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E o mangues AMBIENTE revista do meio Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental Acesse: www.portaldomeioambiente.org.br ano V • fevereiro 2012 45 9772236101004 ISSN 2236-1014 Animais não são humanos, afirma juiz dos EUA Especial Porto do Açú Lixo: reduzir, reutilizar, reciclar e repensar Código Florestal ameaça Contra uma avalanche verde

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Edição 45 da Revista do Meio Ambiente

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Acesse: www.portaldomeioambiente.org.br

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ISSN 2236-1014 Animais não são humanos, afi rma juiz dos EUA

Especial Porto do AçúLixo: reduzir, reutilizar, reciclar e repensar

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nesta edição

• Saiba mais sobre a Rebia: www.portaldomeioambiente.org.br/pma/REBIA-OSC/o-que-e-a-rebia.html• Participe do Fórum dos leitores e voluntários da Rebia: http://br.groups.yahoo.com/group/rebia/• Acompanhe a Rebia no Twitter: https://twitter.com/#!/pmeioambiente• Participe da Rebia no Facebook: www.facebook.com/groups/311542508874299/378356505526232/• Participe da Rebia no Orkut: www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=800116• Blog dos moderadores da Rebia: http://blog-rebia.blogspot.com/Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental: organização da sociedade civil, sem fi ns lucrativos, com a missão de contribuir para a formação e mobilização da Cidadania Ambiental planetária através da democratização da informação ambiental e da educação ambiental com atuação em todo o território nacional, editando e distribuindo gratuitamente a Revista do Meio Ambiente e o Portal do Meio Ambiente. CNPJ: 05.291.019/0001-58. Sede: Trav. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - 24370-290 – Site: www.rebia.org.brConselho Consultivo e EditorialAdalberto Marcondes, Ademar Leal Soares, Aristides Arthur Soffi ati, Bernardo Niskier, Carlos A. Muniz, David Man Wai Zee, Flávio L. de Souza, Keylah Tavares, Luiz A. Prado, Maurício Cabral, Paulo Braga, Raul Mazzei, Ricardo Harduim, Rogério Álvaro S. de Castro, Rogério RuschelDiretoria ExecutivaPresidente: Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista Moderadores dos Fóruns RebiaRebia Nacional ([email protected]): Ivan Ruela – gestor ambiental (Aimorés, MG)Rebia Norte ([email protected]) – Rebia Acre: Evandro J. L. Ferreira, pesquisador do INPA/UFAC • Rebia Manaus: Demis Lima, gestor ambiental • Rebia Pará: José Varella, escritorRebia Nordeste ([email protected]) – Coordenador: Efraim Neto, jornalista ambiental • Rebia Bahia: Liliana Peixinho, jornalista ambiental e educadora ambiental • Rebia Alagoas: Carlos Roberto, jornalista ambiental • Rebia Ceará: Zacharias B. de Oliveira, jornalista, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente • Rebia Piauí: Dionísio Carvalho, jornalista ambiental • Rebia Paraíba: Ronilson José da Paz, mestre em Biologia • Rebia Natal: Luciana Maia Xavier, jornalista ambientalRebia Centro-Oeste ([email protected]): Eric Fischer Rempe, consultor técnico (Brasília) e Fabrício Fonseca Ângelo, jornalista ambiental Rebia Sudeste ([email protected]) - Rebia Espírito Santo: Sebastião Francisco Alves, biólogo Rebia Sul ([email protected]) - Coordenador regional: Paulo Pizzi, biólogo • Rebia Paraná: Juliano Raramilho, biólogo • Rebia Santa Catarina: Germano Woehl Junior, mestre e doutor em Física. Rio Grande do Sul: Julio Wandam - Os Verdes de Tapes/RS e GT de Comunicação da Rede Bioma Pampa, fi liada a APEDeMA/RSPessoa JurídicaA Rebia mantém parceria com uma rede solidária de OSCIPs (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que respondem juridicamente pela fi nanças dos veículos de comunicação e projetos da Rebia:• Associação Ecológica PiratingaúnaCNPJ: 03.744.280/0001-30 • Sede: R. Maria Luiza Gonzaga, nº 217, Ano Bom - Barra Mansa, RJ • CEP: 27323-300 • Utilidade Pública Municipal e isenta das inscrições estadual e municipal • Prima – Mata Atlântica e Sustentabilidade(Ministério da Justiça - registro nº 08015.011781/2003-61) – CNPJ: 06.034.803/0001-43 • Sede: R. Fagundes Varela, nº 305/1032, Ingá, Niterói, RJ - CEP: 24210-520 • Inscrição estadual: Isenta e inscrição Municipal: 131974-0www.prima.org.br

Capa - Dia Mundial das Áreas Úmidas16 Código Florestal ameaça mangues por Karina Ninni

17 Mobilização em prol dos manguezais agitou o Rio / Meu gentil manguezal

18 Presidente acena com vetos ao Código Florestal por Cristiane Agostine

Animais13 Animais não são humanos por Luiz Prado

Lixo e reciclagem14 Lixo e a necessidade de reduzir, reutilizar, reciclar e repensar por Laerte Scanavaca Júnior

Especial - Porto do Açú21 Embargo no Açú? por Aliança RECOs

22 Entrevista com Arthur Soffi ati por Patricia Fachin e Thamiris Magalhães

Rio+2024 Contra uma avalanche verde, aposta nos territórios do futuro por Lívia Duarte

Os artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

Redação: Tv. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - 24370-290 • Tel.: (21) 2610-2272Editor e Redator-chefe: Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista. Em 1999 recebeu o Prêmio Global 500 da ONU para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas • www.escritorvilmarberna.com.br http://escritorvilmarberna.blogspot.com/ Contatos: [email protected] • Celulares (21) 9994-7634 e 7883-5913 ID 12*88990Editor Científi co: Fabrício Fonseca Ângelo, jornalista, mestre em Ciência Ambiental, especialista em Informação Científi ca e Tecnológica em Saúde Pública • (21) 2710-5798 / 9509-3960 • MSN: [email protected] Skype: fabricioangelo • www.midiaemeioambiente.blogspot.comDiretora de Atendimento: Inês de Oliveira Berna – professora e bióloga Pós-graduada em Meio Ambiente • (21) 9994-7634 • [email protected] Técnico: Gustavo Berna – biólogo marinho, pós-graduado em gestão ambiental – (21) 8751-9301 • [email protected]ção gráfi ca: Projeto gráfi co e diagramação: Estúdio Mutum • (11) 3852-5489 Skype: estudio.mutum • [email protected]ão: Imprinta Express Gráfi ca e Editora Ltda. Comercial:Representação em Brasília: Minas de Ideias Comunicação Integrada (Emília Rabello e Agatha Carnielli • Brasília (61) 3408-4361 / 9556-4242Rio de Janeiro: (21) 2558-3751 / 9114-7707 • [email protected]: agatha.cn • www.minasdeideias.com.br

• Tripé capenga: sustentabilidade, RIO + 20 e políticos• Vale vence prêmio de pior empresa do mundo• Novos rumos para um planeta em crise• Modelo de transparência• Rio de Janeiro terá primeira bolsa verde do Brasil • Desenvolvimento e desafi os da região Sul Fluminense• Um encontro de sucesso • Entrevista com Rechuan• Boa vontade contra o problema do lixo• Nunca abandone seu melhor amigo• Ameaças ambientais• Tipos de pilhas e seus problemas• Condições climáticas online• Mudanças climáticas: qual o seu lado da verdade?• É lenha• Notícias da legislação ambiental• Cresce emissão de licenças pelo Ibama• Guia do Meio Ambiente

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Revista ‘Neutra em Carbono’

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editorial

O tripé (capenga)da sustentabilidade, a RIO + 20 e os nossos políticos

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A natureza, o planeta, os animais, as florestas,

as águas – que nos nutrem, nos permitem viver – não votam. Nós é que

temos de votar por eles

O Ministério do Meio Ambiente é um dos menores orçamentos da República. E, ainda assim, consegue perder mais ainda, ano após ano. Em 15/02/2012, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) perdeu 19% dos valores previstos originalmente na Lei Orçamentária Anual. São R$ 197 milhões a menos, dos R$ 1,01 bilhão previsto. Terá para inves-timentos em 2012 o montante de R$ 815 milhões. No ano passado, o corte no ministério do Meio Ambiente foi de R$ 398 milhões (o equivalente a 37% do montante inicial).

Em junho teremos a RIO+20, quando o mundo todo estará de olhos voltados para o Brasil. O tema em pauta é a sustentabilidade, com ên-fase em três questões, o combate à fome, a economia verde e a gover-nança global. O evento na verdade são dois, como foi na ECO 92. Um oficial, dos líderes de governo, onde as decisões precisam ser por con-senso e ainda dependem do aval dos cinco maiores e mais poderosos países e que costumam não gostar muito de regras que imponham li-mites aos seus modelos de desenvolvimento e governança, em boa par-te, raízes dos problemas que o mundo vive hoje. Sorte nossa é que existe outro evento, este organizado pela sociedade civil, com o pé no chão da realidade, e que pressiona pelo mundo melhor que merece e que sabe que e possível.

Cinco meses depois deste grande evento, o Brasil estará votando para escolher seus novos prefeitos e vereadores, ou para reeleger os que já es-tão aí. Então, será natural que os candidatos aproveitem qualquer espa-ço para divulgar suas campanhas. Ainda bem, por que o que a sociedade mais precisa agora – para reencontrar os caminhos entre o sonho e o pos-sível –, é o exercício da boa política, capaz de intermediar conflitos que são naturais numa democracia. A falsa ideia de que político é tudo igual e nenhum presta é um desserviço à democracia e só contribui para manter no poder os maus políticos.

O Brasil sempre se equilibrou sobre um tri-pé capenga, tão desproporcionalmente, que fica praticamente impossível equilibrar-se em pé. Em primeiro lugar, uma exagerada ênfase no crescimento econômico. Em segundo, nas questões sociais, mas no que diz respeito ao econômico, com sua ênfase na inclusão dos ex-cluídos ao mercado de consumo, para aumen-tarem os lucros do econômico. E, finalmente, em terceiro, com bem pouquinha ênfase, na lanterninha dos interesses da sustentabilida-de, as questões ambientais, que com a econo-mia verde, ganha alguma chance de ser consi-derada pelos setores econômicos interessados em novos nichos de mercado e de lucros.

É bem comum criticarmos prefeitos, verea-dores, governadores, a Presidência da Repúbli-ca de não cuidarem direito do meio ambien-te. São críticas naturais e até desejáveis, natu-rais numa sociedade democrática. Entretanto, nem sempre são justas, principalmente quan-do apenas cobram maior compromisso am-biental e com a sustentabilidade de nossos go-vernantes e dos empresários, mas na hora de votar, ou de consumir, tais questões não são prioritárias para eleitores e consumidores.

É a maioria que dá força aos poderosos quan-do os elege e reelege. É essa maioria, com falsos sonhos de consumo, que enriquece os

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cidadania ambiental

grandes grupos econômicos. Então, para ser-mos justos, a qualidade dos políticos e dos em-presários que temos representa a vontade da maioria do povo brasileiro. E a maioria já foi responsável pela crucificação de Jesus ou pela subida do Hitler ao poder.

Não conseguiremos sair de uma situação onde o meio ambiente é tratado com pouco caso para outra em que meio ambiente, eco-nomia e o social sejam vistos equilibradamen-te, sem que consigamos chegar à maioria.

As questões da sustentabilidade ainda não são assunto de mesa de bar, de pagodes, ou de bate papo na esquina – e deveriam ser. E este é um grande desafio para jornalistas, educado-res, artistas e todos que lidam com o publico e multiplicam opinião. Falar uma linguagem que seja percebida por todos, traduzirem o ecologês para as carências de nossa sociedade, falar para segmentos da opinião pública que muitas vezes não compreendem como um mico-leão-dourado, uma baleia, ou uma flo-resta podem merecer mais atenção e recursos que um ser humano que sobrevive dos restos que consegue achar no lixo.

Somos quase 200 milhões de pessoas, com enorme dificuldade de acesso às informações sobre meio ambiente e sustentabilidade, a não ser aquelas informações que reforçam a ideia de que meio ambiente é assunto de plan-tinhas e bichinhos, muito bonitinhos e impor-tantes, mas pouco prioritários quando o que estiver em questão for o progresso humano.

A humanidade está, de certa maneira, diante da mesma mudança radical de ponto de vista proposta por Galileu, que quase morreu na fo-gueira da Inquisição ao afirmar que era a Terra que girava em torno do Universo, e não o con-trário. Não somos nós que somos os donos da natureza. É o contrário. Por mais especial que nossa espécie se considere, a natureza não precisa de nós, mas é o contrário.

O evento paralelo à RIO+20 permitirá a cada um de nós mostrar que mudamos de visão. As eleições também. A natureza não vota. Então, precisamos votar por ela, não que ela precise de nós para alguma coisa, nós é que precisamos dela. Ou descemos do salto alto da nossa cobiça e arrogância humanas, e reaprendemos a convi-ver com o Planeta, ou mais cedo ou mais tarde, não teremos mais condições de nos adaptar. * Vilmar Sidnei Demamam Berna é escritor e jornalista, fundou a Rebia - Rede Brasileira de Informação Ambiental (rebia.org.br), em janeiro de 1996 fundou o Jornal do Meio Ambiente e, em 2006, a Revista do Meio Ambiente e o Portal do Meio Ambiente (portaldomeioambiente.org.br). Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas

A companhia Vale ganhou o ‘Nobel’ da vergonha corporativa no Public Eye Awards, que elege por voto popular a pior empresa do mundo

dO mundOVale vence prêmio de pior empresa

O prêmio foi criado pelo Greenpeace da Suíça e Declaração de Ber-na e o vencedor é sempre revelado durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

Para as entidades que indicaram a Vale ao prêmio – a Articulação In-ternacional dos Atingidos pela Vale, representada no Brasil pela Rede Justiça nos Trilhos, e as ONGs Amazon Watch e Xingu Vivo para Sempre –, o fato de a Vale ser uma multinacional presente em 38 países e com impactos espalhados pelo mundo, ampliou o número de votantes.

