o pensamento de vygotsky nas reuniões da anped (1998-2003)

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109 Educação e Pesquisa, São Paulo, v.30, n.1, p. 109-138, jan./abr. 2004 O pensamento de Vygotsky nas reuniões da ANPEd (1998-2003) Maria Teresa de Assunção Freitas Universidade Federal de Juiz de Fora Resumo Este artigo analisa os trabalhos fundamentados no pensamento de Vygotsky encontrados da 21ª até a 26ª Reunião Anual da ANPEd, no período de 1998 a 2003, com o objetivo de compre- ender como esse referencial teórico está sendo apropriado pelos autores participantes desse evento da área da Educação. O texto está organizado em três partes. Em primeiro lugar des- creve-se o processo da pesquisa. Em seguida, são apresentados e discutidos os dados quantitativos do material analisado, pre- sentes nas tabelas que figuram em anexo. A terceira parte se constitui em uma análise qualitativa, na qual se explicitam que referências bibliográficas são as mais utilizadas nos trabalhos examinados, que temas e conceitos da abordagem vygotskiana predominam nessa produção e a apropriação da teoria revelada nos textos. Nessa parte são destacados alguns trabalhos em es- pecial, que parecem oferecer uma contribuição mais valiosa para a construção do conhecimento nesse campo, avançando teorica- mente e expandindo os conceitos originais do autor em questão. Conclui-se o artigo tecendo algumas reflexões sobre a atual apropriação do pensamento de Vygotsky, revelada nos trabalhos analisados, dialogando com a tese de doutorado da autora, rea- lizada doze anos atrás, que, abordando a mesma temática, foca- lizou a chegada dos autores da abordagem histórico-cultural no Brasil, o começo da difusão de suas idéias e os esforços iniciais de incorporação de seus conceitos. Finalmente, levantam-se al- gumas implicações que o estudo feito pode trazer para os edu- cadores brasileiros e estudiosos de Vygotsky. Palavras-chave Vygotsky — Educação — Apropriação atual. Correspondência: Maria Teresa de Assunção Freitas Av. Independência, 2100 apto. 802 36025-290 – Juiz de Fora – MG e-mail: [email protected]

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Page 1: O pensamento de Vygotsky nas reuniões da ANPEd (1998-2003)

109Educação e Pesquisa, São Paulo, v.30, n.1, p. 109-138, jan./abr. 2004

O pensamento de Vygotsky nas reuniões da ANPEd(1998-2003)

Maria Teresa de Assunção FreitasUniversidade Federal de Juiz de Fora

Resumo

Este artigo analisa os trabalhos fundamentados no pensamentode Vygotsky encontrados da 21ª até a 26ª Reunião Anual daANPEd, no período de 1998 a 2003, com o objetivo de compre-ender como esse referencial teórico está sendo apropriado pelosautores participantes desse evento da área da Educação.O texto está organizado em três partes. Em primeiro lugar des-creve-se o processo da pesquisa. Em seguida, são apresentadose discutidos os dados quantitativos do material analisado, pre-sentes nas tabelas que figuram em anexo. A terceira parte seconstitui em uma análise qualitativa, na qual se explicitam quereferências bibliográficas são as mais utilizadas nos trabalhosexaminados, que temas e conceitos da abordagem vygotskianapredominam nessa produção e a apropriação da teoria reveladanos textos. Nessa parte são destacados alguns trabalhos em es-pecial, que parecem oferecer uma contribuição mais valiosa paraa construção do conhecimento nesse campo, avançando teorica-mente e expandindo os conceitos originais do autor em questão.Conclui-se o artigo tecendo algumas reflexões sobre a atualapropriação do pensamento de Vygotsky, revelada nos trabalhosanalisados, dialogando com a tese de doutorado da autora, rea-lizada doze anos atrás, que, abordando a mesma temática, foca-lizou a chegada dos autores da abordagem histórico-cultural noBrasil, o começo da difusão de suas idéias e os esforços iniciaisde incorporação de seus conceitos. Finalmente, levantam-se al-gumas implicações que o estudo feito pode trazer para os edu-cadores brasileiros e estudiosos de Vygotsky.

Palavras-chave

Vygotsky — Educação — Apropriação atual.

Correspondência:Maria Teresa de Assunção FreitasAv. Independência, 2100 apto. 80236025-290 – Juiz de Fora – MGe-mail: [email protected]

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Vygotsky's thought in the ANPEd Meetings(1998 - 2003)

Maria Teresa de Assunção FreitasUniversidade Federal de Juiz de Fora

Abstract

This article analyzes the works based on Vygotsky's thoughtpresented at the annual ANPEd (National Association for GraduateStudies and Research in Education) meetings from 1998 to 2003,aiming at an understanding of how that theoretical framework isbeing incorporated by the authors that participate in those events.The text is organized into three parts. Firstly it describes theresearch process followed here. It then introduces and discussesthe quantitative data extracted from the material analyzed, whichis presented in the attached tables. The last part is a qualitativeanalysis that shows which bibliographical references are the mostfrequently used sources, which themes and concepts from theVygotskyan approach predominate in the works investigated, andthe incorporation of the theory revealed by the texts. In this lastpart some of the works are highlighted, which seem to offer amore valuable contribution to the construction of the knowledgein this field, advancing the theory and expanding on Vygotsky'soriginal concepts. The article is concluded with some thoughtson the current incorporation of Vygotsky's thought, as revealedin the works analyzed here, contrasting it with the author'sdoctoral thesis written twelve years ago, where she dealt withthe same issue and focused on the arrival in Brazil of authors ofthe historical-cultural approach, the beginning of the diffusion oftheir ideas and the initial efforts to incorporate their concepts.Finally, some implications are raised of the present work toBrazilian educators and to readers of Vygotsky.

Keywords

Vygotsky — Education — Current incorporation.

Contact:Maria Teresa de Assunção FreitasAv. Independência, 2100 apto. 80236025-290 – Juiz de Fora – MGe-mail: [email protected]

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“Uma obra explode as fronteiras de seu tempo,ela vive através dos séculos, dito de outra forma,na grande temporalidade, e, fazendo isso não éraro que essa vida (e é sempre verdadeira parauma grande obra) resulte mais intensa e maisplena que no tempo de sua contemporaneidade.”

Mikhail Bakhtin

Introdução

Ao receber o convite para participar deum estudo analítico sobre as produções na-cionais a respeito do tema “Vygotsky e educa-ção” senti uma satisfação muito grande. Percebique essa seria uma oportunidade de retomar dealguma forma a pesquisa desenvolvida em mi-nha tese de doutorado (Freitas, 1992), dandoa ela uma certa continuidade. Nessa tese, queposteriormente deu origem ao livro O pensa-mento de Vygotsky e Bakhtin no Brasil (Freitas,1994),1 procurei compreender como esses au-tores tornaram-se presentes entre nós, captu-rando o momento de sua chegada ao nossopaís no final da década de 1970, o inicio dadifusão de suas idéias nos anos 1980, e o es-forço de apropriação de seus conceitos nocomeço dos 1990. Para tanto, entrevistei 24educadores brasileiros, que produziam conhe-cimento nessa área, mapeando e construindo ahistória da chegada e difusão dos postuladossócio-históricos no Brasil. Com o passar dotempo, decorridos doze anos do trabalho rea-lizado, considerei interessante um novo estudoque pudesse mostrar como a teoria vygotskianaestá sendo apropriada no nosso meio educaci-onal. O que aconteceu nesse espaço de tempo?Até que ponto as perguntas então levantadasestão sendo respondidas e as prospecções fei-tas estão se concretizando?

Movida por esse interesse aceitei odesafio e lancei-me numa nova pesquisa. Masde que maneira seria possível capturar o conhe-cimento que está sendo produzido no Brasil apartir do pensamento de Vygotsky? Vários fo-ram os caminhos que se me apresentaram: aanálise de livros publicados nos últimos anos

sobre o autor, ou a partir dele; um estudo deartigos publicados em periódicos da área deEducação; uma pesquisa envolvendo as teses edissertações que utilizaram Vygotsky comoreferencial teórico. Refletindo sobre as possibi-lidades e dificuldades envolvidas nessas trêsalternativas, acabei decidindo-me por umaquarta opção que me pareceu mais viável einteressante: mapear o que se tem produzido apartir do referencial vygotskiano em um doseventos mais importantes e significativos daárea da Educação: a Reunião Anual da ANPEd.Esse evento se realiza anualmente e reúne edu-cadores de todo o país e até mesmo pessoasde outras nacionalidades. Cada reunião se or-ganiza mediante atividades especificas de seusGrupos de Trabalho (GTs) e atividades maisgerais envolvendo todos os participantes. Aapresentação da produção acadêmica no even-to tem as seguintes modalidades: trabalhos epôsteres apresentados nos GTs, trabalhos enco-mendados a especialistas em determinadastemáticas, seções especiais e minicursos. Aopção pelas reuniões da ANPEd prendeu-se adois motivos: a facilidade de acesso aos textoscompletos disponíveis em CD-ROM e no site daassociação e também devido ao fato de os tra-balhos nelas divulgados representarem umreflexo da produção dos programas de pós-graduação presente nos seus grupos de pes-quisa e nas teses e dissertações defendidas.

Assim, neste artigo, analiso a produçãode trabalhos com base no pensamento deVygotsky encontrada desde a 21ª até a 26ªReunião Anual da ANPEd, portanto, cobrindo operíodo de 1998 a 2003. Este recorte de tem-po permitiu-me o acesso aos textos em suaíntegra, que começaram a ser disponibilizados,de uma forma sistemática, a partir de 1998.Também, foi meu interesse, focalizar o momen-to atual, atentando para o que se tem produ-zido sobre o tema nos últimos seis anos.

