relatoria reuniÃo internos fmb 2013
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Após momentos de luta e reflexão, o 5º e 6º ano de medicina da Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, reuniram-se para debater e deliberar medidas que visem salvaguardar o ensino e a qualidade do atendimento em nossa instituição.TRANSCRIPT
Relatório da 2ª Reunião de Internos, realizada em 15 de agosto de 2013
Segue relato da reunião convocada e composta pelos internos da FMB,
que contou com a presença de 24 destes, 3 quartoanistas, e, para sua
abertura e introdução dos debates a Professora Joelma (SOBRENOME) e
Residente Haidar Waked, ambos convidados pelos alunos uma vez que
possuem seu prestigio e credibilidade profissional.
Faço a opção de não mencionar nomes em virtude de evitar que as
polêmicas passem a refletir posicionamentos e conflitos entre indivíduos.
A reunião, convocada com intuito de levantar diagnostico da atual
conjuntura do internato da FMB, visou fazer contribuições a curto e médio
prazo para a melhoria das condições de ensino, principalmente em seu
aspecto prático, e também da assistência prestada à saúde desta
instituição.
À abertura, realizada por um dos internos, seguiu-se a fala da Professora
Convidada, que relatou conversa prévia que esta teve com um dos
membros docentes do Conselho de Curso, o qual comprometeu-se a
resgatar o levantamento feito pelos internos e leva-lo a Comissão de
Internato. A Professora mencionou também diálogo que teve com o Vice-
diretor da instituição, tornando esta reunião de conhecimento deste.
Ressaltou, por fim, crer na Boa Formação Acadêmica da nossa Escola e
lembrou-nos da importância de, durante os debates, construirmos criticas
coerentes com esta.
Ainda que temporalmente a fala do Residente Convidado não tenha
seguido o agora relatado, será citada aqui, uma vez que ambas tiveram o
intuito de introduzir e nortear o debate:
Foi recordado um fato já de longa data conhecido por toda a comunidade
acadêmica- O fato de boa parte do aprendizado de procedimentos
práticos ser feita por transmissão de explicações entre os alunos ou ainda
da necessidade da realização de tal procedimento sem supervisão- a
corrente expressão de “Aprender se virando”- dita em alguns momentos
com orgulho ou ostentação. Lógica a que somos submetidos
cotidianamente, a aceitando sem contestação. Foi ressaltado então a
importância de desconstruirmos este conceito, uma vez que culmina em
erros técnicos que se propagam e perpetuam. Relembrou também a
importância de contribuirmos para a construção de novos ambientes de
aprendizado de procedimentos, garantindo que estes sejam realizados por
todos os alunos, garantia que deve ser responsabilidade da Graduação.
Neste momento foi feita a sugestão da realização de pesquisa, conduzida
por e voltada aos internos, para o levantamento estatístico dos
procedimentos implícitos a formação do médico generalista, realizados
pelos alunos.
Ressaltou ainda a atenção que acredita que deveríamos manter durante
os debates para a questão da Avaliação Docente e de seus critérios, que
ora pode representar empecilho para a realização de algumas atividades e
ora pode ter caráter permissivo com relação ao comprometimento destes
com o cotidiano das atividades acadêmicas.
Foi então mencionada a importância da boa relação entre as diferentes
equipes do Hospital ( Médicos- alunos- enfermagem), devendo ser
preocupação de todos o fortalecimento do papel e responsabilidade do
interno.
Por fim, lembrou-nos o impacto que a preocupação com a aprovação na
Prova de Residência tem sobre a formação médica, influenciando na
orientação do Ensino Acadêmico e por vezes alterando o conteúdo da
própria formação.
Antes que fosse aberto o debate entre os alunos foi composta a mesa
mediadora por 1 representante do sexto, 1 representante do quinto e 1
representante do quarto ano da graduação. Sendo após feita rápida
elucidação da metodologia para a reunião construída por alunos
previamente designados como facilitadores pela comunidade estudantil:
posto o teto das discussões, que não deveriam ultrapassar as 21 horas, a
reunião em um primeiro momento contaria com a leitura de
apontamentos e críticas enviadas aos estudantes facilitadores nos dias
que antecederam a reunião. Haja vista que esta possibilidade de envio
houvera sido amplamente divulgada nas mídias mais utilizadas pelo meio
estudantil ( facebook, e-mails, cartazes eletrônicos). Em um segundo
momento, os estudantes presentes fariam encaminhamento por escrito
de críticas e apontamentos sobre a experiência no internato da FMB, as
quais seriam organizadas pela mesa conforme essa julgasse pertinente, de
forma a condensa-las, facilitando o debate. Após esse período seguir-se-ia
a leitura destes apontamentos. No terceiro e último momento da
discussão seria aberta a palavra para todos os presentes com o intuito de
promover o debate sobre o conteúdo anteriormente exposto, mantendo
ainda a possibilidade de serem indicadas novas proposições oriundas
deste debate, assim como a de apontar encaminhamentos para
construção de ações que contribuíssem para a melhoria das situações de
ensino, quando estas fossem apontadas como não condizentes com um
bom aprendizado. Seria feita votação das proposições colocadas apenas
quando estas representassem polêmica segundo a compreensão da mesa
moderadora, caso não houvesse objeção, compreender-se-ia que a
proposição levantada representasse a opinião do grupo.
