disfunÇÃo da articulaÇÃo temporomandibular · disfunÇÃo da articulaÇÃo temporomandibular...

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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia Traumato Ortopédica Funcional Altamir Anequini Anderson André Cremonez DISFUNÇÃO DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR LINS – SP 2009

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia Traumato

Ortopédica Funcional

Altamir Anequini

Anderson André Cremonez

DISFUNÇÃO DA ARTICULAÇÃO

TEMPOROMANDIBULAR

LINS – SP

2009

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ALTAMIR ANEQUINI

ANDERSON ANDRÉ CREMONEZ

DISFUNÇÃO DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR

Monografia apresentada à Banca examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em Fisioterapia Traumato Ortopédica Funcional sob a orientação dos Professores M.Sc. Evandro Emanoel Sauro e M.Sc. Heloísa Helena Rovery da Silva.

LINS – SP

2009

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Anequini, Altamir; Cremonez, Anderson André

Disfunção da articulação temporomandibular / Altamir Anequini; Anderson André Cremonez. – – Lins, 2009.

58p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins, SP para Pós-Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia Traumato Ortopédica Funcional, 2009.

Orientadores: Evandro Emanoel Sauro; Heloisa Helena Rovery da Silva

1. Articulação. 2. Disfunção. 3. Fisioterapia. 4. Tratamento. I Título.

CDU 615.8

A586d

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ALTAMIR ANEQUINI

ANDERSON ANDRÉ CREMONEZ

DISFUNÇÃO DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para a obtenção do título de especialista em Fisioterapia Traumato Ortopédica

Funcional.

Aprovada em: ______/______/______

Banca Examinadora

Prof. Ms. Evandro Emanuel Sauro

Mestre em Medicina Experimental pela Unimar

Prof. Ms. Heloisa Helena Rovery da Silva

Mestre em Administração pela CNEC/FACECA – MG

_______________________________________________________________

LINS – SP

2009

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DEDICATÓRIA

À Deus que está na frente de todos os

nossos trabalhos, nos dando coragem, e

força para buscar sempre mais.

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AGRADECIMENTOS

Aos familiares que, mesmo longe, souberam nos apoiar.

E a todos aqueles que, direta ou indiretamente colaboraram para a

realização deste trabalho.

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RESUMO

As Disfunções das Articulações Temporomandibulares (DTM) são condições dolorosas caracterizadas por um quadro agudo ou principalmente crônico, abrangendo grande parte da população, e em sua maioria, mulheres. Musculatura mastigatória, região da Articulação Temporomandibular (ATM) e cervical compõem as estruturas envolvidas; sendo classificadas como de origem muscular e articular. Dentre os principais sinais e sintomas das disfunções da ATM, segundo alguns autores, se encontram: dores nos músculos da mastigação ou na ATM, ruídos articulares, limitação de abertura, retração gengival, oclusão inadequada, distúrbios auditivos, cefaléias, sensibilidade em toda musculatura do sistema estomatognático e cervical. Para autores como Favero (1999), Stechman Neto (2001), o tratamento de casos de DTM exige um conhecimento profundo da etiologia do problema. Fatores estruturais, funcionais e psicológicos parecem estar reunidos, determinando uma origem multifatorial. O diagnóstico é a chave para o sucesso do tratamento. É de fundamental importância, entender que os pacientes reagem de formas diferentes às diversas terapias, e o profissional deve adequar o tratamento ao paciente, para se obter os melhores resultados possíveis. Classificação, sinais e sintomas, diagnóstico, faixa etária onde a síndrome ocorre com maior freqüência, sexo mais afetado e métodos de tratamento mais eficiente é também indispensável. Para as disfunções temporomandibulares, o tratamento geralmente envolve uma combinação de terapias. De acordo com autores como Szuminski (1999), Favero (1999), Okeson (2000), Nadin; Riva; Bridi (2005), medicamentos são prescritos para diminuir a dor; tratamento fonoaudiológico; tratamento fisioterápico; e se a terapia conservadora não for eficaz, são lançadas as técnicas cirúrgicas. O profissional cirurgião-dentista deve estar atento quanto a um diagnóstico correto, a fim de proporcionar o tratamento adequado ao paciente. É importante ressaltar que grande parte dos indivíduos que sofrem de disfunção são ansiosos, estressados e até depressivos. Devido a isso, é salutar o tratamento simultâneo ao acompanhamento psicológico. Fisioterapeutas, fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas e neurologistas também compõem uma equipe interdisciplinar.

Palavras-chave: Articulações. Disfunções. Fisioterapia. Tratamento.

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ABSTRACT

The articulations temporomandibulares's dysfunctions (DTM) they are painful conditions characterized by a picture sharp or mainly chronic, embracing great part of the population, and in your majority, women. Musculature of chewing, area of the articulation temporomandibular (ATM) and cervical they compose the involved structures; being classified as of muscular origin and to articulate. Between the principal signs and symptoms of the dysfunctions of ATM, second some authors, meet: pains in the muscles of the mastication or in ATM, noises articulate, opening limitation, retraction of the gum, inadequate occlusion, auditory disturbances, migraines, sensibility in every musculature of the system of the stomach and cervical. For authors as Favero (1999), Stechman Neto (2001), the treatment of cases of DTM demands a deep knowledge of the aetiology of the problem. Factors structural, functional and psychological seem to be gathered, determining an multifactorial origin. The diagnosis is the key for the success of the treatment. It is of fundamental importance, to understand that the patients react in ways different to the several therapies, and the professional should adapt the treatment to the patient, to obtain the best possible results. Classification, signs and symptoms, diagnosis, age group where to syndrome it happens more frequently, more affected sex and methods of more efficient treatment are also indispensable. For the dysfunctions temporomandibulares, the treatment usually involves a combination of therapies. In agreement with authors as Szuminski (1999), Favero (1999), Okeson (2000), Nadin; Riva; Bridi (2005), medicines are prescribed to reduce the pain; treatment doctors of the speech; treatment of physiotherapy; and if the conservative therapy is not effective, the surgical techniques are thrown. The professional surgeon-dentist should be attentive with relationship to a correct diagnosis, in order to provide the appropriate treatment to the patient. It is important to point out that the individuals' that suffer of dysfunction great part is anxious, stressed and even depressives. Due to that, it is salutary the simultaneous treatment to the psychological accompaniment. Physiotherapists, doctors of the speech, ear doctors and throat and neurologists also compose a several team to discipline.

Keywords: Articulations. Dysfunctions. Physiotherapy. Treatment.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Articulação temporomandibular....................................................

Figura 2: Mandíbula ....................................................................................

Figura 3: Crânio ..........................................................................................

Figura 4: Osso temporal ............................................................................

Figura 5: Articulação temporomandibular: disco articular .........................

Figura 6: Músculos da mastigação .............................................................

Figura 7: Músculos da face .......................................................................

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LISTA DE SIGLAS

ATM: Articulação Temporomandibular

DCM: Disfunção Craniomandibular

DTM: Disfunções das Articulações Temporomandibulares

SNC: Sistema Nervoso Central

SNP: Sistema Nervoso Periférico

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 11

CAPÍTULO I – O SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO ....................................... 14

1 DEFINIÇÃO DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO ........................... 14

1.1.1 Anatomia da ATM ............................................................................... 16

1.1.1.1 Músculos da mastigação.................................................................... 21

1.1.1.2 Músculos do pescoço e coluna cervical ............................................. 24

1.1.1.3 Músculos da face ............................................................................... 25

1.1.1.4 Músculos associados ......................................................................... 26

1.1.1.5 Vascularização e inervação ............................................................... 27

1.1.2 Biomecânica da ATM.......................................................................... 28

1.1.3 Oclusão............................................................................................... 29

1.1.3.1 Classificação de Angle ....................................................................... 30

1.1.3.2 Classificação de Simon ...................................................................... 31

1.1.3.3 Classificação de Lischer..................................................................... 32

CAPÍTULO II – DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR ............................... 33

2 DTM – DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR ............................... 33

2.1 Definição............................................................................................. 33

2.2 Etiologia .............................................................................................. 33

2.3 Sinais e sintomas................................................................................ 35

2.3.1 Dor orofacial ....................................................................................... 36

2.4 Epidemiologia ..................................................................................... 37

2.5 Diagnóstico ......................................................................................... 37

2.6 Tratamento ......................................................................................... 37

2.6.1 Terapia física ...................................................................................... 38

2.6.2 Terapia fonoaudiológica...................................................................... 39

2.6.3 Terapia psicológica............................................................................. 40

2.6.4 Terapia farmacológica ........................................................................ 41

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2.6.5 Acupuntura ......................................................................................... 42

2.6.6 Terapia cirúrgica ................................................................................. 42

CAPÍTULO III – TRATAMENTO...................................................................... 44

3 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO............................................... 44

3.1 Avaliação fisioterápica ........................................................................ 44

3.2 Exame físico ....................................................................................... 44

3.3 Neuroestimulação elétrica transcutânea............................................. 46

3.4 Crioterapia .......................................................................................... 46

3.5 Ultra-som ............................................................................................ 46

3.6 Laser................................................................................................... 47

3.7 Raios infravermelhos .......................................................................... 47

3.8 Pompage ............................................................................................ 47

3.9 Massoterapia ...................................................................................... 47

3.10 Cinesioterapia..................................................................................... 48

3.10.1 Exercícios ativos................................................................................. 48

3.10.2 Exercícios ativos-resistidos................................................................. 49

3.10.3 Exercícios ativos-assistidos ................................................................ 49

3.10.4 Exercícios passivos ............................................................................ 49

CONCLUSÃO .................................................................................................. 51

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 53

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INTRODUÇÃO

A fim de elucidar dúvidas e responder a indagações sobre uma série de

transtornos que afetam a vida de milhares de pessoas em todo o mundo, o

presente trabalho de pesquisa está direcionado ao estudo das Disfunções das

Articulações Temporomandibulares (DTM).

O objetivo é apresentar um cenário geral do tema, demonstrar os

procedimentos realizados na área da fisioterapia, com a preocupação de

verificar sua importância no atual cenário científico.

Além disso, permitir que outros membros da comunidade acadêmica

possam conhecer o trabalho e emitir opiniões sobre o mesmo.

