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#213 EDIÇÃO OÁSIS RITOS DA SEMANA SANTA A Paixão de Cristo nas cidades brasileiras BIOLOGIA DA RESSURREIÇÃO Como trazer animais extintos de volta à vida A ALVORADA DA DE-EXTINÇÃO Você está pronto para conviver com animais ressuscitados? LARANJA DÁ ENERGIA, AZUL RELAXA, VERDE TRANQUILIZA PSICOLOGIA DO ARCO-ÍRIS

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#213

EDIÇÃO OÁSIS

RITOS DA SEMANA SANTAA Paixão de Cristo nas cidades brasileiras

BIOLOGIA DA RESSURREIÇÃOComo trazer animais extintos de volta à vida

A ALVORADA DA DE-EXTINÇÃOVocê está pronto para conviver com animais ressuscitados? LARANJA DÁ ENERGIA, AZUL

RELAXA, VERDE TRANQUILIZA

PSICOLOGIA DO ARCO-ÍRIS

OÁSIS . EDITORIAL

POR

EDITOR

PELLEGRINILUIS

AS CORES – QUE SÃO VIBRAÇÕES ENERGÉTICAS DE DIFERENTES FREQUÊNCIAS -, NOS INFLUENCIEM POSITIVA

E NEGATIVAMENTE

U ma das concordâncias fundamentais entre a ciência cartesiana moderna e as tradicionais ciências esotéricas, é o fato de que ambas, sabem que nós humanos somos, antes de tudo, com-

plexos sistemas de energias. Como tais, interagimos o tempo todo com o meio circundante, com as outras pessoas e com os animais, e mudamos o nosso quadro energético a partir de fatores endógenos, tais quais a saúde do corpo, as emoções, os sentimentos, as sensações e os pensamentos.

Assim sendo, não é de espantar que as cores – que são vibrações energéticas de diferentes frequências -, nos influenciem para o bem e para o mal.

“Psicologia do arco-íris”, título da nossa matéria de capa, trata do as-sunto. A jornalista Fabíola Musarra, que assina o texto, explica que as cores são associadas aos nossos sentimentos e estados de ânimo, aos

OÁSIS . EDITORIAL

POR

EDITOR

PELLEGRINILUIS

rituais, às festas, às religiões, à arte e à saúde física e mental. Mostra que as cores são energias, forças irradiantes que exercem influência sobre nós. Informa que as cores preferidas contam muito sobre nós, nossas aversões e emoções. Confira. E pense em tudo isso quando for comprar sua próxima roupa...

OÁSIS . PSICO

PS

ICOPSICOLOGIA DO ARCO-ÍRIS

Laranja dá energia, azul relaxa, verde tranquiliza

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a escola aprendemos que as cores não exis-tem. De fato, aquilo que vemos e inter-pretamos como cores são apenas diferentes vibrações da luz sobre

os objetos. Basta apagar a luz e as cores desa-parecem. Esse fato, no entanto, não diminui o poder efetivo que as cores exercem sobre nós. Nem o seu significado cultural, simbólico e psicológico.

E a casa? Pintamos as paredes de seus am-bientes interiores e, segundo as cores que escolhemos, eles nos relaxam, descontraem, estimulam, alegram e não nos deixam entris-tecer. Até os sonhos têm cores dominantes e, por meio delas, os psicanalistas conseguem interpretar o que se passa em nosso incons-ciente. As cores têm história, características e vida.

Conhecê-las pode ajudar a nos conhecermos melhor.

NAs cores são associadas aos nossos sentimentos e estados de ânimo, aos rituais, às festas, às religiões, à arte e à saúde física e mental. Sabe-se também que as cores são energias, forças irradiantes que exercem influência sobre nós. As cores preferidas contam muito sobre nós, nossas aversões e emoções

POR FABÍOLA MUSARRA

Azul

É o céu, o mar, o gelo. Hipnótico e atraente, evoca o es-paço sideral, o abismo infinito, sem fim. Azul é o medo e também a depressão. É a cor da introversão e da intros-pecção, do controle racional do instinto, da devoção, da religião e da meditação. Induz à calma e ao relaxamento. Por isso, é usado em salas operatórias, como alternativa à cor verde, e em centros cirúrgicos.

Quem aprecia o azul exprime uma personalidade equili-brada, fortemente ancorada em valores espirituais e mo-rais. Esses mesmos valores são atribuídos à União Euro-peia pela própria cor de sua bandeira, que é adornada por um círculo de estrelas douradas, símbolo da comunidade entre os povos.

Laranja

Pela sensação de calor e de prazer que dá, é a cor prefe-rida das pessoas cheias de energia. Reunindo a lumino-sidade do amarelo e a vitalidade do vermelho, a força do laranja e o seu impacto visual são poderosos: basta ver que ele é usado na sinalização rodoviária (veja a cor das roupas usadas pelos trabalhadores que fazem a manu-tenção das estradas) e na sinalização de emergência (as lâmpadas que piscam nos veículos de primeiros socorros e nos da polícia). Símbolo de ardente passionalidade, é também a cor dos místicos e do êxtase. Os monges hin-dus e budistas vestem-se de laranja – neste caso, sinôni-mo de iluminação.

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Amarelo

Associado à luz do Sol, às flores e ao grão maduro, ao mel, ao âmbar, ao ouro, mas também à icterícia (conheci-da mais popularmente como amarelão), à urina, ao pus, ao veneno de cobra.

É a cor preferida dos extrovertidos, mas também dos es-quizofrênicos e dos coléricos. Amarelo é a cor da aura que os epiléticos acreditam ver quando sofrem um ataque. Quem o prefere às demais cores exprime a esperança de ficar rico e de abrir seus caminhos futuros, além de pos-suir uma sincera ânsia de liberdade. Já quem não aprecia a cor denuncia que as suas próprias esperanças foram desapontadas, convive com o sentimento de vazio e tem tendência ao isolamento.

Verde

É associado à vegetação, por isso é também vinculado a um ciclo que nasce, cresce e morre. Para os povos do de-serto, é sinônimo de vida. Para aqueles que vivem onde existe uma vegetação rica e exuberante, essa cor repre-senta o emblema da grande mãe, aquela que fornece aos indivíduos fartura e abundância para suprimir as neces-sidades humanas. Simboliza o Islã, onde representa o paraíso – quase todas as bandeiras das nações islâmicas têm ao menos uma faixa na cor verde.Para nós, ocidentais, o verde proporciona um efeito de harmonização, compensativo. Por isso, é usado nos hos-pitais e consultórios odontológicos. Exprime também a capacidade de introspecção, de autocontrole e de conter dentro de si as emoções, vontades e pensamentos. Para os psicólogos, é a cor da desconfiança, da inveja, do pen-samento obsessivo e da rigidez de opinião. Daí ser usada pelas diferentes divisões militares.

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Branco

Representa negação, inacessibilidade, silêncio. Também a claridade e a luz. Nas religiões da Grécia Antiga, Apolo, o deus da luz (e posteriormente do Sol), montava cavalos brancos. No cristianismo, o branco é a luz de Deus, mui-tas vezes envolto em vestes cândidas, e a magnitude divi-na, a revelação.

Brancos são os paramentos dos altares nos dias da Pás-coa e do Natal, da Epifania e Ascensão. Sempre no âmbi-to religioso, o branco é a cor do início e do fim. Por isso, na China, na Índia e no Japão é relacionada ao luto e aos rituais fúnebres. Roupas brancas são usadas em muitos sacramentos e ritos de iniciação e de passagem: por quem recebe o batismo, assim como pelas noivas e noviças.

O branco também é atributo de poderes mágicos – por acreditarem nisso, os indígenas americanos acolheram os conquistadores espanhóis (de tez branca) como semideu-ses e ingenuamente os idolatraram.

PretoO termo deriva de negro, morto. Como o branco, o ne-gro não é uma cor. É tido como a força que apaga todas as cores. É sempre associado à noite e à sombra que en-volve a morte, ao luto, à desgraça. Corvos, gralhas e cães negros são sinônimos de mau agouro devido a sua cor. O mesmo acontece com os gatos pretos, que são consi-derados como portadores de azar no Brasil e na Itália, ao contrário da Inglaterra, onde anunciam o sucesso no amor. O preto é ainda usado nas roupas, pois é prático, elegante, fatal e contrastante. Salienta a sensualidade e também, por oposição, a renega: não é por acaso que é a cor das batinas dos padres, dos hábitos das freiras, das sóbrias mulheres que encobrem o rosto no Islã e dos juí-zes dos tribunais.

