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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Pato Branco Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos MARCOS BERTANI GAZOLA CARACTERIZAÇÃO DE POLPAS E BEBIDAS À BASE DE EXTRATO HIDROSSOLÚVEL DE SOJA, AMORA, PITANGA E MIRTILO - ANÁLISES REOLÓGICAS, FITOQUÍMICAS, FÍSICO-QUÍMICAS, MICROBIOLÓGICAS E SENSORIAIS DISSERTAÇÃO PATO BRANCO 2014

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Câmpus Pato Branco

Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Processos Químicos e

Bioquímicos

MARCOS BERTANI GAZOLA

CARACTERIZAÇÃO DE POLPAS E BEBIDAS À BASE DE EXTRATO

HIDROSSOLÚVEL DE SOJA, AMORA, PITANGA E MIRTILO -

ANÁLISES REOLÓGICAS, FITOQUÍMICAS, FÍSICO-QUÍMICAS,

MICROBIOLÓGICAS E SENSORIAIS

DISSERTAÇÃO

PATO BRANCO

2014

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MARCOS BERTANI GAZOLA

CARACTERIZAÇÃO DE POLPAS E BEBIDAS À BASE DE EXTRATO

HIDROSSOLÚVEL DE SOJA, AMORA, PITANGA E MIRTILO -

ANÁLISES REOLÓGICAS, FITOQUÍMICAS, FÍSICO-QUÍMICAS,

MICROBIOLÓGICAS E SENSORIAIS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Controle de Processos

Químicos e Bioquímicos da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Pato

Branco, como requisito para obtenção do Grau

de Mestre em Tecnologia de Processos

Químicos e Bioquímicos.

Orientador: Prof. Dr. Edimir Andrade Pereira

Coorientadora: Prof.a Dra. Sirlei Dias Teixeira

PATO BRANCO

2014

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AGRADECIMENTOS

À Deus pelo dom da vida e por possibilitar esta jornada;

À minha esposa Leila Cristina Zanmaria e filha Laura Zanmaria Gazola pelo

apoio incondicional, compreensão e ajuda no preparo de amostras;

À minha mãe Marinês Bertani e irmã Marina Bertani Gazola pelo apoio

incondicional, compreensão e ajuda na aquisição de amostras;

Ao meu pai Marcos Guilherme Gazola pelo apoio e auxílio na solução de

problemas de filtração de polpas;

À todos os amigos pelo apoio, compreensão e ajuda;

À Onorino Sanagioto, Reni Bosa, Elisa Dalmolin, Ana Beatriz Dalmolin, Flávia

Dalmolin, Eduarda Dalmolin, Eloá de Freitas e Marinês Bertani pelo fornecimento / aquisição

das amostras de amora;

À Josiane Romancini, Reni Bosa, Maria Gorete Bosa Mattana, Gabrieli Bosa

Mattana, Natan Bosa Mattana, Pedro Mattana, Lourdes Batisti pelo fornecimento das

amostras de pitanga;

À Prof. Dra. Sirlei Dias Teixeira pela busca e aquisição das amostras de mirtilo,

coorientação, compreensão e dedicação deste trabalho;

Ao Prof. Dr. Edimir Andrade Pereira pela orientação, compreensão e dedicação

neste trabalho de pesquisa;

À Deyse Pegorini e Mariana Regina Passos de Souza pela ajuda na realização de

ensaios físico-químicos preliminares as polpas de frutas;

À Deyse Pegorini pelo auxílio na aplicação de análise sensorial;

Ao Prof. Dr. Paulo Rodrigo Stival Bittencourt pelo apoio e auxílio na realização

de ensaios de comportamento reológico das polpas e produtos formulados;

À Cledes Terezinha de Oliveira, Prof. Dr. Rodrigo Hinojosa Valdez e equipe pela

realização de ensaios de atividade antimicrobiana das polpas de frutas;

À Otto Lucas Heinz e Kelly Priscila de Lima pelos ensaios de determinação da

capacidade antioxidante e fenólicos totais, das polpas de frutas;

Ao Laboratório de Qualidade Agroindustrial (LAQUA) da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Pato Branco (nas pessoas do Prof. Dr. Edimir

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Andrade Pereira, da Roberta Roncati e equipe) pela realização de ensaios físico-químicos e

microbiológicos de amostras de polpas e bebidas;

À Prof. Dra. Raquel Dalla Costa da Rocha pelo auxílio no encaminhamento de

documentos ao comitê de ética, e em software estatístico;

À Edenes Loss e sua equipe pelo apoio e prontidão no uso dos laboratórios de

pesquisa e respectivos equipamentos / acessórios;

À empresa CP Kelco pela doação da pectina;

À Universidade Tecnológica Federal do Paraná na pessoa do Prof. Dr. Mario

Antonio Alves da Cunha (Diretor de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Pato Branco) e da

Prof. Dra. Raquel Dalla Costa da Rocha (Coordenadora do PPGTP);

Ao Prof. Dr. Vanderlei Aparecido de Lima pelo auxílio nas análises estatísticas;

À Prof. Dra. Angelita da Silveira Moreira (UFPel) e equipe pela realização de

ensaios reológicos das bebidas formuladas;

À Mayara Gobetti pelos esclarecimentos e auxílio em análises de infravermelho.

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EPÍGRAFE

“A menos que modifiquemos a nossa maneira

de pensar, não seremos capazes de resolver os

problemas causados pela forma como nos

acostumamos a ver o mundo”.

Albert Einstein

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RESUMO

GAZOLA, Marcos Bertani. Caracterização de polpas e bebidas à base de extrato

hidrossolúvel de soja, amora, pitanga e mirtilo - análises reológicas, fitoquímicas, físico-

químicas, microbiológicas e sensoriais. 2013. 215 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação

em Controle de Processos Químicos e Bioquímicos), Universidade Tecnológica Federal do

Paraná. Pato Branco, 2014.

A geografia brasileira e suas dimensões continentais tornam o país apto para cultivo e

desenvolvimento de diferentes espécies vegetais, ocupando o ranking de terceiro maior

produtor mundial de frutas e o segundo de soja. As tendências globais apontam o crescimento

do mercado de bebidas não alcoólicas, em particular a base de frutas e extratos hidrossolúveis

de soja. Diante destes fatos, este trabalho buscou a caracterização de polpas e bebidas de

pitanga (Eugenia uniflora L.), amora (Morus nigra) e mirtilo (Vaccinium spp.), provenientes

de plantações comerciais e do bioma Floresta com Araucária na região sudoeste do Paraná,

através de análises físico-químicas, microbiológicas, reológicas, fitoquímicas, antimicrobianas

e sensorial. Entre as análises físico-químicas de conteúdo mineral, proteínas, sólidos, lipídios

e glicídios, o pH e a relação sólidos solúveis totais/acidez titulável total (SS/ATT) foram os

descritores que melhor explicaram a diferença entre as polpas e as bebidas (Análise de

Componentes Principais). A prospecção de fitoquímicos nos extratos das polpas dos frutos

revelou a presença de diversos metabólitos secundários, principalmente flavonas, flavonóis,

xantonas e flavanonóis. Os extratos polares apresentaram maior riqueza desses constituintes.

Os extratos foram também analisados por meio de infravermelho, possibilitando a observação

de que, o etanol 70% é o solvente mais indicado na pesquisa de antioxidantes, em comparação

com o éter de petróleo e o éter etílico, por apresentar maior poder de extração de grupamentos

polares, bem como pela presença de picos de absorção de O-H em todas as polpas. Não houve

diferença estatística (p 0,05) nas capacidades antioxidantes das polpas, contudo o maior teor

de fenólicos totais obtido ocorreu na polpa de mirtilo. Os testes de atividade antimicrobiana

indicaram poder fungistático da polpa de mirtilo para a levedura Cândida tropicalis, com

concentração inibitória mínima de 833,33 µg mL-1

. As curvas de escoamento demonstraram

comportamento não newtoniano com características pseudoplásticas, com excelente ajuste ao

modelo de Ostwald-de-Waele. O efeito da temperatura sobre a viscosidade aparente das

polpas foi verificado através de equação do tipo Arrhenius e analisado em relação à energia de

ativação, cujo maior valor foi obtido para a polpa de amora. A análise sensorial das bebidas

preparadas apontou para aceitação das mesmas perante os provadores, indicando potencial

para a industrialização.

Palavras-chave: atividade antimicrobiana, Floresta com Araucária, Eugenia uniflora L.,

Morus nigra, Vaccinium spp.

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ABSTRACT

GAZOLA, Marcos Bertani. Characterization of pulps and beverages with soybean water

extracts, mulberry, pitanga and blueberry - rheological, phytochemical, physico-chemical,

microbiological and sensory analysis. 2013. 215 f. Dissertation (Programa de Pós-Graduação

em Controle de Processos Químicos e Bioquímicos), Universidade Tecnológica Federal do

Paraná. Pato Branco, 2014.

The Brazilian geography and its continental dimensions make the country suitable for

cultivation and growth of different plant species, occupying the ranking of third largest world

producer of fruits and the second of soybean. Global trends point to the growing market of

non-alcoholic beverages, particularly, the ones with fruits and soybean water extracts base.

Before these facts, this research sought the characterization of pulps and beverages of pitanga

(Eugenia uniflora L.), mulberry (Morus nigra) and blueberry (Vaccinium spp.), from

commercial plantations and the biome Araucaria Forest in the southwest of Parana, through

the physico-chemical, microbiological, rheological, phytochemical, anti-microbiological and

sensory analysis. Among the physico-chemical analysis of mineral content, protein, solids,

lipids and carbohydrates, the pH and the relation total soluble solids/ total tritable acidity

(SS/ATT) were the descriptor that best explained the difference between pulps and beverages

(Principal Component Analysis). The phytochemical prospection in the extract of the fruits’

pulps revealed the presence of several secondary metabolites, mainly flavones, flavonols,

xanthones and flavanonols. The polar extract presented higher richness of these constituents.

The extracts were also analyzed through infrared, allowing the observation that ethanol 70%

is the most suitable solvent in antioxidants search, compared with petroleum ether and ethyl

ether, because of its greater potential for polar groups extraction and the presence of O-H

absorption peaks in all pulps. There was not statistic differences (p 0,05) in the antioxidants

capacities of the pulps, however, the highest total phenolics obtained occurred in the mulberry

pulp. The antimicrobiological activity tests indicated fungus power of the blueberry pulp for

the Cândida tropicalis yeast, with minimum inhibitory concentration of 833,33 µg mL-1

. The

flow curves demonstrated a non Newtonian behavior with pseudoplastic characteristics, with

excellent adjust to the Ostwald-de-Waele model. The temperature effect on the viscosity of

pulps was verified through the equation of Arrhenius sort and analyzed in relation to

activation energy, which highest value was obtained for the mulberry pulp. The sensory

analysis of the prepared beverages pointed to the acceptability of the tasters, indicating

potential to industrialization.

Key words: antimicrobial activity, Araucaria Forest, Eugenia uniflora L., Morus nigra,

Vaccinium spp.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Biomas do Brasil ................................................................................................. 25 Figura 2 – A estrutura básica da pectina. Representação esquemática da estrutura da pectina

convencional (A) e alternativa (B). ....................................................................................... 41 Figura 3 – Deformação de um corpo sólido .......................................................................... 42

Figura 4 – Classificação dos fluídos ..................................................................................... 44 Figura 5 – (a) Representação gráfica da tensão de cisalhamento em função da taxa de

cisalhamento (curva de fluxo de um líquido Newtoniano). (b) Representação do coeficiente de

viscosidade em função da taxa de cisalhamento (curva de viscosidade de um líquido

Newtoniano). ....................................................................................................................... 45 Figura 6 – Efeito Weissenberg, sifão e expansão de fluídos viscoso e viscoelástico. ............. 46

Figura 7 – Gráficos de fluxo tixotrópico ............................................................................... 47 Figura 8 – Gráficos de fluxo reopético ................................................................................. 48

Figura 9 – Gráficos de fluxo pseudoplástico ......................................................................... 48 Figura 10 – Gráficos de fluxo dilatante................................................................................. 49

Figura 11 – Gráficos de fluxos de Herschel-Bulkley e plásticos de Bingham ........................ 50 Figura 12 – Fluxograma das etapas para realização de ensaios de testes fitoquímicos ........... 64

Figura 13 – Ficha de avaliação de preferência sensorial de bebidas a base de soja ................ 75 Figura 14 – Codificação das amostras servidas na análise sensorial ...................................... 76

Figura 15 – Dendograma de dissimilaridade para as polpas por meio do método de

agrupamento do vizinho mais próximo ................................................................................. 83

Figura 16 – Amagalmation Schedule (polpas)....................................................................... 83 Figura 17 – Projeção dos casos no plano fatorial 1,2 ............................................................ 84

Figura 18 – Círculo de Correlação (variáveis) das polpas ..................................................... 84 Figura 19 – Polpa de mirtilo sob agitação em EP .................................................................. 87

Figura 20 – Espectros dos extratos lipofílicos e hidrofílicos da polpa de pitanga .................. 89 Figura 21 – Espectros dos extratos lipofílicos e hidrofílicos da polpa de amora .................... 91

Figura 22 – Espectros dos extratos lipofílicos e hidrofílicos da polpa de mirtilo ................... 92 Figura 23 – Espectros das polpas de pitanga, amora e mirtilo, referente ao solvente éter etílico

............................................................................................................................................ 94 Figura 24 – Espectros das polpas de pitanga, amora e mirtilo, referente ao solvente etanol

70% ..................................................................................................................................... 95 Figura 25 – Curva padrão do trolox .................................................................................... 106

Figura 26 – Curva padrão do ácido gálico .......................................................................... 106 Figura 27 – Bebida contendo pectina nas proporções de 0,6% (I), 0,3 % (II), 0,2% (III), 0,1%

(IV), 0,05% (V) e 0,0% (VI) .............................................................................................. 114 Figura 28 – Dendograma para as bebidas formuladas ......................................................... 118

Figura 29 – Amagalmation Schedule (bebidas) ................................................................... 119 Figura 30 – Projeção dos casos no plano fatorial 1,2 (bebidas) ........................................... 119

Figura 31 – Círculo de Correlação (variáveis) das bebidas ................................................. 120 Figura 32 – Dendograma para as polpas e as bebidas ......................................................... 122

Figura 33 – Amagalmation Schedule (polpas e bebidas) ..................................................... 122 Figura 34 – Projeção no plano fatorial 1,2 (polpas e bebidas) ............................................. 123

Figura 35 – Círculo de Correlação (variáveis) das polpas e bebidas .................................... 123 Figura 36 – Curva de escoamento para a polpa de pitanga: 10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC (▲), 40

ºC (), 50 ºC (+). ............................................................................................................... 127

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Figura 37 – Modelo de Ostwald-de-Waele ajustado a curva de escoamento da polpa de

pitanga: 10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC (▲), 40 ºC (), 50 ºC (+). .......................................... 129 Figura 38 – Modelo de Herschel-Bulkley ajustado a curva de escoamento da polpa de pitanga:

10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC (▲), 40 ºC (), 50 ºC (+). ........................................................ 129 Figura 39 – Viscosidade aparente da polpa de pitanga: 10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC (▲), 40 ºC

(), 50 ºC (+). .................................................................................................................... 130

Figura 40 – Curva de escoamento para a polpa de amora: 10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC (▲), 40

ºC (), 50 ºC (+). ............................................................................................................... 131 Figura 41 – Modelo de Ostwald-de-Waele ajustado a curva de escoamento da polpa de amora:

10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC (▲), 40 ºC (), 50 ºC (+). ........................................................ 133 Figura 42 – Modelo de Herschel-Bulkley ajustado a curva de escoamento da polpa de amora:

10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC (▲), 40 ºC (), 50 ºC (+). ........................................................ 134 Figura 43 – Viscosidade aparente da polpa de amora: 10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC (▲), 40 ºC

(), 50 ºC (+). .................................................................................................................... 135

Figura 44 – Curva de escoamento para a polpa de mirtilo: 10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC (▲), 40

ºC (), 50 ºC (+). ............................................................................................................... 136 Figura 45 – Modelo de Ostwald-de-Waele ajustado a curva de escoamento da polpa de

mirtilo: 10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC (▲), 40 ºC (), 50 ºC (+). ........................................... 138 Figura 46 – Modelo de Herschel-Bulkley ajustado a curva de escoamento da polpa de mirtilo:

10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC (▲), 40 ºC (), 50 ºC (+). ........................................................ 138 Figura 47 – Viscosidade aparente da polpa de mirtilo: 10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC (▲), 40 ºC

(), 50 ºC (+). .................................................................................................................... 139

Figura 48 – Efeito da temperatura na viscosidade aparente das polpas de pitanga (●), amora

(■) e mirtilo (▲). ............................................................................................................... 142

Figura 49 – Curva de escoamento para a bebida de pitanga: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC (▲)

.......................................................................................................................................... 144

Figura 50 – Modelo de Ostwald-de-Waele ajustado a curva de escoamento para a bebida de

pitanga: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC (▲) ............................................................................ 146

Figura 51 – Modelo de Herschel-Bulkley ajustado a curva de escoamento para a bebida de

pitanga: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC (▲) ............................................................................ 147

Figura 52 – Viscosidade aparente da bebida de pitanga: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC (▲).... 147 Figura 53 – Curva de escoamento para a bebida de amora: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC (▲) 148

Figura 54 – Modelo de Ostwald-de-Waele ajustado a curva de escoamento para a bebida de

amora: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC (▲) .............................................................................. 150

Figura 55 – Modelo de Herschel-Bulkley ajustado a curva de escoamento para a bebida de

amora: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC (▲) .............................................................................. 150

Figura 56 – Viscosidade aparente da bebida de amora: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC (▲) ..... 151 Figura 57 – Curva de escoamento para a bebida de mirtilo: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC (▲)

.......................................................................................................................................... 152 Figura 58 – Modelo de Ostwald-de-Waele ajustado a curva de escoamento para a bebida de

mirtilo: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC (▲) ............................................................................. 153 Figura 59 – Modelo de Herschel-Bulkley ajustado a curva de escoamento para a bebida de

mirtilo: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC (▲) ............................................................................. 153 Figura 60 – Viscosidade aparente da bebida de mirtilo: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC (▲) .... 154

Figura 61 – Histograma da idade ........................................................................................ 158 Figura 62 – Histograma da frequência de consumo de bebidas à base de soja ..................... 162

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Composição físico-química da polpa de pitanga .................................................. 28 Tabela 2 – Composição físico-química da polpa de amora ................................................... 30

Tabela 3 – Composição físico-química de polpa de mirtilo................................................... 33 Tabela 4 – Composição centesimal de grãos de soja ............................................................. 36

Tabela 5 – Fluídos Newtoniano, pseudoplástico, dilatante e plástico de Bingham como casos

especiais do modelo de Herschel-Bulkley ............................................................................ 51

Tabela 6 – Peso molecular e número de hidrogênios ionizáveis de ácidos orgânicos ............. 56 Tabela 7 – Características físico-químicas das polpas de pitanga, amora e mirtilo ................ 78

Tabela 8 – Fator coordenada das variáveis com base nas correlações (polpas) ...................... 85 Tabela 9 – Caracterização microbiológica das polpas utilizadas ........................................... 86

Tabela 10 – Quantificação de extrato obtido ......................................................................... 87 Tabela 11 – Capacidade antioxidante e compostos fenólicos totais obtidos para as polpas

estudadas nos solventes etanol e acetona ............................................................................ 106 Tabela 12 – Triagem de atividade antimicrobiana das polpas e antibióticos por disco de

difusão ............................................................................................................................... 109 Tabela 13 – Triagem de atividade antimicrobiana das polpas e antifúngicos por disco de

difusão ............................................................................................................................... 110 Tabela 14 – Concentração inibitória mínima da polpa de mirtilo e dos antifúngicos utilizados

.......................................................................................................................................... 111 Tabela 15 – Características físico-químicas das bebidas formuladas ................................... 115

Tabela 16 – Fator coordenada das variáveis com base nas correlações (bebidas) ................ 121 Tabela 17 – Fator coordenada das variáveis com base nas correlações (polpas e bebidas) ... 124

Tabela 18 – Caracterização microbiológica das polpas utilizadas ....................................... 125 Tabela 19 – Parâmetros reológicos do modelo de Ostwald-de-Waele para a polpa de pitanga,

obtidos em diferentes temperaturas .................................................................................... 127 Tabela 20 – Parâmetros reológicos do modelo de Herschel-Bulkley para a polpa de pitanga,

obtidos em diferentes temperaturas .................................................................................... 128

Tabela 21 – Médias desvio padrão, das viscosidades aparentes para as cinco temperaturas

estudas na polpa de pitanga, na taxa de cisalhamento de 54 s-1

........................................... 131

Tabela 22 – Parâmetros reológicos do modelo de Ostwald-de-Waele para a polpa de amora,

obtidos em diferentes temperaturas .................................................................................... 132

Tabela 23 – Parâmetros reológicos do modelo de Herschel-Bulkley para a polpa de amora,

obtidos em diferentes temperaturas .................................................................................... 132

Tabela 24 – Médias desvio padrão, das viscosidades aparentes para as cinco temperaturas

estudadas na polpa de amora, na taxa de cisalhamento de 54 s-1

......................................... 135

Tabela 25 – Parâmetros reológicos do modelo de Ostwald-de-Waele para a polpa de mirtilo,

obtidos em diferentes temperaturas .................................................................................... 137

Tabela 26 – Parâmetros reológicos do modelo de Herschel-Bulkley para a polpa de mirtilo,

obtidos em diferentes temperaturas .................................................................................... 137

Tabela 27 – Médias desvio padrão, das viscosidades aparentes para as cinco temperaturas

estudas na polpa de pitanga, na taxa de cisalhamento de 54 s-1

........................................... 139

Tabela 28 – Médias desvio padrão, das tensões de cisalhamento para as cinco temperaturas

estudas nas polpas de pitanga, amora e mirtilo, na taxa de cisalhamento de 54 s-1

............... 140 Tabela 29 – Viscosidades aparentes calculadas na taxa de cisalhamento de 50 s

-1, através dos

parâmetros do modelo de Ostwald-de-Waele...................................................................... 141

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Tabela 30 – Energia de ativação das polpas estudadas ........................................................ 143

Tabela 31 – Parâmetros reológicos do modelo de Ostwald-de-Waele para a bebida de pitanga,

obtidos em diferentes temperaturas .................................................................................... 145

Tabela 32 – Parâmetros reológicos do modelo de Herschel-Bulkley para a bebida de pitanga,

obtidos em diferentes temperaturas .................................................................................... 145

Tabela 33 – Parâmetros reológicos do modelo de Ostwald-de-Waele para a bebida de amora,

obtidos em diferentes temperaturas .................................................................................... 149

Tabela 34 – Parâmetros reológicos do modelo de Herschel-Bulkley para a bebida de amora,

obtidos em diferentes temperaturas .................................................................................... 149

Tabela 35 – Parâmetros reológicos do modelo de Ostwald-de-Waele para a bebida de mirtilo,

obtidos em diferentes temperaturas .................................................................................... 152

Tabela 36 – Parâmetros reológicos do modelo de Herschel-Bulkley para a bebida de mirtilo,

obtidos em diferentes temperaturas .................................................................................... 152

Tabela 37 – Viscosidades aparentes calculadas na taxa de cisalhamento de 50 s-1

, através dos

parâmetros do modelo de Ostwald-de-Waele, para as polpas e bebidas formuladas ............ 155

Tabela 38 – Médias e desvios padrões dos atributos das bebidas avaliadas ......................... 158 Tabela 39 – Índice de aceitabilidade das bebidas avaliadas ................................................. 159

Tabela 40 – Médias e erros padrões referente à intenção de compra ................................... 160 Tabela 41 – Porcentagens de respostas em relação à intenção de compra ............................ 161

Tabela 42 – Médias e desvios padrões dos atributos das bebidas avaliadas por provadores com

idade igual ou superior a 21 anos ....................................................................................... 163

Tabela 43 – Índice de aceitabilidade das bebidas avaliadas por provadores com idade ≥ 21

anos ................................................................................................................................... 163

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Resultados da prospecção fotoquímica da liofilizada integral de pitanga ............ 96 Quadro 2 – Resultados da prospecção fotoquímica da polpa liofilizada de amora ............... 100

Quadro 3 – Resultados da prospecção fotoquímica da polpa liofilizada de mirtilo .............. 103 Quadro 4 – Formulações de bebidas e resultados observados ............................................. 113

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LISTA DE SIGLAS, DE ABREVIATURAS E DE ACRÔNIMOS

ACP Análise de Componentes Principais

AHI Ausência de Halo de Inibição

ANOVA Análise de variância

ATCC American Type Culture Collection

ATT Acidez titulável total

B. cereus Bacillus cereus

B. subtilis Bacillus subtilis

BAM Bebida de amora

BHT Butilhidroxitolueno

BMI Bebida de mirtilo

BPI Bebida de pitanga

C. albicans Candida albicans

C. parapsilosis Candida parapsilosis

C. tropicalis Candida tropicalis

CEAGESP Companhia de Entrepostos de Armazéns Gerais de São Paulo

CIM Concentração Inibitória Mínima

CP1 Componente Principal 1

CP2 Componente Principal 2

CT Carboidratos totais

DMSO Dimetilsulfóxido

DNJ Deoxyjirimycin

E. coli Escherichia coli

E. uniflora Eugenia uniflora

EAC Equivalente ácido ascórbico

EAG Equivalente ácido gálico

EGCG Epigalocatequina galato

EHS Extrato hidrossolúvel de soja

EP Éter de petróleo

EQ Equivalente quercetina

eq. ác. cítrico Equivalente ácido cítrico

eq. ác. málico equivalente ácido málico

GalA Ácido galacutorônico

HDL High Density Lipoproteins

HIV Human Immunodeficiency Virus (imunodeficiência humana)

IA Índice de aceitabilidade

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IFPR Instituto Federal do Paraná

IN Instrução Normativa

LDL Low Density Lipoproteins

MANOVA Análise de variância multivariada

NA Não aplicável / sem limite legal

NI Não identificado

NMP Número mais provável

p p valor

P. aeruginosa Pseudomonas aeruginosa

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pH Potencial hidrogeniônico

PVC Policloreto de vinila

qsp Quantidade suficiente para

RDC Resolução da Diretoria Colegiada

RP1 Replicata 1

RP2 Replicata 2

S. aureus Staphylococcus auereus

S. thyphimurium Salmonella thyphimurium

SA Suco de amora

SC Santa Catarina

SE1 Solução Estoque 1

SE2 Solução Estoque 2

SP1 Solução Padrão 1

SP2 Solução Padrão 2

SP3 Solução Padrão 3

SS Sólidos solúveis totais

ST Sólidos totais

TCT Teor de carboidratos totais (% m/m)

UFC Unidade formadora de colônia

UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná

VAbs Variação da absorbância

vs. versus

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LISTA DE SÍMBOLOS

0tAbs absorbância no tempo 0 minuto

60tAbs absorbância no tempo 60 minutos

deformação (adimensional)

taxa de cisalhamento

viscosidade

alfa

beta

somatório

tensão de cisalhamento = força área -1

[N m-2

= Pa]

viscosidade de referência

0 tensão de cisalhamento crítica (tensão de rompimento)

² qui-quadrado

ap viscosidade aparente

L deformação do corpo resultante da tensão de cisalhamento [m]

§ parágrafo

µ micro

µg micrograma(s)

a número de gramas de glicose correspondente a 10 mL das soluções de

A área

C carbono

CC ligação tripla CC

CN ligação tripla CN

C=C ligação dupla C=C

C=O ligação dupla C=O

CA = capacidade antioxidante em mmol TE g-1

Ca2+

íons cálcio 2+

C-H ligação C-H

cm centímetro(s)

Cu2O óxido de cobre

CuSO4.5H2O sulfato de cobre pentahidratado

C-X ligação C-X

DPPH 1,1-difenil-2-picril-hidrazila

Ea energia de ativação

f fator de correção da solução de NaOH 0,1 M

F força

Fas fator de correção do H2SO4 0,1 M

Fc fator de conversão de nitrogênio em proteína (neste caso 6,25)

FeCl3 cloreto férrico

Fehling

FT = teor de fenólicos totais em g EAG g-1

g grama(s)

G módulo de Young que está relacionado com a rigidez do sólido [N m-2

]

h distância

H hidrogênio

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H2O2 peróxido de hidrogenio

H2SO4 ácido sulfúrico

ha hectare(s)

HCl ácido clorídrico

HM alto grau de metoxilação

HOO• radical hydroperoxyl

k coeficiente de consistência (Pa.sn)

K Kelvin

KBr brometo de potássio

kJ quilojoule

km2 quilômetro(s) quadrado(s)

L litro(s)

LM baixo grau de metoxilação

mg miligrama(s)

mm milímetro(s)

mmol milimol(s)

MNaOH molaridade da solução de NaOH

N número de gramas do resíduo ou

n índice de potência (adimensional)

Na2HPO4 hidrogeno fosfato dissódico

Na2SO4 sulfato de sódio

NaCl (154 mmol L-1

).

NaCl cloreto de sódio

NaH2PO4.2H2O dihidrogenofosfato de sódio dihidratado

NaKC4H4O6.4H2O tartarato de sódio e potássio tetrahidratado

NaOH hidróxido de sódio

Nc número de gramas de cinzas

Newton (unidade de medida no sistema internacional) ou

nh número de hidrogênios ionizáveis

N-H ligação N-H

nitrogênio (símbolo do elemento químico)

Nli número de gramas de lipídios

nm nanômetro(s)

NO• radical óxido nítrico

nos

números

Nu número de gramas de umidade (perda de massa em g)

O oxigênio

O2-

• radical superóxido

ºBrix graus Brix

ºC graus Celsius

O-H ligação O-H

OH• radical hidroxila

ONOO• radical ânion peroxinitrilo

P número de gramas da amostra

PA Para Análise

Pa Pascal

PBS NaH2PO4.2H2O (150 mmol L-1

), Na2HPO4 (150 mmol L-1

),

PM peso molecular do ácido correspondente em gramas

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ppm partes por milhão

R constante dos gases perfeitos

R² coeficiente de determinação

RO• radical alcoxi

ROO• radical peroxil

rpm rotações por minuto

s segundo(s)

Se selênio

SI sólidos insolúveis

ST sólidos totais

T temperatura

t0 tempo zero

t60 60 minutos

TC teor de cinzas (% m/m)

TE Trolox equivalente (equivalente Trolox)

TG teor de glicídios totais em glicose (% m/m)

TLI teor de lipídios (% m/m)

TP teor de proteína bruta (% m/m)

U umidade (% m/m)

V número de mL da solução de NaOH 0,1 M gasto na titulação

v variação da velocidade

Va volume da solução H2SO4 0,1 M gasto na titulação da amostra (em mL)

Vb volume da solução de H2SO4 0,1 M gasto na titulação do branco

Vp volume da solução de P gramas da amostra

W watts

X haleto

xCA valor de “x” da equação de regressão obtida pelo item 3.4.5.1

xFT valor de “x” da equação de regressão obtida pelo item 3.4.6.1

y altura do corpo sólido

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 22 1.2 OBJETIVOS .............................................................................................................. 24

1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 24 1.2.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 24

2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 25 2.1 BIOMA MATA ATLÂNTICA ................................................................................... 25

2.2 FRUTOS .................................................................................................................... 26 2.3 DEFINIÇÃO BOTÂNICA, CLASSIFICAÇÃO, ORIGEM, COMPOSIÇÃO

NUTRICIONAL, ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E ANTIMICROBIANA ................... 26

2.3.1 Pitanga ............................................................................................................... 26

2.3.2 Amora ................................................................................................................ 29 2.2.3 Mirtilo ................................................................................................................ 31

2.4 A SOJA ...................................................................................................................... 35 2.5 COMPOSTOS FITOQUÍMICOS ............................................................................... 38

2.6 PECTINA .................................................................................................................. 40 2.7 REOLOGIA ............................................................................................................... 41

2.7.1 Fluídos Newtonianos .......................................................................................... 44 2.7.2 Fluídos Não Newtonianos .................................................................................. 45

2.7.2.1 Viscoelásticos ............................................................................................... 46 2.7.2.2 Dependentes do tempo .................................................................................. 47

2.7.2.2.1 Tixotrópicos ........................................................................................... 47 2.7.2.2.2 Reopéticos ............................................................................................. 47

2.7.2.3 Independentes do tempo ................................................................................ 48 2.7.2.3.1 Pseudoplásticos ou shear thinning .......................................................... 48

2.7.2.3.2 Dilatantes ou shear thickening ................................................................ 49 2.7.2.3.3 Plásticos de Bingham e Herschel-Bulkley .............................................. 49

2.7.3 Modelos reológicos ............................................................................................. 50 2.7.4 Efeitos da temperatura sobre a viscosidade ...................................................... 52

2.7.5 Estudos reológicos em alimentos ....................................................................... 52 3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 54

3.1 PROCESSAMENTO DAS FRUTAS ......................................................................... 54 3.2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS ............................................................................... 54

3.2.1 Umidade ............................................................................................................. 55 3.2.2 pH ....................................................................................................................... 55

3.2.3 Acidez titulável total .......................................................................................... 55 3.2.4 Proteínas ............................................................................................................ 56

3.2.5 Lipídios .............................................................................................................. 57 3.2.6 Glicídios totais em glicose .................................................................................. 58

3.2.7 Sólidos totais ...................................................................................................... 59 3.2.8 Sólidos solúveis totais (Brix) .............................................................................. 59

3.2.9 Sólidos insolúveis totais ..................................................................................... 60 3.2.10 Cinzas ............................................................................................................... 60

3.2.11 Carboidratos totais .......................................................................................... 60 3.2.12 Relação SS/ATT ............................................................................................... 61

3.3 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS ........................................................................... 61

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3.4 PROSPECÇÃO DE FITOQUÍMICOS ....................................................................... 62

3.4.1 Obtenção dos extratos ....................................................................................... 62 3.4.2 Análise por infravermelho ................................................................................. 62

3.4.3 Testes fitoquímicos ............................................................................................ 62 3.4.5 Capacidade antioxidante ................................................................................... 65

3.4.5.1 Curva padrão de trolox .................................................................................. 65 3.4.5.2 Preparação e leitura das amostras .................................................................. 65

3.4.6 Fenólicos totais ................................................................................................... 66 3.4.6.1 Curva padrão ácido gálico ............................................................................. 67

3.4.6.2 Preparação e leitura das amostras .................................................................. 67

3.4.7 Testes de atividades antimicrobianas ................................................................ 68 3.4.7.1 Disco de difusão ........................................................................................... 68 3.4.7.2 Concentração inibitória mínima (CIM).......................................................... 71

3.5 DESENVOLVIMENTO DE BEBIDAS ..................................................................... 72 3.6 COMPORTAMENTO REOLÓGICO ........................................................................ 73

3.7 ANÁLISE SENSORIAL ............................................................................................ 74 3.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA ......................................................................................... 76

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 78 4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS POLPAS DE FRUTAS .................................................. 78

4.1.1 Físico-química .................................................................................................... 78 4.1.2 Microbiológica ................................................................................................... 85

4.2 PROSPECÇÃO DE FITOQUÍMICOS ....................................................................... 87

4.2.1 Infravermelho .................................................................................................... 88

4.2.2 Testes fitoquímicos ............................................................................................ 96 4.2.2.1 Polpa de pitanga ............................................................................................ 96

4.2.2.2 Polpa de amora ............................................................................................. 99 4.2.2.3 Polpa de mirtilo .......................................................................................... 102

4.2.3 Capacidade antioxidante e fenólicos totais ..................................................... 105 4.2.4 Atividades antimicrobianas ............................................................................. 108

4.3 DESENVOLVIMENTO DE BEBIDAS ................................................................... 112 4.4 CARACTERIZAÇÃO DAS BEBIDAS FORMULADAS ........................................ 114

4.4.1 Físico-química .................................................................................................. 114 4.4.1.1 Polpas vs. bebidas ....................................................................................... 121

4.4.2 Microbiológica ................................................................................................. 124 4.5 COMPORTAMENTO REOLÓGICO ...................................................................... 126

4.5.1 Polpa de pitanga .............................................................................................. 126 4.5.2 Polpa de amora ................................................................................................ 131

4.5.3 Polpa de mirtilo ............................................................................................... 136 4.5.4 Efeito da temperatura na viscosidade aparente de polpas de frutas ............. 140

4.5.5 Bebida de pitanga ............................................................................................ 144 4.5.6 Bebida de amora .............................................................................................. 148

4.5.7 Bebida de mirtilo ............................................................................................. 151 4.5.8 Viscosidade aparente das polpas e bebidas na taxa de cisalhamento de 50 s

-1

................................................................................................................................... 155 4.6 ANÁLISE SENSORIAL .......................................................................................... 157

4.6.1 Provadores selecionados por idade ................................................................. 162 5. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 164

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 167

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REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 168

APÊNDICES .................................................................................................................... 193 APÊNDICE A – ESPECTROS OBTIDOS NO INFRAVERMELHO DAS POLPAS

CONTENDO OS COMPRIMENTOS DE ONDA DOS PRINCIPAIS PICOS ............... 194 APÊNDICE B – FOTOGRAFIAS DOS ENSAIOS DE TESTES FITOQUÍMICOS DA

POLPA DE PITANGA .................................................................................................. 197 APÊNDICE C – FOTOGRAFIAS DOS ENSAIOS DE TESTES FITOQUÍMICOS DA

POLPA DE AMORA ..................................................................................................... 198 APÊNDICE D – FOTOGRAFIAS DOS ENSAIOS DE TESTES FITOQUÍMICOS DA

POLPA DE MIRTILO ................................................................................................... 199 APÊNDICE E – IMAGENS DE ENSAIOS DE ATIVIDADES ANTIMICROBIANAS 200

ANEXOS .......................................................................................................................... 202 ANEXO A – RELATÓRIOS DE ENSAIOS MICROBIOLÓGICOS ............................. 203

ANEXO B – LAUDOS DE ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS.................................... 206 ANEXO C – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP ........................................... 212

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22

1 INTRODUÇÃO

O Brasil apresenta grande diversidade de clima, solo e vegetação, tornando-o apto

para o cultivo de diversas espécies vegetais, incluindo frutíferos de origem nativa ou exótica,

além da grande expansão da agricultura na produção de soja e outros grãos.

O consumo de frutos tem se intensificado nos últimos anos, estando atrelado à

busca de alimentos mais nutritivos e saudáveis, que apresentem componentes com ação

biológica, além de sabor agradável e diferenciado (exótico).

Este tipo de alimento possui diversos fitoquímicos (metabólitos secundários),

responsáveis por ações antioxidantes, anti-inflamatórias, antimicrobiana, antidiarreica, além

de atuarem na prevenção de doenças como o câncer, etc.

O mercado consumidor demanda de novidades na área alimentícia, abrindo espaço

para a inserção de frutos pouco conhecidos ou explorados com grande potencial produtor,

como a pitanga, a amora e o mirtilo. Apesar dos dois últimos serem exóticos, seus cultivares

demonstram boa adaptação ao clima do sul do Brasil, possibilitando seu plantio ao nível

comercial, favorecendo o desenvolvimento econômico, social e cultural da região.

Diante desta situação, percebe-se que o interesse industrial por frutos tem se

intensificado nos últimos anos, destacando a produção de néctares, bebidas à base de soja,

geleias, doces em pasta, polpas e sorvetes, além de uso em cosméticos.

O extrato hidrossolúvel de soja é uma alternativa ao leite de vaca, por ser fonte de

proteínas, não apresentar lactose e ser de fácil digestão. O gosto residual de soja presente

nesta bebida pode ser reduzido com a inclusão de polpa de frutos, originando as bebidas, cujo

consumo tem aumentando na última década, diversificando os sabores dos produtos

disponíveis no mercado.

