capital da notícia #30

20
Dezembro, 2006 - Edição 30 O Campeonato Paranaense de Fórmula Arrancada e Copa Paraná aconteceu no Autódromo Internacional de Curitiba (AIC), em Pinhais (PR), na única pista de Arrancada oficial do Brasil, com 402 metros de concreto. Saiba tudo sobre o evento Arrancada organizado pela Força Livre Motors- port. Pág. 10 e 11 Ilustres desconhecidos A zona leste de Curitiba é o local de origem de muitas e boas bandas curitiba- nas. Nascidas e ensaiadas por aqui, têm fama reconhecida apenas fora. A maioria precisa se apresentar em casas de shows Um policial militar paranaense ga- nha, durante a fase de treinamento, apro- ximadamente R$ 793.Ele tem direito a um plano de saúde, que cobre também seus dependentes e engloba UTI, centro odontológico e psicológico, pronto so- corro e laboratório de análises. Mas nem tudo são flores. Pág. 20 GERAL Binário que ligará os terminais Ca- pão da Imbuia/Hauer, beneficiará os moradores da região e quem utiliza o ônibus das linhas Inter 2 (Ligeirinho), Interbairros 2 e as demais da Rede In- tegrada de Transporte (RIT). Enquanto isso não acontece, conheça as linhas do Tarumã. Págs. 12 e 13 Carros arrancam emoções em Pinhais no centro da cidade. A falta de espaço para eles tocarem na região é o que faz delas estranhas em seu próprio lar. Uma das razões para o ostracismo pode ser a valorização local do sertanejo, hip hop ou pagode. O desabafo das bandas está nas páginas 18 e 19. PMS GANHAM POUCO PELO TRABALHO ARRISCADO BINÁRIO ESTÁ PREVISTO PARA 1 O SEMESTRE/2007 O Google Earth, programa para vi- sualização de imagens de satélite, não tem boa resolução para visualização da região Leste. Pág. 6 GOOGLE EARTH TEM BAIXA RESOLUÇÃO NA REGIÃO ALUNO DA UNIBRASIL É FINALISTA EM FESTIVAL Pág. 3 VOVÓ MAIS QUE SÁBIA Pág. 3 ECOLOGIA DE FACHADA EM CURITIBA Pág. 19

Upload: capital-da-noticia-publicacoes

Post on 06-Apr-2016

244 views

Category:

Documents


9 download

DESCRIPTION

Jornal laboratório do curso de Jornalismo da UniBrasil. Publicação lançada em dezembro de 2006.

TRANSCRIPT

Page 1: Capital da Notícia #30

Dezembro, 2006 - Edição 30

O Campeonato Paranaense de Fórmula Arrancada e Copa Paraná aconteceu no Autódromo Internacional de Curitiba (AIC), em Pinhais (PR), na única pista de Arrancada oficial do Brasil, com 402 metros de concreto.

Saiba tudo sobre o evento Arrancada organizado pela Força Livre Motors-port. Pág. 10 e 11

Ilustres desconhecidosA zona leste de Curitiba é o local de

origem de muitas e boas bandas curitiba-nas. Nascidas e ensaiadas por aqui, têm fama reconhecida apenas fora. A maioria precisa se apresentar em casas de shows

Um policial militar paranaense ga-nha, durante a fase de treinamento, apro-ximadamente R$ 793.Ele tem direito a um plano de saúde, que cobre também seus dependentes e engloba UTI, centro odontológico e psicológico, pronto so-corro e laboratório de análises. Mas nem tudo são flores. Pág. 20

GERALBinário que ligará os terminais Ca-

pão da Imbuia/Hauer, beneficiará os moradores da região e quem utiliza o ônibus das linhas Inter 2 (Ligeirinho), Interbairros 2 e as demais da Rede In-tegrada de Transporte (RIT). Enquanto isso não acontece, conheça as linhas do Tarumã. Págs. 12 e 13

Carros arrancam emoções em Pinhais

no centro da cidade. A falta de espaço para eles tocarem na região é o que faz delas estranhas em seu próprio lar. Uma das razões para o ostracismo pode ser a valorização local do sertanejo, hip hop

ou pagode. O desabafo das bandas está nas páginas 18 e 19.

PMs ganhaM Pouco Pelo trabalho arriscado

binário está Previsto Para 1o seMestre/2007

O Google Earth, programa para vi-sualização de imagens de satélite, não tem boa resolução para visualização da região Leste. Pág. 6

google earth teM baixa resolução na região

aluno da unibrasil é finalista eM festival Pág. 3

vovó Mais que sábia Pág. 3

ecologia de fachada eM curitiba Pág. 19

Page 2: Capital da Notícia #30

Capital da NotíciaCuritiba, dezembro de 20062 oPin ião

O jornal Capital da Noticia é uma publicação do Curso de Jornalismo da Unibrasil, produzido pelos alunos do 4º periodo, que circula nos bairros Capão da Imbuia, Bairro Alto, Tarumã e Cajuru e na cidade de Pinhais. Tiragem: 2.000 exemplares

Endereço: Rua Konrad Adenauer, 442 - CEP: 82820-540 - CEPJOR - Jornal Laboratório Telefone: 3361-4200 r:4252/tarde - Endereço eletrônico: capitaldanotí[email protected]

Complexo de Ensino Superior do BrasilJornal Laboratório Capital da Notícia/bairro

ExpedienteDiretor Geral: Prof. Dr. José Henrique de Faria Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. MSc. Victor Folquening / Professores responsáveis: MSc. João Augusto Moliani (Planejamento Gráfico e Editorial) e MSc. Jorge Luiz Kimieck (Fechamento).

Alunos-editores: Manhã: Allyne Louise Mauricio Alves, Ana Esperança R. da Silva, Guilherme Cordova, Marina Wagner Portella e Vanessa Maritza Malschitzky. Noite: Daiane da Silva Figueiró, Henrique Luiz Fendrich, Jackqueline Romão Borges, Lourival F. dos Reis Junior, Meline Carneiro do Nascimento e Suzana Neves de Souza.

Repórteres da Edição 30: Manhã: Allyne Louise Mauricio Alves, Ana Esperança R. da Silva, Denise Ferreira Francelino, Edilson de Souza Barbosa, Gabriela Doris Siqueira, Guilherme A. Cordova, Isabele Cristina M. Treglia, Kahito Borcath Jucoski, Karoline de Souza, Karyn Thayze Kaczalo-vski, Leandro Rodrigues Lima, Marcelo Vicente Dacol, Marina Gallucci, Marina Wagner Portella, Nadeska Regina Oliveira, Patricia Dias Creti, Pericles Geovani M. Oliveira, Rodolfo Stancki Silva, Thiago Rodrigues Santos, Vanessa Maritza Malschitzky e Wellington Gilmar Sari (editorialista). Noite: Cassia Cristina Valter, Cassia Gomes Antonio, Cezar Augusto Alves de Castro, Daiane da Silva Figueiró, Daniele Vieira Carneiro, Eder Aparecido Elias Junior, Edson Pires Machado, Fabiana Candido de Lima, Hellen Daiana da Silva Almeida, Henrique Luiz Fendrich, Jackqueline Romão Borges, Jaqueline Suellen T. de Lima, Jeferson Luis Fracaro, Joyce Brito Soares, Lourival F. dos Reis Junior, Lucimara de Souza, Margot Scarant Bissi Dobignies, Mariana Moschkovich Athayde, Mauro Berg do Prado Junior, Meline Carneiro do Nascimento, Michael Alcione Baron Rojo, Raquel Santeli Zardo, Robério Marcolino Filho, Sérgio Roberto Bello, Suelen S. R. S. Alves, Suzana Neves de Souza, Taciele Cardoso de Sá e Tathiana de Mesquita e Pereira

artigo

A maioria da população que mora em um dos dezesseis bairros da cidade de Curitiba que abrigam as linhas de trens utilizadas pela empresa de logística América Latina Logística, ainda não sabem da novidade para o ano que vem. Mas já é fato que toda a malha ferroviária localizada na cidade de Curitiba será desativada e uma malha que passará por quatro municípios da região metropolitana será construída.

Trata-se de um dos projetos pensados pelo DNIT (Departamento Nacionalde Infra-Estrutura e Transpor-te do Governos Federal) para cumprir o objetivo de atuar diretamente na solução de conflitos em cidades que apresentam problemas no perímetro ur-bano. Por ser uma iniciativa já prevista no orçamento da União, as prefeituras não são obrigadas a custear as obras para a melhoria das vias, mas apenas convidadas a prestar apoio.

É de conhecimento de todas as pessoas que moram próximas à linhas de trens ou que passam pelas mesmas para ir trabalhar, por exemplo, que o tráfego desses veículos traz inconve-nientes como poluição sonora, con-gestionamentos e é um facilitador de acidentes para os distraídos.

Na teoria, quem deveria levar os créditos de uma iniciativa que irá melhorar a vida de boa parte da popu-lação, é o Governo Federal. Porém, na prática, significa uma boa ferramenta de propaganda enganosa para a prefei-tura. De que forma?

Os cidadãos que se interessam por notícias que envolvem a capital certamente já viram ao menos uma matéria que gerou polêmica a respei-to da presença de linhas de trem nos bairros da cidade. Nessas ocasiões representantes da prefeitura, via de regra, são procurados para falar a res-peito de possíveis providências. Pois bem, agora, nas eleições de 2008 para a escolha do novo prefeito de Curitiba, essa obra será citada como “Uma das obras fundamentais comandadas pelo governo municipal”, isso porque o governo estadual provavelmente não sabia a respeito desse projeto de uma forma aprofundada para citar como uma idéia do governo estadual.

Na verdade, todos aqueles que já sabem da notícia da mudança de toda a malha para outros municípios, certamente terão à mão uma das provas de que os problemas nunca tem donos aparentes mas, ao menos no que diz res-peito à política, mesmo aqueles que nem sabem do que estão falando, intitulam-se donos da melhoria.

Por Cássia Valter

Trens fora de CuritibaQueime político, queime!

Diário de um passageiroCássia Gomes

“Hoje vou emigrar de Jequitinhonha e imigrar em Curiociba. Cidade modelo, conheço só através da televisão, as pessoas são educadas, prestativas, me disseram que tudo lá é de primeiro mundo; até os ônibus e as vias são modernas. Não vejo a hora de conhecer as estações tubos, os ligeirinhos.Semanas depois... Os termômetros marcam 8ºC, um clima bem europeu, as pessoas estão agasalhadas dos pés até a cabeça. Conheci alguns pontos turísticos, entrei numa estação tubo e parece que, mesmo estático, estou em movimento. Amanhã bem cedo irei atrás de um empre-go. Algumas semanas depois... Estou bem aborrecido. Um cidadão me informou errado o nome de uma rua. Será que ele fez de propósito, ou será que o povo daqui não conhece a cidade onde mora? O bom é que já estou empregado. Terei que pegar três ônibus por dia, mas pagarei apenas um vale transporte para ir e um para voltar, porque vou fazer conexão entre os terminais. Meu horário de entrada no serviço será às oito da matina. Como o sistema de transporte aqui é considerado o melhor da América Latina, nem vou me preocupar, porque não precisarei acordar tão cedo, tem um ônibus atrás do outro. Três dias depois...Cheguei atrasado ontem, antes de ontem e hoje. Fiquei esperando meia hora um ligeirinho que na folhinha lá do horário marcava sete minutos de diferença entre um e outro. A fila foi crescendo, quando o ônibus chegou ficou aquele entra-e-sai, ninguém aguardava o desembarque, todo mundo querendo sentar. Um senhor que queria entrar no ônibus que já estava lotado, ficou gritando: “Tem lugar lá no fundo pessoal, vão mais para trás que eu quero entrar”. Anos depois... Discuti com uma senhora dentro da estação tubo. Ela disse que eu não respeitei a fila e entrei na frente dela. Na verdade ela que era uma folgada. Ficava esperando para ver se chegava um ônibus mais vazio e nunca entrava. Quando os ônibus atrasam, vem três de uma vez só, ela ficou enrolando para entrar e eu, como não posso mais chegar atrasado ao trabalho, entrei na frente dela. Ela me falou alguns palavrões, mandei ela ir para aquele lugar. Dois anos de-pois... Estou estressado, não agüento mais andar de ônibus, no final de semana não consigo sair de casa se precisar pegar condução. Não posso ver fila de ônibus, tenho que sair duas horas antes de casa. Assim não dá, canso mais do trajeto que faço do que do das minhas oito horas de trabalho.Cinco anos depois... “Próxima parada, Estação Concessionária”... Ouvi isso quando estava na linha direta de transporte, vulgo ligeirinho, sufocado, atrasado depois de novamente ter ficado um tempo na fila. Tive a idéia de comprar um carro, fiz aquele plano de uma entrada baratinha e o restante a perder de vista. Estou endividado, mas agora não chego mais atrasado e muito menos estressado no meu local de destino.”

Imaginemos que, por algum motivo inexplicável, todos os políticos do Brasil pegassem fogo. Então, como geralmente acontece em exemplos inexplicáveis, elimina-se qualquer lei da química ou da física. Esta chama será indolor e infinita.

Os políticos apenas ficarão parecidos com uma tocha durante todo o sempre – caixões especiais teriam que ser fabricados e a cremação, olha só que estranho, seria uma redundância. A princípio, os políticos se assustariam bastante com a combustão espontânea de seus corpos. Mas, não demoraria muito até que eles se acostumassem com o processo todo.

Obviamente, para toda população, seria interessante poder identificar clara-mente quem são os seus representantes. Até porque, do jeito atual – com políticos sem chamas – é meio difícil saber quem são as pessoas que governam o país, o estado, a cidade.

Além dessa vantagem, a maior de todas: por motivos óbvios, os políticos não poderiam mais pegar em dinheiro. Cédulas escondidas na cueca, transações ilegais e tudo o mais que combina a palavra “dinheiro” com “ilegal”, seriam coisa do passado. Pelo menos a princípio, a não ser que inventassem um dinheiro anti-fogo, mais aí ficaria muito escancarada a intenção maldosa por trás de tudo.