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Violeta

Aumenta a produção endógena de adrenalina e exprime uma inquietação criativa ou patológica. Pode-se defini--lo como a cor dos distúrbios: na maior parte das pessoas produz um efeito depressivo, inquietante, triste e nostál-gico. A Igreja Católica associa o violeta à chegada da Qua-resma, um tempo de meditação e jejum.

É também a cor dos mártires, das viúvas e dos velhos. Na moda, os primeiros a eleger o violeta como uma cor cult foram os costureiros e estilistas. Algumas mu-lheres e homens preferem o violeta às cores estressantes, pois ele é intermediá-rio entre o vermelho e o azul. Pela mesma razão, é a cor preferida dos homossexu-ais. Em grego antigo, o termo amethysios (ametista) significava “non ebbro” (con-tra embriaguez). Por isso, na Antiguidade a pedra foi usada como antídoto contra o vício da bebida.

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Vermelho

Cor da vida, dos instintos, da paixão (Eros). Nas mulheres, ele é associado ao nascimento e ao ciclo menstrual, e também à sensualidade e à reprodu-ção. Nos homens, remete à circunci-são e a feridas, além de estar relacio-nado às agressões da guerra.

De vermelho se trajavam os gene-rais do Exército romano. O vermelho excita, aquece, acelera a pulsação, aumenta a pressão sanguínea e in-tensifica a frequência respiratória. Quem gosta dessa cor vive bem com seu corpo, ao contrário de quem a detesta, que está de mal e não se sen-te bem com ele. Não é por acaso que a tradição cristã relaciona essa cor às transgressões. A raiva é vermelha, a cor que geralmente tinge nossa face quando nos indigna-mos e defendemos um princípio em que acreditamos. Por isso, os grandes movimentos revolucionários do século 20 adotaram o vermelho para marcar a vontade e a soli-dariedade que precisava existir para com os oprimidos.

Cromoterapia, medicina antiga

São muitas as medicinas da Antiguidade (a greco-roma-na, a egípcia, a hindu e a chinesa, entre outras) que recor-reram à exposição do corpo às cores, utilizando-as para

tratar variadas patologias.

Hoje, baseados nesses mesmos princípios, temos a cro-moterapia, que consiste na administração de cores ao paciente por meio de luz colorida aplicada diretamente sobre a epiderme, de água e de alimentos coloridos, do vestuário e de pigmentos. Nos centros especializados em cromoterapia existem equipamentos que emitem fachos de luz colorida, projetando-os no corpo do paciente en-quanto ele permanece deitado num sofá. A luz rosa, por

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exemplo, é utilizada para tratar o reumatismo, as artrites e a depressão. O verde, para desintoxicar o organismo. O azul, para os distúrbios cardiocirculatórios. O amarelo, para patologias e problemas do aparelho digestivo.Nos tratamentos, a irradiação da cor pode ser substituída e/ou alternada com banhos e com técnicas de meditação e visualização. Rosa

Evoca a sensação de delicadeza, afetividade, suavidade. Tira a violência, a agressividade, a raiva. Quando usado deliberadamente por um homem, revela a particular con-

fiança que ele tem em si próprio, a ponto de demonstrar preferir a sensibilidade à força.

As mulheres mais românticas são total-mente apaixonadas pelo rosa. Já os mais pragmáticos abominam a cor: no tempo de Hitler, nos campos de concentração, os homossexuais tinham de usar triângu-los cor-de-rosa (já os judeus usavam uma estrela de Davi amarela em seus unifor-mes; alguns prisioneiros eram obrigados a usar as duas insígnias). A obrigatorie-dade do uso de um acessório dessa cor nos uniformes dos homossexuais era um meio de evidenciar o preconceito do na-zismo contra essa condição sexual (mais tarde, a partir de 1943, os comandantes dos campos de concentração foram auto-

rizados a castrar os prisioneiros homossexuais). Precon-ceitos à parte, rosa também é a cor de nossa pele e a do nosso corpo quando está saudável.

Quando estamos apaixonados, “vemos o mundo cor-de-rosa”. O rosa transmite ainda uma fresca leveza e feminilidade, afetiva e ao mesmo tempo sutilmente voluptuosa.

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VIA

GEM

SISRITOS DA SEMANA SANTA

A Paixão de Cristo nas cidades brasileiras

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iajar é sempre uma gostosa forma de aprender. Possibili-ta que a gente conheça a his-tória, os costumes, as tradi-ções e a diversidade cultural de outros povos. Celebrada

em todo o mundo católico, a Páscoa é uma boa época para fazer isso. Feriadão prolongado, oferece diferentes opções para quem pretende

viajar, desde as belíssimas praias do litoral brasileiro até as cidades onde as tradições da Paixão de Cristo são levadas muito a sério. Se até poucas décadas, essas celebrações eram mais visíveis nas metrópoles, que ser-viam de palco para a exibição de filmes e de peças teatrais revivendo a dor e a ressurrei-ção de Jesus, hoje, talvez pela grande quan-tidade de habitantes ou pela correria da vida moderna, essas tradições acabam ficando mais restritas à Igreja Católica.

Mesmo assim, é um período que muitas pes-soas jejuam, fazem penitências, não comem carne e até mesmo deixam de varrer a casa, em respeito ao sacrifício feito por Cristo para salvar a humanidade. Os fiéis também parti-cipam das cerimônias religiosas organizadas pela Igreja, revivendo todos os episódios que envolvem a morte e a ressurreição de Jesus. V

A Páscoa é um bom período para quem quer conhecer lugares históricos onde as ricas programações culturais e religiosas mantêm acesas as tradições que envolvem os últimos dias de Jesus na Terra. Santana do Parnaíba, Paraty e Goiás Velho são algumas opções. Com missas, procissões e peças teatrais a céu aberto, atraem milhares de fiéis

POR: FABÍOLA MUSARRA

Festa da fé – Independentemente de sua religião, as manifestações de fé que marcam o período se multipli-cam nas cidades brasileiras, sobretudo nas do interior. Se você vai viajar para uma delas, saiba que a programação pascal começa no Domingo de Ramos, quando folhas de coqueiros ou de palmeiras benzidas pelo padre são distri-buídas nas missas aos fiéis.

Na quinta-feira seguinte acontece uma missa em lem-brança da Última Ceia, quando biblicamente Jesus com-partilha o pão e o vinho com os 12 apóstolos, selando a união de Deus com a humanidade (o pão e o vinho sim-

bolizam a carne e o sangue de Cristo). Nas igrejas, os altares e santos são co-bertos com panos roxos e sem flores, em sinal de luto. Também é nesse dia que nas igrejas acontece o lava-pés, cerimô-nia em que o padre que preside a liturgia lava os pés de alguns presentes, em refe-rência ao momento em que Jesus ensina a humildade aos discípulos lavando os pés deles.

A Sexta-Feira Santa é reservada à leitu-ra de liturgias sobre a morte de Jesus na cruz. Depois, a cruz é descoberta e con-duzida na procissão do Senhor Morto. De volta à igreja, a imagem fica exposta nas igrejas para a adoração dos fiéis.

O sábado é dedicado à vigília e reflexões sobre a morte de Cristo até o meio-dia,

quando o que era tristeza vira folia. É quando acontece a malhação de Judas Iscariotes, o apóstolo que teria re-cebido 30 moedas de prata para revelar a identidade de Jesus, traindo aquele de quem se dizia amigo e discípulo.

Tradicionais ovos de Páscoa pintados a mão

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Rua Lavapés – Em muitas ci-dades brasileiras, essa manifestação popular acontece nas primeiras horas da madrugada do Sábado de Aleluia, quando um boneco de pano simboli-zando Judas é “julgado”, pendurado num poste, surrado e queimado. Pela tradição popular, antes de sua “execução”, é lido o “testamento” de Judas, que escrito em versos é coloca-do no bolso do boneco e traz sátiras aos políticos e a fatos locais.

