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Resumo Direito Internacional Público I – Guerra Sociedade Internacional Antecedentes Atores Características Antecedentes: A sociedade internacional já existia na mais remota Antiguidade, quando os povos mantinham relações entre si podendo-se afirmar que o direito internacional é tão antigo quanto a civilização em geral, posto que é consequência necessária e inevitável de toda a civilização. Para o Direito Internacional existir é necessária a pluralidade de Estados Soberanos (que se formaram na transição da Idade Média para a Idade Moderna). Nessa época, apesar de não haver as estruturações dos Estados Nacionais atuais existiam tratados que podem ser entendidos como tratados internacionais (tratados de comércio, exportação, etc.) Apesar de existirem marcos importantes, que demonstram claramente a incidência do Direito Internacional há muitos anos, pode-se atribuir à Paz de Vestefália a referência e a construção dos pilares básicos de Direito Internacional que concebemos hodiernamente. Também mostra-se como marco para a Sociedade Internacional a criação da ONU, em 1945. Denota-se, pois, que a sociedade internacional surge do relacionamento dos atores internacionais. O Direito Internacional. O Direito Internacional Público regula as relações jurídicas no âmbito da sociedade internacional, e remonta de mais ou menos 500 anos atrás. O que existe no mundo é uma Sociedade Internacional. Sociedade seria um grupo de pessoas em estado de interação, ou seja, um processo de mútua influência, de relações interindividuais e intergrupais, que se formam sob a força

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Resumo Direito Internacional Público I – Guerra

Sociedade Internacional

Antecedentes Atores Características

Antecedentes:

A sociedade internacional já existia na mais remota Antiguidade, quando os povos mantinham relações entre si podendo-se afirmar que o direito internacional é tão antigo quanto a civilização em geral, posto que é consequência necessária e inevitável de toda a civilização. Para o Direito Internacional existir é necessária a pluralidade de Estados Soberanos (que se formaram na transição da Idade Média para a Idade Moderna). Nessa época, apesar de não haver as estruturações dos Estados Nacionais atuais existiam tratados que podem ser entendidos como tratados internacionais (tratados de comércio, exportação, etc.)

Apesar de existirem marcos importantes, que demonstram claramente a incidência do Direito Internacional há muitos anos, pode-se atribuir à Paz de Vestefália a referência e a construção dos pilares básicos de Direito Internacional que concebemos hodiernamente. Também mostra-se como marco para a Sociedade Internacional a criação da ONU, em 1945. Denota-se, pois, que a sociedade internacional surge do relacionamento dos atores internacionais. O Direito Internacional.

O Direito Internacional Público regula as relações jurídicas no âmbito da sociedade internacional, e remonta de mais ou menos 500 anos atrás.

O que existe no mundo é uma Sociedade Internacional. Sociedade seria um grupo de pessoas em estado de interação, ou seja, um processo de mútua influência, de relações interindividuais e intergrupais, que se formam sob a força de vários interesses. Os Estados velam por si na medida direta e específica de seus interesses.

Atores:

Os atores da Sociedade Internacional são: os Estados, as Organizações Internacionais, a pessoa humana, as empresas multinacionais, os Blocos Econômicos, as ONG’s, a Santa Sé, dentre outros. Atores da sociedade internacional são diferentes de sujeitos da sociedade internacional. Nem todos os atores são sujeitos, pois não podem exercer todos os direitos e deveres na Sociedade Internacional. Os sujeitos da Sociedade Internacional são aqueles que possuem direitos e deveres perante a ordem jurídica internacional, além de serem os destinatários das normas jurídicas internacionais. São igualitários no campo

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jurídico (não em questões de natureza política). A exceção é a da própria ONU, na formação do Conselho de Segurança (5 países permanentes + 10 países), onde não se observa paridade.

Antigamente o Estado era o único sujeito da Sociedade Internacional, por participar com exclusividade da criação de normas jurídicas internacionais, subsistindo essa ideia até o fim do século XX. Atualmente fazem parte da ONU 193 países (de 51 iniciais).

