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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

JOGOS, NÚMEROS NATURAIS E A SALA DE APOIO À

APRENDIZAGEM

Aparecida Donizete Serra Ferraz1

Ana Márcia Fernandes Tucci de Carvalho2

Resumo A Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná (SEED), através das Diretrizes Curriculares para o ensino da Matemática, aponta para a necessidade do uso de metodologias de aprendizagem diferenciadas para antender alunos que apresentam algum tipo de defasagem no processo de aprendizado. Este artigo discorre sobre a implantação de um Projeto de Intervenção Pedagógica realizado na Escola Estadual Professora Kazuco Ohara – Ensino Fundamental, com alunos da 6ª série que frequentam a sala de Apoio à Aprendizagem. Por meio da utilização de Jogos Matemáticos, cujo foco é o aprendizado das quatro operações aritméticas, foi possível identificar os benefícios desta metodologia de ensino, bem como observar a superação das dificuldades dos alunos através dos desafios matemáticos lançados de forma lúdica e diferenciada. Palavras-chaves: Jogos. Operações aritméticas. Sala de Apoio à Aprendizagem.

1 Introdução

O propósito deste artigo é apresentar os resultados obtidos a partir da

utilização de Jogos Matemáticos como estratégia de aprendizagem junto a alunos da

Sala de Apoio à Aprendizagem Matemática (SAA) que apresentavam defasagem no

aprendizado das quatro operações aritméticas.

De acordo com as orientações da Secretaria de Estado da Educação do

Estado do Paraná (SEED), para atender os alunos com este tipo de defasagem, o

professor que atua na SAA deve buscar uma ação pedagógica diferenciada para o

atendimento ao aluno.

Desta forma, cabe ao professor o compromisso de trabalhar com atividades

criativas por meio de estratégias metodológicas que possam levar o aluno a superar

de forma efetiva suas dificuldades de aprendizagem (PARANÁ, 2004). Entre as

inúmeras possibilidades de metodologias de ensino, foram utilizados jogos

matemáticos que versavam sobre as operações aritméticas, porque entendemos

que os jogos são atrativos e emocionantes para o aluno.

1 Professora da Rede Pública do Estado do Paraná, participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE (2013). Contato: [email protected] 2 Professora Adjunta do Departamento de Matemática da Universidade Estadual de Londrina, UEL. Contato: [email protected]

As Diretrizes Curriculares para o Ensino da Matemática do Estado do Paraná

também apontam para o ensino-aprendizagem da Matemática por meio de um

trabalho diferenciado, onde o professor deve criar estratégias que possibilitem ao

aluno atribuir sentido e construir significados aos conteúdos matemáticos que lhes

são apresentados (PARANÁ, 2008, p.45).

Os jogos, enquanto estratégia metodológica, quando bem orientados pelo

professor, auxiliam no desenvolvimento de habilidades de raciocínio, atenção e

concentração, tão importantes no aprendizado da matemática (BORIN, 2007, p.8).

A utilização de jogos interfere em outros aspectos de natureza mais subjetiva

[...] a introdução de jogos nas aulas de Matemática é a possibilidade de diminuir os bloqueios apresentados por muitos de nossos alunos que temem a Matemática e sentem-se incapacitados para aprendê-la. Dentro da situação de jogo, onde é impossível uma atitude passiva e a motivação é grande, notamos que, ao mesmo tempo em que estes alunos falam matemática, apresentam também um melhor desempenho e atitudes mais positivas frente a seus processos de aprendizagem. (BORIN, 2007, p.9).

As atividades com jogos representam situações motivadoras e de real

desafio, em especial quando o professor busca no jogo um aspecto instrumental, ou

seja, planeja interferir na aprendizagem de seus alunos, propiciando o interesse e

envolvimento dos mesmos nas atividades matemáticas (GRANDO, 2000).

As dificuldades apresentadas por alunos em “fazer contas” envolvendo os

Números Naturais, estão intimamente ligadas ao aprendizado do Sistema de

Numeração Decimal. Esse sistema não é tão simples e nem tão fácil de ser

compreendido pelos alunos (TOLEDO e TOLEDO, 2009, p.58).

