revista capital 52

Upload: revista-capital

Post on 18-Jul-2015

323 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

FRICA Banco Mundial prope fim de barreiras comerciais em frica

ECONOMIA Carvo vai estimular exportaes em 17%

DOSSIER Millennium Challenge Account d impulso ao Norte

Publicao mensal da S.A. Media Holding . abril de 2012 . 100 Mt

TURISMO Pas entre os melhores destinos DESENVOLVIMENTO Malonda capta investimentos para o Niassa

NIASSA qUER FAzER NEgCIORESENHA JURDICA Exerccio da actividade seguradora em Moambique

Niassa waNts tO dO busiNessFISCALIDADE O uso de meios electrnicos no cumprimento das obrigaes fiscais

N 52 . Ano 05

AfritoolAv. 25 de Setembro, Nr. 2009 Caixa Postal Nr. 2183 Tel. +258 21309068/328998 Fax. +258 21328997/333809 [email protected] Maputo - Moambique

A mAis de 13 Anos A proporcionAr os mAis Altos pAdres de servios, com produtos de QuAlidAde, preos competitivos, ideiAs inovAdorAs, Atendimento personAlizAdoMoAMbique TANzANiA ChiPre SwAzilNdiA

delegAeS em quelimane, Tete e Nampula

eMaterialMd

Equipamento

FerramentaseImplementosAgricolas

Motocultivador

Motores

ico

editora capital c editora capital c

6 SUMRIO

dossierDR

ECONOMIADR

FACTOS & NMEROSDR

VALORES

19

22DOSSIER

24

19 30TDM, p 02 AFRITOOL, p 03 MMEC, p 04 MCEL, p 05 STANDARD BANK, p 08 ZAP, p 11 EDITORA CAPITAL, p 15

Millenium Challenge Account d impulso ao norteOs investimentos aplicados pela Millenium Challenge Account em prol do desenvolvimento so notrios nas provncias do norte de Moambique. As reas das infraestruturas, abastecimento de gua, acesso e posse segura de terras, entre outras, esto na ordem do dia daquele organismo, visando gerar uma grande dinmica na vida das comunidades daquelas provncias.

DESENVOLVIMENTOMalonda capta investimentos para a provncia do NiassaReduzir a pobreza e melhorar os meios de subsistncia das comunidades rurais das comunidades mais desfavorecidas no Niassa so os objectivos da Fundao Malonda, que tem atrado investimentos para a provncia, alm de apoiar o sector privado e mediar possveis conflitos.

NDICE DE ANUNCIANTESTIM, p 17 CR HOLDING, p 19 AFRIN, p 37 PWC, p 41 SUPERBRANDS, p 47 CORRE, p 51 BCI p 52

SUMRIO 7

OBSERVATRIODR DR

SECTORDR DR

viso

33

34ENTREVISTA

39

50

O nacional est a aprender a fazer negcioA rea florestal e o turismo so as cartas que a provncia do Niassa tm na manga para incrementar o desenvolvimento local. Entretanto, a falta de vias de acesso e de mercados para comercializao constituem o calcanhar de Aquiles para que a provncia d este importante passo.

26 38

ANLISECriar espaos energticos comunitrios pode ser uma soluoA expanso das energias renovveis uma realidade benfica para as comunidades. Nesse contexto, um maior conhecimento e maior aceitao pblica das tecnologias seriam certamente importantes para impulsionar este tipo de energias.

EDITORIAL 9

Desenvolver sim, mas de olhos postos na ComunidadeNiassa possui oportunidades imensas no que diz respeito ao desenvolvimento de negcios sustentveis. O agro-business o seu cavalo de tria, e embora a provncia tenha subido no ranking de investimentos graas aos projectos florestais, as florestas assumem-se como uma clara aposta num horizonte temporal um pouco mais distante. A adicionar ao rol de riquezas da terra surge o cultivo do algodo, milho, sorgo, feijo manteiga, arroz, tabaco, madeiras e pedras semi-preciosas. Dizem os locais, com uma pitada de orgulho, que a provncia possui das maiores reservas de carvo mineral do pas, j para no falar do mundo. Outra mais valia reside no sector do turismo que vive intensamente da atraco que o Lago exerce nos visitantes nacionais, mas sobretudo nos estrangeiros. Alm das 60 mil espcies de peixes ornamentais existentes naquelas guas lmpidas, h a acrescentar ainda a flora e a fauna abundante assim como uma terra frtil que parece tocar o cu. Apesar de abenoada pela Natureza, a provncia luta com a falta de vias de acesso e de mercados para a comercializao dos seus produtos, e lida com sonhos de grandes projectos que tardam a acontecer. Perfilam-se misses empresariais originrias do Brasil, cujo interesse recai sobre o cultivo da soja e do milho e sobre a produo pecuria, e o Programa de Inovao em Agronegcios (Inovagro) estende os seus tentculos para alm da Zambzia, Nampula e Cabo Delgado, chegando igualmente quelas paragens. Por outro lado, encontra-se prevista para este ano a implementao de uma fbrica de empacotamento de feijo em Lichinga. Contudo, no existe financiamento para o arranque do projecto. E igualmente expectvel a montagem de uma fbrica de rao destinada indstria avcola. Ao mesmo tempo, a Associao para o Desenvolvimento Comunitrio do Niassa encontra-se a licenciar-se no sentido de desenvolver o microcrdito e a AMODER procura preencher as lacunas sentidas pelos empreendedores, concedendo crditos a agricultores e transportadores. No ano passado, o governador provincial do Niassa convidou os actores da cadeia de produo e de valores a se envolverem cada vez mais no aumento da produo e produtividade agrrias, aproveitando todas as oportunidades agro-ecolgicas e, sobretudo, as que o Governo colocou disposio para o fomento de agricultura, atravs do Fundo Distrital de Desenvolvimento. J a Fundao Malonda assume-se como uma parceira inquestionvel no s na promoo como na facilitao do desenvolvimento do sector privado no Niassa, sobretudo no sector das florestas; agricultura; turismo; geologia e mineralogia. Resumindo e concluindo, a dinmica da provncia no pra, apesar da distncia que a medeia de outros centros nevrlgicos, das dificuldades de financiamento, da falta de vias de comunicao e de mercados para a comercializao dos produtos agrcolas, entre outras. Alis, um estudo feito pela KPMG garante que os empresrios do Niassa so os mais optimistas em relao ao clima de negcios. E esse o esprito que Niassa parece desenvolver: o de ser positivo.c

O

Helga Nunes

[email protected]

FICHA TCNICAPropriedade e Edio: Southern Africa Media Holding, Lda., Capital Magazine, Av. Mao Tse Tung, 1245 Telefone/Fax (+258) 21 303188 [email protected] Directora geral: Andr Dauane [email protected] Directora Editorial: Helga Neida Nunes [email protected] Redaco: Arsnia Sithoye - [email protected]; Srgio Mabombo [email protected] Secretariado Administrativo: Mrcia Cruz [email protected]; Cooperao: CTA; Ernst & Young; Ferreira Rocha e Associados; PriceWaterHouseCoopers, ISCIM, INATUR, INTERCAMPUS Colunistas: Antnio Batel Anjo, E. Vasques; Elias Matsinhe; Federico Vignati; Fernando Ferreira; Hermes Sueia; Joca Estvo; Jos V. Claro; Leonardo Jnior; Levi Muthemba; Maria Uamba; Mrio Henriques; Nadim Cassamo (ISCIM/IPCI); Paulo Deves; Ragendra de Sousa, Rita Neves, Rolando Wane; Rui Batista; Sara L. Grosso, Vanessa Loureno; Fotografia: Lus Muianga, Amndio Vilanculo; Gettyimages.pt, Google.com; Ilustraes: Marta Batista; Pinto Zulu; Raimundo Macaringue; Rui Batista; Vasco B. Capa: Helga Neida Paginao: A. Magaia Design e Grafismo: SA Media Holding Traduo: Pedro Amaral Departamento Comercial: Neusa Simbine [email protected]; Distribuio: Nito Machaiana nito. [email protected]; SA Media Holding; Mabuko, Lda. Registo: N. 046/GABINFO-DEC/2007 - Tiragem: 7.500 exemplares. Os artigos assinados reflectem a opinio dos autores e no necessariamente da revista. Toda a transcrio ou reproduo, parcial ou total, autorizada desde que citada a fonte.

abril 2012

revista capital

10 BOLSA DE VALORES EM ALTA JANELA NICA ELECTRNICAAtravs da Janela nica Electrnica, as Alfndegas de Moambique colectaram no TIMAR - Terminal Internacional Martima, no Porto de Maputo, cerca de 130 milhes de meticais nos primeiros dois meses deste ano, em resultado da submisso de 172 despachos electrnicos. O montante corresponde a cerca de 27 % da receita recuperada pelo TIMAR.

CAPITOON

DVIDA MOAMBICANAO ministro de Planificao e Desenvolvimento de Moambique, Aiuba Cuereneia, revelou que esto a ser fechadas as negociaes e as devidas compensaes da dvida externa de Moambique para com Angola. De referir que a dvida de Moambique a Angola resultou de importaes de petrleo, na dcada de 1980.

PRODUO DE ACARA Aucareira de Moambique (AM), sob gesto da firma sul-africana Tongaat Hulett, atingiu, em 2011, uma produo recorde de 63 mil toneladas de acar, contra cerca de 44 mil toneladas de 2010. O representante daquela unidade fabril, George Naude, disse que o sucesso alcanado deveu-se introduo de novas tcnicas de produo agrria, no mbito da produo do acar naquela fbrica, cujo accionista minoritrio o Governo com 15 % de aces.

EM BAIXA EMBARCAO ESPANHOLAAs autoridades moambicanas apreenderam uma embarcao espanhola que foi encontrada a praticar pesca ilegal, tendo capturado 1.200 quilos de atum na Zona Exclusiva do Pas. Trata-se da embarcao Txori Argi, que foi ordenada a dirigir-se ao Porto de Nacala, provncia nortenha de Nampula, para inspeces e averiguaes aprofundadas, na sequncia do seu envolvimento na pesca ilegal. O navio espanhol foi condenado a pagar mais de 1.200.000 dlares pela infraco cometida.