1. No livro em questão focalizo o pensamento de dois autores: Vygotskye Bakhtin. Neste artigo vou dialogar com os dados que dizem respeitoapenas a Vygotsky.

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Organizo o artigo fazendo em primeirolugar a descrição do processo de pesquisa. Emseguida, apresento e discuto os dados quanti-tativos do material analisado. Para uma análi-se qualitativa dos textos faço uma síntese dasprincipais temáticas neles abordadas e dosconceitos vygotskianos que as sustentam, te-cendo também considerações sobre a apropria-ção do pensamento de Vygotsky revelada nostrabalhos analisados. Finalmente, levanto algu-mas implicações que o estudo feito pode tra-zer para os educadores brasileiros e estudiososde Vygotsky.

O processo de pesquisa

A pesquisa relacionada à produçãobaseada em Vygotsky nos GTs da ANPEd foiiniciada delimitando o foco de estudo em dezGrupos de Trabalho: GT 04 – Didática; GT 07— Educação de Crianças de 0 a 6 anos; GT 08— Formação de Professores; GT 10 — Alfabeti-zação, Leitura e Escrita; GT 13 — EducaçãoFundamental; GT 15 — Educação Especial; GT16 — Educação e Comunicação; GT 18 — Edu-cação de Pessoas Jovens e Adultas; GT 19 —Educação Matemática e GT 20 — Psicologia daEducação. A opção por estes GTs foi tomadaapós uma primeira leitura dos livros de resumosreferentes às Reuniões da ANPEd a serem foca-lizadas. Por meio dessa leitura foi possível per-ceber que estes GTs eram os que apresentavamindícios de produção sobre Vygotsky.

A partir dessa opção, foi iniciada a lei-tura mais aprofundada dos resumos de traba-lhos e pôsteres apresentados, referentes aos GTsem questão das reuniões da ANPEd a seremestudadas. Após essa leitura, foi feita uma tria-gem dos resumos que demonstravam ter comofundamentação a teoria de Vygotsky. Todo essematerial foi posteriormente lido por mim emconjunto com o grupo de bolsistas responsávelpelo levantamento preliminar,2 discutindo-se edecidindo-se quanto a presença da teoria deVygotsky nos trabalhos em questão. Após estelevantamento e selecionados os trabalhos, fo-

ram impressos os textos completos, encontra-dos em disquetes (21ª Reunião), no CD-ROMhistórico,3 nos CD-ROMs das 23ª, 24ª, 25ª, 26ªreuniões, e também no site da ANPEd.4

Considerando interessante ampliar ocorpus da pesquisa, busquei identificar tam-bém para análise os textos dos trabalhos enco-mendados, minicursos e seções especiais per-correndo o mesmo processo utilizado para ostrabalhos e pôsteres apresentados. Porém, de-vido a insuficiência de informações sobre osminicursos, e a dificuldade de acesso à totali-dade dos textos das seções especiais que, namaioria das vezes, não são disponibilizadospelos autores, decidi por não utilizá-los comofonte de dados.5

Para melhor visualização quantitativados dados obtidos, foram organizadas tabelasrelacionadas às três modalidades de trabalho eà síntese geral dos totais de pôsteres, trabalhosencomendados e trabalhos apresentados, emcada reunião e em cada GT, com a indicaçãodaqueles nos quais o referencial vygotskiano sefaz presente (Tabelas 1 e 2, respectivamente).

Terminado esse levantamento inicial,foram assinalados e computados nas Referên-cias Bibliográficas de cada texto impresso os li-vros de autoria de Vygotsky.

2. Este trabalho foi desenvolvido no interior da pesquisa ”LetramentoDigital e aprendizagem na era da Internet: um desafio para a formação deprofessores”, em andamento no grupo de pesquisa Linguagem, Interaçãoe Conhecimento (LIC), da Faculdade de Educação da UFJF, coordenado pelaprofessora Maria Teresa de A. Freitas e que conta com o apoio do CNPq eFapemig. Para a coleta e tabulação de dados foi importante o trabalho dasbolsistas de IC: Damares Aparecida Campos, Mirella do Vale Perotta(PIBIC/CNPq) e Roberta Bertges Amaral (BIC/UFJF). A confecção das tabe-las e gráficos contou com o suporte de Walter Alexandre Bicalho partici-pante voluntário do LIC.3. Trata-se de um CD-ROM publicado em 2002, comemorando os 25anos de ANPEd, no qual foi possível encontrar muitos dos trabalhos refe-rentes a reuniões anteriores que não constavam dos outros CD-ROMs quesó começaram a existir a partir da 23a Reunião.4. Alguns textos foram também encontrados em diferentes números daRevista Brasileira de Educação, em outras publicações produzidas pelosGTs e em livros publicados a partir dos trabalhos divulgados nas Reuniõesda ANPEd que estão todos referenciados nas Referências Bibliográficas.5. A ANPEd tem procurado resolver esse problema nos dois últimosanos e está conseguindo reunir, não em sua totalidade mas em um núme-ro bem expressivo, os textos referentes às seções especiais tanto no seusite quanto nos CD-ROMs das respectivas reuniões. Quanto aosminicursos além dos resumos dos mesmos não são encontradas outrasinformações a respeito.

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Foi elaborada uma ficha de leitura paraos textos, na qual se pedia: um comentáriogeral dos mesmos, a indicação dos conceitosvygotskianos presentes, uma análise da apro-priação do autor referente a esses conceitos, ainformação de autores vygotskianos usados6

com base nas referências bibliográficas.

Uma análise quantitativa dosdados

A partir dos dados organizados em ta-belas foi possível encontrar interessantes indi-cadores da produção acadêmica sobre Vygotskynas Reuniões da ANPEd. Nas seis Reuniõesanalisadas (21ª a 26ª), foram ao todo apresen-tados 1047 textos, incluindo 292 pôsteres, 81trabalhos encomendados e 674 trabalhos apre-sentados.7 Destes, 87 trabalhos (8,31%) trazemVygotsky como referência, o que à primeiravista parece pouco, mas que na realidade é umnúmero significativo, levando-se em conta que,há doze anos, em minha pesquisa anterior jácitada (Freitas,1994), a iniciante produção deartigos ou livros referentes a Vygotsky concen-trava-se em poucos autores, todos eles profes-sores de programas de pós-graduação nas áreasde Educação, Psicologia e Linguagem, intro-dutores de seu pensamento no Brasil. Agora,novos autores despontam entre estudantes dapós-graduação das referidas áreas ou mestres edoutores dela egressos. Listadas as procedên-cias dos autores dos textos, foram identificadas35 instituições de ensino superior brasileiras.Entre essas, algumas concentram um maiornúmero de textos como UFJF, USP, Unicamp,Unimep, UFG, Unesp. Um outro dado, que tor-na significativo esse resultado, é perceber que,num evento específico da área da Educação,dos vinte GTs da ANPEd, dez GTs (50%) con-tam com a presença de Vygotsky entre seustrabalhos e isso se apresenta num movimentocontínuo, que vai da 21ª até a 26ª Reunião,como bem demonstram as tabelas no final desteartigo. É importante considerar que a presençadesse referencial teórico se manteve durante os

seis anos, em todas as Reuniões, nas três mo-dalidades de trabalhos dos GTs focalizados. Ummaior percentual de produção vygotskiana(13,77%) foi encontrado na 23ª Reunião; e na25ª Reunião, a porcentagem menor (5,81%).Mas em 2003, na 26ª Reunião, o interesse foiretomado (8,14%). Só na 21ª Reunião não hou-ve apresentação de trabalhos encomendadosfocalizando o pensamento de Vygotsky, mas asoma dos trabalhos encomendados das cincoreuniões seguintes, marcou visivelmente essetipo de produção. Foram ao todo dez trabalhosencomendados equivalendo a 12,35% de umtotal de 81. É interessante observar que na 22ªReunião foi expressiva a presença de trabalhosencomendados: 45,45%, pois, dos onze traba-lhos encomendados, cinco versavam sobreVygotsky. Os textos trazendo a perspectiva deVygotsky sempre estiveram incluídos, emboraem pequenas porcentagens, nas seções depôsteres de todas as seis reuniões, o que podeser comprovado pelo total geral de 4,79%. Nostrabalhos apresentados nos GTs, os textosvygotskianos aparecem com mais força do quenos pôsteres, oscilando entre três (3,19 %) na25ª Reunião e chegando a 21 (19,44%) na 23ªReunião. No total do período, os trabalhosapresentados atingiram o número de 63(9,35%). Observo ainda que a maior incidênciade presença de Vygotsky nas seções depôsteres foi na 25ª Reunião: Quatro (9,09%);entre os trabalhos encomendados foi na 22ªReunião: Cinco (45,45%); e entre os trabalhosapresentados foi na 23ª Reunião: 21 (19,44%).

6. Neste trabalho estiveram presentes as seguintes participantes do LIC:Maria Teresa de A Freitas (coordenadora), Ana Paula Sampaio Pereira,Alessandra Sexto Bernardes, Bruna Sola Ramos, Patrícia Vale Cunha(mestres em Educação pelo PPGE/UFJF), Olívia Paiva Fernandes (mestrandado PPGE/UFJF) e Carolina Paiva Andrade (Bolsista de IC-PROBIC/Fapemig).Também colaboraram nesta análise as mestrandas do PPGE não vincula-das ao LIC: Ana Catarina Noronha e Paula de Deus V. F. Moura.7. Foram computados todos os trabalhos e pôsteres aceitos pelos GTs,incluindo, portanto, os apresentados e os excedentes, pois, estes últimos,embora não apresentados oralmente, foram publicados. Quanto aos traba-lhados encomendados alguns organizados em forma de mesa-redonda oucom a presença de um debatedor também apresentando um texto, foramtodos computados como apenas um trabalho encomendado, de acordo como que constava na programação das Reuniões da ANPEd.

