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Práticas de Planejamento Tributário Profa. Dra. Silvia Mara Novaes Sousa Bertani
www.silviabertani.wordpress.com
Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem autorização prévia da organizadora (Lei 9.610/98). Silvia Bertani, Profa. Dra. [email protected].
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Considerações
A alta carga tributária leva contribuintes a buscar alternativas para uma efetiva redução desta
carga. Há, assim, uma constante busca dos contribuintes entre pagar a obrigação tributária ou
burlar o pagamento por vias ilícitas.
A alta da carga de tributos, aliada ao alto custo para manter a subsistência
da própria vida ede empresas, aliado ao aumento dos gastos da máquina
pública, fez com que ocorresse uma procura indiscriminada para a
diminuição do pagamento desses tributos, com o objetivo de manter-se
em um mercado competitivo, onde o custo de produção e o preço final
passado ao consumidor são fundamentais para a existência dessas empresas.
Diante deste cenário, surge a cada dia a necessidade de um estudo na implantação de ações
que permitam as empresas cada vez mais minimizarem os custos e as despesas e, com isso,
maximizar os lucros e o crescimento, em conformidade com as leis que regem o sistema
tributário nacional, como um ato estratégico, planejando a redução da carga tributária. O
planejamento tributário é uma ferramenta legal, que pode ser utilizado pelas empresas
independente do seu porte, com o objetivo de obter a economia fiscal. O tributo se dá a partir
de um fato gerador.
Em tempos atuais o planejamento tributário tomou grandes proporções, devido à elevada
carga tributária que sufoca os cidadãos e as empresas, bem como o aumento incessante dos
gastos da máquina pública. Muitos administradores de empresas vêem o planejamento do
pagamento de tributos, como uma atividade fundamental e necessária para a sobrevivência
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de empresas em um mercado competitivo e, também de cidadãos que pagam
demasiadamente tributos e não recebem do Estado uma proposta para a diminuição da carga
tributária ou prestação de serviços adequados.
Com o planejamento tributário é permitido visualizar esse fato gerador antes que ele aconteça,
a e assim optar por ações menos onerosas. O contribuinte tem o direito de estruturar o seu
negócio da maneira que melhor lhe pareça, procurando a diminuição dos custos de seu
empreendimento, inclusive dos impostos. Se a forma celebrada é jurídica e lícita, a fazenda
pública deve respeitá-la.
Tributo e seus elementos
Fato gerador: ato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária
e suficiente a sua ocorrência”.
Base de cálculo: Base sobre a qual incide a alíquota do tributo e sua alteração deverá observar
os princípios constitucionais.
Alíquota: Percentual definido em lei para se aplicado sobre a base de cálculo e sua alteração
também deverá observar os princípios constitucionais.
Montante do tributo devido a recolher: Resultado da aplicação da alíquota sobre a base de
cálculo
O planejamento tributário
Planejamento tributário é o aglomerado de ações que uma pessoa
jurídica faz para amortizar, afastar, diferir ou preterir legalmente o
ônus tributário, ou seja, consiste em uma série de medidas que visam
a economia de tributos, através de alternativas de forma legal, e
temporal para minimizar os custos com a carga tributária que a
empresa suporta, sendo realizado nos limites das leis e da Constituição Federal.
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Com o objetivo de evitar a não arrecadação por métodos
ilícitos, como por exemplo, contratos fraudulentos ou fictícios,
a lei contemplou algumas teorias como a fraude à lei e abuso
de direito, além de trazer a desconsideração da
personalidade jurídica, o princípio da boa-fé e da função
social dos contratos.
Fraude
É o engano malicioso, a má-fé, a ação astuciosa, promovida para ocultação da
verdade ou fuga ao cumprimento do dever. A fraude sempre se funda na
prática de ato lesivo a interesse de terceiros ou da coletividade, ou seja, em
ato, onde se evidencia a intenção de frustrar-se a pessoa aos deveres
obrigacionais ou legais.
