o 18 grau maçônico

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Home Maçonaria O 18 Grau Maçônico O 18 Grau Maçônico ( 1 Vote ) O 18 GRAU MAÇÔNICO POR WAGNER VENEZIANI COSTA Meus Caros Irmãos, Recebam os meus sinceros votos de Luz, Amor e Paz!!! Vamos estudar um pouquinho? Não precisam ler tudo de uma vez. O importante e ler, compreender e aprender…Boa parte texto foi retirado de uma obra que a Madras acaba de publicar e editada por mim:A História da RosaCruz, Os Invisíveis de Tobias Churton, o mesmo autor do Beijo da Morte A Verdadeira História do Evangelho de Judas, Madras Editora, muito bom…Não se esqueça que os críticos esperam, ou desejam, que esse assunto morra, mas nós não. Temos uma coleção de livros, Mestres do Esoterismo Ocidental, editados por mim, na Madras, que são sensacionais e os recomendo, são eles: Emmanuel Swedenborg; G.R.S. Mead; Helena Blavatsky; Jacob Boehme; John Dee; Paracelso; Robert Fludd e Rudolf Steiner. 18º Grau Maçônico “RoseCroix” Um sobrevivente do peculiar interesse do período na mitologia rosacruz está familiarizado com a Maçonaria no mundo inteiro. É o famoso RoseCroix ou 18º Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito. Supostamente, o conteúdo do ritual tem muito poucos elementos “rosacruzes” óbvios nenhuma referência a Christian Rosenkreuz ou à Casa do Espírito Santo, ou até à fraternidade R.C. Comentaristas maçônicos acadêmicos acostumaramse a concluir que as palavras Rose (”Rosa”) e Croix (”Cruz”) são puramente acidentais e não há como inferir nenhuma influência rosacruz. Essa crítica não faz sentido dentro do contexto real da Maçonaria da metade do século XVIII, em que os mitos logo perderam sua especificidade, sendo reduzidos a lições morais e éticas. As lições morais da RoseCroix permanecem as virtudes cristãs da Fé, Esperança e Amor aprendidas por meio de uma jornada simbólica empreendida pelo “cavaleiro maçom” em potencial a um local no Oriente, onde um mistério alquímico da primeira ordem é representado a saber, a crucificação de Cristo em Jerusalém: “A Pedra Cúbica que emana sangue e água”, como o ritual vividamente declara. É bem possível que o escritor do ritual estivesse ciente do simples misticismo cristão dos textos pósFama de Andreae, embora o sabor do ritual sugira com mais força sensibilidades mais católicas que espirituais protestantes. O ritual não está preocupado com a mitologia de Christian Rosenkreuz, apenas com o potencial iconográfico da rosa e da cruz. Essa imagem é combinada com a do pelicano alimentando suas crias com o próprio sangue, um claro símbolo de Cristo e Seu amor salvador. O ritual foi provavelmente criado como uma maneira poderosamente conveniente de afirmar a identidade cristã dentro da Maçonaria (que estava sob ameaça), embora retenha uma atmosfera de sugestivo mistério maçônico. Que melhor fonte para o tema cristão em um cenário esotérico simpatizante à “casa oculta” ou Loja ideal da Maçonaria do que um Rosacrucianismo de fervor cristão, celestial e fragrantemente místico em espírito. No clímax do rito, por exemplo, o futuro “aprimorado” cavaleiro maçom encontra uma escada (associada com Jacó e Bethel, o lugar de Deus) que conduz a um altar adornado com rosas. As palavras RoseCroix sugerem um Cristianismo místico e mágico do século XVIII e continuam a fazêlo: algo indefinível e além da razão. A Maçonaria prefere inferência e alusão a qualquer implicação de especificidade confessional e dogma metafísico: universalismo, simbolismo é tudo. Afinal, a Maçonaria seria definida como “um sistema peculiar de moralidade dissimulado em alegoria e ilustrado por símbolos”. Em muitos aspectos, essa última declaração de William Preston (Illustrations of Masonry ,1772) ["Ilustrações da Maçonaria"]; também pode ser aplicada a aspectos de Neorrosacrucianismo. A composição original do grau do “Soberano Príncipe RoseCroix ["RosaCruz"], Cavaleiro do Pelicano e da Águia”, há muito foi atribuída a JeanBaptiste Willermoz (17301824). De acordo com A.C.F. Jackson (Rose Croix, A History of the Ancient & Accepted Rite for England and Wales. Lewis Masonic, 1980) ["RosaCruz, Uma História do Rito Antigo e Aceito na Inglaterra e no País de Gales"], o título apareceu pela primeira vez em 1761, como uma deferência aos detentores do grau do Cavaleiro da Águia. Em 1766, um francês de origem crioula chamado Estienne Morin (falecido em 1771) completou uma série de Constituições, consideradas atualmente pelo Rito Antigo e Aceito da Maçonaria como importantes documentos de fundação. Essas Constituições datavam de 1762, um ano depois que Morin recebeu uma patente da Grande MENU assuntos por categorias Maçonaria Esoterismo Filosofia Motivação Religião UTILIDADES sites úteis Governamental Ministérios Serviços NEWSLETTER assine aqui e fique por dentro das novidades Name Email BUSCA RÁPIDA qual está também Deus você forma seus Maçonaria pode para pois mundo suas homem todos mesmo Ordem quando como vida Grande foram isso mais entre muito pelo pela assim sobre JoelLipman.Com CONTADOR DE VISITAS Visitors Counter QUEM ESTÁ ONLINE We have 2 guests online Friday, 27 May 2016 Contato Siga no Twitter: @wagnerveneziani O EDITOR Wagner Veneziani Costa INÍCIO CURRÍCULUM MAÇÔNICO CURRICULUM VITAE search...

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Descrição pessoal sobre o grau capitular 18 da maçonaria

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Home Maçonaria O 18 Grau Maçônico

O 18 Grau Maçônico ( 1 Vote )

O 18 GRAU MAÇÔNICO POR WAGNER VENEZIANI COSTA

Meus Caros Irmãos,

Recebam os meus sinceros votos de Luz, Amor e Paz!!!Vamos estudar um pouquinho?

Não precisam ler tudo de uma vez. O importante e ler, compreender e aprender…Boa parte texto foi retirado deuma obra que a Madras acaba de publicar e editada por mim: A História da RosaCruz, Os Invisíveis de TobiasChurton, o mesmo autor do Beijo da Morte A Verdadeira História do Evangelho de Judas, Madras Editora,muito bom…Não se esqueça que os críticos esperam, ou desejam, que esse assunto morra, mas nós não.

Temos uma coleção de livros, Mestres do Esoterismo Ocidental, editados por mim, na Madras, que sãosensacionais e os recomendo, são eles: Emmanuel Swedenborg; G.R.S. Mead; Helena Blavatsky; JacobBoehme; John Dee; Paracelso; Robert Fludd e Rudolf Steiner.

18º Grau Maçônico “RoseCroix”

Um sobrevivente do peculiar interesse do período na mitologia rosacruz está familiarizado com a Maçonaria nomundo inteiro. É o famoso RoseCroix ou 18º Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito.

Supostamente, o conteúdo do ritual tem muito poucos elementos “rosacruzes” óbvios nenhuma referência aChristian Rosenkreuz ou à Casa do Espírito Santo, ou até à fraternidade R.C. Comentaristas maçônicosacadêmicos acostumaramse a concluir que as palavras Rose (”Rosa”) e Croix (”Cruz”) são puramenteacidentais e não há como inferir nenhuma influência rosacruz. Essa crítica não faz sentido dentro do contextoreal da Maçonaria da metade do século XVIII, em que os mitos logo perderam sua especificidade, sendoreduzidos a lições morais e éticas.

