os benefÍcios do exercÍcio fÍsico nos diabÉticos do tipo 2

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES ASSOCIADAS DE ENSINO – FAE MICHEL FABRI SILVA DE OLIVEIRA RAFAEL DRAMIS CALIXTO OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2 16

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Page 1: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES

ASSOCIADAS DE ENSINO – FAE

MICHEL FABRI SILVA DE OLIVEIRA

RAFAEL DRAMIS CALIXTO

OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS

DIABÉTICOS DO TIPO 2

SÃO JOÃO DA BOA VISTA – SP

2008

16

Page 2: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

MICHEL FABRI SILVA DE OLIVEIRA

RAFAEL DRAMIS CALIXTO

OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS

DIABÉTICOS DO TIPO 2

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino – FAE, de São João da Boa Vista, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Educação Física.Orientador: Prof. Ms. Sebastião Álvaro GaldinoCo-orientadora: Prof. Dra. Eunice Cristina da Silva Costa

SÃO JOÃO DA BOA VISTA – SP

17

Page 3: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

2008

DEDICATÓRIA

Michel Fabri Silva de Oliveira

Às pessoas que tanto amo: Mary Ellen dos Santos, minha esposa, Isac Michel Silva

Santos de Oliveira, meu filho, Yasmin Vitória Silva†, minha filha, Wilma Pinto da Silva,

minha querida mãe, Marileide da Silva Ferreira dos Santos, minha sogra, a todos os meus

familiares, Rafael Dramis Calixto, meu amigo de classe, foram fundamentais para a realização

de mais esta etapa de minha vida.

Rafael Dramis Calixto

Às pessoas de grande importância em minha vida: Luís Cláudio Calixto, meu pai,

Romilda Dramis Calixto, minha mãe, e minha avó Nair Calixto, fundamentais para minha

formação e realização de um sonho.

18

Page 4: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

AGRADECIMENTOS

Michel Fabri Silva de Oliveira

Quando começamos um grande projeto, como escrever um Trabalho de Conclusão de

Curso (TCC), muitas pessoas precisam estar envolvidas para torná-lo um sucesso. Este TCC

exigiu o envolvimento de várias pessoas e estou certo de que negligenciarei algumas que

merecem minha gratidão ao trazer este TCC para publicação. Primeiramente, gostaria de

agradecer a meu irmão e condiscípulo de classe Rafael Dramis Calixto por seus esforços,

abnegação incomensurável de outros afazeres e, contudo, de ser afoito juntamente comigo na

fabricação deste TCC, respectivamente. Também gostaria de agradecer a Professora e

Doutora Eunice Cristina da Silva Costa que deu sua parcela para a produção deste TCC e por

fomentar-me a gostar de estudar Fisiologia Humana.

Outra professora que merece meus agradecimentos é a Professora Mestre Denise

Cereja que sempre me atendeu nas minhas indagações e orientações. Ao professor Mestre

Sebastião Álvaro Galdino pela sua persistência com os alunos em aprenderem. Aos docentes

da FAE que participaram diretamente e/ou indiretamente na produção do TCC: Prof. Ms.

Adão Carlos Bertoncini; Prof. Ms. Aldarí Wagner de Souza; Prof.(a) Ms. Anita Belotto Leme

Nagib; Prof. Esp. Augusto Daniel da Costa Neto; Prof.(a) Ms. Elizabeth Pilli; Prof. (a) Dou.

Erika Passos Baciuk; Prof. Ms. Fabiano Pinheiro Peres; Prof. Ms. Guilherme Marson

Junqueira; Prof.(a) Ms. Josvânia Panetto; Prof. Ms. Luís Cláudio Paolinetti Bossi; Prof. Ms.

Maurício José Cividini Matthiesen; Prof. Esp. Paulo Renor Rosa Junior; Porf.(a) Ms. Rita de

Cássia Bonci de Oliveira; Prof.(a) Ms. Rosa Helena Carvalho Serrano; Prof. Ms. Sérgio

Eduardo Nassar; Prof.(a) Ms. Sílvia Maria Rodrigues Teixeira Valota. As bibliotecárias,

Eloisa Helena Fernandes; Jamilie Akemy Inokoshi e Sheyla Aparecida Peres Bielsa, pela

paciência e compreensão de livros emprestados. Outra pessoa que merece meus

agradecimentos é a Coordenadora do laboratório de Anatomia Daniela Cristina Alexandre

Simon Ciacco pela tranqüilidade em me ajudar nos estudos de Anatomia.

Agradeço ao Professor-assitente Doutor Marcos Tambascia do Departamento de

Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP em persuadir-me na

fabricação deste TCC.

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Page 5: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Agradeço ao Professor e Doutor Márcio C. Mancini do Grupo de Doenças

Metabólicas da Divisão de Endocrinologia e Metabologia do Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina da USP, que forneceu-nos gentilmente informações prestimosas via e-

mail sobre o capítulo 4 (O papel da adiposopatia visceral na etiologia do diabete tipo 2) que

foram fundamentais, para a produção deste TCC.

Outro importante agradecimento é para a Professora e Doutora Ana Dâmaso da

Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina – UNIFESP – EPM, pela

sugestão de permuta do título do capítulo 4 e pelos elogios que nos ajudaram a elaborar um

acurado TCC.

A minha família, em especial minha mãe Wilma Pinto da Silva pela sua insistência

rudimentar nos estudos básicos e na iniciativa da graduação de Educação Física e por ter me

dado o caminho da vida.

Aos meus condiscípulos de classe que continuamente me passam o conhecimento de

ser, acima de tudo, professor de Educação Física.

Não poderia jamais esquecer-me de agradecer à minha esposa, Mary Ellen dos

Santos e à minha prole Isac Michel Silva de Oliveira dos Santos, que são a luz da minha vida,

acompanhando-me sempre nos momentos de desafios e conquistas.

Ao meu todo poderoso “DEUS” por sempre me atender nas minhas necessidades da

vida.

Rafael Dramis Calixto

Quando partimos em busca de um sonho, muita gente tem seu envolvimento para que

se concretize. Este TCC exigiu o envolvimento de várias pessoas e estou certo de que

negligenciarei algumas que merecem minha gratidão ao trazer este TCC para publicação.

Primeiramente quero agradecer ao meu irmão Michel Fabri Silva de Oliveira por sua

dedicação e por ser um exemplo de garra, audácia, enfim um exemplo de vida. Veio para

mostrar que não existe limite para o conhecimento, basta apenas querer, jamais me esquecerei

de tudo que aprendi com ele.

Também gostaria de agradecer a Amanda Oliveira, que mesmo em pouco tempo,

despertou em mim a alegria de viver. Ao meu grande irmão Ivan Mathias, é bom saber que

posso contar com você. Alguns nomes que merecem destaque: Daniel Laporta, Aniele Dias

(irmã), Tábata Gaza (Grande amiga) Rafaela Gazato (grande garota), Rafael Rios, Rogério

Rios, Junior Rios, Ariana Freitas, Cândida Freitas, Thaís Delgado, Cleusa Garcia, Jorge

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Page 6: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Garcia, Mary, Daya, Jane, Felipe Mendes Ferreira, Iracema, Flávia Dramis Pimenta,

Giovanna Garcia, Paulo Roberto Grossi e família, Yeda Dramis Pimenta, Greenfill Oliveira,

Thales, Daniel Radaelli, Daniela Radaelli, Débora Dramis Soares e Lívia, Vicente, Nélia

(minha madrinha), José Augusto, Antônio, Rosita, Mathias, Regina, Ivone, Reinaldo, Liara

(minha segunda mãe), Nanayra (minha irmã), Maria Ferreira, Marcelo, Fabiano, Michele,

Éder, Fabiano e Felippe pela oportunidade de dar início na profissão, Ana Michelle, meus

grandes professores (Graminha, Lucila e Elias) que muito contribuíram para minha formação

em Ribeirão Preto, a todos meus amigos do colégio Itamarati, ao professor e amigo Luís

Claudio Bossi, a professora mestre Denise Cereja por despertar em mim o encantamento por

fisiologia, a professora doutora Eunice pelo apoio e contribuição para o nosso trabalho. Ao

professor Mestre Sebastião Álvaro Galdino pela sua persistência com os alunos em

aprenderem. Também aos professores e funcionários da FAE que participaram diretamente

e/ou indiretamente.

À minha família, em especial meus pais Luís Claudio Calixto e Romilda Dramis

Calixto, pela insistência em meus estudos, grandes responsáveis pela minha educação. Aos

meus irmãos Luís Claudio Dramis Calixto e Renan, pela amizade e apoio nos momentos que

precisei. À minha grande incentivadora, uma guerreira, doutora na vida, minha avó Nair

Calixto, sou fruto de seu carinho e amor.

Principalmente a Deus, por corresponder as minhas orações e mostrar-me o caminho

do bem.

21

Page 7: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

EPÍGRAFE

Quando o humano aprender que a vida é feita de desafios constantes, talvez não seja

somente o crítico em que nada contribui. Talvez com essa pequena evolução, ele se torne um

ser humano e obtenha suas primeiras conquistas, sem importa-se com o sucesso dos outros.

Michel Fabri Silva de Oliveira

"É bem melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfo e glória, mesmo

expondo-se a derrota, do que formar coluna com pobres de espírito, que nem gozam muito e

nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem

derrota".

Rafael Dramis Calixto

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Page 8: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

RESUMO

O Diabete tipo 2 é um grupo heterogêneo de doenças metabólicas caracterizado por

hiperglicemia. Na forma mais comum da doença, o tipo 2, as etiologias ainda não estão

estabelecidas. Há um componente genético, ainda mal definido, e a obesidade visceral, o

sedentarismo e a senescência desencadeiam ou aceleram o aparecimento da doença. Portanto,

foram analisados os efeitos da prática de exercícios físicos regulares sobre a glicemia

sangüínea; posologia; pressão arterial e a circunferência abdominal em diabéticos do tipo 2, e,

cotejados sem a prática. Foram utilizados na pesquisa 21 sujeitos com diabete tipo 2, dos

quais 15 de Mogi Guaçu e 6 de São João da Boa Vista, que realizaram treinamento aeróbio

(caminhada) e treinamento resistido, duas vezes por semana com duração de 50 minutos no

período matutino. Todos do sexo feminino. A média de idade é de 73 anos. O instrumento

utilizado foram os prontuários que continham os dados dos alunos diabéticos do tipo 2. Foi

observado, nos resultados, que houve uma importante descensão da glicemia de jejum

(95,8mg/dL), mas, provavelmente, pelo aumento da posologia dos medicamentos

hipoglicemiantes orais e insulina exógena, e não totalmente pelo treinamento físico.

Obtiveram reduções na pressão arterial (126 mm Hg) pela mesma analogia da glicemia.

Porém, na circunferência abdominal não houve melhoras, mas sim, manutenção desse

dimensional abdominal (99cm) que, segundos os autores citados neste trabalho, foi o principal

fator na regressão clinica dos diabéticos do tipo 2. Ademais, observou-se que a freqüência

semanal de prática de exercício físico era incipiente comparado com a literatura para

diabéticos do tipo 2 desta faixa etária, portanto, este fato reforça a regressão do tratamento do

DM2 por parte de medidas não-farmacológicas. Contudo, os resultados corroboram que na

circunferência abdominal atenuou em parte os benefícios do exercício físico e com isso

contribuiu para o aumento da posologia para o controle da glicemia sangüínea e outras

complicações do diabete tipo 2.

Palavras-Chave: Diabete tipo 2, Circunferência Abdominal, Glicemia, Exercício Físico,

Posologia.

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Page 9: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

ABSTRACT

The Diabetes type 2 is a heterogeneous group of metabolic diseases characterized by

hyperglycemia. In the most common form of the disease, the type 2, the etiologies are not

established yet. There is a genetic component, which is still badly definite, and the visceral

obesity, the sedentary lifestyle and the senescence that unchain or speed up the appearance of

the disease. Therefore, the effect of the practice of regular exercises on the glycemy had been

analyzed; dosage; arterial pressure and the abdominal circumference in diabetic people with

type 2, and, compared without the practicing. 21 people with diabetes type 2 had been used in

the research of which 15 are from Mogi Guaçu and 6 from São João da Boa Vista, who had

accomplished aerobic training (walking) and resisted training, twice a week, during 50

minutes in the morning. All of them were female. The people’s average age was 73 old. The

instruments used were the notes that contained the data of the diabetic’s students with type 2.

It was observed in the results that it had an important decrease of the glycemy of people that

had beer fasting (95, 8mg/dl), but, probably because of the increase of the dosage of oral

hypoglycemic drugs and insulin exogenous, and not just because of the exercises. They had

gotten a reduction in arterial pressure (126 mm Hg) by the same analogy of glycemy. In spite

of that, abdominal circumference had no improvement, but the maintenance of this

dimensional abdominal (99cm) which was, according to the authors quoted in this work, the

main factor in the clinical return of the diabetics with type 2. Besides , it was also observed

that the week frequency of the practice of the exercises was incipient being compared to the

literature focused on diabetic people with type 2 of this age group, therefore, this fact

reinforce the regression of the treatment of the DM2 by part of measures in the non-

pharmacological ones. However, the results corroborate that abdominal circumference has

attenuated part of the benefits of the physical exercises and with that contributed for the

increasing of the dosage for the control of blood glycemy and other complications of the

diabetes type 2.

Key Word: Diabetes type 2, Abdominal circumference, Glycemy, Physical exercises,

Dosage.

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Page 10: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Evolução de diabete no mundo (2000-2030)........................................................21

Figura 2: Comparação de diminuição de risco de 53% por meio de mudanças no estilo

de vida, comparando com uma diminuição de apenas 31% em pacientes que tratam com

metformina..............................................................................................................................23

Figura 3: Perda da primeira fase e retardamento da segunda fase de secreção de

insulina.....................................................................................................................................26

Figura 4: defeitos metabólicos básicos do DM2...................................................................27

Figura 5: Causas e conseqüências da resistência à insulina................................................31

Figura 6: Esquema de ativação da enzima lipase hormônio sensível.................................33

Figura 7: Obesidade e distribuição de gordura....................................................................35

Figura 8: Conseqüências da perda da primeira fase de secreção de insulina...................36

Figura 9: Circulação Porta.....................................................................................................37

Figura 10: O AGL aciona PCK, que fosforila o IRS-1 em serina (P) e altera a

transmissão do sinal de insulina............................................................................................38

Figura 11: Tecido Adiposo Visceral e os adipócitos como órgãos secretores....................40

Figura 12: Adiponectina e as respostas fisiológicas nos tecidos..........................................43

Figura 13: Esquema proposto para explicar as conseqüências da diminuição da

adiponectina no soro sangüíneo por questões ambientais e/ou genéticas, facilitando o

aparecimento de morbidades.................................................................................................44

Figura 14: Representação esquemática da ação da visfatina no adipócito........................46

Figura 15: Esquema resumido das vias metabólica e mitogênica dependentes da

sinalização de insulina............................................................................................................55

Figura 16: Esquema representativo do transporte de glicose pelo GLUT-4, estimulado

pela insulina.............................................................................................................................57

Figura 17: Mostra um esquema simplificado das etapas de sinalização intracelular desde

a ligação da insulina ao seu receptor (IR) até ativação das vesículas de GLUT-4 para a

membrana celular e túbulos T...............................................................................................58

25

Page 11: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Figura 18: Melhora na sensibilidade à insulina e o aumento na concentração de GLUT-4

no sarcolema após treinamento físico....................................................................................60

Figura 19: Esquema representativo do transporte de glicose (GLUT4), estimulado pela

contração muscular que ativa a enzima AMP-quinase pelo aumento da relação

AMP/ATP no miócito muscular.............................................................................................62

Figura 20: Estimulação de sinalizadores que parecem estar envolvidos no transporte de

glicose estimulada pela contração muscular sistemática.....................................................63

Figura 21: Efeito da epinefrina e da norepinefrina sobre a secreção de insulina de

glucagon pelas ilhas pancreáticas durante o exercício........................................................65

Figura 22: Efeito do aumento da atividade do sistema nervoso toracolombar sobre a

mobilização de ácidos graxos livres e de glicose, e também, secreção de glucagon..........66

Figura 23: Formação e degradação do óxido nítrico (NO).................................................69

Figura 24: Insulina induz produção de NO e vasodilatação...............................................71

Figura 25: Efeitos da resistência à insulina na parede vascular que causa disfunção

endotelial..................................................................................................................................73

Figura 26: Representação da formação e ação citotóxica do peroxinitrito no endotélio..77

Figura 27: Produção de superóxido pela cadeia mitocondrial de transporte de elétrons e

as adaptações provocadas pelo treinamento físico...............................................................79

Figura 28: Esquema ilustrativo da síntese, liberação e ação do NO e o papel da NOS na

sua produção............................................................................................................................80

Figura 29: Esquema das principais causas de hipoglicemia durante o exercício..............87

26

Page 12: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

ÍNDICE DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1: Alterações na glicemias..................................................................................94

GRÁFICO 2: Alterações da pressão arterial........................................................................98

GRÁFICO 3: Normalização da circunferência abdominal.................................................99

27

Page 13: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

ÍNDICE DE TABELA

TABELA 1: Os fatores de riscos para DM2.........................................................................24

TABELA 2: Novos critérios para circunferência de cintura em adultos (cm)..................29

TABELA 3: Demonstração dos caracteres dos subtipos de células de gordura...............32

TABELA 4: Hormônios que aumentam a glicose durante o exercício..............................49

TABELA 5: Objetivos no tratamento do diabete tipo 2......................................................90

TABELA 6: Posologia utilizada pelos pacientes de São João da Boa Vista, antes e após

período de treinamento físico.................................................................................................96

TABELA 7: Posologia utilizada pelos pacientes de Mogi Guaçu, antes e após período de

treinamento físico....................................................................................................................97

TABELA 8: Representação dos valores em média da pesquisa.......................................101

28

Page 14: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

SUMÁRIO

Resumo.......................................................................................................................................8

Abstract......................................................................................................................................9

Índice de Figuras.....................................................................................................................10

Índice de Gráficos...................................................................................................................12

Índice de Tabelas.....................................................................................................................13

Sumário....................................................................................................................................14

Introdução................................................................................................................................16

1. Definição do diabete tipo 2................................................................................................18

1.1 Diabete tipo 1................................................................................................................18

1.2 Diabete tipo 2................................................................................................................18

1.3 Diabete gestacional.......................................................................................................20

2. Aspectos epidemiológicos do diabete tipo 2......................................................................21

3. Fisiopatologia do diabete tipo 2 ........................................................................................26

4. O papel da adiposopatia visceral na etiologia do diabete tipo 2....................................29

5. Sistemas energéticos e produção de ATP..........................................................................47

5.1 Produção Anaeróbia de ATP......................................................................................47

5.2 Sistema Aeróbio (fonte de energia pelo oxigênio).....................................................50

5.3 Efeito agudo do exercício físico...................................................................................50

5.4 Efeito crônico do exercício físico.................................................................................51

6. O exercício físico e a estimulação de vias metabólicas independentes de insulina em

diabéticos do tipo 2..................................................................................................................54

6.1 Exercício físico, estresse oxidativo e disfunção endotelial pós – prandial associada

a DM2...........................................................................................................................68

7. O exercício aeróbio e o diabete tipo 2.............................................................................82

7.1 Exercício resistido e o diabete tipo 2......................................................................82

8. Prescrição de exercício físico para diabéticos do tipo 2...................................................85

9. O papel do professor de Educação Física na educação e cuidados gerais...............89

10. Objetivo geral....................................................................................................................92

29

Page 15: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

10. 1 Objetivos específicos.................................................................................................92

11. Participantes......................................................................................................................93

11.1 Material.......................................................................................................................93

11.2 Procedimentos............................................................................................................93

12. Discusão dos resultados....................................................................................................94

12.1 Glicemia......................................................................................................................94

12.2 Posologia.....................................................................................................................95

12.3 Pressão arterial...........................................................................................................98

12.4 Circunferência abdominal.........................................................................................99

13. Considerações finais........................................................................................................102

14. Referências......................................................................................................................103

15. Anexos .............................................................................................................................109

30

Page 16: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

INTRODUÇÃO

O Diabete Melito Tipo 2 é causado pela combinação de anormalidades genéticas

(polimorfismo) e não genéticas que resultam em resistência à insulina e falha na ação desse

polipeptídio.

“Os fatores não genéticos incluem o envelhecimento, grande ingestão calórica,

obesidade, adiposidade visceral, estilo de vida sedentário e baixo peso ao nascer.

Compreende, aproximadamente, 90% dos casos da síndrome diabete” (SAAD, 2007, p. 699).

Neste presente trabalho, foi relacionado, especificamente, os fatores deletérios no

indivíduo diabético do tipo 2 e as ações profiláticas da prática de exercício físico no mesmo,

e, alguns capítulos do Trabalho de Conclusão de Curso enfatizou os mecanismos moleculares

da interação do diabete tipo 2 e exercício. Essas ações incluem: controle da glicemia;

diminuição ou ausência de utilização de medicamentos, controle da pressão arterial e

diminuição do dimensional da circunferência abdominal.

As questões propostas nos estudos deste Trabalho de Conclusão de Curso ficaram

restritas aos prontuários das diabéticas do tipo 2 localizados na cidade de São João da Boa

Vista e Mogi Guaçu.

A comunidade científica corrobora que a crescente incidência de mais de 80% de

diabete tipo 2 é inerente à alta prevalência da obesidade na população, e as situações que

adicionam para o surgimento destas morbidades é a hipocinetose, principalmente aquela

realizada no final de semana e em plano secundário, estilo de vida moderno de estresse, o

consumo amiúde de dietas hipercalóricas (sobre tudo de gorduras saturadas) e genética

(COLBERG, 2003).

O exercício físico é uma terapia coadjuvante reconhecida tanto pelos médicos com

formação específica quanto para os fisiologistas do exercício.

É de suma importância que o professor de Educação Física conheça o processo

fisiopatológico da intolerância à glicose e a Diabetes, e não ficar preso simplesmente no

limitado resultado final da enfermidade, pois esse conhecimento científico contribui para

formular uma abordagem prudente para prescrições de exercícios físicos na fase Pré-diabete e

na Diabete. A prescrição deve ser individualizada, acompanhada por uma equipe

31

Page 17: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

multidisciplinar e baseada nos resultados de exames clínicos, físicos, laboratoriais e

nutricionais. Assim, tanto o treinamento aeróbio como o de força (musculação) parecem ser

importantes no tratamento e prevenção de complicações do diabetes tipo 1 e 2.

Mesmo reconhecido que exercícios físicos regulares têm impactos positivos no

diabete, principalmente pela diminuição ponderal e maior sensibilidade à insulina, ainda são

incipientes as orientações para pessoas pré-dispostas a adquirir a diabete tipo 2.

Adiposopatia abdominal é o fator de risco mais influente para o surgimento da

Diabete Melito Tipo 2, e, as principais alterações que acarretam são: no metabolismo

glicídico, alterações humorais, hiperexpressão e demasiada secreção de citocinas

inflamatórias e o transbordamento espontâneo de ácidos graxos livres que medeiam a

resistência à insulina, caracterizando um aspecto importante na etiologia deste subtipo de

diabetes. Assim, a primazia dos riscos dos depósitos de gorduras elevadas é, na área visceral,

independentemente de outras áreas anatômicas, que reflete em exacerbadas taxas de lipólise e

elevada produção e liberação de citoquinas no sistema vascular, concomitante ao risco de

hiperinsulinemia compensatória e de intolerância à glicose e, por final, o diabete tipo 2.

Interessantemente para a equipe multiprofissional são as complicações

assintomáticas presentes na fase Pré-diabete ou intolerância à glicose, a qual resulta em fortes

lastros da hiperglicemia e lipemia pós-prandiais à doença cardiovascular, retinopatia e lesões

nos rins. De fato, são decisivas as vicissitudes dos indivíduos pré-diabéticos e/ou diabéticos

no seu estilo de vida e, concomitante à prática assídua de exercícios físicos na melhora da

função endotelial e na resistência insulínica, possivelmente evitando ou postergando futuros

problemas cardiovasculares.

