revista [b+] 32

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OutubrO de 2015 • anO 6 • nº 32 • www.portalbmais.com.br a revista da bahia RIO VERMELHO A polêmica reforma do bairro boêmio MOBILIDADE O que tem sido feito para melhorar o trânsito da capital? TURISMO Setor hoteleiro busca alternativas para evasão dos turistas A CIDADE é NOSSA Iniciativas populares buscam a ocupação do espaço urbano “O MAIOR COMBATE QUE SE FAZ AO CRIME é NA FISCALIZAçãO DO TRâNSITO”, DEFENDE ESPECIALISTA A CAPITAL NORDESTINA MAIS DESEJADA PELOS TURISTAS ESTá ABAIXO DA MéDIA EM ITENS BáSICOS, COMO EDUCAçãO, SEGURANçA E SAúDE COMO IMPULSIONAR SALVADOR? R$ 9,90 Tiragem auditada: 10 mil exemplares

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A capital nordestina mais desejada pelos turistas está abaixo da média em itens básicos como educação, saúde e segurança

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OutubrO de 2015 • anO 6 • nº 32 • www.portalbmais.com.br

a revista da bahia

Rio VeRmelhoA polêmica reforma do bairro boêmio

mobilidadeO que tem sido feito para melhorar o trânsito da capital?

TuRismoSetor hoteleiro busca alternativas para evasão dos turistas

a cidade é nossaIniciativas populares buscam a ocupação do espaço urbano

“O maiOr cOmbate que se faz aO crime é na fiscalizaçãO dO trânsitO”, defende especialista

A cApitAl nordestinA mAis desejAdA pelos turistAs está AbAixo dA médiA em itens básicos, como educAção,

segurAnçA e sAúde

Como impulsionar salvador?

R$ 9,90

Tiragem auditada:10 mil exemplares

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sumário

Galeria do leitorOnline e Mural

Fórum [B+]

bloco de notasacontece Feira de SantanaImóveis + Executivos buscam emprego

COMO IMPuLSIOnar SaLVadOr

rio Vermelho de cara nova[C] armando avena:Salvador tem potencial para pesquisaa cidade é do povo

[C] Luiz Fernando Studart:a capital pode ser mais inteligenteComo melhorar a mobilidade urbana?Estacionar está caroautos&Motos

O desafio do TurismoUma nova possibilidade parao Centro Históricouma pergunta para:Russo PassapussoSegurança pública em pauta25 anos de consultoria

Sabor:a comida tomou conta da cidadedecoração: a casa de Carybé

[C] ermiro neto:jurídico a favor do urbanoGreve na Ufbanotas de tec

Conte aíarte

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EU COMPRAR DO PEQUENO NEGÓCIOTODOS OS DIAS

O Movimento Compre do Pequeno Negócio,

que aconteceu no dia 5 de outubro, não acaba

agora. Afinal, todo dia é dia de comprar do

pequeno. Assim como todo dia é dia de cuidar

da gestão, inovar e receber os clientes com

carinho e dedicação. Fortalecer e incentivar as pequenas empresas, esse negócio também é seu. #compredopequeno

Page 6: Revista [B+] 32

expediente

[conselho editorial] César Souza, Claudio Vinagre, Cristiane Olivieri, Geraldo Machado, Ines Carvalho, Jack London, Jorge Portugal, José Carlos Barcellos, José Roberto Mussnich, Luiz Marques de Andrade Filho, Maurício Magalhães, Marcos Dvoskin, Masuki Borges, Reginaldo Souza Santos, Renato Simões Filho, Rubem Passos Segundo e Sérgio Nogueira

[editor-chefe]Pedro Hijo ([email protected])

[repórter]Lorena Dias ([email protected])Tede Sampaio ([email protected])

[designer]Adna Novaes ([email protected])

[projeto gráfico]Leandro Maia, Rafaela Palma e Gabriel Cayres

[fotografia]Studio Rômulo Portela e Luciano Oliveira

[revisão]Cristiane Sampaio

[colunistas]Armando Avena, Ermiro Neto, Luis Fernando Studart, Núbia Cristina, Roberto Nunes, Rubem Passos

A Revista [B+] não se responsabiliza pelas opiniões, ideias, conceitos e posicionamentos expressos nos publieditoriais, anúncios e colunas por serem de inteira responsabilidade de seus autores.

tIrageM audItada10 MIL exeMPLareS

revista [b+] edição 32Outubro de 2015

[periodicidade] Mensal[impressão] Grasb

CAPAAdna Novaes[ilustração] Gentil

A Revista [B+] pode ser lida no portalbmais.com.br, tablets, smartphones e encontrada nas principais livrarias e bancas de Salvador. Encontre a [B+] nos seguintes pontos de venda: Livraria Aeroporto; Livraria Cultura (Salvador Shopping); Livraria Leitura (Salvador Norte Shopping e Shopping Bela Vista); Livraria Rodoviária; Livraria Saraiva (Salvador Shopping, Shopping Barra, Shopping da Bahia e Shopping Paralela) e bancas selecionadas. A [B+] ainda é distribuída em 188 municípios do estado.

pOntOs de Venda

[conselho institucional] Antonio Coradinho (Câmara Portuguesa), Antoine Tawil (FCDL), Felipe Arcoverde (Abedesign-BA), João Pedro Bahiana, (AJE-BA), Jorge Cajazeira (Sindipacel), José Manoel Garrido Gambese Filho (Abih-BA), Laura Passos (Sinapro), Pedro Dourado (ABMP), Moacyr Maciel (Abap), Roberto Ibrahim (CRA-BA), Rodrigo Paolilo (Júnior Achievement) e Wilson Andrade (Abaf)

[presidente]Rubem Passos Segundo ([email protected] )

[diretor Geral]Renato Simões Filho ([email protected])

[diretor de publicações]Claudio Vinagre ([email protected])

[diretora de marketing]Bianca Passos ([email protected])

[Gerente comercial]Ana Beatriz Sampaio ([email protected])

reserva de anúncio [email protected] / 71 3012-7477

[representantes]brasília Karla Martins - Tel.: (61) 3226-2218 - [email protected] feira de santana Júlio Mendonça - Tel.: (75) 9955-5514 - [email protected] Ananias Gomes - Tel.: (85) 9987-1780 - [email protected] recife Ceci Barroso - Tel.: (81) 8791-3780 - [email protected] rio de Janeiro e são paulo: Roberto Cathoud - Tel.: (11) 999089891 - [email protected]

realização Editora Sopa de Letras Ltda.

Av. ACM, 2.671, Ed. Bahia Center, sala 1101, Loteamento Cidadela, Brotas - CEP: 40.280-000 - Salvador - Bahia - Tel.: 71 3012-7477

cnpJ 13.805.573/0001-34

expediente

Page 7: Revista [B+] 32

Com a competência do Administrador, tudo fica no azul.

Uma homenagem do Sistema Conselhos Federal eRegionais de Administração aos nossos profissionais

tudomaisazul.com.br | radioADM.org.br

9 DE SETEMBRO, DIA DO ADMINISTRADOR #ADM50anos

Page 8: Revista [B+] 32

editorial

É desanimador que uma cidade com o potencial de Salva-

dor tenha sido ultrapassada por outras capitais em tantos

aspectos. A principal cidade do país perdeu este posto para o

Rio de Janeiro, deixamos de ser a primeira capital do Nordes-

te, perdemos esta para Fortaleza, e aquela que era a primeira

metrópole nordestina foi ultrapassada por Recife.

A insatisfação com a cidade influencia diretamente nos

nossos negócios. Uma cidade que não valoriza seu potencial

não atrai investimentos e ainda perde profissionais talen-

tosos, que preferem fazer carreira em outros estados com

economias mais aquecidas.

Recente pesquisa desenvolvida pela consultoria Urban

Systems coloca Salvador no 31º lugar em um ranking das 50

cidades mais inteligentes. Por “inteligente” entende-se aquela

cidade que utiliza a tecnologia para o bem dos cidadãos. A

capital baiana (como você pode ver na página 28) não aparece

nem entre as 100 primeiras colocadas em itens como educa-

ção, saúde e segurança. Há um longo caminho pela frente.

Essa insatisfação geral com Salvador contagiou a nossa

redação, que foi atrás dos gargalos da capital baiana e topou

a missão de conversar com aqueles que estão propondo solu-

ções para os problemas. Há quem esteja pensando em como

resolver o trânsito caótico, quem proponha dar um upgrade

no turismo e quem pense em revitalizar áreas importantes

para a cidade. Entrevistamos especialistas, secretários, em-

presários e moradores para entender por que Salvador parou

no tempo e como podemos mudar isso.

Temos talento para as artes, criatividade para levar a

vida, tolerância com o próximo, diversidade, autenticidade,

Salve, Salvador

pedro Hijo, editor-chefe da revista [b+]

paisagens que dispensam qualquer filtro de

Instagram. Mas falta educação, falta planeja-

mento, faltam estratégias, falta tecnologia. Se

pensarmos Salvador para o cidadão, certa-

mente o turista virá.

Acreditamos que se apropriar da cidade é

o primeiro passo para compreendê-la e pro-

por saídas. Por isso são louváveis as iniciati-

vas populares de utilização do espaço urbano

como A Feira da Cidade ou o Canteiros Cole-

tivos. Falamos sobre essas interações entre o

morador e a cidade na página 40. Além disso,

pedimos para o chef Gabriel Lobo reproduzir

a receita do sanduíche que faz as pessoas

lamberem os dedos em food trucks na capital

e visitamos a antiga casa do artista argentino

Carybé, que tão bem desenhou a Bahia.

Nós somos o que buscamos, por isso, com

esta edição, queremos repensar a capital e

descobrir como impulsionar Salvador.

Page 9: Revista [B+] 32

SALVADOR DA BAHÍA

DAKAR

SÃO PAULO

BUENOS AIRES

MONTEVIDÉU

SANTA CRUZ DE LA SIERRA

LIMA

SANTO DOMINGO

CANCÚN

CARACAS

LISBOA

LONDRES

AMSTERDAM

BRUXELASFRANKFURT

MUNIQUE

ROMA

MILÃO

PARIS

PUNTA CANA

SAN JUAN DE PORTO RICO

NOVA YORKMADRID

PORTO

OUARZAZATETEL AVIV

www.aireuropa.com

Voos diretos para Madri partindo de São Paulo e Salvador

Não apenas a imaginação te levará onde deseja

TENERIFEFUERTEVENTURA

LANZAROTE

GRAN CANÁRIA

MADRI

VIGO

PALMA DE MAIORCA

IBIZA

ALICANTE

VALÊNCIA

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Para maiores informações: (71) 3347-8899 | (11) 3876-5697 ou consulte seu agente de viagens.

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Anuncio Revista B+_ED 19.pdf 1 27/03/2015 14:52:00

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A cArA dA SuA cidAde

Pedimos para que os leitores da [b+] tirassem fotos que representassem a cidade em que vivem. O resultado você confere abaixo.

galeria

[01] Salvador, [02] Teodoro Sampaio, [03] Jitaúna, [04] Vitória da Conquista, [05] Salvador, [06] Jequié, [07] Chapada Diamantina, [08] Cachoeira, [09] Praia do Forte

Quer participar? Faça parte da próxima galeria do leitor! Basta postar uma foto em seu instagram e marcar com a hashtag #revistabmais. As fotos escolhidas terão que responder a pergunta: qual o melhor lugar da sua cidade?

[01] @amandatropicana

[04] @indiragarcez

[07] @paloma.queirozsva

[02] @eu_fabioqueiroz

[05] @lucasubvergido

[08] @robertopaim_

[03] @gugazin_

[06] @novaesge

[09] @philipemoncao

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onlineemural

Comentáriosed.31

cApA é HorA de ousAr

Comentárioda edição“Acompanho a [B+] desde o número 25 e é maravilhoso ver como ela cresceu des-de então! Está cada vez melhor! Parabéns!”,marcos da silva, por e-mail

A novA ondA do cApitAlismo“A Euzaria é a materialização de ‘pessoas do bem’! Sou fã desses meninos e do projeto”,antônio netto, pela fanpage

“Vale a pena compartilhar esta matéria. E mais do que isso, conferir o projeto desses caras. Muita luz pra essa galera que insiste no bem mesmo diante de um mundo corrompido e ‘sem esperança’”, danilo amorim, pelo Facebook

“Uma honra poder falar desta nova onda na [B+]. Juntos para dividir”,@euzaria_ pelo instagram

você já é de cAsA“Que delícia de lugar! Já pude visitar e é maravilhoso estar em contato com um pedaço da história de Vinícius de Moraes”, por Victor nascimento,pelo Facebook

“Curti a matéria! Deu muita vontade de conhecer o lugar”,Karla montenegro, por e-mail

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“Por ser inteligente e bem estruturada, a Revista [B+] traz respiro à imprensa baiana. Estão ajudando muito no processo de reconstrução de Salvador, contribuindo também para a identidade da cidade”, Fernando Guerreiro, diretor teatral

“Adorei a capa! Material de qualidade!”, Tiago couto, pelo instagram

“Tenho a satisfação de comunicar que o Fórum Empresarial aprovou por unanimidade a sugestão do Presidente João Quadros para registrar um voto de louvor pelo brilhante desempenho na promoção da Educação da Bahia, principalmente pela realização vitoriosa de mais um Fórum [B+]”,Victor Ventin, presidente do fórumempresarial da bahia, por e-mail

“’A gente está trabalhando mais no ataque do que na defesa’. Penso que essa frase resume a visão/ação do grupo comandado por Fernando Barros, não apenas neste momento de recessão, mas nos 50 anos de existência da agência, que tem conseguido se manter na liderança na Bahia e, mais recentemente, no país, como um dos principais players do setor. Valeu ler as dicas de um mestre”, toni Vasconcelos, pelo facebook

Page 13: Revista [B+] 32

sAbor“Que delícia essa receita de filé de bacalhau agridoce! Quero fazer!”,uilma carvalho, pela fanpage

o novo cAcAu“Eu amei o texto! Ficou claro e superinformativo! Parabéns!”,Karla alves leal, pelo Facebook

colunA:ArmAndo AvenA“Entendo o ponto de vista da racionalização na ocupação dos espaços, mas dizer que a orla só ficará bonita com edifícios me parece estranho”,Fernando leal neto, pela fanpage

Uma pergUnta para: Carlos prazeres“Carlos Prazeres é um excelente profissional e foi capaz de popularizar a cultura erudita em Salvador. É uma pena que ainda falte incentivo a iniciativas como essas que só têm a agregar à imagem de polo cultural que a Bahia tanto almeja”, Vanessa mazzafera, pelo Facebook

a revista [b+] abre espaço para que você, leitor, dê a sua opinião, faça sua crítica ou sugestão sobre as nossas matérias. O que lhe agradou? O que poderíamos melhorar? Qual a sua dúvida? Queremos saber o que você tem a dizer para que o conteúdo da [b+] esteja sempre alinhado com o que você quer ler.

site www.revistabmais.com.br e-mail [email protected] 71 3012-7477

@revista_bmais /revistabmais @revistabmais

Queremos te ouvir

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As mAis curtidAs em nossA fAnpAge

[01] “Salvador precisa perder o medo do novo”, por armando avena[02] Baianos apostam no capitalismo social e faturam com doação de camisas[03] aprenda uma receita de filé de bacalhau agridoce[04] Gestores culturais baianos buscam alternativas para produzir mesmo com corte de orçamento[05] Os aplicativos mais acessados no celular de Saulo Fernandes

pArA bAixAras edições de todas as publicações do grupo [b+] estão disponíveis na versão digital (para iOS e android). Baixe as revistas no seu tablet e mantenha-se informado.

esclArecimentoa revista [b+] recebeu uma nota de esclarecimento assinada pela Secretaria de Cultura do estado da bahia (Secultba) após a publicação da matéria “Cul-tura sem verba. e agora?” na edição 31. Segundo a nota, “todas as propostas culturais selecionadas em editais Setoriais anteriores a 2015, com desembol-so de parcelas previstas para este ano, vem sendo pagas normalmente”. O texto na íntegra e a nota do editor podem ser lidos em portalbmais.com.br.

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ferrAmentA de trAnsformAção

fórum[B+]

Celebrar a educação. Esta foi a intenção do 28º Fórum [B+], realizado no Teatro

Castro Alves, em Salvador, no dia 25 de agosto. O evento apoiou o programa

estadual Educar para Transformar – Um Pacto pela Educação e contou com

público de 1.200 pessoas, entre alunos da rede pública, políticos, personalidades,

empresários e imprensa local.

Durante o evento organizado pelo Grupo [B+], o governador Rui Costa

anunciou a criação do programa estadual Primeiro Estágio, Primeiro Emprego,

destinado a nove mil estudantes concluintes do nível médio da rede pública de

Ensino, e o selo Amigo da Educação, para as empresas que investem nas escolas

públicas baianas. De acordo com o governador, os recursos do Fundo de Com-

bate à Pobreza vão financiar as iniciativas.

O secretário da Educação, Osvaldo Barreto, e o governador informaram que

a parceria com o setor empresarial é um dos eixos centrais do Programa Educar

para Transformar – Um Pacto pela Educação, criado em março deste ano.

[01]

“Não há diferença entre o estudante da rede particular e o estudante da rede estadual”, Rui Costa, governador do estado

Fórum [B+] discute sobre os rumos da rede pública de ensino com espetáculo no Teatro Castro Alves

“Mais de 300 prefeitos do estado já firmaram

um pacto com o governo, assumindo a missão de

oferecer qualidade de ensino aos alunos da rede

pública, que representam 90% do segmento edu-

cacional”, contou Barreto. Empresas, como a CCR

Metrô Bahia e a Braskem, apoiaram esta edição

do Fórum, afirmando o incentivo a projetos

educativos e socioculturais na Bahia.

Estiveram presentes os músicos Carlinhos

Brown e Margareth Menezes, que se juntaram

ao Quinteto de Metais do NEOJIBA e aos grupos

Ilê Aiyê e Olodum Mirim para apresentações. O

rapper MC Feijão, aluno da rede pública, cantou

sobre o tema educação acompanhado de bboys.

[02]

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[01] Rui Costa; [02] Banda Olodum Mirim; [03] Bahia Brass - Quinteto de Metais do NEOJIBA; [04] Renato Simões Filho, Carlinhos Brown, Claudio Vinagre, Margareth Menezes e Jorge Portugal; [05] Renato Simões (Grupo [B+]), Rita Batista e Ipojucã; [06] Luciano Lopes (Prima Empreendimentos); [07] Olívia Santana (Secretaria de Apoio às Mulheres); [08] Pedro Dourado (ABMP); [09] Pedro Luiz Tailla (FCDL); [10] Rose Lima (TCA); [11] Hélio Tourinho (Braskem); [12] João Pedro Bahiana (AJE Bahia) e Luiz Fernando Queiroz (Associação Comercial da Bahia); [13] Luís Valença e Marina Mattaraia (CCR); [14] Maurício e Juracy Lins (Home Design); [15] Anacléa Ribeiro e Larissa Lomanto (CCR Metrô); [16] Sérgio Lopes, Maria Rita Pontes e Flávia Rosemberg (Osid); [17] Guy Ferreira (Secom); [18] Sandra Costa e Tatiana Ferraz (Laboratório Sabin).

+ no site:veja fotosdos eventos

[04]

“O Fórum [b+] é uma iniciativa muito importante porque sempre discute sobre temas fundamentais para o desenvolvimento da bahia”Osvaldo barreto, secretário da educação

“Se lhe faltar um livro, não deixe que lhe falte a curiosidade”, Carlinhos brown, músico

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blocodenotas

A Tuppi Propaganda foi selecionada para a

Shortlist do Clio Awards 2015, uma das mais

famosas premiações da publicidade mundial. A

empresa soteropolitana foi indicada na categoria

“Print Technique/Art Direction” pela campanha

desenvolvida para a empresa Zim Color, cuja his-

tória já foi matéria de capa da Revista [B+]. Outras

agências brasileiras também foram selecionadas

para a premiação, entre elas a Ogilvy Brasil, do

grupo WPP, e a DM9DDB, do Grupo abc.

MÍDIA

empresa baiana é destaque em premiaçãO internaciOnal de publicidade

Será realizada no dia 5 de novembro a terceira edição do advocacia em Foco, evento que contará com 410 congressistas para discutir as principais áreas de atuação do advogado: Contencioso, Jurídico de empresa e Consultivo. em cada palestra, serão expostas as dificuldades e conquistas advindas do trabalho desenvolvido em cada área, proporcionando, também, uma exposição do funcionamento da atividade realizada por cada profissional em seu ramo de advocacia. O evento será realizado no business Center do Mundo Plaza, em Salvador.

JUDICIÁRIO

Direito em pauta

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ção

“nesse momento de estagnação da economia, as empresas devem colocar a casa em ordem se quiserem sobrevi-ver. assim, sairão fortalecidas. Quando a economia volta a crescer, essa empre-sa que sobreviveu à crise estará mais bem estruturada e terá pela frente um mercado com menos concorrência”,ricardo amorim, economista,durante a Semana de Capacitação empresarial do Sebrae-ba

EMPREENDEDORISMO

Lançado em agosto, o campus Costa azul da universidade estácio, em Salvador, ganhará espaço exclusivo para o desenvolvimento de startups. De acordo com Ronaldo Mota, diretor responsável pelo ensino a distância da universidade, o grupo está atento às oportunidades que possam surgir a partir da formação de novos negócios. “Há que se incorporar nos projetos acadêmicos tanto nas aulas como nas atividades complementares, o estímulo ao empreendedorismo, e não há maneira mais eficiente do que criar e desenvolver espaços de novas empresas”, comentou. agora, o grupo busca parcerias com a iniciativa privada e com o governo para materializar o projeto.

EDUCAÇÃO

Estácio criará espaço de desenvolvimento de startups em Salvador

Page 17: Revista [B+] 32

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informe publicitário

Investir no processo seletivo pode ser uma das melhores ferramentas para garantir a qualidade das Instituições de ensino Superior (IeS) ou dos Órgãos Públi-cos. este é o pensamento de adelaide e bernardo rogério de rezende, diretores e sócios-fundadores da Strix educação, empresa especializada na realização de processos seletivos, concursos públicos e avaliação educacional. Os empresários acumulam mais de 35 anos de experiência nessa área, com atuação nos estados da bahia, Minas gerais, rondônia e acre.

O segredo do sucesso, de acordo com adelaide rezende, está na qualidade técnica e acadêmica empregada nestes processos, na competência e no compro-misso da sua equipe de colaboradores e consultores. “Por esse motivo, grande parte de nosso trabalho é destinada a seleções altamente concorridas. as IeS perceberam que a qualidade do processo de ingresso do aluno contribui para uma melhor avaliação dos seus cursos. essa preocupação é, sem dúvida, comum a todos os nossos clientes.” a empresa é responsável pelos vestibulares da escola bahiana de Medicina e Saúde Pública, da Faculdade baiana de direito, da universi-dade Católica do Salvador e da união educacional do norte/aC (curso de Medici-na), além do Processo Seletivo unificado de residência Médica da bahia.

O fOcO é a educaçãOEspecializada em Seleção e Avaliação, a Strix Educação mostra por que é considerada uma das empresas mais conceituadas do mercado no setor educacional

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Avaliação de desempenhoO trabalho da Strix educação não se encerra, porém, na realização de processos seletivos ou concursos públicos. a empresa tem realizado di-versos projetos de avaliação educacional, dando suporte aos seus clientes desde a elaboração dos instrumentos (provas) até o processamento dos resultados e geração dos relatórios com os dados de desempenho dos alunos. esse trabalho, segundo bernardo rezende, é essencial para avaliar tanto o desempenho acadêmico do aluno quanto o projeto pedagógico da própria institui-ção de ensino, pois traça a evolução do conheci-mento adquirido por esses estudantes ao longo do tempo. “este é um trabalho muito gratificante, pois a quantidade e a qualidade das informações geradas são fundamentais para a manutenção ou correção de rumo de qualquer organização educacional”, complementa adelaide.

segurança é indispensávelOutra preocupação da Strix educação para garantir a excelência dos processos de seleção ou de avaliação é, sem dúvida, o sigilo. Os procedi-mentos de segurança adotados incluem desde a seleção rigorosa dos colaboradores até o cuidado no desenvolvimento dos sistemas computacionais, passando pelo controle de acesso por biometria e monitoramento por câmeras. Bernardo conta que essa preocupação é fator decisivo para a boa reputação da empresa. “não é por acaso que várias instituições, principalmente as que têm um processo seletivo com maior concorrência, nos escolhem como parceiros.” O modelo de segurança desenvolvido pela Strix educação inclui, ainda, a comparação de impressões digitais dos candida-tos no momento da prova e da matrícula, o uso de detector de metais nos locais de aplicação, além da diferenciação dos cadernos de prova através de código de barras, impedindo que o candidato receba informações externas.

Conheça um pouco maissobre a Strix Educação no site strixeducacao.com.brou pelo telefone(71) 3035-4300

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CULTURA

salvador ganha corredor cultural no centro Históricoa requalificação da infraestrutura do Centro Histórico da capital baiana se estendeu para a programação cultural. na Praça Castro alves, o teatro gregório de Mattos, o espaço Itaú de Cinema (glauber rocha) e o espaço Cultural da barroquinha ganharam atenção desde que Fernando guerreiro assumiu a direção da Fundação gregório de Mattos, em 2013. “a primeira coisa que fizemos foi requalificar os equipamentos. O espaço da barroquinha estava praticamente abandonado, o teatro inutilizado há oito anos, o cinema prestes a fechar, pois estava isolado dentro de uma estrutura abandonada”, conta. de acordo com guerreiro, é necessário que as pessoas voltem às ruas, e esse novo espaço tem essa função como prioridade. “Salvador precisa entender que a sua vocação é cultura. a nossa proposta é trazer a criatividade de volta à vida das pessoas”, completa. FO

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O Plano de Mobilidade urbana de Salvador terá como empresa consultora a paulista ttC - Soluções em Mobilidade. a informação foi confirmada para a [b+] pela diretora de Planejamento da empresa, Lucimar Maschio Cardone, que afirmou ter pela frente muito trabalho, principalmente no que diz respeito ao transporte coletivo de qualidade. Outro desafio, segundo ela, é de ordem cultural: “deve-se considerar e respeitar a hierarquia (pedestres, ciclistas, transporte coletivo e carros) no trânsito. entendemos que assim poderemos tornar a cidade mais humana e planejada”, afirma. a ttC já desenvolveu outros projetos para a prefeitura municipal, a exemplo do Plano de Circulação para o novo sistema viário da Barra e o Programa Emergencial de Mobilidade para Salvador (Premob), na região do Iguatemi.

