mpu - apostila direito civil 2010

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ESTA APOSTILA NÃO PODERÁ SER VENDIDA. TRATA-SEDE UM MATERIAL GRATUITO, CRIADO POR UMA

CONCURSEIRA A PARTIR DAS AULAS DO PONTO DOSCONCURSOS, DO PROFESSOR LAURO ESCOBAR, DO ANO

DE 2009, PRINCIPALMENTE.

CONTEÚDO DA APOSTILA ESTA DE ACORDO COM O EDITAL PASSADOPARA O CARGO DE TECNICO ADMINISTRATIVO DO MPU

NOÇÕES DE DIREITO CIVILDas pessoas (naturais e jurídicas).Dos bens (classificação segundo o Código Civil).Dos Atos Jurídicos.Dos contratos (Disposições Gerais).

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AULA 01

DAS PESSOAS NATURAIS

(arts. 1O ao 39 e 70 ao 78 do Código Civil)

Meus Amigos e Alunos. O primeiro capítulo do Código Civil se refere às Pessoas. Todo concurso que exige o Direito Civil coloca este item no Edital. Portanto é fundamental saber muito bem esta matéria. Na verdade trata-se da base de todo o Direito Civil. E o nosso AFRFB não fugiu à regra. Desta forma, aconselhamos o aluno a acompanhar a aula de preferência com o Código Civil à mão. No entanto, sempre que necessário, vou transcrever os artigos mais importantes. Toda Relação Jurídica é formada por três elementos: a) Elemento Subjetivo (que são os sujeitos de direito, as pessoas); b) Elemento Objetivo (que é a prestação, o objeto do direito – estranhamente não está no nosso edital); c) Elemento Imaterial (que é o vínculo que se estabelece entre os sujeitos e os bens).

As Pessoas são os Sujeitos de Direito. Trata-se do primeiro elemento de uma relação jurídica. São elas que irão fazer parte de um contrato (Direito das Obrigações); ou de uma família, casando e tendo filhos (Direito de Família); serão proprietários ou possuidores de bens (Direito das Coisas); irão receber e transmitir herança (Direito das Sucessões), etc. A doutrina costuma afirmar que não se pode conceber direitos se não houver pessoas. Daí a importância deste tema. Sempre que o aluno tiver alguma dúvida em qualquer das aulas posteriores, retorne a esta para reavivar a memória.

Vamos então iniciar... CONCEITO DE PESSOA

Inicialmente uma curiosidade. Segundo nos informa Sílvio Venosa, a palavra pessoa deriva de persona, que significava a máscara de teatro que os atores usavam na antiguidade romana para esconder o rosto, caracterizar a figura que representavam e fazer melhor ressoar suas palavras.

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Posteriormente passou a significar o papel que cada ator representava na peça. Por fim passou a expressar o próprio indivíduo que representava esses papéis. Assim, atualmente tem o sentido de representar o próprio sujeito de direito nas relações jurídicas, como se todos nós fossemos atores a representar um papel dentro da sociedade.

Podemos conceituar pessoa como sendo todo ente físico ou jurídico, suscetível de direitos e obrigações. É sinônimo de sujeito de direitos. Como se vê, no Brasil temos duas espécies de Pessoas: as Naturais e as Jurídicas. Ambas possuem aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. Nesta aula vamos nos ater apenas à Pessoa Natural, que é sinônimo de pessoa física, ser humano ou pessoa singular. O Código Civil preferiu utilizar a expressão Pessoa Natural por ser mais técnica. Na próxima aula iremos abordar as Pessoas Jurídicas. Nosso objetivo hoje é falar sobre a Personalidade (início, individualização e fim), Capacidade e Emancipação da Pessoa Natural. Comecemos pela Personalidade.

PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL

Os dicionários conceituam personalidade como sendo a organização constituída por todas as características cognitivas, afetivas, volitivas e físicas de um indivíduo. Ou seja, é o conjunto de caracteres próprios da pessoa, reconhecida pela ordem jurídica a alguém, sendo a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. É atributo da dignidade do homem.

Prevê o art. 1o do Código Civil que: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Assim, o conceito de Pessoa inclui homens, mulheres e crianças; qualquer ser humano sem distinção de idade, saúde mental, sexo, cor, raça, credo, nacionalidade, etc. Por outro lado o conceito exclui os animais (que gozam de proteção legal, mas não são sujeitos de direito), os seres inanimados, etc. Concluindo = Pessoa Natural ou Pessoa Física é o próprio ser humano. E no dizer do idealizador do atual Código Civil, Miguel Reale, a pessoa é o valor-fonte de todos os outros valores, sendo o principal fundamento do ordenamento jurídico.

Interessante notar que o Código anterior usava a expressão “todo homem”. E por que houve a alteração? Se formos responder de forma afoita diríamos: para também inserir as mulheres no conceito... Mas tecnicamente não foi por isso. A expressão “homem” sempre foi entendida em seu sentido amplo, englobando homens, mulheres e crianças... A nova redação se deu para deixar claro que tanto as pessoas naturais como as jurídicas poderiam ser capazes de direitos e deveres. Isto é só um exemplo... um detalhe. Mas

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serve para percebermos que os examinadores de concursos gostam destes detalhes... e é isso que iremos fazer durante o nosso curso: chamar a atenção do aluno para estes pontos que os examinadores tanto gostam.

Os examinadores de concursos públicos (a ESAF também se encaixa nesta afirmação) também gostam muito de pedir expressões sinônimas. Portanto, sempre que possível irei mencionar sinônimos de uma palavra. Principalmente se ela for técnica. Mesmo correndo o risco de ser repetitivo. É melhor ser repetitivo e fazer com que o aluno grave a matéria e fornecer o máximo de conceitos possível, do que omitir determinado ponto.

Falo isso porque há pouco tempo vi uma questão cair em uma prova indagando “qual a diferença, para os efeitos de personalidade e gozo de direitos na ordem civil, entre o autóctone e o ádvena”. A indagação até que era simples, mas se o aluno não soubesse o significado de tais palavras, não acertaria a questão. Autóctone (ou aborígine) é o que nasceu no País. E ádvena se refere ao estrangeiro. Assim a questão queria saber qual a diferença entre o brasileiro e o estrangeiro quanto à personalidade e ao gozo de direitos. Resposta: para o Direito Civil nenhuma, pois ambos são considerados sujeitos de direitos e obrigações. Ambos possuem personalidade. É evidente que no plano do Direito Constitucional há muitas diferenças entre o brasileiro nato e o estrangeiro, havendo certa restrição quanto à capacidade de exercício. Neste caso os direitos não podem e de fato não são os mesmos. E isto é assim no mundo inteiro. Porém, no plano do Direito Civil não se pode negar a existência da personalidade de uma pessoa somente pelo fato de ser a mesma estrangeira. O exercício do direito pode ser diferenciado. No entanto não se pode negar a personalidade. Voltaremos a este tema mais adiante.

Observem, também, que o Direito (especialmente o Civil) usa muitas expressões em latim. Estas expressões não estão nas leis. É doutrina. Mas costuma cair... Por isso irei fornecendo as expressões em latim, com sua tradução e real significado. Da mesma forma explicarei as posições doutrinárias que são adotadas pelos examinadores, orientações jurisprudenciais, súmulas, etc., sempre visando o quem tem caído nos concursos em geral.

INÍCIO DA PERSONALIDADE

Há muita polêmica doutrinária envolvendo o início da personalidade civil. São três as principais teorias sobre o tema:

a) Teoria Concepcionista – a personalidade tem início com a concepção; ou seja, com a própria gravidez.

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b) Teoria Natalista – a personalidade se inicia a partir do nascimento da criança com vida.

c) Teoria da Viabilidade – que pressupõe a possibilidade de sobrevivência da criança. Países que adotam esta teoria entendem que se uma criança nasceu com uma doença que a levará a morte em poucos dias, não haverá a aquisição da personalidade.

No Brasil a doutrina se manifesta de forma divergente, pois, como veremos, se por um lado a lei estabelece que a personalidade civil tem início com o nascimento com vida, o mesmo dispositivo a seguir assegura ao nascituro direitos desde sua concepção. Em uma prova objetiva o aluno deve se limitar ao texto expresso da lei. Porém, em um prova dissertativa, deve citar as três teorias, expondo que no Brasil há ferrenhos defensores da Concepção e da Natalidade, devendo abordar os aspectos mais relevantes de cada uma, conforme veremos. Lembrando que embora a teoria majoritária seja natalista, a tendência é se proteger, cada vez mais, o nascituro e seus direitos desde a concepção.

Analisando o texto legal, podemos afirmar que a personalidade da pessoa natural ou física inicia-se com o nascimento com vida, ainda que por poucos momentos. Esta é a primeira parte do art. 2o do CC. Prestem atenção nisto: se a criança nascer com vida, ainda que por um instante, já adquire a personalidade, recebendo e transmitindo direitos. E para se saber se nasceu viva e em seguida morreu, ou se já nasceu morta, é realizado um exame chamado de docimasia hidrostática de Galeno, que consiste em colocar o pulmão da criança morta em uma solução líquida; se flutuar é sinal que a criança chegou a dar pelo menos uma inspirada e, portanto, nasceu com vida; se afundar, é sinal que não chegou a respirar e, portanto, nasceu morta, não recebendo e nem transmitindo direitos. Atualmente a medicina dispõe de técnicas mais modernas e eficazes para tal constatação.

Não caiam em “pegadinhas” sobre o início da personalidade. Apesar de polêmica, esta questão tem sido muito comum em concursos. Geralmente o examinador coloca uma alternativa dizendo que a personalidade se inicia somente com a concepção (gravidez) da mulher. Ou afirmando que a criança deva ter viabilidade (que é a perfeição orgânica suficiente para continuar com vida, ou seja, que o recém-nascido tenha perspectiva de sobrevivência). Outra situação que é colocada é a de que a criança somente teria personalidade se nascer com “forma humana” (ou seja, não tenha anomalias ou deformidades). E até mesmo que a personalidade somente teria início com o “corte do cordão umbilical ou quando desprendida a placenta”. Estas hipóteses não foram aceitas pelo nosso Direito.

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Ocorre o nascimento quando a criança é separada do ventre materno (parto natural ou por intervenção cirúrgica), mesmo que ainda não tenha sido cortado o cordão umbilical. Além disso, é necessário que tenha respirado. Há nascimento e há parto quando a criança, deixando o útero materno, respira. Portanto... se o recém nascido respirou... então nasceu com vida. E é nesse momento que a personalidade civil terá início em sua plenitude, com todos os efeitos subsequentes, conforme veremos.

NASCITURO

O termo nascituro deriva da expressão latina nasciturus que significa “aquele que há de nascer”. É o ente que já foi gerado ou concebido, mas ainda não nasceu, embora tenha vida intra-uterina e natureza humana (humanidade). Trata-se de uma vida dependente. Tecnicamente, conforme a teoria natalista, ele não tem personalidade, pois ainda não é pessoa sob o ponto de vista jurídico. Mas apesar de não ter personalidade jurídica, a lei põe a salvo os direitos do nascituro desde a concepção. Trata-se da segunda parte do art. 2o, CC. Na realidade o nascituro tem uma expectativa de direito. Exemplo: o nascituro tem o direito de nascer e de viver. Tanto é assim que o aborto, de uma forma geral, é considerado como crime (confiram os arts. 124 a 127 do Código Penal). O art. 128 do CP exclui a punibilidade do crime de aborto apenas em duas situações: a) se não houver outro meio de salvar a gestante; b) se a gravidez resulta de estupro e há o consentimento da gestante para o aborto.

Resumidamente, podemos afirmar que o nascituro:

a) é titular de direitos personalíssimos, como o direito à vida (Código Penal tipifica o crime de aborto), honra, imagem, filiação (inclusive com possibilidade de realização de exame de paternidade para se aferir a paternidade, conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal), adequada assistência pré-natal;

b) pode ser contemplado por doação (ato inter vivos), nos termos do art. 542, CC e receber herança (causa mortis), legítima ou por testamento, legado (devendo, nestas situações, ser recolhido o imposto devido), nos termos do art. 1.798, CC;

c) pode ser-lhe nomeado curador para a defesa de seus interesses (arts. 877 e 878, CPC);

d) além disso, o art. 8o do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n° 8.069/90 – ECA) determina que a gestante tem condições de obter

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judicialmente os alimentos para garantia do bom desenvolvimento do feto, consulta médica, remédios, etc.

O principal direito do nascituro é o de ter direito à sucessão. Aquele que já foi concebido no momento da abertura da sucessão (morte do de cujus) legitima-se a suceder de forma legítima (a conferir – arts. 1.784 e 1.798, CC). Também se legitimam a suceder por testamento “os filhos ainda não concebidos de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão” (art. 1.799, I, CC).

Por tal motivo, tendo já tantos “direitos”, é que está crescendo, cada vez mais a teoria concepcionista, considerando o nascituro como sendo uma Pessoa Natural. Justifica-se esta posição porque somente uma pessoa pode ser titular de direitos... e o art. 2o, CC, afirma que o nascituro tem direitos... logo, tendo direitos, ele já pode ser considerado como tendo personalidade. A situação fica ainda mais definida segundo os seguidores desta teoria com o art. 542, CC que estabelece: “A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal”.

Mas o que se pode afirmar, sem medo de errar é que o nascituro é titular de um direito eventual. Exemplo: um homem falece deixando a esposa grávida. Não se pode concluir o processo de inventário e partilha enquanto a criança não nascer. O nascituro, nesta hipótese, tem direito ao resguardo à herança. Os direitos assegurados ao nascituro estão em estado potencial, sob condição suspensiva: só terão eficácia se nascer com vida. Lembrando que a representação do nascituro se dá por intermédio de seus pais. Nascendo com vida, a sua existência, no tocante aos seus interesses, retroage ao momento de sua concepção. As expectativas de direito, que lhe tinham sido atribuídas na fase de concepção, agora se transformam em direitos subjetivos.

Mas há um outro problema de ordem filosófica, religiosa e jurídica envolvendo o nascituro. Isto devido ao avanço da medicina, com as técnicas de fertilização in vitro. Indaga-se: qual o momento em que podemos usar o termo nascituro de uma forma técnica? Uma corrente afirma que a vida tem início legal no momento da penetração do espermatozóide no óvulo, mesmo que fora do corpo da mulher. Para outra corrente a vida somente teria início com a concepção no ventre materno (embora ainda não se possa considerar como sendo uma pessoa). Isto porque é com a nidação (fixação do óvulo fecundado no útero) que se garante eventual gestação e o nascimento. Portanto somente será considerado como nascituro, o óvulo fecundado que for implantado no útero materno. Assim, o embrião humano congelado não

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poderia ser tido como nascituro, embora tenha proteção jurídica como pessoa virtual, com uma carga genética própria.

Com o objetivo de regulamentar o art. 225, §1o, inciso II da CF/88, foi editada inicialmente a Lei n° 8.974/95, proibindo e considerando como crime a manipulação genética de células humanas, a intervenção em material genético humano e a produção, guarda e manipulação de embriões humanos destinados a servir como material biológico disponível. No entanto foi aprovada a Lei n° 11.105/05, dividindo opiniões: trouxe esperança para alguns e indignação para outros. Pela nova lei é permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias, obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro, desde que: a) sejam inviáveis, ou estejam congelados há três anos ou mais; b) haja consentimento dos seus genitores.

Importância de se nascer com vida

Como vimos, o nascituro tem apenas expectativa de vida e é importante que nasça vivo, nem que seja por um segundo. Se nascer vivo, adquire personalidade. Será um sujeito de direitos e obrigações. No entanto, caso nasça morto, nenhum direito terá adquirido e/ou transmitido.

Demonstração Ordem de vocação hereditária

1. Descendente (em concorrência com o cônjuge sobrevivente) – filho, neto, bisneto, etc.

2. Ascendente (em concorrência com o cônjuge sobrevivente) – pai, avô, bisavô, etc.

3. Cônjuge sobrevivente.

4. Colaterais até o 4° grau – irmão, sobrinho, tio, primo, etc.

A B

X Y

Z

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Levando em consideração o quadro demonstrativo acima, suponhamos que X comprou um apartamento e a seguir se casou com Y pelo regime de separação parcial de bens. Faleceu um ano depois, deixando viúva grávida, pais vivos e apenas aquele apartamento para ser partilhado. Para saber quem será o proprietário do imóvel devemos aguardar o nascimento de Z. Não se pode fazer a partilha antes de seu nascimento. Vejamos as situações que podem ocorrer a partir daí.

Situações:

1) Se Z (filho de X - descendente) nascer morto, o apartamento irá para A e B, que são os pais (ascendentes) de X (observe o quadro da ordem de vocação hereditária). Neste caso Y (que é o cônjuge sobrevivente) também terá direitos sucessórios, pois atualmente é considerado herdeiro necessário e concorre com os ascendentes do falecido.

2) Se Z (descendente) nascer vivo, herdará o imóvel, em concorrência com sua a mãe Y, pois como vimos atualmente o cônjuge é considerado herdeiro necessário e também concorre na herança com os descendentes do falecido. Observem que neste caso os pais de X nada herdarão.

3) Se Z nascer vivo e logo depois morrer, os bens irão todos para sua mãe. Isto porque inicialmente Z herdará parte dos bens de seu pai; no instante em que nasceu vivo, ele foi um ‘sujeito de direito’. Morrendo a seguir, transmite tudo o que recebeu a seus herdeiros. Como não tinha descendentes e nem cônjuge (até porque era recém-nascido) e seu pai já havia falecido, seu único herdeiro será o ascendente remanescente, ou seja, sua mãe. Neste caso A e B nada herdarão.

É necessário dizer ainda, que todo nascimento deve ser registrado, mesmo que a criança tenha nascido morta ou morrido durante o parto. Se for natimorta, o assento será feito no “Livro C Auxiliar”. Neste livro irá constar apenas: “o natimorto de Dona Fulana...”. Ou seja, pela nossa lei não se dá nome ao natimorto. Isto porque se a criança nasceu morta, ela não teve personalidade. E o nome é um atributo da personalidade. No entanto, parte da doutrina entende que o “natimorto tem humanidade”. E em respeito ao princípio da dignidade humana teria direito a um nome, além da proteção à imagem e a memória. Esta tese inclusive foi aprovada na Jornada de Direito Civil promovida pelo Superior Tribunal de Justiça (“A proteção que o Código confere ao nascituro alcança o natimorto, no que concerne aos direito da personalidade, tais como o nome, imagem e sepultura”).

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Por outro lado, é inquestionável que se a criança nasceu viva e logo depois morreu (chegou a respirar), serão feitos dois registros: o do nascimento (constando o nome da criança, pois naqueles poucos segundos a criança teve personalidade) e logo depois o de óbito.

Observações:

01) Segundo a doutrina, nascituro é uma expressão mais ampla do que feto, pois este seria o nascituro somente depois que adquiriu a forma humana.

02) É importante salientar que a expressão “natimorto” não é considerada juridicamente técnica. O vocábulo, que é composto pelas palavras latinas natus (nascido) e mortus (morto), não tem previsão no Código Civil e, além disso, possui um duplo sentido. Não só o Dicionário Aurélio, mas também diversos Dicionários Jurídicos (Vocabulário Jurídico – De Plácido e Silva) conceituam o natimorto como sendo "aquele que nasceu sem vida OU aquele que veio à luz, com sinais de vida, mas, logo morreu". Portanto, qualquer uma dessas situações está correta para conceituar natimorto. Quando se fala em natimorto, lembramos apenas "daquele que nasceu morto". Mas há, também, a segunda parte do conceito, menos conhecida (e exatamente por isso costuma cair nos exames).

DIREITOS DE PERSONALIDADE (arts. 11 a 21, CC)

O Direito Romano antigo tinha como elementos do caput: a liberdade, a cidadania e a família. Se um homem perdesse um desses elementos, perdia o caput advindo a situação chamada de capitis deminutio (expressão até hoje usada para indicar uma perda de poder).

Alguns autores preferem o termo “Direito de Humanidade”. Adquirindo a personalidade (aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações), o ser humano adquire o direito de defender o que lhe é próprio, como sua integridade física ou corporal (como vida, corpo, seus órgãos, voz, liberdade, identidade, alimentos, etc.), intelectual (como a liberdade de pensamento, autoria científica, artística e intelectual, etc.), moral (como a honra, fama, segredo pessoal ou profissional, privacidade, imagem, opção religiosa, sexual, etc.). Os direitos de personalidade são subjetivos e seu titular pode exigir de todos que tais direitos lhe sejam respeitados. Por isso dizemos que eles são erga omnes (extensíveis a todos).

O art. 227 da Constituição Federal dispõe sobre os deveres da Família, da Sociedade e do Estado em relação à criança e ao adolescente, disposições completadas com a Lei n° 8.069/90 – ECA. Observem que a relação dos

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direitos de personalidade não é taxativa, mas apenas exemplificativa. Lembrem-se: a dignidade é um direito fundamental, previsto em nossa Constituição, que também prevê que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente dessa violação (confiram também o art. 5°, inciso X, CF/88).

Estabelece o art. 11, CC que com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Apesar do Código fazer referência a apenas três características, a doutrina lhes dá maior extensão, afirmando que eles são:

• inatos – os direitos de personalidade já nascem com o seu titular.

• absolutos – não podem ser relativizados e são opostos contra todos (erga omnes).

• intransmissíveis – pertencem de forma indissolúvel ao próprio titular. Neste tópico, cabe uma observação: embora os estes direitos sejam intransmissíveis em sua essência, os efeitos patrimoniais dos direitos de personalidade podem ser transmitidos. Exemplo: a autoria de uma obra literária é intransmissível; porém podem ser negociados os direitos autorais sobre esta obra. O mesmo ocorre com a transmissão do direito de ação por danos morais reconhecidos a uma pessoa que faleceu.

• indisponíveis – não podem ser cedidos, a título oneroso ou gratuito a terceiros.

• irrenunciáveis – nem mesmo o seu titular pode abrir mão destes direitos.

• imprescritíveis – valem durante toda vida, não correndo os prazos prescricionais; podem ser reclamados judicialmente a qualquer tempo.

• impenhoráveis – se eles não podem ser objeto de cessão ou venda, também não pode recair penhora sobre os mesmos.

• inexpropriáveis – ninguém pode removê-los de uma pessoa.

Obs: É muito comum cair este tópico em concursos públicos (confiram depois os testes que já caíram em diversos concursos).

Vamos acompanhar os próximos dispositivos a respeito:

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O art. 12, CC prevê a possibilidade de exigir que cesse lesão a direito da personalidade, por meio de ação própria, sem prejuízo da reparação de eventuais danos materiais e morais suportados pela pessoa. A lei prevê também a possibilidade de defesa do direito do morto, por meio de ação promovida por seus sucessores, ou seja, pelo cônjuge sobrevivente, parentes em linha reta (descendentes ou ascendentes) e os colaterais até quarto grau (irmãos, tios, sobrinhos ou primos).

O corpo, como projeção física da individualidade humana, é inalienável. O art. 13 e seu parágrafo único do CC prevê o direito de disposição de partes, separadas do próprio corpo em vida para fins de transplante, ao prescrever que, “salvo por exigência médica, é defeso (proibido) o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial” (conferir com o art. 199, §4° da CF/88). Em hipótese alguma será admitida a disposição onerosa de órgãos, partes ou tecido do corpo humano. É possível, também, com objetivo científico ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte, podendo essa disposição ser revogada a qualquer momento (art. 14, CC).

Resumindo. A disposição sobre o próprio corpo: a) é proibida quando importar diminuição permanente da integridade física, salvo por exigência médica, ou contrariar os bons costumes; b) é válida com o objetivo científico ou altruístico, para depois da morte, ou, em vida, para fins de transplante. Observa-se que o Código Civil fez a opção pelo princípio do consenso afirmativo (trata-se de um termo usado pela doutrina e que já vi cair em alguns concursos da área jurídica), segundo o qual o titular do direito deve manifestar sua vontade de ser doador, mas a qualquer tempo pode revogar esta sua intenção de doar seus órgãos ou tecidos para depois da morte.

OBS: A Lei n° 9.434/97 (regulamentada pelo Decreto n° 2.268/97 e posteriormente alterada pela Lei n° 10.211/01) trata do assunto, estabelecendo as regras para transplantes. Permite-se a doação voluntária nas seguintes hipóteses: a) órgãos duplos (rins) e b) partes recuperáveis de órgão (fígado) ou de tecido (pele, medula óssea), sem que sobrevenham mutilações ou deformações.

Hipótese delicada é a referente aos adeptos e seguidores de determinadas denominações religiosas (ex: Testemunhas de Jeová) que, por sua crença (e esta é assegurada constitucionalmente) não admitem o recebimento de transfusões de sangue. Há um verdadeiro conflito de valores, sem uma solução definitiva, clamando-se pela aplicação do princípio da

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ponderação de valores, analisando-se cada situação em particular. Por um lado se reconhece a possibilidade da recusa à terapia hematológica; grandes doutrinadores defendem que “não há nada de contrário à ordem constitucional em que alguém prefira a morte ao tratamento por transfusão de sangue”. Por outro há o direito a vida, também constitucionalmente protegido. Certa ocasião tive a oportunidade de acompanhar um caso real em que um médico foi processado por uma família à indenização por danos morais porque ele determinou a realização de uma transfusão de sangue de um paciente, mesmo este assinando uma declaração proibindo a transfusão (trata-se do “não-consentimento informado”) e que “preferia morrer a receber o sangue de terceiros”. Diante do risco da morte do paciente, o médico acabou realizando a transfusão e alegou que assim procedeu porque era a única forma de salvar a vida do paciente e que seu juramento como médico o impedia de deixar o paciente morrer. Após muitas discussões, o Superior Tribunal de Justiça acabou por absolver o médico entendendo que no caso concreto estava configurado o estado de necessidade. Não era uma simples cirurgia. Era uma intervenção em que o paciente estava entre a vida e a morte. E fundamentou a decisão no sentido de que o mesmo dispositivo que estabelece como inviolável a liberdade de consciência e de crença, também estabelece que ninguém será privado de direitos por motivos de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política. Considerou-se o direito à vida superior a todos os demais, e por isso deve prevalecer em relação a eles.

Já o art. 15, CC obsta que uma pessoa seja constrangida a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Trata-se do Princípio da Autonomia do Paciente. Portanto, não há a chamada supremacia do interesse médico-científico, que se invocava em nome da coletividade, em face ao interesse individual. Uma pessoa, embora enferma, tem o direito oponível contra todos de sentir-se constrangida a enfrentar tratamento médico ou a intervenção cirúrgica com risco de vida. O direito não pertence ao médico, à ciência, ou à família, mas, exclusivamente, ao paciente que após ser informado do seu estado de saúde e das alternativas terapêuticas, decidirá se se submete ou não ao tratamento ou à intervenção cirúrgica. Mesmo que saiba ou tenha consciência de que isso abreviará a sua expectativa da vida. Somente em situações extremas, quando a pessoa não consegue expressar a sua vontade, o direito se desloca para a família do enfermo.

Notem agora que os artigos de 16 a 19 do Código Civil, tutelam o direito ao nome (falaremos sobre ele logo adiante, em um item especial) e contra o atentado de terceiros, expondo-o ao desprezo público, ao ridículo, acarretando dano moral ou patrimonial.

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O art. 20, CC tutela, de forma autônoma, o direito à imagem e os direitos a ele conexos (vejam também artigo 5o, inciso XXVIII, letra “a” da Constituição Federal). A imagem-retrato é a representação física da pessoa, implicando o reconhecimento de seu titula por meio de fotografia, escultura, desenho, pintura, interpretação dramática, cinematográfica, televisiva, sites, etc. A imagem-atributo refere-se ao conjunto de caracteres e qualidades cultivadas pela pessoa, como a habilidade, competência, lealdade, etc. O direito à imagem se refere ao direito de ninguém ver seu rosto estampado em público ou comercializado sem seu consenso e o de não ter sua personalidade alterada, material ou intelectualmente, causando dano à sua reputação. Como normalmente ocorre, há certas limitações ao direito de imagem, com dispensa da anuência para sua divulgação. Vejamos algumas situações: a) pessoas famosas (ex: artistas, políticos, etc.), pois elas têm sua imagem divulgada em razão de sua atividade; mas mesmo assim, não pode haver abusos, pois a sua vida íntima deve ser preservada; b) necessidade de divulgação da imagem por questões de segurança pública (ex: publicação da fotografia de um perigoso marginal procurado pela polícia); c) quando se obtém uma imagem, mas a pessoa é tão-somente parte do cenário, pois o que se pretende divulgar é o acontecimento em si (ex: um congresso, uma exposição de objetos de arte, a inauguração de uma obra pública, um hotel ou um restaurante, reportagens sobre tumultos, enchentes, shows, etc.). Há diversas decisões de que não cabe direito de imagem em fotografia de acontecimento carnavalesco, pois a pessoa que dele participa, de uma certa forma, “renuncia a sua privacidade”.

O titular de um direito de personalidade, quando este for violado, poderá pleitear reparação de danos morais e patrimoniais. E se ele já for falecido o direito será exercido pelo cônjuge, ascendente ou descendente (trata-se do art. 20, parágrafo único, CC). Ficou famoso um caso em que uma empresa elaborou um “álbum de figurinhas” estampando a fotografia de jogadores de futebol. Como no caso havia o intuito de lucro da empresa e não houve o consentimento dos atletas, concluiu-se que foi uma prática ilícita, sujeita à indenização. A Súmula 221 do Superior Tribunal de Justiça estabelece que é cabível a reparação do dano decorrente de publicação da imprensa, tanto do autor do escrito, quanto do proprietário do veículo de divulgação.

O Código Civil também tutela, em seu art. 21 o direito à intimidade (confiram o art. 5o, inciso X, CF/88), prescrevendo que a vida privada da pessoa natural é inviolável (ex: inviolabilidade de domicílio, de correspondência, bancário, conversas telefônicas, etc.).

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Devemos reforçar que o Código Civil não exauriu a matéria referente aos direitos de personalidade. A enumeração exposta é meramente exemplificativa, deixando ao Juiz margem para que estenda a proteção a situações não previstas expressamente. Vocês se recordam da aula sobre Noções de Direito e LICC, quando me referi às formas de integração da norma jurídica? Pois aqui está mais um exemplo de aplicação daqueles recursos.

INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL

Penso que até aqui ficou claro que a personalidade tem início com o nascimento com vida, mas que a lei põe a salvo os direitos do nascituro desde a concepção. Falemos agora sobre a individualização da pessoa natural. Dá-se o nome de atributos da personalidade aos elementos que permitem a identificação precisa de uma pessoa na sociedade.

Quem já não fez algum tipo de requerimento na vida?? Um requerimento qualquer... ele deve ser elaborado mais ou menos assim: “Fulano de tal, brasileiro, solteiro, RG..., CPF..., residente e domiciliado na Rua... vem, à presença de V. Sa. expor e requerer o que se segue:...” Pois cada um destes itens é uma forma de individualização da pessoa. É importante que todos os titulares de direitos e deveres na ordem civil estejam individualizados. Isto não interessa somente à pessoa, mas também ao Estado e a terceiros, para maior segurança dos negócios e convivência social e familiar. A individualização de uma pessoa se dá pelo:

a) Nome – é o reconhecimento da pessoa na sociedade. Possui um aspecto individual (direito que as pessoas têm ao nome) e público (interesse do Estado de distinguir as pessoas umas das outras).

b) Estado – é a posição desta pessoa na família e na sociedade.

c) Domicílio – é o lugar da atividade social desta pessoa. A sua sede jurídica.

Vamos comentar estes temas, um a um.

A) NOME

É o sinal exterior pelo qual se designa e se reconhece uma pessoa. É pelo nome que ela fica conhecida no seio da família e da comunidade em que vive. É empregado em sentido amplo, identificando o “nome completo”. Prevê o art. 16, CC que toda pessoa tem o direito ao nome, nele compreendido o prenome e o sobrenome. Trata-se de direito inalienável (não pode ser vendido), imprescritível (não correm prazos prescricionais, conforme veremos mais adiante) e personalíssimo, essencial para o exercício de direitos e

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cumprimento das obrigações. Costuma-se dizer que “O tempo marca a idade... e o nome marca a existência da pessoa”. Há uma proteção especial da lei em relação ao nome, mediante as ações judiciais. A lei protege a honra da pessoa, proibindo que o seu nome seja usado ou empregado em situações agressivas à intimidade de quem se vê exposto à veiculação pública que provoque depreciação ética, moral ou jurídica, mesmo que a intenção na publicação ou representação não revele intuito difamatório (art. 17, CC – ver também o art. 5o, incisos V e X, CF/88). O nome é um direito da personalidade, que também é conferido às pessoas jurídicas, pois estas também têm direito ao nome, conforme veremos na próxima aula. São elementos constitutivos do nome:

• Prenome ⎯ é o nome individual, próprio da pessoa (é o que anteriormente se chamava de “nome de batismo”), que pode ser simples (ex: João, José, Rodrigo, Laura, Aparecida, etc.) ou composto (ex: José Carlos, Antônio Pedro, Ana Maria, etc.).

• Patronímico ⎯ ou nome de família, ou apelido de família, ou simplesmente sobrenome ⎯ identifica a procedência da pessoa, o tronco familiar do qual provém, indicando sua filiação ou estirpe, podendo também ser simples (ex: Silva, Souza, Cavalcante, Lobo, etc.) ou composto (ex: Alcântara Machado; Lins e Silva, etc.).

• Agnome ⎯ é o sinal distintivo entre pessoas da mesma família com nomes iguais, que se acrescenta ao nome completo (ex: Júnior, Filho, Neto, Sobrinho).

O pseudônimo (que significa em latim “nome falso”) ou codinome consiste no nome atrás do qual se abriga um autor de obra cultural ou artística, para o exercício desta atividade específica (ex: cantor, ator, autor de um livro, etc.). O exemplo clássico que costumo dar em aula (entre outros inúmeros exemplos) é o de Malba Tahan, famoso escritor de contos, lendas e costumes árabes. Quem não leu “O Homem que Calculava”? E os “Contos e Lendas Orientais”? E as “Lendas do Deserto”? E tantos outros... Todos pensavam que ele era árabe de tanto que conhecia e escrevia sobre o tema. Mas ele foi “brasileiríssimo”, um professor de matemática chamado Júlio César de Mello e Souza, que usava este pseudônimo. A lei de direitos autorais já consagrava o pseudônimo como um direito moral do autor. Agora consta, de forma expressa, como um direito inerente à personalidade do autor (art. 19, CC), gozando da mesma proteção que se dá ao nome, quando usado para finalidades lícitas. Lembrando, que no exercício livre da manifestação do pensamento, veda-se o anonimato (art. 5o, inciso IV da CF/88).

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Questão interessando é a do heterônimo. Esta é uma palavra de origem grega que indica “outros nomes”. Conceitualmente é diferente de pseudônimo, pois o heterônimo indica diversas personalidades de uma mesma pessoa. O exemplo clássico é de Fernando Pessoa (Fernando Antônio Nogueira Pessoa), que usou diversos heterônimos, como Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Alexander Search (que só escrevia em inglês) entre outros, cada uma espécie de abordagem e maneira de escrever, com tendências e características distintas e peculiares. Ele chegou a criar também semi-heterônimos, como Bernardo Soares, Barão de Teive, Vicente Guedes, José Pacheco, Pero Botelho, Antônio Mora, entre outros.

Em relação ao nome há outros elementos facultativos como: a) nome vocatório – que é a designação pela qual a pessoa é conhecida (ex: Aghata Cristie no lugar de Dame Agatha Mary Clarissa Miller Cristie Mallowan; Pontes de Miranda no lugar de Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda, etc.); b) axiônimo – é a designação que se dá à forma cortês de tratamento ou à expressão de reverência (ex: Excelentíssimo, Professor, Doutor, ou que representam os títulos de nobreza ou eclesiásticos: Duque, Visconde, Bispo, Monsenhor, etc.); c) alcunha (ou epíteto – é um apelido, geralmente tirado de uma particularidade física, moral ou de uma atividade, como: Tiradentes, Zé do Caixão, etc.); d) hipocorístico (que são os diminutivos como: Zezinho, Glorinha, Cidinha, etc.). Não tenho visto estas expressões caírem em concursos.

Em princípio o nome é imutável. Esta é a regra em nosso Direito. No entanto o princípio da inalterabilidade do nome sofre diversas exceções em casos justificados. A lei e a jurisprudência admitem a retificação ou a alteração de qualquer dos seus elementos. No entanto na prática há um maior rigor quanto à modificação do prenome e um menor rigor em relação ao sobrenome. A propósito, vejam a alteração que a Lei n° 9.708/98 fez na Lei de Registros Públicos (LRP – Lei n° 6.015/73), em especial no art. 58: “O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios”. O parágrafo único deste mesmo dispositivo estabelece uma outra possibilidade: “A substituição do prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de Juiz competente, ouvido o Ministério Público”. Um outro exemplo é o previsto no art. 56 da própria LRP que permite que o interessado, no primeiro ano após completar a maioridade civil, altere seu nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa. No entanto o art. 57 determina que qualquer alteração posterior de nome, somente será feita por exceção e motivadamente, após audiência do

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Ministério Público, e por sentença do Juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração na imprensa. Vamos agora examinar outros exemplos que vêm caindo em concursos:

• quando expuser seu portador ao ridículo ou situações vexatórias – o art. 55, parágrafo único da Lei de Registros Públicos determina que, em princípio, os nomes exóticos ou ridículos não podem ser registrados; inclusive o oficial do Registro Público pode se recusar a registrá-los. Mas se porventura uma pessoa for registrada com um nome estranho, e isto a incomodar, ela poderá alterar o seu nome.

• quando houver evidente erro gráfico (ex: Nerson, Osvardo, etc.) – anteriormente havia previsão expressa desta hipótese na Lei de Registros Públicos. Atualmente, embora não haja mais uma previsão legal expressa, a possibilidade de alteração do nome continua sendo aceita normalmente, devido a abrangência da regra maior de proteção à identificação da pessoa.

• quando causar embaraços comerciais e/ou morais ⎯ trata-se da homonímia (ou homônimo) – é a identidade de nome entre pessoas, sem que haja necessariamente laço de parentesco entre elas → na prática costuma-se resolver o problema com a adição de mais um prenome ou do patronímico materno.

• com uso prolongado e constante de um nome diverso do que figura no registro ⎯ admite-se a alteração do nome adicionando-se o apelido ou alcunha (ex: Edson Pelé Arantes do Nascimento, Maria da Graça Xuxa Meneghel, Luiz Inácio Lula da Silva, etc.).

• com o casamento – cuidado com esse item. Atualmente o art. 1.565, §1º, CC permite que qualquer dos nubentes acrescente ao seu, o sobrenome do outro.

• com a união estável ⎯ a lei permite que os conviventes adotem o patronímico de seus parceiros, desde que haja concordância recíproca.

Outros exemplos: adoção, reconhecimento de filho, separação judicial, divórcio, serviço de proteção de vítimas e testemunhas, tradução de nomes estrangeiros, etc. Recentemente uma decisão do Superior Tribunal de Justiça permitiu que uma jovem acrescentasse a seu nome o sobrenome de seus “pais de criação” (notem que ela não havia sido formalmente adotada), mas isso sem prejuízo dos sobrenomes da família legítima.

Um fato muito interessante e atual tem sido o caso do transexual. Uma pessoa pode ter a forma de um sexo (ex: masculino), mas a mentalidade de outro (feminino). Notem que esta é uma situação diferente da do homossexual, pois este se sente atraído pela pessoa do mesmo sexo, mas não

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tem intenção de mudar de sexo. A jurisprudência vem acompanhando as modificações havidas nesta área. Atualmente há a possibilidade de cirurgia para a mudança de sexo em nosso País. Chama-se de transgenitalização a cirurgia para adaptar o corpo (sexo biológico) à mente (sexo psíquico) da pessoa. Atualmente há inúmeras decisões judiciais garantindo o direito dos transexuais de realizar a cirurgia de transgenitalização pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O Conselho Federal de Medicina editou a resolução 1652 autorizando as cirurgias de mudança de sexo, mas isto depende muito de caso para caso e de um acompanhamento médico e psicológico multidisciplinar. A cirurgia traz reflexos na possibilidade de retificação do assento de nascimento. Não só no que diz respeito ao nome (prenome), mas também no que concerne ao sexo (pois se trata de um estado individual, informado pelo gênero biológico). No entanto, têm-se entendido que no assento deve constar o termo “transexual”. Isto para não induzir terceiro de boa-fé em erro quando da habilitação de eventual e futuro casamento.

Obs: A propósito, sobre o tema, recentemente vi cair em um exame da OAB do Distrito Federal a seguinte assertiva, sendo a mesma considerada como verdadeira: “aquelas pessoas portadoras de uma incontrolável compulsão pela amputação de um membro específico de seu corpo, em razão do desconforto de estarem presos em um corpo que não corresponde à verdadeira identidade física que gostaria de ter, denominam-se wannabes”. Tenho para mim que esta expressão deve derivar do inglês “wanna” (to want = querer) e “be” (to be = ser). Ou seja, querer ser algo que não é. Confesso que nunca tinha ouvido antes este termo e aprendi resolvendo a prova. Vivendo e aprendendo...

B) ESTADO

O estado é definido como sendo o modo particular de existir, ou seja, a soma de qualificações de uma pessoa na sociedade. Apresenta, basicamente sob 03 (três) aspectos:

• Individual (ou físico) ⎯ são as características pessoais: idade, sexo, saúde mental e física, altura, peso, etc.

• Familiar ⎯ indica a situação que a pessoa ocupa na família (possui relevância no Direito de Família e das Sucessões):

⎯ quanto ao matrimônio: solteiro, casado, viúvo, separado ou divorciado. ⎯ quanto ao parentesco consanguíneo: pai, mãe, filho, avô, irmão, primo, tio, etc.

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⎯ quanto à afinidade: sogro, sogra, genro, nora, cunhado, etc.

• Político ⎯ identifica a pessoa a partir do local em que nasceu ou de sua condição política dentro de um País: nacional (nato ou naturalizado), estrangeiro, apátrida. Como disse acima, os examinadores gostam de sinônimos. Já vi em um concurso (área jurídica) cair a palavra heimatlos. Trata-se de uma expressão alemã que significa apátrida.

O estado é regulado por normas de ordem pública, possuindo como características: é irrenunciável, pois não se pode renunciar aquilo que é uma característica pessoal. É uno e indivisível, pois ninguém pode ser simultaneamente casado e solteiro; maior e menor, etc. Por ser um reflexo da personalidade, é inalienável, não podendo ser objeto de comércio. Trata-se de um direito indisponível e imprescritível (ou seja, o simples decurso de tempo não faz com que uma pessoa perca o estado). As ações tendentes a afirmar, obter ou negar determinado estado, também chamadas de ações de estado (ex: investigação de paternidade, divórcio, etc.). Estas ações possuem um caráter personalíssimo.

C) DOMICÍLIO

Este é o item que requer maior cuidado do aluno. Dos três elementos da individualização da personalidade, o domicílio é o mais importante e o que tem maior incidência nas provas. Principalmente em relação ao domicílio necessário como veremos logo a seguir.

O conceito de domicílio (domus, em latim significa casa) surge da necessidade legal que se tem de fixar as pessoas em determinado ponto do território nacional, onde possam ser encontradas para responder por suas obrigações. Como regra e no seu domicílio que o réu é procurado para ser citado para uma ação judicial. Exemplo: Devo ingressar com uma ação judicial! Onde essa ação deve ser proposta?? Resposta: No domicílio do réu (como regra). Se uma pessoa morre, onde deve ser proposta a ação de inventário? Resposta: No último domicílio do “de cujus” (falecido). E assim por diante... O conceito de domicílio está sempre presente em nosso dia-a-dia, mesmo que não percebamos.

Cumpre, inicialmente, fazer a seguinte distinção:

• Moradia ou habitação – é o local onde a pessoa se estabelece provisoriamente, sem ânimo de permanecer; é uma relação bem frágil entre uma pessoa e o local onde ela está (ex: alugar uma casa de praia por um mês, aluno que ganha uma bolsa de estudos por três meses na França, etc.).

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• Residência ⎯ é o lugar em que o indivíduo se estabelece habitualmente, com a intenção de permanecer, mesmo que dele se ausente temporariamente; trata-se de uma situação de fato.

• Domicílio ⎯ é a sede da pessoa, tanto física como jurídica, onde se presume a sua presença para efeitos de direito e onde exerce ou pratica, habitualmente, seus atos e negócios jurídicos. É o lugar onde a pessoa estabelece sua residência com ânimo definitivo de permanecer, convertendo-o, em regra, em centro principal de seus negócios jurídicos ou de sua atividade pessoal; trata-se de um conceito jurídico. Por isso está previsto em diversos dispositivos esparsos em nossa legislação. Vejamos alguns:

a) art. 7o, LICC: A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.

b) art. 327, CC: o pagamento, de uma forma geral, deve ser feito no domicílio do devedor (se o contrário não estiver previsto no contrato).

c) art. 1.785, CC: a sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

d) art. 94, Código de Processo Civil: a ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu.

O domicílio possui dois elementos:

a) Objetivo – é o estabelecimento físico da pessoa.

b) Subjetivo – é a intenção, o ânimo de ali permanecer em definitivo (a doutrina chama isso de animus manendi).

Regra Básica: O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a residência com ânimo definitivo (art. 70, CC). É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida (art. 72, CC).

Outras regras:

A) Uma pessoa pode residir em mais de um local, tomando apenas um como sendo o centro principal de seus negócios; este local então será o seu domicílio. Mas se a pessoa tiver várias residências, onde alternadamente viva, sem que se possa considerar uma delas como sendo o seu centro principal, o domicílio pode ser qualquer delas → o Brasil adotou o sistema da

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pluralidade domiciliar. Exemplo: uma pessoa pode residir 06 (seis) meses em Florianópolis e outros 06 (seis) meses em Goiânia, sendo que em ambas as localidades pratica inúmeros negócios jurídicos. Qual será o seu domicílio? Pelo art. 71, CC qualquer destas residências pode ser considerado como sendo seu domicílio. O art. 94, §1° do Código de Processo Civil prevê que “tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles”.

