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BELEZA PURA EM IMAGENS DE POVOS QUE DESAPARECEM O MISTÉRIO DO ROSTO HUMANO FAZENDA SUBTERRÂNEA Na Inglaterra, um experimento de agricultura futurista CAMPOS DO JORDÃO Cantinho dos Alpes em São Paulo AMONDAWÁ Em Rondônia, uma tribo que vive fora do tempo #227 EDIÇÃO OÁSIS

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BELEZA PURA EM IMAGENS DE POVOS QUE DESAPARECEM

O MISTÉRIO DO ROSTO HUMANO

FAZENDA SUBTERRÂNEANa Inglaterra, um experimento de agricultura futurista

CAMPOS DO JORDÃOCantinho dos Alpes em São Paulo

AMONDAWÁEm Rondônia, uma tribo que vive fora do tempo

#227

EDIÇÃO OÁSIS

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OÁSIS . EDITORIAL

POR

EDITOR

PELLEGRINILUIS

Q uando o fotógrafo britânico Jimmy Nelson viajou para a Sibéria para fotografar o povo Chukchi, os anciões da tribo lhe disseram: “Você não pode nos

fotografar. Você precisa esperar, esperar até que nos conhe-ça bem, esperar até que nos entenda.” Esse ensinamento foi a senha que possibilitou a Jimmy Nelson dedicar sua vida ao registro de homens e mulheres, crianças, adultos, velhos, todos eles pertencentes a antigas tribos que, ao redor do mundo, desaparecem pela pressão da civil ização branca con-temporânea.

Na sua busca incessante para fotografar culturas em perigo, Jimmy Nelson enfrentou homens da tribo Banna armados de metralhadoras Kalishnikov, ataques de renas em áreas

JIMMY NELSON DEDICOU SUA VIDA AO REGISTRO FOTOGRÁFICO DE HOMENS E MULHERES, CRIANÇAS,

ADULTOS, VELHOS, TODOS ELES PERTENCENTES A ANTIGAS TRIBOS QUE, AO REDOR DO MUNDO, DESAPARECEM PELA

PRESSÃO DA CIVILIZAÇÃO BRANCA CONTEMPORÂNEA”

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OÁSIS . EDITORIAL

POR

EDITOR

PELLEGRINILUIS

glaciais da Sibéria, e milhares de quilômetros de caminhada a pé, sobre terrenos muito difíceis. Armado apenas com uma mistura de humildade e senso de humor, Nelson conquistou a confiança de cada um dos seus fotografados. Ele usou uma antiga câmera a placa, daquelas que era usadas pelos retratis-tas que trabalhavam em praças públicas há 50 anos ou mais. O resultado, tanto em termos de qualidade fotográfica como de expressividade é assombroso. Jimmy Nelson já visitou mais de 35 tribos indígenas que habitam em lugares remotos do globo. O vídeo da conferência que ele proferiu no TED, bem como a galeria de fotos suas que oferecemos ao leitor em nossa matéria de capa, são documentos que merecem ser copiados e salvos para a posteridade. Confiram.

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uando Jimmy Nelson viajou para a Sibéria para fotogra-far o povo Chukchi, seus anciões disseram: “Você não pode nos fotografar. Você precisa esperar, esperar até que nos conheça bem, es-perar até que nos entenda.” Esse ensinamento foi a se-nha que possibilitou ao fotó-grafo inglês Jimmy Nelson

Q

Nesta palestra cheia de foto incríveis, Venha se juntar à busca do fotógrafo Jimmy Nelson para compreender o mundo, as outras pessoas, e ele próprio, fazendo retratos surpreendentes de tribos e culturas que estão desaparecendo do mundo

VÍDEO: TED – IDEAS WORTH SPREADINGFOTOS: JIMMY NELSONTRADUÇÃO: NADJA NATHANREVISÃO: MARICENE CRUS

Bill Gates fala no TED

dedicar sua vida ao registro de pessoas de antigas tribos que, ao redor do mundo, desaparecem pela pressão da civilização branca contemporânea. Na sua busca incessante para fotografar culturas em perigo, Jimmy Nelson en-frentou homens da tribo Banna armados de metralhadoras Kalishnikov, ataques de renas em áreas glaciais da Sibéria, e milhares de quilômetros de caminhada a pé, sobre terrenos muito difíceis. Armado apenas com uma mistura de humildade e senso de humor, Nelson conquistou a confiança de cada um dos seus fotografa-dos. Ele usou uma antiga câmera a placa, daquelas que era usadas pelos retratistas que trabalhavam em praças públicas há 50 anos ou mais. O resultado, tanto em termos de qualidade fotográfica como de expressividade é assombroso. Jimmy Nel-son já visitou mais de 35 tribos indígenas que habitam em lugares remotos do glo-bo.

O resultado é o livro Before They Pass Away (Antes que eles desapareçam), um tesouro fotográfico que, assim espera Jimmy Nelson, não apenas irá ajudar na preservação de estilos de vidas em via de extinção, mas também inspirará leitores do mundo desenvolvido a ponderar a res-peito de suas próprias conexões com seu o seu meio ambiente ancestral.

