casa dos pais geração mammone - comunità italiana · 2007-11-22 · de um dos mais famosos...

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Rio de Janeiro, novembro de 2007 Ano XIV – Nº 113 ISSN 1676-3220 R$ 10,90 A MAIOR MÍDIA DA COMUNIDADE ÍTALO-BRASILEIRA Cacciola: foragido levava uma ‘dolce vita’ em Roma www.comunitaitaliana.com Geração mammone Sem emprego ou com salários baixos jovens esticam o tempo na casa dos pais Em edição bilíngüe

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Rio de Janeiro, novembro de 2007 Ano XIV – Nº 113

ISS

N 1

676-

3220

R$

10,9

0

A m A i o r m í d i A d A c o m u n i d A d e í t A l o - b r A s i l e i r A

Cacciola: foragido levava uma ‘dolce vita’ em Roma

www.comunitaitaliana.com

Geração mammone

Sem emprego ou com salários baixos jovens esticam o tempo na casa dos pais

Em edição bilíngüe

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EditorialMudar para o bem e para o mal ....................................................06

Cose NostreCidade italiana usa burro para recolhimento de lixo ecológico ........07

Opinione“Tavolo Brasile”, che si riunisce a novembre a Rio conferma la ripresa di una nuova politica ......................................12

AtualidadeMesmo considerada uma comunidade com grande poder econômico, muitos italianos vivem na pobreza à espera de medidas do governo ....14

AtualidadeApesar da alta qualidade das águas de suas fontes públicas, italianos são os maiores consumidores do produto engarrafado ........24

EducaçãoO registro de atos de sadismo em câmeras de celulares para divulgá-las na internet torna-se moda nas salas de aula .................38

EntrevistaSecretário de Educação do Estado do Rio, Nélson Maculan fala da importância de um ensino médio que garanta profissionalização ........42

SaúdeHomens em busca do peso ideal. Anorexia masculina é a vilã silenciosa da sociedade moderna .........................................44

53 55Tecnologia Marketing de bolsoEmpresas italianas atentas ao mercado de mobile marketing como ferramenta de propaganda para brasileiros

Moda Nos bastidoresBrasileira se destaca como maquiadora na última Semana da Moda de Milão

Turismo Absurdamente belaErguida sobre um bloco de rocha vulcânica, a beleza da paisagem de Pitigliano soma-se ao legado histórico e religioso

Il lettore racconta Seu Salvatore, avô do ator Rodrigo Santoro é exemplo emblemático da tenacidade italiana. A epopéia de sua imigração é contada com orgulho pelo seu filho Michele

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CAPA Na barra da saia Problemas sócio-econômicos, que tendem a alongar a finalização dos estudos, dificuldades para encontrar emprego e aluguel nada acessível são alguns dos fatores que justificam a tendência cada vez mais acentuada dos mammoni, os filhos que se negam a ama-durecer e abandonar a barra da saia da mamma.

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entretenimento com cultura e informaçãoeditorial

FUNDADA EM MARÇO DE 1994

Julio Vanni

COSE NOSTRE

A Fontana de Trevi teve suas águas tingidas de vermelho no dia 19 de outubro. O ato, reivindicado pelo movimento FTM Ação

Futurista 2007, foi testemunhado por centenas de turistas. Estes prontamente se puseram a fotografar a nova coloração das águas de um dos mais famosos monumentos do mundo, construído em 1762. Os manifestantes deixaram folhetos no local, nos quais pre-gavam o nascimento de “uma concepção violenta da vida e da história, que exalta a batalha contra a paz e os idiotas aduladores do poder e escravos do mercado global”. Discurso nada pacífico.

Tudo acontece cada vez mais depressa no mun-do. Tudo muda o tempo

inteiro. São tantas as novida-des e estas tão transformadoras de nossas rotinas, que nem sempre se torna possível absorvê-las de imediato. O tempo voa nas asas do avanço tecnológico e da globaliza-ção. Entre tantos adventos, o da internet e o do celular são os que mais impressionam. Não só pela sua utilidade prática, mas pelo poder de até mesmo forjar o comporta-mento das novas gerações. Para o bem e para o mal.

O celular, por exemplo, tem lugar nesta edição em diferentes reportagens. Há uma que se refere ao novo negócio que evolui em progressão geométrica no mundo, o marketing móbile, a propaganda feita por meio do telefone móvel. O display desses aparelhos tem sido visto como mídia das mais eficazes. A outra reportagem trata do happy slapping, comportamento violento, que se alastra pela Europa, de jovens que filmam com as câmeras de seus celulares as cenas de violência por eles próprios protagonizadas. Depois, expõem as imagens em sites de vídeos na internet. Na Itália, para conter o happy slapping, instituiu-se lei para proibir o uso dos telefoninos em salas de aula. No Brasil, São Paulo é o primeiro estado a discutir um projeto de lei no mesmo sentido.

As salas de aula, por sinal, têm se esvaziado precoce-mente e não no Brasil apenas. Evasão escolar e analfabetis-mo funcional provocam dor de cabeça das autoridades in-clusive no Primeiro Mundo. Na União Européia, educação se tornou problema que se apresenta em nível mais grave na Itália. No Brasil, a situação se revela ainda muito pior.

Homem erudito, com o domínio de cinco línguas, amante tanto das belas letras como da matemática pura, o secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro, Nél-son Maculan, fala aos leitores da Comunità sobre a dimensão planetária da crise no ensino. O professor defende uma revisão profunda do modelo educacional, sob pena de a escola falir em seu papel fundamental de formar os jovens e de prepará-los para o mercado de trabalho.

E justamente o afunilamento progressivo do mercado de trabalho é apontado co-mo uma das causas de tanto desânimo dos jovens em prosseguir nos estudos. Mais do que isso, estes parecem ter perdido aquele que foi talvez o mais caro sonho das anti-gas gerações: sair da casa dos pais, morar sozinhos, ser independentes o quanto antes. A reportagem de capa mostra que ocorre hoje exatamente o contrário hoje. Na Itália, virou moda os filhos se manterem sob a barra da saia da mamma enquanto possível. Para que pressa, se não há empregos à vista ou mesmo bons salários?

Enquanto jovens sofrem pelas ameaças de um futuro incerto, há uma geração de imigrantes italianos que sofre agora pelas desventuras do passado. O governo italia-no estuda medidas para socorrer financeiramente os seus cidadãos que chegaram à terceira idade sem conhecer uma vida próspera nos países onde se estabeleceram. O depoimento destes revela a esperança de não morrer sem sentir o efeito balsâmico em suas vidas da solidariedade pátria. E o mundo anda precisando mesmo da globaliza-ção da solidariedade. Em todos os sentidos! Boa leitura!

DIRETOR-PREsIDENTE / EDITOR:Pietro Domenico Petraglia

(RJ23820JP)

DIRETOR: Julio Cezar Vanni

VICE-DIRETOR EXECUTIVO: A. Garani

PUblICAÇãO MENsAl E PRODUÇãO:Editora Comunità ltda.

TIRAGEM: 30.000 exemplares

EsTA EDIÇãO FOI CONClUíDA EM:12/11/2007 às 16:30h

DIsTRIbUIÇãO: brasil e Itália

REDAÇãO E ADMINIsTRAÇãO:Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói,

Centro, RJ CEP: 24030-050Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2719-1468

E-MAIl: [email protected]

EDITORA ADJUNTA: Paula Máiran

REDAÇãO: Aline buaes; bruna Cenço; Fábio lino; Guilherme Aquino;

Nayra Garofle; Rosangela Comunale; sílvia souza; Valquíria Rey

REVIsãO / TRADUÇãO: Cristiana Cocco

PROJETO GRáFICO E DIAGRAMAÇãO:Alberto Carvalho

CAPA: Grupo Keystone

COlAbORADOREs: braz Maiolino; Pietro Polizzo; Venceslao soligo; Marco lucchesi; Domenico De Masi; Franco Urani; Fernanda Maranesi; Giuseppe Fusco; beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de

Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta

CORREsPONDENTEs: Guilherme Aquino (Milão); Valquíria Rey (Roma);

Fábio lino (brasília)

PUblICIDADE:Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-0181

[email protected]

REPREsENTANTE: brasília - Cláudia Thereza

C3 Comunicação & MarketingTel: (61) 3347-5981 / (61) 8414-9346

[email protected]

ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos

e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo

assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.

La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori e sprimono, nella massima libertà, personali

opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione.

IssN 1676-3220

Pietro Petraglia Editor

O gari orelhudoAs autoridades da pequena Castelbuono, na sicília, substituíram

os caminhões de lixo por burros para realizar um serviço de re-colhimento tanto econômico quanto ecológico. Desde fevereiro, seis burrinhos realizam o trabalho que antes era de quatro caminhões encarregados de coletar o lixo produzido pelos 10 mil habitantes. O método era comum no século passado. Um burro custa cerca de 1.200 euros e mais 2 mil euros por ano de manutenção, ao passo que cada caminhão de lixo custa 30 mil euros mais a manutenção anual de 7 a 8 mil. Os burros de Castelbuono já recolheram até agora 140.240 quilos a mais do que em relação a 2006. Cidades da Calábria e da Toscana estudam aplicar o mesmo sistema de recolhimento.

Canções da discórdiaO crescimento de um fe-

nômeno musical no sul da Itália, o das canções po-pulares que glorificam a vida de bandidos, está causando polêmica no país e preocu-pando as autoridades. Conhe-cidas como “neomelódicas”, as músicas copiam o estilo das velhas canções napolita-nas, utilizam o dialeto local e relatam histórias de pros-tituição, drogas, matado-res profissionais, fugitivos e tempos difíceis. Autor do li-vro “Napoli… serenata Cali-bro 9”, Marcello Ravveduto, denuncia a justificativa “cul-tural” pregada pelos cantores neomelódicos e tem o apoio do ministro do Interior italia-no, Giuliano Amato.

Itália menos 6O Parlamento europeu

aprovou uma proposta que reduz o número de ca-deiras da instituição de 785 para 750. A representação da Itália passou de 78 pa-ra 72 cadeiras, sendo a pri-meira vez em que terá me-nos deputados que a França, com 74, e a Grã-bretanha, que fica com 73. A decisão foi aprovada por 378 vo-tos favoráveis, 154 contrá-rios e 109 abstenções. A Assembléia recusou todas as emendas, inclusive as dos deputados italianos de centro-direita e de centro-esquerda que promoviam a introdução do conceito de cidadania e não o de resi-dência, e as que propunham um mesmo número de depu-tados para Itália e França.

Imigração galopanteUm relatório apresentado pela Caritas Italiana e a Fundação Mi-

grantes revelou que o número de imigrantes em situação regu-lar na Itália aumentou 21,6%, enquanto a população italiana cresceu 6,2%. Os estrangeiros compreendem 3,7 milhões de pessoas na bota e, nesse ritmo, o país pode chegar ao primeiro lugar da União Euro-péia como destino de imigrantes. A estimativa é de que eles venham a ser 10 milhões em duas ou três décadas. Os imigrantes ganham em média 10 mil euros ao ano. Em 2006, as remessas enviadas da Itália para outros países superaram 4,3 milhões de euros, com crescimento anual de 11,6%.

PatrocínioUma equipe italiana de futebol optou por apoio de origem,

digamos, criativa: entre seus patrocinadores está um bor-del austríaco. Time da quarta divisão do futebol italiano, o Trentino Calcio 1921 tinha a companhia Casa Bianca no topo da lista de patrocinadores veiculada em seu site. Mas visitantes que clicaram no ícone da Casa Bianca - uma rosa branca - ter-minaram sendo conduzidos ao site de um bordel na Web. A Casa Bianca, que opera dois estabelecimentos nas cidades austría-cas de Innsbruck e Hallein, descreve-se como “a casa das emo-ções” e como “local sensual em que você consegue tudo que deseja”. Os visitantes da Casa Bianca pagam 180 euros (cerca de 459 reais) por hora, para obter os serviços das beldades do bordel. As acompanhantes são identificadas por fotos explíci-tas e nomes no site. O bordel teria dado 10 mil euros (cerca de 25 mil reais) ao Trentino Calcio 1921 para ocupar espaço em sua página de Internet.

Ans

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IsentosAs isenções fiscais previstas

no orçamento italiano de 2008 vão beneficiar 18 milhões de famílias, segundo cálculos do Instituto Central de Estatística (Istat). segundo o presidente do Istat, luigi biggeri, os descon-tos aumentarão em 155 euros a renda média familiar. Em média, as medidas fiscais do orçamento de 2008 asseguram um ganho de 524 euros às famílias mais po-bres e de 100 euros às mais ricas. “Diferente do que aconteceu com outras intervenções, as previstas no orçamento de 2008 reduzirão a pobreza em 1%”, acrescentou biggeri.

Tá chovendo...Proprietário de uma

mansão no lago Como, o ator e diretor de cine-ma George Clooney inven-tou uma forma inusitada de se proteger dos paparaz-zi que o perseguem. O ex-Dr. Doug Ross de E.R. criou uma máquina que arremessa ovos e que é ativada através de um sensor infravermelho. O artista instalou o aparato na sua residência. Desde então, quem se aproxima da propriedade sem autor-ização é recebido com uma chuva de ovos.

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Venezia Cinema italiano iii (SP/BR/RJ/Pe) - Promovida pela Embai-xada da Itália no brasil e patro-cinada pela TIM brasil, traz seis películas que retratam as facetas do cinema contemporâneo na Itá-lia e o filme “A estratégia da ara-nha”, obra de bernardo bertoluc-ci, de 1970, recém-restaurada. A mostra passará por quatro capi-tais: são Paulo, no Centro Cultu-ral e no Espaço bombril, de 22 a 28 de novembro; Rio, no Armazém do leblon, de 26 de novembro a 2 de dezembro; Recife, na Fundação Joaquim Nabuco, 30 de novembro a 4 de dezembro e, em brasília, no

Cine brasília, de 6 a 12 de dezem-bro. Os filmes serão exibidos sem-pre à noite e a entrada é gratuita. Informações: (61) 3442-9900.ii CongReSSo de HiStóRia da VitiVi-niCultuRa (RS) - Organizado pe-la Universidade de Caxias do sul e pelos Estúdios Vitinicolas de la Región, o congresso terá me-sas redondas para discutir a vi-tivinicultura na Região Austral e América latina. Acontece de 21 a 24 de novembro. local: bloco H da UCs - Universidade de Ca-xias do sul. Informações: (54) 3218-2670 ou pelo e-mail: [email protected]

CaCau (dF) - A exposição do fo-tógrafo italiano luca Rinaldi-ni homenageia o escritor Jorge Amado. Com 25 fotografias, em preto e branco, que permitem uma viagem ao mundo e à cul-tura do cacau brasileiro, a mos-tra segue o rastro dos persona-gens e dos lugares contados por Amado. O projeto foi realizado com a colaboração da professora luciana stegagno Picchio, amiga íntima do escritor e de Zélia Gat-tai, que editou, em 2002, todos os romances de Jorge Amado na Itália. local: Embaixada da Itá-lia. sEs - Avenida das Nações,

Qd. 807, lote 30. Informações: (61) 3442 9900. Até 30/11.noite de natal (mg) - De volta ao brasil para uma turnê do espetá-culo Noite de Natal, o Grupo ita-liano Amarcord apresenta em belo Horizonte uma peça de caráter lí-rico, interpretada com música ao vivo. O espetáculo traz para o pal-co a história do encontro de Maria com José, passando pela Anuncia-ção e a viagem para belém até o nascimento de Jesus. Dia 29/11, às 20h. local: Paróquia Nossa se-nhora do Carmo - Avenida Nossa senhora do Carmo - bairro sion - belo Horizonte. Entrada franca.

na estante

agenda cultural

opinião serviço

frases

Em fevereiro de 2006 eu e minha namorada fizemos um ma-ravilhoso passeio pela Itália e visitamos várias cidades, mas

uma em especial não sai de nossa memória e deixou muitas sau-dades: Assisi. A famosa cidade de san Francesco é sem dúvida um lugar que transmite muita paz. Foi muito emocionante visitar a basilica di san Francesco, lugar de muita oração. Tiramos essa fo-to que permanecerá registrada para sempre em nossos corações.

Alexandro Campos - Grajaú - RJ - por e-mail

click do leitor

cartas

Mande sua foto comentada para esta coluna pelo e-mail: [email protected]

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“Interessante perceber as diferenças entre as polícias brasileira e italiana na última edição. Concordo muito com o oficial que

diz ‘ser policial envolve os sonhos e frustrações de um jovem que, ao entrar na corporação pensava em fazer a diferença e, com o pas-sar dos anos, vê que é muito, muito difícil mudar certas coisas’.”

João PAulo SouzA lImA,Rio de Janeiro - RJ — por e-mail

“Parabéns para a equipe de Comunità, que está cada vez mais bonita e com melhores artigos. Aliás, é fundamental que

vocês nos informem cada vez mais profundamente sobre a situação política, tanto de nossa querida Itália, quanto das articulações de nossos representantes aqui no brasil.”

GeRSon ConfoRtI, Rio de Janeiro - RJ — por e-mail

O império dos Dragões - Valé-rio Massimo Manfredi harmoniza seus grandes temas – amizade, honra, força de grupo, para citar alguns – e revela-se no apogeu de seu poder narrativo. O autor combina o cotidiano da Antigui-dade e seu ponto de partida se dá no ano de 260 d.C, na Ana-tólia, quando Valeriano I decide negociar a paz. Editora Rocco, 320 páginas, 46,50 reais.

Saga Siciliana de traições - O li-vro de Antonio de salvo descreve as particularidades da personali-dade de um siciliano e para falar dessas características o autor re-memora fatos ocorridos em sua in-fância e adolescência. A história contém desde detalhes do traba-lho com vinhos na sicília às desa-venças familiares que quase arrui-naram o clã. Tira de letra Editora, 193 páginas, 29,90 reais.

enqueteO cinema italiano participou do Festival do Rio.

Você assistiu algum filme?

Não - 80%

Sim - 75%

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 28 de setembro e 2 de outubro.

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 30 de outubro a 2 de novembro.

Sim - 20%

Não - 25%

“Devo fare gli auguri ad Alex e sua moglie, la nascita di un figlio è una delle più belle emozioni che la vita può darci”,

francesco totti, attaccante della Roma, rivolto al capitano della Juventus, il centrocampista Alessandro Del Piero, per la nascita di Tobias.

“È bello sapere che anche la Cassazione ama la natura, il bello e le virtù terapeutiche del

mondo vegetale: non possiamo che apprezzare il via libera da parte della Corte alla coltivazione

della canapa indiana per uso ornamentale”,

senatore Gianpaolo Silvestri, del partito Verde italiano, sul permesso concesso dalla Cassazione per la coltivazione della marijuana, la cannabis

sativa, sui balconi residenziali.

“Stabilire le cause delle gravi malattie che possono colpire i nostri soldati è una priorità assoluta”,

ministro italiano della Difesa Arturo Parisi, dicendo che 255 soldati hanno contratto malattie tumorali dopo le missioni nei Balcani, Afganistan, Iraq e Libano tra il 1996 e 2006.

“Il cinema italiano non esiste più. La situazione attuale è disastrosa”,

mariangela melato, attrice, spiegando perché ha smesso di fare cinema.

Você acha que o brasil tem condições de sediar a Copa em 2014?

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opinione opinione

Ezio MaranEsi

Franco Urani

Manca un Grillo fra noi, ma i bersagli non mancano

La straordinaria vita del Prof. Mario Capecchi

Vaffan-day del BrasilePremio nobel ad uno scienziato oriundo italiano Un uragano forza 5 ha

spazzato l’Italia nel set-tembre scorso. Dal palco di piazza Maggiore, nella

bologna rossa, beppe Grillo ha invitato, in forma incisiva, con-cisa, pittoresca e veemente alcu-ni politici ad andare laddove, sal-vo casi isolati, nessuno desidera. Non pronuncerò la parola fatidi-ca. Essa ferisce troppe orecchie; si preferisce dire sedere, dereta-no, didietro, posteriore, lato b (definizione televisiva recente), fondo schiena (i più eleganti). Ma la gente che sembra perbene ha paura delle parole, fingendo di ignorare che sono i fatti che fanno male, molto più che le pa-role. Ma è giusto rispettare an-che i loro sentimenti.

l’invito era rivolto ad al-cuni tra i più importanti espo-nenti della classe politica, dal presidente del Consiglio in giù. Essi sono responsabili, secon-do Grillo, di non rendersi conto che l’Italia è profondamente stu-fa di come vanno le cose, di un Governo che non governa, di un Parlamento che non fa le leggi, di un Giudiziario inefficente, di

enti locali che funzionano male, di una spesa pubblica che conti-nua a crescere, di servizi pubbli-ci che servono poco e male, di stipendi e pensioni da sopravvi-venza (quando lo sono). la gen-te è stufa di assistere ai litigi tra destra e sinistra, inutili quanto idioti: di politici che sono tut-ti d’accordo solo quando si trat-ta di mantenere, o accrescere, i propri assurdi privilegi. Tipica e patetica l’autodifesa del ministro Mastella, preso di mira da alcu-ni conduttori RAI: “I miei privi-legi - afferma - sono legittimi, cioé attribuiti dalla legge, quin-di non c’è scandalo”. Ha ragione, ministro, ma lei dimostra di non aver capito nulla di quanto stia accadendo; di non aver capito che, se è giusto che un ministro sia ben pagato, è immorale che la sua posizione gli permetta di avere vantaggi che nulla hanno a che vedere con la sua funzione, vantaggi negati a tutti gli altri 60 milioni di italiani che non ap-partengono alla casta. Rinunci a questi vantaggi, ministro, rinun-ci a comprare da un ente pub-blico appartamenti prestigiosi a

metà prezzo, ed avrà la stima de-gli italiani, oppure stia zitto co-me molti suoi colleghi, che in-cassano senza pudore, aspettano che passi la bufera e la gente di-mentichi. spero proprio che que-sto tsunami non sia dimenticato, e possa portare qualche riflesso positivo.

Non molti, nell’altra Italia, cioè noi emigrati e relativi proni-poti, hanno capito la portata di quanto è accaduto, anche perché pochi parlano o leggono l’ita-liano. Ne hanno colto l’aspetto folkloristico e hanno ridacchiato, come ridono i bambini quando si dicono le parolacce.

Il discorso di Grillo non è sta-to né razionale né elegante, ma una perorazione gentile e sensa-ta non avrebbe avuto eco. Grillo ha voluto provocare e scuotere le coscienze degli italiani, e c’è ri-uscito. Grillo ha, a mio avviso, il merito di aver avvicinato la gen-te alla politica e di aver accen-tuato la distanza tra la gente e la classe politica. Facciamo una novena perché ciò sia servito.

l’Italia è un paese esportato-re, di macchine e moda, di brac-

cia, di cervelli e di idee. sembra, ma non ne sono sicuro, che in alcuni paesi arabi qualche pazzo avrebbe voluto imitare l’idea di Grillo. scartata a priori: là non si scherza. Dissidenti cubani e bo-livariani adorerebbero l’idea, ma neppure Fidel e Chavez amano scherzare.

Il brasile, grazie al Cielo, è oggi un paese profondamen-te democratico. Al massimo, se l’invettiva fosse troppo spinta, si rischierebbe un processo per vilipendio alle istituzioni. Non mancherebbero personaggi da “invitare”; manca però un Gril-lo: la cultura brasiliana oggi è piatta e la dissidenza è scarsa e tiepida.

Un vaffan-day potrebbe esse-re festeggiato nelle nostre comu-nità. sarebbe un “vaffan” bona-rio, casereccio, tipo festa di san Gennaro o Madonna dell’Achiropi-ta. Non abbiamo, in fondo, gran-di personaggi, anche se qualcu-no pensa il contrario. Ci manca un Grillo, ma non serve nemmeno tutta la sua carica dirompente. Ma qualche piccolo capo-bastone da invitare ci sarebbe.

Purtroppo l’Italia, nono-stante le sue notevoli tradizioni scientifiche, non ha stanziato dal do-

poguerra in poi investimenti adeguati per promuovere e svi-luppare le ricerche, a differenza degli stati Uniti e dei principali paesi europei dai quali sempre più dipendiamo. Ne consegue, oltre alla perdita di prestigio, un elevato dispendio per l’ac-quisto dei prodotti brevettati alla cui scoperta hanno spesso cooperato i nostri ricercatori all’estero.

si tratta cioè di una politica errata, in quanto la maggioranza dei giovani dotati e portati alla ricerca che si laureano negli ate-nei scientifici dello stato italiano ed a spese di questi, non aven-do la possibilità di sviluppare una carriera scientifica in Italia, si trasferiscono perlopiù all’este-ro per specializzarsi, qui ricevo-no allettanti proposte e ben dif-ficilmente ritornano a lavorare in patria. Il fenomeno coinvol-ge anche vari ricercatori italiani maturi, scoraggiati dalle risorse e stipendi inadeguati.

Il problema ormai è molto sentito e si vorrebbe affrontar-lo, anche se sarà difficile recu-

perare il tempo perduto, non disponendo finora il settore scientifico del peso politico necessario per ottenere ac-cesso adeguato alle limitate risorse pubbliche.

la vicenda di Mario Ca-pecchi, nato a Verona 70 an-

ni fa, Premio Nobel per la Me-dicina 2007 per le sue ricerche sulle cellule staminali, pro-

fessore presso l’Università dell’Utah di salt lake

City (UsA), nulla

ha a che vedere con la proble-matica sopra indicata, ma merita di essere raccontata.

Il padre di Mario Capecchi era italiano, aviatore, abbat-tuto all’inizio della guerra. la madre lucie Ramburg era un’ar-tista americana, poetessa e pit-trice che viveva a Firenze prima di sposarsi, pubblicamente con-traria al fascismo e nazismo. Per sfuggire alla cattura, si nascose con il figlioletto in un maso del-la valle del Renon in Alto Adige, dove fu presa e deportata a Da-chau dalla Gestapo, che allora era un campo di concentramento per soli detenuti politici.

Capecchi aveva allora quattro anni e mezzo, non potè segui-re la madre e visse abbandona-to fino ai 9 anni, vagando per le strade di bolzano, Verona, Reg-gio Emilia, con l’unico pensiero di sopravvivere, perennemente affamato.

Nell’ottobre del 1946, do-po un anno e mezzo dal termine della guerra, la madre lo ritrovò dopo lunghe e affannose ricerche in un ospedale di Reggio Emilia. Ritornarono felici ma estrema-mente precari a Verona dove vis-sero circa 18 mesi, trasferendosi poi in America dove lucie aveva un fratello.

Capecchi cominciò là le scuo-le con 4/5 anni di ritardo, senza alcuna conoscenza d’inglese. Ma era dotato e temprato dalla ter-ribile infanzia. studiò chimica e fisica all’Antioch College in Ohio e di là andò ad Harvard per lau-rearsi in biofisica nel 1967, a 30 anni. Vi intraprese la carriera uni-versitaria, per trasferirsi definiti-vamente nel 1973 nell’Università dello Utah (lo stato dei Mormoni) di salt lake City, che gli mise a disposizione tutte le disponibili-tà e risorse necessarie per svilup-pare le sue ricerche genetiche.

Il lavoro di Capecchi si con-centrò sui geni dei topi, in par-ticolare sulle cellule staminali derivate dagli embrioni, grazie alle quali è possibile sviluppare tecnologie potenzialmente capa-ci di trovare soluzioni per alcu-ne malattie incurabili che ancora affliggono l’umanità, tra cui Par-kinson e diabete.

la tecnica inventata da Ca-pecchi è denominata “gene tar-geting” e consente di disattivare o modificare particolari geni di topi, studiandone gli effetti sul-la salute e malattie. Dal 1989 fu-rono studiati oltre 10.000 geni, ossia circa la metà del totale in ogni roditore.