Estas bebidas necessitam, normalmente, de hidrocolóides que atuam como

agentes espessantes ou geleificantes, afetando diretamente a viscosidade da mesma. Como

exemplo destes compostos cita-se a goma xantana e a pectina.

O estudo do comportamento reológico de polpas e bebidas é de fundamental

importância para a indústria alimentícia, pois está relacionado com o dimensionamento de

operações unitárias (agitação, bombeamento, mistura, transporte, etc.) e sofre influência da

temperatura e da concentração de sólidos. A modelagem de fluidos é necessária para o

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23

dimensionamento de tubulações, bombas, potência de agitadores e misturadores,

concentradores, etc.

A análise sensorial é uma ferramenta auxiliar da indústria, pois possibilita o ajuste

e/ou fabricação de produtos, indentificando preferências dos consumidores, como também, na

seleção de matérias primias, estudo de vida de prateleira, etc., otimizando e melhorando a

qualidade, colaborando com o desenvolvimento econômico da empresa, na diversificação de

seus artigos, tornando-se mais competitiva no mercado. Desta maneira, demanda maior

quantidade e alternativas de matéria-prima, promovendo os setores agropecuário, industrial e

de serviços.

Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento regional, foi utilizado nos

estudos propostos nesta dissertação, fruto nativo como a pitanga (Eugenia uniflora L.) e

espécies exóticas como a amora (Morus nigra) e o mirtilo (Vaccinium spp.), que além de

apresentarem sabor característico, possuem elevado valor nutricional, potencial antioxidante e

biológico. Portanto, esta pesquisa ajudará a promover e diversificar a utilização destas

matérias primas através da elaboração de novos produtos.

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24

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Caracterizar físico-química e microbiologicamente polpas in natura de frutos

nativo e exóticos do sudoeste do Paraná (pitanga, amora e mirtilo), e respectivas bebidas

formuladas à base de soja.

1.2.2 Objetivos específicos

- Caracterizar físico-química e microbiologicamente as polpas in natura;

- Comparar grupos funcionais através de espectros de infravermelho dos extratos

obtidos das polpas in natura;

- Extrair e identificar qualitativamente compostos fitoquímicos, quantificar a

capacidade antioxidante e o teor de fenólicos das polpas in natura;

- Investigar atividade antimicrobiana das polpas;

- Desenvolver e caracterizar físico-química e microbiologicamente as bebidas

formuladas à base de soja sabores pitanga, amora e mirtilo;

- Avaliar a qualidade sensorial dos produtos elaborados para verificação da

aceitação dos consumidores;

- Determinar o comportamento reológico das polpas in natura e das bebidas

formuladas, em função da variação da temperatura.

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25

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 BIOMA MATA ATLÂNTICA

O termo bioma pode ser definido como sendo “... um conjunto de vida (vegetal e

animal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em

escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças,

o que resulta em uma diversidade biológica própria”. O estado do Paraná está inserido,

conforme demonstrado na Figura 1, no bioma Mata Atlântica, de acordo com a classificação

do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (INSTITUTO..., 2004).

Figura 1 – Biomas do Brasil

Fonte: Instituto... (2004).

O bioma Mata Atlântica encontra-se presente em uma área aproximada de

1,1 milhão de km2, representando 13,04% do território nacional. Porém, devido ao

desmatamento, as florestas deste bioma (floresta ombrófila densa, mista e aberta, mata

estacional semidecidual e estacional decidual, manguezais, restingas, campos de altitude

associados e brejos interioranos) foram reduzidas a 300.000 km2 (SERVIÇO..., 2010).

A Floresta com Araucária ou Floresta Ombrófila Mista ocorre de forma contínua

nos estados do sul do Brasil. O Paraná, detentor da maior extensão, possui atualmente menos

de 30% de florestas secundárias (bastante degradadas) e 0,8% de florestas em estágio

avançado de regeneração, distribuída de forma heterogênea (CASTELLA; BRITEZ, 2004).

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26

2.2 FRUTOS

Potter; Hotchkiss (1998) definem frutos com sendo o ovário maduro de plantas

que contêm suas sementes, apresentando normalmente características ácidas e doces.

No bioma Mata Atlântica, presente na região sudoeste do estado do Paraná, são

encontrados os seguintes frutos: açaí, araçá, araticum, babaçu, bacuri, brejaúva, buriti, butiá,

cajá, caju, cambuci, carnaúba, catuaba, ciriguela, grumixama, guabiju, guabiroba, ingá,

jabuticaba, jenipapo, jeribá ou gerivá, murici, oiti coró, oiti da praia, pindaíba, pitanga,

pitomba, sapoti ou sapota, ubaia ou uvaia, etc. (VASCONCELOS, 2010).

De acordo com Matta et al. (2005), “Polpa de fruta é o produto não fermentado,

não concentrado e não diluído, com teor mínimo de sólidos totais, provenientes da parte

comestível da fruta, obtido de frutas polposas, por processo tecnológico adequado”.

A qualidade de frutas pode ser definida, segundo Spoto; Gutierrez (2006), como

sendo o “... conjunto de características que diferenciam as unidades individuais de um produto

e possuem significância no grau de aceitabilidade pelo consumidor”. A qualidade de frutas

depende da quantidade de árvores plantadas, das práticas empregadas no crescimento das

plantas e das condições climáticas (POTTER; HOTCHKISS, 1998). Os principais fatores que

afetam a qualidade são: aparência, textura, sabor e aroma (SPOTO; GUTIERREZ, 2006).

2.3 DEFINIÇÃO BOTÂNICA, CLASSIFICAÇÃO, ORIGEM, COMPOSIÇÃO

NUTRICIONAL, ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E ANTIMICROBIANA

2.3.1 Pitanga

A pitangueira (Eugenia uniflora L.), árvore que pertence à família das Myrtaceae,

é nativa do Brasil (CELLI; PEREIRA-NETTO; BETA, 2011), podendo ser largamente

encontrada na Argentina, no Uruguai e no Paraguai, sendo sua fruta redonda com cerca de

3 cm de diâmetro, cuja coloração varia de laranja a roxo, apresentando sabor exótico e

agradável (OLIVEIRA et al., 2006).

O clima ideal para a produção de pitangas é o tropical e subtropical chuvoso,

sendo que normalmente ocorrem duas safras anuais, uma em outubro e outra entre dezembro e

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27

janeiro. O maior plantio da América Latina em escala comercial encontra-se no Brasil, no

município de Bonito, estado do Pernambuco, cuja produção anual neste estado situa-se entre

1.300 e 1.700 toneladas, sendo comercializada principalmente na forma de polpa, que

corresponde a 77% da fruta (SILVA, 2006).

Oliveira et al. (2006) descrevem que o fruto é utilizado no Brasil, principalmente

para produção de sucos.

Segundo Silva (2006), a pitangueira pode atingir oito metros de altura e seu fruto

é rico em “[...] cálcio, fósforo, antocianinas, flavonoides, carotenoides e vitamina C,

indicando seu elevado poder antioxidante”.

Danner et al. (2010) observaram épocas de maturação e floração de frutos nativos

da Floresta com Araucária, incluindo três amostras de pitangueira com genótipos diferentes,

considerando o início da maturação quando 10% dos frutos estavam maduros e o final quando

este teor era de 90%, sendo constatado que a maturação dos frutos ocorreu no início de

novembro e estendeu-se até a terceira semana deste mês.

De acordo com a Instrução Normativa nº 01 de 07/01/00 do Ministério da

Agricultura e do Abastecimento, o Padrão de Identidade e Qualidade para a polpa de pitanga

deve apresentar as seguintes características: cor vermelha; sabor ácido, próprio; aroma

próprio; pH entre 2,5 e 3,4; sólidos solúveis totais (SS) ≥ 6,00 ºBrix, a 20 ºC; acidez total

expressa em ácido cítrico ≥ 0,92 g 100 g-1

; açúcares totais, naturais da fruta ≤ 9,50 g 100 g-1

;

sólidos totais ≥ 7,00 g 100 g-1

(BRASIL, 2000).

Segundo Villachica et al. (1996 apud LATTUADA, 2010), a polpa de pitanga é

rica em vitamina A (635,0 mg 100 g-1

polpa), fósforo (11,0 mg 100 g-1

polpa) e cálcio

(9,0 mg 100 g-1

polpa).

Os valores encontrados por Prado (2009), que utilizou na sua pesquisa pitanga

adquirida da Companhia de Entrepostos de Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) e da

Central de Abastecimento de Campinas S.A. (CEASA), foram: umidade de 92%, pH 3,39,

sólidos solúveis totais de 8,2 ºBrix e acidez titulável total de 1,239% de ácido cítrico.

Oliveira; Figueirêdo; Queiroz (2006) analisaram a polpa integral de pitanga

(Eugenia uniflora L.) obtida em supermecado do município de Campina Grande-PB, cujos

resultados encontram-se dispostos na Tabela 1, assim como Karwowski (2012) utilizou

pitanga proveniente do sitio do Belo, situado em Paraibuna-SP para caracterizaçao físico-

química da polpa.

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Tabela 1 – Composição físico-química da polpa de pitanga

Parâmetro Oliveira; Figueirêdo;

Queiroz (2006) Karwowski (2012)

Sólidos totais (%) 6,93 ---

Umidade (%) 93,07 94,42

Sólidos solúveis totais (ºBrix) 7,00 4,00

pH 3,05 2,95

Acidez titulável total (% ácido cítrico) 2,23 1,37

Ácido ascórbico (mg 100 g-1) 13,42 8,45

Cinzas (%) 0,22 0,19

Açúcares redutores (% glicose) 3,82 1,88

Açúcares não redutores (%sacarose) --- 1,71 Proteínas (%) 0,56 1,01

Extrato alcoólico (%) 6,32 ---

Fibras alimentares (g 100 g-1) --- 0,98

Mélo; Lima; Nascimento (1999) observaram as características do fruto de pitanga

perante os parâmetros pH, sólidos solúveis totais, acidez titulável total e vitamina C, cujos

resultados foram 2,6, 10,8%, 2,04% de ácido cítrico e 95,0 mg %, respectivamente.

Lopes; Mattietto; Menezes (2005) observaram a influência do congelamento da

polpa de pitanga vermelha proveniente de Valinhos-SP, monitorando alterações de pH, acidez

titulável total, sólidos solúveis totais, sólidos totais, açúcares redutores e totais, cujos

resultados indicaram que “Após 90 dias de estocagem a -18 ºC, a polpa de pitanga manteve-se

dentro dos padrões de identidade e qualidade exigidos pela legislação vigente”.

Celli; Pereira-Netto; Beta (2011) investigaram, entre outros compostos, a

capacidade antioxidante pela captura do radical livre DPPH em duas variedades (vermelha e

roxa) de pitanga (Eugenia uniflora L.), sendo observados 72,5% para a fruta vermelha

imatura e 35,5% quando madura. Em relação à pitanga roxa estes valores foram 74,9% e

43,5%, respectivamente. Prado (2009) encontrou aproximadamente 80% de atividade

antioxidante em frutas de pitanga. Logo, a pitanga apresenta alta capacidade antioxidante.

A pitanga tem sido empregada em estudos de desenvolvimento de produtos

alimentícios como a formulação de geleia mista de pitanga e acerola (MÉLO; LIMA;

NASCIMENTO, 1999), a preparação de néctar misto de acerola e pitanga (LOPES, 2005), em

sucos e compotas de frutas, além de seu óleo, por apresentar propriedades adstringentes, ser

empregado em comésticos (COSTA et al., 2013)

As folhas da planta podem ser utilizadas como digestivo e auxílio na diminuição

de colesterol no sangue, ácido úrico, peso e pressão arterial (SCHAPOVAL et al., 1994).

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Oliveira et al. (2008) verificaram que o extrato hidroalcoólico de fruto maduro de

pitanga demonstraram atividade antibacteriana para as seguintes bactérias formadoras do

biofilme dental: Streptococcus mutans (ATCC 25175), Streptococcus sanguis (ATCC 15300),

Streptococcus salivarius (ATCC 7073), Streptococcus mitis (ATCC 903) e Streptococcus

oralis (ATCC 10557), obtidas na Fundação Oswaldo Cruz, localizada no Rio de Janeiro. A

Conentração Inibitória Minima (CIM) variou de 0,15625% (Streptococcus oralis) a 10%

(Streptococcus mitis).

O extrato hidroalcoólico 70% do fruto de pitanga testado por Gonçalves; Filho;

Menezes (2005) apresentou atividade contra Escherichia coli, Streptococcus pyogenes,

Providencia spp., Proteus mirabilis, Shigella sonnei, Staphylococcus aureus e

Staphylococcus spp. coagulase, não havendo inibição de Pseudomonas aeruginosa. Em

estudo realizado por Bezerra et al. (2012), o extrato etanólico 70% das folhas, não demonstrou

eficiência em cepas de Escherichia coli (ATCC 8739), Klebsiella pneumoniae (ATCC

10031), Candida albicans (ATCC 10231), C. tropicalis (ATCC 66029), C. parapsilosis

(ATCC 22019), C. krusei (ATCC 6258) e C. guilliermondii (ATCC 6.260), sendo eficientes

para Staphylococcus aureus (ATCC 6538) e Pseudomonas aeruginosa (ATCC 9027).

2.3.2 Amora

A amoreira comum é uma espécie nativa da Ásia (HAMINIUK, 2006) e,

conforme Ozrenk et al. (2010), pertence à família Moraceae, divisão Magnoliophyta, classe

Magnoliopsida, ordem Urticales.

A planta da amoreira (Morus) se adapta em regiões com clima temperado,

subtropical e tropical (DINGLE et al., 2005). Logo, apresenta boa inserção no sul do Brasil,

por apresentar clima subtropical.

Ercisli; Orhan (2007) colheram amostras no estádio maduro de Morus nigra na

cidade de Olur, Província de Erzurum, na Turquia, no ano de 2005, enquanto que Imnran et

al. (2010) analisaram amostras de amora provenientes de regiões do norte do Paquistão,

colhidas em abril de 2006 (Tabela 2).

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Tabela 2 – Composição físico-química da polpa de amora

Parâmetro Ercisli; Orhan (2007) Imran et al. (2010)

pH 3,52 3,68

Umidade (%) 72,6 82,4

Sólidos solúveis totais (ºBrix) 16,7 ---

Acidez titulável total (% ácido cítrico) 1,40 2,00

Cinzas (%) --- 0,50

Açúcares totais (%) --- 6,64

Açúcares redutores (% glicose) --- 4,94

Açúcares não redutores (%sacarose) --- 1,70

Proteínas (%) --- 0,96

Fibras (g 100 g-1) --- 11,75 Peso total seco (%) 27,4 ---

Carboidratos totais (g 100 g-1) --- 13,83

Lipídios (g 100 g-1) --- 0,55

Pectina (g 100 g-1) --- 0,76

Gundogdu et al. (2011) identificaram e quantificaram os ácidos orgânicos (cítrico,

tartárico, málico, succínico, lático, fumárico e acético) presentes na Morus nigra coletada na

época de colheita, na Província Van, no leste da Turquia, cujo composto predominante foi o

ácido málico (1,323 g 100 g-1

). Ercisli; Orhan (2008) verificaram entre 123 e 218 mg g-1

de

ácido málico em cinco genótipos de amora preta. Contudo, Özgen; Serçe; Kaya (2009)

observaram ácido cítrico em maior quantidade em amostra de Morus nigra (1,87 g 100 mL-1

).

Arfan et al. (2012) estudaram o potencial antioxidante da Morus nigra (amora

preta) coletada no Paquistão. Os extratos obtidos com metanol e acetona foram avaliados em

função da atividade antioxidante presente, sendo que o maior valor de potencial antioxidante

total ocorreu para o extrato obtido com metanol (1,25 mmol Trolox g-1

).

Devido ao alto potencial antioxidante observado na pesquisa, Arfan et al. (2012)

sugerem o uso desta fruta como alternativa para os antioxidantes sintéticos.

Ercisli; Orhan (2007) observaram 1.422 mg equivalente ácido gálico (EAG)

100 g-1

de compostos fenólicos totais e 276 mg EQ 100 g-1

de flavonoides totais.

A aplicação da amora-preta (Morus nigra) no desenvolvimento de produtos pode

ser observada em Pegoraro (2011) que preparou iogurte acrescido de geleia de amora-preta

(Morus nigra L.) e pólen apícola, e no desenvolvimento de uma bebida mista de extrato de

soja e amora (ULIANA, 2009). Em relação à produção do suco de amora, Pimenta;

Zambrano; Venturini Filho (2012) estudaram o rendimento da extração deste suco utilizando

prensa e despolpadora.

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De acordo com Koyuncu (2004), a amora é empregada na produção de geleias,

marmeladas, sobremesas congeladas, polpa, sorvete e vinho. Ercisli et al. (2010) aponta que

os frutos apresentam sabor agradável e podem ser empregados em geleias, sucos, licores,

corantes naturais e indústria cosmética.

Segundo Khalid; Fawad; Ahmed (2011), a casca da raiz apresenta propriedades

laxantes e vermífugas, além de seu extrato possuir alcaloide (deoxyjirimycin (DNJ)) eficaz

contra o HIV, cuja atividade anti-HIV é quatro vezes superior à de mirtilo. O suco produzido

com as raízes reduz o açúcar no sangue e atua sobre o pâncreas, sendo que os frutos podem

auxiliar no controle de câncer de sangue, apresentando também propriedades antimicrobianas

e anti-inflamatórias.

Pereira et al. (2010), descreve que as folhas da planta podem ser empregadas

como “analgésico, hipoglicemiante, anti-inflamatória e a infusão da mesma é utilizada por

mulheres durante o climatério, na substituição da terapia da reposição hormonal”. Atividades

anti-inflamatórias e analgésicas foram evidenciadas em animais através de extratos da planta

da amoreira (PADILHA et al., 2010).

O extrato acetonico metanólico da casca do caule e o metanólico da madeira do

caule de Morus nigra apresentaram atividade antibacteriana contra Staphylococcus aureus,

Bacillus subtilis, Micrococcus flavus, Streptococcus faecalis, Salmonella abony e

Pseudomonas aeruginosa (MAZIMBA; MAJINDA; MOTLHANKA, 2011).

O suco e o extrato aquoso de frutos de Morus nigra não inibiram o crescimento de

Bacillus subtilis, Bacillus cereus, Escherichia coli e Serratia marcescens. Sendo que nestas o

extrato metanólico também não apresentou eficiência, porém este foi eficaz contra o

desenvolvimento de Bacillus subtilis, Bacillus cereus (KRISCH et al., 2008).

2.2.3 Mirtilo

O mirtilo pertence à família Ericaceae, gênero Vaccinium (SINELLI et al., 2008),

é nativo de várias regiões da Europa e da América do Norte, sendo recentemente introduzido

no Brasil (SARKIS et al., 2013). Pertuzatti; Jacques; Zambiazi (2007) relatam que o cultivo

desta fruta no Brasil iniciou na década de 80.

O mirtilo apresenta ação na prevenção de infecções urinárias, propriedades

antioxidantes e atividades anticancerígenas, sendo que as folhas apresentam efeitos

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hipotensores, hipolipemiantes e atividade antileucêmica, sendo que o chá das folhas pode

auxiliar no tratamento de diabetes (MATSUO et al., 2010). Esta fruta é ainda pouco

conhecida e estudada no Brasil (FACHINELLO, 2008), sendo uma fruta não-climatérica com

maturação regulada pelo ácido abscísico (BURAN et al., 2012).

O mirtilo também é conhecido como a fruta da longevidade (HOFFMANN;

ANTUNES, 2011), pois é uma das mais ricas em antioxidantes como polifenóis, taninos,

flavonóis e antocianinas (WANG; CAMP; EHLENFELDT, 2012).

Na América do Sul, o Chile destaca-se com a maior área de cultivo

(aproximadamente 2.500 ha), seguido da Argentina (1.500 ha) e do Uruguai (200 ha), sendo

que no Brasil é superior a 150 ha, destacando-se o estado do Rio Grande do Sul, com 45

produtores que geram 150 toneladas em 65 ha de área de plantio (FACHINELLO, 2008).

Esta fruta foi inicialmente cultivada em Pelotas-RS por um pesquisador da

“Embrapa Clima Temperado” que trouxe uma planta da espécie Vaccinium ashei, da

Universidade da Flórida em 1983. A árvore do mirtilo pode apresentar e 1,5 a 3 m de altura

necessitando ser cultivada em climas frios para quebra da dormência. Os frutos apresentam

diâmetro de 1,5 a 2,5 cm, com polpa de sabor doce-ácido e, quando colhidos maduros, podem

permanecem por 21 dias a 0 ºC mantendo-se a qualidade do mesmo. No Brasil, a produção

concentra-se principalmente na metade sul do Rio Grande do Sul, na região da Serra Gaúcha,

no centro sul de Santa Catarina e no sudeste do Paraná (HOFFMANN; ANTUNES, 2011).

Há diversas espécies de mirtilo, podendo ser divididas em três grandes grupos que

apresentam porte comercial: highbush (mirtilo gigante), nativo da costa oeste da América do

Norte, apresenta melhor qualidade tanto em tamanho quanto em sabor; rabbiteye, nativo do

sul da América do Norte, apresenta frutos de menor tamanho e qualidade se comparados com

o highbush, sendo o destaque para a espécie Vaccinium ashei Reade. Contudo, este grupo

possui maior produção por planta e importância comercial por tolerar regiões mais quentes

(com menos estações de frio). Esta espécie possui maior adaptabilidade para o clima frio do

sul do Brasil; lowbush, crescimento rasteiro com frutos pequenos (FACHINELLO, 2008).

As cultivares do grupo rabbiteye necessitam, para brotarem e florescerem, de

aproximadamente 360 horas de frio, cerca de 30% da quantidade necessária para o grupo

highbush (HERTER; WREGE, 2004).

A colheita do mirtilo ocorre entre dezembro e janeiro (produtividade varia de 6 a

10 toneladas por hectare e o preço, atualmente, pode chegar a R$ 20,00 por kg), sendo que os

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cultivares melhor adaptados são: Aliceblue, Bluebelle, Bluegen, Briteblue, Clímax, Delite,

Powderblue, Woodhard. O clima, solo, crescimento lento da planta, manejo de colheita difícil

e falta de mudas são alguns dos fatores que impedem a propagação do mirtilo no Brasil.

(FACHINELLO, 2008).

Brackmann et al. (2010) verificaram a manutenção das qualidades físicas e

químicas de mirtilo do cultivar Bluegem em diferentes condições de armazenamento, com

frutos colhidos em pomar comercial do município de Pelotas/RS. Os autores concluíram que

para este cultivar a melhor condição de conservação ocorre em armazenamento refrigerado

sendo que a absorção de etileno auxilia na manutenção da qualidade pós-colheita. Ainda, altas

concentrações de gás carbônico reduziram a qualidade dos frutos e o 1-metilciclopropeno

(composto volátil que tem demonstrado ser eficiente inibidor do etileno – hormônio do

amadurecimento) não foi eficiente na conservação das características das frutas.

Coutinho; Cantillano (2004) descrevem que independente da cultivar, os frutos do

mirtilo devem apresentar as seguintes características físico-químicas: peso entre 1,0 e 1,3 g;

sólidos solúveis totais (SS) de 13,0 a 14,0 ºBrix; acidez titulável total (ATT) entre 0,4 a 0,5 %

ácido cítrico; e relação SS/AT de 36,0 a 37,0.

Antonio et al. (2009) estudaram propriedades químicas do mirtilo fornecido pela

“Nutrisaúde Indústria e Comércio de Frutas Ltda.” localizada em Caxias do Sul/RS. Rocha

(2009), também estudou características de Vaccinium ashei cultivar Bluegem produzida em

Antônio Carlos/MG. A composição centesimal da polpa de mirtilo (Vaccinium ashei Reade)

cultivar Powderblue, safra 2009/2010 do município de Morro Redondo/RS, foi determinada

por Lameiro et al. (2011). Os resultados observados nestes estudos encontram-se na Tabela 3.

Tabela 3 – Composição físico-química de polpa de mirtilo

continua

Componente Antonio et al. (2009) Rocha (2009) Lameiro et al. (2011)

Umidade 82,12 g 100 g-1 87,75 g 100 g-1 86,72 %

Açúcares totais 10,67 g 100 g-1 6,44 g 100 mL-1 32,30 %

Açúcar invertido 10,61 g 100 g-1 --- ---

Açúcares redutores --- 0,51 g 100 mL-1 16,63 % glicose

Açúcares não redutores --- --- 14,88 % sacarose

Proteínas 0,52 g 100 g-1 0,44 g 100 g-1 0,69 %

Acidez 0,66 g ácido cítrico 100 g-1 0,42 m/v de ácido cítrico ---

Cinzas 0,20 g 100 g-1 0,17 g 100 g-1 0,15 % Sólidos solúveis totais 14,46 ºBrix 11,1 ºBrix ---

Carboidratos 17,05 g 100 g-1 12,07 g 100 g-1 10,27 %

pH 2,98 3,3 ---

Antocianinas totais 156,20 mg 100 g-1

--- ---

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Tabela 3– Composição físico-química de polpa de mirtilo

conclusão

Componente Antonio et al. (2009) Rocha (2009) Lameiro et al. (2011)

Atividade de água 0,983 --- ---

Lipídios --- 0,02 g 100 g-1 ---

Sólidos totais --- --- 12,00 %

Fibra bruta --- --- 1,08 %

Extrato etéreo --- --- 0,58 %

Valor calórico --- --- 50,67 kcal 100 g-1

De acordo com Wang et al. (2012), entre frutas e legumes, o mirtilo pode ser

considerado como uma das fontes mais ricas de antioxidantes e, segundo Buran et al. (2012),

auxiliar na prevenção de câncer, doenças cardiovasculares e diabetes.

Santos et al. (2007) pesquisaram a quantidade de compostos fenólicos em cinco

cultivares de mirtilo produzidos pela Embrapa – Clima Temperado de Pelotas/RS (Bluebelle,

Flórida, Delite, Woodard e BriteBlue), onde foram encontrados concentrações variando de

1.080,45 µg g-1

(Flórida) a 1.959,16 µg g-1

(Woodard).

Rocha (2009) também determinou a quantidade de polifenóis totais, antocianinas

totais e atividade antioxidante da polpa de Vaccinium ashei, sendo observados os valores de

317,6 mg EAG 100 g-1

, 58,95 mg 100 g-1

e 32,5 %, respectivamente.

Sun et al. (2012) estudaram a atividade antioxidante pelo sequestro do radical

DPPH (1,1-difenil-2-picril-hidrazila) de onze amostras de cultivares Vaccinium ashei Reade

(previamente congeladas e liofilizadas), cujo valor variou de 11,55 mg EAC g-1

peso seco a

244,92 mg EAC g-1

peso seco.

Moraes et al. (2007) obtiveram 80% de aceitação de néctar e barra de cereais,

ambos preparados com mirtilo. Pelegrine et al. (2012) elaboraram geleia de mirtilo da

variedade clímax. Reque (2012) estudou a aplicação da polpa de mirtilo na preparação de

sucos e o reaproveitamento dos resíduos do despolpamento na produção de farinha. O fruto

ainda foi utilizado no desenvolvimento de passas.

Extratos fenólicos de mirtilo (Vaccinium myrtillus) pesquisados por Puupponen-

Pimiä et al. (2001) inibiram o crescimento de Lactobacillus rhamnosus E-800, Lactobacillus

rhamnosus E-666, Escherichia coli 50, Escherichia coli CM871 e Salmonella enterica SH-

5014. Contudo, os extratos não foram eficazes para Lactobacillus reuteri E-510,

Lactobacillus paracasei E-797, Lactobacillus johnsonii E-797, Lactobacillus crispatus E-725,

Lactobacillus plantarum E-076, Enterococcus faecalis E-203 e Bifidobacterium lactis E-508.

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Extratos etanólicos, acetônicos e metanólicos de folhas de Vaccinium formosum,

colhidas no estádio de maturação comercial dos frutos, demonstraram capacidade inibitória no

desenvolvimento de Staphylococcus aureus, Listeria monocytogenes, Salmonella

Typhimurium Escherichia coli e Monilina Vaccinii-corybosi (DENG et al., 2014).

Algumas espécies do gênero Vaccinium aprsentam potencial anti-carcinogênico

(SEVERO et al., 2009). O extrato hidroalcoólico de mirtilo (V. corymbosum) pode atuar na

redução de dor e inflamações, indicando que o consumo da fruta in natura auxilia no

tratamento de processos inflamatórios (TORRI et al., 2007).

2.4 A SOJA

A soja, segundo Badole; Bodhankar (2013), pertence ao reino Plantae, divisão

Magnoliophyta, classe Magnoliopsida, ordem Fabales, família Fabaceae, subfamília

Faboideae, gênero Glycine, espécie Glycine max e nome botânico Glycine max (L.) Merr.

É originária da Ásia (China), sendo introduzida no Brasil em 1882 (na Bahia) e

utilizada na alimentação suína. Somente na década de 60 surgiram lavouras com fins

comerciais dos grãos de soja (MUNDSTOCK; THOMAS, 2005).

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que em 2013 a

produção de soja (grão), no Brasil, atinja 79.714.621 toneladas, cerca de 21,5% superior ao

ano de 2012 (INSTITUTO..., 2012).

O grão de soja é rico em proteína, cuja qualidade equivale a 80% do valor

biológico de proteínas do leite de vaca. O óleo presente é altamente digestível, fornecendo

energia para o organismo, possibilitando que as proteínas ingeridas sejam utilizadas na

produção de tecidos. O grão apresenta também 35% de carboidratos totais, que incluem

celulose, hemicelulose, lignina, sacarose, estaquiose e rafinose. Apresenta ainda, elevadas

concentrações de ferro, fósforo e magnésio (CARRÃO-PANIZZI; MANDARINO, 1998).

De acordo com Behrens; Da Silva (2004), a soja é considerada um alimento

funcional devido suas características químicas e nutricionais, além de possibilitar seu uso no

tratamento preventivo e terapêutico de doenças cardiovasculares, de câncer, de osteoporose e

também sintomas de menopausa.

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Barros (2012) estudou a composição centesimal de grãos de soja provenientes de

três cultivares da Embrapa: BRS-213 (ausência de lipoxigenases), BRS-258 e EMB-48

(contendo lipoxigenases), cujos resultados encontram-se dispostos na Tabela 4.

Visando o aumento do valor nutricional da alimentação humana, diversos

produtos derivados da soja podem ser empregados, destacando-se seu extrato por apresentar

baixo custo de produção, alto valor nutritivo e obtenção facilitada (FELBERG et al., 2004).

O extrato hidrossolúvel de soja (EHS), segundo Polycarpo et al. (2012), é obtido

pela extração aquosa de grãos de soja e consiste em um dos produtos mais conhecidos dentre

os derivados deste grão.

Tabela 4 – Composição centesimal de grãos de soja

Componente Cultivar

BRS-213 BRS-258 EMB-48

Matéria seca (%) 90,25 91,75 91,20

Cinzas (%) 5,57 5,00 4,70

Proteína (%) 38,92 37,84 35,11

Lipídios (%) 19,21 24,19 21,62

Fibra Bruta (%) 17,72 17,59 16,56

Carboidratos (%) 18,67 15,39 22,01

Energia bruta (kcal g-1) 5,51 5,20 5,36 K (mg 100 g-1) 1.168,49 1.130,03 1.182,15

P (mg 100 g-1) 540,59 593,47 573,64

Mg (mg 100 g-1) 382, 43 398,42 419,52

Ca (mg 100 g-1) 246,97 287,80 278,04

Na (mg 100 g-1) 16,86 17,23 17,02

Fe (mg 100 g-1) 7,75 6,02 6,20

Zn (mg 100 g-1) 4,32 5,06 6,41

Cu (mg 100 g-1) 1,38 1,09 1,07

Fonte: modificado de Barros (2012).

O EHS, popularmente conhecido como “leite de soja”, não apresenta lactose,

possui baixo teor de gordura, alta digestibilidade e assemelha-se, em aparência, com o leite de

vaca (SEDIYAMA; CÁSSIA; BARROS, 2009).

O EHS apresenta, em sua composição, 91,3% de umidade, 39 kcal, 2,4% de

proteínas, 1,6% de lipídios, 4,3% de carboidratos, 0,4% de fibra alimentar e 0,5% de cinzas

(LIMA et al., 2011).

Luz et al. (2008) observaram, no EHS in natura, 93,86% de umidade, 2,99% de

proteína, 1,5% de lipídios, 0,32% de cinzas e 4,93% de fibras.

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Apesar de o EHS apresentar baixos teores de cálcio (17 mg 100 g-1

de parte

comestível), vitamina A e C (traços) é uma alternativa viável para alimentação humana, pois,

além de possuir rica composição centesimal (supracitada), sua digestibilidade (95%) é

superior ao do leite de vaca (91%) e ao humano (90%) (CARRÃO-PANIZZI;

MANDARINO, 1998).

O consumo de EHS tem sofrido um incremento no Brasil decorrente de sua

combinação com sucos de frutas, comercializados com sucesso desde o final dos anos 90,

cujos produtos apresentam sabor agradável com pouca percepção do característico “leite” de

soja. A incorporação deste tipo de bebida nos hábitos alimentares de brasileiros é percebida

pela expansão destes produtos no mercado (BEHRENS; DA SILVA, 2004).

Como exemplo de produtos a base de soja cita-se bebida fermetada à base de soro

de leite e isolado protéico de soja (CAMARGO et al., 2000), bebida láctea probiótica

contendo soro de leite e extrato hidrossolúvel de soja (KRÜGER et al., 2008), bebida mista de

extrato de soja integral e castanha-do-Brasil (FELBERG et al., 2004), cereal matinal contento

okara (subproduto da produção do extrato de soja) (SANTOS; BEDANI; ROSSI, 2004),

biscoito tipo cookie à base de okara e aveia (MADRONA; ALMEIDA, 2008), snacks

extrusados a partir de misturas de farinha de soja, fécula e farelo de mandioca (TROMBINI;

LEONEL; MISCHAN, 2013), massa alimentícia fresca funcional contendo isolado protéico

de soja e polidextrose (PAUCAR-MENACHO et al., 2008) e formulados em pó a base de soja

(MONTEIRO et al., 20040.

Hidrolisados proteicos obtidos da torta de soja demonstraram atividade inibitória

em cepas de Bacillus cereus, Listeria monocytogenes, Staphylococcus aureus (bactérias Gram

positivas), Escherichia coli, Salmonella brasil e Salmonella enteritidis (bactérias Gram

negativas), sendo que foi detectada maior inibição contra as bactérias Gram positivas

(BOIA et al., 2013).

A soja pode ser considerada um alimento nutraceutico ou funcional, pois

apresenta fitoquímicos, especialmente isoflavonas e antocianinas, que possuem efeito

antioxidante, antiproliferativo e hipocolesterolêmico (OBOH; OKHAI, 2012).

Barbosa et al. (2006) verificaram que extratos metanólicos de grãos de soja

apontaram teor de fenólicos totais de 200 mg equivalentes de catequina 100 g-1

de amostra,

além de atividade antioxidante de 0,72 mol butilhidroxitolueno (BHT) g-1

amostra e

3,7 mol equivalente trolox g-1

amostra.

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Segundo Pereira; Cardoso (2012), a soja apresenta -sitosterol, campesterol e

estigmasterol, que são esteróis com relacionados à redução da absorção de colesterol, de risco

de doenças cardiovasculares, além de atuar na inibição de alguns tipos de tumores malignos.

A soja também apresenta genisteína e daidzeína (flavonoides) que possuem efeito

anticancerígeno, além de saponinas que apresentam propriedades detergentes e surfactantes,

atuantes como antioxidantes no organismo humano, pois se ligam a sais biliares e colesterol

no tubo digestivo, e atuam contra células tumorais.

As isoflavonas (fitoestrógenos) atuam na prevenção de câncer (PERIN;

ZANARDO, 2013), de sintomas da menopausa, doenças cardiovasculares e osteoporose

(NAKAJIMA et al., 2010). Este polifenól, com concentração máxima em torno de 3,0 mg g-1

peso seco, é capaz de aumentar o colesterol HDL (High Density Lipoproteins) e diminuir o

LDL (Low Density Lipoproteins) (PONNUSHA et al., 2011).

O ácido fítico, composto bioativos presente nos grãos de soja, age como

antioxidante, anticarcinigênico e antineoplásico (MOREIRA et al, 2012), aulixando na

redução do risco de câncer cólon e, possivelmente, de mama (CHIARELLO; 2002).

2.5 COMPOSTOS FITOQUÍMICOS

Os compostos fitoquímicos são compostos bioactivos provenientes do

metabolismo secundário de diversas partes de plantas (sementes, cereais, frutos, folhas,

raízes) (FERREIRA; ABREU, 2007), sendo amplamente estudados em frutos devido às suas

propriedades benéficas à saúde (SEVERO et al., 2009). Kuskoski et al. (2006) complementa

que a composição destes compostos contribui para a atividade antioxidante total de frutos.

A capacidade antioxidante dos compostos fenólicos pode ser atribuída aos

grupamentos hidroxilas, que se unem aos radicais livres (SEVERO et al., 2009).

Segundo Prior; Cao (2000), os radicais livres apresentam número ímpar de

elétrons, sendo que os mais comuns, derivados do oxigênio, são: superóxido (O2-•), hidroxila

(OH•), hidroperoxila (HOO•), peroxil (ROO•) e alcoxi (RO•). O corpo humano também

sintetiza o óxido nítrico (NO•) e o ânion peroxinitrilo (ONOO•), porém apresenta substâncias

capazes de eliminar estes radicais livres, como as enzimas (catalase, glutationa peroxidade,

glutationa redutase, superóxido dismutase, entre outras), albumina, ceruloplasmina, ferritina,

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ácido ascórbico, -tocoferol, -caroteno, glutationa e ácido úrico. O estresse oxidativo, estado

de desequilíbrio entre os radicais livres e os antioxidantes, podem auxliar no desenvolvimento

de doenças como câncer e cardiovasculares, que podem ser prevenidas através de flavonoides,

tais como flavonas, isoflavonas, flavanonas, antocianinas e proantocianidinas, presentes em

frutas e vegetais.

Os flavonoides são compostos polifenólicos precursores de diversas substâncias

como aminoácidos alifáticos, terpenóides e ácidos graxos, (SONG et al., 2009), apresentando

uma ampla variedade de atividades biológicas como anti-inflamatórios, antiviral, anti-

alérgicas, além de auxiliar na proteção de doenças cardiovasculares e câncer (MARTÍNEZ-

FLÓREZ et al., 2002). Possuem ainda capacidade de regular as etapas-chave do crescimento e

diferenciação celular em eucariotos (AGATI et al., 2013) e de inibir o desenvolvimento da

doença de Alzheimer (WILLIAMS; SPENCER, 2012).

Conforme exposto por Dornas et al. (2007), os flavonóides podem ser subdividos

nas seguintes classes principais:flavonas, flavonóis, chalconas, auronas, flavanonas, flavanas,

antocianidinas, leucoantocianidinas, proantocianidinas, isoflavonas e neoflavonóides.

De acordo com Kalt et al. (2008), a cor, adstringência e estabilidade durante o

armazenamento de frutas e produtos correlatos são afetadas pelos compostos fenólicos

presentes, incluindo os do tipo flavonoides e não flavonoides.

A alta capacidade antioxidante de frutos mirtilo tem sido correlacionada com seu

conteúdo de antocianina e fenólicos totais (LEE; FINN; WROLSTAD, 2004).

Os taninos apresentam uso potencial como cicatrizante, hemostático e também

podem ser empregados no tratamento de diarreia não infecciosa (VIANA; SANTANA;

MOURA, 2012).

Antocianinas, carotenoides e flavonóis são os compostos bioativos comumente

encontrados em frutas de Eugenia uniflora, que podem atuar como diuréticos e serem

empregados no tratamento de diarreia, reumatismo, diabetes e febres (COSTA et al., 2013).