A ironia da situação é que talvez fosse a cereja do bolo. Imagine, aqueles polí-ticos que tanto adoravam torrar o dinheiro público, antes de pegar fogo, no novo cenário não iriam pode encostar em uma nota sequer. A não ser que estivessem dispostos a torrar literalmente a grana(façamos duas convenções: nesta nossa história imaginária: não existem moedas, nem políticos honestos, tudo bem?). Enquanto o fogo não vem, prestemos mais atençaõ neles.

crÔnica

editorial

Page 3: Capital da Notícia #30

Capital da Notícia Curitiba, dezembro de 2006 3oPinião

O mundo está vivendo numa velocidade de 1 gigabyte, se comparado a internet. Se não acontece nenhum fato inusitado, os dias passam despercebidos. As pessoas não têm tempo nem para sua própria família, quem dirá para o pró-ximo. Aquele papo entre amigos, vizinhos ou parentes, hoje já quase não acontece pessoalmente. Quando há algum tempo, esta conversa se realiza virtualmente e de modo muito rápido.

Assim como a comunicação entre os indivíduos, outras tarefas são facilitadas pelo mundo virtual. Como exemplo, cita-se alguns tipos de contas que podem ser pagas via web, tirar extratos bancários, fazer transferências, entre outras mais que antes exigiam a locomoção do indivíduo.

Mas existem coisas que a internet não consegue transmitir, como o carinho, o brilho no olhar, ou a emoção de um abraço. Infelizmente há milhares de pessoas que não tem acesso a esta tecnologia, ou por falta de posses, ou por estar em uma cama de hospital, até mesmo no corredor a espera de atendimento.

Vamos um pouco mais além. Claro que para matar a saudade de alguém que está muito longe, o mundo virtual torna-se essencial. Mas, e aquelas crianças que estão em tratamento para doenças graves, como o câncer?

A alegria destas crianças é receber uma visita, ganhar um abraço, carinho e atenção. Elas precisam sair, de alguma forma, da rotina que vivem em clínicas e hospitais. A recompensa do trabalho que o cidadão teve de ir até o local vem ao ver o sorriso e os olhos brilhando daquele que recebeu atenção.

Tecnologia é bom, ainda mais para quem trabalha e estuda, ou ao menos trabalha muito. Mas o ser humano precisa aprender a fazer o bem pessoalmente. Doar através de boletos é de grande ajuda para as instituições se manterem, porém conhecer quem está sendo ajudado engrandece o humano como ser.

Dez minutos do cotidiano passam muito rápido. Mas, eles podem marcar a vida de uma pessoa carente, quando ela percebe que alguém se preocupa, nem que seja apenas por dez minutos.

O Olhar Além do Monitor

No último dia 17 de outubro, entre os classificados do Festival do Minuto Regional Curitiba, estava a produção “9 milhões de Dias Chuvosos”, do aluno da Unibrasil Wellington Sari. Ele cursa o quarto período de Jornalismo na instituição e iniciou no começo deste ano o curso de Cinema na CINETVPR. Sari não ganhou, mas garante que não desanima. “Quero participar de outros concursos ainda este ano. Tenho dois roteiros, um pronto e outro em fase de conclusão, quero começar a filmar um deles logo”.

O Festival do Minuto existe desde 1991 e é promovido pela CAIXA Cultural. Qualquer pessoa pode participar, inscre-vendo suas produções de até no máximo 1 minuto. Em Curitiba, foram 20 vídeos classificados. Sari não esteve entre os premiados, mas agradou o público. Débora Dreyer Dornella, estudante de Rádio e TV, que foi ao Festival diz que gostou do vídeo. “Creio que ele tinha todo o potencial para ganhar, foi uma pena, para mim foi um dos melhores”.

Sobre o trabalho classificado Wellington diz que assim que ficou sa-bendo do Festival, já sabia o que fazer. A idéia surgiu devido à música que usou, que para ele tinha tudo a ver com a chuva. “Para mim o filme é uma metáfora sobre as

Aluno da UniBrasil chega à final do Festival do

Jackqueline Romão

opressões do dia-a-dia. Mostra como um simples gesto pode libertar e sair da rotina de fazer tudo sempre igual”.

Wellington começou a se interessar profissionalmente por cinema aos 17 anos, mesmo sabendo que esse é um sonho di-fícil de ser realizado. “Sempre gostei de filmes, mas o interesse por cinema cresceu quando vi ‘Carrie, a estranha’ de Brian De Palma.”.

Hoje com 19 anos, ele diz-se apai-xonado pela imagem e que através dos vídeos pode mostrar a beleza das coisas. “Vejo o cinema como a única forma de arte capaz de transmitir as minhas idéias e obsessões”.

Sari já tentou participar de outro concurso duas vezes, o PUTZ, da UFPR. Os seus dois outros trabalhos foram, “8 minutos em Curitiba” e “Ficta Posessio”. Um uma crônica da cidade modelo e outro um suspense de assassinato. Os dois foram realizados com colegas da Unibrasil.

Nesse ano, Sari mudou de parceria e manteve seu projeto praticamente em segredo. “Não faço isso para aparecer, mas por que eu gosto”, afirma.

E para quem quer seguir a carreira cinematográfica ele aconselha Hitchcock e De Palma. “Os dois privilegiam a imagem, acima de tudo, e isso é genial”.

Marina Gallucci

Nada de cartões postais de ami-gos jornalistas do outro lado do planeta no natal deste ano. Não estamos mais procurando por notícias do Oriente, do Norte, do Sul ou de qualquer lugar onde informações urgentes possam vir. Estamos em busca de acontecimentos novos, de observações da realidade que mudem perspectivas, de matérias que informem e intriguem.

E o único problema é que todo esse material tem por obrigação ser fruto das proximidades da Unibrasil, isto é, dos bairros Tarumã, Capão da Imbuia, Bairro Alto, Cajuru e Pinhais. Localidades onde aparentemente nada acontece.

Podem dizer que nós piramos, que é “impossível não ocorrer nada em uma região tão grande”. Mas a verdade é que é bem possível. Basta que se olhe o teor das noticias deste jornal.

O Capital da Noticia se dedica de maneira mais profunda e íntegra para

Rodolfo Stancki

Vovó mais que sábia

Já dizia minha vó - “Não há nada pior que não possa piorar”. Coita-dinha, ela tinha um sério problema de dicção. Pior disso tudo é que a velha tinha razão. Sempre me dizia que carro velho não agüenta mulherão. Está certo que até hoje, neste minuto, nunca havia entendido o porque dessa frase, mas era minha vó, no mínimo eu tinha que agüentar a idosa. Mas agora estou começando a entender. O tal carro velho é literalmente carro velho. Não há nenhuma metáfora nisso, carro velho mesmo, daqueles bem precários, que nem turco aceita de presente (essa é outra das frases de vovó).

Foi ai que comecei a pensar no que seria o tal mulherão. Eu com meus botões imaginei no sentido literal uma loira, robusta, pernas grossa, literalmente gostosa (vovó usava muito esse “literalmente”) e com todos os prazeres que um homem pode querer. Foi ai que me toquei onde a velha colocou a metáfora. Sacanagem! Não é que a caduca queria falar sobre a rua onde morava? Carro velho era o Passat 68 que ela herdará do meu avó e o mulherão o asfalto que acabaram de construir na frente de sua casa.

Minha mãe me contará que minha vó no passatão era igual a James Bond naqueles carrões em seus filmes. A velhinha não era fraca não. Com o asfalto lisinho e recém feito, ela pisava mesmo. Mas chegou o dia que o carro não agüentou com toda a força daquela mulher. Uma das hipóteses é que tenha sido falha da vovó. Não sei se ela foi imprudente, mas aconteceu. Uma freada e já era. A velhinha deu no poste. Não morreu, ganhou alguns arranhões, mas nada grave.

Sabia que velha não era lá essas coisas no volante, mas sempre que precisava de uma caroninha ela era a primeira a me oferecer. Não!Nao sou um neto folgado, vovó sabia ser carinhosa e muito atenciosa com seus netos.Me pergunto muito o que seria de mim sem a sabedoria dela.

Ah, que saudades que eu tenho da vovó! Tão sábia quanto suas frases, entendia muito mais sobre a vida. Hoje fico aqui pensando e olhando defron-te a rua onde moro. Vovó não seria feliz nesse asfalto.O passatão creio que não agüentaria nem os primeiros cem metros. O asfalto aqui é tão cheio de

Kahito Jucoski

Não cobrimos eventos

crÔnica

artigo

encontrar algo que realmente valha a pena ser publicado nas páginas desta experiência acadêmica que alunos de jornalismo devem realizar.

Mas o fato é que, ainda assim, pare-ce para você leitor, tão desinteressado em folhear nossas matérias, frutos de um enorme esforço de cada aspirante a jornalista desta faculdade, que estas palavras representam que, de fato, você é um daqueles que realmente lê o este jornal, além dos professores que o tem de avaliar.

Se não se interessa por notícias daqui, se leu o titulo desta opinião por mera curiosidade e não valoriza o ma-terial que encontra em suas mãos, por favor feche este jornal. Não creio que será mais importante saber sobre nos-sos policiais, nossas ruas ou qualquer outro tipo de problemas que podemos ter, do que saber a cobertura urgente da erupção do Vesúvio, na Itália.

artigo

Page 4: Capital da Notícia #30

Capital da NotíciaCuritiba, dezembro de 20064

Resultado do primeiro turno nos Mariana Athayde e Tathiana Mesquita

Região não acompanha o resto do país e Alckmin fica na frente de Lula

Por Anna Azevedo

Projeto prepara estudantes para futuras eleiçõesEstudantes da Escola Municipal

Omar Sabbag, localizada no bairro do Cajuru, participaram da simulação, na sede do Tribunal Regional Eleitoral. O TRE disponibilizou urnas eletrônicas para que fossem utilizadas nessa atividade. Ações como a eleição simulada permitem a reflexão sobre conceitos relacionados à cidadania e à democracia com as crianças e adolescentes das escolas.

Antes da votação no tribunal, os alunos participaram de atividades na pró-pria escola. Na sala de aula, receberam

uma cartilha educativa, com ilustrações do cartunista Ziraldo, que trata de questões sobre a escolha de candidatos para ocupa-ção de importantes cargos.

Da mesma forma que nas histórias vividas pelo Menino Maluquinho, na história “Operação Eleições Limpas”, as crianças tiveram de eleger o animal símbolo da escola.

No pleito, elas podiam optar entre boto, coruja ou leão. Cada um desses animais apresentava uma característica de conduta. Assim, durante a apresenta-

ção dos candidatos, os alunos puderam refletir sobre conceitos morais de cada um deles.

“Com a eleição, a gente pode ava-liar se os alunos entenderam os princípios éticos que envolvem a escolha. Na história do Ziraldo, por exemplo, os partidários do leão oferecem sorvete para quem aderir à campanha”, explicou o vice-presidente da AMB, juiz Roberto Portugal Bacellar.

As crianças de hoje serão os elei-tores de amanhã. Seguindo este racio-cínio, e para aproveitar a onda eleitoral que tomou conta do país em virtude das Eleições 2006, a Associação dos Magis-trados Brasileiros (AMB) promoveu uma eleição simulada entre alunos de escolas municipais de Curitiba. A simulação faz parte do projeto “Eleições Limpas”, que tem como principal intuito a formação e a conscientização dos futuros eleitores.

Os bairros Tarumã, Cajuru, Capão da Imbúia e Bairro Alto tiveram nestas eleições 28 locais de votação, 360 seções e 116.423 eleitores aptos. Apesar de proibidos pela Lei Eleitoral, os santinhos foram jogados nas ruas até cinco quadras em volta dos locais de votação.

O resultado para presidente acom-panhou o cenário nacional com uma disputa acirrada entre Lula e Alckmin, mas aqui o atual presidente ultrapassou o candidato do PSDB em apenas 6 locais de votação.

Em um ano de tantos escândalos e, em meio a tanta desilusão política, o resultado das eleições surpreendeu a mui-tos. A população voltará as urnas no dia 29 de outubro para o segundo turno, na tão esperada decisão de quem será o novo presidente, se for novo mesmo.

Os números eleitoraisCuritiba possui 1.217.263 eleitores

aptos, ou seja, que estão em condições legais de exercer o direito do voto. Do número total de cidadãos aptos, 116.423, o equivalente a 9,57%, dividem-se nos bairros da seguinte forma: Tarumã com 9.956 eleitores, Bairro Alto com 31.770, Capão da Imbúia com 20.951 e Cajuru, que concentra praticamente metade do total de eleitores, com 57.755.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), houve um crescimento de 10% das seções em relação ao último pleito.

Nas apurações das urnas o atual presidente esta na frente em âmbito nacio--nal, entretanto, se cada local de votação pudesse escolher seu candidato, em alguns lugares o cenário seria um pouco diferente. No Colégio estadual Cecília Meireles e na Escola Municipal Araucária, Geraldo Alckmin está na frente. Na Faculdade Pitá-goras ele ganha com 53,8% contra 28,04% de Lula. Em alguns locais a votação seria decidida por dois votos, como no caso da Escola Municipal Erasmo Pilotto, onde

Alckimin recebeu 879 votos, enquanto Lula recebeu 877.

No Bairro Alto Alckmin conseguiu 37,13% dos votos contra 29,13% de Lula, no Cajuru a disputa foi a mais apertada, com 34,64% para Alckmin e 34,46% para Lula. No Capão da Imbuia o candidato do PSDB alcançou uma vantagem conside-rável, com 40,82% dos votos, enquanto seu adversário teve 25,32% . No Tarumã a diferença aumenta, Alckmin com 44,31% e Lula 21,79%.

Nas votações para governador nos bairros, os Candidatos Requião do PMDB e Osmar Dias do PDT chegaram ao final do primeiro turno com uma pequena diferen-ça, em uma média entre as regiões analisa-das Requião ficou na frente com 30,05%, enquanto Osmar Dias teve 24,01%.

Os Senadores eleitos Alvaro Dias e Gleisi dividiram democraticamente os eleitores, Gleisi conseguiu os votos de 45.019, enquanto Alvaro Dias ficou com 30.390.

Segundo a assessoria do Coorde-nador Estadual da Campanha de Geraldo Alckmin, no primeiro turno ultrapassou Lula apenas nas últimas duas semanas antes das eleições, até então o candidato do PT liderava as pesquisas. A expectativa do partido em Curitiba é conseguir uma votação mais expressiva no dia 29 de outu-bro. A estratégia de Campanha continuará a mesma, apenas será intensificada nas regiões onde Lula obteve maior número de votos.

A Assessoria de Mobilização de Campanha do PT considerou o resultado

do dia primeiro de outubro bom, em vista do que apareceu na mídia na semana que antecedeu a votação, apesar de não ser o resultado que queriam. A expectativa é que no segundo turno o Paraná recupere a votação, com a população tendo mais tempo para pensar no contexto atual, e que a votação do Lula seja bastante expressiva.