Abbiamo visto con emozione Mario Capecchi parlare in televi-sione: si esprime soltanto in in-glese, ma si sente profondamente legato all’Italia ed ha sottoline-ato il fatto che il suo Premio No-bel gli è arrivato proprio nel Co-lumbus Day, il giorno in cui gli italo-americani celebrano la loro identità. si emoziona al ricordo delle sofferenze passate in Ita-lia nella sua infanzia e sottolinea che il suo lavoro si è reso pos-sibile grazie alla sua venuta in America, dove ha trovato tutte le opportunità necessarie.

Ritiene che il suo Nobel co-stituisca anche un messaggio per l’Italia, per i suoi ricercatori, per lo stato e i privati, un inci-tamento ad investire nei giova-ni – e ve ne sono tanti eccezio-nalmente dotati - nella scienza e nella conoscenza, considerando che senza risorse non esistono opportunità.

Il Prof. Mario Capecchi ci dà un altissimo esempio di splendida riuscita ed è una voce autorevolis-sima che si aggiunge a tante altre per spingere l’Italia a partecipare validamente allo sforzo mondiale della ricerca scientifica.

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marco lucchesi / artigoopinione

Fabio Porta

La Conferenza sull’America Latina organizzata a Roma dal Governo Italiano e il ‘Tavolo Brasile’ che si riunisce a novembre a Rio de Janeiro confermano la ripresa di una nuova politica

Numa belíssima página, o teólogo Leonardo Boff traça um paralelo entre Francisco de Assis e Rûmî, centrado no amor que os reúne, a partir da loucura e do estado de ebriedade em que se encontram. Diz Boff quanto segue abaixo:

Benedetta primavera!

La primavera del 2007 ha coinciso, per le relazioni tra l’Italia e l’America lati-na, con il momento più alto

di riflessione comune sullo sta-to delle politiche di integrazione e di scambio a carattere sociale, economico e culturale.

la Conferenza organizzata a ottobre dal Governo italiano a Ro-ma, aperta dal Presidente del Con-siglio Romano Prodi e conclusa dall’intervento del Ministro degli Esteri Massimo D’Alema, costitu-isce già un saldo punto di riferi-mento per lo sviluppo e il raffor-zamento della presenza dell’Italia e dell’Europa nel continente.

Merito del principale respon-sabile per la politica estera italia-na in America latina, il Vice Mini-stro degli Esteri Donato Di santo, che ha fortemente voluto che que-sto importante appuntamento si tenesse a Roma alla presenza dei massimi livelli istituzionali italiani e di esponenti di primissimo piano dei Paesi latinoamericani.

la Conferenza è stata cosí al tempo stesso il momento di sin-tesi e di bilancio del primo an-no e mezzo di “Governo Prodi” in sudamerica, ossia della ripresa forte e decisa delle relazioni di-

plomatiche del nostro Paese con tutti i Paesi del continente.

Mai avevamo assistito ad un periodo tanto fitto di incontri istituzionali nelle relazioni ita-liane in sudamerica; nel caso di alcune nazioni erano decenni che un Capo di Governo o Ministro degli Esteri italiano non vi rea-lizzava una visita ufficiale.

Dietro a questa intensificazio-ne dei rapporti va delineandosi un complesso e articolato quadro di politiche e di programmi che ri-prendono o – in alcuni casi – han-no avuto avvio in questi mesi: si va dalla ripresa (forse ancora timi-da) della cooperazione allo svilup-po al rilancio delle relazioni tra le Universitá; dall’intensificarsi dei grandi investimenti infrastruttura-li al rifiorire delle relazioni tra enti locali italiani e sudamericani.

Il brasile, grazie soprattutto al PAC (il Piano di Accelerazione della Crescita) e quindi al piano di sviluppo delle grandi infrastruttu-re strategiche, ha avuto un gran-de spazio nel corso delle due in-tense giornate di Conferenza.

l’attenzione non era limitata ai grandi investimenti.

Altri settori sono protagoni-sti di questa ripresa di interesse

e di progetti. È il caso dell’am-biente (con la questione energe-tica in primo piano) e del lavoro (politiche di inserimento occu-pazionale e formazione profes-sionale innanzitutto).

l’ultima settimana di novem-bre sarà, per il brasile, un po’ il coronamento della nuova “prima-vera” latinoamericana, iniziata con la Conferenza di Roma.

Il 27 novembre si terrà infat-ti proprio in brasile la riunione del “Tavolo” di coordinamento istituzionale delle politiche esi-stenti tra i due Paesi, con la de-legazione italiana guidata pro-prio dal Vice Ministro Di santo e con la ricca presenza di tutte le entità pubbliche e private prota-goniste di questa fase di ripresa dei rapporti tra i due Paesi.

Anche questa scelta va nella direzione giusta: si vogliono cioè riempire di contenuto strategi-co quei luoghi istituzionali che mai avevano giocato un ruolo re-ale e incisivo nella pianificazio-ne dei progetti e delle attività di cooperazione tra Italia e brasile.

Il mese di novembre si conclu-derà con un importante seminario organizzato dai due Ministeri del lavoro; a questo ultimo evento dò

una particolare importanza, prin-cipalmente per il fatto di avere come sostrato due elementi che ho sempre ritenuto fondamentali per lo sviluppo dei rapporti tra i due Paesi e per il rilancio e la va-lorizzazione della stessa presenza italiana in brasile: il mondo del lavoro e i giovani.

si tratta infatti di un connu-bio importante e, ripeto, per me indissolubile.

Il mondo del lavoro brasilia-no, tanto nella sua accezione ri-ferita alle organizzazioni sinda-cali dei lavoratori, quanto allo sviluppo della grande presenza industriale, è naturalmente figlio della storia dell’emigrazione ita-liana qui e nel continente.

Il fatto che oggi alcune gran-di agenzie pubbliche o private italiane siano presenti in brasile con specifici programmi che han-no voluto valorizzare proprio la centralità della presenza italiana e lo sviluppo di nuova e qualifica-ta occupazione per i giovani, rap-presenta certamente un elemento positivo e da incoraggiare.

la speranza è che il seminario possa dare un contributo al coor-dinamento effettivo di questi in-terventi, costruendo magari possi-bili canali di collegamento stabile e integrato tra le politiche e gli interventi dei rispettivi Paesi.

In un momento di grande in-stabilità e incertezza di carattere politico e istituzionale (e il discor-so vale tanto per l’Italia quanto per il brasile) la “primavera italo-brasi-liana” ci può e ci deve fare ben spe-rare per il futuro di questo proficuo e ormai indistruttibile rapporto; lo affermo pensando soprattutto alle giovani generazioni – italiane e la-tinoamericane – sempre più biso-gnose e disponibili a queste forme di interscambio e di cooperazione internazionale.

São Francisco e Rûmî

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“Não fui consultado se gostaria de vir pa-ra o Brasil. Tinha 13 anos e meu pai sim-

plesmente veio e trouxe a família. Hoje, posso dizer que sou muito mais brasileiro do que alguns nas-cidos aqui. Mas também sou ita-liano. Não é fácil olhar para trás e ver que depois de ter minha empresa e toda uma situação de conforto, agora moro num cubí-culo de 4x4 metros. Poderia fazer como muitos que se naturalizam e obter a ajuda do governo bra-sileiro. Poderia fazer como outros que regressam à Itália, requerem sua pensão e depois tornam ao Brasil. Mas isso não é certo! Se-ria desonesto comigo mesmo e eu não sei agir assim. Sigo a minha vida e muitas vezes me cuido pa-ra não desmoronar, principalmen-te diante da minha esposa. Tenho que estar forte apesar de tudo o que passamos”.

O relato do designer de sa-patos Giuseppe Frenda é apenas um capítulo na história de ita-lianos que vivem em situação de miséria no exterior. Aos 67 anos, o siciliano trava luta pela sobrevivência como centenas de compatriotas idosos que têm em comum a escassez das oportuni-dades de trabalho, a necessidade

de ajuda para cuidar da própria saúde e, em alguns casos, o fato de residirem em áreas considera-das de risco.

Frenda mora na comunidade de Rio das Pedras, em Jacarepa-guá, no Rio de Janeiro, e sonha com o dia da aprovação do as-segno di solitarietà. A nomen-clatura se refere a um projeto que beneficiaria os italianos com mais de 65 anos, em situação de baixa renda e residentes no ex-terior, com uma espécie de ajuda de custo.

A questão, que é antiga e po-liticamente difícil, voltou a ter destaque na Itália e fora dela no mês de outubro, quando o vice-ministro das Relações Exteriores, Franco Danieli, anunciou que, com os valores recuperados pe-la lei de Orçamento para 2008, dentre outras medidas, o governo italiano renovaria a concessão de solidariedade ao grupo.

Ao falar aos deputados que compõem a Comissão das Rela-ções Exteriores da Câmara, Da-nieli declarou saber que os re-cursos “não serão suficientes para cobrir todas as necessida-des, mas (a atitude do governo) será um primeiro passo”.

— Ouço falar desse projeto há anos e, sinceramente, seria

de seus cidadãos são a embaixa-da e os consulados. segundo in-formações obtidas pela Comunità, no ano passado, foram atendidos 1.146 italianos em situação de in-digência. O governo italiano des-tinou 1, 248 milhões de euros ao brasil em 2006. O montante foi repartido às áreas consulares, de acordo com a urgência de aten-dimentos. Assim, o consulado do Rio de Janeiro ficou com a maior parte da verba, 580 mil euros, se-guido por são Paulo, com 380 mil, Porto Alegre, com 97,5 mil e, Curi-tiba, que recebeu 90 mil euros.

Os consulados de brasília, Recife e belo Horizonte ficaram juntos, com um total de 100,5 mil euros. Estima-se que para atender aos idosos em extrema pobreza no ano de 2007 a ver-ba repassada da Itália ao brasil chegue a 1,5 milhões de euros.

De acordo com o cônsul da Itália no Rio, Massimo bellelli, atualmente 800 pessoas recebem diferentes formas de assistência do consulado. Além disso, segun-do ele, em um ano foi possível dobrar o número de interna-ções em casas de repouso. Em 2007, cerca de 20 ido-sos estão recebendo tra-tamento especial.

— Há alguns anos, sofremos com o corte de verbas. Houve pro-

testos e muita gente ficou sem atendimento. Mas o governo atu-al já deu provas de que se preo-cupa em responder a essa questão emergente. Desde que cheguei ao Rio, a circunscrição tem alcança-do mais recursos — afirma bel-lelli, revelando que para 2007 aumentou para 625 mil euros o valor destinado aos idosos.

Os consulados atuam como juízes e determinam os critérios para que as pessoas recebam os auxílios. Em paralelo a esse aten-dimento, os patronatos, como o Instituto Nacional de Assistência social (Inas), viabilizam o rece-bimento de assistência médico-hospitalar e de medicação para os credenciados. Caso de Giuse-ppe Frenda.

— sofri um infarto há dois anos e minha esposa também tem problemas de saúde. Ela é hipertensa. Tomo oito comprimi-dos diferentes durante o dia e vi-

vendo como vivo, não teria como arcar com os custos médicos e o tratamento. Foi essa ajuda para médico e recebimento de remé-dios que consegui. Vez ou outra também dão uma cesta básica. Mas é tudo sem perspectivas. Meu maior medo é passar mal na rua e não ter quem me acuda. É certo que digam: “o velho está bêba-do”. Difícil é encontrar gente que verifique se precisamos de socor-ro — avalia Frenda.

atualidade

Ilusõesperdidas no Novo Mundo

Ministério Italiano das Relações Exteriores anuncia ajuda na ordem de dez milhões de euros aos seus cidadãos idosos em situação de miséria no exterior. O assunto gera discussão em

torno do projeto de lei para definir o modelo de assistência a esses imigrantes

sílvia soUza

um alívio ter a certeza de que não morrerei antes de ele ser posto em prática. Mas a gente sabe que esse tipo de coisa não se resolve tão facilmente. seria necessário identificar quem são os necessi-tados, conhecer seus problemas. O governo teria de ter uma outra relação com seus italianos no ex-terior. Eu acho que fiscalizar é o melhor caminho, pois tem gen-te que recebe ajuda e vive via-jando, tem carro e outras posses. Enquanto a outros é negado o di-reito de fazer duas refeições por dia — desabafa o designer, que atualmente trabalha tempora-riamente como sapateiro na Tijuca.

Depois de che-gar ao brasil, ele pas-sou um período em são Paulo. Trabalhou em Franca, conhecida por ser pólo de produção de calçados. Foi designer de grifes como a Christian Dior e a Mr. Cat, mas depois decidiu tentar a vida no Rio, na Ilha do Governador, on-de se estabeleceu com a esposa e montou a sua própria fábrica de calçados.

O negócio, que chegou a ter 25 funcionários, não deu certo, e fechou em 2002. Quebrado, Fren-da passou a viver de bicos, ar-

ranjados por amigos, como Mario Gennaro, que, por último, con-fiou a ele a administração de sua oficina na Tijuca, mas só durante os 20 dias em que este estiver viajando.

Depois desse prazo, Giuseppe volta a não saber o que será de

sua vida. Tem contado com o auxí-lio do filho e de um irmão que mo-ra em são Paulo. sobrevive com cerca de 400 reais por mês, dos quais retira 250 para o pagamento do aluguel em Rio das Pedras.

— Tive de vender tudo o que possuía. Preferi isso a dever os funcionários e ficar com meu nome sujo. Até tentei voltar à Itália, mas encontrei barreiras diversas e não me acostumaria mais lá. Meus amigos estão aqui, se me perguntam, não posso fa-lar de como é a vida em Roma ou Veneza. seria um estrangeiro em minha própria terra. só que há 60 anos eu escuto dizer que o brasil é o país do futuro. E que futuro é esse? — analisa ele, que não tem direito à aposenta-doria brasileira nem à italiana, por não ter contribuído em país algum com a seguridade.

A face oculta da imigraçãoO problema de Giuseppe mostra uma face pouco conhecida da imigração italiana: muita gente que chegou à América latina e a outros continentes passa por di-ficuldades e enfrenta a emergên-cia de um socorro de sua pátria mãe. A questão tem merecido de-bate nas bancadas da Câmara e do senado italianos.

Por aqui, quem se encarrega de representar o governo e cuidar

“Ouço falar desse projeto há anos e seria um alívio ter a certeza de que não morrerei antes de ele ser posto em prática. O governo teria de ter outra relação com seus italianos no exterior”Giuseppe Frenda, desiGner de sapatos

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Há 18 anos no brasil, o Inas já atendeu a cerca de 14 mil pessoas. Entre as funções, há os encaminhamentos aos Consula-dos dos pedidos de assistência, as solicitações de certidões pa-ra os Comunes, na Itália, habi-litação dos pedidos de aposen-tadoria italiana e brasileira e, a orientação no que diz respeito aos caminhos para obtenção do reconhecimento da cidadania italiana.

Sem documentos, sem cidadaniaOutro que também fica a mercê da compaixão dos compatriotas é Aldo Novi, de 65. Nascido na província de Pola, ele chegou ao brasil aos nove, estabelecendo-se com o pai, a mãe e outros quatro irmãos no município de Magé, no Rio. A falta de informação atra-sou a retirada dos documentos de identificação e até hoje ele ainda padece pelo reconhecimento de seu país de origem.

— Na minha certidão de casamento não consta o nome

do meu pai, aí minha esposa e meus filhos não têm direito à ci-dadania. Eu não sei o que é viver bem, com tranqüilidade. Passava fome na Itália e vim passar mais dificuldades no brasil. As recor-dações da minha infância são as dos mesmos problemas que en-frento hoje: viver espremendo o dinheirinho pra chegar ao fim do mês — comenta Novi, apo-sentado pelo governo brasileiro, com renda mensal de um salário mínimo.

Ex-empregado de uma fábrica de tecidos, o italiano teve dois filhos no brasil e complemen-ta sua renda com a ajuda dos rebentos. Conta, vez ou outra, com uma cesta básica, quando o INAs, consegue fazer a distribui-ção. Não tem a posse da casa na qual reside com a esposa Zilmar, de 60. E enfrenta alagamentos no próprio lar nos períodos de enchentes.

— Com 380 reais, pago as contas de água, luz e telefone. Estou acostumado a cortar gas-tos. Na época em que meus fi-lhos eram crianças, a única pre-ocupação era não deixar faltar o leite. se a Itália reconhecesse os filhos que têm problemas nos ou-tros cantos do mundo, pelo me-nos eu poderia dizer que depois de velho, lembraram de mim, ao menos uma vez — diz.

Muita discussão, pouco resultadoOs deputados Marco Fedi e Gian-ni Farina, da Ulivo, são autores de uma proposta de lei que prevê o pagamento de um “salário” de 125 euros para os italianos em necessidades. Eles consideram que a discussão deve evoluir de modo a garantir que a contribui-ção aos compatriotas se inicie rapidamente. A deputada Mariza bafile, da Unione, também de-fende essa bandeira.

— Tudo dependerá da dura-ção da legislatura e da importân-cia que a maioria e a oposição dão a essa questão que, para nós, é prioritária — destaca Fedi.

Coincidência ou não, todos os três foram eleitos no exterior: Fedi representa a Austrália, Fa-rina, a Eslovênia, e bafile, a Ve-nezuela.

— Não se pode esquecer que a imigração italiana para a Amé-rica latina, desde 1945, contri-buiu para o envio das remessas

atualidade

empregadas na construção do pa-ís, principalmente no pós-guerra. Temos um problema orçamentá-rio, mas voltar a contribuir com os imigrantes sem sorte é um ressarcimento político, humano e moral para com a comunidade — defende Farina.

A diretora do INAs no Rio, Rita Martire, lembra que o estu-do de um projeto que atenda as necessidades dos italianos no exterior deve atentar para os di-ferentes custos de vida dos en-volvidos.

— Na Venezuela, sabemos que está em teste um acordo que reverte a ajuda para um sistema de assistência de saúde. No bra-sil, a extensão territorial e a di-versidade de planos já impossibi-litariam essa opção. Na América latina há italianos em situação de indigência, mas na Austrália, no Canadá ou em outros países da Europa, tenho minhas dúvi-das. Essa ajuda teria que vir pa-ra os que realmente precisam — defende Rita.

se o problema do orçamento não pode ser esquecido, mas do que discutir valores, o que tam-bém está em jogo é a definição do que cabe nesta “ajuda aos compatriotas”.

— Negar ajuda a um cidadão italiano nascido no exterior não é aceito nem mesmo na Consti-tuição Italiana. Mas ao buscar os responsáveis pela tutela de um cidadão, não podemos isentar o governo brasileiro e simplesmen-te repassar essa questão para o Governo Italiano. Acredito em critérios sérios para preencher todos os requisitos e obter, as-sim, o benefício. Por isso, se al-gum cidadão italiano, nascido no exterior, preenche tais requisi-tos, não vejo problema algum em ajudá-lo afinal, estamos falando de solidariedade — pondera Ri-ta Martire.

Critérios para medir a misériaNo brasil, para ser classificado como necessitada pelas autori-dades italianas, a pessoa deve se enquadrar em critérios como re-ceber um salário mínimo mensal inferior ao que é pago no territó-rio nacional (que equivale a 380 reais, podendo ser corrigido de acordo com o custo de vida e a realidade da região que habita). Também se avalia se a pessoa possui imóvel próprio e o tama-

nho da residência, além do esta-do de saúde do requerente.

Como critérios integrados, o tamanho da família também conta. Em caso de esposa de-pendente e filhos menores de idade, recebe-se auxílios maio-res do que no caso da ausência desses membros. Idosos que re-sidem sozinhos, são portadores de necessidades especiais, vi-vem em condições de margina-lização ou mesmo estão presos, apresentam novas característi-cas de urgência para o atendi-mento.

— Verificamos que, com o passar dos anos, o número de pessoas necessitadas vem au-mentando e os recursos disponí-veis não evoluem proporcional-mente. logo, tutelar um cidadão torna-se a cada dia mais difícil. Por isso, acredito em um traba-lho de cooperação na busca de recursos paralelos como a gra-tuidade dos remédios, solici-tação de isenção de taxas, as-sistência jurídica entre outros — conclui Rita.

“Atualmente, 800 pessoas recebem assistência do consulado. Desde que cheguei ao Rio, a circunscrição tem alcançado mais recursos” MassiMo Bellelli, cônsul

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economia

Numa época em que o bug aéreo e as péssimas con-dições das estradas são empecilhos para os mo-

mentos de lazer, aquela vontade juvenil de pegar a mochila e cair no mundo nunca foi tão difícil de se concretizar. Mas se você pen-sa em aproveitar o sol caracterís-tico do verão brasileiro e todas as combinações que ele permite, não há mais desculpas. Do mar, vem a opção mais tranqüila. En-voltos pelo charme quase que

cinematográfico de seus salões e ambientes, os cruzeiros che-garam devagarzinho e acabaram abocanhando uma fatia de mer-cado expressiva dentre os nichos turísticos apresentados no país. Que o digam os números da MsC Cruzeiros, que de oito mil hós-pedes da temporada 2002/2003 chegou a 59 mil no último ve-rão. A empresa italiana espera transportar, na temporada que

se inicia em novembro, 110 mil passageiros da América latina, e dentre esses, 85 mil brasileiros.

Além disso, já projetando a temporada 2008/2009, a MsC quer ultrapassar a marca de 200 mil passageiros transportados na América do sul (com 160 mil hós-pedes do brasil). E para alcançar sua meta, o navio MsC Música,

construído em 2006 na Itália, é a grande novidade. Com 1.265 ca-bines, sendo mais de 800 com-postas com varandas, o Música se une ao Ópera, de 2004, ao sinfonia, de 2002 e ao Armonia, de 2001, que já operam no lito-ral sul-americano. O total de lei-tos oferecidos chegará a 9.710 e a empresa passará a contar com cinco meses da alta temporada de verão, ou seja, de novembro de 2008 a abril de 2009.

— O MsC Opera chega ao Rio, pela primeira vez, no dia 22 de no-vembro e o Amornia em 19 de de-zembro. Estamos muito animados com o mercado brasileiro e as pos-sibilidades de continuar investindo nos valores italianos que condu-zem ao esporte, à arte e à tecnolo-gia — comenta o diretor comercial da MsC Cruzeiros, Adrian Ursilli.

Já para temporada que se inicia neste mês, a aposta está na oferta de quatro novos desti-nos: Ilha Grande (Rio de Janei-ro), Porto belo (santa Catarina), Recife (Pernambuco) e Maceió (Alagoas).

Em algumas das viagens da MsC também é possível conferir roteiros temáticos. Eles têm ên-fase em atividades físicas e en-tretenimento. No baila Comigo, é possível aprender, entre outros ritmos, o forró e o samba, e ainda curtir um verdadeiro baile de car-naval. Já o Artmar tem um progra-ma que oferece cursos, palestras, desfiles de moda e exposições.

A MsC tem frota mundial com oito embarcações. Até 2010 mais quatro navios devem ser incorpo-rados à empresa, que participou da Abav 2007, feira dos agentes de viagens das Américas,no Rio-centro, Zona Oeste do Rio.

Em terra firmese a vontade é de se estabelecer em terra, num recanto paradisía-co e ainda ter a sua disposição a hospitalidade italiana, Armação dos búzios pode ser a pedida. A 180 quilômetros da cidade do Rio, a península abriga três ho-téis que são administrados pelo grupo ITI Hotels: Colonna Park, Colonna beach e Galápagos. Es-tes foram erguidos nas praias de João Fernandes e João Fernandi-nho, duas das 23 opções que o município apresenta.

— Hospedamos muitos italia-nos que vêm em família, recém-casados e grupos de empresários. búzios é uma alternativa à insegu-rança do Rio, sem falar das águas límpidas, próprias para a ativida-de de mergulho. Fazemos tudo de acordo com as tradições italianas. Para o Natal e o Reveillon já esta-mos preparando cardápio e deco-ração a contento — divulga o di-retor da rede, Giuseppe Vaglio.

A idéia é que nunca falte op-ção ao turista no brasil. Tanto que fugindo das águas salgadas e do litoral, em meio aos deba-tes sobre preservação da natu-reza e os resultados do aqueci-mento global, o Amazonas foi o anfitrião da Abav na primeira edição em que um estado tem a incumbência de apresentar os seus atrativos a profissionais do mercado turístico.

Mix italianoA presença italiana na Feira das Américas 2007 marcou o lança-mento do guia Regiões da Itália para toda vida. Com 115 páginas, o livro traz um resumo sobre as principais regiões da bota, dicas de viagem e informações sobre serviços no país. Ele foi distribu-ído gratuitamente entre os visi-tantes do Congresso dos agentes de viagem.

O estande da Itália congre-gou as empresas CIT, CTC Ope-radora, VisaTurismo, European, Raidho, Vivere e Paraíba. Pela primeira vez no Rio, o diretor da Agência Nacional Italiana de Turismo (Enit) para a América e

Caribe, Riccardo strano, come-morava a média de 12 a 15 mil estadias de brasileiros em turis-mo na Itália.

— Em 2006 tivemos 340 mil visitantes brasileiros. E es-tou pensando que o estande do Enit pode ser um pouco maior na Abav do ano que vem. Os brasi-leiros buscam resgatar suas tra-dições, no famoso turismo de re-torno. E quem não tem qualquer ligação com a Itália vai em busca da cultura, da alimentação e de shoppings — diz strano.

strano foi ciceroneado pelo cônsul da Itália no Rio, Massimo bellelli.

— Ele fala dos brasileiros na Itália, mas somente o Rio recebeu no ano passado 300 mil italianos. são números mais do que expres-sivos, mas sei que não dá para comparar — brinca o cônsul.

A agência de viagens CVC, que recentemente abriu na França a sua primeira loja na Europa, pre-tende se expandir no continente e tem a Itália como principal alvo.

— Estamos estudando o mer-cado italiano, fazendo pesquisas com os clientes. Aqui no brasil, somos líderes na procura por via-gens à região sul. Temos bento Gonçalves, onde há o circuito dos vinhos, como quinto ou sexto des-tino mais procurado na CVC, o que prova o interesse por essa cultura tão próxima dos italianos — afir-ma o gerente das filiais interna-cionais da CVC, Gustavo Hahn.

Para o executivo, a diversi-ficação dos roteiros brasileiros pode atrair não só mais italianos como ainda outros estrangeiros ao país:

— A primeira coisa que o tu-rista avalia ao escolher seus des-tinos é a segurança, então pre-cisamos investir nisso. Nossos agentes receptivos são treinados para melhor atender às demandas dos clientes. O brasil ganha mui-to destaque porque tem opções diversificadas e estamos descorti-nando isso ao turista estrangeiro, pensando roteiros com mais eco-turismo, história, geografia. Praia é muito bom, mas há grupos que vêm por outros interesses.

Tarifas altasCom uma movimentação de pas-sageiros 12,18% maior no setor aéreo em 2006, as previsões pa-ra o espaço aéreo brasileiro são as melhores possíveis em 2007.

segundo o presidente da Abav, João Pereira Martins Neto, a ta-xa de crescimento de passageiros deve ficar entre 15 e 18%.

De acordo com a ministra do Turismo, Marta suplicy, o aumen-to do desembarque de passagei-ros em vôos internacionais em setembro foi da ordem de 8,98%.

— Os turistas estrangeiros deixaram no brasil, de janeiro a setembro de 2007, 3,6 bilhões de dólares, quantia que se apro-xima da registrada em todo o ano de 2005, quando ingressaram 3,8 bilhões de dólares. Isso sem fa-lar que hoje em dia não se vende mais cidade ou país, mas roteiros. É muito bom saber que o brasil es-tá repleto de água, praia, floresta, meio ambiente, enfim, todos os elementos que são procurados no século 21 — exalta suplicy.