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Família de indígenas da tribo Maori, da Nova Zelândia

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Aborígene da tribo Maori, Nova Zelândia

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Homens da tribo Kazakh, moradores das montanhas remotas da região de Bayan Olgii, na Mongólia

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Dois homens-peruca da tribo Huli, da Nova Guiné

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Chefe de tribo papua, da Nova Guiné

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Chefe papua, da Nova Guiné

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Dois garotos da aldeia Bori, tribo Omo, na Etiópia

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Dois irmãos da tribo Omo, da Etiópia

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Dois meninos da tribo Goroka, de Papua-Nova Guiné

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Família da tribo Huli, a dos homens-peruca, da Nova Guiné

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Guerreiro da tribo Huli, de Papua-Nova Guiné

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Guerreiro da tribo Masai, Quênia

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Guerreiro maori, da Nova Zelândia

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Guerreiro papua, da Nova Guiné

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Homem da tribo Mursi, Etiópia

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Homem do povo Mustang, noroeste do Nepal

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Jovem do Rajastão, Índia

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Mãe e filha, da tribo Masai, do Quênia

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Vídeo da palestra de Jimmy Nelson no TED

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Tradução integral da palestra de Jimmy Nelson no TED

Venho fotografando há tempos, e normalmente, uma foto como esta, para mim, deveria ser fácil de tirar. Estou no sul da Etiópia, com os Daasanach. E aqui estão uma família grande e uma árvore muito linda, e eu tiro estas fotos com uma câmera de placa técnica enorme, extremamente pesada, e muito complicada. Alguém co-nhece 4x5 e 10x8 folhas de filme? E estou preparando tudo, colo-cando no tripé. Tenho a família, passei quase um dia inteiro conver-sando com eles. Eles parecem entender o que quero. Pensam que sou meio louco, mas isto é outra história. E, o mais importante para mim é a beleza e a estética, e isto é baseado na luz. A luz está bai-xando no meu lado esquerdo, e a comunicação com os Daasanach está balançada, trinta pessoas de todas as idades. Têm bebês e avós, eu os arrumo na árvore e fico aguardando a luz baixando, indo,

indo, e só tenho uma folha de filme, e penso: “Estou bem, tudo sob controle.” Estou montando isto, a luz está prestes a desaparecer, e quero que seja dourada, linda. Quero a luz suspensa no horizonte para iluminar essas pessoas, em toda glória potencial que puderem ser apresentadas. A luz quase desaparecendo, quase, e coloco minha folha na câmera, tudo está em foco, e de repente há uma enorme “pancada”. Olho em volta, e no canto superior da árvore, uma das meninas bate na outra ao lado, e a menina do lado puxa seu cabelo, e vira um pandemônio. E estou lá dizendo: “Mas a luz, a luz. Esperem, preciso da luz. Não se movam!” E elas começam a gritar, um homem se vira e começa a berrar. A árvore toda desmorona, quero dizer, as pessoas na árvore. Elas correm berrando, voltam para a aldeia numa nuvem de fumaça, e me deixam ali, atrás do meu tripé. Tenho minha folha mas a luz se foi, e não posso tirar a foto. Para onde foram todos? Não tinha ideia.

Levei uma semana para tirar a foto que estão vendo aqui hoje, e vou contar por quê. É muito, muito simples. Passei uma semana na aldeia, procurando cada um: “Pode me en-contrar na árvore? Qual a sua história? Quem é você?” E, no final, foi por um namorado, uma besteira. Tenho filhos ado-lescentes, devia entender. A menina no topo beijou o garoto errado, e elas começaram a brigar. Aprendi uma lição muito linda: se quisesse fotografar essas pessoas de forma digna, respeitosa, como queria fazer, colocando-os num pedestal, teria que entendê-los. Não era só chegar, dar um aperto de mão, ou dizer: “Sou Jimmy, sou fotógrafo.” Eu tinha que co-nhecer um por um, até saber quem namorava quem, e quem podia beijar quem.

Afinal, uma semana depois, eu estava exausto, pedindo de

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Grupo de rapazes da tribo Banna, da Etiópia

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Tradução integral da palestra de Jimmy Nelson no TED

joelhos: “Voltem para árvore, por favor. Eu preciso tirar esta foto.” Todos voltaram, os coloquei na árvore. Arrumei as meninas na po-sição correta, e as que tinham brigado bem distantes. Elas ficaram se olhando com raiva. Prestem atenção depois. Arrumei a árvore e tudo mais, e aí, me dei conta: “As cabras! Preciso de algo para focar o olho; de uma cabra branca no meio.” Posicionei as cabras e a co-loquei ali. Mesmo assim cometi um erro, pois se repararem no lado esquerdo, verão um menininho vai embora bravo porque não es-colhi a sua cabra. (Risos) Moral: tenho de aprender a falar a língua das cabras e a dos Daasanachs.

O esforço para tirar esta foto e a história que acabei de contar, como podem imaginar, existem muitas outras histórias bizarras e ex-cêntricas de centenas de outras pessoas no mundo. Isto foi há uns quatro anos, quando embarquei numa jornada, uma jornada bem indulgente. Eu sou um romântico de verdade. Sou um idealista e, às vezes, ingênuo. Mas creio muito que existem pessoas neste planeta que são muito lindas. É muito simples. Não é complicado. Eu que-ria pôr essas pessoas num pedestal, como elas nunca tinham sido vistas antes. Escolhi 35 grupos diferentes, tribos e culturas indí-genas. Eles foram escolhidos puramente pela sua estética, da qual falarei mais tarde. Não sou antropólogo, não sou técnico no assun-to, mas tenho uma paixão muito profunda, e creio que escolhi as pessoas mais lindas deste planeta, no ambiente mais lindo no qual elas vivem, e juntei os dois e os apresento a vocês.

Cerca de um ano atrás, publiquei as primeiras fotos, e algo extra-ordinariamente emocionante aconteceu. O mundo todo quis sa-ber. Foi uma experiência bizarra, pois todo mundo perguntava: “Quem são eles? O que são? Quantos são? Onde os encontrou? Eles existem mesmo? Você forjou isto? Me conta, conta.” Milhões de perguntas para as quais, para ser franco, não tenho respostas. Re-almente não tinha respostas. Eu entendia que eram fotos bonitas,

esta era minha intenção, mas as perguntas que me faziam, eu não conseguia responder.

