religiÃo e educaÇÃo nos quaderni del carcere de antonio gramsci … · a matriz teórica...
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Universidade Estadual de Maringá 07 a 09 de Maio de 2012
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RELIGIÃO E EDUCAÇÃO NOS QUADERNI DEL CARCERE DE
ANTONIO GRAMSCI
GOMES, Jarbas Mauricio (UEM)
ARNAUT DE TOLEDO, Cézar de Alencar (UEM)
Introdução
O presente texto tem o objetivo de analisar a relação entre religião e educação na
organização política e cultural da Itália a partir dos Quaderni del Carcere (QC) de
Antonio Gramsci (1891-1937). A partir da analise das principais fontes de influência
cultural dos trabalhadores identificou os elementos necessários à organização e a
efetivação da revolução proletária, como conseqüência, elaborou uma das principais
obras políticas da primeira metade do século XX. Herdeiro e defensor do marxismo
explorou os fundamentos do materialismo histórico e adaptou suas categorias analíticas
ao seu tempo, ressignificou conceitos e se manteve fiel ao método de investigação por
ele postulado. Entre as análises realizadas por Gramsci se destaca a leitura histórica do
desenvolvimento político e cultural da Itália.
A influência religiosa operada pelo catolicismo é um assunto recorrente nas
páginas dos Quaderni del Carcere (QC)1. Ela se constituiu num tema de pesquisa na
medida em que é possível identificar que Gramsci atribuía à religião uma posição de
destaque no processo de formação cultural dos italianos, em especial dos camponeses e,
em consequência da migração para os centros industriais em busca de trabalho, dos
operários dos centros urbanos. A matriz teórica marxista de Gramsci e sua filiação ao
socialismo, e posteriormente ao comunismo, são elementos suficientes para postularmos
a hipótese de que ele condenava a religião e considerava sua ação dispensável. Nesse
1 Os textos dos Quaderni del Carcere serão citados a partir da Edizione Critica dell’Istituto Gramsci a cura de Valentino Gerratana (2007) com tradução livre do italiano para o português. As menções aos Quaderni serão feitas pela abreviatura QC e as citações serão indicadas pelos números do Caderno, do parágrafo e da página (QC 1, § 1, p. 1).
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sentido postulamos os seguintes questionamentos: Qual era a posição de Gramsci em
relação à religião e sua ação educacional? Qual era o papel dos intelectuais religiosos na
organização política e cultural dos italianos?
Para responder aos questionamentos foram levantadas duas hipóteses. Uma, de
ordem geral, refere-se à temática dos intelectuais e da organização da cultura nas
elaborações teóricas dos QC. Ela pressupõe que as questões relativas à formação
cultural e a ação dos intelectuais, na elaboração e difusão da cultura, assumiam um
papel importante na teoria gramsciana. A outra hipótese, de caráter específico, é
direcionada à questão religiosa e a formação cultural dos subalternos. A partir dela,
considera-se que Gramsci julgava a modernização da religião prejudicial ao
desenvolvimento cultural dos proletários italianos e que a religião servia de instrumento
de dominação da burguesia sobre eles.
A análise se desenvolveu pela leitura direta do texto dos QC na língua original, o
italiano, mediada pela contextualização histórica do período em que Gramsci produziu
suas idéias e dos períodos históricos por ele analisados. As análises foram orientadas
por leituras tradicionais de seu pensamento, contrapondo as interpretações obtidas pela
leitura direta ao crivo das análises teóricas consagradas e estabelecidas mediante o
debate e a crítica das principais categorias do pensamento gramsciano.
1. Os educadores brasileiros e a leitura de Gramsci
Na última década se intensificou o movimento de reaproximação dos intelectuais
brasileiros com o pensamento de Gramsci. Essa retomada pode ter relações com o
momento político e econômico, diante da crise econômica do capital e da possibilidade
de ruptura com o seu modelo econômico, ou ser conseqüência da visibilidade obtida
pela esquerda no cenário político nacional e internacional.
Essa reaproximação pode não ser apenas uma reação ao imediatismo do
momento histórico e ter origem na maturidade intelectual atingida no Brasil. Determinar
os motivos e a origem dessa retomada é um trabalho de difícil resolução, mas, ela tem
sido endossada pela publicação da nova edição brasileira da obras de Gramsci, iniciada
em 1999, e pelo crescente fluxo de livros e trabalhos publicados sobre Gramsci.
