pediatria/ criptorquidia

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Índice Introdução..............................................2 1. Fundamentação Teórica..............................4 1.1.Criptorquidia..................................4 1.2.Fisiopatologia e sintomatologia.........5 1.3.Meios complementares de diagnóstico....5 1.4.Tratamento.............................5 2. Contextualização prática...........................7 2.1.Processo de enfermagem.................7 2.1.1.Anamnese......................7 3. Plano de Cuidados de enfermagem...................15 4. Folha farmacológica...............................18 5. Conclusão.........................................19 Bibliografia...........................................20 1

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Page 1: Pediatria/ criptorquidia

Índice

Introdução.....................................................................................................................2

1. Fundamentação Teórica......................................................................................4

1.1.Criptorquidia.................................................................................................4

1.2.Fisiopatologia e sintomatologia..................................................................5

1.3.Meios complementares de diagnóstico.......................................................5

1.4.Tratamento..................................................................................................5

2. Contextualização prática.....................................................................................7

2.1.Processo de enfermagem............................................................................7

2.1.1.Anamnese........................................................................................7

3. Plano de Cuidados de enfermagem...................................................................15

4. Folha farmacológica.........................................................................................18

5. Conclusão..........................................................................................................19

Bibliografia.................................................................................................................20

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Page 2: Pediatria/ criptorquidia

Introdução

O estágio é um período de aprendizagem, de aquisição de novos conhecimentos mas é

também momento de pôr em prática todo o conhecimento adquirido anteriormente.

Contribuindo assim para inovar e dar continuidade aos cuidados de saúde prestados

com qualidade. É também neste espaço de tempo que nos consciencializamos dos

diferentes papéis que são exigidos aos enfermeiros e das competências exigidas para

assumir esses mesmos papéis.

Este trabalho foi realizado no âmbito do ensino clínico II, “Enfermagem em Saúde

Infantil e Pediátrica”, no Centro Hospitalar do Nordeste (CHNE), unidade de

Bragança, no serviço de Pediatria, com inicio a 17 de Janeiro de 2011 e que termina a

18 de Fevereiro de 2011.

Neste sentido foi-me pedido para realizar um estudo de caso relativo a uma

criança (com um dado diagnóstico) que tenha estado internada no serviço de pediatria

e aos meus cuidados.

A criança ou melhor falando o jovem sobre quem incidi o meu estudo de caso

tinha como diagnóstico médico Orquidopexia. A minha escolha caiu sobre este jovem

visto ser um tema interessante e que engloba a abordagem de várias temáticas do

ponto de vista da prestação de cuidados de enfermagem e desta forma maior aquisição

de conhecimentos e também ganho de experiência prática.

Com a realização deste estudo de caso pretendo atingir os objectivos que passo a

enumerar:

Aprofundar os meus conhecimentos no âmbito da patologia abordada;

Desenvolver competências para prestar cuidados de enfermagem de qualidade em

crianças e jovens que possam surgir com a mesma patologia;

Aplicar o processo de enfermagem;

Servir como instrumento de avaliação no estágio de Saúde Infantil e Pediátrica;

Conhecer o utente (jovem neste caso) como ser humano, numa perspectiva

holística (biopsicossocial);

Melhorar a qualidade dos cuidados prestados;

Avaliar as acções de enfermagem;

Adquirir experiencia na observação, identificação de problemas e planificação e

avaliação dos cuidados.

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Page 3: Pediatria/ criptorquidia

O trabalho encontra-se estruturado em duas partes fundamentais: a primeira parte

incidindo sobre a contextualização teórica e a segunda sobre a contextualização

prática.

Em anexo encontra-se o boletim individual de Saúde Infantil e Juvenil. A metodologia

de trabalho utilizada foi o método descritivo, tendo como fontes de informação a mãe

do jovem e ele próprio, o processo clínico, os profissionais de saúde e a pesquisa

bibliográfica pertinente.

