dem aos registros de mais de 227 mil pessoas, inclusive crianças.

O BNDES já aprovou dois fi-nanciamentos para o tratamento do acervo. Foram quase R$ 500 mil repassados na primeira fase, em 2007, e R$ 829 mil para a no-va fase. O dinheiro cobre despesas com a contratação de mão de obra especializada e de estagiários dos cursos universitários de História, Arquivologia e Ciências Sociais.

Enquanto a primeira fase asse-gurou a publicação das listas dos vapores que atracavam de 1885 a 1891, o financiamento mais recen-te deve possibilitar a publicação de

outros 500 mil re-gistros, o que pode fazer com que se chegue ao ano de 1896. Porém, não é fácil fazer uma pre-visão exata, já que “cada registro en-volve vários outros dados, como reli-gião, nacionalidade, profissão etc”, ex-plica o arquivista Sátiro Nunes.

Uma das prin-cipais vantagens do projeto é a sua contri-buição para preservar os documentos his-tóricos, sensíveis à ação do tempo e que

tendem a se desgastar ainda mais com as freqüentes consultas.

— Além de preservar o material, o banco de dados presta um serviço valioso a quem quer averiguar suas origens — resume Mauro.

“Além de preservar o material, o banco de dados presta um

serviço valioso a quem quer averiguar

suas origens”Mauro Lerner Markowski,

coordenador de documentos escritos do Arquivo Nacional

Na base de dados do Arquivo Nacional, o internauta pode fazer buscas a partir de uma única informação sobre o seu antepassado, como a

nacionalidade, a religião, o sobrenome e ano de chegada. Se ele fizer um levantamento, por exemplo, apenas através do sobrenome Rossi, verá uma lista com 254 nomes de imigrantes. Por isso, quanto mais informações, mais precisa fica a pesquisa. O acervo digital contém dados de mais de 227 mil pessoas de diversas nacionalidades. Destes, 69.520 eram italianos. O endereço da página é www.an.gov.br/rvbndes/menu/menu.php. Para fazer uma pesquisa, o internauta deve selecionar a opção consulta do menu.

Onde encOntrarOnde encOntrar

O historiador Mauro Lerner e o arquivista Sátiro Nunes já estão

trabalhando em um novo projeto que vai disponibilizar milhões de

fichas de identificação de imigrantes datadas entre 1938 e 1965

Fichas consularesOutro projeto promete facili-tar a pesquisa histórica sobre a imigração no Brasil. As imagens di-gitalizadas de mais de dois milhões e meio de fichas consulares datadas entre 1938 e 1965 deverão ser colo-

cadas à disposição dos internautas, também no site do Arquivo Nacional. A instituição fir-mou parceria com a Sociedade Gene-alógica de Utah, que se encarregou da digitalização do material. As fichas são os documen-tos dos imigrantes, emitidos pelos consulados brasi-leiros de cada país, antes de aqui che-

garem. A previsão é que as imagens estejam acessíveis no site do AN até o ano que vem.

João

Car

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comunitàitaliana | setembro 2011 27

Em comemoração aos 120 anos do filósofo Gramsci, completados em janeiro de 2011, foi organizado

o Seminário Internacional Grams-ci Histórico. O evento promovido pelo Grupo “Gramsci e a Moder-nidade” aconteceu nos dias 23 e 24 de agosto na UniRio, e reuniu estudiosos brasileiros e italianos para discutir no espaço de dois dias, Gramsci e a História. No primei-ro dia, foi apresentada a visão de modernidade europeia de Gramsci e seu engajamento na militância revolucionária. No segundo dia, a proposta foi discutir a teoria polí-tica gramsciana e os caminhos para uma globalização democrática.

Entre os pesquisadores italia-nos presentes no debate, podemos citar o professor de Teoria Política da Universidade de Urbino, Fábio Frosini. Além de dar sua contribui-ção teórica no seminário, Frosini também lançou o livro Gramsci e os Movimentos Populares, no qual foi colaborador. A obra traz os prin-cipais trabalhos apresentados em setembro de 2010 no seminário in-ternacional, que reuniu na UFF mais de 900 especialistas em teoria gra-msciana, de todos os continentes. O livro estuda os últimos 40 anos de influência gramsciana nos movi-mentos populares pelo mundo.

Outros debatedores italianos marcaram presença no seminário, como o professor da Universida-de da Calábria, Guido Liguori, que tem uma visão particular do fas-cismo, movimento político que puniu Gramsci com a reclusão em 1926. Segundo ele, o fascismo po-de ser percebido na Europa dos dias de hoje:

— O fascismo é uma tendência recorrente na política moderna e assume várias feições. Alguns de seus traços mais inquietantes es-tão hoje em plena luz do dia na sociedade europeia: a intolerância com o estrangeiro, o racismo la-tente, o personalismo autoritário traduzido em ‘liderismo’ popu-lista, aspecto da política que, sob formas diversas, infelizmente também contagiou a esquerda. Deve-se mencionar ainda a cons-trução frenética do consenso, que hoje se beneficia do protagonismo dos meios de comunicação — res-saltou Liguori.

O fascismo tem uma impor-tância ímpar na vida de Gramsci. Seu pensamento só é compreendi-do a partir de sua vivência em um determinado contexto sócio-polí-tico-econômico e cultural da Itália fascista. Por ser um revolucionário comunista, Gramsci foi preso pe-lo regime de Mussolini. Na prisão escreveu sua célebre obra Cadernos do Cárcere, com publicação póstu-ma. São frequentes as análises e

alusões que Gramsci faz à História nessa obra. Para o teórico, o pa-pel do historiador, do filósofo e do cientista social, tem uma dimensão política, transformadora. Gramsci se espelhava nesses profissionais para desenvolver sua teoria.

— Embora Gramsci não tenha formação acadêmica em História e nem recorra às fontes primárias em seus escritos, mesmo assim, pode ser considerado um historia-dor no sentido de construir uma práxis da História — ressaltou Ri-cardo Salles, professor da UniRio.

Essa práxis citada pelo profes-sor Ricardo Salles tem profunda ligação com a teoria de Marx. O pensador sardo formulou o concei-to de “hegemonia” e aprofundou a teoria de Estado apresentada por Marx e Engels. Gramsci empres-ta de Marx também o conceito de luta de classes na sociedade capi-talista. De acordo com o professor de História da Unicamp, Álvaro Bianchi, Gramsci compreende a sociedade civil como um lugar de conflito. A partir disso, ele estuda o papel da coerção e do consenti-mento na dominação de classes nos Estados modernos. Gramsci queria compreender como a classe subalterna podia tornar-se diri-gente e exercer o poder político, ou seja, converter-se em uma clas-se hegemônica.

Gramsci é o mentor do cami-nho italiano para o socialismo. Embora ele tenha influências estrangeiras, quase todos seus pontos de referência são italia-nos, a começar com Maquiavel. Suas ideias são contrárias àquelas do italiano Benedetto Croce. Seu italianismo exacerbado se deve em grande medida, às suas expe-riências como político e militante revolucionário na Itália fascista.

Reviver Gramsci, portanto, é relembrar que a política, sob he-rança dos sonhos da esquerda, só tem sentido se transformadora da realidade em favor dos explorados. Gramsci trilhou os caminhos rumo a esse sonho. Na Carta de Grams-ci do cárcere, a seu irmão Carlo, em 12 de setembro de 1927, ele concluía: Alguns me consideram um demônio, outros quase um santo. Não quero ser mártir nem herói. Acredito ser simplesmente um homem médio, que tem suas convicções profundas e não as troca por nada no mundo. Embora Gramsci tenha seguidores, ele também tem críticos, porém é inegável o legado histórico deixado por ele.

Os 120 anos de GramsciUniRio sediou o Seminário Gramsci Histórico e brindou o público com as ideias do revolucionário socialista

HiStória

Nathielle Hó

O professor de Teoria Política da Universidade de

Urbino, Fabio Frosini

setembro 2011 | comunitàitaliana28

O Primeiro Encontro das Associações Italianas no Rio de Janeiro reu-niu, no dia 20 de agosto,

representantes das entidades que promovem a cultura italiana no es-tado e pesquisadores interessados no tema. O evento contou com o apoio da Câmara Ítalo-Brasileira de Comér-cio e Indústria do Rio e teve como sede o Instituto Italiano de Cultura. O público presente conferiu durante o encontro, a palestra Memória Italiana no Estado do Rio de Janeiro. A principal palestrante foi a coordenadora aca-dêmica do projeto Italianos no Rio de Janeiro, professora da Universidade Federal Fluminense e historiadora, Ismênia de Lima Martins.

A professora Ismênia destacou na sua apresentação a importância do resgate da história e da memória da imigração italiana no Rio. Comentou também sobre sua pesquisa quan-titativa e qualitativa relacionada à identificação da presença italiana em todos os municípios fluminenses, de acordo com o censo de 1920, que corresponde ao fim do período cha-mado “Grande Imigração”.

Além da professora Ismênia, todos os participantes ativos do seu grupo de pesquisa discorreram sobre seus respectivos projetos. A mestranda Maria Izabel Mazini do Carmo, que estuda a presença ita-liana na cidade do Rio entre os anos de 1870 e 1920, ressaltou o caráter sócio-profissional dessa população.

A professora de História da UFF Rosane Aparecida Bartholazzi exi-biu o resultado de seu trabalho de doutorado acerca da imigração no noroeste fluminense, frisando os aspectos inéditos da pesquisa que desconstrói o estereótipo do imi-grante como miserável e analfabeto. Já o professor Vitor Manoel Fonseca expôs suas conclusões relacionadas ao movimento associativista no Rio de Janeiro entre 1903 e 1916, com foco nos italianos. Por fim, a profes-sora Paola Cappellin apresentou sua tese sobre a participação dos penin-sulares no empresariado nacional.

  PropostaA partir deste Encontro, a proposta é o desenvolvimento de um banco de dados, com depoimentos de imi-grantes italianos identificados pelas próprias associações. O acervo sobre imigração italiana no estado do Rio se constituirá num centro de refe-rência no campo da história oral,

disponível a qualquer pesquisador, assim como para aqueles que se inte-ressam pelo tema.

A professora Ismênia Lima Martins faz parte do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense, instituição proponente do projeto. O grupo de professores que integra o curso prima pela produção e reno-vação historiográfica permanente e inclui entre suas preocupações a história regional. Entre seus cen-tros mais destacados encontra-se o Laboratório de História Oral e Ima-gem – LABHOI — que se constitui em um arquivo de fontes orais, vi-suais e digitais. O local vai abrigar o acervo relacionado ao projeto Italia-nos no Rio de Janeiro.

Criado em 1982, o laboratório desenvolve a produção de vídeos ex-perimentais, no sentido de iniciar estudantes de história na videografia histórica e documental. O trabalho do LABHOI, no campo da história da imagem, organiza-se a partir da distinção entre imagens técnicas e artísticas. O estudo das imagens técnicas dedica-se à história da fotografia, do cinema, vídeo e da car-tografia, levantando questões acerca do lugar da técnica na construção do olhar. Desde 1994, o LABHOI se constituiu também como um arquivo de fontes orais, reunindo entrevistas em fitas-cassete organi-zadas em séries. Por agregar material referente à imigração italiana no Rio de Janeiro, vai servir como espaço de pesquisa genealógica, onde estu-diosos e pessoas comuns vão poder saber um pouco mais sobre suas ori-gens e conhecer a trajetória de suas famílias na cidade fluminense.

Compareceram ao evento diver-sos representantes das Associações Italianas do Estado do Rio de Janeiro, além de professores/pesquisadores de várias universidades e entidades brasileiras e italianas, como UFF, UERJ, UFRJ, Universo, Fiocruz, Fae-tec, Arquivo Nacional, Universidade da Calábria e Universidade Tor Ver-gata. Os participantes fizeram várias sugestões e demonstraram, unani-memente, entusiasmo pelo projeto:

— As Associações Italianas exercem um importante papel na preservação e divulgação da cultura pátria. Sendo assim, o I Encontro das Associações intencionou valorizar as questões referentes à imigração ita-liana no estado, através de discussões que permitem o resgate da italianità difusa, mas expressiva, no marco dos estudos históricos regionais — con-clui Rosane Bartholazzi.

Encontro inéditoProposta é reunir depoimentos de imigrantes em um banco de dados que sirva como um centro de referência sobre o assunto para os pesquisadores

O presidente do Instituto de

Cultura Italiano, Rubens Piovano, e os professores

palestrantes, entre eles, a professora

Ismênia Martins

Nathielle Hó

coMunidadE

comunitàitaliana | setembro 2011 29

A alpinista Nives Meroi anunciou a retomada das escaladas após a longa convalescência do marido e companheiro de aventuras, Romano Benet. O casal italiano entrou na

contagem regressiva para iniciar a subida da montanha Mera Peak, 6.476 metros de altitudde, na cordilheira do Himalaia. O projeto retoma força após dois anos de suspensão provocada pelo delicado estado de saúde de Romano. Ele teve que sofrer um duplo transplante de medula óssea e, depois de dois anos de curas, prepara as mochilas novamente. Durante o evento Os mistérios dos montes, ocorrido em agosto na cidade de Madonna

di Campiglio, a dupla participou de um encontro com o público e divulgou a notícia tendo como testemunhas as amadas montanhas. Agora, o casal 20 do alpinismo volta a marchar rumo ao sonho dourado de escalar as 14 montanhas mais altas do planeta, todas com altitu-des acima de oito mil metros. Onze já foram escaladas, ombro a ombro. Faltam à chamada “apenas” três.

— Eu não podia continuar sem o meu marido. A re-ciprocidade rege as relações. Chega sempre o momento que um dos dois precisa de um suporte e, desde o pri-meiro momento, compreendi que o meu recorde eu o conquistaria na vida — disse Nives, ao se referir ao re-corde de Reinhold Messner, o primeiro ser humano a escalar todas as montanhas acima dos oito mil, sem a ajuda de garrafas de oxigênio. O encontro foi na Malga Ritorto, ao ar livre, tendo como moldura as Dolomitas do Brenta.

Estilo alpinoNives Meroi se recorda bem quando os primeiros sinais da doença apa-receram na circulação sanguínea. O casal estava a 7.500 metros de altitu-de, na montanha Kanghchenjonga — quase em cima da terceira maior montanha da Terra — quando ele começou a passar mal, na fronteira do Nepal com a Índia. Normalmen-te, era ele quem seguia na frente abrindo caminho para a mulher. De repente, o cansaço cresceu, a energia acabou e eles desceram “correndo” para a civilização. Dali para a cura e a reabilitação junto à universidade de Udine foi uma questão de dias e já faz parte do passado.

Um passo atrás para dar três à frente, uma montanha a menos pa-ra subir as três derradeiras.

— Eu e Nives acreditamos na pureza do estilo alpino, em uma época na qual a montanha se presta à espetacularização, aos pa-trocinadores, à exploração. Nós continuaremos a caminhar com o tempo, a calma, a humildade, celebrando a liberdade de poder escolher de seguir em frente ou re-nunciar — afirma.

Nas palavras equilibradas de Ro-mano Benet, nas entrelinhas, lê-se uma crítica à pressão da exploração comercial das altas montanhas, custe o que custar e , muitas vezes, o preço cobrado é a pele do alpi-nista, já vendida aos anunciantes das expedições antes mesmo de enfrentar a natureza indomável de ambientes tão extremos.

Nives Meroi e Romano Benet contam as reflexões que podem dividir com os ouvintes apenas porque souberam, em outras ocasi-ões, renunciar aos planos originais e colocar em prática o plano B, de retorno em segurança, deixan-do o objetivo para um segundo momento. Foi assim com o Dhau-lagiri, escalado em 2007 depois que o casal deu marchar à ré a poucos metros do topo, e com o Annapur-na, o primeiro oito mil escalado pelo homem em 1950, quando, a 6.600 metros, a dupla escaparia por um triz da queda de um gigantesco pedaço de gelo, voltando ao campo base em segurança, já que as con-dições não eram favoráveis. Mas o currículo da dupla tem conquistas notáveis como a subida ao Gashe-brum I, ao Gashebrum II (tentado anteriormente em 2002) e ao Bro-ad Peak, todos acima dos oito mil, em apenas vinte dias, entre 19 de julho e 8 de agosto de 2003.