Dados epidemiológicos revelam que os casos novos de diabete, 29% têm retinopatia

e 30% a 50% complicação macrovascular (ALONSO; RAMIRES e SILVA, 2006).

Impreterivelmente necessário que o profissional de Educação Física seja

contextualizado cientificamente para a prescrição de exercícios físicos incólumes para o

diabético.

32

Page 18: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

1. DEFINIÇÃO DO DIABETES MELLITUS

1.1 DIABETE TIPO 1

O diabete tipo 1 foi denominado antigamente como um Diabete que ocorre em

jovens, correspondendo entre 5 a 10% dos casos de diabete (MCARDLE; KATCH I. e

KATCH L., 2008).

‘Essa forma de diabete representa uma resposta auto-imune, possivelmente em

virtude de uma única proteína que torna as células β incapazes de produzir insulina e, com

freqüência, outros hormônios pancreáticos’ (YOON J-W et al., 1999 apud MCARDLE;

KATCH I. e KATCH L., 2008, p. 447). Isso acontece pelo não reconhecimento do sistema

imunológico as células beta pancreática sendo do organismo, passando a agredi-la, resultando

em hipotrofia e morte celular (NEGRÃO e BARRETTO, 2005 apud GUEDES; JUNIOR e

ROCHA, 2008). Além da etiologia imunomediado do Diabete tipo 1 que representa cerca de

90%, tem o Diabete tipo 1 de origem desconhecida e, portanto são subclassificados como

idiopático, o qual totaliza os 10% restantes (OLIVEIRA, 2004).

Neste subtipo de Diabete (DM1) tem-se a necessidade imediata de utilização exógena

de insulina para manter a glicemia em níveis almejados (GUEDES; JUNIOR e ROCHA,

2008).

1.2 DIABETE TIPO 2

O Diabete tipo 2 (DM2) é descrito por sua resistência à insulina ou relativa

deficiência (ACSM, 2000 apud GUEDES; JUNIOR e ROCHA, 2008). Todavia certos

diabéticos podem ter a necessidade de insulina exógena ou medicação via oral que possa

estimular a produção pancreática de insulina (POWERS e HOWLEY, 2000 apud GUEDES;

JUNIOR e ROCHA, 2008).

O DM2 tem uma tendência de acontecer após os 40 anos de idade, contudo, acontece

uma acentuação no aumento do número de crianças com esta enfermidade, em alguns casos

precede os 10 anos de idade (MCARDLE; KATCH I. e KATCH L., 2008).

33

Page 19: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Essa nova e alarmante tendência de saúde, assinala que o diabete tipo 2 pode

representar uma doença pediátrica para Gower et al. (1998 apud MCARDLE; KATCH I. e

KATCH L., 2008). Os médicos levam em consideração a obesidade infantil e sua taxa cada

vez mais elevada, especificamente em americanos nativos, afro-americanos e hispânicos

(crianças de ascendência mexicana, particularmente). Como fator preponderante no número

progressivo de diabete tipo 2 em crianças.

Atualmente o DM2 é a causa de 85 a 90% dos casos mundiais (GOMES, 2005). Os

elevados níveis de glicose no sangue no diabete tipo 2 podem ser resultantes dos seguintes

fatores:

1. Produção de insulina não suficiente gerada pelo pâncreas, como forma de controle do

açúcar no sangue (relativa deficiência a insulina);

2. Efeitos diminutos no tecido periférico, preponderante no musculoesquelético;

3. Ou combinação do primeiro com o segundo fator (MCARDLE; KATCH I. e KATCH

L., 2008).

Não se trata de uma doença exclusiva, mas sim de um conjunto de alterações no

metabolismo, sendo marcado pela elevação da glicemia pós-prandial e jejum pela ação

especificamente da gliconeogênese hepática (formação endógena de glicose), resultante da

diminuição secretória de insulina e sua ação (resistência à insulina) ou de ambas (MARTINS

e BALSAMO, 2005). Para Milech e Peixoto (2004) as manifestações clínicas decorrentes de

insulinopenia ou déficit na ação da insulina são:

Presença de glicose na urina (glicosúria);

Micção freqüente (poliúria);

Sede excessiva (polidipsia);

Fome extrema (polifagia);

Fadiga aumentada (astenia);

Irritabilidade;

Visão embotada;

Dormências ou formigamentos nas extremidades (mãos, pés);

Feridas ou úlceras de cicatrizes lentas;

Freqüência anormalmente alta de infecções;

Perda progressiva da libido.

34

Page 20: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Além disso, “há ainda situações intermediárias, entre o normal e o diabete.

Compreendem as glicemias alteradas apenas após a refeição ou no jejum, sendo que ambas

podem estar associadas à maior freqüência de doença cardiovascular” (ALONSO; RAMIRES

e SILVA, 2006, p. 198).

1.3 DIABETE GESTACIONAL

É definida por algum grau que resulte a intolerância à glicose, no início ou nos

primeiros sinais de Gravidez (ACSM, 2000 apud GUEDES; JUNIOR e ROCHA, 2008).

Em mulheres que possuem diabete gestacional durante a gestação, a intolerância à

glicose piora (COMPAIGNE, 2003). “As alterações hormonais e metabólicas da gravidez

induzem resistência à insulina, podendo causar diabete ou intolerância à glicose em até 4%

das gravidezes” como explicaram Alonso; Ramires e Silva, (2006, p. 197).

Conquanto essas modificações geralmente são revertíveis após o parto (GUEDES;

JUNIOR e ROCHA, 2008), o perigo para evolução posteriormente para o diabete é de 30% a

60% ( ALONSO; RAMIRES, SILVA, 2006).

Além desses clássicos subtipos de Diabetes, existem outros e são classificados

segundo a Associação Americana de Diabetes (ADA) pelo processo patogênico:

Defeitos genéticos da função da célula beta;

Defeitos genéticos na ação da insulina;

Doenças pancreáticas – pancreatites, etilismo, câncer, cirurgias;

Doenças endócrinas – tumores produtores de hormônios que inibem a ação ou

secreção da insulina: somatotrofina (GH), cortisol, catecolaminas, glucagon e

aldosterona, entre outros;

Induzidos por fármacos ou agentes químicos – vacor, pentamidina, ácido nicotínico,

glicocorticóides, hormônios tireoideanos, diazóxido, diuréticos tiazídicos, alfa-

interferon, inibidores de proteases, clozapina, bloqueadores β-adrenérgicos;

Infecções – vírus da rubéola (congênita), vírus coxsakie, citomegalovírus;

Formas raras de diabetes auto-imune;

Outras síndromes genéticas – síndromes de Turner, Down, Prader-Willi e Klinefelter,

entre outros.

35

Page 21: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

2. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DO DIABETE TIPO 2

Nos últimos 50 anos, tem-se notado um acréscimo universal e expressivo da

expectativa de vida. Sendo concedido, essencialmente, por meio de uma epidemiologia

controlada de doenças infecciosas e boas condições de alimentação e higiene. Resultante

desses relatos doenças não infecciosas (crônicas), tais como o Diabete tipo 2, doenças

cardiovasculares, antes quase que sem existência, obtiveram um importante crescimento de

prevalência de grande impacto econômico e social (GOMES, 2005).

O progresso de modo incidente e prevalente tem sua atribuição ao envelhecimento da

população, assim como melhorias em tratamento da doença por meio de terapias avançadas,

mas, principalmente, ao atual estilo de vida, tendo suas principais características por falta de

prática de exercícios físicos regulares e rotina alimentar que levam ao aumento de gordura

corporal (FERREIRA, 2008).

De acordo com Gruber et al. (1998 apud CHACRA e KOMATSU, 2008, p. 289) ‘a

prevalência do DM2 vem crescendo acentuadamente na maioria dos países do mundo’. Em

números mundiais, próximo de 30 milhões de indivíduos possuíam DM2 em 1985, chegando

para 135 milhões em 1995 e 240 milhões em 2005, podendo chegar em 2030 em torno de 366

milhões, sendo que dois terços ocuparão países em desenvolvimento (FERREIRA, 2008).

Como mostra a Figura 1.

Figura 1: Evolução de Diabete no mundo (2000-2030)

36

Page 22: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Fonte: www.diabetesebook.org.br-28/04/08

A predominância, comparando com países em desenvolvimento, será maiores nos

países desenvolvidos, porém, uma elevação de pessoas diabéticas será maior em países em

desenvolvimento em relação aos desenvolvidos (FERREIRA, 2008).

A maior parte destes países não dispõe de um Sistema de Saúde que possa agir com

eficiência, atuando no diagnóstico precoce e no abastecimento de medicamentos e outros itens

importantes para oferecer de maneira adequada o tratamento, com isso ficará difícil à solução

em médio prazo, gerando um problema de saúde pública. Isso porque se o aumento

populacional será maior nesses países, conseqüentemente, estes países terão um maior número

de pessoas adultas diabéticas. Estima-se que 75% de todos os diabéticos do mundo, ou seja,

228 milhões habitarão nestes países. Uma comparação por faixa etária mostrou que em países

desenvolvidos, o maior número será em pessoas de 65 anos, sendo que nos demais países irá

ocorrer em indivíduos entre 45 e 64 anos de idade. Sendo assim, a doença irá atingir pessoas

jovens em sua fase de maior produção, tendo maior tempo para evolução de complicações

crônicas, tendo como resultado um custo excessivo de forma econômica e social (GOMES,

2005).

No Brasil, dados em 9 capitais mostram a prevalência de DM2, datados no final da

década de 80. Neste período, calculou-se que brasileiros em um intervalo de 30 a 69 anos de

idade, possuem DM2, o que representa, em media, 7,6% dos brasileiros entre essa faixa etária,

não havendo diferença entre os dois sexos. Taxas maiores foram encontradas em São Paulo e

Porto Alegre, indicando o papel da industrialização e urbanização na patogenia do DM2

(FERREIRA, 2008).

Em relação ao Brasil, por meio de um estudo realizado entre 1986 e 1989 foi

demonstrada uma predominância de DM2 de 7,6%, sendo que destes, 46% não tinham

conhecimento de ter a doença (GOMES, 2005). Vale ainda ressaltar que a cada 2 minutos e

18 segundos surge um novo caso de Diabete no Brasil (SBD, 2008).

Não obstante de todas as informações sobre a fisiopatologia da doença e

etiopatogenia, assim como das complicações resultantes, os cômputos de pessoas afetadas em

diferentes regiões mundiais são desprovidas das complicações assintomáticas da fase pré-

diabete, e em sua grande maioria, ficam reduzidos a um tempo pré-estabelecido de avaliação.

Em países desenvolvidos como em desenvolvimento ainda não é dada a devida importância

ao Diabete e às suas complicações, por profissionais da saúde. Tendo um número elevado de

indivíduos sem serem diagnosticados, com risco de evolução para complicações micro e

37

Page 23: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

macrovasculares, sendo um dos principais fatores responsáveis pelo custo elevado de forma

direta e indireta da doença (GOMES, 2005).

É de extrema importância que seja reforçado o papel de forma definitiva a respeito de

melhoras no estilo de vida atual que resulta em aumento na adiposidade corporal, sendo

principalmente nociva à saúde na região visceral. Estudos diferenciados em partes do mundo

mostraram que mudanças no estilo de vida, adquirindo um estilo de vida mais saudável por

meio de dieta balanceada, buscando atingir um peso corporal adequado em parceria com

exercício físico de, no mínimo, 150 minutos por semana possuem a capacidade de diminuir

em 58% os riscos (doença cardiovascular e retinopatia) nos indivíduos pré-diabéticos

(FERREIRA, 2008). Pessoas com diminuição na tolerância à glicose, quando perdem entre

4,5 e 7 quilos, diminuem em mais de 50% o risco de desenvolver o diabete tipo 2 (SBD,

2008).

Um fator interessante foi observado por meio de um estudo realizado pelo Diabetes

Prevention Program Reserach Group, dirigido nos EUA, que através da metformina como

forma de prevenção, obteve piores resultados em comparação com a mudança no estilo de

vida (FERREIRA, 2008), como mostra a Figura 2.

Figura 2: Comparação de diminuição de risco de 53% por meio de mudanças no estilo de vida, comparando com uma diminuição de apenas 31% em pacientes que tratam com metformina.

Fonte: www.diabetesebook.org.br-28/04/08

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Page 24: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

A American Diabetes Association (ADA) propõe que indivíduo de 45 anos em diante

passe a ser investigado para o surgimento da Diabete Melitus tipo 2 (DM2), tendo a glicemia

de jejum como base, concordando que, por meio da presença de fatores de risco, o

rastreamento deva ocorrer mais cedo (FERREIRA, 2008). Ver Tabela 1.

FATORES DE RISCO PARA DM2

Investigar DM2 a cada 3-5 anos em indivíduos com mais de 45 anos Mais Freqüente e mais precocemente na presença de: . Excesso de peso; . Dislipidemia, principalmente na presença de HDL baixo e triglicérides elevadas; . Hipertensão arterial; . Doença cardiovascular; . Antecedente familiar de Diabetes; . Diabete Gestacional prévio, história de macrossomia e abortos de repetição.

TABELA 1: Os fatores de riscos para DM2.

Fonte: www.diabetesebook.org.br-28/04/08

Ocorrem discordâncias literárias a respeito da melhor maneira de realizar o

rastreamento do DM2, exclusivamente, quando a questão é a glicemia e sua abordagem,

sendo medida somente em jejum ou teste oral de tolerância à glicose (TOTG). Outra forma de

rastreamento da glicemia é a hemoglobina glicada, porém, não tem sido recomendada como

forma de rastreamento pela Organização Mundial de Saúde (OMS) (FERREIRA, 2008).

“O valor da glicemia pós-prandial é relevante na avaliação do controle glicêmico

fino de indivíduos diabéticos, bem como na predição de risco cardiovascular” (FERREIRA,

2008, p. 5). A hiperglicemia pós-prandial resulta de um excesso de produção de glicose e

captação diminuída da mesma. Quando a ocorre menor produção de glicose em relação a sua

captação, a glicemia se encontra normalizada. Em indivíduos intolerantes ao carboidrato e

com Diabete tipo 2 faz com que a glicemia pós-prandial fique mais elevada por um tempo

maior, deste modo a hipertrigliceridemia e hiperglicemia pós-prandial estabelecem

modificações antecipadas em pacientes que desenvolverão DM2 (GELONEZE;

LAMOUNIER e COELHO, 2006).

De acordo com Ferreira (2008, p. 1):

a maior sobrevida de indivíduos diabéticos aumenta as chances de desenvolvimento das complicações crônicas da doença que estão associadas ao tempo de exposição à hiperglicemia. Tais complicações-macroangiopatia retinopatia, nefropatia e

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Page 25: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

neuropatias, podem ser muito debilitantes ao indivíduo e são muito onerosas ao sistema de saúde. A doença cardiovascular é a primeira causa de mortalidade de indivíduos com DM2, a retinopatia a principal causa de cegueira adquirida, a nefropatia uma das maiores responsáveis pelo ingresso a programas de diálise e o pé diabético importante causa de amputações em membros inferiores.

O Diabete é a causa fundamental de morte por doenças nos EUA (195.000), além

disso, também é responsável por amaurose parcial ou total, insuficiência renal e amputação de

membros (MCARDLE, KATCH L. e KATCH I. 2003). De acordo com Gomes (2005, p. 114)

“em 2002 nos Estados Unidos da América, o custo atribuído ao diabete foi de 132 bilhões,

sendo 20% devido à presença de complicações crônicas”.

Portanto, conclui-se que fica evidenciada a necessidade de um diagnóstico precoce

como forma de redução de complicações crônicas, propiciando uma redução de custo

relacionados com DM2, e oferecendo melhores condições de vida para a população mundial.

40

Page 26: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

3. FISIOPATOLOGIA DO DIABETE TIPO 2

A insulina é gerada a partir de uma molécula precursora (pró-insulina), no qual sua

clivagem libera as moléculas do peptídio-C e de insulina circulante ao longo do estímulo

secretório.

Uma modesta elevação na glicemia (acima de 75mg/dL) estimula a secreção de

insulina (NEGRÃO e BARRETO, 2005 apud GUEDES; JUNIOR e ROCHA, 2008).

De acordo com Guedes; Junior e Rocha (2008, p. 278) “esta secreção ocorre em duas

fases: a primeira ação é rápida e intensa (aguda) e a segunda, menos intensa (crônica)”.

Entretanto, no DM2 particularmente, no início da doença, ocorre a perda da primeira fase de

secreção insulínica agregada a uma segunda fase mais duradoura, o que cria uma distância

considerável entre o aumento pós-prandial da glicemia e presença de insulina em sítios

periféricos (GOMES, 2005). Para Velloso e Netto (2008, p. 7), “a primeira e mais marcante

evidência clínica da disfunção da célula beta em pacientes com predisposição para DM2 é a

perda da primeira fase de secreção de insulina”. Como mostra a Figura 3.

O dano e conseqüente eliminação da função é um fator que surge precocemente no

progresso do DM2 (VELLOSO e NETTO, 2008).

FIGURA 3: Perda da primeira fase e retardamento da segunda fase de secreção de insulina.

Fonte: http://www.diabetesebook.org.br/capitulo/fisiologia-e-fisiopatologia-das-celulas-beta-implicacoes-clinicas-e-terapeuticas/

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Page 27: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Segundo Martins e Balsamo (2005, p. 105):

à resistência à insulina é a principal característica da Diabete tipo 2. Ela é definida como um estado no qual uma certa quantidade de insulina não produz a resposta biológica esperada. Essa resposta anormal pode levar a uma série enorme de anormalidades metabólicas, incluindo o diabete tipo 2, sendo considerado um defeito inicial, presente na grande maioria dos indivíduos que apresentam intolerância à glicose e, essencialmente, em todos os pacientes de diabete tipo 2 que apresentam níveis glicêmicos acima de 140mg/dL.

Para Velloso e Netto (2008, p. 8) “a hiperglicemia do DM2 resulta de dois

mecanismos básicos, a resistência periférica à ação da insulina e a deficiência da produção

deste hormônio pelas células beta do pâncreas”. Como mostra a Figura 4.

FIGURA 4: Defeitos metabólicos básicos do DM2.

Fonte: http://www.diabetesebook.org.br/capitulo/fisiologia-e-fisiopatologia-das-celulas-beta-implicacoes-clinicas-e-terapeuticas/

42

Page 28: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Neste processo, a obesidade, particularmente a abdominal, é de grande importância

para maior produção de ácidos graxos livres (GOMES, 2005). O tecido adiposo produz

citoquinas e ácidos graxos, que interferem na secreção e ação insulínica; outro fator é que

com o peso excessivo, as células beta do pâncreas tornam-se menos sensíveis às elevações das

concentrações de glicose plasmática, e acontece, também, uma diminuição no número de

receptores de insulina nas células-alvo (músculos) (NEGRÃO e BARRETO, 2005, apud

GUEDES; JUNIOR e ROCHA, 2008).

Embora, em termos quantitativos, o tecido adiposo não seja muito importante na

utilização periférica de glicose, ele foi reconsiderado em sua valorização na etiopatogenia do

DM2, por ser uma glândula endócrina que gera diversos hormônios, como a leptina, a

resistina, e a adiponectina, e pela produção de citocinas, como interleucinas-1,6,8 (IL-1, IL-6,

IL-8) e fator de necrose tumoral-alfa (TNF-alfa) (essas citocinas vão influenciar várias etapas

de captação de glicose pelo músculo) (GOMES, 2005).

A resistência à insulina pode ocorrer por meio de anomalias no funcionamento dos

substratos de receptor de insulina (IRSs), que depois do estímulo pela insulina não consegue

provocar com eficiência as reações que autorizem a translocação do transportador de glicose

(GLUTs) para membrana celular (GUEDES; JUNIOR e ROCHA, 2008). “Além disso,

quantidades de cortisol, glucagon e hormônios do crescimento podem contribuir para a

resistência à insulina em pessoas obesas” (GUEDES; JUNIOR e ROCHA, p. 281).

Em geral o DM2 tem sua manifestação após os 40 anos, porém, o aparecimento dessa

enfermidade está cada vez mais usual na infância e adolescência (GUEDES; JUNIOR e

ROCHA, 2008).

43

Page 29: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

4. O PAPEL DA ADIPOSOPATIA VISCERAL NA ETIOLOGIA DO DIABETE TIPO

2

A localização da gordura corporal, principalmente a visceral ou retroperitoneal e,

acrescenta também Geloneze (2007), à subcutânea abdominal profunda, vem sendo

comprovadas cientificamente como responsáveis por diversas complicações deletérias, tais

como hiperinsulinismo (resistência à insulina) e de intolerância à glicose, diabete tipo 2,

câncer endometrial, hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia, desordens do perfil lipídico,

moléstia hepática esteatótica não-alcoólica, hipertensão e aterosclerose (MCARDLE; KATCH

I. e KATCH L., 2008). Ainda mais, conjetura-se um paralelo entre obesidade visceral e

obesidade pericárdica, que pode ser um fator coadjuvante envolvido na aterogênese

coronariana, de acordo com Geloneze (2007). Estas alterações não esta relacionada ao

acúmulo de gordura corporal, e sim a sua localização (MCARDLE; KATCH I. e KATCH L.,

2003).

A mensuração da circunferência abdominal é o método de avaliação muito profícua e

rudimentar feita pelo profissional de saúde, sendo necessária uma fita métrica e a tabela que

contém os dados ideais da circunferência abdominal (FERREIRA e GOMES, 2008). De

acordo com Torres e Silva (2008), dá como referência a circunferência abdominal como

melhor parâmetro de risco, mesmo em indivíduos eutróficos (peso normal).

A Tabela 2 mostra uma classificação dos dados de risco, baseada na mensuração da

circunferência abdominal e indicada pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte (2005)

e a Organização Mundial da Saúde (OMS) (TORRES e SILVA, 2008).

Muito baixo < 70 < 80

Baixo 70 a 89 80 a 99

Alto 90 a 110 100 a 120

Muito alto > 110 > 120

TABELA 2: Novos critérios para circunferência de cintura em adultos (cm).

Fonte: TORRES e SILVA, 2008, p. 101.

Além destes, Villares e Mancini (2007) acrescentam que, existem diversos métodos

de avaliação, e os mais precisos são a tomografia computadorizada e a ressonância nuclear

44

Risco Mulheres Homens

Page 30: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

magnética, métodos que geralmente são dispendiosos e não tendo fácil acesso para este

propósito.

O tecido adiposo, “adicionalmente à sua função de armazenar energia, produz e

libera ácidos graxos livres (AGL), hormônios e citocinas. O tecido adiposo visceral parece ser

uma fonte específica para o aumento dos níveis plasmático de AGL” descrito pelos médicos

Saad; Carvalheira e Tambascia (2007, p. 983).

Destaca Geloneze (2007), que os indivíduos progressivamente aumentam seu

percentual de gordura centrípeta (obesidade central ou tipo andróide) por diversos fatores,

entre os quais se destacam: obesidade, sedentarismo, genética (PGC-α gene que determina a

distribuição de gordura), medicações (corticoterapia), desnutrição fetal ou baixo peso ao

nascer (parto prematuro), alterações na ação da lipoproteína lipase (LPL), os hormônios

sexuais e os glicocorticóides. E recentemente descoberto o sistema endocanabinóide, que

estimula através dos receptores CB1 periféricos a lipogênese, principalmente, nos adipócitos

viscerais, participando também no aumento da circunferência abdominal (BIBLIOMED,

2008).

Outro efeito adicional no aumento da gordura visceral, é que “os adipócitos viscerais

expressam maior número de receptores de glicocorticóides, e sua ativação acarreta aumento

da expressão da LPL com maior armazenamento de triglicerídeos (TG)” (GAYOSO;

FONSECA e CARVALHAL, 2004, p. 308).