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Analisando a produção total de cada GT,no conjunto das seis reuniões, pude concluirque três GTs concentram de modo expressivo ostextos sobre Vygotsky: GT-20 Psicologia daEducação: vinte (18,02%); GT-10 Alfabetização,Leitura e Escrita: dezessete (15,74%); GT-15Educação Especial: treze (13,54%). Essa maiorincidência de textos vygotskianos nesses GTspode ser compreendida a partir das seguintesreflexões. Vygotsky é um autor da psicologiaque, criticando as tendências psicológicas deseu tempo, se propôs a construir uma novateoria psicológica que atendesse o homemcomo um todo: corpo e mente na sua interaçãocom a cultura e o social. Sua teoria psicológi-ca é também considerada como uma teoriaeducacional, pois, de acordo com Bruner (1987),educação para Vygotsky é muito mais do queo desenvolvimento das potencialidades indivi-duais, implicando a expressão histórica e ocrescimento da cultura humana da qual o ho-mem procede. Daí se depreende um maior in-teresse sobre esse autor num GT cujo foco é aPsicologia da Educação. Vygotsky coloca nocentro de sua teoria psicológica a linguagem,considerando-a nas suas duas dimensões: acomunicativa e a organizadora do pensamen-to, constituidora da consciência. Dedicou mui-tos de seus escritos e pesquisas às questões darelação entre linguagem e pensamento e aodesenvolvimento da escrita. Assim, no GT 10,que trata especificamente das questões da al-fabetização-leitura e escrita, as referências aVygotsky são naturalmente esperadas. Umaoutra grande preocupação do autor russo foicom a Educação Especial, deixando em suaobra um livro específico sobre o assunto: Fun-damentos de defectología (Vygotsky, 1997), noqual apresenta uma posição de vanguarda,avançada para sua época, em relação ao defi-ciente, por ele considerado não como deficien-te mas diferente, mostrando que essa diferen-ça não é tanto física, biológica, mas principal-mente social, no plano da insuficiente interaçãocom o outro, com a cultura. Restaurada essainteração, a deficiência apresenta-se de forma

positiva, centrada nas suas possibilidades e nãoem suas dificuldades. Daí que se justifica ple-namente a sua presença significativa no GT 15,de Educação Especial.

Numa ordem decrescente em relação àprodução vygotskiana, situam-se em seguida:GT 07 — Educação de crianças de 0 a 6 anos:nove (8,82%); GT 19 — Educação Matemática:seis (8,00%); GT 18 — Educação de PessoasJovens e Adultas: sete (7,53%). A obra deVygotsky focaliza a criança de um modo espe-cial, preocupando-se com o desenvolvimentodas funções mentais superiores, da linguagem,abordando a temática dos jogos e brincadeirase da imaginação, o que pode explicar a suapresença num GT dedicado à educação infan-til. Ele traz uma nova concepção de desenvol-vimento como algo complexo e contínuo, comgrande ênfase no papel do meio, da cultura, oque conseqüentemente traz implicações para aeducação de jovens e adultos. No GT 19, deEducação Matemática, os textos vygotskianostalvez representem a busca por uma matemáticamais relacionada com o cultural e que possibi-lite uma efetiva aprendizagem. O interesse pelaobra de Vygotsky no GT 08 — Formação deProfessores: quatro (2,80%) — está em umafase inicial. Talvez isso possa se desenvolver àmedida que seus participantes começarem acompreender a importância que Vygotsky con-fere ao professor e como ele pode contribuirpara uma formação docente mais contextua-lizada, crítica e reflexiva. Por outro lado, pare-ce que o autor já vai ganhando confiança noGT 13 Educação Fundamental: cinco (4,76%)e também no GT 4 Didática: quatro (4,08%). OGT no qual sua penetração é ainda muito pe-quena é o GT 16 Educação e Comunicação,com apenas dois (1,72%).

Os livros que fundamentam ostextos

Até o final da década de 1980, as edi-toras brasileiras tinham publicado a tradução deapenas três livros de Vygotsky: a Martins Fon-

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tes foi responsável pela publicação de Forma-ção social da mente, cuja primeira edição datade 1984, e de Pensamento e linguagem, lan-çado em 1987. Linguagem, desenvolvimento eaprendizagem foi publicado em 1988 pelaEditora Ícone. Em 1991 surgiu a tradução,publicada pela Editora Moraes, do livro Psico-logia e pedagogia numa autoria conjunta deVygotsky, Luria e Leontiev. Só a partir de 1996é que outras traduções de livros de Vygotskyaparecem no mercado brasileiro (Vygotsky eLuria,1996; Vygotsky, 1996; 1998; 1999;1999; 2000; 2001; 2003).

Analisando as referências bibliográficasdos 87 textos baseados em Vygotsky, apresen-tados nas Reuniões da ANPEd, encontrei indi-cações de que os livros do autor mais citadossão Formação social da mente com 41 citações(47,13%) e Pensamento e linguagem com 33citações (37,93%),8 sendo que sua traduçãocompleta feita por Paulo Bezerra, direto dorusso e publicada em 2001 pela Martins Fon-tes com o título de A construção do pensamen-to e da linguagem, foi citada duas vezes (2,30%), o que eleva esse resultado para 35 cita-ções, portanto, 40,22%.9 O livro Fundamentosde defectologia, tomo V das Obras escogidas(Vygotsky,1997), que foi citado quase que es-pecificamente pelos autores do GT de Educa-ção especial, ocupando o terceiro lugar emordem de citação: treze vezes (14, 08%), estábem distante dos dois primeiros. Em seguidaaparecem com nove citações (dez, 34%) oslivros Linguagem, desenvolvimento, aprendiza-gem e Historia del desarrollo de las funcionespsíquicas superiores presente na edição espa-nhola de suas obras completas Obras Escogidas,tomo III (1995). Citados cinco vezes (5,75%)estão Teoria e métodos em psicologia e umatradução em espanhol La imaginación y el arteem la infância publicado no México em 1987.Com quatro citações (4,68%), aparece o livro:Estudos sobre a história do comportamento,que é um trabalho conjunto de Vygotsky e Luria(1996). Em seguida com duas citações (2,38%), há o livro Desenvolvimento psicológico

na Infância (1998). Outros livros do autor sãocitados apenas uma vez. (Vigotski, 2001; 1982;Vigotski; Luria, 1991).

Esses dados me permitem considerarque apesar do expressivo aumento de publica-ções de outras obras de Vygotsky em portu-guês e do acesso a outras traduções em espa-nhol entre 1998 a 2003, nos textos apresenta-dos nas Reuniões da ANPEd, durante esse mes-mo período, seus autores continuam se referin-do basicamente apenas a dois livros: Formaçãosocial da mente e Pensamento e linguagem.10

Ao centralizarem seu conhecimento apenasnesses textos, não conseguem uma maior apre-ensão do pensamento do autor em seu conjun-to. Além disso, é preciso lembrar que a tradu-ção brasileira de Pensamento e linguagem, emsuas edições de junho de 1987 até a atual de2003, foi realizada a partir de uma traduçãoamericana da qual foram retirados todos ostrechos que pudessem dar a Vygotsky umaconotação marxista. Dessa maneira, a traduçãoamericana que deu origem à tradução brasilei-ra constitui-se numa obra reduzida em mais decem páginas em relação à obra original. Essaredução fragmenta o pensamento do autor,destituindo-o de importantes aspectos relacio-nados à sua fundamentação teórica básica,dificultando sua real apreensão. De algumaforma, o problema da centralização dos textosapresentados na ANPEd, nessas duas obras deVygotsky: Formação social da mente e Pensa-mento e linguagem é compensado com a lei-tura de outros autores vygotskianos que têm sededicado ao estudo da obra de Vygotsky. Assim,foi possível perceber que embora a maioria dostextos sobre o autor russo tenha como referên-cia apenas dois de seus livros, há contudo umagrande presença de livros de diferentes autores

8. Tuleski (2000) também em seu trabalho resultante de uma extensarevisão de literatura, chega a esta mesma conclusão: a grande maioria dosestudos publicados sobre Vygotsky tem por base estas suas duas obras.9. Entre essas 33 citações estão incluídas três que se referem a tradu-ções da obra em inglês, francês, espanhol e cinco ao tomo II da coleçãoObras Escogidas de Vygotsky (1982).10. Também na pesquisa, por mim realizada em 1992, foi encontradaessa referência centrada nesses dois livros de Vygotsky.

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brasileiros. Nesse sentido, foi interessante veri-ficar como os autores vygotskianos mais cita-dos se situam entre aqueles por mim entrevis-tados há doze anos, introdutores de Vygotskyno Brasil, e que se constituem hoje como osinterlocutores que fundamentam o pensamen-to dos novos autores brasileiros. Destes, osmais citados são Jobim e Souza (1994, 1996);Garcia; Castro; Jobim e Souza (1997), Kramer(1993), Kramer; Leite (1998), Freitas (1994,1994b,) Oliveira (1993, 1995), Smolka (1988,1991, 1995), Smolka; Góes; Pino (1993, 1997,1998), Pino (1998, 2000), Góes (1991, 2000b,2001b), Davis; Silva; Espósito (1989), Oliveira(1994, 1995). Também outros autores brasilei-ros estão marcando presença nos textos apre-sentados nas reuniões da ANPEd como Duarte(1996, 2000), Fontana (2000), Moysés (1997),Rojo (2001), Padilha (2000).

