negociação e mediação - fichamento

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ACCS OBSERVATÓRIO DE PACIFICAÇÃO SOCIAL VIA MESC’s – DIRB33 DOCENTE: HEBERT SANTOS Data: 07 de abril/2015 Proposta da atividade: Realizar fichamento do capítulo Negociação e modelos de mediação (in Mediação de conflitos e práticas restaurativas 3ª ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, pp19 36, 2014) do jurista Carlos Eduardo de Vasconcelos. O autor busca, no presente capítulo, realizar um levantamento de dados, teorias, técnicas e posições executadas nos modelos de negociação, conforme a Escola de Harvard, fomentando, assim, alguns tópicos e temas introdutórios subdivididos em 03 (três) ênfases: (1) contexto geral dos modelos de negociação da Escola de Harvard, (2) contexto específico aos modelos de acordo e (3) contexto específico aos modelos direcionados à relação. 1ª PARTE A prática da mediação, em sua versão moderna, surge inicialmente a partir dos conceitos de negociação cooperativa desenvolvida na Escola de Harvard. A partir deste evento, desenvolvem-se conceitos e procedimentos, por exemplo, sobre (1°) a posição (atitude polarizada e explícita dos dissidentes), interesse (subjacentes e comuns, embora contraditórios ou antagônicos, a serem identificados); (2°) técnicas de criação de opções para a identificação dos interesses identificados; (3°) necessidade de observação multifatorial de realidade e padrões situacionais (ética, jurídica, econômico); (4°) importância de separar conflito subjetivo (relação interpessoal) do conflito objetivo (questões concretas). A negociação notoriamente é cooperativa, uma vez que não objetiva excluir ou derrotar a outra parte. Nesse sentido, ela adota (por definição cooperativa), conforme a natureza da relação interpessoal, um modelo integrativo ou distributivo. O modelo integrativo se caracteriza na adoção de relações de interdependência visando à manutenção destas relações por longa data devida sua importância e interesses comuns. O modelo distributivo caracteriza-se nas negociações episódicas, sem perspectiva de relações duradouras solucionando um campo de disputa. E além destas, conta-se com o modelo de negociação com apoio em terceiros, que se caracteriza pela presença de um terceiro, o mediador, que possa facilitar uma solução. Negociação integrativa prioriza a análise de problemas e oportunidades a partir de um planejamento compartilhado para fins de decisão; Negociação distributiva, os interesses comuns são subjacentes; ocultos por posições excludentes. A negociação conta com três fases de (1ª) planejamento, (2ª) execução e (3ª) controle. Na primeira fase, o negociador ou equipe estuda tanto o caso objetivo quanto o perfil dos negociadores oponentes sob um prisma situacional e identificado interesses, valores, necessidades e limites. Um bom planejamento é meio caminho para uma boa execução, já que nesta fase o planejamento é posto em prática. A última fase, o monitoramento, avalia e trabalha os resultados obtidos, para fins de ajuste, em uma solução de ganhos mútuos. Portanto, negociação não é barganha posicional do tipo que ganha-perde, com mero intuito de levar vantagem.

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Trata-se do Fichamento do texto de Negociação e Mediação requerido pelo componente Observatório de Pacificação Social - UFBA

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

    ACCS OBSERVATRIO DE PACIFICAO SOCIAL VIA MESCs DIRB33

    DOCENTE: HEBERT SANTOS Data: 07 de abril/2015

    Proposta da atividade: Realizar fichamento do captulo Negociao e modelos de

    mediao (in Mediao de conflitos e prticas restaurativas 3 ed. rev., atual. e

    ampl. Rio de Janeiro: Forense; So Paulo: MTODO, pp19 36, 2014) do jurista

    Carlos Eduardo de Vasconcelos.

    O autor busca, no presente captulo, realizar um levantamento de dados, teorias,

    tcnicas e posies executadas nos modelos de negociao, conforme a Escola de

    Harvard, fomentando, assim, alguns tpicos e temas introdutrios subdivididos em 03

    (trs) nfases: (1) contexto geral dos modelos de negociao da Escola de Harvard, (2)

    contexto especfico aos modelos de acordo e (3) contexto especfico aos modelos

    direcionados relao.

