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Tend E Rela Formação e Merc dências e Perspectiva Engenharia no Brasil atório EngenhariaData 2013 cado de Trabalho em Engenha Leonardo Augusto d Fevereiro de 2014 as da l aria no Brasil Equipe: Mario Sergio Salerno Leonardo Melo Lins de Vasconcelos Gomes Tatiane Bottan

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  • Tendncias e Perspectivas da

    Engenharia no Brasil

    Relatrio EngenhariaData 201

    Formao e Mercado de Trabalho em Engenharia no Brasil

    Tendncias e Perspectivas da

    Engenharia no Brasil

    Relatrio EngenhariaData 2013

    Formao e Mercado de Trabalho em Engenharia no Brasil

    Leonardo Augusto de Vasconcelos Gomes

    Fevereiro de 2014

    Tendncias e Perspectivas da

    Engenharia no Brasil

    Formao e Mercado de Trabalho em Engenharia no Brasil

    Equipe:

    Mario Sergio Salerno

    Leonardo Melo Lins

    Leonardo Augusto de Vasconcelos Gomes

    Tatiane Bottan

  • Relatrio 2013

    SUMRIO

    Destaques 3

    Introduo 5

    1 Formao em Engenharia: Graduao 8

    1.2 - Formao em Engenharia: Ps-Graduao 38

    2 - Mercado de Trabalho de Engenheiros 41

    3 - Produo Cientfica 51

    Bibliografia 59

  • Relatrio 2013

    NDICE DE TABELAS

    Tabela 1: cursos que compem o universo da engenharia ....................................................... 8

    Tabela 2: variao do nmero de vagas, inscritos, ingressantes, matriculados e concluintes

    no ensino superior e em engenharia, 2000-2012. ................................................................... 10

    Tabela 3: relao entre concluintes no ensino superior e em engenharia e populao, 2000-

    2012 ......................................................................................................................................... 13

    Tabela 4: nmero de cursos de engenharia segundo natureza administrativa, Brasil e regies,

    2000-2012. ............................................................................................................................... 16

    Tabela 5: nmero de matriculados segundo natureza administrativa e regies: ................... 21

    Tabela 6: distribuio dos concluintes por estado, 2000 e 2012. ........................................... 25

    Tabela 7: engenheiros por 10.000 habitantes, Estados. ......................................................... 28

    Tabela 8: variao do nmero de programas de mestrado doutorado segundo rea do

    conhecimento, 2000-2012. ...................................................................................................... 40

    Tabela 9: nmero de titulados nas ocupaes de engenharia, Brasil, 2006-2011. ................. 43

    Tabela 10: total de engenheiros empregados por 10.000 habitantes, Brasil, 2000-2012. ..... 49

  • Relatrio 2013

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1: nmero de engenheiros graduados por 10.000 habitantes, segundo pases, 2011 e

    Brasil 2012. ............................................................................................................................... 15

    Figura 2: taxas de crescimento do nmero de cursos de engenharia oferecidos em

    instituies pblicas, 2001-2012. ............................................................................................ 17

    Figura 3: evoluo do nmero de cursos de engenharia segundo nvel administrativo, Brasil,

    2000-2012 ................................................................................................................................ 18

    Figura 4: evoluo do nmero de vagas oferecidas em engenharia, Regies, 2000-2012 ..... 20

    Figura 5: crescimento do nmero de matriculados em Engenharia, Direito, Medicina e no

    Ensino superior, 2001-2012, 2001=100. .................................................................................. 23

    Figura 6: crescimento percentual dos concluintes em engenharia, Brasil, Regies, 2000=100.

    .................................................................................................................................................. 27

    Figura 7: crescimento do nmero de concluintes em Engenharia, Direito, Medicina e no

    Ensino superior,2001-2012,2001=100 ..................................................................................... 30

    Figura 8: taxa de Evaso em Engenharia e no Ensino Superior. .............................................. 31

    Figura 9: taxa anual de evaso nos cursos de engenharia, Brasil e regies, 2001-2012. ........ 32

    Figura 10: taxa de evaso anual nos cursos de Engenharia, Direito, Medicina e demais

    graduaes, 2002-2012. .......................................................................................................... 33

    Figura 11: mdia da nota em Matemtica, PISA 2012, pases selecionados. ......................... 35

    Figura 12: taxa de titulao nos cursos de Engenharia, Medicina e demais graduaes, 2005-

    2012. ........................................................................................................................................ 37

    Figura 13: evoluo do nmero de cursos de Ps-Graduao, Brasil, Regies, 2000-2012. 38

  • Relatrio 2013

    Figura 14: crescimento percentual dos cursos de Ps-Graduao, Brasil, Regies, 2000=100.

    .................................................................................................................................................. 39

    Figura 15: composio do mercado de trabalho em engenharia por gnero, 2000-2012..... 42

    Figura 16: emprego de engenheiros com ps-graduao, 2012. ............................................ 44

    Figura 17: engenheiros segundo setores de atividade econmica, Brasil, 2000-2012. .......... 46

    Figura 18: nmero de engenheiros empregados por tamanho do estabelecimento, Brasil,

    2000-2012. ............................................................................................................................... 47

    Figura 19: relao entre PIB per Capita em 2008 (em US$ 2012) e porcentagem de Recursos

    Humanos em Cincia e Tecnologia no total de empregados (2007-2008). ............................ 48

    Figura 20: nmero total de artigos de engenharia publicados em revistas indexadas pela

    Scopus, 1996-2012. .................................................................................................................. 52

    Figura 21: crescimento percentual da Produo Cientfica, Brasil, 1996=100. ....................... 53

    Figura 22: nmero total de artigos de engenharia publicados em revistas indexadas pela

    Scopus, Amrica Latina, 1996-2012. ........................................................................................ 54

    Figura 23: distribuio Percentual das publicaes em engenharia dos Brics por pas em

    peridicos cientficos indexados pela Scopus, 1996-2012. ..................................................... 55

    Figura 24: porcentagem dos artigos do pas que possuem ao menos uma colaborao

    internacional, Brics, 1996-2012. .............................................................................................. 56

  • Relatrio 2013

    3

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    DESTAQUES

    A engenharia cresceu, bem acima do

    crescimento do ensino superior como

    um todo, ao considerar-se a variao

    de vagas, inscritos, ingressantes,

    matriculados e concluintes nos anos

    de 2000 e 2012.

    A maior variao percentual, nas

    engenharias, foi observada no

    nmero de inscritos: em 2000,

    251.501 pessoas se inscreveram no

    vestibular no intuito de cursar

    engenharia; j em 2012, este nmero

    sobe para 1.438.049 pessoas,

    atingindo uma variao de 571%.

    Entretanto, esse nmero pode refletir

    a mudana no sistema de seleo,

    com a crescente adeso ao Exame

    Nacional do Ensino Mdio (ENEM)

    como forma nica de acesso ao

    ensino superior e o estabelecimento

    do Sistema de Seleo Unificada

    (SISU), que amplia as chances de

    acesso ao ensino superior uma vez da

    possibilidade de escolha de cursos

    atravs da nota do ENEM.

    O acesso aos cursos de

    engenharia apresentou um

    percentual bem superior ao

    do ensino superior em geral:

    em 2000, 58.205 pessoas

    ingressaram nos cursos de

    engenharia, enquanto em

    2012 esse nmero sobe para

    224.087, apresentando uma

    variao de 384%.

    O nmero de concluintes

    apresenta um crescimento

    mais modesto: para o ensino

    superior em geral, em 2000

    havia 352.305 concluintes,

    enquanto em 2012 esse

    nmero sobe para 876.901,

    configurando um crescimento

    de 248%; por sua vez, na

    engenharia, em 2000,

    graduaram-se 17.740 pessoas,

    sendo que em 2012 temos

    54.173 concluintes, em um

    crescimento percentual de

    305%.

  • Relatrio 2013

    4

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    DESTAQUES

    A formao de engenheiros no Brasil,

    em comparao com outros pases,

    ainda insuficiente. Tomando naes

    com grandes propores, tais como

    Mxico e Estados Unidos, temos o

    primeiro apresentando 7,67

    engenheiros por 10.000 habitantes,

    enquanto o segundo possui 5,22. O

    Brasil; por sua vez, formou em 2012

    2,79 engenheiros para cada 10.000

    habitantes, ficando atrs de Grcia e

    Turquia.

    O mercado de trabalho em engenharia

    ainda composto basicamente por

    pessoas do sexo masculino. Em 2000,

    havia 103.548 homens e 20.253

    mulheres; em 2012 esse nmero passa

    214.761 indivduos do sexo masculino e

    46.846 do sexo feminino.

    Os engenheiros em sua maioria

    esto empregados nos Servios

    e na Indstria de

    Transformao, que so os

    setores mais tradicionais, uma

    vez ser lderes em contratao

    desses profissionais desde o

    inicio da srie em estudo.

    Com relao produo

    cientfica, como era de se

    esperar, tomando a produo

    dos Brics em seu conjunto, a

    China desponta com a maior

    contribuio, chegando em 2012

    a ser a responsvel por cerca de

    85% das publicaes; a ndia

    assume o segundo lugar com

    8%; a Rssia detm 4%; por fim,

    o Brasil, com 3% das publicaes

    em engenharia.

  • Relatrio 2013

    5

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    INTRODUO

    Este relatrio o resultado da atualizao dos dados do sistema de indicadores

    EngenhariaData promovido pelo Observatrio da Inovao e Competitividade (OIC) do

    Instituto de Estudos Avanados (IEA) da Universidade de So Paulo (USP). Entrando em sua

    terceira verso, o relatrio versa sobre a formao de engenheiros, tanto na graduao

    quanto na ps-graduao, e sobre o mercado de trabalho dos profissionais das engenharias.

    Os dados usados so o Censo do Ensino Superior, desenvolvido pelo Instituto nacional de

    Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), do Ministrio da Educao (MEC), para avaliar a

    graduao em engenharia; para a ps-graduao, os dados so do GEOCAPES, mantido pela

    Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES); por fim, para o

    mercado de trabalho, conta-se com dados produzidos pelo Ministrio do Trabalho e

    Emprego - Relao Anual de Informao Social (RAIS), bem como dados do Censo

    Demogrfico elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE).

