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#207 EDIÇÃO OÁSIS CUBA, HOJE UMA REVOLUÇÃO ENVELHECIDA OU A REINVENÇÃO DO SOCIALISMO? KICKSTARTER Meca digital para inventores e criadores INVERNO EM PRAGA Cidade mágica no coração da Europa DEMOCRACIA CORPORATIVA Sabedoria radical para a empresa, a escola e a vida

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#207

EDIÇÃO OÁSIS

CUBA, HOJEUMA REVOLUÇÃO ENVELHECIDA OU A REINVENÇÃO DO SOCIALISMO?

KICKSTARTERMeca digital para inventores e criadores

INVERNO EM PRAGACidade mágica no coração da Europa

DEMOCRACIA CORPORATIVASabedoria radical para a empresa, a escola e a vida

2/45OÁSIS . EDITORIAL

POR

EDITOR

PELLEGRINILUIS

O jornalista e sociólogo Renato Dias, acaba de lançar um interes-sante livro sobre Cuba: “Pequenas histórias – Cuba, hoje – Uma revolução envelhecida ou a reinvenção do socialismo”. Renato

parte do recentíssimo reatamento de relações diplomáticas com os Esta-dos Unidos e das muitas definições – às vezes bem contraditórias – sobre a experiência cubana para traçar um panorama do importante momento de transição vivido pela ilha dos irmãos Castro.

Cuba é, hoje, um país socialista com face autoritária, diz o historiador Da-niel Aarão Reis Filho, doutor da Universidade Federal Fluminense [UFF]. A ilha dos irmãos Castro [Fidel & Raul] seria um capitalismo de Estado controlado por um clã familiar, denuncia a blogueira Yoani Sánchez. É a ditadura do proletariado, afirma o escritor Leonardo Padura. Todos esses depoimentos, exclusivos, compõem o livro de Renato Dias. Plural, embo-ra com viés de esquerda, a obra, de 2015, traz entrevistas especiais com várias personalidades e intelectuais.“Cuba, hoje”, apresenta também belas imagens da ilha. Uma entrevista com Renato Dias é a matéria de capa deste número de Oásis. Confira.

DEPOIMENTOS EXCLUSIVOS COMPÕEM O LIVRO ‘CUBA, HOJE’, DO JORNALISTA RENATO DIAS. PLURAL, EMBORA COM VIÉS DE ESQUERDA, A OBRA, DE 2015, TRAZ ENTREVISTAS ESPECIAIS

COM VÁRIAS PERSONALIDADES E INTELECTUAIS

ENT

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CUBA, HOJEUma revolução envelhecida ou a reinvenção do socialismo?

OÁSIS . ENTREVISTA

OÁSIS . ENTREVISTA

pesar de a blogueira dissidente Yoani Sánchez insistir em afirmar que Cuba seria um capitalismo de Estado controlado por um clã fa-miliar, os irmãos Raúl Castro e Fi-del Castro, o jornalista e sociólogo e mestre em Relações Internacio-

nais e Desenvolvimento, Renato Dias, 47 anos, de Goiânia, Goiás, acredita que a pequena ilha do Caribe possui um regime socialista com economia de mercado. Já o escritor Leonardo

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Reatamento de relações diplomáticas com os EUA possui significado histórico, aponta jornalista e sociólogo Renato Dias. Ele acaba de lançar o livro “Pequenas Histórias – Cuba, hoje – Uma revolução envelhecida ou a reinvenção do socialismo”

ENTREVISTA DE RENATO DIAS (*) A: EQUIPE OÁSIS

Padura, autor do celebrado “O Homem que amava os cachorros”, editado no Brasil pela Boitempo Editorial, classifica o sistema de Havana como a santíssima trindade – parti-do, governo e Estado. As análises compõem o livro “Pequenas Histórias – Cuba , hoje – Uma revolução envelhecida ou a reinvenção do socialismo”, de autoria de Renato Dias, com lançamento programado para depois do carnaval.

Socialismo com face autoritária

O que significa o reatamento das relações diplomáticas entre EUA & Cuba?

Renato Dias – 53 anos depois, ele possui um significado histórico. O bloqueio econômico estabelecido pelos Estados Unidos teve um impacto devastador para a economia da ilha de apenas 11,2 milhões de habitantes. Bara-ck Obama, apesar de não possuir maioria no Congresso dos EUA, acerta. Raúl Castro e Fidel Castro sinalizam que o acordo deve ser celebrado. Tanto Cuba quanto os EUA saem ganhando.

Como pode ser conceituado o regime político cubano?

O historiador Daniel Aarão Reis Filho, dou-tor da Universidade Federal Fluminense [UFF] afirma que o que há em Cuba é socia

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lismo com face autoritária. Blogueira dissidente, a corajo-sa Yoani Sánchez o classifica como capitalismo de Estado controlado por um clã familiar. Ela se refere aos irmãos Castro, Raúl e Fidel. Mesmo com a discordância de Lin-coln Secco, creio que Cuba, hoje, guardadas as devidas proporções históricas e geopolíticas, assemelha-se à Chi-na: economia de mercado, intervenção estatal e mono-pólio do poder político pelo Partido Comunista de Cuba. O que o escritor Leonardo Padura Fuentes define como a santíssima trindade: partido, governo e Estado.

O que explica a longevidade do regime cubano?

Apenas a repressão política não explica a manutenção de um regime político que em 1º de janeiro de 2015 comple-tou 56 anos. Pensador italiano, Antônio Gramsci aponta-ria consenso, consentimento e legitimidade. As políticas públicas para as áreas de Saúde e Educação e a ampla rede de proteção social talvez poderiam complementar a resposta. Mas vozes, hoje, se levantam por mudanças. Uma delas é Yoani Sánchez...

OÁSIS . ENTREVISTA

Rua de Havana Velha

OÁSIS . ENTREVISTA

Quem deve ser o sucessor de Raúl Castro?

É impossível prever. Os ventos conspiram para Miguel Díaz-Canel, vice-presidente da República, nascido após a revolução de 1º de janeiro de 1959.

Qual a sua análise sobre Yoani Sanches?Blogueira dissidente, é mais conhecida no Brasil do que na pequena ilha do caribe. O seu receituário é liberal. As suas denúncias encontram eco nos grandes conglomera-dos de comunicação, que ainda dispensam a Cuba a lógi-ca da guerra fria.

Como Fidel Castro entrará para a História?Daniel Aarão Reis Filho afirma que de revolucionário o

comandante de 1959 virou um tirano, com 49 anos de exercício de poder. Depois, o transferiu a seu irmão, Raúl Castro, que continua no poder. Ernesto Guevara de La Serna, o Che, preservou-se mais para a história. Morreu como um ícone da revolução e ainda hoje é venerado nos cinco continentes do planeta. Jornalista, Breno Altman discorda. Ele frisa que Fidel Castro subirá ao panteão dos revolucionários. O tempo dirá...

Você esteve em Cuba?

Sim. Entrevistei dezenas de pessoas. Pesquisei documen-tos oficiais. Andei pelas cidades.

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Por-do Sol no Malecón, a passarela na orla de Havana

Cuba, Congresso

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Quatro Mortes de Maria Au-gusta Thomaz” (2012) e “His-tória – Para além do jornal – Um repórter exuma esque-letos da ditadura civil e mili-tar” (2013).