A lipoproteína lipase, é uma enzima responsável pelo ritmo, facultar a captação e o

armazenamento dos triagliceróis nos adipócitos, e, essas mesmas células na região abdominal

nos homens, mostram uma hipercinética desta enzima, resultando em uma lipogênese

extraordinária, enquanto nas mulheres em idade fértil, a atividade da lipase hormônio sensível

(LHS), via ação das catecolaminas na ativação dos β-adrenorreceptores, é aumentada no

tecido adiposo subcutâneo abdominal e, os adipócitos nas regiões do quadril, da coxa e das

mamas (obesidade periférica ou tipo ginóide) sintetizam uma quantidade maior de LPL

(MCARDLE; KATCH I. e KATCH L., 2003), e só começam aumentar seu percentual de

gordura na região abdominal por resposta paradoxal a LHS no início do climatério

(HERMSDORFF e MONTEIRO, 2004). Em resposta da obesidade visceral, aumenta-se

muito a chance de adquirir síndrome metabólica e/ou Diabete tipo 2. Na Figura 5 mostra uma

representação esquemática sobre resistência insulínica/causas e conseqüências da obesidade

visceral (GELONEZE, 2007).

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Page 31: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Resistência Insulínica

Adiposidade Abdominal

Resistência Insulínica

AdiposidadeAbdominal

Medicações

Obesidade e Sedentarismo

Hormônios contra-regulatórios

Genética

Desnutrição Fetal

Dislipidemia

Inflamação Sistêmica

Hipertensão ArterialAterosclerose

Doença Coronariana

Síndrome de Ovário Policístico

Diabete Tipo2

FIGURA 5: Causas e conseqüências da resistência à insulina.

Fonte: http://www.diabetes.org.br/apresentacoes/Congresso_SBD_2007/maio2007/06/Index.html

Outra conseqüência do aumento da gordura visceral, postulado pelo Geloneze

(2007), é que por um lado esses aumentos das células de gorduras, principalmente a

retroperitoneal, agem como mecanismo de defesa pela promoção de resistência à insulina nos

tecidos, diminuindo a progressão do processo anabólico (lipogênese) efetuado pela insulina,

ou seja, limitação do crescimento tissular que resultará na tolerância máxima do reservatório

energético nos adipócitos e, também pelo processo inflamatório e a apoptose as células beta,

que atuam sinergicamente. Segundo o mesmo autor, esse mecanismo de defesa inerente à

obesidade é um sinal de alerta e sintomático que provavelmente irá atrapalhar as atividades da

vida diária, por isso que a lipogênese exacerbada terá fatores limitadores.

Relata Geloneze (2007) e vários estudos prospectivos, compartilha a inatividade

física à deposição de gordura na área visceral e mostra com clareza que o exercício físico

assíduo reduz em especial à gordura retroperitoneal e completam Dâmaso et al. (2003) que o

exercício físico é uma estratégia profícua para melhorar a tolerância à glicose e a dinâmica da

46

Page 32: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

insulina, tanto no tecido adiposo abdominal como no tecido adiposo subcutâneo, diminuindo a

lipólise desta região.

A deposição de gordura não seria o fator principal causador da resistência à insulina,

respondendo parcialmente a outros fatores, tais como: deposição ectópica de gordura no

fígado; deposição de gordura ectópica no musculoesquelético, tamanho do adipócito (relação

na falha da adipogênese) e incretinopatia (diminuição de peptídeo semelhante ao glucagon

[GLP-1] e o polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose [GIP] ou incretinas) relatado

pelo Mancini (2007).

Outra diferença importante são as características bioquímicas do adipócito visceral e

do subcutâneo inerente à resistência à insulina, representada pela Tabela 3.

Características dos AdipócitosVisceral Subcutâneo

Receptores β + + + +

Receptores α2 + + + +

Supressão de lipólise pela insulina

+ + + +

Tamanho > <

TABELA 3: Demonstração dos caracteres dos subtipos de células de gordura.

Fonte: www.diabetes.org.br/apresentações/Simpósio_Goiania/marcio_mancini/player.html

De acordo Gayoso; Fonseca e Carvalhal (2004), os adipócitos viscerais expressam

uma maior densidade dos receptores β1; β2 e β3 adrenérgicos conseqüentes a hipertrofia

adipocitária e menor resposta aos agonistas dos receptores α2 adrenérgicos na depressão dos

efeitos AMPc (3’, 5’- adenosina monofosfato cíclico). Quanto a isso, Bernardes; Dâmaso e

Cheik (2003) apontam que a estimulação aos receptores β-adrenérgicos pelas catecolaminas

(epinefrina e norepinefrina) e os hormônios contra-reguladores (somatotrofina ou GH,

glucagon, adrenocorticotrófico-ACTH e leptina) estão envolvidos no estímulo da lipase

hormônio sensível (LHS). Nesse caso, a fixação das catecolaminas e dos hormônios contra-

reguladores aos seus específicos receptores no tecido adiposo ativam a proteína G localizada

na membrana celular (WILMORE e COSTILL, 2001). A proteína G ativa adenilato ciclase,

essa enzima forma o AMP cíclico a partir de uma molécula de trifosfato de adenosina (ATP)

(POWERS e HOWLEY, 2005). A seguir, a concentração de AMP cíclico intracelular

aumenta e atua como segundo mensageiro onipresente e o mesmo “ativa a proteína quinase A

47

Page 33: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

(PKA) e esta, por sua vez, promove fosforilação e ativação da enzima lipase hormônio

sensível (LHS) dentro dos adipócitos, estimulando, portanto, a lipólise” (BERNARDES;

DÂMASO e CHEIK, 2003, p. 235), conforme demonstra a Figura 6.

FIGURA 6: Esquema de ativação da enzima lipase hormônio sensível.

Fonte: DÂMASO, 2003, p. 235.

Por outro lado, a insulina bloqueia a cinética da PKA, ativando a fosfodiesterase

AMP cíclico específica (PDE3B), que inativa AMP cíclico em AMP novamente nos

adipócitos, desativando a lipólise, delegado pelos professores Zecchin e Saad (2007). Por sua

vez, “a lipogênese é estimulada nos tecidos adiposos e no hepático sob ação, principalmente,

da enzima lipase lipoprotéica (LPL)” (BERNARDES; DÂMASO e CHEIK, 2003, p. 222),

sendo essa enzima modulada pela insulina, de acordo com os mesmos autores. A ativação da

PDE3B é dependente da ativação da via metabólica pela insulina, descrita pelos professores

Zecchin e Saad (2007).

Outro fator relevante nas características dos adipócitos viscerais, em relação aos

receptores β viscerais e a insulina, é que o aumento da gordura visceral cria certa vantagem

sobre ação supressora da lipólise pela insulina, aumentando ainda mais o influxo de ácido

graxo livre (AGL) no plasma sangüíneo e induzindo a perda da sensibilidade da insulina nos

tecidos (MANCINI, 2006). “Assim, a resistência à insulina parece ser um fenômeno

48

Page 34: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

secundário ao excesso de gordura visceral” (SAAD; CARVALHEIRA e TAMBASCIA,

2007, p. 983).

Outra teoria vultosa apostada pelo Geloneze (2007) é sobre a capacidade de acúmulo

de gordura nos adipócitos (células de gordura) principalmente os viscerais. Essa capacidade

dos adipócitos [...] tem três fases básicas no seu processo lipogênico (aumento de síntese

lipídica), sendo a primeira fase normal, porque ocorre um equilíbrio entre estocagem e

dispêndio; na segunda fase se encontra um desequilíbrio primário entre preponderante

estocagem sobre o gasto energético, a qual é chamada de hipertrigliceridose adipocitária, que

nada mais é que acúmulo de energia na região ose (região intracelular) dentro dos adipócitos.

Progredindo esse processo de lipogênese demasiada, provavelmente entra na terceira fase;

nessa fase, os adipócitos não conseguem acumular mais gordura intracelular, resultando em

um transbordamento espontâneo de ácidos graxos livres e na mesma propensão as

citoquinas inflamatórias na circulação porta, especialmente, no período pós-prandial, quando

a concentração de insulina está alta.

Demasiados níveis de AGLs e citocinas difundidos na circulação porta promovem

um estado de hipertrigliceridose ectópica aos tecidos: pâncreas, fígado, vasos arteriais e

músculos em geral, esse processo é inferido pelo professor Geloneze (2007) e demonstrado na

Figura 7.

Conseqüentemente, a gordura visceral aumenta a quantidade de AGLs no plasma

sangüíneo, especialmente na circulação portal, provocando mudanças no mecanismo de ação

e na dinâmica da insulina em diversos tecidos, gerando a hiperinsulinemia compensatória

(GAYOSO; FONSECA e CARVALHAL, 2004). A disponibilidade excessiva de ácido graxo

livre leva vantagem na competição por substrato entre glicose e AGL entre os tecidos,

conforme os mesmos autores. Segundo Powers e Howley (2005) essa competição, é

determinante como combustível para contração muscular diminuindo a captação de glicose

pelos miocitosesqueléticos, aumentando progressivamente a resistência à insulina. Neste caso,

favorece a elevação dos níveis glicêmicos, o que por sua vez, estimula maior produção de

insulina e quando a glicemia normaliza, os elevados AGLs remanescentes e precedentes da

lipólise dos adipócitos viscerais podem manter a hiperinsulinemia e, mantendo esse perfil

metabólico pode reduzir a secreção de insulina estimulada pela glicose e a biossíntese da

mesma no pâncreas (GAYOSO; FONSECA e CARVALHAL, 2004).

49

Page 35: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

AdipAdipóócitocitoNormalNormal

HipertrigliceridoseAdipocitária

Hipertrigliceridemia

Hipertrigliceridose

Ectópica

AGLCitocinas

Obesidade e Distribuição de

Gordura

FIGURA 7: Obesidade e distribuição de gordura.

Fonte: http://www.diabetes.org.br/apresentacoes/Congresso_SBD_2007/maio2007/06/Index.html

Além disso, de acordo com Geloneze; Lamounier e Coelho (2005, p. 661):

a hiperglicemia pós-prandial crônica pode levar a um estado de glicotoxidade que caracteriza pela redução progressiva da secreção da célula beta, ou a perda progressiva da função glicostática do pâncreas, ou seja, um ciclo vicioso com piora progressiva do estado hiperglicêmico. Os mecanismos tóxicos da hiperglicemia sobre a célula beta se fazem pela redução da expressão do gene de insulina, redução do processamento da pró-insulina e deposição de material com um aumento do processo de apoptose (morte celular programada). Esses mecanismos estão exacerbados na concomitante de um aumento da lipemia pós-prandial conhecida como lipotoxidade.

Além dos efeitos tóxicos da excursão prolongada de glicose e de lipídeo no plasma

sangüíneo interagindo com as células β do pâncreas, a hiperinsulinemia também pode

desenvolver através da hiperglicemia um mecanismo de exaustão nessas células, oriundo dá

própria evolução da enfermidade. Essas alterações que ocorrem nas células β podem

promover rarefação em massa dessas células e sendo indicada como uma relativa redução

da primeira fase rápida da secreção da insulina no período pós-alimentar, caracterizando um

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Page 36: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

estado inicial da instalação do Diabete Tipo 2 (GELONEZE; LAMOUNIER e COELHO,

2005). Porém, “nos idosos, a massa de células β pode se reduzir, porque a apoptose supera a

capacidade de replicação. Isto pode explicar por que os idosos estão mais propensos a

apresentar DM2” (ZECCHIN e SAAD, 2007, p. 756).

Com perda progressiva da função glicostática que leva à insuficiência das células

β, isso tudo leva a crer, que tanto a intolerância aos carboidratos como naqueles com

diabete tipo 2, existe inércia ou perda da resposta da primeira fase de secreção insulínica, da

qual pode levar a hiperglicemia, e subseqüente a hiperinsulinemia tardia (GELONEZE;

LAMOUNIER e COELHO, 2005). Não tendo o ápice inicial de insulina, não há supressão

(glucagon) da glicogenólise hepática de glicose (SANTOS et al., 2006). “A supressão da

produção hepática em indivíduos diabéticos é 50% menor quando comparado a indivíduos

normais” (GELONEZE; LAMOUNIER e COELHO, 2005, p. 661).

As alterações de 1° fase de secreção insulínica e, mantendo a produção de glicose

hepática em resposta a diminuição da captação periférica da glicose absorvida, resulta-se em

hiperglicemia pós-alimentação. Esse mecanismo se encontra na Figura 8.

FIGURA 8: Conseqüências da perda da primeira fase de secreção de insulina.

Fonte: http://www.scielo.br/pdf/abc/v87n5/17.pdf

51

Page 37: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Gayoso; Fonseca e Carvalhal (2004, p. 307) endossam que o aumento exacerbado do

metabolismo da gordura portal (intraperitoneal) “tem efeito deletério direto devido à sua

localização anatômica e modelo de drenagem venosa direta para o fígado”. Quando os ácidos

graxos livres resultantes da lipólise visceral, que chega ao fígado pelo sistema porta em

grande aporte, resultam em redução na captação e degradação da insulina, aumento da

neoglicogênese e maior produção hepática de glicose (glicogenólise hepática). A circulação

porta está ilustrada na Figura 9.

FIGURA 9: Circulação porta.

Fonte: http://www.medicinageriatrica.com.br/2007/08/16/

Atualmente, como mostra a Figura 10, o processo de funcionamento pelo qual o

aumento dos AGLs podem induzirem resistência insulínica, é inerente à ativação da serinas-

quinases (PKC-proteína quinase, IKKβ, JNK), “que induzirão fosforilação em serina dos

substratos de receptor de insulina-IRS1/2, reduzindo a sinalização insulínica e o transporte de

glicose no músculo, bem como a síntese de glicogênio em fígado e músculo” (SAAD;

CARVALHEIRA e TAMBASCIA, 2007, p. 983).

52

Page 38: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Quando a resistência insulínica instala-se, os indivíduos podem sustentar índice

glicêmico normal ou quase normal pela conseqüência da hiperinsulinemia compensatória, que

pode superar a resistência insulínica em tecidos metabolicamente ativos e impedir a ascensão

dos níveis de ácidos graxos livres e da glicemia (GELONEZE; LAMOUNIER e COELHO,

2005). Entretanto, quanto maior a magnitude da resistência à insulina, maior a glicemia e a

prevalência de intolerância à glicose, ou intolerância a jejum, segundo os mesmos autores. Em

alguns indivíduos, com a redução da massa das células β, pode sobrevir o DM2 (ZECCHIN e

SAAD, 2007).

FIGURA 10: O AGL aciona a PKC, que fosforila o IRS-1 em serina (P) e altera a transmissão do sinal de insulina.

Fonte: SAAD; CARVALHEIRA e TAMBASCIA, 2007, p. 983.

Incrementam Araújo et al. (2007, p. 417), concomitante à resistência insulínica,

“ocorre hiperinsulinismo compensatória, que mantém um estado normoglicêmico até que

ocorra falência da secreção pancreática deste hormônio, com aumento conseqüente da

glicemia e aparecimento clínico do diabete”.

A obesidade, principalmente a visceral, apresenta hiperinsulinemia compensatória e,

concomitante, a elevação das catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e dos hormônios

contra-reguladores (cortisol, glucagon e somatotrofina-GH), resultante da expressiva

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Page 39: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

resistência à insulina periférica, e estão diretamente ligados à maior e constante fomentação

do sistema nervoso simpático, o qual é mais densamente inervado no receptor β3 adrenérgico

e conseqüentemente mostram taxas de lipólise mais elevada, e em relação ao sistema nervoso

colinérgico é considerado praticamente ausente nas células adipócitarias (MANCINI, 2006).

Assim sendo, a hiperglicemia crônica aumenta, na mesma proporção, a secreção

de insulina pelas células β (GELONEZE; LAMOUNIER e COELHO, 2005). A

hiperinsulinemia compensatória concomitante maior estimulação do sistema nervoso

simpático é provável que ocorra maior retenção do sódio sobre o rim (STEWART, 2003) e

aumento de catecolaminas (GOMES, 2004). Aparentemente é provável que ocorra

simultaneamente, “aumento da pressão arterial sistólica e diastólica, aumento da freqüência

cardíaca e diminuição do fluxo sangüíneo nos membros” de acordo com Geloneze;

Lamounier e Coelho (2005, p. 664).

A presença excessiva de AGLs ao fígado pode alterar a sinalização da insulina e

acarretar resistência à mesma nessa víscera, lembrando que o único substrato que promove a

síntese de insulina é a glicose (GAYOSO; FONSECA e CARVALHAL, 2004). Como

conseqüência, ocorre produção exacerbada de VLDL (lipoproteína de densidade muito baixa),

decorrente do fluxo excessivo de ácidos graxos (AGs) do tecido adiposo visceral para o

fígado, que contém o mais alto percentual de lipídio (95%), do qual cerca de 60% consistem

de triglicerídio das partículas de LDL (lipoproteína de baixa densidade) pequenas e densas e

diminuição das HDL (lipoproteína de alta densidade), a qual atua como um varredor das LDL

da parede arterial (MCARDLE; KATCH I. e KATCH L., 2003). E também, o aumento

concomitante de glicerol ao fígado resultante da oxidação dos ácidos graxos esterificados

(AGs), inerente as desordens do perfil dos lípides, potencializa-se a gliconeogênese hepática,

assim, os indivíduos com obesidade centrípeta são mais propícios a terem resistência

insulínica que outros obesos (GAYOSO; FONSECA e CARVALHAL, 2004). O aumento da

produção de glicose na corrente sangüínea oriundo ao glicerol sobrecarrega o pâncreas na

liberação de insulina (hiperinsulinemia compensatória) para supressão da gliconeogênese

demasiada. E essa hiperinsulinemia compensatória tanto de jejum como pós-prandial, pode

gerar uma excursão hiperglicêmica mais prolongada que provavelmente implicará

complicações macrovasculares e microvasculares.

Corroboram Dâmaso et al. (2003), que o tecido adiposo além de servir como estoque

de lípides na forma de triglicerídeos e atuar como isolante térmico, também, é considerado

como um órgão endócrino que produz e secreta diversos fatores, hormônios e citocinas, sendo

54

Page 40: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

o segundo fator chamado na literatura por essas terminologias, adipocina, citocina,

adipocitocina, adipocitoquina ou citoquina, que podem influenciar no metabolismo e

dispêndio de energia ou, colaborar para algumas das co-morbidades associada à obesidade

visceral, por exemplo, a DM2. Esses vários fatores secretados pelo tecido adiposo são

resumidos na Figura 11.

Seleção de adipocinasLeptina

AdiponectinaResistina

TNF- αIL- 6

Visfatina

Adipócitos MadurosTecido Adiposo

Pré-adipócitosPré-adipócitos

FIGURA 11: Tecido adiposo visceral e os adipócitos como órgãos secretores.

Fonte: www.phoenixbiotech.n et /Catalog%20Files/Visfatin/visfatin.html

Uma adipocitocina que merece atenção é o Fator de Necrose Tumoral-α (TNF-α),

que tem um papel fundamental nos processos patológicos (SIMÕES e BANDEIRA, 2003). O

TNF-α, é excessivamente sintetizado e secretado pelo tecido adiposo branco e

musculoesquelético de humanos obesos e, também tem atuação parácrina no tecido adiposo,

inibindo a lipogênese e efeitos autócrinas nos miocitosesqueléticos, que promove resistência à

insulina (VAISBERG, 2008). Suas concentrações estão elevadas consideravelmente na

obesidade e, esta relacionada com desenvolvimento de resistência à insulina, por sua vez, o

TNF-α atua alterando a função do receptor de insulina de uma molécula intracelular do

55

Page 41: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

receptor (IRS-1, substrato-1 do receptor de insulina), transformando-a inibitória para

sinalização do receptor, principalmente no miócitoesquelético (SAAD, 2007). Exerce também

um aumento da lipólise e, finalmente, a supressão do GLUT-4 (transportador de glicose

intramiócito) e da enzima LPL (GAYOSO; FONSECA e CARVALHAL, 2004). Há

pesquisas científicas que corroboram que a neutralização do TNF-α em ratos obesos provoca

o aumento da sensibilidade à insulina (VAISBERG, 2008).

O gatilho da elevação da expressão e secreção da adipocina Interleucina-6 (IL-6) é a

obesidade, principalmente a visceral. A IL-6 exerce distintos efeitos imunes, hematológicos e

hepáticos, possui ações endócrinas e metabólicas; um deles é o estímulo do eixo hipotálamo-

hipófise-adrenal, descensão da expressão da LPL e subtração da diferenciação adiposa. A IL-

6 também pode agir como um regulador auto/parácrina da função do tecido adiposo,

semelhante ao TNF-α, bloqueando a lipogênese (BERNARDES; DÂMASO e CHEIK, 2003).

Fried et al. (2003 apud GENTIL; LIMA e OLIVEIRA, 2005, p. 55) ‘enfatizam que o tecido

adiposo visceral secreta cerca de 3 vezes mais de IL-6 que a secreção do tecido subcutâneo’.

Além disso, “sabe-se também que a IL-6 age no sistema nervoso central (SNC) como um

fator anorexígeno e, assim, pode controlar a hiperfagia” (ZECCHIN e SAAD, 2007, p. 749).

Outra adipocitocina importante é o inibidor-1 da ativação do plasminogênio (PAI-1),

é um importante regulador nos processos fibrinolíticos e na formação de trombos, e seu

aumento pode estar envolvido no processo da aterosclerose. Estudos atuais endossam que o

nível plasmático de PAI-1 esta concomitante ao percentual de tecido adiposo na região

visceral em humanos (NASCIMENTO; HABITANTE e OYAMA, 2003).

Há, também, no adipócito o gene ob, que é responsável pela produção de leptina e

“sua ação interfere diretamente no funcionamento de sistemas neuroendócrinos múltiplos,

inclusive naqueles relacionados à puberdade, à fertilidade, à homeostase energética e ao

controle da ingestão de alimentos” (NASCIMENTO; HABITANTE e OYANA, 2003, p.

248), e o efeito mais importante dessa molécula é modular a saciedade (MCARDLE; KATCH

I. e KATCH L., 2008). “Cuja secreção está diretamente relacionada à proporção de massa

adiposa” (NASCIMENTO; HABITANTE e OYANA, 2003, p. 248), ou seja, se indivíduo for

obeso a produção e a concentração plasmática de leptina responderá na mesma proporção

(VILLARES e MANCINI, 2007).

Nem todas adipocinas secretadas pelo tecido adiposo são maléficas, é caso da

adiponectina que é considerada a adipocina do bem (GELONEZE, 2007). Foi descoberta

pelos pesquisadores da Universidade de Osaka, pois, evidenciaram que indivíduos eutróficos

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Page 42: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

(peso normal) possuíam teores mais elevados do que indivíduos obesos e/ou diabéticos. A

insulina estimula sua secreção, e a diminuição em sua concentração está relacionada com a

hiperexpressão do TNF-α (NASCIMENTO; HABITANTE e OYAMA, 2003).

“Adiponectina se refere a uma proteína específica secretada pelo tecido gorduroso,

preferencialmente [...] pela gordura visceral, com função hormonal” (CISTERNAS, 2006, p.

1096), acreditando-se que essa proteína possua, ademais, propriedades antiinflamatórias e

antiaterogênicas (SAAD; CARVALHEIRA e TAMBASCIA, 2007).

Adiponectina tem diversas terminologias que podem ser encontradas na literatura,

como ACRP30, adipoQ, apM1, orGBP28. Entretanto, a obesidade centrípeta é postulada

pelos eminentes docentes Saad; Carvalheira e Tambascia (2007) como provável causadora da

resistência à insulina, isto é, a manutenção dimensional dessa gordura visceral disfuncional

responde paradoxalmente a expressão e aos níveis circulantes no plasma de ACRP30.

Além disso, Saad; Carvalheira e Tambascia (2007, p. 984) acrescentam que:

a adiponectina modula a sensibilidade à insulina e a homeostase de glicose, reduzindo a glicemia e aumentando a ação insulínica no fígado. Esse hormônio pode também reduzir o acúmulo de lipídeos em fígado e músculo. As ações da adiponectina são mediadas por uma proteína-quinase intracelular ativada pelo AMP (AMPK).

A Figura 12 demonstra a representação esquemática da secreção da adiponectina pelo

tecido adiposo (estroma), e à ação nos tecidos-alvo, onde cumpriria funções metabólicas,

antiinflamatória e antiaterogênica (CISTERNAS, 2006).