Abuso
caracterizado quando o contribuinte, ao exercer seu direito, o faz de maneira
contrária ao princípio da normalidade do uso do direito. Incorre
em abuso de direito aquele que excede os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Desconsideração
A desconsideração acarreta a desconsideração da personalidade jurídica,
respondendo os seus sócios pelos débitos apontados pelo fisco.
Boa fé
conceito ético de conduta, moldado nas ideias de proceder com correção,
com dignidade, pautada a atitude nos princípios da honestidade,
da boa intenção e no propósito de a ninguém prejudicar.
Não arrecadação
por meios ilícitos
Fraude a lei
Abuso de direito
Desconsideração da personalidade jurídica
Boa fé
Função social dos contratos
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Função social
a função social do tributo é colaborar com o bem estar social ligada à ideia
de justiça tributária e distributividade.
A função social do tributo fundamenta-se na Constituição Federal que
determina que são objetivos da República Federativa do Brasil:
I. construir uma sociedade livre, justa e solidária;
garantir o desenvolvimento nacional;
II. erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais
e regionais;
III. promover o bem de todos sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação.
O negócio jurídico na legislação brasileira estabelece que sejam nulos os negócios
firmados contra a lei, ou seja, negócio jurídico em frauda à lei ou negócios jurídicos
simulados. Os negócios firmados contra a lei, ou, que tentam burlar a lei, equiparam-se
a ato ilícito, permitem até mesmo a desconsideração da personalidade jurídica.
O princípio da legalidade estabelece que o tributo somente
pode ser criado com base em lei formal, assim entendido
como aquela norma que tem força de lei e que a lei que trata
do tributo deve conter todos os elementos necessários à
averiguação da ocorrência do fato gerador (tributável) e das
consequências disso, inclusive com a valoração deste evento.
Planejamento tributário e o administrador de empresas
É obrigação dos administradores o planejamento tributário, pois faz parte da profissão e
é de responsabilidade do administrador ser cauteloso e diligenciar no sentido da redução
ou extinção do crédito tributário ou ainda o seu diferimento de forma legal.
Sempre o gestor faz o
planejamento de acordo
com autorização legal
(elisão fiscal), mesmo
assim haverá a
possibilidade de
questionamento por parte
da autoridade fiscal, vista
que o fisco trabalha com a
finalidade de arrecadar e
evitar a sonegação fiscal.
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Elisão e Evasão fiscal
Quando falamos em planejamento tributário, dois termos são utilizados para indicar
“elisão fiscal” e a “evasão fiscal”, a legalidade da ação ou a ilegalidade com a finalidade
de evitar o pagamento de determinado tributo, reduzir a carga tributária ou fazer com
que o fato gerador ocorra em outro momento (diferimento).
Assim temos que a elisão fiscal é a forma que se utiliza da autorização da lei ou das
brechas da lei para eliminar, reduzir o encargo tributário, sempre antes da ocorrência do
fato gerador in concreto (fato imponível).
Já a evasão fiscal deixa de pagar ou reduz a carga tributária por meios ilícitos, valendo-
se de métodos escusos sonegando, fraudando ou simulando para deixar de pagar o valor
devido ao Fisco. Isso ocorre por que na evasão fiscal o ato é praticado após a ocorrência
do fato gerador, quando já se operou a obrigação tributária.
A elisão fiscal (ou o planejamento tributário)
Elisão fiscal Planejamento tributário
Planejamento tributário não proibido em lei
Planejamento tributário antes da ocorrência do fato gerador
Evasão fiscal Proceder em desacordo com a lei
Proceder por meios fraudulentos
Proceder após a ocorrência do fato gerador
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A elisão utiliza meios legais para driblar a tributação,
com a utilização dos benefícios fiscais, como a isenção,
a imunidade, a não incidência ou até mesmo
incidência menos onerosa. Não violando qualquer
dispositivo legal, pelo contrário, se valendo do uso de
mecanismos legais concedidos do Fisco para com o
contribuinte.
