revista capital 30

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Revista Capital 1 Publicação mensal da S.A. Media Holding . Junho de 2010 . 60 Mt . 350 Kwz . 25 Zar . 4 USD . 3,5 EUR Nº 30 . Ano 03 Mundial de Futebol trará mais valias? Will the World Cup bring benefits? TRANSPORTES LAM: Três décadas sempre a subir DOSSIER Nossos craques valem muito mais REPORTAGEM Mundial 2010: Lição para o futuro

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Ediçao 30 da revista capital

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Revista Capital 1

Publicação mensal da S.A. Media Holding . Junho de 2010 . 60 Mt . 350 Kwz . 25 Zar . 4 USD . 3,5 EUR Nº

30 .

Ano

03

Mundial de Futebol trará mais valias?

Will the World Cup bring benefits?

TRANSPORTESLAM: Três décadassempre a subir

DOSSIERNossos craquesvalem muito mais

REPORTAgEmMundial 2010:Lição para o futuro

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Sumário16FOCO I REGIÕESFundo dos “7 milhões” e o alívio à pobreza

A luta contra a pobreza tem beneficiado do chamado fundo dos “7 milhões” mas nem tudo são rosas nos mecanismos de restituição do empréstimo concedido a nível distrital. Daniel Cuambe observou o que se passa a nível nacional e reporta o estado actual do Orçamento de Investimento de Iniciativa Local.

18DESENVOLVIMENTO I APOIOg19 endurece exigências

O apoio à constituição do Orçamento do Estado em Moçambique provém dum conjunto de entidades e países conhecido como G19. Recentemente, as recomendações deste grupo causaram algum mal estar em certos círculos sócio-políticos moçambicanos e chegaram a ser consideradas como ingerência na política interna do governo. Agora, quando a presidência do G19 transita da Finlândia para o Reino Unido, impunha-se uma análise à situação.

30 anos sempre a subir

A companhia aérea moçambicana festeja o seu 30º aniversário e, tal como o slogan da sua campanha, parece estar sempre a subir. Recebe prémios internacionais, reforça a sua posição entre parceiros e granjeou prestígio junto dos seus utentes. Em tempo de celebrações o director comercial da LAM, Adérito Macaba, desenvolve as principais linhas de orientação da companhia neste seu caminho rumo ao sucesso.

24TRANSPORTES I LAM

22 PONTO DE MIRA 32 COMUNIDADES China confirma-se na lusofonia

Os países lusófonos parecem aproveitar a estabilidade da economia chinesa para intensificarem as trocas comerciais com aquele país asiático. De acordo com as estatísticas dos serviços de alfândega da China, as trocas comerciais com os países lusófonos aumentaram 91% de Janeiro a Abril de 2010, em relação a igual período do ano anterior.

Mundial de Futebol da África do Sul:Publicidade enganosa

A convidada desta edição do ponto de mira é Nádia Issufo, jornalista da estação de rádio alemã Deutsche Welle que analisa o fenómeno do Mundial 2010 sob a perspectiva de um cidadão da Europa central. Como vêem os alemães a África actual e como aproveitam o campeonato do mundo para promoverem os seus produtos e aumentarem as vendas?

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DOSSIER I MUNDIAL 2010“Nossos craques valem muito mais”

Afinal quanto vale um jogador de futebol? Será que o preço de mercado é influenciado pelos clubes onde joga e pelos palcos onde se produz? Sérgio Mabombo procurou respostas nos círculos do futebol moçambicano e, com fotos de Luís Muianga, até conseguiu descobrir que Dominguez se prepara para tentar a sua sorte no ramo imobiliário.

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28REPORTAGEM I MUNDIALMundial 2010: Lição para o futuro

O estádio nacional moçambicano não ficou pronto a tempo para o Mundial 2010 e as infraestruturas para os Jogos Africanos de 2011 registam atrasos na sua concretização. Mesmo assim, Inácio Bernardo, Director Nacional dos Desportos, mantém o sorriso e confessou a Arsénia Sithoye que o sucedido na preparação do Mundial de 2010 constitui uma lição para o futuro e o país beneficiará de condições ímpares para a prática do desporto.

36TURISMO I INDABAMoçambique: um dos destinos mais procurados pelos sul-africanos

A maior feira de turismo do continente africano decorre na vizinha África do Sul e dá pelo nome de INDABA. Na edição deste ano, Moçambique adoptou o tema “Praia e vida selvagem” e aumentou o número de módulos ocupados de 17 para 22, em relação à edição anterior. Iva Garrido assistiu ao evento, falou com integrantes da comitiva moçambicana constatou que a política de divulgação de Moçambique na África do Sul começam a dar resultados.

COMUNIDADES 51 ESTILOS DE VIDA

O destaque desta edição vai para o 44º Festival Internacional de Publicidade de Maputo, mas não ficou esquecida a exposição de gravuras de Matias Ntundo, nem um documentário da FDC sobre o tráfico de pessoas em Moçambique. E ainda sobrou espaço para sabermos o que é um “lounge” e constatarmos que em Portugal se “vê” o Mundial 2010 através da voz de Maria Ruef.

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Parceira da reViSTa caPiTal

Propriedade e Edição: Southern Africa Media Holding, Lda., Capital Magazine, Rua da Sé, 114 – 3.º andar, 311 / 312 – Telefone/Fax +258 21 329337 – Tel. +258 21 329 338 – [email protected] – Director Geral: Ricardo Botas – [email protected] – Directora Editorial: Helga Neida Nunes – [email protected] – Redacção: Arsénia Sitoe; Sérgio Mabombo – [email protected] – Secretariado Administrativo: Márcia Cruz – [email protected] ; Cooperação: CTA; Ernst & Young; Ferreira Rocha e Associados; PriceWaterHouseCoopers, ISCIM, INATUR – Colunistas: António Batel Anjo, E. Vasques; Edgar Baloi; Federico Vignati; Fernando Ferreira; Gonçalo Marques (Ferreira Rocha & Associados); Hermes Sueia; Joca Estêvão; José V. Cla-ro; Leonardo Júnior; Levi Muthemba; Manuel Relvas (Ernst & Young); Maria Uamba; Mário Henriques; Nadim Cassamo (ISCIM/IPCI); Nelson Saúte; Paulo Deves; Ragendra de Sousa, Rolando Wane; Rui Batista; Samuel Zita, Sara L. Grosso – Fotografia: GettyImages (capa), Joca Faria; Luis Muianga; Sara Diva; 999 – Ilustrações: Marta Batista; Pinto Zulu; Raimundo Macaringue; Rui Batista; Vasco B. – Paginação: Benjamim Mapande – Design e Grafismo: SA Media Holding – Departamento Comercial: Neusa Simbine – [email protected]; Márcia Naene – [email protected] – Impressão: Magic Print Pty, Jhb – Distribuição: Ana Cláudia Machava - [email protected]; Nito Machaiana – [email protected] ; SA Media Holding; Mabuko, Lda. – Registo: n.º 046/GABINFO-DEC/2007 - Tiragem: 7.500 exemplares. Os artigos assinados reflectem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição ou reprodução, parcial ou total, é autorizada desde que citada a fonte.

Ricardo [email protected]

Editorial

Ficha Técnica

N a Grécia antiga escolhiam-se os melhores representantes do povo livre e durante o espaço de tempo determinado decorriam os jogos, uma manifestação desportiva que englobava várias disciplinas e onde só participavam homens, oriundos de ter-

ritórios reconhecidos pelos juízes como dignos de participarem na competição.Aos vencedores era atribuída honra e glória, além de uma coroa de louros e não consta que outras prebendas entrassem na recompensa embora se aceite que o prestígio granjeado abrisse portas, fechadas ao comum dos mortais.Mais, tarde, no ocaso do Século XIX, o Barão Pierre de Coubertin ressuscitou a ideia de uma competição reservada aos melhores atletas de todo o mundo e renasceram os jogos, olímpicos em homenagem à antiga cidade de Olímpia, onde outrora as provas decorriam, e os da era moderna eram reservados aos atletas amadores, de tal modo que os participantes suspeitos de uma carreira profissional eram desclassificados, sem apelo nem agravo.É também dessa altura o advento do chamado desporto rei, o pé na bola, em tradução literal do inglês. O nome internacionalizou-se, o fenómeno institucionalizou-se e hoje, em quase todo o mundo, se conhece o futebol e será raro encontrar um elemento do sexo masculino que nunca tenha participado num desafio, mesmo se foi daqueles que mudam aos 5 e aca-bam aos 10. Com o passar do tempo, o futebol desporto deu lugar ao futebol espectáculo e os artistas passaram a ser pagos a peso de ouro, numa escala directamente proporcional ao seu talento, à sua imagem de marketing e às multidões que arrastam.Pelo caminho ficaram os ideais do Barão e até nos Jogos Olímpicos já é permitida a partici-pação de atletas profissionais, e isto em todas as modalidades. O futebol, esse, voou com as suas próprias asas e, embora também se integre nos jogos, a verdade é que é a disputa dos campeonatos, continentais e mundial, sobretudo este, que concita a atenção de biliões de telespectadores.A televisão, ao massificar-se e entrar em casa de cada um, teve um papel decisivo na infla-ção das verbas movimentadas. Cada 30 segundos de publicidade inserida na proximidade desses programas atingem montantes proibitivos à comum das empresas e só as grandes marcas logram obter acesso ao ecrã mágico.A edição 2010 do Campeonato Mundial de Futebol desenrola-se pela primeira vez em África e o negócio das transferências, dos produtos derivados e das retransmissões televisivas e radiofónicas envolvem muitos milhões de dólares.Oxalá o evento se revele rentável para a África do Sul e para a região (embora os efeitos em Moçambique teimem em não ser visíveis) e não apenas para os grandes conglomerados internacionais envolvidos, com a FIFA – organismo máximo do futebol mundial – à cabeça. n

E os proventos,senhores?

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Revista Capital10

OS NOVOS ÍDOLOS

BOLSA DE VALORES

EM ALTA

PALOP. Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) resistiram à crise global, mesmo os mais frágeis como a Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. O diagnóstico foi fei-to pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAfD), Organização para a Cooperação e De-senvolvimento Económico (OCDE) e a Comis-são Económica da ONU para África, no seu tradicional relatório anual das Perspectivas Económicas Africanas.

ÁFRICA. O continente africano provou ser mais resistente à crise global do que alguns ob-servadores temiam, graças a políticas macroe-conómicas prudentes tomadas antes da crise, que resultaram na melhoria dos fundamentos económicos em muitos países africanos e gra-ças aos fluxos de ajuda sustentada. Um alívio da dívida com empréstimos concedidos pelo FMI, Banco Mundial e o BAD, permitiu igual-mente a adopção de políticas anticíclicas que amortecem o impacto da crise.

Capitoon

Sim, não há fairplay que aguente!«Não se pode jogar com um jogador que é ao mesmo tempo árbitro”»,Presidente do Conselho Executivo da VODACOM Moçambique, José dos Santos, relativamente à TDM, que é accionista maioritária da sua concorrente e

provedora de serviços de telecomunicações.

Ainda em fase de testes?«O ano de 2009 foi um ano de desafios para a instituição, os países membros e a economia africana. Vai ficar na história recente do banco como um ano em que testámos a nossa capacidade de inovar, o nosso trabalho e os nossos recursos»,Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Donald Kaberuka

Efeito casca de banana«O obstáculo mais difícil que o banco teve de superar foi o de encontrar uma resposta eficaz à crise financeira global, na ausência de instrumentos adequados, evitando a derrapagem estratégica»,

Idem

Quente e frio…«A boa notícia é que o continente se mostrou resistente à crise. A má notícia é que, apesar da previsão de crescimento no próximo ano, esta queda poderá dificultar a alguns países africanos atingir a meta preconizada nos Objectivos do Milénio, de reduzir para metade o número de pessoas vivendo na pobreza em 2015»,

Bernard Henri-Solignac-Lecomte, responsável pela Europa, África e Médio Oriente no Centro de Desenvolvimento da OCDE.

COISAS QUE SE DIZEM…

EM BAIXA

TELECOMUNICAÇÕES. A Vodacom continua a não produzir lucros desde que entrou no mercado moçambicano em 2003 e, no último exercício financeiro (2009/2010), acumulou prejuízos na ordem dos 230 milhões de me-ticais. Isto deveu-se, segundo o presidente do Conselho Executivo da empresa, José dos San-tos, à depreciação do metical face ao rand e ao dólar.

COMBUSTÍVEIS. O Governo voltou a agravar o preço dos combustíveis em todo o país. Trata-se da terceira vez consecutiva, num período de três meses, que o Executivo toma tal medida em nome do aumento dos preços de importa-ção, assim como da depreciação do metical em relação ao dólar norte-americano (em 5.3%) relativamente à revisão de 28 de Abril do ano em curso.

MOÇAMBIQUE. O African Economic Outlook 2010 critica a política fiscal do Governo mo-çambicano, a dependência aos mega-projectos e à iniciativa estrangeira. Moçambique conti-nua sendo um dos países mais pobres do con-tinente africano, com uma taxa de pobreza de cerca de 45% em 2009.

BACHIR SULEMAN. A Casa Branca designou o empresário moçambicano e presidente do Gru-po MBS, Mohamed Bachir Suleman, como trafi-cante de narcóticos estrangeiro significativo, na lista dos “Barões de Droga” do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos. Contudo, Ba-chir Suleman refuta o conteúdo do relatório americano explicando que nunca teve qualquer ligação com o narcotráfico e que se trata de um empresário de sucesso desde os nove anos.

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ÁFRICA

Face à crise BAD duplica apoio

Os financiamentos do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) aumentaram em mais de 100% em 2009, tendo em vista au-xiliar os países africanos a encarar a crise financeira e económica mundial.As aprovações de projectos e outras ope-rações do Grupo totalizaram a soma de 12 biliões de dólares, em 2009, contra os 5,4 biliões autorizados no ano anterior.Metade dessas aplicações, feitas no ano passado, beneficiou o sector infraestrutu-ral, um dos pilares da Estratégia de Médio Prazo do BAD para o período 2008-2012. Essa estratégia foi definida muito antes do surgimento da crise mundial e apenas se encontrava orientada para ajudar a conso-lidar o crescimento que as economias afri-canas vinham registando.Este apoio consistiria no melhoramento das infraestruturas, no reforço da capaci-dade do sector privado e institucional bem como na promoção da integração regional. Porém, a crise mundial obrigou o Grupo a inovar a sua ajuda no sentido de aliviar e minimizar o seu impacto nas economias africanas, facto que permitiu responder - rápida e eficazmente - aos pedidos dos pa-íses-membros para investimentos cruciais.A nova realidade levou o BAD, em 2009, a propor aos seus accionistas um aumen-to geral do seu capital para reforçar a sua capacidade de resposta às necessidades dos países em termos de projectos e pro-gramas de desenvolvimento e de saída da crise. A proposta já adoptada desde Abril por um Comité de Governadores represen-tativo dos accionistas prevê um aumento de 200% do capital do BAD. O aumento correspondente a cerca de 100 biliões de

dólares servirá para garantir créditos mais elevados para os países, incluindo o sector privado.

NÍgER

mais de 500 mil pessoas enfrentam crise alimentar

O governo do Níger carece de 85 milhões de dólares norte-americanos em auxílio alimentar, depois de uma nova pesquisa concluir que mais 500 mil pessoas se en-contram em risco de uma séria crise de ali-mentos actualmente.A pesquisa efectuada em Abril revela que 3.3 milhões de pessoas, ou 22 % da popula-ção nigerina, estava em sério risco de inse-gurança alimentar. As anteriores estimati-vas calculavam em 2.7 milhões de pessoas.A escassez de alimentos está a afectar aque-le país produtor de urânio, assim como os outros estados situados na zona do Sahel. “Hoje, o Níger precisa mais do que nunca de apoio para todos, visando resolver a cri-se alimentar”, disse o Primeiro-Ministro interino, Mahamadou Danda, num apelo feito aos doadores.As estimativas relativas a pessoas em vul-nerabilidade moderada foram revistas e baixaram para 3.8 milhões ou seja 25.5 % da população, contra os 5.1 milhões em De-zembro de 2009.Milhões de famílias movimentam-se cons-tantemente em busca de alimentos, sobre-tudo depois que o país registou uma fraca precipitação na época chuvosa de 2009. Uma situação que se reflectiu nos maus resultados das colheitas e na falta de forra-gens para os animais.

UNIÃO EUROPEIA

Pesca ilegal

A União Europeia (UE) tem vindo a pa-gar subsídios, cujo montante ascende a mais de um bilião de dólares por ano, às companhias de pesca baseadas nos países membros, incluindo companhias envol-vidas na pesca ilegal nas águas dos países africanos. Segundo Isabella Loevin, membro do Co-mité de Pescas do Parlamento Europeu: “O facto de a UE pagar subsídios a barcos de pesca nas águas africanas já constitui em si um problema porque, dessa forma, os con-tribuintes de impostos estão a exacerbar as dificuldades dos povos africanos pobres de manter a sua subsistência. Contudo, ain-da é mais embaraçante e imoral que estes subsídios estejam a ser pagos a navios que estão a violar a legislação internacional”.A Fishsubsidy.org, uma organização que fiscaliza a actividade de pesca com sede em Londres, comparou os registos de 42 casos julgados em tribunal com os pagamentos de subsídios de pescas feitos pela UE. Segundo várias organizações para a defesa do meio ambiente, diversos barcos de pes-ca foram surpreendidos a violar as leis na-cionais ou internacionais nas águas africa-nas, mais concretamente a leste da região do Oceano Atlântico, onde a pesca ilegal é mais generalizada comparativamente com as restantes regiões do mundo. O estudo da Fishsubsidy.org – que tem como enfoque dois grandes países de pesca da UE, nomeadamente a Espanha e França - revela que 36 barcos envolvidos na pes-ca ilegal receberam mais de 13,5 milhões de euros na forma de subsídios da UE no período compreendido entre 1994 e 2006. Desta lista, cinco barcos receberam mais de um milhão de euros cada. Os proprietários dos barcos foram con-denados por infracções graves, incluindo entradas incorrectas no diário de bordo, captura de peixe abaixo do tamanho míni-mo, uso de equipamento de pesca ilegal e exceder as suas quotas.

