o desenvolvimento dos destinos e a comunicação: uma relação recursiva-hologramática
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7/31/2019 O desenvolvimento dos destinos e a comunicao: uma relao recursiva-hologramtica
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O desenvolvimento dos destinos e a comunicao:uma relao recursiva-hologramtica1
Priscila Gayer2PUCRS
ResumoBuscando analisar a relao recursiva-hologramtica estabelecida entre o momento
da elaborao dos destinos e sua comunicao, apresentar-se- a maneira como os destinosso concebidos sob o prisma mercadolgico. Ainda, numa condio ps-moderna, expor-se- o tipo de imaginrio agregado a esses destinos, os quais so o substrato para formaodos elementos a serem comunicados. Por ltimo, com base no exposto previamente,realizar-se- a descrio da anlise prentendida.
Palavras-chaveComunicao, destinos tursticos, imaginrio e complexidade
O presente artigo tem como objetivo analisar a relao recursiva-hologramtica
estabelecida entre o momento da elaborao dos destinos e sua comunicao. A
problemtica consiste em compreender a maneira como a comunicao influencia na
determinao dos elementos tursticos no momento da elaborao dos destinos, e do mesmo
modo observar em que medida a forma de conceber os destinos refletida na comunicao
desses.
A elaborao dos destinos
De acordo com Marutschka Moesch O turismo nasceu e se desenvolveu com o
capitalismo (2000, p.10). Diante dessa perspectiva, os primeiros estudos sobre o fenmeno
turstico focaram sua esfera econmica. Apesar de atualmente j ser considerado como um
fenmeno complexo, envolvendo na sua condio interdisciplinar questes sociais,
culturais, polticas, comunicacionais, psicolgicas ... na prtica ainda tratado, por vezes,como uma indstria que deve produzir produtos tursticos.
Segundo Rejowski (2002), o surgimento da concepo de produto turstico e da
padronizao da oferta ocorre aps a II Guerra Mundial, quando a atividade turstica
impulsionada de modo a dar ao turismo dimenses massivas (1950-1973). No entanto,
1 Apresentado ao Intercom Jnior.
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segundo Boyer (2003), o turismo de massa no representa uma nova forma de ver o mundo
ou usufruir dele, mas sim se expressa a partir da difuso, entre as camadas inferiores, das
atividades de lazer praticadas pela elite, as quais passaram a ser imitadas por amplascamadas da populao, como uma espcie de moda surgida entre as classes privilegiadas:
O turismo contemporneo herdeiro das formas elitistas. Passou-se de um pequeno
nmero s massas sem revolucionar o contedo (BOYER, 2003, p. 31).
Nesse contexto, os elementos que devem ser valorizados e visitados, assim como
os imaginrios que atraem o olhar, j foram consagrados pela elite e divulgados pelos
meios de comunicao de massa, despertando o desejo de consumo no grande pblico. Um
exemplo que torna essa questo visvel encontra-se no imaginrio de paraso repetidamente
utilizado pelo turismo em diversos destinos: originar-se-ia por volta de 1900 com a
inveno da Flrida pelos ricos americanos, evocando a imagem de paraso extico,
com coqueiros, suas longas praias de areia fina e gua morna no inverno (BOYER, 2003,
p. 46).
Da mesma forma, geralmente so os belvederes, os monumentos com valor
histrico notvel e as singularidades alheia na forma de folclore e espetculo que devem ser
contempladas (BOYER, 2003) nos roteiros propostos. Os tipos de elementos fixados como
interessantes para atividade turstica foram mantidos ao longo do tempo e podem ser
percebidos a partir da anlise dos guias tursticos, pois [...] suas grandes colees renovam
muito pouco as suas escolhas, as suas hierarquias e os seus eptetos (BOYER, 2003, p.
61). Na contrapartida s determinantes seguidas pela massividade, a elite busca distinguir-
se criando novas tendncias e, dessa maneira, realimentando as possibilidades do turismo
de massa.