As lições morais da RoseCroix permanecem as virtudes cristãs da Fé, Esperança e Amor aprendidas pormeio de uma jornada simbólica empreendida pelo “cavaleiro maçom” em potencial a um local no Oriente, ondeum mistério alquímico da primeira ordem é representado a saber, a crucificação de Cristo em Jerusalém: “APedra Cúbica que emana sangue e água”, como o ritual vividamente declara.

É bem possível que o escritor do ritual estivesse ciente do simples misticismo cristão dos textos pósFama deAndreae, embora o sabor do ritual sugira com mais força sensibilidades mais católicas que espirituaisprotestantes. O ritual não está preocupado com a mitologia de Christian Rosenkreuz, apenas com o potencialiconográfico da rosa e da cruz. Essa imagem é combinada com a do pelicano alimentando suas crias com opróprio sangue, um claro símbolo de Cristo e Seu amor salvador.

O ritual foi provavelmente criado como uma maneira poderosamente conveniente de afirmar a identidade cristãdentro da Maçonaria (que estava sob ameaça), embora retenha uma atmosfera de sugestivo mistério maçônico.Que melhor fonte para o tema cristão em um cenário esotérico simpatizante à “casa oculta” ou Loja ideal daMaçonaria do que um Rosacrucianismo de fervor cristão, celestial e fragrantemente místico em espírito. Noclímax do rito, por exemplo, o futuro “aprimorado” cavaleiro maçom encontra uma escada (associada com Jacóe Bethel, o lugar de Deus) que conduz a um altar adornado com rosas.

As palavras RoseCroix sugerem um Cristianismo místico e mágico do século XVIII e continuam a fazêlo: algoindefinível e além da razão. A Maçonaria prefere inferência e alusão a qualquer implicação de especificidadeconfessional e dogma metafísico: universalismo, simbolismo é tudo. Afinal, a Maçonaria seria definida como“um sistema peculiar de moralidade dissimulado em alegoria e ilustrado por símbolos”. Em muitos aspectos,essa última declaração de William Preston (Illustrations of Masonry ,1772) ["Ilustrações da Maçonaria"]; tambémpode ser aplicada a aspectos de Neorrosacrucianismo.

A composição original do grau do “Soberano Príncipe RoseCroix ["RosaCruz"], Cavaleiro do Pelicano e daÁguia”, há muito foi atribuída a JeanBaptiste Willermoz (17301824). De acordo com A.C.F. Jackson (RoseCroix, A History of the Ancient & Accepted Rite for England and Wales. Lewis Masonic, 1980) ["RosaCruz, UmaHistória do Rito Antigo e Aceito na Inglaterra e no País de Gales"], o título apareceu pela primeira vez em 1761,como uma deferência aos detentores do grau do Cavaleiro da Águia.

Em 1766, um francês de origem crioula chamado Estienne Morin (falecido em 1771) completou uma série deConstituições, consideradas atualmente pelo Rito Antigo e Aceito da Maçonaria como importantes documentosde fundação. Essas Constituições datavam de 1762, um ano depois que Morin recebeu uma patente da Grande

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O EDITORWagner Veneziani Costa

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Loja da França, nomeandoo como “InspetorGeral”. Morin considerou a indicação como uma missão paradifundir a Maçonaria através do Atlântico de uma forma que servia a seus interesses. De fato, ele se tornaria“InspetorGeral” de sua própria constituição maçônica. Morin chegou às Índias Ocidentais em 1763, mas não sesabe se ele completara um Ritual RoseCroix naquela época. O que ele provavelmente tinha era uma lista decerca de 25 graus obtidos de JeanBaptiste Willermoz, o arquivista chefe da Maçonaria, em Lyon.

Como veremos, no tempo devido, Willermoz passou bastante tempo em Lyon examinando, meticulosamente, osrituais de toda a Europa, buscando pela doutrina essencial que unificaria o todo. Em 1761, Willermoz e seugrupo formaram um novo rito de 25 graus. A maioria deles era apenas de nomes e ainda precisavam serelaborados.

Nesse meiotempo, Willermoz também se correspondia com um certo Meunier de Précourt, mestre de uma Lojaem Metz, que sabia um pouco sobre um grau RoseCroix que estava sendo trabalhado em algum lugar daAlemanha. Em 1762, De Précourt aguçou mais o apetite de Willermoz com promessas de “mil segredosmaravilhosos” disponíveis na Alemanha, inclusive uma Ordem do Templo.

Willermoz completou o Ritual RosaCruz em 1765. Se provinha ou não da Alemanha, não se sabe.Estranhamente, em 1765, surgiu um livro, Les Plus Secrets Mystères ["Os Mistérios Mais Secretos"] comcerimônias que incluíam o grau dos “Cavaleiros da Espada e da RoseCroix”. O grau não tinha semelhançacom o de Willermoz. Talvez houvesse um pouco de concorrência com a protoGoldund Rosenkreuzers,oferecendo mais do que devoto simbolismo maçônico.

O RoseCroix era popular e, por volta de 1768, existiu uma instituição em Paris que se denominava o “PrimeiroCapítulo Soberano RosaCruz”, cujos estatutos e regulamentos foram emitidos em 1769. Essa iniciativaexpandiuse à GrãBretanha, onde foi acolhida pelos poucos que tiveram acesso a seu trabalho como o grau neplus ultra a mais alta forma de Maçonaria, pois “não há nada mais além”. A partir de 1775, o grau RoseCroixera trabalhado nos “Acampamentos” dos Cavaleiros Templários Maçônicos britânicos.

Dois anos antes de a instituição parisiense ser estabelecida, o vice de Morin, Francken, fundou a Loja dePerfeição e Conselho dos Príncipes de Jerusalém em Albany, Nova York. Uma “Loja de Perfeição” foi aberta emCharleston em 1783, a origem do atual “Supremo Conselho, Jurisdição Maçônica do Sul” (Estados Unidos).

Muito importante para a Maçonaria, o grau RoseCroix transforma a lenda do assassinato de Hiram Abiff porpedreiros invejosos, ao insistir que o evento crítico da Maçonaria ocorreu quando o “Mestre morto” (não HiramAbiff mas Cristo, “a pedra fundamental que os edificadores rejeitaram”) convidou o pedreiro para “morrer n’Ele”e renascer no Espírito. Por essa razão, o Cavaleiro Maçom da RoseCroix é “aprimorado” no clímax do grau. Asubstância dessa mensagem é bastante clara na Fama Fraternitatis, na qual os Irmãos descobrem as seguintespalavras na cripta oculta de Christian Rosenkreuz: “Nascemos de Deus, morremos em Jesus e viveremos denovo pelo Espírito Santo.” Esta é, no Rito Antigo e Aceito, “a perfeição da Maçonaria”.

Os maçons, em geral, têm relutado em acomodar as plenas implicações dessa compreensão. Freemasonry The Reality, Tobias Churton, Lewis Masonic, 2007).

Martines de Pasqually (1709? ou 1726/17271774)

A maior influência na vida do ritualista maçônico Willermoz, sem dúvida, foi a mente extraordinária de “DonMartines Pasqually”, como ele próprio assinava (seu verdadeiro nome era e continua a ser uma questãoduvidosa). Contudo, o sistema de crença de Pasqually, embora possa ser classificado como “paramaçônico”,não pode ser chamado “rosacruz”. Entretanto, seu pensamento era, em certos aspectos, inconcebível sem quea mitologia e a tradição rosacruz existissem antes e na sua época, enquanto que ele próprio continuaria ainfluenciar o que, posteriormente, passou sob o nome e descrição de “rosacruz”. Por essa razão, Pasqually nãopode ser ignorado.

