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  • 8/11/2019 Revista 45 - verso compilada.pdf

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    Tribunal Regional do Trabalho da 1 Regio

    Escola de Magistratura da Justia do Trabalho no Estado do Rio de Janeiro

    R. do TRT/EMATRA -1 Regio Rio de Janeiro

    Revista do TRT/EMATRA - 1 Regio

    Poder Judicirio

    Justia do Trabalho

    v. 19 n. 45 p. 1- 288 jan./dez. 2008

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    Revista do TRT/EMATRA - 1 Regio / Tribunal Regional do Trabalho da 1 Regio,Escola de Magistratura da Justia do Trabalho no Estado do Rio de Janeiro. n. 39,(jan/jun. 2005). Rio de Janeiro: TRT 1 Regio, EMATRA/RJ, 2005-

    Semestral,Fuso de: Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 1 Regio. n.1 (jan. 1970)n. 38 (set./dez. 2004) e Revista EMATRA/RJ - v. 1, n. 1 (2000) v. 4, n. 5 (2003).

    1. Direito do Trabalho. 2. Direito Processual do Trabalho. 3. Jurisprudncia Trabalhista

    4. Justia do Trabalho. I. Brasil. Tribunal Regional do Trabalho (1. Regio)

    COMISSO DA REVISTADes. Maria Jos AguiarTeixeira Oliveira - PresidenteDes. Zuleica Jorgensen Malta NascimentoDes. Alexandre de Souza Agra Belmonte

    CONSELHO CULTURAL-PEDAGGICO/EMATRADes. Aloysio Santos - Diretor-geral

    Des. Alberto Fortes GilDes. Elma Pereira de Melo CarvalhoDes. Jos Nascimento Araujo NettoDes. Amlia Valado LopesJuiz Paulo Guilherme Santos PrissJuza Lila Carolina Mota Igrejas Lopes

    Editorao:Seo de Pesquisa e Publicao (SEPEP)

    Endereo para correspondncia:Seo de Pesquisa e Publicao (SEPEP)Av. Augusto Severo, 84, 2 andar, sala 28 - GlriaRio de Janeiro, RJ, CEP 20021-040Telefones (21) 3512-7254 e 7255

    Endereo eletrnico:[email protected]

    Capa:

    Fotografia de Roberto Jorge Davis, publicada no evento Encontros Jurdicos/2008 O Direito eProcesso do Trabalho no Mundo Contemporneo. Ao centro, em segundo plano, Edifcio-sede doTRT/RJ, visto da Baa de Guanabara.

    Diagramao e impresso:Flama Ramos Acabamento e Manuseio Grfico Ltda.

    Tiragem:3.500 exemplares

    As opinies expressas nos artigos doutrinrios publicados nesta Revista so de nica e exclusivaresponsabilidade de seus autores.

    CDD 344.01

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    APRESENTAO 07

    1. COMPOSIO DO TRT DA 1 REGIO 09

    2. DOUTRINAS 29

    Reflexos do novo Cdigo Civil nas relaes de trabalho 31Arnaldo Sssekind

    Efeitos da falncia da sociedade empresria na condenaosubsidiria no processo do trabalho 34 Jos Geraldo da Fonseca

    Dano moral da pessoa jurdica 37Jos Geraldo da Fonseca

    Paradigmas da execuo fiscal para a execuo trabalhista 55Ricardo Damio Areosa

    A apreciao das provas no processo do trabalho 65Ricardo Damio Areosa

    Norma coletiva aplicvel a empregados terceirizados 70Marcos Cavalcante, Carolina Souza, Letcia Zahar e Regina Magalhes

    A competncia da Justia do Trabalho para cobrana previdencirianas aes declaratrias e seus efeitos reflexos 80Leonardo Borges

    A nova tica e o novo juiz 87

    Mrcia Regina Leal Campos

    A jornada de trabalho do servidor pblico 95Marcelo Antonio de Oliveira Alves de Moura

    A audincia no processo do trabalho. Aspectos prticos. Reedio. 101Andr Luiz Amorim Franco

    Advocacia, tcnica, lei e direito 108Benedito Calheiros Bomfim

    A ilegalidade do grampo, o deferimento do habeas corpusdeDaniel Dantas e a atuao do ministro Gilmar em face da lei 111Benedito Calheiros Bomfim

    SUMRIO

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    3. DECISO DA PRIMEIRA INSTNCIA 113

    74 Vara do Trabalho do Rio de Janeiro 115Proc. 00092-2006-074-01-00-2Juiz Paulo Marcelo de Miranda Serrano

    4. JURISPRUDNCIA 125

    Proc. 01040-2006-244-01-00-8, 6 Turma 127Dano moral. Revista de empregado.Des. Nelson Tomaz Braga

    Proc. 02028-2006-281-01-00-0, 10 Turma 132Mandado de segurana. Prazo. Decadncia.Des. Paulo Roberto Capanema

    Proc. 02436-2006-247-01-00-1, 10 Turma 135Operador de telemarketing. Funo.Des. Paulo Roberto Capanema

    Proc. 00966-2005-066-01-00-6, 2 Turma 138Acordo coletivo. Suplementao. Aposentadoria.Des. Maria das Graas Cabral Viegas Paranhos

    Proc. 01344-2007-026-01-00-8, 2 Turma 145Dano moral. Justia do trabalho. Incompetncia.

    Des. Maria das Graas Cabral Viegas Paranhos

    Proc. 01147-2007-012-01-00-6, 2 Turma 147Jornada de trabalho. Intervalo. Indenizao. Norma coletiva. Nulidade.Des. Aurora de Oliveira Coentro

    Proc. 01461-2006-003-01-01-0, 2 Turma 152Execuo. Sociedade annima. Dirigente. Acionista.Des. Aurora de Oliveira Coentro

    Proc. 00152-2007-064-01-00-0, 6 Turma 155

    Sucesso trabalhista. Responsabilidade solidria.Des. Rosana Salim Villela Travesedo

    Proc. 00590-2007-082-01-00-0, 6 Turma 163Dano moral. Assdio moral. Indenizao.Des. Rosana Salim Villela Travesedo

    Proc. 00482-2007-000-01-00-7, SEDI 166Ao rescisria. Prescrio.Des. Jos Antonio Teixeira da Silva

    Proc. 01462-2006-022-01-00-0, 6 Turma 169Sucesso trabalhista. Empregado domstico.Des. Jos Antonio Teixeira da Silva

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    Proc. 00239-2006-079-01-00-6, 1 Turma 172Sucesso. Conflito de competncia.Des. Gustavo Tadeu Alkmim

    Proc. 01396-2005-471-01-00-0, 1 Turma 184

    Dispensa. Aposentadoria. Complementao. Princpio do venirecontra factum proprium.Des. Gustavo Tadeu Alkmim

    Proc. 00930-2007-010-01-00-0, 7 Turma 189Adicional. Quadro de carreira.Des. Alexandre Teixeira de Freitas Bastos Cunha

    Proc. 04490-2007-000-01-00-2, SEDI 192Mandado de segurana. Agravo regimental.

    Des. Alexandre Teixeira de Freitas Bastos Cunha

    Proc. 01360-2006-047-01-00-0, 8 Turma 197Inveno. Patente.Juiz Convocado Roque Lucarelli Dattoli

    Proc. 00985-2003-014-01-00-1, 8 Turma 212Ao Civil Pblica. Legitimidade. Ministrio Pblico do Trabalho.Direitos individuais.Juiz Convocado Marcelo Augusto Souto de Oliveira

    Proc. 01636-2005-242-01-00-4, 7 Turma 224Terceirizao. Equiparao salarial.Juza Convocada Dalva Amlia de Oliveira

    Proc. 00431-2006-044-01-00-9, 9 Turma 230Contrato de trabalho. Posse. Comodato.Juiz Convocado Leonardo Dias Borges

    Ementrio de Jurisprudncia 235

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    http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20169.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20166.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20163.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20155.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20152.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20147.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20145.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20138.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%20ml%2045%20-%20pg%20135.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%20ml%2045%20-%20pg%20132.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20127.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20jurisprudencia.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20115.pdf/
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    APRESENTAO

    Contribuir para a disseminao do pensamento jurdico desta Regio, na qual atua

    o Primeiro Tribunal do Trabalho, o papel desta REVISTA, que busca refletir, em seu modestoformato, a grandeza dos seus colaboradores.

    Neste nmero, correndo contra o tempo, sintetizamos o material que seria veiculado

    nos dois semestres de 2008. Motivos alheios a nossa vontade, ligados aos procedimentos

    administrativos indispensveis contratao da grfica, impediram a circulao desejada a

    tempo e modo. Transtornos comuns no cumprimento exato da lei.

    Todavia essa mora no se traduz em perda de substncia; ao contrrio, revitaliza o

    material aqui coligido, fruto da reflexo aprofundada de seus autores, aos quais, mais uma

    vez, agradecemos o privilgio dessa partilha.

    Porque somos nossa memria, como pontificou o sempre festejado Jorge Luis

    Borges, um livro , e sempre ser, o repositrio da histria; no caso, a evoluo do pensarjurdico de uma poca, num determinado contexto.

    Em que pese ser a marca deste ps-modernismo, as conquistas da tecnologia da

    informao e da comunicao, as dvidas, as certezas, enfim, o debate da intrincada dialtica

    de quem procura as solues para um mundo novo ainda se plasmam no livro que resiste

    superficialidade do saber virtual.

    Essa entidade mgica a que denominamos livro, cuja representao grfica tem a

    ver com o bem e o mal, dependendo do que nele se escreve, h de ser, tambm, o desejo do

    vir a ser no qual a tica seja algo alm de uma frgil esperana.

    Comisso Editorial

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    http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20169.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20166.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20163.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20155.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20152.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20147.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20145.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20138.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%20ml%2045%20-%20pg%20135.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%20ml%2045%20-%20pg%20132.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20127.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20jurisprudencia.pdf/http://trib%20regional%20do%20trabalho%20-%20ematra%2045%20-%20pg%20115.pdf/
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    Composio doTribunal Regional do Trabalho da 1 Regio

    (dez./2008)

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    Tribunal Regional do Trabalho da 1 Regio

    Presidente

    Desembargadora Doris Castro Neves

    Vice-Presidente

    Desembargadora Maria de Lourdes DArrocheIla Lima Sallaberry

    Corregedor

    Desembargador Luiz Carlos Teixeira Bomfim

    Vice-Corregedor

    Desembargador Carlos Alberto Araujo Drummond

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    rgo Especial

    Des. Doris Castro Neves - PresidenteDes. Luiz Augusto Pimenta de MelloDes. Nelson Tomaz Braga

    Des. Paulo Roberto Capanema da FonsecaDes. Luiz Carlos Teixeira BomfimDes. Aloysio SantosDes. Mirian Lippi PachecoDes. Glria Regina Ferreira MelloDes. Carlos Alberto Araujo DrummondDes. Jos Carlos Novis CesarDes. Jos da Fonseca Martins JuniorDes. Fernando Antonio Zorzenon da SilvaDes. Edith Maria Corra TourinhoDes. Rosana Salim Villela TravesedoDes. Cesar Marques CarvalhoDes. Jos Geraldo da Fonseca

    Sees Especializadas

    Dissdios Coletivos - Presidente Des. Doris Castro NevesDissdios Individuais - Presidente Des. Jorge Fernando Gonalves da Fonte