Estudos apontam para a importância de que o professor, antes de refletir

sobre as maneiras de ensinar as operações aritméticas, deva pensar sobre os

“problemas de matemática” e a utilização destes no Ensino Fundamental, para que

não sejam somente aplicações de algoritmos, sem nenhuma significação correlata

ao cotidiano do aluno. Segundo Toledo e Toledo (2009), “[...] os problemas de

matemática, muitas vezes, são trabalhados de forma desmotivadora, apenas como

um conjunto de exercícios acadêmicos” (TOLEDO e TOLEDO, 2009, p.83). Quando

o problema é tratado apenas como rotina, sem contextualização, cabe ao aluno

apenas o trabalho de realizar a conta e acertar a solução e, consequentemente,

obter uma nota. Esse fato, segundo os autores, constitui-se uma das causas da

desmotivação por parte dos alunos no Ensino Fundamental (TOLEDO e TOLEDO,

2009).

Neste contexto, o uso de jogos na SAA Matemática pode contribuir para

superar defasagens de aprendizagem da matemática na leitura, escrita e cálculo

envolvendo as quatro operações aritméticas com Números Naturais.

Ao vivenciar situações de jogos, o aluno depara-se com suas dificuldades em

relação aos conteúdos matemáticos, o que oportuniza a mediação do professor para

a descoberta de conceitos e propriedades envolvidos nos cálculos das quatro

operações aritméticas.

2 Desenvolvimento

Este trabalho foi iniciado com a elaboração de um Projeto de Intervenção

Pedagógica para ser desenvolvido junto aos alunos do 6º ano do Ensino

Fundamental que frequentam a Sala de Apoio à Aprendizagem Matemática e

submetido ao conhecimento da Direção, Equipe Pedagógica e professores da

Escola Estadual Professor Kazuco Ohara – Ensino Fundamental. Visando atender a

necessidade da escola e do aluno, o Projeto foi desenvolvido durante o primeiro

semestre do ano de 2014, em contraturno, contando com os 25% (vinte e cinco por

cento) de afastamento da professora para o desenvolvimento das atividades do

Programa de Desenvolvimento Educacional - (PDE) do Estado do Paraná.

Os estudos realizados para a elaboração deste trabalho (GRANDO, 2000;

BORIN, 2007; TOLEDO E TOLEDO, 2009), apontam que utilização de jogo como

uma estratégia metodológica diferenciada pode levar a superação das defasagens

dos alunos relacionadas às quatro operações aritméticas com Números Naturais.

As atividades abaixo descritas fazem parte da Produção Didático-Pedagógica

desenvolvida para o PDE-2013, que se caracterizou como uma Unidade Didática,

cujo objetivo foi elaborar / adaptar e confeccionar alguns jogos matemáticos, os

quais estimulassem o aluno para a resolução de problemas, envolvendo as

operações aritméticas com Números Naturais como principal estratégia para

intervenção pedagógica na SAA Matemática.

2.1 Atividades

As atividades que compõem a Unidade Didática foram iniciadas após

dinâmica de apresentação professor-aluno e aluno-aluno e um bate-papo informal

para a promoção de um ambiente descontraído, que possibilitasse a identificação

inicial sobre o conhecimento dos alunos sobre a utilização de jogos nas aulas de

Matemática, como também em outras disciplinas, visando despertar o interesse dos

alunos e suscitar a motivação necessária para a participação nas aulas em

contraturno. Foi observado que os alunos não haviam trabalhado utilizando jogos

como estratégia metodológica, nas aulas de Matemática, logo, mostraram-se

curiosos e interessados.

Neste momento, foi possível perceber que os alunos, apesar de terem sido

“convidados” a participar do projeto, demonstravam-se embaraçados e pediam para

que não fosse divulgado na escola sua participação em “aulas de reforço”,

evidenciando sua baixa autoestima e a necessidade de atenção e atendimento

individualizado.

A primeira atividade desenvolvida foi o jogo denominado “Quatro Operações

em Linha”, adaptado do Portal Dia-a-Dia Educação - Jogos e Educação Matemática,

cujo objetivo é trabalhar os conceitos de adição, subtração, divisão e multiplicação,

desenvolvendo processos de estimativa e cálculo mental, no campo dos Números

Naturais. O material para o jogo foi previamente confeccionado pela professora PDE

com as seguintes peças: 01 Tabuleiro para o Jogo, 16 marcadores (sendo 8 de cada

cor - confeccionados com pedacinhos de madeira), 01 folha com as regras para

jogo, 01 Ficha de Registro das Jogadas (para cada aluno preencher com quantas

jogadas for necessário até o final do jogo) e 01 Ficha com questões sobre o jogo,

que serviu como avaliação após a finalização do mesmo. Neste jogo, cada

participante; na sua vez de jogar; escolhe dois números do “Quadro de Números” e

realiza a operação escolhida pela dupla. Se o resultado estiver no “Tabuleiro”, o

jogador deve cobrí-lo com um marcador da cor que escolheu. Vence o jogo o

jogador que primeiro alinhar 4 (quatro) marcadores na horizontal, vertical ou

diagonal.

