pretexto n. 14 jul. 2013

52
O brigadeiro, doce simples e genuinamente brasileiro, tornou-se artigo de luxo e requinte Paladar sofisticado LEITORES Por onde andam? Como vivem? O que leem? MAIS PERTO DO CÉU A preocupação que o crescimento vertical das cidades traz EXEMPLO Com barco, pintor araçatubense dedica-se a limpar o Rio Tietê PRETEXTO Revista laboratorial do Curso de Comunicação Social - Jornalismo Julho/2013 - Ano 10 - n° 14 CACHORRO IDEAL Cada animal tem um perfil diferente: saiba o que mais se adapta a você e a sua rotina ARRASAR NO LOOK Entenda por que uma roupa feita pela costureira não fica igual àquela que você viu na vitrine CASE MANÍACOS As capas de celular dão proteção e charme ao aparelho

Upload: karenine-cunha

Post on 02-Apr-2016

254 views

Category:

Documents


5 download

DESCRIPTION

Revista laboratorial do curso de Jornalismo do UniToledo (n. 14 jul. 2013)

TRANSCRIPT

Page 1: Pretexto n. 14 jul. 2013

O brigadeiro, doce simples e genuinamente brasileiro, tornou-se artigo de luxo e requinte

Paladar sofisticado

LEITORESPor onde andam?

Como vivem? O que leem?

MAIS PERTO DO CÉUA preocupação que o

crescimento vertical das cidades traz

EXEMPLOCom barco, pintor

araçatubense dedica-se a limpar o Rio Tietê

PRETEXTORevista laboratorial do Curso de Comunicação Social - JornalismoJulho/2013 - Ano 10 - n° 14

CAChORRO IDEALCada animal tem um perfil

diferente: saiba o que mais se adapta a você e a sua rotina

ARRASAR NO LOOKEntenda por que uma

roupa feita pela costureira não fica igual àquela que

você viu na vitrine

CASE MANíACOSAs capas de celular dão proteção e charme ao

aparelho

Page 2: Pretexto n. 14 jul. 2013

Três colheres de achocolatado em pó, uma colher de margarina e uma lata de leite condensado. Misture tudo e cozinhe em fogo baixo, mexendo sem parar até desgrudar do fundo da panela.

Se quiser comer com a colher, não espere engrossar. Se quiser dar cara de festa, espere esfriar e enrole, passando no chocolate granulado para decorar. Se quiser parecer aniversário, coloque em forminhas de papel. Essa é a receita da sobremesa brasileira que sempre fez parte dos cardá-pios das festas infantis, das tardes de férias ou das opções de doces para quem não sabe ousar muito na cozinha: o brigadeiro.

Ou melhor, era! A simplicidade deu lugar à sofisticação. O brigadeiro virou um doce com etiqueta gourmet e os ingredientes básicos ficaram na despensa. Agora, quem entra na panela são outros conteúdos, que desca-racterizam a receita original, mas mantêm – ou até melhoram – o sabor, porque diversifica o que já é clássico para qualquer paladar.

A sofisticação do brigadeiro é tema de capa desta edição de Pretexto. A reportagem mostra que as mudanças na receita do tradicional doci-nho também criam oportunidades de negócios. Um doceria que é bri-gaderia produz e comercializa as diferentes derivações do velho docinho. Já existem es-tabelecimentos assim em Ara-çatuba.

Esta edição de Pretexto, como sempre, aposta na pluralidade de conteúdo distribuído em diversas editorias para trazer informação a você. Entre os destaques, há a reportagem sobre a verticalização urbana, registrada na expansão de novos empreendimen-tos imobiliários muito acima do chão. Se você pensa em ter um cão, or-ganizamos uma reportagem com dicas de como encontrar o animal certo para o seu perfil. Pretexto também procurou especialistas para contar por que nem sempre copiar a roupa de uma vitrine é garantia de que a peça ficará como você quer e, principalmente, com um bom caimento. Entre outros destaques, há a reportagem que mostra que existem leitores contumazes, que leem por prazer e sem parar.

Ficou curioso? Então, aproveite esses pretextos e folheie as próximas páginas, escolha a reportagem com a qual mais se identificar e aproveite! Independentemente de onde começar, não deixe nenhuma para trás.

Boa leitura!Karenine M. Rocha da Cunha

Da Redação

Ano 10 - N° 14 - Julho 2013Periodicidade semestral

Revista-laboratório produzida pelos alunos do 7° Semestre de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo como parte da disciplina Jornalismo de Revista I.

As reportagens e fotos são assinadas por seus autores como exercício da prática jornalística laboratorial. Portanto, todo o conteúdo é de responsabilidade dos alunos. É permitida a reprodução parcial ou total desde que citada a fonte.

ReitorBruno Toledo

Pró Reitora de GraduaçãoSilvia Cristina de Souza

Pró-Reitor de Pós-Graduação,Pesquisa e ExtensãoSérgio Tumeleiro

Coordenadora do curso de Jornalismo e Jornalista ResponsávelKarenine Miracelly Rocha da CunhaMTB 35.245

Diagramação e Projeto GráficoCaio Carvalho (7° semestre)

ImpressãoEditora Somos

Tiragem500 exemplares

EDITORIAL

Da simplicidade à sofisticação

JULHO 2013PRETEXTO2

PRETEXTO

Rua Antonio Afonso de Toledo, 595. Jardim Sumaré Araçatuba/SPCEP 16.015-267(18) 3636-7082www.toledo.br

Page 3: Pretexto n. 14 jul. 2013

SUMÁRIO

JULHO 2013 PRETEXTO 3

URBANISMOQuando o horizonte ganha novos traçosPág. 4

ECONOMIASem essa de mulherzinhaPág. 8

PERFILEle escolheu o rio para ser seu melhor amigoPág. 10

EDUCAÇÃOFies: tranquilidade para o estudo, alívio para o bolsoPág. 13

CONSUMOCapinhas: já escolheu a sua?Pág. 28

LEITURAO prazer de lerPág. 33

LITERATURAConversa com imortaisPág. 36

CONTO DE FADASEra uma vezPág. 38

CULTURACuidado: eles estão em toda parte!Pág. 42

ARTEPreto em CoresPág. 46

CINEMALuz, câmera, educação!Pág. 48

VOLUNTARIADODedicação para emprestar tempo e afetoPág. 26

TURISMOO sonho da DisneyPág. 14

ALIMENTAÇÃOAs consequências das dietas restritivasPág. 16

GASTRONOMIAO luxo do brigadeiro nas novas geraçõesPág. 18

MEDICAMENTOA droga da inteligência é o futuro da humanidade?Pág. 20

SAÚDE É possível combater a enxaquecaPág. 22

MUNDO ANIMALO ideal nas duas pontas da coleiraPág. 23

MODAO segredo das roupas que vestem bemPág. 30

ESPORTEAs vilãs dos gramadosPág. 45

Page 4: Pretexto n. 14 jul. 2013

Seja nas capitais ou nas cidades do interior, eles estão por toda parte. O primeiro prédio a ser

construído no Brasil foi erguido com alvenaria de tijolos e concreto, instala-do no centro de São Paulo no final de 1929 e projetado por um engenheiro húngaro. A novidade demorou mui-to mais tempo para se expandir pelo país. Em Araçatuba, por exemplo, o primeiro prédio chegou apenas na dé-cada de 70. O edifício Paiva foi cons-truído bem no centro da cidade. Hoje, restaurado, ele abriga várias salas que são usadas como escritório. A ideia de construir pisos sobrepostos e que abrigarão famílias ou empresas vem

Quando o horizonte ganha novos traçosA verticalização tem mudado a paisagem urbana de várias cidades; especialistas explicam que a tendência acompanha o crescimento dos municípios

THIAGO VASCONCELOS

URBANISMO

ganhando força em grande parte do interior do estado. Mas até que ponto essa mudança é positiva?

Passando pelo centro da terra dos Araçás são várias as construções em andamento. E quando parece que uma obra já foi terminada, a poucos metros mais um prédio começa a ser erguido. Mas o trabalho começa bem antes da utilização dos materiais de constru-ção. Equipes especializadas estudam a área, medem, projetam e só depois o trabalho pesado começa. Não importa se é para uso comercial ou residencial, fato é que eles se multiplicam com o passar dos dias.

TENDÊNCIAGrandes cidades como Rio de Ja-

neiro e São Paulo vêm sendo vertica-lizadas já há algumas décadas, o que mostra que esse fator é uma tendência. De acordo com a arquiteta, urbanista e design Deise Victor, que trabalha há 34 anos na área, Araçatuba tem aber-to as portas, nos últimos anos, para o desenvolvimento. O crescimento de um município traz pessoas em busca de oportunidades e, assim, tem acon-tecido aqui. Com o desenvolvimento do setor sucroalcooleiro, as vagas de empregos são grandes. Ainda segundo ela, a cidade tem inúmeros atrativos que colaboram para a verticalização.

Todos os empreendimentos devem obedecer às normas estabelecidas à construção civil pela ABNT (Associa-ção Brasileira de Normas Técnicas).

JULHO 2013PRETEXTO4

Page 5: Pretexto n. 14 jul. 2013

Quando o horizonte ganha novos traços

Precisa existir um padrão para que uma tendência positiva não se torne um problema lá na frente. “A verti-calização é necessária e é um bem. Mas desde que bem regrada”, explica. Mesmo com esse cuidado existente em âmbito nacional, cada cidade pre-cisa ter sua própria lei de zoneamen-to com as quais são especificados os tipos e formas de construções, quais as regiões podem recebê-las e outras normas municipais.

Deise explica a importância de um planejamento existente em cada cida-de. “Sem normas e leis a gente acaba em um caos”. Ela ainda adverte que nenhum empreendimento pode ser construído sem antes passar por esse processo e, no caso dos municípios,

todas as formas de expansão preci-sam ser pensadas. Se essas normas não existirem, um caos imobiliário pode acontecer, causando vários pro-blemas, como residências insalubres, prédios mal iluminados ou com exces-so de calor.

Normalmente, os residenciais ver-ticais são construídos em áreas mais nobres da cidade, pois para muitos isso é sinônimo de luxo. Mas outro fe-

nômeno também acontece quando eles são construídos em locais mais afasta-dos, considerados simples: a valoriza-ção da vizinhança. Nos grandes cen-tros, por exemplo, a vasta quantidade de prédios construídos próximos um do outro gera mais um desconforto: o adensamento do local. Para a especia-lista, ter muitas pessoas morando em um pequeno espaço pode ser um ris-co, já que exige muito mais serviços à população. “Viver em um prédio não é um mal, mas eu não posso ter uma densidade estupenda no mesmo local, para isso precisa-se de leis”, adverte.

Mas a verticalização não é sinôni-mo de problema. Tudo está nas mãos do planejamento. Utilizando-se desse método, um município tem a opor-

Grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo vêm sendo verticalizadas há várias décadas

JULHO 2013 PRETEXTO 5

Fotos: Thiago Vasconcelos

Page 6: Pretexto n. 14 jul. 2013

tunidade de aproveitar melhor a sua área para abrigar um maior número de pessoas, em um terreno onde nor-malmente não caberiam muitas casas. Segundo os especialistas, o fenôme-no é um bem e algo inevitável, haja vista o grande número de residenciais que vem surgindo ao longo dos anos. “Eu sou a favor da verticalização, mas não ao custo dos olhos de pessoas que só querem enriquecer sem pensar em mais nada”, conclui Deisi.

SEGURANÇAUm dos grandes fatores que levam

algumas famílias a optar por um resi-dencial vertical para morar é a segu-rança. E foi por isso que a vendedora autônoma Maria Aparecida Barbosa Terra, 43, procurou um dos vários pré-dios espalhados por Araçatuba para morar com o marido e os dois filhos.

URBANISMO

Cida, como é conhecida, já morou em casas, mas, segundo ela, a experiência não foi muito boa. Na última, que fica-va no bairro Jardim Presidente, ela foi assaltada quatro vezes e a insegurança acabou tomando conta dos familiares. O marido, que não gostava muito de edifícios, acabou se rendendo ao gos-to da esposa e, há dois anos, eles se mudaram para um prédio que fica pró-ximo ao centro da cidade. “Hoje meus filhos se sentem mais seguros, em uma casa é mais fácil de entrar do que em um apartamento”, conta Cida.

Outro fator que fez com que a fa-mília da vendedora se mudasse foi a comodidade dos edifícios. “Aqui tem tudo o que as crianças precisam”, afir-ma, referindo-se às áreas de lazer tí-picas dos condomínios verticais. Cida garante que só enfrenta outra mudança se for para novo apartamento.

Segurança é um dosfatores que levamas famílias a optarpor morar em umresidencial vertical

JULHO 2013PRETEXTO6

P

Depois de morar a vida toda em casa, a vendedora Cida rendeu-se à verticalização

Page 7: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013 PRETEXTO 7

A escolha de um novo lar, na maioria das vezes, é algo muito complexo e delicado,

afinal, poucos se mudam para um local por tempo determinado. Com a escolha, surge a necessidade da mudança, que é algo trabalhoso. Na hora de comprar ou alugar um apartamento, é sempre importante ficar atento a alguns aspectos que, durante a aquisição, podem passar

Aquisição de imóvel vertical exige cuidados

em branco. É o que orienta a arquiteta Deisi Victor. Segundo ela, os cuida-dos começam já na compra da planta ou até mesmo na hora de alugar um “apê” mais antigo.

Grandes empreendimentos po-dem acabar iludindo um comprador. Na euforia de assinar o contrato e não perder uma oportunidade, alguns cui-dados acabam ficando de lado.

Em Araçatuba, cidade com clima

quente, a primeira orientação é ficar atento à posição do apartamento em relação a nascente e ao poente do sol. Ter as janelas voltadas para um desses dois lados, durante todo dia, pode deixar o ambiente desagradá-vel. “Se for um apartamento mais antigo, olhamos se não tem infiltra-ção, rachaduras, trincos, até mesmo se não fica apenas na sombra”, ob-serva.

No caso de imóveis novos, vale também acompanhar a construção. Além disso, é importante saber se a obra está respeitando a lei e de acor-do com os padrões estipulados.

O primeiro edifício de Araçatuba foi

construído na déca-da de 70 na esquina

das ruas Olavo Bilac e Osvaldo Cruz

Page 8: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013PRETEXTO8

O que você pensaria se, ao che-gar a uma oficina mecânica, encontrasse uma mulher rea-

lizando o serviço de manuntenção nos veículos? No Brasil, as mulheres estão ampliando cada vez mais a participa-ção no mercado de trabalho e ocupan-do cargos e desempenhando funções que antes eram exclusivamente mas-culinos. Encontrar uma muher reali-zando a função de um mecânico é uma situação cada vez mais comum.

Prova disso é a história de Cristia-na Francisca Manoel, 40 anos. Cris, como gosta de ser chamada, é mãe de dois filhos e começou a trabalhar no corte de cana-de-açúcar aos 17 anos. Cortou cana manualmente durante onze anos. Em 2009, ela foi contratada por uma empresa do setor sucroener-gético como operadora de colhedora, a máquina que colhe a cana, abando-nando de vez o facão.

MICHELLE SOARES

A brasileira está cada vez mais preparada para ocupar cargos, antes considerados exclusivamente masculinos

Sem essa demulherzinha

ECONOMIA

Para ela, a profissão tornou-se uma paixão. “Eu amo o que faço, adoro estar na minha máquina trabalhando, cuido muito bem dela, gosto até de enfeitá-la com ursinhos de pelúcia. Os meus colegas que trocam turno comi-go e usam este mesmo equipamento não gostam muito, mas tudo bem, eu não ligo”, diverte-se.

Cris afirma que o jeitinho femi-nino ajuda na hora do trabalho. “Os homens são ótimos para realizar as atividades, pois têm uma grande força física. Entretanto, observando meus colegas, percebo que as mulheres são muito mais cuidadosas e pacientes, o que é uma vantagem”, diz.

Marta Vieira dos Santos, de 33 anos, trabalhava desde 2007 como cozinheira em uma empresa de gran-de porte, se sentiu insatisfeita e bus-cou novas oportunidades. Atualmente, Marta trabalha como lubrificadora de veículos leves e pesados, como trato-res e colhedoras de cana-açúcar, sen-do pioneira na empresa onde ocupa o cargo.