COISAS QUE SE DIZEMquem nos dera Estender os benefcios para toda a sociedade, Desejo de Ernesto gove, manifestado aquando do 36 Conselho Consultivo do Banco de Moambique D sade e faz crescer Sem um povo educado e saudvel podemos ter crescimento econmico, mas no desenvolvimento econmico, Economista Ragendra de Sousa, no mbito do Conselho Consultivo do BM As meliantes! So as empresas pblicas que pressionam a taxa de juro, Idem Uma prosperidade que exige ingredientes completos A abundncia em recursos naturais no um passaporte automtico para a prosperidade Relatrio do CIP sobre os desafios da indstria extractiva em Moambique Crescimento aparente? O actual modelo de crescimento da China insustentvel Presidente do Banco Mundial, Robert B. zoellick Um erro, uma lio bastante bvio que aderir ao euro foi um erro para a Grcia e tambm para Portugal Nobel da Economia, Paul Krugmam

ONgSO Governo da provncia da Zambzia manifestou a sua preocupao com o facto de as Organizaes No Governamentais (ONGs) que operam naquela parcela do pas no declararem os seus oramentos para financiar projectos. O facto foi dado a conhecer pela directora provincial do Plano e Finanas da Zambzia, Joaquina Gumeta, durante o encontro para avaliar o impacto das actividades desenvolvidas pelas ONGs naquele ponto do pas. Actualmente, existem trinta e trs organizaes a operar na provncia, no entanto, apenas metade declara o oramento.revista capital abril 2012

12 MUNDO

NOTCIASciado a suspenso da produo de veculos na Europa a partir de 2013. Entretanto, a principal clusula a ser cumprida pelo comprador consiste em manter os postos de trabalho dos 1.500 trabalhadores. Na ocasio do anncio da medida, cerca de mil dos 1.500 funcionrios bloquearam a entrada da fbrica em jeito de protesto. No seguimento da manifestao, os sindicatos convocaram uma greve revelando que o encerramento da fbrica representaria um desastre para os pases do Sul. No entanto, a Mitsubishi justificou a sua deciso de suspenso da produo com o ambiente operacional difcil que se vive na Europa. A NedCar emprega actualmente 1.500 funcionrios e produz os modelos Colt e Outlander.c Guarulhos, mais de 31 mil milhes de dlares, um acrscimo de 373 por cento sobre o valor mnimo, tendo o vencedor sido o consrcio Invepar, formado por fundos de penso brasileiros em parceria com a sul-africana ACSA.c

EUA

Obama quer reduzir dfice em quatro bilies

EUA

Vendas de discos de Whitney sobem

O presidente dos EUA, Barack Obama, apresentou propostas no sentido de reduzir o dfice em quatro bilies de dlares durante os prximos 10 anos. A longo prazo, o pas dever conseguir ter o dfice sob controlo para manter a base da economia. Obama apresentou o oramento para 2013, que inclui vrias propostas de obras pblicas, aumentos de impostos para os mais ricos e para as empresas, projectando um dfice de 1,3 bilies de dlares para este ano, o que significa o quarto ano seguinte de dfices acima de um bilio de dlares. O chefe de gabinete de Obama afirma que o proposto semelhante ao plano apresentado em 2012 ento rejeitado pelos republicanos. Entretanto, os republicanos voltaram a criticar o documento do presente ano.c

BRASIL

governo arrecadou 14.2 mil milhes de dlares com a concesso de trs aeroportosA Agncia Nacional de Aviao Civil do Brasil obteve um encaixe de 14.2 mil milhes de dlares com a concesso dos aeroportos de Guarulhos (Cumbica), Campinas (Viracopos) e Braslia (JK). Realizado na Bolsa de Valores de So Paulo, o leilo da concesso reuniu 11 consrcios que apresentaram propostas para os trs aeroportos que, em conjunto, movimentam 30 por cento dos passageiros e 57 por cento da carga area do Brasil. O maior valor foi pago pelo Aeroporto de

HOLANDA

Mitsubishi vende fbrica automvel holandesa por um euroA Mitsubishi Motors est a vender a sua fbrica automvel na Holanda por apenas um euro. A deciso surge aps ter anun-

As vendas dos discos da cantora norte-americana Whitney Houston, que perdeu a vida na segunda semana de Fevereiro, subiram 300 por cento nas lojas FNAC em Portugal. O Fenmeno verificou-se tambm em outros mercados da Europa e nos prprios Estados Unidos. Em todas as 17 lojas do grupo FNAC notou-se uma especial procura pelo lbum The Bodyguard. Refira -se que a cantora, Whitney Houston, que j somava 48 anos, foi encontrada sem vida num quarto de hotel em Los Angeles, Califrnia. A cantora teve sucesso sobretudo nas dcadas de 1980 e 1990 e conquistou dezenas de prmios, figurando no livro do Guiness como a mais premiada das mulheres na msica.c

DESTAqUE

Empresrios de Minas gerais estudam investimentos no PasUma delegao de empresrios brasileiros do Estado de Minas Gerais, representando 14 empresas de vrios sectores de actividades, visitou Moambique em Maro no sentido de avaliar as oportunidades de investimento em reas como a engenharia, sade, agro-pecuria, cosmticos, infra-estruturas e comunicaes, segundo revelou o Centro de Promoo de Investimento (CPI), em Maputo. Durante um encontro com empresrios moambicanos e responsveis do CPI, os empresrios brasileiros foram alertados para as facilidades concedidas pelo governo moambicano, nomeadamente o baixo valor do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRPC) para o sector agrcola. crevista capital abril 2012

governo da Dinamarca doa 30 milhes de USD a MoambiqueA Dinamarca disponibilizou cerca de 30 milhes de dlares americanos para investir em projectos de agro-pecurios de produo de soja para servir de matria-prima para indstrias do sector privado na provncia central de Manica. Para alm de soja, de acordo com informaes que nos foram disponibilizadas, o investimento destina-se produo de queijo.c

DR

BANCA

BCI

BCI distinguido como o Melhor Banco da Provncia de Cabo Delgado em 2011Seguindo uma prtica que se vem enraizando nos ltimos anos, a CTA Confederao das Associaes Econmicas de Moambique (Delegao da Provncia de Cabo Delegado) distinguiu, pela 2 vez consecutiva, o BCI como O Melhor Banco da Provncia de Cabo Delegado. A distino teve lugar no passado dia 25 de Fevereiro de 2012, em Pemba, numa cerimnia organizada por aquela Confederao de Agentes Econmicos e Empresrios, que contou com a presena do Governador da Provncia de Cabo Delegado, Dr. Eliseu Machava, e do Presidente do Municpio de Pemba, Dr. Tagir Carimo, entre muitas individualidades do meio poltico e empresarial daquela Provncia do Norte de Moambique. A entrega do prmio foi feita por Sua Excelncia o Governador da Provncia de Cabo Delgado ao Sr. Joo Mrio de Barros Carrilho, Director Comercial de Regio do BCI. De acordo com os seus promotores, a nomeao baseia-se em critrios como a qualidade na prestao de servios aos Clientes; o contributo efectivo, durante o ano que findou, para o desenvolvimento da populao e da Provncia; e o significativo esforo demonstrado no alargamento da presena do Banco, consubstanciado na expanso da sua rede comercial por diversos distritos da Provncia de Cabo Delgado.

Reabertas 2 Agncias BCI na Cidade de Maputo, totalmente renovadas e modernizadas

O BCI procedeu reabertura ao pblico de 2 Agncias na Cidade de Maputo, aps significativas obras de renovao e modernizao. Trata-se da Agncia Alto Ma, localizada na Av. Eduardo Mondlane, n 3048/50, e da Agncia Imprensa, localizada na Rua da Imprensa, no Prdio 33 andares. Ambas as Agncias dispem desde j

um nova estrutura de distribuio de espaos, ajustada s actuais necessidades e expectativas dos Clientes, e oferecem mais comodidade e segurana, garantido igualmente uma mais elevada eficincia operacional. As Agncias dispem agora de espaos mais amplos para o atendimento geral e de espaos dedicados ao atendimento personalizado, por Gestores de Clientes.

14 FRICA

NOTCIASNBS estima que a pobreza poder conhecer um ligeiro aumento at 71,5, em 2012.c

NIgRIA Mais de 60% vive na pobrezaA percentagem de nigerianos que vivem na pobreza aumentou, tendo passado de 54,7 % em 2004 para 60,9 % em 2010, de acordo com dados divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatsticas (NBS). Segundo o NBS, o nmero de pessoas que vivem na pobreza aumentou apesar de um crescimento de 7,6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O especialista nigeriano em estatstica, Yemi Kale, descreveu a situao como um paradoxo, pois o nmero de nigerianos que vivem na pobreza continua a aumentar enquanto a economia cresce. O NBS estima que esta tendncia poder reforar-se em 2012 se os impactos positivos potenciais de vrios programas de luta contra a pobreza e o desemprego no forem tidos em conta, alertou Yemi Kale durante a apresentao de um relatrio intitulado Anlise da Pobreza na Nigria em 2010. A distribuio do nmero de pobres pelas seis zonas geopolticas do pas revela que o noroeste e o nordeste registam as taxas de pobreza mais elevadas com 77,7% e 76,3%, respectivamente. O sudoeste, onde se situa Lagos, a capital econmica, regista as taxas de pobreza menos fracas com 59,1%. Quanto aos ndices da taxa de pobreza relativa, absoluta e a partir do limiar de um dlar americano por dia, o

BREVES DOS PALOPS ANgOLA

zIMBABWE Cahora Bassa poder cortar energia ao zimbabweA Hidroelctrica de Cahora Bassa (HCB) poder cortar o fornecimento de energia elctrica ao Zimbabwe devido a uma dvida acumulada no valor de 90 milhes de dlares, segundo o ministro zimbabweano da Energia, Elton Mangoma. Mangoma disse que a empresa nacional de energia, Zimbabwe Electricity Supply Authority (ZESA) possui uma dvida acumulada com terceiros em mais de um bilio de dlares referente a despesas de importao de energia, emprstimos e contribuies em projectos conjuntos com a Zmbia. Nesta fase, apenas com as receitas da ZESA, no existe nenhuma possibilidade de saldarmos a dvidas. No estamos a pensar em saldar as dvidas a curto prazo, mas que o tesouro tome em considerao a gesto da dvida, afirmou o ministro. Actualmente, o Zimbabwe precisa de 2.200 MW de energia para suprir as suas necessidades, dos quais consegue gerar apenas 1.300 MW, da ter de importar a quantidade remanescente aos pases vizinhos.c

governo cozinha novas privatizaesNos ltimos 10 anos, o governo angolano privatizou 198 empresas, atravs do Gabinete de Redimensionamento Empresarial, revelou o ministro da Economia, Abraho Gourgel. Gourgel afirmou que muitos beneficirios das empresas privatizadas no liquidaram as suas dvidas com o Estado, uma vez que no pagaram os valores pela privatizao das empresas, ou ento pagaram parcialmente, situao que perdura at hoje. O processo de privatizaes inclui empresas e sociedades dos ramos da pesca, agricultura, indstria, comrcio, transportes, geologia e minas, petrleo, construo civil e bancos. c

gUIN-BISSAU

Novo acordo de pesca foi firmado com a Unio EuropeiaA Guin-Bissau e a Unio Europeia rubricaram um novo acordo de pesca que permitir aos barcos europeus capturar peixes nas guas territoriais da GuinBissau, nos prximos trs anos. No novo acordo que substituir o protocolo em curso, e que deve expirar a 15 de Junho prximo, foi decidido que navios portugueses, franceses e espanhis podero capturar nas guas territoriais de Guin-Bissau atum, camaro e cefalpodes. Em virtude do novo acordo de pesca, a UE conceder ao Governo da Guin-Bissau uma compensao financeira anual de 9.9 milhes de euros, dos quais trs milhes para programas de desenvolvimento da pesca local.cDR