Até que, foi bem engraçado, cerca de um ano atrás alguém disse: “Você foi convidado para falar no TED.” Eu disse: “Quem é Ted? Não o conheço.” Ele: “Não, uma palestra TED.” Eu: “Mas quem é Ted? Devo falar com ele ou nos sentamos juntos no palco?” “Não, o grupo TED. Você deve conhecer. “Eu: “Passei os últimos cinco anos em um ‘tipi’ ou um ‘yurt’. Como vou saber quem é Ted? Apresente-me a ele.” Resumindo, ele disse: “Vamos dar uma palestra no TED.” Pesquisei. Ah, incrível. Isso é ótimo! “E depois, você vai ao TEDGlobal. Mais incrível ainda. Mas vai ter que ensinar as pessoas, lições do que aprendeu em suas viagens pelo mundo com as tribos.” Pensei: “Lições, bem, o que foi que aprendi? Boa pergunta. Três lições e elas têm que ser incrivelmente profundas.” “Três lições, vou pensar sobre isso.”

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Homem e jovem da tribo Rabari, Gujarat, Índia

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Tradução integral da palestra de Jimmy Nelson no TED

E pensei muito e estive nesse palco dois dias atrás: fiz o teste e en-saiei com meus cartões, o clicker na mão, minhas fotos na tela, ti-nha as três lições e comecei a apresentação. E tive uma experiência extracorpórea. Eu me vi ali, de pé, dizendo: “Ah, Jimmy, isto é um monte de asneira. Essas pessoas aqui já foram a muitas palestras, ouviram muitas lições... Quem é você pra contar o que aprendeu? Quem é você pra guiar e mostrar a eles o que é certo, errado o que as pessoas têm a dizer?” E tive uma pequena crise, coisa muito pessoal. E me senti como o menino afastando-se da árvore com sua cabra, muito magoado, pensando que não tinha funcionado, não era o que queria comunicar. Refleti muito, e pensei: “Bem, a única coisa que posso comunicar é muito básica. Tenho que fazer um redirecionamento. Existe só uma pessoa que conheço aqui: eu.

Ainda estou aprendendo a me conhecer, e isto é uma eterna jornada, e não terei respostas para tudo, mas aprendi coisas extraordinárias nesta viagem.

E compartilharei minhas lições com vocês. Como disse no início, é muito indulgente e pessoal, como e por que criei es-tas fotografias, e vou deixar vocês na audiência interpretarem o que estas lições significaram para mim, e o que poderiam significar para vocês.

Eu viajei muito quando criança. Era um nômade e era muito empolgante, viajava pelo mundo todo. Tinha a sensação de ter sido forçado, aceleradamente, a tornar-me alguém: “Seja essa pessoa, Jimmy. Percorra o planeta!” Então corria, e mi-nha esposa, às vezes, zomba de mim: “Você parece o Forrest Gump,” e eu: “Não, tudo tem sentido, pode crer.” Segui cor-rendo, e, de certo modo, cheguei a algum lugar olhei à minha volta e pensei: “Onde é o meu lugar? Onde me encaixo? O que eu sou? De onde vim? Não tenho a menor ideia.” Espero que não haja muitos psicólogos na audiência. Talvez parte desta jornada seja sobre eu tentando saber a que lugar per-tencia. E não se preocupem, não fiz isto quando cheguei nas tribos, nem me pintei de amarelo e fui por ai com lanças e tangas.

Mas o que vi foram pessoas que pertenciam a si mesmas, e essas pessoas extraordinárias me inspiraram, e quero lhes apresentar alguns dos meus heróis. Eles são os Huli.Os Huli são um dos povos mais bonitos no planeta. Eles têm orgulho e vivem nos planaltos da Papua Nova Guiné. Não há muitos deles, e são chamados de “Os Homens-Peruca”. O que está nestas imagens é o que me interessa. Você passa semanas, meses, conversando com eles, e queria colocá-los

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Hora do jantar para este pastor de renas da tribo Chukchi, norte da Sibéria

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Tradução integral da palestra de Jimmy Nelson no TED

num pedestal. Eu disse: “Vocês possuem algo que muitas pessoas jamais viram. Vocês estão nessa natureza esplêndida.” É realmente assim. Isto é autêntico. E sabem por que se orgulham, por que se parecem assim, e por que me esforcei para fotografá-los e apresen-tá-los a vocês? Porque eles têm rituais extraordinários.

Os Huli têm um ritual: na adolescência, quando viram homens, eles têm que raspar a cabeça, e passam o resto de suas vidas raspando-a todos os dias. E o que fazem com o cabelo? Eles fazem uma criação muito pessoal. É a criação deles, a criação Huli. Por isso são chama-dos de homens-peruca. Isto é uma peruca na cabeça dele, feita de cabelo humano, e eles enfeitam a peruca com penas de aves-do-pa-raíso. Não se preocupem, há muitas aves lá. É um povo pequeno, não fiquem chateados. Eles passam o resto da vida recriando esses chapéus e é extraordinário. Há um outro grupo chamado Kalang que vive no próximo vale, mas sua língua e aparência são totalmen-te diferentes, e eles usam chapéus feito de escaravelhos. Uns peque-nos escaravelhos verde esmeralda, e, às vezes, usam cinco ou seis mil deles em um chapéu. Eles passam a vida coletando esses esca-ravelhos para fazer chapéus.