    O intuito deste relatrio caracterizar o universo da engenharia, no sentido da formao de

    engenheiros e sua atuao no mercado de trabalho. sem necessidade alongar sobre a

    importncia destes profissionais para a economia de um pas: j largamente debatida e

    aceita a importncia dos engenheiros para o desenvolvimento econmico, uma vez da

    centralidade da engenharia para a criao, ou adaptao, de tecnologias que agregam valor

    aos processos produtivos e, consequentemente, aumentam a competitividade dos pases.

    Portanto, torna-se essencial entender o que se chama de universo da engenharia,

    especialmente em pases como o Brasil, que buscam meios de aprimorar tecnologicamente

    sua produo e estabelecer um patamar de crescimento econmico sustentado.

    Nas edies anteriores concluiu-se estar em curso uma retomada da valorizao da

    engenharia como um todo, com aumentos no nmero de engenheiros empregados e com

  • Relatrio 2013

    6

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    um vertiginoso aumento de matriculados nos cursos de graduao. poca da elaborao

    desses relatrios a questo sobre a falta, ou no, de engenheiros no mercado de trabalho

    estava mais em voga, sendo que a percepo de que havia um dficit de profissionais de

    engenharia no mercado era a posio dominante externada em meios de comunicao.

    Diante os dados trabalhados, a posio era de cautela, uma vez do j mencionado aspecto

    positivo no que tange formao e ao mercado de trabalho em engenharia. Foi consolidada

    uma verso sobre o problema considerando, pela anlise dos dados dos Censos

    Demogrficos de 1970 a 2010, haver uma lacuna geracional, no sendo, portanto, o

    problema uma falta generalizada de engenheiros, mas sim, uma maior proporo de

    engenheiros jovens no mercado de trabalho (SALERNO et al., 2014). H escassez de

    engenheiros experientes, na faixa de 40 a 54 anos, devido a um desinteresse pela formao

    em engenharia em meados da dcada de 80 e 90. E h indcios de problemas de qualidade

    na formao, o que, ademais, dos problemas mais relevantes de todo o sistema

    educacional brasileiro.

    Atualmente pode-se afirmar uma continuao do movimento de valorizao da engenharia;

    entretanto, o cenrio econmico outro. Quando da percepo de que havia falta de

    engenheiros, basicamente o perodo entre 2008 e 2009, o pas apresentava taxas de

    crescimento elevadas, com maior dinamismo do mercado de trabalho. No perodo atual a

    economia apresenta resultados mais modestos, cabendo averiguar quais sero os efeitos do

    baixo crescimento neste movimento de valorizao da engenharia. Da a importncia deste

    relatrio, na medida em que ele permite acompanhar, ano a ano, o universo da engenharia,

    estabelecendo suas conexes com o cenrio econmico maior.

    possvel adiantar que, nos aspectos aqui avaliados, continua a tendncia de valorizao da

    engenharia. S para tomar dois exemplos, h o aumento no nmero de matriculados e de

    engenheiros empregados, o que consolida um ciclo virtuoso que vem se constituindo ao

  • Relatrio 2013

    7

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    longo dos anos 2000. Trata-se de algo de grande importncia, pelas razes econmicas j

    apontadas, e pelo simples fato de que, mesmo com os resultados positivos, o Brasil ainda

    est bem atrs de pases tecnologicamente mais avanados em termos de engenharia.

  • Relatrio 2013

    8

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    1 FORMAO EM ENGENHARIA: GRADUAO

    Para caracterizar a formao em engenharia, foram usados os dados do Censo da Educao

    Superior, produzidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) do

    Ministrio da Educao. O censo da Educao Superior conta com bancos de dados distintos,

    versando sobre os professores, alunos, instituies e cursos. A maioria dos dados aqui

    reportados proveniente do censo que rene informaes sobre todos os cursos de

    graduao do pas e, em menor medida, do censo dos alunos. As srie aqui usada

    compreende os anos entre 2000 e 2012, sendo este ltimo o ano da atualizao mais

    recente dos dados.

    A definio dos cursos de engenharia utilizada neste Relatrio segue a classificao

    empreendida pelo INEP, que por sua vez segue as recomendaes da Organizao para

    Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE), o que permite a comparabilidade

    internacional do ensino superior brasileiro. Os cursos aqui analisados referem-se somente

    queles cursos de engenharia que tm como modalidade o ensino presencial e como nvel

    acadmico a graduao. Ou seja, o universo da formao em engenharia tratado neste

    Relatrio exclui os cursos tcnicos e distncia, focando apenas cursos de graduao

    presenciais. De qualquer forma, tal classificao cobre de maneira substancial os cursos de

    engenharia, em funo do nmero residual de cursos fora de seus limites.

    A tabela 1 apresenta a relao dos 55 cursos que compem o universo dos cursos de

    graduao presenciais em engenharia segundo a classificao acima descrita.

    Tabela 1: cursos que compem o universo da engenharia

    Agrimensura

    Engenharia

    Engenharia aeroespacial

    Engenharia de produo mecnica

    Engenharia de produo eltrica

    Engenharia de produo metalrgica

  • Relatrio 2013

    9

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Engenharia aeronutica

    Engenharia agrcola

    Engenharia ambiental

    Engenharia automotiva

    Engenharia biomdica

    Engenharia bioqumica

    Engenharia cartogrfica

    Engenharia civil

    Engenharia de alimentos

    Engenharia de biotecnologia

    Engenharia de computao

    Engenharia de comunicaes

    Engenharia de construo

    Engenharia de controle

    Engenharia de controle e automao

    Engenharia de materiais

    Engenharia de materiais - madeira

    Engenharia de materiais - plstico

    Engenharia de minas

    Engenharia de pesca

    Engenharia de petrleo

    Engenharia de processos qumicos

    Engenharia de produo civil

    Engenharia de produo de materiais

    Engenharia de produo de minas

    Engenharia de produo qumica

    Engenharia de produo txtil

    Engenharia de recursos hdricos

    Engenharia de redes de comunicao

    Engenharia de telecomunicaes

    Engenharia de veculos e motores

    Engenharia eltrica

    Engenharia eletrnica

    Engenharia eletrotcnica

    Engenharia fsica

    Engenharia florestal

    Engenharia geolgica

    Engenharia industrial

    Engenharia industrial eltrica

    Engenharia industrial mecnica

    Engenharia industrial qumica

    Engenharia industrial txtil

    Engenharia mecnica

    Engenharia mecatrnica

    Engenharia metalrgica

    Engenharia naval

    Engenharia qumica

    Engenharia sanitria

    Engenharia txtil

    Fonte: INEP. Censo do Ensino Superior, 2013.

    A anlise inicia-se a partir da comparao entre o ano de incio e o ano de trmino da srie

    aqui trabalhada. Nesta comparao ser apresentada a variao porcentual daquelas

    variveis que compem a oferta de engenheiros no sentido da formao, isto : o nmero

  • Relatrio 2013

    10

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    de inscritos no vestibular, quantidade de ingressantes a cada ano, nmero de vagas

    disponibilizadas, nmero de matriculados e concluintes.

    Tabela 2: variao do nmero de vagas, inscritos, ingressantes, matriculados e concluintes

    no ensino superior e em engenharia, 2000-2012.

    2000 2012 Variao

    Total Engenharia

    (% do total) Total

    Engenharia

    (% do total) Total Engenharia

    Vagas 1.216.287 71.095

    (5,8%) 3.310.197

    344.425

    (10,4%) 272% 484%

    Inscritos 4.039.910 251.501

    (6,2%) 10.927.775

    1.438.049

    (13,2%) 270% 571%

    Ingressantes 1.035.750 58.205

    (5,6%) 2.204.456

    224.087

    (10,2%) 212% 384%

    Matriculados 2.694.245 180.497

    (6,6%) 5.923.838

    705.351

    (11,9%) 219% 390%

    Concluintes 352.305 17.740

    (5,0%) 876.901

    54.173

    (6,2%) 248% 305%

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    Como a tabela 2 evidencia, no perodo em estudo, tanto o ensino superior como um todo,

    quanto a engenharia, apresentam aumentos nas variveis que compem o que se pode

    chamar de o lado da oferta, isto , da formao. Percebe-se o quanto a engenharia cresceu,

    bem acima do crescimento do ensino superior como um todo, ao tomar-se nota da variao

    de vagas, inscritos, ingressantes, matriculados e concluintes nos anos de 2000 e 2012. A

    maior variao percentual, nas engenharias, observada no nmero de inscritos: em 2000,

    251.501 pessoas se inscreveram no vestibular no intuito de cursar engenharia; j em 2012,

    este nmero sobe para 1.438.049 pessoas, atingindo uma variao de 472%. Entretanto,

  • Relatrio 2013

    11

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    esse nmero pode refletir a mudana no sistema de seleo, com a crescente adeso ao

    Exame Nacional do Ensino Mdio (ENEM) como forma nica de acesso ao ensino superior e

    o estabelecimento do Sistema de Seleo Unificada (SISU), que amplia as chances de acesso

    ao ensino superior uma vez da possibilidade de escolha de cursos atravs da nota do ENEM.

    Ressalta-se que, ao centralizar o vestibular em um s exame, no havendo mais os

    vestibulares feitos de forma independente, bem como a gratuidade do exame para aqueles

    que esto cursando o 3 ano do ensino mdio, foram estabelecidas condies para que mais

    indivduos buscassem o vestibular. Fato importante, j consolidado no ensino superior

    brasileiro, o Programa Universidade para todos, que concede bolsas no Ensino Superior

    Privado (PROUNI), que tambm possui seu impacto no aumento do nmero de pessoas

    inscritas no vestibular. Sendo assim, o estabelecimento do ENEM como forma de seleo

    para as universidades pblicas e o PROUNI so corresponsveis pela grande variao do

    nmero de pessoas inscritas no vestibular, mostrando serem medidas de sucesso no que diz

    respeito aos canais de chegada ao ensino superior, o que no deve ser entendido como

    acesso ao mesmo. O acesso, como se v pelo nmero de ingressantes, tambm aumenta,

    havendo aqui tambm um crescimento percentual em engenharia bem superior ao do

    ensino superior em geral: em 2000, 58.205 pessoas ingressaram nos cursos de engenharia,

    enquanto em 2012 esse nmero sobe para 224.087, tendo uma variao de 285%.