Sua fama reside principalmente por ter fundado uma Ordem dos Élus Coëns ["Sacerdotes Eleitos"], em 1765,ano em que Willermoz completou seu ritual RoseCroix, cuja confluência de datas atesta a notável quantidadede atividade concertante paramaçônica existente nesse período.

Os Eleitos Coëns não foram a primeira incursão criativa de Pasqually no ritual teosófico. Em 1754, ele fundouum Chapitre des Juges Écossais (”Capítulo de Juízes Escoceses”) em Montpellier, a cidade que Haslmayrtentou alcançar antes de ser condenado às galés em 1612, quando estava em busca de um irmão rosacruz. Apalavra “Escocês” referese à crença nos círculos maçônicos franceses de que a autêntica Maçonaria vinha daEscócia, pois as Lojas estabeleceramse na França sob a égide de jacobitas exilados (partidários da dinastiaStuart na GrãBretanha).Entre 1762 e 1772, Pasqually estava baseado em Bourdeaux, onde Morin também viveu até sua partida para asÍndias Ocidentais em 1763. Em 1765, Pasqually formou um “Templo Coën”, chamado Les Élus Écossais ["OsEleitos Escoceses"], que, no ano seguinte, tornouse a Ordre des Chevaliers Maçons Élus Coëns de l’Univers, aOrdem dos Cavaleiros Maçons Eleitos Sacerdotes do Universo. Pasqually estava “pensando grande”.

A garantia para essa grandiosa criação era uma tradução feita por Pasqually de uma “constituição e patente”,que, segundo ele, fora concedida a seu pai, em 20 de maio de 1738, por “Charles Stuard [sic], Rei da Escócia,Irlanda e Inglaterra, GrãoMestre de todas as Lojas sobre a superfície da Terra”. Esse documento pode ou nãoter sido apócrifo. O uso do nome Charles Stuart era, certamente, uma referência a Bonnie Prince Charlie, que,posteriormente, apareceria na história contada pelo barão alemão Von Hund, que vocês conhecerão logoabaixo, sobre como ele obteve um rito templário da mesma origem real. É fato bastante comprovado que osjacobitas exilados usaram a Maçonaria como um sistema de apoio, mas não se sabe se o pretendente ao tronobritânico estava envolvido.

A data de 1738 é interessante, pois foi neste ano que a Grande Loja dos Maçons Livres e Aceitos de Londresproduziu seu novo livro de Constituições. É possível que houvesse aqui uma tentativa de os maçons“escoceses” (ou melhor franceses) de “ordens superiores” superarem o ás de Londres com um apelo àautoridade ausente e superior. A cavalaria maçônica era melhor quando concedida por um rei, naturalmente.Seria preciso apenas combinar a Escócia com as lendas recémcunhadas dos “templários exilados” para lançaruma nova estrutura mitológica. Essa estrutura estava, inevitavelmente, amarrada à mística da RoseCroix epersiste até os dias de hoje.

Pasqually aparentemente servira em um regimento escocês na Espanha (tinha descendência hispanojudaica)e foi entre os militares que ganhou seus primeiros recrutas, que, por acaso, eram católicos romanos (outro socono olho da Maçonaria “Regular”). Foi através da Loja militar Josué que LouisClaude de SaintMartin conheceuo notável Pasqually (SaintMartin fora designado à Foix Infanterie).

Entre 1766 e 1767, muitos foram admitidos na ordem de Pasqually, incluindo Willermoz. É estranho que os trêsmais fecundos colaboradores da Maçonaria Teosófica radical com nuances rosacruz todos se conheceram:Pasqually, Willermoz e SaintMartin. Sua influência agregadora tem sido imensa, em certos círculoscontinentais.

Pasqually usou a Maçonaria como estrutura, mas principalmente por uma questão de conveniência histórica.Embora fosse em parte um judeu convertido, Pasqually era genuinamente cristão, mas, até onde se saiba,pertencia a um ramo do Cristianismo que se pensava estar extinto: o Cristianismo Judaico. O conhecimentodessa tradição especial chegou a Pasqually, disse ele, por sucessão. Ele obteve esse conhecimento do pai.

Pasqually promoveu seu próprio sistema teosófico, que gozou de imensa influência. Willermoz, por exemplo,chegou a considerálo a essência da Maçonaria e SaintMartin que tinha muitas ideias próprias submeteuseà fonte peculiar de inspiração espiritual de Pasqually. A ideia de uma transmissão secreta de conhecimentoelevado harmonizavase com a mitologia do Rosacrucianismo, como também seu foco em Cristo.

No final do século, a crença seria de que, seja o que inspirara o sábio Christian Rosenkreuz, também inspiraraa teosofia de Pasqually e SaintMartin; as obras de cada um deles junto com as de Jacob Böehme podiamser lidas in tandem, e como reforços mútuos a uma poderosa força da Maçonaria teosófica e oculta. Cada vezmais curioso, talvez fosse o comentário de Andreae.

Pasqually afirmou que seu ensinamento vinha diretamente da Sabedoria Celestial e, com tal autoridade,escreveu Treatise on Reintegration ["Tratado da Reintegração"]. Pasqually declarou que, embora o homemtenha sido criado à semelhança de Deus, ele agora estava em um estado de “ruptura” com Deus, um estado de“privação”, de separação de Deus. Pasqually afirmava que, no entanto, isso não era o fim da questão. OHomem ainda podia, quando reconciliado, retornar a seu estado original. Esse retorno envolvia uma gnosejudaicocristã, sobre a qual disse: “Devo relembrar aos homens, companheiros, de seu primeiro estadomaçônico, que é dizer espiritualmente homem ou alma, de forma a fazêlos ver verdadeiramente que são naverdade homemdeus, sendo criados à imagem e semelhança desse TodoPoderoso Ser” (carta a Willermoz,13 de agosto de 1768). Alguns leitores podem considerar essa promessa um tanto pobre de veemência. Comose conseguia ficar tão inspirado com a ideia de serem reconciliadas com Deus? Não é isso o que osevangélicos pregam?Bem, não exatamente. O homem do século XVIII vivia em um universo mental muito diferente do nosso.Podemos imaginar, por exemplo, que republicanos e democratas americanos hoje se sentissem um tantoestranhos, talvez até um pouco desconfortáveis, se tivessem de passar algumas horas ouvindo os discursos deBenjamin Franklin. Ele poderia parecer muito diferente ao vivo do que haviam imaginado. Suas suposições,linguagem e clímax da conversa seriam muito estranhos ao ouvido moderno.

Em suma, a opinião amplamente arraigada do homem do século XVIII era, em geral, de que o Homem era umser caído. O relacionamento principal com seu criador era tenso e difícil; o que o tornava fundamentalmenteinseguro se as asas da salvação parecessem débeis. Os protestantes eram encorajados a ter umrelacionamento pessoal com seu salvador, mas o pensamento da época poderia tornar isso difícil. Aoscatólicos, ensinavase que era bem mais fácil desagradar a seu criador do que ganhar ou estar receptivo àsgraças que poderiam salvarlhes a alma. De qualquer forma, o homem estava muito longe do que Deus queriaque ele fosse. Havia um abismo entre o que o homem era e como deveria ser. Pecado e inferno eram próximose a ignorância não era desculpa.

