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ANO VII - Nº 45/2012 SUÍNOS&CIA - REVISTA TÉCNICA DA SUINOCULTURA

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Editorial

Especialista em suínos ou parte de umsistema de produção?

Estamos vivenciando uma década de muitas oportunidades, cheias de mudanças e ajustes. Sem dúvida, devemos deixar de lado a vaidade! É hora de so-

mar, unir talentos, trabalhar em equipe, ter visão de multiplicar e mente aberta para entendermos e aceitarmos as constantes evoluções que o mundo moderno alcança

a cada dia. Apenas dessa forma chega-se à maturidade, que exige nossa participação como verdadeiros protagonistas do desenvolvimento e melhoria da suinocultura.

Quando se depara diante dos fatos, pode-se avaliar quais são os diferentes fa-tores vivenciados na atualidade que permitem perceber e repensar quais são as neces-sidades e como devemos nos adequar como profissionais especialistas em suínos para enfrentar os novos desafios dessa dinâmica atividade. O mundo mudou: isso é fato! Quando comparamos os diferentes momentos de dificuldades vivenciados na atuali-dade em relação aos de outras épocas percebemos que os problemas são os mesmos, porém, em maiores dimensões.

Esse fato se deve à globalização e à forma que se propaga a comunicação. Atualmente, quando há problemas econômicos ou climáticos em um determinado país ou mesmo em uma região de expressão econômica, afeta diretamente aqueles que estão em fase de expansão, comprometendo o desenvolvimento e o índice de crescimento. Dessa forma, exige-se cada vez mais do profissional atualização, in-formação, criatividade, persistência e perseverança, que são características funda-mentais para superar as possíveis dificuldades que podem afetar o setor.

Por outro lado, a competitividade aparece cada vez mais em todos os segmentos. Quando saímos da rotina, seja em viagens ou participações em congressos internacionais, percebemos que a suinocultura também segue o

caminho da globalização e padronização, exigindo cada vez mais compe-tência, profissionalismo e atuação de um time, respeitando a posição da equipe a qual fazemos parte e excluindo decisões isoladas.

Podemos concluir que a suinocultura a cada dia se padroniza, cresce, adota tecnologia de forma dinâmica, e o empreendedor espera que a atividade gere lucro e seja realmente competitiva. Com certeza, o profissional que atua nessa área, independentemente da profissão ou função, deve compreender que faz parte de um exigente sistema o qual requer constantemente atualização, negociação e competência.

Temos que ser capazes de nos moldar a trabalhar em equipe, com muita habilidade para gestão e com foco em medicina preventi-va, pensando em população e não em indivíduo. Aplicar conhecimen-tos técnicos, ser empreendedor, saber lidar e manejar pessoas, ser negociador, humilde e perseverante, aprender a ganhar e a perder na mesma intensidade, sabendo aproveitar cada situação, ter capacida-de de reconhecer virtudes, fortalezas e ser talentoso o suficiente para lidar com fracasso. Finalmente, deve-se entender que a suinocultura faz parte de um sistema que contempla lucro, porém, nem sempre se obtém o resultado esperado. É nesse momento que se define a competitividade da atividade e o quanto ela pode ser vulnerável às mudanças, dependendo do modelo de gestão que se pode adequar e do mercado o qual dificilmente se pode interferir.

Pense nisso e boa leitura!

Maria Nazaré T. S. Lisboa

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Índice

6 EntrevistaMaria Nazaré Simões Lisboa

10 ReproduçãoManejo da saúde do reprodutor suíno e sua importância na sanidade do plantel

16 NutriçãoImportância da nutrição para a matriz suína

27 SanidadeActinobacillus pleuropneumoniae: um patógeno ainda atual

36 Revisão Técnica22º Congresso da Associação Internacional de Veterinários Especialistas em Suínos (IPVS)

52 Sumários de Pesquisa

60 Divirta-seEncontre as palavrasJogo dos 7 errosTeste seus conhecimentosQual o seu diagnóstico?

62 Informe PublicitárioSegunda edição do livro “Doenças dos Suínos” foi lançada durante PorkExpo 2012

63 Recursos HumanosExigente, porém, gentil

64 AconteceuConsuitec e Faculdade de Jaguariúna promovem Curso de Necropsia em Suínos

Confi ra uma das maiores feiras de suínos, realizada na Alemanha, na qual técnicos da Consuitec marcaram presença

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Fazenda Grupo Cabo Verde

Expediente

Editora TécnicaMaria Nazaré Lisboa

CRMV-SP 03906

Consultoria TécnicaAdriana Cássia Pereira

CRMV - SP 18.577

Edison de AlmeidaCRMV - SP 3045

Mirela Caroline Zadra CRMV - SP 29.539

Jornalista ResponsávelPaulo Viarti

MTB.: 26.493

Projeto Gráfi co e EditoraçãoDsigns Comunicação - [email protected]

IlustraçõesRoque de Ávila Júnior

Foto da CapaRafael T. Pallás Alonso

Departamento ComercialMirela Caroline Zadra

[email protected]

Atendimento ao ClienteAdriana Cássia Pereira

[email protected]

Assinaturas AnuaisBrasil: R$ 120,00

Exterior: R$ 160,00Mirela Zadra

[email protected]

ImpressãoGráfi ca Silva Marts

Administração, Redação e PublicaçãoAv. Fausto Pietrobom, 760Jd. Planalto - Paulínia/SP

CEP 13.145-189Tel: (19) 3844-0443/ (19) 3844-0580

A reprodução parcial ou total de reportagens e artigos será permitida apenas com a autorização

por escrito dos editores.

Revista Técnica da Suinocultura

A Revista Suínos&Cia é destinada a médicos-veterinários, zootecnistas, produtores e demais profi ssionais que atuam na área de suinocultura. Contém artigos técnico-

científi cos e editorias instrutivas, apresentados por especialistas do Brasil e do mundo.

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Entrevista

Suínos & Cia Ano VII - nº 45/2012

Maria Nazaré Simões Lisboa

Maria Nazaré Simões Lisboa é médica-veterinária formada pela Universidade Federal Rural de Pernam-buco, Mestre em Patologia e Produção Suína pela Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha, e faz parte da equipe técnica da Consuitec na área de consultoria à suinocultura.

Suínos&Cia – Em 2011 a Consuitec orga-nizou uma viagem técnica com clientes para a Espanha. Neste ano, foi a vez de visitar a China. Por que este destino?

Nazaré Lisboa – Primeiramente, como empresa de consultoria, entendemos a importância de oferecer algo a mais aos nossos clientes no que se refere à moder-nização e competitividade. Viajar sempre traz conhecimento e novos horizontes. A globalização esta aí, e tanto os custos de produção quanto o preço final do produto estão cada vez mais equiparados quando comparados com os dos principais países produtores de suínos. Os problemas vi-venciados na atividade são praticamente os mesmos, e o sistema de produção pa-droniza-se independentemente de clima e região. Sem dúvida, a China, além de ser um país produtor e consumidor, também moderniza seu sistema de produção. Daí a importância de enfrentarmos uma longa viagem para conhecer a realidade desse gigante país que se encontra em tamanha expansão.

Intercâmbio entreBrasil e China

Grupo de suinocultores brasileiros viaja ao país oriental para trocar informações e conhecer o modelo de produção da nação que mais cresce no mundo

Suínos&Cia – Qual foi o programa da viagem?

Nazaré Lisboa – Inicialmente fizemos um pouco de turismo em Pequim, cidade que nos impressionou bastante pela mo-dernidade, contrastes e seus maravilho-sos templos. Em seguida, viajamos para Qingdao, com o intuito de conhecer essa linda e moderna cidade e visitar granjas e uma das maiores indústrias do país de equipamentos para suinocultura. Depois das visitas voltamos a Pequim para parti-cipar da VIV China.

Suínos&Cia – A China pode ser considerada um modelo de produção suína?

Nazaré Lisboa – Prefiro evitar falar so-bre a expressão de modelo de produção de suínos, mas comentar sobre a relação que existe em cada país entre o sistema de produção e o produto final. Sem dúvida, essa particularidade agrega valor aos seus diferentes produtos, segundo a exigência do consumidor. Devemos procurar com-preender o sistema de produção e o tipo de animal produzido como um todo, des-

Depois de visitar granjas e empresas na Espanha, em 2011, um grupo de brasileiros foi ao Oriente para conhecer indústrias e os novos projetos de granjas da China. Desta vez, participaram da comitiva os seguintes profissionais: Dirceu Zotti, Paulo Paro, Tárcis Sachetti, Tarcísio Sachetti, Diego Gebert, Tarcírio Gebert, Olinto Arruda, Roberto Coelho, Helder Hofig, Carlos Alberto Cunha e Maria Nazaré T. S Lisboa. Na China, o grupo foi recepcionado por Concepcion Colomera Dorante (Conchi) e Sai Xinxia (Catheria).

Nesta entrevista, Nazaré Lisboa, diretora da Consuitec, fala sobre esta viagem e das semelhanças entre a suinocultura brasileira e a chine-sa, aborda o modelo de produção suína daquele país e conta o que esta experiência contribuiu para a sua vida profissional.

de que exista competitividade na suino-cultura. Viajar e conhecer diferentes cul-turas faz abrir a mente e enxergar novas oportunidades. Portanto, posso afirmar que o atual sistema de produção de suínos existente na China é viável e se encontra em expansão.

Suínos&Cia – O que essa experiência pôde contribuir na sua vida profissional?

Nazaré Lisboa – Confesso que o mais prazeroso foi poder conviver com pesso-as que normalmente convivemos na vida profissional em diferentes situações. Em um país de costumes e culturas tão dife-rentes, a amizade nos uniu durante esse período. O aprendizado proporcionado por esta convivência realmente nos en-grandece. Corremos riscos de divergên-cias, porém, fortalecemos o convívio pela amizade e aprendemos com cada pessoa a maravilhosa experiência que existe em cada integrante diante da convivência e das visitas técnicas. Esse aprendizado nos amadurece e permite sermos pessoas me-lhores, mais humildes e flexíveis. É pre-

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Entrevista

Ano VII - nº 45/2012

ciso entender que ninguém é o centro do universo. Gostaria de deixar meus agrade-cimentos a todo o grupo pela amizade e confiança dessa parceria que tornou viá-vel nossa viagem.

Suínos&Cia – Qual foi o ponto-chave da viagem?

Nazaré Lisboa – A organização. Mesmo com a diferença de idioma e a considerá-vel distância que nos separa, conseguimos organizar uma viagem que deixou satisfa-ção a todos os participantes. Gostaria tam-bém, de forma especial, de agradecer às minhas queridas amigas Conchi e Cathe-ria por toda recepção e organização, além da dedicação e paciência que tiveram co-nosco durante toda a viagem.

Suínos&Cia – Existe diferença técnica entre a suinocultura brasileira, comparada com a chinesa?

Nazaré Lisboa – Acredito que se consi-derarmos a suinocultura chinesa como um todo, ela se assemelha em muitos detalhes com a nossa. Sem dúvida, existe quem investe muito e quem investe pouco, di-ferenciando no mesmo país a dimensão do negócio. Também pode-se afirmar que, assim como no Brasil, existem granjas modernas e antigas. Mas o que realmen-te chama a atenção são os novos projetos de construção de granjas, fundamentados nos princípios de adequada condições aos animais, com excelente qualidade de construção e facilidades de manejos, se-guindo modelos de sistema de produção altamente competitivo. São unidades de um mesmo padrão, independentemente do tamanho.

Suínos&Cia – Quanto à sanidade, poderia ser comparada com a sanidade de nossos plantéis?

Nazaré Lisboa – Não conheço detalhes do controle de doenças segundo as normas de saúde daquele país, mas posso afirmar que a nossa suinocultura ainda tem o privilégio de ser livre de determinadas doenças que estão disseminadas na maioria dos países que produzem suínos, inclusive a China.

Essas doenças comprometem desempe-nhos e repercutem negativamente nos custos de produção. A sanidade é uma das grandes vantagens de competitividade que existem em nosso país, sendo o maior tesouro da suinocultura brasileira.

Suínos&Cia – Com relação à mão de obra, o que mais lhe chamou a atenção?

Nazaré Lisboa – Na suinocultura chinesa ainda se trabalha com muitos funcionários por unidade de produção. Mesmo existin-do nas granjas sistemas automatizados de limpeza e alimentação, cada funcionário trabalha com 30 a 40 matrizes. Na suino-cultura mundial, em granjas tecnificadas, a relação é de 180 a 250 matrizes por fun-cionário.

Suínos&Cia – Como país, o que mais lhe chamou atenção?

Nazaré Lisboa – Estive na China há 20 anos e realmente me surpreendi com ta-manha mudança, principalmente no que se refere à infraestrutura. Posso afirmar que se trata de outro mundo, comparado com o que conheci anteriormente. Acredito que existe muito a fazer, mas a China fascina pela diferença cultural e nos surpreende com seu crescimento e dinamismo.

Suínos&Cia – Acredita que é possível haver possibilidades de bons negócios entre China e Brasil?

Nazaré Lisboa – Acredito sim. São dois países em pleno crescimento, e certamen-te um pode complementar o outro. São países competitivos, tanto para comprar quanto vender. Acredito que possam exis-tir boas possibilidades de se formar uma boa parceria.

Suínos&Cia – Voltaria à China?

Nazaré Lisboa – Claro que sim. Apesar da distância, não podemos ficar alheios a tudo que vem acontecendo nos países em desenvolvimento. Conhecer e participar da realidade de um país como este tão di-ferente abre a nossa mente e nos ensina a aproveitar melhor as oportunidades que existem a nossa volta.

Suínos&Cia – Esse intercâmbio de experiências será mantido no futuro?

Nazaré Lisboa – Certamente. Já estamos pensando e planejando outra viagem de brasileiros, desta vez à Tailândia, em maio de 2013. Depois, iremos recebê-los aqui no Brasil, para o 7º Suinter, que aconte-cerá a partir de 19 de junho, em Foz de Iguaçu.

Participantes na Feira VIV em Beijing (da esquerda para direita): Tárcis Sachetti, Tarcísio Sachetti, Helder Hofig, Carlos Alberto Cunha, Dirceu Zotti, Diego Gebert, Roberto Coelho, Tarcírio Gebert, Olinto Arruda, Paulo Paro, Conchi Colomera, Nazaré Lisboa e Sai Xinxia.

“Como empresa de consultoria, entendemos a importância de oferecer algo a mais aos

nossos clientes no que se refere à modernização e

competitividade”

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Entrevista

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Para o administrador de em-presas Dirceu Zotti, visitas como esta à China abrem horizontes. “Enxerga-mos coisas que antes não víamos e nos tornamos melhores profissionais, com visão ampla de nosso processo de produção, reconhecendo os nos-sos pontos fracos e fortalecendo os fortes. O que nos faz profissionais melhores é justamente estas oportuni-dades, aliadas ao nosso envolvimento e dedicação no dia a dia de nossas atividades. Certamente, se estivermos sempre fechados somente em nossa realidade, teremos poucas chances de sermos mais competitivos naquilo que fazemos”, diz.

Após a viagem, Zotti entende que sempre é possível melhorar em algumas áreas. “Nossos equipamen-tos, por exemplo, de uma forma geral são muito bons, porém, em alguns quesitos e fases temos algo a melho-rar, mas para isso precisamos de um envolvimento maior por parte dos fabricantes, que muitas vezes desen-volvem equipamentos sem pesquisa e considerações dos usuários, o que gera muitos problemas e desgastes. Tinha muita curiosidade em conhe-cer um país asiático, e principalmente uma granja deste país, por isso, posso dizer que a viagem foi de grande va-lia. Agradeço a Cooperativa Lar por esta oportunidade, a Dra. Nazaré por tornar possível esta experiência e ao companheirismo do pessoal que es-teve conosco durante esta viagem”, conclui.

Helder Hofig acredita que ponto-chave da viagem foi a visita à fábrica de equipamentos. “Todas as minhas expectativas foram atendidas e agradeço a Dra. Nazaré por esta oportunidade”.

De acordo com Carlos Alberto Cunha, nesta viagem foi possível ve-rificar que na China a fabricação de equipamentos é eficiente, de qualida-de e muito competitiva em termos de custos. Além disso, acabamos com a ideia de uma produção escrava, como se ouvia dizer por aqui, e de que tam-bém na China não havia uma suinocul-tura moderna. As expectativas foram atendidas, sem contar a parte turísti-ca, que foi inesquecível. Agradeço a Catheria, proprietária da Kunlong, pela hospitalidade; Conchi, pela simpatia e disponibilidade; e Dra. Nazaré, por ter conseguido formar um grupo tão bom para a viagem.

Para Conchi Colomera, foi um imenso prazer receber um grupo tão grande e agradável de produtores brasileiros, que estavam muito aten-tos para conhecer a tecnologia utili-zada em granjas de suínos chinesas. “Para eles e para nós foi uma grande oportunidade de trocar informações sobre o produto, as formas de produ-zir e os tipos de construção, em dife-rentes manejos de granjas”, afirma. Os produtores brasileiros de suínos ficaram felizes por visitar fábricas e granjas chinesas e obtiveram boas ideias para serem aplicadas em suas próprias granjas, em um futuro pró-ximo. “Agora é um momento em que os produtores de suínos brasileiros querem dar um passo à frente, sendo mais industrializados e automatizando mais os sistemas de produção, o que os fará economizar no custo da mão de obra, controlar melhor a conversão alimentar e melhorar o bem-estar dos animais”, analisa Conchi.

Visitantes elogiam a eficiência chinesa

Recentemente, ela também visitou algumas granjas no Brasil, no Estado de São Paulo e na região Sul. De acordo com ela, a suinocultura brasileira ainda não está automati-zada e possui uma quantidade gran-de de mão de obra. A maioria delas ainda utiliza ventilação natural e não controla totalmente o seu ambiente. “Acho que, em um futuro muito próxi-mo, este fato vai mudar. Granjas mais automáticas e modernas vão, certa-mente, melhorar a produção, reduzir as doenças e a conversão alimentar e aumentar a lucratividade por pro-dutor. Alguns países, como Espanha, Alemanha e Holanda, estão usando apenas seis pessoas para manejar uma granja de 3.000 matrizes, enquanto no Brasil é preciso 35. A China também esteve nessa mesma situação há dez anos, preferindo utilizar mais pessoas e menos máquinas, mas nesse tempo houve uma grande mudança. Agora os suinocultores chineses são mais profissionais e industrializados, o que permite melhor controle do consumo de ração, temperatura, ambiente da granja, sanidade e biosseguridade. Tenho certeza de que, nos próximos anos, muitos suinocultores irão mu-dar gradativamente. De fato, algumas das pessoas que nos visitaram já con-firmaram que desejam experimentar novos produtos e sistemas de produ-ção para estarem um passo à frente”, finaliza Conchi.

“Para eles e para nós foi uma grande oportunidade de trocar informações sobre o produto,

as formas de produzir e os tipos de construção, em diferentes

manejos de granjas”

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Reprodução

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Introdução

A escolha do cachaço é determi-nante na estratégia de produção de suí-nos, pois se trata de um dos elementos de maior valor econômico presente na granja, mas muito frequentemente alguns aspectos fundamentais do ponto de vista sanitário e zootécnico não são proporcio-nais ao investimento representado.

Este paradoxo deriva provavel-mente do fato que o número de animais é relativamente pequeno para cada unidade de produção e, como consequência, isto pode induzir à ideia de que o manejo não pode influir de maneira importante nos resultados finais.

Ao contrário, na realidade, o potencial produtivo do cachaço pesa for-temente sobre os resultados finais devido ao seu emprego na inseminação artificial. Um cachaço pode ser utilizado em mais de 300 porcas ao ano e, na inseminação artificial tradicional, gerar milhares de animais: o impacto sobre os resultados

técnicos da granja é muito superior ao das melhores porcas da granja, que durante a sua vida produtiva gera cerca 100 lei-tões. Nos últimos anos a grande difusão da inseminação artificial permitiu dimi-nuir o número de cachaços normalmente presentes na granja e de doenças, princi-palmente aquelas de origem bacteriana, anteriormente transmitidas via sêmen ou por meio da monta.

Para os patógenos virais que não são neutralizados pelos antibióticos pre-sentes no diluente usado na produção das doses, o uso do ejaculado de um mesmo animal em muitas porcas pode representar, em caso de uma infecção, uma perigosa amplificação dos danos. Por este motivo, é importante evitar esta possibilidade com práticas sanitárias e de manejo corretas.

A escolha do cachaço

Na escolha do cachaço devem ser considerados alguns pontos fundamentais:

antes de tudo, cada cachaço que deverá entrar na granja precisa ser negativo a todas as infecções não presentes na gran-ja, especialmente às doenças que possam causar graves danos à reprodução. Na Itália, a prática da inseminação artificial é regulamentada por uma série de normas, sendo a mais importante o decreto n° 403, de 19 de julho de 2000.

Com respeito aos aspectos de fun-cionalidade, em primeiro lugar, a condi-ção física e a ausência de problemas mus-culares ou articulares garantem o vigor necessário ao animal, portanto, devem ser examinados com cautela; obviamente, igual atenção ao aparelho reprodutor.

Quarentena, entrada e permanência

Do ponto de vista sanitário, o manejo do cachaço inicia antes mesmo da compra: é possível, de fato, pedir ao for-necedor os resultados das análises soroló-gicas e do sêmen dos animais adquirido, podendo também requerer outros exames, se necessário. Estas informações podem ser obtidas com a colaboração do veteri-nário do fornecedor.

Sem dúvida, animais negativos na origem já é uma garantia, mas se as informações sanitárias não são recentes e considerando os riscos do transporte, é recomendado repetir os exames sorológi-cos à chegada do animal.

O transporte dos novos cachaços representa um elemento importante de ris-co. Considerando o valor econômico des-tes animais, a vulnerabilidade a traumas e a predisposição ao estresse, é aconselhá-vel realizar o transporte destes animais nas horas mais frescas do dia, que deve ser feito por um motorista qualificado, em um meio de transporte idôneo.

Manejo da saúde do reprodutor suíno e sua importância na

sanidade do plantel

Claudia Gusmara 1

Foto 1: Cachaço da raça Pietrain (concessão ANAS)

Claudia Barzetti 1

1 Departamento de Patologia AnimalHigiene e Saúde Pública Veterinária - Universidade de Milão

[email protected]

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Na tutela do investimento feito, é indispensável ter à disposição um local de quarentena, isolado, para a aclimata-ção dos novos animais, para garantia da empresa, que pode formalizar a compra depois dos resultados de exames realiza-dos à chegada, que serão discutíveis se não forem feitos imediatamente.

É importante lembrar que todos os cachaços destinados à inseminação artifi-cial devem ser obrigatoriamente negati-vos à Brucelose, Aujeszky, Peste Suína Clássica, Febre Aftosa e outras doenças, segundo as leis de cada país. Para verifi-car a indenidade a estas doenças, podem ser realizados exames sorológicos que revelam a presença de anticorpos (ELISA – ensaio imunoenzimático) ou a presen-ça de vírus (PCR – reação de cadeia pela polimerase).

Considerando uma situação na qual exista a presença de PRRS (Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína), se o cachaço tem uma origem PRRS negativa, os resultados do teste sorológico, seja aos anticorpos ou ao vírus, devem ser negati-vos. Caso contrário, se a granja de origem for positiva, é importante que o exame do cachaço seja negativo à presença do vírus, no sangue e no sêmen durante toda a quarentena.

O período de quarentena é o momento de tratar os animais com um antiparasitário, que pode ser administrado na ração, evitando produtos injetáveis, já que serão necessárias várias intervenções vacinais, sempre potencialmente trauma-tizantes. A profilaxia de endoparasitas e os ectoparasitas deverão continuar também depois da introdução na granja. Para uma

boa espermiogênese, o cachaço deve estar sempre em condições ótimas.

O número de cachaços deve ser proporcional ao número de matrizes: se os cachaços são poucos, serão usados em excesso, se são em número demasiado, poucas montas comprometerão a quali-dade seminal. Normalmente utiliza-se uma relação de 1 cachaço / 200 porcas. Ainda mais importante é a idade média dos cachaços em serviço: animais jovens melhoram o potencial genético da granja, mesmo que isto leve a uma remonta ele-vada, que pode acarretar em custos eleva-dos, além de aumentar os riscos sanitários devido à introdução de novos animais, com maior frequência.

É importante calcular os custos econômicos da quarentena (monitoria sorológica, tratamentos profiláticos, trei-namento dos cachaços, custos das insta-lações). A compra de sêmen de centros genéticos especializados externos permi-te, portanto, a simplificação das ativida-des da granja, mas é muito importante que os centros fornecedores sejam totalmente confiáveis do ponto de vista sanitário, caso contrário, os danos derivados de compras de sêmen podem ser notáveis e compro-meter os benefícios previstos. Por este motivo é importante que o centro fornece-dor do sêmen seja registrado e autorizado. Um dos motivos pelos quais a aquisição de sêmen externo não seja ainda o méto-do mais utilizado na realidade italiana é a dispersão das granjas no território, que não permite a organização das entregas a domicílio das doses em tempo útil ao produtor, excluindo as granjas localiza-das próximas aos centros de inseminação existentes.

É necessário considerar o custo. Sem dúvida, este depende do valor gené-tico do animal que produz o sêmen e, por-tanto, é maior nos cachaços GP (Avôs) e de menor valor para os cachaços destina-dos à produção de suínos comercias. Na realidade italiana, as doses para insemina-ção artificial são compradas esporadica-mente e utilizadas para o melhoramento genético dos núcleos de multiplicação da granja, por outro lado, recorre-se à com-pra de cachaços para a produção de suínos de abate, que representam mais de 80% das inseminações realizadas. Também por estas razões, a compra de sêmen de cacha-ço constitui um investimento fundamental para a perspectiva zootécnica e econômi-ca da granja.

Gestão zootécnica

Em geral, a taxa de reposição para cachaços terminais deve ser cerca de 30% a 50% ao ano, de modo que o parte dos reprodutores possa ser renovado com-pletamente em 2 ou 3 anos. A duração da vida reprodutiva de um cachaço é de 3 a 4 anos, mas não é raro encontramos cacha-ços mais velhos. As reposições podem variar de 20% a 60%.

O manejo do cachaço inicia-se já na quarentena. Neste período de iso-lamento, o animal deve ser treinado ao manequim ou mantido em serviço, se já treinado. É importante que seja sempre o mesmo coletador a se ocupar da coleta do sêmen (que não será utilizado durante a quarentena) e as sessões de treinamento não devem durar mais de 15 minutos e que não sejam associadas a eventos dolorosos. O cachaço inicia a sua carreira reproduti-va com oito meses e chega ao máximo da fertilidade entre os 15 e 20 meses. A solu-ção mais recomendável consiste na aqui-sição do animal durante o período mais favorável (final do inverno), para que o cachaço esteja pronto no momento mais difícil (verão). Durante a coleta, devem ser avaliados a libido, a capacidade de monta e a ejaculação.

A coleta de sêmen não deve ser realizada com frequência elevada, normalmente duas montas por semana resultam em melhores performances no cachaço adulto; enquanto no cachaço jovem, recomenda-se uma vez por sema-na. O cachaço deve ser alojado em baias próprias de pelo menos 6 m2 de superfí-cie, com paredes muradas ou vazadas, e o piso não deve ser escorregadio (piso sólido total, ripado total ou parcial), para evitar traumas de qualquer tipo.

Foto 2: Cachaço da raça Large White Italiana (concessão ANAS)

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É importante que os dejetos sejam facil-mente eliminados para evitar que cascos sejam submetidos a amolecimentos: pro-blemas de articulação e processos podais são, de fato, os principais motivos de eli-minação de cachaços.

Onde possível, adicionar cama de serragem ou outro material idôneo. Esta é uma valiosa solução para evitar traumas de decúbito e ajudar o isolamento térmico do animal. As baias devem ser iluminadas de 12 a 16 horas por dia e dotadas de cama pelo menos nos meses frios. As correntes de ar devem ser evitadas: a manutenção da temperatura adequada é fundamental, já que o cachaço não pode usufruir do calor corporal de outros animais conviventes. Temperaturas altas ou baixas podem alte-rar a qualidade seminal. Temperaturas de 28°C a 30°C por alguns dias provocam estresse por calor, com consequente dimi-nuição da qualidade seminal entre 6 e 7 semanas, iniciando 1 ou 2 semanas depois do estresse. Para ajudar a espermatogê-nese e, portanto, regular a fertilidade, é importante ter um sistema de controle de temperatura e umidade. Obviamente, as soluções propostas são mais facilmente realizadas e melhor geridas se tivermos à disposição um departamento dedicado aos cachaços, solução esta que também aumenta a biosseguridade, principalmen-te se estiver previsto um protocolo eficaz de biosseguridade de visitas e fluxo de pessoas (sem dúvida, melhor se houver funcionários exclusivos). É aconselhável o registro individual de qualquer evento potencialmente danoso para a fertilidade (oscilação térmica, vacinações, tratamen-tos, mudança de ração, traumas). Nesta mesma ficha devem ser registradas infor-mações sobre as montas, doses produzi-das e características do sêmen.

