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Espiritismo estudado

semeando conhecimento iluminativo; estimulando a prática incondicional do bem; enaltecendo Jesus

descortinando novos horizontesàs criaturas humanas

especialmente ao principiante espírita

EspíritasResenha de Estudos

SÉRIEo celesteroteiro8setembro de 2014

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Dentre as dadivosas mercês de Deus, direcionadas ao Espírito em evolução, destaca-se o livre-arbítrio como sendo a faculdade de eleger o que melhor se lhe

apresente durante o processo da reencarnação.

Graças a essa concessão, passo a passo o ser delineia e executa a marcha ascensional, ora estacionando e vezes outras avançando, sem jamais retroceder.

Árbitro especial, apóia-se na consciência, onde está escrita a Lei de Deus, elegendo o que lhe apraz e colhendo os frutos da ensementação realizada.

À medida que se ergue, superando os patamares da cartografia íntima da consciência, mais lúcida e melhor se faz a seleção optativa, delineadora da sua libertação.

Em razão disso, a reflexão madura, o cuidado bem pensado antes da decisão, estabelecem o programa a desenvolver no futuro.

Essa atitude dignifica-o, facultando-lhe apressar ou retardar a marcha.

Senhor da responsabilidade, escolhe a conduta e entrega-se à ação com a liberdade que a Vida lhe concede.

Ante o fatalismo do progresso, que é irrefragável, o livre-arbítrio é uma bênção que deve ser aprofundada, de forma que a tranqüilidade após a decisão lhe constitua o fiel da balança dos comportamentos assumidos.

Como ninguém está fadado ao sofrimento, a opção livre para a ação bem direcionada impulsiona o ser para a plena auto-realização.

És o que eleges. Teus atos, tua vida.

A personalidade transitória sempre cede lugar à individualidade do ser eterno, em marcha ininterrupta na direção de Deus.

Ninguém, nada escapa a esse Deotropismo.

Conforme pensares, estruturarás no mundo das formas, o que acalentas no campo das idéias.

Mente e vida são termos da Realidade.

LIVREscolhaE

Podes escolher vida ou morte. Isto é, ser livre e banhado de luz, ou escravo envolto em sombras.

Tens o direito de viver em saúde ou com doença. A saúde é o estado interior e a doença um processo depurador. Se te manténs atuante e otimista, vives saudavelmente, mesmo quando portador de alguma limitação, deficiência ou patologia. Se, ao revés, te apresentas insatisfeito, ingrato em relação à vida, rebelde e depressivo, apesar da harmonia orgânica, encontras-te enfermo...

Se sorris de júbilo, a existência se te apresenta amena.

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Caso sobrecarregues o cenho e anotes apenas dissabores e tristezas, a jornada se te transformará em pesado e insuportável fardo a conduzir.

Quando preferes belezas, descobre-as em toda parte e embriagas-te de cor, de som, de luz. No entanto, ao te deixares conduzir pela óptica distorcida da amargura, o Sol para ti perde a claridade e a paisagem empalidece aos teus olhos...

Depende de ti, agradecer ou imprecar, louvar ou reclamar, alcançar o topo da subida ou lamentar na baixada as dificuldades da ascensão, que afinal, todos sofrem e os corajosos superam.

Sê tu, portanto, quem opta pelo bom, pelo belo, pelo nobre, pelo que felicita.

Jesus sempre nos apresentou o mundo com tintas inapagáveis de incomum beleza: as aves dos céus e os lírios do campo com suas cores deslumbrantes; as redes ativas de pescar; as pérolas pálidas e refulgentes; os grãos de mostarda preciosa; a ceifa do trigo dourado em parábolas ricas de poesia e encantamento.

Mesmo quando esteve na cruz optou pelo perdão aos Seus assassinos, a fim de logo retornar em ressurreição fulgurante, para alçar-nos aos píncaros da Sua Glória.

Joanna de Ângelis

rbítrioALIVREconceito

No Dicionário de Filosofia encontramos o seguinte conceito de Livre-arbítrio: Faculdade que tem o indivíduo de determinar, com base em sua

consciência apenas, a sua própria conduta; liberdade de escolha alternativa do indivíduo; liberdade de autodeterminação que consiste numa decisão independentemente de qualquer constrangimento externo mas de acordo com os motivos e intenções do próprio indivíduo.