Para os organizadora do Public Eye, um fator determinante para a en-trada da Vale na disputa entre as piores foi a adesão em 2010 no Consór-cio Norte Energia, que constrói a usina de Belo Monte, no Rio Xingu.

“Para as milhares de pessoas, no Brasil e no mundo, que sofrem com os desmandos desta multinacional, que foram desalojadas, perderam casas e terras, que tiveram amigos e parentes mortos nos trilhos da fer-rovia Carajás, que sofreram perseguição política, que foram ameaçadas por capangas e pistoleiros, que ficaram doentes, tiveram filhos e filhas explorados, foram demitidas, sofrem com péssimas condições de tra-balho e remuneração e tantos outros impactos, conceder à Vale o título de pior corporação do mundo é muito mais que vencer um prêmio. É a chance de expor aos olhos do planeta seus sofrimentos e trazer cen-tenas de novos atores e forças para a luta pelos seus direitos e contra os desmandos cometidos pela empresa”, afirmaram representantes das entidades que encabeçaram a campanha contra a mineradora.

O resultado final foi: Vale (25.041 votos), Tepco (24.245 votos), Samsung (19.014), Barclays (11.107), Syngenta (6.052) e Freeport (3.308). Fonte: www.observatoriodopresal.com.br, com informações de Xingu Vivo para Sempre e Caros Amigos

“Transformamos florestas tropicais em minas e represas. Custe o que custar”

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“Mundo Sustentável 2: novos rumos para um planeta em crise” reúne reportagens veiculadas na Globo News e na Rádio CBN, artigos publicados em jornais, revistas e sites, além de textos inéditos de convidados muito especiais, entre eles, Adalberto Veríssimo, Marcos Terena, Paulo Saldiva, Roberto Schaeff er, Roberto Smeraldi, Samyra Crespo, Sérgio Abranches e Suzana Khan. O prefácio coube ao mestre e amigo Washington Novaes. (André Trigueiro)

ecoleitura

nOvOs rumOspara um planeta em crise

Onde a economia de baixo carbono já é re-alidade? Como medir o valor monetário dos serviços ambientais prestados pelos ecossistemas?

Por que o país campeão mundial de água doce necessita de investimentos urgentes para evitar o colapso no abastecimento?

Quais os principais desafios do Brasil na era da Política Nacional de Resíduos Sólidos?

É possível ser feliz sem se render aos apelos da sociedade de consumo?

Onde o planejamento urbano faz a diferen-ça em favor da saúde e do bem estar?

Qual o papel da comunicação na constru-ção de uma sociedade sustentável?

Como pensar a escola e universidade num mundo que experimenta uma crise ambien-tal sem precedentes?

Estes e outros assuntos referenciais para o socioambientalismo aparecem em destaque no livro. A totalidade dos direitos autorais fo-ram cedidos para o CVV (Centro de Valoriza-ção da Vida) que está completando 50 anos de serviço voluntário de apoio emocional e prevenção do suicídio (www.cvv.org.br).Fonte: www.mundosustentavel.com.br

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sustentabilidade

Em reunião em 3 de fevereiro, o procurador da República Rodrigo da Costa Lines, do Ministério Público Federal (MPF), sediado em Volta Re-donda (RJ) – que atende a treze cidades no Vale do Rio Paraíba do Sul e representantes das ONGs Educa Mata Atlântica e da Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia) concordaram em fi rmar um Termo de Co-operação Técnica, sem ônus entre as partes, para assegurar maior aces-so do público às informações ambientais no âmbito do MPF da região. Em breve, a sociedade terá acesso ao conteúdo integral dos Termos de Ajus-te de Conduta (TACs), assinados no âmbito daquele MPF, através dos sites da Rebia a da Educa Mata Atlântica, além no site do próprio MPF.

A Rebia teve acesso ao estudo do Dr. Lucivaldo Vasconcelos Barros, mestre e doutorando em Desenvolvimento Sustentável pela UnB, sobre o direito à in-formação, onde defende que se trata de pedra fundamental da transparência administrativa e medida de controle popular do Estado e tem seu gênesis na Declaração Francesa de 1789 e na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948. O direito de se informar consiste na faculdade de o indivíduo buscar as informações desejadas sem qualquer espécie de impedimento ou obstrução, e, por tratar-se de um direito difuso, transindividual, cujos titulares são pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato, emerge um forte vínculo do Poder Público com a transparência e com a publicidade. Segundo o Dr. Lu-civaldo, este acesso pelo cidadão às informações de interesse público estão na base do Estado moderno, portanto, cabe ao Estado assegurar mecanismos que dêem ao cidadão a efetiva comunicação dos atos públicos, não apenas como mera publicidade, mas, sobretudo, como uma prestação de contas das ativida-des que realiza ou delega, da forma mais transparente possível.

Em relação aos TACs e às medidas compensatórias de licenças ambientais, pode se dizer tudo, menos que são transparentes e de acesso à sociedade. A Rebia, por exemplo, só conseguiu obter acesso ao TAC da REDUC, fi rmado

mOdelOde transparência

MPF em Volta Redonda dá exemplo de transparência às informações de interesse público

entre a Petrobras e o Inea, através do Ministé-rio Público Federal. O direito de acesso a infor-mação socioambiental deveria ser visto como uma espécie de fermento do desenvolvimento sustentável e fonte de afi rmação de valores, de-sempenhando importante papel no equacio-namento da política ambiental, em que os ci-dadãos possam obter “melhores condições de atuar sobre a sociedade, de articular mais efi -cazmente desejos e ideias e de tomar parte nas decisões que lhe dizem respeito diariamente”.

O Dr. Rodrigo afi rmou na ocasião que irá su-gerir aos órgãos ambientais que façam o mes-mo. “A parceria com a sociedade civil organi-zada é importante para que nós, do Ministério Público, possamos agir com ainda maior pres-teza nos casos de descumprimento de TACs ou de graves danos ambientais”.

Rodrigo da Costa Lines e a ambientalista Rita Souza, da Educa Mata Atlântica

Lei nº 12.527, de 18/11/2011Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências.• Art. 8 | É dever dos órgãos e entidades públicas promover, independentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas

competências, de informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas.§ 2o Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e entidades públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos legítimos de que dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios ofi ciais da rede mundial de computadores (internet).• Art. 11 | O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conceder o acesso imediato à informação disponível.• Art. 32 | Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabilidade

do agente público ou militar:I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa;§ 2o Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou agente público responder, também, por improbidade administrativa, conforme o disposto nas Leis nos 1.079, de 10 de abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de 1992.

Nova Lei Federal permite abrir a “caixa preta” ambiental

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A íntegra da Lei: www.planalto.gov.br/c civil_ 03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12527.htm

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mudanças climáticas

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bOlsa verde dO brasilA Bolsa Verde Rio tem como missão desenvolver um mercado de ativos ambientais, como créditos de carbono, créditos de efl uentes industriais, créditos de logística reversa e reciclagem, entre outras commodities. A proposta nasceu como um desdobramento da Lei Estadual 5.690 que instituiu a Política Estadual do Clima

Rio de Janeiro terá primeira

Com o objetivo de promover a economia verde no estado do Rio de Ja-neiro a Secretaria de Estado do Ambiente, a Secretaria de Fazenda do Município do Rio e a BVRio (associação civil sem fi ns lucrativos) fi r-maram acordo de cooperação para desenvolver o mercado de ativos ambientais e criaram a primeira Bolsa Verde do Brasil, com sede na cidade do Rio de Janeiro e início de operação previsto para abril de 2012. O evento foi aberto pela subsecretária de Economia Verde da Secretaria de Estado do Ambiente, Suzana Kahn.

O estudo sobre os custos dos abatimentos das emissões de gases de efeito estufa do segmento industrial traz o detalhamento dos custos de cada se-tor do segmento industrial. A partir de agora, a Secretaria de Estado do Am-biente poderá estabelecer as metas de redução para cada setor.

Para o coordenador da Câmara de Mudanças Climáticas do CEBDS, Fer-nando Malta, a iniciativa do Rio com a criação da Bolsa Verde e a defi nição dos custos das emissões é fundamental. “ Terá um escopo muito maior que o simples comércio de emissões de carbono ao envolver também resíduos, fl orestas, efl uentes e outros, mas também será o pontapé inicial de uma estratégia mais ampla, que envolverá futuramente os outros estados e, até, outros países no comércio”, explica Malta.

A BVRio foi estruturada de modo a ter o envolvimento dos diversos seto-res da sociedade. Com três categorias de associados, terá representantes do setor empresarial, de ONGs, do setor acadêmico e cidadãos que se desta-quem pelo seu envolvimento na promoção do desenvolvimento econômico sustentável no Rio de Janeiro.

Como vai funcionar a nova bolsa

Criada sob a forma de associação civil sem fi ns lucrativos, a BVRio tem como missão desenvolver um mercado de ativos ambientais. Primeiramen-te, será implantada, na cidade carioca, uma plataforma de negociação des-tinada a se tornar referência no país para a comercialização de ativos am-bientais. Esses ativos vão abranger não só os bens já existentes, como ener-gia renovável ou biomassa, mas também os relacionados ao cumprimento de obrigações ambientais, como recuperação de áreas fl orestais, tratamen-to de resíduos, emissão de gases ou de efl uentes, etc.

Neste momento inicial, a BVRio concentrará suas atividades no desenvol-vimento dos seguintes ativos:• créditos de carbono: inicialmente relativos ao mercado de carbono do Esta-do do Rio de Janeiro e, em momento posterior, dos outros estados brasileiros. Como meio de combater o aquecimento global, diversos estados brasileiros estão estabelecendo metas para a redução de emissões de gases de efeito es-tufa (CO2 e outros). Os créditos de carbono serão atribuídos às empresas que reduzirem suas emissões de carbono além da meta estabelecida e poderão ser vendidos para aquelas que não conseguiram atingir suas metas;• créditos de efl uentes industriais da Baía da Guanabara: funcionará de modo similar aos créditos de carbono, mas com relação às emissões de poluentes líquidos na Baía da Guanabara;• créditos de reposição fl orestal relativos à Reserva Legal: A lei fl orestal bra-sileira determina que os proprietários rurais devem manter uma área com cobertura fl orestal nativa (a chamada Reserva Legal). Por meio dos créditos de reposição fl orestal, os proprietários que têm fl orestas em área superior à obrigatória (reserva legal) poderão vender certifi cados àqueles que precisam recuperar suas áreas de reserva legal;

• créditos de reposição de supressão de vegeta-ção: De acordo com a lei, quem utiliza matéria-prima fl orestal oriunda de supressão de fl ores-tas nativas tem a obrigação de repor essas fl ores-tas. Os créditos de reposição permitirão que em-presas que façam a reposição (plantio) de modo voluntário possam vender os créditos correspon-dentes àqueles que têm a obrigação de repor;• créditos de logística reversa e reciclagem: A lei hoje determina que todas as empresas envolvidas na cadeia produtiva (fabricação, importação, distribuição e comercialização) de determinados produtos têm a obrigação de recolher os produtos usados e/ou suas emba-lagens para reciclagem ou para destino fi nal adequado. Por meio dos créditos de logística reversa, organizações (empresas ou cooperati-vas) que realizarem tal atividade poderão ven-der esses créditos para as empresas que têm a obrigação da logística reversa. Fonte: Assessoria de Imprensa do CEBDS

Para saber mais sobre a BVRio, acesse http://bvrio.org ou envie e-mail para [email protected]

Carlos Minc vislumbra um futuro promissor para a negociação dos ativos ambientais por meio de mecanismos de mercado

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O desenvolvimento e os desafi os da regiÃO sul Fluminense

A necessidade de se criar um debate sobre os caminhos do crescimento da região Sul Fluminense é cada vez mais importante devido à expan-são econômica e social da região. Afi nal, dada as suas características e principalmente à sua localização, é na região Sul Fluminense que o Estado do Rio de Janeiro mais se desenvolve. Porém, o desenvolvimento traz de-safi os a serem superados. A demanda energia é um deles. Portanto, cabe a pergunta: diante da expansão do seu parque industrial, a região Sul Flumi-nense está preparada para suprir nova demanda energética?

Com um crescimento sem precedentes em sua história, a região conta com investimentos negociados de mais de R$ 600 milhões em novos projetos. A indústria automobilística tornou-se um dos seus pilares econômicos. Atraí-das por ela, vieram as empresas do setor metal-mecânico. A siderurgia conti-nua a todo vapor. E para atender à essa nova demanda, energia e infra-estru-tura serão as palavras-chaves no planejamento dos próximos anos.

Por acreditar na importância deste debate, a ABIDES (Associação Brasi-leira de Integração e Desenvolvimento), em parceria com o Jornal O Globo, a FIRJAN, o Ministério de Minas e Energia (MME), a Secretaria de Desen-volvimento Econômico do Estado do Rio de Janeiro, entre outros parceiros institucionais, está estruturando a realização do evento “Desafi os Energéti-cos do Sul-Fluminense 2012-2025”, como um espaço dedicado ao debate das questões energéticas da região em face ao surto de crescimento da implan-tação de novas indústrias na região.

Em Brasília, no dia 8 de dezembro de 2011, na Secretaria de Planejamento Energético do MME, o presidente da ABIDES, engenheiro Everton de Carvalho, fez uma apresentação do evento dando conhecimento ao MME sobre a neces-sidade da realização deste fórum. Ele também esteve na região Sul Fluminense do dia 30 de Janeiro a 03 de fevereiro. Nesse período Carvalho visitou as reda-ções dos jornais, rádios e TVs da região para divulgar e destacar a importância desse debate para todas as cidades que compõem a região Sul Fluminense. Contatos Mário Moura e Marton Lopes: (24) 3321.8654 e 3321.8512 / (24) 9825.7794

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Em visita ao Centro Zoobotânico e Gestão Ambiental da INB, da esquerda para a direita, o engenheiro Everton Carvalho, Marton Lopes, Vilmar e Inês Berna, a bióloga Flávia de Almeida e o jornalista Mário Moura

de sucessONo dia 23 de janeiro foi realizada com su-cesso em Itaperuna, reunião do Inea com Prefeitos da região noroeste, secretários de Meio Ambiente e secretários de Obras dos 8 municípios afetados pelas enchentes no noroeste. O comparecimento foi em mas-sa, além da efetiva participação da socie-dade, no debate a respeito dos problemas ocasionados pelas enchentes em nossa região e as soluções requeridas.