São essas leituras brasileiras que em-basam os textos divulgados na ANPEd, acresci-dos também de alguns autores estrangeiros comoTulviste (1991); Rey (2003); Kozoulin (2002);Moll (1996); Riviére (1985); Wertsch (1985,1998); Daniels (1994); Van der Veer; Valsiner(1996); Baquero (1998), entre outros. Autoresque se referem mais à teoria da atividade tam-bém são citados, como Davidov (1982, 1988),Davidov; Zinchenko (1994 ), Chaiklin (2003). Aolado destes também são encontradas referênciasa Luria (1986, 1990) e Leontiev (1978), quecomplementam o conhecimento da obra deVygotsky.

Os temas e os conceitospresentes nos textos

Analisando os textos dos três GTs queapresentaram uma produção mais significativasobre Vygotsky — GT 20 Psicologia da Educa-ção, GT 10 Alfabetização, Leitura e Escrita e GT15 Educação Especial —, procurei identificarneles as principais temáticas trabalhadas. No GTde Psicologia os textos se organizam em doisgrupos: trabalhos em forma de ensaios e rela-tos de pesquisa. Os ensaios procuram discutir as

contribuições da Psicologia Sócio-histórica paraa Psicologia da Educação, as relações entrepsicologia e educação, a influência das análi-ses de Lévy-Bruhl no desenvolvimento teóricoda psicologia de Vygotsky, a construção dasubjetividade infantil através da análise de umaobra literária, a importância da contextua-lização histórica da obra de Vygotsky e umdebate sobre a apropriação de suas idéias noBrasil. Os relatos de pesquisa incidem sobre asquestões da criatividade humana, relações en-tre arte e Psicologia da Educação objetivandouma maior compreensão do comportamento dohomem contemporâneo, a formação da identi-dade de jovens sem-terra como uma construçãosocial, o processo de escolarização e a apro-priação da escrita nas aldeias indígenas dosXacriabá. Também abordam a aprendizagem11

em suas relações com o desenvolvimento, coma afetividade, com as interações professor/alu-no ou com as tarefas escolares. As pesquisasreferem-se ainda às estratégias cognitivas deprofessores e alunos, às transformações con-ceituais de professores em formação, aos pro-blemas da indisciplina na escola e, finalmente,analisam a prática de psicólogos escolares eseus fundamentos teóricos.

As temáticas abordadas nos textosvygotskianos no GT de Alfabetização, Leitura eEscrita dizem respeito a pesquisas que se vol-tam para as questões da leitura e escrita em doisfocos: no seu processo de construção e emrelação às práticas socioculturais. No primeirofoco são enfatizados aspectos da mediaçãopedagógica, das interações sociais, do proces-so ensino/aprendizagem. O segundo foco en-volve a leitura/escrita de crianças e adolescen-

11. Em algumas traduções brasileiras aprendizagem tem sido traduzidacomo aprendizado numa tentativa de escapar da falta de precisão do termona obra de Vygotsky, na qual não fica claro se o autor se refere à aprendi-zagem ou ao ensino. Isso se explica porque em russo a palavra obutchêniesignifica tanto ensinar como ser ensinado, aprender. Em seus textos Vygotskyemprega a mesma palavra obutchênie para ensino e aprendizagem. Con-cordando com Bezerra (2001), um dos melhores tradutores de Vygotskyno Brasil, neste texto usamos a palavra aprendizagem significando assi-milar conhecimentos, envolvendo processos cognitivos implicados naaquisição de conteúdos e sistematização de conhecimentos.

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tes em diferentes situações escolares e tambémem ambientes extra-escolares. A questão daescrita é vista na sua relação com a oralidade,cognição e cultura e analisada tanto em seusprocessos iniciais como em relação à produçãode textos e às novas formas de escrita possibi-litadas pela internet. Está, portanto, presenteuma preocupação com a formação do leitor/escritor na contemporaneidade, sendo levanta-das, nesse sentido, questões que se articulam àpratica docente e formação de professores.

O GT 15 Educação Especial, por suatemática bem específica, concentra-se nasquestões da deficiência, preocupando-se de ummodo especial com as questões da inclusão doaluno deficiente na escola e na sociedade. Esseaspecto é focalizado em relação aos processosde escolarização e da atuação dos professorescomo agentes na educação inclusiva. Há umapreocupação com o desenvolvimento cognitivoe a aprendizagem de alunos com deficiênciasauditivas e mentais. A surdez é a temática maisfocalizada nos textos vygotskianos deste GT.Nela se concentra a maior parte dos trabalhosenvolvendo questões do desenvolvimento dalinguagem, da constituição da escrita e da re-lação da língua de sinais com a elaboração daescrita. Quanto aos deficientes mentais, sãoestudados aspectos relativos ao seu processo desimbolização e possibilidades de desenvolvi-mento cognitivo.

Algumas das temáticas presentes nessesGTs, nos quais a produção sobre Vygotsky émais significativa, de certa forma se repetemnos demais, assumindo algumas especificidadesde acordo com os objetivos de cada um deles.Assim, no GT 7 Educação de Crianças de 0 a 6anos, os trabalhos se concentram nas questõesdos jogos, brincadeiras e imaginação, na cons-trução do conhecimento, e nos processos deformação de conceitos. Há também nesse GTuma discussão sobre as possibilidades que ateoria vygotskiana pode abrir para uma novaforma da compreensão da infância na contem-poraneidade. O GT 18 Educação de PessoasJovens e Adultas focaliza, de modo especial, as

especificidades etárias e socioculturais de jovense adultos em processo de escolarização, preo-cupando-se com as questões do conhecimen-to, da aprendizagem e formação de conceitosenvolvendo principalmente a alfabetização,produções de textos e registros matemáticoscom suas implicações didáticas. A aprendizagemda matemática é o tema central dos trabalhosvygotskianos do GT 19, Educação Matemática,sendo discutida e relacionada ao desenvolvi-mento de conceitos matemáticos, mediação docomputador e processos de produção coletivasobre saberes de professores de matemática.Acrescenta aos temas o sentido atribuído aozero e a implementação curricular como umaação cultural da escola.

Os GTs 4, Didática, e 08, Formação deProfessores, concentram os trabalhos vygotskianosna perspectiva da formação de professores,prática docente e aprendizagem, enquanto oGT 13, Educação Fundamental, centraliza-senos problemas do fracasso escolar, repetência,cotidiano da escola pública de periferia e asinterações entre professor e alunos em contex-tos de aprendizagem. O GT 16, Educação eComunicação, é o que apresenta uma menorparcela de trabalhos na perspectiva de Vygotsky,mas são inovadoras as discussões que aconte-cem em seu interior, pois envolve algumas con-siderações teórico-metodológicas sobre pesqui-sar a infância ao usar como instrumento medi-ador a televisão, e salientar que seu uso podeser entendido como mediador dos processos deaprendizagem e desenvolvimento.

Vygotsky é chamado a fundamentartodos esses temas a partir dos principais concei-tos presentes em sua teoria. Tentando identifi-car esses conceitos, pude perceber que apareceem primeiro lugar (em 28 trabalhos, 32,18%) aquestão da mediação, compreendida tanto noque se refere à mediação do outro, quanto àmediação semiótica. Este conceito se interliga aoutros que são identificados nos textos, como acompreensão do sujeito formado histórica esocialmente na interação com o outro via lingua-gem, o que possibilita o movimento entre os

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dois planos: do interpessoal para o intrapes-soal. Tudo isso compreendido a partir de umanoção de desenvolvimento que articula asduas linhas: a natural-biológica e a sociocul-tural. É, portanto, na interação com o outro,sob a influência da cultura, que os modos defuncionamento cognitivo surgem, e median-te as quais são construídas as funções men-tais superiores.

O conceito que aparece em segundolugar é o da aprendizagem, resultante de umprocesso interativo ou coletivo, como promotorade desenvolvimento, estando presente em 22(25%) dos textos analisados. As discussões so-bre aprendizagem são complementadas com oconceito de Zona de Desenvolvimento Proximal,a questão da formação dos conceitos no proces-so de desenvolvimento humano, a articulaçãoentre conceitos espontâneos e científicos, im-portância do papel da escola e do professor, des-pontando já um pequeno interesse pela teoriada atividade, envolvendo o papel ativo do alu-no na formação do pensamento teórico via con-teúdos escolares.

Também estão presentes os conceitosrelacionados ao desenvolvimento da linguagemque acontece num processo interativo e leva,via internalização, à constituição do sujeito, daconsciência, destacando-se o papel da palavrana formação do pensamento. São enfocados osinstrumentos materiais e psicológicos, os sig-nos, chegando-se à linguagem escrita como umsistema simbólico e seu processo de constitui-ção com suas implicações educacionais.

A questão da deficiência está centradanão no defeito orgânico mas nas conseqüênciassociais desse defeito. Portanto, é tratada emsua positividade, numa visão prospectiva dassuas possibilidades, pensando-se o desenvolvi-mento do deficiente principalmente no que serefere ao deficiente mental e auditivo. Aí apa-rece com bastante força o desenvolvimento dalinguagem na criança surda via língua de sinaise as características da constituição de sua es-crita com idéias voltadas para o ensino dodeficiente numa perspectiva inclusiva.

A imaginação na infância se apresentaarticulada aos jogos e brincadeiras de faz deconta, que são vistos como possibilidades desimbolização numa atividade preparatória paraa construção da escrita e como zona de desen-volvimento proximal que contribui para o de-senvolvimento infantil.

