o discurso do choque (2002)

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exposição, integrante do projeto Rumos Itaú Cultural Artes Visuais 2001/2003, sobre a presença dos conceitos de trauma e grotesco na produção dos artistas Ana Laet, André Santangelo, Bruno de Carvalho, Caetano Dias e Odires Mlászho, com curadoria de Juliana Monachesi

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rumos itaú cultural artes visuais 2AO1|2OA3

o discurso do choque

curadorajuliana monachesi

cur i t ibamuseu de arte da universidade federaldo paraná - musa

^-. .-.Jf dezembro 7OO7 a 2Fl Íevereiro 2003v- ' - ' - - 'vsegunda a sexta th às 18hsábado th às 13h

TJFPR

A estratégia é a mesma: repetição. Por meio da repetição, seja de imagens, seja deprocedimentos, a obra dos cinco artistas reunidos nesta mostra realiza a operação do"retorno do real". A expressão foi cunhada pelo crítico Hal Foster, referindo-se aoconceito de traumático, ou seja, àquilo que foge ao domínio das palavras.

Caetano Dias perverte imagens de sites pornográficos: alterando sua forma e seu con-teúdo, por meio do desfocar das fotos e pela mudança simbólica delas (expressa nostítulos). Suas obras transtornam o olhar porque tentam flagrar a abjeção no ato.

Na Antecámara da Máscara. de Odires Mlászho, imagens de uma revista femininada década de 1970 são transmutadas em máscaras mortuárias de sinistra beleza.Nessa série, os rostos de belas mulheres ressurgem envelhecidos, submersos, sufo-cados e cegos.

O trabalho de André Santangelo possui o caráter "estranho" que Freud deno-mina unheimlich, porque seus peixes coloridos são exemplo do objeto da infân-cia alienado do passado. Aqui, os peixes têm a morte cronometrada a conta-gotas. Mas a morte nunca se realiza, porque, quando os aquários estão quasevazios, são abastecidos com água. Em paralelo, imagens urbanas promovem umsegundo alheamento.

Os trabalhos de Ana Laet e Bruno de Carvalho colocam em cena o corpo e suasfronteiras, uma estratégia que recebe o nome de arte abjeta. O termo refere-se aoslimites do corpo, à distinção espacial entre dentro e fora e à passagem temporaldo corpo materno à lei paternal. O abjeto é algo cuja proximidade excessiva provo-ca oânico.

Na videoinstalaçáo vis-ita, de Bruno de carvalho, o espectador é convidado aengatinhar por um túnel de tecido preto ate desembocar na tela que mostra umaendoscopia. À estranha proximidade de entranhas humanas soma-se a captação dorosto do visitante e a sobreposição dessa imagem à do vídeo. Talvez uma proximi-dade excessiva.

você É o que você come, de Ana Laet, poe em display invólucros de carne humanapara consumo de massa. As imagens de fragmentos de corpo são impressas em courorústico em formato de capas de tinturaria, dispostas em cabides. o canibalismo suqe-rido é atualização de um real grotesco.

juliana monachesicuradora adjunta

rumos itaú cultural artes visuais 2001/2003

Você É o que Va(ê Carìe,

2AA1/2442

i Ì ìstalação cabides, capas

de couro rústrco, fotogfaÍias

impressas em plástico-crsta

e cabo de aço

80 x 50 cm lcada capal

Co eção da artrsta

Foto: lun nlìo fvlottã/ltari Cu ÌuÍã

ana laet

Ana Maria Andrade de Laet (Barretos SP 1952) formou-se

em comunicação vìsual e desenho industr ial pela Faap, São

Paulo. Sua poetica está centrada no corpo, seus híbrìdos e

sua representação, ut i l izando Íotografias e imaqens digi-

tais às quais agrega matérìa orgânica e inorgânica. Fntre

as exposiçoes colet ivas de que part icipou destaca-se A

lmagem do Som (Paço lmperial , Rio de Janeiro, 2000). Vive

e trabalha no Rio de Janeiro.

Sobre os Olhos e as Gotai,2000/2002

instalação - aquários, peixes,

cristal, sal grosso, TV e vídeodimensóes vâláveis

Coleção do artistaFoto: JunrÌtho Mottaltaú C!ltural

andré santangelo

André Luìz Santangelo Vranna (Rio de Janeiro RJ 1977)l icencrou-se em artes plást icas pela FADM, Brasíl ia, em1999. Seu trabalho joga de maneira recorrente comoposicões. Os espaços que cria necessitam de manutençãodiária, produzindo situações que colocam a obra no l imlarda performance. Realizou a mostra individual Doces rns-tantes, no Projeto Prima Obra (Funarte, Brasíl ia, 2000).Entre as exposiçÕes colet ivas de que part icipou destaca-seLeveza (Museum of Instal lat ion, Londres, 2000). Vive e tra-balha em Brasí l ia.