    1 PARTE

    A prtica da mediao, em sua verso moderna, surge inicialmente a partir dos

    conceitos de negociao cooperativa desenvolvida na Escola de Harvard. A partir

    deste evento, desenvolvem-se conceitos e procedimentos, por exemplo, sobre (1) a

    posio (atitude polarizada e explcita dos dissidentes), interesse (subjacentes e

    comuns, embora contraditrios ou antagnicos, a serem identificados); (2) tcnicas

    de criao de opes para a identificao dos interesses identificados; (3)

    necessidade de observao multifatorial de realidade e padres situacionais (tica,

    jurdica, econmico); (4) importncia de separar conflito subjetivo (relao

    interpessoal) do conflito objetivo (questes concretas).

    A negociao notoriamente cooperativa, uma vez que no objetiva excluir ou

    derrotar a outra parte. Nesse sentido, ela adota (por definio cooperativa), conforme

    a natureza da relao interpessoal, um modelo integrativo ou distributivo. O modelo

    integrativo se caracteriza na adoo de relaes de interdependncia visando

    manuteno destas relaes por longa data devida sua importncia e interesses

    comuns. O modelo distributivo caracteriza-se nas negociaes episdicas, sem

    perspectiva de relaes duradouras solucionando um campo de disputa. E alm

    destas, conta-se com o modelo de negociao com apoio em terceiros, que se

    caracteriza pela presena de um terceiro, o mediador, que possa facilitar uma

    soluo.

    Negociao integrativa prioriza a anlise de problemas e oportunidades a partir de

    um planejamento compartilhado para fins de deciso; Negociao distributiva, os

    interesses comuns so subjacentes; ocultos por posies excludentes.

    A negociao conta com trs fases de (1) planejamento, (2) execuo e (3) controle.

    Na primeira fase, o negociador ou equipe estuda tanto o caso objetivo quanto o perfil

    dos negociadores oponentes sob um prisma situacional e identificado interesses,

    valores, necessidades e limites. Um bom planejamento meio caminho para uma

    boa execuo, j que nesta fase o planejamento posto em prtica. A ltima fase, o

    monitoramento, avalia e trabalha os resultados obtidos, para fins de ajuste, em uma

    soluo de ganhos mtuos. Portanto, negociao no barganha posicional do tipo

    que ganha-perde, com mero intuito de levar vantagem.

  • Tcnicas adotadas:

    a) Separar as pessoas (relaes interpessoais) do problema concreto (substncia),

    uma vez que ambos tendem a se entrelaarem impossibilitando, por vez, o

    entendimento e soluo da substncia. Recomenda-se, assim, a separao do

    problema e a no resoluo da questo relacional por meio de expresses

    materiais. Neste entendimento, o trato das questes relacionais permeia a

    percepo (sentimento de alteralidade; sem deduzir e culpabilizar sujeitos e

    fatos; dilogo e compartilhamento das ideias e resultados), emoo

    (compreender, reconhecer e legitimar as emoes expressas; ser paciente e

    adotar gestos simblicos com impactos positivos) e comunicao (escutar e

    registrar o relato; falar com clareza). Pergunta: para qu?

    b) Priorizar os interesses e no as posies, observando que nos primeiros se

    define o problema, e por trs de posies opostas h interesse compatveis,

    assim como interesses conflitantes. Aplica-se a alteralidade na sesso

    percebendo que a objetividade no deve ser obstculo para flexibilidade.

    Pergunta: por que e/ou por que no.

    c) Identificar opes de ganhos mtuos superando os seguintes obstculos: (1)

    julgamentos prematuros: separar o ato de inventar opes do ato de julg-las;

    (2) a busca de uma resposta nica: ampliar as opes sobre a mesa, em vez da

    unicidade das respostas; (3) a pressuposio de poro fixa: buscar benefcios

    mtuos; (4) pensar que o problema do outro estranho: inventar meio de

    facilitar as decises do outro. O problema comum.