    Nota-se que a formao em engenharia vem atraindo mais interessados, o que refletiu no

    grande nmero de inscritos no vestibular. Do ponto de vista dos cursos, h um grande

    aumento das vagas, com crescimento de 384% entre 2000 e 2012. Tal aumento

    acompanhado, no de maneira similar, pelo nmero de matriculados, que varia

    positivamente, 291%. Como afirmou-se acima, uma melhoria nas vias de chegada ao ensino

    superior no implica em sua entrada de fato: o nmero de matriculados possui um

    crescimento inferior ao nmero de vagas e ao nmero de inscritos.

  • Relatrio 2013

    12

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Um indicador que informa mais diretamente sobre a oferta de pessoal com ensino superior

    o nmero de concluintes, ou seja, quantas pessoas obtiveram diploma de graduao no

    ano. Seguindo a tendncia j bem delineada acima, observou-se aumento, tanto para o

    ensino superior como um todo, quanto para a engenharia. No entanto, em comparao com

    os outros indicadores abordados, o nmero de concluintes apresenta um crescimento mais

    modesto: para o ensino superior em geral, em 2000 havia 352.305 concluintes, enquanto em

    2012 esse nmero sobe para 876.901, configurando um crescimento de 149%; por sua vez,

    na engenharia, em 2000, graduaram-se 17.740 pessoas, sendo que em 2012 temos 541.473

    concluintes, em um crescimento percentual de 205%. Ressalta-se que h uma defasagem de

    ao menos 5 anos entre o ingresso e a concluso de um curso de engenharia. Em um sistema

    com vagas em expanso (aumento da oferta), em um dado ano comparado a outro (ex: 2012

    em comparao com 2014), o aumento percentual de concluintes ser necessariamente

    menor do que o aumento de vagas, pois os ingressantes nas vagas necessitam de ao menos

    5 anos para sua graduao.

    inegvel um avano no nmero de concluintes e era de se esperar um crescimento mais

    modesto diante as outras variveis: alm da questo da defasagem temporal do crescimento

    dos indicadores discutida no pargrafo anterior, o nmero de concluintes reflete o trmino

    de todo um percurso acadmico que conta com vrios percalos que podem levar a outros

    caminhos, tais como a evaso, tema que ser abordado com mais detalhe. Tais percalos se

    sobressaem ainda mais em engenharia, uma vez da dificuldade que os alunos podem

    enfrentar devido a uma formao bsica deficiente, notadamente em matemtica, e ao fato

    de a grande maioria de cursos serem oferecidos no perodo diurno, o que pode interferir na

    deciso de cursar tal graduao, bem como dificultar a permanncia de alunos com situao

    financeira mais delicada. Desta forma, mesmo com o aumento significativo do nmero de

    concluintes, h ainda espao para crescimento desse indicador.

  • Relatrio 2013

    13

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Uma vez que a varivel concluintes foi colocada como central para a discusso da oferta de

    engenheiros no mercado de trabalho, possvel aprofundar a anlise a partir desse

    indicador. Uma das medidas mais tradicionais aquela que relaciona a quantidade de

    graduados para 10.000 habitantes do pas.

    Tabela 3: relao entre concluintes no ensino superior e em engenharia e populao, 2000-

    2012

    Ano Populao Concluintes

    Concluintes por 10.000

    hab.

    Total Engenharias Total Engenharias

    2000 169.799.170 352.305 17.740 20,75 1,04

    2001 172.460.470 395.988 17.884 22,96 1,04

    2002 174.736.628 466.260 19.678 26,68 1,13

    2003 176.731.844 528.223 21.748 29,89 1,23

    2004 178.550.319 626.617 23.705 35,09 1,33

    2005 180.296.251 717.858 26.529 39,82 1,47

    2006 182.073.842 736.829 30.149 40,47 1,66

    2007 183.987.291 756.799 31.903 41,13 1,73

    2008 186.110.095 800.318 32.143 43,00 1,73

    2009 188.392.937 826.928 37.518 43,89 1,99

    2010 190.732.694 829.286 41.105 43,47 2,15

    2011 192.379.287 865.161 44.491 44,97 2,31

    2012 193.946.886 876.901 54.173 45,21 2,79

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep; IBGE, Departamento de Populao e Indicadores Sociais.

    Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

  • Relatrio 2013

    14

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Ao se relacionar o nmero, tanto de concluintes do ensino superior como um todo, quanto

    de concluintes em engenharia, com 10.000 habitantes, observa-se, como esperado, um

    aumento significativo desse indicador. A tabela 3 mostra que o nmero de concluintes do

    ensino superior como um todo apresentou tendncia de crescimento contnuo no perodo

    analisado. A engenharia, por sua vez, apresenta taxa mdia de 9% de crescimento anual

    entre 2010 e 2012, chegando, em 2012, a 2,79 novos graduados em engenharia para cada

    10.000 habitantes. Trata-se de um bom desempenho, tendo em vista o patamar do incio da

    srie, o ano 2000, no qual havia 1,04 concluintes para cada 10.000 habitantes. Entretanto,

    em uma rpida comparao com alguns pases (figura 1) observa-se que ainda h muito que

    se fazer.

    Os dados apresentados na figura 1, apesar de possurem vis pelo tamanho da populao,

    mostram que a formao de engenheiros no Brasil, em comparao com outros pases,

    ainda insuficiente. Tomando naes com grandes propores, tais como Mxico e Estados

    Unidos, tem-se o primeiro apresentando 7,67 engenheiros por 10.000 habitantes, enquanto

    o segundo possui 5,22. O Brasil; por sua vez, formou em 2012 apenas 2,79 engenheiros para

    cada 10.000 habitantes, ficando atrs de Grcia e Turquia. Ressalta-se que os dados usados

    na figura 1 so de 2011, excetuando o Brasil. Sendo assim, visvel a defasagem brasileira

    diante outros pases, o que pode gerar danos competitividade da economia brasileira

    diante o mercado internacional.

  • Relatrio 2013

    15

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Figura 1: nmero de engenheiros graduados por 10.000 habitantes, segundo pases, 2011 e

    Brasil 2012.

    Fonte: Organization for Economic Co-Operation and Development (OECD) e Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    Pensando novamente no caso brasileiro, cabe evidenciar as caractersticas dos indicadores

    contemplados na tabela 2, buscando quando necessrio sua evoluo regional. Dessa

    maneira, inicia-se pela distribuio do nmero de cursos e sua proporo atravs das regies

    do pas (Tabela 4).

    19,16

    18,85

    17,33

    16,95

    14,56

    12,71

    11,99

    10,04

    9,78

    9,68

    9,49

    9,36

    9,27

    9,25

    8,48

    8,06

    8,04

    7,67

    7,61

    7,52

    7,44

    6,55

    6,47

    5,37

    5,22

    4,95

    3,84

    2,79

    Coria do Sul

    Finlndia

    Eslvaquia

    Polnia

    Portugal

    Repblica Tcheca

    Sucia

    Espanha

    Japo

    Dinamarca

    Reino Unido

    Itlia

    Austrlia

    Irlanda

    Astria

    Blgica

    Alemanha

    Mxico

    Nova Zelndia

    Noruega

    Sua

    Hungria

    Holanda

    Canad

    Estados Unidos

    Grcia

    Turquia

    Brasil

  • Relatrio 2013

    16

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Tabela 4: nmero de cursos de engenharia segundo natureza administrativa, Brasil e regies,

    2000-2012.

    Regies Natureza

    Administrativa 2000 2012

    Brasil Privadas 344 (49,3%) 1849 (65,8%)

    Pblicas 353 (50,6%) 961 (34,2%)

    Centro-Oeste Privadas 18 (5,2%) 88 (4,8%)

    Pblicas 20 (5,7%) 78 (8,1%)

    Nordeste Privadas 26 (7,6%) 158 (8,5%)

    Pblicas 66 (18,7%) 203 (21,1%)

    Norte Privadas 10 (2,9%) 63 (3,4%)

    Pblicas 29 (8,2%) 102 (10,6%)

    Sudeste Privadas 208 (60,5%) 1201(65,0%)

    Pblicas 166 (47,0%) 370(38,5)

    Sul Privadas 82(23,8%) 339 (18,3%)

    Pblicas 72 (20,4%) 208 (21,6%)

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    O fato a se ressalvar a superioridade do nmero de cursos privados. Ao se analisar o

    diferencial entre 2000 e 2012, tem-se que os cursos privados cresceram 438%, enquanto os

    cursos pblicos 172%. Em 2012, 65,0% dos cursos oferecidos por instituies privadas se

    encontravam no sudeste, bem como a maioria dos cursos pblicos, 38,5%. Vale salientar o

    quanto essa regio perdeu em participao dos cursos pblicos, mas ainda conta com o

    maior nmero, pois uma regio com um sistema de formao em engenharia j

    consolidado e maior mercado de consumo em ensino superior, atraindo a iniciativa privada.

    Nas demais regies h o aumento da participao pblica, o que pode refletir situao

    inversa quela encontrada no sudeste.

  • Relatrio 2013

    17

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Observando como se deu esse aumento do ensino superior pblico nas regies brasileiras e

    no pas, exclusive a regio sudeste, a partir das taxas de crescimento , nota-se que a regio

    sudeste possui a maioria absoluta de cursos, tanto privados, quanto pblicos. Entretanto,

    sua taxa mdia de crescimento para este ltimo a menor do pas, a saber, 7%.

    Figura 2: taxas de crescimento do nmero de cursos de engenharia oferecidos em

    instituies pblicas, 2001-2012.

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    A figura 2 evidencia que, a partir do ano de 2005, as taxas de crescimento dos cursos de

    engenharia oferecidos por instituies pblicas comeam aumentar, havendo uma expanso

    desses cursos principalmente na regio Centro-Oeste, em 2006, e na regio Norte em 2009.

    As regies Sul e Nordeste possuem crescimento mais modesto, entretanto, cresceram acima

    da mdia nacional no incio da srie. Evidente que tais taxas no refletem o nmero absoluto

    de cursos, sendo as regies Norte e Centro-Oeste aquelas com menor nmero de cursos

    pblicos de engenharia; no entanto, tais taxas refletem que tais regies necessitam da

    expanso da sua rede de ensino superior pblico e, ao menos na engenharia, observa-se

    -10%

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    Brasil Centro-Oeste Nordeste Sul Norte

  • OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    uma tentativa de soluo da disparidade regional no que tange grande concentrao da

    estrutura da engenharia na regio Sudeste.

    ascendente das taxas de crescimento a partir do ano de 2008: tal fato reflete o sucesso de

    polticas de expanso do ensino superior pblico

    tinha como principal foco a criao de cursos e aumento de vagas nos j existentes. Sendo

    assim, observado um aumento significativo no nmero de cursos entre 2008 e 2009,

    chegando a certa estabilizao em 2012, com a diminuio do ritmo de crescimento e at

    mesmo taxas negativas, na Regio Sul, o que reflete o fechamento de cursos.