Diz Emmanuel, no livro “O Consolador”, q. 133: No íntimo, zona de pura influenciação espiritual, o homem é livre na escolha do seu futuro caminho. É o santuário da sua independência sagrada.

A liberdade é a condição necessária da alma humana que, sem ela, não poderia construir seu destino, ensina-nos Léon Denis1

A noção é simples e clara.

É poder tomar decisões por conta própria, cuja livre escolha se dá segundo vontade pessoal.

O Mestre de Nazaré nunca impôs seus ensinos. Expôs e lecionou a liberdade de escolha, dizendo:

Em Mateus 16:24 - “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.

Quem quiser. Ninguém era e ninguém continua sendo obrigado a segui-Lo. Faz uso do seu livre-arbítrio.

1 DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor. Terceira Parte, cap. XXII

E em Lucas 11: 9 e 10 - “Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, acha; e ao que bate, se abrirá”.

O que pedir, o que buscar e em que porta bater, é de inteira liberdade de cada um.

O que se pode pensar do livre-arbítrio? Até que ponto pode o homem dele usufruir?

Entendemos que o livre arbítrio é o recurso com que o Criador dotou a criatura, a fim de que seja ela própria responsável por sua ascensão ou por sua queda. O indivíduo consciente e racional tem o pleno direito ao uso dolivre-arbítrio, enquanto não investe contra os planos da Divindade no mundo, de maneira grave, pois, assim agindo, o indivíduo chafurda-se no visco da fatalidade, do determinismo gerado pelo mau uso da sua liberdade.

(Ante o vigor do Espiritismo. Raul Teixeira. Perg. 35)

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O livre-arbítrio é atributo essencial do ser humano, como bem ensina o Espiritismo.

Leiamos a respeito o que nos oferece “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec:

843. Tem o homem o livre-arbítrio de seus atos?

“Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o livre-arbítrio, o homem seria máquina.”

844. Do livre-arbítrio goza o homem desde o seu nascimento?

“Há liberdade de agir, desde que haja vontade de fazê-lo. Nas primeiras fases da vida, quase nula é a liberdade, que se desenvolve e muda de objeto com o desenvolvimento das faculdades. Estando seus pensamentos em concordância com o que a sua idade reclama, a criança aplica o seu livre-arbítrio àquilo que lhe é necessário.”

845. Não constituem obstáculos ao exercício do livre-arbítrio as predisposições instintivas que o homem já traz consigo ao nascer?

“As predisposições instintivas são as do Espírito antes de encarnar. Conforme seja este mais ou menos adiantado, elas podem arrastá-las à prática de atos repreensíveis, no que será

rbítrioALIVREfundamentação espírita

secundado pelos Espíritos que simpatizam com essas disposições. Não há, porém, arrastamento irresistível, uma vez que se tenha a vontade de resistir. Lembrai-vos de que querer é poder.”

849. Qual a faculdade predominante no homem em estado de selvageria: o instinto, ou o livre-arbítrio?

“O instinto, o que não o impede de agir com inteira liberdade, no tocante a certas coisas. Mas, aplica, como a criança, essa liberdade às suas necessidades e ela se amplia com a inteligência. Conseguintemente, tu, que és mais esclarecido do que um selvagem, também és mais responsável pelo que fazes do que um selvagem o é pelos seus atos.”

851. Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre-arbítrio?

“A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, institui para si uma espécie de destino, que

é a consequência mesma da posição em que vem a achar-se colocado. Falo das provas físicas, pois, pelo que toca às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou de resistir. Ao vê-lo fraquejar, um bom Espírito pode vir-lhe em auxílio, mas não pode influir sobre ele de maneira a dominar-lhe a vontade. Um Espírito mau, isto é, inferior, mostrando-lhe, exagerando aos seus olhos um perigo físico, o poderá abalar e amedrontar. Nem por isso, entretanto, a vontade do Espírito encarnado deixa de se conservar livre de quaisquer peias.”

866. Então, a faculdade que favorece presidir aos destinos materiais de nossa vida também é resultante do nosso livre-arbítrio?