A descolonização foi um processo que ajudou na formação de novos sujeitos internacionais. Foi fomentada no pós 1ª Guerra pelos EUA e pela URSS. A necessidade de expandir territórios, comércios e etc. fez com que essas potências mundiais incentivassem a descolonização. Com o processo de descolonização esses Estados, que até então não integravam a Sociedade Internacional passaram a integrá-la, marcando a característica universal da SI. Muitos dos protagonistas de Direito Internacional já se apresentavam há bastante tempo, mas não eram reconhecidos pela SI (como por exemplo os indivíduos e as empresas). A produção normativa internacional data desde meados de 1948. O indivíduo passa a ser visto como sujeito de Direito Internacional. A inserção de novos atores na SI acontece por meio da globalização.

Para existir Direito Internacional deve haver:

Pluralidade de Estados Soberanos Comércio Internacional Princípios Jurídicos Coincidentes (ou características da sociedade

internacional)

Características:

A SI é:

Universal: abrange todos os atores existentes no globo, sendo até os corpos celestes regulamentados por DI (essa universalização ocorre principalmente após a 2ª Grande Guerra Mundial, com o processo de descolonização supracitado).

Igualitária: apresenta igualdade jurídica, ou seja, os membros da SI tem reconhecido sua igualdade legal, embora haja discrepância, ainda, entre os países mais ou menos influentes.

Aberta: permanentemente aberta para o ingresso de novos Estados Membros.

O seu direito é originário: e não derivado, ou seja, o Direito da SI não é um direito derivado dos direitos dos diversos Estados.

Não apresenta uma organização jurídico-institucional: ou seja, não há configurado um governo mundial. A sociedade internacional é descentralizada. No plano internacional nós não temos uma sociedade

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supranacional, embora tenhamos alguns mecanismos de funcionamento (executivo, legislativo, judiciário). O funcionamento da SI, em relação ao “legislativo”, ou seja à criação a norma jurídica internacional, se dá principalmente pela criação de tratados internacionais. O Executivo da SI se dá, em tese, pelo Secretário Geral da ONU. No que concerne ao Judiciário nós possuímos alguns órgãos que funcionam nessa atividade judicante, como as Cortes Internacionais.

1. Área de Livre Comércio 2. União Aduaneira 3. Mercado Comum 4. União Econômica e Monetária 5. União Política

Sociedade internacional é diferente de comunidade internacional.

Livre comércioConsiste na criação de um espaço formado pelo território de Estados

signatários do tratado, dentro do qual estão suprimidos obstáculos de qualquer natureza que se oponham à livre circulação de bens ou serviços, isto é, são eliminados os direitos de aduana e regulamentações comerciais restritivas para que ocorram intercâmbios comerciais dos produtos originários dos territórios constitutivos da Zona de Livre Comércio.

União aduaneira

Além da liberalização do comércio, no âmbito de seus territórios, deve criar um único território aduaneiro, com a aplicação de uma regulamentação comum, em relação a outros países. Uma união aduaneira é uma área de livre comércio com uma tarifa externa comum, ademais de outras medidas que conformem uma política comercial externa comum. Entre um grupo de países ou territórios que instituem uma união aduaneira, há a livre circulação de bens (área de livre comércio) e uma tarifa aduaneira comum a todos os membros, válida para importações provenientes de fora da área.

Os países ou territórios que a adotam costumam ter por objetivo aumentar a sua eficiência econômica e estabelecer laços políticos e culturais mais estreitos entre si. A união aduaneira é formada por meio de um acordo comercial. Essa política é adotada pelo Mercosul.

Mercado comumNa fase Mercado Comum, estão presentes a livre circulação de bens, serviços,

pessoas e capital provenientes de quaisquer países que façam parte do tratado. Um bom exemplo de Mercado Comum é a União Europeia.

União econômica e monetária

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Uma união econômica e monetária é um mercado comum dotado de uma moeda única. Não deve ser confundida com uma simples união monetária (como o franco CFA), que não envolve um mercado comum.

Essa fase pressupõe a existência de um mercado comum em pleno funcionamento.Consiste na coordenação das políticas econômicas dos países membros e na criação de um único banco central para emitir a moeda que será utilizada por todos, que é o caso da União Europeia.