Para a ministra, há, no entan-to, necessidade de se conscientizar os brasileiros sobre a importância cultural do turismo. Ela lembra que a troca de eletroeletrônicos e do-mésticos movimenta milhares de dólares no ano e que as aquisições culturais feitas durante uma via-gem ainda não são mensuradas.

— Num país onde existem 108 milhões de celulares, e isso não é uma crítica, há que se pen-

sar mais no potencial e ganhos que poderiam ser feitos em inves-timentos nas viagens — pondera.

Houve questionamentos. O presidente da Abav, João Mar-tins, reclamou do fato de o bra-sil ter a terceira tarifa portuária mais cara do mundo e das taxas diferenciadas que são aplicadas pelas operadoras:

— É assim que a gente ob-serva o aumento do superávit nas contas do governo: do 1,9 bilhão retido nas movimentações turís-ticas portuárias, apenas 1,7% foi reutilizado em melhorias para o setor. E hoje há casos de opera-doras estrangeiras que ainda con-seguem oferecer valores mais em conta para destinos de fora do brasil do que a empresa nacional, quando vende roteiros daqui.

Alheio às criticas expostas na abertura, o secretário esta-dual de Turismo, Esporte e lazer do Rio, Eduardo Paes, mostrava-se contente pela cidade sediar o evento dos agentes:

— A Feira das Américas é um retrato do brasil, e o Rio de Ja-neiro, como vitrine de todo esse patrimônio, tem a oportunidade de promover não apenas suas be-lezas, mas a riqueza da diversida-de cultural do nosso país.

Business sobre as ondas:turismo de vento em popa

Empresas de viagens e instituições ligadas ao lazer aquecem mercado turístico brasileiro às vésperas do verão. Segundo dados do Banco Central, somente em setembro, os turistas estrangeiros deixaram no Brasil cerca de 343 milhões de dólares. E o destaque da temporada vem do mar, com a chegada, em novembro, dos navios da italiana MSC Cruzeiros

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O cônsul Massimo Bellelli e o diretor do Enit para as Américas, Riccardo Strano, posam no estande dedicado às atrações turísticas da Itália.

A ministra Marta Suplicy comemorou os bons números no setor: de janeiro a setembro, os estrangeiros deixaram mais de 3,6 bilhões de dólares aqui

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economia

Urutus verso i ferrivecchi

Leader in produzione e vendita di camion in America Latina, l’Iveco, azienda del Gruppo Fiat, si lancia in due nuove aree. Ha vinto la dura concorrenza per proiettare e produrre la nuova flotta di blindati

dell’Esercito Brasiliano e conclude il 2007 con investimenti di circa 150 milioni di reali

sílvia soUza

Dopo aver concluso il 2006 con un totale di 12mi-la camion venduti e di aver annunciato la crea-

zione di un nuovo centro di in-gegneria di prodotti a Mina Ge-rais, l’Iveco, azienda del Gruppo Fiat, allarga i suoi orizzonti in brasile. È risultata vincitrice nel processo di scelta dell’industria che metterà a punto i nuovi car-ri blindati per il trasporto perso-nale dell’Esercito brasiliano, e il contratto dovrebbe essere sigla-to entro la fine del mese. Mal-grado né l’Iveco, né l’Esercito, si siano pronunciati sul totale dei veicoli ordinati, è sicuro che la nuova famiglia di vetture sosti-

tuirà il famoso Urutu, proiettato nel 1983 dalla Engenheiros Espe-cializados s.A (Engesa).

Nel mercato internazionale, un veicolo appropriato per tra-sporto di uomini e equipaggia-menti di sicurezza, come quello pensato per il brasile, costa cir-ca 2,5 milioni di dollari. secondo l’Esercito, dopo la fabbricazione di un prototipo, entro due anni, l’Iveco produrrà, nei due anni se-guenti, un lotto-pilota di 16 uni-tà del nuovo modello a sei ruo-te, successore del vecchio Urutu. si stima che la quantità totale

possa arrivare a 1.200 unità. Il destino dei nuovi blindati, per priorità, oggi sarebbero le quat-tro brigadas de Cavalaria Meca-nizadas.

Da dieci anni sul territorio nazionale, l’Iveco presenta, in Italia, una divisione di veicoli propri per la difesa. Oltre a pro-gettare, essa produce blindati e veicoli di appoggio per l’eserci-to italiano e anche per quello di altri paesi. secondo il professor Expedito Carlos stephani bastos, dell’Universidade Federal de Juiz de Fora, il brasile avrebbe biso-

gno di più di mille veicoli, ma in caso di emergenza la partnership con l’Iveco può dare origine ad un acquisto di 200 macchine.

— Tutto ciò di cui si è parla-to finora è frutto di grandi spe-culazioni. stiamo aspettando la messa a punto del contratto per conoscere i valori, il tipo di vei-colo e altre caratteristiche. Dal 2000 si parla del bisogno di so-stituire i blindati brasiliani, ma solo da due anni il progetto ha cominciato veramente ad andare avanti — rivela bastos.

Per portare a termine l’im-presa, l’Iveco è entrata in diret-ta concorrenza con la Iesa Proje-tos, Equipamentos e Montagens

s/A e, in una prima fase, altre tre aziende erano state selezionate, ma hanno desistito dalla parte-cipazione.

— Il progetto è rimasto fer-mo per molti anni. Il veicolo de-ve adeguarsi ai bisogni brasiliani, ossia, essere anfibio, come sono gli Urutus, capaci di funzionare bene in terra e in acqua. Inoltre, siccome il mondo si muove ver-so guerre urbane, questi veicoli avrebbero la loro sopravvivenza testata in questi luoghi e, servi-rebbero, di immediato, nella mis-sione in Haiti, per esempio. Ma siccome non esiste un preventivo per l’Esercito, si teme di acquisi-re veicoli fuori dallo standard — spiega bastos.

Il professore si riferisce ai modelli 6x6 e 8x8 creati dalla Fiat per l’Esercito Italiano ne-gli anni ’80. Nel caso del primo veicolo, ci si potevano traspor-tare 12 soldati, più l’autista e il capo del blindato. Mettendo a punto questo veicolo, si è arri-vati al Puma e al Centauro, di cui quest’ultimo è stato testato dal Centro de Avaliações do Exército brasileiro (CAEx), a Rio de Janei-ro, nel 2001.

— spesso, per l’azienda non è possibile investire in un pro-getto come questo, e l’Europa non ha la stessa realtà del brasi-le. Come sono stati progettati, il Puma e il Centauro non servireb-bero. Tutta il problema si aggira ora sui materiali da essere usati, se saranno nazionali o importati, opcional che saranno sui veicoli, scadenze, insomma. Questo sen-za parlare della discussione sul ruolo dell’Esercito, se questo do-vrà soltanto realizzare la coper-tura delle frontiere, partecipare attivamente alle missioni ester-ne o perfino intervenire in que-stioni come la lotta alla violenza nelle grandi metropoli come Rio e san Paolo. Il fatto è che nuove funzioni si delineano per le Forze Armate — conclude bastos.

Grande richiesta latinaFinché non entra una volta per tutte nel progetto dell’Urutu, l’Iveco festeggia il saldo positivo grazie al quale ha compensato la retrazione registrata nel mercato brasiliano, dovuta ad una grande domanda dei mercati argentino e venezuelano. sotto il comando di Marco Mazzu, che ha assunto la presidenza della Iveco latin

America a gennaio, soltanto per il nuovo centro di ingegneria a sete lagoas sono stati investiti 30 milioni di reali in macchinari, sistemi, personale e training. lo stabilimento presenta un legame diretto col settore di sviluppo di prodotti della Iveco italiana, si-tuato a Torino, e lavora in manie-ra integrata con la vecchia area di ingegneria dell’azienda a Cor-doba, in Argentina.

Il dirigente affronta la sua quarta stagione di lavoro in bra-sile, dopo essere stato diretto-re industriale della Elevadores Otis, direttore industriale della Fiat Automóveis, a betim (quan-do ha assunto su di sé la respon-sabilità di iniziare la produzione della macchina mondiale Palio, nel 1996). Tutto ciò dopo esse-re stato direttore-sovrintenden-te nell’area di trattori e macchi-ne agricole New Holland in tutta l’America del sud (lavorando alla CNH, a Curitiba).

— Ho già lavorato negli stati Uniti, in paesi europei e sudame-ricani. I miei figli sono nati in tre paesi diversi, ma è in brasile che la mia famiglia si sente a casa — dice Mazzu.

Con gli occhi puntati sul BrasileCon l’esperienza di chi proget-ta, costruisce e commercializza un’ampia gamma di veicoli com-merciali leggeri, medi e pesanti, autobus urbani e interurbani e veicoli speciali applicazioni anti-incendio, fuoristrada e per la di-fesa e protezione civili, la Iveco conta su 24.500 impiegati, ha 27 fabbriche e si trova in 16 paesi.

Nell’ultimo salão Internacio-nal do Transporte (Fenatran), re-alizzato in ottobre, la Iveco ha annunciato investimenti di 375 milioni di reali in America latina nei prossimi tre anni, la maggior parte per la fabbrica di sete la-goas (MG). la stima di crescita per l’industria brasiliana di ca-mion si aggira su di un 30%.

— le due principali linee-guida del gruppo oggi per la sua globalizzazione fuori dall’Europa sono l’America latina, con il bra-sile in testa, e la Cina — dichiara il presidente mondiale della Ive-co, Paolo Monferino, venuto in brasile specialmente per la Fiera.

Malgrado il momento di re-trazione osservato agli inizi del decennio, dal 2004 la Iveco rag-giunge buone vendite con pro-

dotti di riferimento nei suoi set-tori. Come il caso del City Class, miniautobus destinato al tra-sporto da 21 a 25 persone e per il quale la costruttrice ha innovato presentandone cinque versioni.

sempre nel 2004, l’azienda ha importato i modelli pensanti stra-lis e Eurotrakker per la loro com-mercializzazione in brasile. Inve-ce, nel 2005 la Iveco ha passato il traguardo di 50mila camion pro-dotti nel Complexo Industrial em sete lagoas, che ha cominciato ad operare nel novembre 2000.

Ha concluso l’anno con un’iniezione di 65 milioni di reali nel territorio nazionale e la fab-brica di sete lagoas ha comin-ciato a produrre un nuovo veico-lo pesante, lo stralis HD450s38T da 380 cavalli di potenza. Inol-tre, quell’anno, quando il consor-zio Nacional Iveco compiva il suo settimo anno di attività, è stata registrata la crescita del 54% in rapporto all’anno anteriore.

— la Iveco è parte del Grup-po Fiat e questi ha una storia di successo in brasile, provata dalla leadership della Fiat Automóveis, della Case New Holland e di altre come la Magneti Marelli. Abbia-

mo un forte legame con il brasi-le. siamo tanto brasiliani quanto italiani — definisce Mazzu.

I numeri sono significativi, con oltre 10mila consorziati e la consegna di più di 4.500 camion in brasile, due terzi dei quali della linea di commerciali leggeri del-la fabbrica e il resto della linea di medi e pesanti. l’anno scorso, sono state immesse sul mercato quattro nuove versioni della gam-ma stralis, che ha ottenuto nel mercato dei camion le migliori medie di consumo di carburante.

Nuovo direttore di sviluppo di prodotti della Iveco, Renato Mastrobuono comanda una équi-pe di circa 35 professionisti (tra ingegneri, progettisti e tecnici).

— l’arrivo di Mastrobuono fa parte del processo di rafforza-mento dell’équipe Iveco in bra-sile. sotto i suoi comandi, l’area di sviluppo del prodotto lavore-rà sempre più rivolta al cliente, che è l’elemento fondamentale della nostra strategia in Ameri-ca latina e specialmente in bra-sile, dove pensiamo di premere forte sull’accelleratore a partire da ora — mette in risalto Marco Mazzu.

La veduta aerea della fabbrica della Iveco, a Sete Lagoas (MG), dà un’idea della crescita dell’azienda. Marco Mazzu, direttore-presidente della marca

posa con i campioni di vendita della fabbrica, i veicoli Daily e Stralis

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Tiiimmm! Tiiimmm! Tii-immm! sull’incudine, il rumore del martello che picchia sul ferro incande-

scente annuncia tempi di cambia-menti. Il suono viene dal brasile Impero – più precisamente dal 1827 – e segna l’inizio dell’indu-strializzazione del paese. È l’an-no della nascita della sociedade Auxiliadora da Indústria Nacio-nal (sain). la data è significa-tiva visto che sono passati 180 anni. Proprio per questo, la Fe-deração das Indústrias do Esta-do do Rio de Janeiro (Firjan) ha allestito un’esposizione presso la Casa França brasil, al centro di Rio, che rimarrà aperta fino al 18 novembre. La mostra 180 anos da Indústria Brasileira: de 1827 ao século XXI presenta con ricchezza di dettagli il processo di trasformazione dell’industria nazionale, rivelando, tra l’altro, la forte partecipazione italiana a questo percorso.

sono state molte le strade che hanno portato a questa influenza.

Per cominciare, lo stesso matrimo-nio di Dom Pedro II con Tereza Cri-stina, napoletana, nel 1845, forni-sce già un’idea di ciò che avrebbero rappresentato gli italiani nella co-struzione del brasile. Divisa in 14 periodi storici, l’esposizione rivela che i primi cambiamenti si sono avuti nel 1808, con l’arrivo della Famiglia Reale. Per trasformare la colonia in sede della corte, Dom João VI annullò la legislazione del 1785, di Dona Maria I, e autorizzò la costruzione di fabbriche, indu-strie e manifatture.

Nel 1821, con il suo ritor-no in Portogallo, Dom Pedro I, suo figlio, prende il potere. l’imperatore brasiliano approva la creazione della sain, una ri-vendicazione fatta da imprendi-tori brasiliani a Dom João. Con l’abdicazione di Dom Pedro, nel 1831, Pedro II sale al trono nel 1840. Nel 1845, si sposa con Te-reza Cristina, come primo segno dell’influenza italiana in brasile.

— Gli immigranti che sono venuti qui alla fine del XIX seco-

lo e gli inizi del XX per lavorare in piccole botteghe, si sono tra-sformati in grandi imprenditori. la seconda maggior popolazione di discendenti italiani nel mon-do si trova in brasile — racconta il curatore dell’esposizione della Firjan, Júlio Heilbron.

I pionieri oriundiNon è un caso che la mostra esponga foto, oggetti persona-li come valigie e pesi e misure per lavori manuali, e luoghi dove gli immigranti vivevano in brasi-le, più precisamente a san Paolo. I primi italiani cominciarono ad arrivare già verso la fine del XIX secolo. Tereza Cristina prese su di sé la missione di convincere Dom Pedro II ad importare ma-nodopera qualificata per il mer-cato interno brasiliano. Fino a quel momento, nel paese c’erano piccole industrie e fabbriche. Il brasiliano Irineu Evangelista de souza, il barão de Mauá, ha dato i primi passi per la consolidazio-ne dell’industria nazionale.

— Mauá ha preparato la stra-da e gli immigranti hanno dato l’impulso. Vedendo un Rio anti-quato, Tereza Cristina convinse Dom Pedro II a portare qui inge-gneri, architetti, professori, ope-rai, insomma, una manodopera che qui non c’era. Questi gruppi avrebbero dato una spinta decisi-va alla crescita dell’industria bra-siliana — spiega lo storico Júlio Vanni, autore del libro Italianos no Rio de Janeiro. Ritmo accellerato Già negli anni ’20, il brasile co-mincia a crescere con un altro ritmo. l’imprenditore Henrique lage, sposato con la cantante li-rica italiana Gabriella besanzoni, crea, nell’isola del Viana, nella baia della Guanabara, la fabbrica di aerei da dove è uscito il primo velivolo brasiliano. l’economia cresceva in scala geometrica. Un censimento del 1920 indica per la prima volta la leadership di san Paolo nel settore industriale brasiliano. Negli anni ’40, la Fá-brica Nacional de Motores (FNM) è fondata a partire da una part-nership con l’italiana Isotta Fra-schini s.p.A. Con il fallimento dell’impresa, nel 1949, entra nel gruppo l’Alfa Romeo. la prima automobile nazionale si chiame-rà Romi-Isetta.

— Gli italiani già stabiliti in brasile crearono, agli inizi del XX secolo, una forte base economica per tutta questa crescita. Con la fine della Prima Guerra mondiale, alcuni di loro diventarono espor-tatori. Inoltre bisogna ricordare che gli italiani hanno anche con-tribuito al processo di politicizza-zione degli operai brasiliani. È con la presenza di italiani negli am-bienti rurali e urbani che si han-no i primi scioperi — racconta El-mer barboza, professore di storia dell’Arte alla PUC-Rio.

Quasi due secoli a ferro e fuoco

Industria brasiliana festeggia i 180 anni del processo di sviluppo con esposizione che ricorda la forte influenza italiana nella costruzione del paese

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economia

Vetro brasiliano con tecnologia italiana

Sofisticazione del prodotto fabbricato in Brasile si deve all’importazione di macchinari del paese europeo, che detiene la leadership storica nel settore

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Famosa per la triade cultura-arte-design, l’Italia è leader mondiale nella produzione di vetri, e non solo di quelli per

arredamento ma, specialmente, di quelli tecnici e di alta tecnologia. l’industria vetraria brasiliana, che importa il 40% delle sue macchi-ne da fabbricanti italiani, è cre-sciuta ed evoluta grazie a questo interscambio, che ha facilitato l’accesso dei consumatori brasi-liani a prodotti più raffinati e mo-derni, come i vetri termoacustici, per esempio. Il settore vetrario ha avuto una crescita in brasile, solo nel 2006, del 40%.

I vetri termoacustici unisco-no, come dice il nome, isolamen-to termico e acustico. la loro uti-lità principale in Europa è quella di evitare l’uso di condizionatori d’aria in ambienti chiusi, dimi-nuendo l’uso di energia, in be-neficio dell’ambiente. si prevede che il prodotto entrerà in brasile in proporzioni maggiori a parti-re dal 2008, quando sarà adot-tato in maggioranza dal settore dell’edilizia.

Ci sono grandi aziende del settore nelle diverse regioni in brasile. Tutte hanno importato macchinari italiani, che ogni an-no presentano innovazioni. Ma i principali mercati importatori di questa tecnologia sono ancora gli stessi paesi europei, che assor-bono il 60% delle esportazioni. I principali acquirenti e concor-renti dell’Italia sono la Germania e la Francia. Il brasile è soltan-to il 15º principale mercato per gli italiani e uno dei principali acquirenti nelle Americhe, dietro soltanto agli stati Uniti.

Tuttavia, il 40% delle im-portazioni brasiliane in questo settore (18 milioni di euro) so-no di origine italiana, una quota

di gran lunga superiore a quella dei principali importatori italia-ni, come la Germania (16%) e la Francia (18%).

Nell’industria vetraria da qua-si 30 anni, il rappresentante com-merciale Yveraldo Gusmão, uno dei precursori dell’ingresso della tecnologia italiana nella produzio-ne del vetro in brasile, osserva che la produzione del vetro in brasile non è più artigianale da poco tem-po, al massimo da due decenni.

— Dieci anni fa pochi bra-siliani erano in condizioni di comprare un tavolo con il pia-no di vetro. Con la riduzione dei prezzi, una conseguenza diret-ta dell’ingresso di macchine più evolute che avrebbero facilitato il processo di produzione, la si-tuazione è cambiata — spiega.

Valore culturaleIl vetro in Italia presenta, “oltre ad un valore industriale, anche un valore artistico molto gran-de”, ha messo in risalto il segre-tario generale della Câmara ítalo-brasileira de Comércio e Indústria de são Paulo, Francesco Paternò, all’apertura del seminario A Tec-nologia Italiana para a Indústria do vidro, avutasi nella capitale paulista lo scorso 22 ottobre.

secondo il direttore dell’In-stituto Italiano para o Comércio Exterior (ICE), Giovanni sacchi, il settore vetrario è stato scelto per questo progetto di promozio-ne, iniziato più di due anni fa, giustamente dovuto al fatto che l’Italia è leader “tanto nell’area culturale, quanto nell’area della tecnologia industriale”.

Ronaldo Padovani, analista di mercado dell’ICE, uno degli orga-ni promotori dell’evento, ha dife-so la smistificazione dell’immagi-ne secondo cui l’Italia sarebbe il simbolo della tecnologia:

— È simbolo, questo sì, di cultura, arte e design — ha det-to, invece di riconoscere l’indu-stria italiana come uno dei mag-giori esportatori del mondo di tecnologia del settore.

Padovani mette in risalto che il settore di tecnologia vetraria in Italia fattura più di 1,2 miliar-di di euro all’anno, l’equivalente al 5,5% del totale dell’industria italiana di macchinari, con le esportazioni che rappresentano il 72% del suo fatturato, indice al di sopra della media nazionale.

l’origine del vetro risa-le ai popoli dell’antichità, ma l’espansione e la commercializ-zazione si hanno durante l’Im-pero Romano, che ne ha pro-mosso la produzione su larga scala in Italia verso il XII se-colo, con il suo apice legato al-la produzione dell’isola di Mura-no, a Venezia, nel XIII secolo, quando la regione era il maggior centro produttore del materiale nel mondo occidentale.

l’isola di Murano, nella lagu-na di Venezia, è il grande centro produttore di vetro in Italia e te-ma dell’esposizione “Um Mar de Vidros – Murano 1915 – 2000”, organizzata dall’Istituto Italia-no di Cultura di san Paolo tra ottobre e novembre. secondo la direttrice dell’Istituto, luigina Peddi, l’origine della produzione di vetro nell’isola è iniziata circa mille anni fa, quando erano usa-ti forni ad alta temperatura, che presentavano molti rischi per la popolazione, installati nell’isola come misura di sicurezza.

Yveraldo Gusmão è stato uno dei precursori dell’introduzione della tecnologia italiana nei lavori con il vetro

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atualidade

A guerra das águas

Enquanto turistas não abrem mão de cumprir o ritual de beber água das fontes públicas italianas, a população local despreza a que sai de suas torneiras, optando pelo produto

mineral engarrafado. O governo criou projeto para mudar esse quadro

GUilhErME aqUinoCorrespondente • Milão

Enquanto 1,5 bilhão de pessoas do planeta pade-cem sem acesso à água potável, os italianos esno-

bam o líquido de alta qualidade que jorra de suas torneiras. Este é o maior público consumidor de água mineral em todo o mundo. Companhias produtoras e distri-buidoras comemoram a venda de mais de dez bilhões de litros na Itália. Mas o governo decidiu in-vestir em um projeto, batizado de Casas de água, para conven-cer o povo a beber sem medo a água da bica.

As Casas de água são uma fonte inesgotável de saúde e economia para os milaneses, mas estes ainda não se deram con-ta disso. Do projeto, iniciativa da empresa pública Tutela Am-bientale sud Milanese (Tams), responsável pela rede hídrica da

área, resultou a criação, neste ano, de estabelecimentos de dis-tribuição gratuita da água já em 24 municípios localizados na re-gião sudoeste de Milão.

O projeto tem como objeti-vo incentivar o consumo de água potável em todo o país. Os tes-tes indicam que a água pública é controlada, segura e faz bem a saúde. Apenas esta não conta com a mesma poderosa campa-nha publicitária que promove as águas minerais privadas.

As pequenas fontes espalha-das pelas cidades — conhecidas em Milão como dragões verdes — servem somente para matar a se-de de quem passa, especialmente turistas. Não se observa uma cul-tura de valorização, na Itália, dos benefícios dessas águas. O povo somente os descobre quando fal-ta água, como aconteceu no ve-

rão passado em Taranto, no sul da Itália. Enormes filas se forma-ram nas bicas públicas. Ninguém reclamou então da qualidade do precioso líquido.

Um litro de água mineral nos supermercados pode custar o equivalente a cerca de 1,50 real. A mesma quantidade pode custar o dobro na bancada de um bar ou na mesa de um restaurante. Nos estabelecimentos comerciais, nunca é possível pedir água da bica, gratuita.

Em 2006, cada cidadão italia-no consumiu cerca de 190 litros de água mineral, de acordo com a Federação Italiana dos Produto-res. Cada europeu bebe, em mé-dia, cem litros por ano, enquanto a média mundial não ultrapassa 20 litros por pessoa. Estes núme-ros atiçam a sede do empresaria-do do setor.

— Acho que é uma questão de hábito, mas não apenas isso, as águas minerais são mais leves, suaves, tem um sabor diferente — justifica Andrea, um enge-nheiro de Turim.

Todos os dias, na porta de casa, Andrea troca um engradado de garrafas vazias por um cheio.

— Pelos menos não desper-diço no meio-ambiente as pets. Aqui em casa entram apenas as garrafas de vidro, que depois de-volvemos ao nosso vendedor — explica.

A água da bica serve apenas para a lavagem de roupas, pratos e talheres da casa do engenheiro, assim como para a higiene pes-soal. beber?

— sim, de vez em quando, mas tem muito calcário, no lon-go prazo pode não fazer bem à saúde — revela o engenheiro.

Os quiosques do projeto Ca-sas de água funcionam como es-pécies de oásis de água pura, pú-blica e gratuita, instalados em um deserto de desinformação e maus hábitos. Em san Donato Milane-se, por exemplo, o posto do Ca-sas de água inaugurado em maio de 2007 tem conquistado terreno junto aos moradores locais. Entre 12 de maio e 7 de junho foram dis-tribuídos quase 40 metros cúbicos de água, algo como 1.550 litros ao dia. Já em buccinasco, em deze-nove dias, as torneiras jorraram 48 metros cúbicos, algo como 2.520 litros diários. Há fila para sabore-ar água fresca ou gelada e natural

ou gasosa. No verão, o consumo aumentou. Com a chegada do frio, espera-se uma redução.

— Eu soube recentemente porque uma vizinha veio até aqui e me contou. A minha filha con-some muita água mineral. Então eu a substituí por esta aqui e ela nem notou — conta Francesca Perego.

Ela costuma pegar a água no quiosque mais próximo até duas vezes por semana:

— Venho sempre pela ma-nhã, respirar ar puro, beber e en-garrafar água de graça — expli-ca Francesca, enquanto carrega o seu engradado.

Há Casas de água em parques e jardins públicos. Ficam aber-tas das 9h às 19h, de domingo a domingo. E para atrair e seduzir ainda mais o cliente, as peque-nas instalações oferecem músi-ca ambiente. A água é forneci-da pelo Consorzio Acqua Potabile (CAP), que atesta as suas quali-dades oligominerais. Pouca gente sabe, mas a água dos aquedutos públicos chega de um lençol fre-ático localizado entre 80 e 120 metros abaixo do solo. Esta pro-fundidade depende do local onde foi aberto o poço.

Na maior parte dos casos, a qualidade na fonte dispensa maiores cuidados. Numa minoria, apenas por precaução extrema, foram instalados filtros de car-bono para reter as impurezas e adequar os componentes quími-cos encontrados no subsolo aos limites da lei.

A concentração equilibrada de sais minerais inclui essas águas na categoria de muitas águas mi-nerais vendidas nas prateleiras dos supermercados. Os resíduos fixos entre 138 e 426 mg/l con-trariam a tese de que a água é pe-sada. O cálcio e o magnésio estão presentes dentro da média geral. O mito de que o cálcio na água favorece o surgimento de cálcu-lo renal já foi desmentido por es-tudos técnicos dos ministérios da Agricultura e da saúde.

segundo pesquisa realizada na Inglaterra, quanto mais sim-ples a água se apresenta, meno-res as chances de doenças car-diovasculares. A despeito disso, há quem prefira água gasosa, por exemplo. Neste caso, os postos do projeto Casas de água pos-suem equipamentos para adicio-nar anidrido de carbono e gasei-ficar a água.