Se você estiver visitando a capital de São Paulo na Semana Santa, não deixe de ir à Rua Lavapés, no bairro do Cam-buci, na região central da cidade, onde a malhação do Judas é realizada há mais de 80 anos. Na brincadeira que chegou ao País com a colonização portuguesa não só o boneco do apóstolo traidor de Cristo é espancado, mas também bonecos representando alguns políticos brasileiros. No ano passado, por exemplo, a boneca da presidente Dilma Rousseff foi colocada dentro de um barril em alu-são à crise da Petrobras por conta da compra superfatu-rada de uma refinaria em Pasadena (EUA). Já o boneco do prefeito Fernando Haddad ganhou o apelido de “Fer-nando Maldade”.

Brincadeiras à parte, o ápice da celebração cristã é o Do-mingo de Páscoa, que encerra o fim da quaresma e do

calvário de Jesus. Nesse dia os altares são despidos dos panos roxos e as igrejas celebram a Missa de Aleluia, fes-tejando a ressurreição do Senhor.

A alegria invade as ruas das cidades brasileiras, com fes-tas populares nas quais o sagrado é substituído pelo pro-fano. Já nas casas, os ovos de chocolate fazem a festa da garotada.

Porém, enquanto o feriado não chega, que tal programar a sua viagem. As opções são variadas, desde as que ofere-cem maior contato com a natureza até as cidades onde as celebrações da Semana Santa são tradicionais e famosas.

Malhação de Judas na rua Lavapés, em São Paulo

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Santana de Parnaíba – São PauloLocalizada a 35 km da capital paulista, Santana do Parna-íba é uma das cidades mais antigas do País. Fundada em 1580, abriga o maior núcleo urbano em taipa, tombado em 1982 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Históri-co, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). Rival de São Paulo durante o período colonial, Santana do Parnaíba resguarda marcas de significativos momen-tos da história nacional: os testemunhos vão do movi-mento bandeirista ao pioneirismo na geração de energia

elétrica, com a construção da Usina de Parnahyba, atual Barragem Edgard de Souza, primeira usina hidrelétrica da empresa canadense Light and Power no Brasil.É exatamente às margens do Rio Tietê, na Barragem Edgard de Souza, Km 40 da Estrada dos Romeiros, que todos os anos a histórica cidade paulista promove a apresentação gratuita do “Drama da Paixão”.

Ocupando um espaço cenográfico de 15 mil metros quadrados, a encenação ao ar livre é dirigida por Edimilson Andrade e conta com 120 atores e mais de 800 figu-rantes, além de fogos e computação grá-fica para dar mais emoção às cenas. Neste ano, o espetáculo de quase duas horas pode ser assistido de 2 a 4 de abril,

às 20h30. A prefeitura da cidade apenas pede a doação de um quilo de alimento não perecível.

Drama da Paixão, encenado todos os anos, na Semana Santa, em Santana do Parnaíba, SP

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Ubatuba – São PauloA encenação da “Paixão de Cristo” pelo grupo Tramoyas e Paranoyas é a prin-cipal atração da Semana Santa desta cidade do Litoral Norte de São Paulo. Todos os anos, o espetáculo atrai um público diversificado para assistir às suas apresentações em praça aberta. Em sua 19ª edição, a montagem este ano acontece no dia 2 de abril, a par-tir das 21 horas, com a participação de aproximadamente 240 pessoas, entre o elenco, a equipe técnica e os integran-tes da Banda Sinfônica Lira Padre An-chieta, que executa a trilha sonora ao vivo.

Os palcos estão montados na Praça de Eventos da Avenida Iperoig e também ao longo de sua extensão, com o desfecho do drama no morro da Praia do Matarazzo, onde acontece a crucifica-ção e a ressurreição de Cristo. Para mais informações, acesse www.conhecaubatuba.com.br. O site reúne ainda endereços de hotéis, pousadas, restaurantes, praias, passeios náuticos e atrações turísti-cas da cidade.

Também em Ubatuba, litoral norte de São Paulo, a Paixão é

encenada todos os anos

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Paraty – Rio de JaneiroO calendário anual desta cidade histórica e tradicional-mente católica é integrado por nada mais, nada menos que 23 festas de cunho religioso. As celebrações da Sema-na Santa são uma das mais importantes delas e mantêm tradições que datam dos séculos 17 e 18. Este ano, elas se estendem até o dia 5 de abril.

Durante as comemorações, imagens e peças sacras com mais de 300 anos de existência podem ser admiradas. Es-sas peças se encontram sob a tutela do Instituto do Patri-mônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) e ficam guar-

dadas o ano todo no cofre do Museu de Arte Sacra de Paraty, na Igreja de Santa Rita. Entre as esculturas que podem ser vistas na Semana Santa de Paraty estão a do Senhor dos Passos do século 18, em tamanho natu-ral, e a do Cristo Crucificado, arte espanhola do século 18, também em tamanho original, exposta na cena do Calvário, além da ima-gem de Nossa Senhora da Soledade, que sai na Procissão do Enterro, de 1,80m de altura e origem também espanhola, provavelmen-te do Oitocentos.

Destaque das celebrações religiosas, a Pro-cissão do Encontro (ou dos Passos) é re-alizada na Sexta-feira Santa. Ela parte da Matriz e percorre os Passos da Paixão. De incalculável valor histórico-arquitetônico,

esses pequenos altares embutidos em paredes de igrejas, casas e sobrados, representam os principais momentos da Paixão de Cristo e somente são expostos neste dia santo – no resto do ano permanecem fechados.

Herança colonial – A tradição dos Passos foi herdada de Portugal ainda no Brasil Colônia, quando foram constru-ídos passos em diversas cidades além de Paraty, como nas mineiras Tiradentes, Ouro Preto, Congonhas e São João del Rey. Restaram seis Passos em Paraty. Restau-rados, três deles estão na Rua do Comércio, dois na Rua Dona Geralda e um na lateral da Igreja de Santa Rita. Outro ponto alto da Semana Santa em Paraty é a Procis-são do Fogaréu (ou da Prisão), da qual inicialmente ape-nas homens participavam – as mulheres eram proibidas

Em Paraty, a grande Procissão do Senhor dos Passos

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até de vê-la pelas janelas. O Fogaréu, que começa à meia-noite de Quinta-fei-ra Santa, simboliza a prisão de Cristo. Nessa procissão secular os fiéis saem pelas ruas de pedras do centro históri-co de Paraty portando tochas, com as luzes dos postes apagadas e ao som de matracas, o que remete a outros tem-pos: as matracas substituíram os sinos que, por serem motivo de júbilo, silen-ciam na Quinta-feira Santa e só voltam a tocar no Domingo de Páscoa.

Durante a Procissão do Fogaréu, os fi-éis em fila entram pelas laterais saindo pela porta principal de todas as igrejas do centro histórico. Há duas explica-ções para isso: a litúrgica e a popular. A primeira refere-se à indulgência plená-ria (o perdão dos pecados sem a confis-são).

Já a popular defende que a procissão é uma dramatização dos passos de Cristo. Nesse contexto, as igrejas represen-tam os lugares por onde Jesus teria passado após a pri-são. Detalhe: Anás, Caifás, Herodes, Pilatos e os presos nunca entram pela porta da frente. Para conhecer a pro-gramação completa, acesse www.paraty.com.br/feriados/semanasanta

Paraty se engalana para receber os visitantes durante a Semana Santa

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Cidades históricas – Minas GeraisEm Ouro Preto, Tiradentes, São João Del Rei, Maria-na, Sabará e Congonhas, a exemplo das demais cidades do interior de Minas, as tradições da Semana Santa são mantidas como há séculos, com celebrações de missas e procissões. A principal delas acontece na Sexta-feira San-ta, quando a procissão passa pelas ruas de pedra e casas coloniais dessas históricas cidades. A Via-Crúcis é acom-panhada pelas pessoas que revivem o sofrimento e a mor-te de Cristo. O canto da Verônica também se mantém vivo nas cidadezinhas mineiras, com o personagem bíbli-co sendo interpretado por uma mulher trajada de preto. Em Ouro Preto, além das celebrações religiosas, os mo-radores confeccionam tapetes com flores, areia, palha e serragens nas ladeiras da cidade para cobrir o percurso

da procissão. O ritual remonta ao século 18 e as cerimônias religiosas revivem ao vivo o calvário de Cristo, com a participação de figuras do Antigo e do Novo Testamento. Em Congonhas do Campo, o ponto alto do evento cristão também ocorre na Sexta--feira Santa, quando 250 atores dramatizam o “Auto da Paixão Segundo Congonhas”. Também é na noite deste dia que a cidade de São João Del Rei é palco de um dos es-petáculos mais esperados da Semana Santa: o Descendimento da Cruz na escadaria da Igreja Nossa Senhora das Mercês e a Procis-são do Enterro no centro da cidade.

