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RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO OU DO SERVIÇO MÓDULO I – INTRODUÇÃO AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DO CONSUMIDOR PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA

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RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO OU DO SERVIÇO

MÓDULO I – INTRODUÇÃO AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR –CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DO CONSUMIDOR

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA

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Responsabilidade do Fato do Produto ou do Serviço

• Artigo 12 do Código de Defesa do Consumidor

O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e oimportador respondem, independentemente da existência de culpa,pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitosdecorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas,manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos,bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre suautilização e riscos.

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Responsabilidade civil

• Fato = defeito no produto ou na prestação do serviço

• Os vícios representam na sistemática do CDC a imputação daresponsabilidade dos danos (contratuais, extracontratuais,patrimoniais) ao fornecedor.

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• Vício por segurança (artigo 12 e seguintes do CDC)

• Leia-se “defeito por segurança”

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• Defeito no produto ou na prestação do serviço: é aquele que nãooferece a segurança que o consumidor esperava do produto ouserviço.

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Responsabilidade por Vício do Produto e doServiço• Artigo 18 do CDC

Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveisrespondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidadeque os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que sedestinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aquelesdecorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente,da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas asvariações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir asubstituição das partes viciadas.

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EXPECTATIVA

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REALIDADE

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Artigo 14 do CDC

• O fornecedor de serviços responde, independentemente daexistência de culpa, pela reparação dos danos causados aosconsumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bemcomo por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruiçãoe riscos.

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• O transportador, como prestador de serviço que é, está enquadradono art. 14 do CDC, cujo § 3º cuida das excludentes deresponsabilidade (na verdade, tecnicamente, regula as excludentesdo nexo de causalidade). São elas: a) demonstração de inexistência dodefeito (inciso I) e b) prova da culpa exclusiva do consumidor ou deterceiro (inciso II).

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§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quandoprovar:

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

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Artigo 734 do Código Civil

• O transportador responde pelos danos causados às pessoastransportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendonula qualquer cláusula excludente da responsabilidade"

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• Não há incoerência ou contradição entre esses dois textos legais,porque, quando o Código Civil fala em força maior, está claramente sereferindo ao fortuito externo, isto é, o elemento exterior ao própriorisco específico da atividade do prestador do serviço de transporte.

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• Quando o Código de Defesa do Consumidor afasta a força maior e ocaso fortuito, certamente os está afastando quando os eles dizemrespeito aos elementos intrínsecos ao risco da atividade dotransportador, ou seja, o fortuito interno.

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• A força maior e o caso fortuito interno, é verdade, não podem serantecipados (apesar de possíveis de serem previstos) pelotransportador nem por ele evitado. Todavia, não elidem suaresponsabilidade

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• É o caso, por exemplo, do motorista do ônibus que sofre um ataquecardíaco e com isso gera um acidente: apesar de fortuito e inevitável,por fazerem parte do próprio risco da atividade, não eliminam odever de indenizar. O risco da atividade implica a obrigação impostaao empresário para que ele faça um cálculo, da melhor formapossível, das várias possibilidades de ocorrências que possam afetarseu negócio.

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• É exatamente o caso das ocorrências da natureza, tais comotempestade de nevoeiros, no caso do transportador aéreo. Ainda queo transporte aéreo seja afetado por esse tipo de evento climático, otransportador não pode se escusar de indenizar os passageiros quesofreram danos porque o fenômeno - que, aliás, ocorreconstantemente é integrante típico do risco daquele negócio.

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• Quando se trata de fortuito externo, está se fazendo referência a umevento, caso fortuito ou força maior, que não tem como fazer parteda previsão pelo empresário na determinação do seu riscoprofissional, porque não pode, de modo algum, ser previsto, como sedá no caso da erupção de um vulcão

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• Com isso, vem-se entendendo que nas relações de consumo o casofortuito e a força maior não configuram excludentes passíveis desocorrer o fornecedor, portanto, nasce a obrigação legal de reparar osprejuízos advindos na má prestação de serviço (artigo 14, caput, doCDC).