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A presença do pensamento de Gramsci na história da educação brasileira é
datada, remonta o fim da década de 1970 e se relaciona à trajetória e projeção
intelectual de Dermeval Saviani que se tornou, na década de 1980, uma referência para
análise educacional e a elaboração de uma educação voltada às necessidades próprias do
Brasil. Foi pela leitura das Obras de Saviani que os educadores brasileiros se
aproximaram e apropriaram, ainda que indiretamente, das principais concepções
gramscianas.
O primeiro espaço institucional destinado ao estudo de Gramsci na área da
educação foi o Programa de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade de São Paulo
(PUC-SP). Nele, a turma de doutorandos de 1978, sob a coordenação e orientação de
Saviani, iniciou os estudos da obra de Gramsci. Os frutos dessa iniciativa se
multiplicaram quando esses professores difundiram o pensamento de Gramsci nos
cursos de Graduação e pós-graduação em diferentes regiões do país.
Essa experiência demarcou a criação de um espaço institucional de discussão da obra de Gramsci e determinou os princípios metodológicos, por meio dos quais os seus textos passaram a ser lidos no campo da história da educação no Brasil. As leituras desenvolvidas sobre Gramsci, naquele momento, estavam atreladas a convicções teóricas preestabelecidas a respeito do trabalho intelectual, que tinham como fundamento a compreensão dos problemas enfrentados no campo da história da educação [...] (GOMES, 2012, p. 64).
Saviani figura como um dos responsáveis pela difusão das ideias de Gramsci no
campo da educação e pela criação de um espaço institucional destinado ao seu estudo
(NOSELLA, 1988; SECCO, 2002; SAVIANI, 2005; BIANCHI, 2007). A forma de
apropriação do pensamento de Gramsci pelos educadores brasileiros é importante
porque determina como ele foi lido e interpretado na educação e, como a educação
brasileira passou a ser pensada e ressignificada a partir de sua leitura.
A leitura de Gramsci estava circunscrita pelas condições materiais daquele
momento. A falta de material e de acesso aos seus textos impedia a contextualização de
suas ideias ao lugar e ao momento histórico em que foram produzidas, limitando o
entendimento das categorias gramscianas. Revolucionário e marxista (MARTINS,
2008), deveria ser lido a partir da matriz teórica de suas ideias, no entanto, o cenário
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político e econômico favoreceram interpretações orientadas por matrizes teóricas
estranhas aos fundamentos de suas análises (GOMES, 2012).
As críticas à apropriação de seu pensamento apontam a descontextualização
(NOSELLA, 2004), o esvaziamento da perspectiva revolucionária (MAGRONE, 2006)
e do conteúdo político (SECCO, 2002; LIGUORI, 2007; MAGRONE, 2006). As
leituras da área educacional apresentavam Gramsci como um pedagogo, preocupado
com questões relacionadas à formação geral e a formação para o trabalho (MAGRONE,
2006).
A moda gramsciana pegou, alimentada também pela concepção revolucionária de Gramsci [...]. Essa teoria revolucionária chegou inclusive a forçar uma imagem de Gramsci ‘humanista’, de um revolucionário diferente e até bem comportado. Em certos círculos, Gramsci adquiriu também os contornos de um ‘educador’ no sentido restrito do termo (NOSELLA, 2004, p. 30).
Ao se distanciar da perspectiva revolucionária e política as análises esvaziaram
os conceitos de Estado, hegemonia, sociedade política, sociedade civil e revolução que
passaram a ser secundários (MAGRONE, 2006). O Gramsci, educador situado na
sociedade industrial, passou a ser empregado nos debates sobre a educação brasileira
durante as décadas de 1980 e 1990, o que originou um período em que Gramsci foi
amplamente empregado, mas pouco pesquisado no campo da educação (NOSELLA,
2004).
Como forma de superação dessa visão, recorremos à leitura do próprio Gramsci
e as indicações metodológicas que ele mesmo deixou para aqueles que se dedicassem a
analisar os textos dos QC (BARATTA, 2004; GOMES, 2012). Gramsci tinha
consciência das condições em que elaborou os cadernos e, por isso mesmo, apontou em
diversos deles, QC 4, 8 e 11, advertências e orientações sobre para a leitura dos
manuscritos.
As notas contidas neste caderno, como nos demais, foram escritas ao correr da pena, como rápidos apontamentos para ajudar a memória. Todas devem ser revistas e verificadas minuciosamente, já que certamente contêm inexatidões, falsas aproximações, anacronismos. Escritas sem ter presentes os livros a que se referem, é possível que,
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depois da verificação, devam ser radicalmente corrigidas porque o contrário do que foi escrito é que é verdadeiro (QC 11, p. 1365).