As ruas de Ouro Preto são enfeitadas para os festejos da Semana Santa

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Serrinha – BahiaSituada a cerca de 170 quilômetros de Salvador, a cidade baiana tem nas cele-brações da Semana Santa uma de suas principais atrações. Com uma das tra-dições religiosas mais fortes do interior baiano, o município oferece uma inten-sa programação no feriado religioso, desde missas e procissões até a encena-ção da “Paixão de Cristo”.

O destaque, porém, é a Procissão do Fogaréu, uma das manifestações de fé mais tradicionais de Serrinha e que este ano tem um ingrediente a mais: está salvaguardada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) como Patrimônio Históri-co Imaterial da Bahia.

Realizada desde 1930, a procissão acontece na Quinta--feira Santa, partindo às 20 horas da Catedral Nossa Se-nhora de Santana, na Praça Miguel Carneiro. Com tochas de papel acesas por velas, os fiéis aos poucos tomam as ruas da cidade e percorrem mais de cinco quilômetros até a Colina da Santa, onde está a imagem da Senhora Santa-na, padroeira de Serrinha. Ao longo do percurso e no final dele são encenados os passos da Paixão de Jesus Cristo. Outro ponto marcante das celebrações é a subida ao Monte Guarani para a via-sacra, às 6 horas da Sexta-feira Santa. No alto dele, de onde se tem uma vista memorável da cidade, está o Cruzeiro. Lá, os fiéis acendem velas e

fazem oração.

Serrinha conta com 12 hotéis, cinco pousadas e uma oferta de três mil leitos, ampliada com o aluguel de casas mobiliadas. A Praça Morena Bela, também conhecida como Praça Gourmet, concentra bares, restaurantes e lanchonetes. O Mercado das Artes, na Praça Miguel Car-neiro, exibe o lindo artesanato local. Informações sobre a cidade e sobre a programação da Semana Santa podem ser encontradas, respectivamente, nos sites, www.ferias.tur.br/cidade/1045/serrinha-ba.html e www.serrinha.ba.gov.br/?idsec&noticiaid=2032

Em Serrinha, na Bahia, grupos folclóricos se exibem nas ruas durante os festejos da Páscoa

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Goiás Velho – GoiásA Semana Santa é sempre uma atração na antiga capi-tal do Estado de Goiás. Na noite da Quinta-feira Santa, a cidade revive uma tradição de grande impacto visual: a Procissão do Fogaréu, um ritual realizado há quase 300 anos.

Ao lado dos fiéis, cerca de 500 homens empunhando to-chas se postam diante da Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte. Dali parte, à meia-noite, a Procissão do Fogaréu, acompanhada pelos sons de tambores.

Do espetáculo também fazem parte os farricocos, um gru-po de 40 homens com túnicas coloridas e brilhantes, com capuzes pontiagudos e duas aberturas para os olhos. Os personagens encapuzados representam os soldados en-

viados por Caifás para prender Jesus.

Assim que os ponteiros se unem dando iní-cio à madrugada, as luzes da cidade se apa-gam e apenas o lume de cada tocha é visto cortando a noite em procissão. Depois de 15 minutos, há uma parada diante de um cená-rio que representa a Última Ceia de Cristo e os apóstolos, montado diante da Igreja do Rosário.

Pouco depois, os homens do Fogaréu che-gam ao seu destino final: a Igreja de São Francisco, que agora assume o papel do Monte das Oliveiras. Apenas um dos farri-cocos enverga uma túnica branca. É ele que

leva um estandarte de linho que representa Jesus.

Localizada a 144 km de Goiânia, a cidade de Goiás Velho realizou sua primeira procissão do Fogaréu em 1745, tra-zida pelo padre português Perestrello Espíndola. No Bra-sil, o primeiro Fogaréu foi em 1618, na Bahia, e há regis-tros também na Paraíba, em 1726.

Emoldurada por montanhas, com ruas estreitas de pe-dra e casario colonial preservado, a encantadora terra da poetisa Cora Coralina é palco vivo da história. Tanto que foi declarada pela Unesco como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade.

A impressionante Procissão do Fogaréu, na Sexta Feira Santa, em Goiás Velho

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Pirenópolis – GoiásTombada como Patrimônio Nacional, essa pequenina e bucólica cidade do interior de Goiás é internacionalmente conhecida pelas manifestações folclóri-cas que promove. Portanto, nada mais natural que também preserve a tradi-cionalidade de suas festas populares nas celebrações da Semana Santa. Suas missas e procissões são marcadas pela fé ardente dos católicos e pelas belas imagens e paramentos transpor-tados por eles. Na Semana Santa, em suas antigas ruas e casarões do século 18 são encenados os principais ritu-ais da paixão, morte e ressurreição de Cristo.

As celebrações começam já na sexta--feira anterior à Semana Santa, que marca o início da Semana das Dores, com missa e procissão de Nossa Se-nhora das Dores, saindo da Igreja Matriz do Rosário, com circuito de ida e volta pelas ruas do centro histórico. A programação do sábado e Domingo de Ramos inclui, respectivamente, a missa e procissão do Senhor dos Pas-sos e a procissão e bênção dos ramos da Matriz do Rosá-rio, além da missa campal.

Na segunda é realizada a Procissão do Senhor dos Passos, que traz uma antiga imagem de Jesus Cristo. De roca e em tamanho natural, sai da Igreja do Bonfim e é levada à Matriz.

Tesouro histórico – Se estiver na cidade na Semana San-ta, vale a pena ir até a Matriz para admirar de perto a antiga imagem. Aproveite e conheça também o interior da igreja, considerada como o maior e mais antigo monu-mento histórico de Goiás.

Construída originalmente em taipa-de-pilão entre 1728 e 1732, passou pelo abandono, revalorização histórica, incêndio e nova reconstrução. Fica fechada às terças e quartas. Nos demais dias, pode ser visitada das 7 às 17 horas. A entrada custa R$ 2.Já que está no centro histórico de Pirenópolis não deixe

Em Pirenópolis, Goiás, encenaçãoda Paixão diante da igreja matriz

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de caminhar por suas ruas. Elas abrigam casarões colo-niais, antigas igrejas e museus do século 18. Também não perca, na Quinta-feira Santa, a encenação da Ceia do Se-nhor, a transladação do Santíssimo Sacramento e a ence-nação da prisão de Jesus, no pátio da Paróquia do Rosá-rio.

Na tarde da Sexta-Feira Santa, às 14 horas, acontece a Via-Crúcis, uma encenação com a participação de atores locais. No mesmo dia, às 19 horas, tem a Procissão do Senhor Morto pelas ruas históricas da cidade. O domingo de Páscoa é festejado com missas que celebram a ressur-reição de Cristo.

Pirenópolis oferece variada opção de hospe-dagem – hotéis, pousadas, camping, casas e chácaras para aluguel, suítes e quartos. Circundada por montanhas e pincelada por cachoeiras e incontáveis belezas naturais, a cidade é sedutora e oferece atrações para todos, inclusive para quem não é religioso. Informações: www.pirenopolis.tur.br

Cristo carrega a cruz, na procissão da sexta-feira santa, em Pirenópolis

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Olinda – Pernambuco Famosa pelos seus bonecos carnava-lescos, Olinda também é uma expres-são viva da fé durante a Semana Santa. Neste ano, a programação religiosa da belíssima cidade pernambucana come-çou na quinta-feira, dia 26 de março, com a Procissão do Encerro, e segue até o domingo, 5 de abril, com a Procis-são do Senhor Ressuscitado.

Diversas missas são celebradas nas igrejas locais. Na Sexta-feira Santa, a partir das 16 horas, é realizada a Pro-cissão do Senhor Morto, com a saída dos fiéis da Igreja da Sé em direção do Convento São Francisco.