Na reunião o diretor do Inea (Iel Jordão) mencionou os esforços do ministro Luis Ser-gio, do secretário Estadual do Ambiente Car-los Minc, e da presidente do Inea Marilene Ramos, no sentido de enviar com urgência máquinas, caminhões e equipamentos para o auxílio no restabelecimento dos municí-pios a sua normalidade. A reunião foi realiza-da pelo município de Itaperuna em conjunto com o Inea e o Comitê de Bacia Hidrográfi ca do Baixo Paraíba do Sul e foi coordenada pelo secretário de Meio Ambiente de Itaperuna Flavio Lemos, que enfatizou a importância deste socorro do governo do estado para que os municípios possam restabelecer sua nor-malidade o mais rapidamente possível. O secretário ainda comentou sobre grande ex-pectativa de todos pela execução dos canais extravasores que evitarão que as enchentes se repitam a cada ano. Este projeto será apre-sentado brevemente à população. Fonte: Itaperuna Online

Um encontro

Reunião do Inea com prefeitos e secretários de meio ambiente em Itaperuna foi um sucesso

Mais informações: Flavio Lemos (PhD), secretário de Meio Ambiente de Itaperuna - (22) 9743.3221 fl [email protected]

A região Sul Fluminense está preparada para suprir nova demanda energética?

Contatos Mário Moura e Marton Lopes: (24) 3321.8654 e 3321.8512 / (24) 9825.7794

Iel Jordão, diretor do Inea, Paulada, prefeito de Itaperuna, e Flavio Lemos, secretário de Meio Ambiente de Itaperuna - que coordenou a reunião

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lixOEm Volta Redonda, o lixo vinha sendo disposto a céu aberto por suces-sivas administrações até que, na administração do prefeito Antônio Francisco Neto, a situação começou a mudar. Segundo o vereador Carlos Roberto Paiva (PT), que também participou da entrevista, “só não consegui-mos atender antes às legitimas exigências do MPF devido às limitações dos prazos legais de licitações, mas que agora o projeto para transferir o aterro definitivamente para outro local já está quase pronto”.

Passivo Ambiental

Com a nova Política Nacional de Resíduos Sólidos a inovação deverá es-tar presente no debate das eleições municipais este ano, principalmente no que se refere ao tratamento dos resíduos sólidos urbanos, pois os desafios enfrentados pela maioria dos 5.500 municípios brasileiros são enormes se quiserem atender à demanda da população e à nova Lei de Resíduos Sóli-dos. A formação de consórcios para a incineração dos resíduos de saúde, por exemplo, o estabelecimento de parcerias público privadas, criação de taxas diferenciadas em função de resíduos diferenciados, e novos meios de finan-ciar o serviço de recolhimento e disposição final dos resíduos terão que ser elencadas entre as soluções.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, divulgada em 2010, pelo IBGE, os vazadouros a céu aberto, conhecidos como lixões, consti-tuem o destino final dos resíduos sólidos em 50,8% dos municípios brasilei-ros. No Estado do Rio de Janeiro, 33% dos municípios enviam seus lixos para os vazadouros a céu aberto.

O Prefeito Neto reconheceu que ainda existe muito a ser feito para solu-cionar este passivo ambiental, que é um problema de muitas cidades bra-sileiras, mas que, para quem conheceu antes o local da cidade que recebe o lixo, e compara com o hoje, vê que a Prefeitura fez muitas melhorias am-bientais. “Nossa prioridade, neste momento, é atender ao Ministério Públi-co Federal e à justa reclamação da sociedade, a fim de resolver os problemas dos resíduos de saúde e do chorume no município”, informou o prefeito.

Quanto à destinação adequada do chorume, o prefeito Neto informou que foi contratada uma empresa para o transporte e tratamento adequa-dos, e que a solução está em andamento. “O importante é que existe boa vontade tanto de nossa parte quanto da parte das Prefeituras vizinhas, que vivem problemas semelhantes, e também do Ministério Público Federal e dos órgãos ambientais a fim dos municípios se adequarem à nova política nacional para este setor”, concluiu ele.

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Prefeito de Resende fala sobre a produção de carros elétricos no Brasil e o tratamento de chorume

entrevista

Resende foi escolhida para receber a nova sede da nova fábrica de veículos da monta-dora japonesa. Durante o encontro do pre-sidente mundial da Renault/Nissan, Carlos Ghosn e a presidenta Dilma Rousseff (PT), em Brasília, o prefeito de Resende José Rechuan (DEM) e afirmou que foi bastante enfatiza-da a fabricação de carros elétricos no Brasil. “Estima-se que serão gerados cerca de 20 mil novos empregos em toda a cadeia produtiva na região”, informou Rechuan, “e Resende já está se preparando para atender a esta demanda”.

Rechuan disse que “Quem ganha é a região do Sul do Estado. É uma satisfação muito gran-de para o município ser escolhido como sede da Nissan. Essa conquista é fruto de um tra-balho conjunto entre os governos federal, es-tadual e municipal, resultado de investimen-tos. É uma vitória que a população de Resende está colhendo”, concluiu.

ChorumeA Rebia também ouviu o Prefeito Rechuan so-

bre a denúncia contra a concessionária Águas das Agulhas Negras, do Grupo Águas do Brasil, multada pela AMAR – Agência de Meio Am-biente do Município de Resende. “A empresa re-alizou tratamento de chorume (industrial), sem autorização ambiental para tal, e em desacordo com o manifesto de resíduos, em estação de tra-tamento de esgoto na Cidade” informou o am-bientalista Paulo José Fontanezzi, presidente da AMAR. O Prefeito declarou que além das multas aplicadas pelo município, ainda encaminhou ao Inea, para vistoria e análise da situação a fim de se tomar as demais providências cabíveis.

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Volta Redonda enfrenta o passivo ambiental do lixo

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Participaram da entrevista a ambientalista Rita Souza, da ONG Educa Mata Atlântica e o Secretário Municipal de Esportes, Fernando Menandro (PV)

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O abandono dos animais é um fenômeno cada vez mais em ascensão. As famílias gostam de ter o seu companheiro animal em casa porque cria um ambiente saudá-vel e familiar. Contudo, ter um animal de estimação não traz só vantagens: exige tem-po, despender algum rendimento e também alguma dedicação, isto durante todo o ano e não apenas durante determinado tempo.

É durante as férias que se verifi ca o maior abandono animal: as famílias saem e não po-dem levar os seus animais, e em vez de pro-curarem alternativas, como por exemplo dei-xar em alguém conhecido ou num abrigo para animais temporariamente, optam pela solu-ção mais fácil, deixando-os ao abandono, à mercê do destino. É um fato triste e cruel, mas real e cada vez mais comum.

As crises econômicas são outro fenômeno que ampliam esta realidade, pois as famílias possuem menos recursos para fazer fren-te às suas despesas. Ter um animal de esti-mação pode não fazer grande peso no orça-mento, mas como tudo o que é terciário são despesas a cortar – momentos de “apertar o cinto” – ter um animal de estimação torna-se quase um luxo.

É preciso formar a sociedade em que vive-mos para que as pessoas estejam sensíveis e receptivas a mudar esta realidade, pois as ins-tituições que acolhem os animais estão lota-das, não têm capacidade para ampliar as suas instalações e vivem de voluntariado, que es-casseia cada vez mais, e de donativos, que também não abundam.

Além disso, cada vez há mais animais ao abandono pelas ruas. Mais das vezes são por-tadores de doenças, derivado da falta de trata-mento que padecem e de se encontrarem dé-beis aos vírus que se propagam, transforman-do-se assim em perigo para a saúde pública, o que afeta todos nós e dá má imagem às locali-dades onde o fenômeno se faz notar mais.

Esta é uma realidade que está nas mãos de cada um de nós mudar; basta um pequeno esforço – acolher um animal nos nossos la-res, dar-lhes as condições para viver minima-mente, – e eles retribuem todo o carinho e de-dicação que lhes é dado. E é fundamental não esquecermos a sua existência em momento algum, fazendo planos sempre a contar com mais um membro na família, pois caso con-trário o ciclo volta de novo ao início.

Panfl eto que a secretaria de Meio Ambiente de Niterói (RJ) está distribuindo pela cidade em parceria com a CCR Ponte, IFEC e Rebia

“Primeiro foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem. Agora é necessário civilizar o homem em relação a natureza e aos animais.” (Victor Hugo)

Enquanto uns, infelizmente, tratam animais como lixo, outros, felizmente, agem de maneira diferente sem medo de parecerem ridículos. A morte certa desta cadelinha, abandonada entre a vida e a morte nas portas do CEA (Centro de Educação Ambiental) da OSCIP Piratingaúna, em Barra Mansa (RJ), foi mudada pelo amor da bióloga Valéria, que a salvou

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pondo que possam ser representados – como ocorria na Idade Média, quan-do a Igreja Católica ocasionalmente falava em nome deles para tomar um troco extra dos fiéis –, eles passariam ter deveres, também, além de direi-tos? E poderiam ser punidos por atos cruéis contra outras espécies?

A noção da necessidade de proteção da biodiversidade não surgiu em de-corrência de uma percepção ética dos interesses dos animais, mas sim dos interesses humanos. Não existe uma ética da natureza! O ser humano con-tinua a ser o topo da cadeia alimentar e a mais perfeita obra da natureza quando considerada a capacidade de adaptação a diferentes ecossistemas, nichos ecológicos, climas, e outras variáveis. E não pode ser punido por isso!

Se a tal da razão, que seria a grande vantagem da espécie humana so-bre as demais formas de vida, vai ajudá-lo a escapar dos desígnios da na-tureza no que se refere ao “crescei e multiplicai-vos”, ainda não se sabe. (Afinal, a reprodução só limitada por fatores externos é característica de todas as formas de vida).

Certamente essa “saída” – se houver – não será pelo lero-lero do momen-to que é a “economia verde”. A tecnologia é, em si, um tipo de consumo. A única economia verde possível seria a redução drástica do consumo. Mas uma redução espontânea do consumo, voluntária, consciente, por solida-riedade planetária, é inconcebível, seria algo sem precedentes no compor-tamento animal e na história da evolução das espécies.

Os países sérios – que já passaram por guerras – não estão interessa-dos na economia verde pela salvação do planeta, mas para a proteção de seus interesses econômicos. Por isso já falam muito mais em segurança alimentar e energética do que em energias renováveis e outras modas na terra do ambientalismo de algibeira.

Animais não sãohumanosUm juiz federal americano acaba de des-

cartar uma ação judicial de um grupo que afirma lugar pelo “tratamento ético” dos animais contra o SeaWorld. A ação alegava que as “baleias assassinas” estão “em regime de escravidão”. A ação foi ajuizada em nome de cinco orcas de parques aquáticos na Cali-fórnia e na Flórida.

A decisão do juiz se baseou num argumen-to tão simples quanto óbvio: “o dispositivo constitucional que proíbe a escravidão e a servidão involuntária se aplica a pessoas, não a não-pessoas, como as orcas”. O juiz ressaltou que animais não têm direitos le-gais perante a justiça estadual ou federal, aí incluídas as leis criminais.

“Ainda considerando louvável a preocupa-ção, esse não é o caminho para que sejam alcançados os objetivos pretendidos” – co-mentou o juiz.

Muitos tem sido o avanço no tratamento dos animais, das técnicas de abate indolores até as recentes medidas européias assegurando es-paços mínimos na criação de galinhos, porcos e outros – em particular com base na percep-ção de que o stress pela superpopulação nas granjas aumenta a vulnerabilidade dos ani-mais a certas doenças.

A questão central nesse tipo de polêmica é simples: se os animais têm “direitos”, quem os representa e fala em nome deles? E, ainda su-

Decide juiz federal nos EUA ou existe uma ética da natureza?

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A produção excessiva de lixo complica ainda mais a convivência em grupos ou sociedade. É preciso disciplina e respeito ao ambiente. Existem muitos países com dificuldades de alocar seus lixos, como a In-glaterra, Itália, EUA, entre outros e até exportam isso para o terceiro mun-do como produtos reciclados. O caso dos pneus e baterias de carro impor-tados pelo Brasil há alguns anos é típico. Outras tecnologias de baixa efi-ciência energética foram abandonadas no primeiro mundo mas não nos países em desenvolvimento.

Não dá para eliminar o lixo, mas podemos diminuir sua produção, re-duzindo o consumo e reutilizando sempre que possível. Outra ação im-portante é separar o lixo úmido ou de fácil decomposição como os restos alimentares (quase 60%) do lixo seco que demora mais tempo para de-compor e ocupa muita área. O lixo é caro, mas se for tratado de maneira adequada, pode ser muito rentável, evitando ou minimizando a poluição dos solos e águas.

Para que isso aconteça precisamos mudar alguns paradigmas, repensar nosso modo de vida e começarmos uma revolução de dentro para fora. Rever valores, mudanças de atitude para que todos tenham direito a vida. Reduzir o consumo não é consumir só o necessário, mas é bem possível eliminar supérfluos, reutilizar tudo que possível e o que não for, dispo-nibilizar para a reciclagem. Todos sabemos como reduzir o consumo de energia, água, papel, alimento tanto em casa como no trabalho, precisa-mos apenas praticar isso.

A reutilização também está ao alcance de todos, na função original ou com um pouco de criatividade, podemos inventar muitas coisas. Reutili-zar significa reduzir consumo, reduzir lixo, preservar habitats, preservan-do ou permitindo a vida de vários animais.

Com o crescimento da população, os habitats estão perdendo espaço. A produção excessiva de lixo está deixando o planeta sem resiliência. Hoje, somos cerca de 7 bilhões de pessoas. A pouco mais de 100 anos, eramos 1,6 bilhões e em 2020, seremos 8 bilhões. Onde iremos viver? Com quem (animais)? Quais habitats serão preservados? Há espaço para todos? O que fazer?

e a necessidade de reduzir, reutilizar, reciclar e repensar

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Reciclar no meio industrial ou empresarial significa reduzir consumo, reaproveitar maté-rias-primas para minimizar a poluição ambien-tal, gerando um produto mais competitivo.