O retorno à normalidade, no vocabulário do casal Nives e Roma-no, significa voltar a caminhar onde o homem vive com muita dificulda-de, ou seja, acima dos quatro mil metros de altitude. No fim do mês de outubro, os dois partem para a Ásia. Não vão ainda escalar um oito mil, mas realizam uma viagem de reconhecimento e, principalmen-te, de aproximação. Eles irão fazer um trekking com amigos, na zona de Khumbu, com um final previsto no topo do Mera Peak (6.476 mts). E este é o melhor presente de ani-versário que Nives Meroi poderia receber: fazer as malas junto com marido. Nives Meroi completa 50 anos em 17 de setembro. A maior alpinista italiana mostrou, mais uma vez, toda a sua grandeza dian-te do maior desafio da sua vida: a vida do seu marido. E a comemora-ção pela vitória contra a doença vai ser nas amadas montanhas, onde o casal se sente em casa.

De volta ao picoUma das maiores alpinistas italianas, Nives Meroi anuncia seu retorno às escaladas após dois anos parada em função da doença do marido

ESportE

O casal Nives Meroi e Romano Benet concede entrevista em meio às montanhas: anúncio de retorno ao alpinismo

Guilherme AquinoDe Milão

setembro 2011 | comunitàitaliana30

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ItalianStyle

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comunitàitaliana | setembro 2011 31

Qualidade no atendimento é bom e todo mundo gosta. O turista volta e o cliente local torna-se assíduo. A proximidade de eventos de grande porte como a Rio+20,

a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos está fazendo com que o Brasil repense não apenas sua infraestru-tura, mas também o nível do serviço oferecido em hotéis, bares e restaurantes. E os especialistas con-cordam: simpatia é o forte do profissional brasileiro, mas no quesito técnica ainda há muito que aprender.

O modo de receber do brasileiro difere muito do estilo europeu. É a opinião do diretor geral do Caesar Park Ipanema, um dos mais prestigiados hotéis do Rio, o italiano Maurizio Romani. Há pouco mais de um ano no Brasil, ele já gerenciou hotéis cinco estrelas em Portugal, Reino Unido, França e Alemanha, além de ter sido diretor gastronômico do famoso Hotel Da-nieli, situado ao lado do Palazzo Ducale, em Veneza.

— No Brasil ainda falta profissionalismo e pre-cisa-se de muita formação, coisa que na Europa foi instituída há muito tempo. Mas algo que por lá não vemos é o sorriso. E o sorriso deixa o cliente feliz. En-tre a abordagem da parte de um profissional brasileiro e aquela de um europeu em um hotel existe um abis-mo: lá não sorriem nunca, e aqui, sempre — comenta.

O consulente italiano Luigi Lupi, fundador da Lat-te Art Coffee School, um centro barista training sediado em Piacenza que forma por ano 150 profissionais de vá-rios países, concorda com Romani. Para ele, os baristas

à mesaSfida in tavola

Diretor do Caesar Park Ipanema, o italiano

Maurizio Romani destaca o sorriso do atendente

brasileiro, praticamente ausente no modo de servir dos europeus

Direttore del Caesar Park Ipanema, l’italiano Maurizio Romani mette

in risalto il sorriso del personale brasiliano,

praticamente assente nel modo di servire

degli europei

Baristas brasileiros estão entre os mais simpáticos do mundo, mas o país ainda

precisa estruturar a formação de profissionais para atender melhor um cliente cada vez mais

exigente. Projeto de lei para regulamentar profissão aguarda aprovação em Brasília

Baristi brasiliani sono tra i più simpatici del mondo, ma questo paese ha ancora bisogno di strutturare la formazione di professionisti per erogare servizi sempre migliori a clienti sempre più esigenti. Un disegno di legge per regolare la professione dovrebbe essere approvato a Brasília

Capa profiSSionalização

Cintia Salomão Castro

L a qualità del servizio clienti è ottima e pia-ce a tutti. I turisti tornano e i clienti locali diventano assidui. Grandi eventi sono alle porte, come la Rio+20, i Mondiali di Calcio

e le Olimpiadi, e fanno sí che il Brasile ripensi non so-lo la sua infrastruttura, ma anche il livello di servizi offerto in alberghi, bar e ristoranti. E gli specialisti sono d’accordo sui professionisti brasiliani: la simpa-tia è il loro forte, ma quando si parla di tecnica hanno ancora molto da imparare.

I brasiliani ricevono gli ospiti in modo molto diver-so dagli europei. È ciò che pensa il direttore generale del Caesar Park Ipanema, uno dei più prestigiosi al-berghi di Rio, l’italiano Maurizio Romani. Da poco più di un anno in Brasile ha già gestito hotel a cinque stel-le in Portogallo, Gran Bretagna, Francia e Germania, oltre ad essere stato direttore gastronomico del famo-so Hotel Danieli, accanto al Palazzo Ducale, a Venezia.

— In Brasile manca ancora professionalismo e c’è bisogno di molta formazione, cosa che in Europa è stata instituita già da molto tempo. Ma da quelle par-ti non si vede un sorriso. E il sorriso rende felice il cliente. Tra l’approccio di un professionista brasiliano e quello di un europeo in un hotel c’è un abisso: là non sorridono mai, e qui sempre — commenta.

O consulente italiano Luigi Lupi, fondatore della Latte Art Coffee School, un centro barista training con sede a Piacenza responsabile della formazione di 150 professionisti di vari paesi è d’accordo con Romani.

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setembro 2011 | comunitàitaliana32

“O barista está para o café como o sommelier

para o vinho”Edgard Bressani,

presidente da Associação Brasileira de Café e Baristas

“Il barista sta al caffé come il sommelier

sta al vino”Edgard Bressani, presidente della

Associação Brasileira de Café e Baristas

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33comunitàitaliana | setembro 2011

latinoamericanos irradiam aquela simpatia “a mais”, prin-cipalmente se comparados aos anglo saxões, por exemplo.

— É uma qualidade que acaba compensando a fal-ta de técnica — avalia.

A qualificação dos profissionais que lidam direta-mente com o turista entrou na pauta de preocupações do governo. Prova disso é que o projeto Bem Receber Copa, realizado pelo Ministério do Turismo em parceria com entidades do setor, como a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e a ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis). O objetivo é a capaci-tação da mão de obra empregada no setor.

Para o presidente da ABIH, Enrico Fermi Torqua-to, essa capacitação será um dos legados deixados pela Copa, além da visibilidade internacional e da in-fraestrutura nas cidades-sede.

— Está nos genes do brasileiro o gostar de rece-ber. Nosso povo é cordato e atencioso, ao contrário do europeu. Se o brasileiro tiver capacitação, receberá o turista de forma ainda melhor — acredita Enrico.

Rumo a 2014No setor de hotelaria, já existem 4364 capacitados nas 12 cidades-sede da Copa, segundo a ABIH. A me-ta para 2014 é atingir 306 mil profissionais — entre camareiros, recepcionistas e mensageiros — através da plataforma da Escola Virtual dos Meios de Hospe-dagem, acessada pelos funcionários dentro do próprio estabelecimento onde trabalham. Somente em 2010 foram investidos mais de R$ 9 milhões no projeto, e mais R$16 milhões estão sendo repassados este ano.

Para o presidente da Abrasel – entidade parceira junto ao Ministério do Turismo no Bem Receber Copa

Antes dos árabes terem difundido o hábito de beber café, a partir do século XV, os

habitantes da sua região de origem — a Etiópia — comiam o fruto e mascavam suas folhas. A cafeteira italiana Moka, inventada por Bialetti em 1933, leva o nome da cidade do Iêmen de onde vinha o melhor café, segundo os relatos deixa-dos pelo gastrônomo Pellegrino Artusi. A cultura das cafeterias evolui a ponto de chegamos ao requinte de concursos de latte art — a arte de fazer desenhos com o leite.

O café expresso, invenção do torinese An-gelo Moriondo que remonta a 1884, é cada vez mais consumido no Brasil, embora a versão a filtro ainda lidere amplamente a preferência dos brasileiros, confirma pesquisa recente da Abic.

Como reconhecer um bom expresso? Deve ser “cremoso, com tom cara-melo-avermelhado, é marcante, doce e seu gosto permanece na boca por algum tempo”, dá a dica aquela que foi eleita três vezes a melhor barista do Brasil e consultora da Italian Coffee, Silvia Magalhães.

O tradicional cafezinho brasileiro, no entanto, também precisa de certos cuidados para manter sua qual-idade. “O filtro de pano é o ideal para preservar o aroma e o sabor, ao contrário daquele de papel, que retira os óleos aromáticos do pó”, ensina o especialista Emílio Rodrigues, da Casa do Ba-rista. Os óleos aromáticos citados pelo consultor são os elementos voláteis liberados pela bebida e perceptíveis pelo nosso olfato. “Eles guardam

tudo de bom que o café oferece, dentro do grão, protegidos do oxigênio”, completa.

— Para se tomar um bom café em casa, ou você mói os grãos em casa, ou compra uma pequena embalagem a vácuo e consome rapida-mente — ensina.

Além disso, o ideal é o produto com 100% arábica e que os utensílios utilizados, como o coa-dor, a xícara e a garrafa térmica sejam preaqueci-das, pois “se o café tocar qualquer superfície fria receberá um choque térmico e ficará mais ácido”.

Quanto às máquinas modernas, aquelas que diluem o café em sachês ou cápsulas são cômo-das para uso doméstico e em escritórios, res-salta Edgard Bressani, presidente da Associação Brasileira de Café e Baristas, por serem de uso simples e limpo, já que não deixam borra, além

de oferecem consistência selecionada de extração. Por causa dessa praticidade, esse tipo de máquina é escolhida por hotéis, inclusive de luxo. Porém, por mais que sejam de boa qualidade, “o café extraído delas ficará sempre aquém daquele moído na hora. Por isso, muitos hotéis cinco es-

trelas contam com um café três estrelas”, obser-va. Uma alternativa para quem quer rapidez sem deixar cair a qualidade são as novas máquinas que moem o grão em um compartimento interno e regulam a quantidade de água e pó de maneira automática. “Dou nota 7 para essas máquinas automáticas; 6 para aquelas de sachê e 10 para a clássica profissional com moedor”, avalia Edgard.

da etiópia aO Latte art

Secondo lui i baristi sudamericani irradiano quella simpatia “in più”, specialmente se paragonati agli an-glosassoni, per esempio.

— È una qualità che compensa la mancanza di tecnica — valuta.

La qualifica di professionisti che si occupano di-rettamente dei turisti è entrata nell’ordine del giorno del governo. Ne è una riprova il progetto Bem Re-ceber Copa, realizzato dal Ministério do Turismo in partnership con enti del settore, come l’Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e la ABIH. La meta è quella di offrire training alla mano-dopera impiegata nel settore.

Per il presidente della ABIH, Enrico Fermi Tor-quato, questo training sarà lasciato in eredità dai Mondiali, insieme alla visibilità internazionale e all’infrastruttura nelle città sede.

— È nei geni brasiliani il piacere di ricevere. Il nostro popolo è accondiscendente e premuroso, al contrario di quello europeo. Se i brasiliani saranno preparati rice-veranno i turisti sempre meglio — scommette Enrico.

Verso il 2014Secondo la ABIH, nel settore alberghiero ci sono già 4364 persone preparate nelle 12 città sede dei Mon-diali. Si pensa di raggiungere 306mila professionisti nel 2014 – tra camerieri, recepcionist e messaggeri – grazie alla piattaforma della Escola Virtual dos Me-ios de Hospedagem, a cui i dipendenti hanno accesso dall’interno del posto di lavoro. Solo nel 2010 sono stati investiti più di R$ 9 milioni nel progetto e altri R$ 16 milioni lo saranno quest’anno.

Secondo il presidente della Abrasel – ente partner insieme al Ministério do Turismo nel Bem Receber Copa – Paulo Solmucci, il Brasile ha ancora molto spa-zio per migliorare nell’erogazione di servizi, anche se crede che i brasiliani vincono per la cordialità.

— È vero che dobbiamo migliorare molto, ma troviamo cattivi esempi in tutto il mondo, anche nel continente europeo dove, in vari paesi, abbiamo con-statato un servizio clienti da considerare addirittura rude se paragonato a quello a cui siamo abituati in Brasile — ha detto a Comunità.

Solmucci dice che il nostro peggior limite riguar-da la lingua e prevede che i turisti che arriveranno in Brasile senza parlare il portoghese “troveranno dif-ficoltà”. Per ricevere meglio i clienti stranieri più del 70% dei ristoranti brasiliani ha scelto la traduzione in inglese e circa un quarto lo spagnolo dei loro menu.

Um dos mais conceituados formadores

de baristas do mundo, Luigi Lupi (foto abaixo)

ainda não encontrou uma entidade parceira para ensinar no Brasil

Uno dei più famosi formatori di baristi del

mondo, Luigi Lupi (foto sotto), non ha ancora

trovato un entità partner per insegnare in Brasile

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Capa profiSSionalização

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– Paulo Solmucci, o país ainda tem muito o que evoluir em relação ao atendimento, embora também acredite que o brasileiro ganhe no quesito cordialidade.

— É verdade que temos muito a melhorar, mas encontramos mau atendimento em todo o mundo, inclusive no continente europeu, onde, em muitos países, constatamos um atendimento que chega ser rude perto daquilo a que estamos acostumados no Brasil — afirmou à Comunità.

Nossa pior limitação é o idioma, diz Solmucci. O turista que chegar ao país sem falar português “en-contrará dificuldades”, prevê. Para atender melhor o cliente estrangeiro, mais de 70% dos restaurantes brasileiros optaram pela tradução do cardápio para o inglês e cerca de um quarto escolheu o espanhol.

— Não acredito que resolveremos isso até 2014. A forma mais viável para amenizar esse problema é a tradução dos cardápios — diz.

Embora considere importante a formação técnica para um barista, ele avisa que o foco do projeto do Ministério é o atendimento ao turista em geral, o que passa pela compreensão das diferenças culturais. Se-gundo os dados oficiais, 15 mil profissionais já foram capacitados nas 12 cidades-sede, como garçons, ba-ristas e maîtres.

— Acho importante a formação técnica do ba-rista, mas não é a linha do programa. O objetivo é melhorar a comunicação e compreender as diferenças culturais ao lidar com estrangeiros.

Gigante adormecido Apesar de bater recordes tanto de exportação quanto de consumo interno, o Brasil ainda não serve uma xí-cara de café à altura de sua importância no mercado, alertam os especialistas.

No último ano-safra, o país embarcou o maior volume da história: foram 34,92 milhões de sacas, in-forma o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). A receita cambial saltou 65% e alcançou US$ 7,39 bilhões, se comparada com a safra anterior, de US$ 4,49 bilhões. Conforme o levantamento do Ce-café, a Europa responde por 54% da importação do café brasileiro, enquanto América do Norte responde por 22%, a Ásia por 17% e a América do Sul por 4%. A

Itália é o terceiro país importador, depois de Estados Unidos e Alemanha.

Além disso, o consumo de café torrado quebrou, em 2010, o recorde registrado

há 45 anos, segundo a Associação Brasi-leira das Indústrias do Café,

a Abic: 4,81 quilos por habitante. E a prefe-

rência nacional foi comprova-da por pesquisa

recente do IBGE, que o mostrou na

liderança do ranking de bebidas consumidas dia-

riamente. Em média, cada brasileiro bebe todos os dias 215,1 mililitros de café.

Apesar desses ín-dices absolutos, os estabelecimentos co-merciais brasileiros que servem café expresso

P rima che gli arabi diffondessero l’abitudi-ne di prendere un caffé, nel XV secolo, gli

abitanti della loro regione di origine – l’Etiopia – mangiavano il frutto e masticavano le sue foglie. La caffettiera italiana Moka, inventata da Bialetti nel 1933 prende il nome dalla città iemenita da dove veniva il miglior caffé da come si legge su documenti lasciati dal gastronomo Pellegrino Artusi. La cultura delle caffetterie è evoluto a tal punto da arrivare alla ricercatezza di organizzare concorsi di “latte art” – ossia l’arte di fare disegni con il latte.

Il caffé espresso, invenzione del torinese Angelo Moriondo che risale al 1884 è sempre più consumato in Brasile, anche se la versione ‘filtrata’ è ancora al primo posto nelle preferenze dei brasi-liani, come conferma una recente ricerca della Abic.