As catequinas, compostos incolores e solúveis em água, estão aliadas a

propriedades adstringentes, além de auxiliar na diminuição da incidência de câncer e do

colesterol sérico, e estimular o sistema imunológico humano. Estes metabólitos estão

presentes em chá verde, cerejas, amoras, framboesas, mirtilo, uva roxa e vinho tinto

(PEREIRA; CARDOSO, 2012).

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2.6 PECTINA

A pectina encontra-se distribuída em plantas, podendo ser produzida de cascas de

frutas cítricas (representa 20-40% do teor de matéria seca) e/ou bagaço de maçã (10-20% do

teor de matéria seca). Constitui-se de uma estrutura complexa de polissacarídeos contendo no

mínimo 65% de ácido galacutorônico. Para que seja formado um gel estável devem-se seguir

as seguintes condições: teor de pectina abaixo de 1%, teor de sacarose entre 58 e 75% e pH na

faixa de 2,8-3,5 (BELITZ; GROSCH; SCHIEBERLE, 2009).

De acordo com deMan (1999), a pectina permite que as partículas insolúveis

permaneçam suspensas, caracterizando-se como colóide de proteção, o que melhora os

aspectos visuais de produtos comerciais. A desintegração de polpa de frutas é auxiliada por

enzimas pécticas que também são aplicadas em clarificação de sucos de frutas e vinhos.

Há três polissacarídeos importantes que contém o ácido galacutorônico (GalA):

Homogalaturonano, polímero linear constituído por ligações 1,4 -D-GalA;

ramnogalacturonano I, que resulta da repetição do dissacarídeo [ 4)-- D- GalA-(12)--

L-Rha-(1]; e o ramnogalacturonano II que possui uma espinha dorsal de Homogalaturonano

ao invés de vez de ramnogalacturonano, com cadeias ligadas a resíduos de GalA (BELITZ;

GROSCH; SCHIEBERLE, 2009).

Na Figura 2 podem-se observar duas estruturas de pectinas, a primeira (A)

demonstra a estrutura convencional e a segunda (B) uma alternativa, recentemente proposta.

As pectinas podem ser classificadas em alto grau de metoxilação (HM) ou baixo

grau de metoxilação (LM), dependendo da quantidade de grupos carboxílicos esterificados.

As LM apresentam menos de 50% destes grupos (STEPHEN; PHILIPS; WILLIAMS, 2006).

A formação de géis com pectinas HM ocorre em pH próximo a 3,0, enquanto que

as do tipo LM necessitam de íons Ca2+

(ou cátions equivalentes) (ANDRADE, 2010).

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Figura 2 – A estrutura básica da pectina. Representação esquemática da

estrutura da pectina convencional (A) e alternativa (B).

Fonte: Willats; Knox; Mikkelsen (2006).

2.7 REOLOGIA

A reologia, criada por E. C. Bingham em 1928 (ALVES, 2003), é uma ciência que

descreve a deformação e o fluxo dos materiais decorrente de tensões aplicadas aos mesmos

(BARNES, 2000). Normalmente se aplica em corpos contínuos, mas também pode ser

utilizado em sólidos, fluxo de pó e moagem (MULLER, 1977).

Em relação à ciência de alimentos, Alves (2003), afirma que o estudo reológico é

de fundamental importância para “[...] permitir uma melhor compreensão do comportamento

mecânicos dos produtos alimentares [...]” devido sua composição complexa e processo

produtivo utilizado. As proteínas e os polissacarídeos são responsáveis pela estrutura dos

alimentos, devido a interações inter e intramoleculares, sendo que a reologia está relacionada

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com as propriedades mecânicas e sensoriais dos produtos alimentícios visando sua

aceitabilidade pelos consumidores. Por exemplo, o aspecto físico de pudins, cremes, iogurtes,

chocolates, etc. é resultado de estudos reológicos.

Roudot (2004) descreve que as frutas apresentam estrutura celular bastante

heterogênea, com células aplanadas na camada epidérmica que se arredondam com a

profundidade dos tecidos. Apresentam zonas vazias entre as moléculas que servem para

alimentação, proteção e reserva, acumulando água e, consequentemente, alterando suas

características reológicas. Estas também são influenciadas pelo estádio de maturação das

frutas, pois quando em maturação, ocorrem reações químicas modificando a composição

química destes alimentos.

O reômetro é um equipamento que determina as propriedades viscoelásticas de

sólidos, semissólidos e fluídos, enquanto que o viscosímetro é utilizado para medir o

comportamento de fluxo viscoso (SCHRAMM, 2006).

Segundo Schramm (2006), a tensão de cisalhamento () para sólidos de Hooke

(Figura 3) é calculada pela Equação 1.

Figura 3 – Deformação de um corpo sólido

Fonte: Schramm (2006).

G. G.tan dy

dLG. τ Equação 1

= tensão de cisalhamento = força área -1

[N m-2

= Pa]

G = módulo de Young que está relacionado com a rigidez do sólido [N m-2

]

= dL y-1

= deformação (adimensional)

y = altura do corpo sólido

L = deformação do corpo resultante da tensão de cisalhamento [m]

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Isaac Newton definiu a lei geral do fluxo de um líquido (MALKIN, 1994),

expresso na Equação 2.

. τ Equação 2

= tensão de cisalhamento

= viscosidade

= taxa de cisalhamento

Brummer (2006) define tensão de cisalhamento como o resultado de uma força F

aplicada em uma área A, representada pela Equação 3.

Pa m²

N

A

F τ Equação 3

= tensão de cisalhamento

F = força

A = área

A taxa de cisalhamento pode ser descrita, segundo Barnes (2000), como a

gradiente de velocidade na direção perpendicular ao fluxo, sendo definido como uma razão

entre a velocidade e a distância “y”, representada na Equação 4.

1--1

s m

s m

h

v Equação 4

= taxa de cisalhamento

v = variação da velocidade

h = distância

Para que um líquido seja considerado Newtoniano, de acordo com Muller (1977),

não deve apresentar propriedades elásticas, pois é incompressível e isotrópico. Contudo,

alguns líquidos reais se comportam como Newtonianos em determinadas faixas de tensão de

cisalhamento. O resultado de um líquido Newtoniano apresenta valor de viscosidade ()

constante, enquanto em o Não Newtoniano depende deste valor.

A classificação de fluídos Newtonianos e Não Newtonianos, encontra-se

representada na Figura 4.

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44

Figura 4 – Classificação dos fluídos

Fonte: Autoria própria baseada em Steffe (1996).

2.7.1 Fluídos Newtonianos

Fluídos Newtonianos, segundo Alves (2003), apresentam viscosidade constante,

ou seja, não dependem da velocidade de deformação ou do tempo, porém podem variar com a

temperatura e a pressão.

Segundo Muller (1977), neste tipo de fluído ao duplicar-se o valor da tensão de

cisalhamento o valor da taxa de cisalhamento também duplica. Na Figura 5 é representado

graficamente as características de um líquido Newtoniano.

Fluídos

Newtonianos Não Newtonianos

Viscoelásticos

Independentes

do tempo

Dependentes

do tempo

Tixotrópicos Reopéticos

Pseudoplásticos Dilatantes

Plásticos de

Bingham

Sem tensão inicial

de cisalhamento

Herschel-Bulkley

Com tensão inicial

de cisalhamento

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Figura 5 – (a) Representação gráfica da tensão de cisalhamento em função da taxa de cisalhamento

(curva de fluxo de um líquido Newtoniano). (b) Representação do coeficiente de

viscosidade em função da taxa de cisalhamento (curva de viscosidade de um líquido

Newtoniano).

Fonte: modificado de Muller (1977) e de Schramm (2006).

2.7.2 Fluídos Não Newtonianos

Os fluídos Não Newtonianos apresentam fluxo uniforme, porém não seguem a Lei

de Newton (Equação 2), ou seja, a viscosidade não é constante a uma determinada

temperatura e pressão (CHHABRA; RICHARDSON, 1999).

Os fluídos não newtonianos são caracterizados pelo coeficiente de viscosidade

aparente (ap) (BRUMMER, 2006), representado, conforme Malkin (1994), na Equação 5

ap

Equação 5

ap = viscosidade aparente

= tensão de cisalhamento

= taxa de cisalhamento

Os alimentos apresentam variações de viscosidade e, portanto, não seguem a Lei

de Newton, caracterizando-se por fluídos Não Newtonianos (ALVES, 2003).

1

1 Taxa de cisalhamento ( )

Vis

cosi

dad

e (

)

(b)

1

1

1 = tan = 1 1-1

Taxa de cisalhamento ( )

Ten

são

de

cisa

lham

ento

()

(a)

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2.7.2.1 Viscoelásticos

Os materiais viscoelásticos exibem, ao mesmo tempo, propriedades elásticas e

viscosas. Ao retirar-se uma tensão de cisalhamento aplicada, os materiais viscoelásticos não

retornam ao seu formato original, pois apresentam uma deformação permanente. Por

exemplo, cita-se massa de pão, alimentos gelificados e queijos (FELLOWS, 2000).

Na Figura 6 é representada as diferenças entre fluídos viscosos e viscoelásticos.

Nestes, durante a mistura e/ou agitação, o fluído sobe no eixo do rotor, fenômeno conhecido

como efeito Weissenberg. Quando um fluído emerge de um tubo longo cilíndrico,

normalmente o jato se contrai. Em fluidos viscoelásticos, porém, o jato pode expandir-se duas

ou mais vezes o diâmetro do tubo, um desafio no projeto de uma extrusora de alimentos a

base de cereais, por exemplo. Fluidos com elasticidade elevada podem originar efeito sifão

(STEFFE, 1996).

Figura 6 – Efeito Weissenberg, sifão e expansão de

fluídos viscoso e viscoelástico.

Fonte: Steffe (1996).

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2.7.2.2 Dependentes do tempo

2.7.2.2.1 Tixotrópicos

Nos fluídos tixotrópicos (Figura 7) ocorre diminuição da viscosidade com o

tempo de deformação. Neste caso, a estrutura interna do material não se refaz da mesma

maneira como existia anteriormente, revelando a elasticidade dos materiais, onde as energias

acumulada e dissipada pelo sistema são diferentes (ALVES, 2003).

A tixotropia é comum em muitos líquidos e está presente, por exemplo, em tintas,

produtos alimentícios, cosméticos e farmacêuticos (SCHRAMM, 2006).

Figura 7 – Gráficos de fluxo tixotrópico

Fonte: modificado de Muller (1977).

2.7.2.2.2 Reopéticos

Nos líquidos reopéticos ou antitixotrópico (Figura 8) ocorre um aumento da

viscosidade durante o cisalhamento, recuperando sua forma original quando em repouso,

representando propriedade de fluxo oposta à tixotropia (REYNOLDS, 2004).

Dewar; Joyce (2006) citam que dispersões de amido e leite e soluções de trigo-

leite-glucose podem apresentar comportamento reopético.

Newtoniano

Tixotrópico

ap

Newtoniano

Tixotrópico histerese

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Figura 8 – Gráficos de fluxo reopético

Fonte: modificado de Muller (1977).

2.7.2.3 Independentes do tempo

2.7.2.3.1 Pseudoplásticos ou shear thinning

Nos fluidos pseudoplásticos observa-se uma diminuição da viscosidade aparente

quando se aumenta a taxa de cisalhamento (CHHABRA; RICHARDSON, 1999).

Graficamente, os pseudoplásticos não apresentam uma linha reta, mas curvas onde

a velocidade de deformação aumenta mais rapidamente do que a tensão de cisalhamento, e a

densidade aparente diminui, conforme demonstrado na Figura 9, onde as setas indicam o

aumento e a diminuição desta velocidade (MULLER, 1977).

Segundo Rao (2007), diversos molhos de salada e alguns sucos concentrados de

frutas apresentam comportamento pseudoplástico.

Figura 9 – Gráficos de fluxo pseudoplástico

Fonte: modificado de Muller (1977).

Newtoniano

Reopético

ap

Newtoniano

Reopético

Newtoniano

Pseudoplástico

ap

Newtoniano

Pseudoplástico

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2.7.2.3.2 Dilatantes ou shear thickening

De acordo com Barnes (2000), nestes líquidos a viscosidade também depende da

taxa de cisalhamento, cujo valor aumenta com o acréscimo desta taxa. Menard (2008)

descreve que este fenômeno é raro em polímeros, mas pode ser observado em suspensões.

Emulsões de PVC são exemplos de líquidos dilatantes (SCHRAMM, 2006), assim

como soluções de amido (ROUDOT, 2004).

O gráfico destes líquidos também não é linear, mas o aumento da taxa de

cisalhamento provoca o incremente do valor da tensão de cisalhamento e da viscosidade

aparente, conforme se observa na Figura 10 (MULLER, 1977).

Figura 10 – Gráficos de fluxo dilatante

Fonte: modificado de Muller (1977).

2.7.2.3.3 Plásticos de Bingham e Herschel-Bulkley

Fluidos Herschel-Bulkley e plásticos de Bingham apresentam uma tensão de

cisalhamento crítica que deve ser atingida para que ocorra o fluxo do material. Abaixo desta

tensão, o material apresenta as características de um sólido, ou seja, armazena energia em

pequenas tensões e não é influenciado pela gravidade para formar uma superfície plana

(STEFFE, 1996).

Segundo Schramm (2006) quando a tensão de cisalhamento crítica for alcançada

por forças externas, a substância entra em colapso ocorrendo rompimento das ligações

cruzadas e, consequentemente, o sólido torna-se líquido. Como exemplo destes materiais cita-

se pasta de dente, graxa, massa para batom e borrachas naturais.

Newtoniano

Dilatante

ap

Newtoniano

Dilatante

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Na Figura 11 é represento gráfico da viscosidade aparente em função da taxa de

cisalhamento para fluidos Herschel-Bulkley e plásticos de Bingham. Segundo Navas (2006),

maionese, chocolate fundido, mostarda, purê de pêssego (20% de sólidos), purê de banana

(17,7 ºBrix) e carne moída (15% de gordura) são exemplos de alimentos que se comportam

como fluídos Hershcel-Bulkely. Em relação aos de plásticos de Bingham, o autor cita

chocolate, argila e manteiga.

Figura 11 – Gráficos de fluxos de Herschel-Bulkley e plásticos de Bingham

Fonte: modificado de Steffe (1996).

2.7.3 Modelos reológicos

O modelo reológico a ser utilizado na descrição das curvas de viscosidade

depende do tipo de material em estudo e da faixa de velocidade de deformação aplicada pelo

equipamento utilizado (RAYMUNDO, 1999 apud ALVES, 2003).

Inicialmente, segundo Alves (2003), aplica-se a Lei da Potência, representada na

Equação 6. Em termos de viscosidade, a Equação 6 é adaptada para a Equação 7.

k. n Equação 6

= tensão de cisalhamento

k = coeficiente de consistência (Pa.sn)

= taxa de cisalhamento

n = índice de potência (adimensional), sendo igual a um para fluidos newtonianos

ap

Newtoniano

Bingham

Herschel-Bulkley

Newtoniano

Bingham

Herschel-Bulkley

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k. 1)-(n Equação 7

= viscosidade

k = coeficiente de consistência (Pa.sn)

= taxa de cisalhamento

n = índice de potência (adimensional), sendo igual a um para fluidos newtonianos

Segundo Muller (1977), “k” e “n” são constantes, sendo que mede o grau de

desvio em relação ao comportamento newtoniano. Quando n > 1, o produto é dito dilatante e

quando n < 1 o material recebe o nome de pseudoplástico.

A Lei da Potência é aplicada somente para a faixa medida, não sendo possível

extrapolar os valores além do gráfico. Esta lei só é aplicável para materiais cujo

comportamento não depende do tempo (MULLER, 1977).

Steffe (1996) descreve que o modelo de Herschel-Bulkley (Equação 8) é útil em

diversos alimentos e é uma adaptação do modelo da Lei da Potência, onde se insere a tensão

de rompimento (0), denominada anteriormente de tensão de cisalhamento crítica. Segundo o

autor, comportamentos Newtonianos, da Lei da Potência e de plástico de Bingham podem ser

considerados casos especiais do modelo de Herschel-Bulkley.

0

n k. Equação 8

= tensão de cisalhamento

0 = tensão de cisalhamento crítica (tensão de rompimento)

k = coeficiente de consistência

= taxa de cisalhamento

n = índice de potência

A Tabela 5 representa exemplos de fluídos e valores para “k”, “n” e “0”.

Tabela 5 – Fluídos Newtoniano, pseudoplástico, dilatante e plástico de Bingham como casos especiais do

modelo de Herschel-Bulkley

Fluido K n 0 Exemplos típicos

Herschel-Bulkley > 0 0 < n < > 0 Pasta de peixe picado, pasta de uva passa

Newtoniano > 0 1 0 água, suco de frutas, leite, mel, óleos vegetais

Pseudoplástico > 0 0 < n < 1 0 molho de maça, purê de banana, suco de laranja concentrado

Dilatante > 0 1 < n < 0 alguns tipos de mel, solução de 40 % de amido de milho cru

Plástico de Bingham > 0 1 > 0 pasta de dente, pasta de tomate

Fonte: Steffe (1996).

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2.7.4 Efeitos da temperatura sobre a viscosidade

De acordo com Roudot (2004), a viscosidade de um fluido varia 2 % a cada grau

Celsius, sendo que em alguns casos como sucos de frutas, o efeito da variação de temperatura

segue a Lei de Arrhenius, exposta na Equação 9.

RT

Ea

e Equação 9

= viscosidade na temperatura T

= viscosidade de referência

Ea = energia de ativação

R = constante dos gases perfeitos

T = temperatura absoluta

De acordo com Steffe (1996), e Ea são determinados através de dados

experimentais. O autor ainda relata que quanto maior for o valor da energia de ativação, maior

a alteração da viscosidade com a temperatura.

2.7.5 Estudos reológicos em alimentos

A concepção de equipamentos para beneficiamento de polpas e/ou sucos de frutas

demanda estudos de escoamento, possibilitando a projeção adequada de tubulações,

trocadores de calor, bombas, filtros, etc., sendo que o comportamento reológico é influenciado

pela quantidade de sólidos insolúveis suspensos presentes no produto (QUEIROZ;

BEZERRA; GASPARETTO, 2000).

Da Silva (2008) estudou o comportamento reológico da polpa de jenipapo em

quatro concentrações (6,0%, 7,5%, 9,0% e 10,5%), sendo que em todas elas o comportamento

observado foi não newtoniano e, o modelo que melhor descreveu o comportamento reológico

(dentro dos estudados) foram o de Plástico de Bingham e o de Herschel-Bulkley, com R2

superior a 0,90. A viscosidade aparente aumentou com o inverso da temperatura e a

viscosidade plástica decresceu com o aumento da temperatura.

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Karwowski (2012) analisou o comportamento reológico das polpas integrais e

centrifugadas de uvaia e pitanga, sendo observados na polpa integral comportamento

pseudoplástico, e o modelo da lei da potência foi eficiente na descrição deste comportamento.

A viscosidade aparente diminuiu com o aumento da temperatura e da taxa de cisalhamento,

para as polpas integrais e centrifugadas. Porém, após centrifugação o comportamento

reológico das polpas apresentou caráter newtoniano.

Nindo et al. (2005) observaram o comportamento reológico de sucos comerciais

de framboesa e mirtilo (65 ºBrix), obtendo comportamento predominantemente newtoniano.

Antonio et al. (2009) constataram comportamento pseudoplástico na polpa de

mirtilo, apresentando R2 satisfatório para os modelos da Lei da Potência, Herschel-Bulkley e

Mizhari Berk. Ainda, a viscosidade diminuiu com a elevação da temperatura.

Kechinski et al. (2011) constataram comportamento pseudoplástico e tixotrópico

em purês de mirtilo contendo goma xantana e frutose.

O modelo de Herschel-Bulkley também se demonstrou eficiente na desrição do

comportamento de maionese (IZIDORO et al., 2008), iogurtes comerciais (MATHIAS et al.,

2013), géis de amido de banana verde (Musa cavendishii) e de milho (Zea mays) (IZIDORO

et al., 2007), e bebidas mistas de cajá e manga acrescidas de prebióticos (SILVA, et al. 2012).

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 PROCESSAMENTO DAS FRUTAS

Para o desenvolvimento dos produtos propostos neste projeto, foram escolhidos a

pitanga, a amora e o mirtilo, através do uso de suas polpas, contribuindo para a diversificação

de produtos processados ofertados.

Os frutos nativos, da Floresta com Araucária, de pitanga (Eugenia uniflora L.) e

exóticos de amora (Morus nigra) tiveram aquisição feita de forma extrativista no município

de Vitorino e os frutos de mirtilo (Vaccinium spp.) foram adquiridos de cultivo comercial no

município de Palmas, região sudoeste do estado do Paraná.

Os frutos foram recebidos e classificados quanto a seus atributos de qualidade

(cor, uniformidade, grau de maturação, isenção de doenças, etc.), sendo então lavados em

água potável, higienizados (solução com 250 ppm de cloro, por 15 minutos), enxaguados

(lavagem com imersão em água para retirada do excesso de cloro), drenados e despolpados

utilizando liquidificador comercial da marca Black&Decker® modelo LE700-BR (para amora

e mirtilo) e processador de alimentos da marca Fun Kitchen modelo HR-800 (para pitanga).

Posteriormente, foram acondicionados em sacos plásticos transparentes de

polietileno de baixa densidade e congelados em freezer doméstico (aproximadamente -18 ºC),

até o momento de seu uso na caracterização e/ou formulação das bebidas.

3.2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS

A caracterização físico-química das polpas in natura e das bebidas formuladas

ocorreu em parceria com o Laboratório de Qualidade Agroindustrial (LAQUA) da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Câmpus Pato Branco, através das

determinações de umidade, pH, acidez titulável total, lipídios, glicídios totais em glicose,

sólidos totais, sólidos solúveis totais, sólidos insolúveis totais e cinzas, baseando-se nos

seguintes métodos do Instituto Adolfo Lutz (ZENEBON; PASCUET; TIGLEA, 2008):

012/IV, 017/IV, 311/IV, 032/IV, 040/IV, 313/IV, 315/IV, 314/IV, 018/IV, respectivamente.

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O teor de proteína bruta foi baseado em metodologia descrita por Galvani;

Gaertner (2006), pelo método 037/IV de Zenebon; Pascuet; Tiglea (2008) e pelo

procedimento descrito por Tedesco et al. (1995).

Ainda, os carboidratos totais foram determinados por diferença, e a relação entre

sólidos solúveis totais e acidez titutlável total, por divisão.

Todas as análises foram realizadas em duplicata.

3.2.1 Umidade

A determinação da umidade ocorreu através de secagem direta em estufa, onde

cerca de 5 g de amostra foi pesada em cápsula de porcelana previamente tarada,

permanecendo em aquecimento a 105 ºC até peso constante, conforme metodologia 012/IV

descrita por Zenebon; Pascuet; Tiglea (2008), aplicando-se a Equação 10:

P

N x 001 U u Equação 10

U = umidade (% m/m)

Nu = número de gramas de umidade (perda de massa em g)

P = número de gramas da amostra

3.2.2 pH

O pH foi determinado diretamente na amostra através de medidor de pH da marca

Del Lab, modelo DLA-PH série nº 02100214, seguindo orientações da metodologia 017/IV de

Zenebon; Pascuet; Tiglea (2008).

3.2.3 Acidez titulável total

A acidez titulável total foi determinada por volumetria potenciométrica, seguindo

orientações do procedimento 311/IV de Zenebon; Pascuet; Tiglea (2008). Após calibração do

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medidor de pH (marca Del Lab, modelo DLA-PH série nº 02100214), cerca de 5 g de amostra

foram diluídas em 50 mL de água. A mistura obtida foi titulada com solução de hidróxido de

sódio 0,1 mol L-1

até pH entre 8,2-8,4, empregando-se a Equação 11 na determinação da

porcentagem de acidez titulável total.

n x P x 10

PM x NaOH

M x f x V ATT Equação 11

ATT = acidez titulável total (% v/m)

V = número de mL da solução de NaOH 0,1 mol L-1

gasto na titulação

f = fator de correção da solução de NaOH 0,1 mol L-1

MNaOH = molaridade da solução de NaOH

PM = peso molecular do ácido correspondente em gramas (ver Tabela 6)

nh = número de hidrogênios ionizáveis (ver Tabela 6)

P = número de gramas da amostra

Tabela 6 – Peso molecular e número de hidrogênios ionizáveis de ácidos orgânicos

Ácido orgânico PM (g) nh

Ácido cítrico 192 3

Ácido tartárico 150 2

Ácido málico 134 2

Ácido lático 90 1

Ácido acético 60 1

Notas: PM = peso molecular do ácido correspondente em gramas; nh = número de hidrogênios ionizáveis Fonte: Zenebon; Pascuet; Tiglea (2008).

3.2.4 Proteínas

A análise teor de proteínas baseou-se no método de Kjeldahl modificado (037/IV)

descrito por Zenebon; Pascuet; Tiglea (2008), na metodologia relatadas por Galvani; Gaertner

(2006) e em Tedesco et al. (1995).

Aproximadamente 0,2 g de amostra foi transferida para balão de Kjeldahl e

adicionado 2 mL de H2SO4, 1 mL de H2O2 e 0,7 g de mistura catalítica (Na2SO4 anidro +

CuSO4.5H2O + Se em pó, na proporção 100:10:1). A solução foi aquecida em capela (160-

180 oC) até evaporação da água, utilizando bloco digestor. Em seguida, a temperatura foi

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elevada para 350-375 oC até que a mesma apresentação tonalidade azul-esverdeada e sem

pontos pretos (material não digerido).

O frasco digestor contendo o material digerido foi acoplado ao Destilador de

Nitrogênio TE-0363 da Tecnal e recebeu 10 mL de solução NaOH 40%.

A destilação ocorreu com velocidade de 6 a 10 mL por minuto sendo que

aproximadamente 50 mL do material destilado foram recolhidos em frasco Erlenmeyer

contendo 10 mL de ácido bórico 0,2% e três gotas do indicador misto (solução contendo

200 mg de indicador vermelho de metila dissolvido em 100 mL de etanol 95% e 100 mg de

azul de metileno em 50 mL de etanol 95%). Após obtenção do destilado, o mesmo foi titulado

com ácido sulfúrico 0,1 M até surgimento da coloração rosa.

Juntamente com as amostras, foi realizado o teste em branco, que contem os

mesmos reagentes, e passou pelos mesmos procedimentos da amostra, objetivando a

eliminação de contaminação e interferência dos reagentes utilizados.

A determinação de proteína total foi realizada através da Equação 12.

P

F x 100 x 0,014 x 0,1 x F x )V - (V TP casba Equação 12

TP = teor de proteína bruta (% m/m)

Va = volume da solução H2SO4 0,1 mol L-1

gasto na titulação da amostra (em mL)

Vb = volume da solução H2SO4 0,1 mol L-1

gasto na titulação do branco

Fas = fator de correção do H2SO4 0,1 mol L-1

Fc = fator de conversão de nitrogênio em proteína (neste caso 6,25)

P = número de gramas da amostra

3.2.5 Lipídios

O teor de lipídios, determinada pela Equação 13 ocorreu por extração direta em

Soxhlet, seguindo orientações de Zenebon; Pascuet; Tiglea (2008), através do método 032/IV.

Aproximadamente 5 g de amostra foram colocadas em cartucho Soxhlet e este transferido ao

extrator que foi acoplado a um balão de fundo chato previamente tarado a 105 ºC. A extração

foi realizada com éter de petróleo por cerca de oito horas. O balão contendo o resíduo foi

transferido para estufa a 105 ºC até peso constante.

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P

N x 100 TLI li Equação 13

TLI = teor de lipídios (% m/m)

Nli = número de gramas de lipídios

P = número de gramas da amostra

3.2.6 Glicídios totais em glicose

Para a determinação de glicídios totais em glicose, baseada no método 040/IV de

Zenebon; Pascuet; Tiglea (2008), foram pesadas 2 g de amostra e transferidas para frasco

Erlenmeyer juntamente com 5 mL de HCl. A solução foi aquecida em chapa de aquecimento

com refrigerador de refluxo acoplado ao frasco, permanecendo em ebulição por três horas.

Após resfriamento, a solução recebeu NaOH 40% até pH neutro e foi transferida

para balão volumétrico de 250 mL, cujo volume foi completado com água destilada. Em

seguida, a solução foi filtrada, sendo o filtrado disposto em bureta de 25 mL.

Em um balão de fundo chato foram adicionadas 10 mL de cada solução de

Fehling (Fehling A e Fehling B), além de 40 mL de água. Esta mistura foi aquecida até

ebulição, recebendo, posteriormente, o conteúdo da bureta, até que a mistura de cor azul

ficasse incolor, com formação de resíduo vermelho de Cu2O no fundo do balão. O teor de

glicídios totais em glicose foi determinado pela Equação 14.

V x P

a x V x 100 TG

p Equação 14

TG = teor de glicídios totais em glicose (% m/m)

Vp = volume da solução de P gramas da amostra

a = massa de glicose correspondente a 10 mL das soluções de Fehling

P = massa da amostra

V = volume da solução da amostra gasto na titulação

Para a solução de Fehlling A foram dissolvidos 34,639 g de CuSO4.5H2O em água

destilada (qsp 1.000 mL), em balão volumétrico. Para a solução de Fehlling B, 173 g de

tartarato de sódio e potássio (NaKC4H4O6.4H2O) foram dissolvidos em 250 mL de água,

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recebendo, posteriormente 250 mL de solução NaOH 20%, sendo o volume completado para

1.000 mL com água destilada

Em seguida, 10 mL de cada solução de Fehling foram transferidos para um

Erlenmeyer, que recebeu também 40 mL de água. A mistura foi aquecida até ebulição, sendo

titulada com solução-padrão de glicose 1% m/v, mantendo-se a fervura.

A titulação encerrou-se quando a mistura se tornou incolor e no fundo do

Erlenmeyer apareceu precipitado avermelhado. O fator das soluções (gramas de glicose

correspondente a 10 mL de cada uma das soluções de Fehling) foi determinado pelo produto

de 0,01 com o volume da solução de glicose gasto.

3.2.7 Sólidos totais

A determinação de sólidos totais foi baseada na metodologia 313/IV e 202/IV

descritas por Zenebon; Pascuet; Tiglea (2008), sendo que 5 g de amostra foram pesadas em

balança analítica e transferidas para cápsula de porcelana previamente tarada, permanecendo

em estufa a 105 ºC por aproximadamente três horas, até peso constante.

Tendo em vista que este procedimento assemelha-se ao adotado para a pesquisa

de umidade, pode-se utilizar a Equação 15 para obter a porcentagem de sólidos totais.

U100 ST Equação 15

ST = sólidos totais (% m/m)

U = umidade (% m/m)

3.2.8 Sólidos solúveis totais (Brix)

A determinação de sólidos solúveis totais ocorreu por refratometria, baseando-se

no procedimento 315/IV determinado por Zenebon; Pascuet; Tiglea (2008).

Uma pequena porção da amostra foi colocada em refratômetro de bancada,

permitindo a leitura na escala do equipamento, fornecendo o teor de sólidos solúveis totais

(SS), expresso em graus Brix (ºBrix). Ainda, este valor foi corrigido para a temperatura de 20

ºC, conforme escala apresentada pelo autor.

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3.2.9 Sólidos insolúveis totais

Conforme procedimento descrito por Zenebon; Pascuet; Tiglea (2008), método

314/IV, para a concentração de sólidos de insolúveis totais foi diluído em água quente

(200 mL) cerca de 25 g de amostra, que permaneceu em fervura por 15 minutos. Após, a

solução foi filtrada sob vácuo e lavada com 800 mL de água quente. O papel filtro foi secado

em estufa a 105 ºC por uma hora e pesado.

A quantidade de sólidos insolúveis foi calculada através da Equação 16.

P

N x 100 SI Equação 16

SI = teor de sólidos insolúveis (% m/m)

N = número de gramas do resíduo

P = número de gramas da amostra

3.2.10 Cinzas

O resíduo por incineração (cinzas) seguiu o procedimento 018/IV de Zenebon;

Pascuet; Tiglea (2008), onde aproximadamente 5 g de amostra foram acondicionadas em

cápsula de porcelana previamente tarada, permanecendo em mufla da GP Científica, a 550 ºC

até a eliminação completa do carvão. O teor de cinzas foi determinado pela Equação 17.

P

N x 100 TC c Equação 17

TC = teor de cinzas (% m/m)

Nc = número de gramas de cinzas

P = número de gramas da amostra

3.2.11 Carboidratos totais

O teor de carboidratos totais (%) foi determinado por diferença, através da

Equação 18, também aplicada por Moraes et al. (2007) e Bagetti et al. (2011).

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ascinz e lipídios proteína, umidade, % - 100 TCT Equação 18

TCT = teor de carboidratos totais (% m/m)

3.2.12 Relação SS/ATT

A relação SS/ATT foi obtida pela divisão direta do teor de sólidos solúveis totais

(SS) pela acidez titutlável total (ATT).

3.3 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

As polpas in natura e as bebidas formuladas foram submetidas às análises

microbiológicas exigidas pela legislação vigente (BRASIL, 2001).

Nas polpas in natura foi realizada pesquisa de coliformes termotolerantes a 45 ºC,

bolores e leveduras, e teste de presença/ausência para Salmonella sp.

Nas bebidas foram determinados os teores de coliformes termotolerantes a 45 ºC,

bolores e leveduras, Bacillus cereus e teste de presença/ausência para Salmonella sp.

As análises de Bacillus cereus foram realizadas através da metodologia

International Standard ISO 7932/2005, no “A3Q Laboratórios Ltda”, localizado em

Cascavel/PR, conforme Relatórios de Ensaios Microbiológicos nos

8.917.984-0, 8.917.985-0 e

8.917.986-0, dispostos no Anexo A.

As demais análises microbiológicas, tanto nas polpas quanto nas bebidas

ocorreram em parceria com o “Laboratório de Qualidade Agroindustrial” (LAQUA) da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Pato Branco, seguindo metodologias

apresentadas na Instrução Normativa nº 62/2003 do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (BRASIL, 2003).

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3.4 PROSPECÇÃO DE FITOQUÍMICOS

3.4.1 Obtenção dos extratos

As polpas in natura foram liofilizadas (Liofilizador Liotop L101) para remoção

de água que poderia interferir nos procedimentos de extração. Em seguida, passaram pelo

processo de pesagem, separadamente, sendo então submetidas à extração exaustiva, a frio,

com solventes em ordem crescente de polaridade (éter de petróleo, éter etílico e etanol 70%),

sob agitação em agitador magnético (LS Scientific), durante 72 h cada solvente, obtendo-se o

extrato bruto. O resíduo remanescente foi desprezado.

Os extratos brutos hidroalcoólicos ou hidrofílicos (solvente etanol 70%) foram

concentrados em evaporador rotativo (Fisatom® 802) com pressão reduzida, a temperatura de

30 ºC. O restante do solvente, não removido nesta etapa, foi volatizado em capela e/ou estufa

com temperatura controlada a 30 ºC, assim como os extratos lipofílicos (solventes éter de

petróleo e éter etílico).

3.4.2 Análise por infravermelho

Cada extrato obtido no item 3.4.1, foi liofilizado para remoção de umidade

residual, e submetido a análise por infravermelho, utilizando célula líquida de KBr, através do

Espectrofotômetro FT-IR Frontier da PerkinElmer. Cada espectro foi obtido na faixa de 400 a

4.000 cm-1

, com resolução de 4 cm-1

e acumulações de 64 varreduras, utilizando o software

Spectrum versão 10.03.07.0112 da Perkin Elmer.

3.4.3 Testes fitoquímicos

Cada extrato obtido na extração do item 3.4.1, foi submetido a testes fitoquímicos

baseados na metodologia apresentada por Matos (1997), para detecção de fenóis e taninos

(reação com cloreto férrico); antocianinas, antocianidinas, flavonoides, leucoantocianidinas,

catequinas e flavanonas (variação de pH utilizando ácido clorídrico e hidróxido de sódio);

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flavonóis, flavanonas, flavanonóis e xantonas (reação com magnésio metálico e ácido

clorídrico concentrado).

Os resultados obtidos em cada teste (tubo de ensaio) foram avaliados

qualitativamente através de reações coradas e formação de precipitado.

Na Figura 12 é apresentado o fluxograma com todas as etapas realizadas para os

testes fitoquímicos.

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Amostra

Extração sob agitação

Concentração / diluição com

solvente

Filtração a quente (banho

maria) se formar precipitado

7 alíquotas de 3-4 mL em

tubos de ensaio numerados

Fenóis e Taninos

Tubo 1 + 3 gotas de solução

alcoólica de FeCl3

Agitar e verificar variação de

cor ou formação de ppt

abundante escuro

(em relação ao Tubo A-branco)

Coloração variável entre o azul e o vermelho é indicativo da presença de

fenóis, quando o teste “branco” for negativo.

Precipitado escuro de tonalidade azul indica a presença de taninos

pirogálicos (taninos hidrolizáveis) e verde, a presença de taninos

flobabênicos (taninos condensados ou catéquicos)

Tubo A (Branco): água + 3

gotas de solução alcoólica

FeCl3

Antocianinas, antocianidinas

e flavonóides

Tubo 2 Tubo 3 Tubo 4

HCl até pH 3 NaOH até pH 8,5 NaOH até pH 11

Constituintes Cor em meio

Ácido (3) Alcalino (8,5) Alcalino (11)

Antocianinas e antocianidinas Vermelha Lilás Azul-púrpura

Flavononas, flavonóis e xantonas - - Amarela

Chalconas e auronas Vermelha - Vermelho púrpura

Flavanonóis - - Vermelho laranja

OBS.: A presença de um constituinte pode mascarar a cor indicativa da presença de outro.

Leucoantocianidinas,

catequinas, flavanonas

Tubo 5 Tubo 6

HCl até pH 1 - 3 NaOH até pH 11

Aquecer 2-3 min

Constituintes Cor em meio

Ácido Alcalino

Leucoantocianidinas Vemelha -

Catequinas (taninos catéquicos) Pardo-amarelada -

Flavanonas - Vermelho laranja

OBS.: No caso da presença de ambos, um constituinte pode mascarar a cor

indicativa de outro.

Flavonóis, flavononas,

flavononóis e xantonas

Tubo 7

Adicionar pequena quantidade

de Mg granulado ou fita

0,5 mL HCl conc.

Comparar cor com

Tubos 5 e 7

Positivo se aparecer cor

vermelha ou intensificar a cor

se comparado ao Tubo 5

Figura 12 – Fluxograma das etapas para realização de ensaios de testes fitoquímicos

Fonte: Baseado em Matos (1997).

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3.4.5 Capacidade antioxidante

As polpas in natura foram submetidas à determinação da capacidade antioxidante

perante o sequestro do radical DPPH, baseando-se em metodologias de determinação de

atividade antioxidante propostas por Brand-Williams; Cuvelier; Berset (1995), Ubeda et al.

(2011) e Rufino et al. (2007).

3.4.5.1 Curva padrão de trolox

Para a determinação da curva padrão de trolox foi preparada uma solução de

1,0 mmol L-1

(25 mg trolox em 100 mL água destilada), a qual originou seis diferentes

diluições (0,02, 0,06, 0,10, 0,14 e 0,22 mmol L-1

trolox).

Em seguida, foram misturados, em um tubo de ensaio, 0,1 mL de cada solução

diluída com 3,9 mL da solução de DPPH (0,025 g L-1

) previamente preparada utilizando

metanol PA como solvente. Após a mistura, a solução foi homogeneizada em agitador de

tubos e a leitura da absorbância foi determinada a 515 nm, em espectrofotômetro Biospectro®

modelo SP-22, utilizando cubeta de quartzo.

As absorbâncias lidas foram representadas graficamente em função da

concentração de Trolox, sendo que a equação de regressão e respectivo coeficiente foram

determinados através do software Statistica® 8.0.