DESTAqUE

Banco Mundial prope fim de barreiras comerciais em fricaO Banco Mundial (BM) alertou os pases africanos no sentido de suprimir as barreiras comerciais no continente, sobretudo com os seus vizinhos, para que possa haver uma integrao econmica e um aumento dos rendimentos comerciais. De acordo com um relatrio citado pelo jornal nigeriano Guardian, o BM considera que as barreiras comerciais privaram o continente de novas fontes de crescimento econmico e de novos empregos, aumentando ao mesmo tempo a pobreza. O mesmo documento salienta ainda que as redes de produorevista capital abril 2012

que sustentaram o dinamismo econmico em outras regies, como a sia do Leste, ainda no foram concretizadas em frica. No relatrio, o BM indica que vrios pases africanos perdem bilies de dlares americanos em receitas comerciais potenciais a cada ano, devido a enormes obstculos s suas trocas comerciais com os pases vizinhos que tornam mais fcil a frica fazer negcios com o resto do mundo do que consigo mesma. Por outro lado, os obstculos ao comrcio livre so enormes e afectam de modo desproporcional os pequenos comerciantes, maioritariamente as mulheres.c

16 MOAMBIQUE

NOTCIAS

ENERgIA

AMBIENTE DE NEgCIOS

Centro e norte de Moambique estaro ligados por nova linha de transmisso de energianos permitem tambm a produo de energia, para alm das energias renovveis. Isto oferece ao pas melhores condies para a existncia de um sector de energia que pode responder de forma segura, eficaz e duradoura s exigncias do desenvolvimento econmico e social, afirmou. Recentemente, o Governo lanou oficialmente o projecto de transporte CESUL, combinao de uma linha area de Alta Tenso de Corrente Alternada (HVAC) de 400 kV e uma linha de Alta Tenso de Corrente Contnua (HVDC) de 800 kV, ligando o centro e o sul do Pas. O Projecto CESUL, com um custo estimado de 1,8 biliess de dlares norteamericanos, vai constituir a espinha dorsal da Rede Elctrica Nacional de Transporte de Energia Elctrica em Alta Tenso, para alm de viabilizar os projectos de produo hidroelctrica e trmica em curso no vale do Zambeze, assegurando o transporte da energia elctrica a ser produzida para potenciais centros consumidores nacionais e da Regio.c

Lanamento do Fundo para Ambiente de Negcios

O Governo moambicano projecta construir uma nova linha de transmisso de energia elctrica que liga as regies Centro e Norte como forma de satisfazer as exigncias do desenvolvimento econmico e social, impulsionadas pelas descobertas e explorao de recursos minerais. O director nacional de Energia, Pascoal Bacela, disse que a nova linha dever seguir eventualmente o trajecto CaiaNampula/Nacala (Centro-Norte), sendo a outra alternativa a rota Tete (Centro)/ Nampula/Nacala (Norte). A nossa felicidade como pas poder contar com elevado potencial hidroelctrico e recursos como o carvo e hidrocarbonetos e o gs natural, que

FISCALIDADE

75 por cento da receita aduaneira ser colectada com meios electrnicosO Gestor do Projecto da Janela nica Electrnica (JUE), Guilherme Mambo, informou que cerca de 75% da receita aduaneira prevista para este ano poder ser cobrada atravs da Janela nica Electrnica (JUE), projecto que entrou em vigor nos finais de 2011 com o objectivo de melhorar o ambiente de negcios e diminuir os custos operacionais ligados ao processo de desembarao de mercadorias. Segundo Guilherme Mambo, cerca de 75% da receita aduaneira colectada pelas principais Alfndegas seleccionadas para a introduo imediata da JUE enquanto os remanescentes 25% so cobertos por cobranas feitas atravs de pequenas unidades aduaneiras e terminais espalhados pelo Pas. Os 75% incluem os principais portos e fronteiras terrestres com a frica do Sul e com o Zimbabwe, Contudo, e conforme planeado, todas as Alfndegas sero abrangidas pela JUE gradualmente para assegurar que todo o processo derevista capital abril2012

desembarao beneficie da celeridade que a JUE ir oferecer, disse. A Janela nica Electrnica um projecto que prev abranger no s a tramitao de documentos de desembarao das Alfndegas mas tambm outros emitidos pelas instituies de controlo do sector pblico como os ministrios que emitem licenas de importao e exportao como tambm outros agentes que realizam o controlo de mercadorias em nome do Estado. O custo total do projecto, incluindo infra-estruturas e equipamentos, est estimado em cerca de 12.7 milhes de dlares norte-americanos. De acordo com Cacilda Chicalia, gestora de Comunicaes no projecto, a implementao da JUE traz inmeros desafios, alguns de carcter tecnolgico e outros de mudana de atitude, tanto dos operadores importadores, bem como dos funcionrios encarregues de garantir a execuo do desembarao de mercadorias.c

Foi lanado no dia 15 de Fevereiro, em Maputo, o Fundo para Ambiente de Negcios (FAN), evento que contou com a presena de representantes do Ministrio da Indstria e Comrcio, do sector privado, dos sindicatos, da sociedade civil e parceiros de cooperao. Este fundo para a Advocacia e Pesquisa de Negcio constitui uma das trs componentes do Programa de Desenvolvimento do Sector Privado (PSDP) que actua tambm nas reas de: Desenvolvimento de Agro-Negcios e Estradas do Distrito. Um dos objectivos do evento era realar o papel que o sector privado pode desempenhar no crescimento da economia e na criao de emprego e divulgar as actividades do FAN. O FAN financiado pela Agncia Dinamarquesa de Desenvolvimento Internacional (DANIDA). O fundo coloca 12 milhes de USD, durante o perodo 2011-2015, disposio das associaes profissionais cujo papel principal o de estabelecer dilogo com o Governo no processo de estabelecimento de polticas que afectam directa ou indirectamente o sector privado, afim de capacit-las nos processos de pesquisa, dilogo e advocacia. O objectivo final a promoo do dilogo entre o sector privado e o Governo na criao de um ambiente propcio para os negcios.c

18 REGIES

NOTCIAS

NAMPULA Vietnamitas recebem terra para investirO Governo da Provncia de Nampula concedeu mais de 40 mil hectares de terra arvel a investidores vietnamitas para a produo e processamento de caju, mandioca e madeira. Em alguns distritos daquela provncia como Mogovolas, Ribau e Meconta foram encontradas condies favorveis para a plantao e processamento de caju e de mandioca, segundo afirmou Truong Tan Thieu, presidente da comisso popular da provncia de Binh Thuoc, no Vietname. Tan Thieu constatou naqueles distritos a insuficincia de algumas infra-estruturas bsicas nas reas de transporte e comunicao, electricidade, abastecimento de gua, para alm dos recursos humanos com qualificaes necessrias para a dimenso dos projectos que se pretendem implantar, principalmente no sector de caju. No entanto, as partes assinaram a acta nos termos da qual o Governo de Nampula conceder aos empresrios vietnamitas uma rea de 10 mil hectares para o plantio de cajueiros e 30 hectares para o estabelecimento de uma fbrica de processamento de castanha de caju, no distrito de Mogovolas, e fornecer mudas de cajueiros para o programa de plantio. Para a explorao da mandioca, no distrito de Ribau, o Governo Provincial ir assegurar 20 mil hectares para a produo daquele tubrculo e proceder entrega de variedades melhoradas e tolerantes s doenas da regio. No sector das florestas, em Meconta, deve ser entregue aos vietnamitas uma licena em regime de concesso florestal bem como reas para a instalao de indstrias de processamento da madeira. A provncia de Nampula possui um total de 4,5 milhes de hectares de terra arvel mas, actualmente, apenas cerca de 1,7 milhes de hectares esto a ser exploradosc

zAMBzIA 45 milhes de dlares para fbrica de tantalite

Cerca de 45 milhes de dlares americanos esto a ser investidos pela empresa Highland Minning Company Corporation na construo de uma nova fbrica de processamento de tantalite em Marropino, distrito do Ile, na provncia da Zambzia. Com o novo empreendimento, esperase elevar o processamento de tantalite das actuais 100 toneladas por hora para 320, o que trar ganhos financeiros empresa com a extraco, processamento e exportao da produo. Em 2011, a empresa mineira exportou para os seus principais mercados na Tailndia e Amricas 75 toneladas e conseguiu arrecadar 150 mil libras. O director-geral da empresa, Delio Darsamo, disse que se espera uma rendibilidade anual no valor de 500 libras esterlinas. A empresa tem como desafios, para os prximos anos, atingir lucros na ordem das 200 mil libras mas, para isso, ser necessrio incrementar os nveis de produo para dez vezes mais.c

Trata-se do balco do Yingue MicroBanco, financiado pelo Fundo de Reabilitao Econmica (FARE) e pelo Gabinete de Promoo de Investimento (GAPI). O mesmo pertence a investidores nacionais naturais de Morrumbene e conta com um capital social de trs milhes de meticais e os seus activos totais ascendem a cerca de sete milhes de meticais. Yingue Micro-Banco abriu as portas em meados de 2011 em regime experimental, tendo j concedido 162 crditos a diversos projectos nas reas de agricultura, comrcio e indstria. A presidente do Conselho de Administrao do referido banco, Ana Mussanhane, explicou na cerimnia inaugural que os requisitos necessrios para a aprovao dos projectos no diferem tanto dos exigidos nas restantes instituies financeiras de crdito, nomeadamente a credibilidade do proponente, a qualidade e a sustentabilidade do projecto apresentado. O desafio do Yingue Micro-Banco, segundo Ana Mussanhane, abrir a linha de poupana de forma a diminuir as distncias que os residentes de Morrumbene percorrem para a cidade da Maxixe ou para a vila da Massinga com o intuito de realizar operaes bancrias.c

NOTA DE RODAP

INHAMBANE Morrumbene ganha nova instituio de microfinanasFoi oficialmente inaugurada, em Morrumbene, uma instituio de microfinanas, o primeiro estabelecimento financeiro a instalar-se naquele distrito da provncia de Inhambane.revista capital abril 2012

Dinamarca doa 30 milhes de dlares a MoambiqueA Dinamarca desembolsou cerca de 30 milhes de dlares americanos para investir em projectos agro-pecurios e na produo de soja, matria-prima que ir servir s indstrias do sector privado na provncia de Manica. Para alm da soja, o investimento destina-se igualmente produo de queijo.c

DOSSIER

DESENVOLVIMENTO 19

Millennium Challenge Account d impulso ao NorteOs investimentos feitos pela Millennium Challenge Corporation, luz do acordo de cooperao financeira com o Governo moambicano, esto a gerar uma grande dinmica na vida das comunidades da zona norte do Pas, regio beneficiria dos projectos desta organizao. Alm da componente social, os projectos do Millennium Challenge Account Moambique tm uma abordagem econmica muito forte, que privilegia sobretudo as infraestruturas, uma importante e estratgica alavanca da economia nacional.Abastecimento da gua uma das prioridades A zona norte do Pas est a experimentar novas realidades em diversos domnios por conta dos projectos em implementao do Millennium Chalenge Account Moambique (MCA-Moambique). Pela natureza do programa, vrias so as reas abrangidas, desde o saneamento e abastecimento de gua potvel, construo e reabilitao de infra-estruturas de vulto. Alis, os projectos do MCA dividem-se pelas seguintes componentes: Abastecimento de gua e saneamento; reabilitao e construo de estradas; acesso e posse segura de terra; e apoio ao rendimento do agricultor. No que diz respeito ao abastecimento de gua e saneamento, o objectivo do MCA expandir o acesso, melhorar a qualidade da gua assim como dos servios de abastecimento e de saneamento e abranger os sistemas de esgotos e drenagem nas cidades e vilas num programa extensivo s zonas rurais. Nesta perspectiva, vrios foram os furos abertos e redes de abastecimento deste lquido instaladas e reabilitadas nas quatro provncias da regio norte do Pas.Coordenadas GPS: Latitude: 16 7'45.59"S Longitude: 16 7'45.59"S

TETEEMCO M

E R CIA LIZ A

!