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MUNDO

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EmPREgOEmitidos cerca de 10 mil vistos de trabalho em 2009

O Ministério do Trabalho emitiu um total de 9.753 vistos de trabalho a cidadãos de diversas nacionalidades, em 2009. O maior número foi de nacionalidade portuguesa, com 1.458 empregos em Moçambique re-presentando uma subida de 14.95% em re-lação a 2008; seguindo-se de sul-africanos com 1.330 pedidos aceites para trabalharem em Moçambique, registando uma subida de 13.64%; a Índia com 1.153 cidadãos, o corres-pondente a uma subida de 11.82%. O ano de 2009 registou uma subida conside-rável de cidadãos estrangeiros a trabalhar em Moçambique (9.753), relativamente ao ano anterior, em que o Ministério do Trabalho passou 6.916 vistos. Relativamente ao 1º Trimestre de 2010, o Ministério do Trabalho autorizou 2.717 tra-balhadores estrangeiros, sendo que 1.146 vis-tos de trabalhadores estrangeiros entretanto caducaram. Nesse mesmo período, o merca-do laboral moçambicano recebeu 404 tra-balhadores sul-africanos, 319 portugueses, 257 indianos e 100 britânicos autorizados, ficando o restante distribuído pelas outras nacionalidades. Os sectores que mais absorveram a mão-de-obra estrangeira no I trimestre de 2010 fo-ram os de actividades não-financeiras, com um total de 1.060, seguindo-se da indústria de extracção mineira com 341 vistos de tra-balho emitidos, construção civil (171) e agri-cultura (136).

INVESTImENTOS70 milhões de dólares para modernizaros portos de maputo e matola

A Companhia de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC) está a investir 70 milhões de dólares norte-americanos em projectos de modernização dos portos de Maputo e Matola de modo a torná-los mais competitivos não só para o trânsito de carga sul-africana, como também a originária de outros países da re-gião.O programa de reabilitação e modernização dos dois portos, que irá durar um período de três anos, inclui, para além da dragagem dos canais de acesso, intervenções no cais e de-mais infraestruturas portuárias como estra-das, áreas de armazenagem e equipamentos de manuseamento de carga.

AGRICULTURAAmarelecimento letal de coqueiros prejudica produção de copra

A produção de copra em 2009 teve uma drástica redução em Micaune, distrito de Chinde (Zambézia), devido ao amareleci-mento letal, tendo atingido apenas 676,3 to-neladas contra 916,4 toneladas alcançadas em 2008.Face a esta situação, já foram distribuídas 30 mil mudas de coqueiro, abrangendo uma área de 300 hectares na localidade de Ari-juane e para um melhor acompanhamento foram afectos extensionistas, beneficiando 246 famílias.Em contrapartida, o efectivo do gado bovino no mesmo posto administrativo cresceu em de 81 %, tendo passado de 175 cabeças em 2008 para 317 em 2009, enquanto o capri-no passou de 8.680 em 2008 para 10.069 em 2009, correspondendo a 16 %.Ainda na área agrícola, Micaune produ-ziu 28.142 toneladas de produtos diversos (em 2008), contra 39.980 toneladadas (em 2009), o equivalente a 76 % do planificado.No âmbito da Revolução Verde, o posto ad-ministrativo de Micaune identificou algu-mas culturas e locais férteis, adquiriu e dis-tribuiu cerca de 5.7 toneladas de sementes diversas, sendo três toneladas de arroz, dois de milho e 730 kg de hortícolas.

Do ponto de vista estratégico, segundo a visão da MCLI, os portos de Maputo e Matola são duas importantes portas para as importações e exportações de vários países da região, razão por que são vistos como infraestruturas vitais para muitas indústrias da região.O Corredor de Maputo atravessa uma das regiões consideradas mais industrializadas e produtivas da África Austral, sendo cerca-do por indústrias que incluem manufactura, mineração e fundição, através de fábricas si-derúrgicas, petroquímicas, pedreiras e plan-tações florestais, de citrinos, cana-de-açúcar e bananais, investimentos moçambicanos e sul-africanos orientados para estimular o de-senvolvimento da região.O tráfego de mercadorias durante o período de recessão económica manteve-se estável, facto que garantiu que a companhia estives-se em condições de entrar em grande em 2010, ano que se prevê as actividades por-tuárias venham a crescer em cerca de 10%. Ainda integrado no vasto programa de in-vestimentos em curso nos portos de Mapu-to e Matola encontra-se previsto ainda para este ano o arranque de trabalhos de draga-gem dos canais de acesso, para o que já está em fase de conclusão o desenho do respec-tivo projecto.

MOçAMBIqUE

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Fundo dos ‘7 milhões’e o alívio à pobreza

Daniel Cuambe (texto)

Postos administrativos e localidades re-cônditas das regiões sul, centro e norte de Moçambique constituem, nas últimas se-manas, o centro das atenções da opinião pública, em virtude de o Presidente da Re-pública, Armando Guebuza, estar a dedicar grande parte da sua agenda de trabalho em visitas aos referidos pontos do País.São muitos milhões de meticais que o Go-verno moçambicano injectou nos referidos lugares e neste momento o Executivo quer perceber, claramente, qual o uso e, conse-quentemente, os resultados das aplicações de tais valores.Trata-se do fundo de “sete milhões” de meticais (cerca de 210 mil dólares) que o Governo central atribui anualmente a cada um dos 128 distritos do país para suportar projectos destinados a gerar ali-mentos e postos de trabalho. Os montan-

tes devem ser devolvidos para beneficiar mais pessoas.

A mais recente avaliação do esforço do Exe-cutivo para aliviar a pobreza no campo, in-dica que foram financiados mais de 48 mil projectos distribuídos por comunidades rurais, que se diz terem criado 258 mil pos-tos de trabalho a cidadãos nacionais.São números aparentemente astronómicos porém, a magnitude da pobreza no interior de Moçambique é ainda significativa, daí a corrida do Chefe de Estado precisamente para postos e localidades, onde infelizmen-te escasseiam gravemente infraestruturas que concorram para o aumento da produ-ção agrícola, criação de micro e pequenas empresas abrangendo indústrias que fun-cionem com base em recursos locais.O sector da agricultura é preponderante para a erradicação da pobreza no País, visto que grande parte da população vive na base do rendimento agrícola, actividade que em-

prega cerca de 80 por cento dos moçambi-canos. Embora a produção agro-pecuária tenha crescido em relação a 2008, a produ-tividade deste sector permanece baixa.

Tendo em conta esta realidade, o Chefe de Estado já vasculhou povoados das provín-cias de Tete, Niassa e cidade de Maputo, dando início a mais um ciclo de Presidência Aberta e Inclusiva. Remexeu Cabo Delgado e Nampula, seguiu para a Zambézia e Ma-nica, esperando-se que, tão breve quanto possível, percorra as províncias de Maputo, Gaza, Inhambane e Sofala.O Orçamento de Investimento de Iniciativa Local (OIL) conhecido por “Sete Milhões” desde o ano passado que passou a funcio-nar como um Fundo Distrital de Desenvol-vimento que, para além das subvenções do Estado, vai igualmente passar a receber do-nativos e gerir os reembolsos dos emprésti-mos já concedidos. n

Dinheiro mal parado no Centro e NorteÉ ponto assente que um pouco por todo o País, a devolução dos “Sete milhões” está muito abaixo do programado, tendo em conta a dinâmica dos desembolsos aos be-neficiários.Na sua digressão pelas localidades e povoa-dos, o Presidente da República é confronta-do com contas que causam autêntico dissa-bor. Por exemplo, os valores devolvidos em 2009 pelos mutuários do Fundo de Investi-mento de Iniciativas Locais de todos os 20 distritos de Nampula, não são suficientes para as autoridades governamentais volta-rem a alocar fundos a um único distrito.Os cerca de 5,2 milhões de meticais reem-bolsados, no ano passado, estão infeliz-mente abaixo, comparativamente aos 5,5 milhões devolvidos às autoridades, no ano anterior. Desde a criação deste fundo há cerca de dois anos, tem sido extremamente compli-cado aos mutuários respeitarem o calen-

dário dos reembolsos. Uma realidade pra-ticamente comum em todas as províncias. Em Cabo Delgado, por exemplo, a taxa de reembolso do montante canalizado aos be-neficiários até ao ano passado foi de somen-te 5,2 porcento.Quanto à questão dos “sete milhões”, Ar-mando Guebuza considera que a avaliação deste fundo, não se pode circunscrever ao factor reembolso, mas sobretudo ao seu impacto na mudança de atitude dos mutu-ários, agora munidos de mais instrumentos para produzir e combater a pobreza.O discurso político do Chefe de Estado na Presidência Aberta e Inclusiva continua em alinhamento com as promessas eleitorais no que diz respeito ao ataque vigoroso à po-breza, uma vez que os dados apontam para o facto de a desigualdade ter aumentado, tanto em termos de renda como de acesso aos serviços básicos, com incidência nas áreas urbanas. Estima-se que mais de um

terço dos agregados familiares continuam submetidos a uma situação de grande vul-nerabilidade e insegurança alimentar. n

FOCO | REGIÕES

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O BCI foi o grande vencedor da edição de 2010 da Pesquisa PMR África no sector bancário, tendo con-quistado o “Diamond Arrow 2010 – PMR África”, o mais prestigiado prémio atribuído pelos Empresários, Administradores e Directores das Grandes e Médias Empresas moçambicanas, pelo reconhecimento do extraordinário contributo dado em 2009 para estimu-lar o crescimento e o desenvolvimento económico em Moçambique.

Este prémio é um sinal inequívoco de que os agentes económicos moçambicanos compreendem o posicio-namento e missão do BCI, que traduzem um forte compromisso de parceria activa no desenvolvimento económico das famílias e das empresas moçambica-nas, e que reconhecem e valorizam o seu desempe-nho.

A cerimónia de entrega deste prémio decorreu no passado dia 31 de Maio, em Maputo, tendo o mesmo sido recebido pelo Dr. Ibraimo Ibraimo, Presidente da Comissão Executiva do BCI.Os prémios PMR – África distinguem em Empresas e os Empresários que pelo seu desempenho mais con-tribuem para o desenvolvimento do País, em cada sector. Os resultados são obtidos pela participação di-recta de uma amostra representativa dos líderes das principais empresas nacionais.

Consulte: www.bci.co.mz/Institucional/imprensa.

O BCI conquistou o “Diamond Arrow 2010 – PMR África”, o

mais prestigiado prémio atribuído pelos Empresários, Administradores e

Directores das Grandes e Médias Empresas moçambicanas, pelo

reconhecimento do extraordinário contributo dado em 2009 para

estimular o crescimento e o desenvolvimento económico

em Moçambique.Este prémio é um sinal inequívoco

de que os agentes económicos moçambicanos compreendem o

posicionamento e missão do BCI e que reconhecem e valorizam

o seu desempenho.A cerimónia de entrega deste prémio decorreu no passado dia 31 de Maio, em Maputo,

tendo o mesmo sido recebido pelo Dr. Ibraimo Ibraimo, Presidente da

Comissão Executiva do BCI.

BCI ganha “Diamond Arrow 2010 – PMR África”

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Daniel Cuambe (texto)

g19 endurece exigências

Os parceiros para o Apoio Programático PAPs, grupo de países e instituições de cré-dito que dão ajuda ao Orçamento do Estado moçambicano, exigem em tom “ruidoso” mais progressos sectoriais na vida de Mo-çambique e na senda dessa clara imposição política e técnica garantem igualmente que, ainda este mês, já vão anunciar o nível dos seus compromissos para apoiar o país em 2011.Para os ‘donos’ do dinheiro, que vem do estrangeiro e é injectado no Orçamento do Estado, a área de governação continua a ser um desafio crítico, dado que o progresso em algumas áreas, em 2009, foi aquém do desejado.Aliás, eles esperam que o compromisso do Governo para com as prioridades concor-dadas ao nível do diálogo político com os PAPs sirva para acelerar o progresso nesta área. Na reforma do sector público, o cus-to e a sustentabilidade da política salarial devem ser analisados, segundo indicam os parceiros.Mas mesmo assim, o caminho para um bom relacionamento entre parceiros e o

Governo encontra-se meio percorrido, se-gundo fontes dos bastidores da diplomacia moçambicana e da cooperação internacio-nal. Subsistirão, no entanto, diferenças, como é normal acontecer num processo de diálogo que envolve montantes provenien-tes de contribuintes de países apoiantes do desenvolvimento de Moçambique.A questão a ter em conta logo à partida é que não é assim tão fácil o Executivo der-rubar teses deste elenco de países que in-tegram o G19, quando se trata de abrir os ‘cordões à bolsa’, ou seja de libertar os fun-dos de ajuda externa. Os critérios são de máxima exigência.O elenco de parceiros integra o Banco Afri-cano de Desenvolvimento, o Banco Mun-dial, Comissão Europeia e os estados da Alemanha, Áustria, Bélgica, Canadá, Di-namarca, Espanha, Finlândia, França, Ho-landa, Irlanda, Itália, Noruega, Portugal, Suécia, Suiça e Reino Unido.Este último país assumiu, em Maio passa-do, a presidência do G19 e sua Troika, em substituição da Finlândia, que chegou ao final do seu mandato.Os britânicos lideram este grupo, num mo-mento em que, aparentemente, findou a

bastante visível crispação entre o Governo de Moçambique e parceiros, ou vice-versa. Embora em dado momento os pronuncia-mentos de ambas as partes (Governo e G19) convergissem na palavra ‘diálogo’, o certo é que eles andavam de costas voltadas.Entre abraços e apertos de mão firmados entre Manuel Chang, ministro moçambica-no das Finanças, e o embaixador finlandês, Kari Alanko, ficou claro que com base na avaliação feita sobre o desempenho do Exe-cutivo no ano 2009 e tendo em conta o re-sultado alcançado depois do diálogo políti-co em Março passado, os PAPs consideram que existe uma base satisfatória para eles continuarem a dar apoio orçamental.

Tendência de abrandamento

O recado de fundo dos diplomatas é direc-to: há uma tendência de abrandamento no ritmo geral de progresso de Moçam-bique, durante os últimos três anos, e os parceiros reafirmam que estão disponí-veis para apoiar o Governo no enfrentar deste desafio.

Revista Capital

DESENVOLVIMENTO I APOIO

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DESENVOLVIMENTO I APOIO

«Afirmam também existir evidências de um aumento da desigualdade em ter-mos de renda e de aces-so aos serviços básicos, nos meios urbano/rural. Consideram ainda que no contexto das mudanças internas e externas no ambiente global, torna-se importante realizar aná-lises mais profundas para aumentar a compreensão da dinâmica da pobreza em Moçambique com vista a orientar o desenho de políticas de redução de pobreza.»

Trata-se de manter a taxa de crescimento económico elevada e tomar medidas para garantir que o mesmo crescimento favore-ça, igualmente, as camadas pobres e desfa-

vorecidas através da criação e expansão de empregos, da rápida melhoria do ambiente de negócios e do apoio às pequenas e mé-dias empresas.Quanto ao Orçamento de 2010, os PAPs re-ferem que será necessário ter a devida cau-tela para que os projectos de investimento sejam bem planificados e os retornos bem avaliados, maximizando as oportunidades de criação de emprego e redução da pobre-za.Afirmam também existir evidências de um aumento da desigualdade em termos de renda e de acesso aos serviços básicos, nos meios urbano/rural. Consideram ainda que no contexto das mudanças internas e ex-ternas no ambiente global, torna-se impor-tante realizar análises mais profundas para aumentar a compreensão da dinâmica da pobreza em Moçambique com vista a orien-tar o desenho de políticas de redução de pobreza. Manifestam a sua disponibilidade em apoiar o Governo na recolha, análise e disseminação das melhores práticas para opções de políticas de médio e longo pra-zo. Por estas razões, os PAPs consideram importante a publicação dos resultados do Inquérito aos Orçamentos Familiares (IOF) o mais breve possível, de modo a facilitar uma discussão informada sobre os passos a seguir em direcção à redução da pobreza.