Nesse contexto os destinos tm sido trabalhados como produtos a serem oferecidos
no mercado, tendo em vista que buscam estar de acordo com os desejos da demanda. A
questo do consumo evidencia-se a partir da idia exposta por Moesch, em desdobramento
da diretriz economicista: Neste final de milnio, fazer turismo , tanto para quem produz
2 Estudante do curso de turismo/PUCRS, cursando o 7 semestre. [email protected]
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como por quem o consome, uma forma de apropriao de poder. Consumir o outro, o
diferente, o extico, o distante, supostamente, gera experincias prazerosas (2002, p.15).
As experincias proporcionadas pelo turismo, segundo Ruschmann (1990), so o
resduo aps o uso dos produtos tursticos. Ao definir o produto turstico numa abordagem
realizada sob a anlise do marketing, a autora utiliza a concepo de David Jeffries,
abordando-o enquanto um pacote turstico que inclui as atraes, as facilidades, os
transportes etc. (apud RUSCHMANN, 1990, p.27) que possibilitaro a experincia. Ainda,
ao expor o conceito sob a tica do turista, sentido pelo consumidor como uma
experincia [...] os componentes do produto turstico, do ponto de vista do consumidor, so
as atraes do ncleo receptor, as facilidades que so oferecidas ao turista, e as vias e meios
de acesso (RUSCHMANN, 1990, p. 26-27). Isso refora o expresso por Moesch (2000),
citado anteriormente, sobre o consumo do outro, pois todos os atrativos juntamente com os
elementos locais que possibilitaro a experincia estariam empacotados e formatados
para o consumo.
Nessa linha do pensamento mercadolgico, estabelecida uma forte analogia entre
o conceito de destino e produto turstico na medida em que o pacote turstico deve conter as
atraes e as facilidades, as quais esto presentes em um determinado local para o qual o
turista se locomove com a finalidade de consumir determinado produto, que resultar numa
experincia. Este espao geogrfico, onde a experincia realizada a partir do produto
turstico chama-se destino. A OMT trabalha o conceito de destino, atravs de uma
investigao que considera mltiplos autores, da seguinte maneira:
[...] pas, regio ou cidade para onde se dirigem os visitantes, tendo-o comoprincipal objetivo [...] concentrao de instalaes e servios planejados parasatisfazer as necessidades dos turistas [...] ao falar de destino se faz referncia aum lugar de chegada, de acolhida [...] o destino turstico o lugar para onde temde se deslocar a demanda, a fim de consumir o produto turstico [...] os viajantesse deslocam da regio de origem at o destino turstico, porque ali onde seencontram os atrativos que desejam conhecer [...] (2001, p.47-121).
Portanto, produto e destino relacionam-se atravs dos atrativos e servios, os quais
devem ser oferecidos para o consumo pelo primeiro, como viabilizao da experincia que
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esse invoca, e estaro contidos no segundo, pois o destino se refere ao local no qual o
turismo ocorre. Percebe-se, logo, que a ligao entre a experincia e o destino mediada
pelo produto turstico, j que essa possibilitada e desejada em virtude dos atrativos eservios contidos no lugar, mas os quais so oferecido e viabilizados como bem de
consumo pelo produto turstico de acordo com as expectativas do consumidor.
Encontra-se nas estratgias de marketing o argumento para essa ltima afirmao.
Os elementos dos produtos tursticos devem ser formatados de acordo com os segmentos do
mercado em potencial para criar uma imagem positiva da destinao e facilitar a atrao do
turista (RUSCHMANN, 1990). As formas de atrao eficazes ocorrem a partir de uma
comunicao publicitria e promocional adequada (RUSCHMANN, 1990). Em decorrncia
desse tratamento marketeiro, pode-se deduzir que a filosofia da segmentao introduzida
j no planejamento dos destinos tursticos, uma vez que a partir do inventrio turstico da
localidade ocorre o levantamento dos os elementos de interesse para a atividade e da
defini-se o potencial turstico, com base nos variados tipos de turismo (histrico, cultural,
arqueolgico, religioso, de naturza...), orientados para um sujeito-consumidor ainda
supostamente cartesiano.