Ma come possiamo rico-noscere un buon espresso? Dev’essere “cremoso, di un colore caramello-rossastro, è forte, dolce e il suo sapore rimane in bocca per un po’ di tempo”, suggerisce quella che è stata eletta tre volte come miglior barista del Brasile, Sil-via Magalhães.

Comunque, anche il tradizionale ‘cafezinho’ brasiliano ha bisogno di certe attenzioni per man-tenere la sua qualità. “Il filtro di tessuto è ideale per conservare l’aroma e il sapore, invece quello di carta toglie gli oli aromatici del caffé”, insegna lo specialista Emílio Rodrigues, della Casa do Ba-rista. Gli oli aromatici citati dal consulente sono gli elementi volatili dispersi dalla bevanda e per-

cepiti dall’olfatto. “Questi mantengono ciò che c’è di meglio del caffè, all’interno del chicco, protetto dall’ossigeno. Per questo, per prendere un buon caffé a casa, gli amanti del caffé o macinano i chicchi, o ne comprano solo un pacchetto a vuoto e lo usano subito”, conclude.

Inoltre, l’ideale è il prodotto con il 100% di arabica e che gli utensili usati, come il filtro e la tazza siano già caldi dato che, entrando in contat-to con una superficie fredda, il caffé diventa più acido dovuto allo choc termico.

Per ciò che riguarda le macchine moderne, quelle che diluiscono le cialde o sacchetti, sono comode per uso domestico o di ufficio, mette in risalto Edgar Bressani, presidente della Asso-ciação Brasileira de Café e Baristas, perché sono facili da usare e pulite visto che non lasciano i

fondi, oltre ad offrire una buo-na e selezionata consistenza. Grazie alla sua praticità que-sto tipo di macchina viene adottato da alberghi, anche di lusso. Ma anche essendo di buona qualità “il caffé tirato da queste macchine sarà meno buono di quello macinato al momento. Perciò molti hotel a

cinque stelle contano su di un caffé a tre stel-le”, osserva. Un’alternativa per chi vuole rapidità senza perdere la qualità sono le nuove macchine che macinano i chicchi in uno scomparto interno e regolano la quantità d’acqua e polvere automa-ticamente. “Dò il voto 7 a queste macchine auto-matiche; 6 a quelle a cialde e 10 a quella classica professionista con macina”, valuta Edgard.

daLL’etiOpia aL Latte art

— Non credo che risolveremo il problema entro il 2014. La maniera più fattibile per diminuirlo è la traduzione dei menu — dice.

Anche se considera importante per un barista la formazione tecnica, Solmucci dice che il focus del Mi-nistério sono i servizi per i turisti, per i quali passa la comprensione delle diversità culturali. Secondo dati uf-ficiali 15 mila professionisti hanno già ricevuto training nelle 12 città sede come camerieri, barman e maître.

— Credo che sia importante la formazione tecnica del barista, ma non è la linea del programma. La meta è quella di migliorare la comunicazione e capire le dif-ferenze culturali quando si ha a che fare con stranieri.

Gigante addormentato Malgrado abbia battuto record sia di importazione sia di consumo interno, il Brasile non serve ancora una tazzina di caffé all’altezza della sua importanza nel mercato, avvisano gli specialisti.

Nell’ultima stagione di raccolto il Brasile ha imbar-cato il maggior volume [di caffé] della storia: sono stati 34,92 milioni di sacchi, rende noto il Conselho dos Ex-portadores de Café do Brasil (Cecafé). La RECEITA CAMBIAL è aumentata del 65% e ha raggiunto US$ 7,39 miliardi in confronto al raccolto anteriore, di US$ 4,49 miliardi. Secondo rilevamenti del Cecafé, l’Europa risponde del 54% dell’importazione del caffé brasilia-no, mentre l’America del Nord risponde al 22%, l’Asia il 17% e il Sudamerica il 4%. L’Italia è il terzo paese im-portatore dopo gli Stati Uniti e la Germania.

Inoltre, nel 2010 il consumo di caffé tostato ha battuto il record registrato da 45 anni, secondo

O presidente da Abrasel, Paulo Solmucci,

destaca que a tradução dos cardápios nos

restaurantes brasileiros é importante para

o turismo

Il presidente della Abrasel, Paulo Solmucci,

mette in risalto che la traduzione dei menu

nei ristoranti brasiliani è importante per il turismo

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sofrem com a falta de preparo e treinamento dos profissionais que manuseiam o moedor e as máquinas.

O presidente da Associação Brasileira de Café e Baristas, Ed-gard Bressani, prevê que o Brasil passará os Estados Unidos em 2013, tornando-se o maior merca-do consumidor do mundo.

— O país deve pular dos atuais 19.3 milhões de sacas anuais para 21 milhões. E esse crescimento de-ve estar atrelado a investimentos na qualidade do café servido — avalia.

A qualidade dos grãos é muito importante, mas não é tudo. Por melhor que seja o grão, “se a pessoa não pre-para bem o café, perde a qualidade”, explica o fundador da Casa do Barista, localizada no bairro carioca de San-ta Teresa, Emílio Rodrigues. Para ele, o Brasil ainda não acordou para a necessidade de formação do barista.

— Precisamos estruturar o setor com o apoio do governo e da indústria, que não se manifesta — alerta.

LimitaçõesA qualificação da categoria esbarra na falta de valo-rização do profissional que serve o café, no escasso movimento de formação, nos baixos salários e na precária escolaridade de milhões de trabalhadores.

Autor do Guia do Barista, Edgard Bressani lem-bra que, apesar do “pelotão de elite” que atua em cafeterias especializadas, na grande parte dos es-tabelecimentos, os profissionais recebem pouca ou nenhuma orientação.

— Sem desmerecer o trabalho deles, não conside-ro como baristas os operadores ou os atendentes que não dominam a técnica. Muitos não conhecem nem mesmo as regras corretas de higiene. E não é culpa deles. Um aprende errado e vai passan-do para o outro — comenta.

A principal reivindicação da categoria, hoje, é salarial, res-salta a presidente da Federação Nacional dos Empregados do Comér-cio Hoteleiro e Similares, a advogada Conceição Pereira.

— Lutamos muito para ter um rea-juste de quase nada. No Rio, por exemplo, o piso da categoria é de 630 reais. Os sindica-tos devem ser incluídos em um projeto amplo de formação, pois são as entidades que lidam diretamente com os trabalhadores — defende.

l’Associação Brasileira das Indú-strias do Café, a Abic: 4,81chili per abitante. E la preferenza nazionale è stata provata da una recente ri-cerca dell’IBGE, che ha mostrato il caffé al primo posto del ranking di bevande consumate giornalmente. In media ogni brasiliano beve tutti i giorni 215,1 millilitri di caffé.

Malgrado questi indici assoluti, i locali brasiliani dove viene servi-to il caffé espresso soffrono con la mancanza di preparazione e trai-ning dei professionisti che usano il macinacaffé e le macchine.

Il presidente dell’Associação Brasileira de Café e Baristas, Ed-gard Bressani, prevede che il

Brasile supererà gli Stati Uniti nel 2013, divenendo il maggior mercato di consumo del mondo.

— Il Brasile dovrebbe fare un salto dagli attuali 19,3 milioni di sacchi annuali a 21 milioni. E questo aumento dovrebbe essere legato agli investimenti fatti nella qualità del caffé servito — valuta.

La qualità dei chicchi è molto importante ma non è tutto. Anche avendo un ottimo chicco, “se la perso-na non prepara bene il caffé perde la qualità”, spiega il fondatore della Casa del Barista, nel quartiere carioca Santa Teresa, Emilio Rodrigues. Secondo lui il Brasile non si è ancora reso conto del bisogno di formazione del barista.

— Dobbiamo strutturare il settore con l’appoggio del governo e dell’industria, che non dice niente — avvisa.

LimitiLa qualificazione della categoria soffre con la man-canza di valorizzazione di professionisti che servano il caffé, nello scarso movimento di training, nei bas-si stipendi e nella precaria istruzione di milioni di lavoratori.

P er servire un caffé di buona qualità i consulenti italiani come l’italiano Antonello Monardo spiegano che il barista non deve perdere di vista le

quattro “m” fondamentali del processo: la miscela (blend o miscela di chicchi); la macchina; la macina e la mano, ossia la maniera giusta di usare gli apparec-chi. Il profilo del barista ideale include la capacità di comunicare positivamente con il cliente: “deve piacergli il caffé, sapersi comunicare con il pubblico e cercare di fare visite tecniche ad aziende produttrici”, riassume la supervisor pedagogica del Centro de Educação Hoteleira dell’ente, Crystiane Matos.

Insomma, il vero barista non è un semplice barman: a lui interessa il caffé in modo generale, conosce i tipi di chicchi, sa qualcosa del processo di raccolto e si mantiene informato sulle novità del mercato. Per questo molti corsi includono la storia del caffé nelle loro materie di base.

Barista

Autor do Guia do Barista, Edgard Bressani

prevê que o Brasil vai passar os EUA em 2013

e se tornará o maior mercado consumidor de

café do mundo

Autore della Guia do Barista, Edgar

Bressani prevede che il Brasile supererà gli USA nel 2013 e

diventerà il maggior mercato consumatore

di caffè del mondo

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FormaçãoO Rio de Janeiro é a cidade brasileira que mais em-prega no setor, o que corresponde a 4,5% da força de trabalho, mas a coordenadora do setor de qualida-de e formação do Sindicato de Bares e Restaurantes (SindiRio), Carla Riquet, lamenta que o curso para baristas tenha pouca procura. Tão pouca que até hoje a entidade não conseguiu fechar uma turma sequer.

— Infelizmente, as pessoas acham que todo mun-do sabe fazer café. Eu achava que esse curso iria ter muita procura, mas não teve. As empresas ainda não entenderam a importância da qualificação nesse se-tor — lamenta Carla.

A escolaridade precária da mão de obra também constitui uma séria barreira para quem está disposto a se qualificar. Com as regras de vigilância sanitária, as pessoas devem ser capazes de entender um con-junto de normas de dezenas de páginas. Quem não sabe ler e interpretar o texto, simplesmente não con-segue trabalhar, diz Carla.

— As pessoas saem do ensino médio sem saber escre-ver. Temos problemas com evasão escolar, então a pessoa acaba sem preparo nem para ser treinado para emprego. E atual legislação do consumidor prevê a prisão do ge-rente e crime inafiançável em alguns casos — completa.

PragmatismoNa Itália, existem diversos cursos para baristas, mas a maioria segue a estrada lavorativa, ou seja, aprendem quase tudo na prática. Entretanto, o país italiano, além de deter a cultura do café expresso, possui uma característica particular no setor de ristorazione: quem está atrás do balcão, muitas vezes, é o proprie-tário do estabelecimento. Portanto, o interesse em servir uma xícara bem feita e decorada ao cliente é ainda maior. Além disso, um barista italiano ganha, em média, pelo menos mil euros por mês. O ítalo-brasileiro Luciano Gallo passou a ganhar 1.500 euros mensais — mais que o dobro do piso da categoria no Brasil que gira em torno de 600 a 700 reais entre São

Para servir um café de qualidade, os consultores como o italiano An-tonello Monardo, explicam que o barista não deve perder de vista

os quatro “m” fundamentais do processo: a mistura (blend ou miscela de grãos); a máquina; o moinho e a mão, ou seja, o jeito certo de manusear os aparelhos. O perfil do barista ideal incluiu a capacidade se comunicar bem com o cliente: “Ele deve gostar de café, saber se comunicar com o público e procurar fazer visitas técnicas a fazendas”, resume a supervisora pedagóg-ica do Centro de Educação Hoteleira do Senac da Bahia, Crystiane Matos.

Em resumo, o verdadeiro barista vai além de um simples atendente: ele se interessa pelo café de modo geral, conhece os tipos de grãos, tem noções do processo de colheita e se informa sobre as novidades do merca-do. Por isso, muitos cursos incluem a história do café nos módulos básicos.

Barista

Autore della Guida del Barista, Edgard Bressani ri-corda che, malgrado il “plotone di élite” che lavora in bar specializzati, in gran parte dei locali i professioni-sti ricevono pochi o addirittura nessun orientamento.

— Senza togliere il merito al loro lavoro, non con-sidero veri baristi gli operatori o camerieri che non dominano la tecnica. Molti non conoscono nemmeno le regole di igiene idonee — commenta.

Oggigiorno la rivendicazione principale della categoria si riferisce allo stipendio, indica la presi-dentessa della Federação Nacional dos Empregados do Comércio Hoteleiro e Similares, l’avvocato Con-ceição Pereira.

— Lottiamo molto per avere aumenti di quasi nulla. A Rio, per esempio, la base dello stipendio della categoria è di 630 reais. I sindacati devono essere in-seriti in un ampio progetto di formazione, visto che

sono gli enti che si occupano direttamente dei lavora-tori — difende.

FormazioneRio de Janeiro è la città brasiliana che offre più im-pieghi nel settore, il che corrisponde al 4,5% della forza lavoro, ma la coordinatrice del settore di quali-tà e formazione del Sindicato de Bares e Restaurantes (SindiRio), Carla Riquet, si dispiace del fatto che il corso per baristi sia poco frequentato. Cosí poco che fino ad oggi l’ente non è riuscito ad aprire nemmeno una classe.

— Purtroppo le persone pensano che tutti sanno fare il caffé. Credevo che questo corso avrebbe attrat-to molta gente, ma non è stato cosí. Le imprese non hanno ancora capito l’importanza della qualifica in questo settore — si rammarica Carla.

Anche la precaria istruzione della manodope-ra costituisce una seria barriera per chi si dispone a qualificarsi. Con le regole della vigilanza sanitaria le persone devono essere capaci di capire un insieme di norme di decine di pagine. Chi non sa leggere e inter-pretare il testo semplicemente non riesce a lavorare, dice Carla.

— La gente finisce il liceo senza saper scrivere. Abbiamo problemi come quello dell’evasione scola-stica, quindi la persona finisce [gli studi] impreparata addirittura per essere addestrata per l’impiego. E l’attuale legislazione del consumatore prevede l’arre-sto del gestore e reato inappellabile in qualche caso — completa.

PragmatismoIn Italia ci sono molti corsi per baristi, ma la maggior parte segue la strada lavorativa, ossia si

A coordenadora de formação do SindiRio,

Carla Riquet (foto acima), alerta que a escolaridade

precária limita a qualificação de muitos

garçons e baristas

La coordinatrice di formazione del SindiRio,

Carla Riquet (foto sopra), avvisa che

l’istruzione precaria limita la qualifica di molti

camerieri e baristi

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Paulo e Rio — desde que começou servir expressos e capuccinos em um restaurante da cidade vêneta de Pon-te San Niccolò, no Norte da Itália. Ele é um exemplo de barista que apren-deu tudo na prática.

— O proprietário foi quem me ensinou a operar a máquina e fa-zer bebidas. Gosto do trabalho e do ambiente. Além de aprender a fazer vários drinques, você conhece pesso-as novas todos os dias — conta.

Se você pergunta ao clássico ba-rista italiano teorias sobre café, provavelmente não as domina, explica o especialista italiano Antonello Mo-nardo, ganhador da medalha de ouro do International Coffee Tasting 2008 e autor do livro Louco por Café.

— Mas com certeza ele saberá preparar um bom expresso e um saboroso capuccino, já que os movi-mentos junto à máquina e o modo correto de moer os grãos já lhe vêm naturalmente, com a experiência — afirma Antonello, no Brasil desde 1992.

Essa excelência pragmática na preparação do ex-presso não é, claro, o caso do profissional brasileiro, que ainda precisa de mais treinamento para chegar a um padrão de qualidade encontrado em outros países.

Para Luigi Lupi, um dos consulentes italianos mais procurados por baristas de todo o mundo, apesar da simpatia contagiante, um dos grandes problemas dos profissionais latinos são os baixos salários.

— Os baristas em países da América Latina e da Europa Oriental ganham pouco e não se sentem es-timulados a seguir carreira. Devemos estimular os jovens a frequentar as escolas de hotelaria e de tu-rismo — defende ele, que, até hoje, não encontrou uma entidade brasileira que patrocinasse sua vin-da para dar cursos no país.

AperfeiçoamentoO mercado, porém, começa oferecer perspectivas de ascensão a quem estiver disposto a se aperfeiçoar. É verdade que uma boa parte dos bares e restaurantes orienta de maneira superficial o atendente que opera a máquina de café, mas isso tende a mudar.