Com relação ao tempo de matu-ração dos espermatozoides, alterações da qualidade são observadas a longo tempo da causa determinante da alteração (até 6 ou 7 semanas depois) e somente se a coleta dos dados e informações for feita regular-mente poderemos estudar retroativamente as associações. Para cada porca insemina-da, deve ser anotado o cachaço utilizado, assim sendo, é possível atribuir responsa-bilidades em casos de hipofertilidade ou

infertilidade. A avaliação do sêmen, com particular atenção à motilidade, morfolo-gia e concentração, é essencial: a moti-lidade deve ser avaliada ao microscópio depois da coleta, considerando a intensi-dade do movimento e direção.

Anomalias morfológicas de altera-ção da cabeça, peça intermédiária, cauda e do acrossoma dos espermatozoides devem ser quantificadas por meio da morfologia espermática com sêmen morto, por meio da utilização de uma solução espermicida. A concentração do ejaculado é avaliada também com o uso de espectofotômetro ou câmera de Burker para a determinação do número de doses calculada por meio do número de espermatozoides que se pretende utilizar para cada dose.

Para uma boa produção seminal, a alimentação do cachaço deve ser adequada e muito calibrada (em relação à intensida-de da atividade de monta), especialmente com vitaminas, oligoelementos e proteí-nas nobres, que influenciam a libido. Este aspecto é, muitas vezes, negligenciado, principalmente em granjas com poucos cachaços. Esta negligência, ou economia, pode se traduzir em uma diminuição geral dos resultados da granja.

Higiene na coleta

A higiene no processo de cole-ta, elaboração das doses e no momento da inseminação é algo muito delicado e não se pode fazer exceções. Não se pode confiar somente na capacidade antibiótica dos diluentes, que não controlam com-pletamente as contaminações. Em condi-ções de manejo não correto de preparação das doses e de dúvida do momento ide-al para a inseminação, mesmo o melhor dos cachaços, tratado no modo ideal, não exprimerá totalmente os potenciais gené-ticos. É indispensável que todo o processo de inseminação seja mantido sob estreito controle higiênico e realizado por pesso-as capacitadas e conscientes sobre todo o processo. Apesar dos evidentes custos de gestão, graças às evidências de dimi-nuição dos problemas reprodutivos das fêmeas, a utilização de material descartá-vel superou a utilização de materiais tradi-cionais não descartáveis que requeria um

processo ainda mais complexo de limpeza e esterilização, nem sempre confiável, já que o ambiente de trabalho por si só pode ser altamente contaminado. Este fato nos faz refletir sobre a importância da gestão de todo o processo, desde a coleta, elabo-ração e utilização das doses.

A contaminação do sêmen coleta-do pode ocorrer por meio das fezes que contaminam o prepúcio, ou da manipula-ção do coletador ou do ambiente (baias ou laboratório).

As bactérias mais frequentemente presentes (em forma isolada ou asso-ciada a outras bactérias), são, em geral, Gram (-) (Acinetobacter sp, Aeromonas sp, Alcaligenes sp, Enterobacter sp, E.coli, Flavobacterium sp, Klebsiella sp, Proteus sp, Pseudomonas sp, Serratia sp) e quase sempre são resistentes a várias classes de antibióticos.

Sem dúvida, a contaminação bacteriana de um ejaculado aumenta em proporção à presença de cepas resistentes aos antibióticos do diluente. A presença de bactérias nas doses de inseminação pode ser acompanhada por uma queda da vitalidade do sêmen, retornos ao cio e infecções do endométrio das matrizes. Problemas deste tipo de contaminação aumentam ainda mais se forem utilizadas doses velhas.

Manejo sanitário: vacinação, sim ou não?

Tratamentos profiláticos vacinais, programados e aplicados adequadamente são um dos principais pontos para a pre-venção frente as doenças. Um programa vacinal eficaz baseia-se em vários pontos, e um dos mais importantes é o conheci-mento epidemiológico do estado sanitário da granja, para identificação dos níveis de risco.

O risco é diferente para os cacha-ços das centrais, que são isolados e trata-dos por equipe exclusiva. Os reproduto-res das granjas, mesmo que mantidos em baias individuais e em setores separados, eventualmente podem ter contato com animais e pessoas da granja. Estes fatores podem expor, mesmo que limitadamen-te, as infecções presentes na granja. Por isso, são aconselháveis programas vaci-nais diferentes, segundo as duas situações expostas, do ponto de vista dos autores, na tabela 1.

Tabela 1: Hipótese de programa vacinal para cachaços adultos

Leptospirose Erisipela Aujeszky Parvovírus PRRSV PCV

Cachaços de granja: X X X X X X

Cachaços de centrais externas: X X

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Suínos & Cia

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Reprodução

Ano VII - nº 45/2012

Na Itália, é obrigatório vacinar con-tra Aujeszky. Em todo caso, é aconselhável para os cachaços em atividade a vacinação contra doenças reprodutivas; e para os cachaços em fase de crescimento, vacina-ção para Mycoplasma hyopneumoniae e rinite atrófica. Com o desenvolvimento e crescimento dos reprodutores, pode-se vacinar contra doenças que não necessa-riamente influenciam a reprodução direta-mente, mas que sejam de riscos devido a sequelas, como Erisipela, ou que apresen-tem risco de zoonose, como leptospirose. Estas imunizações podem ser suprimidas em alguns centros de inseminação, com rígidos protocolos de biosseguridade.

Com atenção à parvorirose, os cachaços têm um papel importante do ponto de vista epidemiológico, eliminan-do o vírus por várias vias, incluindo o sêmen, que pode se contaminar pelo con-tato com as fezes ou pelas vias genitais. A infecção não interfere na libido, o que torna a infecção pouco evidente. O vírus pode ser encontrado no sêmen por nove dias depois da infecção, podendo ser iden-tificado por meio de PCR por até 21 dias no sêmen.

A difusão e a resistência ambiental do parvovírus nas granjas garantem estí-mulos antigênicos contínuos, que mantêm ativa a resposta imunitária. Portanto, a

vacinação se aplica normalmente somente em cachaços negativos. Cachaços soropo-sitivos devem ser monitorados a cada seis meses para avaliação dos títulos humo-rais. Para animais alojados nos centros de inseminação, menos expostos a mutação viral, é possível seguir a mesma linha de condução, mas também introduzir a vaci-nação no programa aplicado.

A motivação mais frequente que induz a evitar a vacinação dos cachaços é o medo de interferências sobre a esper-miogênese normal, que poderia compro-meter, pelo menos em parte, a capacidade de fecundação. Esta preocupação pode ser resolvida facilmente se estiverem presen-tes muitos animais, evitando a vacinação em massa de todos eles e prosseguindo com intervenções programadas, mas sub-divididas no tempo: a rotação.

Este método (rotação) é mais facilmente aplicável se as vacinações forem em número limitado. São várias as implicações das patologias virais, como circovírus e PRRS na reprodução. O PRRS (RNA vírus, Arteriviridae) causa uma viremia depois da infecção, que pode ser detectada por 4 a 6 semanas pós-in-fecção. O exame PCR (Reação de Cadeia pela Polimerase), baseado na amplificação de porções do genoma, é muito sensível e pode dar resultados positivos por tempo

prolongado se a porção analisada for uma sequência que dura mais do que a capaci-dade infectante do vírus. Em suínos SPF (Animal livre de agentes patogênicos), as provas biológicas dão resultado positivo por 6 semanas pós-infecção, enquanto o resultado do exame virológico em teci-dos cultivados são inconstantes, mesmo porque é necessário diluir a amostra para reduzir a citotoxidade.

Nos cachaços infectados expe-rimentalmente, a RT-PCR dá resultado positivo no sangue por cerca de 35 dias pós-infecção, mas pode dar resultados sobreponíveis até 92 dias pós-infecção no sêmen, mais pela presença de fragmentos de ácido nucleico do que pela presença de vírus infectante. Isto não quer dizer que a transmissão da PRRSV por meio do sêmen seja sempre um problema real, mas deve ser sempre correlacionado com a carga infectante no sêmen, que deve ser suficientemente alta para superar o fator de diluição da dose final.

Em condições experimentais, somente cargas virais de 2 x 10 (5) TCID50 determinam infecção de 100% de marrãs inseminadas. Além disso, é necessário considerar o perigo efetivo do lote de sêmen, que aumenta com o número de inseminações.

Tabela 2: Principais doenças infecciosas transmissíveis por meio do sêmen de cachaço

PatógenoLocalização do

cachaçoHipofertilidade Infertilidade Perda de libido

Transmissão pelo sêmen

Alteração seminal

Brucella suisGlândula testicular acessória

Sim Sim Fase final Fase inicial Não

Leptospirose Renal Não Não Não Sim, urina Não

Erisyopelothrix rushiopatiae

Entérica Não NãoFase final (lesão

articular)Não

Transitória (febre)

Chlamydia suis Urogenital Não Não Não Sim

TBC (Mycobacterium avium, M. bovis, M.

tuberculosis)Sistêmica Não Não

Sim (generalizada)

Somente com complexos urogenitais

Não

Influenza Respiratória Sim (febre alta) NãoSim (fase clínica

aguda)Não Não

PRRSVSistema retículo

endotelialSim Não Não Sim

Não (se subclínica)

PCV - 2Sistema retículo

endotelialNão Não Não Sim Não

ParvovírusEntérica e glândulas acessórias

Sim Não Não Sim Sim

AujeszkySistema retículo

testicularSim Não Sim (transitório) Sim Sim

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Reprodução

14Suínos & Cia Ano VII - nº 45/2012

Clinicamente, o PRRS no cachaço é quase sempre subclínica, às vezes, com sintomas atribuíveis a outros agentes etio-lógicos. A vacinação com vírus atenua-do, muitas vezes, reduz a eliminação via sêmen, todavia, ele não é utilizável devi-do às alterações dos espermatozoides. Em animais particularmente sensíveis, o vírus vacinal vivo modificado pode ser identi-ficado no sêmen por 14 dias com exame virológico, e por 21 dias com RT-PCR. Por esta razão, é aconselhável não utili-zar o cachaço por pelo menos três sema-nas depois da vacinação com vacina viva modificada, especialmente em granjas livres de PRRS e que efetuam a vacinação. Nas granjas positivas, não existe garan-tia de que o vírus vacinal utilizado não amplifique a sua virulência, replicando-se no cachaço. Portanto, o sêmen deveria ser utilizado, no caso de animais vacinados com vacina viva modificada, somente depois do resultado negativo do sêmen. Até hoje não temos ainda uma garantia de segurança da performance reprodutiva do cachaço vacinado. Considerando ainda que não existe a possibilidade de diferen-ciação entre os anticorpos vacinais e os da infecção.

E ainda se discute a utilidade da vacinação para PRRS nos cachaços. Na opinião dos autores, a vacina inativada pode ser útil para cachaços alojados em granjas positivas, expostos constantemen-te ao vírus, e pode ser evitada nos cacha-ços alojados em centrais isoladas em uma situação de menor risco. Em todo caso, é importante verificar periodicamente o estado do sêmen dos cachaços por meio da RT-PCR. O circovírus é, na maioria dos casos, assintomático no cachaço adul-to, mas o PCV2 pode ser encontrado no sêmen de cachaços infectados, mesmo que raramente em quantidade suficiente para poder transmitir a doença por meio da inseminação artificial. É sempre cres-cente a importância do PCV2 em pro-blemas reprodutivos, principalmente no primeiro ciclo reprodutivo, em forma de reabsorção fetal, mumificados, nascidos mortos e leitões pouco viáveis.

A vacinação de cachaços adultos para o PCV2 diminui a reincidência da infecção, a duração da viremia e o tem-po de passagem do vírus na produção de sêmen. Em geral, é possível afirmar que a decisão de vacinar ou não os cachaços depende do grau da infecção e dos proble-mas sanitários na granja, principalmente o estado sanitário de matrizes e dos ani-mais na creche. Com respeito às centrais de inseminação, vale quanto já dito para a PRRS.

Conclusão

Em momentos de crise econô-mica, em que os custos de produção são elevados e quando se tende a reduzi-los, incluindo os com prevenções (até mes-mo com vacinas), o valor econômico dos cachaços e o bem patrimonial que repre-sentam as matrizes nos devem fazer pen-sar que a proteção destes grupos de ani-mais deve prevalecer.

Hoje é ainda mais importante reconhecer a importância dos reproduto-res, que permanecem na granja por anos e que em bom estado sanitário garantem a produção de animais para o abate. Quanto

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melhor o estado sanitário e mais adequado e correto o manejo destes animais, maior a possibilidade que rendam o máximo do potencial genético, sobretudo os cachaços responsáveis pela produção de milhares de suínos em um breve tempo. Portanto, o manejo e a dedicação aos cachaços na seleção, treinamento, programa de mon-tas e alojamentos serão retribuídos com resultados melhores.

As doenças infecciosas são causa de muitos danos econômicos em toda a granja, mas quando se trata de cachaços, a sua repercussão pode ser desastrosa (tabe-la 2). Basta pensar na redução do número de nascidos totais, dos retornos de cio, da falta de animais para a venda, etc.

Este trabalho foi publicado na Revista SUMMA Animali da Reddito – Nº 10 - dezembro 2011.

Referências Bibliográficas

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Nutrição

Suínos & Cia Ano VII - nº 45/2012

Introdução

A eficiência reprodutiva de uma matriz suína pode ser representada pelo número de leitões produzidos por ano, o que gera impacto direto sobre o desem-penho econômico da granja. A nutrição influencia o crescimento e a idade com que as marrãs atingirão a puberdade, bem como o número e a qualidade de óvulos que serão liberados; e nas fêmeas que estão ciclando, afetam a taxa de ovulação.

A seleção genética, por sua vez, trouxe fêmeas com maior número de lei-tões ao nascer, maiores número e peso de leitões ao desmame e maior ciclicidade restabelecida em intervalos mais curtos após o desmame1. Assim, as matrizes modernas são mais precoces e produtivas e possuem maior peso. Por outro lado,

apresentam menor reserva corporal, maior exigência de mantença e menor capacida-de de consumo de alimento, tornando-se nutricionalmente mais exigentes.

É preciso estabelecer um progra-ma adequado de nutrição de matrizes, considerando-se a genética adotada, as suas necessidades nutricionais e os fato-res que afetam tais necessidades. O estado nutricional da matriz pode influenciar o desempenho no decorrer do período ges-tacional, como o tamanho, o peso e a uni-formidade da leitegada, e a produtividade no período de lactação, o intervalo desma-me-estro e a longevidade da fêmea.

As necessidades nutricionais e a disponibilidade de nutrientes das die-tas de fêmeas modernas ainda são pouco conhecidas2. Segundo o Common Wealth Agricultural Bureau, o número de pesqui-sas publicadas durante os últimos 40 anos

com matrizes suínas equivale a menos de 1% de todas as publicações referentes a suínos3, devido, principalmente, à gran-de necessidade de recursos financeiros e humanos envolvidos e à adequação de instalações experimentais.

Apesar da produtividade dos genótipos modernos das matrizes aumen-tarem rapidamente nos últimos 20 anos, os níveis nutricionais recomendados ain-da são baseados em resultados de pesqui-sas feitas entre as décadas de 70 a 904,5. Ainda, grande parte das recomendações para as fêmeas em reprodução é extra-polação não verificada de pesquisas com suínos em terminação. É preciso estabe-lecer um programa adequado de nutrição de matrizes, considerando-se os avanços genéticos de seleção de matrizes, suas exigências nutricionais e as condições de criações praticadas, bem como entender os aspectos metabólicos entre genótipo, nutrição e reprodução2.

Avanços genéticos e atualização dos requerimentos nutricionais

As fêmeas suínas apresentam-se cada vez mais precoces, com alta produ-tividade e elevado peso corporal, porém, com baixa reserva de gordura e baixo consumo de alimento, tornando-se, assim, insuficiente para atender à demanda nutri-cional, principalmente na fase de lacta-ção6. A alta produtividade destas fêmeas, aliado ao baixo consumo, as leva a mobi-lização excessiva de reservas corporais durante a lactação, ocasionando falhas reprodutivas e redução da produtividade. Fato agravado para matrizes primíparas, que ainda estão em crescimento e possuem consumo 20% inferior ao das multíparas7.

Importância da nutrição para a matriz suína

Esther Ramalho Afonso 2, 3

Claudia Cassimira Silva 1,3

Lúcio Francelino Araújo 4, 3

FZEA - USP 1, 4

FMVZ - USP 2

Pirassununga - SP - Brasil 3

[email protected]

O estado nutricional da matriz está diretamente relacionado com o tamanho, o peso e a uniformidade da leitegada, a produtividade no período de lactação, o intervalo desmame-estro e a longevidade da fêmea

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Nutrição

Ano VII - nº 45/2012

Assim, a importância ao controle da ingestão diária de nutrientes torna-se essencial para que haja o manejo adequa-do das matrizes, a fim de garantir o bom rendimento econômico da atividade.

Para compensar as maiores neces-sidades de matrizes de alta produção, as dietas são comumente formuladas para atender ou exceder as recomendações do NRC - National Research Council (1998). Usado como referência das necessidades nutricionais para suínos, este se mos-tra ultrapassado, sendo constantemente confrontado com trabalhos que aplicam níveis mais elevados com fêmeas mais prolíficas8,3,9 e que comprovam maior necessidade de nutrientes.

Contestam-se também as formas de determinação dos níveis nutricionais para matrizes, definidos por meio de extrapolações com animais em cresci-mento, que apresentam perfis metabólico e hormonal muito diferentes dos adultos. As diversas metodologias empregadas podem influenciar os resultados finais, sendo necessárias atualizações e padroni-zação a respeito3.

Nutrição de marrãs

Atenção especial deve ser dada à nutrição das marrãs, visto que esta tem impacto no seu crescimento e,

consequentemente, no seu desenvolvi-mento reprodutivo, influenciando a idade em que elas iniciam a vida reprodutiva e o número de óvulos liberados durante os primeiros ciclos estrais.

Há variações entre as linhagens genéticas adotadas, mas, de modo geral, as leitoas destinadas aos plantéis repro-dutivos devem ter peso entre 20 e 80 kg, com ganho de peso de 650 a 720 g/dia. Após 70 kg de peso corporal podem ser aplicados diferentes manejos alimentares, que variam desde a alimentação à vonta-de até uma discreta restrição alimentar. É importante que os animais apresentem peso entre 115 kg a 120 kg com idade entre 180 a 190 dias, e é neste período que pode-se aplicar o flushing, caracterizado por um aumento no consumo de energia das marrãs (3200 kcal EM/kg), e alimen-tação à vontade, por um período de 10 a 14 dias antes da inseminação. Esta prática tem como objetivo propiciar um aumento no número de leitões nascidos10.

Nutrição em fase de gestação

O manejo reprodutivo das fêmeas em gestação tem como objetivo obter o maior número possível de partos na vida reprodutiva e o maior número de leitões desmamados/fêmea/ano.

A fêmea suína apresenta

exigências nutricionais relativamente baixas durante a gestação, quando com-paradas com aquelas do período de lacta-ção, mas se não consumirem quantidades suficientes de nutrientes e de energia neste período podem produzir leitões fracos e, consequentemente, maior proporção de leitões desuniformes.

Mas deve-se evitar que os animais nessa fase consumam muito alimento, evitando, assim, perdas embrionárias e dificuldades no parto, com consequên-cias na lactação, por redução do apetite. Fêmeas, especialmente primíparas, rece-bendo excesso de energia entre 75 e 90 dias de gestação podem apresentar preju-ízo na formação das glândulas mamárias e, como consequência, uma redução na produção de leite durante a lactação11.

Apesar de cálculos predizerem as exigências nutricionais durante toda a fase de gestação, a alimentação das fême-as é dividida em três estágios, e cada um deles necessita de estratégias nutricionais diferenciadas. De acordo com Abreu et al. (2005), o programa nutricional para por-cas gestantes deve levar em consideração os seguintes aspectos:

As diferentes fases e fenômenos •metabólicos que acontecem na gestação;

As diferenças de padrão de •exigência nutricional entre porcas, como ordem de parto e genética;

Estado metabólico da matriz •após a lactação anterior.

Tais fatores podem influenciar o desempenho no decorrer do período ges-tacional, bem como o tamanho, o peso e a uniformidade da leitegada, além de afe-tar, ainda, a produtividade no período de lactação, o intervalo desmame-estro e a longevidade da fêmea.

As três fases relacionam-se entre si, embora tenham objetivos específicos, com efeito significativo sobre o desempe-nho na fase subsequente12.

Fase Inicial (primeiros 21 dias)

Nesta fase ocorre a fixação embrio-materna e formação da placen-ta e de anexos fetais, sendo, portanto, um período crítico para a sobrevivên-cia embrionária (Jindal et al., 1996).

Fêmeas, especialmente prímiparas, recebendo excesso de energia entre 75 e 90 dias de gestação podem apresentar prejuízo na fomação das glândulas mamárias, reduzindo a produção de leite na lactação

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Nutrição

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Atenção especial deve ser dada aos níveis de energia da dieta, visto que o seu exces-so pode levar ao aumento da mortalidade embrionária devido ao intenso fluxo san-guíneo hepático que eleva a taxa de meta-bolização da progesterona, e a diminuição dela no plasma reduz a secreção de proteí-na uterina específica, caindo, assim, a taxa de sobrevivência embrionária13.

Desta forma, nesta fase, o consu-mo de alimento deve ser altamente restrin-gido, podendo ser de 40% a 50% menor do que se as fêmeas estivessem sendo ali-mentadas à vontade. Uma alternativa para minimizar o problema do baixo volume de consumo de alimento neste período é o emprego de fibras na dieta, que diluirá os nutrientes.

Fase Intermediária (22 a 75 dias)

Corresponde a um longo período de necessidades basais de nutrientes, sen-do o momento ideal para estabelecer uma condição corporal adequada das matrizes por meio do ajuste das quantidades de ração fornecida, evitando-se o excesso de peso ou recuperando-se o peso dos animais.

Nesta fase, o desenvolvimento placentário é mais ativo14 e ocorre entre os 20 e 60 dias de gestação, sendo máxi-mo aos 70 dias15,16, período este que ante-cede o rápido crescimento fetal. Dietas com baixa proteína nesta fase resultam em decréscimo no peso da placenta e dos

fetos e reduzem o peso ao nascimento. Resultam, ainda, numa redução da quan-tidade de importantes aminoácidos, como arginina, ornitina, glutamina e substâncias relacionadas ao fluído placentário e plas-ma fetal17,19.Uma vascularização placentá-ria insuficiente neste período pode levar à diminuição de transferência de oxigênio e nutrientes para os fetos18.

A função da placenta em fornecer nutrientes e realizar troca de gases é vital para a sobrevivência, crescimento e desen-volvimento do feto20,21. A competição por nutrientes entre os fetos pode influenciar na sobrevivênvia embrionária.

Também ocorre nesta fase o esta-belecimento do número de fibras muscu-lares dos fetos, que irá determinar o cres-cimento máximo pós-natal e a eficiência de crescimento dos leitões22, consequen-temente, será responsável pelos melhores índices produtivos e maior quantidade de carne e qualidade de carcaça. Apesar de ser nessa fase em que se estabelece o número de fibras musculares nos fetos, a nutrição neste período tem maior influên-cia sobre a composição corporal da fêmea do que no tamanho da leitegada ou no peso dos leitões23.

Fase Final (76 dias até o parto)

Este é o período de maior inten-sidade de crescimento fetal e desenvolvi-mento das glândulas mamárias, logo, as

necessidades de ganho e reserva energé-tica tornam-se expressivamente maiores se comparadas com as fases anteriores. O peso fetal duplica durante o último mês de gestação, com um rápido crescimen-to fetal, principalmente nas duas últimas semanas antes do parto. Nesta fase, a pro-teína extra é necessária, especialmente se ainda estiver ocorrendo o crescimento corporal da fêmea jovem. Logo, as fêmeas são muito mais sensíveis à suplementação proteica neste período do que em outras fases24, podendo ser supridas por dietas contendo ingredientes vegetais ou animais e complementada com a adição de amino-ácidos sintéticos. Possível limitação das porcas em fornercer nutrientes suficientes por meio do sangue para o máximo cres-cimento dos fetos pode levar à variação crescente no peso fetal nesta fase18.

O aumento no consumo energéti-co e proteíco neste período pode aumentar o peso ao nascimento. Este fato é muito importante, sobretudo para as linhagens hiperprolíficas, que apresentam maior crescimento materno e maior número de leitões de baixo peso ao nascer. As linhagens de alta prolificidade obtêm um aumento do tamanho da leitegada, mas por outro lado implica na redução do peso ao nascimento e variações do peso dentro da leitegada, o que pode levar à vitalidade reduzida até o desmame.

Mas, por outro lado, excesso de energia entre os 75 e 90 dias de gestação pode resultar em prejuízo na formação da glândula mamária, e consequentemente reduzir a produção de leite durante a lacta-ção, em especial nas primíparas12, devido ao reduzido número de células secretoras do leite. O crescimento da cadeia mamá-ria e da glândula individualmente ocorre de forma cúbica durante a gestação, sendo as taxas de crescimento para a glândula mamária e para o complexo mamário de 1,6 e 15,0 g/dia no início e de 4,5 e 77,6 g/dia no fim da gestação26. A utilização proteica da cadeia mamária é de aproxi-madamente 11 g/dia, considerando-se 14 glândulas totais27, sendo o maior ganho proteíco após os 70 dias de gestação28.

Estratégias alimentares a serem aplicadas para fêmeas em gestação

O conhecimento das peculia-ridades de cada fase gestacional da matriz suína é fundamental para a apli-cação de um bom programa nutricional.

Na fase intermediária (22 a 75 dias) ocorre o estabelecimento do número de fibras musculares dos fetos, que determina o crescimento máximo pós-natal e a eficiência de crescimento dos leitões

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Nutrição

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Pesquisas têm estimulado o estabeleci-mento de programas nutricionais baseados em mais de uma fase e não mais uma única dieta durante todo o período de gestação28. Embora Clowes et al. (2003) não tenham encontrado benefícios produtivos e repro-dutivos para fêmeas alimentadas com três níveis de proteína durante a gestação, os autores recomendam tal prática pela redu-ção da excreção de N (Nitrogênio) total e emissão de amônia, o que pode contribuir para maior produtividade animal e atendi-mento da legislação ambiental.

Contudo, em muitos sistemas de produção há uma única dieta a ser forne-cida em quantidades fixas ou ajustada dia-riamente, o que se deve às restrições fisicas encontradas pela graja e financeiras para suportar a adoção de mais de uma dieta durante a gestação das matrizes. O ajuste da quantidade de ração a ser fornecido diaria-mente pode ser usado para dar um suporte mais exato para às exigências nutricionais, dentre elas os de aminoácidos. Tem-se que depois dos 70 dias de gestação, as porcas exigem aproximadamente 100% mais ami-noácidos (Tabela 1).

É importante que o balanço de aminoácidos esteja adequado, sem exces-so de proteína, objetivando diminuir o incremento calórico.

Como estratégia alimentar para gestação, sugere-se o fornecimento de alta quantidade de fibras durante a gestação, aumentando a capacidade física do apare-lho digestivo e a densidade energética da dieta de lactação, com a inclusão máxima de 6% de óleo e o fornecimento de dieta com reduzido teor de fibra durante o verão.

Outras estratégias de manejo são usadas, como o fornecimento noturno da dieta, o fracionamento em seu fornecimento e o favorecimento do conforto ambiental.

Nutrição energética na gestação

Além de haver diferenças entre porcas de diferentes ordens de parição, as exigências energéticas se alteram durante a gestação, como já exposto anteriormen-te, com a idade e a condição corporal da matriz no momento da cobertura. Assim, o desempenho na lactação pode ser influen-ciado pelo estado energético da fêmea gestante. A obesidade ao parto por exces-so de energia da ração resulta em menor consumo, acarretando alta perda corporal durante a lactação. Mas a severa defici-ência energética pode resultar em porcas magras ao parto, resultando em problemas na lactação, com redução na produção de leite e consequente menor peso da leitega-da ao desmame.

Para o crescimento fetal e da glândula mamária, é exigido um total de 1,59 MJ (ou 380 kcal) de EM/dia para uma leitegada de 12 fetos. Considerando-se que as fêmeas atuais tenham 16 fetos, essa exigência seria de 1,98 MJ (ou 473 kcal) de EM/dia, um aumento de 25% na necessidade de energia para reprodução29. Close (2000) cita que aos 114 dias de ges-tação, cerca de 60% do gasto energético com a reprodução é devido ao útero graví-dico, e o restante ao desenvolvimento da glândula mamária.

Samuel et al. (2007) reavaliaram as necessidades de energia metabolizável

de mantença para genótipos modernos, com altas taxas de deposição de tecido magro e prolificidade, e encontraram o valor de 0,5 MJ (ou 120 kcal) de EM/kg de peso metabólico (PC0,75)/dia. Verificaram, ainda, que o valor sugerido por Noblet et al. (1997) e NRC (1998) para fêmeas atuais estava abaixo da necessidade real, em torno de 14%. O que poderia explicar essa diferença seria a queda no conteúdo de gordura corporal e o aumento do conte-údo de massa e de renovação proteica das fêmeas modernas.