    Primeira Turma

    Des. Elma Pereira de Melo Carvalho - PresidenteDes. Jos Nascimento Araujo NettoDes. Mery Bucker CaminhaDes. Gustavo Tadeu AlkmimDes. Marcos Antonio Palacio

    Segunda Turma

    Des. Aloysio Santos - PresidenteDes. Maria das Graas Cabral Viegas ParanhosDes. Aurora de Oliveira CoentroDes. Valmir de Araujo CarvalhoDes. Maria Aparecida Coutinho Magalhes

    Terceira Turma

    Des. Glria Regina Ferreira Mello - Presidente

    Des. Edith Maria Corra TourinhoDes. Jorge Fernando Gonalves da FonteDes. Angela Fiorencio Soares da Cunha

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    Quarta Turma

    Des. Luiz Augusto Pimenta de Mello - PresidenteDes. Jos Carlos Novis CesarDes. Luiz Alfredo Mafra LinoDes. Damir Vrcibradic

    Des. Cesar Marques Carvalho

    Quinta Turma

    Des. Mirian Lippi Pacheco - PresidenteDes. Tania da Silva GarciaDes. Antonio Carlos Areal

    Sexta Turma

    Des. NeIson Tomaz Braga - PresidenteDes. Rosana Salim Villela TravesedoDes. Jos Antonio Teixeira da SilvaDes. Theocrito Borges dos Santos FilhoDes. Alexandre de Souza Agra Belmonte

    Stima Turma

    Des. Fernando Antonio Zorzenon da Silva - PresidenteDes. Zuleica Jorgensen Malta NascimentoDes. Jos Geraldo da Fonseca

    Des. Evandro Pereira Valado LopesDes. Alexandre Teixeira de Freitas Bastos Cunha

    Oitava Turma

    Des. Alberto Fortes Gil - PresidenteDes. Maria Jos Aguiar Teixeira OliveiraDes. Ana Maria Soares de MoraesDes. Roque Lucarelli DattoliDes. Marcelo Augusto Souto de Oliveira

    Nona Turma

    Des. Jos da Fonseca Martins Junior - PresidenteDes. Jos Luiz da Gama Lima ValentinoDes. Antnio Carlos de Azevedo Rodrigues

    Dcima Turma

    Des. Paulo Roberto Capanema da Fonseca - PresidenteDes. Flvio Ernesto Rodrigues SilvaDes. Jos Ricardo Damio de Araujo AreosaDes. Marcos CavalcanteDes. Clio Juaaba Cavalcante

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    Juzes Titulares*

    Nria de Andrade PerisRogrio Lucas MartinsRoberto Norris

    Cludia de Souza Gomes FreireMrcia Leite NeryBruno Losada de Albuquerque LopesDalva Amlia de OliveiraMarcelo Antero de CarvalhoPaulo Marcelo de Miranda SerranoIvan da Costa Alemo Ferreirangelo Galvo ZamoranoLeydir Kling Lago Alves da CruzGisele Bondim Lopes RibeiroManuel Alves de SantanaVlia Bomfim CassarLeonardo Dias Borgeslvaro Luiz Carvalho MoreiraGlucia Zuccari Fernandes BragaFrancisco de Assis Macedo BarretoPatrcia Pellegrini Baptista da SilvaCludia Regina Vianna Marques BarrozoMnica Batista Vieira Puglia

    Maria Helena MottaSrgio da Costa ApolinrioRonaldo Becker Lopes de Souza PintoJos Roberto CrisafulliEduardo Henrique Raymundo Von AdamovichJorge Orlando Sereno RamosCarlos Henrique ChernicharoDaniela Collomb MichettiRaquel de Oliveira MacielAlba Valria Guedes Fernandes da SilvaLcia Maria Motta de Oliveira BarrosLeonardo da Silveira PachecoAntonio Paes AraujoMaurcio Caetano LourenoMarise Costa RodriguesJos Veillard ReisCludia Maria Samy Pereira da SilvaSrgio RodriguesMarta Vernica Borges Vieira

    lvaro Antnio Borges FariaBenimar Ramos de Medeiros MarinsJos Antnio Piton

    *por ordem de antigidade

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    Evelyn Corra de Guama Guimares SpeltaCludio Jos MontessoMoiss Luis GerstelHeloisa Juncken RodriguesMrcia Regina Leal CamposLeila Costa de VasconcellosRosane Ribeiro CatribDalva MacedoJacqueline Lippi Rodrigues MouraJos Monteiro LopesJos Mateus Alexandre RomanoHugo SchiavoMarcel da Costa Roman BispoJos Horta de Souza MirandaRoberto da Silva Fragale Filho

    Linda Brando DiasJos Saba FilhoDenize Pinto DAssumpoMrcia Cristina Teixeira CardosoCludia Maia TeixeiraRosngela Kraus de OliveiraMaurcio Paes Barreto Pizarro DrummondAndr Gustavo Bittencourt VillelaHenrique da Conceio Freitas Santos

    Marcelo SegalSilvia Regina da Silva Barros da CunhaNelie Oliveira PerbeilsLuiz Nelcy Pires de SouzaMnica Rocha de CastroDenise Ferreira de Souza Barros PachecoNathlia Thami ChalubKtia Emlio LouzadaLeydomir LagoMauren Xavier Seeling

    Paulo Guilherme Santos PrissSnia Maria da Silva GomesMaria Letcia GonalvesMarcelo Jos Duarte RaffaeleCissa de Almeida BiasoliGabriela Canellas CavalcantiAnna Elizabeth Junqueira Ayres Manso Cabral JansenGisela vila LutzOswaldo Henrique Pereira Mesquita

    Alexandre Armando Couce de MenezesGisele Rosich Soares VellosoCristina Solange Rocha Xavier

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    rico Santos da Gama e SouzaGustavo Eugnio de Carvalho MayaCludio Olmpio Lemos de CarvalhoMcio Nascimento BorgesPaulo de Tarso Machado BrandoAmrico Csar Brasil CorreiaMaria Thereza da Costa PrataCla Maria Carvalho do CoutoMiriam Valle Bittencourt da SilvaHlio Ricardo Silva Monjardim da FonsecaHlio Esquenazi AssayagLuciana Gonalves de Oliveira Pereira das NevesEliane ZaharEnas Mendes da SilvaRaquel Rodrigues Braga

    Ana Rita Lugon RamacciottiAnlita Assed Pedrosourea Regina de Souza SampaioMaria Alice de Andrade NovaesMirna Rosana Ray Macedo CorraCludio Aurlio Azevedo FreitasJuliana Ribeiro Castello BrancoSnia Maria Martinez Tomaz BragaOtavio Amaral Calvet

    Maria Bernadete Miranda Barbosa da SilvaRenata JiquiriMarcelo Antnio de Oliveira Alves de MouraAna Celina Laks WeissblthFlvia Alves Mendona AranhaRenato Abreu PaivaSimone Poubel LimaFernando Reis de AbreuRicardo Georges Affonso MiguelRoseana Mendes Marques

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    Juzes Substitutos*

    Anita NatalPatrcia da Silva LimaJos Augusto Cavalcante dos Santos

    Patrcia de Medeiros Ribeiro CavalcanteDerly Mauro Cavalcante da SilvaCludia Regina Reina PinheiroEduardo Henrique Elgarten RochaMaurcio MadeuDanielle Soares AbeijonNelise Maria BehnkenCludia de Abreu Lima PiscoAndr Correa FigueiraGeorge Luis Leito Nunes

    Fbio Rodrigues GomesElsio Correa de Moraes NetoCarlos Eduardo Diniz MaudonetAdriana Maria dos Remdios B. de M. Cardenas TarazonaMarcos Dias de CastroGilberto Garcia da SilvaDaniela Valle da Rocha MullerFernanda StippCristina Almeida de Oliveira

    Rosemary MaziniMnica de Almeida RodriguesAirton da Silva VargasRodrigo Dias PereiraMarcelo Alexandrino da Costa SantosGlener Pimenta StroppaAna Cristina Magalhes FontesLila Carolina Mota I. L. BokelmannTeresa Aparecida Farinchon CarelliAna Paula Moura Bonfante de AlmeidaAlessandra Jappone R. MagalhesMarco Antnio Belchior da SilveiraEdson Dias de SouzaFlvio Alves PereiraFrancisco Antnio de Abreu MagalhesAline Maria de Azevedo Leporacinio Wilson Alves dos SantosAdriana Malheiro Rocha de LimaEplogo Pinto de Medeiros Baptista

    Monique da Silva Caldeira Kozlowski de PaulaKria Simes GarciaMarcelo Ribeiro Silva

    *por ordem de antigidade

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    Alda Pereira dos Santos BotelhoWanessa Donyella Matteucci de Paiva CarelliValeska Facure Neves de Salles SoaresLetcia Costa AbdallaLuciana dos Anjos Reis RibeiroRegina Clia Silva ArealCludia Mrcia de Carvalho SoaresRonaldo da Silva CalladoBruno de Paula Vieira ManziniEvandro Lorega GuimaresSofia Fontes Thompson RegueiraRobert de Assuno AguiarAntnio Carlos Amigo da CunhaRita de Cssia Ligiero ArmondClio Baptista Bittencourt

    Andr Luiz Amorim FrancoValria Couriel ValladaresLuciana Buhrer RochaAndr Luiz da Costa CarvalhoMnica de Amorim Torres BrandoRoberto Alonso Barros Rodrigues GagoCludia Siqueira da Silva LopesMichelle Adriane RosrioRaquel Pereira de Farias Moreira

    Paulo Rogrio dos SantosGustavo Farah CorraRoberta Ferme SivolellaAstrid Silva BrittoKassandra Nataly de Andrade Carvalho e LimaVanessa ReisAline Tinoco BoechatRobson Gomes RamosAdriana Maia de LimaAdriana Freitas de Aguiar

    Stella Fiuza CanadoFernando Resende GuimaresAna Beatriz de Melo SantosRenata Orvita Leconte de SouzaElisabeth Manhes Nascimento BorgesJuliana Pinheiro de Toledo PizaNeila Costa de MendonaMarco Antnio Mattos de LemosFilipe Ribeiro Alves Passos

    Debora BlaichmanPaula Cristina Netto Gonalves Guerra GamaRoberta Lima Carvalho

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    Leonardo Saggese FonsecaLeandro Nascimento SoaresGlaucia Gomes Vergara LopesHelen Marques PeixotoRossana Tinoco Novaes

    Cludio SalgadoMaria Gabriela NutiRoberta Torres da Rocha GuimaresDenise Mendona VieitesJosneide Jeanne Carvalho Nascimento

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    Foto:AssessoriadeImprensaeComu

    nicao

    A presidente do TRT/RJ, Des. Doris Castro Neves, ao lado do ministro aposentado do TST, ArnaldoLopes Sssekind, em cerimnia de homenagem que confirma o nome do Edifcio-sede de Frum MinistroArnaldo Sssekind, em 18/8/08.

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    Foto:AssessoriadeImprensa

    eComunicao

    O TRT/RJ, representado pela Des. Maria JosAguiar Teixeira, recebe oSelo INCAvoluntrio 2008

    do Sr. RaulCaparelli, supervisor substituto do Instituto Nacional do Cncer, em comemoraao antecipada, em 4/12/08, aoDia Internacional do Voluntariado (5/12).

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    Des. Aloysio Santos, eleito presidente do TRT/RJ (2009/2011) em 4/12/08.