Iniciamos, conforme o exposto, com as críticas e sugestões enviadas com
antecedência aos facilitadores, apontadas a seguir:
1- Há necessidade de maior contato durante as rotinas nos diversos
cenários de assistência do HCFMB com os docentes- atualmente
temos grande contato nos ambientes práticos, com aqueles que
ainda estão concluindo sua formação profissional, a figura do
residente tem tido um papel de maior destaque do que acredita-se
ser o ideal nestes ambientes. O contato em maior proporção com o
docente nos cenários práticos contribuiria para uma maior
associação destes com a teoria, e assim fortaleceria a aquisição de
conhecimentos;
2- Ainda há a necessidade de serem respeitados os períodos
designados como “pós plantão” , ressaltando-se a importância
deste durante o período de aprendizado;
3- Ressaltar a importância da supervisão direta docente sobre alguns
procedimentos propedêuticos ou terapêuticos dos internos, uma
vez que assim se otimiza o aprendizado adequado e aplicação
precisa das técnicas;
4- Apontada a importância da concepção das equipes do HCFMB da
orientação das atividades do interno nos plantões ser o
aprendizado, de forma a prioriza-las em detrimento às atividades
que não tenham essa perspectiva;
5- A Bolsa referente ao período do Internato, uma vez que essa já foi
conquista dos alunos desta instituição, além de ser compreendida
como contrapartida ao caráter de estágio que tem nossas
atividades;
6- Definição de horários livres previstos em todas as programações de
estágio, sendo esta a única forma de respeitar os alunos que
necessitem exercer atividades laborais paralelas às acadêmicas e o
período que estes necessitam para atividades pessoais, por estarem
em época de formação não só acadêmica mas também social e
individual. Feita a menção a outras instituições que já as prevê de
forma fixa em sua grade curricular;
7- Manter a garantia de acesso à refeição entre os períodos de
atividade e de sua qualidade;
8- Necessitamos de formação prévia ao período de internato que
ressaltem e contribuam para a sedimentação de conceitos sobre:
Antibioticoterapia; Diagnósticos do Eletrocardiograma; Diagnósticos
por Imagem; Aprimoramento prévio a Instrumentação e
Paramentação; Melhor formação não só à técnica legal da
prescrição, mas também ao seu conteúdo científico de
farmacoterapia; Melhor formação e sedimentação dos Conceitos de
Precaução Hospitalar; Formação em Cuidados Avançados de Vida,
sendo assegurado pela instituição o acesso aos conteúdos previstos
em cursos como o “ATLS” e “ACLS”;
9- Guardar pela garantia de assistência de boa qualidade, oferecendo a
supervisão necessária a atividades práticas de atenção a saúde, não
permitindo a existência de situações prejudiciais à assistência, o que
por vezes ainda ocorre. Citado neste momento o setor “POI da
Enfermaria de Gastro”, ambiente que por vezes apresenta esta
falha.