Na primeira década dos anos 2000 as pesquisas sobre os fundamentos do
pensamento gramsciano foram reavivadas e os estudiosos insistiram na necessidade de
uma leitura contextualizada (NOSELLA, 2004), na aplicação de um método adequado
de análise (BARATTA, 2004) e na valorização do conteúdo político de suas
proposições (MAGRONE, 2006; DEL ROIO, 2005). As pesquisas sobre o pensamento
educacional gramsciano voltaram suas análises para os conceitos fundamentais, a partir
dos quais Gramsci discutiu e analisou a função da educação na sociedade italiana.
2. As edições dos Quaderni del Carcere
As primeiras décadas do século XX forneceram as condições favoráveis para
que Gramsci vivesse um período de profundas transformações na organização social,
política, cultural e econômica da Itália. Suas origens e seu engajamento político
influenciaram sua trajetória de vida e, consequentemente, as escolhas teóricas pelas
quais norteou suas análises.
A fortuna de sua herança intelectual se tornou objeto de disputa entre os
pensadores de diferentes matrizes teóricas. Primeiro, os comunistas se apropriaram de
seus escritos para reafirmar a posição teórica do movimento revolucionário e do Partido
Comunista (PC). Posteriormente, inclusive no Brasil, liberais, culturalistas buscaram em
Gramsci fundamentos teóricos para justificar suas posições diante da organização da
sociedade industrial (LIGUORI, 2007; COUTINHO, 2009). A disputa pela sua herança
intelectual teve inicio após sua morte em 1937, quando o PC tomou conhecimento da
existência dos QC e confiou a Palmiro Togliatti (1893-1964) a responsabilidade de
estudá-los, organizá-los e publicá-los (GERRATANA, 2007b).
Com o auxílio de Felice Platone (1889-1955), Togliatti estudou os QC por cerca
de uma década e, mediante as dificuldades de acesso aos QC optou por agrupar os
textos de Gramsci por temática (MORDENTI, 1996). Quando foram publicados, entre
os anos de 1948 e 1951, os QC se limitavam a uma coletânea, com textos selecionados e
organizados por Togliatti. Denominada posteriormente de Edição Togliatiana, ou
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Temática, era uma publicação parcial que omitia textos importantes para a
compreensão do pensamento de Gramsci, em especial aqueles que poderiam abalar a
confiança dos trabalhadores em relação aos dirigentes do PC. Os fundamentos desse
trabalho eram políticos e Gramsci era apresentado como dirigente político do Partido
Comunista Italiano (PCI), dedicado à crítica dos fundamentos da filosofia liberal. Essa
imagem atendia as necessidades de afirmação moral do PC e do PCI diante do fracasso
da revolução proletária no Ocidente (MORDENTI, 1996).
Tal visão de Gramsci e de seus escritos passou a ser questionada por muitos dos
estudiosos de seu pensamento e a Edição Temática foi contestada. Com o intuito de
reestabelecer a originalidade do pensamento de Gramsci, foi confiada a Valentino
Gerratana (1919-2000) a coordenação de novos estudos sobre os QC. Ele organizou
uma edição que se propôs reproduziu os manuscritos dos QC como haviam sido
deixados por Gramsci. Esse trabalho originou a Edição Crítica. Publicada pela primeira
vez em 1975, apresentava os textos dos manuscritos carcerários fundamentada no
trabalho de datação dos períodos de redação de cada QC (GERRATANA, 2007b;
MORDENTI, 1996).
Os QC são um conjunto composto de trinta e três cadernos, vinte e nove
dedicados à análise de temas previamente selecionados e quatro com exercícios de
tradução (GERRATANA, 2007a). Os QC são uma obra inacabada, com características
próprias. Na elaboração dos cadernos, a partir do QC 8 Gramsci reagrupou as notas que
tratavam da mesma temática em cadernos separados, originando os Cadernos Especiais.
O QC 12, Os intelectuais e a organização da cultura é um dos QC que os educadores
brasileiros têm o maior contato e é um exemplo de Caderno Especial. Ele, como outros
especiais, é caracterizado pela revisão dos textos escritos em cadernos anteriores,
complementados por novas reflexões e organizados de acordo com uma lógica
expositiva.