“Tu mesmo escolheste a tua prova. Quanto mais rude ela for e melhor a suportares, tanto mais te elevarás. Os que passam a vida na abundância e na ventura humana são Espíritos pusilânimes, que permanecem estacionários. Assim, o número dos desafortunados é muito superior ao dos felizes deste mundo, atento que os Espíritos, na sua maioria, procuram as provas que lhes sejam mais proveitosas. Eles veem perfeitamente bem a futilidade das vossas grandezas e gozos. Acresce que a mais ditosa existência é sempre agitada, sempre perturbada, quando mais não seja, pela ausência da dor.” (525 e seguintes)

Resumo teórico do móvel das ações Humanas:

872. A questão do livre-arbítrio se pode resumir assim: O homem não é fatalmente levado ao mal; os atos

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que pratica não foram previamente determinados; os crimes que comete não resultam de uma sentença do destino. Ele pode, por prova e por expiação, escolher uma existência em que seja arrastado ao crime, quer pelo meio onde se ache colocado, quer pelas circunstâncias que sobrevenham, mas será sempre livre de agir ou não agir. Assim, o livre-arbítrio existe para ele, quando no estado de Espírito, ao fazer a escolha da existência e das provas e, como encarnado, na faculdade de ceder ou de resistir aos arrastamentos a que todos nos temos voluntariamente submetido. Cabe à educação combater essas más tendências. Fá-lo-á utilmente, quando se basear no estudo aprofundado da natureza moral do homem. Pelo conhecimento das leis que regem essa natureza moral, chegar-se-á a modificá-la, como se modifica a inteligência pela instrução e o temperamento pela higiene.

909. Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações?

“Sim, e, frequentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade. Ah! Quão poucos dentre vós fazem esforços!”

No livro “Obras Póstumas”, que reúne artigos de Allan Kardec, na Primeira Parte, que trata da Profissão de fé espírita raciocinada, em seu § 3º (Criação), aprendemos:

14. Criando os mundos materiais, também criou Deus seres inteligentes a que damos o nome de Espíritos.

15. Desconhecemos a origem e o modo de criação dos Espíritos; apenas sabemos que eles são criados simples e ignorantes, isto é, sem ciência e sem conhecimento do bem e do mal, porém perfectíveis e com igual aptidão para tudo adquirirem e tudo conhecerem, com o tempo. A princípio, eles se encontram numa espécie de infância, carentes de vontade própria e sem

consciência perfeita de sua existência.

16. À medida que o Espírito se distancia do ponto de partida, desenvolvem-se-lhe as ideias, como na criança, e, com as ideias, o livre-arbítrio, isto é, a liberdade de fazer ou não fazer, de seguir este ou aquele caminho para seu adiantamento, o que é um dos atributos essenciais do Espírito.

17. O objetivo final de todos os Espíritos consiste em alcançar a perfeição de que é suscetível a criatura. O resultado dessa perfeição está no gozo da suprema felicidade

que lhe é consequente e a que chegam mais ou menos rapidamente, conforme o uso que fazem do livre-arbítrio.

Retornemos ao “O Livro dos Espíritos” para saber um pouco mais:

122. Como podem os Espíritos, em sua origem, quando ainda não têm consciência de si mesmos, gozar da liberdade de escolha entre o bem e o mal? Há neles algum princípio, qualquer tendência que os encaminhe para uma senda de preferência a outra?

“O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo. Já não haveria liberdade, desde que a escolha fosse determinada por uma causa independente da vontade do Espírito. A causa não está nele, está fora dele, nas influências a que cede em virtude da sua livre vontade. É o que se contém na grande figura emblemática da queda do homem e do pecado original: uns cederam à tentação, outros resistiram.”

258. Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal,

tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena?

“Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio.”

259. Do fato de pertencer ao Espírito a escolha do gênero de provas que deva sofrer, seguir-se-á que todas as tribulações que experimentamos na vida nós as previmos e buscamos?

“Todas, não, porque não escolhestes e previstes tudo o que

vos sucede no mundo, até às mínimas coisas. Escolhestes apenas o gênero das provações. As particularidades correm por conta da posição em que vos achais; são, muitas vezes, consequências das vossas próprias ações. Escolhendo, por exemplo, nascer entre malfeitores, sabia o Espírito a que arrastamentos se expunha; ignorava,

porém, quais os atos que viria a praticar. Esses atos resultam do exercício da sua vontade, ou do seu livre-arbítrio. Sabe o Espírito que, escolhendo tal caminho, terá que sustentar lutas de determinada espécie; sabe, portanto, de que natureza serão as vicissitudes que se lhe depararão, mas ignora se se verificará este ou aquele êxito. Os acontecimentos secundários se originam das circunstâncias e da força mesma das coisas. Previstos só são os fatos principais, os que influem no destino. Se tomares uma estrada cheia de sulcos profundos, sabes que

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“Mas, tendo sido semeado, cresce.” - Jesus.