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"RESPONSABILIDADE CIVIL - TRANSPORTE AÉREO – Cancelamento de voo na hora doembarque - Prestação de serviço inadequada em razão dos transtornos suportados pelaautora, decorrentes do cancelamento do voo - Responsabilidade objetiva - A existência dedefeitos na aeronave não pode ser excludente da responsabilidade da companhia aérea,porquanto, sua manutenção deve ser prévia e constante - Falha na prestação do serviço -Sentença mantida quanto à lide principal – Afastamento da condenação daapelante/denunciada quanto à condenação da verba sucumbencial na lide secundária -Hipótese em que não houve resistência de sua parte - Aceitação da condição comolitisconsorte da companhia aérea - Recurso parcialmente provido."(Apelação n° 9158704-17.2007.8.26.0000, 19a Câmara de Direito Privado, Rei. Des. MARIO DE OLIVEIRA, j .30/08/2011).

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“Ação de indenização por danos morais - Transporte aéreo Atraso de voo internacional -Responsabilidade civil objetiva - Indenização - Aeronave que atrasa em virtude de defeitosapresentados - Alegação de que o evento ocorreu em razão de caso fortuito e força maiorInadmissibilidade. Manutenção que deve ser prévia e constante. O atraso de voointernacional decorrente de defeitos na aeronave não pode ser considerado como casofortuito, uma vez que a manutenção dessa deveser prévia e constante. Desta forma, édevida indenização aos passageiros, em razão da responsabilidade objetiva da companhiaaérea - Recurso parcialmente provido” (Apelação 0009880-67.2009.8.26.0562; 14ªCâmarade Direito Privado)

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Os Tribunais têm decidido: "O ressarcimento pelo dano moral decorrente de ato ilícito é uma

forma de compensar o mal causado, e não deve ser usado como fonte de enriquecimento ou

abusos, dessa forma a sua fixação deve levar em conta o estado de quem recebe e as

condições de quem paga” (TACIV SP RT vol. 744/255) e ainda no corpo do julgado constante

do mesmo Tribunal, na RT vol. 745/287 colhe-se os seguintes destaques, falando-se sobre o

dano moral: "deve ser fixado, prudentemente pelo Juiz considerando a personalidade da

vítima (situação familiar e social, reputação)gravidade da falta, dolo e culpa e personalidade

do ofensor

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PROCESSUAL CIVIL. CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC. AÇÃO DE

RESTITUIÇÃO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO. ATRASO DE PASSAGEIRO. PERDA DO VOO DE IDA. CANCELAMENTO AUTOMÁTICO DA

PASSAGEM DE VOLTA. PRÁTICA COMERCIAL ABUSIVA. RESPONSABILIDADE DA COMPANHIA AÉREA PELOS DANOS MATERIAIS E MORAIS.

PRECEDENTES. VALOR INDENIZATÓRIO FIXADO EM OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE.

DECISÃO MANTIDA. MULTA DO ART. 1.021, § 4º, DO NCPC. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO, COM IMPOSIÇÃO DE MULTA. 1. Aplica-se o

NCPC a este julgamento ante os termos do Enunciado Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016: Aos

recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os

requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC. 2."A previsão de cancelamento unilateral da passagem de volta, em razão do

não comparecimento para embarque no trecho de ida (no show), configura prática rechaçada pelo Código de Defesa do Consumidor, nos

termos dos referidos dispositivos legais, cabendo ao Poder Judiciário o restabelecimento do necessário equilíbrio contratual" (Resp n.

1.669.780/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Terceira Turma, DJe 17/9/2018). 3. A fixação do dano moral deve atender aos

princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, de modo a evitar o indesejado enriquecimento do autor da indenizatória sem, contudo,

ignorar o caráter preventivo e repressivo inerente ao instituto. Caso em que a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) se mostra apta e

suficiente a cumprir o dúplice caráter repressivo/reparatório da medida. 4. Em razão da improcedência do presente recurso, e da anterior

advertência em relação a incidência do NCPC, incide ao caso a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do NCPC, no percentual de 3% sobre o valor

atualizado da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito da respectiva quantia, nos termos do § 5º

daquele artigo de lei. 5. Agravo interno não provido, com imposição de multa. (AgInt no AREsp 1336618/RJ, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO,