B) Pode ocorrer que uma pessoa não tenha uma residência habitual ou que esta seja de difícil identificação; ela não tem um ponto central de negócios determinado ou exato. O exemplo clássico é o dos circenses que a cada momento estão em uma localidade diferente. O domicílio desta pessoa então será o lugar onde ela for encontrada (art. 73, CC e 94, §2o CPC). Trata-se do chamado foro aparente ou ocasional.

C) A doutrina tem afirmado que a mera troca de endereço, por si só, não caracteriza mudança de domicílio.

Agora se faz necessário saber quais são as espécies de domicílio. É comum cair algo dessa classificação em qualquer espécie de concurso. Vejamos:

1) Domicílio Voluntário ⎯ é o escolhido livremente pela própria vontade do indivíduo e por ele pode ser modificado (geral) ou estabelecido conforme interesses das partes em um contrato (especial). Quanto a este tema, vejam, mais abaixo, no item 3, o chamado “foro de eleição”.

2) Domicílio Legal ou Necessário ⎯ é a lei que determina o domicílio, em razão da condição ou situação de certas pessoas. Deixa de existir a liberdade de escolha do domicílio. Reparem no art. 76, CC. Assim:

• Incapazes (qualquer tipo de incapacidade ⎯ sobre o tema incapacidade veja mais adiante, nesta mesma aula) ⎯ os incapazes têm por domicílio o de seus representantes legais (pais, tutores ou curadores).

• Servidor Público ⎯ seu domicílio é o lugar onde exerce permanentemente suas funções.

• Militar em serviço ativo ⎯ o domicílio do militar do Exército é o lugar onde está servindo; o da Marinha ou da Aeronáutica é a sede do comando a que se encontra imediatamente subordinado. Aplica-se este dispositivo, por analogia, também aos Policiais Militares (e Bombeiros) estaduais. O militar reformado (aposentado) não tem mais este domicílio.

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• Preso ⎯ é o lugar onde a pessoa cumpre a sentença (não se aplica ao preso provisório; é necessário que haja uma decisão condenatória).

• Marítimos (são os oficiais e tripulantes da marinha mercante) ⎯ Marinha Mercante é a que se ocupa do transporte de passageiros e mercadorias. O domicílio legal é no lugar onde estiver matriculado o navio. Lembrando que navio nacional é o registrado na capitania do porto do domicílio de seu proprietário.

• Agente Diplomático do Brasil que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade, sem indicar seu domicílio no país, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no seu último domicílio.

Obs. Não confundir marinha mercante (conjunto de navios, portos, estabelecimentos e tripulações que permitem o transporte marítimo de mercadorias e passageiros) com a chamada marinha de guerra (conjunto de recursos navais, materiais e humanos que têm por fim a defesa de um país e a manutenção da segurança do comércio marítimo).

3) Especial ⎯ O domicílio voluntário especial merece um destaque à parte. Segundo a doutrina ele pode ser subdividido: a) domicílio contratual (art. 78, CC) – local especificado no contrato para o cumprimento das obrigações dele resultantes; b) domicílio (ou foro) de eleição ou cláusula de eleição de foro (previsto no art. 111 do Código de Processo Civil) – escolhido pelas partes para a propositura de ações relativas às obrigações. Não prevalece o foro de eleição quando se tratar de ação que verse sobre imóveis; neste caso a competência é o da situação da coisa. Há uma forte corrente jurisprudencial negando o foro de eleição nos contratos de adesão, “quando constitui um obstáculo à parte aderente, dificultando-lhe o comparecimento em juízo”. Trata-se de uma orientação do Superior Tribunal de Justiça, que entende ser cláusula abusiva, pois ela prejudica o consumidor, uma vez que o obriga a responder ação judicial em local diverso de seu domicílio (“é nula a cláusula que não fixar o domicílio do consumidor”). Lembrando que contrato de adesão (ou por adesão) é aquele que já está pronto, elaborado de forma unilateral. Ou você assina o contrato da forma que ele foi redigido (aderindo a suas cláusulas) ou o contrato não sai. Nele não é possível ficar discutindo as cláusulas contratuais. Por tal motivo a tendência é não ser possível colocar o foro ou domicílio de eleição no contrato (até porque ele não foi eleito; foi imposto por uma das partes). Exemplo: Uma empresa vende um aparelho doméstico a um consumidor em Porto Alegre/RS. No contrato de adesão pactua-se o “foro de eleição” em Manaus/AM, pois a empresa tem sua matriz nesta cidade. Desta forma, se o

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consumidor se sentir lesado na compra do aparelho (ou se este apresentar um defeito) deveria propor a ação em Manaus (apesar de morar em Porto Alegre). Ora, esta cláusula é considerada como sendo abusiva, pois dificulta a proteção dos direitos do consumidor. Portanto, apesar de existir esta cláusula, a ação poderá ser proposta em Porto Alegre.

FIM DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL

Já falamos sobre o início e individualização da personalidade. Vamos agora nos ater ao fim da personalidade.

A existência da pessoa natural termina com a morte (art. 6o, CC). Verificada a morte de uma pessoa, desaparecem, como regra, os direitos e as obrigações de natureza personalíssima (ex: dissolução do vínculo matrimonial, relação de parentesco, etc.). Já os direitos não personalíssimos (em especial os de natureza patrimonial) são transmitidos aos seus sucessores. Exemplo: “A” contraiu uma obrigação de pagar alguém por um serviço. O serviço foi realizado, porém antes do pagamento da quantia ajustada, “A” faleceu: neste caso a obrigação de pagar se transmite com a morte, ou seja, os sucessores de “A” devem, como regra, saldar a dívida.

Vamos falar agora sobre as “espécies de morte”. Num sentido genérico podemos dizer que há três espécies de morte: a) real; b) civil; c) presumida. A doutrina acrescenta também a hipótese da Lei n° 9.140/95 que reconheceu como mortos, para todos os efeitos legais, os “desaparecidos políticos”.

Morte Real ⎯ A personalidade civil termina com a morte física, deixando o indivíduo de ser sujeito de direitos e obrigações (mors omnia solvit – ou seja, a morte tudo resolve). No momento do falecimento a pessoa deixa de ser um sujeito de direitos e obrigações. A morte real se dá com o óbito comprovado da pessoa natural, com ou sem o corpo. A regra geral é que inicialmente se exige um atestado de óbito (para isso é necessário o corpo), que irá comprovar a certeza do evento morte, devendo o mesmo ser lavrado por profissional registrado no Conselho Regional de Medicina. Com este documento é lavrada a certidão de óbito, por ato do oficial do registro civil de pessoa natural, sendo esta a condição para o sepultamento. Na falta do corpo, recorre-se aos meios indiretos de comprovação morte real (também chamada de justificação judicial de morte real). Isto está disciplinado no art. 88 da Lei n° 6.015/73 (Lei de Registros Públicos): "Poderão os juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágios, incêndio, terremoto ou outra qualquer catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar o cadáver para exame". O procedimento é previsto nos arts. 861/866 do CPC.

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Se um avião explode matando todos os passageiros, há o óbito comprovado de todos; entretanto, pode ser que não tenhamos os corpos de todos os passageiros. Mesmo assim podemos dizer que houve a morte real, pela justificação judicial: não foram encontrados todos os corpos, mas há certeza da morte de todos. Um exemplo clássico disso é o do Deputado Ulisses Guimarães. Ele sofreu um acidente de helicóptero com outras pessoas, sendo que o aparelho caiu no mar. Foram resgatados todos os corpos, exceto o seu. Mesmo assim, ele foi declarado morto em processo que tramitou na Comarca de Ubatuba – morte real, com base no art. 88 da Lei n° 6.015/73.

Morte Civil ⎯ A morte civil era a perda da personalidade em vida. Geralmente era uma pena aplicada a pessoas condenadas criminalmente, em situações especiais. Ou seja, a pessoa estava viva fisicamente, mas a lei a considerava morta para todos efeitos jurídicos. Não podia casar, fazer contratos, herdar, trabalhar... enfim, era um absurdo!! Estou falando sobre este tema apenas porque certa vez vi cair em um concurso. Atualmente, pode-se dizer não existe mais este instituto. No entanto, em nosso direito há resquícios de morte civil. Um exemplo disso ocorre nos casos de exclusão de herança por indignidade do filho, “como se ele morto fosse” (vejam esta expressão no art. 1.816, CC). Mas neste caso a pessoa é considerada morta apenas para fins de sucessão, e, mesmo assim, apenas para aquela sucessão específica. E não para todos os efeitos como era a morte civil anteriormente. Notem que os sucessores (descendentes, ascendentes, etc.) do “indigno” herdam normalmente, ou seja, a indignidade não atinge os sucessores do indigno.

Morte Presumida ⎯ Além da morte real, existe também em nosso Direito também a morte presumida. Este tema era tratado pelo Código anterior no capítulo referente ao Direito de Família. Atualmente está previsto na Parte Geral do Código Civil (arts. 22 a 39), sendo que o Código de Processo Civil também prevê este tema em seus artigos 1.159/1.169, completando o Código Civil. A morte presumida ocorre quando a pessoa for declarada ausente. Ausência é o desaparecimento de uma pessoa do seu domicílio. É a pessoa que deixa de dar notícias de seu paradeiro por um longo período de tempo e sem deixar um representante (procurador) para administrar seus bens (art. 22, CC). Os efeitos da morte presumida são patrimoniais (protege-se o patrimônio de quem se ausentou de seu domicílio) e alguns pessoais, como veremos adiante (ex: o estado de viuvez do cônjuge do ausente). A ausência só pode ser reconhecida por meio de um processo judicial composto de três fases: a) curadoria de ausentes (ou de administração provisória); b) sucessão provisória; c) sucessão definitiva. Vamos agora analisar cada uma dessas fases com calma.

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PRIMEIRA FASE – Declaração de Ausência. Ausente uma pessoa, qualquer interessado na sua sucessão (e até mesmo o Ministério Público) poderá requerer ao Juiz a declaração de ausência e a nomeação de um curador. Trata-se da curadoria de ausentes. Os bens são arrecadados e entregues ao curador apenas para que os mesmos sejam administrados. É ele quem irá gerir seus negócios, até seu eventual retorno. Durante um ano (no caso do ausente não deixar representante ou procurador) deve-se expedir editais convocando o ausente para retomar a posse de seus haveres. Com a sua volta opera-se a cessação da curatela, o mesmo ocorrendo se houver notícia de seu óbito comprovado. Devemos ainda fazer a seguinte distinção: se o ausente deixou um representante para cuidar de seus interesses, aquele prazo que falamos de um ano eleva-se para três anos. É o que diz o art. 26, CC. Ou seja, o prazo para se iniciar a próxima etapa do processo aumenta de um para três anos. A curadoria de ausente é restrita aos bens, não havendo ainda efeitos pessoais.

SEGUNDA FASE – Sucessão Provisória. Se o ausente não comparecer no prazo (um ou três anos, dependendo da hipótese), poderá ser requerida e aberta a sucessão provisória e o início do processo de inventário e partilha dos bens. Vejam que interessante: geralmente quando ingressamos com um processo judicial qualquer, o que desejamos no final é uma sentença favorável. No processo de ausência a sentença do Juiz é proferida logo no início do processo, para que se inicie a sucessão provisória. Mas esta sentença determinando a abertura da sucessão ainda não produz efeitos de imediato. O art. 28, CC prevê uma cautela a mais. Ou seja, concede um prazo de mais 180 dias para que o ausente reapareça e tome conhecimento da sentença que determinou a abertura da sucessão provisória de seus bens. Assim, a sentença somente irá produzir efeitos após 180 dias de sua publicação na imprensa. Trata-se, digamos, de uma “última chance” que se dá ao ausente. Após este prazo, a ausência passa a ser presumida. Nesta fase cessa a curatela dos bens do ausente. É feita a partilha dos bens deixados e agora são os herdeiros, de forma provisória e condicional (e não mais o curador) que irão administrar os bens, prestando caução (ou seja, dando garantias de que os bens serão restituídos no caso do ausente aparecer). Nesta fase os herdeiros ainda não têm a propriedade; exercem apenas a posse dos bens do ausente. Apenas se antecipa a sucessão, sem delinear definitivamente o destino dos bens desaparecido. Por isso os sucessores ainda não podem vender os bens. Os imóveis somente podem ser vendidos com autorização judicial. A sucessão provisória é encerrada se o ausente retornar ou se comprovar a sua morte real. Convém acrescentar que o descendente, o ascendente e o cônjuge (herdeiros necessários) que forem

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sucessores provisórios do ausente e estiverem na posse dos bens terão direito a todos os frutos e rendimentos desses bens. Exemplo: Uma pessoa foi considerada “ausente”; era proprietário de duas casas e uma fazenda. Seu filho entrou na posse dos bens: mora em uma das casas, alugou a outra e tornou a fazenda extremamente produtiva. Se seu pai retornar posteriormente, o filho não será obrigado a restituir os aluguéis que recebeu com a casa e nem o que lucrou explorando a fazenda. Já os demais sucessores (ex: irmãos, tios, sobrinhos, etc.) terão direito somente à metade destes frutos ou rendimentos.

TERCEIRA FASE – Sucessão Definitiva. Após 10 (dez) anos do trânsito em julgado da sentença de abertura da sucessão provisória, sem que o ausente apareça, será declarada a morte presumida. Nesta ocasião converte-se a sucessão provisória em definitiva. Os sucessores deixam de ser provisórios, adquirindo a propriedade plena (ou o domínio) e a disposição dos bens recebidos. Porém esta propriedade é considerada resolúvel. Isto é, se o ausente retornar em até 10 (dez) anos seguintes à abertura da sucessão definitiva terá direito aos bens, mas no estado em que se encontrarem. Ou então terá direito ao preço que os herdeiros houverem recebido com sua venda (sub-rogação). Se regressar após esse prazo (portanto após 21 anos de processo), não terá direito a mais nada.

É interessante acrescentar que o art. 38, CC possibilita se requerer a sucessão definitiva provando-se que o ausente conta com 80 anos de idade e que de cinco anos datam as últimas notícias dele. O dispositivo não é muito claro sobre como é feita essa contagem: já se pode entrar com a ação no momento em que a pessoa completaria 80 anos (a ausência se deu aos 75 e soma-se mais cinco de suas últimas notícias)? Ou a ausência se deu aos 80 e aguarda-se mais 5 anos (neste caso somente se poderia entrar com a ação quando a pessoa teria completado 85 anos)? Não há resposta para isso!! Pessoalmente, levando-se em conta a expectativa de vida do brasileiro, fico com a primeira hipótese, em que o prazo é menor. De qualquer forma, o entendimento é de que neste caso abre-se a sucessão definitiva, sem que se tenha passado pelas fases da ausência propriamente dita e da sucessão provisória (isto porque há uma presunção da morte da pessoa ausente pela sua idade avançada).

É nesta fase (na sucessão definitiva – ou seja, até 10 anos após o trânsito em julgado da sentença de abertura da sucessão provisória) que também se dissolve a sociedade conjugal, considerando-se rompido o vínculo matrimonial. É o que prevê o art. 1.571, §1° do CC. Neste caso o cônjuge será considerado viúvo (torna-se irreversível a dissolução da

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sociedade conjugal), podendo se casar novamente. No entanto este cônjuge não precisa esperar tanto tempo para se casar novamente. Ele pode ingressar com um pedido de “divórcio direto”, com base na separação de fato por mais de 02 (dois) anos, nos termos do art. 1.580, §2° do CC, requerendo a citação do ausente por edital. Divorciado, está livre para convolar novas núpcias.

Resumindo: a) Ausência (ou curadoria do ausente) – 01 ou 03 anos, dependendo da hipótese (art. 26, CC), arrecadando-se os bens que serão administrados por um curador; b) Sucessão Provisória – é feita a partilha de forma provisória, aguardando-se 10 anos; c) Sucessão Definitiva – na abertura já se concede a propriedade plena e se declara a morte (presumida) do ausente. Seu cônjuge é reputado viúvo. Aguarda-se mais dez anos; d) Fim.

Vejamos no gráfico abaixo, a demonstração das fases do processo.

Desaparecimento Início do Processo Morte Presumida Fim

1 ano 10 anos 10 anos

Ausência Sucessão Sucessão Provisória Definitiva

Questão interessante: Um homem casado desapareceu de casa sem deixar representante. Abre-se a curadoria de ausentes e aguarda-se um ano. O ausente não retornou para casa. Abre-se a sucessão provisória e se passam 10 anos. O ausente ainda não retornou. Abre-se a terceira fase (sucessão definitiva). Com o início desta fase os bens já passam de forma plena aos herdeiros e a sua esposa é considerada viúva. Passados alguns anos a “viúva” se casa com outra pessoa. Durante esta terceira fase o ausente retornou... E agora? Em relação aos bens não há problema! Ele tem direito aos bens “no estado em que se encontram”! O ausente também pode “levantar” e regularizar a sua situação de “morto” no Cartório de Pessoas Naturais (deixa de ser morto por decisão judicial). Mas e a situação do matrimônio? Ora, o direito também é a aplicação do bom senso a que nos referimos na aula em que analisamos a Lei de Introdução ao Código Civil... A doutrina (não há previsão legal expressa para esta situação) reputa o segundo casamento da esposa como válido, pois foi contraído de boa-fé. Não haveria sentido em se anular o casamento da mulher que se casou novamente após um longo período de ausência de seu ex-marido, tendo constituído nova família e se tentar restabelecer uma relação já deteriorada pelo tempo. E a coisa ainda pode complicar mais com eventuais filhos da mulher com o

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segundo marido... mas vamos parar por aqui, pois estas elucubrações não interessam para concursos... Por outro lado o ausente que retornou também está livre para contrair novo casamento.

É importante acrescentar que atualmente, em determinadas hipóteses, pode haver a morte presumida sem declaração de ausência. É o que prevê o art. 7o do CC. Isto para melhor viabilizar o registro do óbito, resolver problemas jurídicos e regular a sucessão causa mortis. Vejamos as duas situações excepcionais:

a) For extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.

b) Pessoa desapareceu em campanha ou feito prisioneiro e não foi encontrado até dois anos após o término da guerra.

A declaração de ausência nestes casos somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. Com a declaração de ausência nas hipóteses previstas, abre-se a sucessão definitiva. O patrimônio do “morto presumido” se transforma em herança, sendo que os herdeiros já podem ter a posse dos bens.

COMORIÊNCIA

Esta é uma expressão que vem caindo muito em concursos (de qualquer natureza), pois ela não faz parte de nosso dia-a-dia. O momento exato da morte de uma pessoa pode se tornar muito importante, principalmente para o Direito das Sucessões. Comoriência é o instituto pelo qual se considera que duas ou mais pessoas morreram simultaneamente, sempre que não se puder averiguar qual delas pré-morreu, ou seja, quem morreu em primeiro lugar. Vejam o que prescreve o art. 8º do Código Civil: “Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos”. Resumindo, comoriência é presunção de morte de duas ou mais pessoas. Exemplo: um avião caiu e todos os passageiros faleceram no acidente; nesse caso vamos presumir que todos eles morreram no mesmo momento (infelizmente temos vários casos verídicos desta tragédia). Comoriência também é chamada de morte simultânea. É interessante deixar claro que a presunção de que estamos falando é a presunção relativa (chamada também de presunção juris tantum), ou seja, que admite prova em contrário. Exemplo: Um casal viajava de carro, havendo um grave acidente automobilístico; o marido teve morte imediata; morreu no local do acidente. Já a esposa, embora muito lesionada, ainda estava viva; foi levada para o

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hospital e morreu no dia seguinte. Neste caso não se fala mais em comoriência, pois há prova de que ela sobreviveu ao marido. A solução adotada pela legislação brasileira é a presunção de morte simultânea, mas em outros sistemas são estabelecidas presunções diferentes para o fenômeno da comoriência. Como exemplo, o Código Civil Francês utiliza o critério da idade para se estabelecer a ordem do momento da morte dos comorientes. Para alguns autores (minoria) a aplicação da presunção de morte simultânea nada mais é do que uma relação de causa-efeito. A comoriência é a causa; a morte simultânea é o efeito. Por isso, não seria possível afirmar que a comoriência é a presunção de morte simultânea; esta presunção é apenas o efeito conferido à comoriência pelo Direito Civil pátrio, não fazendo parte da definição do fenômeno. Reforço: isto é apenas doutrina (importante apenas para quem deseja prestar concursos na área jurídica, o que não é o nosso caso).

Aplica-se o instituto da morte simultânea sempre que houver uma relação de sucessão hereditária entre os mortos. Se não houver esta relação também não haverá qualquer interesse jurídico na questão. A consequência prática é que se os comorientes forem herdeiros uns dos outros, não haverá transferência de direitos entre eles; um não sucederá o outro. Suponha-se o caso de mortes simultâneas de cônjuges, sem descendentes e sem ascendentes, mas com irmãos. Pelo instituto da comoriência, a herança de ambos é dividida à razão de 50% para os herdeiros de cada cônjuge, se o regime de bens do casamento for o da comunhão universal.

Observem o exemplo abaixo:

Digamos que A seja proprietário de um apartamento, sendo casado com B pelo regime da comunhão universal de bens. Se em um desastre A morrer primeiro, e sua esposa logo depois, o apartamento irá todo para D, irmão de B. Por que? Porque A não possui descendentes nem ascendentes; logo, sua esposa recebe a totalidade dos bens. Morrendo esta, embora pouco tempo depois, faz-se novo inventário; como ela também não possui filhos, pais ou marido, quem receberá o bem é seu irmão (que é seu colateral). Assim, se for possível determinar-se a sequência de falecimentos (mesmo que por uma pequena diferença de tempo), resultará que quem faleceu por último herdará de quem morreu primeiro. No entanto, se A e B forem considerados comorientes, ou seja, houver uma presunção de que morreram ao mesmo

C A B D

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tempo, o bem é partilhado entre C (irmão de A) e D (irmão de B), sendo que cada um receberá 50% da herança.

Vejamos um caso real interessante: Uma pessoa fez um seguro de vida, deixando para seu filho o benefício. O eventual beneficiário também era casado e tinha filhos. Em um acidente de avião, pai (segurado) e filho (beneficiário) morreram, sendo declarada a comoriência entre ambos. Os herdeiros do beneficiário (do filho) não receberam o dinheiro do seguro, pois seria necessário que o beneficiário existisse ao tempo do sinistro para receber e transmitir o valor do seguro. Havendo a comoriência, o filho não herdou os bens do pai (pois entre os comorientes não há transferência de direitos), não podendo também transmiti-los a seus herdeiros. Houve muita discussão em juízo, mas os herdeiros do beneficiário (netos do segurado) não receberam o valor, sendo este repartido entre os outros beneficiários (a viúva e o outro filho do segurado).

Questão Polêmica E se duas pessoas falecerem em locais diferentes, mas em idênticas (ou muito semelhantes) circunstâncias de tempo? Aplicam-se os efeitos da comoriência? Os tratadistas não costumam abordar o assunto. Há autores que defendem a posição de que somente haverá comoriência se as mortes se derem no mesmo acontecimento, lugar e tempo. Mas observem o que a profa. Maria Helena Diniz escreveu: "Embora o problema da comoriência tenha começado a ser regulado a propósito de caso de morte conjunta no mesmo acontecimento, ele se coloca, como se pode ver da redação do art. 8o do Código Civil, com igual relevância em matéria de efeitos dependentes de sobrevivência, nos casos de pessoas falecidas em lugares e acontecimentos distintos, mas em datas e horas simultâneas ou muito próximas. A expressão “na mesma ocasião” não requer que o evento morte se tenha dado na mesma localidade; basta que haja inviabilidade na apuração exata da ordem cronológica dos óbitos” (Curso de Direito Civil Brasileiro – Ed. Saraiva – 24a Edição – 2007, pág. 223). Portanto a conclusão é a de que mesmo em locais e situações diferentes podem ser aplicados os efeitos da comoriência, desde que a morte tenha ocorrido nas mesmas circunstâncias de tempo.

EFEITOS DO FIM DA PERSONALIDADE

São efeitos do fim da personalidade: dissolução do vínculo conjugal e do regime matrimonial; extinção do poder familiar; extinção dos contratos personalíssimos, etc. Outro efeito de suma importância é a extinção da obrigação de prestar alimentos com o falecimento do credor. Observem que o credor é a pessoa que estava recebendo a pensão alimentícia; morrendo não

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faz mais jus ao benefício e este não se transmite a seus herdeiros. No entanto, no caso de morte do devedor (que é a pessoa que paga a pensão alimentícia), os herdeiros deste assumirão a obrigação até as forças da herança. Trata-se de uma inovação do atual Código. Este assunto é tratado com maior profundidade na aula referente ao Direito das Sucessões, quando este ponto for exigido pelo edital.

Observem que a morte não aniquila com toda a vontade do de cujus (que é a pessoa que morreu, o falecido). Sua vontade pode sobreviver por meio de um testamento. Além disso, ao cadáver é devido respeito; os militares e os servidores públicos de uma forma geral podem ser promovidos post mortem; permanece o direito à imagem, à honra, aos direitos autorais, etc.

CAPACIDADE

Quanto ao item Personalidade entendemos que a matéria ficou exaurida. Passemos agora ao estudo da Capacidade que é aptidão da pessoa para exercer direitos e assumir obrigações, ou seja, de atuar sozinha perante o complexo das relações jurídicas.

Embora baste nascer com vida para se adquirir a personalidade, nem sempre se terá capacidade. Costuma-se dizer que a personalidade é a potencialidade resultante de um fato natural (nascer com vida); já na capacidade temos os limites desta potencialidade. A capacidade pode assim ser classificada:

• Capacidade de direito ou de aquisição de direito ou de gozo ⎯ é própria de todo ser humano, inerente à personalidade e que só se perde com a morte. É a capacidade para adquirir direitos e contrair obrigações. Lembrem-se de que "Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil" (art. 1º do Código Civil).

• Capacidade de fato ou de exercício da capacidade de direito ⎯ é a habilidade para praticar de forma autônoma (ou seja, sem a interferência de terceiros – representantes legais) os atos da vida civil.

Toda pessoa natural tem capacidade de direito. A capacidade de direito é inerente à personalidade. Quem tem personalidade (está vivo) tem capacidade de direito. Mas essa pessoa pode não ter a capacidade de fato, pois pode lhe faltar a plenitude da consciência e da vontade, limitando o exercício (e não o gozo) dos direitos. Portanto a capacidade de fato supõe a capacidade de direito.

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No Brasil não existe a incapacidade de direito.

A capacidade de direito não pode ser negada ao indivíduo, mas pode sofrer restrições quanto ao seu exercício. Exemplo: o “louco”, por ser pessoa (ele está vivo, possui personalidade), tem capacidade de direito, podendo receber uma doação; porém não tem capacidade de fato, não podendo vender o bem que ganhou. Da mesma forma uma criança com cinco anos de idade; ela tem personalidade (está viva), tem capacidade de direito (pode receber uma doação, uma herança), mas ainda não tem capacidade de fato ou de exercício (não pode alienar o que recebeu).

O estrangeiro, por ser pessoa natural, também possui capacidade de direito. Ele se encaixa no conceito do art. 1o do CC. Mas nossa lei restringe a ele determinados direitos, que são privativos de brasileiros. E, em alguns casos de brasileiros natos. Observem que a própria Constituição Federal, em seu art. 5o determina que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País à inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. O art. 12, §2o da CF/88 também prevê que “a lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição”. E o §3o do mesmo artigo, prevê cargos cujo exercício é privativo de brasileiros natos. Exemplo: Presidente e Vice-Presidente da República, do Senado Federal, Ministro do Supremo Tribunal Federal, etc. Além disso, os estrangeiros não podem se alistar como eleitores (art. 14, §2o, CF/88) e é proibida a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde do País, salvo nos casos previstos em lei (art. 199, §3o, CF/88). Um outro exemplo é o fato de que um brasileiro nato não pode ser extraditado pelo Brasil, a pedido de um Governo estrangeiro, qualquer que seja a circunstância e a natureza do delito (no entanto não há uma impunidade, pois ele pode responder pelo delito no Brasil).

Quem possui as duas espécies de capacidade (de direito e de fato) tem a chamada capacidade plena. Quem só possui a de direito tem a chamada capacidade limitada.

Por outro lado, Incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil (em outras palavras: é uma restrição ao poder de agir). Visa proteger os que são portadores de alguma deficiência jurídica apreciável, graduando a forma de proteção: pode ser absoluta ou relativa. A falta de capacidade pode ser suprida pelos institutos da:

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• Representação → para os absolutamente incapazes, ou seja, para pessoas completamente privadas de agir na vida civil.

• Assistência → para os relativamente incapazes, ou seja, para pessoas que já podem atuar na vida civil, desde que autorizadas.

Veremos isso mais adiante, mas reforçando o tema, adianto que o art. 1.634, inciso V do CC determina que compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores, representá-los até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento. O mesmo se aplica ao tutor (art. 1.747, I, CC) e ao curador (art. 1781, CC).

Resumindo: Uma pessoa considerada doente mental pode receber uma doação (ou uma herança)? Resposta: Sim, pois como já vimos, ela tem capacidade de direito! Ela pode vender o bem que recebeu? Resposta: Não, porque ela não tem capacidade de fato! Mas o bem que esta pessoa recebeu pode ser vendido? Resposta: Em algumas situações, sempre no interesse do incapaz, este bem pode ser vendido. Mas como seus bens podem ser vendidos? Resposta: Geralmente o Juiz nomeia um representante legal ao incapaz e este poderá realizar os negócios da vida civil em nome dele. Para a hipótese de venda de imóveis, será necessária também uma autorização judicial. Trata-se, no exemplo dado do doente mental, da representação. Ela supre a incapacidade da pessoa e os negócios podem ser realizados normalmente. Voltarei a este assunto logo mais adiante.

É importante lembrar que há casos em que a pessoa tem capacidade plena, normal, porém ela está impedida de praticar determinado ato jurídico em razão de sua posição especial em relação a certos bens, pessoas e interesses. Exemplo: Toda pessoa capaz pode comprar e vender. No entanto o Código Civil estabelece que um pai não pode vender um imóvel ao filho, sem que os outros filhos expressamente consintam. Portanto embora o pai tenha capacidade plena, não tem legitimação para o ato, necessitando da anuência dos demais filhos. Outros exemplos: o tutor não pode adquirir bens do tutelado; uma pessoa casada (exceto no regime da separação total de bens) para vender um imóvel necessita da autorização de seu cônjuge (vejam os arts. 1.647/1.650, CC), etc. Portanto, não se trata de incapacidade, pois a pessoa conserva o pleno exercício de seus direitos civis. Mas sim de um impedimento circunstancial, de uma proibição legal de efetivar determinado negócio com certas pessoas ou em atenção a bens a elas pertencentes. Trata-se da legitimação, que consiste em saber se uma pessoa tem ou não competência para estabelecer determinada relação jurídica.

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CAPACIDADE DE FATO

Na realidade a capacidade é a regra e a incapacidade a exceção. Mas é a lei (norma de ordem pública, imperativa) que irá apontar quais as hipóteses em que a pessoa pode ser privada da capacidade. A capacidade de fato possui estágios; as pessoas podem ser classificadas em absolutamente incapazes, relativamente incapazes ou capazes. Trata-se de divisores quantitativos de compreensão dos indivíduos. Vejamos cada um destes itens:

A) ABSOLUTAMENTE INCAPAZES

Ocorre quando houver proibição total do exercício do direito do incapaz, acarretando, em caso de violação, a nulidade absoluta do ato jurídico (art. 166, I, CC). Os absolutamente incapazes possuem direitos, porém não podem exercê-los pessoalmente. Há uma restrição legal ao poder de agir por si. Por isso devem ser representados.

São absolutamente incapazes (art. 3º, CC):

1) Os menores de 16 (dezesseis) anos (critério etário) ⎯ devem ser representados por seus pais ou, na falta deles, por tutores. São chamados também de menores impúberes. O legislador entende que, devido a essa tenra idade, a pessoa ainda não atingiu o discernimento pleno para distinguir o que pode ou não fazer. Na prática dos negócios jurídicos uma pessoa deve ter consciência do ato que pratica e os efeitos que este seu ato pode produzir. E ao menor faltaria maturidade para julgar em seu próprio interesse, podendo ser influenciado por outrem. Lembrando que para o art. 2° do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n° 8.069/90 – ECA) considera-se: a) criança a pessoa até 12 (doze) anos de idade incompletos; b) adolescente aquela entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos de idade. Lembrando também que atualmente, estão proibidos de estabelecer relação de emprego os menores de 16 (dezesseis) anos, salvo na condição de aprendizes, a partir dos 14 (catorze) anos (art. 7°, inciso XXXIII, CF/88).

2) Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil ⎯ são as pessoas que, por motivo de ordem patológica ou acidental, congênita ou adquirida, não estão em condições de reger sua própria pessoa ou administrar seus bens. Falta-lhes tirocínio para decidir o que lhes convém. Abrange pessoas que têm desequilíbrio mental (ex: demência, paranóia, psicopatas, etc.). Para que seja declarada a incapacidade absoluta neste caso, é necessário um processo de interdição. A interdição é uma medida de

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proteção, em que o Poder Judiciário declara se determinada pessoa tem ou não a plena capacidade para gerir seus próprios negócios. Pode ser total ou parcial, dependendo da hipótese concreta. Trata-se de um procedimento especial de jurisdição voluntária (ou graciosa), também denominada de “administração pública de interesses privados” (muitos autores não gostam da expressão jurisdição voluntária). Este termo é usado para indicar quando não há um conflito ou uma disputa entre as partes, porém a intervenção do Juiz é necessária, tendo-se em vista uma garantida da própria sociedade, exercendo-se a jurisdição no sentido de simples administração (além da interdição, citamos outros exemplos: separação consensual, abertura e cumprimento de testamento, etc). A jurisdição voluntária se contrapõe à jurisdição contenciosa, pois esta é caracterizada pela disputa entre duas ou mais partes, que pleiteiam providências opostas ao Juiz; há um conflito de interesses qualificado pela resistência (que é o que chamamos de lide). Embora este tópico seja relativo ao Processo Civil, é interessante observar o “quadrinho comparativo básico” a seguir:

Jurisdição Contenciosa Jurisdição Voluntária (art.

1.103, CPC)

1) Há um conflito de interesses (litígio, lide).

1) Não há conflito de interesses. Garantia da Sociedade.

2) Há partes (art. 14, CPC). 2) Há interessados (art. 1.104, CPC).

3) Opera-se a coisa julgada (art. 467, CPC).

3) Não há coisa julgada (art. 1.111, CPC).

4) Juízo de legalidade estrita (art. 127, CPC).

4) Juízo de equidade (art. 1.109, CPC).

5) Como regra o Ministério Público não atua nestes processos.

5) Há obrigatoriamente a manifestação do Ministério Público (art. 1.105, CPC).

O Processo de Interdição se inicia com um requerimento dirigido ao Juiz feito pelos pais, pelos tutores (na ausência dos pais), pelo cônjuge, ou por qualquer parente da pessoa. No entanto é necessário que a postulação em juízo seja feita por um Advogado. Até mesmo o Ministério Público pode propor a ação em determinadas situações. O rito é determinado pelo Código de Processo Civil (arts. 1.177 a 1.186). Vamos resumir: Após o requerimento o interditando será citado e convocado para uma inspeção pessoal pelo Juiz,

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assistido por especialistas (o Juiz costuma elaborar algumas perguntas básicas para a pessoa). O pedido poderá ser impugnado pelo interditando. Será realizada uma perícia médico-legal e posteriormente o Juiz pronuncia o decreto judicial que poderá interditar a pessoa. O decreto judicial de interdição deve ser publicado no Diário Oficial e inscrito no Registro de Pessoas Naturais, tendo, a partir daí, efeito erga omnes (ou seja, relativamente ou extensível a todos). Em regra, só depois de decretada a interdição é que se recusa a capacidade de exercício, sendo nulo qualquer ato praticado pela pessoa interditada, ainda que a outra pessoa não saiba da interdição. Isto porque há uma presunção da publicidade da sentença de interdição e conhecimento geral. No entanto, se o ato praticado pelo enfermo mental foi antes de sua interdição, há uma certa dúvida. A jurisprudência e a doutrina admitem a produção retroativa dos efeitos da interdição. Tem-se resumido o problema da seguinte forma: em princípio, se o negócio foi praticado em data relativamente próxima a da data de interdição, o ato pode ser considerado nulo, mesmo que ainda não haja a interdição, uma vez que o Código Civil foi genérico. No entanto se a terceira pessoa envolvida alegar boa-fé (o negócio foi realizado em condições normais e proporcionais, e a deficiência não era notória), pode-se considerar o negócio como válido. Leva-se em consideração se a doença era notória, se era grave, conhecimento do fato pela outra parte, valor do negócio, etc. Portanto, tudo vai depender de uma situação concreta. É assim que devemos responder a questão em concursos, especialmente se ela for dissertativa (mas este não é o nosso caso).

Por outro lado, nosso direito não admite os chamados “intervalos lúcidos”. Ou seja, se a pessoa praticou o ato após a sua interdição, este ato é considerado nulo, não se aceitando a demonstração de que naquele momento, embora interditada, a pessoa estava lúcida. Isto porque a incapacidade mental é considerada um estado permanente e contínuo.

É importante deixar claro que a senilidade ou senectude (idade avançada, velhice), por si só, não é causa de restrição da capacidade de fato. Eu tenho certeza de que vocês devem conhecer pessoas que têm mais de 80 ou 90 anos e estão com a “saúde mental” perfeita. Essas pessoas (em tese) poderão praticar todos os atos da vida civil. No entanto, poderá haver interdição se a velhice originar de um estado patológico, retirando o discernimento para a prática dos negócios em geral, como a arteriosclerose. Mas nesta hipótese a incapacidade resulta de um estado psíquico e não da velhice propriamente dita. Vejam esta jurisprudência a respeito: “A senilidade, por si só, não é causa de restrição da capacidade de fato porque não se deve

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considerar equivalente a um estado psicótico, por maior que seja a longevidade” (TJPR – Apelação – Acórdão 17586 – Relator Munir Karam).

3) Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade ⎯ trata-se de uma expressão genérica e muito abrangente, que alarga as hipóteses de incapacidade absoluta. Pode incluir o surdo-mudo, desde que ele não possa manifestar sua vontade de forma alguma. Se puder exprimir sua vontade, pode ser considerado relativamente capaz ou até plenamente capaz, dependendo do grau de sua expressão, embora estejam impedidos de praticar atos que dependam de audição (ex: testemunha em testamento). O dispositivo inclui, também, as pessoas que perderam a memória, embora de forma transitória, e outros casos análogos como o “estado de coma”. Observem o seguinte exemplo: Uma pessoa foi atropelada e levada para o hospital. Por causa do acidente teve traumatismo craniano e teve que ser operada. Com isso ela ficou vários meses no hospital, impossibilitada de praticar os atos da vida civil. Durante todo esse tempo tinha aluguéis para receber, contas para pagar, contratos para assinar... quem irá fazer tudo isso? Hoje em dia, pelo novo Código é fácil. Requer-se ao Juiz a incapacidade absoluta temporária, até que esta pessoa se restabeleça e tenha capacidade para exercer os atos da vida civil em seu próprio nome. Mas, enquanto não puder realizar os atos, o Juiz nomeia um curador para representá-la, até que ela esteja plenamente restabelecida.

Reforçando: o Código Civil não estende a incapacidade: a) ao cego, que somente terá restrição aos atos que dependem da visão, como testemunha ocular de um fato, testemunha em testamentos, etc; além disso, o cego somente poderá fazer testamento da forma pública; b) ao analfabeto; e c) à pessoa com idade avançada (como já vimos acima).

B) RELATIVAMENTE INCAPAZES

Trata-se de uma situação intermediária entre a incapacidade total e a capacidade plena. A incapacidade relativa diz respeito àqueles que podem praticar por si os atos da vida civil, desde que assistidos por seus representantes legais. O efeito da violação desta norma é gerar a anulabilidade (ou nulidade relativa) do ato jurídico (art. 171, I, CC), dependendo da iniciativa do lesado. Certos atos a pessoa já pode praticar sem assistência e são considerados válidos. Há outras hipóteses em que o ato pode ser ratificado ou convalidado pelo representante legal, posteriormente. A grande diferença entre os absolutamente incapazes e os relativamente incapazes é que no primeiro caso a pessoa não pode praticar o ato, por isso

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ela será representada; já na segunda hipótese a pessoa pratica pessoalmente o ato, sua vontade é levada em conta, mas não pode praticar este ato sozinha, sendo necessária a assistência. Se houver um conflito de interesses entre o incapaz e o assistente, o Juiz lhe nomeará um curador especial.

São relativamente incapazes (art. 4º, CC):

1) Maiores de 16 anos e menores de 18 anos ⎯ afirma a doutrina que a sua pouca experiência e insuficiente desenvolvimento intelectual não lhes possibilitam a plena participação na vida civil. São também chamados de menores púberes.

Os menores, entre 16 e 18 anos, somente poderão praticar os atos da vida civil mediante assistência de seus representantes, sob pena de anulação. No entanto há atos que o relativamente incapaz pode praticar mesmo sem assistência. Exemplos: casar (necessitando neste caso apenas de uma autorização de seus pais); fazer testamento (art. 1.860, parágrafo único do CC); servir como testemunha (art. 228, I, CC) inclusive em atos jurídicos e em testamento; requerer registro de seu nascimento, etc. Devemos lembrar que a capacidade para ser eleitor se inicia aos 16 anos (de forma facultativa, podendo, inclusive, ser parte legítima para propor ação popular), mas somente aos 35 anos ela se torna plena (para poder de candidatar a Presidente ou Vice-Presidente da República e Senador).

É muito comum cair nos concursos a seguinte afirmação: o menor, entre 16 e 18 anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, espontaneamente se declarou maior. Isto é previsto no art. 180, CC. Explicando: Em um contrato, um rapaz com 17 anos se passou por maior de 18 anos e assumiu determinada obrigação. Depois, para não cumprir esta obrigação, alegou ser menor e revelou sua idade verdadeira. Pelo Código Civil o menor não poderá fugir desta obrigação, pois conscientemente declarou-se maior. Lembrem-se do brocardo: ninguém poderá, para se eximir de uma obrigação, alegar sua própria torpeza. Além disso, protege-se, também, a boa-fé do terceiro que com ele negociou.

2) Ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido ⎯ alargaram-se os casos de incapacidade relativa decorrente de causa permanente ou transitória. Nestes casos a capacidade é reduzida, sem que haja o seu aniquilamento. Deve haver também um processo de interdição, onde o Juiz irá estabelecer os limites da curatela (maior ou menor dependendo do grau de comprometimento mental do interditado). Neste processo, se ficar constatado

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que a pessoa, em decorrência de seu problema (álcool, substâncias entorpecentes, etc.) chegou a ponto de não poder mais exprimir a sua vontade (equiparando-se a uma doença mental), poderá ser declarada a sua incapacidade absoluta. Ou seja, a dependência por álcool ou drogas faz com que a pessoa seja considerada relativamente incapaz. No entanto se o grau de dependência atingir níveis excepcionais por álcool (embriaguez patológica ou dipsomania) ou drogas (toxicomania grave – dependência química total), essa pessoa poderá ser considerada absolutamente incapaz (art. 3o, II, CC). Outra coisa: pelo Código anterior, as pessoas portadoras de deficiência mental eram todas consideradas como “loucas de todo gênero” e, em consequência disso, absolutamente incapazes. Hoje em dia, com o Código atual, permite-se ao Juiz uma melhor classificação da incapacidade. Por isso que é feita a perícia: para se constatar o nível de comprometimento mental. Notem que no Direito Penal também temos a gradação da imputabilidade quanto à doença mental: a) total – são os chamados inimputáveis → não se aplica pena; quando muito uma medida de segurança; b) parcial – são os semi-imputáveis ou de responsabilidade diminuída → o Juiz aplica pena, embora essa possa ser reduzida. Confiram, a respeito, o art. 26 e seu parágrafo único do Código Penal.

3) Excepcionais, sem desenvolvimento mental completo ⎯ trata-se de uma expressão de caráter genérico, abrangendo as pessoas portadoras de alguma anomalia psíquica que apresentam sinais de desenvolvimento mental incompleto. Neste caso também é necessário um processo regular de interdição. O exemplo clássico da doutrina são os portadores da “Síndrome de Down”. No entanto, devemos ter muito cuidado com este exemplo na vida prática. Esta anomalia pode variar muito de pessoa para pessoa, havendo diversos graus. No entanto, a qualidade de vida destas pessoas dependem de uma série de cuidados proporcionados pela família, a escola e a sociedade em geral. Merecem elas todo o respeito, podendo inclusive ingressar no mercado de trabalho. Da mesma forma os surdos-mudos também podem ser aqui classificados, dependendo do nível de educação recebida. Lembrem-se de que se não receberam educação alguma, vivendo de forma isolada, serão considerados absolutamente incapazes, mas se puderem exprimir plenamente a sua vontade, são considerados como capazes.

4) Pródigos ⎯ são os que dilapidam os seus bens ou seu patrimônio, fazendo gastos excessivos e anormais, podendo chegar à miséria. Trata-se de um desvio de personalidade e não de uma alienação mental propriamente dita. O exemplo clássico é o da pessoa viciada em jogos de azar, que de forma compulsiva, dissipa seu patrimônio. Neste caso a pessoa deve ser

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interditada para a sua própria proteção, e, em seguida, nomeia-se um curador para cuidar de seus interesses. Trata-se da assistência.

Consultem o art. 1.782, CC. Por ele o pródigo interditado não pode (sem assistência): emprestar, transigir, dar quitação, alienar (ou seja, vender, doar, etc.), hipotecar, agir em juízo, etc. Como ele fica privado somente dos atos que possam comprometer seu patrimônio, ele pode: exercer atos de mera administração, exercer profissão, etc. O pródigo poderá até se casar. No entanto se houver necessidade de pacto antenupcial haverá assistência de um curador, pois o ato nupcial pode envolver disposição de bens. Exemplo: um pródigo tem dez imóveis; se ele se casar pelo regime da comunhão universal de bens, no dia da celebração do casamento, metade de seu patrimônio pertencerá a seu cônjuge. Por isso, neste caso, é necessária a assistência do curador apenas para autorizar o regime de bens do casamento. O curador não interfere na escolha afetiva; apenas opina acerca do regime de bens.