União política e econômicaA união política e econômica representa o maior nível de integração que

pode atingir a integração entre Estados. Consiste em um integração superior à do mercado comum, pois acrescenta as idéias de nacionalidade e moeda comuns e amplia a livre circulação. O maior exemplo é o da União Européia.

União Européia é uma relação comunitária. Quanto mais desenvolvido o tratado entre os países, menos é a soberania estatal. Esses blocos, para que essa possam se projetar no plano internacional, eles tem características jurídicas próprias.

A Norma Internacional

No plano internacional, assim como no interno, existem normas que não são jurídicas. Porém, as normas jurídicas gozam de características que as normas não jurídicas não possuem. No plano interno existe a figura do Estado, tutelando as normas jurídicas, figura essa que não existe no plano internacional.

Fontes do Direito Internacional Público (previstas no artigo 38 da Corte Internacional de Justiça)

As fontes de DIP são onde iremos pautar as normas de Direito Internacional. Constituem os modos pelos quais o direito se manifesta, isto é, a maneira pela qual surge a norma jurídica internacional. Em síntese, podemos conceituar fonte como o local de onde o direito retira a sua obrigatoriedade. Dividem-se em: fontes materiais (são os acontecimentos históricos, políticos, sociais, que o Direito deve regulamentar) e formais (as maneiras pelas quais se apresentam os preceitos jurídicos sob a forma de regras jurídicas sancionadas. Exemplo: os costumes e os tratados). A Cortesia se apresenta como norma internacional não obrigatória. As relações internacionais são rápidas, e vem se avolumando. Esses atos de cortesia servem para que se tenha o melhor desenvolvimento dessas relações internacionais. A moral internacional vai ser evidenciada por determinadas práticas do plano internacional que envolvem, por exemplo, senso de justiça, reciprocidade, etc.

A Norma Jurídica Internacional precisa ser vista com as questões que envolvem as fontes de DIP, que são elas: As convenções internacionais; Os costumes internacionais; Os princípios gerais do Direito; A doutrina e a

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Jurisprudência como meios auxiliares; a Analogia. Estas são fontes de DIP que se assemelham às fontes de DI divergindo na questão das leis, que são substituídas por tratados e convenções internacionais.

A Norma Jurídica, enquanto regra, tem suas fontes formais: as regras e princípios de Direito Internacional. As regras de Direito Internacional que são produzidas por força de tratados são as chamadas regras convencionais. As regras produzidas por força dos costumes são regras consuetudinárias.

Os princípios, hoje em dia, são muito levados em conta na jurisprudência e legislação brasileira. No Sistema Internacional também devemos levar em conta as ações dos princípios. As normas jurídicas internacionais são vistas como normas dispositivas. Como regra geral, tais normas irão produzir efeitos para os Estados que aderem à essa norma. Porém, existem normas que, de acordo com a Convenção de Viena, são aceitas e reconhecidas no SI como obrigatórias e que não admitem derrogação. São as normas que protegem os direitos humanos e impedem o uso da força no Sistema Internacional.

Os costumes, no plano interno, são subsidiários à norma. No plano internacional os tratados e costumes estão no mesmo patamar. Dessa forma, é possível que um tratado derrogue um costume e vice-versa. Porém, é mais plausível que isso ocorra do que o contrário. Quais aspectos podemos entender como costumes: prática aceita, reiterada e obrigatória (levando-se em conta o aspecto temporal) e que seja de domínio público. Costumes são normas jurídicas consuetudinárias.

A Sociedade Internacional, com a adesão dos costumes, deixa de ser uma sociedade estática, passando a ser uma sociedade dinâmica. Os tratados internacionais passaram a ter maior destaque em relação aos costumes devido à segurança jurídica que oferecem. Porém, nem por isso podemos dizer que um é maior que o outro, hierarquizado. Existe um movimento de codificação do Direito Internacional, que seria a codificação dos costumes e tradições.

O parágrafo 1º do artigo 38 da CIJ apresenta os princípios gerais do Direito como fonte autônoma e primária do direito internacional. Portanto, estes constituem fontes de DIP assim como os tratados e costumes. Dentre os vários princípios gerais do Direito podemos citar o pacta sunt servanda, o princípio da boa fé objetiva, etc.