    Foto:AssessoriadeImprensaeComunica

    o

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    Desembargadores do TRT/RJ durante a solenidade de entrega de medalhas da Ordem do Mrito Judicirio,em 12/12/08.

    Foto:AssessoriadeImprensaeComu

    nicao

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    Doutrinas

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    31Revista do TRT/EMATRA - 1 Regio, Rio de Janeiro, v. 19, n. 45, jan./dez. 2008

    Reflexos do novo Cdigo Civil nas relaes de trabalho

    Arnaldo Sssekind*

    O Cdigo Civil do doutssimo Clvis Bevilaqua refletiu, com indiscutvel rigor, o liberalindividualismo da Revoluo Francesa, consubstanciado no Cdigo de Napoleo.

    J o novo Cdigo Civil brasileiro, projetado por renomada comisso sob a presidncia doemrito Miguel Reale, refletiu as tendncias sociais contemporneas, prestigiando princpios enormas que se sintonizam com as consagradas pelo Direito do Trabalho. Na esplndida sntesedo saudoso jurista e poltico Josaphat Marinho, que foi o relator do projeto no Senado, O

    Cdigo novo v o homem, integrado na sociedade; o antigo divisou o indivduo, com seusprivilgios (Novo Curso de Direito Civil, de Pablo Stolge Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho,SP, Saraiva, Vol. I, 2002, pg. XX).

    A diretriz mater, a iluminar as normas atinentes ao contrato, est inserida no art. 421, inverbis: A liberdade de contratar ser exercida em razo e nos limites da funo social do contrato.

    Em esclarecedora palestra proferida no Rio de Janeiro, o douto desembargador SylvioCapanema acentuou:

    De um modelo individualista, solidamente alicerado nos velhosdogmas do Estado Liberal, que transformava os princpios daautonomia da vontade e da imutabilidade dos contratos em valores

    quase absolutos, passamos agora para um sistema profundamentecomprometido com a funo social do direito, e preocupado coma construo da dignidade do homem e de uma sociedade maisjusta e igualitria.A boa-f objetiva, que passa a exigir dos contratantes uma efetivaconduta honesta, leal e transparente, transformou-se em dever jurdico,em clusula geral implcita em todos os contratos, substituindo ovelho conceito de boa-f subjetiva, que traduzia mera exortao tica,que pouco contribua para garantir equaes econmicas justas.

    Uma das caractersticas do Direito do Trabalho a irrenunciabilidade de direito institudopor norma legal imperativa, e esse princpio alcana tanto a transao, que corresponde a umnegcio jurdico bilateral, quando a renncia, que um ato unilateral.

    A renunciabilidade de direitos, em relao ao trabalhador, deve ser admitida apenasexcepcionalmente, em face das condies especiais configuradas em cada caso concreto.Ainda que se trate de direito no imposto por norma jurdica de ordem pblica, a renncia,admitida em princpio, deve ser examinada de conformidade com os princpios tendentes arestringi-la. Destarte, so irrenunciveis os direitos que a lei, as convenes coletivas, assentenas normativas e as decises administrativas conferem aos trabalhadores, salvo se arenncia for admitida por norma constitucional ou legal ou se no acarretar uma desvantagempara o trabalhador ou um prejuzo coletividade; so renunciveis os direitos que constituem

    o contedo contratual da relao de emprego, nascidos do ajuste expresso ou tcito dos

    *Ministro aposentado do TST e titular da Academia Brasileira de Letras Jurdicas.

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    contratantes, ou, quando no haja proibio legal, inexista vcio de consentimento que importeprejuzo ao empregado.

    Consoante estatui a CLT sero nulos de pleno direito: a) os atos praticados com oobjetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicao dos preceitos contidos na presenteConsolidao (art. 9); b) a alterao contratual em prejuzo direto ou indireto ao trabalhador

    (art. 468), salvo nos casos expressos previstos em lei. Esses casos, que na legislao trabalhistainfra-constitucional eram raros, foram consideravelmente ampliados pela Constituio de 1988,cujo art. 7 facultou s convenes coletivas e aos acordos coletivo deles participamobrigatoriamente os sindicatos dos trabalhadores a estipularem reduo do salrio contratual(inciso VI), compensao ou reduo da jornada de trabalho (inciso XIII) e ampliao da jornadados turnos ininterruptos de revezamento (inciso XIV). evidente que essas excees aoregramento geral no podem ser ampliados, razo por que no se estendem aos termostratados nos demais incisos, ainda que atinentes a prestaes de natureza salarial: salriomnimo, piso salarial, 13 salrio, adicionais de trabalho insalubre ou perigoso etc.

    Por via de conseqncia, o art. 468 da CLT foi derrogado no que tange s alteraes

    in pejus de que cogitam os incisos VI, XIII e XIV do art. 7 da Constituio.A transao um negcio jurdico ato bilateral em virtude do qual, como escrevemos

    alhures:

    As partes interessadas extinguem obrigaes litigiosas ou duvidosas.Para que haja transao, imprescindvel que: a) duas pessoas,pelo menos, estejam vinculadas entre si, por fora da relaojurdica da qual decorrem direitos e obrigaes; b) haja incertezano pertinente a determinado ou determinados direitos ou obrigaes;c) a dvida se eira a direitos patrimoniais, isto , direitos incorporados

    ao patrimnio de uma das partes do contrato; d) a controvrsia sejaextinta mediante concesses recprocas. (Instituies de Direitodo Trabalho, SP, LTr., 22 ed., Vol.I, pg. 118).

    Em virtude dos princpios que norteiam o Direito do Trabalho, a renncia e a transaode direitos devem ser admitidas como exceo. Por isto mesmo, no se deve falar em rennciaou em transao tacitamente manifestadas, nem interpretar extensivamente o ato pelo qual otrabalhador se despoja de direitos que lhe so assegurados ou transaciona sobre eles. Alis,no concernente transao, o novo Cdigo Civil explcito: Art. 843. A transao interpreta-serestritivamente e por ela no se transmitem, apenas se declaram ou se reconhecem direitos.

    O art.166 do Cdigo Civil, dentre os eventos determinantes da nulidade do negciojurdico, preceitua que este ser nulo quando:

    III - O motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilcito;VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;VII - A lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir a prtica, semcominar sano.

    A fraude, como si acontecer, pode verificar-se, tal como explicita o Cdigo Civil, emvirtude de simulao, que se caracteriza, dentre outros motivos, quando o negcio jurdicocontiver declarao, confisso, condio ou clusula no verdadeira (art. 167, inciso II). Nas

    relaes de trabalho comum a simulao de modalidade contratual com o objetivo de encobririnquestionvel relao de emprego. E o vcio de consentimento imposto ao trabalhador podeadvir de erro, dolo, coao, estado de perigo ou leso irresistvel.

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    33Revista do TRT/EMATRA - 1 Regio, Rio de Janeiro, v. 19, n. 45, jan./dez. 2008

    Pelo Cdigo Civil os negcios jurdicos soanulveis, ao contrrio do negcio nulo,prevalecem at que a nulidade seja declarada em juzo:

    a) quando as declaraes de vontade emanarem de erro substancialque poderia serpercebido por pessoal de diligncia normal, em face das circunstncias do negcio (art. 138);

    b) por dolo, quando este for a sua causa (art. 145), considerando-se doloso o silncio

    intencional de fato ou qualidade que, se conhecido pela outra parte, o negcio no se teriarealizado (art. 147);

    c) por coao, capaz de viciar a declarao de vontade de uma das partes (art. 151),cumprindo na sua anlise, ter em conta o sexo, a idade, a condio, a sade, o temperamentodo paciente e todas as demais circunstncias que possam influir na gravidade dela (art. 152);

    d) quando o estado de perigo induz a parte a assumir obrigao excessivamente onerosa,premida de necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua famlia, de grave dano conhecidopela outra parte (art. 156);

    e) por leso, quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperincia, seobriga a prestao manifestamente desproporcional ao valor da prestao oposta (art. 157).

    As precitadas normas, como se infere, irradiam luz para a cotidiana aplicao do Direitodo Trabalho, fundamentando a interpretao que a doutrina e a jurisprudncia vm dando snulidades nas relaes de trabalho.

    Ao ensejo do centenrio de nascimento do notvel jurista que foi Orlando Gomes, parece-me oportuno registrar alguns atos de que participou, correlacionados com a afirmao do Direitodo Trabalho em nosso Pas e a sua influncia na socializao do Cdigo Civil de 2002.

    No inesquecvel Primeiro Congresso Brasileiro de Direito Social, realizado em maio de1941, na cidade de So Paulo e primorosamente organizado pelo eminente Professor CesarinoJunior e o renomado advogado Ruy de Azevedo Sodr, fez sucesso a tese apresentada porOrlando Gomes sobre a Influncia da Legislao do Trabalho na Evoluo do Direto. Vale

    reproduzir, nesta oportunidade os seus primeiros pargrafos:

    A legislao do trabalho o mais importante processo normativoda sociabilizao do Direito. No deve ser compreendida, pois,como um simples fenmeno de especializao das disciplinasjurdicas.Os princpios que a informam contrariam os postulados fundamentaisdo sistema jurdico tradicional. Seus preceitos trazem o incisivocarter revolucionrio da concepo filosfica que os inspira. Suasinstituies bsicas tm uma feio prpria, singular, inconfundvel.

    Seu objeto compreende relaes, cuja estruturao se reveste,hoje, de capital importncia para o desenvolvimento da sociedade.Neste pressuposto, no se pode negar que as leis sociais estoexercendo uma profunda e decisiva influncia na evoluo do Direito,cuja intensidade no foi ainda devidamente sondada.Em verdade, constituem uma precoce manifestao do direito futuro.

    Profetizou, portanto, o que o novo Cdigo Civil Brasileiro consagrou, tal como assinalamosnos seus trabalhos sobre a codificao desse ramo fundamental do Direito.

    inquestionvel que o nome de Orlando Gomes est imortalizado na histria do DireitoBrasileiro, como induvidoso que diversas disposies do novo Cdigo Civil se harmonizam

    com a legislao trabalhista.

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    decorre normalmente do contrato de trabalho se perfaz com a sociedade empresriaprestadorados servios, seu real empregador. A presena do devedor subsidirio na lide uma fico:responde pelos dbitos no satisfeitos pelo prestador, no porque os tenha contrado diretamente,mas porque se beneficiou dos servios prestados pelo empregado do prestador, e que poraquele no foram quitados. Em tese, pelo menos, a responsabilidade direta pelo dbito

    sempre daquele que contraiu a obrigao. O fundamento da condenaosubsidiria agarantiado pagamento do crdito consolidado, no inadimplemento ou mora do devedor principal, esomente pode valer enquanto os devedoresprincipal esubsidirio estiverem em atividade, oumantiverem ativos suficientemente hgidos que lhes permita a satisfao integral do crdito. Odevedor subsidirio trabalhista pe-se de permeio na relao jurdica entre o empregado e oefetivo empregador exatamente como o fiador na demanda entre o credor e o devedor dequalquer outra obrigao civil. O tratamento jurdico rigorosamente o mesmo. Na fiana,embora o fiador demandado pelo pagamento da dvida tenha o direito de exigir que primeiro seesgote a constrio do patrimnio do afianado para, somente depois, ver alcanado o seu2,tambm se lhe impe o encargo de, ao alegar tal benefcio de ordem, nomear bens do devedor,livres e desembargados, sitos no mesmo municpio, tantos quantos bastem para solver o dbito3.A lei adverte, contudo, que o benefcio de ordem no pode ser invocado quando o fiador deobrigao solidria a ele renunciou expressamente4, obrigou-se como principal pagador, oudevedor solidrio5, ou se o devedor principal for insolvente, ou falido6. A dvida trabalhista sempre constituda in solidum7, isto , exigvel por inteiro, de sorte que o devedor subsidiriono pode pretender pagar apenas parte dela8, imputando a responsabilidade pela outra parteao devedor principal. Da mesma forma, no h qualquer fundamento legal para o pedido dosdevedores subsidirios, usual nos processos, de que, mesmo diante da falncia do prestador,se executem, primeiro, os bens pessoais dos scios da sociedade empresria falida e, sdepois, os que compem o seu (do devedor subsidirio) prprio patrimnio.