A escolha deste tema prende-se ao fato do mesmo estar em linha direta

com minha área de atuação, o que irá contribuir sobremaneira para o

enriquecimento do meu desempenho profissional.

Além disso, objetiva oferecer uma contribuição para os alunos e

profissionais da área. Dentro desse contexto, esse trabalho se justifica, pois

resume os principais pontos, servindo de base para outros trabalhos, e

contribuindo como fonte de informações para estudantes e demais

interessados.

A técnica utilizada para o desenvolvimento desse trabalho será verificar

através de uma pesquisa bibliográfica em livros, jornais, revistas, internet,

entrevistas com profissionais da área e sugestões do orientador.

Dentre as articulações do corpo humano, a articulação

temporomandibular é a mais especializada e de maior complexidade, tanto ao

nível estrutural como funcional (GRIEVE, 1994). Trata-se de um osso único, a

mandíbula, que articula através de seus processos condilares direito e

esquerdo, em suas respectivas cavidades e eminências articulares,

simultaneamente.

Apresenta-se como um órgão vital e fundamental para a saúde, visto

que, o seu correto funcionamento, concomitante a outros componentes do

sistema estomatognático, possibilita a execução adequada das funções de

mastigação, deglutição, fonação, respiração, influenciando, também, a correta

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postura da coluna cervical e suas conseqüências posturais corpóreas.

(DARUGE, 1999; MANFREDI; SILVA; VENDITE, 2001)

A articulação temporomandibular pode ser sede de vários transtornos, e,

a esse conjunto de doenças que afetam não somente a articulação

temporomandibular, mas também áreas extrínsecas às articulações, é

chamado genericamente de Disfunção Temporomandibular (DTM) ou

Disfunção Craniomandibular (DCM). (LIMA et al, 2001; SPYRIDES, 1999)

As desordens craniomandibulares (DCM) têm despertado um crescente

interesse não apenas na Odontologia, mas em outras áreas, como Psicologia,

Fisioterapia, Fonoaudiologia, Otorrinolaringologia, Neurologia e Reumatologia.

(RIZZATTI-BARBOSA et al, 1997)

Essa pesquisa buscou informações através do acervo bibliográfico de

vários autores. Nos capítulos que se seguem são descritos conceitos e

especificações sobre o assunto. Levando-se em conta a complexidade e

extensão do tema, o presente trabalho terá três capítulos, bem subdivididos e

bem distribuídos.

O capítulo primeiro descreve o sistema estomatognático, apresentando

as articulações temporomandibulares como as principais responsáveis pelo

funcionamento correto desse sistema. Várias figuras são utilizadas para ilustrar

e complementar o conteúdo teórico.

Além disso, é descrita a biomecânica das articulações

temporomandibulares e as principais alterações encontradas nesse processo.

No segundo capítulo são descritos aos transtornos dos quais as

articulações temporomandibulares podem ser sede. Esses transtornos são

descritos como Disfunções Temporomandibular (DTM) ou Disfunções

Craniomandibular (DCM).

A sintomatologia dessa disfunção é caracterizada principalmente por dor

(queixa principal). Em várias pesquisas sobre os sintomas relatados pelos

pacientes podemos encontrar dores na região pré-auricular, dores de cabeça,

ouvido e face; limitação e assimetria dos movimentos mandibulares; e ruídos

articulares. (DONEGA et al, 1997; MANFREDI, SILVA, VENDITE, 2001;

MOLINA et al, 2001; RIZZATTI-BARBOSA et al, 1997)

Muitos estudos também demonstram que, no que se refere à incidência

de DCM, estas acometem mais mulheres que homens, e a faixa etária mais

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atingida é de 20 a 40 anos, e 70,63% sendo do sexo feminino. No entanto,

outro estudo cita que o acometimento é igual em ambos os sexos, diferindo no

aspecto que as mulheres procuram mais por algum tipo de tratamento, mas

não descarta que fatores hormonais podem influenciar a maior ocorrência em

mulheres. (BEVILAQUA-GROSSI et al, 2001)

A etiologia da DCM ainda não está totalmente esclarecida. Normalmente

são atribuídas à macro e micro traumas, problemas posturais, mal-oclusão e

interferências oclusais, alterações funcionais dos músculos envolvidos na

deglutição e fala, distúrbios reumatológicos, estresse emocional, ansiedade e

depressão. (RIZZATTI-BARBOSA et al, 1997)

É imprescindível que o diagnóstico desse problema ser realizado por

uma equipe multidisciplinar, antes de qualquer intervenção, visto que o fato do

tratamento ser aplicado de forma isolada ou não é que pode determinar a maior

ou menor eficácia para amenizar essas disfunções.

A maioria dos pacientes com DTM (41,72%) procura, primeiramente, o

tratamento com cirurgião dentista e, apenas 4,85%, procura tratamento

fisioterapêutico. Geralmente os pacientes só são encaminhados a outros

profissionais quando o tratamento ortodôntico não obtém resultados

satisfatórios. (MOLINA et al, 2001)

O terceiro capítulo trata mais especificamente do tratamento

fisioterapêutico, seus objetivos e efeitos desejados.

Atualmente existe uma maior conscientização do trabalho paralelo entre

a ortodontia, a fisioterapia e outros profissionais como neurologista,

ortopedista, fonoaudiólogo e psicólogo. Entretanto tudo dependerá também do

tipo de lesão que levou ao transtorno, as estruturas envolvidas e o fator

desencadeante.

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CAPÍTULO I

O SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO

1 DEFINIÇÃO DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO

O Sistema Estomatognático é um conjunto de diferentes estruturas

interdependentes, responsável diretamente pelas funções orais de sucção,

mastigação, deglutição, fonoarticulação e respiração. (CARVALHO, 2003)

Fazem parte dele dois grupos distintos de estruturas bucais: as

estruturas estáticas ou passivas, representadas pelos arcos osteodentários,

maxila e mandíbula, relacionados entre si pela articulação temporomandibular,

outros ossos cranianos e o osso hióideo; e as estruturas dinâmicas ou ativas.

Essas estruturas quando equilibradas e controladas pelo sistema nervoso

central, serão responsáveis pelo funcionamento harmônico da face e,

interligadas formam um sistema com características próprias, desenvolvendo

funções comuns. (MARCHESAN, 1998)

Os componentes anatômicos que constituem o sistema estomatognático,

segundo Carvalho (2003), são: ossos, músculos, articulações, dentes, lábios,

língua, bochechas, sistema vascular e venoso. E os componentes fisiológicos

são: oclusão dentária, periodonto, articulação temporomandibular e

mecanismos neuromusculares.

1.1 Articulação temporomandibular

Dentre as articulações do corpo humano, a Articulação

Temporomandibular (ATM) é a estrutura mais especializada e de maior

complexidade, tanto ao nível estrutural como funcional, fazendo parte do

Sistema Estomatognático. (GRIEVE, 1994)

Apresenta-se como um órgão vital e fundamental para a saúde, visto

que, o seu correto funcionamento, concomitante a outros componentes do

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sistema estomatognático, possibilita a execução adequada das funções de

mastigação, deglutição, fonação, respiração, influenciando, também, a correta

postura da coluna cervical e suas conseqüências posturais corpóreas.

(DARUGE, 1999; MANFREDI, SILVA, VENDITE, 2001)

A ATM está localizada anteriormente ao ouvido externo, entre a região

distal e superior terminal da mandíbula e a região inferior e lateral do osso

temporal (Figura 1). Trata-se de um osso único, a mandíbula, que articula

através de seus processos condilares direito e esquerdo, em suas respectivas

cavidades e eminências articulares, simultaneamente. (DARUGE, 1999;

GOULD III, 1993)

Fonte: NETTER, 2000, p. 18

Figura 1: Articulação temporomandibular

Segundo Lopes (1997), a ATM constitui um sistema dinâmico, sendo seu

mecanismo funcional baseado nos princípios de uma articulação côncavo-

convexa, na qual, em cada articulação existem duas articulações, o

compartimento superior e o superior, o disco que a divide entre o osso temporal

e o côndilo mandibular.

Levando-se em conta relatos de Daruge (1999), de que suas estruturas

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anatômicas são de suma importância e extremamente nobres e delicadas,

faremos a seguir uma revisão anatômica de todos os componentes dessa

articulação como estruturas ósseas, componentes articulares e tecidos moles,

bem com sua vascularização, inervação e biomecânica.

1.1.1 Anatomia da ATM

Componentes articulares:

A ATM representa a articulação da mandíbula ao osso temporal do

crânio. A mandíbula (Figura 2) é o osso ímpar, no qual se implantam os dentes

inferiores, sendo o maior e mais grosso osso da face. É constituída

essencialmente por uma lâmina vertical em forma de U, que é o corpo, em

cujas extremidades ascendem duas lâminas quadrangulares que são os ramos

da mandíbula. (CASTRO et al, 1997; GRIEVE, 1994)

Fonte: NETTER, 2000, p. 22

Figura 2: Mandíbula

De acordo com Madeira (1997), as bordas posterior e inferior do ramo da

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mandíbula se encontram no ângulo da mandíbula. A borda superior é uma

curva, conhecida como incisura da mandíbula, disposta entre o processo

coronóide e o processo condilar, composto de um estiramento chamado colo

da mandíbula e uma Saliência robusta, o côndilo da mandíbula, que se

relaciona com o osso temporal na fossa mandibular.

O osso temporal é um osso par, que constitui a caixa craniana,

localizado lateralmente (Figura 3). Sua face lateral apresenta dois acidentes

notáveis que são o processo zigomático, saliência óssea em forma de espinha,

que se dirige para frente a fim de se articular com o osso zigomático,

constituindo o arco zigomático; e a fossa mandibular, situada por baixo e que

se articula com a mandíbula. (CASTRO et al, 1997)

Fonte: BERLINCK, 2000, p.17

Figura 3: Crânio

Temporal

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No temporal também encontramos outros acidentes importantes como o

processo mastóide e o processo estilóide, que servem para inserção de alguns

músculos do pescoço.

O côndilo da mandíbula é composto pela cabeça e pescoço; a cabeça é

uma forma ovóide, sendo mais convexa no sentido antero-posterior do que no

sentido mediolateral, com a convexidade aumentando ao redor do pólo medial.