Os alunos foram organizados em duplas e o material necessário lhes foi

entregue. Observou-se que eles demonstraram resistência para a leitura das regras

em voz alta. Assim, a leitura foi direcionada pela professora e realizada

coletivamente. À medida que as regras eram lidas, os alunos se manifestavam ora

de forma confiante, ora com receio, vista que os alunos declararam não saber fazer

a operação de divisão.

Frente a uma possível desistência dos alunos, o jogo foi iniciado

coletivamente, onde o resultado de uma dupla seria apresentado a todos para que

compreendessem o processo do jogo. Ao se confrontarem com a operação de

divisão, apenas um aluno entre os dez que estavam na sala dominava o algoritmo

da divisão e alguns abandonaram a tarefa e ficaram aguardando o resultado dos

colegas. Em razão da necessidade de tal conhecimento para o desenvolvimento do

jogo, foi feita a intervenção pedagógica da professora para a superação desta

defasagem.

A intervenção foi realizada com o apoio de materiais manipulativos, como o

material dourado, palitos de sorvete e tampinhas de garrafas; para a elaboração do

conceito da divisão, como por exemplo, repartir em partes iguais. Posteriormente, foi

confeccionada coletivamente uma tabuada e fixada na parede da sala de aula como

apoio para a realização das divisões. O jogo foi retomado e a sistematização dos

algoritmos das operações foi registrada na Ficha de Registro das Jogadas.

Terminado o jogo, foi proposta uma avaliação da aprendizagem por meio de

atividades de aplicação para a verificação das aprendizagens apropriadas.

Figura 1: Jogo Quatro Operações em Linha3

Fonte: Acervo pessoal

3 Jogo adaptado de Divisão em Linha. Disponível em:<http://www.matematica.seed.pr.gov.br/modules /conteudo/conteudo.php?conteudo=50>. Acesso em 20 Ago. 2013.

A segunda atividade foi a aplicação do jogo “Qual é o Número?” de criação da

Professora PDE. Os objetivos do jogo são resolver situações problemas envolvendo

as quatro operações com os Números Naturais, utilizar o Sistema de Numeração

Decimal (classificação e seriação numérica, decomposição de Números Naturais nas

suas diversas ordens), além da fixação de leitura e escrita de números, manipulação

de expressão numérica e desenvolvimento dos processos de estimativa e o cálculo

mental. Material utilizado: 01 tabuleiro do jogo para cada dupla, 24 cartas com as

questões sobre Números Naturais, 01 Ficha de Registro das Jogadas para cada

jogador registrar a pontuação obtida em cada jogada e uma ficha contendo questões

para serem resolvidas ao final do jogo.

Figura 2: Materiais do Jogo Qual é o Número?

Fonte: Acervo Pessoal

Já no início da atividade, os alunos se mostraram interessados e curiosos. O

jogo foi apresentado para os alunos organizados em duplas e ainda houve a

necessidade da leitura ser direcionada pela professora de forma coletiva. Para

realizar o jogo, cada dupla deveria embaralhar e dispor as cartas contendo as

questões sobre a mesa com as faces viradas para baixo. Na sua vez de jogar, cada

participante escolheria uma das cartas, leria em voz alta a questão, solucionaria

mentalmente e encontraria no tabuleiro o número corresponde à resposta. O jogador

então receberia a pontuação de acordo com a legenda de cores e finalmente

registraria na ficha indicada. O vencedor seria aquele que obtivera o maior número

de pontos após o sorteio de todas as 24 cartas que compõe o jogo.

Foi possível observar que os alunos apresentaram dificuldades menores em

relação à primeira atividade, pois contavam com o apoio da tabuada e dos materiais

manipulativos que tinham à sua disposição. Além disso, estavam mais familiarizados

com os termos dos algoritmos das operações para a resolução dos problemas

apresentados naquele jogo.