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Page 43: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

FIGURA 12: Adiponectina e as respostas fisiológicas nos tecidos.

Fonte: CISTERNAS, 2006, p. 1097.

Além disso, adiponectina inibe os efeitos do TNF-α sobre adesão de monócitos e

expressão de moléculas de adesão no endotélio, intensifica a diminuição de “mRNA para a

enzima lipase lipoprotéica nos macrófagos e para o receptor de varredura dos macrófagos,

dificulta a transformação desses macrófagos em células de Foam” (espuma) (NASCIMENTO;

HABITANTE e OYAMA, 2003, p. 252).

A ilação da hipoadiponectinemia é indubitavelmente pela coalescência de

suscetibilidade genética com fatores ambientais (MANCINI, 2007). Entre os fatores do meio

ambiente estão, estilo de vida sedentário e a péssima qualidade alimentar e predisposição

genética, como pináculos determinantes da adquirição da obesidade, principalmente a visceral

e/ou diabete tipo 2 nas sociedades industrializadas (TROMBETTA; BATALHA e

HALPERN, 2006). A Figura 13 condensa esses conceitos.

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Page 44: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Fator genéticoPolimorfismo do

gene da adiponectina(escassez e/ou inércia)

Alteração de estilo de vidaDieta gordurosaSedentarismo

HipertensãoHiperlipidemia DM2

FIGURA 13: Esquema proposto para explicar as conseqüências da diminuição da adiponectina no soro sangüíneo por questões ambientais e/ou genéticas, facilitando o aparecimento de morbidades.

Fonte: www.diabetes.org.br/apresentações/Simpósio_Goiania/marcio_mancini/player.html

Fica claro que a deficiência de adiponectina leva o indivíduo a ficar desprotegido de

suas ações salutares que contribuem para progressão das complicações do diabete tipo 2

(MANCINI, 2007).

“A resistina, hormônio também secretado pelo tecido adiposo, como o próprio nome

indica, induz resistência à insulina” (SAAD; CARVALHEIRA e TAMBASCIA, 2007, p.

984). Segundo Gayoso; Fonseca e Carvalhal (2004), os níveis circulantes de resistina

encontram-se elevados nos obesos, tendo contribuição maior desse aumento à gordura

visceral. Além de provocar resistência à insulina esse hormônio eleva à glicogenólise hepática

e logo em seguida aumento da glicemia (SAAD; CARVALHEIRA e TAMBASCIA, 2007),

servindo, em parte, a ligação entre obesidade visceral e o diabete tipo 2, de acordo com

Dâmaso et al. (2003).

Recentemente, um novo hormônio foi descoberto, a visfatina, que vem do inglês

visceral fat insulin, produzida exclusivamente pelo tecido adiposo visceral em humanos e cuja

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Page 45: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

expressão e os níveis circulantes no plasma dessa proteína “se elevam de maneira

proporcional ao aumento do tecido adiposo visceral” (ZECCHIN e SAAD, 2007, p. 750).

“Diferente da resistina, a visfatina não antagoniza a ação da insulina; pelo contrário, seu efeito

é insulino-mimético, com ativação do receptor de insulina e redução da glicemia” (ZECCHIN

e SAAD, 2007, p. 750).

Segundo Tambascia (2007), indivíduos obesos e/ou diabéticos do tipo 2 têm níveis

exacerbados de visfatina e baixo de adiponectina. A primeira proteína mantém o dimensional

adipocitário, pelo equilíbrio entre lipólise e lipogênese, ou seja, na presença de resistência à

insulina inerente à obesidade visceral e/ou DM2 ocorre acentuadamente o estado catabólico

de gordura que resultaria em perda de peso, mas não é isso que acontece, porque [...] esses

indivíduos continuam produzindo gordura, mesmo na presença de resistência à insulina,

devido à ação sinérgica da visfatina no receptor de insulina no tecido adiposo, mantendo o

ciclo metabólico vicioso entre obesidade visceral e resistência insulínica, conforme mostra a

Figura 14. Entretanto, é por isso que obesos que têm resistência à insulina não perdem peso

facilmente, segundo o mesmo autor.

“A contribuição fisiológica isolada da visfatina na homeostase glicídica deve ser

pouco relevante porque seus níveis circulantes são baixos” (ZECCHIN e SAAD, 2007, p.

750).

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Page 46: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Resistência à

InsulinaGLUT4

lipogênese

INSULINAVISFATINA

RECEPTORDE INSULINA

ADIPÓCITOSVISCERAIS

FIGURA 14: Representação esquemática da ação da visfatina no adipócito.

Fonte: www.phoenixbiotech.n et /Catalog%20Files/Visfatin/visfatin.html

Medidas não-farmacológicas como a prática de exercício físico sistemático

concomitante dieta hipocalórica promove perda preferencial de depósitos de gordura em

regiões centrais do organismo, entretanto, essa perda ponderal aumenta os níveis de

adiponectina que responderá na mesma dimensão suas ações fisiológicas já relatadas, que

culminam em um efeito anti-diabete (TAMBASCIA, 2007).

Vale salientar que a gordura visceral contém mais genes responsáveis pela secreção

de adipocitoquinas e hormônios específicos do que a gordura subcutânea, tendo uma

contribuição muito pequena no aparecimento do DM2, no entanto, um alto índice de gordura

visceral é indubitável no desenvolvimento de diabete tipo 2 e outras desordens metabólicas

que progredirão para outras co-morbidades (DÂMASO et al., 2003).

Assim, fica claro, que os indivíduos com obesidade visceral têm muito mais

resistência à insulina do que os outros obesos, que com o passar do tempo nesta condição,

podem atenuar a secreção insulínica e a ação da mesma nos tecidos, principalmente no

musculoesquelético e fígado, sendo fator determinante na estimulação do desenvolvimento da

Pré-diabetes e por fim a Diabete tipo 2 (GAYOSO; FONSECA e CARVALHAL, 2004).

61

Page 47: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

5. SISTEMAS ENERGÉTICOS E PRODUÇÃO DE ATP

O modo pela qual a energia é usada durante um exercício físico afeta o nível de

glicose sangüínea. A velocidade, a força e o tempo de atividade afetam a necessidade

energética muscular, que estão envolvidos na atividade (COLBERG, 2003)

A fonte rápida de energia para a contração muscular é o composto de alta energia, o

trifosfato de adenosina (ATP) (POWERS e HOWLEY, 2005).

Os componentes mais importantes do ATP são uma molécula de açúcar (adenosina) e

três grupamentos de fosfato (FLECK e KRAEMER, 2006). Os dois fosfatos terminais estão

ligados entre si e representam as ligações de alta energia (FOSS e KETERYIAN, 2000). De

acordo com Fleck e Kraemer, (2006, p. 89) “quando o ATP é quebrado em difosfato de

adenosina (ADP, dois fosfatos) e uma molécula livre de fosfato (Pi), é liberada energia”.

Assim que um impulso nervoso começa a contração muscular, o cálcio é liberado no interior

da célula muscular o ATP energiza os miócitos e acontece a contração muscular (COLBERG,

2003).

Para Foss e Keteryian (2000, p. 110) “a célula só consegue realizar seu trabalho

especializado a partir da energia proveniente pela desintegração do ATP”. Apesar do ATP não

ser a única molécula da célula, é o mais importante e estando em quantidade limitada a

maioria das células morre rapidamente (POWERS e HOWLEY, 2005). Segundo Colberg

(2003), o músculo possui pouco ATP disponível para o uso imediato, sendo possível

permanecer em uma atividade por um segundo. O miócitoesquelético armazena uma

quantidade limitada de ATP, durante o exercício físico, existe um aumento do gasto

energético no grupo muscular envolvido, sendo necessário a ressíntese durante a realização ou

após o término da atividade. O miócitoesquelético possui duas via metabólicas para

ressintetizar o ATP, anaeróbia e aeróbia (GUEDES, 2008).

5.1 PRODUÇÃO ANAERÓBIA DE ATP

As atividades com duração superior a 20 segundos até 2 minutos necessitam de

energias anaeróbias principalmente por junção entre os fosfagênios durante o início e

posteriormente pela degradação do glicogênio muscular, um tipo de glicose armazenada no

músculo (COLBERG, 2003).

De acordo com Fleck e Kraemer, (2006, p. 90) “o glicogênio, um carboidrato é

estocado dentro do músculo. O glicogênio é uma longa cadeia de moléculas de glicose, que,

62

Page 48: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

por sua vez é um tipo de açúcar”. A energia suficiente para gerar ATP vem da clivagem das

moléculas de glicose em duas partes que irão dar origem a moléculas de piruvato, portanto,

ocorrendo à liberação energética (FLECK e KRAEMER, 2006).

Com a necessidade de energia rápida na parte inicial do exercício, o processo

glicolítico ocorre de maneira rápida visando o fornecimento de ATP, porém, ocorrendo uma

limitação pelo acúmulo de lactato (H+ ou próton). Grande quantidade de lactato (H+ ou

próton) resulta em uma diminuição do pH no músculo e no sangue (COLBERG, 2003). Com

o exercício intenso o pH sangüíneo pode atingir um valor de 6,6, sendo que o nível de repouso

é próximo a 7,4 (FLECK e KRAEMER, 2006). “Quando quantidades extremas estão

presentes no músculo, o lactato diminui o pH (H+ ou próton) do músculo e do sangue,

causando a queimação percebida nos músculos” (COLBERG, 2003, p, 22) que afeta

negativamente a capacidade de continuar se exercitando. Conseqüentemente, este lactato pode

ser um substrato extra durante o exercício, principalmente, na volta à calma. E “em ordem de

prioridade, os tecidos corporais que são mais beneficiados pelo lactato circulante durante o

exercício são: músculo em atividade, fígado, rins e coração” (POWERS e HOWLEY, 2005).

De acordo com Guerra e Barros (2007, p. 20), “os exercícios que utilizam

predominantemente esta via como forma de ressíntese de ATP é os de alta intensidade e

duração moderada”. O exercício intenso ocasiona a liberação de muitos hormônios,

aumentando a síntese de glicose hepática e redução na captação de glicose sangüínea pelo

músculo. Na Tabela 4 esquematiza esses hormônios, suas fontes e as principais ações durante

o exercício físico.

Um estado de resistência à insulina é ocasionado, podendo durar algumas horas após

o término do exercício. Um aumento na glicose sangüínea em grupo com diabete tipo 2 ficou

claro após uma hora de exercício máximo de ciclismo, tendo também um aumento relevante

no nível de circulação de insulina, e quando ocorre uma diminuição dos efeitos desses

hormônios, taxas aumentadas de redução do glicogênio, podem resultar em hipoglicemia

(COLBERG, 2003).

63

Page 49: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

HORMÔNIO FONTE PRINCIPAIS AÇÕES

DURANTE O EXERCÍCIO

Glucagon Pâncreas Estimulação da decomposição do

glicogênio pelo fígado e aumento

da produção de glicose a partir dos

precursores; efeito importante nas

mudanças na proporção entre

insulina e glucagon.

Epinefrina Medula supra-renal Estimulação do músculo e, em

menor extensão, do fígado,

decomposição de glicogênio e

mobilização dos ácidos graxos

livres dos tecidos adiposos.

Norepinefrina Medula supra-renal,

terminações dos nervos simpáticos

Estimulação do fígado para

produzir glicose a partir dos

precursores disponíveis; controle de

“feedforward” da glicose durante o

exercício intenso, junto com a

epinefrina.

Hormônio do

Crescimento

Pituitária anterior Estimulação direta do metabolismo

da gordura (liberação dos ácidos

graxos livres da adipose) e

supressão indireta do uso de

glicose; estimulação do

armazenamento de aminoácidos.

Cortisol Córtex supra-renal Mobilização de aminoácidos e

glicerol como precursores para a

produção de glicose pelo fígado e

liberação dos ácidos graxos livres

para o músculo utilizar em vez da

glicose.

TABELA 4: Hormônios que aumentam a glicose durante o exercício.

Fonte: COLBERG, 2003, p. 23.

5.2 SISTEMA AERÓBIO (FONTE DE ENERGIA PELO OXIGÊNIO)

64

Page 50: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Em um lado oposto dos Sistemas energéticos encontra-se o sistema aeróbio, com

exercícios de longa duração (COLBERG, 2003).

A utilização de energia por meio de oxigênio há tempos tem recebido bastante

atenção. Esportes, como corrida, natação e dança aeróbia têm por objetivo um aumento no

condicionamento cardiovascular (FLECK e KRAEMER, 2006).

De acordo com Rosa (2006, p. 10) “o trabalho aeróbio é caracterizado por

pequena carga de esforço, com baixa influência no desempenho imediato, porque sua

direção exige basicamente trabalho contínuo de baixa intensidade”.

Este sistema pode utilizar carboidratos (açucares) e gorduras. Geralmente proteínas

não são utilizadas (FLECK E KRAEMER, 2006). No entanto, segundo Powers e Howley

(2005), a proteína pode ser utilizada em um exercício, sendo que, normalmente, ela é

utilizada durante atividades prolongadas (endurance), como maratona, por exemplo. Os

exercícios de longa duração podem contribuir com até 15% de energia proveniente de

proteína.

O metabolismo de glicogênio (carboidrato) tem início da mesma maneira da

glicólise anaeróbia, porém, com o oxigênio estando presente em quantidade considerável, o

piruvato ao invés de ser convertido em lactato, ele entra em duas longas séries de reações

químicas (Ciclo de Krebs e cadeia de transporte de elétrons). Por meio dessas reações

resultam água e dióxido de carbono, sendo eliminado nos pulmões (FLECK e KRAEMER,

2006).

“A água é formada pela combinação das moléculas de hidrogênio com o oxigênio

dos pulmões” como explica Fleck e Kraemer (2006, p. 90).

O metabolismo aeróbio de uma molécula de glicose resulta em 32 moléculas de

ATP e a partir do glicogênio 33 ATP (POWERS e HOWLEY, 2005).

5.3 EFEITO AGUDO DO EXERCÍCIO FÍSICO

Na realização do exercício físico e depois do mesmo, a exigência energética é

abastecida, especialmente, por lipídios e carboidratos, de maneira que, no momento em que o

exercício está sendo realizado, tem-se um aumento relevante da absorção sangüínea de glicose

pela musculatura em atividade (FORJAZ et al., 2000 apud GUEDES; JUNIOR e ROCHA,

2008). A prática de exercício físico regular aperfeiçoa a sensibilidade do músculo a insulina

65

Page 51: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

em 40%, ocasionada pela redução do peso corporal e uma elevação na atividade das enzimas

Hexoquinase e Glicogênio Sintetase (MARTINS e BALSAMO, 2005).

Embora a absorção de glicose tenha um aumento na realização do exercício, em

pessoas saudáveis, não resulta em uma diminuição da glicemia, isso porque ocorre uma maior

produção no fígado, mantendo a glicemia dentro dos padrões de normalidade (GUEDES;

JUNIOR e ROCHA, 2008). Estudos examinaram que o exercício aeróbio em uma sessão já

resultava em um aumento da absorção de glicose por meio de uma estimulação da insulina em

pessoas sem treinamento (MARTINS e BALSAMO, 2005).

Para Guedes; Junior e Rocha (2008, p. 286):

o exercício físico tornou-se uma das principais terapias para a promoção de reduções rápidas da glicose sangüínea nos portadores de diabete tipo II, promovendo uma ação sinergista com insulina e sensibilidade à insulina nos tecidos. O exercício promove uma melhora nessa sensibilidade e, conseqüentemente, isso acaba se tornando um tratamento lógico para essa enfermidade. Em um estudo realizado por Poirier et al. (2001), foi observado que sedentários diabéticos tipo II, tratados com agentes hipoglicemiantes, tiveram reduções mais impactantes nos níveis de glicose quando treinaram (60% VO2máx

por 1 hora) e após se alimentarem do café da manhã, quando comparados ao estado de jejum. Neste estudo, observaram-se maiores níveis de insulina durante o exercício, quando alimentados, e concentrações plasmáticas de ácidos graxos livres, glucagon, epinefrina e norepenefrina similares em ambas as situações (alimentados e jejum).

Como se não bastasse, o exercício coopera para diminuição de insulina em suas

concentrações basais e pós-prandial e diminuição sistêmica da pressão arterial (MERCURI e

ARRECHEA, 2001 apud GUEDES; JUNIOR e ROCHA, 2008).

Para Alonso; Ramires e Silva (2006, p. 214) os senescentes “parecem depender mais

do efeito agudo do exercício na sensibilidade à insulina do que do efeito crônico. Este fato

reforça a importância do aumento na freqüência semanal de prática de exercício físico”,

essencialmente para essa faixa etária com ou sem diabete tipo 2.

5.4 EFEITO CRÔNICO DO EXERCÍCIO FÍSICO

Tem-se conhecimento de que o exercício físico propicia uma melhora na resistência à

insulina e diminui os perigos de ocasionar DM2 (SHAIB et al., 2006 apud GUEDES;

JUNIOR e ROCHA, 2008).

‘A irregularidade metabólica evidente no DM2 pode obter melhora por vários

mecanismos, para melhorar a eficiência da insulina’ (ADA, 2002 apud BODAS et al., 2005,

66

Page 52: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

p. 221). O exercício físico aparentemente estabelece, nesse sentido umas das alternativas mais

importantes (MURPHY e HARDMAN, 1998 apud BODAS et al., 2005).

O exercício físico diminui ou mantém o peso controlado (MERCURI e ARRECHEA,

2001 apud GUEDES; JUNIOR e ROCHA, 2008). ‘O exercício também altera anormalidades

hipertensivas e lipídicas e reduz os riscos de problemas cardíacos’ (MERCURI e

ARRECHEA, 2001 apud GUEDES; JUNIOR e ROCHA, 2008, p. 287).

“Estudos observacionais também têm demonstrado que atletas e indivíduos ativos

têm maior sensibilidade à insulina que os sedentários” (GUEDES; JUNIOR e ROCHA, 2008,

p. 287). Aparentemente existe uma ligação contrária entre a resistência à insulina e o VO 2máx

(estabelece a nivelação do condicionamento físico). Outro fator importante é que o

treinamento físico, em destaque a musculação, propicia uma elevação na força (muscular) e

mantém ou aumenta a massa livre de gordura (massa muscular) (MERCURI e ARRECHEA,

2001 apud GUEDES; JUNIOR e ROCHA, 2008).

É importante enfatizar que “alguns médicos se preocupam com a prescrição do

treinamento de alta intensidade para pessoas de meia-idade e mais velhas, quando elas

apresentam alto risco para desenvolver doenças cardiovasculares” (GUEDES; JUNIOR e

ROCHA, 2008, p. 288).

Por outro lado:

existem, freqüentemente, muitas preocupações com relação às possíveis alterações nos valores da pressão arterial sistêmica, sobrecarga cardíaca, isquemia ou hemorragia de retina associadas à alta intensidade do exercício resistido. No entanto, não existem evidências que o treinamento de força possa promover aumento nesses riscos, ao contrário, exercícios resistidos de intensidade moderada para alta têm sido seguros, até mesmo, para pessoas com riscos significativos para desenvolver eventos cardíacos (GUEDES; JUNIOR e ROCHA, 2008, p. 288).

Os estudos propõem de forma principal, um efeito desigual do exercício físico na

diminuição da gordura centrípeta, fortemente ligada às irregularidades metabólicas (ADA,

2003 apud GUEDES; JUNIOR e ROCHA, 2008).

Desta maneira, o exercício diminui a gordura abdominal e visceral (reconhecida

como preditor do risco para DM2 e doenças cardiovasculares), independentemente da redução

no peso corporal (CUFF et al., 2003 apud BODAS et al., 2005). A gordura abdominal nesse

caso é o que apresenta maior correlação inicial com a sensibilidade à insulina. No entanto, a

importância da melhora na sensibilidade à ação insulínica, depois do programa de treino, não

mostra relação significativa com o número de gordura perdida (SHORT et al., 2003 apud

BODAS et al., 2005).

67

Page 53: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

No planejamento dos exercícios, devem fazer parte, alongamentos, exercícios

aeróbios e musculação, até mesmo para hipertrofia (COMPAIGNE, 2003).

68

Page 54: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

6. O EXERCÍCIO FÍSICO E A ESTIMULAÇÃO DE VIAS METABÓLICAS

INDEPENDENTES DA INSULINA EM DIABÉTICOS DO TIPO 2

A insulina é um hormônio polipeptídico anabólico constituído de cinqüenta e um

aminoácidos no interior de duas cadeias ligadas por duas pontes dissulfeto, sintetizadas nas

células beta das ilhas pancreáticas. Possui meia-vida circulatória de três a cinco minutos,

catabolizada pelo fígado, rim e placenta. Nas ilhas pancreáticas também são sintetizados

outros hormônios, tais como; glucagon, somatostatina, polipeptídio pancreático, amilina, que

interagem mutuamente. O pâncreas produz também as enzimas digestivas pelos ácinos

pancreáticos que, liberadas no duodeno, “auxiliam na digestão dos alimentos” (ALONSO;

RAMIRES e SILVA, 2006, p. 200).

“Após ser liberada na circulação, a insulina chega primeiro ao fígado, que remove

50% do hormônio” (ALONSO; RAMIRES e SILVA, 2006, p. 200), e os rins degradam 30%

da insulina circulante, e o restante da quantidade total da insulina secretada é degrada em

quase todos os outros tecidos (CISTERNAS, 2006).

“Os músculos utilizam aproximadamente 2/3 da insulina, enquanto os adipócitos

consomem menos que 10%. Assim, é de se esperar que a causa principal da resistência à ação

da insulina esteja localizada nos músculos” (DÂMASO et al., 2003, p. 42).

A insulina tem um importante papel na entrada de glicose por difusão facilitada em

tecidos-alvo de suas ações especificas são musculoesquelético, fígado e adipócito, com

exceção do cérebro. (MCARDLE; KATCH I. e KATCH L., 2003). Assim, nos

musculoesqueléticos a insulina age promovendo síntese protéica mediada pelo aumento do

transporte de aminoácidos e fomento dos ribossomas e síntese de glicogênio no

musculoesquelético e fígado, aumento da síntese de triglicerídeos e formação de VLDL,

bloqueios da produção muscular e hepática de glicose pela inibição da enzima glicogênio

fosforilase (via diminuição da glicogênese e glicogenólise), da cetogênese, da lipólise e da

proteólise, efeito anti-apoptótico principalmente nas células beta, suas ações metabólicas e

mitogênicas são vistas na Figura 15 (GELONEZE, 2007). “Outras funções da insulina

incluem o aumento da produção de óxido nítrico no endotélio, a promoção da sobrevida

celular e o controle da ingestão alimentar” (ZECCHIN e SAAD, 2007, p. 740).

69

Page 55: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

GLICOSE CORRENTE SANGUÍNEA

IRS

PI3K

VESÍCULASDE GLUT4

Receptorde Insulina

Insulina

αβ

MitogêneseSíntese de proteínas

Síntese de lípideos

Síntese de glicogênio

Membrana plasmática

GLUT-4

(MAPK)

FIGURA 15: Esquema resumido das vias metabólica e mitogênica dependentes da sinalização de insulina.

Fonte: ALONSO; RAMIRES e SILVA, 2006, p. 201.

No período pós-prandial os níveis de glicose se elevam e nessa ocasião também

estimula a célula beta a sintetizar e a secretar insulina. Em menor propensão, os aminoácidos

secretam a insulina menos a biossíntese (CRAWFORD e COTRAN, 2000). Além da glicose e

aminoácidos, também, vários nutrientes, o estímulo do nervo vago e de certos hormônios

gastrintestinais (incretinas) favorecem a secreção de insulina pela célula beta do pâncreas

(ALONSO et al., 2006).

Nem toda glicose é utilizada para o catabolismo imediato para gerar energia e acaba

sendo armazenada como glicogênio para utilização a posteriori (MCARDLE; KATCH I. e

KATCH L., 2003).