Isenção
A isenção é uma exceção à regra. Isso porque o Estado não pode renunciar a receitas fora de
situações muito específicas, as quais devem atender ao interesse público.
Imunidade
Enquanto a isenção tributária configura uma renúncia de
receitas por parte do governo, a imunidade não pode ser
contemplada pela mesma classificação, e isso se deve ao
caráter permanente da imunidade.
Na imunidade tributária, o Estado não está abrindo mão de determinados impostos, taxas ou
encargos, pois ele nem sequer pode cobrá-los. O instituto é, portanto, a vedação de cobrança
de tributos, estando sempre previsto na Constituição Federal.
Por exemplo, as igrejas de qualquer credo. A Constituição Federal consagrou
imunidade tributária a essas instituições. Dessa maneira, nenhum tributo nunca incidiu sobre
ela, de modo que os entes da federação não estariam renunciando a nenhuma receita.
Não incidência
A não incidência acontece quando a hipótese de tributação está fora dos limites do campo
tributário. Para melhor visualização de tal situação, devemos imaginar uma pessoa que tenha
recebido uma indenização qualquer.
Ganhos de capital
Considera-se ganho de capital
a diferença positiva entre o
valor de alienação de bens ou
direitos e o respectivo custo
de aquisição.
Lucro Tributável
corresponde à base de
cálculo, sobre a qual incidirá o
percentual (%) previsto do
imposto de renda no Brasil,
para os contribuintes pessoa
jurídica ou física.
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A Constituição Federal proíbe a cobrança de Imposto de Renda sobre os recursos dessa
natureza. Esse seria um caso, tipicamente, de não incidência.
Exemplo: Imposto de Renda sobre ganhos de capital.
- ganho de capital auferido na alienação de bens e direitos de pequeno valor;
- rendimentos auferidos em contas de depósitos de poupança;
Incidência menos onerosa
A não incidência de um tributo corresponde aos fatos ou atos que não estão constantes na lei
para dar nascimento à obrigação tributária. Ou seja, não há sequer fato gerador que possa ser
assinalado.
O acontecimento não se sujeita ao tributo por não se enquadrar à hipótese de incidência.
É o caso, por exemplo, de uma pessoa física que, ao vender um veículo de sua propriedade,
por valor inferior ao que pagara pela aquisição do mesmo, não está sujeita ao pagamento do
imposto de renda, por simples ausência de lucro tributável na operação.
A elisão e o planejamento tributário são realizados por meio das normas tributárias
autorizadas pela lei ou nas brechas deixadas por ela que possam gerar interpretações
diversas.
a elisão fiscal é o meio pelo qual se pretende reduzir o montante do tributo, sua alíquota
ou a base de cálculo do tributo, evitar a incidência do fato gerador do tributo (antes da
ocorrência deste) ou ainda retardar (adiar ou postergar) o pagamento do tributo sem a
ocorrência de encargo (multa).
A evasão fiscal (o não planejamento tributário)
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Agora ficou fácil diferenciar a prática lícita (legal) do planejamento tributário ou mesmo
da elisão fiscal com o planejamento por meios e práticas ilícitas que chamamos de
evasão fiscal.
De acordo com o dicionário da língua portuguesa, “evadir” tem o seu sinônimo de fugir,
escapar, derivar, evitar, desviar, saída, subterfujo, que, pela simples leitura, já
identificamos que é o meio ilegal, isto é, é o ato ilegal ou ilegítimo de evitar que ocorra a
tributação, é a prática de sonegar, fraudar ou simular.
Vale lembrar que esta prática, a da evasão fiscal, é o meio doloso, praticado com a
intenção de lesar o fisco a fim de reduzir, excluir ou retardar a obrigação tributária, seja
ela principal ou acessória, isso acontece sempre após a ocorrência do fato gerador.
A simples falta do cumprimento da obrigação acessória, por exemplo, da emissão de uma
nota fiscal, é evasão fiscal, assim como a escrituração nos livros ficais de despesas não
realizadas.
ooooOOOooooo