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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia Hospitalar Mariana Soares dos Santos PNEUMONIA EM IDOSOS E TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO: Revisão bibliográfica LINS – SP 2009

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia Hospitalar

Mariana Soares dos Santos

PNEUMONIA EM IDOSOS E TRATAMENTO

FISIOTERAPÊUTICO: Revisão bibliográfica

LINS – SP

2009

MARIANA SOARES DOS SANTOS

PNEUMONIA EM IDOSOS: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

LINS – SP

2009

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Fisioterapia Hospitalar sob a orientação dos professores M. Sc Evandro Emanoel Sauro e M. Sc Heloisa Helena Rovery da Silva.

MARIANA SOARES DOS SANTOS

PNEUMONIA EM IDOSOS: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de especialista em Fisioterapia Hospitalar.

Aprovada em: ____/____/________

Banca Examinadora:

Prof. M. Sc. Evandro Emanoel Sauro

Mestre em Medicina Experimental pela Unimar – SP

Profa. M. Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva

Mestre em Administração pela CNEC/ FACECA – MG

Lins – SP

2009

DEDICATÓRIA

Aos meus queridos familiares:

Minha mãe e meu irmão, que sempre estiveram ao meu lado nos momentos mais fáceis e nas horas difíceis também.

Meu pai, que mesmo longe, sempre se mostrou

preocupado comigo. Meus avós, pessoas maravilhosas que eu amo muito,

que sempre estiveram ao meu lado, me apoiando, me incentivando, contribuindo para o meu crescimento pessoal e profissional, em especial aqueles que não estão mais presentes, mas que me ajudaram muito e deram muito apoio para a minha formação e com certeza continuam me ajudando de onde estiverem.

A todos os outros familiares que me auxiliaram, que

contribuíram para o meu crescimento e formação profissional.

Meu namorado e sua família, que durante todo o

período em que fiz minha pós-graduação, me ajudaram, deram apoio, me entenderam e sempre que precisei me estenderam a mão.

Amo cada um de vocês.

AGRADECIMENTOS

A Deus, que me deu a chance de viver, conviver com pessoas

maravilhosas e aprender muito com a vida. Também por Ele ter iluminado meu caminho, ter me concedido força, saúde e persistência.

Aos meus familiares e pessoas próximas que sempre estiveram ao meu

lado e sempre contribuíram para o meu crescimento profissional. Agradeço ao meu orientador, Prof. M. Sc. Evandro Emanoel Sauro que

aceitou me orientar, e à Profa. M. Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva. Às minhas colegas da pós-graduação que fizeram deste período um

misto de trabalho e diversão. Àquelas muitas pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram com

este trabalho sempre tendo uma sugestão ou uma observação a fazer.

RESUMO

Atualmente há um aumento da expectativa de vida, decorrente de fatores como queda da fecundidade e redução no índice de mortalidade, portanto entende-se que haverá um aumento de doenças que são comuns em idosos, entre elas a pneumonia. No Brasil, indivíduos com 60 anos ou mais representam 9,5% da população em geral em 2003 e estima-se que em 2025 represente 14%. As pneumonias são uma das principais causas de morbidade e mortalidade no idoso, e é a principal causa de internação nesta faixa etária. Os idosos possuem características próprias do envelhecimento no sistema respiratório que os tornam mais suscetíveis às pneumonias. São vários os fatores que predispõe o idoso a ter pneumonia, porém o fator extrínseco mais importante que deixa esses pacientes mais sujeitos a pneumonias adquiridas na comunidade e nos asilos é a infecção pelo vírus da gripe, o influenza, estando a pneumonia dos idosos diretamente relacionada às epidemias de gripe. Em 50% dos casos de pneumonias em idosos o agente mais comum é o Streptococcus pneumoniae (pneumococo). Nas pneumonias associadas à DPOC, os agentes etiológicos mais comuns são o Streptococcus pneumoniae, o Haemophilus influenzae e a Moraxella catarrhalis. Muitos estudos mostram que nos hospitais os bacilos Gram-negativos são os principais responsáveis pela pneumonia no idoso. Os idosos podem ter ausência dos sintomas, ou estes estarem alterados, surgindo sintomas inespecíficos. Alguns sintomas podem estar reduzidos no idoso, como a dor pleurítica, febre e calafrios, a tosse e a dispnéia podem estar presentes na maioria dos casos, porém sendo menos comum nos idosos, além da quantidade de expectoração ser menor. Para o tratamento fisioterapêutico das pneumonias são utilizadas principalmente as técnicas de desobstrução brônquica e algumas que visam melhorar a ventilação pulmonar, porém algumas devem ser utilizadas com cautela, como as técnicas de percussão, devido ao maior risco de possuírem osteoporose e ocasionar fraturas, ou ainda em casos de dúvida não deve ser executada esta técnica, substituindo por outras que levem ao mesmo efeito. Além da percussão existem ainda outras técnicas que devem ser executadas com cautela em pacientes com o tórax senil devido ao risco de fraturas, como a vibrocompressão, aceleração do fluxo aéreo (AFE) e técnica de terapia expiratória manual passiva (TEMP).

Palavras-chave: Pneumonia. Envelhecimento. Idosos. Fisioterapia.

ABSTRACT Actually there is an increase in life expectancy, due to factors such as

fertility decline and reduction in mortality rate therefore understand that there will be an increase in diseases that are common in the elderly, including pneumonia. In Brazil, individuals 60 and older represent 9.5% of the general population in 2003 and it is estimated that in 2025 represents 14%. Pneumonia is a major cause of morbidity and mortality in the elderly, and is the leading cause of hospitalization in this age group. The elderly have characteristics of aging in the respiratory system which makes them more susceptible to pneumonia. There are several factors that predispose the elderly to have pneumonia, but the most important extrinsic factor that makes these patients more vulnerable to community-acquired pneumonia and nursing homes is infection by influenza viruses, influenza, pneumonia and is directly related to the elderly epidemics of influenza. In 50% of cases of pneumonia in the elderly the most common agent is Streptococcus pneumoniae (pneumococcus). In pneumonia associated with DPOC, the most common etiological agents are Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae and Moraxella catarrhalis. Many studies show that hospitals in the Gram-negative bacteria are primarily responsible for pneumonia in the elderly. The elderly may have no symptoms, or they are changed, appearing nonspecific symptoms. Some symptoms may be reduced in the elderly, such as chest pain, fever and chills, cough and dyspnea may be present in most cases, but is less common in older people than the amount of sputum be lower. For physical therapy treatment of pneumonia are primarily used the techniques of bronchial clearance and some to improve the ventilation, but some should be used with caution, as the techniques of percussion, because of increased risk of having osteoporosis and fractures cause, or in cases of doubt should not be performed this technique, replaced by others that lead to the same effect. In addition to the percussion there are other techniques that should be undertaken with caution in patients with senile thorax due to risk of fractures, such as vibro-acceleration of the airflow (AFE) and technical manual therapy passive expiratory (TEMP).

Keywords: Pneumonia. Aging. Elderly. Physical Therapy.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Diagramas do sistema respiratório: vista geral ............................

Figura 2: Tórax ósseo: vista anterior .........................................................

Figura 3: Traquéias e brônquios in situ .......................................................

Figura 4: Contorno da pleura e pulmões: vistas anterior e posterior .........

Figura 5: Radiograma de um paciente com pneumonia estafilocócica .....

Figura 6: Radiografia de tórax inicial com áreas de consolidação

peribrônquicas confluentes .........................................................................

Figura 7: Radiografia de tórax 24 horas após internação mostrando maior

confluência das consolidações ...................................................................

Figura 8: Classificação das técnicas de remoção de secreção brônquica..

Figura 9: Posturas de drenagem para os segmentos do pulmão

esquerdo: (A). Segmento ápico-posterior do lobo superior esquerdo; (B).

postura de drenagem das regiões apicais dos lobos superiores

simultaneamente; (C) postura de drenagem para a língula ......................

Figura 10: Posição de Trendelenburg, empregada na drenagem postural

Figura 11: Posição das mãos do fisioterapeuta na tapotagem ..................

Figura 12: Vibratoterapia manual. A. Início da manobra. B. Término da

manobra .....................................................................................................

Figura 13: Cateter de aspiração – Sistema fechado .................................

Figura 14: Tosse assistida. A. Fase de preparação. B. Fase de expiração

inicial. C. Fase de expulsão brusca ............................................................

Figura 15: Tosse assistida com compressão torácica na posição de

decúbito dorsal ............................................................................................

Figura 16: Estimulação da tosse .................................................................

Figura 17: A. Flutter VRP1 (inclinação ideal). B. Fase Shaker ...................

Figura 18: EPAP (expiratory positive airway pressure). Pressão positiva

na via aérea gerada pela coluna de água durante a fase expiratória. A

inspiração é livre .........................................................................................

Figura 19: Aumento do fluxo expiratório. A. Fase Inicial. B. Fase de

compressão ou aumento do fluxo ...............................................................

Figura 20: ELTGOL. A. Fase Inicial. B. Fase de compressão abdominal

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infralateral ..................................................................................................

Figura 21: Espirômetro de incentivo fluxo-dependente (Triflo II). Esse

aparelho apresenta três câmaras, cada uma contendo uma esfera, que

se eleva de acordo com o fluxo gerado pelo paciente. Os fluxos

alcançados correspondem a 600, 900 e 1200 cc/ s, respectivamente .......

Figura 22: Desenho esquemático de um nebulizador ultra-sônico

responsável pela produção de névoa devido à vibração de um cristal

localizado internamente. O efeito biofísico produtor da névoa é

denominado piezoelétrico ..........................................................................

Figura 23: Máscara Simples ......................................................................

Figura 24: Tenda facial ...............................................................................

Figura 25: Máscara de Venturi ....................................................................

Figura 26: Representação do aparelho para medidas de pressões

respiratórias máximas idealizado por Black e Hyatt. B1. Método de

oclusão simples. B2. Método de oclusão por válvula unidirecional ...........

Figura 27: Exercícios respiratórios localizados em frente ao espelho .......

Figura 28: Exercício de reeducação funcional respiratória com uso de

bastão ........................................................................................................

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Mecanismos de defesa do sistema respiratório .........................

Quadro 2: Indicadores da gravidade das pneumonias ...............................

Quadro 3: Vias de inoculação mais freqüentes dos microorganismos

causadores de infecções do trato respiratório inferior ................................

Quadro 4: Principais vírus responsáveis pelas infecções do aparelho

respiratório ..................................................................................................

Quadro 5: Comparação entre pneumonia viral e bacteriana ......................

Quadro 6: Fatores de risco relacionados ao aumento de morbidade e

mortalidade nos pacientes com pneumonia adquirida na comunidade ......

Quadro 7: Critérios diagnósticos para provável pneumonia adquirida na

instituição de longa permanência ...............................................................

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AFE: Aceleração do fluxo aéreo

AIDS: Síndrome da imunodeficiência adquirida

AVD’s: Atividades de Vida Diária

AVDI’s: Atividades instrumentais de vida diária

AVE: Acidente vascular encefálico

CMV: Citomegalovírus

CV: Capacidade vital

CVF: Capacidade vital funcional

DPOC: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

ELTGOL: Expiração lenta total com a glote aberta em decúbito infralateral

EPAP: Pressão positiva na via aérea expiratória

EUA: Estados Unidos da América

HVS: Herpesvírus simples

IAM: Infarto agudo do miocárdio

ICC: Insuficiência cardíaca congestiva

OMS: Organização Mundial de Saúde

OOAF: Oscilador oral de alta freqüência

PAC: Pneumonia adquirida na comunidade

PEEP: Pressão expiratória final positiva

PET: Pressão expiratória torácica

RX: Raio X

SARA: Síndrome da angústia respiratória aguda

SUS: Sistema único de saúde

TEF: Técnica de expiração forçada

TEMP: Terapia expiratória manual passiva

TEP: Tromboembolismo pulmonar

UTI: Unidade de terapia intensiva

VA’s: Vias aéreas

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................

CAPÍTULO I – PROCESSO DE ENVELHECIMENTO DO SISTEMA

RESPIRATÓRIO .........................................................................................

1 SISTEMA RESPIRATÓRIO ............................ ...............................

1.1 Desenvolvimento ............................................................................

1.2 Anatomia ........................................................................................

1.3 Fisiologia ........................................................................................

1.4 Volumes e capacidades .................................................................

1.5 Mecânica pulmonar ........................................................................

1.6 Envelhecimento ..............................................................................

1.6.1 Considerações ...............................................................................

1.6.2 Epidemiologia .................................................................................

1.6.3 Envelhecimento saudável ..............................................................

1.7 Alterações do envelhecimento no sistema respiratório .................

1.7.1 Alterações anatômicas e fisiológicas .............................................

1.7.2 Exame do aparelho respiratório .....................................................

CAPÍTULO II – PNEUMONIAS........................... ........................................

2 GENERALIDADES ................................... .....................................

2.1 Introdução ......................................................................................

2.2 Epidemiologia .................................................................................

2.3 Definições ......................................................................................

2.4 Vias de inoculação (vias de acesso) ..............................................

2.5 Fatores predisponentes .................................................................

2.6 Fisiopatologia .................................................................................

2.7 Características clínicas ..................................................................

2.8 Complicações .................................................................................

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2.9 Prognóstico ....................................................................................

2.10 Classificações ................................................................................

2.10.1 Critérios de classificação ...............................................................

2.11 Pneumonias por bactérias gram-positivas .....................................

2.11.1 Pneumonia pneumocócica .............................................................

2.11.2 Pneumonia estafilocócica ..............................................................

2.11.3 Pneumonia por bacilo de Friedländer ............................................

2.11.4 Pneumonia estreptocócica .............................................................

2.11.5 Actinomicose ..................................................................................

2.11.6 Nocardiose .....................................................................................

2.11.7 Rhodococcus equi ..........................................................................

2.12 Pneumonias por bactérias gram-negativas ....................................

2.12.1 Haemophilus influenzae .................................................................

2.12.2 Moraxella catarrhalis (Branhamella catarrhalis) .............................

2.12.3 Klebsiella pneumoniae ...................................................................

2.12.4 Pseudomonas aeruginosa .............................................................

2.12.5 Escherichia coli ..............................................................................

2.12.6 Proteus sp. .....................................................................................

2.12.7 Serratia marcescens ......................................................................

2.12.8 Pseudomonas pseudomallei ..........................................................

2.12.9 Brucella sp. ....................................................................................

2.12.10 Bordetella pertussis (Coqueluche) .................................................

2.12.11 Francisella tularensis .....................................................................

2.12.12 Acinetobacter calcoaceticus ...........................................................

2.12.13 Salmonella typhimurium .................................................................

2.12.14 Yersina pestis .................................................................................

2.13 Pneumonias atípicas ......................................................................

2.13.1 Mycoplasma pneumoniae ..............................................................

2.13.2 Legionella pneumophila .................................................................

2.13.3 Chlamydia psittaci ..........................................................................

2.13.4 Chlamydia trachomatis ...................................................................

2.13.5 Chlamydia pneumoniae (TWAR)....................................................

2.13.6 Coxiella burnetti (Febre Q) .............................................................

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2.14 Pneumonia por leptospira ..............................................................

2.15 Pneumonia por bactérias anaeróbicas ...........................................

2.16 Pneumonias por vírus ....................................................................

2.16.1 Generalidades ................................................................................

2.16.2 Influenza (Gripe) ............................................................................

2.16.3 Parainfluenza (Crupe) ....................................................................

2.16.4 Sincicial respiratório (VSR) ............................................................

2.16.5 Sarampo .........................................................................................

2.16.6 Rinovírus (Resfriado comum) ........................................................

2.16.7 Echovírus .......................................................................................

2.16.8 Grupo Coxsackie (Pleurodinia epidêmica) .....................................

2.16.9 Adenovírus .....................................................................................

2.16.10 Coronavírus ....................................................................................

2.16.11 Hantavírus ......................................................................................

2.16.12 Herpesvírus simples (HVS) ............................................................

2.16.13 Citomegalovírus (CMV) ..................................................................

2.16.14 Varicela (Catapora) ........................................................................

2.16.15 Epstein-Barr ...................................................................................

2.17 Pneumonias nosocomiais ..............................................................

2.18 Pneumonias de resolução lenta .....................................................

2.19 Pneumonias crônicas .....................................................................

2.20 Pneumonias reicidivantes ..............................................................

2.21 Pneumonias por agentes químicos ................................................

2.22 Pneumonias por agentes físicos ....................................................

2.23 Pneumonia adquirida na comunidade (PAC) .................................

2.24 Pneumonia em idosos ....................................................................

2.24.1 Introdução ......................................................................................

2.24.2 Fatores de risco .............................................................................

2.24.3 Particularidades no idoso ...............................................................

2.24.4 Manifestações clínicas ...................................................................

2.24.5 Diagnóstico no idoso ......................................................................

2.24.6 Peculiaridades de tratamento no idoso ..........................................

2.25 Diagnóstico ....................................................................................

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2.25.1 Radiografias ...................................................................................

2.25.2 Exame do escarro ..........................................................................

2.25.3 Hemoculturas .................................................................................

2.25.4 Hemogramas ..................................................................................

2.25.5 Gasometria arterial .........................................................................

2.25.6 Broncoscopia ou aspiração transtraqueal ......................................

2.25.7 Oximetria de pulso .........................................................................

2.26 Tratamento .....................................................................................

2.26.1 Introdução ......................................................................................

2.26.2 Tratamento médico e farmacológico e a abordagem terapêutica

do paciente .....................................................................................

2.26.3 Intervenções de enfermagem ........................................................

CAPÍTULO III - FISIOTERAPIA ....................... ..........................................

3 FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA ....................... ...........................

3.1 Objetivos da fisioterapia respiratória ..............................................

3.2 Avaliação fisioterapêutica respiratória ...........................................

3.3 Técnicas de desobstrução brônquica ............................................

3.3.1 Drenagem postural .........................................................................

3.3.2 Percussão (ou tapotagem) .............................................................

3.3.3 Vibrocompressão ...........................................................................

3.3.4 Aspiração .......................................................................................

3.3.5 Hiperinsuflação manual (Bag-squeezing) ......................................

3.3.6 Estímulo da tosse ...........................................................................

3.3.7 Técnica de expiração forçada (TEF) ..............................................

3.3.8 Oscilador oral de alta freqüência (OOAF) ......................................

3.3.9 Ciclo ativo da respiração ................................................................

3.3.10 Máscara EPAP (pressão positiva na via aérea expiratória) ...........

3.3.11 Drenagem autógena ......................................................................

3.3.12 Aceleração do fluxo aéreo (AFE) ...................................................

3.3.13 Expiração lenta total com a glote aberta em decúbito infralateral

(ELTGOL) .......................................................................................

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3.3.14 Técnica de terapia expiratória manual passiva (TEMP) ................

3.3.15 Inspirômetros de incentivo .............................................................

3.3.16 Inaloterapia e aerossolterapia ........................................................

3.4 Oxigenoterapia ...............................................................................

3.5 Resistores inspiratórios e expiratórios ...........................................

3.6 Ventilação não invasiva .................................................................

3.7 Cinesioterapia respiratória ............................................................

3.8 Reabilitação pulmonar ...................................................................

3.9 Programa de tratamento fisioterapêutico .......................................

3.10 Cuidados com a dor torácica .........................................................

CONCLUSÃO ......................................... ....................................................

REFERÊNCIAS ..........................................................................................

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INTRODUÇÃO

O presente estudo consiste em revisão bibliográfica sobre o

acometimento de pneumonia em indivíduos idosos, com base nas seguintes

linhas teóricas, dos autores: Bethlem, Felten, Freitas, Moraes, Ramos,

Tarantino e Machado, a pesquisa abrangeu o período de 1972 a 2009, tendo

como objetivos estudar a pneumonia e proporcionar um melhor entendimento

da frequência com que acomete indivíduos da terceira idade, descrever a

pneumonia, principalmente quando instalada em indivíduos idosos, analisar as

definições, classificações, epidemiologia, fisiopatologia, etiologia, quadro clínico

da doença e prognóstico, estudar todos os aspectos relacionados a esta

patologia para uma melhor compreensão dos profissionais da área da saúde,

principalmente do fisioterapeuta, para que possa eleger o programa de

tratamento mais adequado ao paciente geriátrico.

A fisioterapia tem grande atuação na área de respiratória em hospitais,

onde pode-se observar também que a população está envelhecendo, e é

sabido que é muito comum o acometimento de idosos por pneumonia, portanto

o estudo pretende proporcionar um melhor conhecimento aos profissionais da

fisioterapia para uma melhor qualidade nos atendimentos a estes pacientes.

A pesquisa partiu do seguinte questionamento: A melhor compreensão

dos aspectos que relacionam a pneumonia com os indivíduos idosos pode

orientar o fisioterapeuta para que seja escolhido o programa de tratamento

mais adequado ao paciente?

A pneumonia não é uma doença de notificação compulsória, portanto,

não existem muitos dados sobre sua incidência, que aumenta durante os surtos

de gripe.

Pneumonia é uma infecção aguda que atinge o parênquima pulmonar,

onde a idade é um fator de risco e colabora para um maior índice de

hospitalização e mortalidade. A seguir têm-se definições de alguns autores

sobre os termos pneumonia e pneumonite:

Segundo Freitas et al. (2006, p. 610):

Pneumonite significa inflamação aguda, de natureza infecciosa ou não, localizada no parênquima pulmonar. Quando há infecção, seja

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ela bacteriana, virótica ou fúngica, convencionou-se chamar o quadro de pneumonia.

“O termo ‘pneumonite’ foi usado por Frazer e Paré como sinônimo de

pneumonia, definida de forma simples, como infecção do parênquima

pulmonar”. (BETHLEM, 1995, p. 281).

A seguir, alguns dados epidemiológicos a respeito da pneumonia:

Pneumonia é a 6a causa de morte nos Estados Unidos, a principal doença infecciosa e a 4a causa global de óbito entre os idosos imunocompetentes. A idade, na verdade, é um fator de risco para pneumonia e colabora para uma maior hospitalização, tornando-se um dos grandes problemas de saúde pública nos idosos, em razão de sua freqüência. As alterações do trato respiratório, próprias do envelhecimento, tornam o individuo idoso particularmente suscetível às infecções do trato respiratório. (RAMOS; TONIOLO NETO, 2005, p. 121).

“Entre as internações por doenças do aparelho respiratório, a causa

mais freqüente foram as pneumonias, com 46,20% dos casos, seguidas pela

asma e DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica).” (FREITAS et al., 2006, p.

611).

Nos indivíduos normais a árvore brônquica abaixo da carina é isenta de germes, o mesmo não acontecendo nas vias respiratórias superiores, onde habitualmente, vivem microorganismos saprófitas e patogênicos. (TARANTINO, 1997, p. 202).

Existem vários fatores que contribuem para que o idoso adquira

pneumonia, onde o fator intrínseco mais importante é a infecção pelo vírus da

gripe (influenza).