Os Huli me inspiraram porque pertencem ao lugar. Talvez precise me esforçar mais e achar um ritual significante para mim, voltar ao passado para ver onde realmente me encaixo.

Uma parte muito importante do projeto foi o modo de fotografar esse povo extraordinário. É basicamente a beleza. Acho a beleza importante. Passamos toda nossa existência girando em torno da beleza: lugares e coisas bonitas, e, fundamentalmente, pessoas bo-nitas. Isto é muito significante. Passei a vida analisando como me pareço. Sou visto como um homem bonito? Faz diferença se a pes-soa é bonita ou não, ou é puramente baseado na minha estética? E quando me fui, cheguei à uma conclusão muito estreita. Será que

tenho que sair mundo afora tirando fotos, me perdoem, de mulheres de 25 a 30 anos? A beleza é isto? Tudo antes e de-pois é totalmente irrelevante?

E isso foi até ter embarcado numa jornada tão extrema que me arrepio ao pensar nela. Fui a uma parte do mundo, não sei se conhecem... já ouviram falar de Chukotka? Chukotka, tecnicamente falando, é o lugar mais remoto onde pode-se ir e ainda estar neste planeta. Fica a 13 horas de voo de Moscou. Você vai para Moscou e de lá pega um voo direto de 13 ho-ras. Isso se chegar lá. Como veem, tem gente que pousa fora da pista.

E quando aterrizamos em Chukotka, encontramos os Chuk-chis. Os Chukchis são os últimos inuits indígenas da Sibéria, de quem ouvi falar, e vi pouquíssimas imagens, mas eu sa-bia que existiam. Entrei em contato com um guia, que me

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Três meninos da tribo Omo, da Etiópia

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disse: “Existe uma tribo fantástica de apenas 40 pessoas. Vamos conseguir encontrá-los.” E começamos a nossa jornada. Chegamos lá após um mês de viagem, atravessando gelo, e fomos até eles, mas não me deixaram fotografá-los. Disseram: “Não pode tirar nossas fotos. Terá que esperar até que nos conheça, nos entenda e veja como interagimos uns com os outros.” E só depois de muitas semanas, caiu a ficha. Eles não faziam nenhum julgamento. Eles se cuidam, da juventude à velhice. Eles precisam uns dos outros. As crianças mastigam carne o dia todo porque os adultos não têm dentes, e são as crianças que levam os idosos ao banheiro porque estão enfermos. O respeito comunitário entre eles é fantástico. Eles adoram e admiram uns aos outros, e me ensinaram muito sobre a beleza.

Agora peço um pouco de interação na audiência. Isto é muito importante para finalizar a palestra. Quero que olhem para alguém à sua esquerda ou direita, e o observe e faça um elo-gio. Isto é muito importante. Podem elogiar o nariz, ou o ca-belo, ou mesmo sua aura, não importa, mas olhem um para o outro, e façam um elogio. Precisam ser rápidos, pois não temos muito tempo. E vocês têm que lembrar disto.Ótimo, obrigado, vocês elogiaram um ao outro. Guardem este elogio para mais tarde.

E a última coisa, muito profunda que aconteceu há apenas duas semanas: eu voltei para os Himbas que vivem no norte da Namíbia, na fronteira com Angola, onde estive algumas vezes. Voltei lá para apresentar o meu livro, para mostrar as fotos, e falar sobre elas com eles, e dizer: “É assim que vi e amo vocês. É assim que os respeito. O que acham? Estou certo ou errado?” Eu queria este debate, foi bem comovente. Uma noite sentados em volta da fogueira, e, na verdade, eu tinha bebido demais, e ali sob as estrelas pensei: “Isso é óti-mo, vocês viram minhas fotos, nós nos amamos...” E eu esta-va meio lento, e olhei à minha volta e disse: “Acho, talvez, que a cerca sumiu. Não tinha uma cerca aqui antes?” Uma cerca de proteção em volta da aldeia. Eles me fitaram e disseram: “É, chefe morre.” E pensei: “Tudo bem, chefe morrendo...”, olho as estrelas, a fogueira. “Chefe morre.” Que diabos tem a ver chefe morre com a cerca? “Chefe morre. Primeiro des-truímos, depois refletimos. E então reconstruímos. E aí res-peitamos.” Não consegui conter minhas lágrimas. Meu pai tinha falecido antes de eu viajar, e nunca o tinha aceitado. Eu nunca o valorizei, e, provavelmente não estaria aqui hoje se não fosse por ele. Esse povo me ensinou que somos o que somos por causa dos nossos pais, nossos avós e antepassados e o que ocorreu antes deles, e, não importa o quão romântico

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Velho chefe da tribo Mursi, da Etiópia, com seus dois netos

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Tradução integral da palestra de Jimmy Nelson no TED

ou idealista eu seja nesta jornada, isto eu não sabia duas semanas atrás, não estava ciente disto.