TERCEIRA TURMA, julgado em 29/04/2019, DJe 02/05/2019)

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Teoria da Perda do Tempo Útil

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• Teoria do Desvio Produtivo do Consumidor (Expressão utilizadapelo STJ)

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Tem-se que o tempo útil, cada vez mais escasso devido àmodernização e ao desenvolvimento da coletividade, quandoindevidamente perdido por consequência da falha na prestaçãode serviços e até mesmo do descaso ou conveniência de algumasempresas com seus consumidores, deve ser recompensado,reconhecendo-se o denominado "desvio produtivo doconsumidor", tese elaborada pelo advogado Marcos Dessaune(Desvio Produtivo do Consumidor – O Prejuízo do TempoDesperdiçado. São Paulo: RT, 201).

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DES. LUIZ FERNANDO DE CARVALHO - Julgamento: 13/04/2011 - TERCEIRA CAMARACIVEL.CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA. FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DETELEFONIA E DE INTERNET, ALÉM DE COBRANÇA INDEVIDA. SENTENÇA DEPROCEDÊNCIA. APELAÇÃO DA RÉ. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA OCORRÊNCIADE UMA DAS EXCLUDENTES PREVISTAS NO ART. 14, §3º DO CDC. CARACTERIZAÇÃODA PERDA DO TEMPO LIVRE. DANOS MORAIS FIXADOS PELA SENTENÇA DE ACORDOCOM OS PARÂMETROS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. HONORÁRIOSADVOCATÍCIOS IGUALMENTE CORRETOS. DESPROVIMENTO DO APELO. DES.ALEXANDRE CAMARA - Julgamento: 03/11/2010 - SEGUNDA CAMARA CIVEL AgravoInterno. Decisão monocrática em Apelação Cível que deu parcial provimento aorecurso do agravado. Direito do Consumidor. Demanda indenizatória. Segurodescontado de conta corrente sem autorização do correntista. Descontos indevidos.Cancelamento das cobranças que se impõe. Comprovação de inúmeras tentativas deresolução do problema, durante mais de três anos, sem que fosse solucionado. Falhana prestação do serviço. Perda do tempo livre. Dano moral configurado. Correto ovalor da compensação fixado em R$ 2.000,00. Juros moratórios a contar da citação.Aplicação da multa prevista no § 2º do artigo 557 do CPC, no percentual de 10% (dezpor cento) do valor corrigido da causa. Recurso desprovido.” (GUGLINSKI, Vitor Vilela.Danos morais pela perda do tempo útil: uma nova modalidade. Jus Navigandi, Teresina,ano 17, n. 3237, 12 maio 2012 . Disponível em:<http://jus.com.br/revista/texto/21753>. Acesso em: 25 dez. 2012).

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AÇÃO DECLARATÓRIA C.C. INDENIZAÇÃO – COBRANÇA INDEVIDA DE SERVIÇOCONTRATADO E NÃO INSTALADO – DANOS MORAIS – PERDA DO TEMPO ÚTIL –Cobrança de dívida inexistente – Consumidor que tentou regularizar a suasituação, sem sucesso - Falha na prestação de serviços - Danos morais – Não sepode olvidar de que o desgaste do cliente em solicitar várias vezes aregularização de sua situação acarreta induvidosamente a perda de seu tempoútil - É induvidoso que o descaso da ré subtraiu do consumidor um valorprecioso e irrecuperável, que é seu tempo útil, situação que gera dano e, porisso, passível de indenização - Valor da indenização arbitrado em R$ 5.000,00,considerando-se as peculiaridades do caso concreto – Correção monetária apartir da publicação do Acórdão (Súmula 362-STJ) e juros de 1% ao mêscontados da citação – RECURSO PROVIDO. (TJSP; Apelação 1009205-28.2017.8.26.0006; Relator (a): Sérgio Shimura; Órgão Julgador: 23ª Câmara deDireito Privado; Foro Regional VI - Penha de França - 1ª Vara Cível; Data doJulgamento: 06/07/2018; Data de Registro: 06/07/2018)

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Apelações. Ação de obrigação de fazer. Sentença de parcial procedência.