Nesta atividade, foi possível fazer interferências pedagógicas nos conteúdos

das quatro operações estudados pelos alunos em anos anteriores.

Figura 3: Questões sobre o Jogo Qual é o Número? realizadas pelo aluno

Fonte: Acervo Pessoal

A terceira atividade foi a aplicação do jogo “Dominó da Adição e Subtração”,

adaptado do Portal Dia-a-Dia Educação - Jogos e Educação Matemática, com o

objetivo de trabalhar a adição e subtração de Números Naturais, operação inversa e

desenvolver o cálculo mental. Material utilizado: 28 peças para o dominó, 01 Ficha

de acompanhamento do Jogo (para cálculos quando for necessário) e 01 Ficha com

questões sobre o jogo (uma ficha para cada aluno). Neste jogo seguiu-se a ordem

de resolver as operações e ‘encaixar’ a peça subsequente ao seu respectivo

resultado.

Figura 4: Dominó da Adição e Subtração4

Fonte: Acervo Pessoal

O jogo foi apresentado aos alunos, que estavam organizados em duplas. As

regras foram lidas por um dos alunos, o qual também deveria explicá-las para o seu

parceiro de dupla. O jogo foi realizado com relativa facilidade, exigindo pouca

interferência da professora, que fez questionamentos aos alunos acerca dos

conceitos da adição e subtração, explorando suas propriedades. Dois alunos

apresentaram dificuldade na subtração com recurso, havendo a necessidade da

intervenção da professora e o apoio de material manipulativo para a compreensão

do algoritmo. Os alunos foram orientados a utilizar a operação inversa para verificar

se sua resposta e a do colega estavam corretas.

Em razão de o dominó ser um jogo tradicional, a maioria dos alunos já

conhecia as regras básicas, facilitando assim a realização do jogo.

Por meio desta atividade, foi possível identificar situações pontuais de

dificuldade e fazer as interferências para a compreensão do processo operatório

utilizando os algoritmos por meio das unidades, dezenas e centenas.

Na análise das atividades avaliativas foi possível observar que os alunos

compreenderam os processos da adição com reserva, da subtração com recurso e a

lógica da operação inversa na correção das respostas, já conhecida por eles como

“prova real”.

4 Jogo adaptado de Dominó das Operações. Disponível em:< http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/

portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2009_uem_matematica_md_cely_aparecida_navarro.pdf>. Acesso em: 05 Dez. 2013.

A quarta atividade aplicada foi o jogo “Corrida das Divisões”, adaptado de

BORIN, 2007, p.71-74, com o objetivo de levar os alunos a efetuarem operações de

divisão de Números Naturais utilizando processos de estimativa, o cálculo mental e

reconhecer uma divisão exata e não exata. Material 01 Tabuleiro do jogo para cada

dupla, 01 dado modificado, 01 marcador para cada jogador, 1 Ficha de

acompanhamento do jogo para cada jogador, 1 Ficha de atividade (uma ficha para

cada aluno). Os jogadores posicionam seus marcadores na linha de “PARTIDA”. Na

sua vez de jogar, lançar o dado e a face sorteada será o divisor do número

localizado na primeira casa, ou seja, o dividendo. Efetua a divisão, se for divisão

exata avançará duas casas, se for uma divisão não exata avançará três casas. O

primeiro que avançar a linha de “CHEGADA” será o vencedor do jogo.

Figura 5: Materiais do Jogo Corrida das Divisões5

Fonte: Acervo Pessoal

O jogo foi apresentado aos alunos e as duplas foram organizadas pela

professora de forma a deixar um aluno com maior domínio operatório com um

parceiro que necessitava de apoio. As regras foram expostas coletivamente e

esclarecidas as dificuldades de compreensão das mesmas.

Devido às dificuldades dos alunos, foi necessário o atendimento

individualizado, a utilização de materiais manipulativos e o apoio da tabuada para

5 Jogo adaptado de Corrida das Divisões. BORIN, 2007, p.71-74.

efetuar a divisão e identificá-la como exata e não exata, vista que para avançar no

jogo era preciso conhecer o resto da divisão.

A realização das atividades de avaliação permitiu verificar avanços no

domínio da linguagem matemática da divisão, seu algoritmo operatório e na

identificação, por parte dos alunos, da divisão exata e não exata. Foi possível

perceber uma crescente participação dos alunos nas resoluções de tarefas que

envolviam as operações de divisão, com o rompimento das resistências usuais

demonstradas pelos estudantes diante deste conteúdo, e sua satisfação em

participar da atividade de avaliação ao ler e escrever com mais autonomia suas

ideias.

