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Polícas Públicas para a Cultura Aula 04 Polícas públicas: ciclo das polícas públicas Objevos Específicos Entender o processo do ciclo de polícas públicas e os modelos de formulação e análise. Temas Introdução 1 Processo de elaboração de polícas públicas 2 Ciclo de polícas públicas Considerações finais Referências Professor Aldo Valenm

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Políticas Públicas para a Cultura

Aula 04

Políticas públicas: ciclo das políticas públicas

Objetivos Específicos• Entender o processo do ciclo de políticas públicas e os modelos de formulação

e análise.

Temas

Introdução

1 Processo de elaboração de políticas públicas

2 Ciclo de políticas públicas

Considerações finais

Referências

ProfessorAldo Valentim

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Introdução

Na aula anterior buscamos responder a pergunta: o que são políticas públicas? Chegamos à síntese que entende as políticas públicas como os processos que propõme a ação do Estado, por meio dos governos, utilizando as instituições, os mecanismos, as normas e os recursos para responder as demandas apresentadas pela sociedade.

Verificamos, também, os tipos de políticas públicas e os atores que colaboram com o processo de formulação, implementação e avaliação das políticas públicas.

Nesta aula, trabalharemos no sentido de entender o passo a passo de como as políticas são formuladas e como podemos analisá-las, com o modelo do ciclo das políticas públicas.

1 Processo de elaboração de políticas públicas

A política pública surge como concretização de direitos devidos pelo Estado aos seus cidadãos. No entanto, é preciso o entendimento por parte da sociedade civil e dos governos de como aquele direito será disponibilizado.

A elaboração de políticas públicas envolve etapas de negociação com a participação dos diversos atores políticos em arenas formais (Ministérios, Legislativo, por exemplo) ou arenas informais (movimentos sociais, manifestações etc.). Durante esse processo, é primordial observar as necessidades e objetivos que pretende atingir com a política. Dada a existência de um direito ou de um problema público que deve ser resolvido pelo Estado, a elaboração de políticas públicas deve ser construída com mecanismos democráticos e a presença dos diversos instrumentos de participação social (reuniões, conselhos, fóruns, audiências públicas, orçamento participativo, e outros), pois, como já apontamos aqui, a construção de políticas públicas nao deve ser uma ação isolada dos governos.

No processo de discussão de uma política pública para a cultura, é relevante ouvir artistas, empresários culturais, acadêmicos, entidades de classe, dirigentes culturais, burocratas, população etc. Analisando esta escuta e cooperação, deve-se verificar como os direitos culturais poderão ser efetivamente oferecidos pelo Estado, seja por meio da criação de políticas de financiamento à produção (projetos especiais, fundos públicos, editais, leis de incentivo), políticas de estímulo ao consumo cultural (vale-cultura) ou, ainda, políticas setoriais (teatro, dança, música etc). Esse processo possibilita entender o que está sendo formulado, bem como corrigir propostas, pois a participação dos diversos atores agrega conteúdo e legitimidade à política em formulação.

Para construção de uma proposta de políticas públicas é importante apontar prioridades, objetivos e metas que se buscam alcançar após a implementação da mesma. As demandas sociais são observadas de acordo com a seguinte classificação:

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• Demandas novas: surgem em função de novos atores sociais, antes não organizados ou considerados e que, ao se organizarem, exercem pressão no sistema político para verem atendidas suas demandas. Os novos problemas são aqueles que não existiam anteriormente, tais como: patologias, aumento do número de idosos etc.

• Demandas recorrentes: são aquelas relativas aos problemas que não foram resolvidos ou que as políticas públicas existentes não conseguem resolvê-los de forma satisfatória, exemplo: transporte público, meio ambiente etc.

• Demandas reprimidas: são demandas que existem mas não levaram a grandes movimentos e pressões para a sua solução ou, ainda, aquelas em que o problema é reconhecido mas não há tomada de decisão sobre eles, exemplo: setores com pouca expressão ou representação política, bairros ou distritos com baixa densidade demográfica etc.

A construção e formulação de políticas públicas pressupõe a ação das autoridades governamentais para concretizar soluções, ações e programas, que serão implementados de forma concreta e trarão benefícios reais para a população. As políticas públicas têm seu processo de organização, formulação e, na sequência, se desdobram em planos, programas, projetos, base de dados ou sistemas de informação e pesquisa. Um exemplo disso é a existência do Plano Nacional de Cultura, do Sistema Nacional de Cultura, do Programa Nacional de Apoio à Cultura – Pronac, do Programa Cultura Viva, dos Pontos de Cultura etc.

2 Ciclo de políticas públicas

Existem vários modelos de análise e estudos sobre políticas públicas. Em nossa disciplina, iremos utilizar o modelo proposto por Charles Jones em 1970, com algumas adaptações propostas pelo pesquisador brasileiro Leonardo Secchi (2010), visto que não há um consenso sobre a quantidade exata das etapas que compõem o ciclo. A vantagem deste modelo é:

[...] apresentar a política pública como uma sucessão de sequências correspondendo a uma abordagem clássica e racional da política envolvendo diferentes cenários e atores. O modelo é aplicável na análise de qualquer política, além de facilitar a delimitação do objeto de estudo (DIAS e MATOS, 2012, p. 63).

2.1 Identificação do problema

Um problema público é identificado quando existe uma situação real ou atual longe da ideal ou desejável pela comunidade ou segmento cultural, que propõe uma possível melhora. Os problemas públicos também podem surgir repentinamente (tais como: calamidades públicas etc.) ou aos poucos (tráfego, em função do aumento da população etc.). O problema público não necessita ser somente uma situação “ruim” mas também a constante melhora e aprimoramento da situação atual.