Já existem diversos cursos para o barista que quer dominar a arte de preparar drinques de encher os olhos. O investimento varia de 200 a 400 reais, do nível básico ou avançado. Todos os anos, um campe-onato promovido pela Associação Brasileira de Café e Barista escolhe os melhores do país.

— Hoje em dia, um barista de primeira linha que buscar o aperfeiçoamento pode sair daquele piso de 700 reais. Alguns consultores chegam a ganhar de quatro a cinco mil reais — conta Eduardo Bressani.

A paulista Silvia Magalhães é tricampeã barista bra-sileira. Eleita em 2002, 2003 e 2007, ela é atualmente a responsável pelo departamento de treinamento e controle de qualidade do escritório paulista da Italian Coffee, uma das maiores empresas de máquinas de café do mundo, e já integrou o júri de campeonatos como o americano Northeast Regional Barista Championship, além de ter representado o país durante o prestigia-do World Barista Championship (WBC), campeonato mundial da categoria que aconteceu em Trieste, na Itá-lia, em maio de 2004.

— Aquele que é treinado durante uma manhã é um operador, que aprende somente a usar a máquina.

impara tutto nella pratica. Ma il paese italiano, ol-tre a detenere la cultura dell’espresso, presenta una particolare caratteristica nel settore della ristora-zione: chi sta dietro al banco spesso è il proprietario del bar. Quindi l’interesse di servire una tazzina di caffé ben tirato al cliente è ancora maggiore. Inoltre un barista italiano guadagna in genere perlomeno mille euro al mese. L’italo-brasiliano Luciano Gallo ora guadagna 1.500 euro al mese – più del doppio dello stipendio base della categoria in Brasile, che si aggira sui 600-700 reais a São Paulo e Rio – da quando ha cominciato a servire espressi e cappuc-cini in un ristorante della città veneta di Ponte San Niccolò, nell’Italia del nord. È un esempio di barista che ha imparato tutto con la pratica.

— È stato il proprietario ad insegnarmi a usa-re la macchina e a fare bevande. Mi piace il lavoro e l’ambiente. Oltre ad imparare a fare vari drink si

conoscono persone nuove tutti i giorni — racconta.

Se chiedi al classico barista italiano delle teorie sul caffé probabilmente non le domina, spiega lo specialista italiano Antonello Monardo, vincitore della meda-glia d’oro dell’International Coffee Tasting 2008 e autore del libro Matto per il Caffè.

— Ma sicuramente saprà preparare un buon espresso e un saporito cappucci-no, visto che le operazioni alla macchina e il modo corretto di macinare i chicchi gli

vengono già naturalmente, con l’esperienza — dice Antonello, in Brasile dal 1992.

Questa eccellenza pragmatica nella preparazione dell’espresso è chiaro che non corrisponde al caso

del professionista brasiliano, che ha bisogno di molto training per arrivare ad uno standard di qualità come quello trovato in altri paesi.

Per Luigi Lupi, uno dei consulenti italiani più ricercati dai baristi di tutto il mondo, malgrado la contagiante simpatia uno dei grandi problemi

dei professionisti latini sono i bassi stipendi.— Nei paesi dell’America Latina e dell’Europa

Orientale i baristi guadagnano poco e non si sentono stimolati a continuare nella carriera. Dobbiamo sti-molare i giovani a frequentare le scuole alberghiere e

“O bom café expresso é cremoso, apresenta

um tom caramelo-avermelhado, é

marcante, doce e seu gosto permanece na

boca por algum tempo”Silvia Magalhães, eleita três

vezes a melhor barista do Brasil e consultora da Italian Coffee

“Il buon espresso è cremoso, di un colore caramello-rossastro, è forte, dolce e il suo sapore rimane in bocca per un po’ di tempo”Silvia Magalhães, eletta tre volte come miglior barista brasiliana e consulente della Italian Coffee

Capa profiSSionalização

setembro 2011 | comunitàitaliana38

Para atender bem o turista, ele precisa ser capaz de fazer um bom café expresso e o capuccino. Um curso deve ter no mínimo 18 horas — analisa Silvia, que seguiu o curso do italiano Luigi Lupi.

Teoria e prática integram o curso livre de baris-ta ministrado no Senac da Bahia, que tem 80 horas e custa 250 reais, formando cerca de 100 alunos por ano, entre empresários, funcionários ou pessoas que simplesmente gostam de café, conta a supervisora pedagógica do Centro de Educação Hoteleira da enti-dade, Crystiane Matos.

— O mercado está mais preparado no Brasil, tem mais competitividade. As pessoas já despertam para a importância de estar qualificado no setor — afirma.

Autor do Guia do Barista, que já está na terceira edição, Edgard Bressani também elaborou o conteúdo do primeiro curso online para baristas, em parceria

di turismo — difende Lupi che, fino ad oggi, non ha trovato un ente brasiliano che sponsorizzasse la sua venuta per tenere corsi in Brasile.

PerfezionamentoMa il mercato comincia ad offrire prospettive di cre-scita a chi si dispone a perfezionarsi. È vero che gran parte dei bar e ristoranti dà cattivi orientamenti ai barman che operano le macchine del caffé, ma la ten-denza è che questo cambi.

Ci sono già vari corsi per i baristi che vogliano dominare l’arte di preparare drink da far venire l’ac-quolina in bocca. Gli investimenti spaziano dai 200 ai 400 reais, dal livello basico a quello avanzato. Tutti gli anni il campionato promosso dall’Associação Bra-sileira de Café e Barista sceglie i migliori del paese.

— Oggigiorno un barista di prima linea che vuole perfezionarsi può aumentare quella base di 700 reais. Qualche consulente guadagna addirittura dai quattro ai cinquemila reais— racconta Eduardo Bressani.

La paulista Silvia Magalhães è stata campionessa barista brasiliana tre volte. Eletta nel 2002, 2003 e 2007 in questo momento è responsabile del settore di training e controllo di qualità dell’ufficio paulista della Italian Coffee, una delle maggiori imprese di macchine di caffé del mondo e ha già fatto parte del-la giuria di campionati come l’americano Northeast Regional Barista Championship¸ oltre ad aver rappresentato il Brasile durante il prestigioso World Barista Championship (WBC), campionato mondiale di categoria che ha avuto luogo a Trieste, in Italia, nel maggio del 2004.

— Colui che riceve un training di una sola mattina-ta è un operatore, che impara solo a usare la macchina. Per servire bene i turisti bisogna essere capaci di ti-rare un buon caffè espresso e il cappuccino. Un corso dev’essere di almeno 18 ore — analizza Silvia, che ha seguito il corso dell’italiano Luigi Lupi.

Teoria e pratica fanno parte integrante del corso libero per baristi tenuto dal Senac dello stato della Bahia, fatto in 80 ore e che costa 250 reais; vengono preparati 100 allievi all’anno tra imprenditori, per-sonale o persone a cui, semplicemente, piace il caffè, racconta la supervisor pedagogica del Centro di Edu-cazione Alberghiera dell’ente, Crystiane Matos.

— Il mercato è più preparato in Brasile, c’è più competitività. Le persone hanno già capito l’impor-tanza di essere qualificati nel settore — afferma.

Autore della Guida del Barista, già alla sua ter-za edizione, Edgard Bressani ha anche elaborato il contenuto del primo corso online per baristi, in partnership con il portale Cresça Brasil. Secondo lo specialista la web offre un’opportunità per chi non abita nelle grandi capitali.

Durante os campeonatos nacionais

e internacionais de baristas, os profissionais

devem mostrar que dominam todas as

etapas para preparar de um simples expresso ao mais sofisticado drinque

à base de café

Durante i campionati nazionali ed

internazionali di baristi, i professionisti devono mostrare che

dominano tutte le tappe per preparare da un semplice espresso al più sofisticato drink

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com o portal Cresça Brasil. Para o especialista, a web oferece uma oportunidade para quem mora fora das grandes capitais.

— Nas cidades menores, as pessoas não têm aces-so a esse tipo de curso. A partir dos fundamentos teóricos, elas vão poder partir para a prática. O curso prevê uma prova no final de cada um dos nove módu-los, além de um exame final — adianta.

As certificações também atestam o grau de qua-lificação de quem já trabalha no setor. A Associação Brasileira de Café e Baristas emite diplomas aos profis-sionais que passam por uma avaliação na qual devem provar amostras e acertar qual é o café de qualidade superior, preparar bebidas, operar máquinas sem des-perdício de leite e regular o moinho de forma correta. Entre os 500 baristas inscritos no programa de certifi-cação, pouco mais de 100 obtiveram aprovação.

Regulamentação a caminhoOutra notícia promissora chega de Brasília: o proje-to de lei que regulamenta a profissão de barista já foi aprovado pela Câmara, Senado e aguarda ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidada-nia (CCJC) da Câmara.

O texto do senador Gerson Camata prevê que, para atuar como barista, será necessário comprovar habilita-ção em cursos reconhecidos e ministrados por instituições públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras — desde que o certificado seja revalidado no Brasil — mas garante o direito de exercício a quem comprovar estar na ativida-de há pelo menos dois anos. A organização da carta de cafés, a seleção de ingredientes e fornecedores e o pre-paro da bebida estão entre as atividades elencadas. Não serão enquadrados aqueles que trabalham em restau-rantes, bares e similares não especializados na oferta de bebidas à base de café de alta qualidade e que o sirvam como complemento de outros serviços.

O projeto é bem visto pelos especialistas os quais, no entanto, lembram que será necessário regulamentar a oferta de cursos de modo que o setor se profissiona-lize por inteiro. É o que pondera Emílio Rodrigues, da Casa do Barista. Apesar de considerar a regulamenta-ção um grande benefício, ele diz que “temos que ver quais instituições vão oferecer formação”.

— Quem vai certificar? Talvez ainda não esteja-mos preparados. Falta estruturar a possibilidade de formação para eles — comenta.

— Nelle città minori la gente non ha accesso a que-sto tipo di corso. Partendo dalle basi teoriche si potrà arrivare alla pratica. Il corso prevede un testo alla fine di ognuno dei nove moduli, oltre al test finale — chiarisce.

Inoltre i certificati attestano il livello di qualifica di chi lavora già nel settore. L’Associação Brasileira de Café e Baristas consegna diplomi ai professionisti che sono sottoposti ad una valutazione in cui devo-no provare campioni e indovinare qual è il caffè di qualità superiore, preparare bibite, operare macchi-ne senza sprecare il latte e regolare il macinacaffè in modo giusto. Tra i 500 baristi iscritti al programma di certificazione poco più di 100 sono stati approvati.

Regolamentazione in arrivoUn’altra notiza promettente arriva da Brasília: il dise-gno di legge che regola la professione del barista è già stato approvato dalla Camera, dal Senato ed è in atte-sa di analisi da parte della Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) della Câmara.

Il testo del senatore Gerson Camata prevede che, per lavorare come barista, bisognerà provare l’aver fatto un corso riconosciuto e tenuto da istituzioni pub-bliche o private, nazionali o straniere – sempre che il certificato sia approvato in Brasile – ma garantisce il diritto di lavorare a chi proverà che lavora in questo settore perlomeno da due anni. L’organizzazione del menù dei caffè, la selezione degli ingredienti e forni-tori e la preparazione della bevanda sono tra le attività elencate. Non saranno potranno farne parte coloro che lavorano in ristorantim, bar e simili non specializzati nell’offerta di bibite a base di caffè di alta qualità e che servano como complemento ad altri servizi.

Il progetto è visto di buon occhio dagli specialisti che, comunque, ricordano che sarà necessario regolamentare l’offerta di corsi in modo che il settore si professionalizzi completamente. È ciò su cui riflette Emilio Rodrigues, della Casa do Barista. Malgrado consideri la regolamen-tazione un grande beneficio, dice che “dobbiamo vedere quali istituzioni offriranno la formazione”.

— Chi darà i certificati? Forse non siamo ancora pronti. Si deve ancora strutturare la possibilità di fare la loro formazione — commenta.

Formar baristas e promover estudos e workshops dedicados à cultura do café. Essa

é a missão da Casa do Barista, fundada em 2005 pelo psicólogo mineiro Emílio Rodrigues. Ele se-guiu o curso do italiano Luigi Lupi, conheceu de perto plantações em sua cidade-natal, Ervália, e se tornou um dos maiores especialistas do assunto.

Não é por acaso que o local, instalado em um casarão do charmoso bairro carioca de Santa Teresa, atrai cada vez mais turistas. Na varanda com ampla vista para o Pão de Açúcar e a Baía de Guanabara, o visitante pode tomar seu café da ma-nhã, saboreando um drinque à base de café como o dedo-de-moça ou um delicioso capuccino feito com grãos selecionados e moídos na hora. Móveis rústicos, utensílios antigos e as saíras verdes em busca de frutas completam o clima de interior da casa, onde o seu fundador fixou residência.

A Casa oferece cursos de nível básico e avançado. A história do café, a sensibiliza-ção para degustação, manuseio da máquina, o estudo dos grãos, o latte art e o preparo de drinques estão incluí-dos no conteúdo.

P reparare baristi e promuovere studi e wor-kshop dedicati alla cultura del caffé. È questa

la missione della Casa del Barista, fondata nel 2005 dallo psicologo di Minas Emilio Rodrigues. Questi ha seguito il corso dell’italiano Luigi Lupi, ha visto da vicino piantagioni nella sua città natale, Ervália, ed è divenuto uno dei maggiori specialisti in quest’area.

Non è un caso che la Casa, installata in una vec-chia casa dell’affascinante quartiere carioca di Santa Teresa, attragga un numero sempre maggiore di turisti. Dalla veranda da cui può vedere il Pan di Zuc-chero e la Baia de Guanabara i visitatori possono fare colazione assaporando una bevanda a base di caffè, come il ‘dedo-de-moça’ o un delizioso cappuccino fatto con chicchi selezionati e macinati al momento. Mobili rustici, utensili antichi e i ‘saíras’, tipici uccelli verdi in cerca di frutta che completano il clima della parte interna della casa dove vive il suo fondatore.

La Casa offre corsi di base e avanzati. La storia del caffé, la sensibilizzazione per la degu-stazione, l’uso della macchina, lo studio dei tipi di chicchi, la ‘latte art’ e la preparazione di drink sono inclusi nel contenuto.

casa dO Barista

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Capa profiSSionalização

setembro 2011 | comunitàitaliana40

SommelierDopo 20 anni di lotta per il riconoscimento professio-nale, i sommelier brasiliani hanno motivo di aprire un prosecco: pochi giorni fa il presidente Dilma Rousseff ha sanzionato la legge che regola la professione in Brasile.

Ma Dilma ha vetato le voci che prevedevano l’ob-bligo, da parte dei ristoranti, di contrattare questo professionista e il bisogno di frequentare un corso di qualifica per lavorare come sommelier. La legge è stata pubblicata sulla Gazzetta Ufficiale il 29 agosto – giorno nazionale del sommelier.

Che questo mestiere sia riconosciuto come profes-sione è già un passo in avanti, festeggia la vice presidente dell’Associazione Brasiliana di Sommelier di Rio, Maria Helena Tauhata. Ma si rincresce del fatto che il governo non abbia dato peso al tema della formazione.

— Chi si trova nel mercato di lavoro dev’essere riconosciuto. Neanche il maitre viene riconosciuto. Ma solo l’esperienza non è sufficiente. Per avere delle buone fondamenta per il mestiere, c’è bisogno di una base teorica — valuta.

Per il presidente d’Associação Brasileira de Somme-liers, Ricardo Farias, anche quella dei baristi dev’essere una professione regolata.

— Con la regolamentazione, il barista sarà obbliga-to ad avere una formazione più profonda — prevede.

Però la regolamentazione non apre posti di lavoro in modo automatico, avvisa il presidente dell’Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, Alexandre Sampaio. Proprietario di due alberghi, crede che siano importanti gli sforzi del settore, come il certificato di qualità creato dalla Abic.

— La filiera produttiva si sta sforzando per mi-gliorare, dalla coltivazione del caffè all’industria. È incompatibile per il Brasile, che è il maggior produtto-

re del mondo, avere un caffè orribile nella maggior parte degli alberghi, anche quelli di lusso. Ma le eccezioni sono sempre più numerose. Quanti più professionisti qualificati avremo negli alberghi, meglio sarà per tutti — ha detto a Comunità.