Os inconvenientesCom as campanhas eleitorais sur-

gem alguns inconvenientes com os quais a população é obrigada a conviver, apesar de serem ilegais. É o caso das propagandas eleitorais que enchem as ruas de cartazes e panfletos.

A situação fica ainda mais grave no dia da votação, quando os locais são inva-didos por centenas de papéis que forram o chão. Em alguns casos como na Escola Conego Camargo, do Bairro Alto, até mes-mo dentro do local de votação era possível encontrar propaganda dos candidatos.

A própria população mostra-se in-dignada com o fato. “Isso é um absurdo, a maior anti-propaganda que eles fazem”, afirma Bruna Zambon da Rocha. Eleitores como Edilson Uggione, mostraram co-nhecer as Leis Eleitorais. “A sujeira dos santinhos é um desrespeito, principalmente porque fere a lei”. Entretanto, algumas pessoas chegam a ser influenciadas pelos santinhos do chão. “Tem gente que passa, pega o papelzinho e vota. Eu já vi”, conta Maysa do Prado Ribeiro.

A análiseUma análise feita pelo professor

Doutor em Educação Marcos Cordiolli mos-

trou que a população de Curitiba em geral escolhe seus deputados, federais e estaduais, de acordo com sua região ou sua realidade sócio-econômica. Entre os eleitos estão os que fizeram muitos votos em determinados bairros como um todo e os que foram vota-dos em toda a cidade por pessoas do mesmo grupo econômico e cultural.

Sobre a votação para presidente Cordiolli acredita que o município reflete o resultado nacional. As pessoas mais carentes, que têm menos renda e mais problemas sociais, se identificam com o atual presidente. Enquanto Alckmin tem vantagem nos bairros em que a população tem um crescimento maior e depende me-nos do Estado.

Em relação à expectativa para o segundo turno, o professor observa uma forte tendência da disputa pelos votos dos candidatos que não estão concorrendo. Os candidatos podem ter um crescimento con-siderável se captarem os votos de Heloísa Helena e Cristóvão Buarque para presiden-te e de Flávio Arns e Rubens Bueno para governador.

Outro ponto abordado foi a forma de divulgação dos resultados. Com a Internet os resultados poderiam ser melhor disponi-bilizados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). “As pessoas não ficam sabendo da votação na sua comunidade, no máximo na cidade e se o candidato foi eleito ou não”, afirma Cordiolli, que acredita que devia ser um direito do cidadão saber como sua comunidade votou, como ela pensa.

V o t a ç ã o d o s c a n d i d a t o s

Poítica

Page 5: Capital da Notícia #30

Capital da Notícia Curitiba, dezembro de 2006 5 cidadania

Jackqueline RomãoJackqueline Romão

Elas são voluntárias na APACN (As-sociação Paranaense de Apoio às Crianças com Neoplasia), e passam duas tardes por semana na Casa de Apoio. Durante estas horas, as vovós trabalham com o artesa-nato, que depois é vendido na lojinha da instituição filantrópica e em feirinhas.

Como a maioria das avós, elas pin-tam, costuram, bordam, fazem crochê e até chinelos. Juntas, elas buscam a diferença na comunidade, pois contribuem com o seu tempo doando esperança.

Quando elas se reúnem, sai de tudo um pouco: panos de prato pintado com aca-bamento em crochê, fuxicos para enfeites e roupas, roupas para brinquedos que foram doados, chinelos, entre outros mais.

Esta produção conta com a ajuda da dona Terezinha de Jesus Souza Ribeiro, 73, há 16 anos. “Conheci a APACN através do rádio e me prometi que iria ajudar as crian-ças”. Hoje, dona Terezinha faz chinelos e já conseguiu mais seis voluntárias que trabalham em casa para a APACN.

A dona de casa Solange Meira, 62, há dois anos é voluntária na oficina de ofícios. Uma vez por semana ela ensina para os hóspedes e para acompanhantes pintura no tecido, caixinhas, chochê, entre outros.

A senhora Solange disse que faz o que gosta e ajuda quem precisa. “As mães, além de aprender uma atividade que pode gerar renda, se aliviam esquecendo um pouco dos problemas. Nós percebemos que os nossos problemas se tornam muito pequenos comparados aos delas”.

A ação voluntária também pode ser uma terapia, como disse dona Benedita da Luz dos Santos, 63. “Fiquei internada por um mês, fazendo tratamento para depres-são. Após receber alta, eu comecei a fazer voluntariado no Bom Retiro, e depois eu

Voluntárias fazem a diferença na vida de crianças com neoplasia

Mara Tamaschitz, 52, voluntária da APACN há dois anos

Serviços:Casa de Apoio - Rua Oscar Schrappe Senior, 250. Tarumã.Ambulatório Menino Jesus de Praga –Rua Padre Camargo,140. Alto da Glória.Cegempac (Centro de Genética Molecular e Pesquisa do Câncer em Crianças).Informações sobre voluntariado pelo telefone 3267-7475.

vim para cá”. Benedita afirma que sua vida mu-

dou com essa atitude. “Eu vivia triste e sozinha, e aqui me sinto bem e alegre, além de aprender cada vez mais”.

A APACN conta com 410 voluntá-rios cadastrados, em 36 setores. Segundo a coodenadora do voluntariado Glaci Silva, 46, o trabalho destas senhoras é muito importante para a associação. “Sem elas a Casa não seria nada, pois elas que fazem o trabalho que gera renda”.

Glaci, que está há pouco mais de quatro anos na coordenação, ainda afirma que são pessoas dedicadas e que abraçam a causa. “ Quase todas sacrificam a família

Diariamente, cerca de 30 crianças de todo o Brasil passam pela casa da As-sociação Paranaense de Apoio às Crianças com Neoplasia (APACN ).

As práticas de tratamento princi-pais usadas para a cura das crianças são: cirurgia, no caso de tumores, quimiotera-pia e radioterapia. Além disso, as crianças recebem alimentação, vestuário e trata-mento dentário, tudo gratuitamente. Mas uma etapa é muito importante no processo de cura, que é o tratamento psicológico.

Um grande número de terapeutas afirma que, após cada sessão de tratamen-to, o paciente precisa de condições favorá-

Na APACN psicologia é importante veis de equilíbrio psíquico e emocional. É neste aspecto, que a APACN se especiali-zou. Por isso, para essa Associação, o calor humano e a solidariedade oferecidas às crianças são fundamentais para o sucesso de seu tratamento.

O tratamento de neoplasia envolve procedimentos médicos altamente invasi-vos, que exigem internamento hospitalar, com conseqüente afastamento familiar e com efeitos colaterais diversos. Por este motivo, na casa de apoio da APACN, as crianças recebem apoio psicológico no momento em que passam por mudanças e perdas.

O serviço de psicologia ajuda na elaboração e na aceitação da doença,do

tratamento e suas implicações emocionais, psicológicas e comportamentais.

A Casa de Apoio também oferece atendimento individual e um grupo de apoio, tanto para as crianças e adolescentes como para seus familiares e acompanhan-tes, os quais também são afetados pelo diagnóstico da doença.

A comunicadora social da APACN, Lizely Borges, explica como tratam com psicologia as crianças, através de brin-cadeiras. “Nós, através da brincadeira, mostramos a situação pela qual a criança vai passar e pelos tratamentos que ela vai ter que passar para ser curada. A criança pode ser a paciente ou o médico.”

A psicologia também procura

Michael Barón facilitar a adaptação a nova realidade e proporcionar uma maior interação entre os hospedes, tornando este período o mais agradável possível.

As vovós que ajudam a APACN

Psicóloga da APACN trata criança.

para estar duas ou até três vezes na semana, é muito lindo este trabalho!”.

Page 6: Capital da Notícia #30

Capital da NotíciaCuritiba, dezembro de 20066 tecnologia

O Google Earth (programa gratuito de mapas geográficos) disponibiliza com baixa resolução as fotos do bairro do Tarumã e região. Ao acessar o software pelo computador, pode-se observar que algumas áreas da região metropolitana estão com uma qualidade superior de visu-alização. Segundo o Analista de Sistemas do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), Neudi Gritte, o satélite utilizado para tirar fotos de uma determinada região pode variar para as outras. “Os satélites são distintos e ainda estão localizados em posicionamentos di-ferentes, causando variações na resolução das fotos de regiões próximas”, comenta.

Apesar do bairro estar localizado à 7,2 Km da parte central de Curitiba, o software não permite identificar ruas, casas e estabelecimentos, diferentemente de algumas regiões metropolitanas mais afastadas, como Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana, com quatro mil habitantes e a 32 Km de cidade, que pode ser observada com maior precisão.

O engenheiro cartógrafo, Eduardo Freitas Oliveira, informa que as imagens utilizadas pelo programa são adquiridas através de empresas multinacionais que fa-zem o geoprocessamento do planeta.”São diversas as fontes, o Google pode comprar as fotos de um bairro da cidade de determi-nada empresa com alta resolução espacial, e adquirir uma imagem de outro bairro com uma outra empresa já com média resolução ou ainda imagens feitas de avião. Isso gera o desfoque e falhas de junção na hora do encaixe, e torna a divisão das resoluções mais evidentes pela variação”, ressalta.

Oliveira argumenta que cada saté-lite tem uma resolução espacial específica para determinada aplicação, com influên-cia direta na resolução. “Os satélites de

As imagens do bairro são piores que as imagens da região metropolitana

Fabiana Lima

O Google Earth é um programa gratuito que permite ao usuário visu-alizar imagens reais de todo o mundo. Através dele é possível visitar um local, girar a imagem, marcar lugares preferi-dos, medir a distância entre dois pontos e até mesmo ter uma visão tridimensio-nal de determinadas localidades. Para a instalação é necessário um computador potente e conexão rápida à Internet.

O Google Earth tornou-se a sensa-ção da internet desde seu lançamento, em junho de 2005. É através dele que o internauta pode ultrapassar as barreiras demográficas e geográficas do mundo. São disponibilizados milhares de imagens feitas através de satélite da cartográfia do planeta todo. O usuário ainda pode visua-lizar paisagens e cidades com uma viagem sem sair de sua casa.

Conforme o site de enciclopédia Wi-kipédia, o Brasil teve uma grande atuali-zação nas imagens de satélite no mês de

Tarumã desfocado no Google Earth

A baixa resolução da imagem no programa Google Earth começa próximo ao Colégio Militar.

Imagem disponível no Google Earth da Região Metropilitana de Curitiba, Campina Grande do Sul.

Imagem do cruzamento entre a BR-116 e a rua Victor Ferreira do Amaral no bairro Tarumã.

Sobre o Google Earth

O que é o Google Earth

Fonte: Google Earth

Fonte: Google Earth

Fonte: Google Earth

baixa resolução espacial são utilizados para meteorologia, estudos ambientais, etc. Os satélites de média resolução es-pacial são utilizados para a agricultura e os satélites de alta resolução espacial são utilizados para planejamento urbano. Nestas imagens podem ser vistos carros nas ruas”, completa.

Muitas cidades do mundo estão dis-poníveis numa resolução suficiente para ver edifícios, casas ou até mesmo carros. No Brasil, imagens de alta resolução só estão disponíveis para algumas capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro. A qua-lidade de resolução espacial é variável para a maioria dos locais, porém toda a terra está coberta com uma resolução de 15 metros, de acordo com a revista InfoGeo edição 42/2006.

Segundo as informações repassadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatística (IBGE) e o IPPUC, as fotos aéreas utilizadas pelo software não são repassa-das por órgãos governamentais brasileiros, pois não existem quaisquer vínculos ou acordos entre ambos. Destacam ainda, que não sabem quem são os fornecedores das imagens do geoprocessamento, por se tratar de uma empresa privada como qualquer outra.

O chefe de tecnologia das divisões Earth, Maps e Local do Google, Michael Jones, em entrevista para o site MundoGeo, disse que sempre estão em buscas dos melhores dados possíveis. “É exatamente isso que queremos proporcionar: resolução cada vez menor em todas as partes do pla-neta”. A Holanda tem hoje precisão de 15 centímetros, enquanto Alemanha e Reino Unido estão representados com apenas 25 centímetros. “Em dois anos teremos pelo menos dois metros de acurácia no mundo todo”, promete.

maio deste ano e que, agora, uma grande parte tem boa resolução. Até mesmo as pequenas cidades, aquelas que ninguém dá muita importância, encontram-se disponíveis em detalhes, para uma visu-alização nunca antes imaginada.

Michael Jones ainda declarou durante o GeoBrasil, um dos maiores eventos de geoinformação da América Latina que ocorreu em Julho, que no último ano somaram 100 milhões de downloads do software Google Earth, serviço de mape-amento online.

Page 7: Capital da Notícia #30

Capital da Notícia Curitiba, dezembro de 2006 7educação

As imagens do bairro são piores que as imagens da região metropolitana

As Faculdades Curitiba, Radial e UniBrasil não dispõem de ônibus próprios para o transporte de alunos. Em nenhuma das três os estudantes são levados até termi-nais. Por isso, alunos que moram distantes das faculdades contratam micro-ônibus ou vans para deixá-los em casa. Nesses casos é feito um contrato entre a empresa e os alu-nos diretamente, ou por meio dos Centros Acadêmicos e/ou do Diretório Central dos Estudantes. Esse contrato é realizado sem a participação das instituições onde estudam.

Embora não possuam nenhum tipo de transporte próprio, algumas faculdades pensam em implantar esse serviço. Marcelo Konig, diretor jurídico das Faculdades Ra-dial, disse que já foi tentado disponibilizar aos alunos uma linha. A tentativa não vin-gou. Segundo o estudante Willian Lacerda, 19 anos, alguns funcionários chegaram até passar em sala, mas logo não se ouviu mais falar sobre o assunto. “O ônibus iria até um ponto da cidade escolhido pela maioria. Ninguém falou se seria cobrado por isso”.

A Unibrasil se pronunciou por meio de seu Diretor de Planejamento e Adminis-tração Alessandro Kinal, que revelou que um pedido foi enviado à prefeitura para o prolongamento das linhas. “Há vários encaminhamentos da UniBrasil junto ao

Alunos chegam tarde em casa devido a falta de incentivo das faculdades

Jeferson Fracaro

Estudantes reclamam do transporte

órgão responsável da Prefeitura para que implementem novos trajetos e melhorem os equipamentos urbanos de transporte coletivo aos nossos alunos. Até o momento, sem sucesso”.

