presidente da faes propõe agenda crítica para a agricultura _marco_2006-final-correto.pdf · um...

8
INFORMATIVO DA FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO E SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL - ANO XII - Nº 168 - MARÇO/2006 Presidente da Faes propõe agenda crítica para a agricultura PÁGINA 7 PÁGINA 3 ES está livre de doenças em aves PÁGINA 4 Governo Federal exige de pecuarista capixaba produtividade maior que em outros Estados PÁGINA 5 Faes e Sebrae-ES reduzem custos da rastreabilidade Fotos: Divulgação

Upload: lythien

Post on 10-Feb-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

INFORMATIVO DA FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO E SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL - ANO XII - Nº 168 - MARÇO/2006

Presidente da Faes propõeagenda crítica para a agricultura

PÁGINA 7

PÁGINA 3

ES estálivre dedoençasem aves

PÁGINA 4

Governo Federalexige de

pecuaristacapixaba

produtividademaior que emoutros Estados

PÁGINA 5

Faes e Sebrae-ESreduzemcustos da

rastreabilidade

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

2

Os números da balança comerci-al do agronegócio dos dois primeirosmeses deste ano são mais uma provada crise que enfrenta atualmente aagropecuária brasileira. As exportaçõesagrícolas do primeiro bimestre tiveramum crescimento de 8,5% na compa-ração com igual período de 2005. Noano passado, na comparação com2004, o crescimento foi de 23,4%. Issocomprova a perda de fôlego na capa-cidade exportadora do agronegócio.

Aqui no Espírito Santo, a situaçãonão é diferente, apesar dos esforçosem favor dos produtores rurais capi-xabas. Um deles é o convênio firma-do entre a Federação da Agriculturae Pecuária do Estado de Espírito San-to (Faes) e o Serviço Brasileiro deApoio às Micro e Pequenas Empre-sas (Sebrae-ES). Os criadores comrebanho de até mil cabeças poderãorastrear até 300 animais por ano comauxílio do convênio e pagarão ape-nas pelo custo dos elementos identi-ficadores do animal (brincos e bó-tons), à base de R$ 0,80 por animalrastreado, e parte do custo da visitatécnica. Além disso, caso o produtor

Agronegócio

FAESDIRETORES: Nyder Barboza de Menezes (Presidente); Júlio da SilvaRocha Júnior (1º Vice-Presidente); Waldir Magewski (2º Vice-Presiden-te); Danilo Edison Duarte (3º Vice-Presidente); José Umbelino L. Mon-teiro de Castro (4º Vice-Presidente); Francisco Vervloet Sampaio Silva(1º Secretário); Altanôr Lôbo Diniz (2º Secretário); Neuzedino AlvesVictor de Assis (1º Tesoureiro); Emerson Soares Júnior (2º Tesoureiro)Suplentes: David Martinho Zanotti; Erineu Pinto Barcelos; Tolentino Ferreirade Freitas, José Pedro da Silva; Armando Luiz Fernandes; Argeo João Ulia-na; Fredolino Lahas; João Calmon Soeiro; Vanderlei Ceolin.CONSELHO FISCAL: Francisco Valani da Cruz; Walase Pinto Sant’ana;Rena Walace CremaSuplentes: Júlio Magevski; Ernesto Chiabay; Otto HerzogDIRETORES NATOS: Guilherme Pimentel Filho; Haroldo Brunow Fon-tennele da Silveira; Carlos Fernando Monteiro Lindenberg Filho; Pe-dro de Faria Burnier; Valdemar Borges da Silva; Vinícius AlvesEndereço: Av. Nossa Senhora da Penha, nº 1495 - bloco A - Sala 1101- BairroSanta Lúcia - Vitória/ES - Tel: (27) 3185-9200 - Fax: (27) 3185-9201 - e-mail:[email protected]

Produzido por: Iá! Comunicação (27) 3314-5909

([email protected])

Jornalista responsável: Eustáquio Palhares([email protected])

Edição: Bruna Lage ([email protected])

Textos: Bruna Lage e Simone Sandre ([email protected])

Colaboradores: Andressa Nathanailidis, Maria Tereza Prates Zaggo, Júlioda Silva Rocha Júnior, Waldeque Garcia da Silva, Welingtonglei Alexandrede Carvalho e Fabrício Gobbo Ferreira

Produção gráfica: Comunicação Interativa ([email protected])

O Jornal Esta Terra é uma publicação mensal da Federação de Agricultura e Pecuáriado Estado do Espírito Santo (FAES) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural– Administração Regional do Estado do Espírito Santo (SENAR-AR/ES).