Alguns dos fatores que contribuem para que o indivíduo idoso adquira

pneumonia são: a fraqueza muscular da parede torácica, que faz com que

diminua a capacidade do idoso de eliminar secreção; as deformidades ósseas

que afetam a coluna e o gradil costal reduzem a amplitude de movimento da

caixa torácica, reduzindo a ventilação pulmonar, contribuindo para o acúmulo

de secreção; idosos que permanecem por longo período institucionalizados, a

depressão do sistema imune, a limitação da mobilidade, carcinoma de pulmão,

cirurgias torácica e abdominal, a atelectasia, os resfriados, infecções

respiratórias virais, doença respiratória crônica, tabagismo, desnutrição,

alcoolismo, traqueostomia e aspiração. O processo de aspiração é um fator de

risco para a pneumonia, onde sua freqüência pode estar aumentada em idosos

com distúrbios de deglutição decorrentes de patologias como AVE (acidente

vascular encefálico), demências em geral, Parkinson e Alzheimer. Pode-se

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destacar ainda situações como: o rebaixamento do nível de consciência, uso

de sonda nasoenteral e medicação sedativa, que também contribuem para a

aspiração.

As alterações fisiológicas que ocorrem com o processo de

envelhecimento, isoladas, não são fatores de risco para a pneumonia,

geralmente o risco está presente quando estas alterações estão associadas a

outros fatores de risco.

Tanto em hospitais como em instituições, pode-se mencionar como fator

de risco, a falta de higiene e descuido durante os procedimentos realizados

com o paciente.

De acordo com sua localização a pneumonia pode ser classificada

como: broncopneumonia, que envolve as vias respiratórias distais e os

alvéolos, a pneumonia lobular acomete parte de um lobo e a lobar, que envolve

todo o lobo pulmonar.

A pneumonia bacteriana é o tipo mais comum de infecção pulmonar encontrada nos adultos idosos, seguida de pneumonias virais. Na pneumonia bacteriana, que pode acometer qualquer parte dos pulmões, a infecção inicialmente provoca inflamação e edema dos alvéolos. Os capilares ficam congestionados com sangue, o que acarreta a estase. À medida que há destruição das membranas alvéolo-capilares, os alvéolos ficam repletos de sangue e exsudato, resultando em atelectasia. A infecção viral, que em geral causa pneumonia difusa, primeiro acomete as células do epitélio bronquiolar, causando inflamação intersticial e descamação. Em seguida, a infecção espalha-se para os alvéolos, que ficam repletos de sangue e líquido. Na infecção avançada, pode haver formação de uma membrana hialina. (FELTEN et al., 2005, p. 494)

De acordo com Moraes (2008) o indivíduo idoso evolui com menos

sintomatologia do que um adulto jovem, podendo atrasar a procura por serviços

de saúde, diagnóstico e tratamento.

É frequente a apresentação clínica do idoso ser atípica, com ausência dos sintomas clássicos como febre, tosse com expectoração amarelada ou dor torácica. Sintomas inespecíficos, como rebaixamento do nível de consciência ou estado confusional agudo (delirium), exacerbação dos sintomas de doença de base, ou, ainda, declínio do estado funcional devem sempre alertar para a possibilidade de um quadro infeccioso vigente, e dentre esses quadros, sem dúvida, a infecção pulmonar. (MORAES, 2008, p.122).

Com base no que foi descrito anteriormente a respeito da pneumonia

relacionada aos indivíduos da terceira idade, pode-se observar que há uma

íntima relação entre pneumonia e idosos, onde a pneumonia acomete com

grande frequência estes indivíduos através de inúmeros fatores de risco, e

18

causando pouca sintomatologia neste tipo de pacientes. Identificando a

necessidade de melhor compreender esta relação, o trabalho estudará todos

os aspectos relacionados à pneumonia em idosos, assim como a intervenção

do fisioterapeuta.

A fisioterapia apresenta métodos e técnicas com o intuito de aprimorar,

conservar e restaurar as capacidades físicas do indivíduo. A fisioterapia não

tem atuação diretamente no processo patológico, mas sim nas limitações e

incapacidades promovendo maior independência e capacidade ao paciente. A

fisioterapia respiratória atua em pacientes de todas as faixas etárias tratando

os distúrbios pulmonares agudos e crônicos.

O tratamento fisioterapêutico a estes pacientes se faz através de

técnicas manuais e instrumentais visando remover secreções, reduzir a

obstrução brônquica e resistência das vias aéreas.

A fisioterapia torácica também é descrita na literatura como técnicas da fisioterapia respiratória convencionais ou manuais. Na verdade ela é o conjunto de três técnicas: percussão torácica manual (tapotagem), vibração torácica manual e drenagem postural. (PRESTO; PRESTO, 2007, 329).

A higiene brônquica envolve o uso de técnicas não invasivas para

auxiliar na mobilização e depuração de secreções. As técnicas de higiene

brônquica podem ser aplicadas quando o paciente apresentar tosse ineficaz,

produção excessiva de muco, redução da ventilação, roncos crepitações,

taquipnéia e padrão respiratório exaustivo, essas técnicas são consideradas as

mais antigas da fisioterapia respiratória.

No capítulo I deste trabalho são descritas as alterações do sistema

respiratório que ocorrem devido ao processo de envelhecimento, contendo

breves descrições do sistema respiratório normal. No capítulo II são descritas

as pneumonias, assim como suas particularidades, os diferentes tipos de

pneumonias, formas de se obter o diagnóstico e o tratamento médico,

farmacológico e da equipe de enfermagem.

No capítulo III constam métodos e técnicas de tratamento

fisioterapêtuico utilizados na reabilitação de pacientes portadores de

pneumonia, destacando-se os cuidados necessários durante a aplicação

destas técnicas em pacientes idosos, proporcionando um melhor conhecimento

aos profissionais da área da saúde, em especial ao fisioterapeuta.

19

CAPÍTULO I

PROCESSO DE ENVELHECIMENTO DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

1 SISTEMA RESPIRATÓRIO

1.1 Desenvolvimento

O pulmão e as vias aéreas começam sua formação no início do

desenvolvimento embrionário, a partir da quarta semana, e ao nascimento

ainda não alcançaram todo o seu desenvolvimento, o nascituro respira com

cerca de 1/6 do número de alvéolos que possui um indivíduo adulto.

No período de 5 a 17 semanas de gestação é onde ocorre a formação

da porção condutora, a porção respiratória ainda não se encontra formada, no

período de 16 a 25 semanas há um aumento da luz dos brônquios e

bronquíolos terminais, aumento da vascularização pulmonar, de 24 semanas

ao nascimento ocorre mais formação de sacos terminais revestidos por

pneumócitos tipo I, aumento de capilares que entram em contato com alvéolos

possibilitando trocas gasosas, após 20 semanas os pneumócitos passam a

produzir surfactante, há crescimento pulmonar devido ao aumento do número

de bronquíolos respiratórios e alvéolos primitivos, os alvéolos imaturos tem

potencial de formar novos alvéolos. Há espaço torácico para o crescimento

pulmonar, movimentos respiratórios fetais e volume adequado de conteúdo

amniótico.

Após o nascimento se formam alvéolos maduros, os pulmões se

encontram cheios de líquido, a eliminação se dá pela boca e nariz com a

compressão do tórax durante o parto, há fluxo de linfa intenso, hérnia

diafragmática, oligoidrâmnio e taquipnéia transitória.

Aos dez anos para de ocorrer formação de novos alvéolos, é quando os

pulmões atingem a maturidade.

20

1.2 Anatomia

O sistema respiratório compreende os pulmões, caixa torácica,

músculos ventilatórios e vias aéreas superiores e inferiores. É composto por

dois pulmões e um sistema de tubos que comunicam o parênquima pulmonar

com o meio exterior. Pode ser dividido em porção condutora, formada pelas

fossas nasais, nasofaringe, laringe, traquéia, brônquios e bronquíolos

terminais, que têm a função de filtrar, umedecer e aquecer o ar inspirado, e a

porção respiratória formada pelas porções terminais da árvore brônquica e que

contém bronquíolos respiratórios e alvéolos, locais onde se dão as trocas

gasosas.

Fonte: Agur, 1993, p. 22.

Figura 1: Diagramas do sistema respiratório: vista geral.

Assim, por sua comunicação direta com o meio externo, está em constante contato com uma grande quantidade de microorganismos, o que leva à forte prevalência de colonização das vias aéreas superiores. Da mesma forma, este contato predispõe o sistema respiratório ao desenvolvimento de infecções, sendo este o sítio mais frequente de processos infecciosos no ser humano. (CARVALHO, 2005, p. 221).

O tórax compõe-se de vértebras, doze pares de costelas, onde sete se

articulam diretamente com o esterno, três consideradas costelas falsas que se

articulam indiretamente com o esterno e duas flutuantes que se articulam

apenas com a coluna, esterno, cartilagens, músculos e ligamentos.

21

Fonte: Agur, 1993, p. 9.

Figura 2: Tórax ósseo: vista anterior.

O pulmão direito divide-se em lobo superior, lobo médio e lobo inferior, o

pulmão esquerdo divide-se em lobo superior e lobo inferior. A traquéia consiste

em um tubo cartilaginoso e membranoso com cerca de 10 cm de comprimento,

divide-se em brônquio principal esquerdo e brônquio principal direito, este mais

largo e mais curto que o esquerdo, os brônquios se ramificam em pequenos

brônquios lobares ou de segunda ordem, que por sua vez se ramificam em

brônquios segmentares ou de terceira ordem e finalmente se ramificam em

bronquíolos.

Fonte: Agur, 1993, p. 34.

Figura 3: Traquéias e brônquios in situ.

22

Segundo Bethlem (1995, p. 29): “Cada pulmão é envolvido por uma

membrana serosa disposta em forma de um saco invaginado, fechado,

denominado pleura.”

A parte desta membrana que recobre a superfície do pulmão é

denominada pleura pulmonar ou visceral. A parte da membrana que possui

contato com a caixa torácica é denominada pleura parietal. Mediastino é o

espaço entre os dois pulmões que é ocupado pelo coração.

A cavidade pleural é um espaço potencial entre a pleura visceral e a

parietal, que contém uma delgada camada de líquido, quando o pulmão

colapsa , a cavidade pleural torna-se um espaço real, podendo conter sangue,

entre outros.

Fonte: Agur, 1993, p. 26.

Figura 4: Contorno da pleura e pulmões: vistas anterior e posterior.

A unidade funcional do sistema respiratório é a barreira alvéolo capilar,

onde ocorrem as trocas gasosas, os pulmões possuem em média 300 milhões

de alvéolos. A superfície alveolar é composta basicamente por células

conhecidas como pneumócitos tipo I, os pneumócitos do tipo II estão dispersos

na superfície alveolar. Os alvéolos possuem ainda uma interdependência

através dos canais de Lambert e os poros de Kohn que permitem uma

comunicação entre eles.

23

O diafragma é o principal músculo inspiratório, tem forma de cúpula

dirigida para baixo e para frente, separa o tórax da cavidade abdominal, possui

um centro tendinoso fibroso ou aponeurótico, chamado de centro frênico, é

inervado pelo nervo frênico, que suas raízes originam-se de C3, C4 e C5. É

constituído por aproximadamente 55% de fibras tipo I, tornando-se mais

resistente à fadiga.

São músculos responsáveis pela inspiração: os intercostais externos e

diafragma. Existem ainda músculos acessórios da respiração: os escalenos e o

esternocleidomastóideo só entram em ação quando há dispnéia intensa. O

peitoral maior entra em ação quando os braços estão fixos com os cotovelos

sobre a mesa, como no enfisema grave, o peitoral menor, trapézio, rombóides,

elevador da escápula, denteado, esterno-hióide, esternotireóideo, milo-hióide

entre outros.

O processo de expiração ocorre devido ao movimento passivo da caixa

da torácica, porém são músculos expiratórios os intercostais internos, músculos

abdominais, quadrado lombar e triangular do esterno.

Segundo Bethlem (1995, p. 34): “Os pulmões são órgãos essenciais da

respiração. Situados um de cada lado, dentro do tórax, estão separados um do

outro pelo coração e demais órgãos do mediastino.”

A substância que compõe o pulmão apresenta textura leve e esponjosa.

Ao nascimento os pulmões apresentam coloração rosada, na idade adulta a

coloração é de cinza-azulado escuro.

1.3 Fisiologia

O sistema respiratório é responsável por transportar ao organismo o

oxigênio e dele remover os produtos do metabolismo, o gás carbônico. A

superfície pulmonar que realiza as trocas gasosas é de 70 a 100m2, sendo a

maior área de contato do organismo com o meio ambiente, sendo constituída

por cerca de 300 alvéolos. Os pulmões participam também no equilíbrio térmico

e hidrossalino e manutenção do pH plasmático dentro dos limites fisiológicos.

A tensão superficial é uma das forças que tendem a colapsar os

pulmões. O surfactante é um fosfolipídio responsável pela redução da tensão

24

superficial à medida que o raio do alvéolo diminui, assim reduzindo o trabalho

respiratório e favorecendo o aumento da complacência pulmonar.

Os ciclos de inspiração e expiração se repetem em repouso a uma

freqüência de 12 a 18 ciclos por minuto. Eupnéia é a respiração normal, sem

qualquer sensação subjetiva de desconforto.

Modificações respiratórias:

a. Taquipnéia: aumento da freqüência respiratória.

b. Bradipnéia: diminuição da freqüência respiratória.

c. Hiperpnéia: aumento do volume corrente.

d. Hipopnéia: diminuição do volume corrente.

e. Hiperventilação: aumento da ventilação global.

f. Hipoventilação: diminuição da ventilação global.

g. Apnéia: parada dos movimentos respiratórios ao final de uma expiração

basal.

h. Apneuse: interrupção dos movimentos respiratórios ao final da

inspiração.

i. Dispnéia: dificuldade respiratória.

Recebe a denominação de espaço morto anatômico o volume de gás

presente nas vias aéreas de condução, e o espaço morto fisiológico, que é a

soma do espaço morto anatômico com outros volumes de gás que não

participam da troca gasosa.

A ventilação e a perfusão são maiores nas bases pulmonares e

decrescem em direção aos ápices.

A difusão dos tecidos é regida pela Lei de Fick. Esta afirma que a velocidade de transferência de um gás através de um tecido é proporcional à área de tecido e ao gradiente de pressão parcial do gás entre os dois lados, e é inversamente proporcional à espessura do tecido. (BETHLEM, 1995, p. 48).

O oxigênio é transportado no sangue sob duas formas: dissolvido e

combinado à hemoglobina.

A ventilação sofre ajustes constantes para manter adequada a

oxigenação dos tecidos e remover o gás carbônico. O centro respiratório,

situado no tronco cerebral, mais especificamente no bulbo e na ponte, é

responsável pelo ritmo respiratório.

25

Localização Mecanismo Vias aéreas de condução Vias aéreas respiratórias

Estrutura anatômica Descamação e substituição das células do epitélio respiratório Fluxo salivar sobre a superfície epitelial Defesas imunes humorais locais (IgA e IgG) Competição com a flora bacteriana residente Transporte mucociliar Reflexos de tosse e espirro Fluído alveolar (surfactante) Defesas imunes humorais locais Macrófagos alveolares e mediadores inflamatórios Recrutamento de neutrófilos

Fonte: Carvalho, 2005, p. 223.

Quadro 1 - Mecanismos de defesa do sistema respiratório

1.4 Volumes e capacidades

a. Volume corrente: quantidade de ar inspirada ou expirada

espontaneamente em cada ciclo respiratório. Em repouso equivale a 350

a 500 ml.

b. Volume de reserva inspiratório: volume máximo inspirado

voluntariamente após uma inspiração espontânea.

c. Volume de reserva expiratório: volume máximo que pode ser expirado

voluntariamente a partir do final de uma expiração espontânea.

d. Volume residual: é o volume de gás que permanece no interior dos

pulmões após a expiração máxima.

e. Capacidade vital: quantidade de gás entre uma inspiração e uma

expiração máximas.

f. Capacidade inspiratória: é o volume máximo inspirado a partir do final de

uma expiração espontânea, é o volume corrente mais o volume de

reserva inspiratório.

g. Capacidade residual funcional: é a quantidade de gás que permanece

nos pulmões após uma expiração espontânea, é o volume de reserva

expiratório mais o volume residual.

h. Capacidade pulmonar total: é a quantidade de gás presente nos

pulmões ao final de uma inspiração máxima.

26

1.5 Mecânica Pulmonar

As propriedades estáticas ou mecânicas governam a entrada e saída de

ar nos pulmões. Esta entrada e saída pode ser quantificada pelos volumes e

capacidades pulmonares. Fazem parte das propriedades estáticas do pulmão:

as propriedades elásticas dos pulmões, propriedade elástica do tórax, baixa

resistência das vias aéreas, baixa tensão superficial e músculos respiratórios.

Elasticidade é a capacidade da matéria de se distender e voltar a sua

forma original após ter sido distorcida por uma força externa. Complacência é a

capacidade do pulmão de se distender.

1.6 Envelhecimento

1.6.1 Considerações

Geriatria é uma especialidade médica que trata de doenças de idosos,

mas também se preocupa em prolongar a vida com saúde.

Gerontologia é a ciência que estuda o processo de envelhecimento em

todos os aspectos, como os ambientais, sociais, culturais e envelhecer.

Geriatria é um ramo da medicina que se dedica ao idoso, ocupando-se não só da prevenção, do diagnóstico e do tratamento das suas doenças agudas e crônicas, mas também da sua recuperação funcional e reinserção na sociedade. Gerontologia é a ciência que estuda o envelhecimento nos seus aspectos biológico, psicológico e social, como ciência pura, básica ou acadêmica. (CANTERA; DOMINGO, 2001, p. 1).

Pode-se dizer atualmente, que a população está envelhecendo, sendo

este um fenômeno mundial resultante de fatores como queda da fecundidade,

redução no índice de mortalidade infantil e aumento da expectativa média de

vida, no entanto, precisa ser acompanhado pela melhoria ou manutenção da

saúde e qualidade de vida.

Nos países desenvolvidos, o indivíduo é considerado idoso a partir dos

65 anos, já em países em desenvolvimento como o Brasil, cai para 60 anos.

27

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), até 2025, o Brasil será o

sexto país do mundo em número de idosos.

1.6.2 Epidemiologia

De acordo com a diminuição da mortalidade, redução da fecundidade e

aumento da expectativa de vida, está havendo um envelhecimento da

população.

A população idosa esteve habitualmente associada aos países desenvolvidos, como Japão, Europa e América do Norte. No entanto, o que devemos considerar é que o envelhecimento populacional é nos dias atuais um fenômeno mundial, que ocorreu e vem ocorrendo nos países em desenvolvimento. A partir da década de 1960, a maioria dos idosos, em números absolutos, vive em países do terceiro mundo e as projeções estatísticas demonstram que esta é a faixa etária que mais crescerá na maioria dos países em desenvolvimento. (PAPALEO NETTO, 2007, p. 39).

No Brasil, indivíduos com 60 anos ou mais representam 9,5% da

população em geral em 2003 e estima-se que em 2025 represente 14%.

A seguir estão alguns dados relativos à epidemiologia do

envelhecimento associada a patologias do sistema respiratório:

Segundo Freitas et al. (2006, p. 120): “As doenças respiratórias foram a

principal causa de internação de idosos de 60 a 69 anos em 2005.”

A DPOC e a pneumonia são responsáveis por 97% das causas de

internação por doenças respiratórias nesta faixa etária.

De acordo com Freitas et al. (2006, p. 121): “A partir dos 80 anos de

idade as doenças respiratórias e a insuficiência cardíaca têm ainda mais

importância e causam 30% das internações.”

1.6.3 Envelhecimento saudável

Pode-se definir como senescência o processo natural de

envelhecimento, e senilidade o envelhecimento associado a patologias.

O envelhecimento pode ser considerado saudável quando o idoso

possui o menor número de doenças possível, quando apresenta apenas

28

limitações funcionais inevitáveis, quando ainda possui autonomia para tomar

decisões, é independente em suas AVD’s (atividades de vida diária) e

consegue realizar ainda as AVDI’s (atividades instrumentais de vida diária),

como por exemplo, fazer compras, tocar um instrumento musical, preparar uma

refeição, entre outros, incluindo ainda estabilidade financeira e qualidade de

vida.

O idoso é considerado frágil quando possui idade a partir de 70 anos,

apresenta várias doenças crônicas, limitações nas AVD’s, faz uso de

polimedicação, necessita de internações com freqüência, e um aumento

recente e inesperado da dependência funcional, em muitos casos necessitando

ser internado em instituições.

1.7 Alterações do envelhecimento no sistema respiratório

1.7.1 Alterações anatômicas e fisiológicas

O envelhecimento humano é caracterizado pelo declínio progressivo do

metabolismo celular e do funcionamento dos sistemas fisiológicos principais,

onde a senescência compromete a funcionalidade das estruturas e funções do

corpo. No sistema respiratório é difícil a distinção entre as alterações

decorrentes do envelhecimento normal e as associadas ao envelhecimento

decorrente de outros fatores.

A fase de crescimento inicia-se logo após o nascimento, quando os ácinos ainda não estão totalmente formados e há extenso remodelamento dessas unidades, com formação acelerada de novos alvéolos e capilares. A multiplicação é rápida no primeiro ano de vida, seguida de lentificação em torno dos oito anos de idade, quando o crescimento ocorrerá por aumento de volume, à semelhança dos outros órgãos. Durante a adolescência, ocorre a fase de maturação, caracterizada pelo acelerado aumento da função pulmonar e término do crescimento. Em torno dos 20 a 25 anos, observa-se uma fase de platô, com a manutenção dos parâmetros funcionais por um tempo não estipulado, finalizando com a fase de declínio, na qual há redução progressiva da função respiratória pulmonar, mas com adequada capacidade de manter as trocas gasosas dentro da perspectiva de vida máxima de pessoas saudáveis. (FREITAS et al., 2006, p. 596).

29

A maior alteração encontrada no pulmão do idoso é a diminuição do

tamanho da via aérea associada às alterações do tecido conectivo de suporte.

Alterações como estreitamento de bronquíolos, aumento dos ductos alveolares

e achatamento dos sacos alveolares são decorrentes de alterações do

colágeno e elastina. Um pulmão senil pode apresentar aumento do volume de

ar nos ácinos devido ao aumento do volume de ar nos ductos alveolares,

denominados de ductectasias, sendo uma alteração fisiológica do

envelhecimento.

Segundo Freitas et al. (2006, p. 597): “O termo “enfisema senil” é

utilizado por alguns autores para definir as alterações anatômicas e funcionais

do pulmão do idoso, porém o termo “pulmão senil” parece ser o mais correto.”

Dentre as várias alterações fisiológicas associadas ao processo de envelhecimento, destacam-se aquelas referentes ao sistema imunitário dos idosos, a sua suscetibilidade e vulnerabilidade às infecções em comparação com os adultos jovens, os idosos são menos capazes de responder fisiológica e imunologicamente aos microorganismos invasores. Nos últimos 20 anos, o número e a taxa de internação por infecções respiratórias agudas aumentaram de forma constante entre os idosos. (DAUD; REZENDE, 2007, p. 3).