Cuidado com questões referentes aos silvícolas ⎯ O Código

anterior utilizava a expressão silvícola. Pergunto: o silvícola é o índio? Resposta: A expressão era destinada para regular os indígenas. Mas etimologicamente silvícola não é obrigatoriamente o índio (silva = selva; íncola = habitante; portanto, silvícola seria o que mora nas selvas e que não está adaptado aos hábitos de nossa sociedade – nem sempre sadios...). Já vi uma questão que caiu em um concurso e que não considerou o silvícola como sendo sinônimo de índio. O índio seria uma espécie do gênero silvícola. Na verdade isso era uma bobagem, pois a finalidade da lei sempre foi proteger os índios, bem como os seus bens, não importando a nomenclatura que se quisesse dar. O atual Código Civil é mais preciso. Utiliza a expressão ‘índio’. Aliás, compatibilizando com o texto da Constituição Federal (confiram: art. 22, XIV e arts. 231/232). Mas não os considerou como incapazes. Apenas afirmou que a capacidade dos índios será regulada por meio de lei especial (vejam o parágrafo único do art. 4º, CC). A Lei n° 6.001/73 (Estatuto do Índio) coloca o índio e sua comunidade, enquanto não integrado à comunhão nacional, sob o regime tutelar (trata-se de uma tutela estatal, originada no âmbito administrativo e não a estabelecida pelo Código Civil). O órgão que deve assisti-los é a FUNAI. A lei estabelece que os negócios praticados entre um índio e uma pessoa estranha à comunidade, sem a assistência da FUNAI é nulo (e não anulável). No entanto prevê que o negócio pode ser considerado válido se o índio revelar consciência do ato praticado e o mesmo não for prejudicial. Para a emancipação do índio exige-se: idade mínima de 21 anos (continua valendo essa idade, apesar da maioridade civil do atual Código de

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18 anos), conhecimento da língua portuguesa, habilitação para o exercício de atividade útil, razoável conhecimento dos usos e costumes da comunhão nacional e liberação por decisão judicial. A Justiça Federal é a competente para tratar de assuntos relativos aos índios.

TUTELA E CURATELA

Embora esse tema se refira ao Direito de Família, gosto de falar um pouco sobre ele aqui também. Nem todos os editais exigem o Direito de Família. Mas tutela e curatela são pontos que podem cair tanto na Parte Geral do Direito Civil, como no Direito de Família. Assim, é melhor falar sobre o tema duas vezes (se o edital pedir também o Direito de Família) do que acabar não falando nada sobre o tema. Além disso, é muito comum perguntas de alunos sobre esse assunto, principalmente sobre a diferença entre os institutos.

A tutela é um instituto de caráter assistencial que tem por finalidade substituir o poder familiar. Protege o menor (impúbere ou púbere) não emancipado e seus bens, se seus pais falecerem ou forem suspensos ou destituídos do poder familiar, dando-lhes representação ou assistência no plano jurídico. Pode ser oriunda de provimento voluntário, de forma testamentária, ou em decorrência da lei. Observem que o tutor pode representar o incapaz (se este for menor de 16 anos) ou assisti-lo (se ele for maior de 16, porém menor de 18 anos). O tutor pode realizar quase todos os atos em nome do menor. Mas não poderá emancipá-lo. Neste caso depende de sentença judicial, conforme veremos logo adiante. Observem que poder familiar e tutela são institutos que se excluem. Somente se não houver o poder familiar é que será nomeado um tutor.

Já a curatela é um encargo público (também chamado de munus) previsto em lei e que é dado para pessoas maiores, mas que não estão em condições de realizar os atos da vida civil pessoalmente, geralmente em razão de alguma enfermidade, deficiência mental ou prodigalidade. O curador além de administrar os bens do incapaz, deve, também, reger e defender a pessoa. Decorre de nomeação pelo Juiz em decisão prolatada em processo de interdição. Costuma-se dizer que a natureza da decisão é constitutiva com eficácia declaratória. Vamos explicar melhor essa frase para que todos a entendam. Até pessoas que são formadas em Direito têm certa dificuldade de entendimento disso. Esclareço, inicialmente que esta explicação se refere mais ao Direito Processual Civil. Mas sempre é interessante falar sobre ela. Costumo mencionar este tópico nas aulas presenciais.

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O termo sentença deriva do latim, sententia (do verbo sentire), expressando a ideia de que o Juiz, ao sentenciar, declara o que sente. O art. 162, §1o do CPC estabelece que: Sentença é o ato do Juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269. Pelo art. 267 do CPC um processo é extinto sem que o Juiz resolva o mérito (ex: não estão presentes as condições da ação, o autor abandona ou desiste da ação, há coisa julgada, etc.). Pelo art. 269 do CPC há resolução de mérito (ex: Juiz acolhe ou rejeita o pedido do autor, pronuncia a prescrição ou a decadência, etc.). Costuma-se classificar uma sentença em: a) declaratória – simples declaração da existência ou inexistência de relação jurídica; b) constitutiva – é a que cria, modifica ou extingue uma relação jurídica; c) condenatória – é a que declarando a certeza da jurídica, estabelece ao devedor uma obrigação, especificando a sanção para o caso de não se cumprir a obrigação. No caso que mencionei acima a sentença é constitutiva em relação ao regime curatelar, ou seja, cria o regime da curatela, criando também uma nova relação jurídica entre o tutor e o tutelado. A partir da sentença a pessoa ficará impossibilitada de reger sua pessoa e administrar seus bens. Por outro lado, a sentença é também declaratória, pois ela não cria a incapacidade decorrente de um fato apurado no processo. Ela apenas declara uma situação: a de incapacidade da qual o interditando é portador. Concluindo: ela declara a incapacidade e institui o regime da curatela, daí dizer que é constitutiva com eficácia declaratória.

Voltando... Os atos praticados depois da sentença podem ser considerados nulos ou anuláveis conforme o interdito seja absoluta ou relativamente incapaz. É possível (jurisprudência) invalidar ato negocial antes da interdição desde que se comprove a existência da insanidade por ocasião da efetivação daquele ato, posto que a causa da incapacidade é a anomalia psíquica e não a sentença de interdição. O curador também pode representar ou assistir o incapaz, dependendo da espécie de incapacidade.

Representação e Assistência

Vamos reforçar estes temas. O instituto da incapacidade tem como objetivo proteger os que são portadores de uma deficiência jurídica apreciável. E, como vimos, essa forma de proteção é graduada:

Representação ⎯ destina-se à proteção dos absolutamente incapazes. Estas pessoas estão privadas de agir juridicamente e serão representadas. Exemplo: um rapaz, com 15 anos, não pode vender um apartamento de sua propriedade. Mas este imóvel pode ser vendido através de seus pais que irão representar o menor. No ato da compra e venda este nem precisa

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comparecer. Se o absolutamente incapaz realizar um negócio sem ser representado, este negócio será considerado nulo.

Assistência ⎯ destina-se à proteção dos relativamente incapazes. Estas pessoas já podem atuar na vida civil, praticando alguns atos sozinhos. Mas para outros atos necessitam de assistência. Estas pessoas já podem atuar na vida civil. Alguns atos podem praticar sozinhos; outros necessitam de autorização. Exemplo: um rapaz, com 17 anos, já pode vender seu apartamento. Mas não poderá fazê-lo sozinho. Necessita de assistência de seus pais. No ato de compra e venda ele comparece e assina os documentos, juntamente com seus pais. A pessoa já pode realizar o negócio em seu próprio nome (ao contrário da representação em que é a outra pessoa realiza o negócio em nome do incapaz). Na assistência é ela quem realiza o ato; porém este ato é presenciado pelo assistente que também deve assinar a documentação. Se o relativamente incapaz realizar um negócio sem ser assistido, este negócio será considerado anulável.

Atenção Pessoal ⎯ Por meio da representação e da assistência, supre-se eventual incapacidade, e os negócios jurídicos podem ser realizados regularmente. Quanto à nulidade e anulabilidade do negócio jurídico analisaremos estes temas em outra aula mais adiante durante este curso, de forma bem minuciosa todas as hipóteses de uma e de outra situação.

Curador Especial ⎯ se houver um conflito de interesses entre o incapaz e seu representante legal o Juiz deve nomear um curador especial para proteger o incapaz. Este curador tem função específica para o processo (e não para os demais atos da vida civil). Ele está previsto no art. 9o do Código de Processo Civil. Exemplo: uma senhora morreu e deixou de herança um apartamento para seu filho com 16 anos e para seu marido. O imóvel, portanto, pertence a pai e filho, em condomínio. O rapaz deseja vender sua parte. Porém seu pai não deseja a venda. Há um conflite de interesses que somente será resolvido com uma ação judicial. E neste caso o Juiz irá nomear o curador especial para verificar qual a melhor maneira de se proteger os interesses deste menor. Notem como a situação é especial. No caso a pessoa possui pai (que é seu representante legal); é menor (na falta dos pais é nomeado um tutor), mas o juiz irá nomear um curador especial.

C) CAPACIDADE PLENA

A incapacidade termina, via de regra, ao desaparecerem as causas que a determinaram. Assim, nos casos de loucura, da toxicomania, etc., cessando a enfermidade que a determinou, cessa também a incapacidade. Exemplo: um

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rapaz, com 25 anos de idade, era viciado em tóxicos. Por tal motivo foi interditado e considerado relativamente incapaz. Tempos depois, após um rigoroso tratamento, ele conseguiu se livrar do vício. Comprovado este fato, a incapacidade pode ser “levantada”.

Já em relação à menoridade, a incapacidade cessa quando o menor completar 18 anos (art. 5°, caput, CC). Dessa forma, torna-se apto a exercer pessoalmente todos os atos da vida civil sem necessidade de ser assistido por seus pais. Há aqui uma presunção legal de que uma pessoa com 18 anos já tem experiência e discernimento suficiente para a prática de todos os atos da vida civil. Além disso, o mesmo já é civilmente responsável pelos danos causados a terceiro, sendo obrigado à indenizá-los.

Cuidado!! Não podemos confundir a capacidade civil, com a imputabilidade (ou responsabilidade) penal, que também se dá aos 18 anos completos, com a capacidade eleitoral que se inicia, facultativamente, aos 16 anos, e nem com a idade limite para o serviço militar, que se dá aos 17 anos. O que nos interessa aqui é a apenas a capacidade civil.

É interessante ressaltar os dispositivos do Código de Processo Civil que disciplinam a capacidade processual: Art. 7o Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo. Art. 8o Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil.

EMANCIPAÇÃO – Art. 5o, parágrafo único, CC

Falamos sobre a Personalidade e a Capacidade. Falta agora, para terminar esta aula, falar sobre a Emancipação.

Emancipação (cessação da incapacidade ou antecipação dos efeitos da maioridade) é a aquisição da capacidade plena antes dos 18 anos, habilitando o indivíduo para todos os atos da vida civil. O menor de 18 anos, se for emancipado, será considerado plenamente capaz para efeitos civis (embora continue a ser menor de idade). A emancipação é irrevogável e definitiva. Porém pode haver a invalidade do ato (ex: nulidade ou anulabilidade decorrente de coação), como veremos em aula mais adiante.

Adquire-se a emancipação (art. 5o, parágrafo único, Código Civil):

1 – Pela concessão dos pais ou de apenas um deles na falta do outro (também é chamada de emancipação parental ou voluntária) ⎯ nesta hipótese os pais reconhecem que seu filho já tem maturidade suficiente para reger sua pessoa e seus bens. Deve ser concedida por ambos os pais, por

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instrumento público (escritura) e posteriormente registrada no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais, não sendo necessária a homologação do Juiz. O menor deve ter, no mínimo, 16 anos completos. Admite-se a emancipação unilateral (ou seja, realizada por apenas um dos pais) na hipótese de um deles ter falecido, ou ter sido destituído do poder familiar ou um outro motivo relevante justificado. A jurisprudência entende que os pais que emancipam seus filhos não se eximem da responsabilidade por eles.

2 – Por Sentença do Juiz ⎯ basicamente temos duas hipóteses para a aplicação deste dispositivo: a) quando um dos pais não concordar com a emancipação, contrariando a intenção do outro; neste caso nota-se que há um conflito de vontades entre os pais quanto à emancipação do filho; b) quando o menor estiver sob tutela. O tutor não pode emancipar o menor. Evita-se, assim, a emancipação destinada apenas para livrar o tutor do encargo. Desta forma a emancipação deve ser feita pelo Juiz, se o menor tiver 16 anos, ouvido o tutor, com a participação do Ministério Público, depois de verificada a conveniência para o bem do menor. O Juiz sentencia e comunica a concessão ao oficial do Registro Civil.

3 – Pelo casamento ⎯ a idade nupcial (ou idade núbil) do homem e da mulher é de 16 anos. Ou seja, com essa idade as pessoas já podem se casar. No entanto o art. 1.517, CC exige a autorização de ambos os pais, enquanto não atingida a maioridade. Caso os pais não consintam com o casamento, ou em havendo divergência entre eles (em ambas as situações quando a razão para a negativa do casamento for injusta), a autorização poderá ser suprida pelo Juiz. Após a celebração do casamento, os cônjuges, mesmo que menores, são considerados emancipados. Não seria plausível que uma pessoa casada, embora menor de 18 anos, continuasse incapaz e tendo que pedir autorização para seus pais para a prática de todos os atos da vida civil. O divórcio, a viuvez e mesmo a anulação do casamento não implicam no retorno à incapacidade. No entanto o casamento nulo pode fazer com que se retorne à situação de incapaz. Na realidade, se o ato foi declarado nulo, não é que a pessoa perde a condição de capaz; na verdade ela nunca foi emancipada, posto que como regra o ato nulo não produz efeitos e é retroativo. Mas há uma exceção: se o casamento for contraído de boa-fé. Nesta hipótese o ato produzirá efeitos de um casamento válido e a pessoa será considerada emancipada. Embora este tema seja referente mais ao Direito de Família, acho interessante aprofundar um pouco. Vamos exemplificar as situações:

a) Um homem já casado, consegue se casar com outra mulher, que tem 16 anos (digamos que ela já sabia deste fato e que houve a autorização dos

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pais dela para o casamento). O art. 1.521, inciso VI, CC proíbe o casamento de pessoas casadas (bigamia). Caso isso ocorra, o segundo casamento será considerado nulo, pois o art. 1.548, inciso II, CC assim determina. Declarada a nulidade do casamento, a mulher retornaria à situação de incapaz.

b) Dois irmãos, sem saberem deste fato, acabam se casando. Isso pode ocorrer. Aliás, isso já ocorreu em casos de irmãos que foram separados quando crianças. A coincidência existe, integra a vida real, e é muito mais densa e rica que a mente de um roterista de novelas. Posteriormente foi descoberta a relação de parentesco entre ambos. O casamento é considerado nulo (art. 1.521, inciso IV e 1.548, inciso II, ambos do CC). Porém, em face da boa-fé de ambos, mantém-se os efeitos da emancipação. A capacidade de ambos deve ser preservada, principalmente se originar filhos desta relação.

Somente em casos excepcionais admite-se o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (que, como já vimos, é de 16 anos). Exemplo: gravidez. Digamos que uma jovem de 15 anos engravidou de seu namorado que tem 23 anos e uma situação financeira confortável. Eles querem se casar. Mas a jovem ainda não tem a idade núbil (16 anos). Neste caso exige-se uma sentença judicial de suprimento de idade, autorizando o casamento. Lembrem-se que apesar da emancipação civil, para os demais efeitos esta pessoa continua sendo considerada menor. Ou seja, continua penalmente inimputável, ainda não pode obter título de eleitor, nem carteira de habilitação para dirigir veículos, etc.

4 – Pelo exercício de emprego público ⎯ deve ser efetivo; excluem-se, portanto, os diaristas, contratados e os nomeados para cargos em comissão. Há entendimento que deve ser funcionário da administração direta (excluindo-se, assim, os funcionários de autarquias). Há pouca aplicação prática deste dispositivo, pois como regra, os editais de concursos públicos exigem que o candidato já tenha, no mínimo, 18 anos completos.

5 – Pela colação de grau em curso de ensino superior ⎯ também há pouca aplicação prática devido às particularidades de nosso sistema de ensino.

6 – Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que em função deles, o menor tenha economia própria ⎯ é necessário que este menor tenha no mínimo 16 anos completos, pois já revelaria suficiente amadurecimento. Na prática há uma certa dificuldade para se provar o que seja "economia própria". Tem-se entendido como sendo a renda suficiente para a sobrevivência da pessoa, de acordo com o nível de vida que está inserida. Exemplos: pessoa com 16 anos

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que já é um artista expondo obras em galerias mediante remuneração; jogador de futebol profissional, “gênio da informática”, prestando serviços a empresas, seja desenvolvendo “games” ou criando formas de proteção contra “hackers”, etc.

Observações

01) Serviço Militar ⎯ trata-se de uma hipótese prevista em lei especial – faz com que cesse para o menor de dezessete anos a incapacidade civil, apenas para efeito do alistamento e sorteio militar (não repercute no âmbito do Direito Civil).

02) A doutrina costuma assim classificar a emancipação: a) voluntária (concedida pelos pais); b) judicial (realizada por sentença do Juiz); c) legal (demais hipóteses previstas no parágrafo único do art. 5o, CC).

Vejamos agora uma questão interessante que já caiu em diversos concursos, misturando conceitos de Direito Penal e Civil. Uma pessoa se casa com 16 anos. Um ano depois, em uma discussão por ciúmes, acaba matando seu cônjuge. Ela vai responder criminalmente? Resposta = A emancipação só diz respeito aos efeitos civis. Portanto, para o Direito Penal essa pessoa continua menor (sendo considerada inimputável) e ficando sujeita não ao Código Penal, mas sim ao Estatuto da Criança e Adolescente. O mesmo ocorre com o Código Nacional de Trânsito: um menor, mesmo emancipado, também não pode dirigir veículos, uma vez que a idade mínima para adquirir permissão ou habilitação é com 18 anos.

Outra questão: uma pessoa menor se casou. Tornou-se, portanto, capaz. Logo a seguir se divorcia. O divórcio faz com que a pessoa retorne ao estado de incapaz? Resposta = pela nossa lei, não! Isto é, uma vez alcançada a emancipação, esta não pode ser mais cancelada, pois houve a cessação da incapacidade, a não ser em casos especialíssimos, como vimos acima (ex: casamento nulo).

O último tópico desta aula diz respeito ao registro. Ele é realizado para preservar eventual direito de terceiros; para que estes saibam com quem estão se relacionando. Se a pessoa é solteira ou casada; incapaz e interditada ou plenamente capaz, etc. Assim, segundo o art. 9o, CC devem ser registrados no Registro Público:

• nascimentos, casamentos e óbitos.

• emancipação por outorga dos pais ou por sentença do Juiz.

• interdição por incapacidade absoluta ou relativa.

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• sentença declaratória de ausência e de morte presumida.

A lei também prevê a averbação de outros fatos importantes no Registro Público. Trata-se do art. 10, CC. Lembrando que averbação, nestes casos, apenas esclarece alguma eventual modificação ou complemento no estado de uma pessoa. Vejamos as hipóteses:

• sentenças que decretam a nulidade ou anulação do casamento, bem como separação judicial, restabelecimento da sociedade conjugal e divórcio.

• atos judiciais ou extrajudiciais que declaram ou reconhecem a filiação, bem como a adoção.

Vamos dar um exemplo para deixar bem clara a distinção entre o Registro e a Averbação. Duas pessoas se casam. Pelo art. 9o, CC deve ser lavrado o registro, ou seja, a Certidão de Casamento. Posteriormente estas pessoas se separam judicialmente. Pelo art. 10, CC Esta situação deve ser averbada no próprio registro de casamento. Posteriormente aquelas pessoas se divorciam. É feita uma nova averbação no registro. E assim por diante.

Meus Amigos e Alunos. Após apresentar a matéria em aula, sempre faço um quadro sinótico que é o resumo da matéria dada. Este é um “esqueleto da matéria”. Tem a função de ajudar o aluno a melhor assimilar os conceitos dados em aula. A experiência nos mostra que este quadro é de suma importância, pois se aluno conseguir memorizar este quadro, saberá situar a matéria e completá-la de uma forma lógica e sequencial. Portanto após ler todo o ponto, o quadrinho de resumo deve ser também lido e relido, mesmo que o aluno tenha entendido a matéria dada. Esta é mais uma forma de fixação da aula. Além disso, é ótimo para uma rápida revisão da matéria às vésperas de uma prova.

Vamos então apresentar o resumo do que foi falado na aula de hoje, cujo tema foi Pessoa Natural (ou Pessoa Física).

QUADRO SINÓTICO

DAS PESSOAS NATURAIS (FÍSICAS)

(arts. 1o ao 39 e 70 ao 78 do Código Civil)

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PESSOA NATURAL - CONCEITO ⎯ é todo ser humano considerado como sujeito de obrigações e direitos, sem qualquer distinção. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil (art. 1o do CC). Compõe: a Personalidade, a Capacidade e a Emancipação.

I – PERSONALIDADE ⎯ conjunto de caracteres próprios da pessoa, reconhecida pela ordem jurídica a alguém, sendo a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. Os Direitos de Personalidade estão previstos nos arts. 11 a 21 do CC. Lembrando que estes dispositivos não exaurem a matéria; são meramente exemplificativos. Com exceção dos casos previstos expressamente na lei eles são: intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

A) Início da Personalidade ⎯ nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro (o que está por nascer) – art. 2o do CC. Cuidado com a expressão natimorto. Ela não é considerada técnica. O vocábulo possui um duplo sentido: aquele que nasceu sem vida OU aquele que veio à luz, com sinais de vida, mas, logo morreu.

B) Individualização (atributos da personalidade)

1. Nome – é o sinal exterior pelo qual se designa e se reconhece uma pessoa perante a sociedade (arts. 16 a 19 do CC). Características: inalienável, imprescritível e personalíssimo. Elementos: prenome, patronímico (sobrenome) e agnome (Júnior, Neto, etc.). A lei protege de forma expressa o pseudônimo. Em princípio o nome é imutável, mas a lei permite inúmeras exceções (ex: situações vexatórias, erro gráfico, homônimo, casamento, etc.).

2. Estado – soma das qualificações de uma pessoa na sociedade. Estado individual (idade, sexo, saúde mental e física, altura, peso, etc.); Estado político (brasileiro nato, naturalizado, estrangeiro, etc.); Estado familiar: quanto ao matrimônio (solteiro, casado, viúvo, etc.), quanto ao parentesco (pai, mãe, filho, avô irmão, etc.).

3. Domicílio (arts. 70 a 78 do CC) – Regra básica = lugar onde se estabelece a residência com ânimo definitivo (art. 70, CC). É domicílio também, quanto às relações concernentes à profissão, onde esta é exercida (art. 72, CC). Elementos: a) objetivo (estabelecimento físico); b) subjetivo (intenção de ali

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permanecer). Outras regras: a) pluralidade domiciliar: pessoa com diversas residências onde alternadamente viva → domicílio será qualquer delas (art. 71, CC); b) pessoa sem residência habitual → domicílio será o local onde for encontrada (art. 73, CC). Domicílio Legal ou Necessário: incapaz (absoluta ou relativamente), servidor público, militar, preso e marítimo (art. 76, CC). Domicílio voluntário especial: a) domicílio contratual (art. 78, CC) que é o local especificado no contrato para o cumprimento das obrigações dele resultantes; b) domicílio (ou foro) de eleição ou cláusula de eleição de foro (previsto no art. 111 do Código de Processo Civil), que é o escolhido pelas partes para a propositura de ações relativas às obrigações. Jurisprudência → não se admite o foro de eleição nos contratos por adesão quando dificultar os direitos do aderente em comparecer em juízo; considera-se como sendo uma cláusula abusiva e, por isso, nula.

C) Fim da Personalidade

1. Morte Real com corpo (certidão de óbito) ou sem corpo (justificação judicial – art. 88 da Lei de Registros Públicos – 6.015/73).

2. Morte Civil – não existe mais. Deixou resquícios no Direito das Sucessões. Ex: indignidade (art. 1.816, CC)

3. Morte Presumida: efeitos patrimoniais e alguns pessoais. Depende de um demorado processo judicial, passando por três fases (arts. 22 a 39, CC): a) Ausência (ou curadoria do ausente) – 01 ou 03 anos, dependendo da hipótese (art. 26, CC), arrecadando-se os bens que serão administrados por um curador; b) Sucessão Provisória – é feita a partilha de forma provisória, aguarda-se 10 anos o retorno do ausente; c) Sucessão Definitiva – na abertura já se concede a propriedade plena dos bens e se declara a morte (presumida) do ausente. Seu cônjuge é reputado viúvo. Aguarda-se mais dez anos; d) Fim – após o decurso deste prazo, encerra-se o processo e o ausente, se retornar, não terá direito a nada.

4. Efeitos da Morte: dissolução do vínculo conjugal e do regime matrimonial; extinção do poder familiar; extinção da obrigação de prestar alimentos com o falecimento do credor; extinção dos contratos personalíssimos, etc. Por outro lado a vontade do de

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cujus (falecido) pode sobreviver por meio de um testamento. Além disso, ao cadáver é devido respeito; os militares e os servidores públicos de uma forma geral podem ser promovidos post mortem; permanece o direito à imagem, à honra, aos direitos autorais, etc.

D) Comoriência – presunção relativa (juris tantum – admite prova em contrário) de morte simultânea de duas ou mais pessoas, sempre que não se puder averiguar quem faleceu em primeiro lugar – art. 8º CC. Aplica-se o instituto sempre que houver uma relação de sucessão hereditária. A consequência prática é que se os comorientes forem herdeiros uns dos outros, não haverá transferência de direitos entre eles; um não sucederá o outro.

II – CAPACIDADE – aptidão da pessoa para exercer direitos e assumir obrigações, ou seja, de atuar sozinha perante o complexo das relações jurídicas. Espécies: Capacidade de Direito e de Fato. Quem tem as duas espécies de capacidade tem a capacidade plena. Incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil.

A) Capacidade de Direito (ou gozo) ⎯ própria de todo ser humano; quem tem personalidade (está vivo) possui capacidade de direito.

B) Capacidade de Fato ⎯ trata-se da possibilidade de exercício dos direitos. Subdivide-se em:

1. Absolutamente Incapazes (art. 3º, CC) a) menores de 16 anos. b) enfermidade ou deficiência mental sem discernimento. c) mesmo por causa transitória, não puderem exprimir a vontade.

2. Relativamente Incapazes (art. 4º, CC)

a) maiores de 16 e menores de 18 anos. b) ébrios habituais, viciados em tóxico e os que por deficiência mental tenham discernimento reduzido. c) excepcionais, sem desenvolvimento completo. d) pródigos (os que dissipam seus bens).

Obs. Os absolutamente incapazes serão representados e os

relativamente serão assistidos por seus representantes legais (pais, tutores ou curadores).

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Índios → são regulados por legislação especial (Lei n° 6.001/73 – Estatuto do Índio).

3. Capacidade Plena ⎯ pessoas maiores de 18 anos ou emancipadas.

III – EMANCIPAÇÃO ⎯ é a aquisição da capacidade plena antes dos 18 anos, habilitando o indivíduo para todos os atos da vida civil. Definitiva e Irrevogável – Art. 5o, parágrafo único, CC:

1) Concessão dos pais (na falta de um deles, apenas a do outro), por instrumento público, independentemente de homologação judicial – 16 anos.

2) Sentença do Juiz (ouvido o tutor, nos casos em que não há poder familiar) – 16 anos.

3) Casamento – idade núbil (homens e mulheres) → 16 anos.

4) Exercício de emprego público efetivo.

5) Colação de grau em curso de ensino superior.

6) Estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de relação de emprego, com economia própria – 16 anos.

IV – Devem ser registrados (art. 9o, CC):

• nascimentos, casamentos e óbitos.

• emancipação por outorga dos pais ou por sentença do Juiz.

• interdição por incapacidade absoluta ou relativa.

• sentença declaratória de ausência e de morte presumida.

V – Devem ser averbados (art. 10, CC):

• sentenças que decretam a nulidade ou anulação do casamento, bem como separação judicial, restabelecimento da sociedade conjugal e divórcio.

• atos judiciais ou extrajudiciais que declaram ou reconhecem a filiação, bem como a adoção.

TESTES

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Meus Amigos e Alunos. Ao final de cada aula forneço alguns testes, sendo que todos eles já caíram em concursos anteriores, com a finalidade de revisar o que foi ministrado e fixar, ainda mais, a matéria. Os testes têm um grau de dificuldade acima da média e não fujo de questões polêmicas, desde que tenham interesse para um concurso. Esses exercícios devem ser solucionados pelo aluno. Isto é imprescindível, pois muitas vezes completam a aula. Muitas informações relativas à matéria, principalmente algumas situações especiais, estão nas respostas dos testes. Algumas dúvidas que o aluno possa ter ficado em aula podem ser esclarecidas com os exercícios. Além disso, o aluno vai “pegando a malícia dos testes”; o quê exatamente o examinador quer com tal questão. Daí a importância de fazer os testes e ler todas as respostas com atenção. Por esse motivo o gabarito é totalmente comentado. Muitas dúvidas da aula são sanadas por meio da leitura dos testes e de suas respectivas respostas, pois completam, aprofundam a matéria dada em aula.

OBSERVAÇÃO – Nesta aula tratamos de diversos assuntos, todos eles conexos. Como são muitos testes sobre esta aula, tentei separá-los por assunto (personalidade, capacidade, domicílio e emancipação), melhor situando a matéria e evitando que eles fiquem “misturados”. Portanto, cuidado ao conferir o gabarito. Vamos então a eles:

A) PERSONALIDADE

A.01) De acordo com o Código Civil, os direitos inerentes à dignidade da pessoa humana são:

a) absolutos, intransmissíveis, irrenunciáveis, ilimitados e imprescritíveis.

b) relativos, transmissíveis, renunciáveis, limitados.

c) absolutos, transmissíveis, imprescritíveis, ilimitados, renunciáveis, impenhoráveis.

d) inatos, absolutos, intransmissíveis, renunciáveis em determinadas situações, limitados e imprescritíveis.

e) absolutos, intransmissíveis, irrenunciáveis, ilimitados e penhoráveis.

A.02) (OAB/SP – 2005) Os direitos da personalidade são irrenunciáveis e ...

a) disponíveis, podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

b) intransmissíveis, podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

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c) intransmissíveis, podendo o seu exercício sofrer, parcialmente, limitação voluntária.

d) intransmissíveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

A.03) Sobre tutela dos direitos da personalidade assinale a alternativa CORRETA:

a) falecida a pessoa, cessa a possibilidade de tutela desses direitos.

b) é vedada à pessoa a disposição gratuita do próprio corpo.

c) no ordenamento jurídico brasileiro, não se admite a possibilidade de alteração do sobrenome.

d) para a manutenção da ordem pública, o Código Civil admite a exposição da imagem da pessoa sem sua autorização.

e) uma pessoa pode ser constrangida a submeter-se a uma intervenção cirúrgica, mesmo que esta exponha o paciente a risco de vida.

A.04) Sobre os direitos de personalidade, pode-se afirmar que:

a) a pessoa jurídica não é titular de tais direitos, por não ser detentora de honra.

b) são renunciáveis, podendo seu exercício sofrer limitação voluntária.

c) é permitida a disposição livre e onerosa do próprio corpo, para quaisquer fins.

d) embora eles sejam intransmissíveis, o direito de exigir sua reparação transmite-se aos sucessores.

e) caracterizam-se por serem apenas extrapatrimoniais.

A.05) (Procurador do Distrito Federal – 2005) Quanto aos direitos de personalidade, pode-se afirmar:

a) é vedado, seja qual for a hipótese, à pessoa juridicamente capaz, dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo, pois os direitos de personalidade, entre os quais se pode citar a integridade física, são irrenunciáveis.

b) é viável a utilização, por terceiro, da imagem de uma pessoa, desde que tal uso não lhe atinja a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se destine a fins comerciais.

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c) pelo Código Civil os direitos de personalidade são irrenunciáveis, porém são admitidas diversas limitações voluntárias.

d) embora o nome de uma pessoa goze de proteção legal, o mesmo não se dá quanto ao pseudônimo utilizado em atividades lícitas.

e) apenas o titular do direito de personalidade pode exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, sendo vedado a qualquer outra pessoa levar a efeito tais medidas, ainda que o titular do direito de personalidade já tenha falecido.

A.06) (Tribunal Regional Federal - 1a Região – Técnico Administrativo – 2006) Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos de personalidade são:

a) irrenunciáveis, mas transmissíveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

b) renunciáveis e transmissíveis, podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

c) irrenunciáveis e intransmissíveis, mas pode o seu exercício sofrer limitação voluntária.

d) renunciáveis e transmissíveis, mas não pode o seu exercício sofrer limitação voluntária.

e) irrenunciáveis e intransmissíveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

A.07) (Magistratura do Trabalho – 8a Região/PA – 2007) Assinale a alternativa CORRETA da disciplina do Código Civil sobre os direitos de personalidade:

a) os direitos de personalidade são sempre intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

b) é sempre defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes; todavia é válida a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte, com objetivo altruístico ou científico.

c) com a finalidade de preservação do direito à integridade física é possível, mediante determinação judicial, a adoção coativa de tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.

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d) o nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, desde que presente a intenção difamatória, bem como, sem autorização, não será utilizado em propaganda comercial.

e) o pseudônimo adotado para atividade lícitas goza da proteção que se dá ao nome.

A.08) (CESPE/UnB - OAB/SP – 2008) Não é própria aos direitos da personalidade a qualidade de:

a) imprescritibilidade.

b) irrenunciabilidade.

c) disponibilidade.

d) efeitos erga omnes.

e) impenhorabilidade.

A.09) (Fundação Getúlio Vargas – Magistratura do Estado do Pará) O Código Civil, no âmbito dos direitos da personalidade, no que concerne às circunstâncias de transgenitalização:

a) proíbe.

b) impõe.

c) estimula.

d) permite.

e) vilipendia.

A.10) (OAB/RS – 2006) Em se tratando de direitos da personalidade, assinale a alternativa CORRETA.

a) na hipótese de manutenção da ordem pública, a lei civil autoriza a divulgação da imagem da pessoa sem a sua devida e prévia autorização.

b) os direitos da personalidade se enquadram no campo dos direitos eminentemente relativos.

c) ocorrendo a morte da pessoa, cessa a tutela sobre sua personalidade.

d) não há previsão legal que regule a possibilidade de alteração do sobrenome da pessoa.

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5577

e) o elemento que permite integrar o nome, objetivando distinguir pessoas de uma mesma família com nomes iguais denomina-se codinome.

A.11) (OAB/MG – 2007) Assinale a afirmativa CORRETA:

a) a publicação, exposição ou utilização da imagem da pessoa é, de maneira geral, permitida, sendo necessária sua autorização se lhe atingir a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se destinar a fins comerciais.

b) a existência legal da pessoa natural se dá a partir do registro no Cartório Civil das Pessoas Naturais.

c) o nome da pessoa natural é protegido contra qualquer divulgação ou publicação não autorizada pelo titular, podendo este obter judicialmente a cessação da divulgação ou publicação ou, ainda, indenização pelas perdas e danos daí decorrentes.

d) havendo alguma lesão ao direito de personalidade, o interessado tem direito de reclamar somente as eventuais perdas e danos desta lesão.

A.12) (Delegado de Polícia Civil do Estado de Goiás – 2003) O Código Civil preceitua que “se pode exigir que cesse a ameaça ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei”. Em caso de morte, tem legitimação para requerer a medida prevista no artigo citado:

a) o cônjuge sobrevivente e os demais descendentes.

b) o cônjuge sobrevivente, qualquer parente em linha reta e colateral até o terceiro grau.

c) o cônjuge sobrevivente, qualquer parente em linha reta e colateral até o quarto grau.

d) o cônjuge sobrevivente, qualquer parente em linha reta e colateral até o segundo grau.

e) o cônjuge sobrevivente, os descendentes e os colaterais até o quarto grau.

A.13) (83o Concurso para o Ministério Público – São Paulo) A personalidade civil inicia-se com o nascimento com vida, colocando-se a salvo os direitos do nascituro, sendo necessário, todavia, que a criança ...

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a) se livre totalmente do ventre materno, mantendo-se ligada ao cordão umbilical, mesmo que não apresentando, de imediato, sinais de respiração ou viabilidade de sobreviver, e ostente a forma humana.

b) se separe, por inteiro, ou mesmo que parcialmente do ventre materno, e desligada necessariamente do cordão umbilical, o parto seja efetuado normalmente, ou por meio de cesariana e que respire e tenha forma humana.

c) venha à luz, ainda que se mantendo ligada ao cordão umbilical, mesmo que o parto se concretize através de cesariana ou pelo meio natural, e evidencie possibilidade de poder vir a respirar.

d) consiga separar-se por inteiro ou parcialmente do ventre materno, mediante parto natural ou intervenção cirúrgica, pouco importando que o cordão umbilical não seja rompido, que seja viável ou não, e que não tenha necessariamente forma humana.

e) necessariamente venha à luz com o rompimento do cordão umbilical, por meio de parto cesariano ou natural e que apresente aptidão vital.

A.14) (Ordem dos Advogados do Brasil – Minas Gerais – 2007) Numa maternidade foram realizados os partos de três crianças: Antônio, João e Pedro. Antônio nasceu com um grave problema cardíaco e faleceu depois de dois dias. João nasceu morto, em virtude de complicações ocorridas ainda no ventre materno. Finalmente Pedro nasceu saudável. Sobre as três situações descritas assinale a alternativa CORRETA:

a) todos adquiriram personalidade civil, desde a concepção.

b) apenas Antônio e Pedro adquiriram personalidade civil.

c) Antônio não adquiriu personalidade civil, pois em razão do grave problema cardíaco sua vida era inviável.

d) todos adquiriram personalidade civil, só que João perdeu-a quando morreu.

e) Antônio e João não adquiriram personalidade porque morreram; Pedro pode obter a personalidade assim que for registrado.

A.15) (CESPE - OAB/SP – 2008) A personalidade civil da pessoa natural surge e desaparece, respectivamente, com

a) o nascimento e a morte.

b) a concepção e a morte.

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c) a maioridade e a morte.

d) a concepção e a senilidade.

e) o nascimento e a interdição definitiva.

A.16) (Edursan – Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Saneamento Ambiental – Advogado Cível – 2009 – Fundação Universo). Assinale a alternativa INCORRETA:

a) uma pessoa pode ter o gozo de um direito sem ter o seu exercício.

b) a capacidade de gozo pode subsistir sem a capacidade de fato.

c) a lei admite restrições ao exercício de certos direitos pelos estrangeiros.

d) a lei confere personalidade jurídica material ao nascituro.

A.17 (Defensoria Pública – MG/2006) Acerca o nascituro, é INCORRETO afirmar que:

a) após o nascimento com vida, pode reivindicar ressarcimento por dano moral sofrido enquanto nascituro.

b) é legitimado a suceder, desde que já concebido no momento da abertura da sucessão.

c) pode ser donatário, desde que aceita a doação por seu representante legal.

d) tem direito de propriedade.

e) tem garantia legal de nascer saudável, o que importa em dever legal de atendimento pré e perinatal à gestante.

A.18) (Defensoria Pública – São Paulo – 2007) Princípio que consagra o direito da pessoa capaz, de manifestar sua vontade e de dispor gratuitamente do próprio corpo, no todo ou em parte, após a sua morte, com objetivo científico ou terapêutico é chamado pela doutrina de:

a) consentimento válido.

b) autonomia da vontade.

c) beneficência altruísta.

d) consenso beneficente.

e) consenso afirmativo.

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A.19) (CESPE – OAB/SP – 2008) Por meio de atributos pode-se identificar juridicamente a pessoa como determinado sujeito a quem a lei garante posições jurídicas, positivas ou negativas. São exemplos de atributos da personalidade.

a) o nome e a obrigação de prestar alimentos.

b) o estado civil e a propriedade.

c) a capacidade e a obrigação de dar ou restituir coisa.

d) a fama e o domicílio.

A.20) Marido e mulher eram casados no regime da separação total, sendo que faleceram em um mesmo acidente aéreo. Antes de se casarem o marido tinha um patrimônio de R$ 200.000,00. O varão deixou como herdeiros um ascendente (sua mãe) e um irmão. A varoa deixou apenas um irmão. Foi reconhecido no inventário a comoriência. A quem deve tocar a herança?

a) 50% para o irmão do varão e 50% para o irmão da varoa.

b) 50% para a mãe do varão e 50% para o irmão da varoa.

c) 100% para a mãe do varão.

d) 25% para a mãe do varão, 25% para o irmão do varão e 50% para o irmão da varoa.

e) 50% para a mãe do varão e 50% para o irmão do varão.

A.21) Marido e mulher eram casados no regime da comunhão universal, sendo que faleceram em um mesmo acidente aéreo. Antes de se casarem o marido tinha um patrimônio de R$ 200.000,00. O varão deixou como herdeiros um ascendente (sua mãe) e um irmão. A varoa deixou um irmão e um sobrinho. Foi reconhecido no inventário a comoriência. A quem deve tocar a herança?

a) 50% para o irmão do varão e 50% para o irmão da varoa.

b) 50% para a mãe do varão e 50% para o irmão da varoa.

c) 25% para a mãe do varão, 25% para o irmão do varão e 25% para o irmão da varoa e 25% para o sobrinho da varoa.

d) 50% para a mãe do varão e 50% para o sobrinho da varoa.

e) 100% para a mãe do varão.

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A.22 (Defensoria Pública do Estado do Ceará – FCC – 2009) O envelhecimento é um direito personalíssimo e sua proteção um direito social, razão pela qual fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos, urbanos e semiurbanos, a toda pessoa com mais de:

a) 65 anos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares.

b) 60 anos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares.

c) 65 anos, incluindo-se os serviços seletivos e especiais, ainda que prestados paralelamente aos serviços regulares.

d) 70 anos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares.

e) 65 anos, exceto nos serviços seletivos e especiais, mesmo quando inexistir serviços regulares.

B) CAPACIDADE

B.01) São consideradas absolutamente incapazes pela atual legislação civil:

I – os menores de 16 anos.

II – os maiores de 80 anos.

III – os silvícolas.

IV – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiveram o necessário discernimento para a prática desses atos.

V – os que, por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

ASSINALE:

a) os itens I, II e IV são considerados corretos.

b) somente o item I está correto.

c) os itens I, IV e V estão corretos.

d) somente o item V está incorreto.

e) todas as alternativas estão corretas.

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B.02) São absolutamente incapazes os menores de:

a) 16 anos; os que somente não puderem exprimir sua vontade, em razão e por causa permanente.

b) 18 anos; os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil; os excepcionais sem desenvolvimento mental completo.

c) 16 anos; os que por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil; os que mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

d) 16 anos; os ébrios habituais; os pródigos; os toxicômanos.

e) 16 anos, os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil; os pródigos.

B.03) É INCORRETO afirmar que são incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:

a) os ébrios habituais e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido.

b) os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo.

c) os maiores de 14 e menores de 18 anos.

d) os pródigos.

e) os viciados em tóxicos que por este motivo tenham o discernimento reduzido.

B.04) Uma pessoa com dezenove anos de idade, que sempre trabalhou na roça, sendo que por esse motivo não teve o seu registro de nascimento realizado:

a) por não ter sido registrada ainda, não existe juridicamente como pessoa natural.

b) é pessoa plenamente capaz.

c) é pessoa relativamente incapaz.

d) é pessoa absolutamente incapaz.

e) não será considerada pessoa, nem mesmo se for registrada, pois não há registro retroativo.

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6633

B.05) (OAB/RS – 2006) Quanto à capacidade civil, podemos afirmar que:

a) os menores de 18 anos são absolutamente incapazes para exercer pessoalmente qualquer ato da vida civil.

b) são relativamente incapazes os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

c) os menores de 16 anos já podem contratar, sem haja vício de vontade.

d) os pródigos são incapazes relativamente a certos atos.

B.06) (Magistratura - São Paulo. Concurso 171) O Código Civil exige, para a validade na realização de um ato jurídico, que o agente seja capaz. Tal disposição legal configura a exigência de que o agente:

a) tenha capacidade de gozo ou de direito.

b) tenha capacidade de fato ou exercício.

c) seja pessoa física, dotado de personalidade jurídica.

c) somente tenha sempre mais de 18 anos.

d) mesmo menor de 16 anos, seja assistido por seu representante legal.

B.07) A venda de um imóvel por um menor, com dezessete anos de idade, sem ter sido assistido, mas após sua aprovação no concurso vestibular, do qual participou pagando a inscrição com suas próprias economias, será:

a) inexistente, porque o menor não foi emancipado.

b) ineficaz, porque o agente não foi assistido nem representado.

c) anulável, porque o agente é relativamente incapaz.

d) anulável, porque o agente é absolutamente incapaz.

B.08) Assinale a alternativa CORRETA:

a) a incapacidade será absoluta, quando houver proibição total do exercício do direito pelo incapaz, acarretando, em caso de violação do preceito, a possibilidade de decretação da anulação do ato.

b) os menores somente são capazes de direitos e obrigações, quando representados ou assistidos.

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c) os menores relativamente incapazes, independente da presença de assistente, podem ser testemunhas em atos jurídicos e elaborar o seu próprio testamento.

d) nosso Código Civil trata do instituto da comoriência, no livro do Direito das Sucessões, em razão de sua relevância para esse ramo do Direito Civil, que trata sobre a presunção absoluta de morte simultânea.

B.09) (Analista Judiciário – 4a Região – 2005) A respeito das Pessoas Naturais, é CERTO que:

a) os ébrios habituais, os viciados em tóxico e os pródigos são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil.

b) a personalidade civil da pessoa começa com a concepção e termina com a morte, ainda que presumida, com ou sem declaração de ausência.

c) os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo são incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer.

d) a menoridade cessa aos 21 anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

e) a declaração da morte presumida só poderá ser requerida se alguém, desaparecido em campanha, não for encontrado até 02 (dois) anos após o término da guerra.