3.4.5.2 Preparação e leitura das amostras

Duas porções de 5 g de cada polpa foram pesadas em balança analítica, sendo que

uma delas foi diluída em 20 mL de etanol PA e a outra em 20 mL de acetona PA. Após

homogeneização manual, durante 5 minutos, as soluções foram centrifugadas a 3.500 rpm

durante 15 minutos, utilizando centrífuga Hermle®

modelo Z 200 A.

O resíduo obtido na centrifugação foi descartado e o sobrenadante utilizado na

determinação da capacidade antioxidante, onde 0,1 mL foi adicionado, em tubo de ensaio, a

3,9 mL de solução metanólica de DPPH (0,025 g L-1

), homogeneizada em agitador de tubos.

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As leituras das absorbâncias foram realizadas a 515 nm, com cubeta de quartzo,

em espectrofotômetro biospectro® modelo SP-22, foram obtidas no tempo zero (t0), ou seja,

logo após a homogeneização da solução, e após 60 minutos (t60), sendo que as mesmas foram

mantidas na ausência de luminosidade durante este tempo. O equipamento foi aferido

(“zerado”) utilizando metanol PA. Os ensaios foram realizados em duplicata.

A variação da absorbância (VAbs) foi obtida pela diferença das absorbâncias em t60

e t0 (Equação 19):

060 ttAbs Abs - Abs V Equação 19

VAbs = variação da absorbância

60tAbs = absorbância no tempo 60 minutos

0tAbs = absorbância no tempo 0 minuto

Sabendo que foram adicionados 5 g de amostra em 20 mL de solvente, tem-se, em

0,1 mL de solvente utilizado nas análises, 0,025 g de amostra, que estavam presentes em

4 mL de solução (0,1 mL do extrato + 3,9 mL da solução de DPPH). Porém, como a curva

padrão fornece a concentração de trolox em 1.000 mL, há a necessidade de conhecimento da

massa de amostra neste volume, ou seja, 6,25 g.

A partir deste dado, utilizando a VAbs e a equação de regressão obtida pelo

procedimento descrito no item 3.4.5.1, determinou-se a capacidade antioxidante em

mmol TE g-1

de amostra (Equação 20), prosseguindo com o cálculo do valor médio das

duplicatas e respectivos desvios padrões.

6,25

x CA CA Equação 20

CA = capacidade antioxidante em mmol TE g-1

xCA = valor de “x” da equação de regressão obtida pelo item 3.4.5.1

3.4.6 Fenólicos totais

A determinação de fenólicos totais das polpas liofilizadas ocorreu através do

método de Folin-Ciocalteu baseando-se em procedimentos descritos por Ubeda et al. (2011),

Vieira et al. (2011) e Wrolstad et al. (2005).

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3.4.6.1 Curva padrão ácido gálico

Para a determinação da curva padrão de ácido gálico foi preparada uma solução de

500 ppm (0,25 g ácido gálico em 500 mL água destilada), a qual originou cinco diferentes

diluições (10, 25, 50, 75 e 100 µg ácido gálico mL-1

).

Em seguida, foram misturados, em um tubo de ensaio, 0,2 mL de cada solução

diluída com 1,8 mL de água destilada, 10 mL da solução de Folin-Ciocalteu (1:10, em água

destilada) e 8 mL de solução de carbonato de sódio 7,5%.

Após a mistura, a solução foi homogeneizada em agitador de tubos e a leitura da

absorbância foi determinada a 765 nm, em espectrofotômetro biospectro® modelo SP-22,

utilizando cubeta de quartzo.

As absorbâncias lidas foram representadas graficamente em função da

concentração de ácido gálico, sendo que a equação de regressão e respectivo coeficiente

foram determinados através do software Statistica®

8.0.

3.4.6.2 Preparação e leitura das amostras

Duas porções de 5 g de cada polpa foram pesadas em balança analítica, sendo que

uma delas foi diluída em 20 mL de etanol PA e a outra em 20 mL de acetona PA. Após

homogeneização manual, durante 5 minutos, as soluções foram centrifugadas a 3.500 rpm

durante 15 minutos, utilizando centrífuga Hermle®

modelo Z 200 A.

O resíduo obtido na centrifugação foi descartado e o sobrenadante utilizado na

determinação do teor de fenólicos totais, onde 0,2 mL foi adicionado, em tubo de ensaio, a

1,8 mL de água destilada, 10 mL da solução de Folin-Ciocalteu (1:10 em água destilada) e

8 mL de solução de carbonato de sódio 7,5%. A mistura permaneceu em repouso ao abrigo da

luz por aproximadamente 120 minutos.

As leituras das absorbâncias a 765 nm foram realizadas com cubeta de quartzo,

em espectrofotômetro biospectro® modelo SP-22. O equipamento foi aferido (“zerado”)

utilizando água destilada. Os ensaios foram realizados em duplicata.

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Tendo em vista que foram adicionados 5 g de amostra em 20 mL de solvente,

tem-se, em 0,2 mL de solvente utilizado nas análises, 0,05 g de amostra, que estavam

presentes em 20 mL de solução.

Porém, como a curva padrão de ácido gálico fornece a concentração de trolox em

1,0 mL, há a necessidade de conhecer a massa de amostra neste volume, ou seja, 0,0025 g.

O teor de fenólicos totais foi calculado utilizando a equação de regressão obtida

pelo procedimento descrito no item 3.4.6.1 com os valores de absorbâncias lidos (Equação

21), prosseguindo com o cálculo do valor médio das duplicatas e respectivos desvios padrões.

0,0025

x FT FT Equação 21

FT = teor de fenólicos totais em g EAG g-1

xFT = valor de “x” da equação de regressão obtida pelo item 3.4.6.1

3.4.7 Testes de atividades antimicrobianas

As polpas liofilizadas foram submetidas a testes de atividades antimicrobianas

para algumas espécies de fungos e bactérias.

Inicialmente foi realizada triagem com o intuito de verificar quais polpas

apresentavam potencial inibidor dos micro-organismos estudados, através da técnica de disco

de difusão. Em seguida, as polpas que apresentaram alguma propriedade inibidora, foram

testadas para definição da concentração inibitória mínima (CIM), que é a menor concentração

de extrato capaz de inibir a reprodução de determinado micro-organismo.

3.4.7.1 Disco de difusão

O teste inicial utilizando o método de disco de difusão foi baseado em Mahesh;

Satish (2008), com modificações. As bactérias e as leveduras foram repicadas 24 horas antes

do experimento para que estivessem bem ativas.

Para o experimento com as bactérias, foi utilizado placas de Petri grandes com

Ágar Mueller Hinton, e para Candidas, placas grandes de Ágar Sabouraud.

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As placas contendo ágar foram retiradas da geladeira e transferidas para estufa a

35-37 ºC, durante aproximadamente 30 minutos, antes do experimento. Ainda, todos os

materiais utilizados foram autoclavados.

Neste experimento foram utilizados cepas ATCC (American Type Culture

Collection) de Escherichia coli ATCC 25922, Staphylococcus aureus ATCC 25923,

Pseudomonas aeruginosa ATCC 15442, Bacillus subtilis ATCC 6623, Candida albicans

ATCC 10231, Candida parapsilosis ATCC 22019, Candida tropicalis ATCC 28707, bem

como Salmonella typhimurium NEWP 0028, mantidas em ágar MacConkey, Müller Hinton e

Saboraud respectivamente a temperatura de 4 °C no laboratório de Microbiologia do Instituto

Federal do Paraná, Câmpus Palmas.

Inicialmente, foi preparada, em eppendorf, solução contendo 10.000 µg (0,010 g)

de extrato liofilizado, 100 µL de dimetilsulfóxido (DMSO) e, após homogeneização, 900 µL

de solução salina estéril.

Em outro eppendorf foram colocados 1.000 µg (0,001 g) de antifúngico ou

antibiótico, 10 µL de (DMSO) e 990 µL de solução salina.

Em seguida, 100 µL de cada solução preparada foi transferido para um segundo

eppendorf que também recebeu 900 µL de solução salina estéril, sendo utilizada esta diluição

nas análises de atividade antimicrobiana em discos de difusão.

Para as análises dos extratos liofilizados, foram preparadas três diluições. A partir

da solução anterior (1.000 µg mL-1

), foram realizadas duas diluições, obtendo as soluções

com concentrações 500 µg mL-1

e 100 µg mL-1

, denominadas de SP1 (solução padrão 1), SP2

(solução padrão 2) e SP3 (solução padrão 3), respectivamente.

No preparo da SP2 foram transferidos para outro eppendorf 500 µL da SP1 e

500 µL de solução salina. Para a SP3 (100 µg mL-1

) foram misturados 200 µL da SP2 em

800 µL de solução salina.

Paralelamente, com o auxílio de alça de repique, uma pequena quantidade do

micro-organismo estudado (listado anteriormente) foi transferida para um tubo de ensaio

contendo solução salina estéril. Após homogeneização verificou-se a turbidez da solução, que

deveria estar semelhante a escala 0,5 de Mac Farland. O tubo foi então identificado e

reservado até o momento da inoculação.

Na próxima etapa, utilizou-se swab para transferir o micro-organismo do tubo de

ensaio para uma placa de Petri contendo meio de cultura apropriado para o organismo em

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estudo (verificar descrição nos parágrafos anteriores). A placa foi identificada com o tipo de

micro-organismo inoculado, data da semeadura e o material (polpa) testado. Na base externa

da placa foram identificados, homogeneamente, os locais de disposição dos discos.

Com uma pinça flambada colocaram-se alguns discos de papel filtro (um para

cada solução testada) em uma tampa ou base da placa de Petri esterilizada e limpa. Em

seguida, adicionou-se 10 µL, em cada disco, das soluções a serem testadas, dispondo o disco

no número correspondente ao material testado.

Em seguida, a placa foi incubada em estufa a 35 ºC, e realizadas leituras com 24 e

48 horas, medindo-se os halos dos discos, em milímetros.

Como antifúngicos utilizou-se fluconazol e cetoconazol, e como antibióticos,

tetraciclina, norfloxacino e eritromicina.

O experimento foi realizado em triplicada, sendo que em cada réplica havia

duplicatas de cada diluição das polpas, totalizando seis respostas para cada diluição

empregada (1.000 µg mL-1

, 500 µg mL-1

e 100 µg mL-1

).

Portanto, as substâncias impregnadas em cada disco foram:

I) Teste com bactérias

Disco 1: tetraciclina (antimicrobiano)

Disco 2: norfloxacino (antimicrobiano)

Disco 3: eritromicina (antimicrobiano)

Disco 4: extrato - concentração 1000 µg mL-1

Disco 5: extrato - concentração 500 µg mL-1

Disco 6: extrato - concentração 100 µg mL-1

Disco 7: extrato - concentração 1000 µg mL-1

Disco 8: extrato - concentração 500 µg mL-1

Disco 9: extrato - concentração 100 µg mL-1

II) Teste com leveduras

Disco 1: fluconazol (antifúngico)

Disco 2: cetoconazol(antifúngico)

Disco 3: extrato - concentração 1000 µg mL-1

Disco 4: extrato - concentração 500 µg mL-1

Disco 5: extrato - concentração 100 µg mL-1

Disco 6: extrato - concentração 1000 µg mL-1

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Disco 7: extrato - concentração 500 µg mL-1

Disco 8: extrato - concentração 100 µg mL-1

3.4.7.2 Concentração inibitória mínima (CIM)

Os ensaios que apresentaram inibição no disco de difusão foram submetidos a

testes para determinação da concentração inibitória mínima (CIM), visando identificar qual a

concentração mínima de polpa capaz de inibir o crescimento de um determinado micro-

organismo. A CIM foi realizada baseando-se na metodologia aplicada por Ushimaru et al.

(2007), com algumas modificações.

Primeiramente foram esterilizadas placas de 96 poços, embaladas em papel

cirúrgico, utilizando forno micro-ondas em potência de 80 W, sendo aplicados quatro ciclos

de dois minutos cada.

Ponteiras para micropipetas (azul, amarela, branca), frasco de vidro com tubos

eppendorf, tubos com solução salina e placas de Petri pequenas foram autoclavadas.

Foram preparados, em um Erlenmeyer, 50 mL de caldo Sabouraud, e placas de

Petri contento ágar Sabouraud, que foram reservadas em geladeira para posterior utilização.

Em um eppendorf esterilizado, foi transferido 10.000 µg (0,010 g) de polpa

liofilizada. Em outro eppendorf esterilizado, adicionou-se 1.000 µg (0,001 g) de material

antifúngico ou antibacteriano.

Ao eppendorf contendo 0,010 g de polpa, foram acrescentados 100 µL de DMSO

e, após homogeneização, 900 µL de solução salina estéril, formando a solução estoque 1

(SE1). No eppendorf com 0,001 g de material antimicrobiano, foram adicionados 10 µL de

DMSO e, após homogeneização, 990 µL de solução salina estéril, formando a solução

estoque 2 (SE2).

Uma alíquota do micro-organismo a ser testado foi semeada em eppendorf

contendo solução salina, verificando a turbidez que deve respeitar a escala Mac Farland 0,5.

Para cada polpa foram realizadas sete diluições, com as seguintes concentrações:

2.500 µg mL-1

; 1.250 µg mL-1

; 625 µg mL-1

; 312,5 µg mL-1

; 156,25 µg mL-1

; 78,125 µg mL-1

e 34,05 µg mL-1

. As diluições foram realizadas com 500 µL de caldo Sabouraud.

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Em relação a SE2, foi preparada somente uma diluição (250 µg mL-1

): 500 µL da

SE2 foram transferidos para um segundo tubo eppendorf contendo 500 µL de caldo

Sabouraud.

Cada poço das placas recebeu 100 µL de caldo Sabouraud, 100 µL da diluição da

polpa em estudo, e 5 µL da suspensão com o micro-organismo a ser testado.

Nos poços controle (total de 3 poços para cada antimicrobiano) foram colocados

100 µL de caldo Sabouraud, 100 µL de suspensão bacteriana ou fúngica e 100 µL de

suspensão antimicrobiana diluída.

Em 3 poços controle foram adicionados 100 µL de caldo Sabouraud contendo a

solução com micro-organismo testado.

Em 3 poços foram colocados somente caldo Sabouraud.

A placa foi então acondicionada em recipiente fechado, contendo um pedaço de

algodão úmido, e incubada a 35 °C.

As leituras dos resultados foram realizadas em 24 e 48 h.

Foram semeadas, em placa contendo ágar Sabouraud, 10 µL das soluções dos

poços que apresentaram resultado positivo (inibição) em relação às diluições da SE1.

As placas foram incubadas por 24 h. Após este período, verificou-se se a polpa em

determinada diluição era biostática (inibe proliferação do micro-organismo) ou biocida

(elimina o micro-organismo).

3.5 DESENVOLVIMENTO DE BEBIDAS

Diante do objetivo de desenvolvimento de bebidas de frutas tendo como base

extrato hidrossolúvel de soja, e visando as análises sensorial e reológica destas bebidas, foram

preparadas três formulações, uma para cada fruta, contendo polpa de fruta, água, extrato de

soja em pó (Jasmine®, lote 121106), açúcar cristal, pectina (Genu

® tipo YM 115-H fabricada

pela CP Kelko, lote LI 23057) e ácido cítrico (se necessário).

Tendo em vista a pequena quantidade de pesquisas envolvendo extrato de soja em

pó (normalmente aplica-se extrato hidrossolúvel de soja preparado pelo pesquisador) e,

sabendo que este produto está disponível no comércio varejista e atacadista, optou-se pelo

emprego desta matéria-prima na forma de pó solúvel.

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Ainda, segundo Fernandes et al. (2000), o emprego do extrato hidrossolúvel de

soja desidratado além de apresentar proteínas de boa qualidade e custo reduzido, contém

minerais e deterioração diminuída se comparado ao extrato aquoso.

Durante o desenvolvimento da formulação foi realizada uma série de

experimentos prévios, considerando o ponto de equilíbrio entre os seus componentes e

também os parâmetros grau de doçura, acidez, aroma e sabor. A bebida selecionada através

destes testes sensoriais com a equipe formada por professores, mestrando e bolsistas de

Iniciação Científica foi novamente formulada, optando-se pela que apresentou melhor

resultado (não separação de fases).

Inicialmente preparou-se o extrato hidrossolúvel de soja conforme recomendações

do fabricante e reservou-se o produto.

Uma quantidade deste extrato foi colocada em liquidificador doméstico, que

recebeu, na seguinte ordem, pectina, polpa de fruta e açúcar. A mistura permaneceu em

agitação durante aproximadamente 3 minutos para homogeneização da amostra.

Após, o volume desejado era ajustado com o extrato hidrossolúvel previamente

preparado e o pH verificado. Caso estivesse acima de 4,0 o produto deveria ser acidificado até

pH 2,8-3,5 (ver item 2.6) com ácido cítrico. Porém em nenhum momento foi necessário

adição de acidulante, pois, o valor do pH observado estava dentro da faixa aceitável (3,0-4,0).

Para melhorar o aspecto visual do produto, as polpas foram filtradas em tecido

100% poliéster (musseline), removendo sólidos visíveis que estariam presentes no produto

final, acarretando em maior homogeneidade das bebidas.

3.6 COMPORTAMENTO REOLÓGICO

O estudo do comportamento reológico das polpas (pitanga, amora e mirtilo) foi

realizado em viscosímetro Brookfield DV-III Ultra, pertencente à UTFPR, Câmpus

Medianeira, em regime estacionário nas temperaturas de 10, 20, 30, 40 e 50 ºC.

Os valores da tensão de cisalhamento em função da taxa de cisalhamento foram

obtidos utilizando-se um programa de taxa controlada, impondo uma rampa crescente no

intervalo de 1,70 a 83,30 s-1

para a polpa de pitanga, e de 1,90 a 82,99 s-1

para as polpas de

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amora e mirtilo, utilizando o spindle SC4-31. Estas faixas de taxa de cisalhamento utilizadas

foram fixadas mediante um estudo prévio da sensibilidade do equipamento.

O tempo de análise foi de 225 s por amostra, distribuídos em 15 diferentes taxas

de cisalhamento, cuja leitura de tensão ocorria a cada 3 s. O equipamento permanêcia 15 s em

cada taxa analisada, resultando em cinco respostas, das quais se extraiu a média.

Tendo em vista a grande quantidade de sólidos presentes nas polpas in natura, as

mesmas foram previamente peneiradas, em peneira doméstica.

O estudo do comportamento reológico das bebidas formuladas ocorreu em

parceira com o Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos – Núcleo de

Alimentos, da Universidade Federal de Pelotas, Câmpus Capão do Leão, localizado no

município de Pelotas/RS.

As análises foram realizadas em Reômetro RheoStress RS 150 (Haake), módulo

rotativo, utilizando sistema copos coaxiais cilíndricos, aparato DG 41. A taxa de cisalhamento

empregada foi de 0,01 a 300 s-1

, nas temperaturas de 10, 30 e 50 ºC. O tempo de análise foi de

100 s por amostra, com 50 pontos de aquisição.

As curvas de escoamento obtidas para as polpas e as bebidas foram ajustadas

pelos modelos de Herschel-Bulkley e Ostwald-de-Waele (Lei da Potência), com auxílio do

software Statistica® versão 8.0, analisando os parâmetros coeficiente de determinação (R²) e

teste do Qui-quadrado (²).

3.7 ANÁLISE SENSORIAL

Os produtos desenvolvidos (bebidas à base de soja com polpas de frutas) foram

submetidos à análise sensorial através de escala hedônica com nove pontos: 1 - Desgostei

extremamente, 2 - Desgostei moderadamente, 3 - Desgostei regularmente, 4 - Desgostei

ligeiramente, 5 - Não gostei nem desgostei, 6 - Gostei ligeiramente, 7 - Gostei regularmente,

8 - Gostei moderadamente, 9 - Gostei extremamente, perante os atributos sabor, doçura e

preferência geral.

Ainda, na mesma ficha da escala hedônica constava campo destinado à intenção

de compra do provador, com cinco pontos: certamente não compraria, provavelmente não

compraria, talvez compraria, provavelmente compraria e certamente compraria.

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A frequência de consumo de bebidas à base de soja também foi pesquisada na

análise sensorial, sendo que o provador deveria informar se o realizava frequentemente,

ocasionalmente ou não consumia este tipo de alimento.

O modelo da ficha utilizado para os testes de preferência e intenção de compra

encontra-se apresentado na Figura 13.

Figura 13 – Ficha de avaliação de preferência sensorial de bebidas a base de soja

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Posteriormente foi determinado o índice de aceitabilidade (IA) que relaciona a

nota média do atributo avaliado com a nota mais alta da escala (TEIXEIRA; MEINERT;

BARBETTA, 1987), utilizando a Equação 22.

100xescala da máxima nota

produto o para obtida média nota IA Equação 22

Cada provador recebeu três amostras codificadas aleatoriamente (bebidas à base

de soja sabor pitanga, amora e mirtilo) refrigeradas (aproximadamente 7 ºC), dispostas em

recipientes plásticos de cor branca de 50 mL de capacidade (contendo cerca de 30 mL de

amostra), devidamente identificados com números de três dígitos, juntamente com um copo

de água potável, ingerida durante a troca de amostras degustadas.

A codificação utilizada foi 185 para a bebida de pitanga (BPI), 346 para a bebida

de amora (BAM) e 724 para a bebida de mirtilo (BMI), conforme demonstrado na Figura 14.

Figura 14 – Codificação das amostras servidas na

análise sensorial

3.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA

O conjunto de dados correspondentes às variáveis dependentes (variáveis

respostas) foi submetido à análise de homogeneidade de variância pelo teste de Cochran C e

análise de normalidade de dados pelo teste de Shapiro-Wilk. As variáveis dependentes que

apresentaram homocedasticidade entre suas variâncias foram submetidas à análise de

variância (ANOVA) e ao teste de Tukey ao nível de 5% de significância.

Os resultados da caracterização físico-química das polpas e das bebidas

formuladas foram submetidos à análise de variância (ANOVA), ao teste de Tukey e análise de

regressão linear, ao nível de 5% de significância. Foram realizadas também neste conjunto de

dados, análises estatísticas multivariadas: análise de agrupamento, e análise de componentes

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principais (ACP). Para as análises de agrupamentos e de ACP, os dados foram previamente

normalizados através da função “Standardize” do software utilizado.

As médias e os desvios padrões dos diâmetros dos halos de inibição observados

durante os experimentos de atividade antimicrobiana, assim como dos resultados obtidos na

análise sensorial e na determinação da capacidade antioxidante e de fenólicos totais, foram

obtidos pelo algoritmo proveniente do software estatístico. Os resultados da capacidade

antioxidante, da concentração de fenólicos totais e da análise sensorial também foram

submetidos à análise variância e pela comparação de médias, pelo teste de Tukey, ao nível de

5 % de significância.

Os dados das análises reológicas foram submetidos à análise de regressão linear.

Todas as análises estatísticas foram realizadas pelo software Statistica® 8.0.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS POLPAS DE FRUTAS

4.1.1 Físico-química

Fatores climáticos, genéticos e as características do solo influenciam na

composição de frutos, tornando sua caracterização físico-química fundamental em função da

região de plantio e manejo.

Os frutos têm na sua perecibilidade um dos fatores que delimitam o seu consumo

in natura e que torna necessário o domínio tecnológico do processo produtivo em escala

industrial, além do conhecimento das alterações fisiológicas que ocorrem durante o período de

pós-colheita. Este período se inicia com os cuidados indispensáveis na colheita, passando pelo

manuseio do produto, transporte, beneficiamento, processamento (polpas, sucos, néctares,

doces, etc.), e armazenamento, não se desconhecendo, em cada uma dessas etapas, a inserção

da cadeia do frio (MATA; BRAGA; SILVA, 2003).

Diante disto, os resultados da caracterização físico-química das polpas de pitanga,

amora e mirtilo, estão mostrados na Tabela 7.

Tabela 7 – Características físico-químicas das polpas de pitanga, amora e mirtilo

Parâmetro Polpa de pitanga Polpa de amora Polpa de mirtilo

Umidade (%) 85,06a 0,05 90,21b 0,16 81,87c 0,07

pH 3,72a 0,16 3,79a 0,16 2,86b 0,07 Acidez titulável total

(mg L-1 equivalente ácido cítrico) 1,25a 0,01 1,41b 0,01* 1,04c 0,01

Proteínas (%) 1,62a 0,10 1,10b 0,09 0,51c 0,01

Lipídios (%) 0,33a 0,03 0,47b 0,01 0,40a,b 0,01

Glicídios totais em glicose (%) 12,35a 0,05 10,29b 0,05 10,40b 0,03

Sólidos totais (%) 14,94a 0,05 9,79b 0,16 18,13c 0,07

Sólidos solúveis totais (ºBrix) 12,05a 0,07 6,05b 0,07 14,05c 0,07

Sólidos insolúveis totais (%) 3,15a,b 0,07 2,80a 0,14 3,35b 0,07

Cinzas (%) 0,90a 0,02 0,95a 0,03 0,97a 0,01

Relação SS/ATT 9,64a 0,05 4,31b 0,03 13,58c 0,16

Carboidratos totais (%) 12,09a 0,15 7,28b 0,29 16,26c 0,05

Notas: média desvio padrão; SS: sólidos solúveis totais; ATT: acidez titulável total; * mg L-1 equivalente ácido málico; médias seguidas por letras iguais na linha não diferem entre si estatisticamente pelo Teste de Tukey com

intervalo de confiança de 95%.

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Devido a alta umidade dos frutos, a industrialização na forma de polpa congelada

garante sua conservação e comercialização. Através dos dados apresentados na Tabela 7

constata-se que o maior teor de umidade (90,21%) foi observado na polpa de amora, e o

menor (81,87%), na polpa de mirtilo, sendo que as polpas são estatisticamente diferentes entre

si perante este parâmetro.

O teor de umidade da polpa de pitanga (85,06%) está em acordo com Bagetti et al.

(2011) que encontraram 83,9%. Porém a amora apresentou valor acima do observado por

Imran et al. (2010) e Ercisli; Orhan (2007), que verificaram 82,40% e 72,60%,

respectivamente. A polpa de mirtilo apresentou umidade similar a Antonio et al. (2009),

Moraes et al. (2007) e Mercali et al. (2011), sendo 82,12%, 81,3 a 83,0% e 82,16%,

respectivamente.

O valor de pH das polpas de pitanga e amora são estatisticamente iguais, porém,

diferente da polpa de mirtilo, que possui caráter mais ácido com pH em torno de 2,86. Esta é

uma característica importante que desfavorece o desenvolvimento de micro-organismos

bacterianos. Os valores de pH ficaram próximos aos observados em outras pesquisas. Ercisli;

Orhan (2008) encontraram pH entre 3,43 e 3,66 para cinco genótipos de amora, enquanto que

Moraes et al. (2007) verificaram entre 2,56 a 2,67 em amostra de mirtilo e, Prado et al.

(2009), 3,39 para pitanga.

Os valores encontrados para acidez titulável total (ATT) e proteínas também são

estatisticamente diferentes entre as polpas. A ATT apresentou maior valor para a polpa de

amora (1,41 mg L-1

eq. ác. málico) e menor teor para a polpa de mirtilo (1,04 mg L-1

eq. ác.

cítrico). A polpa de pitanga demonstrou ATT próxima dos valores encontrados por

Karwowski (2012), Prado (2009) e Lopes; Mattietto; Menezes (2005), sendo 1,37 g 100 g-1

,

1,239 g 100 g-1

e 1,24 g 100 g-1

, respectivamente. A concentração de ATT da polpa de amora

está de acordo com Ercisli; Orhan (2007), que obtiveram 1,40%, enquanto que a do mirtilo é

superior ao observado por Antonio et al. (2009), 0,66 g 100 g-1

, e Pelegrine et al. (2012),

0,72 g 100 g-1

.

O teor de proteínas na polpa de pitanga é 3,18 vezes superior ao da polpa de

mirtilo, e 1,47 ao da polpa de amora. Antonio et al. (2009) obteve 0,52% de proteínas em

amostra de mirtilo. Valores próximos foram descritos por Rocha (2009) e Lameiro et al.

(2011), sendo 0,44% e 0,69%, respectivamente. Imran et al. (2010) determinou 0,96% de

proteínas na amora, enquanto Bagetti et al. (2011) verificaram 1,4% em pitanga vermelha.

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80

A maioria das frutas apresenta baixo teor calórico devido à pequena quantidade de

lipídios. A polpa de pitanga apresentou o menor teor de lipídios (0,33%), sendo

estatisticamente igual à polpa de mirtilo (0,40%). Contudo, este teor de lipídios na polpa de

mirtilo não difere da polpa de amora (0,47%) ao nível de 95% de confiança pelo teste de

Tukey. Resultados similares para as polpas de pitanga (0,4%) e amora (0,55%) foram

constatados por Bagetti et al. (2011) e Imran et al. (2010), respectivamente. Contudo, Moraes

et al. (2007) obteve variação de 0,25% a 0,28%, enquanto que Rocha (2009) verificou

somente 0,02% em mirtilo. Segundo o autor, este pequeno teor na polpa de mirtilo pode estar

relacionado com a variedade do fruto analisado, assim como o ambiente de cultivo da planta.

Os glicídios totais em glicose foram iguais (p 0,05) para a polpa de amora e

mirtilo, porém diferente da polpa de pitanga, que apresentou a maior concentração (12,35%).

Lopes; Mattietto; Menezes (2005) obteve 7,77% de glicídios em pitanga, enquanto que Imran

et al. (2010) encontrou 6,64% em amora. O resultado determinado neste estudo para a polpa

de mirtilo se aproxima do teor de açúcares totais (10,67%) observado por Antonio et al.

(2009), sendo superior a Rocha (2009), 6,44%, e Nindo et al. (2005), 7,9%, porém inferior a

Lameiro et al. (2011) e Moraes et al. (2007), 32,30% e 35,0 a 48,8%, respectivamente.

De acordo com o teste de Tukey, os teores de sólidos totais e sólidos solúveis

totais presentes nas amostras diferem entre si ao nível de 95%. A menor porcentagem de ST

foi observada na polpa de amora (9,79%), e o maior na polpa de mirtilo (18,13%), sendo que

este difere dos 12% relatado por Lameiro et al. (2011). Na polpa de pitanga, os 14,94% de ST

estão bem acima dos 6,93% encontrado por Oliveira; Figueirêdo; Queiroz (2006). Entretanto

essa porcentagem atende à Instrução Normativa nº 01/00 do Ministério da Agricultura e

Abastecimento que estabelece um valor mínimo de 7,00% (BRASIL, 2000).

A quantidade de sólidos solúveis totais foi crescente da polpa de amora

(6,05 ºBrix), passando pela polpa de pitanga (12,05 ºBrix), atingindo 14,05 ºBrix na polpa de

mirtilo, que se assemelha a Coutinho; Cantillano (2004), Antonio et al. (2009) e Mercali et al.

(2011), sendo 13-14, 14,46 e 13,0 o

Brix, respectivamente. Assim como o valor de sólidos

solúveis da polpa de pitanga se aproxima dos teores (11,5 e 11,47 o

Brix) determinados por

Bagetti et al. (2011) e Lopes; Mattietto; Menezes (2005), respectivamente. Entretanto Ercisli;

Orhan (2007) obtiveram 16,7 oBrix, bem acima do encontrado para a polpa de amora.

Em relação aos sólidos insolúveis totais, as polpas de pitanga e amora, e pitanga e

mirtilo não diferem entre si, estatisticamente, porém o teor destes sólidos entre as polpas de

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81

amora e mirtilo são diferentes com nível de confiança de 95%. Na polpa de pitanga obteve-se

3,15%, enquanto que na de amora e de mirtilo foram 2,80% e 3,35%, respectivamente. Estes

teores são considerados baixos, principalmente pelo fato de grande parte dos sólidos estar na

forma solúvel. Souza (2008) encontrou 3,36% e 3,82%, de sólidos insolúveis para amora

(Rubus eubatus) e mirtilo, respectivamente.

Estatisticamente, o teor de cinzas nas três polpas é igual, sendo de 0,90% na polpa

de pitanga, 0,95% na polpa de amora e 0,97% na polpa de mirtilo. Portanto, o mirtilo

apresenta maior teor de material inorgânico (como minerais). As polpas de mirt ilo e de amora

demonstraram teor de cinzas superior ao obtido por Antonio et al. (2009), Rocha (2009),

Lameiro et al. (2011), Moraes et al. (2007) e Imran et al. (2010), sendo 0,20%, 0,17%, 0,15%,

0,2% e 0,50%, respectivamente. Contudo, Bagetti et al. (2011) observou 1,1% de cinzas em

amostra de pitanga. Muitas vezes no processo de extração parte das cinzas não é transferida

para o suco, permanecendo grande quantidade no bagaço.

Segundo Abreu et al. (2009), a relação SS/ATT aumenta com o avanço do estádio

de maturação do fruto, indicando também, de forma qualitativa, conforme Kasat et al. (2007),

o gosto do produto.

Através dos resultados da relação SS/ATT apresentada na Tabela 7, percebe-se

que os frutos de mirtilo apresentaram maior valor para este parâmetro (13,58), indicando

estádio de maturação mais avançado em relação aos outros frutos. Saftner et al. (2008)

encontraram entre 8,9 e 35,6 em 12 cultivares de mirtilo, sendo que Kluge et al. (1995) obteve

36,63 no cultivar Climax. Contudo, Ribera et al. (2010) constatou entre 12,47 e 15,49 em três

cultivares de mirtilo colhidos no Chile.

A amora resultou no menor valor (4,31), estando abaixo do observado por Ercisli;

Orhan (2007), que foi de 12,0. Hassimotto et al. (2008) obteve entre 4,01 e 7,39 para cinco

cultivares de amora-preta (Rubus sp.), enquanto que Calín-Sánchez et al. (2013) observou

entre 46,6 e 278 em quatro cultivares de Morus nigra. Pimenta; Zambrano; Venturini Filho

(2012) encontraram em amostras maduras e verdes de Morus nigra 23,74 e 6,23,

respectivamente, obtidas por despolpadeira.

Dias et al. (2011) obtiveram valor médio de 5,85 em 50 pitangueiras provenientes

do município da Bahia. Este valor é inferior ao observado na Tabela 7 (9,64), contudo

superior aos 6,6 constatados por Prado (2009).

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Pereira et al. (2006) encontraram 91,60 em frutos de mamão Formosa “Tainung

1”, enquanto que esta relação variou de 12,9 a 34,6 em quatro cultivares de pêssegos

(ALMEIDA; DURIGAN, 2006). Frutos de abacaxi das cultivares Smooth Cayenne e Pérola

resultaram em 11,01 e 34,55 (BENGOZI et al., 2007). Gondim et al. (2013) verificou valor

médio de 11,43 em frutos de umbu-cajazeira colhidos na maturidade comercial.

Em relação aos carboidratos totais, o teor encontrado em cada polpa difere entre si

estatisticamente pelo teste de Tukey, sendo que o maior valor ocorre na polpa de mirtilo

(16,26%) e o menor na polpa de amora (7,28%).

Tendo em vista que o grupo dos carboidratos inclui, entre outros compostos,

glicose, frutose, sacarose, amido, celulose (RIBEIRO; SERAVALLI, 2007), os teores

observados nas polpas de pitanga e amora (Tabela 7) não deveriam ser inferiores aos glicídios

totais em glicose. Porém, esta discrepância pode estar relacionada com a metodologia

empregada na determinação dos glicídios totais em glicose, semelhante a de Lane-Eynon que,

conforme Silva et al. (2003), podem resultar em valores superestimados de sacarose, pois a

hidrólise ácida de açúcares não redutores torna-os redutores no licor de Fehling.

Imran et al. (2010) obteve 13,83% de carboidratos totais em polpa de amora, valor

superior ao observado na Tabela 7 para a referida polpa. Contudo valor similar (13,2%) ao

encontrado para a polpa de pitanga foi obtido por Bagetti et al. (2011). A mesma

concordância ocorreu para a polpa de mirtilo em análises realizadas por Antonio et al. (2009)

e Moraes et al. (2007), que constaram 17,05% e 16,4%, respectivamente.

Os resultados das análises físico-químicas das polpas de pitanga, amora e mirtilo

(Tabela 7), foram analisados através do teste de homogeneidade de variâncias de Cochran C e

demonstraram-se homogêneos (p > 0,05), o que possibilitou a aplicação de análise de

variância multivariada (MANOVA).

Os dendrogramas relativos às três polpas de frutas estudadas encontram-se

representados através da análise de agrupamento (Figura 15), comprovando mais uma vez a

homogeneidade das replicatas das polpas (Tabela 7). Observa-se claramente a formação de

três grupos distintos (distância vinculada com nível de corte entre 1,5 e 4,0, conforme gráfico

de Amalgamation Schedule representado na Figura 16), sendo que a polpa de mirtilo é a mais

homogênea entre si, pois obteve menor distância vinculada. Portanto, constata-se que há

homogeneidade dentro dos grupos e heterogeneidade entre os grupos.

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83

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0

Distância Vinculada (Euclidiana)

Polpa Amora (Replicata 2)

Polpa Amora(Replicata 1)

Polpa Mirtilo (Replicata 2)

Polpa Mirtilo (Replicata 1)

Polpa Pitanga (Replicata 2)

Polpa Pitanga (Replicata 1)

Figura 15 – Dendograma de dissimilaridade para as polpas por

meio do método de agrupamento do vizinho mais

próximo

0 1 2 3 4 5 6

Etapa

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

5,5

Dis

tân

cia

Vin

cula

da

(Eu

clid

iana)

Figura 16 – Amagalmation Schedule (polpas)

Diante dos resultados encontrados, visando uma melhor diferenciação entre das

polpas, empregou-se a Análise dos Componentes Principais (Figura 17 e Figura 18), sendo

que dois componentes explicaram 96,98% da variabilidade dos resultados.

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84

Polpa Pitanga (Replicata 1)

Polpa Pitanga (Replicata 2)

Polpa Amora (Replicata 1)

Polpa Amora (Replicata 2) Polpa Mirtilo (Replicata 1)

Polpa Mirtilo (Replicata 2)

-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5

CP1: 67,46%

-4,0

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

CP

2:

29

,51

%

Polpa Pitanga (Replicata 1)

Polpa Pitanga (Replicata 2)

Polpa Amora (Replicata 1)

Polpa Amora (Replicata 2) Polpa Mirtilo (Replicata 1)

Polpa Mirtilo (Replicata 2)

Figura 17 – Projeção dos casos no plano fatorial 1,2

pH

Proteínas

Cinzas

Umidade

Sólidos solúveis totais

Acidez titulável total Sólidos insolúveis totais Sólidos totais

Glicídios totais em glicose

SS/ATT

Lipídios

Carboidratos totais

-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0

CP1 : 67,46%

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

CP

2 :

29

,51

%

pH

Proteínas

Cinzas

Umidade

Sólidos solúveis totais

Acidez titulável total Sólidos insolúveis totais Sólidos totais

Glicídios totais em glicose

SS/ATT

Lipídios

Carboidratos totais

Figura 18 – Círculo de Correlação (variáveis) das

polpas

Através da Análise dos Componentes Principais (Figura 17) percebe-se a

formação de três grupos diferentes (cada um formado pelas replicatas 1 e 2 das respectivas

polpas), sendo que cada grupamento de polpas encontra-se bem afastado dos outros dois. A

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componente principal 1 (CP1) separa a polpa de amora da polpa de mirtilo, enquanto que a

componente principal 2 (CP2) distingue a polpa de pitanga das demais.

Analisando a Figura 18 e os dados da Tabela 8, percebe-se que há distinção entre

as variáveis que contribuem para a CP1 e para a CP2, sendo que a umidade, a acidez titulável

total e o pH com autovetores negativos, e os carboidratos totais, assim como a série de sólidos

e a relação SS/ATT com autovetores positivos, comandam o eixo da CP1.