(Mc, 4 : 32)

É razoável que todos os homens procurem compreender a

substância dos atos que praticam nas atividades diárias. Ainda que estejam obedecendo a certos regulamentos do mundo, que os compelem a determinadas atitudes, é imprescindível examinar a qualidade de sua contribuição pessoal no mecanismo das circunstâncias,

porquanto é da lei de Deus que toda semeadura se desenvolva.

O bem semeia a vida, o mal semeia a morte. O primeiro é o movimento evolutivo na escala ascensional para a Divindade, o segundo é a estagnação.

Muitos Espíritos, de corpo em corpo, permanecem na Terra com as mesmas recapitulações durante milênios. A semeadura prejudicial condicionou-os à chamada “morte no pecado”.

Atravessam os dias, resgatando

terás de andar cautelosamente, porque há muitas probabilidades de caíres; ignoras, contudo, em que ponto cairás e bem pode suceder que não caias, se fores bastante prudente. Se, ao percorreres uma rua, uma telha te cair na cabeça, não creias que estava escrito, segundo vulgarmente se diz.”

262. Como pode o Espírito, que, em sua origem, é simples, ignorante e carecido de experiência, escolher uma existência com conhecimento de causa e ser responsável por essa escolha?

“Deus lhe supre a inexperiência, traçando-lhe o caminho que deve seguir, como fazeis com a criancinha. Deixa-o, porém, pouco a pouco, à medida que o seu livre-arbítrio se desenvolve, senhor de proceder à escolha e só então é que muitas vezes lhe acontece extraviar-se, tomando o mau caminho, por desatender os conselhos dos bons Espíritos. A isso é que se pode chamar a queda do homem.”

a) - Quando o Espírito goza do livre-arbítrio, a escolha da existência corporal dependerá sempre exclusivamente de sua vontade, ou essa existência lhe pode ser imposta, como expiação, pela vontade de Deus?

“Deus sabe esperar, não apressa a expiação. Todavia, pode impor certa existência a um Espírito, quando este, pela sua inferioridade ou má vontade, não se mostra apto a compreender o que lhe seria mais útil, e quando vê que tal existência servirá para a purificação e o progresso do Espírito, ao mesmo tempo que lhe sirva de expiação.”

O Espírito goza sempre do livre-arbítrio. Em virtude dessa liberdade é que escolhe, quando desencarnado, as

provas da vida corporal e que, quando encarnado, decide fazer ou não uma coisa procede à escolha entre o bem e o mal. Negar ao homem o livre-arbítrio fora reduzi-lo à condição de máquina.

780. O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual?

“Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente.”

a) - Como pode o progresso intelectual engendrar o progresso moral?

“Fazendo compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos.”

O Benfeitor Espiritual Emmanuel, em seu livro “Caminho, Verdade e Vida”, recebido mediunicamente por Francisco Cândido Xavier, em seu Capítulo 35, nos trás a mensagem que segue: emeaduraS

LIBERDADE LEGÍTIMA DECORRE DA LEGÍTIMA RESPONSABILIDADE, NÃO PODENDO AQUELA TRIUNFAR SEM ESTA.

Joanna de Ângelis

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“Não useis, porém, da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pela caridade.” - Paulo. (Gálatas, 5:13.)

Em todos os tempos, a liberdade foi utilizada pelos dominadores da Terra. Em variados setores da evolução

humana, os mordomos do mundo aproveitam-na para o exercício da tirania, usam-na os servos em explosões de revolta e descontentamento.

Quase todos os habitantes do Planeta pretendem a exoneração de toda e qualquer responsabilidade, para se mergulharem na escravidão aos delitos de toda sorte.

Ninguém, contudo, deveria recorrer ao Evangelho para aviltar o sublime princípio.

A palavra do apóstolo aos gentios é bastante expressiva. O maior valor da independência relativa de que desfrutamos reside na possibilidade de nos servirmos uns aos outros, glorificando o bem.

O homem gozará sempre da liberdade condicional e, dentro dela, pode alterar o curso da própria existência, pelo bom ou mau uso de semelhante faculdade nas relações comuns.