Esse procedimento parte da lgica da excluso das demais particularidades
produtoras do espao geogrfico que no podem ser enquadradas no mesmo segmento em
que se encontra o potencial levantado, ou at mesmo que no so interessantes ou
fundamentais para atrao do olhar. Resulta dessa abordagem um potencial incapaz de
admitir a complexidade local ao deixar-se limitar pelos segmentos determinados pelo
mercado turstico.
Nesse contexto, devido ao fato dos destinos estarem relacionados aos produtos
turstico, suas concepes sofrem influncia das formataes e intencionalidades
mercadolgica objetivando atrair determinado pblico. Assim, busca-se trabalhar de acordo
com os desejos e expectativas da demanda. Pode-se observar essa tendncia a partir da
exposio de Molina acerca dos novos modelos de consumo dos turistas: "[...] tratando-se
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de destinos e da sua oferta, adverte-se para uma busca de identidade - de uma ou de vrias
identidades simultneas - atravs das expectativas da demanda" (2002, p.27).
Ou seja, trabalha-se no sobre a complexidade do espao geogrfico, mas sim com
alguns elementos contidos nele, os quais so selecionados, reduzidos, simplificados,
descontextualizados para serem utilizados como atrativos capazes atrair a demanda ao
consumo dos produtos tursticos. Partem de valores externos s comunidades dos destinos.
Diante desse procedimento, no momento em que ocorrem as formataes dos
destinos, de modo que esses sejam capazes de atrair o turista em potencial, considera-se as
tendncias previamente criadas, as quais devem ser copiadas. Assim, os destinos so
trabalhados de acordo com os imaginrios disseminados previamente pelas tecnologias do
imaginrio para que sejam capazes de agreg-los e estarem de acordo com os desejos da
demanda.
Tendo em vista que na ps-modernidade so consumidos imaginrios para alm
dos produtos concretos, justifica-se a necessidade da associao dos destinos imaginrios
afim de utiliz-los na comunicao. Diante da condio ps-moderna exposta, segundo
Gastal (2003), as localidades, roteiros e produtos tursticos em geral devem agregar
imaginrios. A autora exemplifica sua colocao a partir da Disneylndia, com seu
imaginrio norte-americano sobre a infncia, e atravs do caso de Nova York, que
desenvolveu a campanha I?NY e adotou o smbolo da Maa, representando um lugar onde
tudo permitido, onde a vida nunca pra, a cidade no dorme. Quem a ama, o faz nos seus
excessos (GASTAL, 2003, p. 57). O imaginrio de paraso natural tradicionalmente
usado, de tal forma que chega a estar saturado.
Nesse contexto, j pode-se perceber o reconhecimento do turismo enquanto um
fenmeno comunicacional, uma vez que a partir da comunicao que o sujeito atrado,
levando a locomover-se para um determinado destino com a finalidade de realizar o desejo
despertado atravs da comunicao. Esclarecer-se- essa questo na prxima sesso.
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Os imaginrio agregados aos destinos
Segundo Silva (2003), o imaginrio utilizado para seduzir por meio de
tecnologias que buscam entrar no jogo do receptor para neutraliz-lo, de forma a convenc-lo a aderir determinada idia, no a partir da razo, mas sim dos sentimentos, emoes e
impulsos. Para o autor, essas tecnologias conduziriam o olhar, pois o sujeito imagina
atravs do que mostrado. No entanto, na proliferao da mensagem que se busca obter o
silncio do outro, propiciando a persuaso a partir da acumulao de signos designados
para seduzir. Geralmente a emoo, o passional, o dionisaco, o ldico e o esttico so
utilizados e valorizados pelas tecnologias do imaginrio, alm do carpe diem como um
caracterstica ps-moderna (SILVA, 2003). No caso do turismo, o sujeito v e reifica aquilo
que mostrado pelos meios de comunicao (tanto os de mercado quanto as mdias) e pela
abordagem predefinida dos produtos tursticos. Contudo, considerada certa autonomia do
sujeito em relao ao jogo da seduo, mas que ao deixar-se seduzir esse tipo tecnologia
acaba se apresentando de maneira mais eficaz que as de controle, pois envolve um certo
consentimento da parte do sujeito.