A redução do número e atividade das células mucociliares do epitélio de

revestimento brônquico predispõem à maior incidência de infecção no grupo de

indivíduos idosos.

Entre as principais alterações no sistema respiratório estão a diminuição

da área de superfície alveolar, redução dos fluxos expiratórios máximos,

aumento na CVF (Capacidade vital funcional) e no volume residual, redução do

volume corrente, diminuição da capacidade de difusão, alteração na relação

ventilação/ perfusão, redução da força muscular e do endurance, menor

complacência da caixa torácica, aumento da complacência pulmonar,

diminuição do controle da respiração, e aumento da reatividade das vias

aéreas.

Nas vias aéreas ocorre rigidez da traquéia e brônquios, redução da

elasticidade das paredes bronquiolares, diminuição dos cílios e deposição de

tecido não contrátil.

Nos pulmões ocorre aumento das camadas de muco e de suas

glândulas, adelgaçamento das paredes alveolares, diminuição da superfície

respiratória, diminuição do diâmetro e superfície alveolar, aumento da

complacência pulmonar, redução da elasticidade pulmonar, redução da

30

capacidade de difusão de oxigênio, fechamento de vias aéreas, redução dos

fluxos expiratórios, diminuição do peso e parênquima pulmonar e diminuição

das células produtoras de surfactante.

Na caixa torácica ocorre diminuição da mineralização óssea, diminuição

dos espaços intervertebrais, diminuição dos movimentos dos arcos costais,

aumento do diâmetro ântero-posterior do tórax e aumento da cifose. Ocorre

redução na complacência da caixa torácica decorrente de seu enrijecimento,

com as calcificações das cartilagens intercostais e articulações costovertebrais

e diminuição da força e massa dos músculos respiratórios decorrente da

diminuição da atividade física e imobilidade. O aumento da complacência

pulmonar ocorre devido à perda da capacidade de retração elástica do pulmão

que é devido à redução das fibras elásticas. Com o envelhecimento, o

diafragma perde até 25% de sua força.

A perda de força elástica resulta no colabamento precoce das vias

aéreas periféricas, resultando em redução de fluxo em baixos volumes. A

capacidade de difusão atinge seu pico por volta dos 20 anos de idade, a partir

daí começa a decair devido à diminuição da superfície de difusão secundária a

destruição dos alvéolos, aumento da espessura da parede alveolar,

colabamento das pequenas vias e provocará alteração na relação ventilação/

perfusão.

No processo de senescência ocorre substituição do tecido muscular por

tecido gorduroso, o que, associado aos elevados índices de inatividade leva à

redução da massa e potência da musculatura esquelética, acarretando menor

capacidade de sustentar o trabalho muscular. O aumento da rigidez do gradil

costal acarreta em maior participação do diafragma e dos músculos abdominais

e menor dos músculos torácicos durante a respiração. A força muscular diminui

com o envelhecimento podendo estar associado à redução de fibras

musculares tipo II.

As alterações no tamanho da via aérea e da superfície alveolar

contribuem para a redução do volume pulmonar necessário para as trocas

gasosas e para o aumento do espaço morto. A CV (capacidade vital) está

diminuída devido à redução da complacência torácica, aumento da

complacência pulmonar e redução da força dos músculos respiratórios.

31

Quando há presença de co-morbidades há um comprometimento ainda

maior da função respiratória nos idosos, tornando-se um processo de

senilidade.

Há uma diminuição da freqüência cardíaca e respiratória em resposta à

hipoxemia e hipercapnia, devido à diminuição da resposta dos

quimiorreceptores. Ocorre uma diminuição da clearance mucociliar

favorecendo o acúmulo de secreção, redução do reflexo da tosse, diminuição

da resposta aguda aos agentes extrínsecos e da imunidade celular.

A perda dos reflexos protetores das vias aéreas pode levar à aspiração

brônquica e a ausência da tosse pode estar associada à redução da força dos

músculos respiratórios.

1.7.2 Exame do aparelho respiratório

Em idosos portadores de DPOC, pode haver redução da mobilidade e

fadiga respiratória, a tosse pode ser discreta ou ausente. O idoso com redução

da capacidade aeróbica e de um reflexo de tosse eficaz pode favorecer o

aparecimento de infecções. Em pacientes acamados pode-se observar poucos

sintomas.

Um idoso pode apresentar uma redução na expansibilidade da caixa

torácica, tempo expiratório prolongado, aumento da frequência respiratória,

utilização de musculatura acessória demonstrando dificuldade respiratória,

pode haver presença de deformidades como cifose ou cifoescoliose

decorrentes das alterações do envelhecimento no sistema ósseo e articular. O

aumento da freqüência respiratória que ocorre devido ao enrijecimento da

parede torácica e calcificação da cartilagem costocondral pode ser o único sinal

de doença respiratória como a pneumonia. O idoso tem um aumento da

aspiração orotraqueal tornando-o mais suscetível à pneumonia por aspiração.

Pode haver presença de crepitações respiratórias devido às mudanças

das propriedades elásticas do parênquima pulmonar com o envelhecimento.

32

CAPÍTULO II

PNEUMONIAS

2 GENERALIDADES

2.1 Introdução

Um século após William Osler ter feito suas observações sobre

pneumonia, e com o desenvolvimento de antibióticos, pode-se dizer que as

pneumonias ainda fazem parte do rol das principais causas de morte.

Em alguns momentos da sua carreira, William Osler referiu-se à pneumonia como a maior inimiga do idoso, e, em outros, como sua companheira. A última caracterização explica-se pela frequência com que lhes ceifava as vidas. (FREITAS et al., 2006, p. 610). “A pneumonia é o capitão das mortes dos homens”. Doença que anteriormente atingia mais os jovens, tornou-se comum também entre idosos, debilitados e aqueles indivíduos portadores de pneumopatia crônica. (TARANTINO, 1997, p. 202).

De acordo com Freitas et al. (2006, p. 610): “Entre os idosos, as

pneumonias também são responsáveis por grande número de internações

hospitalares, que geralmente são mais prolongadas, exigindo antibióticos de

maior potência.”

O aumento da expectativa de vida, em consequência da melhoria da qualidade da assistência médica e do saneamento básico, e a redução da fecundidade são fatores responsáveis pela modificação da pirâmide etária no sentido de um grande aumento da população idosa, a qual é mais vulnerável ao desenvolvimento de pneumonias, devido às alterações provocadas pela própria senescência. (ALMEIDA; FERREIRA FILHO, 2004, p. 230).

Segundo D’Elia et al. (2005, p. 7): “Nos países em desenvolvimento, os

testes laboratoriais para identificação dos vírus causadores de infecções

respiratórias agudas não são disponíveis na prática.”

A gravidade da pneumonia pode ser caracterizada por fatores

indicadores, que podem ser vistos no quadro a seguir:

33

1. Idade acima de 60 anos 2. Doença preexistente 3. Taquipnéia acima de 30 4. Confusão mental 5. Hipotensão diastólica 6. Leucopenia abaixo de 4.000 7. Leucocitose acima de 30.000 8. Hiperazotemia 9. Hipóxia – PaO2 abaixo de 50 10. Comprometimento multilobar

Fonte: Tarantino, 1997, p. 207.

Quadro 2 - Indicadores da Gravidade das Pneumonias

2.2 Epidemiologia

As infecções do aparelho respiratório são as que mais acometem

indivíduos de climas temperados, nos EUA (Estados Unidos da América) a

cada cinco pacientes atingidos por doença aguda, três são respiratórias.

Acredita-se que cerca de 10% das internações são devidas à pneumonia

bacteriana.

Segundo Cantera e Domingo (2001, p. 277): “A pneumonia e a gripe

representam a quarta causa de morte em pessoas com mais de 65 anos.”

Pneumonia é a 6a causa de morte nos Estados Unidos, a principal doença infecciosa e a 4a causa global de óbito entre os idosos imunocompetentes. A idade, na verdade, é um fator de risco para pneumonia e colabora para uma maior hospitalização, tornando-se um dos grandes problemas de saúde pública nos idosos, em razão de sua freqüência. As alterações do trato respiratório, próprias do envelhecimento, tornam o individuo idoso particularmente suscetível às infecções do trato respiratório. (RAMOS; TONIOLO NETO, 2005, p. 121).

“Entre as internações por doenças do aparelho respiratório, a causa

mais freqüente foram as pneumonias, com 46,20% dos casos, seguidas pela

asma e DPOC.” (FREITAS et al., 2006, p. 611).

Segundo Tarantino (1997, p. 202): “Apesar da mortalidade das

pneumonias comunitárias ter caído para 15% em média entre os idosos esse

índice dobrou (EUA)”.

No Brasil o número de óbitos em indivíduos acima de 60 anos por

doenças do aparelho respiratório vêm aumentando nas últimas décadas. As

doenças respiratórias foram responsáveis por cerca de 11% das mortes em

pessoas com 60 anos ou mais no Distrito Federal em 1999.

34

Uma das medidas que vêm sendo adotadas para combater a gripe é a

vacinação em idosos contra a influenza, onde o efeito protetor varia de acordo

com a imunidade do indivíduo.

De acordo com alguns estudos a metade das mortes por influenza

ocorrem em indivíduos idosos institucionalizados.

A pneumonia continua sendo a maior causa de morte por doenças infecciosas no mundo, apesar de todo o avanço na área médica e social no decorrer do século e da disponibilidade de novos antibióticos. Ela é a sexta causa de morte nos EUA e a quinta no Brasil, na população idosa. Esse grupo etário representa 70% de todas as pneumonias em nosso país. Vários fatores, dentre eles idade avançada e presença de algumas doenças crônicas, como doença pulmonar obstrutiva crônica, diabetes mellitus e insuficiência cardíaca, estão associados à sua maior gravidade e mortalidade. (ALMEIDA; FERREIRA FILHO, 2001, p. 230).

2.3 Definições

As pneumonias são infecções das vias aéreas inferiores acarretando em

processo inflamatório, podendo afetar um lobo pulmonar completo,

denominado pneumonia lobar ou um segmento do lobo ou alvéolos próximos

aos brônquios, chamado de broncopneumonia, ou tecido intersticial, onde é

chamado de pneumonia intersticial. Resumidamente a pneumonia pode ser

definida como infecção do parênquima pulmonar causada pela agressão de

microorganismos, particularmente vírus e bactérias.

Houve época em que o termo pneumonia significava, quase sempre, processo inflamatório agudo de um lobo pulmonar, provocado pelo pneumococo – pneumonia lobar. Posteriormente, a conceituação clinica da doença sofreu inevitável simplificação, passando o termo a traduzir a inflamação aguda, de qualquer natureza, localizada no parênquima pulmonar. (TARANTINO, 1997, p. 202).

Pode-se ainda definir pneumonia como processo inflamatório do

parênquima pulmonar, ou de tecidos subjacentes, podendo ser primária ou

secundária.

Segundo Felten et al. (2005, p. 494): “A pneumonia é uma infecção

aguda do parênquima pulmonar, que em geral compromete a troca gasosa e

pode ser classificada de várias formas.”

35

De acordo com Carvalho (2005, p. 223): “[...] geralmente se utiliza o

termo pneumonia para definir inflamação do tecido alveolado secundária à

infecção.”

O termo pneumonite caracteriza a presença de pequenos e numerosos

focos de tromboembolismo com presença de necrose, mas hoje caracteriza-se

pneumonite como lesões de predominância intersticiais.

Podemos definir a colonização como a presença de um microorganismo em um sítio ou tecido sem o desencadeamento da resposta do hospedeiro. São vários os microorganismos que colonizam as vias aéreas dos seres humanos. Já a infecção é caracterizada pela resposta do hospedeiro à presença do microorganismo ou pela presença de lesão tecidual causada por este último. (CARVALHO, 2005, p. 221 – 222).

A virulência de um microorganismo está relacionada à sua capacidade

de proliferação e a algumas características destes microorganismos em facilitar

a adesão e invasão ao seu alvo.

Segundo Felten et al. (2005) a pneumonia bacteriana pode acometer

qualquer parte dos pulmões, e provoca no início inflamação e edema dos

alvéolos, os capilares ficam congestionados de sangue, ocorre destruição das

membranas alvéolo-capilares, onde os alvéolos ficam cheios de sangue e

exsudato, levando à atelectasia. Nas infecções bacterianas graves, os pulmões

adquirem um aspecto maciço. A pneumonia viral geralmente causa pneumonia

difusa, causando inflamação intersticial e descamação, espalhando-se para os

alvéolos, tornando-os cheio de sangue e líquido. Nos estágios mais avançados

pode haver formação de uma membrana hialina.

2.4 Vias de inoculação (vias de acesso)

Os agentes patogênicos da pneumonia podem ser transmitidos pelo ar,

porém com frequência são encontrados no próprio do paciente.

A seguir têm-se algumas vias de inoculação:

a. Aspiração de flora orofaríngea: alguns pacientes apresentam as vias

aéreas inferiores colonizadas por bactérias, onde a aspiração em

grandes quantidades de conteúdo orofaríngeo ou gástrico poder

acarretar em pneumonias.

36

A aspiração de pequenos inóculos bacterianos provenientes das vias aéreas superiores, a chamada microaspiração, é o mecanismo mais freqüente das pneumonias bacterianas típicas. (CARVALHO, 2005, p. 224).

b. Disseminação hematogênica: quando o pulmão é invadido através da

circulação pulmonar, que pode ocorrer quando as válvulas cardíacas do

lado direito são infectadas. Também pode ocorrer através de infecção de

um local distante.

c. Inalação do ar aspirado: vírus e micobactérias podem ser inalados

devido ao fato de formarem minúsculos núcleos de gotículas e

permanecerem no ar depois que a água tiver evaporado.

d. Inoculação direta: é decorrente de procedimentos invasivos sobre a

árvore traqueobrônquica.

e. Extensão direta: os pulmões são infectados a partir da contaminação de

estruturas anatômicas próximas.

Via de inoculação Situação clínica (microorganismos envolvidos) Microaspiração Inoculação direta Inalação de organismos Hematogênica Extensão direta

Maioria das pneumonias bacterianas (germes de comunidade) Pneumonias bacterianas associadas a procedimentos invasivos M. tuberculosis, Legionella sp, vírus, inclusive influenza Endocardite estafilocócica, embolia séptica Abscesso subfrênico

Fonte: Carvalho, 2005, p. 224.

Quadro 3 - Vias de inoculação mais freqüentes dos microorganismos

causadores de infecções do trato respiratório inferior

2.5 Fatores predisponentes

a. Aglomerações onde vírus e bactérias são facilmente transmitidos

b. Alcoolismo

c. Tabagismo

d. Alergias respiratórias

e. Pneumoconioses

f. Poluição atmosférica

37

g. Internações de longa permanência

h. Insuficiência cardíaca

i. Colonização na orofaringe

j. Desnutrição

k. Aspiração

l. Cirrose hepática

m. Obstrução por um corpo estranho ou tumor

n. Gripe

o. Bronquite crônica

p. Idade avançada (acima de 65 anos)

q. Mudanças bruscas de temperatura

r. Diabetes mellitus

s. Insuficiência renal crônica

t. Estado mental alterado

2.6 Fisiopatologia

Na pneumonia, o agente infeccioso gera uma resposta inflamatória na circulação pulmonar, que tende a aumentar o fluxo sanguíneo local e a permeabilidade capilar, facilitando a passagem de células de defesa, do sangue para o interstício, alvéolos e/ ou VA periféricas; para que os microorganismos sejam eliminados. O preenchimento dos alvéolos, VA e/ ou interstício com leucócitos, eritrócitos e outras células tendem a condensar o tecido pulmonar, causando redução da complacência pulmonar e, sendo assim, há uma tendência à redução dos volumes pulmonares. Além disso, estes mecanismos desequilibram a relação V/Q e geram shunt intrapulmonar e, consequentemente, as trocas gasosas ficam prejudicadas; fato que pode ser observado pela presença de hipoxemia. (PRESTO; PRESTO, 2007, p. 167).

O organismo invasor causa inflamação nos bronquíolos e alvéolos, o

exsudato se dissemina para os alvéolos vizinhos, proporcionando um meio

ideal para uma rápida disseminação de bactérias. Os alvéolos passam a conter

grande quantidade de eritrócitos, leucócitos, macrófagos e fibrina, com

congestão no lobo pulmonar ou em parte deste.

A função pulmonar se altera, no início a infecção pode parecer

localizada em apenas um pulmão, tornando a ventilação alveolar reduzida e o

38

sangue flui normalmente, ocorrendo redução nas trocas gasosas e na

ventilação/ perfusão, resultando em hipoxemia e hipercapnia.

2.7 Características clínicas

A pneumonia lobar ocorre repentinamente, já a broncopneumonia,

gradualmente. Os principais sintomas constituem-se de febre entre 38º e 40º C,

calafrios, dor tipo pontada, tosse, que no início é seca e posteriormente passa

a ser produtiva, estado confusional devido à hipoxemia, principalmente em

idosos.

Um quadro de pneumonia geralmente vai apresentar ao exame físico

uma redução dos murmúrios vesiculares nas regiões comprometidas, com a

presença de roncos, estertores e sibilos inspiratórios. Um quadro típico de

broncopneumonia vai apresentar murmúrios vesiculares presente

bilateralmente com roncos, estertores localizados ou difusos e sibilos

inspiratórios.

As manifestações clínicas mais comumente encontradas são fadiga, dor

pleurítica, taquipnéia, febre, tosse seca ou produtiva, prostração, palidez,

tremores, cianose, taquicardia, confusão, agitação e alterações

comportamentais, em estágios mais avançados observa-se macicez à

percussão, há presença de estertores, sibilos ou roncos, redução murmúrio

vesicular e diminuição do frêmito tóraco-vocal.

De acordo com Felten et al. (2005) em casos de tosse produtiva, pode-

se avaliar a coloração do escarro, que quando estiver amarelo-cremoso sugere

pneumonia estafilocócica, escarro esverdeado é indicativo de infecção por

Pseudomonas, e escarro semelhante à geléia de groselha é indicativo infecção

por Klebsiella, e escarro com coloração clara é indicativo de que não há

infecção.

Geralmente um RX (raio X) de uma pneumonia vai apresentar

opacificação homogênea do parênquima, respeitando a segmentação pulmonar

ou lobar, com a presença de broncograma aéreo. Um RX de broncopneumonia

vai apresentar imagens de hipotransparência, que não obedecem a

segmentação pulmonar, ocorrendo imagem única ou múltiplas, iniciando-se na

39

região peri-hilar, e espalhando para o parênquima, com aumento de trama

vasobrônquica e broncograma aéreo.

2.8 Complicações

a. Disseminação para outras áreas do pulmão

b. Resolução demorada

c. Atelectasia

d. Pneumatocele

e. Septicemia

f. Pneumotórax

g. Fibrose

h. Meningite pneumocócica

2.9 Prognóstico

Depende dos fatores predisponentes, da virulência das bactérias, da

idade e da forma física do paciente. A melhora no quadro clínico do paciente

começa após 3 a 4 dias de administração de antibióticos e tratamento

adequado, vai depender das particularidades de cada caso.

2.10 Classificações

2.10.1 Critérios de classificação

São vários os critérios de classificação das pneumonias, onde podem

ser adotados, por exemplo, critério de classificação de acordo com a idade,

separando as pneumonias que acometem crianças e as que acometem idosos,

de acordo com hábitos de vida as que acometem fumantes, grandes

alcoólatras e abstêmicos, quanto à habitação, as urbanas e as rurais, entre

40

outras diversas maneiras de classificação. A seguir estão algumas

classificações da pneumonia.

a. Classificação etiológica:

As pneumonias podem ser classificadas de acordo com seus agentes

em pneumonias causadas por: bactérias Gram-positivas, bacilos Gram-

negativos aeróbicos, anaeróbicos, vírus, micoplasmas, parasitos e outros.

A melhor classificação para as pneumonias seria de acordo com o

agente etiológico, porém mesmo em países de primeiro mundo só é possível a

identificação do microorganismo responsável em aproximadamente 50% dos

casos.

b. Classificação de acordo com a localização anatômica:

A broncopneumonia é caracterizada pelo envolvimento das vias

respiratórias distais e dos alvéolos, definindo imagens radiológicas múltiplas uni

ou bilaterais, de padrão alveolar, aspecto infiltrativo, limites mal definidos e

irregulares com áreas de parênquima normal. Também pode ser denominada

de pneumonia lobular e este termo é usado porque o processo inflamatório

respeita os limites septais, envolvendo alguns lóbulos pulmonares secundários.

A lesão ocorre inicialmente nos bronquíolos terminais e respiratórios,

geralmente vários focos de infecção se desenvolvem simultaneamente, se

expandindo para o parênquima pulmonar adjacente, para produzir agregados

inflamatórios no espaço aéreo ao redor do brônquio ou bronquíolo. Ao RX

podem ser observados nódulos mal definidos ou placas de densidade

aumentada, pode haver pequenas transparências em forma de bolhas dentro

ou ao redor da densidade alveolar. Os principais agentes causadores das

broncopneumonias são Staphylococcus aureus e os microorganismos gram-

negativos.

A pneumonia segmentar apresenta inicialmente líquido edematoso nos

alvéolos, com rápida propagação para o tecido pulmonar adjacente, em

seguida ocorre rápida multiplicação dos microorganismos dentro do líquido

edematoso e invasão do fluído por leucócitos, como resposta à infecção. Este

tipo de pneumonia atualmente não é muito comum devido à efetividade da

antibioticoterapia. O principal agente causador é o Streptococcus pneumoniae.

41

Ao RX pode-se observar consolidação homogênea periférica com

aerobroncograma.

A pneumonia intersticial é caracterizada por processo inflamatório dentro

das paredes intersticiais e não dentro dos espaços alveolares. O agente causal

é quase sempre um vírus ou um micoplasma. Ao RX pode ser observado um

infiltrado peribrônquico, onde o quadro é caracterizado por edema e infiltração

das células mononucleares.

A pneumonia lobar atinge só um lobo, tem um maior comprometimento

do tecido pulmonar.

c. Classificação da infecção

A pneumonia primária é proveniente da inalação ou aspiração de um

agente patógeno, como vírus e bactérias, incluindo as pneumonias

pneumocócicas e virais.

A pneumonia secundária é decorrente de lesão pulmonar inicial causada

por substância química ou outro agente lesivo, ou disseminação hematogênica.

A pneumonia de aspiração ocorre devido à inalação de material estranho

para os brônquios, como vômitos ou partículas alimentares.

d. Classificação de acordo com a maioria dos autores

São classificadas em comunitárias, nosocomiais, de aspiração, atípicas

e dos imunocomprometidos, que serão vistas a seguir.