Segundo Marta, a mudança de função foi de extrema importância para sua carreira profissional, além de contribuir para a solidificação de sua auto-estima e crescimento pessoal. “Ser a primeira mulher da lubrificação é muito especial. A minha conquista

“Hoje não existem mais trabalhos só de homens ou só de mulheres, mas sim trabalhos para pessoas competentes e preparadas”

Marta Vieira dos Santoslubrificadora de veículos

Page 9: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013 PRETEXTO 9

pode abrir as portas para que outras mulheres também ocupem esse car-go na empresa onde trabalho. Sei que muitas delas ainda acham que oficina é lugar só para homens, mas isso já é coisa do passado. Hoje não existem mais trabalhos só de homens ou só de mulheres, mas sim trabalhos para pessoas competentes e preparadas”, enfatiza.

MERCADO DE TRABALHODiversos fatores contribuíram para

que a participação feminina tivesse um crescimento significativo no cená-rio nacional, como explica o coorde-nador de recursos humanos Rodrigo de Ávila Mariano. “A mudança da estrutura familiar, como por exemplo a diminuição da quantidade de filhos, possibilitou às mulheres ter um tempo

maior para adquirir novas experiên-cias e se profissionalizar. Com isso, elas passaram a fazer parte da fonte de renda das casas. O fato delas ocu-parem cargos antes exclusivamente masculinos é uma consequência desse aumento de escolaridade, pois agora elas são profissionais capacitadas e preparadas para assumir qualquer fun-ção no mercado de trabalho”, avalia Mariano.

De acordo com um estudo realiza-do pela International Business Center da Grant Thornton Brasil, mais de 55% das brasileiras já possuem quali-ficação profissional, enquanto entre os homens o número despenca para 39%. Além disso, atualmente um terço dos lares nacionais possui mulheres como chefes de família.

De acordo com dados do IBGE,

Cristiana Francisca Manoel é operadora de colhedora e deixa a feminilidade e alegria tomar conta do trabalho

Marta Vieira dos Santos é pioneira no cargo que ocupa na empresa onde trabalha

as mulheres ocupam mais de 380 mil vagas a mais que os homens nas ins-tituições de ensino superior. Em 2011, o IBGE também chegou à conclusão que, entre a população economica-mente ativa, as mulheres ultrapassa-ram os homens no quesito formação de nível superior e atingiram um per-centual de 53,6%. Essa realidade era bem diferente em 2010: a classe mas-culina era a maioria com formação superior, totalizando um percentual de 51,3%. Cris e Marta são o retrato da mulher brasileira na atualidade. A operadora de colhedora deixa seu re-cado: “Sinto orgulho de ser operadora de colhedora, de trabalhar apenas com homens. Sou respeitada e querida no meu ambiente profissional. Hoje pos-so afirmar: sou uma mulher realiza-da!”.

Fotos: Michelle S

oares

P

Page 10: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013PRETEXTO10

A luz do sol refletida nas águas do rio Tietê, em Araçatuba, ainda forma um cenário en-

cantador para quem gosta de admirar belas paisagens. Não é preciso andar muito para encontrar pescadores que passam a maior parte do dia acompa-nhados pelo som cristalino das torren-tes e pelo canto atraente dos pássaros. Muitos até vivem dos recursos que o rio oferece. “Isso aqui para mim é tudo, é minha riqueza”, diz um pesca-dor, na simplicidade das palavras.

Mas uma ameaça vive por trás desse cenário formoso e superficial. A mesma que, hoje, assola o trecho que corta a maior cidade do país. Pode parecer paradoxo. Mas o rio que nas-ce limpo em Salesópolis, no Vale do Paraíba, fica sujo e chega a morrer ao passar por São Paulo. Pouca gente percebe, talvez por não dar tanta im-portância, mas o Tietê que corre pela região de Araçatuba, apesar de vivo,

já não é mais o mesmo. “De uns dez anos para cá, esse rio mudou bastante. O ser humano está destruindo a natu-reza”, lamenta o pintor Marcos Cano-la, que há um ano, mantém um traba-lho de consciência ambiental digno de aplausos.

Com um barco motorizado, que custou cerca de R$ 10 mil, sacos plás-ticos e demais equipamentos de cole-ta, ele percorre, a cada quinze dias – e na maioria das vezes, sozinho – os principais trechos do rio Tietê para recolher o lixo acumulado no local. “Já encontrei garrafas pets, pedaços de redes, isopor, latinhas de cerveja, pneus e até uma máquina de lavar

roupas”, conta. “Toda vez que venho pescar, dedico pelo menos duas horas para fazer esse trabalho”.

Em troca, Marcos espera ver todo esse esforço valer à pena. Não por ele, mas pelas próximas gerações, que cor-rem o risco de conhecer o rio apenas por fotos. “Tenho visto que o Tietê está ficando pobre”, observa o pintor, emocionado. Marcos já chegou a vol-tar para casa com o barco completa-mente lotado de lixo. “Uma vez, tirei três sacos desses grandes cheios de coisas. Quando vejo pontos de polui-ção, já saio recolhendo”, diz.

INICIATIVAMarcos passou a notar os primeiros

sinais de poluição no rio quando saía para pescar com os amigos. “Foi aí que comecei a reparar e vendo toda aquela sujeira fiquei inconformado”, desaba-fa. O pintor conta que foi inspirado por um dos companheiros de pescaria, que recolhia o lixo das margens do Tietê. Ele gostou da iniciativa, achou

Ele escolheu o rio para ser seu melhor amigoCom barco motorizado, pintor araçatubense percorre o Tietê recolhendo o lixo que se espalha pelo local

LUCAS MATHEUS

Quase sempre, ele faz a limpeza do rio sozinho; felizmente, há outras pessoas empenhadas

PERFIL

Page 11: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013 PRETEXTO 11

interessante e decidiu colaborar.Para ampliar o trabalho, que é vo-

luntário, Marcos tirou dinheiro do próprio bolso. “Gastei cerca de R$ 10 mil comprando um barco com motor elétrico e bateria para poder percorrer mais trechos”, diz o pintor, todo orgu-lhoso. Quase sempre, ele faz a limpeza do rio sozinho, mas garante que pelo menos dez pessoas estão empenhadas nesse trabalho ambiental. “Criei uma ONG chamada Amigos do Rio Tietê e, aos poucos, as pessoas começaram a se aproximar. Mandei fazer 40 ca-misetas com o nome da organização”, conta. “A cada dia que passa, estou mais forte nessa ação.”

Marcos faz jus ao nome da ONG que criou. Nem mesmo a ação dos bandidos o fez desanimar. Ele conta que o motor do barco, avaliado em R$ 4 mil, foi roubado durante uma madrugada. “O equipamento estava guardado na minha oficina. Eram três da manhã quando o meu telefone to-cou. Era a polícia avisando que o ca-deado havia sido estourado”, relata. “Minha primeira pergunta ao policial foi: ‘meu barco está aí?’”

Mesmo sem o motor, Marcos con-tinuou o trabalho contando com o apoio de outras pessoas. A preocupa-ção e o cuidado com as águas do Tietê são maiores do que qualquer obstácu-lo. “Eu faço pensando no futuro, não só no meu, mas no dos meus amigos também”, relata. “Digo até emociona-do, mas sinto que o rio pode morrer. Antes, tinha tanto peixe aqui. Hoje, só restaram os predadores”, lamenta. “No futuro, penso até em abandonar o meu trabalho na oficina para me de-dicar exclusivamente ao rio. Só pre-cisaria contar com o apoio de algum patrocinador para manter o barco, o motor e outros materiais.” “Tenho visto que o Tietê está ficando pobre”, diz o pintor Marcos Canola

Fotos: Lucas Matheus

P

Page 12: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013PRETEXTO12

Um projeto de iniciação cien-tífica desenvolvido por duas araçatubenses pretende ava-

liar a qualidade da água do Rio Tie-tê que corta a região de Araçatuba. O trabalho, que começou há cerca de um ano, deve ajudar a traçar caminhos para evitar a contaminação dos recur-sos hídricos. “O estudo vai contribuir para a melhoria, controle e investiga-ção do meio ambiente quanto à possí-vel poluição dessa água, além de pro-porcionar informações para quem se beneficia com o rio”, diz a professora Clariana Zanutto Paulino da Cruz, co-

Estudo pretende avaliar qualidade da água do Rio Tietê em Araçatuba

ordenadora do projeto. A iniciativa partiu da estudante de

Farmácia Aline Cristina da Silva Ta-naka, de 21 anos, que concorre a uma bolsa de iniciação científica. Para re-alizar o trabalho, já foram feitas três coletas de água seguidas de análises físico-químicas para comparação de dados. “Existem indícios de conta-minação nesse rio e, por isso, a gente tem que tomar algumas providências para não deixar isso acontecer”, diz a universitária.

A coordenadora do projeto explica que algumas alterações de parâmetros

físico-químicos já foram constatadas. “Nós encontramos pequenas mudan-ças de fósforo total e nitrogênio amo-nical estipuladas pelo Conama (Con-selho Nacional do Meio Ambiente) para condições e padrões de qualidade das águas doces”. As pesquisadoras também notaram alta incidência de algas no Rio Tietê. “As macrófitas presentes no rio não são naturais des-te ambiente, o que indica que há alta concentração de matéria orgânica na água. A proliferação delas é rápida e consome o oxigênio da comunidade aquática”, esclarece Clariana.

Em outubro, a pesquisa será apre-sentada em um congresso científico, em São Paulo. “Estamos na fase de validação dos dados e nossa ideia é submeter o estudo para publicação em revista científica”, diz.

PERFIL

Projeto de estudante aponta indícios de contaminação no Rio Tietê; proliferação de algas prejudica oxigênio da água

Page 13: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013 PRETEXTO 13

EDUCAÇÃO

P

Fotos: Kaio E

steves

Fies: tranquilidade parao estudo, alívio para o bolsoEm quatro anos, mais de mil universitários aderiram ao programa e movimentaram mais de R$ 20 milhões em Araçatuba

Cursar uma faculdade, tempos atrás, era mais do que um so-nho para muitos. Algo quase

impossível pelo preço e devido à ine-xistência de políticas públicas. Porém, nos dias atuais, a distância entre a fa-culdade e as pessoas com menos con-dições financeiras diminuiu e a opor-tunidade para iniciar uma graduação tornou-se muito mais fácil.

Em Araçatuba, mais de mil uni-versitários já aderiram ao programa de Fies (Fundo de Financiamento Es-tudantil) nos últimos quatro anos le-tivos. Levantamento feito pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento Econômico) mostrou que 998 estu-dantes assinaram contratos com o pro-grama em três instituições da cidade: Unisalesiano, UniToledo e FEA.

O Fies é um programa do Governo Federal destinado à concessão de fi-nanciamento a estudantes regularmen-te matriculados em cursos superiores presenciais privados e com avaliação positiva nos processos conduzidos pelo MEC.

Os dados dos alunos que solicita-ram o financiamento de mensalidades da Unip não foram contabilizados na pesquisa porque, segundo a assessoria de imprensa do FNDE, o sistema gera um relatório de contratos por institui-ção mantenedora. Como a Unip pos-sui unidades em todo o país, os dados

KAIO ESTEVES

enviados pelo FNDE têm origem na-cional.

O número de estudantes que optam pelo financiamento das mensalidades vem crescendo anualmente. Em 2010, as três entidades juntas registraram 101 contratos assinados por meio do financiamento. Em 2011, 157 con-tratos foram registrados e, em 2012, o número saltou para 544. Em 2013, no primeiro trimestre, 196 contratos já foram assinados, segundo o FNDE. Em valores, só em 2013, mais de R$ 5,1 milhões já foram negociados em Araçatuba.

Juliano de Souza, 27 anos, é um dos universitários que aderiu ao finan-ciamento para poder estudar Enge-nharia Civil no UniToledo. Ele conta

que o Fies deu mais tranquilidade para que pudesse se concentrar nos estudos sem ter que se preocupar com as men-salidades.

“O programa tem sido muito im-portante na minha vida desde o pri-meiro semestre. Aderi ao programa pensando em ser uma grande oportu-nidade e pretendo pagar quando me formar, trabalhando na área”, conta.

O estudante conheceu o programa por meio de um colega de faculdade e afirma que o investimento vale à pena. “Não vejo tanta dificuldade em conse-guir pagar depois, pois o Fies facilita e eu tenho o dobro do tempo de curso para poder pagar, ou seja, 10 anos, fa-zendo com que as prestações não fi-quem tão altas”, admite Juliano.

Com o Fies, mensalidade é uma preocupação a menos aos universitários

Page 14: Pretexto n. 14 jul. 2013

Quem nunca sonhou em ir a Disney, co-nhecer o Mickey e seus amigos, conhe-cer o castelo da Bela Adormecida? O

mundo encantado que é sonho de muita crian-ça e muito marmanjo tem sido a maior atração do universo desde 1955, quando foi fundada a Disneylândia, na Califórnia. A partir de então, surgiu um novo conceito de viagem em famí-lia, sendo justamente este o intuito de Walter Elias Disney quando idealizou o primeiro par-que. WDP & R (Walt Disney Parks and Resorts) tornou-se então um dos principais proporciona-dores de viagens em família.

RAQUEL RAMOS

TURISMO

O sonho da

“Se você pode sonhar, você pode realizar”, dizia Walter Disney

Isabela Caldatto: “A Disney é um lugar onde literalmente seus sonhos se tornam realidade”

Fotos: Divulgação/Á

lbum de fam

ília

DisneyJULHO 2013PRETEXTO14

Page 15: Pretexto n. 14 jul. 2013

P

Contando com um total de 11 par-ques temáticos e 43 resorts que estão espalhados entre a América do Nor-te, Europa e Ásia, a WDP & R tam-bém oferece uma linha de cruzeiros, a Disney Cruise Line, com 4 navios (Disney Magic, Disney Wonder, Dis-ney Dream e Disney Fantasy e Disney Vacation Club).

Ganhar uma viagem para um des-ses parques de aniversário pode ser considerado um presente e tanto. Esse foi o presente da Isabela Rodri-gues Caldatto quando completou 15 anos. Ela trocou uma festa de aniver-sário por 15 dias de contos de fadas no Magic Kingdom (um dos parques do WDP & R). “A Disney é um lugar onde literalmente seus sonhos se tor-nam realidade, supera suas expectati-vas e mostra que todo aquele conto de fadas existe pra quem sonha”, define Isabella. Para ela, o lugar é considera-do outro mundo: o mundo da Disney.

Não só por sua grandeza e riqueza em detalhes, como conta Maria Paula Basaglia Tavoni, que também sonha-va em conhecer o parque e teve essa oportunidade. “É muito mais que um parque de diversões, tem muita coisa além de brinquedo. É pra todas as ida-des. Não tem quem não se apaixone!”, descreve Maria Paula.

Para elas, o que resta da viagem são as boas lembranças de um sonho realizado. Isabela ainda espera ir ao parque no futuro com um filho.

NO FAZ DE CONTAA Walt Disney também é conheci-

da por suas animações da telinha e da telona. Filmes e desenhos animados são lançados todos os anos e, é claro, a cada lançamento há uma inovação para encantar e emocionar grandes públicos.

Essas produções, que incluem pe-ças teatrais, músicas, desenhos anima-dos e filmes, são realizadas pela The Walt Disney Studios que as distribui para consumidores do mundo inteiro. Walt Disney Animation Studios, Pi-xar Animation Studios, Disneynature, Marvel Studios e Touchstone Pictures e DreamWorks Studios. É bem pro-vável que você já tenha visto estes nomes na introdução de algum longa-metragem. Todas essas produtoras são bandeiras diferentes, mas pertencem a The Walt Disney Studios.

Parque de diversões, espetáculos, filmes, Mickey... Mas o que a Disney é além de tudo isso? The Walt Disney

Company também é distribuidora de vários segmentos de produtos varian-do entre alimentos, roupas e brinque-dos. É também responsável por servi-ços sociais e programas de interação com a sociedade, em que o objetivo é conscientizar e orientar a população em relação ao meio ambiente e ajudar comunidades carentes.

A ideia é que todos sonham e so-nhar é um direito de todo ser humano, um direito que ninguém pode tirar. En-quanto crianças sonham em conhecer o mundo encantado e nele se divertir, a Disney também sonha, mas com um mundo melhor que todos possam des-frutar.

Adriano virou referência depois

de vencer oito vezes a Maratona

da Disney

Era uma vez um garoto que sempre sonhou em conhecer a Disney, mas por questões financeiras passou sua infância sem realizar seu desejo. Porém, não imaginava que seu futuro

estava traçado devido a um talento que apareceu quando ele ainda era pequeno. E foi desta forma que ele alcançou o sonho de conhecer a Disney: correndo.