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Page 4: Pediatria/ criptorquidia

1. Fundamentação Teórica

1.1. Criptorquidia

A ausência de descida dos testículos corresponde a uma retenção do testículo ao

longo do caminho normal de sua descida.

Em 1 de cada 25 nascimentos, os testículos não chegam ao saco escrotal, isto é o

testículo não desce, designando-se assim a criptorquidia, que é mais comum em

recém-nascidos prematuros visto que a descida testicular através do canal inguinal

ocorre no terceiro trimestre. Na maioria dos casos até ao primeiro ano de vida, os

testículos acabam por descer para o saco escrotal, sendo que é muito pouco comum

acontecer após essa idade, e até alguns acabam por não descer.

É entre a 7ª e a 8ª semana de vida fetal que se desenvolve a 1ª condensação de

células do testículo, que crescem próximo do local onde se irão localizar os futuros

rins da criança. Entre o 6º e o 8º mês de gestação o testículo desce em direcção à bolsa

escrotal, dirigido por um músculo e incentivado por hormonas.

Para detectar tal anomalia, deve ser realizado exame físico, de preferência numa

sala aquecida, e as mãos também previamente aquecidas e a criança deve estar

relaxada. Os testículos podem, assim, ser levados a uma posição em que são palpáveis,

pela manipulação suave do conteúdo do canal inguinal em direcção ao escroto.

Contrariamente ao que se acreditava, actualmente reconhece-se que

ocasionalmente os testículos que desceram por completo até ao nascimento podem

ascender para a posição inguinal na infância, causando assim algumas apresentações

tardias de criptorquidia. Este fenómeno pode dever-se ao encurtamento relativo das

estruturas do cordão durante o crescimento da criança. Esta situação, pode

comprometer a integridade do testículo e provocar esterilidade na idade adulta, pelo

que se aconselha a tratar o problema antes dos dois anos de idade, com uma terapia

médica à base de hormonas, vigiando os possíveis efeitos colaterais.

Os testículos que não descem de forma natural até ao escroto são considerados

anormais para o resto da vida do utente, aumentando a probabilidade de vir a

desenvolver cancro, ainda que feita a correcção cirúrgica. Este acto que é designado

por Orquidopexia.

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Page 5: Pediatria/ criptorquidia

1.2. Fisiopatologia e sintomatologia

Não é conhecida uma causa específica para que ocorra criptorquidia, mas julga-

se ter a ver com alterações hormonais, embora não seja certo.

Quanto à sintomatologia, regra geral não há presença de qualquer sintoma, à

excepção de quando há infecção associada.

1.3. Meios complementares de diagnóstico

Para realizar o diagnóstico de Criptorquidia é necessário recorrer a outros meios

para além do exame físico que pode não ser suficiente. Como tal utiliza-se:

O ultra-som, a ecografia que pode estar limitada na sua eficácia em meninos

obesos;

Hormonal, isto é em testículos impalpáveis bilateralmente, a presença do tecido

testicular pode ser confirmada pela identificação de um aumento da testosterona

sérica em resposta à injecção intramuscular de gonadotrofina coriónica humana

(HCG);

Análises sanguíneas;

Laparoscopia sendo um método muito recorrente para testículos não palpáveis

para determinar se corresponde a testículos ausentes ou intra-abdominais;

1.4. Tratamento

Tal como todas as patologias à que intervir de modo a solucionar o problema ou

pelo menos minimizá-lo. A criptorquidia não é excepção, pelo que desde cedo, após o

primeiro ano de vida, tenta-se a administração de injecções hormonais (HCG ou

testosterona), havendo ainda outra opção, a cirurgia designada por orquidopexia.