Hoje em dia, a maioria das pessoas herdou um conceito “naturalista” do ser humano. Elas são capazes de sever até bastante superiores, em alguns aspectos, com o resto do mundo natural, mas ainda parte fundamentaldele. Outros acreditam que não vivemos à altura de nosso lugar na ordem natural e somos, desse modo, comoum déficit ecológico global. Esses são extremos e a maioria das pessoas encontrase no meiotermo.Pensamos ser mais ou menos o que estamos destinados a ser; podíamos ser melhores e provavelmentedeveríamos. Mas somos seres humanos no sentido orgânico pleno do termo; nosso corpo e alma (seacreditarmos neles) estão bem amarrados.

Isso era apenas um sonho para a maioria, no século XVIII. Quando encontraram algo parecido nos mares dosul, imediatamente pensaram no Éden, e no estado anterior ao pecado original. Para eles, o homem comocriatura orgânica finita não era o que Deus tinha verdadeiramente pretendido. Rousseau poderia objetar, masnão era bom sonhando com a bucólica arcádia, cantando as virtudes da vida campestre, enquanto a pestegrassava e a morte rondava na esquina. Corrupção e morte não foram removidas da vista. Corrupção e morte,decadência, a condição lamentável e desprezível do homem era visível a todos que não tinham condições deretratar a paisagem campestre de sua terra à maneira dos poetas gregos. A vida era pútrida e fétida, e todos osseres, não importa a aparência, cedo ou tarde sucumbiriam a esse estado. A queda do homem era fato e osindícios estavam por toda a parte.

Como poderia ele ser salvo? Seria possível confiar apenas na Igreja, ou havia uma consciência maior, umacentelha de luz divina, que exigia a própria vontade e concentração? Como salvar a pérola da imagem de Deusno homem do lodo que o cercava?

Pasqually oferecia um caminho que afirmava ter sempre existido mas que, agora estava disponível, sob novaforma mais adequada à época. No sistema de Pasqually, havia quatro classes de graus, além dos graus doofício. A terceira era a Classe do Templo com os graus: Grande Arquiteto, Cavaleiro do Oriente (ou GrandeEleito de Zorobabel), Comandante do Oriente (ou Aprendiz RéauCroix). Este último abria os portões à Quartaclasse: o grau de RéauCroix, que era uma classe em si. Havia sete graus porque havia sete dons do espírito.

Avançando através dos sete graus, o SacerdoteEleito estaria apto a entrar em um culto cerimonial, uma teurgiaque envolvia invocações mágicoespirituais, ativando energias divinas. Havia também uma liturgia para invocar“seres espirituais e inteligentes” (anjos).

É preciso lembrar que, para Pasqually, a palavra mason ["maçom"] era sinônima de “homem”. Todos os homensestão envolvidos na obra da construção, ou são “trabalhadores da vinha”. Ser homem é ter potencial criativo. A

arquitetura é apenas um aspecto disso e não se devia tomar o símbolo literal ou especificamente demais, comoé comum no oficio.

O primeiro Homem foi o ReiSacerdote do Universo. Daí, tornouse pessoal, preocupado apenas consigomesmo. A reconciliação pode tornálo de novo um ser universal. O sistema de Pasqually era basicamente umaordem religiosa, observada com preces e restrita às almas que não esteja em desacordo com a “verdadeiraIgreja”. Seu sistema oferecia uma experiência de reconciliação com Deus e consciência de um ser superior,não meramente a teologia ou sua promessa ocasional. Seu objetivo era expandir a alma e a mente.

Pasqually escreveu que a Teurgia era “uma cerimônia e uma regra de vida que permite a invocação do Eternoem santidade”.

Era possível que coisas estranhas acontecessem nas câmaras onde o ritual teúrgico se desenrolava.Manifestações curiosas de atividade aparentemente sobrenatural que ocorriam na câmara de operaçãochamavamse “passes” ou “glifos divinos”. Estes não deveriam causar distração aos operadores, mas, diziaPasqually, deveriam ser considerados sinais de que a “reconciliação” avançava. O “passe”, portanto, era umamanifestação do que Pasqually estava apto a chamar La Chose ["a Coisa"], que nada mais era que a Sabedoriapersonificada a divina Sofia.

De acordo com o especialista em Martinismo Robert Amadou, “a Coisa não é a pessoa de Jesus Cristo (…), aCoisa é a presença de Jesus Cristo”, exatamente como o Shekinah (ou glória) era a presença de Deus noTemplo.

Pasqually oferecia um culto de expiação, purificação, reconciliação e santificação. Como tal, era uma espéciede resposta católica ao Rosacrucianismo protestante, ou até uma versão deste. De qualquer forma, as correntesagora, graças a Pasqually, estavam entrelaçadas. Como diz SaintMartin: “Este homem extraordinário é o únicoque não consegui entender”.

O que Andreae teria pensado sobre ele daria um interessante estudo.

Barão Karl Gotthelf von Hund (17221776) O barão Von Hund afirmava ter sido iniciado em uma linhagem únicada Maçonaria, estimulado por Charles Edward, pretendente Stuart ao trono britânico. Certamente, era deinteresse dos jacobitas fazer oposição à Maçonaria antiStuart, dominada pelos liberais hanoverianos daGrande Loja de Londres e imaginar um ramo superior do ofício.

A mitologia envolvida para estabelecer esse pretexto provinha de duas fontes principais. A primeira, a crençado maçom jacobita, Andrew Michael “Chevalier” Ramsay, emitida pela primeira vez em 1736, de que aMaçonaria renascera na Europa por ordens cavaleirescas durante o período das cruzadas e, depois, opersistente mito das origens patriarcais antediluvianas da Maçonaria, aliado à dinâmica “rosacruz” dosmistérios sagrados, trazidos do Oriente pelos cavaleirosperegrinos. Desse modo, pensavase que a“Maçonaria” pura desempenhava um papel na restauração da unidade primitiva da humanidade. Essa ideiaelevada tinha ressonância com a noção de reconciliação e restauração da perfeição adâmica do homem,preconizada por Pasqually.

Em sintonia com a natureza exaltada da missão maçônica “superior”, Von Hund criou o Rito da “EstritaObservância”. A virtude da Estrita Observância era a de ser a continuação de uma ordem secreta de cavaleirostemplários, que, por alguma razão, sobrevivera à supressão papal em 13 de abril de 1312.

É provável que a Escócia tenha oferecido abrigo aos cavaleiros sobreviventes, e seus segredos estavam agoraastuciosamente guardados em Lojas maçônicas e alimentados pelas virtudes cavalheirescas dos aristocratas emonarcas escoceses. Desse modo, a Grande Loja de Londres e a Maçonaria exportada dali à Alemanha e àFrança não tinha os verdadeiros segredos. Havia uma mistura intrigante entre a necessidade de segredoscom as fantasias sobreviventes da fraternidade oculta rosacruz, dando à Estrita Observância e semelhantesordens posteriores sua peculiar matriz de “Maçonaria Cavalheiresca” com pitadas de devoção mística cristã“rosecroix” mais profunda e gnóstica. Era uma bebida rica e inebriante, servida como antídoto aos rigoresbastante tediosos da chamada Era da Razão.

Com sempre se observou, uma falsa ideia é um fato real. Para o crente, acreditar na mentira pode não tornálareal. A crença em um vínculo com os antigos templários criou o fato dos novos templários. Suas crençastornaramse uma força motivadora de fato que não pode ser descartada, simplesmente por causa de umadivergência de perspectiva histórica. Existem muitos que gostam de considerarse templários maçônicos noconhecimento de que representam algo como um ressurgimento em vez de uma continuidade de uma ordemdesaparecida. Como observou o historiador maçônico francês Pierre Mollier, o neotemplarismo atrai os homensque se sentem como estranhos em um mundo que se tornou profano demais.