Na rea mercadolgica, as tecnologias do imaginrio englobam a publicidade, o
marketing e as relaes pblicas de acordo com o quadro explicativo de Silva (2003).
Segundo Maffesoli (2001), os criadores responsveis pela comunicao devem captar o que
circula na sociedade, dessa forma, as tecnologias do imaginrio bebem em fontes
imaginrias para alimentar imaginrios (MAFFESOLI, 2001, p. 81). O mesmo pode ser
observado na anlise de Silva: as tecnologias do imaginrio produzem aura pela
reproduo ao infinito do objeto original. A cpia produz a aura da matriz, do nico, do
original (2003, p.64). No turismo de massa, o original parte do consagrado pela elite,
sendo difundido a partir da comunicao, seduzindo e despertando o desejo no grandepblico. nesse sentido que o contedo no se modificou aps a expanso da atividade,
apenas proliferou-se nas camadas mais baixas, reutilizando imaginrios elitistas
disseminados pelos meios de comunicao. Da mesma maneira, refora os imaginrios j
enraizados na sociedade a partir da sua replicao contida nos produtos tursticos, uma vez
que so utilizados na comunicao para atrair o turista, reforando o desejo e persuadindo
atravs da proliferao dos mesmos imaginrios.
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Essa questo comunicacional acaba influenciando na concepo dos produtos
tursticos, uma vez que esses devem agregar imaginrios, os quais j foram trabalhadospelas tecnologias de comunicao e, no caso do turismo de massa, tem como base o legado
elitista. Exemplificando, os imaginrios de paraso, lazer e sofisticao trabalhados
principalmente pelos resorts, os quais tornam-se cada vez mais acessveis ao grande pblico
e, de certa forma, so projetados para absorv-lo, considerando o exagerado nmero de
habitaes construdas. Para agregar esses imaginrios, os empreendimentos desse porte
buscam oferecer estruturas com padres internacionais (essa classificao parece irnica e
muito abrangente, pois todos os demais padres no locais so internacionais, portanto vale
a seguinte delimitao: inspirados nos pases desenvolvidos, em especial nos europeus),
instalando-se em reas costeiras de beleza natural exuberante, geralmente prximo a linha
do equador para garantir um maior nmero de dias ensolarados, com coqueirais e guas
transparentes. Assim, busca sem condizente com o imaginrio de paraso criado pela elite
americana (o imaginrio sobre a Europa geralmente remete a invernos rigorosos, o que
entraria em contradio com o cenrio de paraso pretendido, mas no caso da padronizao,
o que vale a sofisticao que esse igualmente carrega). Ainda, mesmo nesses sistemas
frgeis, realizam a planificao do terreno para serem criados campos de golf (lazer
consagrado como sofisticado pela elite) e helipontos. Todos descontextualizados, mas na
ps-modernidade o que vale o jogo imaginrio, principalmente nos no-lugares.
Retomando a teoria, esses imaginrios agregados, principalmente aos no-lugares,
so o que Ferrara (2002) chama de imaginrios globalizados. A partir das descries da
autora possvel verificar a relao entre esse tipo de imaginrio e os destinos trabalhados
sob um prima mercadolgico, principalmente no que se refere ao seu contedo inspirado namoda elitista.