(LOPES, 1997)

A fossa mandibular (Figura 4), de acordo com Ash, Ramfjord e

Schimidseder (2001), demonstra muitas variações nas formas, assim como o

côndilo. Entretanto os limites podem ser prontamente determinados. A

superfície anterior é a eminência articular e, como a fossa articular, é formada

pela placa timpânica, que também forma a parede óssea anterior do meato

auditivo externo.

Fonte: SOBOTTA, 2000, p. 158

Figura 4: Osso temporal

De acordo com Madeira (1997), as faces articulares temporal e condilar

são cobertas por uma cartilagem fibrosa, a cartilagem articular. Essa

cartilagem, segundo Bumann; Lotzmann (2002), absorve e distribui cargas

compressivas, além de permitir um deslizamento sem fricção das estruturas em

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articulação.

Os componentes articulatórios da ATM são separados e interpostos pelo

disco articular (Figura 5), que divide o espaço articular em um compartimento

superior e um inferior. (GOULD III, 1993)

Fonte: STEVÃO, 2005, p.12

Figura 5: Articulação temporomandibular: disco articular

O disco articular é uma placa ovalada, formada de tecido fibroso que

acomoda as convexidades do côndilo, a eminência e a concavidade da fossa

mandibular, regularizando a discrepância entre as faces articulares. (ASH;

RAMFJORD; SCHIMIDSEDER, 2001; MADEIRA et al, 1997)

Grieve (1994) divide o disco em três partes: anterior, posterior e

intermediária, sendo que a anterior e a posterior são vascularizadas, inervadas

e mais espessas que a intermediaria, que é delgada e avascular.

Pela parte medial e central, o disco se insere dentro das margens

laterais rugosas do côndilo. Na parte posterior, o disco está conectado à

cápsula por um coxim esponjoso retrodiscal ou zona bilaminada.

Anteriormente, o disco encontra-se também em conexão com a cápsula, onde

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o feixe superior do músculo pterigóideo lateral se insere (LOPES, 1997). De

acordo com Madeira (1997), o disco não se prende a nenhuma área do

temporal.

A zona bilaminada representa a parte dorsal da ATM, composta de um

estrato superior e um estrato inferior, entre os quais se encontra o genu

vasculosum, com vários nervos, vasos e gordura. O estrato superior estrutura-

se a partir de uma rede de fibras de colágeno e elásticas, gordura e vasos. Já o

estrato inferior compõem-se de fibras de colágeno tensas. Ambas irradiam para

a parte posterior do disco, onde o estrato superior é responsável pelo

movimento de recolhimento do disco articular e o estrato inferior pela

estabilização do disco no côndilo, impedindo seu deslocamento anterior.

(BUMANN; LOTZMANN, 2002)

A ATM está envolta por uma cápsula articular de tecido conjuntivo fino e

rijo e pouco fibrosa. Esta se encontra inserida nas bordas das superfícies

articulares da fossa mandibular, na eminência do osso temporal e no colo da

mandíbula. Essa cápsula é frouxa nas regiões média e posterior, e lateralmente

encontra-se reforçada pelo ligamento lateral e temporomandibular, onde é mais

tensa. (ASH; RAMFJORD; SCHIMIDSEDER, 2001; GRIEVE, 1994; GOULD III,

1993)

A cápsula tem como função a nutrição da cartilagem, por ser revestida

pela membrana sinovial, além de ser responsável pela propriocepção, por

apresentar receptores que transmitem ao sistema nervoso informações de

postura, movimento e dor (BUMANN; LOTZMANN, 2002).

A membrana sinovial é uma fina camada muito vascularizada de tecido

conjuntivo que reveste internamente a cápsula articular nos compartimentos

supradiscal e infradiscal, com células altamente especializadas que produzem

o líquido sinovial, cuja função é a nutrição da cartilagem, além de servir como

meio de deslizamento para redução de fricção, bem como estabilização da

articulação. (BUMANN; LOTZMANN, 2002; GOULD III, 1993; LOPES, 1997;

MADEIRA, 1997)

Os ligamentos do sistema mastigatório, assim como as cápsulas,

também exercem a função de estabilização da ATM, e também agem

conduzindo e impedindo movimentos.

Os três principais ligamentos relacionados a ATM são: ligamento

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temporomandibular, ligamento estilomandibular e ligamento esfenomandibular.

O ligamento temporomandibular é o único verdadeiro ligamento da ATM.

Cobre quase toda a superfície lateral da cápsula articular e é contínuo a ela.

Acima ele se insere numa longa linha do processo zigomático do temporal,

além da eminência articular, até as imediações do processo retroarticular. As

fibras convergem em direção inferior para se inserirem no colo da mandíbula

em uma pequena área logo abaixo da inserção do disco articular. (MADEIRA,

1997)

Bumann; Lotzmann (2002) dividem esse ligamento em duas partes: uma

mais profunda e horizontal e uma superfície de trajeto mais vertical. A parte

horizontal bloqueia a retrusão e laterotrusão, protegendo assim a zona

bilaminada. Por sua vez, a parte vertical bloqueia a abertura da boca. Este

último contém órgãos de tendão de Golgi, que são de grande importância para

o controle neuromuscular dos movimentos mandibulares.

O ligamento estilomandibular vai do processo estilóide ao ângulo da

mandíbula, sendo uma parte da fáscia cervical profunda. Assim, parte de suas

fibras se inserem na fáscia do músculo pterigóideo medial. Esse ligamento

bloqueia movimentos de protrusão e mediotrusão. (ASH; RAMFJORD;

SCHIMIDSEDER, 2001)

O ligamento esfenomandibular, conforme relatos de Madeira (1997), vai

da espinha esfenóide à lingula da mandíbula. Bumann; Lotzmann (2002)

afirmam que apenas 1/3 dos pacientes apresentam a espinha esfenoidal como

única origem desse ligamento, onde, na maioria dos casos, ele se insere na

cápsula articular medial, na fissura petrotimpânica e no ligamento malar

anterior. Esse ligamento obstrui o movimento de protrusão e mediotrusão, bem

como a abertura passiva da boca.

1.1.1.1 Músculos da mastigação

O músculo temporal (Figura 6) é um músculo em forma de leque que

cobre a região lateral da cabeça. Sua origem estende-se na fossa temporal e

superfície lateral do crânio, seguindo para baixo e convergindo para a abertura

entre o arco zigomático e a face lateral do crânio, indo se inserir na apófise

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coronóide da mandíbula. (ASH; RAMFJORD; SCHIMIDSEDER, 2001;

CARVALHO, 2003; PALMER; EPLER, 2000)

Fonte: ASH; RAMFJORD; SCHIMIDSEDER, 2001, p. 30

Figura 6: Músculos da mastigação

Segundo Ash; Ramfjord; Schimidseder (2001), o músculo temporal é o

principal posicionador da mandíbula durante a elevação mandibular. Carvalho

(2003) ainda acrescenta que esse músculo, concebido mais para

movimentação do que força, é um importante elevador da mandíbula. Já

Palmer; Epler (2000), atribuem ao mesmo a função tanto de elevação como de

retração mandibular.

Castro et al (1997) explica que, a função principal do temporal é elevar a

mandíbula, porém, como apresenta forma de leque, acessoriamente seus

feixes mais anteriores limitam a abertura máxima da boca e os posteriores são

os responsáveis pela retração da mandíbula.

O masseter é dividido em duas partes: superficial e profunda. A parte

superficial origina-se no processo zigomático da maxila ao longo de sua

margem inferior; suas fibras correm obliquamente e se inserem no ângulo e

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ramo da mandíbula. A parte profunda origina-se na parte inferior e medial do

processo zigomático do osso temporal; suas fibras correm verticalmente para

baixo e se inserem no ramo da mandíbula e base do processo coronóide.

(ASH; RAMFJORD; SCHIMIDSEDER, 2001)

O masseter é o mais potente músculo elevador mandibular. As fibras

superficiais e profundas encurtam-se verticalmente, elevando a mandíbula,

além disso, quando em protrusão, as fibras profundas promoverão também a

retrusão mandibular, além de acessoriamente contribuir para a sua projeção

anterior. (CARVALHO, 2003; CASTRO et al, 1997)

O pterigóideo medial se insere superiormente na fossa pterigóidea, suas

fibras correm para baixo e para trás, para se inserirem na superfície medial do

ângulo da mandíbula. (ASH; RAMFJORD; SCHIMIDSEDER, 2001; CASTRO et

al, 1997)

O masseter e o pterigóideo medial formam como que uma potente alça

muscular em torno do ramo da mandíbula. Atua como sinergista na elevação

mandibular e pode também, promover discreto movimento de protrusão, porém

sem conseguir movimentos de lateralidade. (CARVALHO, 2003; CASTRO et al,

1997)

Conforme descrevem Castro et al (1997), o pterigóideo lateral possui

fibras posicionadas horizontalmente e está sitiada na fossa infratemporal.

Possui dois feixes: o feixe inferior origina-se na lâmina pterigóidea externa,

enquanto que o feixe superior, na face infratemporal da asa maior do

esfenóideo. Ambas as fibras dirigem-se para trás e para fora e acabam sua

inserção no limite anterior da articulação temporomandibular, especialmente na

cápsula e no côndilo.

Segundo Ash; Ramfjord; Schimidseder (2001), a função do pterigóideo

lateral envolve os movimentos de abertura, protrusão e lateralidade da

mandíbula. A parte superior parece ser ativa durante os movimentos de

abertura, protrusão, deglutição, ranger de dentes e retrusão passiva.

O digástrico é um músculo supra-hióideo, que consiste em duas partes:

ventre anterior e posterior, unidos por um longo tendão inserido ao osso

hióideo. O ventre posterior origina-se do processo mastóideo do osso temporal

e o anterior surge do tendão intermediário e insere-se na borda inferior da

mandíbula (ASH; RAMFJORD; SCHIMIDSEDER, 2001). Segundo Castro et al

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(1997), o diagnóstico abaixa a mandíbula fazendo ponto fixo no osso temporal

e estabiliza o osso hióideo.