Os quiosques são padroniza-dos e têm de 25 a 30 metros qua-drados. A arquitetura lembra a da velha “cascina” lombarda. E o lu-gar oferece duas ou três fontes, um sistema eletrônico para mo-nitorar a dosagem volumétrica, dois medidores, um equipamen-to de distribuição de CO2, siste-ma de alarme e produtor de gelo, além de um pátio de recepção.

Há quem garanta o abasteci-mento da semana em uma visita ao quiosque. Mas a maioria pensa que aquela água seja diferente da que sai de suas torneiras domés-ticas. Naturalmente, ela é a mes-ma, apenas os tubos do quiosque são mais novos e mais limpos do que os do lar. A diferença começa e termina neste ponto.

— Acho que esta água aqui é mais leve do que a que sai da mi-nha torneira. Dizem ser a mesma, mas sinto a diferença. Esta aqui (da Casa de água) é melhor, além de não custar nada — compara Francesco baldassari, enquanto enche as garrafas vazias, ainda com os rótulos, que comprava no supermercado, feliz com a eco-nomia representada pelo consu-mo da água gratuita e disposto a aproveitar a ida ao quiosque

para fazer um belo passeio pelo parque.

O sucesso da iniciativa ago-ra pode ser apresentado fora da Itália e a primeira exibição do projeto aconteceu durante a Eco Mundo, sediada em Rimini, de 7 a 10 de novembro. No evento, o estande Casas de água procurou dar mais visibilidade ao modelo adotado a um público composto por representantes de 61 paises (mais de 50 mil operadoras e mil empresas).

Água dos aquedutos chega de um lençol freático localizado entre 80 e 120 metros abaixo do solo, dependendo do local onde foi aberto o poço

“Controlada, segura e boa para a saúde”. Abastecimento nas Casas de Água, conhecidas como dragões verdes, já é possível em 24 municípios de Milão. Turistas são os que mais dão valor ao projeto

Instaladas em parques e jardins públicos, elas ficam abertas das 9h às 19h, de domingo a domingo. Os quiosques são padronizados e têm de 25 a 30 metros quadrados. San Donato Milanese e Buccinasco têm bom consumo

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Já no livro Eu, Alberto Cac-ciola, Confesso: O Escânda-lo do banco Marka, lançado em 2001, dizia que alimen-

tava o desejo de retornar ao que considerava o seu país, o dos filhos, da família, dos irmãos e dos amigos.

Apesar das saudades do bra-sil, cuja Justiça o condenou em 2005 a 13 anos de prisão pe-los crimes de peculato (desvio de dinheiro público) e de ges-tão fraudulenta, Cacciola levava uma vida normal na Itália e mui-to diferente daquela vivida pela maioria dos brasileiros que imi-gram para lá.

Nascido em Milão, portanto, cidadão italiano, o ex-banqueiro não precisou do permesso di sog-

giorno – autorização para ficar legal na Itália. Nem mesmo en-frentou dificuldades financeiras ou qualquer tipo de discrimina-ção para arrumar emprego.

Pelo contrário. Além das sau-dades e do desejo de provar sua inocência no brasil, Cacciola le-vava uma vida repleta de luxo e conforto em Roma, a cidade que escolheu como refúgio.

A primeira casa em que mo-rou, mantendo o mesmo padrão que tinha no brasil, num lu-gar privilegiado nos arredores de Roma, tinha piscina, qua-dra de golfe, inúmeras estátu-as no jardim e era cercada por um castelo medieval. Mesmo assim, no livro, Cacciola recla-mava da vida.

— Passei a fazer coisas que nunca fiz: lavar meu carro, minha moto e varrer as folhas secas do jardim. Precisei aprender a ligar a máquina de lavar roupa, pen-durar roupa no varal, lavar meus pratos — revelou.

Amigos e pessoas próximas de Cacciola dizem que ele passou por um período de depressão em 2004, depois do suicídio da filha Milene, então com 28 anos, no Rio. Nem acompanhou o enterro, com receio de ser preso.

Antes de sair do brasil, como se soubesse que algo estava por acontecer, em 1998, enviou um bom dinheiro para a Itália. se-gundo o próprio, tudo de acordo com a lei, regularmente registra-do no Imposto de Renda.

Foi esse dinheiro que garan-tiu boa vida a ele, à segunda mu-lher – a ex-modelo Adriana Alves de Oliveira, Miss brasil 1981, de quem se separou há cerca de um ano – e aos dois filhos dela. E também proporcionou a Cacciola a tranqüilidade para escrever um livro e nem pensar em trabalhar nos primeiros tempos na Itália.

Com a ajuda de Adriana, que tinha morado dez anos na Itá-lia, oito deles na capital, e ainda com muitos amigos por lá, o fo-ragido começou a vida nova.

Até ser preso no Principado de Mônaco, no dia 15 de setem-bro, mantinha um padrão de luxo com bons vinhos e requintados jantares. Investia na construção e venda de casas nos arredores de Roma e administrava um hotel quatro estrelas, cuja sede é um belíssimo prédio no centro histó-rico da cidade.

Com a prisão, ele voltou ao noticiário brasileiro, sete anos depois de o seu banco Marka ter sido liquidado pelo banco Cen-tral, por conta de perdas com a maxidesvalorização do real, em janeiro de 1999.

Desde que fugiu do brasil, assim que foi beneficiado por um habeas corpus concedido pela Justiça, ele nunca viveu escon-dido. Como também tem nacio-nalidade italiana, não podia ser extraditado e, assim, podia levar a sua dolce vita em Roma.

Mas o pedido internacional de prisão havia sido distribuí-

do pela Interpol aos 186 países signatários do acordo. Cacciola tinha todas as suas atividades na capital italiana monitoradas pela Interpol. Esta sempre acre-ditava que o seu alvo acabaria cometendo um passo em falso, saindo do país.

Quando se confirmou a pre-sença dele em Mônaco – os ho-téis enviam religiosamente à po-lícia o nome de seus hóspedes –, e foi verificado que sob o no-me de Cacciola constava o avi-so de procurado pela Interpol, com o pedido de prisão número 36.868/2000, a sûreté Publique contatou a sede da Interpol, em lyon, para informar sobre a pri-são iminente.

O então foragido número 1 da Justiça brasileira foi comu-nicado de sua detenção pela polícia de Mônaco quando pas-seava tranqüilamente no ponto mais badalado do local, na Pla-ce du Casino.

segundo alguns relatos, Cac-ciola estava em Gênova, na com-panhia da namorada, quando decidiu ir a Mônaco visitar uma feira de barcos.

Ele sabia que, se saísse da Itália, poderia ser preso. Mesmo assim, resolveu arriscar, o que acabou levando-o à prisão e po-derá trazê-lo de volta ao brasil, como ele sempre desejou.

Consultor de alto nívelO ex-banqueiro, de 63 anos, costumava passar grande parte do tempo no FortySeven (www.fortysevenhotel.com), na Via luigi Petroselli, 47, de onde se pode ir tranqüilamente a pé a alguns dos mais prestigiados pontos turístiscos de Roma, como a Piazza Venezia, a boca della Verità, o Fórum Imperial e o Coliseu.

Fabrizio Cacciola, filho do empresário, é quem administra o hotel de cinco andares, decorado em estilo sóbrio e elegante, que tem 61 quartos e diárias de 350 a 600 euros.

— Recomeçamos vida nova, porque tudo que tínhamos no brasil foi destruído —, afirmou o único homem entre os três fi-lhos de Cacciola de seu primeiro casamento.

Oficialmente, o empresário não se declara dono do Forty-seven, hotel que surpreende pelo atendimento exclusivo e pelos serviços de primeira. Diz apenas que tem uma par-ticipação acionária no empre-endimento, no qual atuava co-mo consultor, especializado em decoração.

De acordo com um dos ad-vogados dele, Carlos Ely Eluf, o antigo dono do banco Marka é o

valqUíria rEyCorrespondente • roMa

Foragido de luxo

O ex-banqueiro Salvatore Alberto Cacciola sonhava com a volta ao Brasil desde que chegou à Itália, em junho de 2000

Hotel FortySeven, gerenciado por Fabrizio, filho de Cacciola, e onde o empresário costumava passar grande parte do seu tempo

gestor dos negócios e ganha par-ticipação nos lucros.

— O doutor Cacciola é uma pessoa muito educada e gentil. Ele vinha aqui quase todos os dias — diz um dos funcionários

do hotel, e acrescenta: — Muitas vezes até dormia no hotel.

Foi do ex-banqueiro a idéia de transformar o antigo prédio de escritórios da Via Petroselli – com obras de Modigliani, Guc-cione, Greco, Quagliata e Mas-troianni, tombado pelo Patri-mônio Histórico de Roma – no luxuoso hotel.

Com área de fitness, restau-rante requintado e vista privi-legiada na cobertura, o Forty-Seven é considerado um dos melhores do mundo pelo Trip Advisor Traveler’s Choise, por escolha direta dos clientes, o que leva em conta a qualidade da estadia e o custo/benefício.

Inaugurado em abril de 2004, desde então o hotel mantém ní-vel de ocupação superior a 70%, confirmando o talento do empre-sário no setor hoteleiro.

“Recomeçamos vida nova, porque tudo que tínhamos no Brasil foi destruído”FaBrizio cacciola,Filho de alBerto cacciola

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trabalho

Com um orçamento de 6 bilhões de reais para 2007, o Congresso bra-sileiro (Câmara dos De-

putados e senado Federal) gas-ta 11, 5 mil reais por minuto. Este só é superado pelo parla-mento americano, com orça-mento acima de 8 milhões de reais. Já o Congresso italiano vai custar cerca de 3,7 bilhões de reais neste ano. Embora bem mais em conta, em relação aos primeiros, a instituição italiana é a mais cara de toda a União Européia. E o brasil é aquele em que o Congresso mais onera o cidadão. Os dados são de um estudo patrocinado pela ONG Transparência brasil.

O estudo comparativo entre os países levou em conta os di-ferentes níveis de riqueza, tan-to em renda per capita quanto em salário mínimo. E para ava-liar como o brasil se situaria na pesquisa caso a representa-ção parlamentar se limitasse a uma única câmera, houve cálcu-los excluindo o senado. Mesmo neste caso, o custo da Câmara brasileira se revelou mais pesa-do para o cidadão do que os de outros países.

— Custar 32 reais no brasil é uma coisa, na Itália é outra. Pe-sa muito menos no bolso daquele cidadão do que no brasil, porque a renda aqui é muito mais bai-xa — explica o diretor presidente da Transparência brasil, Cláudio Weber Abramo.

só nos Estados Unidos o cus-to anual por membro do Congres-so supera o do brasil, em núme-

ros absolutos. Cada congressista americano custa em média 15,3 milhões de reais por ano, en-quanto no brasil o custo médio dos parlamentares é de 10,2 mi-lhões de reais. Este montante é 12 vezes maior do que os 850 mil reais gastos por cada parlamen-tar na Espanha. A elevada média brasileira resulta principalmente da contribuição do senado, se-gundo o estudo.

O mandato de cada um dos 81 senadores custa aos cofres públicos 33,1 milhões de reais por ano, enquanto o número cor-respondente para os 513 depu-tados federais é de 6,6 milhões de reais. Contudo, mesmo se o senado deixasse de existir e se considerasse apenas a Câmara dos Deputados, o custo de cada mandato ainda seria o segundo maior da lista.

O senado gastou, neste ano, um bilhão e duzentos milhões de reais, o que dá 15 milhões para cada um dos 81 senadores. Palco de escândalos políticos recentes, os parlamentares da alta Câmara resistem em prestar contas ao eleitor, por meio da Internet. Na Câmara dos Depu-tados as contas estão na Rede Mundial. segundo o deputa-do Agripino Maia ( D E M - R N ) , para que se-ja revista essa situação é ne-cessário que a Mesa Diretora da Casa autorize.

— Por m i m ,

não tem problemas — garante o deputado potiguar.

Assembléias e CâmarasNão é só o Congresso Nacional que tem custo proporcional en-tre os mais caros do mundo. De acordo com o levantamento da Transparência brasil, o mesmo gasto relativo proporcional apa-rece quando se compara o custo de manutenção de Assembléias legislativas e de Câmaras Muni-cipais nos estados brasileiros.

De acordo com a pesquisa, 15 estados apresentam custo anual por deputado superior ao da Itá-lia, incluindo aí o Distrito Federal, onde o orçamento da Câmara le-gislativa para 2007 é de 236,3 mi-lhões de reais. Isso equivale a di-zer que cada um dos 24 deputados estaduais brasilienses vai consu-mir, no ano, recursos públicos da ordem de 9,8 milhões – contra os 4 milhões de reais que são gastos com um parlamentar italiano.

O presidente da Câmara le-gislativa do Distrito Federal (Cl-DF) apresenta a defesa dos nú-meros atuais com o argumento

de que os parlamentares da Casa cumprem, segundo ele, jornada dupla e até tripla de trabalho:

— Há uma característica que não foi levada em conta nesse estudo: aqui no DF, nós fazemos o papel de deputado estadual e de vereador. No Guará, onde mo-ro, não há uma Câmara de Vere-adores e toda decisão é feita na ClDF — afirma o presidente da Casa Alírio Neto (PPs).

O alto custo do poder

Sempre se suspeitou disso, mas um estudo da ONG Transparência Brasil acaba de comprovar que o Congresso brasileiro custa quase o dobro dos gastos do parlamento italiano. Ambos saem caro ao bolso dos cidadãos

Latte adulterato coinvolge ParmalatLa Parmalat è stata indicata come una delle acquirenti del

latte prodotto da due cooperative di Minas Gerais accusa-te di aggiungere alla bevanda soda caustica e acqua ossigena-ta per aumentarne il volume e la conservazione. Il caso è stato scoperto dall’ Agência Nacional de Vigilância sanitária (Anvisa) e ha spaventato genitori e consumatori in tutto il brasile alla fi-ne di ottobre.

Oltre all’azienda italiana, anche le marche Centenário e Calu compravano presso le cooperative e gli sono stati ritirati i lotti presenti sulle gondole dei supermercati. Accusate di partecipa-re allo schema di adulterazione, 27 persone sono state arrestate. la Parmalat ha informato che ha deciso la retirata di due lotti di latte a lunga conservazione intero, malgrado l’Anvisa “non avesse considerato rischio imminente dovuto all’ingestione dei prodotti”. secondo l’azienda, questi lotti non erano già sul mercato perché erano già scaduti e il volume era di soli 200 litri in un totale di 40 milioni di litri che la Parmalat produce mensilmente.

secondo informazioni della secretaria de Agricultura da ba-hia, dopo lo scandalo, nell’Acre, le vendite del latte Parmalat so-no cadute circa il 20%; in Mato Grosso, il 30% e nel Parà, il 50%. Nel Tocantins e nello Espírito santo, la riduzione delle vendite del latte è stata del 15%.

Garani si insedia all’AcibL’elezione per la Direzione Esecutiva dell’Associação Cultu-

ral ítalo-brasileira (Acib) di Rio de Janeiro, prevista per il 6 novembre è stata anticipata dovuto alla rinuncia del presidente Antonio Aldo Chianello. Adroaldo Garani si insedia come presi-dente dell’Acib dopo un’Assemblea Generale, in cui il vice presi-dente Marcelo Perrotta ha convocato il Consiglio di Rappresen-tanti, costituito dalle principali associazioni di Rio de Janeiro, il 22 ottobre. Il 18 dicembre gli allievi dell’Acib riceveranno i loro diplomi e la nuova direzione si insedierà.

Settimana della Lingua Italiana nel MondoL’elezione per la Direzione Esecutiva dell’Associação Cultu-

ral ítalo-brasileira (Acib) di Rio de Janeiro, prevista per il 6 novembre è stata anticipata dovuto alla rinuncia del presidente Antonio Aldo Chianello. Adroaldo Garani si insedia come presi-dente dell’Acib dopo un’Assemblea Generale, in cui il vice presi-dente Marcelo Perrotta ha convocato il Consiglio di Rappresen-tanti, costituito dalle principali associazioni di Rio de Janeiro, il 22 ottobre. Il 18 dicembre gli allievi dell’Acib riceveranno i loro diplomi e la nuova direzione si insedierà.

notizie

Fábio linoCorrespondente • Brasília

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valqUíria rEyCorrespondente • roMa

tos períodos, inclusive por ape-nas algumas horas do dia, e com horários muito flexíveis. Antiga-mente, eram somente privados, mas, hoje, muitas prefeituras aderiram à iniciativa.

Maioria clandestinaPesquisa recente divulgada pelo Istat, o instituto de pesquisas e estatísticas da Itália, revela que

52,3% das crianças em idade pré-escolar – até os três anos – ainda ficam com os avós e 27,8% em creches (14,3% nas privadas e 13,5% nas públicas). Há, no en-tanto, mais meninos e meninas que ficam com babás (9,2%) do que com os próprios pais (7,3%). E, a despeito da faixa etária, 17% dos filhos italianos têm uma baby-sitter.

trabalho

Embora a maioria das babás na Itália seja de imigrantes clandestinas, pesquisa

revela que a preferência dos pais é por jovens nascidas no próprio país

Lá se foram os tempos em que conviver com uma Mary Poppins, a babá mais famo-sa do cinema, dependia de

se assistir às inúmeras repetições do filme na RAI. Cada vez mais os bambinos italianos crescem lon-ge dos pais e a figura da babá ou da baby-sitter não pára de se for-talecer como referência na vida de toda uma geração.

A busca pela Mary Poppins perfeita – para trabalho eventu-al, por algumas horas do dia, ou em jornada integral – faz parte das preocupações das mammas que trabalham fora de casa antes mesmo do nascimento do bebê. E os italianos, que adoram dese-nhar perfis para tudo, já elabora-ram o que eles chamam de iden-tikit da baby-sitter ideal.

Conforme pesquisa realiza-da pela Associação sindical dos Empregadores Domésticos entre os pais italianos, a babá per-feita deve ter 30 anos, ser preferencialmente italiana, alegre, honesta, bilíngüe e precisa.

Os pais também dese-jam que ela tenha carteira de motorista, experiência e referências, esteja atenta ao estado de ânimo da criança, divida a mesma idéia sobre higiene e segurança e não fume.

— Ela deve ser uma pes-soa disponível a estabelecer uma aliança com os pais, ter iniciativa em caso de neces-sidade e seguir as indicações que lhe foram dadas — orien-ta a pediatra de família Ma-nuela Orrù.

Solução alemãOutra alternativa que também cresce no país vem da Alema-nha e se expande no norte, em cidades como Trento, bolzano e Verona. É a figura da tagesmut-ter (mamma de dia), uma mulher que trabalha para cooperativas ou administrações municipais. Fica com no máximo cinco crian-ças pequenas – em geral, entre três meses e três anos – e atende na própria casa.

Em alguns lugares, estão sen-do organizadas creches condomi-niais, uma versão da tagesmut-ter, que cuida de crianças que moram num mesmo prédio.

Há ainda o baby parking, lu-gar para deixar os filhos por cur-

Especialistas acreditam que o número real de babás pode ser muito maior, pois a maioria, 9 em cada 10, é de imigrantes, sem contrato de trabalho e ile-gais no país.

Apesar de indispensável, esse tipo de trabalho ainda não é con-siderado uma profissão, não con-ta com lei regulamentar e, para muitos italianos, é considerado subemprego, uma atividade com-plementar e temporária.

Estima-se que os “assistentes familiares” ultrapassem os dois milhões na Itália, entre empre-gadas domésticas, acompanhan-tes de idosos e babás. Entre es-tas, cerca de 500 mil trabalham exclusivamente com crianças.

Em Roma, elas ganham em média 7,8 euros por hora e de 700 a 1 mil euros mensais.

Culpa materna — Não são registradas diferen-ças substanciais entre crianças que ficam com as mães o dia in-teiro, daquelas que ficam em uma creche, com os avós, ou uma ba-bá — tranqüiliza os pais letizia Maduli, especialista em psicolo-gia da idade evolutiva.

Preocupados com a grande demanda por babás, muitas pre-feituras começaram a organizar cursos gratuitos de formação para baby sitter, de 30 a 300 horas de duração.

Florença deu o pontapé ini-cial em 2001. Depois, Milão, Roma, Cremona, Ancona, bo-lonha, Gênova, Modena, Man-tova e muitas outras seguiram o exemplo.

Algumas administrações, en-tre elas a de bolonha, pagam 100 euros de reembolso para os pais que empregam uma baby-sitter formada pela Prefeitura, com um contrato de ao menos três meses.

Para as mamães que se sen-tem culpadas por deixar os filhos com uma estranha, o psicólogo Massimo Ammaniti esclarece que não há possibilidade de a criança fazer confusão. Vai ele-ger a mãe de fato na sua pre-ferência.

— A babá não é uma subs-tituta, mas parte integrativa. Não é a situação ideal que ela esteja mais presente do que a mãe, mas não é negativo que se torne uma figura de apego — afirma.

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Valquíria Rey

ROma

Os olhos de GauguinConhecer a Polinésia pelos olhos de

Paul Gauguin é o que propõe a gran-de mostra do artista francês em cartaz no Complesso del Vittoriano, na Via san Pietro in Carcere. são 150 obras cedidas pelos maiores museus do mundo – óleos sobre telas, desenhos, esculturas e cerâ-micas –, que remontam as etapas da vi-da atormentada de Gauguin entre 1848 e 1903, quando o artista morreu. Intitulada Paul Gauguin – Artista de Mito e sonho, a mostra evidencia alguns aspectos cen-trais da poética do pintor, privilegiando os anos em que o artista passou no Tai-ti e nas Ilhas Marquesas, o período mais amado e conhecido do mestre francês, onde ele buscou e encontrou o paraíso perdido.

Quem passou em frente ao número 194 da Via Nazionale nos últimos cinco anos deve ter se perguntado

o que estaria acontecendo com o imponente prédio, localizado no centro de Roma, para estar sempre fechado. Depois do longo pe-ríodo de reforma, restauração e requalifica-ção dos espaços, o Palácio de Exposições foi finalmente reaberto no mês passado. Eis uma dica imperdível para os turistas. Com mais de 12 mil metros quadrados, em três andares, o Palácio de Exposições não abri-ga apenas mostras culturais. Conta também com restaurante, sala de cinema, ateliê para

as crianças, auditório, cafeteria no jardim e uma livraria especializada em arte. É consi-derado um lugar único na Itália, uma estru-tura comparável ao beaubourg de Paris. Na avaliação do prefeito de Roma, Walter Vel-troni, trata-se de “um grande centro de vida cultural, dedicado à contemporaneidade em todas as suas manifestações”. O Palácio das Exposições, amado pelos romanos do passa-do e já muito festejado por quem mora na capital italiana, abriga desde a sua reinau-guração três grandes mostras dedicadas à pintura de Marc Rothko, à escultura de Ma-rio Ceroli e ao cinema de stanley Kubrick.

O Beaubourg romano

O teatro para todosIr a Roma e não ver o papa no Vaticano é ou

não é um sacrilégio? Pior ainda é ir à capi-tal da Itália e não conhecer o Coliseu. Além de toda a sua magnitude, até 17 de fevereiro, é possível conferir no palco de tantos eventos históricos uma mostra sobre o teatro da antiga Roma. Fantasias, máscaras usadas em cena, ins-trumentos musicais que acompanhavam as pan-tomimas são alguns dos objetos apresentados na exposição promovida pela superintendência Arqueológica de Roma. Mosaicos, mármores, pinturas, estátuas e epígrafes revelam como era o teatro romano no século IV antes de Cristo, do ponto de vista dos atores e dos espectado-res. E o teatro na época era: gratuito, aberto a todos, cidadãos e escravos, com sessões que iam da manhã ao anoitecer. Um lugar de diver-são muito diferente do que conhecemos hoje.

Três noites brasileirasSaudades do brasil durante as férias de no-

vembro em Roma? Melhor do que tentar em vão achar uma boa churrascaria é conferir a série de shows brasil Memórias, dedicada à música, à poesia, à arte e à literatura brasilei-ra. serão três noites temáticas de shows – 5, 12 e 19 de novembro –, no Teatro sistina. Os homenageados: grandes nomes da música e da poesia do país. Na abertura, Antonio Carlos Jobim será celebrado na voz de Miúcha, com o Trio Jobim. No segundo show, dedicado a Vinícius de Moraes, o intérprete será ninguém mais do que Toquinho, parceiro e amigo do cantor. Na última noite, batizada de As Cores do Rio, a cantora Elza soares será a estrela do evento, organizado pela Associação Cultural Italo-brasileira Vinícius de Moraes. Mais infor-mações: www.brasilmemorias.com.

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o O Dante é popPela primeira vez, la Divina Commedia,

a obra mais conhecida da literatura ita-liana será encenada em Roma com uma lin-guagem destinada ao grande público. A via-gem que levou Dante Alighieri ao Inferno, ao Purgatório e ao Paraíso vai ser apresentada a partir de 23 de novembro no Teatro Divi-na Commedia (projetado especialmente para a ocasião), com 2.500 lugares disponíveis. Os 24 cantores/atores do espetáculo vão in-terpretar 16 protagonistas, 20 bailarinos e 12 acrobatas no palco. A iniciativa pretende aproximar o público da obra de Dante, dan-do ênfase à capacidade do autor de falar aos homens de hoje sobre o sentido da vida e os tormentos espirituais.

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valqUíria rEy, dE roMa E nayra GaroFlE

Sotto le gonne della mammaPer dipendenza affettiva o finanziaria, giovani rimandano

sempre più il tempo di vita sotto il tetto e a spese dei genitori

Por dependência afetiva ou financeira, jovens esticam cada vez mais o tempo de viver sob o teto e às custas dos pais

Na barra da saia da mamãe

“Não chora, eu não abandono você!”, gritava o persona-gem de Alberto sordi

no filme O Vitelloni, de Federico Fellini, enquanto a mãe lamenta-va duplamente a partida de casa da filha preferida e a permanên-cia desse filho, que não trabalha-va e nem cogitava fazer qualquer coisa diferente.

ca, e justifica: — Todos os meus amigos moram com os pais.

— Meu filho me ama assim como todos os jovens italianos amam suas mães. Tenho certe-za de que ele não me abandona-rá de uma hora para outra. luca não vai insultar a mulher que o colocou no mundo sem uma ra-zão muito forte — declara Mi-rella Vescovi, mãe de luca.

Assim como o mamonne as-sumido de Mirella, grande parte dos jovens italianos não pensa que está fazendo alguma coisa absurda ou equivocada se negan-do a morar só.

No entanto, nas últimas se-manas de outubro, o assunto vi-rou polêmica no país, depois que o ministro da Economia Tomma-so Padoa-schioppa – anunciando medidas em favor dos jovens que pagam aluguéis – fez ironia, di-zendo querer ajudar os bamboc-cioni a sair da casa natal.

Colegas de governo, par-lamentares da oposição e um exército de mammas indignadas provocaram uma avalanche de críticas contra o ministro. Al-guns chegaram a dizer que Pa-doa-schioppa estava se intro-metendo na livre escolha de vida dos cidadãos.

Dados do Istat, o Instituto Nacional de Pesquisas e Estatísti-cas, indicam que 60% dos jovens entre 18 e 34 anos ainda vivem com os pais.

— A realidade é que sete mi-lhões de jovens italianos entre os 25 e os 35 anos são eternos Peter Pan, que se negam a crescer — explica a socióloga Melita Pende, sobre as mulheres e homens feitos que ainda dormem tranqüilos e satisfeitos na casa dos pais, com o café na mesa todas as manhãs, o motorino na garagem, o último modelo de playstation e o telefo-nino mais moderno à disposição.

De acordo com Melita, ser jo-vem hoje, na Itália, significa de-pender dos mais velhos.

— É uma sociedade em que as mães paparicam os filhos do berço até o altar e, na maioria das vezes, até depois do casa-mento — diz a psicóloga.

Para ela, a falta de trabalho no país também é um fator que acaba impedindo as perspectivas de futuro das novas gerações, fa-zendo com que eles permaneçam mais tempo presos à proteção da família.