A orquidopexia é a técnica cirúrgica utilizada para fixação dos testículos no saco

escrotal. Esta é indicada por várias razões que passarei a enumerar:

Fertilidade – para que o processo de espermatogénese ocorra normalmente, os

testículos necessitam de estar no escroto, pois é onde a temperatura é menor que a

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Page 6: Pediatria/ criptorquidia

corporal. O tempo certo para realização da orquidopexia precoce, no segundo ano

de vida, pode optimizar o potencial reprodutivo. Sendo que após a cirurgia para

falta de descida de um testículo a fertilidade é próxima da normalidade. Por outro

lado, no caso de ausência de descida testicular bilateral, a fertilidade fica

diminuída em 50%, e homens com história de testículo não-palpável bilateral

geralmente são estéreis.

Malignidade – testículos não descidos apresentam anormalidades histológicas e

um aumento no risco de malignidade. Sendo este risco maior na falta de descida

testicular bilateral, e ainda maior para testículos intra-abdominais. Muito embora

as evidências sejam até contraditórias, alguns estudos sugerem que a orquidopexia

precoce para o testículo que não desceu reduz o risco de malignidade para níveis

próximos dos testículos normais.

Estética e psicológica – se os testículos estão ausentes pode ser inserida uma

prótese, no entanto é melhor aguardar a vida adulta, pois assim pode ser colocada

uma prótese de tamanho definitivo.

Muitos meninos que apresentam criptorquidia são submetidos a orquidopexia por

incisão inguinal. O testículo é mobilizado, preservando-se os ductos deferentes e os vasos

testiculares, o processo vaginal patente associado é ligado e seccionado, sendo o testículo

fixado na bolsa escrotal.

Resumindo, o L.C.D.N adolescente de 16 anos de idade, residente em Vinhais,

deu entrada no serviço de pediatria no dia 02/02/2011 com diagnóstico de criptorquidia,

proveniente da consulta externa de Urologia para realizar Orquidopexia no dia

03/02/2011. Tendo já exposto o diagnóstico como a intervenção realizada na

fundamentação teórica acima mencionada.

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Page 7: Pediatria/ criptorquidia

2. Contextualização prática

2.1. Processo de enfermagem

O processo de enfermagem é o instrumento base de trabalho do enfermeiro. Pois é

através deste que o enfermeiro põe em prática as ideias fundamentais e o método

científico para a resolução dos problemas/necessidades do próprio doente/utente, sendo

deste que advém a organização de ideias e acções que se transformam em princípios, os

quais permitem ao enfermeiro ter uma base sólida, clara e organizada de conhecimentos

sempre aptos a serem postos em prática em qualquer situação.

O processo de enfermagem divide-se portanto em 5 fases, sendo estas sequenciais

e que estão inter-relacionadas:

1. Anamnese: consiste na procura sistemática de informação sobre a pessoa, os

seus hábitos de vida, as suas dificuldades ligadas ao seu estado de saúde;

2. Análise e a interpretação dos dados: é através deste processo que podemos

fazer um diagnóstico de Enfermagem;

3. Planeamento: resposta da enfermeira para resolver uma dificuldade e ajudar a

pessoa a satisfazer as suas necessidades. Esta etapa tem em conta as prioridades,

os objectivos e a escolha das intervenções organizadas num plano de acção;

4. Execução das intervenções: aplicação do plano estabelecido;

5. Avaliação: apreciação dos resultados obtidos, da eficácia e da adequação do

plano de acção.

2.1.1. Anamnese

Antecedentes familiares

Após fazer a entrevista ao utente e à sua mãe, verificou-se que na família não há

qualquer antecedente relevante.

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Page 8: Pediatria/ criptorquidia

Antecedentes pessoais

O L.C.D.N foi fruto de uma primeira gravidez, normal, vigiada, com 7 consultas

pré-natais. Nasceu de parto eutócito no hospital distrital de Bragança às 41 semanas de

gestação.