A programação inclui ainda a apresentação diária de “Ce-nas de Cristo”. Dirigido por José Pimentel, o espetáculo de uma hora de duração tem a participação de 50 atores e 20 crianças da rede municipal de ensino.

Em sua quarta edição, a encenação “Cenas de Cristo” pode ser assistida até o dia 5 de abril, na colina da Igreja do Carmo, sempre às 18h30. O desfecho do espetáculo é marcado por um lindo show pirotécnico.

Cartaz anuncia as comemorações da Semana Santa em Olinda e Recife

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Nova Jerusalém – Pernambuco Localizada na estância hidromineral da Fazenda Nova, distrito do município Brejo da Madre de Deus, há 180 quilômetros de Recife, essa cidade-teatro de Pernambuco vem reproduzindo a “Paixão de Cristo” desde 1951, num espetáculo de duas horas e meia de duração.

Em uma área de 70 mil metros quadrados, o equivalente a um terço da Jerusalém original, a cidade-teatro é equi-pada com modernos recursos tecnológicos de som, luz e efeitos especiais.

A encenação envolve centenas de atores, profissionais e figurantes, incluindo o pró-prio público. Como não conseguem ficar indiferentes ao que assistem, os espectado-res participam das cenas, transformando-se também em figurantes.

A paisagem de Nova Jerusalém também impressiona. Tudo ali remete à árida região da Judéia do ano 33 d.C: o espaço é cercado por uma muralha de pedras de 3,5 km de extensão, com sete portas e 70 torres altas. Em seu interior, o Palácio de Herodes e o Fórum de Pilatos remetem os fiéis à época em que viveu Cristo.

Em Nova Jerusalém, porém, a saga de Je-sus não termina em sofrimento. Em vez da

tristeza por sua morte, o espetáculo termina com a sua ascensão ao céu. A “subida” de Cristo é feita num eleva-dor camuflado sob efeitos de nuvens brancas, muita luz e música, além de fogos de artifício, num espetáculo emo-cionante.

Os pacotes custam a partir de R$ 2.806 por casal, in-cluindo traslado de Recife até Nova Jerusalém. Informa-ções pelo telefone: (81) 3732-1574. Para quem quer ape-nas assistir, os ingressos podem ser adquiridos pelo site novajerusalem2015.com.br

Em Nova Jerusalém, no interior de Pernambuco, aconece uma das encenações mais espetaculares da Paixão de Cristo

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Gramado e Canela – Rio Grande do SulGramado e Canela têm tudo a ver com a Páscoa, já que são bem conhecidas por seus chocolates. Então, pense nis-so: o que acha de viajar para lá, se encantar com as atrações temáticas e comprar os ovos da garotada nessas cidades da Serra Gaúcha? Nos últimos anos, as prefeituras das duas cidades gaúchas têm apostado em uma sofisticação cada vez maior das festividades de Páscoa, com decoração temática nas ruas e programações que incluem desfiles, peças teatrais, ofi-cinas de guloseimas e caça ao ninho, além das tradicionais celebrações reli-giosas.

Este ano, Gramado pela primeira vez em duas décadas não promove o Chocofest, que promete voltar renova-do no ano que vem. Em seu lugar, realiza o Festival de Chocolate e o Gramado Aleluia. O primeiro reúne as principais marcas de chocolate da região, como Caracol, Florybal, Planalto e Lugano. São essas fábricas, aliás, que assinam a decoração de Páscoa da cidade.

As atrações do Festival de Chocolate estão espalhadas pe-las tendas da Rua Coberta, na Praça Major Nicoletti, nas fábricas e lojas de chocolates e na Parada de Páscoa, que

é realizada nos fins de semana, às 16 horas, na Avenida das Hortências e Borges Medeiros.

Por sua vez, o Gramado Aleluia termina no dia 5 de abril. Com uma programação com maior teor religioso, com missas e procissões, mas sem esquecer as atividades de entretenimento para encantar a garotada.

Grande desfile da Chocofest, comemorando a Páscoa

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Ovos e coelhinhos – Em Canela, a Páscoa é mais lúdica, com a invasão de fofíssimos coelhinhos nos can-teiros de suas ruas e praças e “meigos” enfeites que recor-dam a data. Além da linda decoração temática, a cidade tem entre as atrações as apresentações teatrais gratuitas ao ar. Já na praça principal há brinquedos para crianças peque-nas. Funcionando das 10 às 21 horas, o Centro de Feiras concentra “lojas” de artesanato, chocolate e de alimen-tação. Abriga ainda o “Páscoa das Crianças”, um espaço onde a meninada faz a festa.

As atividades da Semana Santa de Canela incluem ainda

as celebrações religiosas. Destaque para a peça “Paixão de Cristo”, com apresentações nos dias 1º e 4 de abril, o Tenebrae – Ofício de Trevas, no dia 2 de abril, e a Procissão do Encontro, na Sexta-feira Santa, 3 de abril.

Além da programação de Páscoa, Grama-do e Canela – por si só – estão repletas de atrações turísticas. Tours para a locomotiva Maria Fumaça, o Parque do Caracol, o tele-férico e para outros passeis podem ser ad-quiridos nas agências de viagem locais. An-tes de se despedir da Serra Gaúcha, porém, não deixe de conhecer as lojas temáticas das fábricas de chocolate Caracol e da Florybal. Situadas na estrada entre Canela e Grama-do, a primeira abriga um museu de chocola-te. Já a segunda tem uma fantástica pista de

patinação no chocolate. Tem jeito melhor de comemorar a Páscoa?

(*) Correspondência para esta seção: https://fabiolamusarra.wordpress.com/

Despencou a locomotiva, uma das atrações de Canela

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CIÊ

NC

IA

BIOLOGIA DA RESSURREIÇÃOComo trazer animais extintos de volta à vida

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a Universidade de Harvard, o geneticista George Church e sua equipe usaram uma téc-nica de edição de gene co-nhecido como CRISPR para inserir no DNA de células

epiteliais de elefante genes de mamute corres-pondentes às suas características orelhas pe-quenas, sua gordura subcutânea, pelos longos

e a cor da pele desse animal extinto. O traba-lho ainda não foi publicado em uma revista científica, e ainda tem que ser revisto por outros especialistas da engenharia genética. Mas a experiência promete e despertou nas últimas semana enorme entusiasmo e inte-resse nos pesquisadores.

O mamute lanudo (Mammuthus primige-nius) foi extinto há milênios, e os últimos exemplares de uma de suas subespécies con-seguiram durar até cerca 3.600 anos, em pequenos nichos ambientais no hemisfério norte. Restos extremamente bem conser-vados desses animais foram encontrados (preservados no gelo) e os cientistas dizem ser possível trazer essas e outras espécies de volta do túmulo, através de um processo de engenharia genética conhecido como de--extinção.

“Mas não vamos ver mamutes pastando em nossas fazendas tão cedo, porque ainda há muito trabalho a fazer, mas nós pretende-mos fazê-lo”, diz Church. Implantar DNA de mamute em células de elefantes é apenas o primeiro passo de um longo processo. Em seguida, os cientistas precisam encontrar uma maneira de transformar as células hí-bridas em tecidos especializados, para ver se eles reproduzem as características certas. Por exemplo, precisam certificar-se que os

N

A ideia de trazer animais extintos de volta à vida ainda parece coisa de ficção científica. Mas cientistas deram recentemente um pequeno passo que nos aproxima desse objetivo. Ele consiste na inserção do DNA de um mamute lanoso em células de elefantes cultivadas em laboratórioPOR: TANYA LEWIS. FONTE: SITE LIVE SCIENCE

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Carcaça de um bebê mamute descoberto na Sibériagenes de mamute irão produzir o pelo da cor e textura corretas. Depois disso, a equipe planeja desenvolver as células híbridas em um útero artificial; cientistas e defen-sores dos direitos dos animais consideram antiético culti-vá-las no ventre de um elefante fêmea vivo.

Se os engenheiros genéticos conseguirem recriar alguns desses gigantescos elefantes-híbridos para sobreviver, eles serão projetados para que possam viver muitas déca-das em climas frios, onde deverão enfrentar menos ame-aças por parte dos seres humanos. Uma vez criadas tais criaturas híbridas, e desde que elas sobrevivam, os cien-tistas irão incorporar cada vez mais fragmentos de DNA de mamute no genoma delas, até que se chegue à recria-ção do mamute com todas as suas características.