    Tempestade de ideias uma tcnica adotada para a negociao das questes

    substantivas, para a identificao de interesse e opes. A lgica separar o ato

    intuitivo do ato crtico, ou seja, inventar primeiro, decidir, caso haja consenso, depois.

    Durante a realizao da tcnica no deve existir censura e confidencialidade, mas a

    socializao de ideias produzindo listas e abordagens sobre o problema para que

    seja inteligvel para todos e resolvvel entre os dissidentes. Sendo que nas

    ocorrncias de negociaes complexas comum a prtica unilateral e simulada

    desta tcnica necessitando, assim, o estabelecer de prazos e definies de como

    estas ideias devem ser norteadas durante a negociao.

    Insistir em critrios objetivos visando sada de uma base subjetiva da vontade

    (barganha posicional) de qualquer das partes em prol de padres justos para as

    questes substantivas e procedimentos justos para lidar com os interesses.

    Chances de Retirada ou MAPAN Melhor Alternativa Para um Acordo Negocial ou

    MAANA Melhor Alternativa Negociao de um Acordo: trata-se de uma tcnica

    aplicada quando um dos negociadores assume uma atitude dominadora. A falta de

    uma Chance de Retirada enfraquece e promove vulnerabilidade ao negociador,

    reconhecendo que deve existir alguma margem de reserva para movimentar-se

    nestes casos mediante as circunstncias. No existindo um acordo, recomenda-se a

    anotao de providncias que voc poderia tomar sem deixar de observar o poder

    de deciso de cada uma das partes, sobretudo a mais acuada pela situao.

    2 PARTE

    Mediao facilitativa ou linear (ou tradicional de Harvard) definida como uma

    negociao com apoio de um terceiro imparcial, o mediador, adotando todas as

    tcnicas desenvolvidas na Escola de Harvard. Esse modelo direcionado ao acordo e

    por princpios inspira o andamento processual de outros modelos, inclusive os

    direcionados relao. Sendo, deste modo, um paradigma para os demais modelos

  • de negociao. O procedimento conta com as seguintes fases: (1) apresentao das

    partes e do mediador; (2) orientaes e explicao sobre o que mediao; (3)

    mediandos narram o problema comum e so questionados equitativamente; (4)

    identificao dos interesses subjacentes e fortalecimento da colaborao; (5) a

    depender deste percurso, elaborao de um acordo exeqvel. As entrevistas de pr-

    mediao so recomendadas, embora eventualmente dispensveis, sendo admitidas

    reunies em separado (cucus) do mediador com cada um dos mediandos para

    facilitar o desbloqueio do impasse.

    O papel do mediador antes de tudo um facilitador; no cabendo, portanto, indicar a

    soluo do problema que deve ser buscada pelas partes tendo a colaborao e

    facilitao que sua funo exerce. Em sntese, o mediador no deve tomar dos

    mediandos a iniciativa, o protagonismo, uma vez que suas orientaes se atentam

    para facilitao do processo e no para soluo da disputa. E durante o exerccio

    deve primar pela imparcialidade e est consciente do risco de incompreenso, das

    partes, na hiptese de expressar sua opinio sobre o ocorrido.

    Desse modo, o desenvolvimento de tcnicas e habilidades de conotao positiva

    (escuta ativa, perguntas circulares) propicia o esclarecimento e/ou a contextualizao

    do problema contribuindo, assim, para o assumir de atitudes e escolha das opes

    que melhor se aplicam para resoluo do problema. Por outro lado, no incomum

    que o mediador seja convocado, pelos mediandos ou advogados, para que os

    oriente em prol de alternativas solucionadoras, principalmente quando o mediador

    um especialista no conhecimento jurdico ou psicolgico do problema. Quando tais

    solicitaes so vistas como razoveis e desejveis pelo mediador - notadamente

    quando estas decorrem de um processo bem conduzido pode caber a ele o papel

    avaliador (orientador), com a devida cautela e, portanto, nos limites daquilo que os

    mediandos solicitam, e enquanto opinio pessoal.