Reserve j!Condomnio Privado em Tete (na estrada para a Zambia, junto ao Hotel Park Inn a apenas 4Km da Cidade de Tete e a 3Km do Aeroporto) Moradias Geminadas Tipo 3 em Duplex rea total por moradia de 200m2 Ar Condicionado da marca SAMSUNG em todas as divises Estacionamento para 2 carros Av. do Trabalho, N 1107, Maputo, Mozambique Club House com Piscina Tel: + 258-21-405254 I Ext:38 | Fax: +258-21-405256 Segurana Privada 24hCell: +258843006092 | email: [email protected]

j ias orad 0m de 5 Fase 1

n co

cl u

Desenvolvido por:

a

FA

SE

O

2

d

20 DOSSIER

DESENVOLVIMENTOcom plena capacidade de abastecimento de gua tendo em conta as necessidades de consumo do preciso lquido em cada ramo de actividade.

Nampula alvo das atenes A cidade de Nampula ter fornecimento de gua potvel 24 horas por dia, a partir de 2013, isto aps a concluso das obras de reabilitao do sistema de abastecimento de gua daquele municpio. O sistema de abastecimento possui uma extenso de condutas de cerca de 22 km e a capacidade de reserva de cerca de 18.650 metros cbicos de gua que abastece um total de 23.500 ligaes domicilirias e 453 fontenrias. A capacidade de produo e transporte de gua do actual sistema de gua limitada, cobrindo pouco mais da metade dos 522 mil habitantes que a cidade de Nampula tem, segundo o ltimo censo. Por via disso, a urbe enfrenta srias restries no fornecimento normal do lquido em causa. Contudo, este um cenrio que poder ficar para a histria com a concluso das obras de reabilitao e ampliao da rede de abastecimento de gua, num investimento calculado em 37,2 milhes de dlares, desembolsados na sua totalidade pelo MCA. Uma vez concludas, as obras devero permitir que o actual sistema tenha a sua capacidade de transporte de gua duplicada, passando assim para cerca de 40 mil metros cbicos por dia. Ainda na provncia de Nampula, o sistema de abastecimento de gua de Nacala Porto Cidade tambm se encontra em reabilitao, sendo que a partir do prximo ano os 120 mil habitantes desta autarquia tero acesso a gua com mais qualidade e devidamente fornecida. Fora o benefcio directo aos habitantes, o sistema de abastecimento de gua vai tornar mais atractiva ainda a Zona Econmica Especial de Nacala. Alis, h relatos de que muitos investidores condicionaram a instalao dos seus empreendimentos naquele ponto existncia de uma rede

O cenrio da gua vivido em Nacala semelhana do sistema de abastecimento da cidade de Nampula, o de Nacala financiado pelo MCA e est orado em cerca de 30 milhes de dlares. O sistema compreende o equipamento da estao de gua com novos grupos de bombagem, edificao de uma nova estao com capacidade de 25 mil metros cbicos por dia, para alm da construo de 19 quilmetros de conduta adutora de 500 milmetros de dimetro, assim como uma nova estao de bombagem que intermediar com a actual e o novo centro de distribuio. O projecto inclui tambm a construo de dois reservatrios de 4 mil metros cbicos cada, uma torre de 250 metros e estao de bombagem, fora a construo de pouco mais de 12 quilmetros de conduta de distribuio e outras obras complementares. Na essncia, as intervenes do MCA na melhoria dos sistemas de abastecimento de gua vo contribuir para a reduo dos altos custos associados decorrentes das deficincias dos actuais sistemas de fornecimento e para a reduo da incidncia de doenas relacionadas com o consumo de gua imprpria, uma das maiores causas de mortalidade nas crianas com idades inferiores a cinco anos, beneficiando igualmente as mulheres. Milhes so investidos em estradas At finais do ano passado, o MCA deu

passos sigificativos na implementao de projectos visando a reabilitao e construo de empreendimentos de vulto, como o caso da barragem de Nacala que, em Julho de 2011, teve a primeira pedra do seu projecto de reabilitao lanada. As obras do empreendimento esto estimadas em cerca de 28 milhes de dlares, financiados pelo Governo Americano, atravs da Millennium Challenge Corporation, este ltimo por via do MCA. Implementado pela empresa Sul Africana WBHO, o projecto de reabilitao da barragem dever interromper a circulao de veculos na Estrada Nacional nmero 1 no troo que atravessa a barragem. Da que o empreiteiro j tivesse criado vias alternativas. Alm de beneficiar os 200 mil habitantes do municpio de Nacala, espera-se que a reabilitao da barragem de Nacala venha a impulsionar os investimentos na zona econmica especial com o mesmo nome. O MCA tambm est envolvido na reabilitao de 102 quilomtros de estrada no troo entre Nampula-Rio Ligonha e de 150km no troo Namialo-Rio Lrio, na mesma provncia. Estima-se que a reabilitao dos dois troos venha a custar pouco mais 130 milhes de dlares. As previses dos empreiteiros apontam para a concluso das obras no primeiro semestre de 2013.

revista capital

abril 2012

DOSSIER

DESENVOLVIMENTO 21

MCA garante o apoio ao rendimento do agricultor Outro campo onde o MCA intervm o da agricultura, atravs do apoio a agricultores, a ttulo individual ou atravs de associaes. Actualmente, dezenas de agricultores, entre associaes e individuais, esto a beneficiar de fundos para a implementao de Projectos de Desenvolvimento de Pequenos Negcios, financiados pelo MCA atravs do Projecto de Apoio ao Rendimento do Agricultor (FISP Farmer Income Support Project). Trata-se de projectos que se destinam s pequenas e mdias empresas, associaes e cooperativas, com especial enfoque para a indstria de produo de coco e das culturas intercalares na rea costeira das provncias da Zambzia e Nampula, onde so abrangidos os distritos do Chinde, Inhassunge, Nicoadala, Namacurra, Maganja da Costa, Pebane, Moma e Angoche. Os projectos em causa so financiados atravs do Fundo de Desenvolvimento de Negcios, que, at ao momento, tem estado a beneficiar cerca de 40 agricultores, sendo que j foram disponibilizados cerca de oito milhes de um total de 27 milhes de meticais que o MCA dispe para financiar pequenos projectos neste sector.

Acesso e posse segura da terra esto na ordem do dia A promoo do acesso terra por parte das comunidades uma das principiais prioridades do programa do MCA. nesta perspectiva que o programa tem encetado esforos no sentido de junto dos Governos locais obter parcelas com os Direitos de Uso e Aproveitamento de Terra devidamente legalizados para as comunidades. Nesse sentido, 8 municpios e 12 distritos das Provncias de Nampula, Zambzia, Cabo

Delgado e Niassa, esto a implementar um projecto de regularizao do uso e aproveitamento da terra. No corolrio deste processo, s no municpio de Nampula, na provcia com o mesmo nome, cerca de 33 mil parcelas de terra j foram regularizadas. O MCA pretende que, at Setembro de 2013, cerca de 140 mil cidados, tenham o seu direito de uso e aproveitamento de terra devidamente regularizado e garantido, atravs de um ttulo de propriedade nas provncias da regio norte.c

A gnese do Millenium Challenge AccountEm 2007, o Governo moambicano e norte-americano rubricaram um acordo de cooperao financeira, atravs do Ministrio da Planificao e Desenvolvimento e do Millennium Chalenge Account, respectivamente. Esta cooperao financeira viria a ser designada Compacto e est orada em 506,9 milhes de dlares, tendo sido projectada para um horizonte temporal de 5 anos. Trata-se de um programa que abrange as provncias da Zambzia, Nampula, Cabo Delgado e Niassa no que diz respeito aos sectores de abastecimento de gua e saneamento, reabilitao de estradas, melhoria de acesso seguro terra, e apoio ao rendimento dos agricultores atravs do combate doena letal do amarelecimento do coqueiro e da introduo de culturas intercalares. Diferente de outras iniciativas, o MCA tem como abordagem a reduo da pobreza atravs do crescimento econmicoc

abril 2012

revista capital

22 ECONOMIA

Infraestruturas e formao enquanto pilares do crescimento sustentadoArsnia Sithoye [texto]

O

s oradores da conferncia CEO Experience, organizada pela Accenture e O Pas Econmico, indicam o aumento de infraestruturas e a formao profissional como bases para um Crescimento Sustentado em Moambique. Tendo por base o tema Estratgias para Alcanar ou Manter um Crescimento Sustentado, a primeira edio da conferncia CEO Experience em Moambique reuniu mais de 150 executivos e tinha como objectivo promover e incentivar o debate e a partilha de experincias entre altos quadros nacionais e internacionais sobre os desafios associados ao alto desempenho da economia moambicana e das organizaes a operar no pas. Fizeram parte do painel da CEO Experience Moambique o presidente do Conselho de Administrao da Electricidade de Moambique (EDM), Manuel Cuambe; a administradora delegada das Linhas Areas de Moambique (LAM), Marlene Manave; a administradora executiva dos Caminhos de Ferro de Moambique (CFM), Marta Mapilele; e o PCA do Banco nico, Joo Figueiredo. No debate em torno do tema, cada um

destes oradores deu o seu parecer sobre o assunto e dissertou sobre a experincia vivida na sua instituio. Investir na Agricultura. Sim ou no? Para o PCA do Banco nico, Joo Figueiredo, apesar do seu contributo na economia nacional, a agricultura no pode ser tida como a fonte de um desenvolvimento sustentvel, principalmente nos moldes em que est a ser praticada actualmente. Para aquele dirigente, o desenvolvimento econmico nacional passa por uma abordagem agroindustrial, pelo afastamento da indstria para as zonas de produo e uma clara aposta na formao do capital humano. Em contrapartida, o PCA da Electricidade de Moambique, Manuel Cuambe, considera fundamental o investimento na agricultura, sendo entretanto preciso criar infraestruturas necessrias para que a actividade econmica desenvolva, como infraestruturas de distribuio de electricidade, de acesso a telecomunicaes, de abastecimento de gua e de transporte de bens diversos.

