os pressupostos da teologia da libertação ainda são válidos e encontram ecos na prática...

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O artigo explica a importância da Teologia da Libertação e questiona sua aplicação nos dias de hoje.

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Os pressupostos da Teologia da Libertao ainda so vlidos e encontram ecos na prtica pastoral atual?

O contexto das ltimas dcadas do sc. XX revelou-se favorvel aos movimentos sociais que fomentaram mudanas substanciais na Amrica Latina. Podemos citar, como fatores socioeconmicos e polticos, a redemocratizao nos anos 80, o fim do socialismo na URSS, a hegemonia econmica nos EUA nos anos 90. Vale ressaltar, ainda, que a realidade por que passavam os pases do continente era a pior possvel, pois a crise econmica estava mais do que instalada e o processo de redemocratizao ainda se mostrava ineficiente. Por todo esse quadro, saltava aos olhos a iminncia de mudanas significativas nas polticas pblicas que no atendiam s necessidades elementares da maioria da populao latino-americana.O regime militar ditatorial que imperava, praticamente, em todo o continente deixou marcas profundas de atraso e opresso. No Brasil, a crise era em todos os setores da sociedade. Esse quadro trouxe desafios aos movimentos sociais e populares que precisaram unir em torno de uma mesma temtica de libertao e resgate da dignidade humana e justia social.Nesse contexto, a partir da agitao poltica nas dcadas de 60 e 70, deu-se vida aos movimentos das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e da Teologia da Libertao (TL ou TdL). A Teologia da Libertao surge como um blsamo para aliviar as dores dos oprimidos. No prega que o pobre aquele que deve viver merc de mera ao assistencialista, dependente da vontade dos outros para a sua subsistncia. No acolhe o pobre como o que tem a fora do trabalho, sem combater a explorao, pois isso contribui para uma sociedade de desiguais, portanto, injusta. Mas, preconiza que o pobre aquele que tem fora histrica com capacidade para mudar o sistema de dominao por um outro mais igualitrio, participativo e justo. Nos dizeres de Boff Esta estratgia libertria. Faz do pobre sujeito de sua libertao.No h de se falar em morte da TL, pois um movimento que surge com a bandeira de Cristo em prol dos mais desfavorecidos sempre ter um espao de importncia neste mundo, pois, nesse sentido, Jesus solidrio com a nossa dor e com nossa angstia[endnoteRef:2]. Mas, precisamos, sim, reaver os fundamentos que foram levantados por aqueles que nunca se conformaram com os processos de explorao. [2: BOFF, L. Jesus Cristo Libertador. 4. ed. Petrpolis: Editora Vozes, 1972. ]

No mbito econmico, em toda a Amrica Latina, bem como em diversas partes do mundo, o capitalismo deu asas a uma ambio sem limites, onde o querer-ter muito mais destacado do que o querer-ser, isso certamente d margem para toda forma de opresso aos mais pobres e desfavorecidos.Para esse propsito, no se medem esforos, so capazes de destruir a natureza em nome do progresso, provocando uma crise ecolgica, exploram a mo-de-obra primria, desconsideram todos os direitos humanos, sua fome tem nome: capital.No atual contexto brasileiro no diferente, da faz-se necessrio urgentemente o surgimento de um movimento neo-libertrio que venha trazer lume as atrocidades que so cometidas por diversos interesseiros dispostos a abusar da boa vontade alheia, da passividade das pessoas, da ignorncia e da inrcia, enfim, todos os ingredientes que favorecem prticas opressoras.Ora, sabido que a inteno primria da TL o despertamento do povo para as causas scio-econmico-polticas, para uma participao efetiva que vise construo de uma sociedade mais igualitria, justa e sabedora de seus direitos enquanto cidados. No entanto, preciso destacar que, infelizmente, h muitos opressores, inclusive, nas Igrejas. Lderes religiosos que, pelo domnio do conhecimento, esto dispostos a fazer uma hermenutica equivocada, a fim de, em nome de Deus, ditar as normas e atitudes a serem praticadas por suas ovelhas, subjugando-as a uma condio de obedincia aos seus interesses e, com isso, poder usurp-las, fazendo-as cativas e oprimidas. Os proponentes da TL busca, por um processo de empatia, colocar-se no lugar dos oprimidos, fazer-se um com eles, experimentar suas mazelas, para, a partir da, unir foras e entendimento teolgico a fim de, em nome de Cristo, proclamar a libertao a todos os cativos e anunciar o ano aceitvel do Senhor, a fim de que se chamem Carvalhos de Justia.