Uma forma de controlar o consu-mo de energia pela fêmea gestante seria o uso de alimentação controlada e/ou restri-ta. A prática da restrição alimentar impos-ta durante a gestação poderá se tornar um fator limitante para ingestão de proteína, já que não consideram as diferentes taxas de deposição de tecido magro das fêmeas e as necessidades protéicas dos fetos25. Então, ao se fornecer uma dieta para restringir o consumo de energia, é importante forne-cer uma ração que permita uma eficiente utilização da proteína, sendo importante a suplementação de aminoácidos.

Nutrição proteica e aminoacídica na gestação

Como já mencionado, a restri-ção alimentar imposta durante a gestação pode se tornar um fator limitante para ingestão de proteína, causando defici-ências, especialmente no terço final de gestação. Para que o crescimento fetal e o desenvolvimento de tecido mamário ocorram rapidamente no final da gestação, as necessidades de aminoácidos tendem a ser maiores nesta fase, particularmente em primíparas2.

Segundo Wu et al., (1998), mar-rãs recebendo dietas com baixos níveis de proteína apresentaram redução nas concentrações de aminoácidos básicos (arginina, lisina e ornitina) e de vários aminoácidos neutros (alanina, glutami-na, glicina, prolina, serina, taurina e tre-onina) na placenta e no endométrio, ao nível de 16% a 30%. Evidencia-se, assim, a importância dos aminoácidos da famí-lia da arginina sobre o crescimento fetal.Com base nessa informação, Mateo et al., 2007 avaliaram a suplementação de 1%

Tabela 1. Estimativas de balanço ideal de aminoácidos para deposição de proteína e mantença de leitoas gestantes

Lisina Treonina Valina LeucinaIsoleu-

cinaArginina

De 0 aos 70 de gestação (g/dia)

Para deposição 100 49,4 64,1 95,9 51,8 95,3

Para mantença 100 151,0 67,0 70,0 75,0 75,0

Deposição + Mantença 100 79,4 65,0 88,3 58,6 89,3

De 70 aos 112 de gestação (g/dia)

Para deposição 100 50,8 66,3 101,6 50,4 103,6

Para mantença 100 151,0 67,0 70,0 75,0 75,0

Deposição + Mantença 100 71,2 66,4 95,3 55,5 97,9

Fonte: Adaptado de Kim e Wu (2005)

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Nutrição

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de L-arginina na dieta de marrãs e obser-varam o aumento em 22% no número de nascidos vivos e 24% no peso da leitegada (Tabela 2).

A suplementação de arginina aumentou a síntese de óxido nítrico e de poliamidas, elevando a eficiência do pro-cesso de angiogênese e o crescimento da placenta, melhorando a circulação útero-placental, aumentando a transferência de nutrientes e O2 entre porca e fetos e, consequentemente, aumentando a sobre-vivência e o crescimento fetal30. A neces-sidade de lisina de fêmeas prímiparas parece ser maior do que a necessidade de fêmeas mais velhas.

Nutrição da Fêmea Lactante

Durante a lactação poderá ser ofe-recido um maior volume de ração10, com reflexos positivos sobre o peso dos leitões e o desempenho reprodutivo subsequente das matrizes31. Desta maneira, o apetite da fêmea lactante deve ser a principal preo-cupação nesta fase, uma vez que as altas exigências da produção de leite determi-nam que o consumo seja superior em até três vezes ao nível fornecido na gesta-ção23, recomendando-se, desta maneira, o consumo à vontade durante a lactação.

Ressalta-se, porém, a limitada capacidade de consumo das porcas primí-paras, bem como necessidades nutricio-nais ainda direcionadas para seu cresci-mento. Assim, atenção especial deve ser dada às marrãs, a fim de evitar prejuízos futuros no plantel.

Sabe-se que, ainda que haja um alto consumo alimentar por porcas lac-tantes, perdas de reservas corporais são esperadas, porém, deseja-se que elas sejam minimizadas. Fatores que afetem o

consumo neste período devem ser levados em consideração. Idade, genética, peso, condição corporal, temperatura ambiente, umidade, doenças, digestibilidade e den-sidade energética da ração, composição nutricional da dieta, tipo de comedouro e formas de arraçoamento, entre tantos outros, podem estimular e/ou afetar o con-sumo por parte das matrizes.

O consumo logo após o parto geralmente é baixo e aumenta ao longo da lactação, sendo que 80% dos picos de consumo são observados entre os dias 7 e 1932. Justifica-se o baixo consumo no iní-cio da lactação devido a limitações gas-trointestinais, pelo fato de a alimentação na gestação ser restrita. Justamente neste período inicial de lactação, temos que a produção de leite independe do consumo alimentar, mas a medida que a lactação avança, o consumo nutricional se torna cada vez mais importante.

Assim, a nutrição da matriz lac-tante deve garantir maiores leitegadas, de maior peso, e preservar a capacidade reprodutiva nos cios subsequentes, como minimização da mobilização de tecidos corporais. A perda de 10% a 15% do peso corporal durante a lactação tem como con-sequências a redução da produção de leite e do desempenho reprodutivo subsequen-te33. Situação mais evidente em matrizes de primeiro parto, por estarem ainda em crescimento, o resultado pode ser uma elevada taxa de descarte de matrizes antes do terceiro parto12. Então, para otimizar a produção de leite e minimizar a mobiliza-ção corporal das porcas, as rações devem ser formuladas para máxima eficiência de aproveitamento dos nutrientes.

Consumo de água

Muitas vezes a água é esquecida como vital nutriente para a vida e para a mantença do organismo. Desta forma, pouca atenção é dada a ela considerando-se todas as fases de criação. Mas atenção especial deve ser dada ao consumo de água, sobretudo pelas porcas lactantes, uma vez que constituirão o leite em maior proporção.

As fêmeas lactantes precisam de um fornecimento de água adequado, tan-to em volume quanto em temperatura.

Tabela 2. Performance reprodutiva de marrãs suplementadas ou nãocom 1% de L-Arginina-HCl

ParâmetrosTratamento

Erro PadrãoControle Arginina

Total nascidos vivos por leitegada 9,37 11,40* 0,56

Peso da leitegada ao nascimento, nascidos vivos (Kg)

13,19 16,38* 0,74

Natimortos por leitegada 1,86 0,66* 0,147

Variação de peso leitões nascidos vivos (g) 0,240 0,253 0,017

*sign. ao nível de 5% Adaptado de Mateo et al., 2007

As fêmeas lactantes necessitam de um fornecimento de água adequado, tanto em volume quanto em temperatura, uma vez que constituirá o leite em maior proporção

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Nutrição

22Suínos & Cia Ano VII - nº 45/2012

O consumo diário de água varia entre 20 e 60 litros, dependendo da temperatura do ambiente, do tamanho da leitegada e do consumo de ração: consumo de água = 4,2 + 2,52 x consumo de ração kg/dia23.

Nutrição energética da fêmea lactante

Segundo Aherne & Foxcroft (2000), de 25% a 80% das exigências energéticas das fêmeas lactantes desti-nam-se à produção de leite, e o restante, à mantença. Tais exigências dependem de seu peso, produção e composição de seu leite, as condições ambientais sob as quais estão alojadas, a ordem de parição e o tamanho da leitegada.

O consumo inadequado de energia durante a lactação faz com que a matriz mobilize nutrientes de diferentes tecidos corporais, levando à perda de peso. De acordo com os valores do NRC (1998), a energia digestível necessária para a fêmea lactante é de 12 a 22 Mcal/dia, enquan-to que na gestação tais valores variam de 6 a 10 Mcal/dia, de acordo com a fase gestacional.

Para o cálculo da demanda ener-gética para produção de leite é utilizado o ganho de peso da leitegada no perío-do de lactação, assim, para que a fêmea suporte um número crescente de leitões, torna-se importante mantê-la em condi-ção corporal adequada que sustente uma produção de leite para manter leitegadas grandes. Porém, sabe-se que o consumo de ração durante a lactação não é sufi-ciente para atender a essa demanda e que níveis excessivos de mobilização podem se torna um problema para a longevida-de da fêmea33, 34, resultando em intervalos desmame-estro maiores.

Logo, atenção especial deve ser dada aos níveis energéticos empregados durante a lactação, bem como práticas que viabilizem o consumo adequando a cada fêmea do plantel. Com este intuito, o escore corporal de cada fêmea deve ser levado em consideração, bem como o treinamento do funcionário para se aten-tar a este fator, e assim garantir que, ao desmame, as porcas estejam em condição

corporal que não prejudique o cio subse-quente e o número de óvulos liberados, ou seja, que não prejudique o desempenho reprodutivo futuro.

Nutrição proteica e aminoacídica de fêmeas lactantes

O crescimento da glândula mamá-ria durante a lactação afeta a quantidade de leite produzido pelas fêmeas e, por consequência, o crescimento dos leitões35. Assim, o manejo nutricional adotado durante a lactação deverá dar importância ao máximo crescimento mamário.

Muitos pesquisadores têm dado grande atenção à importância dos nutrien-tes, em particular os aminoácidos, para otimizar o potencial das glândulas mamá-rias durante a lactação36. Deve-se ressaltar que as necessidades de aminoácidos para maximizar a produtividade de leite tam-bém podem ser afetadas pelo tamanho da leitegada.

A primeira fonte de aminoáci-dos para a síntese de proteína do leite é o suprimento fornecido pela dieta, mas, se tal suprimento for insuficiente, a porca utiliza suas reservas orgânicas de proteína para fornecer os aminoácidos necessários para a produção de leite37. As necessi-dades de aminoácidos para produção de

leite pela porca são bem maiores do que para outros processos metabólicos, logo, o balanço dietético ideal de aminoácidos relativo à lisina deveria ser semelhante ao balanço de aminoácidos do leite da porca (ARC - Agricultural Research Council, 1981).

Mas Trotier et al. (1997) demons-traram que o perfil de aminoácidos extra-ídos do plasma pela glândula mamária difere consideravelmente do perfil de aminoácidos da proteína do leite (Figura 1). Entre os aminoácidos essenciais, os autores encontraram uma retenção signi-ficativa de arginina, leucina, isoleucina, valina, fenilalanina e treonina, enquanto não foram observadas retenção de metio-nina, lisina e histidina. Acredita-se que os aminoácidos retidos seriam utilizados para manutenção da glândula mamária, síntese de proteínas estruturais ou fonte de energia.

Kim et al. (1999) demonstraram que o crescimento das glândulas mamá-rias foi aumentado com a suplementa-ção de 55g/dia de lisina, valor acima da recomendação do NRC (1998). Yang et al. (2000) encontraram que o nível de lisina durante a lactação anterior afetou a distribuição e o tamanho dos folículos na população pré-ovulatória, a atividade esteroidogênica dos folículos maiores e a habilidade em suportar a maturação do oócito.

Figura 1. Relação entre o perfil de aminoácidos extraídos do plasma e liberados no leite pela glândula mamáriaFonte: Adaptado Trotier et al., 1997

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Suínos & Cia

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Nutrição

Ano VII - nº 45/2012

A produção de leite é relativa-mente pouco afetada por uma deficiência modesta de proteína na dieta, isto porque as fêmeas são capazes de mobilizar pro-teína corporal para suportar as demandas por aminoácidos para a síntese de leite. Entretanto, uma deficiência severa de pro-teína na dieta durante a lactação reduz a produção de leite38.

A mobilização excessiva de pro-teína geralmente resulta em falhas repro-dutivas subsequentes38. Então, estabelecer os requerimentos de aminoácidos ideais

para fêmeas em lactação não só maximiza a produção de leite, mas também auxilia na manutenção da condição corporal para garantir uma boa longevidade26.

Com base nestas informações, na Tabela 3 são apresentadas estimativas de exigência de lisina para fêmeas em lacta-ção com 200 kg de peso para um período de lactação de 21 dias.

Na tabela anterior é possível cons-tatar que se deve considerar no estabeleci-mento das exigências de aminoácidos de porcas lactantes o grau de mobilização

Tabela 3. Estimativa fatorial de exigência de lisina de porcas em lactação com 200 kg de peso corporal

GPD leitegada (Kg/dia) 1,8 2,2 2,6

Produção de leite (Kg/dia) 7,2 8,8 10,4

Com 0% de perda de peso

Lisina para mantença (g/dia) 2,6 2,6 2,6

Lisina para produção de leite (g/dia) 38,3 46,8 55,3

Lisina mobilizada (g/dia) 0 0 0

Exigência lisina digestível (g/dia) 40,9 49,4 57,9

Exigência lisina total (g/dia) 45,4 54,9 64,3

Com 10% de perda de peso

Lisina para mantença (g/dia) 2,6 2,6 2,6

Lisina para produção de leite (g/dia) 38,3 46,8 55,3

Lisina mobilizada (g/dia) 9,9 9,9 9,9

Exigência lisina digestível (g/dia) 31,0 39,5 48,0

Exigência lisina total (g/dia) 34,4 43,9 53,3

Com 15% de perda de peso

Lisina para mantença (g/dia) 2,6 2,6 2,6

Lisina para produção de leite (g/dia) 38,3 46,8 55,3

Lisina mobilizada (g/dia) 14,8 14,8 14,8

Exigência lisina digestível (g/dia) 26,1 34,6 43,1

Exigência lisina total (g/dia) 29,0 38,4 47,9

Fonte: Adaptado de Close (2001) e Samuel et al. (2008)

dos tecidos corporais durante a lactação.

Quando ocorre mobilização de tecido protéico, durante a lactação, a lisina e a treonina são os primeiros aminoácidos limitantes, seguidos pelo triptofano e pela valina39. Porém, quando não é considerada a mobilização de tecido protéico durante a lactação, a lisina é o primeiro, a valina, o segundo, e a treonina, o terceiro aminoá-cido limitante (NRC, 1998). E em caso de intensa mobilização de tecidos corporais ou durante a lactação, a treonina pode ser o primeiro aminoácido limitante51,40. Tais resultados indicam que a ordem de limi-tação dos aminoácidos depende da inges-tão de ração e da mobilização de tecido durante a lactação (Tabela 4).

Demais Requerimentos Nutricionais

É importante o atendimento dos requerimentos energéticos e proteicos sobre o desempenho da matriz tanto em fase de gestação quanto em lactação, mas não devem ser esquecidos outros nutrientes, como a água, as vitaminas e os minerais. O fornecimento adequado e regular de minerais para matrizes gestan-tes e, consequentemente, para seus fetos, é fundamental para o desenvolvimento e o crescimento adequado, bem como a sobrevivência do leitão no pós-natal41.

As reservas minerais de leitões neonatais refletem os níveis dietéticos de Cu, Zn42, Mn43 e Se44,45 fornecidos para matrizes durante a gestação, demonstran-do a sua efetiva transferência placentária. Quanto à lactação, tem-se que a absorção de minerais aumenta neste período, em resposta à alta dos nutrientes demanda-da para a produção de leite. No entanto, quando a ingestão dietética mineral é insuficiente, a matriz mobiliza suas reser-vas minerais do corpo, particularmente do fígado, para atender à demanda. O status mineral da matriz diminui a cada ciclo reprodutivo, e isso é exacerbado em níveis mais elevados de produção46.

Tabela 4. Relação de AAs com a lisina a partir dos tecidos corporais, para produção de leite e crescimento da glândula mamária

AminoácidosMobilização de

TecidosProdução de Leite

Crescimento Gl. Mamária

Lisina 100 100 100

Treonina 42 59 58

Valina 77 77 78

Leucina 101 114 116

Arginina 124 65 89

Kim e Easter (2001)

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Nutrição

24Suínos & Cia Ano VII - nº 45/2012

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Introdução

A pleuropneumonia suína, causa-da pelo Actinobacillus pleuropneumoniae (App), é uma doença contagiosa que se espalhou pelo mundo, causando perdas econômicas significativas1. Os principais sinais clínicos, na fase aguda da doença, são anorexia, depressão, febre, tosse, disp-neia e/ou taquipneia e, às vezes, vômitos. A doença pode progredir rapidamente, e a morte pode ocorrer em horas, sendo, em alguns casos, o achado de suínos mortos a primeira indicação da presença do App.

A doença também pode se mani-festar na forma crônica, na qual os sinais clínicos são menos evidentes, mas as per-das relativas à produção e as lesões no abate como pleurisia, aderências e abs-cessos pulmonares são comumente obser-vadas. Finalmente, em muitas granjas, o App está presente na população na forma subclínica. Isso ocorre com frequência em locais convencionais, afetados não apenas pelos sorotipos diferentes de baixa viru-lência, mas também por sorotipos de alta virulência. Neste último caso, os surtos podem ocorrer na presença de doenças concomitantes ou como resultado de alte-rações no manejo do lote1.

Portanto, a identificação precoce de granjas subclinicamente infectadas é crucial para o controle dessa doença, na qual animais portadores são uma impor-tante fonte de transmissão horizontal. O início da doença clínica, nestes surtos, é relativamente bem controlado nos EUA e no Canadá, mas ainda é problema em vários países da América Latina, Caribe, Ásia e Europa. Na América do Norte, o desmame precoce - praticado em sistemas de produção em vários locais –, em mui-tos casos, ajuda a controlar a doença clíni-ca. Na verdade, no Canadá e nos Estados Unidos, o dinheiro e os esforços foram voltados principalmente para o moni-toramento de infecções subclínicas em

granjas de reprodutores e para a manuten-ção de granjas livres, seja dos sorotipos virulentos mais comuns de App (granjas comerciais convencionais) ou de todos os sorotipos de App (granjas de alto nível sanitário ou “SPF” - Specific Pathogen Free = livre de patógeno específico). Casos clínicos têm sido observados oca-sionalmente em granjas SPF, infectadas com sorotipos menos virulentos (dados não publicados). A padronização e a apli-cação de novas ferramentas de diagnós-tico têm promovido um grande impacto sobre o controle e a eliminação destas infecções subclínicas. Durante os meus 25 anos de experiência com essa doença, tenho sido exposto a situações frequentes em que veterinários experientes precisa-ram tomar decisões difíceis relativas ao status de granjas frente ao App, particu-larmente em multiplicadores e granjas-núcleo. Excepcionalmente, algumas des-tas situações terminam em Tribunais de Justiça. Haveria uma maneira de reduzir

as chances de isso acontecer e de auxiliar os colegas veterinários a tomar a decisão certa? Este artigo vai abordar as pergun-tas mais frequentes e relevantes, relativas a esse assunto.

Uma breve introdução sobre o agente etiológico

O App pode ser classificado em dois biotipos distintos, com base em suas características de crescimento in vitro e pelos seus requisitos para o fator V (nico-tinamida adenina dinucleotídeo ou NAD): biotipo I (dependente de NAD) e biotipo II (não dependente de NAD). Este dado é mais importante para os especialistas em diagnóstico do que para os veterinários. No entanto, estes últimos devem estar atentos para o fato de que as cepas clas-sificadas como biotipo II, às vezes consi-deradas como App atípico, podem causar problemas clínicos a campo2.

Actinobacillus pleuropneumoniae: um patógeno ainda atual

Marcelo Gottschalk, MV, PhDFaculdade de Medicina VeterináriaUniversidade de Montreal - Canadá[email protected]

Em muitas granjas, o App está presente na população na forma subclínica

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Ocasionalmente estas cepas não podem ser isoladas de animais portado-res, com a utilização dos procedimentos normalizados para a detecção de cepas típicas do biotipo I. De fato, estas cepas de biotipo II não têm os padrões típicos de crescimento observados no App de biotipo I (bem conhecidos pela maioria dos veterinários), sendo as suas colônias semelhantes às do Actinobacillus suis, o que complica o diagnóstico dos casos clínicos. Atualmente, temos 15 sorotipos de App reconhecidos pela composição de seu polissacarídeo capsular. Destes, os sorotipos 1 a 12 e o 15 têm sido descritos como App de biotipo I, e os sorotipos 13 e 14, como atípicos do biotipo II.

Algumas cepas dos sorotipos 2, 4, 7 ou 9, descritas principalmente na Europa2, também podem ser classificadas como atípicas do biotipo II. Para compli-car ainda mais as coisas, podem ocorrer exceções, como, por exemplo, as cepas do sorotipo 13, biotipo I (App típico), que foram recentemente isoladas no Canadá e nos EUA. Alguns sorotipos compartilham antígenos comuns (no nível dos lipopo-lissacarídeos ou LPS). Esses antígenos são usados, atualmente, em testes soroló-gicos e classificados em grupos sorológi-cos: sorotipos 1, 9 e 11; sorotipos 3, 6, 8 e 15; sorotipos 4 e 7. A diferenciação do sorotipo 5 em 5a e 5b não tem aplicação prática (diferenças antigênicas mínimas) e ambos têm um potencial de virulência similar.

Algumas cepas dos biotipos I e II, que não podem ser tipificadas, também foram isoladas de casos clínicos nos EUA e na Europa (dados não publicados). No entanto, elas são extremamente raras e, além disso, é preciso tomar muito cuida-do quando algumas delas são isoladas a partir de suínos clinicamente saudáveis , uma vez que podem se tratar de diferentes espécies de App.

A distribuição dos sorotipos virulentos de App é geograficamente semelhante?

A resposta é NãO. Isto é muito importante, já que a vigilância sorológica para detectar animais infectados subclini-camente deve ser, normalmente, direcio-nada para os sorotipos mais importantes de um determinado país ou continente. Mas o que deve ser considerado como sorotipos principais? Este é um dos muitos

aspectos incompreendidos desta infecção: apesar do comércio internacional, alguns dos sorotipos de App virulentos persistem em um continente e estão ausentes em outros. A prevalência de um sorotipo deve ser estreitamente associada aos sorotipos isolados de animais doentes. No caso do App, os sorotipos que são altamente pre-valentes pela sorologia (animais subcli-nicamente infectados) são, muitas vezes, diferentes dos que são comumente isola-dos de animais doentes, como demonstra-do recentemente no Canadá4.

Além disso, alguns sorotipos são “altamente contagiosos” (tabela 1), e algumas propriedades positivas são facil-mente detectadas por sorologia, mesmo quando uma pequena quantidade de ani-mais é avaliada. Os veterinários devem interpretar cuidadosamente os resultados da prevalência na literatura. Além disso, a maioria dos estudos não distingue as cepas isoladas de granjas diferentes, dentro do mesmo esquema de pirâmide: uma mesma cepa sorotipada várias vezes no mesmo sistema pode alterar a verdadeira preva-lência de um sorotipo associado à doença, em uma determinada área. Por fim, dados confiáveis de sorotipos associados a casos clínicos são perdidos (ou são antigos) em muitos países. Esta informação deve ser acessível, uma vez que qualquer medida de controle que o país queira tomar deve se basear nos sorotipos mais importantes de suínos clinicamente infectados.

Finalmente, há os sorotipos que são considerados de virulência baixa a moderada, na maior parte dos países (sorotipos 3, 12, 10, 14). Os sorotipos 10 e 14 não foram isolados na maioria dos países e são extremamente raros. O soro-tipo 12 pode causar doença clínica, mas na maior parte do tempo não é a causa de surtos. O sorotipo 3 foi sempre considera-do de baixa virulência. Engraçado como o Reino Unido foi o único país a denun-ciar que a maioria dos isolados de animais doentes corresponde a esse sorotipo. Uma pesquisa recente, utilizando técnicas de PCR, mostrou que essas cepas eram de fato o sorotipo 8 e o sorotipo 3, confir-mando, desse modo, os dados anteriores, sobre a baixa virulência do sorotipo 35. Além disso, estes dados confirmam a difi-culdade em se distinguir os sorotipos 3, 6 e 8 com o método de sorotipagem.

Todas as cepas de um dado sorotipo apresentam a mesma virulência?

A resposta é NãO. Como pode ser visto na Tabela 2, isolados a par-tir do mesmo sorotipo podem variar em termos de virulência, às vezes, dependendo do seu local de origem.Animais infectados experimentalmen-te com o sorotipo 2 originário de cepas

Tabela 1. Sorotipos de App mais comumente associados à doença, em diferentes regiões (pode haver certas exceções)

Região Sorotipos

América do Norte 5, 7, (1) a

América Latina b e Caribe b 1, 5, 7, 3-6-8 c, 12

Europa 2, 9, 11, 3-6-8 c, 8 d, 5, (4) e

Ásia 2, 9, 1

Austrália 15, 1

a. Frequentemente, o sorotipo mais difundido também é isolado rapidamente de animais doentes;b. Dados disponíveis em poucos países. A maioria das cepas recebidas do México, no nosso laboratório, pertence aos

sorotipos 1, 5, 7 e 15; c. Reação cruzada: difícil de diferenciar;d. Confirmado por PCR: Reino Unido; e. Somente na Espanha, raro em outros países.

Tabela 2. Exemplos da variabilidade na virulência de cepas de App de um mesmo sorotipo, isolado em diferentes regiões geográficas

Sorotipo Origem Virulência

2 Europa/Canadá Alta/baixa

4 Espanha/Canadá Alta/baixa

15 Austrália/outros Alta/moderada

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francesas de App manifestaram sinais clínicos após poucas horas da inoculação, além de causarem alta mortalidade. Os animais infectados com cepas do mesmo sorotipo, mas de origem canadense, não demonstraram qualquer sinal clínico ou mesmo febre. Este é um exemplo claro da diferença entre dois grupos de amostras do sorotipo 2: as cepas europeias produ-zem as toxinas ApxII e ApxIII, enquanto as cepas canadenses (e as dos EUA) pro-duzem apenas a ApxII.

No entanto, não está completa-mente claro se essa diferença pode expli-car a total falta de virulência. Mais inte-ressante ainda é que os animais infectados com a cepa de origem canadense foram completamente protegidos contra a cepa francesa em um segundo desafio (resulta-dos não publicados). Além disso, amos-tras do sorotipo 4 são descritas como alta-mente virulentas na Espanha, não sendo assim na maioria dos outros países onde elas ocorrem. Ao comparar duas cepas isoladas de animais clinicamente saudá-veis, no Canadá (até então isoladas ape-nas na América do Norte), com cepas de origem espanhola, não foi possível detec-tar diferenças na produção de toxinas ou relativas às características antigênicas (resultados não publicados). No entanto, a infecção experimental com ambas as cepas em paralelo não foi realizada até agora. Finalmente, amostras do sorotipo 15, na Austrália, são consideradas impor-tantes do ponto de vista clínico, mas são

casos isolados individuais e não endêmi-cos em outros países, como Canadá, EUA, México, Japão e Brasil.

Finalmente, embora a maioria das cepas de determinado sorotipo originárias de uma área geográfica específica possa ter o mesmo potencial de virulência, pode haver algumas exceções. Cepas do soroti-po 1 de App, confirmadas geneticamente e isoladas a partir de animais saudáveis, no Canadá, não foram capazes de reproduzir a doença em uma infecção experimen-tal provocada em animais susceptíveis (resultados não publicados).

O nível de virulência está sempre relacionado com a presença de toxinas?

Sem dúvida, as toxinas Apx são os fatores de virulência mais importantes do App. No entanto, não são os únicos. É evidente que a presença de ambas as toxinas, ApxI e ApxII, geralmente confere um nível significativo de virulência aos sorotipos 1, 9, 11 ou 5. No entanto, este não é sempre o caso. Algumas das cepas não virulentas do sorotipo 1 do Canadá, anteriormente mencionadas, carecem de genes responsáveis pela produção de toxinas (ApxI), embora outras cepas pos-suam os genes que codificam estas duas toxinas (ApxI e ApxII). Assim, outros fatores (ainda não caracterizados) podem

causar um impacto sobre a virulência das cepas. Outro exemplo é a comparação dos sorotipos 12 e 7. Ambos os sorotipos pro-duzem apenas a toxina ApxII, no entanto, as cepas do sorotipo 7 são mais virulentas que as do sorotipo 12. O sorotipo 7 é, com efeito, o segundo mais isolado de ani-mais doentes no Canadá nos últimos anos (dados não publicados). Da mesma forma, o sorotipo 10 foi originalmente (e incor-retamente) considerado como altamente virulento, com base na produção da toxina hemolítica de alta virulência ApxI, após avaliação em um modelo experimental utilizando roedores. No entanto, de acor-do com o meu conhecimento, este soroti-po nunca foi isolado de casos clínicos na América do Norte, e os relatórios de iso-lamentos realizados em animais doentes, em outros países, não são claros. Além disso, não se conseguiu a reprodução da doença, experimentalmente, em animais infectados com estas cepas (resultados não publicados).

Pode uma mesma cepa mostrar um grau de virulência maior em uma granja do que em outra? Se a resposta for SIM, como fazer para confirmar que se trata da mesma cepa, comportando-se de maneira diferente, e não de duas cepas distintas?