2.11 Pneumonias por bactérias gram-positivas

2.11.1 Pneumonia pneumocócica

É causada pelo Streptococcus pneumoniae, bactéria cuja cápsula rica

em polissacarídeos lhe proporciona características de maior ou menor

virulência pelo tipo de reação imunitária que provoca, representa 90% das

pneumonias. Apresenta inicio súbito com febre, calafrios, dor torácica, tosse,

escarro ferruginoso e tremores, em geral precedida por infecção das vias

42

respiratórias inferiores. Este tipo de pneumonia ocorre em qualquer época do

ano, sendo mais comum durante o inverno e no início da primavera.

O início é quase sempre súbito, onde a doença acomete pessoas em

plena atividade ou com gripe prolongada e história de infecção prévia das vias

respiratórias superiores. Os pacientes mostram-se de modo geral, abatidos e

prostrados, apresentando eventualmente alterações na esfera psíquica.

O desenvolvimento da pneumonia pneumocócica ocorre da seguinte

maneira:

A primeira resposta orgânica pulmonar à invasão bacteriana é uma exsudação de líquido de edema dentro da luz alveolar. Esse fluído seroso serve como meio de cultura e também é capaz de inundar novos alvéolos, disseminando a infecção através dos poros de Kohn e dos bronquíolos terminais. Após uma disseminação centrífuga do processo, segue-se infiltração progressiva de polimorfonucleares e de hemácias, consolidando-se toda a área. A fagocitose das bactérias tem início e os organismos invasores são destruídos pelos polimorfonucleares, que chegaram ao local incentivados pela presença de germes e por estímulos dos macrófagos ao ingerirem bactérias. Uma das notáveis características da pneumonia pneumocócica é seu processo de resolução, com recuperação completa do parênquima pulmonar em algumas semanas. A ocorrência de necrose no parênquima pulmonar durante o curso de uma pneumonia pneumocócica é excepcional, a despeito da violenta resposta inflamatória. (BETHLEM, 1995, p. 287). A lesão inicial da pneumonia é uma alveolite resultante de um inoculo constituído por um impacto mucoso séptico, que através da traquéia, por ação antigravitacional e aspirativa vai se alojar nos alvéolos mais periféricos do pulmão. O muco que conduz a bactéria não serve apenas de veículo, mas comporta-se também como meio de cultura, protegendo o germe contra as reações locais de defesa. (TARANTINO, 1997, p. 209).

Os tipos 1, 2 e 3 são os mais comuns, sendo responsáveis por 70% dos

casos, onde o tipo 3 que possui uma volumosa cápsula hidrocarbonada é o

mais virulento, acometendo mais os idosos e portadores de doença crônica. O

pneumococo contém em sua cápsula um agente inibidor da elastase que

impede a destruição da elastina. Nos climas temperados sua maior incidência

ocorre no inverno. Acredita-se que o Streptococcus pneumoniae seja o

principal responsável pelas pneumonias bacterianas, tanto comunitárias como

nosocomiais.

Pode-se concluir que o pneumococo atinge os alvéolos, onde libera

substâncias tóxicas que provocarão uma alveolite, esse processo inflamatório

se propaga através dos poros de Kohn e canais de Lambert. Os septos

lobulares e a pleura visceral dificultam a propagação do processo. No início há

43

o surgimento de edema e congestão, os alvéolos estão cheios de exsudato

serofibrinoso e congestão sanguínea. Em seguida os polimorfonucleares são

muito numerosos, aumentando o conteúdo alveolar, os septos se adelgaçam e

os capilares se esvaziam, e no final os macrófagos fagocitam o material

alveolar.

De acordo com Tarantino (1997) os primeiros sinais e sintomas são

tosse, que no início é seca, posteriormente tornando-se produtiva, torna-se

ainda sanguinolenta, cianose decorrente da respiração superficial que ocorre

mais devido à dor do que à diminuição da superfície respiratória, diminuição da

mobilidade torácica, o frêmito tóracovocal no início pode estar normal ou

diminuído e aumenta conforme surge a consolidação, redução do murmúrio

vesicular que precede o aparecimento dos estertores crepitantes, temperatura

elevada, hipersudorese, cefaléia, astenia, mialgias, taquipnéia e taquicardia. Na

fase resolutiva a ausculta torna-se pobre, com estertores crepitantes,

expectoração purulenta abundante e de fácil eliminação e ruídos brônquicos de

vários timbres e alturas podem permanecer por vários dias.

Bethlem (1995, p.287) descreve: “A persistência de calafrios deve

chamar a atenção para complicações, principalmente para derrame pleural,

supuração pulmonar, endocardite ou, mais raramente, artrite séptica.”

Ao exame de RX observa-se infiltrado denso e homogêneo de padrão

alveolar, podendo acometer um ou mais lobos parcialmente ou totalmente,

apresenta limites mal definidos no início e posteriormente bem delimitados, o

diafragma geralmente está imobilizado, mesmo em lesões altas, reduzindo o

hemitórax comprometido.

O hemograma revela leucocitose que varia entre 15.000 e 25.000/mm3,

sendo incomum a verificação de leucopenia, podendo ocorrer em pacientes

graves, idosos e imunodeprimidos. A bacterioscopia direta do escarro colhido

de maneira tradicional revela aspecto purulento, polimorfonucleares em grande

quantidade e pobreza de células epiteliais da mucosa bucal.

Não é comum que existam complicações, porém o derrame pleural é o

mais comum, sendo de pequeno volume e não necessitando de tratamento

especial. Pode ocorrer ainda empiema, superinfecção, pericardite, abscessos,

entre outros.

44

De acordo com Tarantino (1997) a pneumonia pneumocócica em idosos

merece destaque, onde as manifestações clínicas são precoces e podem

passar despercebidas, como febre, calafrios, tosse e dor. São comuns em

indivíduos idosos mal nutridos, alcoólatras, tabagistas, portadores de DPOC,

diabéticos, imunodeprimidos, usuários de corticóides ou fármacos

imunossupressores.

O prognóstico na maioria das vezes é bom, e é discutível que a taxa de

leucócitos normal signifique mal prognóstico.

2.11.2 Pneumonia estafilocócica

O agente etiológico é o Staphilococcus aureus, uma bactéria esférica

com capacidade de elaborar enzimas e toxinas que a tornam livre da ação de

certos antibióticos e provocam necrose do parênquima. Não é muito comum

em adultos sadios, ocorrendo com maior freqüência em lactentes, crianças e

indivíduos hospitalizados, podendo levar à microepidemias em berçários e

enfermarias, é de fácil colonização na cicatriz umbilical em recém-nascidos.

Pode ocorrer pela via brônquica onde o germe coloniza a nasofaringe do

portador e é aspirado para o pulmão, ou pela via hematogênica, devido à um

foco distante geralmente cutâneo.

Segundo Felten et al. (2005) em geral acomete pacientes com doenças

virais e com fibrose cística.

De acordo com Bethlem (1995, p. 290): “É condição que prevalece após

epidemias de influenza e infecções virais, sobretudo sarampo e varicela, mais

particularmente em crianças desnutridas ou distróficas.”

O estafilococo devido às suas enzimas e toxinas tem capacidade de se

disseminar rapidamente através dos tecidos vizinhos e provocar necrose. O

germe atravessa a parede do bronquíolo terminal e produz um microabscesso

peribronquiolar que posteriormente perfura o bronquíolo e esvazia seu

conteúdo, formando pneumatoceles que podem atingir grandes volumes

ocupando todo o hemitórax. Quando localizadas próximo à pleura podem se

romper provocando empiema.

45

Quando adquirida fora do hospital, apresenta início súbito com calafrios,

febre, dor pleural, tosse produtiva e escarro purulento ou sanguinolento.

Quando adquirida em hospital, o quadro é mais grave, com taquipnéia,

taquicardia, cianose e choque tóxico. Como via hemática em adultos há

presença de lesões cutâneas, piodermites, furúnculos, abscessos, flegmões,

focos de osteomielite, feridas cirúrgicas, entre outros.

Ao exame físico de tórax há envolvimento pleural prenunciando

empiema.

Em indivíduos na fase aguda há abundância de estafilococos coagulase-

positivos no escarro, a maioria dos casos vêm acompanhado de leucocitose

alta, a leucopenia coincide com ausência de febre e bacteriemia. É importante

estar tirando RXs pelo menos uma vez ao dia.

Ao RX observa-se aspecto de imagem hidroaérea, como um cisto de

paredes finas e bem delimitadas devido à presença de líquido.

A radiografia pode assumir um aspecto broncopneumônico com vários infiltrados “redondos” disseminados em ambos os hemitórax, de padrão alveolar, bem definidos, pouco densos, com pequenas áreas de atelectasias intercaladas de parênquima normal. (TARANTINO, 1997, p. 221).

Em outros casos, o RX pode assumir aspecto tumoral, em casos de

infecção pode apresentar-se como no início como infiltrado lobar, podem haver

formações cavitárias com conteúdo líquido, conhecido como pneumatocele,

pode deslocar mediastino para o lado oposto, pode mostrar comprometimento

pleural, que é muito freqüente.

Fonte: Ricci, 2005, p. 28.

Figura 5: Radiograma de um paciente com pneumonia estafilocócica.

46

Este tipo de pneumonia pode apresentar em crianças algumas

complicações como pneumatoceles, abscessos, piopneumotórax e empiema.

2.11.3 Pneumonia por bacilo de Friedländer

Atualmente o microorganismo é denominado Klebsiella pneumoniae,

considerado responsável por 0,5% a 7% das pneumonias bacterianas.

A patogenia da pneumonia experimental pela Klebsiella é idêntica à do tipo I do pneumococo, variando apenas em três aspectos: há maior número de Klebsiellas nas áreas de consolidação; ocorre destruição com necrose das paredes alveolares; há organização, com atividade fibroblástica. (BETHLEM, 1995, p. 291).

Este tipo de pneumonia ocorre geralmente em pacientes adultos acima

dos 40 anos, que apresentam diabetes, DPOC e alcoolismo. Apresenta quadro

clínico de início súbito, podendo ser subagudo ou raramente crônico, com

presença de tosse produtiva de aspecto mucoso, pegajoso, contendo com

freqüência pus e sangue, dor torácica, calafrios, e podem ocorrer

manifestações digestivas.

Ao RX pode-se observar processo homogêneo de consolidação,

aspectos bronco pneumônicos podem ser observados, infiltrados Peri-hilares,

assim como diminuição volumétrica do lobo atingido.

2.11.4 Pneumonia estreptocócica

O agente etiológico da pneumonia estreptocócica é o Streptococcus

pyogenes, que acomete 1% da população em geral, sendo a maior parte

crianças. É um tipo raro de pneumonia, porém frequentemente provoca

empiema, tem capacidade de aderir às mucosas, favorecida por adesinas

bacterianas próprias, é em geral precedida de viroses como influenza, sarampo

ou varicela. No adulto raramente este microorganismo causa pneumonia,

porém em pacientes portadores de algumas patologias graves podem ser

atingidos. O estreptococo é um germe habitualmente encontrado na

nasofaringe e amídalas de indivíduos sadios.

47

Segundo Tarantino (1997, p. 222): “O quadro da pneumonia

estreptocócica caracteriza-se pela inflamação de quase toda a árvore

brônquica, chegando às vezes até a ulceração da mucosa. A lesão

compromete bronquíolos, alvéolos e tecido intersticial, resultando em pequena

zona de consolidação, com áreas de infarto, abscessos e atelectasias.”

A leucocitose pode estar muito elevada, com neutrofilia, e o RX

apresenta na maioria das vezes lesões múltiplas, eventualmente podendo

ocorrer abscessos e empiema, sendo os lobos inferiores os mais acometidos.

2.11.5 Actinomicose

Também é conhecida como esporotricose, doença da mandíbula

encaroçada, os agentes causadores são actinomyces iraelli e actinomyces

propionica. O actinomyces é encontrado na cavidade bucal de indivíduos com

higiene precária.

A lesão é caracterizada por proliferação fibro-conjuntiva resultando em

massas endurecidas, evoluindo para necrose e pequenos abscessos que se

comunicam e se fistulizam eliminando material purulento, sanguíneo e rico em

grânulos. As fístulas podem envolver as costelas e as barreiras entre os órgãos

resultam em numerosos abscessos.

A actinomicose manifesta-se de três formas: cérvico-facial, tóraco-

pulmonar e íleo-cecal.

Ao RX observa-se aspecto de condensação lobar única, posteriormente

surgem pequenas cavidades, nos casos crônicos pode envolver pleura, arcos

costais, vértebras e partes moles.

2.11.6 Nocardiose

O agente etiológico é a Nocardia asteróides, atinge de preferência

portadores de linfomas malignos, carcinoma, proteinose alveolar, doença de

Cushing, AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida) e aqueles submetidos

à corticoterapia.

48

A nocardiose constitui uma infecção oportunista comum em pacientes imunocomprometidos, como os submetidos à tratamento crônico, com corticoesteróides, com quimioterápicos, ou nos que apresentam deficiência de imunidade celular. No entanto, 15% dos pacientes com infecção por Nocardia são hígidos, não se encontrando fator predisponente. [...] A prevalência de infecção no nosso meio é desconhecida e internacionalmente a infecção se apresenta de maneira diversa considerando-se aspectos geográficos regionais. (CAMARGO et al., 1997, p. 213).

Não há padrão radiológico sugestivo, a consolidação costuma ser única,

homogênea, lobar e com tendência à escavação.

2.11.7 Rhodococcus equi

Este tipo de pneumonia atinge de preferência imunocomprometidos,

particularmente os submetidos à corticoterapia. Também há casos de contágio

pelo contato direto com animais domésticos, solo e locais contaminados. O

contágio se faz por via inalatória. Este tipo de pneumonia provoca lesão

granulomatosa com tendência à necrose e reação histiocitaria e macrofágica.

Ao RX inicial observa-se aspecto infiltrativo nodular e unilobar, com

tendência à escavação, é comum o surgimento de empiemas e abscessos.

2.12 Pneumonias por bactérias gram-negativas

2.12.1 Haemophilus influenzae

Na pandemia de 1918 foi revelada uma alta incidência de haemophilus

influenzae na nasofaringe e pulmões de pacientes em muitas partes do mundo.

O tipo B é o mais importante e produz 95% das infecções no homem. A

pneumonia primária é uma doença própria da infância e excepcional em

adultos, a não ser quando estes últimos são acometidos de influenza, sarampo

ou DPOC.

Na criança, determina um quadro de broncopneumonia com bronquiolite severa, que se caracteriza por tosse persistente, dispnéia, expiração prolongada, roncos, sibilos e estertores esparsos. (BETHLEM, 1995, p. 291).

49

O agente etiológico é o Haemophilus influenzae, que depois do S.

pneumoniae é considerado o maior responsável pelos surtos de infecções

bacterianas agudas que atingem os adultos. Este microorganismo está

presente na nasofaringe de quase todas as crianças com idade em torno de

cinco anos.

A transmissão se dá por via inalatória e acomete principalmente

indivíduos com DPOC, alcoolismo, pessoas acima de 50 anos, Diabetes

Mellitus, hipogamaglobulinemia, esplenectomizados, anemia falciforme e AIDS.

O início pode ser súbito ou precedido de infecção do trato respiratório superior.

Este tipo de infecção consiste em bronquite mucopurulenta que desloca

a camada epitelial, os alvéolos ficam mais próximos e com presença de

exsudato inflamatório e presença de pequenos abscessos.

Ao RX observa-se mais frequentemente comprometimento dos lobos

inferiores, observa-se imagens com aspecto de infiltrado evoluindo ou não para

consolidação. A infecção pode assumir ainda características de

broncopneumonia e pode ocorrer concomitantemente com derrame pleural.

2.12.2 Moraxella catarrhalis (Branhamella catarrhalis)

Este germe foi considerado por muito tempo comensal e inofensivo,

vivendo na nasofaringe de pessoas sadias. Atualmente sabe-se que pode

causar otite média e sinusite maxilar em crianças. Acomete em particular

idosos portadores de DPOC, também acomete imunodeprimidos, indivíduos

com antecedentes de virose ou de condições que favoreçam a aspiração, é

responsável por bronquites purulentas, broncopneumonias e infecções das vias

respiratórias.

É frequentemente encontrada como comensal no trato respiratório superior humano, particularmente em crianças. Esta bactéria, entretanto, pode causar certas infecções tais como, otite média, sinusite e conjuntivite em crianças e adultos. Além disso, M. catarrhalis têm sido relacionada a diversos episódios de infecções do trato respiratório inferior tais como bronquite crônica, particularmente em pacientes idosos. Em condições de baixa imunidade, M. catarrhalis pode causar pneumonia, endocardite, septicemia, artrite e meningite. Há diversas publicações descrevendo infecções humanas tanto comunitárias quanto hospitalares causadas por M. Catarrhalis, as quais definitivamente aumentam a significância destas bactérias

50

como agentes etiológicos importantes em infecções humanas tanto comunitárias quanto hospitalares. (SILVA, 2006, p. 179).

As infecções causadas por este germe não causam nem febre nem

leucocitose aumentada. As alterações radiológicas na maioria dos casos são

discretas ou não identificáveis.

2.12.3 Klebsiella pneumoniae

“A Klebsiella pneumoniae é considerada como a principal causadora de

pneumonias bacterianas por bacilos Gram-negativos, sejam elas comunitárias

ou nosocomiais” (TARANTINO, 1997, p. 227).

A pneumonia por Klebsiella pneumoniae constitui patologia incomum na população infantil. Entretanto em alguns grupos específicos de crianças, como nos imunodeprimidos e nos hospitalizados sob uso de antimicrobianos, sua incidência torna-se significativa. (GRISI et al, 1983, p. 376).

Acredita-se que atualmente este tipo de pneumonia seja responsável por

20% de todas as pneumonias nosocomiais por Gram-negativos. A maioria das

pessoas acometidas são do sexo masculino, acometendo principalmente

indivíduos com história de alcoolismo, diabetes e DPOC.

Tanto as pneumonias nosocomiais como as hospitalares causadas pela

Klebsiella pneumoniae são resultantes da aspiração de secreção da orofaringe,

sendo este bacilo mais frequentemente encontrado na faringe de indivíduos

alcoólatras do que em indivíduos normais.

O processo inicia-se por uma alveolite, onde os alvéolos estão com

presença abundante de exsudato, há áreas de necrose e colapso alveolar,

vasos trombosados, focos de gangrena, numerosos abscessos e

bronquiectasias.

O quadro clínico caracteriza-se por início quase sempre súbito, com

expectoração abundante, viscosa, densa, purulenta ou mucossanguinolenta, há

polipnéia, cianose, dor pleural e calafrios. Algumas manifestações digestivas

como vômitos, náuseas, icterícia e diarréias são observadas em alguns casos.

Ao RX observa-se acometimento principalmente de lobos superiores, e

bombeamento da cissura, necrose, atelectasia, traquéia desviada para o lado

comprometido e diafragma elevado.

51

2.12.4 Pseudomonas aeruginosa

Este bacilo provoca infecções graves em pacientes hospitalizados,

sendo a principal causa em pacientes hospitalizados, é saprófita no aparelho

respiratório de pessoas que exercem atividade em hospital, principalmente

aquelas com contato direto com feridas cirúrgicas infectadas, grandes

queimados ou infecções urinárias, pode também se desenvolver em aparelhos

de respiração mecânica, nebulizadores e umidificadores. Cerca de 5% da

população é portadora deste bacilo que vive no trato intestinal.

Como fatores de risco podem ser citados os pneumopatas crônicos,

cardíacos, nefropatas, entre outros.

Pode haver o comprometimento através da aspiração ou de maneira

hematogênica, partindo de um foco à distância.

Este tipo de pneumonia é caracterizada por nódulos necróticos duros de

limites precisos, com reação inflamatória discreta, se difere das outras

pneumonias por áreas com formações amarelo-escuras, resistentes e com

áreas de necrose.

O exame físico de tórax destes pacientes fornece poucos dados, porém

manifestações cutâneas podem ocorrer com frequência. O hemograma na

maioria dos casos apresenta leucocitose, e o RX não é sugestivo.

2.12.5 Escherichia coli

Pode ser encontrado às vezes na orofaringe e com frequência no trato

intestinal. Acredita-se que o bacilo proceda de urina, fezes e orofaringe de

pacientes hospitalizados. É considerada a principal responsável pela

pneumonia dos recém nascidos. O bacilo atinge o pulmão através da corrente

sanguínea, originando-se de um foco localizado no trato gênito-urinário ou

gastrointestinal.

Os alvéolos geralmente estão cheios de exsudato, os septos alveolares

edemaciados, há áreas de metaplasia de septos alveolares, infiltrados

linfocitários em torno dos brônquios de menor calibre. Esta pneumopatia

52

manifesta-se em geral sem nenhuma característica própria e comumente

surgem sintomas gastrointestinais.

Ao RX observa-se presença de vários focos infiltrativos com padrão

alveolar assumindo aspecto broncopneumônico, sem presença de necrose e

com predomínio nas bases.

2.12.6 Proteus sp.

Os agentes causadores desta infecção são de crescimento rápido,

encontrados com frequência nas fezes humanas e de animais e nas águas de

esgoto. Possui taxa de mortalidade alta, atingindo de preferência pessoas com

idade em torno de 50 a 60 anos, sua patogenia é aspirativa-endógena.

Ao RX observa-se infiltrados densos em ápices e bases, durante sua

evolução surgem imagens cavitárias e empiema.

2.12.7 Serratia marcescens

Esse agente tem sido responsável por pneumonias graves e empiemas,

é raro o acometimento de pneumonia por este agente, sua colonização torna-

se mais fácil nas vias respiratórias altas de pacientes idosos tratados em

domicílio e que fazem uso constante de antibióticos. Esses microorganismos

são encontrados no solo, água, plantas, e no trato intestinal de seres humanos

e animais.

As infecções causadas por Serratia estão claramente associadas com hospitalização, especialmente, com problemas invasivos como cateterização intravenosa, intubação respiratória e manipulações no trato urinário. Além disso, epidemias de pneumonia causada por Serratia têm sido associadas com contaminação da água em aparelhos utilizados para terapia respiratória. Antes do uso extensivo destes procedimentos, a Serratia marcescens era uma bactéria inofensiva, isolada mais frequentemente de fontes ambientais como a água. (VASCONCELOS et al., 2006, p. 37).

Ao exame físico não existe muita diferença das demais, embora muitos

dos pacientes sejam portadores de doença prévia grave. Ao RX observam-se

lesões com aspecto de infiltrado broncopneumônico bilateral.

53

2.12.8 Pseudomonas pseudomallei

Esta infecção é própria de roedores, animais domésticos e asiáticos, e

raramente atinge o homem. Esta pneumopatia é de caráter supurativo, envolve

a pleura e ocorrem múltiplos abscessos cutâneos.

2.12.9 Brucella sp.

Apresenta início insidioso, no homem pode causar uma doença

denominada de brucelose, o comprometimento pulmonar e raro e pode

acontecer como doença secundária. A forma de contaminação é através da

ingestão de leite cru e seus derivados.