EXPE

DIE

NTE

EDITORIAL

realize o abatimento no frigorífico Fri-sa, será reembolsado em dobro pelovalor dos brincos e bótons.

Outra boa notícia para o setor éque o Espírito Santo acaba de con-quistar o status sanitário de área livredas doenças newcastle e influenzaaviária, segundo a coordenação doPrograma Estadual de Sanidade Aví-cola (Sedesa). Em entrevista ao jor-nal da Faes, o presidente da Associa-ção de Avicultores do Estado do Espí-rito Santo (Aves), Antonio Venturini,explica melhor a gripe aviária e bus-ca amenizar o clima de apreensãoprovocado pela mesma.

Mas como nem tudo são flores,também faz parte desta edição umamatéria que fala sobre o fato do Go-verno Federal exigir do pecuarista ca-pixaba produtividade 73% maior quea estipulada para mineiros e baianos.Apesar das insistentes denúncias daFederação da Agricultura e Pecuáriado Espírito Santo até o momento nemo Ministério da Reforma Agrária ou oIncra se manifestaram a respeito des-ta disparidade. Fatos como este tiramo fôlego do agronegócio capixaba!

Enquadramentosindical

O enquadramento sindicalno setor rural, é regulado peloDecreto-Lei nº 1.166, de15.04.71, que teve seu artigo1º alterado pelo art. 5º, da Leinº 9.701, de 17 de novembrode 1998, que assim dispõe, “inverbis”: “Art. 1º. Para efeito dacobrança da contribuição sin-dical rural prevista nos arts.149 da Constituição Federale 578 a 591 da Consolidaçãodas Leis do Trabalho, consi-dera-se”: I – (......); II -empre-sário ou empregador rural: a)a pessoa física ou jurídica que,tendo empregado, empreen-de, a qualquer título, ativida-de econômica rural; b) quemproprietário ou não, e mesmosem empregado, em regimede economia familiar, exploreimóvel rural que lhe absorvatoda a força de trabalho e lhegaranta a subsistência e pro-gresso social e econômico emárea superior a dois módulosrurais da respectiva região; c)os proprietários de mais de umimóvel rural, desde que asoma de suas áreas seja su-perior a dois módulos rurais darespectiva região.”

Desta forma, o primeiro re-quisito para que o produtor ru-ral seja enquadrado comoempregador rural, é que eletenha empregado (inciso II,alínea “a”). Neste caso, nãoimporta o tamanho de sua pro-priedade. Não tendo empre-gado, a quantidade de módu-los rurais da propriedade équem define a categoria a quepertence o produtor rural, ouseja, se ele está enquadradocomo Empresário ou Empre-gador Rural, ou como Traba-lhador Rural (inciso II, alíneas“b” e “c”).

A dificuldade está no fatode que o módulo rural não é

Waldeque Garcia da Silva,Chefe da Assessoria

Jurídica da FAES

fixo, isto é, ele varia de acordocom o tipo de atividade desen-volvida na propriedade, alémde outros requisitos exigidospara seu cálculo.

Para calcular o módulo ru-ral de cada imóvel rural leva-se em consideração a áreacultivada com cultura perma-nente, com cultura temporá-ria, com pecuária, como tam-bém, são computados o mó-dulo fiscal da região e a áreado imóvel, cujo cálculo é feitopelo INCRA, com base em de-claração apresentada peloproprietário do imóvel. Assim,o produtor que não tem em-pregado e trabalha em regi-me de economia famil iar,não precisa se preocuparcom o cálculo do módulo ru-ral da sua propriedade, bastaolhar no Certificado de Ca-dastro de Imóvel Rural –CCIR, fornecido pelo INCRA,que vai encontrar o númerode módulos rurais de seu imó-vel. Se tiver até dois módulosrurais, está enquadradocomo Trabalhador Rural e vaicontribuir para a CONTAG; setiver acima de dois módulosRurais, enquadra-se comoempregador rural e, nestecaso, está obrigado a pagara Contribuição Sindical Ru-ral para a CNA.

3

Espírito Santo acabade conquistar o sta-tus sanitário de áreal ivre das doenças

newcastle e influenza aviáriapara seus planteis. A informaçãofoi divulgada no último dia 12,pela coordenação do ProgramaEstadual de Sanidade Avícola(Sedesa). Em entrevista ao jor-nal da Faes, o presidente da As-sociação de Avicultores do Esta-do do Espírito Santo (Aves), Anto-nio Venturini, busca amenizar oclima de apreensão provocadopela ameaça da gripe aviária.

Os temores da Gripe Aviá-ria já estão se repercutindono Espírito Santo?