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DESENVOLVIMENTO I APOIO

Revista Capital20

Optimismo do governo

A Revisão Anual de 2010 é a primeira a ter lugar no âmbito do novo Memorando de Entendimento (MdE), assinado em Março de 2009.Tendo em conta a experiência dos anos passados, o ministro das Finanças, Manuel Chang, considera que a revisão forneceu uma base sólida para discussões a diferen-tes níveis e os trabalhos decorreram num ambiente construtivo, não obstante as ino-vações decorrentes da introdução de novos procedimentos.“É com imensa satisfação que constata-mos que a parceria que nos une em torno do Apoio Geral ao Orçamento do Estado tem produzido resultados encorajadores na materialização do nosso compromisso de combater a pobreza e promover o desen-volvimento”, disse o detentor da pasta das Finanças.Em 2009, apesar da conjuntura interna-cional desfavorável, caracterizada pelas sucessivas crises internacionais de alta de preços dos cereais e de petróleo, e da crise económica e financeira global, Moçambi-que logrou um crescimento económico de cerca de 6,1% e conseguiu manter a taxa de inflação média em 3,3%. Por outro lado, atingiu um total de 1.853 milhões de dóla-res americanos em exportações de bens. n

publicidade

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O que é que Moçambique tem de vantajoso, como destino turístico, quando comparado com outros pa-íses da região? O que deve motivar, por exemplo, um escocês a vir a Mo-çambique e não ir ao Botswana ou à Zâmbia?

Há uma abordagem que deve ser feita em duas perspectivas; uma é aquilo que Mo-çambique tem de Natureza. Moçambique detém, do ponto de vista turístico, potencia-lidades que muito poucos países do mundo possuem. Isto é uma perspectiva de análise que podemos aprofundar. A outra aborda-gem é o esforço que o Governo tem feito tanto ao nível público como privado, incen-tivando o sector privado no sentido de criar infra-estruturas de qualidade para consti-tuírem uma atracção e divulgar o nome de Moçambique. Temos que pegar nestes dois aspectos se quisermos fazer qualquer com-paração com países da região. A primeira abordagem é que em Moçambique existem todas as condições para fazer qualquer tipo de turismo menos esquiar na neve, que mesmo assim, com tecnologia podemos fazer. Poucos países do mundo têm os atri-butos que Moçambique tem. Moçambique tem selva e tem vida selvagem, tem mar e tem vida marinha, tem universo aquáti-co constituído por rios e lagos e tem vida aquática. Moçambique tem céu azul e sol

365 dias por ano. Moçambique é dos muito poucos países do mundo, se não for o úni-co, em que um indivíduo pode estar numa das praias mais belas do mundo, em que o mar que lhe dá ondas, tem uma reserva ma-rinha com uma área de corais de qualidade mundial mas que na terra firme, atrás de si, pode ver animais, os chamados “big five”. Um indivíduo está numa praia e em me-nos de meia hora pode ver elefantes, como pode ver corais, como pode ver o universo subaquático dos mais prestigiados do mun-do. Temos montanhas, temos serras, temos todas as condições naturais para que possa-mos ter turismo de sol e praia, turismo de aventura, turismo de escala de montanha, turismo de esqui aquático e de pesca des-portiva. Moçambique tem províncias cujas temperaturas no inverno descem até os 15 graus, como tem províncias que no verão as temperaturas chegam a atingir os 45 graus. Está é uma vantagem competitiva real que o país detém para competir com qualquer outro país do mundo em matéria de po-tencial turístico. Há uma outra abordagem que deve ser feita que é a conversão destas potencialidades todas em produtos que pos-sam ser consumidos. Esta é a outra parte do desafio e o Governo está a trabalhar na cria-ção de infra-estruturas tanto do ponto de vista de vias de acesso, expansão da energia eléctrica, acesso a água nos mais diversos pontos do país para que estes locais que constituem pólos estratégicos do desenvol-

vimento do turismo possam efectivamente tornar-se pólos de desenvolvimento turís-tico real. Em relação aos países a que se re-feriu, é importante fazer a seguinte análise: é preciso olharmos para os nossos pontos fortes e os nossos desafios. Para cada país com o qual nos queremos comparar temos que ver o que é que esse país detém que nós não temos e vice-versa. Por exemplo, alguns dos países da região não têm uma costa tão longa como a nossa, de areias brancas, mata virgem, dunas de areias, águas quentes do Oceano Índico, como nós temos. É um fac-tor de diferenciação; o que temos que fazer é trabalhar no sentido de que isso constitua um facto de diferenciação claro e uma van-tagem competitiva. Alguns desses países que mencionou não têm florestas de mata virgem como tem Moçambique no centro e norte. Moçambique é um país longo, faz fronteiras com vários países e alguns desses países para terem acesso por via terrestre, a partir do mar, têm de passar por Moçambi-que. Mas é importante referir que o princi-pal factor de diferenciação nós já o temos.

O mais importante factor de diferenciação é aquilo que estamos a fazer tanto do ponto de vista de promoção de destino como so-bretudo de promoção de investimento para a criação de infra-estruturas, de instâncias turísticas. n

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Moçambique: Um destino turísticoAfinal o que tem Moçambique que possa atrair os turistas internacionais? Como se diferencia doutros países da região? Quais as medidas já implementadas ou previstas para enriquecer a oferta turística e para o tornar, efectivamente, um destino de eleição?

O Director Geral do Inatur, Bernardo Dramos, prossegue a enunciação de medidas e dados que se relacionam com a promoção do país como destino turístico de um cada vez mais vasto público.

INATUR I TURISMO

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Nádia Issufo *

S aio de manhã para ir trabalhar, mas antes de por o pé na rua abro a minha caixa de correio. E como

sempre “Viele Werbung”, ou seja, muita publicidade. Panfletos de supermercados e companhia a abarrotarem na minha caixa e vejo-os um por um. No do supermercado biológico estão em primeira página “Bio african cheese kick 2010” e os meus olhos continuam o seu caminho para encontrar não muito longe “Bio african choco kick 2010” e assim segue no resto das publi-cidades que não se limitam aos produtos comestíveis. Este ritual de viagem pelo universo “sul-africano”, ou africano…, já começou há algum tempo e bombardeios semelhantes chegam de quase todos os sectores de actividade. Imagens da savana com elefantes e receitas de culinária com “Erdnüsse”, que significa amendoim, são igualmente capitalizadas pelas empresas de media que não se esqueceram que as desgraças também se vendem muito bem… Os elevados índices de violência, xenofo-bia, possibilidade de actos de terrorismo, e as altas taxas de Sida são alguns dos temas constantemente abordados na Alemanha.

Realmente, se o Krüger Park e o Table Mountain já estão mais do que vendidos pelas agências de turismo, é preciso trazer o diferencial. Resta saber se para informar apenas, atrair ou, quem sabe, afastar os turistas…

Obviamente que é necessário informar para formar e prevenir, afinal tem por ta-refa também fazer isso o chamado quarto poder. Mas quando a dose é em excesso corre-se o risco de se conseguir efeitos contrários. Quantos alemães não terão de-sistido de assistir ao Mundial com medo da criminalidade? O governo sul-africano ga-rantiu mais segurança nesta altura. E mais uma pergunta: merecerá o governo de Ja-cob Zuma um voto de confiança nessa ma-téria? Não sei…Entretanto, enquanto me debato com as minhas dúvidas, os factos sucedem. No dia 9 de Junho dois jornalis-tas portugueses e um espanhol que acom-panham a selecção portuguesa na Copa do Mundo foram assaltados num hotel em

Magaliesburgo, na África do Sul.

E por ironia do destino a Áfri-ca do Sul, e o mun-do de um modo geral, mas principalmen-te moçambicanos e zimbabueanos, re-cordaram em Maio úl-timo os violentos ataques xenó-fobos de 2008 pouco antes do Mundial de Fu-tebol… Mais um ponto negativo a associar a este país e ao evento em questão.

E porque o terrorismo faz parte da pre-ocupação mundial, as grandes potências estão “antenados” para a eventualidade de prováveis ataques. Moçambique por causa disso já recebeu uma chamada de atenção da administração norte-americana. Nes-te caso, não acredito que seja apenas um exagero do governo de Obama…

Concluindo, existe uma quantida-de de delicadas situações que uma pessoa que goste minimamente de si procura evitar.

Mas no meio deste antagonismo há sempre quem tire vantagens. Por exem-plo, a Alemanha consegue fazer muito bem a sua auto-promoção ao encaixar-se nos dois lados deste marketing alucinan-te. Assim sendo, no aspecto positivo desta exposição eles informaram através da me-dia que o material do telhado do estádio, SoccerCity com 94.000 lugares, é made in Germany. Já no lado negativo, o país ger-mânico lembra que um padre católico ale-mão, que vive há 13 anos nos bairros de lata dos arredores da cidade do Cabo, Stefan Hippler, tem permanentemente nos bol-sos preservativos negros e dourados para distribuir às populações pobres. Também considero aceitável esta autopromoção alemã... Não se pode vingar no mundo hoje se não desta forma, mas.acredito que este deva ser um momento de múltipla tensão

(*) jornalista da Deutsche Welle(Bona) Alemanha

Revista Capital22

Mundial de Futebol na África do Sul: publicidade enganosa?

para a África do Sul. Trata-se do primeiro país africano a organizar um evento desta envergadura e as expectativas quanto às condições organizativas pesam sobrema-neira nas suas costas...

Só para recordar, a Alemanha sabe per-feitamente que a última edição do even-to que acolheu em 2006 foi muito bem organizado....n

PONTO DE MIRA

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TRANSPORTES I LAM

Três décadas sempre a subirNuma altura em que o Governo aprovou um acordo que visa a abertura do espaço aéreo moçam-bicano a novas companhias aéreas, a revista Capital procurou saber junto do Director Comercial das Linhas Aéreas de Moçambique, Adérito Macaba, que perspectivas se desenham na companhia aérea de bandeira nacional. A aposta da LAM passa pelo reposicionamento no mercado, com fac-tores de diferenciação e competitividade. É nesta perspectiva que criou uma operadora de turis-mo, LAMTOURS que, dentre vários serviços, oferece agora pacotes especiais para o Campeonato Mundial de Futebol 2010, em disputa na África do Sul.

A LAM – Linhas Aéreas de Moçambi-que conta, actualmente, com 30 anos de existência no mercado. Até ao momento, quais foram as conquistas mais marcantes da empresa?A LAM está a construir um percurso que acompanha a evolução do ramo da avia-ção em Moçambique e no mundo. A cria-ção desta companhia data de 14 de Maio de 1980, dando sequência a uma série de encontros realizados durante a ofensiva política e organizacional, com o objectivo de resolver os problemas que existiam na DETA – Direcção de Exploração do Trans-porte Aéreo. Nesta existência toda, a LAM tem empre-endido esforços para dignificar a aviação moçambicana, pautando por serviços de excelência, alavancados na formação con-tínua dos seus recursos humanos e numa aposta em novas tecnologias com o objec-tivo de oferecer maior conforto aos nossos clientes. Celebramos 30 anos com mais de 284 mil horas de voo, nas quais transpor-támos mais de 8 milhões de passageiros e mais de 6 mil toneladas de carga. Contribu-ímos para o reforço da Unidade Nacional, estabelecendo a ligação do país, através do transporte aéreo. Ligamos igualmente o país ao estrangeiro, com a bem distinta marca moçambicana de “bem servir”. Po-demos afirmar com toda a convicção que todos os momentos foram marcantes mas para nós o mais gratificante é termos con-tribuído na reconstrução de Moçambique pós-independência e no desenvolvimento sócio-económico do país. O governo aprovou recentemente o acordo que visa a abertura do espa-ço aéreo moçambicano a novas com-panhias aéreas. Que perspectivas se desenham no seio da LAM de modo a se posicionar no novo cenário con-correncial?A LAM é uma companhia competitiva que habituou os seus passageiros a elevados padrões de qualidade, o que a torna uma marca distinta no mercado, quer domés-tico, quer regional, onde opera com o seu próprio equipamento. É na base da boa prestação de serviços que em 2008 foi elei-ta a ‘Melhor Companhia Aérea Africana’ de âmbito regional, dando clara evidência de rigor na observância da segurança ope-racional, facto que foi distinguido com os certificados ISO: 9001-200 e IOSA 2008

atribuídos pela IATA – Associação Inter-nacional de Transporte Aéreo. Este reco-nhecimento serve de incentivo para o tra-balho árduo, tendo em vista à liderança do mercado regional, onde agora temos uma forte presença. Já solicitámos novas rotas que passaremos a operar brevemente, reforçando a nossa presença neste mercado. Uma grande aposta da companhia consis-tiu nos últimos anos na modernização dos nossos serviços através de implementação de vários sistemas que permitiram que ac-tualmente a LAM possa oferecer serviços de acordo com os mais altos padrões da indústria. Exemplo disso são os projectos sobre a introdução do Bilhete Electrónico, o Check-in Automático, as Vendas pela In-ternet, o Call Center e mais recentemente a introdução da nova frota de aeronaves EMBRAER 190 e Q400 na nossa operação doméstica e regional.Apostamos em fortalecer os factores de di-ferenciação, valorizando a moçambicani-dade, através de um atendimento exemplar e da divulgação dos valores preciosos deste país, o que já efectuamos com a integração de pratos tipicamente moçambicanos no nosso menu. Estamos na fase conclusiva do processo que vai culminar com o uso do novo fardamento dos nossos assistentes de bordo. É uma criação que valoriza a cultu-ra moçambicana, tendo sido feita à base da capulana e com uma contribuição valiosa do nosso consagrado artista plástico Na-guib Elias.

O país pretende potenciar o turismo em todos os aspectos, principalmen-te no que diz respeito a viagens aé-reas. Que incentivos poderão encon-trar os turistas em termos de preços praticados nos voos, sendo que uma das queixas mais comuns tem sido o elevado tarifário praticado?A LAM é um dos actores para o desenvol-vimento económico e social deste país que actualmente tem recebido um forte impul-so da actividade turística, razão pela qual criamos estratégias específicas para res-ponder a esta realidade. Em Dezembro de 2009, criámos a nossa operadora de turismo, LAMTOURS, espe-cializada em pacotes turísticos altamente inovadores. Já tivemos experiências com turistas vindos de vários países que fica-ram bastante impressionados com os ser-

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25Revista Capital

TRANSPORTS I LAMTRANSPORTE I LAM

viços prestados por esta operadora. Assim, rapidamente, podemos mencionar os casos de quenianos e angolanos que vieram e per-correram Moçambique, em visitas bem pro-gramadas, tendo no final se congratulado com a experiência.Considerando o facto de o Programa sobre o desenvolvimento sócio-económico do Go-verno moçambicano definir o Turismo como um dos pilares para o desenvolvimento sus-tentado do país a LAM tem ao longo dos últimos anos se constituído num parceiro estratétigo das estruturas governamentais ligadas ao Turismo. Neste âmbito, uma das nossas maiores apostas é garantir uma pro-moção cada vez maior do turismo nacional, atravês de colocação no mercado de pacotes que permitam aos moçambicanos explorar e conhecer as maravilhas do nosso país. Agora, por ocasião do Campeonato Mundial de Futebol que decorre na África do Sul, a LAMTOURS tem pacotes que permitem os moçambicanos e não só, de ir ao país vizinho para assistir os jogos e de regressar no mes-mo dia se assim o desejarem. A resposta do público tem sido muito encorajadora, o que incentiva bastante o impulso ao turismo com um serviço especializado e a preços acessí-veis. No Plano internacional já temos finalizado o projecto que tem como objectivo a retomada da operação intercontinental entre Maputo e Lisboa, algo que deverá ocorrer em Abril do próximo ano. Acreditamos que esta ope-ração, não somente irá permitir uma maior facilitação na deslocação dos nossos clien-tes entre Moçambique e outros quadrantes do mundo, mas também irá contribuir com uma mais-valia para o desenvolvimento do turismo no país.

Quantos moçambicanos se estima virem a ser transportados pela LAM no âmbito do Mundial de Futebol?Os moçambicanos e cidadãos de outras na-cionalidades que vivem em Moçambique têm muito interesse em assistir aos jogos do Campeonato Mundial de Futebol, prin-cipalmente aqueles que envolvem as selec-ções dos países da língua portuguesa (Por-tugal e Brasil), pois, como se sabe, existe um forte vínculo histórico. Os voos pro-gramados na base dos pacotes turísticos oferecidos pela LAMTOURS têm sido cada vez mais procurados, de maneira que não podemos ser precisos em relação ao núme-ro de pessoas que vamos transportar du-rante a prova. Agora estamos preparados para efectuar voos especiais para as finais e disponibilizar meios para que os nossos clientes sigam a sua selecção preferida e acompanhem a grande festa do futebol.

O mercado da SADC tende a reer-guer-se da crise mundial, que contri-buiu para reduzir o número de voos na região. Até que ponto a Copa do Mundo poderá dinamizar o mercado de aviação e em particular Moçambi-que? Este campeonato é planetário e centra as atenções para o local onde decorre, neste caso a África Austral, onde se localiza a re-pública sul-africana.A movimentação que existe abrange outras nações da região. Há vários voos que tra-zem os adeptos de cada selecção, os afic-cionados pelo futebol e turistas não só para assistir os jogos como também para conhe-cer a África Subsariana e passar alguns dias por aqui. É natural que pretendam

viajar para outros países como é o caso do nosso, o que na verdade dá uma dinâmica ao ramo da aviação, quando se deslocam via aérea. Falamos dos nossos voos espe-cíficos para todos os que queiram assistir aos jogos do Mundial e voltar no mesmo dia, o que se enquadra nesta nova oportu-nidade que o Mundial proporciona.Acreditamos que o Campeonato está a servir de oportunidade para divulgar as potencialidades da SADC. Como tal, mes-mo depois da competição continuaremos a receber turistas.