Precisamos trazer este conceito para nos-sa vida pessoal. Tudo que não for reutilizado por nós mesmos deve ser descartado separa-damente para facilitar as cooperativas recicla-doras. Além disso, é preciso cobrar ações mais enérgicas do nossos governantes no sentido de fortalecer estas cooperativas.

Os materiais orgânicos ou lixo úmido como plantas e animais, depois de mortos apodrecem e se decompõem pela ação das larvas, minhocas, bactérias e fungos. Desta forma, os elementos químicos que estes materiais contém voltam à terra (reciclagem natural). Quando o ambiente perde a resiliência, significa que a quantidade de lixo produzido é maior do que estes organis-mos conseguem absorver ou reciclar, portanto acumulam-se. Estimativas indicam que ultra-passamos em 30% a capacidade de resiliência do planeta. Grande parte deste lixo pode facil-mente ser transformado em compostagem ou substrato para vasos e canteiros caseiros.

Quanto mais desenvolvido o país, mais com-plexo e difícil de separar, reciclar ou decompor

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seu lixo. No Brasil são gerados cerca de 230 mil toneladas de lixo anualmente, sendo que 59% deste lixo é orgânico ou úmido. São reciclados 13% da produção, o que significa que deixamos no lixo aproximadamente 10 bilhões de dóla-res por ano, pelo simples fato de não reciclar. Existem aproximadamente 600 cooperativas recicladoras no Brasil. Somente 2% do lixo são destinados a coleta seletiva.

O Japão recicla 50% de seu lixo e a Europa re-cicla 30%. Nos EUA são produzidos 420 mil t de lixo por ano, dos quais 27% são reciclados, 16% são incinerados e 57% enterrados. A Califórnia recicla 40% e pretende chegar a 100% em 2030.

Outro gargalo ou empecilho importante no Brasil são os canais de escoamento dos ma-teriais reciclados. Normalmente, os catadores ou cooperativas ficam com 25% do lucro gera-do e 75% ficam com os atravessadores. Uma das maneiras de se evitar isso é pela interven-

Vetores e doenças transmitidas nos lixõesVetores Forma de transmissão Enfermidades

Rato e pulga Mordida, urina, fezes e picada

LeptospirosePeste bubônicaTifo murino

Mosca Asas, patas, corpo, fezes e saliva

Febre tifoideCólera Amebíase Giardíase Ascaridíase

Mosquito PicadaMalária Febre amarela Dengue Leishmaniose

Barata Asas, patas,corpo e fezesFebre tifoide Cólera Giardíase

Gado e porco Ingestão de carne contaminada

Teníase Cisticercose

Cão e gato Urina e fezes Toxoplasmose

ção direta do governo, dando preferência ou orientando os órgãos públicos para adquirir produtos diretamente das cooperativas.

A destinação final dos resíduos sólidos constitui outro sério problema no Brasil. Apenas 32,2% de todos os municípios destinam adequadamente es-ses resíduos (13,8% em aterros sanitários e 18,4% em aterros controlados). Em 63,6% dos municípios, o lixo doméstico, quando recolhido, é simplesmente transportado para depósitos irregulares, os chamados “lixões”. Para piorar a situação, nem todo o lixo é coletado e levado para os aterros. Uma boa parte fica depositado nas margens de rios e córregos. Mais de 90% do lixo em todo o país é jogado ao ar livre. A incineração do lixo é desprezível. Só o aterro sa-nitário do município de São Paulo faz isso em função dos Créditos de Carbo-no (reciclagem do gás metano e incineração dos demais gases).

O descarte errado do lixo acarreta em sérios problemas para a saúde pú-blica por que dissemina doenças como a leptospirose, amebiose, diarreias infecciosas, parasitose, entre outras. E ainda servem de abrigo para ratos, baratas, lacraias, urubus, que disputam os restos alimentares com pessoas de baixa renda. Além de contaminar os lençóis freáticos por meio do choru-me (liquido altamente tóxico que resulta da composição da matéria orgâ-nica associada com os metais pesados).

Além de sujeira, contaminam rios e solos, tornando-os improdutivos e com altos custos para recuperá-los.

O lixo hospitalar normalmente está contaminado com vírus e bactérias e deve ser descartado separadamente ou incinerado, na maioria dos caso o próprio hospital faz isso.

Poucos municípios dão tratamentos especial ou reciclam os entulhos da construção civil, apesar de serem produzidos em grandes quantida-des. Na maior parte, servem de substrato ou pavimento de estradas, para tapar buracos ou depressões ou como tijolos ou briquetes. No primei-ro mundo, a destinação é parecida, mas a quantidade reciclada é bem maior que a nossa. * Laerte Scanavaca Júnior é engenheiro florestal, Embrapa Meio Ambiente

O descarte errado do lixo acarreta em sérios problemas para a saúde pública por que dissemina doenças como a leptospirose, amebiose, diarreias infecciosas, parasitose, entre outras. E ainda servem de abrigo para ratos, baratas, lacraias, urubus, que disputam os restos alimentares com pessoas de baixa renda

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Prestes a voltar para a Câmara dos Deputados, o Código Florestal tem no aumento da vulnerabilidade dos manguezais um de seus pontos mais po-lêmicos. Alterações feitas pelo Senado no projeto de lei, em dezembro, abri-ram a possibilidade da ocupação de apicuns – uma parte dos manguezais.Pelo acordo, os produtores de camarões e de sal poderão ampliar sua ativi-dade em até 10% na Amazônia e 35% no Nordeste.

O Brasil é o segundo país com maior cobertura de manguezais – cerca de 9% –, perdendo para a Indonésia (21%), de acordo com o Programa das ONU para o Meio Ambiente (Pnuma). No país, eles ocorrem do Amapá até Santa Catarina.

Considerados pelo atual Código Florestal como áreas de preservação per-manente (APPs), os manguezais são estratégicos para a sobrevivência da po-pulação que vive no litoral e para a manutenção dos sistemas costeiros e das praias. Berçário de espécies marinhas, eles fixam carbono, protegem a linha da costa e alimentam aves migratórias e mamíferos, incluindo o homem.

Entre as pressões sofridas pelos manguezais estão a poluição por quími-cos e petróleo e a especulação imobiliária. No Nordeste, também são pres-sionados pela criação de camarão e, no Sudeste, pela ampliação portuária,

Importantes e cobiçadas, regiões costeiras perderam proteção quando projeto foi votado no Senado; agora, texto segue para Câmara

Catador de caranguejos que sobrevive do mangue no litoral do Piauí

como está prevista na Baixada Santista e em São Sebastião (SP).

“A emenda sobre os apicuns deixa o Brasil total-mente exposto. Estamos falando da costa intei-ra, praticamente toda coberta por manguezais, salgados e restingas”, alerta Mário Mantovani, um dos criadores da campanha Mangue faz a Diferença, lançada em janeiro pela sociedade ci-vil organizada. “A questão não é isolada. O Brasil não tem nenhuma política pública voltada para os seus mares. O que ainda segurava a barbárie era a condição de APP dos manguezais”, diz.

Estratégicos

As áreas alagadas sempre habitaram o ima-ginário popular. No candomblé, a junção da água doce com a salgada é representada por Nanã – figura projetada em São Bartolomeu na Igreja Católica. Esses ecossistemas, porém, carregam uma conotação pejorativa: local de mosquitos, lama, áreas impenetráveis. Para quem vive nas grandes cidades, a imagem dos catadores de caranguejo, enterrados na lama até os joelhos, evoca um primitivismo pré-me-dieval. Entretanto, essas áreas são tão impor-tantes quanto cobiçadas.

Encontradas apenas nos trópicos e subtrópi-cos, são regiões de interface entre a terra e o mar e, por isso, possuem água doce e salgada. Inundadas pelas marés diariamente, elas não ocorrem em áreas expostas e sim em ambien-tes mais fechados. Poucas espécies suportam o ambiente salobro das águas do manguezal, e as funções que esse ecossistema exerce são fundamentais para a manutenção dos serviços das regiões costeiras. Entre eles se destacam o lazer, o transporte marítimo e o fornecimento de proteína: mais de 80% das espécies mari-nhas se reproduzem nos manguezais.

No Brasil, a área de maior concentração con-tínua de manguezais está entre o Amapá e o Maranhão, incluindo praticamente toda a cos-ta do Pará. “Depois temos extensões menores e áreas mais dependentes de cada estuário de rio, como ocorre muito no Ceará”, diz Yara Schaeffer Novelli, professora do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo e uma das maio-res especialistas no assunto. Colaboração enviada para a Rebia pelo MST

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Há um santuário ecológico onde se consegue alcançar a pureza que se pensava já não existir. Sendo assim, é preciso respeitar e amar este lugar. Um privilégio para quem reside ou visita a cidade de Fortaleza: a Reserva Ecológica Particular de Sapiranga oferece ao visitante a oportunidade de apreciar os pântanos verdejantes. Trata-se de uma área de reserva ambiental considerada, segundo a Semace Portaria 031/97, “a maior Unidade particular de Conservação de manguezais em área urbana do Planeta”. A Fundação Maria Nilva Alves é a mantenedora da Reserva Ecológica Particular de Sapiranga onde recebe pesquisadores, professores e estudantes de escolas públicas, particulares e universitários nacionais e internacionais para pesquisa e palestras no Bairro da Água Fria (5585) 3273.2450 /3239.3407/ 3094.1518: www.fmna.org.br

Reserva Ecológica Particular de

Sapiranga, em Fortaleza, CE

Meu gentil manguezal

No dia 12 de fevereiro, um domingo, a Praia de Ipanema, no Rio de Ja-neiro, recebeu a campanha nacional “Mangue Faz a Diferença”, cujo objetivo é mobilizar a sociedade sobre a importância dos manguezais e alertar sobre os riscos que as mudanças no Código Florestal trazem para o futuro desses ecossistemas. A campanha tem coordenação nacio-nal da Fundação SOS Mata Atlântica e local do Instituto Mar Adentro e do Projeto Coral Vivo.

As atividades tiveram início, às 10h30, com uma remada que reuniu 15 bar-cos, entre canoas, veleiros e caiaques, que navegaram pelas águas de Ipane-ma com cartazes que formavam a mensagem “SOS Mangue”, enquanto, na

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Ações que reuniram dezenas de pessoas na Praia de Ipanema fazem parte do movimento nacional #manguefazadiferenca, que alerta sobre os riscos que as alterações do Código Florestal trazem para estes importantes ecossistemas

areia, 50 pessoas e outros 24 monitores volun-tários distribuíram folhetos e abordaram a po-pulação mobilizando-os para a campanha.

Na parte da tarde, às 16h, as ações continua-ram com uma intervenção ao bloco de carna-val “Empolga às 9”, com a distribuição de sa-colas recicladas e baquetas infláveis da cam-panha, além da interação de atores fantasia-dos e monitores com os foliões. Fonte: Lead Comunicação

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Durante o Fórum Social Mundial Temático, ocorrido em janeiro, em Porto Alegre (RS), a presidente Dilma Rousseff garantiu que o novo Có-digo Florestal, em tramitação na Câmara, “não será o texto dos sonhos dos ruralistas”. Em reunião com 80 entidades da sociedade civil, a pre-sidente sinalizou que vai barrar propostas que aumentem o desmata-mento, caso sejam aprovadas pelo Congresso.

O aceno de Dilma foi bem recebido por ativistas. Mauri Cruz, um dos organi-zadores do fórum social, comentou que “Isso não significa que o código vai ser perfeito, mas sinaliza que ela não vai sancionar do jeito que está”, disse Cruz. A promessa foi feita em reunião que contou com a presença do ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro (PMDB). “Esse compromisso é muito importante para nós. [O ex-presidente Luiz Inácio] Lula [da Silva] tinha um vínculo natu-ral com os movimentos sociais, mas ainda não tínhamos a mesma liberdade com a presidente. Dilma se aproximou. Temíamos que não acontecesse.”

Para representantes dos movimentos sociais, no entanto, o gesto da pre-sidente não foi só uma forma de aproximação, mas também de pedir apoio à Rio +20 que, a exemplo do Fórum Social Mundial Temático, deve ser esva-ziada. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentá-vel, nome oficial da Rio +20, vai acontecer em junho no Rio de Janeiro.

Na reunião com Dilma, ativistas disseram que o Brasil não pode sediar a Rio +20 com uma legislação ambiental “retrógrada”. “O Brasil tem o de-

ver de se apresentar bem e levar uma proposta concreta”, disse Oded Grajew, um dos idealiza-dores do Fórum Social Mundial.

Um dos idealizadores do Fórum Social Mun-dial, Chico Whitaker, defendeu uma “mudan-ça de estratégia” para as próximas edições do encontro de movimentos sociais. “Corremos o risco de a esquerda falar só para si mesma. O fórum precisa ir para a sociedade. Precisamos parar de falar para nós mesmos”, afirmou.

A expectativa de que a Rio +20 seja um fias-co ganhou mais força durante os debates so-bre a crise do capitalismo. Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese e responsá-vel por organizar propostas do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social para a Rio +20, analisou que a crise econômica en-frentada por países desenvolvidos impedirá o debate ambiental. “O problema imediato é a crise econômica e não a ambiental”, disse Clemente. “O enfrentamento da crise exige a retomada da atividade econômica, cuja re-ferência é produzir do jeito que fizemos até hoje. A crise exige uma solução que agrava o problema ambiental”, afirmou.” Fonte: Valor Econômico

Em reunião com 80 entidades da sociedade civil, a presidente sinalizou que vai barrar propostas que aumentem o desmatamento, caso sejam aprovadas pelo Congresso

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“Dilma disse claramente que o texto não será o Código dos sonhos dos ruralistas. Ela assumiu esse compromisso” (Mauri Cruz, um dos organizadores do Fórum Social)

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Para suceder o Código Florestal em vigor, o substitutivo do Senado ficou bem me-nos marrom do que o projeto da Câmara. Mas ambos contêm ao menos três desati-nos que, se passarem, causarão sérios es-tragos socioeconômicos e políticos, além dos ambientais.