B.10) (Procurador do Banco Central – 2005) São relativamente incapazes:

a) os que por enfermidade ou deficiência mental não tiverem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil.

b) os maiores de 18 (dezoito) e menores de 21 (vinte e um anos).

c) os ébrios habituais e os viciados em tóxicos que tenham o discernimento reduzido.

d) os que, por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

e) os menores de 16 (dezesseis) anos.

B.11) (Procurador do Banco Central – 2005) A existência da Pessoa Natural termina com a morte,

a) a qual pode ser declarada, pelo Juiz, sem decretação de ausência, se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.

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b) presumindo-se a morte quanto aos ausentes, desde que aberta a sua sucessão provisória.

c) a qual nunca pode ser presumida.

d) e o ausente será presumido morto somente depois de contar 80 (oitenta) anos de idade e de 05 (cinco) anos antes forem suas últimas notícias.

e) e o ausente será presumido morto depois de 10 (dez) anos do pedido de sucessão definitiva.

B.12) (Tribunal Regional Eleitoral - Analista Judiciário – 2005) A respeito das Pessoas Naturais, considere as proposições abaixo:

I – A abertura da sucessão provisória de pessoa ausente poderá ser declarada após o decurso de lapso ânuo da arrecadação dos bens do ausente.

II – Nos atos da vida civil os absolutamente incapazes são assistidos e os relativamente incapazes são representados.

III – Consideram-se absolutamente incapazes os que mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

IV – O pseudônimo não goza da proteção que se dá ao nome, ainda que adotada para atividades lícitas.

Estão CORRETAS apenas:

a) I e III.

b) I e II.

c) II e IV.

d) II e III.

e) III e IV.

B.13) (Ministério Público – Minas Gerais – 2006) São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:

a) os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo.

b) os pródigos.

c) os que mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

d) os viciados em tóxicos e o que por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido.

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e) os ébrios habituais e o que por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido.

B.14) (Procurador da Fazenda Nacional – 2006) Assinale a opção FALSA:

a) uma pessoa pode ter o gozo de um direito sem ter o seu exercício.

b) para uma pessoa ter capacidade de fato necessita ter também a capacidade de direito.

c) a capacidade de gozo é inerente à personalidade.

d) a lei confere personalidade jurídica material ao nascituro.

e) a lei admite restrições ao exercício de certos direitos pelos estrangeiros.

B.15) (OAB/SP – 2009) “Pessoa é todo ente físico ou moral suscetível de direitos e obrigações, sendo, portanto, sujeito de direitos”. Diante da afirmação, assinale a opção CORRETA.

a) a capacidade de exercício da pessoa natural corresponde à sua inaptidão para ser sujeito de direito.

b) a capacidade de exercício ou de fato da pessoa natural pressupõe a de gozo ou de direito, mas esta pode subsistir sem aquela.

c) a incapacidade relativa da pessoa natural não pode ser suprida.

d) o estado político da pessoa natural indica a sua situação em relação ao matrimônio e ao parentesco consanguíneo ou por afinidade.

B.16) (Tribunal Regional Eleitoral/São Paulo – Analista Judiciário – 2006) Com relação às pessoas naturais, segundo o Código Civil Brasileiro, é CORRETO afirmar:

a) cessará, para os menores, a incapacidade pela colação de grau em curso de ensino médio.

b) os pródigos são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil.

c) em regra, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

d) são incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

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e) se dois indivíduos falecerem na mesma ocasião, ocorrendo a comoriência, presumir-se-á que o mais velho precedeu ao mais novo.

B.17) (Auditor Fiscal do Trabalho – 2006) Assinale a opção FALSA:

a) a proteção jurídica dos incapazes realiza-se por meio da representação ou assistência, o que lhes dá segurança, quer em relação a sua pessoa, quer em relação a seu patrimônio, possibilitando-lhes o exercício de seus direitos.

b) a morte presumida pode dar-se com ou sem decretação de ausência.

c) a senilidade, por si só, não é causa de restrição da capacidade de fato, porque não pode ser considerada equivalente a um estado psicopático.

d) o assento da sentença de interdição no registro de pessoas naturais e a publicação editalícia não são indispensáveis para lhes assegurar eficácia erga omnes.

e) em relação à menoridade, a incapacidade cessa quando o menor completar 18 anos ou for emancipado.

B.18) (T.R.F. 1a Região – Analista Judiciário – 2006) Considere as seguintes assertivas a respeito das pessoas naturais:

I – Os menores de dezesseis anos de idade podem ser proprietários de bens móveis e imóveis.

II – A lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro, mas a personalidade da pessoa começa do nascimento com vida.

III – Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil.

IV – Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil.

Em conformidade com o Código Civil brasileiro, está correto o que se afirma SOMENTE em:

a) II e IV.

b) III e IV.

c) I, II e III.

d) I, II e IV.

e) II, III e IV.

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B.19) (Advogado da IRB – Brasil Resseguros – 2006) Assinale a opção FALSA:

a) o direito à personalidade é o direito da pessoa defender o que lhe é próprio, como a vida, a identidade, a liberdade, a imagem, a privacidade, a honra, etc.

b) pessoa idosa poderá sofrer interdição se a senectude originar um estado patológico, retirando-lhe o necessário discernimento para pratica atos negociais.

c) o pródigo é considerado, se sofre interdição, relativamente incapaz, estando privado, sem assistência do curador, da prática de atos que possam comprometer o seu patrimônio.

d) o direito brasileiro não admite a declaração de morte presumida sem decretação de ausência, para, em casos excepcionais, viabilizar o registro do óbito, resolver problemas jurídicos e regular a sucessão causa mortis.

e) o instituto da incapacidade visa proteger os que são portadores de alguma deficiência jurídica apreciável, graduando a forma de proteção.

B.20) Quanto ao evento morte, assinale a alternativa INCORRETA:

a) a morte presumida ocorre somente quando a pessoa for declarada ausente.

b) a comoriência é a presunção de morte simultânea entre duas ou mais pessoas que faleceram na mesma ocasião, quando não der para verificar qual delas foi a precedente.

c) natimorto é criança que ao nascer com vida, adquiriu a personalidade, e expirou minutos depois.

d) a morte civil, que é uma das formas de término da personalidade jurídica de uma pessoa, não é aceita pelo Direito Civil Brasileiro.

e) excepcionalmente, se estiver ausente o corpo do de cujus, mas houver certeza de seu falecimento, a certidão de óbito poderá ser lavrada e a morte real declarada.

B.21 (Técnico Judiciário - Área Administrativa TRT – 15a Região – Campinas/SP) Paulo, Pedro e José, num automóvel, levavam João a um hospital, pois estava muito doente. Paulo, o mais velho, dirigia o veículo. Pedro, seu filho, estava no banco da frente. José, uma criança de 8 anos, e João ocupavam o banco traseiro. No percurso, o veículo colidiu com um poste

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e todos morreram, não se podendo verificar quem morreu primeiro. Nesse caso, presume-se que:

a) todos morreram simultaneamente.

b) Paulo morreu primeiro, por ser o mais velho.

c) Pedro morreu primeiro, por viajar no banco da frente.

d) José morreu primeiro, por ser o mais jovem.

e) João morreu primeiro, porque estava muito doente.

B.22) (OAB/RS 2005) Relativamente ao ausente, é CORRETO afirmar que:

a) o Juiz poderá declarar a ausência e nomear curador apenas a requerimento do Ministério Público, por ser a morte uma norma de ordem pública.

b) é impossível a declaração de ausência quando houver mandatário constituído antes do desaparecimento.

c) declarada a ausência, ao término de cinco anos contados da arrecadação dos bens do ausente, os interessados poderão requerer a sucessão definitiva dos seus bens.

d) pode-se também requerer a sucessão definitiva, provando-se que o ausente conta com oitenta anos de idade e que datam de três anos as suas últimas notícias.

e) se o ausente aparecer nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva terá direito aos bens existente no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros ou demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.

B.23) (Técnico do Ministério Público da União – 2007) Poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão, se decorrido:

a) um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando seis meses.

b) um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos.

c) seis meses da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando um ano.

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d) seis meses da arrecadação dos bens do ausente, inclusive se ele deixou representante ou procurador.

e) três anos da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando seis meses.

B.24) (Magistratura – Minas Gerais – 2003/2004) Pedro estava em viagem de férias quando o navio em que se encontrava naufragou. Hoje, decorridos mais de seis meses desde o trágico naufrágio, nenhuma notícia há de Pedro, não tendo sido o seu corpo encontrado, mesmo após incessante busca. Pedro não deixou representante ou procurador para a administração dos seus bens. À luz do Código Civil, marque a alternativa CORRETA:

a) depois de esgotadas as buscas e averiguações, poderá ser judicialmente declarada a morte presumida de Pedro, sem decretação de sua ausência. A sentença que declarar a morte presumida deverá fixar a data provável do falecimento.

b) os bens de Pedro deverão ser arrecadados e, depois de decorridos 02 (dois) anos da arrecadação, será declarada a sua ausência e aberta a sucessão provisória.

c) passados 02 (dois) anos do acidente, os interessados poderão requerer a declaração de ausência de Pedro, a abertura da sucessão provisória e, 20 (vinte) anos depois de encerrada esta, pedir seja aberta a sucessão definitiva.

d) o Juiz, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, declarará a ausência de Pedro, nomeando preferencialmente o cônjuge como curador para a administração dos bens deixados.

e) será declarada a morte presumida de Pedro, 10(dez) anos após a decretação de sua ausência.

B.25) (Analista Judiciário – TRT 1a Região/RJ – 2008) Antônia, esposa de Fernando, requereu ao Juiz competente que declarasse a morte presumida, sem declaração de ausência de seu marido, fundamentando seu pedido na única afirmação de que recebeu a notícia do desaparecimento daquele em naufrágio de embarcação pequena, ocorrido durante grave tempestade em alto-mar. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção CORRETA.

a) o pedido deverá ser julgado procedente, visto que a lei prevê a declaração de morte presumida quando esta for extremamente provável para quem estava em perigo de morte.

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b) o pedido não deverá ser provido porque a autora da ação apenas comprovou a probabilidade de morte e a situação de perigo à vida, sem, no entanto, ter fundado seu pedido, também, no esgotamento das buscas e averiguações levadas a cabo para encontrar o desaparecido.

c) a morte presumida só será declarada se Fernando não houver deixado procurador a quem caiba a administração de seus bens ou, caso tenha deixado procurador, este não queira continuar exercendo sua obrigação.

d) a lei só ressalva a possibilidade da declaração de morte presumida para as situações de desaparecidos em campanha ou prisioneiros que não forem encontrados até 2 anos após o término de uma guerra.

e) No caso, a consequência do provimento do pedido será a arrecadação de bens e nomeação de curador, após o que, com o decurso de um ano, será declarada a morte presumida de Fernando.

B.26) (Defensoria Pública do Estado de São Paulo – 2006) João, solteiro e sem ascendentes e descendentes, desapareceu de seu domicílio há 06 (seis) meses e não há notícias de seu paradeiro. Não deixou representante ou procurador para a administração de seus bens. À luz do Direito vigente, é CORRETO afirmar:

a) em se passando 02 (dois) anos, poderão os interessados requerer a declaração de ausência, abrindo-se provisoriamente a sucessão.

b) o requerimento de ausência só poderá ser formulado por parente até o terceiro grau ou pelo Ministério Público.

c) será nomeado um curador pelo Juiz para gerir a pessoa do ausente e seus bens.

d) poderá ser declarada a sucessão definitiva de João, 10 (dez) anos após transitada em julgado a sentença que concedeu a sucessão provisória.

e) o curador nomeado pelo Juiz prosseguirá como representante legal da herança, mesmo aparecendo herdeiros.

B.27) (T.R.F. 1a Região – Analista Judiciário – 2006) João é pródigo, José é excepcional, sem desenvolvimento mental completo, Jonas transitoriamente não pode exprimir sua vontade e Joaquim possui quinze anos. Neste caso, de acordo com o Código Civil brasileiro, são incapazes, relativamente a certos atos da vida civil ou à maneira de os exercer:

a) João, José e Joaquim.

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b) José e Joaquim. c) João e José. d) José e Jonas. e) João e Jonas

B.28) (Defensoria Pública do Estado de São Paulo – 2006) Com relação à capacidade civil, é hipótese CORRETA:

a) menor, entre 16 e 18 anos, por ser relativamente incapaz, não pode ser interditado.

b) decretada a interdição do pródigo, fica o mesmo impossibilitado de praticar atos da vida civil e, portanto, está proibido de contrair matrimônio.

c) são relativamente incapazes os ébrios eventuais e os pródigos.

d) os viciados em tóxico são considerados sempre como relativamente incapazes.

e) o testamento público realizado por menor, com 16 anos, é considerado válido.

B.29) (Técnico do Ministério Público da União – 2007) Em uma sala encontram-se cinco pessoas: Mário, Maria, Márcio, Mariana e Marcos. Mário é pródigo; Maria, por causa transitória, não pode exprimir sua vontade; Márcia é excepcional, sem desenvolvimento mental completo; Mariana, por deficiência mental tem o discernimento reduzido e Marcos conta com 16 anos de idade. É absolutamente incapaz de exercer pessoalmente os atos da vida civil:

a) Mário. b) Maria. c) Márcio. d) Mariana. e) Marcos.

B.30) (Controladoria Geral da União – 2006) Assinale a opção VERDADEIRA.

a) a capacidade de exercício pressupõe a de gozo e esta não pode subsistir sem a de fato ou de exercício.

b) artista plástico menor, com 16 anos de idade, que, habitualmente, expõe, mediante remuneração, numa galeria, não adquire capacidade.

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c) a condenação criminal acarreta incapacidade civil.

d) o estado civil é uno e indivisível, pois ninguém pode ser simultaneamente casado e solteiro, maior e menor, brasileiro e estrangeiro, salvo nos casos de dupla nacionalidade.

e) se alguém desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra, seus parentes poderão requerer ao Juiz a declaração de sua ausência e nomeação de curador.

B.31) (Tribunal de Contas da União – Analista de Controle Externo – ESAF - 2006) Aponte a opção FALSA.

a) a capacidade de fato é a aptidão de exercer por si os atos da vida civil.

b) o portador de doença neurológica degenerativa progressiva grave, por não ter discernimento, é tido como absolutamente incapaz, devendo ser interditado e representado.

c) a capacidade dos índios, pela sua gradativa assimilação à civilização, nos termos do atual Código Civil, deverá ser regida por leis especiais.

d) admite-se a morte presumida sem decretação de ausência, em casos excepcionais (ex: naufrágio), para viabilizar o registro de óbito, resolver problemas jurídicos gerados com o desaparecimento e regular a sucessão causa mortis.

e) a curatela é um instituto de interesse público, ou melhor, é um munus público, cometido por lei a alguém somente para administrar os bens de pessoa maior que, por si só, não está em condições de fazê-lo, em razão de enfermidade mental ou de prodigalidade.

B.32) (OAB/PR – 2006) Analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa CORRETA:

I – A morte presumida somente pode ser declarada após prévia declaração de ausência, com a abertura da sucessão definitiva.

II – Aqueles que, por deficiência mental, tenham o seu discernimento reduzido são, à luz do atual Código Civil, relativamente incapazes.

III – Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo, conforme nosso atual Código Civil, são relativamente incapazes.

a) apenas as afirmativas II e III estão corretas.

b) apenas a afirmativa III está correta.

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c) apenas a afirmativa II está correta.

d) todas as afirmativas estão corretas.

e) todas as afirmativas estão erradas.

B.33 (FCC - Defensoria Pública do Estado do Maranhão - 2009) A respeito da capacidade de direito, é correto afirmar:

a) o menor de dezesseis anos é absolutamente incapaz, ao passo que a capacidade de direito plena ocorre somente aos dezoito anos.

b) em relação às pessoas físicas, ocorre a partir do nascimento com vida, mas somente se prova com o registro de nascimento.

c) em relação às pessoas morais, ocorre a partir do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

d) o registro civil da pessoa física possui natureza jurídica meramente declaratória, ao passo que, para as pessoas jurídicas, o registro tem efeito constitutivo.

e) para o maior de dezoito anos, pode ser afastada mediante ação de interdição, na qual se prove a total falta de discernimento do interditando, quer por doença, quer por mal congênito.

B.34 (FCC - Defensoria Pública do Estado do Ceará - 2009) A capacidade de fato...

a) da pessoa natural inicia-se com o nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

b) da pessoa moral inicia-se com o nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

c) é relativa entre os dezesseis e vinte e um anos de idade e absoluta a partir de então.

d) será absoluta a partir dos dezoito anos incompletos e não é perdida em razão do envelhecimento.

e) não se apura exclusivamente com base no critério etário.

C) DOMICÍLIO

C.01) (Analista Judiciário – TRF 1a Região – 2006 – FCC) Considere as seguintes assertivas a respeito do domicílio:

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I – Se a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.

II – O domicílio do marítimo é, em regra, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado.

III – Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde residam seus ascendentes e, na falta deles, onde residam os descendentes.

IV – Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.

De acordo com o Código Civil brasileiro, está CORRETO o que se afirma SOMENTE em:

a) I e III.

b) I e IV.

c) I, II e III.

d) I, III e IV.

e) II, III e IV.

C.02) (Analista Judiciário – TRT 16a Região/MA – 2009 – FCC) Pessoa que seja possuidora de duas residências regulares. O seu domicílio poderá ser:

a) a localidade em que por último passou a residir.

b) o local de sua propriedade em que começou a residir em primeiro lugar.

c) qualquer das residências.

d) o local onde estiver residindo há mais tempo.

e) somente se o imóvel for de sua propriedade.

C.03) (Técnico Administrativo – TRF 1a Região – 2006) Maria é artista circense. Sua vida é viajar pelo Brasil fazendo espetáculos. Considerando que Maria nasceu no Rio de Janeiro, que seus pais residem em São Paulo e que seus filhos residem em Salvador, de acordo com o Código Civil brasileiro, ter-se-á como domicílio civil de Maria:

a) o lugar em que for encontrada.

b) Rio de Janeiro ou Salvador.

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c) Rio de Janeiro, somente.

d) Salvador, somente.

e) São Paulo, somente.

C.04) (Advogado do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – 2006) A respeito do domicílio, marque a afirmação CORRETA:

a) o conceito de domicílio confunde-se com o de residência, nos inovadores termos do Código Civil de 2002.

b) as pessoas jurídicas estatais – União, Estados e Municípios – não possuem um domicílio.

c) como vigora em nosso sistema o princípio da unicidade de domicílio, é vedado ao particular possuir domicílio.

d) havendo pluralidade de residências, cabe à autoridade pública indicar o domicílio da pessoa natural, a qual não terá direito de opção.

e) é instituto caracterizado por um elemento objetivo, qual seja, o estabelecimento físico da pessoa e outro subjetivo, configurado pela intenção (animus) de permanência definitiva.

C.05) Assinale a alternativa CORRETA de acordo com as normas do Código Civil em vigor. Possui(em) domicílio necessário:

a) o servidor público.

b) apenas o preso e o militar.

c) somente o marítimo, o militar e o incapaz.

d) o militar da ativa ou da reserva.

e) as pessoas casadas.

C.06) O domicílio, como consagrado pelo Código Civil,

a) é único e consiste no local em que a pessoa estabelece residência com ânimo definitivo.

b) é único e consiste no centro de ocupação habitual da pessoa natural.

c) é considerado o local onde a pessoa exerce sua profissão. Se a pessoa exercer a profissão em locais diversos, deverá indicar um local específico para todas as relações correspondentes.

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d) pode ser plural, desde que a pessoa natural tenha diversas residências onde alternadamente viva.

C.07) (OAB/MG 2007) Sobre domicílio, assinale a alternativa INCORRETA:

a) o domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente.

b) o domicílio do preso é o lugar onde foi processado.

c) o domicílio do militar é o lugar onde servir.

d) o domicílio do servidor público é o lugar em que exerce permanentemente suas funções.

e) o domicílio do marítimo é o do lugar onde o navio estiver matriculado

C.08) (Procurador do Banco Central – 2005) Considera-se domicílio da Pessoa Natural, quanto às relações concernentes à profissão:

a) somente o lugar em que a pessoa natural estabelecer a sua residência com ânimo definitivo.

b) o lugar onde esta é exercida, e se exercitar a profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.

c) o lugar em que for encontrada em dia útil.

d) somente um único lugar onde esta é exercida em caráter permanente e principal, desconsiderando-se qualquer outra localidade onde também a exerça, ainda que com habitualidade.

e) apenas o lugar para o qual estiver inscrita em caráter permanente no órgão de classe correspondente, independentemente de exercê-la com habitualidade em outro local.

C.09) (Controladoria Geral da União – 2006) Os marítimos têm por domicílio o local onde estiver matriculado o navio. Tal domicílio é:

a) voluntário geral.

b) aparente.

c) legal.

d) ocasional.

e) voluntário especial.

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C.10) (Analista Judiciário – TRT 4a Região/RS – 2006 – FCC) De acordo com o Código Civil brasileiro, o domicílio civil

a) do incapaz é o do seu representante ou assistente e o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções.

b) da pessoa natural que não tenha residência habitual é o lugar onde manteve sua última residência

c) da pessoa natural que tiver diversas residências onde, alternadamente viva, é a Capital do Estado ou cidade mais próxima da Capital.

d) do marítimo é a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado.

e) do preso é o lugar onde foi proferida a sentença condenatória.

C.11) Acerca do domicílio, assinale a opção INCORRETA.

a) o domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.

b) têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.

c) as partes contratantes podem especificar, nos contratos celebrados por escrito, o domicílio onde serão exercidos os direitos e obrigações resultantes dos mesmos.

d) o direito brasileiro somente admite a unicidade domiciliar.

C.12) (OAB/MG – 03.2005) O domicílio, como consagrado pelo Código Civil:

a) pode ser plural, desde que a pessoa tenha diversas residências onde alternadamente viva.

b) é único, e consiste no local em que a pessoa estabelece residência com ânimo definitivo.

c) é único, e consiste no centro de ocupação habitual da pessoa natural.

d) é considerado o local onde a pessoa exerce sua profissão. Se a pessoa exercer a profissão em locais diversos, deverá indicar um local específico para todas as relações correspondentes.

C.13) (Técnico Judiciário - Área Administrativa TRT – 15a Região – Campinas/SP) Pedro é militar da Marinha e está servindo na cidade de Foz do Iguaçu. A sede do comando a que se encontra imediatamente subordinado

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situa-se em Santos. Sua esposa mora em Registro. Seu filho é domiciliado em Guarujá. Seus pais residem em Curitiba. O domicílio civil de Pedro é em:

a) Registro. b) Foz de Iguaçu. c) Santos. d) Guarujá. e) Curitiba.

D) EMANCIPAÇÃO

D.01) (TRF - Analista Judiciário – 2006 – 1a Região) Maria, Mariana e Mônica são menores de idade. Considerando-se que Maria contraiu matrimônio com João; Mariana exerceu emprego público transitório e Mônica colou grau em curso de ensino médio, cessou a incapacidade para os atos da vida civil para:

a) Maria e Mônica. b) Maria e Mariana. c) Maria, Mariana e Mônica. d) Mônica. e) Maria.

D.02) É considerado como uma das formas de emancipação: a) o contrato de trabalho. b) o ingresso em curso superior. c) o exercício do direito ao voto. d) o casamento. e) o consentimento do tutor mediante instrumento público.

D.03) (Ordem dos Advogados do Brasil – Minas Gerais – 2007) A incapacidade cessará para os menores:

a) pelo ingresso em curso de ensino superior.

b) pela aprovação em concurso público.

c) pela existência de relação de emprego, desde que, em função dela, o menor, com dezesseis anos completos, tenha economia própria.

d) por sentença do Juiz, ouvidos os pais, ainda que o menor não tenha dezesseis anos completos.

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D.04) Flávia, divorciada, com dezessete anos de idade, celebra um contrato de locação de um imóvel de sua propriedade, sem a assistência de seus pais. Pode-se afirmar que o contrato é:

a) nulo em virtude da incapacidade de Flávia, já que com o divórcio a emancipação perdeu seus efeitos.

b) anulável em virtude da incapacidade de Flávia, já que com o divórcio a emancipação perdeu seus efeitos.

c) nulo, pois Flávia não atingiu a maioridade.

d) válido, pois Flávia está emancipada.

e) válido, pois em qualquer locação de imóvel basta a idade de dezesseis anos do locador para sua validade.

D.05) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) a incapacidade relativa, ao contrário da incapacidade absoluta, não afeta a aptidão para o gozo de direitos, uma vez que o exercício será sempre possível com a representação.

b) a emancipação do menor pode ser obtida com a relação de emprego que proporcione economia própria, desde que tenha 16 anos completos.

c) pode ser declarada a morte presumida, sem decretação da ausência se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.

d) a mulher pode casar-se com 16 anos, desde que com autorização dos pais ou responsáveis.

e) os viciados em tóxicos e os alcoólatras são considerados como relativamente incapazes.

D.06) Assinale a alternativa CORRETA:

a) são considerados relativamente capazes os maiores de dezoito e menores de vinte e um anos.

b) os absolutamente incapazes, desde que assistidos pelos pais, estão aptos a praticar os atos da vida civil.

c) os pródigos são considerados absolutamente incapazes.

d) para os menores a incapacidade poderá cessar com o casamento.

e) o tutor pode emancipar o relativamente incapaz.

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D.07) Assinale, considerando as normas do Código Civil em vigor, entre as alternativas seguintes, a CORRETA.

a) a existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão provisória.

b) a emancipação pode se dar com a concessão dos pais, com a sentença do Juiz, ouvido o tutor, nos casos em que não há poder familiar; com o casamento; com emprego público efetivo, com a colação de grau superior e com o estabelecimento civil ou comercial com economia própria.

c) o embrião fecundado in vitro e não implantado no útero materno é sujeito de direito, equiparado ao nascituro, de acordo com a legislação em vigor.

d) embora o nome de uma pessoa goze de proteção legal, o mesmo não se dá quanto ao pseudônimo utilizado em atividades lícitas.

e) se dois indivíduos falecerem na mesma ocasião, ocorreu o instituto da comociência em que se presume que a pessoa mais velha morreu primeiro.

D.08) A emancipação do menor estará CORRETA, se:

a) o menor tiver 16 (dezesseis) anos completos, automaticamente.

b) por concessão dos pais, ao menor de 16 (dezesseis) anos completos, por instrumento público, homologado judicialmente.

c) o menor tiver 16 (dezesseis) anos completos, concedida por seus pais por instrumento público, independentemente de homologação judicial.

d) o menor tiver 16 (dezesseis) anos completos, por sentença do Juiz, independentemente de ser ouvido o tutor.

e) se o menor tiver 16 (dezesseis) anos completos qualquer um dos pais poderá emancipá-lo, mas em havendo um conflito de interesses entre ambos o juiz nomeará um tutor para a emancipação.

D.09) (Magistratura do Trabalho – 8a Região/PA – 2007) Diz a lei que são hipóteses em que cessa a incapacidade dos menores, EXCETO:

a) pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial.

b) pelo casamento.

c) pelo exercício de emprego público efetivo.

d) pela colação de grau em curso de ensino superior.

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e) pela existência de relação de emprego, desde que, em função dela, o menor com quinze anos completos detenha economia própria.

D.10) (OAB/MG - 2007) João, aos dezoito anos, e Maria, aos 16 anos, casaram-se. Meses depois, João faleceu e Maria ficou viúva aos 16 anos de idade. Com relação à capacidade civil de Maria, assinale a alternativa CORRETA:

a) retorna à incapacidade absoluta, anterior ao casamento.

b) retorna à incapacidade relativa, em razão de sua idade.

c) deve ter o retorno à incapacidade declarado por sentença.

d) permanece plenamente capaz para os atos da vida civil.

e) retorna à incapacidade relativa após a averbação da certidão de óbito de João.

D.11) (CESPE – UnB - Magistratura – Tocantins 2008) Julgue os itens a seguir, relativos à Pessoa Natural.

I) A emancipação concedida por sentença judicial refere-se aos casos em que o menor se encontre sob tutela, ou, ainda, quando o menor pretenda emancipar-se independentemente da vontade dos pais. Têm legitimidade para requerer essa emancipação o Ministério Público, o tutor ou o próprio menor interessado.

II) Na sentença que declara a interdição de uma pessoa por prodigalidade, deve constar que o relativamente incapaz pode praticar validamente todos os atos na vida civil, desde que assistido por seu curador. A sentença impõe, ainda, como restrição ao relativamente incapaz, a obrigatoriedade do casamento pelo regime da separação total de bens.

III) Aberta a sucessão provisória dos bens do ausente, os herdeiros devem prestar garantia para entrar na posse dos bens que lhes cabem. No entanto, quando os herdeiros forem ascendentes, descendentes e o cônjuge, estes estarão dispensados de tal exigência.

IV) Ainda que o desaparecido tenha deixado representante, será declarada a ausência do representado, só que o prazo aumento de um para três anos. Assim, para a declaração de ausência, além dos pressupostos fáticos, exige-se a sua declaração judicial. Essa sentença perde a eficácia com o retorno do ausente.

Estão CERTOS apenas os itens:

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a) III e IV.

b) I e IV.

c) II e III.

d) I e III.

e) todos estão certos.

D.12) (Magistratura do Trabalho – 15a Região – Campinas/2007) Considerando as assertivas abaixo, assinale a alternativa CORRETA:

I) Os atos da vida civil praticados pelo menor de 16 (dezesseis) anos são anuláveis.

II) Os atos praticados pelos excepcionais, sem desenvolvimento mental completo são nulos.

III) Será declarado ausente aquele que desaparecer de seu domicílio, deixando mandatário que não queira continuar a exercer o mandato, nomeando-se curador para velar pelos seus interesses.

IV) Presume-se a morte, sem declaração de ausência, se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.

V) Cessa para os menores a incapacidade por concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, dependendo de homologação judicial posterior.

a) Todas as assertivas estão corretas

b) Somente a assertiva III está correta.

c) Somente a assertiva I está correta.

d) As assertivas I, II e V estão incorretas.

e) Todas as assertivas estão incorretas.

D.13) (Magistratura do Trabalho – 15a Região – Campinas/2008) Assinale a alternativa INCORRETA.

a) o menor com dezesseis anos completos poderá ser emancipado pela existência de relação de emprego que lhe assegure economia própria.

b) pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial.

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c) os direitos de personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, podendo somente a pessoa viva exigir que cessa a ameaça e esses direitos e reclamar perdas e danos.

d) o ébrio habitual é considerado relativamente incapaz.

e) o empregador pode usar o nome do empregado em propaganda comercial da empresa, desde que com autorização do mesmo.

OBS: as questões adiante seguem o padrão que a CESPE/UnB também costuma usar (embora nem sempre), julgando as assertivas e colocando CERTO ou ERRADO. Este não é o modelo adotado pela ESAF. Coloquei apenas para deixar a aula mais completa. Mas é interessante que o aluno, faça o exercício. É mais uma forma de fixação da matéria.

Questão 01 (CESPE/UnB – Analista e Técnico Judiciário – Área Judiciária – TRT 17a Região/ES – 2009) A respeito das pessoas naturais e jurídicas, e do domicílio, julgue os seguintes itens.

a) No caso de preso ainda não condenado, o domicílio deste será o voluntário.

b) Personalidade jurídica é a potencialidade de a pessoa adquirir direitos ou contrair obrigações na ordem civil.

c) Pode ser declarada por sentença a morte presumida da pessoa natural sem a necessidade da decretação da sua ausência.

Questão 02 (CESPE/UnB - TCU – Analista de Controle Externo – 2008) Julgue os itens a seguir:

a) Os pais de Hortelino, jovem de 19 anos de idade, faleceram em grave acidente automobilístico, herdando ele todos os bens e passando a residir com seus avós maternos. Tempos depois, necessitando saldar dívidas contraídas com cartão de crédito, fez, sozinho e de boa-fé, a venda de uma casa de praia a um casal de argentinos residentes na França. Nessa situação, essa venda é anulável, pois trata-se de negócio jurídico efetuado por indivíduo relativamente incapaz não assistido por seus representantes legais.

b) Ranulfo, auditor-fiscal lotado na Delegacia da Receita Federal em Boa Vista-RR, foi nomeado para o cargo em comissão de diretor financeiro de uma autarquia com sede em Brasília. Nessa situação, durante o período em que ele estiver exercendo esse cargo, Ranulfo passará a ter por domicílio a Capital Federal, configurando-se o que se denomina domicílio necessário.

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c) Genivaldo, residente em Teresina-PI, adquiriu um automóvel por meio de financiamento obtido junto à financeira da própria montadora, com sede em São Paulo. Nesse caso, inobstante tal fato, Genivaldo poderá demandar judicialmente a referida instituição financeira na própria capital piauiense, local onde foi assinado o contrato.

Questão 03 (CESPE/UnB – Advogado Geral da União) Suponha-se que Aldo, com dezesseis anos de idade, deseja ser emancipado por seus pais. Nessa situação e de acordo com a legislação civil vigente relativa à emancipação e à família, julgue os itens em seguida.

a) Se apenas o pai de Aldo desejar emancipá-lo, essa emancipação terá efeito de pleno direito, nos termos do Código Civil vigente.

b) A hipótese de emancipação apresentada é classificada pela doutrina como emancipação voluntária.

c) Caso Aldo se case com Maria, de dezessete anos de idade, tornar-se-á plenamente capaz, apesar de não ter 18 anos de idade, o mesmo ocorrendo com ela.

d) Supondo que Aldo esteja concluindo a 3a série do ensino médio; caso ele seja aprovado no vestibular, será automaticamente emancipado.

e) Caso Aldo seja emancipado com a concordância de seus pais e queira se casar após a emancipação, ainda assim deverá ter a autorização deles.

Questão 04 (INSS/2008 – Analista do Seguro Social com Formação em Direito – CESPE/UnB) No que concerne ao direito civil das pessoas, julgue os itens subsequentes.

a) A capacidade de fato ou de exercício da pessoa natural é a aptidão oriunda da personalidade para adquirir direitos e contrair obrigações na vida civil.

b) Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

c) O foro de eleição constitui espécie de domicílio necessário ou legal especial.

Questão 05 (INSS/2008 – Analista do Seguro Social – CESPE/UnB) Acerca da tutela e curatela no direito civil, julgue os seguintes itens.

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a) Tutela e poder familiar são institutos jurídicos que não se excluem, ou seja, podem coexistir e, assim, terem ambos, por objeto, a um só tempo, o mesmo incapaz.

b) A sentença que declara a interdição do incapaz, em qualquer hipótese, somente produz efeitos após o seu trânsito em julgado.

Questão 06 (CESPE/UnB – Analista Judiciário TST – 2008) O cientista francês Philippe Charlier trouxe à tona uma revelação inimaginável: os restos mortais da guerreira e mártir francesa Joana d’Arc são falsos — e, na realidade, podem ser de uma múmia egípcia. (Revista IstoÉ - 11/4/2007, p. 75 - com adaptações). Considerando a notícia acima e a legislação civil brasileira, julgue os itens a seguir.

a) Se Joana d’Arc fosse brasileira, a personalidade jurídica dessa heroína teria se iniciado no momento em que foi concebida, pois a partir desse momento estariam legalmente assegurados os seus direitos.

b) A divulgação da referida descoberta, feita pelo cientista francês à imprensa, classifica-se como um fato jurídico stricto sensu.

c) O nome do renomado pesquisador faz parte de seus direitos de propriedade, o que lhe assegura compensação financeira pelo uso não autorizado de seu nome.

d) Se o cientista em questão fosse de nacionalidade brasileira, porém domiciliado na Alemanha, as regras relativas ao princípio e término de sua personalidade jurídica seriam as contidas no direito alemão.

Questão 07 (CESPE/Unb – Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo – 2009) De acordo com o Código Civil, julgue os itens seguintes.

a) O indivíduo não pode ser constrangido a submeter-se a tratamento ou a intervenção cirúrgica com risco de morte.

b) No que concerne a domicílio, é correto afirmar que, tendo uma pessoa natural vivido sucessivamente em diversas residências, qualquer uma delas será considerada como domicílio seu.

c) A fixação da residência em determinado lugar configura o elemento subjetivo inerente ao conceito legal do domicílio da pessoa natural.

GABARITO COMENTADO

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A) PERSONALIDADE

A.01) Alternativa correta: letra “a”. Nascendo com vida uma pessoa adquire a personalidade, que é a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. Desta forma uma pessoa, embora recém nascida, pode receber uma herança, uma doação, etc. Adquirindo a personalidade, o ser humano adquire o direito de defender o que lhe é próprio, como sua integridade física (vida, liberdade, identidade, alimentos, etc.), intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica, artística e intelectual), moral (honra, segredo pessoal ou profissional, privacidade, imagem, opção religiosa, sexual, etc.). Lembrem-se: a dignidade é um direito fundamental, previsto em nossa Constituição, que também prevê que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente dessa violação. Os direitos da personalidade são direitos que existem para garantir a manifestação da personalidade humana; é o direito subjetivo ao respeito ao conjunto de características personalíssimas denominado "personalidade". O art. 11, CC prescreve: “Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”. Os direitos referentes à personalidade (arts. 11 a 21, CC), portanto, não permitem que o seu exercício sofra limitação voluntária. Em outras palavras, mesmo que a pessoa queira, não pode assinar um contrato abrindo mão de sua vida, da sua integridade física ou moral, etc. Mas em alguns casos expressamente previstos em lei é possível esta limitação. Exemplo: eu não posso vender a autoria de um livro; porém eu posso ceder os direitos autorais referentes a este livro. Apesar do Código Civil se referir apenas a algumas características, a doutrina costuma afirmar, de uma forma completa, que os direitos de personalidade são: inatos (ou seja, o direito já nasce com o indivíduo), absolutos (ou seja, podem ser opostos contra todos, impondo à coletividade o dever de respeitá-los – costumamos dizer “oponível erga omnes”), intransmissíveis (não se transmitem – por exemplo – pela sucessão), indisponíveis (nem mesmo o seu titular pode desprezá-los ou deles dispor de foram onerosa ou gratuita), irrenunciáveis (que não se pode abrir mão), imprescritíveis (não correm os prazos prescricionais, podem ser reclamados judicialmente a qualquer tempo; no entanto não se deve confundir imprescritibilidade da lesão do direito de personalidade – o exercício do direito da personalidade é imprescritível – com a prescritibilidade da pretensão indenizatória de eventual dano decorrente da violação do direito de personalidade – este prescreve em três anos conforme o art. 206, §3o, V, CC), impenhoráveis (se não pode ser objeto de cessão,

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muito menos de penhora) e inexpropriáveis (ninguém pode removê-los de uma pessoa). Observem que o art. 11, CC não utiliza a expressão “ilimitados”. Isto é fruto de construção doutrinária. Este termo se refere à impossibilidade de se imaginar um número fechado de direitos. O que se quer dizer é que não existe um número certo, determinado ou limitado de direitos. Eles não se resumem ao que está na lei. Podem existir direitos de personalidade que não estejam previstos expressamente na lei. A expressão não se refere à extensão do direito propriamente dito (pois na realidade todos os direitos possuem certos limites... Costumo sempre citar a seguinte expressão: "o seu direito termina quando começa o direito de seu próximo"), mas sim à possibilidade de existirem outros direitos de personalidade que não estejam previstos na lei. Notem que nas demais alternativas há sempre pelo menos uma palavra errada: a letra “b” todas as palavras estão erradas; na “c” estão erradas as palavras ‘transmissíveis’ e ‘renunciáveis’; na “d” renunciáveis e limitados e finalmente na letra “e” penhoráveis.

A.02) Alternativa correta: letra “d”. Como vimos acima, os direitos da personalidade decorrem da própria Pessoa Natural, que compreende, entre outros, o direito à vida, à liberdade, à privacidade, à intimidade, à honra, ao nome, à integridade física, etc. Com fundamento no art. 11, CC tais direitos são irrenunciáveis e intransmissíveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária, salvo algumas exceções previstas na própria lei. O titular do direito pode ceder o exercício (e não a titularidade) de alguns dos direitos de personalidade (ex: o direito de imagem pode ser cedido, à título gratuito ou oneroso durante certo lapso de tempo).

A.03) Alternativa correta: letra “d”. O direito à imagem é o de não ver a sua efígie exposta em público ou comercializada sem a sua autorização. Ele é um direito autônomo, isto é, não precisa, necessariamente, estar ligado a outro direito como a identidade, honra, etc. (embora muitas vezes estejam ligados entre si). No entanto em hipóteses especiais a lei permite a exposição da imagem sem autorização. O art. 20, CC prevê que “salvo se autorizadas ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escrito, a transmissão da palavra ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais”. A letra “a” está errada, pois embora o art. 11, CC diga que os direitos personalíssimos sejam intransmissíveis, há ressalva de “exceções previstas na lei”. Assim, alguns direitos podem se transmitem com a morte da pessoa (ex: direitos autorais), havendo ainda a proteção (ou tutela) dos

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mesmos. As pessoas que podem requerer a proteção destes direitos são: os cônjuges, os ascendentes ou os descendentes (art. 20, parágrafo único, CC). A letra “b” também está errada, pois o art. 14, CC permite a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, com o objetivo científico ou altruístico. Como vimos o nome (incluindo o prenome e o sobrenome) da pessoa natural pode ser alterado em diversas situações (alternativa “c” está errada, portanto). Finalmente a letra “e” está errada, pois o art. 15, CC prevê que ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.

A.04) Alternativa correta: letra “d”. Notem, mais uma vez, que o art. 11, CC prescreve que os direitos de personalidade são intransmissíveis. Mas este próprio artigo faz a ressalva: “com exceção dos casos previstos em lei”. Vejam como o examinador gosta das “exceções”. Para a resposta ficar completa e bem fundamentada, devemos combinar este artigo com o art. 943, CC que prescreve que “o direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança”. Por isso esta alternativa acabou ficando certa. A letra “a” está totalmente errada, pois o art. 52, CC assegura às pessoas jurídicas a mesma proteção cabível para a proteção da personalidade. A letra “b” está errada, pois os direitos da personalidade, como vimos, são irrenunciáveis. A letra “c” também está errada. Os artigos 13 e 14, CC regulam o tema; observem o que dispõe o art. 14: “É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte”. Assim a disposição do próprio corpo deve ser gratuita e para fins específicos (e não qualquer finalidade, como ficou na questão). Finalmente a letra “e” também está errada, não só pela expressão “apenas”, mas porque os direitos da personalidade podem ser patrimoniais em algumas hipóteses.

A.05) Alternativa correta: letra “b”. O artigo 5º, XXVIII, “a” da Constituição Federal e o art. 20 do CC tutelam o direito à imagem, porém não proíbem o seu uso por terceiros se isto não atingir a honra, a boa fama, a respeitabilidade, ou se destine a fins comerciais. A letra “a” está errada, pois o art. 14, CC permite a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Já o art. 13 e o seu parágrafo único, CC permite a disposição do próprio corpo, mesmo estando a pessoa viva, desde que para fins de transplante e desde que não importe em diminuição permanente da integridade física ou contrarie os bons costumes. A letra “c” está errada, pois o art. 11, CC não admite limitações voluntárias no direito de personalidade; eventuais exceções são raras e devem estar expressamente prevista na lei. A letra “d” está errada, pois o art. 19, CC equipara o pseudônimo ao nome para

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fins de proteção civil. A letra “d” está errada, pois o art. 12, parágrafo único do CC prevê que em se tratando de pessoa falecida, terá legitimidade para proteger sua personalidade o cônjuge ou qualquer parente em linha reta (que são os descendentes ou ascendentes) ou colaterais até quarto grau (que são os irmãos, tios, sobrinhos, primos, etc.), portanto não é só apenas o titular do direito que pode mover ações judiciais.

A.06) Alternativa correta: letra “e”. Trata-se, mais uma vez, do texto literal do art. 11, CC.

A.07) Alternativa correta: letra “e”. A alternativa está correta, pois se trata do texto exato previsto no art. 17, CC. A alternativa “a” está errada por causa da expressão “sempre”. Notem que o art. 11, CC prevê inicialmente que: “com exceção dos casos previstos em lei, os direitos de personalidade são intransmissíveis...”. A letra “b” está errada. Trata-se do mesmo problema da alternativa anterior: a expressão sempre. Isto porque o art. 13 inicia sua redação prevendo que “salvo por exigência médica...”. A letra “c” está errada, pois o art. 15, CC determina que ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Portanto, não há mais a chamada supremacia do interesse médico-científico, que se invocava em nome da coletividade. Atualmente adotou-se o Princípio da Autonomia do Paciente. A alternativa “d” também está errada por uma sutileza. A alternativa utiliza a expressão “desde que presente a intenção difamatória”. No entanto o art. 17, CC prevê o direito ao nome, “ainda quando não haja a intenção difamatória”.

A.08) Alternativa correta: “c”. Cuidado com a forma de elaboração da questão. O “não” pode confundir. Na verdade a questão quer saber qual a alternativa errada. Como vimos os direitos de personalidade, salvo as exceções previstas em lei, entre outras características, são imprescritíveis, irrenunciáveis, possuem efeitos erga omnes (extensíveis a todos) e impenhoráveis. Portanto não é própria aos direitos de personalidade a disponibilidade (ou seja, em regra eles são indisponíveis).

A.09) Alternativa correta: letra “d”. Transgenitalização é a cirurgia para alteração de sexo, adaptando o corpo (sexo biológico) à mente (sexo psíquico) da pessoa. Não há uma previsão expressa autorizando a operação. No entanto o entendimento é de que tanto a Constituição Federal como o Código Civil, de forma implícita, permitem a cirurgia. Inclusive já há inúmeras decisões judiciais garantindo o direito dos transexuais de realizar a cirurgia de transgenitalização pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

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A.10) Alternativa correta: letra “a”. O art. 20, CC determina que “salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais”. Portanto é possível, em casos especiais, a divulgação da imagem da pessoa sem a sua devida e prévia autorização. A letra “b” está errada, pois segundo a doutrina tais direitos são absolutos, ou seja, podem ser opostos contra todos. A letra “c” está errada, pois tanto o parágrafo único do art. 12, CC, como o parágrafo único do art. 20, CC, prevêem que ao morto também há proteção dos direitos de personalidade e atribuem legitimidade ao cônjuge sobrevivente ou a seus parentes para a propositura de ações pertinentes. Quanto à possibilidade de alteração do nome, a Lei de Registros Públicos (6.015/73) prevê expressamente inúmeras hipóteses em que isso é possível. Já a letra “e” não estava na prova original. Caiu em um outro exame do Distrito Federal. Mas acrescentei nesta questão para ficar mais completa. A alternativa está errada, pois este sinal distintivo se refere ao agnome (Júnior, Neto, Sobrinho, etc.) e não ao codinome. A doutrina se refere a este termo (não está previsto na lei) como sinônimo de apelido. Quem não se lembra da música “Codinome Beija-flor” do Cazuza?