Adriano Bastos, literalmente correu atrás de seu sonho, que não era mais simplesmente conhecer a Disney, mas vencer uma maratona in-ternacional. Ele sabia que correndo na maratona organizada pela Dis-ney dentro do parque teria a oportunidade de conseguir o que queria.

E não foi diferente do que desejava. Adriano já venceu oito vezes essa maratona e considera que foi através dessas vitórias que hoje ele é um atleta reconhecido pelo mundo.

Correndo para o sonho

JULHO 2013 PRETEXTO 15

Page 16: Pretexto n. 14 jul. 2013

Até que ponto uma pessoa pode chegar para ter o corpo dese-jado? Dietas malucas prome-

tem eliminar muitos quilos em pouco tempo, mas as consequências não são nada agradáveis. Com cardápios res-

DANIELE LESSI

ALIMENTAÇÃO

Em longo prazo, elas podem desenvolver anemias e outras deficiências. Aposte em emagrecer de forma saudável, investindo na reeducação alimentar

As consequências das dietas restritivas

tritivos e pouco calóricos, esses regi-mes podem funcionar, mas sempre por pouco tempo, já que o organismo não suporta a falta de fonte de energia.

Essas dietas restringem alimentos calóricos, como carboidratos, e o car-dápio deve totalizar no máximo 1.200 calorias. Quase sempre, isso não supre

as necessidades que o corpo carece. Nosso organismo precisa de muitos nutrientes.

“As pessoas desejam milagres, não querem fazer nenhum tipo de sacrifí-cio, mas precisam de reeducação ali-mentar”, indica a nutricionista Adria-ne Cristina Lemos, coordenadora do

Fotos: Daniele Lessi

JULHO 2013PRETEXTO16

Page 17: Pretexto n. 14 jul. 2013

curso de Nutrição do UniToledo. Em geral, a população insiste nas

formas mais ágeis e menos trabalho-sas para alcançar o resultado desejado, embora isso seja uma lenda. Querem perder peso rápido, sem que isso cau-se algum transtorno. As dietas restri-tivas constituem uma opção muito perigosa para quem quer perder peso. Elas são prejudiciais à saúde, podendo até mesmo causar quadros ansiosos, depressivos, distúrbios alimentares como anorexia e bulimia, perda óssea, obesidade mórbida, alterações do me-tabolismo e raciocínio lento.

Adriana Comeli já fez diversas die-tas radicais e não conseguiu chegar ao seu objetivo. “Fiz o regime do pão, do leite e tomei remédios para emagrecer. Acabei ficando com a resistência bai-xa e tive manchas roxas pelo corpo. Emagreci, mas ao parar, engordei o dobro”, lembra.

Dinalva Vissani também já adotou restrições alimentares inadequados. “Quando comecei a fazer a dieta da sopa, na primeira semana tive diar-réia, náusea, fraqueza e dores de ca-beça, mas mesmo assim continuei, e em uma semana perdi 3 quilos. Então parei. Mas depois de dois meses co-mecei a sentir dores na perna e fui ao médico. Fiz exames e descobri que estava com anemia profunda devido à dieta”, conta.

As situações enfrentadas por Adria-na e Dinalva mostram que não vale a pena arriscar-se nessas dietas malucas e perder a chance de emagrecer com saúde e permanecer magra, saudável e bonita para sempre.

A nutricionista Adriane explica que a consequência para quem faz as dietas restritivas é a falta de glicose. O organismo passa a usar a reserva de gorduras que possui como forma

de segurança para repor a ausência de alimento. Então, o corpo usa a gordura e não a glicose para se manter vivo.

SAÚDEÉ um círculo vicioso, uma dificul-

dade comportamental e emocional, que atrapalha na hora de criar um conjunto de hábitos que permite per-der peso de uma forma saudável. O organismo necessita de fibras, carboi-dratos, proteínas, vitaminas e muito mais. Com essas receitas milagrosas, deixa-se de consumir a quantidade necessária de alimentos e o corpo fica sem energia.

Adriane recomenda o consumo di-

ário de três porções de leite e deriva-dos e uma porção de carnes, aves, pei-xes ou ovos. Para diminuir as calorias, é preciso cortar frituras. Alimentação saudável também não combina com excesso de sal. E, claro, é recomen-dável beber pelo menos dois litros de água por dia. Além do conteúdo das refeições, é fundamental organizá-las. A recomendação é fazer pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e mais dois lanches saudáveis por dia. Além de cuidar da alimenta-ção, é preciso praticar, no mínimo, 30 minutos de atividade física diariamen-te ou ao menos três vezes por sema-na. P

Adriana Comeli fez dieta sem acompanhamento

de um especialista e teve sequelas

Na busca por um corpo magro, Dinalva Vissani apostou em uma dieta

restritiva e desenvolveu anemia profunda

JULHO 2013 PRETEXTO 17

Page 18: Pretexto n. 14 jul. 2013

O luxo do brigadeiro nas novas geraçõesDoce tradicional vira artigo de luxo nas mesas de aniversários e casamentos. Genuinamente brasileiro, deixou de ser associado a festas infantis e alcançou o status de guloseima sofisticada

JULHO 2013PRETEXTO18

GASTRONOMIAFotos: A

riadne Bognar

Page 19: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013 PRETEXTO 19

ARIADNE BOGNAR

Nascido na década de 40, o do-cinho foi uma homenagem ao brigadeiro Eduardo Go-

mes, candidato à presidência do país. É fácil de fazer e é quase uma unani-midade.

Antonin Carême (1783-1833), o cozinheiro dos reis e o rei dos cozi-nheiros, se dividia em mil nas grandes cozinhas dos antigos palácios. Em seus intermináveis banquetes, começava sempre pelo preparo das sobremesas e ainda fazia as entradas, as sopas e os grandes assados.

Pois no século 21, o que se obser-va é um movimento contrário. Não só uma especialização em doces ou salgados. Está em curso uma segmen-tação ainda mais intensa dentro da própria confeitaria - já desmembrada em sorveterias e chocolaterias há mais tempo. É o que chamamos hoje de bri-gadeiro gourmet.

Atualmente ele ocupa um espa-ço que já foi de trufas, macarrons e cupkakes. A sobremesa reconquistou os brasileiros e os empresários do ramo de doces. Em Araçatuba, exis-tem pelo menos três estabelecimentos comerciais especializados na iguaria.

Há um ano, as sócias Nayara Gue-des e Fabíola Silva de Souza, de Ara-çatuba, decidiram investir no merca-do de doces. O ateliê das empresárias trabalha sob encomenda e tem como carro chefe o brigadeiro gourmet. Elas não sabem a quantidade de brigadeiro que fazem todo mês. Mas é certo: é o doce mais requisitado, principalmente em festas de casamentos.

A empresária Maria Rita Coe-lho, também de Araçatuba, sempre

Outro diferencial são os tipos de brigadeiro gourmet, que podem ir do comum (apenas de chocolate) aos mais requintados, como capuccino, capim santo, gengibre, damasco, xe-rém, pistache, frutas e até bebida, como é o caso da tequila.

É claro que tanto requinte, se com-parado ao brigadeiro comum, agrega ao produto um valor maior. Um briga-deiro tradicional é vendido, em média, a R$ 1,50. Já o gourmet, a partir de R$ 2. Dependendo do sabor e da embala-gem em que são colocados, os briga-deiros podem chegar a custar R$ 10 a unidade. Mas as empresárias garantem que quem experimenta o gourmet não leva em consideração o preço, mas o sabor diferenciado. P

Curiosidades e recei-tas fazem parte do livro dedicado ao mais famoso docinho do Brasil. A obra também traz dicas sobre preparo, como montar a mesa em festinhas e até como harmonizar o doce com vinhos.

Título: O Livro do BrigadeiroAutora: Juliana Motter Editora: Panda Books

LIVROS SOBRE O QUERIDINhO

foi atraída pela culinária. Ela diz que puxou para a avó, que era quituteira. Rita, como é conhecida, conta que o gosto pelo brigadeiro gourmet surgiu quando ela foi para o casamento de um sobrinho em Campinas e visitou uma loja especializada no doce. Ela conversou muito com a dona da loja, que deu várias dicas, e experimentou muitos brigadeiros gourmet até abrir uma loja própria há pouco mais de dois anos. Diferentemente de Nayara e Fabíola, Rita ainda toma conta de um restaurante no centro da cidade.

Muito curiosa, aprendeu sozinha a técnica de confeitaria e começou fazendo alguns como teste em casa. Como gostou, começou a pesquisar mais sobre o doce e as técnicas para confeitá-lo, com pessoas que já esta-vam no ramo. Desde então, não parou mais. Além de vender os doces em seu restaurante, Rita também faz os briga-deiros sob encomenda para todos os tipos de festas.

DIFERENÇASAs doceiras explicam que o bri-

gadeiro gourmet é uma reinvenção do brigadeiro clássico que leva só os melhores ingredientes, como o cho-colate belga. O tradicional é um doce mais simples, cuja receita leva acho-colatado e margarina, que são encon-trados facilmente na despensa no dia a dia. Já o gourmet, não inclui esses ingredientes. No lugar da margarina, vai manteiga pura e também doce de leite, cacau puro e o chocolate belga, considerado um tipo fino. Fabíola ex-plica que o preparo de um brigadeiro gourmet também exige muito mais tempo, cuidado e delicadeza para que não perca o ponto.

Page 20: Pretexto n. 14 jul. 2013

MEDICAMENTO

JULHO 2013PRETEXTO20

“Tempo é dinheiro” é uma das má-ximas do século 21. Enquanto o mercado exige melhor qualifica-

ção profissional, cresce a procura por uma fórmula mágica do conhecimen-to. E se o dia tornou-se pequeno para aquele que anseia um lugar ao sol, o jeito é otimizá-lo de algum modo.

O metilfenidato, cujo nome co-mercial mais conhecido é ritalina, tem sido a saída bastante usada. Entre seus apelidos estão: droga do concurseiro, droga da obediência e droga da inte-ligência. É usada para melhorar a si-napse dos neurônios e receitada para tratamento do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), problema neurobiológico que aparece na infância e pode acompanhar o indi-

A droga da inteligência é o futuro da humanidade?Estimulante cerebral é usado sem acompanhamento médico; consumo cresceu 75% em três anos

MARCELO MARTIN víduo na vida adulta.Segundo relatório da Anvisa

(Agência Nacional Vigilância Sani-tária), apresentado em 2012, o trans-torno deve afetar de 8% a 12% das crianças do planeta. Entretanto, a mesma pesquisa aponta que o índice de TDAH entre crianças e adolescen-tes brasileiros extrapola os 25%. O SNGPC (Sistema Nacional de Geren-ciamento de Produtos Controlados) da agência relata que entre 2009 e 2011 houve aumento de 75% nas vendas de medicamentos contendo metilfenidato no Brasil.

“Então, de duas, uma. Ou nosso diagnóstico está sendo mal elabora-do ou realmente tem muita gente com TDAH no Brasil”, contesta o psico-pedagogo Fabrício Otoboni. Ainda de acordo com o profissional, há um

diagnóstico equivocado sobre o trans-torno, que deve ser feito por vários profissionais. O neurologista Sérgio Irikura concorda com Otoboni quanto ao aspecto multidisciplinar do diag-nóstico e tratamento. O paciente deve passar por neurologista ou psiquiatra, psicólogo ou psicopedagogo e fono-audiólogo.

Irikura afirma que embora o au-mento de vendas possa ser relaciona-do ao uso errôneo, também indica que há mais pessoa se tratando. “Aquele que acha estar enganando o médico, mentindo e omitindo informações para tomar ritalina, está enganando a si próprio. Se ele não tiver o TDAH. vai ter os efeitos colaterais da medi-cação e não seus benefícios. Por ser um exame clínico, se ele diz ter falta de atenção e outros problemas, eu não

Page 21: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013 PRETEXTO 21

Foto: Marcelo M

artin

“Fui ao médico e falei a verdade, que era para estudar à noite em vés-pera de prova. Ele pegou o dicionário dele, achou o remédio e prescreveu, só fiz exame de sangue”, conta a dentis-ta Marta (nome fictício) que tomou a droga durante a faculdade. Ela diz que apenas sentiu falta de sono e, por isso, continuou usando.

Roger (nome fictício) passou por neurologista que o encaminhou ao psicólogo. O laudo apresentado dava diagnóstico de TDAH. O estudante de direito revelou à reportagem que era comum trocar palavras ou confun-

Náuseas, falta de apetite e sono são os principais efeitos colaterais do uso da ritalina, indicada para transtornos como déficit de atençãoe hiperatividade

posso dizer que não. E é fácil enganar o médico. Ele encontra todos os sinto-mas na internet, chega no consultório e diz tê-los”, critica o neurologista.

Náuseas, falta de apetite e sono são os principais efeitos colaterais. Estas sensações prejudiciais ao organismo foram sentidas por alguns dos entre-vistados. O jornalista André (nome fictício) conta que a propaganda da droga é grande e, por isso, resolveu experimentar. “Foi praticamente uma automedicação. Pedi para que um amigo médico fizesse a receita e com-prei. Usei por algumas vezes e não me senti bem, então parei usar”, conta. O neurologista Sérgio conta que neste caso é praxe o médico pedir uma pro-va terapêutica, pois caso a medicação não faça bem, significa que não é ne-cessária.

Os usuários entrevistados informa-ram que o nível de atenção aumenta com uso do medicamento, porém os profissionais ouvidos afirmam que isso está mais associado à perda de sono e controle da ansiedade produ-zida pela ritalina à sinapse acelerada.

dir as que são parecidas ao escrever, sintoma relacionado à dislexia - di-ficuldade na área da leitura, escrita e soletração -, mas afirmou não ter pro-blemas para ver um filme, conversar ou ler. Segundo Irikura, a dislexia não deve ser tratada com metilfeni-dato. O problema pode coexistir com o TDAH, mas isso não significa que todas pessoas tenham ambos.

“Se a criança está brincando no parque, ela não fica um minuto no brinquedo. O adulto é a mesma coisa, lê meia página e para”, assegura Oto-boni. Para ele, os problemas sociais e o conservadorismo educacional estão entre os principais fatores do uso do metilfenidato.

Nenhum dos usuários entrevista-dos teve tratamento multidisciplinar. Roger afirma ter requerido nova recei-ta por telefone. Marta reconhece que não fez o certo. “Fui injusta com os outros. Sei também que não adianta nada a pessoa esperar para estudar às vésperas da prova”, admite. Mas ain-da assim afirma que, se fosse preciso, usaria novamente.

Medicamento é utilizado por

concurseiros para estimular o cérebro

P

Page 22: Pretexto n. 14 jul. 2013

para ajudar no diagnóstico “Definindo isso, iremos fazer um tratamento pre-ventivo, e, depois, retiramos de forma abrupta esses analgésicos substituindo por outros”, explica Marcos.

André tenta evitar ao máximo os alimentos que levam a crises de enxa-queca. “Misturar café com banana é fatal. Chocolate em excesso e a cerve-ja desencadeiam uma crise muito for-te”, afirma. Ele também evita medica-mentos em momentos de crises, dando preferência a bolsas de água gelada e outras soluções caseiras.

Para o médico, não existe contra-indicação a nenhum alimento. “A me-lhor orientação é sempre pedir para o paciente observar quando ele teve dor, o que ele comeu na última refei-ção, o que ele tem comido nas últimas horas antes das crises dolorosas”, diz Marcos. “Café, coca-cola, comidas gordurosas, embutidos de modo ge-ral, chocolate, banana, frutas cítricas e frutos do mar estão entre os alimentos envolvidos já descritos como fatores desencadeantes".

Foto: Matheus B

lini

A enxaqueca é uma das piores dores que existe. Segundo o neurologista Marcos Vinicius

Branco de Oliveira, existem mais de 150 casos de cefaléia e a enxaqueca é a mais frequente delas.

Esse problema tem um grau mais intenso que uma dor de cabeça. Ele traz um sofrimento para o paciente. Em alguns casos, a dor atormenta o dia a dia da pessoa, podendo durar de quatro a 72 horas. A enxaqueca reúne vários sintomas. “Ela se caracteriza tipicamente como uma dor de cabeça que pulsa e lateja. Geralmente, ela é unilateral, alternante, ora de um lado, ora de outro. A luz incomoda bastante, tendo ainda náuseas e vômitos”, expli-ca o médico.

A enxaqueca pode afetar indivídu-os de qualquer idade. Uma pesquisa realizada pela Unifesp (Universida-de Federal de São Paulo) com 3.848 pessoas entre 18 e 79 anos de idade apontou que 15,2% dos pesquisados

sentem a doença. Outro ponto do estu-do é que indivíduos que não praticam esportes ou atividades físicas regula-res têm 43% mais chances de terem enxaqueca.