    Efeitos da sentena de quebra na condenao subsidiria no processo do trabalhoEm situaes tpicas, se a obrigao de pagar ou de fazer no puder ser solvida pelo

    devedor principal o efetivo prestador dos servios , porque no encontrado ou porque notem bens, a execuo volta-se, automaticamente, contra o devedor subsidirio tomador dosservios. H, todavia, situaesatpicas, e a falncia uma delas, onde o devedor principal nopode ser executado na ordem constante do ttulo sentencial, no porque no achado ouporque no tem bens, mas porque o seu ativo no foi realizado ou a sua massa no pode, porlei, antecipar pagamentos, ainda que o crdito trabalhista detenha absoluto privilgio. Nessescasos, o credor trabalhista, em prol de quem se fez constar do ttulo judicial a condenaosubsidiria, pode desprezar a necessidade de executar, primeiro, o devedor principal, para

    perseguir o seu crdito diretamente junto ao patrimnio do devedor subsidirio. A falncia dodevedor principal prestador equivale impossibilidade jurdica de que o credor trabalhista

    2Cdigo Civil, art. 827: O fiador demandado pelo pagamento da dvida tem direito a exigir, at a contestaoda lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor.

    3Cdigo Civil, art. 827, pargrafo nico.4Cdigo Civil, art. 828, I.5Cdigo Civil, art. 828, II.6Cdigo Civil, art. 828, III.7

    Cdigo Civil, art. 264: H solidariedade, quando na mesma obrigao concorre mais de um credor, oumais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, dvida toda.

    8Cdigo Civil, art. 267: Cada um dos credores solidrios tem direito a exigir do devedor o cumprimento daprestao por inteiro.

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    seja pago pela massa enquanto no realizado o ativo ou no organizado o quadro geral decredores9. Como dito, asubsidiariedade existe na medida do interesse do credor, que pode, aqualquer momento, dela abdicar para perseguir patrimnio mais solvvel. O devedor subsidiriono pode exigir que o credor habilite o seu crdito nos autos da quebra e, s depois, passe alhe exigir o pagamento do saldo sobejado pela insuficincia do ativo da massa10.

    Natureza do crdito do devedor subsidirio que paga dvida deixada pelo devedorprincipal

    O devedor subsidirio tomador pode habilitar nos autos da quebra, como credorquirografrio11, tudo aquilo que pagou em nome prprio, mas por conta da dvida deixada pelodevedor principal prestador.12O que no pode invocar em seu favor uma garantia subsidiariedade que no mais existe porque, com a quebra do devedor principal prestador , ocredor trabalhista pode exigir a dvida por inteiro, do devedor subsidirio ou de qualquer outrocoobrigado.

    9Cdigo Civil, art. 279: Impossibilitando-se a prestao por culpa de um dos devedores solidrios, subsistepara todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos s responde o culpado.

    10Cdigo Civil, art. 275: O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcialou totalmente, a dvida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuamobrigados solidariamente pelo resto.

    11Cdigo Civil, art. 283: O devedor que satisfez a dvida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se houver, presumindo-seiguais, no dbito, as partes de todos os co-devedores.

    12Cdigo Civil, art. 259, pargrafo nico: O devedor, que paga a dvida, sub-roga-se no direito do credor emrelao aos outros coobrigados. Ou, ainda, o art. 832 do Cdigo Civil: O devedor responde tambmperante o fiador por todas as perdas e danos que este pagar, e pelos que sofrer em razo da fiana.

    Conforme o art. 83 da L. n. 11.101/2005: A classificao dos crditos na falncia obedece seguinteordem: I) os crditos derivados da legislao do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqenta) salrios

    mnimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; II crditos com garantia real at o limite

    do valor do bem gravado; III crditos tributrios, independentemente da sua natureza e tempo deconstituio, excetuadas as multas tributrias; IV crditos com privilgio especial, a saber: a) os previstosno art. 964 da L. n. 10.406/2002; b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposiocontrria desta Lei; c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de reteno sobre a coisa dada emgarantia; V crditos com privilgio geral, a saber: a) os previstos no art. 965 da L. n. 10.406/2002; osprevistos no pargrafo nico do art. 67 desta Lei; c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais,salvo disposio contrria desta Lei; VI crditos quirografrios, a saber: a) aqueles no previstos nosdemais incisos deste artigo; b) os saldos dos crditos no cobertos pelo produto da alienao dos bensvinculados ao seu pagamento; c) os saldos dos crditos derivados da legislao do trabalho que excederem

    o limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo; VII as multas contratuais e as penas pecuniriaspor infrao das leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributrias; VIII crditos subordinados,a saber: a) os assim previstos em lei ou em contrato; b) os crditos dos scios e dos administradores semvnculo empregatcio.

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    Dano moral da pessoa jurdica

    Jos Geraldo da Fonseca *

    Sumrio: 1) Introduo; 2) Conceito de dano moral; 3) A empresa como objeto jurgeno; 4) Ahonra da pessoa jurdica como bem tutelvel; 5) Imagem corporativa; 6) Nome comercial; 7)Abalo de crdito; 8) O preo da dor; 9) Concluso.

    Introduo

    A locuo dano moral conduz, necessariamente, concluso de que se trata deleso a um direito da personalidade. Personalidade refere-se a pessoa, do latimpersona,mscara. O timo foi introduzido na linguagem filosfica pelo estoicismo1popular para designaros papis representados pelos homens na vida. Em sentido estrito, pessoasignifica o homemem suas relaes com o mundo ou consigo mesmo. Na acepo mais lata, significa ohomem como sujeito de certas relaes. A partir de Descartes, acentua-se o sentido depessoa como a sua natureza de relao ou de auto-relao, isto , do homem consigomesmo. Nesse sentido, pessoa identifica-se com o eu2.A afirmao de que dano moralimplica leso a um direito da personalidade em si um complicador. Ainda que a Smula n.227do STJdiga, com sobrada clareza, que a pessoa jurdica pode sofrer dano moral, a

    questo est longe do consenso. Os que se opem ao enunciado da smula argumentam queo elemento caracterstico do dano moral a dor, em sentido amplo, abrangendo os sofrimentosfsicos e morais, impossvel de verificar-se, por bvio, nas pessoas jurdicas. Os que comungamdo entendimento do verbete contrapem o argumento de que a dor, como fundamento da lesomoral, diz respeito honra subjetiva, que se funda na dignidade, no decoroe na auto-estima.No juzo de valor, enfim, que se faz de si mesmo, ao passo que o dano moral que se admite emprol da pessoa jurdica diz com a leso honra objetiva, isto , o malferimento por atoantijurdico do seu bom nome empresarial, do crdito, da sua reputao ou da sua imagemcorporativa. Naquela, a dor de que se cuida a dor fsica, sensorial, a dor da alma; nesta, a dorque reclama reparao metafrica: a dor jurdica, dor de supor que, por conta da lesoinjusta, um patrimnio moral que valor agregado pessoa jurdica tambm foi afetado, eprecisa ser recomposto.

    1ABBAGNANO, Nicola. Dicionrio de Filosofia. Martins Fontes, So Paulo: 2003, p. 375 define estoicismocomo uma das grandes escolas filosficas do perodo helenista, assim chamada pelo prtico pintado(sto poikle) onde foi fundada por volta de 300 a.C por Zeno de Cicio. Os esticosdividiam a filosofia emLgica, Fsica e tica, admitiam um conceito de razo divina que rege o mundo e todas as coisassegundo uma ordem necessria e perfeita. Admitiam que, assim como o animal guiado pelo instinto, ohomem o pela razo, que lhe fornece normas infalveis de ao que constituem o direito natural.Condenavam todas as emoes e exaltavam a apatia como o ideal de todo sbio. Apregoavam o

    cosmopolitismo, isto , afirmavam que o homem no cidado de um pas, mas do mundo (cosmos).2Segundo Thomas Hobbes, pessoa aquilo a que se atribuem palavras e aes humanas, prprias oualheias. Se pessoa so atribudas aes prprias, trata-se de uma pessoa natural; se lhe so atribudasaes alheias, trata-se de uma pessoa fictcia.

    *Desembargador Federal do Trabalho Membro efetivo da 7 Turma do TRT/RJ.

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    As expresses dano moral e pessoajurdica soam a alguns francamente antinmicas.Se o dano moral, diz respeito a uma dor ntima, leso a um direito da personalidadequedeflui da ofensa honra, e honra bem interior de que somente a pessoa natural ou fsica podeser titular. A dificuldade a superar justamente esta: se dano moral ofensa honra, epessoa jurdica no tem honra, como possvel falar-se em dano moral da pessoa jurdica?

    No seria, talvez, uma discusso bizantina, assim como debater a importncia do ar novcuo?

    Este ensaio um convite a essa reflexo.

    Conceito de dano moralSi il danno si manca, manca la materia del risarcimento(Se noh dano, no h ressarcimento).3

    A construo de uma ordem jurdica justa assenta-se no princpio universal neminemlaedere,isto , no prejudicar a ningum4. O prejuzo imposto ao particular afeta o equilbriosocial5. Nem todo dano indenizvel. Apenas o injustoo . Prejudicar causar dano. Para queum dano implique reparao preciso que seja fruto de uma invaso contra ius da esferajurdica do lesado6. So danos justose, portanto, irreparveis, os que provm das foras danatureza ou do acaso (caso fortuito e fora maior) e os definidos no direito posto (legtimadefesa prpria ou de terceiros, devoluo da injria, desforo pessoal, destruio de coisa pararemoo de perigo, entre outros) ou aqueles causados pelo prprio lesado (culpa exclusiva davtima). Dano qualquer leso experimentada pela vtima em seu complexo de bens jurdicos,materiais ou morais. Dano pressuposto da responsabilidade civil7. O conceito de responsabilidadecivil repousa na efetivao da reparabilidade abstrata do dano em relao ao seu autor. Quandose diz que o dano pressuposto da responsabilidade civil, o que se quer dizer que pode

    haver responsabilidade sem culpa, mas no pode haver responsabilidade sem dano8

    . Culpa e riscoso ttulos, modos de responsabilidade civil. A culpa tem primazia de fonte da responsabilidadeporque a hiptese mais comum, mas o risco no pode ser desprezado porque nem sempre aculpa suficiente como causa primria do dever de indenizar9. Na esfera penal, no sempreque se exige um resultado para que a punibilidade aflore, mas, na civil, sem ocorrncia de danopoder haver ato ilcito, mas no haver dever de indenizar. To certo como a extenso do danodefine o quantumda indenizao10, ter ou no havido dano implica dizer se h ou no obriga-o de indenizar11. A conduta antijurdica, apartada do dano, irrelevante para atrair a obriga-o de indenizar.