Um livro atualíssimo sobre a realidade cubana

Cuba é, hoje, um país socialis-ta com face autoritária, diz o historiador Daniel Aarão Reis Filho, doutor da Universidade Federal Fluminense [UFF]. A ilha dos irmãos Castro [Fidel & Raul] seria um capitalis-mo de Estado controlado por um clã familiar, denuncia a blogueira Yoani Sánchez. É a ditadura do proletariado, afir-ma o escritor Leonardo Padu-ra.

Os depoimentos, exclusivos, compõem o livro “Peque-nas Histórias – Cuba, hoje – Uma revolução envelhecida ou a reinvenção do socialismo?” [2015], a ser lançado depois do carnaval no mercado editorial brasileiro, de autoria do jornalista e sociólogo Renato Dias, 47 anos. A obra aborda ainda o reatamento das relações diplomáti-cas com os EUA.

Com reportagens exclusivas sobre o País, ele avalia o im

Quanto tempo para fazer o livro?Da ideia original à saída da gráfica, três anos.

Por que a venda apenas pela internet?

Desobediência civil (risos). Um protesto contra o mono-pólio da venda pelas grandes livrarias e as editoras de porte, que não valorizam os novos escritores. Eu sei que será um trabalho de formiguinha. Mas deu certo com meus livros anteriores: “Luta Armada/ALN-Molipo As

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pacto das reformas econômicas executadas pelo primeiro-irmão Raúl Castro, o surto de empre-endedorismo em andamento, além de produzir análises sobre o reatamento das relações com os EUA. Plural, mas com um viés de esquerda, a obra, de 2015, traz entrevistas especiais com perso-nalidades e intelectuais.

Entre eles, o escritor Leonardo Padura Fuentes, autor do cele-brado “O Homem que amava os cachorros”, publicado no Brasil pela Boitempo, assim como com a blogueira Yoani Sánchez, além de Daniel Aarão Reis, Lincoln Secco, dou¬tor em História da Universidade de São Paulo, Hi-deyo Saito, que escreveu Cuba Sem Bloqueio, Breno Altman e Lourival Sant´Anna. A edição do livro de Renato Dias é de luxo, com imagens raras da ilha.

“Pequenas Histórias – Cuba, hoje” conta a saga do casal Beylin Solán, médica, e Gerardo Fernandes, economis-ta. Os dois montaram um ‘paladar’ em Havana. Líquido, o casal fatura 4.000 pesos nacionais por mês. Eles são o exemplo dos ‘cuentapropistas’ que entraram em cena após a liberalização de setores da economia planificada da pequena ilha do Caribe.

- Fidel Castro és único! Assim dispara o taxista Raoul Carmenade. Segundo ele, a economia desandou pós-re-formas econômicas de Raúl Castro. Apesar disso, como taxista, empreendedor individual, ele ganha com o seu velho Lada, tradicional carro fabricado na ex-URSS, des-montada em 25 de dezembro de 1991, quase o quíntuplo da média dos cubanos.

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Renato Dias, jornalista, autor de Cuba, hoje

OÁSIS . ENTREVISTA

hoje - Uma revolução envelhecida ou a reinvenção do socialismo?’

Ele programa para o mês de maio, de 2015, o lançamen-to de ‘O menino que a ditadura matou – VAR-Palmares, desaparecimento e o desespero de uma mãe.’ A obra con-ta a história do seu irmão, o desaparecido político Mar-cos Antônio Dias Batista, da VAR-Palmares, de apenas 15 anos de idade.

O escritor quer lançar, dia 10 de dezembro, “Transição sem Justiça – Uma análise da passagem da ditadura civil e militar no Brasil para a democracia em compara-ção com os países do Cone-Sul, Europa e África do Sul”. Renato Dias escreve ainda livro sobre o que pensam os trotskistas, hoje, no Brasil.

Análises

Lincoln Secco descarta saída aos moldes chineses – eco-nomia de mercado e monopólio do poder político elo PCC. Já Daniel Aarão Reis afirma que o regime político tem consenso, consentimento e legitimidade. Jornalista, Lourival Sant´Anna frisa que Cuba oscila entre a abertu-ra e o fechamento. Para Breno Altman, as reformas ex-pandem o empreendedorismo.

Hideyo Saito insiste que a cobertura dos grandes conglo¬me¬ra¬dos internacionais de comunicação à Cuba é fundada na ló¬gi¬ca da guerra fria [1945-1991]. Com o reatamento das rela¬ções diplomáticas com os EUA, o jornalista Gilberto Maringoni, doutor em Histó-ria Social pela USP, diz que caiu o muro. Humberto Clí-maco (UFG) teme o que ocorreu no Leste europeu.

Preço: R$ 60,00 mais o freteComo adquirir: [email protected]: (62) 8125-6779

(*) Perfil do autorRenato Dias, 47, é jornalista (Alfa), sociólogo (UFG), mestre em Direito e Relações Internacionais (PUC-GO) e autor de “Luta Armada/ALN-Molipo As Quatro Mor-tes de Maria Augusta Thomaz” (2012), e de “História – Para além do jornal – Um repórter exuma esqueletos da ditadura civil e militar” (2013).

Repórter especial do Diário da Manhã, de Goiânia, ele é especialista em ditadura civil e militar [1964-1985], esquerdas e socialismos. O autor lançará, em fevereiro, no mercado editorial, o livro ‘Pequenas histórias - Cuba,

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TEC

NOKICKSTARTER

Meca digital para inventores e criadores

OÁSIS . TECNO

ickstarter busca apoiar projetos inovadores em geral voltados para tecnologia, mas no rol das dezenas de milhares de proje-tos que ele apoiou com sucesso estão trabalhos literários, musi-

cais, sociais, etc. O site foi fundado em 2008 por Perry Chen, Yancey Strickler, e Charles Adler. Existem ideias realmente brilhantes e inovadoras nesse site, e algumas outras que

K

Você já ouviu falar do Kickstarter? Trata-se uma plataforma de crowdfunding (financiamento coletivo) que permite que inventores, artistas e, na prática, qualquer um, receba investimentos do público para iniciar seus projetos independentes

POR: EQUIPE OÁSIS. FOTOS: HTTPS://WWW.KICKSTARTER.COM

até assustam de tão doidas que são.

Kickstarter mostra como há dinheiro rolan-do mundo afora, e como existe sim gente interessada em apoiar e investir nas ideias e nos sonhos alheios, por mais estapafúrdios (ou geniais) que possam parecer. Melhor ainda, a plataforma aceita propostas de pro-jetos provenientes do mundo inteiro. Vários brasileiros estão lá.

Abaixo elencamos uma galeria de alguns projetos para o futuro próximo, bancados pelo crowdfunding dessa plataforma. Veja, por exemplo, a impressora 3D de baixo cus-to, os auriculares invisíveis, o espectrômetro de bolso, etc. Escolhemos dez invenções que estão prontas para entrar na nossa vida... assim que convencerem a multidão de co-laboradores do Kickstarter a desembolsar a grana para o seu desenvolvimento em escala comercial.