2.12.10 Bordetella pertussis (Coqueluche)

É uma doença peculiar da primeira infância, que raramente atinge o

adulto, e quando isto ocorre, resulta em pneumonia grave, tendo alta taxa de

mortalidade no adulto e na criança é reduzida.

O quadro clínico caracteriza-se por tosse ferina matinal, e muitas vezes

torna-se difícil diferenciar das infecções causadas pelo vírus da influenza,

adenovírus e outros. Essas crises paroxísticas são acompanhadas por

eliminação de secreção transparente, viscosa e abundante que cessa após

náuseas seguidas de vômitos.

No início podem surgir apenas lacrimejamento e coriza, posteriormente

podem surgir tosse noturna, febre, respiração com ruídos.

Ao RX pode-se observar infiltrados, consolidações pneumônicas,

atelectasia e os gânglios hilares podem estar aumentados.

2.12.11 Francisella tularensis

54

É um bacilo que não se desenvolve nos meios de cultura comuns, é de

difícil identificação, é comum entre mamíferos silvestres, algumas aves e

animais domésticos. Alguns vetores como carrapatos, piolhos e moscas podem

contaminar o homem. A doença manifesta muitas vezes como

broncopneumonia com reação hilar e derrame pleural.

2.12.12 Acinetobacter calcoaceticus

Como a pneumonia comunitária atinge principalmente operários de

fundição de aço e indivíduos que possuem patologia pré-existente como

pneumoconiose, quando adquirida em hospital atinge principalmente pacientes

com traqueostomia, pacientes que fazem uso de antibióticos e em pós-

operatório.

Ao RX observa-se que há certa preferência por lobos inferiores, com

aspecto pneumônico e abscessos.

2.12.13 Salmonella typhimurium

É comum entre os portadores de AIDS, linfomas e leucemias, pode ser

acompanhada de gastroenterite grave e apresenta alta taxa de mortalidade. Ao

RX é observado aspecto de broncopneumonia, com freqüência há derrame

pleural que evolui para empiema.

2.12.14 Yersinia pestis

O principal vetor é a pulga do rato, que raramente transmite ao homem.

A contaminação ocorre através da picada do inseto e raramente por inalação.

Ao RX observa-se predomínio nas bases com aspecto infiltrativo.

2.13 Pneumonias atípicas

55

2.13.1 Mycoplasma pneumoniae

É uma doença geralmente endêmica, e às vezes epidêmica, é mais

comum em jovens e adolescentes, principalmente confinados em

acampamentos, colégios, orfanatos, sendo rara em idosos. Nem sempre

assume a forma pneumônica, podendo manifestar-se como traqueobronquite,

sendo confundida com gripe. A infecção se dá por via inalatória e normalmente

não compromete o trato respiratório.

De acordo com Bethlem (1995, p. 293): “É a forma mais grave de

envolvimento respiratório pelo Mycoplasma, atingindo com mais freqüência

crianças, adolescentes e adultos jovens.”

As manifestações clínicas são semelhantes às viroses respiratórias, os

sintomas mais comuns incluem febre alta, sudorese intensa, tosse seca, fadiga,

mialgia, cefaléia e frio.

Pode ocorrer ainda eritema do tímpano, miringite bolhosa, erupções

cutâneas, e manifestações extrapulmonares neurológicas, digestivas,

cardíacas, músculo-esqueléticas, cutâneas, renais e hematológicas.

Este tipo de pneumonia não apresenta imagens radiológicas

características, mas na maioria das vezes apresenta lesões de padrão

intersticial, principalmente nas bases.

2.13.2 Legionella pneumophila

A Legionella é um germe cujo reservatório natural é a água,

esporadicamente acomete indivíduos idosos, tabagistas, alcoólatras,

portadores de doença crônica, diabéticos e imunodeprimidos, e algumas

condições ambientais favorecem surtos da doença sob a forma de um simples

resfriado ou mesmo a pneumonia.

A pneumonia por Legionella é responsável por 2-15% de todas as pneumonias adquiridas na comunidade com necessidade de hospitalização, sendo mais freqüente no grupo de pessoas com Doença Pulmonar Crônica, fumadores, idade avançada e imunodeprimidos. Geralmente as manifestações clínicas iniciais incluem sintomas inespecíficos como fadiga, anorexia, cefaléias, vômitos e diarréia, associados a febre, tosse seca e dor torácica tipo pleurítica. Em outros casos, a forma de apresentação é similar da

56

pneumonia bacteriana comunitária por agentes típicos, com quadro de tosse produtiva, febre elevada, dispnéia e hipoxemia, com pouca resposta aos β-lactâmicos. (ARROYO; RODRIGUEZ-VERA; GLÓRIA, 2008, p. 26).

O meio de transmissão é através da inalação de partículas, também há a

possibilidade do agente ser aspirado para o pulmão. O foco infiltrativo alveolar

pode atingir todo o lobo evoluindo para consolidação. Podem surgir alveolites

purulentas nos espaços aéreos, onde o exsudato causa destruição e necrose.

Segundo Tarantino (1997, p. 239): “A Legionella pode causar

metástases para o miocárdio, pericárdio, peritônio, fígado, rins e cérebro.”

Este tipo de pneumonia apresenta início rico em sintomas

extrapulmonares, raramente com sinais de comprometimento do trato superior.

Ao exame físico do tórax há pobreza de sinais e sintomas, por isso é incluída

na classificação de pneumonias atípicas.

Este agente é difícil de ser obtido em culturas de material de secreções respiratórias, do sangue ou do próprio pulmão. Existem casos relatados de obtenção de cultura positiva a partir de empiema. Alguns estudos têm mostrado que até 15% das pneumonias adquiridas na comunidade podem ter esta etiologia. (BETHLEM, 1995, 292).

Ao RX podem ser observadas alterações precocemente, geralmente

unilaterais e em lobos inferiores, comumente havendo comprometimento

pleural.

2.13.3 Chlamydia psittaci

Em 1893, Morange descreveu um agente infeccioso transmitido por papagaios que causava, em humanos, infecção no trato respiratório semelhante à gripe. Denominou-se essa doença de psitacose, da palavra grega psittacus, papagaio. Em 1930, o microorganismo foi identificado em vários laboratórios e posteriormente incluído no gênero Chlamydia e na espécie e na espécie Chlamydia psittaci. (MOSCHIONI et al., 2001, p. 219).

Este tipo de infecção é muito comum em pássaros, sendo estes os

transmissores, onde o contágio se dá através da inalação de partículas

provenientes de dejetos destes animais. O microorganismo atinge o fígado e o

baço, posteriormente atingindo o pulmão através de via hematogênica.

O início geralmente é insidioso, com sintomas brandos, inespecíficos, lembrando infecção de vias aéreas superiores. Febre, tosse seca,

57

cefaléia, calafrios, mialgia e hepatoesplenomegalia ocorrem em mais da metade dos casos. (MOSCHIONI et al., 2001, p. 221).

Pode haver comprometimento de um ou mais lobos pulmonares com

áreas de hemorragia, trombose e necrose. Há alterações pulmonares discretas

em relação ao comprometimento sistêmico, por isso é classificada na categoria

de pneumonias atípicas. O exame radilógico é rico em imagens, com processo

infiltrativo bilateral.

2.13.4 Chlamydia trachomatis

A C. trachomatis pode causar cegueira, e é também responsável por

infecções genitais, linfogranuloma venéreo e pneumonias em recém-nascidos,

e raramente acomete adultos. Apresenta evolução lenta, com ausência de

febre e alguns episódios de tosse seca, podendo frequentemente ser

acompanhada também de conjuntivite. Ao RX observa-se infiltrado intersticial

difuso e hiperinsuflação.

2.13.5 Chlamydia pneumoniae (TWAR)

Este agente possui grande capacidade de parasitar o hospedeiro sem

causar a doença, sua maior prevalência sorológica é na idade escolar, e pode

ainda causar endocardite e miocardite. Há certa predileção por idosos e

geralmente são precedidas por manifestações do trato respiratório superior. Ao

exame radiológico são visualizados infiltrados alveolares subsegmentares,

principalmente nas bases.

A Chlamydia pneumoniae, foi reconhecida como agente etiológico de infecção respiratória no ser humano, pela primeira vez em 1985. Atualmente é identificada como agente de pneumonia atípica e infecção respiratória alta, estimando-se que 15 a 5% de todos os casos de pneumonia se associem à Chlamydia pneumoniae. (CORREIA et al., 2005, p. 316).

A Chlamydia pneumoniae ocorre mundialmente e transmite de pessoa a

pessoa através do trato respiratório.

58

2.13.6 Coxiella burnetti (Febre Q)

Recebe esta denominação porque quando descoberta seu agente era

desconhecido, é uma zoonose sistêmica que raramente se manifesta como

pneumonia. Seus hospedeiros normalmente são animais domésticos e

roedores silvestres, raramente atinge o homem, e quando ocorre é transmitida

por via inalatória, uma das principais fontes de contágio é através da ingestão

de leite cru.

É uma doença sistêmica, que raramente atinge o pulmão, porém quando

ocorre é de maneira súbita. Ao RX as alterações são visualizadas

precocemente, onde são semelhantes às alterações causadas por virose.

2.14 Pneumonia por leptospira

A leptospirose é uma doença multissistêmica, de causa infecciosa, causada por leptospiras patogênicas, caracterizando-se por amplo espectro de manifestações clínicas, variando desde infecção inaparente até doença fulminante e fatal. (HÜTTNER; PEREIRA; TANAKA, 2002, p. 229).

Leptospirose é uma doença febril, aguda, potencialmente grave, é uma

zoonose que acomete roedores, animais domésticos e outros mamíferos

silvestres, sendo o rato um dos mais importantes reservatórios e vetor da

doença, e há certo aumento da doença após enchentes. O homem é

contaminado ao entrar em contato com direto ou indireto, com a urina destes

animais, principalmente os roedores. As portas de entrada mais comuns são a

pele íntegra ou não, e mucosas nasal, oral e conjuntival.

Múltiplos sintomas e alterações orgânicas são atribuíveis à leptospirose. No entanto as manifestações relativas ao aparelho respiratório não têm merecido, comumente, abordagens destacadas, provavelmente porque elas em geral não são proeminentes na maioria das infecções desprovidas de gravidade e, também, em virtude da maior expressão habitualmente inerente a distúrbios referentes a outros setores. (AMATO NETO; TCHERNIACOVSCKI; BALDY, 1972, p. 334).

As principais alterações respiratórias consistem em tosse, dor torácica,

sufusão conjuntival, alteração do sensório, dispnéia, hemoptóicos e hemoptises

que podem evoluir para insuficiência respiratória aguda. Durante a visualização

59

de um exame de RX comumente é observado infiltrado pulmonar, e também

podem surgir condensações segmentares e o derrame pleural é mais raro.

Fonte: Hüttner; Pereira; Tanaka, 2002, p. 230.

Figura 6: Radiografia de tórax inicial com áreas de consolidação peribrônquicas

confluentes.

Fonte: Hüttner; Pereira; Tanaka, 2002, p. 230.

Figura 7: Radiografia de tórax 24 horas após internação mostrando maior

confluência das consolidações.

2.15 Pneumonias por bactérias anaeróbicas

O trato respiratório superior é habitado de cinco a dez vezes mais por

anaeróbios do que por aeróbios. As espécies de anaeróbios Gram-negativos

isolados com maior freqüência nessas infecções pertencem aos gêneros:

Bacteróides, Fusobacterium e Peptostreptococcus, sendo o último Gram-

positivo, porém é sempre difícil de identificar o agente causador.

Quando um indivíduo é acometido por este tipo de pneumonia,

geralmente existe uma patologia pré-existente como por exemplo: infecções

dentárias, gengivites, infarto pulmonar, entre outras.

60

Os germes anaeróbios são responsáveis por em média 25% das

pneumonias em geral, comunitárias ou de qualquer outra natureza. O início

deste tipo de pneumonia geralmente é insidioso e os pacientes não referem

calafrios, porém ocorre a perda de peso.

Pode se apresentar como pneumonite, de início agudo com tosse seca,

dor pleural, e relato de condições favoráveis à aspiração, pode se apresentar

como pneumonia necrotizante onde o paciente mostra-se muito comprometido,

com febre alta, dor pleural, tosse produtiva e secreção purulenta fétida, pode se

apresentar também como abscesso, onde os pacientes apresentam hálito

fétido e expectoração pútrida, na maioria das vezes sanguinolenta, ou se

apresenta ainda como empiema que é a última fase evolutiva da infecção.

Ao RX observa-se diversos padrões radiológicos que depende da fase

evolutiva da pneumonia, onde podem ser observados infiltrados alveolares,

consolidação, imagem hidroaérea e empiema pleural.

2.16 Pneumonias por vírus

2.16.1 Generalidades

Os vírus são responsáveis por 30% das enfermidades respiratórias, e os

resfriados comuns são responsáveis por metade das doenças agudas que

atingem o aparelho respiratório. Há um maior comprometimento em grupos que

vivem em ambiente fechado, e em países de climas bem definidos durante o

inverno.

Segundo Bethlem (1995, p. 296): “As pneumonias virais são mais

freqüentes em crianças, principalmente as pequenas, oscilando sua incidência

entre 30 a 50% como agentes etiológicos de pneumonia nesta faixa etária.”

O agente etiológico mais comum é o Myxovirus influenzae, ou vírus da gripe, mas outros vírus como o Rinovírus, o vírus Parainfluenza, o Coronavírus, o vírus Sincicial respiratório, Enterovírus e o Adenovírus também acometem o sistema respiratório e promovem sintomas semelhantes à influenza. [...] Com o aumento na proporção de idosos na população brasileira, cresce o número de indivíduos que atingem faixas etárias de risco para doenças crônicas e incapacidades. [...] Nesse grupo, medidas preventivas e de proteção específicas devem

61

ser priorizadas, devido à significativa e crescente demanda por serviços ambulatoriais, hospitalares e de reabilitação, conforme demonstram vários estudos. (DAUD; REZENDE., 2007, p. 3).

Na traquéia e brônquios de maior calibre ocorre displasia das células

colunares, com perda ciliar e áreas de ulceração, prejudicando o movimento

mucociliar, propiciando a instalação de bactérias, podendo alterar o tônus da

musculatura brônquica, causando tosse persistente e redução do fluxo

expiratório, em lesões mais periféricas ocorre bronquiolite, processo necrótico

degenerativo com produção excessiva de muco e obstrução.

As viroses são transmissíveis através de contato direto e inalação de

partículas de aerossol, comprometem as vias respiratórias superiores e podem

causar varias manifestações respiratórias. Normalmente se inicia por infecção

alta com tosse, dispnéia, taquipnéia, sibilância e retração respiratória dos

espaços intercostais.

O agente que mais frequentemente causa pneumonia é o vírus da

influenza, podendo se manifestar tanto como doença primária ou secundária

devido à infecção bacteriana. Os vírus na interação bacteriana lesam o epitélio

brônquico, facilitam a adesão bacteriana, reduzindo a clearance mucociliar e

fagocitose.

Durante a visualização de um RX de pneumonia virótica, pouco pode-se

diferenciá-la das pneumonias bacterianas.

A seguir serão visualizados dois quadros, um apontando os principais

vírus que causam infecções no sistema respiratório (quadro 4) e o outro

mencionando alguns sintomas que diferenciam a pneumonia viral da bacteriana

(quadro 5):

Grupo Síndromes • Ortomixovírus

(Influenza) Influenza, resfriado comum, faringite, crupe, bronquite, bronquiolite, pneumonia

• Paramixoviroses • Sarampo • Parainfluenza • Sincicial respiratório

Sarampo, pneumonia, bronquiectasia Resfriado comum, crupe, bronquite, bronquiolite, pneumonia Idem, idem

• Picornaviroses (Enterovírus)

• Rinovírus • Echovírus • Coxsackie

Resfriado comum Resfriado comum Resfriados, infecções respiratórias agudas, herpangina

• Adenovírus Resfriado comum, bronquite, bronquiolite, febre faringoconjuntival, doença respiratória aguda em recrutas, pneumonia

62

• Coronavírus Resfriado comum • Herpesviroses • Herpes simples

• Citomegalovírus • Varicela-zoster • Epstein-Barr

Faringite aguda, faringite ulcerativa, traqueíte, pneumonia em imunocomprometido Mononucleose aguda, faringite aguda e crônica, pneumonia em imunocomprometidos Pneumonia Mononucleose, faringite aguda e crônica

Fonte: Tarantino, 1997, p. 250.

Quadro 4 - Principais Vírus Responsáveis pelas Infecções do Aparelho

Respiratório

Pneumonia viral Pneumonia bacteriana Características sistêmicas Queixas respiratórias

Tosse seca Tosse produtiva Secreção em pequena quantidade e de

aspecto mucoso Secreção abundante, purulenta, cor de tijolo

ou sanguínea Pneumonia Viral Pneumonia Bacteriana

Desconforto retroesternal Dor precoce e localizada Bradisfigmia, temperatura elevada Raramente acontece dissociação pulso e

temperatura Conjuntivite e petéquias no véu palatino Herpes labial

Ausculta pobre, no início pode-se auscultar ruídos brônquicos com riqueza de imagens

radiológicas e mais tardiamente estão ausentes com imagens que permanecerão

por mais tempo

O quadro clínico e a radiologia caminham

paralelamente

Derrame pleural raro Derrame pleural freqüente e purulento Não ocorre necrose, cisto ou empiema Comprometimento lobar ou segmentar, onde

as lesões podem evoluir para necrose, cisto ou empiema

Menor consolidação, durante maior tempo Maior consolidação, durante menor tempo Leucometria normal ou discreta leucopenia Na maioria das vezes leucocitose com

neutrofilia Hemossedimentação mais acelerada -----

Difícil identificar agente etilógico no escarro por bacterioscopia e cultura

Agente etiológico facilmente identificado

Processo predominantemente intersticial Alvéolos cheios de exsudato e septos adelgaçados

Menor eficácia no tratamento farmacológico Resposta terapêutica rápida Fonte: Elaborado pela autora.

Quadro 5 - Comparação entre pneumonia viral e bacteriana

2.16.2 Influenza (Gripe)

Também conhecida como gripe, é uma infecção aguda e altamente

contagiosa do aparelho respiratório, é mais grave nos idosos e pessoas com

doenças crônicas.

63

Segundo Eliopoulos (2005, p. 215): “A maioria das mortes por influenza

ocorre na população idosa, enfatizando a seriedade desta infecção para essa

população.”

A infecção é transmitida através da inalação de perdigotos respiratórios

liberados pelo paciente infectado ou contato direto, causando inflamação e

descamação no epitélio respiratório.

Segundo Bethlem (1995, p. 300): “É uma infecção viral produzida pelos

grupos A, B e mais raramente, C, que provocam doença contagiosa aguda,

caracterizada por febre, calafrios, prostração, dores musculares e cefaléia.”

O vírus da influenza é o mais importante que atinge o aparelho

respiratório, sendo classificado em três tipos: A, B e C. O vírus A é o principal

responsável pelas epidemias, o tipo B não causa epidemias com tanta

freqüência e o tipo C raramente causa infecção grave do aparelho respiratório.

O período de incubação deste tipo de pneumonia dura de dois a quatro dias. A

influenza do tipo A é a causa mais freqüente de morte nos idosos, a influenza B

é menos grave.

De acordo com Eliopoulos (2005, p. 215): “As modificações relacionadas

com a idade, incluindo uma resposta imunológica prejudicada ao vírus, tornam

os idosos altamente suscetíveis à influenza.”

De acordo com Felten (2005) depois da incubação de 24 a 48 horas os

sinais que podem ser observados são calafrios, febre, cefaléia, mal-estar,

mialgia, tosse seca, laringite, rouquidão, lacrimejamento, eritema dos olhos,

nariz e garganta e secreção nasal límpida. À medida que a infecção progride

pode surgir fadiga, tosse frequente, taquipnéia, cianose, falta de ar, escarro

purulento ou com presença de sangue, adenopatia, hipersensibilidade cervical,

bolhas ou estertores transitórios e os murmúrios vesiculares podem estar

diminuídos. A seguir têm-se algumas informações sobre a ocorrência de

pneumonias no século XX:

Cinco epidemias bem caracterizadas ocorreram no século XX, sendo mais severa a de 1918. Tais vírus são da família dos mixovírus e todos os três grupos possuem características imunológicas e epidemiológicas diferentes. Os vírus da influenza A são os mais importantes e, aparentemente, os mais mutáveis, ocasionando surtos pandêmicos ou epidêmicos, de forma mais disseminada. Os episódios pandêmicos, epidêmicos ou mesmo as infecções endêmicas por eles ocasionados são decorrentes de imunidade transitória (dois anos) para o mesmo vírus ou de aspectos genéticos de mutações virais que se estabelecem de forma definitiva,

64

originando um outro subgrupo após a década. (BETHLEM, 1995, p. 300).

Este tipo de pneumonia também ocorre com maior freqüência no inverno

e no início da primavera. Durante as epidemias as crianças são as mais

atingidas e as maiores transmissoras da infecção. Serão vistos a seguir alguns

sintomas em indivíduos com pneumonias por influenza, principalmente nos

idosos.

As epidemias por influenza de início se manifestam sob a forma de uma infecção respiratória febril, sem maior gravidade; ao se disseminarem, atingem adultos, principalmente idosos, portadores de doença cardiopulmonar crônica, ocasião em que assume a forma de uma pneumonia grave com alto índice de mortalidade. A incidência dessas pneumonias na população em geral atingida pela epidemia, oscila entre 10% e 20%, havendo uma nítida preferência pelos grupos de pessoas que vivem em ambientes confinados. (TARANTINO, 1997, p. 253).

De acordo com Tarantino (1997) a maioria das epidemias foram

causadas pelo vírus da influenza tipo A (H3N2), que possui grande variedade

de antígenos tornando difícil seu controle, o vírus tipo B foi encontrado em

associação como tipo A, o vírus tipo C raramente atinge o homem, porém

quando ocorre, acomete mais crianças podendo levar à síndrome de Reye.

O processo é intersticial e desde que haja ausência de bactérias não há

superinfecção, quando houver viremia pode existir o comprometimento de

outros órgãos. O início pode ser gradativo, parecido com um resfriado comum,

as queixas mais comuns são astenia, calafrios, congestão nasal, rinorréia,

faringite, conjuntivite, cefaléia, sudorese e estado febril.

A complicação mais comum da influenza é a pneumonia, que pode ser viral primária ou secundária à infecção bacteriana. A influenza também pode causar miosite, exacerbação da doença pulmonar obstrutiva crônica, síndrome de Reye e, raramente, miocardite, pericardite, mielite transversa e encefalite (FELTEN et al., 2005, p. 404).

O diagnóstico é feito através de exames laboratoriais das culturas do

nariz e garganta, exames hematológicos, exames de sangue mostrando

aumento de leucócitos e linfócitos, e sinais e sintomas. Na maioria das vezes a

infecção assume aspecto de infiltrados irregulares, bilaterais com predomínio

nas bases.