MOBILIDADE

deFInIda eMPreSa Que Fará COnSuLtOrIa dO PLanO de MObILIdade urbana de SaLVadOr

ilustrou o vice-presidente de habitação da Caixa Econômica

Federal, Nelson Antônio de Souza, que participou do 87º Encon-

tro Nacional da Indústria da Construção (Enic 2015). O evento,

realizado entre os dias 23 e 25 de setembro e teve como tema

“Brasil mais eficiente, país mais justo”, discutiu os principais

assuntos da atualidade que impactam o dia a dia da indústria da

construção e o futuro do setor. Em breve será lançado o relatório

anual do Enic, desenvolvido pelo Grupo [B+], em parceria com a

Ademi, o Sinduscon e a CBIC.

ENIC 2015

“o momento atual é similar à sensação de estar em um carro a 100km/h onde, de repente, acaba o combustível”,

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ção

ADMINISTRAÇÃO

“O maior gargalo do empresariado baiano é não dar a devida importância aos gestores. a maioria dos problemas que estamos enfrentando é pela falta de planejamento das empresas”, roberto Ibrahim, presidente do Conselho regional de administração da bahia (Cra-ba). entidade promoverá encontros mensais para discutir as prorrogativas dos administradores até o fim deste ano para comemorar o jubileu de ouro dos profissionais de administração.

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JudiCiáriO AquECidOa seção bahia da Ordem dos advogados do brasil está às vésperas de decidir quem será seu próximo gestor. na disputa, Luiz Viana Queiroz, que deseja manter-se como presidente da instituição para concluir o trabalho iniciado na atual gestão, e Carlos rátis, que quer renovação e uma Oab-ba mais próxima dos advogados. a eleição, que será realizada em novembro, acontece em meio à pior crise já enfrentada pelo Judiciário baiano. recentemente, o tribunal de Justiça da bahia (tJ-ba) foi eleito como o pior do país em resolução de casos de corrupção e está em penúltimo lugar no cenário nacional. Conversamos com os candidatos sobre suas propostas.

Advogado e atual presidente da seccional baia-na da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA),

Luiz Viana Queiroz tem como metas principais o enfrentamento da crise do Judiciário e a defesa das prerrogativas dos advogados.

Por que o senhor é candidato à presidência da oab-bahia?Minha candidatura é fruto de clamor de parcela significativa da advocacia baia-

na. Estou atendendo a essa convocação da classe com o propósito de trabalhar

ainda mais por uma OAB de Verdade, uma Ordem aberta e democrática, que

congregue todos os advogados na defesa de suas prerrogativas e seja combativa

no enfrentamento da crise do Judiciário.

o que seria essa “oab de Verdade”?É importante esclarecer que o processo de construção da OAB de Verdade já está

em andamento. Em nossa atual gestão, já houve grandes avanços, com a abertu-

ra da entidade à participação de todos. Acabou-se aquele tempo da OAB-Bahia

fechada em torno de grupos. Estabeleceu-se

modelo de gestão democrático, no qual os

rumos são definidos a partir das demandas de

toda a classe. O jovem advogado, por exemplo,

tem hoje uma participação efetiva na Ordem, o

que não existia antes. A mulher advogada tam-

bém está cada vez mais presente nas decisões

da entidade, assim como os advogados negros.

A OAB de Verdade espelha a diversidade da

advocacia e se faz com a participação de todos.

o senhor declarou recentemente que advo-gar na bahia é um inferno. Qual a dificuldade para lutar contra o sistema?A crise se alastra há mais de 30 anos. Não é

uma crise provocada pela atual administração

do Tribunal de Justiça, mas a atual administra-

ção, infelizmente, não consegue ser protago-

nista da solução do problema da ineficiência

do Judiciário baiano. Isso é uma questão de

Estado, atinge a cidadania. A crise transbor-

dou os limites do Judiciário baiano e da sua

capacidade para resolver o problema. É preciso

que haja um grande esforço do Tribunal de

Justiça, que deve ser o protagonista, mas com a

participação do governador do estado e da As-

sembleia Legislativa, e abrindo essa discussão

para a sociedade civil.

o Judiciário baiano é o pior em produtivida-de no brasil e o sétimo mais caro de acordo com dados do cnJ. em 2014, por exemplo, o TJ-ba gastou R$ 1,6 bilhão com pessoal. Qual o papel da oab para modificar esse cenário?É indiscutível que há má gestão de pessoal, falta

de pessoal e pessoal mal remunerado. No ano

passado, a Bahia tinha 636 magistrados, cerca de

13 mil servidores, e gastou essa fábula mencio-

nada com a folha de pessoal, que é absoluta-

“tenho o propósito de trabalhar ainda mais por uma Oab democrática”luiz viAnA Queiroz

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blocodenotas entrevista

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Advogado há 16 anos, Carlos Rátis é especialis-ta em direito administrativo em ciências jurídicas

internacionais e presidente do Instituto dos Advogados da Bahia (IAB) e do Instituto de Direito Constitucional da Bahia (IDCB). É a favor de uma OAB mais próxima dos advogados e contra a reeleição.

Por que o senhor é candidato à presidência da oab-bahia? A nossa candidatura partiu de um grupo grande, formado por advogados expe-

rientes e jovens e professores advogados de todo o estado. Todos insatisfeitos

com a condução que a atual gestão está dando à OAB. Todos sentem o que toda a

classe está sentindo: a instituição precisa se renovar, se modernizar, deixar de ser

tão burocrática, tão pouco atuante diante dos reais problemas que os advogados

estão enfrentando no dia a dia. A OAB precisa estar mais próxima e, principal-

mente, mais transparente e democrática na gestão dos seus recursos. Por tudo

isso, não só eu, como todo o nosso grupo, sentimos que chegou a hora de renovar

e que juntos podemos fazer isso.

Quais são os principais pontos que precisam ser mudados da atual gestão? O novo projeto é elaborado por um grupo que busca renovação. As discussões de

diagnóstico e soluções estão sendo muito profundas e intensas. A renovação que

queremos é tornar a OAB-Bahia mais presente na vida do advogado, colaborando

mais com o seu dia a dia. Queremos que o advogado volte a ver vantagens em

pertencer à OAB, que se sinta valorizado. Que a instituição esteja mais adequada

“a Oab-bahia precisa se modernizar, deixar de ser tão burocrática”cArlos rátis

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mente ineficiente. Tem algo muito errado. A OAB-Bahia nunca se furtou a contri-

buir de maneira construtiva para a superação dos entraves ao bom funcionamento

da Justiça em nosso estado. Promovemos conjuntamente um seminário com a

participação de representantes dos juízes, defensores, Ministério Público, serventu-

ários e advogados. Na oportunidade, foram identificados e discutidos os problemas

existentes. Infelizmente a presidência do TJ-BA não se interessou pelas conclusões.

Apresentamos ao Presidente do Supremo Tribunal Federal e à Corregedoria Nacio-

nal do CNJ proposta para elaboração de Plano de Reestruturação Sustentável do

Judiciário baiano. Tenho a firme esperança de que a elaboração desse plano com

a participação do TJ-BA, do governador do estado, da Assembleia Legislativa e da

sociedade civil poderá recolocar o Judiciário baiano no caminho certo.

aos sonhos e aos problemas que os advogados,

principalmente os mais jovens, enfrentam.

Sobretudo, essa renovação significa estar mais

atuante diante da crise do Judiciário e mais

transparente e democrática na gestão dos

recursos.

Recentemente, o Tribunal de Justiça da bahia (TJ-ba) foi eleito pelo conselho na-cional de Justiça (cnJ) como o pior do país em resolução de casos de corrupção. como o senhor avalia a atual situação do Judiciário baiano? O TJ-BA foi considerado o pior em produtivi-

dade, isto é, na baixa dos processos. Esse é um

problema que vem se arrastando há mais de

20 anos, mas agora vivemos o pior momento

do Judiciário baiano. Como sair dessa crise?

Não adianta reclamar, personalizar uma briga

contra o Judiciário ou atentar contra o Poder

Judiciário, sem providências concretas. Preci-

samos de ações judiciais promovidas dentro

do próprio Judiciário contra o Estado para que

a nossa realidade venha ser modificada. Essas

ações poderiam e deveriam ser propostas e

assinadas pelo próprio presidente da OAB, mas

hoje isso não acontece.

o senhor é contra a reeleição. acredita que é possível cumprir metas efetivas em três anos? Três anos é um período mais do que adequado

para constartarmos mudanças concretas. É

necessário alternância. Tenho certeza de que

faremos um trabalho muito melhor do que o

que está em andamento e espero que em 2018

o próximo grupo venha a fazer um trabalho

melhor do que o nosso. Quem pensa em reelei-

ção dedica-se no último ano mais à reeleição do

que na instituição. Acredito que com planeja-

mento e estabelecimento de metas é possível

alcançar os objetivos em curto prazo, buscar

avanços significativos na proteção das prer-

rogativas dos advogados. Medidas enérgicas

que possibilitem o respeito à nossa profissão.

Formamos um grupo que tomará providências

efetivas, visando melhorias nas nossas condi-

ções de trabalho.

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blocodenotas acontece feira

CULTURA

novo teatro será construído no centro da cidadeA partir de setembro de 2016, Feira de

Santana vai contar com uma unidade do

Centro Cultural e Gastronômico Sesc. A

primeira parte do projeto no valor de R$

17 milhões contempla a construção de

um teatro com 290 lugares e um restau-

rante do comerciário, como afirma o

presidente da Fecomércio - BA, Carlos de

Souza Andrade. “Na segunda etapa, va-

mos recuperar o casarão colonial, tom-

bado pelo Iphan, que integra o terreno

doado pela prefeitura de Feira”, explica.

Segundo o prefeito José Ronaldo, com a

abertura do Teatro Sesc, a região passará

a ter três espaços culturais, tornando-

se um “point” de entretenimento. “Os

comerciários ganharão um restaurante

com excelente qualidade nutricional a

preços subsidiados”, afirma. O espaço

destinado à construção da nova unidade

possui mais de 6.500m² e está localizado

no centro da cidade.

AEROPORTO

voos diários pArA feirA de sAntAnA deixArão de existira partir do dia 5 de novembro, o aeroporto João durval, em Feira de Santana, deixará de contar com o voo diário com destino ao aeroporto Internacional de belo Horizonte (Mg). de acordo com a azul, a partir dessa data, a empresa passará a operar um voo semanal aos domingos entre os destinos. “a mudança faz parte do pacote de ajustes da malha aérea da empresa, e o retorno das operações diárias depende também da adequação do aeroporto para receber voos por instrumento (pousos e decolagens em condições climáticas que não permitem voo visual)”, explica. a azul Linhas aéreas é a única companhia a atuar no aeroporto.

BRT

MoviMento coMercial eM Feira caiu eM até 70% por causa das obras do brt A polêmica gerada em torno da implantação do BRT (Bus Rapid Transit)

no centro de Feira de Santana está longe de chegar ao fim. Por causa das

obras no trecho entre as avenidas Maria Quitéria e Getúlio Vargas, o tráfe-

go de veículos foi interrompido na região, acarretando sérios prejuízos aos

comerciantes locais. De acordo com o presidente da Associação Comercial

de Feira de Santana (Acefs), Marcelo Alexandrino de Souza, os estabele-

cimentos da região apresentaram queda entre 40% e 70% no número de

vendas. O secretário municipal de Planejamento, Carlos Brito, explica

que toda obra deste tipo gera algum tipo de impacto, mas, segundo ele,

medidas estão sendo tomadas. “Na tentativa de amenizar os problemas no

comercio da região, a prefeitura vem criando uma via lateral para carros”.

Apesar da expectativa inicial de quatro meses para a conclusão da obra,

tudo indica que o comércio local precisará de um pouco mais de paciência.

Um grupo de manifestantes contrários à retirada das árvores para a pas-

sagem do BRT ocupa, desde o dia 5 de setembro, parte do canteiro de obras

na Av. Maria Quitéria. Segundo Brito, os manifestantes agem por interesse

político e não estão pensando no avanço da cidade. “São ativistas profis-

sionais movidos por partidos políticos”.

Enquanto a prefeitura e manifestantes não entram em acordo, os comer-

ciantes buscam saídas para resolver o impasse e amenizar o impacto finan-

ceiro. “O que sugerimos ao prefeito é que, caso haja algum impedimento

para seguir com o projeto, que seja desmontado o canteiro de obras para que

dê um alívio aos comerciantes da localidade”, afirma o presidente da Acefs.

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Av. Paralela, 6462 - Wall Street Empresarial Loja 20 - [email protected]

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imóveis+

O arquiteto antonio Caramelo revela novo projeto que promete revitalizar a Península de Itapagipe

salVadOr precisa de empreendimentOs-marca

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Port

ela

Com um largo sorriso, vestindo branco, o arquiteto Antonio

Caramelo me recebe em seu escritório em uma sexta-feira en-

solarada. Antes de ir direto ao tema da entrevista, a gente con-

versa sobre sonhos. Ele me ensina o que fazer para alimentá-los.

Explica por que não devemos desistir dos nossos sonhos, nunca.

O projeto ao qual ele se dedica agora com tanto amor tem a ver

com isso. Ele parece mais entusiasmado que o habitual, porque

criar o projeto da nova sede da Associação Fábrica Cultural

significa alimentar os sonhos de muita gente. “Estou muito feliz

e me sinto privilegiado por dar vida a esse projeto, que será um

marco para a nossa cidade. Essa organização liderada pela can-

tora Margareth Menezes, minha amiga, conta com uma equipe

especializada e comprometida e é responsável por ações na área

de educação, cultura, sustentabilidade e desenvolvimento local,

com iniciativas de sucesso, a exemplo do Mercado Iaô”. Carame-

lo diz que para entender a relevância do projeto é preciso levar

em consideração a história da Península de Itapagipe. O local

escolhido para a nova sede é emblemático. O antigo casarão da

Ribeira abrigou a extinta Fábrica de Linhos Nossa Senhora de

Fátima, uma construção do século XIX. Apaixonado pela Cidade

Baixa e pelo entorno da Baía de Todos os Santos, o arquiteto não

esconde a emoção ao falar do projeto.

empreendimentos-mArcA“Estamos criando um empreendimento-marca, centralizador,

que terá grande força porque será construído para a comunida-

de, com a comunidade, em total sintonia. Salvador, uma cidade

turística, precisa construir empreendimentos-marca. A cidade

de Bilbao, norte da Espanha, deu novo impulso ao turismo após

a inauguração de um empreendimento marca: o Museu Gug-

genheim, aberto ao público em 1997, hoje um ícone da Bilbao

moderna. A Fábrica Cultural vai revitalizar a marca Península

de Itapagipe. Será referência e dará visibilidade a um lugar

belíssimo, voltado para a Baía de Todos-os-Santos, que está fora

de moda neste momento. A gente vai dar uma repaginada em

Itapagipe, do ponto de vista de conceito e importância. Esse

empreendimento será âncora e vai atrair outros”.

fábricA de linHos nossA senHorA de fátimA“O local escolhido para a nova sede da Associação Fábrica Cultu-

ral é emblemático. O antigo casarão da Ribeira abrigou a extinta

Fábrica de Linhos Nossa Senhora de Fátima, uma construção do

século XIX. O espaço que hoje abriga o Mercado Iaô, cedido pelo

governo do estado, será recuperado e ampliado. Estamos restau-

rando o casarão. Em torno dele serão dispostos diversos equipa-

mentos: teatro, cinema, restaurantes, cyber café, espaços para

shows, mercado de arte e artesanato, um memorial para contar a

história da Península de Itapagipe, espaços para cursos e oficinas

de qualificação profissional, nas áreas de moda, gastronomia,

dança, música, cenografia, iluminação, sonorização, design, es-

túdios de gravação, propaganda, vídeo, marketing digital, dentre

outros. Para viabilizar os cursos e as atividades empreendedoras

há uma parceria com o Sebrae-BA, que terá um núcleo no local”.

Page 25: Revista [B+] 32

núbia cRisTina

Produtora e apresentadora do CBN Imóveis e âncora do Painel Empresarial CBN

economiA criAtivAtem tudo A ver com A bAHiA“Além de se tornar um marco cultural para a

cidade, impulsionando o turismo, o empreen-

dimento vai promover a inclusão de jovens de

baixa renda. Na fábrica, os alunos formados

nas oficinas de capacitação e os artistas locais

terão espaço para criar, realizar seu trabalho,

sua arte. A informação, a cultura e a criativi-

dade vão circular nesse equipamento. Eu visu-

alizo um espaço para discussão e para agregar

artistas e aprendizes do mundo todo”.

projeto reAlistA, viável economicAmente“Minha expectativa é a melhor possível, até

porque sou muito realista. A gente precisa

sonhar, mantendo os pés no chão. Esse projeto

é sustentável, viável economicamente. Não

acredito em pires na mão, pois depender de

doações não funciona. Concebemos a Fábrica

Cultural como uma empresa, que vende produ-

tos diferenciados, presta serviços de qualidade

e está sempre se renovando. A receita virá

dos restaurantes – estamos projetando uma

cozinha-escola, um self-service para atender

a população local e outro de culinária baiana,

para atrair turistas –, dos ingressos dos shows,

teatro, cinema, dos eventos de gastronomia,

moda, artes, design, da venda de artesanato e

arte etc. Para apoiar a gestão, Margareth conta

com uma equipe de profissionais competentes,

e a associação tem um conselho de altíssimo

nível, formado por administradores de peso”.

importânciA HistóricA dA penínsulA de itApAgipe“A construção da primeira capital do Brasil, no século XVI, ocorreu em dois

níveis: a Cidade Alta, que era o centro institucional e político, onde os nobres

estavam mais protegidos de possíveis invasões estrangeiras, e a Cidade Baixa, o

centro portuário e comercial. A cidade nascia cosmopolita, e o porto, por onde

chegavam produtos e novidades do mundo inteiro, era o centro da economia

baiana. Itapagipe já abrigou fábricas importantes, a exemplo da Fábrica de Li-

nho Nossa Senhora de Fátima, onde será construída a nova sede da Associação

Fábrica Cultural, localizada no bairro da Ribeira, que vai atender não só a comu-

nidade da Península de Itapagipe, mas será um marco para toda Salvador”.

sinergiA entre o escritório cArAmelo ArQuitetos AssociAdos e A Asso-ciAção fábricA culturAl“Cerca de 180 mil pessoas vivem na Península de Itapagipe, que tem 14 bairros,

com características bem diferentes. O ponto de partida da associação é essa

comunidade, mas não tenho dúvida de que as ações terão impacto positivo

para Salvador, para o estado e até para o Brasil, porque o projeto vai gerar um

intercâmbio entre pessoas de todo o mundo. Há cerca de cinco meses, tenho me

dedicado à criação do projeto arquitetônico, onde conto com o apoio de mais 14

profissionais do meu escritório, com direção técnica do arquiteto Bruno Ivo e

de legislação do arquiteto Sydrach Araújo. É um trabalho voluntário, que conta

com o máximo empenho e entusiasmo de todos nós”.

“A Fábrica Cultural dará visibilidade à Península de Itapagipe, um lugar belíssimo, voltado para a Baía de Todos os Santos, que está fora de moda neste momento” antônio Caramelo

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26 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

Em momentos de crise, a busca por uma estrutura mais enxuta e bara-

ta faz com que grandes empresas reorganizem a ocupação de cargos.

Assim, profissionais mais antigos e com salários mais altos perdem

espaço. “Hoje há um movimento das empresas de “desseniorizar” as

estruturas, eliminando as pessoas mais pesadas e apostando nas

mais jovens, não de idade, mas de potencial e tempo de cargo”, explica

Leandro Pedrosa, gerente-executivo da Michael Page, multinacional

de recrutamento e seleção especializada. “O momento econômico não

demanda uma estratégia tão grande de um diretor, mas daqui a dois,

três anos, quando a economia estiver melhor, esse pessoal já vai estar

pronto”, afirma.

Formado em gestão de tecnologia e com pós-graduação em logística

empresarial, Diogo Henrique Cunha, 33, já havia conquistado o cargo

de gerente de logística em uma multinacional após 13 anos de carreira.

Mas há quatro meses houve uma reestruturação na empresa e desde

então ele tem buscado recolocação no mercado de trabalho. “Quero a

área de gestão em logística, sem me ater ainda à questão salarial, pois

acredito que a remuneração seja mais baixa do que a da última empre-

sa, até por causa do mercado”, conta Diogo.

Casado e com uma filha, ele precisou readequar o orçamento fami-

liar para se adaptar, mas sem deixar de investir na sua capacitação.

“Acredito que existem vagas no mercado de trabalho, menos do que an-

tes, mas elas existem. Só a concorrência que aumentou. Tenho busca-

do me qualificar para conseguir uma colocação o mais rápido possível”,

afirma Diogo, que tem aproveitado esse período para intensificar seu

inglês e fazer cursos específicos voltados para sua área.

Segundo a coach e headhunter Agda Lima, sócia-fundadora da

Talento RH, existem alguns fatores que dificultam a recolocação

no mercado. Entre eles estão a falta de domínio de pelo menos dois

idiomas, não ter formação em escolas reconhecidas, com MBA ou pós-

graduação, realizações de projetos comprovados e experiências em

outros mercados. “Quem não possui esses traços tem menos destaque

e, portanto, não emplaca boas posições facilmente”, afirma Agda.

Para o headhunter Márcio Lopes, sócio e diretor da Organiza, é

preciso que os profissionais também fiquem atentos às oportunidades

Headhunters identificam os principais fatores que contribuem para a recolocação de profissionais no mercadopor LORENA DIAS

Pós- graduado em Logística Empresarial, Diogo Henrique busca

uma recolocação no mercado de trabalho

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recolocAção no mercAdo

que não estão em alta no momento. “O problema é que

todo mundo só quer trabalhar no mesmo lugar e fazer

a mesma coisa. O momento está difícil, mas existem

oportunidades. Se você é bom, dá resultados, agrega,

vai encontrar. Pode não ser a vaga ideal, mas alguma

coisa você encontra”, defende.

Márcio ainda aconselha que, independentemente

de estar buscando ou não uma recolocação, é preciso

manter uma boa relação com consultores e com o mer-

cado. “É importante para os profissionais trabalhar o

networking e o marketing pessoal para não buscarem

somente em uma situação de desespero”.

emprego

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o desafio de salvadorO que a capital baiana tem feito para melhorar o seu

posicionamento como cidade inteligentepor LORENA DIAS ilustrações GENTIL

A inteligência de cada indivíduo está relacionada à habilidade

de compreender o mundo a sua volta. Quando o conceito é

aplicado às cidades, ele representa a capacidade de um lugar

utilizar a tecnologia para melhorar a qualidade de vida da sua

população. Salvador está entre as “50 Cidades Mais Inteligen-

tes do Brasil”, de acordo com o ranking elaborado pela consul-

toria Urban Systems. Atrás de cidades como Rio de Janeiro (1º

lugar), Curitiba (5º) e Recife (10º), a capital baiana ocupa a 31ª

posição na pesquisa.

Os fatores positivos que influenciaram o posicionamento

foram os atrelados aos setores de mobilidade e acessibilidade,

meio ambiente e tecnologia e inovação. Mas nos setores de

saúde, educação e segurança Salvador não conseguiu se posi-

cionar nem entre as 100 cidades dos rankings de cada setor.

“As cidades inteligentes, no caso das brasileiras, ainda

precisam cumprir com os requisitos mínimos de desenvolvi-

mento social e ambiental. Antes de chegarmos ao patamar

dos avanços tecnológicos, que é o estágio atual das cidades

inteligentes europeias e americanas, precisamos tornar nossas

cidades mais racionais”, analisa Willian Rigon, coordenador de

inovação e conteúdo da Urban Systems.

Se comparada às metrópoles de países desenvolvidos, a

cidade do Rio de Janeiro, primeira colocada no ranking nacio-

nal, por exemplo, obteve menos da metade dos 63 pontos que

seriam a nota máxima possível. “Salvador está nesse estágio,

onde conta com muitos gargalos na saúde, na educação e segu-

rança, que gastam recursos do governo em forma de conten-

ção de problemas, quando poderiam estar sendo investidos em

ações de longo prazo”, acrescenta Rigon.

Mas de que forma a capital baiana pode utilizar a tecnolo-

gia para avançar na qualidade de vida da sua população?

Segundo o secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Ma-

noel Gomes de Mendonça Neto, já há uma produção “robusta”

de conhecimento na área de tecnologia na Bahia por meio

capa

Page 29: Revista [B+] 32

W W W. P O rta L b M a I S . C O M . b r 29

das universidades, tanto públicas quanto particulares. Para o

titular da Secti, o principal desafio é a transformação desse co-

nhecimento em produtos, o que exigiria um estreitamento de

relações entre empresas e universidades. “Minha missão como

secretário, e acho que isso nunca foi feito, é fazer esses atores

trabalharem juntos, o que é um problema no Brasil em geral”,

afirma. “Quanto mais o estado investir em pesquisa e inovação,

mais desenvolvimento ele vai ter. Agora, a resposta não é para

amanhã. Ela vai ser contínua e previsível, durante dez, quinze

anos, a gente vai ver o cenário mudando lá na frente.”

Enquanto a grande mudança não acontece, a Secti tem

investido na parte de infraestrutura das cidades baianas para

que elas possam receber internet de qualidade. Com o pro-

grama federal Banda Larga para Todos, o governo do estado

pretende implantar redes de fibra óptica, para que unidades

de saúde e segurança, além das escolas, possam ter um melhor

acesso à internet.

“salvador, no quesito saúde, antes de investir em teCnologia, preCisa investir na infraestrutura, na Cobertura e nas soluções de saúde básiCa”,

Willian Rigon, coordenador de inovação e conteúdoda Urban Systems

educAção“A tecnologia precisa ser um instrumento casado com o proces-

so pedagógico. Só colocar a tecnologia na escola não resolve”,

defende o secretário da Educação do estado da Bahia, Osvaldo

Barreto, que está à frente do projeto Educar para Transformar,

que se baseia na colaboração entre governo do estado, prefei-

turas e setor produtivo, além do fortalecimento da educação

básica e da relação família-escola.