Já o eixo da CP2 é comandado pelos autovetores positivos de lipídios e cinzas, e

negativos de proteínas e glicídios totais em glicose.

A polpa de pitanga apresenta vetor mais significativo para glicídios totais em

glicose e proteínas. A polpa de mirtilo se destaca pelo conteúdo de cinzas, enquanto que a

amora distingue-se das demais pelos valores mais elevados de lipídios e umidade. Esta análise

de componentes principais explica de maneira mais eficiente a diferença das características

físico-químicas entre as polpas das frutas (Figura 18).

Tabela 8 – Fator coordenada das variáveis com base nas correlações (polpas)

Variável (parâmetro) Fator 1 Fator 2

Umidade (%) -0,994 0,103

pH -0,862 -0,461

Acidez titulável total (mg L-1 ácido equivalente) -0,990 -0,120

Proteínas (%) -0,502 -0,853

Lipídios (%) -0,516 0,823

Glicídios totais em glicose (%) 0,080 -0,987 Sólidos totais (%) 0,994 -0,103

Sólidos solúveis totais (ºBrix) 0,969 -0,248

Sólidos insolúveis totais (%) 0,946 -0,122

Cinzas (%) 0,209 0,913

Carboidratos totais (%) 0,999 -0,012

4.1.2 Microbiológica

A caracterização microbiológica das polpas foi realizada para Bolores e

Leveduras, Salmonella sp. e Coliformes Termotolerantes a 45 ºC, cujos resultados encontram-

se dispostos na Tabela 9, que também apresenta os limites legais perante a RDC nº 12/01

(BRASIL, 2001) e IN nº 01/00 (BRASIL, 2000). Os Laudos de Análise nos

189 UTFPR/2013,

190 UTFPR/2013 e 191 UTFPR/2013 encontram-se no Anexo B.

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86

Tabela 9 – Caracterização microbiológica das polpas utilizadas

Parâmetro Polpa de

pitanga

Polpa de

amora

Polpa de

mirtilo Limite legal

Bolores e leveduras (UFC g-1) 1,0x10¹ < 1,0x10¹ < 1,0x10¹ 5x103*

Salmonella sp. (Presença ou Ausência 25 g-1) ausência ausência ausência ausência**

Coliformes termotolerantes a 45 ºC (NMP g-1) < 3,0x100 < 3,0x100 < 3,0x100 1,0x10²**

Notas: UFC: Unidade Formadora de Colônia; NMP: Número Mais Provável; *: Brasil (2000); **: (Brasil 2001).

Fonte: Laudos de Análise nos 189 UTFPR/2013, 190 UTFPR/2013 e 191 UTFPR/2013

O Ministério da Agricultura e do Abastecimento, através da Instrução Normativa

nº 01 de 07/01/00 (BRASIL, 2000) regulamentou os padrões de identidade e as características

mínimas de qualidade para polpas de frutas destinadas ao consumo como bebida,

estabelecendo valor máximo de 5x103 UFC g

-1 para bolores e leveduras. A resolução RDC nº

12, de 02/01/01 (BRASIL, 2001), que estabelece os padrões microbiológicos para alimentos,

determina máximo de 102 NMP g

-1 para coliformes termotolerantes, porém não define

padrões para bolores e leveduras.

Através da Tabela 9, percebe-se que todas as polpas atendem aos padrões

microbiológicos sanitários para alimentos estabelecidos pela legislação vigente, refletindo

boas condições higiênico-sanitárias durante o preparo das mesmas. O baixo valor de pH

apresentado pelas polpas (ver item 4.1.1) pode representar um fator limitante para o

crescimento de bactérias patogênicas, mantendo os índices de contaminação bacteriana em

níveis baixos.

Somente na polpa de pitanga observou-se crescimento de bolores e leveduras

(1,0x10¹ UFC g-1). Porém, estes valores são inferiores aos padrões estabelecidos pela

Instrução Normativa nº 01/00, a qual preconiza um máximo de 5x103 UFC g

-1.

A presença de bolores e leveduras na polpa de pitanga pode estar relacionada com

o teor de carboidratos presente e pela acidez da polpa, sendo que baixas concentrações destes

microrganismos neste tipo de alimento são consideradas normais (SOUZA; CARNEIRO;

GONSALVEZ, 2011; FRANCO; LANDGRAF, 2003).

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87

4.2 PROSPECÇÃO DE FITOQUÍMICOS

O processo de extração de compostos fitoquímicos referente aos três solventes

utilizados (éter de petróleo, éter etílico e etanol 70%) teve início em 26/09/2012 e foi

encerrado em 10/10/2012, sendo que as quantidades de extratos obtidos, após evaporação dos

solventes, encontram-se na Tabela 10. O solvente que apresentou maior poder de extração foi

o etanol 70%, variando de 1,683 a 5,408 g, conforme demonstrado na Tabela 10.

Tabela 10 – Quantificação de extrato obtido

Polpa Solvente Quantidade de extrato obtido (g)

Pitanga Éter de petróleo 0,052

Éter etílico 0,022

Etanol 70% 3,610

Amora

Éter de petróleo 0,101

Éter etílico 0,034

Etanol 70% 1,683

Mirtilo

Éter de petróleo 0,022

Éter etílico 0,047

Etanol 70% 5,408

Durante o processo de obtenção dos extratos para testes fitoquímicos, observou-se

que a polpa de mirtilo apresentou característica peculiar, não sendo possível sua

homogeneização no éter de petróleo (EP) e no éter etílico, pois formou um produto aderente,

com características pegajosas, proporcionando o aparecimento de aglomerados (Figura 19).

Somente com etanol 70% foi visualizada a homogeneização do sistema solvente:polpa.

Figura 19 – Polpa de mirtilo sob

agitação em EP

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88

4.2.1 Infravermelho

A espectroscopia na região do infravermelho é importante na análise qualitativa

de compostos orgânicos (LOPES; FASCIO, 2004), possibilitando rápida detecção de

componentes químicos, principalmente no que se refere às bandas C-H, N-H e O-H,

componentes principais de inúmeras moléculas orgânicas (XIE et al., 2011).

Esta técnica permite verificar grupos funcionais que constituem uma amostra e

como os átomos desta estão ligados, produzindo espectros de absorção ou transmissão através

da incidência de um feixe de luz na região do infravermelho (LEITE; PRADO, 2012).

Segundo Silverstein; Webster (2000), a região de 4.000 a 400 cm-1

apresenta

maior utilidade na análise orgânica.

Os espectros obtidos para a polpa de pitanga, referentes aos solventes, éter de

petróleo, éter etílico e etanol 70%, estão demonstrados na Figura 20. Os espectros contendo os

valores dos números de ondas dos picos, determinado pelo software Spectrum versão

10.03.07.0112 da Perkin Elmer, encontram-se no Apêndice A.

A discussão dos espectros (regiões de absorção e intensidade dos picos), descritas

nos próximos parágrafos, seguiram orientações de Lopes; Fascio (2004) e Silverstein;

Webster (2000).

Os três espectros da polpa de pitanga são bastante similares, diferenciando-se

principalmente na intensidade dos picos. Observam-se bandas de deformações axiais de O-H

de álcool ou fenol (3.650-3.100 cm-1

), com maior intensidade no solvente mais polar,

estiramento da ligação C-H de alcano (3.000-2.840 cm-1

) e C=O (1.800-1.700 cm-1

).

Observa-se ainda, deformação angular simétrica no plano de CH2 (~1.465 cm-1

),

vibrações C-O (1.300-1.000 cm-1

) e estiramento C-X (haletos de alquila) em 1.000-500 cm-1

.

No espectro de etanol 70% destaca-se, ainda, C=C (1.680-1.630 cm-1

).

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89

pitanga - etanol

pitanga - éter de petroleo

pitanga - éter etilico

Nome Descrição

4000 4003500 3000 2500 2000 1500 1000 500

104

11

20

30

40

50

60

70

80

90

100

cm-1

%T

Figura 20 – Espectros dos extratos lipofílicos e hidrofílicos da polpa de pitanga

OH (álcool ou fenol)

CH (alcanos)

C=O

CH2

C-O

C-X (haletos de alquila)

C=C

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90

Em relação a polpa de amora, os espectros estão demonstrados na Figura 21,

sendo que os mesmos contendo os valores dos números de ondas dos picos, determinado pelo

software Spectrum versão 10.03.07.0112 da Perkin Elmer, encontram-se no Apêndice A.

Observando a Figura 21, percebe-se que os espectros obtidos pelos solventes são

similares nas regiões de 400 a 3.000 cm-1

, diferenciando-se principalmente entre 3.000 e

3.500 cm-1

, onde o espectro do solvente hidrofílico apresenta perfil da banda (alargada) em

3.313 cm-1

indicando presença de OH de álcool ou fenol.

Nos três casos é possível verificar picos de baixa intensidade de compostos

aromáticos na região 3.100-3.000 cm-1

, picos de estiramento da ligação C-H de alcano (3.000-

2.840 cm-1

) e absorção forte da região 1.820-1.630 cm-1

que pode ser atribuída a C=O.

Evidencia-se também deformação angular simétrica no plano de CH2 (~1.460 cm-1

), vibrações

C-O (1.300-1.000 cm-1

) e estiramento C-X (haletos de alquila) em 1.000-500 cm-1

.

Na Figura 22 é possível observar os espectros dos solventes polares e apolares

utilizados durante o preparo do extrato da polpa de mirtilo, sendo que no Apêndice A os

referidos espectros estão acompanhados dos números de onda dos picos.

Para a polpa de mirtilo, verifica-se que os espectros dos solventes apresentam

características próprias (distintas).

No caso do etanol 70%, evidencia-se estiramento O-H de álcool ou fenol

(3.500 cm-1

), C-H de alcanos (3.000-2.840 cm-1

), CC de alcinos (2.116 cm-1

), C=O

(1.723 cm-1

), C=C (1.639 cm-1

), vibrações C-O (1.300-1.000 cm-1

), e pico de baixa

intensidade possivelmente de ligação C-X (haletos de alquila) em 1.000-500 cm-1

.

No espectro do éter etílico verifica-se estiramento C-H de compostos aromáticos

e/ou alcenos (3.053 cm-1

), C-H de alcanos (2.855 cm-1

e 2.927 cm-1

), N-H (2.260-2.220 cm-1

)

de sais de aminas, C=O (1.739 cm-1

), C-O (1.265 cm-1

e 1.103 cm-1

), e C-X de haletos de

alquila (741 cm-1

).

O estiramento N-H de amina primária foi constatado em 3.471 cm-1

no espectro

do éter de petróleo, assim como C-H de alceno (3.010 cm-1

) e de alcanos (2.954 cm-1

e

2.925 cm-1

), além de C=C (1.642 cm-1

) e C=O (1.746 cm-1

). A banda de 1.163 cm-1

pode ser

atribuída à vibrações de C-O, enquanto que o estiramento C-X ocorre no pico 738 cm-1

.

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91

amora - etanol

amora - éter de petróleo

amora - éter etilico

Nome Descrição

4000 4003500 3000 2500 2000 1500 1000 500

109

3

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

cm-1

%T

Figura 21 – Espectros dos extratos lipofílicos e hidrofílicos da polpa de amora

C=O

C-O

Arom.

OH (álcool ou fenol)

CH (alcanos)

CH2

C-X (haletos de alquila)

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92

mirtilo - etanol - 5

mirtilo - éter de petroleo - 1

mirtilo - éter etilico - 7

Nome Descrição

4000 4003500 3000 2500 2000 1500 1000 500

106

1

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

cm-1

%T

Figura 22 – Espectros dos extratos lipofílicos e hidrofílicos da polpa de mirtilo

OH (álcool ou fenol)

CC (alcinos)

C=O C=C

CH (aromáticos

ou alceno)

N-H (amina 1ª)

CH (alcanos)

C-X (haletos de alquila)

C-O

CH2

N-H (sais de aminas)

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93

Diante dos resultados obtidos, constata-se que o solvente utilizado implicará na

extração de compostos com grupos funcionais característicos, devendo ser corretamente

escolhido de acordo com o interesse dos grupos funcionais. Por exemplo, na pesquisa de

compostos antioxidantes, sabe-se que a estrutura básica destes compostos possuem grupos

polares, portanto solventes hidrofílicos são mais indicados para processos de extração e

isolamento destas substâncias.

Para auxiliar na comparação das polpas em relação aos solventes mais polares

utilizados, os espectros de cada polpa referente ao éter etílico e etanol 70% foram unidos e

estão demonstrados na Figura 23 e na Figura 24, respectivamente.

No caso do éter etílico (Figura 23), evidencia-se a presença de O-H de álccol ou

fenol somente na polpa de pitanga, enquanto que sais de aminas, devido à absorção de N-H, é

verificado na polpa de mirtilo. Nas três polpas observa-se presença de C-H (alcanos), C=O,

CH2, C-O e C-X (haletos de alquila).

Contudo, nos espectros do etanol 70% (Figura 24), o estiramento O-H está

presente nas três polpas, com pico de maior intensidade para o mirtilo. Ainda, a banda

alargada, neste caso, pode ser resultado da presença de umidade na amostra, apesar das

técncias de remoção de água empregadas e desumidificadores presentes no ambiente de

análise. A polpa de mirtilo destaca-se também pela presença de CC. Nos três espectros

verifica-se C-H (alcanos), C=O, CH2, C-O e C-X (haletos de alquila), sendo estes com maior

evidência nas polpas de pitanga e amora.

Portanto, o etanol 70% é o solvente mais indicado na pesquisa de antioxidantes,

em comparação com o éter de petróleo e o éter etílico, por apresentar maior poder de extração

de grupamentos polares e pela presença de picos de absorção de O-H em todas as polpas.

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94

Figura 23 – Espectros das polpas de pitanga, amora e mirtilo, referente ao solvente éter etílico

pitanga - éter etilico - 4

amora - éter etilico

mirtilo - éter etilico - 7

Nome Descrição

4000 4003500 3000 2500 2000 1500 1000 500

106

3

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

cm-1

%T

OH (álcool ou fenol)

CH (alcanos)

C=O

CH2

N-H (sais de aminas)

C-O

C-X (haletos de alquila)

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95

Figura 24 – Espectros das polpas de pitanga, amora e mirtilo, referente ao solvente etanol 70%

pitanga - etanol - 1

amora - etanol

mirtilo - etanol - 5

Nome Descrição

4000 4003500 3000 2500 2000 1500 1000 500

109

9

20

30

40

50

60

70

80

90

100

cm-1

%T

C=O

OH (álcool ou fenol)

CH (alcanos)

CC

C-O

CH2

C-X (haletos de alquila)

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96

4.2.2 Testes fitoquímicos

Através da realização de testes fitoquímicos dos extratos lipofílico, de média

polaridade e hidrofílico, dos três frutos estudados (pitanga, amora e mirtilo), foi possível

identificar a presença de metabólitos secundários da classe dos flavonoides.

4.2.2.1 Polpa de pitanga

No Quadro 1 são apresentados os metabólitos secundários identificados (presença

ou ausência) na polpa liofilizada de pitanga, através da prospecção fitoquímica realizada nos

extratos lipofílico apolar (éter de petróleo) e de média polaridade (éter etílico), e hidrofílico

(etanol 70%).

As fotografias representando as variações de cores em cada reação encontram-se

no Apêndice B.

Quadro 1 – Resultados da prospecção fotoquímica da liofilizada integral de pitanga

Número

dos tubos Constituintes

Extrato lipofílico

apolar

Extrato lipofílico

de média

polaridade

Extrato

hidrofílico

1 Fenóis NI ++ +++

1 Taninos NI NI +++

2 / 3 / 4 Antocianinas e Antocianidinas NI NI NI

2 / 3 / 4 Flavonas, Flavonóis e Xantonas + + ++

2 / 3 / 4 Chalconas e Auronas + NI NI

2 / 3 / 4 Flavanonóis + ++ +

5 / 6 Leucoantocianidinas + NI NI

5 / 6 Catequinas (taninos catéquicos) + NI ++

5 / 6 Flavanonas + +++ ++

7

Flavonóis, Flavanonas,

Flavanonóis e Xantonas, livres ou seus heterosídios

+ + +

Legenda: +: fraco; ++: médio; +++: forte; NI: não identificado.

No Quadro 1 percebe-se que os metabólitos secundários que foram detectados

com maior frequência foram fenóis, flavonas, flavonóis, xantonas, flavanonóis, catequinas e

flavanonas.

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97

O solvente hidrofílico apresentou maior poder de extração de metabólitos

secundários, onde se destacam fenóis, taninos, flavonas, flavonóis e xantonas, além de

flavanonóis, flavanonas e catequinas.

Os fenóis foram detectados tanto no extrato lipofílico de média polaridade quanto

no hidrofílico. Nesse, a coloração da solução vermelho laranja (possível mistura de amarelo,

proveniente do FeCl3, com o vermelho obtido pela extração) resulta positivamente para

fenóis, e o pouco precipitado verde escuro aponta para taninos flobabênicos (condensados ou

catéquicos). Os taninos catéquicos não foram observados na reação de acidificação.

Os fenóis, fortemente identificados no extrato hidrofílico, resultam da coloração

verde da solução (possível mistura de amarelo, proveniente do FeCl3, com o azul obtido pela

extração) e o precipitado verde formado aponta para a presença de taninos flobabênicos,

sendo que os taninos catéquicos foram evidenciados devido a coloração pardo amarelada da

solução, quando acidificada até pH 1-3.

Em comparação com a literatura, ácido gálico, sitosterol e triterpenos foram

identificados em folhas de E. uniflora por Schapoval et al. (1994).

Fiuza et al. (2008) constataram, no pó das folhas de E. uniflora, a presença de

flavonoides e taninos nas frações acetato de etila; flavonoides e terpenos na fração

clorofórmio; e terpenos na fração hexano, sendo que os teores de fenóis totais, taninos e

flavonoides foram de 9,22%, 5,08% e 0,53%, respectivamente.

Em relação a detecção de taninos e catequinas, é importante ressaltar que diferente

do extrato hidroalcoólico de amora que não apresentou esses metabólitos (ver item 4.2.2.2), o

hidroalcoólico de pitanga detectou e, lembrando também que a presença de ambos no extrato

é importante, uma vez que, segundo Rodrigues et al. (2010), as catequinas juntamente com as

leucoantocianidinas são consideradas intermediárias na síntese de taninos condensados.

Antocianinas e antocianidinas não foram identificadas em nenhum dos extratos

obtidos, pois a coloração da solução nos tubos 2, 3 e 4 não corresponderam ao vermelho, lilás

e azul-púrpura, respectivamente.

A ausência inesperada de antocianinas nos extratos preparados pode ser

justificada pela síntese de constituintes químicos estar relacionada com a época da colheita,

manejo e acondicionamento da fruta e com fatores ambientais (VIANA; SANTANA;

MOURA, 2012).

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98

A ausência de antocianinas e antocianidinas também foi verificada por Gomes

et al. (2011), em extratos etanólico de raiz de jurubeba, folhas de capim santo, tubérculo de

batata caetano, folhas, talo e fruto de melão de são caetano.

No éter de petróleo a solução originalmente laranja não sofreu alteração de cor

com as reações de acidificação e alcalinização. O extrato obtido pelo éter etílico não

apresentou variação de cor no tubo 2. Contudo, no tubo 3 houve intensificação da cor laranja

e no tubo 4 a solução ficou vermelho laranja em tonalidade escura. A coloração dos tubos 2, 3

e 4 foram, respectivamente, laranja amarelado, amarelo dourado e amarelo mais intenso do

que o do tubo 2.

Considera-se presença de flavonas, flavonóis e xantonas, quando, nos tubos 2 e 3

não houver alteração da cor da solução e/ou se no tubo 4 a solução apresentar tonalidade

amarela. Diante do exposto no parágrafo anterior, ressalva-se que estes metabólitos

secundários foram fracamente identificados nos extratos lipofílicos e fortemente observados

no extrato hidrofílico.

Chalconas e auronas são positivamente constatadas se a solução do tubo 2 for

vermelha e/ou a do tubo 3 não sofrer alteração em relação à original (obtida em cada

extração) e/ou a do tubo 4 for vermelho-púrpura. Tendo em vista a coloração descrita

anteriormente, percebe-se que chalconas e auronas podem estar fracamente presentes no

extrato obtido com éter de petróleo.

Os flavanonóis não alteram a coloração nos tubos 2 e 3, mas apresentam

intensidade vermelho laranja na solução do tubo 4. Diante disto, percebe-se que os

flavanonóis estão fracamente presentes nos extratos apolar e hidrofílico, porém

moderadamente no extrato com éter etílico. Estas constatações ocorreram nos tubos 2 e 3 para

o extrato lipofílico apolar, nos tubos 2 e 4 para o extrato lipofílico de média polaridade e no

tubo 2 para o extrato hidrofílico.

A acidificação do tubo 5 com HCl até pH 1-3 pode indicar presença de

leucoantocianidinas se a solução ficar vermelha (mais intenso se comparado ao tubo 2),

catequinas se for pardo-amarelada e flavanonas se não houver alteração de cor. A

alcalinização do tubo 6 até pH 11 também está relacionada com as mesmas substâncias, sendo

que para esta a solução deve apresentar coloração vermelho-laranja, enquanto que para essa e

aquela, não deve haver alteração na tonalidade do extrato original avaliado.

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99

As leucoantocianidinas foram fracamente observadas na extração com éter de

petróleo, como resultado da não modificação da cor da amostra quando o meio foi

alcalinizado. A mesma situação ocorreu na possível identificação de catequinas.

As leucoantocianidinas não foram constatadas nas extrações lipofílica de média

polaridade e hidrofílica.

As catequinas foram moderadamente observadas no extrato com etanol 70%,

devido a intensificação da cor da solução se comparada ao tubo 2, e à alteração da tonalidade

para pardo-amarelada.

As flavanonas foram percebidas no tubo 5 do solvente éter de petróleo, devido a

não alteração da cor da solução original, fortemente constatadas nos tubos 5 e 6 do extrato

contendo éter etílico, e moderadamente evidenciadas no tubo 6 do extrato etanólico, cuja

solução ficou vermelho-laranja.

Tendo em vista a intensificação da cor da solução do tubo 7 em comparação ao

tubo 5, em todos os extratos utilizados, ocorre a possível presença de flavonóis, flavanonas,

flavanonóis e xantonas nas extrações realizadas.

Segundo Viana; Santana; Moura (2012), a presença de flavonoides possibilita a

utilização da espécie vegetal estudada como antioxidante e antinflamatório.

Os flavonoides fazem parte dos compostos fenólicos que apresentam propriedades

antioxidantes, e englobam as antocianinas e os flavonóis. Estas são responsáveis pelas cores

laranja, vermelha e azul de frutas, vegetais, flores, folhas e raízes, enquanto que estes se

caracterizam pelos pigmentos branco ou amarelo claro. Tendo em vista a tendência na

utilização de corantes naturais em alimentos, as antocianinas presentes na pitanga podem ser

empregadas para esta finalidade, aliando ainda seu poder antioxidante, intensificado pela

presença de flavonóis e carotenoides, o que pode impulsionar o cultivo da fruta (LIMA;

MÉLO; LIMA, 2002).

4.2.2.2 Polpa de amora

No Quadro 2 são apresentados os metabólitos secundários identificados (presença

ou ausência) na polpa liofilizada de amora, através da prospecção fitoquímica realizada nos

extratos, lipofílico apolar (éter de petróleo), de média polaridade (éter etílico) e hidrofílico

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100

(etanol 70%). As fotografias representando as variações de cores em cada reação encontram-

se no Apêndice C.

Quadro 2 – Resultados da prospecção fotoquímica da polpa liofilizada de amora

Número

dos tubos Constituintes

Extrato lipofílico

apolar

Extrato lipofílico

de média

polaridade

Extrato

hidrofílico

1 Fenóis NI ++ +++

1 Taninos NI ++ NI

2 / 3 / 4 Antocianinas e Antocianidinas NI NI +++

2 / 3 / 4 Flavonas, Flavonóis e Xantonas + + +++

2 / 3 / 4 Chalconas e Auronas + NI +++

2 / 3 / 4 Flavanonóis + + +++

5 / 6 Leucoantocianidinas + NI +++

5 / 6 Catequinas (taninos catéquicos) + + NI

5 / 6 Flavanonas + NI +++

7 Flavonóis, Flavanonas,

Flavanonóis e Xantonas, livres

ou seus heterosídios

NI NI +++

Legenda: +: fraco; ++: médio; +++: forte; NI: não identificado.

Analisando o Quadro 2, percebe-se que os metabólitos secundários melhor

detectados foram flavonas, flavonóis, xantonas, flavanonóis, chalconas, auronas, flavanonas,

leucoantocianidinas e catequinas.

Assim como observado na pitanga, o extrato hidrofílico apresentou maior poder

de extração de compostos, sendo que todos os metabólitos testados, exceto taninos e

catequinas, foram fortemente observados. As catequinas, flavonóides da classe dos flavonóis,

apresentam esqueleto básico do fenilbenzopirano, porém, não se observa a carbonila no

carbono 4 e nem a insaturação na ligação do carbono 2 e 3. No carbono 3 apresentam uma

hidroxila obrigatória, o que as caracterizam como flavan-3-ol. Na síntese de taninos

condensados, as catequinas são consideradas intermediárias, juntamente com as

leucoantocianidinas (RODRIGUES et al., 2010). Portanto, justifica-se a ausência simultânea

de detecção de catequinas e taninos.

Os fenóis, identificados através de teste com solução alcoólica de cloreto férrico,

foram detectados tanto no extrato lipofílico de média polaridade quanto no hidrofílico. Nesse,

a coloração da solução verde (mistura de azul e amarelo) resulta positivamente para fenóis, e

o precipitado verde escuro aponta para taninos flobabênicos (condensados ou catéquicos). Os

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101

taninos catéquicos foram fracamente observados na reação de acidificação até pH 1-3, onde se

constatou a coloração pardo amarelada da solução.

No extrato etanólico a coloração azul-avermelhada do tubo 1 aponta para a forte

presença de fenóis, sendo que a ausência de precipitados pressupõe que os taninos pirogálicos

e os flobabênicos não estejam presentes.

As antocianinas são responsáveis pela coloração de folhas, flores e frutos, além de

apresentarem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, demonstrando alta inibição de

oxidações lipídicas (SONG et al., 2009).

As antocianinas e antocianidinas foram fortemente identificadas no extrato

hidrofílico devido a coloração vermelho (original do extrato) no tubo 2 e verde escuro

(mistura de azul e amarelo) no tubo 4. Nos extratos lipofílicos não foi identificada a presença

destes flavonoides.

Relatos consideram que a amora preta apresenta elevadas concentrações de

antocianinas (KHALID; FAWAD; AHMED, 2011) e compostos fenólicos (ÖZGEN; SERÇE;

KAYA, 2009), fortemente evidenciados na extração hidrofílica empregada.

Flavonas, flavonóis e xantonas foram fracamente identificadas nos extratos

lipofílicos, observado pela não alteração da coloração dos tubos 2 e 3. Contudo no extrato

etanol 70%, a coloração vermelha intensa no tubo 2 e o verde escuro no tubo 4 apontam para

forte presença destes metabólitos.

As chalconas e as auronas não foram detectadas no éter etílico, sendo fracamente

evidenciadas no éter de petróleo e fortemente no etanol 70%. Neste, a coloração do tubo 2 foi

vermelho escuro.

Em relação ao flavanonóis, os solventes lipofílicos extraíram fracamente estes

compostos, sendo evidenciada forte presença no extrato hidrofílico, resultante da não

alteração de cor no tubo 2.

Leucocianidinas e flavanonas foram fracamente observadas no éter de petróleo,

não identificadas no éter etílico e fortemente evidenciadas no etanol 70%, devido as

colorações dos tubos 5 e 6. As soluções destes tubos não sofreram variação da coloração

original no extrato lipofílico. No extrato de média polaridade, o tubo 5 demonstrou solução

pardo amarelado e o tubo 6, verde com precipitado verde. No extrato hidrofílico, a solução do

ensaio 5 ficou vermelha, e a do ensaio 6, verde escuro.

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102

No tubo 6 não foi observada mudança na coloração original da solução, a qual era

amarelo claro, indicando possível presença de catequinas, sendo que no extrato polar não foi

identificado estes compostos.

Flavonóis, flavanonas, flavanonóis e xantonas foram fortemente constatados no

extrato hidrofílico, resultante da coloração vermelha presente na solução. Estes flavonoides

não foram identificados no extrato apolar e no de média polaridade.

Os resultados obtidos nos ensaios realizados com a amora (Morus nigra) estão, de

maneira geral, de acordo com relatos encontrados na literatura.

Pereira et al. (2010) não observaram presença de taninos gálicos, antraquinonas,

alcalóides, saponinas e purinas no extrato hidrofílico (etanol 70%) de folhas de Morus nigra.

Contudo, houve detecção de esteróides e/ou triterpenos, flavonóides e taninos catéquicos,

atuantes no combate de radicais livres.

Malik et al. (2012) encontraram no extrato metanólico 70% de frutas de Morus

nigra L., os seguintes metabólitos: saponinas, alcalóides, compostos fenólicos, glicosideos

cardíacos e flavonoides, eficazes na redução da pressão sanguínea.

Entretanto, outros relatos encontrados apresentam resultados um tanto

contraditórios, de prospecção fitoquímica realizada com folhas de amora. Taninos,

flavonóides e alcaloides foram observados em folhas secas e moídas de amora por Alencar

et al. (2012), utilizando como fase móvel solução tampão (pH 7,4) PBS (NaH2PO4.2H2O (150

mmol L-1

), Na2HPO4 (150 mmol L-1

), NaCl (154 mmol L-1

)). Contudo, Padilha et al. (2010)

não evidenciou presença de taninos, alcaloides, saponinas e flavonóides no extrato bruto das

folhas (solvente etanol 50%).

4.2.2.3 Polpa de mirtilo

No Quadro 3 são apresentados os metabólitos secundários identificados (presença

ou ausência) na polpa liofilizada de mirtilo, através da prospecção fitoquímica realizada com

solvente lipofílico apolar (éter de petróleo) e de média polaridade (éter etílico), e hidrofílico

(etanol 70%). As fotografias das variações de cores das reações encontram-se no Apêndice D.

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103

Quadro 3 – Resultados da prospecção fotoquímica da polpa liofilizada de mirtilo

Número

dos tubos Constituintes

Extrato lipofílico

apolar

Extrato lipofílico

de média

polaridade

Extrato

hidrofílico

1 Fenóis NI NI +++

1 Taninos NI + NI

2 / 3 / 4 Antocianinas e Antocianidinas NI NI +++

2 / 3 / 4 Flavonas, Flavonóis e Xantonas + NI +++

2 / 3 / 4 Chalconas e Auronas + NI +++

2 / 3 / 4 Flavanonóis + + +

5 / 6 Leucoantocianidinas NI NI +

5 / 6 Catequinas (taninos catéquicos) NI NI NI

5 / 6 Flavanonas NI NI NI

7 Flavonóis, Flavanonas,

Flavanonóis e Xantonas, livres

ou seus heterosídios

NI NI ++

Legenda: +: fraco; ++: médio; +++: forte; NI: não identificado.

Durante as extrações lipofílicas da polpa de mirtilo, observou-se que não havia

homogeneização entre o solvente e o soluto, sendo que a polpa adquiriu aspecto “pegajoso”.

A dissolução da polpa ocorreu somente com o solvente polar (etanol 70%).

A mesma análise de diferentes tons da cor da solução presente nos sete tubos

analisados (Quadro 3), apresentadas nos itens 4.2.2.1 e 4.2.2.2 aplica-se no item 4.2.2.3.

Flavonas, flavonóis, xantonas, chalconas, auronas e flavanonóis foram os

metabólitos mais frequentes nos extratos utilizados.

Com relação aos testes 4, 5, 6, 7 observou-se um comportamento anômalo dos

extratos. Houve em todos eles alteração na coloração, mas nenhuma esperada para cada teste.

A fraca presença de flavonas, flavonóis, xantonas, chalconas, auronas e flavanonóis ocorreu

nos testes 2 e 3, onde não houve alteração na coloração da solução em relação a extração

original com éter de petróleo.

Em relação ao éter etílico, observou-se no teste 1 a formação de precipitado verde

escuro, indicando a presença de taninos flobabênicos. A não alteração na cor da solução

aponta para a ausência de fenóis simples.

A presença de flavanonóis ocorreu no teste 2, onde não houve alteração na

coloração da solução. Nos testes 3 e 4 a solução ficou amarela e houve formação de

precipitado amarelo em pouca quantidade. Tendo em vista que esta tonalidade de cor não está

associada a nenhum composto, nestes testes específicos, não houve observação da presença

dos demais compostos passíves de identificação através dos testes 2, 3 e 4.

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104

Fato similar ocorreu para os testes 5, 6 e 7, não havendo indicativos da presença

de leucoantocianidinas, catequinas, flavanonas, flavonóis e xantonas.

O solvente hidrofílico apresentou boa extração de metabólitos secundários,

destacando-se fenóis pela presença da coloração vermelho no teste 1. Os taninos não foram

identificados, pois neste teste não houve formação de precipitados.

A coloração vermelha na solução do teste 2, verde no teste 3 e verde escuro no

teste 4, indicam a presença de antocianinas, antocianidinas, flavonas, flavonóis, xantonas,

chalconas, auronas e flavanonóis.

Leucoantocianidinas foram observadas no teste 5 pela presença da coloração

vermelha na solução. Através dos testes 5 e 6 não foi possível detectar a presença de

catequinas e flavanonas, pois a solução acidificada alterou a coloração original, ficando

vermelho (com intensidade similar ao teste 2) e não pardo-amarelada.

Taninos, antocianinas, flavonóis, catequinas, ácidos fenólicos foram quantificados

em diversos cultivares de mirtilo, por Yi et al. (2005).

As antocianidinas estão relacionadas com a diminuição de casos de infecções do

trato urinário (KALT et al., 2008), e seus pigmentos caracterizam-se por serem os

fitoquímicos mais aparentes nas frutas de mirtilo, sendo que esses são incolores em pH de 4-6

(CAMIRE, 2002).

A não identificação de catequinas nos extratos pode estar relacionada com o tipo

de cultivar, maturidade, origem geográfica, estádio de crescimento, técnicas de cultura,

armazenamento pós-colheita e processamento (LATA; TRAMPCZYNSKA; MIKE, 2005).

Estes fitoquímicos estão presentes em maior quantidade na casca do fruto

(SEVERO et al., 2009) e, sabendo que a polpa utilizada continha cascas de mirtilo, as

antocianinas podem ter diluído com os demais compostos presentes, alterando sua

quantificação e, consequentemente, interferindo nos testes de prospecção de fitoquímicos.

O mirtilo apresenta teores significativos de compostos fenólicos (antocianinas,

flavonóis, ácido clorogênico e procianidinas) (CHO et al., 2005), sendo que, de acordo com

Pertuzatti; Jacques; Zambiazi (2007), estes compostos fenólicos encontram-se em maior

quantidade na casca do mirtilo.

Segundo Dembinska-Kiec et al. (2008), estudos inferem que as antocianinas

podem diminuir a absorção da glucose no intestino, postergando a liberação de glicose

durante a digestão, e extratos de mirtilo indicam atividade inibitória na digestão do amido.

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105

As antocianinas, identificadas em frutas de Vaccinium sp. por Perkins-Veazie;

Collins (2001), podem apresentar efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, através da

ingestão de suplementos que contêm mirtilo (AZEVEDO; SANTOS; SILVA, 2010).

Moyer et al. (2002) verificaram a presença de antocianinas totais e fenóis totais

em 30 genótipos de Vaccinium.

A alteração na cor do teste 6 para verde escuro, com intensidade similar ao teste 4,

reforça a ausência de catequinas e flavanonas. Contudo, através da coloração vermelha do

teste 7, percebe-se indícios da presença de flavonóis, flavanonas, flavanonóis e xantonas.

Os flavonoides apresentam ações antioxidantes para os radicais ânions superóxido

e peroxil (CHO et al., 2005).

Guirado; Cuéllar; Prietto (2008) pesquisaram, na literatura, 32 espécies de

Vaccinium, sendo que para as frutas das espécies de Vaccinium ashei, em quatro cultivares

distintos, foi verificado, de maneira geral, presença de alcanos, alcanóis, alcanais, alcanonas,

benzenoides, fenilpropanoides, flavonoides, monoterpenos e sesquiterpenos, exceto para o

cultivar Homebell, onde observou-se somente flavonoides.

4.2.3 Capacidade antioxidante e fenólicos totais

Na Figura 25 e na Figura 26 estão representados os gráficos das curvas padrões

obtidas para as análises da capacidade antioxidante e de compostos fenólicos totais, obtidas

em 515 e 765 nm, respectivamente. Nas mesmas figuras também estão demonstrados as

equações de reta e o coeficiente de correlação (R²).

Na Tabela 11 são apresentadas as absorbâncias obtidas durante as análises da

capacidade antioxidante e dos fenólicos totais.

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106

0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,18 0,20 0,22 0,24

Concentração (mM L-1)

0,794

0,796

0,798

0,800

0,802

0,804

0,806

0,808

0,810

0,812

0,814

0,816

Abso

rbân

cia

y = 0,8195 - 0,1051*x; R2 = 0,9513

Figura 25 – Curva padrão do trolox

0 20 40 60 80 100 120

Concentração (µg mL-1)

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

1,1

Ab

sorb

ânci

a

y = -0,0038 + 0,0097*x; R2 = 0,9994

Figura 26 – Curva padrão do ácido gálico

Tabela 11 – Capacidade antioxidante e compostos fenólicos totais obtidos para as polpas estudadas nos

solventes etanol e acetona

Polpa de pitanga Polpa de amora Polpa de mirtilo

Etanol Acetona Etanol Acetona Etanol Acetona

Capacidade

antioxidante

(mmol TE g-1

)

1,68a 0,06 1,82a 0,06 1,77a 0,07 1,84a 0,03 1,82a 0,06 1,94a 0,14

Fenólicos

totais

(mg EAG g-1

)

9,02a 0,23 16,90b 0,35 11,68c 0,20 19,85d 0,20 14,88e 0,35 19,52b,f 0,26

Notas: médias desvio padrão; TE: equivalente trolox; EAG: equivalente ácido gálico; Médias seguidas por letras iguais na linha não diferem entre si estatisticamente pelo Teste de Tukey com confiança de 95%.

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107

Observando os dados observados na Tabela 11, percebe-se que, estatisticamente, a

capacidade antioxidante das polpas é igual, ou seja, não há variação significativa com

intervalo de confiança de 95%. O maior valor encontrado ocorreu para a polpa de mirtilo no

solvente acetona (1,94 mmol TE g-1

), e o menor na polpa de pitanga com o solvente etanol

(1,68 mmol TE g-1

). Este fato pode estar atrelado à metodologia de análise empregada e,

também, no tempo decorrido desde a preparação da polpa (que permaneceu congelada) até a

data de realização dos testes (aproximadamente 18 meses), acarretando na diminuição de

compostos antioxidantes.

Özgen; Serçe; Kaya (2009) observaram em polpa de amora capacidade

antioxidante variando de 6,8 a 14,4 mmol TE g-1

, utilizando a mistura acetona:água:ácido

acético (proporção de 70:29,5:0,5) como solvente.

Utilizando a mesma mistura de solventes, porém na proporção 70:29:1, Celli;

Pereira-Netto; Beta (2011) encontraram, em amostras de pitanga vermelha, atividade

antioxidante variando de 0,08 a 0,17 mmol TE g-1

. Bagetti et al. (2011) observou 0,41

mmol TE g-1

em extrato etanólico de pitanga, e 0,014 mmol TE g-1

com o metanólico.

Em relação a polpa de mirtilo, Vizzotto; Pereira (2009), utilizando etanol como

solvente, obtiveram 8,19 mg TE g-1

(0,033 mmol TE g-1

). Porém, a acetona demonstrou maior

poder de extração (0,061 mmol TE g-1

).