Nasceu no dia 12/03/1994 no seio de um agregado familiar composto pelo pai e pela

mãe. Apresentava um índice de APGAR ao 1º, 5º e 10º minutos respectivamente 9, 10 e

10, filho de J.N e de M.D, saudáveis, residentes em Vinhais. L.C.D.N não apresenta

qualquer antecedente patológico sendo que desde Novembro de 2010 teve alguns

episódios de algia testicular, motivo pelo qual recorreu ao C.S de Vinhais onde o

encaminharam para a consulta externa de Urologia, onde o Dr. P que fez pedido de

ecografia para confirmação de diagnóstico, tendo então se confirmado a presença de

criptorquidia bilateral e suspeita de epididimite ( inflamação do epidídimo, a estrutura

que forma a primeira parte do ducto de drenagem de cada testículo). Pelo facto acima

referido foi então marcada cirurgia de correcção para dia 03/02/2011.

Análise do Boletim de Vacinas

No que diz respeito ao plano nacional de vacinação (PNV), até à data encontra-se

cumprido conforme a tabela seguinte, não apresentando quaisquer reacções à

administração destas, e tem sido acompanhado no Centro de Saúde de Vinhais.

Em anexo encontra-se um exemplar do boletim de vacinas do L.C.D.N.

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Page 9: Pediatria/ criptorquidia

Avaliação do crescimento

O crescimento é um importante indicador do bem-estar de uma criança ou

adolescente. Os factores neles implicados são múltiplos e vão desde a influência

genética, factores ambientais (nomeadamente a alimentação), factores de ordem

psicológica e um grande leque de doenças. Um atraso estato-ponderal pode ser a

primeira manifestação de diversas patologias.

No que diz respeito ao adolescente em que incido o meu estudo de caso, as

alterações ocorridas desde o nascimento permitem afirmar que este mantém uma boa

evolução ponderal.

Encontra-se em anexo a este trabalho o boletim de saúde infantil e juvenil onde será

possível conferir todos os dados aqui relatados.

Monitorização do peso corporal

Considerando o adolescente que tenho vindo a abordar, este nasceu com baixo

peso, encontrando-se mesmo abaixo do percentil 5 sendo que gradualmente foi

recuperando não tendo nenhuma perda de peso nos primeiros 24 meses. Encontrando-se

de forma geral entre o percentil 25 e 50 nestes primeiros 2 anos de vida. A partir dos 2

anos manteve-se entre o percentil 50 e 75, não tendo ocorrido nenhuma variação

anormal.

Sendo que segundo alguma bibliografia consultada, o peso duplica aos 5 meses, triplica

aos 12meses e quadruplica aos 2 anos, posso então afirmar que tal ocorreu com

L.C.D.N, sendo que nasceu com 2500gr, aos 5 meses tinha 7820gr, aos 12 meses

10100gr e aos 2 anos apresentava já 12450grs. Confirmando-se até aumentos um pouco

acima do que seria esperado.

No momento do internamento apresentava um peso de valor igual a 55,4 kg, tendo

portanto um aumento de 3,4 kg relativamente à última avaliação datada do dia

12/02/2009, encontrando-se neste momento no percentil 50.

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Page 10: Pediatria/ criptorquidia

Monitorização do comprimento

No que diz respeito à estatura, L.C.D.N até aos 3 meses manteve-se entre o

percentil 10 e 25, a partir dos 5 meses inclusive até aos 12 meses esteve entre o percentil

25 e 50, desde 1 ano ate aos 14 anos ficou entre o percentil 50 e 75, sendo que aos 16

anos baixou para os percentis 25-50 resultado da estabilização do crescimento.

Monitorização do perímetro cefálico

Este parâmetro é avaliado até aos 3 anos de idade. O adolescente em estudo

nasceu com 34,2 cm de PC, dentro dos valores ditos normais portanto, nos primeiros 5

meses teve um aumento 10,3 cm, estando ao primeiro mês no percentil 10, aos três meses

estava com percentil 25-50 e ao quinto mês encontrava-se já no percentil 75-90 onde se

manteve até aos 10 meses de idade. Depois entre os 10 e os 16 meses correspondia ao

percentil 95, o que é um percentil elevado relativamente à idade. A partir da idade

anteriormente referida permaneceu nos percentis 75-90.

Observação física sistematizada

A observação física sistematizada é realizada tendo por base o exame físico e o

exame objectivo.