    Conciliao ou mediao avaliativa - definida como uma negociao com apoio de

    um terceiro que medeia procurando obter o entendimento entre as partes. Portanto,

    conciliao mediao. A natureza da conciliao a mediao de conflitos, sendo

    o conciliador, o terceiro que apia a negociao entre os mediandos. No entanto o

    que o distingue de outros modelos de mediao no a sua natureza, mas algumas

    de suas particularidades procedimentais.

    Em verdade, toda mediao tem, mediata ou imediatamente, o sentido de criar

    condies para o entendimento das partes, com vista a uma conciliao, sendo,

    assim, numa perspectiva finalstica, toda mediao poderia tambm ser nomeada

    como conciliao. Compreendendo, portanto, que o modelo de mediao focado no

    acordo, denominado conciliao, fruto da tradio do direito, especialmente em

    ambientes judiciais, que se agrega ao sistema oficial de administrao da justia,

    com seus procedimentos especficos, o que o distingue de outros modelos de

    mediao. E integrando, por outro lado, ao campo de conduo autocompositiva

    (mediao) de disputas mediadas por um terceiro situado no plano de concretizao

    transdisciplinar, portanto, no plano do sentimento, ou seja, no se confundido com

    operaes quase lgicas de balizamento dos dados da realidade jurdica

    (interpretao). Quando as pessoas interpretam (interpretar redefinir),

    escondem-se ou tentam dominar (ou ambas as coisas). Quando as pessoas sentem

    sem interpretar, crescem, WARAT, L., O ofcio do mediador - 2004.

    Procedimentos adotados na Conciliao: particularidades

  • a) Procedimento comumente adotado no complemento do processo judicial, pelo

    prprio julgador ou por pessoa autorizada.

    b) Modelo direcionado ao acordo aproximando-se neste aspecto da mediao

    facilitativa.

    c) Geralmente os conciliadores no so escolhidos ou, de algum modo, submetidos

    a um juzo de aceitao pelas partes envolvidas, pois j esto predeterminados

    naquela funo.

    d) Exercem ativismo redundando em certa ascendncia hierrquica, reduzindo as

    possibilidades do protagonismo dos mediandos.

    e) A conciliao, conforme praticada no Brasil, no previa entrevistas prvias ou

    incidentais, em separado, uma vez que no exerccio - de ascendncia hierrquica

    no ambiente judicial aconselham, advertem e induzem partes do acordo.

    No entanto, no so geralmente aceitas distines hierrquicas, interferncias,

    presses e advertncias para obteno de acordos. Para reduzir tais prticas

    plausvel que os conciliadores passem previamente por capacitaes e testes que

    avaliem positivamente suas tcnicas e habilidades de mediao facilitativa. Com

    efeito, a qualidade de uma mediao avaliativa (conciliao) depende da atuao do

    mediador em facilitar nos primeiros contatos e reservar suas explanaes para

    momento posterior sem comprometer o percurso do processo e a vontade dos

    mediandos e influncia dos advogados. A orientao (avaliao) prestada nessas

    circunstncias pode inclusive estimular o surgimento de novas opes de

    protagonismo dos mediandos.

    As crticas da mediao avaliativa costumam afirmar que seus procedimentos

    aproximam-se das habilidades e tcnicas da arbitragem no vinculativa ou avaliao

    neutra, pois o mediador estaria decidindo, apesar de sua deciso no ser vinculativa

    ao processo. preciso entender, que embora as posies contrrias sejam

    oportunas, que a conciliao um processo de participao ativa de todos os

    interessados (mediandos, mediadores e advogados) de modo que o conciliador, por

    mais influncia exercida, no ter o poder de decidir. A mediao avaliativa tambm

    acaba sendo confundida ao trabalho solitrio do perito escolhido pelas partes para

    elaborar um laudo de avaliao neutra embora tambm este sem poder decisrio de

    carter vinculativo. Por fim, com este carter dialtico que a conciliao opera nos

    planos do contedo e da forma, interdisciplinariamente, mesmo estando mais

    presente a disciplina jurdica.