Ainda são encontradas referências aosconceitos de Vygotsky em relação à arte comopossibilidade de compreensão e o desenvolvi-mento do processo criativo e da reação estéti-ca. O contexto histórico social como formadordo sujeito merece destaque em alguns traba-lhos que se preocupam com a importância dese compreender a teoria de Vygotsky a partir deseus fundamentos ligados ao materialismo his-tórico dialético e ao momento histórico em queconstruiu sua obra. Referências são feitas, tam-bém, ao seu método dialético de estudo dosfenômenos humanos compreendendo-os emsua historicidade.

A apropriação vygotskianarevelada nos textos

A análise dos textos apresentados nosdez GTs, durante as seis reuniões da ANPEdfocalizadas, permitiu-me identificar a presen-ça de diferentes níveis de apropriação da te-oria vygotskiana neles existentes. Procurandocompreendê-los, passo a refletir sobre essesdiferentes níveis de apropriação, explicitandoa leitura que deles faço.

Em um primeiro conjunto de textos,Vygotsky aparece quase por acaso, não seconstituindo como o eixo principal da temáticaabordada. Ele surge incidentalmente, em meioa alguma idéia exposta pelo autor, citado depassagem, não merecendo uma discussão ouanálise. Algumas vezes, nem isso acontece, poisele apenas é referenciado na bibliografia mas,de forma alguma, se percebe no texto a presen-ça de seu pensamento. Outras vezes, ele nem écitado, mas aparecem no texto algumas idéiastributárias suas, sem serem identificadas comotal por quem escreve. Isso pode acontecer

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quando o autor do texto está se baseando emvygotskianos, desconhecendo essa sua filiaçãoteórica. Foi possível encontrar em nove textos(10,34%) do material analisado algumas dessascaracterísticas.

Percebi também alguns textos (onze tra-balhos, equivalendo a 12,64%) nos quais umconhecimento superficial em relação a Vygotskyse reflete na dificuldade de diferenciá-lo deoutros autores. O desconhecimento dos funda-mentos filosóficos que embasam sua teoria di-ficulta a distinção das diferenças entre autores,podendo levar a uma confusão entre princípiosteóricos de perspectivas opostas. Assim, Vygotskyé apresentado junto com Piaget indistintamen-te, sem um diálogo construtivo entre as suasidéias ou numa conjugação com outros autores,cujos fundamentos são antagônicos ao autor emquestão. Vejo aqui, em relação a esses doisconjuntos de textos aos quais estou fazendoreferência, cumprir-se um dos receios expostospor mim doze anos atrás (Freitas, 1994): omodismo. Na área da educação o fenômenoda moda é muito comum: é preciso dizer quese conhece, citar determinados autores paramostrar o quanto se está atualizado, em diacom a novidade teórica do momento. Assim,os trabalhos analisados permitem perceberque, de alguma forma, isso está hoje aconte-cendo com Vygotsky. Entretanto, é possívelcompreender que essa influência do modismonão é muito preocupante, uma vez que a soma dospercentuais referentes a esses textos (22,98%),representa o menor índice encontrado.

Há também um grupo de 29 textosanalisados (33,33%), dos quais faço a seguin-te leitura. Os autores citam Vygotsky correta-mente, apresentam no início do texto sua in-tenção em trabalhar com suas idéias e assumi-lo como um referencial teórico. No entanto, aochegarem ao tema do artigo ou na análise dosdados apresentados, Vygotsky não mais apare-ce. Seus conceitos citados mantêm-se desarti-culados em relação aos dados analisados e aotodo do artigo. Talvez isso se dê por carênciade uma maior fundamentação e de uma leitu-

ra mais extensiva e aprofundada. Ficam muitopresos a apenas dois livros do autor: Pensa-mento e linguagem e Formação social da men-te, sem um maior conhecimento de sua obracomo um todo. Os conceitos do autor são vis-tos, pois, de uma forma fragmentada e isoladosde seus fundamentos filosóficos marxistas. Ficaclaro que na “arquitetura” do pensamento deum autor, certos conceitos fundamentais nãopodem ser especificados com base na leitura deapenas alguns de seus textos, mas que é neces-sário uma compreensão da obra em sua totali-dade. Isto é, compreender sua raiz episte-mológica, suas fases de elaboração, as condiçõesde sua produção, o contexto sócio-histórico-cultural em que foi gestada. É perceptível comose repetem os conceitos do autor sem quesejam estabelecidas as necessárias relaçõesentre eles e muitas vezes são apresentadosdesfocados das idéias defendidas no texto. Háuma justaposição da teoria com o tema: de umlado são expostas as idéias de Vygotsky e, deoutro, o autor do texto desenvolve o assuntoem questão sem estabelecer um diálogo, semrealizar a esperada articulação. Também situonesse grupo de textos aqueles que usam concei-tos de Vygotsky mas apenas como uma contri-buição parcial para o trabalho, o qual estáenfocado em outros autores ou perspectivasteóricas afins. Nessa situação, parece queVygotsky surge por acaso em meio a outrosautores. O trabalho em si traz citações, concei-tos de Vygotsky, mas não se constitui em umtexto vygotskiano como tal, articulando forma,conteúdo e método. Seus conceitos são usadosdescolados de seus fundamentos, de sua histo-ricidade. Enfim, considero que talvez neste ní-vel de apropriação se encontram os autores quenão conseguem demonstrar uma compreensãoprópria dos conceitos ou da teoria, carecendode um maior aprofundamento quanto às suasraízes epistemológicas.

Foi gratificante encontrar entre os 87trabalhos analisados, 38 textos (43, 67%) querevelam uma apropriação consistente do pen-samento de Vygotsky, demonstrando uma fun-

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damentada compreensão de sua teoria ou atéindo um pouco mais além, caminhando numacriativa expansão do uso de seus conceitos.Nesses trabalhos, percebo o cumprimento deuma das expectativas por mim já anunciadas:um maior nível de profundidade dos conceitosapreendidos de Vygotsky e uma expansãoconceitual. (Freitas, 1994). Estes textos mos-tram uma visão contextualizada do autor, comum conhecimento de seus fundamentos histó-ricos sociais. São textos que refletem como seusautores se apropriam das idéias de Vygotsky apartir da leitura de um maior número de obrasdo autor e de seus diferentes interpretes, cons-truindo a sua própria leitura de Vygotsky. As-sim, conseguem de forma construtiva e criati-va dialogar com as idéias de Vygotsky na cons-trução das temáticas que abordam. Outros vãoum pouco mais além chegando até a certosavanços teóricos. Neste sentido, estão incluídosos trabalhos encomendados, e alguns apresen-tados, nos quais, especialistas da área respal-dando-se em vastas bibliografias e com umesforço de reflexão, construído por muita pes-quisa e estudo, conseguem uma certa expansãodos conceitos vygotskianos. É uma atualizaçãodo pensamento do autor ao nosso momentohistórico, às questões que a contemporaneidadee a prática educativa colocam.

Nessa perspectiva destaco alguns tra-balhos. Parto inicialmente daqueles que estãopreocupados com a contextualização da obrade Vygotsky e seus fundamentos marxistas. Estaé a tônica do texto de Pino (1999), que em umtrabalho encomendado no GT de Psicologia,apresenta as implicações da psicologia concretade Vygotsky para a educação. Nele, Pino afir-ma que se fosse possível sintetizar em algumaspoucas idéias a contribuição de Vygotsky paraa compreensão do ser humano, ele apontariaduas: o desenvolvimento psicológico como umprocesso histórico e a natureza cultural dopsiquismo. Ao longo do texto tem a grandepreocupação de aprofundar essas duas idéias,buscando Marx como referência para o enten-dimento do pensamento de Vygotsky. Em um

outro texto, Tuleski (2000), com sua voz elo-qüente e de tonalidade marxista, mergulha nosconceitos de Marx nos quais Vygotsky se ba-seou, e instiga e inquieta o leitor sobre umapertinente e difícil questão: como ler Vygotskyhoje? É possível hoje, num outro momentohistórico, numa sociedade marcada pelo modode produção capitalista e pelo fenômeno daglobalização, apreender os conceitos de umautor, gestados na Rússia do início dos anos1920, num momento revolucionário de cons-trução de uma sociedade comunista? Que sig-nificado tinha para a sociedade russa e quesignificado tem para a sociedade contemporâ-nea? Tuleski levanta em seu trabalho, a hipó-tese de que a teoria “trasladada para um outrocampo, sem considerar o campo que a fezgerminar, sofre um processo de assepsia neutra-lizadora que autoriza sua vulgarização semameaça ou suspeita” (2000, p. 1).12

Pino (1999), já acenava para uma pos-sibilidade de resposta a essas questões:

o desafio, enquanto essas condições não foremtransformadas, é levar em conta a história domeio e conseguir implantar na criança a cons-ciência da sua realidade e da impossibilidadereal de superação das limitações que ele lheimpõe. Como? Este é o desafio. (p. 60)

Os textos de Tuleski e Pino têm paramim uma importância fundamental: são um aler-ta, chamam a atenção para um ponto essencialna obra de Vygotsky: a presença da historici-dade ou concepção histórica de sua teoria. Semessa concepção é impossível apreender a rique-za de seus conceitos. Esses autores incitam-nosa uma revisão da leitura de Vygotsky. Estamosconscientes dessa historicidade? Compreende-mos o que ele quer realmente dizer com social?O que representa o cultural em sua teoria? Qualé a nossa leitura e apropriação desse autor?

12. Talvez essa hipótese esteja pois em consonância com os trêsprimeiros níveis de apropriação da teoria por mim identificados nessapesquisa .