A.11) Alternativa correta: letra “a”. Na verdade é exatamente esse o sentido e o alcance da lei. Confiram o art. 20, CC. A letra “b” está errada, pois a existência legal da pessoa natural se dá com o nascimento com vida (art. 2o, CC), e não o seu registro. A letra “c” está errada e o erro é sutil, pois embora o nome da pessoa seja protegido, esta proteção não é contra qualquer divulgação como exposto na questão, mas apenas em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, conforme o art. 17, CC. Também não se pode usar o nome alheio, sem autorização, em propaganda comercial (art. 18, CC). A letra “d” está errada, pois o interessado pode, além de reclamar perdas e danos, exigir também que cesse a ameaça ou lesão a direito de personalidade, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

A.12) Alternativa correta: letra – “c”. Trata-se do texto exato previsto no parágrafo único do art. 12, CC. Observem que a diferença entre as alternativas é muito sutil.

A.13) Alternativa correta: letra “d”. Conforme vimos, para ter personalidade basta nascer com vida, isto é respirar. Respirou? Sim! Então

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nasceu com vida. O resto é “pegadinha”. Pouco importa que tenha ou não forma humana (pergunto eu: o que seria nascer sem forma humana? – Isso, na verdade era uma exigência do antigo Direito Romano), ou que tenha viabilidade (perspectiva de sobrevida), ou que se tenha rompido o cordão umbilical, ou que se separe total ou parcialmente do ventre materno, ou que o parto tenha sido natural ou por cesariana, etc.

A.14) Alternativa correta: letra “b”. A personalidade tem início com o nascimento com vida, mesmo que por poucos instantes (art. 2o, CC). Antônio e Pedro nasceram com vida, logo adquiriram personalidade, mesmo Antônio morrendo logo a seguir a seu nascimento. João morreu no ventre materno, sendo que nasceu morto, portanto não adquiriu personalidade (na realidade, ele sequer poderia ter um nome, pois só recebe nome quem nasce com vida).

A.15) Alternativa correta: letra “a”. Questão muito fácil para os padrões da OAB. Poderiam ter dificultado um pouco, elaborando alternativas tratando do nascimento com vida ou sem vida, salvaguardas dos direitos do nascituro, morte real (com ou sem o corpo) ou presumida, etc. No entanto foi bem objetiva. Início da personalidade: nascimento; término da personalidade: morte. Interessante observar que o examinador deixou clara a sua opção pelo princípio da natalidade.

A.16) Alternativa incorreta: letra “d”. Como vimos, o nascituro é o que está por nascer. É o ente que foi gerado ou concebido, mas ainda não nasceu. Ele não tem personalidade jurídica material, pois ainda não é considerado como pessoa sob o ponto de vista jurídico. Costuma-se dizer que ele tem apenas a capacidade jurídica formal, uma vez que a lei resguarda seus direitos antes do nascimento. Observem que as alternativas “a” e “b” são iguais; o examinador substituiu a expressão capacidade de fato pelo exercício para diferenciá-las. A letra “c” está correta, pois a lei pode restringir certos direitos de exercício ao estrangeiro; porém não pode fazê-lo em relação à personalidade ou à capacidade de direito.

A.17) Alternativa incorreta: letra “d”. Esta é a única alternativa que confere direitos materiais ao nascituro antes de seu nascimento. Por isso está errada. A letra “a” está correta, pois ele pode ingressar com ação indenizatória após seu nascimento com vida, desde que representado por seus pais. A letra “b” está correta, pois ele tem resguardo à herança, da mesma forma receber doação aceita por seus representantes legais e garantia legal de nascer saudável.

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A.18) Alternativa correta: letra “e”. Consenso afirmativo. Trata-se de questão bem objetiva que exige do candidato o conhecimento de uma terminologia doutrinária muito específica. Segundo este princípio o titular do direito deve manifestar sua vontade de ser doador de órgãos ou tecidos para depois da morte, mas é óbvio que a qualquer tempo pode revogar esta sua intenção.

A.19) Alternativa correta: letra “d”. Em linhas gerais os atributos da personalidade são ligados ao nome, ao estado (civil, político, familiar, etc.) e ao domicílio da pessoa. Os arts. 11 ao 21 do Código Civil tratam dos direitos da personalidade, entre eles a defesa à integridade física ou corporal (vida, corpo, seus órgãos, liberdade, etc.), intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica, artística e intelectual, etc.), moral (como a honra, fama, segredo pessoal ou profissional, privacidade, imagem, opção religiosa, sexual, etc.).

A.20) Alternativa correta: letra “c”. Trata-se da comoriência, que é o instituto pelo qual se considera que duas ou mais pessoas morreram simultaneamente, sempre que não se puder averiguar qual delas pré-morreu, ou seja, quem morreu em primeiro lugar. Está previsto no art. 8o, CC: “Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos”. Trata-se de uma presunção relativa (juris tantum), pois admite prova em contrário. A consequência prática é que se os comorientes forem herdeiros uns dos outros, não haverá transferência de direitos entre eles; um não sucederá o outro. Na hipótese a comoriência se deu entre marido e mulher e o casamento era o da separação de bens. Logo o patrimônio era somente do marido. Portanto a herança será destinada apenas aos herdeiros do marido, pois ela não herdará nada do marido. Como na ordem de sucessão (art. 1.829, CC) os ascendentes têm preferência sobre os irmãos (colaterais), a herança irá toda (100%) para a mãe do varão.

A.21) Alternativa correta: letra “b”. Observem que nesta questão o regime de bens do casamento é diferente da questão anterior. Na comunhão universal de bens, todos os bens pertencem a ambos. Neste caso a herança será dividida em dois montes: a parte do marido e a parte da mulher. A parte do marido (50%) será destinada à sua mãe, posto que os ascendentes têm precedência sobre os colaterais. Já a parte da esposa (50%) irá toda para seu irmão. Notem que tanto os irmãos como os sobrinhos são parentes colaterais. No entanto estabelece o art. 1.840, CC que na classe dos colaterais os mais

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próximos excluem os mais remotos. E os irmãos são mais próximos dos que os sobrinhos, tios e primos.

A.22) Alternativa correta: letra “a”. Esta matéria está prevista na Lei nº 10.741/03 (Estatuto do Idoso). Ela apenas complementa o Código Civil. Não faz parte da aula, embora caia em alguns concursos, que exige a lei de forma expressa. Selecionamos esta questão devido a curiosidade do tema. Estabelece a lei: Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares. § 1o Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente qualquer documento pessoal que faça prova de sua idade. § 2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata este artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos para os idosos, devidamente identificados com a placa de reservado preferencialmente para idosos. § 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará a critério da legislação local dispor sobre as condições para exercício da gratuidade nos meios de transporte previstos no caput deste artigo. Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual observar-se-á, nos termos da legislação específica: I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos; II – desconto de 50% (cinqüenta por cento), no mínimo, no valor das passagens, para os idosos que excederem as vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos. Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir os mecanismos e os critérios para o exercício dos direitos previstos nos incisos I e II. Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao idoso. Art. 42. É assegurada a prioridade do idoso no embarque no sistema de transporte coletivo.

B) CAPACIDADE

B.01) Alternativa correta: letra “c”. O art. 3o, CC arrola as pessoas que são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I – os menores de dezesseis anos; II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Portanto o que está afirmado nas proposições I, IV e V está correto. O maior de 80 anos, por si só não é incapaz. A velhice (senilidade ou senectude), por si só não limita a capacidade da Pessoa Natural. Esta somente será considerada incapaz se a velhice originar um estado patológico, uma doença (esclerose mental), hipótese em que a incapacidade resulta do estado psíquico e não da velhice propriamente dita (item II errada). A palavra “silvícola” não consta mais do Código Civil. O Código anterior dizia que o silvícola era relativamente incapaz. O atual, além de não usar mais este

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termo, determina que a capacidade do índio será regulada pela legislação especial (Estatuto do Índio), portanto o item III também está errado.

B.02) Alternativa correta: letra “c”. Esta alternativa está completa, pois contempla todas as hipóteses do art. 3o, CC, que trata dos absolutamente incapazes. A alternativa “a” esta errada, pois fala daqueles que não podem expressar ou exprimir a vontade somente por causa permanente, no entanto o inciso III do art. 5o fala em “mesmo por causa transitória não puderem exprimir a sua vontade”. A letra “b” está errada quanto à idade (o correto seria 16 anos) e no tópico “os excepcionais sem desenvolvimento mental completo” (pois esta é uma causa de incapacidade relativa). A letra “d” também está errada, pois os ébrios habituais, os pródigos e os toxicômanos são causas de incapacidade relativa. Finalmente a alternativa “e” também está errada, pois menciona o pródigo, que é relativamente incapaz.

B.03) Alternativa incorreta: letra “c”. São relativamente incapazes (art. 4o, CC) os: maiores de 16, mas menores de 18 anos; os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo e os pródigos. Portanto o critério etário (relativo à idade) apontado na questão (entre 14 e 18 anos) está errado. Observem que todas as demais alternativas estão previstas no mencionado dispositivo e, portanto, corretas.

B.04) Alternativa correta: letra “b”. O início da personalidade civil da pessoa natural ou física se dá com o nascimento com vida (art. 2o, CC). E não com o efetivo registro do nascimento. Para a pessoa física o registro é um ato declaratório, isto é, a certidão de nascimento somente vai declarar uma situação que já ocorreu (o próprio nascimento). Veremos na aula sobre pessoas jurídicas que o registro delas é um ato constitutivo, ou seja, é o registro da pessoa jurídica que faz com que ela “nasça”. No teste em análise, a pessoa tem 19 anos e não há nada que limite a sua capacidade. Portanto ela é absolutamente capaz. No entanto, apesar disso, na prática terá muitos problemas pela falta de registro (ou certidão de nascimento).

B.05) Alternativa correta: letra “d”. Capacidade é a aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil. Trata-se da capacidade de fato (ou capacidade para exercício do direito). Segundo o art. 4°, IV, CC os pródigos são incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer. O pródigo (pessoa que de forma compulsiva dissipa seu patrimônio) pode praticar, por si só e de forma válida os atos da vida civil que não envolvam e nem comprometam seu patrimônio. Não pode emprestar, dar quitação, alienar,

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hipotecar, etc. Ele será interditado e o seu representante legal irá assisti-lo nos atos. A letra “a” está errada, pois a incapacidade absoluta neste caso seria para os menores de 16 anos. A letra “b” está errada, pois as pessoas que mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade são absolutamente incapazes (art, 3°, III, CC). A letra “c” está errada, pois os menores de 16 anos são absolutamente incapazes e não podem realizar os negócios da vida civil, entre eles o de contratar, sob pena de nulidade, portanto há vício de vontade.

B.06) Alternativa correta: letra “b”. Embora basta nascer com vida para se adquirir a personalidade, nem sempre se terá capacidade. A capacidade pode ser classificada em: a) de direito ou de gozo, que é própria de todo ser humano, inerente à personalidade e que só se perde com a morte. É a capacidade para adquirir direitos e contrair obrigações; b) de fato ou de exercício que serve para exercitar por si os atos da vida civil. A capacidade de direito não pode ser negada ao indivíduo, mas pode sofrer restrições quanto ao seu exercício. A questão trata da capacidade para os atos jurídicos. Logo está se referindo à capacidade de fato, ou seja, para exercitar os direitos. Portanto as alternativas “a” e “c” estão erradas. A alternativa “d” está errada, pois uma pessoa pode ter mais de 18 anos e ser incapaz (ex: doente mental); a letra “e” também está errada, pois o menor de 16 anos deve ser representado (e não assistido) por seus representantes legais.

B.07) Alternativa correta: letra “c”. Como vimos anteriormente, o menor, entre 16 e 18 anos é considerado relativamente incapaz. Logo, para realizar um negócio jurídico válido (ex: a compra e venda de um imóvel), seria necessário ser assistido pelos seus representantes legais, sob pena de anulação deste negócio (se fosse menor de 16 anos, seria considerado absolutamente incapaz e o negócio seria reputado como nulo). O fato de ter ingressado em uma faculdade não o emancipa, pois a causa de emancipação é o fato ter colado grau em curso de ensino superior. Da mesma forma, o fato de ter pago sua inscrição com economia própria não o emancipa, pois a causa legal de emancipação é “pelo estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria”.

B.08) Alternativa correta: letra “c”. Observem como uma questão relativamente fácil pode se tornar um pouco mais difícil pela redação das alternativas. O examinador redigiu as alternativas de uma maneira em que o candidato deve pensar um pouco mais ao analisá-las. De fato, a letra “c” está correta, pois um menor, entre 16 e 18 anos, já pode praticar alguns atos,

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mesmo sem assistência, tais como: casar (embora necessite de autorização dos pais), fazer testamento, servir como testemunha em contratos, celebrar contrato de trabalho, ser eleitor, receber poderes no contrato de mandato, etc. A alternativa “a” está errada, pois menciona que a incapacidade absoluta gera a anulação do ato. Na verdade a incapacidade absoluta gera a nulidade absoluto do ato; ou seja, o ato é nulo de pleno direito. O problema da nulidade ou anulabilidade será visto mais adiante, com maior profundidade, quando tratarmos do tema Negócio Jurídico. A “b” também está errada, pois uma pessoa, mesmo menor pode ser considerada capaz, se for emancipada; além disso, os menores possuem capacidade de direito ou gozo (que é inerente à personalidade). Portanto a expressão ‘somente’ está errada. Já a letra “d” também está errada, pois a comoriência é tratada na Parte Geral do Código e trata da presunção relativa de morte simultânea.

B.09) Alternativa correta: letra “c”. Esta alternativa está certa, pois traz o texto expresso do art. 4o, inciso III, CC. A alternativa “a” está errada, pois de acordo com o art. 4o, CC as pessoas nele arroladas são relativamente incapazes. A alternativa “b” está errada, pois o Brasil (art. 2o, CC) adotou a Teoria Natalista; ou seja, inicia-se a personalidade com o nascimento com vida, e não com a concepção (embora a lei ponha a salvo os direitos do nascituro). A segunda parte da alternativa está correta, pois o art. 6o, CC prevê que a existência da pessoa natural termina com a morte, ainda que presumida e o art. 7o, CC permite, em circunstâncias especiais a declaração de morte presumida sem a decretação de ausência, como veremos na análise da alternativa “e”. A letra “d” está errada, pois o art. 5°, CC determina que a menoridade cessa ao 18 anos completos. A letra “e” também está errada. Embora a alternativa traga um exemplo de morte presumida sem declaração de ausência, não é apenas esta hipótese que autoriza a declaração da morte presumida. Um outro exemplo é o caso em que “for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida” (art. 7o, II, CC). Portanto a expressão “só” tornou a alternativa errada.

B.10) Alternativa correta: letra “c”. Embora a alternativa apontada como correta não esteja completa, isto é, não traga todas as hipóteses do rol dos relativamente incapazes (art. 4o, CC), no entanto é a única que não contém erros. Observem que as letras “a”, “d” e “e” trazem hipóteses de absolutamente incapazes (art. 3o, CC). A letra “b” também está errada, pois a pessoa natural (ou física) quando completa 18 anos já é considerada absolutamente capaz.

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B.11) Alternativa correta: letra “a”. De fato, o art. 6o, CC determina que a existência da pessoa natural termina com a morte, presumindo-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva. No entanto o art. 7o, I, CC permite a declaração de morte presumida sem a declaração de ausência, se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida. A letra “b” está errada, pois como vimos da leitura do art. 6º, CC a presunção da morte se dá nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva (e não provisória, como na questão). A letra “c” está errada, pois afirma que a morte nunca poderia ser presumida, o que vai de encontro com os artigos mencionados. A letra “d” está errada, pois o art. 38, CC prevê que pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta com 80 (oitenta) anos de idade e que de 05 (cinco) datam as últimas notícias dele. Trata-se, portanto, de uma hipótese a mais de presunção de morte e não ‘somente’ esta hipótese (como afirmado na questão). Finalmente a letra “e” está errada, pois afirma que o ausente será presumido morto depois de 10 (dez) anos do pedido de sucessão definitiva, quando o correto seria 10 (dez) anos após o pedido de sucessão provisória.

B.12) Alternativa correta: letra “a”. Estão corretas apenas as afirmações I e III. A afirmativa I está correta. O art. 26, CC determina que decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. Observem que a única novidade é que o examinador usou o termo “ânuo” para se referir a ano. A afirmativa II está errada. O que ocorre é exatamente o contrário: os absolutamente incapazes são representados e os relativamente incapazes são assistidos. Apenas para deixar a resposta mais completa, fundamentamos: o art. 1.634, inciso V, CC determina que compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores, representá-los até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade. O mesmo se aplica ao tutor (art. 1.747, CC) e ao curador (art. 1.781, CC). A afirmativa III está correta. Trata-se do texto literal do art. 3°, III, CC. Por fim a afirmativa IV está errada. O pseudônimo ou codinome consiste no nome atrás do qual se esconde um autor de obra cultural ou artística, para o exercício desta atividade específica – cantor, ator, autor de um livro, etc. Os artigos de 16 a 18 do CC falam da proteção do nome. E o art 19, CC prevê que o pseudônimo adotado para as atividades lícitas goza da mesma proteção que se dá ao nome (o inverso do que está na afirmativa).

B.13) Alternativa correta: letra “c”. Questão fácil, para quem já resolveu tantos exercícios sobre o tema. Mas sempre é conveniente reforçar. A

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alternativa correta está prevista no art. 3°, inciso III, CC. Todas as demais alternativas são hipóteses de relativamente incapazes (art. 4°, CC).

B.14) Alternativa incorreta: letra “d”. Nascituro é o que está por nascer. É o ente que foi gerado ou concebido, mas ainda não nasceu; não tem personalidade jurídica material, pois ainda não é considerado como pessoa sob o ponto de vista jurídico. Mas apesar de não ter personalidade jurídica, a lei põe a salvo os direitos do nascituro desde a concepção (costuma-se dizer que ele tem apenas a capacidade jurídica formal e não a material). Ele tem apenas uma expectativa de direito. Exemplos: ele tem o direito à vida, à filiação, a assistência pré-natal, honra, imagem, direito de ser contemplado por doação, por testamento, etc. Os direitos assegurados ao nascituro estão em estado potencial, sob condição suspensiva: ou seja, só terão eficácia se ele nascer com vida. As letras “a”, “b” e “c” estão corretas, pois toda pessoa natural tem capacidade de direito (ou gozo). A capacidade de direito é inerente à personalidade. Quem tem personalidade (está vivo) tem capacidade de direito. Mas essa pessoa pode não ter a capacidade de fato (ou de exercício), pois pode lhe faltar a plenitude da consciência e da vontade. A capacidade de direito não pode ser negada ao indivíduo, mas pode sofrer restrições quanto ao seu exercício. Exemplo: o “louco”, por ser pessoa (ele está vivo, possui personalidade), tem capacidade de direito, podendo receber uma doação; porém não tem capacidade de fato, não podendo vender o bem que ganhou. Finalmente a letra “e” também está correta, pois o estrangeiro, por ser pessoa natural, possui capacidade de direito, mas nossa lei restringe a ele certos direitos inerentes ao brasileiro. Observem que a própria Constituição Federal, em seu art. 5º, determina que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País à inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. O art 12, §2o da CF/88 também prevê que “a lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição”. E o próprio §3o do mesmo artigo, prevê cargos que são privativos de brasileiros natos (ex: Presidente e Vice-Presidente da República, do Senado Federal, Ministro do Supremo Tribunal Federal, etc.). Além disso, os estrangeiros não podem se alistar como eleitores (art. 14, §2o, CF/88) e é proibida a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde do País, salvo nos casos previstos em lei (art. 199, §3o, CF/88).

B.15) Alternativa correta: letra “b” – Como vimos a capacidade pode ser classificada em: a) de direito ou de gozo – inerente à personalidade e que só

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se perde com a morte; b) de fato ou de exercício – de exercitar por si os atos da vida civil. Está correta a afirmação de que a capacidade de direito pode subsistir sem a capacidade de fato (pessoa pode ter capacidade de direito mas é absolutamente incapaz de exercer seus direitos, como por exemplo o menor de 16 anos). A letra “a” está errada, pois não existe inaptidão de sujeito de direito. A letra “c” está errada, pois a incapacidade de exercício pode ser suprida pela representação e assistência. A letra “d” está errada, pois o estado político identifica a pessoa a partir do local em que nasceu ou de sua condição dentro do País: brasileiro nato, naturalizado, estrangeiro, etc.

B.16) Alternativa correta: letra “c”. O art. 11, CC prevê que “com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”. A letra “a” está errada, pois cessará, para os menores, a incapacidade pela colação de grau em curso de ensino superior (e não médio como na alternativa – art. 5o, parágrafo único, inciso IV, CC). A letra “b” está errada, pois os pródigos são relativamente incapazes (art. 4o, inciso IV, CC). A letra “d” está errada, pois são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade (art. 3o, III, CC). Finalmente a letra “e” também está errada, pois na comoriência a presunção (relativa, pois admite prova em contrário) é de que ambos os indivíduos morreram simultaneamente, ou seja, no mesmo momento (art. 8o, CC).

B.17) Alternativa incorreta: letra “d”. Questão com grau maior de dificuldade. Um deficiente mental, para ser declarado como tal, precisa ser interditado. E isso se faz por meio de um processo de interdição que se inicia com um requerimento dirigido ao Juiz, feito pelos pais, ou pelos tutores, ou pelo cônjuge, ou por qualquer parente. Até mesmo o Ministério Público pode fazê-lo em determinadas situações (arts. 1.177 e 1.178 do Código de Processo Civil). O interditando será citado e convocado para uma inspeção pessoal pelo Juiz, assistido por especialistas. O pedido poderá ser impugnado pelo interditando. Será realizada uma perícia médico-legal e posteriormente o Juiz pronuncia o decreto judicial que poderá interditar a pessoa. A sentença judicial de interdição deve ser publicada no Diário Oficial e assentada (inscrita) no Registro de Pessoas Naturais, sendo que, a partir daí terá efeito erga omnes (ou seja, relativamente a todos, extensível a todos). Portanto, só há “uma coisinha” errada nesta alternativa: a expressão ‘não’. Mas isso altera todo o sentido da afirmação, pois o assento da sentença de interdição no registro de pessoas naturais e a publicação editalícia são indispensáveis para assegurar eficácia erga omnes. A alternativa “a” está correta. Lembrem-se

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que os absolutamente incapazes (art. 3o, CC) devem ser representados e os relativamente incapazes (art. 4o, CC) devem ser assistidos. Vejam, também o art. 1.690, CC que completa e reforça o que dissemos. A letra “b” está correta. Como regra, para que haja a morte presumida, é necessária a decretação da ausência. No entanto o art. 7o, CC admite a declaração de morte presumida, sem a decretação da ausência. Portanto, pode haver morte presumida com ou sem decretação de ausência. A letra “c” também está correta. A senilidade ou senectude (idade avançada, velhice), por si só, não é causa de restrição da capacidade de fato. Pode ocorrer incapacidade se da velhice originar um estado patológico, uma doença mental qualquer. Mas neste caso a incapacidade resulta do estado psíquico e não da velhice propriamente dita. A letra “e” é a mais fácil, pois de fato, a incapacidade, para os menores cessará quando ele completar 18 anos ou for emancipado (art. 5o e seu parágrafo único, CC).

B.18) – Alternativa correta: letra “d”. Estão corretas as afirmações I, II e IV. A afirmativa I está correta, pois uma pessoa, mesmo sendo incapaz possui personalidade (para isso basta estar vivo), possuindo também capacidade de direito, podendo exercer direitos e assumir obrigações. Desta forma eles podem normalmente ser proprietários de bens, sejam estes móveis ou imóveis. A diferença é que se forem praticar algum negócio em relação aos bens (ex: vender, alugar, etc.) necessitarão de assistência de seus pais ou tutores. A afirmação II está correta, pois a personalidade somente se inicia com o nascimento com vida (art. 2°, CC). No entanto se uma mulher estiver grávida, a lei coloca a salvo os direitos do nascituro (o que está para nascer). O nascituro ainda não tem personalidade; ainda não é pessoa, sob o ponto de vista do direito. Mas tendo expectativa de vida, é titular de direito eventual. Os seus “direitos” estão em estado potencial e estão assegurados pela lei, caso nasça com vida. O exemplo clássico disso é o direito à herança. Digamos que durante a gravidez de sua mãe, seu pai faleça. Ele terá direito à herança do pai? Numa análise fria ela não teria direito, pois quando seu pai morreu a criança ainda não havia nascido. No entanto, como a lei põe a salvo seus direitos desde a concepção, ela terá direitos sucessórios, desde que nasça viva. A afirmação III está errada, pois os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo são relativamente incapazes de exercer pessoalmente certos atos ou à maneira de os exercer (art. 4°, III, CC). A afirmativa IV está correta, pois as pessoa que não puderem exprimir sua vontade, mesmo que por causa transitória, são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil (art. 3°, III, CC).

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B.19) Alternativa incorreta: letra “d”. O que ocorre é exatamente o contrário. O art. 7°, CC admite a declaração de morte presumida sem decretação de ausência, sempre que for extremamente provável a morte de alguém que estava em perigo de vida e se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. A alternativa “a” está correta, pois adquirindo a personalidade, o ser humano adquire o direito de defender o que lhe é próprio, como sua integridade física (vida, liberdade, identidade, alimentos, etc.), intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica, artística e intelectual), moral (honra, segredo pessoal ou profissional, privacidade, imagem, opção religiosa ou sexual, etc.). É o que se extrai da Constituição Federal e dos artigos de 11 a 21 do CC. A alternativa “b” está correta. A senectude ou senilidade (ou seja, a velhice), por si só, não é causa de interdição. As pessoas com idade avançada podem realizar os negócios da vida civil normalmente. No entanto, poderá haver interdição se a velhice originar de um estado patológico, retirando o discernimento para a prática desses negócios, como a arteriosclerose, hipótese em que a incapacidade resulta do estado psíquico e não da velhice propriamente dita. A letra “c” está correta, pois o pródigo é o que dilapida, dissipa os seus bens ou seu patrimônio, fazendo gastos excessivos e anormais. Trata-se de um desvio de personalidade e não de alienação mental. Por isso deve ser interditado, nomeando-se um curador, que irá assisti-lo, para cuidar de seus bens. Portanto ele fica privado dos atos que possam comprometer seu patrimônio. Por fim a letra “e” está exata, quanto à definição de incapacidade, que visa a proteção, com certa graduação (incapacidade absoluta → art. 3°, CC e incapacidade relativa → art. 4º, CC).

B.20) Alternativa incorreta: letra “a”. A morte presumida pode ser decretada sem a declaração de ausência (hipóteses do art. 7o, CC). A alternativa “b” está perfeita – reparem no art. 8o, CC, que define a comoriência. Da mesma forma a letra “c” – natimorto é aquele que nasceu morto ou que veio à luz, com sinais de vida, mas, logo a seguir morreu. Cuidado com o termo natimorto. Esta expressão não é considerada juridicamente técnica, não havendo previsão legal exata desta terminologia. Ela tem um duplo sentido. Quando se fala em natimorto, lembramos apenas "daquele que nasceu morto". Mas há, também, a segunda parte do conceito, menos conhecida: nasceu com sinais de vida e logo a seguir morreu. A letra “d” também está correta. Atualmente, no Brasil, não existe mais a morte civil, que era a perda da personalidade e da capacidade civil em vida, geralmente para pessoas condenadas criminalmente (também em relação aos escravos). A pessoa estava viva fisicamente, mas morta juridicamente... era

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uma loucura. Mas havia previsão legal disso nas Ordenações do Reino. Como sabemos o Brasil foi descoberto em 1500, sendo colônia de Portugal até a sua independência, em 1822. Durante este período as leis portuguesas vigoraram aqui. Estas leis ficaram conhecidas como "Ordenações do Reino". Na verdade era um grande Código que continha normas de Direito Civil, Penal, Processual... tudo num mesmo livro. Vigoraram no Brasil três Ordenações: Afonsinas (até 1514), Manuelinas (1514 até 1603) e Filipinas (de 1603 em diante). É interessante acrescentar, que mesmo depois da independência do Brasil, as Ordenações do Reino continuaram a ser aplicadas. Exemplo disso é a própria Constituição do Império que somente entrou em vigor em 1824. E, pasme... o primeiro Código Civil que tivemos foi em 1916. Até esta data tínhamos uma quantidade de leis de forma esparsa tão grande, que não se sabia o que estava em vigor. No entanto, embora em nosso direito não haja mais a previsão legal da morte civil, esta deixou resquícios, como nos casos de exclusão de herança por indignidade do filho, “como se ele morto fosse” (vejam, por curiosidade, o que diz o art. 1.816, CC). A letra “e” está correta, pois havendo certeza da morte, pode ser declarada a morte real, através do processo de “justificação de morte real”.

B.21) Alternativa correta: “a”. No Brasil, pelo instituto da comoriência (art. 8o, CC) presumem-se que todos morreram simultaneamente. Não importa se um dos comorientes era bem mais velho ou era uma criança recém nascida, ou pessoa doente, etc.

B.22) Alternativa correta: letra “e”. Trata-se da aplicação do art. 39, CC. A letra “a” está errada, pois o Juiz declara a ausência e nomeia curador a requerimento do Ministério Público ou qualquer interessado (art. 22, CC). A letra “b” está errada, pois o art. 23, CC permite ao Juiz a declaração de ausência, mesmo quando houver mandatário constituído. A alternativa “c” está errada, pois o art. 37, CC se refere ao prazo de 10 anos (e não de 05) depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória para se requerer a abertura da sucessão definitiva. A letra “d” está errada, pois o art. 38, CC prevê que se o ausente contar com oitenta anos pode-se requerer a sucessão definitiva, se datam de cinco anos (e não três) as últimas notícias dele.

B.23) Alternativa correta: letra – “b”. O tema trata da morte presumida. Ela ocorre quando a pessoa for declarada ausente, ou seja, deixa de dar notícias de seu paradeiro por longo período de tempo e sem deixar procurador

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ou representante para administrar seus bens (art. 22, CC). A ausência só pode ser reconhecida por meio de um processo judicial composto de três fases: a) curadoria de ausentes (ou de administração provisória); b) sucessão provisória; c) sucessão definitiva. Ausente uma pessoa, qualquer interessado na sua sucessão (e até mesmo o Ministério Público) poderá requerer ao Juiz a declaração de ausência e a nomeação de um curador. Durante um ano (no caso do ausente não deixar representante ou procurador) deve-se expedir editais convocando o ausente para retomar a posse de seus haveres. Se a pessoa retornar para casa opera-se a cessação da curatela, o mesmo ocorrendo se houver notícia de seu óbito comprovado. Se o ausente deixou um representante para cuidar de seus interesses, o prazo eleva-se para três anos. É o que diz o art. 26, CC.

B.24) Alternativa correta: letra “a”. A questão pode ser considerada difícil, pois mistura três situações que são diferentes, embora sejam semelhantes. Por isso caiu em um exame da Magistratura. Observem a diferença entre morte real sem corpo (quando há certeza absoluta da morte e há um processo de justificação para declará-la, sendo o mesmo regido pela Lei de Registros Públicos e não pelo Código Civil, sendo que por tal motivo não consta nenhuma alternativa sobre ela), morte presumida (quando não se sabe, com certeza, se a pessoa morreu ou não, e onde há um longo caminho processual a ser percorrido) e a morte presumida, sem decretação de ausência (quando for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida). No caso concreto trata-se da aplicação do artigo 7o, CC.

B.25) Alternativa correta: letra “b”. A declaração de ausência sem decretação de ausência somente pode ser declarada nas duas hipóteses previstas no art. 7o, CC (se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida ou se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra). Mas em ambas as situações a declaração da morte presumida somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento (parágrafo único).

B.26) Alternativa correta: letra “d”. É o que determina o art. 37, CC. A letra “a” está errada, pois o prazo correto seria de 01 (um) ano, nos termos do art. 26, CC. A letra “b” está errada, pois o art. 22, CC prevê que a declaração de ausência poderá ser requerida pelo Ministério Público ou por qualquer interessado (e não somente parentes até o terceiro grau). Estes “interessados” estão arrolados no art. 27, CC: o cônjuge não separado judicialmente; os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; os que

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tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte e os credores de obrigações vencidas e não pagas. A letra “c” está errada, pois a nomeação do curador é apenas para a administração dos bens (e não a pessoa do ausente). Finalmente a letra “e” está errada, pois João não deixando herdeiro, o Juiz nomeia como curador uma pessoa de sua confiança, estranha a sucessão. No entanto se aparecer um herdeiro, este será o seu legítimo curador, seguindo a ordem do art. 25, CC.

B.27) Alternativa correta: letra “c”. João (art. 4°, IV, CC) e José (art. 4°, III, CC) são relativamente incapazes. Jonas (art. 3°, III, CC) e Joaquim (art. 3°, I, CC) são absolutamente incapazes.

B.28) Alternativa correta: letra “e”. O menor, entre 16 e 18 anos, embora considerado relativamente incapaz já pode praticar alguns atos da vida civil, mesmo sem assistência, entre eles: casar (dependendo neste caso apenas de autorização dos pais), servir como testemunha, ser eleitor (facultativamente) e fazer testamento (conforme o art. 1.860, parágrafo único do CC). Tomar cuidado com as expressões: “menor de 16 anos” (neste caso o menor é absolutamente incapaz) e “menor com 16 anos” (neste caso o menor é relativamente incapaz e já pode realizar alguns atos da vida civil). Vejam que a mudança da preposição (de - com) faz com que se altere o sentido da questão. A letra “a” está errada. Vimos que o relativamente incapaz já pode praticar alguns atos da vida civil. Digamos que um rapaz com 17 anos seja portador de uma grave deficiência mental, não tendo discernimento para a prática de qualquer ato civil. Logicamente que o mesmo, apesar de pela idade ser considerado relativamente incapaz, pode ser interditado, sendo considerado absolutamente incapaz, nos termos do art. 3°, CC. A letra “b” esta errada, pois decretada a interdição do pródigo, não se proíbe que o mesmo pratique os atos da vida civil. Estes podem ser praticados pelo pródigo. No entanto o mesmo necessita de uma assistência de seu curador, para se dar validade ao ato. Por outro lado, o pródigo pode contrair matrimônio, porque na verdade ele não é incapaz de consentir; sofre apenas restrições de natureza patrimonial. O art. 1.782, CC enumera uma série de atos que o pródigo não pode praticar. E nestes não há nenhuma proibição em relação ao casamento. A letra “c” é capciosa; tem uma “pegadinha” para quem é afoito, pois o art. 4°, CC prevê que são relativamente incapazes (entre outras situações) os ébrios habituais (e não eventuais como na questão) e os pródigos. Por fim a letra também está errada, pois o art. 4°, II, CC prevê que os viciados em tóxico são relativamente incapazes. No entanto, dependendo do grau de dependência e da degeneração cerebral (enfermidade

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ou deficiência mental – art. 3°, II, CC), podem ser considerados como absolutamente incapazes.

B.29) Alternativa correta: letra “b”. Trata-se da hipótese do art. 3°, inciso III, CC. Lembrem-se que a causa da impossibilidade de exprimir a vontade pode ser transitória (ex: pessoa está em um hospital se recuperando de uma cirurgia) ou definitiva (ex: pessoa tem algum problema irreversível que a impeça de manifestar sua vontade).

B.30) Alternativa correta: letra “d”. De fato, o estado de uma pessoa é regulado por normas de ordem pública, sendo: irrenunciável, uno e indivisível, inalienável, indisponível e imprescritível. A letra “a” está errada, pois afirma que a capacidade de gozo não pode subsistir sem a capacidade de fato. A situação inversa é a verdadeira: a capacidade de fato (ou exercício) depende da capacidade de gozo (ou direito). A letra “b” está errada: a doutrina costuma citar esse exemplo como causa de emancipação “por estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 (dezesseis) anos completos tenha economia própria”. A letra “c” está errada, pois capacidade civil e a criminal são independentes. Finalmente a letra “e” está errada, pois se alguém desaparecer em campanha ou for feito prisioneiro, e não for encontrado até dois anos após o termino da guerra, já pode se declarada a morte presumida sem a declaração de sua ausência (art. 7o, CC). De fato deve haver um requerimento dos interessados (parentes). Mas não há nomeação de curador, pois esta figura somente aparece na fase de ausência, fase esta que não existe nesta hipótese. Com a declaração do Juiz, os bens passam, de imediato, para os herdeiros.

B.31) Alternativa incorreta: letra “e”. O erro da questão está na expressão “somente”. O curador deve, além de administrar os bens do incapaz, também reger e defender esta pessoa.

B.32) Alternativa correta: letra “a”. Apenas as afirmativas II e III estão corretas. O item I está errado, pois embora como regra a morte presumida seja declarada com a abertura da sucessão definitiva (art. 6o, CC), ela também pode ocorrer mesmo sem esta declaração em duas hipóteses: extrema probabilidade de morte de quem estava em perigo e desaparecimento em campanha ou feito prisioneiro se não for encontrado até dois anos após o término da guerra (art. 7o, CC). O item II e II estão corretos, pois as são relativamente incapazes para os atos da vida civil: os menores de 18 e maiores de 16 anos, os ébrios habituais, os viciados em tóxico, os que,

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por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido, os excepcionais sem desenvolvimento completo e os pródigos (art. 4o, CC).

B.33) Alternativa correta: letra “d”. O registro civil da pessoa física (certidão de nascimento) possui natureza declaratória; isto é apenas declara uma situação que já ocorreu (o nascimento). Já o registro da pessoa jurídica é constitutivo, pois é com base neste documento que começa a existência da pessoa jurídica; é com o registro que a pessoa jurídica se constitui. A letra “a” está errada, pois a capacidade de direito se inicia com o próprio nascimento e aos 18 anos. A letra “b” também está errada, pois não é apenas com a certidão de nascimento que se prova a existência da capacidade de direito. A letra “c” está errada, pois a pessoa moral é a jurídica. A letra “e” está errada, pois um “mal congênito”, por si só, não é causa de interdição e afastamento da capacidade, muito menos a de direito.

B.34 Alternativa correta: letra “e”. A capacidade de fato realmente não é apurada exclusivamente com base no critério etário, ou seja, relativo à idade. Há outros fatores que também são levados em conta (arts. 3o e 4o do CC) como: a enfermidade ou deficiência mental, impossibilidade (mesmo que transitória) de expressar a vontade, alcoolismo ou vício em drogas, prodigalidade, etc. A letra “a” está errada, pois se refere à personalidade e conseqüentemente à capacidade de direito (e não de fato ou exercício). A letra “b” está errada, pois a pessoa moral é a pessoa jurídica, sendo que a personalidade desta tem início com a inscrição de seu ato constitutivo no respectivo registro (art. 45, CC), como veremos na próxima aula. A letra “c” está errada, pois a capacidade relativa é entre os 16 e 18 anos (e não 21 como na questão), A letra “d” está errada, pois a partir dos 18 anos completos (e não incompletos) a pessoa passa a ser absolutamente capaz.

C) DOMICÍLIO

C.01) Alternativa correta: letra “b”. Somente as alternativas I e IV estão corretas. A questão trata do Domicílio da Pessoa Física ou Natural, que é o lugar onde a pessoa estabelece a sua residência com ânimo definitivo. A afirmativa I está correta, pois o art. 71, CC determina que se uma pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente viva, considera-se domicílio qualquer uma delas. Conclui-se que nosso legislador adotou o princípio da pluralidade domiciliar. A afirmativa IV também está correta, pois prevê o art. 76, CC que têm domicílio necessário: o incapaz (seja absoluta ou relativamente), o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. Completa o parágrafo único deste dispositivo afirmando: o domicílio do incapaz é o do seu

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representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. A afirmativa II está errada, pois o domicílio do marítimo é o lugar onde o navio estiver matriculado (parte final do parágrafo único do art. 76, CC). A afirmativa III também está errada, pois quando uma pessoa não tem uma residência habitual seu domicílio é o lugar onde ela for encontrada (art. 73, CC) e não o lugar onde residem seus ascendentes ou descendentes.

C.2) Alternativa correta: letra “c”. Qualquer delas, nos termos do art. 71,CC

C.03) Alternativa correta: letra “a”. O conceito de domicílio surge da necessidade legal que se tem de fixar as pessoas em determinado ponto do território nacional. Por isso, mesmo que uma pessoa não tenha uma residência fixa habitual, não tenha um ponto central de negócios, o Código Civil aponta um domicílio para ela, sendo este o lugar onde ela for encontrada. Assim, o domicílio dos circenses, dos ciganos, etc. é o lugar onde eles forem encontrados, nos termos do art. 73, CC.

C.04) Alternativa correta: letra “e”. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece residência em um estabelecimento físico (elemento objetivo) com ânimo definitivo (elemento subjetivo) conforme o art. 70, CC. No entanto existem várias exceções a este princípio (arts. 71 a 73, CC). A letra “a” está errada, pois mesmo nos dias atuais o conceito de residência (lugar em que o indivíduo habita com a intenção de permanecer, mesmo que dele se ausente temporariamente, sendo uma situação de fato) é diferente do domicílio, que é uma situação jurídica. A alternativa “b” está errada, pois as Pessoas Jurídicas, inclusive as estatais (ou seja, as de Direito Público), possuem domicílio, sendo que o art. 75, CC aponta quais são estes domicílios. As alternativas “c” e “d” estão erradas, pois nossa legislação adotou o princípio da pluralidade domiciliar (art. 71, CC), quando a pessoa tiver mais de uma residência, sendo que será domicílio qualquer uma delas, a sua escolha.

C.05) Alternativa correta: letra “a”. Esta questão está prevista no art. 76, CC. A letra “b” está errada por causa da palavra ‘apenas’; o mesmo se diga em relação à expressão ‘somente’ da alternativa “c”. A letra “d” está errada, pois o militar da reserva (em outras palavras, o aposentado) não possui

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domicílio necessário. As pessoas casadas atualmente também não possuem domicílio casado (a título de curiosidade citamos que pelo Código anterior a mulher casada tinha domicílio necessário: era o de seu marido... mas isso já está totalmente ultrapassado).

C.06) Alternativa correta: letra “d”. Já vimos que a lei brasileira prevê a possibilidade da pluralidade domiciliar (art. 71, CC).

C.07) Alternativa incorreta: letra “b”. Na realidade o domicílio do preso é o local onde ele cumpre a sentença (e não onde foi processado), conforme o art. 76, parágrafo único do CC. Notem que a lei menciona “sentença”. Não está errado. No entanto, para ser mais técnico, é interessante deixar claro que sentença é a decisão do Juiz de primeiro grau. Se houver recurso desta sentença o processo será encaminhado para o Tribunal de Justiça. A decisão do Tribunal é chamada de Acórdão (e não sentença). Por isso costumo dizer que o domicílio do preso é o local onde cumpre a decisão (termo que abrange tanto a sentença como o acórdão) condenatória.

C.08) Alternativa correta: letra “b”. De uma forma geral, domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo (art. 70, CC). No entanto é também domicílio, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde ela é exercida. Observem que se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada uma deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem (art. 72 e parágrafo único do CC).

C.09) Alternativa correta: letra “c”. A doutrina costuma classificar o domicílio em: a) voluntário (geral ou especial) e b) legal (ou necessário). O art. 76, CC enumera as hipóteses de domicílio necessário. Entre eles está o domicílio dos marítimos (oficiais e tripulantes da marinha mercante).

C.10) Alternativa correta: letra “a”. Art. 76, parágrafo único, CC.

C.11) Alternativa incorreta: letra “d”. O Brasil admite a pluralidade domiciliar (art. 71, CC). As demais afirmações estão corretas: letra “a” (art. 70, CC); letra “b” (art. 76, CC) e letra “c” (art. 78, CC).

C.12) Alternativa correta: letra “a” (art. 71, CC).

C.13 Alternativa correta: letra “c”. Sendo Pedro militar da marinha, seu domicílio necessário, nos termos do art. 76 e seu parágrafo único do Código Civil é a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado,

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que, no caso da questão é Santos. Cuidado para não confundir marinha das forças armadas (militar), com marinha mercante, cuja regra é outra.

D) EMANCIPAÇÃO

D.01) Alternativa correta: letra “e” – A questão trata da emancipação da Pessoa Natural, prevista no art. 5°, CC: A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do Juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II – pelo casamento; III – pelo exercício de emprego público efetivo; IV – pela colação de grau em curso de ensino superior; V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Somente no caso de Maria é que realmente houve a cessação da incapacidade para os atos da vida civil. Notem que Maria se casou e o casamento é uma modalidade de emancipação (inciso II). Mariana exerceu emprego público transitório, sendo que apenas o emprego público efetivo é causa de emancipação (inciso III). Já Mônica colou grau em curso de ensino médio. Mas apenas o curso superior é causa de emancipação (inciso IV).

D.02) Alternativa correta: letra “d”. O art. 5º, parágrafo único do CC arrola as hipóteses de emancipação, sendo certo que o casamento é uma delas. Um contrato de trabalho (letra “a”) por si só, não emancipa ninguém. Veja a “pegadinha” da letra “b”: é a colação de grau em ensino superior que emancipa uma pessoa natural. E não o seu ingresso em curso superior. Por isso que eu sempre digo que as questões não podem ser lidas de forma afoita. Tenha calma: leia o cabeçalho com atenção e a seguir todas as alternativas; vá eliminando as mais absurdas e somente ao final da leitura atenta de todas as alternativas assinale a que entenda como correta. Continuando: quanto ao exercício do direito de voto não há previsão legal relacionado com a capacidade civil; logo está errada. Finalmente deve ser esclarecido que o tutor não pode emancipar seu representado, pois desta forma ele estaria se livrando de uma obrigação legal (de um encargo, um munus). Neste caso a emancipação é feita pelo Juiz, se o menor tiver 16 anos, ouvido o tutor, depois de verificada a conveniência para o bem do menor. Assim quem emancipa é o Juiz e o tutor deve ser apenas consultado sobre a possibilidade.