Estas duas questões são impor-tantes, e a resposta à primeira pergunta é SIM. Já mencionamos sorotipos virulen-tos; sorotipos que são virulentos em um continente, mas que não são em outro; cepas deficientes em determinadas toxi-nas ou em algum fator de virulência. Mas a mesma cepa causa ou não a doença em duas granjas diferentes? Sim, isso é possível, mas é difícil dizer com que fre-quencia poderá ocorrer. Esta é uma das razões pelas quais ainda temos proble-mas com o App. Definindo um exemplo: uma granja multiplicadora sorologica-mente positiva para um sorotipo virulen-to (infecção subclínica, sem doentes ou lesões) vende animais para uma granja convencional tida como livre desse refe-rido sorotipo. Se surgirem sinais clínicos nessa granja convencional, podemos sus-peitar da cepa presente na multiplicadora?Não é nada fácil provar, mas é possível ter uma cepa que não cause nenhum sinal

A doença também se manifesta na forma crônica, na qual os sinais clinicos são menos evidentes, mas as perdas relativas à produção e as lesões no abate, como pleurisia, aderências e abscessos pulmonares, são comumente observadas

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30Suínos & Cia Ano VII - nº 45/2012

clínico ou lesões em uma propriedade, mas que cause problema em outras, de nível sanitário e condições de manejo dife-rentes. Nós já demonstramos um aumen-to significativo na virulência de cepas de App, em um modelo de coinfecção com o Mycoplasma hyopneumoniae6.

Em 2012 o App permanece ainda como um mistério em alguns aspectos. Fica claro que estas são situações em que, talvez, uma cepa virulenta não provoque a doença em granjas bem controladas, que tenham um bom sistema de manejo e sem a ocorrência de outras infecções concomitantes importantes, mas possa causar a doença em condições de criação menos favoráveis. Por outro lado, soro-tipos com virulência relativamente baixa (como o sorotipo 12) são frequentemente a causa da doença em granjas com eleva-do nível sanitário e livre de infecções gra-ves. Entretanto, este é um sorotipo muito menos comum em plantéis comerciais já infectados por outros patógenos, incluindo outros sorotipos de App e o Actinobacillus suis. Desta forma foi levantada a hipótese de que, em tais granjas, os animais teriam um nível suficientemente elevado de anti-corpos contra toxinas (produzidas por outros tipos de App ou pelo A. suis), o que os protegeria contra cepas de baixa viru-lência. Esta é apenas uma hipótese, uma vez que nem tudo o que se refere a esse patógeno está claro ou é conhecido.

Para responder à segunda per-gunta (Como confirmar que, embora

comportando-se de modo diferente, as cepas presentes nos dois plantéis são as mesmas?), gostaria de poder fazer parte daquela série da TV chamada “CSI” (cri-me scene investigators ou investigadores da cena do crime), mas não é o caso, e analisar os resultados do laboratório onde as cepas foram geneticamente compara-das não é fácil. Primeiro, existem várias técnicas de diagnóstico diferentes descri-tas na literatura e fica difícil determinar qual delas é a melhor. Segundo, quando por meio de uma técnica confiável se con-clui que duas cepas são diferentes, pode-mos assumir que elas sejam realmente diferentes. Mas quando elas são idênticas, segundo os testes laboratoriais realizados, não podemos chegar a uma conclusão.

Muitas cepas de App são “clo-nais” (derivadas de uma cepa única ou clone, do qual todas as cepas distribuídas mundialmente foram obtidas) e, conse-quentemente, não se pode diferenciá-las. Idêntica geneticamente não significa que seja 100% igual, pois é preciso consi-derar a perda (ou ganho) de fatores de virulência, resistência a antibióticos, etc. Um exemplo: cepas francesas de App do sorotipo 2, virulentas (discutidas anterior-mente) são normalmente idênticas - em termos genotípicos - às cepas canadenses não virulentas do mesmo sorotipo. Seria um erro concluir que elas sejam a mesma cepa, com o mesmo potencial de virulên-cia. No entanto, provavelmente elas são similares em termos antigênicos, da mes-ma maneira que as cepas não virulentas

fornecem proteção contra a infecção causada por cepas virulentas. Às vezes, a susceptibilidade a antibióticos também é usada para comparar cepas: a concen-tração inibitória mínima deve ser testada frente a diferentes antibióticos, e as amos-tras devem ser enviadas para análise em dois laboratórios diferentes (e testadas, pelo menos, duas vezes em cada um), a fim de comparar os resultados, os quais poderão ser diferentes, de acordo com a técnica utilizada. Pode haver, inclusive, no mesmo laboratório, variabilidade nos resultados das análises da mesma cepa.

Duas granjas infectadas com uma mesma cepa pode significar o resultado de uma transmissão indireta (fômites ou aerossóis são as fontes mais comuns) ou a introdução direta de animais portado-res. A primeira coisa a fazer, para evitar a introdução do App em uma granja de suínos é garantir que os animais a serem transferidos para ela não estejam infecta-dos. Os suínos são, obviamente, a princi-pal fonte de infecção. Daí a importância de direcionar todos os esforços no sentido de determinar, com precisão, se os novos animais são perigosos ou não para o plan-tel da granja. Para eliminar a possibilida-de de que animais portadores da infecção sejam introduzidos por meio do plantel de reposição, deve-se exigir provas soro-lógicas negativas do rebanho de origem. São estas as principais medidas a serem tomadas no sentido de evitar a transmis-são do microrganismo, lembrando que os aerossóis, em algumas circunstâncias, são considerados como a principal fonte de contaminação7.

A sorologia é reconhecida como sendo a melhor opção de identificação para animais infectados de forma subclínica. Na ausência dos sinais clínicos, que tipo de animais devem ser amostrados?

Sim, a sorologia é o meio mais eficaz para se fazer esse diagnóstico. A quantidade de animais a ser amostrada vai depender do sistema de produção. No caso de um sistema de três sítios, que receba animais de uma única granja de reprodu-toras, aqueles a serem amostrados serão os da terminação, sempre escolhendo os mais adultos (com cerca de 6 meses de idade).

Os animais de reposição são uma das principais fontes de infecção, lembrando de exigir provas sorológicas negativas do rebanho de origem para evitar a entrada do App

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Podemos fazer o mesmo em sistemas de sítio único, em que os animais sorocon-vertem, com mais frequência, em idades mais precoces. Como mostram as fi guras 1 e 2, os anticorpos estão presentes até os 6 meses de idade. Mas a situação só será problemática quando a granja estiver infectada no sítio três e também receber animais provenientes de granjas de repro-dutoras distintas. Uma vez que as dife-rentes fontes estariam misturadas, pode-ríamos amostrar os animais assim que eles chegassem ao sítio três? Poderíamos amostrar suínos muito jovens ou do sítio dois? Vejamos como se comportaria a cinética dos anticorpos em um plantel em que o sítio um estivesse infectado (reprodutoras). Normalmente, os leitões infectados e não infectados estarão jun-tos, e alguns terão anticorpos maternais. O declínio destes anticorpos dar-se-á a partir de 4 a 8 semanas de idade (depen-dendo do nível de anticorpos e também do teste utilizado pelo laboratório para a sua detecção). Nesse exato momento pode

começar a soroconversão nos animais infectados, mas o tempo necessário para detectar estes anticorpos será infl uencia-do pela prevalência da infecção: pode demorar de 3 a 4 semanas e até de 10 a 12 semanas para os animais soroconverte-rem, dependendo da prevalência dos lei-tões infectados pós-desmame e da carga bacteriana dos animais portadores (preva-lência/ver fi guras 1 e 2). Alguns animais nunca chegam a desenvolver anticorpos detectáveis .

Então, os leitões do sítio dois e – geralmente – também os do início do sítio três serão sorologicamente negati-vos, mesmo estando infectados. As por-cas devem ser rastreadas para identifi car quais granjas do sítio um estariam infecta-das, considerando que os leitões vêm des-tas reprodutoras, as quais poderiam estar infectadas. Na América do Norte, os testes sorológicos – às vezes – são utilizados de modo efi caz para amostrar reprodutoras. No entanto, deve-se ter em mente que – na maioria dos casos – esses testes foram

validados para suínos em fase de cresci-mento/engorda e não para animais adultos. Deve-se tomar cuidado na hora de inter-pretar os resultados, em função do teste utilizado, uma vez que podem surgir algu-mas reações inespecífi cas. Os veterinários devem trabalhar em estreita colaboração com os laboratórios de diagnóstico para discutir e analisar bem os resultados. De qualquer forma, nossa experiência indica que as reprodutoras podem ser amostra-das para sorologia (provas que utilizem lipopolissacarídeos, ou LPS, como teste de antígenos; para provas do tipo “a”, ver a seção seguinte), e as informações pro-venientes dessas análises são muito úteis (dados não publicados).

Que prova sorológica deve ser utilizada?

Existem três tipos de testes soroló-gicos: a) aqueles que são específi cos para o sorotipo/sorogrupo; b) os que podem detectar todos os sorotipos de App (sem discriminação entre eles); c) os que procu-ram diferenciar uma mistura de sorotipos, com base em alguns antígenos comuns.

- A prova tipo “a” que usa como antígeno os LPS altamente purifi cados e que pode identifi car sorotipos (por exem-plo: 2, 5, 10, 12, 14) ou sorogrupos (tais como: 1, 9, 11, 3, 6, 8, 15 ou 4, 7) que afetam a granja ajuda aos veterinários em sua tomada de decisão. Normalmente, para reduzir os custos, são escolhidos os principais sorotipos que causam sinais clí-nicos no(s) país(es) em questão (tabela 1). Outra prova, também classifi cada nesta categoria (mas não disponível no merca-do) é o teste de fi xação de complemento, atualmente usado por poucos laborató-rios. Este teste tem uma alta especifi cida-de, mas apresenta baixa sensibilidade e, curiosamente, é exigido por alguns paí-ses (Rússia, China) como o padrão de referência para a importação de animais. Usando este teste, corremos o risco de introduzir animais infectados nestes paí-ses (falsos negativos). Além disso, trata-se de uma prova relativamente difícil de se padronizar.

- A prova simples do tipo “b” (usada para detectar todos os sorotipos de App, sem qualquer discriminação) baseia-se na ApxIV, uma toxina de aplicação específi ca e que só é produzida in vivo.

Figura 1: Cinética de anticorpos contra App, geralmente observada em granjas de sítio único (a cinética também pode variar, dependendo da prevalência dos animais infectados)

Figura 2: Cinética de anticorpos contra App, que pode ser observada em sistemas de produção multisítios (a cinética também pode variar, dependendo da prevalência dos animais infectados)

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Este teste deve ser usado, principalmente, para monitorar granjas de elevado nível sanitário, consideradas livres de App. O uso desse teste em animais convencionais provavelmente mostrará resultados posi-tivos, já que a maioria dessas proprieda-des está subclinicamente infectada com sorotipos de virulência relativamente bai-xa. Esses resultados positivos devem ser confirmados com sorotipos/sorogrupos específicos, por meio de testes de ELISA, para determinar a presença de sorotipos virulentos ou não na granja em questão.

- A prova do tipo “c” utiliza como antígeno as toxinas ApxII ou ApxI, entre outras. Apesar dos sorotipos produtores dessas toxinas poderem ser detectados, a existência de falsos positivos deve ser levada em conta, já que outras espécies de bactérias, além do App (por exem-plo, o A. suis, presente na maioria dos rebanhos)4, são capazes de produzir essas toxinas. Normalmente, a interpretação deste tipo de teste é complexa.

Ao utilizar testes sorológicos, deve-se levar em conta que a sensibilidade e a especificidade irão variar de uma para outra. Por exemplo, a detecção da presen-ça de anticorpos maternais: com o teste de fixação do complemento, a resposta pode corresponder a quatro semanas, enquanto que com uma prova de ELISA que utili-ze LPS poderia ser de até nove semanas. Então, os resultados obtidos não podem ser considerados absolutos, uma vez que, na dependência do tipo de teste utilizado e de tomadas de decisão (por exemplo: a vacinação dos leitões), eles poderiam ser afetados. Além disso, a medição de anti-corpos por meio de testes comerciais para avaliar a resposta frente à vacinação nem sempre é uma boa ideia.

Os testes comerciais de ELISA têm sido desenvolvidos, padronizados e vali-dados para medir anticorpos em animais infectados. Animais vacinados desenvol-veram anticorpos contra os antígenos incluídos na vacina, os quais podem ser diferentes daqueles utilizados no ELISA. Um resultado positivo poderá ser inter-pretado como uma resposta à vacina. Já os resultados negativos não serão conclu-sivos, a menos que sejam determinados anteriormente e que o teste em questão seja capaz de detectar anticorpos produ-zidos por essa vacina, especificamente.

Da mesma forma, deve ficar claro que, por exemplo, o teste de ApxIV detecta anticorpos contra um antígeno produzi-do somente in vivo. Isso significa que os anticorpos detectados por esse teste não estão associados a uma vacina, a menos que seja uma vacina viva, e apenas uma vacina comercial atenuada (derivada do sorotipo 5) tem sido comercializada con-tra o App, até agora, não sendo, inclusive, muito utilizada.

Além disso, que eu saiba, não há dados conhecidos sobre anticorpos ApxIV induzidos por essa vacina. Finalmente, é importante saber que há um teste com especificidade e sensibilidade de 100%. A melhor maneira de otimizar a vigilância sorológica é tomar amostras de um núme-ro significativo de animais, com a frequên-cia mais razoável possível. Devemos lem-brar, ainda, que resultados negativos em uma amostragem de 30 animais (de um rebanho de terminação) não nos fornecem uma certeza de 100% de negatividade do lote. De fato, o nível de detecção depen-derá – entre outras coisas – da sensibili-dade e da especificidade do teste, além da prevalência da infecção. Por exemplo, em propriedades divididas em bandas, houve casos em que foram obtidos resultados negativos em 30 amostras de uma banda, embora com um número claro de animais positivos e a confirmação da presença de uma infecção subclínica do plantel em outra banda (dados não publicados). Isso

simplesmente demonstra que os resulta-dos, de uma banda a outra, não são neces-sariamente compatíveis, por razões ainda não identificadas.

Em um rebanho infectado, o percentual de animais soropositivos pode variar de um sorotipo a outro?

Definitivamente a resposta é SIM. Normalmente não há altos níveis de soro-conversão (prevalência baixa) em granjas infectadas subclinicamente com alguns sorotipos de alta virulência (1, 9, 11 ou 5), e com relação aos animais reatores, podem ser detectados sorologicamente. Mesmo em granjas infectadas de forma crônica e que apresentem sinais clínicos, às vezes, a soroconversão em lotes de ter-minados não é tão elevada como se espe-raria. Existem outros sorotipos que são considerados altamente contagiosos, pelo menos do ponto de vista sorológico.

Animais infectados com os soroti-pos 3, 6, 8, 15, 12 e – em menor grau – o sorotipo 7, geralmente exibem um eleva-do nível de soroprevalência. Do ponto de vista prático, analisando-se 30 amostras, a presença de três a quatro resultados cla-ramente positivos para os sorotipos 1 e 5 pode ser considerada muito significativa. Estes resultados foram observados no passado em reprodutoras de sistemas de

Existem três tipos de testes sorológicos ELISA que podem ser realizados: os específicos para sorotipo/sorogrupo, os que detectam todos os sorotipos de App e os que diferenciam um grupo de sorotipos de acordo com alguns antígenos

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criação em múltiplos sítios (com porcas de uma única origem), com a presença de graves surtos e manifestação clínica da doença, causados pelo sorotipo 5, no sítio 3. Trinta animais do sítio 1 foram amostrados e, entre eles, apenas 3 foram positivos8.

Além disso, a maioria dessas 30 porcas amostradas nesse mesmo sítio 1 foi positiva para o sorotipo 7, ainda que sinais clínicos associados a este soroti-po não tenham sido observados no sítio 38. De modo similar ao sorotipo 7, uma granja de suínos infectada com uma cepa do sorotipo 8 ou 12 apresentou mais de 50% de amostras positivas. Na verda-de, a alta infectividade desses sorotipos não ocorre somente em sorologia, mas é provavelmente real, já que, em geral, os casos de fracasso na implementação de programas de desmame precoce medica-do, para eliminar o App, estão associados aos sorotipos 3, 6, 8 ou 12 (resultados não publicados).

É necessário detectar a presença de App em granjas infectadas subclinicamente por outros meios, além da sorologia?

Apenas no caso de granjas de reprodutores que apresentem alguns resultados sorológicos positivos e que não pareçam coerentes com o histórico sanitá-rio do plantel pode ser interessante aplicar outros testes. Três diferentes abordagens podem ser consideradas: a) isolamento, b) detecção do antígeno, c) detecção de DNA. Mas as duas primeiras perguntas seriam as seguintes: Que animais devem ser selecionados para a amostragem e que tipo de amostra.

A primeira pergunta é fácil de res-ponder: deve-se começar a amostragem pelos soropositivos. Tem sido demons-trado que se os animais estão infectados haverá mais possibilidade de detectar o App naqueles que apresentem anticorpos9. O ideal seria amostrar suínos com uma soroconversão recente, mas estes animais são muito difíceis de identificar.

Já a resposta à segunda pergunta é mais complicada. Muitos veterinários de campo gostariam de enviar amostras de pulmão, mesmo na ausência de lesões. É necessário deixar claro que o App não é um habitante normal dos pulmões e,

se for isolado do local, provavelmente deverá ter deixado lesões nesses órgãos. Enviar pulmões sadios de animais soropo-sitivos é, na maioria dos casos, uma perda de tempo: os resultados serão negativos. Muitos concordam que as amígdalas são os melhores órgãos a serem enviados para análise, uma vez que, normalmente, o App invade as suas criptas. Demonstramos anteriormente que a biópsia da amígdala pode ser enviada como amostra, embo-ra sua sensibilidade seja inferior quando comparada ao órgão inteiro9.

O uso de cotonetes ou raspa-dos tem sido tema de discussão, várias vezes, mas nunca foi validado na prática. Voltando às técnicas utilizadas, o isola-mento leva muito tempo e tem, geralmen-te, baixa sensibilidade, já que as amígda-las são tecidos altamente contaminados. Há provas que foram desenvolvidas com base na utilização de esferas imunomag-néticas, que têm sensibilidade elevada e, às vezes, são utilizadas10,11. Mas também são caras e levam tempo para apresentar os resultados. Se uma colônia, aparente-mente de App, é isolada de uma amígdala, deve-se fazer a confirmação por meio de uma prova de PCR específica para App para, assim, considerá-la, já que outros microrganismos semelhantes podem ser erroneamente identificados pelos tradicio-nais testes bioquímicos ou sorotipagem. A detecção de antígenos diretamente a partir das amígdalas não é aconselhável, já que reações cruzadas com outras bac-térias estão quase sempre presentes e há, ainda, reações falso-positivas. A detecção do DNA pela prova do PCR é realizada frequentemente. No entanto, embora útil, esta técnica requer validação: algumas delas são capazes de detectar todos os sorotipos de App e, assim, podem ser apli-cadas em animais livres do patógeno.

A técnica de PCR para sorotipos específicos foi desenvolvida, mas ain-da não validada na prática (foi aplicada somente em culturas puras). Então, estes testes podem ser usados, mas os seus resultados devem ser interpretados com cautela. A detecção do App por PCR foi realizada diretamente nas amostras ou após o cultivo delas, havendo variabili-dade em sua sensibilidade e especificida-de9. A detecção do App a partir de fluidos orais foi relatada recentemente12, mas em animais infectados experimentalmente e apenas alguns dias após a infecção. Tenha em mente que a quantidade de App libe-rado de animais infectados crônica ou

subclinicamente pode ser significativa-mente reduzida. Os resultados obtidos até agora sugerem a utilização das amígdalas como fonte de amostras, se possível intei-ras, após a necropsia de animais de alto valor (preferencialmente). Entretanto, restam as perguntas: se o App estiver pre-sente, estará igualmente distribuído em ambas as amígdalas? Devemos analisar apenas uma ou as duas? Na amígdala, a distribuição do App seria homogênea? Todas essas perguntas estão sem resposta até o momento. Por essa razão, geralmen-te consideramos um resultado positivo como sendo útil, mas um resultado nega-tivo pode ser um indicativo de que o App não estaria presente, ou que o laboratório não tenha sido capaz de detectá-lo.

Existem algumas lendas urbanas sobre o App?

Circulam algumas lendas urbanas. Uma delas afirma que um animal infec-tado com um sorotipo não desenvolve a doença a partir da infecção por outro soro-tipo. Esta abordagem é falsa. O que pode acontecer é que animais que se recuperam de um episódio devido a alguns dos soro-tipos de App fiquem protegidos da infec-ção (doença) causada por outros sorotipos relacionados (com um LPS e/ou um perfil de toxinas similares). Mas isso não pode ser aplicado a todos os sorotipos.

Outra lenda urbana diz que a pre-sença de sorologia positiva contra um sorotipo virulento, em uma região espe-cífica e na ausência da doença clínica, deve ser interpretada como um resultado falso positivo. Isso pode ter sido verdade há muitos anos, quando testes de baixa especificidade eram usados, mas agora não. E seria extremamente perigoso pen-sar assim, já que muitos dos testes soro-lógicos disponíveis hoje são altamente específicos. E, novamente, uma granja sem sinais clínicos ou lesões no abate pode estar infectada com um sorotipo virulento e com uma cepa potencialmente virulenta.

Conclusões

O App continua sendo, ainda hoje, um problema em plantéis de suínos em muitos países onde a indústria deste setor é considerada importante. O tipo

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Sanidade

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de problema não é o mesmo em todos os países: em alguns, casos clínicos de pleu-ropneumonia suína com perdas econômi-cas significativas ainda estão presentes, e níveis elevados de lesões em abatedouros ainda podem ser observados. Em outros, se pergunta: quantas granjas subclinica-mente infectadas apresentariam sinais clínicos, se os antibióticos não fossem usados rotineiramente? E essa é uma per-gunta impossível de se responder, pois reflete uma realidade que provavelmente muitas granjas enfrentam. Em outros paí-ses, ambas as infecções – clínicas e crôni-cas – são relativamente bem controladas, mas as infecções subclínicas continuam a preocupar os produtores (especialmente as granjas de reprodutores) e não somente porque estas infecções estejam associadas a perdas econômicas significativas. De fato, nesses países, muitos produtores não querem ter suas granjas infectadas com cepas/sorotipos de alta virulência, em alguns casos especialmente por questões comerciais. Nos rebanhos de reproduto-res, estarão sempre preocupados com a

Referências

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venda de animais portadores que possam infectar outras granjas.

Contradições existem ainda hoje, depois de 50 anos de experiência com o problema, entre elas porque algumas cepas de App podem produzir a doença em algumas granjas e em outras não. Isso prova, mais uma vez, que nem tudo está claramente entendido com relação ao App e que, às vezes, fica difícil tomar decisões. Mas a ciência tem progredido e vai conti-nuar assim nos próximos anos.

Agradecimentos

Gostaria de agradecer ao Dr. André Broes e ao Dr. Robert Desrosiers, por seus comentários extremamente úteis sobre o App, ao longo de todos esses anos. Um agradecimento especial à Dra. Laura Batista, a quem esta conferência é dedi-cada, por ser uma líder internacional em sanidade suína, por seus conhecimentos, sua humildade e, mais importante ainda, por sua amizade inestimável.

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Revisão Técnica

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Introdução

A cidade sul-coreana de Jeju sediou, entre 10 e 13 de junho, o 22º Congresso da Associação Internacional de Veterinários Especialistas em Suínos, um dos mais importan-tes eventos técnicos do setor, que neste ano teve como lema “SUíNOS FELIZES - PESSOAS SAUDÁVEIS”. A exemplo de edições anteriores, o médico-veterinário Antonio Palomo Yagüe esteve presente no congresso e prazerosamente fez um resumo do que de mais importante foi debatido durante estes quatro dias. Colaborador assíduo da Suínos & Cia., confira, abaixo, as consi-derações feitas pelo Dr. Palomo, divididas por tema.

• Geral – saúde animal

• Síndrome respiratória e reprodutiva suína (PRRS)

• Doenças associadas ao circovírus suíno (PCVAD)

• Gripe suína

• Patologias virais e miscelânea

• Pneumonia enzoótica por Mycoplasma hyopneumoniae e complexo de doenças respiratórias dos suínos (CRP)

• Haemophilus parasuis

• Actinobacillus pleuropneumoniae

• Salmonelose suína

• Disenteria suína

• Ileíte suína

• Colibacilose

• Outras patologias digestivas

• Nutrição

• Reprodução

• Manejo

• Genética

• Bem-estar animal

• Segurança alimentar

GERAL – SAÚDE ANIMAL

TUCKER, A.W. A medicina veterinária deve trabalhar no sentido de promover uma produção eficaz, fazendo-a crescer, respeitando o bem-estar animal e garantindo a segurança dos ali-mentos, questão de saúde pública. Há uma correlação positiva entre o bem-estar animal, a saúde animal e a saúde pública. Os produtores conhecem bem o impacto financeiro de uma baixa sanidade em suas granjas. Os riscos biológicos em potencial para a saúde pública na suinocultura em nível global focalizam-se em certas bactérias e parasitas, entre eles a Salmonella enterica, Salmonella typhimurium, Campylobacter sp, Yersinia enteroco-litica, Toxoplasma gondii, Trichinella spiralis, Taenia solium, assim como sobre as resistências antimicrobianas.

Uma melhor compreensão dos mecanismos da patogenia microbiana diz respeito à revolução genômica. O maior enten-dimento sobre os fatores de virulência ajudará a desenvolver novas vacinas (Tecnologia TraDIS). Esta tecnologia também nos permite ter melhor compreensão de ambos, tanto os patógenos emergentes como os endêmicos, além de entender o papel da microflora comensal na saúde do animal e de seu sistema imu-nológico. Hoje, mais de 1.500 bactérias já estão sequenciadas. Nossas ações, como veterinários, devem ter uma base científica e uma aplicação prático-produtiva.

PINTO, J. A carne suína é a mais consumida no mundo, entre as proteínas fornecidas por animais terrestres, daí o enorme impacto de uma doença emergente em nível global. A produção mundial é dominada por uma dicotomia crescente: sis-temas de produção com maior especialização tecnológica e inte-grações verticais. Prevalecem os sistemas de produção em larga escala e com os níveis de uniformidade elevados.

Esforços constantes são e serão necessários para o con-trole e a prevenção de doenças, a fim de garantir a qualidade do produto final derivado da carne suína, a segurança alimentar, a confiança do consumidor e a saúde ambiental. A globalização e a intensificação dos mercados, juntamente com as mudanças cli-máticas, a crescente demanda por alimentos, mudanças culturais e o uso do solo facilitam a dispersão geográfica de doenças e seus vetores para fora do ecossistema natural (febre aftosa na Turquia e na Bulgária em 2011, peste suína africana no Cáucaso/Geórgia em 2007, arbovírus/encefalie viral japonesa, teschovirose suína no Haiti em 2009, cepas altamente patogênicas do vírus da PRRS no leste da Ásia em 2006, vírus influenza A, vírus de Nipah na Ásia, Reston ebolavírus nas Filipinas em 2008, estirpes virulen-tas de Streptococcus suis em humanos na China).

22º Congresso da Associação Internacional de Veterinários Especialistas em Suínos

(IPVS)

Antonio Palomo YagüeDiretor da Divisão de Suinocultura

SETNA NUTRICION – INVIVO [email protected]

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Revisão Técnica

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Assim, a colaboração intensa e estreita entre as autoridades de saúde humana e animal são essenciais para melhor comunicação de riscos, sobrevi-vência epidemiológica e tomada de medi-das de biossegurança, tudo isso visando a reduzir o impacto dessas doenças e facili-tar o seu controle, dentro do conceito de “Uma Saúde - Um Mundo”.

Setenta e cinco por cento dos vírus humanos são originários de animais. O autor defi ne “doença emergente” como aquela que aparece pela primeira vez em uma população, ou que tenha existido anteriormente, mas esteja aumentando rapidamente sua incidência ou expansão geográfi ca (reemergente).

HARDING, J.C. Considera essencial o reconhecimento precoce da presença de um novo agente infeccioso ou de uma síndrome, em qualquer área geográfi ca, a fi m de aumentar os meca-nismos de proteção de fronteira, os quais contribuem para a transparência, credibi-

lidade, confi abilidade e sustenta-bilidade das

empresas do setor suinícola. Estão já identifi cados cerca de 1.000 agentes pato-gênicos para os animais, dos quais 600 ocorrem em animais de produção e 400 em carnívoros domésticos (cães, gatos); 18% e 11% deles são vírus, e 40% e 70% caracterizam-se como causadores de zoo-noses, respectivamente. Por outro lado, 55% dos agentes na produção animal e 59%, nos carnívoros domésticos são vírus emergentes. Durante os últimos 30 anos, cerca de 90 novos patógenos humanos foram descobertos (3 por ano), dos quais 66% são vírus (sendo mais de 80%, RNA vírus).

A hipótese é que eles sejam o resultado de novas atividades humanas, mudanças demográfi cas, socioeconômi-cas, ambientais e ecológicas. Um ponto crítico na investigação de novas doenças emergentes é o apoio de veterinários clíni-cos astutos para detectar novos sintomas e lesões nas granjas (exemplos: a síndrome multissistêmica pós-desmame ou PMWS, a síndrome da falha em prosperar no pós-desmame ou PFTS, o torque teno vírus ou TTV, novos tipos de astrovírus e bocaví-rus). A disponibilidade e a qualidade dos

meios de diagnóstico (cultu-ras e histologia)

constituem também um apoio essencial (microscopia eletrônica, isolamento, his-topatologia, desenvolvimento de técnicas de PCR que detectam regiões genômicas específi cas, análises de bioinformática/tecnologia metagenômica). O autor con-clui, dizendo: assistir, ler, documentar e comunicar.