O contador André Luiz de Almei-da Martinez, 32 anos, convive com o problema desde os 12 anos de idade. Por muito tempo, ele tomou medica-mentos por conta própria. “Aliviava momentaneamente, mas, depois de um tempo, vinha em uma intensidade maior”, lembra.

Estudo da Unifesp aponta que o uso indevido de analgésicos leva as pessoas a acostumar-se com as doses. Ao não utilizar os medicamentos, o paciente pode ter abstinência e crises de enxaqueca. “Conforme a pessoa aumenta a quantidade de uso ao lon-go do tempo para reduzir essa dor, nós observamos que o próprio analgésico acaba induzindo a dor de cabeça, se tornando um ciclo vicioso”, avalia o médico.

O paciente deve relatar os usos abusivos de medicamentos ao médico

MATHEUS BLINI

Segundo estudo, indivíduos que não praticam esportes ou atividades físicas regulares têm 43% mais chances de terem enxaqueca quando comparados aos que praticam

É possívelcombater a enxaqueca

SAÚDE

P

André utilizava medicamentos

por conta própria para evitar crises

de enxaqueca

JULHO 2013PRETEXTO22

Page 23: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013 PRETEXTO 23

No momento em que se pen-sa em comprar ou adotar um cãozinho, é muito corriqueiro

aparecer múltiplas dúvidas quanto à raça perfeita ou a que mais se asseme-lhará com os hábitos e a personalidade

do futuro proprietário. Nesta ocasião é indispensável pensar no cotidiano e levantar algumas questões relevan-tes, como o espaço onde ele irá ficar, quem irá passar a maior parte do tem-po com o animal, o temperamento do cão e do dono, a disponibilidade para os passeios dentre outros cuidados

O ideal nas duas pontas da coleira

MUNDO ANIMAL

ALINE CEOLIN

No momento da escolha de uma raça ou um animal específico já há uma semelhança projetada pelo dono, mesmo que inconsciente

específicos de cada raça. Depois des-sas reflexões, é o momento de decidir o tamanho, o sexo e a idade e, em se-guida, escolher entre um cão com pe-digree ou um sem raça definida.

Ter um animal exige dedicação, visitas regulares ao veterinário para vermifugação e vacinação e cuidado com a alimentação. É necessário ter a consciência de que é outra vida depen-dendo do proprietário e que o animal também possui sentimentos.

Um cão que fica sozinho por mui-to tempo, por exemplo, acaba fican-do ocioso e, por isso, pode se tornar um animal depressivo ou até mesmo estressado e agressivo, pelo acúmulo de energia e pela falta de convivência com pessoas. Uma possível solução para esta situação seria ter outro cão para fazer companhia. Entretanto, é preciso ter determinados cuidados

Fotos: Alione C

eolin

Apesar do seu grande porte, a dócil Pandora, é a diversão da família de Fátima, além de ser um cão de guarda

Page 24: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013PRETEXTO24

para evitar brigas, como escolher cães com temperamento dócil e de sexos ou tamanhos diferentes. Porém, se você tem um animal idoso, pode prejudicar muito a vida dele ao trazer um filhote para dividir o ambiente.

A veterinária Amanda Valéria Gas-paroti Batista, pós-graduada em Fisio-terapia e Reabilitação Veterinária, ex-plica que não existe exatamente uma raça ideal, mas sim aquela que mais se adapta à personalidade e estilo de vida da pessoa que está pensando em ter um cão. Uma pessoa que mora em apartamento e tem espaço limitado não deve levar em consideração so-mente este fator, pois nem sempre os cães pequenos são os mais silencio-sos. É preciso considerar também que o cão tenha uma personalidade menos

MUNDO ANIMAL

ativa para não ter problemas futuros.

VIRA-LATAHá muito mito em cima do cão

SRD (sem raça definida), o famoso vira-lata. Muitos dizem que eles não adoecem ou não exigem tantos cui-dados, mas essas informações não passam de mitos. É fato que eles es-tão bem menos propensos às doenças hereditárias, podendo apresentar uma saúde natural, mas precisam dos mes-mos cuidados que os cães de pedigree. Com relação à adaptação com a rotina e com o dono, Amanda explica que isso depende da idade com que esse animal foi adotado, da genética e do modo como o dono ira tratá-lo e/ou adestrá-lo. Os vira-latas, na maioria das vezes, são muito amáveis e apre-

sentam excelente temperamento, mas como resultam de uma mistura de ra-ças, não é possível determinar um pa-drão de comportamento.

Joscilene Ferreira Mestre é dona de uma cadela vira-lata de nove anos. “Eles são muito adoráveis e compa-nheiros, em toda minha vida sempre optei por ter um cão sem raça defini-da”, conta.

SEGURANÇAMuitas pessoas vão à procura de um

cão almejando ter mais segurança em suas residências. Os cachorros mais adequados para este tipo de necessida-de têm como característica principal a defesa territorial. Além disso, deve ter um porte físico maior, que irá garan-tir força e poder de intimidação. Uma

Não faltam mimos para a cadela Laika, que, segundo

sua dona, ''é a vira-lata mais feliz do mundo!''

Page 25: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013 PRETEXTO 25

boa escolha é o Rottweiller, conside-rado o melhor cão de guarda porque é bem intimidador e não tem medo de nada. É uma raça muito forte, que ape-sar de sua aparente cara de mau, gosta bastante de carinho e pode ser muito dócil com seus donos.

“Thor e Pandora são extremamente carinhosos comigo e com todos aqui de casa. Porém, são excelentes cães de guarda, muito inteligentes e me surpreendem a cada dia”, afirma Ma-ria de Fátima Ferreira Soares, dona de dois Rottweillers de um ano de idade. Ela comprou ambos com a intenção somente de ter mais segurança em sua casa e jamais imaginou que eles poderiam se tornar tão dóceis e com-panheiros. “Melhorei até minha saúde depois de adquiri-los, pois esta raça exige exercícios diários. Acredito que o Rottweiler seja a raça perfeita para mim”.

Amanda comenta que, para trans-formar alguns animais em cães de guarda, muitas pessoas os confinam longe da família e de toda socializa-ção. Isso acaba tornando-os ferozes e totalmente antissociais, o que pode ser muito perigoso. “A agressividade não é característica necessária para cães de guarda. Adestrá-los corretamente é muito importante”. Ela afirma que o verdadeiro cão de guarda possui natu-ralmente um forte instinto territorial e desconfia de estranhos, atacando-os e defendendo sua família.

Amanda salienta que a personali-dade de um animal depende de três fa-tores: genética, ambiental e individual. Mesmo com o adestramento correto e influência da personalidade do dono, um animal não perde a sua persona-lidade individual, mas pode aprender a não demonstrar atitudes indesejáveis pelo dono. E mesmo um cão de tem-peramento mais calmo pode se tornar mais ativo se criado num ambien-te mais agitado e com crianças, por

também deve ser considerado no mo-mento de adquirir um cão. “Você está lidando com uma vida, que depende de você para manter a saúde”, ressalta Amanda. Justamente por isso, ela não recomenda dar animais de presente sem consultar a pessoa presenteada, evitando assim rejeições, abandonos ou simplesmente falta de sintonia en-tre o dono e a raça escolhida.

exemplo. “Quanto menor for a idade de seu animalzinho, mais facilmente eles são condicionados e não criarão vícios”, recomenda a veterinária.

Um fator comum em todos os ani-mais de estimação é a necessidade de cuidados e atenção. Independen-temente da raça, todos vão precisar de tempo, carinho e atenção de seus donos. Além de gerar custos, o que

CriançasO cão deve ter temperamento dócil. Dê preferência a animais jovens, porque os mais velhos não têm tanta tolerância a brincadeiras e também escolha raças mais ativas, como Jack Russel Terrier, Pastor de Shetland, Boxer, Terrier Brasileiro (Fox Paulistinha) e Labrador. É importante verificar se há espaço para um animal ativo. Todas as raças podem se adaptar a crianças, mas preci-sam conviver com elas desde filhotes.

Fonte: Médica Veterinária Amanda Valéria Gasparoti Batista

P

Para garantir a segurançaCães de porte grande, como Dobermanns, Rottweillers e Pastor Alemão.

Confira as raças que se adaptam a cada perfil e escolha a sua:

Espaços pequenosDê preferência por cães de pelo curto, para facilitar a higiene. Raças pequenas e não muito ativas são ideais. Evite animais que latem muito, como: Maltês, Ihasa Apso, ShihTzu, Buldogue, Buldogue Francês, Dachshund, Poodle toy e Schnauzer miniatura.

Pessoas tranquilasAnimais menos ativos fisicamente são ideais para quem não gosta de muita festa e agitação. Na maioria das vezes, são de raças de portes maiores, pois os cães pequenos são naturalmen-te mais acelerados. São recomendadas raças calmas como Shihtzu, Schnauzer, Basset Hound, Collie e Dálmata.

Pessoas ativasSão agitados e precisam de exercícios físicos diários para se manter em forma e não ganhar sobrepeso. São companhias ideais para quem gosta de correr e caminhar com regularidade. São eles: Labrador, Jack Russel, cães do grupo de raças para pastoreio, como Border Collie e Pastor de Shetland.

Page 26: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013PRETEXTO26

Quando um empreendimento habitacional está prestes a ser entregue e tão logo mudan-

ças ocorrerão em diversos bairros, um sinal de alerta se acende a um grupo em especial de voluntários. Morado-res levam às suas novas casas roupas, mobília e eletrodomésticos, porém, em muitos casos, deixam cães e gatos na antiga residência. Os animais são preteridos como qualquer outro item que pudesse ser abandonado devido à falta de espaço no novo local. Ficam sem comida e os cuidados dos antigos donos. Resta aos bichos esperar por ajuda. O resgate desses animais é uma das situações às quais se dedica a ONG Refúgio Pet. A entidade foi criada em Lins em março de 2012, no entanto, ainda não dispõe de uma sede própria. Nesse caso, o abrigo depende de lares temporários. Dez pessoas entre as 22

que compõem a ONG cumprem essa função.

Em geral, quem se propõe a ofere-cer o cuidado necessário aos animais enquanto eles aguardam a adoção sem-pre gostou de estar cercado de muitos miados e latidos. E também não se im-porta em doar tempo e dinheiro a esse trabalho. É preciso disposição para dar banhos, comida e medicamentos. Os recursos que vêm de eventos, rifas, bazares e doações servem para custe-ar as atividades da ONG, embora não sejam suficientes. Por isso, alguns dos voluntários contam que as despesas para cada um deles com ração, remé-dios e veterinários chegam a R$ 300 mensais. Mas nada disso se completa se não houver afeto.

A contadora Andréa Carvalho, 42 anos, cuida de oito gatos, sendo qua-tro filhotes, que se juntaram aos seus três felinos. Ela passou a integrar a entidade após ter ajudado em uma

Dedicaçãopara emprestartempo e afeto

VOLUNTARIADO

feira de adoções. Quando criança, re-corda, trazia animais da rua para casa, que tinha um quintal grande. Hoje, mesmo morando em um apartamen-to, não deixou de envolver-se com os bichos. Andréa já chegou a ser dona de nove gatos. “O amor me move a ter paciência e dedicação”, afirma. Muitos dos animais que chegam aos lares temporários estão machucados e desnutridos, algo que causa profunda indignação em Andréa. Para ela, um dos prazeres nesse trabalho é vê-los recuperados.

“Muitas vezes o animal está sen-tindo falta de amor e carinho”, conta a dentista Regina Aparecida Ceranto Maciel, 52, sobre o momento em que

Ainda sem sede própria, ONG depende do esforço de membros para abrigar animais recolhidos pelas ruas de Lins enquanto eles aguardam a adoção

Andréa, Cláudia e Regina sempre gostaram de estar cercadas por muitos bichosCAIO CARVALHO

Page 27: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013 PRETEXTO 27

P

eles chegam à entidade. Ela já teve cachorro, gato e até uma tartaruga. Decidiu engajar-se no projeto depois de ser atraída pela foto de um cão em uma reportagem sobre a ONG. Em sua casa, abriga dois cachorros. Fred, o mais velho, tem problemas cardíaco e pulmonar, o que inspira um cuida-do delicado. Mino é um dos cães cujo abandono foi decorrente de uma mu-dança. Após ser tratado na entidade, chegou a ser encaminhado para ado-ção, mas o desprezo do dono o fez contrair doenças que evoluíram para um câncer. O cachorro precisou fazer quimioterapia. “Na segunda doação, a pessoa deixou escapar, e ele ficou pe-rambulando pelas ruas, mas consegui

pegar de novo”, relata.Regina é ainda dona de dois cães

e dois gatos, que estavam abandona-dos na rua, além de ajudar a alimentar uma porção de felinos jogados em um prédio ao lado de sua casa. Para evi-tar que esse seja também o destino de outros animais adotados, exigências são feitas aos futuros donos. “Nosso objetivo é que eles não tenham acesso à rua, porque se eles retornarem pra lá, voltarão a ter problemas”, diz Andréa. A entidade procura entregá-los castra-dos, mas, quando são encaminhados ainda novos, os interessados assinam um termo em que se comprometem a realizar o procedimento. Voluntários fazem visitas surpresas aos domicílios

Foto: Caio C

arvalho

para acompanharem a adaptação do animal e conhecerem as condições em que vivem. A intenção é verificar se a pessoa realmente está disposta a assu-mir a responsabilidade.

Rigor que serve para dar continui-dade à atenção que os bichinhos rece-bem nos lares temporários. Por cau-sa do cuidado, é preciso pensar duas vezes antes de querer viajar, comenta a microempresária Cláudia Andra-de, 38. Além disso, é sempre preciso deixar os ambientes limpos. Na casa de Cacal, como é conhecida, são de-zoito gatos dela mesma e mais cinco abrigados pela organização. “A maio-ria das pessoas acha que é loucura”, conta. Um detalhe é que ela é alérgi-ca, porém, nunca negou o apego aos animais. Cacal foi convidada a entrar na entidade após outras integrantes do grupo perceberem o seu interesse pelo trabalho. “Já cuidava de gatos na frente de casa, na esquina, a dez quarteirões, e sempre ia lá dar ração”, afirma.

Não é difícil encontrar animais soltos pelas ruas. “As pessoas os en-xergam como objeto, porque a partir do momento que começam a atrapa-lhar, são descartados”, lembra Andréa. “Não enxergam como um ser vivo, que tem dor, fome eh sentimento. Muitos morrem até de tristeza”, lamenta.

Foi ao observar uma cadela na rua que necessitava de amparo que ami-gas decidiram iniciar o projeto, mais tarde, uma organização formalizada. A Refúgio Pet é a única entidade a re-alizar o trabalho em Lins. Os voluntá-rios esperaram ter mais colaborações da população e, com o tempo, poder abrigar ainda mais animais. Vontade não falta.

Andréa, Cláudia e Regina sempre gostaram de estar cercadas por muitos bichos

Page 28: Pretexto n. 14 jul. 2013

CONSUMO

JULHO 2013PRETEXTO28

Capinhas: já escolheu a sua?

Foi-se a época em que capinhas de celular eram de couro e fica-vam acopladas ao cinto no cós

da calça para apenas proteger o tele-fone de quedas. O papel do celular mudou e hoje, com várias funções, é muito raro quem não fique com ele na mão o tempo todo. Engana-se quem pensa que as capinhas servem apenas para proteger como antigas. Elas se tornaram acessório que precisa com-binar com a personalidade e até com a roupa do dono do celular.

A maquiadora Priscila Casteletto não se considera uma colecionadora,

Além de proteger o celular, elas dão charme ao look. Quem resiste à onda dos cases?

mas já tem mais de 25 cases. Mas nunca pensou na proteção do celular quando as adquiriu. “No começo não comprei pensando em proteger, era mais por causa das estampas que me deixavam enlouquecida. Teve um dia que comprei uma case por causa do lenço que tinha o mesmo desenho, e como eu amo lenço também, aprovei-tei”, afirma.

O hit surgiu juntamente com o boom dos smartphones, mas quem deu uma boa ajuda na disseminação dos cases divertidos foram as redes sociais. Como um viral, não paravam de surgir no Twitter e no Instagram fotos de proprietários com as mais di-

PRISCILA SALAS

P

versas capinhas. Todos se renderam: atrizes, jogadores de futebol, mode-los e blogueiras. Então, a febre pegou de vez. Ana Moreira também não re-sistiu. A estudante trocou de celular porque queria um modelo que tivesse mais capinhas. “O meu celular anti-go já estava dando alguns problemas, mas o que me incentivou muito foi ver minhas amigas com capinhas diferen-tes e para o meu só tinha as mais bá-sicas. Ainda não tenho muitas, porque comprei meu celular faz pouco tempo. Já tenho oito e quero mais. As que eu mais gosto são as de bichinhos como Lilo Stitch e Hello Kitty. Também te-nho as de cristais.