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D.03) Alternativa correta: letra “c”. Trata-se da aplicação do art. 5o, parágrafo único inciso V do CC. A letra “a” está errada, pois a emancipação se dá com a colação (e não com o ingresso) em ensino superior; a letra “b” está errada, pois é pelo exercício de emprego público efetivo (e não pela simples aprovação em concurso); a letra “d” está errada, pois a emancipação será dada pelo Juiz ouvido o tutor (e não os pais) e desde que o menor tenha 16 anos completos.

D.04) Alternativa correta: letra “d”. Observem que apesar de ter 17 anos e ter celebrado um contrato sem a assistência de seus, Flávia é divorciada. Logo foi casada. E o casamento é uma forma de emancipação (art. 5o, parágrafo único, inciso II do CC) e o divórcio não faz com que se perca a emancipação. Logo o negócio é plenamente válido por ter sido realizado por pessoa emancipada.

D.05) Alternativa incorreta: letra “a”. A questão trata de temas variados desta aula. E observem que a questão pede que seja assinalada a alternativa incorreta. A letra “a”, realmente está errada, pois a incapacidade relativa é suprida pela assistência e não pela representação. Além disso, tanto a incapacidade absoluta como a relativa (espécies de capacidade de fato ou exercício), não afetam a aptidão para o gozo de direitos (capacidade de direito). A alternativa “b” está correta, pois o artigo 5º, parágrafo único, inciso V do CC permite a emancipação pela existência de emprego, desde que tenha 16 anos completos. A letra “c” também está correta, pois o art. 7º, CC permite a declaração de morte presumida sem decretação de ausência na hipótese narrada na questão. Finalmente a letra “d” também está correta, pois tanto a mulher como o homem podem se casar aos 16 anos, necessitando, para tanto, de autorização dos pais. Acrescente-se que celebrado o casamento de uma pessoa com 16 anos ocorre a emancipação, cessando a incapacidade e ficando o menor habilitado para a prática de todos os atos na vida civil (arts. 5º e 1.511, CC). A letra “e” está correta, pois o art. 4º, inciso II, CC prevê que os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido são relativamente incapazes.

D.06) Alternativa correta: letra “d”. O casamento é uma das hipóteses de emancipação, por isso é uma das causa em que a incapacidade poderá cessar. A letra “a” está errada, pois os relativamente capazes (embora este termo não esteja errado, é mais técnico usar a expressão “relativamente incapazes”) são as pessoas maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. A letra “b” também está errada, pois os absolutamente incapazes devem ser

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representados (e não assistidos) por seus representantes legais. Os pródigos são considerados relativamente incapazes (letra “c” errada). Finalmente vimos que o tutor não pode emancipar o menor. Se este não tiver pais a emancipação deve ser concedida pelo Juiz, que irá apenas consultar o tutor a respeito (letra “e” errada).

D.07) Alternativa correta: letra “b”. A alternativa correta trata da leitura atenta do art. 5o e seu parágrafo único do CC, ou seja, as hipóteses de emancipação. No entanto a questão como um todo, pode ser considerada perigosa! A letra “a” está errada. Trata-se de um erro sutil, pois o art. 6o, CC fala em abertura da sucessão definitiva (e não provisória, como na questão). A letra “c” está incorreta, pois em que pese algumas posições doutrinárias divergentes, devemos nos ater ao que diz o texto de nosso Código Civil. O art. 2o, CC prevê que a lei põe a salvo os direitos do nascituro, nada mencionando sobre embriões e a hipótese da fecundação in vitro. Portanto não há esta equiparação pela lei. Isto ainda pode mudar no futuro. Mas atualmente não há equiparação do embrião fecundado in vitro e ainda não implantado no útero materno com o nascituro propriamente dito. Além disso, o nascituro não é um sujeito de direitos, pois ainda não nasceu. A alternativa “d” também está incorreta, pois o art. 19, CC equipara o pseudônimo ao nome para fins de proteção civil, principalmente sendo a atividade lícita. A letra “e” está errada, pois o instituto é da comoriência (e não comociência). Além disso, a presunção (que é relativa, ou seja, admite prova em contrário) é de que ambos morreram simultaneamente (art. 8°, CC).

D.08) Alternativa correta: letra “c”. A emancipação do menor de 18, mas maior de 16 anos se dará por concessão de ambos os pais (na falta de um o outro), por meio de instrumento público, independentemente de homologação judicial (alternativa “b” errada). Se houver um conflito entre os pais o próprio Juiz é quem decidirá pela emancipação (ou não) do menor, tendo-se em vista o que será melhor para o menor (alternativa “e” errada). Vejam que se o aluno for afoito, pode assinalar a alternativa “a” como correta, mas ela está incompleta, pois não basta somente ter 16 anos; alcançada esta idade não há emancipação automática. A letra “d” também está errada, pois se o menor não estiver sob o poder familiar por algum motivo, será nomeado um tutor; mas este não poderá emancipar o menor; a emancipação neste caso será feita pelo Juiz, através de uma sentença, sendo que no processo o tutor será apenas consultado sobre a possibilidade de emancipação.

D.09) Alternativa incorreta: letra “e”. O art. 5o, parágrafo único, inciso V, CC determina que a emancipação, neste caso, se dá se o menor tiver

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dezesseis anos completos. As demais alternativas estão previstas no dispositivo citado.

D.10) Alternativa correta: letra “d”. A viuvez de Maria não faz com que ela retorne à situação anterior. No caso ela continuará plenamente capaz para os atos da vida civil. Uma vez emancipada, cessa a incapacidade e a pessoa não retorna ao estado anterior. Da mesma forma a separação judicial, o divórcio e a anulação do casamento não implicam o retorno à incapacidade.

D.11) Alternativa correta: letra “a”. Estão corretas a afirmativas III e IV. A afirmativa I está errada. Na realidade quem propõe esta ação é o próprio menor, assistido, no ato por seu tutor. Logo, o Ministério Público não tem legitimidade para propor esta ação. O item II está errado, pois não há na lei a obrigatoriedade do pródigo em se casar sob o regime da separação total. O que ocorre é que o representante do pródigo (assistência – curador) deve opinar acerca do regime de casamento (nunca sobre a escolha afetiva). Geralmente o pródigo acaba se casando pelo regime da separação total. Mas não há esta obrigatoriedade expressa na lei. O item III está correto nos termos do art. 30, §2o, CC. O item IV está correto nos termos do art. 26, CC.

D.12) Alternativa correta: letra “d” – as assertivas I, II e V estão incorretas. O item I está errado (art. 3o, I, c.c. art. 166, I, ambos do CC). O item II está errado (art. 4o, III, c.c. art. 171, I, ambos do CC). O item III está correto (art. 23, CC). O item IV está correto (art. 7o, I, CC). O item V está errado (art. 5o, parágrafo único, CC), não sendo necessária a homologação judicial.

D.13) Alternativa incorreta: letra “c”. De fato o art. 12, CC prevê que pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. E o seu parágrafo único estabelece que em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. As letras “a” e “b” estão corretas (art. 5o, parágrafo único, I e V, CC). A letra “d” está correta (art. 4o, II, CC). A letra “e” está certa (art. 18, CC, a contrário senso).

COLOCAR CERTO OU ERRADO

Questão 01

a) Certo. O art. 76, CC exige que haja uma sentença. Portanto, o domicílio necessário do preso somente se aplica quando houver sentença condenatória,

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não abrangendo casos de prisão provisória. Alguns autores ainda exigem que haja o trânsito em julgado da decisão condenatória.

b) Certo. Personalidade é o conjunto de caracteres próprios da pessoa, reconhecida pela ordem jurídica a alguém, sendo a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações.

c) Certo. Pode ser declarada por sentença a morte presumida da pessoa natural sem a necessidade da decretação da sua ausência, nas hipóteses do art. 7o, CC.

Questão 02

a) Errado. Hortelino possui 19 (dezenove) anos de idade. Com essa idade já é absolutamente capaz (art. 5o, caput, CC). Portanto a venda que realizou é considerada válida.

b) Errado. O domicílio necessário do servidor público é o local onde ele exerce permanentemente suas funções (art. 76, CC). No caso ele foi nomeado para um cargo em comissão (que não é permanente). Portanto seu domicílio continua sendo em Boa Vista, Roraima.

c) Certo. O art. 78, CC prevê que os contratantes podem especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. No caso concreto é Teresina, no Piauí.

Questão 03

a) Errado. De acordo com o art. 5o, parágrafo único, inciso I do CC, para se emancipar alguém é necessária a concessão de ambos os pais. Somente na hipótese de um dos pais faltar (ex: morte, ausência, perda ou suspensão do poder familiar, etc.) o outro poderá emancipar sozinho.

b) Certo. Como vimos a emancipação também é conhecida como antecipação dos efeitos da maioridade e possui muitas espécies. Uma delas é emancipação voluntária (ou emancipação parental), em que os pais autorizam a emancipação, sem necessitar de homologação do Juiz. Trata-se de uma questão em que se exige do candidato o conhecimento de expressões sinônimas. Por isso forneço em aula o máximo de expressões sinônimas e algumas expressões em latim que costumam cair em concursos.

c) Certo. O casamento é forma de emancipação da Pessoa Natural, conforme o art. 5º, parágrafo único, II, CC, lembrando que a idade nupcial é de 16 anos. Ambos necessitarão apenas da autorização de seus pais para o casamento (art. 1.511, CC). A emancipação se dá com a efetiva realização do

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casamento. Lembrando que o divórcio e a viuvez não implicam no retorno à incapacidade.

d) Errado. A emancipação se dá com a colação de grau superior (faculdade) e não o fato de ter sido aprovado em um vestibular (art. 5º, parágrafo único, inciso IV, CC).

e) Errado. Uma vez emancipado pela concessão dos pais, a pessoa já pode realizar todos os atos negociais em nome próprio, sem assistência ou autorização de seus pais. Pode comprar, vender, doar, hipotecar, enfim, realizar todos os atos da vida civil, inclusive se casar, pois já é emancipado e, por tal motivo, absolutamente capaz.

Questão 04

a) Errado. É a capacidade de direito que é oriunda da personalidade, para adquirir direitos e contrair obrigações, própria de todo ser humano e que só se perde com a morte. Já a capacidade de fato ou de exercício é a aptidão para exercitar por si próprio os atos da vida civil.

b) Certo. Trata-se da comoriência (art. 8o, CC).

c) Errado. O foro de eleição é uma espécie de domicílio voluntário especial.

Questão 05

a) Errado. A tutela é um instituto de caráter assistencial que tem por finalidade substituir o poder familiar. Protege o menor (impúbere ou púbere) não emancipado e seus bens, se seus pais falecerem ou forem suspensos ou destituídos do poder familiar. Somente se pode falar em tutela se não houver poder familiar. Portanto são institutos que se excluem.

b) Errado. De fato, a regra é que a sentença somente produz efeitos após o seu trânsito em julgado. Porém, neste caso, é admitida, em algumas hipóteses, a produção de efeitos de forma retroativa, como naquele caso em que um doente mental (ainda não declarado como tal) vendeu sua casa e a ação de interdição somente foi proposta posteriormente à venda. Neste caso a doutrina entende que há a possibilidade de retroatividade da sentença de interdição. Leva-se em consideração a data da realização do negócio (próxima a do ingresso com ação), grau da doença mental, se a doença era aparente ou não, se era ou não do conhecimento da outra parte; valor do negócio, etc.

Questão 06

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a) Errado. O art. 2o, CC prevê que embora a lei ponha a salvo os direitos do nascituro, a personalidade da pessoa natural se inicia com o nascimento com vida.

b) Errado. Veremos em aula mais adiante que fato jurídico em sentido estrito é o nascimento, a morte, bem como outros fatos naturais dos quais não dependem da vontade humana. No caso concreto a divulgação da descoberta é um fato que depende da vontade humana

c) Errado. Os artigos 17 e 18, CC determinam que o nome de uma pessoa não pode ser usado em publicações que exponham a pessoa ao desprezo publico, bem como em propagandas comerciais sem autorização. Como o relatado na questão não se encaixa nestas hipóteses, não haverá esta compensação financeira.

d) Certo. A resposta para esta questão está na aula anterior, sobre a Lei de Introdução do Código Civil. O art. 7o, caput, da LICC prevê que “a lei do País em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”.

Questão 07

a) Certo. É o que prevê o art. 15, CC.

b) Errado. A pluralidade domiciliar somente é aplicável na hipótese de alternância da residência. A questão fala em “tendo vivido sucessivamente”. Esta situação não se aplica ao disposto no art. 71, CC.

c) Errado. A fixação da residência em determinado local configura o elemento objetivo. Já o elemento subjetivo é a intenção de permanecer neste local, com ânimo definitivo (animus manendi).

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AULA 02

DAS PESSOAS JURÍDICAS

(arts. 40 ao 69 do CC)

Meus Amigos e Alunos. Na aula anterior falamos sobre as Pessoas Naturais (ou Físicas). Hoje falaremos sobre as Pessoas Jurídicas, completando e encerrando o tema Pessoas. Na próxima aula, seguindo o edital do AFRF, falaremos sobre um novo ponto: FATOS E ATOS JURÍDICOS – PARTE 01. Após isso ainda teremos a segunda parte dos fatos e atos jurídicos e uma aulafinal sobre ato ilícito e responsabilidade civil.

Antes de mais nada, gostaria de esclarecer que esta aula tem certas ligações com outros ramos do Direito, como Constitucional, Administrativo (quando falo sobre autarquias, fundações...) e Comercial (quando falo sobreassociações, sociedades...) Acabamos por “invadir” um pouquinho outras áreas. Mas cuidado! Não se iludam! O que vai nos interessar é o enfoque do Direito Civil e não o de outras matérias. Pois cada uma possui as suas peculiaridades. Comecemos então...

INTRODUÇÃO

Como vimos, o homem, desde seus primórdios, sempre teve necessidade de se agrupar para garantir a subsistência e atingir fins comuns. A necessidade de circulação de riquezas como fator de desenvolvimento, fez com que se estabelecessem nas sociedades grupos de atuação conjunta na busca de objetivos semelhantes. E o direito, ante a necessidade crescente de agilidade nas negociações, não ignorou estas unidades coletivas, dotando-as também de personalidade própria. A pessoa jurídica, portanto, é fruto desta evolução e deste fenômeno histórico e social.

As Pessoas Jurídicas são entes resultantes da criação da lei. Existemcomo grupos constituídos para a realização de determinados fins, sendo dotadas de direitos e obrigações. No entanto a sua personificação é construção da técnica jurídica, para poder estabelecer relações jurídicas lícitas, facilitando, assim, o comércio e outras atividades. Elas existem porque a lei assim o permite. Notem que a doutrina usa outras expressões como sinônimas para se referir às Pessoas Jurídicas, tais como: Pessoas Morais, Coletivas, Abstratas, Fictícias ou “entes de existência ideal”. Na realidade tais expressões não foram adotadas pelo nosso ordenamento jurídico; ou seja, elas não estão previstas em nossas leis. Na realidade foram adotadas por ordenamentos jurídicos de outros países e a doutrina costuma ‘importar’ estas expressões. E os examinadores

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aproveitam e pedem isso na prova. Não é raro cair a seguinte indagação em um concurso: “quais as características da pessoa moral?” À primeira vista, para quem não conhece este termo, pode pensar que pessoa moral é sinônimo depessoa física (pois somente uma pessoa física é que teria, digamos, ‘moral’). No entanto, o correto é dizer que pessoa moral (expressão adotada pela França) é sinônimo de pessoa jurídica. Portanto, prestem muita atenção quanto aos sinônimos usados nas questões pelos examinadores, pois como já vimos eles podem “derrubar” um excelente candidato, que conhece a matéria, mas desconhecia aquele termo. Por isso que durante nossas aulas fornecemos o maior numero de sinônimos possível, principalmente os que já caíram em provas.

As Pessoas Jurídicas (assim como as Naturais ou Físicas, como jávimos) têm direito à personalidade (identificação, liberdade para contratar, boa reputação, etc.), aos direitos reais (pode ser proprietária, usufrutuária, etc.), aos direitos industriais (art. 5 , inciso XXIX da CF/88), aos direitos obrigacionais o

(podendo comprar, vender, alugar ou contratar de uma forma geral) e até mesmo aos direitos sucessórios (podem adquirir bens causa mortis, ou seja, por testamento).

É interessante acrescentar que os dispositivos relativos aos direitos da personalidade da pessoa natural (ou física) que vimos na aula anterior (arts. 11 a 21, CC) também podem ser aplicados em relação à pessoa jurídica, no que couber (ou seja, observando-se as suas peculiaridades próprias), por força do art. 52, CC. E é por isso que uma pessoa jurídica tem direito de proteção aonome, à marca, à imagem, à propriedade, ao segredo, etc.

� Uma questão interessante referente à Pessoa Jurídica é se ela tem direito de proteção à honra. Para responder isso precisamos explicar o que é honra, sob o ponto de vista jurídico. Inicialmente, podemos dizer que existem duas espécies de honra. A honra subjetiva é o sentimento de cada um a respeito de seus próprios atributos físicos, intelectuais, morais e demais dotes. É aquilo que cada um pensa de si mesmo em relação a tais atributos (auto- estima). Afeta apenas a pessoa natural Já a honra objetiva é a reputação, aquilo que os outros pensam a respeito da pessoa em geral, no tocante a seus atributos físicos, intelectuais, morais, etc. Uma pessoa jurídica não tem honra subjetiva. Mas segundo a doutrina ela tem honra objetiva, pois tem patrimônio, reputação, bom nome, etc. Por isso, se alguém espalhar um boato de que umaempresa "está mal das pernas... está quebrada... está falindo... não honra seus compromissos... possui títulos protestados... etc.”, esta pessoa está ofendendo a honra objetiva da pessoa jurídica. Portanto, no campo do Direito Civil, a pessoa jurídica pode ser vítima e sofrer danos morais, tendo, inclusive, ela tem o direito de acionar o Poder Judiciário para exigir reparação desses danos. Trata-se da Súmula 227 do Superior Tribunal de Justiça. Exemplo: a pessoa jurídica pode ser ofendida porque alguém efetuou um protesto indevido de um título de crédito.

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Quanto ao Direito Penal, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que “A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo (vítima) do crime de difamação; não, porém, de injúria ou calúnia. E assim o é apenas porque, à pessoa jurídica, não se pode negar reputação e boa fama, que não constituem atributos da honra subjetiva (como na injúria) mas sim da honra objetiva. Assim, ninguém poderá pleitear que a pessoa jurídica seja sujeito passivo de injúria ou calúnia. E é assim porque o sentimento de dignidade ou decoro só é concebível numa pessoa física. Mas, na sua reputação, repetimos, a pessoa jurídica pode ser atingida; tanto que essa lesão reflete em seu patrimônio”.

TEORIA DA REALIDADE TÉCNICA

Existem diversas teorias que tentam identificar a natureza da personalidade da Pessoa Jurídica. Alguns autores entendem que ela é apenas uma ficção. Outros que ela é uma realidade viva, parecida com a pessoa natural (Teoria orgânica ou da realidade objetiva). Como nosso curso é bem prático, visando concursos públicos, vamos deixar de lado a análise das inúmeras teorias sobre natureza da Pessoa Jurídica e nos ater somente ao que tem prevalecido nas provas e exames: a corrente majoritária tem entendido que o que melhor explica o tratamento dispensado à pessoa jurídica é a Teoria da Realidade Técnica. A pessoa jurídica é situada como produto da técnica jurídica; ela existe de fato e não como uma mera abstração.

É reconhecida pelo Estado, com personalidade própria, distinta da de seus membros. São pressupostos de existência da Pessoa Jurídica:

a) Vontade humana criadora. Para esse pressuposto, como sinônimo, tem caído nos exames a expressão em latim: affectio societatis, ou seja, intenção específica dos sócios em constituir uma sociedade. Esta expressão pode cair também no Direito Comercial. Na affectio societatis estão implícitas, também, a continuidade e a perseverança da vontade para a manutenção dasociedade.

Obs. No Direito de Família usa-se a expressão affectio maritalis, ou seja, o vínculo afetivo que mantém unido o casal; em outras palavras, a intenção de permanecerem casados. Assim, a exigência de continuidade e de perseverança da vontade dos cônjuges para a manutenção do casamento é a mesma exigida para a manutenção de uma sociedade, razão pela qual os conceitos de affectio societatis e de affectio maritalis são muito semelhantes em sua essência.

b) Obediência aos requisitos impostos pela lei para sua formação. As pessoas jurídicas somente existem porque a lei assim o permite. Portanto, ela deve se submeter aos requisitos impostos pela própria lei. Conforme veremos adiante, são os atos constitutivos e o seu registro.

c) Licitude (ou liceidade) de seu propósito ou finalidade, ou seja, deve ter objeto lícito. Esta expressão deve ser entendida em seu sentido amplo, abrangendo em seu conceito: a moralidade dos atos e os objetivos perseguidos.

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� CONCEITO

De uma forma técnica podemos conceituar a Pessoa Jurídica como sendo a união de pessoas naturais ou de patrimônios, com o objetivo de atingir determinadas finalidades e reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações. Assim, atribui-se à Pessoa Jurídica uma personalidade distinta da personalidade dos membros que a compõe.

REPRESENTAÇÃO

Por não poder atuar por si própria, a pessoa jurídica, como ente da criação da lei, deve ser representada por uma pessoa física (ou natural) ativa e/ou passivamente, exteriorizando sua vontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais. Ou seja, é necessário que haja uma Pessoa Física para assumir os compromissos e assinar os contratos dessa Pessoa Jurídica. De uma forma geral esta Pessoa Física age como se fosse o próprio ente social, devendo exprimir a vontade da Pessoa Jurídica, executando os seus objetivos. E, caso ocorra algum problema, irá responder por ela. Pelo art. 47, CC todos os atos negociais exercidos pelo representante, dentro dos limites de seus poderes estabelecidos no estatuto social, obrigam a pessoa jurídica, que deverá cumpri-los. Mas se o representante extrapolar estes poderes, responderá pessoalmente por este excesso.

Em regra essa pessoa é a indicada no ato constitutivo da PessoaJurídica. Na sua omissão, a representação será exercida por seus diretores. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões serão tomadas pela maioria dos votos, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso (art. 48, CC). Esta representação se extrai inicialmente (embora de forma indireta) dos arts. 46, inciso V e 47 do Código Civil. Mas também está prevista expressamente no art. 12, incisos I e II (para as Pessoas Jurídicas de Direito Público) e inciso VI (para as Pessoas Jurídicas de Direito Privado) do Código de Processo Civil (C.P.C.).

Lembrando sempre que o Ato Constitutivo varia de acordo com o tipo de Pessoa Jurídica: estatuto (na associação); contrato social (na sociedade); escritura pública ou testamento (na fundação). Veremos isso melhor logo adiante.

CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS:

Seguindo a orientação da doutrina dominante (que neste caso também tem prevalecido nos concursos) podemos classificar as Pessoas Jurídicas (dentreoutras maneiras), da seguinte forma:

A) Quanto à Nacionalidade ↓ Elas podem ser consideradas como Nacionais ou Estrangeiras. Sociedade Nacional é a organizada conforme a lei brasileira e tem no País a sede de sua administração. A Sociedade Estrangeira

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não poderá funcionar no País sem autorização do Poder Executivo e ficará sujeita aos Tribunais brasileiros quanto aos atos aqui praticados.

B) Quanto à Estrutura Interna ↓ trata-se de uma classificação puramente doutrinária, mas que já vi cair em concursos.

1) Universitas Personarum – nelas, o que é importante é o conjunto de pessoas, que apenas coletivamente goza de certos direitos e os exerce por meio de uma vontade única. O objetivo é o bem-estar de seus membros. Exemplos: as Sociedades (de uma forma geral) e as Associações.

2) Universitas Bonorum – nelas, o que é importante é o patrimônio personalizado destinado a um determinado fim e que lhe dá unidade. O objetivo é o bem-estar da sociedade. Exemplo: as Fundações. O objeto e o patrimônio das Fundações são seus elementos essenciais.

C) Quanto às Funções e Capacidade ↓ Quanto a este item as Pessoas Jurídicas podem ser divididas em: Pessoas Jurídicas de Direito Público e de Direito Privado (art. 40, CC). Trata-se da classificação mais importante (sob o ponto de vista prático). E é também a que tem caído nos concursos commaior frequência. Tendo-se em vista que há uma subdivisão nesta classificação e levando-se em consideração a sua importância, vamos analisar melhor esta classificação.

1) Pessoas Jurídicas de Direito Público ↓ Podem ser classificadas em Externo ou Interno. Esta última, por sua vez, pode ser subdividida em Administração Direta ou Indireta.

2) Pessoas Jurídicas de Direito Privado ↓ Fundações Particulares, Organizações Religiosas (Lei n° 10.825/03), Partidos Políticos (Lei n° 10.825/03), Associações e Sociedade, sendo que estas se subdividem em: simples (antigas sociedades civis) ou empresárias (antigas sociedades comerciais ou mercantis).

Ficou confusa a classificação acima? Calma... esta é apenas uma visão geral e panorâmica sobre o tema. Ou, como eu costumo dizer: este é apenas um “esqueleto” da matéria. Como esta é a classificação mais importante, vamos agora analisar cada uma das espécies e subespécies, de forma minuciosa. Uma a uma. Aí tudo ficará bem mais claro e compreensível. Comecemos pelo art. 40,CC. Ele classifica as Pessoas Jurídicas em:

I – Pessoas Jurídicas de Direito Público

I.1) Externo

I.2) Interno

II – Pessoas Jurídicas de Direito Privado

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I – PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO

O Estado é a pessoa jurídica de direito público por excelência. Todo Estado independente é formado por três elementos essenciais: a) povo; b) território; e c) governo soberano. Por isso é que se costuma conceituar o Estado como sendo: o povo, em dado território, politicamente organizado segundo sua livre e soberana vontade.

I.1) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO

Segundo o art. 42, CC, são pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros (outros países soberanos, como o Uruguai, Canadá, Dinamarca, etc.) e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público; ou seja, os Organismos Internacionais, como a ONU (Organização das Nações Unidas), OEA (Organização dos Estados Americanos), FMI (Fundo Monetário Internacional), etc. Certa vez vi cair em um concurso: A Santa Sé é: ...? Ora, a Santa Sé é considerada como um País autônomo. É o Estado do Vaticano, a cúpula governativa da Igreja Católica. Portanto, a resposta considerada como exata foi: A Santa Sé é uma Pessoa Jurídica de Direito Público Externo.

I.2) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO

São aquelas cuja atuação se restringe aos interesses e limites territoriais do Estado (no nosso caso, é o do nosso País, o Brasil). É a nossa nação, politicamente organizada, nos moldes previstos na Constituição Federal de 1988 .

Em relação a este item, gostaria de fazer algumas considerações, para que não houvesse confusão com as terminologias que serão usadas na aula de hoje. Para o Direito Administrativo, Administração Pública é o conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas, destinadas à execução das atividades administrativas (conceito formal). Para o desempenho destas atribuições podem ser adotadas duas formas de organização:

1) Centralizada – o Estado executa suas tarefas diretamente, por meiode órgão da Administração Direta (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).

2) Descentralizada – o Estado executa suas tarefas por meio de outras pessoas jurídicas; é a chamada Administração Indireta. Esta descentralização pode ocorrer pela outorga (o Estado cria uma entidade e transfere a ela determinado serviço público) ou pela delegação (o Estado transfere, por contrato ou ato unilateral unicamente a execução do serviço, por prazo determinado – concessionárias ou permissionárias).

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O Decreto-Lei nº 200/67 estabelece a organização da Administração Pública Federal, que também deve ser aplicada aos Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, fazendo a seguinte classificação:

1) Administração Direta – constitui-se dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios.

2) Administração Indireta – compreende as seguintes entidades dotadas de personalidade jurídica própria:

a) Autarquias.b) Empresas Públicas. c) Sociedades de Economia Mista. d) Fundações Públicas.

� Atenção � Observações Importantes:

01) O fato de uma entidade pertencer à Administração Pública (indireta), não faz com que ela seja, obrigatoriamente uma Pessoa Jurídica de Direito Público. Como exemplo desta afirmação costumo citar as Empresas Públicas e as Sociedades de Economia Mista (que veremos mais adiante). Como vimos acima elas fazem parte da Administração Indireta. No entanto ambas são Pessoas Jurídicas de Direito Privado. Cuidado!! Isso costuma cair muito nos concursos.

02) Não confundir descentralização com desconcentração. Na desconcentração, a entidade encarregada da atividade distribui competências no âmbito de sua própria estrutura, a fim de tornar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços; há uma só pessoa jurídica que distribui internamente suas competências. Exemplos: a União distribui sua competência entre os Ministérios (da Educação, Saúde, Economia, etc); os Estados-membros entre asSecretarias; uma Universidade Federal (autarquia) pode estabelecer uma divisão interna de funções (departamento de graduação, departamento de pós-graduação, etc.).

03) Ao lado da estrutura acima mencionada, ainda são objeto de estudo do Direito Administrativo as chamadas entidades paraestatais. Elas não integram a Administração Pública, seja ela Direta ou Indireta; apenas colaboram com o Estado no desempenho de atividades de interesse social, não tendo finalidade lucrativa. Exemplos: SESI, SESC, SENAI, etc. No entanto ainda há na doutrina certa confusão com relação às terminologias. Alguns civilistas e principalmente penalistas, até de renome, dizem que a Administração é dividida da seguinte forma: Entidades Estatais (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), Entidades Autárquicas (Autarquias) e Entidades Paraestatais (Empresa Pública, Sociedade de Economia Mista e Fundação Pública). Entendo que esta é uma corrente superada. Pessoalmente sigo a orientação mais moderna, de que a Administração se divide em: Administração

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Direta (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e Administração Indireta (Autarquia, Empresa Pública, Sociedade de Economia Mista e Fundação Pública). Mas insisto. Ainda há os que defendem a ideia de as empresas públicas e as sociedades de economia mista são entidades paraestatais. A propósito reparem no art. 327 do Código Penal, quando conceitua funcionário público:

“Art. 327 – Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

§1o Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função pública em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.

§2o A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público”.

Pergunto: o que seria esta “entidade paraestatal” referida no parágrafoprimeiro? Penso que o legislador está se referindo às empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas. Por que o legislador não repetiu a expressão entidade paraestatal no parágrafo segundo, preferindo discriminar as entidades? Bem... isto fica sem uma resposta lógica...

Feitas estas observações, vejamos agora quais são as pessoas jurídicas de direito público interno relacionadas pelo Código Civil (art. 41, CC): I – a União; II – os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III – os Municípios; IV – as Autarquias, inclusive as Associações Públicas; V – as demais entidades de caráter público criadas por lei. Para efeitos didáticos, a exemplo do Direito Administrativo, vamos dividir as Pessoas Jurídicas de Direito Público em: Administração Direta e Administração Indireta. Vejamos:

I.1.1) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA OU CENTRALIZADA (art. 41, I, II e III, CC) ↓

São elas: União, Estados-membros, Distrito Federal, Territórios e os Municípios legalmente constituídos.

Costuma-se dizer que a União (ou Estado Federal) é a detentora dasoberania, ou seja, não deve obediência jurídica a nenhum outro Estado. É juridicamente ilimitada no plano interno e somente contra limites na soberania de um outro País. Já as demais entidades são detentoras de autonomias. A autonomia dos entes da federação brasileira está devidamente delimitada pelo Direito (art. 18, CF/88). Esta autonomia, na verdade, é o exercício do poder do Estado com a observância dos parâmetros jurídicos estabelecidos em uma norma de hierarquia superior (em outras palavras: a própria Constituição Federal).

A União designa a nação brasileira, nas suas relações com os Estados- membros que a compõe e com os cidadãos que se encontram em seu território.

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Os Estados federados (Estados-membros) possuem autonomia administrativa, competência e autoridade legislativa, executiva e judiciária sobre os negócios locais. Já o Distrito Federal é a capital da União. É equiparado a um Estado federado por ser a sede da União, tendo administração, autoridade e leis próprias atinentes aos serviços locais. Também se encaixam nesta classificação os Municípios legalmente constituídos, pois, têm interesses e economia próprios. Chamo atenção para os Territórios. Como sabemos, já não existem mais os Territórios no Brasil (antigamente eles existiam: Rondônia, Roraima, Amapá, Fernando de Noronha, etc.). Mas apesar de não mais existirem há previsão expressa na Constituição Federal, possibilitando a criação de eventual novo Território, por meio de Lei Complementar (arts. 18, §2° e 48, inciso VI, CF/88). E se for criado um Território? Sob o ponto de vista do Direito Civil como ele será considerado? Como seria classificado? O que seria um Território? Esta questão já andou rondando alguns concursos... Resposta, sem medo de errar: para o Direito Civil ele será considerado como sendo uma Pessoa Jurídica de Direito Público Interno, pois há previsão expressa no art. 41, inciso II do CódigoCivil neste sentido. Outra pergunta e completando o tema: mas o Território é uma Pessoa Jurídica de Direito Público Interno de Administração Direta ou Indireta? Neste caso não há previsão expressa do Código Civil. Portanto a resposta fica com os doutrinadores. Apesar de não haver uma unanimidade, os civilista se inclinam mais pela corrente que considera os Territórios como sendoPessoas Jurídicas de Direito Público Interno de Administração Direta. Notem que o art. 18, §2° da Constituição Federal determina que “Os Territórios Federais integram a União, e a sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar”. Vejam também o art. 33, CF/88.

Observações – Curiosidades históricas e relacionadas com outras matérias – Quem não tiver muito interesse nestas curiosidades, pode pular, indo direto para o item I.1.2) Administração Indireta ou Descentralizada. No entanto, acho que vale a pena “perder” alguns minutinhos para ler estes itens.

� República Federativa do Brasil e União são termos usados para significar os mesmos entes; há uma identidade entre eles. No entanto a doutrina costuma afirmar que a expressão República Federativa do Brasil é usada no plano externo, para identificar o Brasil perante os outros países. Neste caso seria uma pessoa jurídica de direito público externo (ou internacional). Já a expressão União é usada no plano interno (pessoa jurídica de direito público interno). No Direito Constitucional aprendemos que na Federação há um laço de unidade entre as diversas coletividades federadas, de modo a mostrá-las, em suas relações internacionais como um Estado Único. Lembrem-se que entre os entes da Federação (ex: a União e os Estados-membros) não há hierarquia, mas sim uma coordenação harmônica de poderes distribuídos pela Constituição. Há assim um só Estado

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soberano/federal (a União) e Estados-membros/federados, sendo que ambos são titulares do poder para produzir o Direito (ou seja, possuem competência legislativa).

� A Federação é uma das formas de Estado. No Brasil trata-se de um dos princípios de estruturação e organização fundamental da Constituição vigente, sendo considerada como uma cláusula pétrea. Isto é, não se admite qualquer proposta tendente a abolir a forma federativa de Estado (art. 60, §4 , I, CF/88). É conveniente esclarecer que o Estado Federado se o

embasa na existência de pluralidade de entes estatais no âmbito da estruturação interna do Estado, dotados de autonomia e com personalidade de direito público interno. Os entes federativos detêm a prerrogativa de instituir suas respectivas ordens jurídicas e são regidos pelo princípio da isonomia jurídica. Há um sistema de distribuição de competência, regida pelo princípio da indissolubilidade do vínculo federativo e pelo princípio da não- intervenção (este comporta algumas restrições, exatamente para se evitar a desagregação).

Costuma-se afirmar que a história da federação teve início nos Estados Unidos da América (EUA). Antes da independência eles eram formados por treze colônias controladas pela Metrópole: a Inglaterra, que as usava para obter recursos minerais e vegetais não disponíveis na Europa. A Inglaterra se envolveu e ganhou em uma guerra com a França pelo controle das colônias (Guerra dos Sete Anos – 1756 a 1763). Como se endividou, resolveu cobrar altos impostos dos colonos que lá se estabeleceram (Lei do Chá, Lei do Selo, Lei do Açúcar, etc.). Isso gerou muita revolta nas colônias americana. Um dos acontecimentos de protesto mais conhecidos foi a Festa do Chá de Boston (The Boston Tea Party). Rebelados, vários colonos invadiram, à noite, um navio inglês carregado de chá e, vestidos de índios, jogaram todo carregamento ao mar. Os colonos do norte promoveram em 1774, um congresso na Filadélfia sem caráter separatista; queriam apenas o fim das medidas restritivas impostas pela metrópole e maior participação na vida política da colônia. Porém, o rei inglês George III não aceitou. Em 1776, oscolonos se reuniram no segundo congresso agora com o objetivo de conquistar a independência. Durante o congresso, Thomas Jefferson redigiu a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América. Porém, a Inglaterra não aceitou a independência de suas colônias e a guerra foideclarada. A Guerra de Independência, que ocorreu entre 1776 e 1783, foivencida pelos Estados Unidos com o apoio da França e da Espanha. No inícioas colônias se tornaram independentes da Inglaterra e também entre si (1776). Posteriormente (1778) elas se uniram em uma Confederação.Somente em 1787, quando ficou pronta sua Constituição, cada Estado abdicou de sua soberania, formando então a Federação.

Os autores costumam afirmar que a diferença básica entre Federação e Confederação reside no fato de que ao contrário do que ocorre nos Estados

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Federados (em que o pacto federativo é indissolúvel), os Estados Confederados podem romper o pacto e se retirar da Confederação a qualquer tempo. Alguns autores chegam afirmar que a Confederação sequer é uma forma de Estado, mas apenas uma associação entre Estados soberanos. A Suíça foi uma das mais antigas Confederações. Conserva ainda a denominação histórica de Confederação Helvética, mas atualmente evoluiu, possuindo uma estrutura federativa.

Lembremos que mesmo nos Estados Unidos, houve um gravíssimo conflito, que deixou cerca de 600 mil mortos, fruto de colonizações diferentes. Os territórios do Norte eram formados por ingleses que fugiam de perseguições religiosas e tinham em mente transformar o lugar para sua habitação definitiva (colonização de povoamento), tendo como características: pequenas propriedades desenvolvidas pelos próprios colonos, com mão-de-obra livre, economia baseada no comércio e produção para omercado interno. Já os territórios do Sul sofreram uma colonização de exploração, baseadas em latifúndios, mão-de-obra escrava, produção para exportação e monocultura. Os Estados do Sul estavam descontentes com a política federal (ligadas ao Norte) que prejudicava as suas exportaçõesagrícolas, tendia para a abolição da escravatura e ao mesmo tempo fomentava as indústrias do Norte. Assim decidiram se separar da União, para formar uma confederação (“Estados Confederados da América”). No entanto os Estados do Norte reagiram afirmando que eles não podiam romper o “Pacto Federativo” e em 1861 iniciou-se a chamada Guerra Civil dos Estados Unidos, conhecida também como “Guerra da Secessão”, que se estendeu até 1865, com a vitória do Norte e a manutenção da Federação.

Assim, uma federação clássica é formada por duas esferas de poder (a União e os Estados-membros), e de progressão histórica centrípeta (de fora para dentro), ou seja, dirigindo-se para o centro; centralizando. Como vimos acima, os EUA originou-se de Estados soberanos que se uniram e formaram um Estado federado. Cada Estado possui um elevado grau de descentralização de poder (ex: em alguns Estados americanos há a pena de morte, sendo que em outros ela é proibida).

Já o federalismo brasileiro se deu de forma contrária, centrífuga (de dentro para fora), ou seja, afastando-se do centro; descentralizando. Anteriormente tínhamos um Estado Unitário sob forma monárquica, levemente descentralizado através de Províncias. Com a proclamação da República em 1889, o Estado Unitário se desmembrou e nosso País se transformou em uma Federação, sendo que o poder central cedeu parte de sua autonomia aos Estados-membros. Podemos dizer que a nossa Federação nada mais foi que uma maneira constitucional de descentralizar o poder político e as competências para os Estados. Não se pode negar que vivemos em um sistema federativo, pois ele atende aos pressupostos exigidos para tanto. Mas o modelo adotado, por conta de nosso processo histórico, ainda é

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um dos menos descentralizados (alguns autores o chamam de federalismo orgânico, pois seu sistema é muito mais rígido do que em outras localidades).

� Para a Teoria Clássica Federativa, somente a União e os Estados- membros seriam entes federados. O Município seria integrante de um Estado-membro, mas não da Federação propriamente dita. No entanto, o nosso sistema federativo acrescentou-se o Distrito Federal e os Municípios como entidades estatais autônomas, integrantes da Federação, possuindo capacidade de autogoverno, auto-administração e auto-organização. São previstos de forma expressa e constitucionalmente como “pessoas jurídicas de direito público interno de administração direta ou centralizada”. Vejam o que diz o art. 1 da Constituição Federal: “A República Federativa do Brasil, o

formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos...”. Trata-se de instituição tipicamente brasileira (e, segundo os estudiosos em direito comparado, caso único no mundo, pois em nenhuma outra nação se encontra o Município constitucionalmente reconhecido como peça do regime federativo). Mas sempre gosto de citar uma famosa frase de meu saudoso mestre, o prof. Franco Motoro: “Ninguém mora na União; ninguém mora no Estado; todos moram no Município”. Assim, por mais esta razão dizemos que nosso sistema federativo é sui generis, pois além de ter origem centrípeta, ele admite outras espécies de entes federados, além da União e dos Estados-membros.

� Podemos dizer que um País, de uma forma geral, pode ser classificado:

1) Quanto à Forma de Estado (organização política do território):

a) Estado Unitário – um único poder político central para todo o território e sobre toda a população.

b) Estado Federal (ou composto) – há uma descentralização política de forma que em um mesmo território há diferentes entidades políticas autônomas (União, Estados Distrito Federal eMunicípios).

2) Forma de Governo (forma como se dá a instituição de poder na sociedade, bem como a relação governantes-governados):

a) Republicano – regras: eletividade e temporariedade dos mandatos do Chefe do Poder Executivo

b) Monárquico – regras: hereditariedade e vitaliciedade.

3) Sistema de Governo: (forma como se dá a relação entre Poder Executivo e Legislativo):

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a) Presidencialista – divisão de poderes, independentes e harmônicos entre si. Presidente da República é o único Chefe do Poder Executivo: acumula as funções de Chefe de Estado e Chefe deGoverno, cumprindo mandato fixo, não dependendo da confiança do Poder Legislativo para a investidura e o exercício do cargo.

b) Parlamentarista – há uma colaboração entre os Poderes Legislativo e Executivo. O Poder Executivo é dividido: a Chefia de Estado é exercida pelo Presidente ou pelo Monarca; a Chefia de Governo é exercida pelo Primeiro Ministro ou pelo Conselho de Ministros. Por isso é que na Inglaterra costuma-se dizer: “A rainha reina, mas não governa”. Em regra o sistema parlamentaristafunciona assim: o Presidente da República indica o Primeiro Ministro, mas a sua permanência depende da confiança do Poder Legislativo (Parlamento). Se o Parlamento retirar a sua confiança no governo, ele “cai”, dando lugar à formação de um outro governo. O governante não é eleito e nem tem um mandato por tempo certo. Sua investidura é baseada na confiança. Por outro lado, se o governo entender que foi o Parlamento que perdeu a confiança do povo, ele pode optar pela dissolução da Câmara dos Deputados, convocando novas eleições extraordinárias para formação de um outro Parlamento que lhe dê sustentação.

� CONCLUSÃO. O Brasil, pelos termos da Constituição Federal de 1988, é uma República Federativa, com sistema Presidencialista. Além disso (segundo a doutrina), possui como Regime de Governo o Estado Democrático e de Direito.

I.1.2) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO DE ADMINISTRAÇÃO INDIRETA OU DESCENTRALIZADA (art. 41, IV e V, CC) ↓ São órgãos descentralizados, criados por lei, com personalidade jurídica própria para o exercício de atividade de interesse público. São eles:

a) Autarquias.

b) Associações Públicas (Lei nº 11.107/05).

c) Demais entidades de caráter público criadas por lei.

Vejamos cada um destes itens:

A) AUTARQUIAS

São pessoas jurídicas de direito público, que desempenham atividade administrativa típica, com capacidade de auto-administração. As autarquias, embora ligadas ao Estado, desfrutam de certa autonomia, possuindo patrimônio e orçamento próprio, mas sob o controle do Executivo que o aprova por Decreto e depois o remete ao controle do Legislativo. Elas são criadas por lei específica,

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possuindo atribuições estatais específicas, destinadas à realização de obras e serviços públicos, de cunho social, geralmente ligadas a área da saúde, educação, etc. (exclui-se, portanto as de natureza econômica ou industrial). A autarquia nasce com a vigência da lei que a instituiu; não há necessidade de registro. Seus atos são considerados como administrativos. Como possuipersonalidade jurídica própria, ela se desliga do ente criador. Portanto, se alguém quiser discutir judicialmente uma revisão em sua aposentadoria, deve ingressar com ação judicial não contra a União (entidade criadora), mas contra o próprio INSS como entidade autônoma e com patrimônio próprio.

Exemplos: BACEN (Banco Central do Brasil), INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), USP (Universidade de São Paulo), Imprensa Oficial do Estado, IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), CVM (Comissão de Valores Mobiliários), INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

�Questões interessantes �

1) Algumas autarquias como o BACEN são consideradas “autarquias de regime especial”, posto que o legislador conferiu a elas maior autonomia perante o Poder Executivo em comparação com as demais.

2) Os conselhos fiscalizadores de profissões regulamentadas são consideradas autarquias. Porém o Supremo Tribunal Federal considerou que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é uma exceção, configurando uma entidade sui generis, um serviço público independente, não passível de enquadramento em nenhuma categoria prevista em nosso ordenamento, nem integrante da Administração Pública.

B) ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS

A Lei n° 11.107/05 regulou os consórcios públicos, cumprindo o disposto no art. 241 da Constituição Federal (“A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos”).

A lei optou por atribuir personalidade jurídica aos consórcios públicos, dando-lhes a forma de uma associação, podendo ser de direito público ou de direito privado. Quando criado com personalidade de direito público, o consórciopúblico se apresenta como uma associação pública. O consórcio público seráconstituído por contrato, cuja celebração dependerá de prévia subscrição de protocolo de intenções.

Para alguns autores, introduziu-se uma nova forma de entidade na administração indireta, qual seja, a associação pública. Isto por força da própria

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lei (art. 6 , §1 ): “Os consórcios públicos com personalidade jurídica de direito o o

público integram a administração indireta de todos os entes da Federação consorciados”. Para outros autores, interpretando melhor o Código Civil (art. 41, IV: “as autarquias, inclusive as associações públicas”) ela seria apenas uma forma especial de autarquia. A doutrina usa o termo “autarquia interfederativa ou multifederativa” para referir-se a autarquias que pertencem a mais de um ente federado. A citada lei estabeleceu que a organização e funcionamento dos consórcios públicos serão disciplinados pela legislação que rege as associações civis.

De qualquer forma, cuidado... anteriormente o termo “associação” era sempre ligado a uma pessoa jurídica de direito privado. Agora devemos ter muita atenção em relação à forma como a questão é elaborada, pois uma Associação pode ser Privada ou Pública.

C) FUNDAÇÕES PÚBLICAS

Fundação é uma instituição típica do direito privado (que analisaremos mais abaixo). Para a sua criação destina-se um acervo de bens particulares paraa realização de finalidades sociais, sem natureza lucrativa (educacional, assistencial, etc.). Compreende sempre: patrimônio e finalidade. No entanto, ultimamente, o Poder Público também tem instituído fundações para a execução de algumas atividades sociais. Estas fundações públicas se assemelham, então, às fundações particulares. No entanto elas se diferenciam nos seguintes aspectos: enquanto a fundação privada é criada a partir de um ato de um particular e com patrimônio deste, a fundação pública é criada mediante autorização de lei específica, a partir de um patrimônio público. Exemplos: FUNARTE (Fundação Nacional das Artes), FUNAI (Fundação Nacional do Índio), Fundação Biblioteca Nacional, Fundação Nacional da Saúde, etc.

Inicialmente, sem dúvida alguma, segundo o Decreto-lei 200/67, trata-se de uma entidade da Administração Indireta. Mas qual seria a sua natureza jurídica? Pessoa Jurídica de Direito Público ou de Direito Privado? Se observarmos bem o art. 41, CC, que arrola as pessoas jurídicas de direito público, vamos concluir que ele não menciona, de forma expressa, a “fundação”. No entanto, segundo a doutrina, as fundações públicas estariam implícitas naexpressão “demais entidades de caráter público criadas por lei”. E Constituição Federal de 1988, em especial após a Emenda Constitucional nº 19/98 (art. 37, XIX) reforçou esta posição.

Assim, para os civilistas de uma forma geral a fundação é uma pessoa jurídica de direito público interno, apesar de não haver previsão expressa neste sentido. Porém... para os administrativistas a posição mais aceita é a que existem duas espécies de fundações públicas (ou fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público):

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a) Fundações públicas com personalidade jurídica de direito público – seriam uma espécie do gênero autarquias, sujeitando-se ao regime jurídico do direito público, com todas as suas prerrogativas e restrições.

b) Fundações públicas com personalidade jurídica de direito privado – teriam um caráter híbrido; parte regulada pelo direito privado e parte pelo direito público.

Ambas as espécies são fiscalizadas pelo Tribunal de Contas e indiretamente pelo Ministério Público, podendo haver instauração de Inquérito Civil para apuração de eventual lesão ao erário. Portanto não há aquela fiscalização direta que o Ministério Público realiza nas fundações particulares, como veremos adiante.

Obs. Segundo a doutrina, na expressão “demais entidades de caráter público” também estariam incluídas as Agências Reguladoras (que possuem natureza de autarquia federal especial), incumbidas de normatizar e fiscalizar aprestação de certos serviços de grande interesse público. Exemplos: ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), ANEEL (Agência Nacional de EnergiaElétrica), ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), etc.

II – PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO

A pessoa jurídica de direito privado é instituída por iniciativa dos particulares em geral. Dividem-se em: fundações, partidos políticos, organizações religiosas, associações e sociedades. A doutrina ainda acrescenta os sindicatos, pois eles têm natureza de associação civil. Vamos analisar cada um destes itens individualmente.

1 – FUNDAÇÕES PARTICULARES

O termo fundação é originário do latim, fundatio, ação ou efeito de fundar. A doutrina costuma usar a seguinte expressão: as fundações são universalidades de bens (resultam da afetação de um patrimônio e não da união de indivíduos), personificados, em atenção ao fim que lhes dá unidade.

Podemos conceituar uma fundação como sendo o complexo de bens livres colocados por uma pessoa física ou jurídica, a serviço de um fim lícito eespecial, com alcance social pretendido por seu instituidor, e em atenção ao disposto em seu estatuto. Uma pessoa (natural ou jurídica) separa parte de seu patrimônio, criando a fundação para atingir objetivo não econômico. A partir de sua criação, o patrimônio da fundação não pertence mais ao patrimônio da pessoa que a criou, uma vez que passa a ter personalidade própria. Exemplo: a Fundação Roberto Marinho em momento algum pode ser confundida com a Rede Globo de Televisão.

O próprio instituidor poderá administrar a fundação (forma direta) ou encarregar outrem para este fim (forma fiduciária). De acordo com o art. 62,

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parágrafo único do CC terão sempre fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. Outros exemplos: Fundação São Paulo (mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Fundação Ayrton Senna, Xuxa Meneghel, Bradesco, Cargill, etc. São criadas a partir de uma escritura pública (no caso também podendo ser chamada ato ou negócio inter vivos) ou de um testamento (também chamado de ato causa mortis). Portanto elas não podem ser criadas por instrumento particular ou privado. Para a sua criação pressupõem-se:

Dotação de bens livres – o instituidor destina determinados bens que comporá o patrimônio da fundação, que deve ser apto a produzir rendas ou serviços que possibilitem alcançar os objetivos visados, sob pena de frustrá- los.

Elaboração de estatutos com base em seus objetivos. Pode ser de forma própria (é o instituidor que elabora) ou fiduciária (a elaboração fica a cargo de terceiro, geralmente de confiança do instituidor). Eles devem ser submetidos à apreciação do Ministério Público estadual que os fiscalizará. Em regra o seu objetivo é imutável. No entanto é possível a reforma dos estatutos, desde que: seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação; não contrarie ou desvirtue o seu fim; seja aprovada pelo órgão do Ministério Público (caso este a denegue, poderá o Juiz supri-la, a requerimento do interessado).

Especificação dos fins – como vimos, eles devem ser sempre religiosos, morais, culturais ou de assistência.

Previsão do modo de administrá-la – embora seja interessante que a fundação preveja o modo pelo qual ela deva ser administrada, este item não é essencial para sua existência.

Recordem-se, como visto acima, que também existem as fundações públicas, instituídas pelo Estado, pertencendo os seus bens ao patrimônio público, com destinação especial. E estas ainda podem ser divididas, conforme a sua personalidade jurídica em direito público e direito privado.

Nascimento

As fundações surgem com o registro de seus atos constitutivos no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.

Características

seus bens como regra são inalienáveis (não podem ser vendidos ou doados) e impenhoráveis (não pode recair penhora). Para uma eventual venda de seus bens é necessário ingressar com uma ação judicial, onde é consultado o Ministério Público. Posteriormente o Juiz decide, determinando se é ou não caso de venda desses bens. Como regra o produto da venda deve ser aplicado na própria fundação.

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o fundador é obrigado a transferir para a fundação a propriedade sobre os bens dotados; se não o fizer, os bens serão registrados em nome dela por ordem judicial.

os estatutos são suas leis básicas. os administradores devem prestar contas ao Ministério Público. nelas não existem sócios.

Supervisão das Fundações

Como vimos, as fundações privadas são supervisionadas pelo Ministério Público do Estado onde estiverem situadas (art. 66, CC), através da curadoria das fundações, que deve zelar pela sua constituição e funcionamento. Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público estadual (art. 66, §2 , CC). o

A doutrina entende que não há esta fiscalização do Ministério Público em relação às fundações públicas, sejam elas de personalidade jurídica de direito público ou privado e também seja lá do ente estatal a que pertencerem (federal ou estadual). Ex: as fundações públicas não necessitam de autorização do Ministério Público para o seu funcionamento, para a prática de atos jurídicos em geral, como a aquisição e venda de equipamentos, etc. É óbvio que há um controle do Ministério Público sobre as fundações públicas. Mas este controle é o da legalidade de seus atos, que aliás pode ser exercido sobre qualquer outro órgão da Administração Pública (direta ou indireta), posto que é uma de suas funções básicas.

� Observação Importante � O art. 66, §1°, CC prevê que se a fundação funcionar no Distrito Federal, caberá o encargo ao Ministério Público Federal. No entanto este dispositivo foi objeto de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, sendo que o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade deste parágrafo, posto que se a fundação funcionar no DF, a competência para fiscalização é do Ministério Público do Distrito Federal e Territorial (MPDFT). Ressalva-se, no entanto, segundo a decisão do STF, a atribuição do Ministério Público federal para velar pelas fundações federais de direito público.

Término

Não há prazo de duração para funcionamento de uma Fundação. Mas o instituidor pode fixá-lo. Por outro lado as fundações serão extintas se (art. 69, CC):

a) tornarem-se ilícitas (o Ministério Público pode ingressar com açãovisando sua extinção), impossíveis ou inúteis as suas finalidades (leia-se... surgimento de dificuldades financeiras).

b) vencido o prazo de sua existência (muito raro na prática, pois comoregra as fundações não possuem prazo).

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Uma vez extinta a fundação, o destino do seu patrimônio será o previstonos estatutos. Caso os estatutos sejam omissos, seu patrimônio será destinado, por determinação judicial, a outras fundações com finalidades semelhantes.

2 – PARTIDOS POLÍTICOS

Os partidos políticos são entidades integradas por pessoas com ideias comuns (pelo menos em tese...), tendo por finalidade conquistar o poder para a consecução de um programa. São associações civis que visam assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal. De acordo com o art. 17, § 2º, CF/88 e a Lei n° 10.825/03, os partidos políticos, embora tenham um caráter público, passaram a ser considerados como pessoas jurídicas de direito privado, tendo natureza de associação civil. Os estatutos devem ser registrados no cartório competente do Registro Civil de Pessoas Jurídicas da Capital Federal e no Tribunal Superior Eleitoral (cf. Lei nº 9.096/95). Assim, não há mais dúvida sobre qual a natureza jurídica do Partidos Políticos. Está na lei... e pronto.

3 – ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS

As organizações religiosas são pessoas jurídicas de direito privado, formadas pela união de indivíduos com o propósito de culto a determinada força(ou forças) sobrenaturais, por meio de doutrina e ritual próprios, envolvendo preceitos éticos. Atualmente a Lei n° 10.825/03 (que alterou o Código Civil) deixou bem claro que elas são pessoas jurídicas de direito privado. Mas, para mim isto nem seria necessário. Como sabemos, um dos Princípios introduzidos pelo regime republicano em 1889 foi a separação Estado-Igreja. Portanto desde muito tempo as organizações religiosas não poderiam ser confundidas com o Estado ou com o Direito Público. A lei em questão apenas reforçou o princípio, deixando tudo ainda mais claro. Além do mais o art. 44, §1º, CC determina que “são livres a criação, a organização interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento”. Aplica-se às organizações religiosas as normas referentes às associações, no que houver compatibilidade.

4 – ASSOCIAÇÕES

O Código Civil anterior fazia uma grande confusão em relação aos temas Associação e Sociedade. Não havia um padrão sobre seus conceitos e características. O atual Código colocou as coisas em ordem. Agora as associações são caracterizadas pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos (comunhão de esforços para um fim comum). O membro da associação é o associado. Ele possui um vínculo direto com a finalidade da associação, não possuindo qualquer vínculo com os demais associados; não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocas (art. 53 e seu parágrafo

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único, CC), de forma diferente das sociedades, onde há este vínculo. O ato constitutivo é o seu estatuto que deve conter os requisitos do art. 54, CC. O fato de uma associação possuir determinado patrimônio e realizar negócios para aumentar esse patrimônio não a desnatura, pois não irá proporcionar lucro aos associados. As associações podem ser civis, religiosas, pias (de caridade), morais, educacionais, científicas ou literárias e de utilidade pública. Existe liberdade plena de associação para fins lícitos (CF/88, art. 5 o inciso XVII). Hácasos excepcionais em que pode ser exigida autorização governamental para o seu funcionamento. A associação deve ser registrada no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. E com o registro passa a ter aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações, possuindo capacidade patrimonial e adquirindo vida própria, que não se confunde com a de seus membros. A associação pode ser de pessoas físicas ou de pessoas jurídicas (nesta última hipótese, citamos como exemplos a ABIOVE Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal; a ABIA Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação, etc.).

Obs. Mais adiante faremos um quadro para distinguir melhor Associação, Sociedade e Fundação sob a ótica do novo Código.

5 – SOCIEDADES

Sociedade é espécie de corporação dotada de personalidade jurídica própria e instituída por meio de um contrato social (que é o seu ato constitutivo), com o objetivo de exercer atividade econômica e partilhar lucros. Vimos que o atual Código Civil deixou bem claro que a finalidade lucrativa é o que distingue uma associação de uma sociedade. As sociedades podem ser divididas em:

a) Sociedades Empresárias (o que anteriormente chamávamos de sociedades comerciais) ↓ são as que visam finalidade lucrativa, mediante exercício de atividade mercantil (ex: compra e venda mercantil). Segundo o art. 982, CC, considera-se empresária (salvo exceções expressamente previstas em lei) a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (Registro Público de Empresas Mercantis). Observem que não se utiliza mais a expressão comerciante, mas sim empresário, que é a pessoa que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços (art. 966, CC).

b) Sociedades Simples (o que anteriormente chamávamos de sociedades civis) ↓ visam, também, fim econômico (lucro), mediante exercício de atividade não mercantil. Em regra são constituídas por profissionais de uma mesma área, ou por prestadores de serviços técnicos. Exemplos: um escritório de advocacia, uma sociedade imobiliária, uma clínica dentária, etc. Seus atos constitutivos devem ser inscritos no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.

As sociedades podem assumir a forma de:

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sociedade em nome coletivo sociedade em comandita simples sociedade em conta de participação sociedade limitada sociedade anônima sociedade em comandita por ações

� Observação � Para se saber se uma sociedade é simples ou empresária, basta considerar o objeto desta sociedade, a natureza das operações habituais e suas atividades econômicas. Em concursos, a palavra- chave é o objeto. Se tiver por objeto atos de comércio (exercício de atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços), será empresária, qualquer que seja a forma por ela adotada. Caso contrário, serásimples, exceto se adotar a forma de Sociedade Anônima, que, por força de lei, será sempre empresária. Atualmente, autores mais modernos vêm utilizando as expressões: organização e atividade (ao invés de objeto) para melhordistinguir a sociedade simples da empresária. Ou seja, a classificação se dá em função do exercício da atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Havendo a organização dos fatores de produção (capital, mão de obra, tecnologia e insumos) se considera caracterizada aempresa e o empresário será quem a exerce. Os concursos costumam exigir que o candidato saiba, no mínimo, o teor do art. 982, CC (visto acima).

� Atenção � Pergunto agora (muito comum em concursos públicos): as empresas públicas e as sociedades de economia mista são pessoas jurídicasde direito público ou de direito privado? Esta questão tem caído nos concursos com certa frequência porque induz o candidato a erro. Já falamos sobre isso deforma superficial. Vamos aprofundar. A empresa pública e a sociedade de economia mista, apesar de fazerem parte da Administração Pública Indireta e terem capital público, são dotadas de personalidade jurídica de direito privado. São regidas pelas normas empresariais e trabalhistas (art. 173, CF/88), mas com as cautelas do direito público (ex: sujeitam-se ao controle do Estado administrativo, financeiro e jurisdicional). Podem perseguir fins não-lucrativos, como também atividades lucrativas (produção e comercialização de bens ou prestação de serviços de natureza econômica). As empresas públicas e as sociedades de economia mista fazem parte da Administração Indireta do Estado, mas isso não quer dizer que sejam Pessoas Jurídicas de Direito Público.

Portanto, se novamente cair algo em concurso referente a essas entidades, em Direito Civil (e tem caído com certa frequência), vocês podem colocar, sem medo de errar, que elas são Pessoa Jurídicas de Direito Privado. Notem como pode confundir: se tem dinheiro público, se é chamada de empresa pública, se seu estudo pertence ao Direito Administrativo, por que não éconsiderada como pessoa jurídica de direito público? Pode parecer que há uma

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contradição. Mas não há, como vimos acima. Vamos falar um pouco mais sobre cada uma destas entidades:

EMPRESAS PÚBLICAS

São pessoas jurídicas integrantes da Administração Indireta, mas de direito privado, instituídas pelo Poder Público, mediante autorização de lei específica a se constituir com capital próprio e exclusivamente público, para exploração de atividade econômica ou a prestação de serviços públicos ou coordenadora de obras públicas, podendo se revestir de qualquer das formas de organização empresarial (Ltda., S/A, etc.). Exemplos: Empresa Brasileira de Correios de Telégrafos (EBTC), Caixa Econômica Federal (CEF), Casa da Moeda, Serviço de Processamento de Dados (SERPRO), EMURB, etc. Costuma-se dizer que as empresas públicas valem-se dos meios da iniciativa privada para atingir seus fins de interesse público. É interessante acrescentar que é possível a participação em uma empresa pública, de outras pessoas jurídicas de direito público interno, como uma autarquia ou outra empresa pública ou sociedade de economia mista.

SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA

São pessoas jurídicas integrantes da Administração Indireta, mas também de direito privado, instituídas pelo Poder Público mediante autorização legal, constituídas com patrimônio público e particular, destinadas à exploração de atividades econômicas ou serviços de interesse coletivo, sendo que sua forma é sempre a de uma Sociedade Anônima. Embora haja a conjugação de capital público e privado, as ações com direito a voto (controle acionário) devem pertencer em sua maioria ao Poder Público. Exemplos: Banco do Brasil S/A (BB), Petróleo Brasileiro (Petrobrás), etc.

� Observações �

1) Como vimos acima, a criação de empresas públicas e de sociedades de economia mista depende de lei específica. Mas na realidade esta lei apenas autoriza o Poder Público, por ato próprio (ex: decreto) a proceder à sua instituição. No entanto o próprio Poder Público deve providenciar o registro dos atos constitutivos (estatutos) da entidade no seu registro competente. E é com esse registro que ocorrerá o “nascimento” (a criação, propriamente dita) da pessoa jurídica (e não simplesmente com a edição da lei autorizativa). Diferentemente das autarquias que já nascem com a edição da própria lei.

2) Ambas as entidades se sujeitam ao controle ou supervisão estatal, que consiste na fiscalização do fiel cumprimento dos objetivos definidos na sua lei instituidora, além da harmonização de seus comportamentos com a política governamental.

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3) A doutrina majoritária, com respaldo na Constituição, partindo da dualidade das atividades prestadas pela empresa pública e pela sociedade de economia mista, firmou o seguinte entendimento:

a) entidades que exploram atividade econômica aplica-se o regimejurídico das empresas privadas (art. 173, CF/88).

b) entidades que se dedicam à prestação de serviços públicos aplica- se o regime jurídico das entidades públicas (art. 175, CF/88).

Agora, como prometi anteriormente, vamos fazer uma melhor distinção entre Associação, Sociedade e Fundação.

1 – Associação X Sociedade

Semelhanças: conjunto de pessoas, que apenas coletivamente goza de certos direitos e os exerce por meio de uma vontade única.

Distinções: Associação não há fim lucrativo (ou de dividir resultados, embora tenha patrimônio), formado por contribuição de seus membros para a obtenção de fins culturais, esportivos, religiosos, etc. Sociedade visa fim econômico ou lucrativo, que deve ser repartido entre os sócios.

2 – Associação X Fundação

Semelhanças: em ambas há a união de várias pessoas, com acervo de bens, não havendo finalidade lucrativa.

Distinções: Associação o patrimônio é constituído pelos associados, sendo um meio para atingir os seus objetivos (instrumental). Fundação o patrimônio provém do instituidor, sendo seu elemento essencial (juntamente com o objetivo, a finalidade da fundação), já o elemento “pessoa” fica num segundo plano. Conclusão: os objetivos da associação são alcançados pelo esforço das pessoas (associados); já o das fundações é alcançado pelo uso de seu patrimônio.

� Observação � Sindicatos

A palavra sindicato tem raízes no latim (sindicus significa representante escolhido para defender os direitos de uma corporação) e no grego (syn-dicosseria aquele que defende a justiça). Sindicato é uma pessoa jurídica de Direito Privado. Podemos dizer que ele é uma associação em sentido amplo; ou seja, é uma espécie de associação. Os autores costumam dizer que os sindicatos são associações sui generis. Porém aplicam-se a eles disposições diferentes das associações. Inicialmente há uma diferença Constitucional. Ambos estão previstos no Título II da Constituição – Dos Direitos e Garantias Fundamentais. No entanto a Associação está prevista no Capítulo I – dos direitos e deveresindividuais e coletivos (art. 5º, incisos XVIII, XIX, XX e XXI, CF/88) e os Sindicatos estão previstos no Capítulo II dos Direitos Sociais (art. 8º, CF/88). Outra diferença é que a Associação representa seus associados. Já o sindicato

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representa, não só os seus associados, como toda categoria. Além disso, como vimos, a associação tem a sua previsão infra-constitucional no Código Civil. Já o sindicato tem previsão na Consolidação das Leis do Trabalho. Reparem nos arts. 511 e seguintes da CLT. Para adquirir personalidade jurídica o sindicato deve serregistrado no Cartório de Registro de Títulos e Documentos e Registro Civil dasPessoas Jurídicas. Além disso, deve-se requerer o arquivamento de seus atos constitutivos no Ministério do Trabalho (Arquivo Nacional das Entidades Sindicais). No entanto a jurisprudência é no sentido de que “as entidades sindicais tornam-se pessoas jurídicas desde o registro no Cartório de Registro de Títulos e Documentos e Registro Civil das Pessoas Jurídicas; o arquivo do Ministério do Trabalho e da Previdência Social não possui efeito constitutivo, mas sim simples catálogo, para efeito estatístico e controle da política governamental, sem qualquer consequência jurídica”. Outra diferença: as associações podem ser criadas para diversas finalidades (religiosas, científicas,profissionais, esportivas, etc.); já os sindicados somente têm as categorias econômicas ou profissionais. Lembrando que algumas categorias possuem Associação e Sindicato ao mesmo tempo (ex: Associação de Medicina e Sindicato dos Médicos).

INÍCIO DA EXISTÊNCIA LEGAL DA PESSOA JURÍDICA

Enquanto a pessoa natural surge com um fato biológico (lembrando da aula anterior... o nascimento com vida), a pessoa jurídica tem seu início, em regra, com um Ato Jurídico. No entanto há diferenças entre a forma de constituição de uma Pessoa Jurídica de Direito Público e de Direito Privado:

1) Pessoas Jurídicas de Direito Público sua existência se dá em razão da lei e do Ato Administrativo, bem como de fatos históricos, previsão constitucional, tratados internacionais, etc. São regidas pelo Direito Público (e não pelo Direito Civil). Um País surge quando afirma sua existência em face dos outros. Os Estados-membros têm o reconhecimento de sua existência quando instituídos na própria Constituição Federal deste País. Já os Municípios, peculiaridade de nosso regime federativo, também têm sua autonomia assegurada pela Constituição, tendo seu início no provimento que os criou (são regidas pelas Constituições estaduais e pelas Leis Orgânicas). As autarquias e demais pessoas jurídicas de direito público são criadas e organizadas por leis, que estabelecem todas as condições para o exercício de seus direitos e obrigações. Assim elas nascem com a própria lei.

2) Pessoas Jurídicas de Direito Privado o fato que lhes dá origem é a vontade humana convergente (como vimos, a affectio societatis). Sua criação possui duas fases ou estágios: a elaboração dos atos constitutivos e o seurespectivo registro.

Ato Constitutivo ↓ a pessoa jurídica se constitui, por escrito, por ato jurídico unilateral inter vivos ou causa mortis (em relação às fundações) e

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por ato jurídico bilateral ou plurilateral (em relação às sociedades e as associações). Em ambas as situações é imprescindível: agente capaz, objeto lícito e forma prescrita em lei. Algumas sociedades civis dependem de prévia autorização do governo (ex: instituições financeiras, estabelecimentos de seguro, consórcios, universidades, sociedades estrangeiras, bolsa de valores, etc. – confiram o art. 21, inciso XII, CF/88).

Registro Público ↓ para que a pessoa jurídica exista legalmente, é necessário inscrever os contratos, estatutos ou compromissos no seu registro peculiar (art. 45, CC). E, além disso, quaisquer alterações supervenientes também deverão ser averbadas neste registro. Vejamos isso melhor:

REGISTRO

Somente com o registro a pessoa jurídica adquire a personalidade. Tal registro se dá no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas (art. 1.150, CC). No entanto uma sociedade empresária deve ser registrada no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins (Lei nº 8.934/94), sendo competente para tais atos as Juntas Comerciais. Lembrando que uma sociedade de advogados só pode ser registrada na Ordem dos Advogados do Brasil (Estatuto da OAB, arts. 15 e 16, §3°).

Segundo o art. 46, CC o registro deve conter os seguintes elementos:

a) identificação da pessoa jurídica, segundo sua denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social (quando houver);

b) o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores e dos diretores;

c) forma de administração e representação ativa e passiva, judicial e extrajudicial;

d) esclarecimento se o ato constitutivo é passível de modificação e a forma como esta ocorre (reforma do estatuto social);

e) previsão de eventual responsabilidade subsidiária dos sócios pelasobrigações sociais;

f) condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio.

Uma pessoa jurídica começa a existir no momento em que é efetuado o seu registro, passando a ter aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações, obtendo capacidade patrimonial (que não tem relação absoluta com a dos sócios que a integram), adquirindo vida própria e autônoma, não se confundindo com a personalidade de seus membros (veremos isso melhor logo adiante). Assim, o registro da pessoa jurídica tem natureza constitutiva (ao contrário do registro civil de nascimento da pessoa física, cuja natureza é declaratória, uma vez que a condição de “pessoa” já foi adquirida no momento do nascimentocom vida).

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Enquanto o registro da pessoa natural apenas declara uma situação pré- existente (o nascimento com vida), é com o registro da pessoa jurídica que esta “nasce”, se constitui. Daí o seu sentido constitutivo. Sem o registro de seu ato constitutivo a pessoa jurídica será considerada apenas como uma sociedade não personificada, nos termos dos arts. 986 e seguintes do CC. Nesta hipótese o art. 990, CC dispõe que os sócios respondem de forma solidária e ilimitada pelas obrigações sociais. No entanto os credores da sociedade devem primeiro executar o patrimônio social. E, na falta de bens, podem exigir a responsabilidade ilimitada do sócio (art. 989, CC). O art. 12, inciso VII do Código de Processo Civil prevê que a sociedade sem personalidade jurídica será representada ativa e passivamente pela pessoa a quem couber a administraçãode seus bens.

PRAZO

O prazo de duração da Pessoa Jurídica é o que estiver previsto nocontrato. Se não houver previsão expressa, o prazo será indefinido, indeterminado.

DOMICÍLIO DAS PESSOAS JURÍDICAS

A pessoa jurídica também tem domicílio (art. 75, CC), que é a sua sede jurídica, onde os credores podem demandar o cumprimento das obrigações.Vejamos as situações legais:

União ↓ seu domicílio é o Distrito Federal. No entanto quando a União for autora de uma causa, entrará com a ação na Capital do Estado (ou Território) em que tiver domicílio a outra parte (art. 109, §1º, CF/88 e art. 99 do Código de Processo Civil). Porém, pode ser demandada (ou seja, ser ré), à escolha do autor (ou seja, da parte que entrou com o processo): a) no Distrito Federal; b) na Capital do Estado em que ocorreu o ato que deu origem à demanda; ou c) no lugar onde o bem está situado (art. 109, §§ 1 o a 4 o da Constituição Federal e Súmula 518 do Supremo Tribunal Federal).

Estados e Territórios ↓ as suas respectivas Capitais.

Municípios ↓ o lugar onde funciona a Administração Municipal; a sede municipal.

Demais Pessoas Jurídicas ↓ o domicílio da pessoa jurídica de direito privado é a sua sede, indicada nos seus estatutos, contratos sociais ou atos constitutivos equivalentes (domicílio especial). Não havendo esta designação, a lei age de forma supletiva, considerando domicílio o lugar onde funcionam as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial. Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. Admite-se, portanto, a pluralidade de domiciliar da pessoa jurídica, desde que tenha estabelecimentos em lugares diferentes (ex: filiais, agências, escritórios de representação, etc. – art. 75, §1 , CC). Desta forma o local de cada o

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estabelecimento dotado de autonomia será considerado domicílio para os atosou negócios nele realizados (Trata-se da Súmula 363 do Supremo Tribunal Federal).

RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS

Esse é um ótimo tema para concursos. Como regra a personalidade jurídica de uma Pessoa Jurídica não se confunde com a personalidade civil deseus membros. E também não se confundem os seus respectivos patrimônios. Ou seja, Pessoa Jurídica (e seu patrimônio) é uma coisa. Já as Pessoas Físicas (e seu patrimônio) que integram a Pessoa Jurídica é outra coisa (ou como costumo brincar... uma coisa é uma coisa... outra coisa é outra coisa completamente diferente...). No entanto, como veremos ainda na aula de hoje, há exceções a esta regra, como na Desconsideração da Personalidade Jurídica.

A responsabilidade civil a pessoa jurídica pode ser de natureza contratual ou extracontratual.

No âmbito da responsabilidade contratual as pessoas jurídicas são responsáveis por seus atos. Ou seja, elas respondem pelos danos decorrentes de suas condutas. Se assumiram determinada obrigação, se assinaram determinado contrato, devem cumpri-lo da forma como foi estipulado. Se a obrigação ajustada não for cumprida o devedor responde por perdas e danos (além dos juros, correção monetária e honorários advocatícios). É o que determina a regra geral do art. 389, CC. Portanto na responsabilidade assumida por meio de uma obrigação contratual as pessoas jurídicas devem responder com seus bens por esse inadimplemento (não cumprimento) contratual.

Já no campo da responsabilidade extracontratual vigora a regra geral do neminem laedere (ou seja, a ninguém se deve lesar). Reprime-se a prática dos atos ilícitos em geral, impondo a obrigação de reparação de eventuais danos. Ela tem fundamento nos arts. 186 e 187 combinados com o art. 927, CC.

Mas há uma leve nuance entre a responsabilidade das Pessoas Jurídicas de Direito Público e as de Direito Privado. Vejamos:

A) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. Quanto a elas existem duas formas de responsabilidade:

1) por ato próprio ↓ neste caso a responsabilidade é direta e subjetiva. Isto porque a Pessoa Jurídica responde pelos atos de seus órgãos (os diretores e os administradores estão apenas cumprindo as determinações das suas assembleias).

Lembrando que este tema será aprofundado na aula sobre “Ato Ilícito e Responsabilidade Civil”.

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2) por ato de terceiro ↓ neste caso a responsabilidade é indireta e objetiva. Determina o Código Civil que as Pessoas Jurídicas de Direito Privadosão civilmente responsáveis pelos atos danosos praticados por seus empregados, serviçais ou prepostos (representantes) no exercício do trabalho que lhes competir ou em razão dele (art. 932, III, CC). Por tal motivo trata-se de responsabilidade indireta. Ou seja, a Pessoa Jurídica irá responder por uma conduta praticada por terceiro (seu empregado), mas que, em razão de um vínculo com a pessoa jurídica, gera a responsabilidade desta. Acrescenta o art. 933, CC que esta responsabilidade independe de culpa. Portanto a mesma é considerada como sendo do tipo objetiva. Observem que neste caso a Pessoa Jurídica nada fez de irregular; quem agiu de forma errônea foi o empregado. Mas mesmo assim ela responde por este ato. Este tipo de responsabilidade também é solidária, pois a vítima pode reclamar os danos tanto da pessoa jurídica, como do agente causador do prejuízo. Exemplo: O motorista de caminhão de uma empresa, embriagado, atropela e mata um pedestre; a família da vítima pode ingressar com ação judicial de responsabilidade civil somente contra a empresa, somente contra o motorista, ou contra ambos, posto que tanto a empresa, como o motorista são responsáveis solidários. Se preferir ingressar com a ação somente contra a empresa, esta terá o direito de regresso contra o empregado.

� Questão interessante � O atual ordenamento cuidou apenas da responsabilidade das pessoas jurídicas que têm finalidade lucrativa ou empresarial. No entanto parte da doutrina entende que todas as pessoas jurídicas respondem pelos atos praticados por meio de seus prepostos e empregados, independentemente de terem finalidade econômica. Ou seja, uma associação ou uma fundação, mesmo não tendo finalidade lucrativa, pela doutrina, também devem responder pelos danos causados a terceiros.

O art. 931, CC nos fornece um bom exemplo de responsabilidade objetiva. Já o art. 1.009, CC nos traz um exemplo de responsabilidade solidária. Se alguém ficou alguma dúvida, não se preocupe... como disse, voltarei a este tema em uma aula específica sobre Atos Ilícitos e Responsabilidade Civil.

B) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO

Embora este tema seja mais afeito ao Direito Administrativo, não há como não “invadir” este tema e falar um pouco sobre o assunto.

Histórico – A responsabilidade das pessoas jurídicas passou por uma grande evolução ao longo do tempo. O seu desenvolvimento adveio do direito francês, passando, basicamente, por três fases:

a) Irresponsabilidade do Estado ↓ foi uma constante na Idade Média e posteriormente, nos Estados Absolutistas. Esta fase ficou conhecida pela expressão: The King can do no wrong. Como curiosidade, vejam o art. 99 da primeira Constituição do Brasil (1824): “A pessoa do Imperador é inviolável e

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sagrada: Ele não está sujeito a responsabilidade alguma”. No final desta fase ela foi atenuada pela admissão da responsabilidade pessoal de um funcionário, caso se identificasse que fora o comportamento dele a causa do dano. Esta teoria enfraqueceu de vez com a Revolução Francesa. Mas ainda vigorou no Brasil atéa edição do Código Civil de 1916.

b) Fase Civilista ou Responsabilidade com Culpa ↓ no Brasil, com base no art. 15 do antigo Código Civil, a responsabilidade do Estado passou a ser subjetiva. Ou seja, o Estado passou a ser sujeito passivo de demandas indenizatórias. No entanto era necessário que se provasse a “culpa” do Estado. Esta culpa poderia recair sobre o agente ou sobre o serviço. A culpa recaía sobre o agente quando era possível a sua identificação. Caso contrário ela incidiria sobre o serviço. Neste caso ocorria a chamada “culpa anônima”(identificada pela expressão faute du service, traduzida por culpa ou falta do serviço). Ela se verificava quando o serviço: a) não funcionava (inexistência do serviço); b) funcionava mal; ou c) funcionava atrasado.

c) Fase Publicista ou Responsabilidade Objetiva ↓ a partir de 1946 a responsabilidade passou a ser prevista na própria Constituição da República, principalmente em virtude da criação dos chamados direitos individuais de segunda geração, tratando a matéria no Direito Público (e não mais no Direito Civil). Com base no princípio da igualdade de todos perante a lei (todos têm encargos equitativamente distribuídos), não seria justo que, para benefício de toda uma coletividade, somente uma pessoa sofresse os ônus. Inicia-se, então a chamada Teoria da Responsabilidade Objetiva do Estado. A pessoa lesada apenas deve provar que houve uma conduta por parte do Estado, que ela sofreu um dano e que houve um nexo de causalidade entre a conduta e o dano. Não se precisa mais provar a culpa (em sentido amplo) do Estado. Mesmo assim duas teorias sobressaíram para justificar esta espécie de Responsabilidade:

A primeira foi a chamada Risco Integral. Ela é muito rigorosa para com o Estado. Parte do princípio que o Estado teria assumido todos os riscos dos danos que o particular eventualmente sofresse por conta de um serviço público. Por esta teoria o Estado responde sempre, em qualquer hipótese, obrigando-se a reparar todo e qualquer dano. Não se admite a alegação de qualquer causa excludente de responsabilidade, nem mesmo o caso fortuito, a força maior ou a culpa exclusiva da vítima. Obviamente, por conduzir ao abuso e a iniquidadesocial, não obteve aceitação em nosso ordenamento. Segundo a doutrina, a teoria do risco integral somente é admitida em nosso Direito em hipóteses excepcionalíssimas, como por exemplo, relacionadas à atividade nuclear.

A outra teoria é a do Risco Administrativo. Nela o Estado responde objetivamente, porém não em qualquer hipótese. Permite-se que o Estado afaste sua responsabilidade em situações onde consiga provar a culpa exclusiva da vítima (ou mesmo a culpa concorrente, que atenua sua responsabilidade diminuindo o valor da indenização), o caso fortuito ou a força maior, a ausência

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de nexo causal, etc. O Brasil adotou esta teoria: a da Responsabilidade Objetiva do Estado, mas na modalidade do Risco Administrativo.

Como regra, em uma ação, a obrigação de provar um fato é do autor desta ação. Quem alega um fato é que deve prová-lo. No entanto aqui ocorre uma certa inversão do ônus da prova. Isto não quer dizer que o autor da ação seja totalmente exonerado de provar o fato. Mas apenas que há uma presunção (relativa) de que o Estado é culpado. E é o Estado que deve provar uma das causas de exclusão de sua culpabilidade (ex: culpa exclusiva da vítima) para ficar isento de eventual indenização.

Atualmente no Brasil as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos (concessionárias e permissionárias) têm responsabilidade civil:

pelos danos que seus agentes (o termo “agentes” deve ser considerado em sua acepção mais ampla), nessas qualidades, causarem a terceiros (art. 37, §6º da Constituição Federal e art. 43, CC). Trata-se de responsabilidade de ressarcimento de danos, do tipo objetiva, isto é, a responsabilidade existe independentemente de culpa do funcionário. Há que se provar a conduta (positiva ou negativa), a lesão (dano patrimonial ou moral) e o nexo causal (a lesão foi causada pela conduta). Não se analisa eventual culpa. A vítima não necessita provar se houve ou não culpa por parte do Estado. Provados somente aqueles três elementos (conduta, dano e nexo), o Estado deve indenizar. Lembrando que quando se fala “culpa”, devemos entender seu sentido amplo, abrangendo tanto a culpa em sentido estrito (o agente praticou uma conduta, mas não teve a intenção da ocorrência de um resultado específico, porém este acabou acontecendo por imprudência, negligência ou imperícia do agente) como o dolo (o agente teve a intenção de praticar a conduta, desejando ou assumindo o risco pelos resultados advindos de sua conduta). Também não se indaga da licitude ou ilicitude da conduta administrativa. Ou seja, às vezes, mesmo agindo licitamente o Estado pode ser obrigado a indenizar um particular. Ex: quando o Estado realiza uma obra que em tese irá beneficiar a muitas pessoas, pode causar prejuízo a uma pessoa em especial. A obra realizada é lícita. Mas se causar prejuízo a um particular (ex: seu imóvel foi desvalorizado com a obra), ele deve ser indenizado.

Os mesmos dispositivos citados (art. 37, §6 e art. 43, CC) autorizam ao o

Poder Público o chamado direito de regresso contra o causador do dano, se houver culpa ou dolo de sua parte. Assim, o Estado responde de forma objetiva (ou seja, independentemente de culpa). Mas se o Estado for condenado e ficar provada a culpa ou o dolo do funcionário, o Estado poderá acionar regressivamente o seu agente. Logo, a responsabilidade do funcionário é do tipo subjetiva, pois deve estar comprovada a sua culpa em sentido amplo (que abrange o dolo ou a culpa em sentido estrito) no evento.

por atos de terceiros e por fenômenos da natureza. Neste caso, a responsabilidade é somente subjetiva. Ou seja, deve-se provar a culpa da

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Administração (ex: casos de enchentes ou depredações por movimentos populares, já previstos pela administração). Trata-se de uma exceção à regra de que o Estado responde sempre de forma objetiva. Como vimos, nem sempre,pois há casos em que pode responder de forma subjetiva.

� Observação – Uma parcela da doutrina entende que na hipótese de uma conduta omissiva por parte do Estado, a sua responsabilidade dependeria de demonstração de culpa da sua parte. Seria então mais um caso de responsabilidade subjetiva do Estado. Lembrando que mesmo neste caso, havendo culpa concorrente da vítima, a indenização será reduzida.

Vamos reforçar: há alguma hipótese em que o Estado pode se exonerar totalmente da responsabilidade civil? – Sim... Uma delas ocorre quando não houver nexo de causalidade entre a conduta e o dano. Outra hipótese é no caso de culpa exclusiva da vítima no evento. Neste caso também não haverá responsabilidade (e consequentemente também não haverá indenização) por parte do Estado. Cuidado. A hipótese de exclusão é de culpa exclusiva da vítima; se houver culpa concorrente, o Estado responderá pela conduta (embora o valor da indenização seja atenuada).

� Outro assunto interessante. Uma pessoa jurídica não pode ser ré emuma ação penal. Isto é assim porque a pessoa jurídica não pode cometer crimes. Para que haja um crime é indispensável o elemento subjetivo do tipopenal. E este é típico da pessoa física. Somente as pessoas físicas podem ter um comportamento que revele a presença de um elemento subjetivo penal, não sendo possível identificá-lo na pessoa jurídica. No entanto... atualmente há previsão de imputabilidade criminal também para as pessoas jurídicas, em atividades lesivas ao meio ambiente (não se excluindo a responsabilidade das pessoas físicas). Ou seja, tanto a Pessoa Física como a Pessoa Jurídica podem cometer crimes e responder a processos criminais em relação a danos ao meio ambiente. A imputabilidade penal da pessoa Jurídica está prevista inicialmente na Constituição Federal. Vejam o que diz o art. 225, §3 : "As o

condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados". Este dispositivo foi regulado pela Lei n° 9.605/98. Vejam o que diz o seu art. 3 : “As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e o

penalmente conforme o disposto nesta lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade”. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA

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A existência da Pessoa Jurídica (em relação às sociedades e às associações) termina:

pela dissolução deliberada de seus membros (extinção convencional), por unanimidade e mediante distrato. Distrato é a rescisão de um contrato. Trata-se da dissolução convencional, em virtude da qual se promove a dissolução de uma sociedade. A mesma liberdade que permitiu a criação, pode levar à extinção da Pessoa Jurídica. Pode ser amigável ou judicial. Para o distrato seguem-se as mesmas regras que se fizeram próprias para a formação da sociedade (ou do contrato). É ressalvado o direito de terceiros e da minoria. Assim, se a minoria desejar a continuidade da sociedade, impossível será sua dissolução amigável (haverá então uma sentença judicial), a menos que o contrato contenha cláusula que preveja a extinção por maioria simples. No entanto, se a minoria tentar extinguir a pessoa jurídica, não conseguirá.

morte de seus membros (extinção natural) e o ato constitutivo não prevê o prosseguimento das atividades por intermédio dos herdeiros.

quando a lei assim determinar. dissolução por decisão judicial. em virtude de ato do governo – autorização é cancelada: extinção administrativa (ex: o DL 9.085/46 prevê a dissolução das sociedades perniciosas, já o DL 314/67 reprime as organizações de tipo militar sem autorização legal, etc).

pelo decurso do prazo, se constituída por prazo determinado. pela falta de pluralidade de sócios (não existe sociedade de um sócio apenas), se a sociedade simples não for reconstituída no prazo de 180 dias. Obs: Há casos em que se admite a existência de “sociedade de apenas um sócio”. Essa situação pode ocorrer na chamada sociedade subsidiária integral, prevista no art. 251 da Lei das Sociedades Anônimas. A doutrina cita como exemplo o Banco Itaú, que possui apenas um sócio: o Banco Itaú Holding Financeira S/A, no entanto este possui uma pluralidade de sócios.

É importante notar que a extinção da pessoa jurídica não se opera de modo instantâneo. Qualquer que seja o fator extintivo, tem-se o fim da entidade; porém, se houver bens em seu patrimônio e dívidas a resgatar, ela continuará em fase de liquidação, durante a qual ainda subsiste para a realização do ativo e pagamento de débitos. Assim, mesmo dissolvida uma pessoa jurídica, ela ainda pode subsistir, mantendo a personalidade para fins de liquidação. A dissolução é averbada no registro respectivo. Encerrada a liquidação, aí sim, promove-se o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.

Destino do patrimônio na dissolução

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Tratando-se de uma Sociedade (que possui finalidades econômicas, lucrativas), cada sócio terá direito ao seu quinhão; o remanescente do patrimônio social será partilhado entre os sócios ou seus herdeiros.

Tratando-se de uma Associação (que não possui finalidades lucrativas), seus bens serão destinados:

conforme o previsto nos estatutos. se não houver previsão, serão destinados a estabelecimento municipal, estadual ou federal que possua finalidades semelhantes aos seus.

GRUPOS DESPERSONALIZADOS

Como vimos, as sociedades, as associações, as fundações, etc., possuem personalidade jurídica. Mas nem todo grupo que objetiva um determinado fim édotado de personalidade jurídica. Os grupos despersonalizados (ou com personificação anômala) constituem um conjunto de direitos e obrigações, de pessoas e bens, sem personalidade jurídica, que geralmente se formam independentemente da vontade de seus membros. No entanto, apesar de não terem personalidade, possuem capacidade processual isto é, capacidade para postular em juízo (ou seja, ser autor ou réu em uma ação judicial). Citamos como exemplos, dentre outros:

Sociedades Irregulares e de Fato ↓ (não personificadas) ↓ elas são entidades que já foram criadas e que já estão em funcionamento; porém ainda não têm existência legal, pois ainda não foram registradas.