A administradora delegada da LAM, Marlene Manave, entende que a integrao da tecnologia na agricultura pode mudar o cenrio econmico do pas, mas para que o crescimento sustentado seja uma realidade necessrio formalizar o sector informal. Para Manave, um dos grandes desafios do pas saber quantificar a contribuio da economia informal para o Produto Interno Bruto (PIB), fazendo com que este sector contribua cada vez mais para as receitas do Estado. Por seu turno, a administradora executiva dos CFM, Marta Mapilele, considerou que a agricultura mecanizada poderia contribuir para o desenvolvimento humano. Segundo Mapilele, a reabilitao e projeco de novas infraestruturas para o transporte ferrovirio poder dinamizar outros sectores como o turismo e a indstria mineira. Aponta igualmente as reas de sade e a formao profissional como fundamentais para o desenvolvimento econmico do pas. Entretanto, todos os oradores foram unnimes dizendo que ao investir na educao/formao e na criao de infraestruturas poder-se- alcanar um crescimento sustentado em Moambique.c

Accenture opera h mais de 30 anos em fricaA Accenture uma empresa global de consultoria de gesto, servios de tecnologia e outsourcing. Comprometida com a inovao, colabora com seus clientes, ajudando-os a tornarem-se empresas ou governos de alto nvel de performance. Cerca de 236.000 profissionais, reunindo as mais variadas competncias tcnicas atendem a todos os sectores da actividade econmica em mais de 120 pases. A conferncia CEO Experience umarevista capital abril 2011

iniciativa que nasceu em Portugal h quatro anos, posicionando-se desde cedo como o evento anual de referncia para CEOs e membros dos Conselhos de Administrao. A operar no continente africano h mais de 30 anos e com clientes em 16 pases, incluindo Moambique, a Accenture est profundamente envolvida no desenvolvimento econmico e social de um crescente nmero de pases africanos, colaborando com diversas organizaes locais mas

tambm com empresas multinacionais que procuram oportunidades de crescimento em frica.c

ECONOMIA

IMPORTAES - EXPORTAES 23

Carvo vai estimular exportaes em 17%Srgio Mabombo [texto]

A

s exportaes nacionais iro atingir 3.020 milhes de dlares no presente ano impulsionadas principalmente pela absoro do carvo pelo mercado internacional. O montante supera o anterior valor de 2011 que foi de 2.574 milhes de dlares, o que representa um crescimento de 17 por cento, segundo dados do Plano Econmico e Social (PES 2012). O carvo passa a constituir o fulcro do subsector dos grandes projectos na economia moambicana possibilitando um aumento de 22 por cento para uma receita anual bruta de 2.384 milhes de dlares. Por outro lado, estima-se um aumento da procura no mercado internacional de produtos que compem a lista das exportaes tradicionais como a castanha de caju, a madeira, o acar e o tabaco, entreImportadores Mundo Holanda frica do Sul Portugal China Zimbabwe Espanha India Malawi Alemanha Valor das Exportaes 2006 2381132 20840 361707 29738 32939 76128 43495 30197 24738 25871

outros, contribua para aumentar as respectivas receitas. Os dados do PES projectam um crescimento de 4 por cento das exportaes tradicionais, em 2012. Por seu turno, as importaes iro aumentar 11 por cento, em 2012, comparativamente com 2011. Este incremento ir permitir o alcance de pouco mais de 4.289 milhes de dlares, como resultado do aumento das importaes dos grandes projectos e dos restantes secValor das exportaes em 2007 2412079 10454 429339 39938 44041 73329 33837 15915 17426 9043 Valor das exportaes em 2008 2653260 1476381 265541 26413 51604 81347 51048 28401 46768 24709

tores que no fazem parte desta categoria. Os dados disponibilizados pelo Instituto para a Promoo das Exportaes (IPEX) indicam que a produo global para 2012 ir verificar um crescimento de 8.5 por cento, graas ao desempenho positivo dos sectores de Agricultura, Transporte e Comunicaes, Indstria, Comrcio e Pescas. No que concerne aos destinos das exportaes moambicanas, a Holanda era, at 2010, o mercado que absorvia maior volume, devido ao seu alto consumo do alumnio da Mozal. Aquele pas importou de Moambique no referido ano mercadoria avaliada em cerca de 2.243 milhes de dlares. Por sua vez, o valor das exportaes de Moambique para a vizinha frica do Sul foram calculados em pouco mais de 118 milhes de dlares, enquanto Portugal, o terceiro destino, importou do Pas cerca de 467 mil dlares.cValor das exportaes em 2009 2147169 893933 460309 32189 74478 73798 31443 56512 46709 24814 Valor das exportaes em 2010 2243069 1181948 467224 108344 79568 72069 30602 30435 26970 20399

Valores em Dlares Americanos

BREVES

Pas importa cada vez mais de Portugalortugal aumentou as suas exportaes para Moambique em cerca de 44 por cento, comparativamente a 2010. Com efeito, o volume de exportaes superou os 150 milhes de euros de 2010 ao alcanar a cifra dos 217 milhes, em 2011. A crescente influncia que Portugal exerce em vrios sectores de actividade em Moambique possibilitou que o pas passasse da 28 para a 26 posio enquanto cliente de Portugal. No sentido inverso, verificou-se tambm uma tendncia de crescimento das exportaes moambicanas para o pas europeu. O incremento das exportaes moambicanas so estimadas em 44 por cento para o exerccio de 2011. Os mesmos indicam uma evoluo de Moambique como fornecedor de Portugal, o que conferiu ao pas passar da 66 posio para a 62. A tendncia positiva do comrcio moambicano impulsionada em larga medida pela implementao da Lei para o Crescimento e Oportunidades para frica (AGOA) que compreende o desenvolvimento de exportao isenta de taxas para alguns mercados da Europa e Amrica. A mesma lei j permitiu que o comrcio entre os Estados Unidos da Amrica e Moambique conhecesse nmeros assinalveis. As cifras do comrcio entre os dois pases passaram dos 289 milhes de dlares, em Outubro de 2010, para 418 milhes, no mesmo perodo de 2011.c

P

Volume de Comrcio entre China e CPLP cresceu 11%Moambique o quarto maior parceiro comercial da China no seio da CPLP com um volume de negcios de 8,6 milhes de dlares. As trocas comerciais entre a China e a Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa (CPLP), no passado ms de Janeiro, atingiram 9.262 milhes de dlares, representando um aumento de 943 milhes de dlares (11%), face ao mesmo perodo de 2011, quando o volume de comrcio entre as partes foi de 8.319 milhes de dlares, de acordo com estatsticas dos Servios da Alfndega da China, recentemente divulgadas em Macau.cabril 2012 revista capital

24 FACTOS & NMEROS

C DENTROO sector agro-pecurio com um peso de 21% foi o que mais contribuiu na economia nacional, no terceiro trimestre de 2011. Os instrumentos de gesto econmica e sociais aprovados pela Assembleia da Repblica definem a manuteno de um saldo positivo das Reservas Internacionais Lquidas (RIL) suficientes para financiar cerca de 5 meses de importaes este ano.

5 meses de importaes.

7.7% de crescimento

TOP 10 do IDE em Moambique (2011)Posio 1 Pas China frica do Sul Portugal Maurcias EUA Reino Unido E.A.Unidos Noruega Austrlia India Projectos 11 65 67 15 7 12 5 1 2 9 IDE 312.882.974 256.829.407 107.533.626 69.382.656 68.127.966 47.459.529 24.777.590 22.383.600 10.071.125 8.582.595 2 3 4 5 6 7 8 9 10 TOP 10 do IDE em Moambique (2011)

7.7% a meta a ser alcanada pelo Governo em termos de crescimento econmico para o presente ano, num pacote de desafios que inclui ainda manter a inflao mdia anual em torno de 7.2. 3 mil milhes USD. As exportaes nacionais vo atingir o valor de 3 mil milhes de dlares no presente ano, caso a mquina econmica nacional funcione conforme o previsto pelo Executivo moambicano.

Fonte: CPI (Valores em dlares americanos)

L FORA

PIB nos EUA = 15.087 trilies USDO crescimento do PIB da maior economia mundial em 2011 foi de 1.7 por cento. Apesar do crescimento modesto, a gigante cifra do PIB calculada em 15,087 trilies de dlares coloca os EUA com o maior PIB mundial.

BREVES

Indstria extractiva vai crescer em 2012Os aumentos da produo de carvo, de 186%, e de ilmenite e diatomite vo contribuir de forma significativa para o crescimento de 27,5% previsto para a indstria extractiva em Moambique em 2012, de acordo com o Plano Econmico e Social aprovado pelo Parlamento. A expanso da produo do carvo resultar do incio da explorao comercial nos empreendimentos de Benga, Cahora Bassa e Moatize, na provncia de Tete, estando prevista uma produo de 5,8 milhes de toneladas de carvo de coque ou metalrgico e de 172 mil toneladas de carvo trmico. Por seu turno, a produo no projecto de explorao de areias pesadas de Moma, na provncia de Nampula, dever registar em 2012 um crescimento de 34,9% na ilmenite, 19,8% no caso do zirco e de 41,6% no rutilo. Ainda de acordo com o Plano Econmico e Social para 2012 a produo de ouro dever registar um decrscimo de 17,7%. Relativamente s pedras preciosas e semi-preciosas, prev-se um crescimento de 150% devido ao aumento da produo de turmalinas na provncia da Zambzia, bem como o reincio da produo de granadas no Niassa, norte de Moambique. O plano de produo de gs natural para 2012 ir manter-se inalterado ao nvel de 132 milhes de gigajoules.

32 milhes de desempregadosA China possui um contingente de 32 milhes de desempregados, o que corresponde a 3.36 por cento tomando em considerao uma populao economicamente activa de 950 milhes de pessoas.

DESTAqUEdurante 2011, em Moambique

2,98 Mil milhes de dlares foi o que renderam os impostos renderam,

revista capital

abril 2012

EMPRESAS 25

Sumol+Compal abrem fbrica perto de Maputo

A

Sumol+Compal assinou o contrato promessa de compra de uma instalao industrial em Moambique, nos arredores de Maputo, para produzir localmente produtos da marca. Em comunicado enviado Comisso do Mercado de Valores Mobilirios (CMVM), o grupo d ainda conta da constituio da SUMOL+COMPAL Moambique, na qual o grupo empresarial detm na fase de arranque uma participao de 90 por cento. O objectivo da nova empresa garantir a produo e a comercializao de produtos Sumol+Compal no mercado moambicano e em 12 dos restantes 13 pases que tambm fazem parte da Comunidade para o Desenvolvimento da frica Austral (SADC Southern African Development Community). O anncio de constituio da empresa, publicado a 20 de janeiro no jornal oficial

de Moambique (Boletim da Repblica), definiu que o objecto social da nova sociedade annima Sumol+Compal Moambique compreende a indstria e comrcio de bebidas, incluindo refrigerantes, sumos e guas, da cerveja e do malte, dos derivados e das conservas de frutos e vegetais e outros produtos alimentares, bem como a dos concentrados. A empresa pode ainda desenvolver actividades agro-industriais, importao e exportao dos produtos e gesto de marcas e actividades conexas. No comunicado enviado CMVM, o grupo anuncia um investimento de oito milhes de euros para o primeiro ano da nova empresa. A Sumol Compal est ainda presente em Marrocos, Senegal, Angola e frica do Sul, entre outros pases africanos. As vendas para os mercados

internacionais, entre 2009 e 2011, registaram um crescimento anual superior a 22 por cento, segundo o grupo, e em 2011 as vendas para os mercados internacionais atingiram 80 milhes de euros, mais 30 por cento do que em 2010, o que digno de meno se se pensar que Portugal vive uma crise sem precedentes. Este projecto de raiz constitui um passo importante no processo de internacionalizao da SUMOL+COMPAL, ponto crucial da estratgia da companhia para os prximos anos, e insere-se no programa mais alargado de identificao de parcerias estratgicas que possam contribuir para a consolidao do negcio em Portugal e para o crescimento nos mercados internacionais, afirma uma fonte do grupo naquele comunicado.c