1.1.1.2 Músculos do pescoço e coluna cervical

No pescoço encontramos dois grupos de músculos: os supra-hióideos e

os infra-hióideos.

Fazem parte dos supra-hióideos os músculos digástrico, milo-hióideo,

gênio-hióideo e estilo-hióideo. O músculo milo-hióideo vai na linha milo-hióidea,

em forma de degraus passando pelo lado interno do corpo mandibular, até o

corpo do osso hióideo. O gênio-hióideo é um corpo alongado ântero-posterior,

disposto quase horizontalmente sobre o milo-hióideo. Sua origem é na espinha

mentoniana e sua inserção no corpo do hióideo. Tanto o milo-hióideo quanto o

gênio-hióideo, podem fazer o papel de abridores bucais, mas podem também

levantar o assoalho bucal, puxando o hióideo em direção ventral. (BUMANN;

LOTZMANN, 2002; MADEIRA, 1997)

O estilo-hióideo é um músculo fino, fusiforme, que tem origem no

processo estilo-hióideo da base do crânio. Suas fibras se dirigem

paralelamente ao ventre posterior do músculo digástrico até o hióideo. Esse

músculo traciona o osso hióideo para trás e para cima. (MORALES, 1999)

Os músculos infra-hióideos é um grupo muscular localizado abaixo do

osso hióideo. A este grupo incluem o esterno-hióideo, omo-hióideo,

esternotireóideo e tireóideo. Todos esses músculos agem como antagonistas

do grupo supra-hióideo, agindo para baixar o hióideo e prover a sua fixação,

permitindo a ação dos supra-hióideos na mandíbula. (GRIEVE, 1994)

Segundo Ash; Ramfjord; Schimidseder (2001), os músculos de interesse

que se originam na cabeça e se inserem nas estruturas dos ombros são o

esternocleidomastóideo e o trapézio.

O esternocleidomastóideo possui duas cabeças, uma se origina no

esterno e a outra na clavícula, e vão se inserir no processo mastóideo

(MORALES, 1999). De acordo com Castro et al (1997) sua contração bilateral

realiza um movimento de flexão de cabeça. Unilateralmente, realiza um

movimento de rotação da cabeça para o lado oposto e uma inclinação da

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cabeça para o mesmo lado. No entanto, Ash; Ramfjord; Schimidseder (2001).

afirmam que, quando contraído bilateralmente, promove extensão da cabeça.

O trapézio se estende medialmente desde o osso occipital até as últimas

vértebras torácicas, e lateralmente vai à clavícula e escápula. Sua principal

função é estabilizar a escápula e fixar as estruturas ósseas dos ombros. As

fibras superiores elevam o ombro, bem como inclinação lateral e extensão da

cabeça. (ASH; RAMFJORD; SCHIMIDSEDER, 2001; CASTRO et al, 1997)

Os músculos escalenos também são importantes. Eles se originam dos

processos transversos das vértebras cervicais e inserem-se na primeira e na

segunda costelas. São responsáveis pela elevação das costelas superiores e

auxiliam na inspiração e também inclinam a coluna cervical para o lado

epsilateral em caso de contração unilateral e estabilizam as costelas quando

contraídos bilateralmente. (MORALES, 1999)

Segundo Ash, Ramfjord e Schimidseder (2001), os músculos elevador

da escápula e esplênio da cabeça são com freqüência sensíveis a palpações

nos distúrbios craniomandibulares.

O elevador da escápula, de acordo com a descrição de Castro et al

(1997), é um músculo que se estende da parte alta do pescoço até a escápula.

Para cima insere-se nos processos transversos das quatro primeiras vértebras

cervicais e, para baixo, no ângulo superior da escápula. O esplênio da cabeça

insere-se na linha nucal superior e no processo mastóideo e de lá vai ao

ligamento nucal e nos processos espinhosos da sétima vértebra cervical e das

três primeiras vértebras torácicas. Promovem extensão, inclinação lateral e

rotação da cabeça para o mesmo lado.

1.1.1.3 Músculos da face

A musculatura da expressão facial (Figura 7) é composta pelos

seguintes músculos: nasal, depressor do septo, levantador do lábio superior e

asas nasais, orbicular do olho, zigomático maior, zigomático menor, risório,

levantador do ângulo da boca, orbicular da boca, levantador do ângulo ocular,

depressor do ângulo ocular, depressor do lábio inferior, mentoniano e platisma.

(BUMANN; LOTZMANN, 2002)

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Legenda:

A: Masseter;

B: Elevador do lábio superior;

C: Zigomático maior;

D: Triangular da face;

E: Depressor do lábio inferior;

F: Mento;

G: Orbicular da boca;

H: Corrugador;

I: Orbicular do olho;

J: Frontal;

K: Esternocleidomastóideo.

Fonte: COXO, 2007, p. 1

Figura 7: Músculos da face

O Platisma é uma lâmina muscular longa e fina, que cobre a maior parte

das regiões lateral e anterior do pescoço, chegando a cruzar a clavícula e

terminar na região infraclavicular (MADEIRA, 1997). Palmer e Epler (2000)

descrevem que o platisma se estende da área da bochecha, passando sobre a

clavícula e indo até a parede torácica. É o único músculo cutâneo do pescoço,

insere-se na pele e sua contração repuxa para cima e para frente à pele do

pescoço ou abaixa a pele da região do mento.

Segundo Bumann; Lotzmann (2002), distúrbios do tônus dos músculos

da face influenciam a fisionomia do paciente e a posição dos dentes na arcada

dentária. Em combinação com uma ativação de um ou mais músculos da

mastigação, eles também podem ter influência sobre a posição condilar.

1.1.1.4 Músculos associados

Três outros músculos são de interesse devido a uma possível relação

aos sintomas auditivos, algumas vezes encontrados em pacientes com

disfunção da ATM/muscular. O tensor do véu palatino origina-se da espinha do

esfenóide e do conduto auditivo, segue para baixo, termina em um tendão que

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circunda o hámulo pterigóideo e se introduz horizontalmente na aponeurose do

palato. Esse músculo tenciona e ergue o véu palatino. (ASH; RAMFJORD;

SCHIMIDSEDER, 2001; MORALES, 1999)

O músculo levantador do véu palatino se estende da base do crânio

diretamente ao palato mole. Sua origem situa-se na parte petrosa do temporal

e insere-se na superfície superior da aponeurose palatina. Sua função é elevar

o palato mole (MADEIRA, 1997).

O tensor do tímpano surge do conduto auditivo e passa pela cavidade

timpânica para se inserir na asa do maléolo, próximo do seu colo. Ele deixa o

maléolo medialmente e estira a membrana timpânica. (ASH; RAMFJORD;

SCHIMIDSEDER, 2001)

1.1.1.5 Vascularização e inervação

A ATM é vascularizada através da circulação colateral e todos os vasos

sanguíneos na área da articulação. O suprimento sangüíneo da ATM dá-se

principalmente pela artéria maxilar e pela artéria temporal superficial. A porção

anterior da ATM obtém sua irrigação das artérias profundas, temporal posterior

e masseterina. Ramos da artéria maxilar, artérias timpânicas anterior, auricular

profunda e meníngea média irrigam as faces posterior e média da ATM; as

faces posterior e lateral são irrigadas por ramos da artéria temporal superficial.

(LOPES, 1997)

De acordo com Bumann; Lotzmann (2001) as veias que drenam a ATM

correspondem às artérias que a irrigam, essas veias desembocam no plexo

pterigóideo, temporal superficial e maxilar.

Conforme os autores citados acima, a ATM é inervada essencialmente

pelos nervos aurículo-temporal, masseterino e temporal. E Lopes (1997) ainda

acrescenta que, todas as artérias da ATM, incluindo a cápsula articular, o

tecido subsinovial e a periferia do disco, também são inervadas, tendo como

outras articulações, terminações nervosas de Ruffini, órgãos tendinosos de

Golgi, terminações de Paccini e terminações livres.

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1.1.2 Biomecânica da ATM

A ATM representa a articulação da mandíbula ao osso temporal do

crânio, capaz de movimentos de dobradiça e deslocamento. (LOPES, 1997)

A mobilidade em uma ATM está ligada mecanicamente ao movimento da

mesma articulação do lado oposto. (EDMOND, 2000)

Madeira (1997) afirma que a rotação e translação são os dois

movimentos básicos da ATM. Na rotação a mandíbula se movimenta sobre um

eixo transversal que passa pelos côndilos. A cada abertura e fechamento da

boca o movimento de rotação é realizado.

Durante a abertura da mandíbula, a rotação e a translação ocorrem

simultaneamente. Inicialmente a mandíbula abre quando os músculos

mastigatórios de oclusão masseter, temporal e pterigóideo medial se relaxam.

A rotação condilar deprime a mandíbula pela tração gravitacional. (EDMOMD,

2000; GOULD III, 1993)

No entanto, Bumann; Lotzmann (2002), afirma que a abertura da boca é

passível pela atividade da musculatura supra-hióidea (rotação) e prerigóideo

lateral (translação). Gould III (1993) relata que após 1 cm de abertura da boca,

os músculos pterigóideos lateral se contraem, promovendo a translação

condilar, para a abertura máxima da mandíbula.

De acordo com Grieve (1994) o primeiro movimento ao abrir a boca é de

pura rotação condilar em torno de um eixo horizontal, através de duas cabeças

condilares. Isto ocorre entre o disco articular e o côndilo no compartimento

inferior.

A rotação dos côndilos leva sempre a um movimento do disco em

direção dorsal e, com isso, enquanto o disco gira em relação à eminência

articular. Durante a translação o disco sofre um movimento passivo em direção

ventral. Ocorre uma abertura no compartimento superior através da translação

do côndilo deslizamento do disco ao longo do declive da eminência articular.

(BUMANN; LOTZMANN, 2002; GRIEVE, 1994)

No fechamento da boca, os músculos que agem são o masseter, o

pterigóideo medial e o temporal (MADEIRA, 1997). Segundo Bumann;

Lotzmann (2002), basicamente vale a regra de que, em relação ao côndilo, o

disco executa um movimento relativo em direção ventral. Enquanto o côndilo é

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puxado em direção dorsal para a fossa articular por forças musculares, várias

estruturas levam o disco em direção dorsal, evitando uma protrusão anterior do

mesmo ao final do movimento de fechamento.