Em Salvador, o secretário Guilherme Bellintani também

concorda que o desenvolvimento só é possível a partir da soma

de diferentes iniciativas. “As ações simples e eficazes são as que

têm transformado os sistemas educacionais no mundo”, afirma

o titular da Secretaria Municipal da Educação, destacando o

Programa Combinado, pelo qual foram estabelecidas 112 ações

prioritárias para as escolas municipais, a exemplo de melho-

rias na infraestrutura e projeto pedagógico.

Em 2016, a prefeitura pretende incluir a tecnologia nas esco-

las através de aparelhos de leitura facial. “Isso vai permitir que

o pai saiba se o aluno foi à escola e vai nos permitir economia

no custo da merenda, compensando qualquer tipo de investi-

mento”, explica Bellintani.

sAúdeNa área da saúde, a prefeitura tem pensado em alternativas a

partir do Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI) da Secretaria

Municipal da Saúde. Segundo Vinícius Alves Mariano, subcoor-

denador do NTI, o desenvolvimento de sistemas informatizados

tem melhorado o acesso da população ao sistema público de saú-

de, bem como o controle dos recursos por parte da gestão. Entre

os sistemas desenvolvidos pelo NIT está o VIDA+ Cadastro. “Ele

é responsável por unificar todas as informações de saúde do pa-

ciente do SUS por meio de um número único e nacional”, explica

Vinícius, que já está trabalhando em um novo projeto o Registro

Eletrônico de Atendimento Ambulatorial, que vai permitir que as

informações dos pacientes sejam acessadas de forma online. FOtO

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ias

Inaugurado em 2012, Parque Tecnológico da Bahia visa desenvolver pesquisas e

gerar empreendimentos inovadores

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de que forma o conceito de cidade criativa pode contribuir para o desen-volvimento de uma cidade inteligente?Cidade criativa e cidade inteligente não são sinônimos. enquanto a cidade

inteligente se baseia no uso da tecnologia para inovar, com ênfase na gestão

pública, a cidade criativa tem três características principais: inovações

(não apenas tecnológicas, mas também sociais), conexões (entre áreas da

cidade, entre atores públicos, privados e da sociedade civil; entre a cidade

e suas regiões; e da cidade com sua história) e cultura. recife, por exemplo,

tem se destacado por iniciativas voltadas ao uso da tecnologia e do empre-

endedorismo nessa seara, como o Porto digital e o Porto Mídia; mas ainda

tem muitos passos a trilhar para se aproximar da nota máxima de 63 (hoje

atinge 25,73, conforme a pesquisa).

como transformar o potencial criativo de salvador em uma ferramenta de desenvolvimento?

um mananCial de soluçõesEconomista, mestre em administração e doutora em urbanismo pela uSP, Ana Carla Fonseca é uma das mais respeitadas estudiosas sobre cidades criativas. Em entrevista à [B+], ela fala sobre como desenvolver a capital baiana usando o seu talento criativo.

Para a Urban Systems, Salvador ainda está

engatinhando para o desenvolvimento deste

setor. “No quesito saúde, a capital baiana an-

tes de investir em tecnologia, precisa investir

na infraestrutura, na cobertura e nas soluções

de saúde básica”, diz Rigon.

segurAnçAOutro setor onde Salvador apresentou desem-

penho ruim, mas tem recebido investimentos

em tecnologia, é a segurança pública. Em 2013,

foi inaugurado na capital o Centro Integrado

de Comando e Controle (CICC), um moderno

centro de videomonitoramento, com 300 câ-

meras espalhadas pela cidade, que é utilizado

tanto pela polícia quanto pelos guardas mu-

nicipais (leia mais sobre o assunto na página

66). “O objetivo é integrar os envolvidos na

busca pela excelência dos serviços prestados

ao cidadão, e, no caso da Guarda Municipal,

em contato com estes órgãos, pretende-se

oferecer segurança urbana, proteção ao pa-

trimônio público, prevenção a todos os tipos

de violência e monitoramento do trânsito da

capital”, explica o superintendente da Guarda

Municipal, Peterson Portinho.

Até o fim do ano também deve ser entregue

o Centro Integrado de Gestão de Emergências

(Cige), que vai abrigar o Centro Integrado de

Comando e Controle Regional (CICCR), com re-

presentantes de instituições federais, estaduais

e municipais, além da Superintendência de Inte-

ligência da SSP. Para melhorar seu desempenho,

“quanto mais o estado investir em pesquisa e inovação, mais desenvolvimento ele vai ter. agora, a resposta não é para amanhã”,

Manoel Gomes de Mendonça Neto, secretário estadual de Ciência e Tecnologia

capa

FOtO

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ção

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W W W. P O rta L b M a I S . C O M . b r 31

a economia criativa se baseia no talento

criativo para gerar produtos, serviços com

valor agregado. O grande desafio de Salvador é

transformar a criatividade de seu povo em ino-

vação, o que necessariamente requer educação

de qualidade (capaz de gerar raciocínio crítico,

visão de contexto, análise, conexões imprová-

veis), alfabetização digital em escala massiva e

acessível, articulação entre políticas públicas e

o setor privado e, claro, vontade política.

como é possível utilizar a economia criativa para melhorar o posicionamento da capital baiana em outros setores, como saúde e educação?Por duas vertentes. Investindo em indústrias

criativas (ou seja, setores da economia que têm

por base a criatividade aplicada) que possam

contribuir para a melhoria desses setores. basta

imaginar o impacto que a indústria criativa dos

games e aplicativos, por exemplo, traz para a

saúde e a educação. em segundo lugar, várias

pesquisas realizadas no exterior atestam a

mobilidade dos talentos criativos entre os

setores criativos e os setores tradicionais de

uma economia, o que claramente contribui para

dinamizá-los.

Além de recife, quais outras cidades brasilei-ras que estão trabalhando sua economia criati-va podem servir de exemplo para salvador? Muitas têm aspectos inspiradores para que

Salvador desenvolva seus próprios processos,

baseados em seus potenciais (e não incorra no

erro de copiar receitas alheias). São exem-

plos o já mencionado trabalho de recife nas

tecnologias digitais, trilha também seguida

por Florianópolis; os setores de design e moda

em São Paulo (ainda que não com o respaldo

de políticas públicas municipais consisten-

tes); e o investimento do rio de Janeiro em

ferramentas e aplicativos vários de melhoria

da qualidade de vida urbana, da mobilidade à

prevenção da violência.

ainda distanteLevantamento da urban Systems aponta as 50 cidades que usam ferramentas tecnológicas da melhor forma

Rio de Janeiro (RJ)

são Paulo (sP)

belo horizonte (bh)

brasília (dF)

curitiba (PR)

são caetano do sul (sP)

Vitória (es)

Florianópolis (sc)

Porto alegre (Rs)

Recife (Pe)

salvador (ba)

10º

...

31º

Page 32: Revista [B+] 32

32 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

a SSP também incorporou mais de 15 mil policiais nos últimos

oito anos e aumentou o seu orçamento em 2015, de R$ 1,61 bilhão

para R$ 4,19 bilhões.

De acordo com a Secretaria Municipal de Gestão, a prefeitura

também tem se dedicado a integração dos serviços municipais

básicos, criação de aplicativos para os cidadãos e a adoção da

tecnologia para a manutenção da cidade. “Isso serve tanto para

agilizar a fiscalização de trânsito quanto melhorar a programação

de operações tapa-buracos ou a utilização e até mesmo fazer pre-

visão de emergências por excesso de chuvas e auxiliar a Defesa

Civil na evacuação das áreas de risco”, disse o então secretário

Alexandre Paupério, que ocupou a pasta até o fim de setembro.

outrAs cidAdes dA bAHiAA sobrecarga de demanda nos setores básicos, por atender

cidades do seu entorno, também estaria afetando o desem-

penho da capital baiana, segundo André Marinho, sócio da

consultoria PwC. “No entanto, comparativamente às demais

metrópoles nordestinas, Salvador se destaca por apresentar

melhor infraestrutura urbana, maior oferta de serviços e

relevante potencial de consumo”, comenta.

Além de Salvador, outras cidades baianas também apare-

cem na pesquisa realizada pela Urban Systems. O município

de Caetité é o grande destaque, ocupando o 5º lugar no setor

de energia, por causa do seu complexo de energia eólica,

seguido de Juazeiro (17º) e Guanambi (30º). No setor de mo-

bilidade, outras duas cidades baianas também conquistaram

posição: Lauro de Freitas (30º) e Barreiras (34º).

Para Carlos Eduardo Bonilha, vice-presidente do Instituto

de Tecnologia de São Caetano do Sul e presidente da Systrade

Tecnologia, cidades como Lauro de Freitas e Feira de Santana

também possuem potencial para se desenvolver como cidade

inteligente. Mas, segundo Bonilha, ainda falta vontade polí-

tica na maioria dos municípios. “A cidade inteligente utiliza

todos os recursos já instalados numa cidade digital para

prover serviços com maior rapidez. Salvador está no caminho

certo, mas precisa juntar todas as tecnologias que já possui e

unificá-las”, defende. [b+]

CONNECTED SMART CITIES31°

MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE7°

ENERGIAENTRE AS 100+

ECONOMIAENTRE AS 100+

MEIO AMBIENTE11°

GOVERNANÇAENTRE AS 100+

EMPREENDEDORISMO49°

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO11°

SAÚDEFICOU DE FORA DAS 100+

URBANISMOFICOU DE FORA DAS 100+

SEGURANÇAFICOU DE FORA DAS 100+

EDUCAÇÃOFICOU DE FORA DAS 100+

a Capital por setorO posicionamento de Salvador em cada indicadoranalisado pela urban Systems

grá

FICO

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s

Page 33: Revista [B+] 32
Page 34: Revista [B+] 32

34 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

o boêmio de cArA novA

Eu amo o Rio Vermelho. Esta é a frase estampada em camisas,

cartazes e postagens compartilhadas nas redes sociais por

comerciantes e moradores do bairro. O objetivo da campanha

é reduzir os prejuízos, como a falta de movimento no comércio,

ocasionados pelas obras de requalificação do Rio Vermelho,

que tiveram início no mês de junho.

Até o fim de janeiro de 2016, quando a primeira etapa da obra

deve ser entregue (antes das tradicionais comemorações em ho-

menagem a Iemanjá), o movimento promete se fortalecer com

ações que buscam atrair frequentadores para o bairro.

“A gente pretende fazer algumas intervenções artísticas,

para fazer com que as pessoas venham para a rua e mostrar

que o Rio Vermelho continua vivo, que não fechou as portas”,

conta Antônio Portela, que é morador do bairro, proprietário

de dois estabelecimentos e presidente do Sindicato de Hotéis,

Bares, Restaurantes e Similares de Salvador.

FOtO: Luciano Oliveira

enquanto a prefeitura realiza a obra de requalificação, comerciantes e moradores do rio Vermelho se unem para lidar com os transtornos e mudanças do bairropor LORENA DIAS

“O Rio Vermelho continua vivo, não fechou as portas”Antônio Portela, empresário

bairros

Page 35: Revista [B+] 32

W W W. P O rta L b M a I S . C O M . b r 35

FOtO: divulgação

O Largo da Mariquita deve virar um centro de convivência, a flor de lótus desenhada no centro é uma referência a Oxum

Ele foi o primeiro a usar as camisas em

homenagem ao bairro. Em pouco tempo,

outros comerciantes e frequentadores

também mostraram interesse pelo produto,

que atualmente é produzido por meio de

uma parceria entre os empresários e ven-

dido por R$ 40 em pontos espalhados pelo

Rio Vermelho. “O lucro será revertido para

as ações culturais que a gente quer fazer

mensalmente”, afirma.

uniãoPortela faz parte de um grupo que reúne

mais de cem comerciantes do bairro.

Preocupados com o exemplo da Barra, que

teve queda no movimento do comércio

durante e depois das obras de requalificação, eles têm buscado soluções para

enfrentar o momento de crise. “O exemplo da Barra não é bom, mas qualquer

tipo de obra seria traumático para a gente. Criamos essa comissão justamente

para deixarmos essa coisa do trauma e partir para tentar se harmonizar com

a obra”, afirma.

Além de promover ações, o grupo também tem se reunido com represen-

tantes da prefeitura para discutir a obra e questões que preocupam os comer-

ciantes, como é o caso dos estacionamentos. “A prefeitura diz que as vagas

vão continuar as mesmas, porém mais organizadas, com a zona azul. A nossa

expectativa é que se cumpra o roteiro exatamente como foi falado e que não se

atrase nenhum dia, para acabar logo isso”, comenta João Paulo Lima, que faz

parte do grupo e já tem sentido uma retraída no movimento do seu restaurante

por conta das obras.

projetoSegundo Paulo Fontana, titular da Secretaria de Infraestrutura e Defesa Civil

de Salvador (Sindec), duas etapas da obra de requalificação já estão garanti-

das. Uma parte será entregue até janeiro e a outra, em outubro de 2016. Com

investimentos de R$ 44 milhões, as duas etapas abrangem os trechos desde a

Praia da Paciência, passando pelo Largo da Mariquita até a entrada da Fonte do

Boi, além das ruas João Gomes, Almerinda Dutra e Borges dos Reis, das praças

Brigadeiro e Colombo, parte da Avenida Oceânica e o Largo de Santana.

“Já temos a obra desenhada para frente, mas, a depender da situação finan-

ceira, o prefeito vai decidir quanto às próximas etapas”, relata o secretário. A

obra total, que teria custo de cerca de R$ 80 milhões e abrangeria o trecho até o

quartel de Amaralina, ainda não possui prazo de execução por falta de recurso.

Como o bairro é ponto de grande fluxo de veículos, a Superintendência de

Trânsito de Salvador (Transalvador) tem se dedicado para reduzir os reflexos da

obra no tráfego. “Nesta primeira fase estamos atuando com a interdição

Page 36: Revista [B+] 32

36 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

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“a cidade é uma reapropriação e ressignificação de espaços urbanos. Só que a gente não pode anular o que foi feito. tem que haver um movimento de manutenção”Tiago Nery, morador do bairro

de algumas ruas, além de contar com uma

equipe específica para o Rio Vermelho, focada

na obra”, destaca Fabrizzio Muller, superin-

tendente da Transalvador. “Após a obra, as

mudanças que estão sendo feitas com a re-

qualificação vão contribuir para um trânsito

mais organizado”.

Segundo Tânia Scofield, presidente da

Fundação Mário Leal Ferreira e responsável

pela obra, entre as principais mudanças pro-

gramadas estão o alargamento das calçadas,

alinhamento dos passeios e implantação de

um piso compartilhado de blocos intertravados, entre o Largo de Santana e

o da Mariquita, onde poderão circular veículos e pedestres. “O objetivo é que

esse espaço dinâmico permita as pessoas andarem mais, até pela questão dos

encontros, da convivência”, afirma.

Apesar de o projeto buscar a preservação das principais características do

bairro, as pedras portuguesas não estão mantidas no mesmo. “A gente não

consegue ter bons assentadores de pedras portuguesas e muito menos uma

conservação desse tipo de calçamento”, explica Tânia, informando que todos os

passeios públicos serão de concreto. “Mas em áreas em que a pedra portuguesa

não afete o projeto e o morador ou proprietário do imóvel decida manter, nós

estamos permitindo a conservação”, ressaltou, sem citar algum local onde essa

tradição será mantida.

reivindicAçõesO editor de livros Tiago Nery é um dos moradores preocupados com a preser-

vação dos aspectos históricos do Rio Vermelho. “A cidade é uma reapropriação

e ressignificação de espaços urbanos. Só que a gente não pode anular o que foi

feito. Tem que haver um movimento de manutenção”, defende. Tiago faz parte

de um grupo de moradores que surgiu nas redes sociais e começou a se reunir

após o início das obras.

O coletivo “Rio Vermelho em Ação”, que tem realizado diversos atos em

protesto no bairro, foi o responsável pela abertura de um inquérito, instaurado

pelo Ministério Público Federal na Bahia, que vai investigar supostas irregulari-

dades na elaboração do projeto e execução das obras de requalificação. Entre as

reivindicações do grupo também está o acesso ao projeto na íntegra, para que

ele possa ser discutido com a população, por meio de audiência pública.

O coletivo “Rio Vermelho em Ação” tem realizado diversos

atos em protesto no bairro

bairros

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W W W. P O rta L b M a I S . C O M . b r 37

FOtO

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unha

Além da requalificação da orla do bairro, outro projeto que está sendo executado pela prefeitura é a requalificação do Mercado do Peixe. Com investimento de R$ 3 milhões, a obra prevê a troca da estrutura do equipamento, formada por boxes, por quiosques, além da criação de outro estacionamento e um heliponto. Os permissio-nários tiveram as licenças revogadas e parte deles foi realocada nos mercados de Cajazeiras e Itapuã. A previsão é que a obra seja concluída em oito meses.

reuniõesPorém, segundo o presidente da Associação

de Amigos e Moradores do Rio Vermelho

(Amarv), Lauro da Matta, o projeto já vem

sendo discutido entre a prefeitura e enti-

dades do bairro há cerca de três anos. “Eu

cheguei aqui em 1964, então, posso dizer da

involução do bairro nesses anos todos. Essa

obra é um legado para os moradores. Tudo

que for para o progresso, a Amarv assina

embaixo”, afirma Lauro. As convocações para

as reuniões foram feitas pelo “Blog do Rio

Vermelho”, onde a Amarv costuma divulgar

as novidades sobre o bairro.

Neilton Dórea, vice-presidente do Instituto

de Arquitetos do Brasil (IAB) – Departamento

da Bahia, contesta a forma como são feitas

essas reuniões. “Trata-se de um procedimento

para cumprir a legislação, que nem sempre

reflete o anseio da população. Como é possível

discutir um projeto que é apresentado na

hora, sem ter sido estudado antes?”, questiona

o arquiteto e urbanista, ressaltando que nem

sempre a população possui o conhecimento

técnico necessário para discutir um proje-

to, mas que é necessário ouvi-la. Segundo

Neilton, a IAB vem solicitando os projetos que têm sido executados na capital

baiana, mas todos os pedidos foram negados.

(mAu) exemploPara Sônia Garrido, vice-presidente da Amabarra (Associação de Amigos e Morado-

res da Barra), um dos principais problemas da obra de requalificação do seu bairro

foi justamente o fato de a prefeitura não ter levado em consideração as necessida-

des dos moradores. “O projeto tinha como principal objetivo reduzir a quantidade

de carros, o que é louvável, mas sem dar condições para isso. Não foi estudada a

questão do transporte público, da segurança e do uso dos moradores e frequen-

tadores”, conta. “O equipamento que está aqui não é adequado às condições de

mobilidade que a gente tem, e isso resultou em uma quantidade significativa de

instituições comerciais fechadas”, acrescenta Sônia.

A presidente da Fundação Mário Leal Ferreira discorda. “Eu acho que o resulta-

do da Barra, em termo de requalificação, foi muito bom”, afirma Tânia Scofield. Para

ela, faltou aos empresários da Barra a união que ela observa no grupo do bairro

boêmio. “Os comerciantes do Rio Vermelho são muito proativos. Eles incorporaram

o projeto e estão com uma campanha muito forte de valorização do bairro. Eu acho

que essa unidade, talvez, não tenha havido na Barra. E acredito que é necessário

mais algum tempo para ver os resultados da obra que foi feita lá”, defende. [b+]

Page 38: Revista [B+] 32

38 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

potenciais

A vocação de Salvador para o turismo, o

entretenimento, o lazer e as atividades

culturais é óbvia. Assim como é óbvia sua

vinculação com o setor de serviços e a área

comercial, tanto interna como externa,

além, é claro, da histórica vocação portuá-

ria, agora revitalizada com o dinamismo do

terminal de contêineres.

Estas são vocações consolidadas, mas exis-

te uma outra, com enorme potencialidade,

mas que precisa ser estimulada pelo poder

público, federal, estadual e municipal. Trata-

se da especialização no setor de pesquisa e

Desenvolvimento. Um exemplo disso é que o

último Índice de Cidades Empreendedoras,

elaborado pela Endeavor, instituição que

apoia o empreendedorismo, coloca Salvador

em uma posição extremamente positiva no

quesito inovação.

No indicador Potencial de Geração de

Ideias, Salvador ficou em quarto lugar, abaixo

apenas de Florianópolis, São Paulo e Belém.

Se comparado com a média nacional, as empresas soteropolitanas são focadas

em inovação e a cidade é a quarta do país com maior número absoluto de

mestres e doutores trabalhando em empresas e também a quarta maior

proporcionalmente. Além disso, um em cada 13 funcionários das empresas

privadas está alocado em áreas ligadas à tecnologia, um dos melhores índices

entre as cidades pesquisadas.

Em termos de gastos públicos com ciência e tecnologia, Salvador aparece

em terceiro lugar no país e em números de pedidos de patente é a mais impor-

tante cidade do Nordeste. Em relação a projetos culturais, a cidade aparece

também como uma das mais empreendedoras do país.

Ora, tudo isso indica que há uma vocação latente na cidade para a especia-

lização em P&D. Aqui é fundamental que haja incentivo e apoio ao setor e que

o Parque Tecnológico da Cidade assuma efetivamente seu papel dinamizador,

hoje bem aquém do esperado.

O fato é que Salvador ainda é uma cidade aprazível, cheia de cultura, arte e

alegria e capaz de atrair mestres, doutores, pesquisadores e empresas ligadas

a tecnologia e a cultura, e, se há avanços nítidos na melhoria das condições

de urbanidade e na prestação de serviços básicos, é fundamental dar apoio

às universidades e centros de pesquisa e aprofundar o combate à violência

urbana, além, é claro, de viabilizar instrumentos de fomento a esse tipo de

empreendimento, com estímulos fiscais e financeiros. Se isso for feito, Salva-

dor poderá se tornar a capital da inovação no Nordeste.

SAlvAdOr: A OuTrA vOCAçãO

aRmando aVena

Escritor, economista, professor da Ufba e diretor do portal Bahia Econômica

Page 39: Revista [B+] 32

Belo Horizonte Brasília Ribeirão Preto Rio de Janeiro São Paulo

www.carlaamorim.com.br

loja.carlaamorim.com.br

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40 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

Vem pra rua!

Mais que um lugar para morar e trabalhar, as cidades têm sido exploradas pelo

cidadão contemporâneo como ambientes de ocupação plena. Ao poder público

não basta atrair empresas e universidades de alto nível técnico. Viabilizar a in-

teração entre os moradores nas ruas também faz parte da lista de ações neces-

sárias para promover o bem-estar da população e o aquecimento da economia.

Nas praças e largos de municípios baianos, iniciativas individuais têm

cumprido esse propósito. Em Salvador, A Feira da Cidade já recebeu mais de

um milhão de visitantes, em 60 edições realizadas em dez bairros. O projeto,

que completou um ano em setembro, reúne opções variadas de gastronomia,

artesanato, moda e cultura, o que inclui música ao vivo.

“Entre as coisas mais importantes que vemos claramente com A Feira é o

crescimento do sentimento de pertencimento das pessoas à sua cidade”, afirma

a coordenadora do evento, Carla Maciel, que destaca ainda a sua abrangência.

“Já selecionamos mais de 300 projetos, revelamos muita gente que nunca havia

mostrado seu talento e levamos tantos outros a desbravarem novos horizontes

e ampliarem seus negócios”, aponta.

A integração entre atividades culturais, artísticas, sociais e econômicas,

com a participação do poder público, é o que se classifica como cidade criativa.

Para o arquiteto urbanista Firmo Azevedo, esse é um conceito restrito. “É muito

difícil dizer que uma cidade é criativa, porque existem áreas em que essa trans-

formação não é possível”, argumenta, citando como um dos motivos os gargalos

FOtO: Igor Correia

Gastronomia, moda e música para todos os estilos definem a proposta da Feira da Cidade, que é ocupar o espaço público.

Ser palco de constantes interações sociais e culturais é o desafio dos centros urbanos em suas áreas públicaspor LUANA ASSIZ E TEDE SAMPAIO

cidade

Page 41: Revista [B+] 32

W W W. P O rta L b M a I S . C O M . b r 41

FOtO

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Cor

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FOtO

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rodu

ção

no setor de mobilidade. “O que falta em Salvador é um sistema

de transporte urbano coletivo. Para revitalizar a Cidade Baixa,

por exemplo, é necessário que todos possam acessar a região,

através do transporte público ou de carro, e para isso são ne-

cessárias ruas largas e estacionamentos”, pondera.

Azevedo analisa o fenômeno que tem provocado a mudan-

ça nos centros urbanos. “Em muitos países, o espaço público

passou a ser de convivência: a pessoa sai do trabalho e vai para

a praça ler um livro. A interação entre as pessoas é fundamen-

tal, assim como a contemplação das paisagens e a criação de

perspectivas visuais na cidade”, explica.

pAredes são telAsHá três anos, o publicitário Raphael Ribeiro decidiu ressig-

nificar os muros de Salvador através de estudos de caligrafia

aplicados por meio de técnicas que variam das ferramentas

tradicionais, como pincéis, a instrumentos construídos a

partir de vassouras, esponjas e brochas. Propriedades desocu-

padas ou abandonadas são o foco do artista, que precisa usar

a criatividade para executar suas ideias em lugares altos ou

muito deteriorados.

“Não interfiro nos bairros por opção, na verdade são os

muros que me escolhem. Eles falam: ‘Ei, olha pra mim, não

acha que eu posso ser mais bonito do que isso?’”. A reação

positiva das pessoas às cores e formas serve de incentivo ao

trabalho de Raphael.

O estímulo para esse tipo de iniciativa deve vir também do

poder público. De acordo com Firmo Azevedo, em cidades dos

Estados Unidos e de países da Europa é comum os governos exe-

cutarem projetos urbanísticos criados por escritórios de arqui-

tetura. Para além disso, há questões legais na intervenção sobre

os logradouros públicos. “Eu poderia propor como urbanista

fechar uma praça para a realização de atividades infantis, mas a

praça é pública e é preciso ter apoio do governo”, argumenta.

De acordo com o presidente da Saltur, Isaac Edington, faz

parte da política municipal promover a ocupação de espa-

ços públicos. “Apoiamos eventos como A Feira da Cidade, o

Festival Boa Praça, o Ruas de Lazer, o projeto Boca de Brasa

e temos buscado a iniciativa privada para a realização de

parcerias, através das quais oferecemos apoio de infraestru-

tura, como a organização do trânsito, a disponibilização de ba-

nheiros públicos, iluminação, recursos para financiar artistas,

entre outros”, afirma.