As fontes do DIP não tem hierarquia entre si. Diferentemente do Direito Interno. As fontes do DIP seriam, portanto:

Costumes: Costume é a prática reiterada de determinada conduta e a crença de que essa conduta vai se repetir ao longo do tempo, além da crença de que tal costume irá produzir norma jurídica. Para que um comportamento comissivo ou omissivo seja considerado costume é necessária a presença de dois pressupostos: um

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pressuposto material, a consuetudo, ou seja, uma prática reiterada de comportamentos e um pressuposto psicológico, a opinio júris vel necessatis, ou seja, a certeza de que tais comportamentos são obrigatórios, em virtude de representarem valores essenciais e exigíveis de todos os agentes da comunidade dos Estados. Um exemplo de costume como norma jurídica de direito internacional é a Lex Mercatora, que é um costume de natureza empresarial que possui eficácia jurídica no comércio internacional.

Jurisprudência: Jurisprudência seria o conjunto de entendimentos reiterados de decisões judiciais dos tribunais internacionais. Os tribunais internacionais são aqueles estabelecidos no seio de organizações internacionais ou que são, por si só, organizações internacionais. Durante a História podemos citar vários Métodos de Valoração Predatória ou de Fundamentação das Decisões Judiciais Internacionais. A primeira teoria seria a Teoria da Íntima Convicção. Segundo tal teoria o juiz não precisaria justificar suas decisões. Só precisaria julgar procedente ou improcedente a questão. No tribunal do júri adota-se essa teoria. A Teoria da Prova Tarifada ou Legal valorava as provas objetivamente. Era a teoria usada nos casos Medieval e do Direito Romano primitivo. A Teoria do Livre Consentimento Motivado, que é a utilizada hoje em dia, diz que a valoração das provas deve ser feita no caso em concreto, com uma análise complexa. Ocorre a fundamentação das decisões judiciais.

Princípios: Segundo Alexy, enquanto as regras são mandados fechados de prescrição, os princípios seriam mandados abertos de otimização. Muitos princípios já se encontram positivados através de tratados internacionais.

Doutrina: Opinio Doctorum. Por vezes, a doutrina acaba influenciando a produção de normas de Direito Internacional. A doutrina é meio auxiliar de interpretação de DIP.

Atos Unilaterais: Os atos unilaterais e as Resoluções das Organizações Internacionais são as únicas fontes de Direito Internacional que não constam no artigo 38 da CIJ. Os atos Unilaterais são condutas de um Estado Soberano ou conjunto de Estados Soberanos em prol de seus interesses, que por vezes são condutas drásticas que influenciam a Sociedade Internacional. Classificam-se em tácito (silêncio) e expresso (protesto, notificação, renúncia, etc).

Resoluções das OI’s: As resoluções das Organizações Internacionais são normas emitidas de forma interna nas OI’s, não influenciando nos Estados Internos (com exceção da ONU, que tem suas resoluções valendo nas OI’s e nos demais países. Todas as resoluções da ONU são válidas e imperativas para os Estados Membros e demais). As resoluções das OI’s podem ter caráter obrigatório (as chamadas convenções) ou recomendatório (recomendação).

As fases de Integração Regional

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A integração regional é promovida por Estados Soberanos mediante a celebração de tratados internacionais e tem por escopo abolir as barreiras para consagrar a livre circulação de bens, pessoas, mercadorias e capitais. Nos dias atuais existem vários pontos do mundo em que se manifesta o processo de regionalização, tais como: a EU, o Mercosul, o NAFTA, etc.

Mercosul: O Mercosul, como é conhecido o  Mercado Comum do Sul, é a união aduaneira (livre comércio intrazona e política comercial comum) de cinco países da América do Sul. Em sua formação original, o bloco era composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Em virtude da remoção de Fernando Lugo da presidência do Paraguai, o país foi temporariamente suspenso do bloco; esse fato tornou possível a adesão da Venezuela como membro pleno do Mercosul a partir do dia 31 de julho de 2012, inclusão até então impossível em razão do veto paraguaio. Foi criado pelo Tratado de Assunção, de 91.