    Figura 3: evoluo do nmero de cursos de engenharia segundo nvel administrati

    2000-2012

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    1 Criado em 2007 pelo governo federal, o Programa de Apoio aos Planos de Reestruturao das

    Universidades Federais (REUNI) congrega uma srie de iniciativas para o aumento da oferta de

    ensino superior federal, tais como aumento de vagas, criao de vagas e

    bem como medidas de assistncia que buscam facilitar permanncia do aluno no decorrer de sua

    graduao.

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    100%

    2000 2001 2002 2003

    Observatrio da Inovao e Competitividade

    o da disparidade regional no que tange grande concentrao da

    estrutura da engenharia na regio Sudeste. Outro fator digno de nota o movimento

    ascendente das taxas de crescimento a partir do ano de 2008: tal fato reflete o sucesso de

    anso do ensino superior pblico federal, especificamente o

    tinha como principal foco a criao de cursos e aumento de vagas nos j existentes. Sendo

    aumento significativo no nmero de cursos entre 2008 e 2009,

    certa estabilizao em 2012, com a diminuio do ritmo de crescimento e at

    mesmo taxas negativas, na Regio Sul, o que reflete o fechamento de cursos.

    evoluo do nmero de cursos de engenharia segundo nvel administrati

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    Criado em 2007 pelo governo federal, o Programa de Apoio aos Planos de Reestruturao das

    Universidades Federais (REUNI) congrega uma srie de iniciativas para o aumento da oferta de

    ensino superior federal, tais como aumento de vagas, criao de vagas e obras de infraestrutura,

    bem como medidas de assistncia que buscam facilitar permanncia do aluno no decorrer de sua

    2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

    Estadual Federal Municipal

    Relatrio 2013

    18

    o da disparidade regional no que tange grande concentrao da

    digno de nota o movimento

    ascendente das taxas de crescimento a partir do ano de 2008: tal fato reflete o sucesso de

    , especificamente o REUNI1, que

    tinha como principal foco a criao de cursos e aumento de vagas nos j existentes. Sendo

    aumento significativo no nmero de cursos entre 2008 e 2009,

    certa estabilizao em 2012, com a diminuio do ritmo de crescimento e at

    mesmo taxas negativas, na Regio Sul, o que reflete o fechamento de cursos.

    evoluo do nmero de cursos de engenharia segundo nvel administrativo, Brasil,

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    Criado em 2007 pelo governo federal, o Programa de Apoio aos Planos de Reestruturao das

    Universidades Federais (REUNI) congrega uma srie de iniciativas para o aumento da oferta de

    obras de infraestrutura,

    bem como medidas de assistncia que buscam facilitar permanncia do aluno no decorrer de sua

    2010 2011 2012

  • Relatrio 2013

    19

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Pode-se explorar ainda mais a dinmica dos cursos pblicos de engenharia, ao desmembr-

    los em suas categorias administrativas, isto , se so cursos oferecidos por instituies de

    ensino federal, estadual ou municipal. A julgar pelo pargrafo anterior, a expanso dos

    cursos pblicos toma como catalisadora uma poltica focada nas Universidades federais,

    conforme mostra a figura 3. Ela mostra a evoluo dos cursos pblicos pela sua categoria

    administrativa, isto , se so oferecidos por instituies estaduais, federais ou municipais.

    Pode-se observar que, em grande medida, a expanso dos cursos pblicos vista nas regies

    Norte, Nordeste e Centro-Oeste foi encampada pelas instituies federais. Em 2012, dos

    cursos pblicos, 74,6% eram federais, 22,8% estaduais e 2,6% municipais. Em 2000, os

    cursos federais perfaziam 64%, enquanto estaduais e municipais contavam com

    representao de 31,2% e 4,8%, respectivamente. Portanto, fica evidente a importncia do

    setor federal na expanso da engenharia observada, principalmente, a partir de 2008. Tal

    fato no de se surpreender, uma vez que nem todos os estados da federao, muito

    menos municpios, possuem recursos financeiros para investir em universidades, e cursos de

    engenharia exigem gastos fixos de manuteno, tais como laboratrios, o que torna sua

    criao mais complexa.

    A exposio sobre a evoluo do nmero de cursos, tanto privados, quanto pblicos, nos

    leva a examinar a efetivao do aumento averiguado, isto , o nmero de vagas oferecidas

    em engenharia.

    A figura 4 mostra um aumento do nmero de vagas em todas as regies do Brasil,

    principalmente na regio Sudeste. Essa regio apresenta um crescimento vertiginoso at o

    ano de 2009, havendo uma pequena queda na oferta de vagas no ano de 2010, prontamente

    recuperadas em 2011 e 2012. O fato de ser a regio com maior nmero de cursos privados

    uma das explicaes para essa grande diferena em relao s demais regies, dada a maior

    facilidade que instituies privadas possuem para criar seus cursos. At mesmo a queda no

  • Relatrio 2013

    20

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    nmero de cursos observada em 2010 tem relao com a dinmica do ensino privado: assim

    como a criao de cursos se d de maneira mais rpida, a prtica de encerrar cursos tambm

    se d, seja por falta de alunos, problemas financeiros das faculdades ou baixo desempenho

    nas avaliaes que regulam o ensino superior no pas, o que leva ao cancelamento do curso.

    Nas demais regies h um crescimento mais constante, sem quedas, mas ainda muito

    aqum de fazer frente ao Sudeste: das 344.425 vagas oferecidas, 67% (219.874) se

    encontram nessa regio, 13% (45.472) no Sul, 12% (39.676) no Nordeste, 7% (24869) no

    Centro-Oeste e 4% (14.534) na regio Norte.

    Figura 4: evoluo do nmero de vagas oferecidas em engenharia, Regies, 2000-2012

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    Por mais que o nmero de vagas tenha aumentado de forma significativa, preciso estar

    atento sua efetivao para se chegar a um indicador mais ponderado, isto , deve-se

    observar o nmero de matriculados. Sendo assim, tem-se uma viso ampla de quantas

    pessoas, de fato, ingressaram em cursos de engenharia.

    0

    50.000

    100.000

    150.000

    200.000

    250.000

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

  • Relatrio 2013

    21

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Tabela 5: nmero de matriculados segundo natureza administrativa e regies:

    Brasil e

    Regies

    Natureza

    Administrativa da

    Instituio

    2000 2012

    Brasil Pblica 90.848 209.837

    Privada 89.649 495.514

    Norte Pblica 5.650 18.010

    Privada 1.998 15.093

    Nordeste Pblica 19.004 46.260

    Privada 6.598 52.613

    Sudeste Pblica 42.102 85.971

    Privada 61.667 324.683

    Sul Pblica 19.304 44.128

    Privada 16.563 71.066

    Centro-

    Oeste

    Pblica 4.788 15.468

    Privada 2.823 32.059

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    Em 2000 havia 180.947 pessoas matriculadas em engenharia no Brasil, ao passo que em

    2012 esse nmero foi de 705.531, um crescimento de 391%. Ao se analisar como se divide o

    nmero de matriculados entre as instituies pblicas e privadas (Tabela 5) tem-se um fato

    interessante que: em 2000, 50,33% das matrculas estavam nas instituies pblicas e

    49,67% nas instituies privadas; em 2012, o ensino pblico contava com 29,75% dos

    matriculados, enquanto o ensino privado possua 70,25%.

    Com relao diviso regional das matrculas, em 2012, a maioria dos matriculados se

    encontra na regio Sudeste (410.654), seguido do Sul (115.194), Nordeste (98.873), Centro-

  • Relatrio 2013

    22

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Oeste (47.527) e, por fim, Norte (33.103). A nica regio na qual o nmero de matriculados

    nas instituies pblicas superior ao nmero de matriculados das instituies privadas na

    regio Norte: em 2012, 18.010 estavam matriculados no ensino pblico, enquanto o ensino

    privado apresentava 15.093 matriculados. Por mais que no seja uma diferena to grande,

    um fato digno de nota, pois evidencia uma regio que se diferencia do que se passa no

    resto do pas e revela uma fronteira de expanso para o ensino privado, ou faz indagar por

    que na regio Norte no houve o avano do setor privado2.

    Para qualificar esse aumento no nmero de matriculados em engenharia, interessante

    comparar com o que se passou nas matrculas de outros cursos. A seguir, empreendeu-se a

    comparao do nmero de matriculados em engenharia com os cursos de direito e medicina

    (Figura 5). Tal escolha se deu pelo fato do primeiro ser um dos cursos com maior nmero de

    matriculados no total do ensino superior, com grande presena do setor privado, e o

    segundo apresentar caractersticas opostas quando comparado com o segundo, com poucas

    matrculas e grande presena do setor pblico. Sendo assim, a engenharia se encontra no

    meio do caminho entre o direito e a medicina, com grande presena do setor privado, mas

    com uma presena pblica relevante. H tambm o fato, debatido na imprensa, sobre o

    aumento do nmero de ingressantes em engenharia ter sido, pela primeira vez, maior do

    que o nmero de ingressante nos cursos direito em 2011, guardando a relao com os

    dados trabalhados e com o ano de atualizao deles, isto , 20123.

    2 Um trabalho de nossa autoria discute com mais detalhes a situao da engenharia na regio Norte,

    especificamente do estado do Amazonas, mas com referncias a regio como um todo: A

    engenharia no Amazonas: avaliao do estado atual e perspectivas. Disponvel em:

    http://engenhariadata.com.br/wp-content/uploads/2012/10/Engenharia-no-Amazonas-e-na-Regiao-

    Norte_EngaData_VF.pdf

    3Disponvel em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/103816-pela-1-vez-engenharia-tem-

    mais-calouros-do-que-direito.shtml

  • Relatrio 2013

    23

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Entretanto, a comparao, no se limitar ao nmero de ingressantes, uma vez que, por

    mais que seja um dado sobre a procura pelos cursos e, de fato, trata-se de um fato

    interessante para a engenharia, tal dado no evidencia a dinmica do curso, ou seja, quantas

    pessoas de fato esto matriculadas. Como foi dito, digno de nota a engenharia superar o

    direito em termos de nmero de ingressantes, mas esse curso ainda possui um nmero de

    matriculados bem superior ao nmero de matriculados da engenharia.