Então, o que significa tudo isso? Bem, há uma imagem que que-ro lhes mostrar, muito especial, que aliás, não era bem a imagem que iria mostrar. Pensei comigo: “Quero encerrar com uma foto marcante. “Alguém disse: “Mostre a foto do Nanev.” “Mas não é a minha foto favorita.” Ela insistiu: “Não! Ela é fenomenal. Você nos olhos dele.” “Como assim, ‘eu nos olhos dele’? É a foto do Nanev.” Ela: “Olha de perto, você está nos olhos dele!” E quando você olha de perto, estou refletido nos olhos dele. Talvez ele possua minha alma, e eu estou na alma dele. Enquanto as fotos olham para vocês, peço-lhes que olhem para elas. Talvez não estejam refletidos nos olhos dele, mas há algo de extraordinária importância a respeito dessas pessoas. Como compartilhei com vocês, não sei as respostas, mas vocês devem saber. Tem que haver algo. Então, reflitam bem rápido sobre o que estive falando: a beleza, o pertencer, sobre nos-sos antepassados e as nossas raízes, e quero que todos se levantem, por favor. Não tem desculpa, é quase hora do almoço e não se preo-cupem, não quero aplausos em pé, nem elogios. Mas vocês recebe-ram um elogio uns minutos atrás. Agora quero que fiquem eretos. Quero que respirem fundo, é o que digo. Não vou ficar de joelhos por duas semanas. Não vou pedir que carreguem uma cabra, e sei que não possuem nenhum camelo. O poder da fotografia é extraor-dinário. É uma linguagem que nós todos entendemos e nós temos esta lareira digital global. Quero compartilhar vocês com o mundo, pois também são uma tribo. Da tribo TED, certo? Mas precisam lembrar daquele elogio. Fiquem eretos, respirem pelo nariz, e eu vou fotografá-los. A foto é panorâmica, vai demorar um pouquinho, então concentrem-se, certo? Respirem, eretos, não riam. Respirem pelo nariz. Vou tirar a foto.

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Pastor mongol com seu cachorro

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FAZENDA SUBTERRÂNEANa Inglaterra, um experimento de agricultura futurista

31/58OÁSIS . TENDÊNCIA

TEN

DÊN

CIA

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32/58OÁSIS . TENDÊNCIA

o subsolo de Londres está sendo posto em funcio-namento um empreendi-mento agrícola ecossus-tentável para a produção de ervas e verduras. Tra-ta-se de uma fazenda hi-

-tech que foi batizada com o nome de Growing

Underground. Ela se encontra a 33 metros de profundidade, sob as ruas de Clapham, bairro localizado na região sudeste da capital britânica. As estufas para cultivo do projeto, bastante ambicioso, são montadas no interior de velhos refúgios antiaéreos construídos há mais de 70 anos para proteger os cidadãos ingleses de ataques com bombas por aviões nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. As características particulares dessas estru-turas fornecem o isolamento necessário para manter constante a temperatura ideal de 16 graus centígrados no interior delas, o que possibilita o cultivo em condições otimizadas em qualquer estação do ano. Solo e luz artificiais A fazenda utiliza um sistema hidropônico (técnica de cultivo vegetal na qual a terra é substituída por um substrato inerte, através do qual água e nutrientes escoam em perma-nência) e um complexo de luzes LED para cultivar uma extensa lista de vegetais que incluem rúcula, radicchio, almeirão, salsinha, salsão, mostarda, etc. A preparação e montagem da primeira estufa durou 18 meses de estudos e experiências, até se alcançar índices de otimização que viabi-lizam o projeto. O processo de produção não utiliza pesticidas e foi concebido de modo a

N

Uma fazenda agrícola ecossustentável, construída no interior de um refúgio antiaéreo utilizado para proteger moradores de Londres dos bombardeios nazistas durante a Segunda Guerra, produz verduras sem pesticidas e com baixo impacto ambiental. Será uma precursora da agricultura do futuro?

POR: EQUIPE OÁSIS

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consumir a mínima energia possível. A fazenda inglesa usou também uma experiência prece-dente levada a cabo no Japão, onde há anos funciona uma plantação subterrânea hi-tech comercial especializada em alface. Na cultura hidropônica, a planta é irrigada com uma solu-ção nutritiva composta de água e sais minerais que, infil-trando-se no solo, volta depois para um circuito fechado para uma reutilização sucessiva. Dessa forma, explicam os idealizadores da Growing Underground, a plantação utiliza cerca de 70% menos água do que é necessário para o culti-vo em campo aberto.

A fazenda subterrânea promete distribuir os seus produtos “do canteiro produtivo à mesa do consumidor em menos de quatro horas”. O impacto sobre o meio ambiente é mí-nimo, inclusive na fase de distribuição. Ervas e verduras, com efeito, não viajarão para longe, pois será dada priori-dade a restaurantes e revendedores londrinos. O setor está em plena evolução, com a requalificação dos espaços urbanos preexistentes e o desperdício reduzido ao mínimo. A agricultura do futuro caminha cada vez mais na direção de modelos originais e inovadores, como demons-tram essas fazendas subterrâneas pioneiras da Inglaterra e do Japão.

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Os primeiros canteiros são para o cultivo de variedades de verdura, mostarda, salsinha, coentro, salsão e ervilha

O renomado chef Michel Roux participa do projeto para o conrole de qualidade dos vegetais cultivados

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A agrônoma Charlie Angela controla sementes e mudas jovens dos vegetgais plantados no projeto Growing Underground

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Os túneis foram originalmnte construídos entre 1940 e 1942, com o objetivo de proteger famílias inglesas vulneráveis a bombardeios por parte das forças aéreas nazistas dufrante a Segunda Grande Guerra

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Os donos do projeto Growing Underground conseguiram acumular 750 mil libras através de uma ação de start-up, além de contarem com o apoio do prefeito de Londres, Boris Johnson (à direita, na foto)

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De cima para baixo, diferentes fases da germinação de hortaliças nas estufas

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O cultivo é feito em ambiente fechado, dotado de sistema de ventilação e de iluminação LED, bem como de um sofisticado processo de irrigação qure permite uma produção a custos mjuito baixos

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A empresa pretende manter 2,5 acres de cultivo permanente, como a contratação de uma equipe total de 20 pessoas

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CAMPOS DO JORDÃOCantinho dos Alpes em São Paulo

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s temperaturas abaixo de zero e o clima puro das mon-tanhas colorem Campos de Jordão, no interior de São Paulo, com um glamour má-gico no inverno. Com céu azul apesar do frio intenso, e ruas floridas permeadas por

araucárias e pinheiros, a cidade situada na Serra da Mantiqueira, a 1.628 m de altitude, é a mais alta do Brasil, atraindo milhares de turistas, so-bretudo nesta estação do ano.