Page 29: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013 PRETEXTO 29

INSTAMANIÁCOSUm dos aplicativos mais famosos dos smartphones sem dúvida é o Instagram. O Insta, como é chama-do pelos íntimos, permite que o usuário tire fotos, coloque filtros e compartilhe em redes sociais. Pensando nos instamaníacos, começaram a surgir acessórios que dão um upgrade na câmera do ce-lular como tripé, lente com focagem manual e até filtro de cores.

CAPAS GRIFADASAté grandes marcas entraram nessa corrida das capas. Lacoste, Swarovski, Cartier e Versace, Le Lis Blanc, Vans, Kenzo e Marc Jacobs têm modelos exclusivos. Diane von Furstenberg lançou capinhas que repetem os desenhos das estampas dos tecidos da coleção e custam em média R$ 150. As capas da Swarovski, de mosaicos de cristais, chegam a custar R$ 700. A Quik-silver, uma das principais marcas internacionais de surfe, também entrou na onda. Entre os modelos da coleção, o xadrez multicolorido, que custa R$ 109, ganhou a prefe-rência dos meninos.

ECOCASESPara quem quer ficar na moda e ainda contribuir para o meio ambiente, as capinhas da marca americana Anicase ajudam os animais em extinção. 10% da renda colhida com a venda das capas são revertidos para ajudar a espécie. Outra opção são as capas feitas em madeira como da marca brasileira Casco, feitas em madeira 100% nacional e biodegradável.

A capa de soco inglês, popularizada pela per-sonagem Helô, delegada interpretada por Giovana Antonelli em ''Salve Jorge'', é um dos itens mais pedi-dos na Central de Atendi-mento ao Telespectador da Globo. É comercializada por R$ R$ 79,90.

ACESSÓRIOS hI-TEChCapas, stickers e proteto-res, de uma forma geral, viraram acessório it. Mais alguns ganham notoriedade por substituir objetos úteis como abridor de garrafa, canivete, trena e até arma de choque. A capa Yellow Jacket funciona como arma de choque de 650 volts de potência e carregador de bateria. Já está em pré-ven-da por US$ 139,99 (R$ 276).

O Opena funciona como abridor de gar-rafas que fica recolhido enquanto não é usado, dando uma aparência normal à capa do iPho-ne. Para iPhone 4/4S/5, US$ 39,95 (R$ 78,18).

Essa capa para iPhone 5 permite que o usuário tenha uma trena (fita métrica) sempre à mão.

Essa capinha imita um canivete suíço que vem com faca, serra, chave Phillips, cortador de fio, cha-ve de fenda, chave Allen, descascador de fios, abridor de garrafas e apoiador. O acessório ainda não foi lançado, mas já conseguiu finan-ciamento coletivo no KickStarter.

Page 30: Pretexto n. 14 jul. 2013

MODA

Descubra por que algumas roupas têm um caimento melhor que outras

Às vezes, vemos roupas lindís-simas em vitrines de lojas e, como elas têm um preço que

nem sempre cabe no nosso bolso, aca-bamos recorrendo a uma figura bem conhecida para tornar a vontade de ter a peça real: a costureira. Sem contar que recorrer a essa alternativa nos dá a oportunidade de escolher o tecido da cor ou estampa desejada. Mas nem sempre essa escolha acaba em sucesso e o caimento da roupa não é o dese-jado. Você já passou por uma experi-ência parecida? Comprou um tecido maravilhoso, foi até a profissional, tirou as medidas, explicou exatamen-te como queria a roupa, mas na hora que a peça ficou pronta ela não passou nem perto do que você queria?

A estudante Helena Cerqueira Costa já passou por isso e hoje prefere comprar roupas em lojas. “Comprei quatro tecidos maravilhosos, expli-

LÍVIA DIAS

quei como queria as blusas, mas quan-do ficaram prontas, não tinham nada a ver com o que eu pedi”, conta. A única peça que ficou boa foi produzida pela costureira a partir de outra, que serviu de molde.

No caso de Helena e provavelmen-te em todos os relatos semelhantes ao dela, a culpa é da modelagem. Trata-se de algo essencial no processo de confecção de uma peça. Se o produ-to não tiver uma boa modelagem, ele pode encalhar nas araras das lojas.

Esse problema pode acontecer em indústrias também, por isso é essen-cial a presença de um profissional que esteja atento a todo o processo de confecção. “Às vezes, há uma peça linda, maravilhosa na vitrine. No en-tanto, quando a cliente prova a peça, não veste, pois pega na cava, aperta

no decote. Aí, a pessoa deixa de com-prar porque não teve um caimento le-gal”, afirma a professora de desenho de moda Cássia Pavan.

PRODUÇÃOMuitas pessoas desconhecem

como uma roupa é feita e acreditam que basta um tecido bonito para que a roupa fique perfeita. Mas não é bem assim que funciona. Primeiro, surge a ideia, o designer cria a peça no papel. Então, é preciso que o modelista estu-de as tendências, tecidos e aviamen-tos. Depois disso, ele lê e interpreta o desenho para o molde, mas, claro, sem esquecer que o molde precisa se adequar ao corpo. A modelagem deve se ajustar ao tecido, levando em conta o comportamento, elasticidade, movi-mento, encolhimento, lavagem e rigi-

JULHO 2013PRETEXTO30

O segredo das roupas que vestem bem

Page 31: Pretexto n. 14 jul. 2013

dez do mesmo.Com o desenho e ficha técnica em

mãos, cria-se um molde com medidas estabelecidas, acrescenta-se costura ao molde. Depois, a peça é cortada e tem-se em mãos uma peça piloto. Agora, o modelista deve estar atento, pois che-ga o momento de verificar a peça. Se existir algum defeito, é preciso identi-ficar a origem: se foi na modelagem, corte ou costura.

Após a modelagem e peça piloto prontas, é feita a ampliação e redução dos moldes, ou seja, adapta-se o molde do tamanho 34 ao 54. Com tudo isso feito, inicia-se a produção das peças.

Todo esse processo é o que dife-rencia a roupa produzida na indústria da peça feita pela costureira. Na in-dústria, são feitos vários moldes, vá-rias peças piloto, até que a modelagem

Copiar a roupa de uma vitrine nem sempre resulta em roupa com caimento perfeito por causa da modelagem

Fotos: Lívia Dias

perfeita seja atingida. “Na indústria, fazemos testes com

até cinco peças piloto até dar certo. Na costureira, isso não ocorre. Dando certo ou não, ela faz porque só tem um tecido e uma encomenda. Ela usa um molde que já tem e, se não der cer-to, ela dá uma ajustadinha aqui, uma ajustadinha ali, mas o molde já saiu do eixo, não vai ficar perfeito”, explica a designer de moda Luciane Eufrazino

Fernandes. Luciane explica que é preciso criar

um molde para cada tamanho, fazer uma peça e provar para ver se ficou perfeita, pois um corpo é diferente do outro. Só depois disso que a peça pode ser produzida.

Quando você compra uma roupa e tem a sensação de que foi feita para o seu corpo, pode ter certeza de que ela tem uma boa modelagem, feita com exatidão.

É claro que existem costureiras que fazem peças maravilhosas, mas com certeza essas têm o cuidado de fazer um molde para o seu corpo. Do contrário, aquela blusinha que você tanto quer, vai ficar pegando na cava, apertando no decote ou não vai chegar nem perto do que você sonhou. P

Normalmente, uma roupa que parece certa para o seu corpo teve uma boa modelagem,feita com exatidão

JULHO 2013 PRETEXTO 31

Page 32: Pretexto n. 14 jul. 2013

MODA

Um casaco 38 na Alema-nha é 12 nos Estados Unidos e 40 no Brasil.

O motivo dessa variação é que as medidas de roupas devem ser proporcionais aos biotipos de cada país. No Brasil, o número da calça feminina é a metade do comprimento do quadril, menos oito. Por exemplo, se você tem 88 centímetros de quadril, o tamanho da sua calça é 36. Cada lugar tem sua fórmula, porém a padronização pode variar dentro de um país, pois não existe um corpo igual ao outro.

Mas existe muita discussão quando se trata de padronização de medidas. Existe ou não um padrão a ser seguido? O que existe é uma referência.

A ABNT (Associação Brasi-

Padronização de medidas varia de uma marca para outra

leira de Normas Técnicas), que é uma entidade normalizadora, determina uma norma que serve como parâme-tro ou referência, mas sem caráter de obrigatoriedade. Já o Inmetro norma-tiza, por isso é obrigatório o cum-primento da resolução das normas de etiquetagem dos produtos têxteis,

Cada indústria tem o seu estilo e faz criações direcionadas a um público específico, por isso é comum a variação do tamanho de um jeans conforme a marca

com a indicação de tamanho.A numeração existe e se man-

tém, porém as fábricas aumentam a modelagem conforme a neces-sidade do seu público-alvo. Cada indústria tem o seu estilo e faz criações direcionadas a um públi-co específico, por isso é comum a variação do tamanho de um jeans conforme a marca.

No Brasil, essa variação é ainda mais comum devido à miscigenação. A mistura de raças faz com que o padrão de medidas se diferencie muito de um corpo para outro.

Só o estado de São Paulo tem mais de 30 mil indústrias, que buscam inovar conforme seu estilo e agradar a seu público. Se todas elas fabricassem roupas com tamanhos padronizados, todos usariam um mesmo tipo de calça e blusa. Além disso, a moda está em constante transformação e as medidas variam. Um exemplo são os modelos de calças: com cintura alta ou baixa, a skinny, a pantalona...

JULHO 2013PRETEXTO32

Page 33: Pretexto n. 14 jul. 2013

O interesse dos brasileiros pela leitura é pouco e diminui cada vez mais, segundo a terceira

versão de Retratos da Leitura no Bra-sil, pesquisa feita em 2011 pelo Ins-tituto Pró-Livro em parceria com o Ibope Inteligência. O número de bra-sileiros considerados leitores – aque-les que haviam lido ao menos uma obra nos três meses que antecederam a pesquisa – caiu de 95,6 milhões (55% da população estimada) em 2007 para

Mesmo que as pesquisas mostrem que o brasileiro não gosta muito de ler, ainda há gente que lê por puro prazer

O prazer de ler

LEITURA

88,2 milhões (50%) em 2011. O obje-tivo dessa pesquisa é traçar o perfil do leitor brasileiro e conhecer os hábitos da população.

De acordo com a professora Rosa Maria Alves da Silva, a leitura é es-sencial na vida de todos para adquirir conhecimentos, conhecer lugares e costumes de lugares que ela nunca foi. “Outra função da leitura é o lazer, ler por prazer, e isso é um hábito esqueci-do”, afirma ela.

Esse interesse pode surgir desde cedo. “O ideal é que os pais comecem

a ler para as crianças quando elas ain-da estão na barriga das mães. O hábito de contar histórias pode despertar o interesse pela leitura nos pequenos em um futuro próximo.Também é função da escola despertar esse interesse”, ressalta.

Uma pesquisa feita por Rosa entre os alunos do Unitoledo mostra que os números apontados pelo Instituto Pró--Livro são reais. Por mais que a pes-quisa institucional aponte que 76,8% dos alunos gostam de ler, apenas 27% leem com frequência, 59% leem à ve-

Fotos: Marina M

igliorucci

MARINA MIGLIORUCCI

Galáxias, planetas, o mar, o mundo... Gabriel conheceu tudo isso por meio da leitura

JULHO 2013 PRETEXTO 33

Page 34: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013PRETEXTO34

LEITURA

zes e os outros 13% raramente pegam nos livros. Provando que o interesse e o hábito de ler estão diminuindo cada vez mais. Mas tudo depende de gos-to! Ficção, romance, livros técnicos, o importante é ler aquilo que gosta. “Os clássicos são importantes, mas é preciso ser um leitor para compre-ender a essência do livro, da história. Para quem não tem o hábito, é apenas mais uma desculpa para deixar de ler. O livro tem que fazer bem para as pes-soas, levá-las para outro mundo”, con-clui Rosa Maria.

PRECOCEEntre várias atividades do dia a dia,

o tempo que o pequeno José Gabriel Vieira, nove anos, tem livre, ele lê. A mãe do garoto, Silvia Vieira, afirma que o interesse surgiu quando ele ti-nha apenas três anos e que o incentivo é diário, mas nada de obrigação. “Nós incentivamos, ele pede para comprar-mos os livros e nós compramos, não ficamos no pé dizendo que ele tem que ler ou determinando horários, ele lê quando quer”, diz ela.

O sonho dele? Ser escritor! E Ga-briel já começou a realizá-lo, o livro fala sobre o amor e como esse senti-mento muda as pessoas. “Meu livro conta a história de um menino que deixou de ser malvado na escola por-que gostava da menina nova que en-trou.” Mas Gabriel deixa claro: “essa história não é minha, hein?!”.

Ele lê cerca de um livro por mês. A coleção favorita, Como treinar o seu dragão que tem nove livros, foi lida em apenas oito meses. “Quando eu leio é como se eu entrasse em um portal e viajasse para outro mundo, é como se eu estivesse dentro do livro, vivendo junto com o personagem, treinando o meu dragão”, afirma ele. Gabriel já leu livros com mais de 200 páginas em um dia e ainda quer ler a coleção de Harry Potter e Percy Jack-son esse ano.

Ao contrário de muitos, Nicole acha que ler no computador é menos cansativo

Após incentivo dos professores, Luana tornou-se uma amante da literatura

Page 35: Pretexto n. 14 jul. 2013

por meio da leitura em um bom livro. “Ler é bom em todos os sentidos, é uma fonte de informação e diversão”, afirma. De acordo com a universitária, o seu principal foco hoje é ler mais li-vros de divulgação científica.

MUNDO DIGITALDe uns anos para a cá a leitura se

reinventou. Os livros foram parar nos computadores e dos computadores para tablets e outros aparelhos que apenas servem para a leitura, como o kindle. Hoje é possível ler até nos smartphones. Nicole Tanaka, 18, es-tudante de design de interiores, ama livros, mas prefere ler no computador.

“Eu prefiro ler no computador por-que canso de segurar o livro, o com-putador é só colocar no colo, muito mais fácil”, diz a futura designer. Ni-cole começou a ler cedo. Ela nasceu no Japão, onde frequentou a escola e se apaixonou pelos primeiros livros. Quando veio para o Brasil, aos sete anos, teve dificuldade para acompa-nhar a escola, pois não sabia nada da língua. Em seis meses, aprendeu a lín-gua portuguesa e enfrentou um grande desafio: leu em um dia Sonho de Uma Noite de Verão, do escritor inglês Wi-lian Shakespeare.

Mesmo lendo no computador, Ni-cole não acha que a leitura é cansati-va. Pelo contrário: tem a mesma sen-sação que muitos têm ao pegar o livro na mão. “Ler é relaxante, traz novas idéias, melhora o vocabulário, ler um livro logo que aprendi português foi fundamental para mim”, admite.

Além disso, Nicole é como Luana: rápida. “Quando começo a ler um li-vro, se não paro, leio em um dia fa-cilmente”, afirma. Ficção é seu gêne-ro favorito. “O que eu mais gostei de ler foi O Xangô de Baker Street, do Jô Soares. O livro mistura história do Brasil com ficção, porque o Sherlock Holmes que vem investigar o caso é muito legal”.

JULHO 2013 PRETEXTO 35

CURIOSIDADEGabriel não é o único que lê por

puro prazer. Quem também segue o mesmo hábito e até vai além do conse-lho da professora Ayne Salviano – ler um livro por mês, um jornal por dia e uma revista por semana - é a univer-sitária Luana Inada Souza Santos, 19, que após terminar seus livros sente um misto de dúvidas, prazer e curiosida-de.

O interesse surgiu quando Luana estava no final do ensino fundamen-tal. Hoje, no curso superior, ela lê de dois a três livros por semana. Segundo a estudante, A Árvore que Dava Di-nheiro foi quem abriu as portas para o mundo da literatura.

O livro da Série Vaga-Lume foi indicado por professores que sempre incentivaram a jovem.