    Figura 5: crescimento do nmero de matriculados em Engenharia, Direito, Medicina e no

    Ensino superior, 2001-2012, 2001=100.

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    A engenharia foi o curso que mais cresceu em termos de matriculados com relao aos

    cursos de Direito, Medicina e os demais cursos do pas. Em 2012, o curso de engenharia

    cresceu 364% em relao a 2001, enquanto para o direito o crescimento foi de 173%,

    Medicina atingiu 194% e o para todo os cursos no Brasil, 195%. Acredita-se que tal fato

    refora, como na reportagem citada acima, o aumento do interesse dos alunos em cursar

    100%

    150%

    200%

    250%

    300%

    350%

    400%

    2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    Brasil Direito Medicina Engenharia

  • Relatrio 2013

    24

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    engenharia, bem como um espao de expanso do curso, uma vez o dficit de formao em

    engenharia que se deu na dcada de 904. Observa-se que o curso de direito apresenta uma

    estabilizao no crescimento, e o de Medicina, uma vez que depende quase exclusivamente

    da rede pblica de ensino, possui um aumento mais significativo a partir de 2008, ano do

    inicio dos programas federais de apoio expanso das universidades, o REUNI5. Ao olhar a

    srie como um todo, tem-se a seguintes mdias de crescimento ao ano: Engenharia

    apresenta 12,57%, Medicina com 6,22%, Direito possui 5,15% e o Brasil, 6,13%. Mais uma

    vez, a partir da mdia de crescimento, percebe-se a grande expanso da engenharia com

    relao aos demais cursos, com um desempenho que evidencia uma completa recuperao

    do prestgio da profisso.

    Ao falar de recuperao, tem-se como pano de fundo o cenrio de escassez de engenheiros

    causado pelo dficit de formao que houve em dcadas passadas, entretanto falar sobre

    nmero de matriculados somente oferece uma faceta da questo. Como viu-se acima,

    comparado com outros pases, o Brasil forma poucos engenheiros. Dessa forma, o aspecto

    mais crucial ao se debater a oferta de engenheiros averiguar a evoluo dos concluintes

    em engenharia.

    Entretanto, como o nmero de concluintes informa de maneira direta sobre a oferta, ser

    til entender como se encontra a formao em ensino superior como um todo, no sentido

    4 SALERNO, M. et. al.Escassez de engenheiros no Brasil? Uma proposta para sistematizao do

    debate.

    5 Criado em 2007 pelo governo federal, o Programa de Apoio a Planos de Reestruturao das

    Universidades Federais (REUNI) congrega uma srie de iniciativas para o aumento da oferta de

    ensino superior federal, tais como aumento de vagas, criao de vagas e obras de infraestrutura,

    bem como medidas de assistncia que buscam facilitar permanncia do aluno no decorrer de sua

    graduao.

  • Relatrio 2013

    25

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    de sua distribuio regional, para na sequencia situar os concluintes em engenharia em

    relao ao quadro geral (Tabela 6).

    Tabela 6: distribuio dos concluintes por estado, 2000 e 2012.

    2000 2012

    Posio Estados Concluintes Posio Estados Concluintes

    1 So Paulo 36,20% 1 So Paulo 31,15%

    2 Minas Gerais 10,33% 2 Minas Gerais 10,11%

    3 Rio de Janeiro 10,12% 3 Rio de Janeiro 8,75%

    4 Paran 7,35% 4 Paran 6,82%

    5 Rio Grande do 6,30% 5 Rio Grande do 5,12%

    6 Santa Catarina 3,60% 6 Bahia 4,58%

    7 Bahia 3,13% 7 Santa Catarina 3,53%

    8 Pernambuco 3,06% 8 Gois 3,20%

    9 Gois 2,58% 9 Distrito Federal 3,14%

    10 Cear 2,17% 10 Pernambuco 3,11%

    11 Distrito Federal 2,07% 11 Amazonas 2,29%

    12 Esprito Santo 1,73% 12 Cear 2,20%

    13 Par 1,60% 13 Esprito Santo 2,02%

    14 Mato Grosso 1,55% 14 Mato Grosso 1,83%

    15 Mato Grosso do 1,43% 15 Rio Grande do 1,77%

    16 Paraba 1,27% 16 Par 1,54%

    17 Rio Grande do 1,04% 17 Mato Grosso do 1,41%

    18 Maranho 0,89% 18 Paraba 1,33%

    19 Alagoas 0,68% 19 Piau 1,27%

    20 Amazonas 0,65% 20 Maranho 1,17%

    21 Sergipe 0,54% 21 Alagoas 0,83%

    22 Piau 0,52% 22 Sergipe 0,72%

  • Relatrio 2013

    26

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    23 Rondnia 0,46% 23 Rondnia 0,64%

    24 Tocantins 0,32% 24 Tocantins 0,54%

    25 Roraima 0,15% 25 Roraima 0,33%

    26 Acre 0,14% 26 Amap 0,29%

    27 Amap 0,12% 27 Acre 0,23%

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    Observa-se que no h grandes alteraes nos estados que mais formam no ensino superior

    como um todo: em 2000, o a regio Sudeste (com exceo do Estado do Esprito Santo) e Sul

    juntas tinham 73,90%, ao passo que em 2012 h uma reduo, com a concentrao de

    65,48% dos indivduos formados. Como j havia sido dito, h um avano do ensino superior

    para as regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o que explicao direta para essa

    reduo, ainda que modesta, da participao do Sudeste e Sul. Ao observar com mais

    ateno, percebe-se que os Estados de So Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro se mantm

    em 2012 como os maiores portadores de concluintes do ensino superior, concentrando

    50,01% dos novos graduados. Enfim, tem-se que, mesmo com o avano recente, no que

    tange expanso do ensino superior, h ainda espao para ampliao em outros estados.

    A figura 6 mostra esse espao de ampliao, uma vez que compara o crescimento percentual

    dos concluintes em engenharia, tomando o ano 2000 como referncia. Diversamente ao que

    foi observado na tabela da distribuio percentual dos concluintes em geral, observa-se

    nesse grfico a proeminncia daquelas regies menos representadas na distribuio total.

    Isso no quer dizer que as regies Nordeste, Norte e Centro-Oeste formaram mais

    engenheiros, apenas que, seguindo a tendncia observada ao longo deste relatrio, houve

    uma expanso do ensino superior, e da engenharia especificamente, para tais regies. Tal

    fato importante para a desconcentrao espacial da produo do conhecimento, mas,

    como j foi dito, presencia-se apenas o inicio desse processo.

  • Relatrio 2013

    27

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Figura 6: crescimento percentual dos concluintes em engenharia, Brasil, Regies, 2000=100.

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    Ainda pensando sobre a distribuio regional dos concluintes de engenharia, pode-se

    replicar o que realizou-se na comparao internacional de concluintes em engenharia para o

    nvel nacional. Observar quantos engenheiros h por 10.000 habitantes por unidade da

    federao pode evidenciar o quanto a expanso mostrada alterou na configurao espacial

    de engenheiros ou se o mesmo padro do incio de nossa srie se mantm.

    Na tabela 7 pode-se perceber que no h grandes mudanas na distribuio estadual dos

    concluintes em engenharia, com relao a 10.000 habitantes, principalmente nas primeiras

    posies. O fato de estarem nas primeiras posies os estados de So Paulo e Minas Gerais

    significativo, pois so os estados mais populosos do Brasil6 e apresentam a maior relao de

    engenheiros formados por 10.000 habitantes: o primeiro com 4,40 e o segundo com 4,16. O

    6 Segundo a estimativa do IBGE, em 2013, So Paulo possua 43.663.672 habitantes, enquanto Minas

    Gerais apresentava 20.293.366.

    100%

    150%

    200%

    250%

    300%

    350%

    400%

    450%

    500%

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

  • Relatrio 2013

    28

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    terceiro estado mais populoso, o Rio de Janeiro, se encontra em quarto na tabela acima,

    atrs de Santa Catarina. Tal fato mostra o quanto So Paulo e Minas Gerais possuem uma

    infraestrutura de formao em engenharia que se encontra frente de outros estados.

    Tabela 7: engenheiros por 10.000 habitantes, Estados.

    2000 2012

    Posio Estados

    Concluintes

    por. 10.000

    hab.

    Posio Estados

    Concluintes

    por 10.000

    hab.

    1 So Paulo 1,98 1 So Paulo 4,40

    2 Santa Catarina 1,53 2 Minas Gerais 4,16

    3 Minas Gerais 1,48 3 Santa Catarina 4,04

    4 Rio de Janeiro 1,25 4 Rio de Janeiro 3,48

    5 Paran 1,12 5 Paran 2,94

    6 Rio Grande do Sul 1,05 6 Esprito Santo 2,78

    7 Roraima 0,92 7 Rio Grande do Sul 2,29

    8 Distrito Federal 0,82 8 Distrito Federal 2,36

    9 Rio Grande do Norte 0,67 9 Amazonas 2,22

    10 Mato Grosso do Sul 0,65 10 Rio Grande do Norte 1,97

    11 Mato Grosso 0,65 11 Gois 1,82

    12 Paraba 0,65 12 Mato Grosso 1,78

    13 Par 0,52 13 Mato Grosso do Sul 1,51

    14 Esprito Santo 0,51 14 Bahia 1,40

    15 Gois 0,51 15 Par 1,39

  • Relatrio 2013

    29

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    16 Pernambuco 0,47 16 Paraba 1,21

    17 Cear 0,47 17 Sergipe 1,18

    18 Amazonas 0,45 18 Tocantins 1,04

    19 Bahia 0,27 19 Pernambuco 1,04

    20 Alagoas 0,24 20 Amap 0,87

    21 Sergipe 0,22 21 Cear 0,86

    22 Tocantins 0,21 22 Alagoas 0,82

    23 Piau 0,11 23 Acre 0,66

    24 Acre 0,11 24 Piau 0,59

    25 Maranho 0,11 25 Rondnia 0,54

    26 Amap 0,00 26 Roraima 0,53

    27 Rondnia 0,00 27 Maranho 0,39

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    Tal como foi feito para o nmero de matriculados, tambm ser comparados o desempenho

    da Engenharia em relao aos cursos de Medicina, Direito e os cursos tomados como um

    todo. Como j foi explicado acima, essa comparao fortuita, pois alm de colocar a

    Engenharia em contexto no que diz respeito ao ensino superior, pode-se entender a

    estrutura de formao em engenharia como contendo as caractersticas marcantes dos

    cursos de direito e medicina: uma oferta privada bem estabelecida, como no primeiro, bem

    como as caractersticas da expanso da oferta pblica, como o segundo. Dessa forma, a

    comparao com esses cursos oferece um bom parmetro para entender a situao atual da

    formao em engenharia.