Motivos não faltam para isso, desde assistir as apresentações do famoso festival internacional de música erudita até admirar as casas, lojas e construções inspiradas nos chalés europeus. Logo na entrada, o Portal de Campos de Jor-dão revela o tom que você encontrará na cida-de, também conhecida como a Suíça Brasilei-ra.

Antes de ingressar neste universo encantado, é bom saber que nas férias de julho ele é invadi-do por mais de um milhão de pessoas. Então, se quiser ter uma estadia sem aborrecimentos faça com antecedência as reservas nos pas-seios que pretende fazer por lá. O mesmo vale para a hospedagem. Embora a cidade ofereça ampla e diversificada oferta hoteleira, não será A

Localizada na Serra da Mantiqueira a quase 1.700 m de altitude, a cidade paulista também conhecida como a Suíça Brasileira é puro charme no inverno

POR: FABÍOLA MUSARRA

Vila Capivari, o pulsante centro comercial de Campos do Jordão

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nada fácil encontrar vagas em um de seus hotéis ou pousa-das se deixar para fazer isso na última hora.

Reservas à parte, muitas das atrações deste charmoso para-íso estão concentradas na Vila Capivari, o pulsante centro turístico da cidade. Passarela por onde desfilam pessoas bonitas e elegantes de todas as idades, o bairro concentra grande número de barzinhos, café, restaurantes, hotéis, malharias, lojas e shopping centers.

Também é da burburante Capivari, da Estação Emílio Ri-bas, que parte um simpático bondinho. Ele passa pelas vilas Jaguaribe e Abernéssia até chegar à Parada São Cris-tóvão, no perímetro da cidade. Em julho, o bondinho é substituído por uma Maria-Fumaça.

Ainda nessa estação, você pode embarcar a bordo da loco-motiva para a vizinha Santo Antônio do Pinhal. O trajeto de menos de três horas e 19 km de descida da serra é interca-lado por vilarejos, paisagens campestres e belezas naturais do Vale do Lageado, onde a Maria-Fumaça atinge o ponto mais alto das ferrovias brasileiras.

O trem Maria Fumaça, na Estação Emilio Ribas

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Teleférico de Campos do Jordão, leva ao topo do Morro do Elefante

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Os trilhos centenários desta estrada de ferro também podem te conduzir em uma bucólica viagem à cidade de Pin-damonhangaba, na região do Vale do Paraíba e distante 47 km de Campos do Jordão.

Jardim suspenso – Na praça de Capivari, você dificilmente vai resistir a tentação de subir em teleférico ao cume do Morro do Elefante, a 1.800 m acima do nível do mar. Lá, no alto do mirante, está um majestoso jardim suspenso, de onde se tem uma linda vista da cidade.

Nada, porém, é mais gostoso para curtir (e combater) o frio do que saborear um chocolate quentinho, uma caprichada fondue ou uma refeição regada a um bom vinho, pontos altos da gastronomia local. Diversos barzinhos e restaurantes, inclusive alguns instala-dos em hotéis, servem essas divinas especialidades. À noite, em muitos deles, elas são embaladas pelo calor aconche-gante de uma lareira e música ao vivo.

Campos do Jordão, por sinal, é o lar da alegre Baden Baden, uma concorrida cervejaria artesanal e badalado point de agito e paquera. Em seu interior, você pode degustar várias marcas, além de aprender sobre o processo de fabricação da cerveja.Também na loja da fábrica Chocolate Araucária, na Vila Ja-guaribe, através de uma parede de vidro, você pode conferir

como é feita essa milenar tentação latino-americana, além de poder comprar doces, geleias e compotas. No local fun-ciona ainda um museu, onde painéis e vídeos retratam a história do chocolate. Se estiver com frio ou faminto, apro-veite para tomar um cafezinho ou chocolate quente acom-panhado por uma das delícias do menu à base de cacau.

Turismo ecológico – O inverno brinda Campos de Jordão, transformando seus bairros e arredores em cenários perfei-tos para caminhadas e passeios a cavalo, de bike e de carro.A 2 km de Capivari, o Bosque do Silêncio é um endereço legal para você curtir o clima puro de Campos do Jordão,

Chocolate é o que não falta em Campos do Jordão

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consagrado como o melhor do Brasil. Ali, se preferir, pode praticar o arborismo, percorrendo as trilhas nas copas de árvores em circuitos com duração de meia hora até três horas (o completo).

Outras boas opções para curtir a magia das paisagens de-senhadas pelo inverno e desfrutar o ar puro da serra são o Horto Florestal, os jardins do Parque Amankitir e o Parque Floresta Encantada, com graciosas casinhas espalhadas em 12 mil metros quadrados.

Já nas plataformas da Ducha de Prata, você tem uma visão da queda das águas vindas do ribeirão Perdizes. Embora seja bem parecida com as esculpidas pela natureza, a ca-

choeira foi criada artificialmente para atrair turistas. A seu redor espalham-se barraquinhas onde é possível comprar chocolates, gorros, cachecóis e mimos para presentear.

Caso você seja adepto das emoções fortes, sua estadia em Campos de Jordão pode te brindar com aventuras de muita adrenalina, desde o montanhismo e rapel até os mergulhos em geladas águas das cachoeiras.