Deste modo, durante o internamento com duração de 3 dias, foi-nos permitido

observar certas características físicas inerentes a este adolescente e aspectos clínicos

característicos da patologia.

Exame físico

Relativamente ao aspecto geral o L.C.D.N apresentava-se com bom estado

físico.

a) Cabeça: Cabelo grosso, curto e limpo.

b) Olhos: de cor castanha, sem alterações.

c) Ouvidos: sem alterações auditivas.

d) Orelhas: boa higiene do pavilhão auricular.

e) Nariz: sem alterações nasais.

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Page 11: Pediatria/ criptorquidia

f) Boca: mucosa íntegra.

g) Dentes: 28 dentes, sem cáries. Faltando apenas os terceiros molares, cujo

primeiro deve surgir por volta dos 21 anos.

h) Pele: corada e íntegra.

i) Mucosas: coradas, hidratadas e íntegras.

j) Tórax: íntegro, sem lesões.

k) Abdómen: sem massas palpáveis, pele íntegra.

l) Região Umbilical: higienizada, sem hérnias ou fístulas.

m) Órgãos Genitais: sem alterações da integridade cutânea, mas com ausência

de testículos na bolsa escrotal

n) Região nadegueira: sem lesões e/ou malformações.

o) Membros: sem alterações da mobilidade, ausência de lesões, malformações,

fracturas e escoriações.

p) Extremidades: pele corada e hidratada, unhas higienizadas.

Exame objectivo

O exame objectivo do doente com criptorquidia inclui inspecção, palpação,

avaliação dos sinais vitais, e outros exames de diagnóstico.

O L.C.D.N é um adolescente simpático, comunicativo e colaborante.

Apresenta pele e mucosas coradas e hidratadas.

Otoscopia : cerúmen bilateral;

Auscultação Cardíaca: S1 e S2 normal. Batimento rítmico;

Pulsos: normal.

Palpação testicular: ausência dos testículos na bolsa escrotal bilateralmente.

Análises sanguíneas sem quaisquer alterações.

Avaliação do desenvolvimento

O ser humano é o resultado de vários factores, evolução adaptativa, hereditariedade,

ambiente e cultura em que se insere e das experiencias que vivência.

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Page 12: Pediatria/ criptorquidia

É então fundamental o papel do enfermeiro na vigilância dos aspectos de

desenvolvimento e na detecção o mais precoce possível dos desvios da normalidade e

na orientação atempada para que a sua intervenção seja eficaz.

O L.C.D.N é um adolescente e como tal, procura novas experiências e vivências

principalmente junto do seu grupo de pares (amigos). Sendo que tem 16 anos de idade é

importante saber se já realizou consulta de planeamento familiar, no sentido de se

esclarecer, questionei-o sobre esse facto, e o jovem diz não o ter feito. Pelo que

aproveitei esse momento para abordar a temática da sexualidade e tudo o que a envolve,

e tentei deixá-lo o mais à vontade possível, para não haver barreiras, preconceito e

disponibilizei-me para esclarecimento de qualquer dúvida que tivesse.

Pela idade do indivíduo não faria qualquer sentido abordar a escala de Mary-

Sheridan, pelo que me vou basear na teoria psicossocial de Erikson.

Segundo Erik Erikson, o desenvolvimento humano decorre ao longo de oito estádios

que, no seu todo, constituem o ciclo da vida. Cada estádio corresponde à formação de

um aspecto particular da personalidade.

Um dos conceitos fundamentais na teoria de Erikson é o de crise ou conflito que o

indivíduo vive ao longo dos períodos por que vai passando, desde o nascimento até ao

final da vida. Cada conflito tem de ser resolvido positiva ou negativamente pelo

indivíduo.