Ao contrário do observado na capacidade antioxidante, o teor de fenólicos totais

(Tabela 11) das polpas foi estatisticamente diferente, exceto as polpas de pitanga e mirtilo no

solvente acetona.

O etanol apresentou menor poder de extração de fenólicos, variando de

9,02 mg EAG g-1

(polpa de pitanga) a 14,88 mg EAG g-1

(polpa de mirtilo).

Assim como na capacidade antioxidante, o maior teor de fenólicos totais foi

observado para a polpa de mirtilo, e o menor para a polpa de pitanga.

Na polpa de pitanga vermelha, Lima; Mélo; Lima (2002) encontraram 0,257

mg equivalente catequina g-1

, enquanto que 0,21 mg EAG g-1

resultaram de estudo realizado

por Bagetti et al. (2011).

Koca; Karadeniz (2009) obtiveram 3,26 mg EAG g-1

para polpa de amora com o

solvente acetona:metanol:água:ácido fórmico (40:40:20:0,1). Erscili et al. (2010) observou,

em quatro genótipos de amora, teor de fenólicos totais variando de 1,83 a 2,48 mg EAG g-1

,

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108

enquanto que Ercisli; Orhan (2008) verificaram entre 1.943 e 2.237 mg EAG 100 g-1

, em

extrato metanólico de cinco genótipos de amora.

Memon et al. (2010) encontraram 6,97 µg GAE g-1

utilizando metanol 80% como

solvente, no preparo de extratos de frutas.

Moyer et al. (2012) obtiveram 0,72 mg EAG g-1

em polpa de mirtilo, enquanto

Cho et al. (2005) observou uma variação de 2,27 a 3,70 mg EAG g-1

, utilizando com solvente

metanol:ácido fórmico:água. Utilizando acetona 70%, Taruscio; Barney; Exon (2004)

encontraram de 0,81 a 2,84 mg EAG g-1

.

Em síntese, pode-se afirmar que, através da metodologia utilizada (itens 3.4.5 e

3.4.6), a capacidade antioxidante e o teor de fenólicos totais diferem dos apresentados em

outros trabalhos científicos. Esta discrepância pode estar relacionada com as condições

climáticas / ambientais, época de colheita e genótipo das plantas cujos frutos foram

amostrados, justificando-se a aceitabilidade dos resultados apresentados.

Ainda, os resultados apresentaram a seguinte ordem crescente, tanto para

capacidade antioxidante quanto para o teor de fenólicos totais: polpa de pitanga, polpa de

amora, polpa de mirtilo.

4.2.4 Atividades antimicrobianas

A contribuição de produtos naturais como fontes disponíveis e abundantes,

oferece aos pesquisadores possibilidades de encontrar e identificar compostos que ajudem a

promover a saúde, através do consumo de alimentos, bem como, no desenvolvimento de

fármacos eficazes, assumindo importância e promovendo grande esforço da comunidade

científica nesta busca.

O poder inibitório de desenvolvimento de cinco cepas de bactérias (E. coli ATCC

25922, S. aureus ATCC 25923, P. aeruginosa ATCC 15442, B. subtilis ATCC 6623, S.

thyphimurium NEWP 0028) e três de fungos (C. albicans ATCC 10231, C. parapsilosis

ATCC 22019 e C. tropicalis ATCC 28707), utilizando as polpas liofilizadas de pitanga,

amora e mirtilo, além de agentes antibacterianos (tetraciclina, norfloxacino e eritromicina) e

antifúngicos (fluconazol e cetoconazol) como controle, apresentou, através da técnica do

disco de difusão, as características dispostas na Tabela 12 e na Tabela 13, respectivamente.

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109

Tabela 12 – Triagem de atividade antimicrobiana das polpas e antibióticos por disco de difusão

Micro-organismo Disco Polpa de Pitanga

(diâmetro do halo, mm)

Polpa de Amora

(diâmetro do halo, mm) Polpa de Mirtilo

(diâmetro do halo, mm)

Salmonella

tiphymurium

1 17,37 3,61* 12,17 2,79* 18,17 4,07*

2 18,17 7,22* 23,17 4,92* 18,50 3,02*

3 AHI AHI 6,00 ---*

4 AHI AHI AHI

5 AHI AHI AHI

6 AHI AHI AHI

7 AHI AHI AHI

8 AHI AHI AHI

9 AHI AHI AHI

Staphylococcus

aureus

1 25,83 4,36* 24,67 5,65* 20,40 8,79*

2 6,00 0,00* 9,25 0,50* 18,25 4,35*

3 16,00 2,53* 14,12 6,30* 16,33 2,94*

4 AHI AHI AHI

5 AHI AHI AHI

6 AHI AHI AHI

7 AHI AHI AHI

8 AHI AHI AHI

9 AHI AHI AHI

Escherichia coli

1 25,50 5,50 * 21,50 4,18* 26,67 3,72*

2 29,50 5,61* 26,33 3,72* 28,17 3,31*

3 AHI AHI AHI

4 AHI AHI AHI

5 AHI AHI AHI

6 AHI AHI AHI

7 AHI AHI AHI

8 AHI AHI AHI

9 AHI AHI AHI

Bacillus subtilis

1 29,83 3,06* 26,67 2,58* 27,00 5,22*

2 18,83 2,99* 12,33 1,63* 19,50 2,95*

3 20,33 4,37* 20,00 4,00* 19,83 3,71*

4 AHI AHI AHI

5 AHI AHI AHI

6 AHI AHI AHI

7 AHI AHI AHI

8 AHI AHI AHI

9 AHI AHI AHI

Pseudomonas

aeruginosa

1 AHI AHI 11,00 ---*

2 8,40 2,19* 11,00 3,22* 17,60 5,32*

3 AHI AHI AHI

4 AHI AHI AHI

5 AHI AHI AHI

6 AHI AHI AHI

7 AHI AHI AHI

8 AHI AHI AHI

9 AHI AHI AHI

Notas: *Média desvio padrão de três replicadas; AHI: ausência de halo de inibição; ---: não foi possível determinar o desvio padrão, pois só houve uma resposta; disco 1: tetraciclina; disco 2: norfloxacino; disco 3:

eritromicina; disco 4: polpa 1.000 µg mL-1; disco 5: polpa 500 µg mL-1; disco 6: polpa 100 µg mL-1; disco 7:

polpa 1.000 µg mL-1; disco 8: polpa 500 µg mL-1; disco 9: polpa 100 µg mL-1

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110

Tabela 13 – Triagem de atividade antimicrobiana das polpas e antifúngicos por disco de difusão

Micro-organismo Disco

Polpa de Pitanga

(diâmetro do halo, em

mm)

Polpa de Amora

(diâmetro do halo, em

mm)

Polpa de Mirtilo

(diâmetro do halo, em

mm)

Candida albicans

1 AHI AHI AHI

2 AHI AHI AHI

3 AHI AHI AHI

4 AHI AHI AHI

5 AHI AHI AHI

6 AHI AHI AHI

7 AHI AHI AHI

8 AHI AHI AHI

Candida tropicalis

1 17,25 6,90* 12,80 4,76* 40,50 2,51*

2 32,83 4,12* 37,00 4,47 40,33 4,23*

3 AHI AHI 25,75 6,18**

4 AHI AHI 23,25 4,35**

5 AHI AHI 17,84 13,27

6 AHI AHI 32,50 0,71**

7 AHI AHI 14,33 2,89**

8 AHI AHI 20,67 4,04**

Candida

parapsilosis

1 AHI AHI 27,00 4,73**

2 29,25 5,62* 29,00 3,52* 36,67 5,09**

3 AHI AHI 19,00 4,90**

4 AHI AHI 12,97 7,19**

5 AHI AHI 17,50 3,54**

6 AHI AHI 20,00 4,16**

7 AHI AHI 24,00 2,83**

8 AHI AHI 22,00 2,83**

Notas: *Média desvio padrão de três replicadas; **Média desvio padrão de seis replicadas; AHI: ausência de halo de inibição; ---: não foi possível determinar o desvio padrão, pois só houve uma resposta; disco 1:

fluconazol; disco 2: cetoconazol; disco 3: polpa 1.000 µg mL-1; disco 4: polpa 500 µg mL-1; disco 5: polpa 100

µg mL-1; disco 6: polpa 1.000 µg mL-1; disco 7: polpa 500 µg mL-1; disco 8: polpa 100 µg mL-1

Cabe ressaltar que foram realizadas sextuplicatas para as polpas e triplicata para

os controles, divididas em três experimentos para cada micro-organismo estudado. As leituras

do diâmetro dos halos ocorreram 24 h e 48 horas depois da incubação. Os ensaios foram

realizados entre os meses de outubro/2012 a dezembro/2012.

Os dados da Tabela 12 revelam que nenhuma das polpas liofilizadas testadas

apresentou poder inibitório de crescimento do grupo de bactérias estudado. Em relação aos

antibióticos testados, a tetraciclina e o norfloxacino foram mais eficientes para inibir o

crescimento do grupo de micro-organismos utilizado.

O maior halo de inibição formado (29,83 mm) foi observado pela ação da

tetraciclina perante Bacillus subtilis, e o menor halo de inibição (6,00 mm) ocorreu para o

antibiótico eritromicina diante da Salmonella typhimurium.

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111

Khalid; Fawad; Ahmed (2011) observou zonas de inibição de suco de amora-preta

(Morus nigra) 100 µL mL-1

em oito diferentes cepas de micro-organismos (Staphylococcus

aureus ATCC 6538, Enterococcus faecalis ATCC 49452, Escherichia coli ATCC 25922,

Salmonella typhimurium ATCC 14028, Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853, Bacillus

spizizenii ATCC 6633, Bacillus subtilis ATCC 19659 e Corynebacterium diphtheria ATCC

39255). Os autores constataram que o maior halo de inibição foi contra P. aeruginosa (19,87

mm) e o menor halo contra E. coli (9,98 mm).

Silva et al. (2013) observaram formação de halo de inibição, de infusão de frutos

de Vaccinium corymbosum, para S. aureus, S. entenritidis, E. faecium, L. immocua, B. cereus

e P. aeruginosa. Não houve zona de inibição para C. albicans e E. coli.

Nenhuma das polpas e dos antifúngicos aplicados apresentaram halo de inibição

perante a levedura Candida albicans, conforme se observa na Tabela 13.

As polpas de amora e de pitanga também não inibiram o crescimento das outas

duas leveduras utilizadas nos ensaios. Contudo, a polpa de mirtilo apresentou halo de inibição

para Candida tropicalis e Candida parapsilosis, chegando a 32,50 mm na concentração de

1.000 µg mL-1

, perante C. tropicalis.

Para a polpa de mirtilo, portanto, foi determinada a Concentração Inibitória

Mínima (CIM), em três experimentos, cujos resultados médios encontram-se dispostos na

Tabela 14. Para a polpa de mirtilo, observou-se CIM de 625 µg mL-1

e 1.250 µg mL-1

.

Portanto, 10 µL da CIM de 625 µg mL-1

e 10 µL da CIM 1.250 µg mL-1

foram

semeados, separadamente, em placas de Petri contendo ágar Sabouraud, incubando-as por

24 h. Após este período, observou-se crescimento de colônias de C. Tropicalis nas placas,

indicando que nestas concentrações, a polpa de mirtilo é considerada fungistática, ou seja,

apresenta capacidade para inibir o crescimento desta levedura.

Tabela 14 – Concentração inibitória mínima da polpa de mirtilo e dos antifúngicos utilizados

Micro-organismo Polpa de mirtilo

(CIM, µg mL-1

)

Fluconazol

(CIM, µg mL-1

) Cetoconazol

(CIM, µg mL-1

)

Candida albicans NHI NHI NHI

Candida tropicalis 833,33 inibiu NHI**

Candida parapsilosis NHI*** inibiu NHI

Notas: *Média desvio padrão de seis replicadas; **houve inibição somente nas duplicatas do experimento dois; ***houve inibição somente em uma réplica do experimento três, para CIM 312,5 µg mL-1 ;NHI: não houve

inibição.

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112

Óleo essencial de folhas de Eugenia uniflora L. formaram zonas de inibição para

as bactérias Listeria monocytogenes, S. aureus, E. coli, P. aeruginosa e A. hidrophylla, em

estudo realizado por Victoria et al. (2012). Em relação às leveduras, os autores encontraram

CIM variando de 93,7 (C. lipolytica) a 312,5 µg mL-1

(T. asahii).

Lago et al. (2011) observaram, em óleo essencial de folhas de pitangueira, CIM de

1,80 mg mL-1

para C. albicans, 0,90 mg mL-1

para C. tropicalis e 3,75 mg mL-1

para C.

parapsilosis. Shen et al. (2014) observaram CIM para L. monocytogenes e S. enteritidis, em

extratos de mirtilo, variando de 300 mg mL-1

a 1.200 mg mL-1

.

Lacombe et al. (2012) perceberam que extrato de mirtilo formou zonas de inibição

perante E. coli. S. Typ, L. mono, S. aureus e Y. entero, variando de 11,3 mm a 20,7 mm.

Tendo em vista que na pesquisa desenvolvida foram utilizadas polpas liofilizadas

dos frutos estudados e não extratos polares e/ou apolares, pode-se explicar uma das possíveis

causas da ausência de halo de inibição em micro-organismos observadas por outros autores,

pois, conforme descreve Silva et. al. (2013), as propriedades antimicrobianas podem estar

relacionadas com compostos fenólicos, obtidos por extratos hidrofílicos e/ou lipofílicos.

Shen et al. (2014) explica ainda que em pH baixo os compostos fenólicos podem

formar complexos com proteínas da membrana externa de micro-organismos, alterando a

tolerância de bactérias em ambientes de baixa osmose, acarretando na morte do mesmo.

Cabe ressaltar que os resultados encontrados aplicam-se à metodologia empregada

durante as análises (ver item 3.4.7) e não significam necessariamente que a pitanga e a amora

não apresentem atividades antimicrobianas e nem que o mirtilo possua somente ação contra

C. tropicalis. Estudos com outros micro-organismos e extratos demonstram que estes frutos

podem apresentar substâncias de interesse farmacêutico no combate de bactérias e fungos.

No Apêndice E estão dispostas algumas imagens do procedimento aplicado para

estudar a atividade antimicrobiana de pitanga, amora e mirtilo.

4.3 DESENVOLVIMENTO DE BEBIDAS

As proporções de polpa de fruta e de açúcar foram fixadas em 25% e 12%,

respectivamente, visando padronizar as bebidas formuladas para análise sensorial e demais

testes. O teor de pectina foi determinado após oito pré-testes, variando de 0,0% a 1,6%.

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113

As formulações realizadas e os resultados obtidos encontram-se no Quadro 4.

Quadro 4 – Formulações de bebidas e resultados observados

Formu-

lação

Quantidade de matéria-prima adicionada

Observações EHS de soja

(qsp) Açúcar (%)

Polpa de

fruta (%) Pectina (%)

I 300 mL 12 25 1,6 Antes da adição de toda a pectina a

solução apresentou aspecto de gel

denso II 300 mL 12 25 0,93

III 50 mL 12 25 0,6

A solução se apresentou altamente

viscosa após 24 h de resfriamento,

não havendo mudanças após

estabilização com a temperatura ambiente. No caso da amora, a

bebida ficou altamente espessa,

impossibilitando seu consumo

(Figura 27)

IV 200 mL 12 25 0,3

Após resfriamento a solução

apresentou viscosidade menor do

que a Formulação III, porém inapta

para consumo (Figura 27)

V 200 mL 12 25 0,2

Houve leve separação de fases,

contudo não houve aumento da

viscosidade após quatro dias de

refrigeração, conforme observado

nas porcentagens superiores de

pectina. Observou-se somente uma pequena deposição no fundo do

recipiente (Figura 27)

VI 200 mL 12 25 0,1

Poucos segundos depois de

terminada a formulação ocorre

separação de fases nas bebidas,

porém em menor proporção se

comparada à Formulação VII e VIII

(Figura 27)

VII 200 mL 12 25 0,05

Poucos segundos depois de

terminada a formulação ocorre

separação de fases nas bebidas

(Figura 27)

VIII 200 mL 12 25 0,0 Não há homogeneização dos

produtos nas bebidas (Figura 27)

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114

Figura 27 – Bebida contendo pectina nas proporções de 0,6% (I), 0,3 %

(II), 0,2% (III), 0,1% (IV), 0,05% (V) e 0,0% (VI)

Portanto a Formulação V foi considerada como ideal e utilizada na análise

sensorial, nos ensaios reológicos,e na caracterização físico-química e microbiológica.

Apesar da Formulação V apresentar separação de fases, isto ocorre em tempo

superior a 30 minutos, suficiente para que seja ingerida e não percebida pelo consumidor.

Para a análise sensorial, foram preparadas bateladas de 1.000 mL.

4.4 CARACTERIZAÇÃO DAS BEBIDAS FORMULADAS

4.4.1 Físico-química

A caracterização físico-química do conjunto de dados das bebidas está

apresentada na Tabela 15.

I II III

IV V VI

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115

Tabela 15 – Características físico-químicas das bebidas formuladas

Parâmetro Bebida de

pitanga (BPI)

Bebida de

amora (BAM)

Bebida de

mirtilo (BMI)

Umidade (%) 82,95a 0,01 83,79b 0,04 85,59c 0,03

pH 4,30a 0,29 4,22a 0,31 3,46a 0,22

Acidez titulável total (mg L-1 equivalente ácido cítrico) 0,63a 0,01 0,71b 0,01* 0,65a 0,01

Proteínas (%) 0,80a 0,08 0,88a 0,01 0,72a 0,03

Lipídios (%) 0,21a 0,02 0,22a 0,03 0,23a 0,01

Glicídios totais em glicose (%) 3,92a 0,06 4,60b 0,04 4,10c 0,03

Sólidos totais (%) 17,05a 0,01 16,21b 0,04 14,41c 0,01

Sólidos solúveis totais (ºBrix) 15,05a 0,07 11,45b 0,07 16,05c 0,07

Sólidos insolúveis totais (%) 1,75a 0,07 1,35b 0,07 1,55a,b 0,07

Cinzas (%) 0,84a 0,04 0,77a 0,01 0,79a 0,01

Relação SS/ATT 24,08a 0,16 16,24b 0,06 24,88c 0,16

Carboidratos totais (%) 15,22a 0,15 14,34b 0,01 12,68c 0,05

Notas: média desvio padrão; * mg L-1 equivalente ácido málico; médias seguidas por letras iguais na linha não diferem entre si estatisticamente pelo Teste de Tukey com intervalo de confiança de 95%.

O teor de umidade foi crescente nas bebidas, sendo 82,95% na BPI, 83,79% na

BAM e 85,59% na BMI. Uliana; Venturini Filho (2010) verificaram 89% em bebida de soja e

amora (10 ºBrix) na proporção 1:1 de EHS:suco de amora. Mota (2006) obteve entre 90,47 e

91,77%, e Bezerra et al. (2013), 87,43%.

Pelos dados apresentados na Tabela 15 verifica-se que os valores de pH foram

similares entre as bebidas, sendo 4,30 na BPI, 4,22 na BAM e 3,46 na BMI. Jesus et al.

(2007) verificaram pH igual a 4,2 em suco de laranja enquanto que Vieira; Silva; Glória

(2010) observaram, em suco concentrado de laranja, pH de 3,72. Matsuura; Rolim (2002)

obtiveram pH de 3,37 em suco integral de acerola. Em três formulações de néctar de banana,

o pH variou de 4,49 a 4,59 (MESQUITA et al., 2009).

A acidez titulável total da BPI e da BMI são iguais pelo teste de Tukey (p 0,05),

enquanto que a BAM demonstrou a maior ATT (0,71 mg L-1

eq. ác. málico).

Pinheiro et al. (2006) obtiveram, em cinco marcas de suco integral de abacaxi,

ATT variando de 0,68 a 0,98 mg L-1

eq. ác. cítrico. Ruschel et al. (2001) encontraram

0,97 mg L-1

eq. ác. cítrico em suco de laranja, enquanto que Mota (2006) relatou 1,24 a 1,50

mg L-1

eq. ác. cítrico em seis sucos de amora preta (Rubus spp.) de cultivares distintos.

Vázquez-Araújo et al. (2011) verificaram 13,0 g L-1

eq. ác. cítrico em suco de romã.

O teor de proteínas da BPI foi 0,80%, enquanto que o da BAM foi 0,88% e o da

BMI, 0,72%. Caus et al. (2008) verificaram em bebida de soja e morango 1,40% de proteína,

e em bebida de soja e maracujá, 1,46%. Contudo, Bezerra et al. (2013) obtiveram somente

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116

0,28% de proteína em suco misto de acerola, maracujá e taperebá. Estas discrepâncias podem

estar relacionadas à presença / ausência de soja nas bebidas e também com o teor de proteínas

presente nos frutos utilizados em cada pesquisa.

A porcentagem de lipídios das três bebidas foi bem próxima, variando de 0,21%

(BPI) a 0,23% (BMI). Bezerra et al. (2013) encontraram valor similar (0,29%) a estes em suco

misto contendo polpa de acerola, maracujá e taperebá. Contudo, teores maiores de lipídios

foram verificados por Caus et al. (2008) em bebidas mistas de morango e maracujá (0,62% a

1,13%), Rodrigues; Moretti (2008), em bebida de pêssego (0,61%), e Uliana; Venturini Filho

(2010), em bebidas mistas contendo suco de amora e EHS, variando de 0,38% a 0,65%.

O teor de glicose verificado variou de 3,92% (BPI) a 4,60% (BAM), sendo

superiores ao encontrado por Santos et al. (2007) em suco de araçá (0,79%), porém abaixo de

Pinheiro et al. (2006), em seis marcas diferentes de sucos de abacaxi, que variou de 6,8% a

13,3%. Cabe ressaltar que a quantidade de açúcar presente nas bebidas está diretamente

relacionada com a fração correspondente deste ingrediente na composição do produto.

Na BMI obteve-se 14,41% de sólidos totais, enquanto que na BAM esta

porcentagem foi de 16,21% e na BPI, de 17,05%. Felberg et al. (2004) verificou 11,46% de

sólidos totais em bebida mista de soja e castanha, enquanto que Rodrigues; Moretti (2008)

obtiveram 19,35% em bebida de soja e polpa de pêssego.

A maior concentração de SS foi observada na BMI (16,05 ºBrix), e o menor na

BAM (11,45 ºBrix). Estes valores estão dentro da faixa constatada por Santana et al. (2008)

em análise de três marcos de suco de uva integral (14,21 a 17,30 ºBrix), por Abreu et al.

(2007) em sete bebidas mistas de soja (9,45 a 15,20 ºBrix) e também por Rajasekar et al.

(2012) em suco de romã de diversos cultivares (13,83 a 16,57 ºBrix). Em duas formulações de

néctar misto de mangaba e cagaita, Assumpção et al. (2013) obtiveram 16,3 e 16,6 ºBrix.

Em relação aos SI, a BPI é estatisticamente diferente da BAM, porém a BMI não

apresenta diferença significativa (5% de confiança) perante as outras duas.

A BPI apresentou maior concentração de cinzas (0,84%), enquanto que a BAM

resultou em 0,77%. Rodrigues; Moretti (2008) encontraram 1,31% de cinzas em bebida de

soja e polpa de pêssego. Teores inferiores a 1% em diversos tipos de bebidas, foram

observados por Felberg et al. (2004), Caus et al. (2008), Uliana; Venturini Filho (2010) e

Bezerra et al. (2013).

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117

A relação SS/ATT relaciona-se como sabor do fruto, fornecendo o balanço entre o

conteúdo de açúcares e de ácidos orgânicos, sendo que a diminuição deste aumenta o ratio

SS/ATT (MEDEIROS et al., 2012), afetando a percepção do açúcar e da acidez, sendo que,

conforme descrito por Carneiro; Figueiredo; Souza (2013), o desequilibro desta relação com o

aumento da acidez acarreta em sensação de produto com alta acidez ao paladar.

Aroucha et al. (2012) descreveram que a razão SS/ATT é utilizada subjetivamente

na avaliação do sabor, sendo desejáveis valores elevados por indicar maior quantidade de

açúcares em relação aos ácidos presentes.

Esta relação é importante na aceitação sensorial e de qualidade do produto, pois

quando desequilibrada, promove ao paladar a sensação de um produto de acidez elevada.

Os dados obtidos para o ratio SS/ATT das três bebidas formuladas são diferentes

entre si, estatisticamente, sendo que o maior valor ocorreu na BMI (24,88) e o menor na BAM

(16,24), indicando que o sabor mais adocicado está relacionado com a BMI.

Carneiro; Figueiredo; Souza (2013) verificaram 26,13 no ratio SS/ATT como

média de quatro marcas distintas de suco integral de caju. Bedetti et al. (2013) obtiveram

19,37 em néctar de cagaita congelado.

Em relação aos carboidratos totais, o teor encontrado em cada bebida difere entre

si estatisticamente pelo teste de Tukey, sendo que o maior teor ocorreu na BPI (15,22%) e o

menor na BMI (12,68%). Conforme esperado, os teores observados nas bebidas são bem

superiores aos teores de glicídios totais em glicose, pois, as formulações das bebidas

continham 12% e açúcar (ver item 4.3).

Uliana; Venturini-Filho (2010) observaram 12,50% de carboidratos totais em

bebida mista contendo EHS e suco de amora na proporção 1:2 e 14 ºBrix.

Muramatsu et al. (2010) verificaram teor de carboidratos totais entre 9,6% e

47,9% em suco de uva, 9,4% a 46,9% em suco de abacaxi e de 9,2% a 36,7% em suco de

laranja, enquanto que Caus et al. (2008) obtiveram 15,56% e 19,25% em bebidas mistas

contento EHS e polpa de morango e de maracujá, respectivamente, ambas com 8% de açúcar.

Assim como no caso das polpas, os resultados das análises físico-químicas

(Tabela 15) das bebidas foram analisados através do teste de homogeneidade de variância de

Cochran C, e demonstraram que suas variâncias foram homogêneas (p > 0,05), o que

possibilitou a aplicação de análise de variância multivariada (MANOVA).

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118

A análise de agrupamento mostrada no dendrograma relativo às três bebidas

formuladas encontra-se representada na Figura 28. Foi constatado que houve

homocedasticidade entre os dados das replicatas das bebidas (Tabela 15).

Houve a formação de três grupos distintos, cada qual com sua réplica (distância

vinculada com nível de corte entre 2,67 e 4,95, conforme gráfico de Amalgamation Schedule

representado na Figura 29), sendo que a bebida a base de soja sabor mirtilo é a mais

homogênea entre si (menor distância vinculada).

A bebida a base de soja sabor pitanga apresentou maior divergência entre suas

réplicas, pois possui a maior distância vinculada entre si.

Portanto, assim como nas polpas, constata-se que homogeneidade dentro dos

grupos e heterogeneidade entre os grupos.

1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5

Distância Vinculada (Euclidiana)

BAM (Replicata 2)

BAM (Replicata 1)

BMI (Replicata 2)

BMI (Replicata 1)

BPI (Replicata 2)

BPI (Replicata 1)

Figura 28 – Dendograma para as bebidas formuladas

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119

0 1 2 3 4 5 6

Etapa

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

5,5

6,0

Dis

tân

cia

Vin

cula

da

(Eu

clid

ian

a)

Figura 29 – Amagalmation Schedule (bebidas)

Assim como observado nas polpas, as características físico-químicas das bebidas

apresentaram homogeneidade dentro de cada grupo, portanto, utilizou-se a ACP (Figura 30 e

Figura 31) para se verificar quais variáveis levaram a tais distinções entre as bebidas. A ACP

mostrou que duas componentes principais explicam 88,70% da variabilidade dos dados.

BPI (Replicata 1)

BPI (Replicata 2)

BAM (Replicata 1)

BAM (Replicata 2)

BMI (Replicata 1)

BMI (Replicata 2)

-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5

CP1: 48,48%

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

CP

2:

40,2

3%

BPI (Replicata 1)

BPI (Replicata 2)

BAM (Replicata 1)

BAM (Replicata 2)

BMI (Replicata 1)

BMI (Replicata 2)

Figura 30 – Projeção dos casos no plano fatorial 1,2 (bebidas)

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120

pH

Proteínas

Cinzas

Umidade

Sólidos solúveis totais

Acidez titulável total

Sólidos insolúveis totais

Sólidos totais

Glicídios totais em glicose

Lipídios

SS/ATT

Carboidratos totais

-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0

CP1 : 48,48%

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

CP

2 :

40

,23%

pH

Proteínas

Cinzas

Umidade

Sólidos solúveis totais

Acidez titulável total

Sólidos insolúveis totais

Sólidos totais

Glicídios totais em glicose

Lipídios

SS/ATT

Carboidratos totais

Figura 31 – Círculo de Correlação (variáveis) das bebidas

Por meio da ACP percebe-se que houve a formação de três grupos distintos

(Figura 30). Cada grupo é formado por suas réplicas e as variáveis dependentes utilizadas para

esta análises são os descritores apresentados na Figura 31. Verifica-se ainda que cada grupo

encontra-se afastado dos outros dois. A CP1 separa a BAM das outras duas, enquanto que a

CP2 distingue a BPI das demais.

Analisando a Figura 31 e os dados da Tabela 16, percebe-se que há distinção entre

as variáveis que contribuem para a CP1 e para a CP2. Proteínas, acidez titulável total e

glicídios totais em glicose com autovetores positivos, e sólidos solúveis totais e a relação

SS/ATT com autovetores negativos, comandam o eixo da CP1. Já o eixo da CP2 é altamente

influenciado pelo autovetor positivo de umidade, e negativos de pH, sólidos totais, e

carboidratos totais.

Os descritores que melhor explicam a diferença entre a BAM das demais são os

elevados índices de glicídios totais em glicose e acidez titulável total.

A BMI se destaca pelo conteúdo de umidade e lipídios, enquanto que na BPI, as

cinzas e os sólidos insolúveis totais explicam de maneira mais eficiente a diferença das

características físico-químicas das bebidas.

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121

Tabela 16 – Fator coordenada das variáveis com base nas correlações (bebidas)

Variável (parâmetro) Fator 1 Fator 2

Umidade (%) -0,380 0,914

pH 0,505 -0,775

Acidez titulável total (mg L-1 ácido equivalente) 0,903 0,422

Proteínas (%) 0,864 -0,221

Lipídios (%) -0,043 0,649

Glicídios totais em glicose (%) 0,900 0,424

Sólidos totais (%) 0,380 -0,914

Sólidos solúveis totais (ºBrix) -0,997 0,027

Sólidos insolúveis totais (%) -0,741 -0,609

Cinzas (%) -0,494 -0,696 Razão SS/ATT -0,994 -0,101

Carboidratos totais (%) 0,352 -0,928

4.4.1.1 Polpas vs. bebidas

A análise de agrupamento também foi feita com todo o conjunto de dados das

polpas de frutas e de suas respectivas bebidas a base de soja. O dendrograma relativo às três

polpas e às três bebidas encontra-se representado na Figura 32. Mais uma vez foi constatado

que há homocedasticidade entre os dados, agrupando polpas de frutas e separando-as de suas

bebidas. Verifica-se a formação de quatro grupos (distância vinculada com nível de corte

entre 2,12 e 4,03, conforme gráfico de Amalgamation Schedule representado na Figura 33),

sendo que a polpa de mirtilo é a mais homogênea entre si (menor distância vinculada),

seguida da BMI.

As polpas de frutas formaram um grande agrupamento entre si, assim como as

bebidas de suas frutas.

Portanto, constata-se que houve homogeneidade dentro dos grupos e

heterogeneidade entre os mesmos (polpa de fruta e bebida).

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122

0 1 2 3 4 5

Distância Vinculada (Euclidiana)

Bebida Mirtilo (Replicata 2)

Bebida Mirtilo (Replicata 1)

Bebida Amora (Replicata 2)

Bebida Amora (Replicata 1)

Bebiba Pitanga (Replicata 2)

Bebiba Pitanga (Replicata 1)

Polpa Amora (Replicata 2)

Polpa Amora (Replicata 1)

Polpa Mirtilo (Replicata 2)

Polpa Mirtilo (Replicata 1)

Polpa Pitanga (Replicata )

Polpa Pitanga (Replicata 1)

Figura 32 – Dendograma para as polpas e as bebidas

0 2 4 6 8 10 12

Etapa

-1

0

1

2

3

4

5

Dis

tân

cia

Vin

cula

da

(Eu

clid

ian

a)

Figura 33 – Amagalmation Schedule (polpas e bebidas)

Com o intuito de verificar quais descritores explicam melhor a diferença na

caracterização físico-química entre as polpas e as bebidas, aplicou-se, novamente, a análise de

componentes principais, representada na Figura 34 e na Figura 35. Neste caso, dois

componentes explicaram 84,24% da variabilidade dos dados.

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123

Polpa Pitanga (RP1)

Polpa Pitanga (RP2)

Polpa Amora (RP1)

Polpa Amora (RP2)

Polpa Mirtilo (RP1)

Polpa Mirtilo (RP2)

BPI (RP1)

BPI (RP2)

BAM (RP1)

BAM (RP2) BMI (RP1)

BMI (RP2)

-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5

CP1: 59,47%

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

6

CP

2:

24

,78

%

Polpa Pitanga (RP1)

Polpa Pitanga (RP2)

Polpa Amora (RP1)

Polpa Amora (RP2)

Polpa Mirtilo (RP1)

Polpa Mirtilo (RP2)

BPI (RP1)

BPI (RP2)

BAM (RP1)

BAM (RP2) BMI (RP1)

BMI (RP2)

Figura 34 – Projeção no plano fatorial 1,2 (polpas e bebidas)

pH

Proteínas

Cinzas

Umidade

Sólidos solúveis totais

Acidez titulável total

Sólidos insolúveis totais Sólidos totais

Glicídios totais em glicose

SS/ATT

Lipídios

Carboidratos totais

-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0

CP1 : 59,47%

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

CP

2 :

24

,78

%

pH

Proteínas

Cinzas

Umidade

Sólidos solúveis totais

Acidez titulável total

Sólidos insolúveis totais Sólidos totais

Glicídios totais em glicose

SS/ATT

Lipídios

Carboidratos totais

Figura 35 – Círculo de Correlação (variáveis) das polpas e bebidas

Observando a Figura 34, verifica-se a formação de quatro grupos distintos, um

composto pelas bebidas, um pela polpa de amora, outro pela polpa de pitanga e um último

pela polpa de mirtilo, sendo que cada grupo é formado pelas replicatas 1 e 2 dos resultados

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124

analíticos. A CP1 separa o grupo das bebidas dos das polpas, enquanto que a CP2 distingue a

polpa de pitanga e mirtilo da polpa de amora e das bebidas.

Analisando a Figura 35 e os dados da Tabela 17, percebe-se que há distinção entre

as variáveis que contribuem para a CP1 e para a CP2. Sólidos solúveis totais e a relação

SS/ATT com autovetores positivos, e acidez titulável total, lipídios e glicídios totais em

glicose com autovetores negativos, comandam o eixo da CP1. Já o eixo da CP2 é altamente

influenciado pelos autovetores negativos de umidade e pH, e positivos de sólidos totais e,

sólidos insolúveis totais.

A ACP revela que os descritores que melhor explicam a diferença entre o grupo

das bebidas em relação aos das polpas são o pH e a relação SS/ATT, com maiores valores

para essas.

A polpa de amora se destaca principalmente pelos seus altos teores de umidade e

proteínas, enquanto que a polpa de pitanga é influenciada pelos teores de acidez titulável total,

lipídios, glicídios totais em glicose, cinzas e sólidos insolúveis totais. A polpa de mirtilo

interfere na diferenciação dos grupos estabelecidos na ACP, por apresentar altos teores de

sólidos solúveis totais, carboidratos totais e sólidos totais.

Tabela 17 – Fator coordenada das variáveis com base nas correlações (polpas e bebidas)

Variável (parâmetro) Fator 1 Fator 2

Umidade (%) -0,700 -0,640

pH 0,262 -0,747

Acidez titulável total (mg L-1 ácido equivalente) -0,987 0,112 Proteínas (%) -0,530 -0,332

Lipídios (%) -0,914 0,277

Glicídios totais em glicose (%) -0,852 0,427

Sólidos totais (%) 0,700 0,640

Sólidos solúveis totais (ºBrix) 0,825 0,382

Sólidos insolúveis totais (%) -0,745 0,629

Cinzas (%) -0,756 0,556

Relação SS/ATT 0,942 -0,035

Carboidratos totais (%) 0,759 0,602

4.4.2 Microbiológica

Visando a segurança alimentar microbiológica das bebidas desenvolvidas, foi

realizada caracterização microbiológica destas bebidas para Bolores e Leveduras,

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125

Samonella sp., Coliformes Termotolerantes a 45 ºC e Bacillus cereus, cujos resultados

encontram-se dispostos na Tabela 18, que também apresenta os limites legais perante a RDC

nº 12/2001 (BRASIL, 2001). Os Laudos de Análise nos

192 UTFPR/2013, 193 UTFPR/2013 e

194 UTFPR/2013 encontram-se no Anexo B.

Tabela 18 – Caracterização microbiológica das polpas utilizadas

Parâmetro Bebida de

pitanga

Bebida de

amora

Bebida de

mirtilo Limite legal*

Bolores e leveduras (UFC mL-1) 6,0x10¹ < 1,0x10¹ 3,0x10¹ ---

Salmonella sp.

(Presença ou Ausência 25 mL-1) ausência ausência ausência ausência

Coliformes termotolerantes a

45 ºC (NMP mL-1) < 3,0x100 < 3,0x100 < 3,0x100 1,0x10¹

Bacillus cereus (UFC mL-1

) < 1,0x100 < 1,0x10

0 < 1,0x10

0 5,0x10²

Notas: UFC: Unidade Formadora de Colônia; NMP: Número Mais Provável; ---: limite legal não encontrado

para este tipo de alimento; *: RDC nº 12/2001 (BRASIL, 2001)

Fonte: Laudos de Análise nos 192 UTFPR/2013, 193 UTFPR/2013 e 194 UTFPR/2013

Analisando os dados da Tabela 18, percebe-se que todas as bebidas atenderam aos

padrões microbiológicos sanitários para alimentos estabelecidos pela legislação vigente. Nas

bebidas de pitanga e mirtilo percebeu-se a presença de bolores e leveduras, na proporção de

6,0x10¹ UFC mL-1

e 3,0x10¹ UFC mL-1

, respectivamente.

Conforme descrito no item 4.1.2, concentração não significativa (baixa) de

bolores e leveduras é considerada normal para alimentos frescos ou congelados (SANTOS;

COELHO; CARREIRO, 2008), sendo que uma microbiota natural variável pode ser

encontrada em todos os alimentos, principalmente na região superficial dos mesmos

(DANTAS et al., 2012).

Estudos em outros tipos de bebidas apontam para a presença de bolores e

leveduras em concentrações superiores aos da Tabela 18. Fiori; Oliveria (2013) observaram

3,8x103 UFC mL

-1 em suco de laranja, 4,4x10

3 UFC mL

-1 em suco de laranja com mamão e

9,5x102 UFC mL

-1 em suco de manga.

Prati; Moretti; Cardello (2005) encontraram 5x101 UFC mL

-1 em garapa

clarificada sem suco, 8x101 UFC mL

-1 em garapa clarificada com suco de limão,

7x102 UFC mL

-1 em garapa clarificada com suco de abacaxi e 3x10

2 UFC mL

-1 em garapa

clarificada com suco de maracujá.

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126

4.5 COMPORTAMENTO REOLÓGICO

É através do conhecimento do comportamento reológico das polpas de frutas que

a indústria de alimentos tem a possibilidade, respeitando as características individuais de cada

fruta, de desenvolver aplicações tecnológicas e de engenharia, promover intervenções nas

etapas de processamento e aumentar o padrão de qualidade dos seus produtos, o que reflete

em maior aceitação sensorial pelo consumidor.