Figura 6: Cálculos realizados pelo aluno durante o jogo Corrida das Divisões

Fonte: Acervo Pessoal

A quinta atividade consistiu na aplicação do “Jogo da Memória - Tabuada”,

adaptado de SANTOS, Cadernos PDE, 2009, com o objetivo de efetuar a operação

de multiplicação de Números Naturais, utilizando processos de estimativa, cálculo

mental, bem como desenvolvendo a noção de linha e coluna e revisando as

tabuadas. Material utilizado: 20 cartas. A regra do jogo constitui-se em dispor as

cartas sobre a mesa com as faces viradas para baixo formando 5 colunas e 4

linhas. Na sua vez, o jogador deveria virar duas cartas. Se estas fossem

correspondentes (formar par), este pegaria as cartas para si. Caso as cartas não

formassem par, deveriam ser viradas para baixo novamente na mesma posição.

Seria vencedor aquele que ao final, tivesse o maior número de cartas.

Figura 7: Jogo da Memória - Tabuada6

Fonte: Acervo Pessoal

O jogo foi apresentado aos alunos que foram organizados em duplas e a

leitura das regras realizada por um aluno da dupla. O jogo foi visto com entusiasmo,

vista que os alunos já conheciam o jogo da memória tradicional. Após o

reconhecimento das cartas, os alunos jogaram sem apresentar dificuldade,

oportunizando questionamentos da professora sobre a disposição das quantidades

nas cartas, induzindo-os para a percepção do processo da multiplicação retangular. 6 Jogo adaptado de Jogo da Memória. Disponível em:< http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/

portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2009_uem_matematica_md_cely_aparecida_navarro.pdf>. Acesso em: 05 Dez. 2013.

Como atividade de avaliação foi proposto aos alunos a criação de um jogo da

memória com operações diferentes das apresentadas pela professora. Para essa

atividade, foi apresentado ao aluno o conceito de linha e coluna, para que usassem

a ideia da multiplicação como resultado do número de linhas pelo número de

colunas. Esses conceitos deveriam ser aplicados na confecção do seu jogo da

memória.

Figura 8: Jogo da Memória – Produção do Aluno

Fonte: Acervo Pessoal

Os alunos demonstraram satisfação na realização do jogo e sua confecção.

Destaca-se, que para confeccionar o jogo da memória criado pela dupla havia a

necessidade de cooperação para divisão de tarefas e consenso nas decisões sobre

o que seria desenhado na representação das quantidades.

A sexta atividade foi realizada por meio da aplicação do jogo “Loteca das

Multiplicações”, de criação da Professora PDE, com o objetivo de trabalhar com

multiplicação de Números Naturais utilizando cálculo mental e a tabuada. Material

utilizado: 01 Cartela Loteca das Multiplicações, 13 marcadores (confeccionados em

EVA ) e 01 Ficha de atividades do jogo. Cada jogador recebe uma Cartela Loteca

das Multiplicações e 13 marcadores. O jogo foi apresentado aos alunos para que

estes lessem individualmente as regras. Foi estipulado um tempo de 20 minutos

para a realização das multiplicações. Venceria o jogador que obtivesse o maior

número de resultado correto na cartela.

No decorrer do jogo foi possível observar que alguns alunos recorreram ao

processo aditivo mesmo quando havia um número grande de parcelas para dar

conta da ideia multiplicativa. Após a interferência da professora para o uso do

algoritmo da multiplicação, os alunos apresentaram avanços e realizaram

satisfatoriamente as atividades de avaliação.

Figura 9: Jogo Loteca das Multiplicações

Fonte: Acervo Pessoal

Figura 10: Cálculos realizados pelo aluno durante o jogo Loteca das Multiplicações

Fonte: Acervo Pessoal

A sétima, e última atividade, consistiu na aplicação do jogo “Bingo das

Operações”, adaptado do Portal Dia-a-Dia Educação, Jogos e Educação

Matemática, com o objetivo de oportunizar ao aluno a explicitação das

aprendizagens apropriadas nas atividades anteriores ao efetuar operações de

adição, subtração, multiplicação e divisão de Números Naturais, utilizando o

algoritmo operatório adequado e corretamente. Material utilizado: 20 cartelas para

jogo (uma para cada jogador), 30 fichas com as operações para o sorteio, 01

tabuleiro para controle do sorteio, 09 marcadores para cada jogador (pedacinhos de

EVA) e 01 Ficha de registro do jogo (rascunho para cada jogador).