A LAM vem praticando, desde Feve-reiro, um desconto de 30 por cento nas passagens domésticas e regio-nais. O mesmo irá finalizar ou con-tinuar para além da Copa do Mun-do? A LAM iniciou este ano com várias ofer-tas, nas quais se enquadra a redução das suas tarifas em 30% no mercado domésti-co e regional e que terminou no dia 30 de Maio, tendo sido seguida pelo lançamento de outra grande oferta que, a partir de 1 de Junho até 30 de Novembro, dá a oportuni-dade a todos clientes de concorrer a uma viatura Wolkswagen-Eos descapotável, a zero quilómetros, para além de outros va-liosos prémios, como TV LCD, AC e pas-sagens aéreas grátis. Todos estes brindes inserem-se na comemoração dos 30 anos desta companhia de bandeira nacional, os quais foram assinalados no dia 14 de Maio. Esta é a nossa forma de reconhecer e agra-decer a fidelidade que os nossos “Clientes Amigos” manifestam ao longo das três dé-cadas em que existimos. n

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Revista Capital26

Sérgio Mabombo(texto) . Luís Muianga (fotos)

Os preços a que os jogadores moçambica-nos são colocados no mercado internacional são baixos e não correspondem ao potencial que possuem, segundo a observação de Ar-tur Semedo, treinador da Liga Muçulmana.

Semedo compreende a situação ao con-siderar que a limitada expressão do fute-bol moçambicano (a par de outros países africanos) obriga a que os agentes e clubes desportivos optem por colocar, a todo cus-to, os jogadores na montra internacional e fazer valer o seu potencial como única for-ma de vender. “Neste cenário, temos que vender ao desbarato,” afirmou o mesmo responsável.

As mais recentes contratações de joga-dores como a de Mexer, colocado no Sport-ing Clube de Portugal por um passe de 250 mil dólares (o equivalente a cerca de 8 mil-hões e 250 mil meticais) são vistas como uma “pechincha” nos meandros desportivos nacionais. Mas Mexer está consciente de que só com o evoluir do tempo na alta-roda

do futebol europeu é que poderá atingir o patamar de Simão Mathe, que se encontra actualmente de pedra e cal no Panathinai-kos (Grécia). Aquando da saída de Mathe do Ferroviário de Maputo para o clube grego em 2007, muito poucos acreditavam que a cláusula de rescisão do seu contrato – que está previsto durar até 2012 - viesse a fixar-se em 25 milhões de euros. O facto repre-senta a preocupação do Panathinaikos em conservar consigo o futebolista moçambi-cano, que constou da lista dos dez melhores estreantes da Liga dos Campeões Europeus edição 2009, segundo a UEFA.

Por sua vez, Dominguez, cujo passe só ficou valorizado recentemente pelo facto do jogador estar a evoluir positivamente no competitivo futebol sul-africano, viu o Sundowns a pagar ao seu anterior clube, o Supersport United três milhões de rands no ano passado (o que corresponde a cerca de 13 milhões e 800 mil meticais) para contar com ele no seu plantel. Actualmente, o joga-dor vê com orgulho o facto do seu passe ter ascendido a 4 milhões de randes (cerca de

18 milhões e 400 meticais).A valorização do passe do jogador no

desporto-rei sul-africano permite que o Desportivo de Maputo (considerado a maior escola de jogadores no país) tenha tido direito à fatia de 25 por cento do valor da transferência.

Como que a confirmar a estratégia de pro-jectar os atletas através de grandes jogos, Shafi Sidat, empresário de Mexer colocou de lado uma proposta do clube Portimonense, da primeira liga portuguesa, com a esper-ança de que o jogo Portugal-Moçambique possibilite um melhor contrato ao atleta. “Provavelmente, Mexer pode fazer uma boa exibição e mudar a opinião de todo o mundo porque este jogo será uma montra,” referiu o empresário do jogador.

Por outro lado, a questão infraestrutural vem merecendo comentários pouco fa-voráveis por parte dos analistas desporti-vos, depois do atraso registado nas obras do Estádio Nacional. Se o investimento nesta área, que poderia impulsionar a formação de novos craques é insuficiente, o cenário

“Nossos craques valem muito mais”

DOSSIER I MUNDIAL 2010

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DOSSIER I MUNDIAL 2010

mostra-se pouco encorajador ainda quando Dominguez aponta, com alguma amargura, o desaparecimento de alguns campos (in-formais) nos bairros, locais onde deu os primeiros passos antes de abraçar a alta competição. Contudo, Dominguez aponta um cenário diferente em países como a Costa do Marfim, Gana e Nigéria onde a for-mação de jogadores, desde os campos infor-mais até aos oficiais, tem gerado um negócio altamente rentável. Por seu lado, Artur Se-medo encara a experiência como um modelo recomendável para Moçambique.

Dominguez será empresário imobiliário

Elias Gaspar Pelembe, ou simplesmente Dominguez, como é conhecido nos mean-dros futebolísticos, vem projectando investi-mentos na área imobiliária em Moçambique, numa primeira fase, e posteriormente na África do Sul. Entretanto, a apertada agenda do jogador derivada da exigente temporada futebolística na terra do rand, não permite que o projecto do ramo imobiliário ganhe a velocidade desejada.

O actual crescimento acentuado da con-strução de novos edifícios, que têm vindo a ser ocupados por empresas moçambicanas e internacionais, e procurando espaços de qualidade, motivou o craque a lançar-se na área imobiliária.

Segundo um estudo denominado “Africa Report”, que pormenoriza as alternativas de investimento no continente negro, Moçam-bique, Angola e África do Sul são apontados como os países que apresentam elevados atractivos na área imobiliária, facto que oferece certeza que o investimento do atleta na área poderá vir a ser promissor.

Na óptica do referido estudo, constituem atractivos de mercado para o caso particular de Moçambique, os centros comerciais ao nível do Maputo Shopping Center (avaliado em cerca de 32 milhões de dólares), os espa-ços localizados nas zonas residenciais, situa-dos no limite das cidades, e os espaços indus-triais recentemente construídos. Da pesquisa feita, Dominguez ter-se-á informado de que as rendas mensais, na capital moçambicana, variam entre os seis e os 12 dólares por metro quadrado, com os valores finais a terem em conta a idade do imóvel, dimensão do ter-reno e existência de infraestruturas como piscinas. Desta forma, o jogador e futuro em-presário imobiliário poderá arrendar as suas moradias em locais de referência a um preço médio de 2.500 dólares por mês, um negócio que se afigura à primeira vista sustentável, sobretudo depois de Dominguez ‘pendurar as chuteiras’.n

«Dominguez, cujo passe

só ficou valorizado re-

centemente pelo facto do

jogador estar a evoluir

positivamente no competi-

tivo futebol sul-africano,

viu o Sundowns a pagar ao

seu anterior clube, o Super-

sport United três milhões

de rands no ano passado (o

que corresponde a cerca de

13 milhões e 800 mil metic-

ais) para contar com ele no

seu plantel. Actualmente,

o jogador vê com orgulho

o facto do seu passe ter

ascendido a 4 milhões de

randes (cerca de 18 milhões

e 400 meticais).»

“Nossos craques valem muito mais”

DR

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Revista Capital28

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Arssénia Sithoe (texto)

Mundial 2010, uma lição para o futuro

As entidades governamentais moçambi-canas que zelam pelo pelouro do desporto não consideram como perdido o que falhou para tornar o Mundial 2010 num evento rentável para o país, mas como uma ex-periência a ser levada para o futuro. Era expectável que jogos de preparação e adap-tação de algumas selecções de futebol para o Mundial fossem realizados em Moçambi-que, mais concretamente no Estádio Nacio-nal. Facto que não chegou a acontecer por-que as obras de construção do Estádio não foram concluídas a tempo. Aliás, a data de conclusão encontra-se prevista agora para o mês de Setembro.O director nacional dos Desportos, Iná-cio Bernardo, na sua abordagem sobre o assunto, referiu que se encontravam conscientes das dificuldades financeiras e estruturais inerentes ao processo. Era su-posto concluir as obras em tempo oportuno com vista a um melhor aproveitamento da Copa do Mundo, mas tal não foi possível. No entanto, nem tudo está perdido, pois de acordo com aquele dirigente estas infraes-truturas estarão prontas para futuros even-tos desportivos de nível internacional que Moçambique irá acolher, nomeadamente, os Jogos Africanos de 2011, o Mundial de Hóquei em Patins (a realizar em Junho de 2011) e os Jogos da CPLP, que terão lugar de 29 de Julho a 7 de Agosto deste ano.“O que não vai ser absorvido agora com o Mundial, ou o que será experiência agora, vai ser usado durante os jogos de 2011. Portanto, o país possui todas as condições para obter um aproveitamento, cada vez melhor, e será dimensionado com estas actividades de nível internacional que Moçambique terá em 2011. Estamos soss-egados quanto a isso”, garantiu Inácio Ber-nardo. Como forma de preparar os Jogos de 2011, deu-se o início das obras de construção da Aldeia Olímpica, uma infraestrutura que inclui uma piscina olímpica e 106 blocos de quatro andares com casas de tipo 3 orçadas em 140 milhões de dólares norte-america-nos, financiados pelo governo português.

Ao mesmo tempo, está a ser realizado um levantamento das necessidades de alguns campos e pavilhões desportivos de modo a se proceder à sua respectiva reabilitação.De referir que o facto de os Jogos Africanos de 2011 e os Jogos da CPLP serem realizados em Moçambique e da Copa do Mundo ser na vizinha África do Sul implicou grandes benefícios para o desporto moçambicano. Tomou-se consciência da necessidade de reabilitação que as infraestruturas locais careciam já há algum tempo, assim como da necessidade de construção de novas in-fraestruturas modernas, de acordo com os padrões internacionais.Nesse contexto, Inácio Bernardo frisou: “Quando aceitamos desenvolver estes jo-gos, estávamos conscientes não só do as-pecto desportivo, mas do aspecto relacio-nado com as infraestruturas. Que seria um momento importante para alavancarmos a qualidade das infraestruturas e de ade-quá-las àquilo que são as infraestruturas modernas e para termos uma Aldeia Olím-pica, capaz de albergar entre 6.500 e 7.000

atletas que estarão em Maputo durante esse período”.No que concerne ao sector hoteleiro e turís-tico, aquele dirigente acredita que o mo-vimento de pessoas será intenso e que a procura de hotéis será cada vez maior, prin-cipalmente na altura do Mundial e logo a seguir, durante os Jogos da CPLP. De modo a facilitar a mobilidade das pes-soas e dos bens, tanto em Moçambique como na África do Sul, o Gabinete M2010 procedeu a uma formação de taxistas como forma de prepará-los para o grande evento. O mesmo aconteceu com os artesãos que irão deslocar-se à África do Sul para vender as suas obras. Por outro lado, Inácio Bernardo acrescen-tou ainda que um grupo das Forças de De-fesa e Segurança moçambicano encontra-se a trabalhar directamente com a Polícia de Segurança sul-africana no que diz respeito à questão do controlo e da segurança, durante e após os jogos, em diversos campos e está-dios bem como nas próprias cidades onde se irão realizar os eventos desportivos.n

REPORTAGEM I MUNDIAL 2010

Page 29: Revista capital 30

29Revista Capital

REPORTAGEM I MUNDIAL 2010

Sergio Mabombo (texto)

O sector hoteleiro nacional já não encara o Mundial de Futebol na África do Sul como uma oportunidade de negócio, goradas que se encontram as expectativas criadas em torno daquele megaevento desportivo.O posicionamento coloca em dúvida o retor-no do investimento das 400 camas requi-sitadas pela FIFA no ano passado, no qual o sector hoteleiro respondeu de imediato. “Tenho muitas dúvidas de que haja algum hotel que actualmente possua reservas aceitáveis relacionadas com o Mundial”, avançou Kátia Comiche, directora da Resi-dencial Hoyo Hoyo.Por outro lado, o sector hoteleiro demons-tra pouco entusiasmo em relação aos actu-ais resultados das acções de promoção do “Destino Moçambique” no sentido de capi-talizar negócios através da dinâmica gerada pela Copa. As referidas acções incluem as recentes feiras de turismo de Nelspruit e de Indaba (realizada na cidade de Durban), na África do Sul; a de Madrid, em Espanha; a BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa) e a pro-jecção, a nível mundial, do filme “O Paraíso Perdido”, que aborda a revitalização do Par-que de Gorongosa.A reduzida renda de muitos turistas euro-peus que, hoje em dia, ocupam os hotéis do

sul do país obriga a que os mesmos passem a negociar a taxa diária de ocupação. Esta é uma tendência que se verifica na residencial Hoyo Hoyo, onde os seus utentes chegam a beneficiar de descontos na ordem dos 10 a 20 por cento.Segundo dados da Associação dos Hotéis do Sul de Moçambique (AHSM), o sector havia vendido, até Abril de 2010, acima de 52 mil quartos de um total de 74.206 disponíveis, facto que representa um crescimento assi-nalável. Contudo, representantes do sector garantem que o referido volume de vendas pouco se relaciona com a organização da Copa do Mundo de Futebol, ao passo que estudos de mercado revelam que a maior fatia dos turistas estrangeiros que acorrem à cidade de Maputo vêm sobretudo motivados pelos eventos e negócios. No caso particular da Residencial Hoyo Hoyo (Maputo), até ao início de Junho do presente ano, ainda não se verificara ne-nhuma reserva relacionada com o Mundial de Futebol. Apenas instituições públicas e privadas haviam marcado alojamento, sem relação de qualquer índole com a festa do futebol. Não obstante, alcançou-se 84 por cento de taxa de ocupação em Março do cor-rente ano. O governo entende que a tentativa de or-ganizar o CAN 2010 e de colher benefícios

do Mundial 2010 terá impulsionado a cons-trução de infraestruturas como o Estádio Nacional e o novo Aeroporto. Entretanto, a atitude dos empreendedores do sector hoteleiro é pouco conformista em relação aos benefícios prometidos, na medida em que “muito ficou por se fazer.” Muito re-centemente, o presidente da Associação dos Hotéis do Sul de Moçambique, Quessanias Matsombe, terá defendido num dos canais de televisão que seria necessário um maior investimento. “Se tivéssemos feito um pou-co mais a nível infraestrutural, pelo menos teríamos acolhido no país a selecção de Portugal”, garante o mesmo. Independentemente das falhas organizacio-nais, os hotéis do sul do país registam evolu-ções positivas face às taxas de ocupação, cap-tando segmentos de turistas não ligados ao Mundial. Nesta óptica, de um total de 74.206 quartos disponíveis foram vendidos para os referidos clientes 52.227 quartos a um preço médio de aproximadamente 87 dólares, en-tre Janeiro e Abril deste ano, e o total da taxa de ocupação cifrou-se em 1.943 por cento. Até Março deste ano, os hotéis Turismo, Southern Sun e Hoyo-Hoyo foram os locais de alojamento que apresentaram os índices de ocupação mais elevados, cifrando-se os mesmos em 87, 83.73 e 84 por cento, respec-tivamente. n

Hotéis descartam Mundial como oportunidade de negócio

Taxa de ocupação dos hotéis durante o 1.° trimestre de 2010

HOYOHOYO

Quartos disponíveis

1.147

322

184

Janeiro

Fevereiro

Março

Quartos vendidos

673

714

959

PrecoMedio

1176USD

Taxa deOcupacao

59%

69%

84%

1271USD

1215USD

TURISMO

Quartos disponíveis

5.115

4.536

5.053

Janeiro

Fevereiro

Março

Quartos vendidos

2.583

3.016

4.407

PrecoMedio

1.356USD

Taxa deOcupacao

50.50%

66.40%

87.20%

1.299USD

1.386USD

AvENIDA

Quartos disponíveis

4.030

4.452

4.929

Janeiro

Fevereiro

Março

Quartos vendidos

1.209

2.226

2.513

PrecoMedio

167USD

Taxa deOcupacao

50%

51%

51%

161USD

166USD

S. SUN

Quartos disponíveis

4.898

4.424

4.898

Janeiro

Fevereiro

Março

Quartos vendidos

2.992

3.457

4.101

PrecoMedio

4.721.06USD

Taxa deOcupacao

61%

78.14%

83.73%

4.872.50USD

5.242USD

POLANA

Quartos disponíveis

1.240

1.120

1.240

Janeiro

Fevereiro

Março

Quartos vendidos

477

505

623

PrecoMedio

4.416.90USD

Taxa deOcupacao

38%

33%

50%

4.583.35USD

4.338USD

GIRASSOL

Quartos disponíveis

1.054

952

1.054

Janeiro

Fevereiro

Março

Quartos vendidos

62

710

719

PrecoMedio

2.620.43USD

Taxa deOcupacao

73.69%

75%

75%

3.708USD

3.264USD

TIvOLI

Quartos disponíveis

2.232

2.016

2.232

Janeiro

Fevereiro

Março

Quartos vendidos

1.143

1.654

1.939

PrecoMedio

1.707.79USD

Taxa deOcupacao

51.21%

82.04%

80%

1.765.14USD

1.699USD Fonte: AHSM

Quartos disponíveis 74.206Quartos vendidos 52.227Preço médio 87.793 USDTaxa de ocupação 1943%

Total da taxa de ocupaçãodos hotéis até Abril de 2010

Page 30: Revista capital 30

Revista Capital30

Revista Capital30

REPORT I FOOTBALL wORLD CUP

2010 World Cup,a lesson for the future

Arssénia Sithoe (text)

The Mozambican government entities which manage the sports department do not con-sider a loss in whatever lacked to make the 2010 World Cup into a profitable event for the country, but as an experience for the fu-ture. It was expected that some preparation and adaptation games would take place in Mozambique at the National Stadium. This did not happen because the construction works were not concluded timeously. The conclusion date is foreseen for September.The National Director of Sports, Inácio Ber-nardo, in his approach to the matter, said that he was aware of the financial and struc-tural difficulties concerning the process. The construction works were supposed to have been concluded in time to enable us to take better advantage of the World Cup, but unfortunately this was not possible. Mean-while not all is lost, and according to the Director these infrastructures will be ready for future international sport events which will be hosted in Mozambique, namely The 2011 African Games, The Hockey World Cup (to take place in June 2011) and the CPSC- Community of Portuguese Speaking Countries games which will be held from 29th July to 7th August this year.«Whatever advantage we did not profit now

from the World Cup, and whatever experi-ence we have encountered , will be used throughout the 2011 games. Therefore, the country has all the conditions to take good advantage, and this will be proved at these international activities in Mozambique in 2011. «We feel quite at ease about that» said Inácio Bernardo.In preparation for the 2011 Games we have started the construction works of an Olym-pic village, an infrastructure which includes an Olympic swimming pool and 106 four storey blocks with type 3 houses estimated in 140 million us dollars, financed by the Portuguese government. At the same time, we are looking into the state in which some sport fields and pavilions are found, in or-der to proceed to rehabilitate them accord-ingly. The fact that the 2011 African Games and the Community of Portuguese Speaking Countries games will be held in Mozam-bique and that the Wold Cup is being held in our neighbor South Africa has brought great benefits to the Mozambican sport. We be-came aware of the need to rehabilitate the local infrastructures, as well as the need to build new and modern ones of international standards. In this context Inácio Bernardo emphasized: «When we accepted to host these games we were aware not only of the

sport related matters, but also those relat-ing to infrastructure. We knew that this would be an important opportunity for us to improve the quality of the existing in-frastructures to make them adequate and modern in order for us to have an Olympic Village capable of lodging between 6.500 and 7.000 athletes».