  • Relatrio 2013

    30

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Figura 7: crescimento do nmero de concluintes em Engenharia, Direito, Medicina e no

    Ensino superior,2001-2012,2001=100

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    Como no nmero de matriculados, tem-se para os concluintes um desempenho superior da

    engenharia com relao aos cursos de direito, medicina e do Brasil com um todo. Mais uma

    vez ressalta-se que em nmeros absolutos, comparados com a Engenharia, Direito possui

    um nmero maior de concluintes e Medicina um nmero menor. Entretanto, o que chama

    mais ateno a magnitude do crescimento (Figura 7). Considerando-se o ano de 2001

    como referncia, a o nmero de concluintes em Engenharia, no ano de 2012, representa um

    aumento de 303%; Direito, 203%; Medicina, 196% e, por fim, o desempenho do Brasil como

    um todo foi 221%. Portanto, observa-se o efeito de recuperao da Engenharia que

    mencionou-se acima: dcadas sem uma formao contundente, com a alardeada falta de

    engenheiros no mercado, levou a uma renovao no interesse dos indivduos em cursar a

    engenharia. Portanto, os dados aqui revelam uma situao de recuperao do curso de

    100%

    150%

    200%

    250%

    300%

    350%

    2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    Brasil Direito Medicina Engenharia

  • Relatrio 2013

    31

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    engenharia quando comparado com um curso com uma oferta estabelecida (direito) e outro

    de oferta mais restringida (medicina).

    Voltando a ateno especificamente para a engenharia, atravs de um indicador que

    interfere diretamente no nmero de concluintes, cabe agora observar como se situa a taxa

    de evaso. A evaso definida pela proporo de alunos matriculados num dado ano que

    no concluem o curso nem se matriculam no ano seguinte. Obtm-se a taxa anual de evaso

    pela frmula:

    onde E a taxa de evaso, M o nmero de matriculados, I o nmero de ingressantes, C

    o nmero de concluintes, n o ano em estudo e n-1 o ano imediatamente anterior7.

    Figura 8: taxa de Evaso em Engenharia e no Ensino Superior.

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    7 Essa frmula foi utilizada por Lobo e Silva Filho et al. (2007).

    10%

    12%

    14%

    16%

    18%

    20%

    22%

    24%

    26%

    28%

    2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    Ensino Superior Engenharia

    En = 1 [Mn In] / [Mn-1 Cn-1]

  • Relatrio 2013

    32

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Como efeito do aumento do nmero de matriculados, tem-se um consequente aumento no

    percentual de evaso. possvel notar que a taxa de evaso em engenharia oscilou na srie

    exposta, mas houve um aumento significativo em 2012, maior percentual da srie, chegando

    a 25,35% . Tal nmero contrasta com a tendncia de queda que havia tomado curso desde

    2008.

    Entretanto, esse movimento de aumento da taxa de evaso no foi exclusivo da engenharia,

    tomando forma tambm para o ensino superior como um todo, o que refora nossa posio

    de que se trata de um efeito relacionado com o aumento do nmero de matriculados, sendo

    a engenharia um dos cursos no qual tal crescimento foi mais significativo.

    Figura 9: taxa anual de evaso nos cursos de engenharia, Brasil e regies, 2001-2012.

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    A figura 9 traz a taxa anual de evaso por regies e um fato interessante: todas as regies

    apresentam um comportamento oscilante ao longo da srie, entretanto, para o ano de

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    35%

    2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

  • Relatrio 2013

    33

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    2012, as taxas de evaso subiram sem exceo. Destaque para a regio Centro-Oeste, com

    30,30% de evaso e o Sudeste, com 26,84%, as nicas regies com taxas de evaso em

    engenharia maiores do que a do Brasil, 23,25%.

    Figura 10: taxa de evaso anual nos cursos de Engenharia, Direito, Medicina e demais

    graduaes, 2002-2012.

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    Ao se comparar a evaso entre os cursos selecionados (Figura 10), observa-se os efeitos

    daquilo que foi referido como as caractersticas da expanso da graduao nos ltimos anos.

    O curso de medicina possui evaso muito inferior aos demais, refletindo sua estrutura

    predominante pblica, com grande seleo de origem social, sendo, portanto, um curso

    mais elitizado. Dessa forma, o no pagamento de mensalidades, vinculado reunio de

    condies familiares e sociais para conduzir sem maiores percalos a graduao faz com que

    a evaso seja residual nesse curso, alcanando em 2012, 2,22%. A ttulo de comparao,

    para esse mesmo ano, Engenharia apresentou uma taxa de evaso 25,35% e Direito, 18,86%.

    -5,00%

    0,00%

    5,00%

    10,00%

    15,00%

    20,00%

    25,00%

    30,00%

    2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    Brasil Direito Medicina Engenharia

  • Relatrio 2013

    34

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Entretanto, acredita-se que, ao se comparar com o curso de direito, uma preocupao se

    apresenta para a Engenharia. Embora os dois cursos se expandam, em grande medida, via

    instituies privadas, a Engenharia possui uma peculiaridade que pode influenciar nesse

    aumento da evaso. A questo de arcar com mensalidades, e at mesmo, a caractersticas

    do alunado do ensino superior privado, em grande medida formado por pessoas que

    trabalham e estudam, podem ter influencia na deciso de se mudar de curso ou at mesmo

    abandonar, tendo em vista que a atividade remunerada colocada em primeiro plano8. De

    qualquer forma, tais caractersticas podem afetar de maneira igual tanto aos alunos de

    engenharia, quanto do direito, uma vez que incide sob a massa de pessoas que esto

    matriculadas, em sua maioria, no ensino privado. No ensino pblico, devido sua tendncia

    maiores cargas horrias, a falta de polticas assistenciais podem interferir, ainda mais

    nesse momento de expanso ora observado: o aumento do acesso no necessariamente

    leva facilidade da permanncia na universidade. Mais uma vez, tal fato pode afetar os

    cursos de maneira semelhante.

    Um fator que pode ser decisivo para a maior taxa de evaso de engenharia frente o direito,

    pode estar relacionado s deficincias de formao bsica em matemtica averiguada no

    Brasil em ambas as esferas administrativas do ensino nacional. Segundo o Programa

    Internacional de Avaliao de Alunos de 2012 (PISA)9, feito pela Organizao para

    Cooperao e Desenvolvimento Econmico, um exame que busca avaliar os conhecimentos

    em matemtica, leitura e resoluo de problemas em alunos na faixa dos 15 anos de idade,

    8 COMIN e BARBOSA (2011) analisam essa questo: No Brasil, o padro peculiar encarnado na figura

    do trabalhador estudante no exatamente novo, j que desde sempre os indivduos mais pobres

    tm sido atrados para o mercado de trabalho em idade muito precoce, o que lhes reserva como

    melhor cenrio possvel a combinao entre trabalho e estudo. A novidade que este padro tem

    viabilizado a expanso do ensino superior, na escala assistida, dada a prevalncia do ensino pago e a

    cobertura ainda muito insuficiente das polticas de subsdio e incluso. 9 Disponvel em: http://www.oecd.org/brazil/PISA-2012-results-brazil.pdf

  • Relatrio 2013

    35

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    o Brasil apresentou baixo desempenho, ainda que se tenha observado melhoras diante os

    anos anteriores.

    Figura 11: mdia da nota em Matemtica, PISA 2012, pases selecionados.

    Fonte: PISA OCDE. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    300 350 400 450 500 550 600 650

    Shanghai-China

    Singapura

    Coria do Sul

    Japo

    Sua

    Holanda

    Finlndia

    Cand

    Blgica

    Alemanha

    ustria

    Austrlia

    Irlanda

    Dinamarca

    Repblica Tcheca

    Frana

    Reino Unido

    Noruega

    Portugal

    Itlia

    Espanha

    Rssia

    Estados Unidos

    Sucia

    Israel

    Grcia

    Turquia

    Bulgria

    Chile

    Mexico

    Uruguai

    Costa Rica

    Brasil

    Argentina

    Colmbia

    Catar

    Indonsia

    Peru

  • Relatrio 2013

    36

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Como observa-se na figura 11, o Brasil possui um baixo desempenho em matemtica,

    ficando baixo da mdia da OCDE (que congrega vrios pases desenvolvidos), atrs de pases

    da Amrica Latina e em colocao bem inferior a pases que, como mostrado anteriormente

    na figura 1 (engenheiros por 10.000 habitantes), formam mais engenheiros por 10.000

    habitantes. Como salientado acima, esse mau desempenho brasileiro se encontra tanto nas

    escolas pblicas, como nas privadas, cabendo haver um esforo para a melhoria no

    somente da base matemtica dos alunos, mas tambm em se pensar o modelo de ensino e

    suas diretrizes pedaggicas.

    Por fim, o ltimo indicador no que concerne graduao busca relacionar o que foi dito

    acima, ou seja, uma evaso crescente, baixo desempenho matemtico. a taxa anual de

    titulao, ou seja, o percentual de ingressantes que efetivamente concluem o Ensino

    Superior. Entretanto, os dados do INEP no permitem o acompanhamento individual dos

    alunos ao longo dos anos, o que impossibilita determinar com preciso a taxa de titulao, j

    que o dado no possu uma varivel de identificao por indivduo. possvel obter uma

    Proxy ou seja, um valor aproximado por meio de um exerccio de estimativa para a taxa

    de titulao por meio da seguinte frmula:

    onde T a taxa de titulao, C nmero de concluintes, I o nmero de ingressantes, n o

    ano em estudo e n-4 corresponde aos cinco anos anteriores (que corresponde ao tempo

    ideal de concluso dos cursos de Engenharia).

    Assim, a comparao prosseguir da mesma forma que aquela j efetuada com outros

    cursos, mas ser excluda a medicina, por se tratar de um curso com tempo de concluso

    mais diverso do que Direito e Engenharia (bem como o fato de sua baixa evaso, ou seja, um

    indicador de que no h grandes problemas em se titular alunos nesse curso).