Mamutes, no entanto, não são os únicos candidatos à “de-extinção”, como agora é chamado esse processo. Em 2003, cientistas já tinham reavivado, embora por um breve tempo, o bucardo dos Pirineus, grande caprino de montanha extinto em 2000. O processo aconteceu atra-vés da clonagem de uma amostra de tecido congelado do animal. No entanto, depois de ter nascido, o clone sobreviveu por apenas 7 minutos. Vários anos atrás, um grupo de pesquisadores extraiu DNA da carcaça de um tigre-da-Tasmânia, morto há um século e empalhado em um museu de Melbourne, na Austrália, inserindo-o em embriões de camundongos. A experiência mostrou que os genes eram funcionais. O próprio George Church tra-balha ativamente nos últimos anos para trazer de volta o

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Dodo, pássaro gigante do Pacífico, extintoHeath Hen

pombo-viajante (Ectopistes migratorius), pássaro que no passado enchia os céus norte-americanos, mas foi extinto no início do século 20 por causa da caça predadora. Os pesquisadores extraíram cerca de 1 bilhão de “letras”de DNA de um exemplar morto há cerca de 100 anos, e estão agora tentando uni-las ao DNA de um pombo comum.

As tentativas de de-extinção são várias, em muitos paí-ses do mundo. Mas, mesmo se esses esforços forem bem sucedidos, eles ainda colocarão alguns desafios de ordem ética. Por exemplo, a capacidade de reviver criaturas ex-tintas em laboratório poderia incentivar o apoio à des-truição de habitats naturais. Mas, com cautela, muitos

outros cientistas da área estão aceitando a ideia. Stanley Temple, ecologista da Universidade de Wiscon-sin-Madison disse em agosto de 2013 que “Nós podemos usar algumas dessas técnicas para realmente ajudar es-pécies ameaçadas e melhorar a sua viabilidade a longo prazo”.

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1 Algumas espécies extintas - como o mamute, mostrado acima - podem ser trazidos de volta à vida, se os cientistas con-seguirem superar algumas dificuldades técnicas e questões éticas espinhosas. Esta galeria de imagens mostra seis espé-cies citadas pelos geneticistas como dentre as mais fáceis de se reviver.

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2 O paleobiologista Tori Herridge do Museu de História Natural de Londres posa com as presas de um mamute. Herrid-ge participou da autópsia do animal.

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3 Thylacines, ou tigre-da-Tasmânia, eram abundantes na ilha australiana da Tasmânia até a chegada dos europeus, em 1803.

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4 A partir do final do século 19, o governo da Tasmânia começou a pagar prêmios por cada carcaça de thylacine. Acredi-tava-se que os animais eram predadores de ovinos e galinhas. O último indivíduo morreu em um zoológico da Tasmânia em 1936. A foto mostra um espécime empalhado no Museu Americano de História Natural, em Nova York.

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5 Revoadas de pombos-viajantes (Ectopistes migratorius) outrora cobriam os céus do leste da América do Norte. O des-matamento e a caça predatória conseguiram extinguir a espécie no início do século 20. Martha, o último exemplar, uma fêmea, morreu no zoológico de Cincinnati em 1914.

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6 Rheobatrachus vitellinus e Rheobatrachus silus eram duas espécies aparentadas de rãs norte-americanas que possu-íam características reprodutivas únicas. As fêmeas engoliam os ovos fertilizados e conseguiam transformar seus apare-lhos gástricos em úteros, gestando os ovos até a sua eclosão. O parto então era feito pela boca. O último exemplar desses batráquios foi observado em 1985. A destruição das paludes e o desmatamento das pradarias, mais o surgimento do fun-go Chytrid extinguiram as duas espécies.

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7 O periquito da Carolina (Conuropsis carolinensis) era a única espécie nativa de papagaio no leste dos Estados Unidos. Era remotamente originária do Golfo do México. Essas aves foram extintas no início do século 20, também devido à des-truição dos seus habitats.

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8 Os gatos-de-dente-de-sabre (Smilodon fatalis) eram predadores de emboscada do tamanho de um leão. São bem co-nhecidos por seus longos dentes caninos. Foram extintos no final do Pleistoceno, há cerca de 11 mil anos. O exemplar da foto é uma réplica perfeita, criação da Jim Henson Creature Shop, loja americana especializada em réplicas de animais.

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GEN

ÉTIC

AA ALVORADA DA DE-EXTINÇÃOVocê está pronto para conviver com animais ressuscitados?

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om a biotecnologia crescendo hoje quatro vezes mais rápido do que a própria tecnologia digital, ressuscitar espécies extintas torna-se cada vez mais possível e provável. O biotecnologista Stewart Brand investe pesado na área. Ele pretende não apenas trazer

várias espécies extintas de volta, mas também restaurar a presença delas na vida selvagem.

Brand já se tornou uma lenda no mundo da biotecnologia, por causa das marcas que ele

CDesde os anos da contracultura, na década de 1960, Stewart Brand milita na área da biotecnologia. Agora, ele investe num plano ainda mais ousado: trazer espécies extintas de volta à vida. E não apenas: uma vez ressuscitadas, quer reinseri-las no mundo natural

VÍDEO: TED – IDEAS WORTH SPREADINGTRADUÇÃO: KARINA GUZZI. REVISÃO: ANDREA ROJAS

criou: o Whole Earth Catalog, a Rede Global Business, a Long Now Foundation. Ao lado do seu trabalho científico, ele defende ativa-mente a bandeira da liberdade de informa-ção no mundo digital.

Brand diz que “ressuscitar o mamute usan-do o DNA de carcaças antigas desse animal pode soar como ciência doida, mas esse pro-jeto tem objetivos inteiramente racionais: desfazer o mal que os seres humanos causa-ram no passado”. Seu trabalho procura des-cobrir o que causou tantas extinções de es-pécies, para que possamos proteger aquelas que atualmente estão ameaçadas, preservar a diversidade genética e biológica, os ecossis-temas de reparação esgotados.

O BIOTECNOLOGISTA STEWART BRAND DIANTE DE UMA ILUSTRAÇÃO DE TIGRES-DA-TASMÂNIA

Tradução integral da palestra de Stewart Brand

Extinção é um tipo diferente de morte. É maior que a mor-te. Nós não percebemos isso até 1914, quando o último pombo--viajante, uma fêmea de nome Martha, morreu no zoológico de Cincinnati. Este foi o pássaro mais abundante no mundo que existiu na América do norte durante seis milhões de anos. De repente não estava mais aqui. Bandos que tinham uma milha de largura e 400 milhas de comprimento costumavam escon-der o sol. Aldo Leopoldo disse que isso era uma tempestade biológica, uma tempestade de penas. E, de fato, foi uma espé-cie fundamental que enriqueceu as florestas do leste, do Mis-sissippi ao Atlântico, do Canadá ao Golfo. Mas o número foi de cinco milhões de pássaros a zero em apenas duas décadas. O que aconteceu?

Bem, aconteceu a caça comercial. Esses pássaros foram caçados por sua carne, que era vendida às toneladas, e era fácil porque quando esses bandos grandes vinham ao chão, eles eram tantos que centenas de caçadores e outros com redes podiam aparecer e abatê-los as deze-nas de milhares. Era a forma mais barata de proteína na América. No final do século, não tinha mais nada além dessas lindas peles de pombos nas gavetas de espécies nos museus.

Esta história tem um lado bom. Isso ajudou as pessoas a perceberem que a mesma coisa estava para acontecer com o bisão Americano, e assim esses pássaros salvaram os búfalos.Mas muitos outros animais não foram salvos. O peri-quito da Carolina foi um papagaio que animou quintais em todos os lugares. Foi caçado até a morte por suas pe-nas. Tinha um pássaro que as pessoas gostavam na costa leste, chamado galinha do urzal. Era amada. Tentaram protegê-la. Morreu da mesma forma. Num jornal local se lia, “Não há sobreviventes, não há futuro, não há vida para ser recriada desta forma nunca mais.” Há uma sen-sação de profunda tragédia que acontece com essas coi-sas, e aconteceu a muitos pássaros que as pessoas ama-vam. Aconteceu a muitos mamíferos.