CARR, J. Como veterinários, devemos proporcionar aos suínos exce-lente sanidade e bem-estar para, assim, controlar nossos custos de produção. É, portanto, vital a escolha de um modelo de fl uxo de animais, seja ele “todos den-tro – todos fora” ou um projeto em bandas com base na idade do desmame, no obje-tivo semanal das inseminações, na taxa de partos, em um programa de renovação e descartes que mantenha a atividade equi-librada (entre o 3o e o 6o partos, 46% do efetivo) e no fl uxo contínuo de animais, bem como considerar a base genética e os programas sanitários, de manejo e nutricionais.

YESKE, P. São em granjas sem patologias que se vê o verdadeiro potencial genético dos animais. Não há programa de biosseguridade que garanta a prevenção da entrada de todas as doenças na granja. Além disso, sua implementação

é essencial, cabendo a nós valo-rizar tanto o seu custo

quanto o custo da doença.

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bilidade das TTV, novos tipos de astrovírus e bocaví-rus). A disponibilidade e a qualidade dos

meios de diagnóstico (cultu-ras e histologia)

YESKE, P. São em granjas sem patologias que se vê o verdadeiro potencial genético dos animais. Não há programa de biosseguridade que garanta a prevenção da entrada de todas as doenças na granja. Além disso, sua implementação

é essencial, cabendo a nós valo-rizar tanto o seu custo

quanto o custo da doença.

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Os métodos de controle e erradicação que, uma vez implementados, têm se mostrado mais eficazes até agora são os seguintes:- Despovoamento e repopulação, frente

à PRRS, TGE (gastrenterite transmis-sível), APP (A. pleuropneumoniae), rinite atrófica, disenteria hemorrágica e sarna;

- Fechamento da granja por, no mínimo, 200 dias frente à PRRS e 240 dias frente à pneumonia enzoótica;

- Desmames precoces segregados frente à PRRS, APP, rinite atrófica e pneumonia enzoótica;

- Despovoamento suíço frente à pneumo-nia enzoótica, suspendendo os partos por, no mínimo, duas semanas, não per-mitindo a entrada de novas porcas com menos de 10 meses de idade e as medi-cando durante estas duas semanas;

- Programas de medicação frente à disen-teria hemorrágica, pneumonia enzoótica e sarna;

- Teste e reposição frente à doença de Aujeszky;

- Vacinação frente à doença de Aujeszky;- Erradicação geográfica frente à PRRS

em regiões, segundo a densidade.

SÍNDROME RESPIRATÓRIA E REPRODUTIVA SUÍNA

FRYDAS, I. O arterivírus apresenta claras diferenças genéticas e antigênicas entre países e continentes (Europa: tipo I, América: tipo II, Ásia: tipo III), com virulência, patogenicidade e antigenicidade distintas, especialmente no tipo II. A cepa de alta virulência euro-peia Lena, subtipo 3, e as chinesas H4N4

SD-IN e SY 0608 têm muita similaridade (grande alteração nos aminoácidos 29 e 30 da proteína não estrutural Nsp2). Elas se replicam de forma significativa no trato respiratório (mucosa nasal, macrófagos alveolares) e produzem uma viremia dez vezes mais prolongada do que a das cepas de baixa virulência. Coinfecções bacterianas, com essas cepas altamente virulentas, são frequentes (Streptococcus suis, Salmonella sp, Pasteurella multo-cida, Haemophilus parasuis, Escherichia coli, PCV2, vírus da influenza e vírus de Aujeszky), causando quadros clínicos graves e lesões (pneumonia intersticial, exsudato e lesões fibro-hemorrágicas na cavidade torácica e serosa abdominal, incluindo o tecido linfático). Suas mani-festações reprodutivas são repetições cíclicas e acíclicas, abortos espontâneos e tardios, mumificados, natimortos e nasci-dos fracos.

•O prejuízo econômico devido a um quadro de PRRS foi recentemente estimado em € 126/porca, com varia-ções entre os estudos de € 50 a € 200. Na Coreia do Sul estimam-se perdas anuais da ordem de US$ 10 milhões.

•O vírus provoca apoptose em células germinais testiculares e nos macró-fagos alveolares e células mononucleares do tecido linfóide. Não afeta o número de folículos do tecido ovariano, embora seja importante salientar a ocorrência de uma grande variação nos folículos primários de porcas infectadas por ele.

•As lesões em fetos nascidos de mães infectadas durante a gestação variam entre vasculites (com ou sem hemorragia) e edemas no cordão umbilical, umbigo, pulmões, fígado e coração, além de lesões

no miométrio, endométrio, placenta e artérias uterinas das porcas.

•Com a técnica de ELISA (HerdChek™) detectam-se anticorpos antivírus IgG em fluidos orais, procedi-mento válido para monitorar os anticor-pos maternais, a eficácia das vacinas, os parâmetros imunológicos da granja e o comportamento viral nas infecções.

•A duração da imunidade materna está estimada em 21 dias. O conhecimento dos fatores de transmissão e da dinâmica da infecção é essencial para o controle do programa. A imunidade inata é conside-rada a primeira linha de defesa contra a infecção pelo vírus, o qual expressa algu-mas proteínas que modulam a resposta de IFN (interferon) e outros processos celu-lares, resultando na sua persistência e no desenvolvimento de infecções crônicas.

•Sérios problemas com cepas altamente virulentas na China, desde 2006. Para diagnosticá-las, foram desen-volvidos PCRs específicos na própria granja (POCKIT).

•Nos programas regionais de con-trole do vírus da PRRS é importante esti-mar os fatores de risco para cada uma das granjas (sobrevivência e disseminação).

•Diversos estudos utilizam vaci-nas, tanto em reprodutoras como em lei-tões (duas semanas de idade e desmame), demonstrando a eficácia delas sobre a mortalidade, morbidade, taxa de refugos, crescimento dos leitões, abortos, mortali-dade de porcas, natimortos e mumifica-dos. Em muitos destes estudos destaca-se a necessidade de um diagnóstico rápido e intervenção precoce. A tomada de amos-tras rigorosa, e a tempo, e os testes de diagnóstico são essenciais (a validação de metodologias para diagnósticos a partir de fluido oral está sendo implementada). A imunização com vacinas vivas modi-ficadas vem se estabelecendo como um método comum para ajudar na estabili-zação imunológica das porcas e proteger os leitões contra o vírus da PRRS, dentro do complexo de doenças respiratórias dos suínos. Tanto a vacinação por via intra-muscular como intradérmica apresentam níveis similares de proteção, em função da pele conter células imunogênicas (células dendríticas e as células de Langerhans).

•Os programas de limpeza incompletos, aplicados tanto nas gran-jas como nos caminhões, têm sido uma das principais causas de reinfecção pelo vírus da PRRS em terminações. Os sis-temas de filtragem de ar reduzem o risco de introdução do vírus por meio do ar contaminado nas instalações (especial-mente em áreas densamente povoadas).

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Estima-se que uma granja com sistema de filtragem sofra quatro vezes menos surtos do que uma propriedade sem filtros (1,6 a 6,4 surtos de PRRS/10 granjas/ano). A transmissão indireta do vírus entre as salas de parto, por meio de roupas, botas, mãos e fômites, é mais provável do que se imagina (alto risco de transmissão entre leitegadas).

DOENÇAS ASSOCIADAS AO CIRCOVÍRUS SUÍNO

SEGALES, J. A simples pre-sença do agente infeccioso não é sufi-ciente para que a doença se manifeste (diferença entre infecção e doença). Quando, após uma infecção, a saúde do animal não é alterada, estamos diante de um processo subclínico. Em muitos casos, hoje, estamos frente a doenças multifato-riais. Mudanças nos sistemas de produção criam subpopulações suscetíveis, assim como também os casos de doenças conco-mitantes e com capacidade de modular o sistema imunológico dos suínos desempe-nham papel importante no aparecimento de patologias emergentes.

Quanto ao PCV2, estudos retros-pectivos indicam a existência do vírus desde 1962, ainda que tardasse até os anos 90 para percebermos o seu impacto clí-nico. A PRRS é uma doença multifatorial típica, na qual, em muitos casos, a pre-sença do PCV2 é essencial, mas não sufi-ciente para produzir sinais clínicos. Esse vírus tem, em nível mundial, uma seme-lhança na sua sequência de nucleotídeos da ordem de 93%, sendo dividido em dois grupos (a e b). Um terceiro genótipo (c) foi descrito na Dinamarca. O maior grau de variabilidade genética está no PCV2a, e o PCV2b é o grupo que tem a maior pre-valência, atualmente (entre 1996 e 2000 foi o PCV2a). O surgimento do PCV2b, na Europa e na América do Norte, está associado ao aumento da gravidade dos quadros clínicos.

Todas as vacinas comerciais atu-ais têm um impacto muito positivo nas granjas afetadas pela doença causada pelo PCV2, tanto em sua forma clínica como subclínica (redução da mortalidade e dos refugos, aumento do ganho médio de peso diário, melhora da eficiência alimentar e da uniformidade dos suínos no momento do abate, redução das coinfecções e de gastos com tratamentos em ambas as fases (leitões e suínos de engorda). A tendência atual é a de vacinar maciçamente, tanto em granjas com sinais clínicos, como no caso de processos subclínicos.

Devemos considerar que nas gran-jas nas quais a doença ocorre, uma grande proporção de suínos estará infectada, mas nem todos terão a doença. As vacinas contra o PCV2 não resolverão problemas causados por outros agentes infecciosos.

•Tem sido possível reconstruir o PCV2 a partir de tecidos fixados há 20 anos. O vírus se mantém por longo tempo em tecidos e no soro infectados (150 a 168 dias). O PCV2 é estável no meio ambiente e resistente a muitos desinfetantes.

•O PCV2 induz a imunosupres-são, o que resulta em coinfecção com outros agentes infecciosos, influenciando tanto a resposta imune inata como a adap-tativa (a replicação aumenta a autofagia celular).

•Um grande número de trabalhos tem demonstrado a vantagem econômica e o retorno ao investimento (ROI) do uso de vacinas contra o PCV2 em leitões, seja em quadros clínicos, como em infecções subclínicas, ou em ambas as fases (creche e, especialmente, durante a engorda, par-ticularmente no caso de diferentes pesos de abate: ROI de € 2,60 a € 12,60/suíno). Por meio do uso de modelos estocásti-cos, foram calculadas, no Reino Unido, perdas devidas à PMWS (Síndrome Multissistêmica Pós Desmame) subclí-nica, derivadas de baixas no crescimento e da susceptibilidade a outros patógenos, da ordem de £ 61.400.000,00/ano. Também se observou que o maior retorno é obtido pela prática da vacinação, somado a medi-das rigorosas de biosseguridade.

•O diagnóstico clínico do PCV2 é realizado por meio de exame clínico, necropsia e presença de lesões teciduais, e a confirmação se dá por provas imuno-histoquímicas ou de hibridação in situ ou PCR (sequenciação ORF2: sensibili-dade e especificidade > 98%). As falhas reprodutivas devidas ao PCV2 podem ser confirmadas por meio da identificação dos antígenos virais e do DNA em tecidos fetais (ou fluidos torácicos originários dos mesmos, submetidos à prova de PCR), essencialmente associadas à lesão do miocárdio. O status sorológico das marrãs trazidas para a granja, mesmo sendo igual ao da origem, pode apresentar uma varia-bilidade alta com relação aos títulos do PCV2. Alguns trabalhos de origem asiá-tica demonstram que a viremia aumenta no final da fase de engorda, causando atrasos no desenvolvimento e heteroge-neidade de pesos no abate.

•Em vários testes realizados com vacinas comerciais de diferentes empresas farmacêuticas, observou-se redução na quantidade e na duração da viremia. Nos

EUA, vacinam-se 99% dos leitões nasci-dos contra o PCV2, após o diagnóstico da doença, em 2006. Hoje, eles dispõem de quatro vacinas, todas para uso pró-ximo do desmame. Em suínos vacinados detecta-se o DNA do PCV1 em apenas 2,7% das amostras de soro, e o PCV2b pode ser identificado somente por análise filogenética. O PCV2a não é identificado nos EUA. Muitos estudos demonstram, na maioria dos países, a eficácia do uso de vacinas combinadas (PCV + MYC, por exemplo) às 3 semanas de idade e da vaci-nação tríplice (PCV + PRRS + MYC), as quais reduzem a mortalidade e melhoram os parâmetros de produção, sem efeitos secundários conhecidos. No primeiro caso, os efeitos benéficos dizem respeito aos leitões de engorda, reduzindo a mor-talidade, os refugos, o custo terapêutico e as lesões pulmonares e melhorando a uniformidade, o ganho médio de peso diá-rio e a conversão alimentar, sem reações adversas. Existem algumas diferenças a serem consideradas, entre os trabalhos com vacinas, o grau de eficácia em alguns parâmetros e alguns efeitos colaterais.

•Foram apresentados numerosos trabalhos sobre vacinação em reproduto-ras, com diferentes vacinas e em diferen-tes países, tendo sido obtidas melhoras significativas relativas à reprodução, entre elas: menos natimortos e mumificados, melhor fertilidade e menor mortalidade na fase de lactação. Foi considerada a hipó-tese de que a vacinação reduza a excreção viral e que seria interessante investigar a correlação entre o PCV2 e o parvovírus suíno na área reprodutiva.

•A vacinação conjunta de repro-dutoras e leitões melhora, de modo sig-nificativo, os resultados na engorda, chegando a se obter até 6,5 kg a mais por suíno no abate.

•A vacinação de cachaços, que, como sabemos, estando infectados, excre-tam o vírus de forma intermitentemente, não afeta a gênese dos espermatozóides, mantendo a quantidade e a qualidade do sêmen durante as dez semanas posteriores à vacinação.

GRIPE SUÍNA

•Na Europa, temos três sub-tipos do vírus influenza A, em suínos (H1N1, H1N2 e H3N2). Na Espanha, os estudos determinaram a presença dos cvírus H3N2-02, H3N2-03 e pH1N1 (www.esnip3.eu/index.html). Na Ásia foram identificados quatro subtipos (H1N1, H1N2, H3N1 e H3N2).

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Revisão Técnica

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•Estudos realizados em diferen-tes países demonstram a transmissão do vírus H1N1 do homem para os animais, o que causou a pandemia de 2009 em mais de 200 países.

•Estudos norte-americanos rela-tivos ao vírus da gripe A identificaram o mesmo em suínos, sendo o seu grau de detecção em exsudatos nasais (por PCR em tempo real), da ordem de apenas 4,6% (detecção realizada em granjas sem sinais clínicos e/ou com espirros, febre, tosse). Ele chega a ser detectado em leitões com apenas 4 a 5 semanas e não houve diferenças significativas na sua detecção entre granjas com porcas vacinadas e não vacinadas, com ou sem sintomas clínicos. Desse modo se chega a uma associação significativa entre o tipo de exploração suinícola e o seu status contra o vírus da gripe.

•A prevalência do vírus da gripe é muito elevada na Itália, estimando-se um custo relativo à doença, da ordem de € 9,20 a € 10,20 por suíno produzido.

•As novas técnicas de diagnós-tico a partir de fluidos orais, por PCR em tempo real, são eficazes já aos quatro dias antes do início dos sinais clínicos. Há tam-bém outros testes de diagnóstico rápido com elevada sensibilidade e especifici-dade, tanto para fluidos orais como para tecidos, que demonstram alta correlação entre o isolamento viral e a análise pela prova do PCR (FluDETECT™, Merial Kit Flu). Novos métodos de amplificação do genoma do vírus da gripe A, também por meio de PCR, têm sido desenvolvi-dos para melhor sequenciação e conheci-mento do genoma completo. A hemagluti-nina A é a proteína mais antigênica deste vírus RNA, alterando a sua configuração ao longo do tempo, característica essa que “engana o sistema imunológico”.

•A vacinação é considerada a principal estratégia para prevenir infec-ções pelo vírus da gripe, além de reduzir sua transmissão.

OUTRAS PATOLOGIAS VIRAIS E MISCELÂNEA INFECCIOSA

•TORQUE TENO VíRUS SUS (TTSuV): vírus de DNA não envelopado, da família Anelloviridae, foi descrito em suínos em 1999 com a característica de uma alta prevalência e classificado em duas espécies: TTV1 e TTV2. Nos EUA foram descritas infecções mistas, com ambos os vírus, em 6,7% dos leitões, 52,2% dos suínos de engorda e 22,2% das

reprodutoras. A prevalência do TTV1 é maior que a do TTV2. Os anticorpos anti-TTV2 não são detectados em fetos, e sua prevalência em suínos de engorda vai de 3,8% a 100%, com um pico entre a 8ª e a 25ª semanas de idade. Estes resultados são inconsistentes com os dados de outros países. Por exemplo, na Espanha sugere-se uma alta transmissão vertical, com dife-renças geográficas e variáveis em função do sistema de produção. O nível do TTV2 aumenta no soro, após a infecção experi-mental com o vírus da peste suína clás-sica, o que não é observado com o TTV1. Alguns estudos relacionam o TTV2 com quadros de PMWS e PDNS (síndrome da dermatite e nefropatia suínas).

•PESTE SUíNA CLÁSSICA: causada por um vírus RNA (pestivírus), da família Flavoviridae, altamente conta-gioso e que contém uma glicoproteína de superfície E2, a qual induz a produção de anticorpos neutralizantes durante a infec-ção. Há descrição de quadros em diferen-tes países.

•PESTE SUíNA AFRICANA: os suínos domésticos estão infectados em diferentes países (África do Sul), sendo os javalis os principais portadores desse vírus.

•FEBRE AFTOSA: na Coreia do Sul ocorreram dois focos na primeira metade de 2010 e um terceiro, a partir de 28 de novembro de 2010. 3.748 granjas foram infectadas e 3.479.962 de suínos foram sacrificados. Os suínos excretam mil vezes mais vírus, em quantidade, do que os bovinos. O contágio maior foi por ruminantes, transporte e pessoas portado-ras do vírus.

•ENTEROVíRUS SUíNO (PEV 9 e 10): na Espanha, os sorotipos 9 e 10 são isolados de lesões de pele e nas fezes de suínos assintomáticos. Também ocorre lá um sapelovírus (ambos são da família Picornaviridae), envolvido em problemas neurológicos, reprodutivos, digestivos e respiratórios.

•VíRUS DA HEPATITE E: da família Hepereviridae, está classificado em quatro sorotipos, podendo os soroti-pos 3 e 4 infectarem tanto animais como pessoas. As infecções em suínos são sub-clínicas, podendo essa espécie atuar como reservatório do vírus. Na Hungria foi detectado em 39% das granjas estudadas, por meio de provas de PCR aplicadas em amostras de fezes e de fígado.

•VíRUS BUNGOWANNAH: um tipo de pestivírus identificado em 2003, na Austrália, que causa morte súbita em suínos de 2 a 3 semanas de idade e

um aumento drástico no índice de nati-mortos e mumificados (até 50%). As lesões são, basicamente, miocardite não supurativa multifocal, com mionecrose. O vírus passa pela placenta desde o 35º dia de gestação. Infecções experimentais têm reproduzido os quadros de síndrome miocárdica suína. O diagnóstico é feito por meio de PCR em tempo real, a partir de secreções nasais e orofaríngeas. Fetos infectados pela placenta são soropositivos ao nascer, e suínos com infecção crônica soroconvertem até os 180 dias de idade.

•TREMOR CONGÊNITO: devido a uma desmielinização no cére-bro e na medula espinhal, em leitões recém-nascidos, atribuída a um vírus desconhecido. Segundo estudos, a forma mais comum é o subtipo AII, sendo pos-sível que esteja associado a um pestivírus, relacionado com o vírus da diarreia viral bovina (BVDV-1).

•PFTS (Porcine pre-weaning Failure-to-Thrive Syndrome ou síndrome suína da falha no desenvolvimento no pós-desmame): de etiologia, prevalên-cia e fatores de risco desconhecidos. Observa-se os sinais clínicos de anorexia, perda de peso progressiva e aumento do tempo de permanência no pós-desmame. Foi feita uma primeira tentativa de diag-nosticar a doença, na Espanha, a partir de três granjas com leitões de 4 kg a 7,5 kg com tais sintomas, morbidade de 4% a 20% e lesões descritas como atrofia do timo e de vilosidades intestinais, rinite catarral e pneumonia intersticial com broncopneumonia catarral purulenta.

•PARTETRAVIRUS (PPtV): atualmente reconhecida em seres huma-nos, bovinos, ovinos e suínos. A prevalên-cia em suínos domésticos, em Hong Kong, é de 44,4%; em javalis, na Alemanha, de 32,7%; em suínos, na Romênia, de 22,8% em 2006 e de 50,5% em 2011; e em suí-nos, nos EUA, de 12,4% (aumenta com a idade, havendo prevalências de 5,6%, 18,7% e 22,2% em leitões, suínos de engorda e reprodutores, respectivamente). O vírus foi isolado em 14,4% dos proces-sos respiratórios e 11,6% dos problemas nervosos, sendo possível o seu envolvi-mento em patologias poli-microbianas.

•ASTROVíRUS: vírus RNA, do qual se identificou cinco sorotipos. Nos EUA causa um aumento na diarreia pós-desmame, especialmente em sistemas de produção de desmame/engorda (termina-dores), com presença de enterite atrófica. O sorotipo 4 é o mais predominante nos EUA, sendo associado ao TTV1. Também tem sido relatado em países como o

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Canadá, China e Hungria. A relevância clínica deste diagnóstico não está total-mente definida.

•COCCIDIOSE: o Isospora suis causa diarreia em leitões entre o 7º e o 14º dia de vida, caracterizada pela atrofia de vilosidades e necrose fibrinosa delas, cul-minando com desidratação, letargia, mor-bidade e baixa mortalidade. O tratamento com toltrazuril (20 a 30 mg/kg de peso corporal, por via oral em dose única), aos 2 a 3 dias de idade tem se mostrado eficaz, reduzindo a diarreia e a presença de oóci-tos nas fezes e aumentando em até 1 kg o peso do leitão no desmame, em compara-ção com infectados e doentes.

•ASCARIDíASE: a prevalência das infecções por Ascaris suum, na França, varia entre 15% e 42% dos fígados afetados (no abate), contra apenas 4,4% deles, na Inglaterra. Foi descrita uma correlação entre a presença de “manchas de leite” no fígado e a pneumonia, com efeitos negativos sobre a resposta imune (por exemplo, alterando a resposta à vacinação contra o Mycoplasma hyopneumoniae). A gravidade da lesão hepática está relacionada com a gravidade da lesão no pulmão, acompanhada por perdas de produção consideráveis . O tratamento preventivo com fenbendazole, tanto na ração como na água, é eficaz para o controle da doença.

•PNEUMOCYSTIS CARINII: é um fungo patogênico oportunista que afeta muitas espécies animais, sendo iso-lado frequentemente em ocasiões em que o sistema imunológico está comprome-tido. Em suínos é um novo comensal que provoca lesões de pneumonia intersticial.

•STREPTOCOCCUS SUIS: os sorotipos mais isolados, tanto nos EUA como na China, são o 2 e o 3 (2009/2010), responsáveis por artrites, endocardites, meningites, pneumonias e septicemia.

PNEUMONIA ENZOÓTICA - COMPLEXO DE DOENÇAS RESPIRATÓRIAS DOS SUÍNOS

•Mycoplasma hyopneumoniae é o agente primário de pneumonia enzoó-tica, doença respiratória crônica e um dos principais agentes envolvidos no Complexo de Doenças Respiratórias dos Suínos (CRP). Têm sido identificadas novas cepas, com diferentes virulências e elevado grau de heterogeneidade. Existe a possibilidade de haver mais de uma cepa na mesma granja.

• A bactéria pode persistir nos pulmões por até 200 dias, em infecções

experimentais, sendo esperada a sua ausência total a partir do 254º dia. Nem a vacinação, nem os tratamentos com anti-bióticos, por si só, permitem a eliminação dos portadores antes dos 189 dias pós-infecção.

•A transmissão vertical, bem como a horizontal, entre leitões e suínos de engorda é crucial e exacerbada por vários fatores de risco, entre eles, altas taxas de renovação, alto percentual de leitoas de 1º e 2º partos, salas de parto mais numerosas, idade de desmame mais elevada, áreas de alta densidade, contato entre as salas de produção de leitões e a terminação. Os lei-tões são colonizados antes, em granjas de múltiplos sítios, em comparação com as de ciclo fechado, havendo – no caso das primeiras – uma diminuição do contágio entre a 16ª e a 20ª semanas e uma subida acentuada no final da fase de engorda. Em granjas de ciclo fechado, o percentual de infecção aumenta progressivamente com a idade.

•O diagnóstico da pneumonia enzoótica em suínos de engorda pela sim-ples análise dos sintomas clínicos não é definitivo. O índice de tosse seca e não produtiva, em três minutos, serve como orientação. Devem ser implementadas, no entanto, técnicas de detecção direta por PCR a partir do pulmão e/ou do lavado bronco-alveolar ou tráqueo-bronquial, assim como a análise de amostras de sangue frente ao M. hyopneumoniae. Exsudatos traqueo-bronquiais são de 3,5 a 4,5 vezes mais sensíveis para a detecção de bactérias, em comparação com amos-tras coletadas a partir de swabs nasais,

em provas de PCR. O limite de detecção, por meio de PCR em tempo real, é de 300 cópias de DNA bacteriano/mL de suspen-são de solução salina tamponada com Tris (TBS). Diferentes técnicas de diagnóstico de ELISA para detectar anticorpos no soro têm diferentes sensibilidade e espe-cificidade. CIVTEST e ELISA-C têm alta sensibilidade, embora variem na diferen-ciação entre suínos vacinados e suínos vacinados e infectados.

•Todos os programas de vacina-ção, tanto na 1ª semana de vida como no desmame, mostram-se eficazes em nume-rosos trabalhos publicados, havendo redu-ção de ambos – sinais clínicos e lesões pulmonares – e melhora nos parâmetros de produção (ganho médio de peso diário, conversão alimentar, índice de refugos e homogeneidade no abate).

•Foram apresentados inúme-ros estudos a respeito da erradicação do Mycoplasma hyopneumoniae, sugerindo o fechamento de granjas de reprodutores por, pelo menos, quatro meses; o esvazia-mento de creches e engordas; tratamen-tos massais e injetáveis com antibióticos (macrolídeos, cefalosporinas), tanto em porcas como em leitões; e redução da idade do desmame para os 15 dias de vida, além de um acompanhamento sorológico mensal e um estudo, via PCR, a ser reali-zado nos pulmões de suínos problema.

•A tildipirosina exibe ação bactericida frente aos isolados de Actinobacillus pleuropneumoniae e H. parasuis, assim como uma ação bacte-riostática frente à Pasteurella multocida e à Bordetella bronchiseptica.

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MYCOPLASMA HYORHINIS

É uma bactéria comum do trato respiratório dos suínos, que causa poli-serosite em leitões de 3 a 10 semanas de idade e artrite em suínos de engorda. Sua prevalência, nos EUA, em exsuda-tos nasais e tecido pulmonar analisados por PCR, vem aumentando. Ela é maior em leitões desmamados do que em por-cas ou em leitões lactentes, sendo maior em porcas de 1º e 2º partos do que em multíparas.

DOENÇA DE GLASSËR

•Haemophilus parasuis é um patógeno frequentemente oportunista, presente em infecções virais concomitan-tes a processos de estresse. Recentemente ocorreu a identificação de uma proteína sua, espécie específica e altamente imu-nogênica. Esta bactéria coloniza o leitão no nascimento, mas os mecanismos de invasão e colonização ainda não são total-mente claros. A colonização nasal está presente no desmame e ocorre na presença de anticorpos maternais, não sendo uma referência para a resposta imune. Também foram identificadas proteínas monoméri-cas (Hma2 e Hma3), que possivelmente desempenham um papel importante na evolução da infecção e de sua patogenia.

•Seus sintomas associados são: poliserosite fibrinosa, poliartrite e meningite.

•As vacinas comerciais e autó-genas disponíveis não provêem uma pro-teção completa frente às diferentes cepas e sorotipos. Os tratamentos com enro-floxacina e marbofloxacina reduzem a colonização nasal na primeira semana de tratamento, porém, não promovem a sua eliminação.

PLEUROPNEUMONIA SUÍNA

GOTTSCHALK, M. A iden-tificação precoce dessa Pasteurellaceae gram-negativa em granjas subclinica-mente infectadas é importante para o con-trole efetivo da doença e a prevenção da sua transmissão entre granjas. As infec-ções simultâneas com múltiplas cepas de baixa e/ou alta virulência são comuns, assim como as infecções concomitantes e o aparecimento de quadros súbitos da doença diante de mudanças no manejo, frequentes em granjas de alto status sani-tário. Basicamente, existem três quadros clínicos bem distintos:

- Agudos: com anorexia, depres-são, febre, dispneia, tosse, polipneia, oca-sionalmente vômitos e presença de suínos que morrem de forma súbita, como pri-meira observação;

- Crônicos: sem sinais clínicos aparentes, mas com evidente perda de peso e presença de lesões no abatedouro (aderências, pleurites e abscessos nos pulmões);

- SubclínicosSão conhecidos 15 sorotipos, clas-

sificados de acordo com a composição de seus polissacarídeos capsulares. Também são classificados por suas característi-cas de crescimento in vitro em biotipo I (dependente de DNA) e biotipo II (inde-pendente de DNA). Os sorotipos 1, 12 e 15 encontram-se descritos como biotipo I; o 13 e o 14, como biotipo II, sendo 2, 4, 7 e 9 considerados atípicos do biotipo II. Levar em conta que existem exceções (sorotipos 5A e 5B). Nem todos os soro-tipos virulentos têm a mesma distribuição geográfica, podendo variar em termos de prevalência ao longo do tempo, inclusive dentro do mesmo sistema de produção. Uma cepa que não causa problemas em uma granja poderá fazê-lo em outras.