Il turismo affaristico aumenta in modo esponenziale in Brasile. E i clienti corpo-rativi vogliono assaporare un prodotto

migliore, ammette Alexandre.— Ma le imprese non sono obbliga-

te a tenere corsi. Questo è un ruolo di istituzioni come il Senac – conclude il

rappresentante dell’entità che riunisce 480 mila locali di tutto il Brasile, tra alberghi e ristoranti.

SommelierApós 20 anos de luta por reconhecimento profissional, os sommeliers brasileiros têm motivos para abrir um prosecco: há poucos dias, a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que regulamenta a profissão no país.

No entanto, Dilma vetou os itens que previam a obrigatoriedade por parte dos restaurantes de con-tratar o profissional e a necessidade de passar por um curso de qualificação para atuar como sommelier. A lei foi publicada no Diário Oficial em 29 de agosto — dia nacional do sommelier.

O reconhecimento da profissão é um grande passo, comemora a vice-presidente da Associação Brasileira de Sommeliers do Rio, Maria Helena Tauha-ta. No entanto, ela lamenta que o governo não tenha dado importância ao tema da formação.

— Quem está no mercado de trabalho deve ser reconhecido. Nem mesmo o maître tem esse reco-nhecimento. Porém, só experiência não é suficiente. Precisa-se de uma base teórica para embasar a profis-são — avalia.

Para o presidente da Associação Brasileira de Sommeliers, Ricardo Farias, o barista também deve ter sua profissão regulamentada.

— Dessa forma, o barista será obrigado a ter uma formação mais profunda — acredita.

A regulamentação, no entanto, não abre postos de trabalho de maneira automática, avisa o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, Alexandre Sampaio. Proprietário de dois estabelecimen-tos hoteleiros, ele acha importante esforços do setor cafeeiro, como o selo de qualidade criado pela Abic.

— Há um esforço de toda a cadeia produtiva em se aprimorar. É incompatível que o maior produtor do mundo tenha um café horrível na maior parte dos ho-téis, inclusive nos de luxo. As exceções, no entanto, são cada vez mais numerosas. Quanto mais profis-sionais qualificados tivermos nos estabelecimentos, mais ganhamos, todos — disse à Comunità.

O turismo de negócios cresce de forma exponen-cial no país. E o cliente corporativo quer saborear um produto melhor, admite Alexandre.

— As empresas, porém, não são obrigadas a prover cursos. Esse é um papel de instituições como o Senac — conclui o representante da entidade que congrega 480 mil estabeleci-mentos de todo o país, entre hotéis e restaurantes.

Dilma acaba de sancionar a lei

que regulamenta a profissão de sommelier

no país, mas vetou a obrigatoriedade de frequentar um curso

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Comemoração em família Este é um ano de comemorações pa-

ra a família italiana Giovanelli, que pilota com maestria o Caranguejo do Assis, famoso e tradicional restaurante de frutos do mar de Vila Velha. O re-staurante está comemorando 10 anos de

atividade, e mantém a fidelidade de seu público por meio da constante inovação — como a oferta de espaços recreativos para crianças, área vip para eventos especiais e de negócios e ilha de comida japonesa. Tais características atraem um público de cerca de 60 mil pessoas por mês nas duas filiais.

Casa Cor em alto estilo Sob a coordenação da arquiteta Rita

Rocio Tristão, a Casa Cor Espírito Santo 2011 está aberta para visitas até 27 de setembro.  O prazer de morar bem com tecnologia, conforto e sofisticação é o

tema que pauta a CASA COR® Espírito Santo 2011, o maior evento de deco-ração e arquitetura do estado. Mais de 50 profissionais renomados vão expor, em 36 ambientes, as últimas novidades e tendências da arquitetura, decoração e design. Com o tema Dia a Dia com Tec-

nologia, a 16ª edição do evento revela, em seus diversos ambientes, o  “morar bem” com comodidade, economia de recursos e preservação do meio ambiente. Também estarão em destaque projetos que promo-vem a sustentabilidade e a acessibilidade. Na foto, no dia da abertura da Casa Cor, Rita Tristão recebe o governador Renato Casagrande e sua esposa, dona Virginia.

Composé Os executivos Carlos Alberto e Carlos

Antônio Marianelli têm concentra-do seus esforços para reinaugu-rar sua nova loja da Compo-sé na Serra, que promete surpre-ender o morador

do município em busca de produtos di-ferenciados para reformar ou construir. A inauguração da boutique, que prome-te ser diferente de tudo o que existe na região no segmento de acabamento e re-vestimento, acontece este mês.

Ano de conquistas O Grupo Argalit, comandado pelo em-

presário de origem italiana Raphael Cassaro Machado, comemora as bo-as conquistas no primeiro semestre de 2011. Uma delas foi o fato de ter ficado em posição de destaque entre empresas de ponta do setor no 18° Ranking de

Conceito e Imagem da Indústria, divulgado pela Revista Revenda. Outro reflexo positivo foi na produção, com o aumento de mais de13 toneladas de argamas-sas e 15 toneladas de tintas. Desde janeiro, a indústria conta com 257 novos clientes e mais de 10 mil litros

de tintas vendidos.  O comprometimen-to com a responsabilidade social também foi colocado em prática. Somente nos primeiros seis meses do ano já foram contabilizadas mais de três toneladas de produtos doados, entre tintas, argamas-sas e complementos.

Izoton, Profissional de Marketing 2011 A  revista Marketing – editora Re-

ferência  divulgou os 15 vencedores da primeira etapa da edição 2011 do Prê-mio Profissionais de Marketing. Dividido em duas etapas, o prêmio tem como objetivo homenagear dirigentes de marketing que rea-lizaram estratégias de comunicação de grande impacto no mercado nacional e no exterior. A pri-meira fase, regional, seleciona o executi-vo de maior destaque em cada estado. O júri é composto por diretores de redação e editores dos três veículos da Editora Referência: o  jornal Propaganda & Marketing, a revista Marketing e a revista Propaganda. Em uma segunda etapa, todos os vence-dores disputarão o título de Profissional de Marketing Brasil 2011, que será reve-lado em outubro.

Dilma recebe Casagrande

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, foi recebido, em Brasília, no final de agosto, pela presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, ele apresentou uma

pauta de assuntos sobre o estado para o segundo semestre e os principais programas criados pela atual gestão. A presidente afirmou ter recebido relatos de que o Progra-ma Incluir, criado pelo governo capixaba, é o melhor do país para combater a extrema pobreza. Dilma também defendeu um tratamento diferenciado para os estados produto-res de petróleo e prometeu investimentos no sistema portuário da região. A presidente determinou ainda à ministra do Planejamento, Miriam Belchior, prioridade para os estu-dos com o objetivo de implantar um porto de águas profundas no mar do estado.

espíritosantoDídimoEf fgen

setembro 2011 | comunitàitaliana42

“Ho voluto essere pittore, sono diventato Picasso”Da venerdì 14 ottobre il Palazzo Blu

di Pisa riapre la stagione culturale con una grande retrospettiva del ma-estro catalano, Pablo Picasso. Dopo la non estremamente esaltante mostra su Joan Mirò di cui la critica aveva mostrato perplessità sulla scelta delle opere esposte, Pisa vuole rilanciare la cultura internazionale in casa propria con la mostra dal titolo “Ho voluto essere pittore e sono diventato Picas-so”. Più di 200 opere tra dipinti, dise-gni, ceramiche, litografie e acqueforti provenienti dalle più importanti isti-tuzioni museali catalane come il Mu-seo Picasso di Barcellona, il Museo Picasso di Malaga e il Museo Picasso di Antibes. Esposizione aperta fino al 12 febbraio 2012. Orari: martedi – venerdi,10-19, sabato e domenica, 10-20; lunedì chiuso. Biglietti 8 euro.

Vissuto a cavallo tra il XVIII e il XVI secolo, Lorenzo Bartolini viene

considerato il più importante scultore italiano del periodo dopo Antonio Ca-nova. Fu elemento centrale e determi-nante nella crescita e sviluppo dell’arte scultorea sia in Italia che in Europa e negli Stati Uniti. L’esposizione prende spunto dal numeroso nucleo di modelli

in gesso presenti nella Gipsoteca della Galleria dell’Accademia per poi dipanar-si in tre sezioni: il periodo francese e la committenza Bonaparte; l’affermazione di nuovi valori del purismo e la com-mittenza internazionale e come ultima l’osservazione del dato naturale. Fino al 6 novembre presso Galleria dell’Accade-mia di Firenze. Ingresso euro 11,00.

I disegni rivistiLa Fototeca del Kunsthistorisches Insti-

tut in Florenz presenterà, in una mo-stra online, ben 44 disegni provenienti dal fondo Gabinetto Disegni e Stampe degli Uffizi. Fino al 14 febbraio 2012 sarà così possibile visionare il frutto del progetto “Euploos” iniziato nel 2006, in collabo-razione con la Scuola Normale Superiore di Pisa, che si occupa di portare avanti un lavoro legato alla catalogazione, ricerca e sviluppo dell’aspetto grafico della digi-talizzazione di disegni ed immagini. La mostra online presenta in prima assoluta i risultati di questo progetto riportando alcune opere selezionate in base ad uno scrupoloso studio sulle tecniche, materiali e stile. Esposizione online: www.khi.fi.it

Vasari, gli Uffizi e il Duca di FirenzeNel 2011 ricorre il quinto centenario

della nascita di Giorgio Vasari (1511-1574) e per l’occasione la città di Firenze gli ha voluto rendere omaggio con una mostra sul legame che ebbe con il Duca Cosimo I de’ Medici e una delle grandi ope-re dello stesso Vasari: gli Uffizi. Il nome di uno dei più importanti musei italiani deriva dal nome uffici. Con la sua edifi-cazione si voleva infatti far sorgere nel cuore della città un luogo dove accorpare le istituzioni amministrative di governo e le arti, sottomettendo quest’ultime sia logisticamente che simbolicamente al potere diretto del Duca. Il Vasari lungo la sua vita artistica spiccò non solo per l’ar-chitettura come anche nella pittura e per la famosa edizione sulle “Vite degli artisti (1550-1568)”. Fino al 30 ottobre 2011 alla Galleria degli Uffizi di Firenze.

Urban panoramaII Musei Civici di Villa Paolina Bonaparte a

Viareggio ospitano fino al 9 ottobre la mo-stra personale di Riccardo Luchini. L’artista milanese, classe ’49 è attualmente docente presso l’Accademia di Belle Arti di Carrara, vive e lavora a Pieve a Elici di Massarosa (Luc-ca). Dai suoi quadri, come ha scritto il critico d’arte Lodovico Gierut, “traspare immediatez-za e ordine in cui la figurazione e l’astrazione si fondono in un connubio di linee morbide, colori pastosi, pennellate e spatolate spavalde, sicure e veloci”. Le tele di Luchini sono paesaggi raffi-guranti ambienti industriali come territori al confine tra città e campagna senza identità che riprendono vita e seduzione sotto le sue sapienti pennellate. Ingresso gratuito. Ora-rio: 15.30-19,30. Lunedì chiuso.

La gipsoteca di Lorenzo Bartolini

firenzeGiordanoIapalucci

comunitàitaliana | setembro 2011 43

Uma família pode ser comparada a uma constelação em que todos os membros par-ticipam de uma ordem básica à qual estão permanentemente vinculados. Há cerca de

dez anos, cresce, no Brasil, um trabalho psicoterapêuti-co que traz à luz a dinâmica oculta dos relacionamentos familiares, o que restaura a ordem natural e os vínculos de forma que cada pessoa possa encontrar o seu lugar no sistema. A constelação familiar é um procedimento terapêutico desenvolvido pelo alemão Bert Hellinger, nos anos 1980, e tem suas raízes na abordagem da te-rapia familiar. O psicólogo brasileiro Reginaldo Teixeira Coelho, mais conhecido como Regis, explica como essa nova metodologia pode ser uma fórmula eficiente para resolver problemas familiares, e conhecer um pouco a genealogia do povo brasileiro, e por que ele acha o Bra-sil e a Sardenha campos férteis para o trabalho.

Regis é psicólogo clínico formado na Universida-de Federal de Minas Gerais (UFMG), com diversas especializações, como em Análise Bioenergética pelo Instituto de New York, Psicosinthesis na Califórnia e Psicodrama na Sobrape, além de ser o organizador ge-ral da formação de Bert Hellinger no Brasil.

— Com esse trabalho é possí-vel ver como o sistema familiar está agindo sobre o indivíduo. Muitas vezes, os bloqueios da pessoa co-meçaram com os antepassados que não respeitaram a ordem natural do amor. Desta forma, é possível ver como os acontecimentos trágicos no sistema familiar podem ter efei-to nas gerações posteriores.

ComunitàItaliana – Quais são as leis que regem o sis-tema familiar?Reginaldo Coelho – O psicote-rapeuta Hellinger as reuniu sob o nome de ordens do amor. Essa or-dem básica inclui, por exemplo, o direito de todos os membros a per-tencer ao sistema, também os que faleceram precocemente ou os na-timortos, assim como os doentes mentais. Com frequência, a perda de um membro através da exclusão ou esquecimento será compensada por uma outra pessoa da família. Existe uma tendência a repetir o mesmo modelo comportamental nas gerações sucessivas por amor. Por exemplo, a mãe tinha um grande amor, mas não casou com ele por-que a família não permitiu. Então ela teve que casar com outra pessoa, forçada pela sua família, e o filho, em vez de copiar o comportamento do pai biológico, copia o primeiro grande amor da mãe, sem saber, por amor à ela. Quando o filho chega aos 18 anos, começa a ter episódios psicóticos porque ele não se parecia com nenhum membro da família.

CI – Como sabe quando uma pessoa não está respeitando as regras básicas que regu-lam o sistema familiar? RC – É possível identificar uma falha no sistema por três vias: a primeira é observando a própria pessoa, por exemplo, uma mulher linda de 30 anos que se identifica com uma tia feia deprimida ou, ao contrário, uma mulher de 70 anos que se comporta como uma jovem. O segundo modo é quando um cliente expõe a sua his-tória e repete as palavras, e percebe que o seu problema tem origem nas gerações passadas. A terceira via é

Psicoterapeuta defende que os problemas de saúde, as mortes trágicas, e as relações familiares e amorosas às vezes podem ser relacionadas a problemas não resolvidos das gerações passadas

As dinâmicas familiares ocultas

ciência&SaúdE

Stefania PelusiDe Brasília

44 setembro 2011 | comunitàitaliana

o método da constelação familiar que traz à luz a dinâmica oculta dos relacionamentos familiares, o que restaura a ordem natural.

CI - Como funciona essa te-rapia?RC – É uma terapia de grupo on-de não existem espectadores. Um cliente vai a um grupo de constela-ção, fala sobre o seu problema e o terapeuta pergunta o que aconteceu no seu sistema familiar. O cliente escolhe, entre os participantes do grupo, uma pessoa para represen-tar cada membro da sua família. Em seguida, ele “constela” essas pesso-as, ou seja, encontra para cada uma delas um lugar no espaço, seguindo sua intuição. Por exemplo, a situa-ção de uma cliente era essa: tinha 35 anos e não conseguia ter uma relação com um homem por mais de dois ou três meses. Ela escolheu umas pessoas para representar o pai, a mãe, o irmão e a irmã. Nes-te caso, a cliente colocou a mãe na frente do pai, o irmão do lado da mãe e a filha mais nova longe da fa-mília, e a pessoa que a representava ao lado do pai. Depois, o terapeuta pergunta para as pessoas que re-presentam os membros da família como se sentem nessa situação. E a última coisa da terapia é fazer com que o cliente se compare com ele mesmo e restabelecer a ordem den-tro da representação da família.

CI – Qual foi o resultado no caso desta cliente?RC – Ela não podia casar porque já era casada. O problema pode ser percebido durante a representação da família, ao se analisar como ela coloca as pessoas. A mãe usava o marido para encher o lugar do pai. Muitas mulheres se casam com uma figura que parece o pai e pro-curam um homem que as proteja, e os homens gostam das mulheres crianças, que estão no lugar da fi-lha. Em geral, quando acontece isso, o pai sempre vai procurar uma amante. No caso da cliente, na re-presentação ela estava no lugar errado, ao lado do seu pai, onde de-veria estar a sua mãe, enquanto sua mãe estava na frente do marido.