AGENDA14 a 16 de Junho de 2012 Congresso Ibrico de Estudos Africanos 2012: Sob a rvore da palavra No Oitavo Congresso de Estudos Africanos CIEA8, a ter lugar, de 14 a 16 de Junho de 2012, na Universidade Autnoma de Madrid, pretende-se reflectir sobre as profundas transformaes (polticas, sociais, econmicas e culturais) que esto a ocorrer no continente africano, e sobre a reconfigurao da relao deste com o resto do mundo. Este Congresso uma oportunidade para criar pontes de encontro e dilogo, entre diferentes correntes dos cada vez mais ricos e diversos estudos africanos, e para favorecer as relaes e vnculos entre grupos e centros de investigao que, a partir da Pennsula Ibrica e frica, coincidem no desejo de combater leituras pessimistas sobre o continente africano. Assim, sob a rvore da palavra investigadores e investigadoras da Europa e frica tero um espao para partilhar a crescente diversidade terica, analtica, epistemolgica e metodolgica. Este Congresso uma oportunidade para aprofundar a compreenso da complexa e mltipla realidade africana, da natureza das suas transformaes e resistncias, dos processos interessantes de interconexes locais, nacionais, regionais e globais, bem como dos diversos relatos do passado e vises de futuro que esto a emergir nas suas sociedades. 24 e 25 de Julho de 2012 Conferncia Tecnologias de Informao e Comunicao e as Novas Dinmicas O Centro de Investigao em Economia e Sociedade do Instituto Superior Monitor comunicam a realizao de uma conferncia subordinada ao tema As Tecnologias de Informao e Comunicao e as Novas Dinmicas Sociais, a realizar em Maputo nos prximos dias 24 e 25 de Julho de 2012. A submisso de resumos dever acontecer at ao dia 15 de Abril atravs do site http:// www.congressotic.ismonitor.info/, onde poder aceder a toda a informao sobre o congresso.

OPORTUNIDADES DE NEgCIOMoambicano procura parceiro portugus para instalar fbrica de tijolos Empresrio moambicano procura parceiro portugus para instalao de pequena unidade industrial de fabrico de tijolo para construo civil. Os interessados devero identificarse apresentando a sua manifestao de interesse via e-mail para a CCPM: [email protected] 2012 revista capital

26

GOVERNADOR DA PROVNCIA DE NIASSA I DAVID MARIZANE

O nacional j est a aprender a fazer negcioHelga Nunes [texto e fotos]

Niassa uma provncia que possui inmeras oportunidades de negcio sustentvel. As vantagens que surgem do agrobusiness so imensas e as florestas assumem-se como uma clara aposta embora os seus resultados apenas se vislumbrem a mdio e longo prazos. Outra mais valia passa seguramente pelo turismo que vive do Lago, das espcies selvagens e de uma terra frtil que parece tocar o cu. Dificuldades h muitas e quando o governador da Provncia, David Marizane, confrontado com as mesmas, refere sobretudo a falta de vias de acesso e de mercados para a comercializao dos produtos.Referiu em Outubro que a previso para a campanha agrcola seria de 1.600 mil toneladas, cifra que quase duplica a produo conseguida na poca transacta. qual ser a expectativa de produo para os prximos trs anos? Queremos aumentar as reas de produo nos distritos. Os sete milhes que estamos a alocar nos distritos esto a impulsionar a produo de alimentos, a criao de infraestruturas, assim como a actividade comercial, pois a produo maior. O problema com que nos temos deparado no passa pela falta de cereais, mas sim pela falta de mercados para arevista capital abril 2012

comercializao. Estamos a envolver toda a populao na produo de comida, pois esta a base de desenvolvimento da nossa provncia. E vamos aumentar as reas de produo olhando para esses fundos todos, porque queremos que os sete milhes aumentem a produo e haja mais controlo dessa produo para os mercados. Como vai funcionar a nvel de distribuio? Aquilo que cada distrito produzir tem de encontrar mercado de escoamento, seja para outras provncias ou para outros pases que precisem. Todos os distritos

da provncia do Niassa produzem e tm excedentes agrcolas. Portanto, no estamos aflitos por um distrito que no produz o suficiente, mas sim por um mercado receptor da produo, para que todo o excedente agrcola saia da provncia e contribua para a receita familiar. Esta a nossa preocupao, neste preciso momento. J estamos com alguns contactos com o Pro-Savana que uma organizao que nos vai ajudar na promoo da prpria produo. Trata-se de um organismo que conta com a participao de brasileiros, japoneses e moambicanos,

ENTREVISTAo qual esperamos venha a assegurar a comercializao dos nossos produtos. Pensamos que, daqui a 12 ou 13 anos, possamos atingir as 1.600 mil toneladas de cereais na provncia do Niassa. H condies para isso. Em 2011, convidou os intervenientes da cadeia de produo e de valores no sentido de se envolverem cada vez mais no aumento da produo e produtividade agrrias, aproveitando todas as oportunidades agro-ecolgicas e, sobretudo, as que o governo ps disposio para o fomento de agricultura, atravs do Fundo Distrital de Desenvolvimento, FDD. Como encaram os agricultores a existncia do FDD? Falando do que se vive no terreno, notase uma satisfao por parte da populao. O que estamos a registar o aumento de cereais muitos celeiros, muito milho e toda a gente a abraar essa produo. Por outro lado, estamos a encontrar uma resposta por parte das prprias comunidades no terreno: o reembolso. Hoje, o reembolso dos sete milhes na provncia do Niassa subiu. J temos at Janeiro 30 milhes de reembolso. H dois anos, era difcil atingir este montante de devolues. A populao j sabe que esse valor tem de ser devolvido para beneficiar outros e cada beneficirio est a tirar o proveito mximo desse dinheiro para melhorar a sua vida. Nesse sentido, encontramos as motorizadas, as viaturas, a criao de animais, a construo de casas melhoradas para as prprias comunidades e isso alegra-nos bastante. Tenho dito aos meus colegas que vejam a loja mvel - uma bicicleta que tem um pouco de tudo. E essa conscincia de fazer lojas mveis, de aproximar o produto do cliente significa que o nacional j est a aprender a fazer negcio. Os principais produtos do Niassa so o algodo, milho, sorgo, madeiras e pedras semi-preciosas. De que modo os mesmos vm contribuindo de facto para o desenvolvimento econmico da provncia e de que forma o governo vem encetando esforos no sentido da captao do investimento para a produo dos mesmos? Alm das culturas que mencionou, ser bom acrescentar o feijo manteiga, o tabaco, o arroz, entre outros, porque Niassa tem o melhor feijo. Essas culturas tm contribudo bastante para a melhoria de vida da nossa populao. S na rea alimentar, a populao do Niassa conseguiu 600 milhes de meticais. Nas culturas de rendimento - refiro-me ao tabaco e algodo - foram 757 milhes de meticais. Alm da provncia de Maputo, e da cidade de Maputo, Niassa a provncia que mais importa ou importava em termos de valores, segundo dados do INE relativos a 2010. Contudo, era a que menos exportava de todas as provncias. Como que pensa que essa situao pode vir a ser revertida num futuro prximo? Logicamente que, no futuro, teremos mais exportaes do que importaes. Esperase em breve com a colheita das plantaes florestais atingir o pico de exportaes de cinco milhes de toneladas de madeira por ano. E a concretizao do projecto de explorao de carvo mineral tambm vai melhorar a vida e o crescimento econmico da nossa provncia. Com a efectivao do Pr-Savana, a provncia ter de exportar diversos produtos agrcolas para vrios pontos do mundo e com a melhoria do processo de fiscalizao dos nossos recursos faunsticos aumentaremos a exportao de trofus. Mas se melhorarmos a rea de turismo, tal vai contribuir para as receitas nos cofres do Estado. A prioridade so as comunidades. Por essa razo, o Governo Provincial est a criar os comits de gesto de conflitos porque cada operador, no fim de trabalho, tem de dar uma percentagem daquilo que obteve ao longo do ano. E a partir dessa receita, a comunidade tem de sentar, usando o Conselho Consultivo para decidir o que fazer com esse dinheiro. Abrir furos de gua? Construir estradas? Construir unidades sanitrias? Construir escolas? Estamos a pedir comunidade para gerir esses recursos de forma a melhorar a vida das mesmas. A provncia do Niassa subiu no ranking de investimentos graas aos projectos florestais. Pensa-se que a viabilidade da linha frrea e a implementao de estradas asfaltadas dependem da vitalidade desses projectos. Ou ser mais o inverso? quando as empresas chegarem ao ponto de exportar a madeira iro existir as necessrias vias? um desafio. Aumentamos o fundo para infraestruturas para assegurar a circulao de pessoas e bens e abrirmos vias de acesso onde h maior produo. Essa foi a nossa aposta e pensamos que, no fim deste ano, vamos ter uma resposta que vai ao encontro das grandes preocupaes da nossa populao. Temos um problema que passa pela estrada Cuamba-Lichinga,

27

contudo, temos a certeza de que um dia iremos convidar os jornalistas para virem testemunhar o lanamento da primeira pedra da construo dessa mesma estrada que ir ligar Cuamba a Lichinga. Ainda sobre os projectos florestais, semelhana dos crditos de carbono que tm vindo a ser distribudos em Moambique pela Nhambita Community Carbon Project, acha que uma das vertentes de negcio da provncia do Niassa poder passar pela implementao dos mesmos, beneficiando naturalmente dos produtos da floresta local? O governo provincial tem conhecimento do trabalho que est a ser desenvolvido pela empresa Nhambita e certamente que com as plantaes florestais e as florestas comunitrias, os crditos de carbono podero ser uma oportunidade de arrecadar mais ganhos para as comunidades do Niassa. Pensamos que a nossa populao devia realmente ter mais seminrios e encontros que propiciassem a explicao dos valores que as nossas plantas, guas e animais selvagens tm. Eis a razo de estarmos a promover encontros com as comunidades e as lideranas comunitrias. Este ano, vamos ter dois encontros com os lderes comunitrios para responsabiliz-los pela proteco da riqueza que a provncia possui e pela conservao do ambiente. O estabelecimento da Reserva do Lago Niassa um projecto do governo de Moambique que tem como objectivo a reduo da pobreza atravs da preservao do ambiente local. que balano nos pode fazer acerca do Projecto Arco Norte? Estamos muito preocupados em mobilizar os agentes econmicos que possam investir na rea turstica, e, a esse propsito, conseguimos convidar a ministra sueca que visitou o local e saiu impressionada com aquilo que so as guas do Lago. Vamos continuar a lanar as imagens que o Lago Niassa possui e a promover as suas oportunidades de turismo. H pouco, tivemos um encontro com a Fundao Malonda e falamos sobre aumentar os contactos com os agentes econmicos que esto interessados em investir no Lago. Mas tambm queremos que haja mais gente a investir No EntrerLago, em Mecanhelas. So lagos dos quais no estamos a tirar nenhum proveito. O Lago Niassa tem acima de 60 mil espcies de peixe ornamentais, mas quem est a tirar proveito desse peixe o vizinho Malawi.cabril 2012 revista capital

28

INTERVIEW I GOVERNOR OF NIASSA PROVINCE I DAVID MARIZANE

Niassa is a province with countless sustainable business opportunities. The advantages that result from agro-business are immense and forests are a clear bet although results are only expected at medium and long term. Tourism is surely another benefit, based on the Lake, wildlife species and a fertile land that seems to touch the sky. There are many difficulties and when they confront the Governor of the Province, David Marizane, mostly regarding to the lack of access routes and markets for trading goods.