A possibilidade de a GripeAviária entrar no Estado, bemcomo no País, são mínimas, poisainda não foi constatada nenhu-ma ocorrência nas Américas ese isto acontecer não será danoite para o dia. Dentre as pos-sibil idades da doença entrar,por via migratórias de aves es-taria descartado momentanea-mente, pois estamos entrandono período onde as aves estãoiniciando a volta as suas “ori-gens”, ou seja, a vinda de avesdas regiões onde existe inci-dência dadoença so-mente acon-tecerá no fi-nal do ano.

O u t r omeio ser iacom a entra-da de ani-mais via im-portação, mas isto só é permiti-do se a procedência dos ani-mais for comprovada através deregistro sanitário que comprovaa não existência de risco de al-gum tipo de contaminação. Amaior preocupação é a indacom entrada de algum vírusatravés do transporte nas roupasou calçados de pessoas prove-nientes das áreas onde há inci-

Espírito Santo conquista certificadode área livre de doenças em aves

O dência da doença. Em todos oscasos as autoridades estão to-mando as medidas cabíveis.

Qual o cuidado que seestá tendo com as granjas?

Somente a entrada de téc-nicos está permitida, mesmoassim a grande maioria dos avi-cultores exige um período dequarentena até que esses téc-nicos possam dar assistênciaaos plantéis.

Além disso, não se teve co-nhecimento de que a doença te-nha atingido granjas ou propri-edades que tenham uma produ-ção seguindo todos os contro-les sanitários necessários emum estabelecimento vol tadopara comercialização do produ-to final. O que vimos até hojeatravés da impressa é que a in-cidência desse mal ocorreu emestruturas de “fundo de quintal”ou que não apresentassem omínimo necessário de higienepara a manutenção das avescom saúde boa.

Que tipos de medidas oEstado está tomando paraevitar a entrada da doença?

Uma medida importante é oplano de Proteção e Prevenção

às doenças deNewcastle e in-fluenza Aviaria(Gripe Aviária).A resolução per-mi t i rá que otransporte deaves de cria, en-gorda e repro-dução somente

será aceitável, se estiverem mu-nidos de atestados sanitários. Asaves para abate e descarte de-verá permanecer em seus es-tados de produção. Cada Esta-do terá de se adaptar à nova sis-temát ica de serviço cr iandopraticamente sua própria estru-tura de processamento.

Qual o número de aves

do Espírito Santo?São cerca de 148 proprie-

dades para postura comercial,34 propriedades para frangosde corte, 23 granjas produtorasde ovos de codorna, 4 abate-douros e de 3 centros incubató-rios. Outrossegmen tosque contr i -buem bas-tante para ocresc imen-to do setorsão os defrangos decorte e deovos de codorna. São cerca de8.700 toneladas de carne pro-duzidas por mês e 28.125 cai-xas de ovos de codorna, cadauma contendo 50 dúzias.

Qual é o consumo estadual?

No caso de Frango de Cortea produção representa cerca de90% do que é consumido no Es-tado, mas somente 43% fica nomercado interno. Este fato sedeve à não existência suficien-te de meios de processamento.

A atividade aindanão possui valoragregado sufici-ente para absor-ver a produção.No setor deovos, do tota lproduzido, cercade 30% fica nomercado inter-

no, o volume atende toda a de-manda e não existe entrada deprodutos de fora. O consumo percapta de ovos do Estado estámuito superior ao do restante dopaís que em 2005 foi de 123,3ovos /habitante.

“A possibilidade da gripe aviária entrar no país é mínima”

Fotos: Nélio Hand

4

pesar das insistentes de-núncias da Federaçãoda Agricultura e Pecuá-ria do Espírito Santo até

o momento nem o Ministério da Re-forma Agrária ou o Incra se mani-festaram a respeito da disparidadedos índices de produtividades im-postos à pecuária capixaba da re-gião norte em relação a atividadedesenvolvida pelos municípios mi-neiros e baianos incluídos, comoos capixabas, na área da Sudene.Das cinco zonas delineadas paraefeito da aplicação da tabela dosíndices de produtividade que vari-am de 0,13 a 1,2 unidade animalpor hectare, o Espírito Santo foi en-quadrado nas zonas 1 e 2 corres-pondente aos mais elevados índi-ces da tabela, que determinamocupação de 1,2 e 0,8 unidadesanimais por hectare. O índice de0,8 animal/hectare vigora para pra-ticamente todo o Estado, inclusivepara a região Norte, incluída na áreada Sudene, enquanto municípiosmineiros e baianos também incluí-dos na mesma área observam índi-ce de 0,46. Isto significa que o Incraexige do pecuarista capixaba umaprodutividade 73% superior à exi-gida aos produtores mineiros e bai-anos estabelecidos na região comas mesmas características de to-pografia, solo e clima, que definem