    Tn= Cn / In-4

  • Relatrio 2013

    37

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Figura 12: taxa de titulao nos cursos de Engenharia, Medicina e demais graduaes, 2005-

    2012.

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    A Engenharia vem apresentando uma taxa de titulao menor do que o a do Direito (Figura

    12), o que est ligado maior taxa de evaso e, de maneira, indireta, ao baixo desempenho

    em matemtica dos estudantes brasileiros. Claro que o dado do PISA referido retrata uma

    situao atual e relativo indivduos com at 15 anos de idade, que ainda esto longe de

    chegar no ensino superior. Entretanto, ao atentar-se para o fato que o desempenho

    brasileiro em 2012 o melhor desde que o primeiro exame foi aplicado a saber, o ano 2000,

    o dado sobre o desempenho em matemtica se mostra significante para a relao que

    realizada com a evaso e a titulao. Uma m formao em matemtica leva dificuldades

    de aprendizado do contedo dos cursos de engenharia, o que pode levar reprovaes e

    posterior evaso.

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    Brasil Direito Engenharia

  • Relatrio 2013

    38

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    1.2 - Formao em Engenharia: Ps-Graduao

    Na Ps-graduao, assim como na graduao, observa-se um movimento ascendente, com o

    aumento do nmero de cursos em todas as regies do pas (Figura 13).

    Figura 13: evoluo do nmero de cursos de Ps-Graduao, Brasil, Regies, 2000-2012.

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    Tal com observado na Graduao, a Ps-Graduao se concentra na Regio Sudeste, seguida

    da regio Sul e Sudeste, que apresentam nmeros semelhantes. H o crescimento mais

    tmido na Regio Centro-Oeste e Norte, mas trata-se de uma importante expanso, como se

    pode ver na figura 14.

    0

    500

    1.000

    1.500

    2.000

    2.500

    3.000

    3.500

    4.000

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    Brasil Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul

  • Relatrio 2013

    39

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Figura 14: crescimento percentual dos cursos de Ps-Graduao, Brasil, Regies, 2000=100.

    Fonte: Censo do Ensino Superior, Inep. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    Como no cenrio da graduao, tem-se o Sudeste com um sistema de ps-graduao

    estabilizado, contendo a grande maioria de cursos, mas sem espao para grandes

    expanses. J as regies Norte e Centro-Oeste, ainda que possuindo um nmero extramente

    inferior de cursos de ps-graduao, vm expandindo, crescendo acima da taxa brasileira.

    Trata-se de importante feito, uma vez da importncia de se incentivar a pesquisa em nvel

    regional, buscando aliar o conhecimento gerado na universidade e as necessidades locais.

    0%

    100%

    200%

    300%

    400%

    500%

    600%

    700%

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    Brasil Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul

  • Relatrio 2013

    40

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Tabela 8: variao do nmero de programas de mestrado doutorado segundo rea do

    conhecimento, 2000-2012.

    rea 2000 2012 Variao (%)

    Cincias agrrias 173 338 112,7

    Cincias biolgicas 136 276 102,9

    Cincias da sade 310 535 72,6

    Cincias exatas e da terra 174 296 70,1

    Cincias humanas 196 473 141,3

    Cincias sociais aplicadas 146 414 183,6

    Engenharias 163 362 122,1

    Lingustica, letras e artes 79 178 125,3

    Multidisciplinar 59 440 645,8

    Fonte: GeoCapes, 2000-2011.

    Conforme mostra a tabela 8, os cursos de ps-graduao relacionados s Cincias da Sade

    so aqueles que predominam no Brasil, contando, em 2012, com 535 cursos, entretanto um

    baixo crescimento com relao ao ano 2000. Em 2000, havia 163 cursos de ps-graduao

    em engenharia, passando esse nmero para 362 em 2012, apresentando um crescimento de

    122,1%. Em comparao com os outros cursos, pode-se afirmar que o crescimento da

    Engenharia no foi pequeno, dado concentrao regional da ps-graduao.

  • Relatrio 2013

    41

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    2 - MERCADO DE TRABALHO DE ENGENHEIROS

    Os dados sobre mercado de trabalho apresentados nessa seo foram obtidos a partir da

    Relao Anual de Informaes Sociais (RAIS) do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE). A

    RAIS uma declarao compulsria que contm informaes sobre as caractersticas de

    todos os empregados formais e dos vnculos empregatcios em cada empresa brasileira. Para

    a construo da categoria profissional engenheiro, a partir dos dados da RAIS, foram

    utilizadas as classificaes do Cadastro Brasileiro de Ocupaes (CBO) por famlias

    ocupacionais10. Ao todo, 15 famlias ocupacionais so consideradas no campo da

    Engenharia:

    Engenheiros agrimensores e engenheiros cartgrafos

    Engenheiros agrossilvipecurios

    Engenheiros de alimentos e afins

    Engenheiros ambientais e afins

    Engenheiros civis e afins

    Engenheiros em computao

    Engenheiros eletricistas, eletrnicos e afins

    Engenheiros mecatrnicos

    Engenheiros mecnicos e afins

    Engenheiros metalurgistas, de materiais e afins

    Engenheiros de minas e afins

    Engenheiros de produo, qualidade, segurana e afins

    10 Para construir a categoria engenheiro a partir dos dados da RAIS foram utilizadas as Famlias

    Ocupacionais (4 dgitos) para os anos de 2003 a 2010. Para os anos de 2000 a 2002, adotou-se a

    classificao equivalente por Grupo Base (3 dgitos).

  • OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Engenheiros qumicos e afins

    Pesquisadores de engenharia e tecnologia

    Professores de arquitetura e urbanismo, engenharia, geofsica e geologia do ensino

    superior

    Figura 15: composio do mercado de trabalho em engenharia por gnero, 2000

    Fonte: RAIS 2000-2012

    O mercado de trabalho em engenharia, como

    por pessoas do sexo masculino. Em 2000, havia 103.548 homens e 20.253 mulheres; em

    2012 esse nmero passa 214.761 indivduos do sexo masculino e 46.846 do sex

    Ainda que observado um aumento no nmero de mulheres, a sua participao pequena.

    No ano de 2006 foi feita uma mudana na RAIS a partir da qual criou

    averiguar a composio do ensino superior em graduao, mestrado e doutorado. Dessa

    forma, h a possibilidade de se entender o mercado de trabalho em engenharia com

    maiores detalhes (Tabela 9).

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    100%

    2000 2001 2002

    84% 83% 83%

    16% 17% 17%

    Observatrio da Inovao e Competitividade

    Engenheiros qumicos e afins

    Pesquisadores de engenharia e tecnologia

    Professores de arquitetura e urbanismo, engenharia, geofsica e geologia do ensino

    omposio do mercado de trabalho em engenharia por gnero, 2000

    2012. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    O mercado de trabalho em engenharia, como mostra a figura 15, composto basicamente

    exo masculino. Em 2000, havia 103.548 homens e 20.253 mulheres; em

    2012 esse nmero passa 214.761 indivduos do sexo masculino e 46.846 do sex

    um aumento no nmero de mulheres, a sua participao pequena.

    6 foi feita uma mudana na RAIS a partir da qual criou-se

    averiguar a composio do ensino superior em graduao, mestrado e doutorado. Dessa

    forma, h a possibilidade de se entender o mercado de trabalho em engenharia com

    .

    2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

    85% 85% 85% 85% 85% 84% 84% 83%

    15% 15% 15% 15% 15% 16% 16% 17%

    Masculino Feminino

    Relatrio 2013

    42

    Professores de arquitetura e urbanismo, engenharia, geofsica e geologia do ensino

    omposio do mercado de trabalho em engenharia por gnero, 2000-2012.

    . Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    , composto basicamente

    exo masculino. Em 2000, havia 103.548 homens e 20.253 mulheres; em

    2012 esse nmero passa 214.761 indivduos do sexo masculino e 46.846 do sexo feminino.

    um aumento no nmero de mulheres, a sua participao pequena.

    se a possibilidade de

    averiguar a composio do ensino superior em graduao, mestrado e doutorado. Dessa

    forma, h a possibilidade de se entender o mercado de trabalho em engenharia com

    2010 2011 2012

    83% 83% 82%

    17% 17% 18%

  • Relatrio 2013

    43

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Tabela 9: nmero de titulados nas ocupaes de engenharia, Brasil, 2006-2011.

    Ano Titulao

    Total Superior Mestrado Doutorado

    2006 160657 3948 3411

    168.016 (95,62%) (2,35%) (2,03%)

    2007 173457 4521 3595

    181.573 (95,53%) (2,49%) (1,98%)

    2008 191804 5552 3802

    201.158 (95,35%) (2,76%) (1,89%)

    2009 198720 6140 3989

    208.827 (95,16%) (2,94%) (1,91%)

    2010 217733 6686 4557

    228.976 (95,09%) (2,92%) (1,99%)

    2011 229498 8949 5413

    243.835 (94,12%) (3,67%) (2,22%)

    2012 245727 10177 5703

    261.607 (93,93%) (3,89%) (2,18%)

    Fonte: RAIS 2006-2012. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    Como era de se esperar, a maioria dos engenheiros possuem como nvel mximo de

    instruo a graduao. Entretanto, nota-se que os engenheiros com ps-graduao vm

    aumentando sua participao no mercado de trabalho, com destaque para aqueles que

    possuem mestrado, atingindo, em 2012, 3,89% do total; houve uma pequena queda dos

    engenheiros com doutorado, em relao ao ano de 2011, passando de 2,22% para 2,18%.

  • OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Uma vez que tem-se a informa

    quais os nichos de mercado el

    que mais absorveram engenheiros com ps

    Figura 16: emprego de engenheiros com ps

    Fonte: RAIS, 2012. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    Em 2012, 15.882 engenheiros foram declarados como possuindo ps

    educacional absorve a maioria dos engenheiros, contabilizando 5.582 indivduos, o que

    perfaz 35% dos engenheiros com ps

    35%

    16%

    9%

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    35%

    40%

    Observatrio da Inovao e Competitividade

    a informao sobre os engenheiros com ps-graduao, cabe saber

    quais os nichos de mercado eles so alocados. Para isso, sero evidenciados

    que mais absorveram engenheiros com ps-graduao no ano de 2012 (Figura 16)

    mprego de engenheiros com ps-graduao, 2012.