Nationals are already learning how to do businessHelga Nunes [text and images]

Last October you mentioned that the forecast for the agricultural campaign would be 1.600 thousand tons, a number that almost doubles the production achieved last season that was almost 991 thousand tons of food crops. What is the production expectation for the next three years? We want to increase production areas in the districts. The seven million we are assigning to the districts are propelling food production, creation of infrastructures, as well as a commercialrevista capital abril 2012

activity for the production is higher. The problem we have been facing does not concern the lack of cereals, it is in fact the lack of markets to trade them. We are engaging all the population in food production, for this is the basis for development in our province. And we will increase the production areas considering all those funds, because we want the seven million to increase production and more control of that production for the markets. How is it going to work on a distribution level?

That which each district produces will have to find a distribution market, to either other provinces or other countries in need. Every district in Niassa province produces and has agricultural surpluses. Therefore, we are not distressed for one district that does not produce enough but for a market that will receive the production, so that the entire agricultural surplus leaves the province and contributes for the family income. This is our concern now. We already made a few contacts with PrSavana, which is an organization that will help us promote production itself. It

ENTREVISTAis a body, which has the participation of Brazilians, Japanese and Mozambicans, and we hope it assures the trade of our products. We think that in 12 or 13 years, we may achieve 1.600 thousand tons of cereals in Niassa province. There are conditions to do so. In 2011, you invited the intervenients of the production and value chain in order to increasingly engage in the increase of production and agricultural productivity, taking advantage of all the agro-ecologic opportunities and mostly of the ones the government made available for the promotion of agriculture, through the Development District Fund (Fundo Districtal de Desenvolvimento) FDD. How do the farmers perceive the existence of the FDD? Speaking on what is experienced on the field, the population demonstrates satisfaction. What we are registering is the increase of cereals... many barns, a lot of maize and everyone embracing this production. On the other hand, we are finding an answer by the communities themselves on the field: the refund. Nowadays, the return on the seven million in Niassa province has increased. We already have, up to January, 30 million in returns. Two years ago, it was difficult to achieve this amount in returns. The population already knows that this amount must be returned to benefit others and each beneficiary is taking the maximum advantage of that Money to improve their lives. In that sense, we may find motorbikes, vehicles, animal breeding, construction of improved houses for the communities and that makes us very happy. I have told my colleagues to have a look at mobile shops a bicycle with a little bit of everything. That consciousness of making mobile shops, of getting the product closer to the consumer, means that nationals are learning how to do business. Niassas main products are cotton, maize, sorghum, wood and semiprecious stones. In what way are these, in fact, contributing to the economic development of the province and in what way has the government been engaging efforts to attract investments to produce them? Besides the cultures you mentioned, would be good to add butter beans, tobacco, rice, amongst others, because Niassa has the best beans. These cultures have been fairly contributing for the life improvement of our population. Only in the food area, Niassas population achieved 600 million meticals. Regarding cash crops namely tobacco and cotton it was 757 million meticals. Besides Maputo province and Maputo city, Niassa is the province that imports or used to import the most regarding amounts, according to data from INE (Statistics National Institute) regarding 2010. However, the one exported less amongst all provinces. How do you think this situation will be reversed in a near future? In the future, we will logically have more exports than imports. It is soon expected, with the harvest of forest plantations, to reach the peak of exports of five million tons of wood per year. In addition, the completion of mineral coal exploration Project will improve the life and economic growth of our province. With the settlement of Pr-Savana, the province will have to export various agricultural products to various spots in the world, and with the improvement of the supervision process of our wildlife resources, we will increase the exportation of trophies. However, if we improve the tourism area, it will contribute for the income of the State. Communities are the priority. For that reason, the Provincial Government is creating conflict management committees because each operator, at the end of work, must give a percentage of what was gained along the year. From that income, the community has to gather, using the Consultive Committee, to decide what to do with that money. Maybe open water boreholes? Build roads? Build health units? Build schools? We are asking the community to manage those resources to improve their lives. Niassa province has gone up in the investment ranking through forest projects. It is thought that the viability of the railway and the implementation of tarred roads depend on the vitality of these projects. Or is it the contrary? When companies reach the level of exporting wood the necessary routes will exist? It is a challenge. We increased the fund for infrastructures to assure the circulation of people and goods, and we opened access routes where the production is higher. That was our focus and we think that, by the end of this year, we will have an answer that will meet the main concerns of the population. We have a problem on

29

the road between Cuamba and Lichinga, however, we are certain that one day we will invite the journalists to witness the lay of the first stone for the construction of the road which will connect Cuamba and Lichinga. Still on forest projects, similarly to carbon credits, which have been distributed in Mozambique by Nhambita Community Carbon Project, do you think one of the business components of Niassa province might be the implementation of these, naturally benefiting from the local forest products? The provincial Government has knowledge of the work being performed by Nhambita and, certainly, with forest plantations and community forests, carbon credits might be a good opportunity to collect more profits for Niassa communities. We think our population really should have more seminars and meetings to explain the value of our plants, water and wildlife. This is the reason we promote meetings with the communities and community leaderships. This year, we will have two meetings with community leaders to make them responsible for the protection of the wealth the province has and the environment. The establishment of the Niassa Lake Reserve is a project of the Mozambican government with the goal of reducing poverty through the preservation of local environment. What is your balance on the Arco Norte Project, aimed at developing tourism on the Niassa Lake region and meeting one of the purposes of the Provincial Strategic Plan (PEP 2017)? We are very concerned in mobilizing economic agents that may invest in the tourism area and, regarding that, we managed to invite the Swedish minister who visited the spot and was very impressed with the Lake. We will continue to spread images of Niassa Lake and promote its tourism opportunities. Not long ago, we had a meeting with Malonda Foundation and we spoke about increasing contacts with economic agents who are interested in investing on the Lake. However, we also want more people to invest on Entrer-Lago, in Mecanhelas. These are lakes, which we are not benefitting from. Niassa Lake has over 60 thousand species of ornamental fish and the neighbouring Malawi is the only one benefiting of it.c

abril 2012

revista capital

30 DESENVOLVIMENTO

FUNDAO MALONDA

Malonda capta investimentos para a provncia do NiassaArsnia Sithoye [texto].

F

undao Malonda uma entidade privada sem fins lucrativos e de utilidade pblica criada em 2005 com o objectivo de promover e facilitar investimentos, especificamente na provncia do Niassa. O programa resulta de um acordo de cooperao entre o Governo de Moambique e a Agncia Sueca para o Desenvolvimento Internacional (ASDI) com o objectivo de reduzir a pobreza e melhorar os meios de subsistncia das comunidades rurais mais desfavorecidas mas economicamente activas da provnciarevista capital abril 2012

do Niassa, atravs do desenvolvimento do sector privado e das actividades participativas em benefcio destas comunidades. O director executivo da Fundao Malonda, Francisco Pangaya, conta que a mesma foi criada pelo Decreto Ministerial de 25 de Janeiro de 2005, do Conselho de Ministros, com objectivo de promover e facilitar investimentos, especificamente na Provncia do Niassa. Segundo Francisco Pangaya, os desafios da Fundao Malonda na altura eram dar apoio aos investidores privados,

no sentido de reduzir as possveis barreiras aos investimentos bem como atrair investimentos para a provncia. A prioridade da Fundao Malonda foi ento para a rea de desenvolvimento de plantaes florestais, favorecida pelas condies climticas que a provncia dispe como chuvas constantes e terras frteis favorveis para o efeito. Com estas condies, o Niassa seria o lugar ideal para iniciar com a atraco de investimentos na rea de florestas por empresas moambicanas ou estrangeiras. Em 2006, tivemos as primeiras indicaes de que

DESENVOLVIMENTO

FUNDAO MALONDA 31

algumas empresas j tinham visto o nosso website e comearam a contactar-nos. o caso da Chikweti e da Florestas de Niassa, referiu Francisco Pangaya. Alm das florestas, o foco vai para turismo e agricultura Alm de atrair investimentos para a rea de plantao florestal, a Fundao Malonda comeou a delinear campanhas na rea de comercializao de excedentes agrcolas dos camponeses espalhados pelos distritos, que, por vrias razes, no conseguiam vender os seus excedentes. Em parceria com a Associao Moambicana para o Desenvolvimento Rural (AMODER), os excedentes dos camponeses so comprados e colocados no mercado para a venda ou troca por outros produtos. Por outro lado, a Fundao Malonda passou a prestar apoio a alguns investidores na rea de comrcio. Francisco Pangaya lamenta o facto de at ao momento no existir ainda um investidor na rea de produo de alimentos em Matama, havendo apenas uma pequena empresa que est a produzir sementes. Entretanto, diz estarem a trabalhar no sentido de conseguir um investidor que possa fazer trabalhos de grande envergadura nesta rea to vital. Neste momento, seis empresas esto a operar na rea florestal. Segundo aquele dirigente, a Fundao Malonda perspectivava grandes desenvolvimentos para o sector florestal, tanto que em 2011 as seis empresas que exploram esta rea, no seu conjunto, contavam com cerca de seis mil trabalhadores. Infelizmente, este nmero foi reduzindo por vrias razes, dentre as quais a crise econmica internacional. Achamos que estamos a evoluir mas onde os investimentos esto a crescer neste momento na rea do turismo onde aparecem pedidos de investimento. Como sabem, nesta provncia localiza-se o Lago Niassa e temos recebido pedidos de investimento para essa rea. J temos alguns operadores l, alguns deles atrados pela Malonda e outros vieram de outras fontes. Relativamente a rea de agricultura, Pangaya afirma que h promessas de que este sector ser de grande importncia para a Fundao Malonda no futuro, pois h empresas internacionais que j manifestaram interesse em investir naquela rea. Dissertando sobre a evoluo da Fundao Malonda nos ltimos sete anos, o director executivo da Malonda considera que a situao da provncia est a mudar.