O filme tem mais de cinco dé-cadas. Mas a cena bem que pode-ria ilustrar a realidade da Itália nos dias de hoje, com jovens de mais de 30 anos que se negam a abandonar a casa dos pais.

Problemas sócio-econômicos, que tendem a alongar a finaliza-ção dos estudos, dificuldades pa-ra encontrar emprego e aluguel nada acessível são alguns dos

“N on piangere, non ti abbandono!”, gri-dava il personag-gio di Alberto sor-

di nel film I Vitelloni, di Federico Fellini, mentre la madre soffriva due volte per la partenza da casa della figlia preferita e la perma-nenza del figlio, che non lavora-va e neanche pensava a fare di-versamente.

Il film è di più di cinquant’anni fa. Ma la scena potrebbe deluci-dare la realtà italiana ai giorni d’oggi, con giovani ultratrenten-ni che si negano a lasciare la ca-sa dei genitori.

Problemi socioeconomici, che tendono a rimandare il termine degli studi, difficoltà per trovare impiego e affitti cari sono alcu-ni dei fattori che giustificano la

fatores que justificam a tendên-cia cada vez mais acentuada dos mammoni, os filhos que se ne-gam a amadurecer e abandonar a barra da saia da mamma.

Incertezas sentimentais, fa-mílias mais tolerantes, bem-es-tar, conforto e regalias dentro de casa também são motivos que impedem as novas gerações de buscar a independência.

— Por que eu deveria sair de casa? Eu amo os meus pais e te-nho tudo lá: meu quarto, minhas coisas, meu carro. sou um jovem solteiro, meus pais são legais, não tenho motivos para aban-doná-los. Passar necessidade e fazê-los sofrer? — pondera luca Nuoro, de 38 anos.

Ele trabalha como garçom na cafeteria de um tio, a poucos metros da casa dos pais no cen-tro de Roma. E está muito satis-feito com a vida que tem.

— Podem chamar como qui-ser. se sou mammone, estou no grupo da maioria — afirma lu-

tendenza sempre più accentuata dei mammoni, i figli che si nega-no a maturare e uscire da sotto le gonne delle mamme.

Incertezze sentimentali, fa-miglie più tolleranti, benessere, comodità e facilità dentro casa sono altri motivi che impedisco-no alle nuove generazioni di pro-curarsi l’indipendenza.

— Perché dovrei andarmene da casa? Amo i miei genitori e là ho tutto: la mia stanza, le mie cose, la mia macchina. sono un giovane single, i miei sono ottimi, quali so-no i motivi per abbandonarli, pas-sare per difficoltà e farli soffrire? — pensa luca Nuoro, 38 anni.

lui lavora come barista in un caffè dello zio, a pochi metri dalla casa dei suoi, al centro di Roma. Ed è molto soddisfatto della sua vita.

— Potete chiamarmi come vo-lete. se sono un mammone, faccio parte della maggioranza — dice luca che giustifica: — Tutti i miei amici abitano con i genitori.

— Mio figlio mi ama così come tutti i giovani italiani amano le loro mamme. sono sicura che non mi abbandonerà all’improvviso. luca non insulterà la donna che l’ha messo al mondo senza un mo-tivo molto forte — dichiara Mi-rella Vescovi, madre di luca.

Così come il mammone consa-pevole di Mirella, gran parte dei giovani italiani non pensa di fare un qualcosa di assurdo o sbaglia-to negandosi a vivere da solo.

Tuttavia, nelle ultime set-timane di ottobre, il tema è di-venuto polemica nel paese, do-po che il ministro dell’Economia Tommaso Padoa-schioppa – an-nunciando misure a favore dei giovani che pagano l’affitto – è stato ironico col dire che vuole aiutare i ‘bamboccioni’ ad andar-sene dalla casa dei genitori.

Colleghi di governo, parlamen-tari dell’opposizione e un esercito di mamme indignate hanno provo-cato una valanga di critiche contro il ministro. Alcuni hanno comin-

ciato a dire che Padoa-schioppa si stava intromettendo nella libera scelta di vita dei cittadini.

Dati dell’Istat, l’Istituto Nazio-nale di statistica, indicano che il 60% dei giovani tra i 18 e i 34 anni vivono ancora con i genitori.

— In realtà sette milioni di giovani italiani tra i 25 e i 35 anni sono eterni Peter Pan che si ne-gano a crescere — spiega la so-ciologa Melita Pende, parlando di uomini e donne fatti che dormono ancora tranquilli e soddisfatti nella casa dei genitori, con la colazione in tavola tutte le mattine, il mo-torino nel garage, l’ultimo modello della Playstation e il telefonino più moderno a disposizione.

secondo Melita, oggi essere giovane, in Italia, significa di-pendere dai più grandi.

— È una società in cui le mamme coccolano i figli dalla culla fino all’altare e, la maggior parte delle volte, perfino dopo il matrimonio — dice la psicologa.

Per lei, la mancanza di lavoro nel paese è un altro fattore che finisce per ostacolare le prospet-tive di futuro delle nuove gene-razioni, facendo sì che rimangano più tempo legate alla protezione della famiglia.

Uno studio di due economis-ti e ricercatori italiani, reso noto l’anno scorso, responsabilizza i genitori possessivi per la diffu-sione dei mammoni nel paese.

“Por que eu deveria sair de casa? Eu amo os meus pais e tenho tudo lá: meu quarto, minhas coisas, meu carro”luca nuoro, de 38 anos

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Estudo de dois economistas e pesquisadores italianos, divulga-do no ano passado, responsabili-za os pais possessivos pela difu-são dos mammoni no país.

— são eles os primeiros a convencer os filhos a permanecer em casa, corrompendo-os com favores e dinheiro — diz a pes-quisa de Marco Manacorda e En-rico Moretti, publicada na revista Centrepiece, segundo a qual 40% dos jovens americanos entre 18 e 30 anos moram na casa dos pais, em comparação com 50% dos in-gleses e 80% dos italianos.

De acordo com o estudo, os pais italianos se esforçam muito para serem amados pelos filhos. Mas compram esse amor em troca da independência dos filhos.

— O preço que os jovens pagam por essa realidade é al-to: além da escassa indepen-dência que têm hoje, no longo prazo deverão lamentar a pouca satisfação na vida — afirma Ma-nacorda.

Para a publicitária Rosella spingarda, de 32, de bolonha, pior do que ser mammone é que-rer transformar a mulher numa segunda mãe.

— Quando o meu namorado fica lá em casa, acha que eu sou uma máquina de cozinhar, lavar e passar roupa. só que eu traba-lho todos os dias e quero um ho-mem que divida as tarefas comi-go — reclama a publicitária, que mora sozinha em Roma há mais de cinco anos.

Corrretor de imóveis, Vittorio Gregário, de 34, admite que não sente qualquer vergonha por mo-rar com os pais ou por a mãe fa-zer tudo para ele:

— Eu respeito muito as mulhe-res. Mas quero uma que seja como a minha mãe, que não se importe em fazer os serviços domésticos. se a mulher que está comigo se dispõe a fazer isso, eu caso.

Para alguns especialistas, a falta de oportunidades é a gran-

de responsável pelo crescimento desenfreado de mammoni no pa-ís. Os jovens de 30 dos tempos atuais compõem a primeira gera-ção pós-guerra que arrisca estar pior do que a anterior.

— Parece que ninguém está pensando seriamente no que re-presenta o futuro de um país: a sua juventude. Na Itália, o imo-bilismo, o familismo e a preca-riedade acabam privando os jo-vens de ter um futuro próprio. É um país onde apenas os velhos têm oportunidades e governam. Entre os políticos, por exemplo, apenas 1% têm menos de 30 anos; 15% estão abaixo da fai-xa dos 40 e 55% têm mais de 61 anos — critica o analista políti-co Fausto Grandi.

Também colabora para a saí-da tardia dos jovens da casa dos pais, além da falta de emprego, o baixo salário. Jovens começam ganhando pouco e, ao longo dos anos, os aumentos de salários são pequenos. Eles não têm co-mo alcançar o mesmo padrão dos mais velhos.

De acordo com uma análise do bando d’Italia, o salário dos jovens foi se reduzindo ao lon-go dos anos 90, em comparação com o dos trabalhadores mais velhos. Hoje, os filhos recebem 35% menos do que ganhavam os pais quando tinham a mesma idade deles.

No final dos anos 80, segun-do o relatório, o salário dos ho-mens entre os 19 e os 30 es-tava 20% mais baixo do que o dos trabalhadores de 31 a 60 anos. Em 2004, a diferença che-gou aos 35%. Para piorar mais a situação dos jovens, a taxa de desemprego aumentou. Não bastasse isso, a nova legislação trabalhista permitiu novo tipo de contrato que permite às em-presas pagar menos aos novos trabalhadores, com a justificati-va de compensar obrigações de treinamento.

A análise do banco d’Itália vai além. Revela que também em termos previdenciários, as novas gerações estão perdendo: “Os jo-vens trabalhadores têm de supor-tar elevadas contribuições sociais e altas taxas, uma diminuição do crescimento do salário real e uma baixa cobertura para a aposenta-doria, junto a uma carreira instá-vel. Isso é muito para justificar crescentes preocupações, além do aumento do desemprego”, diz o documento.

O Instituto Iard ouviu 2.500 jovens italianos, dois meses atrás, de 25 a 29 anos, e 57,3% deles ainda viviam com os pais, não apenas por necessidade eco-nômica. De acordo com os soció-logos do instituto, a situação se deve a uma sociedade permissiva e consumista, que não consegue mais satisfazer as expectativas dos jovens, para os quais a famí-lia se torna um refúgio.

Há mais homens do que mu-lheres (67,4% contra 45,9%) entre os mammoni da Itália. Uma prova de que eles ainda são bons vitelloni.

— Comprar uma casa própria para morar sozinho ainda não faz parte dos meus planos. Em casa, faço tudo o que quero, tenho to-da a liberdade, não preciso dar satisfações dos meus passos. Vi-ver com os pais é uma situação cômoda. Não vou deixar o con-forto que tenho para passar ne-cessidade — afirma o engenheiro Fabio Marone, de 35.

Conforme a psicoterapeuta Anna Pandolfi, mesmo quando os mammoni saem de casa para ca-

sar também não conseguem cor-tar o cordão umbilical. Muitas mães interferem nas pequenas e grandes coisas do casamento do filho. Isso não costuma agradar muito às noras.

Mãe gentil, lar garantidoMelissa borring, de 28, acabou de cursar a segunda faculdade, depois de se formar em Direito. Percebeu que não era bem essa carreira que gostaria de seguir e decidiu encarar um curso superior de gastronomia. Algum problema até aqui? Nenhum. Namorou por cinco anos, mas o relacionamen-to se desfez e, neste mês, ela se-gue rumo à Itália, para estágio de três meses de culinária italiana. Nunca trabalhou firme. O dinheiro dos pais, claro!, com quem ainda mora em Niterói, vai sustentá-la.

Também no brasil, o fenôme-no dos mammoni se reproduz em larga escala. Jovens como Melis-sa demoram cada vez mais a con-quistar a independência.

— Tenho tudo na casa dos meus pais e, principalmente, li-berdade. Não procurei emprego até agora porque queria muito essa bolsa para a Itália e fiquei com medo de sujar o meu nome se conseguisse algo e logo de-pois tivesse que sair por causa da bolsa. Então, conversei com os meus pais e resolvemos aguar-dar e deu certo — explica Melis-sa, que pensa em ficar na Itália mais do que os três meses previs-tos, se tudo der certo e arrumar um emprego.

Para a terapeuta familiar Gil-da Franco Montoro, um dos fato-

— sono loro i primi a con-vincere i figli a rimanere a casa, corrompendoli con favori e soldi — dice la ricerca di Marco Ma-nacorda e Enrico Moretti, pub-blicata sulla rivista Centrepiece, secondo la quale il 40% dei gio-vani americani tra i 18 e i 30 an-ni abitano a casa dei genitori, in confronto al 50% degli inglesi e l’80% degli italiani.

secondo lo studio, i genito-ri italiani si sforzano molto per essere amati dai figli. Ma com-prano questo amore in cambio dell’indipendenza dei figli.

— Il prezzo pagato dai gio-vani dovuto a questa realtà è al-to: oltre alla scarsa indipendeza che hanno oggi, a lungo termi-ne dovranno soffrire per le poche soddisfazioni nella vita — affer-ma Manacorda.

secondo la pubblicitaria Ro-sella spingarda, 32, di bolog-na, peggio che essere mammone è voler trasformare la moglie in una seconda madre.

— Quando il mio ragazzo ri-mane là a casa, pensa che io sia una macchina per cucinare, lava-re e stirare. Ma io lavoro tutti i giorni e voglio un uomo che di-vida i compiti con me — reclama

la pubblicitaria, che abita da so-la a Roma da più di cinque anni.

Agente immobiliare, Vittorio Gregario, 34, ammette che non si vergogna di abitare con i genitori o che sua madre faccia tutto per lui:

— Io rispetto molto le don-ne. Ma ne vorrei una che fosse come mia madre, a cui non desse fastidio fare i servizi domestici. se la donna che sta con me si dispone a farlo, me la sposo.

Per gli specialisti, la mancan-za di opportunità è la grande res-ponsabile della crescita sfrenata dei mammoni nel paese. I giovani trentenni dei giorni d’oggi fanno parte della prima generazione del dopoguerra che rischia di stare peggio di quella anteriore.

— sembra che nessuno stia pensando seriamente a ciò che rappresenta il futuro di un pa-ese: la sua gioventù. In Italia l’immobilismo, il familismo e la precarietà finiscono col privare i giovani di un futuro proprio. È un paese dove soltanto gli anzia-ni hanno opportunità e governa-no. Tra i politici, per esempio, soltanto l’1% ha meno di 30 an-ni; il 15% è al di sotto dei 40 e il 55% ha più di 61 anni — critica l’analista politico Fausto Grandi.

Inoltre, collaborano alla tar-diva uscita dei giovani dalla casa dei genitori, oltre alla mancan-za di impiego, i bassi stipendi. I giovani cominciano guadagnan-do poco e, col passare degli anni, gli aumenti dei salati sono scar-si. Non possono raggiungere lo stesso standard dei più maturi.

secondo un’analisi del banca d’Italia, lo stipendio dei giovani si è ridotto durante gli anni ’90, in confronto a quello dei lavora-tori più vecchi. Oggi, i figli rice-vono il 35% in meno di quanto guadagnavano i genitori quando avevano la loro stessa età.

Alla fine degli anni ’80, se-condo il saggio, lo stipendio degli uomini tra i 19 e i 30 era il 20% inferiore di quello dei lavoratori tra i 31 e i 60 anni. Nel 2004, la differenza è arrivata al 35%. Per peggiorare ulteriormente la situ-azione dei giovani, i tassi di di-soccupazione sono aumentati. E se ciò non bastasse, la nuova le-gislazione del lavoro ha permes-so un nuovo tipo di contratto che permette alle imprese di pagare meno ai nuovi lavoratori, giusti-ficandosi con la compensazione degli obblighi del training.

l’analisi della banca d’Italia va oltre. Rivela che anche in ter-mini previdenziari, le nuove ge-nerazioni stanno perdendo: “I giovani lavoratori subiscono ele-vati contributi sociali ed alte tas-se, una diminuzione della crescita del salario reale e una bassa co-pertura per le pensioni, insieme da una carriera instabile. Ciò è sufficiente a giustificare crescen-ti preoccupazioni, oltre alla pre-senza dell’aumento della disoccu-pazione”, dice il documento.

l’Istituto Iard ha sondato 2500 giovani italiani, due mesi fa, dai 25 ai 29 anni, e il 57,3% di loro viveva ancora con i genitori, non soltanto per motivi economici. secondo i sociologi dell’Istituto, la situazione è dovuta alla società permissiva e consumista, che non

riesce più a soddisfare le aspet-tative dei giovani, per i quali la famiglia diventa un rifugio.

Ci sono più uomini che donne (67,4% contro 45,9%) tra i mam-moni d’Italia. È una riprova che sono ancora buoni ‘vitelloni’.

— Comprare la casa propria per abitarci da solo non fa ancora parte dei miei piani. A casa, faccio tutto quello che voglio, ho tutte le libertà, non devo dare soddisfa-zione dei miei passi. Vivere con i genitori è una situazione comoda. Non lascio le comodità che ho per affrontare difficoltà — afferma l’ingegnere Fabio Marone, 35.

secondo la psicoterapeuta Anna Pandolfi, neanche quando i mammoni se ne vanno da casa per sposarsi riescono a tagliare il cordone ombelicale. Molte mam-me interferiscono nelle piccole e grandi cose del matrimonio dei figli. E questo, di solito, non pia-ce alle nuore.

Mamma gentile, casa garantitaMelissa borring, 28, ha appena ter-minato la seconda facoltà dopo es-sersi laureata in legge. Ha capito che non era proprio quella la carrie-ra che le piaceva seguire e ha de-ciso di affrontare un corso univer-sitario di gastronomia. Fino a qui ci sarebbero problemi? No. È stata insieme a un uomo cinque anni ma il rapporto è finito e, questo mese, se ne va in Italia per uno stage di tre mesi di culinaria italiana. Non ha mai lavorato sodo. I soldi dei genitori, è chiaro, con cui ancora vive a Niterói, la manterranno.

Cartaz do filme O Vitelloni de Fellini.Padoa-Schioppa: ironia as mammoni

Melissa entre seus pais Sandra e Cláudio: 28 anos de proteção debaixo do teto familiar

Locandina del film I vitelloni di Fellini.Padoa-Schioppa: ironia sui mammoni

Melissa tra i genitori Sandra e Claudio: 28 anni di protezione sotto il tetto della famiglia

“Tenho tudo na casa dos meus pais e, principalmente, liberdade”Melissa BorrinG,de 28 anos

VantaggiSicurezza affettiva

SoStegno mutuo

vaccino contro la Solitudine

SvantaggiintromiSSione diretta dei genitori nella vita dei figli

dipendenza finanziaria dei figli

vampiriSmo emozionale e finanziario dei figli nei confronti dei genitori

VantagensSegurança afetiva

amparo mútuo

vacina contra a Solidão

DesvantagensintromiSSão direta doS paiS na vida doS filhoS

dependência financeira doS filhoS

vampiriSmo emocional e financeiro doS filhoS Sobre oS paiS

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res que levam os jovens a sair de casa tarde é justamente a falta de estabilidade financeira. Num mundo competitivo, nem sempre o diploma universitário basta pa-ra garantir o ingresso dos jovens no mercado de trabalho.

— Há 40 anos havia uma mo-tivação importante para se casar cedo, para ter o acesso livre à vi-da sexual, antes interditada pa-ra os namorados. Hoje, já não há mais necessidade de se casar para ter uma vida amorosa. As famílias aceitaram essas mudanças de mo-ral sexual e é normal dormir na ca-sa dos pais do namorado no fim de semana — explica a terapeuta.

Deixar o ninho pode ser uma opção dolorosa, acredita Gilda, para quem tem de enfrentar um mundo tão inseguro e ameaça-dor. Mas a terapeuta alerta que, apesar de a casa dos pais parecer o melhor lugar do mundo, isso pode trazer conseqüências desas-trosas para ambos os lados.

— Os pais podem achar que os filhos não cresceram e se sen-tirem no direito de controlar su-as vidas com ordens, sugestões e palpites que geram brigas. E os filhos podem se acomodar em uma situação de dependência, incapazes de enfrentar os desa-fios da autonomia — diz Gilda.

Melissa admite viver essa situ-ação. Mas se justifica pela opção por uma trajetória diferente da de sua irmã mais nova, de 26, que já mora sozinha, ao afirmar que não se importa com comparações:

— Acho que a minha situação é diferente. Não é que não tenha

emprego porque não procure ou não deixei a casa de meus pais porque não quis. Prolonguei mi-nha estadia na casa deles porque meus planos eram distintos da-queles da minha irmã. Estou se-guindo o meu caminho.

A psicoterapeuta Gilda infor-ma que, no brasil, a faixa etá-ria dos marmanjos está em tor-no dos 26 aos 40. Na Itália, há pouco tempo, uma mamma de 81 cancelou a mesada e tirou as chaves de casa do filho, de 61, além de ter feito queixa contra ele na delegacia da sua cidade. Motivo? Ele chegava tarde e não dizia para onde ia à noite.

Para alguns pais, pode pa-recer bom que os filhos fiquem sempre por perto. Porém, a tera-peuta alerta para os prós e con-tras da situação e dá dicas de como se deve incentivar aos fi-lhos no rumo da independência: elogiando e apoiando os peque-nos esforços em direção à auto-nomia, desde a infância e a ado-lescência.

— Os pais podem mostrar ao filho que o amam, mas que não estão dispostos a se sacrificar para satisfazer todos os desejos dele. Pode ser necessária uma te-rapia familiar para ajudar os dois lados a perceber que talvez te-nham expectativas e exigências descabidas. Os pais, por deseja-rem resolver a vida do filho co-mo se ele ainda fosse criança, e o filho, por desejar ser uma es-pécie de Peter Pan, fazendo do lar um tipo de Terra do Nunca, com liberdade total, sem precisar crescer nem assumir responsabi-lidades — ensina Gilda.

A escritora Maria Tereza Mal-donado batizou esses jovens adultos que moram eternamente na casa dos pais de geração can-guru. Mas, ao contrário da maio-ria dos especialistas, ela acredita que pode ser muito bom que os filhos morem juntos dos pais. O que não se deve, na opinião da educadora, é ter filhos que não contribuam em casa nas despe-sas e nas responsabilidades do-mésticas.

Anche in brasile il fenomeno dei mammoni si riproduce su lar-ga scala. Giovani come Melissa ci mettono sempre di più a con-quistare l’indipendenza.

— Ho tutto nella casa dei miei e, specialmente, la libertà. Non ho cercato un impiego fino-ra perché desideravo molto questa borsa per l’Italia e ho avuto paura di bruciarmi il nome se avessi ot-tenuto la borsa e subito dopo mi fossi dovuta licenziare dovuto alla borsa. Allora ho parlato con i miei e abbiamo deciso di aspettare e ha funzionato — spiega Melissa, che pensa di restare in Italia più dei tre mesi previsti, se andrà tut-to bene e troverà un impiego.

Per la terapeuta familiare Gil-da Franco Montoro, uno dei fat-tori che portano i giovani a an-darsene da casa tardi è proprio la mancanza di stabilità finan-ziaria. In un mondo competitivo, non sempre la laurea basta a ga-rantire l’entrata dei giovani nel mercato del lavoro.

— Quarant’anni fa c’era un’importante motivazione per sposarsi presto, per avere libero accesso alla vita sessuale, prima proibita ai non sposati. Oggi, non c’è più bisogno di sposarsi per avere una vita amorosa. le fami-glie hanno accettato questi cam-biamenti della morale sessuale ed è normale dormire a casa dei ge-nitori del compagno il fine setti-mana — spiega la terapeuta.

lasciare il nido può essere un’opzione dolorosa, crede Gilda, per chi deve affrontare un mon-do così insicuro e minaccioso.Ma la terapeuta avvisa che, mal-grado la casa dei genitori sembri il miglior posto del mondo, può apportare conseguenze disastro-se per ambedue i lati.

— I genitori sono portati a credere che i figli non siano cres-ciuti e si sentono in diritto di controllare le loro vite dando or-dini, suggerimenti e consigli che causano litigi. E i figli possono adagiarsi su di una situazione di dipendenza, incapaci di affronta-re le sfide dell’autonomia — di-ce Gilda.

Melissa ammette di vivere questa situazione. Ma giustifica la scelta di una traiettoria diver-sa da quella della sua sorella più giovane, di 26 anni, che già vive da sola, quando dice che non le importano i paragoni:

— Credo che la mia situazio-ne sia differente. Non ho un im-piego non perché non lo cerco o non ho lasciato la casa dei miei perché non ho voluto. Ho prolun-gato il mio soggiorno a casa loro perché i miei piani erano diversi da quelli di mia sorella. sto se-guendo la mia strada.

la psicoterapeuta Gilda in-forma che, in brasile, le fasce d’età dei mammoni si aggirano dai 26 ai 40 anni. In Italia, poco tempo fa, una mamma di 81 anni ha tolto la paghetta e le chiavi di casa al figlio di 61 anni, oltre ad averlo denunciato al commis-sariato della sua città. Il motivo? Arrivava tardi e non diceva dove andava di sera.

Per molti genitori, può sem-brare un bene che i figli rimanga-no sempre vicini. Ma la terapeu-ta avvisa sui pro e i contro della situazione e dà consigli su come si deve incentivare i figli a pren-dere la strada dell’indipendenza: lodando e appoggiando i picco-li sforzi verso l’autonomia, fin dall’infanzia e l’adolescenza.

— I genitori possono dimos-trare al figlio che lo amano, ma che non sono disposti a sacrifi-carsi per soddisfare tutti i loro desideri. Può essere necessaria una terapia familiare per aiutare i due lati a percepire che forse ci sono aspettative ed esigenze inopportune. I genitori, che vo-gliono risolvere la vita del figlio come se fosse ancora bambino, e il figlio perché vuole essere una specie di Peter Pan, trasformando la casa in una specie di Terra Che Non C’è, con libertà totale, senza dover crescere, né assumersi res-ponsabilità — insegna Gilda.

la scrittrice Maria Tereza Mal-donado ha chiamato questi giova-ni adulti che abitano eternamente nella casa dei genitori ‘generazio-ne canguro’. Ma, al contrario della maggioranza degli specialisti, lei crede che può essere molto po-sitiva la vita dei figli insieme ai genitori. Quello che non si deve fare, secondo l’educatrice, è avere figli che non contribuiscano a ca-sa nelle spese e nelle responsabi-lità domestiche. G

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Em guerra contra o happy slapping

Registrar atos de sadismo explícito em câmeras de celulares para divulgá-los na internet se torna moda bizarra nas salas de aula. O problema é combatido com rigor na Itália e também já preocupa autoridades no Brasil

Cenas verdadeiras ou estimu-ladas de sexo em plena sa-la de aula. Estudantes que jogam cadeiras uns contra

os outros na presença do professor. Muitas risadas, deboches e também

sofrimento e humilhação. Tudo isso registrado pelas câmeras de seus celu-

lares. É o happy slapping.A expressão idiomática inglesa, que

significa algo como estapear com alegria, refere-se à prática de atos de violência gratuita registrados em câmeras de telefo-nes celulares para divulgação na Internet. Trata-se de sadismo explícito.

Esse comportamento bizarro tem se alastrado pela Europa e pelo restante do mundo. Na Itália, onde o ano letivo mal co-meçou, professores e alunos já são vítimas

constantes dessa modalidade do bullismo – agressão feita na es-cola por crianças e adolescentes, como pancadas, abusos, amea-ças, chantagens e perseguições.

Imagens recentes feitas em várias escolas de norte a sul da Itália circulam e se transformam em espetáculos públicos no You-Tube e em outros sites de Inter-net semelhantes. são provas de que a lei criada para proibir o uso de celulares nas salas de aula ita-lianas tem sido ignorada.

— Desde 15 de março, o uso do celular está proibido nas salas de aula. A escola é uma instituição séria, onde se deve aprender o res-peito a si mesmo e aos outros. O

uso do celular é vetado não apenas para telefonar, ou receber mensa-gens, mas, principalmente, para jogar ou filmar — afirma o minis-tro da Educação, Giuseppe Fioroni, ao pedir aos professores para que estejam vigilantes e não hesitem em punir quem viola as regras.

Sanções por atos e omissõesConforme normativa do Minis-tério da Educação, o estudante que insistir em usar o telefo-nino está sujeito a tê-lo reti-rado durante as aulas e a san-ções disciplinares. O professor que se omitir deverá ser punido e os pais também podem sofrer conseqüências. Em caso de fla-grante, as multas são altas.