Escalar as estreitas paredes rochosas até o topo da Pedra do Baú é outra delas. O complexo é formado por três rochas: a Ana Chata (1.670 m), a Bauzinho (1.760 m e acessível de carro) e a do Baú (1.950 m), cujo pico só pode ser atingido por meio de longas trilhas e íngremes escaladas.

Amantikir, Jardins que Falam, em Campos do Jordão

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A subida até a Pedra do Baú é um dos ícones dos esportes de montanha em Campos do Jordão

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Doce sinfonia – O Festival de Inverno é uma tradição na cidade e você, certamente, não vai querer ir embora sem testemunhar a doce sinfonia deste evento de música erudita que é o maior do gênero da América Latina.

O festival acontece até o dia 2 de agosto e tem como palco principal o Auditório Cláudio Santoro (por si só já vale uma visita), além da Capela de São Pedro (Palácio Boa Vista), Concha Acústica na Praça do Capivari e igrejas de São Be-nedito e de Santa Terezinha.

A programação deste ano prevê a realização de 77 concertos de músicos, orquestras e conservatórios do Brasil e do Exte-rior, além da segunda edição do Festival de Coral.

Campos do Jordão é, sem dúvida, um programa obrigatório para quem gosta de viajar na estação mais fria do ano. Se você é uma dessas pessoas, arrume as malas e vá curtir o glamour mágico da cidade no inverno. Você vai amar!

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Parque turístico da Estrada de Ferro Campos do JordãoCentro comercial de Campos do Jordão

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Transfer gratuito em BrasíliaA Hplus Hotelaria, em parceria com a Transportadora Kmon, está oferecendo transfers gratuitos para o Aeropor-to Internacional de Brasília (DF). Funcionando em caráter experimental até o dia 14 de agosto e com a possibilidade de ser prorrogado, o novo serviço está disponível aos hóspedes dos hotéis Athos Bulcão Hplus Executive, Cullinan Hplus Premium, Saint Moritz Hplus Express, Biarritz Hplus Long Stay e Fusion Hplus Express +.

Catedral de Brasília ao entardecer

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Fado e gastronomia portuguesaDe 19 a 22 de novembro Caldas Novas (GO) acolhe o 1º Encontro de Fado e Gastronomia Portuguesa. Organizado pelo Caldas Novas Convention & Visi-tors Bureau, o evento apresentará shows musicais e de danças, festas temáticas e mostras gastronômicas da cozinha lusa. Informações: tel. (34) 3453-7938.

Danças e fados portugueses em Caldas Novas

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Meliá, diárias com desconto Antes de viajar a Londres ou Paris, acesse o portal Meliá.com, da rede Meliá Hotels International, e confira os des-contos oferecidos aos clientes do programa de fidelidade MeliáRewards. Eles são de 15% nas diárias do Meliá White House, hotel de quatro estrelas na capital do Reino Unido, e de até 40% na dos hotéis parisienses Meliá Colbert, Meliá La Defense, Meliá Champs Elysées, Meliá Royal, Meliá Vendo-me e TRYP Paris Opera.

Os descontos para os hotéis londrino e os da capital francesa só são validos para as reser-vas feitas pelo site no período de 21 de julho a 10 de agosto com hospedagem até 10 de janeiro de 2016. Para fazer parte do Meliá-Rewards, acesse o site www.meliarewards.com

Hotel Meliá La Défense, em Paris

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British facilita compra de passagensA British Airways está ampliando de cinco para dez parcelas sem juros as compras de passagens feitas por meio de agências de viagens. A companhia voa para mais de 70 países, a partir de São Paulo e Rio.

Avião da British Airways

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Check-in onlinePassageiros dos cruzeiros da Pullmantur agora podem fazer seu check-in pelo site www.pullmantur.com.br/pt. O servi-ço é disponibilizado 20 dias antes da saída e até cinco dias antes do embarque. Para utilizá-lo, basta ter o número do localizador.

Navio de cruzeiro da Pullmantur Express

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Buenos Aires diferente A Tour Lado B (www.airesbuenosblog.com) está oferecendo um passeio para brasileiros que desejam conhecer Buenos Aires de um jeito diferente. Com duração média de quatro horas, o tour percorre a capital argentina de Nor-te a Sul e inclui lugares como a Calle La-nin e o Parque da Memória.

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Imagens da Calle Lanin, no bairro de Barracas, em Buenos Aires

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Aeroporto de Vancouver tem novo shoppingO Aeroporto de Vancouver, no Canadá, inaugura hoje (9 de julho) a primeira etapa das obras de seu novo shopping, o Mc Arthur Glen Vancouver Airport Outlet Mall. Ocupando 240 mil metros quadrados, o novo espaço reúne mais de 50 lojas, além de bares e restaurantes.

Skyline da cidade de Vancouver, Canadá

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Hotel boutique em BaltimoreA cidade de Baltimore, no Estado de Maryland (EUA), acaba de ganhar o seu primeiro hotel boutique, o The Ivy (www.theivybaltimore.com).

Instalado em uma mansão do século 19, o empreendimento possui 18 acomodações, entre suítes e quartos, além de salão de jo-gos, biblioteca, sala de música e de degusta-ção, adega e restaurante. As diárias com direito a muita mordomia variam entre US$ 475 e US$ 1.400 e incluem aulas de yoga e outras atividades em estabelecimentos sele-cionados nas proximidades do hotel.

Museu Lendas do Esporte, em Baltimore, Estados Unidos

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Sabores australianosSe você está de malas prontas para visitar a Austrália, saiba que o país é palco de uma animada programação durante o inverno. O calendário inclui, por exemplo, o Regional Fla-vours (http://regionalflavours.com.au), um festival ideali-zado para quem quer saborear a gastronomia do país. Reunindo centenas de barraquinhas de comidas típicas, o evento acontece nos dias 18 e 19 de julho.