Primeiro, tratam duas realidades opostas como farinha do mesmo saco. Uma coisa é a consolidação de atividades produtivas em áreas rurais sensíveis, graças ao árduo e cui-dadoso trabalho de abnegados agricultores. Outra são terras travestidas de pastagens para a especulação fundiária, responsáveis por 80% do rombo nas áreas de preservação permanente: 44 milhões dos faltantes 55 mi-lhões de hectares.

Trata-se de um imenso estoque imobiliário em busca de dividendo, que pouco tem a ver com produção. Os felizardos serão os senhores desses domínios, não os agricultores.

Projeto e substitutivo também relaxam as exigências de conservação ambiental para todos os imóveis rurais com área de até qua-tro módulos fiscais, surfando na generalizada confusão entre imóveis e estabelecimentos.

“Imóvel rural” é propriedade ou posse fora de perímetro urbano. “Estabelecimento agrí-cola” é empreendimento. Nem toda proprie-dade imobiliária abriga negócio produtivo. Chega a 56 milhões de hectares o hiato en-tre a área ocupada por imóveis rurais de até quatro módulos fiscais e a área dos estabele-cimentos agrícolas familiares.

A diferença também está relacionada com a especulação fundiária, nesse caso no mercado de sítios e chácaras de recreio, turbinado pela demanda de emergentes urbanos.

A solidariedade à agricultura familiar é uma bela cobertura para contemplar privilegiados para o andar de cima, com desobrigações de práticas conservacionistas.

Além desse dote de 100 milhões de hectares para a especulação, os projetos oferecem um grave retrocesso político e institucional. A lei atual amadureceu durante 15 anos de delibe-rações democráticas.

A mensagem que Dutra encaminhou ao Congresso no primeiro dia útil de 1950 só re-sultou no “Novo Código Florestal” em setem-bro de 1965. Na época, vivia-se a conjuntura

que Elio Gaspari tão bem caracterizou como “ditadura envergonhada”: antes do Ato Institucional nº 2, que dissolveu os partidos, tornou indire-ta a escolha do presidente e transferiu para a Justiça Militar o julgamen-to de crimes políticos.

Todavia, desmatamentos em áreas que deveriam ser de preservação per-manente foram insidiosamente promovidos ao longo dos 27 anos seguintes.

Isso aconteceu não apenas nos dois decênios de ditadura “escancarada”, “encurralada” e “derrotada” (1965-1985), mas também no tragicômico sete-nado de Sarney e Collor (1985-1992).

Só dez anos depois surtiram efeito as salvaguardas do artigo 225 da Cons-tituição de 1988, com a aprovação da Lei de Crimes Ambientais, esmiuçada pelo Congresso entre 1992 e 1998.

Como consequência dessa catástrofe legal, é justo anistiar os produtores que até 1998 descumpriram a lei por terem sido oficialmente empurrados a suprimir vegetação nativa de áreas sensíveis.

O corolário, contudo, nada tem de anistia. Perdão a desmatamento feito sem licença a partir de 1999 constituiria um torpe indulto a circunstancia-do crime ambiental.

É preciso torcer para que o Congresso dissipe ao menos essa tripla ame-aça dos oportunistas, evitando assim emparedar a presidenta e desmo-ralizar, no limiar da Rio+20, o compromisso do Brasil com o desenvolvi-mento sustentável.

Não se pode confundir terras produtivas, terras voltadas

para a especulação (mesmo travestidas de pastagens)

e sítios de recreio da classe alta

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Condições climáticas

O Google anunciou na semana passada o Pu-blic Alerts, um serviço que oferece informa-ções atualizadas e relevantes das condições climáticas em situações emergenciais e em desastres naturais, e também de furacões, inundações, terremotos e tornados.

Com o serviço, que é integrado ao Google Maps, usuários podem acompanhar o desen-volvimento e evolução de desastres naturais que venham a acontecer. Oferece alertas e in-formações sobre a evolução da situação, previ-sões e demais dados relacionados. Em caso de terremotos, será possível ver a área afetada, o alcance, sua duração ou intensidade. No caso de tornados, a ferramenta permitirá ver a pre-visão da quantidade e locais das chuvas.

Quando o usuário clicar no mapa em “mais in-formações” sobre o alerta disparado, uma pági-na irá mostrar todos os detalhes do evento, e de onde veio a informação do alerta. Também será possível visualizar todos os alertas ativos em uma única página, além de encontrar instruções sobre como contribuir com o centro de alertas.

Para compor o sistema, o Google utiliza da-dos fornecidos pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, Serviço Meterológi-co Nacional e também pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). O serviço está dis-ponível para os Estados Unidos, mas também inclui informações sobre fenômenos naturais em outros lugares do mundo, como por exem-plo Colômbia e Grécia.

O Public Alerts pretende disponibilizar infor-mações úteis também para autoridades locais, com recomendações para cada situação. Se-gundo o Google, o serviço poderá ser disponibi-lizado em outros lugares no futuro. Fonte: MundoGEO

OnlineGoogle lança ferramenta de alerta de desastres naturais

Pilha seca comum ou AlcalinaPilha mais comum no mercado. Usada em rádios, controles remotos,

etc. Não há legislação que impeça o descarte deste tipo de pilha no lixo comum. Composta principalmente por dióxido de manganês, cloreto de amônio e cloreto de zinco. Em elevadas concentrações, o manganês pode causar disfunção cerebral, problemas hepáticos, renais, respiratórios, além de ser teratogênico.

Pilha de mercúrioUsada em relógios e instrumentos de surdez. De acordo com a legis-lação deve ser coletada, não podendo ser adicionada ao lixo comum. Composta por zinco (agente redutor) e óxido de mercúrio. O mercúrio causa sérios problemas neurológicos (“Doença do Chapeleiro Maluco”). Além disso, o mercúrio afeta gravemente os rins, podem causar ceguei-ra e também problemas respiratórios. Este metal é classifi cado também como possível agente cancerígeno e teratogênico.

Bateria de Níquel-CádmioBateria recarregável usada em telefones sem-fi o, celulares, máquinas digitais, etc. Não pode ser adicionada ao lixo comum, de acordo com a legislação brasileira. Composta por cádmio e dióxido de níquel. O cád-mio é absorvido no lugar do cálcio, impedindo a formação de ossos, pro-vocando a quebra dos mesmos. Além disto, disfunções digestivas tam-bém estão relacionadas com este metal. O níquel, em grandes quanti-dades, traz problemas respiratórios, cancerígenos e de pele.

Pilha de lítioUsada em computadores, notebooks, marcapassos, entre outros, pois possuem baixa densidade (“peso”) e longa durabilidade. Desta forma é um modelo de bateria que vem sendo cada vez mais vendido. De acordo com a legislação, esta pilha pode ser adicionada ao lixo comum, o que é um problema, uma vez que o lítio, apesar de trazer menores impac-tos ambientais, em grandes quantidades traz problemas aos humanos (problemas respiratórios, renais e neurológicos).

Bateria de automóveisAs baterias de automóveis possuem dois componentes de alta periculosi-dade, o ácido sulfúrico e um metal pesado, o chumbo. Por isso a legislação não permite o descarte deste tipo de bateria em lixões, ou junto com o lixo comum. O ácido sulfúrico, quando em contato com as águas dos rios ou lençóis subterrâneos, pode matar peixes e poluir a água, tornando-a imprópria para consumo. O chumbo é altamente tóxico, podendo trazer anemia, disfunção renal dores abdominais, convulsões e até paralisia. Se inalado, pode ser acumulado nos alvéolos, causando morte pulmonar. *Diretor do Grupo Interdisciplinar de Gestão e Empreendimento (Gigemp) - RJ

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Seja qual for a pilha ou bateria, descarte-as corretamente

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A Associação dos Proprietários de Imóveis (Asprim), sediada em São João da Barra, RJ, ingressou nessa dia 8 de fevereiro com pedido limi-nar de embargo das obras do Distrito Industrial do Açú.

A Asprim, em conjunto com mais três associações demandantes na ação judicial, afi rma que o estudo de impacto ambiental (EIA) do empreendi-mento apresenta problemas técnicos e legais. Dentre eles, que o licencia-mento ambiental deve ser conduzido pelo Ibama e não pelo Inea (Instituto Estadual do Ambiente), conforme determina a Resolução 237 do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente).

Segundo o parecer técnico da Associação dos Geógrafos do Brasil (AGB) a forma fragmentada que o estudo desenvolvido pelas empresas “X” foi apresentado viola a Constituição Federal, a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente e legislação ambiental vigente, contrariando também a necessária cautela técnica. Para a AGB, há sério risco de ultrapassagem da capacidade de suporte, ou seja, o estudo ambiental, na forma que vem sendo conduzido – além de ilegal – omite e não considera os verdadeiros impactos. Os mesmos só seriam auferíveis, com segurança, pela soma de todos os impactos do empreendimento e seus efeitos conjuntos ao meio ambiente e comunidades afetadas.

O impacto atinge área costeira delicada e particularmente instável no as-pecto geológico. São previstos inúmeros danos irreversíveis e outros ainda desconhecidos decorrentes da destruição de mangues e restinga, complexo de lagoas e lagunas, assim como áreas de preservação permanente.

O empreendimento, se viabilizado, contará com pelo menos 11 diferen-tes tipos de impactos ambientais incluindo mineração, termoelétrica, re-fi naria de petróleo, polo metal-mecânico, cimentaria, processamento de ferro, minerioduto, siderurgia, armazenamento de gás natural, constru-ção e manutenção de plataformas de petróleo, emissário marinho de de-tritos industriais, dentre outros.

Dentre os pedidos liminares formulados pela Associação, está a solicita-ção da suspensão imediata das dragagens de abertura de um canal que pre-tende ligar o mar ao continente possibilitando a entrada de embarcações de grande porte. O estudo ambiental da empresa também não esclarece os impactos causados pelo aumento da turbidez da água e seus resultados sobre a pesca artesanal e industrial. Da mesma forma, não estão claros os efeitos negativos sobre a estabilidade do solo costeiro marinho e APPs, um dos problemas mais graves.

O EIA relata a presença de tartarugas marinhas que desovam anualmen-te na região, mas não informa o que será feito para mitigar a situação. Co-munidades de cetáceos (golfi nhos, toninhas e baleias), protegidos pela Lei Federal de Cetáceos, vivem e migram naquela região.

Da mesma forma, o estudo não apresenta de forma satisfatória as medidas mitigadoras a serem tomadas pelas empresas, especialmente quanto aos

efeitos do emissário de detritos industriais so-bre esses animais especialmente protegidos.

A Asprim e associações também buscam in-denização por eventuais danos ambientais decorrentes do descumprimento da legisla-ção ambiental. O valor da indenização será calculado do transcorrer da ação, mediante parecer técnico ecossistêmico, ou com refe-rência ao valor previsto para a instalação do empreendimento.

“Com base na legislação, o Ibama deve li-cenciar, não o Inea, muito menos apto e ex-periente diante de um empreendimento des-ta magnitude e risco. As associações buscam nada além do que a efetividade da legislação ambiental brasileira. Neste formato de licen-ciamento que tramita junto ao Inea, não há como conciliar o empreendimento com o ide-al de sustentabilidade e muito menos com responsabilidade intergeracional. Em tempos de crise ambiental, o conceito de desenvolvi-mento econômico precisa evoluir. Atrelar de-senvolvimento ao PIB ou contas nacionais soa arcaico, algo que remonta ao início da Revolu-ção Industrial, não mais a este século” pondera Cristiano Pacheco, consultor jurídico ambien-tal e advogado da Asprim.

Proprietários de terras de São João da Barra ingressam com pedido liminar de embargo das obras no Açú. A ação questiona o licenciamento ambiental das empresas EBX, LLX, OSX, OGX e MMX

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A praia de Iquipari, vizinha ao local onde está sendo construído o Porto do Açu, está dentro de uma área que foi comprada pela LLX (Fazendas Saco Dantas e Caroara), e faz parte da maior mancha de restinga da região sudeste, quiçá do Brasil. Desde a sua aquisição, foi proibido o acesso às lagunas que compõem esta área, antes frequentada por pescadores artesãos e moradores próximos

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Para acessar e acompanhar o processo judicial: o processo tramita na forma eletrônica na Justiça Federal de Campos dos Goytacazes sob o número 0000149-98.2012.4.02.5103. Qualquer pessoa interessada pode solicitar a chave de acesso para consulta via internet, bastando contatar a Justiça Federal de Campos dos Goytacazes para instruções pelo telefone 22 3054-3224.

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Entrevista especial com Arthur Soffiati. Para o pesquisador, a construção da obra portuária em São João da Barra, no Rio de Janeiro, não é necessária para o Brasil

especial - porto do açú

A prática de fatiar licenças ambientais para evitar contestações já se tornou bastante difundida. Dividiu-se o licenciamento do Rodoanel na Região Metropolitana de São Paulo de maneira que a última de quatro par-tes – a mais polêmica, pela proximidade da Serra da Cantareira e de ma-nanciais que abastecem a Grande São Paulo – fosse irreversível. Fez-se o licenciamento da localização do Complexo Petroquímico de Itaboraí – Com-perj, da Petrobras, sem examinar as fontes de abastecimento de água ou de lançamento de efluentes líquidos, deixados para uma etapa posterior e até agora não plenamente resolvidos. E assim por diante.

No caso do Porto do Açu, de propriedade de Eike Batista, a coisa foi igual-mente absurda: licencia-se um porto que é ao mesmo tempo um complexo industrial, e que mais tarde se pense nas usinas de geração térmica a car-vão, ou mesmo em todo um distrito industrial que não estava em qualquer plano de interesse público.

O escândalo da expulsão ou da desapropriação truculenta de famílias de pe-quenos produtores rurais – recente e ainda não totalmente resolvido – para atender ao EBX não seria tão grande se as desapropriações não tivessem sido feitas com dinheiro público para atender a um único empresário. Mascarou-se a coisa com a criação de um distrito industrial antes não previsto em ne-nhum tipo de planejamento. A desapropriação de interesse público tornou-se assim desapropriação de interesse privado – ainda que mal disfarçado.