Ento, para a autora, os imaginrios globalizados so desenvolvidos numa direo
que parte dos desejos de uma minoria encontrada no centro econmico (elites) para a
coletividade das periferias (massas). Dessa forma, busca em todos os lugares os mesmo
modos de vida, de se vestir, de se alimentar... pois a globalizao do imaginrio ocorre e
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se expande sob a gide no mais da identidade, mas da igualdade do cotidiano em todos os
lugares, espaos e territrios, independente de evidncia histricas que apontariam para
outras direes (FERRARA, 2002, p. 47). Portanto no a toa que os elementos a seremadmirados j foram determinados pela elite e hoje so sempre parmetro para estabelecer
aquilo que atrativo tursticos em todos os lugares, partindo para processos de
simplificao, conforme abordado anteriormente, com a finalidade de se apresentar a partir
dos mesmos tipos de elementos, igualando o patamar de atratividade das destinaes.
nesse contexto, dos destinos-produtos e seus imaginrios globalizados
agregados, que desconsidera-se a variedade territorial e a multiplicidade dos espaos, para
admitir o engano de que todos os lugares so iguais porque, em todos, se encontram as
mesmas imagens que se espalham nos servios e aparncias dos espaos, notadamente
urbanos (FERRARA, 2002, p. 49).
Dessa forma, os centros urbanos so sempre representados por seus cones (Torre
Eiffel, Big Bem, Cristo Redentor, Opera House ...), o quais no so capazes de remeter a
sua real complexidade, so apenas elementos do espao geogrfico que aparecem flutuando
no imaginrio do sujeito, uma vez que raramente se apresentam num contexto espacial e
geralmente no remetem a um significado complexo.
Elementos da cultura so igualmente apresentados de formas descontextualizadas,
tais como imagens do churrasco de cho como comida tpica no RS, sem que o sujeito
compreenda o seu contexto histrico, tradicional e geogrfico, j que essa forma de preparo
mais encontrada na regio da campanha, podendo assustar os turistas mais distantes
devido a tamanha estranheza causada. Ainda, so desenvolvidos slogans com a finalidadede atrair e fixar idias, porm so evidentemente simplistas na sua curta extenso por
focarem apenas fragmentos de uma totalidade complexa, tais como Paris, a cidade luz.
Mesmo que fossem desenvolvidos variados slogans e signos, remetendo a diferentes fatores
do destino, o sujeito apenas conseguiria justapor os imaginrios contidos nesses como uma
espcie de vrias imagens simultneas, sem conseguir compreender a totalidade na qual
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esto inseridas, pois nesse momento deve-se considerar a esquizofrenia ps-moderna
(JAMESON, 1996).
Esse tratamento simplista e fragmentado ocorre devido a forma como o mercado
cultural desenvolve os elementos da cultura ou do espao geogrfico no qual expressa:
[...]importa-se uma imaginrio globalizado e exporta-se o territrio, importa-seuma nova cena global, mas exporta-se a imagens do territrio que insiste em seidentificar [...]. Exporta-se a natureza, o indivduo tomados como marcas, sinais,ndices do pitoresco que definem o territrio: exporta-se a Amaznia, a banana e ocarnaval. Todos colocados ao mesmo nvel, descontextualizados, descentrados,ps-modernos, globais[...]. As estratgias desse mercado cultural [...] torna
evidente que possvel manipular o imaginrio a partir de valores globais quemoldam um sintaxe do imaginrio [...] (FERRARA, 2002, p. 48)
Assim, os destinos-produtos so trabalhados na mesma lgica dos imaginrios
globalizados, buscando eleger elementos j consagrados e agregando a eles imaginrios que
partem do exterior das comunidades para atrair uma demanda que, de certa forma, v a
partir das tecnologias do imaginrio os imaginrios desenvolvidos pela elite, sendo
seduzidos e levados ao consumindo da reproduo desses.