As escolas também são obri-gadas a formalizar em seus regu-lamentos o veto ao uso dos celu-lares e as punições previstas para os indisciplinados.

O Ministério chegou a cogitar sobre a possibilidade de modifi-car o Estatuto dos Estudantes, em vigor desde 1998. Em casos de violência grave foram analisa-das punições mais rigorosas, co-mo a proibição de fazer o exa-me ao término do ensino médio, suspensão de 15 dias, trabalho na limpeza da escola, em servi-ços de manutenção e voluntaria-do. Não está descartada também a possibilidade de se estabelecer um pacto de responsabilidade entre família e instituição.

— Apoiamos e apreciamos o espírito da intervenção do Minis-tério da Educação. Era necessário fazer alguma coisa para chamar a atenção das pessoas sobre o res-peito às regras — diz Giorgio Rem-bado, presidente da Associação Nacional dos Diretores de Escolas, que também é favorável à modifi-cação do Estatuto dos Estudantes.

De acordo com Rembado, em função dos episódios escandalosos dos últimos meses, era necessário modificar as sanções disciplinares. Ele defende também que os pais estejam atentos ao significado da escola e que, ao escolher uma ins-tituição, respeitem as regras.

Por outro lado, as denúncias sobre uso de telefone celular na sala de aula ainda são poucas. No início de outubro, uma professo-ra de Impéria, no norte do país, acusou um estudante de gravar uma aula. Agora, ele corre o risco de ser multado em 18 mil euros por invasão de privacidade.

Abusos na InternetA maioria das escolas italianas ga-rante que já se adaptou à deter-minação do Ministério. No entan-to, em curta visita ao YouTube, ao libero Video ou a outros sites se pode comprovar que os estudan-tes continuam abusando do uso de celulares durante as lições.

são eles mesmos que publi-cam os vídeos e não se escondem por atrás do telefonino, dando assim a possibilidade de serem considerados responsáveis nos casos de violência.

A maioria dos vídeos mos-tra cenas de brincadeiras de mau gosto e jogos nos intervalos e durante as aulas. Falam de sexo, professores malucos, colegas gos-tosas ou de parceiros violentos.

Os rapazes alegam que é ape-nas diversão. De acordo com eles não tem nada de abuso.

Em um vídeo, um professor dá o troco e obriga um aluno a se ajoelhar na sua frente. Em ou-tro, um estojo é jogado e acerta uma professora.

— Alguns episódios foram gravíssimos, mas, por outro lado, houve muito poucos em relação aos milhões de estudantes das es-colas italianas. Nos casos em que conseguimos encontrar os respon-sáveis, eles estão sendo punidos — avalia o ministro Fioroni.

O ministro é categórico ao pedir ajuda aos professores e di-retores de escola em nome da to-lerância zero contra aqueles que invadem a liberdade dos outros. Principalmente dos mais frágeis, usando a violência como auto-afirmação. É a Itália em guerra declarada ao happy slapping.

São Paulo também quer vetar celular em aulase na Itália o happy slapping nas escolas já assusta as autorida-des, no brasil ainda não se tra-ta de uma questão nacional. Mas, em são Paulo, as autoridades pretendem cortar o mal pela raiz. Numa medida preventiva, o “alô” na sala de aula está em vias de ser proibido no estado, possivel-mente ainda neste mês. O Proje-to de lei 132/07, que veta o uso de celulares em classe, aguarda a aprovação do governador Jo-sé serra (PsDb). A proposta, de autoria do deputado estadual Or-lando Morando (PsDb), foi apro-vada no dia 28 de outubro pela Assembléia legislativa.

segundo o deputado, “o en-vio de torpedos e conversas des-via a atenção dos estudantes”. A coordenadora de serviços de orientação educacional do Colé-gio Dante Alighieri, de são Pau-lo, silvana leporace, também acredita que o uso do telefone na sala de aula prejudica os alunos:

— Não proibimos os alunos de estar com o celular. O que fa-zemos é orientar em relação ao uso positivo do aparelho. Dentro da sala de aula não admitimos que toque, que o aluno ligue pra alguém ou que troque mensagens. Então o aluno sabe que esse tipo de situação nós não permitimos.

O colégio paulistano com tradições italianas não esperou a aprovação da lei. A coordenadora enfatiza que a sala de aula não é um lugar para se falar ao celular, pois o aluno tem de estar focado no trabalho pedagógico.

— É uma questão de respeito aos colegas que estão na sala e que não devem ser interrompidos durante a aula e ao professor, es-pecialmente, que precisa realizar o seu trabalho — diz silvana.

O projeto de lei dá aos pro-fessores a tarefa de fiscalizar os alunos. O que já acontece no Dante Alighieri, por exemplo.

— O aluno precisa compreen-der que o espaço da sala de aula não é só dele e que precisa ser compartilhado com os outros. se todos resolvem usar o celular não há aula que consiga fluir — con-ta a coordenadora.

silvana afirma que os estu-dantes respeitam esse limite:

— se em casos extremos o te-lefone toca na sala de aula, a pro-fessora pede para o aluno sair. A tentativa de burlar regras sempre existe, principalmente quando se trata de jovens, mas o adulto tem que mostrar qual é o limite.

O presidente do sindicato das Escolas Particulares de são Paulo (sieesp), José Augusto de Mat-tos lourenço, concorda com a lei e afirma que a “sala de aula não é lugar para celular, iPod, mp3 e outros aparelhos”.

A estudante larissa Nunes, de 15 anos, conta que não cos-tuma atender seu celular em sala de

aula. Morando no Rio de Janeiro, ela diz que mesmo que o estado também cogite adotar a lei, não vai fazer diferença em sua turma.

— Meus amigos e eu não atendemos telefone na sala de aula. É ordem do colégio e acho que isso já acontece na maioria das escolas. Então, acho que esta lei só serve para sustentar essa ordem quando algum aluno não respeitar, de forma alguma, o professor — acredita.

valqUíria rEy, dE roMa E nayra GaroFlE

educação

Desde 15 de março, o uso do celular está proibido nas salas de aula italianas. O Ministério chegou a cogitar a possibilidade de modificar o Estatuto dos Estudantes, em vigor desde 1998

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educação

L’educazione in Italia va di male in peggio. Resa nota in ottobre, una re-lazione dell’Unione Eu-

ropea (UE) sul tema lo prova: gli adolescenti abbandonano con troppa facilità gli studi. Uno dei dati più preoccupanti si riferi-sce al tasso di interruzione degli

studi tra i giovani dai 18 ai 24 anni. Nel 2006, il 20,8% degli italiani a quest’età hanno smes-so di studiare, mentre la media europea è rimasta al 15,3%. la meta del continente è invece quella di arrivare nel 2010 al massimo ad un 10%.

“l’Italia è al di sotto della media europea in quasi tutte le aree strategiche che si riferisco-no al settore scolastico”, rivela la relazione della UE sull’educa-zione nel belpaese. “Il sistema scolastico italiano ha fatto pro-gressi negli ultimi sei anni, ma oltre all’evasione scolastica mo-stra anche problemi legati al-la percentuale di studenti di 15 anni, che presentano diffi-coltà di lettura, di conclusione dell’educazione universitaria e di adulti partecipanti alla for-mazione permanente”, prosegue il documento.

Il paese appare al di sopra della media della UE appena in un indicatore: il numero di di-plomati in materie scientifiche e tecniche.

— Tra il 2000 e il 2006 l’Ita-lia ha migliorato la sua perfor-mance legata al compimento del ciclo universitario e nelle facol-tà di scienza e tecnologia — se-gnala Odile Quintin, direttore generale per l’educazione del-la UE, che conclude: — Però ha fatto progressi meno significati-vi, senza riempire le lacune lega-te alla capacità di lettura di base della gioventù.

Gli adulti italiani che parte-cipano ai programmi di formazio-ne permanente sono poco più del 6,1%. Nella UE, queste percen-tuali sono del 9,6%.

Nel 2006, l’indice degli stu-denti che hanno completato il corso unversitario è arrivato al 75,5% (un aumento del 6% ri-spetto al 2000). la percentuale è più vicina alla media dei pae-si europei (del 77,8%), ma è an-cora lontana dagli obiettivi della UE (dell’85%).

Analfabetismo funzionalesecondo rilevamenti della UE, la percentuale di giovani italia-ni quindicenni incapaci di leg-gere o di capire un testo è au-mentata tra il 2000 e il 2006, passando dal 18,9% al 23,9%, in rapporto alla media europea che è del 19,8%.

Difficoltà familiari, bassa au-tostima e mancanza di motiva-zione per gli studi sono alcune delle principali cause del precoce abbandono scolastico in Italia.

secondo la psicologa educa-tiva Maria Chiara Venti, le dif-ficoltà dei giovani nel periodo scolastico hanno diverse origini.

— Problemi economici fa-miliari e di adattamento, cam-bio di residenza e di amicizie e la scelta sbagliata del corso possono stimolare l’abbandono — spiega facendo un appello affinché il sistema educativo italiano si rivolga a questi giovani e li aiuti, altri-menti, secondo la psico-loga, avranno altri pro-blemi sociali.

Desistenza precoceDati dell’Istat, l’Istitu-to Nazionale di stati-stica italiano, resi noti alla fine dell’anno scor-so, indicano che l’abban-

dono degli studenti universitari accade di solito all’inizio del cor-so. Per ogni cinque giovani, uno non rinnova l’iscrizione per il se-condo anno.

Il negativo risultato italiano in confronto agli altri paesi eu-ropei è motivo di preoccupazione per il Presidente della Repubbli-ca, Giorgio Napolitano.

— l’Italia si trova dietro ai paesi più avanzati dell’Europa e del mondo in quantità e qualità dell’educazione. Ricerca, forma-zione di base e istruzione uni-versitaria rappresentano allo stesso modo aspetti dello stes-so problema di fondo del nostro paese — ammette il Presiden-te in un’intervista collettiva durante la cerimonia di inau-gurazione dell’anno scolastico 2007/2008.

secondo la UE, gli studen-ti non sono gli unici colpevo-li. I fondi pubblici destinati al sistema scolastico italiano so-no anch’essi inferiori alla me-dia del continente. Mentre 27 paesi europei hanno investito il 5,1% del Prodotto Interno lordo (PIl), in Italia è stato soltanto il 4,59%.

Avversione alla letturaInvece i dati di un’altra ricerca, fatta ogni due anni dalla Monda-dori-Ipsos sul mercato librario in Italia, indicano che il 62% degli italiani non leggono nemmeno un libro all’anno.

secondo il rilevamento, re-so noto in ottobre a Roma, per entrare nella categoria di lettore bastava che l’intervistato dices-se di aver letto un libro all’anno, più o meno come dichiararsi cat-tolico e andare a messa soltanto a Natale. Ma soltanto il 38% ha garantito di aver letto perlome-no un libro, la maggioranza al nord del paese.

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Relazione dell’Unione Europea rivela che i giovani italiani affrontano situazione di alto rischio sociale per l’abbandono precoce degli studi

Generazione senza futuro

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La fiNESTRaDaniele Mengacci

[email protected]

Il caos che contraddistingue la politica italiana negli ultimi

mesi si è mantenuto vivo e vigo-roso nell’appena trascorso mese di Ottobre.

Mentre sullo scenario inter-nazionale eravamo dileggiati dai partners europei per la nostra stupida insistenza a non rinun-ciare ai tagli dei seggi del pros-simo Parlamento Europeo, posi-zione in contrasto con la recen-te proposta di riforma del nostro Parlamento, che dai più di sei-cento rappresentanti, scende-rebbe a 512, il Governo del pro-de Prodi andava sotto al sena-to quattro volte, i suoi alleati si becchettavano peggio dei polli di Renzo, la Magistratura tenta-va ancora una volta di fare po-litica con iscrizioni di indagati illustri, Dini faceva una fronda nascosta. Il tentativo di imbava-gliare Internet, giustificato dal Governo come necessità tribu-taria, era, per fortuna, immedia-tamente respinto dai più liberali e da quelli che avevano capito che seguire la strada della buro-cratizzazione avrebbe solo dato maggiori argomenti distruttivi a beppe Grillo.

l’avvenimento partitico tan-to atteso, la nascita a suffragio diretto del Partito Democratico e l’elezione, scontata, di Vel-troni, invece di iniettare san-gue nuovo nelle vene anemiche di idee della politica italiana, risultava essere una liturgia di stampo “partito unico” dei bei tempi quando il sindaco di Ro-ma poteva dichiararsi comuni-

sta, con l’aggiunta però di alcu-ne novità.

la prima era che anche in ca-sa PD i brogli elettorali sono una consuetudine. È stato lo stesso Rutelli a denunciarli, parlando di “procedure scombinate e di poca trasparenza”.

la seconda è che il PD ha offerto agli italiani all’estero la possibilità di esercitare il vo-to attivo e passivo, tramite un regolamento a tratti comico, a tratti burocratico.

Vi si legge, ad esempio, che si è potuto votare via Internet, il che la dice lunga sul rischio del voto ripetuto e sull’assenza dall’urna elettronica dei meno disinvolti con la via digitale alla democrazia.

Il regolamento stabilisce, con un’indicibile faccia di tol-la, che le liste dovevano essere composte “alternando candidati di sesso diverso” e a parte quel “diverso”, non spiegava se vi era una quota donne e gay.

Il regolamento poi specifica che hanno potuto votare tutti i maggiori di sedici anni ed esse-re eletti quei candidati che non avessero condanne in giudicato, forse un’intuizione grillesca ante litteram.

la nostra Circoscrizione ave-va diritto a 17 delegati, eletti in Argentina, Uruguay, Venezuela e brasile, dove si è avuto un dato curioso: i seggi sono stati tre per Rio de Janeiro città e uno solo per tutta san Paolo.

la pagina Internet del PD non riporta né i candidati este-ro, né i dati di affluenza e voto, e tantomeno l’elenco degli eletti. Ci si trova solo una dichiarazione che sottolinea come il 2,5% dei delegati di Veltroni vengano dai nostri emigrati PD, poco per chi, come da sempre, si fa vanto di trasparenza e moralità.

Sangue nuoVo nelle Vene?

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articolo / notizie

Celebrazioni in dose triplaIn un vero e proprio gol da campione, la notte del 5 novembre

è stata segnata da un “derby” mai visto sul palco dell’Istitu-to Italiano di Cultura di Rio de Janeiro. Approfittando la solen-nità della consegna del titolo di cittadino dello stato di Rio de Janeiro attribuito al dirigente dell’Obiettivo lavoro, Massimo Ca-biati, e la partecipazione della squadra italiana di beach soccer nel Campionato Mondiale (realizzato sulla spiaggia di Copacaba-na), la data ha riunito il meglio della società italo-brasiliana di Rio de Janeiro.

Durante il primo tempo della partita, il deputato Délio leal ha dichiarato cittadino fluminense l’italiano Cabiatti dovuto alle sue imprese nel settore impegatizio. la Obiettivo lavoro, maggior agenzia di lavoro italiana, ha già portato circa duemila professio-nisti infermieri allo stivale.

— È un piacere ricevere questo onore dei fluminensi per-ché lavorare qui è meraviglioso. Questo rapporto che ha il po-polo con l’Italia e tutto il resto rendono il lavoro molto più soddisfacente. Ringrazio anche l’appoggio che ho sempre rice-vuto dal console bellelli, senza di lui non saremmo riusciti ad essere ciò che siamo diventati — ha sottolineato Cabiati nel suo discorso.

Erano presenti personalità come il giudice Denise Frossard, l’ex procuratore generale di stato Francesco Conte, il presiden-te della Terna Participações, Giovanni Giovanelli, il presidente dell’ICE, Giovanni sacchi, il direttore dell’industria Granfino, Car-melo Mastrangelo, il capo di comunicazione del Comune di Rio, Agata Messina, tra gli altri. Mentre gli invitati assaporavano un rinfresco che includeva crocchette e quiche di baccalà e degusta-vano vari tipi di vini, si potevano apprezzare famose canzoni bra-siliane cantate in italiano, come “Eu sei que vou te amar”, di Vi-nicius de Moraes e Tom Jobim.

Il vice presidente della Federazione Italiana di Calcio, Carlo Tavecchio, ha detto a Comunità che lo scambio di esperienze tra brasiliani e italiani nello sport contribuisce molto a migliorare il livello tecnico degli italiani.

— là si può avere due stranieri per ogni squadra. Il proble-ma del beach soccer è che viene praticato soltanto per stagione, quindi la preparazione fisica ne rimane danneggiata. Ma lo sport dà continuità alla popolarità del calcio quando i campionati fini-scono — spiega.

Ancora in fase di adattamento negli allenamenti di una squa-dra di beach soccer, il tecnico Giancarlo Magrini conta sulla capa-cità del capitano della squadra Gianni Fruzzetti.

— sono da otto anni nel beach. siamo rimasti incantati dalla città di Rio. È un peccato che il campionato sia breve e che dob-biamo tornare subito in Italia — conclude Gianni.

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Il vice presidente Tavecchio consegna premi alla giudice Denise Frossard e al ministro del Lavoro, Carlos Luppi

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entrevista

ComunitàItaliana – Em que o senhor, um espe-cialista em programa-ção matemática, otimiza-

ção combinatória e computação científica, pode contribuir na su-peração de uma crise história na rede de ensino fluminense?Nélson Maculan - O meu desafio, isto é, a minha meta, é conse-guir implementar o sistema de educação integral. Estamos nes-te ano arrumando a casa, produ-zindo diagnósticos. No próximo ano, as coisas devem começar a acontecer.CI - Mas o senhor acredita que há tempo ainda para de fato mudar alguma coisa nos dois anos que restam de governo?Maculan - Há esse problema de governo, de descontinuidade en-tre uma gestão e outra. O bra-sil se atrasou muito. Não dá para correr... Também não vamos pa-rar. Temos que agir levando em consideração que é preciso estu-dar meios de garantir a continui-dade das ações. CI - O senhor enfrentou, por si-nal, uma crise logo no início de sua gestão na secretaria, que envolveu a falta de professores, com o atraso no início do ano le-tivo. Há previsão de o governo contratar oito mil professores no ano que vem.Maculan - A situação está me-lhor, embora os problemas ain-da não estejam realmente re-solvidos. Com esse salário, de 562 reais, fica difícil alguém querer entrar para essa pro-fissão e os concursos não são fáceis. É uma profissão pouco valorizada. As universidades menos reconhecidas são as que formam professores. Há nas universidades até uma contra-propaganda contra a carreira. Na Universidade de são Paulo, saem formados apenas de cinco a dez em Matemática por ano. A maioria muda de área ou vira pesquisador. Ensino hoje é uma coisa muito mal vista. E para ser professor ainda tem que fa-zer curso de um ano de licen-ciamento. No caso do brasil, sou a favor de se quebrar es-sa exigência. Deixa todo mundo fazer o concurso e depois trei-na os que passarem.CI - E na Itália, que tem índices de educação piores do que a média européia, o que está acontecen-do de peculiar?

Maculan - O grande problema lá é como lidar com a imigração. Em Milão, o preconceito com imigrantes é enorme... E o po-vo que mais sofre é o albanês, e é um povo inteligente, de boa formação. sul-americanos traba-lham em limpeza. E o interes-sante é que a Itália se tornou um país rico há pouco tempo. Até outro dia, eram os italia-nos que imigravam. Eu tinha 16 anos quando estive em Milão com meu pai, que fundou na ci-dade o Instituto do Café em Mi-lão e tudo era muito diferente.CI - O senhor esteve na Itália em setembro, na missão comanda-da pelo governador Sérgio Ca-bral, para discutir o intercâmbio na área de educação. Como ava-lia o resultado da viagem?Maculan - Fui abrir espaços (ele viveu e trabalhou na Itália). En-tre tantas, houve discussões so-bre a criação de cursos técnicos na indústria naval. A Itália tem boa experiência nisso.CI - Em outros aspectos o que o Brasil teria a aprender com o modelo de educação italiano?Maculan - Eles têm, antes de tu-do, um excelente modelo de edu-cação integral. Eles têm o liceu, que são os últimos cinco anos da escola, que seria algo como um ensino secundário superior. Outra coisa é o que Itália tem a ensinar na Música, na Cultura, o país é um museu! No que se re-fere à universidade, tudo é muito parecido. Mas tem, por exemplo, a experiência deles em Física. Desde os tempos de Galileu Ga-lilei a Itália é referência nessa área, com vários Nobel. O brasil podia importar professores nessa área, mas o país nunca investiu nisso, como, por exemplo, fize-ram os Estados Unidos, contra-tando professores europeus e de outros lugares do mundo. O bra-sil tem resistência a estrangei-ros. A Argentina chegou a fazer isso, mas a ditadura acabou com as universidades de lá.CI - E como a experiência italiana deve se aplicar na rede estadual do Rio?Maculan - A proposta é oferecer aos jovens um sistema dual. Um Ensino Médio que garanta profis-sionalização, para que o jovem possa sair com perspectivas de arrumar trabalho, mas não pode ser uma escola que prepare o alu-no só para a indústria. Tem que

oferecer uma base boa em mate-mática, no domínio da própria língua, na história de sua cidade, de seu estado, do seu país. CI - Mas a Itália enfrenta, como o Brasil, problemas de evasão es-colar e de analfabetismo funcio-nal. Ainda assim, seria um bom exemplo?Maculan - É bom lembrar que os problemas de evasão e de anal-fabetismo funcional na Itália não chegam aos pés dos nos-sos, no brasil... Nosso analfa-betismo funcional chega a mais de 57%... Nós estamos muito atrasados em relação à Euro-pa. Eles têm educação em tem-po integral, cultura de visitas a museus, laboratórios... Além do mais, o Ensino Médio é proble-

ma no mundo, não só no brasil ou na Itália.CI - Na sua visão, o que explica a evasão e o analfabetismo fun-cional em países do primeiro mundo?Maculan - A didática não tem atendido às aspirações dos jo-vens. Também afeta os jovens a falta de perspectiva de emprego. Encontrar uma solução para isso é desafio no mundo inteiro.CI - Como o senhor vê então essa falência do modelo histórico de educação?Maculan - A escola tem de estar preparada para tratar dos temas que estão em voga na Internet. Hoje tudo é muito superficial no contato das pessoas com as infor-mações. Então a pessoa ouve uma coisa e entende de maneira errô-nea. A rapidez entre a pesquisa e a difusão é enorme. Daí a importân-cia de uma formação continuada. O Rio já tem as bases para provi-denciar isso, as usinas de conhe-cimento que são as universidades. As pessoas hoje estão preocupadas em aprender outras línguas, o que eu acho importante, eu mesmo fa-lo e escrevo em cinco línguas, mas acho um problema não haver uma valorização da própria língua.CI - Entre os problemas em co-mum, os jovens italianos não gostam de ler, tanto quanto os brasileiros. Por que isso?Maculan - Nosso problema é mais grave. Nos Estados Unidos e na Europa, as pessoas lêem por pra-zer. Aqui isso não ocorre. Eu te-nho que ler porque sou professor. Mas é claro que o professor com o salário que recebe não tem di-nheiro para comprar livros.CI - Sobre esse desinteresse dos jovens em relação à escola, o que pode ser feito?Maculan - Não há na Itália, co-mo também não existe no bra-sil, uma escola de mestres, como tem na França. Não basta o co-nhecimento teórico para formar um bom professor. Todo professor tem que ser um pouco palhaço, saber atuar, prender a atenção dos alunos, saber quando deve agir ou até mesmo quando não agir, fingir que não viu alguma coisa, que não vai poder resolver. Temos que parar com isso de que professores são heróis e heroínas sacrificados, somos profissionais como outros quaisquer. O impor-tante é a imagem que o professor deve passar para os alunos.

Certa vez, um cientista chinês procurou Nélson Maculan Filho e logo o encontrou por intermédio de um amigo em comum, que Maculan conhecera

tempos antes na Itália, mas que era inglês e trabalhava na França. O oriental queria obter mais informações sobre uma pesquisa do professor brasileiro

sobre o comportamento de esferas quando empacotadas. O próprio se surpreendeu ao descobrir que a sua teoria poderia vir a ser aplicada

em uma nova terapia de combate a tumores cancerígenos. Coisas de um mundo globalizado... Para o bem, mas também para

o mal. Tanto que evasão escolar e analfabetismo funcional – problemas que Maculan agora enfrenta como

secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro – preocupam também as autoridades no primeiro

mundo, especialmente na Itália, país de origem dos avós do paranaense de 64 anos, amante tanto dos

números quanto da palavra (fala fluentemente cinco idiomas). Ele não era muito de estudar, quando menino, mas se tornou engenheiro de Minas e Metalurgia, doutor em Engenharia

de Produção, com mestrado em Estatística Matemática (origem da teoria das esferas),

e foi reitor de uma das maiores universidades brasileiras, a Universidade Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ), entre outros cargos importantes. Na rede estadual de ensino, ele luta para

implementar no ensino médio a educação integral, inspirado no que viu de melhor, em viagem recente à Itália, na educação

pública italiana.

Maculan: “professores não são heróis”

PaUla Máiran

“O Brasil podia importar

professores nessa área, mas o país

nunca investiu nisso, como, por exemplo,

fizeram os Eua, contratando professores

europeus e de outros lugares

do mundo”

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Muitas unidades só têm leitos

específicos para tratar de

mulheres vítimas da doença. Os

homens acabam tendo como

destino alas psiquiátricas

Pesquisadores de Firenze descobrem novo tratamento para o hipertireoidismo. Problemas na tiróide atingem

15% das populações brasileira e italiana

Meninos anoréxicos:ainda um

tabuem que o papa João Paulo II cos-tumava ficar hospitalizado.

De acordo com a Associação Italiana para o Estudo e Pesqui-sa da Anorexia, bulimia e Distúr-bios Alimentares (AbA), os casos de anorexia e bulimia entre ho-mens, especialmente os adoles-centes, vêm aumentando signifi-cativamente.

Conforme a entidade, que há 17 anos recebe pedidos de ajuda em todo o país, esse é um pro-blema que permanece pratica-mente escondido.

— Os dados oficiais são a ponta do iceberg. Poucos procu-ram cura e, conseqüentemente, as estatísticas não refletem a re-alidade — afirma Francesco ber-gamin, psicólogo da associação.

segundo Fabiola De Clerq, ex-anoréxica e presidente da AbA, cerca de três milhões de pesso-as sofrem dessa doença na Itália. Acredita-se que 5% dos casos re-gistrados de anorexia no país se-jam masculinos.

— Hoje, aumentou muito o número de homens doentes. O

mais preocupante é que diminuiu também a idade dos pacientes. Agora, são registrados muitos casos a partir dos 13 anos — in-forma Fabiola.

Despreparo é agravanteNa avaliação de alguns especia-listas, como o número de rapazes anoréxicos é menor, acaba-se es-quecendo deles. A sociedade pa-rece não estar pronta para pen-sar em anorexia masculina. Nem mesmo os hospitais se apresen-tam preparados para receber es-ses pacientes.

Muitas unidades só têm lei-tos específicos para tratar de mulheres vítimas da doença. Os pacientes homens acabam tendo como destino alas psiquiátricas. Isso explicaria a principal causa de morte entre eles: o suicídio.

Conforme Camilo loriedo, psiquiatra do Centro de Anorexia e bulimia do Policlínico Umberto I de Roma, um paciente em cada 10 com anorexia acaba morren-do. Os atos de suicídio, de acordo com ele, atingem 5% dos casos.