As for the hotel and tourism sectors, the Director believes that there will be an enor-mous turnover of people and the search for hotels will be immense , mainly at the time of the World Cup and right after it, during the CPSC games.

In order to facilitate the mobility of the peo-ple and their goods, both in Mozambique and in South Africa, the M2010 Cabinet proceeded to the training of taxi-drivers in order to prepare them for the big event. The same applied to the artisans who will be going to South Africa to sell their arts and crafts.

On the other hand, Inácio Bernardo added that a group of Defense Forces and Mozam-bican Security is working directly with the South African Security Police Force in what concerns security control, during and after the matches in several fields and stadia, as well as in the towns where the events are taking place. n

Page 31: Revista capital 30

31Revista Capital

REPORT I FOOTBALL wORLD CUP

2010 World Cup,a lesson for the future

Hotels discard the World Cup as a business opportunity

Occupational rate of hotels during the first term of 2010

HOYOHOYO

Available rooms

1.147

322

184

January

February

March

Rented rooms

673

714

959

Avaragerate

1176USD

Occupational

rate

59%

69%

84%

1271USD

1215USD

TURISMO

Available rooms

5.115

4.536

5.053

January

February

March

Rented rooms

2.583

3.016

4.407

Avaragerate

1.356USD

Occupational

rate

50.50%

66.40%

87.20%

1.299USD

1.386USD

AvENIDA

Available rooms

4.030

4.452

4.929

January

February

March

Rented rooms

1.209

2.226

2.513

Avaragerate

167USD

Occupational

rate

50%

51%

51%

161USD

166USD

S. SUN

Available rooms

4.898

4.424

4.898

January

February

March

Rented rooms

2.992

3.457

4.101

Avaragerate

4.721.06USD

Occupationalrate

61%

78.14%

83.73%

4.872.50USD

5.242USD

POLANA

Availbale rooms

1.240

1.120

1.240

January

February

March

Rented rooms

477

505

623

Avaragerate

4.416.90USD

Occupational

rate

38%

33%

50%

4.583.35USD

4.338USD

GIRASSOL

Available rooms

1.054

952

1.054

January

February

March

Rented rooms

62

710

719

Avaragerate

2.620.43USD

Occupationalrate

73.69%

75%

75%

3.708USD

3.264USD

TIvOLI

Available rooms

2.232

2.016

2.232

January

February

March

Rented rooms

1.143

1.654

1.939

Avaragerate

1.707.79USD

Occupational

rate

51.21%

82.04%

80%

1.765.14USD

1.699USD Source: AHSM

Available rooms 74.206Rented rooms 52.227Avarage rate 87.793 USDOccupational rate 1943%

Total occupational rate of hotels up to April 2010

Sérgio Mabombo (text)

The national hotel sector does not consider the Football World Cup in South Africa a business opportunity, failing the expecta-tions around that sporting mega-event.The status makes us doubt about the return of the investment of the 400 beds requested by FIFA last year, to which the hotel sec-tor replied immediately. «I frankly doubt that there is a hotel which has presently adequate bookings relating to the World Cup», added Kátia Comiche, Director of Hoyo Hoyo Residential. On the other hand the hotel sector is show-ing very little enthusiasm in relation to the present results of the promotion efforts by «Destino Moçambique» with the view of obtaining business through the World Cup. These efforts include the recent Tourism Fair in Nelspruit and the Indaba (held in Durban), in South Africa; the Fair in Madrid in Spain; the BTL (Lisbon´s Tourism Trade Fair and the projection, at world-wide lev-el, of the movie «Last Paradise» which fo-cuses on the subject of revitalization of the Gorongosa Park. The restricted income of many European tourists who presently occupy the hotels in

the south of the country forces them to ne-gotiate their daily tariffs. This is a trend ver-ified at the Hoyo Hoyo Residential, where its clients are benefiting from discounts up to 10-20 percent.According to data supplied by the Southern Mozambique Hotel Association (SMHA) the sector had rended, until April 2010, beyond 52 thousand rooms of a total of 74.206 rooms available, a fact which rep-resents a remarkable growth. However, representatives of the sector guarantee that the said volume in sales has little to do with the World Cup organization, while market studies reveal that the largest portion of foreign tourists which come to Maputo are motivated by business.In the case of the Hoyo Hoyo Residential (Maputo) particularly, up to the beginning of June of the current year, there were still no reservations related to the World Cup. Reservations were made only by public and private institutions, but not linked to the any football event. Nonetheless in March of the current year it reached 84% of the oc-cupational rate. The government understands that the at-tempt to organize the 2010 CAN and that of sowing the benefits of the 2010 World Cup

impelled the construction of infrastructures such as the National Stadium and the new Airport. In the meantime, the attitude of the entrepreneurs of the hotel sector is not very conformist in relation to the promised ben-efits, due to the fact that «there is still a lot to be done». Recently the President of the Southern Mozambique Hotels Association, Quessanias Mtsombe, said in one of the TV stations that a greater investment had been needed. «Had we done a bit more at an in-frastructural level, we could at least have hosted the Portuguese team».

Apart from the organizational shortcom-ings, the hotels in the southern part of the country registered positive development in view of the occupational rates, having picked up tourists which were not linked to the World Cup. In this perspective, of a to-tal of 74.206 available rooms 52.227 were rented to the said clients at an approximate rate of US$87, between January and April of the current year, and the total of the oc-cupational rate was 1.943 percent.

Up to March 2010, Hotel Turismo, South-ern Sun and Hoyo-Hoyo presented the highest level of occupation, summing up to 87, 83.73 and 84 percent respectively. n

Page 32: Revista capital 30

Revista Capital32

COMUNIDADES I CHINA

Angola 894,012.55 60,251.26 833,761.29 168.80 -36.20 250.10 331,598.17

Brasil 1,505,113.35 617,521.13 887,592.22 67.80 95.10 52.90 906,111.43

Cabo Verde 812.95 812.95 0.00 45.10 45.10 0.00 560.45

Guiné-Bissau 473.88 334.88 139.00 41.50 2.60 1,508.80 334.89

Moçambique 18,524.16 14,349.02 4,175.14 71.70 52.90 197.50 10,780.43

Portugal 88,976.00 68,720.31 20,255.69 33.80 24.30 80.60 66,431.28

Timor-Leste 931.75 921.84 9.91 123.20 121.10 2,783.00 412.79

São Tomé e Príncipe 77.21 77.21 0.00 21.60 21.60 0.00 63.49

Total 2,508,921.85 762,988.60 1,745,933.25 90.61 59.99 108.00 1,316,292.93

Unidade: 10 mil de USD

País Volume das Trocas

Comerciais Exportações da China

Importações da China

variação%

Total Exportações da China

Importações da China

Volume das Trocas

Comerciais de Janeiro a Abril

de 2009

de Janeiro a Abril de 2010

volume das Trocas Comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa de Janeiro a Abril de 2010 volume das Trocas Comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa de Janeiro a Dezembro de 2009

Pela dimensão da economia chinesa, os investimentos oriundos deste país encon-tram-se espalhados por quase todo o mun-do. Na sequência, são criadas e estabeleci-das relações socioeconómicas entre a China e diversos países. Os oito estados-membros da Comunidade de Países da Língua Por-tuguesa (CPLP) não fogem à regra e todos eles fazem parte do grupo de parceiros co-merciais deste gigante asiático.

O ranking das trocas comerciais entre a China e a CPLP é liderado pelo Brasil, com o qual atingiu, em 2009, um volume de trocas avaliado em pouco mais de 4 mil milhões de dólares. Nesta lista, o Brasil é seguido de Angola, com um volume de tro-cas comerciais, também expressivo, esti-mado, no ano passado, em cerca de 1.7 mil milhões de dólares. Este volume confere a Angola a posição de maior parceiro comer-cial da China, a nível dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP´s) .

Trocas comerciais com a CPLP

De acordo com as estatísticas dos Servi-ços da Alfândega da China, publicados na página do “Fórum China e Países da Língua Portuguesa”, as trocas comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa, de Janeiro a Abril de 2010, atingiram 25.089 milhões de dólares, um aumento de 11.926 milhões de dólares e um acréscimo de 91%, face ao mesmo período de 2009. As impor-tações da China feitas aos países-membros da CPLP somaram 17.459 milhões de dóla-res, um aumento de 108% face ao mesmo período de 2009. Enquanto as exportações da China para os países da CPLP somaram 7.630 milhões de dólares, um aumento de 60%, face ao mesmo período de 2009.

Na sequência, as trocas comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa, em Abril de 2010, atingiram 7.807 milhões de dólares, um aumento de 1.225 milhões

de dólares e um acréscimo de 19%, face ao mês anterior. As importações da China aos Países de Língua Portuguesa em Abril totali-zaram 5.619 milhões de dólares, um aumen-to de 17% face ao mês anterior, enquanto as exportações da China para os Países de Lín-gua Portuguesa totalizaram 2.188 milhões de dólares, um aumento de 22%, face ao mês anterior.

Contudo, se comparado com 2008, o ano de 2009 não foi muito positivo, na medida em que o volume total das exportações e importações, entre a CPLP e a China, regis-tou uma redução avaliada em cerca de 1.5 mil milhões de dólares. Este decréscimo foi influenciado, sobretudo, pela diminuição das trocas comerciais com o Brasil, Angola e Portugal. De entre eles, que são os maio-res parceiros comerciais da China a nível da CPLP, destaca-se a queda, nas trocas comer-ciais, de Angola, calculada em 32,6%. Estas cifras constituem reflexo dos efeitos da crise

China afirma-se na lusofoniaA economia chinesa é uma das mais estáveis do mundo e a sua robustez consubstancia-se, em certa medida, no estabelecimento e incremento de relações comerciais com parceiros es-tratégicos em todos os quadrantes do planeta. Neste contexto, os laços económicos entre os falantes do mandarim e os da língua portuguesa têm vindo a ganhar solidez e expressividade, devido à evolução das trocas comerciais nos últimos anos.

Page 33: Revista capital 30

33Revista Capital

COMUNIDADES I CHINA

Angola 1,706,179.07 238,596.00 1,467,583.07 -32.60 -18.90 -34.40 2,531,144.32

Brasil 4,239,950.08 1,411,851.83 2,828,098.25 -12.90 -24.90 -5.30 4,857,305.33

Cabo Verde 3,540.52 3,540.50 0.02 136.80 136.80 0.00 1,326.59

Guiné-Bissau 2,481.08 2,319.36 161.72 235.80 277.30 30.10 737.10

Moçambique 51,668.82 33,913.38 17,755.44 22.50 14.60 41.00 41,432.68

Portugal 240,444.61 192,351.62 48,092.99 -11.10 -17.00 24.10 269,119.62

Timor-Leste 2,328.30 2,326.02 2.28 144.20 146.80 -78.60 925.00

São Tomé e Príncipe 220.22 219.79 0.43 15.60 16.40 -75.00 189.41

Total 6,246,812.70 1,885,118.50 4,361,694.20 -18.90 -22.43 -17.27 7,702,180.05

volume das Trocas Comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa de Janeiro a Abril de 2010 volume das Trocas Comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa de Janeiro a Dezembro de 2009

Unidade: 10 mil de USD

País Volume das Trocas

Comerciais Exportações da China

Importações da China

variação%

Total Exportações da China

Importações da China

Volume das Trocas Comer-ciais de Janeiro a Dezembro de

2008

De Janeiro a Dezembro de 2009

Fonte: Serviços da Alfândega da China

económica.Entre as principais comoditties que gera-

ram o actual volume de trocas comerciais entre a China e a CPLP constam, em pri-meiro plano, o petróleo brasileiro e angola-no. Por seu turno, a CPLP importa da China diversos produtos electrónicos, tecnologias de informação e comunicação, algumas matérias-primas e outros bens e serviços que pesam no actual volume de trocas.

Trocas comerciais com Moçambique

Moçambique não fica atrás nas trocas co-merciais com a China, situando-se logo a seguir aos três maiores parceiros comerciais daquele país asiático, a nível da lusofonia.

De 2008 para 2009, o volume de trocas entre a China e Moçambique aumentou na ordem dos 22,5%. Esta cifra traduziu-se num aumento estimado em pouco mais de 100 milhões de dólares. Do aumento, resul-tou um volume de trocas entre Moçambi-que e China, em 2009, estimado em pouco mais de meio bilião de dólares.

O ano de 2010 mostra-se igualmente pro-missor para os dois países, na medida em que só nos primeiros quatro meses do ano, o volume de trocas, se comparado com o mesmo período em 2009, registou um au-mento de 71,7%. n

China afirma-se na lusofonia

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Revista Capital34

Reflexões sobre acidentese Segurança Rodoviária (4)

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Revista Capital 35

CTA

35Revista Capital

Abordámos nas edições anteriores os principais factores que determinam os acidentes de viação, nome-adamente o factor humano, o factor ambiental, o factor “veículo” e o factor “peão na via pública”. Chega agora o momento de iniciarmos a identificação de medidas que, a serem tomadas, poderão diminuir signi-ficativamente a ocorrência de um ainda maior número de acidentes nas estradas moçambicanas.Começaremos por aquelas que pensamos deverão ser desencadeadas pelos poderes públicos e no próximo número concluiremos com as que dirão respeito ao sector privado que é o principal utilizador das vias de comunicação e parte directamente interessada na diminuição da sinistralidade rodoviária.

Lourenço Gadaga, economista

Medidas a implementar

Responsabilidade das Autoridades

Os intervenientes no sistema de transporte de passageiros devem interagir no sentido de abraçar medidas enérgicas preventivas, disciplinares e judiciais, caso for necessário para tal, assim:

a) As entidades competentes (o INAV, a ANE, a DNTS) devem incentivar a criação de serviços no âmbito dos sistemas de ges-tão de rotas de modo a diminuir a necessi-dade de manter linhas com características de operação tão amplas e em condições, muitas vezes, inadequadas, tanto para o operador (veículo de transportes de passa-geiros de longo curso sem serviço de apoio, (parques de descanso ao longo da via).

b) A ANE deve considerar a criação de bri-gadas de manutenção de estradas ao longo das vias particularmente na EN1.

c) Os agentes de fiscalização (a PT e o INAV) de transportes, nacional e interna-cional, além de manterem e considerarem estatísticas relativas a acidentes, devem encontrar mecanismos de atendimento a acidentados no tráfego, cadastrando e uti-

lizando instalações (com infra-estruturas de apoio ao transporte rodoviário - parques de descanso) ao longo de algumas rodovias chave (EN1 e outras vias Provinciais).

d) Incentivar o sector privado, onde e quando necessário, na gestão de projectos destinados a terminais rodoviários e pontos de paragens de passageiros, portanto termi-nais com instalações e serviços específicos destinados ao atendimento dos utentes, tanto tripulantes com passageiros.

e) Os administradores dos terminais (Pri-vados, Administrações e/ou Municípios) devem avaliar a possibilidade de cobrar das empresas operadoras, segundo o número de veículos que utilizam no local, alguma quota destinada à manutenção de (estra-das) infra-estruturas.

f) O projecto de sinalização rodoviária deve ser parte integrante do projecto de en-genharia dos equipamentos de apoio rodo-viário ao longo das vias acompanhado de in-formações sobre a segurança dos usuários, isto é, a tripulação e a população em geral.

g) Compilação e divulgação dos dados es-tatísticos completos e discriminados acerca das operações de segurança rodoviárias.

h) O reconhecimento que a responsabili-dade pela sinistralidade rodoviária não se

esgota na acção infractora dos utentes das vias, deve ser claramente assumida pelos gestores políticos e técnicos (INAV) pela construção e manutenção de regulamentos e normas rodoviárias, nomeadamente:

• A revisão dos pressupostos formativos da instrução de condução;

• Os pressupostos técnicos do exame de condução;

• A melhoria do nível técnico dos exami-nadores em matérias de aprendizagem perceptiva;

• Prevenção rodoviária, técnicas de con-dução defensiva e condução avançada;

• Criar um programa nacional de aper-feiçoamento (Escolas) de condução segun-do metodologia de condução pró-activa.

i) O INAV deve manter o banco de dados sobre infracções cometidas por cada um dos condutores, a todos os níveis, envolvidos nos acidentes ao longo dos tempos, classifi-cando em graus de culpabilidade mediante os relatórios dos agentes de fiscalização so-bre as ocorrências.

j) Garantir a efectivação das Inspecções periódicas e fiscalização a veículos, a todos níveis, desde que circulem na via pública. n

(continua)

Reflexões sobre acidentese Segurança Rodoviária (4)

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Revista Capital36

TURISMO I INDABA

Moçambique: um dos destinos mais procurados pelos sul-africanos Moçambique, mais uma vez, fez-se representar na maior feira de turismo do continente africano, INDA-BA, trazendo para o mer-cado uma variedade de produtos distintos, combi-nações perfeitas de Praia e vida Selvagem bem como algumas novidades em termos de infraestruturas turísticas. A presença do país no evento foi distin-ta, facto que despertou a atenção dos media inter-nacional para mais uma vez, elegê-lo como um dos principais destinos turísti-cos do continente africa-no.