Outra espécie fundamental é um animal famoso chama-do auroque Europeu. Um filme foi feito sobre ele recen-temente. E os auroques eram como o bisão. Este era um animal que basicamente mantinha a floresta misturado aos prados por toda a Europa e no continente asiático, da Espanha à Coréia. O registro da existência desse animal vem desde as pinturas nas cavernas de Lascaux.

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Criança siberiana toca um filhote mumificado de mamute encontrado na tundra

Tradução integral da palestra de Stewart Brand

A extinção ainda continua. Havia um caprino na Espanha cha-mado bucardo. Foi extinto em 2000. Havia um animal mara-vilhoso, um lobo marsupial chamado tilacino na Tasmânia, sul da Austrália, chamado tigre-da-Tasmânia. Foi caçado até que só restaram alguns poucos para morrerem em zoológicos. Um pequeno vídeo chegou a ser filmado mostrando esses animais.

Raiva, tristeza, luto. Não lamente. Organize as coisas, e se você pudesse descobrir que, usando o DNA de espécies em um mu-seu, fósseis de talvez até 200 mil anos poderíamos usá-los para trazer espécies de volta. O que você faria? Por onde você come-çaria?

Bem, você poderia começar descobrindo se a biotecnologia já existe. Eu comecei com minha esposa, Ryan Phelan, que admi-nistrava uma empresa de biotecnologia chamada DNA Direct, e por intermédio dela, um de seus colegas, George Church, um dos maiores engenheiros genéticos que também era obcecado por pombos-viajantes e tinha muita confiança que os métodos em que ele estava trabalhando poderiam fazer o truque aconte-cer.

Então ele e Ryan organizaram e fizeram uma reunião no Insti-tuto Wyss em Harvard reunindo especialistas em pombos-pas-sageiros, ornitólogos de conservação, bioeticistas, e felizmente o DNA do pombo-passageiro já tinha sido sequenciado por uma bióloga molecular chamada Beth Shapiro.Tudo o que ela precisava dessas espécimes no Smithsonian era um pouco de tecido do dedão do pássaro, porque lá embaixo está o que se chama de DNA antigo. É um DNA que está muito fragmenta-do, mas com as boas técnicas de hoje, você pode praticamente remontar o genoma inteiro.

Daí a questão é, dá para remontar, com aquele genoma, o pássaro inteiro? George Church acha que sim. Em seu livro “Regênesis,” que eu recomendo, ele tem um capítu-lo sobre a ciência revivendo espécies extintas, e ele tem uma máquina chamada a máquina Multiplex Automati-zada de Engenharia de Genoma. É tipo uma máquina de evolução. Você tenta combinações diferentes de genes que você escreve no nível celular e depois em órgãos em um chip, e os que vencem, você pode daí por em um or-ganismo vivo. Vai funcionar. A precisão disto, um dos famosos slides ilegíveis do George, apesar disso mostra que há um nível de precisão aqui até o par básico indivi-dual. O pombo-viajante tem 1.3 bilhões de pares em seu genoma.

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O baiji, golfinho do rio Amarelo, na China, foi declarado extinto há dois anos

Tradução integral da palestra de Stewart Brand

Então, o que você está conseguindo é a capacidade de repor um gene com outra variação do gene, o que se chama alelo. Bem, isso é o que acontece em uma hibridização normal, de qualquer forma. Então isto é uma forma de hibridização sintética do genoma de uma espécie extinta com o genoma de seu paren-te vivo mais próximo. Agora, conforme avança, o George diz que sua tecnologia, a tecnologia de biologia sintética, está hoje em dia acelerando quatro vezes a velocidade da Lei de Moo-re. Tem feito isso desde 2005, e é provável que continue.

Ok, o parente vivo mais próximo do pombo-viajante é a pom-ba-de-coleira-branca. Elas são abundantes. Tem algumas por aqui. Geneticamente, a pomba-de-coleira-branca já é como o

pombo-passageiro. Só existem algumas partes que são pomba-de-coleira-branca. Se você substituir estas par-tes com partes de pombo-passageiro, você tem de volta o pássaro extinto, arrulhando para você.

Agora, há trabalho a ser feito. Você tem que descobrir exatamente quais genes são importantes. Então, existem genes para a cauda curta da pomba-de-coleira-bran-ca, genes para a cauda longa do pombo-viajante, e por aí vai, com os olhos vermelhos, o peito cor de pêssego, migração, etc. Adicione todos e o resultado não vai ser perfeito. Mas deverá ser perfeito o suficiente, porque a natureza também não faz perfeição.

Então, este encontro em Boston levou a três coisas. Pri-meiro, eu e o Ryan decidimos criar uma ONG sem fins lucrativos chamada Reviva e Restore que encorajariam ade-extinção em geral e tentar fazer isso de forma respon-sável, e nós poderíamos avançar com o pombo-viajante.

Outro resultado direto foi um jovem estudante de pós--graduação chamado Ben Novak, que é obcecado por pombos desde que tinha 14 anos e também aprendeu a trabalhar com DNA antigo. Ele mesmo sequenciou o pombo-viajante, usando dinheiro de sua família e ami-gos. Nós o contratamos em período integral. Agora, eu tirei esta fotografia dele ano passado no Smithsonian, ele está olhando para a Martha, o último pombo-passageiro vivo. Então, se ele tiver sucesso, ela não será a última.

O terceiro resultado do encontro de Boston foi a cons-tatação de que existem cientistas no mundo inteiro tra-balhando em várias formas de de-extinção, mas eles

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Exemplar empalhado de pombo-viajante

Tradução integral da palestra de Stewart Brand

nunca haviam se encontrado. A National Geographic se inte-ressou porque a National Geographic tem a teoria de que, no último século, descobrir significava encontrar coisas, e neste século, descobrir significa fazer coisas. De-extinção está nes-sa categoria. Então, eles hospedaram e financiaram esse en-contro. E 35 cientistas - biólogos conservacionistas e biólogos moleculares - basicamente se encontrando para ver se existe trabalho que pudessem fazer juntos. Alguns desses biólogos de conservação são bem radicais. Há três deles que não estão só recriando espécies antigas, eles estão recriando inteiros ecos-sistemas extintos no norte da Sibéria, na Holanda, e no Havaí.

Henri, da Holanda, com um sobrenome holandês que eu não vou nem tentar pronunciar, está trabalhando com os auro-ques. O auroque é o ancestral de todo o gado doméstico, e então, basicamente, seu genoma está vivo, só está distribuído desigualmente. O que eles estão fazendo, estão trabalhando com sete raças de gado primitivo de aparência robusta como o Maremmana primitivo como aquele ali para reconstruir com o tempo, com pecuária seletiva, os auroques. Atualmente, o retorno à vida selvagem está se movendo mais rápido na Co-réia do que na América, e então o plano é, com essas áreas de retorno à vida selvagem em toda a Europa, eles introduzirão os auroques para fazer seu antigo trabalho, seu antigo papel ecológico, de limpar as copas fechadas e meio estéreis das flo-restas para que nelas hajam esses prados cheios de biodiversi-dade.

Outra história fantástica veio do Alberto Fernández-Arias. O Alberto trabalhou com o bucardo na Espanha. O último bucar-do foi uma fêmea chamada Celia que ainda estava viva quando eles a capturaram, eles pegaram um pouco de tecido da orelha dela, e o criopreservaram em nitrogênio líquido, e soltaram ela

de volta na natureza, mas alguns meses mais tarde, ela foi encontrada morta embaixo de uma árvore caída. Eles pegaram o DNA daquela orelha, eles o implantaram como um óvulo clonado em uma cabra, a gravidez acon-teceu, e um bebê bucardo vivo nasceu. Foi a primeira de--extinção na história.

Mas viveu pouco. Algumas vezes clones entre espécies tem problemas respiratórios. Este tinha uma má forma-ção no pulmão e morreu depois de 10 minutos, mas Al-berto estava confiante de que a clonagem tinha melhora-do desde então, e isto vai melhorar, e eventualmente vai haver uma população de bucardos de volta às montanhas no norte da Espanha.