Passou-se após a leitura destas ao encaminhamento de críticas e
sugestões por escrito dos presentes, sendo estas organizadas pela mesa e
lidas ao público. Relato agora não só estas apresentadas por escrito, mas
também as que se seguiram após a leitura, no momento aberto para o
debate:
1- Necessidade de reorientação da prática de prescrição dentro do
HCFMB, garantindo que esta seja realizada pelo aluno sob a devida
supervisão, e de forma sistemática, ressaltando a responsabilidade
do Interno sobre esta. Fato que se tornaria possível com a
autorização para liberação da prescrição através da senha dos
internos (SMV);
2- Garantir a efetividade didática das visitas feitas nas Enfermarias,
abstraindo-se o caráter burocrático de algumas;
3- Mencionada a falta de clareza nos deveres e funções dos internos
em determinados plantões e rotinas, nos quais por vezes há
solicitação por parte da equipe para execução de funções sem
caráter didático ou apenas burocráticas, nos desviando com
frequência de situações aonde pode haver aproveitamento
científico (Citados neste momento os estágios de Ginecologia e
Obstetricia e Cirurgia Torácica);
4- Apontada a necessidade de melhor sistematização da execução de
procedimentos pelos internos. Foram mencionadas instituições
aonde esta existe- Na USP há ambientes em que a prioridade da
realização do procedimento é impreterivelmente do sextoanista, ex:
sala de emergência. Exemplificadas aqui locais e procedimentos
aonde esta poderia haver: SEC; punção de medula e Intubação
Orotraqueal. Este tipo de conduta contribuiria para a coibição do
que foi chamado de “ sazonalidade”- os procedimentos tem maior
ou menor chance de serem executados conforme a chegada de
residentes novos à instituição, exemplificando, com a chegada de
novos R1 na obstetrícia os internos do estágio à mesma época
perdem a prioridade sobre a condução do parto;
5- Foram mencionados estágios ambulatoriais onde há
subaproveitamento didático do serviço prestado, desviando-se de
seu caráter educacional, foram eles, os ambulatórios de Neurologia;
Cardiologia e Moléstias Infecciosas do quinto ano;
6- Necessidade de garantir de forma efetiva o horário para estudo,
rompendo com a idéia recorrente da necessidade de submissão do
aluno a jornadas extenuantes seguidas de estudo;
7- Foram citados alguns profissionais, que, ao parecer do grupo, tem
postura éticoacadêmica não condizente com o caráter da
Instituição, e outros cuja didática tem se mostrado incapaz de
contribuir para uma boa formação. No entanto foi feita a opção do
grupo por suprimi-los de documentos que visassem ampla
circulação, já que esta poderia inferir em falta ética, optando por
encaminhar a crítica aos respectivos departamentos.
8- Necessidade de garantir que o conteúdo teórico seja ministrado
antes da Atividade prática, exemplo citado: por mais de uma vez a
aula de Epilepsia foi dada após todas as atividades ambulatoriais;
9- Deve-se reorientar a consideração à opinião científica dos internos
na modificação e no planejamento das condutas tomadas em todo
o hospital. Foram citados ambientes onde houve episódios de
repreensão a participação deste, foram estes Estágio do Pronto
Socorro e da Cirurgia Vascular;
10- A necessidade de adequação do Pronto Socorro Pediátrico
do Hospital do Bairro para a participação dos Internos da FMB, uma
vez que este tornou-se responsável pela recepção de todos aqueles
casos que procurem Pronto Atendimento e que não representem
Emergência Médica, desviando-os do HCFMB, tornando o estágio
apenas neste Hospital incompleto a formação médica;
11- Ressaltada a importância dos profissionais desta instituição
terem prática coerente com as Evidências Científicas, o que tem
impacto direto em nossa formação;
12- Facilitar o acesso dos alunos a cursos de imersão, haja a vista
a necessidade de complementação teórica recorrente a todas as
instituições acadêmicas, foram aqui mencionados os cursos “ATLS”
e “ACLS”. Foi apontada como sugestão a inserção destes no
currículo;
13- Ter ambiente formal de ensino para o manuseio de aparelhos
como os respiradores disponíveis e desfibriladores;
14- Foi questionada a funcionalidade pedagógica dos plantões
de 24 horas;
15- Há desequilíbrio quanto às formações teórica e prática e
suas respectivas avaliações tanto dentro da graduação quanto para
o ingresso na Residência desta escola, assim como na graduação há
desproporção entre elas, havendo maior aplicação de avaliações
teóricas;
16- Deve haver maior estimulo para os graduandos à produção
científica;
17- A instituição deve esforçar-se para manter as discussões
clínicas de boa qualidade em todas as atividades acadêmicas;
18- A FMB deve preocupar-se com a reposição dos quadros
profissionais que retiram-se do ambiente acadêmico, atraindo e
mantendo os profissionais jovens de qualidade coerente com a da
instituição;
19- Não deve ser perdida de vista a Identidade do Hospital das
Clinicas ser um Hospital Escola;
20- Ressaltou-se a importância de manter-se as Avaliações
Institucionais do Internato;
21- Inclusão no Curriculo de Noções Gerais sobre a Medicina
Complementar;
22- As notas do “SISGRAD” devem ser divulgadas devidamente;
23- A Comunidade Acadêmica deve ser informada abertamente