Segundo o autor, este adolescente encontra-se no quinto estádio (12-18/20anos),

caracterizado por identidade versus confusão de identidade, este marca o período da

adolescência. É neste estádio que se adquire uma identidade psicossocial: o adolescente

precisa de entender o seu papel no mundo e tem consciência da sua singularidade. Há

uma recapitulação e redefinição dos elementos de identidade já adquiridos – esta é a

chamada crise da adolescência. Os factores que contribuem para a confusão da

identidade são: perda de laços familiares e falta de apoio no crescimento; expectativas

parentais e sociais divergentes do grupo de pares; dificuldades em lidar com a mudança;

falta de laços sociais exteriores à família (que permitem o reconhecimento de outras

perspectivas) e o insucesso no processo de separação emocional entre a criança e as

figuras de ligação. Conclusão nesta etapa da vida o objectivo é a construção da sua

identidade, pelo que vai procurar novas vivências, experiências, irá procurar assumir

diferentes papéis e desta forma chegar à conclusão daquilo que realmente é, um

indivíduo único, diferente de todos os outros.

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Page 13: Pediatria/ criptorquidia

Concluo, que o adolescente em causa, ainda permanece neste estádio, ainda vive o

conflito de identidade, ainda não se consegue definir a si próprio, o que deseja para o

seu futuro.

Resumo do internamento

No dia 2 de Fevereiro de 2011 pelas 9horas, o L.C.D.N deu entrada no serviço de

Pediatria do CHNE, encaminhado pela consulta externa de Urologia deste mesmo

hospital com diagnóstico de criptorquidia, para realizar intervenção cirúrgica de

correcção, orquidopexia. Este encaminhamento deveu-se a um quadro de sucessivas

recorrências ao serviço de urgência do centro de saúde de vinhais e posteriores

consultas de urologia e realização de exames complementares de diagnóstico. À entrada

no serviço o adolescente apresentava-se aparentemente calmo, comunicativo,

consciencializado minimamente para o procedimento. Foi então realizada a admissão no

serviço, feita anamnese, avaliação de sinais vitais e peso corporal. E foram iniciados a

prestação de cuidados pré-operatórios, realizada colheita de sangue para rotina pré-

operatória, puncionado com cateter 20G no membro superior esquerdo e realizado

enema de limpeza. O jovem vinha já com tricotomia parcialmente realizada pelo que lhe

foram feitos ensinos de como devia ser correctamente e o mesmo realizou-a e fazia-se

acompanhar também pelo consentimento informado devidamente assinado pela

representante legal (mãe). Sendo que a cirurgia só se realizava no dia seguinte ao seu

internamento optou-se por não dar inicio neste dia (02/02) à soroterapia, que foi iniciada

então às 8 horas do dia 03/02 aquando também da administração de antibioterapia pré-

cirúrgica, Ceftriaxona. Concluindo, no dia 03/02/2011 iniciou então a seguinte

medicação, que tinha prescrito:

- Glucose 33mg/ml + Cloreto de sódio 3mg/ml (EV) a 80ml/h até dia 04/02/2011;

- Ceftriaxona 1000mg (EV) até dia 4/02/2011;

- Paracetamol 1000mg (EV) em SOS.

Quanto à alimentação no dia 02/02/2011 foi-lhe atribuída dieta geral, que este ingeriu a

sua totalidade em todas as refeições diárias. Até iniciar pausa alimentar às 00:00 horas

do dia 03/02/2011 na qual permaneceu até as 16 horas do mesmo dia.

Aquando da entrada no serviço os sinais encontravam-se dentro dos parâmetros

normais, sendo os seus valores:

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Page 14: Pediatria/ criptorquidia

FC= 94 bpm; TA= 116/61 mmHg; SPO2=99% e temperatura= 36ºC.

O L.C.D.N no dia 03/02 ausentou-se do serviço para se dirigir ao bloco

operatório pelas10:25, registava Sinai vitais estáveis e normais, e regressou pelas 12:00

horas, apresentava-se calmo e um pouco sonolento, foi encaminhado para a enfermaria e

fora, avaliados os sinais vitais que se encontravam dentro dos parâmetros normais. Teve

uma micção e dejecção espontânea no leito, pelas 15:00 horas pelo que lhe foram

prestados cuidados de higiene e conforto no leito. Trazia penso cirúrgico compressivo

limpo e seco externamente, contudo realizamos penso por o que trazia estar a provocar

desconforto e não permitir o acto de micçar ao indivíduo.