Em 2009 surgiram no México casos de gripe associados a um novo

subtipo de influenza A, H1N1, que se espalhou rapidamente provocando uma

epidemia no país, decorridos dois meses foram descritos casos em dezenas de

65

países, inclusive o Brasil. Todas essas estirpes são encontradas no vírus da

gripe C e nos subtipos do vírus da gripe A, conhecidos como H1N1, H1N2,

H3N1, H3N2 e H2N3.

O vírus da gripe suína foi detectado na primeira década de 1930 a partir

de um porco, é considerada uma doença respiratória da população de suínos e

pode haver contágio de suínos para o homem.

Quando o vírus da influenza de diferentes espécies infectam

simultaneamente o mesmo animal, podem reorganizar-se geneticamente e

organizar uma nova estirpe de vírus. A análise deste vírus sugere que ele tem

uma combinação de características de gripe suína, aviária e humana.

Em humanos os sintomas da gripe H1N1 são semelhantes aos da gripe

e síndrome gripal, consistindo em febre, dor de garganta, mialgia, dor de

cabeça forte, tosse, fraqueza, desconforto geral, náuseas, vômitos e diarréia. A

contaminação se dá através de vias aéreas, contato direto com o infectado ou

indireto com objetos contaminados.

2.16.3 Parainfluenza (Crupe)

Este vírus compõe-se de quatro sorotipos: 1, 2, 3 e 4, sua estrutura é

muito parecida como o influenza tipo A, porém apresenta capacidade

antigênica estável, este vírus depois do VSR, é considerado o maior

responsável por infecções respiratórias em lactentes e crianças. Seu período

de incubação é de 3 a 6 dias.

Os vírus deste grupo ocasionam doenças respiratórias de forma comum, de caráter recorrente e de amplo espectro clínico, ou seja, desde o resfriado comum até bronquiolite e pneumonia. (BETHLEM, 1995, p. 300).

Segundo Tarantino (1997, p. 255): “[...] 50% das crianças até

completarem um ano de idade serão infectadas pelo vírus da parainfluenza tipo

3 e 100% delas também serão aos seis anos.”

Os tipos 1 e 2 causam laringotraqueobronquite em crianças, o tipo 3

causa pneumonia e bronquiolite em lactentes.

No adulto em geral, ocorre infecção benigna do trato respiratório

superior, raramente causando doença grave.

66

Este vírus causa lesões semelhantes às demais infecções, porém

provoca no epitélio traqueal edema e exsudato fibrinoso. A doença é

transmissível através de gotículas de saliva ou partículas de aerossóis,

podendo se manifestar como resfriado comum ou doença grave.

2.16.4 Sincicial respiratório (VSR)

Recebe este nome devido à sua capacidade de provocar fusão com a

membrana celular do hospedeiro formando um sincício. Acomete com grande

frequência crianças, é o maior responsável durante surtos epidêmicos por

pneumonias nas enfermarias pediátricas, unidades de transplante,

ambulatórios e casas de repouso. É bastante comum a infecção em dias

chuvosos e inverno.

O vírus sincicial respiratório (VSR) é considerado o principal agente causal de infecções do trato respiratório inferior (ITRI) em lactentes em todo o mundo, embora haja pouca informação a esse respeito nos países em desenvolvimento. (D’ELIA et al., 2005, p. 7 – 8). Dentre os numerosos agentes etiológicos das infecções respiratórias agudas, os vírus são reconhecidos como os agentes etiológicos predominantes, particularmente em países desenvolvidos, destacando-se o vírus respiratório sincicial em função de ser o mais frequente dentre as infecções respiratórias agudas de vias aéreas inferiores, tais como bronquiolite e pneumonia, especialmente em crianças menores de um ano de idade. (MACEDO et al., 2003, p. 5).

A transmissão ocorre através de partículas de perdigotos, podendo

ocorrer por mãos ou objetos contaminados. As lesões são caracterizadas por

necrose, infiltração monocítica, formação de muco abundante e secreção

obstruindo pequenas vias. Clinicamente se manifesta por infecção alta com

febre. A doença pode surgir tanto como um simples resfriado como uma

pneumonia grave. Como nas demais viroses, não existe achado radiológico

característico.

De acordo com Bethlem (1995, p. 299): “O quadro radiológico é o de

uma hiperinflação pulmonar que pode ser bem visualizada no perfil: pequenas

zonas de pneumonite e de atelectasias são vistas.”

67

2.16.5 Sarampo

As pneumonias causadas por esse vírus geralmente são graves,

atingem de preferência crianças e adolescentes, o vírus pode atingir o aparelho

respiratório inúmeras vezes sem causar pneumonia. O período de incubação

dura de uma a duas semanas. Inicialmente ocorrem manifestações no trato

respiratório superior, como rinorréia, espirros e conjuntivite, acompanhadas de

cefaléia, mialgias e febre. Ao RX observa-se imagem reticular em todo o

pulmão e gânglios aumentados.

2.16.6 Rinovírus (Resfriado comum)

De acordo com Tarantino (1997) os rinovírus e os enterovírus fazem

parte da grande família dos Picornavirus, que recebem este nome devido ao

seu tamanho reduzido, essa família é também responsável por outras doenças

como a poliomielite e a meningite asséptica.

Os rinovírus seguidos pelos coronavírus são os principais responsáveis

pela síndrome do resfriado comum, os rinovírus possuem características como

rinorréia, obstrução nasal e outras manifestações. Os indivíduos mais atingidos

são as crianças, estando os adultos menos sujeitos à doença e sendo as

crianças os maiores transmissores da doença, onde a propagação entre

crianças é bem maior que nos adultos.

Segundo Tarantino (1997, p. 256): “Atualmente as infecções

respiratórias contribuem com 70% de todas as doenças que atingem o homem,

sendo 90% delas causadas por vírus.”

O resfriado é uma doença que facilmente se transmite, e pode ocorrer

através do contato direto, através de partículas contendo o vírus ou inalação de

aerossol.

Esta doença quando atinge grandes grupos se apresenta menos grave

do que quando acomete casos isolados, apresenta período de incubação de 2

a 4 dias, com curso de uma semana, apresentando como sintomas coriza,

obstrução nasal, rinorréia, dor de garganta, olhos injetados, dificuldade de

deglutir, cefaléia, tosse, mialgias com ou sem febre.

68

2.16.7 Echovírus

Podem ser encontrados com frequência no intestino do homem sadio, e

o contágio ocorre através de secreções da orofaringe e fezes de pessoas

contaminadas. Pode ocasionar também as meningites assépticas, pericardite,

mialgias e raramente atinge o aparelho respiratório.

2.16.8 Grupo Coxsackie (Pleurodinia epidêmica)

Pertence ao grupo dos Picornavírus, classificando-se em grupo A e B,

são encontrados com frequência nas fezes de indivíduos normais, também

causa meningite, miocardite e pericardite. Costuma surgir sob a forma de

surtos epidêmicos, mais comum no verão e outono, atingindo na maioria das

vezes crianças e adultos jovens.

Quando manifesta quadros respiratórios o início geralmente é súbito,

com forte dor torácica em pontada ao nível do diafragma. Podem surgir ainda

sintomas como cefaléia, febre e dores generalizadas.

2.16.9 Adenovírus

Estes vírus podem causar desde um resfriado comum como uma

pneumonia grave, atinge com frequência pacientes imunocomprometidos e

com transplante. É transmitida através da inalação de partículas de aerossóis.

Os adenovírus provocam lesão pneumônica com edema, necrose e formação

de membrana hialina.

Verifica-se em todas as partes do mundo que o homem é o reservatório principal desta infecção. A transmissão é feita através do contato de pessoa a pessoa. Durante o período de infecção aguda, e por um prazo de uma a três semanas, o vírus é excretado pelas secreções respiratórias. É possível a eliminação do vírus pela urina, e na fase de infecção aguda, uma alta proporção de pessoas infectadas elimina-o pelas fezes. (BETHLEM, 1995, p. 299).

Os sintomas consistem em tosse, febre, dor torácica, rinite, faringite,

amigdalite, traqueíte e conjuntivite.

69

2.16.10 Coronavírus

Este vírus é responsável por grande número de infecções respiratórias

agudas, ainda não se conhece o verdadeiro mecanismo de transmissão e

acredita-se que as lesões sejam menos graves que as provocadas pelo vírus

da influenza. As manifestações gerais tem a mesma predominância das

infecções pelo vírus da influenza e adenovírus.

2.16.11 Hantavírus

Apresenta sintomas de infecção respiratória como febre, cefaléia,

mialgia e tosse seca. Sua evolução na maioria das vezes é rápida, levando à

insuficiência respiratória grave, semelhante a SARA (síndrome da angústia

respiratória aguda).

Alguns roedores são hospedeiros do Hantavírus, acreditando que se

transmita ao homem pelo contato direto ou através de inalação de partículas de

aerossol.

2.16.12 Herpesvírus simples (HVS)

Divide-se em herpes simples 1 e 2, o vírus da varicela-zoster, o

citomegalovírus e Epstein-Barr, onde o herpes simples tipo 1 causa mais

comumente o herpes labial, também chamado de herpes febril, o tipo 2 tem

preferência pelo trato urinário. O tipo 1 é o que mais frequentemente

compromete o aparelho respiratório, causando pneumonias, porém com

freqüência causa infecção do trato respiratório, mas raramente causa

pneumonias. Ocorre mais frequentemente nos transplantados de medula óssea

e imunocomprometidos.

O meio de contágio é através da orofaringe, surgindo pelo contato direto

ou via hematogênica, podendo atingir os pulmões e outros órgãos. Geralmente

estas pneumonias não apresentam características próprias.

70

2.16.13 Citomegalovírus (CMV)

Este vírus é responsável pela mononucleose citomegálica, pertence ao

mesmo grupo dos herpesvírus 1 e 2, da varicela-zoster e do Epstein-Barr.

Seu modo de transmissão é através do contato direto, via materno-fetal,

e transplante de órgãos, este agente se mantêm vivo em estado de latência

apresentando capacidade de mais tarde se reativar. O paciente pode abrigar

este vírus durante anos sem quadro sintomático, se tornando reservatórios.

Pode ocorrer com frequência em pacientes imunodeprimidos, sendo

mais comum em crianças, pessoas debilitadas e em idosos

2.16.14 Varicela (Catapora)

Raramente causa pneumonia, atingindo principalmente adultos, levando

a um alto índice de mortalidade. A varicela como doença sistêmica acomete

mais crianças, e na forma pneumônica acomete mais indivíduos adultos.

Os aspectos radiológicos são de infiltrados nodulares bilaterais, mais expressivos nas bases e próximos aos hilos. Micronódulos calcificados podem ficar nos pulmões, como sequelas em adultos, apenas. (BETHLEM, 1995, p. 301).

Este tipo de pneumonia se manifesta com hemoptise, taquipnéia, dor

torácica, cianose e temperatura alta. Ao RX observa-se imagens

micronodulares, nodulares difusas ou de padrão alveolar, sempre mais nítidas

nas proximidades dos hilos.

2.16.15 Epstein-Barr

Raramente causa infecções respiratórias, é portador também de

mononucleose infecciosa, algumas doenças podem ter relação com o vírus

Epstein-Barr como a síndrome de Sjogren e a pneumonia intersticial linfóide.

2.17 Pneumonias nosocomiais

71

De acordo com Tarantino (1997) pneumonia nosocomial é definida como

infecção do trato respiratório inferior que ocorre quando o paciente está em

período de internação, desde que esta não esteja presente ou em incubação

no momento em que o paciente for internado.

Ocorre com maior frequência em pacientes internados na UTI (unidade

de terapia intensiva), pacientes submetidos à cirurgia de tórax ou de abdome

superior, pacientes graves, intubados e em ventilação mecânica e

imunossuprimidos. Estas pneumonias são diagnosticadas através dos achados

clínicos com infiltrado pulmonar, febre, leucocitose e secreção purulenta. Seus

principais agentes etiológicos são as bactérias, usualmente causada por mais

de um microorganismo.

Segundo Tarantino (1997, p. 263): “O trato respiratório é protegido pela

glote e pela laringe; qualquer material que ultrapasse essas barreiras é

eliminado através do reflexo da tosse.”

O principal mecanismo causador de infecção pulmonar é através de

aspiração de conteúdo presente na orofaringe, porém os microorganismos

podem também invadir o trato respiratório através da inoculação bacteriana

direta, como por exemplo através de traqueostomia, uso de nebulizadores,

incubadoras, também através da disseminação hematogênica ou extensão de

um foco ao pulmão.

A orofaringe possui ecossistema bacteriano complexo, porém em

condições normais é estável, já o estômago normalmente é estéril devido à

função bactericida do ácido hidroclorídrico. A colonização gástrica está

presente em casos de idade avançada e disfunções gasrtrointestinais.

A contaminação através do nebulizador pode ocorrer devido ao contato

direto com secreções endógenas, contaminação da água ou medicação, mãos

do profissional ou desinfecção inadequada do nebulizador. Estes nebulizadores

quando contaminados aumentam os riscos de pneumonias nosocomiais e

infecção cruzada. Já os umidificadores geralmente não produzem aerossóis,

apresentam níveis de colonização baixos e sua temperatura elevada evita

crescimento e colonização dos patógenos hospitalares.

A sonda nasogástrica pode favorecer a colonização da orofaringe e

aumento do refluxo. Materiais de ressuscitação e espirômetros aumentam risco

de infecção cruzada.

72

Com frequência há dificuldades em se diagnosticar as pneumonias

nosocomiais.

2.18 Pneumonias de resolução lenta

É a pneumonia comunitária em que sua resolução ocorre por volta de

três a quatro semanas. O principal responsável por este tipo de pneumonia é o

Streptococcus pneumoniae. Durante a visualização do RX deste paciente, as

imagens podem ser mais nítidas no início da doença. A bacteriemia é rara e

quando presente se acompanha de sintomas gerais.

Há predomínio em idosos, principalmente os portadores de bronquite,

enfisema, asma, pneumoconiose e neoplasias.

2.19 Pneumonias crônicas

São aquelas pneumonias que ultrapassam o prazo de resolução previsto

e não respondem bem ao tratamento medicamentoso. Muitas vezes é difícil

diferenciar uma pneumonia de resolução lenta de uma pneumonia crônica.

Esta, como a pneumonia de resolução lenta, é uma pneumonia comum no

paciente idoso.

Ao RX estas pneumonias não têm um padrão definido, uma

característica importante é que na maioria das vezes o pulmão se encontra

com seu tamanho reduzido.

2.20 Pneumonias reicidivantes

Este tipo de pneumonia é comum em crianças, onde o germe que

predomina é o pneumococo, pode ocorrer com certa freqüência em portadores

de DPOC submetidos ao uso prolongado do respirador mecânico.

73

2.21 Pneumonias por agentes químicos

Pode ocorrer por aspiração do suco gástrico, onde pacientes submetidos

à anestesia ou endoscopia podem aspirar após refluxo gastroesofagiano uma

certa quantidade do suco gástrico.

Quando ocorre supressão ou redução do reflexo da tosse o conteúdo

gástrico tende a fluir para o esôfago e ser aspirado para a traquéia.

O suco gástrico possui pH ácido clorídrico e provoca broncoespasmo

grave na árvore brônquica e lesa sua mucosa e parede dos capilares

provocando edema a fim de neutralizar a ação do ácido clorídrico. Os idosos

estão mais sujeitos à estes episódios. É comum encontrar achados como

febres, roncos e sibilos.

Substâncias oleosas utilizadas para instilação nasal ou como laxantes

também podem causar este tipo de pneumonia. Onde crianças com oclusão

intestinal ao vomitarem podem aspirar este conteúdo. A redução do reflexo da

tosse favorece a aspiração, o que costuma acontecer com pacientes idosos,

debilitados e portadores de doença crônica. Estes óleos quando penetram no

pulmão são fagocitados, mas algumas partículas retidas nos linfáticos regionais

podem ocasionar fibrose. As queixas são de tosse, expectoração e dispnéia.

Durante a ingestão acidental de derivados do petróleo por crianças,

como por exemplo, a querosene, ao atingir a árvore brônquica, provoca edema

com reação inflamatória e broncoespasmo.

2.22 Pneumonias por agentes físicos

Podem atingir pacientes portadores de neoplasias submetidos a

cobaltoterapia. As lesões pulmonares são resultantes de doses excessivas de

irradiação, que provocam lesões pleuropulmonares com edema, inflamação e

necrose.

2.23 Pneumonia adquirida na comunidade (PAC)

74

A pneumonia adquirida na comunidade é a infecção do trato respiratório

inferior que acomete o paciente fora do ambiente hospitalar ou dentro das

primeiras 48 horas de internação. É mais comum ocorrer nas faixas etárias

extremas, crianças e idosos, com morbimortalidade elevada principalmente em

idosos e pacientes debilitados.

Em idosos, quanto mais elevada a idade, maior a prevalência, o

tratamento geralmente é hospitalar, e geralmente é mais grave do que em

adultos jovens. A incidência é 30 vezes mais elevada nas pessoas que vivem

em asilos em relação às que vivem com suas famílias.

A taxa de mortalidade é maior em idosos que apresentam demência,

coronariopatia, incontinência urinária, limitação da mobilidade e menor reserva

funcional ventilatória-pulmonar. Homens apresentam uma maior probabilidade

devido ao maior índice de tabagismo, doença pulmonar obstrutiva crônica e

maior risco biológico.

Idade 65 anos Doença crônica pulmonar (DPOC, bronquiectasia ou doença intersticial pulmonar) Diabetes mellitus Insuficiência renal crônica Insuficiência cardíaca congestiva Doença hepática Hospitalização prévia (um ano antes do episódio de PAC) Suspeita de aspiração gástrica Deficiência cognitiva Doença neoplásica Abuso de álcool ou desnutrição Pós-esplenectomia

Fonte: Moraes, 2008, p. 543.

Quadro 6 - Fatores de risco relacionados ao aumento de morbidade e

mortalidade nos pacientes com pneumonia adquirida na comunidade

A principal forma de aquisição é através da microaspiração de flora

orofaríngea. Em metade dos adultos saudáveis a aspiração ocorre durante o

sono.

O idoso possui maior risco de aquisição devido ao maior risco de

colonização bacteriana na boca e aspiração.

A má nutrição em idosos hiporéticos e emagrecidos parece ser o principal fator de risco de se adquirir a PAC. Vários outros influem para que a alimentação no idosos seja indevida em qualidade e quantidade, como: dentição precária; uso de medicamentos e seus efeitos colaterais; alterações na deglutição; presença de doenças que

75

afetam a cognição e parte motora; redução da quantidade de papilas gustativas que transtornam o paladar e diminuem a ingestão de alimentos. (MORAES, 2008, p. 544).

O principal agente etiológico é o S. pneumoniae, em idosos é mais

comum a pneumonia associada ao H. influenzae, S. aureus e gram-negativos,

nos jovens a Legionella e outras bactérias atípicas são as mais comuns.

O quadro clínico pode ser clássico, como no adulto jovem, pode ser

geriátrico, com sintomas específicos do idoso, com confusão mental, delirium,

queda ou instabilidade, incontinência urinária ou fecal, pode ser silencioso com

ausência de sintomas ou evolução insidiosa e ainda pseudo-silencioso, quando

surgem outros sintomas. As crepitações podem estar ausentes em idosos

desidratados ou presente em pessoas obesas sem pneumonia.

2.24 Pneumonia em idosos

2.24.1 Introdução

As infecções das vias aéreas superiores e as pneumonias são uma das

principais causas de morbidade e mortalidade em indivíduos idosos.

Segundo Eliopoulos (2005, p. 214): “A pneumonia, especialmente a

broncopneumonia, é comum no idoso e constitui-se em uma das principais

causas de morte nessa população.”

Segundo Felten et al. (2005) o tipo mais comum de pneumonia

encontrada em idosos é a bacteriana, seguida pelas virais.

Existem várias maneiras de classificar a pneumonia, porém é

conveniente que as pneumonias dos idosos sejam classificadas conforme o

local de aquisição, a presença de comorbidade e a condição imunológica do

hospedeiro.

A pneumonia não é uma doença de notificação compulsória, não sendo

encontrados muitos dados a respeito de seu acometimento em idosos acima de

60 anos. No Brasil os dados são obtidos através do Ministério da Saúde com

base nos pacientes internados no SUS (Sistema Único de Saúde). A incidência

76

de pneumonia em idosos aumenta durante os surtos de gripe ocasionadas pelo

vírus influenza.

A seguir têm-se alguns dados sobre as internações por pneumonia no

idoso:

Entre as internações por doenças do aparelho respiratório, a causa mais freqüente foram as pneumonias, com 46, 20% dos casos, seguidas pela asma e pela DPOC. Esta ordem se mantém na população idosa, em que a pneumonia foi responsável por 161.952 internações, acometendo, em 26,62% dos casos, indivíduos muito velhos, ou seja, com 80 anos ou mais. (FREITAS et al., 2006, p.611).

Pode-se concluir que as pneumonias ocasionam mais internações do

que outras doenças que também são comuns nos idosos.

A pneumonia é ocasionada por três mecanismos patogênicos diferentes: colonização na orofaringe e subsequente aspiração de microorganismos, inalação de aerossóis infectados e, mais raramente, disseminação hematogênica de outros sítios de infecção. A ocorrência de pneumonia vai depender da quantidade de microorganismos, da virulência dos mesmos e das condições de defesa do hospedeiro. (FREITAS et al., 2006, p.611).

Segundo Moraes (2008, p. 545): “A etiologia da pneumonia em

pacientes asilados segue a seguinte ordem de frequência: S. aureus (29%),

gram-negativos (15%), S. pneumoniae (9%) e P. aeruginosa (4%).”

2.24.2 Fatores de risco

Segundo Freitas et al. (2006) são vários os fatores que predispõe o

idoso a ter pneumonia, porém o fator extrínseco mais importante que deixam

esses pacientes mais sujeitos à pneumonias adquiridas na comunidade e nos

asilos é a infecção pelo vírus da gripe, o influenza, estando a pneumonia dos

idosos diretamente relacionada às epidemias de gripe.

De acordo com Freitas et al. (2006), entre os fatores que predispõem o

idoso à pneumonia estão o tabagismo, desnutrição, DPOC, insuficiência

cardíaca congestiva, insuficiência renal, hipertensão arterial sistêmica, doenças

neurológicas, câncer, entre outros. Além das alterações causadas pelo

envelhecimento, o risco de um idoso adquirir pneumonia está aumentado

quando há exposição prolongada ao fumo. Existem alguns estudos sobre a

relação do processo de imunossenescência como responsável pelo aumento

de chances do idoso adquirir pneumonia.