A universitária gosta tanto de ler que não tem apenas um livro favorito e um único gosto literário. “Eu gos-to muito de O Alquimista, de Paulo Coelho, A Bolsa Amarela, de Lygia Bojunga, os livros da coleção Harry Potter, de J. K Howling, O Hobbit, de J. R. R. Tolkien, A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, livros de Júlio Verne, de Sherlock Holmes, e a Batalha do Apocalipse, de Edgar Spo-hr”, afirma.

Clássicos, romances, ficções e li-vros de divulgação científica em vá-rias áreas. Não há um estilo favorito para Luana. Da coleção Pensadores a A Guerra dos Tronos, dos livros de Agatha Cristhie a Machado de Assis, Luana lê de tudo. No ônibus, nos in-tervalos das aulas, antes de dormir, sempre que tem tempo, Luana lê. Um hábito bem diferente de muitos outros brasileiros.

Televisão não prende tanto a sua atenção quanto um bom livro. Com-putador apenas para ler jornais e si-tes de notícias. Em meio a tantas no-vas tecnologias, a jovem não perde a chance de obter mais conhecimento

A Culpa é das Estrelas

Trilogia “50 Tons”

P

Fonte: Livraria CulturaBest Sellers 14 a 21 de abril

Os favoritos!

Ficção

O Lado Bom da Vida

O TeoremaKatherine

GarotaExemplar

Não-Ficção

Toda Poesia

Escrever melhor

Castelo de Papel Faça Acontecer

Casagrande e Seus Demonios

Sobre o céu e a Terra

Uma prova do céu

Page 36: Pretexto n. 14 jul. 2013

LITERATURAFoto: M

arcelo Martin

Conversa com imortaisConheça o quase desconhecido universo de leitura, produção de livros e valorização da língua portuguesa da Academia Araçatubense de Letras

O escritor Antonio Luceni é imortal desde

março de 2013

JULHO 2013PRETEXTO36

Page 37: Pretexto n. 14 jul. 2013

P

JULHO 2013 PRETEXTO 37

Ser imortal sem ter sido mordi-do por um vampiro, um zumbi ou outro ser mítico... Como é a

sensação de fazer parte da AAL (Aca-demia Araçatubense de Letras). Para explicar tudo, o timoneiro nesta via-gem de desbravamento da academia dos imortais é o neófito Antonio Lu-ceni, enquanto o almirante é Tito Da-mazo, atual presidente da instituição.

A Academia Araçatubense de Le-tras nasceu em 1992 com 15 sócios fundadores, ocupantes de suas respec-tivas cadeiras e seus patronos, sendo um dos articuladores deste sonho o es-critor e professor Célio Pinheiro.

Tito conta que inicialmente foi contra a fundação da academia em Araçatuba. O motivo era o medo de a nova instituição transformar-se em uma redoma de intelectuais, já que ele considerava que o mais importante era lutar pela cultura e educação. Atu-almente, é um dos sócios acadêmicos mais ativos e ocupa a cadeira cujo pa-trono é o poeta Carlos Drummond de Andrade.

As cadeiras foram paulatinamente preenchidas e hoje existe um total de 20 sócios acadêmicos que as ocupam por um período vitalício. Porém, Tito Damazo está implementando uma mudança nos quadros da instituição que quebra a tradição da necessidade de um membro morrer para que outro assuma.

“Quero, na medida do possível, redimensionar qualitativamente o que diz respeito à atuação dos acadêmicos. Desejo colocar acadêmicos que subs-tituam aqueles que, por razões diver-sas, tais quais doença, falta de tempo, não tenham podido participar efeti-vamente. Esses acadêmicos passam a constar em outra esfera da academia e continuam sendo acadêmicos”, pla-neja Tito.

ESCOLHA DOS MEMBROSA escolha de um novo membro

para a Academia Araçatubense de Le-tras parte da publicação de um edital público feito pela instituição, onde o critério objetivo principal é ter pelo menos uma obra autoral publicada em formato impresso. Os interessados apresentam um projeto com uma pro-posta de atuação. “É feita uma reunião entre os acadêmicos e, dos inscritos, elege-se um”, explica Luceni.

Segundo Tito, além dos critérios objetivos, existem os critérios subjeti-

soas que gostam de ler, discutir litera-tura, escrever e produzir literariamen-te. “Esse grupo é aberto para toda a sociedade, não existe nenhuma restri-ção de idade e escolaridade. A pessoa tem que gostar de ler e escrever”, es-clarece Luceni.

Há sessões específicas da AAL. A principal delas é a sessão solene, normalmente no final do ano, quando ocorre um balanço das atividades da academia, daquilo que foi feito. “Tam-bém são entregues as premiações para os vencedores do concurso que a AAL promove e temos uma aula magna ou uma palestra com um especialista na área de literatura”, elucida Luceni.

As atividades externas, como al-guns concursos, por algum tempo não ocorreram, pois a Academia estava com dívidas. “Nós, ao contrário da Academia Brasileira de Letras, que recebe jetons, pagamos anuidade. Os recursos básicos financeiros para to-das as atividades da academia provêm da anuidade e ela não foi suficiente para manter todos os projetos”, afirma Damazo.

PLANOS E METASO propósito da academia é sem-

pre fomentar as atividades literárias, tanto no que diz respeito à publica-ção de livros quanto a escrever textos para publicação na imprensa local. “A academia procura estimular a partici-pação de seus membros na vida social de Araçatuba”, confessa Damazo.

Luceni conta que um plano da AAL é inserir-se no programa federal Ponto de Cultura. Isso poderá auxiliar a instituição a conseguir aportes finan-ceiros para as atividades que foram suspensas, como o concurso de poe-sias estudantil e o de prosa Adriana Guimarães. A AAL também planeja melhorar a premiação dos concursos anuais e retornar a editar a Revista Plural, publicação da instituição.

ERIC COSTA E SILVA

O propósito da academia é sempre fomentar as atividades literárias

vos que valem como forma de desem-pate e escolha. As regras subjetivas vi-sam a avaliar a qualidade de formação e de atuação do concorrente no que diz respeito ao seu trato com a cultura e a literatura. “Avaliamos as evidentes comprovações curriculares e sociais de que ele tenha atuado em situações ou atividades culturais e literárias na sociedade”, afirma Damazo.

ATIVIDADESAs funções dos sócios, quanto às

atividades internas, têm várias frentes. Uma delas é participar das reuniões, que são voltadas a questões adminis-trativas e burocráticas, onde são tra-çados planos e metas com relação à área de literatura na cidade. Já os afa-zeres abertos para a comunidade são os saraus literomusicais, o grupo ex-perimental, concursos de poesias e de prosa que culminam em publicação de livros - o principal deles é o concurso Osmarir Zanardi.

O Grupo Experimental funciona mensalmente e nele se aglutinam pes-

Page 38: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013PRETEXTO38

Era uma vez

Era uma vez uma menina francesa que caminhava sozinha pela floresta. Estava atenden-do ao pedido de sua mãe: levar pão e leite para a sua avó. Durante o trajeto, um lobo aproximou-se da garota e perguntou:

- Para onde você está indo?- Para a casa da vovó.- Por qual caminho você vai, o dos alfinetes ou o das agulhas?- O das agulhas.Então o lobo seguiu pelo outro caminho e chegou primeiro na casa. Matou a avó, despejou

seu sangue numa garrafa e cortou sua carne em fatias, colocando tudo numa travessa. Depois, vestiu a roupa de dormir da idosa e ficou deitado na cama, esperando a menina.

- Entre, querida.- Olá, vovó. Trouxe para a senhora um pouco de pão e de leite.- Sirva-se também de alguma coisa, minha querida. Há carne e vinho na copa.A menina comeu o que lhe era oferecido e, quando o fazia, um gatinho disse: “Menina per-

dida! Comeu a carne e bebeu o sangue de sua avó!”Então, o lobo falou:- Tire a roupa e deite-se na cama comigo.- Onde ponho meu avental?- Jogue no fogo. Você não vai mais precisar dele.Para cada peça de roupa – corpete, saia, meias e anágua, o lobo respondia:- Jogue no fogo. Você não vai precisar mais dela.Quando a menina se deitou na cama, disse:- Ah, vovó! Como você é peluda!- É para me manter mais aquecida, querida.- Ah, vovó! Que ombros largos você tem! É para carregar melhor a lenha, querida! (...) Até que ela perguntou: Ah, vovó! Que dentes grandes você tem! É para comer melhor você, querida! E ele a devorou.

As verdadeiras histórias, conhecidas hoje como infantis, eram o reflexo pelo qual passavam os camponeses na França durante o século 18

CONTO DE FADAS

RAFAEL RODRIGUES

Page 39: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013 PRETEXTO 39

Diferente da popular Chapeuzinho Vermelho que conhecemos hoje, a história retratada por Robert Darnton no livro O Grande Massacre de Ga-tos surgiu através dos camponeses em seus contos orais na França durante o século 18. Na verdadeira história, não existe uma menina que usa um capuz vermelho, que desobedece às ordens da mãe de não ir pela floresta e nem advertência da mesma de não con-versar com estranhos. Chapeuzinho Vermelho não era um conto totalmen-te voltado para o público infantil. De acordo com o historiador e professor Carlos Eduardo Marotta Peters, não havia uma diferenciação entre crian-ças e adultos naquele período. “Antes do século 17, a noção que tínhamos de criança não é a mesma da qual temos hoje: a criança como pureza, inocên-cia que deve ser preservado do uni-verso adulto para que ela desenvolva suas aptidões emocionais. A criança era vista como um pequeno adul-to que, no universo do servo, vai ser inserida dentro do trabalho que o pai ou a mãe realizam. Ou seja, ela não vai ser poupada de nada, vai conviver, escutar e partilhar do mesmo universo dos adultos.”

A moral da história é outra. Com crueldade, pedofilia e canibalismo, a história, que não tem um final feliz, servia como lição para as meninas camponesas da idade média terem cuidados com os lobos. Contadas nas rodas em volta da fogueira depois de um longo dia de trabalho, as histórias que conhecemos hoje como infantis representavam, de certo modo, o perí-odo pelo qual passavam os campone-ses na época.

Com a ineficiência da polícia e com o perigo por toda parte, histórias como essas serviam como um modo

de chamar a atenção das crianças para tomarem certos cuidados, além de di-vertir os adultos.

PAPA DE ERVILHAGuerras, conflitos religiosos, epi-

demias e fome, marcavam o final da idade média na França. Homens tra-balhavam do amanhecer ao entardecer nas terras, mulheres ajudavam fazen-do serviços do campo, domésticos, além de cuidar dos filhos, que também trabalhavam a partir do momento em que aprendiam andar. Na época, as francesas davam à luz a cinco ou seis filhos, dos quais dois ou três conse-guiam chegar à idade adulta.

A comida, na maioria das vezes,

era uma mistura de pão, água e alguns legumes do cultivo doméstico, como era retratado, por exemplo, na história do O Pequeno Polegar, ao se referir à papa de ervilha quente.

A luta pela sobrevivência era cons-tante. No início dos Tempos Moder-nos, a cada mil bebês, 236 morriam antes de completarem um ano. Segun-do Darnton, cerca de 40% da popula-ção francesa que nasceu no século 18 morria antes dos dez anos.

“Poucos dos sobreviventes che-gavam à idade adulta antes da morte de, pelo menos, um de seus pais. E poucos pais chegavam ao fim de seus períodos férteis, porque a morte os in-terrompia”.

Chapeuzinho Vermelho retratada em 1967 pelo pintor Paul Gustave Doré no livro "Contos da mamãe gansa", de Charles Perrault

Foto: Divulgação

Page 40: Pretexto n. 14 jul. 2013

MADRASTAPor causa do alto índice da mor-

talidade, as famílias camponesas se desfaziam. Com a morte das mães, os pais procuravam novas esposas. Sur-gia então a figura da madrasta.

Os pais viúvos casavam-se nova-mente. “As madrastas proliferavam por toda parte muito mais que os padrastos, porque o índice de novos casamentos entre as viúvas era de um em dez”, explica Darnton.

A figura da madrasta má não po-

rinha mágica, que produzia um grande banquete todas as vezes que a moça a tocasse em uma ovelha negra.

Com o passar dos dias, Annette engordou e despertou suspeitas na madrasta que, através de um artifício, descobriu uma ovelha mágica, a ma-tou e serviu seu fígado para a enteada. Ao descobrir o fato, Annette enterrou o fígado que se transformou em uma árvore tão alta que ninguém conse-guiu colher os frutos, exceto a moça, porque a árvore abaixava seus ramos todas as vezes que ela se aproximava.

Um príncipe de passagem prome-teu casar-se com a donzela que con-seguisse pegar o máximo de frutas da-quela árvore. Com o intuito de casar pelo menos uma de suas filhas, a ma-drasta construiu uma escada gigante, mas quando tentou subir, caiu e que-brou o pescoço. Então, Annette pegou várias frutas para o príncipe, que se casou com ela e viveram felizes para sempre.

Durante o Antigo Regime, o padrão de beleza era a gordura. O desejo dos camponeses era por refeições, fartas despensas e grandes banquetes. Carne era algo que eles comiam uma vez por ano, geralmente no inverno por não conseguirem cultivar verduras e le-gumes. “A fome na idade média e no princípio da idade moderna é um pro-blema onipresente. O camponês tem que pagar uma série de tributos feu-dais e não tem acesso à caça nas terras comunais porque é uma prerrogativa dos nobres. Portanto, nos contos po-pulares medievais, uma das principais causas da penúria, miséria e mortali-dade é a fome”, explica Peters.

ABANDONOComo o alimento era algo difícil

nas mesas dos camponeses, um filho

CONTO DE FADAS

O Gato de Botas do livro Les Contes de Perrault de 1867 e o personagem homônimo de 2011

dia ser generalizada na época, mas o abandono dos pais assolava a maioria das novas famílias. O conto original da Cinderela mostra a relação estabe-lecida entre a madrasta e a enteada. Dando apenas um pedaço de pão por dia a Annette, a madrasta fazia com que a moça cuidasse das ovelhas, tra-balhasse no campo e lavasse os pratos onde as suas irmãs postiças comiam. O trabalho árduo e a má alimentação quase mataram Annette, quando a Vir-gem Maria apareceu e lhe deu uma va-

q Existem mais de 35 contos orais encontrados sobre Chapeuzinho Vermelho, 90 sobre Pequeno Polegar e 105 sobre Cinderela.

q Nunca existiu o sapatinho de cristal no conto original da Cinderela, assim como nunca existiram o capuz vermelho e o lenhador em Chapeuzinho Vermelho.

q O Pequeno Polegar é uma versão francesa do alemão João e Maria.

q O Gato de Botas é, na verdade, uma raposa e não usa botas.Fonte: O grande massacre de gatos, Robert Darnton

Curiosidades

JULHO 2013PRETEXTO40

Page 41: Pretexto n. 14 jul. 2013

a mais na família poderia significar a transição da pobreza à miséria. O con-to João e Maria, escrito por Charles Perrault no século 17, mostra como os pais resolviam o problema da fome na família: “Era uma vez um lenhador e sua mulher, que tinham sete filhos, todos meninos. Eram muito po¬bres e seus sete filhos se tornaram um pesa-do fardo, porque nenhum tinha idade suficiente para se sustentar. Chegou um ano muito difícil e a fome era tão grande que essa pobre gente decidiu livrar se dos filhos".

SÉCULO XXISegundo os sociólogos, as narra-

tivas de uma determinada sociedade nascem dentro de um contexto social. Esse contexto carrega consigo as an-gústias, medos, dilemas em relação à vida e as crenças de um determinado povo. “Quando você conta a mesma história em outro período, para outras pessoas, o sentido que ela vai ter para aquele ouvinte vai ser diferente, não porque a história mudou, mas porque o ouvinte mudou e a sua referência cultural é outra”, justifica Peters

Para o historiador, o filme que me-lhor retrataria o século 21 é Babel, dirigido por Alejandro González Iñár-ritu. “O século atual é dominado pela globalização financeira, pela comu-nicação de nível sem fronteiras, pela massificação e, ao mesmo tempo, pela criação de novas tendências”, explica o professor. “Uma narrativa que dê conta desse nosso universo seria a que mostrasse o homem transitando nesse mundo pós-moderno, onde a cultura se mundializa, as identidades são mais fluidas, a segurança e a certeza são menos sólidas, ou seja, um universo como o sociólogo polonês Zygmunt Bauman chama de líquido”.