Portanto, v e busca em todos os lugares os mesmos elementos, mesmo quando a
cultura local se impe, pois a atribuio de valor envolvida pelo campo imaginrio no
repousa sobre os elementos do cotidiano local, fazendo com que esses passem
desapercebido diante dos olhos educados dos turistas pelos imaginrios globalizados. Na
busca de atrair o olhar, levar ao consumo e satisfazer, os atrativos do produto turstico
devem estar de acordo com essas tendncias imaginrias, trabalhando de forma
fragmentada e agregando imaginrios globalizados aos destinos-produtos, os quais j so
preparados para agreg-los.
3 A relao recursiva-hologramtica
Partindo de um pensamento complexo (MORIN, 2002), buscar-se- nesta sesso
analisar a relao recursiva-hologramtica estabelecida entre a comunicao, no sentido dos
elementos apresentados na comunicao, e a forma como os destinos so desenvolvidos.
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Segundo Morin (ano), a recursividade ocorre na medida em que as instncias
produtoras so igualmente a resultante de suas relao de produo, ou seja, tanto produtoquanto produtoras. O princpio hologramtico considera que a parte est no todo assim
como o todo est na parte. Diante dessas explanaes, j possvel observar a relao
pretendida.
O tratamento mercadolgico dado concepo dos destinos reflete nos elementos
comunicados as caractersticas cartesianas desse tratamento a partir da fragmentao, o qual
resulta em um simplismo das instncias apresentadas que, por conseguinte, apresentam-se
de forma descontextualizada por no ser considerada a complexidade social, cultural,
geogrfica... do destino apresentado. Ainda, por estar de acordo com os desejos da
demanda, nem sempre os elementos comunicados representam de fato o autctone, pois sua
concepo parte de fatores externos que podem levar a fantasi-lo e conceb-lo de forma
parcial, considerando apenas as suas caractersticas atraentes para determinado segmento.
Nesse contexto, j percebe-se o fator comunicacional invadindo o
desenvolvimento dos atrativos tursticos, pois, partindo do pressuposto que esses elementos
devem atrair no momento em que so apresentados a um sujeito-cartesiano, o que sugere a
fragmentao, levando-o ao consumo dos produtos tursticos, os valores externos passam a
moldar os atrativos que formaro o prprio destino.
Considerando o turismo enquanto um fenmeno comunicacional, na medida em
que o turista toma conhecimento do destino e incentivado a locomover-se a partir da
apresentao desse por meio dos diferentes canais de comunicao, e que a sociedade ps-moderna consome imaginrios, os destinos devem utilizar dos imaginrios para seduzir.
nesse sentido e de acordo com os princpios mercadolgicos que visam o
consumidor em potencial, que os imaginrios globalizados so agregados aos destinos-
produtos, visto que partem no do que prprio do local, mas sim igualmente de fatores
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externos. Ou seja, daquilo que j foi estabelecido como atrativo para o grande pblico, que
no caso do turismo de massa tem como ponto de referncia as tendncias criadas pela elite.
Assim, os destinos so moldados a partir de um tratamento mercadolgico que
visa desenvolver produtos capazes de absorver imaginrios, os quais sero o substrato para
sua apresentao. Nesse condio, os imaginrios influenciam nos moldes dos atrativos
tursticos.
Os imaginrios globalizados contribuem para uma elaborao simplista dos
elementos tursticos por tratarem de valores desenvolvidos em contexto externos aos
atrativos, levando a eleio e excluso de caractersticas. Portanto, na medida em que o
tratamento mercadolgico propicia o simplismo dos elementos comunicados, os
imaginrios a serem utilizados como substrato do que vai ser comunicado implica, nesse
contexto, a simplificao dos atrativos tursticos. Essa relao ocorre devido a viso de
destino enquanto um produto a ser ofertado no mercado, necessitando formatar as
caractersticas locais de acordo com o imaginrio que pretende-se integrar, visto que na
ps-modernidade essa questo imprescindvel.