Os movimentos de protrusão e retrusão ocorrem por meio de

movimentos de deslizamento, com pouca ou nenhuma rotação. (EDMOND,

2000)

Conforme Madeira (1997), para a realização do movimento de protrusão,

a mandíbula abaixa ligeiramente tirando os dentes de oclusão e se projetando

para frente com côndilo e disco saindo do seu receptáculo e deslizando-se na

vertente posterior da eminência articular. De acordo com Gould III (1993) a

protrusão é completada pela contração simultânea das porções inferiores dos

músculos pterigóideos laterais, auxiliados pelo masseter e pterigóideo medial.

Na retrusão ocorre contração do músculo digástrico e fibras posteriores do

temporal.

Nos movimentos de lateralidade o côndilo do lado em atividade executa

uma laterotrusão, sendo que o lado inativo realiza uma mediotrusão.

(BUMANN; LOTZMANN, 2002)

Ao contrário dos movimentos de abertura e fechamento, que são

simétricos, os movimentos são assimétricos. Quando a mandíbula move-se

lateralmente, um côndilo e seu disco deslizam inferior, medial e anteriormente,

enquanto que os outros giram lateralmente em torno do eixo vertical. Esses

movimentos são causados pela contração dos músculos temporal ipsilateral e

masseter e músculo pterigóideo medial e lateral contralateral. (GOULD III,

1993)

1.1.3 Oclusão

Grieve (1994) identifica as posições da mandíbula como sendo:

a) posição de descanso, onde a mandíbula se encontra em repouso,

dentes afastados (2-5 mm) e lábios ligeiramente em contato;

b) posição de dobradiça, os côndilos repousando mais para trás

possível, dentes livres de contato;

c) posição oclusal cêntrica, postura mandibular normal com máxima

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intercuspidação (contato normal dos dentes);

d) relação oclusal protrusiva, os quatros incisivos inferiores em contato

com as pontas incisivas dos centrais superiores e parte dos laterais;

e) relação oclusal lateral, os dentes póstero-superiores e inferiores do

lado ipsilateral em contato com as cúspides línguas e bucais.

A oclusão em si é definida como todo contato entre dentes da maxila e

da mandíbula. Bumann; Lotzmann (2002), definem dois tipos de oclusão:

estática e dinâmica. A oclusão estática é o contato dentário sem movimento da

mandíbula, que pode ser subdividida em oclusão cêntrica habitual e máxima. A

oclusão cêntrica refere-se aos contatos dentários em que os côndilos estão em

posição cêntrica. E a oclusão habitual é a oclusão estática habitualmente

adotada. Já a oclusão dinâmica descreve todos os contatos dentários que

ocorrem em movimentos mandibulares.

Qualquer desvio dos dentes de sua oclusão normal, apresentando o

resultado de uma combinação casual de partes desproporcionadas é

conhecida como Maloclusão dentária.

Existem alguns sistemas de classificação dessas alterações oclusais.

São eles:

1.1.3.1 Classificação de Angle

Essa classificação foi criada em 1899, e posteriormente modificada em

1907. (DANTAS, 1967)

Segundo a classificação de Angle, podem-se encontrar três tipos de

alterações oclusais:

a) Classe I - Neutroclusão Dentes superiores e inferiores se tocam topo

a topo.

- Cúspide mésio-vestibular do primeiro molar superior oclui no sulco

mésio-vestibular do primeiro molar inferior.

b) Classe II - Distoclusão - Há uma sobreposição dos dentes superiores

ou sobremordida, que pode ser horizontalizado ou verticalizado.

- Sulco mesiovestibular primeiro molar inferior oclui posteriormente

à cúspide mesiovestibular do primeiro molar superior.

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- Divisão 1: incisivos superiores labioversão exagerada.

- Divisão 2: incisivos centrais superiores quase em posição normal

ântero-posteriormente ou apresentam uma leve linguoversão,

enquanto os incisivos laterais superiores apresentam uma

inclinação labial e mesial.

- Subdivisão: quando a distoclusão ocorre apenas de um lado do

arco dentário, a unilateralidade é expressa como uma subdivisão

de sua divisão.

c) Classe III – Mesioclusão: Há uma maior protrusão da mandíbula,

com a arca inferior se sobrepondo.

- Sulco mesiovestibular primeiro molar inferior oclui anteriormente à

cúspide mesiovestibular do primeiro molar superior.

- Subdivisão: quando a mesioclusão ocorre apenas de um lado do

arco dentário, a unilateralidade é expressa como uma subdivisão.

TRESPASSE:

- Trespasse horizontal: sobressaliência, overjet;

- Trespasse Vertical: sobremordida, overbite.

1.1.3.2 Classificação de Simon

a) Plano orbitário:

- Protração: anteriorização do arco dentário ou parte dele;

- Retração: deslocamento de 1 ou mais dentes para posterior.

b) Plano sagital mediano:

- Contração: aproximação de 1 dente ou segmento de arco;

- Distração: afastamento em relação ao plano.

c) Plano de Frankfurt:

- Atração: aproximação do plano (intrusão dos dentes superiores ou

extrusão dos dentes inferiores);

- Abstração: quando se afastam.

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1.1.3.3 Classificação de Lischer

a) Posições dentárias individuais;

b) Adicionar o sufixo versão;

c) Combinação de mais de uma variação

- Vestibuloversão;

- Mesioversão;

- Vestibuloversão;

- Linguoversão;

- Mesioversão;

- Axiversão: alteração da inclinação do longo eixo dentário;

- Distoversão;

- Supraversão;

- Infraversão;

- Giroversão;

- Transversão: inversão no posicionamento do elemento dentário;

- Perversão: indica a impactação do dente, em geral, por falta de

espaço no arco.

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CAPÍTULO II

DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR

2 DTM – DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR

2.1 Definição

A ATM pode ser sede de transtornos funcionais e estruturais, descritos

como Disfunções Temporomandibulares (DTM), também chamadas de

Distúrbios ou Desordens Craniomandibulares (DCM). É um conjunto de

doenças que comumente acomete o sistema estomatognático, pelo

funcionamento anormal das estruturas orofaciais; que afetam não somente a

ATM, mas, também, áreas extrínsecas ás articulações com ligamentos,

músculos da mastigação e estruturas associadas. A DTM é identificada como a

principal causa de dor não-dental na região orofacial. (BELIVAQUA-GROSSI et

al, 2001; LOPES, 1997; MANFREDI; SILVA; VENDITE, 2001; TEIXEIRA;

MARCUCCI; LUIZ, 1999)

2.2 Etiologia

A etiologia da DTM, segundo Rizzati-Barbosa et al (1997), ainda não

está totalmente esclarecida. De modo geral, os autores aceitam a hipótese de

que a DTM possui uma causa multifatorial. (SERRALTA; MARTINS; ÁVILA,

2000)

Não tendo fator etiológico único, de acordo com Chiaoy e Jesuino

(2003), os fatores foram agrupados da seguinte forma: fatores

neuromusculares, fatores psicológicos e fatores anatômicos. Serralta, Martins e

Ávila (2000) também classifica a etiologia das DTM em três fatores: fisiológicos,

psicológicos e ambientais.

Dentre os fatores relacionados à etiologia da DTM, têm sido identificadas

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às más oclusões, hiperatividade dos músculos da mastigação, hábitos

parafuncionais, alterações posturais, traumatismos, distúrbios reumatológicos,

estresse emocional, ansiedade e depressão. (BEVILAQUA-GROSSI et al,

2001; CHIAOY; JESUINO, 2003; RIZZATTI-BARBOSA et al, 1997)

Segundo Felício (apud MAZZETTO; NASCIMENTO; GOMES, 2002) a

oclusão parece desempenhar um papel importante na etiologia das DTM,

juntamente com os desarranjos internos da articulação, porém a

neuromusculatura não pode ser desconsiderada, pois representa o

componente ativo do sistema estomatognático.

Dekon et al (2002), afirmam que os primeiros estudos sobre a etiologia

das DTM datam de 1934 com Costen, nos quais se relacionam fatores oclusais

como os principais causadores dos sintomas de DTM.

Teixeira, Marcucci e Luiz (1999) relatam que, alguns estudos têm

demonstrado que grande parte dos casos de DTM é devida a maloclusões

morfológicas. Para que estas disfunções ocorram, seria necessária a

participação de fatores predisponentes, eficientes e psicológicos, sendo as

alterações oclusais consideradas causas predisponentes ou eficientes.

De acordo com Lima et al (2001), alguns autores afirmam que a oclusão

dentária é o primeiro fator etiológico no desenvolvimento da DTM. Por outro

lado, outros fatores sugerem que a oclusão dentária não está envolvida ou é

pouco responsável pela DTM, sendo um fator agravante e não etiológico.

Para Laskin (apud BEVILAQUA-GROSSI et al, 2001) a DTM é uma

desordem geralmente relacionada ao estresse, que induz ao aumento do tônus

muscular, freqüentemente associada à presença de hábitos parafuncionais,

como o ato de apertar ou ranger os dentes, resultando em fadiga e espasmo,

os quais produzem dor e disfunção.

Conforme relatos de Chiaoy e Jesuíno (2003), as alterações posturais

têm sido postuladas como sendo influenciadoras no desenvolvimento e

persistência da DTM, visto que desordens no segmento cervical apresentam

porcentagem de sintomas de DTM, e a anteriorização da cabeça é suspeita de

ser um fator de grande importância.

Para Rizzatti-Barbosa et al (1997), quando os vários fatores etiológicos

se associam, sobrecarregam o sistema estomatognático, e sua capacidade de

adaptação poderá não corresponder favoravelmente. O que se observa é que,

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enquanto um sistema mais capacitado pode adaptar-se à situação de excessos

sem danos às estruturas, outro absorve a condição lesiva com alterações

expressivas. Essa capacidade adaptativa apresenta grande viabilidade de

indivíduo para indivíduo, e pode ser diferente de tempos em tempos para a

mesma pessoa.