CI – Quais são as reações dos clientes depois do trabalho?RC – Em geral, depois da constela-ção, eles sentem um alívio enorme e paz, porque é uma grande transfor-mação. Esse tipo de terapia se chama terapia breve, pois atua diretamente no ponto essencial da questão.

CI – E as pessoas que re-presentam os membros da família como reagem a esse trabalho?RC – Muitas vezes é tão impressio-nante esse trabalho que as pessoas incorporam características e até problemas de saúde dos membros da família que representam. Por exemplo, um homem, durante a representação da constelação fa-miliar, sentia muita dor na perna, então perguntei ao cliente se o pai dele teve algum problema de saúde e ele respondeu que o pai teve um ictus na perna esquerda.

CI – A violação da ordem natural do sistema familiar pode causar transtornos ou doenças?RC – Quando comecei a levar esse procedimento terapêutico à Itália, dez anos atrás, conheci em Alghero (Sardenha) um ginecologista e pro-fessor em homeopatia, Gustavo Lai, e ele quis fazer uma experiência com as suas clientes, as quais, sem ter problemas fisiológicos, não podiam ter filhos, ou com mulheres com problemas de mioma, endometriose e ovário policístico. Assim, começa-mos a trabalhar com a constelação familiar para entender as dinâmicas que estavam por trás destas proble-máticas. Com surpresa, vimos que, depois da terapia, várias mulheres tiveram uma recessão dos sintomas.

CI – Como se ex-plica isso?RC – Às vezes, quando ficamos doentes é por-que não queremos ver ou viver algo ao nível emocional ou mental. Por exemplo, no caso das doenças femininas, como mioma, endome-triose e problemas no útero, muitas vezes, ao se analisar as dinâmicas

familiares, pode-se perceber onde co-meçou a negação do ser feminino.

CI – O senhor trabalha há muitos anos no Brasil e na Itália. Existem fatores cul-turais italianos diferentes dos brasileiros?RC – A problemática humana é a mesma, porém existem modelos cul-turais. Por exemplo, na Sardenha, a posição da mulher na constelação fa-miliar é sempre no lugar do homem, pois a mãe sarda é muito controla-dora, muito forte. Numa relação sempre existe um lugar de comando: é como num carro que não pode ser dirigido por duas pessoas.

CI – Como começou o seu trabalho e a sua paixão pela Itália?RC – Minha avó falava italiano e eu aprendi com ela a língua e a pai-xão por este país. Morei, de 1992 a 1997, em Roma, e daí fiz uma clí-nica, além de viajar pela Áustria, Alemanha, França e por toda a Itá-lia. Vou à Sardenha, todos os anos, há uma década.

CI – O senhor virou um conhecedor expert da Sar-denha. O que representa essa ilha para o senhor?RC – A Sardenha é o centro da Europa, é um centro energético. É uma ilha mágica que vive no in-terior. Não olha ao mar, pois no passado, representava o perigo. A Sardenha tem uma história di-ferente da Itália, não pertence à Itália. Até possui outro idioma, o sardo, que os italianos não enten-dem. Para um brasileiro, muitas vezes, é mais fácil entender algu-mas palavras de sardo do que do italiano por serem parecidas com as do português, como obrigado, tomate, janela. Eu prometi aos meus amigos sardos de não falar muito da Sardenha no Brasil para que não seja invadida. Quando os brasileiros descobrirem essa ilha, será um inferno. A Sardenha tem tudo o que os brasileiros gostam:

pequenas cidades com lojas de Armani e Guc-ci; comida tradicional e praias maravilhosas. Sardenha é muito pa-recida com a minha terra (Minas Gerais). As pessoas moram nas

montanhas, são fechadas, não se abrem muito facilmente, mas são muitos profundas e têm uma vida interior muito rica.

Na terapia de grupo, não há

espectadores. Todos participam como

representantes de um membro da

família

“Quando os brasileiros descobrirem a Sardenha, será um inferno”Reginaldo Teixeira Coelho, terapeuta

comunitàitaliana | setembro 2011 45

Uma floresta urbana vertical construída ar-tificialmente dentro de um prédio de vidro de

70 andares. Um gigantesco estúdio televisivo de formas arredonda-das e transparentes. Um campus universitário “entortado” proposi-talmente para melhor se adaptar ao ambiente montanhoso. Estas imagens que lembram os mais cria-tivos cenários de ficção científica fazem parte da principal exposi-ção do verão de 2011 no badalado Museu das Artes do Século XXI (Maxxi) de Roma. Verso Est - Chi-nese Architectural Landscape, aberta ao público até 23 de outubro, é uma exposição inédita fora das frontei-ras da China e pretende apresentar os principais projetos da nova gera-ção de arquitetos chineses, que, ao lado de grandes estrelas da arqui-tetura internacional que deixam sua marca no gigante asiático, mo-vimentaram mais de um trilhão de dólares apenas durante o ano de 2010. Segundo analistas econômi-cos, eles serão responsáveis por um quinto das construções mundiais até 2020.

Geração de antenadosAo deixar de lado as construções modernas mais famosas da Chi-na, como as grandes estruturas construídas para as Olimpíadas de Pequim 2008, o trabalho do curador e artista plástico chinês Fang Zhen-ning busca dar espaço a esta nova geração de arquitetos chineses, jo-vens, antenados, que cresceram e amadureceram na mesma velocida-de do desenvolvimento da China e, principalmente, preocupados com a preservação do meio ambiente. Assim, um dos projetos mais im-pressionantes da mostra, a Urban Forest, do arquiteto Ma Yansong, é literalmente uma “floresta urbana”, um prédio de 70 andares de diferen-tes tamanhos e formas destinado a trazer mais natureza e espaços abertos ao centro urbano de uma das principais cidades da China, Chongqing — cuja população total

ultrapassa os 30 milhões de habi-tantes. Inspirado nas paisagens montanhosas e aldeias tradicio-nais da China, a torre transparente com paredes e pavimentos de vidro terá árvores, jardins e até lagos ar-tificiais, interligados por elevadores rápidos. Segundo os autores do projeto, a irregularidade dos anda-res foi criada para que o prédio seja “um formulário orgânico que muda

ExpoSição

China futurista à mostra em RomaExposição mostra pela primeira vez os destaques da arquitetura contemporânea chinesa fora das fronteiras do gigante asiático

Aline BuaesEspecial para Comunità

O curador da mostra, o

artista plástico Fang Zhenning

procura colocar em evidência a

nova geração de arquitetos chineses

46 agosto 2011 | comunitàitaliana

a todo o tempo de acordo com a percepção das pessoas”.

Parte integrante das comemo-rações do Ano Cultural da China na Itália e realizada em co-produção com o National Art Museum of China (Namoc) e com a agência internacio-nal China Arts and Entertainment Group (Caeg), a exposição reúne quarenta projetos de 33 arquitetos, divididos em doze temáticas, e exibi-dos através de maquetes, animações, fotografias, instalações, vídeos e ou-tros instrumentos multimídia, já que boa parte dos projetos ainda não foi finalizada. Entre os nomes de desta-que internacional da mostra, estão o arquiteto italiano Massimiliano Fuk-sas, criador do projeto de construção do aeroporto de Shenzhen, o holan-dês Rem Koohass, responsável pela sede da televisão nacional chinesa em Pequim e a iraquiana Zara Ha-did, que trabalhou na criação de um centro comercial em Pequim e que é também a responsável pelo prédio que hoje abriga o próprio museu Ma-xxi em Roma.

— Esta é a primeira vez que a arquitetura chinesa contemporâ-nea é apresentada ao mundo de modo tão detalhado — explica o curador da mostra Fang Zhenning, que acrescenta que este evento é certamente o mais importante do Ano Cultural da China na Itália.

As influências negativas da globalização sobre as nossas vidas são uma realidade absoluta, afirma Zhenning.

— Hoje, os arquitetos chineses que mantêm um senso de dever moral começaram a avaliar métodos promissores para resolver a crise li-gada ao esgotamento dos recursos

naturais — explica, ao lembrar a história cultural de mais de seis mil anos que estes arquitetos carregam consigo. Para o curador, o aspecto mais importante da exposição é o fato de revelar como a nova geração de arquitetos chineses esteja em sincronia com o ritmo de desenvol-vimento da China.

— Estes projetos refletem o processo de sincronização do in-divíduo com a arquitetura assim como da arquitetura com o país — afirma o curador chinês.

Entre o contemporâneo e o tradicional Autor de um dos projetos mais inte-ressantes da exposição, o arquiteto Wang Shu, do Amateur Architectu-re Studio, afirma ter desenvolvido uma metodologia experimental e inovadora, que combina a pesquisa arquitetônica urbana e rural.

— Nosso objetivo é difundir o conceito de reconstruir a arquite-tura contemporânea local chinesa — afirmou o arquiteto, que esteve presente na abertura da mostra em Roma, em 29 de julho passado, ci-tando como exemplo o projeto do campus de Xiangshan da tradicional China Academy of Arts. Construído no extremo sul de Hangzhou, em meio a uma região montanhosa e pouco desenvolvida da cidade, o campus é formado por 21 prédios que respeitam a base da colina flo-restada onde foram construídos, refletindo o respeito dos arquitetos pelo meio ambiente e pela tradição. Shu, que também é professor da China Academy of Arts, explicou que na China já se perdeu a tradição de construir cidades e criar arquite-turas que sejam parte da paisagem.

— No projeto do campus, po-sicionamos os prédios ao pé da montanha Xiangshan de modo que cada prédio dialoga de um modo di-ferente com a montanha, oferecendo diversos pontos de vista — afirmou.

Outro projeto da exposição que revela o caráter sustentável da nova geração de arquitetos chineses é o prédio que abrigará o Phoenix Inter-national Media Center em Pequim, premiado pelo World Architecture Festival em 2009. Localizado ao la-do do gigantesco parque ChaoYang, a nova sede do grupo televisivo pretende promover uma conexão vi-sual entre o parque e a cidade ao se configurar como um grande centro internacional de cultura e mídia com múltiplas funções sociais. O projeto multiuso incluirá estúdios de televi-são, escritórios e espaços comerciais.

O traçado curvilíneo segue uma for-ma de espiral, sem começo nem fim, centralizados por diversos espaços átrios monumentais. Uma estrutura de aço serve de suporte para a pare-de de vidro, que traz luz ambiente para o interior do prédio. A ligação visual com o parque ocorre através dos diversos níveis de passarelas e ruas suspensas.

Para o público italiano, esta exposição de arquitetura chinesa serve também para apresentar, pela primeira vez com fotos das obras em

andamento, o projeto dos arquitetos Massimiliano e Doriana Fuksas — vencedor em 2008 do concurso para a construção do Terminal 3 do Aero-porto de Shenzhen em Bao’an, cuja primeira fase deverá ser entregue em 2015. Porta de entrada de uma das mais importantes cidades industriais da China, na província de Guagdong, situada próxima a Hong Kong, o terminal deverá servir também como um dos principais aeroportos internos, já que atualmente existem mais de 40 cidades chinesas com mais de um milhão de habitantes localizadas a cerca de três horas e meia de vôo de Shenzhen.

O edifício de 400 metros quadrados sem teto ou paredes, cujo con-ceito se inspira à imagem de uma escultura orgânica, desafia o conceito clássico de edifício. O formato tubular inspira o movimento dos viajantes e a estrutura arejada, com painéis de vidro de várias dimensões, permite diversos jogos de luzes tanto no interno quanto no exterior da construção.

Fuksas e O aerOpOrtO de shenzhen

Acima, o novo prédio do Phoenix

International Media Center, em Pequim, é exemplo do estilo da nova geração de arquitetos chineses.

Ao lado, a sede do Xiangshan Campus,

da Academia de Artes da China

SERviçomAXXi — museo

nAzionAle delle Arti del XXi secolo

viA Guido reni, 4 A, romA

ABerto às terçAs-feirAs, quArtAs, seXtAs e Aos dominGos, dAs 11h às 19h. às quintAs e Aos

sáBAdos, dAs 11h às 22h

O projeto da torre Urban Forest, inspirado nas paisagens montanhosas e aldeias da China. O

edifício será construído na cidade de Chongqing e abrigará escritórios e apartamentos em 70 andares

comunitàitaliana | setembro 2011 47

O novo Museu do Auto-móvel de Turim abre as portas como se fosse um carro recém-lança-

do. E é quase assim. Na realidade, o prédio é o mesmo, inaugurado 50 anos atrás, na margem esquerda do rio Pó, fincado no verde das co-linas, mas ganhou maior bagageiro — ou melhor, espaço interior, qua-se dobrando de dimensão – linhas mais arredondas e uma infinidade de opcionais de fábrica, graças ao avanço da tecnologia durante as úl-timas décadas. Ou seja, o design da fachada ficou muito moderno, e o cenário interno é um show à parte em sofisticação e criatividade. Dois arquitetos, o italiano Cino Zucchi e o suíço François Confino, consegui-ram tirar a poeira dos carros e dos corrimões do museu e o transforma-ram numa “criatura” viva, inserida no tecido social da cidade. Isso por-que, ao contrário do passado, só falta a este museu ter rodas e sair por aí. Com a maior coleção de car-ros do mundo, com 200 veículos de 80 marcas diferentes da Itália, Ingla-terra, França, Alemanha, Espanha, Holanda e Polônia, esta moderna garagem do passado tem 19 mil me-tros quadrados e custou 33 milhões de euros e cinco anos de trabalho.

sobre rodas que não fosse a carro-ça. Uma complicada engrenagem de madeira, simulando o mecanis-mo de um relógio, apoiada em três rodas, representaria a ideia de um carro que vencesse a lei da inércia sem contar com a força dos cavalos. Além desta “escultura” em madeira de lei, estão outras intuições mais ou menos mirabolantes, fantásti-cas. As inspirações eram diferentes, porém, todas iam na mesma direção de encurtar distâncias, engolindo os quilômetros da forma mais eficien-te possível. Mas o grande avanço aconteceria séculos depois, com a revolução industrial e os primeiros motores a vapor. Para ilustrar es-ta importante passagem, um efeito cinematográfico transforma a pro-jeção de um cavalo numa nuvem de água. A carroça usada para esta demonstração foi construída em Tu-rim por Virginio Bordino, em 1854. Ali, ao lado, também está a recons-trução do primeiro carro a vapor, do francês Nicolas Cugnot, de 1769.

Da lentidão dos pioneiros, a mos-tra se dirige para a alta velocidade, com um pit-stop merecido em 1899, quando o belga Camille Jenatzy “voou” baixo com uma carroça a mais de cem quilômetros por hora, graças a um motor elétrico. Precisamente 105 km/h, em 24 de abril. Dali pa-ra frente, o velocímetro correria tão rápido quanto a evolução dos carros, dos chassis, dos freios, e todos os mil e um componentes que formam um

O movimento é de casa. E não poderia ser diferente. Um local aberto para receber os automóveis que escreveram a história recente da humanidade não poderia ser um cemitério, ou pior, um ferro-velho de carros abandonados ao próprio destino. Era preciso render a justa homenagem a estas obras-primas que revolucionaram a vida das pes-soas. Como os carros não podem trafegar por óbvios motivos de falta de espaço, o jeito foi criar cenários capazes de reproduzir ao visitante as mesmas emoções que ele sentiria se estivesse dentro do carro. Sendo assim, a ilusão de ótica e a projeção de filmes e vídeos ajudam a criar um efeito especial ao redor, sobre e sob cada veículo. O som dos moto-res serve de trilha sonora.

— Eu visitei muitos museus de carros pelo mundo. Mais parecem cemitérios. Quisemos resgatar a vida destes carros — disse para a Co-munità François Cofino, também responsável pela reforma interna do Museu do Cinema, em Turim.