O adolescente durante o internamento fez-se acompanhar pela mãe que

permanecia algo ansiosa, foram-lhe tiradas todas as dúvidas existentes, o que contribuiu

para manter um ambiente relaxante ao jovem. O L.C.D.N após visita médica do

cirurgião no dia 04/02/2011, teve alta clínica, tendo abandonado o serviço com a mãe

pelas 16 horas.

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Page 15: Pediatria/ criptorquidia

3. Plano de Cuidados de enfermagem

Data de Início

Problemas reais/Potenciais

Acções de Enfermagem

AvaliaçãoData do fim

02/02/2011

Verificar se o adolescente está preparado física e psicologicamente para a cirurgia.

-Prestar apoio emocional ao jovem;-Retirar qualquer adereço de metal;- Preencher o check-list pré-operatório;- Providenciar assinatura do consentimento informado;- Prestar cuidados de higiene e realizar tricotomia;- Puncionar veia periférica;- Vestir bata própria e colocar touca;- Verificar se o processo clínico está completo.

-O jovem apresentava-se calmo e bem disposto;- Retirou a aliança antes de se deslocar ao bloco;- Realizou tricotomia e cuidados de higiene;- O consentimento estava assinado;- O processo clínico está completo;- Vestiu uma bata de bloco e colocou a toca.

03/02/2011

02/02/2011

Potencial risco de infecção cutânea devido à presença de catéter venoso periférico.

- Vigiar local da punção para despistar sinais inflamatórios;- Pesquisar sinais inflamatórios (dor, calor, rubor);- Manter adesivos limpos e secos;- Manusear catéter com técnica asséptica; - Vigiar posicionamento de forma a permitir uma boa perfusão;- Limpar o catéter com compressa embebida em álcool 70% antes e depois da terapêutica EV.

O adolescente não apresenta sinais de infecção cutânea.04/02/2011-Foi retirado o catéter venoso periférico. O local de inserção do cateter não apresenta sinais inflamatórios aparentes.

04/02/2011

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Page 16: Pediatria/ criptorquidia

03/02/2011(às 00:00)

Alteração do padrão alimentar relacionado com a cirurgia, por manter jejum

-Informar o adolescente que não deve ingerir qualquer alimento 8 a 10 horas antes da cirurgia.

O adolescente cumpriu o jejum.

03/02/2011(até 10:25)

03/02/2011

Alteração do padrão alimentar relacionado com a cirurgia, por manter jejum após a cirurgia

- Manter pausa alimentar 4 a 6 horas após a cirurgia;- Fornecer dieta líquida progressiva;- Vigiar tolerância alimentar;- Se possível fornecer dieta a gosto do jovem.

O adolescente manteve jejum de 4 horas após a cirurgia. Pelas 16 horas ingeriu um chá que tolerou e ao jantar uma sopa que também tolerou.

03/02/2011

03/02/2011

Alteração do conforto e repouso relacionado com a cirurgia e presença de dor

- Vigiar presença de dor;- Manter posição anti-álgica;- Administrar analgésicos prescritos em SOS;- No caso de persistência da dor, informar o médico que estiver de urgência.

- O jovem não referiu qualquer dor pelo que não lhe foi administrado qualquer analgésico.

04/02/2011

03/02/2011

Alteração das AVD’s relacionadas com a imobilidade do jovem pós-operatório

- Colaborar com o jovem/família na prestação dos cuidados de higiene e conforto, na alimentação e eliminação;- Incentivar o jovem a realizar as AVD por si só dentro das suas capacidades.

Prestei-lhe cuidados de higiene e conforto, por ter tido uma micção e dejecção no leito mas com a colaboração do jovem na mobilização (Nas primeiras horas do pós operatório).