Os fatores psicológicos de caráter geral (familiar, social, trabalho)

também influenciam no aparecimento dos sintomas e recidivas. Por outro lado

tem-se sugerido que a profissão também pode estar relacionada ao estresse

em pacientes portadores de DTM.

2.3 Sinais e sintomas

Minoru (apud MAZZETTO; NASCIMENTO; GOMES, 2002) afirmou que,

os pacientes com DTM podem apresentar diferentes sinais e sintomas, porém

as queixas mais freqüentemente encontradas são: dor facial e cervical,

movimentos limitados, maloclusão, sons na ATM, alteração na mastigação e

zumbido.

Elias (2002) resume o quadro de sinais e sintomas sendo constituído de

limitação de movimentos mandibulares, sensações auditivas, dores na face,

cabeça e pescoço. A dor também pode ser referida na maxila e ouvido,

conforme relatos de Manfredi; Silva; Vendite (2001).

Segundo Bevilaqua-Grossi et al (2001), a DTM é caracterizada quando

três ou mais sinais ou sintomas são diagnosticados podendo incluir: dor pré-

auricular, ruídos articulares, fraqueza ou hiperatividade da musculatura

mastigatória, dor de cabeça do tipo tensional e distúrbios nos movimentos

mandibulares. Nos pacientes avaliados em pesquisa dos mesmos autores

(BEVILAQUA-GROSSI et al, 2001), observou-se também presença de

alterações posturais, principalmente de cabeça e ombros, em todos os

pacientes, e os sinais e sintomas mais evidentes foram dores musculares

(50%), dores articulares (10%) e dores de cabeça (9%).

A cefaléia generalizada, ocorrendo como dor referida dos músculos

mastigatórios ou da própria articulação, é um sintoma importante da DTM.

Podem-se encontrar ainda sintomas como rigidez no pescoço, vertigem

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e laringite. A vertigem pode ser provocada pela dor que se irradia para o ouvido

interno, afetando seu equilíbrio.

2.3.1 Dor orofacial

A dor é uma experiência multidimensional que pode ser modulada por

influências cognitivas, emocionais e motivacionais. É uma sensação

desagradável e uma experiência emocional associada com dano tecidual real

ou potencial, ou descrita em termos de tal dano. (ASH; RAMFJORD;

SCHIMIDSEDER, 2001)

Pimentel et al (2002) classifica dois tipos de dor, dor normal, proveniente

de lesão tecidual e inflamação ao redor do tecido lesado até o seu reparo,

também denominada dor aguda. E dor fisiopatológica, onde ocorre a

permanência da dor mesmo que o completo reparo tecidual já tenha se

efetivado. É o resultado da disfunção do Sistema Nervoso Periférico (SNP) ou

Sistema Nervoso Central (SNC), levando a um estado de dor crônica.

A dor é provocada quando os receptores da dor são estimulados. Os

receptores da dor são terminações nervosas livres que podem ser encontrados

na pele, músculos e estruturas internas como faces articulares. Essas

terminações nervosas podem ser ativadas por estímulos mecânicos, térmicos e

químicos. (GUYTON; HALL, 2002)

De acordo com Ash; Ramfjord; Schimidseder (2001) quando esses

receptores são estimulados neurônios aferentes do SNP conduzem o impulso

até o SNC. A principal via de transmissão de informações sensoriais das

estruturas bucofaciais para as regiões somatossensoriais do córtex cerebral

envolve neurônios aferentes que conduzem suas informações

predominantemente através do nervo trigêmio. No SNC as informações são

codificadas quanto à informação da intensidade, localização, duração e tipo de

estímulo que está sendo detectado pelas terminações nervosas receptoras nos

tecidos bucofaciais.

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2.4 Epidemiologia

Segundo Okeson (apud DEKON et al, 2002), 50 a 60% da população

possuem algum tipo de sintoma de DTM.

A maioria dos estudos revela uma maior incidência das DTM em

mulheres, e na faixa etária de 20 a 40 anos. Daruge (1999) em sua pesquisa,

de 374 ATM avaliadas, obteve uma distribuição porcentual de 67,39% sendo

do sexo feminino e 32,61% masculino. E em relação à idade, 56,22%

encontravam-se na faixa de 20 a 40 anos.

Para Gray et al (apud BEVILAQUA-GROSSI et al, 2001), o

acometimento é igual em ambos os sexos, diferindo no aspecto que as

mulheres procuram mais por algum tipo de tratamento. Os transtornos

hormonais parecem influenciar a maior ocorrência nas mulheres.

2.5 Diagnóstico

Afirmam Cestari; Camparis (2002), que o diagnóstico das DTM é

realizado de acordo com a determinação de seus sinais e sintomas

característicos. Tendo em vista a natureza ampla de sua etiologia, a DTM pede

um diagnóstico diferenciado e criterioso.

Conforme relatos de Francesquini Jr et al (1999) a DTM é caracterizada

pela existência de quatro sinais e sintomas principais, ou seja, dor,

sensibilidade muscular, estalido na ATM e limitação de movimento.

Segundo Ash; Ramfjord; Schimidseder (2001), quando indicados podem

ser realizados, além da avaliação clínica como: radiografia, artrografia, imagem

por ressonância magnética e artroscopia.

2.6 Tratamento

Segundo Chiaoy; Jesuíno (2003), devido ao fato das DTM serem

multifatoriais, os profissionais que atuam na área estão cada vez mais

convencidos de que não há como trabalhar de forma isolada.

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Um erro freqüente observado no atendimento desses pacientes é o seu

encaminhamento a outros profissionais, como fisioterapeuta ou fonoaudiólogo,

somente após o cirurgião dentista ter praticado as intervenções de sua alçada

e constatado sua ineficácia. A partir destes procedimentos é que o outro

profissional iniciará o seu diagnóstico e intervenção, constatando que por vezes

estes também denotam ineficácia quando aplicados isoladamente. (RIZZATTI-

BARBOSA et al, 1997)

Segundo Lopes (1997) a maioria dos tratamentos recomendados para

as desordens temporomandibulares são para aliviar os sintomas e envolvem

uma equipe multidisciplinar. O tratamento está diretamente relacionado ao fator

etiológico, sendo de vital importância que o diagnóstico seja diferenciado, a

partir disso pode-se traçar com maior precisão um protocolo de tratamento.

Portanto o tratamento dependerá do tipo de lesão, se muscular, traumática, as

estruturas envolvidas e o fator desencadeante da lesão.

Fatores estruturais, funcionais e psicológicos parecem estar reunidos,

determinando uma origem multifatorial. O diagnóstico é a chave para o sucesso

do tratamento. É de fundamental importância, entender que os pacientes

reagem de formas diferentes às diversas terapias, e o profissional deve

adequar o tratamento ao paciente, para se obter os melhores resultados

possíveis. O tratamento geralmente envolve uma combinação de terapias.

2.6.1 Terapia física

Para Favero (1999), a fisioterapia nas DTM objetiva: orientar o paciente;

combater dor e inflamação; restabelecer o tônus muscular, relaxando os

músculos em hiperatividade e trabalhando aqueles em desuso; crioterapia;

eletroterapia; cinesioterapia e reeducação postural. Cada um proporciona

efeitos fisiológicos que irão auxiliar na redução da dor, fortalecimento muscular,

e reeducação postural.

De acordo com Okeson (2000), a terapia física para DTM abrange uma

variedade de técnicas, eficazes em uma combinação de terapias. Para o autor,

a termoterapia tem o calor como mecânica principal e se baseia na premissa

de que o calor aumenta a circulação para a área aplicada. Cria uma

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vasodilatação nos tecidos comprometidos e conduz à redução dos sintomas. A

terapia de esfriamento favorece o relaxamento do músculo que está em

espasmo e assim alivia a dor associada. (OKESON, 2000)

O ultra-som produz um aumento de temperatura na interface dos tecidos

e afeta os tecidos mais profundamente que superfícies aquecidas, aumenta o

fluxo sanguíneo em tecidos profundos, melhora a flexibilidade e extensibilidade

de tecidos conjuntivos (OKESON, 2000). Dentre os efeitos fisiológicos e

terapêuticos: aumento do metabolismo, aumento da irrigação sanguínea,

efeitos sobre o tecido muscular, efeitos sobre processos inflamatórios e

diminuição da dor. (BASSANTA et al, 1997)

A utilização de correntes elétricas possui a finalidade de analgesia,

aumento da capacidade de regeneração, aumento da circulação local, através

da aplicação de Laser e TENS, na região da ATM, há melhora na função da

articulação. É uma técnica onde se utiliza onda eletromagnética com o objetivo

de se obter relaxamento muscular e melhora das condições circulatórias.

(FAVERO, 1999). De acordo com Favero (1999) e Bassanta et al (1997),

dentre os efeitos fisiológicos e terapêuticos do uso do TENS, se encontram: o

bloqueio de condução nervosa, contração isométrica, massagem de corrente

excitante, e treinamento cinético.

O laser frio acelera a síntese de colágeno, aumenta a vascularização

tecidual, diminui do número de microorganismos e diminui a dor. (OKESON,

2000). Os efeitos terapêuticos são: efeito analgésico, efeito anti-inflamatório,

efeito anti-edematoso e efeito cicatrizante. (FAVERO, 1999). Ainda para a

autora, a primeira etapa do tratamento consiste no alívio da dor, sendo o efeito

buscado pelo terapeuta.

De acordo com Favero (1999), a cinesioterapia é caracterizada por

procedimentos dirigidos à proteção e recuperação das funções das estruturas

móveis, mediante o uso de propriedades profiláticas e terapêuticas dos

movimentos passivos ou ativos, tendo por finalidade alongar e fortalecer a

musculatura em questão.

2.6.2 Terapia fonoaudiológica

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Para Szuminiski (1999) e Favero (1999), o objetivo do tratamento

fonoaudiológico é adequar a tonicidade e mobilidade muscular, adaptando as

funções estomatognáticas para alívio da dor muscular em repouso ou em

função. A terapia fonoaudiológica consiste em conscientização e propriocepção

daquilo que o paciente pode ou não fazer em determinadas fases da

terapêutica proposta, termoterapia para propiciar mudanças na oxigenação da

musculatura e relaxamento; massagens, mioterapia e terapia miofuncional.