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1 The Micro. É uma impressora 3D de baixo custo. No Kickstarter esse projeto recebeu mais de 3 milhões e 400 mil dólares de financiamento crowdfunding: 6.000% a mais de quanto tinham pedido seus criadores. A ideia de uma impressora 3D sobre a mesa do escritório por um custo de apenas 350 dólares evidentemente entusiasmou as multi-dões. Site do projeto: http://printm3d.com/themicro/

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2 Emotiv Insight. A tecnologia Emotiv, desenvolvida pela Philips e pela Accenture, utiliza sensores que se sintoni-zam com os impulsos cerebrais de que a usa, de modo a escanear em tempo real pensamentos e expressões. Através da leitura desses sinais elétricos emitidos pelo cérebro é possível, por exemplo, controlar dispositivos eletrônicos instalados em uma casa. Chegará ao mercado em 2015, por um custo de 300 dólares. Site do projeto: htpps://emo-tiv.com/insight.php

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3 Scio. Comida, medicina, plantas e muito mais: esse pequeno espectroscópio de bolso os escaneia, projetando sobre eles um feixe de luz, e nos diz quais e quantas moléculas estão presentes na amostra, depois de ter mandado as in-formações a um servidor central, vis internet (através do smartphone). Custará 250 dólares. Site do projeto: https://www.kickstarter.com/projects/903107259/scio-your-sixth-sense-a-pocket-molecular-sensor-fo

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4 Giroptic. Não possui apenas uma objetiva, e sim três: isso lhe permite fazer fotografias de 360o, que possam ser vistas imediatamente no smartphone. Custará 300 dólares. Site do projeto: http://www.giroptic.com/

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5 Lima. Transforma qualquer chave usb ou hard portátil em um server cloud (tipo Dropbox) ao qual é possível conectar-se através de um smartphone, um tablete ou um computador, para intercambiar os arquivos.. Para quem acha que a computação cloud é útil, mas faz questão de conservar em casa uma cópia digital dos seus arquivos. O preço parte de 59 dólares. https://meetlima.com/

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6 Sense. Controla o ambiente do nosso quarto (temperatura, luz, etc), se conecta a sensores para o sono e nos des-perta no momento mais adequado. Todos os dados da nossa vida noturna são gravados no iPhone, e estarão prontos para serem interpretados por um algoritmo. Custa 130 dólares. Site do projeto: https://hello.is/

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7 Glyph. A coifa se transforma em visor com tela retina para ver filmes em alta definição. Custará 500 dólares. Site do projeto: http://avegant.com/

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8 Pebble. É um smartwatch personalizável que pode ser utilizado para monitorar as atividades esportivas e obter as informações através do telefone. Sua inscrição no Kickstarter obteve mais de 10 milhões de dólares (10.000 % da-quilo que foi solicitado). Já em venda, a partir de 79 dólares. Site do projeto: https://getpebble.com/

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9 Earin. São os menores auriculares bluetooth do mundo, medindo apenas 2 centímetros. São invisíveis. Para recar-rega-los, basta inseri-los na custodia apropriada. Estarão disponíveis para venda no decorrer de 2015. Site do proje-to: http://earin.com/

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10 Ouya. Enésimo console para videogames? Não, Ouya possui três marchas a mais. Usa Android, o sistema opera-tivos dos googlefones, ocupa pouco espaço e tem custo bem acessível: 99 dólares. Site do projeto: https://ouya.tv/

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VIA

GEM

SIS

Ponte Carlos

INVERNO EM PRAGACidade mágica no coração da Europa

OÁSIS . VIAGEM OÁSIS

escrita por seus admiradores como a “cidade das cem tor-res”, a antiga Praga permanece na imaginação dos leitores de Franz Kafka como uma das me-trópoles mais encantadoras do mundo. É cidade ideal para fla-nar, andar a pé pelas ruas e pra-ças, sem lenço nem documento.

D

Praga é uma das cidades mais bonitas do Leste Europeu. Mesmo no inverno, quando muitos destinos não são recomendados, a capital da República Checa é romântica, irresistível e encantadora. Recoberta pela neve, também é perfeita para quem gosta de patinar no gelo

POR: FABÍOLA MUSARRA

E não estranhe, ao fazê-lo, se encontrar, de hora em hora, hordas de turistas apontando suas câmeras fotográficas para uma elegante torre em Staré Mesto, o centro antigo de Pra-ga. É lá que se encontra o relógio astronômi-co, uma construção de geometria complexa com figuras de apóstolos e caveiras em movi-mento que anunciam a nova hora.

Assim é Praga, com sua arquitetura que mis-tura do gótico ao renascentista e prédios mo-dernos que convivem lado a lado com um dos maiores castelos do mundo. Você atravessará inúmeras vezes a famosa ponte Carlos, cons-truída em 1357 sobre o rio Vltava, e vagueará repetidamente pelas mesmas vielas, como a Rua dos Alquimistas, onde está a casinha super modesta de Franz Kafka.

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Praga, o Castelo no Inverno

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Praga, vista do Castelo

oferece várias opções para os praticantes desse esporte. No coração de Praga, em Ovocný trh, por exemplo, não é preciso gastar nenhum centavo para patinar na pista de gelo ali existente. Situada ao lado do elegante Teatro da Nobreza, na cidade velha, é grátis e fica aberta até a noi-te.

Nos fins de semana recebe eventos culturais, espetácu-los musicais ao vivo e atrações para divertir a criançada. No local também não faltam as delícias culinárias nem o aluguel de patins. Ainda no centro de Praga, outro lugar legal para quem gosta de patinar é a pista de gelo na Rua Františku, onde também é possível alugar patins. Agora, se o negócio é viver experiências únicas somadas

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Praga, esqui nas ruas

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Praga, Capital da República Tcheca

Praga é pulsante, seja pela vida noturna agitada, pe-las diversas galerias de arte, ou ainda pelo incontável número de turistas que você terá de desviar em prati-camente todas as regiões que compreendem o circuito turístico: Staré Mesto, Malá Strana (Pequeno Bairro) e Nové Mesto (Centro Novo). É lá que se encontra a maior parte das atrações, como o bairro judeu, o mu-seu de Franz Kafka ou o imperdível Museu do Comu-nismo. Este, aliás, já ficou bem para trás na lembrança ao passarmos pela elegante alameda Pariszka, onde você encontrará grifes como Ermenegildo Zegna, Boss e Prada. Ou seja, a outrora escura cidade kafkaniana está cada vez mais cosmopolita e vibrante.

Se você gosta de patinar no gelo, saiba que a cidade

a muita emoção, o endereço é a Galerie Harfa, no bairro Vysočany, onde é possível patinar sobre o telhado. E o melhor: a aventura no gelo neste centro comercial é grá-tis e o aluguel dos patins é no próprio local. A pista está aberta todas as tardes. Sextas, sábados e domingos, fun-ciona até a noite, com iluminação artificial.

O Centro Esportivo Gutovka (bairro de Strašnice) e a pis-ta Ice Arena (bairro Letňany) são outras opções. Há, ain-da, a pista de gelo no Edifício Incheba, que fica no con-junto de Výstaviště, no bairro Holešovice.

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Para quem busca romantismo, a cidade reserva verdadeiros cartões--postais. Caminhar pelos parques cobertos de neve e passear pelos jardins do Castelo de Praga são dois deles.