Segundo Carlos Eduardo, não existia uma diferenciação entre crianças e adultos no século 17 e elas não eram poupadas de nada nos contos

Foto: Rafael R

odrigues

P

Antes e depois: Cinderela reproduzida por Walt Disney e a personagem no conto original

JULHO 2013 PRETEXTO 41

Page 42: Pretexto n. 14 jul. 2013

Cuidado: eles estão em toda parte!As hordas de zumbis estão crescendo a cada dia: no cinema, nos seriados, nos quadrinhos, nos livros e em qualquer lugar. Mas, afinal, o que eles têm a nos dizer?

CULTURA

Zumbis inspiram filmes de terror e tornaram-se parte do imaginário das pessoas

FERNANDA MUNIZ

JULHO 2013PRETEXTO42

Uma nova febre tem contami-nado com muita rapidez e eficiência pessoas do mun-

do inteiro.Os adeptos da moda dos mortos-vivos estão crescendo a cada dia. Com o passar dos anos, o que an-tes fazia parte de um gênero novo de horror, saiu do trash e se tornou moda popular. Hoje, essa popularização re-presenta a possibilidade ousada do ser humano refletir sobre sua própria existência e a participação que man-tém na atual sociedade.

Tudo isso por meio de histórias – quase reais – de filmes, quadrinhos, seriados, games, livros e várias outras produções e veículos em que os zum-

bis já fazem questão de invadir. Mes-mo mortos, eles são capazes de dar vida a nossa imaginação. Mas a ver-dade é que, ainda que não falem, eles têm várias mensagens a nos transmitir. Se você acha que estamos falando de carne humana ou cérebros, você está muito enganado.

Tudo começou com o surgimento do primeiro filme de zumbi, lançado em 1932, dirigido por Victor Halperin. Em Zumbi Branco (White Zombie), a história contada era sobre um feiticei-ro haitiano muito poderoso que trans-formava, por meio de uma misteriosa poção e rituais de vodu, pessoas co-muns em zumbis, para que trabalhas-sem como serviçais para ele. Nesta época, os mortos-vivos transformados

pelo feiticeiro da trama, eram mais pa-recidos com sonâmbulos controlados mentalmente, do que os zumbis que estamos acostumados a ver nas telo-nas hoje.

A verdade é que o primeiro con-ceito de zumbi surgiu de fato depois do conhecimento do mundo sobre os rituais de bruxaria e vodu realizados no Haiti. A partir disso, a figura do zumbi passou a inspirar diversos fil-mes de terror ao mesmo tempo em que se tornou parte do imaginário das pessoas. A fama dos zumbis transfor-mados por meio de poções e magias durou até 1968, quando o diretor ame-ricano George Romero, considerado o fundador do gênero, criou um concei-to inovador para tratar aquelas curio-

Page 43: Pretexto n. 14 jul. 2013

Foto: Divulgação

JULHO 2013 PRETEXTO 43

sas criaturas. Com o famoso clássico A Noite dos Mortos Vivos (Night of Living Dead), Romero lançou moda, mudou a história dos mortos-vivos e a do cinema, assim como influenciou todas as produções que surgiram até hoje.

O lançamento do filme causou um grande alvoroço na sociedade imitan-do o que um vírus zumbi espalhado sabe fazer de melhor. Naquela época não havia censura nos Estados Uni-dos. Portanto, de idosos a crianças, todos se chocaram com os mortos que voltavam à vida para se alimentar de carne humana, arrastar-se de forma de-sengonçada e lenta e emitir grunhidos de arrepiar a espinha, causando uma desordem apocalíptica. Mas o choque

foi maior ainda, pois o mundo passava pelo delicado período da Guerra Fria, em que as maiores potências mundiais estavam em corrida nuclear. Mais do que nunca, a população alimentava o medo da contaminação por radiação e do fim do mundo.

Além do medo coletivo que o fil-

me causou, a produção também foi responsável por levantar questões so-ciais complicadas da época, como a discriminação racial e religiosa, além dos limites éticos e morais da própria ciência. A maioria dos filmes que sur-giu depois manteve a mesma linha de crítica e revelação de uma sociedade hipócrita. Depois disso, os zumbis multiplicaram-se sem parar, conso-lidando seu território na cultura pop, assim como as pandemias que percor-riam o mundo e matavam milhares de pessoas na década de 80. Um exemplo de seu prestígio e do aproveitamento dos medos coletivos, é que os zumbis invadiram até as novas tecnologias, no famoso game Resident Evil, de 1996, que reflete a atual frequência de pan-demias e as consequências desconhe-cidas da biotecnologia. Com passos imprecisos e vacilantes, eles traziam e ainda trazem novas reflexões e ques-tionamentos humanos.

APOCALIPSE SOCIALOs zumbis representam não só o

medo da própria morte, mas o fim de toda uma civilização, ou pelo menos a falta de ordem da mesma. Segundo o historiador Carlos Marotta Peters, toda sociedade é construída com base em proibições. Os zumbis trazem ao longo de sua história uma forte liga-ção com questões sociais sérias e mui-to relevantes para a construção da mo-ral e das normas em sociedade. Entre essas questões estão o canibalismo, o

Os zumbis representam não só o medo da própria morte, mas o fim de toda uma civilização, ou pelo menos a falta de ordem da mesma

Page 44: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013PRETEXTO44

CULTURA

A comerciante Amélia Ara-be Henrique é uma grande fã dos zumbis quando eles

estão do outro lado da tela da tele-visão. Aos 43 anos, ela já acompa-nhou diversas produções do gênero no cinema e em seriados. Ela conta que sempre gostou, mas foi acom-panhando a série americana The Walking Dead, que passou a con-viver com os mortos-vivos em seu cotidiano.

Para Amélia, o sucesso dos zum-bis, se dá pela situação atual em que o mundo se encontra. “Com tantas invenções inovadoras e ao mesmo tempo perigosas, a criação de armas químicas, por exemplo, nós pode-mos esperar qualquer coisa, até um apocalipse zumbi”, brinca.

Seu fascínio pelas produções é transferido para o filho de 11 anos,

Zumbi também é diversãoPedro Arabe Henrique Dias da Silva, o Pedrinho. “Curtimos os zumbis juntinhos.” Apesar do tom violento adotado pelos fil-mes, ela explica que está sem-pre conversando com o filho e não acha que o conteúdo sirva de mau exemplo. “Zumbis são criaturas fictícias. Ele compre-ende que a violência adotada nas produções são deve ser praticada na vida real. Usamos mensagens sobre cuidados de sobrevivência como exemplos em caso de de-sastres naturais”, revela Amélia.

Pedrinho diz não ter medo dos filmes de zumbi. O que ele mais curte é a maquiagem dos atores. Pedrinho inclusive já se fantasiou de zumbi na festa de Halloween da escola de inglês que frequenta.

Pedro é fascinado pelos quadrinhos com zumbis

medo dos mortos, o início dos rituais de sepultamentos, a ação em conjunto e as regras e limites de sobrevivência.

“A antropologia diz que toda so-ciedade é construída com base nos próprios tabus. Quando eles são que-brados, isso causa naturalmente uma perda de perspectiva por parte das pessoas, causando agitação social”, observa Peters. De acordo com o pro-fessor, essa situação define o com-portamento da civilização perante um possível apocalipse zumbi. “Toda sociedade humana corre o risco de se desfazer quando as regras sociais dei-xam de fazer sentido”, explica.

Porém, ele compartilha a opinião de que, mesmo desfeita, uma civili-zação inteira é capaz de sobreviver. “Este fenômeno acontece de tempos em tempos, mas não significa o fim. A cada dificuldade, a sociedade sofre uma metamorfose e se reorganiza. A crise que o mundo passou em 29 é um exemplo recente de uma sociedade que mudou, cresceu e sobreviveu”, exemplifica. “A civilização vive à bei-ra de um colapso”.

Além disso, os famosos mortos--vivos podem ser comparados a várias situações humanas e históricas. Se pa-rarmos para pensar na evolução das mídias, é possível visualizar a massa no comportamento dos zumbis, que antes era lenta e inofensiva e hoje, em conjunto, pode causar grandes mu-danças de forma rápida e ágil.

Os mortos vivos fazem críticas constantes à visão primitiva da raça humana, à sociedade de consumo au-tomático, à desumanização, à busca incessante pelo poder e ao medo cole-tivo que a civilização passa em deter-minado momento. Acima de tudo, eles são responsáveis por reacender a dis-cussão sobre quem realmente somos e qual é o nosso papel em um mundo caótico: somos vítimas dos zumbis ou os zumbis somos nós mesmos? A vida pode sim imitar a arte. P

Foto: Fernanda Muniz

Page 45: Pretexto n. 14 jul. 2013

JULHO 2013 PRETEXTO 45

ESPORTE

Segundo os atletas de futebol, além da chuteira, meião, calção e a camiseta de jogo, há outro

fator presente no corpo do jogador quando pisa no gramado. A frase “a dor entra junto com o uniforme” prati-camente virou um bordão entre os bo-leiros. A cada dia, os profissionais são submetidos a mais esforço muscular e, com isso, o risco de ficar no departa-mento médico aumenta.

O ortopedista Célio Mori explica que há dois fatores causadores das le-sões. “O primeiro é a falta de preparo físico, excesso do movimento que o esporte exige e má formação do mús-culo. O segundo é a vestimenta e deve ser corrigido por um calçado adequa-do e o local em boas condições onde se pratica a modalidade”, afirma o or-topedista Célio Mori, especialista em preparo físico esportivo.

Quase todo atleta já sofreu ou pos-sui uma lesão. No mundo do futebol, Mori aponta que cerca de 80% das lesões dos jogadores acontecem nos membros inferiores por conta do uso constante. “Desse número, o joelho é

As vilãsJogadores de futebol convivem com o fantasma da lesão. 80% delas ocorrem nos membros inferiores

BRUNO TUNGA CASTELETTO o campeão, seguido pelo tornozelo e as lesões na coxa”, explica.

No cenário nacional, Jorge Valdi-via é um dos atletas que são lembrados mais pelo tempo fora dos gramados do que o futebol apresentado. Desde ou-tubro de 2010 até janeiro de 2013, o meia do Palmeiras sofreu ao todo 10 lesões, oito delas nas coxas e ficou de fora das quatro linhas por 62 jogos.

Outro jogador que tem problemas de lesão é Alexandre Pato, contrata-do pelo Corinthians em fevereiro de 2013. Durante a passagem pelo Milan, em seis anos foram 22 lesões. Coxa, tornozelo e até clavícula foram os motivos que deixaram o atleta no de-partamento médico. Em 2010, ele se machucou oito vezes e esteve afastado por 188 dias.

Mas Ronaldo é um exemplo de que, mesmo após várias lesões e cirurgias, é possível manter um desempenho de alto nível. Uma das mais marcantes le-sões ocorreu em abril de 2000, quando o então atleta da Inter de Milão tentou driblar o adversário e acabou machu-cando gravemente a rótula do joelho direito. O Fenômeno ficou afastado dos gramados por um ano. Em feverei-

ro de 2008, o atacante lesionou o outro joelho e, assim como em 2000, saiu de campo chorando. “Ronaldo lesionou o ligamento patelar, o que é raro no fu-tebol. Foi um verdadeiro drama para ele”, lembra Célio Mori.

Silvinho, atacante do Penapolen-se, também teve problemas com as lesões. Quando ainda jogava pelo Co-rinthians, ele operou o joelho e ficou parado por mais de cinco meses. “Eu tinha 15 anos, e na época não pude participar da Copa São Paulo de Fute-bol Júnior, a principal vitrine para ter uma chance no time de cima. É com-plicado, mas nós, jogadores, estamos sujeitos a isso”, lamenta.

Já o maestro do Penapolense tam-bém foi outro que se machucou du-rante a carreira. Na passagem pelo Linense, em 2011, Guaru apresentou problemas no tornozelo e ficou dois meses parado. “Quase precisei fazer uma cirurgia, mas, graças a Deus. os exames apontaram que não era neces-sário”, conta o camisa 10.

SOLUÇÃOPara evitar essa vilã das quatro li-

nhas, até a Fifa já começou a agir. A entidade lançou o programa “Fifa Ele-ven Plus” – em tradução literal Fifa Onze Mais - que consiste em exercí-cios próprios para o futebol, priori-zando equilíbrio e fortalecimento do tronco. A Fifa divulga esse conteúdo para médicos e preparadores físicos em todos os cantos do mundo. “Com a implementação do programa, as le-sões estão diminuindo”, aponta Célio Mori. “A maior preocupação da medi-cina é prevenir que os atletas se ma-chuquem cada vez mais. Portanto, nós buscamos todos os métodos possíveis para evitar que as lesões deixem os atletas parados de 6 a 8 meses”, com-pleta.

do gramado

P

Page 46: Pretexto n. 14 jul. 2013

ARTE

Quem chega à locadora é re-cepcionado por um corredor cheio de filmes e pôsteres. Ao

final, do lado direito, surge um espaço onde estão distribuídos os artigos que Miguel Luques, 45, proprietário de uma locadora de filmes em Castilho - cidade que fica 667 quilômetros dis-tante de São Paulo - confecciona em

biscuit. Produtos que vão desde cha-veiro de bruxinhas aos personagens do jogo Angry Birds. Do lado esquer-do, perto de um grande aquário, está o balcão e é por trás dele que podemos encontrar Miguel de segunda-feira a sábado.

Luques desenvolveu uma técnica de pintura intitulada Preto em Cores. Após 16 anos de desenho e utilizando as técnicas convencionais de pintura,

STEFANNY SOUZA

Luques é pioneiro na técnica Preto em Cores

Preto em CoresApós 16 anos utilizando técnicas convencionais de pintura, artista castilhense desenvolve sua marca no mundo das artes plásticas

JULHO 2013PRETEXTO46

Miguel desenvolveu a técnica na qual utiliza tinta acrílica e dimensional, que hoje dá vida aos quadros que ele produz por encomenda.

A técnica é feita através do alto contraste. "Pego uma foto e aplico o alto contraste até extrair e deixar o preto e branco. Eu passo esse preto e branco para a tela e faço a pintura”, explica Miguel.

A foto, que servirá de base para a

Foto: Stefanny S

ouza

Page 47: Pretexto n. 14 jul. 2013

arte, tem que estar com detalhes muito nítidos, como um olho bem delineado. “Quanto melhor a definição da foto, melhor sai o trabalho”, garante o ar-tista.

Para dar início aos trabalhos, Mi-guel garante que, quando a pessoa en-trega-lhe a foto que será utilizada para a confecção do quadro, é feito um es-tudo para o cliente. “Por meio do com-putador, é aplicado o alto contraste até a fotografia virar desenho. Em segui-da, esse trabalho é enviado por email. Só após a aprovação do consumidor é iniciado o trabalho”. É o cliente, in-clusive, quem escolhe a cor de fundo da arte.

“Por Castilho ser uma cidade pe-quena, até que a arte Preto em Cores é bem valorizada. O pessoal de inte-ressa bem. Faço uma média de quatro a oito quadros por ano”, reconhece o artista, que garante ainda que os qua-dros adquiridos geralmente é para ser dado de presente.

INÍCIOA arte Preto em Cores surgiu em

2003 quando Luques produziu um au-torretrato e o deixou exposto em seu local de trabalho. “Em 2003, eu pintei meu autorretrato e deixei guardado. Então, resolvi colocá-lo na locadora. Foi aí que começou a aparecer enco-menda. O pessoal viu e gostou”.

Desde então, Miguel garante que a prioridade é trabalhar com a técni-ca criada por ele, mas que, às vezes, quando há pedido, acaba produzindo quadros com outras técnicas conven-cionais, como óleo sobre tela.

Engana-se quem pensa que o qua-dro demora meses para ser produzido. O artista revela que o retrato pequeno demora em média de três dias a uma

semana para ficar pronto. Tudo de-pende dos elementos que compõem a foto. O preço varia de acordo com o tamanho do quadro e a quantidade de pessoas retratadas. O quadro custa a partir de 150 reais. O tamanho 40 por 40 centímetros é vendido por R$ 150, com uma pessoa só. Quanto maior a tela e o número de pessoas, mais ele-vado vai ser o valor da obra.

EXPOSIÇÃOA primeira exposição produzida

por Luques para divulgar sua técnica foi realizada em Andradina, interior de São Paulo. Segundo o artista, eram 15 quadros: seu autorretrato e mais as encomendas de pessoas que ele já havia produzido e pediu emprestado para fazer a exposição.

Após essa apresentação, o próximo passo dado por Miguel foi a criação do projeto Ícones do Cinema e da Mú-sica, composto por quadros em que retratou grandes nomes da música na-

cional e internacional, como Cazuza, o vocalista do Nirvana, Kurt Cobain, Elis Regina e astros do cinema como Marlon Brando e Charles Chaplin. Os quadros do projeto Ícones do Cinema e da Música foram expostos em São Paulo, na Galeria de Arte do Espaço Cultural Alberico Rodrigues.