    A clssica diviso dos danos em materiaise morais refere-se unicamente aos seusefeitos. Na origem, todo dano uno, indivisvel, e pode atingir pessoas ou coisas12. No h

    3 GIORGI. Teoria delle obbligazioni nel moderno diritto italiano , Florena,1907, v. 2, p.137.4 BITTAR, Carlos Alberto. Reparao Civil por Danos Morais. Ed. RT, So Paulo: 3. ed.,1997, p. 21.5 DIAS, Jos de Aguiar. Da Responsabilidade Civil. Forense, Rio de Janeiro: 1997, v. I.6BITTAR, Carlos Alberto. Op. cit., p. 30.7BITTAR, Carlos Alberto. Op. cit., p.17.8 CAVALIERI FILHO, Sergio.Programa de Responsabilidade Civil. Malheiros Editores, So Paulo: 1996, p. 69.9

    DIAS, Jos Aguiar de. Op. cit., p.14.10Cdigo Civil, art. 944.11Cdigo Civil, arts. 402 e 403.12DIAS, Aguiar. Op. cit., vol. 2, p. 397.

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    razo justa para se entender que o termo pessoas no abarque, tambm, as pessoas jurdicas.Nem todo sofrimento, dissabor ou chateao em razo de uma ofensa tipifica dano moral. necessrio que a agresso extrapole os aborrecimentosnormaisde tantos quantos vivem emcoletividade13.

    O que se pode entender por aborrecimentos normais tambm casustico e depende

    de uma avaliao objetivae subjetivaque somente o juiz pode fazer diante do caso concreto.Danos moraisso inquietaes graves do esprito, turbaes de nimo, desassossegoaviltante e constrangedorque tira a pessoa do eixo de sua rotina, a ponto de lhe imporsofrimento psicofsico cuja seqela seja facilmente identificvel se comparado o comportamentoatual e aquele outro, anterior conduta ofensiva14. O dano a pessoas pode ser fsico oucorporal, e moral, extrapatrimonialou anmico. Dano moral qualquer sofrimento humanoque no seja causado por uma perda pecuniria15, causado injustamente a outrem e que noatinja ou diminua o seu patrimnio16. qualquer sofrimento ntimo17, a penosa sensao deofensa, na humilhao perante terceiros, na dor sofrida, enfim, nos efeitos puramente psquicose sensoriais experimentados pela vtima do dano, em conseqncia deste, seja provocada

    pela recordao do defeito da leso, quando no tenha deixado resduo mais concreto, seja pelaatitude de repugnncia ou de reao ao ridculo tomada pelas pessoas que o defrontam 18.Orlando Gomes, antes mesmo do advento da CF/8819, j ensinava que dano moral o cons-trangimento que algum experimenta em conseqncia de leso em direito personalssimo,ilicitamente produzido por outrem20. Numa palavra: Qualquer leso injusta a componentes docomplexo de valores protegidos pelo Direito, includo, pois, o de carter moral21.

    13CAVALIERI FILHO, Sergio. Op. cit., p.78, diz: Nessa linha de princpio, s deve ser reputado como danomoral a dor, vexame, sofrimento ou humilhao que, fugindo normalidade, interfira intensamente nocomportamento psicolgico do indivduo, causando-lhe aflies, angstia e desequilbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mgoa, irritao ou sensibilidade exacerbada esto fora da rbita dodano moral, porquanto, alm de fazerem parte da normalidade do nosso dia-a-dia, no trabalho, notrnsito, entre amigos e at no ambiente familiar, tais situaes no so intensas e duradouras, a pontode romper o equilbrio psicolgico do indivduo. Se assim no se entender, acabaremos por banalizar odano moral, ensejando aes judiciais em busca de indenizaes pelos mais triviais aborrecimentos.

    14

    BITTAR, Carlos Alberto, Op. et p. cit: ... os morais se traduzem em turbaes de nimo, em reaesdesagradveis, desconfortveis, ou constrangedoras, ou outros desse nvel, produzidas na esfera dolesado. Atingem, respectivamente, a conformao fsica, a psquica e o patrimnio do lesado, ou seuesprito, com as diferentes repercusses possveis....

    15 SAVATIER.Trait de la responsabilit civile , v. 2, n. 525.16 AGOSTINHO ALVIM, Agostinho. Da Inexecuo das Obrigaes. Saraiva, So Paulo: 1949, p.154/155.17AGUIAR DIAS, Jos de. Op. cit., p.1008, diz, citando acrdo de Pedro Lessa: O dano moral o que se

    sofre como repercusso de um mal ou dano no conversvel em dinheiro. A indenizao por dano moraltem por fim ministrar uma sano para a violao de um direito que no tem dominador econmico. No possvel a sua avaliao em dinheiro, pois no h equivalncia entre o prejuzo e o ressarcimento.Quando se condena o responsvel a reparar o dano moral, usa-se de um processo imperfeito, mas onico realizvel, para que o ofendido no fique sem uma satisfao.

    18

    AGUIAR DIAS, Jos de. Op. cit., p.1009.19CF/88, art. 5, V.20GOMES, Orlando. Obrigaes, Forense, So Paulo: 5. ed., n. 195, p. 333.21BITTAR, Carlos Alberto. Op. cit., p. 18/19.

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    A empresa como objeto jurgenoO conceito de empresaparece ser para o direito um desses mistrios de esfinge22. Por

    mais que soe hertico aos puristas do direito empresarial, tenho para mim que esse conceito absolutamente desimportante. Nisso, estou ao abrigo de Brunetti e Francesco Ferrara, esteprofessor de Florena. Em boa companhia, portanto. Empresa no tem personalidade jurdica

    nem sujeito de direito, mas objeto dele. O conceito de empresa no jurdico, mas econmico.A cincia jurdica jamaiselaborar um conceito jurdico de empresa que seja melhor ou maisexato que o econmico, ou que no se apie inteiramente nele, e seja, portanto, desnecessrio.Brunetti dizia que a empresa, como entidade jurdica, uma abstrao23, e os efeitos daempresa no so seno efeitos a cargo do sujeito que a exercita24. Ao que disse, se, do ladopoltico-econmico a empresa uma realidade, do jurdico unastrazione, porque, reconhecendo-se como organizao de trabalho formada das pessoas e dos bens componentes da azienda,a relao entre a pessoa e os meios de exerccio no pode conduzir seno a uma entidadeabstrata, devendo-se na verdade ligar pessoa do titular25. Esse sujeito titular o empresrio.A explicao simples: o empresrio rene capital, matria prima, tecnologia e trabalho aliciado

    a outrem. Organiza, pois, sua atividade voltada ao mercado. At a, essa organizao umsimples complexo de bens e pessoas, mas no tem vida prpria. Quando o empresrio atuasobre essa organizao e inicia a atividade que alcanar a produo desejada, a empresapropriamente dita nasce para o mundo dos fatos e para o mundo jurdico. Disso se conclui queempresa uma atividade organizada dos meios de produoposta em ao por vontade doempresrio. O empresrio atua a empresa e empresa , no frigir dos ovos, exerccio deatividade produtiva. Desse exerccio mais no se tem seno uma idia abstrata26.

    Desde o sculo XIX j se intua existirem na sociedade organizaes econmicasdestinadas produo. testa dessas organizaes existiam pessoas que reuniam e adaptavamrecursos sociais s necessidades sociais, remunerando aqueles que emprestavam seu esforopessoal consecuo daqueles objetivos. A essa organizao dos fatores de produo a economia

    deu o nome de empresa. quele que estava no comando dessa empresa, deu-se o nome deempresrio. Empresa , pois, a atividade organizada para produzir alguma coisa para omercado. Empresrio o sujeito que comanda essa atividade. Como dito, esses conceitos soeconmicos, mas jurista algum conseguiu ou conseguir elaborar um conceito jurdico deatividade organizada ou de empresrio que no seja, rigorosamente, o mesmo que a economiaj definiu para essas duas entidades. Tudo o que se fizer da por diante ser dizer a mesmacoisa com outras palavras. melhor desistir27. Essa , por sinal, a advertncia de Asquini28. Aprimeira idia de empresasurgiu no art. 632 do Cdigo francs de 1807. Ao enumerar atos de

    22

    Esfinge uma criatura mstica egpcia de um leo com cabea de fara. Era smbolo de demonstrao depoder, como as pirmides, e tida como guardi da estaturia egpcia. A mais famosa Sesheps, a esfinge deGiz, que, segundo alguns, representa o fara Qufren. Na mitologia grega, esfinge era um demnio destrui-dor, portador da m sorte, filho de Quimera e Ortro ou de Tifo e Equdima. Esfinge, do grego sphingo,significa estrangular. Era representada por um leo com cabea de mulher, cauda de serpente e asas deguia. Hera ou Ares teria mandado essa esfinge da Etipia a Tebas, onde estrangulava todos os que nosoubessem responder sua pergunta, conhecida como o enigma da esfnge: Que criatura, pela manh,tem quatro ps, ao meio-dia tem dois e tarde tem trs?dipo resolveu o quebra-cabea: o homem, poisengatinha quando beb, anda sobre dois ps quando adulto e usa uma bengala, quando velho. Furiosa coma resposta, a esfinge atirou-se de um precipcio, ou devorou a si mesma.

    23 REQUIO, Rubens. Curso de Direito Comercial. Ed. Saraiva, So Paulo: 2008, 27. ed., 2 tiragem, p. 59.24Francesco Ferrara, em crtica ao tal perfil polidrico da empresa, a que se referiu Asquini.25

    REQUIO, Rubens. Op. cit., p. 59.26 REQUIO, Rubens. Op. cit., p. 59/60.27REQUIO, Rubens. Op. cit., p. 49/51.28REQUIO, Rubens. Op. cit., p. 55.

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    comrcio, o Cdigo francs incluiu todas as empresas de manufatura e as empresas defornecimento. Como o conceito de empresa era fundado na idia de que empresa era aorganizaoque praticava atos de comrcio, o conceito de comerciante passou a ser, porderivao, o daquele que fazia da prtica dos atos de comrcio sua profisso habitual. S depoiso conceito de comerciante evoluiu para o de empresrio, na medida em que se consolidou o

    entendimento de que empresrio aquele que organiza e toca a empresa, mas a empresacontinuou sendo aquilo que os economistas idealizaram no sculo XIX, isto , organizao econmicadestinada produo para o mercado. A Vivante, pelo menos, se deve a honestidade de semelharo conceito jurdico de empresa ao econmico. dele a lio de que empresa um organismoeconmico que, sob risco prprio, pe em atividade os elementos necessrios obteno deum produto destinado troca. Numa palavra: empresa organizao econmica destinada produo29. A mesma dificuldade que se abateu no estrangeiro na definio de empresaalcanou os estudos brasileiros de direito comercial. Ao enumerar os atos de comrcio, o art. 19do Regulamento n. 737, de 1850, incluiu as empresas. A partir da, a doutrina ptria debate-se,sem nenhum xito, na sua conceituao. Segundo Requio, ao incluir as empresasentre osatos de comrcio, o Regulamento 737 deu ao conceito de empresaa idia de repetiodeatos de comrcio, praticados profissionalmente, exatamente como estava no direito francs,como j observado por Jean Escarra e expressamente anotado por Inglez de Souza 30.