Pode-se ainda subir a pé ou de te-leférico até o mirante de Petřin. Do alto dessa pequena cópia da Torre Eiffel, a bucólica visão que se tem de Praga no inverno é ainda mais inesquecível.

De volta à cidade, a parada na Igre-ja de Nossa Senhora Vitoriosa é obrigatória. Situada à Rua Karme-litská, seu interior abriga a imagem do Menino Jesus de Praga, um dos santos mais idolatrados pelos cató-licos. Ainda que se pertença a outra reli-

gião ou que não se siga nenhuma delas, a visita a essa be-líssima construção vale a pena e permite conferir de perto a majestosa arquitetura da igreja, rica em detalhes.

Para quem está pisando em Praga pela primeira vez, a dica é embarcar no Hopon-Hopoff Prague (www.hopon--hopoff.cz), fazendo um city tour pela cidade. Como em outros países, esses ônibus turísticos possibilitam que o passageiro suba e desça quantas vezes quiser durante o percurso.

Rua do Centro Velho de Praga

Por ser uma cidade medieval, com muitas ruas exclusivas para pedestres, foram tra-çadas três rotas básicas em Praga. Assim, no período de 48 horas em que é válido o bilhete, o turista tem tempo suficiente para descer do ôni-bus nas atrações que deseja conhecer, se enveredando pe-las charmosas ruelas, pontes e praças da capital tcheca, de acordo com o seu ritmo. Um guia fica à disposição no ôni-bus para responder a qualquer pergunta durante o trajeto e o sistema de som a bordo está disponível em 22 idiomas. O bilhete inclui ainda um pas-seio de barco com uma hora de duração pelo Rio Moldava.

O inverno, por sinal, é um dos períodos mais belos para passear de barco pelo Rio Moldava, que majestosamente desfila pela cidade. Durante o trajeto, os telhados neva-dos da antiga Praga, as árvores cinza na Ilha de Kampa e a Ponte Carlos deslizam diante do olhar, num vaivém de paisagens memoráveis.

Os barcos a vapor desembarcam da Ponte Čechůvmost. Os passeios ali oferecidos podem ter maior ou menor tempo de duração, dependendo de quanto tempo se pre-tenda passar no barco.

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Independentemente do passeio – caminhadas, patins e barcos – e da estação do ano, Praga tem muitos encantos para mostrar. Vale a pena se deixar seduzir por eles. Bom encantamento!

Informações: Escritório de Turismo da República Tche-ca, e-mail: [email protected]

Graffiti na rua de Praga

OÁSIS . VIAGEM OÁSIS

Jardins Keukenhof

Ghent e Antuérpia.

Na Holanda as cidades visitadas são Ams-terdã, Schoonhoven e Veere. Durante o trajeto em terras holandesas, o navio faz ainda um stop em Maastricht. No térmi-no da viagem segue para Amsterdã, onde acontece um cruzeiro pelo canal da cidade e uma degustação de queijo, atividades in-cluídas no preço.

Também fazem parte do roteiro excursões para três atrações imperdíveis da Holanda: o Jardim Keukenhof, o maior parque de flores de bulbo do mundo; o conjunto de moinhos de vento, Patrimônio da Unesco, em Kinderdijk; e o Delta Works, os diques construídos a partir do Plano Delta contra enchentes, considerado uma obra-prima da engenharia.

Anote as saídas: 31 de março, 2 de abril, 10 de abril e 21 de abril. Respectivamente, custam por pessoa em cabi-ne dupla a partir de US$ 2.349, US$ 2.449, US$ 2.549 e US$ 2.699. O preço inclui passeios em terra com guias em português ou espanhol, refeições a bordo com bebi-das (cervejas e vinhos no jantar) e wi-fi livre no navio. Informações: Exqape Travel Experts, tel. (16) 3637-4511, www.exqape.com.br

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Pelas águas da Holanda e BélgicaNavegar em um hotel de luxo flutuante é uma maneira diferente de conhecer cidades europeias. Se essa é a in-tenção e você pretende ir para a Holanda e Bélgica, em-barcar em cruzeiro fluvial a bordo do navio Expression, da Avalon Waterways, pode ser uma opção.

As saídas do Tempo das Tulipas, como é o nome do cru-zeiro, acontecem em março e em abril. O roteiro de sete noites começa e termina em Amsterdã, na Holanda. Du-rante a viagem, o navio também aporta na Bélgica, em

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Saiba os países mais caros e baratos da EuropaO site Trivago divulgou o resultado de uma pesquisa em que comparou os preços das di-árias de hotéis europeus, elegendo os países onde custa mais caro e barato se hospedar. A Bulgária foi o país com hospedagem mais ba-rata em 2014, com a diária média de R$ 180.

O estudo coloca a Polônia no segundo lugar do ranking dos mais baratos, com R$ 189 por dia. Em terceiro está a Romênia (R$ 198), seguida pela Hungria (R$ 235) e Letônia (R$ 256).

As sexta, sétima, oitava, nona e décima posi-ções são ocupadas, respectivamente, por Por-tugal (R$ 278), República Tcheca (R$ 296), Grécia (R$ 299), Espanha (R$ 302) e Alemanha (R$ 323).

O levantamento também revelou os países europeus onde a hospedagem custa mais caro. A Suíça ocupa o topo da lista com a média de R$ 589, seguida por Noruega (R$ 464), Reino Unido (R$ 442) e Dinamarca (R$ 430). Os quinto e sexto luga-res ficam com Suécia e França, com diárias médias de R$ 427 e R$ 421, respectivamente.

Posicionadas em sétimo e oitavo lugares, Holanda (R$ 378) e Áustria (R$ 378) têm empate na média de preços. As últimas posições do Top 10 pertencem a Itália (R$ 372) e Bélgica (R$ 339).

Imagens de Sofia, Capital da Bulgária

OÁSIS . VIAGEM OÁSIS

Em Dubai, o Burj Khalifa, o edifício mais alto do mundo

vídeos panorâmicos da cidade, como a de seu moderno Aeroporto Internacional e também a de um de seus principais car-tões-postais: o Burj Khalifa, o maior edifí-cio do mundo, com 828 metros de altura.

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Dubai ao alcance de suas mãosResultado de uma das mais intrigantes e ambiciosas obras construídas pela engenharia contemporânea, a linda cidade de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, já está ao alcance de suas mãos e você pode começar a se aventurar por suas ruas apenas com um clique na tela do computador.

Para isso, basta acessar www.dubai360.com. Lançado oficialmente como o primeiro tour online interativo do mundo, o site disponibiliza um acervo de 1.298 fotos e

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Azul terá voos extras para Fort Lauderdale e MiamiCom objetivo de atender à demanda de feria-dos prolongados da Páscoa, Tiradentes e Dia do Trabalho, a Azul anunciou a comercializa-ção de 24 voos extras para Fort Lauderdale e Miami (EUA), no período de 2 de abril a 4 de maio. Com o acréscimo de 150 frequências entre Campinas e Fort Lauderdale e Miami e entre Campinas e Orlando serão disponibili-zados 6,5 mil assentos adicionais no período. Informações: www.voeazul.com.br

Porto e panorama de Fort Lauderdale, na Flórida

OÁSIS . VIAGEM OÁSIS

Bariloche, Argentina

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Consulado brasileiro em Bariloche Segunda cidade mais visitada pelos brasileiros na Ar-gentina, perdendo apenas para a capital Buenos Aires, Bariloche volta a abrigar o Consulado do Brasil. Rei-naugurado pelo governo brasileiro no início deste mês, o consulado fica na cidade de San Carlos de Bariloche e tem como objetivo garantir maior assistência aos viajan-tes do Brasil e aos cidadãos brasileiros que residem na região. O espaço funciona no Hotel Fazenda Carioca, na Avenida Pioneros, km 2.300.