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O gato-de-dentes-de-sabre (reconstituição em tamanho natural)

Tradução integral da palestra de Stewart Brand

Um grande pioneiro da criopreservação foi Oliver Ryder. No zoo de São Diego, seu zoológico congelado coletou tecidos de mais de mil espécies nos últimos 35 anos. Agora, quando está tão congelado, 196 graus centígrados negativos, as células es-tão intactas e o DNA está intacto. Elas são basicamente células viáveis, então alguém como Bob Lanza do Advanced Cell Tech-nology (Tecnologia Celular Avançada) pegou um pouco desse tecido de um bovino em extinção chamado banteng de Java, colocou em uma vaca, a vaca emprenhou, e o que nasceu foi um bebe banteng de Java vivo e saudável, que vingou e ainda está vivo.

O que é mais empolgante para Bob Lanza é a habilidade de

agora poder pegar qualquer tipo de célula com células estaminais pluripotentes induzidas e transformá-las em células germinativas, como esperma e óvulos.

Então, agora vamos ao Mike McGrew que é um cientista no Instituto Roslin na Escócia. O Mike está fazendo mila-gres com pássaros. Ele pega, digamos, células da pele de um falcão, fibroblastos, e as transforma em células esta-minais pluripotentes induzidas. Como é tão pluripotente, elas podem se tornar germoplasma. Ele daí tem um jeito de por o germoplasma no embrião de um ovo de gali-nha para que a galinha tenha, basicamente, as gônadas de um falcão. Você pega uma fêmea e um macho de cada espécie, e deles saem falcões. (Risadas) Falcões reais fei-tos de galinhas ligeiramente adulteradas.

O Ben Novak era o cientista mais jovem no grupo. Ele mostrou como tudo isso pode ser reunido. A sequência de eventos: ele junta os genomas da pomba-de-coleira--branca e do pombo-viajante, ele vai pegar as técnicas do George Church e pegar DNA de pombo-viajante, as téc-nicas do Robert Lanza e Michael McGrew, põe esse DNA nas gônadas de galinhas, e das gônadas das galinhas saem ovos de pombos-viajantes, pombinhos, e agora você está conseguindo uma população de pombos-viajan-tes.

O que levanta a questão, eles não vão ter pais que são pombos-viajantes para lhes ensinar como se tornar um pombo-viajante... O que fazer a respeito disso? Bem, acontece que o comportamento dos pássaros é bem pré--determinado, então a maior parte já está no DNA deles. Mas para suplementar, parte da ideia do Ben é usar pom-

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O rinoceronte negro do Oste (Diceros bicornis longipes) era uma subespécie que foi declarada extinta em 2011

Tradução integral da palestra de Stewart Brand

bos-correio para ajudar a treinar os jovens pombos-viajantes a como se reunir em bando e como encontrar o caminho para seus locais de nidificação e lugares de alimentação.

Existem alguns conservacionistas, conservacionistas muito famosos como Stanley Temple, que é um dos fundadores da biologia de conservação, e Kate Jones da UICN, que fazem uma Lista Vermelha. Eles estão empolgados com tudo isto, mas também estão preocupados com aqui que pode ser competitivo com os esforços tão importantes para proteger espécies amea-çadas que ainda estão vivas, mas ainda não estão extintas. Veja você, você quer trabalhar protegendo animais lá fora. Você que quer trabalhar para diminuir o mercado de marfim na Ásia para que não estejam abatendo 25 mil elefantes por ano.

Mas, ao mesmo tempo, os biólogos conservacionistas estão percebendo que más notícias deprimem as pessoas. Então a Lista Vermelha é muito importante, para saber o que está ame-açado e criticamente em perigo de extinção, e por aí vai. Mas eles estão começando a criar o que chamam de Lista Verde, e a Lista Verde vai ter espécies que estão indo muito bem, obri-gado, espécies que já estiveram ameaçadas de extinção, como a águia careca, mas que estão muito melhor agora, graças ao ótimo trabalho de todos, e áreas protegidas no mundo todo que são muito muito bem gerenciadas. Então, basicamente, eles estão aprendendo a construir as boas notícias. E vem reviven-do espécies extintas como um tipo de boa notícia em que você pode construir.

Aqui estão dois exemplos relacionados. A reprodução em ca-tiveiro vai ser uma parte importante para trazer de volta estas espécies. A população do condor da Califórnia caiu para 22 aves em 1987. Todos acharam que tinha acabado. Graças à re-

produção em cativeiro no zoológico de São Diego, exis-tem 405 deles hoje, 226 foram soltos na natureza. Essa mesma tecnologia vai ser utilizada em animais de-extin-tos. Outra história de sucesso é a do gorila-de-montanha na África Central. Em 1981, Diane Fossey tinha certeza que eles seriam extintos. Só haviam 254. Agora existem 880. A população deles está crescendo três por cento ao ano. O segredo é: eles tem um programa de ecoturis-mo que é absolutamente genial. Então esta foto foi tirada no mês passado pelo Ryan com um IPhone. Os gorilas es-tão confortáveis, assim como os visitantes.

Outro projeto interessante, embora vá precisar de aju-da, é o do rinoceronte branco do norte. Não existem mais casais reprodutores. Mas este é o tipo de coisa que um variedade grande de DNA para este animal está dispo-nível no zoológico, congelado. Um pouco de clonagem, e

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Ilustração de como deveriam ser os auroques, bois primitivos que deram origem às raças bovinas modernas

Tradução integral da palestra de Stewart Brand

você tem eles de volta.

Então para onde vamos? Estes tem sido encontros privados. Eu acho que está na hora do assunto ficar público. O que as pesso-as pensam disso? Você sabe, você quer trazer de volta espécies extintas? Você quer a volta das espécies extintas?

A Sininho virá flutuando. Este é um momento Sininho, porque as pessoas estão empolgadas com isso. Com o que eles estão preocupados?

Nós também vamos continuar como pombos-viajantes. En-tão o Ben Novak, neste momento enquanto conversamos, está se unindo ao grupo que a Beth Shapiro tem na UC Santa Cruz. Eles vão trabalhar com os genomas do pombo-viajante e a pomba-de-coleira-branca. Conforme a informação ama-durece, eles vão enviá-la para o George Church, que vai fazer sua mágica, extrair o DNA de pombo-viajante dali. Nós va-mos ter ajuda do Bob Lanza e do Mike McGrew para pegar o germoplasma que pode ser introduzido em galinhas que podem produzir filhotes de pombo-viajante que podem ser criados por pombas-de-coleira-branca, e daí em diante, são todos completamente pombos-viajantes, talvez pelos próxi-mos seis milhões de anos. Você pode fazer o mesmo, conforme o custo diminui, com o periquito-da-Carolina, com o grande mergulhão, com a galinha do urzal, com o pica-pau-bico-de--marfim, com o maçarico-esquimó, com a foca monge do Cari-be, com o mamute lanudo.

Porque o fato é que os humanos fizeram um buraco enorme na natureza nos últimos 10 mil. Agora nós temos a habilidade, e talvez a obrigação moral de consertar um pouco do estrago. A maior parte do que faremos expandindo e protegendo áreas

selvagens, expandindo e protegendo as populações de es-pécies ameaçadas de extinção. Mas algumas espécies que erradicamos totalmente nós poderíamos considerar tra-ze-las de volta para um mundo que sente a falta delas.

Chris Anderson: Obrigado. Eu tenho uma pergunta. En-tão, isso é um assunto emocional. Algumas pessoas levantam. Eu acho que tem algumas pessoas lá senta-das, meio que se perguntando questões atormentadas, quase, sobre, bem, espera, espera, espera, espera, espe-ra, espera um minuto, tem algo errado com a humani-dade interferindo na natureza dessa forma. Vão haver consequências inesperadas. Você vai abrir algum tipo de caixa de Pandora de sabe-se-lá-o-que. Será que eles tem razão?

Stewart Brand: Bem, a razão inicial é nós interferimos enormemente levando esses animais à extinção, e mui-tas delas eram espécies fundamentais, e nós mudamos o ecossistema inteiro onde elas viviam quando as deixamos ir. Agora, o problema de base que muda é que, quando essas espécies voltarem, eles podem substituir alguns pássaros que estão aqui e que as pessoas conhecem e amam. Eu acho que isso, sabe, é parte de como a coisa vai funcionar. Este é um processo longo e lento - Uma das coisas que gosto dele é que é multi-geracional. Nós vamos ter de volta o mamute lanudo.

CA: Bem, parece que tanto a conversa quanto o potencial aqui são super emocionantes. Muito obrigada pela apre-sentação.

SB: Obrigado.

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