7/23/2019 Resumo JIPA - Cult Viva

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O Programa Cultura Viva e o tratamento da política cultural como política social

Victor Neves de Souza – Fundamentos de Serviço Social / Política Social

 A pesquisa na qual se baseia a presente comunicação visa, em linas !erais, a

apreender as m"ltiplas determinaç#es que en$ormam o Pro!rama %ultura Viva a partir deseu enquadramento enquanto política de &stado' Para isso, nosso es$orço de pesquisa

ser( diri!ido no sentido de e)tra ir de nosso acervo eurístico um con*unto de cate!orias

capazes de dar conta, de uma parte, das especi$icidades da cultura pensada enquanto

criação est+tica, e, de outra, da inserção da cultura no quadro das relaç#es

&stado/sociedade, de $orma a poder pensar este comple)o de problemas no marco de

políticas p"blicas'

 A importncia política do re$erido Pro!rama para a atual !estão do -in%, bem

como para o atual !overno $ederal, pode ser estimada por seu ob*etivo declarado de

reverter uma característica ist.rica marcante da política cultural no rasil0 o $ato de ela

ser elaborada e implementada, via de re!ra, na relação entre &stado e intelectuais,

dei)ando de $ora de seus processos de $ormulação e de !estão as classes subalternas'

&ste $en1meno se relaciona or!anicamente com o camino atrav+s do qual, se!undo

%arlos Nelson %outino, ocorreu a modernização brasileira – atrav+s de 2revoluç#es pelo

alto2, processo político decisivo tant o na consolidação do &stado brasileiro como na

con$ormação de nossa identidade nacional'

%om o $ortalecimento paulatino do mecanismo de isenção $iscal como o principal

meio de $inanciamento da política cultural em nosso país 3situação em que os !randes

produtores atuantes no mercado se tornariam o mais importante p"blico4alvo da política

ministerial, com capacidade de mobilizar recursos para apresentar pro*etos

aparentemente interessantes aos !estores p"blicos, e, assim, !arantir recursos p"blicos

para suas produç#es5, certa distorção sempre presente em nossa política cultural !anou

nova roupa!em0 trata4se do privil+!io, no acesso aos recursos p"blicos para a (rea da

cultura, a pequenos !rupos 3que poderíamos camar de uma elite cultural5' Neste caso,

acrescido do a!ravante de que o &stado $oi, a pouco e pouco, se tornando ele pr.prio um

2mercado cultural2, *( que + a ele que os produtores culturais t6m de r ecorrer para serem

capazes de viabilizar suas produç#es – o retorno do mercado propriamente dito vem

depois, quando vem' 7 neste conte)to, a partir da crítica a esta situação e do

compromisso com sua reversão, que aparece uma proposta da atual !estão do -in% '

&ste compromisso se d( tanto do ponto de vista de redirecionar os recursos p"blicosalocados 8 (rea da cultura 3no sentido de combater o privil+!io dos pequenos !rupos de

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produtores no acesso aos montantes5 quanto daquele de dinamizar uma economia da

cultura que se*a, se!undo se advo!a, capaz de articular 2inclusão social2 com diversidade

cultural em bases solid(rias'

 Apesar do compromisso com a democratização da cultura e a 2inclusão social2

atrav+s da mesma, a Secretaria de Pro!ramas e Pro*etos %ulturais 4 respons(vel pela$ormulação, implementação e avaliação do Pro!rama %ultura Viva 4 não p#e em questão

se os ob*etivos do Pro!rama são mesmo os mais adequados 8 democratiz ação da

cultura e 8 !arantia dos direitos culturais asse!urados por nossa %onstituição 3que o

Pro!rama rea$irma5, ou se a estrat+!ia de implementação + a mais consonante com a

di$usão das diversas mani$estaç#es culturais e com a proteção das mais ameaçadas de

esma!amento por serem menos adequadas ao mercado enquanto mecanismo de

mediação universal para o $azer cultural' 9u se*a, se a 2inclusão social2 mediada pelaativação de um mercado cultural baseado na economia solid(ria pode culminar na

diversidade e proteção aludidas, ou se ela se es!ota em si mesma – mera inclusão em

um mercado super seletivo, uma esp+cie de política de !eração de empre!o 3prec(rio, *(

que não conta com nenuma das !arantias trabalistas asse!uradas por nosso

ordenamento *urídico4político, e tempor(rio, *( que o apoio 8s iniciativas selecionadas tem

seu prazo determinado de antemão5 e renda via cultura'

Faltam ao Pro!rama %ultura Viva, deste modo, ava liaç#es que ponam em

questão seus ob*etivos mesmos, sua pr.pria ess6ncia, con$rontando4a com os princípios

que ele rea$irma, e, a partir daí, avaliando4o sob um escopo mais amplo' 9 espaço

acad6mico de pesquisa nos aparece como o locus adequado para que se materialize um

es$orço deste tipo'

 Assim, os ob*etivos da pesquisa a ser realizada são0 compreender como o

Pro!rama -ais %ultura modi$ica o tratamento que vem sendo dado 8 política p"blica na

(rea da cultura ao lon!o dos "ltimos anos, notadamente no rasil, istoricizando4o no

campo da política cultural: apreender como este pro!rama se articula com os outros

pro!ramas sociais do !overno, bem como com seu pro*eto político mais !eral: apanar as

contradiç#es no desenvolvimento e na implementação do pro!rama, no sentido de

compreender quais dos seus vetores interessam a cada !rupo social b(sico constitutivo

da $ormação social brasileira: desvendar as relaç#es que este p ro!rama e a

reconceituação do termo cultura 3sua 2ampliação2, termo muito em vo!a o*e em dia5

estabelecem com necessidades de determinados !rupos sociais em nível nacional e

internacional, e como estas relaç#es se e)pressam te.rica e ideolo!icamente'