Iva Garrido (texto)

Contrariamente ao ano passado, o stand de Moçambique em INDABA teve um au-mento de módulos de 17 para 22, com 16 representações na categoria de alojamen-to, quatro agências de viagens, apenas uma companhia aérea, e uma representação na categoria de Parques e Reservas. Da par-te institucional, estiveram representados quatro delegados do Ministério do Turis-mo, incluindo o Instituto Nacional do Tu-rismo e o Gabinete Técnico para o Mundial 2010. Pode-se ainda acrescentar a este número a presença destacada de algumas estâncias turísticas, nomeadamente Barra Lodge, Hotel Dona Ana (do Grupo RANI) e o Great Limpopo Transfronterier Park em espaços exclusivos, aumentando niti-damente a visibilidade do país na área da feira.

O tema escolhido para este ano foi a com-

binação ‘Praia e Vida Selvagem’, com exal-tação para uma das grandes particularida-des de Moçambique, as costas virgens e as águas límpidas e quentes, que constituem um diferencial na zona da África Austral. O mergulho como um dos principais atracti-vos foi representado pela exibição de uma baleia no centro do stand moçambicano, consolidando a premissa de que Moçambi-que é de facto uma referência mundial no que diz respeito à actividade de mergulho.

Sem dúvida que o produto mais vendido durante a feira de INDABA foram as lindas e diferenciadas ilhas dos arquipélagos de Bazaruto e das Quirimbas. Contudo, existe uma tendência crescente para o aproveita-mento de outras áreas mais a sul do territó-rio, escolhidas por grupos de turistas mais orientados para o turismo responsável.

Outro destaque foi, sem dúvida, o Parque Nacional da Gorongosa, que mais uma vez se fez promover através do lançamento re-

gional do famoso filme Gorongosa, “O Pa-raíso perdido de África”, numa cerimónia apadrinhada pelo embaixador de Moçam-bique na África do Sul, Fernando Fazenda.

Na onda do Turismo responsável, a cul-tura tem sobressaído como uma das prin-cipais motivações do turista para a escolha do seu destino. Segundo Kátia Momade, directora de Marketing do INATUR, a ten-dência mundial na área de turismo está a crescer muito no sentido da promoção e da exaltação dos aspectos culturais de cada país. Sob esse ponto de vista, Moçambique apenas tem a ganhar promovendo a diver-sidade cultural que o caracteriza, e que se traduz na arquitectura, gastronomia, mú-sica, linhagens e de forma mais acentuada na hospitalidade do povo moçambicano, conhecido mundialmente pela sua natural simpatia.

Como resposta a esta premissa, o INA-TUR, órgão do Ministério do Turismo res-

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TURISMO I INDABA

Moçambique: um dos destinos mais procurados pelos sul-africanos

Revista Capital 37

ponsável pela organização e produção da participação de Moçambique nas feiras de turismo internacionais, aproveitou a oca-sião para mostrar as particularidades da nossa cultura, enquanto fruto da influência árabe, portuguesa e bantu, trazendo para o stand uma mostra in loco da produção de jóias feitas de prata, uma antiga tradição do Norte, e para animar a festa um espectácu-lo de danças típicas e ritmos tradicionais.

No que se refere à área dos transportes, a LAM (Linhas Aéreas de Moçambique), única companhia aérea representada no evento, garante que 2010 será um ano do retorno a novas rotas e concerteza de inau-guração de outras. Torna-se importante recordar que um dos grandes desafios no sector do turismo é o aumento dos voos di-rectos para Moçambique, evitando escalas intermináveis - um dos principais cons-trangimentos para os turistas.

A título de curiosidade, Moçambique par-

ticipa, anualmente, em mais de 10 feiras internacionais de turismo, acção que tem contribuído em larga escala para a sua pro-moção a nível internacional.

mundial 2010Em 2007, foi aprovada a formação do

gabinete técnico para o Mundial 2010 (GTM2010), que tem por objectivos fa-zer do Mundial uma oportunidade para divulgar a imagem positiva e prestigiante do país, colocando-o no mapa do turismo mundial; adoptar medidas estratégicas que facilitem o acesso às oportunidades de emprego, promoção de turismo, dinamiza-ção da indústria e comércio e implantação de infra-estruturas, e ainda atrair investi-mentos para várias áreas socioeconómicas que se revelam justificáveis por parte do Estado moçambicano.

Dentro das prioridades do gabinete, destacam-se as campanhas de marketing, iniciadas em 2008, com vista a promover o produto turístico moçambicano junto aos principais países emissores de turistas, com destaque para a África do Sul, o maior provedor de turistas do país.

Segundo Isabel Macie, secretária execu-tiva do Gabinete, os esforços de marketing objectivando o Mundial de 2010, tiveram início em 2008 e continuarão a ser realiza-dos durante a Copa nas principais localida-des do país e nas províncias sul-africanas que acolheram o Mundial de 2010.

Entre as acções de marketing planea-das, nomeiam-se a participação em feiras especializadas, distribuição alargada de material promocional - com o apoio das re-presentações diplomáticas - programas de relações públicas implementados pelas re-presentações de turismo moçambicano na Alemanha e China, o Projecto Nacional do Bem Servir lançado oficialmente em De-zembro de 2009, que abrange as áreas de educação, saúde, transportes e segurança pública e especificamente para o Mundial serão organizados road shows e pontos de vendas nas principais capitais acolhedoras do evento na vizinha África do Sul.

«Procuramos estabelecer uma estratégia pró-activa para o mercado sul-africano, identificando outros segmentos de poten-

ciais turistas para nosso país, alocando-os mais para a zona norte em detrimento da zona sul, bastante concorrida por turistas das áreas vizinhas», referiu Macie.

Falando sobre as expectativas para o 2010, Macie afirmou que apesar das tendências mundiais indicarem que o índice de pene-tração de turistas irá permanecer o mesmo que em 2009, devido à crise financeira que abalou profundamente o sector do turismo, espera-se um aumento considerável da Áfri-ca do Sul e de Portugal, como consequência do megaevento desportivo Mundial de Fute-bol.

Em tom explicativo, chamou a atenção para o facto de em países anfitriões de grandes eventos, as populações locais normalmente se refugiarem em países vizinhos. Tendo em conta esta premissa, acredita-se que alguns turistas sul-africanos vão atravessar a fron-teira em busca de tranquilidade em Moçam-bique e demais países vizinhos. E nessa estei-ra de pensamento, Moçambique destaca-se entre os países vizinhos pela sua temperatu-ra amena e pela sua beleza natural.

Acredita-se que as estimativas iniciais de entradas em Moçambique durante o Mun-dial diminuíram em mais de 50%, por conta dos efeitos da crise financeira mundial. No entanto, o Mundial será uma oportunidade única para expor a Marca Moçambique pe-rante o mundo e concerteza colocar o país no Mapa Turismo Mundial.

«Beneficiamos em muito de estarmos loca-lizados junto à África do Sul. Aumentamos desta forma a nossa fatia do mercado, atra-vés das combinações de produtos. A maior parte dos produtos sul-africanos são di-ficilmente vendáveis por si só. Aliados às nossas belas e quentes praias, pode-se com-pletar a oferta, concluiu Kátia Momade.

Em traços largos, o sector do turismo

cresceu 2.6% nos últimos dois anos e gerou em 2009 uma receita em torno dos 195.5 milhões de dólares americanos.

O governo moçambicano considera que 2010 será um ano de retoma de investi-mentos na área turística e prevê-se um investimento de cerca de um bilião de dólares americanos em megaprojectos, a serem implementados só na zona norte do país. n

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Revista Capital38

TURISMO I INDABA

INDABA, a maior feira de Turismo de África, decorreu entre os dias 8 e 11 de Maio, na vizinha cidade sul-africana de Durban. Participaram aproximadamente 1.725 ex-positores, representando vários países. Com um total de 12 mil pessoas envolvidas na fei-ra e um aumento de 7% na lista dos visitan-tes, a feira gerou uma receita na economia local de cerca de 260 milhões de rands.

A Feira de INDABA é o terceiro evento mais visitado na África do Sul, e é conside-rada como sendo uma das maiores acções de marketing turístico em África. Idealiza-da pelas autoridades nacionais do turismo da África do Sul e organizada pela empresa KAGISO, este evento tem promovido o pro-duto africano para milhares de buyers de todo mundo, atraindo visitantes estrangei-ros e chamando a atenção dos média inter-nacionais.

A cerimónia de abertura contou com a presença do Chefe-de-Estado sul-africano, Jacob Zuma, que a intitulou como INDA-BA DA COPA MUNDIAL DE 2010, dando a esta edição da feira um valor adicional e a responsabilidade de transmitir ao mundo a certeza de que a África do Sul está pronta para o Mundial 2010.

Durante a cerimónia de abertura da Feira, Jacob Zuma afirmou: “O Mundial de Fute-bol irá alterar para sempre a percepção que o mundo tem da África do Sul”, um evento para o qual são esperados 350 mil visitantes estrangeiros. Zuma destacou ain-da o avultado investimento de cerca de 10.9 mil milhões de dólares em obras feitas em novos estádios, aeroportos, revitalização das

infraestruturas rodoviárias, que resultou na geração mais de 3.6 milhões de empregos.

No decorrer da feira, todas a atenções es-tiveram voltadas para a promoção do Mun-dial 2010, que terá início a 11 de Junho de 2010. Esperam-se aproximadamente 350

mil visitantes durante os 30 dias do Mun-dial, dados que não conferem com a estima-tiva inicial, e que de certa forma desanima-ram alguns dos sul-africanos. Acerca desta redução, ThandiweJanuary-McLean, o CEO do Turismo sul-africano, afirmou que mes-mo assim esta será uma oportunidade única para o país sul-africano, pois além dos visi-tantes, espera-se atrair a atenção de 25 a 26 biliões de telespectadores que irão acompa-nhar a par e passo o Mundial.

«Esperámos décadas que o Campeonato do Mundo viesse para África. Estamos a preparar-nos há seis anos. O nosso país e a sua indústria turística estão prontos. Es-tamos já a olhar para além do campeonato do mundo, para a capitalização futura do evento», acrescentou Mclean.

Dados da Organização Mundial do Turis-mo confirmam que África foi o continente com maior inbound de turistas no último ano, principalmente na região da África subsariana, onde a expectativa é maior de-vido ao Mundial de Futebol. Já a Europa foi o continente mais afectado pela crise eco-nómica, com uma queda de 5,6%, em 2009. Como forma de ultrapassar as dificuldades, países como o Brasil, Espanha e China vira-ram as suas apostas para o mercado inter-no, diminuindo assim o impacto do índice negativo de entradas internacionais.

No que diz respeito ao país anfitrião da Copa do Mundo de Futebol, recebeu cerca de 9.9 milhões de turistas, em 2009, e es-pera transpor a fasquia dos 10 milhões, em 2010. n

Iva Garrido

Yes, we are ready!

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Revista Capital 41

GESTÃO E CONTABILIDADE I ERNST & yOUNG

Responsabilidade Social Empresarial Um olhar sobre a Ética Empresarial

A necessidade de se determinar quais são os comportamentos e atitudes adequados para a vida e para a boa

convivência colectiva, tornou-se uma cons-tante preocupação em todas as sociedades, culturas e civilizações ao longo da história da humanidade. Por outro lado, o actual momento em que as sociedades modernas vivem, a chamada era do “pós - Enron” tem alimentado acesos debates sobre a ética, nas empresas, universidades, órgãos públicos, organizações não governamentais e meios de comunicação social.

ÉticaO termo ética, que é originário directo do

latim ethica, e indirecto do grego ethiké, tem seus fundamentos na filosofia, que estuda, compreende (interpreta) e procura explicar as realidades manifestas e aparentes do ser humano na sociedade, principalmente atra-vés da axiologia, como o estudo dos valores humanos, também entendidos por juízos morais (WIKIPÉDIA, 2007).

Ética empresarial A ética empresarial, aparece como um

termo mais restrito, que procura tratar da relação entre as empresas públicas, priva-das ou mistas (comportamento interactivo), com todos os demais segmentos que estão no seu campo de acção: trabalhadores e ges-tores, fornecedores, clientes, proprietários e investidores, ambientalistas, competidores, defensores, organizações das comunidades locais, governo e imprensa e comentadores académicos.

De acordo com o Instituto Ethos do Brasil, apesar de a expressão Responsabilidade So-cial Empresarial (RSE) ser frequentemente mais usada na literatura sobre gestão do que na literatura sobre ética dos negócios, a ética se apresenta como a base da Res-ponsabilidade social, e está expressa nos princípios e valores adoptados por uma or-

Félix Sengo *

«O actual momento em que as sociedades moder-nas vivem – a chamada era do “pós-Enron” – é marcado por uma maior fiscalização e exigência da sociedade com a re-lação às organizações. Questionam-se os valores e princípios centrais que têm norteado as activi-dades das organizações modernas, bem como das suas relações e seu papel na sociedade.A cultura e ética empre-

sarial tornaram-se assun-tos de destaque. A trans-parência nos princípios organizacionais e a condu-ta socialmente responsável tornam-se mais do que di-ferenciais, factores deter-minantes de sobrevivência das organizações no mer-cado para a manutenção de uma imagem institu-cional positiva.missão das organizações.»

ganização. Não há responsabilidade social sem a ética nos negócios. Não adianta, por exemplo, uma empresa pagar mal aos seus trabalhadores, corromper a área de com-pras de bens e serviços dos seus clientes, pagar subornos/luvas aos inspectores fis-cais das entidades governamentais, sonegar impostos e, ao mesmo tempo, desenvolver programas relevantes para as entidades sociais da comunidade em que se encontra inserida. Essa postura não condiz com uma organização que quer seguir o caminho de responsabilidade social - é importante man-ter a coerência entre o discurso e a acção.

Como implementarum programa de Éticaempresarial?

A implementação de um programa de éti-ca empresarial obedece três passos impor-tantes: (i) o primeiro passo é a criação de um código de ética com a participação de todos os trabalhadores a todos os níveis da organização. O código de ética constitui um instrumento importante para a comunica-ção dos valores, princípios e missão duma organização, tanto para os seus trabalhado-res como para todos os outros públicos com os quais se relaciona. Actua como meio de comunicação da filosofia organizacional e como orientador das acções dos trabalha-dores, da tomada de decisões pela alta ad-ministração e das relações da organização com os seus diversos públicos.

(ii) o segundo passo é a formação e divul-gação para a aceitação dos valores do códi-go – para que o código seja aderido efecti-vamente deve ser divulgado de cima para baixo e vice-versa. O acompanhamento do código de ética tem sido uma das principais dificuldades que as organizações enfrentam na sua implantação. Ele requer uma ava-liação e feedback periódicos para medir as mudanças no comportamento moral dos grupos alvos, e para evitar que ele se trans-forme num instrumento de controlo.

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GESTÃO E CONTABILIDADE I ERNST & yOUNG

«Contudo, adoptar um código de ética empresarial não significa simplesmente escrever uma série de tó-picos como mandamentos e distribuí-los aos traba-lhadores. É necessário que suas palavras reflictam os valores realmente pratica-dos a partir dos dirigentes para que seja interiorizado nos demais níveis da or-ganização. Isto porque o comportamento dos traba-lhadores da organização é em grande medida influen-ciado pelas determinações e exemplos que vêm de cima. Por outro lado, a adesão da alta direcção à pratica dos valores e princípios do código empresarial também não é, por si só, suficiente. Para moldar comportamen-tos e atitudes, é necessário que a empresa promova o diálogo sobre as questões éticas, além de acompanhar, avaliar, cobrar, recompen-sar e estimular. Mais do que isso, é necessário também entender que a organização é apenas um subsistema dentro da sociedade, e que a cultura organizacional também é parte da própria cultura da sociedade que a cerca»

(iii) o terceiro passo é punir os infractores para que sirvam de exemplo e divulgar as acções éticas bem sucedidas para ressaltar o que a organização considera positivo e espe-rado nas práticas e relações empresariais.