sobre o andamento da Reforma Curricular da FMB, assim como
esta deve ser conduzida de forma sólida;
24- Garantir a presença docente nos ambientes de ensino. Foi
aqui mencionado o Estágio do “Pronto Socorro”- mais
especificamente a “frente” - onde esta foi apontada como
inexistente;
25- Foi ressaltada a importância dos alunos que cursam fases
mais adiantadas da graduação participarem de forma ativa da
Reforma Curricular;
26- Foi feita alusão ao mérito da Disciplina de Anestesiologia,
uma vez que alcança seu objetivo de tornar sólido o domínio da
técnica dos procedimentos referentes a sua disciplina, o que
alcança através de uma boa sistematização da equipe para a
realização dos procedimentos pelos internos;
27- Falta de adequado embasamento teórico para terapêutica, a
despeito dos cursos de prescrição (no quarto ano) e farmacologia;
28- Formação inadequada em Radiodiagnostico. Apontada a não
disponibilização de bom material didático;
29- Ressaltado o mérito do Departamento de Dermatologia,
dando-se destaque a disponibilização de bom material didático da
disciplina;
30- O Estágio do Pronto Socorro foi apontado como mal
estruturado para a aquisição de habilidades e conjugação teórico-
prática; Sugerida a realização de Discussões ampliadas neste
estágio;
31- Mencionado o mérito da Disciplina de Pediatria cujo bom
ambiente de ensino prático tem reflexo positivo importante nos
ambientes práticos de outras disciplinas;
32- Ressaltada a importância da existência de Protocolos na
Instituição. Foi citado neste tópico a forma de condução dos casos
na Enfermaria de Obstetricia;
33- Necessidade de garantir boas e atrativas condições de
trabalho para médicos contratados e docentes, de forma a atrair
bons profissionais e manter os bons quadros existentes. Foi
mencionada a saída da instituição do Professor Iama, que sempre
representou excelente referência para os acadêmicos;
34- Sugerida a existência de discussões sobre os casos “ mal
conduzidos”, com o forma de aprofundamento teoricopratico;
35- Apontada a existência de diversas avaliações aparentemente
não elaboradas de forma sistemática e rotineira; o que, se
tornando de conhecimento dos alunos, tem impacto
desestimulante no estudo;
Não ocorreu polêmica que contrariasse os itens expostos, sendo assim da
compreensão da mesa que estes eram consenso do grupo.
Segue agora o relato das sugestões feitas para a melhoria das situações de
ensino, sugestões essas que tanto poderiam ser direcionadas aos
representantes da administração da FMB em forma de solicitação dos
alunos, quanto poderiam representar ações a serem encaminhadas pelos
próprios alunos:
1- Elaborar questionário entre os alunos para verificar como estes
avaliam suas habilidades e conhecimentos e quais os
procedimentos já realizados por estes;
2- Realizar manifestações entre os alunos para evidenciar situações
consideradas por nós emergenciais; mencionado como exemplo a
má qualidade de atenção a saúde no POI da gastro;
3- Solicitar horários sem atividades acadêmicas oficiais (“ Áreas
Verdes”) com frequência semanal; prática que já existe em outras
instituições de credibilidade;
4- Garantir que os cursos de Imersão “ ATLS” e “ ACS” sejam também
oferecidos na FMB, visto que a realização destes em outras cidades
aumenta seu custo financeiro e temporal. Foi também ressaltada a
importância de garantir que os alunos que não possuem renda
própria ou familiar também tenham seu acesso a eles garantidos
pela instituição. Apontada a sugestão da criação pela nossa
instituição de cursos que visem o conteúdo de atendimento
avançado a saúde. Lembrada da necessidade que os alunos que
possuem doutrina religiosas onde guardam-se dias em finais de
semana, tem de ter seu acesso também garantido.
5- Realizar manifestação que ajude a divulgar as conclusões desta
reunião;
6- Divulgar carta inicialmente aos Departamentos da FMB onde conste
o conteúdo desta relatoria, sendo que estas deveriam ser entregues
em mãos dos chefes de departamentos acompanhadas de
explicação prévia; posteriormente a carta poderia ser entregue ao
Conselho de Curso e Congregação, se assim fosse considerado
necessário;
7- Estabelecer diálogo com os chefes de departamento sobre os
profissionais citados nesta reunião como com desempenho didático
ou ético não condizente a expectativa, de forma a não ferir
princípios éticos;
8- Tirar posicionamento estratégico a favor da bolsa de estudos no
Internato;
9- Construir os cursos citados durante os apontamentos como
necessários, ressaltado o curso de Antibióticoterapia;
10- Construir espaço fixo para a realização de reuniões entre os
alunos sobre o Internato nos anos seguintes. Apontada a sugestão
da divisão em grupos de trabalho;
11- Realizar nova reunião onde será aprovado conteúdo da carta
sugerida anteriormente e propostas soluções para as demandas
levantadas;
Com estes encaminhamentos teve fim a reunião.
Foi delegada às pessoas abaixo assinadas a função de compilar o
material da relatoria e divulga-lo.
Assinam comigo os alunos que compuseram a mesa,
Heloisa Cordeiro e Silva - relatora
Isadora Pimentel de Souza – representante do 6º ano
Luiz Felipe Betti Casagrande – representante do 5º ano
Bruno Trombeta – representante do 4º ano