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Palácio Guanabara, em Laranjeiras, bairro tradicional do Rio de Janeiro

Dom Pedro 2º. Seu interior guarda valio-sas obras de arte e ambientes preservados da era republicana.

Localizado no bairro das Laranjeiras e habitado pela fauna e flora de seu lindo jardim, o palácio está aberto à visitação pública sempre no último sábado do mês. As visitas são gratuitas, guiadas e limitadas a grupos de até 20 pessoas. Começam às 9 horas e têm de ser agendadas com antece-dência pelo e-mail [email protected]

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Palácio Guanabara é reaberto à visitaçãoVai passar uns dias no Rio de Janeiro? Se pretende co-nhecer os principais pontos turísticos da cidade, saiba que o Rio tem mais um atrativo: o Palácio Guanabara, sede do governo estadual, recentemente reaberto ao pú-blico.

Inaugurado em 1853, o palácio foi cenário de importan-tes fatos da história brasileira. Durante o Império, por exemplo, foi a residência da princesa Leopoldina, filha de

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Colheita de uva é atração da Serra GaúchaA colheita de uvas é sempre uma festa no Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha (RS). Cidade integrante da região, Bento Gon-çalves não é diferente. Todo ano, de janeiro a março, atrai mi-lhares de turistas para a vindima, um dos períodos mais mági-cos do enoturismo.

Este ano, a festa da cidade se estende até o dia 15 de março. Sua programação é um passaporte de acesso à cultura do vi-nho e dá o direito de visitar as caves e de participar de todas as etapas da produção da bebida, desde o corte dos cachos e o processo de engarrafamento até a degustação dos rótulos da marca, orientada por um enólogo.

A região de Bento Gonçalves concentra 74 vinícolas. Em algu-

Colheita noturna da uva em Bento Gonçalves

mas delas, dá até para participar da divertida pisa, uma antiga forma de fabricar o vinho pisoteando os cachos, tudo ao ritmo de músicas italianas.

Para quem preferir, Bento Gonçalves oferece passeios de Maria Fumaça. O trajeto de 23 km inclui o “aprendiza-do” sobre as tradições italiana e gaúcha, além, é claro, da degustação de vinhos e espumantes da região.

Os restaurantes da região também são uma atração à parte nesta época do ano: organizam cardápios especiais com receitas típicas da colônia italiana, como o famoso galeto assado com polenta.

Não é só Bento Gonçalves que ganha vida e cores com a vindima. Próximo dali, as lindas cidades de Gramado e Canela também são ótimos pontos de partida para o Vale dos Vinhedos. A CVC oferece pacotes de viagens para quem deseja se hospedar em Gramado, Canela e Bento Gonçalves. O pacote mais procurado é para Gramado. Com duração de oito dias, inclui passagens aéreas, trasla-dos, sete noites de hospedagem com café da manhã, pas-seio à Vinícola Julimont para a colheita da uva, city tour em Canela e Gramado e tour de compras. Custa a partir de dez vezes sem juros de R$ 127 por pessoa, em aparta-mento duplo. Informações: www.cvc.com.br

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Pássaros do Pantanal

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Pantanal está entre os melhores Em votação promovida pelo portal do jornal norte-americano “USA To-day”, o Pantanal foi eleito o quarto melhor destino para apreciação da vida selvagem do mundo e o único do Brasil. A iniciativa se estendeu por quatro semanas, período em que internautas de todo o mundo vota-ram, colocando a Ilha de Galápagos na primeira colocação da lista.

Englobando os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o Pan-tanal foi escolhido pelos internautas por possuir uma das mais densas concentrações de vida selvagem do mundo, abrigando desde pássaros, jacarés, antas, capi-varas, lobos-guará até onças-pintadas, entre outras espé-cies.

O ranking dos destinos eleitos pelos internautas é o se-guinte: 1º) Ilhas Galápagos (Equador), 2º) Reserva Na-cional Pacaya Samiria (Peru), 3º) Costa Rica, 4º) Panta-nal, 5º) Parque Nacional Katmai (Alasca, EUA), 6º) Delta do Okavango (Botswana, África), 7º) Churchill (Canadá), 8º) Parque Nacional de Yellowstone (EUA), 9º) Serenge-ti/Maasai Mara (Tanzânia e Quênia, África), 10º) Parque Nacional de Ranthambore (Índia).

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Pousadas do Ceará têm promoção em fevereiroVai para o Ceará? Então, veja essas dicas: as pousadas Vila Ka-lango, na Praia de Jericoacoara, e Rancho do Peixe, na Praia do Preá, estão com ofertas especiais de baixa temporada para re-servas até 28 de fevereiro e hospedagem de fevereiro a junho, exceto feriados.

A promoção oferece uma diária grátis para reservas a partir de três noites pagas, cortesia para uma criança até 10 anos, early check-in e late check-out de acordo com a disponibilidade e um mimo surpresa, além de transfer diário gratuito em quatro horários diferentes. Os hóspedes podem conhecer e utilizar a infraestrutura de lazer das duas pousadas que ficam distantes apenas 12 km uma da outra.

Rancho do Peixe

Situada em uma vila de pescadores, a Pousada Rancho do Peixe (www.ranchodopeixe.com.br), na praia do Preá, tem 22 bangalôs com 80 metros quadrados cada, deck privativo, varanda com rede e vista para o jardim de co-queiros ou para o mar. Também tem uma escola de kite-surfe para quem quer aprender o esporte ou aprimorar manobras.

Já a pousada Vila Kalango (www.vilakalango.com.br) está localizada entre a Praia de Jericoacoara e a Duna do Por do Sol, um dos pontos altos da região. De frente para o mar, possui 24 acomodações, entre apartamentos, pa-lafitas e bangalôs, espalhadas pelos seus cinco mil metros quadrados de área. Disponibiliza piscina, lounge com redes, espaço para relax com massagens, restaurante e a escola Ticowind Jeri, que oferece aulas de windsurfe, passeios de caiaque e stand up paddle.

Durante a promoção, a diária nas reservas feitas até dia 28 de fevereiro na Vila Kalango custa a partir de R$ 370 o casal, com café da manhã. Já na Pousada Rancho do Peixe as diárias neste período têm preços a partir de R$ 315 o casal, com café da manhã.

Informações: Vila Kalango, tel. (88) 3669-2290; Rancho do Peixe, tel. (88) 3660-3147.