É forçoso reconhecer, porém, que são muito raros os que se decidem à aplicação dignificante dessa virtude superior.

Em quase todas as ocasiões, o perseguido, com oportunidade de desculpar, mentaliza represálias violentas; o caluniado, com ensejo de perdão divino, recorre à vingança; o incompreendido, no instante azado de revelar fraternidade e benevolência, reclama reparações.

Onde se acham aqueles que se valem do sofrimento, para intensificar o aprendizado com Jesus-Cristo? Onde os que se sentem suficientemente livres para converter espinhos em bênçãos? No entanto, o Pai concede relativa liberdade a todos os filhos, observando-lhes a conduta.

Raríssimas são as criaturas que sabem elevar o sentido da independência a expressões de voo espiritual para o Infinito. A maioria dos homens cai, desastradamente, na primeira e nova concessão do Céu, transformando, às vezes, elos de veludo em algemas de bronze.

Emmanuel

iberdadeL

débitos escabrosos e caindo de novo pela renovação da sementeira indesejável. A existência deles constitui largo círculo vicioso, porque o mal os enraíza ao solo ardente e árido das paixões ingratas.

Somente o bem pode conferir o galardão da liberdade suprema, representando a chave única suscetível de abrir as portas sagradas do Infinito à alma ansiosa.

Haja, pois, suficiente cuidado em nós, cada dia, porquanto o bem ou o mal, tendo sido semeados, crescerão junto de nós, de conformidade com as leis que regem a vida.

Emmanuel

Léon Denis, em texto já citado aqui, fala: O homem é o obreiro de sua libertação. Ele atinge o estado completo de liberdade pelo cultivo íntimo e pela valorização de suas potências ocultas. Os obstáculos acumulados em seu caminho são meramente meios de o obrigar a sair da indiferença e a utilizar suas forças latentes. Todas as dificuldades materiais podem ser vencidas.

E sobre essa liberdade, Emmanuel complementa1 em mensagem que segue ao lado:

1 XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. Emmanuel, cap. 128

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AAquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas

fazedor da obra, esse tal será bem-aventurado em seus feitos.” - Tiago, 1 :25.

O discípulo da Boa Nova, que realmente comunga com o Mestre, antes de tudo compreende as obrigações que lhe estão afetas e rende sincero culto à lei

de liberdade, ciente de que ele mesmo recolherá nas leiras do mundo o que houver semeado. Sabe que o juiz dará conta do tribunal, que o administrador responderá pela mordomia e que o servo se fará responsabilizado pelo trabalho que lhe foi conferido. E, respeitando cada tarefeiro do progresso e da ordem, da luz e do bem, no lugar que lhe é próprio, persevera no aproveitamento das possibilidades que recebeu da Providência Divina, atencioso para com as lições da verdade e aplicado às boas obras de que se sente encarregado pelos Poderes Superiores da Terra.

Caracterizando-se por semelhante atitude, o colaborador do Cristo, seja estadista ou varredor, está integrado com o dever que lhe cabe, na posição de agir e servir, tão naturalmente quanto comunga com o oxigênio no ato de respirar.

Se dirige, não espera que outros lhe recordem os empreendimentos que lhe competem. Se obedece, não reclama instruções reiteradas, quanto às atribuições

que lhe são deferidas na disposição regimental dos trabalhos de qualquer natureza. Não exige que o governo do seu distrito lhe mande adubar a horta, nem aguarda decretos para instruir-se ou melhorar-se.

Fortalecendo a sua própria liberdade de aprender, aprimorar-se e ajudar a todos, através da inteira consagração aos nobres deveres que o mundo lhe confere, faz-se bem-aventurado em todas as suas ações, que passam a produzir vantagens substanciais na prosperidade e elevação da vida comum.

Semelhante seguidor do Evangelho, de aprendiz do Mestre passa à categoria dos obreiros atentos, penetrando em glorioso silêncio nas reservas sublimes do Celeste Apostolado.

Emmanuel 1

1 XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Emmanuel, cap. 8

breirotento

O

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Em Provérbios, 22 : 8, encontramos a citação: “Quem semeia vento colhe tempestade”. O que nos dá perfeita diretriz para o entendimento da liberdade com responsabilidade. É chamada Lei de Retorno.