Governo Federal exige maiorprodutividade de pecuarista capixaba

Muncipios capixabas da área da Sudene têm que apresentar produção de 0,8 animal/hectare, enquanto os mineiros e baianos da mesma região têm que cumprir índice de 0,46

a área de alcance da Sudene.Linha imaginária

Segundo a Federação da Agricul-tura essa distorção foi denunciadareiteradamente a políticos e autori-dades do setor agrícola capixaba emesmo ao Ministério do Desenvol-vimento Agrário sem que qualquerprovidência até o momento se re-gistrasse. Instalado numa mesmaregião e tendo a separá-los ape-nas uma imaginária linha da divi-sa, produtores baianos, mineiros ecapixabas são tratados de mododiferente no que se refere ao de-sempenho que lhes é cobrado emtermos de produção. E nada se fazem relação a isso.

Embora exiba uma das maisequilibradas estruturas fundiáriasdo país ao lado de Santa Catarina,o meio rural capixaba vive sobres-saltado pela ação do MST que emvários momentos se confundecom o banditismo rural. É sobreesse quadro que se projeta novaincerteza com a pressão do MSTno sentido do Governo elevar osíndices de produtividade adotadospara efeito de reforma agrária. Tra-ta-se de uma maquinação políti-ca porque, até as terra devolutas,posseadas e trabalhadas, são pro-dutivas, não se encontranto no Bra-sil propriedades que sejam impro-dutivas. Todo um esforço de pro-

dução que incorporou novas téc-nicas culturais e tecnologia se es-vai pela ideologização do assunto.O MST busca a fixação de índi-ces inviáveis que viriam, contradi-toriamente, penalizar as empresasrurais que conquistaram o statusde propriedades produtivas.

O presidente em exercício daFederação da Agricultura, JúlioRocha, declarou que o Incra nãoconsegue avançar no processo dedesapropriação porque, simples-mente, não encontra mais terrasimprodutivas.

Razão da criseA perspectiva do agronegócio,

com a modernização da produção,num primeiro momento ofereceum cenário auspicioso para o se-tor. Mas aí, um paradoxo. Os gan-hos de produtividade geram umproblema para a área rural com ochoque da oferta. O problema dopaís se encontra na demanda e nãona oferta de alimentos. A produçãoagropecuária experimentou notá-veis incrementos nos últimos anos.Mas a capacidade de produçãovem superando a possibilidade deabsorção dos mercados interno eexterno, decorrendo daí uma crisede preços que afeta a renda e o em-prego no campo. Não por acasonos Estados Unidos e na Europa osagricultores são fartamente subsi-diados, inclusive, para não produzi-rem, evitando excesso de oferta quevenha a derrubar os preços. No

caso do Brasil o produtor ainda sevê prejudicado pela situação docâmbio em que a sobrevalorizaçãodo real passa a ser uma dificulda-de para as exportações.

Júlio Rocha diz concordar in-teiramente com o princípio de quea terra necessita cumprir sua fun-ção social, sendo produtiva, con-forme preceitua a Constituição.Produzir é uma coisa, observa odirigente, outra é constatar quequanto maior a safra menor a ren-da do produtor. Ele cita uma de-claração do deputado federal XicoGraziano, um dos políticos brasi-leiros mais familiarizados com aquestão rural, segundo o qual nosúltimos dez anos cerca de 25 mi-lhões de hectares foram destina-dos para projetos de reforma agrá-ria. Se apenas 25% dessa enormeárea começasse a produzir paravaler, os mercados desabariam.Seria uma quebradeira em largaescala que levaria à falência oscerca de 5,5 milhões de produto-res rurais e os 600 mil assentados.

O índice de produtividade é in-formado por dois indicadores: oGrau de Eficiência da Exploração(GEE) e o Grau de Utilização daTerra (GUT). A intenção é de queo GEE passe a considerar a quali-dade do solo, o clima, a tecnolo-gia e o mercado – este tido comodado essencial para a tomada dedecisão do plantio de uma safraou da manutenção de um reba-nho. Já o Grau de Utilização daTerra hoje se calcula através dadivisão da área efetivamente utili-zada, pela área aproveitável doimóvel, descontando para efeito decálculo a área de reserva legaldevidamente averbada, área depreservação permanente (desdeque não esteja sendo utilizada porpastagens e/ou cultura) e inapro-veitáveis, como pedras, estradas eáreas ocupadas por benfeitorias.