Foi selecionado um aluno para fazer o sorteio das operações do bingo. Todos

os jogadores resolveram cada operação sorteada e marcaram em suas cartelas os

resultados encontrados.

Figura 11: Bingo das Operações7

Fonte: Acervo Pessoal

As operações envolvidas no jogo foram sistematizadas na Ficha de Registro

individual de cada jogador e permitiu a observação e questionamentos da professora

no decorrer do jogo para verificação de suas aprendizagens.

Ao final das atividades foi possível verificar grandes avanços na realização

das quatro operações aritméticas com Números Naturais. 7 Adaptado do Jogo Bingo com as Quatro Operações. Disponível em:< http://www.matematica.seed. pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=224>. Acesso em: 20 Ago. 2013.

3 Considerações Finais

Após análise geral das atividades executadas e resultados obtidos com os

alunos da SAA, ficou claro que o referencial bibliográfico consultado contribuiu

imensamente para o embasamento teórico desta Intervenção Pedagógica, além de

que, foi possível comprovar na prática que atividades prazerosas e lúdicas

favorecem a aprendizagem, bem como demais informações fornecidas pelos

autores.

É importante salientar que durante todas as aulas, por mais que os jogos

tenham sido muitas vezes realizados em dupla, a individualidade de cada aluno foi

respeitada, bem como o atendimento individual foi disponibilizado e fornecido, com o

objetivo de explicar o conteúdo matemático abordado pelo jogo, bem como sanar as

dificuldades de aprendizagem encontradas por cada aluno.

Constatou-se que os alunos avançaram no desenvolvimento de algoritmos

operatórios da adição, subtração e multiplicação, apresentando ainda, ao final das

aulas propostas para esta Intervenção Pedagógica, certa fragilidade na operação de

divisão. Observou-se também elevação clara da autoestima dos alunos, que já nas

últimas aulas, demonstravam interesse em ler as regras do jogo, expectativa para

iniciar o jogo; comportamentos totalmente divergentes do embaraço encontrado

durante as primeiras aulas.

4 Referências

BORIN, J. Jogos e Resolução de Problemas: uma estratégia para as suas aulas de matemática. São Paulo 6ª ed. IME/ USP, 2007. GRANDO, R. C. O conhecimento matemático e o uso de jogos na sala de aula. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação. UNICAMP, Campinas, 2000. PARANÁ. Instrução n° 007/2011, de 04 de julho de 2011. Assunto: critérios para a abertura da demanda de horas-aula, do suprimento e das atribuições dos profissionais das Salas de Apoio à Aprendizagem do Ensino Fundamental, da Rede Pública Estadual de Educação. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Paraná. 2011. Disponível em: < http://www.educacao.pr.gov.br/arquivos/File/instrucoes/instrucao0072011.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2013.

______. Resolução 208 de 27 de Fevereiro de 2004. Implementa uma ação pedagógica para enfrentamento dos problemas relacionados ao ensino da Língua Portuguesa e Matemática e às dificuldades de aprendizagens, identificadas nos alunos da 5ª série do Ensino Fundamental. Diário Oficial nº 6681 de 05 de Março de 2004. Disponível em: <http://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/listarAtosAno.do?action=exibirImpresso. Acesso em: 27 Mar. 2013.

______. Secretaria de Estado de Educação do Paraná. Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares de Educação Básica – Matemática. Curitiba: SEED – PR., 2008. SANTOS, Cely Aparecida Navarro dos. Jogos e curiosidades matemáticas para alunos de 5ª série do Ensino Fundamental com enfoque no conteúdo de Número Naturais. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. O professor PDE e os desafios da escola pública paranaense: produção didático-pedagógica, 2009. Curitiba: SEED/PR., 2012. V.2. Cadernos PDE (versão online). Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde /pdebusca/producoes_pde/2009_uem_matematica_md_cely_aparecida_navarro.pdf>. Acesso em: 05 Dez. 2013. ISBN 978-85-8015-053-7.

TOLEDO, Marília; TOLEDO, Mauro. Teoria e Prática da Matemática: Como dois e dois. São Paulo: FTD, 2009.