Em 1774, a Estrita Observância foi estabelecida na “província” neotemplária da “Borgonha”, ou seja, emEstrasburgo, depois, em Lyon (”Auvergne”) e em Montpellier (”Septimania”). Trabalhavamse dois graus alémdos três graus do ofício de Aprendiz Aceito, Companheiro e Mestre Maçom. O primeiro era de Noviço, osegundo Cavaleiro Templário, no qual era revelado o segredo de que a Maçonaria era, na realidade, umasobrevivência da Ordem do Templo, convocada a uma missão secreta pela qual seus membros há muitosofreram.

Na Alemanha, a Loja regular de Braunschweig, Zu den drei Weltkugeln ["Aos Três Globos"], adotou a EstritaObservância e, posteriormente, tornarseia um centro nervoso dos Gold und Rosenkreuzers. O duqueFernando de Braunschweig tornouse “Magnus” da ordem de Von Hund. É interessante ver que osdescendentes das antigas famílias solidárias ao movimento do século XVII tornaramse patronos dos novosmovimentos templários, rosacruzes e maçônicos (o landgrave de HesseKassel também estava envolvido).

Em 1775, Braunschweig foi o local escolhido pela Ordem da Estrita Observância para reunir 26 nobres alemãesa fim de discutir seus negócios e futuro; de Estrita Observância tinha bem pouco. Um ano após o congresso, osmembros dirigentes da ordem viajaram até Wiesbaden, a convite do barão Von Gugomos, que se diziaemissário dos “Verdadeiros Superiores” da ordem. Seu quartelgeneral era no Oriente, em Chipre (famosa nahistória como fortaleza dos Cavaleiros Hospitalários de São João). Ele esperava tomar o controle da ordem e,depois que as perguntas se aprofundaram, declarou que retornaria a Chipre para obter valiosos textos secretospara demonstrar a “genuína” linhagem da ordem e seu propósito elevado. Gugomos foi exposto; seus títulos e

patentes eram falsificados. Não foi a última vez na história que falsificações levariam a uma quebra deconfiança na ordem.

Após os conventos maçônicos de Lyon (1778) e Wilhelmsbad (1782), a Ordem da Estrita Observância morreu,mas suas ideias seriam substancialmente ressuscitadas quase de imediato. A Estrita Observância transformouse no Régime Écossais Rectifié de Willermoz: o Rito Escocês Retificado, mais conhecido e reverenciadoatualmente nos círculos maçônicos devotos pelo acrônimo de C.B.C.S.: Chevaliers Bienfaisants de la CitéSainte, os Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa.

O que Willermoz fez com a ideia da Ordem do Templo devese muito à força transcendental da mente dePasqually. O que Willermoz fez mostrou ter um significado bem mais abrangente com um impacto direto nomundo do Neorrosacrucianismo.

No Rito Escocês Retificado de Willermoz, o que importa não é o cavaleiro templário como tal, mas uma ordemtranshistórica, cuja existência remonta, supostamente, ao início dos tempos. A verdadeira “Ordem do Templo”denotava algo bem maior do que a ordem particular da cavalaria sagrada dos séculos XII e XIII. A verdadeiraordem espiritual do Templo do Universo poderia continuar, pois não dependia dos acidentes da história ou devastas propriedades pelo continente (ou aprovação do papa ou o que seja).

Desse modo, qualquer coisa de natureza secreta e mística associada com os templários era simplesmente umamanifestação do contato entre membros dessa ordem (nem todos precisavam saber isso) e que, depois, seriachamada “a Grande Fraternidade Branca” (em que “branca” referese a “magia branca”, suprarrealidadessagradas, santas, divinas, perfeitamente espirituais e orientadas pela luz). Portanto, a afirmação em defesa dasrealidades da história, de que os templários não tinham vínculos históricos com a “Grande Obra” da redençãoda humanidade, podia ser rebatida com a acusação de que tal conhecimento não era para todos nemtampouco discernível à inteligência de todos: apenas aos que receberam o conhecimento revelado pelaautêntica iniciação. Esse discurso manifestamente oculto não se sustentaria no tribunal, mas esses julgamentosseriam raros. Em certo sentido, estava dizendo, para usar uma expressão vulgar à Era da Razão, “como elapoderia se safar”.

A concepção de uma ordem transhistórica pode ser descrita como o conceito fundamental doNeorrosacrucianismo e sua criação representava um desenvolvimento simbólico na história dos Invisíveis. Nãoeram mais os discípulos “rosacruzes” que eram invisíveis, mas seus mestres o que não quer dizer os própriosadeptos experientes não poderiam, como a ocasião exigia, vestir o véu secreto da invisibilidade!

De acordo com a teoria superior do Neorrosacrucianismo, toda iniciação “verdadeira” provém da ordemtranscendente. Portanto, qualquer ordem iniciática aprovada podia ser declarada apenas uma manifestaçãoterrestre da ordem divina acima do espaço e do tempo. Assim que se admite essa concepção, estabelecese ofundamento lógico por meio do qual uma ordem pode afirmar estar em “sucessão espiritual” com a OrdemRosacruz, a Ordem do Templo, Jesus Cristo, os essênios, João Batista, Pitágoras, os antigos egípcios, oscátaros, os gnósticos, Apolônio de Tiana, Simão, o Mago, os maniqueístas e por aí vai: aí está a boafé alojadasobre um nível inacessível (racionalmente inegável). Contra a corrosão da Era da Razão, uma dupla ou triplademão de tinta.

Logicamente, seria apenas uma questão de tempo começarse acreditar que os “Superiores Incógnitos”habitassem no espaço exterior. Quanto mais esquisito se fosse, mais esquisitos seriam seus Chefes Secretos.Contudo, embora algumas ordens se divertissem com as fantasias de ficção científica, a maioria preferiu ainterpretação estritamente “espiritual”.

Ordens aprovadas podem afirmar terem entrado em contato com habitantes angélicos da “Casa Invisível”. O fatode a manifestação terrestre do sagrado Santuário ser imperfeita não é importante ao argumento. Os Mestresconhecem bem as fraquezas da humanidade, pois vieram para corrigilas.

A Casa “Invisível” tem, certamente, “Guardiões Invisíveis”, “Superiores Incógnitos”, “Chefes Secretos”, cujotrabalho é de tamanha abrangência multidimensional de complexidade extraordinária a ponto de,sinceramente, estar além do entendimento da pobre humanidade ignorante. Nós, pobres almas nãoregeneradas que somos, coitados que mal conseguimos ficar em pé em uma postura que relembre o homosapiens, só podemos vislumbrar, ter flashes da Grande Obra em andamento, a Grande Missão da alquimiacósmica da qual somos se tivermos sorte meramente os instrumentos temporais, a serem descartados após ouso, em bênção ou esquecimento, dependendo de nossa conformação, ou não, aos ditames dos mestres.

Desse modo, também é uma certeza lógica o fato de a seguinte passagem do recémdescoberto Evangelho deJudas ser empregada (se já não é) como exemplo da “Casa Invisível”, vislumbrada por membros privilegiadosdo movimento gnóstico dos séculos II e III, e que os “ortodoxos” não conseguiam, ou conseguem, ver:

“Nenhuma pessoa de nascimento mortal é merecedora de entrar na casa que viste, pois aquele lugar estáreservado para o sagrado. Nem o sol nem a lua lá regerão, nem o dia, mas o sagrado habitará para sempre lá,no reino eterno com os anjos sagrados.”