Essa característica permitiu a classificação dos textos dos QC em três grupos:
Textos A, B e C. Os Textos A são de primeira redação, produzidos como um conjunto
de notas esparsas, foram revisados e inseridos em novas articulações em cadernos
posteriores ao QC 8. Essa articulação dos Textos A ficou conhecida como Textos C, ou
seja, textos de segunda redação que aparecem, sobretudo, nos Cadernos especiais. Os
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textos que permaneceram com uma única redação foram denominados de Textos B
(GERRATANA, 2007b).
A Edição Critica dos QC se tornou o principal instrumento de estudo do
pensamento gramsciano e revelou a necessidade de revisitar os QC em sua íntegra,
reforçando a perspectiva de que o pensamento de Gramsci é datado e sua leitura deve
ser contextualizada. A classificação dos textos em A, B e C permitiu a compreensão da
evolução do pensamento gramsciano e a publicação integral de do conteúdo dos QC
revelou que a crítica gramsciana se estendia aos fundamentos do pensamento socialista
(BARATTA, 2004).
A Edição Crítica dos QC não foi traduzida para o português, sendo acessível
apenas aos estudiosos e pesquisadores que dominam a língua italiana. A obra de
Gramsci foi parcialmente traduzida para o português a partir da Edição temática de
Togliatti e foi publicada no Brasil na segunda metade da década de 1960. Em 1999 teve
início a publicação da Nova Edição Brasileira das obras de Gramsci. Essa Edição
incorporou as contribuições da Edição Crítica, mas manteve o estilo de coletânea
temática. Ela foi organizada por Carlos Nelson Coutinho, Luis Sérgio Henriques e
Marco Aurélio Nogueira e apresenta aos leitores os Cadernos Especiais, reunidos por
temas, acompanhados de coletâneas de Textos vinculados à suas temáticas. Tal
organização apresentou os textos B e C, mas exclui os textos A. Coletâneas dos Escritos
Pré-carcerários e das Cartas do Cárcere também compõem a Nova Edição
(COUTINHO, 2006).
Ainda que se reconheça o mérito dessas iniciativas editoriais, o acesso dos
estudiosos e educadores brasileiros aos QC é limitado e não permite a apreensão de duas
características fundamentais para a compreensão do pensamento de Gramsci: 1) a
fragmentariedade estrutural, marcada pela descontinuidade e a ruptura (BARATTA,
2004); 2) a unidade teórico-metodológica de análise, marcada pela perspectiva
revolucionária fundamentada no materialismo histórico (MARTINS, 2008). Uma
análise do pensamento gramsciano que desconsidera uma dessas características pode
conduzir a leituras equivocadas que deixam escapar a perspectiva política e
revolucionária de seu pensamento.
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2. Fundamentos do pensamento educacional de Antonio Gramsci
Gramsci é um marxista que parte da realidade material para discutir a formação
da consciência humana. Suas análises sobre a educação e a escola italiana estão
inseridas num contexto amplo, no qual estão presentes a organização econômica e
política da sociedade. As análises gramscianas sobre educação possuem uma relação
intrínseca com concepções como as de Estado, hegemonia e bloco histórico. Nos QC,
com destaque para os QC 1, 4, 12, 19 e 22, a educação foi analisada a partir da realidade
vivenciada na Itália durante transição para o século XX.
A influência do capitalismo, matriz econômica e organizacional da sociedade
italiana, do liberalismo enquanto filosofia e concepção de mundo e a instalação do
fascismo como regime político, são fatores que circunscreveram os temas analisados por
Gramsci. Filiado ao marxismo e compromissado com a revolução proletária, investigou
os fundamentos dos modelos educacionais presentes na Itália e o papel da educação na
formação intelectual e cultural dos grupos subalternos (GOMES, 2012).
As concepções de Estado, Sociedade Política e Sociedade Civil são o ponto de
partida para a compreensão de seu pensamento. Ele defendia que a educação praticada
na Itália nas primeiras décadas do século XX atendia as demandas da organização social
do capital, seguindo os ideais do liberalismo (QC 22). Para Gramsci a educação italiana
estava interessada na formação do trabalhador, na qualificação dos proletários para sua
atuação no campo da produção material (MANACORDA, 2008; NOSELLA, 2004).
Gramsci defendia uma educação desinteressada, voltada para o desenvolvimento
das habilidades físicas e intelectuais que permitisse aos homens atuarem
conscientemente nas diferentes esferas do Estado, a Sociedade Política e Sociedade
Civil (MANACORDA, 2008; NOSELLA, 2004; ARNAUT DE TOLEDO; GOMES,
2011b) A distinção dentre estas duas formas de sociedade era, para Gramsci, uma
distinção meramente teórica e fazia a aplicação prática das concepções marxistas de
Estrutura e Superestrutura (LIGUORI, 2007).