    Fonte: RAIS, 2012. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    Em 2012, 15.882 engenheiros foram declarados como possuindo ps

    educacional absorve a maioria dos engenheiros, contabilizando 5.582 indivduos, o que

    perfaz 35% dos engenheiros com ps-graduao. Engenheiros trabalhando com Pesquisa e

    7%5%

    2% 2% 2%

    1%

    Relatrio 2013

    44

    graduao, cabe saber

    es so alocados. Para isso, sero evidenciados os dez setores

    (Figura 16).

    Fonte: RAIS, 2012. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    Em 2012, 15.882 engenheiros foram declarados como possuindo ps-graduao. O setor

    educacional absorve a maioria dos engenheiros, contabilizando 5.582 indivduos, o que

    graduao. Engenheiros trabalhando com Pesquisa e

    1% 1%

    18%

  • Relatrio 2013

    45

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Desenvolvimento e aqueles que esto alocados na Administrao Pblica, absorvendo 16% e

    9% respectivamente. Cabe salientar a presena de setores relacionados com a cadeia do

    petrleo, Fabricao de Produtos Derivados do Petrleo, Extrao de Petrleo e Gs e

    Eletricidade e Gs, que absorveram, em conjunto, 10% dos engenheiros com ps-graduao.

    A seguir, sero analisados os engenheiros em seu conjunto, no somente aqueles com ps-

    graduao, e em qual setor de atividade econmica eles esto empregados, desta vez em

    uma classificao mais ampla. Para analisar a participao setorial dos profissionais de

    engenharia, sero utilizadas as oito categorias padronizadas pelo Instituto Brasileiro de

    Geografia e Estatstica (IBGE):

    Servios

    Servios Industriais de Utilidade Pblica

    Indstria de Transformao

    Comrcio

    Construo Civil

    Extrativista Mineral

    Administrao Pblica

    Agropecuria

    Como mostra a Figura 17, os engenheiros em sua maioria esto empregados nos Servios e

    na Indstria de Transformao, que so os setores mais tradicionais, uma vez ser lderes em

    contratao desses profissionais desde o inicio da srie em estudo. Pode-se perceber um

    avano da contratao de engenheiros por parte da Administrao Pblica, mas no o

    bastante para aproximar de maneira mais incisiva do volume de contratao da Construo

    Civil. Esse setor, que at 2006 possua um nmero de engenheiros semelhante ao daquele

    da Construo Civil que, a partir de 2007 se estabelece como o terceiro setor que mais

    contrata engenheiros, ainda que apresenta uma leve queda em 2012.

  • Relatrio 2013

    46

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Figura 17: engenheiros segundo setores de atividade econmica, Brasil, 2000-2012.

    Fonte: RAIS, 2000-2012. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade

    Pode-se perceber que as grandes responsveis pela contratao de engenheiros so as

    mdias e grandes empresas (Figura 18). As micro e pequenas empresas apresentam uma

    baixa tendncia a contratar, apesar de ser possvel observar um aumento gradual ao longo

    do tempo. Em relao ao ano de 2000, em 2012 as empresas com at 19 funcionrios

    aumentaram 74% o nmero de engenheiros; aquelas que possuem de 20 a 99 funcionrios

    cresceram 84% no nmero de engenheiros; as empresas com 100 a 499 funcionrios

    apresentaram 100% de crescimento no nmero de engenheiros contratados; por fim, as

    empresas com 500 ou mais aumentaram seus engenheiros em 139%. Observa-se a maior

    facilidade sem e contratar engenheiros por parte das mdia e grandes empresas, com

    grande margem para expanso de contratao desses profissionais.

    0

    10000

    20000

    30000

    40000

    50000

    60000

    70000

    80000

    90000

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    Extrativa mineral Indstria de transformao

    Servicos industriais de utilidade pblica Construo Civil

    Comrcio Servios

    Administrao Pblica Agropecuria

  • OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Figura 18: nmero de engenheiros empregados por tamanho do estabelecimento, Brasil,

    2000-2012.

    Fonte: RAIS, 2000-2012. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade

    Aumentar o nmero de engenheiros por parte das empresas algo de importncia singular

    uma vez que se buscam vias de estabelecer condies de criar meios para um crescimento

    econmico sustentado no pas.

    engenharia na relao apresentada na figura 19.

    0

    20000

    40000

    60000

    80000

    100000

    120000

    140000

    2000 2001 2002

    0 a 19

    Observatrio da Inovao e Competitividade

    nmero de engenheiros empregados por tamanho do estabelecimento, Brasil,

    2012. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade

    de engenheiros por parte das empresas algo de importncia singular

    uma vez que se buscam vias de estabelecer condies de criar meios para um crescimento

    econmico sustentado no pas. Pode-se ver a importncia do emprego de profissionais

    relao apresentada na figura 19.

    2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

    0 a 19 20 a 99 100 a 499 500 ou mais

    Relatrio 2013

    47

    nmero de engenheiros empregados por tamanho do estabelecimento, Brasil,

    2012. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade.

    de engenheiros por parte das empresas algo de importncia singular

    uma vez que se buscam vias de estabelecer condies de criar meios para um crescimento

    ver a importncia do emprego de profissionais de

    2010 2011 2012

  • Relatrio 2013

    48

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Figura 19: relao entre PIB per Capita em 2008 (em US$ 2012) e porcentagem de Recursos

    Humanos em Cincia e Tecnologia no total de empregados (2007-2008).

    Fonte: OCDE. Elaborao dos autores.

    A categoria utilizada, pessoal ocupado como Profissionais e Tcnicos, no possui somente

    engenheiros, mas em sua maioria construda com esses profissionais. uma aproximao

    necessria para se realizar a comparao acima. Ressalta-se ainda que a OCDE, para

    construo dessa categoria para o Brasil, usa os dados da PNAD (Pesquisa Nacional por

    Amostra de Domicilio) do IBGE. Pode-se ver que a uma ntida relao entre os profissionais

    ocupados com profisses relacionados cincia e tecnologia, maior o PIB per capita do pas.

  • Relatrio 2013

    49

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Pode-se perceber tambm, que vrios pases representados no grfico se destacam nas

    comparaes realizadas neste relatrio: nmero de engenheiros formados por 10.000

    habitantes e as notas em matemtica do PISA. Entretanto, no possvel afirmar que

    melhorar em matemtica, formar mais engenheiros e empreg-los mais a soluo de todos

    os problemas: os dados afirmam que essas prticas, e outras mais, fazem parte da estratgia

    de competitividade de pases desenvolvidos cabendo analisar a posio do Brasil nesse

    cenrio.

    Tabela 10: total de engenheiros empregados por 10.000 habitantes, Brasil, 2000-2012.

    Ano Populao Engenheiros

    Engenheiros por

    10.000 hab.

    2000 169.799.170 123.801 7,29

    2001 172.460.470 130.069 7,54

    2002 174.736.628 134.923 7,72

    2003 176.731.844 145.207 8,22

    2004 178.550.319 150.441 8,43

    2005 180.296.251 159.909 8,87

    2006 182.073.842 170.787 9,38

    2007 183.987.291 181.533 9,87

    2008 186.110.095 201.070 10,8

    2009 188.392.937 208.778 11,08

    2010 190.732.694 228.964 12

    2011 192.379.287 246.554 12,82

    2012 193.946.886 261.607 13,48

    Fonte: RAIS, 2000-2012; IBGE, Departamento de Populao e Indicadores Sociais. Elaborao:

    Observatrio da Inovao e Competitividade.

  • Relatrio 2013

    50

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    A proporo de engenheiros no mercado de trabalho formal vem aumentando, passando de

    7,29 por 10.000 habitantes em 2000, para 13,48 engenheiros por 10.000 habitantes em

    2012 (Tabela 10). Tal fato, aliado ao crescimento do nmero de matriculados e concluintes

    nos cursos de engenharia j observado quando analisou-se a formao, permite entrever um

    cenrio de crescimento do nmero de profissionais de engenharia nos prximos anos.

  • Relatrio 2013

    51

    OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    3 - PRODUO CIENTFICA

    Uma vez de ser uma ocupao que se relaciona com o desenvolvimento, adaptao e

    aplicao de conhecimentos cientficos, interessante saber como a engenharia se

    comporta com relao produo cientfica. Em se tratando de um pas como o Brasil, que

    possui uma dependncia tecnolgica acentuada e busca meios de superar tal situao,

    entender o papel da produo de conhecimento em engenharia em contraposio a outros

    pases essencial, na medida em que, como foi observado ao longo deste relatrio, o ensino

    superior vem passando por mudanas estruturais profundas. Portanto, o desafio encarar

    os cursos superiores no somente como formadores de profissionais, mas tambm, como

    centros referenciais de produo de conhecimento.

    Para avaliar a produo cientfica em engenharia foram utilizados os dados das revistas

    cientficas indexadas pela Scopus, disponvel na base de dados Scimago11. Trata-se de uma

    base de dados de extrema importncia, com uma srie que se inicia em 1996 e se estende

    at 2012, ano da ltima atualizao. Dessa forma, possvel desenvolver um panorama

    amplo sobre a produo cientfica em engenharia.

    Ao se tomar o nmero total de artigos de engenharia publicados entre 1996 e 2012, dentre

    os 216 pases da base, o Brasil figura na 21 posio. Na figura 20 encontram-se os dez

    primeiros lugares em publicao e o Brasil, para efeito de comparao no perodo estudado.

    Esse grfico mostra a distncia em que se encontra o Brasil dos pases com grande produo

    acadmica.

    11 http://www.scimagojr.com/index.php

  • OIC Observatrio da Inovao e Competitividade

    Figura 20: nmero total de artigos de engenharia publicados e

    Scopus, 1996-2012.

    Fonte: Scimago. Elaborao: Observatrio da Inovao e Competitividade

    No perodo que compreende os anos de 1996 e 2012 o Brasil produziu, ao todo, 30.187

    artigos; o dcimo lugar, Taiwan

    Estados Unidos, produziram 757.240 artigos. Portanto, o Brasil se encontra em uma

    distncia muito grande em

    variao na produo cientfica d

    pases que os pases mais bem colocados na produo cientfica aparecem tambm nas

    757.240

    605.208

    221.711

    0

    100.000

    200.000

    300.000

    400.000

    500.000

    600.000

    700.000

    800.000

    Observatrio da Inovao e Competitividade

    mero total de art