A própria concepção apareceria (transhistoricamente?) na obra bastante influente de Karl von Eckartshausen,Die Wolke über dem Heiligthum,1802 ["A Nuvem sobre o Santuário"], sobre uma Igreja transcendente deadeptos espirituais que guiam a evolução espiritual da humanidade. É a esse organismo que Aleister Crowleybuscou acesso definitivo quando se uniu à Ordem Hermética do Amanhecer Dourado, em 1898, e é dessesuposto organismo que muitos hierofantes dos mistérios neorosacruzes reivindicam sua autoridade, umasuposta autoridade não de “meras patentes de papel”, mas do contato direto com os anjos. Desse modo, o AnjoMágico de John Dee sempre será de mais interesse a essas pessoas do que os textos devocionais de JohannValentin Andreae. Vale notar, a esse respeito, que uma das mais recentes reimpressões da obra deEckartshausen foi feita pela Rozenkruis Pers, editora da ordem rosacruz holandesa, o LectoriumRosicrucianum.

A teoria de Willermoz e Pasqually corrobora a maioria das ordens neorosacruzes e suas ramificações e quasesempre o que derruba tais ordens é a descoberta de serem falsas as supostas ligações com os SuperioresIncógnitos. Assim, quando Aleister Crowley, por exemplo, sugeriu as próprias propostas de fundar uma ordemde magia branca, depois de 1900 (quando a Ordem do Amanhecer Dourado se fragmentou), ele o fez não combase no fato de que o líder do Amanhecer não tivesse contato algum com os “Chefes Secretos” da ordem (isto

é, que eles não existiam), mas sim que o então líder da ordem, Samuel Mathers, “fracassara” nesses contatos enão mais servia a seus propósitos. Com Mathers fora, Crowley achou que tinha garantido o próprio contato comum “Chefe Secreto”, conforme o próprio relato, em abril de 1904. Eu particularmente gosto muito do estudo,rituais e cerimônias da O.T.O. .

Com a chegada da ordem transhistórica (vinculada a vários outras linhagens gnósticas, herméticas, bíblicas ecabalísticas), surgiu o Ser Adepto transhistórico, às vezes dignificado com o termo avatar, que, parece umpouco mais impressionante e menos sentimental do que “anjos”, aos ouvidos ocidentais.

Portanto, não seria surpresa descobrir que o teosofista neorosacruz e fundador da Antroposofia, RudolfSteiner (18611925), acreditava não só que Christian Rosenkreuz era uma pessoa real (embora um tantopeculiar), mas também que o nome “Christian Rosenkreuz” era um criptônimo temporário para inúmerasencarnações assumidas por um generoso guia espiritual transhistórico. O ser que apareceu como “ChristianRosenkreuz” manifestouse posteriormente como conde de SaintGermain (?1784), por exemplo. Seguidoressinceros de Steiner ainda poderiam apreciar encontros espirituais com o exímio ser Christian Rosenkreuz, poisisso fora, tinha certeza, concedido a ele.

JeanBaptiste Willermoz (17301824)

Willermoz foi um poderoso fazendeiro nas cercanias da cidade natal de Lyon, onde se dedicava à educaçãoprimária, como também com religião e caridade. Fora iniciado na Maçonaria em 1750 e, a partir de 1763,tornouse “guardião dos Selos e Arquivos” da Grande Loja de Mestres Regulares de Lyon. Ele colecionava,estudava e comparava cada ritual maçônico que lhe caía nas mãos, não só da França, mas também daAlemanha (em 1772, escreveria ao Barão Karl von Hund para obter informações sobre o trabalho neotempláriodo barão).

Colocando o irmão Jacques como presidente, Willermoz estabeleceu um pequeno capítulo da Grande Loja deLyon para descobrir o verdadeiro significado da Maçonaria. Foi chamado o Capítulo dos Cavaleiros da ÁguiaNegra, um título fortemente indicativo de seu senso de importância da Maçonaria, tanto pelas ordenscavalheirescas quanto pelo simbolismo alquímico.

Willermoz descobriu o que procurava quando era membro da Ordem dos Cavaleiros Maçons e SacerdotesEleitos do Universo, de Pasqually. Penetrando no significado das doutrinas de Pasqually, Willermoz descobriu a“paz interior da alma”; ele permaneceu fiel ao homem que, para ele, era incomparável.

Por sua parte, Pasqually indicou Willermoz para “InspetorGeral do Oriente de Lyon e GrãoMestre do GrandeTemplo da França”. É de se supor que Willermoz apreciasse grandes títulos, pois ele próprio adornouse comvários deles. Tendo alcançado o topo da ordem de Pasqually o grau de Réau Croix , Willermoz, como vimos,buscou fundar a própria na esperança de sintetizar todos os sistemas e ritos maçônicos conhecidos como umveículo aprimorado para a doutrina da “Reintegração” de Pasqually. Entretanto, a correspondência com VonHund só forneceu a Willermoz a opinião inicial de que a Estrita Observância nada mais era que “apenas umsistema infundado e improvado”; faltavalhe a qualidade eterna que Willermoz encontrou em abundância nouniverso de Pasqually. Willermoz considerava que a obra alemã mostrava “uma profunda ignorância das coisasessenciais”. Isso não podia ser dito dos Eleitos Cohens, pelo contrário, cuja doutrina demonstrava “umaMaçonaria além da Maçonaria”. O Rito Escocês Retificado, projetado para ser um vencedor maçônico, foidevidamente lançado no Convento das Gálias, em Lyon, entre novembro e dezembro de 1778, um pouco antesde o exército britânico dominar a rebelião americana no sul e capturar Savana, capital da Geórgia.

O universalismo revolucionário estava no ar. Do outro lado do Atlântico, onde a frota francesa encalhou apósnão conseguir atacar os britânicos em Nova York, a revolução do Homem cheirava não a incenso, mas apólvora.

As ideias de Willermoz sobre os direitos do homem podiam ser encontradas no quarto círculo de seu RitoEscocês Retificado. Após passar pelos três círculos preparatórios, um quarto círculo interior aguardava o futuromaçom. Por trás do véu do mistério reside surpresa! nada menos que um conclave de adeptos da Ordem dosEleitos Cohens do Universo. Lá, o cavaleiro maçom encontraria o conhecimento exclusivo àquela ordem:Cabala, teurgia e alquimia. Ele podia aprender a mudar o mundo.

De fato, o saber era uma importante função da ordem. A doutrina da Reintegração de Pasqually era nadamenos que “a ciência do homem” no coração da Maçonaria e, portanto, no coração de toda aspiração espiritualhumana.

O homem era feito à imagem e semelhança de Deus. Após a Queda, o homem reteve a imagem, mas não asemelhança. O objetivo da iniciação era a imitação. O intelecto humano era uma dádiva de Deus e era dever dohomem cultivála. Willermoz criou programas pedagógicos destinados a transmitir um conhecimento que seacreditava ser nada mais que o fiel legado de uma doutrina muito antiga.

Como já vimos, essa “ciência de reintegração” originouse, nas palavras de Willermoz, de uma extraordinária“Ordem Superior e Sagrada”. O que mais um maçom podia desejar: a antiga gnose do Homem. Como oscavaleiros templários ou a obra de Christian Rosenkreuz, o próprio Rito Retificado era apenas umamanifestação temporária da atividade da ordem divina. Contudo, como tal, o Rito Escocês Retificado estavafadado a ser.