77

2.24.3 Particularidades no idoso

Existem inúmeras alterações do envelhecimento e outras

particularidades do idoso que os tornam mais suscetíveis às pneumonias, entre

estes: a fraqueza muscular da parede torácica, que faz com que diminua a

capacidade do idoso em eliminar secreção; as deformidades ósseas que

afetam a coluna e o gradil costal reduzem a amplitude de movimento da caixa

torácica, reduzindo a ventilação pulmonar, contribuindo para o acúmulo de

secreção; idosos que permanecem por longo período institucionalizados, a

depressão do sistema imune, a limitação da mobilidade, carcinoma de pulmão,

doença periodontal, uso de antiácidos e bloqueadores H2, cirurgias torácica e

abdominal, a atelectasia, os resfriados, infecções respiratórias virais, doença

respiratória crônica, tabagismo, desnutrição, hospitalização, alcoolismo,

traqueostomia e aspiração.

Segundo Felten et al. (2005) em idosos ocorre devido aos distúrbios de

deglutição e redução do reflexo de engasgo, decorrente de acidente vascular

encefálico (AVE) ou doença prolongada e pacientes com alimentação por

catéter enteral.

A pneumonia ocorre em ambos os sexos e em todas as idades. Os idosos têm risco maior de desenvolver esta infecção porque sua musculatura torácica enfraquecida diminui sua capacidade de eliminar secreções. Os pacientes mantidos em instituições de longa permanência são particularmente suscetíveis. A infecção tem prognostico favorável nos pacientes com pulmões normais e sistema imune normal (FELTEN et al., 2005, p. 494).

O processo de aspiração é um fator de risco para a pneumonia, onde

sua frequência pode estar aumentada em idosos com distúrbios de deglutição

decorrentes de patologias como AVE, demências em geral, Parkinson e

Alzheimer. Podemos destacar ainda situações como: o rebaixamento do nível

de consciência, o uso de sonda nasoenteral e medicação sedativa, que

também contribuem para a aspiração.

A colonização na orofaringe é o primeiro passo para as pneumonias, principalmente para as adquiridas nas instituições de longa permanência e nos hospitais. A colonização por Staphylococcus aureus e Gram-negativos (Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli) ocorre mais frequentemente em idosos com doença pulmonar crônica, diminuição da produção de saliva (síndrome sicca, uso de anticolinérgicos), debilitados e residentes em asilos ou internados em hospitais. Após o quinto dia de

78

hospitalização, 40% dos pacientes estão com a orofaringe colonizada por Gram-negativos. (FREITAS et al., 2006, p.612).

Idosos com dificuldades de deglutição, com doenças neurológicas,

redução do reflexo da tosse, alterações no nível de consciência, idosos que se

alimentam através de sonda nasogástrica, nasoenteral ou gastrostomia

possuem maior probabilidade de aspiração que acarretaria em pneumonia.

Pacientes idosos internados em hospitais e em instituições de longa

permanência têm risco maior ainda de infecções devido a descuidos de

funcionários da equipe médica e enfermagem com a esterilização de materiais,

lavagem de mãos, entre outros.

De acordo com Freitas et al. (2006, p. 613): “Nos gerontes, as

pneumonias adquiridas na comunidade podem ser causadas por germes

incomuns em pacientes mais jovens.”

Em 50% dos casos de pneumonias em idosos o agente mais comum é o

Streptococcus pneumoniae (pneumococo). Nas pneumonias associadas à

DPOC, os agentes etiológicos mais comuns são o Streptococcus pneumoniae,

o Haemophilus influenzae e a Moraxella catarrhalis. Muitos estudos mostram

que nos hospitais os bacilos Gram-negativos são os principais responsáveis

pela pneumonia no idoso.

Os agentes “atípicos”, como a Legionella pneumophila, a Chlamydia pneumoniae, e o Mycoplasma pneumoniae e a Coxiella burnetti, também podem causar infecção do trato respiratório inferior nos idosos, principalmente na comunidade e nos asilos. (FREITAS et al., 2006, p.613).

A morbidade e a mortalidade por gripe (influenza) e outras infecções

respiratórias virais são maiores nos gerontes do que nos indivíduos mais

jovens.

2.24.4 Manifestações clínicas

Segundo Eliopoulos (2005, p. 214): “Nos idosos, os sinais e sintomas de

pneumonia podem ser alterados, e uma pneumonia severa possivelmente se

faz presente sem a evidência de sintomas.”

Na velhice, as doenças podem apresentar-se de maneira atípica, com poucos sintomas, ou apenas com sintomas inespecíficos, como confusão mental, distúrbio do humor, incontinência, inapetência,

79

emagrecimento, declínio funcional, síncope e quedas. É claro que quanto mais velho mais frágil o paciente, maior será a chance das doenças se apresentarem de modo diferente do que o habitual. (...) Osler, há 100 anos, observava que a tosse e a expectoração eram discretas e que a febre poderia estar ausente. (FREITAS et al., 2006, p.613).

Alguns sintomas podem estar reduzidos no idoso, como a dor pleurítica,

febre e calafrios. Em idosos a temperatura pode estar abaixo do normal ou com

febre. A tosse e a dispnéia podem estar presentes na maioria dos casos,

porém sendo menos comum nos idosos, além da quantidade de expectoração

ser menor.

Os idosos são menos queixosos do que os adultos, os pacientes entre 45 e 64 anos; 65 e 74 anos e com 75 anos ou mais possuem, respectivamente, 1,4; 2,9 e 3,3 vezes menos sintomas do que os que estão na faixa de 18 a 44 anos. Por esses fatores é que o exame radiológico do tórax é fundamental para o diagnóstico do tórax e fundamental para o diagnóstico da pneumonia. (MORAES, 2008, p. 544).

É muito comum se observar no idoso ainda a confusão mental, que

freqüentemente é o único sintoma apresentado e pode ser um sinal de

gravidade. Em 50% dos casos se observa ainda um declínio funcional,

podendo também ser o único sintoma.

2.24.5 Diagnóstico no idoso

Devido às alterações do envelhecimento do sistema respiratório, é mais

difícil obter uma amostra de escarro para a realização de exames de culturas,

testes de sensibilidade e coloração pelo Gram. Ainda, devido à maior

probabilidade de doenças crônico-degenerativas entre idosos e a crescente

longevidade da população é necessário um diagnóstico precoce, uma

abordagem mais específica, principalmente para aqueles residentes de

instituições de longa permanência. Torna-se necessário também uma

investigação mais detalhada dos meios de contágio nesta população.

Alguns pacientes devem ter uma avaliação mais detalhada, como

aqueles portadores de doenças neurológicas e psiquiátricas, pois podem

ocasionar distúrbios de deglutição, comunicação e motricidade, predispondo

estes pacientes às infecções. Dependendo do estágio destas patologias pode

estar presente, por exemplo, a desnutrição, deixando o paciente ainda mais

80

suscetível. Diabetes Mellitus, neoplasias e cirurgias recentes podem alterar os

sintomas clínicos e a resposta imunológica neste grupo de pacientes. Estes

pacientes apresentam ainda dificuldades para diferenciar novos sintomas dos

antigos e relatá-los.

O diagnóstico etiológico das pneumonias só é obtido na metade dos casos. Nos idosos, as dificuldades são ainda maiores, pois, com freqüência, eles são incapazes de produzir muco suficiente para realização de exames bacteriológicos. Mesmo quando se consegue uma quantidade de expectoração suficiente para exame, é difícil distinguir entre colonização e infecção por germes viáveis, principalmente Gram-negativos, que habitualmente colonizam a orofaringe desses pacientes. (FREITAS et al., 2006, p.613).

Nos hemogramas de alguns idosos pode-se observar uma contagem de

leucócitos normal, até mesmo em casos de pneumonia bacteriana. O aumento

na quantidade de bastões na contagem diferencial é um indicativo mais

confiável de pneumonia por infecção bacteriana.

Existem alguns riscos ao se realizar a broncoscopia ou aspiração

transtraqueal devido serem procedimentos invasivos, principalmente em idosos

frágeis ou incapazes de cooperar.

Devido à pobreza de sintomatologia nos pacientes idosos, os

profissionais da área da saúde devem ficar atentos a qualquer alteração,

existem alguns critérios de provável diagnóstico de pneumonia que são

descritos no quadro a seguir:

O médico e a equipe de saúde devem suspeitar de pne umonia quando o residente de uma ILP apresentar dois ou mais dos seguintes sinai s e sintomas: Aparecimento ou piora da tosse Aumento da quantidade e/ ou alteração no aspecto da expectoração (purulência) Temperatura > 38º C ou < 35,6º C, ou ainda variação ≥ 1,1º C na temperatura basal Freqüência respiratória ≥ 25 incursões por minuto Taquicardia Aparecimento ou piora da hipoxemia Dor pleurítica Declínio da função cognitiva e/ ou da capacidade funcional Aparecimento de novos sinais ao exame do tórax, tais como estertores, sibilância ou roncos

Fonte: Freitas, 2006, p. 614.

Quadro 7 - Critérios Diagnósticos para Provável Pneumonia Adquirida na

Instituição de Longa Permanência

É muito difícil o diagnóstico de pneumonia em idosos institucionalizados

devido à grande incidência de confusão mental e afasia.

81

2.24.6 Peculiaridades de tratamento no idoso

Devido à redução nos reflexos da tosse e engasgo, aos músculos

respiratórios mais fracos e à diminuição da capacidade respiratória, o uso de

sedativos, supressores da tosse e narcóticos está contra-indicado nestes

casos.

Medidas de promoção e prevenção à saúde do idoso podem melhorar a

qualidade e sobrevida deste grupo etário, reduzindo as infecções virais e

consequentemente suas complicações.

2.25 Diagnóstico

2.25.1 Radiografias

Os raios-X de tórax demonstram infiltrados e a confirmação através

deste serve para evitar que muitos pacientes usem antimicrobianos

desnecessariamente.

A imagem radiológica pode estar ausente em idosos desidratados. Nesses casos, após a hidratação, surgem crepitações, antes indetectáveis, e área de condensação compatível com pneumonia. (MORAES, 2008, p. 546).

Ao exame de RX pode se observar principalmente consolidação

homogênea em um ou mais lobos, consolidação difusa com aspecto

broncopneumônico, derrame pleural, infiltrado intersticial difuso, e opacificação.

2.25.2 Exame do escarro

Indicam infecção de origem bacteriana. Sua utilidade é controversa,

sendo um método recomendado para pacientes hospitalizados. O intervalo

entre a coleta do material, e o transporte até o laboratório não deve ultrapassar

duas horas.

82

O escarro deve ser analisado com cuidado, pois alguns doentes não conseguem expectorar. O trato respiratório dos idosos, sobretudo os portadores de DPOC, diabetes mellitus ou que vivem em instituições asilares, é frequentemente colonizado, o que torna o exame de pouco valor diagnóstico, entretanto, quando há crescimento de bactéria na cultura, recomenda-se considerar o microorganismo isolado como causador da patologia observada. Há que se considerar ainda o impacto da antibioticoterapia prévia sobre a cultura, o que pode negativa-la. (MORAES, 2008, p. 546).

2.25.3 Hemoculturas

Detectam infecção bacteriana e auxiliam na identificação do agente

etiológico. É positiva principalmente quando a pneumonia é de origem

pneumocócica. Quando o paciente estiver hospitalizado deve-se colher duas

amostras em locais diferentes com intervalo de duas horas entre elas.

2.25.4 Hemogramas

Podem mostrar aumento da contagem de leucócitos em caso de

pneumonia bacteriana e a leucometria pode estar normal ou reduzida em

pneumonias causadas por vírus ou micoplasmas. A leucopenia ou leucocitose

intensas podem indicar a gravidade da doença.

2.25.5 Gasometria arterial

É um exame invasivo que mede as concentrações de oxigênio, a

ventilação e o estado ácido-básico. Normalmente a amostra é coletada na

artéria radial perto do punho. Ocorrem variações de acordo com a gravidade da

pneumonia e o estado do pulmão.

2.25.6 Broncoscopia ou aspiração transtraqueal

83

A broncoscopia é um procedimento invasivo que proporciona a

visualização direta da árvore traqueobrônquica, com a finalidade diagnóstica,

terapêutica e de pesquisa. Serve para coleta de material para cultura.

2.25.7 Oximetria de pulso

O oxímetro de pulso é um equipamento médico que mede diretamente a

quantidade de oxigênio no sangue de um paciente. Detecta redução do nível

de saturação de oxigênio no sangue arterial.

2.26 Tratamento

2.26.1 Introdução

De acordo com Felten et al. (2005) se a pneumonia não for tratada

adequadamente podem ocorrer complicações muitas vezes fatais, como

choque séptico, hipoxemia, insuficiência respiratória e SARA. A infecção pode

ainda espalhar-se pelos pulmões do paciente causando empiema ou abscesso

pulmonar, pode disseminar pela corrente sanguínea ou contaminar outras

partes do corpo causando bacteriemia, endocardite, pericardite ou meningite.

2.26.2 Tratamento médico e farmacológico e a abordagem terapêutica do

paciente

Assim que for diagnosticada a pneumonia, o paciente deverá ser

mantido em repouso no leito de preferência em seu próprio domicílio, para

poupar gasto energético, permanecendo em hospitais apenas pacientes mais

graves e que necessitam de cuidados especiais. Devem ser consideradas duas

etapas de tratamento, a inicial e a de manutenção.

84

Com base no quadro clinico do paciente o médico irá eleger o

tratamento mais adequado, prescrevendo o antibiótico de acordo como tipo de

pneumonia do paciente para o controle da infecção.

Podem ser incluídos no tratamento de acordo com a necessidade do

paciente dietas hipercalóricas, aumentar ingestão de líquidos para assegurar o

controle hídrico e fluidificar as secreções do paciente, repouso no leito,

administração de oxigênio, uso de broncodilatadores, antitussígenos, uso de

respiração artificial, administração de analgésicos se a dor pleurítica estiver

acentuada e PEEP (pressão expiratória final positiva).

2.26.3 Intervenções de enfermagem

De acordo com Felten et al. (2005) faz parte das funções da equipe de

enfermagem a administração de antibióticos e outros medicamentos prescritos

pelo médico, examinar periodicamente o paciente em busca de reações

adversas dos medicamentos, verificar sinais vitais, tratar a febre, avaliação

respiratória do paciente, auscultar os pulmões periodicamente, proporcionar ao

paciente um ambiente calmo e tranquilo, monitorar a gasometria arterial do

paciente, administrar oxigênio suplementar quando necessário, coletar

amostras de sangue quando necessário para hemoculturas e obter amostras

de escarro também quando houver necessidade.

É necessário cautela durante a administração de oxigênio, pois

concentrações elevadas podem deprimir o estimulo respiratório no cérebro,

reduzindo as respirações e levando à retenção de dióxido de carbono.

Em pneumonias graves com necessidade de intubação endotraqueal ou

traqueostomia, utilizar técnicas assépticas para remover secreções, e descartar

adequadamente as secreções para que não haja disseminação.

Segundo Felten et al. (2005) faz parte ainda dos cuidados da

enfermagem, estar explicando ao paciente os procedimentos que serão

realizados, revisar a prescrição médica do paciente, explicar ao paciente as

formas de disseminação da infecção orientando-o a tossir e espirrar em lenços

de papel e descartá-los em saco plástico e lavar as mãos cuidadosamente

após o manuseio de lenços contaminados, orientar o paciente e familiares

85

sobre a fisioterapia respiratória e orientar o paciente idoso a receber vacina

contra influenza e pneumonia pneumocócica.

86

CAPÍTULO III

FISIOTERAPIA

3 FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA

A fisioterapia apresenta métodos e técnicas com o intuito de aprimorar,

conservar e restaurar as capacidades físicas do indivíduo. A fisioterapia não

tem atuação diretamente no processo patológico, mas sim nas limitações e

incapacidades promovendo maior independência e capacidade ao paciente. A

fisioterapia respiratória atua em pacientes de todas as faixas etárias tratando

os distúrbios pulmonares agudos e crônicos.

O envelhecimento causa alterações moleculares e celulares em todos os sistemas do organismo que resultam em perdas funcionais progressivas, cuja gravidade depende de vários fatores intrínsecos (constituição genética, estado nutricional e sistema imunológico) e extrínsecos, como hábito tabágico, exposição ocupacional e a poluentes. (PAPALÉO NETTO, 2007, p. 573).

Inúmeras alterações associadas ao envelhecimento predispõem o idoso

ao risco de infecções pulmonares, estas complicações têm se destacado como

as principais causas de morbimortalidade neste grupo etário, onde medidas de

saúde voltadas à prevenção, ao tratamento e à reabilitação são essenciais para

garantir qualidade de vida a essa população.

A fisioterapia respiratória é voltada para pacientes com distúrbios

pulmonares crônicos e agudos e portadores de alterações cardiorrespiratórias.

O tratamento fisioterapêutico a estes pacientes se faz através de

técnicas manuais e instrumentais visando remover secreções, reduzir a

obstrução brônquica e resistência das vias aéreas.

A fisioterapia torácica também é descrita na literatura como técnicas da fisioterapia respiratória convencionais ou manuais. Na verdade ela é o conjunto de três técnicas: percussão torácica manual (tapotagem), vibração torácica manual e drenagem postural. (PRESTO; PRESTO, 2007, 329).

87

3.1 Objetivos da fisioterapia respiratória

a. Umidificar e mobilizar as secreções

b. Promover a permeabilidade brônquica

c. Promover a higiene brônquica

d. Facilitar a tosse

e. Manter ou melhorar a ventilação

f. Promover reexpansão pulmonar

g. Prevenir complicações possíveis

h. Reduzir o trabalho respiratório

i. Recuperar a mobilidade torácica

j. Aumentar volume e capacidade pulmonar

k. Melhorar a eficiência muscular global

l. Aumentar o condicionamento físico e a autonomia dos pacientes

3.2 Avaliação fisioterapêutica respiratória

Na avaliação devem conter dados pessoais do paciente e hábitos de

vida, onde o tabagismo tem grande importância nas doenças respiratórias.

A anamnese contém toda a história da doença do paciente, em que são

investigados a história da doença atual, história pregressa e queixa principal.

Em seguida é realizado o exame físico, onde são realizados inspeção,

palpação, percussão, ausculta pulmonar, avaliação do frêmito tóraco-vocal,

verificação do ângulo de Sharpy, tipo respiratório, ritmo respiratório, tipo de

tórax, se faz uso de musculatura acessória, se fizer, observar quais músculos

utiliza, avaliar a tosse, se é eficaz ou não, se é produtiva ou improdutiva, se for

produtiva observar como é a secreção, se é em pequena média ou grande

quantidade, coloração e odor. São realizadas também a ventilometria (através

do ventilômetro), manovacuometria (manovacuômetro), oximetria de pulso

(oxímetro de pulso), pico de fluxo expiratório (através do Peak Flow) e testes

de capacidade funcional (ergoespirometria, teste ergométrico, teste de

caminhada de seis minutos).

88

3.3 Técnicas de desobstrução brônquica

De acordo com Machado (2008) e Souza (2007), a higiene brônquica

envolve o uso de técnicas não invasivas para auxiliar na mobilização e

depuração de secreções. As técnicas de higiene brônquica podem ser

aplicadas quando o paciente apresentar tosse ineficaz, produção excessiva de

muco, redução da ventilação, roncos crepitações, taquipnéia e padrão

respiratório exaustivo. Essas técnicas são consideradas as mais antigas da

fisioterapia respiratória, constituindo-se em procedimentos físicos com o

objetivo de facilitar o clearance mucociliar, que quando associado à tosse

ineficaz ou à pacientes intubados e ventilados mecanicamente podem acarretar

em obstrução brônquica, redução da ventilação alveolar, atelectasias,

dificuldades nas trocas gasosas e infecções pulmonares.

Para que sejam obtidos resultados satisfatórios é necessário que se faça

um amplo estudo do quadro patológico do paciente e uma avaliação criteriosa

identificando as principais disfunções, para que em seguida possa ser traçado

um programa de tratamento com a melhor conduta para este paciente. Para

que as técnicas sejam aplicadas de maneira correta é necessário que seja feita

uma boa avaliação do paciente, pois cada técnica tem seu objetivo, indicações

e contra-indicações, devendo, portanto ser executada da maneira mais correta

possível para que sejam atingidos os resultados esperados.

Fonte: Machado, 2008, p. 22.

Figura 8: Classificação das técnicas de remoção de secreção brônquica.

89

A obstrução brônquica está associada a inflamações da mucosa,

alterações do epitélio e broncoespasmo. O principal objetivo das técnicas de

higiene brônquica é auxiliar na mobilização e remoção de secreção.

É necessário que o profissional conheça as contra-indicações para que

possa eleger a técnica mais adequada ao paciente, evitando que ele piore.

3.3.1 Drenagem postural

Também conhecida como drenagem brônquica ou drenagem postural

bronco-seletiva, seu principal fundamento é o uso da ação da gravidade. É

considerada uma das mais antigas técnicas de fisioterapia respiratória, sendo

realizada através de diversas posições para eliminar secreções das vias

aéreas, através da força da gravidade, consistindo em direcionar as secreções

dos lobos ou dos segmentos distais para as vias aéreas centrais, facilitando

sua remoção pela tosse ou aspiração. Estas posições são baseadas na

anatomia do sistema pulmonar, onde o segmento a ser drenado deve ser

posicionado o mais vertical possível.

Em terapia intensiva são eleitas as posições que serão mantidas por 3 a

10 minutos, podendo-se associar técnicas de percussão torácica, vibração e

compressão, e ao término pode ser realizada técnica de expiração forçada,

como a tosse ou o huffing.

A drenagem postural pode ser contínua, onde o paciente permanece por

10 a 20 minutos na mesma posição, realizada no mínimo duas vezes ao dia, ou

intermitente, onde o paciente é colocado na posição por curtos períodos de

tempo e o uso é associado a outras técnicas.

Está contra-indicada em casos de hemorragias, edema pulmonar, ICC

(insuficiência cardíaca congestiva), TEP (tromboembolismo pulmonar),

pneumotórax, instabilidade hemodinâmica, arritmias cardíacas, hipertensão ou

hipotensão arterial graves, IAM (infarto agudo do miocárdio) ou neurocirurgia

recente.

90

Fonte: Machado, 2008, p. 49.

Figura 9: Posturas de drenagem para os segmentos do pulmão esquerdo: (A).

Segmento ápico-posterior do lobo superior esquerdo; (B). postura de

drenagem das regiões apicais dos lobos superiores simultaneamente; (C)

postura de drenagem para a língula.

Fonte: Costa, 1999, p. 62.

Figura 10: Posição de Trendelenburg, empregada na drenagem postural.

3.3.2 Percussão (ou tapotagem)

Provavelmente é a técnica de fisioterapia respiratória mais antiga. A

tapotagem é realizada através de percussões torácicas com as mãos em

formato de concha, com o punho ou com os dedos, onde são realizadas

percussões sobre o tórax em sequência rápida e rítmica, promovendo o

desprendimento das secreções facilitando sua remoção. Esses movimentos

geram ondas mecânicas que se propagam do tórax para o tecido pulmonar.

De acordo com Abreu et al. (2007, p. 77): “A percussão ou tapotagem é

uma manobra de desobstrução brônquica que tem como objetivo a facilitação

do clearance mucociliar.”