E o MP quieto! – limitando-se a discutir o uso de força policial e similares. Fazer o que com interesses de um empresário que empresta o seu avião ao governador do estado? Nada muito diferente da implantação de um porto privado em áreas também desapropriadas pelo poder público.

Na entrevista reproduzida a seguir, Arthur Soffiati, Doutor em História Ambiental e pesquisador do Núcleo de Estudos Socioambientais da Uni-versidade Federal Fluminense/núcleo Campos, exprime os seus pontos de vista e narra alguns fatos literalmente escandalosos.

Entrevista com Arthur Soffiati“Muitas famílias tiveram suas terras desapropriadas para ceder espaço

ao distrito industrial, intimamente relacionado ao porto do Açu, em cons-trução por empresas do grupo EBX. Para não valorizar os defensores dessa obra portuária, prefiro considerá-la como porto do Açu, e não superporto, expressão usada pelos seus construtores e defensores entusiastas”, esclare-ce o pesquisador Arthur Soffiati, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line. Para ele, as desapropriações são irregulares e se relacionam ao dis-trito industrial da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin), que dará suporte ao porto.

Segundo Soffiati, esse tipo de empreendimento é desnecessário para o país, pois irá “beneficiar um empresário que deseja ser o homem mais rico do mundo. Beneficiam um grupo muito pequeno de pessoas, inclusive políticos.

Geram divisas para o país, mas os custos socio-ambientais são muito altos”, afirma. E conclui: “apesar do discurso em defesa do ambiente e da sociedade adotado pelo empreendimento, na prática, ocorre o contrário. Os pequenos pro-dutores rurais de São João da Barra, no início de sua organização, tinham o cuidado de defender seus interesses sempre esclarecendo que não eram contra o progresso e o desenvolvimento. Agora, eles já perceberam com clareza que o complexo industrial-portuário não representa um verdadeiro desenvolvimento.”

IHU On-Line: Algumas famílias tiveram seus imóveis desapropriados em função da construção de novos empreendimentos em São João da Barra? Que empreendimentos são esses? Eles estão relacionados ao superporto de Açu?Arthur Soffiati: Não apenas algumas, mas mui-tas famílias tiveram suas terras desapropriadas para ceder espaço ao distrito industrial, intima-mente relacionado ao porto do Açu, em constru-ção por empresas do grupo EBX. Para não valo-rizar os defensores dessa obra portuária, prefiro considerá-la como porto do Açu, e não superpor-to, expressão usada pelos seus construtores e defensores entusiastas. As desapropriações são irregulares e se relacionam ao distrito industrial da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin), que dará suporte ao porto. Ele foi concebido pela iniciativa privada em seu próprio benefício, mas instituído pelo governo estadual. Basta dizer que a área do distrito industrial previsto pelo Plano Diretor do município de São João da Barra foi praticamen-te revogada por um decreto do governo estadu-al para atender aos interesses do grupo X. Quan-to aos empreendimentos gulosos de terras em São João da Barra, menciono um mineroduto, um porto em forma de ilha, duas termelétricas, um estaleiro (rejeitado pela população em Santa Catarina), duas siderúrgicas, empresas dos seto-res metal-mecânico, cimenteiras e outras ainda não conhecidas.

Que empreendimentos secundários serão construídos para viabilizar o superporto de Açu? É verdade que a MPX pretende construir duas usinas termoelétricas na região, uma a base de carvão e a outra, de gás natural?Inicialmente, o grupo EBX declarou pretender apenas um mineroduto ligando Minas Gerais ao litoral do Estado do Rio de Janeiro para es-coar ferro para exportação. Como, na costa en-tre os Rios Itapemirim, no sul do Espírito San-to, e o Rio Macaé, no Estado do Rio de Janeiro, não existe nenhuma formação de pedra para

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abrigar um porto, o grupo EBX resolveu construir uma ilha-porto dentro do mar com rochas retiradas do Morro do Itaoca, nas imediações de Cam-pos. Este morro tem várias espécies vegetais nativas endêmicas restritas, ou seja, que só existem lá em todo o planeta. É verdade que o grupo X vai construir duas termelétricas no complexo. Inicialmente, a primeira, movi-da a carvão mineral, teria a finalidade de fornecer energia para o empre-endimento, mas logo se percebeu que a energia produzida ultrapassava as necessidades do porto. A intenção é vender energia. Em seguida, foi anun-ciada a construção de outra termelétrica, esta movida a gás natural. O em-preendimento deixou de ser um porto exportador de ferro para assumir dimensões maiores. Posteriormente, foram anunciadas duas siderúrgicas e várias outras fábricas, localizadas num distrito industrial, o que mudou o perfil inicial do empreendimento. E tudo com o aval do estado por meio de processos de licenciamento claramente facilitados.

Como está sendo feito o acompanhamento ambiental na região, para evitar irregularidades?Li todos os Estudos de Impacto Ambiental dos empreendimentos do que vêm sendo chamado de Complexo Logístico Industrial Portuário do Açu (Cli-pa). Todos eles apresentam erros grosseiros de conhecimento dos ecossiste-mas atingidos, além de falsificações que interessam ao grande empreendi-mento. O Ibama só licenciou o mineroduto porque ele atravessa dois estados da federação. Os outros ficaram por conta do Instituto Estadual do Ambien-te (Inea), para o qual a ordem advinda do governo é aprovar tudo sem dis-cussão. Assim, todas as licenças são suspeitas, até porque conheço técnicos honestos no governo a me confirmarem a supremacia econômico-política sobre o técnico-ambiental. Resumindo, a ordem do governo estadual, meta-foricamente, é a seguinte: se tartarugas mortas por dragagem forem encon-tradas, digam que elas morreram por engolir sacos plásticos ou foram dila-ceradas por hélices de barcos pesqueiros. Em síntese, o Ibama lavou as mãos, como Pôncio Pilatos, e transferiu todo o processo de licenciamento ao Inea, cujos técnicos são obrigados a se violentar ao afirmarem que os empreendi-mentos não causam impactos socioambientais significativos.

Esses empreendimentos poderão gerar algum impacto ambiental na região? Em que aspectos?Os impactos socioambientais serão profundos até na percepção de um leigo. O mineroduto cortou lagoas através de aterros que as seccionam. O porto foi construído com pedras retiradas de um morro raro em termos de biodiversi-dade vegetal e numa zona costeira com forte energia oceânica. O acesso de navios a ele exigirá um canal de 13 quilômetros de comprimento por 18 me-tros de profundidade e 300 metros de largura porque o fundo do mar é raso. A areia retirada por uma draga de sucção já está provocando a morte de peixes, tartarugas marinhas e cetáceos. Parte dessa areia está sendo depositada no próprio fundo do mar. A outra parte está sendo usada para aterrar as cabe-ceiras de uma lagoa outrora ligada ao Rio Paraíba do Sul, onde se erguerá o distrito industrial. Vários pequenos produtores rurais já foram retirados su-mariamente de suas casas com respaldo da polícia militar e de seguranças do empreendimento. A construção de um estaleiro, rejeitado em Santa Catarina, vai cortar uma lagoa costeira por um canal de 300 metros de largura e 18 de profundidade. Esse canal vai se ligar ao de acesso ao porto. Como as correntes marinhas são fortes, a abertura dos dois canais exigirá dragagem constante. A intensa movimentação de navios de grande calado modificará radicalmente a atividade pesqueira. O distrito industrial será um bairro industrial, imper-meabilizando o solo de forma irreversível. A água para o empreendimento será captada no Rio Paraíba do Sul, num ponto em que ele não recebe mais ne-nhum afluente. Isto pode favorecer o avanço do mar pela foz. A contribuição de gases do efeito estufa na atmosfera ainda não foi mensurada.

Quais são os principais equívocos desses empreendimentos?O grande equívoco desse empreendimento é trabalhar com recursos minerais, portanto es-gotáveis. O ferro para as siderúrgicas e para ex-portação. O carvão mineral para mover uma termoelétrica. O gás natural para acionar a ou-tra. E petróleo. O grupo EBX vai explorar petró-leo na bacia de Campos, que será conduzido por um oleoduto que começa no porto. Outro equí-voco é a instalação de um mega-empreendi-mento numa costa nova, baixa e ainda instável, com forte energia oceânica. Ele vai mudar com-pletamente o perfil do município, que deixará de produzir alimentos por pequenos proprietá-rios para produzir artigos de exportação.

Como o governo e os órgãos ambientais se manifestam diante desses projetos?O governo federal apoia o grande empreendi-mento, embora só tenha participado do licen-ciamento do mineroduto. O governo estadual facilita tudo para a instalação das unidades que vão formá-lo. Basta dizer que o distrito industrial e o corredor logístico de saída e en-trada no complexo foram traçados pelo gru-po X e impostos por decreto pelo governador do Estado. Descontente com o traçado do cor-redor logístico, a prefeita de Campos deveria pedir a mudança dele ao governador, mas foi fazer este pedido ao empresário Eike Batista e foi atendida. Quanto ao governo municipal de São João da Barra, pode-se dizer que a prefei-ta do município assina embaixo tudo o que o grupo desejar. Eike Batista já ganhou inclusive o título de Barão de São João da Barra. Enfim, não se sabe ao certo quem governa o Estado e o Município, pois a relação entre governos e iniciativa privada é altamente promíscua.

Esses empreendimentos são necessários para o país?Entendo que não. Eles vão beneficiar um empre-sário que deseja ser o homem mais rico do mun-do. Beneficiam um grupo muito pequeno de pessoas, inclusive políticos. Geram divisas para o país, mas os custos socioambientais são muito altos. Apesar do discurso em defesa do ambiente e da sociedade adotado pelo empreendimento, na prática, ocorre o contrário. Os pequenos pro-dutores rurais de São João da Barra, no início de sua organização, tinham o cuidado de defender seus interesses sempre esclarecendo que não eram contra o progresso e o desenvolvimen-to. Agora, eles já perceberam com clareza que o complexo industrial-portuário não representa um verdadeiro desenvolvimento. Fonte: IHU On-Line

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territórios do futuroContra uma avalanche verde, aposta nos

Em 2001, o dicionário Houaiss não dava ne-nhuma notícia do que poderia ser “econo-mia verde” – ao contrário da economia de escala, de guerra, de mercado, de palitos, dirigida, doméstica, e muitas outras. Ainda agora, passados dez anos, o conceito não pode ser compreendido com a clareza dos dicioná-rios. No entanto, já faz parte de documentos da ONU, acompanhados ou não da definição necessária aos conceitos que determinarão nosso jeito de viver. O documento “zero” da Rio+20 é um bom exemplo: o adjetivo “verde” acompanha o substantivo “economia” quase 40 vezes em 20 páginas. No entanto, não acha-mos ali a definição para o novo conceito.

As possíveis definições constam em outras peças diplomáticas e no discurso de corpora-ções e governos. E não parecem apontar para um modo de viver radicalmente diferente do atual, mas para o aprofundamento da forma de produção e consumo dominante no mundo, que gera desigualdades entre países e povos, além de múltiplas crises, como a ambiental.

Pablo Sólon, que foi embaixador da Bolívia na ONU, lembrou que no momento da convoca-tória, a Rio+20 deveria ter sido, fundamental-mente, um espaço de avaliação dos avanços de cumprimento da Agenda 21 (acordada na Eco 92) e, quem sabe, motivadora de seu fortale-cimento. A economia verde, no primeiro mo-mento, era um tema em discussão. Algo secun-dário. Por pressões de diversos atores, especial-mente países da União Europeia, se transfor-mou em central – mesmo, segundo Sólon, não tendo aceitação unânime entre as nações.

Na opinião dele, a falta de definição do ter-mo “economia verde” para a Rio+20 é um enorme risco. E não considera que estejamos falando apenas de um novo slogan: “Os entu-siastas dizem que economia verde é tudo: se-parar o lixo, indústrias limpas, estar com Pa-chamama, vender créditos de carbono, tudo isso pode ser economia verde. E por isso não definir esta economia no documento. Se acei-tamos isso, assinamos um cheque em bran-co”, avalia o ex-embaixador, explicando que

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a Rio+20 não será o lugar de fechar tratados. “O que querem é o mandato para formular a arquitetura institucional necessária a criar este mercado de bens intangíveis. Depois, o processo vai se dar praticamente sozinho”, vaticina. E segue: “Se não temos uma posição categórica de repúdio à eco-nomia verde seremos cúmplices do lançamento de um dos maiores negó-cios de roubo da natureza que será lançado no Rio de Janeiro, em junho. É muito complicado porque há muitos interesses e um mercado multimi-lionário que não vai resolver nada, mas eles esperam, vai reverter as taxas decrescentes de lucro do sistema capitalista”.

E foi em busca de uma “outra economia” que representantes de entidades e movimentos sociais “críticos à economia verde” se reuniram no seminá-rio Rumo à Rio+20: Por uma outra economia*.

Além de expor alguns elementos que os fazem “críticos”, concluíram que para encontrar um novo modo de viver não é preciso sair do zero. Como sin-tetizou Maria Emília Pacheco, da FASE, não faltam práticas à margem da he-gemonia, além de conceitos em construção – o bem-viver, os bens-comuns, o decrescimento –; valores sendo reforçados, como a justiça ambiental; e lógicas que não se regem pela subordinação direta, como a economia do cuidado – para a qual apontam as feministas – e a economia da reciprocida-de, seguida por comunidades tradicionais e camponesas ao redor do globo. Também a insurgência de novos direitos, estes coletivos, em oposição aos mecanismos de propriedade privada ou intelectual, podem ser levados em conta, somados aos direitos dos agricultores, dos povos e da natureza (como já figura em duas constituições latino-americanas).

O desafio, portanto, estará em tornar visíveis práticas tão plurais quando um encontro mundial do tamanho da Rio+20 aponta, exclusivamente, para a velha economia que vivemos, agora pintada de verde.

Avalanche verdeAlgumas constatações eram consensuais àqueles que chegaram ao semi-

nário realizado em uma das pequenas salas da antiga casa do centro de Porto Alegre que abriga o Instituto dos Arquitetos do Brasil. Uma delas, tal-vez a mais forte, era de que vivemos um ciclo de crises nunca antes experi-mentado pela humanidade.