Dentro de uma prática das mais naturais dos seres humanos, o cuidado quanto a nossa liberdade de agir também deve estar presente. Há um ditado árabe que exemplifica bem isso: “Se a palavra calada é tua escrava, a palavra dita é senhora tua.”

No mesmo sentido, os chineses ensinam em suas tradições: “ Há três coisas que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida.”

Em resumo: “ O plantio é opcional, a colheita é obrigatória”, ainda segundo provérbio popular chinês.

Por fim, acompanhemos as lições de Joanna de Ângelis, Veneranda Benfeitora Espiritual, pela lavra mediúnica de Divaldo Franco, nesta belíssima página que extraímos do livro: Vitória sobre a depressão, cap. 12, e reproduzimos a seguir:

Desde o momento quando o Espírito, no processo evolutivo, conseguiu alcançar a capacidade de pensar, a fim de agir de maneira consciente, o livre-arbítrio liberou-o dos automatismos naturais a que se encontrava submetido, sem o discernimento para as atividades pertinentes ao seu crescimento intelecto-moral.

Essa admirável conquista dentro do determinismo superior ensejou-lhe, a partir daquele instante, a capacidade de experimentar a vivência das emoções enobrecidas, embora ainda exista o predomínio dos instintos que são inerentes à sua condição de humanidade.

Foi-lhe facultado o ensejo de eleger o Bem ao invés do Mal, logo que a psique experimentou a fissão inevitável, separando as duas expressões da vida que se encontram ínsitas no ser.

Compreendendo que o bem é tudo aquilo que está concorde com as leis de Deus, que proporciona alegria de viver, tranquilidade emocional e bem-estar, pode superar a inclinação para o mal, esse atavismo que o vem arrastando pelo sorvedouro das reencarnações repetitivas, sem conquistas relevantes.

Orientado pela consciência do que deve fazer, sempre que lhe seja facultado realizá-lo, pode operar com segurança os mecanismos internos de que se encontra possuído, avançando na conquista de novos e mais elevados patamares morais. O intelecto se lhe dilata, ampliam-se-lhe as percepções da vida enriquecendo-o de júbilo, por entendê-la com segurança, ao mesmo tempo aumentando o círculo da afetividade fraternal que o torna membro útil do grupo social no qual se movimenta.

Embora a aquisição do livre-arbítrio, que constitui uma bênção, a responsabilidade moral assume na consciência um papel de alto significado, porquanto o resultado da opção elegida desencadeia efeitos inevitáveis que devem ser acatados, avaliados e

O livrerbítrioA

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aplicados de forma consciente.

Os desequilíbrios emocionais que induzem às ações que lhe retardam a marcha, porque o prendem aos elos do primarismo por onde deambulou, passam a constituir-lhe adversários implacáveis, que devem ser enfrentados em combate sério, sem postergações nem anuências com as suas atrações.

Os velhos hábitos morais profundamente arraigados como efeito das paixões subalternas, devem ser substituídos por novas condutas que proporcionem libertação dos vícios e das manipulações perversas da ignorância antes em predomínio.

Nessa peleja do hoje em relação ao ontem que deve ser superado, muitas vezes ocorrerão insucessos que são compreensíveis até que as conquistas recentes se fixem em forma de novos automatismos.

Quanto mais sejam exercitadas as faculdades de discernimento espiritual, mais valiosas se tornam, em razão dos resultados que se experimentam em cada momento.

A escolha correta em relação ao comportamento a experienciar-se, logo resulta em harmonia interior e encantamento pela existência, enquanto que as opções sombrias, ao inverso, favorecem a permanência da ansiedade, da insegurança e de contínuo mal-estar...

Certamente, o próprio livre-arbítrio possui limites ante o determinismo que estabelece as regras do desenvolvimento evolutivo, no qual todos se encontram situados, não podendo, portanto, ultrapassar a fronteira do mérito de cada pessoa.

*

Procura reflexionar com cuidado antes de tomares decisões em relação aos problemas e desafios que se te apresentam em cada instante.

Não hajas em decorrência do impulso, pura e simplesmente, quando surpreendido pelas ocorrências afligentes.

Busca analisar os efeitos da tua

mal, à permanência no vício, no erro e nos empreendimentos perturbadores, sem chance de evitar-lhes a injunção penosa. Desde que se alcançou a faculdade de pensar e de decidir, mesmo que sob os camartelos do sofrimento, a decisão dever firmar-se nas leis de amor que vigem em toda parte e que todos os seres humanos sentem, mesmo quando não as conseguem entender.