Viabilizar a interação entre os moradores nas ruas promove o bem-estar da população e o aquecimento da economia

A proposta de Raphael é levar alegria através das cores a lugares até então menosprezados, a exemplo de muros e lixeiras

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42 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

“O ato de plantar e pintar espaços públicos é uma forma lúdica de envolver as pessoas”Débora Didonê,articuladora e mobilizadora do movimento

FOtO

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ulga

ção

cAnteiros dA cidAdeA adoção da cidade por seus moradores

também passa pela gestão participativa dos

espaços. Foi a partir dessa ideia que, em fe-

vereiro de 2012, o projeto Canteiros Coletivos

começou a recuperar áreas verdes públicas.

Nos três anos de atividades, quatro áreas

de Salvador já foram impactadas. No Vale

do Canela, o depósito de lixo e entulho deu

lugar a mudas de plantas floridas, arbustos e

uma nova árvore. “As roçagens da prefeitura

ali também estão mais frequentes. Há ainda

um problema de lixo, mas bem menor do que

antes”, afirma Débora Didonê, articuladora e

mobilizadora do movimento.

No Parque Solar Boa Vista, alimentos já

foram plantados e há manutenções de jardi-

nagem constantes. O Gantois recebeu mudas

de árvores e contou com a adesão dos comer-

ciantes e moradores locais, que já colhem

mamão e maracujá do espaço. Na praça do Pôr

do Sol, no Rio Vermelho, o Canteiros Coletivos

conseguiu manter uma das 12 árvores planta-

das e desenvolve atividades com instituições

de ensino nas ocupações realizadas junto ao

projeto Bairro-Escola.

“O ato de plantar e pintar espaços públicos

é uma forma lúdica de envolver as pessoas

não só na transformação desses espaços, mas

na gestão deles. Elas experimentam modi-

ficar positivamente esses lugares e sentem

que um coletivo pode fazer muita coisa em

uma pracinha sem depender de permissões

ou burocracias do poder público”, resume

Débora Didonê.

mudAnçA de cenárioApesar de quase sempre os projetos estarem voltados para a recuperação

e reocupação de locais públicos, também existem grupos que mudam o

cenário de um bairro a partir da inclusão de pessoas marginalizadas em um

novo contexto, é o caso do Caena (Centro Avançado de Empreendedorismo

do Nordeste de Amaralina). A iniciativa tem por objetivo possibilitar que jo-

vens da localidade se tornem empreendedores, evitando que eles adentrem

no mundo do crime.

O Caena, localizado no Nordeste de Amaralina e com sede física ainda em

construção, não conta com verbas públicas e vem sendo desenvolvido atra-

vés de doações. De acordo com o frei Rogério Soares, idealizador do projeto, a

intenção é que os jovens da comunidade tenham a possibilidade de adquirir

formação técnica e criem seus próprios empreendimentos. “Ao iniciar os cursos,

o jovem terá o acompanhamento de um consultor que lhe ajudará a escolher o

tipo de empreendimento que lhe parecer mais promissor”, explica.

No local já funcionam uma creche e uma escola de ensino fundamental. A

expectativa é que o espaço forneça formação para 200 futuros empreendedores.

interiorNo Recôncavo baiano, a ocupação das áreas públicas tem ocorrido de formas

diversas. De Cachoeira irradiou para outros dez municípios o projeto “Faz-se fil-

cidade

Page 43: Revista [B+] 32

W W W. P O rta L b M a I S . C O M . b r 43

FOtO

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ássi

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s

O grupo já promoveu a criação de filmes em 11 cidades do interior

baiano, em todas elas a população pôde apreciar o resultado

mes”, núcleo produtivo independente e itinerante, que oferece à

população dos locais por onde passa a possibilidade de gravação

de vídeos em gêneros variados. O processo é simples: a equipe,

formada por seis pessoas, passa quatro dias em cada lugar. No

primeiro, são feitos a divulgação e a seleção do elenco – pessoas

comuns interessadas em fazer o filme da sua vida. O segundo

dia é dedicado às gravações; o terceiro, à edição; e, por fim, a exi-

bição, em praça pública do resultado para a comunidade local.

Para a idealizadora da atividade, Violeta Martinez, há um

componente social forte nesse trabalho, na medida em que

universaliza o acesso aos meios de produção cinematográfi-

ca e incentiva o potencial criativo da população. “O projeto

ocupa os espaços públicos, porque inclui a comunidade como

um todo, tanto na produção do filme, na escolha das locações,

como também na exibição, momento em que convidamos

as pessoas a ocuparem as praças para prestigiar os artistas

locais”, explica a autora do projeto, financiado pelo Fundo de

Cultura do governo do estado da Bahia, por meio de um edital

de Economia Criativa.

As tradições religiosas de matriz africana têm em Cachoeira

terreno fértil de expressão – é lá que acontece a Festa da Boa

Morte, Patrimônio Imaterial da Bahia desde 2010. Com o obje-

tivo de promover o encontro entre representantes de segmen-

tos religiosos e expressões artísticas do candomblé, o projeto

Quarta dos Tambores é realizado sempre às 19h, na Praça Tei-

xeira de Freitas (Praça da Liberdade). Desde 2011, foram mais

de 45 edições, com público médio de 300 pessoas, entre artistas,

estudantes, trabalhadores, donas de casa, turistas e crianças. A

ação conta com apoio da prefeitura por meio da Secretaria Mu-

nicipal de Cultura e Turismo, responsável pelos equipamentos

de som, suporte aos artistas e serviços de iluminação. [b⁺]

Page 44: Revista [B+] 32

44 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

comércio

Pode causar surpresa a alguns que um presi-

dente de entidade empresarial, um leigo no

assunto, portanto, esteja abordando um tema

para especialistas. Mas o fato é que, como

cidadão, preocupa-me o destino da nossa

cidade, sobretudo do bairro do Comércio e de

seus habitantes.

Não há um conceito uniforme e inteiramen-

te aceito do que seja uma cidade inteligente.

São vários. O que há em comum em todas as

abordagens é a utilização da tecnologia da in-

formação e comunicação em grande escala, de

forma consciente, tendo como objetivo melho-

rar a sua administração e a vida dos cidadãos,

buscando a sustentabilidade. As cidades inte-

ligentes são parte da resposta a um paradigma

predominante no ocidente de dominação e

exploração da natureza, sem limites.

É uma nova cultura urbana, uma “reenge-

nharia”, inclusive com reflexos na elaboração

do orçamento e no controle das decisões pú-

blicas. Sua principal linha filosófica é tornar-

se uma “cidade para pessoas”.

A maneira mais corrente de se iniciar um

processo em direção a uma cidade inteligente

é criar uma área-piloto: um “cluster”. Ou seja,

uma parceria entre o poder público e a iniciativa

privada de forma criativa, visando produzir

serviços avançados dentro da ótica da nova

economia, a economia verde: aquela que é mais

eficiente no uso de seus insumos, polui menos e

procura dar ênfase na reciclagem de materiais.

SAlvAdOr POdE SEr MAiS iNTEliGENTE

luiz FeRnando sTudaRT

Presidente da Associação Comercial da Bahia

O empreendedorismo, a criatividade, o aprendizado, a inovação e a diversi-

dade são características marcantes dessa experiência, apoiando-se numa visão

de atividades econômico-empresariais em “rede”, isto é, com relacionamento

sinérgico.

As cidades inteligentes têm sido usadas, em diversos países, para facilitar

a recuperação de áreas que estão se degradando, sobretudo os centros das

cidades. Esse tem sido o seu mais importante papel. Esses centros já possuem

infraestrutura, mobilidade urbana e residências. Recicla-se a área, redefinem-se

suas atividades empresariais, culturais e outras, em vez de deixá-la morrer. É

ideal para a instalação de pequenas e médias empresas, desenvolvendo ativida-

des não poluentes.

A cidade inteligente tem optado por ser de múltiplas utilidades. Nela convi-

vem as atividades empresariais e profissionais, ao lado de atividades de lazer,

culturais, educacionais, além de ser utilizada para fins residenciais. Torna-se

uma diversidade na unidade. A diversidade facilita a inovação.

É ponto comum nos projetos de cidades inteligentes a participação decisiva

de uma agência de desenvolvimento. Ela concebe e implementa o planejamento

estratégico, estabelece prioridades, escolhe e organiza as cadeias produtivas,

conduz os processos de sinergia.

Há pouco, a prefeitura de Salvador lançou, na Associação Comercial da

Bahia, o Programa de Incentivo ao Desenvolvimento Sustentável e Inovação

(Pidi), com objetivos semelhantes aos das cidades inteligentes. O bairro do Co-

mércio é o ponto ideal para se implantar o núcleo-piloto que deverá ser criado

com esse programa. Tem toda a infraestrutura necessária, é uma área compac-

ta, de fácil mobilidade e com imóveis disponíveis para abrigar as atividades que

nela se instalarão. Conecta-se facilmente com outras áreas. A sua parte resi-

dencial pode ser renovada e ampliada, aproveitando-se os espaços de prédios já

existentes. O bairro do Comércio possui um bom número de universidades que

podem se integrar ao projeto. O turismo, atividade importante nesses projetos,

pode ser desenvolvido com facilidade: tem o mar, o porto, o mercado, etc. Me-

lhores condições seriam impossíveis. Salvador merece ganhar esse novo polo de

desenvolvimento sustentável.

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A capital baiana pode ser estrangulada por um nó. Há carros demais, transporte público de menos e congestionamentos quase diários. Afinal, o que tem sido feito para melhorar? Como deve ser a Salvador ideal?por MURILO MELO

FOtO: Shutterstock

tá tUdo parado

Não cabe mais. Esta é a sensação que motoristas e usuários de ônibus têm ao

sair às ruas de Salvador, principalmente em período de pico. Já se tornaram

rotina para a população os quilômetros de congestionamentos, a luta pelo

transporte público, o sofrimento diário com as filas em terminais de transbordo

e a espera pelos ônibus que tardam.

De acordo com estimativa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro

(Firjan) divulgada em setembro, na região metropolitana de Salvador (RMS),

807 mil trabalhadores levaram, em média, duas horas e oito minutos nos des-

locamentos entre a casa e o trabalho e do trabalho para a casa, considerando

apenas os deslocamentos acima de 30 minutos. Os dados são referentes ao ano

de 2012. O preço que se paga por este número é alto. Cerca de R$ 3,3 bilhões dei-

xaram de ser ganhos, ou seja, 4,6% de tudo o que é produzido (PIB) na RMS.

“Há prejuízo de conforto físico como o estresse, o que faz com que a popula-

ção chegue cansada ao trabalho”, explica o economista e mestre em desenvolvi-

mento urbano da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia

(Conder) Rodolfo Lujan. “Já a freguesia, quando percebe que algumas vias estão

congestionadas com frequência, tende a fugir

destes locais. O resultado é que o comércio

fica debilitado, os preços tendem a cair. Daí os

imóveis ficam desvalorizados. A cidade passa a

funcionar de forma desordenada”, diz.

O último estudo realizado pela Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad),

do IBGE, em 2012, revela que, em alguns perí-

odos, investimentos em transporte consegui-

ram reduzir o tempo perdido no trânsito, mas,

depois, tudo volta à estaca zero. “Em Salvador,

o viaduto Eduardo Campos, as mudanças de

tráfego na região do Iguatemi e as estações de

metrô melhoraram um pouco”, diz Heliodório

Sampaio, doutor em arquitetura e urbanismo

e professor titular de planejamento urbano

mobilidade

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W W W. P O rta L b M a I S . C O M . b r 47

da Universidade Federal da Bahia (Ufba). “As

melhorias, porém, duram pouco. Pelo que foi

visto nos anos anteriores, em outras altera-

ções na cidade, depois de um tempo, as vias se

saturam de novo, e o trânsito empaca”, conta.

Segundo ele, isso acontece porque a capaci-

dade é inferior à demanda. Existem muitos

automóveis nas ruas e, para piorar, poucos

estacionamentos ou estacionamentos caros. O

resultado são veículos parados ocupando me-

tade da via e transformando horários de pico

num caos. “Mesmo aumentando a oferta de

infraestrutura, ainda fica aquém da demanda.

Estamos sempre correndo atrás do prejuízo”,

explica o especialista.

Cerca de r$ 3,3 bilhões deixam de ser produzidos enquanto Salvador está pa-rada em engarrafamentos

Sampaio opina que existe uma inversão da lógica em nosso modelo de

urbanismo. “Privilegiou-se o uso do transporte individual em detrimento do

coletivo. O que acaba não atraindo. Ninguém que tenha um pouco de poder

aquisitivo quer andar em um transporte de baixa qualidade”, completa.

O secretário de Urbanismo e Transporte, Fábio Mota, culpa a falta de plane-

jamento ao sistema de transporte em Salvador realizado nos últimos 40 anos.

“As linhas não tinham contratos licitatórios sérios”, argumenta. Para reverter o

quadro, a prefeitura contratou, no fim do ano passado, os consórcios Platafor-

ma, Ótimo e Salvador Norte, que, segundo Mota, precisaram se adaptar às no-

vas regras estabelecidas. “Os problemas surgiam e não tínhamos a quem culpar.

Agora [com a mudança feita no começo do ano] estamos reestruturando tudo,

podemos fiscalizar e exigir. Temos regras claras, com segurança contratual”, diz.

medidAs contrA o cAos Uma série de obras em avenidas, entretanto, é feita na tentativa de desafogar

o trânsito. A primeira etapa dessas obras ficou pronta ainda em 2014, com a

duplicação e ampliação da Avenida Pinto de Aguiar, que, junto à Avenida Gal

Costa, forma a Linha Azul. Com 12,7 quilômetros, a linha deve contar com dez

viadutos, quatro túneis duplos, ciclovias e pista dupla com três faixas cada, in-

cluindo uma exclusiva para o transporte público, até integrar-se ao metrô. Ao

todo, serão gastos R$ 647 milhões, segundo a Secretaria de Desenvolvimento

Urbano da Bahia (Sedur). Já a Linha Vermelha, formada pelas avenidas

pAlmA dA mão

Implantado pela prefeitura em agosto, o aplicativo CittaMobi é um recurso que permite que o cidadão tenha acesso aos horários dos ônibus e possa avaliar o serviço oferecido pelas empresas. O aplicativo ganhou força após o anúncio da circulação de ônibus durante a madrugada na capital, em setembro. De acordo com o prefeito aCM neto, uma nova etapa do app será lançada em breve pela Secretaria de Mobilidade, quando o usuário poderá fazer queixas sobre os motoristas. “a prefeitura tem uma central de operações nas três bacias. Se houver alguma reclamação, acionamos as empresas”, disse neto.FO

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48 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

“O ideal é que todas estas opções de trans-porte se completem. a mobilidade para ser sustentável precisa ser integrada”,ubiratan Félix, especialistaem mobilidade urbana e presidentedo sindicato dos engenheiros da bahia

FOtO: elói Corrêa

Orlando Gomes e 29 de Março, terá 20 km de

extensão por onde devem estar distribuídos

seis viadutos, pontes, ciclovias e pista dupla

com três faixas cada.

Todas essas mudanças têm o objetivo

de garantir fluidez nas principais avenidas.

“Temos focado nossos esforços em áreas crô-

nicas e históricas da cidade, como Iguatemi,

Suburbana e São Joaquim, com a implanta-

ção de projetos de engenharia de tráfego. Os

resultados têm sido satisfatórios nos locais de

intervenção e no tráfego do entorno”, explica

o superintendente da Transalvador, Fabriz-

zio Muller. O rodízio de carros, que impede a

circulação um dia por semana de acordo com

o final da placa, prática comum em cidades

como São Paulo, não está nos planos para ser

aderido em Salvador. “Estamos trabalhando

com outras possibilidades”.

trens e metrôOutra solução para melhorar a mobilida-

de passa pelo investimento no transporte

público de alta capacidade, como o metrô. O

governo quer investir mais de R$ 3,6 bilhões

para a conclusão da linha 1, que opera em

seis estações, totalizando 9,7 quilômetros de

extensão, conforme a Sedur. O investimento

também passa pela implantação da linha 2,

com doze estações. A ideia é que o metrô che-

gue, em 2017, até a via principal do aeroporto

Internacional de Salvador.

Segundo o professor de urbanismo da

Faculdade de Arquitetura da Ufba, João Soares

Pena, a divisão do metrô é injusta. “Se compararmos a extensão dessas duas

linhas, a quantidade de estações em cada uma e a área por onde passam, pode-

mos notar que onde mais se precisa de transporte público é onde há a menor

quantidade de estações e a menor extensão, que é a linha 1”, diz. Questionada, a

assessoria de comunicação do governo disse, por meio da Sedur, que os projetos

de mobilidade são pensados e planejados por uma equipe preparada, que conhe-

ce a demanda da cidade.

Prometidas para o segundo semestre deste ano, as obras do veículo leve so-

bre trilhos do subúrbio (VLT), responsabilidade do governo estadual, e do BRT

de Salvador, obra da prefeitura, têm poucas chances de começar. A má notícia é

consequência do corte de gastos recém-anunciado pelo governo federal. O VLT

Uma das grandes apostas para a mobilidade da capital, o metrô deve chegar até a via principal do aeroporto internacional de Salvador até 2017

mobilidade

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W W W. P O rta L b M a I S . C O M . b r 49

do subúrbio substituiria o atual sistema de trens. Totalizando 18,5 quilômetros

de extensão e 21 estações, o sistema rápido, moderno e não poluente beneficia-

ria mais de 1,5 milhão de moradores do subúrbio ferroviário, enquanto o BRT,

com um total de quatro complexos, transportaria mais de 200 passageiros por

viagem em cada sentido.

Os urbanistas veem Salvador como uma cidade que possui característi-

cas topográficas interessantes, o que possibilitaria o uso de transporte ver-

tical, como planos inclinados e elevadores. “Isto nem é algo novo, haja vista

o Elevador Lacerda”, diz Pena. “Temos uma ampla área banhada pelo mar,

temos a Baía de Todos-os-Santos, onde poderia haver um sistema efetivo de

transporte hidroviário”, analisa.

duAs rodAsCom o caos no trânsito e alerta à poluição, os

governantes começam a encarar a bicicleta

como um meio de transporte sério e importan-

te para a cidade. Redes cicloviárias, bicicletas

compartilhadas, bicicletários (exigência de

estacionamentos para bicicletas em lugares

públicos e privados, como shoppings e uni-

versidades), eventos ciclísticos e competições

esportivas ligadas ao setor começam a ser

idealizados, construídos e ampliados.

Para isso, um conjunto de ações tem sido

feito para atender os ciclistas. Entre elas, as es-

tações de compartilhamento de bicicletas assi-

nadas pelo banco Itaú. Com o sucesso da ação,

a prefeitura planeja estender para 350 os 100

quilômetros de circuitos cicloviários existentes

atualmente. “O objetivo é dar mais espaço para

pedestres, para bicicleta, para transporte públi-

co de qualidade e menos espaço para os carros”,

afirma o presidente da empresa Salvador

Turismo (Saltur) e coordenador do movimento

Salvador Vai de Bike, Isaac Edington.

Para o coordenador da Associação dos

Bicicleteiros da Bahia (Asbeb), Maurício Cruz,

a infraestrutura da cidade não é exatamente

o principal desafio. Ele diz que está longe de

os condutores entenderem que o trânsito

funciona muito além de carros e ônibus. “Em

Salvador, assim como em outras capitais do

Brasil, existe a cultura de que bicicleta é meio

de transporte usado para o lazer. As pessoas

não entendem que muitos usam esse veículo

para locomoção em geral, como ir ao trabalho

e à faculdade”, pontua.

A mobilidAde dA cidAde ideAlMas encher as cidades de ônibus, metrôs ou

bicicletas não é a solução, de acordo com o espe-

cialista em mobilidade urbana e presidente do

sindicato dos engenheiros da Bahia, Ubiratan Fé-

lix. “O ideal é que todas estas opções de transpor-

te se completem. O bacana seria se a população

saísse de casa a pé ou de bicicleta, guardasse o

equipamento no metrô ou seguisse em ônibus

que fosse capaz de transportá-lo. A mobilidade

para ser sustentável precisa ser integrada”. [b+]

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A capital baiana começa a enxergar as bicicletas como alternativa para desafogar o trânsito

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50 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

estAcionAr está cAro

Pensar os problemas que envolvem a mobilidade urbana em Salvador requer avaliar também

os serviços de estacionamento. O tema vem sendo constantemente discutido entre poder

público, empresários e sociedade civil, desde que teve início a cobrança pelo uso dos estacio-

namentos nos shopping centers da capital baiana, em junho deste ano. Até então, Salvador

era a única capital nordestina cuja cobrança por este tipo de serviço não era realizada.

A mudança, entretanto, não agradou parte da população, que julga abusivo o valor

cobrado por estes estabelecimentos, média de R$ 6 pelas duas primeiras horas. Mas o

descontentamento não para por aí. Os lojistas dos shoppings também amargam prejuízo,

como conta Fernando Ribeiro, diretor do Grupo Sal e Brasa, que viu o faturamento cair

30%. “Iniciamos o debate com os administradores dos shoppings, mas não há nenhuma

expectativa de redução da tarifa cobrada”. Desde que a cobrança foi iniciada, o Procon já

multou os shoppings de Salvador em aproximadamente R$ 500 mil, decorrente do não

cumprimento dos direitos do consumidor.

A notícia da intenção da prefeitura de Salvador de conceder a administração da zona

azul à iniciativa privada pegou os soteropolitanos de surpresa. Com a proposta de mani-

festação de interesse (PMI) publicada no Diário Oficial do Município, a prefeitura julga a

mudança necessária e considera ineficiente a atual forma de gestão desses espaços. De

acordo com coordenador de mobilidade do município, Eduardo Leite, o formato que se

tem hoje é defasado e favorece a prestação do serviço informal. “Ele não garante nenhu-

ma segurança tanto aos guardadores quanto aos usuários” afirma.

Com uma frota de quase 900 mil carros, Salvador disponibiliza aproximadamente

7.500 vagas na zona azul. A proposta de concessão, segundo Leite, pretende ampliar esse

número para 15 mil. “A prefeitura busca projetos que contemplem esse tipo de benefícios,

seja através de edifícios garagem ou garagens subterrâneas”, explica. Entre os benefícios

citados por ele cabem destaque a informatização do serviço (parquímetros e câmeras de

vigilância), facilidade no pagamento (cartão de crédito e débito e aplicativos para smar-

tphone) e cobrança fracionada.

Para o diretor de fiscalização do Procon- BA, Iratan Vilas Boas, todavia, a prefeitura

deve se atentar no que diz respeito ao valor cobrado por estes espaços para que o consu-

midor não seja prejudicado. “Ainda é a zona azul que regula o mercado dos estacionamen-

tos. Se assim não fosse, alguns estacionamentos privados aumentariam os valores, pois

o mercado ainda é regulado pelo preço”, diz. “Não adianta o projeto garantir mobilidade e

segurança se o consumidor não tiver o direito dele garantido”.

Na avaliação do presidente do Sindicato dos Guardadores e Lavadores de Veículos

Automotores do Estado da Bahia (Sindiguarda), Melquisedeque Souza, a proposta deve

ser repensada a fim de garantir o emprego dos atuais guardadores. “Estamos todos muito

preocupados com o que pode acontecer. Muitos pais e mães de família vivem desse tra-

balho”. Esses trabalhadores não possuem garantia jurídica de que serão contratados pela

empresa que venha a administrar esses espaços. [b+]

depois dos shoppings, agora é a prefeitura de Salvador que pretende mudar a forma de gerir os estacionamentos públicospor TEDE SAMPAIOilustração ADNA NOVAES

estacionamentos

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Bahia EconômicaFórum

PROSPECTANDO O FUTURO

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52 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

autos&motos

O Grupo Caoa, importador oficial da Hyundai, promove ações fortes no mercado

nacional. Em parceria com a marca sul-coreana, a empresa monta (em regime de

CKD) o caminhão HR e os crossovers Tucson e ix35 em Anápolis (GO).

Nos mercados mundiais, exceto o brasileiro, o ix35 vem com “pele” e nome

de Tucson. Aqui, os dois convivem em plena harmonia e, agora, a Hyundai Caoa

lança o New ix35 em três versões de acabamento, todos com motor 2.0 flex de

167 cavalos, câmbio automático de seis velocidades e novo conjunto frontal.

O ix35 nacional sai por a partir de R$ 99.990 e incorporou a grade hexagonal

com divisórias bem definidas, faróis maiores e com luz de posição em LED. O

para-choque é quase uma peça só, integrando toda a parte frontal do crossover,

que traz ainda uma traseira com lanternas e conjunto óptico redesenhado.

O modelo vem, de série, com maçanetas cromadas, rodas de 18”, rebatimen-

to elétrico dos bancos, ar-condicionado, volante multifuncional, entre outros

itens. Mas os mimos chegam a partir da versão intermediária, com ar-condi-

cionado digital de duas zonas, piloto automático, navegador GPS, partida por

botão e rack de teto – custando R$ 109.990.

Há ainda um pacote bem amplo de equipamentos na sua versão topo da

gama, que custa R$ 122.990 e vem com bancos, volantes e manopla do câmbio

em couro, lanterna com LED, teto solar panorâmico, air bags laterais e de corti-

na, multimídia com câmera de ré, protetores plásticos nas laterais, controles de

tração e estabilidade e assistente de frenagem em declives.

imperiAl mostrA novo cr-vSalvador ganhou uma apresentação ex-

clusiva do novo CR-V. O Grupo Imperial/

Honda abriu as portas da loja de Alpha-

ville para a equipe da marca japonesa

mostrar as mudanças no crossover. Vin-

do do México, o novo CR-V chega apenas

em uma versão de acabamento, a topo

da gama com motor 2.0 i-VTEC FlexOne,

de 155 cavalos a 6.300 rpm e torque máxi-

mo de 19,5 kgfm a 4.800 rpm, acoplado ao

câmbio automático de cinco marchas e

sistema de tração 4x4 integral 4WD.

O utilitário da Honda está mais vis-

toso, com rodas de 17 polegadas, luzes diur-

nas de LED, faróis renovados de neblina,

para-choques mais robustos e de detalhes

em cinza e lanternas com novo desenho

ótico. Destaque para o novo painel, ven-

tilação traseira do ar-condicionado dual

zone, chave presencial, teto solar, bancos

em couro e sistema multimídia com tela

de 7 polegadas sensível ao toque. Na

Bahia, sai por R$ 134.900. Além da capital

baiana, a ação foi realizada em Recife, Belo

Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.