    O sentido que emprestam ao termo empresa o direito do trabalhoe o empresarialsabidamente colidente, em especial quando se trata de sucesso de empregadores, falncia,recuperao judicial ou extrajudicialou da desconsiderao da pessoa jurdicapara fins deresponsabilizao dos scios por obrigaes civis, trabalhistas, previdencirias, fiscais outributrias, de pagar ou de fazer. Para os civilistas, empresa a atividade econmica organizada,exercida pelo empresrio, pessoa fsica ou jurdica, que, com intuito de lucro, rene insumos,capital, tecnologia e trabalho para a produo de bens ou servios para o mercado. Para odireito do trabalho, o empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo osriscos da atividade econmica, admite, assalaria e dirige a prestao pessoal de servios31.Bem se v que enquanto o direito econmico funda o conceito de empresa na atividadenegocial, o trabalhistamistura atividade com tipos de empresrio(empresa individual oucoletiva) e, em outros artigos, com estabelecimento, fundo de comrcio e outros elementosde empresa.

    Empresa uma realidade econmica32, centro de deciso capaz de adotar estratgiavoltada produo de bens e servios33, uma combinao de fatores de produo terra,capital, trabalho ou unidade de produo quetrabalha para o mercado34. O fim da empresaresulta da atuao de trs fatores: dissociao entrepropriedade econtrole, interfernciasindicale intervencionismo estatal. A dissociaoentre a propriedadee controleda empresamoderna gerou o que Galbraith chamou de tecnoestrutura35, isto , controle e administrao da

    empresa por tcnicos, longe das mos dos donos. A interveno dos sindicatostambmaltera a face da empresa porque pulveriza o poder do empresrio, j que os delegados deempresa, delegados de pessoal, comisses internas, delegados sindicais e representantesdos trabalhadores participam, de uma ou de outra forma, dos rgos de administrao, dadiviso de lucros, dos desgnios do negcio36. Por ltimo, como a atividade econmica exercida

    29REQUIO, Rubens. Op. cit., p. 53.30REQUIO, Rubens. Op. cit., p. 56/57.31 O art. 2 da CLT teria construdo o mais esplndido conceito de empresa se tivesse dito apenas isto:

    empregador a empresa. E nada mais precisaria ser dito sobre a face da Terra.32PERROUX, Franois. Capitalisme et communit de travail. Paris: Sirey, s.d., p.181.33

    BIENHAYM, A. La croissance des entreprises, Paris: Bordas, 1971.34NOGARO, Bertrand. lments dconomique politique. Paris: LGDJ, 1954, p.14.35GALBRAITH, John Keneth. The New ndustrial State. Londres: Hamish Hamilton, 1968, p. 62/65.36 MAGANO, Octavio Bueno. Do Poder Diretivo na Empresa. Saraiva, So Paulo: 1982, p. 41.

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    sob a forma de empresa (atividade), sobre ela que recai a gula intervencionista estatal, sejaimpondo restries prpria forma de atividade, caracterstica dos produtos ou servios ous garantias do consumidor, seja estipulando um estatuto mnimo de direitos sociais dosempregados, abaixo do qual no se pode transigir37.

    Para os direitosdo trabalho, empresarial, tributrioe econmicoempresa categoria

    jurdica38. O carter tuitivodo direito do trabalhoempresta noo de empresa outro formato,tanto que a CLT ora se refere a ela como a atividadedo empresrio, ora como estabelecimento,ora como grupo econmico. Quando o legislador celetista diz que empregador a empresa,empresta ao conceito a funcionalidadeque esse ramo especializado do direito reclama, namedida em que acentua a importncia do fenmeno da despersonalizaoda figura doempregadorde modo a antecipar que nenhuma modificao da estrutura da empresaou aalterao do seu titular ser relevante para os direitos do empregado e para a sorte do contratode trabalho, premissas, alis, ditas, com todas as letras, nos arts.10 e 448 da CLT 39. Para odireito do trabalho, empresa sociedade hierarquizadano dotada de personalidade, e quetem por objetivo realizar o bem comum da comunidade em que se insere40 . essa idia desociedade hierarquizadaque legitima, na pessoa do empresrio, o direito potestativosobreo contrato de trabalho e os poderes disciplinare diretivo41. No direito tributrio, o sujeitopassivo do dbito a pessoa fsica ou jurdica, mas de costume se desconsidera essa premissaem favor da empresa porque os princpios do direito fiscal visam legitimar o errio na coleta dedinheiro42. Para os direitos empresariale econmico, empresa a atividadeque dela deflui43.Sendo uma realidade econmica44, natural que a empresa possa ser vista de vrios modos,da a lio tantas vezes lida de Asquini, para quem a empresa deve ser vista sob os perfissubjetivo, funcional, objetivo (ou patrimonial) e corporativo (ou institucional). Sob o perfilsubjetivo, a empresaidentifica-se com o empresrio. Dizer que a empresa tem perfil subjetivo fazer uso de metonmia para explicar o fato de que o empresrio se insere na empresa. suacabea e alma45. A expresso presta-se, tambm, para explicar a subjetivaodo patrimnio do

    empresrio46, ou como teoria tendente a superar a dissociao entre empresa e empresrio47.Sob o perfil funcional, a empresase identifica atividade empresariale representaria umconjuntodeatostendentes a organizar osfatores daproduopara a distribuioouproduo decertos bens ou servios. A empresa seria aquela particular fora em movimento que a atividadeempresarial dirigida a um determinado escopo produtivo, isto , a atividade desenvolvidaprofissionalmente e organizada para a produo de bens e servios48. A empresa no mero

    37 ALCAZAR, Mariano Baena. Rgimen jurdico de la intervencin administrativa en la economia.Madri: Technos, 1966, p. 36.

    38TEYSSI, Bernard. Droit social et modifications des structures de lentreprise. Montpellier: Libr.Techniqus,

    1978, p.14.39DELGADO. Maurcio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. LTr, So Paulo: 4. ed., 2005, p. 390.40 DURAND, Paul. Trait de droit du travail. Paris: Dalloz, 1947, p. 422/423.41CLT, art. 2: Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da

    atividade econmica, admite, assalaria e dirige a prestao pessoal de servios.42 PARDES, Markus. Le statut juridique de lentreprise Cahiers de Droit Compar, Estrasburgo: 1964, p. 65.43 PONT, Manuel Broseta. La empresa, la unificacin del derecho de obligaciones y el derecho

    mercantil. Madri: Technos, 1965, p. 294.44PERROUX, Franois. Op. cit., p. 181.45ASQUINI, Alberto. Profili dellimpresa. Rivista del Diritto Commerciale e del Diritto Generale delle Obbligazion i.

    Milo: Vallardi, 1943, ano XII, p. 1/20.46

    FERRARA, Francesco.Teoria jurdica de la hacienda mercantil

    . Madri: Revista de Derecho Privado,1950, p. 98.47 DESPAX, Michel. Lentreprise et le droit. Paris: LGDI, 1975, p. 337.48 GHIDINI, Mario. Lineamenti del diritto dellimpresa. Milo: Giuffr, 1961, p.119.

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    conjunto de atos, mas pressupe continuidade, durao e orientao destinada produopara o mercado49. Sob o perfil objetivo oupatrimonial, aempresase identificaria ao conjuntode bensdestinado ao exerccio da atividade empresarial, isto , seria um patrimnioafetado auma finalidade especfica. Nessa ptica, o empresrio opera um conjunto de bensque lhe servede instrumento para alcanar o objetivo empresarial (produo de bens ou servios para o

    mercado, com intuito de lucro). Esses bens so o objeto de sua atividade, mas no se confundemcom os bens que integram seu patrimnio pessoal50. Sob a ptica do estabelecimento, aempresa pertence categoria dos objetos51. Por fim, pelo perfil corporativo ouinstitucional, aempresa seria a instituioque rene o empresrio e seus colaboradores, ... aquela especialorganizao de pessoas que formada pelo empresrio e por seus prestadores de servio,seus colaboradores (...) um ncleo social organizado em funo de um fim econmico comum.Isto : ... o empresrio e seus colaboradores dirigentes, empregados e operrios no soapenas uma pluralidade de pessoas vinculadas entre elas por uma soma de relaes individuaisde trabalho, com fins individuais; formam, ao contrrio, um ncleo social organizado, em funode um fim econmico comum, no qual se fundam os fins individuais do empresrio e de cada

    colaborador considerado individualmente: a consecuo do melhor resultado econmico daproduo52. A idia de empresacomo instituio no isenta de crticas. Ope-se a ela aobjeo de que o conceito de empresa como instituiopressupe unidade de propsito eobjetivos comuns, quando a prtica mostra que, em regra, h permanente conflito de interessesentre dirigentes e trabalhadores53. A essa restrio ope-se Magano remarcando que posiespotencialmente conflitantes das individualidades que compem a comunidade empresarialno obstam que, num processo dialtico de superao, a empresa persiga e alcance objetivosprprios, que no se confundem com os objetivos dos diversos grupos em conflito54. Em suma:o fato de existirem na empresa interesses particulares ocasionalmente em conflito no retira aevidncia de que a empresa tem interesse unitrio, diverso dos interesses fragmentrios quecompem o seu universo de diretores, empregados e colaboradores. Qualquer que seja o

    conceito que se adote, a empresa, como uma realidadeeconmica, sujeito de direitos eobrigaes, e essa evidncia no pode escapar preocupao do direito. A idia de que essarealidade econmicapode ser titular de um direito moral nova, e nisso reside a confuso quefazem em dizer que empresa no tem honra e no pode, portanto, sofrer dano moral55. Emsentido estrito, empresa no tem honra, mas tem-na no sentido lato, de nome comercial,crdito, honorabilidade e imagem corporativaperante seus empregados, colaboradores,mercado competitivo e sociedade, todos valores integrantes de um patrimnio moral prprio deuma personalidade fictcia, jurdica, que projeta reflexos jurgenos, isto , que produz ou cria umdireito56. Numa palavra: que interessa ao direito.

    A honra da pessoa jurdica como bem tutelvelTodo ser humano titular de certos bens jurdicos pelo fato de existir como pessoa.

    Esses so os direitos da personalidade, prerrogativas ou faculdades que permitem a cada umdesenvolver aptides. Por direitos da personalidadedeve entender-se as prerrogativas do

    49MAGANO, Octavio Bueno. Op. cit., p. 36.50MAGANO, Octavio Bueno. Op. cit., p. 35.51 CASANOVA, Mario. Azienda, in Novissimo Digesto Italiano. Turim: 1958, p. 3/4.52ASQUINI, Alberto. Op. cit., p. 16.53

    CATALA, Nicole. Droit du travail: lintreprise. Paris: Dalloz, 1980, p. 148.54MAGANO, Octavio Bueno. Op. cit., p. 43.55MELO DA SILVA, Wilson. O dano moral e sua reparao. Forense, Rio de Janeiro, 3. ed., n. 272, p. 650/652.56 Dicionrio Houaiss da Lngua Portuguesa. Objetiva, Rio de Janeiro: 2001, 1. ed., p. 1694.