Ainda segundo essas autoras, na termoterapia, o calor é essencialmente

indicado em casos crônicos em que exista tensão muscular aumentada. Seu

efeito é relaxante e analgésico. Para elas, a aplicação de calor é contra-

indicada em casos agudos, na ocorrência de processos inflamatórios, bem

como em casos de alterações neurológicas; e a crioterapia tem sua indicação

nos casos de limitações articulares, relaxamento de espasmos e processos

dolorosos agudos.

De acordo com Szuminiski (1999) e Favero (1999), a mioterapia tem

indicação clara na maioria dos casos de DTM. A terapia envolve exercícios

para o desenvolvimento e manutenção do controle neuromuscular. São

geralmente usados para relaxar a musculatura, e para melhorar a função e

tônus. Para as autoras, a mioterapia objetiva o alívio da dor.

Para autores como Szuminiski (1999) e Favero (1999), a terapia

miofuncional consiste em um trabalho envolvendo a respiração e está

relacionado diretamente com o trabalho proprioceptivo. O objetivo final da

terapia miofuncional é a adequação das funções estomatognáticas e alivia a

dor pela melhor irrigação sanguínea propiciada pelos exercícios.

2.6.3 Terapia psicológica

Para Cabezas (2006), o auxilio da psicologia é de grande valor,

geralmente associados a graus de estresse, ansiedade e depressão. Para o

autor, a ajuda psiquiátrica é indicada quando o paciente apresenta crises de

desequilíbrio de personalidade, além disso, indicam-se também medicamentos

antidepressivos durante a terapia.

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2.6.4 Terapia farmacológica

De acordo com a literatura, o primeiro objetivo é controlar a dor, porém

não cessá-la totalmente. A dor funcional serve para lembrar o paciente que

deve evitar um determinado movimento, permitindo que os tecidos

traumatizados se recuperem. Jorge; Tortamano (1995 apud Fávero, 1999),

definem medicamentos ansiolíticos como drogas que reduzem a ansiedade. Os

mesmos autores ainda referem que os ansiolíticos possuem um efeito calmante

e discreta ação muscular.

Para as DTM, os medicamentos devem ser prescritos em intervalos

regulares por um período específico, ao término desse tempo, é esperado que

o tratamento definitivo esteja promovendo alívio dos sintomas, não sendo

necessário estender o uso do medicamento. Deve-se instruir o paciente que os

aconselhamentos passados não devem ser encarados apenas como

tratamento, mas sim inseridos na rotina diária para que a DTM não torne a

ocorrer, pois cada vez a DTM retorna, ela tende a ser mais intensa e o

tratamento com resultados menos satisfatórios. (FAVERO, 1999)

De acordo com o protocolo de Okeson, (2000), são indicados

analgésicos, corticosteróides, e ansiolíticos, para tratar a dor aguda; AINES,

relaxantes musculares, anestésicos locais para condição aguda e crônica; e

antidepressores tricíclicos para dor crônica. Analgésicos são indicados quando

a dor profunda leva à causa da desordem (aspirina, triclilate).

AINES são indicados para abrandar condições inflamatórias moderadas

e dor pós-operatória aguda, principalmente em dor musculoesqueletal,

promovem alívio sintomático e não detém a progressão de injúria tecidual

patológica (ibuprofeno). É indicado como uma terapia a curto prazo, quando a

ansiedade e o espasmo muscular são predominantes, porém o paciente deve

ser avisado que seu uso prolongado pode causar efeitos colaterais. (FAVERO,

1999)

Ainda para Okeson (2000), anti-inflamatórios suprimem a resposta global

do corpo para a irritação. Corticosteróides são pouco prescritos por seus

efeitos colaterais. Ansiolíticos são indicados para terapia de suporte

(diazepam). Relaxantes musculares são indicados para prevenir o aumento da

atividade muscular associada com as DTM (mephesin, flexeril).

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Antidepressores tricíclicos requerem aumento da dosagem terapêutica.

(OKESON, 2000). É indicado como uma terapia a curto prazo, quando a

ansiedade e o espasmo muscular são predominantes, porém o paciente deve

ser avisado que seu uso prolongado pode causar efeitos colaterais.

Anestésicos locais são utilizados para dor localizada dentro do músculo, ponto

de gatilho miofacial (lidocaína, mepivacaína). (OKESON, 2000)

2.6.5 Acupuntura

Para Okeson (2000), a acupuntura usa o próprio sistema proprioceptivo

do corpo e parece causar liberação de endorfina, que reduz as sensações

dolorosas, bloqueia a transmissão de impulsos nocivos e reduz as sensações

de dor. Ainda para o autor, existem diversos tipos de aparelhos que devem

oferecer possibilidades de controle de voltagem, da intensidade, da freqüência

e da forma da onda, e possibilitar a interposição de intervalos de repouso.

A acupuntura é um ótimo auxílio no estabelecimento do diagnóstico

correto, pois ajuda na eliminação de dores provenientes destes fenômenos

secundários, determinando uma terapêutica adequada para cada caso.

(FAVERO, 1999)

2.6.6 Terapia cirúrgica

Se o tratamento conservador para as DTM não obtiver efeito, a última

opção é a cirurgia das ATM. Conforme reitera Molina (1995 apud FAVERO,

1999) e Cabezas (2006), com relação ao tratamento cirúrgico das DTM

articulares, algumas condições são impostas no que diz respeito à modalidade

cirúrgica no tratamento: a cirurgia articular deve ser realizada apenas quando o

tratamento conservador não surtiu efeito; as formas de tratamento pré-cirúrgico

devem ter seguido critérios racionais e adequados, e vários tipos de terapia

devem ter sido utilizadas antes de encaminhar para cirurgia; pacientes que

apresentam sinais e sintomas crônicos ou agudos persistentes, nos quais a dor

é o componente principal e os sinais e sintomas são resistentes à terapia

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convencional. A cirurgia de ATM pode ser fechada ou aberta.

Na cirurgia fechada da ATM (artroscopia ou artrocentese), é introduzida

uma cânula com uma lente para vídeo no espaço articular superior. Pode ser

feita uma incisão lateral para permitir a introdução de instrumentos para

biópsia, remodelação de disco articular e análise de adesões. Dentre as

indicações estão: falha do tratamento conservador; dúvida diagnóstica;

deslocamento do disco sem redução, aderências do disco e artralgia.

Para Favero (1999) e Cabezas (2006), a cirurgia aberta da ATM é a

última opção de tratamento a ser considerada. Podem ser realizadas

artrotomia, discoplastia, discectomia. A cirurgia aberta da ATM só deverá ser

indicada em casos bastante selecionados. A decisão de se tratar um paciente

cirurgicamente depende do grau da patologia que ele apresenta.

Nos cuidados pós-operatórios, geralmente recomenda-se o uso de

AINES por duas ou três semanas, fisioterapia térmica, exercícios musculares

para provocar movimentos articulares, dieta pastosa, uso de placa oclusal;

posteriormente, em casos de êxito cirúrgico, poderá se pensar em uma

reabilitação oclusal, se num prazo de 6 a 8 meses o paciente operado não

apresentou melhoras ele deverá ser reavaliado pelo cirurgião. (FAVERO, 1999)

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CAPÍTULO III

TRATAMENTO

3 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

Uma parcela da população sempre procura os serviços odontológicos

pela presença de dores, porém muitas dessas dores não são de origem

dentárias, mas sim devido a desordens temporomandibulares que vem cada

vez mais tendo importância pela sua maior ocorrência.

As causas dessas desordens ainda não são bem definidas, mas os

fatores contribuintes para elas são conhecidos e podem ser minimizados e até

controlados.

É de grande importância o papel que a fisioterapia desenvolve na

intervenção de algumas causas e no alívio dos sintomas das disfunções das

articulações temporomandibulares, através de uma avaliação minuciosa do

paciente, conglomerando todas as informações da história clínica, exames

físico e complementares. As técnicas de tratamento visam restituir a função

normal do aparelho mastigatório e do comportamento postural do paciente.

3.1 Avaliação fisioterápica

O primeiro passo para a avaliação fisioterapêutica deve ser uma

verificação de como funcionam os movimentos de dobradiça e deslizamento da

articulação temporomandibular. Depois deve ser feita uma anamnese onde se

obtém a história do paciente e averigua sobre as principais queixas e sintomas.

3.2 Exame físico

Durante o exame físico, deve-se fazer a palpação óssea e dos tecidos

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moles, simultaneamente em ambos os lados, devendo ser uniforme e

bilateralmente simétrico.

A palpação visa procurar por creptações ou estalidos unilateral ou

bilateral, travamento articular, espasmos musculares, algias, hipertonismo,

sensibilidade muscular, dificuldades mastigatórias, falta de coordenação

durante os movimentos mandibulares, facetas de desgastes em esmalte ou

dentina, ruídos ou rangimento dental, miosites, entre outros.

Em seguida faz-se uma avaliação postural estática, onde é avaliada a

postura habitual do paciente em relaxamento e se possível com o paciente

semi-nu. A observação é realizada em posição ereta e sentado em vista

anterior, posterior e de lado.

Depois da avaliação são feitos alguns testes especiais como por

exemplo o teste do calço molar, ausculta de ruídos com o auxílio de um

estetoscópio, verificar o grau de mobilidade da articulação através da

movimentação passiva e ativa que pode ser realizada com o auxílio de um

paquímetro, complementa-se a avaliação com os exames complementares.

É interessante avaliar a qualidade de vida do paciente desde o início até

o fim do tratamento, para assim observar quais as atividades cotidianas em que

o mesmo tem restrições.

A fisioterapia consegue aliviar a dor, reabilitando a função muscular

comprometida. Ela visa principalmente o alívio ou eliminação da dor músculo-

esquelético, a restauração da força e a função dos músculos que estão

alterados com os estímulos sensoriais, a redução da inflamação e da

regeneração, o reparo nos tecidos, o relaxamento e a busca do equilíbrio

muscular.

O tratamento começa pelo repouso articular para diminuir o quadro

álgico na fase aguda, aliviando os esforços do sistema mastigatório.

Em seguida, busca-se educar o paciente para o auto cuidado com a

finalidade de fazer com que o mesmo esteja atento aos seus hábitos anteriores

que influenciam no quadro avaliado.