Partindo da premissa de que os destinos so concebidos para corresponder s
necessidades da demanda e no para representar a complexidade do local, os destinos so
relacionados aos imaginrios globalizados. Caso o desenvolvimento partisse da
considerao da complexidade do cotidiano do autctone e no visasse apenas a adequao
aos desejos do consumidor, esse tratamento requereria um outro tipo de imaginrio, os
quais deveriam partir do local para o global. Nesse observao fica clara a existncia
relacional entre a maneira como os destinos so concebidos e os imaginrios a seremagregados. Nesse contexto, seria necessrio a existncia de uma lgica coerente entre
ambos: da globalizao para o local, ou do local para o global.
Dessa forma, esses imaginrios globalizados evidenciam um panorama
globalizado e no local, no permitindo que a concepo dos destinos seja constituda na
complexidade cotidiana do autctone. A emergncia dos imaginrios globalizados parte de
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uma necessidade mercadolgica priorizada no planejamento dos destinos, e no momento
em que so considerados implicam uma sintaxe na maneira de desenvolver os atrativos
componentes dos produtos tursticos.
Aps as formatao e ajustes para que os imaginrios sejam inseridos no destino-
produto, esses mesmos imaginrios devem ser o substrato do que deve ser comunicado. No
entanto, no visam despertar novos desejos, uma vez que j partem de desejos presentes no
corao da demanda, mas buscam sim criar a concepo de um produto-destino
correspondente quilo almejado pelo turista. Dessa forma, realiza a persuaso a partir dos
imaginrios replicados e disseminados incessantemente por meios comunicacionais, o que
levaria ao consumo a partir da persuaso. Essa questo pode ser percebida a partir do
imaginrio de paraso, o qual ainda utilizado no turismo, apesar do desgaste e ainda
ganhando novas atribuies como o lazer em meio a natureza exuberante, que continuando
sendo desejado e consumido cada vez mais.
Ainda, do mesmo modo que o turismo utiliza desses imaginrios disseminados
pelos meios de comunicao, acaba reforando-os ao utiliz-los novamente como princpio
dos fatores comunicados. Portanto, o turismo refora os imaginrios globalizantes aderidos
pela grande maioria populacional.
Antes de concluir, conforme desenvolvido, os imaginrios globalizados e os
destinos-produtos esto diretamente relacionados na medida em que esses imaginrios
determinam o que deve ser mostrado baseados em valores externos s comunidades locais,
no caso em questo da demanda proveniente do turismo de massa, preparando a concepo
de destino a partir dos produtos tursticos que agregaro imaginrios para seduzir. Forma-senessa relao um circulo vicioso: aquilo que apresentado pelas tecnologias do imaginrio
despertam o desejo na massa por meio da seduo que leva persuaso, na qual o sujeito
convencido de que deseja o desejo do outro (SILVA, 2003, p. 44), das elites no coso do
turismo de massa. Assim, para satisfazer os desejos criados desenvolvem-se produtos
capazes de corresponder e satisfazer a demanda, agregando imaginrios a serem
comunicados para atrair. Dessa forma, realimentam os desejos e os imaginrios
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globalizantes no momento em que so apresentados novamente, fortalecendo ainda mais a
sua presena no sociedade global. Contribuindo, assim, para que as tecnologias na medida
em que mantm a partir da cpia o imaginrio advindo das fontes inspiradoras, dandocontinuidade a essa corrente.
Finalizando ento, observou-se a presena de uma relao recursiva-hologramtica
entre a comunicao e o desenvolvimento dos destinos, considerando o prisma
mercadolgico e os imaginrios globalizados utilizados em decorrncia desse tratamento
mercantil. Dessa forma, tanto o planejamento dos destinos define o que vai ser comunicado
como o que deve ser comunicado implica determinadas formas aos elementos tursticos a
serem planejados. Nesse sentido a comunicao dos destinos invade o planejamento desses
do mesmo modo em que por ele invadida, pois a viso mercadolgica evidenciada no
concepo dos destinos observada na comunicao na mesma medida em que os
imaginrios globalizados tornam-se os moldes e as referncias para a concepo dos
atrativos do destino turstico.
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