A

ÍNDICES DE RENDIMENTO PARA PECUÁRIA

Fonte: Incra – Instrução Normativa 11, de 04/04/2003

Zonas de pecuária Índice de lotaçãoUnidades animais/ha

1 1.20

2 0,80

3 0,46

4 0.23

5 0.13

O ES tem os mais elevadosíndices da tabela

Incaper

5

ara baratear os custos eproporcionar o acessodos pequenos criadoresao Sistema Brasileiro de

Identificação e Certificação deOrigem de Bovinos e Bubalinos(Sisbov), a Federação da Agricul-tura e Pecuária do Estado de Es-pírito Santo (Faes) firmou convê-nio com o Serviço Brasileiro deApoio às Micro e Pequenas Em-presas (Sebrae-ES).

Os criadores com rebanho de atémil cabeças poderão rastrear até 300animais por ano com auxílio do con-vênio e pagarão apenas pelo custodos elementos identificadores doanimal (brincos e bótons), à base deR$ 0,80 por animal rastreado, e par-te do custo da visita técnica. Além dis-so, caso o produtor realize o abati-mento no frigorífico Frisa, será re-embolsado em dobro pelo valor dosbrincos e bótons.

“Os pequenos produtores sebeneficiarão com o projeto, con-seguindo melhores condiçõessanitárias e zootécnicas para osseus rebanhos; melhores condi-ções de comercialização, medi-ante diferencial por arroba comer-cializada, além de terem parte dosinvestimentos ressarcidos pelo fri-gorífico participante do projeto -Frisa -, no que tange aos gastoscom identificação dos animais”,afirma o diretor tesoureiro da

Faes e Sebrae reduzem custos parapequeno produtor rastrear bovinos

PO objetivo do projeto da Faes e do Sebrae - ES é atender inicialmente 1,5 mil produtores. Os criadores com rebanho de

até mil cabeças poderão rastrear até 300 animais por ano com auxílio do convênio e pagarão apenas pelos brincos e bótons

Faes, Neuzedino Alves Victorde Assis.

O objetivo do projeto entrea Faes e o Sebrae-ES é aten-der inicialmente 1,5 mil produ-tores e cadastrar 300 mil ani-mais, contemplando bois ebúfalos. Basta o produtor ruralinteressado entrar em contatocom a Faes ou o Sebrae, ou pro-curar o Sindicato Rural do municí-pio de sua propriedade para se ca-dastrar.

A certificadora participante doprojeto e autorizada pelo Sisbov éa Vitória Certificadora.

Representatividade bovinaNo Espírito Santo, o rebanho

bovino está presente em 23.222propriedades, o que corresponde

a 31,7% do total de estabelecimen-tos rurais. Os municípios de Eco-poranga, Linhares, Montanha, Mu-curici, São Mateus, Nova Venécia,Pinheiros, Colatina, Barra de SãoFrancisco e Pedro Canário, detêm44,46% do rebanho estadual.

Estima-se que a atividade fri-gorífica gere um posto de trabalhopor cabeça de gado abatida pordia. Em 2003, foram abatidas

504.629 cabeças de gado. Consi-derando-se 270 dias de trabalhopor ano, verifica-se que somentea atividade de abate gerou em2003 cerca de 1.870 postos de tra-balho. A produção de carne repre-senta cerca de 14% do valor brutoda produção agropecuária do Es-tado do Espírito Santo. Consideran-do-se 270 dias de trabalho por ano,verifica-se que somente a atividadede abate, gerou em 2003, cerca de1.870 postos de trabalho. A produçãode carne representa cerca de 14%do valor bruto da produção agrope-cuária do Estado do Espírito Santo.

“O convênio, que tem o apoioda Superintendência Federal daAgricultura (SFA/ES), vai dar opor-tunidade ao pequeno produtor ru-ral de ofertar animais para abate,cuja carne atenda aos requisitosdo mercado consumidor mais exi-gente, sobretudo o internacional”,explica Neuzedino Alves.

Para o gerente da Unidade deInovação e Acesso a Tecnologiado Sebrae-ES, Mário Barradas, fazparte da missão do Serviço apoiaros pequenos negócios. “Nosso ob-jetivo é transformar o pequeno pro-dutor rural num produtor capaz deatender os requisitos de mercadonacional e internacional, possibili-tando aumentar sua rentabilidade,produção e sustentabilidade eco-nômica”, informa Mário Barradas.

Incentivo à participação junto ao Sisbov, com redução no inves-

timento;

Disponibilizar produto que atenda as exigências do mercado

internacional, podendo com isso ser mais bem remunerado;

Restituição de parte do investimento desde que os animais se-

jam comercializados em frigorífico participante, com adesão

ao projeto;

Melhoria do controle sanitário do rebanho e da produção.