Os sorotipos de baixa a moderada virulência são 3, 10, 12 e 14. Por técni-cas de PCR é difícil fazer a diferenciação entre os serotipos 3, 6 e 8. Os isolamentos, por continentes, são os seguintes:

- Ásia: 1, 2, 9;- Austrália: 1, 15;- Europa: 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9, 11;- América do Norte: 1, 5, 7;- América do Sul: 1, 3, 5, 6, 7, 8, 12.

A virulência entre cepas varia, dependendo da origem delas. Assim,

o sorotipo 2 produz as toxinas ApxII e ApxIII na Europa e apenas a toxina ApxII no Canadá e nos EUA. O sorotipo 4 é descrito como sendo de alta virulência na Espanha e em outros países. O sorotipo 15 é clinicamente importante na Austrália, mas raro no restante do mundo. O soro-tipo 1 foi isolado de suínos saudáveis, no Canadá. A virulência nem sempre se cor-relaciona com a presença da sua toxina (ex.: os sorotipos 7 e 12 produzem ambos e apenas a toxina ApxII, mas o 7 é mais virulento do que o 12). Animais infectados experimentalmente com cepas diferentes, nem sempre reproduzem a doença.

Em modelos de coinfecção com o Mycoplasma hyopneumoniae há um aumento significativo na virulência do Actinobacillus pleuropneumoniae (App). Uma cepa virulenta pode não produzir a doença em granjas bem controladas e manejadas na ausência de outras infec-ções concomitantes, podendo causar a doença em condições menos favoráveis. A principal fonte de infecção são os suí-nos, sendo essencial eliminar a entrada na granja de marrãs de reposição positivas. A contaminação por via aérea é possível e bastante significativa dentro da granja.

A sorologia é a melhor maneira de identificar granjas infectadas de modo subclínico, mesmo em animais aparente-mente saudáveis (os mais velhos). Os anti-corpos já estão presentes aos 6 meses de idade e em alguns poucos animais nunca se consegue detectá-los. Há três tipos de testes sorológicos em uso:

- Tipo a: usa como antígeno uma LPS altamente purificada, que pode iden-tificar os sorotipos 2, 5, 10, 12 e 14 ou os sorogrupos 1, 3, 4, 6, 8, 9, 11 e 15 (Teste

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Complexo de Fixação, que tem alta espe-cificidade e baixa sensibilidade). Há o risco da introdução de animais infectados falso-negativos. É o teste de referência na China e na Rússia.

- Tipo b: detecta todos os tipos de App, sem discriminação, com base na identificação da toxina ApxIV, produzida apenas in vivo e específica da bactéria (por meio de ELISA). É normalmente usado para monitorar granjas de alta sanidade.

- Tipo c: usa como antígeno a toxina ApxI ou a ApxII. Costuma dar fal-so-positivos por interferência com toxinas de Actinobacillus suis. A interpretação dos resultados, por esse teste, é complexa.

A duração da imunidade mater-nal varia, entre um teste e outro, assim como a quantidade de anticorpos vacinais. Observa-se que, de acordo com a técnica sorológica utilizada, a sensibilidade e especificidade também podem variar. Não há nenhum teste 100% específico, nem 100% sensível. Em uma granja infectada, o número de animais soro-positivos varia, entre um sorotipo e outro. Normalmente, há uma alta prevalência em granjas com infecção subclínica devida às cepas 1, 5, 9 e 11 (da mesma forma, em granjas croni-camente infectadas).

Outros sorotipos costumam dar, muitas vezes, titulações mais elevadas, entre eles o 3, 6, 7, 8, 12 e 15. As técnicas de detecção de DNA por PCR, a partir de material originário de pulmões, nódulos linfáticos e fluidos orais, são empregadas em granjas consideradas livres, devendo os resultados serem interpretados com cautela.

•Granjas positivas para o App, mas com baixos níveis de anticorpos, podem apresentar índices elevados de pleurites, em muitos casos amplificados pela presença da Pasteurella multocida.

•A prevalência de diferentes sorotipos varia no tempo, podendo ocorrer vários deles ao mesmo tempo, na mesma granja. A bactéria pode sobreviver por um longo período de tempo na superfície das tonsilas.

•Nas Filipinas a prevalência de lesões de pleurite no abatedouro chega a 36%, sendo 23% das mais severas devido ao App. Essa análise é feita, como em outros estudos, pelo SPES (Sistema de Avaliação de Pleurites em Abatedouros) versão índice App-App1.

•Os fatores genéticos determi-nantes da severidade dos quadros clí-nicos e lesões estão associados a dois

marcadores, presentes nos cromossomos 2 e 12. Assim, a gravidade será inferior quando a bactéria colonizar os pulmões de suínos mais resistentes.

•Foram realizados diversos ensaios com vacinas que contêm diferen-tes toxóides e que demonstram certa prote-ção. Também são numerosos os trabalhos que descrevem programas de erradicação com despovoamento temporal de leitões e animais de engorda, com vacinação de matrizes, três semanas de tratamentos nas matrizes e injeção nos leitões com dife-rentes antibióticos (florfenicol, tiamulina, tilvalosina, tulatromicina). Em todos esses casos, a introdução de porcas de reposição deve contemplar animais negativos para o App.

SALMONELOSE SUÍNA

DAHL, J. A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) estima que a Salmonela, na carne suína, contribuiu com 10% a 20% dos casos humanos da doença na Europa, em 2009 (10.000 a 20.000 casos anualmente na Europa e 99.000 casos nos EUA). Muitos países têm implementado programas de controle, com diferentes estratégias e resultados. EUA e Austrália focam na higiene e descontaminação de abatedou-ros, enquanto outros países europeus se concentram na granja e no transporte, antes do abate. Há discrepâncias relativas ao risco quantitativo. As vias de introdu-ção nos sistemas de produção são as maté-rias-primas, ração, roedores, pássaros, marrãs de reposição. Roedores e pássaros atuam como reservatórios da infecção, em granjas positivas. A associação entre gran-jas de futuras reprodutoras e de produção é mais qualitativa do que quantitativa. Há uma grande variação entre os abatedou-ros, no que diz respeito à prevalência. A relação entre a presença da Salmonela na produção primária e o nível de infecção das carcaças (nódulos linfáticos) é rela-tivamente baixa. O tamanho do abate-douro, combinado com a prevalência nas granjas de origem, pode influenciar nas estratégias de controle a serem adotadas. A associação entre a prevalência fecal e o líquido que escorre das carcaças depende do sorotipo envolvido.

Os fatores de risco para a Salmonela em granjas dividem-se em dois pontos:

- risco de introdução: compra de futuras reprodutoras e ração;

- risco de prevalência em granjas positivas: roedores, pássaros.

A ração granulada predispõe a uma prevalência três vezes maior, em comparação à ração farelada. Dietas com mais cevada têm menor prevalência, em comparação às com mais trigo. A inclu-são de ácidos orgânicos na alimentação (fórmico, láctico, na dose de 0,4 a 0,8%) reduz a prevalência na engorda. O ácido benzóico tem maior potencial, porém, foi menos estudado. Granjas com alimenta-ção líquida, comparadas com seca, têm três vezes menos prevalência, além do que raramente encontram-se granjas de alta prevalência utilizando alimentação líquida.

Os programas de vazio sanitário e programas de biosseguridade rigorosos para leitões e animais em fase de cresci-mento têm efeito importante no controle da Salmonela, em granjas infectadas. As vacinas existentes mostram dados con-troversos sobre a redução da prevalên-cia nas granjas que as utilizam, além de não haver uma referência precisa sobre o efeito delas no nível das carcaças.Nos abatedouros utilizam-se sistemas de descontaminação com água quente (maior gasto com energia), vapor ou descon-taminação química com cloro e ácidos orgânicos.

•Os resultados dos cultivos sofrem influência dos métodos de mani-pulação das amostras, da maceração dos gânglios linfáticos e do uso de técnicas de cultivo específicas.

•Salmonella cholerasuis, Salmonella typhimurium e Salmonella infantis são as mais isoladas em suínos, no mundo. Foi o Dr. Daniel Elmer Salmon quem identificou a primeira Salmonela (1850/1914). Outras Salmonelas isoladas, menos patógenas, são S. anatum, S. muenchen e Salmonella mbandaka.

•As vacinas existentes, vivas e para uso oral, reduzem a excreção fecal e a presença do agente em nódulos mesen-téricos e íleo-cecais, além de melhorar indiretamente o ganho médio de peso diário e o índice de conversão alimentar e reduzir a depreciação das carcaças.

•Os programas de controle devem estar baseados no conhecimento exato do ponto de partida, em rigorosas medidas de biosseguridade e higiene adequada (criação, instalações e rações). São vários os países e as companhias de genética que deram início a programas de controle das Salmonelas.

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DISENTERIA SUÍNA

GEBHART, C.J. A detecção precoce e correta dos patógenos entéricos é fundamental na fase de crescimento dos suínos devido ao seu impacto econômico. Durante os últimos 20 anos a disenteria hemorrágica não havia se manifestado clinicamente nos EUA e no Canadá, mas voltou a aparecer recentemente com casos graves de diarreia sanguinolenta e colite hemorrágica. Também houve relatos de quadros crônicos, com colite mucóide. O gênero Brachyspira inclui numerosas espiroquetas que colonizam o intestino. Algumas causam doenças, outras são con-sideradas não patogênicas. A Brachyspira hyodisenteriae é a mais patogênica e hemolítica. A Brachyspira pilosicoli e a Brachyspira intermedia estão mais asso-ciadas aos quadros de colite mucóide. A Brachyspira innocens e a B. murdochii costumam se manifestar nos casos mais crônicos (colite catarral e diarreia). As análises por meio de provas de PCR, a partir de amostras de fezes, são considera-das as mais relevantes para o diagnóstico. Atualmente, nos EUA, estão sendo detec-tadas novas cepas de alta virulência (gene NADH oxidase).

•O custo dos episódios de disenteria hemorrágica em suínos em crescimento e terminação está estimado em € 8,85/cabeça. Quando controlados, além da redução no consumo de antibi-óticos, melhoram também os parâmetros produtivos.

•Vários trabalhos têm demons-trado a eficácia do uso de diferentes anti-bióticos no controle da disenteria hemor-rágica (tilvalosina, tiamulina).

ILEÍTE SUÍNA

GEBHART, C.J. Lawsonia intracellularis é uma bactéria intracelular obrigatória que afeta os enterócitos, cau-sando a ileíte, que tem como característica a hiperplasia das criptas dos mesmos, em muitas espécies animais (hamsters, cava-los, coelhos, raposas, coiotes, pássaros e primatas não-humanos). Em todos os casos, exceto na espécie suína, a referida bactéria tem um elevado grau de similari-dade genética e filogenética. Nos suínos, a ileíte se manifesta de duas formas: aguda (PHE ou enteropatia hemorrágica suína) e crônica (PIA ou adenomatose intestinal suína). As técnicas de PCR fecal, que uti-lizam primers específicos, não têm sensi-bilidade suficiente para diagnosticar essas

infecções, especialmente as formas crô-nicas e subclínicas. A técnica de eleição para o diagnóstico definitivo é a identifi-cação das bactérias nas lesões por meio de provas imuno-histoquímicas. A gravidade clínica da doença depende da quantidade de bactérias presentes. A variação genética entre linhagens diferentes, dentro de qua-dros clínicos, granjas e regiões é pequena, inclusive com relação ao tempo.

O pico da infecção aparece cinco dias após o seu estabelecimento. A lesão clínica da enterite proliferativa é a hiper-plasia dos enterócitos, havendo variações na sua apresentação e patologia, segundo a espécie animal afetada. Assim, suínos infectados com isolados de suínos (homó-logos) têm diarreia e atraso no cresci-mento às três semanas pós-infecção, mas não apresentam nenhuma manifestação clínica quando infectados com cepas iso-ladas a partir de cavalos (evidência de adaptação inter-espécies).

Os isolamentos bacterianos com poucas passagens em linhagens celulares se revelam patogênicos (10 a 20, frente a 40 passagens), provocando mudanças patológicas no intestino (edema e hiper-plasia da mucosa), além de sintomas clí-nicos digestivos. Com poucas passagens encontra-se IgG no soro aos 14 dias pós-infecção, o que não se observa com 40 passagens. Entre 10 e 20 passagens não há diferença quanto ao grau de excreção fecal. Assim, a atenuação completa é obtida ente 20 e 40 passagens, em linha-gens de células.

Os suínos com ileíte crônica e aguda têm menores níveis séricos de fola-tos (ácido fólico - vitamina B9) e de cia-nocobalamina (vitamina B12), em função da absorção reduzida de ambas as vita-minas no íleo. Estas duas vitaminas têm

influência marcante no metabolismo de aminoácidos dos suínos e nas sínteses de DNA e RNA.

Oitenta e seis e meio por cento das granjas, na Rússia, são soropositi-vas (diagnóstico via bioscreen ELISA). Outros países documentam altas variáveis de prevalência.

Estão em desenvolvimento técnicas de qPCR para a detecção do número de bactérias excretadas pelas fezes (10.000 a 100.000.000 de L. intracellularis por grama de fezes), a partir do 7º dia pós-infecção, com picos de excreção aos 14 dias pós-infecção. Existe uma correlação positiva entre o número de bactérias excretadas e o grau de diarreia, assim como uma correlação negativa entre a referida excreção e o ganho de peso diário. A correlação entre qPCR e ELISA deve continuar a ser estudada. Há diversos estudos sobre a eficácia da vacina oral e as melhorias na produção, em função de sua utilização.

COLIBACILOSE

•Na Dinamarca, Suécia e em outros países tem ocorrido alta incidên-cia de diarreia em leitões recém-nascidos, na primeira semana de vida, com preva-lência de 37% a 75%, baixa mortalidade e não associada a quaisquer dos agentes mais comuns como Escherichia coli, Clostridium perfringens do tipo C ou rotavírus. A doença tem sido chamada de Nova Diarreia Neonatal Suína.

•A doença do edema é uma pato-logia aguda ou superaguda sistêmica, que acomete leitões durante as primeiras semanas após o desmame. A proliferação em massa das fímbrias F28, no intestino delgado, e a secreção subsequente da

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toxina Shiga2a são necessárias para cau-sar dano endotelial local, por meio da ini-bição da biossíntese de proteínas e lesões arteriolares, com edema e danos no sis-tema nervoso central (micro-tromboses). Foi desenvolvida uma vacina baseada em uma cepa de Escherichia coli (K12), com deleção no cromossomo que contém o antígeno Stx2a, cujos resultados em termos de controle da doença do edema parecem satisfatórios (vacinação dos lei-tões aos 4 dias de idade).

•Em diarreias neonatais por Escherichia coli enterotoxigênicas (ETEC) costuma ocorrer complicações devidas ao Clostridium perfringens. Nesses casos, a vacinação das reprodu-toras entre 6 e 2 semanas pré-parto tem dado bons resultados (atenção para a pro-ximidade entre suínos e ovelhas).

•Na Itália ocorreu multirresis-tência a antibióticos frente às diarreias por Escherichia coli F4+, entre 2002 e 2011. A susceptibilidade ao sulfato de colistina não mudou durante a duração desse estudo, e o sulfato de colistina con-tinua sendo uma droga de escolha contra a diarreia pós-desmame devida a E. coli. Há diferentes apresentações (pó pré-mistura e oral), umas mais eficazes que as outras, dependendo da situação, em função de melhor estabilidade, maior dispersão, palatabilidade e melhor consumo.

•Vários trabalhos utilizando adi-tivos de extratos de plantas foram apre-sentados, com resultados variáveis, como opção de tratamento para as diarreias pós-desmame por E. coli.

•A inclusão de óleos essenciais de orégano na ração, durante três sema-nas no final da gestação e durante a lac-tação, reduziu a incidência e a gravidade das diarréias neonatais por Clostridium perfringens do tipo A e por Clostridium difficile.

•Foram apresentados diferen-tes trabalhos, incluindo o óxido de zinco (ZnO) a 3.000 ppm, como profilaxia da diarreia pós-desmame em leitões, além da alternativa do uso de fontes de zinco em forma de nano-partículas, a 150 ppm, as quais trariam efeitos positivos similares nos parâmetros produtivos.

OUTRAS PATOLOGIAS DIGESTIVAS

• DIARREIA EPIDÊMICA SUíNA: coronavírus emergente na Ásia, trata-se de um vírus classificado em três grupos e outros três subgrupos com diver-sidade antigênica. Nem todas as porcas desenvolvem imunidade lactogênica

sólida frente a esse problema, que apre-sentou alta incidência na China, na pri-mavera de 2011, com elevada mortali-dade em leitões, vômitos, diarreia aquosa e amarelada. Apresenta morbidade de 90% e 100% de mortalidade, sendo mais grave em coinfecções com o PCV2. Sua incidência é menor em granjas vacinadas contra o circovírus desde a sua introdu-ção, em 2007. Há também a citação de quadros graves na Coreia, Filipinas, Japão e Tailândia, a partir de 2007, derivados da entrada de leitoas positivas em granjas livres. A vacinação em massa de marrãs e porcas já em produção e a quarentena/aclimatação de nulíparas negativas permi-tem o controle da doença.

•CLOSTRIDIUM DIFFICILE: causa diarreias medianamente severas em leitões com 1, 5 e 10 dias de idade.

NUTRIÇÃO

DOURMAD, J.Y. As reservas corporais são mais consideradas como indicadores de risco do que como cau-sas de problemas. Durante a gestação devemos prover à porca uma quantidade suficiente de reservas para compensar eventuais deficiências de nutrientes na lactação. Se essas reservas forem exces-sivas, originarão problemas no parto e no consumo posterior ao mesmo (porcas gordas). Durante a lactação é recomen-dável adaptar a ingestão de nutrientes ao máximo para otimizar a produção de leite e o peso dos leitões no desmame e reduzir eventuais problemas reprodutivos posteriores. Estas exigências deverão ser ajustadas com base na composição das rações fornecidas aos animais e nos níveis alimentares, de acordo com a produção da porca, seu alojamento, saúde, genética e condições ambientais.

Os trabalhos realizados ao longo dos últimos 25 anos, com base na utilização de energia, aminoácidos e minerais em porcas gestantes, foram incorporados ao modelo Inra Porc (www.rennes.inra.fr.inraporc). Para a sua utilização é essencial o conhecimento da estrutura dos modelos e suas limitações. Na mesma porca, ele é representado em diferentes compartimentos (proteína cor-poral, gordura corporal e útero) e suas mudanças, nos distintos ciclos produtivos. Em porcas gestantes, a prioridade está nas necessidades de manutenção, requi-sitos para os fetos e desenvolvimento do útero e das glândulas mamárias. Em porcas lactantes, a prioridade muda para requisitos de manutenção e de produção

leiteira. Equações diferentes descrevem a utilização dos nutrientes, tanto em gestan-tes como em lactantes, com base em um programa de simulação de computador. Os aminoácidos são expressos com base no padrão de digestibilidade ileal, a ener-gia como metabolizável e o fósforo como digestível.

As necessidades de energia durante a gestação aumentam do 1º ao 3º partos, passando em seguida a serem constantes. Em contraste, as exigências de aminoácidos, expressas em gramas por dia, por kg de ração, decrescem com os ciclos. Exigências de energia para a lac-tação vão aumentando até o 5º parto. Em média, o consumo voluntário de energia em lactação é estimado em 75% e 83%, em porcas de 1ª cria e fêmeas nulíparas, respectivamente. Os requisitos de amino-ácidos na 1ª e na 2ª gestação são superio-res para garantir o aumento na deposição de tecido muscular.

A estimativa de peso vivo e o nível de gordura nas porcas permitem avaliar os níveis de ração a ser fornecida para cada uma delas, em cada situação. A utilização de uma ração única de gestação para todas as porcas pode resultar em um excesso de consumo de nutrientes por parte de algu-mas delas, com risco de problemas no final da gestação. Recomendam-se duas dietas contendo diferentes níveis de pro-teína bruta e aminoácidos, de modo que o custo da ração possa ser reduzido em 6% nesse programa de duas fases, em compa-ração com o programa de uma só ração.

Os requerimentos de lisina diges-tível são maiores no final da gestação, ao mesmo tempo que suas necessidades vão sendo reduzidas na medida em que aumenta o número de partos, sendo estas necessidades mais marcantes quando expressas em quantidade de ração, do que em requerimentos por dia.

•A incorporação de glicerol nas dietas de final de gestação reduz o número de leitões nascidos com baixo peso, já que esse componente atua como precursor da síntese de lipídios e da glicose, reduzindo a sensibilidade à insulina.

•A IGF1 é um importante mediador da deposição de proteínas no músculo esquelético e em outros tecidos musculares. A inclusão de proteínas da batata fermentada, altamente digestível, tem um efeito positivo sobre os níveis de IGF1, aumentando o rendimento magro dos suínos assim alimentados.

•A adição de probióticos (leveduras vivas, Bacillus subtilis, Saccharomyces cerevisiae) na alimentação

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das porcas, antes do parto, ajuda a melho-rar a vitalidade dos leitões, sua sobrevi-vência e o seu desempenho produtivo posterior, devido ao aumento dos níveis de imunoglobulinas no colostro. Além disso, as porcas perdem menos peso durante a lactação e diminuem os índices de mortalidade, a incidência de diarreias por E.coli e as dermatites exsudativas nos leitões lactentes.

•Estudos realizados no México e nos EUA com ractopamina (fenetalo-namina como β adrenérgico, a 5 ppm nas rações de terminação) revelam melhora no ganho médio de peso diário e no índice de conversão alimentar, derivado de uma maior deposição de tecido magro. Há diferenças de comportamento entre lotes e genéticas distintas.

•A inclusão de ácidos orgâni-cos e seus sais nas rações de reproduto-ras melhora a sua condição corporal no momento do parto e no desmame e o peso das leitegadas ao nascer e no desmame (não o peso individual) e reduz a mortali-dade e as falhas na lactação.

•O efeito positivo da inclusão do óleo de coco na alimentação de porcas lac-tantes é percebido sob a forma de aumento de peso das leitegadas no desmame.

•Na alimentação líquida o con-teúdo microbiano de lactobacilos, entero-bactérias e coliformes é variado, devendo ser considerado o nível de aminas biógenas derivadas da descarboxilação microbiana dos aminoácidos, o qual pode ser tóxico acima de 100 ppm. As medidas higiênicas tomadas para o controle do biofi lme e o manejo dos períodos de fermentação são importantes.

•O tipo de comedouro e bebe-douro, no crescimento e terminação, infl uencia os parâmetros de produção (média de ganho de peso diário e conver-são alimentar, seja em dietas fareladas ou granuladas). Comedouros que umidifi cam a ração, em comparação com comedouros secos, geram melhores resultados em ter-mos de ganho médio de peso diário (40 g) e consumo diário de ração (sem infl uência signifi cativa sobre a taxa de conversão ali-mentar, a deposição de tecido gorduroso corporal e o nível de tecido magro), além de diminuir o consumo de água (1,4 litros/suíno/dia). A taxa de conversão alimentar pode ser melhorada com a utilização de ração granulada, em vez de farelada.

•O manejo da nutrição – que se supõe, corresponda, em termos de custo em nível global, de 61% a 80% do custo de produção – é essencial para melhorar a produtividade e o lucro. A condição

corporal das porcas é determinada pela genética e pela nutrição. Foram apresenta-dos alguns estudos estimando níveis ade-quados de deposição de gordura e outros relativos a peso corporal, assim como trabalhos relativos a níveis de proteína e energia na alimentação, de acordo com linhas genéticas e países distintos.

•A inclusão do metioninato de zinco em dietas de cachaços, a 200 ppm, gera efeitos adversos sobre a qualidade do sêmen, provenientes de um aumento na fragmentação do DNA. Não há melhora nem dos níveis de testosterona no sangue, e os níveis séricos de zinco não são dife-rentes nos cachaços alimentados com as mesmas doses de óxido de zinco.

•A inclusão de tiamulina fuma-rato durante a lactação, na ração das por-cas a 2 mg/kg de peso vivo, melhora a con-dição corporal delas no desmame e o peso da leitegada também no desmame (maior ganho médio de peso diário dos leitões, durante a lactação) e diminui a mortali-dade dos leitões durante a lactação.

•A assimilação do alimento pelo suíno pode ser afetada por fatores de manejo e sanidade. O conceito de suíno de valor total (Full Value Pigs) é aquele no qual 90% dos animais nascidos chegam ao abatedouro com o peso ideal. Foram publicados vários trabalhos sobre esse assunto, observando-se que os fatores que mais infl uenciam esse conceito são o preço da ração, os problemas de saúde (PRRS, circovirose, pneumonia enzoó-tica, infl uenza, APP, colibacilose, doença de Glasser, Streptococcus suis), as varia-ções no peso e as penalizações impostas, ambos no abate.

REPRODUÇÃO

SUEDE, N. Cerca de 19% das porcas, em uma granja, estão no pri-meiro parto. Seus parâmetros reprodutivos (tamanho da leitegada, fertilidade) têm um grande impacto sobre a produtividade da granja, com infl uência na longevidade e no custo de reposição. A lógica é que esses parâmetros venham aumentando, com o ciclo reprodutivo, atingindo o seu pico entre o 3º e o 5º partos. Os dados reprodutivos subótimos, no 2º parto, são devidos a uma perda de peso excessiva na primeira lactação, pelo consumo insufi -ciente de ração, defi ciente para a demanda energética da produção leiteira, manu-tenção e crescimento considerável. Uma perda superior a 10% de proteína corpo-ral compromete a entrada no cio, a taxa de ovulação e a qualidade dos oócitos,

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especialmente quando o intervalo desma-me-cio é curto (nos últimos anos as porcas foram selecionados por um IDC baixo, de 4 a 5 dias).

O desenvolvimento folicular defi-ciente não só compromete a qualidade dos oócitos, mas também o desenvolvimento do corpo lúteo, resultando em embriões de menor qualidade, o que aumenta as perdas embrionárias e diminui o tamanho de lei-tegada para o ciclo seguinte. As soluções para este problema são baseadas em:

- Durante a lactação: maximizar a ingestão dos nutrientes da ração, por parte das lactantes, o seu consumo de água, o tamanho da leitegada no desmame e a idade em que ele ocorre.

- Após o desmame: deixar as por-cas com grande perda de peso passarem um cio aumenta a fertilidade em 15% e de 1,3 a 2,5 leitões após o parto. Alternativa: sincronizar com altrenogest (8 a 15 dias após o início do desmame, começando um dia antes do desmame e nunca depois do mesmo).

- Durante os dois primeiros ter-ços da gestação (até os dias 75 a 80) a demanda de energia para o crescimento das leitegadas é baixo, e as leitoas utili-zam este período para se recuperar da lactação. Um alto consumo por parte das leitoas aumenta os níveis hepáticos da progesterona, baixando os níveis sis-têmicos e reduzindo a sobrevivência do embrião. No entanto, em diferentes estu-dos, este mecanismo não foi totalmente esclarecido, e um aumento de consumo durante o primeiro mês de gestação aumenta o peso corporal e o tamanho da

leitegada subsequente, comprometendo a fertilidade.

•Para se obter uma ótima proli-ficidade e fertilidade, o intervalo entre as inseminações e a ovulação não deve exce-der 24 horas, em nenhum caso.

•Vários trabalhos de sincroniza-ção de cio em leitoas, com altrenogest (20 mg/18 dias), em comparação aos contro-les, não apresentaram variação significa-tiva quanto à fertilidade no parto e ao total de leitões nascidos vivos. A administração em leitoas, no desmame, durante 7 dias, pode melhorar o desempenho produtivo no segundo parto. A administração do altrenogest na dose de 5 mL, entre os 10º a 15º e 18º a 23º dias de gestação aumenta o número de leitões nascidos vivos ao manter o corpo lúteo produzindo proges-terona. A sincronização do cio no dia ante-rior ao desmame e entre 7 e 12 dias depois do mesmo determina uma entrada no cio mais homogênea em 3 a 5 dias posteriores até mesmo em épocas de calor, com uma fertilidade adequada.

•Os resultados reprodutivos (total de leitões nascidos vivos nos pri-meiros partos) de leitoas nascidas com mais de 1,4 kg de peso vivo são superiores aos das que nascem com peso mais baixo. A quantidade de gordura (toucinho) dor-sal aos 200 dias de idade não tem relação com o peso ao nascimento.

•As leitoas inseminadas pela pri-meira vez, com mais de 140 kg de peso vivo, têm uma maior taxa de ovulação e maior capacidade uterina que as de menor peso. O número de folículos primários nas fêmeas com mais de 150 kg é mais ele-vado do que nas de menor peso.