    3 PARTE

    Mediao circular-narrativa trata-se de uma mediao em que a obteno do

    acordo deixa de ser prioritria para se tornar uma possvel conseqncia do

    processo circular-narrativo. Sua origem advm da agregao do modelo facilitativo,

    de aportes de teoria geral dos sistemas, especialmente da terapia familiar sistmica,

    teoria da comunicao e da narrativa e etc. A mediao, assim, percebida como

    um processo conversacional que se d atravs da comunicao, sendo seu nico

    material a participao ativa deste processo na negociao. Comunicao analgica

    (no verbal) e comunicao digital (verbal) que integram no processo de conversa.

    As tarefas do mediador, conforme Marins Soares, so: (1) desestabilizar histrias; (2)

    possibilitar que se construam novas histrias. O intento promove a assimilao

    pelo mediandos do que a mera aplicao destas narrativas. Entre as tcnicas

    aplicadas neste modelo englobam-se as microtcnicas (aplicadas sobre o aspecto

    inicial das narrativas), as minitcnicas (aplicadas sobre desdobramentos mais

  • amplos das narrativas, mas ainda no sobre a sua totalidade), as tcnicas

    propriamente ditas (que permitem a construo e desestabilizao de histrias

    prvias) e as macrotcnicas (confluncia de todas as tcnicas).

    Microtnicas so aplicadas de dois modos: (1) interrogativo e (2) afirmativo. O primeiro

    diz respeito a perguntas informativas (para obter esclarecimento) e desestabilizantes

    e/ou modificadoras (para estimular a contextualizao).

    a) P. Informativas: (1) viabilizam melhor conhecimento dos mediandos; (2) ajudam

    a esclarecer aspectos das informaes recebidas.

    b) P. Desestabilizantes: (1) reflitam sobre o contedo da disputa; (2) reflitam sobre

    a relao; (3) produzam novos questionamentos; (4) assumam o protagonismo;

    (5) compreendam a interdependncia entre a mutualidade de influncia

    (casualidade circular) dos elementos e a totalidade do conflito.

    Microtcnicas Modo afirmativo Significado: (1) Reformulao: consiste em

    afirmar com palavras o que foi dito por algum dos mediandos visando facilitar o

    encaminhamento do dilogo; (2) Conotao Positiva: reformulao centrada em

    ressaltar as caractersticas e qualidades positivas de determinada fala (linguagem

    apreciativa); (3) Legitimao: conotao positiva das posies das partes facilitando

    a compreenso do padro relacional circular, para alm das posies (rgidas) como

    vtima/ofensor (alteralidade); (4) Re-contextualizao: apesar de a contextualizao

    ser primada neste processo, se busca apresentar a situao de modo mais e/ou

    menos abrangente ou apenas diferente do enunciado.

    Minitcnicas apoiadas numa epistemologia baseada na teoria do observador

    contemplando a possibilidade de diferentes verses para fatos, discries e

    explicaes apresentadas. Tais reflexes nunca devem ter por objeto as pessoas,

    mas apenas o material das conversaes. As minitcnicas contam com trs nfases:

    I. Externalizao: Processo que se d nas narrativas e atravs delas, contando com

    algumas subdivises, so elas: (A) Condensao do problema: especificao do

    problema como algo externo ao individual; (B) Nominalizao do problema: a

    coconstruo de um nome do problema em que ambos se sintam legitimados; (C)

    Separao do problema objetivo das questes relacionais, das pessoas; (D)

    Conotao negativa do problema: o problema deve transforma-sena ameaa a ser

    enfrentada pelas partes; (E) Internalizao do protagonismo: por intermdio de

    perguntas estimuladoras possibilitem as partes projetar e dispor solues para o

    conflito.

    II. Resumo: caracteriza-se por (A) utilizar a fala das partes; (B) utilizar reformulaes

    com suas conotaes positivas; (C) cuidar para que a partes fiquem legitimadas;

    (D) produzir ou tentar produzir uma re-contextualizao.