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Conforme Sjoblom (1984 em SECCHI, 2010, p. 35) a identificação de um problema público envolve:

• a percepção do problema;

• a definição ou delimitação do problema;

• a avaliação sobre a possibilidade de resolução.

Se um problema tem a sua identificação e proposta de solução por atores políticos, eles atuarão pressionando o sistema político em conjunto com demais atores para que o problema passe a integrar a agenda de prioridade dos governos.

2.2 A formação da agenda

A agenda é a etapa em que os problemas, após ganharem relevância, passam a ser priorizados pela comunidade política e/ou pelas autoridades e governos. Para um problema ingressar na agenda é preciso chamar a atenção dos diversos atores, ter possibilidades de solução e estar dentro da competência das responsabilidades públicas.

2.2.1 Formulação de alternativas

Nesta etapa, o problema público já foi incluído na agenda e se iniciam as ações para construção e desenvolvimento de possíveis soluções. Essa análise é acompanhada de estudos, mensuração de impactos, montante a ser investido, bem como o possível “cálculo eleitoral”, pois irá gerar obrigações do poder público perante a sociedade, e essas medidas acarretam também impactos políticos que são sempre observados pelos políticos antes da tomada de decisão.

2.2.2 Tomada de decisão

Após o processo de negociação e aprimoramento das alternativas formuladas para solução do problema público, o momento seguinte é decidir qual proposta será de fato implementada, exigindo equalização dos interesses dos atores e explicitação das intenções da política pública (apresentando seus objetivos e métodos).

2.2.3 Implementação

É o momento de execução da política com a apresentação dos seus primeiros resultados e de monitorá-la para corrigir falhas de formulação ou possíveis falhas de implementação, decorrentes de acordos políticos, falta de recursos humanos para desenvolver a política, infraestrutura burocrática adequada etc.

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A implementação pode acontecer no formato top-down (de cima para baixo), com a separação nítida do momento, equipes e estratégias utilizadas na formulação na etapa de implementação.

A política também pode ser implementada seguindo a estrutura bottom-up (de baixo para cima) com maior participação dos formuladores e rede de atores no processo de formulação, permitindo aprimoramento da política pública durante a sua execução.

2.2.4 Avaliação

O momento da avaliação é organizado por processos que estabelecem metodologias de julgamento sobre a validade da política pública executada, verificando sucesso e falhas desde sua formulação e, sobretudo, na execução.

As avaliações devem conter métodos quantitativo e qualitativo, podem ser realizadas antes da implementação da política, durante a implementação ou após. Por meio da análise da avaliação é possível corrigir a execução da política, propor melhorias e aprimoramentos e a extinção.

2.2.5 Extinção

As políticas públicas podem ser extintas quando: a) o problema que motivou a implementação da política é considerado resolvido; b) a política é percebida como ineficaz; e c) o problema, mesmo não resolvido, sai da agenda de prioridade dos governos.

Com a observação do ciclo de políticas públicas, é possível compreender o panorama que percorre a política pública desde a sua formulação até a possível extinção. Para Leonardo Secchi,

o ciclo de políticas públicas tem uma grande utilidade: ajuda organizar as ideias, faz que a complexidade de uma política pública seja simplificada e ajuda políticos, administradores e pesquisadores a criar um referencial comparativo para casos

heterogêneos (SECCHI, 2010, p. 34).

Para complementar os conceitos vistos nesta aula, é importante também a leitura do texto: SECCHI, L. Políticas Públicas: conceitos, esquemas de análises e casos práticos. São Paulo: Cengage Learning, 2010, p. 33-34.

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Considerações finais

Conhecemos nesta aula o ciclo de políticas públicas, modelo que nos permite entender as etapas pelas quais passam uma proposta de política pública, desde a sua gênese (a identificação do problema), passando pela implementação e avaliação até a possível extinção.

Se você tiver interesse em aprimorar seus conhecimentos em políticas públicas, procure nas livrarias ou bibliotecas físicas o título: RODRIGUES, M. M. A. Políticas Públicas. v. 84 (Folha Explica: Ciência Política). São Paulo: Publifolha, 2010. p. 46-53.

Referências

BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO – BID. A política das políticas públicas: progressso econômico e social na América Latina: relatório 2006. Rio de Janeiro: Elsevier; Washington,DC: BID,2007.

BRESSER-PEREIRA, L. C. Construindo o estado republicano: democracia e reforma da gestão pública. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009.

COSTIN, C. Administração pública. São Paulo: Elsevier, 2010

DIAS,R.; MATOS, F. Políticas públicas: princípios, propósitos e processos. São Paulo: Atlas, 2012.

PROCOPIUCK, M. Políticas públicas e fundamentos da administração pública: análise e avaliação, governança e redes de políticas, administração judiciária. São Paulo: Atlas, 2013.

RODRIGUES,M. M. A. Políticas públicas. São Paulo: Publifolha, 2011 (Folha Explica).

SEBRAE MG. Políticas públicas: conceitos e práticas. Belo Horizonte: Sebrae/MG, 2008.

SECCHI, L. Políticas públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. São Paulo: Cengage Learning, 2010.

SOUZA, C. Políticas públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, n. 16, Porto Alegre, jul./dec. 2006. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-45222006000200003>. Acesso em: out./2013.