Para a determinação do comportamento das polpas e bebidas formuladas de

pitanga, amora e mirtilo, foi conduzido o estudo reológico em diferentes temperaturas e

avaliado a aplicabilidade de modelos reológicos.

4.5.1 Polpa de pitanga

Na Figura 36 é possível observar a curva de escoamento (dados de tensão de

cisalhamento em função da taxa de cisalhamento) obtida para a polpa de pitanga, nas

temperaturas de 10, 20, 30, 40 e 50 ºC.

Observando a Figura 36 percebe-se que não há proporcionalidade entre a taxa de

cisalhamento e a tensão de cisalhamento, indicando que a polpa de pitanga apresenta

comportamento não newtoniano.

A polpa de fruta é rica em partículas insolúveis, principalmente por substâncias

pécticas, polissacarídeos e proteínas. Costell; Duran (1982 apud OLIVEIRA; ROSSI;

BARROS, 2011), consideram sistemas bifásicos todos os líquidos derivados de frutas, sendo

compostos por partículas sólidas dispersas em meio aquoso.

A maioria destes sistemas flui com características pseudoplásticas, apresentando,

normalmente, resistência inicial ao escoar e/ou dependência do tempo, apesar de alguns

demonstrarem escoamentos newtonianos, sendo que a alteração estrutural decorrente do

cisalhamento está relacionada com esta variabilidade.

Ao analisar a curva de escoamento verifica-se que o aumento da taxa de

cisalhamento provoca diminuição na inclinação das curvas de escoamento para polpa,

evidenciando assim, uma diminuição da viscosidade aparente. Isto demonstra visualmente o

comportamento pseudoplástico.

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127

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

Ten

são

de

Cis

alh

amen

to (

Pa)

Figura 36 – Curva de escoamento para a polpa de pitanga: 10 ºC (●), 20 ºC (■),

30 ºC (▲), 40 ºC (), 50 ºC (+).

Para a análise dos dados observados, aplicaram-se os modelos de Ostwald-de-

Waele e de Herschel-Bulkley, cujos parâmetros encontram-se dispostos na Tabela 19 e na

Tabela 20, respectivamente.

Tabela 19 – Parâmetros reológicos do modelo de Ostwald-de-Waele para a polpa de pitanga, obtidos em

diferentes temperaturas

Temperatura (ºC) k (Pa.sn) n (adimensional) R² ²

10 1,619 0,558 0,996 3,035

20 1,716 0,528 0,998 1,049

30 1,313 0,555 0,998 0,938

40 1,542 0,399 0,968 4,291

50 1,404 0,372 0,930 6,347

Legenda: k: índice de consistência; n: índice de comportamento do fluído; R²: coeficiente de correlação; ²: chi-quadrado.

Pelos valores do índice de comportamento do fluxo (n), na Tabela 19, que

variaram de 0,372 a 0,558 e, considerando que todos os valores de k > 0, percebe-se que a

polpa de pitanga apresenta características de fluído pseudoplástico.

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128

O caráter pseudoplástico típico de sucos e polpas de frutas também foi observado

em polpas de acerola, caju, manga (SILVA et al., 2012) e jabuticaba (SATO; CUNHA, 2007).

Os valores de R² ≥ 0,930 apontam para um ótimo ajuste dos dados perante o

modelo da Lei da Potência, confirmado pelos baixos valores de ².

Tabela 20 – Parâmetros reológicos do modelo de Herschel-Bulkley para a polpa de pitanga, obtidos em

diferentes temperaturas

Temperatura

(ºC)

k

(Pa.sn)

n

(adimensional) 0

(Pa) R² ²

10 0,632 0,744 2,557 0,999 0,454

20 1,049 0,623 1,474 0,999 0,383

30 1,005 0,606 0,698 0,998 0,785

40 5,532 0,208 -5,049 0,976 3,334

50 12,339 0,101 -12,234 0,946 4,950

Legenda: k: índice de consistência; n: índice de comportamento do fluído; 0: tensão de cisalhamento crítica; R²:

coeficiente de correlação; ²: chi-quadrado.

Em relação ao modelo de Herschel-Bulkley, observa-se similaridade nos valores

de n e k com o modelo de Ostwald-de-Waele, sendo que a tensão de cisalhamento crítica foi

superior a zero nas temperaturas de 10, 20 e 30 ºC, com excelentes valores de R² e ².

Os valores negativos de 0 nas temperaturas de 40 ºC e 50 ºC não apresentam

significado físico, perante o modelo de Herschel-Bulkley. Valores negativos de 0 também

foram observados por Chaves et al. (2011), no estudo reológico da polpa de pitanga roxa.

Lopes et al. (2013) constataram que em temperaturas de pasteurização (83 a

97 ºC), a polpa de pitanga apresenta ajuste aos modelos de Ostwald-de-Waele e Herschel-

Bulkley, com melhores resultados neste último modelo, e por apresentar a tensão crítica de

cisalhamento é bem aplicado e utilizado em controle de qualidade em processos industriais.

Na Figura 37 é demonstrado o modelo de Ostwald-de-Waele e a Figura 38 de

Herschel-Bulkley, ajustados a curva de escoamento da polpa de pitanga.

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129

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

Ten

são

de

Cis

alh

am

ento

(P

a)

Figura 37 – Modelo de Ostwald-de-Waele ajustado a curva de escoamento da

polpa de pitanga: 10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC (▲), 40 ºC (), 50 ºC

(+).

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de Cisalhamento (s-1)

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

Ten

são

de

Cis

alh

am

ento

(P

a)

Figura 38 – Modelo de Herschel-Bulkley ajustado a curva de escoamento da

polpa de pitanga: 10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC (▲), 40 ºC (), 50 ºC

(+).

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130

A variação da viscosidade aparente em função da taxa de cisalhamento é

representada na Figura 39. A redução no valor da viscosidade observada com o aumento da

temperatura confirma o caráter pseudoplástico da polpa de pitanga. O mesmo comportamento

da viscosidade foi observado por Lopes et al. (2013), em polpa de pitanga e por Karwowski

(2012) em polpas integrais de pitanga e de uvaia.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de Cisalhamento (s-1)

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

Vis

cosi

dad

e (P

a s

)

Figura 39 – Viscosidade aparente da polpa de pitanga: 10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC

(▲), 40 ºC (), 50 ºC (+).

Aplicando-se o teste de Tukey para os valores de viscosidade aparente na taxa de

cisalhamento de 54 s-1

(ver justificativa no item 4.5.4), determinada pelos parâmetros do

modelo de Ostwald-de-Waele (Tabela 21), percebe-se que todos os valores de viscosidade

aparente, nesta taxa, são estatisticamente diferentes, ao nível de 95% de confiança.

Para a polpa de pitanga na taxa de cisalhamento mencionada foi observado no

intervalo de 10 a 50 ºC uma redução de 4,68, 15,45, 48,13 e 19,14% na viscosidade aparente

quando a temperatura foi aumentada em cada 10 ºC.

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131

Tabela 21 – Médias desvio padrão, das viscosidades aparentes para as cinco temperaturas estudas na

polpa de pitanga, na taxa de cisalhamento de 54 s-1

Temperatura (ºC) Viscosidade aparente (Pa s)

10 0,2730a 0,0000

20 0,2608b 0,0011

30 0,2259c 0,0000

40 0,1525d 0,0000

50 0,1280e 0,0000

Nota: Médias seguidas por letras iguais na mesma coluna não diferem entre si estatisticamente pelo Teste de

Tukey com intervalo de confiança de 95%

4.5.2 Polpa de amora

As curvas de escoamento obtidas para a polpa de amora nas temperaturas de 10,

20, 30, 40 e 50 ºC, com velocidades crescentes da taxa de cisalhamento, encontram-se

dispostas na Figura 40.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

Ten

são

de

Cis

alh

amen

to (

Pa)

Figura 40 – Curva de escoamento para a polpa de amora: 10 ºC (●), 20 ºC (■),

30 ºC (▲), 40 ºC (), 50 ºC (+).

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132

Assim como na polpa de pitanga, a não proporcionalidade entre a taxa de

cisalhamento e a tensão de cisalhamento observada na Figura 40, aponta para o

comportamento não newtoniano da amostra analisada.

Os modelos de Ostwald-de-Waele e de Herschel-Bulkley também foram aplicados

à polpa de amora, cujos parâmetros encontram-se dispostos na Tabela 22 e na Tabela 23,

respectivamente.

Tabela 22 – Parâmetros reológicos do modelo de Ostwald-de-Waele para a polpa de amora, obtidos em

diferentes temperaturas

Temperatura (ºC) k (Pa.sn) n (adimensional) R² ²

10 0,016 1,080 0,988 0,119

20 0,014 1,071 0,983 0,119

30 0,016 0,992 0,964 0,173

40 0,015 0,947 0,937 0,199

50 0,006 1,069 0,953 0,080

Legenda: k: índice de consistência; n: índice de comportamento do fluído; R²: coeficiente de correlação; ²: chi-quadrado.

Tabela 23 – Parâmetros reológicos do modelo de Herschel-Bulkley para a polpa de amora, obtidos em

diferentes temperaturas

Temperatura

(ºC)

k

(Pa.sn)

n

(adimensional) 0

(Pa) R² ²

10 0,015 1,096 0,012 0,988 0,119

20 0,010 1,142 0,044 0,983 0,116

30 0,016 0,999 0,004 0,964 0,173

40 0,043 0,735 -0,147 0,944 0,178

50 0,017 0,869 -0,080 0,958 0,073

Legenda: k: índice de consistência; n: índice de comportamento do fluído; 0: tensão de cisalhamento crítica; R²:

coeficiente de correlação; ²: chi-quadrado.

Perante o ajuste ao modelo de Ostwald-de-Waele (Tabela 22) observa-se que os

valores de n permaneceram próximos de 1,0, tendendo ao comportamento newtoniano da

amostra. Os valores de R² elevados (acima de 0,93) e os valores de ² baixos (abaixo de 0,18)

apontam para a confiabilidade no ajuste dos dados perante este modelo.

Analisando os dados da Tabela 23, notam-se valores negativos de 0 nas

temperaturas de 40 ºC e 50 ºC, indicando que o modelo de Herschel-Bulkley não apresenta

bom ajuste aos dados obtidos nestas temperaturas.

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133

Ferreira et al. (2002) observaram comportamento incomum da polpa de caju

integral, onde não foi possível aplicar modelos matemáticos satisfatórios para explicar este

comportamento. Os autores atribuem este resultado à presença de fibras longas na polpa (não

fragmentadas durante o despolpamento), que se entrelaçariam e, portanto, dificultariam o

escoamento do fluido amostral, pela oposição às forças de arraste do movimento.

Yoğurtçu; Kamişli (2006) observaram valores do índice de comportamento de

fluído entre 0,8568 (30 ºC) e 0,9329 (15 ºC) para suco concentrado de amora preta, perante o

modelo da Lei da Potência, e o consideraram como fluído pseudoplástico.

O modelo de Ostwald-de-Waele e o de Herschel-Bulkley, ajustados a curva de

escoamento da polpa de pitanga, estão representados na Figura 41 e na Figura 42,

respectivamente.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

Ten

são

de

Cis

alh

amen

to (

Pa)

Figura 41 – Modelo de Ostwald-de-Waele ajustado a curva de escoamento da

polpa de amora: 10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC (▲), 40 ºC (), 50 ºC

(+).

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134

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

Ten

são

de

Cis

alh

amen

to (

Pa)

Figura 42 – Modelo de Herschel-Bulkley ajustado a curva de escoamento da

polpa de amora: 10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC (▲), 40 ºC (), 50 ºC

(+).

A variação da viscosidade aparente em função da taxa de cisalhamento é

visualizada na Figura 43. Apesar do comportamento inesperado da viscosidade, no intervalo

de 30 a 50 s-1

observa-se a redução no valor da viscosidade aparente com o aumento da

temperatura indicando comportamento pseudoplástico da amostra.

Esta redução no valor da viscosidade também foi observada por Sengül; Ertugay;

Sengül (2005), durante estudos reológicos de suco concentrado de amora.

Guimarães; Mascigrande (2011) estudaram as diferenças reológicas das polpas de

juçara e açaí, em função da temperatura e do teor de sólidos solúveis, e constataram que a

viscosidade de ambas as amostras diminuiu com o aumento da taxa de cisalhamento e que

essa é afetada pelo teor de sólidos solúveis presentes.

Aplicando-se o teste de Tukey na taxa de cisalhamento de 54 s-1

, percebe-se que a

viscosidade aparente da polpa de amora é estatisticamente diferente em certas temperaturas,

ao nível de 95% de confiança (Tabela 24), principalmente a 50 ºC, cujo valor difere de todos

os outros. A ap a 10 ºC iguala-se a 20 ºC, porém difere estatisticamente dos demais. Os

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135

valores observados a 20 ºC e 30 ºC também não diferem entre si pelo teste de Tukey, sendo

que o mesmo fato ocorre entre 30 ºC e 40 ºC.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de Cisalhamento (s-1)

-0,01

0,00

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

Vis

cosi

dad

e A

par

en

te (

Pa s

)

Figura 43 – Viscosidade aparente da polpa de amora: 10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC

(▲), 40 ºC (), 50 ºC (+).

O conhecimento deste comportamento da viscosidade aparente é importante em

escala industrial, pois se pode economizar energia térmica no aquecimento da polpa caso a ap

não sofra alteração significativa em temperatura inferior.

Observou-se, no intervalo de 10 a 50 ºC, redução de 16,20, 22,60, 18,70 e 53,75%

na viscosidade aparente da polpa de amora quando se elevou a temperatura em cada 10 ºC.

Tabela 24 – Médias desvio padrão, das viscosidades aparentes para as cinco temperaturas estudadas na

polpa de amora, na taxa de cisalhamento de 54 s-1

Temperatura (ºC) Viscosidade aparente (Pa s)

10 0,0208a 0,0015

20 0,0179a,b 0,0011

30 0,0146b,c 0,0018

40 0,0123c 0,0011

50 0,0080d 0,0024

Nota: Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si estatisticamente pelo Teste de Tukey (p 0,05).

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136

4.5.3 Polpa de mirtilo

A curva de escoamento para a polpa de mirtilo, nas temperaturas de 10, 20, 30, 40

e 50 ºC, com velocidades crescentes da taxa de cisalhamento, encontra-se na Figura 44.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0

3

6

9

12

15

18

21

24

27

30

Ten

são

de

Cis

alh

amen

to (

Pa)

Figura 44 – Curva de escoamento para a polpa de mirtilo: 10 ºC (●), 20 ºC (■),

30 ºC (▲), 40 ºC (), 50 ºC (+).

Através da Figura 44 observa-se que a polpa de mirtilo não apresenta linearidade

na inclinação das curvas de escoamento, ocorrendo diminuição destas inclinações como

aumento da temperatura, caracterizando fluido não newtoniano.

Os dados obtidos foram ajustados aos modelos de Ostwald-de-Waele e de

Herschel-Bulkley, cujos parâmetros encontram-se na Tabela 25 e na Tabela 26,

respectivamente.

Os valores de n permaneceram entre zero e um, e considerando que k é superior a

zero em todas as temperaturas estudas (Tabela 25), tem-se o fluido amostral caracterizado

como pseudoplástico. Este comportamento também foi observado por Kechinski et al. (2011)

e Nindo et al. (2007), em purês de mirtilo.

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137

Os valores elevados de R² (superior a 0,98) e pequenos de ² (inferior a 20)

confirmam o ótimo ajuste dos dados ao modelo de Ostwald-de-Waele (Figura 45) e observa-

se que o aumento da temperatura causou uma diminuição no índice de consistência (k) e um

aumento do índice de comportamento (n) como previsto pela literatura.

Tabela 25 – Parâmetros reológicos do modelo de Ostwald-de-Waele para a polpa de mirtilo, obtidos em

diferentes temperaturas

Temperatura (ºC) k (Pa.sn) n (adimensional) R² ²

10 0,964 0,754 0,987 19,659 20 0,686 0,778 0,994 5,587

30 0,495 0,782 0,996 2,130

40 0,386 0,807 0,995 2,252

50 0,413 0,754 0,994 0,352

Legenda: k: índice de consistência; n: índice de comportamento do fluído; R²: coeficiente de correlação; ²: chi-quadrado.

Tabela 26 – Parâmetros reológicos do modelo de Herschel-Bulkley para a polpa de mirtilo, obtidos em

diferentes temperaturas

Temperatura

(ºC)

k

(Pa.sn)

n

(adimensional) 0

(Pa) R² ²

10 0,142 1,156 4,584 0,999 1,460 20 0,208 1,029 2,484 1,000 0,446

30 0,202 0,967 1,462 0,999 0,478

40 0,120 1,050 1,522 0,999 0,255

50 0,128 0,997 1,376 0,999 1,750

Legenda: k: índice de consistência; n: índice de comportamento do fluído; 0: tensão de cisalhamento crítica; R²:

coeficiente de correlação; ²: chi-quadrado.

Ainda, através dos dados da Tabela 26, constata-se que o modelo de Herschel-

Bulkley apresentou ajuste aos dados obtidos em todas as temperaturas (Figura 46), atingindo

R² superiores a 0,99 e ² 1,75.

Antonio et al. (2009) também constataram que os modelos de Ostwald-de-Waele e

Herschel-Bulkley apresentam ajuste satisfatório aos dados obtidos para frutos de mirtilo, em

temperaturas inferiores a 65 ºC.

Na Figura 47 observa-se a variação da viscosidade aparente em função da taxa de

cisalhamento da polpa de mirtilo. A viscosidade aparente da amostra diminui com o aumento

da taxa de cisalhamento e, também, com o aumento da temperatura.

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138

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0

3

6

9

12

15

18

21

24

27

30

Ten

são

de

Cis

alh

amen

to (

Pa)

Figura 45 – Modelo de Ostwald-de-Waele ajustado a curva de escoamento da

polpa de mirtilo: 10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC (▲), 40 ºC (), 50 ºC

(+).

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de Cisalhamento (s-1)

3

6

9

12

15

18

21

24

27

30

Ten

são

de

Cis

alh

amen

to (

Pa)

Figura 46 – Modelo de Herschel-Bulkley ajustado a curva de escoamento da

polpa de mirtilo: 10 ºC (●), 20 ºC (■), 30 ºC (▲), 40 ºC (), 50 ºC

(+).

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139

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4

Vis

cosi

dad

e A

par

en

te (

Pa s

)

Figura 47 – Viscosidade aparente da polpa de mirtilo: 10 ºC (●), 20 ºC (■),

30 ºC (▲), 40 ºC (), 50 ºC (+).

Aplicando-se o teste de Tukey na taxa de cisalhamento de 54 s-1

, percebe-se que

todos os valores de viscosidade aparente, são estatisticamente diferentes, ao nível de 95% de

confiança (Tabela 27). Portanto, a elevação da temperatura altera significativamente a

viscosidade aparente da polpa de mirtilo.

Tabela 27 – Médias desvio padrão, das viscosidades aparentes para as cinco temperaturas estudas na

polpa de pitanga, na taxa de cisalhamento de 54 s-1

Temperatura (ºC) Viscosidade aparente (Pa s)

10 0,3516a 0,0024

20 0,2827b 0,0018

30 0,2072c 0,0009

40 0,1774d 0,0000

50 0,1496e 0,0018

Nota: Médias seguidas por letras iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey (p 0,05).

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140

4.5.4 Efeito da temperatura na viscosidade aparente de polpas de frutas

De acordo com Steffe (1996), a percepção humana da espessura de alimentos na

boca está correlacionada com a viscosidade aparente em uma taxa de cisalhamento de

aproximadamente 60 s-1

. Barnes (2000) complementa que em líquidos não newtonianos, a

taxa média de cisalhamento na boca humana é estimada em 50 s-1

.

Bourne (2002) concorda com Barnes (2000) e descreve ainda que a taxa de

cisalhamento em vazamentos / derramamentos ou quedas é de cerca de 10-1.000 s-1

, em mixer

doméstico varia de 100-1.000 s-1

e, em liquidificador, é superior a 1.000 s-1

.

Na Tabela 28 são apresentados os valores de tensão de cisalhamento obtidos na

taxa de cisalhamento de 54 s-1

, para as temperaturas e polpas estudadas.

Tabela 28 – Médias desvio padrão, das tensões de cisalhamento para as cinco temperaturas estudas nas

polpas de pitanga, amora e mirtilo, na taxa de cisalhamento de 54 s-1

Temperatura (ºC) Tensão de cisalhamento (N m

-2)

Polpa de pitanga Polpa de amora Polpa de mirtilo

10 14,79a 0,00 1,12a 0,08 18,99a 0,13

20 14,12b 0,06 0,97a,b 0,06 15,27b 0,10

30 12,21c 0,00 0,79b,c 0,10 11,19c 0,05

40 8,26d 0,00 0,66c 0,06 9,59d 0,00

50 6,93e 0,00 0,43d 0,13 8,08e 0,10

Nota: Médias seguidas por letras iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey (p 0,05).

Aplicando o teste de Tukey, constata-se que na polpa de pitanga há diferença

estatística nos dados em todas as temperaturas, ou seja, a tensão de cisalhamento muda

significativamente como aumento da temperatura, na taxa estudada, o que implica na redução

da viscosidade aparente.

Em relação à polpa de amora, nas temperaturas de 10 ºC e 20 ºC, as tensões de

cisalhamento são iguais, no intervalo de 95% de confiança. Porém, na temperatura de 10 ºC

esta tensão é diferente das demais. Em 50 ºC, o resultado difere estatisticamente de todos os

outros e, não há diferença estatística entre 30 e 40 ºC, e nem entre 20 e 30 ºC.

Portanto, em 54 s-1

, a polpa de amora pode apresentar tensões de cisalhamento

estatisticamente diferentes em função das temperaturas analisadas, influenciando na

viscosidade aparente da polpa.

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141

O teste de Tukey para a polpa de mirtilo demonstra que, assim como na polpa de

pitanga, há diferença estatística nos dados em todas as temperaturas, isto é, a tensão de

cisalhamento muda significativamente como aumento da temperatura.

De acordo com Bezerra et al. (2009), pode-se empregar a relação de Arrhenius

(Equação 23), para fluidos não newtonianos em uma determinada taxa de cisalhamento,

envolvendo a viscosidade aparente. Grigelmo-Miguel; Ibarz-Ribas; Martín-Belloso (1999),

complementam informando que a relação de Arrhenius pode descrever o efeito da

temperatura em alimentos líquidos.

BT

1.

R

Ea )ln( Equação 23

= viscosidade aparente

B = parâmetro de ajuste

Ea = energia de ativação

R = constante dos gases perfeitos

T = temperatura absoluta (K)

Para verificação do efeito da temperatura na viscosidade aparente das polpas de

pitanga, amora e mirtilo, foram adotados os valores de viscosidade aparente obtidos na taxa

de cisalhamento de 50 s-1

, para as cinco temperaturas estudadas (Tabela 29), calculados de

acordo com os parâmetros do modelo de Ostwald-de-Waele, que melhor se ajustou aos dados

experimentais (ver itens 4.5.1 a 4.5.3).

Tabela 29 – Viscosidades aparentes calculadas na taxa de cisalhamento de 50 s-1

, através dos parâmetros

do modelo de Ostwald-de-Waele

Temperatura (ºC) Viscosidade aparente (Pa s)

Polpa de pitanga Polpa de amora Polpa de mirtilo

10 0,287 0,022 0,368

20 0,271 0,018 0,288

30 0,230 0,016 0,211 40 0,147 0,012 0,181

50 0,120 0,008 0,158

Na Figura 48 é possível observar que a relação de Arrhenius (Equação 23)

empregada apresentou bom ajuste do efeito da temperatura na viscosidade aparente das

polpas, devido aos altos valores de R² encontrados.

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142

0,00305 0,00310 0,00315 0,00320 0,00325 0,00330 0,00335 0,00340 0,00345 0,00350 0,00355 0,00360

1/T (K-1)

-5,0

-4,5

-4,0

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

ln(v

isco

sid

ade a

pare

nte

) (P

a s)

y = -8,6577 + 2130,3338*x ; R² = 0,9115

y = -8,0231 + 1981,0176*x ; R² = 0,9834

y = -11,6294 + 2232,1389*x ; R² = 0,9363

Figura 48 – Efeito da temperatura na viscosidade aparente das polpas de pitanga

(●), amora (■) e mirtilo (▲).

A viscosidade aparente das três polpas diminui com o aumento da temperatura

(Figura 48), pois conforme citado por Oliveira; Rossi; Barros (2011), nestas condições “a

rapidez da movimentação das partículas é mais acentuada, enquanto que as forças de

interação enfraquecem e as partículas ficam mais livres para escoar”.

Bezerra et al. (2009) observaram valores de ln(viscosidade aparente) acima de

5,4 mPa s para polpa de morango (Fragarisa ananassa) na taxa de cisalhamento de 47,2 s-1

e

temperatura variando de 10 a 60 ºC, sendo portanto mais viscosa do que as polpas de pitanga,

amora e mirtilo.

O valor de ln(viscosidade aparente) permaneceu abaixo de -2,2 Pa s na polpa de

jabuticaba, a 100 s-1

para temperatura de 5 a 85 ºC (SATO; CUNHA, 2007), sendo portanto

menos viscosa que as polpas de pitanga e mirtilo.

A energia de ativação e a equação da reta, obtidas pela relação de Arrhenius, estão

dispostas na Tabela 30.

Pelos dados da Tabela 30 percebe-se que a energia de ativação das polpas é

similar, variando de 16,47 kJ mol-1

(polpa de mirtilo) a 18,56 kJ mol-1

(polpa de amora). O

coeficiente de determinação (R²) manteve-se acima de 0,90, indicando que os valores da

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143

viscosidade aparente foram satisfatoriamente ajustados à equação de Arrhenius. Segundo Da

Silva (2008), quanto maior for o valor da energia de ativação, maior será a influência da

temperatura nos parâmetros reológicos do fluído em estudo, incluindo a viscosidade.

Tabela 30 – Energia de ativação das polpas estudadas Amostra Equação de reta Energia de ativação (kJ mol

-1) R²

Polpa de pitanga y=-8,6577+2130,3338x 17,71 0,91 Polpa de amora y=-11,6294+2232,1389x 18,56 0,94

Polpa de mirtilo y=-8,0231+1981,0176x 16,47 0,98

De acordo com Haminiuk (2005), o valor da energia de ativação aumenta com a

diminuição do teor de sólidos solúveis. Comparando o teor destes sólidos nas polpas

estudadas (ver item 4.1.1), percebe-se um aumento crescente da polpa de amora para a de

mirtilo, passando pela de pitanga. O mesmo ocorre com o valor da energia de ativação, porém

em nível decrescente, ou seja, o menor valor de Ea remete ao maior teor de sólidos solúveis.

A polpa de amora apresenta maior facilidade de escoamento devido ao maior

valor de Ea encontrado, ou seja, a temperatura possui maior influencia sobre a estrutura

molecular desta polpa, se comparada com as polpas de pitanga e mirtilo.

Haminiuk (2005) também observou este comportamento ao comparar as energias

de ativação, a 50 s-1

, de polpas de amora-preta e de araçá, encontrando 18,27 kJ mol-1

e 11,03

kJ mol-1

, respectivamente.

Chin et al. (2009) encontraram 34,02 J kg-1

mol-1

para suco concentrado de toranja

a 20 ºBrix na taxa de cisalhamento de 100 s-1

, e, 22,12 J kg-1

mol-1

quando a concentração de

sólidos solúveis era de 50 ºBrix.

Faraoni et al. (2013) verificaram, a 100 s-1

, para suco misto de manga, goiaba e

acerola, valores de energia de ativação de controle 11,66 kJ mol-1

, 10,32 kJ mol-1

,

9,86 kJ mol-1

e 9,80 kJ mol-1

, referente ao suco controle, suco adicionado de luteína, suco

adicionado de epigalocatequina galato (EGCG) e suco adicionado de luteína + EGCG,

respectivamente.

Antonio et al. (2009) encontraram 9,39 kJ mol-1

em polpa de mirtilo a uma taxa de

cisalhamento de 100 s-1

.

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144

Em relação à polpa de pitanga roxa, Chaves et al. (2011), relataram para a energia

de ativação a 100 s-1

e 9,3 ºBrix, 14,56 kJ mol-1

.

Bezerra et al. (2009) verificaram energia de ativação de 12,999 kJ g-1

mol-1

para

polpa de morango, contendo 8,35 º Brix, na taxa de cisalhamento de 47,2 s-1

.

Lopes et al. (2013) obtiveram 12,33 kJ mol-1

em polpa de pitanga com 7,97 ºBrix

na taxa de cisalhamento de 100 s-1

. O valor da energia de ativação encontrado por Karwowski

(2012), para polpa de uvaia e pitanga integral, a uma taxa de 50 s-1

, foi de 16,59 kJ mol-1

e

14,22 kJ mol-1

, respectivamente. Sendo esta próxima à observada para a polpa de pitanga

estudada (17,71 kJ mol-1

) a 50 s-1

e 12,1 º Brix.

4.5.5 Bebida de pitanga

A bebida de pitanga, após ensaios reológicos nas temperaturas de 10, 30 e 50 ºC,

apresentou a curva de escoamento disposta na Figura 49.

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4

2,6

2,8

Ten

são

de

Cis

alh

amen

to (

Pa)

Figura 49 – Curva de escoamento para a bebida de pitanga: 10 ºC (●), 30 ºC (■),

50 ºC (▲)

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145

Analisando a Figura 49 verifica-se que o aumento da taxa de cisalhamento

provoca diminuição na inclinação das curvas de escoamento para polpa. Os sistemas

pseudoplásticos, apesar da aparência homogênea, na verdade possuem partículas dispersas

com formas irregulares.

Conforme esperado, tendo em vista a dissolução da polpa de pitanga em extrato

de soja e outros componentes (ver composição no item 4.4.1), a tensão de cisalhamento da

bebida de pitanga é menor do que na polpa, devido, principalmente, à concentração de pectina

presente nessa (0,2%).

Na análise dos dados, aplicaram-se os modelos Ostwald-de-Waele e Herschel-

Bulkley, cujos parâmetros encontram-se na Tabela 31 e na Tabela 32, respectivamente.

Tabela 31 – Parâmetros reológicos do modelo de Ostwald-de-Waele para a bebida de pitanga, obtidos em

diferentes temperaturas

Temperatura (ºC) k (Pa.sn) n (adimensional) R² ²

10 0,252 0,373 0,910 2,056

30 0,250 0,281 0,954 0,262

50 0,318 0,177 0,907 0,170

Legenda: k: índice de consistência; n: índice de comportamento do fluído; R²: coeficiente de correlação; ²: chi-quadrado.

Tabela 32 – Parâmetros reológicos do modelo de Herschel-Bulkley para a bebida de pitanga, obtidos em

diferentes temperaturas

Temperatura

(ºC)

k

(Pa.sn)

n

(adimensional) 0

(Pa) R² ²

10 0,061 0,587 0,456 0,918 1,880 30 0,114 0,388 0,223 0,960 0,230

50 0,075 0,362 0,306 0,924 0,140

Legenda: k: índice de consistência; n: índice de comportamento do fluído; 0: tensão de cisalhamento crítica; R²:

coeficiente de correlação; ²: chi-quadrado.

O índice de comportamento manteve-se abaixo da unidade (n < 1) para todas as

temperaturas e os de índice de consistência k > 0, na Tabela 31, em todas as temperaturas

estudadas, além dos valores de R² superiores a 0,90 e de ² inferiores a 2,06, confirmando

ótimo ajuste dos dados ao modelo da Lei da Potência, caracterizando o fluido como não

newtoniano, de comportamento pseudoplástico.

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146

O modelo de Herschel-Bulkley também apresentou ótimo ajuste aos dados obtidos

em todas as temperaturas, atingindo R² superior a 0,91 e ² inferior a 2.

Logo, a bebida de pitanga apresenta ótimo ajuste aos modelos de Ostwald-de-

Waele e de Herschel-Bulkley, cujos gráficos encontram-se plotados na Figura 50 e na Figura

51, respectivamente.

Faraoni et al. (2013) estudaram as propriedades reológicas de sucos mistos de

manga, goiaba e acerola adicionados de fitoquímicos, constatando o comportamento

pseudoplástico da amostra, além de ajustes satisfatórios aos modelos de Ostwald-de-Waele,

Herschel-Bulkley e Casson.

Na Figura 52 observa-se a variação da viscosidade aparente em função da taxa de

cisalhamento da bebida de pitanga, cujo valor diminui com o aumento da temperatura e da

taxa de cisalhamento, representando comportamento característico de substâncias

pseudoplásticas. Torres et al. (2011) observaram comportamento similar durante o processo

de ozonização de suco de maçã. Esse comportamento da viscosidade aparente também foi

observado por Pelegrine; Vidal; Gasparetto (2000) em polpas de manga e abacaxi, e por

Rodrigues (2003) em bebida com extrato de soja e polpa de pêssegos.

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4

2,6

2,8

Ten

são

de

Cis

alh

amen

to (

Pa)

Figura 50 – Modelo de Ostwald-de-Waele ajustado a curva de escoamento para a

bebida de pitanga: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC (▲)

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147

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4

2,6

2,8

Ten

são

de

Cis

alh

amen

to (

Pa)

Figura 51 – Modelo de Herschel-Bulkley ajustado a curva de escoamento para a

bebida de pitanga: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC (▲)

0 50 100 150 200 250 300

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

Vis

cosi

dad

e A

par

en

te (

Pa s

)

Figura 52 – Viscosidade aparente da bebida de pitanga: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC

(▲)

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148

4.5.6 Bebida de amora

A curva de escoamento obtida da bebida de amora, nas temperaturas de 10, 30 e

50 ºC, é observada na Figura 53.

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

Ten

são

de

Cis

alh

amen

to (

Pa)

Figura 53 – Curva de escoamento para a bebida de amora: 10 ºC (●), 30 ºC (■),

50 ºC (▲)

A plotagem dos valores obtidos no ensaio reológico da bebida de amora revelou

que relação entre a tensão de cisalhamento e a taxa de cisalhamento da amostra não segue

proporcionalidade linear, indicando comportamento pseudoplástico. Ainda, o aumento da

temperatura, diminui a tensão de cisalhamento da amostra (Figura 53).

Os parâmetros dos modelos de Ostwald-de-Waele e de Herschel-Bulkley

aplicados estão apresentados na Tabela 33 e na Tabela 34, respectivamente.

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149

Tabela 33 – Parâmetros reológicos do modelo de Ostwald-de-Waele para a bebida de amora, obtidos em

diferentes temperaturas

Temperatura (ºC) k (Pa.sn) n (adimensional) R² ²

10 0,014 0,857 1,000 0,002

30 0,008 0,848 1,000 0,002

50 0,006 0,850 0,999 0,003

Legenda: k: índice de consistência; n: índice de comportamento do fluído; R²: coeficiente de correlação; ²: chi-quadrado.

Tabela 34 – Parâmetros reológicos do modelo de Herschel-Bulkley para a bebida de amora, obtidos em

diferentes temperaturas

Temperatura

(ºC)

k

(Pa.sn)

n

(adimensional) 0

(Pa) R² ²

10 0,013 0,863 0,006 1,000 0,002

30 0,008 0,867 0,011 1,000 0,002 50 0,005 0,887 0,015 1,000 0,002

Legenda: k: índice de consistência; n: índice de comportamento do fluído; 0: tensão de cisalhamento crítica; R²:

coeficiente de correlação; ²: chi-quadrado.

Através dos dados da Tabela 33 percebe-se que os valores do índice de

comportamento do fluxo foram bem próximos, em torno de 0,85 e, considerando que todos os

valores de k > 0, a polpa de pitanga apresenta características de fluído pseudoplástico.

Os valores elevados de R² e os extremamente baixos de ² indicam excelente

ajuste dos dados perante os dois modelos estudados, cujos gráficos estão apresentados na

Figura 54 e na Figura 55, respectivamente.

Silva (2000) estudou o comportamento reológico do suco de acerola, e constatou

que o modelo de Herschel-Bulkley apresentou os melhores parâmetros de controle de ajuste.

A viscosidade aparente em função da taxa de cisalhamento da bebida de amora

diminui com o aumento da temperatura e da taxa de cisalhamento, representando

comportamento pseudoplástico, conforme demonstrado na Figura 56.

Sopade et al. (2008) estudaram sucos de maça, laranja e abacaxi preparados com

seis diferentes espessantes, observando comportamento pseudoplástico e diminuição da

viscosidade como aumento da taxa de cisalhamento, independente do tipo de suco e do

espessante empregado.

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150

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

Ten

são

de

Cis

alh

amen

to (

Pa)

Figura 54 – Modelo de Ostwald-de-Waele ajustado a curva de escoamento para a

bebida de amora: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC (▲)

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

Ten

são

de

Cis

alh

amen

to (

Pa)

Figura 55 – Modelo de Herschel-Bulkley ajustado a curva de escoamento para a

bebida de amora: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC (▲)

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151

0 50 100 150 200 250 300

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0,000

0,002

0,004

0,006

0,008

0,010

0,012

0,014

Vis

cosi

dad

e A

par

en

te (

Pa s

)

Figura 56 – Viscosidade aparente da bebida de amora: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC

(▲)

4.5.7 Bebida de mirtilo

Na Figura 57 são demonstradas as curvas de fluxo visualizadas na bebida de

mirtilo, nas temperaturas de 10 ºC, 30 ºC e 50 ºC, apontando para fluido não newtoniano, com

a diminuição da tensão de cisalhamento a medida que a temperatura é elevada.

Novamente, foram utilizados os modelos de Ostwald-de-Waele e de Herschel-

Bulkley para ajustes dos dados, cujos parâmetros situam-se na Tabela 35 e na Tabela 36,

respectivamente.

Os valores obtidos para “n”, abaixo de 1,0, e os de k > 0, apontam para a

pseudoplasticidade da amostra, com ótimo ajuste ao modelo da Lei da Potência.

Os dados observados para o modelo de Herschel-Bulkley (Tabela 36)

demonstrarem ajuste dos mesmos, devido os valores de R² e ².

As curvas de fluxo ajustadas aos modelos Ostwald-de-Waele e de Herschel-

Bulkley, estão apresentadas na Figura 58 e na Figura 59, respectivamente.

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152

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

Ten

são

de

Cis

alh

amen

to (

Pa)

Figura 57 – Curva de escoamento para a bebida de mirtilo: 10 ºC (●), 30 ºC (■),

50 ºC (▲)

Tabela 35 – Parâmetros reológicos do modelo de Ostwald-de-Waele para a bebida de mirtilo, obtidos em

diferentes temperaturas

Temperatura (ºC) k (Pa.sn) n (adimensional) R² ²

10 0,048 0,555 0,969 0,238

30 0,030 0,563 0,971 0,095

50 0,029 0,482 0,946 0,056

Legenda: k: índice de consistência; n: índice de comportamento do fluído; R²: coeficiente de correlação; ²: chi-quadrado.

Tabela 36 – Parâmetros reológicos do modelo de Herschel-Bulkley para a bebida de mirtilo, obtidos em

diferentes temperaturas

Temperatura

(ºC)

k

(Pa.sn)

n

(adimensional) 0

(Pa) R² ²

10 0,003 0,996 0,262 0,984 0,122

30 0,002 1,007 0,174 0,988 0,040

50 0,000 1,204 0,152 0,993 0,008

Legenda: k: índice de consistência; n: índice de comportamento do fluído; 0: tensão de cisalhamento crítica; R²:

coeficiente de correlação; ²: chi-quadrado.

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153

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

Ten

são

de

Cis

alh

amen

to (

Pa)

Figura 58 – Modelo de Ostwald-de-Waele ajustado a curva de escoamento para a

bebida de mirtilo: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC (▲)

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

Ten

são

de

Cis

alh

amen

to (

Pa)

Figura 59 – Modelo de Herschel-Bulkley ajustado a curva de escoamento para a

bebida de mirtilo: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC (▲)

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154

Milczarski et al. (2012) avaliaram o comportamento reológico de mousse

alternativa de mirtilo, que apresentou comportamento pseudoplástico em todas as proporções

de gomas testadas, além de estrutura de gel verdadeiro.