(*) Correspondência para esta seção: https://fabiolamusarra.wordpress.com/

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DEMOCRACIA CORPORATIVASabedoria radical para a empresa, a escola e a vidaS

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brasileiro Ricardo Semler é empresário interessado nos processos de transfor-mação das organizações empresariais. Depois de assumir o controle da Sem-ler & Company (Semco) de seu pai, em 1980, no Brasil, Ricardo Semler come-

O

E se o seu trabalho não mais controlar a sua vida? O empresário brasileiro Ricardo Semler pratica uma forma radical de democracia corporativa. Trata-se de uma visão empresarial que premia a inteligência e a sabedoria dos trabalhadores, promove o equilíbrio entre vida e trabalho - e leva a uma profunda percepção sobre o real significado do trabalho na vida da pessoa

TRADUÇÃO: TÚLIO LEÃO REVISÃO: LEONARDO SILVA

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çou uma busca que já dura décadas para a criação de uma organização empresarial baseada no que ele chama de “democra-cia corporativa”. Tal estrutura permite que os próprios funcionários projetem os seus trabalhos, selecionem seus supervisores e definam os níveis de remuneração. Ricardo Semler aplicou os mesmos princípios para a educação e outras áreas de atividades. Tudo com muito bons resultados.

O empresário Ricardo Semler

Vídeo integral da palestra de Ricardo Semler

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Tradução integral da palestra de Ricardo Semler

Às segundas e quintas-feiras, eu aprendo a morrer. Eu os chamo de meus dias terminais. Minha esposa Fernanda não gosta do termo, mas muitos familiares morreram de câncer, melanoma, e tanto meus pais quanto avós tiveram-no. Continuei pensando: “Um dia posso estar sentado em frente ao médico, que olha meu exame e diz: ‘Ricardo, a situação não parece boa. Você tem de seis meses a um ano de vida.’”E você começa a pensar sobre o que fazer com esse tempo. E diz: “Ah, passarei mais tempo com as crianças. Visitarei lugares. Vou subir e descer montanhas e lugares e farei todas as coisas que não fiz quando tive tempo.” Mas, claro, nós sabemos que essas serão memórias boas e dolorosas que teremos. É muito difícil fazê-lo. Você passa boa parte do tempo chorando, provavelmente. Então eu disse: “Vou fazer diferente.”Todas as segundas e quintas-feiras vou utilizar meus dias terminais. E farei, durante esses dias, o que quer que seja que eu fosse fazer se rece-besse uma notícia dessas. (Risos)

Quando você para pra pensar... (Aplausos) Quando pensamos sobre o oposto de trabalho, com frequência pensamos em lazer. E dizemos: “Ah, preciso de um descanso, e assim por diante.” Mas o fato é que o lazer te deixa ocupado. Você vai jogar golfe ou tênis e encontra pessoas, e vai almoçar, e de repente se atrasa para o cinema. É algo muito tu-multuado que fazemos. O oposto de trabalho é a ociosidade. Mas pou-cos de nós sabemos o que fazer com ela. Quando se analisa a maneira como distribuímos nossa vida, em geral, percebemos que, em períodos em que temos muito dinheiro, temos muito pouco tempo. E finalmen-te quando temos tempo, não temos mais dinheiro nem saúde.

Então nós, como empresa, começamos a pensar nisso nos últimos 30 anos. É uma empresa complicada, com milhares de empregados, cen-tenas de milhões de dólares em negócios, que faz sistemas propelentes de combustível de foguetes, gerencia 4 mil caixas eletrônicos no Brasil, faz declarações de imposto de renda para dezenas de milhares. Então não é um negócio simples.

Nós paramos e dissemos: “Vamos retribuir a essas pessoas, vamos dar a elas uma empresa onde quebramos todo o rígido regulamento de quando chegar, como se vestir, como compa-recer a reuniões, o que dizer, o que não dizer e assim veremos o que sobra.” Então começamos isso há cerca de 30 anos, e come-çamos a lidar com esse problema. Então dissemos: “Veja, a apo-sentadoria, todo o problema de como distribuímos nosso gráfico da vida. Em vez de escalar montanhas quando estiver com 82 anos de idade, por que você não vai na semana que vem? E fare-mos dessa maneira: nós lhe venderemos a quarta-feira em troca de 10% do seu salário.” Então se você fosse ser um violinista, e que provavelmente não seria, você faz isso às quartas-feiras.

E o que descobrimos... Pensamos: “Serão as pessoas mais velhas que realmente se interessarão por esse programa.” E a idade média dos primeiros que aderiram a ele foi de 29, é claro. Então começamos a observar e dissemos: “Temos de fazer diferente.”

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Começamos a dizer coisas como: “Por que queremos saber a que horas você chegou ou saiu do trabalho, etc? Não podemos trocar isso por um contrato onde compramos algo de você, algum tipo de trabalho? Por que estamos construindo essa sede? Não parece uma questão de ego, de querermos parecer sólidos, grandes e importantes? E por isso arrasta-mos vocês através da cidade por duas horas?”

Então começamos a questionar uma coisa de cada vez. Diríamos assim: “Primeiro, como encontramos pessoas?” Saíamos, tentaríamos recrutar pessoas e então diríamos: “Olha, quando vier a nós, não faremos duas ou três entrevistas e você ficará casado conosco pelo resto da vida. Não é assim que vivemos o resto da vida. Então venha, faça suas entrevistas. Qualquer um que estiver interessado em entrevistá-lo irá aparecer. E assim veremos o que vai surgir da intuição que vier daí, em vez de pre-encher os questionários que tentam prever se é a pessoa certa. E então volte. Passe uma tarde, um dia inteiro, fale com quem quiser. Tenha

certeza que somos a noiva que você sempre imaginou e não a bobagem que colocamos em nossos anúncios.” (Risos)

Lentamente passamos por um processo em que diríamos coisas tais como: “Não queremos que ninguém lidere na empresa se não tiver sido entrevistado e aprovado por seus futuros subordi-nados.” A cada seis meses, todos são avaliados, anonimamente, como líderes. E isso determina se devem continuar ou não na-quela posição de liderança, o que, muitas vezes, como sabemos, é situacional. Então se não tiverem de 70 a 80% de aprovação, eles não permanecem, o que provavelmente é a razão de eu não ser CEO há mais de dez anos. E, ao longo do tempo, começamos a fazer outras perguntas.

Dizíamos coisas tais como: “Por que as pessoas não podem defi-nir o próprio salário? O que elas precisam saber? Há apenas três coisas que se tem de saber: quanto as pessoas ganham na em-presa, quanto outras pessoas ganham em empresas similares e o quanto ganhamos normalmente, para saber se podemos arcar com isso. Então daremos às pessoas essas três informações.” Começamos a ter, na cafeteria, um computador aonde você po-deria ir e perguntar o que alguém gastou, quanto alguém ganha, quais os benefícios dele, o que a companhia ganha, quais são as margens e assim por diante. E isso foi há 25 anos.