Conteúdo de um Códigode Ética Empresarial

De acordo com o Srour Robert Henry, no seu livro a Ética Empresarial, o Código de ética empresarial deve conter as seguintes questões básicas: (i) valores, missão e prin-cípios que delineiam a identificação duma organização; (ii) respeito às leis e à mora-lidade vigentes no país; (iii) transparência nos balanços e demonstrações financeiras aos sócios e accionistas e na comunicação com a sociedade; (iv) conflitos de interes-se entre a organização e seus stakeholders (partes interessadas); (v) responsabilidade social e respeito pelo meio ambiente; (vi) utilização de informações privilegiadas; (vii) diversidade e segurança no ambiente do trabalho; (viii) relacionamento com órgãos públicos, imprensa, clientes, trabalhadores, fornecedores, investidores, comunidade e concorrentes; (ix) implantação e complian-ce - isto é, o processo através do qual o có-digo de ética empresarial é disseminado e revisto, bem como formas de obter conse-lho e orientações a respeito do mesmo, pro-gramas de formação ético, etc..

Como implementaruma decisãono quadro do dilema ético?

Uma decisão só poderá ser implemen-tada se ela tiver como suporte: a verdade, a justiça, a moral, a honestidade e a lega-lidade. Esta avaliação deve ser feita tanto para questões que se levantam dentro das fronteiras da origem da própria organiza-ção, onde tem o conhecimento das formas de proceder, como para os assuntos que se levantam fora das suas fronteiras, onde a cultura, o comportamento, a moral, os usos e costumes, as normas legais são diferentes ou pouco conhecidas pela organização. Uma decisão ética deverá resultar de um conjun-to de perguntas e respostas tais como:

(i) A decisão a tomar: é verdadeira? - se não for, descarte a opção.(ii) A decisão a tomar é justa?- se não for, descarte a opção.

(iii) A decisão a tomar é moral?- se não for, descarte a opção. (iv) A decisão a tomar é honesta?- se não for, descarte a opção. (iv) A decisão a tomar é legal?- se não for, descarte a opção.

ConclusãoO actual momento em que as socieda-

des modernas vivem – a chamada era do “pós-Enron” – é marcado por uma maior fiscalização e exigência da sociedade com a relação às organizações. Questionam-se os valores e princípios centrais que têm norte-ado as actividades das organizações moder-nas, bem como das suas relações e seu papel na sociedade.

A cultura e ética empresarial tornaram-se assuntos de destaque. A transparência nos princípios organizacionais e a conduta so-cialmente responsável tornam-se mais do que diferenciais, factores determinantes de sobrevivência das organizações no mercado para a manutenção de uma imagem institu-cional positiva.

Neste contexto, o código de ética empre-sarial aparece como um importante ins-trumento para a comunicação dos valores, princípios, e missão das organizações.

Contudo, adoptar um código de ética empresarial não significa simplesmente escrever uma série de tópicos como man-damentos e distribuí-los aos trabalhadores. É necessário que suas palavras reflictam os valores realmente praticados a partir dos dirigentes para que seja interiorizado nos demais níveis da organização. Isto porque o comportamento dos trabalhadores da or-ganização é em grande medida influenciado pelas determinações e exemplos que vêm de cima. Por outro lado, a adesão da alta direcção à pratica dos valores e princípios do código empresarial também não é, por si só, suficiente. Para moldar comportamen-tos e atitudes, é necessário que a empresa promova o diálogo sobre as questões éticas, além de acompanhar, avaliar, cobrar, re-compensar e estimular. Mais do que isso, é necessário também entender que a orga-nização é apenas um subsistema dentro da sociedade, e que a cultura organizacional também é parte da própria cultura da socie-dade que a cerca. n

(*) Audit Manager na Ernst & Young

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Ahmad Mahomed Essak *

O desenvolvimento económico e social que Moçambique tem vindo a assistir nos últi-mos anos acarreta diversas oportunidades de negócio, implicando, não raras vezes, a necessidade dos agentes económicos coo-perarem entre si para unirem as suas siner-gias, com vista a prosseguir um determina-do objectivo.São diversos os veículos jurídicos colocados ao dispor dos agentes económicos para que estes possam concretizar as suas parcerias, desde os mais complexos e rígidos aos mais flexíveis e simples. Contudo, porque o espa-ço que nos é concedido não permite divagar sobre todos os veículos, o presente artigo cingir-se-á apenas à relevância fiscal da fi-gura do consórcio, que, a nosso ver, caracte-riza-se pela sua flexibilidade, simplicidade e, sobretudo, pelo facto de não possuir per-sonalidade jurídica autómona. No ordenamento jurídico moçambicano o consórcio encontra o seu regime jurídico nos artigos 613.º e seguintes do Código Co-mercial (“C.Com”), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 2/2005, de 27 de Dezembro.

Conceito de consórcio

Nos termos do n.º 1 do artigo 613.º do C.Com, o “Consórcio é o contrato pelo qual duas ou mais pessoas, singulares ou colec-tivas, que exerçam uma actividade econó-mica se obrigam reciprocamente, de forma consertada, a realizar certa actividade ou efectuar certa contribuição com o fim de prosseguir qualquer dos seguintes objectos: (a) realização de actos, materiais ou jurídi-cos, preparatórios quer de um determinado empreendimento quer de uma actividade contínua; (b) execução de determinado em-preendimento; (c) fornecimento a terceiros de bens, iguais ou complementares entre si, produzidos por cada um dos membros do consórcio; (d) pesquisa ou exploração de recursos naturais; e (e) produção de bens repartíveis, em espécie, entre os membros do consórcio.”

Regime fiscal do consórcio

Para se determinar o regime fiscal aplicável ao consórcio, cumpre, antes de mais, apurar se o consórcio tem personalidade tributária, ou seja, se o consórcio é considerado (ou não) um sujeito passivo da relação jurídico-tributária.Antes, porém, importa verificar se o consór-cio dispõe ou não, de personalidade jurídi-ca. Segundo o disposto no n.° 2 do artigo 613.° do C. Com, o consórcio é um ente despro-vido de personalidade jurídica, não sendo, portanto, susceptível de ter direitos e con-trair obrigações.Mas será que a falta de personalidade jurí-dica do consórcio implica, também, a falta de personalidade tributária?

FISCALIDADE I PRICEwATERHOUSECOOPERS

O consórcio e a sua relevância fiscal

«Ora, considerando que o consórcio é um tipo de veí-culo que serve de base para o agrupamento de pessoas que visa um determinado objectivo, a conclusão que se pode retirar, à primeira vista, é a de que o consórcio é um sujeito passivo da rela-ção jurídico-tributária.Todavia, se fizermos uma análise atenta e profunda à demais legislação tributária podemos, facilmente, con-cluir que o consórcio não é um sujeito passivo da rela-ção jurídico-tributária.»

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Revista Capital 45

FISCALIDADE I PRICEwATERHOUSECOOPERS

À luz do n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 2/2006, de 22 de Março (Lei do Ordenamento Jurí-dico Tributário), o sujeito passivo da relação jurídico-tributária é aquele que, nos termos da legislação tributária, está obrigado ao cumprimento de uma prestação tributária, de natureza material ou formal, seja uma pessoa singular ou colectiva, uma entidade constituída obervando ou não os requisitos legais, um património, uma organização de facto ou de direito ou qualquer outro agru-pamento de pessoas.Ora, considerando que o consórcio é um tipo de veículo que serve de base para o agrupamento de pessoas que visa um deter-minado objectivo, a conclusão que se pode retirar, à primeira vista, é a de que o consór-cio é um sujeito passivo da relação jurídico-tributária.Todavia, se fizermos uma análise atenta e profunda à demais legislação tributária po-demos, facilmente, concluir que o consórcio não é um sujeito passivo da relação jurídi-co-tributária.

Senão vejamos:Segundo o n.º 1 do artigo 2 do Código do IRPC, aprovado pela Lei n.º 34/2007, de 31 de Dezembro, as entidades desprovidas de personalidade jurídica, com sede ou di-recção efectiva em território moçambicano apenas são consideradas sujeitos passivos do imposto, quando os rendimentos não se-jam tributáveis em Imposto sobre o Rendi-mento das Pessoas Singulares (IRPS) ou em Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRPC), directamente na titulari-dade de pessoas singulares ou colectivas.A questão que se coloca, então, prende-se em saber se os rendimentos do consórcio são tributados ou não, na esfera dos seus membros.Para o efeito, temos que nos socorrer do Código Comercial e verificar qual o regime nele previsto.De acordo com o n.° 1 do artigo 623.° do C. Com, os lucros resultantes das actividades

do consórcio são considerados como per-tencendo aos seus membros. Ora, por maioria de razão, tais rendimentos devem, então, ser tributados na esfera jurí-dica dos membros do consórcio.Assim, podemos afirmar categoricamente que o consórcio, apesar de ser um ente des-provido de personalidade jurídica, não reú-ne a condição prevista no artigo 2, n.º 1, al. b) in fine do Código do IRPC - os rendimen-tos não serem tributáveis em IRPS ou em IRPC directamente na titularidade de pes-soas singulares ou colectivas - para ser con-siderado um sujeito passivo do imposto.Mas se assim é, quem cumpre com as obri-gações fiscais resultantes das actividades do consórcio?Salvo melhor e mais elucidada opinião em contrário, as obrigações fiscais que resul-tam das actividades do consórcio, como por exemplo, entrega das declarações periódi-cas do IVA (Modelo A), emissão de factu-ras ou documentos equivalentes, retenção na fonte de Impostos sobre o Rendimento, pagamento de impostos, entre outras, de-vem ser cumpridas pelo membro do con-sórcio denominado chefe do consórcio ou por cada um dos membros do consórcio, na proporção da sua participação, conso-ante as condições previstas no contrato de consórcio, devendo utilizar, para o efeito, o seu próprio número único de identificação tributária (NUIT).

Conclusão

Em face do acima exposto, podemos con-cluir afirmando que a figura jurídica do consórcio é irrelevante numa perspectiva fiscal, residindo sobre os seus membros, nos termos acima explicados, o encargo de cumprirem com as obrigações fiscais im-postas por lei. n

(*) PricewaterhouseCoopers Lda.Consultor Sénior

O consórcio e a sua relevância fiscal

«Mas se assim é, quem cumpre com as obrigações fiscais resultantes das acti-vidades do consórcio? Salvo melhor e mais eluci-dada opinião em contrário, as obrigações fiscais que resultam das actividades do consórcio, como por exem-plo, entrega das declarações periódicas do IVA (Modelo A), emissão de facturas ou documentos equivalentes, retenção na fonte de Im-postos sobre o Rendimento, pagamento de impostos, entre outras, devem ser cumpridas pelo membro do consórcio denominado chefe do consórcio ou por cada um dos membros do consórcio, na proporção da sua participação, consoante as condições previstas no contrato de consórcio, de-vendo utilizar, para o efeito, o seu próprio número único de identificação tributária (NUIT).»

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RESENHA JURÍDICA I FERREIRA ROCHA

regime de repressão do Branqueamento de Capitais traduz-se na imposição do dever de abstenção de executar operações finan-ceiras, sempre que a operação solicitada a ser executada revele um mínimo indício de constituir um dos crimes elencados supra, ou seja, quando a operação não esteja devi-damente documentada e apresentada legiti-ma justificação para o prosseguimento de tal operação financeira.

C) Penas e Medidas Sancionatórias AplicáveisO regime sancionatório previsto na Lei im-põe penas e medidas coercivas quer aos agentes que pratiquem o crime, quer mes-mo a agentes que, de alguma forma compac-tuem com o crime. No esforço de abranger ao máximo o número de implicados (ainda que sem acção directa nos actos criminosos) a lei vem impor medidas aos próprios Direc-tores de Instituições Financeiras utilizadas para executar operações consideradas ilíci-tas.No caso concreto dos agentes que pratiquem um crime e que venham a branquear capi-tais decorrentes de tais crimes, a lei prevê uma moldura penal que varia entre os 8 a 12 anos de prisão maior, sendo a moldura pe-nal para quem dissimular ou camuflar tais operações de 2 a 8 anos de prisão maior. En-tre os agentes directamente ligados à prática de um crime cujo produto seja branqueando através do sistema financeiro, a lei indica ainda o beneficiário de tais quantias bran-queadas como sujeito a uma pena de prisão com período indeterminado.Por último, a lei penaliza ainda os dirigentes das instituições financeiras que, ainda que não tenham praticado qualquer acto que possa ter conduzido ao Branqueamento de Capitais, os mesmos não tenham imposto medidas tendentes a impedir o Branquea-mento de Capitais na instituição que dirige ou que não tenham supervisionado a execu-ção de operações (sempre que tal dever lhes é imposto por lei) que tenham sido realiza-das para proceder à lavagem de dinheiro.n

(*) [email protected] e Sócio da Ferreira Rocha & Associados –

Sociedade de Advogados, Limitada.

I. ORIGEM

A origem da expressão “branqueamento de capitais” associada à expressão “Lavagem de dinheiro” aparece nos anos 1920 – 1930. Nessa altura, o famoso contrabandista de bebidas alcoólicas Al Capone havia com-prado uma cadeia de lavandarias de roupa onde, escondendo-se por trás do alegado negócio lícito dos serviços prestados pelas lavandarias, efectuava enormes depósitos bancários, em numerário, de notas de baixo valor facial, provenientes das actividades ilí-citas. Assim, justificava a existência em seu poder de tais notas de baixo valor facial, le-gitimando os ganhos que auferia do contra-bando. Daqui nasceu a expressão “Lavagem de Dinheiro” ou mesmo “Branqueamento de Capitais”. Ressalva deve ser feita, neste mo-mento, à legitimidade dos serviços presta-dos, hoje em dia, pelas várias lavandarias da praça. De facto é raro, nos tempos actuais, o negócio que não seja propício ou facilite a lavagem de dinheiro. É, inclusive, possível, imaginar qualquer firma de prestação de serviços (ou qualquer outro tipo de negó-cio) a ser utilizada como fonte de limpeza de capitais. No entanto, as formas mais graves de branqueamento de capitais têm se veri-ficado, na maioria dos casos, com recurso a instituições financeiras, tais como Bancos, Seguradoras, etc..

II. O REGIME mOÇAmBICANO

A) Definição de Branqueamento de Capitais no Ordenamento Jurídico MoçambicanoRetomando à realidade moçambicana, a Lei n.º 7/2002, de 5 de Fevereiro vem estabe-lecer o “Regime jurídico de prevenção e re-pressão da utilização do sistema financeiro para a prática de actos de branqueamento de capitais, bens, produtos ou direitos pro-venientes de actividades criminosas”. O Ar-tigo 4.º da lei acima referida vem tipificar as acções que, no espírito do regime legal mo-çambicano, consideram-se branqueamen-to de capitais. Nomeadamente, todo o acto que implique a ocultação ou dissimulação

da origem ilícita de bens ou produtos prove-nientes do tráfico de estupefacientes, crimes de furto ou roubo, comércio ilegal de armas de fogo, terrorismo, extorsão, corrupção, incluindo os créditos originados por tais actos, assim como os lucros, juros e outros benefícios que o infractor venha a usufruir, são, genericamente classificados como actos que se traduzem na actividade criminosa de Branqueamento de Capitais. Não obstante a fórmula genérica de defini-ção (ou tipificação) do crime de Branquea-mento de Capitais, a lei penaliza ainda quem tiver conhecimento de factos que se possam traduzir no crime de Branqueamento de Ca-pitais e não os denunciar, assim como todos os destinatários ou qualquer beneficiário dos produtos originados pelo Branquea-mento de Capitais.Como último aspecto relevante no que toca à definição do crime, a lei criminaliza ainda os mesmos actos cometidos por qualquer indivíduo que se encontre em território mo-çambicano e que, de alguma forma, o crime praticado tenha apenas uma conexão míni-ma com a jurisdição moçambicana.

B) Regras e Medidas de Procedimen-to impostas pela LeiA primeira e mais importante regra que a lei em análise vem impor é a quebra do sigilo bancário ou de qualquer dever de confiden-cialidade que as Instituições Financeiras estejam obrigadas a observar quando, exis-tindo um processo-crime em curso (ainda que na fase de segredo de justiça e, por con-seguinte, eventualmente ainda não comuni-cado aos eventuais arguidos) as autoridades judiciais solicitem informações sobre qual-quer operação realizada a coberto ou com recurso de tais instituições. Impõe ainda, a mesma lei, a obrigação de sigilo das mesmas instituições quanto à existência de um pe-dido de informação levado a cabo por uma autoridade judicial, impedindo a não reve-lação ao seu cliente ou qualquer outra enti-dade que não a autoridade judicial, qualquer informação transmitida a tal autoridade ou mesmo que a mesma autoridade tenha so-licitado à instituição financeira informação relativa a um seu cliente.A segunda regra de cariz vital imposta pelo

Branqueamento de Capitais– Perspectiva moçambicana

Rodrigo F. Rocha *

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Dicas de alguns gurus sobre o Marketing de relacionamento

ENSINO I MARKETING

Nadim Cassamo *

A gestão do relacionamento com o cliente

O CRM (Customer Relationship Management) é uma ferramenta muito útil na actualidade, para um

bom funcionamento das organizações. Mas o seu desconhecimento e mau uso acaba por prejudicar a obtenção dos seus benefícios. Portanto, um bom gestor deve aprender a conhecê-la e implementar o seu uso na ins-tituição que dirige. Mas qual é a importân-cia do CRM?

A verdade é que o CRM, iniciais da expres-são Customer Relationship Management, ou gestão do relacionamento com o cliente, é um conceito que sempre esteve presen-te nas empresas. Pela proximidade com o cliente, esta ferramenta sempre foi mais aplicada nas empresas mais pequenas e vol-tadas para o comércio, no relacionamento pessoal entre vendedor e comprador.