Jean Marc von der Weid da ASPTA – Agricultura Familiar e Agroecologia, fez uma leitura do quadro atual acentuando as questões ligadas à agricul-tura: “parecemos olhar para as profecias de Nostradamus. As crises pare-cem estar se integrando e se fortalecendo umas às outras”. O economista enumerou alguns aspectos para mostrar como o modelo hegemônico de agricultura simplesmente é insustentável em longo prazo: os recursos mi-nerais usados para fabricação de adubos nitrogenados estão desaparecen-do; o modelo é completamente baseado em petróleo e não faltam questio-namentos sobre os limites de sua exploração; a degradação do solo chega a níveis alarmantes: calcula-se que já atinge 22% das terras férteis do mundo. “Desaparecem ainda as culturas agrícolas tradicionais. Isso tem uma signi-ficação que vai além da perda ambiental e do material genético. Perdemos

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também o conhecimento. Esse é um problema grave para o futuro”, preocupa-se, lembrando que neste cenário, questões antigas e não re-solvidas no Brasil, como a reforma agrária, são ainda mais necessárias.

Mas a ação dos governos, que têm por trás tan-tos interesses e com diferentes níveis de força, também foram questionados. Camila Moreno, da Fundação Heinrich Boell, analisa que “sem a ação autoritária e impositiva dos governos as corporações não poderiam fazer nada”. Ela enumerou diversos processos – seja as sínteses

terr itórios do futuroContra uma avalanche verde, aposta nos A Cúpula dos Povos, paralela à Rio+20,

acontecerá no Aterro do Flamengo, abrindo o diálogo com a sociedade sobre uma outra economia

e documentos elaborados por agências da ONU, por coalizões de bancos ao por agências de consultoria que atuam junto à corporações e governos - que mostraram o avanço da chamada economia verde como realidade, agora em processo de regulamentação – inclusive no Brasil, por exemplo com a trami-tação de lei para o pagamento por serviços ambientais.

Vale dizer que já existe, inclusive, uma metodologia para medir o valor de mercado do que antes era considerado bem comum: ar, água, biodiversida-de, etc. A metodologia está em um estudo chamado Teeb (A economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade, na sigla em inglês), vinculado ao Progra-ma das Nações Unidas para o Meio Ambiente e lançado na última Confe-rência da Convenção sobre Diversidade Biológica em 2010. “O Brasil pode transformar, por exemplo, o carbono estocado na fl oresta Amazônica em uma variável macroeconômica. Ou seja, a economia verde brasileira ‘vai bombar’ porque subitamente a água doce vai ser somada às riquezas na-cionais. Nada contra contabilizar. A questão é: dentro de qual projeto isso se insere e para quais fi ns? E os fi ns são lançar isso em um mercado de com-modities e, pior ainda, de fi nanceirização e de uma série de produtos fi nan-ceiros atrelados a estas commodities”.

Outro ponto especialmente destacado por Pablo Sólon é o papel do Brasil na conferência. O ex-diplomata boliviano lembra que o país será mais que um simples anfi trião, inclusive porque também quer “negociar seu peda-ço” em um novo negócio no qual pode ser naturalmente privilegiado pe-los recursos que estão em seu território. A isso, o canadense Pat Mooney, do ETC Group, adicionou que a pressão sobre o Brasil estará duplicada na Rio+20 visto que hoje brasileiros ocupam dois cargos chaves na ONU nesta área: José Graziano da Silva é diretor geral da FAO, órgão para alimentação e portanto, a cargo de parte da diversidade biológica do mundo e, agora, a cargo de outra parte, Bráulio Ferreira de Souza Dias, recém-escolhido como Secretário Executivo do Secretariado da Convenção sobre Diversidade Bio-lógica. Mooney também lembrou que o mundo não pára de girar depois da Rio+20. Assim, aconselhou: “devemos estar atentos a outros encontros mun-diais, como a próxima Conferência das Partes sobre Biodiversidade Biológi-ca, onde podem ser concretizados os mecanismos para o mercado verde”.

Fátima Mello, da FASE, também aposta na materialidade para denunciar e mostrar as alternativas. Por isso construir na Cúpula das Povos um “Ter-ritório do Futuro”, mostrando as práticas que apontam para outra econo-mia. “Mas é preciso que a sociedade saiba que o que chamamos alternativo, como a agroecologia, nunca será massifi cado se isso não passar pela políti-ca”, afi rmou lembrando que lutas como o levante de Chiapas no México em 94 e coalizões contra o Nafta, que desembocaram nos protestos de Seatle em 1999 e no Fórum Social Mundial no início do século, partiram também de situações muito concretas e mudaram o contexto político depois de uma década. A Cúpula dos Povos, na opinião de Fátima, pode ser um ponto im-portante para a acumulação de força política, para novas convergências e para abrir um grande diálogo com a sociedade sobre os rumos possíveis.

Não é por outro motivo, comenta, que o Comitê Facilitador da Cúpula dos Povos, do qual faz parte, escolheu realizar a Cúpula no Aterro do Flamengo – quando o evento ofi cial da ONU será no Riocentro, distante da área cen-tral do Rio de Janeiro. Com isso, o debate sobre outra economia segue para um espaço reconhecidamente público, que poderíamos considerar bem co-mum da cidade. Fonte: http://www.fase.org.br/v2/pagina.php?id=3641

*O seminário Rumo à Rio+20: Por uma outra economia foi organizado pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia, FASE - Solidariedade e Educação, Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN), Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), Núcleo Amigos da Terra Brasil (Nat/Brasil) e Sempreviva Organização Feminista (SOF)

Os entusiastas dizem que economia verde é tudo: separar o lixo, indústrias limpas, estar com Pachamama, vender créditos de carbono, tudo isso pode ser economia verde. E por isso não definir esta economia no documento. Se aceitamos isso, assinamos um cheque em branco.(Pablo Sólon, ex-embaixador da Bolívia na ONU)

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Pablo Sólon, durante o Fórum Social Mundial em Dakar, Senegal, em 2011

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Em artigo recente no Wall Street Journal, assinado por dezesseis cientistas, o grupo apresenta uma carta aberta à sociedade – não necessariamente um documento científico – em relação ao que pensa do Aquecimento Global (causa) e as Mudanças Climáticas (efeitos)

Mudanças CliMátiCas:

No texto – polêmico, mas que deve ser res-peitado – é feita a citação que não há mo-tivo para pânico sobre o assunto. Enfatiza que há gente ganhando dinheiro na venda do que chama de “alarmismo climático”. Conclui dizendo que um grupo de cientis-tas está sendo deixados – propositalmente – fora da discussão, particularmente os que não defendem soluções drásticas para a so-lução do Aquecimento Global. Continua, cri-ticando abertamente o IPCC e a ONU. Explí-cita – em tom de desabafo – que os mode-los matemáticos utilizados por estas insti-tuições estão superestimando os valores de previsão dos futuros efeitos do Aquecimen-to Global, ou seja, das Mudanças Climáticas.

Os cientistas vão mais longe; afirmam que o crescimento do nível de gás carbônico na atmosfera foi muito bom para a produtivi-dade da agricultura, ou seja, o efeito estufa foi positivo sob este aspecto. Vão mais lon-ge: o grupo dos cientistas alarmistas visou – e conseguiu – financiamento público para suas pesquisas voltadas aos seus interesses e não, necessariamente, com a verdade. Este fato propiciou a alguns governos a desculpa para criarem taxas e subsídios, ou seja, a saí-da para as necessárias soluções econômicas, disfarçadas por pressão ambiental.

Posições antagônicas como esta – digamos polêmicas em termos de convergência para uma verdade de consenso científico – têm sido, de forma cíclica, uma realidade em re-lação ao tipo de informações sobre o Aqueci-mento Global que chegam à sociedade. Para quem deseja – sem ser iniciado no tema – en-tender o que está acontecendo de verdade, acreditando que os cientistas é que deveriam ter as respostas para as suas dúvidas (diga-

mos, as primárias) acaba por levar a sociedade a, cada vez mais, a se afas-tar da discussão, exatamente no sentido inverso que se faz necessário.

Muitas pesquisas mostram que a sociedade – no caso a brasileira – mostra envolvimento com a problemática decorrente do Aquecimento Global, entretanto outras pesquisas evidenciam que apesar de mostra-rem envolvimento com o tema, não conseguem, com suas próprias pa-lavras, explicar o que é Aquecimento Global (causa) e Mudanças Climá-ticas (efeitos). Respeitando as duas linhas de pesquisa fica a evidente a dúvida: a sociedade pode estar envolvida com um assunto que não con-segue explicar?

O cenário é, no mínimo, preocupante, pois a tendência da discussão ainda continua na área científica – apoiada ou contestada por ambien-talistas, governos e uma minoria de iniciados da sociedade – pano de fundo para várias conferências realizadas ao longo do mundo, voltadas ao tema.

Nosso foco neste artigo – sobretudo, pois não há espaço para tal – não é defender uma das posições (alarmistas x não alarmistas), mas colocar a discussão em termos da sociedade, ou seja, procurar esclarecer o aspecto de que ela não pode se excluir / omitir dessa discussão. Ou seja, acompa-nhar os fatos na mídia, estando consciente que, em algum momento, a sociedade terá de ser ouvida.

Simplificando, se é que é possível: partindo dos extremos, sem com-promisso com nenhum dos lados, se as Mudanças Climáticas não serão críticas como dizem os “não alarmistas” ou se serão, como afirmam os “alarmistas”, em qualquer dos casos a sociedade já está pagando os ônus decorrentes (necessários ou não).

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A cada dia é mais fácil ser seduzido pelos apelos às questões ambientais. Nossos filhos são muito mais conscientes do que é bom ou ruim para o ambiente. Entre o bem e o mal muitas coisas foram sacadas como constituintes do mal dentre elas: o consumo de petróleo, a não reciclagem, a garrafa pet e ultimamente a sacola plástica

É lenha

Nossa busca em definir o que é bom ou ruim se compara a uma novela de mocinhos e ban-didos. De vez em quando a madeira e, sobre-tudo a lenha, encena como ator principal para uns e como coadjuvante para outros.

Já escutei uma dúzia vezes dizerem que a le-nha não é fonte renovável, que usa-la é pro-mover o desmatamento, que é um crime.

Existe defesa para tudo nesse mundo, assim como existe grupo, comunidade e guetos para tudo, ou quase tudo, pois nunca vi nada para a lenha que é um figurante das insolentes esco-rias e dos mais desprezíveis sentimentos atu-ais, onde recaem tantas acusações. Para mui-tos, a lenha é condenada mesmo sem julga-mento, isso de fato é lenha.

É lenha, que o produto de uma árvore que nas-ce, cresce e morre, não seja classificado como fonte renovável. Mais lenha ainda é ter de escu-tar de gente dita “estudada” a afirmação de que as indústrias que usam lenha sejam atrasadas tecnologicamente, e que estas precisam mudar a matriz energética.

É surpreendente que estados rasguem a terra por centenas de quilômetros para canalizar fon-tes de energia que apenas enriquecem as gran-des companhias.

É lenha desprezar a capacidade de crescimen-to de nossas florestas, e insano não perceber os avanços de nossa silvicultura. É lenha ver um finlandês esperar 80 anos para colher uma árvore e investir bravamente na atividade, en-quanto nossas terras ofertam madeira com 5 a 8 anos e não há investimento suficiente.

É ultrapassado não investir no desenvolvimen-to local, porém, o que se faz ao não estimular o uso sustentável das florestas ou a formação des-tas, é não estimular o desenvolvimento local.

Num mundo que diz discutir os serviços das florestas, parece insano quan-do se risca terras, investem-se milhões e não se estimula o manejo das flo-restas nem a formação de plantios florestais. É lenha, que mesmo tendo co-nhecimento, tecnologia, solos propícios e condições climáticas, até mesmo os ditos ambientalistas não considerarem a lenha um combustível renovável.

É lenha, ver milhares de pessoas na clandestinidade, ou sendo pautado como agressores ambientais, quando estes estão buscando a sobrevivência e demonstrando ao estado que existe uma vocação florestal a qual necessi-ta de investimentos e de assistência técnica especializada.

No nordeste diferentes estudos já mostram que a lenha é a fonte mais barata para produção industrial. É triste que não haja nenhuma bancada, e talvez deputado que defenda a lenha como fonte de energia renovável.

É a lenha que fornece cerca de 30% da energia consumida no nordeste. Lamento que os combustíveis fósseis avancem, e que a lenha seja tratada como não renovável e com motivo de perseguição.

É lenha escutar que a indústria é sustentável porque usa gás GLP, e que o gás natural é energia limpa. É estarrecedor que esse tipo de afirmação venha de ditos especialistas e de salvadores do planeta. É estupido tratar empresas que usam lenha como atrasadas e não sustentável.

A lenha é uma fonte de energia de base renovável. Para tanto basta mane-jar florestas ou fazer plantios. Lenha pode ser sustentável quando maneja-mos florestas. É preciso que essa importante fonte de energia seja respeitada, pautada e considerada como fonte primária, e não se busque cobrir o sol com a peneira e marginalizar quem a usa ou a produz de forma sustentável.

Da mesma forma que um fruto é colhido, uma árvore também pode ser. Para isso não deveria haver histeria, protesto ou lamentação. A sociedade precisa que árvores sejam colhidas. Quando uma árvore é cortada e trans-formada em lenha ou carvão, um bem que foi nos dado está sendo apro-veitado. Todavia, não se deve esquecer que essa coleta seja proveniente de manejo florestal sustentável ou plantio.

Quando se associa eficiência energética e bases sustentáveis, a lenha é uma fonte renovável, social e sustentável. A lenha é um dos poucos com-bustíveis que tem a capacidade de gerar emprego e aquecer a economia lo-cal. É por isso que lenha é lenha, uma baita fonte renovável de energia que precisa estar presente no discurso dos cidadãos e ambientalistas. Espero que um dia haja um movimento em prol da lenha. * Cristiano é Engenheiro Florestal e licenciado em Ciências Agrícolas, mestrando em Ciências Florestais pela UFRPE

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Notícias da legislação

RestingaO Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) aprovou a lista de

espécies indicadoras dos estágios sucessionais de vegetação de restinga na Mata Atlântica para a Bahia, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Ceará, Sergipe, Alagoas, Piauí, Rio Grande do Norte e Paraná. As listas encontram-se disponíveis, respectivamente, nas Resolu-ções Conama nº 437 a 447, todas publicadas em 03.01.2012.