•Os problemas locomotores são a segunda principal causa do abate de reprodutoras. No caso de porcas com postura de cão sentado, as lesões ósseas (osteocondrose) são as mais comuns, não se descartando as lesões neurológicas não progressivas derivadas de embolia fibro-cartilaginosa, que resultam em coluna com mielomalácia, situação esta que vem aumentando nos casos de grupos de por-cas mal manejados.

•Não há relação entre uma ele-vada taxa de crescimento em cachaços jovens e a produção de sêmen, tanto em qualidade como em quantidade. As dietas recomendadas falam em níveis de 15,5% de proteína bruta, 0,88% de lisina total e 3.150 kcal/kg de energia digestível.

•Desenvolveram um novo diluidor de sêmen, com alguns açúcares, antioxidantes e agentes crioprotetores, o que permite preservar o sêmen a temperaturas variáveis (5° a 20°C) durante 10 dias.

MANEJO

•O tamanho da granja não tem efeito significativo sobre os parâmetros de produção, medidos na forma de leitões desmamados/porca/ano. Esse parâmetro também apresenta maior variabilidade em granjas de pequeno porte (300 a 500 fêmeas) do que em grandes (> 800 por-cas). Nas granjas pequenas há uma pro-porção de 0,77 funcionários para cada 100 porcas, enquanto que nas grandes esse número cai para 0,37.

•A mistura de suínos por sexo nas mesmas baias penaliza o crescimento na fase de engorda, particularmente o das fêmeas, estimando-se um benefício de até € 4,22/suíno no caso da criação separada.

•Há uma clara correlação entre o peso ao nascimento, a sobrevivência e o crescimento nas fases posteriores. Cada leitão nascido a mais, além dos 12 espera-dos, reduz em 40 g o peso médio do res-tante da leitegada.

•A restrição da movimentação para adoções/cessões de leitões nas pri-meiras 12 horas de vida, tem efeito posi-tivo no ganho médio de peso diário, peso no desmame e mortalidade na lactação.

•O valor estimado, na Holanda, para reduzir em 1% a mortalidade na lac-tação equivale a € 7,07/porca presente e ano.

•A mortalidade durante o trans-porte varia desde 0,05 até 2,39%, em estu-dos distintos.

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•Foi exposto o paradigma de desmamar às segundas-feiras, com suas vantagens e inconvenientes sobre a pro-dutividade da granja.

•Os programas de treinamento e motivação de pessoas diminuem a rotatividade de funcionários nas granjas e melhoram os parâmetros de produção (fertilidade, mortalidade, despesas com tratamentos, crescimento médio diário). Educar os funcionários da creche a identi-ficar leitões com problemas nas primeiras fases (IPC ou cuidados individuais aos suínos) reduz a mortalidade e a taxa de refugos, melhora o crescimento e a homo-geneidade e diminui o percentual de lei-tões tratados individualmente, levando – com o tempo – a uma melhora na resposta terapêutica e nos dados produtivos.

•A prevalência de úlceras gástri-cas, na Dinamarca (29,8%), é semelhante a de outros países relatados. A Austrália tem 34% de prevalência e, na Venezuela, foi constatado que apenas 18,8% dos suí-nos têm o estômago sem nenhuma lesão, no abatedouro. Essas lesões, que afetam o ganho de peso e aumentam a mortali-dade, são mais pronunciadas em suínos alimentados com ração peletizada versus farelada versus líquida.

•A produção de leite em uma lactação é condicionada por ter sido produzido mais ou menos na lactação anterior, com base no tamanho da leite-gada e na qualidade dos leitões, em espe-cial nos primeiros 10 dias de lactação. Recomendamos que os leitões pequenos sejam mantidos em leitegadas menores e que a seleção de fêmeas “mães de leite”

seja feita a partir do segundo parto. Os leitões a serem remanejados devem tomar o colostro da própria mãe, dentro das pri-meiras 24 horas de idade (mínimo de 12 horas).

•A idade da castração afeta o crescimento dos leitões, a incidência de infecções e o sistema imunológico deles. Os castrados com um dia de idade, comparativamente a 3-7 dias de idade, têm o pior ganho médio de peso diário, de acordo com um estudo realizado na Coreia. A castração cirúrgica em machos, antes do desmame, em comparação com a imunocastração, mostrou um aumento na mortalidade no primeiro caso, corres-pondendo a 0,4 suínos vendidos a menos/porca/ano (resultados de 21 estudos reali-zados na Ásia).

O uso da imunocastração como alternativa à castração cirúrgica melhora a qualidade da carcaça dos machos, sendo necessário desenvolver rações específi-cas derivadas do incremento de consumo voluntário diário, após a segunda dose da vacina. Suínos vacinados, alimentados com dietas que contenham 15% a mais de lisina, melhoram a deposição de tecido magro (frente aos castrados) e têm menos gordura dorsal (- 1,3 mm), mais saturada, além de maior ganho de peso e melhor conversão alimentar.

A primeira dose ativa o sistema imunológico, e a segunda produz uma supressão temporária da função testicu-lar. A primeira não tem impacto sobre os níveis de anticorpos e de testosterona em machos jovens. A libido posterior não é afetada, nem a quantidade e a qualidade

do sêmen na 16ª semana após a segunda dose da vacina.

Os suínos imunocastrados sofrem menos agressões que os animais inteiros, na fase final da engorda, quando alojados em lotes conjuntos com fêmeas inteiras, possivelmente devido aos níveis de tes-tosterona dos animais inteiros.

Em estudos espanhóis sobre imunocastração de fêmeas abatidas com pesos elevados (> 160 kg de peso vivo), a diferença entre cirurgicamente castradas, inteiras e imunocastradas está no maior peso do presunto e das paletas das duas segundas, frente às primeiras, e com um peso de lombos superior nas inteiras, sem diferenças significativas em termos de peso de carcaça. As porcas imunocas-tradas tiveram um ganho médio diário superior às castradas cirurgicamente e às inteiras.

•A aplicação de meloxican (anti-inflamatório não hormonal) reduz os níveis de cortisol nas 6 horas posteriores. Costuma-se aplicá-lo em porcas imedia-tamente após a expulsão da placenta para reduzir a incidência de síndrome mamite, metrite, agalaxia (MMA), favorecer a pro-dução de leite e melhorar a sobrevivência dos leitões aos 5 dias de idade e o peso da leitegada no desmame.

•A Suécia produz 3 milhões de suínos/ano com 53 granjas de seleção.

GENÉTICA

•As modernas técnicas que adicionam dados fenotípicos à informa-ção genética têm um potencial maior de seleção, com base no “expected breeding value” (EBV) ou valor genético esperado que se referencia pela seguinte fórmula:

EBVtotal = EBVblup + (1 – R2blup)

Deste modo, espera-se um pro-gresso genético da ordem de 5% a 55%, dependendo do parâmetro.

•A herdabilidade estimada para a androsterona é inferior à do escatol e à do indol, determinadas em estudos de análises univariáveis sobre amostras de gordura. A seleção de cachaços, em várias linhas genéticas e incluindo seus níveis de androsterona, escatol e indol (odor sexual), permite reduzir a incidência em sua descendência, por meio de uma base de dados obtida por seleção genômica, por análise de SNP (polimorfismo de nucleotídeo único) e combinada com um programa de treinamento usando amos-tras para testes de um painel de machos, no final da fase de crescimento.

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BEM-ESTAR ANIMAL

PAJOR, E.A. Etologia é a ciência do comportamento animal. O etograma descreve os comportamentos naturais dos animais e nos ajuda a melhorar o seu bem-estar. A descrição e a quantificação de tais comportamentos servirão como base para avaliar o bem-estar de animais em confinamento. Assim, por exemplo, em casos agudos de doença esses comportamen-tos naturais são alterados em quantidade e intensidade. Os ani-mais adaptam seu comportamento ao ambiente, o que nos leva a esperar mudanças de comportamento em ambientes distintos. Os testes de preferência e motivação são os mais frequente-mente utilizados em pesquisas de bem-estar animal, uma vez que podem ser influenciados pelas condições do próprio animal, pela hora do dia e pela meteorologia. O estudo das causas do comportamento abusivo e das estereotipias será necessário, no futuro, como indicador de problemas de bem-estar para a obten-ção de um melhor relacionamento entre o comportamento e o bem-estar animal.

•Os leitões que padecem de problemas de aprumo durante as três primeiras semanas de idade pesam cerca de 1 kg a menos às 9 semanas. Segundo um estudo sueco, 23,4% desses casos têm de ser tratados novamente, na fase de engorda.

•A etiologia da necrose auricular não está bem definida. Das lesões costumam se isolar 88,6% de Staphylococcus aureus e 68,6% de Staphylococcus hyicus (dados canadenses), especu-lando-se que a doença deva ser iniciada pela toxina produzida pela bactéria. A melhor escolha em termos de sensibilidade a antibióticos tem sido a penicilina, seguida do ceftiofur sódico e

das tetraciclinas. Atuam como fatores agravantes a umidade, alta temperatura, alta densidade e baixo número de bebedouros.

•A disponibilidade de espaço suficiente por suíno, que o permita diferenciar as áreas de alimentação, descanso e depo-sição de dejetos, reduzirá a incidência de agressões entre os mesmos (www.nyborghouse.dk).

•A aplicação de azaperone a 320 mg/porca adulta, após a conclusão do parto (expulsão da placenta), pode reduzir as consequências do estresse, dando lugar a uns 5% a mais de cres-cimento nos leitões lactentes (em leitoas, até uns 11,3%), além de prover também menor incidência de diarreia neonatal.

SEGURANÇA ALIMENTAR

•Os programas de uso prudente de antibióticos, tendo em conta a dose diária por animal (DDA - ADD) e a dose diá-ria usada, reduzem as resistências microbianas (MRSA), ao mesmo tempo que melhoram a segurança sanitária e alimentar (www.abcheck.ugent.be).

• Publicados vários trabalhos que demonstram a apa-rição de resistências bacterianas que, em muitos casos, não se manifestam com sinais clínicos, mas sim como dermatite exsu-dativa e artrite em leitões lactentes (inflamação purulenta da banda coronária por Staphylococcus aureus).

• A utilização do Cartão Amarelo na Dinamarca (VETSTAT), a partir de 2010, está focada na redução do uso de antibióticos, de modo que os programas de vacinação preven-tiva representam uma alternativa importante para esta finalidade (por exemplo, vacina contra ileíte em leitões reduz 2,7 vezes a dose de antibiótico via oral, e se for injetável, 0,2 vezes, além de diminuir em 24% os tratamentos com antimicrobianos para o sistema digestivo). O máximo permitido, em termos de doses diárias por 100 suínos (ADD), é de 5,2 para reprodutoras e lei-tões de engorda, 28 para leitões desmamados e 8 para a engorda.Em 2011 (versus 2010) foi reduzido o consumo de antimicro-bianos em 20%, especialmente no tratamento de leitões frente a patologias digestivas.

•O desenvolvimento precoce de uma resistência aos antibióticos pela flora digestiva de leitões recém-nascidos é independente da exposição direta deles ao antibiótico. A flora digestiva do leitão é um ecossistema dinâmico, facilmente influenciado por fatores ambientais e pela pressão dos antibió-ticos sobre ela, bem como pelo grau de resistência da mãe. A administração de antibióticos em porcas e leitões, durante a lactação, pode influenciar a presença de bactérias resistentes a antibióticos em ambos, do nascimento ao desmame e em fases posteriores.

•Uma das causas mais comuns do sobreconsumo de antibióticos em processos digestivos é a falta de conhecimento para prescrevê-los, de forma pontual ou em massa, com base em um diagnóstico prévio e preciso (todas as fezes com menos de 18% de matéria seca são consideradas diarreicas).

•Um estudo na índia demonstrou que em 42 isolamentos de Escherichia coli foram encontrados 23 padrões de resistência antimicrobiana, inclusive em granjas sem nenhuma patologia.

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Sumários de Pesquisa

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Mycoplasma hyopneumoniae – prevalência ao desmame:o que sabemos (e não sabemos) sobre isso?

Introdução

O Mycoplasma hyopneumoniae (M. hyopneumoniae) é o agente causal da pneumonia enzoótica e predispõe os suí-nos infectados à colonização com outros patógenos bacterianos e virais, tornando-se, em seguida, o protagonista central no Complexo de Doença Respiratória Suína. O M. hyopneumoniae é transmiti-do por meio do contato suíno a suíno. A transmissão porca-leitão é considerada um evento determinante na perpetuação do patógeno intra-rebanho em sistemas de produção segregados. Porém, muito pouco se sabe sobre o processo de coloni-zação durante a fase pré-desmame. A pre-valência do M. hyopneumoniae na idade

de desmame - avaliada por PCR em swab nasal - tem sido sugerida como um indica-dor da colonização porca-leitão. Análises de correlação forneceram evidências de que a severidade da doença causada pelo M. hyopneumoniae em suínos em cresci-mento pode ser predita pela prevalência ao desmame em sistemas segregados. Portanto, o propósito do artigo publica-do por Maria Peters do Laboratório de Diagnóstico Veterinário da Universidade Minnesota (Allen D. Leman Swine Confe-rence, 2012) foi revisar a literatura corrente sobre a prevalência do M. hyopneumoniae ao desmame e propor ideias a fim de gerar informações para preencher as lacunas de conhecimento.

Prevalência do M. hyopneumoniae ao desmame

A prevalência do M. hyopneumoniae ao desmame refere-se à percentagem de leitões positivos ao patógeno detectado ao final do período de lactação, em um dado grupo de desmame.

Existem vários fatores que neces-sitam ser considerados quando se decide como estimar a prevalência ao desmame. Em primeiro lugar, tem de ser selecionada uma amostra de tamanho representativo da população. Os cálculos do tamanho da amostra devem ser baseados no tamanho do rebanho, na prevalência esperada e no nível desejado de precisão. Na maioria dos casos a prevalência esperada não é conhecida, e uma baixa prevalência é as-sumida, como uma abordagem mais segu-ra. Um nível de alta precisão, combinado com uma baixa prevalência, resulta em um tamanho de amostra bastante elevado.

Geralmente, ferramentas de diag-nóstico molecular, como o ensaio de PCR específico, são utilizadas para detectar o M. hyopneumoniae, devido ao fato de o sorodiagnóstico (ex. teste de Elisa) não poder diferenciar entre anticorpos mater-nais passivamente adquiridos daqueles gerados após vacinação ou após exposi-ção natural. Vem então a pergunta sobre o tipo de amostra que necessita ser cole-tada. Os swabs bronquiais seriam os mais adequados, pois uma alta sensibilidade é obtida com este tipo de amostra. Mas o fato de que ela só pode ser coletada em condições post-mortem, não sendo possí-vel a utilização em condições de campo. Muitos estudos referentes à prevalência do M. hyopneumoniae ao desmame foram realizados em leitões utilizando swab na-sal. Entretanto, existe o argumento de que outros tipos de amostras podem ser obti-das in vivo, como o swab orofaríngeo ou o swab traqueal, que podem detectar leitões positivos com uma sensibilidade mais ele-vada. Outro aspecto importante a conside-rar é a amostra individual. A maioria dos estudos aponta que leitões são seleciona-dos ao acaso, mais provavelmente porque não há informação disponível sobre o ani-mal doente, ou melhor, da amostra ideal.

O que é conhecido?

Os leitões nascem livres do M. hyopneumoniae e da pneumonia enzo-ótica. Estudos realizados em condições de campo demonstraram que uma pequena

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Sumários de Pesquisa

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proporção de leitões (1,5%) pode ser co-lonizada com a bactéria logo na primeira semana de idade, mas ao final do período de lactação uma proporção significativa-mente variada de animais será colonizada com o M. hyopneumoniae.

A prevalência de M. hyopneumoniae ao desmame foi medida em rebanhos com sistema ciclo completo, bem como sítio II. Alguns estudos têm apresentado repetidas estimativas dentro do mesmo re-banho, em semanas subsequentes de pro-dução, enquanto outros têm demonstrado índices diferentes em leitões de variados rebanhos, em diversos países. No entanto, o resultado comum para diferentes inves-tigações foi uma significativa variação no número de suínos positivos ao final do período de lactação. Por exemplo, autores testaram suínos em três distintos sistemas de produção, amostrando vários grupos semanais em cada rebanho, e encontraram variação de 5,12% até 51,28%; de 0% a 38,46% e de 2,5% até 5,12%. Entretanto, outro grupo de pesquisa testou animais em diferentes países europeus (amostran-do vários rebanhos em cada país) e en-controu diferenças que foram de 0% até 3,30%, e de amostras que variaram de 0% a 36,7% durante todas as amostras pesqui-sadas nestes países.

Mais recentemente, alguns estu-dos investigaram os potenciais fatores de risco que podem ter um efeito na preva-lência do M. hyopneumoniae ao desma-me. Em um desses estudos, rebanhos que vacinaram as porcas contra o vírus da In-fluenza Suína (SIV) tiveram um risco sig-nificativamente maior de um leitão ser po-sitivo para M. hyopneumoniae (OR 3,12; 95% CI 1,43-6,83, sendo OR= razão de chance). Enquanto outro estudo sugeriu que em rebanhos nos quais as parições em banda não são adotadas no intervalo de 1 a 3 semanas (OR 2,7), quando o número de gaiolas de parição em uma sala é maior que 15 (OR 3,3) e quando o número total de leitoas compradas por ano foi maior do que 120 (OR 5,8), então nesses rebanhos eram mais frequentemente encontrados positivos ao M. hyopneumoniae os leitões lactentes.

Por outro lado, foi sugerida a vacina-ção da porca como um meio potencial de di-minuir a prevalência do M. hyopneumoniae ao desmame, com base num estudo que demonstrou a tendência para uma baixa prevalência em leitegadas de porcas va-cinadas pré-parição. Também foi relatada uma baixa proporção (apenas numérica) de leitões colonizados nascidos de porcas vacinadas, comparados com os nascidos de fêmeas não vacinadas.

O que não é conhecido?

Em geral, existe uma grande la-cuna de conhecimento no entendimento de como o recém-nascido livre torna-se colonizado durante o período de lactação. Na realidade, até agora nenhum estudo foi publicado sobre a dinâmica da transmis-são intra-leitegada. Em outras palavras, nenhuma informação está disponível sobre o modo pelo qual os leitões ficam infectados, e muitas questões podem ser levantadas sobre como este processo acontece.

D e o n d e é q u e p r o v é m o M. hyopneumoniae inicial? A primei-ra explicação plausível é que os leitões tornam-se colonizados a partir de suas mães durante o período de lactação, mas também é sabido que nem todos os leitões dentro de uma leitegada são colonizados durante o período de lactação. Assim, o que faz certo leitão ser mais propenso à colonização a partir da mãe?

Os leitões inicialmente coloni-zados com M. hyopneumoniae represen-tam um risco de colonização para seus irmãos de leitegada? Não é conhecido se os leitões que são colonizados durante os primeiros dias de vida podem difundir uma carga bacteriana que seja grande o suficiente para colonizar seus irmãos. No entanto, a alta taxa de contato entre leitões dentro de uma leitegada poderia apontar um ambiente ideal para a transmissão do patógeno.

Qual é o papel do meio ambiente e dos fômites na transmissão do M. hyopneumoniae? Poucos estudos foram publicados sobre o

M. hyopneumoniae no meio ambiente e sobre o papel dos fômites na transmissão durante o período de lactação. A pressão de infecção no grupo de parição como um todo e o risco potencial dos indivíduos poderiam ser questionados aqui. Um es-tudo recente demonstrou que quase 15% dos produtores testados que estavam em contato com leitões lactentes abrigavam o M. hyopneumoniae na sua mucosa nasal. Entretanto, o aspecto da causa ou efeito não foi elucidado no estudo.

Quão rápido (ou lentamente) pode “mover-se” o M. hyopneumoniae dentro da leitegada durante o período de lactação? Foram publicados dados expe-rimentais sobre a taxa de reprodução para o M. hyopneumoniae durante o período de creche, mas tal informação não foi gerada para o período de lactação.

Para os poucos fatores de risco na prevalência do M. hyopneumoniae ao desmame identificados, como podem explicar a variabilidade dos suínos infec-tados dentro do mesmo rebanho de uma semana para outra? A vacinação de por-cas contra a SIV ou o número de gaiolas de parição numa sala parecem ser fatores que afetariam o rebanho da mesma forma como um todo.

Portanto, eles não aparecem como fatores que seriam responsáveis pela am-pla variação na prevalência ao desmame de grupo para grupo. No entanto, o núme-ro total de marrãs adquiridas por ano pode ser visto de um modo diferente, à medida que a proporção de marrãs recém-intro-duzidas em cada rebanho poderia variar de semana a semana e ajudar a explicar a variação. Porém, o efeito de ordem de parto não foi conclusivo quando se ava-liou a prevalência do M. hyopneumoniae ao desmame, embora tenha sido docu-mentado que maiores proporções de porcas jovens foram positivas ao M. hyopneumoniae quando comparadas com porcas mais velhas dentro de um mesmo sistema de produção.

De que forma as práticas de manejo, vacinação e protocolos de medicação afe-tam a prevalência do M. hyopneumoniae?

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Vários fatores de manejo aplicados ao ní-vel da porca ou nos leitões poderiam ter um efeito na transmissão do M. hyopneu-moniae. Por exemplo, a duração do perí-odo de aleitamento pode variar de granja para granja e dentro da granja, dependendo do esquema semanal de desmame. Talvez maiores períodos de tempo resultassem em maior prevalência ao desmame, visto que haveria mais tempo para o estabeleci-mento de efetivos contatos entre animais infectados e não-infectados. Porém, esta hipótese não foi identificada como um fator de risco em estudos anteriores. No caso de transferências de leitões entre por-cas, tem sido demonstrado o quão profun-damente isto pode afetar a transferência de imunidade maternal específica para o M. hyopneumoniae. Talvez a transferência de leitões (enxertia) pudesse contribuir para a ida de leitões colonizados para leitega-das sadias ou de animais livres para den-tro de leitegadas colonizadas, porém, este efeito não foi investigado. A vacinação e/ou protocolos de medicação são apli-cados usualmente em porcas ou leitões. A vacinação da porca demonstrou uma tendência para a redução na proporção de suínos colonizados ao final do período lactacional. Por outro lado, a vacinação de animais livres não os protege contra a co-lonização, entretanto, estes estudos foram realizados em animais mais velhos, e es-tas pesquisas não foram conduzidas com leitões lactentes.

A medicação com drogas antimi-coplasma é praticada com frequência nas criações de suínos, e embora isto possa ser direcionado ao tratamento de outros patógenos, também haveria um efeito na carga bacteriana de M. hyopneumoniae. O efeito da medicação antimicoplasma em porcas e/ou leitões e a prevalência re-sultante no desmame deveriam ser mais investigadas.

Conclusões

A prevalência de M. hyopneumoniae ao desmame pode ser um importante indi-cador da severidade da doença em suínos em crescimento. Assim, medidas de con-

trole direcionadas à redução da prevalên-cia do M. hyopneumoniae ao desmame teriam um impacto significativo na apre-sentação da doença nos suínos em cresci-mento e terminação. No entanto, é difícil delinear estratégias ou protocolos para baixar a proporção de animais que acabam colonizados durante a lactação, quando os fatores de risco não foram completamente identificados. Portanto, mais estudos são necessários para preencher as lacunas de conhecimento com relação à dinâmica de transmissão do M. hyopneumoniae duran-te o período de lactação.

Decifrando a diarreia:o que é importante?

A diarreia é uma patologia clíni-ca muito conhecida e a qual os técnicos e produtores de suínos estão muito familia-rizados. Entretanto, o que está causando diarreia nos animais é, às vezes, não mui-to fácil de entender e pode ser totalmente confundido. O objetivo do artigo publica-do por Darin Madson, do Laboratório de Diagnóstico Veterinário da Universidade Estadual de Iowa (Allen D. Leman Swine Conference, 2012), foi destacar as intera-ções altamente complexas do trato diges-tivo do suíno e, mais importante, indicar os fatores-chave (e algumas nuances) para o diagnóstico.

No suíno, a flora normal gastroin-testinal ou microbioma é extensa. É esti-mado envolver cerca de 1014 (100 bilhões) de bactérias. Este microbioma possui di-versas funções e varia conforme a locali-zação intestinal e a idade do leitão, mas, em última instancia, é importante para o crescimento e a saúde do animal. O mi-crobioma provê mais do que a quebra dos alimentos (benefícios metabólicos), é ati-vo no transporte da água e fornece imuni-dade. Esta diversificada população é tam-bém importante na prevenção ou restrição do crescimento de infecções que são prejudiciais e patogênicas. Em resumo, o suíno necessita de um microbioma sau-dável. O problema é que estamos apenas

iniciando a elucidação do seu significado e inter-relações no que tange à produção de suínos.

A razão para começar com o mi-crobioma é para enfatizar que a causa pri-mária da diarreia nem sempre é infecciosa. Ela pode estar relacionada às alterações na fisiologia normal. Por exemplo, gran-des quantidades de alimento fermentado depositado no colon podem causar uma diarreia osmótica. Este exemplo pode re-sultar em mudanças na população do mi-crobioma. Diferentes fontes de proteína, fibra e probióticos também alteram a po-pulação do microbioma, mas nem sempre de forma negativa. Os probióticos são be-néficos e se acredita que atuem pelo mé-todo da exclusão competitiva. A diarreia é complexa e frequentemente multifatorial, e nós, algumas vezes, necessitamos mer-gulhar mais fundo para descobrir a causa primária da entidade clínica. As causas de diarreias não infecciosas podem desequi-librar o microbioma e subsequentemente resultar na ação de patógenos infecciosos, promovendo uma intensa diarreia.

O entendimento dos mecanismos da diarreia é fundamental. Inflamação, ações hipersecretórias, mau absorção, permeabilidade intestinal aumentada e pressão osmótica são mecanismos patoló-gicos que resultam neste problema. Devi-do à destruição dos enterócitos, este é o mecanismo primário das infecções virais do intestino delgado e do Isospora suis. Em termos gerais, as toxinas bacterianas estão associadas com diarreias hipersecre-tórias, e a diarreia inflamatória é frequen-temente causada por invasão bacteriana. A diarreia osmótica é correlacionada com a dieta (qualidade da água e/ou do alimen-to). Estes mecanismos não são exclusivos desta forma isolada. Múltiplos mecanis-mos estão frequentemente ocorrendo ao mesmo tempo.

A determinação de um diagnós-tico definitivo pode, portanto, ser difícil quando se investiga a diarreia, e as in-fecciosas não são tão problemáticas de se diagnosticar. Cultura, reação de cadeia pela polimerase (PCR), microscopia ele-trônica (EM), imuno-histoquímica (IHC)

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Sumários de Pesquisa

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e outros testes estão disponíveis para auxiliar na detecção ou associação com os sinais clínicos, embora vinculados à submissão de amostras corretas de ani-mais agudamente afetados e não tratados. Intervenções para as diarreias infecciosas são relativamente diretas. Entretanto, esta é realmente a causa a destacar? A diarreia não infecciosa pode estar implicada por exclusão das causas infecciosas ou man-tém uma correlação não específica com a qualidade da água, stresse ou ração. A seguir são apresentadas dicas úteis quanto ao diagnóstico de diarreia.

Diarreia em leitões na maternidade

A infecciosa é comum, mas pode ser associada com questões de manejo.

Clostridium perfringes tipo A e Escherichia coli

Habitantes normais do intestino delga-•do e do cólon;

A diarreia associada com essas bacté-•rias pode ser primária quando popula-ções puras e numerosas são cultivadas do intestino delgado. O isolamento não é causal;

A flora intestinal não está estabelecida e •há uma disputa bacteriana para formar nichos/colonização. Inadequadas lim-peza e desinfecção, fraco consumo de colostro ou estresse (resfriamento) po-dem estar associados com o crescimen-to exponencial bacteriano e a diarreia;

Para fazer cultivo de amostras do intes-•tino delgado e exames histopatológicos é necessário o envio de múltiplas ses-sões de amostras de intestino delgado devidamente fixadas;

A genotipagem via PCR está disponível •para a identificação de fímbrias e/ou genes de toxinas. A PCR é feita em colônias isoladas, não diretamente do conteúdo;

As lesões macroscópicas são mínimas, •com conteúdo aquoso no intestino e no cólon, em que os lacteals (capilares linfáticos que absorvem as gorduras da

dieta nas vilosidades do intestino del-gado) geralmente contêm chyle (líqui-do esbranquiçado que é absorvido pela mucosa intestinal), as vilosidades apa-recem intactas ao exame microscópico e o pH é alcalino.

Rotavírus e TGE

A mucosa do intestino apresenta pare-•des finas devido à atrofia das vilosida-des; e os lacteals geralmente não con-tém chyle. O cólon pode se apresentar distendido e contendo grandes volumes de fluídos ou leite mal digerido/absor-vido nos estágios iniciais da infecção. Já o pH, provavelmente é mais ácido;

Envio de fezes, conteúdo do intestino •e do cólon para PCR ou microscopia eletrônica;

As lesões microscópicas são segmen-•tadas, de 4 a 6 sessões são necessárias para confirmar as lesões. A imuno-his-toquímica também está disponível, mas é menos sensível do que a PCR;

A infecção por Rotavirus e a TGE (gas-•troenterite transmissível) endêmica podem ser clinicamente silenciosas ou apresentarem poucas lesões microscó-picas. O exame das fezes por PCR é o método para diagnóstico nesses casos;

Todos os sorogrupos de Rotavirus (A, •B e C) são capazes de causar diarreia severa em leitões recém-nascidos.