Em decorrência dos comprometimentos antigos, existe um natural arrastamento para a continuidade da conduta malsã, que o bom senso, o conhecimento já adquirido repelem, por saber-se as consequências que deles resultam.

Aceitar-se ou rejeitar-se o impulso doentio é opção de cada qual, valendo, nessa decisão, as disposições para a conquista da harmonia pessoal,

a Divindade, que providencia socorros imediatos, enviando respostas seguras e as forças necessárias para o êxito do enfrentamento.

Quando alguém ora, abrem-se-lhe os campos psíquicos, que se tornam dúcteis aos registros das respostas celestes.

Conhecessem, as criaturas humanas, a excelência dos resultados da oração, e sempre que lhes fosse possível, buscariam o concurso da vinculação com as Esferas superiores, haurindo, nesse intercâmbio, energias saudáveis para as vitórias existenciais.

*

Todos são livres para pensar e para agir, desde que as leis lhes facultem a atividade. Nada obstante, ninguém pode fugir às consequências da sua escolha, do seu arbítrio.

A vida é um ato de amor do Genitor Divino, merecendo ser considerada com elevação e respeito, a fim de que se coroe de frutos sazonados de paz e de progresso.

Cada conquistador avança no rumo da sua eleição, pagando o preço da aventuram, do empreendimento.

De igual maneira, utiliza-se do recurso extraordinário do livre-arbítrio pra não mais comprometer-se como erro, o crime, a infelicidade.

Estás destinado à plenitude. Começa a experimentá-la desde agora nas suas primeiras expressões.

Joanna de Ângelis

decisão e modera a forma como os enfrentarás.

Muitos males podem ser evitados, quando a paciência, o comedimento, a coragem da fé contribuem para o discernimento de como comportar-se nesses momentos desafiadores, enquanto a irreflexão, o orgulho ferido, o egoísmo direcionam a conduta para verdadeiros desastres...

O respeito pela vida impõe serenidade em cada fase do seu desenvolvimento e os fenômenos psicológicos de alto risco merecem tratamento especial, de maneira a proporcionar saúde e paz, em vez de transtornos e desaires...

Desencadeada a ação, os efeitos de imediato se apresentam, inevitáveis.

Ninguém é impelido à prática do

da felicidade.

Um valioso recurso encontra-se à disposição de toda criatura sincera, no momento em que se aturde com os fatos desastrosos, com as surpresas desagradáveis, com os impositivos penosos da existência, que é a oração, capaz de propiciar ligação psíquica com as forças vivas do Universo, com

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O CELESTERoteiroResenha de Estudos Espíritas

nº808 de setembro de 2014

Unidade em estudo: Eu Sou o Caminho

tema:

abordagem:

parte única

título desta edição:

Eu e Deus

objetivo do tema abordado:

observação:

O Livre-arbítrio

A Escolha é Livre

O objetivo do tema é enaltecer a figura de Jesus e sua presença em nossas vidas, como expressão

de esperança e consolo, relacionando o Espiritismo com a Sua mensagem, por ser ela a essência da

Doutrina Espírita.

Além das Notas de Referência para as citações contidas no texto de abordagem do assunto,

ao final seguem referências bibliográficas, que recomendamos sejam lidas e estudadas, pois

ali se encontra conhecimento que irá dar maior substância ao que ora nos dispomos aprender

neste fascículo.

Sugestões bibliográficas

• KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Parte terceira, cap. X• ________. Obras póstumas. Primeira parte, cap. III

• TEIXEIRA, Raul. Para uso diário. Joanes. Cap.: 25• ________. Cintilação das estrelas. Camilo. Cap.: 29

• FRANCO, Divaldo P. Diretrizes para o êxito. Joanna de Ângelis. Cap.: 17, 30 • ________. Leis morais da vida. Joanna de Ângelis. Cap.: X

• DENIS, Léon. O problemas do ser, do destino e da dor. Terceira parte, cap. XX e XXII

LIVRE O HOMEM SE TORNARÁ, SOMENTE, APÓS ROMPER AS FÉRREAS ALGEMAS QUE O AGRILHOAM AOS FORTINS DAS PAIXÕES.

Joanna de Ângelis