RobeRTo nunes

Jornalista especializado na indústria automotiva desde 2002

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ix35 fica ainda mais bOnitO nO brasilCrossover é montado em anápolis e ganha nova frente com faróis maiores e com LED diurnos

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W W W. P O rta L b M a I S . C O M . b r 53

com tudo o Que tem direitoa Chevrolet ataca a chegada da picape Oroch, da renault, com a versão advantage da picape média S10. O modelo tem como base a configuração Lt, com cabine dupla, tração 4x2 e motor 2.4 flex, de 147 cv, auxiliado pelo câmbio manual. Sai por r$ 86.900 e, de série, inclui rodas de 16, MyLink, ar-condicionado, computador de bordo, controle de velocidade, faróis de neblina, setas nos retrovi-sores e banco de motorista e direção com regulagem de altura.

de cArA novAThiago Bonina, da Bahia Vip (revenda Lifan), comemora a

chegada do novo X60, o carro chinês mais vendido no Brasil.

Ganhou novo visual e melhorias na suspensão. Mas Bonina

aposta na versatilidade do caminhão Foison para quem

deseja montar um food truck, serviço já regulamentado na

capital baiana. O Foison tem motor 1.3 a gasolina, de 80 cv, e

funcionalidade para montar vários tipos de carroceria.

imperiAl mostrA novo cr-vFranco Puglia, gerente de vendas do Grupo Sammar (única

revenda Kia com três lojas em Salvador), já comercializa

o Picanto com câmbio manual e o novo Sorento. O hatch

sai por R$ 39.990 e traz o bom motor 1.0, de três cilindros, o

mesmo flex do HB20. Já o Sorento vem só na versão topo

da gama, com motor 3.3 V6, de 270 cv, câmbio automático

de seis velocidades, direção elétrica, tração 4x2 e configu-

ração para transportar sete pessoas. O preço (R$ 185.900) é

para brigar com SantaFe, Edge e Discovery Sport.FOtO

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na pista

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54 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

turismo de Salvador perde espaço para outras capitais nordestinas e trade hoteleiro amarga a pior média de ocupação dos últimos 14 anos por TEDE SAMPAIO

TuriSmo ABAixo dA médiA

Com a cotação do dólar nas alturas, 78% dos brasileiros dispos-

tos a viajar pelos próximos seis meses o farão pelo próprio país,

é o que revela o boletim mensal da Sondagem do Consumidor

divulgado pelo Ministério do Turismo no mês de setembro.

A pesquisa também mostra que o Nordeste continua como o

principal destino, com 44,9% da preferência, sendo Salvador a

capital nordestina mais desejada entre os turistas domésticos.

A realidade vivida pelo setor turístico na capital baiana de

janeiro a agosto de 2015, entretanto, revela um cenário menos

otimista. Dados apresentados pela Federação Baiana de Hos-

pedagem e Alimentação (FeBHA) revelam que, nesse período,

a média de ocupação nos hotéis em Salvador foi de 54,58%,

quase quatro pontos percentuais abaixo do índice registrado

na mesma época do ano passado. O presidente da FeBHA,

Silvio Pessoa, explica que, nos últimos três anos, os hotéis

não conseguiram atingir a média anual de 60% de ocupação,

porcentagem considerada crucial para a sobrevivência desses

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nor

te

estabelecimentos. “Antes disso, nós tínhamos a média anual de

66% de ocupação na cidade”.

O levantamento realizado nos 28 maiores hotéis de Salvador

apresenta os piores resultados desde 2001, quando a pesquisa

mensal sobre hospedagem teve início. Pessoa explica que 450

hotéis estão em atividade na cidade, somando 40 mil leitos.

“Nos últimos cinco anos, incentivados pelo poder público muni-

cipal e estadual, criamos cerca de quatro mil leitos por causa da

Copa do Mundo. O problema é que não foi feito um estudo de

viabilidade econômica, e isso criou uma sobreoferta” afirma.

Para amenizar o impacto da crise vivido pelo setor, ele ex-

plica que os hotéis congelaram os preços e estão ofertando pa-

cotes promocionais como forma de atrair o turista, mas a atual

situação da cidade não colabora para reverter esse quadro.

“Perdemos espaço no turismo de praia, o Centro de Conven-

ções está fechado e até mesmo o clima não nos favorece, já que

tivemos mais de 100 dias de chuva”.

Preocupados com o futuro, profissionais do setor turístico não esperam boas notícias a curto prazo

hotelaria

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será Que dá prAiA?Desde agosto de 2010, com a derrubada das 352

barracas espalhadas ao longo dos 50 quilôme-

tros de orla marítima de Salvador, houve uma

retração no seguimento turístico de praia e

sol. A falta desses equipamentos faz com que

os visitantes migrem para outros destinos no

Nordeste. Na tentativa de reverter a situação,

a prefeitura municipal dá prosseguimento

ao plano de requalificação desses espaços.

Segundo o secretário de Turismo de Salvador,

Érico Mendonça Júnior, este é um ponto de

grande relevância para a retomada do turismo

na capital baiana. “Já reurbanizamos as orlas

da Barra e do subúrbio ferroviário e segue a

requalificação das orlas de Itapuã, Piatã, Rio

Vermelho e Jardim de Alah”.

O secretário afirma, porém, que, por de-

terminação da Justiça, as barracas não mais

voltarão à areia das praias. Elas serão substi-

tuídas por quiosques, localizados fora da área

da Marinha. As praias de Itapuã e Piatã serão

as primeiras contempladas e passarão a con-

tar com 32 dos 100 novos equipamentos. “São

quiosques de 30, 50 e 100 m² que atenderão o

público local e o turista, dando mais conforto

àqueles que vão usufruir das nossas praias”,

adianta o secretário.

As estruturas incluem mesas, cadeiras e

sombreiros e vão abrigar bares, cafés e lancho-

netes, para atender a uma demanda variada.

À frente desses empreendimentos estão as empresas Saneando Projetos de En-

genharia e Consultoria, Holz Engenharia e o consórcio RPH Engenharia e Lazer

Salvador Empreendimentos, que venceram a licitação municipal realizada no

ano passado. Juntas, pagarão R$ 5,2 milhões de outorga à prefeitura municipal,

com prazo de concessão de 15 anos.

turismo de negóciosDurante a baixa estação o movimento turístico no Nordeste se concentra

nas viagens de negócios. Também nesse ponto, a capital baiana tem perdido

espaço para outros destinos, a exemplo de Recife e Fortaleza. Segundo pesquisa

encomendada pela Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas

(Abracorp), Salvador é destino de 8% dos passageiros que utilizam as com-

panhias aéreas em viagens de negócios. Embora Recife e Fortaleza tenham

crescido mais que Salvador na atração de eventos e congressos, ambas ainda

estão abaixo da capital baiana no ranking divulgado pela Abracorp, com 5% e

3%, respectivamente.

O motivo, como afirma o presidente da FeBHA, se dá prioritariamente pelo

fechamento do Centro de Convenções de Salvador. “O Centro de Convenções é

o que capta grandes congressos e eventos que ajudam o setor durante a baixa

temporada; sem ele, os eventos migram para outros destinos”. Fechado para

reforma desde julho deste ano, o espaço já vinha apresentando problemas

decorrentes da falta de manutenção.

De acordo com o secretário estadual de Turismo, Nelson Pelegrino, o prédio

passa por uma reforma emergencial que visa à recuperação de vigas, escadas

de incêndio e estruturas metálicas. “A requalificação do espaço está sendo rea-

lizada pela Metro Engenharia e Consultoria Limitada, com valor estimado em

R$ 5,3 milhões. Uma segunda licitação será realizada no valor de R$ 9 milhões e

tem como função a instalação dos equipamentos de climatização no segundo e

terceiro andares do prédio”. Ainda segundo o secretário, uma terceira interven-

ção visa à recuperação do Teatro Iemanjá, com reparação do forro,

Depois de Itapuã e Piatã, os novos equipamentos serão instalados no Jardim de Alah, Barra, Rio Vermelho, Ribeira, Tubarão e São Tomé de Paripe

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Com investimento de R$ 28 milhões, o Mercado do Rio Vermelho foi reinaugurado em junho de 2014 e conta com 183 boxes distribuídos em uma área construída de 8.735 m²

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56 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

o novo centro de convençõesno pacote de novos investimentos anunciados pelo governo esta-dual no mês de julho deste ano, está a construção de um novo cen-tro de convenções numa área ocupada atualmente pela Marinha do brasil no bairro do Comércio. O governador rui Costa afirma que a mudança tem como propósito alinhar a funcionalidade do equipa-mento às belezas naturais e culturais da baia de todos-os-Santos e do Centro Histórico de Salvador. “um centro de convenções no Comércio tem em seu entorno uma baia belíssima e o Centro Histórico, essa maravilha que o mundo todo admira. Portanto nós temos dois ingredientes que servem de atração para disputarmos não apenas eventos nacionais, mas também os internacionais”.

apesar de ainda não ter definido uma data para o início da obra, o governador se diz determinado à construção do novo centro de convenções. “não há nenhum empecilho por parte da Marinha, até porque eles também já desejavam a mudança para a base naval de aratu. estamos definindo o que eles desejam lá (aratu) para elaborarmos um calendário para retirada da corporação e início das obras no Comércio”. enquanto o equipamento permanece interditado, a arena Fonte nova, o Parque de exposições e a rede Hoteleira se tornaram alternativas para a realização de eventos.

troca dos tirantes de sustentação e de carpetes,

requalificação das escadas rolantes, elevadores

e divisórias do quarto andar. “A finalização dos

estudos está em curso. Depois, eles terão custos

avaliados e seguirão para providências adminis-

trativas. A previsão para reabertura do Centro

de Convenções da Bahia é 2016”, completa.

turismo consciente Para a professora Dra. Francisca de Paula, espe-

cialista em configuração do turismo na Bahia, o

problema vai muito além da questão da infraes-

trutura. Segundo ela, o setor nunca foi consi-

derado uma atividade prioritária para o poder

público e, por este motivo, não possui definidas

políticas públicas que articulem o desenvolvi-

mento econômico, social, cultural e ambiental.

“Comunidade, destinos, monumentos, patrimô-

nio histórico... Tudo é transformado num grande

pacote, numa mercadoria. Isso enfraquece as

motivações de viagens das pessoas”.

A especialista explica que Salvador é pouco

valorizada ao se considerar a sua importância

histórica e cultural. Ela chama ainda a aten-

ção para um novo processo de higienização

vivido pela cidade. “Além de ser a primeira

capital do país, Salvador tem uma riqueza

cultural imensa que vem sendo dilapidada.

A Feira de São Joaquim e a Ceasa do Rio Ver-

melho são exemplos de como a intervenção

na infraestrutura esqueceu o maior legado

desses locais, que são as pessoas”.

Enquanto isso, para trazer de volta o turista para Salvador e amenizar

os efeitos da crise vivida pelos empresários do setor, a prefeitura aposta na

criação de um calendário de grandes eventos festivos. Entre eles, destacam-se

o Réveillon e os festivais da Primavera, da Cidade e o Salvador Jazz. “Outros

ainda virão, estes eventos estão sendo pensados para fortalecer a capacidade de

Salvador poder voltar ao seu lugar de destaque no turismo nacional e interna-

cional”, afirma Érico Mendonça. [b+]

“Salvador tem uma riqueza cultural imensa que vem sendo dilapidada. A Feira de São Joaquim e a Ceasa do Rio Vermelho são exemplos de como a intervenção na infraestrutura esqueceu o maior legado desses locais, que são as pessoas”Francisca de Paula, especialista em configuração do turismo na bahia

hotelaria

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com

Enquanto o Centro de Convenções estiver interditado, a Arena Fonte Nova, o Parque

de Exposições e a rede hoteleira serão alternativas para a realização de eventos

Page 57: Revista [B+] 32

Patrocínio:

Apoio de Mídia:Apoio:

PALESTRANTES CONFIRMADOS

A CONSTRUÇÃO DO PLANO DE CARREIRA: CONTRATAÇÃO /// ENGAJAMENTO /// MERITOCRACIA

GRUPO PÃO DE AÇÚCAR

Antônio SalvadorVP de Pessoas e Sustentabilidade

REVISTAS VOCÊ S/A E VOCÊ RH Daniela DinizEditora Sênior

DR. GERVÁSIO ARAUJOMédico, Psiquiatra,

Psicólogo Organizacional, Psicoterapeuta, Mestre em

Desenvolvimento Humano e Responsabilidade Social

23 OUT8h às 12h30Local

Teatro do Colégio Villa (Villa Campus de Educação)

Av. Luis Viana, 7731 Paralela – Salvador – Bahia

Informações e Inscrições

(71) 3480 [email protected]

Page 58: Revista [B+] 32

58 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

iniciativas públicas e privadas buscam melhorias para o Centro Antigo que vão além do interesse pelo turismo na regiãopor LORENA DIAS

FOtO

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ivul

gaçã

o

Passado e futuro: projeto do Palace prevê apartamentos, além de lojas, bares, restaurantes e uma piscina na cobertura

NãO Só PArA TuriSTA vEr

Um local onde as pessoas possam passear, mo-

rar e trabalhar. Esta é a ideia do empresário

Antonio Mazzafera para o Centro Histórico de

Salvador. O mineiro, da Fera Investimentos,

foi o responsável pela compra do Palace Hotel

e diversos outros imóveis localizados na Rua

Chile. “A cidade de Salvador cresceu bastante

para o eixo norte, como é o caso dos bairros

da Pituba, Iguatemi e a própria região da

Paralela. Mas eu acho que os soteropolitanos

precisam olhar para esse grande artigo que

nós temos, que é uma região de grande poten-

cial, para a gente poder desenvolver essa área

novamente”, defende Mazzafera.

O empresário foi apresentado ao projeto

do Palace Hotel em 2011, em uma de suas visi-

tas à Bahia. “Fiquei apaixonado pelo Palace e

comecei a vislumbrar a possibilidade de nós

comprarmos para reformá-lo e transformá-lo

novamente em um hotel de luxo, posição que

ele ocupou por muitas décadas”, conta. Com

investimento de R$ 50 milhões, o projeto do

Palace prevê 81 apartamentos, 12 suítes, além

de lojas, bares, restaurantes e uma piscina na

cobertura. A reforma deve durar por mais 12

meses e a abertura do hotel está prevista para

o fim do primeiro semestre de 2016.

centro histórico

Page 59: Revista [B+] 32

W W W. P O rta L b M a I S . C O M . b r 59

FOtO

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artin

s

reAbilitAndo o territórioMas o projeto de Mazzafera não tem apenas o objetivo de

encantar turistas. Além da reforma do Palace Hotel, a Fera In-

vestimentos também pretende construir prédios residenciais,

escritórios e um estacionamento. “Temos que montar uma rede

de serviços que atraia as pessoas para morar nessa região”.

A Diretoria do Centro Antigo de Salvador (Dircas), órgão

do governo estadual, avalia de forma positiva os investi-

mentos do setor privado na região. “A implantação de novos

negócios, serviços ou moradias é indicativo de que é possível

reabilitar o território e resgatar sua importância histórica, a

exemplo da Rua Chile, uma das mais tradicionais da capital

baiana, cujo apogeu durou até meados da década de 70 do

século passado”, afirma o diretor Mateus Mathias. O Dircas

tem trabalhado no projeto Pelas Ruas do Centro Antigo,

pelo qual o governo do estado vai investir R$ 123 milhões na

melhoria da infraestrutura urbana em mais de 200 ruas dos

11 bairros que integram o Centro Antigo de Salvador, onde

residem 77 mil pessoas.

Questão sociAlPara Cícero Melo, diretor da Associação de Moradores e

Amigos do Centro Histórico de Salvador (Amach), não basta

apenas revitalizar casarões e fazer melhorias na infraestrutu-

ra da região, é preciso pensar na função social, especialmente

dos imóveis. “A execução de reformas materiais, de fachadas,

de praças e ruas, acontece. Mas o social não se desenvolve, e é

por isso que vivemos essa crise, com essa questão social que

não avança”, desabafa Cícero.

Um dos grandes orgulhos da Amach é a Cozinha Comu-

nitária do Pelourinho, resultado de uma parceria com o go-

verno do estado, que foi inaugurada em julho. “Esse projeto

vai possibilitar a produção de refeições a preços populares e

a formação da cooperativa de trabalhadores do Pelourinho,

que vai fazer a gestão desse empreendimento comunitário”,

explica Cícero. Segundo o diretor da Amach, além de gerar

emprego e renda, o projeto também envolve uma creche e

escola infantil, para dar apoio às famílias que fazem parte

da cooperativa.

Projeto “Pelas Ruas do Centro Antigo” deve investir R$ 123 milhões na melhoria da infraestrutura urbana em mais de 200 ruas dos 11 bairros que integram o Centro Antigo de Salvador

Page 60: Revista [B+] 32

60 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

“temos que montar uma rede de serviços que atraia as pessoas para morar no Centro Histórico”, antonio Massafera

De acordo com a Secretaria Municipal de Promoção

Social e Combate à Pobreza, o Centro Antigo é uma das

áreas de Salvador com maior concentração de popula-

ção em situação de rua. Por mês, a Semps investe cerca

de R$ 1,7 milhão em unidades de acolhimento, três

delas localizadas nas proximidades do Centro Históri-

co. “Além disso, nós temos uma equipe permanente de

assistentes sociais e psicólogos para fazer abordagem

às pessoas que estão em vulnerabilidade oferecendo

alguns dos nossos serviços, desde a inclusão no Bolsa

Família à distribuição de cesta básica”, explica o secre-

tário Bruno Reis.

pAtrimônio mundiAlO Instituto de Arquitetos do Brasil na Bahia (IAB-BA)

concorda com o pensamento da associação de mora-

dores. “O principal problema do Centro Histórico de

Salvador é de ordem social, econômica e da segurança

pública. A cidade que é boa para a sua população

certamente será excelente para o turismo”, defende

Solange Souza Araújo, presidente do instituto.

Mas o estado de conservação dos imóveis da

região também continua a preocupar o IAB-BA. No

início do ano, o instituto, ao lado de outras entidades,

encaminhou um documento para a Unesco, em Paris,

solicitando a inclusão do Centro Histórico na Lista do

Patrimônio Mundial em Perigo após a demolição de

31 imóveis. “Cem outros imóveis estão ameaçados de

ruir e tacitamente sujeitos a ser demolidos”, acrescenta

Solange, apreensiva com o futuro do Centro Histórico,

que, desde 1985, é reconhecido como Patrimônio Cultu-

ral da Humanidade. Até o fechamento desta edição, o

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

(Iphan) não se posicionou sobre o caso.

Enquanto isso, aos poucos vem sendo resgatada a

história de um dos principais imóveis da região. “Tinha

muito da estrutura do Palace Hotel que já estava com-

prometida. Então, o trabalho hoje é muito artesanal, de

restauração e recuperação, porque é um edifício muito

delicado, com quase 100 anos de idade”, comenta Anto-

nio Mazzafera, que, preocupado com o resgate da histó-

ria do prédio, encomendou uma réplica da fachada do

Palace, com o mesmo revestimento que era usado em

1934. “Um prédio moderno você encontra em qualquer

lugar do mundo. Mas prédios com aspectos históricos

e com essa vista para a Baía de Todos-os-Santos, isso é

único, só a Bahia tem”, afirma o mineiro. [b+]FOtO: divulgação

centro histórico

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Page 62: Revista [B+] 32

62 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

Uma PERGunTA

para

russO passapussO

“A gente tem o Carnaval aqui e a gente vê isso, né? A música tem

esse poder de aproximar e de afastar também. Os movimentos de Sal-

vador estão muito relacionados aos lugares. Eu vejo o Pelourinho como

uma interseção, que tem uma relação de unir tudo ali. As pessoas po-

dem morar lá em Stella Maris, mas elas caminham ali pelo Pelourinho

e são parte desse núcleo. É mais natural você compreender as misturas

dentro do Pelourinho. Fato. Por todo o histórico daquele bairro. Por

todo o conteúdo que o Pelourinho tem, um conteúdo das coisas mais

próximas da nossa época e das coisas mais antigas. O sofrimento e as

alegrias. Então, isso aí é uma energia que eu acho que a pessoa só sente

naquele lugar. Hoje em dia, o que é mais importante é quebrar esses es-

tereótipos de lugares de Salvador. Valorizo muito o Pelourinho, é a casa,

o celeiro, é história. Mas é importante levar de cada lugar esse respeito

e essa força que o Pelourinho tem. Então, junto com meus amigos, em

diversos projetos, não só no Baiana [System], a nossa intenção é justa-

mente transformar os lugares que a gente toca com a música. Vamos

tocar lá, vamos fazer a mensagem e aquele lugar vai virar o quê? Uma

transparência do que a gente está querendo falar. Sem estereótipo, sem

olhar a cor, a religião, o credo, de onde a pessoa veio, se ela gosta disso

ou daquilo. A gente tem que colocar esse ambiente e fazer aquilo tudo

ser harmônico dentro daquele lugar. Deixa de ser aquela história de

que para tocar rap tem que estar em tal lugar, para tocar rock ou para

tocar samba-reggae tem que estar em tal lugar. Ter traços de tudo ali

mostra que a gente pode colaborar e contribuir”.

O músico e compositor Russo Passapusso tem se destacado na nova geração da música popular produzida na Bahia. Atualmente, ele concilia o projeto autoral que comemora seus dez anos de carreira, o “Paraíso da Miragem” (2014), com os shows do grupo BaianaSystem, do qual é vocalista. Sujeito cosmopolita, Russo veio do interior do estado para a capital baiana ainda adolescente e estreitou seus laços com a música e a cidade de Salvador

por LORENA DIAS

FOtO: Fábio bitão

o BaianaSystem costuma fazer muitos shows no Centro Histórico. por causa disso, fãs de outros bairros da cidade passam a frequentar esse local. Você acredita que a música tem o poder de aproximar as pessoas da cidade?

uma pergunta

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64 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

no último levantamento divulgado pela secretaria da segu-rança pública, houve redução no número de crimes contra a vida na região metropolitana. mas, para a população, a sensa-ção de insegurança tem aumentado. por que isso acontece?Essa sensação é uma avaliação intuitiva que se faz do ambiente

onde se vive. Segundo dados do Datasus, do Ministério da Saúde,

a Bahia superou todos os demais estados no número de homicí-

dios em 2010. Daquele ano em diante passamos a ser o estado com

o maior número de homicídios contados corpo a corpo, embora

a Bahia possua 1/3 da população do estado de São Paulo. Desta

forma o sentimento de insegurança se instalou e não vai nos

deixar ao ser anunciada uma redução de 5% ou 10% na região me-

tropolitana, mas que não informa que no total, em todo o estado,

continuamos com números enormes e sem tendência de queda.

Em entrevista à [B+], o especialista Carlos Alberto da Costa Gomes, coordenador do Observatório de Segurança Pública da Bahia, critica e aponta as principais mudanças que devem ser feitas no estadopor LORENA DIAS

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ela

“o mAior combAte Que se fAz Ao crime é nA fiscAlizAção do trânsito”

de que forma as blitzes contribuem para a redução da violência?O Brasil retirou da polícia o poder de fiscalizar o trânsito e

entregou para o município. Com isso, se diminui a quantidade

de viaturas de polícia e circulam apenas as dos agentes de trân-

sito, que não possuem poder de polícia. Nenhum bandido tem

medo deles. Nós estamos fazendo blitz com a Polícia Militar

porque deixamos de fiscalizar o trânsito com ela. Isso seria um

procedimento contínuo. Se essas blitzes são adequadas em

engarrafamentos? Não, porque cria oportunidade para gerar

insegurança, gerando o momento propício para o crime. Mas

no mundo inteiro o maior combate que se faz ao crime é na

fiscalização do trânsito.

qual a principal arma no combate à violência?Gostaria de dizer que a principal arma é a educação, mas não é.

É o funcionamento do sistema de contenção da criminalidade.

No Brasil, o estado com a menor taxa de homicídio é São Paulo.

E o que é que ele fez? Prendeu. Mas você fala que “o presídio é

horrível”. Sim, mas é o local onde se guarda quem está cometen-

do crime. Enquanto ele estiver dentro do presídio, não vai estar

cometendo crime na rua. Não resta dúvida de que a melhor coisa

do mundo é investir em escola. Mas você não pode trazer isso

para o campo da opção, entre investir em escola ou investir em

segurança. O estado da Bahia tem a maior taxa de homicídio do

país porque é um dos estados que têm um dos menores números

de vagas prisionais.

com frequência o poder público orienta a população a tomar al-gumas medidas para evitar sua exposição à violência, como, por exemplo, permitir que os motoristas passem no sinal vermelho após as 22h. O senhor acredita que essas orientações podem soar como transferência de responsabilidade para o cidadão?Não só como transferência de responsabilidade, mas soa

também como falência do estado. No mundo todo existe um

planejamento em relação às áreas onde os fatores criminológi-

cos aumentam, e é nessas áreas que se concentra a polícia. Aqui,

a gente tem polícia em locais que não precisam. E essas orienta-

ções, como permitir passar no sinal vermelho, seriam motivo de

piada lá fora. Você coloca a vida da pessoa em risco, permitindo

que ela ultrapasse em local sinalizado, por causa de um risco

maior que é o de ser assaltado.

qual o principal desafio do nosso estado?O maior desafio da Bahia em relação à segurança é assumir que

o estado vai precisar dobrar o efetivo das forças de segurança,

tanto da Polícia Civil quanto da Polícia Militar, se quiser prover

uma segurança adequada à população.

segurança

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66 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

Fundada em 1990, em Salvador, a empresa de auditoria e consultoria Performance tem muito a comemorar. a companhia ostenta uma longa lista de clientes fiéis que a acompanham durante os 25 anos de história. “O setor de serviços não tem a característica de manter clientes por um longo período, conse-guimos esse mérito porque prestamos um serviço de qualidade e desenvolvemos confiança ao longo desse tempo”, comenta renato Mendonça, sócio-diretor da Performance.

respeito ao cliente é a frase que resume bem a equipe de 80 funcionários da Performance, que atendem parceiros como a construtora Odebrecht, a Cardiopulmonar, a Santa Casa de Mise-ricórdia, o Hospital Português, a universidade Católica e o grupo aliança da bahia, que está com a empresa desde sua fundação.