A filosofia CRM não é nova no relaciona-mento com o cliente, ela é uma aplicação da filosofia do marketing one-to-one que surgiu da necessidade de uma melhor ges-tão do relacionamento com o cliente, pois no mercado de competitividade em que nos encontramos as empresas necessitam oferecer melhores serviços com menores custos, como forma de serem capazes de fi-delizar o seu consumidor e adquirir novos. Desse modo, a empresa tenta garantir a sua sobrevivência no mercado.

Actualmente, grande parte dos estudiosos de marketing e gestores de organizações concordam num ponto: “a melhor estraté-gia é satisfazer com qualidade e eficiência o gosto do cliente”. Peter Drucker já afirmou há vários anos que “o objectivo de um em-preendimento é criar um cliente” e “o lucro é a recompensa que se ganha por criar um cliente satisfeito”. Porém, a maioria das em-presas não consegue transferir essa orienta-ção para a prática.

Marketing de Relacionamento segundo Limeira pode ser definido como “uma es-tratégia de marketing que visa construir uma relação duradoura entre cliente e for-necedor, baseada em confiança, colabora-ção, compromisso, parceria, investimentos e benefícios mútuos”. Complementando esse conceito, Kotler (2000) cita que “as

empresas inteligentes tentam desenvolver confiança e relacionamentos ‘ganha-ganha’ a longo prazo com os consumidores, distri-buidores, revendedores e fornecedores”. E ainda finaliza dizendo que o “marketing de relacionamento é baseado na premissa de que os clientes importantes precisam rece-ber atenção contínua”.

Face a esta situação, verifica-se que actu-almente existe uma grande necessidade em gerar uma relação de confiança duradoura com os consumidores importantes, e a for-ma de interpretar e aplicar esses conceitos pode oferecer grande vantagem competitiva para a organização.

A distância do cliente final encontrada na maioria das empresas ou pessoas que não trabalhem directamente com o contacto e a venda pessoal exigiu que fossem desenvol-vidas ferramentas para ajudar na obtenção, processamento e interpretação dos dados gerados na relação empresa-cliente. Por-tanto, o CRM é um conceito e o programa a ferramenta que ajuda a colocar em prática esse conceito.

Antes de apostarmos na ferramenta do CRM é importante entender que esta não é apenas um programa de modismo, muito menos uma actividade exclusiva do sector de atendimento, mas também um processo holístico de antecipar e satisfazer as expec-tativas dos clientes.

Nos últimos anos, tem-se verificado uma mudança tremenda no mercado. Da antiga prática de se fabricar para vender, passa-mos a vender para fabricar. A tecnologia da informação permitiu que o cliente se ma-nifestasse com rapidez e a empresa o escu-tasse e pudesse interpretar os seus desejos e expectativas. É claro que se isso é possí-vel na mercearia da esquina, torna-se algo complicado numa empresa maior.

Aliado a esse novo panorama, as empresas começaram a perceber que a venda já não pode mais ser um facto isolado, um toma-lá-dá-cá, mas é parte de um relacionamento maior, no qual quem vende passa a conhe-cer quem compra e quer ajudá-lo na tomada de decisão. Tal costuma a ser chamado de

Peter Drucker (1999) elegeu algumas regras fundamentais para a utilização do marketing de relacionamento na busca por vantagem competitiva:

O relacionamento com o cliente é • de responsabilidade da empresa. Qualquer reclamação ou conflito por parte do cliente é provocado por uma falha empresarial;A empresa deve perguntar-se con-• stantemente o que pode ser feito para facilitar e melhorar a vida de seus clientes;Moss Kanter (2001) enfatiza os • seguintes aspectos no relaciona-mento com o cliente:Conhecer profundamente o cli-• ente;Tornar o cliente conhecido por to-• dos os funcionários da empresa. Ele não deve aguardar para que alguém o identifique e solucione seus problemas adequadamente;Transformar o cliente em sócio • de um clube exclusivo, ou seja, proporcionar actividades e di-sponibilizar recursos que só os cli-entes da empresa têm acesso.

gestão das expectativas do cliente.Uma empresa que consiga criar um re-

lacionamento de fidelização com os seus clientes, graças a uma cultura e ferramentas adequadas de CRM, reduz os seus custos de obtenção de novos clientes, normalmente muito mais elevados que os custos de ma-nutenção de sua carteira de clientes. Já que a tendência é vender para fabricar, é o co-nhecimento do comportamento de compra do cliente e a gestão de seu relacionamento que faz a diferença num mercado cada vez mais competitivo. n

(*) Director Pedagógico do Instituto Superior de Comunicação e Imagem de Maputo

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ESTILOS DE VIDA

LUGARES PARA ESTAR

Festival de Publicidade: sector arrecada 4.4 milhões de euros anuais

A indústria publicitária nacional tem ar-recadado um volume de vendas de 4.4 mil-hões de euros anuais, segundo Mário Ferro, Presidente da Associação Moçambicana das Empresas de Publicidade (AMEP), durante o 5.º festival organizado pelo organismo, que teve lugar no mês de Maio em Maputo.

As cifras alcançadas pela área publicitária nacional constituem um impulso à econo-mia e são o reflexo da crescente qualidade dos serviços das agências moçambicanas de

publicidade que, actualmente, actuam num mercado cada vez mais alargado. “A publici-dade moçambicana é hoje um produto com impacto em todo mundo”, segundo consta-ta António Fonseca, membro fundador da AMEP e fundador da Agência Golo.

A referida qualidade da publicidade na-cional ficou comprovada pelo facto da DDB Moçambique ter-se sagrado a agência de publicidade mais premiada no Festival ao arrebatar dois Grandes Prémios. A agência

teve a maior distinção na categoria de TV com o Spot “Cortina” (Mcel) e na categoria de Poster (MFW) com Seis Conchas de Ouro. Por sua vez, a gigante Golo ficou na segunda posição ao ganhar uma “Concha de Ouro”, nove “Conchas de Prata” e duas “Conchas de Bronze”. Ao mesmo tempo, foram hom-enageados vultos ligados ao meio publici-tário e da comunicação empresarial, como Kok Nam, António Fonseca, Luís Couto, Daniel David e Vasco Rocha.

O Festival permitiu que os publicitários tivessem a oportunidade de avaliar a ac-tividade publicitária nacional, sobre a qual foram unânimes em considerarem “um fermento indispensável para a economia moçambicana.”

Uma das grandes vitórias do Festival foi o aumento do número de participantes que na presente edição alcançou o recorde de 20 agências e 263 trabalhos. António Fonseca considera o facto como uma “prova da con-solidação e reconhecimento da importân-cia do festival”, na medida em que Moçam-bique hoje é uma referência na indústria da comunicação empresarial, de acordo com Mário Ferro.

O Festival, que foi presidido por um júri internacional, tem por objectivo “promover o intercâmbio e a qualidade da publici-dade” dos três continentes: África, Europa e América do Sul.

BEM vINDO AOS SEUS OUvIDOS

Quem já não ouviu falar de lounge? Bar-lounge, Sushi-lounge, Radio-lounge… Mú-sica lounge? Agora tudo é lounge.

O termo pode significar inúmeras coisas, dependendo do contexto onde é utilizada a palavra. Segundo o dicionário, significa sala de estar. Seja uma sala de casa, do aeropor-to, do restaurante, do bar, ou outro espaço do mesmo género.

No que diz respeito à música, o géne-ro lounge está relacionado com o que de melhor se faz numa sala: relaxar. Para tal, criou-se um som calmo que, ao mesmo tem-po, percorre os nossos pontos vitais, numa verdadeira massagem musical.

Com um resultado surpreendente, numa

sonoridade prazentosa, fundiram-se batidas actuais com músicas dos anos 40-50, sem que exista uma rigidez exacta desse mesmo espaço temporal. Os ritmos, esses são no-toriamente calmos, serenos, sem qualquer noção de pressa ou stress.

Um dos melhores exemplos do que é mú-sica lounge passa pelas colectâneas The Verve Remixed, produzidas pela Verve Re-cords. Produtores musicais e Djs misturam de forma sublime sons provenientes do jazz, bossa nova, blues, entre outros. Nesse sen-tido, podem-se encontrar faixas com remi-xes de Nina Simone, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Archie Shepp ou até mesmo de James Brown. Se é daqueles que gosta de

trabalhar, estudar ou investigar ao som de boas melodias, então valerá seguramente a pena ouvir.

São ritmos de mistura, onde há opor-tunidade de dar a conhecer aos menos noctívagos os ritmos que marcam a moda musical e, por outro lado, é uma maneira agradável de mostrar a beleza de um bom jazz e demais géneros musicais a quem ainda não cruzou por esses caminhos.

A música ideal para um fim de dia, só ou acompanhado, com um aperitivo doce ou salgado, numa descontracção muito lounge.

Sara L. Grosso

Sirva-me um lounge, por favor

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ESTILOS DE VIDA

O QUE HÁ DE NOvO

A Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC) apresentou, no dia 1 de Junho (Dia Mundial da Criança, um documentário intitulado “Sob a Poeira na Estrada”, que retrata a situação do tráfico de pessoas em Moçambique.

A película discute a questão do tráfico de pessoas que acontece dentro e a partir do território moçambicano, destacando conceitos, rotas, redes de traficantes, fragilidades sociais e legais, abordando as causas e conse-quências, com declarações de especialistas no assunto.

Provocando múltiplas interpretações, o documentário revela imagens inéditas. Coloca à mesa depoimentos da Sociedade Civil, do Governo, da Imprensa, e resgata imagens que revelam pessoas traficadas, rostos de traficantes, além de cenas preocupantes relacionadas com o esquema da travessia ilegal numa das fronteiras moçambicanas. O mesmo incita a re-flexões que levam o espectador a sentir-se incomodado com o processo de manutenção da corrosão social alimentada pela violação dos direitos das crianças.

A FDC acredita que a divulgação deste documentário é oportuna, neste momento, tendo em conta a organização do Mundial de Futebol 2010, uma vez que existe a preocupação de que venha a existir um aumento de indi-víduos traficados para fins de “turismo sexual” no período que antecede a realização do megaevento. Indivíduos sobretudo provenientes de países que fazem fronteira com a África do Sul, como é o caso de Moçambique.

«Sob a Poeirana Estrada», da FDC

Está patente desde o dia 8 de Junho, na Fortaleza de Maputo, a exposição individual de gravuras de Matias Ntundo. A exposição, que termina a 29 de Junho, celebra e rep-resenta os últimos trinta anos do percurso artístico de Ntundo.

Distribuídas pelas salas da Fortaleza, estão mais de cem quadros de xilogravuras do ar-tista que merecem uma atenção detalhada e sem pressas. É nos pormenores que nos é relevada a complexidade dos acontecimen-tos retratados por Ntundo e a criatividade do xilogravurista. Ao visitarmos a exposição é impossível não entrarmos no impressio-nante mundo a preto e branco deste celeb-rado artista maconde.

No âmbito da exposição poderão ser ad-quiridas a preços acessíveis gravuras do artista, bem como o completo catálogo, or-ganizado pelo curador da exposição, Gian-franco Gandolfo, que faz uma retrospectiva extensa do seu trabalho.

Matias NtundoGravuras 1982-2010Fortaleza de Maputo, 8 a 29 de Junho

GALERIA

Matias Ntundo nasceu em 1948, em Mue-da, Moçambique. Inicia a sua carreira artís-tica como escultor maconde na sua aldeia natal, Nandimba, no início de 60, passando mais tarde para a xilogravura por achar que

esta ilustraria melhor as mensagens da vida que procurava contar.

Rita NevesFundação PLMJ

Maningue niceCom uma nota de humor, e a propósito do Mun-

dial de Futebol, a rádio TSF tem passado em Portu-gal as crónicas da enviada especial "Maria Vuvu", interpretada por Maria Ruef, Vuvu é moçambicana e muito atrevida. Com um sotaque irrepreensível, e acertando nos termos locais, lá desperta Vuvu sem-pre um sorriso e, muitas vezes, uma gargalhada. Nas crónicas de Maria Vuvu não escapam o lodge onde vai ficar a selecção, as namoradas e mulheres dos jo-gadores, os atributos físicos e as manias dos atletas da selecção portuguesa. E como é lógico, todas as peripécias associadas às prestações dos futebolistas nos jogos de preparação são motivo para fazer uma piada.

Os famosos que apoiam a Selecção também não são esquecidos… Numa das suas crónicas Maria Vuvu interroga-se se Cinha Jardim consegue tocar a vuvuzela sem levantar uma perna devido ao fee-ling… perdão peeling que fez…

Depois de um grrrrrande beijo, Maria Vuvu deixa ficar sempre uma sensação maningue nice da óbvia relação que existe entre os dois países…

Rui Batista

NA BOCA DO MUNDO

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PENA CAPITAL

A final os estádios encheram-se. O pesadelo da FIFA não chegou a consumar-se pois se rebuscaram

estratégias, se tomaram medidas de emer-gência e os bilhetes, entre oferecidos aos trabalhadores que construíram os está-dios sul-africanos e os vendidos a preço de saldo, desapareceram num ápice. Os ho-teleiros esfregam as mãos, os operadores turísticos também, e até os trabalhadores eventuais sorriem de orelha a orelha com o maná providencial que se abateu sobre o país.As cadeias de televisão chegaram em força, os jornalistas desembarcaram aos magotes e cada claque nacional arvora as suas cores

inundando as ruas das cidades participan-tes de cor e alegria, muita cerveja, algumas zaragatas e dólares, libras e euros quanto bastem para assegurar a rentabilidade do investimento.Pela primeira vez o continente africano acolhe um evento da envergadura do Cam-peonato Mundial de Futebol e, por enquan-to, tudo são sorrisos. África está na moda, o país do Rand é anfitrião dum espectáculo que corre as sete partidas do mundo e mo-vimenta milhões de pessoas em torno de ecrãs gigantes, em frente de outros tantos milhões de aparelhos de televisão.Enquanto não acabar o efeito “Mundial” toda a gente se cumprimentará pela inicia-tiva, as autoridades locais e internacionais, os patrocinadores, até o povo, que já os im-peradores romanos diziam que apenas pre-cisava de pão e circo, esquecerá a inflação, o desemprego, os conflitos étnicos, para se dedicar de corpo e alma à causa da “redon-dinha” e dos 22 artistas que a disputam du-rante os 90 minutos regulamentares.É a unanimidade perfeita.Perfeita não, pois um caso existe que des-perta paixões, exacerba ódios e faz correr rios de tinta, desfilar horas de debates te-levisivos e radiofónicos e é esmiuçado por entendidos de última hora, desde os alca-tifados salões dos “Palaces” de 5 estrelas até às salas sebentas e gradeadas da mais humilde das “barracas” de comes e bebes (quase sempre mais “bebes” que “comes”).Os do pró e os do contra confrontam-se. Por enquanto, e que se saiba, ainda não chegaram a vias de facto e espera-se que muito ainda falte para que tal aconteça. A autoridade máxima que gere os interesses do futebol até já se debruçou sobre o as-sunto, ainda sem conclusão definitiva mas deixando pairar o espectro da interdição do seu porte no interior dos estádios. Os artistas são quase unânimes em declarar que se desconcentram com o seu som gra-ve multiplicado por milhares de bocas que sopram, os treinadores queixam-se que ninguém ouve as suas indicações e até as operadoras televisivas protestam contra o ruído ensurdecedor que parasita as suas

transmissões e não deixa ouvir os comentá-rios dos especialistas, o que nalguns casos até se considera uma benesse dos deuses tal é o chorrilho de disparates que debitam por minuto.Quem iria pensar que uma simples corne-tita de plástico barato desencadearia tais paixões?O único que respira tranquilo deve ser o seu inventor que se transformou num empresário de sucesso do dia para a noi-te, sem pensar que o seu instrumento se transformaria em objecto de tão acalora-dos debates.Claro que aqui se fala da vuvuzela, a “má-quina infernal” que inundou a África, pri-meiro, e ameaça alastrar por todo o uni-verso futebolístico do planeta. Na minha modesta opinião, e entrando de cabeça no debate da questão, sou pela sua utilização e até solicito aos seus detractores que anali-sem mais aprofundadamente o problema.Senão vejamos. Os Ronaldos, os Messis, os Drogbas, detêm aqui uma ocasião sobera-na para justificar os seus falhanços, as suas mais fracas prestações, os golos que não marcarem. Bastará afirmar que o demoní-aco tonitroar do instrumento os impediu de dar o rendimento esperado, os privou de todas as suas faculdades futebolísticas, e assim assacam as culpas para uma tercei-ra entidade que, pelas suas características, não poderá invocar o direito ao contra-ditório. E já estou a ouvir os treinadores, sobretudo os estrangeiros a cada país re-presentado “o meu equipo não perrcebeu os meus instruções por causa do porcarria do corneta”. E pronto, não há mais expli-cações a fornecer, está encontrado o bode expiatório. Quanto às televisões o proble-ma é outro, os seus responsáveis atacam o indefeso instrumento porque aparece em tudo quanto é ecrã sem pagar a factura de publicidade e isso é impensável neste mun-do de negócios chorudos.E até sugiro que se alargue a sua utiliza-ção a outros universos, sobretudo ao po-lítico. Confesso que seria de significativa utilidade quando ouvimos alguns discur-sos que estariam mesmo a pedir uma vu-vuzeladela. n

José v. Claro (texto)

A vuvuzela expiatória

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