O novo museu não apenas res-gata a “alma” do automóvel, fazendo jus ao próprio nome, como também foi buscar no passado os ancestrais do carro. Dos papiros de Leonardo Da Vinci, um desenho de 1478, saiu uma geringonça de madeira, nunca antes construída, mas que já lançava as bases para o futuro da mobilidade

Carros que falamMaior coleção do mundo abre para o público em museu interativo de Turim

ExpoSição

Guilherme AquinoDe Milão

Acima, o italiano Cino Zuchi, arquiteto milanês, responsável pela restauração das

instalações antigas e construção da

nova ala. Abaixo, a fachada do Museu do Automóvel, em

Turim, um dos maiores centros automobilísticos

da Itália

48 setembro 2011 | comunitàitaliana

peças básicas — como a direção, a tração das rodas e o câmbio das mar-chas — tudo animado com imagens em terceira dimensão. O museu do Automóvel de Turim não deixou na-da esquecido no “porta-malas”… e dele sai uma completa reprodução da linha de montagem, que propor-ciona ao visitante a possibilidade de ser operário por alguns minutos ou horas (depende do tempo de per-manência na sala do museu). Ali se escutam os diálogos, as marteladas e os sons dos instrumentos usa-dos para a montagem de um carro. A sinfonia cujo solista principal é o “senhor” motor continua a ecoar no tempo e no espaço.

O museu expõe cerca de 150 modelos de

carros antigos, além de documentos da

história do automóvel

automóvel. Operários de alta qua-lificação profissional, engenheiros profissionais e mecânicos amadores de muita criatividade, empresários visionários e pilotos embarcaram na aventura do automóvel. O futuro nascia diante dos olhos, nos meios das mãos, nas garagens improvisa-das, em laboratórios de mecânica. Borracheiros, ferreiros e hidraúlicos participavam deste grande movi-mento no crepúsculo do século 19 e alvorada do 20. No retrovisor, fica-vam os cavalos “enjaulados” dentro das cilidrandas dos motores que apa-reciam como cogumelos na Europa e nos Estados Unidos.

A homenagem aos pilotos ma-lucos e as máquinas maravilhosas ganha espaço nobre no museu de Turim. O genial suíço François Co-fino alinhou baratinhas de corrida, desde a Fiat F2 130 Hp, de 1907, até a Ferrari F40, 1987. Oitenta anos de alta velocidade em circuitos de toda a Europa. Ali, lado a lado, estão exem-plares da Mercedez Benz, Lancia, Alfa Romeo, Abarth, Bugatti, enfim, as principais marcas que buscavam superar as barreiras e os limites. Sob os carros correm imagens do de um asfalto que se “move”. E a pare-de, ao longo da pista, se transforma num telão com 50 metros de exten-são onde a paisagem escorre como se o ocupante do cockpit estivesse vendo-as durante uma competição. Guard-rails à beira de estrada simu-lam autódromos e “rallies”.

Mas a vida não passa apenas cor-rendo neste museu… Aliás, a ideia da cenografia também premia o va-lor do automóvel como testemunha

da passagem do tempo de uma sociedade e, claro, de seus aconte-cimentos e mudanças. Onde mais poderia estar um carrão conversível senão nos anos dourados, ou a kom-bi florida, casa de tantos hippies da geração paz e amor dos anos 70, ou ainda, dos calhambeques incremen-tados dos loucos anos 20… Enfim… Cada época teve o seu carro de pre-sente. E eis o carrinho Trabant, da Alemanha comunista, testemunha da queda do muro de Berlim, criado na cenografia com tijolos aparentes que exibem o filme Good Bye Len-nin — ao lado do famosos check point Charlie. Ali pertinho, a pou-cos metros, mas distante 30 anos de marcha a ré, está o famoso jipe da Segunda Guerra Mundial, em meio a soldados do general Patton nas ru-ínas de uma cidade bombardeada. Mais atrás, ainda estão os carrões que escreveram a história do cine-ma entre a virada do século XIX e a grande Depressão, de 1929. Filmes de Carlitos e Greta Garbo passam na frente das dianteiras suntuosas dos antigos Rolls Royce e Isotta Fraschi-ni, entre outros modelos de luxo.

Nada disso seria possível sem os desenhistas que moldavam e criavam linhas diferentes para cada necessidade e desejo do cliente final. Carros esportivos ou para famílias saíam das pranchetas e se tornavam realidades nas ruas. Quando eram filhos da união da estética com a potência, e do artesanato com a pro-dução em série, se tornavam sucesso de vendas. O espectador visita um estúdio de design, e assiste ao nas-cimento e ao funcionamento das

49comunitàitaliana | setembro 2011

A arte do infinitoAs obras do artista italiano Bruno di Bello, reunidas no MAC de Niterói, são exemplos da arte fractal, um novo ramo que vem ganhando adeptos no mundo da informática com padrões não-euclidianos de geometria

artE

As formas coloridas, obti-das através de programas no computador, chamam a atenção do observador,

que fica com a impressão de estar no meio de um cenário de filme de ficção científica. Embora seja ainda pouco conhecida do grande público, a arte dos fractais atrai matemáticos, especialistas em informática e web designers que se encontram em co-munidades virtuais, exposições ou concursos mundo afora.

Expoente da arte abstrata ita-liana, Bruno Di Bello começou a debruçar-se sobre os fractais no fi-nal dos anos 1990. Até o dia 20 de outubro, o público brasileiro pode conferir suas criações abstratas na exposição Fractals & Other, no Mu-seu de Arte Contemporânea, em Niterói (RJ).

Tudo começou quando o italia-no conheceu as teorias de Benoît Mandelbrot, matemático francês de origem judaico-polonesa, cujo livro The Fractal Geometry of Nature, pu-blicado em 1977, tornou-se a base para o estudo dos fractais.

Di Bello que, até então, con-cebia seus trabalhos a partir dos recursos da fotografia, passou a compor formas exclusivamente por meio dos computadores.

— Estas formas mostram a nova paisagem revelada pelas tecnologias, ao mesmo tempo infinitamente pequenas e infinita-mente grandes, como células, vírus e galáxias inteiras — define.

Embora tal geometria seja vista somente nas telas dos computado-res, estão presentes em formas tão naturais quando no recorte de um

litoral. Conforme explica o artis-ta, a inspiração acontece a partir da observação da natureza, mas de um “outro ponto de vista: a partir do seu interior”.

O consultor em tecnologia e fotógrafo carioca Eduardo Frick co-meçou a esboçar seus fractais no início da década de 1990. Ele conta que seu interesse por astronomia o influenciou muito no estudo do te-ma “já que uma galáxia é um fractal”. O impulso maior aconteceu por volta de 2005, quando surgiram dezenas de novos softwares e comunidades na internet onde os entendidos tro-cam ideias e dicas, contou.

— Quando me interessei por fractais, comprei um livro sobre o programa fractint, onde havia

uma fórmula que simulava o de-senvolvimento de uma galáxia,

do pó até a espiral. Foi aí que percebi que tudo na na-

tureza é fractal, da folha de samambaia a uma galáxia, inclusive o

perímetro de uma ilha, a formação de uma nuvem, corais, tudo.  A ciência dos fractais

Cintia Salomão Castro

O artista Bruno di Bello e sua exposição

Fractals & Other, no Museu de Arte

Contemporânea, em Niterói (RJ). Abaixo,

flames-night-bird, de Rodrigo Siqueira

50 setembro 2011 | comunitàitaliana

me mostrou que sistemas solares e átomos funcionam da mesma for-ma. Depois, li O Tao da Física e tudo se encaixou — descreve Frick.

MovimentoHá poucos adeptos da arte fractal no Brasil, porém existe muito inte-resse em torno do assunto, conta o webmaster Rodrigo Siqueira, um dos fundadores do Grupo Fractar-te, criado em 1992, na época em que estudava engenharia na Escola Politécnica da USP, para divulgar o ramo. Rodrigo, Alexandre Dupont, então estudante de Matemática, e Humberto Rossetti Baptista, que cursava Computação, realizaram diversas exposições entre 1993 e 2003, em locais como a USP e a UERJ. Eles imprimiam o trabalho em impressoras especiais e papel fotográfico e as emolduravam pa-ra serem expostas, além de terem

produzido animações multimídia e realizado palestras. Vídeos, slides e imagens estão reunidos na página do grupo na internet www.frac-tarte.com.br. Rodrigo considera o trabalho com os fractais tanto ci-ência quanto arte.

— Para produzir boas imagens, não basta apenas digitar equações e deixar o computador processar so-zinho. A parte artística do trabalho é a manipulação das formas, pro-porções, volumes, cores, fórmulas

e métodos de produção da imagem para conseguir chegar a resultados de boa qualidade artística — ex-plica ele, que considera o britânico Damien M. Jones o maior artista fractal da atualidade, pois, além de “feito diversas exposições interna-cionais, contribuiu bastante para a divulgação da arte promovendo diversos concursos, ensinando mé-todos de produção de imagens e criando novas formas de produzir fractais”.

Novo paradigmaSe o napolitano Giordano Bruno foi queimado vivo como herege pela Inquisição em 1600 por de-fender princípios como o Universo enquanto organismo vivo, infini-to e dinâmico que se transforma continuamente, num movimento constante, a matemática não-eucli-diana ganha cada vez mais adeptos e respeito no mundo acadêmico de hoje. O professor de pintura e desenho da Unicamp, Ernesto Giovanni Boccara, explica que a

geometria dos fractais vai além da-quela euclidiana.

— Nossa visão da realidade é bastante epidérmica, mas hoje se sabe que existem estruturas que a construção mental euclidiana não permitia. A geometria tradicional é fruto de uma construção men-tal, na qual a natureza foi reduzida para ser exibida em medidas regu-lares. O fractal parte de um outro princípio, do mergulho no micros-cópio, onde a figura não perde sua forma original.

O webmaster Rodrigo Siqueira, na foto

diante do monitor, publica seus fractais em galerias na web,

como Flames ifs shell 2 (acima); POP Soliton;

Julia Waves Cobre; Rosa 02 e Quadrivium

alpha texture

O professor e artista plástico Ernesto Boccara (abaixo) explica que a arte fractal

ultrapassa os limites conceituais da matemática euclidiana

51comunitàitaliana | setembro 2011

Os tradicionalistas, no entanto, podem torcer o nariz para um tipo de arte desenvolvida 100% pelos computadores. Boccara não con-corda com essa visão. Ele lembra que a palavra arte tem ainda está vinculada a “conceitos tradicionais de expressão corporal”.

— Dizer que o artista fractal não faz arte é de uma ignorância total, é como uma defesa epistemológica de um campo de expressão. Esse conceito de arte tem origem agrário-industrial, mas hoje ultrapassamos essa definição. Se Giovanni Buo-narroti e outros grandes pintores do Renascimento fossem vivos ho-je, estariam fazendo vídeo game ou compondo efeitos especiais para o cinema, atingindo milhões de pes-soas — analisa.

Antigo e novoApesar dessa “nova geometria” surgida a partir da conceituação de Benoît Mandelbrot ter caído como

para entender

A matemática euclidiana tradicional nas-ceu com as teses do grego Euclides,

que viveu por volta de 350 a.C. Sua obra Os Elementos serviu de base para o ensino da matemática por reunir os princípios da cha-mada geometria euclidiana, a partir de alguns axiomas, entre eles o espaço imutável e simé-trico, regentes do pensamento e da estética do Ocidente da antiguidade clássica ao século XX. Segundo a teoria grega, existem figuras que não têm dimensão, ou melhor, têm dimensão zero, como o ponto. Já um bloco possui três dimensões, porque precisamos multiplicar três números (comprimento, largura e altura) para saber o seu volume. Existem, porém, incontá-veis fenômenos naturais muito mais comple-xos, como contornos litorâneos e a superfície de corais. É aí que entra a geometria dos frac-tais, por descrever situações que não podem ser explicadas pela geometria clássica. “Ma-ravilhas profundas surgem de simples regras, que são repetidas vezes sem fim”, assim defi-nia os fractais o seu descobridor, o matemático francês de origem polaca Benoît Mandelbrot.

Os fractais podem ser dividido em partes — cada uma semelhante ao objeto original — apresentam auto-semelhança e uma comple-xidade infinita. Podem ser agrupados em três categorias principais: sistema de funções ite-radas, com regra fixa de substituição geomé-trica; definidos por uma relação de recorrência em cada ponto do espaço; e aleatórios, gera-dos por processos não determinísticos. Alguns dos softwares especialmente desenvolvidos para construir os fragmentos artísticos são o Ultrafractal, o Fractint e Apophysis.

uma luva na pós-modernidade, a arte abstrata está longe de ser no-vidade. As ancestrais esculturas e máscaras do continente africa-no serviram de inspiração para o movimento cubista, que começou em 1907 e atraiu artistas como Amedeo Modigliani e Picasso. A arte islâmica é outro exemplo de ornamentação abstrata do mun-do artístico oriental, marcada por

artE

padrões geométricos que guardam simbolismo cósmico e místico. Algumas daquelas composições chegam a lembrar os fractais do século XXI. Para o artista fractal Eduardo Frick, os antigos não esta-vam mais distantes dos fractais do que os do século XXI.

— Eu chamaria esta geome-tria não-euclidiana de geometria natural, pois a euclidiana que a gente conhece e estuda só existe nos livros. Acho que os povos an-tigos estavam mais próximos dos fractais, por darem mais crédito à própria intuição — diz.

Rodrigo Siqueira, que criou em sua página no Postbit uma gale-ria virtual com fotos de mosaicos e azulejos islâmicos repletos de ornamentos abstratos, tiradas du-rante uma viagem à Andaluzia, na Espanha, também vê semelhança entre os fractais de hoje e padrões geométricos de séculos atrás.

— É verdade que muitos anti-gos criaram imagens com padrões geométricos. Alguns eram verda-deiros fractais. A semelhança está na repetição infinita de padrões ge-ométricos similares.

Para alguns artistas fractais, certas obras

abstratas de outras épocas, como os

motivos decorativos típicos da arte

islâmica, guardam muita semelhança

com os atuais fractais produzidos em computadores,

sobretudo na “repetição infinita de padrões geométricos

similares”. Abaixo, Brainstorming, de

Eduardo Frick

“Se Giovanni Buonarroti e outros grandes pintores do Renascimento fossem vivos hoje, estariam fazendo vídeo game ou compondo efeitos especiais para o cinema, atingindo milhões de pessoas”Ernesto Giovanni Boccara, professor da Unicamp

52 setembro 2011 | comunitàitaliana

senza precedenti; il secondo è impegna-to sulla stessa strada intrapresa l’anno passato con Mazzarri che dal proprio pre-sidente ha ottenuto pieno appoggio, cosa rara di questi tempi. Avessero successo, sarebbe un duro colpo assestato alle ge-stioni tecniche delle grandi del recente passato. E sarebbe bello che a contare tornasse a essere un’idea di calcio e non

solo la qualità garantita da giocatori indubbiamente forti ma riservati per mo-tivi diversi a pochi privilegiati: si pensi alla penultima Inter pigliatutto grazie a risorse monetarie allora ineguagliabi-li e all’ultimo Milan costruito, invece, su prestiti onerosi resisi possibili, vien da pensare, in ragione di un certo rango e di

certe relazioni.Arrivo quindi a dire che è bello che

ci stiano saccheggiando perché so-lo così, poco alla volta e ripartendo daccapo, si potrà ritrovare l’identi-tà che aveva fatto grande il nostro calcio. E’ assai improbabile che deb-ba rimangiarmi queste parole: tanto ero sicuro che non seguendo assi-duamente quel che sarebbe successo

in queste ultime settimane non mi sarei perso niente di notevole o impre-

vedibile, quanto mi pare ovvio che a breve non ci saranno inversioni di tendenza. Sono oltretutto contento di essermi per-so i canonici siparietti che hanno fatto da contorno allo scenario andatosi ine-vitabilmente delineando, che ora non mi resta che godermi. Quando potrò, visto lo sciopero che si profila all’orizzonte.

Per certi versi nulla pare essere cambiato. La giustizia sportiva continua il suo incerto corso, con una serie di Club che pa-

gano l’attività da scommettitori di alcuni loro tesserati valendo la responsabilità oggettiva oltre al solito, abusato ma an-che ignorato principio di lealtà sportiva. Contemporaneamente, Della Valle è alla testa del gruppo di chi, colpevole e puni-to, non accetta l’atteggiamento definito provocatorio di Moratti, palesemente sal-vato solo dalla prescrizione e la cui Inter resta, fra quelle di Calciopoli e la più re-cente Scommettopoli, l’unica Società a cui siano attribuibili reati che non ha patito una penalizzazione o anche solo una mul-ta – venendo oltretutto premiata.