A Urbanização de Curitiba S.A (Urbs), por meio de José Carlos, gerente de transportes comerciais, se pronunciou dizendo que não determina as rotas à serem realizadas.”O órgão é apenas o elo entre a solicitação dos alunos e a empresa que realiza o serviço. Nós fazemos a vistoria do veículo para checar se atende a todos os cri-térios, a fiscalização e fechamos o contrato com ambas as partes”. A Urbs não possui nenhuma van ou micro-ônibus próprio, os serviços são terceirizados e realizados com um processo de licitações.

Esse pequeno trecho que os alunos dispôem tem seu valor dobrado em dias de chuva, em função da fraca iluminação do percurso. O estudante da Unibrasil Mi-chael Baron Rojo disse que a rota até o tubo é importante por causa da segurança nos dias chuvosos, mas poderia ser ainda melhor. “Eu moro no bairro Vista Alegre que é bem distante da faculdade, se hou-vesse o micro-ônibus que me deixasse nos terminais seria muito bom, economizaria muito tempo.”

O presidente do DCE da UniBrasil, Ronaldo Pinto, revelou que a implantação da linha que leva até o tubo é fruto da ges-tão anterior, e uma das lutas da situação é justamente a ampliação da rota até um dos terminais da região. Segundo ele, as tentati-vas de contato com os diretores das gestões

Palestras para a

Marcelo Dacól

UniBrasil de portas abertas na

Na Unibrasil a divulgação dos eventos oferecidos fica principalmente por conta do site, afirma o professor de jornalismo Valdir Cruz.

“As palestras, a princípio, são abertas para toda a comunidade, assim como a abrangência do Jornal Capital da Notícia”, afirma o professor Émerson Cervi.

Cervi também é Ex-Coordenador do curso de jornalismo da faculdade e diz que todos são bem vindos para assistirem esses eventos. “A diretoria abre as portas para os interessados nas palestras da faculdade”.

Quanto a divulgação em relação à palestras no rádio e na TV, é simples e categó-rico em sua colocação. “Depende da verba do curso, e principalmente do público-alvo o qual vai ser dirigido e atendido”, declara Cervi.

O estudante de Publicidade e Propaganda, Evandro Lázaro de Souza, 20, acha que, apesar da divulgação de palestras serem feitas pelo site, elas deveriam ser mais enfatizadas na sala de aula. “ Deveriam colocar anotações das palestras que ocorrerão no painel de recados, na sala de aula, pois muita gente aqui é desinformada, falta co-municação interna”.

Ele afirma que existem palestras em outras áreas que são legais.A jornalista recém chegada à Unibrasil, Criselli Montipó, 22,há um mês no cargo

de ser responsável pelo site da entidade, afirma que não acha pouca a divulgação das palestras e dos eventos. “Tudo o que me passam eu repasso com o maior cuidado, se não é aberta para a comunidade eu não escrevo no site, e quando o evento é aberto, como a palestra do jurista e o dia da responsabilidade social, está avisado na internet”, afirma.

Fatos da vida acadêmica

As linhas de ônibus existentes não facilitam a vida dos alunos

passadas era muito complicada. “Com o di-retor José Henrique Faria nós propusemos muita coisa e ele é mais acessível. Agora os projetos estão caminhando, incusive com relação aos transportes”.

Os laboratórios universitários de informática têm, em média, vinte quatro computadores. Para o professor auxiliar cada aluno em suas necessidades especificas, é necessário que tenha poucos alunos em sala.

Na região sul ou sudeste do Brasil valor da hora/aula dos pro-fessores universitários variam de R$ 19,00 a R$ 52,00. Enquanto no nordeste do país essa quantia fica entre R$ 5,00 e R$ 20,00.

A autora Miriam Mermelstein defen-de, em artigo editado no site do Centro de Referência em Educação Mario Covas, o respeito às escolhas literárias dos jovens.

Eder Elias

Page 8: Capital da Notícia #30

Capital da NotíciaCuritiba, dezembro de 20068 cultura

A zona leste no cenário musical da grande CuritibaMargot Dobignies e Robério Marcolino

A zona leste de Curitiba é casa de diversas bandas. Nascidas e cultivadas na cidade, porém com fama reconhecida apenas fora daqui, a maioria tem que se apresentar em casas do centro da cidade.

A falta de espaço para essas bandas tocarem é o que faz delas estranhas na própria casa, que valoriza muito pouco qualquer coisa fora do sertanejo, hip hop ou pagode.

São bandas com estilos musicais variados, do pós-punk ao pagode, que não contam com o auxilio de grandes grava-doras para divulgação ou gravação de CD.

No entanto, com o esforço de cada integrante, divulgam o som e gravam os Cd’s com músicas próprias no cenário independente.

ZigurateA banda Zigurate tem 2 integrantes

que moram no Bairro Alto, Bauduko (vo-cal) e Fábio Banks (guitarra). Os outros in-tegrantes são Fábio Gaia (baixo) e Cristiam Guimarães (bateria). Formada há 10 anos, eles têm músicas influenciadas por Siouxie and Banshies, Iggy Pop, B´52 e outros nomes da “Geração Perdida, anos 80”.

Os temas das canções são política, poesia, reflexão, ciência, religião e coti-diano. Ainda, paralelamente ao Zigurate existe a banda Peekaboo que toca covers da fase Pós-Punk, como: Echo and Buniman, The Clash e muito mais.

O público da Zigurate varia entre 20 e 45 anos de idade. A banda toca, em média, uma vez por semana, já tendo aberto shows importantes como: Violeta de Outono, Zero, Pato Fu, Autoramas, Bidê ou Balde e Plebe Rude.

Sobre a região leste, Bauduko diz que falta lugar onde tocar e quem gosta de Rock acaba indo para o centro da cidade, pois na região os poucos lugares que têm espaço para bandas, são destinados unica-mente ao sertanejo e pagode.

“No passado até houve um momen-to, que tentou-se dar à região um “ar” cul-tural. Jair César, vereador de Curitiba, era proprietário de um espaço aberto e cedia-o aos domingos para as bandas tocarem. Mas, a divulgação era mal feita e o projeto acabou morrendo”, afirma Fábio Banks.

Este projeto chamava-se Vila dos Talentos, reunia em média 800 pessoas por domingo, não cobrava ingresso e situava--se próximo ao terminal do Bairro Alto. O local tinha estrutura de equipamento de som, segurança e no momento não está sendo utilizado.

“Falta apoio dos comerciantes locais, nessa região da cidade o poder aquisitivo é mais baixo e por isso ninguém

consegue investir”, disse Fábio.

Alkool MaisEssa banda mistura Pop Rock,

Axé, Reggae, Samba, Pagode e em época de carnaval levanta o povo do chão com trios elétricos nas cidades de Antonina e Morretes, de onde vieram.

São 11 músicos: Ivan – Pandeiro; Júnior – Cavaco; Caverna – Guitarra e back vocal; Black – Baixo e back vocal; Guilherme – Teclado; Capi – Percussão; Xuxa – Percussão; Jobert – back vocal; Nego – Bateria; Anderson – Trombone; Luiz – Trumpete ;

É uma estrutura bem grande e que conta ainda com um técnico de som. A banda foi formada há 9 anos , toca quase todos os dias da semana em casas fixas e em outras cidades como Brusque, São Francisco do Sul e Itapoá.

As influências musicais principais são Almir Guinetto e Fundo de Quintal, para quem já fizeram a abertura do show.

O Alkool Mais começou tocando em barzinhos para se divertir, em uma noite, uma pessoa da platéia indicou-os para a proprietária de uma casa noturna em Curitba, isso deu início a uma série de outros contatos importantes.

Hoje, mesmo com agenda lotada e chegando a fazer dois shows por noite a

banda aceita tocar sem cachê em projetos culturais. “Tem que ser coisa séria, onde ninguém ganha dinheiro e sim cultura, porque já nos chamaram para um projeto cultural e no último momento começaram a cobrar ingresso, dinheiro para o dono do projeto”disse Jobert.. “Não era sério”, completou.

O primeiro Cd da banda saiu em 2005 e o segundo saiu em outubro agora. Na zona leste a banda já se apresentou em dois lugares, o Victória Hall (Anexo ao Jókei ) e na Danceteria Milennium.

“A região caracterizou-se pelo ritmo sertanejo e resiste à modificações”, Complementou Jobert.

www.alkoolmais.com.br

Mallagueta Essa banda é formada por Luiz

Mende – Bateria; Helder Filipov – Gui-tarra; Raphael Nunes – Baixo e Rodrigo Pato - Vocal.

A banda está na estrada há 7 anos e toca um som estilo Pop-Rock. Mistu-ram covers de Capital Inicial, J Quest, Gim Blossom´s e O Rappa com músicas próprias.

Cada integrante trouxe uma influ-ência musical, entre elas: Rage Against the Machine, Rush e Iron Maiden. O Mallagueta costuma se apresentar no Bar

Blue Bell, Aqualaung, Palanque Marginal, Clube dos Sub-Tenentes e Sargentos e em festas particulares. Atualmente eles produzem as gravações para o próximo CD em casa.

“Nós já gravamos muito em estú-dio, mas além de ser caro, gravar em casa, com a tecnologia disponível hoje em dia fica mais caprichado”, disse Rodrigo.

Além da produção de áudios, a banda investe nos vídeos que colocarão em sites públicos como: “You Tube” e “My Space”. O nome “Mallagueta” surgiu como reação ao clima e temperamento da cidade e de seus habitantes, “A idéia foi tocar algo quente no frio de Curitiba”.

Eles nunca tocaram na zona leste da cidade pois crêem que falta espaço, um lugar para isso. Além de faltar investimen-to neste sentido.

Rodrigo afirma que os moradores desse lado da cidade quando querem sair vão para o centro da cidade, que já tem tra-dição no ramo. “Se existisse investimento nessa região teria movimento”. Na banda existe o consenso de que a iniciativa privada, a prefeitura e os governantes de-veriam unir forças para mudar o apagado cenário musical da região.

A curiosidade da entrevista foi uma história que o ator Herson Capri contou a Rodrigo, que ilustra a maioria dos rela-cionamentos artísticos de nossa cidade:

Um homem estava numa estrada, com dois barris, vendendo caranguejos. Um barril estava aberto e outro fechado, o cliente perguntou se o vendedor não tinha medo que os caranguejos fugissem do barril aberto. O vendedor disse que não, porque aqueles eram de Curitiba. Se um tentar sair os outros puxam ele para baixo.

Gengivas NegrasO grupo começou à partir de um

trabalho feito na faculdade sobre o Mo-vimento Futurista. Formando no Curso Superior de Gravura, Theo Cordeiro e Carlos Morevi já estavam envolvidos com a música industrial, viram o elo de tal gênero com os preceitos futuristas para música e artes em geral, dizendo que a nova música deveria ser o reflexo de uma nova era pós-Revolução Industrial, através das máquinas e seus ruídos.

O nome Gengivas Negras é parte da maneira como a produção do projeto é feita: como um organismo em degene-rescência. “ Esse organismo pode ser o cenário musical ou a mídia em geral”, explica Theo.

Responsável pela parte rítmica e programações de sequências de bate-ria, Theo também manipula os efeitos e distorções e Carlos trabalha na coleta e na manipulação de samples, program loops e manipula também geradores de ruído. Além disso, ambos desenvolvem

Bauduko vocal da banda Zigurate

Margot Dobignies Margot Dobignies

Fábio Banks da banda Zigurate

Margot Dobignies

Banda Alkool Mais

Os filhos desconhecidos

O QUE PENSAM O QUE FA-

Page 9: Capital da Notícia #30

Capital da Notícia Curitiba, dezembro de 2006 9cultura

Saulo Trada é dono de um estúdio de gravação de áudio no Bairro Alto e tem como projeto paralelo um idealismo. Ele grava desde 2004 cd´s no formato coletânea, onde reúne bandas de Curitiba que não tem espaço na mídia e que estão começando carreira para que divulguem seu som próprio.

O projeto chama-se “Caminho das Pedras”, cada cd comporta em média 15 músicas de 15 bandas diferentes. Para divulgar o produto final eles fazem uma festa onde cada ingresso vale um cd, assim as pessoas assistem o show e levam para casa o que ouviram. “O bom é que cada pessoa que ouvir o cd vai comentar com alguém e a propaganda boca a boca começa”, disse Saulo.

A iniciativa deste projeto cultural é totalmente independente e só não alcançou proporções maiores pela falta de apoio. O intuito é fazer as bandas se unirem mais e ter uma divulgação independente da grande mídia, onde não têm espaço.

Saulo vê com pesar a desunião dos músicos curitibanos e acha que o caminho para colocar Curitiba no mesmo patamar musical de São Paulo e Rio de Janeiro é acabar com as disputas e rivalidades.

Mesmo com uma estrutura muito pequena e um orçamento apertado, Saulo movi-menta a cena cultural da Zona Leste com seus eventos e a cena curitibana como um todo com o “Caminho das Pedras”.

Em tempos de lucro imediato e espaço somente por meio de indicação, Saulo Trada pode muito bem ser definido como um dos “Último dos Moicanos”, mérito dele.

O ÚLTIMO DOS MOICANOS

instrumentos artesanais na casa de Carlos, onde também ensaiam inspirados pela linha férrea que corta o Bairro Alto. “O mastodonte II, é nossa invenção e é feito de cordas de piano esticadas em uma viga de madeira”.

O som dos gengivas negras, é de-rivado do estilo ruidoso da musica indus-trial. Um gênero que tem uma sonoridade repetitiva e mecânica, com uma improvi-sação livre, orgânica, contou Theo.

A dupla é influenciada por pro-postas do futurista Luigi Russolo, música industrial, precursores do noise como Merzbow, Esplendor Geomé-

trico, Aube. “Temos também muitas influências não-musicais, como cinema (filmes antigos e de horror), literatura , fotografia, telejornais, artes plásticas (dadaísmo, cubismo, expressionismo)” completou Theo.

“Dificilmente fazemos mais de meia dúzia de apresentações em um ano, afinal fazemos parte de um gênero que definitivamente não é popular e nunca tocamos na zona leste” completa.“Espaço para a nossa música eu só conheço o teatro do SESI” ,complementa Carlos.

Theo ainda comcluiu que é tarefa do poder público ou de eventuais associa-

ções de moradores criarem espaços para eventos musicais, mas seria interessante o surgimento de iniciativas particulares nesse sentido.

Up NóiaFormada há 10 anos a Up Nóia conta

com Ricardo na guitarra, Fabiano no baixo, Marcelo na bateria e João no vocal.

O começo foi nas garagens de família, por onde passam quase todas as bandas. Eles tiveram sorte por ter objetivo e o apoio da família, o que muitas vezes não acontece.

Já assinaram contrato com uma gravadora Italiana que investiu mal o ca-pital e acabou falindo, para desespero dos integrantes da banda.