91

A tapotagem é uma forma específica de percussão utilizando as mãos

em forma de concha, com os dedos aduzidos de forma ritmada e alternada

com flexo-extensão de punho. A punho-percussão é uma variação da manobra

de percussão, onde o tórax recebe o contato da região hipotênar ou cubital das

mãos do fisioterapeuta. A dígito percussão é uma forma de percussão torácica

realizada com o auxílio do segundo, terceiro e quarto dedos, geralmente

utilizada em pacientes pediátricos, e a autopercussão é realizada pelo próprio

paciente sobre seu tórax.

Um cuidado especial, principalmente em pacientes idosos, é a presença de osteoporose, fraturas patológicas, tumor e áreas dolorosas, que contra-indicam a realização dessa técnica. (PAPALÉO NETTO, 2007, p. 578).

A eficácia pode ser potencializada quando associada a outras técnicas

como a vibração e a drenagem postural.

Fonte: Costa, 1999, p. 47.

Figura 11: Posição das mãos do fisioterapeuta na tapotagem.

3.3.3 Vibrocompressão

A vibração torácica consiste em movimentos oscilatórios rítmicos e rápidos de pequena amplitude, exercidos sobre a parede do tórax com a intensidade suficiente para causar vibração em nível bronquial [...] A compressão torácica é uma técnica que consiste na compressão realizada na parede torácica durante a fase expiratória do ciclo ventilatório de forma relativamente brusca objetivando a formação de fluxo turbulento por aceleração do fluxo expiratório intrapulmonar, objetivando a mobilização de secreções. (ABREU et al., 2007, p. 77).

92

A vibração e vibrocompressão consistem em vibrações manuais transmitidas à parede torácica pela contração contínua e isométrica do membro superior do fisioterapeuta, que pode ser associada a uma compressão torácica suave na fase expiratória. (PAPALÉO NETTO, 2007, p. 578 - 579).

A vibrocompressão exige um posicionamento das mãos sobre a parede

torácica com a associação de oscilações intermitentes e vibrocompressão

rigorosa durante a expiração. As mãos também podem ser colocadas nas

paredes laterais do tórax do paciente, a compressão deve ser realizada no

sentido oposto do movimento da caixa torácica. A vibrocompressão promove o

descolamento e deslocamento das secreções das vias aéreas distais para as

proximais.

Esta técnica é indicada em pacientes que apresentam hipersecreção,

como os portadores de fibrose cística, pneumonias DPOC, atelectasias e

asmáticos. É contra-indicada em casos de enfisema subcutâneo, contusões

pulmonares, osteoporose, osteomelites, fratura de costela, processos

dolorosos, entre outros.

Fonte: Machado, 2008, p. 23.

Figura 12: Vibratoterapia manual. A. Início da manobra. B. Término da

manobra.

3.3.4 Aspiração

93

A aspiração das vias aéreas poderá ser realizada após os

procedimentos de higiene brônquica quando o paciente não for capaz de

expectorar voluntariamente, removendo o muco das vias aéreas.

É uma técnica utilizada para retirada de secreção das vias aéreas

mediante utilização de uma sonda conectada a um gerador de pressão

negativa, aplicada em pacientes com tosse ineficaz ou com uso de via aérea

artificial.

A aspiração traqueobrônquica pode ser realizada através da boca

(orotraqueal), nariz (nasotraqueal) ou traqueostomia (endotraqueal) em

pacientes com via aérea artificial. Os tipos de aspiração orotraqueal e a

nasotraqueal causam desconforto ao paciente, devendo, portanto, ser

realizadas somente em casos de extrema necessidade. Este procedimento não

deve durar mais de 15 minutos.

Fonte: Machado, 2008, p. 67.

Figura 13: Cateter de aspiração – Sistema fechado.

3.3.5 Hiperinsuflação manual (Bag-squeezing)

É realizada com o uso do Ambu, onde melhora o volume corrente e fluxo

inspiratório, mobiliza o muco brônquico e reduz a resistência das vias aéreas.

94

Esta técnica é associada à compressão torácica, sendo necessário que o

paciente esteja em uso de uma via aérea artificial, realizada por dois

fisioterapeutas, um realiza a hiperinsuflação manual e o outro, a vibração e/ ou

compressão torácica manual na fase expiratória.

3.3.6 Estímulo da tosse

A tosse é um mecanismo natural de defesa e limpeza pulmonar

removendo material estranho e secreções, caracterizando-se por um aumento

súbito do fluxo expiratório, o que carreia secreções ou corpos estranhos em

direção as vias aéreas superiores, onde serão expectorados ou deglutidos. É

indicado quando o paciente não apresenta tosse espontânea eficaz, podendo

ser realizado através de deslocamentos manuais da traquéia na região da

fúrcula, com abaixador de língua ou sonda. Particularmente em idosos, a tosse

se apresenta ineficaz devido à perda de massa muscular, desnutrição ou

demência. A tosse pode ser originada voluntariamente, irritativamente ou de

forma estimulada.

Fonte: Machado, 2008, p. 30.

Figura 14: Tosse assistida. A. Fase de preparação. B. Fase de expiração

inicial. C. Fase de expulsão brusca.

De acordo com Souza (2007) a tosse cinética é indicada em pacientes

com aumento na produção de muco em vias aéreas de grande calibre, o

paciente tem que estar colaborativo e participativo, sendo realizada de

95

preferência na postura sentada ou semi-sentada. A tosse assistida é indicada

para pacientes com dificuldade de tossir, fraqueza dos músculos abdominais e

alto limiar de irritabilidade das vias aéreas. A tosse estimulada ou induzida é

realizada quando o paciente não colabora realizando a tosse, podendo ser

estimulada através do tic-traqueal, massagem traqueal, vibração esternal,

instilação de água, cotonete no ouvido ou no nariz e em pacientes intubados.

Há ainda a tosse em Huffing, realizada com a glote aberta.

Fonte: Machado, 2008, p. 63.

Figura 15: Tosse assistida com compressão torácica na posição de decúbito

dorsal.

Fonte: Costa, 1999, p. 53.

Figura 16: Estimulação da tosse.

3.3.7 Técnica de expiração forçada (TEF)

96

Esta técnica também recebe o nome de huffing, que consiste em uma

expiração forçada com a glote aberta, esta aceleração do fluxo aéreo desloca

secreções. Através desta técnica a secreção é removida dos brônquios de

menor calibre para os de maior calibre para serem eliminadas.

O termo huffing é uma palavra de origem inglesa que significa bufar. O huffing pode ser considerado uma manobra de tosse dirigida modificada, ou seja, é um tipo de tosse voluntária. Alguns autores denominam o huff como tosse “soprosa”. Se tomarmos as fases da tosse reflexa como referência, a diferença entre o huffing e a tosse estará na fase irritativa e na compressiva. Na fase compressiva da tosse a glote permanece fechada, já no fuffing a glote deverá estar aberta, durante todo o procedimento. A técnica de expiração forçada (TEF) pode ser definida como a realização de uma ou mais técnicas de huffing, com a execução de um controle da ventilação (exercício diafragmático). (PRESTO; PRESTO, 2007, p. 328).

Na TEF realiza-se uma ou duas manobras de huffing e em seguida,

executa-se um exercício diafragmático.

3.3.8 Oscilador oral de alta freqüência (OOAF)

Os osciladores orais de alta freqüência são dispositivos que transmitem

vibrações para a árvore traqueobrônquica, com o intuito de facilitar a remoção

e o deslocamento de secreção das vias aéreas de menor calibre para as vias

de maior calibre para que sejam expectoradas. Os aparelhos que normalmente

são os mais utilizados são o Flutter e o Shaker.

Fonte: Machado, 2008, p. 34.

Figura 17: A. Flutter VRP1 (inclinação ideal). B. Fase Shaker.

97

O Flutter e o Shaker são aparelhos que tem como principal objetivo a desobstrução das VAs (vias aéreas). O aparelho é semelhante a um cachimbo que no seu interior possui uma bilha de metal acima de um cone. Durante o ato expiratório, a combinação da bilha com o ângulo do cone oferece uma resistência oscilatória ao fluxo. (PRESTO; PRESTO, 2007, p. 340).

3.3.9 Ciclo ativo da respiração

É realizado através exercícios de controle da respiração de maneira

cíclica e programada, em seguida exercícios de expansão torácica e TEF. Esta

técnica é realizada geralmente com o paciente sentado ou durante a drenagem

postural, onde o paciente é instruído a realizar três a quatro respirações

controladas utilizando a parte inferior do tórax, relaxando a cintura escapular,

executa-se três a quatro expansões torácicas mais profundas e retorna-se aos

exercícios de respiração controlada, encerrando-se com uma a duas

expirações forçadas.

3.3.10 Máscara EPAP (pressão positiva na via aérea expiratória)

Fonte: Machado, 2008, p. 81.

Figura 18: EPAP (expiratory positive airway pressure). Pressão positiva na via

aérea gerada pela coluna de água durante a fase expiratória. A inspiração é

livre.

98

A figura anterior demonstra uma maneira fácil e de baixo custo para se

obter uma PEEP.

Este tipo de terapia é realizada com uma máscara facial de silicone que

tem uma válvula unidirecional, onde a inspiração do paciente é realizada

livremente e a expiração contra resistência oferecida por pinos de diferentes

orifícios ou através de válvula de PEEP, onde é criada uma pressão pulmonar

positiva, facilitando a remoção de secreções das vias aéreas.

3.3.11 Drenagem autógena

A drenagem autógena consiste em um método de respiração controlada com diferentes níveis de volumes pulmonares, objetivando otimizar o fluxo aéreo e mobilizar o muco depositado nas vias aéreas de diferentes calibres através de uma expiração ativa. (SOUZA, 2007, p. 144).

A drenagem autógena tem o objetivo de desprender, coletar e expelir o

muco, onde os exercícios serão realizados com início através de baixos

volumes para o desprendimento do muco, em seguida há a respiração com

volumes correntes normais, coletando o muco e por fim respiração com

grandes volumes para expectorar o muco.

3.3.12 Aceleração do fluxo aéreo (AFE)

A aceleração do fluxo aéreo (AFE) é definida como uma energia

aplicada pelas mãos do fisioterapeuta sobre o tórax do paciente, assumindo a

função de tosse quando esta se encontra ineficaz, são movimentos tóraco-

abdominais sincrônicos realizados pelas mãos do fisioterapeuta durante a fase

expiratória. Esta técnica serve para deslocar, mobilizar e eliminar secreções.

Esta manobra é contra-indicada em casos de instabilidade hemodinâmica,

hipertensão intracraniana, osteopenia, entre outros.

99

Fonte: Machado, 2008, p. 31.

Figura 19: Aumento do fluxo expiratório. A. Fase Inicial. B. Fase de

compressão ou aumento do fluxo.

3.3.13 Expiração Lenta Total com a Glote Aberta em Decúbito Infralateral

(ELTGOL)

Consiste em realizar uma expiração lenta total com a glote aberta,

estando o paciente com a região a ser desobstruída em decúbito homolateral.

É realizada em decúbito lateral devido à redução progressiva e completa do

calibre e do comprimento de toda a árvore brônquica infralateral.

Fonte: Machado, 2008, p. 31.

Figura 20: ELTGOL. A. Fase Inicial. B. Fase de compressão abdominal

infralateral.

100

3.3.14 Técnica de terapia expiratória manual passiva (TEMP)

A TEMP ou pressão expiratória torácica (PET) é realizada com uma

compressão manual torácica com as mãos do fisioterapeuta posicionadas

sobre as últimas costelas do paciente, onde o fisioterapeuta vai realizar uma

compressão durante a expiração, podendo ser de forma rápida ou lenta. Esta

técnica tem o objetivo de deslocar secreções, sendo contra-indicada em

pacientes com fratura de costelas, pneumotórax espontâneo não controlado,

entre outros. Deve-se tomar cuidado com pacientes com o tórax senil para se

evitar fraturas e luxações.

3.3.15 Inspirômetros de incentivo

São aparelhos utilizados para aumentar a expansão pulmonar, onde

estes aparelhos possuem incentivos visuais para motivar os pacientes a

realizar os exercícios.

Fonte: Machado, 2008, p. 96.

Figura 21: Espirômetro de incentivo fluxo-dependente (Triflo II). Esse aparelho

apresenta três câmaras, cada uma contendo uma esfera, que se eleva de

acordo com o fluxo gerado pelo paciente. Os fluxos alcançados correspondem

a 600, 900 e 1200 cc/ s, respectivamente.

101

3.3.16 Inaloterapia e aerossolterapia

Inaloterapia é uma técnica onde se introduzem nas vias respiratórias

substâncias gasosas ou líquidas, onde a inalação de substâncias líquidas é

denominada nebulização.

Os nebulizadores podem ser utilizados com o objetivo de umidificação das vias aéreas e do muco brônquico, facilitando seu descolamento e deslocamento, além de ser utilizado como excelente meio de dispersão de fármacos de ação tópica pulmonar, auxiliando no tratamento de doenças respiratórias. (SOUZA, 2007, p. 145).

Há ainda a utilização de oxigenoterapia associada à mistura de heliox,

que tem o objetivo de reduzir a resistência das vias aéreas.

Nebulização é o fornecimento de pequenas partículas líquidas em forma

de névoa com objetivo de hidratar a parede das vias aéreas ou as secreções

diminuindo a viscosidade. Inalação é o fornecimento de pequenas partículas,

líquidas ou sólidas, contendo algum tipo de substância ativa provocadora de

algum efeito, normalmente medicamentos. A vaporização é a nebulização ou

inalação de vapores, e a instilação é o derrame de líquidos na árvore

brônquica.

Fonte: Machado, 2008, p. 207.

Figura 22: Desenho esquemático de um nebulizador ultra-sônico responsável

pela produção de névoa devido à vibração de um cristal localizado

internamente. O efeito biofísico produtor da névoa é denominado piezoelétrico.

3.4 Oxigenoterapia

102

O oxigênio é responsável pela nutrição dos tecidos, o objetivo da

oxigenoterapia é o de obter uma saturação de oxigênio superior a 90%. A

oxigenoterapia pode ser definida como a administração de oxigênio a uma

concentração superior à encontrada na atmosfera.

Fonte: Machado, 2008, p. 193.

Figura 23: Máscara Simples.

Fonte: Machado, 2008, p. 194.

Figura 24: Tenda facial.

Fonte: Machado, 2008, p. 194.

Figura 25: Máscara de Venturi.

103

3.5 Resistores inspiratórios e expiratórios

São indicados para o treinamento da musculatura respiratória através de

resistência exercida na fase inspiratória ou expiratória, que são graduadas de

acordo com uma prévia avaliação pelo manovacuômetro.

Fonte: Machado, 2008, p. 113.

Figura 26: Representação do aparelho para medidas de pressões respiratórias

máximas idealizado por Black e Hyatt. B1. Método de oclusão simples. B2.

Método de oclusão por válvula unidirecional.

3.6 Ventilação não-invasiva

É um suporte ventilatório que não necessita de intubação endotraqueal,

onde o paciente utiliza uma máscara acoplada à face ou um prongue nasal. É

utilizada em casos de falência ou fadiga muscular para reduzir o trabalho

respiratório.

3.7 Cinesioterapia respiratória

Através da cinesioterapia respiratória podem ser realizados vários

exercícios com o objetivo de melhorar a ventilação pulmonar, são exercícios

104

simples para aumentar o volume pulmonar em regiões que estão

hipoventiladas.

Um exemplo destes exercícios é a respiração diafragmática, onde se

estimula o diafragma e aumenta a ventilação, principalmente das bases, há a

expiração fracionada, que aumenta os volumes pulmonares e expiração

abreviada, que consiste em expiração fracionada seguida por inspirações até a

capacidade pulmonar total.

Fonte: Costa, 1999, p. 74.

Figura 27: Exercícios respiratórios localizados em frente ao espelho.

Fonte: Costa, 1999, p. 73.

Figura 28: Exercício de reeducação funcional respiratória com uso de bastão.

3.8 Reabilitação pulmonar

105

A reabilitação pulmonar consiste em um programa de atendimento

multidisciplinar destinado a pacientes com comprometimento respiratório

crônico, tendo como objetivos otimizar a performance física e social e a

autonomia. Este tipo de programa geralmente é destinado a pacientes com

DPOC, porém está indicado ainda para pacientes que apresentam dispnéia,

tolerância reduzida ao exercício ou apresentam limitações durante suas

atividades. Pacientes que estiverem se recuperando de pneumonia recente

podem estar adotando este método de tratamento fisioterapêutico, visando

melhorar seu condicionamento físico e cardio-respiratório, assim como

melhorar sua capacidade pulmonar, melhorando a qualidade de vida e

prevenindo o surgimento de novas pneumonias, principalmente em indivíduos

idosos que estão mais suscetíveis.

Os principais objetivos deste tipo de reabilitação são reduzir os sintomas, impedir a progressão da doença, aumentar a tolerância e o desempenho nos exercícios, evitar complicações, melhorar a qualidade de vida e reduzir a mortalidade. (MACHADO, 2008, p. 458).

As atividades consistem em exercícios com membros inferiores e

superiores, treinamento dos músculos inspiratórios, exercícios respiratórios, e

quando necessário podem ser utilizados recursos como a oxigenoterapia e

ventilação não-invasiva. Os exercícios devem ser monitorados para assegurar

a validade dos resultados e a intervenção quando apropriada. Pode haver

ainda a educação do paciente quanto aos aspectos da patologia existente e

algumas orientações. Deve-se sempre ficar de olho nos resultados obtidos para

acompanhar a evolução do paciente.

Em pacientes que tiveram pneumonias podem ser realizados este tipo

de atividade para melhorar o condicionamento físico geral, até mesmo devido

ao fato de muitas vezes apresentarem sequelas no aparelho respiratório e

também com o intuito de prevenir novas complicações e o surgimento de novas

pneumonias.

3.9 Programa de tratamento fisioterapêutico

O tratamento deve iniciar com técnicas de desobstrução brônquica, onde

inicialmente é realizada uma inaloterapia e posteriormente a drenagem

106

postural. Em seguida são realizadas técnicas que proporcionarão o

desprendimento das secreções, podendo ser utilizadas a vibratoterapia e a

tapotagem, associando ao TEMP para provocar a tosse. Caso o paciente não

expectore, pode-se associar o huff.

Em seguida utilizam-se técnicas de reexpansão pulmonar, pois quanto

mais ventilado o pulmão, menos secreção vai reter. Pode-se realizar manobras

de compressão-descompressão, padrões ventilatórios, padrões diafragmáticos,

e o misto, EPAP e o uso de incentivadores.

As caminhadas têm extrema importância visando melhorar a capacidade

aeróbica deste paciente, podendo ser iniciado ainda um programa de

reabilitação pulmonar desde o início da patologia visando melhorar o

condicionamento cardiorrespiratório e prevenir o surgimento de novos casos de

pneumonia.

Um programa de tratamento adequado deve ser baseado na avaliação

do paciente, de acordo com os sinais clínicos observados e com a necessidade

particular de cada caso, devendo portanto, eleger as técnicas mais adequadas

para cada paciente, de acordo com seu quadro clínico, sua idade, doenças

associadas, entre outros. O objetivo deste trabalho não é estabelecer um

protocolo de tratamento a ser seguido em idosos portadores de pneumonia e

sim estabelecer as técnicas que podem ser utilizadas e suas particularidades,

ficando a critério do fisioterapeuta planejar seu programa de tratamento focado

nas particularidades de cada paciente idoso com processo pneumônico.

3.10 Cuidados com a dor torácica

O paciente idoso pode se cansar facilmente quando solicitado a realizar

respirações profundas, então começar a ausculta nas bases dos pulmões,

seguindo para os ápices e alternando lados direito e esquerdo. A ausculta

pulmonar em idosos geralmente apresenta redução de murmúrios vesiculares e

a presença de alguns ruídos adventícios crônicos suaves.

107

CONCLUSÃO

Pôde-se concluir através deste estudo que os idosos apresentam

características físicas, anatômicas e fisiológicas decorrentes do processo de

envelhecimento, ou processo de senescência, que os tornam mais suscetíveis

a adquirir algumas patologias, em específico as pneumonias. As pneumonias

são uma das principais causas de morbidade e mortalidade em pacientes desta

faixa etária, onde alguns tipos de pneumonia são mais comuns nestes

pacientes. Em indivíduos institucionalizados ocorrem com frequência as

pneumonias causadas por S. aureus, gram-negativos, S. pneumoniae e P.

aeruginosa, onde a mais comum na maioria dos casos de pneumonia que

acomete os idosos é causada pelo agente Streptococcus pneumoniae.

Existem algumas particularidades na sintomatologia destes pacientes,

onde irão apresentar um quadro clínico característico desta faixa etária. Nos

idosos os sintomas podem estar ausentes, com pouca sintomatologia ou ainda

com presença de sintomas inespecíficos, é muito comum encontrar nesta faixa

etária a confusão mental e o declínio funcional, que muitas vezes é a única

sintomatologia. Podem ser encontrados ainda quadros de depressão e

desidratação e a febre pode ainda não estar presente.

Nos idosos a pneumonia pode ser mais grave, disseminando-se mais

frequentemente a infecção para o sangue, elevando o risco de mortalidade,

onde o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível. Não devem ser

indicados os xaropes, pois a tosse é um mecanismo protetor dos pulmões.

Algumas particularidades também devem ser consideradas com relação

ao tratamento fisioterapêutico durante o planejamento de um programa de

tratamento e a execução das técnicas. As técnicas de percussão devem ser

aplicadas com cautela nestes pacientes devido ao maior risco de possuírem

osteoporose e ocasionar fraturas no paciente, ou ainda em casos de dúvida

não deve ser executada esta técnica, substituindo por outras que levem ao

mesmo efeito. Além da percussão existem ainda outras técnicas que devem

ser executadas com cautela em idosos devido ao risco de fraturas, como a

vibrocompressão, AFE e TEMP, que deverão ser executadas com cuidado em

pacientes com o tórax senil.

108

As particularidades com relação ao acometimento da pneumonia em

indivíduos da terceira idade e o tratamento fisioterapêutico a ser realizado não

são muitas quando comparadas ao acometimento da pneumonia em pacientes

adultos e seu tratamento. Porém deve-se atentar às alterações fisiológicas e

anatômicas características do paciente idoso, sabendo reconhecê-las para que

não haja equívoco durante o diagnóstico das pneumonias, além do

conhecimento das técnicas fisioterápicas que poderão ser executadas em cada

paciente de acordo com a sua idade, com as patologias associadas e com o

estado geral do paciente.

Após a cura da pneumonia pode ser iniciado um tratamento

fisioterapêutico com o intuito de melhorar o condicionamento cardio-respiratório

do paciente, sendo benéfico inclusive para a prevenção de futuras pneumonias.

A fisioterapia pode ser realizada nos gerontes ainda de maneira

preventiva, prevenindo assim patologias próprias da terceira idade, em especial

a pneumonia, melhorando o condicionamento físico geral do paciente.

109

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