Grandes chefs de Canberra, na Austrália, preparam pratos para o Festival de Trufas 2015

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Já a região de Canberra sedia, até o dia 16 de agosto, o Festival de Trufas (www.truffle-festival.com.au), com festas temáticas, aulas abertas sobre o preparo do alimento, degus-tações e uma caçada de trufas.

(*) Correspondência para esta seção: https://fabiolamusarra.wordpress.com/

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AMONDAWÁEm Rondônia, uma tribo que vive fora do tempo

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gendas, despertadores, ca-lendários, relógios: a nossa é uma sociedade obceca-da pelo tempo e pelo seu transcorrer. Basta um único segundo não previsto para embaralhar muitas das nos-sas ações. Embora a subdi-

visão e a organização do tempo possam variar

de uma cultura para outra – e basear-se, por exemplo, em diversos calendários – a relação entre tempo e espaço é, segundo os antro-pólogos, um fato praticamente constante e transversal.

Frases como “o verão está chegando”, “não vejo a hora de você se casar”, que fazem uma ligação entre um evento e uma ideia de movi-mento e de colocação universais, são univer-sais. Mas existe pelo menos uma exceção. Os indí-genas Amondawá, uma população amazônica que vive no Estado de Rondônia, contatada pelos brancos pela primeira vez em 1986, parecem não possuir uma noção abstrata de tempo.

Como muitas outras tribos da Amazônia, os Amondawá recorrem, na sua atividade quoti-diana (caça, pesca e pequena agricultura lo-cal) a um número muito restrito de vocábulos. No seu vocabulário existem apenas 4 núme-ros. Relógios e calendários são instrumentos desconhecidos, e as fases do dia são definidas pela posição no Sol no céu. Não existem ter-mos que indiquem meses ou anos e os perío-dos de tempo mais longos são indicados como subdivisões das estações seca ou chuvosa. Ninguém celebra aniversários: a transição de um momento para outro na vida é indicada

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Os índios Amondawá, de Rondônia, talvez sejam a única comunidade humana que não conhece o conceito de tempo e nem sequer possui uma palavra para designá-lo. Na sua cultura não existe nada similar aos meses ou aos anos. Ela não possui relógios ou calendários

POR: EQUIPE OÁSIS

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por uma mudança de nome e a idade corresponde a um diverso status social no interno da comunidade. diante da ausência de números e da noção abstrata de tempo, esses índios precisam mudar de nome para identificar melhor a fase que estão vivendo.

Por causa disso, várias crianças da tribo são chamadas exa-tamente da mesma forma. Um menino do clã Mutum, por exemplo, é conhecido por Mbitete ao nascer. Quando tiver um irmão, passará a usar o nome de Kuembu e o próximo recém-nascido será batizado de Mbitete novamente. Os nomes identificam o sexo, a “idade” e o clã ao qual a pessoa pertence e são herdados dos mais velhos pelos mais novos da tribo. Assim como quando ficam mais velhos, esses ín-dios também trocam de nome quando se casam.

Nesse contexto, o conceito de tempo como entidade abs-trata não existe. Quando solicitados a traduzir a palavra portuguesa “tempo”, os Amondawá respondem “kuará”, o Sol. Um estudo do sistema linguístico dos Amondawá publica-do em 2011 por pesquisadores das universidades de Ron-dônia e de Portsmouth (Grã-Bretanha) conta que quando se tentou ensinar a essa população expressões como “a es-tação seca está chegando”, que aplicam o conceito de mo-vimento a um evento temporal, a tentativa fracassou intei-ramente. A razão da impossibilidade não era um problema cognitivo. Com efeito, os Amondawá não têm problemas quando usam esse tipo de construção ao falar português, a

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Os amondawá utilizam instrumentos musicais em seus ritos, tais como essas enormes flautas

Os Amondawá, população que vive na floresta amazônica, não possuem uma noção abstrata de tempo

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sua segunda língua. E aplicam corretamente o conceito de movimento ao moto aparente do Sol. Mas não conseguem mapear um evento no tempo: o conceito de que um fato já tenha acontecido no passado, ou deva ainda acontecer, é simplesmente rejeitado.

Para os Amondawá o tempo existe em relação à aproxima-ção de eventos naturais, mas não por si mesmo. Não é por-tanto subdivisível e não pode ser “preso” como uma ano-tação em uma agenda. Tampouco é imaginável como uma hipotética linha que progride no espaço. O tempo se funde com os próprios eventos e não é, como para nós, uma cate-goria mental, aplicável a tudo aquilo que acontece. Os Amondawá constituem um fenômeno único na história

das civilizações? Provavelmente não. Repercorrendo essa história, observa-se que as pequenas sociedades rurais, or-ganizadas a partir de uma relação direta com as coisas do quotidiano e os fenômenos naturais sazonais como as es-tações do ano, sempre conseguiram funcionar sem o auxí-lio de calendários e relógios. Tais sistemas e instrumentos constituem uma invenção cultural que a sociedade moder-na herdou dos antigos babilônios, e aos quais aplicou uma série de regras cada vez mais rígidas. Dessas regras, hoje, não conseguimos mais prescindir. A maioria desses indígenas fala amondawá e português. Hoje, a tribo inteira é composta por 117 pessoas.

O trabalho sobre os Amondawá foi publicado recentemen-te na revista britânica Language and Cognition.

Veja o vídeo aqui

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Encontro de amondawás com estudantes

Maloca da tribo amondawá