Para o sucesso da insulina na manutenção da homeostase glicêmica nos tecidos é

preciso da participação dos transportadores de glicose. “Os transportadores de glicose têm

papel fundamental nesse processo, uma vez que as membranas celulares são impermeáveis a

moléculas hidrofílicas como a glicose” (MOUTELIK, 2003, p. 796).

70

Page 56: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

As proteínas que constituem os transportadores de glicose não dependentes de

energia, que facilitam a difusão da glicose de um meio mais concentrado para outro menos

concentrado, são as proteínas carreadoras de glicose ou GLUTs (MARTINS e BALSAMO,

2005). Moutelik (2003, p. 796) cita cinco proteínas carreadoras de glicose:

A GLUT-1 está presente em todos os tecidos humanos, especialmente nas células endoteliais e em eritrócitos. Tem alta afinidade pela glicose.

A GLUT-2 é o maior transportador de glicose das células pancreáticas beta e das células hepáticas.

A GLUT- 3 foi identificada em tecido muscular fetal. A GLUT-4 é encontrada predominantemente onde o transporte de glicose é

sensível à insulina como no tecido muscular e no adipócito. A GLUT-5 foi encontrada em células do intestino delgado.

Os miócitos, os adipócitos e os hepatócitos, são células insulino-dependentes, em

relação ao transporte de glicose para meio intracelular, ou seja, necessitam do auxilio dos

GLUTs (MOUTELIK, 2003).

As GLUTs “também desempenham importante função no metabolismo de glicose em

células que captam a glicose de forma insulino-independentes, como as células beta, as

células cerebrais, os eritrócitos, entre outras, e, ainda, facilitam a entrada da glicose nessas

células” (MOUTELIK, 2003, p. 796).

Alonso et al. (2006) observaram que no miócitoesquelético, aproximadamente 10% a

15% da quantidade total de GLUT-4 se localiza no sarcolema e o restante, no retículo

sarcoplasmático ou de Golgi.

Durante o repouso, maior parte da glicose no plasma sangüíneo é captada pelo

GLUT-1 (transportador não-insulina) e depois de comer ou durante o exercício físico, o

miocitosesquelético capta glicose pelo transportador GLUT-4 (que depende em grande parte

da concentração intracelular de cálcio) que necessita de insulina, segundo McArdle; Katch I. e

Katch L. (2003).

“Para que sejam compreendidos os mecanismos moleculares que contribuem para a

patogênese do DM2, é necessário inicialmente descrever como a insulina transmite seu sinal

celular desde o receptor específico até os efetores finais”, de acordo com Zecchin e Saad

(2007, p. 740). Sendo assim, no sarcolema do miócito encontram-se os receptores de insulina

(IR), que consiste de um tetrâmero composto por duas subunidades α (alfa) extracelular e

duas subunidades β (beta) transmembranares, essas últimas com função tirosina quinase

(SIMÕES e BANDERIRA, 2003). Esta etapa é demonstrada na Figura 16.

71

Page 57: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

GLICOSE CORRENTE SANGUÍNEA

CITOPLASMACÉLULAMUSCULAR

Receptorde Insulina

αβ

Vesículas de GLUT4

FIGURA 16: Esquema representativo do transporte de glicose pelo GLUT-4, estimulado pela insulina.

Fonte: RONDON et al., 2006, p. 37.

Quando a insulina liga-se às subunidades α (alfa) do seu receptor, esse complexo

ocasiona uma alteração conformacional na subunidade β (beta), que se autofosforila pela

ativação da tirosina-quinase de uma das subunidades β (o próprio receptor funciona como

primeiro substrato) e fosforila outros substratos, começando a cascata de sinalização

(RONDON et al., 2003). De acordo com Simões e Bandeira (2003, p. 808), a “cisteína parece

transmitir o sinal da subunidade alfa ligada à insulina para a subunidade beta”.

O segundo substrato a ser fosforilado é o substrato-1 do receptor de insulina (IRS-1),

em múltiplos resíduos de tirosina pela ação da enzima tirosina-quinase. O IRS-1 fosforilado

liga-se ao fosfatidilinositol-3-quinase (PI3K) que,

por sua vez, catalisa a formação de fosfatidilinositol-3,4,5-trifosfato (PI3P), um regulador alostérico da quinase fosfoinositídeo-dependente (PDK). Essa enzima ativa uma das isoformas da proteína quinase B (PKB, mais conhecida como Akt), caracterizando a cascata de sinalização insulínica. A PDK também ativa a proteína quinase C atípica (aPKC), que também parece estar envolvida no transporte de

72

Page 58: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

glicose dependente de insulina, embora essa via ainda deva ser melhor esclarecida. (RONDON et al., 2006, p. 36).

Dessa forma, quando a PKC estiver fosforilada [...] seja capaz de estar envolvida na

síntese de proteína e no transporte de vesículas de GLUT-4 para o sarcolema e, subseqüente,

fomentar a captação de glicose. Isso demonstra que o transporte de glicose através da

membrana lipídica pode ser mediado por diferentes vias de sinalização intracelular, essa

diversidade de sinalização pode oferecer mecanismo compensatório, no caso do diabete tipo 2

(ZECCHIN e SAAD, 2007).

Um dos efeitos da cascata insulínica é convergir moléculas de GLUT-4 (maior parte

estocado em vesículas intracelulares) até a membrana plasmática celular e para os túbulos T,

onde atuam na captação de glicose, essa via é indispensável à ativação das enzimas PI3K e

Akt envolvidas na estimulação da translocação do GLUT-4 (SANTOS et al., 2006). Dessa

forma a insulina controla a glicemia, principalmente em período pós-prandial. A cascata

insulínica é demonstrada na Figura 17.

CORRENTE SANGUÍNEA

Akt

PDK

CITOPLASMA

IRS-1

PI3K

VESÍCULASDE GLUT4 NORETÍCULO DE

GOLGI

CÉLULAMUSCULAR

Receptorde Insulina

Insulina

FIGURA 17: Mostra um esquema simplificado das etapas de sinalização intracelular desde a ligação da insulina ao seu receptor (IR) até ativação das vesículas de GLUT-4 para a membrana celular e túbulos T.

Fonte: ALONSO et al., 2006, p. 37.

73

Page 59: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

“As anormalidades ocorridas após a ligação da insulina são as grandes responsáveis

pela resistência à insulina apresentada pelos diabéticos do tipo 2 que possuem significante

hiperglicemia” (MARTINS e BALSAMO, 2005, p. 110). Corroboram Simões e Bandeira

(2003, p. 810) que “o conteúdo celular de GLUT-4, transportador de glicose nos adipócitos e

musculatura esquelética, tem estado reduzido em 40% nas pessoas obesas sem DM2 e em

85% nos obesos com DM2”.

“O termo resistência insulínica (RI) é empregado para indicar a incapacidade de a

insulina promover a homeostase normal da glicose” (WAJCHENBERG et al., 2007, p. 909).

A resistência à insulina do diabete tipo 2 “é caracterizada por alterações em diversos

pontos da via de transmissão do sinal da insulina, com redução da concentração e da atividade

quinase do IR, da concentração e da fosforilação do IRS-1 e -2, da atividade da PI3-quinase”

(ZECCHIN e SAAD, 2007, p. 746), de RNAm envolvidos na expressão gênica,

especialmente, do GLUT-4 no miócito e GLUT-2 no hepatócito, da translocação do

transportador de glicose (GLUT-4) e da atividade das enzimas intracelulares, principalmente a

glicogênio sintase responsável pela síntese do glicogênio muscular e hepático (MARTINS e

BALSAMO, 2005).

‘Em 1972, Bjorntorp et al. (1972 apud MARTINS e BALSAMO, 2005, p. 110)

sugeriam, pela primeira vez, o uso do exercício físico para tratar da resistência à insulina

associada com a obesidade e o diabete tipo 2’. Reforçam Bernardes et al. (2003), que a prática

regular de exercício físico é uma eficiente forma de controle do diabete tipo 2, pois fomenta

redução glicêmica e exacerba a sensibilidade insulínica nos tecidos.

O musculoesquelético é um tecido único em que a sua taxa metabólica pode

aumentar 200 vezes durante a atividade contrátil. Esta carga metabólica é parcialmente

coberta por um aumento da utilização de glicose exógena. Assim, a maquinaria celular do

musculoesquelético está equipada para responder à atividade contrátil com um rápido

aumento no fluxo de glicose que transpõe o sarcolema para corresponder ao aumento da taxa

glicolítica (YOUNGREN, 2008).

Há, entretanto, outras vias alternativas de movimentação do GLUT-4 até o sarcolema

(SANTOS et al., 2006) “através de um mecanismo em separado que independe da insulina”

(MCARDLE; KATCH I. e KATCH L., 2003, p. 440). Postulam Alonso et al. (2006) que

contenham vesículas de GLUT-4 responsivas especificamente para cada via metabólica.

De acordo com Santos et al. (2006, p. 36) “durante o exercício, a translocação do

GLUT-4 é estimulada, sobretudo pela contração da célula muscular”. Este efeito do exercício

é bastante rápido, atingindo efeito máximo do transporte de glicose pelo estímulo da

74

Page 60: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

contração muscular, dentro de minutos. A magnitude do efeito do exercício é praticamente

igual ao efeito máximo da insulina. Entretanto, a combinação da máxima concentração efetiva

de insulina e da atividade contrátil leva a maior translocação de GLUT-4. Este reforço no

transporte de glicose pode durar até uma hora após a interrupção do exercício físico

(YOUNGREN, 2008). A Figura 18 demonstra o mecanismo de ascensão da sensibilidade da

insulina resultante de adaptações no miócitoesquelético inerente à prática de exercícios físicos

regulares.

Vesículas deGLUT-4

Responsiva-Insulina

Vesículas deGLUT-4

Responsiva-Insulina

Vesículas deGLUT-4

Responsiva-exercício

Estoque deglicogênio

GSK-3

Akt

PDK

IRS-1

Receptorde I nsulina GLUT-4 da

MembranaPlasmática

Glicose

FIGURA 18: Melhora na sensibilidade à insulina e o aumento na concentração de GLUT-4 no sarcolema após treinamento físico.

Fonte: http://www.endotext.org/diabetes/diabetes14/diabetesframe14.htm

“O desequilíbrio energético causado pela contração muscular é o principal estimulo

para a enzima AMP-quinase (AMPK)” (RONDON et al., 2006, p. 36). O desequilíbrio

energético é caracterizado pelo aumento da relação monofosfato de adenosina/trifosfato de

adenosina ou pelo aumento da relação creatina/fosfocreatina, responsivos pela ativação da

75

Page 61: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

AMPK (SANTOS, 2006). Ou seja, quando existem aumentos (duas moléculas) passageiros do

difosfato de adenosina (ADP) durante a contração muscular, pode estimular a enzima

adenilato quinase ou mioquinase envolvida na regeneração adicional de ATP e produção de

um novo co-produto molecular monofosfato de adenosina (AMP), conforme mostra a equação

abaixo. O AMP, também serve para ativação “das enzimas alostéricas fosforilase

(glicogenólise) e fosfofutoquinase (glicólise), estimulando, dessa maneira, o catabolismo dos

carboidratos”, evidenciada pelos autores Robergs e Roberts (2002, p. 35) e da oxidação

lipídicas (GOODPASTER e KELLEY, 2004).

A reação catalisada pela enzima creatina cinase é semelhante à reação de miocinase,

porém, ela produz um outro co-produto creatina (Cr), da seguinte maneira:

Em síntese, o possível papel da estimulação da via sinalizadora do monofosfato de

adenosina (AMP), a qual aumenta expressivamente durante o exercício físico, é o efeito

mediador da translocação do GLUT-4 nos miócitos, sendo uma forma mediadora em certos

aspectos na resistência à insulina. (GOODPASTER e KELLEY, 2004). Entretanto, a ativação

da AMPK também estimula a AMPK-quinase (AMPKK), enzima que ativa a AMP-quinase

(RONDON et al., 2006). Além disso, investigações recentes sugerem que alterações no pH

intramuscular intensificam a ativação da AMPK (SIMÕES; MENDONÇA e SILVA,

S/DATA, p. 2).

Além de estimular a translocação de GLUT-4 para o sarcolema o AMPK é

responsável por regular no núcleo da célula fatores de transcrição implicados na expressão

gênica do GLUT-4 que pode chegar a 23% em diabéticos tipo 2, conforme mostra a Figura

19.

Santos et al. (2006, p. 38) corroboram um efeito similar à insulina:

durante o exercício, a atividade da AMPK aumenta, tanto em indivíduos saudáveis, quanto em diabéticos tipo 2, estimulando, além da translocação do GLUT-4, a sua expressão gênica. Assim, durante o exercício, a captação de glicose é realizada por

ADP + ADP ATP + AMP = AMPKMioquinase

CrP + ADP + H+ ATP + Cr = AMPKCreatina cinase

76

Page 62: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

aumento na translocação das vesículas de GLUT-4 para membrana celular e para os túbulos T, por uma via independente da insulina.

Interessantemente, AMPK também pode fosforilar diretamente a NOS (enzima óxido

nítrico sintetase), e esse recurso pode ser responsável pelo aumento da produção de NO

(óxido nítrico) durante o exercício, o qual também pode estar envolvido na estimulação do

GLUT-4 até o sarcolema (BAHIA, 2007).

CORRENTE SANGUÍNEA

CONTRACONTRAÇÇÃO ÃO MUSCULAR MUSCULAR

AMPK

CITOPLASMA

VESÍCULASDE GLUT4 NORETÍCULO DE

GOLGI

CÉLULAMUSCULAR

Receptorde Insulina

FIGURA 19: Esquema representativo do transporte de glicose (GLUT-4), estimulado pela contração muscular que ativa a enzima AMP-quinase pelo aumento da relação AMP/ATP no miócitoesquelético.

Fonte: SANTOS et al., 2006, p. 38.

Além da AMPK, a contração muscular sistemática pode estimular outros

sinalizadores envolvidos no mecanismo de transporte de glicose (GLUT-4), como proteína

quinase ativada por mitógeno (MAPK, via anabólica), proteína quinase ativada por

cálcio/calmodulina (CaMK), proteína quinase dependente de cálcio (proteína quinase C –

PKC), bradicinina, óxido nítrico (NO) mediado pela GMPc, substrato da Akt (AS160),

77

Page 63: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

neurorregulinas e hipóxia, descrito pelos autores Alonso et al. (2006), as etapas dessa via são

descritas na Figura 20. “A possibilidade de esses sinalizadores serem também estimulados

pela cascata insulínica e não apenas pela contração muscular” (SANTOS et al., 2006, p. 38).

GLICOSE

CORRENTE SANGÜÍNEA

CONTRACONTRAÇÇÃO ÃO MUSCULAR MUSCULAR ??

AMPK Akt

PDKaPKC

MAPK

CITOPLASMA

IRS-1

PI3K

PKC, AS160, CA2+,

BRADICININA, NO,

NEURORREGULINAS,

pH e HIPÓXIA

VESÍCULASDE GLUT-4 NORETÍCULO DE

GOLGI

CÉLULAMUSCULAR

Receptorde Insulina

Insulina

αβ

AM

P/ATP

??

FIGURA 20: Estimulação de sinalizadores que parecem estar envolvidos no transporte de glicose estimulada pela contração muscular sistemática.

Fonte: ALONSO et al., 2006, p. 39.

Inclusive, a via estimulada pela contração muscular tem-se tornado cada vez mais

plausível, “desde a demonstração de que a contração muscular não estimula a autofosforilação

do receptor de insulina, de seu substrato (IRS-1) nem da enzima-chave da cascata insulínica, a

fosfatidilinositol-3-quinase (PI3K)”, postulado pelos autores Alonso; Ramires e Silva (2006,

p. 209). Esse espúrio em supra foi comprovado cientificamente pelos autores Wajchenberg et

al. (2007), por meio de biópsias de musculoesquelético de DM2 e obesos não-diabéticos,

submetidos a um clamp euglicêmicos hiperinsulinêmico com um exercício físico de moderada

intensidade, uma redução marcante da fosforilação do substrato do receptor de insulina (IRS-

78

Page 64: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

1), e ativação da fosfatidilinositol-3-cinase (PI3-cinase), que é absolutamente necessário para

mensurar os efeitos metabólicos da insulina, principalmente nos DM2.

De fato, o “aumento do transporte de glicose permanece após o exercício e facilita a

reposição dos estoques de glicogênio muscular” (POWERS e HOWLEY, 2005, p. 97),

associado a um retorno da sensibilidade à insulina em níveis basais (YOUNGREN, 2008).

Isso se dá, pelas consistentes “observações de que os músculos ativos podem captar glicose

sem insulina” (MCARDLE; KATCH I. e KATCH L., 2003, p. 440). “Contudo, a

sensibilidade à insulina correlaciona com a capilarização, aumento da densidade capilar e

diminuição da barreira de difusão” (SIMÃO; MENDONÇA e SILVA, S/DATA, p. 3). Isto é,

aumenta o acesso da insulina ao musculoesquelético dos diabéticos praticantes de exercício

físico regularmente (TATARANNI e BOGARDUS, 2007).

A prova conceitual de que o exercício físico aumenta a captação de glicose é dada

pela influência da dinâmica do sistema neuroendócrino, como, além do aumento da glicemia

ser o principal estímulo para produção e secreção de insulina pelo pâncreas, o sistema nervoso

parassimpático também estimula a secreção desse hormônio (RONDON et al., 2006), cujo

neurotransmissor é a acetilcolina que atua nos receptores colinérgicos muscarínicos (M4)

(GANONG, 1998). Entretanto, “ao passo que o sistema nervoso simpático a inibe durante a

realização de exercício, há diminuição da atividade parassimpática e aumento da simpática,

levando à diminuição da insulinemia” (SANTOS et al., 2006, p. 38). “A inibição é produzida

pela norepinefrina liberada atuando sobre os receptores α2-adrenérgicos” (GANONG, 1998,

p. 247) nas células β. Além do efeito dos nervos autonômicos na dinâmica da secreção de

insulina, as catecolaminas (hormônios: epinefrina/norepinefrina) têm como efeito final a

inibição da secreção da insulina, via receptores α-adrenérgicos, através de um mecanismo

humoral (GANONG, 1998).

A Figura 21 esquematiza os efeitos da estimulação dos nervos simpáticos na possível

modificação da secreção de insulina e de glucagon durante o exercício físico. Assim mesmo,

o músculo ativo capta, por vias responsivas, a glicose de sete a vinte vezes mais rapidamente

do que no repouso, mesmo com a diminuição da secreção da insulina (POWERS e

HOWLEY, 2005). Por isso, os mecanismos propostos em supra de vias independentes de

captação de glicose oriundo da musculatura ativa são garantidos, tanto durante como após o

término do exercício físico (RONDON et al., 2006).

79

Page 65: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Glucagon plasmática

Adrenalina/Noradrenalina

Glicogênio

Glicose

Insulina plasmática

Fígado

Insulina

Célula beta

α

Glucagonβ

Célula alfa

PÂNCREAS

FIGURA 21: Efeito da epinefrina e da norepinefrina sobre a secreção de insulina e de glucagon pelas ilhas pancreáticas durante o exercício.

Fonte: POWERS e HOWLEY, 2005, p. 96.

Alonso et al. (2006, p. 39) explicam que:

apesar do aumento da captação muscular de glicose, não há queda da glicemia, pois a diminuição da concentração sangüínea de insulina tem um impacto extremamente importante na ação do glucagon e do hormônio de crescimento, hormônios que têm ação hiperglicemiante. Como esses hormônios têm sua ação inibida pela insulina, quando esta é diminuída durante o exercício há aumento na concentração sangüínea desses hormônios, aumentando assim a produção hepática de glicose e a mobilização de ácidos graxos livres do adipócito. Além disso, há aumento nas concentrações plasmáticas de catecolaminas e de cortisol, que também contribuem para a manutenção da glicemia em níveis adequados.

O glucagon é produzido pelas células alfa (α) das ilhas pancreáticas e, pequena

quantidade, pelas células da mucosa gastrointestinal, em resposta à hipoglicemia ou ao

aumento da atividade nervosa adrenérgica (CISTERNAS, 2006) e, durante o exercício físico

também aumenta sua produção, pelo estímulo aumentado da concentração sangüínea de

80

Page 66: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

epinefrina, que atua nos receptores β2 das células α do pâncreas (SANTOS et al., 2006). Sua

ação hiperglicemiante se dá por um potente estímulo glicogenolítico hepático, gliconeogênese

no fígado, a partir de aminoácidos e da lipólise no adipócito (MOUTELIK, 2003), como

mostra a Figura 22. Porém, no indivíduo que tem resistência à insulina, pode permanecer por

tempo prolongado os níveis de hormônios contra-regulatórios, mesmo em período pós-

prandial, os quais promovem proteólise exacerbada no tecido muscular, diminuindo sua massa

muscular, mas, não perda ponderal (SANTOS et al., 2006), sendo o exercício resistido

(musculação) como uma medida muito profícua na reversão e aumento da massa muscular,

atenuando a resistência insulínica (MARTINS e BALSAMO, 2005).

Célula adiposa

Adrenalina/Noradrenalina

Insulina

GlucagonFígado

Glicogênio

Glicose

Mantém a glicemia

Triglicerídeos

Ácidos graxos livres

Ácidos graxos livres

plasmáticos

FIGURA 22: Efeito do aumento da atividade do sistema nervoso toracolombar sobre a mobilização de ácidos graxos livres e de glicose, e também, secreção de glucagon.

Fonte: POWERS e HOWLEY, 2005, p. 96.

“A suspensão de insulina pelos hormônios adrenérgicos é proporcional à intensidade

do exercício. À medida que a produção de insulina desce no exercício de longa duração, a

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Page 67: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

quantidade de energia é cada vez maior, derivado da mobilização e metabolismo dos AGLs”

(SIMÕES; MENDONÇA e SILVA, S/DATA, p. 2).

Em contraste, Nakamura et al. (2006) inferem que os ácidos graxos livres utilizados

pelos miocitosesqueléticos (fibra muscular) durante o exercício físico de intensidade próximo

a 60% - 65% VO2máx, podem advir dos triglicerídeos do adipócito e em menor extensão, das

lipoproteínas plasmáticas. Entretanto, o transporte de AGLs, desvinculados da albumina, do

meio extracelular para o intracelular pode ser realizado por proteínas transportadoras,

principalmente as FABP-PM (proteína para ligação com os ácidos graxos na membrana

plasmática), FATP (proteína de transporte de ácidos graxos) e FAT/CD36 (ácido graxo

translocase). Dessa forma, “a idéia de difusão simples de ácidos graxos foi contestada porque

os fosfolipídios da membrana apresentam seus grupos polares na face intra e extracelular, o

que poderia impedir a livre permeabilidade ao AGL” (ADAMI et al., 2006, p. 108).

Recentemente, foi aventada a interessante correlação existente entre a proteína

transportadora FAT/CD36 e o exercício físico na eficiência de permeabilidade do AGL

através de moléculas anfipáticas (membrana plasmática), resultando em maior oferta desse

substrato para o metabolismo oxidativo. A FAT/CD36, “encontra-se no citoplasma da célula e

durante a contração muscular ela é translocada para a membrana, similar ao mecanismo de

transporte de glicose através do GLUT-4”, descrito pelos autores Oliveira et al. (2006, p.

108). Por conseguinte, essa proteína transportadora pode ser ativada tanto pelo cálcio (Ca2+)

intracelular, quanto os co-produtos ADP, AMP, Pi das vias metabólicas, que se encontram

elevados durante o exercício, sendo um possível benefício a mais no controle lipídico, tanto

em indivíduos saudáveis, quanto em diabéticos tipo 2. Esse efeito é confirmado por estudos

de espectroscopia de ressonância magnética (RMS), “que constataram que uma única sessão

de exercício vigoroso pode reduzir os lipídios intramusculares em voluntários humanos”,

reportado por Goodpaster e Kelley (2004, p. 421).

Por fim, a independência de vias de translocação de GLUT-4 (principalmente a via

da AMPK) é muito profícua [...] para o diabético tipo 2, “que, ao realizar exercício, pode

captar glicose por uma via não resistente e obter melhor controle da glicemia”, segundo

Alonso; Ramires e Silva (2006, p. 209).