Miguel já expôs seus trabalhos de pintura em várias cidades, como Ilha Solteira, Auriflama, Araçatuba e em outros estados, como Goiás e Paraná. Por seu trabalho de Preto em Cores ser recente, os quadros foram expostos apenas na região de Castilho e Araça-tuba.

O artista retratou ícones do cinema e da música, dentre eles, Cássia Eller, Cazuza e Michael Jackson

Mais informações sobre a técnica Preto em Cores e o trabalho do artista Miguel Luques podem ser obtidas no blog pinturaempretoe-cores.blogspot.com.br.

P

Fotos: Stefanny S

ouza

JULHO 2013 PRETEXTO 47

Page 48: Pretexto n. 14 jul. 2013

Luz, câmera, educação!O cinema já não é mais uma arte somente de entretenimento. Ele também pode ser um instrumento de aprendizado

Assistir a um filme. Um hábi-to comum a muitas pessoas de todo o planeta há mais de

um século. Seja uma comédia para dar ótimas gargalhadas. Seja um ter-ror para passar alguns momentos de medo e aflição. Seja um drama para derramar lágrimas por causa de um personagem com quem se simpatiza durante a película. O hábito de assis-tir a filmes também pode ser um fator social. Ver com alguém da família, um amigo ou amiga, namorado ou namo-

CLAYTON VALENTIM rada ou todos juntos compartilhando esse momento. Há ainda aqueles que preferem uma sessão de cinema sozi-nho. Querem silêncio para se concen-trar e entender ao máximo a obra que estão vendo. Em alguns casos, o filme é acompanhado por pipocas e refrige-rante. Estando em casa ou no cinema, esse emocionante hábito é vivenciado por crianças, jovens e adultos. No en-tanto, essa ideia de cinema que conhe-cemos hoje é bem diferente daquela que existia no momento de seu nasci-mento.

O cinema criado pelos irmãos Lu-

mières, na França, em 1895, tinha ou-tras características. A princípio, eram gravadas cenas do cotidiano retra-tando pessoas saindo de fábricas ou à espera de trens em estações como é o caso da primeira gravação feita pelos irmãos Lumières, pioneiros da arte. Poucos anos depois, o cinema se espalhara por todo o planeta, deixan-do de ser meras gravações cotidianas para se transformar em longas obras de ficção.

No final da década de 20, o cine-ma ganha um novo recurso: o som. Esse recurso foi rejeitado no começo

JULHO 2013PRETEXTO48

SAÚDECINEMA

Trem chegando em uma estação em Paris

Liam Neeson, protagonista do filme "A Lista de Schindler"

Jean Dujardin interpretando um astro de Hollywood do cinema mudo

Page 49: Pretexto n. 14 jul. 2013

por alguns cineastas, atores e produ-tores da época, como mostra o filme O Artista. Nessa película, o persona-gem principal sofre uma crise emo-cional por conta dessa transição pela qual passava o cinema (do mudo para o áudio).

Não demorou muito para que a cor entrasse na telona. O recurso do cine-ma colorido começa a ser utilizado em meados da década de 60. No início dos anos 90, alguns programas de compu-tador enriquecem e complementam as imagens e os áudios gravados nos longas.

ENTRETER E EDUCARLogo nos seus primeiros anos de

vida, o cinema transformou-se em indústria gerando emprego e rendas. Criaram-se cargos e hierarquias nas produções. Funções e responsabili-dades. O cinema contagia multidões, transforma sociedades, constrói mitos com as imagens dos atores. Os temas das películas se multiplicam desde pastelões a grandes histórias baseadas em fatos reais. A indústria cinemato-gráfica é um gigante.

A maioria dos filmes produzidos tem um público comum na socieda-de: os adolescentes. Essas produções são caras, mas o retorno das bilhete-rias compensa os investimentos dos

JULHO 2013 PRETEXTO 49

produtores. Geralmente, os temas envolvem super-heróis, vilões, perse-guições, muitos recursos de compu-tador. Essas obras entretêm, divertem e, principalmente, dão lucro aos seus criadores. Felizmente, a diversidade de temas não se limita a esses filões cinematográficos.

Tantas outras obras (muitas delas não conhecidas pelo grande público) não são feitas somente para a diver-são. Elas são criadas abordando temas mais profundos e com mais seriedade. Buscam analisar contextos históricos ou sociais (contemporâneos ou não) com mais afinco. São críticas ao ex-plorar temas polêmicos como, por exemplo, o filme O Voo onde Denzel Washington interpreta um piloto de avião alcoólatra que possivelmente é o causador de um grave acidente aéreo. Ou ainda o filme A Lista de Schindler que recria o terror vivido pelos judeus na segunda guerra mundial. Há tantas obras dignas de citação que daria um livro para enumerá-las.

Diante de tanta criatividade e plu-ralidade de temas, os filmes começa-ram a ser utilizados por professores em sala de aula. Além das atividades rotineiras dos conteúdos de cada ma-téria, o cinema torna-se um recurso complementar para o aprendizado. É uma ferramenta a mais que o pro-

fessor detém para enriquecer seu tra-balho, desde o profissional do ensino fundamental ao universitário. Filmes para entender contextos históricos, fil-mes abordando personagens com do-enças, filmes jornalísticos, filmes para línguas estrangeiras, filmes e mais fil-mes.

Na apostila pedagógica oferecida aos professores do Estado de São Pau-lo, há uma gama de sugestões de obras cinematográficas de acordo com cada disciplina. Entre os filmes, O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias re-trata uma família durante a ditadura militar brasileira. Outra obra sugerida é O Náufrago cujo tema envolve um homem que fica solitário durante qua-tro anos em uma ilha devido a um aci-dente de avião e sua crescente necessi-dade de comunicação e sobrevivência.

BENEFÍCIOSSegundo Ágatha Urzedo, profes-

sora do curso de Jornalismo do Uni-Toledo, os filmes fogem da rotina de explicações em sala de aula. “Eu trago filmes que agregam os conhecimentos dos alunos às matérias da disciplina, filmes que vão aumentar o aprendiza-do deles, principalmente porque mi-nhas aulas são muito teóricas”.

Ela assiste ao filme, analisa-o e le-vanta os pontos que podem ser discu-

A ditadura militar sob os olhos de um garoto de 12 anos

A bola Wilson, 'amiga' do personagem de Tom Hanks em "O Náufrago"

A vida da primeira educadora de ensino básico transformada em filme

Fotos: Divulgação

Page 50: Pretexto n. 14 jul. 2013

lhei (Maria Montessori – Uma Vida Pelas Crianças), a vida de uma pro-fessora que luta pela alfabetização, pela aprendizagem e pelas crianças mais pobres.” Lia acredita que é uma forma de viver uma vida que não se vive na realidade. Em seu trabalho, ela seleciona obras inteiras ou parte delas para exibir aos alunos. “Eu pen-so que essa forma de trabalho amarra o aprendizado. Coisas que não fica-ram claras nas discussões, na explica-ção, na leitura, se casam como se fe-chasse um círculo da aprendizagem.”

Existe uma lógica científica sobre a utilização de atividades lúdicas como cinema, música ou teatro aliados ao ensino sistemático e teórico. Em uma aula onde predomina o discurso do professor, nosso cérebro concentrado na explicação pode emitir substâncias que provocam desânimo e monotonia. Diante de uma atividade mais dinâmi-

JULHO 2013PRETEXTO50

Fotos: Clayton Valenti

tidos em sala de aula. Além de assistir às obras, Ágatha prepara atividades para que os alunos conciliem o filme ao conteúdo da aula. Ela considera que existe uma diferença entre assis-tir a uma película em casa e assistir em sala de aula. “Quando se assiste a um filme em casa, o aluno pode in-terpretar como um entretenimento. Já na sala de aula, o estudante terá um olhar mais crítico e objetivo.” Para a professora, essa forma de trabalho é um ponto positivo.

Lia Mara Malinski Gandra, tam-bém professora do UniToledo, no curso de Licenciaturas, é adepta ao trabalho com cinema em sala de aula. Para ela, o cinema estabelece uma re-lação entre teoria e prática. “É uma forma dos alunos vivenciarem aquilo que acontecia com a criança na socie-dade, na escola, no mundo, e, no caso com o filme que recentemente traba-

ca, os hormônios liberados no orga-nismo dão uma sensação de prazer. Consequentemente, quando o profes-sor aborda o assunto sobre o qual quer trabalhar, nossa mente associa a dis-ciplina abordada ao prazer que existiu durante a atividade lúdica. O aprendi-zado, portanto, foi mais efetivo. É pre-ciso que fique claro entre professores e alunos que o cinema somente pelo cinema em sala de aula fica superfi-cial. Não é aprendizado, é apenas uma atividade recreativa sem perspectivas maiores. Ao contrário, quando uma sessão de cinema se vincula à discipli-na e ao conteúdo que professor este-ja abordando naquele momento, com foco e objetivo para análise, além de outros exercícios complementares, o filme passa ser um recurso educativo. Sendo assim, apaguem as luzes, pre-parem as pipocas e tenham uma boa sessão de cinema!

Alunos do curso de Licenciaturas assistem à sessão de filme. No destaque, a professora Lia Mara Malinski Gandra gosta do trabalho com filmes em sala de aula

SAÚDECINEMA

P

transformando vidas

excelênciaeducação

unitoledounitoledounitoledoexcelência1950excelência1950excelência

educaçãoeducaçãoeducaçãoeducaçãoeducaçãoexcelênciaexcelênciaexcelência195019501950excelência1950excelênciaexcelência1950excelência20112011

educação2011educaçãoeducação2011educação

excelência2011excelência

educaçãoeducação

47 Anos47 Anos47 Anos47 Anos47 Anos47 Anos47 Anos47 Anos47 Anos47 Anosexcelênciaexcelência

excelência

excelênciaexcelênciaexcelência

1950195019501950excelência1950excelênciaexcelência1950excelência201120112011

educação2011educaçãoeducação2011educação

excelência2011excelênciaexcelência2011excelência

unitoledo

transformando vidastransformando vidastransformando vidastransformando vidastransformando vidas

transformando vidastransformando vidastransformando vidastransformando vidas

educaçãounitoledo

U n i T o l e d o 47 anos inovando e transformando vidas por meio da educação de excelência

1950

O Professor Antônio Eufrásio de Toledo funda na cidade de Bauru a Instituição Toledo de Ensino.

Antônio Afonso de Toledo, filho de Maurício, chega à Araçatuba para auxiliar o pai na direção das Faculdades Toledo. Ao se tornar diretor administrativo, inicia o processo de modernização da infraestrutura, criação de novos cursos e inserção da instituição na era digital.

Vários campus são criados em cidades como Lins, São José do Rio Preto, Botucatu, São Manoel, Presidente Prudente, Presidente Venceslau, Loanda, Cianorte, entre outras.

1966

1971

2000

2001

2004

2006

1981

As Faculdades Toledo são instaladas em Araçatuba com a criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araçatuba. Os seguintes cursos são oferecidos: Letras, Pedagogia e Estudos Sociais.

Autorizado o funcionamento da Faculdade de Direito de Araçatuba.

Maurício Toledo retoma a direção-geral das Faculdades Integradas Toledo e dá continuidade à gestão da instituição juntamente com seu neto Bruno Toledo, diretor administrativo, na época.

Novas instalações do UniToledo são inauguradas como prédio 3,

Praça Universitária, fachada e prédio 2.

Começam as aulas das graduações pioneiras na região oferecidas pelo UniToledo como os cursos de Jornalismo, Sistemas de Informação, Turismo, Comércio Exterior e Hotelaria.

Bruno Toledo assume reitoria do UniToledo. Com visão jovem e humana, consolida relação próxima com os

alunos, expande os cursos de graduação e pós e insere a instituição no cenário internacional com a meta de colocar o UniToledo entre as 10 melhores IES privadas do país.

2008Tem início o programa de Mestrado em Direito no UniToledo, sendo o único na região recomendado pela Capes

UniToledo abre cursos nas áreas de Arquitetura, Engenharias e Saúde.

A então Faculdades Integradas Toledo é elevada a Centro Universitário Toledo pelo MEC.

1975

Ex-deputado federal e professor Maurício Leite de Toledo chega à Araçatuba para consolidar a obra iniciada por seu pai, o pioneiro Antônio Eufrásio de Toledo.

educação

excelênciatransformando vidas

educação

educaçãoeducação

excelênciatransformando vidastransformando vidas

educação

2009

2011

UniToledo torna-se líder absoluto entre as instituições de ensino superior da região após receber o título de um dos Melhores Centros Universitários do País, conforme avaliação do MEC/Inepunitoledo

educaçãoexcelência2011educação2011educação

unitoledo

unitoledounitoledoeducaçãoexcelência2011educação2011educação

unitoledo

Page 51: Pretexto n. 14 jul. 2013

transformando vidas

excelênciaeducação

unitoledounitoledounitoledoexcelência1950excelência1950excelência

educaçãoeducaçãoeducaçãoeducaçãoeducaçãoexcelênciaexcelênciaexcelência195019501950excelência1950excelênciaexcelência1950excelência20112011

educação2011educaçãoeducação2011educação

excelência2011excelência

educaçãoeducação

47 Anos47 Anos47 Anos47 Anos47 Anos47 Anos47 Anos47 Anos47 Anos47 Anosexcelênciaexcelência

excelência

excelênciaexcelênciaexcelência

1950195019501950excelência1950excelênciaexcelência1950excelência201120112011

educação2011educaçãoeducação2011educação

excelência2011excelênciaexcelência2011excelência

unitoledo

transformando vidastransformando vidastransformando vidastransformando vidastransformando vidas

transformando vidastransformando vidastransformando vidastransformando vidas

educaçãounitoledo

U n i T o l e d o 47 anos inovando e transformando vidas por meio da educação de excelência

1950

O Professor Antônio Eufrásio de Toledo funda na cidade de Bauru a Instituição Toledo de Ensino.

Antônio Afonso de Toledo, filho de Maurício, chega à Araçatuba para auxiliar o pai na direção das Faculdades Toledo. Ao se tornar diretor administrativo, inicia o processo de modernização da infraestrutura, criação de novos cursos e inserção da instituição na era digital.

Vários campus são criados em cidades como Lins, São José do Rio Preto, Botucatu, São Manoel, Presidente Prudente, Presidente Venceslau, Loanda, Cianorte, entre outras.

1966

1971

2000

2001

2004

2006

1981

As Faculdades Toledo são instaladas em Araçatuba com a criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araçatuba. Os seguintes cursos são oferecidos: Letras, Pedagogia e Estudos Sociais.

Autorizado o funcionamento da Faculdade de Direito de Araçatuba.

Maurício Toledo retoma a direção-geral das Faculdades Integradas Toledo e dá continuidade à gestão da instituição juntamente com seu neto Bruno Toledo, diretor administrativo, na época.

Novas instalações do UniToledo são inauguradas como prédio 3,

Praça Universitária, fachada e prédio 2.

Começam as aulas das graduações pioneiras na região oferecidas pelo UniToledo como os cursos de Jornalismo, Sistemas de Informação, Turismo, Comércio Exterior e Hotelaria.

Bruno Toledo assume reitoria do UniToledo. Com visão jovem e humana, consolida relação próxima com os

alunos, expande os cursos de graduação e pós e insere a instituição no cenário internacional com a meta de colocar o UniToledo entre as 10 melhores IES privadas do país.

2008Tem início o programa de Mestrado em Direito no UniToledo, sendo o único na região recomendado pela Capes

UniToledo abre cursos nas áreas de Arquitetura, Engenharias e Saúde.

A então Faculdades Integradas Toledo é elevada a Centro Universitário Toledo pelo MEC.

1975

Ex-deputado federal e professor Maurício Leite de Toledo chega à Araçatuba para consolidar a obra iniciada por seu pai, o pioneiro Antônio Eufrásio de Toledo.

educação

excelênciatransformando vidas

educação

educaçãoeducação

excelênciatransformando vidastransformando vidas

educação

2009

2011

UniToledo torna-se líder absoluto entre as instituições de ensino superior da região após receber o título de um dos Melhores Centros Universitários do País, conforme avaliação do MEC/Inepunitoledo

educaçãoexcelência2011educação2011educação

unitoledo

unitoledounitoledoeducaçãoexcelência2011educação2011educação

unitoledo

Page 52: Pretexto n. 14 jul. 2013