Conforme esses dados chegaram ao alcance das pessoas, disse-mos que não queríamos mais ver o relatório de gastos delas, não queríamos saber os recessos que elas planejavam ou onde traba-lhavam. Tivemos, a certo ponto, 14 escritórios espalhados pela cidade, e dissemos: “Vá ao que for mais próximo de sua casa, ou do cliente que vai visitar hoje. Não nos diga onde você está. E mais, mesmo quando empregávamos 5 mil pessoas, tínhamos apenas duas pessoas no RH, e, graças a Deus, uma delas apo

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sentou-se. (Risos)

Então o que estávamos nos perguntando era: “Como cuidamos des-sas pessoas? As pessoas são tudo o que temos. Não podemos ter um departamento que corre atrás delas e cuida delas.” Então descobrimos que isso funcionava e dizíamos que estávamos procurando por... e isso é, acredito, a principal coisa que estive buscando nos dias terminais e na empresa, que é: como você planeja visando à sabedoria? Viemos de uma era de revolução, revolução industrial, era da informação, era do conhecimento, mas não estamos nem próximos da era da sabedoria. Como planejarmos e nos organizarmos para mais sabedoria? Então, por exemplo, muitas vezes, a decisão mais inteligente ou esperta não importa. Então dizíamos: “Vamos concordar que você venderá 57 itens por semana. Se vendê-los até quarta-feira, por favor vá à praia. Não crie um problema para nós, para a produção, para a aplicação, então teremos de comprar mais empresas e nossos competidores, vamos fa-zer todo tipo de coisa porque você vende muitos itens. Então vá à praia e comece de novo na segunda-feira.” (Risos) (Aplausos)

Então o processo é buscar a sabedoria. E no meio tempo, é claro, querí-amos que as pessoas soubessem tudo e queríamos ser verdadeiramen-te democráticos ao administrar tudo. Então nosso conselho tinha duas vagas abertas com os mesmos privilégios de voto, para as duas primei-ras pessoas que viessem. (Risos) Então tínhamos faxineiras votando na reunião do conselho, onde havia várias outras pessoas importantes de terno e gravata. E isso de fato nos manteve honestos.

Nesse processo, conforme observamos as pessoas que vinham até nós, diríamos: “Espere um pouco, as pessoas vêm até aqui e dizem: ‘Onde eu deveria me sentar? Como eu deveria trabalhar? Onde estarei daqui a cinco anos?’” Vimos isso e dissemos: “Temos de começar muito mais cedo.” Onde começamos? Dissemos: “Ah, o jardim de infância parece um bom começo.”

Então criamos uma fundação que tem, há 11 anos, três escolas, onde começamos a fazer as mesmas perguntas: “Como você reinventa a escola para a sabedoria?” Uma coisa é falar que te-mos de reciclar os professores, ou que diretores têm de fazer mais, etc... Mas a verdade é que a forma como lidamos com a educação está totalmente obsoleta. O papel do professor está completamente obsoleto. Ir de uma aula de matemática à de biologia e à França do século 14 é uma bobagem. (Aplausos) Então começamos a pensar como a escola poderia ser. E junta-mos um grupo de pessoas, incluindo as que gostam de educa-ção, pessoas como Paulo Freire, e dois ministros de educação no Brasil e dissemos: “Se fôssemos projetar uma escola do zero, como ela seria?”

Então criamos uma escola chamada Lumiar, e a Lumiar... uma delas é escola pública, a Lumiar diz o seguinte: “Dividiremos o papel do professor em dois. Um chamaremos de tutor.” O tutor, no velho sentido do grego “paideia”, é: “Cuide da criança, do que

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acontece em casa, como ela está na vida, etc... Mas, por favor, não ensi-ne, porque o pouco que você sabe comparado ao Google, não queremos saber. Guarde para você.” (Risos) Agora, traremos pessoas que têm duas coisas: paixão e experiência, sendo a especialidade deles ou não. E usaremos cidadãos mais velhos, que são 25% da população, que têm sabedoria e ninguém mais quer. Então os levamos às escolas e dizemos: “Ensine a essas crianças qualquer coisa em que de fato acreditem.” En-tão temos violinistas ensinando matemática. Temos todo tipo de coisa onde dizemos: “Não se preocupe com o conteúdo da disciplina.” Temos aproximadamente 10 grandes tópicos, que vão de 2 a 17. Coisas como: “Como nos medimos como humanos?” Então há lugar para a matemá-tica, física e tudo mais. “Como nos expressamos?” Então há lugar para a música e literatura, mas também para a gramática.

E temos aquilo que todos esqueceram, que são provavelmente as coisas mais importantes na vida, as coisas mais importantes na vida, das quais não sabemos nada sobre. Não sabemos nada sobre o amor, nada sobre a morte, nada sobre o porquê de estarmos aqui. Então precisamos de um tópico que fala sobre tudo que não sabemos. E isso é uma boa par-te do que fazemos. (Aplausos) Então, ao longo dos anos, começamos a abordar outras coisas. Diríamos: “Por que temos de repreender as crianças e mandar que se sentem, venham aqui, façam aquilo...” Disse-mos: “Vamos deixar as crianças fazerem o que chamamos de círculo, que se reúne semanalmente. E dissemos: “Vocês criam as regras e então decidem o que fazer com elas. Então vocês podem se bater nas cabeças? Claro, por uma semana, tentem.” Elas chegaram às mesmas regras que tínhamos, mas que agora eram delas. E então, elas têm o poder, o que significa que podem suspender e expulsar crianças. Então não estamos brincando de escola; elas realmente tomam as decisões.

E então, nessa mesma linha de pensamento, mantemos um mosaico digital, porque isso não é construtivista, Montessori ou coisa assim. É

algo onde mantemos o currículo brasileiro em 600 peças de mosaico, os quais queremos que as crianças tenham visto até os 17 anos. Seguimos isso o tempo todo, vendo como elas estão se saindo e dizemos: “Você não está interessado nisso, vamos aguardar um ano.” E as crianças ficam em grupos que não são restritos a uma certa idade, então o garoto de seis anos que está apto à mesma coisa que outro de 11, isso elimina todas as gan-gues, grupos e todo esse tipo de coisa que, normalmente, temos nas escolas. E eles são avaliados com uma nota de 0 a 100%, o que eles mesmos fazem em um aplicativo a cada duas horas, até que observamos que eles estão a 37% do caminho que gos-taríamos naquele tema, para que possamos soltá-los no mundo sabendo o suficiente. Então os cursos são Copa do Mundo de Futebol ou construir uma bicicleta. As pessoas irão se matricular em um curso de 45 dias sobre construir bicicletas. Agora, tente construir uma bicicleta sem saber que pi é 3,1416. Você não con-segue. E tente, qualquer um de vocês, usar 3,1416 para alguma coisa. Vocês nem sabem mais. Então isso está perdido e é o que queremos resgatar, que é a busca pela sabedoria na escola.

E isso nos remete a um gráfico e a uma distribuição de nossa vida. Eu acumulei muito dinheiro, quando paro para pensar. Quando você reflete e diz: “Agora é hora de devolver...” Bem, se você está devolvendo, é porque pegou demais. (Risos)(Aplau-sos) Continuo pensando no Warren Buffet acordando um dia e descobrindo que ele tem 30 bilhões de dólares a mais do que pensava. E ele olha e diz: “O que farei com isso?” E diz: “Darei a alguém que realmente precisa disso. Darei ao Bill Gates.” (Risos) E meu rapaz, que é meu conselheiro financeiro em Nova Iorque, ele diz: “Você é um cara boboporque você teria 4,1 vezes mais dinheiro hoje se o tivesse reinvestido, em vez de compartilhá-lo.” Mas gosto mais de ir compartilhando. (Aplausos)

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Eu lecionei MBAs no MIT por um tempo e acabei, um dia, no cemitério Mount Auburn. É um lindo cemitério em Cambridge. E estava andan-do por lá, era meu aniversário e estava pensando. E, na primeira vez lá, eu vi túmulos e pessoas maravilhosas que fizeram coisas grandiosas e pensei: “Pelo que quero ser lembrado?” Então dei mais uma volta e, na segunda vez, outra questão me veio à mente e me fez mais bem e foi: “Para que eu iria querer ser lembrado?” (Risos) E isso, acho, me levou a lugares diferentes. Aos meus 50 anos, minha esposa Fernanda e eu nos sentamos por toda a tarde, e tínhamos uma grande cova pegando fogo, e eu atirei todas as coisas que já tinha feito nela: um livro em 38 idiomas, centenas e centenas de artigos e DVDs, tudo que havia. E isso resultou em duas coisas. Primeiro, libertou nossos cinco filhos de segui-rem nossos passos, nossa sombra. Eles não sabem o que faço. (Risos) O que é bom. E não vou levá-los a algum lugar e dizer: “Um dia isso tudo será de vocês.” (Risos) Os cinco não sabem de nada, o que é bom.