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    meio da pintura, da holografia, da fotografia, da escultura, do desenho, dos processos pticosou digitalizados, da figurao caricata ou estilizada, mas tambm a imagem sonora da fonografia,da radiodifuso, dos gestos e expresses dinmicas da personalidade 63cuja proteo ouviolao interessa ao direito autoral. Na segunda, abstrata, extrapatrimonial, subjetiva, eintegra a esfera ntima da personalidade humanacomo direito moralque somente o dono

    pode usar, fruir e dispor como lhe aprouver64, e esta, como pressuposto dojus imaginis, interessa responsabilidade civil e, mais notadamente, parte dela que se ocupa do dano moral peloseu uso indevido ou desautorizado, porque um dos direitos civis da personalidade. Isso no diferente com a pessoa jurdica. Para o direito, imagem toda expresso formal e sensvel dapersonalidade de um homem. , em suma, a figura, a representao, a semelhana ouaparncia de pessoa ou coisa65, a projeo dos elementos visveis que integram a personalidadehumana, a emanao da prpria pessoa66. O direito prpria imagem inato: constitui umdireito autnomo67. A afirmao da existncia de um direito de imagem no isenta de crticas,j que gente muito lida ensina que na leso ao direito de imagemo que se fere a honra68, oua sua privacidade. Imagem toda sorte de representao de uma pessoa69, ainda que se trate

    do semblante ou de parte do corpo, como cabelo, boca, mos, ps, seios, ndegas70

    . SegundoFrancesco Degni71, imagem o sinal caracterstico de nossa individualidade, a expressoexterna do nosso eu. por ela que provocamos nas pessoas, com as quais entramos em contato,

    63MORAIS, Walter, Op. cit. apud SERPA, Jos. Op. cit., p. 20.64 CHAVES, Antonio. Tratado de Direito Civil-Parte Geral apud SERPA, Jos, Op. cit., p. 69.65BELTRO, Silvio Romero. Op. cit., p. 122.66Civil. Direito de imagem. Reproduo indevida. L. n. 5.988/73, art. 49, I, f. Dever de indenizar. A imagem

    a projeo dos elementos visveis que integram a personalidade humana, a emanao da prpriapessoa, o eflvio dos caracteres fsicos que a individualizam. A sua reproduo, conseqentemente,somente pode ser autorizada pela pessoa a que pertence, por se tratar de direito personalssimo, sobpena de acarretar o dever de indenizar que, no caso, surge com a sua prpria utilizao indevida. certoque no se pode cometer o delrio de, em nome de um direito de privacidade, estabelecer-se uma redomaprotetora em torno de uma pessoa para torn-la imune de qualquer veiculao atinente sua imagem;todavia, no se deve exaltar a liberdade de informao a ponto de consentir que o direito prpriaimagem seja postergado, pois a sua exposio deve condicionar-se existncia de evidente interessepblico, a ser satisfeito, de receber informaes, isso quando a imagem divulgada no tiver sido captadaem cenrio pblico ou espontaneamente. (STJ, 4 T. Resp. 58.101, So Paulo: Rel. Csar Asfor Rocha,DJ de 16/9/97, RSTJ 104/326).

    67 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil 7 vol., Responsabilidade Civil, Saraiva, So Paulo: 17. ed.,2003, p.139.

    68ORGAZ, Alfredo. Derecho Civil argentino: Personas individuales. Buenos Aires: Depalma, 1946, p. 161.69 MORAIS, Walter. Direito prpria imagem in Enciclopdia Saraiva do Direito, p. 341, apud

    SERPA, Jos. Direito Imagem, Vida e Privacidade . Edies CEJUP, 1994, p. 2070BARBOSA, lvaro Antnio do Cabo Notaroberto. Op. cit., p. 25 relaciona dois casos ilustrativos do que

    aqui se disse: no cartaz do filme Miss Strip-tease, em Paris, reproduziu-se o corpo da atriz VeraVelmont, mas com a cabea da estrela do filme, Agns Laurent. A corista ingressou em juzo contraa montagem plstica do cartaz e obteve, alm de vultosa indenizao, o direito de ver reposta a suacabea ao corpo exposto na publicidade; no foro do Rio de Janeiro tramitou ao em que a modelo Enoli

    Larapleiteava indenizao por uso indevido de sua imagem em takepublicitrio em que aparecia decostas.71 DEGNI, Francesco. Le Persone Fisiche e i Danni della Personalit, in Trattado di diritto civile. Turim:

    Vassali, 1939, vol. 2, t. 1, p. 2001.

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    os sentimentos diversos de simpatia. ela que determina a causa principal de nosso sucessoou de nosso insucesso.A reproduo da efgie do retratado depende de sua autorizao, eno cabe, nesses casos, indagar se da publicao adveio ou no dano moral ao retratado oupropiciado quele que a veicula algum proveito ilcito. O dano re in ipsa. A ao danosacontra a imagem da pessoa jurdica nem sempre parte de terceiros. comum que tenha como

    autor o seu prprio pessoal interno, diretores ou colaboradores diretos. Nas leses honraempresarial, quase sempre o primeiro bem jurdico a ser atingido a imagemcorporativadapessoa jurdica, isto , no o que a empresa verdadeiramente , mas o que pensam dela.Imagem corporativa , portanto, o alter ego da sociedade empresria, aquele plusdeconfiabilidade que se agrega sua imagem real e que a distingue da concorrncia.

    Em trabalho monogrfico ainda indito72, esbocei algumas linhas sobre as seqelaspsquicas, fsicas e corporativas deixadas na pessoa dos empregados pelo assdio moral,tambm chamado mobbing, bullyng, bossingou psicoterror. Embora o empregado sejadiretamente atingido por esse tipo de leso, a imagem corporativa da pessoa jurdica alcanada por ricochete. O assdio moral um tipo de comportamento predatrio, doentio e

    perverso, no ambiente de trabalho, que tem por finalidade segregar a vtima e destru-la, paraque saia do caminho. Segundo alguns, a expresso mobbingprovm do verbo to mob, enganar,atacar, maltratar, assediar. Para outros, deriva de mob73, horda, plebe, gentalha, turba.Mobbing expresso pinada da Etologia, e proposta, pela primeira vez, por Niko Tinbergen eKonrad Lorenz, em estudos com gaivotas e gansos, para descrever o ataque coletivo das avesa um alvo identificado como perigoso um predador, por exemplo, onde vrios indivduos damesma espcie ou de espcies diferentes revezavam-se em sucessivas investidas paraconfundir o intruso, emitindo sons, grunhidos e ameaas distncia, chegando, s vezes, adefecar e a vomitar no agressor, ou naqueles casos em que o prprio grupo hostilizavaindivduos mais dbeis para expuls-los do bando74. Na acepo sociolgica, a expresso foiutilizada em 1972 pelo mdico sueco Peter Heinemann para descrever o comportamento

    destrutivo de crianas, isoladamente ou em grupos, fora das salas de aulas, e dirigido, a maisdas vezes, contra uma nica criana. Na linguagem jurdica, o termo vem sendo disseminadoem sentido oposto ao que tinha na origem: enquanto Tinbergen e Lorenz lhe emprestaramsentido de agresso da vtima ao predador, na linguagem do foro a expresso traduz o processoinverso, isto , de agresso do predador contra a vtima. No mobbing, o seqestro psquicorouba vtima a sua escritura de pessoa, o seu estatuto original. O objetivo do agressor aniquil-la para expuls-la do caminho. uma invaso progressiva do territrio psquico dooutro, um tipo de violncia subterrnea75 qualificado por uma sucesso nefasta de atos volta-dos silenciosa destruio psicolgica da vtima a fim de encurral-la num gueto, desconstruira sua identidade e for-la a abandonar o emprego. A vtima do mobbingprecisa urgentemente

    de um resgate. Abandonada prpria sorte, o fim da linha a apatia, a frustrao, a depresso,a demncia mental, o desinteresse pelo emprego, pela vida social e familiar, o apego sdrogas, bebida, ao desregramento social e, por fim, o suicdio. O mobbing, ou assdio

    72 Assdio Moral nas Relaes de Trabalho , Monografia apresentada em 2008 Escola daMagistratura da Justia do Trabalho no Estado do Rio de Janeiro EMATRA/RJ para oConcurso de Ensaio Jurdico sobre Direito do Trabalho Prmio Dlio Maranho.

    73

    Na lngua inglesa, Mob, em maiscula, significa mfia.74AROCHENA, Jos Fernando Lousada. Acidente de Trabalho e Riscos Psicossociais Cadernosde Direito Previdencirio n. 292, Ano 25, abr/2008, Ed. Notadez, p. 55/63.

    75HIRIGOYEN, Marie-France. Op. cit., p.16.

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    emocional e parte para a agresso fsica, ou se mata. H outro desdobramento igualmente perverso:fragilizada, a vtima passa a reagir de modo desproporcional agresso, superestimandopalavras ou gestos do assediador, que, fosse outro o contexto, provavelmente no tivessesobre ela tamanho impacto. Essa susceptibilidade aflorada tudo o que o mobberprecisa parareforar o discurso de que a vtima era, mesmo, pessoa desequilibrada, de trato difcil ou

    emocionalmente instvel. Sem que se dem conta, os colegas da vtima aceitam a verso doassediador e multiplicam a agresso. Dessa presso contnua do assediador sobre a vtimasurge o burn out 79, isto , a exausto emocional, ou o estresse. A vtima no se v como pessoatil nem cr na humanidade do outro, passa a considerar o trabalho simples mercadoria desubsistncia, desinteressa-se por manter ou criar relaes interpessoais, sociais e familiares,desespera-se, deprime-se pela fadiga e pela sensao de derrota e, ao fim, desiste do trabalhoou da prpria vida. Essa apatia destri o meio ambiente de trabalho e repercute na imagemexterna da pessoa jurdica, causando-lhe um dano moral que precisa ser reparado com apunio do autor da leso. Alm disso, no plano psquico, a vtima responde de modoinadequado tenso do ambiente de trabalho, descompensa-se, perdeo eixo, tem dificuldade

    deaprendizagem, insnia, pesadelos, impotncia, amenorria, bulimia, insegurana, apatia,transtornos de humor, angstia e depresso crnicas, destri, voluntariamente, os poucoslaos afetivos que lhe restam e evita restabelecer novos vnculos, isolando-se num gueto doqual dificilmente sair sem ajuda teraputica. Amigos e familiares se afastam, casamentos seabalam ou se desfazem, as vtimas se oneram com tratamentos psicolgicos, examesespecializados, perda de bens e desinteresse pelo emprego. Esse estado de catatonia impe pessoa jurdica um custo adicional e , tambm, uma forma de dano moral, um dano moralreflexo, conseqncia inegvel daquela primeira leso moral. Afora a degradao do meioambiente de trabalho,cuja preservao de responsabilidade da empresa80, as leses causadas pessoa jurdica pelos prprios empregados ou diretores, ou terceiros, como o mobbing, v.g.,atingem a sociedade empresria na sua poltica de governanacorporativa, impondo-lhe

    custos tangveis e intangveis. O custo corporativo imediato a elevao do turnover, comacrscimo de despesas com recrutamento, seleo e treinamento de novos empregados,aumento do passivo trabalhista com indenizaes e elevao do ndice de acidentes fatais81.Aumenta o absentesmo fsico e psicolgico82. Decrescem a produo e a qualidade do trabalho,o que implica retrabalho. Dentre os custos intangveis, a doutrina refere ao passivo patolgico83,isto , ao abalo na reputao84e na sua imagem85,com deteriorao da qualidade do dilogocom o pblico externo, retrao da criatividade e da motivao do grupo de trabalho e danos emmaquinrio ou equipamentos por despreparo ou tenso latente.