Benefícios ao pequeno produtor

Fotos: Vitória Certificadora

Os criadores com rebanho de até mil cabeças poderão rastrear até

300 animais por ano

6

CAMPO LEGAL

meio produtivo ruralpede mais atenção dosetor públ ico para

uma agenda crítica queenfeixa várias questões que res-tringem a atividade e penaliza oagricultor capixaba, afirma opresidente em exercício da Fe-deração da Agricultura e Pecu-ária do Espírito Santo, Júlio daSilva Rocha Júnior.

Para o dirigente da Faes areversão do êxodo rural é impos-sível, tratando-se de um fenôme-no natural. Mas é possível refre-ar esse fluxo ou mesmo contê-lo se algumas medidas foremadotadas em reconhecimentoàs agruras por que passa o pro-dutor rural que se vê gradual-mente desest imulado de semanter na atividade.

Nos países industrializados arelação entre população rural eurbana é de 6% e 94%, explicadapela inserção tecnológica que li-bera mão de obra rural além dopróprio atrativo que representa amaior comodidade da vida urba-na. No Brasil esta relação atual éde 18% para 82%, com tendên-cia a se reduzir. O estancamentodo fluxo migratório campo-cida-de cumpre importante função so-cial na medida em que não so-brecarrega uma estrutura urbanaque já não dá conta de gerar osempregos necessários para evi-tar as tensões sociais, no casobrasileiro.

DiferençaUma questão específica e

pontual que aflige o produtor ca-pixaba da região norte é a incoe-rência dos índices de produtivida-de atribuídos para a pecuária lo-cal. Enquanto o pecuarista capi-xaba se vê obrigado a apresentaríndice de 0,8 unidade animal porhectare, o seu colega da mesmaregião, mas do outro lado das di-visas mineira e baiana, conviven-do com as mesmas característi-cas de solo, clima e topografiadeve cumprir índices de 0,46. Nãohá como entender o critério des-

Presidente da Faes propõe umaagenda crítica para a agricultura

sa diferença para uma mesma re-alidade de produção.

O presidente em exercício daFaes afirma que o leque de situa-ções restritivas que aflige o pro-dutor em alguns momentos atro-pela o elementar bom senso. Aperplexidade fica por conta damorosidade das autoridadescompetentes envolverem-se paraa solução desse quadro.

Para o dirigente, o produtor ru-ral deve ser ainda mais apoiadopelos Governos, Federal, Estadu-al e Municipal, pela relevante im-portância sócio econômica daatividade primária.

“Em muitas ocasiões, parcei-ros que somos do poder público,inclusive assessorando a suaspolíticas para o setor, reconhece-mos o esforço do Governo Esta-dual, pela ação de redução doICMS do leite, da carne, e, ulti-mamente da madeira. Citamos oavanço da eletrificação rural, den-tre outros, como o PlanejamentoEstratégico, e o crescimento do

orçamento para a Pasta da Agri-cultura, além, do crescimento dasaplicações de crédito. Como ór-gão de apoio do Governo, por umprincipio de necessidade e deisonomia, reivindicamos subsidiopara o empresário rural, a exem-plo do praticado com o empresá-rio urbano, como na alocação deR$ 25 milhões para os proprietá-rios de transporte coletivo que per-mitiu manter uma tarifa suportá-vel para a população urbana.Nada contra. Seria, por exemplo,de vital importância que se crias-se um mecanismo de ajuda parao transporte e armazenagem domilho e da soja, para atenuar assérias dificuldades da pecuáriabovina, a suinocultura, a avicultu-ra e a aqüicultura”, declarou o pre-sidente interino da Faes.

IncentivosPara Júlio Rocha o Governo

poderia reduzir encargos que one-ram a atividade, explicitando umadecisão política de valorizar o se-tor. A redução da taxa de licencia-

mento ambiental é uma das me-didas cogitadas pelo dirigente.Outra seria a redução do ICMS in-cidente sobre a energia elétricana produção de itens integrantesda cesta básica.

O elenco de medidas positivasalcança providências de âmbitoestadual e federal. Uma delas se-ria a redução do ICMS na comer-cialização interna do café. O diri-gente rural identifica também anecessidade do setor dispor, a ní-vel estadual, de um departamen-to de economia e planejamentoque disponibilize dados que o pre-vinam das variações de mercado.Menciona o exemplo da carnebovina que está aviltado e o do fran-go que num primeiro momento be-neficiou-se da febre aviária masna seqüência tende a ver os pre-ços caírem por força do aumentoda oferta interna.