E a segunda coisa é que eu me libertei desse peso de realizações passa-das e etc. Estou sempre livre para começar algo novo e decidir coisas do zero em parte desses dias terminais. Algumas pessoas diriam: “Agora você tem esse tempo, os dias terminais, então sai e faz de tudo.” Não, já fomos a praias: a Samoa, ilhas Maldivas e Moçambique; então isso já está feito. Escalei montanhas nos Himalaias. Mergulhei 60 metros para ver tubarões-martelo. Passei 59 dias nas costas de um camelo indo do Chade até Tumbuctu. Fui ao Polo Norte magnético num trenó com ca-chorros. Então temos feito muita coisa. E isso é o que gosto de chamar de minha “lista do balde vazio”. (Risos)

E com esse raciocínio, olho para esses dias e penso: “Não estou aposen-tado. Não me sinto assim, de forma alguma.” Então estou escrevendo um novo livro. Fundamos três empresas nos últimos dois anos. Estou agora trabalhando para espalhar esse sistema escolar gratuito pelo mundo, e descobri, interessantemente, que ninguém o quer de graça.

Então tenho tentado, há dez anos, fazer com que o sistema pú-blico adote esse raciocínio escolar, assim como as escolas públi-cas que temos, que, em vez de notas 43 num máximo de 100, tem 91 num máximo de 100. Mas de graça ninguém quer. Então talvez começaremos a cobrar e irá pra frente. Mas divulgar isso é uma das coisas que queremos fazer.

E acho que a mensagem que isso nos deixa é um pouco assim: todos aprendemos a acessar nosso e-mail no domingo à noite e a trabalhar em casa, mas poucos de nós aprenderam a ir ao cinema nas tardes de segunda-feira. E se procuramos por sabe-doria, precisamos aprender a fazer isso também. Então o que fizemos todos esses anos é muito simples. Uso uma pequena es-tratégia: perguntar por quê, três vezes seguidas. Para o primeiro porquê, você sempre terá uma boa resposta. No segundo, co-meça a ficar difícil. E no terceiro, você não tem ideia do que está fazendo. O que quero lhes deixar é a semente e o pensamento de que, se fizerem isso, chegarão à pergunta: “Para quê? Para que estou fazendo isso?” E, como resultado disso e com o tempo, espero que com isso, e é isso que lhes desejo, vocês tenham um futuro mais sábio. Muito obrigado. (Aplausos)

Chris Anderson: Então, Ricardo, você é meio doido. (Risos) Para muitos, isso parece loucura. E ainda assim é tão sábio. As peças que estou tentando juntar são essas: suas ideias são tão radicais. Como... Nos negócios por exemplo, essas ideias tem estado aí há um tempo, provavelmente a porcentagem de negócios que pe-garam algumas delas ainda é muito baixa. Teve alguma vez em que viu alguma grande empresa assimilar uma de suas ideias e você disse: “Uhul!”?

Ricardo Semler: Acontece. Aconteceu há duas semanas com o

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Richard Branson, com seus funcionários, dizendo: “Ah, não quero mais controlar suas férias” ou o Netflix que faz um pouco de cada coisa, mas não acho que isso seja muito importante. Gostaria de ver isso acontecer um pouco, talvez como um zelo missionário, mas é uma visão muito pessoal. Mas o fato é que isso requer um tiro no escuro para abrir mão do controle. E quase ninguém que está no controle está disposto a dar tiros no escuro. Terá de vir das crianças e outras pessoas que estão fun-dando empresas de forma diferente.

CA: Então essa é a chave? Do seu ponto de vista, a evidência está lá, no ponto de vista dos negócios funciona, mas as pessoas não têm a cora-gem de... (Woosh)RS: Elas não têm nem o incentivo. Você está comandando uma empre-sa com um mandato de 90 dias. É um relatório quadrimestral. Se você não estiver bem em 90 dias, está fora. Então você diz: “Aqui está um ótimo programa que, em menos de uma geração...” E o cara diz: “Saia daqui.” Esse é o problema.(Risos)

CA: O que você está tentando fazer na educação parece impactante. Todos estão preocupados com os sistemas educacionais de seus países. Ninguém acredita que alcançamos o mundo onde existe o Google e todas as opções tecnológicas. Então você tem evidências reais de que as crianças em seu sistema têm tido um drástico aumento de performan-ce. Como podemos te ajudar a levar isso à frente?

RS: Acho que é aquele problema de ideias cuja hora chegou. Nunca fui muito evangelizador sobre isso. Nós lançamos essas coisas. De repente, você vê pessoas... Há um grupo no Japão que me assusta muito, e são chamados de semleristas e eles têm 120 empresas. Eles me convidaram. Sempre tive medo de ir. E há outro grupo na Holanda que tem 600 pe-quenas empresas holandesas. É algo que vai crescer por conta própria. Parte dará errado e não vai importar. Ele vai encontrar o seu lugar. E

tenho medo do outro, que diz: “Isso é tão bom que você tem que fazer. Vamos criar um sistema e injetar muito dinheiro nele e as pessoas vão adotar de qualquer jeito.”CA: Então você tem feito perguntas extraordinárias por toda sua vida. Parece-me que esse é o combustível que gerou tudo isso. Você tem alguma outra pergunta para nós, para o TED, para esse grupo?

RS: Eu sempre retorno a variações da pergunta que o meu fi-lho me fez aos 3 anos. Estávamos sentados em uma jacuzzi e ele disse: “Pai, por que nós existimos?” Não há outra questão. Ninguém tem outra pergunta. Temos variações desse questio-namento, dos 3 anos em diante. Então quando se passa tempo numa empresa, em burocracia, numa organização, e você diz, cara... Quantas pessoas você ouviu dizer em seus leitos de mor-te: “Cara, queria ter passado mais tempo no escritório?” Então há toda uma coisa de ter coragem agora, não em uma semana ou dois meses, não quando descobrir que tem algo, de dizer: “Não, para que estou fazendo isso? Pare tudo. Me deixe fazer outra coisa.” E tudo correrá bem, será muito melhor do que o que você está fazendo, se estiver preso a um processo.CA: Então isso me vem como uma forma profunda e bonita de terminar esse penúltimo dia de TED. Ricardo Semler, muito obrigado. RS: Muito obrigado.

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