Após uma jornada variada através do tempo terrestre, o rito ainda está bem vivo. Sem ele, não existiria OCódigo Da Vinci nem o jogo elaborado que é o “Priorado do Sião”.

LouisClaude de SaintMartin (17431803)

O nome que tem o maior vínculo, desde o século XVIII, ao esquema transhistórico de redenção, “reparação” oureintegração não é o de Pasqually, mas de seu aluno, LouisClaude de SaintMartin. Quem reverencia osensinamentos de SaintMartin e segue as linhas por ele estabelecidas é chamado “martinista”, o que não querdizer que o próprio aprovaria tudo que os martinistas dizem e fazem. As ideias mesmo as transcendentes desenvolvemse, claro.

O pseudônimo de SaintMartin combinava com seu ensinamento fundamental. Ele era conhecido como o“Filósofo Desconhecido”, o que pode significar muitas coisas. Um filósofo desconhecido tem muito a ver com

uma fraternidade invisível.

Entre agosto e outubro de 1768, SaintMartin uniuse à Ordem dos Eleitos Cohens, a ordem de Pasqually etrabalhou como secretário desta, de 1768 a 1771. Ele aprendeu com o iluminismo de Pasqually sobre aexistência e o noivado teúrgico com os poderes angélicos (supostamente) superiores. Por meio da magiacerimonial, SaintMartin seguiu o caminho do adepto de Pasqually à iluminação na tentativa de recobrar aspuras faculdades de Adão, antes da Queda. Esse era o único objetivo da teosofia maçônica não é de admirarque os adeptos têm tendência a desdenhar meros maçons de ofício!

Desfrutando da hospitalidade de Willermoz, em Lyon, SaintMartin escreveu sua obra mais famosa e maisdifundida, Des érreurs et de la vérité, ou les hommes rappelés au Principe universel de la Science (1775) ["DosErros e da Verdade, ou Homens chamados ao princípio universal da Ciência"], na qual as ideias de Pasquallyforam transformadas em um sistema martinista.O livro contém uma crítica abrangente do conceito de razão defendido pela iluminação secular. A verdadeirailuminação não vem dos sentidos ou das considerações do cérebro. A iluminação como a religião é umadádiva sobrenatural. A religião é um meio de transmitir sabedoria a quem percebêla. A Verdadeira Causa detudo não é um princípio filosófico adequado à razão humana, mas um Ser ativo e inteligente que está sendo elepróprio. A Verdadeira Causa é capaz de algo inimaginável e incalculável para a razão desamparada.

A própria Queda pode ser superada. As faculdades dispersas e fragmentadas do homem são como um espelhoquebrado pelo impacto da Queda. Eles não conseguem refletir a verdadeira luz com perfeição até que sejamreunificados pela regeneração. Essa retificação da dignidade do homem é possibilidata pela virtude do atosacrificial do Réparateur. Cristo, a Palavra, é o “Reparador”, quem conserta a fenda que separa o homem e seuestado primitivo de “HomemDeus”. A natureza física, que também sofreu a queda, não é imune à obra doReparador. O mundo físico também será regenerado, quando o Universo atingir novamente a condição edênica(esse pensamento está em sintonia com as promessas da Fama e da Confessio).

A tarefa de SaintMartin e de seu sistema (que era em si uma revelação que transcendia a razão) era guiar ahumanidade para as capacidades e consciência sobrenaturais que eram, na verdade, suas por direito, mascom relação às quais a geração de SaintMartin nada entendera, imaginando que os “direitos do homem” seaplicassem apenas às questões de administração representativa.

SaintMartin estava atento a algumas das ideias científicas e (como seriam posteriormente classificadas) quasecientíficas de sua era. Entre essas ideias estava a importante descoberta do Mesmerismo (de Franz AntonMesmer, 17341815) e suas ideias de “magnetismo animal”.

SaintMartin contatou o marquês de Puységur e a Societé de l’Harmonie ["Sociedade da Harmonia"], queexplorava o mesmerismo esotérico. Essa sociedade fundou Lojas de mesmeristas, que davam alívio aosofrimento de muitos com a aplicação de métodos inéditos de melhora sensual, embora a explicação científicapara os fenômenos fosse tão fraca que levou à ampla condenação acadêmica dos mesmeristas comocharlatães.

Mesmerismo foi o precursor da hipnose e da psicanálise, que ainda amargam uma relação difícil com o mundodo estrito método experimental. Basicamente, a explicação de SaintMartin para os fenômenos do mesmerismoera a de que devemos nos renovar reentrando em nossa verdadeira natureza. As teorias do “alienista” CarlJung, desde a década de 1920, têm renovado o interesse na relação entre teurgia, alquimia e simbologiagnóstica com a saúde mental. Agora é comum ouvir palavras como “projeção”, animus, anima, “inconscientecoletivo” e o papel dos “arquétipos” na vida do que Jung considerava a natureza “autorreguladora” da psique.

Jung um neognóstico a seu modo indicou quatro aspectos idealmente harmoniosos da psique: pensamento,intuição, emoção e sensação. Não se deve permitir que a faculdade da razão sozinha fique em isolamento eexerça domínio sobre tudo o que examina. O que Pasqually chamou “reconciliação” talvez não esteja muitolonge do conceito de “individuação” de Jung, a descoberta do eu reintegrado na harmonia dinâmica do todo.Nesse contexto, é possível observar a postura antirracional de SaintMartin e seus associados como esforçospioneiros no desenvolvimento contínuo de uma psicologia madura, um trabalho que, talvez, mal iniciouse, ecujos pioneiros, como de costume, foram os “charlatães”.

Em 4 de julho de 1790, SaintMartin pediu a Willermoz que retirasse seu nome dos registros maçônicos. SaintMartin descobrira Jacob Böehme!

A obra de Böehme apresentou a SaintMartin uma visão teosófica de regeneração humana que permanecesem necessidade de estruturação maçônica nem de postura teúrgica. SaintMartin concluiu que era a divinaSofia que nos possibilita renascer para a vida verdadeira. Os espíritos que apareciam aos Eleitos Cohens eram,em comparação, impuros. A obra de SaintMartin Ecce Homo (1792) mostrava quão completamente ele tinhaabraçado Böehme; a iniciação de Cristo (conforme mostrada na coleção de Böehme, O Caminho para Cristo,1624) era o único caminho.

SaintMartin desenvolveu a ideia do HomemDeus, o cooperador e ministro da vontade divina, encarregado damissão de salvação. Embora SaintMartin começasse defendendo um governo de homens escolhidos por Deuspara guiar a humanidade, seu amigo Niklaus Anton Kirchberger abriulhe a mente às ideias de Madame Guyon,Von Eckartshausen, Heinrich JungStilling, Jane Lead, John Pordage, Thomas Bromley, Johann Georg Gichtel,Caspar Schwenckfeld e Valentin Weigel.

Em consequência dessa nova perspectiva mental, SaintMartin foi um grande incentivador do desenvolvimentoe da expansão geográfica do Iluminismo. Na Rússia, o Iluminismo floresceria sob o reinado da imperatrizCatarina II. O Iluminismo também exerceria influência no movimento do Romantismo nos campos da poesia,filosofia da imaginação, epistemologia e filosofia da história. No século XIX, Balzac estaria entre os muitosescritores que sofreriam a influência da inspiração coletiva do iluminismo.

SaintMartin, ademais, podia ser entendido em termos de uma evolução social progressiva da humanidade,avançando rumo a uma era do Espírito Santo ou “Paracleto”.