Segundo o presidente emexercício da Faes na maioria doscasos se cumpridas as condicio-nantes impostas no que se refere

O

Júlio: “É possível refrear o fluxo do êxodo rural”

Divulgação

7

à preservação ambiental muitaspropriedades se inviabil izamcomo negócio rural. Além da re-serva natural da propriedade quereduz a área disponível para a ex-ploração produtiva, a obrigatorie-dade de replantio das margensdos cursos dágua na maioria dasvezes se torna impraticável pelarelação que esse dispêndio repre-senta em relação à receita da ati-vidade. O presidente da Faes re-conhece a necessidade do pro-cesso de recuperação ambiental.Mas ressalva: “Sua realizaçãodeve ser gradual, racional, plane-jada e contar com a perfeita inte-gração das partes envolvidas, prin-cipalmente os produtores e os tra-balhadores rurais. A viabilizaçãode recursos financeiros é umaquestão imperiosa para o alcan-ce desse objetivo”.

Ainda na linha de incentivospertinentes para a atividade,acrescenta o presidente interinoda Faes, o Governo Federal deveconsiderar algum incentivo tribu-tário para o produtor que assumetodos os encargos sociais da mãode obra contratada. As obrigaçõesoneram o recrutamento da mão deobra quando o desejável seria queesta mobilização fosse facilitadapelo que representa de importân-

AS MEDIDASSUGERIDAS

Redução da taxa de li-cenciamento ambientala um valor simbólico,procedendo as altera-ções necessárias da Lei

Revisão dos índices deprodutividade que con-sideram a situação domercado e o grau de uti-lização da terra conside-rando somente a áreaefetivamente disponívelpara produção

Redução do imposto daenergia elétrica na pro-dução de produtos queintegram a cesta básica

Redução do ICMS nacomercialização docafé para o mercado in-terno

Disposição dos bancosfinanciadores negocia-rem a taxa de assistên-cia técnica para as ativi-dades financiadas

Redução do IR para pro-dutores rurais que assu-mem todos os encar-gos sociais na contrata-ção de mão de obra

Alteração das condicio-nantes para áreas depreservação ambientalcomo o replantio à mar-gem de cursos d’água

Subsídio para o trans-porte de insumos comomilho e soja

Acolher manifestaçõesdo setor com relação alei dos recursos hídricose a instituição da outor-ga onerosa da água

Criação de órgão deeconomia e planeja-mento para prover in-teligência de merca-do para o setor

cia social, quer pela oferta daocupação como pela contribui-ção à fixação do homem no meiorural, diz Júlio Rocha Júnior.

A contratação do crédito pe-los organismos financeiros incluiuma taxa de dois por cento relati-va à contratação de assistênciatécnica para a orientação da tran-sação. O presidente da Faes en-tende que este custo deveria sernegociado pela instituição finan-ciadora já que dispõe de técni-cos para essa atribuição.

FormaçãoSegundo Júlio Rocha as pes-

soas de fato comprometidascom a realidade do mundo ruralprecisam ter sua realidade maisconhecida pela população urba-na. O sistema sindical rural temse empenhado em cultivar umanova mentalidade que seja assi-milada pelas gerações que lhesdará continuidade. “Mais queprodutos - diz Júlio Rocha - esta-mos cultivando gente”. O progra-ma Agrinho desenvolvido pelaFaes e o Senar no segundo se-mestre de 2005, em parceriacom o Sebrae-ES, é a expressãodessa mentalidade.

O Agrinho visa dotar a crian-ça e o adolescente, da pré-es-cola ao segundo grau dos vári-os papéis da cidadania, o querequer conhecimentos das rela-ções de consumo, saúde, cida-dania e meio ambiente. No anopassado 400 professores foramcapaci tados para d i fundir oconteúdo programático aplica-do com 10 mil crianças do meiorural. A abordagem é transversal,com as noções sendo difundi-das em cada disciplina do cur-rículo formal. Para este ano ameta é de se alcançar 50 milalunos. Sendo que só o municí-pio de Jaguaré inscreveu paraeste ano 100% de suas 40 es-colas, e capacitará 268 profes-sores para treinarem 4.936 alu-nos. A orientação pedagógicacom que a FAES, com a ajudado Senar, tenta imprimir umanova cultura ao campo se esten-de à população adulta.

A Faes atualmente está reali-zando com o Núcleo de Estudosde Percepção Ambiental, a apli-cação de sua metodologia paraas crianças do Projeto Agrinho.

1

2

345

6

7

89

10

Foto

s de

Div

ulga

ção

Mais queprodutosestamos

cultivandogente”.