82

Page 68: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

6.1 EXERCÍCIO FÍSICO, ESTRESSE OXIDATIVO E DISFUNÇÃO ENDOTELIAL

PÓS-PRANDIAL ASSOCIADA AO DM2

O endotélio vascular é considerado um tecido ativo e dinâmico e, não só uma barreira

mecânica entre o sangue e o interstício, possui células altamente evoluídas com funções

importantes para a própria preservação do vaso sangüíneo, como para a manutenção da

homeostase sistêmica, do tônus vascular, do controle da condutância vascular e da pressão

arterial, bem como de mecanismo defensivos e protetores dos depósitos de lipídios na parede

arterial (DOUGLAS, 2006).

Por causa da localização anatômica estratégica das células endoteliais entre o sangue

circulante e os tecidos, estas células têm a capacidade de percepção das alterações nas forças

hemodinâmicas e mediadores produzidos localmente ou circulante e de responder a estas

alterações pela produção de um número de fatores biologicamente ativos (DOUGLAS A. e

DOUGLAS R., 2006).

“Muitas dessas funções do endotélio são mantidas por substâncias reguladoras,

secretadas pelas células endoteliais, às vezes com ações opostas. Por exemplo, o óxido nítrico

(NO – cálcio dependente) é o mais potente vasodilatador conhecido” (SAAD;

CARVALHEIRA e TAMBASCIA, 2007, p. 986), sintetizado e secretado pelas células

endoteliais. “Essa molécula recém-formada, então, difunde-se para as camadas adjacentes,

induzindo a vasodilatação” (FRANCO e MATOS, 2006, p. 49), conforme mostra a Figura 23.

Além do NO, outros vasodilatadores são secretados pelo endotélio, como

prostaciclina e fator hiperpolarizante endotelial (EDHF). A ação vasodilatadora é

contrabalançada pela secreção de vasoconstritores potentes como a endotelina-1 e a

angiotensina II (LIBONATI; GLASSBERG e BALADY, 2004). Praticamente todas as células

humanas estudadas até agora têm a capacidade de produzir NO. Atualmente, três isoformas de

óxido nítrico sintetases (NOSs) foram identificadas: a constitutiva (cNOS) consiste das

formas neuronal (nNOS) e a endotelial (eNOS), ambas cálcio/calmodulina-dependentes e

expressas em condições fisiológicas, e a terceira isoforma é a indutível (iNOS), ativada por

estímulos imunológicos (citocinas) e independente do íon cálcio (COLLINS, 2000).

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Page 69: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

L- arg. Lúmen vascular

L- arg.

L- arg.NO

+

Citrulina

Célula endotelial

SODRadicais livres

Peroxinitrito

e-NOS

NO

Célula muscular do tecido vascular

Espaço extracelular

FIGURA 23: Formação e degradação do óxido nítrico (NO).

Fonte: FRANCO e MATOS, 2006, p. 49.

Segundo Stein; Moraes e Ribeiro (2007) a resposta vasomotora do endotélio em

hemeodinâmica, ocorre em ofício do fluxo sangüíneo aumentado que gera um estresse de

cisalhamento, que incide sobre a parede do vaso, provocando a síntese e a liberação de óxido

nítrico pelo endotélio a fim de desempenhar seu guardião vascular. “Assim, durante o

exercício físico, ocorre aumento do débito cardíaco e redistribuição do fluxo sangüíneo para a

musculatura esquelética e circulação coronariana” (DANTAS e FILHO, 2005, p. 193).

Além de sua ação vasodilatadora, o NO parece ter outras funções importantes, como,

antagonizar as contrações da musculatura lisa vascular, inibição da ativação de plaquetas,

regulação da trombogênese (modulação de PAI-1), limitação da adesão de leucócitos, da

diapedese dos neutrófilos (LIBONATI; GLASSBERG e BALADY, 2004) e diminuição da

resposta inflamatória pela produção de citoquinas (GELONEZE; LAMOUNIER e COELHO,

2006). O NO é um gás instável, lipo-solúvel, e é sintetizado a partir do aminoácido L-arginina

e da presença de co-fatores em células endoteliais e sofre oxidação para formar a citrulina e o

radical livre NO- (LIBONATI; GLASSBERG e BALADY, 2004) “e a disponibilidade desse

aminoácido pode ser passo limitante para a disponibilidade de NO endotelial” (GELONEZE;

LAMOUNIER e COELHO, 2006, p. 664).

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Page 70: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

“A ativação da NOS e a conseqüente síntese de NO pelas células endoteliais ocorre a

partir de estímulos que podem ser químicos e/ou físicos” (ZAGO e ZANESCO, 2006, p. 265),

e também, humoral, como, adrenalina (TORRES, 2008) e/ou insulina de acordo com Saad;

Carvalheira e Tambascia (2007). Os estímulos químicos são provenientes da interação de

agonistas com receptores específicos (receptores muscarínicos M3) presentes na célula

endotelial, como, por exemplo, a acetilcolina, o ATP e bradicinina (ZAGO e ZANESCO,

2006). Além desses agonistas, “outros mediadores endógenos, como histamina, trombina,

noradrenalina, angiotensina e serotonina, são capazes de liberar óxido nítrico de artéria e veias

de várias espécies animais, incluindo a humana” (TEIXEIRA; ZANESCO e MORAES, 2003,

p. 143-144).

A seqüência fisiológica de formação endotelial e ação na célula muscular lisa do

óxido nítrico após ser estimulado, é descrita pelos cientistas Zago e Zanesco (2006, p. 265):

a interação agonista-receptor, na célula endotelial, promove a formação de inositol trifosfato (IP3) que, por sua vez, induz a liberação de íons Ca²+ do retículo endoplasmático, eleva os níveis de Ca²+ intracelular, formando o complexo cálcio-calmodulina, ativando a enzima NOS que irá metabolizar a L-arginina em citrulina, gerando a formação do NO pelo endotélio.

E a seguir:

óxido nítrico, formado no endotélio, difunde-se para as camadas subjacentes, como a camada muscular lisa vascular, levando à conversão de guanilato ciclase solúvel (GTP) em GMP-cíclico. Esta molécula promove o vasorrelaxamento e, conseqüentemente, vasodilatação, de acordo com Furchgott; Murad e Ignarro (1998 apud FRANCO e MATOS, 2006, p. 48).

Curiosamente, o exercício físico promove a liberação de bradicinina, a qual é um

mediador endógeno capaz de liberar NO (ZECCHIN e SAAD, 2007).

Acrescentam Wajchenberg et al. (2007) que a insulina além de promover captação de

glicose, também promove captação de aminoácidos (todas as células); lipogênese; síntese de

glicogênio no musculoesquelético e fígado; efeito anti-lipólise; diferenciação de pré-adipócito

em adipócito; efeito anti-apoptótico, principalmente, nas células beta; síntese protéica (todas

as células); expressão gênica (todas as células); síntese de DNA (todas as células) e um efeito

direto na síntese do óxido nítrico endotelial, ou seja, tem efeito direto vasodilatador. No

entanto:

em concentrações fisiológicas, a insulina tem ações vasodilatoras e antiinflamatórias que são mediadas, pelo menos em parte, pela expressão e atividade da síntese endotelial do óxido nítrico (eNOS), resultando no aumento da produção e liberação do óxido nítrico (NO), e na inibição da transcrição do fator

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Page 71: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

nuclear – kB (NF-kB). Estas ações são mediadas pela via da PI-3-cinase, em que o Akt, um alvo distal da PI-3-cinase, vai promover a fosforilação do eNOS e sua ativação. A figura 24 descreve como a insulina induz produção de NO e vasodilatação (BETTI et al., 2007, p. 910).

FIGURA 24: Insulina induz produção de NO e vasodilatação.

Fonte: SAAD; CARVALHEIRA e TAMBASCIA, 2007, p. 987.

Alertam Saad; Carvalheira e Tambascia (2007, p. 986-987) que:

em situações de resistência à insulina, esse efeito é reduzido e há menor produção de NO. Como o NO tem papel fundamental na manutenção da função endotelial, essa alteração pode explicar o risco aumentado de doença cardiovascular em situações de resistência à insulina. Essa menor ação vasodilatadora da insulina em situações de resistência a este hormônio é paralela a outras alterações, como menor utilização de glicose. Assim, obesidade e o DM2 estão associados à resistência a algumas ações da insulina no vaso. Entretanto, a hiperinsulinemia compensatória da resistência à insulina pode ter efeitos no crescimento de células da musculatura lisa vascular e matriz extracelular, e contribuir para o espessamento das camadas íntima-média de artérias.

De fato, a insulina pode ativar a via PI3K/Akt/eNOS nas células da parede vascular,

que progredirá no aumento da produção de NO e, portanto, apresenta potencial protetor no

vaso. Entretanto, a insulina, também, pode ativar “outra via (MAP quinase), associada ao

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Page 72: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

crescimento de células vasculares e à expressão de proteínas da matriz extracelular, com

potencial pró-aterogênico” (SAAD; CARVALHEIRA e TAMBASCIA, 2007, p. 987).

Em diabético tipo 2 e em outros estados de resistência à insulina, a ativação da MAP

quinase pela insulina não está reduzida e podendo estar hiperativada no estado de

hiperinsulinemia compensatória. Sendo assim, o efeito truncado da sinalização de insulina na

via PI3K/Akt/eNOS, “que ocorre nas artérias, com ativação normal ou aumentada da via

MAP quinase, poderia contribuir para o desenvolvimento de aterosclerose associada à

resistência à insulina” de acordo com Saad; Carvalheira e Tambascia (2007, p. 742).

Portanto,

vários mecanismos podem ser responsáveis pela alteração de transmissão do sinal de insulina na via PI3K, através da ativação de serinas-quinases, que irão induzir fosforilação em serina dos IRS, com conseqüente menor fosforilação em tirosina e menor ativação da PI3K/Akt/eNOS. Desses fatores que ativam serinas quinases, merecem destaque o TNF-α, ácidos graxos livres, angiotensina II e endotelina-1. Sumarizando, pode-se dizer que a regulação das vias de transmissão do sinal de insulina em diferentes tecidos unifica os mecanismos moleculares que induzem resistência à insulina e hipertensão arterial. A resistência à insulina seletiva na via IRS/PI3K/Akt/eNOS parece ser um fator determinante para a ocorrência de doença cardiovascular associada à resistência à insulina, enfatizado pelos autores Saad; Carvalheira e Tambascia (2007, p. 988).

“Por influência da hiperglicemia pós-prandial existe uma série de fenômenos que

contribuem para o estresse da parede arterial, culminando com aumento da disfunção

endotelial” (GELONEZE; LAMOUNIER e COELHO, 2006, p. 663). Os efeitos da resistência

à insulina (via PI3K/Akt/eNOS) na disfunção endotelial em diabéticos tipo 2 são

demonstrados na Figura 25.

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Page 73: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

INSULINA EFEITOS DA RI NA PAREDE

VASCULAR

DISFUNÇÃO ENDOTELIAL

VASOCONSTRIÇÃO

MULTIPICAÇÃO E CRESCIMENTO

CEL. MUSCULARES LISAS

HIPERPLASIA DA INTIMA

ESPESSAMENTO DA MB

C. ENDOTELIAL

PCK

SINTETASE NOPI3 QUINASE

ARGININA

NO

INSULINA EFEITOS DA RI NA PAREDEVASCULAR

DISFUNÇÃO ENDOTELIAL

VASOCONSTRIÇÃO

MULTIPICAÇÃO E CRESCIMENTOCELS. MUSCULARES LISAS

HIPERPLASIA DA ÍNTIMAESPESSAMENTO DA MB

PKC

PI3 Quinase

Arginina

NOCEL. Endotelial

IkBαNFkB

Citocinas

Moléculas de adesão

PLAQUETAS

FIGURA 25: Efeitos da resistência à insulina na parede vascular que causam disfunção endotelial.

Fonte: http://www.diabetes.org.br/apresentacoes/curso_cardiologia/02Zagury.php

A hiperinsulinemia compensatória presente no diabético tipo 2 pode contribuir para

elevação dos níveis de pressão arterial por sua ação no hipotálamo medial, aumentando e

prolongando a descarga adrenérgica (sistema simpático adrenérgico) nos receptores alfa-1

adrenérgicos que antagonizam o do relaxamento vascular, aumentando, o tempo de

vasoconstrição, mas, também, pelo embotamento de algumas fibras do sistema nervoso

simpático colinérgico, que agem nos receptores β2, localizados nas células musculares lisas

dos vasos, responsáveis em promoverem uma importante vasodilatação preparatória no

musculoesquelético e no coração no início do exercício físico (GAYOSO; FONSECA e

CARVALHAL, 2004). Esse efeito conspícuo em diabéticos, estaria gerando atenuação da

expressão genética (mRNA) da isoforma óxido nítrico neuronal (NOSn), a qual constitui um

mecanismo alternativo de produção de NO para controle do fluxo sangüíneo em diversos

tecidos, principalmente para a musculatura esquelética (ZAGO e ZANESCO, 2006).

“Entretanto, vale lembrar que a vasodilatação muscular não depende apenas de regulação

neural”, de acordo com os autores Santos et al. (2006).

88

Page 74: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

O sistema nervoso simpático colinérgico, cujo neurotransmissor é a acetilcolina

(Ach), emergem-se durante a resposta clássica de “luta ou fuga” ou de “ataque-defesa”,

aumentando o fluxo sangüíneo para os musculoesqueléticos e coração, principalmente, antes e

durante o exercício físico, que exige muito mais sangue do que quando eles se encontram em

homeostasia (WILMORE e COSTILL, 2001). Além disso, Torres (2008 p. 63) adiciona, que

por meio da estimulação do sistema nervoso simpático antes e durante o exercício físico, há

“a ocorrência da descarga supra-renal de hormônios, com grande predominância da adrenalina

e cuja ação preferencial é nos receptores beta-2, promove também uma conveniente

vasodilatação muscular e coronariana”. Entretanto, “esses estímulos dilatadores são

facilmente superados e, posteriormente, mantidos pela ação de produtos resultantes do

metabolismo na região envolvida” (TORRES, 2008, p. 64) como musculoesquelético e

coronárias.

“Este controle de fluxo sangüíneo, mediado pelo metabolismo local, é chamado de

auto-regulação, sendo o mecanismo mais importante de controle da irrigação muscular e

coronariana durante a prática de exercícios físicos”, de acordo com Torres (2008, p. 64).

Além disso, outro evento coadjuvante no aumento rápido do fluxo sangüíneo para os tecidos

ativos durante o exercício físico é a abertura dos capilares que não estavam sendo

utilizados previamente. “Dois fatores induzem o relaxamento dos esfíncteres pré-capilares:

(1) a força propulsora da maior pressão sangüínea local mais o controle neural intrínseco e (2)

os metabólitos locais produzidos no exercício” (MCARDLE; KATCH I. e KATCH L., 2008,

p. 319).

“O termo disfunção endotelial refere-se a um desequilíbrio na produção de

mediadores que regulam o tônus vascular, agregação plaquetária, coagulação e fibrinólise”

(CARVALHO; COLAÇO e FORTES, 2006, p. 1-2), tendo como base etiopatogênica a

resistência à insulina (RI) e, subseqüente, redução do vasorrelaxamento dependente do

endotélio (NO). Como conseqüência, ocorre a hiperinsulinemia compensatória, que mantém a

homeostase glicêmica, mas não corrige a disfunção endotelial (ZAGURY, 2006). Contudo,

hiperinsulinemia compensadora ocorre em período pós-prandial e, lembrando, que esse

quadro ocorre no período pré-diabete tipo 2 e, isso pode, por si só, fazer com que essa fase

seja, parcialmente, assintomática. Porém, esse período, do ponto de vista clínico, já pode

acometer grande risco de doença cardiovascular e retinopatia (ZAGURY, 2006). Segundo

Alonso; Ramires e Silva (2006), a prática regular de exercícios físicos tem demonstrado ser

uma excelente panacéia na prevenção e/ou terapêutica na fase pré-diabete ou no DM2

propriamente dito.

89

Page 75: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

A disfunção endotelial pode ocorrer tanto na fase pré-diabete e diabete tipo 2, e

caracteriza-se por ser um dos primeiros estágios da aterosclerose. A agressão vascular

provocada pela hiperglicemia pós-prandial ou integral (crônica) inerente ao DM2 atenua a

biodisponibilidade do vasodilatador endógeno (NO) endotelial comprometendo a resposta

vasodilatadora dependente, caracterizando a disfunção endotelial per se, e, risco aumentado

de complicações cardiovasculares (STEIN; MORAES e RIBEIRO, 2007). A disfunção

endotelial também está presente nas morbidades metabólicas e/ou cardiovasculares, como

obesidade, hipertensão arterial, dislipidemia e resistência à insulina (VAISBERG, 2008). Em

suma, o óxido nítrico derivado do endotélio (e-NO) inibe todas as vias conhecidas envolvidas

na aterogênese (WAJCHENBERG et al., 2007).

Assim, a hiperglicemia diabética se destaca no descarrilamento endotelial, por

induzir a um aumento da atividade oxidante, que está associada a uma formação aumentada

de radicais livres (radicais livres ou espécies de oxigênio reativo, que por conter eléctrons

não-pareados são instáveis, mostrando intensa reatividade química, reagindo localmente

aceitando ou doando eléctrons a outras moléculas para alcançar um estado mais estável). Isto

é, quando a atividade oxidante exceder a capacidade neutralizadora dos agentes antioxidantes,

cria-se um desequilíbrio homeostático, que pode resultar em lesão celular. Esta condição é

chamada de estresse oxidativo e, pode ser um dos fatores determinantes do processo de

evolução da vasculopatia diabética (BETTI, 2007). Conforme Geloneze; Lamounier e Coelho

(2006, p. 633) o estresse oxidativo:

aumentado no período pós-prandial está representado pelo aumento de produtos glicooxidados e lipo-oxidados no plasma, os AGE são espécies altamente reativas (quando as concentrações plasmáticas de glicose estão elevadas ocorre um aumento da glicosilação não-enzimática da membrana celular e de proteínas circulantes; por exemplo: a hemoglobina). O estresse oxidativo intracelular leva a uma ativação de fatores de transcrição redox-sensíveis, fator nuclear κB (NFκB) e expressão de fatores de crescimento teciduais.

Ou seja, os AGEs podem diretamente inativar o e-NOS e daí determinar impedimento

da vasodilatação endotélio-dependente (SAAD, 2007). Outro efeito deletério da hiperglicemia

é o metabolismo de glicose via aldose-redutase com alterações da concentração de sorbitol-

mioinositol que aumenta a síntese de novo do diacilglicerol proveniente de intermediários

glicolíticos e subseqüente ativação da via da proteína quinase C (PKC) que pode diminuir a

expressão de NO e/ou aumento da endotelina-1, e também, ativação do fator de transcrição

nuclear Kappa β (NFkβ) responsável pela iniciação do desenvolvimento da lesão

90

Page 76: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

aterosclerótica, sendo esse mecanismo corroborado pelo professor Saad (2007). Além disso, a

hiperglicemia pode levar a lesão vascular por efeito osmótico, segundo os mesmos autores.

“Hiperglicemia e resistência à insulina têm papel patogênico nas complicações

macrovasculares do diabete” (SAAD, 2007, p. 832), e segundo os dados dos Estudos no

Reino Unido da Perspectiva da Diabetes (UKPDS), o bom controle glicêmico e a atenuação

da resistência à insulina têm efeitos profiláticos na prevenção da doença cardiovascular.

Para Saad (2007), a hiperglicemia e a elevação dos níveis de AGL presentes nos

diabéticos do tipo 2, também, pode resultar em produção exacerbada de espécies reativas de

oxigênio (ROS) na célula endotelial, por meio da ativação do ciclo de Krebs e a β-oxidação,

respectivamente, e subseqüente, aumentam a oferta das coenzimas NADH e FADH2, para

ativarem na mesma proporção a cadeia de transporte de elétrons presente na mitocôndria.

Esse aumento de cinética da:

cadeia de transporte de elétrons acima do limiar normal, aumentando a diferença de potencial eletroquímico pelo gradiente de prótons. Esse aumento do gradiente de voltagem na membrana mitocondrial bloqueia a transferência de elétrons para o complexo III. Esses elétrons retornam à coenzima Q e são então doados ao oxigênio molecular, aumentando a produção de superóxido (O2

-), descrito pelo professor Saad (2007, p. 837).

Vale ressaltar, que as células endoteliais e as células beta, são tecidos insulino-

independentes “e, portanto, livremente permeáveis à glicose e a ácidos graxos, poderá ocorrer

um acúmulo desses substratos nesses tecidos, causando estresse oxidativo, que, por sua vez,

levará à disfunção de ambas as células, β e endotelial” (BETTI et al., 2007, p. 915).

Sabe-se que a produção aumentada de ânion superóxido é proporcional à geração de

NO, os quais, ao se coadunarem, favorecem a formação de uma potente molécula oxidante, o

peroxinitrito (ONOO-), que tem efeitos deletérios, como, particularmente quebra (lesão) do

DNA, comprometimento da dinâmica endotelial em resposta ao NO levando também à

disfunção endotelial, produção de moléculas de adesão e oxidação dos antioxidantes, tais

como ascorbato e vitamina E, peroxidação lipídica (com acentuado efeito indesejável nas

membranas celulares e a oxidação das lipoproteínas de baixa densidade que é central a muitos

dos processos de aterogênese), nitratação de aminoácidos aromáticos como a tirosina das

proteínas, formando os resíduos 3-nitrotirosina (WAJCHENBERG et al., 2007) e, produção

de citocinas pró-inflamátorias. Em síntese, entre os mediadores inflamatórios (citocina)

produzidos pelo endotélio na presença exacerbada de radicais livres, que, estimula o fator de

transcrição nuclear Kappa B (NF-kB), o qual promove a transcrição do TNF-α, que tem papel

91

Page 77: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

fundamental na diminuição da biodisponibilidade de NO, “possivelmente pela redução da

meia-vida do mRNA da NO-sintetase endotelial, pelo aumento de superóxido, aumentando o

estresse oxidativo e contribuindo para apoptose das células endoteliais”, homologado pelo

autor Vaisberg (2008, p. 160). Na Figura 26 é proposto o efeito do estresse oxidativo e sua

correlação com à resistência à insulina, DM2 e doença cardiovascular, denominada como

hipótese do “solo comum” modificada.

PKC

Produtos finaisglicosilaçãoavançada

Polióis

Hexosaminas

Hiperglicemia - Ácidos Graxos Livres

Mitocôndrias(Células endoteliais)

O2-

(superóxido)

O2- NO

eNOS

NFKB iNOS

Molec. adesãoCitocinas pró-inflamatórias

ONOO-

(peróxinitrito) Nitrotirosina

Perox. lipídica

NO bioativoQuebra DNA

Resistência à insulinasecreção insulina

Disfunção endotelial

NFkB

FIGURA 26: Representação da formação e ação citotóxica do peroxinitrito no endotélio.

Fonte: WAJCHENBERG et al., 2007, p. 916.

Porém, na tentativa de compensar a formação exacerbada de ânion superóxido

inerente ao descontrole glicêmico ou lipídico, principalmente pós-prandial, presente no

diabético tipo 2, as células musculares lisas presentes no vaso produzem uma enzima

mitocondrial antioxidativa, a superóxido dismutase (SOD), que degrada esse ânion

superóxido (O2- radical livre de oxigênio), o qual é então convertido a água (H2O) e oxigênio

(O2) segundo Saad (2007), diminuindo desta forma a degradação do NO (FRANCO e

MATOS, 2006). Mas, com o passar do tempo nesta situação o diabético perde-se o efeito

92

Page 78: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

protetor da SOD, deixando o endotélio à mercê do estresse oxidativo. E, “sustentando o

provável papel etiológico do estresse oxidativo na fisiopatologia na disfunção endotelial”

(GELONEZE; LAMOUNIER e COELHO, 2006, p. 664). Todavia, “estudos em animais e em

humanos têm mostrado que o treinamento físico aumenta a expressão desta enzima

antioxidativa (SOD), assim como a produção e expressão de óxido nítrico sintase” (FRANCO

e MATOS, 2006, p.49). A Figura 27 descreve a seqüência de eventos adaptáveis na cadeia de

transporte de elétrons provocada pelo treinamento físico endotelial.