O interessante sobre seu pensamento era que, embora fosse claramente gnóstico, visando ao retorno doHomem ao divino Pleroma, não parecia negar o mundo no sentido ascético ou gnóstico radical. O progresso naTerra era considerado um subproduto da evolução espiritual em termos alquímicos: o parergon do ergon

["trabalho"]. O objetivo supremo era totalmente ultramundano, mas também transformador do mundo. Nesseprocesso, os acontecimentos mundiais tinham significado real.

Para SaintMartin, a Revolução Francesa, por exemplo, era algo que poderia ser decodificado como umhieróglifo terrestre de valor espiritual. Os eventos da revolução personificavam a indagação do homem pelaordem correta conforme o impulso interior de reconciliação e reintegração com a vontade de Deus, enquantosua violência servia como um sinal da punição pela indiferença passada à Causa Verdadeira. Desse modo, arevolução histórica representava um prenúncio de uma liberação bem maior da humanidade ainda por vir: umalição profunda e dolorosa, um sacrifício.

Entretanto, o mais importante para o indivíduo era buscar a luz pela qual uma amnésia cósmica podia sersuperada. Isso era possível prestandose atenção ao fragmento residual da Imagem divina que ainda existe nohomem. Essa luz residual marcará os primeiros passos rumo à reorientação de nossa vontade com a vontadedivina, restaurando, assim, à plenitude, a imagem e semelhança divinas originais. Um novo tipo de ser humanosurgiria desse processo que é ao mesmo tempo suprahistórico como a assembleia dos aperfeiçoados ehistórico, em que a reconciliação se dá dentro dos processos da vida na Terra.

SaintMartin elogia os hommes de désir ["homens de desejo"], que desejam arrancar a vida divina de suaservidão à condição de pecador. Eles imitam Cristo encarnando, assim, a consciência da Palavra e daSabedoria divinas; eles expiam o mundo por meio de seu sofrimento sacrificial.

Desse modo, SaintMartin defende a unidade da mensagem espiritual de libertação e reconciliação através dotempo de uma maneira que, embora possa ser considerada complementar à ideia da comunidade transhistórica do Rito Escocês Retificado, é discutivelmente superior a este como concepção, uma vez que suauniversalidade manifesta um desinteresse maduro na parahistória maçônica ou radical maçônica. Talvez SaintMartin, por meio do envolvimento com influência de Böehme, tenha mudado da posição de curiosus para a deChristianus de Andreae.

Há um eco do Christian Cosmoxenus no “homem de desejo” ideal de SaintMartin (cujas flechas por acasoestavam sendo lançadas aos ouvidos surdos de Londres pelo artista William Blake). Separado do reino material a vida vegetal pela autoimolação (a substituição da individualidade ou egocentrismo pela superior Pedra deCristo), os “homens de desejo” colocam em prática um ministério espiritual, regenerando outros por meio deseu autossacrifício dispor de todos os bens perante o Reparador.

SaintMartin convocou os homens de desejo para participar de boa vontade na Grande Obra da Reintegração.Assim que se atendesse o chamado, a Humanidade seria brindada com os divinos mistérios que o chamadoIluminismo racionalista rejeitou no ato.

Para mim, essa mensagem é coerente com a promessa da Fama, ainda que articulada em uma nova era comas próprias prioridades e preconceitos: ” (…) para que o homem possa finalmente compreender sua própriaNobreza e Valor, e por que é chamado de Microcosmo, e até onde se estende seu conhecimento da natureza.”(Fama Fraternitatis)

SaintMartin também previu a reintegração da Natureza Eterna, uma mensagem particularmente pertinente àspreocupações dessa época, 200 anos depois. Sua obra De l’esprit des choses ["Do Espírito das Coisas"] foi degrande interesse à Naturphilosophie alemã ["Filosofia da Natureza"], cujo espírito viveu mais uma vez naimaginação de alguns alemães “verdes” durante o final da década de 1970 e de 1980. (Falo por experiênciaprópria).

Conforme SaintMartin, “a imaginação é a parte espiritual da humanidade que possui a visão de todas ascoisas. [...] Por meio da imaginação, compreendemos a unidade espiritual do Universo”. Dificilmente WilliamBlake podia ter se expressado melhor! Por outro lado, SaintMartin e o artista e visionário inglês compartilhavamfontes comuns: Böehme e Paracelso.

SaintMartin também estava ciente de algumas das armadilhas de uma aderência tão próxima ao determinismoexibido por algumas formas de astrologia. O sábio governa seus astros, não o contrário. A vontade do homemde seguir a vontade de Deus pode ser obstruída por interpretações literais de símbolos astrológicos. SaintMartin deu o nome de “magismo astral” ao poder de reverter o curso da jornada do homem, considerandoouma distorção dos raios da luz refletida que codifica a vontade divina. Com certeza, deve ter encontrado essadoutrina em Astrologia Teologizada, de Weigel, e também Análise do horóscopo de Christian Cosmoxenus, deAndreae.

SaintMartin, ao manter as preocupações da Fama e da Confessio, também estava preocupado com a teoria dalinguagem, ciente de que um grande abismo separa a humanidade da língua adâmica original, que outroraconteve a essência de uma coisa, de forma que dizer a “palavra” era chamar a própria coisa de dentro. Sem alinguagem adâmica, a comunicação da verdade divina sempre sofreria de um alto grau de deterioração.

Limitações de linguagem costumam sugerir limitações de doutrina. Por exemplo, se dissermos “reino dos céus”,queremos dizer a tradução literal da bíblia grega, que sugeriria um reino do céu diurno e o espaço exteriorgovernado por um imperador? É óbvio para SaintMartin que as palavras representam uma comparação emetáfora de uma realidade espiritual, decodificada apenas em parte por meio de nossa decaída linguagem. Erapossível inferir, na imaginação, a realidade espiritual ao nos concentrarmos na infinitude do que os olhos nosmostram. Os olhos não revelam toda a verdade. Há outra linguagem, uma linguagem simbólica, raramentecompreendida, e o dom do poeta de unificar sua visão pelas palavras não é apreciado universalmente.

Cristo é o Verbo e, portanto, reconciliarse com Ele é, ao mesmo tempo, obter uma nova língua, uma novalinguagem. Essa nova língua foi prometida como dádiva da vindoura era de ouro na Confessio Fraternitatis,prefigurado na história bíblica de Pentecostes, quando os discípulos de Jesus de repente receberam donslinguísticos tão extraordinários que os espectadores confundiram esse espetáculo com o de embriaguez. Defato, tiveram um gostinho do novo reino.

Esse relato nos Atos dos Apóstolos, de acordo com o sistema de SaintMartin, pode ser considerada um pedaçoda história avaliado pelos sinais divinos que codifica. Quanto mais o homem de desejo reintegrarse noPleroma (Completude de Deus), mais os sinais divinos com os quais ele está capacitado a decodificar, maiorsua compreensão da linguagem original da criação. Quando ele pode completamente abraçar sua Sofia, ele é

dotado com a plenitude do Verbo. Na visão de SaintMartin, eventos históricos são simbólicos de, nãoinstrumentos para, a reintegração da humanidade. Quando o serviço estiver feito, não haverá pergaminho paraenrolar; o fim estará em seu princípio.

Sentese que SaintMartin não somente descobriu o continente de Jacob Böehme, mas também apreciou alonga estadia na ilha de Christianopolis!

Eu Sou,

Wagner Veneziani Costa

Obs.: A Bibliografia está inserida no próprio texto.

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