Vis-ìta, 2001 /2042

videoinstalacão

dìmensÕes vanáversT^lô. ;^ dô rr i '<tÃ

Foto: Drvulgação/Pãula CaÌìel la

bruno de carvalho

Bruno Pacheco de Carvalho (Rio de Janeiro Rl 1978) for-

mou-se em comunicação social pela PUC-Rio, Rio de

Janeiro. Realiza vídeos e videoinstalaçoes que provocam o

conÍronto do espectador com as imagens. Entre as

exposiçoes colet ivas de que part icipou destaca-se Uma

Geração em Trânsito (Centro Cultural Banco do Brasi l , Rio

de Janeiro. 2001). Vive e t rabalha no Rio de Janeiro.

Iodos os santos de Todos osDias,2001

fotografia digital125 x 201 cm

CoIeção do ârtistaFoïo Dtvu qação/Arqurvo do anìsta

caetano dias

Alberto Caetano Dias Rodr igues (Feira de Santana BA1959) cursou letras vernáculas na UCSAL, Salvador,entre 1985 e'1 987. Sua obra t ransi ta entre o pessoa{ eo social , o sagrado e o profano, o ínt imo e o púbj ico, emum jogo de signi f icaçÕes. Real izou indiv idual naTemporada de Proletos (Paço das Artes, São paulo,

2002) e part ic ipou do 7' Salão MAM-Bahía de ArtesPlást icas, em que recebeu prêmio (MAM, Salvadol2000). Vive e t rabalha em Salvador.

Antecâmara dê l\/láscara V|il,2001

Íotografia p&b

140 x 100 cm

coleção do ârÌista

Fotor D vu gôção/Arqurvo do an sta

odires mlászho

Jose Odires Micoski (Mandir i tuba PR 1960), art ista autodt-

data, tem como ponto de part ida de suas fotos a manipu-

lação de l ivros antigos, colagens e recortes. Na serre

Antecâmara da Máscara, os retratos retirados de uma

revista são transfigurados com descolagem e velaturas de

papel. Realizou, entre outras, a mostra individual Caleidos-

copia Mínima (Funarte, Rro de Janeiro, '1 999) e part ic ipou

da 10u Mostra da Coleção Pirel l i /Masp (Masp, Sáo Paulo,

2001). Vive e t rabalha em São Paulo.

I taúcultural

Presidente de HonraOlâvo Egydio Setubal

PresidenteMi lú Vi l le la

Vice-Presidentes Senioresloaquam FalcáoJorge da Cunhâ Lima

Vice-Presidentes ExecutivosAlíredo Egydio SeÌubalRonaldo Bianchi

Diretores ExècutivosAntonio Car los Barbosa de OlrverraAntonio Jacinto Mat iasCláudio Salvador LemboMalú Pereirâ de AlmeidaRenato Roberto Cuoco

Superintendente AdministrativoWalter Feltrân

Superintendente dêAtividades CulturaisEduardo 5aron

Superintendente dèPesquisas e ProjetosJosé Robefto Sadek

Núcleo de Artes VisuaisCoordenaçãolvlarcelo MonzânrProduçãoCarmen FâJardoOlga YamashiroEdição e Preparação de Textosl\,4arco Aurelio FiochiRosalina GouveiaAlexandra BertolaContÌole OperacionalKaren Cristina de Freitâs Garcia

Rumos ltaú Cultural Artes Visuais2001i2003

Coordenação da Equipe CuratorialFernando Cocchiarale

Curadores-CoordenadoresCristina FreireJailton lvloreiraMoacir dos Anjos

Curadores AdiuntosCleomar RochaCristóváo CouÌinhoÊduardo FrotaJuliana ÍvlonachesiMaria do Carmo de Siquei Íâ NinoMarí l iâ Pani tzMarisa Flórido CesarPaulo ReisPaulo Schmidt

Universidade Federal do Paraná

ReitorProf. Carlos Augusto Moreira JuniorVice-ReitorProÌ. Aloarr larcrsro RrzzlPró-Reitora de Extensão e CulturaProfa. l\ laria Tarcisa Silvâ BegaCoordenador dè CulturaPror. rauto Lnresa

Museu de Arte da UniversidadeFederal do Paraná - Musa

Programadora CulturalDesire de OìiveiraTécnicosSimone VerchaiGuadalupe BoesingMarcos Venzel MessiasZuleica R. dos SanÌos

Produção Editorial e Projeto GráíicoNúcleo de Comunicâção

EntÍada franca

cãpa Obra Ántecámara da Másçarc y///, 2001, de Odires Mlászhc/Foto: Divulgaçãc/Arquivo do àrti5ta