“A gente já tinha anunciado até em programa de televisão a gravação do Cd e no final das contas pagamos um mico com os amigos e fãs”, disse Fabiano.

Mas em Janeiro de 2007 será lança-do finalmente o tão esperado Cd, de forma independente.

Cada um dos quatro integrantes trouxe influências musicais que vão dos Beattles, The Doors, Metallica, Red hot Chili Pepper´s ao Cartola , Elis Regina e Chico Buarque.

Saulo Trada, produtor

Rodrigo Pato, MallaguetaTita Blister

Gengivas NegrasMargot Dobignies

Banda Up Nóia

Margot Dobignies

O Up Nóia toca, em média, 3 vezes por semana e se apresenta toda sexta no Pub Tarumã, próximo a academia Moby Dick. Lá eles têm um projeto chamado Up Nóia e Convidados. “É exceção à regra esse barzinho nessa região da cidade”, diz João.

A banda compartilha da mesma opinião. “A Zona Leste é conhecida como área residencial”

Mas acham que assim como o bairro Água Verde, essa realidade poderia mudar, pois lá, agora tem muito espaço para bandas e todos um perto do outro.

“Esse lado da cidade tem público, universidade e só espera a iniciativa pri-vada tomar a frente”, falou Ricardo. Eles também se dispõe a tocar em projetos culturais, tão logo eles existam nos bairros dessa região.

www.aupnoiacom.br

Page 10: Capital da Notícia #30

Capital da NotíciaCuritiba, dezembro de 200610

O Campeonato Paranaense de Fórmula Arrancada e Copa Pa-raná acontece no Au-tódromo Internacional de Curitiba (AIC), em Pinhais (PR), na única pista oficial de arranca-da do Brasil, com 402 metros de concreto. A prova tem o patrocínio da Goodyear, Master Power Turbo e Racco

Cosméticos, com supervisão da Federação Paranaense de Automobilismo (FPA) e Confederação Brasileira de Automobilis-mo (CBA).

Um Campeonato de Arrancada con-siste basicamente em provas de aceleração em “quarto de milha” (402 metros), onde os carros e protótipos são divididos nas 18 categorias seguintes, desde o original até o profissional: Standart, Street Tração Dianteira, Street Tração Traseira, Street Turbo Tração Dianteira “B”, Street Turbo Tração Traseira, Street Turbo Tração Dian-teira “A”, Super Street Tração Dianteira, Super Street Tração Traseira, Força Livre Tração Dianteira, Força Livre Tração Traseira, Estruturada, Estruturada Import, Dragster Light, Dragster Motor Dianteiro, Dragster Motor Traseiro, Desafio, Street Bike e Drag Bike.

As provas do Campeonato ge-ralmente são em três dias, começam na sexta-feira com treinos livres das 9h às 12 horas e das 13h30 às 17h30. No sábado prossegue com treinos livres das 9h às 12 horas e duas baterias de tomadas de tempos das 13h30 às 17h30. No domingo das 9h às 12 horas são realizados treinos livres e vistorias técnicas.

Das 13h30 às 17h30, mais três bate-rias de tomadas de tempo. Após as 17h30 tem show de manobras radicais, onde os pilotos mostram habilidades e domínio sobre o carro. A premiação é feita na última etapa. A divulgação dos resultados é após as 18h com troféus para os três primeiros de cada categoria.

A Goodyear, patrocinadora oficial do evento, em conjunto com seus reven-dedores, Barão Pneus e Dpaschoal, mais uma vez montou um box de serviço no Au-tódromo. A patrocinadora deu sequências as premiações de “Melhor Equipe”, “Carro mais bonito do evento” e “Box mais bem montado”(melhor elaborado), incentivando e acirrando ainda mais o espírito de compe-tição entre os participantes.

A Goodyear, juntamente com seus colaboradores, disponibilizaram um serviço completo de diagnósticos de alinhamento e cambagem de suspensão,

Arrancando emoções em 402 metrosHellen Almeida e Meline Nascimento

Por dentro de um dos principais eventos do automobilismo paranaense

Agenor A. Scortegagna Jr, popular na arrancada como Scort (mesmo nome do carro), é piloto há 18 anos, começou na categoria “Super 6e8” que é uma ca-tegoria de motores seis cilindros V8. Hoje ele corre na “spromod” que também são motores 6 e 8 cilindros só que com maior preparação. O carro tem um padrão americano com motor de dragster. “Costumo falar que este carro é minha identida-de, pois estamos com ele desde 1989 e nunca imaginei chegar neste nível, o carro assim como a arrancada evoluiu muito”. Declara Agenor Scort que é considerado o maior ídolo da arrancada.

Na quarta etapa de arrancada a força livre sorteou uma pessoa da arquiban-cada para passar “Um dia com Scort”. O sortudo conheceu e acompanhou todo o time Scort Drag Racing e o piloto Goodyear, Agenor Scort.

A equipe vem se destacando em todas as etapas do campeonato de arran-cada. Na terceira etapa, a Scort Drag Racing venceu mais uma vez a premiação de incentivo da Goodyear no quesito melhor equipe, ela é destacada pela organização, higiene, comportamento e uniforme de seus integrantes. O time ainda comemora pela primeira conquista do Yellow Back Lethal, como o “Carro mais bonito do evento”. É levado em consideração o design, pintura, acabamento e limpeza do veículo. Os vencedores de cada modalidade ganharão um troféu especialmente desenhado para o prêmio Goodyear de Arrancada, e uma caixa de energético ofe-recido pela Flash Power.

EQUIPE SCORT DRAG RACING

balanceamento de rodas, montagem, desmontagem e calibragem de pneus com equipamentos de alta tecnologia.

A força Livre Motorsport criou o evento com objetivos de acabar com os rachas de rua e trazê-los para dentro do Autódromo Internacional de Curitiba. Assim foi criado também a categoria “de-safio” que diminuiu consideravelmente este tipo de atividade ilícita e além de dar a oportunidade de acelerar em uma pista com segurança.

Na quarta etapa de Arrancada à ven-cedora foi Dorys Bacilla Nery, a primeira mulher a vencer o desafio. Ficou em 1º lugar com 0,170 + 15,011.

Para participar de uma das moda-lidades de arrancada é necessário ser ha-bilitado por meio de Carteira Nacional de Habilitação, expedido por órgão oficial, e dentro da validade. É muito importante que o participante conheça tanto o regulamento técnico da categoria, quanto o regulamento

rePortageM

Page 11: Capital da Notícia #30

Capital da Notícia Curitiba, dezembro de 2006 11

Contando com cerca de 223 pilotos e novas quebras de recordes, os eventos proporcionam ao público presente muita emoção e adrenalina. O campeonato Para-naense de Arrancada reune em suas cinco etapas aproximadamente 30 mil pessoas, quelotam as arquibancadas.

“A cada etapa de arrancada que eu assisto, tenho uma surpresa diferente,

A grande maioria dos carros que participam dos campeonatos tem sua oficina especializada, pois é neces-sário fazer as regulagens das válvulas e dependendo da temperatura tem que deixar o carro mais enriquecido ou mais pobre, trazendo para o regime certo. “Eu mesmo reforcei e equipei o fusca na minha oficina”, diz Hermes Batista proprietário do Herbie Turbo que ficou em 2º lugar na quarta etapa, na categoria 08STTT.

Entre os horários de apresentação há 1h de intervalo, sendo assim, o público prefere lanchar no autódromo para não correr o risco de perder alguma apresenta-ção. As lanchonetes do local proporcionam espetinhos, salgados, cachorro-quente, fondue, crepes, sucos, refrigerantes, entre outras delicias. Porém, a venda de bebida alcoólica é proibida. A Força Livre lançou mais uma campanha de educação para o trânsito. Eles querem mostrar ao público apaixonado por velocidade que bebida alcoólica e direção não combinam.

A atual campanha que a Força Livre está promovendo é sobre um assunto que todos sabem, mas ninguém respeita, a frase é famosa, mas, todos ignoram: “Se beber não dirija, se dirigir, não beba”. A frase diz tudo que se precisa saber e, a Força Livre está contando mais uma vez com ela para ajudar na campanha.

O álcool na corrente sanguínea provoca o afrouxamento da percepção e o retarda-mento dos reflexos. Dosagem excessiva conduz á perigosa diminuição da percepção e á total lentidão dos reflexos, diminuindo a consciência do perigo. Todo condutor em estado de embriaguez, mesmo leve, compromete gravemente sua segurança e dos demais usuários da via e a dos passageiros.

Estatísticas do Bptran mostram que mais de 50% de todas as mortes em acidentes de trânsito são provocados por ingestão de bebidas alcoólicas.

CAMPANHA FORÇA LIVRE

carros novos e mais potentes, muita ve-loci dade além das quebras de recordes, venho nesse evento desde os meu 13 anos e pretendo continuar a vir por muito tempo ainda”, declara Thiago Osley, 21 anos.

As próximas etapas também prome-tem arrancar do público muita adrenalina.

O Fannny Car assim como a maioria dos carros do evento também possui uma oficina espe-cializada, juntamente com a equipe Raceforce.

Alberto Turkot, piloto do Fanny Car, mais co-nhecido no meio automo-bilístico como “Barba” conta com o auxilio de Antonio Luis de Freitas, Tonhão, que instrui para um perfeito alinhamento do carro. “É preciso ter uma pessoa na frente e atrás pra fazer o espelho, auxiliando a entrada no trilho, como não temos retrovisor fica dificil alinhar o carro, e se não estiver bem alinhado ele sai atravessado e bate no muro”, declara Barba, piloto há 1 ano e meio.

O Fanny car Ficou em 1º lugar com 0,176 + 7,820 na quarta etapa de ar-rancada, na categoria Dragster Motor Dianteiro.

APOIO TÉCNICO AO FANNY CAR

Hermes preparando o Herbie para entrar na pista

rePortageM

Page 12: Capital da Notícia #30

Capital da NotíciaCuritiba, dezembro de 200612 transPorte

O binário que ligará os terminais Capão da Imbuia / Hauer, beneficiará não só os moradores da região, mas também os passageiros que utilizam o ônibus Inter 2 (Ligeirinho), interbairros 2 e restantes da Rede Integrada de Transporte (RIT).A obra tem previsão de término para o final do primeiro semestre de 2007.

Ônibus cheios, tubos e terminais lotados. As pessoas que fazem este tra-jeto em horários de pico e dependem do ligeirinho e das linhas que circulam entre esses bairros, enfrentam dificuldades para chegar ao local de destino no horário, devido ao congestionamento.

O motorista da linha Inter 2, Mário Matos de Souza, 32 anos, espera melhorias no trânsito, principalmente na rua Coronel Francisco H. dos Santos, uma das prin-cipais vias que ligam os terminais. “Há muito congestionamento nesta rua, as vias são muito pequenas e fica difícil cumprir os horários das tabelas”.

Dados fornecidos pela assessoria de imprensa da Prefeitura de Curitiba afirmam que esta rua já está em obras, ela será duplicada e a pista que existe será res-taurada. Será implantanda uma trincheira no cruzamento da Rua Reinaldo Issberner

Cássia Gomes e Jaqueline Suellen

Ligação entre os terminais Capão da Imbuia e Hauer pode desafogar o trânsitoJaqueline Suellen

com a BR 277 que também fará parte desta ligação. Haverá pavimentação e serão feitas obras de iluminação, drenagem, sinalização e instalação de semáforos.

Uma das principais reclamações dos usuários da linha Inter 2 no trajeto Capão da Imbuia e Hauer , a pequena demanda de ônibus. Andréia Valdana, es-

tudante, 17 anos, realiza o trajeto todos os dias por volta das 18h30min. Segundo ela, os ônibus circulam em números reduzidos, não cumprem os horários devido à grande movimentação de veículos no horário de pico. Na opinião da estudante deveria ter mais linhas para circular no local. “A movimentação na Avenida das Torres é

intensa e atrapalha muito, os ônibus são poucos e raramente cumprem os horários”, relata a estudante.

Dayana Cristina Natal, operadora de telemarketing, 28 anos, tem a mesma opinião e concluiu: “A quantidade de pessoas na fila aumenta com a demora dos ônibus e com a espera de um ônibus vazio.” A assessoria de imprensa da URBS informa que os motoristas não cumprem os horários por causa dos congestionamentos

e não haverá alteração nos horários das tabelas. Após o término das obras, as ruas estarão em melhores condições.

De acordo com a Prefeitura de Curitiba, haverá obras nas ruas Cel Fran-cisco H. dos Santos, já citado acima, José Rietmeyer, Professor Nivaldo Braga, Rei-naldo Issberner, Júlio César R. Souza, São Vicente Palotti. Também serão feitas obras nas ruas Marcos Smanhotto, Frei Rogério, Miguel Caluf, Sisinando Chaves e Duarte

Passageiros enfrentam filas devido à demora dos ônibus no terminal Capão da Imbuia

Binário deve sair em 2007

Prefeitura aprova projeto para nova linha de ônibusCriação da Linha viária Capão da Imbuia – Hauer benificiará moradores da região

Péricles Oliveira e Thiago dos Santos

O Instituto de Transporte Urbano de Curitiba prevê a criação de uma linha viária Capão da Imbuia – Hauer. De acordo com o projeto serão realizadas obras como: pavimentação, drenagem, sinalização, iluminação e instalação de semáfaros, ao longo do caminho que separa os dois terminais.

Além destes, os terminais Cabral e Campina do Siqueira também serão re-construídos. As obras também criarão em torno de 1.000 empregos.

Em parte, o projeto foi criado devi-do as reclamações dos moradores da região sobre o Inter 2. A Linha mais famosa de Curitiba vinha sendo alvo de críticas. O Inter 2 percorre grande parte da cidade e causava reclamações por parte dos usuá-rios devido a sua demora e superlotação.

O projeto facilitará a circulação e a mobilidade entre os terminais da cidade. Segundo Dirceu Pastre, o fluxo de veícu-los no trecho Capão da Imbuia – Hauer é um caos. “Esta obra é essencial para que

o trânsito da região possa ser moderniza-do”, disse Pastre, que é sócio do Shopping Jardim das Américas. Ele esteve junto com mais 150 líderes comunitários e lojistas na reunião de 26 de julho, em que o vice

prefeito Luciano Ducci explicou o projeto para a comunidade.

A modernização dos dois terminais e a sua ligação direta tiveram início logo no começo deste mês. Serão realizadas

obras em inúmeras ruas numa extensão total de 8,6 quilômetros, entre elas a rua Cel. Francisco H. dos Santos, José Riet-meyer, Professor Nivaldo Braga, Reinaldo Issberner , Júlio César R. Souza e São Vicente Palotti.