O suco de abacaxi, estudado por Queiroz; Bezerra; Gasparetto (2000), também

apresentou comportamento pseudoplástico, e a viscosidade aparente observada resulta do teor

de sólidos presentes. Quanto maior a quantidade de sólidos insolúveis suspensos, maior a

viscosidade aparente.

O comportamento pseudoplástico da bebida de mirtilo também pode ser

confirmado pela plotagem da viscosidade aparente da amostra em função da taxa de

cisalhamento e da temperatura (Figura 60). Observa-se diminuição da viscosidade aparente da

amostra com a elevação da temperatura.

0 50 100 150 200 250 300

Taxa de Cisalhamento (s-1)

0,000

0,005

0,010

0,015

0,020

0,025

0,030

0,035

0,040

0,045

0,050

Vis

cosi

dad

e A

par

en

te (

Pa s

)

Figura 60 – Viscosidade aparente da bebida de mirtilo: 10 ºC (●), 30 ºC (■), 50 ºC

(▲)

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155

4.5.8 Viscosidade aparente das polpas e bebidas na taxa de cisalhamento de 50 s-1

Com o objetivo de comparar a viscosidade das polpas e bebidas entre elas e com

outras pesquisas, foram calculados seus valores na taxa de cisalhamento de 50 s-1

, através do

modelo de Ostwald-de-Waele (Tabela 36), conforme justificativa mencionada no item 4.5.4.

Este modelo também apresentou melhor ajuste aos dados obtidos para as três bebidas

formuladas (itens 4.5.5 a 4.5.7).

Tabela 37 – Viscosidades aparentes calculadas na taxa de cisalhamento de 50 s-1

, através dos parâmetros

do modelo de Ostwald-de-Waele, para as polpas e bebidas formuladas

Temperatura

(ºC)

Viscosidade aparente (Pa s)

Polpa de

pitanga

Polpa de

amora

Polpa de

mirtilo

Bebida de

pitanga

Bebida de

amora

Bebida de

mirtilo

10 0,287 0,022 0,368 0,022 0,008 0,008

20 0,271 0,018 0,288 --- --- ---

30 0,230 0,016 0,211 0,015 0,004 0,005

40 0,147 0,012 0,181 --- --- ---

50 0,120 0,008 0,158 0,013 0,003 0,004

Nota: ---: ensaios não realizados nesta temperatura.

Analisando os dados da Tabela 37, percebe-se que a polpa de mirtilo é a mais

viscosa em relação às polpas de pitanga e amora, exceto na temperatura de 30 ºC, onde a

polpa de pitanga apresenta o maior valor. A polpa de amora – que possui o maior teor de

umidade, e os menores de sólidos totais, sólidos solúveis totais, sólidos insolúveis totais e

carboidratos totais (Tabela 7, item 4.1.1) – apresenta menor resistência à fluidez, sendo que a

50 ºC seu valor de viscosidade aparente (0,008 Pa s) assemelha-se aos dados obtidos para as

bebidas de amora e de mirtilo na temperatura de 10 ºC.

Em relação às bebidas formuladas, a de pitanga demonstrou possuir maior

viscosidade aparente em todas as temperaturas estudadas e as bebidas de amora e de mirtilo

apresentaram valores bem próximos ou iguais. Esta similaridade pode ser explicada pela

composição das bebidas, que difere somente nas características de cada polpa, pois, conforme

descrito nos itens 3.5 e 4.3, as bebidas possuem a mesma formulação, alterando-se somente o

tipo de polpa presente em cada ensaio.

Ainda, tendo em vista que, conforme apresentado na Tabela 7 (item 4.1.1),

somente o teor de glicídios totais em glicose nas polpas de amora e de mirtilo é

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156

estatisticamente igual (p ≤ 0,05) entre si, infere-se que este parâmetro pode ter influenciado

nos ensaios reológicos perante os resultados da viscosidade aparente observados nas bebidas,

sendo que o teor de glicose na polpa de pitanga é superior às demais. Outro fator a ser

considerado é a interação entre os compostos de cada polpa com os ingredientes das bebidas,

podendo ter fornecido a discrepância da bebida de pitanga em relação às de amora e mirtilo.

Karwowski (2012) constatou que a viscosidade aparente da polpa de pitanga

permaneceu dentro do intervalo de 0,055 e 0,148 Pa s, na taxa de 50 s-1

e temperatura

variando de 10 a 60 ºC, sendo, portanto, menos viscosa que a polpa de pitanga estudada.

A polpa de manga estudada por Bezerra (2000) demonstrou viscosidade aparente

próximo a faixa de 0,04 e 0,13 Pa s, a 50 s-1

, entre 10 e 60 ºC. Na mesma taxa e mesmo

intervalo de temperatura, Haminiuk (2005) observou que a viscosidade da polpa de amora-

preta (Rubus spp.) este dentro do intervalo de 0,05 e 0,17 Pa s, enquanto que a polpa de araçá

(Psidium cattleianum sabine) permaneceu entre 0,8 e 1,2 Pa s. Logo, as polpas de manga e de

amora-preta demonstraram ser mais viscosas que a polpa de amora (Morus nigra) estudada, e

menos viscosa do que as polpas de pitanga e mirtilo. Porém, a polpa de araçá é mais viscosa

do que as polpas investigadas (Tabela 37).

As polpas de acerola e de caju, na taxa de 50 s-1

e faixa de temperatura entre 8 e

45 ºC, forneceram valores de viscosidade aparente dentro da faixa de 0,08-0,13 Pa s e 0,08-

0,22 Pa s, respectivamente (SILVA et al., 2012), sendo, portanto, mais viscosa que a polpa de

amora e menos que as polpas de pitanga e de mirtilo. Este fato também ocorreu para a polpa

de uvaia, a 50 s-1

e temperatura entre 10 e 60 ºC, cuja viscosidade aparente permaneceu no

intervalo entre 0,007 e 0,14 Pa s (KARWOWSKI, 2012).

A polpa de morango (Fragaria ananassa) é mais viscosa que as polpas de

pitanga, amora e mirtilo, na faixa de temperatura de 10 a 50 ºC e taxa de 50 s-1

, apresentando

valores dentro do intervalo de 0,25 a 0,59 Pa s (BEZERRA et al., 2009). O mesmo fato ocorre

para a polpa de manga (Keitt) a 30 ºC, estudada por Pelegrine; Vidal; Gasparetto (2000).

A polpa de abacaxi (Pérola), a 30 ºC e taxa de cisalhamento de 50 s-1

, apresentou

viscosidade aparente de aproximadamente 0,22 Pa s, sendo, portanto, mais viscosa que a

amora e assemelhando-se às polpas de pitanga e mirtilo.

A polpa de gabiroba nas temperaturas de 20 a 35 ºC e taxa de cisalhamento de

50 s-1

é mais viscosa do que as polpas de amora, pitanga e mirtilo, pois a faixa de viscosidade

aparente aproxima-se de 13,0 a 15,0 Pa s (OLIVEIRA; ROSSI; BARROS, 2011).

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157

Branco; Gasparetto (2005) preparam dez formulações diferentes contendo polpa

de manga e sucos de laranja e cenoura, cujas viscosidades aparentes a 50 s-1

e 60 ºC, variaram

de 0,0971 a 0,1920 Pa s, sendo mais viscosas do que a polpa de amora.

Na taxa de 100 s-1

e 20 ºC, a polpa de pitanga estudada por Lopes et al. (2013)

apresentou viscosidade aparente de 0,04598 Pa s, enquanto que Chaves et al. (2011)

constataram cerca de 0,17 Pa s para polpa de pitanga roxa, sendo, consequentemente, menos

viscosas do que polpa de pitanga utilizada na pesquisa (Tabela 37), pois a mesma apresentaria

viscosidade aparente de 0,195, extrapolando o modelo empregado para a taxa de 100 s-1

.

O suco de acerola apresentou viscosidade aparente entre 0,28 e 0,70 Pa s na faixa

de temperatura de 5 a 85 ºC, a 10 ºBrix e taxa de cisalhamento de 50 s-1

(SILVA, 2000). A

viscosidade do suco de maçã, a 25 ºC, na taxa de cisalhamento de 50 s-1

, é de

aproximadamente 0,07 Pa s (TORRES et al, 2011). Logo, ambos os sucos de acerola e de

maçã são mais viscosos do que as bebidas formuladas de pitanga, amora e mirtilo.

Fasolin (2009) testou 36 formulações de suco de graviola adicionado de isolado

proteico de soja, com variações de temperatura, tipo de secagem e solvente utilizados,

obtendo, na taxa de cisalhamento de 50 s-1

, a 25 ºC, viscosidade aparente entre 0,00969 e

0,0456 Pa s. Portanto, algumas formulações são menos viscosas do que a bebida de pitanga,

porém, todas as variações apresentaram valores superiores aos das bebidas de amora e mirtilo.

Os sucos de mirtilo e de framboesa, na taxa de 50 s-1

e temperatura entre 20 e

60 ºC, apresentaram viscosidades aparente na faixa de 0,0014-0,0025 e 0,0012-0,0022 Pa s,

respectivamente (NINDO et al., 2005), sendo, portanto, menos viscosos do que as bebidas de

pitanga, amora e mirtilo estudados.

4.6 ANÁLISE SENSORIAL

Visando verificar a aceitação das bebidas formuladas, 203 provadores não

treinados participaram da análise sensorial ocorrida em 13/05/2013 e 14/05/2013, no

refeitório da Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Pato Branco. A pesquisa

foi aplicada após testes microbiológicos que garantiram a segurança alimentar dos julgadores

(resultados no item 4.4.2), e também após aprovação por Comitê de Ética em Pesquisa,

conforme Parecer Consubstanciado do CEP, disponível no Anexo C.

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158

Dos 203 provadores, 115 (56,65%) eram do gênero masculino e 88 (43,35%) do

feminino, com idade entre 14 e 59 anos. A maioria dos participantes apresentava idade entre

15 e 20 anos, com média de 21,36 anos, conforme demonstrado na Figura 61.

Histograma (Idade)

10%

51%

26%

4%

1%3% 2%

0% 1% 1%

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

Idade (anos)

0%

8%

16%

25%

33%

41%

49%

57%

Po

rcen

tag

em

(%

)

10%

51%

26%

4%

1%3% 2%

0% 1% 1%

Figura 61 – Histograma da idade

Na Tabela 38 são apresentadas as médias e os desvios padrões dos cinco atributos

avaliados (aparência, aroma, sabor, viscosidade e impressão global) nas bebidas formuladas,

Tabela 38 – Médias e desvios padrões dos atributos das bebidas avaliadas

Amostra Aparência Aroma Sabor Viscosidade Impressão

Global

185 6,47a 1,83 5,64a 1,62 6,44a 2,10 7,05a 1,56 6,56a 1,71

346 6,79a 1,63 5,48a 1,85 6,07a 2,25 6,93a 1,65 6,37a 1,86

724 6,00b 1,74 5,53a 1,79 6,29a 2,24 6,35 b 1,88 6,42a 1,80

Nota: Médias seguidas por letras iguais na mesma coluna não diferem entre si estatisticamente pelo Teste de

Tukey com intervalo de confiança de 95%.

Através da Tabela 38 percebe-se que a maior nota para ao atributo aparência

ocorreu para a amostra 346, seguida da amostra 185. Porém, o atributo aroma foi mais bem

pontuado na amostra 185 e teve menor nota na amostra 724.

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159

De maneira geral, há diferença significativa estatística somente nos atributos

aparência e viscosidade entre a amostra 724 comparada com as 185 e 346, sendo que a 724

recebeu a menor pontuação.

A impressão global das amostras aponta para “Gostei ligeiramente” em todas as

bebidas, sendo que há tendência da amostra 185 para “Gostei regularmente”.

A bebida de pitanga recebeu a maior pontuação em todos os atributos

pesquisados, exceto para a aparência cujo valor foi intermediário.

Em relação à bebida de amora, as notas apresentadas na Tabela 38 para os

atributos aparência, aroma, sabor e impressão global, foram similares aos obtidos por Uliana;

Venturini Filho; Uliana (2012), na avaliação sensorial de bebida preparada com extrato

hidrossolúvel de soja e suco de amora (SA) na proporção 1:1,5 (EHS:SA).

O índice de aceitabilidade (IA), determinado pela Equação 22 (item 3.7), é

apresentado na Tabela 39, assim como o atributo avaliado, a nota média obtida para o atributo

e nota máxima da escala.

Tabela 39 – Índice de aceitabilidade das bebidas avaliadas

Amostra Atributo Nota Média Nota Máxima da

Escala

Índice de

Aceitabilidade

185

Aparência 6,47 9,00 71,89

Aroma 5,64 9,00 62,67

Sabor 6,44 9,00 71,56

Viscosidade 7,05 9,00 78,33

Impressão Global 6,56 9,00 72,89

346

Aparência 6,79 9,00 75,44

Aroma 5,48 9,00 60,89

Sabor 6,07 9,00 67,44 Viscosidade 6,93 9,00 77,00

Impressão Global 6,37 9,00 70,78

724

Aparência 6,00 9,00 66,67

Aroma 5,53 9,00 61,44

Sabor 6,29 9,00 69,89

Viscosidade 6,35 9,00 70,56

Impressão Global 6,42 9,00 71,33

Segundo Teixeira; Meinert; Barbetta (1987), um produto é considerado aceito

quando seu IA é igual ou superior a 70%. Este mesmo índice (70%) foi aplicado por Rivaldi

et al. (2009) e Gerhardt et al. (2013).

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160

Analisando os dados da Tabela 39, percebe-se que o sabor das bebidas 346 e 724

e não tiveram boa aceitação pelo público julgador. Este fato pode estar relacionado à pouca

diversidade de consumo das frutas utilizadas no trabalho, assim como o paladar próprio de

cada indivíduo, não habituado a ingerir frutas com sabores característicos.

Todas as bebidas apresentaram IA do atributo aroma inferior a 70% que pode

estar relacionado ao aroma da soja, evidente no produto, ou da própria fruta utilizada no

preparado das bebidas, pelo mesmo motivo descrito no parágrafo anterior.

Ainda, a bebida de mirtilo foi a única que apresentou índice de aceitação baixo em

relação à aparência, sendo considerada aceitável a viscosidade.

Entretanto, avaliando o atributo impressão global, percebe-se que todas as

amostras obtiveram IA superior a 70%, indicando que o produto pode ser considerado com

aceito pelos julgadores.

Na Tabela 40 estão apresentadas as médias codificadas da intenção de compra das

bebidas preparadas, sendo que os valores 1, 2, 3, 4 e 5 foram correlacionados às respostas

“Certamente Não Compraria”, “Provavelmente Não Compraria”, “Talvez Compraria”,

“Possivelmente Compraria” e “Certamente Compraria”, respectivamente.

Analisando os dados da Tabela 40 percebe-se que não há diferença estatística

entre a intenção de compra dos produtos testados, sendo que os pesquisados informaram que

talvez comprassem as bebidas.

Tabela 40 – Médias e erros padrões referente à intenção de compra

Amostra Intenção de Compra

185 3,23a 0,085

346 3,11a 0,089

724 3,13a 0,084

Nota: Médias seguidas por letras iguais na coluna não diferem entre si estatisticamente pelo Teste de Tukey com

intervalo de confiança de 95%.

A porcentagem de respostas para cada amostra em relação à intenção de compra

encontra-se listada na Tabela 41.

Na pesquisa de intenção de compra (Tabela 41) observou-se que a minoria dos

participantes não compraria as bebidas. Ainda, a porcentagem de provadores que certamente

comprariam os produtos é semelhante nas três amostras. Cerca de 27% provavelmente

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161

comprariam a amostra 185, enquanto que nas 346 e 724 esta porcentagem foi de 25% e 23%,

respectivamente, muito próxima às porcentagens (23% e 22%, respectivamente) dos

provadores que provavelmente não as comprariam.

Tabela 41 – Porcentagens de respostas em relação à intenção de compra

Amostra

Intenção de Compra (%)

Certamente

Compraria

Provavelmente

Compraria

Talvez

Compraria

Provavelmente

Não Compraria

Certamente Não

Compraria

185 17 27 30 16 10

346 16 25 25 23 12

724 16 23 30 22 9

Através do histograma de frequência de consumo de bebidas à base de soja

(Figura 62) observa-se que metade dos provadores indicou consumir ocasionalmente bebidas

à base de soja e 28% declararam não ingerir este tipo de alimento. Somente 22% dos

julgadores o consomem com frequência.

Devido a este fato, infere-se que o resultado homogêneo observado na Tabela 40

relaciona-se a baixa frequência de consumo de bebidas contendo soja pelos jovens.

Segundo Tashima; Cardello (2003), o extrato de soja é pouco consumido no

Brasil decorrente principalmente do seu sabor característico e adstringente.

Em pesquisa realizada por Behrens; Da Silva (2004), 60% dos participantes

pertenciam a faixa etária entre 18 e 25 anos e 40% entre 26 e 40 anos. Somente 30% dos

julgadores declarou gostar de “leite” de soja em um grau entre “ligeiramente” e “muitíssimo”.

A mesma porcentagem afirma consumir mensalmente tofu, proteína e/ou “leite” de soja,

sendo que este produto é consumido semanalmente por somente 8% dos entrevistados.

Da Silva et al. (2007) avaliaram quatro bebidas com extrato hidrossolúvel de soja,

em duas cidades brasileiras, sendo que 25% dos cariocas participantes e 26% dos londrinenses

frequentemente consumiam soja. Em relação ao extrato de soja sabor natural, 40% dos

cariocas e 45% dos londrinenses afirmara gostar do produto. Referente à faixa etária, 27% dos

cariocas tinham entre 40 e 50 anos, e 30% dos londrinenses tinham entre 30 e 40 anos.

Através da pesquisa realizada, os autores perceberam que os provadores desgostaram

ligeiramente de três das quatro amostras testadas, incluindo dois “leites” de soja comerciais.

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162

22%

28%

50%

Frequentemente Não Consome Ocasionalmente

Consumo de Bebidas à Base de Soja

0%

8%

16%

25%

33%

41%

49%

57%

Po

rcen

tag

em

(%

)

22%

28%

50%

Figura 62 – Histograma da frequência de consumo de bebidas à

base de soja

4.6.1 Provadores selecionados por idade

Com o intuito de verificar a influencia dos provadores com idade inferior a 21

anos, realizou-se nova análise estatística dos dados obtidos, limitando as respostas aos

julgadores com idade igual ou superior a 21 anos, cujas médias e desvios padrões encontram-

se dispostos na Tabela 42. A idade média dos 80 provadores enquadrados no limite aplicado

foi de 27,5 anos, sendo 46 do gênero feminino e 34 do masculino.

Confrontando os dados da Tabela 42 com os da Tabela 38, percebe-se que as

notas médias de todos os atributos das três bebidas aumentaram, indicando haver maior

aceitabilidade pelo público selecionado, destacando-se principalmente a viscosidade e a

impressão global que tiveram valore relativo a “gostei regularmente”. Médias mais elevadas

também foram constatadas para o sabor nas amostras 185 e 724, para o aroma na amostra 346

e aparência em 185.

Analisando as médias pelo teste de Tukey, observa-se que, estatisticamente, a

impressão global das três bebidas não apresenta diferença, assim como o aroma e sabor. Este

fato se repte também na aparência das amostras 185 e 346, sendo que a 724 obteve o menor

valor. Em relação a viscosidade, as amostras 185 e 724 são diferentes entre si, contudo 185 e

346 não se diferem com 95% de confiança, e nem a 346 da 724.

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163

Tabela 42 – Médias e desvios padrões dos atributos das bebidas avaliadas por provadores com idade igual

ou superior a 21 anos

Amostra Aparência Aroma Sabor Viscosidade Impressão

Global

185 6,94a 1,77 5,94a 1,66 6,91a 1,73 7,47a 1,23 7,06a 1,31

346 7,20a 1,51 6,11a 1,69 6,45a 2,16 7,29a,b 1,61 6,85a 1,60

724 6,17b 1,81 5,90a 1,68 6,67a 1,83 6,76b 1,60 6,75a 1,56

Nota: Médias seguidas por letras iguais na mesma coluna não diferem entre si estatisticamente pelo Teste de

Tukey com intervalo de confiança de 95%.

Branco et al. (2007) obtivrame valores abaixo de 7,0 em teste sensorial de bebida

a base de soja sabor morango e, constatou, que quanto maior o teor de polpa de morango nas

formulações testadas, maior foi a aceitação das bebidas em relação à viscosidade e a cor,

sendo que o aumento do teor açúcar, aumentou a nota média do sabor.

O índice de aceitabilidade (Tabela 43) também foi maior neste novo grupo de

provadores, sendo que somente o aroma na amostra 185 e na amostra 346 obteve IA inferior a

70%, mas bem próximo deste índice. Na amostra 724, os índices de aceitabilidade também

foram superiores ao grupo anterior, contudo a aparência e o aroma ainda apresentam

IA < 70%, porém, superior a 65%.

Portanto, através desta análise, percebe-se que as bebidas a base de soja contendo

polpa de frutas são melhores aceitas por público com idade igual ou superior a 21 anos.

Tabela 43 – Índice de aceitabilidade das bebidas avaliadas por provadores com idade ≥ 21 anos

Amostra Atributo Nota Média Nota Máxima Índice de

Aceitabilidade

185

Aparência 6,94 9,00 77,11

Aroma 5,94 9,00 66,00

Sabor 6,91 9,00 76,78

Viscosidade 7,47 9,00 83,00 Impressão Global 7,06 9,00 78,44

346

Aparência 7,2 9,00 80,00

Aroma 6,11 9,00 67,89

Sabor 6,45 9,00 71,67

Viscosidade 7,29 9,00 81,00

Impressão Global 6,85 9,00 76,11

724

Aparência 6,17 9,00 68,56

Aroma 5,9 9,00 65,56

Sabor 6,67 9,00 74,11

Viscosidade 6,76 9,00 75,11

Impressão Global 6,75 9,00 75,00

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164

5. CONCLUSÃO

Através da caracterização físico-química das polpas, percebeu-se que a polpa de

pitanga apresentou o maior teor de proteínas e de glicose, enquanto que a polpa de amora

destacou-se pelo teor de lipídios, umidade, acidez titulável total e pH. Entretanto o maior

conteúdo mineral foi observado na polpa de mirtilo que também demonstrou possuir maior

quantidade de sólidos (solúveis, insolúveis e totais).

Os espectros de infravermelho obtidos dos extratos lipofílicos e hidrofílicos da

polpa de pitanga foram bem similares, enquanto que na polpa de amora o espectro do solvente

hidrofílico se diferenciou dos outros dois solventes empregados, e na polpa de mirtilo, não há

homogeneidade dos espectros.

A prospecção fitoquímica da polpa de pitanga demonstrou que o solvente

hidrofílico resultou em maior poder de extração de metabólitos secundários, havendo certa

similaridade de compostos extraídos em cada solvente, corroborando com o resultado

constatado na análise de infravermelho.

A mesma semelhança das análises se aplica para a polpa de amora, onde o

etanol 70% apresentou maior poder de extração perante quantidade e intensidade se

comparados com o éter de petróleo e o éter etílico.

Na polpa de mirtilo, os solventes, lipofílico apolar e de média polaridade, e o

hidrofílico, pouco se assemelham nas substâncias presentes, assim como revela os espectros

na região no infravermelho.

Os compostos detectados com maior frequência nas polpas foram flavonas,

flavonóis, xantonas, flavanonóis. Na polpa de pitanga se destaca, ainda, fenóis, enquanto que

chalconas e auronas estão presentes na amora e no mirtilo. Catequinas e flavanonas foram

detectadas em pitanga e amora, enquanto que as leucoantocianidinas foram extraídas somente

do mirtilo.

A maior capacidade antioxidante foi verificada para o extrato acetônico da polpa

de mirtilo. Porém, o maior teor de compostos fenólicos totais foi verificado na polpa de

amora, na acetona.

Em relação à ação antimicrobiana das polpas, verificou-se que nenhuma delas

demonstrou inibir a proliferação das bactérias estudadas, porém o mirtilo foi considerado

fungistático para a levedura Candida tropicalis.

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165

Perante a caracterização físico-química das bebidas formuladas, a bebida de

pitanga se destacou pelos maiores valores de pH, cinzas, sólidos insolúveis totais e sólidos

totais. Contudo, a acidez titulável total, as proteínas e os glicídios totais em glicose foram

mais acentuados na bebida de amora. O maior teor de umidade, sólidos solúveis totais e

lipídios, ocorreu na bebida de mirtilo.

As bebidas elaboradas demonstraram possuir teor de proteínas dentro da faixa de

produtos similares comercializados nacionalmente.

Confrontando os resultados obtidos nas polpas e bebidas, verificou-se que o pH e

a relação SS/ATT são os descritores que melhor justificam a diferença entre estes dois grupos,

sendo superior nestas.

O comportamento reológico das polpas e das bebidas apresentou-se como não

newtoniano com características pseudoplásticas.

As polpas de pitanga, amora e mirtilo apresentaram melhor ajuste ao modelo de

Ostwald-de-Waele, considerando as cinco temperaturas estudadas (10, 20, 30, 40 e 50 ºC).

Em relação às bebidas, as de pitanga e de amora apresentaram ótimo ajuste aos

modelos de Ostwald-de-Waele e de Herschel-Bulkley, enquanto que a bebida de pitanga

resultou na opção do modelo de Ostwald-de-Waele, por ser mais simples.

A viscosidade aparente, tanto das bebidas formuladas quanto das polpas, diminuiu

com o aumento da temperatura e da taxa de cisalhamento, conforme esperado para fluidos não

newtonianos. A maior viscosidade foi observada na polpa de mirtilo (exceto a 30 ºC onde a

polpa de pitanga é mais viscosa) enquanto que a menor ocorreu na polpa de amora.

Através da determinação da energia de ativação das polpas, constatou-se que a

viscosidade aparente da polpa de amora sofre maior influencia da temperatura.

De maneira geral, a análise sensorial apontou para boa aceitação das bebidas

preparadas, com notas superiores a seis para o atributo impressão global, indicando que os

provadores gostaram ligeiramente dos produtos testados. Ainda, constatou-se que o aroma

recebeu as menores pontuações.

Os julgadores apontaram ainda que talvez comprassem as bebidas, sendo que a

maioria consome ocasionalmente produtos a base de soja.

Contudo, tendo em vista que grande parte dos provadores apresentava idade

inferior a 21 anos e que, produtos derivados de soja, não estão entre os preferidos desta faixa

etária, nova análise dos dados considerando somente participantes com idade igual ou

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166

superior a 21 anos apontou para notas em torno de sete, na impressão global das bebidas,

equivalente a gostar regularmente.

Logo, a utilização das polpas de pitanga, amora e mirtilo na indústria são

promissoras no desenvolvimento e/ou aprimoramento de novos produtos, como bebidas,

contento extrato hidrossolúvel de soja.

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167

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Novos testes podem ser realizados perante a prospecção de antioxidantes das

polpas, empregando outros solventes ou misturas, aumentando ou diminuindo a polaridade

dos mesmos, possibilitando a comparação do poder de extração e de compostos solúveis,

incrementando, ou não, o poder antioxidante das polpas estudadas.

Perante os ensaios de obtenção de infravermelho e prospecção fitoquímica,

recomenda-se a continuidade dos estudos de substâncias extraídas, principalmente

antioxidantes, através de fracionamento, empregando técnicas de cromatografia para

isolamento e identificação destes compostos.

Recomenda-se estudos de atividade antimicrobiana perante outros grupos de

microrganismos de interesse alimentar, como Clostridium perfringens, Clostridium

botulinum, Vibrio cholerae, Bacillus cereus, Shigella e Listeria monocytogenes.

A análise sensorial apontou para a necessidade de possível acréscimo de

aromatizantes nas bebidas, ressaltando o aroma e sabor dos frutos. Corantes também podem

ser empregados para melhorar a coloração das bebidas, permitindo tonalidades próximas aos

frutos in natura.

Os frutos de pitanga, amora e mirtilo demonstraram possuir quantidades

significativas de nutrientes e antioxidantes, além de atividade antimicrobiana, com potencial

interesse para a indústria de fármacos através de testes com maior diversidade de

microrganismos e preparo de extratos com diferentes polaridades de solventes.

Portanto, o cultivo e industrialização destes frutos pode promover o

desenvolvimento regional, atrelado aos três setores da economia (primário, secundário e

terciário), desde o plantio ao comércio de produtos industrializados e/ou beneficiados.

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193

APÊNDICES

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194

APÊNDICE A – ESPECTROS OBTIDOS NO INFRAVERMELHO DAS POLPAS CONTENDO OS COMPRIMENTOS DE ONDA

DOS PRINCIPAIS PICOS

pitanga - etanol - 1

pitanga - éter de petroleo - 1

pitanga - éter etilico - 4

Nome Descrição

4000 4003500 3000 2500 2000 1500 1000 500

cm-1

104

12

20

30

40

50

60

70

80

90

100

%T

103

1620

30

40

50

60

70

80

90

100

%T

103

11

20

30

40

50

60

70

80

90

100

%T

2925,02cm-1; 13,99%T

2854,24cm-1; 20,01%T

3368,44cm-1; 26,58%T 1067,04cm-1; 29,00%T

1712,94cm-1; 35,20%T1 7 3 8 , 0 9 c m - 1 ; 3 8 , 5 4 % T

1154,90cm-1; 42,05%T1465,61cm-1; 43,22%T

1242,14cm-1; 44,62%T

3010,01cm-1; 47,06%T

1377,94cm-1; 50,99%T

1416,15cm-1; 52,50%T

721,19cm-1; 54,65%T

607,39cm-1; 60,75%T

641,70cm-1; 61,18%T

681,26cm-1; 61,60%T

572,89cm-1; 62,11%T

536,04cm-1; 62,92%T

1651,72cm-1; 65,06%T 5 0 2 , 5 1 c m - 1 ; 6 5 , 5 0 % T780,00cm-1; 66,57%T

465,12cm-1; 67,92%T

819,08cm-1; 69,21%T

429,01cm-1; 70,60%T894,74cm-1; 70,87%T

865,32cm-1; 71,11%T

1535,19cm-1; 78,98%T

2860,94cm-1; 18,31%T

2961,50cm-1; 18,38%T

2901,64cm-1; 18,38%T

1747,61cm-1; 20,09%T

1732,72cm-1; 20,85%T

1715,45cm-1; 23,01%T

1463,93cm-1; 23,14%T

1169,27cm-1; 23,46%T

1456,02cm-1; 23,93%T

1241,67cm-1; 26,43%T3008,08cm-1; 28,07%T

1378,55cm-1; 29,52%T

1095,89cm-1; 32,06%T

1119,53cm-1; 33,35%T1062,24cm-1; 34,11%T

1417,67cm-1; 40,38%T 1023,13cm-1; 40,47%T

965,81cm-1; 43,44%T

7 2 2 , 2 3 c m - 1 ; 4 3 , 5 1 % T

3 4 5 5 , 2 2 c m - 1 ; 4 9 , 9 1 % T

888,28cm-1; 57,48%T

847,66cm-1; 59,40%T

605,78cm-1; 69,14%T

575,29cm-1; 70,29%T

497,19cm-1; 71,12%T

6 4 2 , 5 6 c m - 1 ; 7 1 , 5 0 % T

540,99cm-1; 72,25%T

464,75cm-1; 73,56%T

430,14cm-1; 75,28%T

2924,59cm-1; 13,23%T

2854,17cm-1; 18,13%T

1739,42cm-1; 23,89%T

1171,87cm-1; 35,07%T

1242,38cm-1; 39,34%T

1464,05cm-1; 39,99%T3 3 9 6 , 7 8 c m - 1 ; 4 1 , 4 6 % T 1100,03cm-1; 41,55%T3008,67cm-1; 42,98%T

1377,97cm-1; 44,14%T

1417,04cm-1; 51,28%T

721,32cm-1; 59,75%T

925,35cm-1; 65,88%T 607,88cm-1; 67,09%T

681,25cm-1; 67,10%T

572,97cm-1; 67,35%T

643,35cm-1; 67,41%T

537,27cm-1; 69,03%T

501,29cm-1; 70,32%T465,02cm-1; 71,49%T

429,21cm-1; 73,80%T

1516,01cm-1; 80,62%T

Espectros dos extratos da polpa de pitanga

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195

amora - etanol

amora - éter de petróleo - 1

amora - éter etilico

Nome Descrição

4000 4003500 3000 2500 2000 1500 1000 500

cm-1

108

23

30

40

50

60

70

80

90

100

%T

103

3640

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

%T

94

4

10

20

30

40

50

60

70

80

90

%T

2925,95cm-1; 24,57%T

2854,66cm-1; 28,56%T 1711,64cm-1; 31,27%T 1067,37cm-1; 42,01%T

3010,19cm-1; 44,57%T

1211,82cm-1; 46,78%T

1 4 6 5 , 6 7 c m - 1 ; 4 6 , 9 7 % T

3 3 1 3 , 0 6 c m - 1 ; 4 7 , 7 9 % T

1283,53cm-1; 50,43%T

1413,93cm-1; 53,93%T

1378,06cm-1; 57,68%T

1652,57cm-1; 61,15%T 720,86cm-1; 61,46%T

969,56cm-1; 65,49%T

929,63cm-1; 68,37%T

679,41cm-1; 69,01%T

639,90cm-1; 70,23%T

605,25cm-1; 70,32%T

820,76cm-1; 70,33%T

894,00cm-1; 71,35%T

781,80cm-1; 71,58%T

571,22cm-1; 72,13%T

534,12cm-1; 72,46%T

858,95cm-1; 72,82%T

465,82cm-1; 75,94%T

429,57cm-1; 78,68%T

742,88cm-1; 37,63%T

2 9 2 6 , 1 7 c m - 1 ; 4 0 , 8 6 % T 1709,91cm-1; 42,27%T

2855,30cm-1; 44,71%T

1265,16cm-1; 50,32%T

3010,13cm-1; 53,83%T

1465,29cm-1; 57,26%T

1378,52cm-1; 67,13%T 931,46cm-1; 67,25%T

895,67cm-1; 67,65%T2 6 8 1 , 2 9 c m - 1 ; 6 9 , 5 8 % T

1101,50cm-1; 72,01%T

607,91cm-1; 76,32%T

468,65cm-1; 80,02%T

575,93cm-1; 80,36%T

502,02cm-1; 81,52%T

538,24cm-1; 83,37%T

433,11cm-1; 84,02%T

2306,25cm-1; 86,73%T

3942,53cm-1; 98,68%T

2926,68cm-1; 5,92%T 1711,62cm-1; 7,16%T

2855,20cm-1; 7,78%T 740,82cm-1; 11,64%T

1265,39cm-1; 17,54%T3009,83cm-1; 20,25%T

1464,70cm-1; 25,80%T

1412,82cm-1; 30,55%T

1378,39cm-1; 35,24%T 706,09cm-1; 35,54%T

1102,48cm-1; 41,74%T

2674,56cm-1; 47,32%T 937,32cm-1; 47,62%T

896,00cm-1; 50,19%T

640,35cm-1; 58,37%T

606,70cm-1; 58,68%T

1515,48cm-1; 63,09%T 536,94cm-1; 64,30%T

501,52cm-1; 64,94%T

466,93cm-1; 65,35%T

429,37cm-1; 68,81%T

Espectros dos extratos da polpa de amora

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196

mirtilo - etanol - 5

mirtilo - éter de petroleo - 1

mirtilo - éter etilico - 7

Nome Descrição

4000 4003500 3000 2500 2000 1500 1000 500

cm-1

106

1

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

%T

106

1

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

%T

106

1

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

%T

3217,99cm-1; 11,84%T3500,90cm-1; 11,89%T1080,10cm-1; 13,51%T

634,75cm-1; 17,00%T

603,54cm-1; 17,16%T1417,36cm-1; 18,65%T

1245,22cm-1; 19,41%T

1348,42cm-1; 19,47%T

779,21cm-1; 19,87%T2941,22cm-1; 19,97%T

706,64cm-1; 20,24%T

2892,35cm-1; 21,00%T 817,89cm-1; 21,99%T470,93cm-1; 22,69%T

431,19cm-1; 23,72%T

1 7 2 3 , 5 7 c m - 1 ; 2 9 , 6 9 % T 865,17cm-1; 30,99%T894,55cm-1; 32,65%T

916,87cm-1; 32,65%T

1639,01cm-1; 35,12%T

2116,19cm-1; 76,81%T

2925,19cm-1; 3,71%T

2852,39cm-1; 5,41%T 1746,34cm-1; 7,51%T2954,56cm-1; 9,12%T

1163,77cm-1; 24,15%T1463,45cm-1; 26,15%T

3 0 1 0 , 0 4 c m - 1 ; 3 5 , 3 6 % T

1241,57cm-1; 42,25%T

1265,19cm-1; 42,28%T738,69cm-1; 42,57%T1100,45cm-1; 44,71%T

1377,94cm-1; 45,71%T

1419,15cm-1; 56,52%T

1642,74cm-1; 63,53%T1029,53cm-1; 66,87%T

996,52cm-1; 70,07%T

967,23cm-1; 70,61%T

911,13cm-1; 76,29%T787,27cm-1; 79,23%T777,52cm-1; 80,69%T

606,26cm-1; 86,02%T574,02cm-1; 87,56%T

463,87cm-1; 88,73%T

429,12cm-1; 89,16%T

500,78cm-1; 90,71%T

536,09cm-1; 90,76%T

3471,91cm-1; 91,91%T

741,44cm-1; 21,56%T

2927,35cm-1; 44,82%T 1265,17cm-1; 45,08%T

2855,31cm-1; 61,42%T 705,88cm-1; 64,35%T1739,23cm-1; 65,92%T

2360,66cm-1; 79,94%T 1458,07cm-1; 79,96%T

1172,09cm-1; 80,02%T

2342,64cm-1; 84,77%T1103,06cm-1; 85,97%T1378,06cm-1; 86,33%T

1600,32cm-1; 87,73%T3053,96cm-1; 88,11%T 895,23cm-1; 90,83%T998,37cm-1; 92,65%T9 6 3 , 9 1 c m - 1 ; 9 3 , 0 3 % T

6 4 3 , 0 1 c m - 1 ; 9 4 , 6 0 % T

607,51cm-1; 94,95%T

428,89cm-1; 95,09%T

821,16cm-1; 95,17%T464,48cm-1; 95,43%T

536,08cm-1; 95,50%T

571,90cm-1; 95,57%T

500,81cm-1; 96,02%T857,74cm-1; 96,06%T

Espectros dos extratos da polpa de mirtilo

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197

APÊNDICE B – FOTOGRAFIAS DOS ENSAIOS DE TESTES FITOQUÍMICOS DA

POLPA DE PITANGA

Solvente: Éter de Petróleo

Solvente: Éter Etílico

Solvente: Etanol 70%

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198

APÊNDICE C – FOTOGRAFIAS DOS ENSAIOS DE TESTES FITOQUÍMICOS DA

POLPA DE AMORA

Solvente: Éter de Petróleo

Solvente: Éter Etílico

Solvente: Etanol 70%

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199

APÊNDICE D – FOTOGRAFIAS DOS ENSAIOS DE TESTES FITOQUÍMICOS DA

POLPA DE MIRTILO

Solvente: Éter de Petróleo

Solvente: Éter Etílico

Solvente: Etanol 70%

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APÊNDICE E – IMAGENS DE ENSAIOS DE ATIVIDADES ANTIMICROBIANAS

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ANEXOS

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ANEXO A – RELATÓRIOS DE ENSAIOS MICROBIOLÓGICOS

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ANEXO B – LAUDOS DE ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

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ANEXO C – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

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