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Como estas estão presentes nos textos queconstruímos?

Se num esforço de reflexão e revisãoessas questões forem respondidas é possívelcaminhar numa perspectiva de avanço em re-lação à teoria. E mais, ao compreender queVygotsky foi de fato um homem de seu tempo,por estar respondendo aos reclamos de umanova sociedade que estava se constituindo,pode-se hoje dizer que ao dar condições deolhar para a nossa sociedade atual com umolhar crítico, numa busca de uma transforma-ção emancipatória, ele se torna também, umautor para além de seu tempo.

Nessa mesma linha de pensamentocito o debate “As apropriações das teorias psi-cológicas pela prática educativa contemporâ-nea: a incorporação de Piaget e de Vygotskyao ideário pedagógico” promovido na 23ªReunião pelo GT 20, Psicologia da Educação.Duarte (2000) polemiza com a tendência queconsidera dominante entre os educadores quebuscam, no terreno da psicologia, uma funda-mentação em Vygotsky: a tendência em inter-pretar as idéias desse psicólogo numa óticaque as aproxima de ideários pedagógicoscentrados no tema aprender a aprender. Assimchega a uma hipótese:

a aproximação entre as idéias vygotskianas eas idéias neoliberais e pós-modernas não podeser efetuada sem um grande esforço por des-caracterizar a psicologia desse autor soviéti-co, desvinculando-a do universo filosóficomarxista e do universo político socialista.(Duarte, 2000, p. 2)

Considera que isso se realiza de duasdiferentes maneiras: 1) a aproximação entre ateoria vygotskiana e a concepção psicológicaepistemológica-interacionista-construtivista dePiaget; 2) a interpretação da teoria vygotskianacomo uma espécie de relativismo culturalistacentrado nas interações lingüísticas intersubjetivasde uma forma que a aproxima do ideário pós-moderno.

Debatendo com Duarte compreendo eparticipo de sua preocupação com a apropri-ação do pensamento de Vygotsky entre edu-cadores brasileiros, preservando as bases quefundamentaram sua obra: o materialismo his-tórico dialético (Freitas, 2000). É aí que estáo mérito de seu trabalho. Na pesquisa biblio-gráfica que empreendeu, procurou nela sur-preender a presença ou a ausência dessa fun-damentação. Mostrou as diferentes leiturasque estão sendo feitas, a partir dos diferenteslugares em que se situam. O que critico é queDuarte, ao trazer os vygotskianos brasileirosclassificando suas leituras em neo-liberais oupós-modernas, aprisionou-as em rótulos, cris-talizando-as, congelando-as, não construindoum texto dialógico, polifônico. “Encerrando-asnestes limites impediu que estas pudessem sefazer ouvir na pluralidade de sentidos”(Freitas, 2000, p. 25).

Pensando nessa linha dialógica é inte-ressante apontar os trabalhos que trazem outrosautores para um profícuo diálogo com Vygotsky.Assim, são importantes as interlocuções comBakhtin e sua teoria enunciativa de linguagemque esclarecem, ampliam e aprofundam a com-preensão da teoria de Vygotsky, visíveis nos tex-tos de Jobim e Souza & Pereira (1998), Sousa(2000), Pereira (2002), Lemos (2002), Freitas(1998, 1999, 2000, 2000b), Goulart; Kramer(2002) e Vóvio (2000).

Também é dialógico e inovador o tra-balho de Gerken (2000), que apresenta algumasidéias fundamentais da rica interlocução que seestabeleceu entre Vygotsky e Lévy-Bruhl, refle-tindo sobre as repercussões das suas análisesno desenvolvimento do modelo teórico da psi-cologia sócio-histórica de Vygotsky. Parte dopressuposto de que a discussão da relação entreevolução da sociedade e transformação dosmodos de representação e de compreensão domundo, realizada no campo da antropologia,teve um profundo impacto na elaboração domodelo sócio-histórico. Assinala, assim, queLévy Bruhl elaborou uma rica discussão sobrea natureza da representação coletiva enquanto

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processo de mediação, além de postular a ori-gem social dos processos simbólicos de apre-ensão da realidade.

Outros trabalhos apontam novos con-tornos da teoria de Vygotsky a partir das ques-tões postas pela contemporaneidade levando àressignificação do desenvolvimento infantil, àconstrução da subjetividade e à mediação deinstrumentos culturais como a TV, o computa-dor, a internet. Assim, Jobim e Souza; Pereira(1998), dialogando com Vygotsky e WalterBenjamim, procuram construir uma compreen-são da “experiência da infância na contem-poraneidade que nos permita uma redefiniçãodo lugar social ocupado pelos sujeitos naimbricada rede de relações inter-subjetivas esócio-ideológicas que os constituem” (p. 1).Para as autoras, estudar a constituição da sub-jetividade na infância não se resume em anali-sar o mundo interno em si mesmo, mas sim emresgatar o reflexo do mundo externo no mun-do interno, ou seja, a interação com a realida-de. Preocupada também, com a constituição dasubjetividade na infância, Lemos (2002) encon-tra na psicologia sócio-histórica “a possibilidadede estudar a permanente transformação e ascontradições que são inerentes aos fenômenoshumanos e sociais” (p.1) e baseando-se emVygotsky e Bakhtin e nas alegorias da literatu-ra, busca compreender, através das narrativasdo livro Infância, de Graciliano Ramos (1998),os modos de subjetivação na infância.

Na esteira de uma ressignificação dodesenvolvimento infantil proporcionada pela te-oria de Vygotsky, Jobim e Souza; Pereira (2002)apontam o brincar como atividade que constituia subjetividade infantil, mostrando como a brin-cadeira emancipa a criança da realidade imedia-ta e reflete suas ações no pensamento por meioda mediação dos significados. Por meio dessamediação a criança aprende, e é ao aprender queela se desenvolve. O brincar é entendido comouma atividade que se constitui a partir do entre-cruzamento da realidade com o imaginário e, apartir da mediação estabelecida, a criança se in-tegra ao real e cria outras realidades.

Também numa reflexão sócio-históricasobre o brincar, Góes (2001a) analisa situaçõesconcretas em creches e pré-escolas, eviden-ciando como as brincadeiras revelam um fun-cionamento lúdico-imaginário no qual as crian-ças, ao recriarem suas vivências matizadas peloafeto, podem ultrapassar a lógica do real e coma complexificação das brincadeiras chegam aimaginar um plano de ocorrências virtuais quetransgridem aquela lógica. Compreende tam-bém, de acordo com o referencial sócio-histó-rico, que os aspectos cognitivos e afetivosimplicados no brincar são necessariamente ar-ticulados aos processos de linguagem, numvínculo de afetação recíproca. Desse modo, aautora reafirma a crítica à pedagogização dobrincar, assim como revela a necessidade de seestudar mais a fundo a riqueza do modo de sere agir da criança, que não precisa ser subordi-nado a propósitos de utilidade formativa nosentido instrucional ou normativo. Em outrotrabalho (Góes, 2001a), a autora analisa si-tuações de brincadeiras de crianças surdas per-cebendo, então, como a linguagem participa daconstrução imaginária pelo componente da lin-guagem de sinais.

Enfocando também a esfera do simbó-lico, Padilha (2001) relaciona-o com o desen-volvimento do deficiente mental. Aponta para apossibilidade de superação de alguns aspectosdesse desenvolvimento que, do ponto de vistaneurológico, anunciam limitações nas esferasdo simbólico. Seu trabalho contribui para acompreensão de que o “processo de simboli-zação seja tomado como fundamental, comoessencial, como princípio na elaboração deprogramas a serem desenvolvidos com os de-ficientes mentais” (p. 3).

Assim como Lemos (2002) promoveuum diálogo de Vygotsky com a literatura, Shima(2003) estabelece interlocuções entre a psico-logia sócio-histórica e as artes plásticasobjetivando, num criativo texto, uma maiorcompreensão do homem contemporâneo.Zorzal; Basso (2001) apresentam os pressupos-tos para uma perspectiva histórico-cultural

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sobre o tema da criatividade, propondo umacompreensão ontológica da criatividade huma-na na qual a atividade criativa se desloca doâmbito apenas individual e particular para oâmbito social e histórico. Trabalham nessa pers-pectiva com um grupo de professores do ensi-no fundamental utilizando a abordagem deVygotsky sobre o processo criativo.

Numa outra direção, os trabalhos deOliveira (1999), Vóvio (2000), Moura (2000) nointerior do GT 18, Educação de Pessoas Jovense Adultos, respaldando-se em Vygotsky e auto-res vygotskianos, procuram compreender asrelações entre cultura e modos de funciona-mento cognitivo. Oliveira (1999) parte da idéiade que “a educação de jovens e adultos nãoremete apenas a uma questão de especificidadeetária, mas, primordialmente, a uma questão deespecificidade cultural” (p. 59). Mostra a neces-sidade de historicizar seus sujeitos não os pen-sando abstratamente e sim compreendendo-osna sua situação de exclusão que define aespecificidade de sua situação enquanto apren-dizes. Daí a importância da adequação da es-cola para este público alvo específico, em ter-mos de sua própria organização, currículo, pro-grama e métodos de ensino, visando uma realaprendizagem. A autora encontra na teoria his-tórico-cultural a forma mais fecunda e nãodeterminista para a compreensão das relaçõesentre cultura e modalidades de pensamento,por postular que o psiquismo se constrói aolongo de sua própria história numa complexainteração entre quatro planos genéticos: afilogênese, a sociogênese, a ontogênese e amicrogênese.