— É mais difícil também pa-ra as famílias entender um ga-roto com anorexia. Ele costuma ter crises mais profundas, difi-culdades de sentir-se como jo-vem, como homem, com sua pró-pria identidade sexual — explica Antonio Coccia, responsável pela Unidade de Distúrbios Alimenta-res do Hospital Gemelli.

segundo o médico, tanto a anorexia feminina quanto a mas-culina costumam estar ligadas a relações familiares, situações de abuso, separações e divórcios dos pais, além de problemas de identidade e de relação social. No entanto, entre os rapazes, a doença tende a se apresentar em quadros mais graves, com neces-sidade de tratamento psiquiátri-co mais aprofundado, com auxí-lio de terapia farmacológica.

Nos adolescentes, segundo Coccia, o diagnóstico é mais difí-cil. Nas jovens, a suspensão do ci-clo menstrual, por exemplo, repre-senta forte indicativo da doença.

— Alguns estudos tentaram associar a anorexia à diminuição da libido sexual nos homens, mas não houve resultados significati-vos — lamenta Coccia.

Sexualidade como pano de fundoCerca de 50% dos pacientes homens são homossexuais. Em comparação com as mulheres, os pacientes do sexo masculino apresentam mais medo do peso e da comida, maior hiperatividade e ânsia em relação à sexualidade, distúrbios conside-rados mais graves no desenvolvi-mento psicossocial.

Matteo, de 18 anos, foi o úl-timo jovem a cometer suicídio no

Gemelli, jogando-se do terceiro andar do prédio onde estava in-ternado por mais de uma sema-na. O rapaz estava doente havia um ano e meio, com menos de 40 quilos.

Francesco, de 17, foi diag-nosticado com anorexia há dois anos. sabia o que estava acon-tecendo com ele desde muito an-tes, mas se negava a procurar au-xílio médico.

— Tínhamos certeza de que sofria de anorexia, porque ele quase não comia, vivia na aca-demia fazendo exercícios e es-tava sempre preocupado com a aparência física. só consegui-mos convencê-lo a buscar ajuda quando já estava até com proble-mas cardíacos. — lembra a mãe do garoto, que pediu para não ser identificada.

Como distúrbios alimentares costumam ser identificados co-mo problemas típicos femininos, muitos rapazes encontram difi-culdade em formular e explici-tar um pedido de ajuda. Eles não buscam a cura por vergonha, as-sociada à convicção e à herança cultural de que têm uma doença de mulher.

— A família também demora a se dar conta de que tem um fi-lho anoréxico. Eles se dão conta que estão doentes, mas se negam a receber tratamento. Quando li-gam para pedir ajuda, sentem vergonha e titubeiam — consta-ta Giuseppina Poletti, da Associa-ção de Voluntários para a Preven-ção de Distúrbios Alimentares.

Quando os pais notam que os filhos estão doentes, o melhor a fazer, segundo os médicos, é evi-tar obrigá-los a comer. A comida concentra justamente o território de força da anorexia e entrar nes-se debate tende a ser inútil. Me-lhor buscar ajuda em um centro especializado, que poderá ofere-cer uma assistência médica com-pleta. Em alguns casos, recomen-da-se a hospitalização.

O tratamento envolve a ne-cessidade de um trabalho de psi-coterapia individual e o envol-vimento de toda a família num projeto de apoio.

Mal do século Isabelle Caro, a jovem modelo fran-cesa da fotografia da Nolita, disse em entrevista à edição italiana da revista Vanity Fair que decidiu fa-zer a campanha para que as pesso-as soubessem o que é anorexia.

De acordo com ela, foram os problemas familiares que a leva-ram a deixar de comer e a ficar com 31 quilos.

— Me escondi durante muito tempo. Agora quero me mostrar

sem medo, embora saiba que o meu corpo causa repugnância — afirma, e acrescenta: — Os sofri-mentos físicos e psicológicos que enfrentei só podem ser de ajuda a quem também caiu na armadi-lha da qual ainda estou tentan-do sair.

Em meio à polêmica em torno da campanha publicitária, proi-bida na França e na Itália, Fabio-la Clercq se posiciona de modo claro: para ela, a eficácia da peça publicitária contra a anorexia é zero. E pelo contrário:

— Uma pessoa doente, que já tem uma imagem corpórea dis-torcida, vê a fotografia como al-guma coisa que deve ser imitada — acredita.

A modelo da Nolita se tornou uma espécie de ídolo para mui-tas garotas anoréxicas. As pesso-as comuns, no entanto, tendem a virar o rosto.

— Não querem olhar uma imagem que não traz qualquer esperança. Isso ofende aos que sofrem e às suas famílias — con-clui Fabiola, ela própria sobrevi-vente desse mal dos tempos.

O drama da anorexia vol-tou à tona na Itália com os outdoors – proibidos em outubro, pelo conse-

lho de auto-regulamentação pu-blicitária, por violar o código de conduta do setor – com uma foto de uma esquálida modelo nua em campanha da marca Nolita. sem tanto alarde, outra faceta da do-ença apenas começa a ser discu-tida: o aumento do número de casos entre rapazes.

Até então, limitava-se ao universo feminino a preocupação com a anorexia nervosa. sempre são mulheres os exemplos públi-cos de vítimas.

A incidência da doença sobre o sexo masculino começou a ser percebida mais amplamente so-mente depois de dois suicídios de meninos. Estes foram registra-dos nos últimos meses no Policlí-nico Gemelli, em Roma, o mesmo

valqUíria rEyCorrespondente • roMa

O outdoor proibido da Nolita chocou os italianos. Mas

tema preocupa: segundo a ABA, três milhões de pessoas

sofrem de anorexia na bota

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Pele de pêssegoQuer deixar a pele do seu rosto se-

dosa e suavemente perfumada? Vo-cê tem duas opções: comprar cosméticos prontos ou fazer sua própria máscara à base de frutas. se você escolheu a segun-da opção, aqui vai uma receita para um tratamento natural com pêssego, reco-mendado para peles cansadas e que per-deram o viço. Retire somente a polpa de dois pêssegos maduros e amasse-os com uma colher de sopa de farinha de trigo. Espalhe o creme no rosto e deixe agir por 15 minutos. lave com água morna.

TV engorda e aumenta a pressãoVer televisão demais não apenas en-

gorda como também pode aumen-tar a pressão sangüínea das crianças. É o que indica estudo realizado pela Uni-versidade da Califórnia, publicado pelo American Journal of Preventive Medici-ne. As crianças obesas que passam até quatro horas ou mais diante da tela da TV têm 3,3 vezes mais chances de de-senvolver hipertensão, em comparação com aquelas que ficam no máximo duas horas. Portanto, nada de televisão em excesso para os bambini.

FertilidadeNem sempre vale a pena se abster de

sexo durante dois ou três dias para aumentar a fertilidade. Pesquisa realizada pela Universidade de sydney indica que esta regra não é válida para todos. Em uma conferência da American society for Reproductive Medicine, em Washington, os pesquisadores australianos explicaram que, pelo contrário, ter relações sexuais diariamente melhora a fertilidade de ho-mens com esperma danificado. Cerca de 42 homens se submeteram ao estudo. Eles foram solicitados a ter uma ejacu-lação diária durante sete dias. A análise do esperma mostrou que os danos ao DNA dos espermatozóides haviam se reduzido nas amostras do último dia da experiên-cia, em comparação com as do primeiro dia, em que o esperma havia sido “expul-so” depois de três dias de abstinência.

Suco para emagrecerAproveite a chegada do calor, quando

se tem mais vontade de beber do que comer, para emagrecer. A maçã e a cenoura ajudam na digestão. A beterraba auxilia na circulação do sangue e as algas contribuem para inibir a fome, estimulando a saciedade. Então faça assim: centrifugue uma beterra-ba, meia maçã e quatro cenouras. Depois bata tudo no liquidificador junto com as algas secas. Enfeite o copo com um pedaço de maçã e experimente. A dica é da Associação brasi-leira de Nutrologia.

Boa notícia!O laboratório Farmacêutico do Estado de

Pernambuco (lafepe) disponibilizará até o final do mês o único medicamento para tra-tar a doença de Chagas. Cerca de 200 mil uni-dades de benzonidazol serão enviadas para o Ministério da saúde. Tratam-se das primei-ras unidades do remédio fabricadas no brasil. Além de suprir o mercado nacional, o lafe-pe será o único produtor mundial, exportando para diversos países. O tratamento disponível até então era produzido pela farmacêutica Ro-che, na suíça, a qual transferiu a licença da tecnologia de produção do medicamento, em uma doação estimada em Us$ 1 milhão. A do-ença de Chagas mata mais de seis mil pessoas por ano, só no brasil. Recentemente, diversos novos casos foram noticiados no país por con-ta de uma contaminação derivada de açaí.

O poder das cascasCientistas dos Estados Unidos alimenta-

ram ratos de laboratório com uma dieta rica em colesterol e depois acrescentaram na alimentação dos animais substâncias re-tiradas da casca de tangerinas e laranjas. Eles descobriram que as substâncias, conhe-cidas como flavonas, diminuíram significa-tivamente o nível do colesterol lDl (lipo-proteína de baixa Intensidade), o chamado “colesterol ruim”, no sangue dos animais. O estudo foi publicado no Journal of Agricul-tural and Food Chemistry.

Maconha contra a depressãoProjeto desenvolvido por pesquisado-

res das universidades italianas de Par-ma, Urbino e da Universidade da Califórnia permitiu a descoberta de uma molécula que poderá ser a base de uma nova categoria de medicamentos capazes de curar a dor, a ânsia e a depressão. O produto contribui-ria para manter em níveis elevados um neu-rotransmissor denominado “andandamide”, quimicamente similar a um ingrediente ati-vo da maconha. O medicamento, que já foi patenteado, foi batizado de URb 597. De-vido aos elevados custos para conduzir os estudos pré-clínicos e clínicos em nível aca-dêmico, os pesquisadores cederam os direi-tos a uma empresa farmacêutica, que pre-tende iniciar os testes no próximo ano.

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La plastica sostenibile sta arrivando

Il governo italiano ha deciso di investire in progetto per promuovere passi in avanti del riciclaggio di materiale in Brasile

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Le più avanzate tecnologie e pratiche per il riciclaggio di plastica potranno, in bre-ve, essere in uso in brasile.

Grazie ad uno speciale impegno del governo italiano, il Progetto Italo-brasiliano per il Riciclag-gio della Plastica è stato lan-ciato nell’ultima edizione della Feira Internacional de Meio Am-biente Industrial (Fimai) – la più importante del settore – avutasi a san Paolo alla fine di ottobre. Durante l’evento, sono state pre-sentate, da imprese e istituzioni italiane, anche nuove alternative per la promozione della soste-nibilità nell’industria brasiliana, affinché questa possa adeguar-si agli standard internazionali di preservazione ambientale.

Il Projeto Ítalo-Brasileiro de Reciclagem de Plástico è risultato da una partnership tra il Ministe-ro italiano dell’Ambiente e della Tutela del Territorio e del Mare

e l’ Istituto Italiano per il Com-mercio Estero (ICE). l’idea è di proporre azioni in collaborazio-ne con il brasile per il recupero e riciclaggio di materiali plastici post consumo.

Uno dei primi accordi sigla-ti grazie a questa partnership coinvolge il comune di san Pao-lo, che definirà una regione del-la città che servirà da laborato-rio per l’impiantazione di questo progetto pilota ambientale.

Il gestore di programmi del Ministero dell’Ambiente italiano in brasile, Diego Tomassini, spie-ga la funzione dell’organo italia-no, che ha già sollecitato appog-gio finanziario:

— Cercheremo di capire la composizione dei rifiuti in uno specifico luogo, il che costituirà il primo studio da essere adotta-to a san Paolo. Il progetto vuo-le, grazie all’interscambio di tec-nologie, aumentare la cultura del riciclaggio della plastica in bra-sile senza però imporre nessun

tipo di sistema, ma presentando nuove possibilità al sistema già in funzione nel paese.

Una di queste possibilità, se-condo Tomassini, si riferisce alla disseminazione in brasile di uno dei principi del modello italiano: chi inquina deve pagare per l’in-quinamento. In Italia, così come in tutta l’Unione Europea (UE), chi produce prodotti inquinanti paga tasse che servono a finan-ziare il processo di riciclaggio.

— Queste tasse si riflettono anche nel prezzo finale del pro-

dotto, ma garantiscono la cer-tezza del riciclaggio — difende Tomassini, che inoltre afferma: — Questa è l’unica maniera di far diventare sostenibile il processo di riciclaggio.

l’ingegnere chimico Gian-marco Cortivo, consulente tec-nico dell’Associazione Nazionale Costruttori di Macchine e stam-pi per Materie Plastiche e Gom-ma (Assocomaplast) è venuto in brasile come invitato del gover-no italiano per presentare ai pro-duttori brasiliani il modello ita-liano di riciclaggio. E ha ribadito il discorso di Tomassini:

— se riciclare non diventa obbligatorio, non recicla nes-suno.

Cortivo ha spiegato che da circa dieci anni la UE ha defi-nito le regole che obbligano il riciclaggio di plastica in tutti i paesi del blocco, incluso il riu-tilizzo del prodotto dopo il rici-claggio, e che attualmente il si-stema funziona in modo molto soddisfacente, con i paesi euro-pei che riciclano perfino più pla-stica di quanto non sia richiesto dalla legge.

lo specialista crede anche che il brasile potrebbe avanza-re in questo settore con la stessa rapidità dei paesi europei.

— Il brasile ha la stessa mentalità dei paesi latini, co-me la spagna e l’Italia, bisogna soltanto preparare la legge che obblighi ad iniziare questo pro-cesso, visto che la volontà e l’in-teresse già ci sono — valuta.

Cortivo spiega, tuttavia, che l’industria brasiliana ha bisogno di riadattare alla realtà loca-le questo sistema, che funziona molto bene in Italia e in Europa in generale. studi di mercato de-finiranno le capacità di riciclag-gio con il valore acquisito dalle tasse. Ma il principale punto, se-condo Cortivo, è la legge.

— senza la legge, nessuno farà niente, bisogna pressionare il governo per preparare la legge — ha difeso.

Per la legge europea, devo-no pagare tasse di riciclaggio i produttori di polimeri, quelli di involucri di plastica, chi usa questi involucri (come i produt-tori di succhi o creme) e anche gli importatori di questi prodotti che, alla fine, ripassano, indiret-tamente, queste tasse anche ai consumatori.

Giovanni Sacchi, direttore generale dell’ICE Brasile

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tecnologia

Você está preso num en-garrafamento e, de re-pente, lembra de ter dei-xado o seu celular em

cima do sofá de casa. Pronto. É o início de um desespero que há menos de 10 anos seria inima-ginável. se a internet é um dos avanços tecnológicos que deter-minaram a face da atualidade, o celular não fica atrás como o inventor de novos paradigmas a partir do final do século 20. Um novo estilo de vida surge com a vinculação desses dois adventos quando as pessoas permanecem 24 horas conectadas ao celular, até mesmo enquanto dormem. O aparelho, muitas vezes, se en-contra ligado embaixo do tra-vesseiro.

Hoje, é possível consultar contas bancárias, receber notí-cias e, principalmente, pro-

pagandas pelo celular. O apa-relho se tornou um canal de interação com o público defini-do como mobile marketing, mer-cado que avança com celeridade no brasil e que tem na Itália as maiores empresas especializadas no assunto.

O especialista em projetos de marketing Gil Giardelli se de-dica há oito anos a ministrar palestras cujos temas envolvem o relacionamento digital. se-gundo ele, as agências de pu-blicidade brasileiras ainda não sabem trabalhar com esse tipo de marketing.

— O mobile marketing es-tá engatinhando ainda no bra-sil. As agências não sabem fa-

zer isso direito, elas têm muitas dificuldades em criar ações e não sabem monetizar (transfor-mar em dinheiro) esses projetos — diz Giardelli, explicando que mobile marketing é a propagan-da pelo celular.

A Agência Nacional de Tele-comunicações (Anatel) criou re-gulamentações que proíbem o envio de propagandas pelo celu-lar sem a autorização do clien-te. Caso contrário, as empresas podem ser multadas. Porém, de acordo com as informações dis-poníveis no site da Anatel, estas regulamentações só entrarão em vigor a partir de janeiro.

— As empresas não enviam as mensagens contrariando essas regulamentações. Elas enviam por desconhecimento da ferra-menta mesmo. A gente acredi-ta que o mobile marketing só vai dar certo no brasil se ele for re-ativo. Ou seja, você faz o clien-te entrar no site e pedir para receber a propaganda. Porque se virar propaganda por virar,

você imagina receber não sei quantas mensagens por dia

de todas as empresas que há no brasil. Foi isso o que aconteceu na Europa —

explica Giardelli.Hoje, não é preci-

so folhear as pági-nas de uma re-vista para se ter acesso às publi-cidades. bas-ta apenas ter

um celular pa-ra que um mundo

de informações chegue até você. são vídeos, mensagens e sons.

— são os anunciantes e não as agências que avançam na tecnologia. Antes eram as agên-cias que incitavam os clientes, atualmente, os clientes incitam as agências. Essas atitudes vi-raram o mundo da publicidade de cabeça para baixo — conta Giardelli.

A Itália é um dos países que atuam diretamente no mercado com o mobile marketing. Tanto que duas das maiores empresas mundiais no desenvolvimento de conteúdo para celular são italia-nas e estão no brasil: a buon-giorno e a Dada. Esta última che-gou recentemente.

— Na Itália, a Dada já atua há dois anos e somos os exclu-sivos em três operadas para mo-bile marketing. Oferecemos toda a infra-estrutura para Vodafone, H3H e Wind. Fazemos portais de wap, campanhas de sMs, MMs, VMs, bluetooth e outras — diz Fabiana sabatini, formada em Comunicação em business e que trabalha na empresa desde que ela chegou ao brasil, há quase dois meses.

sabatini procura enfatizar que na Itália, a empresa costuma trabalhar com os opt in das ope-radoras. Ou seja, só enviam qual-quer tipo de propaganda com a permissão dos usuários.

— Alimentamos esta base dando alguns benefícios como, por exemplo, o envio de notícias diárias de graça de acordo com o perfil de cada usuário. É uma

maneira que encontramos de be-neficiar o usuário já que ele nos permite enviar propaganda para seu celular — esclarece.

segundo Fabiana, o mercado de mobile marketing no brasil es-tá apenas começando e ainda vai dar muito o que falar.

— Aqui ainda é apenas uma mídia complementar às mídias convencionais. O mercado de mobile ma-rketing, na Itália, só este ano movimentou 37 mi-lhões de euros — conta.

O economista e cien-tista político Terence Reis, que trabalha com tecnolo-gia para celular desde 2004 e com meio digital desde 1999, também acredita que o mercado de mobile marketing no brasil es-teja crescendo.

— Aqui é um mercado em fase de validação, conceitu-almente as marcas e agências identificam que é positivo, têm buscado desenvolver ações, mas ainda não têm presença certa nos planos de mídia e o ticket médio de campanhas é limita-do. O que não impede que fa-çamos muita coisa. Neste ano, temos feito pelo menos quatro ações todo mês — afirma Teren-ce, que trabalha na Tellvox, re-de de distribuição de conteúdo mobile no brasil.

O economista diz que a Itália está dois anos adiante, assim co-mo a Europa.

— O que precisa acontecer aqui é a melhoria da base tec-nológica de celulares. Além de melhoria de rede, aumento dos serviços e conteúdo à disposi-ção do usuário, aprendizagem de uso por parte dos consumi-dores e renovação do modelo de negócios pelas operadoras — lista Terence.

Não é difícil constatar a for-te presença do celular em nossas vidas. Em artigo escrito por Gil Giardelli no qual ele questiona “Você está preparado para o ma-rketing móvel?”, o jovem diz que Marketing

de bolsoO mercado de mobile marketing evolui de forma acelerada na Europa, onde somente neste ano

movimentou 37 milhões de euros. Empresas italianas estão atentas, no entanto, para o potencial desta ferramenta de propaganda no Brasil, onde apenas engatinha o novo negócio

nayra GaroFlE

“O mercado de mobile

marketing, na Itália, só neste

ano movimentou 37 milhões de euros”

FaBiana saBatini – dada

a “utopia de se manter conecta-do 24 horas atingiu um patamar raras vezes alcançado. O marke-ting não precisa mais se conten-tar com territórios pré-determi-nados como a televisão, o rádio ou a revista para abastecer a so-ciedade de consumo”.

— O mobile marketing é a maneira mais fácil e prática de avisar alguém sobre qualquer coisa, utilizando apenas uma frase “Coma no Tio Joe” ou uti-lizando um vídeo digital. Não tem que olhar nenhum papel, não tem que ligar o computa-dor, não tem que folhear uma revista. Temos só que olhar na tela do celular para ser avisado. Em menos de um minuto con-versamos com o brasil inteiro — diz Giardelli.

Com o celular na mão...Não é difícil perceber a impor-tância desse aparelho de diver-sos tamanhos, que além de ser telefone, pode ser rádio, câme-ra digital e até utilizado para consultar e-mails. Com o celu-lar na mão, as pessoas deixam de ser cada vez menos platéia para se tornarem cada vez mais repórteres.

— A maioria dos jornais in-ternacionais criou áreas espe-ciais para receber mensagens de textos, vídeos e fotos de notí-cias via celular. É a platéia to-mando o palco. É o cidadão co-mum se tornando um crítico, um articulista 24 horas — rela-ta Giardelli.

Isso é fato. basta acessar os principais sites de notí-cias e lá está um vídeo ama-dor com as imagens captu-radas de um acidente, de um flagrante. Giardelli acre-dita que o celular já supera em importância e escala o fenômeno da internet.

— É o produto mais im-portante no século 21. Até o fim da década, metade dos habitantes do pla-neta terá uma maqui-ninha na palma de sua mão — afirma Giar-delli, sem negar que toda inovação tem lá o seu lado nega-tivo: — O celular é o ícone da socieda-de imediatista e da cultura consumista, produzindo exces-so de informações e de serviços. se utilizado sem cri-térios de privaci-dade, operado por spammers (produ-tores de mensa-gens eletrônicas não-solicitadas e enviadas em massa), tornará nossa vida in-fernal — acre-dita.

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Pronipote di italiani di Sondrio, vicino a Milano, Paulo Morelli non parla la lingua, non segue le tradizioni dei bisnonni, ma riconosce una forte

influenza della cultura nella sua vita

Sguardo ossigenato sul reale

A 51 anni, il regista cine-matografico Paulo Morelli spiega come è finito nel mondo del cinema, men-

tre ancora faceva la facoltà di Architettura. Parla dell’esperien-za di dirigere “Cidade dos Ho-mens – O Filme” e, è chiaro, del suo coinvolgimento ancestrale con il paese de “la dolce vita”. l’intervista per telefono, dovu-to al poco tempo a disposizio-ne, con Paulo Morelli è diventata una chiacchierata sul suo percor-so nel mondo del cinema.

— Non sapevo con certezza cosa fare e pensavo che il cinema fosse un sogno utopistico. Face-vo esperienze, scherzavo usan-do la fiction “Mia moglie è una strega”, erano film molto infanti-li con amici, cugini — racconta Morelli, che ha fatto Architettura presso l’Universidade de são Pau-lo (UsP).

Morelli racconta che, con gli amici della facoltà, mise su la produzione di video Olhar Eletrô-nico.

— Abbiamo cominciato a pro-durre dei video per festival. Me-scolanza di hobby e invenzione di professione. Abbiamo comin-ciato a scoprire cose e comin-ciammo ad offrire servizi. Questo periodo è stato essenziale per la mia carriera. Non era soltanto un lavoro commerciale da fare, ma anche un lavoro di cultura, di produzione culturale, di indagi-ne, di pensiero.

Negli anni ’80, secondo il ci-neasta, mentre la Olhar Eletrôni-co produceva servizi settimanali per la TV Gazeta di san Paolo, i giovani produttori hanno comin-ciato a fare pubblicità per avvici-narsi al cinema.

— Io facevo, insieme a Rena-to barbieri, ‘per la strada’, come chiamavamo le interviste con il popolo su temi metafisici, filoso-fici ed emozionali. la nostra pro-duzione è durata dieci anni. subi-to dopo è nata la 02 — ricorda.

sul mercato dal 1991, la 02 Filmes è stata creata da Morel-li, Andrea barata Ribeiro e Fer-nando Meirelles, suo socio anche nella Olhar Eletrônico. l’impresa ha già prodotto otto lunghi, tra cui “Cidade de Deus” e “Cidade dos Homens – O filme”, che Mo-relli ha diretto e grazie al quale ancora coglie i frutti di un suc-cesso iniziato in TV.

— Abbiamo deciso di fare un lungo proprio alla metà della fic-tion (“Cidade dos Homens” pas-

sato alla Rede Globo). Invece, nella fiction, abbiamo comincia-to con temi che sarebbero con-tinuati nel film. Il terzo anno, Acerola (Douglas silva) diventa padre e laranjinha (Darlan Cun-ha) comincia a cercare il padre e questo è il tema del lungome-traggio — spiega Morelli, dichia-randosi soddisfatto del risultato

del film: — Penso sia il mi-glior lavoro che abbia fatto in tutta la mia vita.

Ma, e l’influenza ita-liana nella sua vita? No, non è solo nel cognome. Morelli adora l’Italia, c’è già andato diverse volte.

— Ho preso il passa-porto per facilitarmi il la-

voro nel mercato europeo, e due anni fa io, mia moglie e

i nostri due figli abbiamo fat-to in macchina il percorso Mi-

lano-Firenze. Dopo siamo andati a Roma.

Ma Morelli dice che, sì, il cinema italiano ha fatto la sua parte per la sua ammirazione del grande schermo.

— Ha a che vedere con il ci-nema italiano degli anni ’70, con Fellini, bertolucci, Antonioni, Ettore scola, Monicelli, Pasolini. Questi registi sono stati i fonda-tori dei miei gusti cinematografi-ci. Mi ricordo di essere andato al cinema più volte per vedere film italiani piuttosto che americani.

Di fronte alla concorrenza internazionale, oggigiorno il re-gista crede alla tendenza di au-mento del pubblico di cinema brasiliano.

— Penso sia molto positivo andare al cinema e vedere perso-ne che parlano la tua lingua sen-za doppiaggio. Credo che legge dell’audiovisuale sia stata deter-minante per la nascita di questa nuova cinematografia, dalla ripre-sa degli anni ’90 ad oggi. È una legge fondamentale per l’esisten-za del cinema brasiliano, molto salutare per la nostra cultura, una grande iniziativa del governo. Cre-do che tante imprese dovrebbero investire e capire che questo è im-portante. le imprese italiane che sono qui dovrebbero incentivare il cinema di dove si sono installate.

Poco importa per Morelli se “Cidade dos Homens” riceverà premi.

— Credo che il lungo vincerà premi, ma faccio film pensando alla storia che sto raccontando, alla sua importanza, a ciò che c’è dietro a quel contenuto, è questo ciò che mi guida. Non faccio film pensando ai premi — chiarisce.

Il regista ha un’opinione ben chiara sui prezzi dei biglietti, og-gi di perfino 18 reali:

— Credo sia caro, sì, ma è perché ci sono molti sconti. C’è molta gente che entra con il tes-serino da studente falsificato, qualsiasi corso di qualsiasi cosa fatto in internet dà diritto al-lo sconto del 50%. Il proprieta-rio del cinema deve aumentare i prezzi, sennò va al fallimento.

la chiacchierata finisce con la classica domanda sui proget-ti futuri:

— sto scrivendo delle sce-neggiature, ma ancora non ho deciso quale sarà il mio prossimo film. Per ora, mi sto godendo la prima di questo.

nayra GaroFlE

cultura

Morelli: “Cidade dos Homens è il miglior lavoro che io abbia mai fatto”

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turismo

Absurdamente belaErguida à beira de um precipício, em um grande bloco de rocha vulcânica a 300 metros

de altitude, Pitigliano reúne múltiplos atrativos: à beleza da paisagem, somam-se o legado histórico e religioso de milênios, além da cultura e da gastronomia ímpares

Localizada ao sul de Florença e ao norte de Roma, no li-mite meridional da Toscana, a cidadezinha de Pitigliano

é um lugar apaixonante. Antes mesmo de chegar, já da estra-da, a vista do vilarejo construído a 300 metros acima do nível do mar é absurdamente bela.