    79 Termo cunhado por Freudenberg, em 1974.80CF/88, art. 225, 3.81 OLIVEIRA, Sebastio Geraldo de. Indenizaes por Acidente do Trabalho ou Doena Ocupacional.

    LTr, 2006, 2. ed., p. 26.82 Mesmo presente, o empregado finge que trabalha.83 OLIVEIRA, Sebastio Geraldo de. Op. cit., p. 31.84TORRES, Patrcia de Almeida. Direito Prpria Imagem. So Paulo: LTr, 1998, p. 127, diz: A doutrina

    majoritria acolhe a idia de que os entes morais apenas podero ser lesados em sua reputao (crdito,confiana e bom nome), podendo assim ser sujeitos passivos de ilcito e/ou credores da obrigao deindenizar, decorrentes de prejuzos materiais e morais.

    85 KOHLER, Josef. Das Eigenbild im Recht, in Revista Interamericana de Direito Intelectual, So Paulo:

    vol. 2, p. 52, jul-dez/1979. Imagem o sinal caracterstico da individualidade, expresso externa donosso eu. toda expresso capaz de fazer sensvel um objeto que em si mesmo carea de suscetibilidadepara se manifestar. Constitui o sinal sensvel da personalidade. A imagem determina a causa principal denosso sucesso ou de nosso insucesso.

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    produo ou de sua vida econmica, mas da confianaque lhe devota o mercado para o qualse dirige e destina sua produo de bens ou servios. Quando se diz que a leso moral abalao crdito da pessoa jurdica, quer-se dizer que essa invaso ilcita do seu territrio moral podeafetar tanto a confiana (capacidade de tomar emprstimos que reforcem o lastro do capitalsocial) que inspira naqueles que com ela entabulam negcios quanto a sua credibilidade

    (confiabilidade que desfruta perante seus consumidores potenciais quanto qualidade esegurana dos seus produtos ou servios). O timo crdito provm do latim creditum, crederee significa ato de f, disposio de confiana de um credor. Popularmente, quando se diz quetal e qual sujeito merece crdito, significa dizer que costuma honrar a palavra empenhada e, portanto, merecedor de confiana. O crditode uma pessoa jurdica pode ser afetado porvrios modos por uma ao antijurdica dos empregados, scios ou diretores, de fornecedores,consumidores ou concorrentes. De modo geral, a falta de uma boa governana corporativa, ossistemticos eventos ligados notcia de pirataria de software, tecnologia ou produtos, asnotcias falsas de falncia ou de auto-falncia, os desmandos dos dirigentes, os casos rumorososde clonagem de cartes corporativos ou de documentos imprescindveis aos negcios, os

    recorrentes casos de assdio moral ou sexual, o protesto indevido de ttulos, o dissenso entrediretores, a denunciao caluniosa, a excluso de processos licitatrios, as dvidas sociais coma seguridade social e com o imposto de renda, o gigantismo dos passivos fiscal, tributrio outrabalhista, a degradao do meio ambiente de trabalho90com prticas deletrias de gesto, osacidentes de trabalho, em pequenas ou grandes propores, os escndalos financeirosenvolvendo os negcios ou seus diretores, os danos ecolgicos de responsabilidade daempresa, o trabalho escravo ou infantil, a falta de observao das leis previdencirias, trabalhistase de sade pblica dos empregados e o mau atendimento ao pblico, diretamente ou por meiode um inadequado servio de atendimento ao consumidor, a par dos reiterados casos de recallde peas ou servios so os eventos mais comuns que abalam o crdito da pessoa jurdica. Seempresa a atividadeeconmica organizadapara o mercado, com finalidade lucrativa,

    obter lucrosignifica alcanar o sucesso desse empreendimento mercantil, isto , atingir seuobjetivo social. claro que outros propsitos mais nobres alm da simples obteno de lucroinformam a empresa, mas, para os empregados e para aqueles que lhe emprestam capital, olucro satisfaz, em princpio, a seus anseios mais imediatos. No h empresa auto-suficiente.Como organismo que interage com o mercado, a empresa se sujeita s suas vicissitudes eest, constantemente, necessitada de crdito. O que releva dizer que qualquer ao injurdicapraticada contra a pessoa jurdica pode ferir a sua honra empresarial, isto , o seu bomnome, a sua reputao comercial, a sua higidez econmicae a estabilidadedos negcioseafetar o trfico comercial com a clientela e o nvel do seu dilogo com o seu pblico compulsrio.

    crdito que a de Brunner, com os acrscimos de Vivante: ttulo de crdito um documento necessriopara o exerccio do direito literal e autnomo nele mencionado. , por sinal, a definio que est no art. 887do nosso Cdigo Civil. No cabe nos limites deste ensaio falar nas caractersticas dos ttulos de crdito,ou se se classificam no direito das coisas, no direito das obrigaes etc.

    90 Meio ambiente o conjunto de condies, leis, influncias e interaes de ordem fsica, qumica ebiolgica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Desdobra-se em meio ambienteartificial, natural, cultural e de trabalho, este considerado meio ambiente artificial especial, e consistenteno complexo de bens mveis e imveis de uma empresa, e de uma sociedade, objeto de direitossubjetivos privados e de direitos inviolveis da sade e da integridade fsica dos trabalhadores. O direito aomeio ambiente de trabalho uma garantia constitucional. Sua proteo liga-se dignidade da pessoa

    humana. A subordinao jurdica pe o trabalhador na condio de devedor do trabalho, e o patro, na decredor. A natureza onerosa, sinalagmtica e comutativa do contrato de trabalho iguala-os juridicamentepara que um no se locuplete custa do outro. Dentre os deveres fiducirios do patro est o de respeitaro trabalhador em sua estrutura emocional e psquica, e na sua dignidade de pessoa.

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    ao mesmo tempo, compensar a dor moral da vtima e desestimular o autor da agresso 95. Essaquantia tem carter punitivo. No se trata de reparao como restitutio in integrum96, pois nose pode conhecer exatamente a extenso do dano, nem pretium doloris porque dor no sepaga por dinheiro. um conforto material que no pode ser exorbitante a ponto de constituir lucrocapiendo97 nem minguado de modo a deixar a sensao de impunidade98. Se houver excessivadesproporoentre a gravidade da culpa e o danoo juiz pode reduzir, eqitativamente, ovalor da indenizao99. Como essa adequao eqitativa refere-se a graus de culpa100, a regra dopargrafo nico do art. 944 do Cdigo Civil somente se aplica aos casos de responsabilidadesubjetiva, porque, nos demais, a responsabilidade objetivae prescindeda culpa101. Adoutrina faz crtica severa a essa possibilidade de diminuio, pelo juiz, porque, se indenizar repor a vtima ao statu quo ante, indenizar pela metade responsabiliz-la pelo resto102. Anatureza jurdica da quantia em dinheiro que se pede por leso moral compensatria103, e noindenizatria104. O juiz arbitra105 uma quantia que possa, ao mesmo tempo, compensara dormoral da vtima e desestimularo agressor de reincidir na conduta lesiva106. Ao fix-la, o juiz

    deve ater-se ao princpio de que o dano no pode ser fonte de lucro107

    . Como no se trata deindenizao, mas reparaoda leso moral, na fixao do quantumreparatrio o juiz deve

    valer-se dos seguintes parmetros108:

    95 BODIN DE MORAES, Maria Celina. Danos Pessoa Humana Uma leitura civil-constitucionaldos danos morais. Renovar, Rio de Janeiro, 2003, p. 227.

    96 Restituio integral, indenizao pelo todo.97 Captao de lucro.98 SILVA PEREIRA, Caio Mrio da. Responsabilidade Civil. Forense, Rio de Janeiro: 1977, p. 316/317.99 Cd. Civil, art. 944, pargrafo nico.100 O art. 945 do Cdigo Civil diz o seguinte: Se a vtima tiver concorrido culposamente para o evento danoso,

    a sua indenizao ser fixada tendo-se em conta a gravidade da sua culpa em confronto com a do autordo dano.

    101

    Enunciado n 46aprovado na Jornada de Direito Civil realizada em set/2002 pelo Centro de EstudosJudicirios do Conselho da Justia Federal.102 PIZZARO, Ramon Daniel. Dao Moral. Buenos Aires: Ed. Hammurabi, 1996.103 MARMITT, Arnaldo. Op. cit., p. 129, diz: A dificuldade em encontrar em muitos casos uma estimao

    adequada ao dano moral, ao sentimento ntimo de pesar, no deve jamais impedir a fixao de umaquantia compensatria, que mais se aproxime do justo, ao menos para abrandar a dor e para servirdelenitivo prostrao sofrida. No se exige uma exata e eqitativa reparao, mas que simplesmenteparea justa e razovel para cada caso.

    104 BITTAR,Carlos Alberto. Op. cit., p. 25/26, apoiando-se em Genevive Viney, Les obligations LaResponsabilit: conditions, 1982, Paris: Librairie Gnrale, 1982, p. 50.

    105 MARMITT, Arnaldo. Op. cit., p. 138: E como a lei no oferece melhores elementos ao magistrado, a elese torna permitido usar de todos os mecanismos lcitos para construir a maneira de reparar o mal

    causado, maneira essa que lhe parea a mais adequada e justa possvel.106 BODIN DE MORAES, Maria Celina. Op. cit., p. 227.107 CAVALIERI FILHO, Sergio. Op. cit., p. 81.108 DINIZ, Maria Helena. Responsabilidade civil. 7 vol., 17. ed., Saraiva, Rio de Janeiro, 2003, p. 87/97.

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    a) evitar indenizao simblica e enriquecimento sem justa causa,ilcito ou injusto da vtima. A indenizao no poder ter valorsuperior ao dano, nem dever subordinar-se situao de penriado lesado; nem poder conceder a uma vtima rica uma indenizaoinferior ao prejuzo sofrido, alegando que sua fortuna permitiria

    suportar o excedente do menoscabo;b) no aceitar tarifao, porque esta requer despersonalizao edesumanizao, e evitar porcentagem do dano patrimonial;

    c) diferenciar o montante indenizatrio segundo a gravidade, aextenso e a natureza da leso;

    d) verificar a repercusso pblica provocada pelo fato lesivo e ascircunstncias fticas;

    e) atentar s peculiaridades do caso e ao carter anti-social daconduta lesiva;

    f) averiguar no s os benefcios obtidos pelo lesante com o ilcito,mas tambm a sua ulterior situao econmica;

    g) apurar o real valor do prejuzo sofrido pela vtima;

    h) levar em conta o contexto econmico do pas. No Brasil nohaver lugar para fixao de indenizao de grande porte, como asvistas nos Estados Unidos;

    i) verificar a intensidade do dolo ou o grau de culpa do lesante109;

    j) basear-se em prova firme e convincente do dano;

    l) analisar a pessoa do lesado, considerando a intensidade de seusofrimento, seus princpios religiosos, sua posio social ou poltica,sua condio profissional e seu grau de educao e cultura;

    m) aplicar o critrio de justum ante as circunstncias particulares docaso sub judice110,buscando sempre, com cautela e prudnciaobjetiva, a eqidade.

    ConclusoEmpresa uma realidade econmica111, centro de deciso capaz de adotar estratgia

    voltada produo de bens e servios

    112, combinao defatores de produo

    terra, capital,trabalho ou unidade de produo quetrabalha para o mercado113 e, como tal