Moura (2000) relata um estudo em-pírico que teve como objetivo identificarpossíveis mudanças que ocorrem no pensa-mento de jovens e adultos em processo deescolarização no âmbito da aprendizagem deum conceito cientifico determinado. Tomacomo referências teorias que investigam asrelações entre diferenças culturais e modos depensamento (Vygotsky, Luria, Cole, Tulviste eOliveira), explorando a possibilidade de influên-

cias da escolarização nos processos de funci-onamento cognitivo. Em seu trabalho concluique no âmbito da aprendizagem de um deter-minado conceito científico, emerge um novotipo de pensamento conceitual baseado em co-nhecimentos teóricos, desvinculados das expe-riências pessoais. Vóvio (2000) relata em seutexto uma pesquisa sobre a produção de tex-tos narrativos orais e escritos elaborados porjovens e adultos que iniciaram ou retomaramseus estudos no ensino fundamental supletivo.Seu objetivo foi estudar como jovens e adultosem processo de escolarização elaboram auto-biografias orais e escritas, tendo como pano defundo as conseqüências sociais e individuais doletramento.

As relações entre linguagem, cultura ecognição também são estudadas e pesquisadaspor Gerken, que, em seu texto apresentado noGT 20, teve como objetivo discutir alguns pro-blemas teóricos formulados no interior de umapesquisa que

buscou a compreensão dos processos cognitivose culturais através dos quais sujeitos pertencen-tes a culturas fundamentalmente orais se apro-priam da linguagem escrita e, no mesmo movi-mento, tentar apreender quais são as conseqüên-cias culturais e cognitivas desse processo nacultura Xacriabá. (2001, p.1)

Retomando as contribuições mais im-portantes no cenário contemporâneo da psico-logia a respeito da relação entre linguagem,cognição e cultura, Gerken (1999) focaliza maisespecificamente, em seu trabalho encomendan-do para o GT 10, a relação entre oralidade,escrita, cognição e cultura. Consegue articularessas questões no interior dos estudos de ou-tros autores contemporâneos indagando: quaisas conseqüências sociais e cognitivas do aces-so à escrita? Na profícua interlocução que es-tabelece com os autores Jerome Bruner, Patrí-cia Greenfield, S. Scribner e Michael Cole, DavisOlson e Walter Ong, vai articulando seus con-ceitos, analisando-os, refutando-os, construin-

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do sentidos outros, sugerindo uma ampliaçãodos conceitos iniciais de Vygotsky sobre essasquestões. Não realiza um estudo conclusivo,mas o cruzamento que faz das diferentes pers-pectivas aponta para uma definição geral doprocesso de letramento que assim pode serenunciada:

este processo tanto em sua dimensão socialquanto individual é sobredeterminado por pro-cessos lingüísticos e culturais definidos peloscontornos da linguagem oral. Por isso, paracompreendermos os processos de apropriaçãocultural ou individual da linguagem escrita,precisamos compreender os processos culturaisque ocorrem nas culturas orais. (Geiken, 1999,p. 50)

Outras questões envolvendo o letramentosão tratadas num diálogo com Vygotsky e Bakhtinnos textos de Freitas (1998, 1999, 2000a) nosquais se abordam as práticas socioculturais decrianças e adolescentes na contemporaneidade,chegando ao novo letramento digital proporcio-nado pelo uso da internet.

A interlocução da teoria de Vygotskycom a teoria da atividade a partir de trabalhosde Leontiev e Davidov está presente em doistrabalhos. Libâneo (2003), num trabalho enco-mendado para o GT 4, Didática, reflete sobre opapel da didática mostrando a escola comolugar de mediação cultural, o que se realizapelo trabalho dos professores com a aprendiza-gem escolar, compreendida como um meio peloqual os alunos adquirem conceitos científicos edesenvolvem suas capacidades operativas. Re-laciona esse papel da didática com a teoriahistórico-cultural chamando para a discussãoVygotsky e Davidov. Ele articula muito bem seusconhecimentos sobre didática e o papel doprofessor: mediação docente entre o aluno e oconhecimento para possibilitar condições emeios de aprendizagem. Apropria-se com cla-reza de como Vygotsky e Davidov são o supor-te teórico para a compreensão desse processo,no qual o professor e o conteúdo importam

para a aprendizagem e o desenvolvimentocognitivo do aluno. Afirma:

minha tendência é de me apropriar dos aspectosmais substantivos da proposta de Davidov (emconexão com Vygotsky) e agregar a eles outraspropostas que podem formar uma visão maiscontemporânea e mais plurifacetada dos méto-dos de ensino em função do desenvolvimentomental dos alunos. (Libâneo, 2003, p.17)

O autor ainda encontra apoio emVygotsky e Davidov para criticar o ensino tra-dicional e enfatizar a importância do desejoe das emoções no processo de aprendizagem.Posso concluir que este autor se apropria dateoria de Vygotsky na sua relação com Davidove consegue avançar em relação a ela ao con-siderar que essa teoria do ensino desenvol-vimental precisa ser objeto de pesquisa paraque ela possa alcançar outras implicações que seimpõem hoje ao ensino escolar, como a forma-ção de valores morais e aspectos éticos da exis-tência, as diferenças culturais e o efetivo papeldos grupos nos processos de aprendizagem.

Coerente com essa perspectiva assina-lada por Libâneo, Sforni (2003) reflete sobre odesafio que hoje se coloca para os educadores:tornar a escolaridade significativa para o desen-volvimento dos alunos. Ele afirma que

um conhecimento significativo, em nossa con-cepção, é aquele que se transforma em instru-mento cognitivo do aluno, ampliando tanto oconteúdo quanto a forma do seu pensamento.Essa concepção nos aproxima das contribuiçõesteóricas histórico-culturais. Segundo Vygotsky,maior expoente dessa linha teórica, as práticasculturais são constitutivas do psiquismo. O en-sino formal faz parte dessa cultura, portanto,também contribui para a formação dos sujeitos.(Sforni, 2003, p. 2)

Compreende que a escola exerce umpapel essencial na possibilidade de inserção dohomem na coletividade como cidadão pleno,

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sendo ela considerada a maior responsável pelaconstrução de bases para o desenvolvimentopsíquico. Indicando que Vygotsky na esco-larização dedica uma especial atenção aos con-ceitos científicos indaga: “como a aprendiza-gem de conceitos científicos — ênfase do en-sino — pode concorrer para o desenvolvimen-to psíquico? Em que sentido a organização doensino pode influenciar qualitativamente esseprocesso?” ( Sforni, 2003, p. 3). Apesar de con-siderar importante a contribuição de Vygotskypara subsidiar as respostas a essas questões,está consciente de que o autor, acerca dodesenvolvimento dos conceitos, não realizouprescrições práticas e por isso busca apoionos partidários da teoria da atividade comoLeontiev, Elkonin, Galperin e principalmenteDavidov. Estes autores ajudam a pensar queum ensino promotor do desenvolvimentoimplica analisar a qualidade do conteúdoescolar e o modo de sua apropriação peloaluno. Está preocupada em pesquisar e estu-dar como esses dois aspectos em conjuntopodem trazer elementos orientadores para aorganização do ensino

Tecendo algumas reflexões apartir do trabalho empreendido

No desenvolvimento de todo esse tra-balho fui refletindo sobre o que os dados po-dem dizer sobre a apropriação de Vygotsky naeducação, a partir da produção apresentada naANPEd de 1998 a 2003. A compreensão queconstruí se articula com questões por mim le-vantadas há doze anos e que transportei parao início deste texto: O que aconteceu nesseespaço de tempo? Até que ponto as perguntasentão levantadas estão sendo respondidas e asprospecções feitas estão se concretizando?

Considero que houve um aumento dadivulgação das idéias do autor, como o de-monstram os 87 trabalhos apresentados nessesseis anos de reuniões da ANPEd. Os 8,31% detextos marcados pela presença de Vygotskypossibilitam compreender a importância que

seu pensamento representa ainda hoje para aeducação. Muitas das questões que os educa-dores levantam e discutem estão encontrandorespaldo nos conceitos vygotskianos. A reflexãodessas questões à luz desse referencial teóricopode contribuir tanto para uma apropriaçãorevigorada da própria teoria quanto para umavanço substantivo e produtivo no plano peda-gógico. Revigoramento e avanços possíveis apartir de um Vygotsky estudado com um maiorconhecimento de sua obra como um todo, oque agora é possível, pelo esforço de divulga-ção e o aumento de traduções, que geraram apublicação de um número maior de seus textos.Nos cursos de graduação que formam profes-sores e nos programas de pós-graduação dasáreas das ciências humanas, nos quais suateoria tem sido estudada, é importante a aten-ção para um trabalho em profundidade para quese atenuem os problemas das apropriações su-perficiais ou desarticuladas. Educadores, espe-cialistas em Vygotsky, podemos e devemos tra-balhar neste nível potencial do conhecimentopara elevá-lo, pelo esforço dos trabalhos emsala de aula e através de nossas pesquisas epublicações, a um desenvolvimento real. Temosum compromisso nesse sentido. Percebe-se,pela incidência com que o tema foi abordado,que o conceito de aprendizagem de Vygotskyé o que tem grandes repercussões hoje para otrabalho do professor. Mas ele não pode serapreendido desvinculado da concepção dedesenvolvimento de Vygotsky que integra onatural e o cultural. Desse ponto de partida éque se apresentam as questões da mediação eda relação linguagem-pensamento que se refle-tem na formação dos conceitos, para umamelhor compreensão da relação da aprendiza-gem com o desenvolvimento, ponto focal dofazer do professor.