A base real para o desenvolvimento da forças materiais se encontra nas relações de produção que possuem a capacidade de promover a estruturação econômica da sociedade. A superestrutura é de ordem
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política e jurídica e, estando implantada sobre a base econômica, tem a finalidade de promover a consciência social. A superestrutura atua no campo da organização social pela formação da consciência política e ideológica dos indivíduos e dos grupos sociais e tem como objetivo promover a unidade econômica pelo desenvolvimento das forças produtivas, para que atendam às necessidades e às demandas geradas por uma dada organização social (GOMES, 2012, p. 85).
Gramsci inovou na interpretação da concepção de Estado e defendeu a relação
entre Sociedade Política e Sociedade Civil. A primeira responsável pela organização
ideológica e a segunda pela organização dos meios para a produção das condições
materiais necessárias à sobrevivência do homem (QC 6, § 88). A compreensão da
estrutura do Estado é fundamental para a análise da concepção gramsciana de educação,
porque é a produção material da vida que determina a formação dos intelectuais e o
sistema educacional.
[...] Todo grupo social, nascendo no terreno originário de uma função essencial do mundo da produção econômica, cria para si, ao mesmo tempo, organicamente, uma ou mais camadas de intelectuais que lhe dão homogeneidade e consciência da própria função, não apenas no campo econômico, mas também no social e político [...] Pode-se observar que os intelectuais ‘orgânicos’, que cada nova classe cria consigo e elabora em seu desenvolvimento progressivo, são na maioria dos casos, ‘especializações’ de aspectos parciais da atividade primitiva do tipo social novo que a nova classe deu à luz (QC 12, § 1, p. 1513-1514).
A formação dos intelectuais e da consciência são resultados direto da educação,
seja ela formal ou informal. A análise gramsciana do fenômeno educativo considerava a
organização material da sociedade e se relacionava à organização capitalista da
produção e ao modelo político estabelecido (MANACORDA, 2008). Gramsci analisou
a Reforma Gentile, promovida pelo fascismo entre os anos de 1922 e 1943 e
fundamentada nas ideias liberais. Gramsci enfatizava que a proposta educacional
fascista era um instrumento a serviço da manutenção da subalternidade da classe
trabalhadora, porque impedia o desenvolvimento da autonomia intelectual e da
consciência política e social (ARNAUT DE TOLEDO; GOMES, 2011a).
A reforma educacional fascista era fundamentada na educação espontânea e
Gramsci a acusava de abandonar os estudantes à própria sorte, negligenciando a
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intervenção dos professores no desenvolvimento estudantes. Para ele, a intervenção do
professor se fazia necessária e deveria disciplinar, orientar e conscientizar. Pela
educação os grupos subalternos operariam a critica à própria concepção de mundo e ao
sistema político e econômico hegemônico (ARNAUT DE TOLEDO; GOMES, 2011a).
A educação tinha o papel de instrumentalizar e disciplinar os trabalhadores para
operar a revolução proletária. Mas, para isso, era necessário superar o modelo educativo
oficial proposto e praticado pelo Estado italiano. A formação imediata de intelectuais
oriundos dos estratos sociais ligados ao proletariado era uma necessidade estratégica
para a ação revolucionária dos socialistas. A educação era um momento estratégico da
luta pela hegemonia e permitiria aos proletários formar intelectuais originados de suas
necessidades enquanto classe social (MANACORDA, 2008; NOSELLA, 2004;
SCHLESENER, 2007; GOMES, 2012). As análises e a crítica gramsciana à educação
italiana são decorrentes da condição intelectual assumida por ele no movimento
socialista italiano.
Gramsci, na condição de dirigente, assumiu a organização política das classes trabalhadoras e identificou a incapacidade dos operários e camponeses italianos para se organizarem politicamente. Mediante as dificuldades inerentes à criação de uma nova ordem social, a hegemonia proletária, concebeu a luta pela hegemonia como um momento educativo. A necessidade urgente de pôr em ordem a ação de oposição das classes trabalhadoras perante a organização do capital, fez com que o debate sobre a educação e a formação cultural das classes operárias se estabelecesse como um tema de maior importância para as reflexões de Gramsci que, relacionou a formação cultural e os processos educativos ao desenvolvimento da Itália e acenou que a estrutura vigente naquele momento era incapaz de promover o desenvolvimento das classes subalternas rumo à emancipação do trabalhador (GOMES, 2012 p. 84).