Nesse sentido, vale ressaltar que a produção aumentada da expressão de adiponectina

oriunda do exercício físico é acompanhada pelo aumento da geração e atividade da enzima

desacopladora-1 (UCP-1) presente no endotélio e no tecido adiposo marrom, a qual se

encontram diminutas nos diabéticos tipo 2 sedentários (MANCINI, 2007). “A UCP-1 colapsa

o gradiente eletroquímico de prótons e previne a produção de espécies reativas de oxigênio

induzidas por hiperglicemias” (SAAD, 2007, p. 837). Outro aspecto importante a ser frisado é

o potente efeito da adiponectina no aumento de produção de NO, pela via fosforilação da

proteína AMP-quinase ativada (AMPK). Além disso, adiponectina também têm outros efeitos

vasculares, tais como, a supressão do TNF-alfa, retorna o limiar normal da atividade da via

MAP quinase e regressão do espessamento da neoíntima em artérias lesadas mecanicamente,

de acordo com Bahia (2007).

Do ponto de vista estratégico, os pré-diabéticos e os diabéticos do tipo 2 podem

usufruir do potente efeito redutor glicêmico do exercício físico exclusivamente nos períodos

pós-prandiais. Não tendo o mesmo efeito no estado de jejum sobre a glicemia de jejum.

Assim, os exercícios têm efeitos relevantes em prevenir e/ou reduzir também a excursão

lipídica pós-prandial, mesmo quando comparado à restrição calórica, descrito pelos autores

Geloneze; Lamounier e Coelho (2006).

93

Page 79: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

(mRNA) Superóxido dismutase

TreinamentoTreinamentofísico

+

FIGURA 27: Produção de superóxido pela cadeia mitocondrial de transporte de elétrons e as adaptações provocadas pelo treinamento físico.

Fonte: SAAD, 2007, p. 837.

O efeito fisiológico do exercício no aumento da força tangencial exercida pelo fluxo

sangüíneo sobre a superfície do endotélio (shear stress intraluminal), pode “ativar os canais de

potássio dependentes de cálcio sensíveis ao cisalhamento que agem como receptores

mecanoquímicos, induzindo assim a liberação de NO” (LIBONATI; GASSBERG e

BALADY, 2004, p. 142), e, conseqüentemente, hiperemia tissular (músculo esquelético e

coração), este efeito parece restaurar a função endotelial anormal, conforme ilustra a Figura

28. “Este mecanismo de vasodilatação, mediado pela ação endotelial, tem sido apontado como

uma das principais adaptações vasculares provocadas pelo treinamento físico”, de acordo com

Franco e Matos (2006, p. 49), acarretando assim melhor acurácia dos valores da pressão

arterial (ZAGO e ZANESCO, 2006).

94

Page 80: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

eNOSL-arg NO

Célula Endotelial

NO

GTP GMPcGCs

Ca2+

Célula Muscular

Lisa

FIGURA 28: Esquema ilustrativo da síntese, liberação e ação do NO e o papel da NOS na sua produção.

Fonte: ZAGO e ZANESCO, 2006, p. 268.

Ressaltam Angelis; Schaan e Irigoyen (2004) que esta vasodilatação adaptativa do

leito muscular é benéfica, uma vez que se contrapõe aos fatores vasoconstritores usualmente

presentes na disfunção endotelial, podendo ser observada inclusive em longo prazo.

Além disso, outro fator é que o shear stress induzido pelo exercício físico praticado

regularmente aumenta também a expressão do óxido nítrico sintetase neuronal (nNOS), com

conseqüente aumento dos níveis de NO (ZAGO e ZANESCO, 2006), sendo esse efeito

adaptativo mais conveniente no período pós exercício (BRANDÃO e PINGE, 2007).

Cabe ressaltar que efeito proficiente do treinamento físico incólume promove

redução da resistência vascular periférica, inibição da agregação plaquetária e formação de

LDL-ox.. Estes efeitos, de certa forma, “atuam de forma preventiva e/ou terapêutica em

diversas enfermidades, como a aterosclerose, hipertensão arterial e as dislipidemias” (ZAGO

e ZANESCO, 2006, p. 268).

“É importante salientar que o exercício físico parece ter efeito de proteção na

integridade do endotélio, quer seja aumentando a produção de NO em vasos com endotélio

íntegro, quer restaurando a disfunção endotelial”, proposta dos autores Zago e Zanesco (2006,

p. 268).

95

Page 81: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Gradativamente, os efeitos deletérios da resistência à insulina (DM2) no endotélio

podem diminuir a expressão de e-NOS e, isto, consequentemente, atenuara a produção de NO

por qualquer estímulo, bem como, físico; humoral e metabólico (auto-regulação). Porém, a

estratégia de terapia não-farmacológica como o treinamento físico pode reverter esta situação

e, até mesmo, aumentar o mRNA de e-NOS e n-NOS, principalmente, pelo estímulo amiúde

do shear stress, ou seja, quando necessitar de uma próxima resposta vasodilatadora, terá uma

biodisponibilidade normal ou aumentada, mantendo o status integral do endotélio, inferido

pelos autores Brandão e Pinge (2007).

Dado o exposto que, “além da contribuição da tensão de cisalhamento e tração sobre

a liberação tônica de NO, os acréscimos em e-NOS induzidos por esforços podem, em parte,

explicar os efeitos benéficos do exercício sobre a doença cardiovascular” (LIBONATI;

GASSBERG e BALADY, 2004, p. 142), efeito este presente tanto em indivíduos saudáveis

como em diabéticos do tipo 2.

96

Page 82: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

7. O EXERCÍCIO AERÓBIO E O DIABETE TIPO 2

Em pessoas com DM2, a resistência à insulina de forma contínua torna-se um fator

de risco de doença cardiovascular (DCV) importante, exclusivamente em situações que

acompanham hipertensão arterial, hiperinsulinemia, obesidade central, e algumas anomalias

como a hipertrigliceridemia, números menores de colesterol-HDL e maiores de LDL e AGLs,

no qual vários destes fatores estão relacionados com um baixo condicionamento aeróbio

(BODAS et al., 2005). Com isso o exercício aeróbio possui um papel importante, com

recomendação para o tratamento de muitas das doenças crônicas (EVANS e CAMPBELL,

1997 apud BODAS et al., 2005). Isso porque a melhoria em um desses fatores de risco tem

sua associação a uma diminuição nos níveis de insulina plasmática (ADA, 2003 apud BODAS

et al., 2005), o exercício aeróbio regular provoca este efeito (EVANS e CAMPBELL, 1997

apud BODAS et al., 2005).

De acordo Eriksson (1999 apud GUEDES; JUNIOR e ROCHA, 2008, p. 284) ‘o

treinamento aeróbio tem sido definido como tratamento para o DM2, enquanto o papel

potencial do exercício resistido tem sido negligenciado’.

O exercício aeróbio, embora de valor confirmado, algumas limitações são mostradas.

Algumas pessoas encaram o exercício aeróbio como monótono, além disso, algumas maneiras

de sua execução são desaconselháveis em condições de neuropatias periféricas avançadas,

além de representarem em indivíduos com obesidade severa autênticos desafios (BODAS et

al., 2005).

Para Bodas et al. (2005, p. 222) “outra limitação é o fato de o exercício aeróbio não

surtir alterações na área muscular em corte, o que confirma que a hipertrofia apenas ocorre

com exercício resistido”.

7.1 O EXERCÍCIO RESISTIDO E O DIABETE TIPO 2

O treinamento resistido propicia um aumento muscular e resistência, ocasionando

modificações rápidas na composição corporal e estado funcional em comparação com a

atividade aeróbia, pois abrange em cada sessão todos os grupos musculares (CHACRA e

KOMATSU, 2008).

Estudos demonstram da mesma forma que o trabalho aeróbio, o exercício resistido

melhora a sensibilidade à insulina (IVY, 1997 apud CHACRA e KOMATSU, 2008).

97

Page 83: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

O trabalho de força é essencial pela melhora da força muscular, o que como

conseqüência, leva a manutenção ou aumento de massa magra, ou seja, peso isento de

gordura. Além disso, propicia uma melhora na flexibilidade, redução de riscos

cardiovasculares e sensibilidade à insulina (GUEDES; JUNIOR e ROCHA, 2008).

O treinamento com exercícios resistidos propicia melhora no equilíbrio, capacidade

física global e densidade mineral óssea, muito importante no envelhecimento. Tratando-se

desta população o exercício parece exercer uma redução na pressão arterial e medicamentos

hipoglicemiantes (BODAS et al., 2005).

A ADA (Associação Americana de Diabetes) aconselha exercícios contra resistência

para diabéticos que tenham sido diagnosticados com pouco tempo, porém para os diabéticos

com tempo elevado, ao invés de reduzir a intensidade, não indica estes exercícios (ZINMAN

et al., 2003 apud CHACRA e KOMATSU, 2008).

Do ponto de vista para Chacra e Komatsu (2008, p. 298):

alguns médicos têm preocupações sobre a segurança do exercício de resistência de alta intensidade em pessoas mais idosas e que possuam risco de doença cardiovascular. A preocupação principal é que as elevações agudas da pressão sangüínea, associadas com mais alta intensidade do exercício de resistência poderiam ser prejudiciais, provocando isquemia miocárdica ou hemorragia retiniana. Não há nenhuma evidência de que o treinamento de resistência aumente de fato esses riscos. Nenhum evento adverso sério tem sido descrito em qualquer estudo de pesquisa de treinamento de resistência em pacientes com DM2, embora o número total de indivíduos envolvidos nestes estudos tenha sido pequeno. Uma revisão de 12 estudos de exercício de resistência em um total de 246 pacientes de reabilitação, cardíacos, masculinos, não observou a ocorrência de angina, depressão de ST, anormalidades hemodinâmicas, disritmias ventriculares ou outras complicações cardiovasculares.

Entretanto, não ocorreu caso de morte por infarto do miocárdio ligado ao exercício

resistido, (porém ainda não foi claramente demonstrado, o motivo pelo o qual o exercício

resistido parece menos provável causar isquemia em relação ao aeróbio) (CHACRA e

KOMATSU, 2008). Segundo Chacra e Komatsu (2008, p. 298-299) vários motivos parecem

admissíveis:

No exercício resistido, a execução é menor que 60 segundos, ocorrendo intervalo entre

as séries, já no aeróbio, normalmente não ocorre intervalo durante a sessão de

exercícios;

Durante o exercício resistido o aumento da pressão sangüínea sistólica e diastólica são

proporcionais, sendo possível ajudar a preservar a passagem de líquido coronariana,

98

Page 84: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

levando em conta que no aeróbio a pressão sistólica aumenta de forma mais

significativa que a diastólica;

O aumento no Débito Cardíaco em exercício resistido de intensidade elevada é menor

significativamente em relação ao aeróbio de intensidade elevada (GORDON et al.,

1995 apud CHACRA e KOMATSU, 2008).

No entanto, a fusão entre o exercício aeróbio e resistido pode superestimar os

resultados na diminuição circulante da insulina e sua sensibilidade, em comparação com

valores individualizados destes programas. Por meio disto, a junção das duas formas de

treinamento tem feito parte em programas bem planejados para diabéticos do tipo 2

(ERIKISSON, 1999 apud GUEDES; JUNIOR e ROCHA, 2008).

99

Page 85: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

8. A PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA DIABÉTICOS DO TIPO 2

O programa de exercício físico aplicado aos indivíduos diabéticos obedece aos

mesmos princípios de treinamento dos indivíduos não diabéticos, desde que sejam seguidas as

recomendações de controle do estado glicêmico e feito o acompanhamento clínico adequado

(ALONSO; RAMIRES e SILVA, 2006). O exercício físico bem elaborado será de grande

importância no tratamento de DM2. Além de melhorar o controle clínico e laboratorial irá

ajudar a integração social do paciente (GOMES, 2005).

De acordo com Gomes (2005, p. 125) antes de qualquer planejamento de exercícios

físicos “o indivíduo diabético deve submeter-se a uma avaliação médica minuciosa, com

triagem de complicações macro (coração, cérebro e membros inferiores) e microvasculares

(retinopatia, nefropatia, neuropatia periférica e neuropatia autonômica)” por métodos

diagnósticos específicos.

O diabético deve estar em bom estado de controle metabólico. Esse controle inicial

deve ser verificado periodicamente por exames de suas concentrações sangüíneas e urinárias

de glicose. Essa glicemia inicial é entre 130 e 150 mg/dL e ausência de glicosúria ou

hemoglobina glicada abaixo de 12%, também é de suma importância que se certifique a

ausência de cetonúria e/ou de sintomas e ocorrências de hipo ou hiperglicemia (ALONSO;

RAMIRES e SILVA, 2006).

Segundo Gomes (2005), algumas complicações podem ser agravadas pelo programa

de exercício, como exemplo a presença de retinopatia diabética, que a partir de moderada

determinará um cuidadoso plano de exercícios físicos.

Existem precauções que representam pré-requisitos para a prescrição de exercícios

para pacientes com DM2 e entre esses principalmente aqueles que possuem complicações

relacionadas à própria doença assim como co-morbidades associadas (CAMPAIGNE, 2003).

Com todos os cuidados necessários o exercício físico passa a ser um aliado para

pacientes com diabete tipo 2, sendo altamente recomendado.

Segundo recomendações da Associação Americana de Diabetes (apud GOMES,

2005, p. 125) “uma recomendação padrão para pacientes diabéticos é que o exercício físico

inclui períodos de aquecimento e de desaquecimento”. Sendo dividido em três etapas:

1. 5-10 minutos de atividade aeróbia (caminhar, pedalar, etc.) em um nível de

intensidade baixa. A Sessão de aquecimento tem como objetivo preparar os

100

Page 86: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

músculosesqueléticos, o coração e os pulmões para um aumento progressivo na

intensidade do exercício;

2. Os músculos devem ser delicadamente alongados por mais uns 5-10 minutos, sendo os

primeiros os músculos usados durante a sessão, aquecer todos os grupos musculares

seria ótimo;

3. Após a sessão de atividade, um desaquecimento deve ser estruturado de forma similar

ao aquecimento. O desaquecimento deve durar cerca de 5-10 minutos e trazer

gradualmente a freqüência cardíaca de volta ao seu nível pré-exercício.

Após a fase preparatória do exercício físico, Guedes, Junior e Rocha (2008)

recomendam que a programação de exercício físico possa ser dividida da seguinte maneira:

Os exercícios aeróbios devem ser trabalhado entre 40 a 90% da freqüência Cardíaca

Máxima, realizado 4 a 7 dias por semana, com duração de 20 a 60 minutos;

Os exercícios resistidos devem ser realizados de 8 a 10 exercícios, com repetições

entre 10 a 15 e, posteriormente, 8 a 10 repetições máximas. Com séries entre 1 a 3 e

intervalo de 1 a 2 minutos, dois a três dias por semana;

O treino de flexibilidade deve conter alongamentos estáticos e yoga.

De acordo com Guedes (2007, p. 156) “o risco de hipoglicemia durante e após o

exercício deve ser considerado”, conforme mostra a Figura 30. Por isso, alguns cuidados

devem ser tomados:

- Medir a glicose sangüínea antes, durante e após o exercício;

- Evitar o exercício durante os picos de insulina;

- Consumir carboidratos antes do exercício;

- As doses de insulina devem ser reajustadas antes e após o exercício;

-Após o exercício recomenda-se uma refeição rica em carboidratos, exercitar-se com

acompanhamento de uma pessoa especializada.

‘No programa do treinamento físico devem constar exercícios aeróbios, musculação,

inclusive para hipertrofia e alongamentos’ (ACSM, 1997 apud GUEDES, 2007, p. 156).

101

Page 87: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Quando o exercício físico é acompanhado de hipertrofia no tecido muscular,

conseqüentemente, ocorre maior captação tecidual de glicose, requerendo menor insulinemia

para manter a homeostase de glicose. A hipertrofia muscular é alcançada por meio de

exercícios de resistência (musculação). É provável que mudanças na distribuição do tecido

adiposo, induzidas tanto por exercício aeróbio como anaeróbio, possam minimizar a produção

de ácidos graxos livres e citocinas, melhorando a sensibilidade à insulina (FERREIRA e

VIVOLO, 2008).

FIGURA 29: Esquema das principais causas de hipoglicemia durante o exercício.

Fonte: http://www.diabetesebook.org.br/capitulo/fisiologia-e-fisiopatologia-das-celulas-beta-implicacoes-clinicas-e-terapeuticas/

Já para Alonso; Ramires e Silva (2006, p. 216):

o exercício aeróbio deve ser realizado de três a cinco vezes por semana, ou mesmo diariamente desde que mantido de um padrão regular quanto ao tipo de exercício, do horário de realização, a dose de insulina administrada e a dieta. Devem ser evitados os exercícios intensos e esporádicos. A duração das sessões deve ter entre 30 e 40 minutos, de acordo com o número de sessões por semana. A intensidade dos exercícios dinâmicos deve ser leve a moderada. Quando determinado por teste

102

Page 88: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

ergométrico, deve ficar entre 50% e 80% da freqüência cardíaca de reserva, quando determinada por teste ergoespirométrico deve ficar entre o limiar anaeróbio e ponto de compensação respiratória. As atividades devem aumentar a intensidade de maneira progressiva. O exercício com pesos deve ser realizado três vezes por semana, envolvendo os grandes grupos musculares. Deve-se progredir até três séries de oito a dez repetições, com intensidade que permita a realização desta quantidade de repetições. Embora não haja definição clara sobre qual percentual da força máxima esta intensidade representa, recomenda-se que os idosos e diabéticos com longo tempo de doença não pratiquem exercícios com pesos de alta intensidade.

Algumas considerações são importantes e específicas para o indivíduo com diabete

tipo 2. O exercício físico aeróbio deve ser recomendado, mas é essencial que se tomem

medidas de precauções para os pés (GOMES, 2005). As úlceras e amputações de pés em

pacientes portadores de DM2 são freqüentes. Ocorrem em cerca de 5 a 10% de todos os

pacientes portadores de DM2 e são responsáveis pela maioria das admissões hospitalares.

Além do alto custo para o sistema de saúde, deve-se considerar o impacto social.

Freqüentemente os pacientes iniciam programas de reabilitação e adaptação, nem sempre

retornando o exercício de suas atividades profissionais (CHACRA e KOMATSU, 2008).

Para diminuir em valores mínimos esses traumas, tem por recomendação manter os

pés secos, fazer uso de palmilhas de sílica de gel ou amortecimento como camada de ar, meias

de poliéster ou material misto (algodão-poliéster), além de meias para prevenir bolhas. Fazer

uso de calçados específicos de acordo com a área de pressão dos pés deve ser utilizado pelos

pacientes com polineuropatia periférica. Deve-se ensinar ao diabético que monitore com

cuidado o desenvolvimento de bolhas na pele e outras lesões em seus pés e após o exercício

físico (GOMES, 2005).

9. O PAPEL DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO E

CUIDADOS GERAIS

103

Page 89: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

A educação é a chave mestra para melhorar a qualidade de vida do indivíduo,

principalmente quando portador de uma afecção crônica, como o diabete tipo 2. Então, é

erroneamente que os profissionais que trabalham com esta enfermidade, haja com ignorância

e omissão conviver com o diabético e não viver para o diabético, esta deverá ser a atitude

tomada, respeitando-o, ajudando-o no que for necessário, sem pieguice ou piedade,

integrando-o, sem paternalismo ao meio social.

A educação é uma parte integral da prestação de cuidados aos diabéticos. Todavia as

unidades de atendimento e acompanhamento do diabético podem e devem oferecer um

programa de educação de qualidade. Ao montar um programa de educação em diabete, deve-

se ter conhecimento das características da população diabética que será atendida. Conhecer o

nível de instrução e educação, os costumes étnicos e os hábitos sociais e de alimentação é de

extrema importância para o profissional e sua equipe (ROCHA et al., 2001). E

consequentemente, o professor de Educação Física deve-se pré-estabelecer “metas a serem

cumpridas sobre as mudanças no estilo de vida, em particular quanto aos exercícios físicos, à

alimentação e ao controle metabólico” (ALONSO; RAMIRES e SILVA, 2006, p. 206).

Contudo, “deve-se, ainda, evitar o fumo, cuidar da higiene, tratar precocemente

lesões de pele, utilizar sapatos especiais, cremes hidratantes e efetuar inspeção diária dos

pés”, recomendações de Alonso; Ramires e Silva (2006, p. 206-207).

Além disso, Chacra e Komatsu (2008) recomendam alguns cuidados que são

essenciais tanto para os profissionais da equipe multidisciplinar quanto para os diabéticos:

Exame médico, cardiovascular e oftalmológico;

Avaliação física;

Automonitorar a glicemia, antes, durante e após o exercício físico;

Glicemia superior a 250mg/dL e cetonemia (beta-hidroxibutirato), desaconselha-se a

prática de exercício, devendo entrar em contato com o médico responsável;

Identificar quando a insulina ou ingesta de alimentos é necessária;

Aprender a resposta glicêmica para diferentes condições de exercício;

Não se exercitar no pico de ação da insulina, para evitar hipoglicemia;

Evitar ser atleta de final de semana, pois isso dificulta acertos na insulina;

Não aplicar insulina nas regiões de músculos que participam ativamente do exercício;

Não se exercitar em jejum;

104

Page 90: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

O exercício físico não substitui a insulina ou a medicação e deve ser encarado como

uma medida de apoio, e não como um objetivo terapêutico por si só;

O tipo de exercício deve ser adequado às possibilidades e às limitações do paciente,

em razão das possíveis complicações crônicas (retinopatia, nefropatia, neuropatia

etc.);

Quando ocorrer hipoglicemia, além de ingerir açúcares de absorção rápida, deve-se

reconstituir as reservas de glicogênio muscular e hepático;

Se a glicemia estiver entre 130 e 200mg/dL, não suplementar com carboidrato. Se

estiver < 130mg/dL, ingerir 20g de carboidrato.

Além desses cuidados, é impreterivelmente que os diabéticos do tipo 2 tentem atingir

as metas pré-estipuladas pelo professor de Educação Física para o controle clínico e

metabólico (ALONSO; RAMIRES e SILVA, 2006). Essas metas estão na Tabela 5.

PARÂMETROS VALORES DESEJÁVEIS

Glicemia de jejum (mg/dL) 100 (excepcionalmente 126)

Glicemia pós-prandial (mg/dL)

(1 a 2 h após refeições)

140 (excepcionalmente 160)

Hemoglobina glicada (HbA1c %) Normal até 6,2%

Colesterol total (mg/dL) < 200

HDL (mg/dL) > 45

LDL (mg/dL) < 100

Triglicerídeos (mg/dL) < 150

Índice de massa corpórea (IMC) – (kg/m2) 20-25

Pressão arterial (mm Hg) < 130/80

TABELA 5: Objetivos no tratamento do diabete tipo 2.

Fonte: ALONSO; RAMIRES e SILVA, 2006, p. 2007.

A motivação para mudanças deve nascer de um desejo para manter uma boa

qualidade de vida, e não das ameaças de complicações do DM2. Assim, “somente quem

105

Page 91: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

deseja fazer educação consegue bons resultados” (SILVA, p. 76), principalmente, na

população diabética.

10. OBJETIVO GERAL

106

Page 92: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Este estudo tem como objetivo comparar alguns dados dos primeiros prontuários sem

a prática de exercício físico regular com os recentes prontuários com a prática de exercício,

pertencentes aos Diabéticos do tipo 2 que residem em São João da Boa Vista e Mogi Guaçu.

10.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

A presente pesquisa teve como objetivos específicos verificar os efeitos do exercício

físico no diabético tipo 2 em relação:

À glicemia sangüínea;

À quantidade de hipoglicemiantes ou demais medicamentos;

À Pressão arterial;

À circunferência abdominal.