Posso perceber que isto é sentido hojeaté por professores não vinculados especifica-mente às questões da Psicologia da Educação.Enquanto até agora o grande esforço do estu-do e divulgação de Vygotsky estava concentra-do naqueles que de alguma forma trabalham

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com a Psicologia da Educação ou com as ques-tões da Linguagem e da Educação Especial,vejo despontar na 26ª reunião um trabalhoencomendado de um especialista da Didática(Libâneo, 2003), que aponta como necessárioo reconhecimento da teoria de Vygotsky para oensino e aprendizagem, chamando a atençãopara sua abordagem da aprendizagem, forma-ção de conceitos e valorização dos conteúdosescolares.

Na mesma linha de idéias, no GT 13,Educação Fundamental, a discussão das ques-tões da aprendizagem num diálogo com osprincípios da teoria da atividade começa a sur-gir em 2003 (Sforni, 2003). Nos GTs 4, 8, 10,que focalizam especificamente o professor, está-se, pois, começando a se construir um conhe-cimento com a preocupação do aproveitamentodas idéias de Vygotsky e de autores sócio-his-tóricos na formação do professor que precisaser intensificado e continuado. Isso é promis-sor e sinal de uma expansão da teoria. Estáhavendo uma compreensão da necessidade delapor parte de educadores, não restrita apenas aoâmbito da Psicologia da Educação.

Por outro lado, também no GT 20,Psicologia da Educação, está presente essapreocupação com a formação do professorcomo bem o ilustra um dos trabalhos apresen-tados (Meira, 2000). A autora reflete sobre anecessidade de redefinição do papel da psico-logia na formação docente, procurando queisso aconteça de uma forma crítica que leve aum movimento transformador. Nesse sentido apsicologia de Vygotsky, ao apontar para a na-tureza sócio-histórica da subjetividade humanae mostrar os fenômenos enquanto mediaçõesentre a história social e a vida concreta dosindivíduos, pode contribuir para a redefiniçãodo papel da psicologia na formação docente demodo a viabilizar que os conhecimentos psico-lógicos possam contribuir efetivamente para aelaboração de propostas pedagógicas maisconsistentes que resultem em melhorias daprática docente e do próprio ensino e daaprendizagem. Para tal, mostra a necessidade

de um envolvimento mais rigoroso com aconstrução de um corpo de conhecimentosteórico-críticos que possa constituir-se emuma mediação fundamental entre as finalida-des transformadoras e as práticas da psicolo-gia escolar.

Nesse sentido, percebo que as discus-sões do GT de Psicologia da Educação estãolevantando com muita propriedade a necessida-de de aprofundamento na teoria a partir deseus fundamentos. Apontam a preocupaçãocom apropriações de Vygotsky a-históricas e anecessidade de se ir de fato aos seus funda-mentos de base, construídos a partir do mate-rialismo histórico-dialético, daí a necessidade decompreender Vygotsky em sua historicidade(Duarte 2000, Freitas 2000, Pino 1999, Tuleski,2000).

No GT 15 de Educação Especial seestá também construindo uma reflexão sériae inovadora aproveitando o conhecimentode Vygotsky sobre a deficiência para umacompreensão dos trabalhos da área que serefletem no plano pedagógico. No GT 07,Educação de Crianças de 0 a 6 anos, por suavez, a ressignificação da noção de desenvol-vimento e a compreensão do papel das brin-cadeiras e jogos no desenvolvimento, a partirdos trabalhos de Vygotsky, estão possibili-tando uma nova compreensão da criança nacontemporaneidade, abrindo perspectivaspara uma ação educativa transformadora nasinstituições que trabalham com a educaçãoinfantil.

Assim, percebo que este trabalho estáchegando ao seu final embora muitas questõesainda pudessem ser abertas. Foi importanterealizá-lo e ao me reportar a algumas conside-rações feitas, na minha pesquisa com educado-res vygotskianos em 1992, encontro algumasrelações interessantes. Em resposta à minhapergunta (Freitas, 1994) quanto às prospecçõesque se faziam, naquele momento, a respeito dodesenvolvimento da teoria psicológica sócio-histórica no Brasil, encontrei respostas queapontavam para a evolução que a teoria teria

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porque estava sendo estudada e pesquisada porpessoas preocupadas com o seu desenvolvi-mento. Assinalavam ainda que estas pessoasestavam formando um grupo, não fechado masaberto a trocas, a uma construção coletiva.Coerentemente com os princípios do enfoqueteórico, a construção da apropriação brasileirade Vygotsky estava se fazendo coletivamente. Eesse movimento coletivo continua, pois, atravésdos textos agora analisados, pude perceber apresença forte do grupo inicial e de novosestudiosos que surgiram a partir dele, por meiode um contato direto como alunos e orien-tandos ou um contato mediado por sua produ-ção existente em livros, artigos e trabalhospublicados. É interessante como há um cruza-mento de vozes, de autores, nos textos anali-sados. É o grupo crescendo, mas continuandoa desenvolver uma construção compartilhadade conhecimento.

Diziam ainda, os professores por mimentrevistados, que os discursos do grupo inicialpoderiam se espraiar dando origem a outrasramificações ou transformações. Assinalavamque, naquele momento (1992), a relação coma perspectiva sócio-histórica estava ainda cir-cunscrita à leitura dos teóricos com a respec-tiva incorporação conceitual. Começavam aaparecer as indagações decorrentes das leiturase daquilo que nelas não se encontrava, anun-ciando o início de uma expansão conceitualque ainda estaria para acontecer.

Ao finalizar este trabalho, vejo queessas palavras se cumpriram de alguma ma-neira. Os estudos avançaram, as leituras se es-tenderam, as perguntas se multiplicaram enovos contornos foram se organizando emnovas leituras de Vygotsky. Leituras diversas,múltiplas. Mas o que é ler? Bakhtin ensinaque ler é construir sentidos num diálogo doleitor com o autor. Diálogo esse no qual oleitor apreende a outra voz a partir do lugarem que se situa, de seus presumidos. Assim,surgem essas diferentes leituras de diferentesleitores e o autor não é mais o senhor de seutexto. Como diz Geraldi:

Humanos, estamos condenados a significar,incluindo neste significar também nossasentonações pelas quais revelamos avaliações ejuízos de valor expressos a cada momentoirrepetível e único da vida. (...) Fazer ciênciaé essencialmente construir significados, cujavalidade ou rigor — ao contrário do que ima-ginávamos até meados do século XX — somentese calcula no horizonte próprio da teoria emque os significados foram construídos. (...) Mascomo manter este rigor se dispomos apenas depalavras com que construir significados? Re-nunciando às enunciações para deter os sentidosdos enunciados, para fixar-lhes sentidos semprerecuperáveis rigorosamente segundo um hori-zonte teórico específico? Aceitar uma tal renún-cia é também aceitar mutilar as já pobres pala-vras de que dispomos, tornando-as elementos deum código biunívoco. Parece que não é assimque a linguagem funciona: se seus elementosestruturais têm vocação para reaparecerem, oacontecimento ou acaso de seu reaparecimentodemanda sempre a correlação entre o que serepete com as condições de sua emergência. Ossentidos são sempre produtos de cálculos, e aojogo das compreensões, os sujeitos comparecemcarregados de interpretantes, carregados depalavras, carregados de contrapalavras, enfim,carregados de histórias. (Geraldi, 2003, p. 2, 3)

Assim, no que se refere a obra deVygotsky e suas apropriações no Brasil, emrelação aos trabalhos produzidos nos GTs daANPEd de 1998 a 2001, ao fazer a minha lei-tura dos textos e apreender neles a leitura quefazem de Vygotsky, parti da compreensão quecontrapor leituras é uma forma de diálogo, noqual se torna evidente que há outras leituraspossíveis. A mim parece que mais do que cor-rigir leituras (como se houvesse apenas umaleitura dos conceitos elaborados na área dasciências humanas), importa contrapor diferen-tes leituras deixando emergir as contradições,o embate das idéias.

Esta é uma sugestão que tambémGeraldi nos dá para um caminho a ser toma-

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do: reconhecer as condições de produção doautor e seus textos, mas sem se colocar nolugar de quem está pondo as coisas em ordem.As leituras podem ser rigorosas, mas é uma pre-tensão colocar as coisas nos devidos lugares. Oimportante é registrar esse movimento de dife-

rentes vozes e leituras que mostram como hoje,na grande temporalidade, a obra de Vygotskycontinua viva e mais intensa do que no tempode sua gestação, porque está sendo vitalizadapelos diálogos e contra-palavras que provocamentre os estudiosos contemporâneos.

ANEXO

Tabela1: Síntese geral dos dados por reuniões da ANPEd

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Tabela 2: Presença de Vygotsky por GT nas reuniões da ANPEd.

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Recebido em 16.02.04Aprovado em 15.04.04

Maria Teresa de Assunção Freitas é professora da Faculdade de Educação da UFJF, doutora em Educação (PUC-Rio),pesquisadora do CNPq, autora de vários livros, entre eles: O pensamento de Vygotsky e Bakhtin no Brasil (Papirus,1994);Vygotsky e Bakhtin — Psicologia e educação: um intertexto (Ática, 1994); Vygotsky: um século depois (Edufjf, 1998).

13. Constam desta relação 89 textos, embora tenham sido analisados 87 trabalhos. Explica-se isso, pois, textos apresentados numa sessão conjuntade trabalhos encomendados foram computados como apenas um trabalho.14. Só foi possível o acesso a alguns trabalhos através da publicação do CD-Rom Histórico em 2002, que reuniu grande parte dos textos apresentadosem Reuniões da ANPEd anteriores à 23ª Reunião. Assim, ao referenciá-los mantive as datas dos respectivos Anais indicando-os como presentes no CD-Rom Histórico 2002.