A percepção de que cada momento histórico e grupo social produziam
intelectuais de acordo com as suas demandas (QC 12, § 1), dava à Gramsci a certeza de
que o movimento socialista deveria formar seus próprios intelectuais, da mesma forma
com que o capitalismo havia formado os seus. Gramsci defendia que a formação de uma
nova ordem econômica carecia de uma nova organização política, ou seja, ao
reorganizar o mundo da produção, a sociedade civil precisaria de novos intelectuais para
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suprir suas demandas, tanto no campo da produção quanto no campo da superestrutura,
isto é da sociedade política (GOMES, 2012).
A unidade histórica de uma organização social em que as forças materiais são
modeladas pela concepção de mundo hegemônica era denominada de bloco histórico
(QC 7, § 21) e expressava a correlação de forças entre a produção material e a
organização política (PORTELLI, 1977). A formação do bloco histórico é um momento
educativo por excelência, porque nela se institui uma hegemonia, seja por meio da
conquista do consenso, seja pela ação da força, normalmente endossada pela capacidade
coercitiva do Estado.
[...] Pode-se medir a ‘organicidade’ dos diversos estratos intelectuais, sua conexão mais ou menos estreita com um grupo social fundamental, fixando uma gradação das funções e das superestruturas de baixo para cima (da base estrutural para o alto). Por enquanto, podem-se fixar dois grandes ‘planos’ superestruturais: o que pode ser chamado de ‘sociedade civil’ e ‘sociedade política ou Estado’, esses correspondem à função de ‘hegemonia’ que o grupo dominante exerce em toda a sociedade e àquela de ‘domínio direto’ ou de comando, que se expressa no Estado e no governo ‘jurídico’. Estas funções são precisamente organizativas e conectivas [...] (QC 12, § 1, p. 1518-1519).
Gramsci entendia a organização dos proletários lhes permitiria estabelecer um
bloco histórico capaz de operar a crítica sobre o Estado burguês (PORTELLI, 1977).
Tal ação teria o potencial de fissurar a organização política e econômica do capitalismo,
expondo suas contradições e possibilitando ao proletariado lutar pela hegemonia e
instituir a ditadura do proletariado. A atuação dos intelectuais assume no pensamento de
Gramsci um papel central, porque eles são responsáveis pela ação educativa e, ao
mesmo tempo, produto da educação presente em um bloco histórico.
3. Religião e educação no pensamento de Gramsci
Ao analisar o desenvolvimento histórico e a formação dos grupos de intelectuais
italianos, Gramsci evidenciou a existência de dois grupos que se distinguiam em
conseqüência da revolução científica e do estabelecimento do capitalismo. O primeiro
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grupo de intelectuais, remanescente da antiga ordem feudal, ligava-se à religião, em
especial ao catolicismo (LA ROCCA, 2009b). O segundo, ligado à ascensão do
capitalismo representava a nova ordem socioeconômica e promovia sua organização
produtiva e política (QC 12, § 1).
Denominados, respectivamente, de intelectuais tradicionais e intelectuais
orgânicos (QC 12, § 1), esses grupos eram os responsáveis pela luta hegemônica entre
duas organizações sociais: o Estado Laico e a Igreja (LA ROCCA, 2009a). Para o
capitalismo se consolidar como bloco histórico, os intelectuais orgânicos do capitalismo
deviam promover o consenso e estabelecer bases para o exercício da hegemonia (QC 1,
§ 44), assimilando os intelectuais tradicionais remanescentes da antiga ordem feudal,
em geral religiosos defensores da concepção religiosa de mundo (QC 12, § 1).
Gramsci defendia que a influência dos intelectuais religiosos se perpetuava sobre
os estratos mais simples da sociedade italiana e determinava a sua formação cultural
(LA ROCCA, 2009b) . Essa influência sobre os italianos era resultado da ação contínua
dos religiosos que defendiam uma concepção de mundo própria, em relação às
demandas do novo Estado, anticlerical e religioso que se formava na Itália (LA
ROCCA, 2009a; GOMES, 2012). O catolicismo foi responsável pela organização ético-
política da Itália e os religiosos assumiram a atividade educativa dos grupos sociais
subalternos. Em muitos casos a religião era a única formação educativa ofertada em
regiões pobres ou agrárias, como era o caso das regiões ao sul da Itália (PORTELLI,
1984; LA ROCCA, 2009b).