Requerida que pede a reforma da sentença sob o argumento de

prescrição. Argumento que não se sustenta. Prazo prescricional

observado. Autor que apela requerendo o reconhecimento de danos

morais. Negativação indevida que gera dano in re ipsa. Perda de tempo

útil imposto ao autor que teve que se submeter a verdadeira via-crúcis

representada por 10 (dez) protocolos na tentativa de solucionar

administrativamente a questão. Descaso e negligência das requeridas

que não pode ser entendimento como mero aborrecimento. Sentença

parcialmente reformada. Sucumbência carreada integralmente às

Requeridas. RECURSO DA REQUERIDA DESPROVIDO. RECURSO

DO AUTOR PROVIDO. TJSP; Apelação Cível 1014289-

53.2016.8.26.0003; Relator (a): L. G. Costa Wagner; Órgão Julgador: 34ª

Câmara de Direito Privado; Foro Regional III - Jabaquara - 1ª Vara Cível;

Data do Julgamento: 22/03/2019; Data de Registro: 22/03/2019)

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Responsabilidade civil no transporte aéreo

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AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. TRANSPORTE AÉREO DEPESSOAS. FALHA DO SERVIÇO. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. APLICAÇÃO DOCÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. QUANTUM INDENIZATÓRIO RAZOÁVEL.SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. O Superior Tribunal de Justiçaentende que a responsabilidade civil das companhias aéreas em decorrência da máprestação de serviços, após a entrada em vigor da Lei 8.078/90, não é mais reguladapela Convenção de Varsóvia e suas posteriores modificações (Convenção de Haia eConvenção de Montreal), ou pelo Código Brasileiro de Aeronáutica, subordinando-se,portanto, ao Código Consumerista. 2. O entendimento pacificado no Superior Tribunalde Justiça é de que o valor estabelecido pelas instâncias ordinárias a título dereparação por danos morais pode ser revisto tão somente nas hipóteses em que acondenação revelar-se irrisória ou exorbitante, distanciando-se dos padrões derazoabilidade, o que não se evidencia no presente caso. 3. Não se mostra exagerada afixação, pelo Tribunal a quo, em R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) a título dereparação moral em favor da parte agravada, em virtude dos danos sofridos porocasião da utilização dos serviços da agravante, motivo pelo qual não se justifica aexcepcional intervenção desta Corte no presente feito. 4. A revisão do julgado,conforme pretendida, encontra óbice na Súmula 7/STJ, por demandar o vedadorevolvimento de matéria fático-probatória. 5. Agravo regimental a que se negaprovimento. (AgRg no AREsp 141.630/RN, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTATURMA, julgado em 18/12/2012, DJe 08/02/2013)

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• O dano moral decorrente de problemas em voo opera-se “in reipsa”.

• Responsabilidade objetiva

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• Cliente, funcionário público, faz empréstimo de R$ 200.000,00(duzentos mil reais) e a instituição financeira desconta 80% dovalor da folha de pagamento.

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• Competência

• Nome da ação

• Fato e fundamentos jurídicos do pedido

• Fundamentação Legal

• Pedido

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• O Decreto nº 6.386/08, que regulamenta o artigo 45 da Lei nº8.112/90, fixa em 30% (trinta por cento), o limite de desconto,no salário do servidor.

• ATENÇÃO: O DECRETO N. 6.386/90 FOI REVOGADO PELODECRETO Nº 8.690, DE 11 DE MARÇO DE 2016

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• Ante a natureza alimentar do salário e do princípio da razoabilidade, osempréstimos com desconto em folha de pagamento (consignaçãofacultativa/voluntária) devem limitar-se a 30% (trinta por cento) dos vencimentosdo trabalhador" (REsp 1.186.965/RS, Rel. Min. MASSAMI UYEDA, DJe 03.02.2011);(grifo nosso).