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Fonte: Boletim Ambiental – www.tabet.com.br. O escritório Tabet Advogados estará realizando, em 31.05.2012, na cidade do Rio de Janeiro, o Seminário Internacional de Direito Ambiental Empresarial. Maiores informações: Ana Paula da Silva - [email protected]

Poluição AtmosféricaO Conselho Nacional do Meio Ambiente

– Conama, por meio da Resolução Conama nº 436, publicada em 26.12.2011, estabeleceu os limites máximos de emissão de poluen-tes atmosféricos por fontes fixas instaladas ou com licença de instalação requerida an-tes de 02.01.2007. Dentre as premissas ado-tadas para o estabelecimento de limites de emissão estão as seguintes: (i) o uso desses limites como um dos instrumentos de con-trole ambiental, cuja aplicação deverá ser associada a critérios de capacidade de su-porte do ambiente onde está localizado o empreendimento; (ii) a adoção de tecnolo-gias de controle de emissões que sejam téc-nica e economicamente viáveis, acessíveis e já desenvolvidas em escala que permita sua aplicação prática; (iii) a possibilidade da di-ferenciação dos limites de emissão, em fun-ção do porte, localização e especificidades das fontes de emissão, bem como das carac-terísticas, carga e efeitos dos poluentes libe-rados. Conforme o disposto na Resolução, o lançamento de efluentes gasosos na atmos-fera deverá ser realizado por meio de dutos ou chaminés, sendo ainda exigida a manu-tenção adequada dos sistemas de exaustão de poluentes para evitar as emissões fugiti-vas desde a fonte geradora até a chaminé. O órgão ambiental licenciador poderá esta-belecer um limite de emissão mais restriti-vo, conforme as condições locais da área de influência da fonte poluidora. Consideran-do os tipos de poluentes e a tipologia das fontes poluidoras, são estabelecidos limites para os poluentes atmosféricos provenien-tes dos processos de geração de calor a partir de combustão externa de: (i) óleo combus-tível; (ii) gás natural; (iii) biomassa de cana de açúcar; (iv) derivados da madeira. Tam-bém foram fixados limites para emissões provenientes dos seguintes equipamentos ou processos: (i) turbinas a gás para geração de energia elétrica; (ii) refinarias de petróleo; (iii) fabricação de celulose; (iv) fusão secun-dária de chumbo; (v) indústria de alumínio primário; (vi) fornos de fusão de vidro; (vii) indústria de cimento portland; (xiii) produ-ção de fertilizantes, ácido sulfúrico, ácido ní-trico e ácido fosfórico; e (ix) indústrias side-rúrgicas integradas e semi-integrados e usi-nas de pelotização de minério de ferro.

Resíduos da construção civilEm 19.01.2012, foi publicada a Resolução n.o 448 do Conselho Nacional do

Meio Ambiente – Conama, alterando a Resolução Conama n.o 307/2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para gestão dos resíduos da construção civil. As alterações incluem adequações pertinentes à Lei n.o 12.305/2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos), notadamente no que tan-ge às áreas de beneficiamento e reservarão de resíduos e de disposição final de rejeitos. Foi também instituído o prazo máximo de doze meses para que os municípios e o Distrito Federal elaborem seus Planos Municipais de Ges-tão de Resíduos de Construção Civil, os quais deverão ser implementados em até seis meses após sua respectiva publicação.

Regularização ambiental de imóveis ruraisDesde o dia 12.12.2011, o Sistema de Adesão ao Programa Mais Am-

biente está disponível, em caráter experimental, para os proprietários e posseiros que desejarem fazer a regularização ambiental de seus imó-veis rurais por meio do preenchimento do Cadastro Ambiental Rural (“CAR”), conforme formulário disponibilizado no seguinte endereço ele-trônico: http://www.maisambiente.gov.br. O Programa foi instituído pelo Governo Federal por meio do Decreto n.o 7.029/2009 e visa apoiar a regularização ambiental por meio da concessão de benefícios que via-bilizam a adequação das propriedades com a legislação ambiental, no-tadamente no que tange à reserva legal e às áreas de preservação per-manente. O Programa oferece, conforme o interesse do proprietário ou possuidor rural, assistência técnica, educação ambiental, capacitação e apoio para implementação de viveiros e auxílio para recuperação de áreas degradadas, inclusive áreas de preservação permanente e reserva legal. Com relação a multas aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama em decorrência de certas infrações contra a flora, o Programa possibilita a suspensão da cobrança e a conversão da multa em recuperação do dano ambiental. O prazo de adesão ao Programa encerra-se em 10.12.2012.

Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisIbama regulamentou, por meio da Instrução Normativa n.o 16, publicada

em 16.12.2011, a fabricação e distribuição de anilhas para criadores de aves sil-vestres. A Instrução Normativa dispõe sobre o credenciamento das fábricas de anilhas e o procedimento de solicitação e entrega das anilhas.

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O total de licenças equivaleu a uma média de 2,5 por dia útil, o que representa um aumen-to de 32% em relação a 2010, em que a média foi de 1,9 licença por dia útil, com destaque para os sistemas de transmissão de energia elétrica, cujo aumento foi de 77%. Parte desse acréscimo também se deveu aos licenciamen-tos de projetos de assentamento do Incra em Goiás, os quais foram repassados ao Ibama por meio da assinatura de Termo de Cooperação Técnica entre este Instituto e a SEMARH.

A emissão de Termos de Referência, que subsi-diam a elaboração dos estudos de impacto am-biental, cresceu 77%. A carteira de processos de licenciamentos do Ibama chegou a 1.719, em de-zembro passado, o que representa aumento de aproximadamente 13% em relação a 2010. Esses processos encontram-se em diferentes estágios e permanecem na carteira do Ibama mesmo após a emissão da licença de operação, que auto-riza o funcionamento do empreendimento.

Entre os processos em curso no Instituto, en-contram-se 156 processos de geração de ener-gia hidrelétrica, que representam 52% (77GW) da matriz energética brasileira. Em 2011, foram emitidas 89 licenças relacionadas a esse setor, autorizando-se a instalação de 13GW.

Além do aumento de produtividade e de de-mandas, o ano passado foi marcado também por uma qualifi cação excepcional do proces-so de Licenciamento Ambiental Federal, a qual engloba capacitação dos analistas ambientais e regras mais claras, especialmente para as análi-ses de pedidos de licença para produção de pe-tróleo e gás, linhas de transmissão, rodovias e portos. Em relação às ações de treinamento, fo-ram capacitados 331 analistas em cursos organi-

Emissão de 624 licenças ambientais, realização de 20 audiências públicas, produção de 2.392 documentos técnicos, indeferimento de 4 pedidos de instalação de empreendimentos e devolução de 10 estudos ambientais. Esses são os números do Ibama no licenciamento em 2011

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Qualquer cidadão pode obter informações sobre emissão de licenças e documentos do processo de licenciamento por meio do Sislic, acessível pelo www.Ibama.gov.br/ licenciamento

zados pelo próprio Ibama, incluindo-se curso de Avaliação de Impacto Ambiental, com 124 ho-ras-aula para 105 servidores. O Ibama também reforçou, no ano passado, a equipe com mais 90 analistas (concurso, remoção e distribuição) ele-vando para quase 400 o número de servidores dedicados ao licenciamento na Sede e em seus Núcleos de Licenciamento nos estados.

Tais medidas ajudam o Ibama a se estruturar ainda mais para emitir licenças robustas e aten-der à demanda de um país que cresce e necessi-ta de infraestrutura. Até 2020, conforme previ-são do Plano Decenal de Expansão de Energia, o país deve ampliar em 42.553km a extensão de linhas de transmissão, 76,26% dos quais serão licenciados pelo Ibama, e em 33.289MW a gera-ção de energia hidrelétrica. Desse total, quase 95% serão licenciados pelo Instituto. Segundo o Plano Nacional de Logística de Transporte, o país também deverá contar com mais 12.790km de ferrovias até 2015, também licenciados pelo Ibama, e mais 8.000km de rodovias.

Além disso, já incluído o Pré-Sal, há previsão de aumento, até 2020, de 226,33% da produção de petróleo, passando de 2,325 para 5,756 milhões de barris/dia. Diante da ampliação dos empreendi-mentos petrolíferos na plataforma continental, cujos licenciamentos são de competência do Ibama, intensifi caram-se os simulados de emer-gência, para testar previamente as medidas lis-tadas nos planos de contingências em caso de acidente e vazamento de óleo. Em 2011, foram re-alizados 19 simulados de emergência, 9 a mais do que no ano anterior. Outra área aperfeiçoada pelo Ibama foi o acompanhamento pós-licença, com fi scalização das ações de mitigação e com-pensação de impactos ambientais.

Além do aumento de produtividade e de demandas, o ano passado foi marcado também por uma qualifi cação excepcional do processo de Licenciamento Ambiental Federal, a qual engloba capacitação dos analistas ambientais e regras mais claras

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PROGRAMA RECLAMAR ADIANTA

RÁDIO BANDEIRANTESAM 1360 (RJ)COM ÁTILA NUNES FILHO E ÁTILA NUNES NETO

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTARÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, entre 10h e meio dia,Acesse pela internet:

www.reclamaradianta.com.br Central telefônica 24h: (021) 3282-5588 [email protected]

Permitir que dezenas de ouvintes diariamente entrem no ar para reclamar, protestar, denun-ciar, sem censura. Essa é a fórmula do sucesso de audiência do Programa Reclamar Adianta que vai ao ar de segunda à sexta feira pela Rádio Bandeirantes AM 1360 (RJ). Na verdade, esse su-cesso é um resultado, e não o objetivo. O objetivo sempre foi – e é – de dar voz aos cidadãos que não têm acesso aos veículos de comunicação para externar seus pontos de vista.

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Guia do Meio Ambiente Aqui o seu anúncio é visto por quem se importa com o meio ambiente

CUPOM DO ASSINANTESIM, quero ser assinante-colaborador da Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental, uma organização sem fins lucrativos, assegurando meu livre acesso ao conteúdo do PORTAL DO MEIO AMBIENTE (www.portaldomeioambiente.org.br) e o recebimento da versão impressa e gratuita da REVISTA DO MEIO AMBIENTE sempre que for editada. Declaro concordar com o pagamento de R$ 100,00 (cem reais) referentes às despesas de manuseio e de postagem de 12 (doze) edições impressas, que receberei uma a uma, independente do tempo que dure. Farei o pagamento através de depósito bancário na Caixa Econômica Federal, Agência 3092 OP 003, C/C 627-5, em favor da PRIMA – MATA ATLÂNTICA E SUSTENTABILIDADE – CNPJ nº 06.034.803/0001-43, parceira da Rebia neste projeto pela democratização da informação socioambiental no Brasil. Após o pagamento, informarei pelo e-mail [email protected] a data, hora e valor do depósito e os dados completos (nome completo, endereço completo) a fim de receber meus exemplares.

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Revista do Meio AmbienteRedação: Trav. Gonçalo

Ferreira, 777 Casarão da Ponta da Ilha,

Jurujuba, Niterói, RJCEP 24370-290

Telefax: (21) 2610-2272ano V • ed 45 • fevereiro 2012

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mostre o que a sua empresa está fazendo para o público que se importa

Eventos em que a Revista do Meio Ambiente participará em 2012

I Desafi os Energéticos do Sul-Fluminense 2012-2025: Resende (RJ), março

IV Feira de Responsabilidade Social Empresarial: Macaé (RJ), maio

Cúpula dos Povos na Rio+20 “Por Justiça Social e Ambiental”: Rio de Janeiro (RJ), de 15 a 23 de junho

II Jornada Internacional de Educação Ambiental: Rio de Janeiro (RJ), de 15 a 23 de junho

“Diálogos sobre sustentabilidade”: governo e a sociedade civil: - Rio de Janeiro (RJ), de 16 a 19 de junho

Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento sustentável – RIO+20: Rio de Janeiro (RJ), de 20 a 22 de junho

XII Encontro Verde das Américas: Brasilia, setembro

XIII Feira Internacional de Meio Ambiente Industrial: São Paulo, outubro

V Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental: data e local a serem defi nidos

Reservas: entre dias 1 e 10 do mês de circulação Material: entre dias 10 e 15 • Circulação: entre dias 15 e 25

Negociação: para páginas duplas e mais de uma inserção, descontos entre 30 e 45%

Bonifi cação: dependendo da quantidade de inserções, banner no Portal do Meio Ambiente e matéria bonifi cada

Calendário AmbientalTemas das próximas edições da Revista do Meio Ambiente

Ed. 46 | março: água (Dia Mundial da Água), mulheres seringueiras (Dia da Mulher)

Ed. 47 | abril: Dia Mundial do Planeta Terra ( dia 22)

Ed. 48 | maio: meio ambiente do trabalho - Dia do Trabalhador (dia 1º), Aves Migratórias, Mata Atlântica (dia 27)

Ed. 49 | junho: Dia Mundial do Meio Ambiente (dia 5), RIO+20

Ed. 50 | julho: fl orestas (dia 17)

Ed. 51 | agosto: saúde e Dia Nacional do Meio Ambiente (dia 5)

Ed. 52 | setembro: Dia Mundial de Limpeza do Litoral (dia 18) e Dia da Árvore (dia 21)

Ed. 53 | outubro: Dia Mundial dos Animais (dia 4)

Ed. 54 | novembro: consumo responsável – Dia Mundial sem Compras (dia 23)

Ed. 55 | dezembro: Dia Mundial da Biodiversidade (dia 29)

Ligue agora ou envie um e-mail:[email protected] - Telfax: (21) 2610-2272 / Celular (21) 7883-5913 / Rádio comunicador ID 12*88990Trav. Gonçalo Ferreira, 467 (antigo 777) - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba, Niterói, RJ 24370-290

Datas e eventos especiais da Rebia, para subsidiar a inclusão da Revista do meio Ambiente nos planos de mídia 2012