Marxistas e socialistas assumiam em relação a religião uma visão negativa e, aos
moldes liberais, imaginavam um Estado sem religião, livre de sua influência na cultura
e na política do Estado (LA ROCCA, 2002). Não era essa a perspectiva gramsciana, ele
“[...] valorizava a religião por sua capacidade de difusão cultural e de agregação das
classes subalternas e, em especial, reconhecia a importância dos grupos sociais que se
encontravam sob a tutela da Igreja para o êxito da Revolução proletária [...] (GOMES,
2012, p. 115). Para Gramsci, a religião era uma concepção que dependia da presença de
três elementos: a) a crença na existência da divindade transcendental; b) o sentimento
humano de dependência à divindade que governa o cosmos; c) o sistema de culto que
estabelece a relação entre o homem e a divindade (QC 6, § 41).
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Gramsci defendia que ao não cumprir esses requisitos, a religião se tornava um
conjunto de normas sociais nocivas que limitavam o uso das faculdades humanas e
serviam de instrumento de alienação(LA ROCCA, 2009b). Entendida como uma grande
utopia de ordem metafísica (QC 11, § 62), a religião oferecia instrumentos para o
desvelamento do mundo e à compreensão de fatos histórico ou naturais que estavam
distantes da capacidade analítica de grande parte dos homens (QC 3, § 76).
Gramsci evidenciou a reorganização do catolicismo diante das novas
configurações das sociedades política e civil. Fato comprovado pela ação educativa
coordenada pelo clero, em especial pelos padres da Companhia de Jesus que mantinham
a unidade da fé do povo italiano por meio da difusão da concepção religiosa de mundo.
A perspectiva educativa inaugurada pelos padres da Companhia de Jesus assumiu caracteres próprios. De acordo com Gramsci, serviram para fortalecer a fé dos cristãos na Igreja e na figura do papa, ao mesmo tempo coibiam as ações e os comportamentos revolucionários. Tal direcionamento refletiu como um freio para os ideais revolucionários, considerados subversivos aos olhos do papado, que reforçava sua hegemonia após a separação do poder em poder religioso e poder estatal. Gramsci percebia que a atividade dos jesuítas tinha como objetivo elaborar estratégias e agir de tal forma que a diretrizes papais pudessem ser postas em prática (GOMES, 2012, p. 176).
A organização política dos Jesuítas e sua erudição foram o subsídio do Vaticano
e do papado durante a instituição do Estado Laico italiano. Gramsci atribuía a eles o
mérito de organizar a ofensiva política do catolicismo, denominada de Ação Católica
(QC 6, § 183; QC 20, § 2). Nela os intelectuais religiosos protagonizavam uma série de
conflitos internos, em que conservadores e modernizadores defendiam suas concepções
de mundo e disputavam a hegemonia do poder político (QC 20, § 4) e do poder
educativo da religião (PORTELLI, 1984; STACCONE, 1991; LA ROCCA, 2009a).
Gramsci via a religião como o principal inimigo da revolução socialista e era
cauteloso em relação à educação por ela promovida, considerava que a concepção
religiosa de mundo era responsável por fornecer os fundamentos mitológicos e
epistemológicos para a elaboração do senso comum presente na cultura dos grupos
subalternos (QC 11, § 13; QC 24, § 4; QC 27, § 1-2). O senso comum seria o resultado
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da apropriação da concepção religiosa de mundo cristalizada na cultura popular (QC 1,
§ 65).
Na defesa de que os proletários deveriam superar a religião e o senso comum
para elaborar uma filosofia genuína da classe operária, a filosofia da práxis. Para tanto,
propõe no QC 11 § 12 uma reflexão filosófica que permitiria aos proletários se
aproximarem dessa forma de saber sistematizada. Para ele a prática da filosofia
proporcionaria aos proletários a consciência de sua capacidade intelectual, a perspectiva
crítica sobre sua concepção de mundo e a superação do preconceito em relação ao ato
de filosofar (GOMES, 2012).
Gramsci acreditava que lutar pela hegemonia, o proletariado devia elaborar uma
concepção de mundo que lhe era própria, uma filosofia original, a filosofia da práxis. O
QC 11 oferece o instrumental para identificar a influência da concepção de mundo
dominante no pensamento popular e para promover a superação da tradição cultural
italiana fundamentada na religiosidade.