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• “O pagamento de mútuo bancário, por meio de desconto em folha de pagamentoe débito em conta corrente em que é creditado o salário, deve respeitar o limitede 30% (trinta por cento) da remuneração do servidor público, sob pena de darensejo à lesão de difícil reparação, com risco de comprometimento da própriasubsistência do devedor”. 20110020045135AGI, Relator CARMELITA BRASIL, 2ªTurma Cível,julgado em 04/05/2011, DJ 09/05/2011 p. 111);(grifo nosso).

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• Art. 833 do Código de Processo Civil:

São absolutamente impenhoráveis:

IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, asremunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, ospecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas porliberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor ede sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e oshonorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o;

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• Art. 7º da Constituição Federal

São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem àmelhoria de sua condição social:

X -proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa

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• A ré deverá aumentar as parcelas dos empréstimos, mantendoas taxas de juros contratadas, de modo a preservar a renda daautora. A parte autora não está em mora e, comoconsequência lógica da decisão, a ré ficará proibida de cobrar adívida e de inscrever o nome da devedora nos cadastrosrestritivos.

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4. É pacífico o entendimento do STJ de que "os empréstimos consignados nafolha de pagamento do servidor público estão limitados a 30% do valor desua remuneração, ante a natureza alimentar da verba" (STJ, AgRg no RMS30.070/RS, Rel. Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe de 8/10/2015). 5.Com efeito, "os descontos de empréstimos na folha de pagamento sãolimitados ao percentual de 30% (trinta por cento) em razão da naturezaalimentar dos vencimentos e do princípio da razoabilidade". ( AgRg noREsp. 1.414.115/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe20/6/2014). 6. O decisum vergastado, ao estabelecer o limite de descontoconsignado em 30% dos rendimentos líquidos da recorrida, está emconsonância com orientação do STJ. 7. Recurso Especial não conhecido.paciente (REsp 1676216/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDATURMA, julgado em 05/09/2017, DJe 13/09/2017)

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• Contestação

Falta de interesse de agir (não houve vício de consentimento)

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• Art. 313 do Código Civil

O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, aindaque mais valiosa.

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• Art. 314 do Código Civil

Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode ocredor ser obrigado receber, nem o devedor pagar, por partes, se assim não seajustou

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Art. 422 do Código Civil

Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato,como em sua execução os princípios de probidade e de boa fé

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• APELAÇÃO – Ação declaratória cumulada com pedido indenizatório – Sentença de improcedência - Pleitode reforma – Possibilidade, em parte – Cartão de crédito com reserva de margem consignável – Alegaçãode erro – Verossimilhança – Consumidor aposentado que regularmente contratava empréstimosconsignados – Imposição de contrato manifestamente mais oneroso – Parte que não estava com amargem consignável comprometida e detinha condições de aderir ao empréstimo na forma pretendida -Desrespeito ao dever de informação – Lei 10.820/03 que autoriza a reserva de margem consignável paragastos e saques realizados diretamente por meio de cartão de crédito – Transferência direta em contacorrente não contemplada na hipótese – "Empréstimo pessoal" mais oneroso, celebrado sob a forma decartão de crédito, que não restou utilizado, com margem consignável – Inobservância da boa-fé edescumprimento da função social – Consumidor não obrigado aos termos contratuais – Inteligência doart. 46, do Código de Defesa do Consumidor – Contrato desconstituído - Restituição em dobro –Ausência de boa-fé do banco requerido – Ônus de provar a hipótese de engano justificável que incumbeao fornecedor – Inteligência do art. 42, parágrafo único, do CDC – Dano moral – Inexistência de abalo acrédito, mácula à imagem do autor ou desequilíbrio em suas finanças – Montante que foradisponibilizado e regularmente utilizado – Maior onerosidade do contrato que, por si só, não implicadano moral indenizável – Sentença reformada, em parte – Recurso parcialmenteprovido. (TJSP; Apelação 1001994-95.2017.8.26.0472; Relator (a): Claudia Grieco Tabosa Pessoa; ÓrgãoJulgador: 19ª Câmara de Direito Privado; Foro de Porto Ferreira - 1ª Vara; Data do Julgamento:12/07/2018; Data de Registro: 12/07/2018)

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