Comprometido com o seu pessoal, Mendonça acredita no po-der da meritocracia e na valorização do grupo com o qual trabalha. Pela Performance já passaram diversos nomes do setor contábil/financeiro que foram formados dentro das paredes da sede da

nascidos para servirEMPrESA GENuiNAMENTE BAiANA E lídEr NO SETOr dE AudiTOriA E CONSulTOriA,

A PErFOrMANCE COMPlETA 25 ANOS COM uMA CArTElA FiEl dE CliENTES

empresa no Salvador trade Center, na capital. O diretor Marcos ri-cardo, por exemplo, começou na empresa como estagiário em 1999. “a Performance tem nítida preocupação e vocação para a formação de seus profissionais, proporcionamos treinamentos internos e externos nos mais diversos campos de atuação”, comenta. “Isto decorre de sua cultura de respeito aos clientes”, completa.

perspectivasa crise parece não amedrontar os planos de crescimento da Perfor-mance. Muito disso se deve ao fato de o trabalho de auditoria e consul-toria permitir que um número considerável de clientes seja atendido sem a necessidade de uma base fixa. Por isso, a empresa deseja ampliar suas atuações no norte e no nordeste nos próximos anos.Para o diretor, o aniversário da empresa soa como o pontapé inicial para o futuro. “O nosso desafio é continuar firmes no compromisso de prestar um ótimo serviço”, comenta Mendonça. “Estamos prontos para os próximos 25 anos”.

FOtO

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ulo

Port

ela

apresenta

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W W W. P O rta L b M a I S . C O M . b r 67

o senhor entrou na performance dois anos após a abertura da empresa. como se deu essa história?

a Performance foi fundada por profissionais egressos de outras empresas de auditoria e consultoria empresarial, em 1990. em 2002, a empresa começou a sentir falta de um parceiro que pudesse desenvolver a atividade de auditoria, já que eles militavam na área de consultoria tributária. Foi aí que eu vim para a Performance. Os sócios fundadores foram saindo e seguindo outros caminhos, e fiquei eu.

Qual o segredo para ter clientes fiéis durante todos esses anos?na prestação de serviço é muito raro ter um cliente permanente. O comprador

compra o serviço quando precisa. grupo aliança, Santa Casa, Hospital Português, Odebrecht estão conosco há muitos anos, alguns desde a fundação da empresa. Mas serviço é um produto único, cada cliente requer uma abordagem diferente. a relação é muito focada na confiança. O serviço depende da relação com os clien-tes. Quando somos observados como confiáveis, a relação fica mais fácil.

Qual o balanço que o senhor faz desses 25 anos?a nossa firmeza de propósitos, a nossa filosofia sempre perseguida de formar

pessoas e servir com qualidade. aqui a gente tem algumas regras: o aspecto comercial não pode prejudicar a qualidade do serviço. temos que ter respeito às pessoas, ao cliente. Compromisso em ofertar um serviço de alta qualidade. Por-que é isso que nos sustenta, o que formou esses 25 anos e formará outros 25.

“nosso combustível são As pessoAs”renato Mendonça, sócio-diretor da Performance

1990A Performance é fundada

1992Primeiro contrato de auditoria da

Performance com a aliança da bahia (cliente até hoje)

1995Início do projeto PSe na Odebrecht

(vigente até hoje)

1999Lançamento do primeiro site da

Performance, uma das iniciativas pioneiras na bahia

2003Início dos trabalhos internacionais

(angola)

2006Obtenção, pelo segundo ano

consecutivo, do selo Valor Carreira - “as Melhores na gestão de Pessoas”

2009realização de outros trabalhos

internacionais em Cuba, Venezuela, uruguai, Peru, argentina, Líbia, tunísia,

Moçambique, áfrica do Sul, etc.

2013auditoria no esporte Clube bahia

2015a Performance completa 25 anos e

não quer parar tão cedo

linha do tempo

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68 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

aPOIO:

a mistura do sabor com a praticidade aproximou a comida do chef gabriel Lobo às ruas de Salvadorpor TEDE SAMPAIOfotos RôMULO PORTELA

A reocupação dos espaços públicos em

Salvador pode ter um gostinho bem especial,

ao menos para aqueles que visitam as feiras

realizadas em praças e parques da cidade.

Eventos como Food Park Salvador e Feira da

Cidade reúnem, no mesmo ambiente, ativida-

des culturais e comida, muita comida de rua.

Um dos chefs responsáveis por essa ten-

dência é Gabriel Lobo, baiano de ascendência

espanhola e especialista em charqueteria e

açougue. Para ele, a função dessas feiras vai

muito além de levar as pessoas aos espaços pú-

blicos, elas incentivam o poder público a cuidar

desses locais. “Além de a gente fornecer uma

opção de lazer para o cidadão, abrimos os olhos

dos órgãos responsáveis para a revitalização

desses espaços, uma vez que eles estão sendo

ocupados durante esses eventos”, explica.

Apesar de recente, a cultura do food truck

se estabeleceu em Salvador. As comidas com

toque gourmet, mas feitas dentro de minicami-

nhões, são opção barata para os frequentado-

res e uma oportunidade para que empreende-

dores faturem e apresentem sua comida a um

número maior de pessoas. Foi o que aconteceu

com Lobo, que comanda a cozinha do restau-

rante Amadinho, no Mercado do Rio Vermelho.

Durante o Food Park, evento itinerante que

leva os food trucks aos parques da cidade, ele

é responsável pelo Guerrilha Truck, caminhão

cuja especialidade é a comida de raiz, ou “comi-

da de vó”, como ele costuma chamar.

Para a [B+], o chef apresenta uma receita

especial de comida de rua, o sanduíche de

cupim com molho vinagrete. Uma mistura

de sabor e crocância que nos fez entender

por que é crescente o número de pessoas que

visitam os eventos de rua.

dE lAMBEr OS dEdOS

Gabriel teve a sua primeira experiência com cozinha aos

16 anos, quando trabalhou numa rede de fast-food

SABORGARANTIDO

LEBENS

LEBENS

sabor

Page 69: Revista [B+] 32

W W W. P O rta L b M a I S . C O M . b r 69

SABORGARANTIDO

LEBENS

LEBENS

RECEITA SANDUÍChE DE CUPIM COM MOLhO vINAGRETE

ingredientes• 500 g de cupim bovino

• 1 dente de alho

• 2 colheres de sopa de

azeite de oliva

• 1 tomate

• ½ pimentão verde

• 1 cebola branca

• 1 colher de sopa de suco de limão

• 1 barra de pão do tipo baguete

• 100 g de queijo provolone

• 1 litro de caldo de legumes

• Sal e pimenta do reino preta a gosto

• Hortelã, cebolinha e coentro a gosto

modo de prepAroCorte a carne em cubos médios e tempere com

sal e pimenta. Em uma panela, doure a carne

com azeite de oliva e adicione o alho picado

para dourar junto com a carne. Adicione 1/3 de

líquido na panela, que pode ser um caldo de le-

gumes ou água, deglaçando a panela. Abaixe o

fogo. Assim que o líquido secar, adicione mais

1/3 de líquido. Repita a operação até a carne

ficar macia. Esse processo deve durar em torno

de 45 minutos. Corte os legumes e faça um mo-

lho vinagrete cítrico e tempere com cheiro-ver-

de. Corte o pão, monte uma camada de queijo

provolone, uma camada da carne desfiada e

por último uma porção do vinagrete.

Page 70: Revista [B+] 32

70 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

Diferencial: a ideia do restaurante é oferecer o famoso tempero caseiro em todos os pratos

informe publicitário

O cheirinho do ambiente logo traz à memória aqueles dias de domingo, cuja tradição sugere reunir a família para degustar a comida tradicionalmente caseira preparada pela avó. essa é a sensação ao adentrar no restaurante Vovó dalva, localizado na margem da br-324, sentido Feira de Santana – Salvador. uma parada obrigatória entre o interior e a capital para aqueles que prezam pelo verdadeiro sabor da comida regional baiana.

O nome do restaurante não é por acaso. grande parte dos pratos servidos no buffet foi criado pela própria vovó Dalva, como contam Paulo, roberto e antônio de almeida, irmãos e sócios no estabelecimento. “O objetivo do espaço é fugir do estereótipo de restaurante de ‘beira de estrada’ e oferecer ao visitante um conceito diferenciado, com o verdadeiro tempero da vovó”, explica Paulo.

a responsabilidade de transmitir aos pratos o sabor criado por vovó dalva fica a cargo de dona nancy, que sempre manteve a sua história relacionada à culinária e, assim como a matriar-

tempero de vovó dalvauM PEdACiNHO dA CASA dA vOvó durANTE A SuA viAGEM à CAPiTAl

ca da família almeida, sente prazer em cozinhar para outras pessoas. “O segredo é gostar do que se faz, e eu realmente gosto de cozinhar. É muito gratificante perceber que as pessoas têm a sensação de que estão em casa”. Questionada sobre um possível segredo no tempero, ela, entre sorrisos, revela que cada um dá um toque especial às receitas.

entre os pratos preparados pela equipe de dona nancy, roberto chama a atenção para o ensopado de carneiro e para a feijoada de andu. Segundo ele, ambos os pratos seguem à risca a receita de vovó dalva. “a feijoada de andu é um prato exclusivo de nossa avó e conquista a todos que experimentam. temos relatos de pessoas que saem do interior em direção à capital e progra-mam a viagem para, ao meio-dia, almoçarem em nosso restauran-te, só por causa dessa feijoada. Isso para nós é gratificante”, con-ta. O buffet conta ainda com diversos outros pratos regionais, a exemplo da maniçoba, rabada, feijoada carioca e comida baiana, além de uma variedade de massas, saladas e grelhados.

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Page 71: Revista [B+] 32

W W W. P O rta L b M a I S . C O M . b r 71

Cardápio: o menu foi desenvolvido pela equipe de dona nancy, que segue à risca as receitas de vovó Dalva

Comida regional: ambiente amplo, arejado, mobiliado e 100% climatizado para oferecer conforto ao visitante

café da manhãalém do almoço, o restaurante Vovó dalva também oferece o serviço de café da manhã, e mesmo esse não foge à regra, já que grande par-te dos pratos servidos são receitas tradicional-mente caseiras. entre as 6h30 e as 11h da manhã, o visitante tem à sua disposição cuscuz de milho, aipim, batata-doce, bolinhos de estudante, bolos, pães e queijos. “todos os nossos produtos são feitos por nossa equipe, inclusive os pães. temos pão integral, pão francês, pão de milho... tudo com um gostinho de interior para agradar aos mais diversos paladares”, explica Paulo.

Ambiente sofisticado e aconchegante O espaço amplo e climatizado, com capacidade para cerca de 150 pessoas, chama a atenção pela estrutura colonial e pela decoração, que mistura bom gosto e elegância. nas paredes, panos de chita dividem espaços com telas modernistas e fotografias urbanas. a cristaleira e o relógio antigo na parede reproduzem uma pequena sala de descanso. Tudo para passar aos visitantes a ideia de que ele está realmente em casa.

na recepção, vários objetos e lembrancinhas, como canecas, doces caseiros e misturados de pimenta, são uma opção a mais para quem passa pelo local. a intenção, segundo roberto, é que aqueles que visitam o Vovó dalva possam levar um pouco desse aconchego para os familiares e ami-gos. “nossa intenção sempre será deixar os nossos visitantes com vontade de voltar”.

Para aqueles que estão com muita pressa, mas não abrem mão de um bom lanche enquanto abastecem o tanque de combus-tível do carro no posto que faz parte do complexo Vovó Dalva, o pastel é uma boa pedida. O salgado é o mais solicitado pelos clientes, que contam ainda com 12 outras opções de lanche. O sucesso é tamanho que o Posto Dalva já é carinhosamente chamado por alguns clientes como o “Posto do Pastel”.

Restaurante Vovó Dalvaendereço: rod. br 324, Km-47, candeias - bAtelefone: (71) 3607-5010Horário de funcionamento: 6h30 às 15h

Page 72: Revista [B+] 32

72 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

No bairro de Brotas, uma casa simples com

varanda decorada por azulejos de cor azul

guarda parte da riqueza histórica e cultural

de Salvador. Nela morou Hector Julio Páride

Bernabó, ou simplesmente Carybé, argentino

naturalizado brasileiro que escolheu a capital

baiana como o seu novo lar. O espaço, cercado

por pitangueiras, mangueiras e muito verde,

também abriga o estúdio de produção e um im-

portantíssimo acervo de obras e memórias des-

se artista multifacetado que tão bem escreveu,

desenhou, esculpiu e pintou o povo baiano.

Hoje, a casa serve como sede adminis-

trativa para o Instituto Carybé, criado pela

família do artista. No estúdio, foi mantida a

formatação original, bem como algumas obras

inacabadas e uma infinidade de pequenos

objetos, que representam uma vida marcada

por viagens, amigos e pela arte, é o que conta

a designer gráfica e bisneta de Carybé, Raquel

Bernabó. Embora muito nova quando convi-

veu com o bisavô, ela revela algumas lembran-

ças que ilustram um pouco da rotina e das

amizades do artista: “Ele era muito abusado.

Estava sempre fazendo piadas, brincando

com os cachorros e com os amigos. Lembro de

histórias em que ele pegava objetos da casa de

Jorge (Amado) e trazia para cá sem falar nada.

Acredito que esse jeito extrovertido chamava

as pessoas para perto dele”, conta.

Carybé morou na casa de Brotas 36 dos

quase 50 anos que viveu em Salvador e

esteve no estúdio durante a maior parte do

tempo. Devido à importância cultural desse

a casa em que Carybé morou por quase 40 anos hoje guarda o acervo de suas obraspor TEDE SAMPAIOfotos LUCIANO OLIVEIRA

Ainda hoje, o estúdio mantém a disposição

original dos objetos de trabalho utilizados pelo artista. Fazem parte do

acervo: potes de tinta, espátulas e pincéis

AlMA BAiANA

decoração

Page 73: Revista [B+] 32

W W W. P O rta L b M a I S . C O M . b r 73

JARDIm A escultura das “duas damas”, localizada na área verde da casa, demonstra a versatilidade do artista e a sua ligação com o povo de Salvador

OBRAS InACABADAS O estúdio também expõe aos visitantes as peças iniciadas por Carybé que não chegaram a ser finalizadas

ambiente, a família optou por abri-lo para a

visitação pública, mas só com hora marcada.

Raquel explica que o espaço não conta com

nenhum tipo de apoio do poder público e,

por este motivo, não pode mantê-lo sempre

em funcionamento. “Nós temos muito inte-

resse em abrir a casa para visitação. E não

apenas isso, a gente quer promover nesse

espaço oficinas de arte e capoeira, coisas que

representam o universo dele”. Enquanto isso,

o espaço segue como mais um local pouco

conhecido pelos soteropolitanos. Uma espé-

cie de oásis da arte, escondido entre prédios

e ladeiras de Brotas.

Raquel Bernabó é responsável pela administração do Instituto Carybé e produção de souvenirs com obras do artista

Page 74: Revista [B+] 32

74 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

direito

Embora os debates a respeito dos graves

problemas urbanos sejam antigos, as célebres

manifestações populares de junho de 2013

trouxeram o tema, com a urgência que os

movimentos pediam, de volta à pauta da

sociedade e da política. Em meio a reivindi-

cações contra a corrupção e a exorbitância

dos gastos para receber eventos esportivos

internacionais, um discurso era comum.

Transporte público de qualidade, moradias

para todos, saneamento, enfim, a garantia de

um “padrão Fifa” de qualidade de vida nas

grandes cidades tornou-se, com mais força,

uma exigência fundamental para 85% da po-

pulação brasileira que vive em zonas urbanas

(conf. Censo iBGE 2010).

Este contexto não desnuda apenas um

problema de ordem urbanística. Se for certo

que os graves problemas das cidades pre-

cisam ser enfrentados a partir de soluções

arquitetônicas, que permitam democratizar

e viabilizar a ocupação de espaços urbanos,

mais certo ainda é o fato de que a maior parte

destas respostas depende de fundamentos

jurídicos para que possam ser estruturadas.

Sem trocadilho, advogados são arquitetos de

soluções institucionais e não devem se furtar

a apresentar respostas possíveis para as graves

questões que afligem principalmente as gran-

des metrópoles.

Algumas destas respostas já se encontram

na legislação. desde o ano de 2001, a lei federal

SOluçÕES JurídiCAS PArA PrOBlEMAS urBANOS

eRmiRo neTo

Advogado, mestre pela Universidade Federal da Bahia e Especialista em Direito Civil e membro do Instituto Brasileiro de Direito Civil e do Instituto de Direito Privado

n° 10.257, conhecida como “Estatuto das Cidades”, estabelece regras para a discipli-

na dos centros urbanos, “em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar

dos cidadãos”. Por força desta lei, os gestores públicos municipais encontram-se

obrigados a promover políticas públicas que, por exemplo, garantam o direito a

cidades sustentáveis; viabilizem o planejamento do desenvolvimento das cidades;

e ofertem equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos

adequados, dentre outras diversas regras.

Como modo de viabilizar o cumprimento das obrigações previstas no Esta-

tuto das Cidades, é na lei que podem ser encontrados importantes instrumen-

tos para a garantia de centros urbanos sustentáveis. O abandono, a ausência

de uso ou o uso inadequado de imóveis, por exemplo, podem ser remediados

pela aplicação de regras previstas na Constituição Federal (artigo 182). Por esta

via, o poder público municipal pode exigir dos proprietários o aproveitamento

adequado de terrenos particulares, sob pena de obrigá-los a parcelar a área ou a

nela construir; aumentar o iPTu como modo de forçá-lo a cumprir as exigências

anteriores; ou mesmo, como medida extrema, determinar a desapropriação da

área, cujo pagamento não se dará em dinheiro, mas em títulos da dívida pública.

Tendo como diretriz o fato de que grandes intervenções dependem de gran-

des investimentos, o que nem sempre é viável ao poder público, tem crescido a

percepção de que municípios devem agir como indutores de desenvolvimento,

viabilizando investimentos em áreas urbanas degradadas. Neste ponto, pode-se

dizer sem erro que Salvador nos últimos anos tornou-se uma referência nacional.

Por meio do encaminhamento de um projeto de lei à Câmara Municipal,

a prefeitura lançou recentemente o Pidi - Programa de incentivo ao desen-

volvimento Sustentável e inovação. O programa permite ao Poder Executivo

municipal conceder benefícios fiscais a investidores e agentes privados em geral

que realizem investimentos em regiões como o Centro Histórico, o Comércio e a

Península de itapagipe. Sobretudo em um período de grave crise econômica e de

perda de arrecadação, a medida, que demanda análise jurídica rigorosa, demons-

tra que, com criatividade, é possível ainda buscar novas soluções, para além das

alternativas já existentes, que possam fazer frente à incapacidade do estado de

realizar investimentos de vulto em áreas degradadas.

Page 75: Revista [B+] 32

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

RN00515 - ANR 202x266mm Horario de Verao.pdf 1 9/28/15 2:47 PM

Page 76: Revista [B+] 32

76 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

educação

a ufsb foi aberta em 2013 propondo um modelo diferente de inclusão do aluno. qual é o balanço que o senhor faz destes dois anos à frente da universidade?Na verdade, trata-se de um modelo que já foi adotado em 20 universidades

brasileiras e nasceu na Ufba. Mas na UFSB esse modelo é exclusivo. O aluno pode

entrar nos três campi dentro dos bacharelados ou ele pode entrar numa rede

de colégios universitários nos municípios de pequeno porte. A gente aproveita

escolas de ensino médio com instalações ociosas, cria ali uma unidade descentra-

lizada da universidade e instala um kit de conexão digital. Em 2013, nós tínhamos

a previsão da abertura de 900 vagas iniciais e hoje estamos com 1.600 alunos. Não

tínhamos a previsão de recrutar tantos professores e conseguimos todos com

graduação elevada. O balanço é muito positivo.

a maioria das universidades federais do estado está* em greve. a ufsb é a única do estado que não aderiu à greve. a que isso se deve?Eu acho que o fato de termos trazido a sociedade para dentro da universida-

de ajudou muito. A maioria das universidades públicas não tem um vetor de

integração com a sociedade muito forte, então ela pode se dar a decisão de

interromper as atividades. Só que um aluno de classe média pode ficar um

semestre ou dois atrasado, mas para um jovem pobre é muito difícil assumir o

ônus político de dizer “minha forma de luta é parar”. A lógica de parar para uma

sociedade no interior é indefensável.

quando o senhor esteve à frente da ufba, implantou uma política de ações afirmativas e os bacharelados interdisciplinares. O que atualizou a ufba aos novos tempos. O que acha que pode ser feito dentro da universidade que não está sendo feito?É muito difícil dizer porque não dá para comparar a situação de uma univer-

sidade consolidada com outra que acabou de ser implantada. Nosso desenho

administrativo é muito mais simples que o da Ufba. O que eu acho é que a

Ufba está em uma fase de retrocesso quando poderia ser expansiva. A matriz

de financiamento das universidades é em função do tamanho delas. Cada

reitor por duas gestões da universidade Federal da bahia (ufba), naomar almeida Filho é o responsável pela instalação da universidade Federal do Sul da bahia (uFSb) e por um modelo que aposta num ensino descentralizado e conectado a partir da tecnologia. em entrevista à [B+], naomar faz um balanço dos dois anos à frente da uFSb e sugere o que faria se estivesse no comando da ufbapor PEDRO HIJO FO

tO: r

epro

duçã

o

“A ufbA está regredindo QuAndo deveriA estAr crescendo”

aluno que entra corresponde a recursos para

investimento. Se todas as universidades

estão retraindo, aquela que se apresenta para

expansão leva vantagem.

Você foi reitor da ufba entre 2002 e 2010. essa atual crise na universidade é herdeira da sua gestão?Eu já escutei isso, mas não tem base porque

nós deixamos todas as contas em dia. Todas

as construções anunciadas, tínhamos a

reserva financeira para a conclusão. Houve

uma ampliação de investimentos depois da

nossa gestão. Prédios novos, que não esta-

vam no nosso planejamento, foram incorpo-

rados, por exemplo.

com tamanha crise, você acredita que o va-lor da universidade pública está abalado?A qualidade da universidade pública brasilei-

ra em comparação à universidade privada é

inegável. É claro que todas as universidades do

Brasil precisam rever suas pautas para formar

alunos que tenham habilidades de solução de

problemas e não de memorização. Mas isso

num viés de expansão, porque a sociedade

brasileira, mesmo na crise, continua amplian-

do a sua demanda. E quem está ocupando este

espaço? O setor privado. E está produzindo

um tipo de formação que não é aquela que o

desenvolvimento brasileiro precisa.

*Até o fechamento desta edição.

Page 77: Revista [B+] 32
Page 78: Revista [B+] 32

78 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

Uma turma de sete jovens baianos topou a missão de reunir todos os eventos de

Salvador e divulgá-los em uma só plataforma. De acordo com Gabriel Simões, só-

cio-diretor da startup, o “Clicou Partiu” tem o objetivo de fazer as pessoas saírem

de casa para aproveitar tudo que a cidade oferece no setor de entretenimento.

“Para isso, optamos por utilizar uma linguagem mais despojada, que comunique

diretamente com nosso público”, afirma.

A ideia do aplicativo surgiu após a construção da página na internet. Ini-

cialmente o grupo investiu R$ 15 mil na construção do site e encara o momento

atual como o mais promissor para a startup, tanto no que diz respeito às par-

cerias quanto ao número de acessos. “Firmamos parceria com a Incubadora da

Unifacs, a mesma entidade que abrigou as startups Pastar e JusBrasil, cases de

eles Querem te tirAr de cAsA

5 dicAs de PágInaS na Internet Para AproveitAr A cidAde

notasdetecFO

tO: L

ucia

no O

livei

ra

sucesso nos últimos dois anos”, conta Simões.

No último mês, a página recebeu visita de

mais de 100 mil pessoas.

Um grande diferencial em relação a outros

apps similares é a ferramenta de localização de

eventos pelo GPS do smartphone, que permite

ao usuário identificar as opções de entreteni-

mento em seu entorno. O “Clicou Partiu” tam-

bém indica barzinhos, shows musicais, cinemas

e teatros. Além do aplicativo e do site, a marca

também está presente nas redes sociais.

243.57917.9002.847

clicou pArtiu eM núMerOS(deSde 1°/1/2015)

TOTAl dE ACESSOS

TOTAl dE dOwnlOAdS dO APP

SEguIdORES nAS REdES SOCIAIS

Da esquerda para a direita: Gabriel Simões, Lucas Albuquerque, Isaque Dias, Nayara Carvalho, Joana Oliveira, Alexandre Wanderley, Duda Almeida, Lucas Dantas, Tássio Noronha e Alice Mazur

BAIANIDADE NAGôum perfil que reúne todas as belezas da Bahia com fotos enviadas pelos seguidores

O qUE FAzER EM SALvADOR? A página oferece dicas de shows, peças de teatro, cinema e o que há de melhor acontecendo na capital baiana

LOCAL LIFESTyLEAs paisagens de Salvador parecem que nasceram para o instagram, não é? A página reúne os melhores cliques enviados pelos usuários do aplicativo

GUIA DE SOBREvIvêNCIA DO SOTEROPOBRETANOdivulgar a agenda cultural de Salvador utilizando o humor. Esse é o objetivo do perfil que sugere opções de programas gratuitos ou baratos para viver a cena cultural da capital

SALvADOR hyPEA página reúne festas fora do circuito, estilistas e influenciadores da moda soteropolitanos, além de chefs e tudo que envolve a gastronomia da capital

Page 79: Revista [B+] 32

Descubra o valor De seu talento noestuDo De remuneração 2015 michaelpage.com.br

gerente de contabilidade

salvaDor – ba

nosso cliente é uma empresa de grande porte e encontra-se em fase de expansão e consolidação de suas atividades.

reportando-se ao Diretor Financeiro e atuando com destaque na área contábil da companhia, suas principais atribuições serão:

` responsável pelo fechamento contábil em moeda local e estrangeira (us gaap), obedecendo as diretrizes da legislação da soX;

`acompanhamento e controle da apuração de impostos diretos e indiretos, bem como operações transfer pricing;

` preparação do budget e forecast anual e acompanhamento dos controles internos da empresa;

`atendimento a auditorias externas, órgãos governamentais e prestadores de serviço em geral.

buscamos profissionais formado em ciências contábeis, com crc. pós-graduação e mba são desejáveis. necessário experiência prévia como gestor contábil em indústrias multinacionais. liderança, capacidade de trabalhar sob pressão, dinamismo e proatividade completam o perfil. conhecimento de bpcs e espanhol fluente serão considerados diferenciais. inglês fluente é mandatório.