Um lugar único no seu gêne-ro, especialmente pela particu-laridade de ter sido criado intei-ramente de um grande bloco de tufo – variedade de rocha consti-tuída de material vulcânico –, ao lado de um precipício.

Pitigliano se tornou conheci-da também como a Pequena Jeru-salém – por seu caráter medieval que recorda a capital de Israel e por ter sido lugar de refúgio para os israelenses e exemplo de con-vivência entre judeus e cristãos. A cidade prima ainda por sua be-leza arquitetônica e importância histórica, que lhe rendem hoje a fama de ser um dos principais destinos turísticos da Maremma.

A origem se perde nos primór-dios da civilização itálica, com achados arquitetônicos do final do período neolítico, da idade etrusca e da romana, e de tempos nem tão remotos assim, em que as terras eram domínios das famílias me-dievais Aldobrandeschi e Orsini.

Herança da origem etrusca são as inúmeras necrópoles. Al-gumas de grande importância e também as mais visitadas, como a de Poggio buco le sparne e a de Gradone.

A cidade que pode ser toda desbravada a pé é bastante conhe-

cida por seus ricos monumentos. Entre estes, o imponente Duomo, construído no século XIV e dedi-cado aos santos Pedro e Paulo, a Igreja de santa Maria, o santuá-rio della Madonna delle Grazie, o Aqueduto, o Oratório Rupestre, o Palácio e a Fortaleza Orsini.

Vale a pena descobrir tam-bém as tradições e os costumes de Pitigliano, visitando o Museu da Civilização Giubbonaia, o Mu-seu do Palácio Orsini, o Museu Cívico e Arqueológico e o Mu-seu A Cidade dos Vivos, A Cidade dos Mortos, dedicado à história etrusca no território.

No Ghetto, com suas ruas pe-quenas e estreitas, a sinagoga construída em 1598 representa um dos legados judaicos na cidade.

Não é permitido sair do vi-larejo, destacado como um dos centros artísticos mais belos da Itália, sem provar os vinhos bian-co di Pitigliano e o Rosso sovana. Também se faz obrigatório expe-rimentar os doces típicos – sfrat-ti, feitos com mel e nozes no for-mato de pequenos bastões.

Terminado o passeio em Pi-tigliano, vale a pena conhecer também as redondezas, cidade-zinhas como saturnia, Manciano e sovana. A primeira destas, por exemplo, é o centro urbano mais importante da área e suas termas de águas sulfúricas a 37,5ºC, com propriedades terapêuticas, eram freqüentadas há milhares de anos por etruscos e romanos, que as definiam como milagrosas.

situada no coração da Marem-ma, saturnia atrai hoje pessoas

de todas as partes do mundo, confiantes dos efeitos benéficos das suas águas para a pele, mús-culos e aparelho respiratório.

Para aqueles que querem aproveitar as propriedades da água termal sem pagar, a 500 metros dali há cascatas de livre acesso a qualquer hora do dia, chamadas pela população local de Il Gorello.

Muito agradável também é fazer um lanche em um dos ba-res ao redor da Praça Vittorio Ve-neto ou jantar em elegantes res-taurantes que oferecem todos os pratos típicos da Maremma.

Considerada a mais graciosa das cidadezinhas da Maremma, sovana preserva intactas habita-ções medievais, a bela Catedral dos santos Pedro e Paulo, a Pia-zza del Pretorio, o Palácio bour-bon do Monte e a Igreja de santa Maria Maior. sovana é também a cidade do papa Gregório VII, um dos pontífices fundamentais na história italiana medieval.

Com vista panorâmica lindíssi-ma, o vilarejo conta com bons res-taurantes e muitas lojinhas com produtos artesanais. Ao redor, nu-merosas necrópoles etruscas.

Em cima de uma colina e cir-cundado por uma muralha está Manciano, apelidado de o espião da Maremma. Com vista privilegia-da, do alto, é possível admirar dali uma das paisagens mais sugestivas da região, da costa de Grosseto até o Argentário. O mirante oferece vi-são nítida e perfeita da Ilha de Gi-glio, com suas águas cristalinas, da lagoa de Orbetello, da Amiata e das montanhas que a circundam, até o lago de bolsena.

E, para encerrar o circuito, a pequena sorano é um bom pas-seio de três horas de caminha-da, onde as grandes atrações são o Masso leopoldino, a Fortaleza Orsini e a área arqueológica de Vitozza.

valqUíria rEyCorrespondente • roMa

cinema

Nos bastidores da alta moda

Brasileira quebra monopólio de americanas e européias e brilha como maquiadora na última Semana da Moda de Milão

Top models não foram as únicas brasileiras a arrasar nas passarelas na última semana da Moda de Milão.

A paulista Vanessa Rozan não saiu dos bastidores, mas brilhou no de-sempenho da arte de deixar lindas modelos ainda mais deslumbran-tes. A maquiadora quebrou um ta-bu, em um reino historicamente dominado por inglesas, america-nas, italianas e francesas.

O convite para o trabalho partiu da multinacional canaden-se Mac, de cosméticos.

— Foi o máximo. bacana ter podido constatar que a semana da moda de são Paulo e a de Mi-lão têm muitas semelhanças, na organização dos bastidores, na agenda, nos compromissos com os horários, na responsabilidade com as modelos, nas roupas — revela.

Para a maquiadora, o Fashion Week de são Paulo não deve nada ao evento milanês:

— Muitas modelos me disseram que sentem saudades de são Paulo. Rola um calor a mais, não é?

Ao desembarcar na Itália, por pouco não pagou por excesso de peso na bagagem com 23 quilos de produtos de beleza: lápis, de-lineador, blush, cílios postiços, sombras, pincéis, loção corporal, corretivo para retoques finais, ba-tom, brilho, bases, diferentes co-res para os diferentes tons de pele. Tudo para poder atender à deman-da específica de cada estilista.

Os testes são feitos uma se-mana antes. O maquiador-chefe e o estilista definem o visual do desfile. O primeiro se encarrega de pegar uma das modelos para demonstração à equipe. E dá as suas dicas.

— Não foi um trabalho fácil — admite a brasileira, que tinha em média 45 minutos para ma-quiar três modelos por desfile.

O estresse natural do ambien-te, Vanessa levou com humor:

— A vantagem de estar aqui e de ouvir o italiano falando alto é que nunca sabemos se ele está bravo ou não — brinca.

A linguagem dos bastidores é o inglês. E era nesse idioma que ela conversava com as modelos.

— Notei que aqui há top mo-dels em número muito maior do que em são Paulo, quero dizer, os estilistas têm mais opções e não

existe muito aquela correria de modelos que pulam de um desfile para outro — observa.

Mesmo assim, no ritmo frené-tico, a maquiadora virou massa-gista facial e quase psicóloga.

— Muitas meninas ficaram até tarde provando roupas, en-saiando, cansadas, corridas, su-adas. Então nada melhor do que retirar a maquiagem que havia, fazer massagem com hidratante, ouvir suas histórias. Daí relaxam e tudo corre bem — revela.

A grande orientação: deixar as modelos com aparência natu-ral, fresca, jovem, feliz, com ma-quiagem leve, difusa, para deixar as roupas em evidência.

— Porém, alguns estilistas querem que a mulher passe uma mensagem específica e temos que ter uma maquiagem que diga mais, que apareça mais, como se fosse parte da roupa mesmo.

Antes dos desfiles, o dever de casa inclui o contato com produ-tos de beleza que só irão chegar ao mercado seis meses depois. As passarelas servem de teste final para novas maquiagens, embora Vanessa não abra mão de seu kit básico, a tal mala com 23 quilos de tubinhos, potinhos etc.

— É bacana poder dar a nos-sa opinião, explicar os efeitos co-mo arte e propor alterações — diz Vanessa, que, antes de fazer cur-so de cabelos e de maquiagem no senac, trabalhou numa agência de publicidade, mas viu que não se-ria feliz ali.

Quando a Mac entrou em são Paulo, ela conta que foi comprar alguns produtos com o professor beto Franca, para quem já traba-lhava como assistente e acabou tornando-se sênior artist, profis-sional que viaja pelo mundo.

A maquiadora, que sonha ainda trabalhar com cinema, vi-bra quando tudo dá certo.

— sei que uma maquiagem ficou boa quando apresento o modelo ao maquiador-chefe e ele me diz “It is perfect” — conta ela, sobre o desafio de eliminar marquinhas mínimas.

Vanessa conta que ficou im-pressionada com Milão.

— As mulheres andam muito bem maquiadas, seguindo a ten-dência de carregar nos olhos e ser quase neutra na boca ou vice-e-versa — ensina Vanessa, para quem a cidade não precisa de um corretivo básico.

GUilhErME aqUinoCorrespondente • Milão

Vanessa Rozan: jeitinho em Milão

moda

Vilarejo construído a 300 metros acima do nível do mar, Pitigliano ficou conhecida como “Pequena Jerusalém”

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Guilherme Aquino

miLãO

Jóia da cultura milanesaO Teatro Filodrammatici existe à sombra

do Teatro la scala, mas tem luz própria. Inaugurado em 1800 como Teatro Patriotti-co, o espaço foi parcialmente destruído pelo bombardeio de 1943, quando já era utiliza-do também como cinema. Reforma em 1970 deixou-o novo em folha, a fachada em estilo liberty, com galhos, flores e folhas em ferro batido. Essa jóia arquitetônica da cidade abre as suas portas para eventos de altíssimo ni-vel que podem ser admirados por não mais do que 200 espectadores. Em outubro, por exemplo, esteve em cartaz o musical de lev Tolstoj Sonata a Kreutzer. Mais informações: www.tieffeteatro.it.

Expo 2015Milão se prepara para ser a sede da

Expo 2015. O comitê dos organi-zadores passou a cidade e o projeto a limpo. Durante os quatro dias de visi-ta, as ruas e as praças da cidade nunca estiveram tão limpas e decoradas com bandeirinhas. Tanto esforço compensou: As responsáveis pela elaboração do re-latório foram embora com as melhores impressões possíveis. O resultado final vai ser anunciado depois de uma vota-ção secreta dos 112 países membros do bureau International des Expositions. A prefeita de Milão letizia Moratti acha que convenceu o time comandado por Vicente loscertales. Milão disputa com a cidade de smirne, na Turquia que será avaliada ao longo do mês de novembro. Para defender o projeto italiano, pela primeira vez a direita e a esquerda se uniram. Mais informações no site www.milanoexpo-2015.com

O s pátios internos dos prédios milaneses representam a memó-ria urbana de uma época e são

marca registrada da cidade. Muitos resis-tiram às bombas da segunda Guerra Mun-dial e foram preservados ou incorpora-dos nas plantas dos novos edifícios. Para encontrá-los, basta caminhar sem pressa pelas ruas, principalmente as do centro, e prestar atenção às entradas dos palá-

cios. E possuem diferentes estilos. Po-dem ter os portões de ferro em arte liber-ty ou em colunas de pedra de granito. Em quase todos, existem magnólias, árvores de belas flores. Em muitos, a decoração inclui ainda estátuas e bustos de deuses da mitologia grega. Além do pátio inter-no, com jardim exclusivo, a vista para o céu é luxo que nem todos podem usufruir em Milão.

Refúgios urbanos

A irreverente geração 68O Palazzo Reale, ao lado do Duomo, atrai to-

dos os dias centenas de visitantes para os quais o mais difícil se torna escolher um progra-ma. Uma opção e tanto é entrar no velho prédio que agora abre as suas portas para homenagear a arte italiana das últimas quatro décadas. Mais de cem obras revelam a história pictórica de um período artístico muito rico. O curador, o secre-tário de Cultura de Milão, Vittorio sgarbi, conse-guiu reunir quadros, cedidos por museus ou por colecionadores de todo o mundo, de expoentes de uma geração que pintou o sete a partir do mítico 1968: Giafranco Ferroni, Domenico Gnoli e Renato Guttuso. Mais informações: www.omun.milano.it/palazzoreale/.

Galeria de anônimosO centro de Milão se transformou numa

galeria de fotógrafos amadores com pinta de profissionais. A revista National Geographic montou exposição com fotogra-fias enviadas por seus leitores italianos. Es-tas foram divididas em grupos sob os temas mundo animal, ser humano, reportagem e paisagem. são instantâneos capturados por lentes de turistas ou de moradores da cida-de com um olhar incomum, retratos da vida ao redor do mundo, imagens que possuem como fio condutor a beleza da expressão, a sensibilidade da composição. A mostra, com 32 fotos, segue itinerante pelas gale-rias e ruas do centro.

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Mande sua história com material fotográfico para: [email protected]

il lettore racconta

se sentia muito sozinho. Foi para São Paulo visitar outros parentes e adorou a cidade. Logo depois, foi morar na cidade fluminense Volta Redonda, onde residia uma tia materna.

Por volta de 1951, meu tio Do-menico levou meu pai para conhe-cer Petrópolis, cidade da região serrana do Rio. Lá, morava o tio de sua esposa, Caruso Fedeli. A visi-ta à cidade não poderia ter sido em hora melhor já que o senhor Ca-ruso precisava de um italiano para trabalhar na distribuição de jor-nais. Meu pai, que adorou a cidade imperial, aceitou e foi morar na serra. O trabalho era feito a pé e, sempre assíduo, ele não faltava e cumpria os seus compromissos.

Já estabelecido em Petrópolis, por volta de 1955, papai organizou a nossa vinda para cá. Viemos todos, mamãe, meu irmão, eu e minha tia. Ao chegar, moramos numa casa re-formada do senhor Caruso.

Papai adquiriu experiência com a distribuição de jornais. Ao vir pa-ra cá, meu avô lhe entregou uma quantia para seus gastos iniciais, mas, com o tempo, ele aplicou o va-lor na Caixa Econômica Federal. Com suas economias, em 1956, papai comprou um edifício na famosa Rua Teresa, onde fomos morar. Em 1958, ele conseguiu sua primeira licença de uma banca, no Edifício Profis-sional. Após anos de trabalho árduo, em 1966, papai voltou à Itália para visitar seus irmãos e meu avô. Minha avó já havia falecido.

Ao retornar da viagem, mais bancas foram adquiridas pelo ita-liano que viu sua vida dar certo aqui no Brasil. Tanto que sua história está

ligada diretamente ao desenvol-vimento de Petrópolis, na segunda metade do século 20, foi meu pai quem implantou as bancas de jor-nal com padrões utilizados no Rio de Janeiro, pois os jornaleiros ven-diam os jornais e as revistas senta-dos num banco de madeira.

Papai viu o fim da Estrada de Ferro, na Estação Leopoldina, on-de esperava o trem chegar para descarregar os jornais vindos do Rio de Janeiro, para amarrá-los e distribuí-los. Ele também tinha um serviço exclusivo de atendimento aos presidentes da República que se hospedavam no Palácio Rio Negro.

Além de seu trabalho, uma grande contribuição que papai deu a Petrópolis e à comunidade italiana foi a criação da Casa de Itália Anita Garibaldi. Com o propósito de reunir os italianos para festejarem juntos seus costumes, língua e cultura. Em 1988, tornou-se grande marco nas diversas atividades da entidade a visita de sete juízes da Corte Cons-titucional Italiana ao Brasil, espe-cialmente a Petrópolis. Meses depois ele, como vice-presidente da Casa de Itália, fora recebido por um dos juizes que visitara a cidade.

Tenho muito orgulho da história que meu pai construiu, cujos aspec-tos sustentam a herança cultural e profissional frutos de um trabalho digno aqui no Brasil.

Petrópolis (RJ)Michelle Santoro,

57 anos

A história de minha família não é muito diferente das demais, de famílias italia-nas que deixaram suas vidas

no outro continente e vieram para o Brasil em busca de um futuro me-lhor. No século passado, dezenas de italianos desembarcaram nos portos brasileiros com a esperança guar-dada nas malas e muita força de vontade para desempenhar traba-lhos árduos. Foi o que aconteceu com o meu pai, Salvatore Santoro. Meus avós paternos queriam que meu pai se tornasse advogado. Nascido em 1925 e oriundo de Paola, assim como eu e meu irmão Francesco, papai se casou com a minha mãe ainda na Itália, antes de vir para o Bra-sil. Em 1949, papai nos deixou para preparar nossa vinda para cá.

Ao chegar aqui, o grande se-nhor Santoro não estava desampa-rado. Dois de seus nove irmãos já viviam no Brasil. Um trabalhava no Jornal da Marinha, no Rio de Janeiro, e o outro como engenhei-ro, em São Paulo. Sem nenhum en-tusiasmo de deixar a pequena Itá-lia, papai chegou a perder o visto consular por duas vezes antes de decidir, de vez, que viria para cá. Foi o meu avô quem o “intimou” a pro-videnciar a sua vinda, comprando uma passagem de um primo e esta era só de volta para o Brasil, não tendo como retornar à Itália.

Papai chegou no navio Giulio Cé-sar e foi recebido pelo tio Domeni-co, no Rio de Janeiro. Sem saber falar uma só palavra em português, ele teve de aprender rápido, pois começou a trabalhar logo. Apesar de ter meu tio como companhia, papai

“oS Santoro São exemplo emblemático da tenacidade italiana. Salvatore, por exemplo, teve de vencer a Solidão e a Saudade da mulher e doS filhoS – a família por SeiS anoS partida pelo atlântico –, aprender uma nova língua e trabalhar muito duro para conStruir um patrimônio de valor incalculável. maiS do que pela proSperidade noS negócioS, ele Se tornou motivo de admiração para a família, eSpecialmente para Seu filho

michelle, que noS relata neSta edição, Sem diSfarçar o orgulho, a bela hiStória de Seu pai!”depoimento à repórter nayra garofle

Arquivo pessoal

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Sapori d’Italianayra GaroFlE

R io de Janeiro – brasil e Itália são rivais apenas no fute-bol, porque na hora de mangiare nada separa o amor dos brasileiros pela culinária italiana. Que o digam os ex-téc-nicos da seleção brasileira Zagallo e Carlos Alberto Parrei-

ra. Os dois, sempre que estão no Rio de Janeiro, não deixam de passar pelo Azzurra Ristorante para pedir o prato predileto: Ca-pellini King Jorge.

A massa, com um molho que leva, dentre os ingredientes, quatro queijos e camarão, é produzida pela própria casa. Esta tem também uma variada carta de vinhos de diferentes regiões produtoras.

— Esse é o prato preferido deles, mas às vezes optam por outras sugestões do cardápio — diz Fábio Ferreira, um dos sócios que ge-rencia o restaurante, que tem como outros clientes célebres os casais William bonner e Fátima bernardes, Angélica e luciano Huck.

Fundado em 1990, o Azzurra tem dois ambientes e o cliente pode escolher entre o salão, espaço mais sofisticado e aconchegante, e a varanda, com um ar descontraído, numa área completamente reserva-da. É possível realizar eventos no restaurante, uma vez que o local disponibiliza infra-estrutura como data-show, sistema de som e pro-

jeção, áreas reser-vadas e cardápio fechado.

Outra opção que o restaurante oferece é o confor-to de levar até aos amantes da culi-nária italiana os serviços do Azzur-ra, seja na casa ou na empresa do cliente.

E como já foi dito, a rivalidade

entre os brasileiros e italianos está somente no futebol. Tanto que o restaurante, para variar o cardápio, nos almoços de sábado, serve a tradicional feijoada brasileira.

A casa, localizada na barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janei-ro, dispõe de 180 lugares. Para sobremesa, o melhor representante da doçaria é o famoso Tiramisu.

A edição deste mês traz o prato predileto de dois ícones da seleção brasileira: os ex-técnicos Zagallo e Carlos Alberto Parreira. Amantes da culinária italiana, os dois não abrem mão quando estão no Rio de Janeiro de saborear o Capellini King Jorge, uma especialidade do Azzurra Ristorante

Serviço: azzurra riStorante

rio deSign barra - av. daS américaS, 7.777, lojaS 304 e 308 - barra da tijuca - rio de janeiro. telefone: (21) 3325-0403.

Capellini King Jorge

1 colher de sopa de cebola picada1 colher grande de mistura de quatro queijos1 colher de sopa de cebolinha picada70g de camarão pequeno (1 porção)1 colher de sopa de queijo tipo catupiry1 ½ concha grande de creme de leite1 colher de sopa de queijo parmesão ralado fino115g de capellini

Misturar a cebola, a cebolinha, o camarão, o creme de leite, os 4 queijos, o catupiry e o queijo parmesão em uma panela e levar ao fogo. Deixar ferver até engrossar. Cozinhar a massa e misturá-la com o molho, polvilhar queijo parmesão ralado e gratinar.

Zagallo e Parreira: amor pela culinária italiana

O prato dos tetracampeões

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Giordano Iapalucci

fiRENzE

Lucca città centrale di questo au-tunno italiano. Anche quest’anno si conferma punto di riferimen-

to dell’arte fotografica con il suo festival che presenterà una selezione delle più alte espressioni della fotografia italiana e in-ternazionale. la mostra si dipana in vari spazi della città. A Palazzo Ducale (15.30-

19.30) saranno presenti l’esposizioni fo-tografiche di Elliott Erwitt: sala staffieri e Trent Parke; al Palazzo Guinigi Mary El-len Mark, Patrizia savarese, Gianni beren-go Gardin e Piergiorgio branzi. Il biglietto comulativo per tutti gli spazi allestiti nei vari luoghi della città sarà di 15 euro, al-trimenti ogni mostra singola 2,50 euro.

La linea del soleFino al 30 novembre il Museo di storia del-

la scienza di Firenze omaggia quello che è stato per millenni il semplice ma distinto orologio dell’umanita: la meridiana. la mo-stra, dal titolo “la linea del sole. le grandi meridiane fiorentine” offre studi astronomici e misurazioni del tempo con scopi pratici o religiosi come il calcolare la data di feste mo-bili come la pasqua. Il percorso dell’esposi-zione include installazioni scenografiche con modelli interattivi, strumenti originali e dise-gni come anche di una postazione multime-diale con la quale esplorare la regione fioren-tina per scoprire le antiche meridiane ancora esistenti. Dal lunedì al sabato 9.30 - 17. In-gresso: € 7,50, ridotto € 4,00. (http://brunel-leschi.imss.fi.it/meridiane/indice.html)

Biennale dell’arte contemporaneaDa sabato 1 a domenica 9 dicembre, la

Fortezza da basso di Firenze ospite-rà la sesta edizione della biennale dell’Arte Contemporanea. l’occasione sarà quella del-la presenza di importanti personaggi come Gilbert & George che riceveranno il premio “lorenzo il Magnifico” alla carriera: massimo riconoscimento della biennale. Presenti circa 800 artisti che parteciperanno attivamente alla biennale con incontri, conferenze e vi-deoproiezioni nelle varie categorie: pittura, scultura, grafica, mixed media, installazioni, fotografia e digital art. Apertura dalle 10.00 alle 20.00. Ingresso 10 euro. Info: www.flo-rencebiennale.org

Lucca Comics 2007Per gli appassionati di fumetto,

del film d’animazione, dell’il-lustrazione e del gioco in generale, lucca presenta la più importante ras-segna italiana del genere. la novità 2007 sara la cosidetta “self Area”: uno spazio dedicato al fumetto auto-prodotto. Tra i numerosissimi ospiti ci saranno autori italiani e stranie-ri come Carlos Pacheco, grande fir-ma del fumetto made in UsA; Gabrie-le Dell’Otto, l’autore di secret War e Philippe Delaby e Jean Dufaux, autori di Murena. la mostra espositiva sarà presso il Palazzo Ducale dalle 10 alle 19 con ingresso gratuito, mentre la mostra mercato sarà nel Centro stori-co (piazza s. Michele, piazza Grande, piazza del Giglio) dalle 9 alle 19 con ingresso di 10 euro.Info:www.lucca-comicsandgames.com

DigitalPhotoFest

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Claudia Monteiro de Castro

La gENTE, iL pOSTO

Piazza DuomoA Piazza Duomo, em Catânia, é o lu-

gar mais charmoso da cidade sici-liana e uma das praças mais boni-

tas da Itália. Destaca-se bem no centro da praça a Fonte do Elefante, do século XVIII, projeto de Vaccarini, com base de mármo-re e uma escultura de um pitoresco ele-fante escuro feito de pedra lávica, e sobre ele um obelisco egípcio. O elefante virou o símbolo da cidade. Quanto ao material, lava, não poderia ser mais adequado, afi-nal o vulcão Etna não fica muito longe e se avista de Catânia, imponente. Em dialeto siciliano, o elefantinho ganha o nome de u liotru. A rua mais importante de Catania começa na Piazza Duomo. Não precisa ser um gênio para adivinhar o nome da rua: via Etnea. A rua corre em direção ao vul-cão, cheia de butiques, livrarias, restau-rantes, cafés.

Já quem dá o nome à praça é o Duo-mo, igreja principal da cidade, dedicada a santa ágata, santa padroeira da cidade. Foi erguida no século XI e reconstruída de-

pois do terremoto que atingiu a sicília em 1693, e exibe uma magnífica fachada bar-roca de Vaccarini. Outros belos prédios que enfeitam a praça são a prefeitura, instala-da no palácio conhecido como degli Ele-fanti, reconstruído depois do terremoto e o seminario dei Chierici, que abriga o Museo

Diocesano. E para fazer companhia para a Fonte do Elefante, há mais duas na praça: Fonte dell’Amenano e Fonte dei sette Ca-nali, que os sicilianos hoje brincam e cha-mam de Fonte dos sete Cannoli, em home-nagem ao calórico e gostoso doce siciliano com ricotta e frutas cristalizadas.

Escutando as canções italianas, chego à conclusão de que os italianos têm obsessão pelo “corno”. É um dos temas preferi-dos, que se repetem sempre. Talvez o compositor que tenha

cantado melhor a dor da traição seja lucio battisti, cantando todos os tipos, desde as scappatelle, ou seja, pular a cerca, como na can-ção 29 settembre ou traições mais sérias, paixonite aguda fora dos laços do casamento, como em Anna. Cantou também o traído que não quer ver (Non é Francesca), o cornudo que não esquece, (Mi ritorni in mente) e inclusive aquele que tem a proeza de achar bela a sua amada mesmo quando ela volta de uma noite de amor com um outro, com lo sguardo stravol-to da una notte d’amore (Comunque bella).

Mas não só na mú-sica o tema da traição é tão caro aos italianos. No telão não faltam histórias pitorescas, como Peccato che sia una canaglia, com sofia loren e Marcello Mas-troianni. O filme Divor-zio all’Italiana termina com stefania sandrelli

que acaricia um marinheiro com o pé enquanto beija Mastroianni. Mas a traição mais engraçada do cinema italiano é aquela feita por Mimì Metallurgico (Giarcarlo Giannini). Para se vingar de sua espo-sa que o traiu, faz a corte até a uma mulher horrorosa, para honrar sua masculinidade.

A literatura também trata do assunto. Na divertida poesia de To-tò, ele admite, “sì, aggio avuto quacche cuorno, ma no a tal punto de sentirme offeso”. (sim, já fui corneado, mas não a ponto de me sentir ofendido).

Na Itália, os cornudos festejam em grande estilo seu estado de cornutaggine. Eles organi-

zam até a “festa dei cor-nuti”, que acontece em novembro, na cidadezi-nha de Rocca Cantera-no, onde todos os traídos desfilam juntos, literal-mente, usando “cornos” na cabeça, dividindo sua desventura com outros que estão no mesmo bar-co. Diz o ditado italiano: mal comune, mezzo gau-dio. O mal partilhado é meia alegria. E viva os cornos!

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