Também serão realizadas obras nas ruas Marcos Smanhotto, Frei Rogério, Miguel Caluf, Sisinando Chaves e Duarte Sesino Medeiros.

A Unidade Técnico-Administrativo de Gerenciamento (Utag), que cuida do programa de transporte urbano de Curi-tiba, prevê um custo aproximado de 31 milhões de reais. As obras vão ser uma parte financiadas pelo Banco Interameri-cano de Desenvolvimento (BID), e outra por recursos próprios da prefeitura.

O prefeito destaca a necessidade de usar este dinheiro em obras de urbani-zação. “São obras de grande importância para a cidade. Vão modernizar o trânsito e o transporte urbano, benificiando a todos os curitibanos”, disse Beto Richa.

Ônibus Inter2 sentido Hauer continuam lotados, enquanto a restruturação da linha não fica pronta

Thiago Rodrigues dos Santos

Binários são ruas paralelas que trafegam em sentidos

opostos.

Page 13: Capital da Notícia #30

Capital da Notícia Curitiba, dezembro de 2006 13transPorte

Lotação de algumas linhas pode ser culpa da

Thiago Rodrigues dos Santos

Inter 2, uma das mais lotadas diariamente.

Tela de segurança atrapalha Alambrado ajuda a evitar acidentes, mas faz pedestres caminharem mais

Wellington Sari

Se seguir a orientção, o pedestre tem que caminhar 1km

Tarumã tem 14 linhas de ônibus

O Tarumã é visitado por 14 linhas de ônibus diferentes todos os dias. São por volta de 1200 ônibus que circulam no bairro diariamente, tirando sábados, domingos e feriados. O bairro tem 4,17 Km² e comporta aproximadamente 7.000 habitantes. São mais de 733 atividades econômicas. Milhares de pessoas circu-lam o bairro todos os dias, para trabalhar, estudar, passear ou apenas vêem o bairro pela janela dos ônibus.

O fato é que continua bem pequeno o número de pessoas que conhecem os ônibus que circulam o bairro e ajuda para a super lotação do Inter2. Mas isto não é só no Tarumã. O curitibano não conhece grande parte das linhas.

Por exemplo, o ônibus Detran/Vic.Machado, têm grande parte de sua lotação feita na praça Tiradentes. E a maior parte dessas pessoas descem ao longo Av. Victor Ferreira do Amaral. O ônibus costuma chegar no Detran, normalmente, com 2 a 6 passageiros. E as vazes às moscas, quando no meio da tarde. O ônibus é de linha sim-

ples, e da praça até o Detran são 12 pontos, os quais, nos horários de pico, tornam-se doze paradas obrigatórias. A lentidão e a lotação tornam-se característica própria do ônibus, no início da manhã e final de tarde.

Na mesma praça, só que do outro lado, passa um ônibus (ligeirinho) de nome B. Alto/Sta. Felicidade. Este atravessa o Tarumã pela av. Victor Ferreira. E deixa o bairro no seu último “tubo”: Detran. O ônibus surpreende pela velocidade e praticidade. Ao deixar a praça Tiradentes, conta-se 15 minutos, e ele já está a esta-cionar em frente ao Detran. Enquanto o Detran/Vic.Machado leva lá seus mínimos 30 minutos. Tudo bem, o “ligeirinho” vai ter apenas 2 paradas ao longo da av. Victor Ferreira. Mas alunos da Unibrasil, colégio Leminski, colégio militar, trabalhadores do Detran, do Jóquei Club e moradores do bairro, continuam perdendo seus horários, ao lotarem o Detran/Vic. Machado.

Carlos Taniguchi certa vez expres-sou sua opinião sobre o povo curitibano. “O curitibano não lê placas e nem anúncios

e se acomoda fácil com as coisas”disse o ex-prefeito.

Um sujeito aprende que certo ônibus para próximo a sua casa, mas este não sabe que tem um ônibus que para em frente a sua casa. Este sujeito vai utilizar só aquele ônibus, porque desconhece e não busca conhecer outras linhas.

Não é preciso ser matemático para saber que a menor distância entre dois pon-tos é uma reta. Se uma pessoa quer chegar mais rápido a determinado lugar, o melhor que pode fazer é andar em linha reta.

Mas e se, no meio do caminho tiver um obstáculo? Quem mora no bairro Ca-juru, próximo à COPEL, onde a ECOVIA implantou telas de segurança na BR-277, talvez saiba a resposta: utilizar um cami-nho alternativo - mais longo, no entanto.

Os alambrados estão em boa parte da BR-277. Nas áreas mais habitadas, existem passarelas. Entretanto, no trecho em frente a companhia de energia, não há.

Quem mora próximo ao local têm duas opções para passar de um lado a outro da estrada: utilizar a passagem de pedestres, que fica sob um túnel reade-quado pela ECOVIA ou caminhar até a passarela mais próxima, a um quilômetro de distância.

A primeira opção leva, caminhan-do , aproximadamente quatro minutos. A segunda, 20 minutos Atravessar uma passarela, dura, em média, dois minutos. Segundo alguns moradores, uma passarela seria mais eficiente.

A central de atendimento da em-presa que cuida das estradas do Paraná informou que as telas de proteção foram postas para “evitar que as pessoas atra-vessem em local impróprio”.A empresa não tem estatísticas sobre atropelamentos nas áreas próximas aos alambrados. Uma passarela não foi construída pois “naquele

trecho não era necessário, a passagem sob o túnel funciona como uma”.

Marisa de Cácia Oliveira, enge-nheira agrônoma e moradora da região há dois anos, discorda. “ Passar pelo túnel leva muito mais tempo do que por uma passarela, além de ser mais perigoso”. Ela considera que dentro do túnel, os pedestres podem ser alvos fáceis para bandidos.

“Algum assaltante pode ficar escondido ali, quando o movimento de carros for menor, ninguém vê nada”.

A ECOVIA implantou holofotes dentro do túnel. Apesar de bem-iluminado, durante alguns horários o tráfego dimi-nui bastante, o que realmente pode ser perigoso, diz o segurança particular Luiz Carlos Zavelinski. “É fácil para alguém se esconder dentro do túnel e pegar quem passa por ali de surpresa”.

Ele disse também que nas passare-las isto é mais difícil de acontecer pois, o campo de visão é maior. Ao contrário do túnel, que é cercado de paredes. “Caso aconteça alguma coisa, ninguém quem está fora do túnel não vê nada”.

Construir um passarela não está nos planos da empresa que administra as estradas do Paraná. Quem mora no Ca-juru continuará tendo, basicamente, três opções quando quiser passar para outro lado da via. Em um tom sério, ele prevê : “Atravessar pela BR é muito mais fácil que desviar pelo túnel. Logo, logo o pessoal destrói estes alambrados, pode escrever”.

informações : 0800-410-277

Page 14: Capital da Notícia #30

Capital da NotíciaCuritiba, dezembro de 200614 trânsito

Trânsito na Victor Ferreira frusta motoristas

O congestionamento na Avenida Vitor Ferreira do Amaral é alvo de muitas reclamações de motoristas e moradores. O maior agravante da situação é o retorno que dá acesso a UniBrasil, que além de ser muito restrito, coincide com o horário de maior fluxo de automóveis na Avenida. Esta disponibiliza o acesso ao município de Pinhais, Piraquara e também a alguns bairros como Capão da Imbuia, Bairro Alto e Tarumã.

O engenheiro civil do Instituto do Plano Preliminar de Urbanismo para Curi-tiba (IPPUC), Neimar Akira Miquitera, ex-plica que existe um projeto em andamento para readequar a localização geométrica com o intuíto de descongestionar o transito da região. “Haverá a relocação do retor-no e conversão à esquerda existente na pista sentido centro-bairro da rua Konrad Adenauer para a rua Coronel Augusto de Almeida Garret”.

A idéia inicial foi dada pelo IPPUC, o empreendedor da Unibrasil e diretor da FAPA - Fundação Assistencial E Previden-cia da ACARPA, Leibnitz Agibert, aceitou a proposta. Por conta da burocracia exis-tente no governo, ainda faltam algumas medidas a serem tomadas antes de iniciar a reforma. “Fizemos um pedido de termo de compromisso a prefeitura de Curitiba em novembro do ano passado. O valor é alto e temos que ter a garantia de retorno. Não é só depositar 1 milhão de reais na conta deles”, explica ele.

De acordo com taxistas que circu-lam pela região, o fator que mais contribui para o congestionamento, são os moto-ristas imprudentes que com pressa atra-vessam o sinal vermelho e ficam no meio da rua, dificultando o acesso a BR 116. Agamenol Ribeiro, trabalha a sete anos no ponto do Capão da Imbuia e acredita que com a reforma o fluxo deva melhorar considerávelmente. “Levo de 25 minutos a meia hora para vir do centro até o bairro”.

Raquel Zardo

Pátio do Detran: uma concentração de histórias

A morte, o acidente, a invalidez e o drama se escondem a cada curva de uma estrada. O excesso de velocidade, o álcool, os nervos e a pressa provocam a destruição de sonhos, esperanças e fan-tasias. Basta uma freada violenta, e logo em seguida o barulho de lata amassada e vidros quebrados.

Os restos, quando mortais vão para o IML e a carcaça do veículo, destruída, vai parar no pátio dos Detrans e guardam lá sua história triste e silenciosa, imaginada apenas por olhos humanos ao se depararem com os destroços.

Mas, às vezes, contam histórias hilariantes, além das dramáticas.

O risoO indivíduo sai à noite, em sua bela

moto importada e por uma fatalidade aci-denta-se e vai para o hospital. Dias depois sua esposa vai ver o tamanho do estrago que o marido, já recuperado, havia dito ser

Lourival Reis

O ato de ir e vir é um dos direitos básicos de todo cidadão. Mas quando há a necessidade de um automóvel para essa tarefa, exercê-la legalmente não é tão fácil quanto parece. Tirar carteira de motorista pode ser realmente temeroso se você não tiver o preparo ideal e a segurança sufi-ciente dada pela auto-escola.

Pelo menos é o que afirma a instru-tora Juliana Karzinscki, que trabalha para uma das muitas auto-escolas do Tarumã. Para ela, o aluno tem muito medo de fazer o teste prático do Detran, porque vai muito nervoso para a avaliação e já na baliza acaba reprovando.

Exame prático X Carteira de

A tão sonhada Carteira Nacional de Habilitação, sinônimo de liberdade e independência.

Para poder dirigir legalmente, alunos devem superar o medo e a insegurança

Segundo a instrutora, o medo é res-ponsável por grande parte das reprovações no exame prático. “Os alunos são bem preparados para o teste, tanto que acabam tentando mais vezes e são poucos os meus alunos que não passam após o segundo teste”, afirma ela.

Juliana ainda declara que durante as aulas a auto-escola tenta simular ao máximo o exame para que os alunos se sintam cada vez mais confiantes. “Treiná--los é a única solução que temos, pois vencer esse nervosismo é um desafio de cada aluno”, explica.

Para a aluna de uma auto escola da região Ramolia Giacomassi, que acabou de

Gabriela Siqueira e Rodolfo Stancki

Gabriela Siqueira

passar no teste, após uma segunda tenta-tiva, o que a atrapalhou foi sua ansiedade pela carteira e pelo momento determinante na sua vida. “A carteira representaria para mim um avanço no quesito segurança, pois já dirijo minha Blazer sem licença há tempos e nunca tive problemas para dirigir”, conta.

O problema, segundo ela, foi o “bendito tempo da baliza” que a preocu-pou mais do que a própria manobra que ela deveria realizar.

A carteira, tem uma representação de mudança na vida de quem precisa dirigir. “A sensação de independência é o fator mais importante para eu ter feito este

teste pela segunda vez”, afirma a estudante e colega de Ramolia, Daiane Borguesani. “Quando fui fazer o teste pela primeira vez eu estava muito nervosa e insegura, não tinha certeza de que iria acertar, logo já na baliza deixei o carro morrer duas vezes e então reprovei”.

O avaliador também é um dos fa-tores que provocam medo nos alunos. Se-gundo a secretária Hislei Orchel, o motivo de sua reprovação pela terceira vez foi a impaciência do avaliador e a pressão que sua cara de tédio traz. “Ele era truculento e me olhava como se fosse me matar se eu cometesse um só errinho”, diz.

de pouca monta. Ao receber o laudo, das mãos solícitas do funcionário observa que estão registradas duas pessoas no evento sinistro e descobre que era a amante do desafortunado marido. O que faz? “Desce o sarrafo” e entrega a moto para leilão.

O dramaOs Detrans dão um prazo de 90 dias

para retirada de qualquer veículo após a sua legalização e liberação pela perícia. É comum o abandono por excesso de multa que vão muito além ou próxima do valor do carro. Ficam lá e depois são leiloados como sucata, apenas para desmanche. Ne-nhum veículo, segundo Jeferson, pode ser reutilizado se vendido em leilão. É dramá-tico, mas o proprietário é obrigado a abrir mão de seu bem, por falta de verba ou por não compensar o pagamento. É chocante também, relata Jefferson, deparar-se com grandes possas de sangue dentro do carro, assim como mechas de couro cabeludo grudado no vidro.

Page 15: Capital da Notícia #30

Capital da Notícia Curitiba, dezembro de 2006 15saúde

O comércio de alimentos orgânicos aumentou de 10% para 50% em relação à agricultura tradicional de 1990 até hoje em Curitiba. O aumento das vendas de produtos livres de agrotóxicos, hormônios, drogas veterinárias, e outros produtos sintéticos ocorre principalmente pela conscientização dos consumidores, que procuram uma alimentação mais saudá-vel e ainda, que não prejudique o meio ambiente. Dentre os fatores da opção por alimentos “limpos” está ainda a procura pelo melhor sabor que eles têm.

A maior parte (80%) da produção orgânica brasileira encontra-se nos estados do Sul e Sudeste. Em torno de 85% da produção orgânica brasileira é exportada, sobretudo para a Europa, Estados Unidos e Japão. O restante, 15%, é distribuído no mercado interno. O Paraná é o estado com o maior número de agricultores cer-tificados do Brasil, são 2400 produtores certificados, do total de 4500 em todo país.

Para obter a certificação é neces-sário o selo de garantia (o alimento deve conter 95% ou mais de ingredientes de origem da agricultura orgânica) fornecido pela Associação de Agricultores Orgânicos do Paraná (AOPA), com sede no Tarumã (Rua Gottlieb Rosenau, 158). A AOPA é uma associação fundada em 1995 sem fins lucrativos, e atua no estado do Paraná junto a grupos de agricultores familiares orgânicos.