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consultor: leandro pedrosa

gerente comercial

salvaDor – ba

nosso cliente é uma empresa de grande porte em expansão no mercado.

reportando-se ao diretor comercial suas responsabilidades serão:

` buscar, identificar e prospectar novos clientes potenciais no mercado;

` identificar as necessidades e expectativas dos clientes para garantir renovações de contratos;

` responsável por desenvolver os planos de negócios e as estratégias de vendas;

`acompanhar os processos e fazer a gestão da equipe com o objetivo de otimizar os resultados de vendas.

buscamos profissionais formados em administração com sólida experiência em vendas de varejo. pós-graduação ou mba são desejáveis. ingês Fluente será considerado um diferencial.

aplique-se em nosso site utilizando a referência: 149000.

consultor: priscila andrade

“mais da metade do ano passou e as empresas já assimilaram o desafio que nossa economia impôs às corporações operam em nosso mercado enfraquecido. Departamentos financeiros já refizeram seus orçamentos e reavaliaram seu quadro de funcionários. há também organizações que vão adiante e enxergam que períodos de crise são também ideais para a reflexão sobre quais detalhes da sua atuação podem ser redefinidos e os melhores caminhos e planos para aprimorar sua produtividade. nesse cenário é necessário ser cada vez mais eficiente. para isso, quatro desafios essenciais a serem vencidos frente a um período de crise: ganho de produtividade, eficiência na utilização de recursos, maior satisfação dos clientes e valorização dos colaboradores. independente da sua prioridade, a efetividade de tais direcionamentos só pode ser conquistada através da formação de um time excepcional de parceiros e colaboradores. mas encontrar bons profissionais não é uma tarefa fácil. independente da dimensão ou setor da empresa, as pessoas e seu engajamento como objetivo comum, são a chave do sucesso. o norte e nordeste do brasil são exemplos desta realidade. recentemente entrevistamos mais de 500 empresas nestas regiões, e cerca de 71% delas afirmara ter dificuldades em encontrar e contratar bons profissionais. atuando na região desde 2010, nós do pagegroup, acompanhamos de perto suas mudanças. apesar da evolução nos negócios locais e multinacionais que se estabeleceram nas principais capitais, a dificuldade em encontrar e reter talentos ainda é um desafio.

Áreas de engenharia, vendas e Finanças foram eleitas pelas empresas do norte e nordeste como as mais carentes de profissionais. porém, tanto nessas áreas quanto nas demais, temos uma disputa acirrada por talentos para as vagas nas empresas - que por sua vez se desdobram para flexibilizar e customizar os recursos necessários para torná-los parte do time. encontrar, atrair e reter talentos é um grande desafio e o caminho para superá-lo é a comunicação. muitas empresas possuem valores bem definidos ou um programa estruturado de valorização de seus funcionários (employer value proposition, ou evp), mas se esquecem de comunicar interna e externamente. por trás das empresas mais desejadas pelos candidatos há um trabalho de marketing ou employer branding cuidadosamente desenvolvido junto aos rhs. o termo em inglês refere-se às ações ligadas a atribuição de valor ao contratante, valendo-se de benefícios e experiências. apenas 3% das empresas do norte e nordeste afirmam possuir essa conduta. estudar as melhores práticas, a concorrência e questionar quão atualizada a sua empresa está em relação a estes pontos é crucial para entender quais são suas qualidades como empregador e quais os pontos a serem desenvolvidos. a crise é um desafio, mas sempre gera importantes mudanças nas dinâmicas do mercado e das organizações. esteja pronto para o futuro”.

gil van Delftmanaging Director

pagegroup brasil

www.michaelpage.com.brWorldwide leaders in specialist recruitment

Desafios e oportunidades das contratações em períodos de crise

Page 80: Revista [B+] 32

80 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

SAudAdES dO MEu PAdriNHOEstou assistindo a uma série na Tv que tem

tanta gente marrom (de marromeno, ou mais

ou menos, em baianês). Gente ruim mesmo! Aí,

não sei de onde, me lembrei do meu padrinho.

Segue a minha história:

Meu pai, rapaz trabalhador, namorando

a filha de um rico comerciante e fazendeiro

do interior, precisava se prevenir na hora de

pedir permissão ao meu avô para namorar a

minha mãe.

Procurou um cliente importante dele, outro

comerciante de prestígio na cidade, e pediu

que ele lhe autorizasse a dar o seu nome como

fonte de informações para o velho.

dito e feito: meu avô foi conversar com o tal

e as informações foram as melhores possíveis:

rapaz sério, respeitador, trabalhador, boa família,

dinâmico. Com certeza seria um bom partido.

Aí pronto, o velho namorou, casou, tiveram

a primeira filha, minha irmã, e um ano e meio

depois, nasci! Em retribuição ao favor que o

rico cliente lhe fez, convidou-o para ser meu

padrinho de batismo.

“Para a igreja católica os padrinhos existem

para ajudar os pais a conduzirem o batizado

no caminho que consideram o melhor, na vida

em comunidade, na igreja, na participação dos

outros sacramentos. Antigamente, era muito

comum, inclusive, os padrinhos se tornarem

responsáveis pelas crianças se os pais morressem, tamanha a responsabilidade

dessa atribuição”.

Após o batismo, o meu amantíssimo padrinho e quase pai, escafedeu-se! Sumiu!

Não tenho nenhuma lembrança do dito-cujo, até que, ao completar 18 anos,

eu, carnavalesco de primeira, cheio de energia, metido a conquistador, doido para

conseguir um convite para um baile de um determinado clube de Salvador, conhe-

cido por uma certa liberalidade nos bailes de Carnaval, soube, não sei como, que o

nome do presidente do clube era o do Sr. Meu Padrinho! Não acredito! Pensei, já

vibrando. É agora que eu vou conhecer meu dindo! E ele não haverá de negar um

convitezinho para um afilhado com quem ele nunca gastou um centavo!

Falei com meu pai, para garantir que o homem era ele mesmo, e ele concordou

que eu podia ir tentar o tal convite, meio a contragosto, claro.

Me arrumei direitinho e fui até o estabelecimento comercial do padrinho,

logo após o almoço. Ele ainda não havia chegado, mas não deveria demorar.

daqui a pouco o velho chegou, se aprumou na cadeira da sua escrivaninha e

olhou pra mim, perguntando: o que é?

Eu peguei a minha carteira de identidade e entreguei a ele.

Ele olhou, olhou, olhou, olhou pra mim, e disparou: você é meu afilhado não é?

- Sim, senhor! emoção pura. Por causa do convite, claro.

- E o que você quer? delicado, né?

- Soube que o senhor é o presidente do clube e gostaria de lhe pedir que me

conseguisse uns convites para eu brincar o Carnaval.

Ele me olhou, balançou a cabeça, visivelmente incomodado, e disse:

- dessa vez eu não posso lhe negar. venha buscar os convites tal dia. Mas, no

ano que vem, veja se você se associa, pois não gosto de dar convite a ninguém.

E eu: obrigado meu padrinho. Sua bênção. Fui!

Gente boa o velho, né?

Nunca mais o vi. Soube da sua passagem para o andar de cima pelos jornais.

E pensei: que deus o tenha e não lhe negue convites!

conteaí

Rubem Passos

é presidente da editora Sopa de Letras e da ADvB-BA

Em momentos de crise, como o que vivemos agora, a propaganda torna-se ainda mais necessária.As ferramentas de comunicação disponíveis ajudam a criar oportunidades para o fortalecimento de marcas, o aumento da competitividade e a conquista de novos consumidores, mesmo em cenários econômicos desfavoráveis. Estudos mostram que empresas que investem em marketing nos períodos difíceis são as que mais ganham participação de mercado quando a crise termina. É preciso anunciar sempre. Acreditar no potencial de nosso país e na força da nossa criatividade. Anuncie. Sua marca aparece, seu cliente também.

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Page 81: Revista [B+] 32

W W W. P O rta L b M a I S . C O M . b r 81

Em momentos de crise, como o que vivemos agora, a propaganda torna-se ainda mais necessária.As ferramentas de comunicação disponíveis ajudam a criar oportunidades para o fortalecimento de marcas, o aumento da competitividade e a conquista de novos consumidores, mesmo em cenários econômicos desfavoráveis. Estudos mostram que empresas que investem em marketing nos períodos difíceis são as que mais ganham participação de mercado quando a crise termina. É preciso anunciar sempre. Acreditar no potencial de nosso país e na força da nossa criatividade. Anuncie. Sua marca aparece, seu cliente também.

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Page 82: Revista [B+] 32

82 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

FloreS pArA elA

por TEDE SAMPAIO

O terno fino e a gravata borboleta contrastam com a simplicidade do vestido rendado

e as sandálias de dedo. Num banco de praça, não se pode afirmar que seja um encontro

marcado ou difama-los como um galanteio barato. Terão mais valor se forem flores de

amor? Isso pouco parece interessar. Talvez as flores interesseiras sejam muito mais inte-

ressantes. Tudo é questão de ponto de vista. A arte não é egoísta, ela é comunicativa. Vivi-

da da forma mais pura e suja, ainda que para isso seja real apenas no mundo da fantasia.

de muRilo RibeiRoartista plástico e diretor do Palacete das Artes

arte

Page 83: Revista [B+] 32

W W W. P O rta L b M a I S . C O M . b r 83Quanto melhor a pergunta. Melhor a resposta. Melhor o mundo de negócios.

Trab

alhe

con

osco

: ey.

com

.br/

carr

eira

s

Pensar fora da caixa? Que caixa?O verdadeiro espírito empreendedor não percebe fronteiras. Onde alguns enxergam obstáculos,os empreendedores veem chances de inovar, melhorar o desempenho e crescer.

A EY também não vê fronteiras. Em toda a região Nordeste, inclusive em Salvador, conte conosco.

ey.com.br/salvador

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Page 84: Revista [B+] 32

84 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

No futuro, o plástico fará carros ainda mais leves, mais seguros e que emitirãomenos CO2 no ambiente.

A inovação traz o futuro. E o futuro passa pela químicae pelo plástico.

A indústria petroquímica é uma das maiores aliadas das inovações da indústria automobilística. Com o uso do plástico, carros serão cada vez mais leves, mais seguros e emitirão menos CO2 no ambiente. Para a Braskem, inovar é a melhor maneira de atuar em um mundo que precisa, cada vez mais, de boas ideias para se perpetuar. Plástico Verde, Desafio de Design Odebrecht Braskem e Braskem Labs são exemplos de produtos e projetos da Braskem que, através da química e do plástico, ajudam a melhorar a vida das pessoas.

Para saber mais, acesse: www.braskem.com/inovacao

Page 85: Revista [B+] 32

W W W. P O rta L b M a I S . C O M . b r 85

No futuro, o plástico fará carros ainda mais leves, mais seguros e que emitirãomenos CO2 no ambiente.

A inovação traz o futuro. E o futuro passa pela químicae pelo plástico.

A indústria petroquímica é uma das maiores aliadas das inovações da indústria automobilística. Com o uso do plástico, carros serão cada vez mais leves, mais seguros e emitirão menos CO2 no ambiente. Para a Braskem, inovar é a melhor maneira de atuar em um mundo que precisa, cada vez mais, de boas ideias para se perpetuar. Plástico Verde, Desafio de Design Odebrecht Braskem e Braskem Labs são exemplos de produtos e projetos da Braskem que, através da química e do plástico, ajudam a melhorar a vida das pessoas.

Para saber mais, acesse: www.braskem.com/inovacao

COMO IdentIFICar O CânCer de PeLe

Sola pino

1, 2, 3e já!turbine A sAúde, dê um up nA

resistênciA físicA e AindA melHore A QuAlidAde de vidA com A corridA

Batalha SaudávelQual o melhor óleo? e o melhor queijo? Saiba escolher o que comer

Tratamentos estéticosaprenda a não entrar nas roubadas da compra coletiva

ALéM DO BRANCOdicas para ter um sorriso de dar inveja

SUPL

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Tiragem auditada:10 mil exemplares

Page 86: Revista [B+] 32

86 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

Page 87: Revista [B+] 32

W W W. P O rta L b M a I S . C O M . b r 87

sumário

editorial

Bloco de notasOs benefícios da corridabatalha dos alimentosVerão sem risco de câncer de pelea importância da medicina paliativagestão ambientalComo aproveitar as compras coletivas[C] a saúde nos 25 anos do Código de defesa do ConsumidorSorriso novo: quais são os melhores tratamentos estéticos

68

10141618

2021

22

Saúde

chega de preguiça

pedro Hijoeditor-chefe da revista [b+]

Confesso que de uns tempos para cá, retirei as corridas da minha rotina

de atividades físicas. Não por não acreditar na eficácia do exercício, afinal

especialistas afirmam que correr ajuda no emagrecimento e ainda combate

diversas doenças, mas a rapidez do dia a dia me fez jogar a corrida para es-

canteio. Durante os quase dois meses de edição deste número da [B+] Saúde,

me prontifiquei a topar o desafio de voltar à ativa e correr, pelo menos três

vezes na semana, por no mínimo 20 minutos. É preciso acreditar naquilo

que se escreve, certo? Confesso que no começo tudo foi difícil. As pernas

doem, a preguiça é tentadora, a falta de tempo é uma ótima desculpa. Mas

é preciso manter o foco. Depois de um mês, senti que a coisa estava ficando

mais fácil. Comecei a alternar os locais de corrida (o Dique do Tororó, em

Salvador, virou o meu lugar preferido), as velocidades, os horários, e, quando

vi, estava empolgado para ir correr. Quem diria? O processo é assim mesmo.

Entrevistamos especialistas e entusiastas da corrida e eles confirmam que a

lista de benefícios provenientes do exercício é superior a qualquer desculpa.

Mas eles alertam: é preciso ter a orientação de um profissional de educação

física para que você possa aproveitar o seu treino com segurança. Na segun-

da edição deste suplemento, você ainda confere uma matéria sobre como

aproveitar o sol com responsabilidade, um guia para te ajudar a escolher os

alimentos na hora do supermercado, uma reportagem sobre os perigos das

promoções oferecidas na internet para compras de tratamentos estéticos e

muito mais. Aproveite!

FOtO

: Luc

iano

Oliv

eira

Page 88: Revista [B+] 32

88 r e V I Sta [ b + ] O U T U B R O D E 2 0 1 5

[conselho editorial] César Souza, Claudio Vinagre, Cristiane Olivieri, Geraldo Machado, Ines Carvalho, Jack London, Jorge Portugal, José Carlos Barcellos, José Roberto Mussnich, Luiz Marques de Andrade Filho, Maurício Magalhães, Marcos Dvoskin, Masuki Borges, Reginaldo Souza Santos, Renato Simões Filho, Rubem Passos Segundo e Sérgio Nogueira

[editor-chefe]Pedro Hijo ([email protected])

[repórter]Joseanne Guedes ([email protected])

[designer]Adna Novaes ([email protected])

[projeto gráfico]Leandro Maia, Rafaela Palma e Gabriel Cayres

[fotografia]Studio Rômulo Portela

[revisão]Cristiane Sampaio

[colunista]Cândido Sá

A Revista [B+] não se responsabiliza pelas opiniões, ideias, conceitos e posicionamentos expressos nos publieditoriais, anúncios e colunas por serem de inteira responsabilidade de seus autores.

[b+] saúde

[impressão] Grasb

capaFoto:luciano Oliveira

Direção de arte:Adna Novaes

Produção:Pedro Hijo

Modelo:Marcelo rocha

Estilo:Wind Fitness Style

A Revista [B+] pode ser lida no portalbmais.com.br, tablets, smartphones e encontrada nas principais livrarias e bancas de Salvador. Encontre a Revista [B+] nos seguintes pontos de venda: Livraria Aeroporto; Livraria Cultura (Salvador Shopping); Livraria Leitura (Salvador Norte Shopping e Shopping Bela Vista); Livraria Rodoviária; Livraria Saraiva (Salvador Shopping, Shopping Barra, Shopping da Bahia e Shopping Paralela) e bancas selecionadas.

pOntOs de Venda da reVista [b+]

[conselho institucional] Antonio Coradinho (Câmara Portuguesa), Antoine Tawil (FCDL), Felipe Arcoverde (Abedesign-BA), João Pedro Bahiana, (AJE-BA), Jorge Cajazeira (Sindipacel), José Manoel Garrido Gambese Filho (Abih-BA), Laura Passos (Sinapro), Pedro Dourado (ABMP), Moacyr Maciel (Abap), Roberto Ibrahim (CRA-BA), Rodrigo Paolilo (Júnior Achievement) e Wilson Andrade (Abaf)

[presidente]Rubem Passos Segundo ([email protected] )

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cnpJ 13.805.573/0001-34

expediente

tIrageM audItada10 MIL exeMPLareS

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Outubro rosa terá mutirão de mamografia e palestrasMutirão de mamografia itinerante, bate-pa-

po sobre prevenção e palestras sobre auto-

estima da mulher. Estas são algumas das

ações que serão promovidas para marcar o

Outubro Rosa. Uma das instituições enga-

jadas na campanha de prevenção do câncer

de mama é o Monte Tabor/Hospital São

Rafael (HSR), que pretende alertar a popu-

lação para a importância do diagnóstico

precoce. Segundo a Organização Mundial

da Saúde (OMS), a doença afeta mais de 42

mil pessoas por ano no país e é responsável

por aproximadamente 12 mil mortes.

nova enfermaria são cristóvão é entregue aos pacientes do susA Santa Casa da Bahia inaugurou as novas instalações da Enfermaria São

Cristóvão. Com 37 leitos, a unidade do Hospital Santa Izabel oferta 100%

do atendimento aos pacientes do SUS e recebeu intervenções que prioriza-

ram o aumento do conforto aos pacientes e profissionais de saúde. Além de

exercer importante papel assistencial, a enfermaria, cuja reforma foi custe-

ada parcialmente por emendas parlamentares, tem relevante desempenho

na área de ensino, acolhendo as atividades dos internos da Escola Bahiana

de Medicina e Saúde Pública e de residentes em cardiologia, pneumologia,

reumatologia e neurologia.

Os dados impressionam: a cada 7,6 minutos

há a descoberta de um novo caso de câncer

de próstata. Para divulgar informações so-

bre o combate à doença, a Sociedade Brasi-

leira de Urologia (SBU) e o Instituto Lado

a Lado pela Vida estão novamente unidos

pelo movimento Novembro Azul. Além da

iluminação de pontos turísticos, as ações

englobam a distribuição de panfletos,

palestras e realização de exames. O urolo-

gista Dr. Anselmo Hoffmann, membro da

SBU, lembra que o exame PSA sanguíneo

e a ultrassonografia da próstata não são

suficientes para o diagnóstico. “O exame

de toque é insubstituível, não machuca e

dura em torno de dez segundos, mas ainda

precisamos superar o preconceito”.

Como parte das comemorações ao dia do Cirurgião-dentista brasileiro, celebrado em 25 de outubro, o Conselho regional de Odontologia do estado da bahia (CrO-ba) programou atividades para a Semana da Saúde bucal. de acordo com antonio Falcão, presidente da entidade, será realizada uma solenidade comemorativa no dia 21, às 19h, na reitoria da ufba. estão previstas palestras, atividades cívico-sociais, como escovações supervisionadas e aplicação de flúor, e ações de promoção da saúde bucal no interior do estado, como a Campanha de detecção Precoce do Câncer bucal em Seabra e região, nos dias 23 e 24/10.

Com investimentos da ordem de r$ 24 milhões, o maior do setor nos últimos 30 anos, a clínica espaço Holos inaugura a nova sede em Salvador, após 15 anos de serviços prestados à população baiana. O novo equipamento, que começa a funcionar em meados de 2016, vai dispor de serviços terapêuticos, atendimentos ambulatoriais e domiciliares. Para o diretor clínico do espaço Holos, dr. Luiz Fernando Pedroso, é preciso compreender que o paciente psiquiátrico precisa de uma abordagem multidisciplinar comprometida com o ser humano.

dia dO dentista

salvador ganha nova clínica de referência em saúde mental

Homens atentos à saúde

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Saúde | bloco de notas

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Um procedimento realizado há mais de 20 anos nos Esta-

dos Unidos trouxe importante inovação no tratamento

contra o câncer na Bahia. O Grupo Conass – Cirurgiões

Oncológicos Associados foi pioneiro em executar desde

2011, no Hospital São Rafael (HSR), a cirurgia citorredutora

com quimioterapia intraperitoneal hipertérmica, uma

alternativa revolucionária para pacientes com câncer

abdominal avançado. “É mais uma ferramenta no tra-

tamento de carcinomatose peritoneal. “Temos todas as

condições necessárias para realizá-lo com baixa taxa de

morbimortalidade, melhora na qualidade de vida e ganho

considerável em sobrevida”, diz Emerson Prisco, cirurgião

oncológico do grupo.

CIRuRgIA CITORREduTORA é AlTERnATIvA nO TRATAMEnTO dO CânCER AbdOMInAl

informe publicitário

tudo em um só lugarCOM a VarIedade de trataMentOS, COrPOrIn garante reSuLtadOS eFICazeS e duradOurOS

reunir em um único local tratamentos completos para as diversas demandas da área de fisioterapia. este foi o motivo que levou os fisioterapeutas Igor Silva Cordeiro e thiago Franco Freire a criar a Corporin, clínica que, desde 2003, traz para Salvador um novo conceito de serviço fisioterápico, combinando técnicas avançadas e tecnologia. essa junção, de acordo com thiago Freire, é responsável pela maior eficácia do tratamento: “Hoje a Corporin tem o que há de mais moder-no para a coluna vertebral, por exemplo, e, com o auxílio da tecnologia, consegui-mos uma terapêutica mais objetiva com uma resolução mais eficiente”, afirma.

entre os tratamentos oferecidos pela Corporin, podem-se destacar: fisioterapia em ortopedia, traumatologia e desportiva, quiropraxia, rPg, pilates, cross-training, musculação assistida, nutrição e psicologia. Para Freire, disponibilizar em um só ambiente todos esses tratamentos é mais um diferen-cial da clínica. “ao reunir todos esses tratamentos em um único local, podemos proporcionar aos pacientes um melhor tratamento, alinhando com o que há de mais tecnológico em equipamentos para essa área”, completa.

Marque a sua visita à Corporin: tel.: (71) 3359-2963 ou pelo site www.corporin.com.br FO

tOS:

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ela

A entidade ligada à Secretaria de Saúde do Estado confirmou

que 400 novos farmacêuticos, químicos e biólogos serão

contratados a partir de 2016. A medida faz parte do plano de

criação do polo farmacêutico na Bahia e, segundo o secretá-

rio da Saúde, Fábio Vilas-Boas, é preciso criar uma estratégia

que garanta o maior número de baianos ocupando essas

vagas. “Uma das iniciativas visa estimular o direcionamento

dos cursos de pós-graduação para a área farmoquímica, bem

como estruturar um programa de estágio remunerado para

estudantes da graduação na Bahiafarma”, afirma. Aliada a

essa demanda da empresa baiana, a expectativa é que novas

empresas do setor se instalem na Bahia atraídas pelos incen-

tivos fornecidos pelo governo do estado.

BaHiafarma Vai Contratar maiS De 400 profiSSionaiS

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Saúde | capa

Correr é aposta para aumentar a resistência física, melhorar a qualidade de vida e turbinar a saúdefotos LUCIANO OLIVEIRA

Velozes e... poderosos!

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Velozes e... poderosos!

a corrida despertou adeptos e amantes do esporte em todo o Brasil, colocando a moda-lidade entre as mais praticadas nas grandes cidades. em Salvador, o número de corredores vem aumentando, assim como a participação nos eventos realizados na capital, que começa a ganhar novas alternativas. além de emagrecer e combater diversas doenças, como hiperten-são e diabetes, quem corre tem mais chances de sorrir para a vida, pois aumenta a autoesti-ma e o bem-estar. Correr é uma prática natural, não tem restrição de idade. até pode ser feito em casa, mas é especialmente divertido quando praticado em grupo e ao ar livre.

Mas, atenção! antes de colocar um tênis e sair correndo por parques e ruas da cidade, a recomendação é procurar um profissional de educação física. “a corrida é sim uma prática natural, porém precisa ser orientada, e o profis-sional de educação física é o mais capacitado para esse tema. É ele que demonstra a neces-sidade de se aprender a correr da forma certa, diminuindo assim riscos de lesões e auxiliando a atingir a performance desejada.” O alerta é do professor de educação Física alexandre Campos, da ad3 Esportes, uma das empresas especializadas em assessoria desportiva de Salvador, que atua há 12 anos.

desAfioCom o crescimento do número de participantes das corridas de rua, os clubes e empresas do segmento conquistam seu espaço, colocando à disposição dos corredores eventos ainda mais profissionalizados. uma dessas provas é o projeto Desafio das Dunas, realizado pela ad3 esportes em março deste ano. trechos de areia,

“o termo ‘derreter’ gordura não pode ser confundido com ‘emagrecer’”Alexandre Serrado, personal trainer

vegetação de restinga, trilhas em matas fechadas com vegetação de mais de quatro metros de altura. esse é o cenário que vai ambientar, no dia 21 de novembro, a segunda edição do evento, para o qual são esperados 600 participantes, no Parque das dunas, em Stella Maris.

“todos irão desafiar os percursos em 5 km ou 8 km. Será uma experiência única, uma oportunidade para unir esporte, saúde, responsabilidade com a natu-reza, música e cultura”, afirma o administrador danilo Campos, irmão e sócio de alexandre. Segundo ele, o projeto para 2016 é transformar o desafio das dunas em um circuito de três etapas. “temos a intenção de lançar nosso desafio no cenário nacional de corridas”, adianta o empresário.

correr emAgrece?refeições malfeitas, lanches que substituíam alimentos nutritivos e sedentaris-mo. esta foi a combinação que deixou o professor bruno Hostil (26) em um estágio “confortável” de obesidade. “Parecia ser aceitável 100 kg”, diz. Sua vida começou a mudar quando ele descobriu o prazer de correr e fez da atividade seu passaporte para o emagrecimento. “decidi há cerca de quatro anos. Hoje, combino esses ingredientes da vida saudável: exercício físico e boa alimentação. Passeio na zona

O arquiteto Marcelo Rocha, que estampa a capa desta edição, é adepto da corrida. “Renova o meu espírito e é ótimo para a saúde”, comenta

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Correr faz Bem

dos 70 kg. a corrida me deu controle sobre meu peso e aparên-cia”, revela Hostil.

ele já participou de quase todas as provas realizadas na capital baiana, além de ter rodado cinco estados brasileiros por conta da corrida. Já são mais de 60 provas concluídas sob a orientação de uma assessoria desportiva. Mesmo que não seja de modo profissional, há quem se jogue na corrida apenas pela recreação. O arquiteto Marcelo rocha, por exemplo, diz que a prática renova seu humor e bem-estar. “Prefiro correr no calçadão da orla, assim eu entro em contato com o clima gostoso do mar. Me renova”, comenta.