04/02/2011

03/02/2011 Alteração da - Vigiar - Realizou-se o 04/02/2011

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Page 17: Pediatria/ criptorquidia

integridade cutânea relacionada com intervenção cirúrgica e presença de sutura operatória

características da sutura;- Realizar penso sempre que se encontrar repassado ou por ordem médica;- Retirar pontos segundo protocolo ou por ordem médica (8 dias após cirurgia);- Vigiar o aparecimento de sinais e sintomas de hemorragia.

penso, por este estar desconfortável, não permitindo ao jovem micçar;- Não se apresentava repassado, nem surgiu nenhum sinal ou sintoma de hemorragia.

03/02/2011Risco de infecção devido à sutura operatória

- Vigiar sinais de infecção;- Manter penso limpo e seco.

Penso limpo e seco sem sinais de infecção.

04/02/2011

02/02/2011

Alteração da temperatura corporal relacionado com infecção manifestado por hipertermia

- Avaliar e registar a temperatura corporal em SOS;- Fazer arrefecimento corporal;-Administrar antipirético prescrito

-o adolescente não teve qualquer pico febril.

04/02/2011

4. Folha farmacológica

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Page 18: Pediatria/ criptorquidia

Nome do

medicamento

Grupo a que

pertence

Principais

razões de

prescrição

Cuidados a ter com a administração

Glucose 33mg/ml + Cloreto de sódio 3mg/ml (EV)

Correctivos da volémia e das alterações hidroelectrolíticas

Correcção de alterações hidroelectrolíticas, e para manter algum aporte calórico.

-Ter em atenção os 6 certos;-Vigiar sinais de sobrecarga hídrica, edemas;

Ceftriaxona 1000mg (EV)

Anti-infecciosos/anti-bacterianos

Prevenção de infecção

-Ter em atenção os 6 certos;- Vigiar sinais de infecção no local de administração;

Paracetamol 1000mg (EV)

Analgésico e Anti-pirético

Tratamento da dor ligeira a moderada e pirexia.

Ter em atenção os 6 certos;Vigiar função hepática;

5. Conclusão

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Page 19: Pediatria/ criptorquidia

Terminado o estudo de caso, é deveras pertinente fazer uma reflexão sobre os

objectivos a que me propus e as dificuldades sentidas no decorrer do mesmo.

Então assim sendo, e de forma geral, posso afirmar que atingi os objectivos a

que me tinha proposto inicialmente. Afirmo ainda que este tipo de trabalhos em que

ligamos a teoria à prática, permite-nos ganhar mais conhecimentos e até mesmo reflectir

se o que diariamente praticamos é o mais correcto e adequado ou não.

Conclui-se após realizar este estudo que o mais importante na realidade não é

mesmo o diagnóstico mas sim o indivíduo como um todo, nas suas mais diversas

perspectivas. E como tal, nós como enfermeiros temos o dever, eu até m atrevo a dizer a

obrigação de não nos limitarmos à doença, por vezes um simples minuto a ouvi-los faz-

nos receber um sorriso de gratidão. Por isso é importante promover o bem-estar físico,

emocional, psicossocial, mental e espiritual do indivíduo doente.

Também se conclui que a integração dos cuidados de enfermagem, além de serem

centrados nas crianças/adolescentes devem também ser alargados às famílias, pois é esta

o foco dessas mesmas crianças/adolescentes.

Quanto às dificuldades sentidas, foi complicado encontrar informação mais

aprofundada para a fundamentação teórica da patologia abordada, contudo não deixou

de ser interessante e gratificante chegar ao fim e afirmar que me enriqueci a nível de

conhecimentos.

Para concluir, a conclusão a que chego é que a elaboração deste trabalho não só

contribuiu para mim como futura enfermeira, como também para a minha realização

pessoal, como pessoa integrada numa dada sociedade.

Bibliografia

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Page 20: Pediatria/ criptorquidia

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Anexos

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