Nel frattempo, per avvicinarci poco al-la volta al calcio giocato, Conte guida sul campo la nuova Juve dell’arrabbiatissimo e sembrerebbe determinato presiden-te Andrea Agnelli, i cui ricorsi avranno due effetti: uno, certo, che è di obbligar-ci a sentir parlare dello scudetto del 2006 ancora a lungo, e l’altro, decisamente incerto, di fruttare un risarcimento e, esageriamo, portare alla riscrittura degli ultimi anni di calcio italiano. Stando al nuovo tecnico bianconero, i suoi sareb-bero obbligati a vincere. Memori degli analoghi e poi sterili proclami del suo predecessore, c’è da dire che se anche succedesse sarebbe giusto perché giocheranno solo in Italia. Lo fa-cessero anche in Europa, addio… sarebbe un’impresa titanica per lo-ro come per tutti. Sì, perché fra gli sviluppi per niente sorprendenti di questo italiano agosto del pallone, complice la nuova mappatura della ricchezza europea, c’è lo smantella-mento di parecchie protagoniste della scorsa stagione.

Mentre scrivo, alla vigilia dell’ulti-ma settimana di agosto, Eto’o per una cifra esagerata sta prendendo la via del-la Russia. Pastore invece è già andato a Parigi e Alexis Sanchez a Barcellona, do-ve ha trovato una delle più ambite stelle internazionali, quel Fabregas su cui sem-brava che dovesse (ma evidentemente

non poteva…) arrivare il Milan. Intanto, l’altro asso Agüero è finito al Manchester City e Giuseppe Rossi, nel suo piccolo, se n’è rimasto al Villarreal. Insomma, la per-manenza di Ibrahimovic al Milan e, se le cose non cambieranno, Sneijder all’Inter e Hamsik e Lavezzi al Napoli rischiano di essere il fiore all’occhiello di un movimen-to che, si badi, cerca di rafforzarsi perché non aveva fatto mistero di non sentirsi più all’altezza dei grandi Club stranieri. E se poi anche l’Inter prendesse uno fra Drogba, Tevez e Forlan e il Milan riportas-se in Italia Balotelli o Kakà a essere onesti non si tratterebbe di colpi di prim’ordine in considerazione dell’età piuttosto che del mercato di questi giocatori. La ve-rità è che qualsiasi cosa succeda, senza che il fair play finanziario abbia alcuna parte checché ne dicano alcuni, come pre-vedibile il nostro calcio lungi dall’essersi rafforzato si sarà piuttosto indebolito, dal punto di vista tecnico e del prestigio.

Resta da vedere cosa sarà per esempio dei progetti di Roma e Napoli. La prima si è affidata agli stranieri, un caso da noi

Niente di nuovo sotto il sole

Arrivo a dire che è bello che ci stiano

saccheggiando perché solo così, poco alla volta e ripartendo daccapo, si potrà ritrovare l’identità che aveva fatto grande il

nostro calcio

Sono tornato da qualche settimana di villeggiatura e sostanziale isolamento dal mondo e quel che trovo non mi stupisce

calcioAndreaCiprandiRatto

comunitàitaliana | setembro 2011 53

Um tempo que ficou indelevelmente marcado na memória foi minha viagem ao Brasil. A convite do meu cunhado, o comendador Ugo Rossi, eu e meu marido Dante Andreoli, oriundi da região de Reggio Emilia, viemos passar a lua de mel e acabamos ficando definitivamente. A

bordo do navio Conte Grande, desembarcamos no porto do Rio de Janeiro em 1954. Inicialmente, morei no Morro da Viúva e de lá fui para Niterói, onde fi-xei residência. No curso da nossa estada, acompanhamos um importante momento histórico para a cidade fluminense e para o Brasil: a fabricação e comercia-lização da Kelvinator, primeira geladeira com tecnologia totalmente brasileira.

Ugo Rossi, casado com minha irmã Imelde Sassi Rossi, tinha sido con-vidado pelo então presidente Getúlio Vargas a implantar, a nível nacional, uma rede de frigoríficos. A fábrica Maveroy, estabelecida em 14 de janeiro de 1955, se localizava na Feliciano Sodré. Trabalhamos e moramos na fá-brica, para manter as máquinas funcionando dia e noite. No início, havia uma base de 600 operários, que depois passou para 1500. A Maveroy era como uma família para os operários que incorporavam a pobreza. Muitos deles

chegavam descalços ao trabalho para economizar sola de sapato e só faziam uma única refeição ao dia. Ugo Rossi, com minha ajuda,

procurou dar condições melhores de alimentação e vestuário

IlLettoreRacconta

Niterói

para essas pessoas. Não só operários como também os imigrantes italianos vindos da Ilha das Flores foram testemunhas da sua generosidade.

Ilha das Flores, situada em São Gonçalo, tinha 148 mil m² de área e funcionava como um centro de triagem e encaminhamento de imigrantes. Mui-tos europeus, iludidos por promessas de terra fértil para cultivo e moradia, vinham para o Brasil. Alguns destes foram destinados à Baixada Flumi-nense — colônia agrícola do Estado Novo. Outros voltavam para sua terra natal sem dinheiro e sem saúde devido às condições insalubres do lugar. Para atender as necessidades dos colonos, foi criada em 1950 a Companhia Bra-sileira de Colonização e Imigração Italiana, responsável pela aquisição de terras para as famílias.

Niterói abrigou muitos imigrantes italianos, a maioria jornaleiros e ven-dedores de frutas e verduras. Meu cunhado, Ugo Rossi, era como um cônsul na região. Promovia festas religiosas na Paróquia da Vila Pereira Carneiro, onde a missa era rezada todos os domingos em italiano. O salão dessa igreja era o espaço para manter as nossas tradições, onde comemorávamos a festa de La Madonna della Cintura. O dono da Maveroy mantinha relações com políticos e pessoas influentes da cidade. Todo sábado acontecia a famosa feijoada na fábrica. Lembro-me do Roberto Silveira ir, do Badger da Sil-veira, de gente da Casa Luma e Casa Borges, de engenheiros e comerciantes.

A fábrica Maveroy, além de ter sido importante para o desenvolvimento econômico da cidade e nas relações políticas, teve papel social no incêndio que traumatizou Niterói. Em 17 de dezembro de 1961, o Gran Circus Norte-America-no se apresentava para 2.500 pessoas. Um incêndio criminoso de proporções imensuráveis tomou conta de tudo. A fumaça formava um espesso e venoso véu, por onde não se viam os contornos das casas. Grandes labaredas saltavam do alto da lona de nylon de seis toneladas, recém-adquirida. A multidão ten-tou fugir, o que causou pânico e pisoteamento. Os corpos estendidos retravam o cenário de horror. Morreram mais de 300 pessoas na hora e pelo menos 200 feridos foram hospitalizados, a maior parte em estado grave. Muitos não sobreviveram. Como não havia espaço no IML de Niterói, vários corpos es-tavam sendo recolhidos às câmaras de estoca-gem de carne bovina das Indústrias Frigo-ríficas Maveroy para serem reconhecidos e conservados até o se-pultamento.

A Maveroy en-cerrou suas atividades em 1963. O convite para instalar a empre-sa em Niterói foi do governador Amaral Peixoto. Justamente por isso, a fábrica de gela-deira fechou: porque mudou o governo. Estas foram algumas lembranças do querido Ugo Ros-si. Amado e respeitado pela família e amigos, foi um homem empreendedor, de inteligência grandiosa, que soube inovar e ser criativo no ramo tecnológico. Foi um marco para a história de Niterói.

Maria Domenica Sassi AndreoliNiterói - RJ

Mande sua história com material fotográfico para:

[email protected]

Autoridades brasileiras visitam uma das vítimas do incêndio

Reggio Emilia

setembro 2011 | comunitàitaliana54

Gnocchi per PavarottiRendimento: 4 porçõesTempo de preparo: 30 minutos

Ingredientes: 300 g de pão amanhecido (se possível, usar sobras de focaccia); 250 ml de leite integral ou creme de leite; 350 g de farinha de trigo; 100 g de queijo parmigiano reggiano ralado; 100 g de manteiga sem sal derretida; 1 gema; noz-moscada; uma pitada de sal.

Ingredientes para o molho: 1/2 kg de feijão branco fresco; 4 folhas de louro (para cozinhar o feijão); 15 grãos de pimenta-do-reino (para cozinhar o feijão); 1 1/2 cebola grande cortada muito fina; 250 g de linguiça calabresa fr-esca, sem pele e picada; 100 g de manteiga sem sal; 8 fol-has de sálvia; 3 latas de tomate pelatti (italiano); 200 ml de azeite de oliva extravirgem; 4 colheres (sopa) de salsinha picada; 150 g de queijo parmigiano reggiano ralado; sal e pimenta-do-reino a gosto.

Modo de preparo do gnocchi: Deixe o pão de molho no leite e adicione uma pitada de sal. Depois de amolecido, passe-o por um moedor ou centrífuga. Junte ao pão e a farinha de trigo, o parmesão, a manteiga, a gema e noz-moscada. Amasse bem, ajuste o sal e faça os inhoques, não muito grandes.

Modo de preparo do molho: Cozinhe o feijão com louro, sal e os grãos de pimenta. Escorra-os e reserve. Refogue a cebola e a lingu�iça na manteiga e no azeite de oliva, colo-que a sálvia, o feijão, junte o tomate e deixe tomar gosto. Corrija o sal, se necessário. Cozinhe os inhoques e junte-os ao molho, salpique a salsa e coloque parmesão.

saporid’italiaVanessaCorrêadaSi lva

Ravioli criativo

Os dois restaurantes do chef que já organizou um jantar para Pavarotti oferecem 80 pratos feitos

com ingredientes italianos originais

Empório Ravioli: Rua Fidêncio Ramos, 18 tel: (11) 3846-2908. horário de funcionamento: segunda a

quinta, das 12h às 15h e das 19h às 23h; sexta e sábados das 12h à meia-noite; domingos das 12h às 23h.

Ravioli Cucina Casalinga: Rua Joaquim Antunes, 197. tel: (11) 3082-3383. segundas das 12h às 15h e das 19h às 23h; de

terça a quinta das 12h às 15h e das 19h à meia-noite; sextas e sábados das 12h à 1h; domingos das 12h às 23h.

São Paulo - Aberto em 1998, o restaurante Empório Ravioli apresenta um cardápio de pratos clássicos da culinária italiana, com forte influência das receitas provenientes da região da Toscana. Localizado na Vila

Olímpia, durante a semana atrai executivos em busca de uma pausa do trabalho ou de um local agradável para um almoço de negócios. Aos sábados e domingos, o local fica repleto de famílias que procuram um típico almoço italiano.

Chef e dono do restaurante, Roberto Ravioli atua há mais de 20 anos na área da gastronomia. Ainda criança, aprendeu com os avós italianos a saborear e preparar pratos típicos da culinária italiana.

— Quando jovem, optei pela  arquitetura  como minha  pri-meira profissão, mas quando meu irmão me pediu que o ajudasse no projeto de sua primeira pizzaria, acabei me deixando envol-ver pelo atraente mundo das panelas, deixando a arquitetura em segundo plano. Inaugurei o Empório Ravioli em 1998 e,  desde então, minha dedicação é integral  à gastronomia — explica.

Além do Empório Ravioli, Roberto comanda o restaurante Ravioli Cucina Casalinga, inaugurado em 2006, cuja proposta é oferecer um ambiente mais sofisticado. Ainda este ano, irá abrir uma terceira casa, batizada de La Madonina, também na Vila Nova Conceição.

No cardápio das duas casas figuram aproximadamente 80 pratos, feitos com diversos ingredientes importados da Itália. É possível escolher entre o pão de linguiça calabresa, o pancotto (pão, azeite, alho, manjericão e tomates cozidos) e a porchetta romana (carne de porco recheada com presunto cru e ervas).

— Tudo o que aprendi  devo à  minha  avó e  à minha mãe, como  assados, massas, molhos e temperos que fazem parte da culinária toscana. Minha inspiração vem dessa região, mas gosto de reinventar os pratos clássicos com meus toques pessoais, utili-zando ingredientes e temperos bem brasileiros — declara o chef.

Risotos, assados e massas são as maiores paixões de Roberto. As massas são produzidas no próprio restaurante e, para fazer jus a seu sobrenome, ele dá destaque ao ravioli que ganhou re-cheios especiais: trufas e gema mole no raviolone d’oro; pato com creme de fígado ou bacalhau com azeitonas pretas e tomates.  

A pedido de um ami-go que conheceu na Tos-cana, Roberto certa vez realizou um jantar para o tenor Luciano Pavarotti. Da homenagem resultou o criativo prato gnocchi per Pavarotti, no qual uniu a massa da focac-cia italiana ao sabor do feijão branco e do toma-te. O prato fez sucesso e está no cardápio de seus restaurantes até hoje.

O chef Roberto Ravioli com Pavarotti: uma receita de inhoque, criada especialmente para o tenor, é

até hoje um sucesso no cardápio da casa

comunitàitaliana | setembro 2011 55

Monastério de Santa Clara

Tem santo pra tudoTem santo pra tudo. Tanto no Brasil quanto na Itália. Rolou um probleminha? Basta chamar um santo. No Brasil, tem

o Santo Antonio (que é português, mas é conhecido como Sant’Antonio de Padova) que arranja marido garantido. Na Itália, essa fé no Santo Antônio casamenteiro não existe. Outro santo imprescindível no Brasil é a Santa Edwiges,

protetora dos pobres e endividados. Quer se livrar da dívidas? Reza pra ela. Quem tem pressa de resolver um pepino, não perde tempo e reza para Santo Expedito, o santo da solução imediata.

Na Itália, os estudantes pedem as graças do San Giuseppe da Copertino cada vez que têm um exame difícil para passar. Quem quer proteger seu animal de estimação tem que rezar para Sant’Antonio Abate e levar, no dia 17 de janeiro, o bichinho na igreja para receber a bênção dos padres. Além dessa divisão de funções do santos, cada cidade tem o seu santo protetor. Um dos mais amados é o San Gennaro.

Todo dia 19 de setembro, os devotos de San Gennaro se reúnem no Duomo de Nápoles, rezando para que o sangue do santo, que se encontra numa ampola, se liquefaça. San Gennaro, uma das tantas vítimas das perseguições contra os

cristãos na época de Diocleciano, foi martirizado em 305. Segundo a lenda, sua ama-de-leite Eusébia foi quem recolheu o sangue em duas ampolas e o levou a Nápoles. Mais de um milênio depois, em 1389, o sangue se liquefez e, desde então, o milagre se

repete todos os anos, com poucas exceções. No dia da festa, o Duomo fica lotado de gente. Reza-se em dialeto. Quando o sangue se liquefaz, a multidão solta gritos

de alegria. Mas ai do santo se o sangue ficar seco. Se isso acontece, é como uma profecia negativa: os napolitanos ficam morrendo de medo de que algo terrível possa acontecer, como um terremoto ou uma erupção do Vesúvio. Portanto, se o dia vai passando

e não ocorre a liquefação, as rezas se transformam em xingamentos ao santo. Os céticos acham que é tudo uma

grande “marmelada”. Tem quem diz que o sangue é na realidade uma mistura de açúcar, chocolate em pó e água. Polêmicas à parte, San Gennaro tem uma popularidade imbatível. No Brasil, a mulherada afoga o pobre Santo Antônio até ele achar marido para elas. Na Itália, xingam o

coitado do San Gennaro se ele não repetir o milagre anual. Vida de santo não é fácil.

Munasterio ‘e Santa Chiara/tengo ‘o core scuro scuro…/Ma pecché, pecché ogne sera /penzo a Napule

comm’era, penzo a Napule comm’è?!Munasterio ‘e Santa Chiara é uma canção clássica napolitana. Escrita em 1945, canta o desejo de tornar a Nápoles depois da Segunda Guerra, mas também o receio de encontrar só destruição na cidade. De fato, o Monastério de Santa Clara, construído a partir de 1310, sofreu com o bombardeamento da cidade por parte dos aliados, em agosto de 1943, provocando um incêndio que destruiu boa parte da igreja. Hoje, restaurada, tem como ponto alto seu maravilhoso Claustro das Clarisses, de matriz gótica, completamente transformado por Domenico Antonio Vaccaro no século XVIII e decorado com maiólicas (espécie de azulejos) coloridas em estilo rococó. Um dos tesouros de Nápoles.

la gente, il postoClaudiaMonteiroDeCastro

setembro 2011 | comunitàitaliana56

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