Embora a corrida proporcione alto gasto calórico, para o professor de educação física alexandre Serrado, é preciso to-mar cuidado, porque nem todas as pessoas estão prontas para correr. O excesso de peso, por exemplo, requer redução de me-didas antes de iniciar os treinos de corrida. “O termo ‘derreter’ gordura não pode ser confundido com ‘emagrecer’. a corrida é um excelente exercício aeróbico, mas não completo. Falta a parte anaeróbica, onde é trabalhada a musculatura esquelética, que, além de estrutural, corrobora com a tão sonhada definição

e combate a flacidez, claro que associada a uma boa nutrição”, destaca. de acordo com o personal, ignorar as recomendações profissionais ou fazer economias com itens como tênis e vesti-mentas se torna um “tiro no pé”.

- Estimula o raciocínio: melhora a memória e outras funções cognitivas.

- Diminui o impacto de doenças cardiovasculares, câncer e diabetes.

- Melhora o sono: pessoas sedentárias e com dificuldade para dormir devem incluir na rotina trotes de 20 a 30 minutos em dias alternados.

- Previne doenças: fortalece o sistema imunológico e eleva a produção de macrófagos, células que atacam bactérias e vírus.

- Deixa o coração resistente: melhora o fluxo sanguíneo nas coronárias (artérias que irrigam o coração) e estimula a capacidade de contração do músculo cardíaco.

- Eleva a autoestima e libera o estresse: há mais ligações de receptores de endorfina em quem corre do que em praticantes de outras atividades físicas.

A corrida tornou-se paixão para o professor Bruno Hostil, que roda o Brasil disputando provas

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Saiba qual a melhor opção na hora de fazer as compraspor JOSEANNE GUEDES

BATAlHA dOS AliMENTOSNa hora das compras, a busca por alimentos mais nutritivos é um verdadeiro

desafio. É natural ficar em dúvida diante de tantas opções nas prateleiras dos

supermercados, mas conhecer as vantagens de um item sobre outro pode

melhorar sua dieta e fazer toda a diferença nos treinos. O nutricionista Lucas

Valois, especialista em Nutrição Esportiva, destaca as principais característi-

cas de alguns itens. Compare!

Lucas Valois explica que os dois óleos têm composições e utilidades diferentes, mas apresentam 9 kcal por 1 ml. O óleo de coco tem função antifúngica, atua na redução do colesterol ruim (LdL), é levemente saturado e apresenta tempo de fumaça maior, sendo indicado para assar, grelhar, fritar ou cozinhar. Já o de canola, não contém saturação e é fonte de vitamina e. Pode ser usado para temperos e enriquecimento calóricos em dietas, mas perde suas características quando aquecido a 75 graus. a dica é usar com moderação, evitar frituras e não reutilizar.

O ideal é dar preferência ao atum fresco por ser rico em ômegas 3 e 6, com proteína de alto valor biológico, e sem adição de química. Se optar pela praticidade, escolha o atum em conserva de água, porque o óleo benéfico vai estar na proteína do atum e não no óleo adicionado para preservar o alimento e aumentar seu tempo de prateleira. a indústria utiliza um tipo de esmalte para impedir que o produto tenha contato direto com metal. então, atenção para não levar embalagens amassadas para casa.

Qual o melhor óleo? Hora do enlatado

óleode coco

Atumem água

óleode canola

Atumem óleo x x

Saúde | alimentaçãoFO

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duas frutas muito saudáveis e que têm como carboidrato a frutose, o que torna mais lenta a absorção de açúcar. a banana é rica em fibras e dá saciedade prolongada por causa do amido que é transformado em um gel na digestão. a maçã não provoca tanta plenitude gástrica. Ela é ótimo antioxidante, principalmente comendo junto com a casca, que é rica em fibras e atua na redução do colesterol.

Por ser menos calórico, o cottage é a melhor opção para quem gosta de comer muito, o que o nutricionista considera um erro. em 50 g de cottage, há 49 kcal. enquanto 50 g de ricota representa 87 kcal. São duas ótimas opções para quem busca uma alimentação saudável ou até aumento de músculos, por serem proteínas de alto valor biológico, fontes de minerais como cálcio e potássio e vitamina do complexo b, além do baixo teor de gordura.

a carne de boi ganha no quesito proteína. ela é a mais rica em ferro, zinco, creatina e vitaminas B1 e B12. Mas a de frango tem menos gordura, principalmente no pós-preparo, além de melhor aceitação no paladar quando simplesmente grelhada ou cozida. Ela possui cisteína, um aminoácido liberado quando o frango é cozido e que repercute positivamente no sistema imunológico, agindo diretamente sobre os sintomas da gripe.

na hora da fome, qual fruta dá mais saciedade?

Qual o queijo devo escolher se desejo emagrecer?

Qual carne é a mais saudável?

banana

carne bovina

cottage

maçã

frango

ricota

x

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Saúde | fala doutor

O que é o câncer de pele e quais são os tipos?Uma doença decorrente do desenvolvimento anormal

das células da pele, que se multiplicam repetidamente até

formarem um tumor maligno. Pode ser não melanoma e

melanoma. O primeiro tem maior incidência (95%) e baixa

mortalidade. Já o melanoma, que representa apenas 4%

das neoplasias da pele, tem um comportamento agressivo e

menor chance de cura.

como reconhecer os sinais da doença?O próprio paciente deve procurar rotineiramente man-

chas descamativas que coçam, ardem ou sangram, feridas

que não cicatrizam em até quatro semanas, mudança na

textura da pele ou dor.

sol na medidaO cirurgião oncológico Emerson Prisco, especialista em tumores da pele, dá dicas de como aproveitar o verão com cuidado

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de que forma é diagnosticado?Cerca de 70% das suspeitas iniciais são feitas por médicos não especialistas, o

que evidencia a importância destes profissionais no controle da doença. O exa-

me de dermatoscopia pode auxiliar a distinguir se a lesão é maligna ou benigna.

Mas apenas a biópsia dará a certeza.

quais os tratamentos?A cirurgia é o tratamento mais indicado para o câncer de pele de qualquer tipo. O

não melanoma de pequena extensão pode ser tratado pelo dermatologista, com

medicamento tópico (pomadas e soluções), cauterização, além de excisão simples.

Radioterapia e quimioterapia podem ser necessárias em casos avançados, com

volumosos tumores de difícil tratamento cirúrgico.

além do sol, há outros fatores de risco? O fator genético é de grande importância e pode se traduzir na cor branca da

pele, sardas, olhos claros, cabelos muito claros ou ruivos. O tipo não melona-

ma ocorre geralmente em pessoas com mais de 40 anos, de pele clara, mais

sensíveis ou expostas aos raios solares, ou com doenças cutâneas prévias,

sendo raro em crianças e negros. Quem já teve câncer de pele está mais pro-

penso a apresentar outras lesões malignas, além das pessoas com doenças da

pele, como albinismo, xeroderma pigmentoso, esclerodermia e psoríase.

como evitar?Não se deve esperar sinais de envelhecimento, e sim minimizar a ação dos fatores

de risco desde a infância. Em países tropicais, é preciso evitar exposição prolon-

gada aos raios solares entre 10h e 16h. Usar filtro solar diariamente, além de itens

como bonés ou chapéus, óculos escuros, camisas de manga e calças, guarda-sol.

qual a forma correta de usar protetor solar?O fator de proteção solar (FPS) é uma escala que define a intensidade da

barreira contra a penetração dos raios ultravioleta (UV). É recomendável usar

FPS igual ou superior a 30 em horários de pico solar. No início da manhã ou

final da tarde, pode-se optar por FPS 15 ou menor com segurança. A dica é

aplicar nas áreas mais expostas, aguardar um período de 30 minutos antes

de se expor ao sol e reaplicar o produto a cada banho de mar ou piscina, ou a

cada período de duas horas.

é verdade que a pele negra está protegida? qual a incidência?Isso é um mito. As pessoas de pele negra têm menos predisposição a desen-

volver o câncer do tipo não melanoma, mas podem ocorrer em torno de 4% a

6% dos casos. Entretanto, há um tipo de câncer chamado melanoma acral que

ocorre nas unhas, palmas das mãos e solas dos pés, principalmente em pesso-

as negras (mais de 90% dos casos), e tem comportamento bastante agressivo.

Todos devem estar atentos aos cuidados com a saúde da pele.

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Saúde | cuidado

À medida que a finitude assusta, a dignidade de pacientes sem mais recursos

de tratamento ocupa ainda uma lacuna na saúde. Quando se fala em paliação,

as pessoas associam à desistência em tratar, como se a equipe médica “jogasse

a toalha”. Especialistas lembram, no entanto, que os cuidados paliativos

não são indicados apenas para os pacientes em estágio terminal, mas para

todas as doenças que ameacem a continuidade da vida e possam apresentar

evolução, como é o caso do câncer incurável, esclerose múltipla ou lateral

amiotrófica e síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids). A importância

da especialidade, mesmo no estágio inicial, reside no fato de que essa assis-

tência integra todos os aspectos da dor, considerando também as dimensões

psicológicas, sociais e espirituais do paciente.

Em um trabalho interdisciplinar que envolve medicina, psicologia, nutri-

ção, fisioterapia, fonoaudiologia, odontologia, assistência social, enfermagem

e outras áreas, uma equipe multiprofissional está preparada para garantir

que todos tenham direito a um fim sem sofrimento. Mas, como um profissio-

nal de saúde se desloca para uma especialidade que, na maioria das vezes, não

tem a menor perspectiva de cura? Não faltam questionamentos sobre a razão

para uma equipe dar suporte para quem está partindo. Deixar claro que as

atribuições desses profissionais vão além de medidas restaurativas é um dos

objetivos do Dia Mundial de Cuidados Paliativos, comemorado no segundo

sábado do mês de outubro.

Para o médico paliativista da Clínica AMO,

Vítor Carlos Silva, que também é coordenador

da Comissão de Cuidados Paliativos do Hospi-

tal Aliança, o profissional é movido pelo desejo

de levar o conforto ao enfermo acometido por

sintomas que incluem falta de ar, constipação

intestinal, tosse, fadiga, náuseas, ansiedade e

distúrbios do sono, além de apoiar sua família.

“Seguimos o aforisma hipocrático: ‘Curar

algumas vezes, aliviar quase sempre, consolar

sempre’. O foco é o doente, não a doença”. Ele

revela que conviver com pacientes em alto

grau de sofrimento proporciona ao médico – e

demais profissional de saúde – contato com a

dor do outro, gerando reflexões pessoais.

quANdO CuidAr É quASE CurArCuidados paliativos que abrangem as dimensões do tratamento de doenças que ameaçam a vida

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“Só é um bom paliativista aquele que não se acostuma com o sofrimento” Kátia Baldini, enfermeira

“Os cuidados paliativos não são meros engodos para ‘o que não tem jeito’. São

ferramentas excepcionais com as quais poderemos ver um ser humano se man-

ter erguido em vida”, defende Emerson Prisco, cirurgião oncológico do Hospital

São Rafael. De acordo com o médico, os recursos tecnológicos, farmacológicos e

capacitação profissional atuais permitem controlar adequadamente a doença. O

paciente pode manter suas funções cotidianas e conviver com os seus familiares

e amigos o maior tempo possível. “Nosso papel é resgatar aspectos positivos da

situação, mantendo a sua autoestima e dignidade. Temos que apoiá-lo e ajudá-lo

a enfrentar a vida como ela se apresenta”.

Para a geriatra especializada em cuidados paliativos Alini Ponte, que atua

no Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB), a confusão reside no preconceito que

existe com a palavra “paliativo”, embora o termo – que deriva do latim pallium –

signifique “manto” ou “cobertor”. Na época das Cruzadas, os cavaleiros rece-

biam o item para proteger-se das intempéries do caminho na longa jornada. A

médica, entretanto, explica que a palavra ficou estigmatizada nos dias atuais.

“O nome ganhou uma conotação negativa. Quando ensinamos o que é, de fato,

a família aceita muito bem”. Ela considera um presente ter conhecido em 2008

essa especialidade que apenas há um ano formou a primeira turma de residên-

cia, na Universidade de São Paulo (USP). “Quando se é apaixonado pelo doente,

e não pela doença, não há frustração. Você fica grato por poder ressignificar a

história do paciente e atuar no alívio do sofrimento”.

A professora de codinome Maria foi forçada a acompanhar uma trajetória

amarga, quando sua filha única foi internada por causa de uma pneumonia e foi

diagnosticada “positivo” para o vírus da imunodeficiência humana (HIV). A jovem

conviveu com o vírus durante nove anos, sem saber. “Minha filha partiu aos 32

anos, deixando marido e um filho adolescente.

Eu não sabia como lidar com a iminente parti-

da, quando seu quadro se agravou. Somos ape-

gados ao que julgamos ser nosso. Perder é algo

bastante doloroso”, afirma a educadora, que

destaca a importância dos cuidados paliativos

tanto para o paciente quanto para a família.

“A sensação de desespero foi amenizada pela

intervenção da equipe, que me ajudou a agir

com sabedoria, calma e paz no coração, mesmo

diante da maior desgraça na vida de uma mãe.

Quando um filho vai embora, não se sabe do

depois. Ficamos alvoroçados em nosso ninho”.

Hoje, Maria transformou a dor em energia pro-

pulsora para cuidar de outras vidas, por meio

do voluntariado em campanhas preventivas.

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Saúde | sustentabilidade

Emissões de gás de efeito estufa, aquecimento global, enve-

nenamento dos solos, águas e ar. Desflorestamento. O meio

ambiente entrou no cheque especial, diante do atual nível de

degradação de todos os ecossistemas, que impacta diretamen-

te a saúde humana. A relevância exigida pelo tema impulsiona

empresas, das iniciativas pública e privada, a repensarem seus

modelos de gestão. Um sistema de gerenciamento que dá ên-

fase à sustentabilidade já é real principalmente nos estabeleci-

mentos de saúde. Entre as tecnologias disponíveis, as normas e

regulamentos são um esforço para as organizações assumirem

suas responsabilidades. Saúde e meio ambiente parecem se en-

contrar no momento da crise dos modelos de desenvolvimen-

to, calcados na exploração sem limites dos recursos naturais e

no seu consequente esgotamento.

A necessidade de implantar políticas de gerenciamento dos

resíduos sólidos de serviços de saúde tem levado hospitais, far-

mácias, clínicas médicas, laboratórios, consultórios, entre ou-

tros, a investir na educação ambiental de seus colaboradores e

na construção de uma cultura baseada em valores ambientais.

Esse é o caso do Hospital Manoel Victorino, instituição 100%

SUS que está há um ano sob a gestão do Instituto Brasileiro de

Desenvolvimento da Administração Hospitalar (IBDAH). A di-

retora Sheila Ferraz afirma que a unidade implantou o Projeto

Separação e Reciclagem de Resíduos, para capacitar sua equipe.

“Temos comissões internas para implantar programas

de destinação correta dos resíduos gerados, treinamentos

focados em segregação e destinação correta e de reciclagem.

Quanto mais cuidadosa é a separação de resíduos, maior a

quantidade de material a ser reciclado e menos água, energia

elétrica e matérias-primas serão consumidas”. Sheila Ferraz

destaca que o cuidado com os impactos ambientais diminuiu

os custos do hospital, unindo melhorias ambientais e econô-

micas. “No primeiro trimestre de implantação das medidas,

tivemos uma redução de custos significativa relacionada a

resíduos potencialmente infectantes”.

GeSTão AmBienTAla compreensão do processo de gestão ambiental faz a grande diferença nos estabelecimentos de saúde

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ção

Com diversos prêmios na área da sustentabilidade e respon-

sabilidade social, o Laboratório Leme, em Salvador, também

adotou indicadores ambientais como meta estratégica para

priorizar a sustentabilidade no planejamento estratégico da or-

ganização. A gestão ambiental da empresa é feita pela Unidade

de Gestão da Qualidade e Planejamento (UPGQ), mas o geren-

ciamento de resíduos é anterior a 2004. Este ano, o laboratório

levou o 1° lugar em Sustentabilidade no prêmio Benchmarking

Bahia, além de ter assinado o Pacto Global, onde firmou com-

promisso com 10 princípios a favor do meio ambiente.

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Passados mais de quatro anos do “boom” das compras coletivas no Brasil, as promoções

ainda tomam conta da internet. Apesar da diminuição da frequência de consumo por essa

modalidade, é possível encontrar pacote de dez sessões de drenagem linfática pelo preço

de três, limpeza de pele com peeling que sai por menos de R$ 30, entre outras ofertas que

são verdadeiros bálsamos para o bolso. E é aí que mora o perigo! Especialistas alertam

para alguns cuidados imprescindíveis na hora de se tornar um “cliente-cupom”, pois esse

festival de vantagens envolve riscos para a saúde e beleza.

A proposta é simples: reduzir individualmente o valor de produtos e serviços, em

uma espécie de corretagem, sendo que a maior parte do dinheiro das vendas vai para os

sites. Para o anunciante, o principal benefício é a possibilidade de acessar clientes sem

um investimento direto em propaganda. Dois dos sites mais conhecidos, Groupon e Peixe

Urbano, rejeitam agora essa categoria e se autodenominam e-commerce local, no qual o

modelo de negócio, ao contrário das compras coletivas, não exige um número mínimo de

consumidores para validar a promoção e funciona como um “shopping de ofertas”.

umA friA?Diferença na política de marcação, remarcação e cancelamento do serviço e horários sa-

turados estão entre os principais problemas relatados por quem já se aventurou no univer-

so das compras no mundo virtual. “Comprei sessões de drenagem linfática que nunca pude

fazer porque os serviços não são bem discriminados e eu não sabia que a marcação era tão

complicada e com horários inflexíveis que fazem você perder a validade do cupom”, relata a

pedagoga Cristina Santos (34). “Comprei um pacote de depilação a laser por menos de R$ 100,

mas eu não teria feito as dez sessões se tivesse que pagar mil reais”, conta a auxiliar adminis-

trativa Andréia Menezes (26), que pesquisou sobre o estabelecimento antes de comprar.

Para a dermatologista Marilu Tiuba, especializada em cosmiatria, os sites de compra

coletiva não estão preocupados com a saúde do consumidor. “Atraídos por preços baixos,

o cliente pode comprar um problema. Nós [médicos] somos procurados com frequência

para tratar complicações de procedimentos feitos em clínicas que não têm um especialista

responsável. O ditado ‘o barato, sai caro’ deve sempre ser levado em consideração na com-

pra desses pacotes com promessas milagrosas e preços atraentes”, alerta a médica, que é

membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

A prática da venda em sites de compra coletiva é proibida por diversos conselhos pro-

fissionais. Muitas clínicas estão registradas como centros estéticos e continuam a vender

os procedimentos, uma vez que a estética não possui conselho próprio para regular a prá-

tica. A fisioterapeuta Silvana Lima, especialista em dermato funcional, estética e cosméti-

ca, alerta os mais afoitos pelas compras via web. “Um tratamento deve ser personalizado e

montado de acordo com as reais necessidades e limitações do cliente”.

CliENTE-CuPOMSaiba como evitar surpresas nas compras coletivas de pacotes de estética e beleza

confiável,

Cartilha de CUidados

vEJA SE A EMPRESA é

FAÇA DAS PÁGINAS DA COMPRA

SE vALE A PENA O DESCONTO

LEIA O

é FUNDAMENTAL. DRIBLE A PREGUIÇA E ENCARE AqUELAS LETRINhAS,

PARA EvITAR SURPRESAS DESAGRADÁvEIS

Saúde | dicas

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cópias

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regulamento

ler as linhas finas

DA PROMOÇÃO

BUSqUE REFERêNCIAS

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Saúde | coluna

cândido sá

Especialista em direito civil e de defesa do consumidor e pós- graduado em direito ambiental pela PUC-SP

O Código de defesa do Consumidor brasileiro completou em setembro 25 anos de

existência. Mais que isso, no seu jubileu de prata o CdC comemora importantes

vitórias em diversas áreas. Na saúde, as conquistas são salutares principalmente

no contexto nacional de problemas crônicos no sistema público de saúde e con-

sequente grande demanda, por parte dos consumidores, por atendimento médico

particular ou através dos planos de saúde.

Hoje grande parte da população em todo o Brasil é associada a uma opera-

dora de saúde. Este é um mercado enorme e regulado pelo CdC e pela Agência

Nacional de Saúde Suplementar – ANS. Ao consumidor leigo, a existência dessas

duas “entidades” pode passar despercebida, mas isso não reduz a sua importân-

cia para a toda a sociedade.

Ainda líder em reclamações, os planos de saúde possuem reajustes regulados

e funcionamento fiscalizado. São inúmeras as barreiras para a utilização do

plano, como a demora na marcação, exclusão de exames e procedimentos das

coberturas e descredenciamento de médicos, clínicas e hospitais sem comunica-

ção prévia. Sem regulação, o mercado ficaria à mercê de lógicas mercadológicas

leoninas, que deixariam o consumidor numa posição ainda mais vulnerável

ante a força econômica e política das operadoras de saúde.

Mas a existência do CdC limita a atuação das empresas e dá ao segurado a base

necessária para levantar a voz e brigar por seus direitos, revertendo abusos e mi-

nimizando conflitos. Para os médicos credenciados pelas operadoras, o CdC acaba

também representando uma base forte de auxílio a uma atuação mais segura. Ao

impedir desmandos, mesmo que de forma indireta, o CdC protege a classe médica

do tão alardeado “atochamento do atendimento”, que força o profissional a acolher

uma quantidade absurda de pacientes num tempo mínimo de consulta para dar

conta de uma demanda cada vez maior por atendimento médico.

A situação da saúde suplementar não é

boa. A situação da saúde pública tampouco.

Na Bahia, o setor vem investindo em alter-

nativas criativas e bem-sucedidas, como a

criação de cooperativas. Mas hoje é fun-

damental reconhecer as vitórias possíveis

graças à existência do CdC. O consumidor

hoje tem acesso a informações de forma

mais transparente, o que lhe possibilita uma

análise mais clara das relações contratuais

e consumeristas. Esta é uma vitória impor-

tante para a democracia e sua aplicação no

nosso cotidiano.

Por último, acho importante comemorar e

reconhecer que temos um dos mais comple-

tos documentos de defesa do consumidor.

documento este que combate abusos de

poder, auxilia a implantação de políticas

públicas e nos aproxima dos países mais

desenvolvidos no que se refere a segurança

e qualidade de produtos e serviços. Na área

de saúde, onde a excelência de atendimen-

to e produtos significa vidas salvas, o CdC

tem um papel indispensável, que garante à

sociedade um sistema de controle mais rígido

e com controles sociais mais claros.

A SAúde noS 25 AnoS do códiGo de deFeSA do conSumidor

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Saúde | odonto

Sorrir Sem medoa cada método menos invasivo, aumenta a procura pela odontologia estética

Quando o assunto é estética dos dentes, o

primeiro procedimento que vem à cabeça é

o clareamento. Mas a odontologia oferece

um leque de possibilidades para quem quer

alcançar um sorriso perfeito, que expresse

naturalidade e beleza, sem descuidar da saúde

bucal. As técnicas e materiais atuais permitem

modificar os dentes em seu formato, cor, posi-

cionamento e até mesmo substituí-los quando

eles foram perdidos. Fragmento de porcelana,

faceta, cirurgia ortognática e aparelhos orto-

dônticos são alguns métodos.

De acordo com a Sociedade Brasileira de

Odontologia Estética (SBOE), nos últimos

dois anos o número de pacientes em busca

de tratamentos na área da estética cresceu

50% no país. De cada dez, sete buscam algum

procedimento estético. A cada novidade

menos invasiva e mais acessível, as pessoas

são encorajadas na busca por um sorriso

mais harmonioso. Mas como saber qual é o

tratamento mais indicado para o seu caso?

Essa missão é encarada pela dentista Milena

Rosal, que revela que os pacientes chegam ao

consultório apontando os “defeitos” de seu

sorriso, baseados em imagens de artistas.

“Cabe ao profissional ouvir, estudar o caso e propor o melhor procedimento.

Pesquisas indicam que pessoas satisfeitas com o seu sorriso tornam-se mais

alegres, confiantes, seguras de si”, afirma Rosal. Para ela, a boa aparência dos

dentes pode ser reflexo da saúde bucal. “Os pacientes devem procurar um

profissional capacitado e ter cuidados diários”. Além de uma boa higienização e

visitas regulares ao dentista, deve ser evitado o consumo de alimentos que têm

pigmentação excessiva, como o café e o suco de uva, e aqueles que são muito

ácidos, como as frutas cítricas e as bebidas alcoólicas.

ApArênciA e conteúdoArquitetura gengival, formato dos lábios e da face, amplitude do sorriso, estru-

tura corporal e o sexo do paciente devem ser considerados no momento da indi-

cação do tratamento, de acordo com a especialista em endodontia Daniela Reis.

Ela destaca que não se pode buscar um procedimento estético sem priorizar a

saúde bucal. “É preciso estar com o meio bucal adequado. A aparência é muito

importante, mas não pode ser a prioridade frente a outros problemas”.

A gestora de recursos humanos Lílian Santos recorreu ao clareamento após

tratamento ortodôntico, restauração e uma faceta, depois de ter feito canal. “A

minha questão sempre foi estética e eu alcancei o objetivo porque procurei um

profissional confiável. A desvantagem do clareamento é que, com o tempo, vai

alterando a cor e tem que repetir o procedimento. Já a faceta requer cuidado

em dobro e a aparência não é tão natural”, afirma. Para casos menos graves,

onde há um desconforto estético do paciente, a correção pode ser feita sem

a intervenção da ortodontia. O indispensável é a orientação adequada, caso

contrário, o clareamento pode causar a sensibilidade dos dentes, alteração do

esmalte, inflamação do nervo do dente e até dano periodontal.

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