Detalhe dessa comparação, é que os dados registrados no primeiro prontuário são

antes de iniciar a prática de exercício físico regularmente com os últimos prontuários, mas,

sendo que esses com a utilização do exercício físico praticado regularmente como ação

profilática no controle do Diabete tipo 2, independente de outras variáveis. Por meio de uma

análise retroativa dos dados citados em supra.

11. PARTICIPANTES

107

Page 93: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Para realização desta pesquisa foram utilizados 21 sujeitos com Diabete tipo 2 nas

cidades de Mogi Guaçu e São João da Boa Vista, sendo todas do sexo feminino.

Foram tabulados por enfermidade, todos diabéticos, por meio de análise de resultados

através de seus prontuários localizados nos postos de saúde referentes aos seus respectivos

bairros.

Os dados apontam que as sujeitas de São João da Boa Vista e Mogi Guaçu, possuem

uma média de idade de 73 anos.

11.1 MATERIAL

Utilizou-se como instrumento, uma carta de autorização para coleta de dados nos

prontuários de cada sujeita, os quais continham medicações, glicemia, pressão arterial,

medidas da circunferência abdominal, e, verificados esses escores antes e após a prática de

exercícios físicos.

11.2 PROCEDIMENTO

Em um primeiro momento, foram constatados pessoalmente vários sujeitos nas

cidades de São João da Boa Vista e Mogi Guaçu, e após terem conhecimento do objetivo do

trabalho, elaboramos uma carta de autorização para coleta de dados dos prontuários para cada

diabético do programa de treinamento. Foram recolhidos após uma semana e posteriormente.

Tivemos acesso a 40 prontuários em São João da Boa Vista, porém apenas 6 estavam

em condições de serem utilizados em nosso trabalho. Já em Mogi Guaçu foram acessados 20

prontuários e 15 estavam em condições de utilização em nosso trabalho.

12. DISCUSÃO DOS RESULTADOS

108

Page 94: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

12.1 GLICEMIA

Os gráficos a seguir referem-se às mudanças da glicemia, posologia, pressão arterial

e circunferência abdominal, antes de iniciar um programa de exercícios físicos e depois de um

tempo de prática de exercício. Contudo, no final dos gráficos há uma tabela 8 que mostra os

dados totais de forma didática.

Glicemia

Antes Depois0

50

100

150

(m

g/d

L) *

GRÁFICO 1: Alterações nas glicemias.

Observou-se que, a abordagem baseada em exercícios não foi satisfatória para

alcançar a acurácia glicêmica, porém, houve diminuição da glicemia sangüínea. Tal fato

ocorreu pelo aumento da utilização de hipoglicemiantes orais e/ou insulina exógena em

detrimento ao aumento da resistência à insulina.

Segundo Saad; Carvalheira e Tambascia (2007) o aumento da resistência à insulina

pode ser pelo excesso de gordura visceral, onde disponibiliza o aumento dos níveis circulantes

de ácidos graxos livres, adipocitocinas, principalmente o TNF-α e diminuição do hormônio

adiponectina. O mecanismo pelo qual a elevação dos AGLs e citocinas em provável indução à

resistência à insulina é pela elevação ativa das serinas-quinases, que induzirão fosforilação em

um aminoácido serina dos substratos de receptor de insulina – IRS1/2, reduzindo a sinalização

insulínica e o transporte de glicose no músculo, bem como a síntese de glicogênio em fígado e

músculo, explicando a presença marcante de astenia no dia-a-dia dos diabéticos do tipo 2 da

pesquisa.

109

Page 95: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Entretanto, o consumo de uma dieta inadequada, tabagismo, pode ter a suas parcelas

no aumento excessivo da gordura visceral, os quais foram variáveis independentes da nossa

pesquisa.

De acordo com o United Kingdom Prospective Diabetes Study (UKPDS) os

aumentos dos agentes farmacológicos foram necessários para a obtenção de um controle

glicêmico ideal e a redução da incidência de complicações microvasculares e possíveis

macrovasculares.

No entanto, o DM2 é uma doença progressiva, mesmo utilizando agentes

farmacológicas como única medida profilática.

Enfim, o treinamento físico isoladamente não melhorou o controle glicêmico,

comprovado pelo aumento da posologia nos Diabéticos do tipo 2.

12.2 POSOLOGIA

Os dados das Tabelas 6 e 7 apontam que praticamente quase todas as diabéticas do

tipo 2 mantiveram ou aumentaram a posologia das drogas no combate às complicações do

DM2. Para Gomes (2003) o tratamento do DM do tipo 2, deve inicialmente basear-se em uma

mudança substancial no estilo de vida, ou seja, praticar regularmente exercício físico

associado a uma dieta adequada, evitar o tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas

(limitando ingesta a 30g etanol ou 240ml de vinho ou 300ml de cerveja ou 40ml uísque).

No entanto, as medidas de mudança no estilo de vida não foram suficientes para

atingir ou manter a glicemia nos padrões adequados, e isso aconteceu com a maioria das

pacientes, em virtude principalmente da falta de condescendência com essas alterações no

estilo de vida e a evolução da doença, evidenciada pelo aumento dos anti-diabéticos orais e da

insulina exógena. Infelizmente, tiveram mais destaque às medidas farmacológicas, e alguns

diabéticos não citados na pesquisa optaram exclusivamente por essa medida, lembrando que a

medicação oral não é um substituto para a dieta e o exercício físico, mas sim um

complemento, de acordo com Alencar e Francisco (2003). A literatura adverte que toda

terapia medicamentosa tem seus efeitos colaterais.

PACIENTESANTES DO

TREINAMENTO FÍSICODEPOIS DO

TREINAMENTO FÍSICO

110

Page 96: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

1 Medicamentos Medicamentos

1 Comprimido de Glibenclamida 1 de Metformina

Insulina 30 unidades ao diaMetformina de 500mg 2x por dia Ancoron de 100mg 1x por diaPuran T4-T5 mg-1x por diaAS – 100mg por dia

2 Medicamentos Medicamentos

Glibenclamida 2 comprimidosInsulina 50 unidades de manhã e 20 à tarde

Metformina de 500mg 2x por dia Insulina 67 unidades de manhã e 21 unidades à noiteAS – 100mg 1x por diaDiovan 1x por dia

3 Medicamentos Medicamentos

Glibenclamida de 500mg – 1 comprimido de manhã

Glibenclamida de 500mg – 2 comprimido de manhã

4 Medicamentos Medicamentos

Não tinham dados Captopril 25mg – 1 comprimido de manhã e 1 à noiteHigroton 12,5mg – 1 comprimido de manhãMetformina 850mg – 1 comprimido de manhã e 1 à noiteInsulina 20 unidades à noite

5 Medicamentos Medicamentos

Não tinham dados Não tinham dados 6 Medicamentos Medicamentos

Não tinham dados Não tinham dadosTABELA 6: Posologia utilizada pelos pacientes de São João da Boa Vista, antes e após período de treinamento físico.

PACIENTESANTES DO

TREINAMENTO FÍSICODEPOIS DO

TREINAMENTO FÍSICO1 Medicamentos Medicamentos

111

Page 97: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

Insulina 30mg de manhã e à tarde Insulina 30mg de manhã e 15mg à tarde

2 Medicamentos Medicamentos

Não toma medicamento Não toma medicamento3 Medicamentos Medicamentos

Daonil 2x ao diaGlucoformin 850mg 1x ao diaEnalopril 1x ao dia

Daonil 2x ao diaGlucoformin 850mg 1x ao diaDiamecon 2x ao dia

4 Medicamentos Medicamentos

Daonil 1x ao dia Amaryl 20mg - 8/8 hGlucoformin – 8/8 h

5 Medicamentos Medicamentos

Daonil 1x ao dia Metformina 2x ao dia6 Medicamentos Medicamentos

Amaryl 20: 2x ao diaInsulina 30 unidades

Glucoformin 1x ao diaInsulina 80 unidades de manhã e noite

7 Medicamentos Medicamentos

½ Daonil 1x ao dia ½ Daonil 1x ao dia8 Medicamentos Medicamentos

Nifedipina 2x ao diaGlucoformin 2x ao dia cadaInsulina 45 unidades

Glucoformin 2x ao diaInsulina 45 unidades

9 Medicamentos Medicamentos

Daonil 2 comp.Amaryl 2 comp. - ao diaCedur Retardo 1 comp.

Glucoformin 2x ao diaDaonil 2 comp.Amaryl 2 comp. – 2x ao dia

10 Medicamentos Medicamentos

Glibenclamida 2x ao dia Glibenclamida 2x ao dia11 Medicamentos Medicamentos

Daonil 2x ao dia Metformina 850 2x ao dia12 Medicamentos Medicamentos

Metformina 850 2x ao diaDiabenese 1x ao dia Captopril 150ml 3x ao dia

Metformina 850 2x ao diaDiabenese 1x ao dia Captopril 150ml 3x ao dia

13 Medicamentos Medicamentos

Metformina 2x ao diaDaonil 1x ao dia

Metformina 2x ao dia

14 Medicamentos Medicamentos

Insulina 40 unidadesGlucoformin 1/2 comp. de manhã e à tarde

Insulina 40 unidadesGlucoformin 1/2 comp. de manhã e à tarde

15 Medicamentos Medicamentos

Daonil 1x ao dia Glibenclamida 1 x ao diaTABELA 7: Posologia utilizada pelos pacientes de Mogi Guaçu, antes e após período de treinamento físico.

Na falta de assiduidade da prática regular de exercício físico no DM2, há um maior

grau de apoptose de células β, provavelmente decorrente dos seguintes fatores: hiperglicemia,

lipotoxidade, estresse oxidativo, estresse do retículo endoplasmático e algumas citocinas

(TNF-alfa). É importante destacar, neste ponto, que esses fatores induziram a fosforilação do

substrato-2 do receptor de insulina (IRS-2) em serina, com conseqüente degradação desse

112

Page 98: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

substrato, que induziu em morte programada de células β (SAAD e ZECCHIN, 2007). Isto

pode explicar por que atualmente aumentou e/ou manteve a posologia nas diabéticas do tipo 2

estudadas, que insatisfatoriamente promove um controle metabólico lábil.

Inferem Geloneze; Lamounier e Coelho (2006) que o exercício no período pós-

prandial é mais potente em reduzir a glicemia sangüínea e a posologia, sendo esta estratégia

de prescrição de exercício não recomendada para os diabéticos estudados.

12.3 PRESSÃO ARTERIAL

Pressão Arterial

Sistólica AntesDiastólica AntesSistólica DepoisDiastólica Depois0

50

100

150Sistólica AntesDiastólica AntesSistólica DepoisDiastólica Depois

mm

Hg

GRÁFICO 2: Alterações da pressão arterial.

O aumento da pressão arterial é mais prevalente em indivíduos com resistência à

insulina ou obesidade visceral. Deve ser destacado que ganhos discretos de peso podem

precipitar o aparecimento da hipertensão arterial. Em indivíduos obesos, principalmente

adiposopatia visceral, reduções modestas dessas áreas anatômicas são acompanhadas de

decréscimos significativos nos níveis da pressão arterial.

De acordo com a literatura específica as diabéticas antes de iniciar o programa de

exercício físico se classificavam como pré-hipertensos e atualmente como normais [...].

Os possíveis mecanismos propostos para explicar a significativa diminuição da pressão

arterial que ocorreu nas diabéticas do tipo 2 estudadas partem da não ocorrência da

hiperinsulinemia compensatória pelo efeito da lipotoxicidade e glicotoxicidade que causam

apoptose espontânea das células beta, cujo efeito diminui progressivamente a secreção

insulínica em respostas a uma sobrecarga glicêmica e produção de glicose endógena.

Porquanto, que na última coleta da posologia houve um relevante aumento dos

113

Page 99: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

hipoglicemiantes orais (secretagogos de insulina; detrimento da gliconeogênese hepática;

sensibilizadores à insulina nos tecidos e redutor da absorção intestinal de glicose) e dos anti-

hipertensivos. E, segundo Geloneze (2007) o aumento das drogas, não é só para aumentar

captação da insulina, e sim, atenuar a ativação da via inflamatória IKK/IkB/NFkB no

endotélio. O bloqueio desta via pode regredir o processo aterosclerótico concomitante à

isquemia, diminuindo o efeito cronotrópico e paralelamente a pressão arterial. Além disso,

também pode ter ocorrido maior ativação da via (PI3K/Akt/eNOS) produtora de óxido nítrico

oriundo da diminuição da resistência à insulina em resposta aos medicamentos.

Saad; Carvalheira e Tambascia (2007) recomendam aos médicos diabetologistas

prescrever anti-hipertensivos e antiinflamatórios para diabéticos do tipo 2 que tenham pressão

arterial maior que 130/80 mm Hg. Como não tinha melhora nos níveis pressóricos das

diabéticas com a prática regular de exercício físico, os médicos foram obrigados a manter ou

aumentar a posologia, assim, o valor médio da pressão arterial das diabéticas no início do

treinamento físico era 138,3 5,43 mm Hg e atualmente é 126,7 3,33 mm Hg.

Contudo, pode ter tido também, alguma participação no controle pressórico por

adaptações cardiorrespiratória e musculoesquelético inerente ao treinamento físico.

12.4 CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL

Circunferência Abdominal

Antes Depois0

50

100

150

cm

GRÁFICO 3: Normalização da circunferência abdominal.

Incontestavelmente, o exercício físico praticado de forma regular é altamente

recomendado para indivíduos com DM2 (CHACRA E KOMATSU, 2008). Tornando-se uma

das principais terapias para a promoção de reduções rápidas da glicose sangüínea nos

114

Page 100: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

portadores de DM2, pelo aumento da ação sinérgica entre a insulina e os tecidos, como

conseqüência um tratamento lógico para esta enfermidade (GUEDES; JUNIOR E ROCHA,

2008). Em nossos estudos com o grupo de diabéticas totalmente do sexo feminino, observou-

se que não houve diminuição da circunferência abdominal, mantendo em média 99cm. De

acordo com a literatura a cifra de 99cm em média encontrada na pesquisa, é considerada um

valor de risco altíssimo de complicações do Diabete tipo 2 e outras. Como já foi mencionado,

a elevação plasmática dos AGLs que acompanha o aumento da gordura visceral,

especialmente, no período pós-prandial, expõe os tecidos muscular, hepático e pancreático ao

excesso de combustível lipídico, tanto pelo aumento da lipólise como o transbordamento

espontâneo dos AGLs dos adipócitos viscerais, elevando assim a resistência à insulina

(GAYOSO; FONSECA e CARVALHAL, 2004). Por esse motivo pode-se atribuir que o

aumento da posologia foi pelo exacerbado valor (99cm) da circunferência abdominal

encontrado nas diabéticas estudadas.

Mas, quando a prescrição de exercício físico é referenciada pela literatura especifica,

é provável a diminuição da “quantidade de gordura total e, até mesmo, a quantidade de

gordura visceral” (ALONSO; RAMIRES e SILVA, 2006, p. 214). Além disso, Alonso;

Ramires e Silva (2006, p. 214) recomendam que para essa faixa etária (73 anos em média) de

diabéticas do tipo 2 estudadas é preciso “depender mais do efeito agudo do exercício na

sensibilidade à insulina do que do efeito crônico. Este fato reforça a importância do aumento

na freqüência semanal de prática de exercício físico, principalmente para essa população”.

Lamentavelmente, o que não aconteceu na prescrição de exercício para essas diabéticas.

Assim, tanto o exercício aeróbio quanto o resistido parecem ser benéficos no controle

glicêmico do DM2, sendo que o segundo pode ser especialmente benéfico para diabéticos

idosos, visto que se verifica uma diminuição da força e massa muscular (sarcopenia)

associada ao envelhecimento que afeta o metabolismo de forma indesejável (BODAS et al.,

2005). Todavia, “os exercícios físicos devem aumentar de intensidade de maneira

progressiva” (ALONSO, RAMIRES e DA SILVA, 2008, p. 216).

O treinamento físico realizado na cidade de São João da Boa Vista foi de quatro

séries de seis a quinze repetições com recuperação entre as séries de um minuto e realizado

duas vezes por semana, que segundo o professor de Educação Física responsável nesta cidade,

este treinamento de força muscular teve como objetivo aumentar a massa magra, ou seja,

hipertrofia muscular. O trabalho era realizado conforme as capacidades dos sujeitos, ou seja,

sujeitos com mais dificuldade realizavam menos repetições com a mesma sobrecarga do que

115

Page 101: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

pessoas com mais adaptações e menos limitações no que se refere ao treinamento

programado. Isto se dava, pela homogeneidade do grupo de diabéticos do tipo 2.

Como citado anteriormente não houve melhora na redução da posologia de

medicamentos, o que de acordo com a literatura era para ter ocorrido. Uma das principais

possibilidades foi que a prescrição de exercícios físicos nas cidades de São João da Boa

Vista e Mogi Guaçu foi somente realizada duas vezes por semana, com exercício resistido e

exercício aeróbio (caminhada), ambos com intensidade leve e duração de 50 minutos,

realizado sem sobrecarga, não realizada de acordo com a literatura, tornando o treinamento

sem parâmetro, realizado de maneira aleatória, levando a resultados mínimos diante das

necessidades das diabéticas que fizeram parte do grupo de exercícios.

TABELA

TABELA Antes Depois

Idade 68 9,8 73 9,8

Glicemia 126,2 5,76 95,8 7,44 *

Peso 70,68 5,32 71,1 4,98

Circunferência Abdominal 98,75 6,48 99 6,36

Pressão Arterial (sistólica) 138,3 5,43 126,7 3,33

TABELA 8: Representação dos valores em média da pesquisa.

* P< 0,01 vs grupo antes do tratamento

13. CONSIDERAÇÕES FINAIS

116

Page 102: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

De acordo com as características deste trabalho, os tópicos aqui apresentados

possuem conotações de pesquisas de conclusão. Entretanto tendo em vista a linha de pesquisa

adotada e o propósito deste estudo, o que se pretende mostrar, de forma sumária, são as

considerações finais delineadas no corpo do trabalho.

Além dos efeitos positivos da afetividade, o estudo demonstrara que houve uma

diminuição da glicemia sangüínea, porém, essa diminuição provavelmente não ocasionada por

meio da prática regular de exercícios físicos e sim por medidas farmacológicas.

Houve uma diminuição da pressão arterial possivelmente pela diminuição da

hiperinsulinemia compensatória, pelo aumento da posologia e, possivelmente, por adaptações

cardiorrespiratórias e musculares.

De acordo com a literatura o aumento da circunferência abdominal foi o principal

fator na regressão do tratamento das diabéticas do tipo 2 na busca dos objetivos específicos

deste TCC.

Um dos fatores preocupantes que vivenciamos foi à falta de estrutura para o

atendimento das necessidades de diabéticos, tamanha a falta de organização encontradas nos

postos de saúde, estando inclusos prontuários e clareza em suas informações. Mostrou-se um

sistema de saúde ineficaz, prejudicando o fornecimento de medicamentos e demais itens

necessários a um tratamento adequado. Isto se torna importante porque os dados

epidemiológicos apresentados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) mostraram que em

2003 o total de Pré-Diabetes é de 314 milhões e com Diabete tipo 2 194 milhões e o mesmo

estudo estimou que em 2025 será atingidos os valores de 472 milhões de intolerantes à glicose

e 333 milhões de indivíduos com DM2, configurando um total de aproximadamente 800

milhões de pessoas com qualquer grau de resistência à insulina. Dessa forma, o Diabete tipo

2, que era uma doença rara no início do século XX é hoje, e também será no decorrer do

século XXI, um dos maiores problemas de saúde pública mundiais, por apresentar elevada

prevalência e evoluir com complicações crônicas, que resultam em catastróficos dados

estatísticos de morbidades e mortalidades.

Enfim, esta pesquisa, evidenciou que a prática de exercício físico, respectivamente,

pelas diabéticas foi incipiente para alcançar os objetivos específicos determinados na

produção desse Trabalho de Conclusão de Curso, de acordo com a literatura da Diabetes

Mellitus, que argúi alguns aspectos da metodologia adotada pelos professores de Educação

Física, respectivamente, das diabéticas estudadas.

14. REFERÊNCIAS

117

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123

Page 109: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

15. ANEXOS I

CARTA DE AUTORIZAÇÃO

Mogi Guaçu, 12 de julho de 2008.

Prezada Sra. Regiane.

Venho por meio desta, “solicitar a autorização ao acesso aos dados registrados nos

prontuários (glicemia, circunferência abdominal e a posologia) dos Diabéticos Tipo 2 que se

encontram na UBS – Posto de Saúde da Zona Norte.

Esse trabalho de conclusão de curso tem como objetivo, comparar alguns dados dos

primeiros prontuários serão analisados: A medida da circunferência abdominal, os dados

glicêmicos e a dose utilizada de hipoglicemiantes e/ou outros medicamentos.

Detalhe desta comparação, é que os dados registrados nos primeiros prontuários são

antes de iniciar a prática de exercício físico regularmente, com os últimos prontuários, mas,

sendo os últimos com a utilização dos exercício físico praticado regularmente como ação

profilática no controle do Diabete Tipo 2, independente de outras variáveis.

Por fim, a verificação dos efeitos do exercício físico no diabético tipo 2 em relação à

circunferência abdominal, glicemia e a quantidade de hipoglicemiantes e/ou demais

medicamentos, por meio de uma analise retroativa desses dados citados em supra.

Informo aos senhores (as), que será efetuado em sigilo absoluto, principalmente por

se tratar de trabalho de conclusão de curso (TCC), mesmo porque em curso universitário

requer essa exigência.

É importante ressaltar ainda, que somos alunos do 4º ano noturno do Curso de

Educação Física do Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino – FAE. O

titulo do trabalho será “OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS

TIPO 2”.

Qualquer dúvida pode me ligar no telefone 3841-4238 ou encaminhar para o

meu endereço eletrônico [email protected]

Sem mais para o momento e esperando contar com o apoio dos senhores (as).

Deixo aqui minhas cordiais saudações.

Michel Fabri Silva de Oliveira

__________________________

Rafael Dramis Calixto

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Page 110: OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS DO TIPO 2

15. ANEXO II

CARTA DE AUTORIZAÇÃO

Mogi Guaçu, 29 de julho de 2008.

Prezada Sra. Silvia Valota.

Venho por meio desta, “solicitar a autorização ao acesso aos dados registrados nos

prontuários (glicemia, circunferência abdominal e a posologia) dos Diabéticos Tipo 2 que se

encontram na UBS – Posto de Saúde de São João da Boa Vista.

Esse trabalho de conclusão de curso tem como objetivo, comparar alguns dados dos

primeiros prontuários serão analisados: A medida da circunferência abdominal, os dados

glicêmicos e a dose utilizada de hipoglicemiantes e/ou outros medicamentos.

Detalhe desta comparação, é que os dados registrados nos primeiros prontuários são

antes de iniciar a prática de exercício físico regularmente, com os últimos prontuários, mas,

sendo os últimos com a utilização dos exercício físico praticado regularmente como ação

profilática no controle do Diabete Tipo 2, independente de outras variáveis.

Por fim, a verificação dos efeitos do exercício físico no diabético tipo 2 em relação a

circunferência abdominal, glicemia e a quantidade de hipoglicemiantes e/ou demais

medicamentos, por meio de uma analise retroativa desses dados citados em supra.

Informo aos senhores (as), que será efetuado em sigilo absoluto, principalmente por

se tratar de trabalho de conclusão de curso (TCC), mesmo porque em curso universitário

requer essa exigência.

É importante ressaltar ainda, que somos alunos do 4º ano noturno do Curso de

Educação Física do Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino – FAE. O

titulo do trabalho será “OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NOS DIABÉTICOS

TIPO 2”.

Qualquer dúvida pode me ligar no telefone 3841-4238 ou encaminhar para o

meu endereço eletrônico [email protected].

Sem mais para o momento e esperando contar com o apoio dos senhores (as).

Deixo aqui minhas cordiais saudações.

___________________________

Michel Fabri Silva de Oliveira

____________________________

Rafael Dramis Calixto

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