Após isso, passa-se ao uso de recursos manuais, da eletroterapia e da

cinesioterapia.

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3.3 Neuroestimulação elétrica transcutânea

O emprego do T.E.N.S. (Neuroestimulação Elétrica Transcutânea) visa o

controle das analgesias agudas e crônicas, já que os estímulos elétricos

impedem a algia. O tempo de duração varia de caso para caso.

3.4 Crioterapia

Em busca do efeito antiinflamatório, analgésico e anestésico é realizada

a crioterapia. Ela promove a diminuição do fluxo sanguíneo na região, como

efeito antiinflamatório, através da vascularização superficial e reflexa; diminui a

velocidade de condução do impulso nervoso tanto em fibra sensitiva quanto

motora, atenuando ao mesmo tempo a excitabilidade dos receptores

neuromusculares, tendo efeito analgésico e anestésico; diminui o tônus

muscular, relaxando a musculatura lisa, preparando o local para a

cinesioterapia. Os procedimentos mais usados são em forma de pacote ou

bolsas de gelo e também através da criomassagem.

3.5 Ultra-som

Como já citado no capítulo II, o ultra-som produz um aumento de

temperatura na interface dos tecidos e afeta os tecidos mais profundamente

que superfícies aquecidas, aumenta o fluxo sanguíneo em tecidos profundos,

melhora a flexibilidade e extensibilidade de tecidos conjuntivos (OKESON,

2000). Dente os efeitos fisiológicos e terapêuticos: aumento do metabolismo,

aumento da irrigação sanguínea, efeitos sobre o tecido muscular, efeitos sobre

processo inflamatórios, e diminuição da dor. (BASSANTA et al, 1997)

Esse tratamento tem a vantagem de cuidar das alterações dos tecidos

musculares profundos e superficiais, articulares e ósseos. A aplicação é

realizada com o paciente com a boca cheia de água, formando um papo na

bochecha do lado a tratar. É recomendável o uso de água morna, pois a fria

pode causar dor dentária.

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3.6 Laser

Também o Laser é utilizado como um antiinflamatório, além disso, ele

age como analgésico, regenerativo, cicatrizante e anti-edematoso. É muito

eficiente em lesões profundas e superficiais, assim como em problemas

articulares e musculares. A fim de proteger a visão é necessário que paciente e

fisioterapeuta façam uso de óculos protetores. (FAVERO, 1999)

3.7 Raios infravermelhos

A fim de aliviar o quadro álgico, os Raios Infravermelhos atuam como

calor superficial, sendo utilizado principalmente antes da cinesioterapia e

massoterapia. Geralmente é usado em condições inflamatórias crônicas, pois

apresenta os efeitos analgésicos, anti-espasmódico e sedativo.

3.8 Pompage

Atuando na reeducação funcional aparece a Pompage, uma técnica

caracterizada pelo tensionamento lento, regular e progressivo, atuando nas

estruturas do occipital, cervical e cintura escapular. Age sobre a circulação,

sobre a musculatura, sobre as articulações e acalma. (PAIXÃO, 2004)

3.9 Massoterapia

Com o objetivo de promover o relaxamento muscular, gerando o alívio

da algia, é utilizada a Massoterapia. Ela inibi o ponto gatilho e restaura a

função muscular alterada. Geralmente é aplicada devido à tensão muscular nos

músculos mastigatórios e cervicais.

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3.10 Cinesioterapia

Tendo como objetivo a reeducação funcional dos componentes

músculos-esqueléticos do sistema estomatognático, são realizados exercícios

terapêuticos denominados Cinesioterapia. Ela se constitui de exercícios

passivos, exercícios ativos, exercícios ativos-resistidos e ativos-assistidos.

Estes devem ser realizados com calma e em casos de limitações devem ser

muito dosados para não provocar a atividade nociceptiva, no entanto não

devem provocar algia.

A cinesioterapia apresenta os seguintes resultados: aumenta a

amplitude de movimento articular melhorando a mobilidade e a nutrição da

cápsula; melhora a conscientização corporal e perceptiva, promove a

estabilidade articular; relaxa os músculos; alivia a algia e recupera a força, o

trofismo e a resistência dos músculos em relação à fadiga. (FAVERO, 1999)

3.10.1 Exercícios ativos

Com o objetivo de eliminar o acúmulo de metabólicos e melhorar a

circulação local, auxiliando no aumento da amplitude de movimento e

estabelecendo a função muscular rítmica e coordenada são utilizados os

Exercícios Ativos. Estes são indicados quando a mialgia não é a causa

predominante.

Se utilizados em repetição, ajudam a estabelecer a função muscular

rítmica e coordenada. O fisioterapeuta deve dar o comando verbal e o paciente

realizar o exercício solicitado sempre contraindo e relaxando voluntariamente

os músculos. Exemplos:

Exercício para Espasmo Muscular e de Amplitude de Movimento: pedir

para o paciente lentamente realizar movimentos de abertura e fechamento da

boca, podendo associar o movimento de lateralidade.

Movimentos de abertura e fechamento em S: é usado em pacientes que

apresentam abaixamento da mandíbula com desvio ou em S. Deve-se realizar

a abertura mandibular, buscando o posicionamento com a língua em direção

aos molares superiores do lado oposto.

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3.10.2 Exercícios ativos-resistidos

A fim de promover a inibição da musculatura recíproca são realizados os

Exercícios Ativos-Resistidos. Nada mais são do que uma resistência contra o

movimento, que leva ao fortalecimento dos músculos fracos e promove a

estabilidade articular. Pode-se utilizar a técnica de Facilitação Neuromuscular

Proprioceptiva, a qual promove contrações isométricas na abertura,

fechamento e excursão lateral da mandíbula contra a resistência, através dos

movimentos de abertura, fechamento, lateralidade, protrusão e retrusão da

mandíbula. Esses exercícios evitam posturas anormais por meio do aumento

do controle proprioceptivo.

3.10.3 Exercícios ativos-assistidos

Quando o fisioterapeuta auxilia o paciente durante a execução do

exercício, por exemplo, para ganhar amplitude articular pede para o paciente

abrir a boca o mais amplamente possível e o fisioterapeuta auxilia com os

dedos separando suavemente os incisivos superiores dos inferiores e mantém

em torno de 30 segundos, denominamos essa ajuda como Exercícios Ativos-

Assistidos.

3.10.4 Exercícios passivos

Com o objetivo de manter a função normal ou ainda para orientar na

execução correta de certos movimentos é realizada a mobilização passiva,

também chamada de Exercícios Passivos. Eles são feitos com o uso de pouca

força ativa dos músculos em movimentos direcionados, dentro dos limites da

dor, evitando as contraturas. Existem inúmeros exercícios passivos, como por

exemplo, compressão e descompressão da articulação temporomandibular,

balanço dos temporais, alongamento da orelha para liberação temporal, e

outros.

Todos os recursos da fisioterapia são importantes e a cinesioterapia

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deve ser realizada no momento correto e bem aplicada, pois é imprescindível

para a melhora do quadro biomecânico.

É importante lembrar que as orientações ao paciente também fazem

parte do tratamento fisioterapêutico, como:

a) mastigar sempre com os dois lados da boca;

b) não roer as unhas;

c) não apoiar as mãos no queixo;

d) cuidado ao fumar cachimbo ou charuto;

e) não morder bochechas;

f) cuidado ao bocejar (abrir a boca demais pode ser prejudicial);

g) não mascar chicletes;

h) não dormir com travesseiro alto;

i) tomar cuidado com a postura;

j) permanecer com a cabeça bem posicionada durante seus afazeres

diários;

k) alimentação com dieta mole, com a finalidade de diminuir a força de

contração muscular, especialmente nos casos de disfunção aguda.

A conscientização de hábitos parafuncionais e vícios posturais que

acentuam ou desencadeiam os sintomas são muito importantes para que o

paciente possa inibi-los conscientemente.

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CONCLUSÃO

A articulação temporomandibular é uma das principais articulações

existentes no ser humano, pois sem ela não haveria uma boa relação entre os

componentes que proporcionam a permanência da vida. Ocorrendo alterações

nesta, teremos as disfunções temporomandibulares, que devem ter um

tratamento adequado para tornar a vida do indivíduo mais agradável.

Um diagnóstico correto é a chave para o sucesso do tratamento. Um

fator que pode influenciar é o estado emocional do paciente. Deve-se

compreender que os pacientes reagem de formas diferentes às diversas

terapias, e assim, o profissional deve adequar o tratamento ao paciente, a fim

de obter os melhores resultados possíveis.

O profissional cirurgião-dentista deve estar atento que a terapia por uso

de dispositivos interoclusais muitas vezes por si só, não é a forma mais eficaz

para o tratamento das desordens. Uma equipe inter-disciplinar, composta por

psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e médicos otorrinolaringologistas e

neurologistas são extrema importância para terapêutica como um todo, não se

esquecendo que etiologia das DTM é multifatorial.

É importante ressaltar que grande parte dos indivíduos que sofrem de

disfunção são ansiosos, estressados e até depressivos. Devido a isso, é salutar

o tratamento simultâneo ao acompanhamento psicológico.

O tratamento fisioterápico é de fundamental importância. Estudos

demonstram a eficácia da utilização de recursos físicos e manuais na DTM.

Dentre eles encontram-se a Crioterapia, Ultra-som, Laser, Raios

Infravermelhos, Pompage, Massoterapia, Cinesioterapia com Exercícios Ativos,

Exercícios Ativos-Resistidos, Exercícios Ativos-Assistidos, Exercícios Passivos,

entre outros.

Medicamentos são prescritos para diminuir a dor; tratamento

fonoaudiológico; tratamento fisioterápico; e outros. Na terapia de suporte,

recomenda-se ao paciente uma dieta pastosa, restrição dos movimentos

mandibulares e aplicação de compressas térmicas. O tratamento consta do

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alívio dos sintomas através da administração de um analgésico que minimiza a

dor.

Todas as terapias iniciais cuidadosas e conservadoras são sugeridas

para o paciente da DTM e, em último caso, se a terapia conservadora não for

eficaz, são sugeridas as técnicas cirúrgicas.

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