Clostridium difficile

Habitante normal do intestino grosso;•

A doença está relacionada com a produ-•ção de toxinas de certas cepas;

Um edema do mesocólon pode ser uma •lesão macroscópica, mas nem todos os leitões irão desenvolvê-la (aproximada-mente 50%);

Coletar fezes ou conteúdo do intestino •grosso para pesquisa de toxinas via exa-me de Elisa. A bactéria é de difícil cul-tivo e pode levar várias semanas. Essa cultura não é rotineiramente realizada;

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Sumários de Pesquisa

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Coletar amostra• s cólon e ceco para his-topatologia. A presença de ulcerações e inflamação supurativa é consistente com a doença;

O diagnóstico pode ser baseado na diar-•reia clínica com lesões microscópicas ou uma elevada detecção de toxinas.

Isospora suis

A diarreia apresenta-se após 5 a 7 dias •de idade;

Tipicamente pode ser notada uma diar-•reia branca pastosa;

O intestino delgado é afetado com uma •enterite atrófica. Nos casos severos pode ser observada uma enterite fibro-necrótica (pseudomembranosa;

A histopatologia e a técnica parasitoló-•gica de flutuação fecal podem ser utili-zadas para o diagnóstico.

Os pontos de ênfase no esforço para o diagnóstico da diarreia em leitões lactentes são a coleta do conteúdo tanto do intestino delgado como do intestino grosso, envio de múltiplas sessões de todo o trato gastrointestinal (incluindo amos-tras frescas e fixadas) e a não sobrevalori-zação dos resultados de teste. A detecção de patógenos não é causal, a menos que seja com o suporte de informação adicio-nal (lesões microscópicas, intensa cultura pura bacteriana, etc.).

Diarreia pós-desmame e no crescimento-terminação

As causas dessa diarreia são mais fre-•quentemente multifatoriais: infeccio-sas, relacionadas com a dieta, estresse e/ou a possibilidade de questões de qualidade da água;

Mudanças na dieta pós-desmame (ali-•mento sólido), alterando o microbioma, podem estar associadas com inflamação e mudanças na fisiologia intestinal. Fre-quentemente é necessário cerca de uma semana para um ajuste do trato intes-

tinal. O período de ajuste permite que bactérias patogênicas, às vezes, estabe-leçam colonização e estejam associa-das com a diarreia. Mudanças de dieta envolvendo a adição ou quantidades crescentes de um ingrediente em parti-cular podem também causar distúrbios intestinais, resultando numa diarreia transitória.

Escherichia coli

Semelhante ao anterior. Um crescimen-•to exacerbado de uma colônia hemolí-tica no intestino delgado é preferível para o diagnóstico. Alguns isolados não hemolíticos também carregam genes patogênicos. Swabs fecais podem ser usados para cultivo, mas as populações das colônias podem ser diferentes das que estão presentes no intestino delga-do. Uma interpretação cautelosa da in-fecção por E. Coli proveniente do cólon é garantida;

A genotipagem isolada para genes da •toxina ou da fímbria nem sempre é sim-ples. Em primeiro lugar a bactéria deve ser isolada, e então colônias são esco-lhidas para o teste de PCR. Deverão ser selecionadas varias colônias para a realização deste teste, pois somente uma para isolamento é um tanto pro-blemático. O isolado que for escolhido pode não ser um causador da doença. Algumas vezes, múltiplos envios são necessários para o diagnóstico;

Suínos de até 15 a 16 semanas de idade •são geralmente considerados como sen-do suscetíveis às doenças associadas;

As seções congestionadas e hiperêmicas •do intestino delgado são bons indicado-res macroscópicos da doença. Micros-copicamente pode ser vista a adesão bacteriana aos enterócitos das vilosida-des, mas não em todos os casos.

Salmonella sp.

A• Salmonella choleraesuis é geralmen-te um patógeno septicêmico. A diarreia pode ocorrer durante ou após os sinais

clínicos de septicemia. A Salmonella choleraesuis é do sorogrupo C1;

A• Salmonella typhimurium está associada com enterocolite, ceco, cólon e, às vezes, o íleo. Lesões fibronecróticas, referidas como úlceras em botão, podem ser vistas na superfície da mucosa. O trato intestinal afetado geralmente está engrossado. A Salmonella typhimurium é do sorogrupo B;

Outras cepas e sorogrupos necessitam •ser interpretadas com cautela. As in-fecções desses isolados são geralmente transitórias, e a maioria não foi expe-rimentalmente reproduzível. A diarreia pode ocorrer com outras cepas, mas elas geralmente não são consideradas patógenos primários (infecção transi-tória);

As infecções por • Brachyspira sp e Lawsonia intracellularis podem causar lesões macroscópicas similares no cólon.

Lawsonia intracellularis

Existem múltiplas formas de apresenta-•ção clínica, como enterite proliferativa crônica e enterite hemorrágica prolife-rativa aguda;

A bactéria está dentro dos enterócitos •e está associada com proliferações de enterócitos imaturos;

A enterite proliferativa crônica está •associada com variáveis graus de diar-reia. Uma diarreia amarela dourada é observada frequentemente nos está-gios iniciais. O íleo está engrossado, e a mucosa apresenta aparência de um mosaico. O ceco e o cólon espiral tam-bém podem estar afetados. Um exudato fibronecrótico também pode estar ade-rido à mucosa;

A enterite hemorrágica proliferativa •aguda é mais comum nos suínos mais velhos (final da terminação e adultos). Em muitos casos, os suínos afetados morrem subitamente, são pálidos e apresentam uma leve hemorragia den-tro do íleo, ceco e cólon. Um coágulo de sangue no lúmem ileal é um achado macroscópico-chave;

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Para o diagnóstico são• utilizados a PCR nas fezes, imuno-histoquímica ou colo-rações especiais de seções afetadas do intestino. A PCR é a técnica mais sensí-vel e pode identificar a infecção dentro do rebanho mais precocemente do que outros testes. O isolamento é possível, mas somente em configurações de pes-quisa.

Brachyspira sp.

Brachyspira hyodisenteriae • é a causa clássica da disenteria suína;

Brachyspira pilosicoli • está associada com uma colite mais suave e denomi-nada espiroquetose do cólon;

Existem múltiplas outras espécies, algu-•mas são consideradas patógenos fracos e outras comensais. Novas e diferentes cepas surgiram recentemente e podem causar sintomas clínicos e lesões con-sistentes com a desinteria suína;

Informações recentes sugeriram isola-•dos fortemente hemolíticos, causando disenteria suína;

A disenteria geralmente manifesta-se •de 7 a 14 dias após a infecção inicial, e pode ocorrer de forma secundária ao estresse;

Uma diarreia com sangue e muco ocor-•re à medida que a doença progride;

O teste de PCR das amostras fecais •direta não é um diagnóstico particu-larmente sensível neste momento. É preferível cultura de cólon, fezes ou de raspados de mucosa. Se forem encon-trados isolados fortemente hemolíticos, a PCR pode ser utilizada para identifi-cação da espécie. Isolados fracamente hemolíticos não estão tipicamente asso-ciados com doença clínica.

Rotavírus e TGE

Similar ao anterior; diarreia em leitões •lactentes. A PCR de fezes ou do cólon é o teste de preferência.

Circovírus porcino tipo 2 (PCV2)

Enterite/diarreia pode ser o único re-•sultado da infecção ou em combinação com doença sistêmica. Mudanças as-sociadas podem ser observadas dentro do intestino delgado e intestino grosso. A mucosa pode estar engrossada por infiltrados de células inflamatórias e se assemelha à infecção por Lawsonia intracellularis;

Os efeitos imunossupressivos da infec-•ção viral podem causar colonização ou infecção por outros organismos patóge-nos, alguns que não são normalmente associados com diarreia em suínos sau-dáveis (ex: fungos ou protozoários);

O diagnóstico é mais do que detecção •por meio de PCR das fezes. A maioria dos animais com infecção virêmica irá liberar vírus nas fezes. A histopatologia, em conjunção com o teste de imuno-histoquímica, é recomendável.

Diarreia não-infecciosa

Colite não específica é um termo que •frequentemente é usado quando existe ausência (falta de detecção) de um pa-tógeno, sem alteração patológica dis-tinta;

A duração da diarreia, imunidade (vaci-•nação) ou tratamento podem mascarar patógenos infecciosos, resultando num diagnóstico de colite não-específica;

Um aumento de polissacarídeos não •amiláceos na dieta é sabido que cau-sam diarreia não-específica. Isto resulta na elevação do conteúdo de fibra total dentro do cólon, e finalmente altera o microbioma. Curiosamente, a oferta de uma dieta farelada controla melhor a diarreia não-específica do que a ração peletizada;

Considera-se que a qualidade da água •contribui para a diarreia osmótica. Os sólidos totais dissolvidos (TDS), in-cluindo sulfatos, são as principais áreas de interesse. Sais de sulfato possuem

um efeito laxativo. Existem diferentes níveis máximos recomendados para suínos, dependendo da fonte. Mais de 3.000 mg/L em sólidos totais dissolvi-dos (TDS) podem causar diarreia tem-porária, e mais de 7.000 não são reco-mendados. Sulfatos acima de 7.000 ppm resultam em diarreia, principalmente em suínos desmamados, não adaptados à água. O desempenho no crescimento geralmente não é afetado pela qualida-de da água, medida com base em TDS e sulfatos;

Níveis tóxicos de alguns minerais e mi-•cotoxinas (ocratoxina e DON) podem causar diarreia.

O que é importante quando se de-cifra a causa de uma diarreia? Esperamos que algumas das preocupações/questões tenham sido respondidas, mas é importan-te perceber que existe uma multiplicidade de fatores que podem estar associados à diarreia.

A diarreia neonatal muitas vezes é infecciosa, mas pode estar ligada a ques-tões ambientais e ao desenvolvimento/estabilização do microbioma. A diarreia na creche-crescimento/terminação tende a ser mais problemática devido à interação com o estresse, dieta e patógenos infec-ciosos. Na experiência do autor, descar-tar os patógenos infecciosos é o primeiro passo para reunir um histórico completo da situação, com mudanças conhecidas. Recomenda-se uma interpretação cuida-dosa quando se acumulam informações de diagnóstico, não para atribuir causali-dade, mas se houver falta de informações de suporte.

A diarreia não-infecciosa é mais complexa à medida que novas informa-ções sobre o microbioma do suíno são descobertas. Como nota final, devemos nos comunicar sempre com o nosso labo-ratório de diagnóstico, como auxiliar na submissão apropriada de material e para o entendimento das descobertas quando se está investigando a causa das diarreias.

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Divirta-se

Suínos & Cia Ano VII - nº 45/2012

Frequentemente, em uma população de suínos, os animais estão sujeitos a extremos desafios, os quais podem le-vá-los a distúrbios fisiológicos, independentemente da causa, produzindo sinais clínicos que são indicadores de doenças. Identificá-los no início do processo e tratá-los imediatamente resultará em recuperação total, melhora de produtividade e menor perda econômica.

No diagrama abaixo, vamos conhecer e aprender quais são os principais sinais clínicos presentes nas doen-ças do suíno?

D S D F A H J K L P Q O W E R O T A Y R U C S L O R L D O KM I C D F G A H O J A F O Z D M L B N V J C M X N Z O R D SA F S I G B B H Y U P P I W H E T P O I D K C U A M B T Y OI F G P H X D S Q C A P E I R F Y F E C F M O I A Q W T D DS R T Q N X C C R O T I Z U N X P L F B U T X N D S D R S SI S S Q E E T E S D I W R Y T O S S E G X E I A W R L Y O F

D N J I O W I I G Y A F C X D S G T O A R W S Z X S W I D LA F R T C Q U A D L F O I Y L O V I L O L H U P N H B U Y GF Q G V I A K E J G O D O T H M I E N N I U C A I Q C A D OT D T A Y N B B R G H J M N K L P A I U D I L H F R D M S HP W I S T H J L L P O I U Y T R E W Q Z X U U B L M R H V DS A R M K H B N G Y T F C X D R E S Z A Q W K I X N S O D OH G L X R B N C Y U J M K I O L P P O I L K E F Y M H H S RN D R I J X D M W S Z X A Q W A S D E R F C J Z K T A E D FJ R R L D J B D F G H J M N K L P O I U J K H G F E B R E ZT D T G H E J L L P O I U Y T R E W Q Z X C V B N M M P T KK T E V O K Z R G Y T F C X D R E S Z A Q W A Z X S R L L CR D D R N R N H Y U J M K I O L P P O I L K J U N M I H F TL F E B C L S E W S Z X A Q W A S D E R F C X Z A H E E B SO R M B H C B E F G H J M N K L P O I U J I H G D C N X O ZM S A N L M W K L P O I U Y T R E W Q Z X O L S N R W O R KY M I R I O B V G Y T F C X D R E S Z A Ã W D U U A A E F CM Z N X T J G P B H U O I E K L P M F Ç E O I H F M Q H D TE F O L L I K F J I H O T G R F I D A R T C A I H I I E H FX E T Y R B B V S C H J M N L L P R I H J R R G A C A X R ZR S D E S I D R A T A Ç Ã O G R T G S Z M Q R B R M T A O KO N Q O W F E E R T T O Y O U S I O O T P O E F O B Z D N CV L Q N K O J F H T G B F C O L S I A O L K I U E M B H Y ER F G V C Z D E A C Q A L R R A D I U T X L A O A C W E D FG R T Y H N B T I R A E P W A D O C H A T O S G F C D X S Z

Jogo dos 7 erros

Encontre as palavras

• Febre (aumento de temperatura corporal)

• Desidratação (perda de líquidos corporais)

• Diarreia (evacuações liquídas e frequentes)

• Palidez (descoramento da pele e mucosas)

• Espirros (expulsão ruidosa do ar pelo nariz e boca)

• Tosse (contração da cavidade torácica para expulsão do ar)

• Apatia (falta de energia, letargia)

• Anorexia (perda de apetite)

• Edema (acúmulo excessivo de líquidos no espaço intersticial)

• Dispneia (dificuldade em respirar)

• Prostração (enfraquecimento, debilidade, ausência de reações)

Respostas na página 70

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Suínos & Cia

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Divirta-se

Ano VII - nº 45/2012

Teste seus conhecimentosEm leitões recém-nascidos, quando em ambiente contaminado, pode ocorrer infecção do cordão umbilical. Como se denomina esta infecção?

a) Onfalofl ebite

b) Flebite

c) Onfalite

d) Artrite

e) Serosite

Quando ocorre incidência desse caso, quais das alternativas abaixo indicam medidas de prevenção que devem ser adotadas?

a) Parar de cortar e amarrar o cordão umbilical depois do nascimento.

b) Evitar colocar solução de Iodo 5% no cordão umbilical depois do nascimento.

c) Revisar e melhorar o processo de limpeza e desinfecção das instalações, adequando o sistema, e manter total higiene antes, durante e depois do parto.

d) Revisar os leitões diariamente e tratar com solução de Iodo a 5% ao perceber processo de infecção.

e) Aplicar antibiótico injetável em todos os leitões depois do nascimento.

Vamos assinalar abaixo qual o agente envolvido na patologia digestiva ilustrada ao lado:

( ) Brachispira pilosicoli

( ) Salmonella sp

( ) Lawsonia intracellularis

( ) Brachispira hyodysenteriae

( ) Circovirose suína (PCV-2)

Qual o seu diagnóstico?

Como se denomina esta infecção?

Respostas na página 70

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Informe Publicitário

Suínos & Cia Ano VII - nº 45/2012

De 26 a 28 de setembro, profissionais renomados – nacio-nais e internacionais – estiveram reunidos na PorkExpo 2012 – VI Seminário Internacional de Suino-cultura. O evento, que comemora 10 anos, teve entre os destaques da programação o lançamento da se-gunda edição do livro “Doenças dos Suínos”, que é apoiado pelo Shaping the Future, programa da Pfizer que visa a promover a atualização e a divulgação de novos conceitos téc-nicos aos profissionais da cadeia de produção de suínos.

A publicação, editada pelos professores Dr. Jurij Sobestiansky, da Escola de Veterinária e Zootec-nia da Universidade Federal de Goiás, e Dr. David Barcellos, médico-veterinário e professor da Univer-sidade Federal do Rio Grande do Sul, é resultado do trabalho de 38 veterinários brasileiros de desta-que do meio acadêmico e científico

que abordam os mais importantes temas de impacto da produção de suínos do ponto de vista sanitário. A obra segue o formato pionei-ro da primeira edição e traz como complemento atualizações que destacam os principais fatos e des-cobertas na saúde suína no Brasil e no mundo entre 2007 (ano do lançamento da 1ª Edição) e 2012, como, por exemplo, a emergência de Influenza Suína globalmente e as mudanças ocorridas em relação à infecção pelo PCV2 em nosso país. De maneira didática, com textos apresentados de forma simples e mais de 200 fotos, a publicação ofe-rece ferramentas essenciais para interferir de maneira positiva no sentido de diagnosticar e controlar enfermidades emergentes e aque-las já estabelecidas.

O livro é uma importante fonte de informação para todos os profissionais que atuam no setor,

Segunda edição do livro “Doenças dos Suínos”é lançada durante PorkExpo 2012

Livro traz atualização sobre as doenças que acometem os suínos e novas tecnologias para prevenção, tratamento e controle

apresentando novas tecnologias de manejo, tratamento e prevenção de doenças e os resultados dos avan-ços obtidos por meio de pesquisas e do aprendizado constante da suinocultura brasileira. Esse com-pilado de experiências é extrema-mente necessário para atender a um mercado competitivo que está em constante aprimoramento.

“Estamos honrados em apoiar mais essa iniciativa e agra-decemos o empenho e a dedicação dos autores. Temos convicção de que o lançamento desse livro será uma grande contribuição à capa-citação dos técnicos envolvidos em nossa produção, preparando-os melhor para desafios e deman-das futuras”, ressalta Fábio Teixeira, gerente técnico da unidade de negócios Suínos da Pfizer Saúde Animal.

Denise Carvalho [email protected]

Page 63: Revista 45

Suínos & Cia

63Ano VII - nº 45/2012

Recursos Humanos

Exigente, porém, gentil

Líderes e dirigentes, ou mesmo pais e mães, devem

ser justos, firmes e exigentes. Ao mesmo tempo, não podem

se esquecer de que devem ser generosos, educados e gentis.

Nada justifica em um chefe de qualquer nível a

falta de educação ou mesmo a ausência de generosidade. O

líder deve ter disposição para ensinar seus liderados e paci-

ência para que eles aprendam a empatia e compreendam a

realidade das situações.

Há pessoas que acreditam que justiça, firmeza e

exigência são incompatíveis com a amabilidade e a palidez

no trato com as pessoas. Um líder não deve transigir com o

erro, com a desídia, com a falta de comprometimento, porém,

deve saber tratar bem as pessoas e tomar muito cuidado com a

forma de falar, a maneira de expressar suas

exigências e de manifestar sua firmeza.

A causa de muitos dos

problemas entre líderes e liderados é a falta

de comunicação. Aí entra a generosidade: uma pessoa generosa colo-

ca-se no lugar das outras e tem como objetivo ajudá-la a crescer, não

somente puni-las.

Mas quem disse que liderar é fácil? O líder é aquele

que desafia a si mesmo para que seus liderados atinjam resul-

tados. Não basta desafiar seus liderados, é preciso se desafiar

em primeiro lugar. E os verdadeiros líderes sabem que só con-

seguirão total adesão e comprometimento daqueles que se

sentirem valorizados, ouvidos e respeitados. Um líder que não

respeita seus liderados não é líder. Pode até ser “chefe”, mas não

líder. Assim, o respeito é fundamental. E o respeito passa pela ge-

nerosidade, educação e gentileza.

Pense nisso. Sucesso!

Professor Marins

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Aconteceu

Suínos & Cia Ano VII - nº 45/2012

A combinação

certa para

animais saudáveis!

100%Circumvent PCV®VV + M+PAC® ®

A Consuitec, em parceria com a Faculdade de Jaguariúna, promoveu mais um curso de capacitação em 29 e 30 de novembro. Desta vez, o evento contou com a participação do médico-veterinário e zootecnista Dr. Al-berto Stephano Hornedo, do México, que ministrou um curso de Necropsia em Suínos.

Dr. Alberto é graduado pela Faculdade de Medi-cina Veterinária e Zootecnia da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) e mestre pelo Colégio Royal Veterinário em Londres, onde realizou estudos so-bre as causas de encefalite nos suínos. Trabalhou como laboratorista no Departamento de Patologia da UNAM

Consuitec e Faculdade de Jaguariúna promovemCurso de Necropsia em Suínos

e, posteriormente, foi professor, pesquisador e gerenciou o Departamento de Produção Suína na mesma faculdade onde atuou durante 22 anos. Desde 1979 passou a dedicar parte de seu tempo à consultoria em granjas suinícolas.

O conteúdo programático teórico-prático contri-buiu para que os participantes médicos-veterinários, zoo-tecnistas e profissionais do setor aprendessem e compre-endessem a importância da necropsia como ferramenta no diagnóstico clínico. O curso contribuiu para o conheci-mento e o esclarecimento dos casos clínicos observados durante a capacitação, que certamente auxiliará nos tra-balhos a campo.

Dr. Stephano demonstrando a necropsia de um suíno para os participantesDr. Stephano explanando sobre a importância da necropsia como ferramenta no diagnóstico clinico

Realização: Apoio:

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A combinação

certa para

animais saudáveis!

100%Circumvent PCV®VV + M+PAC® ®

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Aconteceu

Suínos & Cia Ano VII - nº 45/2012

Com 2.445 expositores e cerca de 160 mil visitantes, incluindo 38 mil do exterior, o evento consolidou seu pa-pel como a maior exposição mundial. E a BioEnergy Decentral, que acontece para-lelamente, está indo pelo mesmo caminho de sucesso e se tornando cada vez mais internacional.

De acordo com o Dr. Reinhard Grandke, diretor-geral da DLG (Deuts-che Landwirtschafts-Gesellschaft), este resultado impressionante demonstra a grande atração que a EuroTier desperta nos agricultores e especialistas de todo o mundo e a consolida como o maior even-to internacional proporcionado à pecuária industrial.

Segundo informações da organi-zação do evento, o número de expositores aumentou 25%, em relação a 2010. Foram

Confira uma das maiores feiras de suínos, realizada na Alemanha, na qual técnicos da Consuitec marcaram presença

2.445 expositores diretos e 41 empresas representadas de 51 países, que apresenta-ram seus produtos, serviços e inovações. Cerca de metade dos expositores (1.151) foi de outros países, o que representa um aumento de 40%, em relação a 2010.

Pode-se observar na EuroTier que os visitantes estavam em busca de inova-ções, visando a melhorar a competitivi-dade de seus produtos. Isso caracteriza a importância do agronegócio, considerado o setor-chave do século XXI.

As diferentes propostas apresen-tadas para o setor de suínos referem-se ao preenchimento dos requisitos para a atual exigência que se encontra a atividade: sis-temas automáticos para reduzir custos de alimentação, buscando melhor eficiência alimentar e diminuição de mão de obra.

A EuroTier 2012, que acontece a cada dois anos em Hannover, na Alemanha, foi realizadade 13 a 16 de novembro, na qual pode-se presenciar o sucesso de um dos maiores eventos mundiais

Vista geral da feira

A BioEnergy Decentral, evento que aconteceu paralelamente a EuroTier, também teve grande participação de pú-blico, com cerca de 42 mil visitantes, um crescimento de 12% quando comparado a 2010.

A DLG, organizadora do evento, encomendou uma pesquisa junto aos ex-positores, com a finalidade de medir a sa-tisfação quanto à qualidade da EuroTier, participação de novos clientes, projeção de negócios, entre outros itens, Conforme o resultado da pesquisa, os expositores es-tão cada vez mais satisfeitos com a Euro-Tier. Para acessar o resultado da pesquisa na íntegra basta entrar no site da EuroTier (www.eurotier.com).

A próxima EuroTier será realiza-da entre 11 e 14 de novembro de 2014.

Confira algumas fotos:

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Suínos & Cia

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Aconteceu

Ano VII - nº 45/2012

Baia de creche contendo bolas penduradas paradiminuir stress em grupos de leitões desmamados

Gaiolas de gestação com piso autolimpante e alimentação líquida

Baias de gestação com alimentação líquida e piso autolimpante

Comedouro automático para ração seca na fase de crescimento. Limita

desperdícios com total automação. Não há necessidade de atuação de mão de

obra para o seu funcionamento

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Aconteceu

68Suínos & Cia Ano VII - nº 45/2012

Presença de técnicos da Consuitec na EuroTier: Juvenal da Costa Ribeiro e

Maria Nazaré Simões Lisboa (Consuitec.)

Fonte: Juvenal Ribeiro (Consuitec), Deborah De Geus (Fazenda da Ilha) e

informações da Assessoria de imprensa da EuroTier

Gaiola de maternidade com sustentação de fibra de vidro, promovendo maior vida útil.

Maternidade que atende ao bem-estar animal

Alemanha, Brasil e Espanha em clima de confraternização durante a feira: Josette Mueller,

Deborah De Geus, Juvenal Ribeiro, Manuel Marina e Nazaré Lisboa.

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Suínos & Cia

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Aconteceu

Ano VII - nº 45/2012

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Divirta-se

70Suínos & Cia Ano VII - nº 45/2012

D S D F A H J K L P Q O W E R O T A Y R U C S L O R L D O KM I C D F G A H O J A F O Z D M L B N V J C M X N Z O R D SA F S I G B B H Y U P P I W H E T P O I D K C U A M B T Y OI F G P H X D S Q C A P E I R F Y F E C F M O I A Q W T D DS R T Q N X C C R O T I Z U N X P L F B U T X N D S D R S SI S S Q E E T E S D I W R Y T O S S E G X E I A W R L Y O F

D N J I O W I I G Y A F C X D S G T O A R W S Z X S W I D LA F R T C Q U A D L F O I Y L O V I L O L H U P N H B U Y GF Q G V I A K E J G O D O T H M I E N N I U C A I Q C A D OT D T A Y N B B R G H J M N K L P A I U D I L H F R D M S HP W I S T H J L L P O I U Y T R E W Q Z X U U B L M R H V DS A R M K H B N G Y T F C X D R E S Z A Q W K I X N S O D OH G L X R B N C Y U J M K I O L P P O I L K E F Y M H H S RN D R I J X D M W S Z X A Q W A S D E R F C J Z K T A E D FJ R R L D J B D F G H J M N K L P O I U J K H G F E B R E ZT D T G H E J L L P O I U Y T R E W Q Z X C V B N M M P T KK T E V O K Z R G Y T F C X D R E S Z A Q W A Z X S R L L CR D D R N R N H Y U J M K I O L P P O I L K J U N M I H F TL F E B C L S E W S Z X A Q W A S D E R F C X Z A H E E B SO R M B H C B E F G H J M N K L P O I U J I H G D C N X O ZM S A N L M W K L P O I U Y T R E W Q Z X O L S N R W O R KY M I R I O B V G Y T F C X D R E S Z A Ã W D U U A A E F CM Z N X T J G P B H U O I E K L P M F Ç E O I H F M Q H D TE F O L L I K F J I H O T G R F I D A R T C A I H I I E H FX E T Y R B B V S C H J M N L L P R I H J R R G A C A X R ZR S D E S I D R A T A Ç Ã O G R T G S Z M Q R B R M T A O KO N Q O W F E E R T T O Y O U S I O O T P O E F O B Z D N CV L Q N K O J F H T G B F C O L S I A O L K I U E M B H Y ER F G V C Z D E A C Q A L R R A D I U T X L A O A C W E D FG R T Y H N B T I R A E P W A D O C H A T O S G F C D X S Z

Jogo dos 7 erros

Encontreas palavras

Teste seusconhecimentos

Em leitões recém-nascidos, quando em ambiente contaminado, pode ocorrer infecção do cordão umbilical. Como se denomina esta infecção?

a) Onfaloflebite

b) Flebite

c) Onfalite

d) Artrite

e) Serosite

Quando ocorre incidência desse caso, quais das alternativas abaixo indicam medidas de prevenção que devem ser adotadas?

a) Parar de cortar e amarrar o cordão umbilical depois do nascimento.

b) Evitar colocar solução de Iodo 5% no cordão umbilical depois do nascimento.

c) Revisar e melhorar o processo de limpeza e desinfecção das instalações, adequando o sistema, e manter total higiene antes, durante e depois do parto.

d) Revisar os leitões diariamente e tratar com solução de Iodo a 5% ao perceber processo de infecção.

e) Aplicar antibiótico injetável em todos os leitões depois do nascimento.

( ) Brachispira pilosicoli

( ) Salmonella sp

( ) Lawsonia intracellularis

( ) Brachispira hyodysenteriae

( ) Circovirose suína (PCV-2)

Qual o seudiagnóstico?

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