8

Licenciamento AmbientalProdutores rurais e secretários de agricultura de vários municípios capixa-

bas estiveram reunidos, na sede da Faes, dia 13 de março, com diretores daFAES, da Organização das Cooperativas Brasileiras do Estado do Espírito San-to OCB/ES, da Fetaes, e com o presidente do Fórum de Secretários Municipaisde Agricultura – (Fosemag), José Arnaldo de Alencar, para discutir sobre assun-tos relacionados às atuais políticas de Licenciamento Ambiental e de RecursosHídricos. O assunto será discutido na reunião mensal da Faes.

Campanha contraa Febre Aftosa

A Federação da Agricultura e Pecuária doEstado do Espírito Santo (Faes) e o Serviço Na-cional de Aprendizagem Rural (Senar-ES)estão realizando um trabalho intensivo junto aoGoverno do Estado na divulgação da campa-nha contra a Febre Aftosa - que começou dia01 de Março - entre os seus 53 sindicatos ru-rais atuantes de Norte a Sul do Estado. A doseda vacina custa cerca de R$ 1,20 e o produtorprecisa comprá-la em uma loja veterinária cre-denciada pelo Instituto de Defesa Agropecuá-ria e Florestal do Espírito Santo (Idaf).

Reunião mensal da FaesA reunião mensal de diretoria da Faes, que acontece

dia 27 de março, tem como pauta o resultadodos encontros que a federação participou com o

Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), com aFederação dos Trabalhadores na Agricultura do Es-tado do Espírito Santo (Fetaes), e a reunião com o

Ministério Público Estadual onde foi tratada a ques-tão da legislação ambiental. Ainda será discutido o

projeto de Rastreabilidade Bovina e o convêniofirmado entre a Faes e o Centro de Comércio de

Café de Vitória (CCCV).

Ética e Reconstrução PolíticaA Federação Agricultura e Pecuária do Espírito Santo é uma

das 11 instituições que fazem parte da Rede Capixaba pela Éticae Reconstrução Política, movimento interessado na reconstruçãode um Estado que exerça com ética e responsabilidade suas fun-ções. A rede foi lançada no dia 15 de março e vai atuar na fiscali-zação das ações políticas e na busca por uma governança ética.

Parcerias entre Faes e Crea-ESO presidente em exercício da Faes, Júlio da

Silva Rocha Júnior e o diretor administrativo e fi-nanceiro, Neuzedino Alves de Assis, estiveram noúltimo dia 10, na sede do Conselho Regional deEngenharia, Arquitetura e Agronomia do EspíritoSanto (Crea-ES). Os diretores tiveram um encontrocom presidente do Crea-ES, o engenheiro civil, Luis Fiorotti para discutir a possi-bilidade de parcerias entre as duas entidades na realização de cursos e feiras.

Potencialização daprodução leiteira

No dia 10 de março, em Alfre-do Chaves, aconteceu o “Encon-tro de Produtores de Leite”. Oevento reuniu cerca de 300 pro-dutores, possibilitando o debatede temas relacionados ao valornutricional de leite, diagnósticosobre a realidade do leite na re-gião, alimentação bovina abran-gendo a produção de leite à pas-to, utilização de cana e uréia.Estiveram presentes a coordena-dora do Projeto Melhoria da Qua-lidade do Leite, Vera HelenaMoura de Paula; o CoordenadorEstadual do Programa Nacionalde Qualidade do Leite, do MAPA,Olavo da Costa Teixeira; o dire-tor de crédito e fomento do Ban-des, José Antônio Buffon, além deoutras autoridades.

Turismo ruralem Santa Maria

de JetibáA prefeitura de Santa

Maria de Jetibá através desua Secretaria de Agrope-cuária e Meio Ambiente, emparceria com o Serviço Na-cional de AprendizagemRural (Senar-ES), promoveuentre os dias 8 e 11 de mar-ço, um curso de treinamen-to de Turismo Rural com ainstrutora Francisca Gon-çalves Rodrigues. O princi-pal objetivo do curso foimostrar a importância dosegmento para a região, jáque o turismo rural é um ge-rador de renda dos peque-nos proprietários.

Curso sobre Meio AmbienteA primeira turma do curso de Licenciamento Ambiental, promovido pela

Faes e Senar-AR-ES, começa na segunda-feira, dia 27, na sede da federa-ção. O treinamento, que é aberto para todos os filiados, tem o objetivo desuprir parte da necessidade do setor, pois atualmente a maioria dos assuntosdiscutidos no mundo rural gira em torno de problemáticas que envolvemquestões ambientais. Já estão abertas inscrições para a próxima turma. Épreciso ligar para o Senar-AR-ES – 3185-9202 - para se inscrever.

Simone Sandre

Sim

one

Sand

re

Crea/ES