A associação busca a integração e desenvolvimento comercial e produtivo de agricultores paranaenses, além da construção de um projeto de desenvolvimento rural sustentável. São 347 associados, sendo que 180 vendem com regularidade para a AOPA.

Em Curitiba, já existem seis feiras que comercializam os alimentos orgânicos, as chamadas feiras verdes. Somente nas feiras orgânicas, movimentava-se em torno

Jardim BotânicoSábado- das 7h ás 12h (Rua Dr. Jorge Mayer- Praça da ItáliaEmater- Feira mista, orgânico e convencionalQuarta-feira- das 7h ás 12h ( Rua da Bandeira em fente a Emater)Campina do SiqueiraTerça-feira- das 7h ás 12h( Rua São Vicene de Paula-ao lado do terminal)Praça do ExpedicionárioQuarta-feira- das 7h ás 12h ( Rua da Garra- Praça do Avião)Passeio PúblicoSábados- das 7h ás 12h ( RUA Presidente Faria)Praça do JapãoQuintas-feira- das 15h ás 20h ( Av.República Argentina com 7 de sembro)

Feiras Orgânicas de Curitiba

Marina Portella

Comércio de Orgânicos cresce 50%Busca por alimentos sem agrotóxicos movimenta as seis feiras verdes de Curitiba

de R$ 1 milhão por ano, em cidades como Curitiba. Os agricultores que organizam as feiras são, em sua maioria, pequenos e filiados a associações. Além disso, grandes cadeias de supermercados começam a abrir gôndolas exclusivas para produtos orgâ-nicos, como é o caso das redes Wal Mart, Big, Carrefour e Mercadorama.

Lucilda Schemes Pereira, produtora e distribuidora de produtos sem veneno, fornece os orgânicos para todas as feiras de Curitiba, e já percebeu o aumento no consumo. “O mercado de orgânicos já cresceu muito. Já ganhei até a habilitação para exportar meus alimentos, mas não aceitei, são propostas indecorosas. Pro-duzo há 14 anos e nos últimos dez anos distribuo para as feiras”.

Roseley Tozatti, responsável por uma das barracas da feira de alimentos orgânicos da Praça do Japão também notou o crescimento, fruto da publicidade nos meios de comunicação. “O consumo vem aumentando cada vez mais. Meu produto é cada vez mais procurado, mais conhecido. Meu número de clientes aumentou. Esses dias na novela das oito vi um ator falar para a filha dele comer porque a maça era orgânica”.

Roseley é filiada à AOPA, que for-neceu o seu certificado. “São 12 famílias agricultoras, a cada dois meses uma vai até a reunião e participa dos passeios e viagens que a AOPA organiza”.

Os consumidores de alimentos puros cada vez mais estão procurando dietas alternativas. Geralmente procuram orgânicos pela questão da saúde. Ermelin-da Cruz, 78 anos, freqüenta a feira desde o início, há um ano. Por morar perto , não perde a oportunidade de comprar alimentos saudáveis e que não fazem mal, tanto para a saúde, quanto para o bolso. “Já tenho idade avançada, não posso comer qual-quer porcaria. Aqui na feira os produtos

que não intoxicam são mais baratos que no mercado”. Em média, um alimento orgânico custa de 20% a 30% a mais que os convencionais na feira. Nos mercados, essa diferença chega a 400%.

Os clientes das feiras de orgânicos geralmente seguem um perfil. Segundo Mo-acir Roberto Darolt, engenheiro agrônomo, pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento (UFPR x Université Paris VII) e ex-presidente da Associação de Consumidores de Produtos Orgânicos do Paraná (ACOPA), se comparados com a população de uma forma geral, os consumidores de produtos orgânicos e/ou agroecológicos se aproximam muito de um consumidor consciente.

O consumidor consciente é aquele que se preocupa com as gerações futuras e com o coletivo.

Baseado em pesquisas do Sebrae sobre o Mercado de Produtos Orgânicos

e o Consumidor, Darolt revela que “o consumidor é um profissional liberal, na maioria do sexo feminino, de 31 e 50 anos.

São pessoas que praticam esportes com freqüência e procuram um estilo de vida que privilegie o contato com a nature-za”. Além disso, são pessoas preocupadas com saúde e qualidade de vida, que privi-legiam terapia e medicina alternativa e têm um elevado nível de instrução, geralmente com ensino superior.

O sistema de produção orgânica, além de não agredir o corpo humano, não prejudica o meio ambiente.

Karen Follador Karam, consultora independente na área socioambiental, defende a tese da responsabilidade social que tem a agricultura orgânica. “Eles traba-lham baseados em formas produtivas não agressivas ao meio ambiente e com maior eqüidade social na agricultura”.

Marina Portella

Marina P

ortella

A feira de orgânicos na Praça do Japão vende apenas alimentos livres de agrotóxicos

Ermelinda Cruz optou por orgânicos por serem mais saudáveis já que são livres de venenos

Page 16: Capital da Notícia #30

Capital da NotíciaCuritiba, dezembro de 200616 saúde

Aranha marrom controlada em Vanessa Maritza

Em Curitiba, até o dia 20 de setem-bro deste ano, foram registrados 1.850 casos de picada da aranha marrom. Todos foram atendidos nas Unidades de Saúde convencionais ou 24h. A capital possui desde 2000 um sistema integrado com todos os postos municipais e também com o Centro de Envenenamentos do Hospital das Clínicas, para atendimento das vítimas do loxoscelismo (picada da aranha marrom).

Ao contrário do que se imaginava o número de casos não vêm aumentando com as mudanças climáticas e está total-mente sob controle. Curitiba tem a média de 3.000 casos por ano e em sua maioria, casos identificados precocemente, tendo assim, cura total. Anualmente, apenas 20 casos graves são registrados. De acordo com o biólogo do departamento de epide-miologia da Secretaria de Saúde de Curi-tiba, Marcelo Luiz Vettorello, os casos não tiveram aumento significativo nos últimos meses. “Se houve esse aumento, foi tão pequeno que nem foi notado”.

Desde 1995 não é registrado ne-nhum óbito por loxoscelismo. E a partir de 2000 os casos graves também diminuíram, devido ao soro antixoscélico que antes era produzido no Instituto Butantan, em São Paulo, e agora passou a ser fabricado em Piraquara, no Centro de Produção e Pes-quisa de Imunobiológicos (CPPI) e assim utilizam aranhas locais para os coquetéis. “Com isso o soro tornou-se mais eficaz para os pacientes daqui”, diz Vettorello.

Na maioria dos casos, a vítima não vê a aranha no momento da picada, pois ela é indolor e costuma acontecer nas par-tes cobertas do corpo. A aranha marrom não é agressiva e só pica quando se sente ameaçada, quando é encurralada. Por isso a dificuldade para identificar se a picada é ou não da aranha marrom.

Daniele Cristina dos Santos, 20 anos, foi vítima no começo deste ano.

Desde 1995 não são registrados casos de óbitos pelo seu veneno

Ela, como a maioria, não viu a aranha no momento da picada e só percebeu quando começou a coçar muito e a arder. “Quando olhei o que era já tinha uma marca grande e vermelha em minha perna que começou a endurecer”. Daniele foi atendida na unidade de saúde 24 horas do Boqueirão, e ainda conta que seu atendimento só foi agilizado porque começou a chorar e a falar que a perna estava necrosando.

Nas unidades de saúde, os casos são avaliados e direcionados para o devido tratamento. Quando é denominado grave, até 36h após a picada, é passado imediata-mente para a Unidade de Saúde 24h mais próxima, para avaliação médica e aplica-ção do soro antiloxoscélico, corticoterapia e tratamento sintomático. Se necessário, é encaminhado para o Centro de Controle de Envenenamentos, para acompanhamento e micro-cirurgias.

Anualmente, todos os enfermei-

ros das Unidades de Saúde e médicos das Unidades 24h recebem treinamento com o protocolo técnico, para atender estes pacien-tes e identificar a picada da aranha marrom.

O protocolo serve para organizar o fluxo de atenção ao acidente loxoscé-lico em Curitiba. Nele é especificado o procedimento correto que as Unidades de Saúde e profissionais devem utilizar, para mostrar que um paciente picado deve ser preferencialmente atendido.

Em Curitiba, o bairro que teve mais casos desde o começo do ano foi o Fa-zendinha, com 53 incidentes. Nos bairros Tarumã e Bairro Alto foram registrados dez casos, sendo nove no Tarumã e apenas um no Bairro Alto.

Mesmo o Bairro Alto tendo apenas um incidente, todos os seus profissionais estão sempre aptos para atender. A en-fermeira da Unidade de Saúde do bairro e contratada da prefeitura de Curitiba há

cinco anos, Danielle F. Teixeira, salienta a importância de participar do treinamento para o reconhecimento do loxoscelismo e também para um atendimento correto. “É nele que aprendemos a identificar a picada e dar o devido direcionamento ao paciente, mesmo que em nosso bairro não tenha tanto incidente”.

As chances de levar uma picada por aranha marrom podem diminuir quando se tem alguns cuidados básicos, esquecidos pela maioria das vítimas: observar roupas e calçados antes de vesti-los; vistoriar roupas de cama e banho; fazer limpeza periódica atrás de quadros e objetos pendurados; manter os ambientes ventilados; eliminar teias; evitar o acúmulo de materiais de construção e vedar frestas ou buracos nas paredes.

Sintomas:Locais: queimação após algumas

horas, evoluindo para lesão dermone-crótica (isquemia, bolha hemorrágica, placa branca, endurecimento e necrose).

Sistêmicos: dor de cabeça, mal estar geral, febre, náusea, vômito, mialgia, visão turva, irritabilidade, hemólise in-travascular - evolução em dias.

Fonte: Protocolo Técnico e Fluxo de Atenção em Curitiba.

A aranha marrom fêmea tem pernas mais curtas

Internet

Paciente com forma cutânea grave com 15 horas de evolução

Mar

lene

Ent

res

que a da aranha marrom macho, que é mais escura

Page 17: Capital da Notícia #30

Capital da Notícia Curitiba, dezembro de 2006 17denúncia

Ginásio do Tarumã continua Sem previsão de reformas o ginásio permanecerá inutilizado

Desde o final do ano passado o ginásio do Tarumã, localizado na Avenida Vitor Ferreira do Amaral, no bairro do Tarumã, está interditado devido à falta de manutenção da sua estrutura.

O local que foi palco de grandes competições, hoje encontra-se abandona-do, sofre vandalismos e corre o risco de desabamento do teto, devido a infiltrações. Procurada para dar informações sobre as condições do ginásio, a Paraná Esportes não se manifestou.

Desde 97 o projeto Rexona Ades de Voleibol,pertencente ao instituto Compar-tilhar, do técnico da seleção masculina de voleibol, Bernardinho, capacita crianças e adolescentes de baixa renda no esporte, e utilizava o espaço do Tarumã, cedido pelo governo do Estado, para os treinos.

Com a interdição em 2005, o pro-jeto foi transferido para o CCE (Centro de Capacitação Esportiva) na rua Pastor Manoel Virgínio de Souza, também no bairro Tarumã.

O projeto Rexona não tem previsão de retorno para o Tarumã devido à situa-

ção do local.Segundo o Coordenador do Centro Rexona Ades de voleibol, Vinícius Afonso Petrunko, o remanejamento para o CCE prejudicou o andamento dos trei-nos.” No ginásio do Tarumã era possível dividir as quadras em cinco para os alunos

Joyce Brito

treinarem, aqui só é possível a divisão em três e temos que fazer as aulas em horários alternados”,diz.

A faixa etária para participar do projeto é de 9 a 16 anos e atende em torno de mil alunos. A aluna Daniele de Fátima

Santos, 13 anos,participa do Rexona Ades a três anos. “Acho importante ter este tipo de projeto, a gente sempre participa de competições e temos que ir bem na escola pra poder estar aqui”, fala. Para participar é necessário o aluno ter notas boas e estar em dia com a vacinação. “Temos mães que acompanham os filhos nos treinos, e todo mês cobramos o boletim como uma forma de incentivar a criança ser disciplinada”, diz Fernanda de Paula Pires, professora no projeto desde 97.

O Sucesso do projeto é comprovado com ex alunos que hoje integram seleções de voleibol no país, como é o caso da ex aluna Suelen Prado, moradora do Bairro Alto, que hoje joga no São Caetano, e Roberta Ratzke, que joga atualmente na se-leção brasileira infanto juvenil. A próxima seleção, ou “peneira” como é conhecido o teste para entrar na escolinha, será rea-lizado no mês de setembro .Interessados em participar do projeto Rexona Ades, no CCE, deverão se inscrever pelo telefone 41 33664542. Devido a grande procura é necessária uma lista de espera.

Atletas utilizam atualmente o CCE para os treinos

Foto: Joyce Brito

Antiga Universidade do Esporte precisa de reformas

CCE e as Confederações de Esportes instaladas no local parecem não se preocupar com a manutenção dos ginásios e das quadras esportivas. O Centro de Capacitação Esportiva possui 71 mil metros quadrados de puro abandono.

Karoline de Souza

Segundo a adminis-tração do CCE o terreno é do Governo e nenhuma confederação pode fazer mudanças na infra- estru-tura do local, deve apenas cuidar da manutenção.

Fotos: Karoline de Souza

Page 18: Capital da Notícia #30

Capital da NotíciaCuritiba, dezembro de 200618 geral

Tapa buracos traz

Jackqueline Romão

Irregularidades são resolvidas aos

A Rua José Veríssimo tem uma média de 480 veículos por hora, des-considerando o horár io de pico.

Por ela passam as linhas de ônibus Tarumã, Alto Tarumã, Interbairros 3 e linha direta Bairro Alto/Santa Felicidade.

Ela é de grande importância para os moradores e usuários. já que liga o Bairro Tarumã ao Bairro Alto e o Bairro Alto a Pinhais. A via facilita no acesso a Av. Victor Ferreira do Amaral, tanto pela Rua Konrad Adenauer quanto pela Rua Ver. Nicolau Lange.

Por ser de anti-pó a Rua José Ve-ríssimo precisa frequentemente de manu-tenções. Estas operações “tapa-buracos” deixam o solo irregular. E trazem prejuízos materiais para quem passa de veículos, e para os pedestres um risco maior de acidentes.

De acordo com informações do Instituto de Pesquisa e Planejamento Ur-bano de Curitiba (IPPUC), existem crité-rios para uma rua ser revitalizada: passar transporte coletivo, volume de veículos e condições de estrutura, como calçadas.