Uma filosofia da práxis só pode se apresentar, inicialmente, em atitude polêmica e crítica, como superação da maneira de pensar precedente e do pensamento concreto existente (ou mundo cultural existente). E portanto, antes de tudo, como crítica do ‘senso comum’ (e isto após se basear sobre o senso comum para demonstrar que ‘todos’ são filósofos e que não se trata de induzir ex novo uma ciência na vida individual de ‘todos’, mas de inovar e tornar ‘critica’ uma atividade já existente); e, posteriormente, como crítica da filosofia dos intelectuais, que deu origem à história da filosofia e que, enquanto individual, (e, de fato, ela se desenvolve essencialmente na atividade de indivíduos singulares particularmente dotados), pode ser considerada como ‘culminâncias’ de progresso do senso comum, pelo menos do senso comum dos estratos mais cultos da sociedade e, através desses, popular (QC 11, § 12, p. 1383)
A ação educacional exercida pelos intelectuais religiosos era considerada nociva
para o desenvolvimento da estratégia revolucionária e para o desenvolvimento histórico
da Itália, porque a internalização da concepção religiosa de mundo tolhia dos homens a
capacidade intelectual (QC 20). Para Gramsci, a educação italiana sempre esteve a
serviço da religião e foi o instrumento de disseminação de sua concepção de mundo, de
controle da capacidade intelectual dos homens e de manutenção da hegemonia religiosa.
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Ao propor uma nova concepção de educação, fundamentada na filosofia e no ato
de filosofar, Gramsci pensava na conquista da hegemonia, na superação do senso
comum e das concepções de mundo aviltantes que solaparam dos grupos subalternos a
capacidade intelectual e crítica, reduzindo-os a uma mera mercadoria a serviço do
capital. Para conceder ao proletariado a oportunidade de elaborar uma filosofia genuína
e original, era necessário que a educação fosse emancipatória e, com vistas na
construção de um novo bloco histórico, permitisse aos trabalhadores se apropriarem ou
desenvolverem as aptidões físicas e intelectuais comuns aos intelectuais burgueses e
religiosos, para que os trabalhadores, em condição de igualdade, elaborem uma
concepção de mundo que lhes permita lutar pela hegemonia e organizar o Estado para
atender as demandas do maior grupo social presente na sociedade.
Conclusão
As análises de Gramsci sobre a educação estão fundamentadas no
desenvolvimento histórico da sociedade italiana e se concentram na organização
educacional do Estado italiano nas primeiras décadas do século XX. Suas análises são
elaboradas a partir de uma perspectiva revolucionária e partem do movimento real de
produção da vida material e da concepção de que o Estado é uma unidade composta por
duas sociedades distintas, a sociedade civil, responsável pela organização e produção da
existência material, e a sociedade política, a quem cabe o papel de dar forma ideológica
e política ao mundo produtivo.
Gramsci identificou que a educação italiana se encontrava dividida e orientada
por duas perspectivas que concorriam entre si. De um lado a educação tradicional,
fundada na concepção religiosa de mundo e, de outro, a educação moderna, organizada
de acordo com os interesses da sociedade burguês-capitalista. Religiosos e burgueses
lutavam pela hegemonia com o objetivo de determinar a concepção de mundo que
fundamentaria a organização do Estado italiano que se formara. Impulsionada pelas
revoluções, a concepção burguês-capitalista tornou-se hegemônica e passou a educar os
grupos sociais subalterno para suprir as demandas do mundo produtivo. Mesmo
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derrotada, a religião continuou a influenciar culturalmente os grupos subalternos,
reivindicando para si o direito de educá-los.
Ligada ao mundo da produção, a educação é organizada de acordo com as
necessidades da sociedade civil e a ela está submetida. Gramsci, no entanto, defendia
que a educação deveria ser desinteressada e não ser submetida ao mundo da produção
ou comprometida com a formação do trabalhador ou do homem religioso. Nos QC a
educação é entendida como um elemento agregador, que tem o potencial de desenvolver
ou limitar as habilidades físicas e intelectuais dos homens.
Revolucionário, Gramsci defendia uma nova organização do Estado baseada nas
necessidades do proletariado. Para tal era necessário promover a superação do senso
comum e das concepções de mundo hegemônicas, em especial da religiosa. Para tal,
propôs a filosofia como exercício intelectual que permite ao homem simples exercer a
crítica sobre a sua concepção de mundo visando a sua superação. Essa ocorreria quando
os proletários, amparados por um processo educativo que lhes permita o
desenvolvimento das habilidades intelectuais, promovessem uma reflexão filosófica
genuína, original dos grupos subalternos, a filosofia da práxis. Ela permitiria a
superação da concepção de mundo hegemônica pela elaboração de uma concepção de
mundo voltada para a organização do Estado, que por sua vez consolidaria a hegemonia
do proletariado.
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