Nos anos 2004/05, a provncia tinha somente dois bancos a operar, nomeadamente o BIM e o Barclays. Mas por causa da nossa vinda, e na tentativa de vender a imagem da provncia, hoje em dia para alm dos bancos mencionados, temos o BCI e o Standard Bank a funcionar. Isto porque o volume dos fundos que circulam j cresceu e a demanda para esses servios tambm. Os investimentos esto a trazer alguma mudana na provncia, exemplificou Pangaya. Pea fundamental na resoluo de conflitos Um dos maiores instrumentos usados pela Fundao Malonda para a divulgao da imagem da provncia do Niassa passa pelo website www.malonda.co.mz que contm toda a informao necessria para os investidores, e no s. Por outro lado, tambm contam com o lan de meios como a Capital e a TVM (Televiso de Moambique) e com o apoio de parceiros em pases como Portugal e Estados Unidos da Amrica, que tm transmitido a informao a outros, alm da embaixada da Sucia, de onde provm os fundos da Malonda atravs da ASDI. Devido ao desenvolvimento que a provncia do Niassa est a registar, resultante dos investimentos conquistados pela Fundao Malonda e no s, vezes h em que surgem conflitos entre as comunidades e os investidores devido a diferentes interpretaes em relao mudana e ao desenvolvimento. Um dos Papis da Fundao Malonda passa tambm por mediar as conversaes entre as partes, chegando a um meio-termo. Recentemente, a Fundao Malonda encomendou um estudo sobre conflitos entre a comunidade e os investidores, visando uma melhor percepo sobre as causas dos conflitos e os possveis mecanismos para a resoluo. Actualmente, decorre um processo de capacitao dos intervenientes deste processo, nomeadamente a liderana comunitria, os comits de gesto em conjunto com o governo e as empresas, estando tudo a decorrer com sucesso. Responsabilidade social tambm faz parte dos objectivos No incio das suas actividades, a Fundao Malonda trabalhava directamente em alguns projectos como o Projecto Florestal de Mussa, o projecto de ecoturismo de Majune, o projecto agrcola de Matama

e vrios projectos de desenvolvimento comunitrio foram levados acabo pela Malonda, como exemplo da construo de uma escola primria de raiz em Lichinga distrito, construo de um escritrio comunitrio em Malaga-Majune, abertura e reabilitao de furos de gua em alguns povoados dos distritos onde decorreram os primeiros investimentos florestais, apoio a criao de comits de gesto entre vrios. Em 2010, aps um estudo de avaliao realizado pela ASDI sobre os projectos da Malonda, decidiu-se que a Malonda no deveria implementar projectos pois contrariava o seu papel de promotor e facilitador de investimentos, passando a competir directamente com outros investidores, o que no era de bom-tom. A partir de ento, os projectos da Malonda passaram para a gesto de privados, junto com os trabalhos de responsabilidade social iniciados pela Fundao.c

Investidores, precisam-se!Prev-se para os prximos cinco anos um incremento de projectos e programas de investimentos para o Niassa, mas esta depende do financiamento do governo da Sucia. Para j, existe um projecto para a rea de agricultura, em Matama, que passa por um complexo agrcola com quase quatro mil hectares de terra, para o qual se procura um investidor. A outra rea em que estamos agora a postar a rea de turismo. A provncia dispe de vrios stios de grande atraco turstica, sobretudo na zona do Lago Niassa e nos lagos Chrua, Chiuta e Amarramba, ao sul da provncia. Existe tambm a Reserva do Niassa, fazendas do Bravio. So reas que praticamente precisam de investimentos e ns estamos procura de possveis parcerias nesse sentido, frisou Francisco Pangaya.

abril 2012

revista capital

32 SECTOR

BANCA

STANDARD BANK

Grupo est na Crista da Onda

O

Grupo Standard Bank foi distinguido com quatro prmios Deal Of The Year promovidos pela revista Project Finance, em reconhecimento dos melhores negcios europeus e africanos. A distino do Standard Bank resulta da sua capacidade e dos feitos demonstrados no decurso de 2011, no mbito da implementao de operaes de financiamento a grandes projectos no continente africano, incluindo Moambique. Os prmios Deal of the Year, para 2011, foram atribudos ao Standard Bank em quatro distines, nomeadamente Africa Oil & Gas Deal of the Year, relativa ao refinanciamento do gasoduto da ROMPCO, em Moambique; frica Mining Deal of the Year, relativa Mina de Cobre de Boseto,

no Botswana; frica Power Deal of the Year relativa ao projecto de Kivuwatt, no Ruanda, e frica Renewables Deal of the Year relativa ao projecto Addax BioEnergy, na Serra Leoa. Em Moambique, o Standard Bank disponibilizou 350 milhes de rands de dvida subordinada de 600 milhes ROMPCO (Republic of Mozambique Pipeline Investment Company) para refinanciar os emprstimos concedidos por dois dos accionistas da ROMPCO. Recentemente, o Standard Bank foi classificado, pelo segundo ano consecutivo, como a marca bancria mais valiosa em frica, de acordo com o relatrio de 2012 das 500 Maiores Marcas Bancrias Mundiais, compilado pela consultora e gestora de activos, a BrandFinance Banking.

Segundo o relatrio, publicado na principal revista do sector bancrio mundial, The Banker, a marca do Grupo Standard Bank vale 2,17 bilies de dlares norteamericanos, o que fez com que o maior grupo bancrio em frica subisse trs lugares no ranking mundial, da anterior 76 posio para 73 a nvel mundial, em 2011. Presente em Moambique h mais de 100 anos, o Standard Bank tem vindo a desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento da economia moambicana e dos restantes pases da frica Austral, atravs do financiamento de importantes projectos socio-econmicos e provendo servios financeiros e solues bancrias.c

BANCO DE MOAMBIQUE

Reduo das reservas internacionais lquidas

S

egundo dados do Banco de Moambique, o saldo preliminar das Reservas Internacionais Lquidas de Moambique registou, em Janeiro ltimo, uma queda de 125,2 milhes de dlares norte-americanos. Os dados, analisados pelo Comit de Poltica Monetria, indicam que as reservas internacionais lquidas situaramse em cerca de 2.101,5 milhes de dlares, reduo resultante da venda lquida de 157,6 milhes efectuada pelo Banco de Moambique aos bancos comerciais, dos quais 61,4 milhes de dlares so destinados ao pagamento da factura de importao dos combustveis lquidos. Assim, o saldo das Reservas Internacionais

corresponde a cerca de 5 meses de cobertura de importaes de bens e servios no factoriais projectadas para todo o ano, contra 5,8 observados no ms anterior. Por outro lado, as reservas bancrias em moeda nacional aumentaram 228 milhes de meticais em Janeiro ltimo, perante a libertao de 336 milhes de Meticais decorrente da reduo do coeficiente de reservas obrigatrias decretado em Dezembro do ano passado, com efeitos a partir de 7 de Janeiro ltimo. No mesmo perodo, o saldo da base monetria (varivel operacional da poltica monetria) situou-se em 31.943 milhes de meticais, o que representa

uma reduo na ordem de 2.375 milhes de meticais face a Dezembro de 2011 e de 727 milhes de meticais em relao s estimativas feitas para o perodo. O Banco de Moambique explica, que tal reduo resultado, fundamentalmente, do retorno de notas e moedas ao banco central, no valor de 2.266 milhes de Meticais, aps o pico sazonal de 2.083 milhes registados em Dezembro. Assim, de modo a assegurar que o saldo da Base Monetria no ultrapasse os 33 mil milhes de meticais no final de Fevereiro corrente, o Comit de Poltica Monetria do Banco de Moambique decidiu intervir nos mercados interbancrios.c

DESTAqUE

Anuladas 51 unidades bancriasO Banco de Moambique anulou as licenas de 51 unidades bancrias que haviam sido autorizadas a entrar em funcionamento devido ao trmino do prazo concedido para o efeito. Das 51 unidades abrangidas pela deciso do Bancorevista capital abril 2012

Central, 27 deveriam operar na cidade do Maputo, seis em Sofala; quatro em Inhambane, Tete e Zambzia; trs em Manica; duas em Nampula e uma em Cabo Delgado e provncia do Maputo, respectivamente.

VALORES 33

Mestrados da UEM voltados para as descobertas de gs e petrleoestudantes tenham acesso ao ensino. Quilambo, que falava em conferncia de imprensa hoje, em Maputo, disse que os novos mestrados cujos modelos esto ainda em desenho por docentes da instituio, em parceria com especialistas da Sucia. A fonte disse, por outro lado, que apesar de a instituio ter, durante anos, consagrado como vocao a formao vai, nos prximos tempos virar as atenes para a investigao de referncia, para melhor contribuir para aos desafios da vida prtica. A questo da qualidade de ensino esteve entre os vrios assuntos abordados no encontro e, para o efeito, Quilambo disse que a universidade introduzir, a breve trecho, o avaliador externo, uma figura de fora da academia que far a avaliao qualitativa dos graduados e as metodologias usadas no processo de ensino. Alm do avaliador externo, a Universidade ter igualmente uma unidade de avaliao de qualidade que vai produzir recomendaes relativas ao processo de ensino, com vista a melhorar ainda mais os padres qualitativos.c

A

Universidade Eduardo Mondlane vai, a partir da segunda metade deste ano, abrir quatro novos cursos de mestrado nas reas de Engenharia de Petrleo, Tecnologia da Madeira, Tecnologia de Alimentos e Gesto de Recursos. Ainda na lista de perspectivas para 2012, a mais antiga instituio de ensino superior no pas introduziu trs novos cursos de licenciatura, nomeadamente Pesquisa

Geolgica e Cartografia, Geologia Aplicada e Engenharia de Petrleo, no quadro da reforma curricular em curso naquele estabelecimento de ensino. Orlando Quilambo, reitor da UEM, disse que a adopo e introduo de novos cursos visa responder aos desafios dos tempos modernos, marcados pela descoberta de realidades muito novas no pas como, por exemplo, petrleo e gs, mas tambm para permitir que mais

Formao da Janela nica Electrnica vem e convenceo mbito do processo de operacionalizao do sistema da Janela nica Electrnica, desde Setembro passado, j foram formados gratuitamente, atravs do Centro de Formao desenhado para o efeito em Maputo, um total de 532 pessoas, provenientes de diversas reas de actividade, de modo a fazerem uso da nova tecnologia de desembarao clere de mercadorias. No total dos formandos, incluemse funcionrios aduaneiros da Alfndega no Porto de Maputo e os restantes so operadores das diferentes reas do comrcio externo, nomeadamente despachantes aduaneiros, agentes de navegao e operadores de navios, agentes transitrios, operadores de terminal de carga, importadores e exportadores, autoridade porturia e bancos comerciais. De acordo com Ildio Gonalves, funcionrio aduaneiro, formador da Janela nica Electrnica, neste momento,

N

foram j formados todos os funcionrios das Alfndegas da TIMAR, onde decorre a fase-piloto de implementao da Janela nica Electrnica. O nosso objectivo essencial, em relao aos operadores do Porto de Maputo e Alfndegas, transmitirmos todo o conhecimento para que possam operar de forma independente com o sistema, e acrescentou que a formao incide sobre matrias baseadas em mdulos como verificao documental, inspeco nointrusiva de mercadorias importadas e exportad