Para fazer o projeto é preciso que a Administração Regional repasse ao IPPUC as propostas de revitalizações, e destas terá prioridade a de pior estado.

O chefe de gabinete da Administra-

ção Regional Boa Vista Reinaldo Boaron, responsável pela região, disse que no momento não há propostas de projetos de revitalização para a Rua José Veríssimo por inteiro. “Por enquanto serão revitali-zados 300 metros desta rua, pela situação precária que se encontra este trecho”. As obras deste trecho vão da Rua José de Oliveira Franco até a ponte (Rua Epami-nondas Santos).

Baron ainda ressalta que a comu-nidade contribui com as indicações de ruas que precisam ser melhoradas. Isto através do telefone 156 ou pessoalmente na coordenação.

A Fundação Assistencial e Previ-denciária da Emater - FAPA (Fundação de parte da Unibrasil) tem um projeto de recuperação do entorno da faculdade já aprovado e em fase de execução, segundo o Sr. Murilo Milleo, Diretor de Infra-estrutura da Unibrasil. Este projeto beneficiará um trecho da Rua José Veríssimo com revita-lização e novas calçadas. De acordo com a Secretaria de Obras, o início dessa recupe-ração está previsto antes do natal.

Curiosidade: José Veríssimo , jor-nalista, professor, educador, crítico e historiador literário, nasceu em Óbidos, PA, em 8 de abril de 1857, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 2 de dezembro de 1916.

Bairro espera o mutirão

O programa Mutirão da Cidada-nia, que promove uma semana inteira de atividades em diversos bairros da cidade de Curitiba, deixou de lado por enquanto os moradores do Bairro Alto. Na escala de programas da prefeitura, a data para a passada do Mutirão por essa região não está definida. As administrações regionais do Bairro Novo, CIC, Cajuru e Portão já receberam a visita do projeto.

A regional responsável pela ad-ministração do Bairro Alto é a do bairro Boa Vista situada na Rua da Cidadania,

Kahito Jucoski

A região aguarda reformas da Prefeitura

na Av Paraná. Segundo a administradora da regional, Janaina Lopes Gehr, a regio-nal do Boa vista é a próxima a receber o Mutirão, tendo o Bairro Alto, Atuba e Tarumã como principais bairros a serem atendidos.”No fim de outubro ou começo de novembro esperamos que o mutirão esteja nesses bairros” completou Janaina.

O Mutirão é um programa da Pre-feitura de Curitiba que realiza obras de infra-estrutura dentre os bairros da cidade. Também há atendimentos a população em geral, como consultas médicas, odontoló-gicas e diversos serviços municipais aos moradores da região.

Em 2007, o DNIT ( Departamento Nacional de Infra-Estrutura Terrestre ) quer retirar a linha de trens da Empresa ALL, do meio da cidade e construir novo contorno fora da que abrange que deverá passar por quatro municípios da região metropolitana de Curitiba. Esta mudança faz parte de um projeto do Governo Federal que visar melhorar o tráfego das grandes cidades, proporcio-nando também uma melhora nas regiões metopolitanas.

Trens devem ir para fora da cidadeCássia Valter

Colcha de retalhos do Bairro AltoRuas recapadas geram problemas

Allyne Louise

Não é de hoje que o Bairro Alto convive com as péssimas condições de al-gumas ruas. Moradores do bairro cansam de reclamar para que alguma coisa seja feita.

O presidente da Associação Co-munitária do Bairro Alto, Henrique Oscar Loeffler, acha que com o dinheiro gasto em remendos daria para asfaltar em definitivo algumas ruas. “A quantia gasta em ‘tapa--buracos’ se usada corretamente talvez permitisse o asfaltamento definitivo”.

E reclama: “Eles fazem uma capa em cima de uma base que não é adequada, sem meio fio, então você tem penetração de água lateralmente. Aí é só remendo atrás de remendo”.

Hélcio Costa, diz que as ruas de-veriam ser mais bem cuidadas, uma vez que por elas não trafegam apenas carros, mas também ônibus. “Só quem é obrigado a passar todo dia por essas ruas, sabe o quanto é desconfortável cada vez que os ônibus passam por cima dos buracos”.

Mas nem só no asfalto há proble-

mas. A rua Epaminondas Santos, além de se encontrar esburacada, também não possui calçada para pedestres, o que os obriga a trafegar pelo meio da rua.

Segundo a Regional Boa Vista, a única rua que com certeza deve passar por mudanças é a José de Oliveira Franco. Segundo Paulo Luis, assessor técnico da Regional Boa Vista, ela deve ganhar 1.200 metros de asfalto definitivo, com paisa-gismo, sinaleiro na esquina, sinalização e iluminação.

A José Veríssimo, entre o Banco do Brasil e a ponte de Pinhais, deve ganhar um novo recapeamento. No trecho entre as ruas Konrad Adenauer e José de Oliveira Franco permanecerá como está.

Quanto às outras ruas, Pedro Luis afirma que não existem planos de pavimen-tação no momento.

Os meios encontrados pelos mora-dores para pedir soluções são: o telefone 156, o jornal do bairro, a Associação Co-munitária do Bairro, que se esforçam para que as reclamações cheguem aos devidos ouvidos. Asfalto recapado na Epaminondas Santos, causa transtorno para moradores

Allyne Louise

Page 19: Capital da Notícia #30

Capital da Notícia Curitiba, dezembro de 2006 19geral

Os moradores do Bairro Alto que são vizinhos de lotes vagos e abandonados estão passando agora por problemas que podem ser resolvidos, mas que os proprie-tários desses terrenos não vêm, ou fingem não ver: o medo e o pavor.

O remédio não é difícil de encon-trar, basta cuidado. Animais peçonhentos mortos, e lixos de todos os tipos, tudo isso pode ser encontrado, e aí sim, podem trazer consequências para a saúde em que o remédio não é facil de achar e muito menos de comprar.

Segundo os moradores, enquanto esses lotes não são vendidos eles servem para outras coisas além de jogar lixos. Um morador que é vizinho de um terreno baldio na Rua Alberico Bueno, uma das principais ruas do Bairro Alto, que não autorizou a divulgação de seu nome, relata um pouco a situação: “É muito descaso, e quem paga somos nós. Agora mesmo, estou sem o motor do meu portão porque os ladrões e moleques que passam noites aí consumindo drogas e tudo mais, invadem a casa da gente para pegar o que tem de valor, o que facilita o acesso deles para comprar suas drogas”.

Dona Silvani mora do outro lado do terreno e complementa: “Além de servir de espaço para os bandidos, nós sofremos

Descaso...Leandro Lima também com com a invasão de ratos e

baratas e todos os tipos de insetos que se pensar”.

Segundo Dona Vera, proprietária do terreno, os vizinhos merecem pagar pelo que fazem, e o preço é justamente esse: o desconforto. Ela disse ainda que a parte dela já foi feita. “O que eles têm que passar é isso mesmo. Esse terreno já foi cercado várias vezes e quem arranca a cerca são sempre os vizinhos, e para o mesmo motivo: jogar lixo. Você acha que outras pessoas que moram longe iam sair lá de suas casas para vir aqui só jogar lixo?” argumenta. “Quantas vezes fomos eu e o meu marido lá para limpar os lixos que eles costumam jogar. Até sacos de comida estragada ja encontramos” .

Dona Vera informou ainda que vai procurar “limpar o terreno mais uma vez, e o mais rápido possível para construir uma casa, nem que seja de madeira, só para alugar para ver se alguém fica só para manter a limpeza”.

De acordo com o artigo 38 da lei complementar número 234/90 do Código de Limpeza Urbana, os proprietários de-vem murar e cercar os seus terrenos, caso contrário, o proprietário será notificado para proceder a regularização de sua pro-priedade. E de acordo com a lei municipal 7833/91 quem deve pagar multa é quem joga lixo.

Ecologia de fachada na capital Museu da comunidade

Desde 1963, o Museu de História Na-tural está no Capão da Imbuia e trabalha para orientar, principalmente os alunos do ensino básico, sobre a mata e animais nativos da cidade de Curitiba.

Resgatar esses valores, em um am-biente preservado e mantido com cuida-dos de especialistas é para a comunidade uma oportunidade de cultura e lazer, mas ainda assim há quem more próximo ao museu e nunca foi visitá-lo.

Muitos o descobrem por acaso. Passar pelas ruas próximas e se deparar com 36 mil metros quadrados de mata é um convite para entrar e se sentir pequeno diante dos pés de Imbuia de mais de 800 anos, ou a taxidermia do urso russo que segundo a jovem Aryane Martins Amo-rim de 13 anos “ é tão bem feito que até assusta, eu fiquei com medo”.

A auxiliar admnistrativo Jaqueline Suelen Taborda de Lima, 19 anos, fez duas visitas com a escola, seis com ami-gos e uma para levar a irmã de 11 anos. Ela já havia visitado uma vez, mas faltou tempo para ver tudo. “Agente foi num final de semana e isso acrescentou ao que ela aprendeu com a escola”.

Edson Machado

Material usado na Cop3 Mop8 virou lixo após o evento

Patrícia C

retti

Durante o COP3 MOP8 realizado no mês de julho em Curitiba toda a cidade se mobilizou para receber os visitantes internacionais. Até a fachada do pátio do Detran e os muros do Jockey Clube foram decorados a rigor.

A Secretaria de Educação do Estado do Paraná mobilizou crianças das escolas municipais e estaduais das regiões metro-politanas que tiveram aulas de educação artística especializada para produzir as imagens de preservação estampadas atra-vés de pinturas e mosaicos.

Além disso, tubos e ônibus ligei-

Patrícia Cretti e Denise Fracelino

rinho foram decorados com símbolos da biodiversidade, a Avenida Victor Ferreira do Amaral foi repavimentada com asfalto ecológico e todos os lugares que serviram de passagem tinham uma pitada de ecolo-gia, seja em cartazes, placas ou outdoors.

O que não era sabido no momento é que tudo não passou de uma mobilização passageira e que as placas pintadas no Detran pelas crianças seriam jogadas foras para a construção de um muro.

Segundo a coordenadora de Divisão e Educação para o Trânsito, Maria Helena Matos, “o Detran só atendeu um pedido”,

que foi feito formalmente”. Ela afirma que o projeto foi da Secretaria de Educação e que foi informado de que o trabalho seria retirado, e não havia lugar para guardá-lo. A pintura no muro do Jockey não foi terminada por falta de verba e patrocínio.

Segundo Cristiane Teixeira, Geren-te de Projetos da Secretaria de Educação as professoras envolvidas no projeto são especialistas em educação artística, e embora temporário o trabalho visava melhorias na imagem da cidade. Não há novos projetos para pintura do Muro do Detran que, aliás, está todo pichado.

Na época, o projeto de valorização dos trabalhos escolares envolvidos com a cidadania e melhoria da cidade através das próprias crianças, foi muito elogiado pela população, mas o que se vê hoje, é que o processo que começou na sala de aula falando sobre biodiversidade, preservação, ecologia e reciclagem acabou no lixo.

Page 20: Capital da Notícia #30

Capital da NotíciaCuritiba, dezembro de 200620 Policial

Baixo salário para um trabalho Policiais enfrentam vários riscos, mas nem sempre ganham o suficiente

O trabalho de um PM consiste em, basicamente, servir e proteger a popula-ção. Isto engloba desde assustar maridos embriagados, até enfrentar balas de revol-veres. É uma profissão que oferece riscos reais de morte. “ A minha família pode até estar acostumada com o que faço, mas não deixa nunca de temer pela minha vida, quando vou trabalhar”, conta o soldado Jacir José Domingos Melo, que está há 15 anos na corporação, e serve no Regimento de Polícia Montada Coronel Dulcídio, que fica no Bairro Alto. O salário deste policial não chega a 1.700 reais.

O 2° Tenente Fabrício Baran Car-valho, comandante da unidade POVO do bairro Alto da XV, não acha que os poli-ciais militares ganham o suficiente. “Claro que o salário é baixo, levando em conta o que a gente tem que enfrentar”. Significati-vamente, quando o 2° Tenente diz isso, ele está bem em frente ao “mural dos heróis” do já citado regimento no Bairro Alto. O mural é uma parede, onde estão várias fo-tos de policiais. Abaixo delas, duas datas. Uma de nascimento, outra de morte. Na “Uniformes da Polícia Militar” há um pequeno texto explicando a importância do uniforme.De acordo com ele, o policial trajado de forma correta ajuda a “manter o bom conceito da Corporação no seio da opinião pública”.

O descontentamento com o salário, a pressão psicológica que os policiais sofrem da sociedade e, muitas vezes, da própria corporação, associado ao caráter violento do trabalho, podem causar dois problemas: a Síndrome de Burnout ( que em português significa “queima exterior” ) e a corrupção. “Todos estes fatores podem levar o policial a se corromper, como apareceu na mídia recentemente”, analisa a 2° Tenente Denise Marília Sil-

Guilherme Cordova, Kahito Jucoski

e Wellington Sari

va, referindo-se ao caso dos policias que roubaram toca-cd’s de carros no largo da Ordem. “A Síndrome de Burnout é uma espécie de estresse profundo”, explica o soldado enfermeiro há 11 anos do Hospital da Polícia Militar do Paraná, Christian Ti-radentes de Souza. Segundo ele é comum policiais sofrerem desta doença.

O hospital que atende aos poli-ciais está em reforma, e ainda não trata de problemas psicológicos. Os soldados com estes tipos de problemas são enca-minhados à outros lugares. Para tratar da Síndrome, há, no Setor Social, uma equipe

de psicólogos que tem programas – como passeios em chácaras – para “desestressar” os policiais. No entanto, a quantidade

destes profissionais ainda é pequena para atender a demanda.

Tenente Fabricio Baran, desabafa:” Claro que o sálario é baixo, levando em conta o que a gente tem que enfrentar”.

Falta de auxílio da Corporação pode causar estresse profundo no policial.

Policia Montada do Bairro Alto

A Síndrome de Burnout não atinge apenas os policiais.Qualquer profissional que tem contato interpessoal pode sofrer da doença. Conheça alguns sintomas:

-Irritabilidade, apatia, esgotamento emocional.- Baixa autoestima, dificuldade de concentração, comportamento agressivo com

a família, amigos ou clientes. -Transtornos psicossomáticos, tais como : dores de cabeça, hipertensão arte-

rial, insônia, problemas digestivos, entre outros males.

Foto: Guilherme Cordova

Wellington Sari

Síndrome de Burnout

Daiane Figueiró