    III. Equipe reflexiva: dispe da possibilidade de formar uma equipe para acompanhar

    (na sala ou retrocmara) o trabalho realizado com ou no na presena dum

    comediador. O mediador responsvel pode, a qualquer momento, solicitar equipe

    reflexiva que suspendam suas reflexes. O mediador tambm pode solicitar aos

    mediandos que comentem o que escutaram, salvo quando o prprio mediador, com

    ou sem comediador, tenha realizado este papel. No entanto, os integrantes da

    equipe conversam entre si e o mediador, mas nunca se dirigindo para os

    mediandos. Destaca-se que esta tcnica muito pouco usada, devido ao custo e

    formao de uma boa equipe.

    Tcnica contextualizao da nova histria busca a construo da histria alternativa

    desestabilizadora das histrias prvias. Segundo Marins Suares, a melhor histria

  • alternativa no a que seja mais real, porm aquela que permita maiores aberturas,

    mais sadas para que as partes possam dar incio negociao, recuperando a

    capacidade perdida, encarcerada nas histrias prvias.

    Macrotcnica encontro de mediao com a confluncia de todas as tcnicas

    aplicadas e no ordenamento do processo (Pr-reunio; 1 etapa reunio conjunta;

    2 etapa reunio individual; 3 etapa reunio da equipe; 4 etapa reunio

    conjunta de fechamento).

    Mediao transformativa Objetiva a superao das posies iniciais dos

    mediandos e do respectivo padro relacional, mediante a capacitao e

    autoafirmao destes, visando, desse modo, atravs de perguntas e de

    contextualizaes, permitir o empoderamento, e no a desestabilizao das partes.

    Em suma, o protagonismo dos mediandos vai se ampliando medida que vai sendo

    reconstruda sua autoestima. O mediador se legitima, no como um tcnico, mas

    como colaborador desse processo. O problema relacional e o problema material so

    considerados em seu conjunto, mas sujeitos e abordagens distintas, com prioridade

    para a superao dos bloqueios emocionais que estejam a comprometer a

    comunicao.

    Capacitao e empatia A mediao transformativa acolhe, portanto, tcnicas da

    mediao facilitativa, aspectos da terapia sistmica de famlia e os elementos do

    paradigma da cincia contempornea, tais como complexidade, instabilidade e

    intersubjetividade. Sendo seu foco inicial a apropriao (capacitao, autoafirmao,

    empoderamento) dos mediandos (pessoas, grupos, comunidades) que demandar,

    por sua vez, a composio reflexiva de seu prprio poder restaurativo o

    protagonismo das partes. O segundo enfoque coexistiria na atuao do primeiro, a

    empatia, portanto, caracteriza para o mediador observar em que medida os

    mediandos enfrentam a considerao da perspectiva, pontos de vista e experincias

    do outro. E cabendo ao mediador trabalhar com o estmulo dos esforos de

    compreenso integradora, uma vez que na mediao opera-se uma tica de

    alteralidade, enquanto acolhimento da diferena que o outro na relao e no

    mundo da vida. nesse sentido que a mediao potencialmente transformativa;

    por oferecer aos mediandos a oportunidade de desenvolver e integrar suas

    capacidades de autodeterminao e responsividade aos outros.

    A mediao pode constituir a oportunidade de romper padres relacionais e

    transformar a natureza destrutiva daquele determinado conflito. Identificar a natureza

    da interao o caminho para a identificao dos interesses, expectativas e valores

    comuns subjacentes.

    Padres de Interao concerne-se a habilidade dos mediadores identificarem a

    pensarem na disputa em termos sistmicos e consoantes por meio de abordagens

    mltiplas. Com efeito, recorrendo as seguintes etapas: (1) Identificar conexes: os

    eventos devem ser vistos como parte de um padro maior, sendo que nunca haver

    um padro nico, ou seja, o que est ocorrendo entre pessoas e no a criao de

    apenas uma delas; (2) Observar as regras implcitas em cada padro: essas regras

    (cdigos de conduta) do forma e estrutura a realidade que se cria e se constitui

    como indicativo para se comportar em cada situao; (3) Reconhecimento dos

    cdigos de conduta no contexto ou conjunto de contextos explicitados; (4) Mediador

    deve reconhecer que o sistema de interaes constitui aes interligadas, uma ao

    liga a outra; (5) Mediador deve perceber que os eventos de um sistema so cclicos

    e refletem um ao outro.