Massa Falida ↓ surge com a sentença declaratória de falência. Decretando-se a falência de uma sociedade, a pessoa perde o direito à administração e à disposição do patrimônio, sendo que os bens são arrecadados e a reunião desses bens recebe o nome de massa falida, que é um ente despersonalizado, voltado à defesa dos interesses dos credores, podendo inclusive agir contra o próprio falido. Não se trata de um sujeito de direito, não podendo contrair obrigações. O administrador judicial da falência (falava-se, anteriormente, em “síndico da falência”) a representa ativa e passivamente (ou seja, pode ser autor ou réu de uma ação judicial).

Espólio ↓ é o conjunto de direitos e obrigações ou uma simples massapatrimonial deixada pelo de cujus (pessoa que faleceu); é a herança, propriamente dita. Ela não é uma pessoa jurídica, não tendo nenhuma personalidade. O fato jurídico que o faz surgir é a morte. Sua extinção se dá coma partilha de bens entre os herdeiros. Entre estes dois momentos (morte e partilha) o acervo será administrado pelo inventariante, que presta compromisso legal e representa ativa e passivamente, em juízo ou fora dele os interesses do espólio.

Obs: A expressão latina “de cujus” se refere à pessoa que faleceu. Na verdade se trata das primeiras palavras de uma expressão maior: “de cujus successione agitur” (de cuja sucessão se trata).

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Herança Jacente e Vacante ↓ é o conjunto de bens deixados pelo falecido, enquanto não entregue a um sucessor devidamente habilitado. Morrendo uma pessoa, seus bens vão para os seus herdeiros, sejam eles legais (a lei fornece uma relação dos herdeiros) ou testamentários (o de cujus deixa um testamento). Mas e se a pessoa morrer, deixar muitos bens, mas não deixar herdeiros e nem testamento? O que ocorre? – Ora, se a pessoa deixou bens, deve-se abrir sua sucessão, que se dá através de um processo chamado inventário. Assim, ocorre a herança jacente se, não havendo testamento, o de cujus não deixar herdeiros, ou deixando, eles renunciam, ficando sob a guarda e administração de um curador nomeado pelo Juiz. Aguarda-se... ninguém apareceu... Os bens da herança jacente são então declarados vacantes. Foram realizadas todas as diligências, não aparecendo nenhum herdeiro um ano depoisde concluído o inventário. Decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Estado (Estado em sentido amplo). Este tema será melhor analisado e aprofundado na aula sobre o Direito das Sucessões. No entanto não é todo edital que exige este capítulo do Direito Civil.

Condomínio Especial (condomínio em edificações) – trata-se de uma questão controvertida. A doutrina ainda os considera como entes despersonalizados, havendo uma tendência, no futuro, de considerá-lo como tendo personalidade jurídica. Cabe a representação do condomínio (ativa e passiva) ao síndico ou administrador (que pode ser uma pessoa física ou jurídica). Vejam que hoje em dia um condomínio deve ter CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas). No condomínio também há uma affectio societatis (lembram-se desta expressão falada no início da aula?), havendo aptidão à titularidade de direitos e deveres, podendo adquirir imóveis, materiais para construção, conservação e administração do edifício em seu nome.

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Esse é um assunto muito atual no Direito Civil e por isso um ótimo tema para concursos. E há um histórico muito bonito sobre esse instituto. Vamos Resumir. No Brasil, inicialmente, tratava-se apenas de uma doutrina introduzida pelo direito anglo-saxão. Em razão do berço desta teoria (Inglaterra e EUA) é comum a utilização de termos em língua estrangeira: disregard of the legal entity (desconsideração da pessoa jurídica) ou disregard doctrine (doutrina da desconsideração), ou piercing the corporate veil (perfurando ou rasgando o véu da corporação ou da personalidade jurídica) ou lifting the corporate veil (levantando ou desvelando o véu da corporação).

Anteriormente não havia no Brasil uma previsão expressa na lei. Quem primeiro tratou do tema no Brasil foi o prof. Rubens Requião. Relata a doutrina que o primeiro caso abordando o tema ocorreu na Inglaterra em um famoso processo que ficou conhecido como “Salomon versus Salomon & Co. Ltd.”, julgado pela House of Lords (Câmara dos Lordes), em 1897. Aaron Salomon constituiu uma sociedade com seis sócios, todos eles membros de sua família,

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cedendo uma ação para cada e reservando outras vinte mil para si. A empresa, que passava por dificuldades financeiras, emitiu títulos privilegiados, sendo que o próprio Salomon os adquiriu. A Pessoa Jurídica Salomon & Cia faliu e pagou seu débito para com a Pessoa Física Aaron Salomon (que era o credor com privilégios), não conseguindo pagar os demais credores, que não tinham preferências. Entendeu-se que Salomon usou a companhia como escudo para lesar os demais credores. A tese inicialmente vingou: Salomon teria agido com de má-fé. No entanto a Câmara dos Lordes acabou por entender que a condutade Salomon foi legal, pois ele (pessoa física) não poderia responder pelas dívidas de sua empresa (pessoa jurídica). Apesar da tese no caso concreto ter sido perdedora, ela acabou repercutindo, ganhando força e se espalhando, principalmente nos Estados Unidos. E depois retornou para os países europeus, onde se espalhou.

No Brasil os juízes começaram a aplicá-lo como uma questão de justiça, de equidade, coibindo assim os abusos e enriquecimentos sem causa (princípios que vedam o abuso do direito e da fraude contra credores). Com o tempo esta teoria (era apenas doutrina) foi ganhando força, fazendo jurisprudência, até que acabou sendo inserida no Código de Defesa do Consumidor (CDC). Daí foi se espalhando por todo o Direito brasileiro (ex: Lei Antitruste – art. 18 da Lei 8.884/94; Lei do Meio Ambiente – art. 4° da Lei 9.605/98) e acabou chegando também no Direito Civil, de forma expressa, com a edição do atual Código (art. 50). Vamos explicar como funciona:

Como sabemos, a pessoa jurídica, a exemplo da física, pode ser sujeito de direitos e obrigações, tendo existência independente dos membros que a compõem, ou seja, sem qualquer ligação com a vontade individual das pessoas físicas que a compõem. Como disse atrás... Pessoa Jurídica é uma coisa... Pessoas Físicas que integram a Pessoa Jurídica é outra coisa. Desta forma a Pessoa Jurídica somente responderá pelos débitos dentro dos limites do capital social, ficando a salvo o patrimônio individual dos sócios que a compõe.

Devido a essa exclusão de responsabilidade dos sócios, que vigorava de forma plena em nosso Direito, a pessoa jurídica, por vezes, se desviava de seus princípios e finalidades, cometendo abusos, fraudes e desonestidades (evidenteque se trata de uma minoria; não vamos aqui generalizar), provocando uma reação na doutrina e na jurisprudência. A pessoa jurídica serviria apenas como um escudo, uma couraça ou um manto protetor de distorções e fraudes levadasa efeito por uma pessoa física. Visando coibir tais abusos, surgiu a figura da desconsideração, despersonalização ou despersonificação da pessoa jurídica ou penetração na pessoa física (alguns também chamam de desestimação da pessoa jurídica). Com isso, se alcançam as pessoas físicas e seus bens que se escondem dentro de uma pessoa jurídica para fins ilícitos ou abusivos. Como se costuma dizer, com isso “retira-se o véu da pessoa jurídica, deixando a descoberto o patrimônio das pessoas físicas responsáveis pelo dano”.

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Tal instituto permite ao Juiz não mais considerar os efeitos da personificação da sociedade, para atingir e vincular também as responsabilidades dos sócios, com intuito de impedir a consumação de fraudes e abusos, desde que causem prejuízos e danos a terceiros. Desta forma, os bens particulares dos administradores ou sócios podem responder pelos danos causados a terceiros. Uma pessoa lesada por uma empresa pode ser ressarcida por meio das próprias pessoas que constituíam a empresa. Neste caso específico e determinado, o Juiz não leva em consideração a pessoa jurídica (daí o termo “desconsideração da pessoa jurídica”), decidindo como se aprópria pessoa física (ou natural) tivesse realizado o negócio. No entanto, o Juizdeve agir com cautela ao decidir pela desconsideração. Deve examinar cada caso em particular, se foram preenchidos todos os requisitos legais para decretação da medida. É como eu costumo dizer... cada caso é um caso... Comodisse, nosso atual Código Civil acolheu tal princípio em seu art. 50: “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o Juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”. Ocorre a confusão patrimonial, quando se analisa a escrituração contábil (ou das contas bancárias) e apura-se que a sociedade costuma pagar as dívidas pessoais do sócio, ou que este recebe créditos dela, etc.

Devemos acrescentar que há uma proximidade entre a desconsideração da personalidade jurídica e a fraude contra credores (que é um vício do negócio jurídico, que veremos em aula mais adiante). No entanto, a desconsideração é mais abrangente, pois pode se estender a casos em que não ficou caracterizada a fraude. Até porque, o terceiro que foi prejudicado, não precisa ser, obrigatoriamente um credor e sim, qualquer sujeito de direito que foi lesado em seus interesses jurídicos. Portanto, a fraude não é pressuposto para a desconsideração.

Fala-se atualmente em Teoria Menor e Teoria Maior da desconsideração. A Menor é aquela em que se dispensa um raciocínio mais cuidadoso para a incidência do instituto, bastando que a diferenciação patrimonial da sociedade e sócio seja um obstáculo à satisfação dos credores. Toda a vez que a pessoa jurídica não tenha bens suficientes em seu patrimônio para a satisfação de crédito os sócios seriam responsabilizados. Já na Teoria Maior é necessário énecessário maior apuro e precisão na constatação dos requisitos legais. Não é em qualquer hipótese que a desconsideração se aplica; ela somente ocorrerá em casos especiais previstos na lei. Foi esta a teoria adotada pelo Brasil.

O estatuto legal pioneiro no Brasil sobre o tema foi o Código de Defesa do Consumidor (C.D.C. – Lei nº 8.078/90), ainda em vigor. Prevê tal estatuto: Art. 28: “o Juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de

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poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inativadade da pessoa jurídica causada por má administração”; §5º: “também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores”. Existem outras leis que também tratam do assunto. Ex: Lei n° 8.884/94 (art. 18), Lei n° 9.605/98 (art. 4° - atividades lesivas ao meio ambiente), etc.

Como se trata de medida excepcional, tem-se entendido que adesconsideração da personalidade jurídica (ou, como também dizem outros doutrinadores, “a superação episódica da personalidade jurídica”) somente pode atingir os bens da pessoa que incorreu na prática do ato irregular, após a observância dos parâmetros exigidos pela lei.

Esclareço que subsiste, ainda, o princípio da autonomia subjetiva da pessoa jurídica, distinta da pessoa de seus sócios. Mas tal distinção é afastada nas hipóteses previstas na lei. Ou seja, a regra ainda é a da consideração da personalidade jurídica, prevalecendo, sobretudo, a diferenciação patrimonial da sociedade e seus sócios. Não se retirou a personalidade jurídica de forma total. A aplicação da teoria não importa em dissolução ou anulação da sociedade. Mas apenas a desconsidera em determinadas situações especificadas na lei.

Fala-se em desconsideração inversa, como modalidade autônoma, quando se vincula o patrimônio da pessoa jurídica, para responsabilizá-la por uma obrigação contraída pelo sócio. Exemplo: uma pessoa muito rica transfere todos os seus bens para uma Pessoa Jurídica da qual possui o controle absoluto. Assim, embora tecnicamente não seja proprietário dos bens, continua a desfrutar de todos eles. E se a pessoa física contrair uma dívida, em tese, o credor não pode executar tais bens, pois eles não são dela, mas sim da pessoa jurídica. O devedor assim procede para lesar a pessoa de quem pediu o dinheiro emprestado ou para livrar os bens de uma futura partilha em uma separação judicial. Por meio da “desconsideração inversa” se desconsidera a pessoa jurídica, para que a mesma responda com o seu patrimônio perante terceiros, pelas dívidas contraídas pela pessoa física.

Como uma evolução da desconsideração da personalidade jurídica tem-se adotado a Teoria da Sucessão de Empresas, pela qual, nos casos em que ficar patente a ocorrência de fraude poderá o magistrado estender as responsabilidades de uma empresa para outra (denominadas empresa sucedida e sucessora, respectivamente). Outra questão diz respeito à hipótese em que uma Pessoa Jurídica é controlada (direta ou indiretamente) por outra.Desconsidera-se uma, para atingir a outra. Mas há casos de difícil solução por não se saber bem que é a controladora. E mais. Às vezes uma pessoa jurídica age no País com pouco ou nenhum patrimônio e está totalmente em mãos de uma empresa escritural estrangeira (as chamadas off shores), praticando

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irregularidades. É um caso de difícil solução, cabendo ao Juiz avaliar este aspecto e onerar o patrimônio do verdadeiro responsável pelo fato, sempre que um prejuízo injusto for ocasionado a terceiros.

Outro ponto: cabe a desconsideração da personalidade jurídica de um empresário simples (art. 966, CC: "Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços"), antes chamado de “firma individual”, “empresa individual”, ou, ainda, “empresa unipessoal”? Há uma certa polêmica sobre o tema. Alguns autores afirmam que não há como desconsiderar a sua personalidade jurídica, tendo em vista que pessoa física e a firma individual são a mesma pessoa. O seu titular atua em seu nome, por sua conta e risco. Na realidade a empresa individual é mera ficção jurídica, respondendo seu representante legal, com seus bens particulares, por todas as obrigações contraídas, inexistindo separação de patrimônio. Não há bipartição entre a pessoa natural e a firma por ela constituída. Uma e outra fundem-se, para todos os fins de Direito, em um todo único e indivisível. Uma está compreendida pela outra. Logo, quem contratar com uma está contratando com a outra e vice versa. Ela somente é equiparada à pessoa jurídica para fins tributários. Mas pode ocorrer que o empresário individual se disfarce de uma sociedade, apresentando-se no quadro societário com 99% das quotas e o outro 1% de propriedade de um “homem de palha” (expressão utilizada para designar aqueles sócios que existem apenas para se alcançar a pluralidade, uma vez queo ordenamento jurídico não admite, como regra, a unipessoalidade societária). Neste sentido, como assentou o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro: "Com a teoria da desconsideração da personalidade jurídica visa-se coibir o uso irregular da forma societária, geradora da personalidade jurídica, para fins contrários ao direito. A pessoa da sociedade não se confunde com a do sócio, e isso é um principio jurídico básico, porém, não é uma verdade absoluta, e merece ser desconsiderada quando a ‘sociedade’ é apenas um alter ego deseu controlador, em verdade comerciante individual".

Meus amigos e alunos. Completando a aula, vamos agora apresentar o nosso quadro sinótico, que é um resumo do que foi falado na aula de hoje. Esse resumo tem a função de ajudar o aluno a melhor assimilar e memorizar os conceitos e classificações dadas em aula sobre o tema PESSOA JURÍDICA dando uma visão completa sobre o tema e também para facilitar a revisão da matéria para estudos futuros. Vamos a ele.

QUADRO SINÓTICO

PESSOAS JURÍDICAS(arts. 40 a 69, CC)

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CONCEITO – Pessoa Jurídica (moral ou coletiva) – Unidade de Pessoas Naturais (físicas) ou de patrimônios, que visa a consecução de certos fins, reconhecido como entidade com aptidões de direitos e obrigações; a lei empresta-lhe personalidade, capacitando-a para ser sujeito de direitos e obrigações. Corrente majoritária Teoria da Realidade Técnica. Súmula 227do Superior Tribunal de Justiça: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.

CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAL

A) Pessoas Jurídicas de Direito Público

1) Externo (art. 42, CC) Regulamentadas pelo Direito Internacional – Ex: outros países soberanos, Santa Sé, organismos internacionais (ONU, OEA).

2) Interno (art. 41, CC) O Estado.

a) Administração Direta ou Centralizada União, EstadosMembros, Distrito Federal, Territórios e Municípios.

b) Administração Indireta ou Descentralizada Autarquias, asAssociações Públicas (Lei n° 11.107/05) e as demais entidades de caráter público criadas por lei (Fundações Públicas).

B) Pessoas Jurídicas de Direito Privado (art. 44, CC)

1) Espécies

a) Fundações Particulares – universalidades de bens personificados em atenção ao fim que lhes dá unidade (arts. 62/69, CC). Registro da escritura pública ou testamento. Dotação de bens livres que passam a ser inalienáveis e especificação dos objetivos.

b) Partidos Políticos (Lei n° 10.825/03).

c) Organizações Religiosas (Lei n° 10.825/03).

d) Associações – união de pessoas, sem finalidade lucrativa.

e) Sociedades – Simples ou Empresárias ambas visam finalidade lucrativa; no entanto a diferença está no seu objeto: exercício (ou não) de atividade mercantil. Palavras chaves: organização e atividade. Espécies: nome coletivo, comandita simples, conta de participação, limitada, sociedade anônima (esta será sempre empresária) e comandita por ações.

Obs. – Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista são consideradas como Pessoas Jurídicas de Direito Privado.

2) Início

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a) Ato Constitutivo – ato jurídico unilateral inter vivos ou causa mortis (fundações) ou ato jurídico bilateral ou plurilateral (associações e sociedades). b) Registro Público – inscrição dos contratos, estatutos ou compromissos no seu registro peculiar. Requisitos art. 46,CC.

3) Domicílioa) Direito Público – art. 75, incisos I, II e III, CC. b) Direito Privado – Diretoria e Administração – art. 75, inciso IV, CC.

c) Pluralidade Domiciliar – 75, §1º, CC. d) Foro de Eleição – escolhido no contrato.

4) Término – dissolução deliberada de seus membros; hipóteses em que a lei determina; decurso de prazo (quando for constituída por prazo); falta de pluralidade de sócios; dissolução judicial.

5) Grupos Despersonalizados sociedades de fato ou irregulares, massa falida, espólio, etc.

RESPONSABILIDADE

Tanto as pessoas jurídicas de direito público como as de direito privado são responsáveis pelo que estiver disposto no contrato (responsabilidade contratual), respondendo com seus bens pelo eventual descumprimento de cláusulas contratuais. Já na órbita extracontratual há certa divisão em relação a responsabilidade:

a) Pessoa Jurídica de Direito Privado – Regra possui responsabilidade indireta, ou seja, a pessoa jurídica deve reparar o dano causado pelo seu representante que agiu de forma contrária ao direito. Além disso, a responsabilidade é solidária, pois em razão do vínculo entre a pessoa jurídica e seus funcionários, a vítima pode reclamar os danos tanto da pessoa jurídica como do agente causador do dano.

b) Pessoa Jurídica de Direito Público – regra responsabilidade objetiva do Estado (art. 37, §6°, CF/88 – teoria do risco administrativo – permite-se que a responsabilidade seja afastada em algumas hipóteses). O Estado, como regra, responde independentemente de culpa (em sentido amplo). No entanto tem o mesmo ação regressiva contra o funcionário causador do dano, se provada a culpa deste. O Estado não responde se não houver nexo decausalidade entre a conduta e o dano ou se houve culpa exclusiva da vítima no evento.

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DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA – disregard of the legal entity – Art. 50, CC atinge e vincula responsabilidades dos sócios (atingindo seus bens particulares), com intuito de impedir abuso da personalidade jurídica, desvio de finalidade ou confusão patrimonial. Previsto também no C.D.C., art. 28 e seu §5 . o

TESTES

Lembrando que estes testes já caíram em concursos anteriores e têm afinalidade de revisar o que foi ministrado hoje, completando a aula. Muitas informações relativas à matéria, principalmente algumas situações especiais estão nas respostas dos testes. Algumas dúvidas que o aluno ficou em aula podem ser esclarecidas com os exercícios. Além disso, o aluno vai “pegando a malícia dos testes”; o quê exatamente o examinador quer com tal questão. Será que tem alguma “pegadinha”? Daí a importância de se fazer os testes e ler todas as respostas com atenção. Por tal motivo o gabarito é totalmente comentado. Façam os exercícios com calma. Não se afobem. Não há motivos para isso. Se estiverem cansados, não façam neste momento. Deixem para depois. Também não façam os testes “apenas por fazer”. Eles devem ser encarados como uma forma de aprendizado. Também não se preocupem com o nível de acerto. Neste momento isto não é importante. Muitos exercícios têm um nível elevado, acima dos concursos de uma forma geral.

Agora, concentrem-se como se estivessem fazendo uma prova. Vamos começar...

01) (MAGISTRATURA DE SÃO PAULO – CONCURSO 171) A ideia de personalidade exprime a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. Assim sendo, face ao direito positivo:

a) apenas o ser humano é dotado de personalidade.

b) todos os seres humanos e os entes morais (associações, sociedades e fundações) são dotados de personalidade.

c) apenas o ser humano com capacidade plena é dotado de personalidade.

d) o espólio, a massa falida e a herança jacente também são dotados de personalidade.

02) (Edursan – Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Saneamento Ambiental – Advogado Cível – 2009 – Fundação Universo) Quanto aos direitos da personalidade:

a) aplicam-se somente às pessoas naturais e às pessoas jurídicas de direito público.

b) em nenhuma hipótese se aplicam às pessoas jurídicas.

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c) aplicam-se no que couber às pessoas jurídicas.

d) é aplicável indistintamente às pessoas naturais e jurídicas.

e) aplicam-se somente às pessoas naturais e às pessoas jurídicas constituídas na modalidade de associações ou fundações.

03) (CESPE - OAB/SP – 2008) O conceito de pessoa jurídica pode ser entendido como o conjunto de pessoas ou de bens arrecadados que adquire personalidade jurídica própria por uma ficção legal. Entre as teorias que procuram justificar a existência da pessoa jurídica, a adotada no Código Civil de 2002 é a Teoria:

a) da realidade objetiva ou orgânica.

b) da realidade técnica.

c) da ficção.

d) negativista.

04) (OAB/MG – 2005) Sobre a personalidade, é CORRETO afirmar que:

a) todos os seres humanos, assim como as pessoas jurídicas, são dotadas de personalidade.

b) apenas o ser humano é dotado de personalidade.

c) apenas o ser humano com capacidade plena é dotado de personalidade.

d) nem todos os direitos de personalidade são oponíveis erga omnes.

05) (OAB/RS – 2006) Quanto à disciplina das pessoas de uma forma geral, assinale a assertiva CORRETA:

a) tendo em vista que com a morte cessa a existência da pessoa natural, não se atribui a tutela dos direitos de personalidade à pessoa falecida.

b) a morte presumida somente poderá ser declarada em decorrência da decretação de ausência.

c) para o Código Civil as associações têm finalidade precipuamente econômica.

d) nos termos do Código Civil as fundações somente poderão constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.

06) (T.R.F. – 1 . Região – Técnico Administrativo – 2006) De acordo a

com o Código Civil brasileiro, as autarquias, os partidos políticos e a União, são, respectivamente, pessoas jurídicas de direito:

a) público interno, público interno e público externo.

b) privado, público interno e público interno.

c) público interno, privado e público interno.

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d) privado, público interno e público externo.

e) público interno, privado e público externo.

07) São Pessoas Jurídicas de Direito Público:

a) União, Estados-membros, Municípios e Empresa Pública.

b) União, Estados-membros, Municípios e Sociedades de Economia Mista.

c) União, Estados-membros, Municípios Distrito Federal e Territórios.

d) União, Estados-membros, Municípios, Autarquias e Empresas Públicas.

e) União, Estados Membros, Fundações, Autarquias e Sociedades Civis sem finalidade lucrativa.

08) As Fundações são:

a) pessoas jurídicas de direito público ou privado, integradas por bens livres e com especificação de suas finalidades.

b) pessoas jurídicas de direito público, integradas por bens livres e com especificação de suas finalidades.

c) pessoas jurídicas de direito privado, integradas por bens livres e com especificação de suas finalidades.

d) universalidade de bens, sem fim lucrativo e sem personalidade jurídica.

d) universalidade de pessoas, despersonalizadas.

09) Assinale a alternativa que pode não corresponder a uma pessoa jurídica de direito público interno:

a) as Autarquias.

b) os Municípios.

c) as Associações.

d) a União.

e) as Fundações Públicas.

10) Está CORRETO afirmar que:

a) as sociedades simples só podem se dissolver pela vontade de seus sócios.

b) o patrimônio das associações sempre será distribuído para os associados em casos de dissolução.

c) há sociedades simples, que para se constituírem dependem de autorização do governo.

d) as fundações são espécies de associações.

e) as sociedades simples não têm finalidade lucrativa.

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11) (Tribunal Regional do Trabalho – 3 Região/MG – Analista Judiciário a

– 2005 - FCC) São pessoas jurídicas de direito privado:

a) as sociedades de economia mista e as autarquias.

b) as empresas públicas e os municípios.

c) as fundações e o Distrito Federal.

d) os partidos políticos e as organizações religiosas

e) o condomínio edilício e as associações.

12) (Procurador do Banco Central 2005) São Pessoas Jurídicas deDireito Público Interno:

a) as fundações e as associações.

b) somente a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal.

c) as empresas públicas e as sociedades de economia mista.

d) as autarquias e as associações públicas.

e) os partidos políticos e as autarquias.

13) (Tribunal de Contas da União – Analista de Controle Externo – ESAF- 2006) As associações públicas são:

a) pessoas jurídicas de direito público interno de administração indireta.

b) empresas públicas.

c) autarquias federais especiais.

d) agências reguladoras.

e) pessoas jurídicas de direito público interno de administração direta.

14) (FCC – Procurador do Estado de Amazonas – 2006) A criação e funcionamento das Organizações Religiosas:

a) são livres; entretanto é permitido ao Poder Público negar reconhecimentodos seus atos constitutivos, permanecendo, neste caso, como entidades de fato.

b) dependem de autorização do Poder Público, que poderá negar-lhes reconhecimento se entender nocivas ou perigosas.

c) são livres, sendo vedado ao Poder Público negar-lhes reconhecimento ou registro de seus atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento.

d) dependem de aprovação do Ministério Público para terem seus atos constitutivos registrados.

e) dependem do reconhecimento do Poder Público como entidades filantrópicas ou assistenciais.

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15) (Técnico do Ministério Público da União – 2007) A respeito das Pessoas Jurídicas, analise:

I – As autarquias, os partidos políticos e as organizações religiosas são pessoas jurídicas de direito público interno.

II – Em regra, se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes.

III – Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o Juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório.

IV – As fundações somente poderão constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.

É CORRETO o que conta apenas em:

a) I, II e III.

b) I, II e IV.

c) II e III.

d) II, III e IV.

e) II e IV.

16) (Tribunal Regional do Trabalho – Analista Judiciário – 2005) Uma associação civil, regularmente constituída e em funcionamento há mais de um ano, caso tenha um direito líquido e certo seu violado, de modo ilegal e abusivo, por ato de autoridade pública, tem como remédio constitucional apropriado para sua defesa:

a) ação civil pública.

b) mandado de segurança.

c) habeas data.

d) ação popular.

e) mandado de injunção.

17) Assinale a alternativa CORRETA.

a) a existência legal das pessoas jurídicas de direito público começa com ainscrição do ato constitutivo no registro pertinente, cujo prazo decadencial é de 05 (cinco) anos para que o interessado postule a anulação de seus atos constitutivos.

b) somente em caráter excepcional, as pessoas jurídicas de direito público são civilmente responsáveis pelos atos de seus representantes, que, nessa condição, causem danos a terceiros, quando agirem de modo contrário ao

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direito ou faltando a dever prescrito em lei, exceto o direito de regresso contraos causadores do dano.

c) são pessoas jurídicas de direito público a União, os Estados, os Municípios e os partidos políticos.

d) são pessoas jurídicas de direito privado as associações de utilidade pública e, excepcionalmente, o Distrito Federal.

e) obrigam as pessoas jurídicas os atos praticados por seus administradores, que forem exercidos dentro dos limites fixados no ato constitutivo das mesmas.

18) (ICMS/SP – 2006) Tendo a Pessoa Jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes:

a) seu domicílio será considerado somente o lugar onde funcionar a respectiva diretoria.

b) considerar-se-á seu domicílio, apenas, a Capital Federal.

c) não possui domicílio.

d) seu domicílio será considerado, apenas, o lugar onde funcionar o principal estabelecimento.

e) cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.

19) (ICMS/SP – 2006) Considere as afirmações abaixo sobre as Pessoas Jurídicas:

I – Têm personalidade jurídica pública as autarquias, as empresas públicas e as sociedades de economia mista.

II – Constituída uma fundação por negócio entre vivos, se o instituidor não lhe transferir a propriedade dos bens dotados, serão registrados em nomeda fundação por mandado judicial.

III – Constituem-se as associações particulares pela união de pessoas físicas ou jurídicas, que se organizam para fins não-econômicos.

IV – Dissolvida a pessoa jurídica, promover-se-á o cancelamento de sua inscrição no registro onde estiver inscrita.

V – Salvo disposição em contrária no estatuto, a qualidade de associado é transmitida aos seus herdeiros, no momento da abertura da sucessão.

Está CORRETO o que se afirma apenas em:

a) I e II.

b) I e III.

c) II e III.

d) II e IV.

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e) IV e V.

20) Paulo, capaz, firmou declaração de dívida em nome de sociedade civil de que é proprietário de 75% de seu capital, sem ser diretor ou representante desta sociedade. Foi eleito para o exercício da diretoria um mês depois de ter firmado a referida declaração. Nesse caso:

a) a declaração é anulável, mas eficaz, ante o direito de propriedade de Paulo, que se elegeu diretor, ratificando, com isso, a declaração anterior.

b) a declaração é válida e eficaz, tendo em vista que a sociedade manifestou sua vontade por seu verdadeiro proprietário.

c) a declaração é nula e ineficaz, temporariamente, porque Paulo, mesmo proprietário, não pode manifestar a vontade societária, enquanto não for diretor da sociedade.

d) a declaração é ineficaz, sem poder ratificar-se, porque a sociedade não manifestou sua vontade.

21) (MAGISTRATURA – MINAS GERAIS – 2004) O novo Código Civil trouxe uma série de inovações na disciplina das pessoas jurídicas de direito privado. Assinale abaixo a alternativa que NÃO corresponde ao atual regime das Pessoas Jurídicas no novo Código Civil:

a) se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões serão tomadas pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.

b) nas associações, a exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.

c) quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão convertidos em títulos da dívida pública, se outra coisa não dispuser oinstituidor, até que aumentados com os rendimentos ou novas dotações, perfaçam capital bastante.

d) velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.

e) nas associações compete privativamente à Assembléia Geral eleger e destituir administradores, aprovar as contas e alterar o estatuto.

22) No que diz respeito às Pessoas Jurídicas, é INCORRETO afirmar:

a) as pessoas jurídicas de direito público são civilmente responsáveis pelos atos de seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, dolo ou culpa.

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b) começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito público com a inscrição do ato constitutivo no registro pertinente, decaindo em cinco anos o direito do particular interessado pleitear a anulação de seus atos constitutivos.

c) são pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.

d) obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo.

e) a massa falida e o espólio são considerados “grupos despersonalizados”.

23) (FCC – Analista Judiciário TRT 2 a Região/SP – 2006) O espólio, a massa falida e a herança jacente serão representados em juízo, ativa e passivamente, respectivamente por seu:

a) curador, administrador judicial e inventariante.

b) síndico, inventariante e curador.

c) procurador síndico e curador.

d) inventariante, administrador judicial e curador.

e) inventariante administrador judicial e procurador.

24) (FCC – Analista Judiciário do Tribunal de Justiça de Pernambuco – 2007) No que concerne às Pessoas Jurídicas, é CORRETO afirmar:

a) obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo.

b) se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões serão tomadas necessariamente pela maioria de votos dos presentes.

c) se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o Juiz, de ofício, nomear- lhe-á administrador provisório.

d) o poder público poderá negar reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao funcionamento das organizações religiosas.

e) na hipótese de confusão patrimonial não caberá a desconsideração da personalidade jurídica para atingir os bens particulares dos sócios.

25 (ESAF – AFRF – 2001) Não caracteriza a empresa pública:

a) a adoção de qualquer forma jurídica admitida em direito.

b) pessoal contratado sob o regime trabalhista.

c) necessidade de lei autorizativa para a sua criação.

d) inclusão de seu pessoal nas regras de vedação de acumulação remunerada de cargos.

e) personalidade jurídica de direito público.

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26) (ESAF – Auditor INSS/2002) De acordo com as normas legais vigentes, as chamadas fundações públicas, na aérea federal, são:

a) equiparadas às empresas públicas.

b) entidades privadas fora da Administração.

c) entidades da Administração Indireta.

d) regidas somente pelas disposições do Código Civil.

e) órgãos da Administração Direta.

27) (ESAF – AFRF) O Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS) é uma:

a) pessoa jurídica de direito público interno de administração direta.

b) associação pública.

c) pessoa jurídica de direito privado.

d) pessoa jurídica de direito público interno de administração indireta.

e) fundação pública.

28) Sociedade de economia mista e empresa pública se diferem quanto ao seguinte elemento:

a) regime jurídico de seu pessoal.

b) composição de seu capital.

c) natureza da sua atividade.

d) personalidade jurídica privada.

e) forma de sujeição ao controle estatal.

29) (Magistratura do Trabalho – 15 a Região Campinas - 2007) Considerando os traços comuns às empresas públicas e às sociedades de economia mista, assinale a alternativa INCORRETA:

a) forma de organização societária.

b) sujeição ao controle estatal.

c) vinculação aos fins definidos na lei instituidora.

d) personalidade jurídica de direito privado.

e) dependem de lei específica, mas seus atos constitutivos devem ser registrados em repartição competente.

30) (Magistratura do Trabalho – 15 a Região Campinas - 2007) A respeito da autarquia, entidade da administração indireta, considerando as assertivas abaixo, é CORRETO afirmar que:

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I) É pessoa jurídica de direito público, mas está sujeita ao regime próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais trabalhistas e tributários.

II) Possui autonomia, criado por lei, com personalidade jurídica pública, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública.

III) Tem administração própria, patrimônio próprio e desenvolve capacidade especifica para a prestação de determinado serviço.

IV) Embora seja autônoma, com administração própria, somente pode obter a criação de cargos, empregos e funções por meio de lei.

a) Todas as assertivas estão corretas.

b) Somente três assertivas estão corretas.

c) Somente duas assertivas estão corretas.

d) Somente uma assertiva está correta.

e) Todas as assertivas estão erradas.

31) (Fundação Getúlio Vargas - Agente Fiscal de Rendas do Rio de Janeiro – 2008) Não pode ser considerado como ente da Administração Indireta:

a) sociedade de economia mista.

b) empresa pública.

c) secretaria de Estado.

d) agência reguladora

e) fundação pública.

32) (OAB – Exame Unificado – 2009) A sociedade simples difere, essencialmente, da sociedade empresária porque:

a) aquela não exerce atividade própria de empresário sujeito a registro, aocontrário do que ocorre nesta.

b) aquela não exerce atividade econômica nem visa ao lucro, ao contrário desta.

c) naquela, a responsabilidade dos sócios é sempre subsidiária, enquanto nesta, é sempre limitada.

d) aquela deve constituir-se apenas sob as normas que lhe são próprias, enquanto esta pode constituir-se utilizando-se de diversos tipos.

33) Relativamente às Associações Civis, é INCORRETO afirmar que:

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a) as associações civis constituem um conjunto de pessoas que colimam fins ou interesses não econômicos, que podem ser alterados, pois seus membros deliberam livremente, já que seus órgãos são dirigentes.

b) o ato constitutivo da associação consiste num conjunto de cláusulas contratuais vinculantes, que unem seus fundadores e os novos associados que,quando nela ingressarem deverão se submeter aos seus comandos.

c) a associação deverá ser constituída por escrito, mediante redação de um estatuto, lançado no registro competente, contendo declaração unânime da vontade dos associados de se congregarem para formar uma coletividade, não podendo adotar qualquer das formas empresárias, visto que lhe falta o intuito lucrativo.

d) a associação é um contrato pelo qual certo número de pessoas, ao secongregar, coloca em comum serviços, atividades, conhecimentos, em prol deum mesmo ideal, objetivando um fim econômico ou não-econômico, com ou sem capital, com ou sem intuito lucrativos e especulativo.

34) Uma pessoa instituiu uma fundação por escritura particular, com finalidade educacional e com dotação de bens livres, tendo registrado o instrumento no Cartório de Títulos e Documentos, deixando de mencionar a maneira de administrá-la.

a) a fundação não está corretamente instituída; todavia o registro supre a irregularidade, uma vez que a finalidade é válida, sendo possível estipular, a posteriori, o modo de administrá-la.

b) a fundação está corretamente instituída, com registro e finalidade perfeitos, podendo estabelecer-se, a posteriori, o modo de administrá-la.

c) a fundação está corretamente instituída, porque nela o essencial é a finalidade e a dotação de bens livres.

d) a instituição fundacional é nula, integralmente, como nulo é o seu registro.

35) (FCC – Procurador do Estado AM – 2006) A proteção dos direitos da personalidade:

a) aplica-se somente às pessoas naturais e às pessoas jurídicas de direito público.

b) em nenhuma hipótese se aplica às pessoas jurídicas.

c) é aplicável indistintamente às pessoas naturais e jurídicas.

d) aplica-se somente às pessoas naturais e às pessoas jurídicas constituídas na modalidade de associação ou fundação.

e) aplica-se às pessoas naturais e, no que couber, às pessoas jurídicas.

36) Assinale a alternativa INCORRETA.

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a) o Código Civil disciplinou de forma autônoma os direitos da personalidade e determinou que essa disciplina seja aplicada, no que couber, às pessoas jurídicas.

b) o instituto da ausência, antes regulado no direito de família, figura hoje, na Parte Geral do Código Civil e contempla um tríplice aspecto: curadoria dos bens do ausente, sucessão provisória e sucessão definitiva.

c) o Código Civil admite a declaração de morte presumida, sem decretação de ausência.

d) na esteira do que já estava definido na Constituição de 1988, o Código Civilconsagrou a responsabilidade subjetiva das pessoas jurídicas de direito público interno.

37) (Advogado da Petrobrás – 2006) O atual Código Civil prevê, expressamente, no seu artigo 50 a teoria da desconsideração da personalidade jurídica (disregard doctrine). Sobre esta teoria é CORRETO afirmar:

a) trata-se de adoção, pelo legislador, da Teoria Maior da desconsideração da personalidade jurídica.

b) pode ser aplicada sempre que se prove que a pessoa jurídica não tenha bens suficientes para a satisfação dos credores, responsabilizando os sócios.

c) trata-se de uma inovação que o Código Civil introduziu em nosso Direito.

d) é possível sua aplicação sempre que a personalidade jurídica for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.

e) a positivação desta teoria no novo Código Civil acabou por revogar, de forma implícita, os parâmetros existentes na legislação esparsa.

38) (OAB/SP – 2006) Segundo o Código Civil, a desconsideração da personalidade jurídica:

a) deve ser utilizada sempre que não for possível o ressarcimento de prejuízos pela pessoa jurídica.

b) significa dissolver a pessoa jurídica para - com o capital arrecadado - pagar os credores.

c) deve ser a regra nos casos de ações de cobrança de dívidas contra pessoas jurídicas.

d) significa estender - em determinados casos - os efeitos de certas obrigações da pessoa jurídica aos bens particulares dos sócios.

39) (Fundação Getúlio Vargas – Advogado – Banco do Estado de Santa Catarina) No que diz respeito às pessoas jurídicas, assinale a afirmativa CORRETA.

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a) as pessoas jurídicas não têm existência distinta das dos seus membros.

b) os sócios, individualmente, têm legitimidade para defender os interesses da sociedade, em nome próprio, contra terceiros.

c) serão representadas em juízo apenas ativamente, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores.

d) serão representadas em juízo apenas passivamente, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores.

e) a teoria da desconsideração da pessoa jurídica é aplicável em caso de abusona utilização da entidade para prejudicar terceiros ou fraudar a lei.

40) (OAB/RS – 2006) Quanto à Pessoa Jurídica, em nosso ordenamento jurídico:

a) o Ministério Público é parte ilegítima para requerer a desconsideração da personalidade jurídica em caso de desvio de finalidade.

b) não se aplica às Pessoas Jurídicas o regime dos direitos de personalidade previsto no Código Civil.

c) quando se tratar de tutela do consumidor a desconsideração da personalidade jurídica poderá ocorrer mesmo que não se configura o abuso de direito.

d) as Pessoas Jurídicas não podem pleitear dano moral.

e) as Pessoas Jurídicas, de uma foram geral, não respondem pelos atos de seus agentes que nesta qualidade causem danos a terceiros.

41) Com relação à Pessoa Jurídica é possível entender que:

a) invoca-se a desconsideração da pessoa jurídica, quando há abuso, desvio de finalidade ou confusão patrimonial, somente para burlar terceiros.

b) vigora o princípio da autonomia subjetiva da pessoa coletiva que não pode ser afastada em nenhuma hipótese.

c) a sua extinção é instantânea, desde que a sua inscrição seja cancelada antes da liquidação.

d) pode pleitear danos morais.

e) se no ato constitutivo não ficar consignada a forma de administração da pessoa jurídica, a Junta Comercial indicará, a requerimento de qualquer interessado, um administrador provisório.

42) Sobre a desconsideração da pessoa jurídica, assinale a alternativa INCORRETA:

a) o Código Civil consagrou a fraude como elemento necessário à aplicação da desconsideração da personalidade jurídica

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b) no direito brasileiro a teoria da desconsideração da personalidade jurídica desafiava a regra do artigo 20 do Código Civil de 1916 que afirmava terem as pessoas jurídicas existência distinta da de seus membros

c) no plano doutrinário cabe invocar essa teoria quando a consideração da sociedade empresária implica a licitude dos atos praticados, exsurgindo a ilicitude apenas em seguida à desconsideração da personalidade jurídica da referida sociedade.

d) a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica dispensaa propositura de ação autônoma para tal.

43) (Edursan – Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Saneamento Ambiental – Advogado Cível – 2009 – Fundação Universo) Considerando a existência de uma pessoa jurídica, assinale a alternativa CORRETA:

a) a decretação da desconsideração da personalidade da pessoa jurídica pressupõe a existência de fraude a credores.

b) os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito público.

c) adquire-se a personalidade jurídica mediante a assinatura do contrato social.

d) a pessoa jurídica tem direito a pleitear dano moral.

e) as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, quanto ao seu funcionamento, não serão regidas pelo CódigoCivil, em nenhuma hipótese.

44) A respeito das pessoas jurídicas, assinale a opção INCORRETA.

a) havendo dissolução da pessoa jurídica, ela subsistirá até o término do procedimento de liquidação e a averbação da dissolução no registro em que ela estiver inscrita.

b) as pessoas jurídicas, validamente constituídas, respondem somente com seu patrimônio pelos atos praticados por seus administradores, desde que esses atos sejam praticados sem abuso da personalidade jurídica.

c) nas sociedades de pessoas, quando um sócio morre, os remanescentes podem impedir o ingresso na sociedade do sucessor ou dos sucessores do de cujus, por meio da resolução da sociedade, com a liquidação da quota do sócio falecido em favor de seus herdeiros.

d) se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões são tomadas pela pessoa física que detiver o maior número de quotas da sociedade, salvo se o ato constitutivo dispuser de forma diversa.ESTÃO 3

45) (Analista Judiciário 1 a Região - TRT/RJ 2008) A pedido do Ministério Público, José, Juiz de Direito, em ação que lhe competia intervir, decidiu

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estender aos bens de uma pessoa jurídica os efeito patrimoniais de obrigação assumida por pessoa física que figura como sócia majoritária. José entendeu que, em decorrência da confusão patrimonial entre as referidas pessoas jurídica e física, houve lesão ao credor. Considerando a situação hipotética acima, assinale a opção correta.

a) a decisão de José implica desconsideração da personalidade jurídica, mas, não poderia ter sido tomada nesta situação, pois depende exclusivamente do pedido das partes.

b) José aplicou corretamente o que a doutrina denomina de desconsideração inversa da personalidade jurídica, atingindo-se o patrimônio da pessoa jurídica para garantir a satisfação da obrigação assumida pela pessoa física que compõe o quadro societário da primeira.

c) o CC prevê, de forma expressa, a possibilidade de o Juiz determinar a desconsideração da personalidade jurídica. No entanto a decisão tomada no caso em tela não encontra amparo na doutrina ou na jurisprudência, pois foi atingido o patrimônio da pessoa jurídica, quando deveria ter sido atingido opatrimônio da pessoa física.

d) a decisão foi correta, eis que aplicou a chamada teoria da desconsideração da personalidade jurídica, que, no Direito brasileiro, possui fonte exclusivamente jurisprudencial, sem que haja previsão legal expressa desta possibilidade no CC.

e) a decisão foi incorreta eis que, conforme disciplina a matéria no CC, demandaria prova robusta do propósito de fraudar a lei ou de cometer ato ilícito, requisitos de orem subjetiva imprescindíveis à aplicação da desconsideração da personalidade jurídica segundo o mencionado diploma.

46) (OAB/CESPE – 2007.1) Acerca das pessoas e do domicílio, assinale a opção INCORRETA.

a) não é cabível a desconsideração da personalidade jurídica em se tratando de firma individual.

b) a fundação de direito privado não pode ter fins lucrativos.

c) a República Federativa do Brasil é pessoa jurídica de direito público interno.

d) têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.

47) (Magistratura do Trabalho – 15 a Região Campinas - 2007) Considerando as assertivas abaixo, assinale a alternativa CORRETA:

I) A fundação, nos termos do art. 44 do Código Civil, universidade de bens personalizada pelo ordenamento jurídico para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência, é pessoa jurídica de direito público.

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II) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público é objetiva, com base no risco administrativo, admitindo pesquisa acerca da culpa da vítima para exclusão de sua responsabilidade.

III) O Juiz, no processo de execução pela aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, atinge com os atos expropriatórios os bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

IV) Figurando incapaz como réu em uma ação judicial, a demanda deve proposta no domicílio de seu procurador.

V) Inadmissível a pluralidade domiciliar da pessoa jurídica de direito privado, devendo ser demandada na sua sede.

a) Todas as assertivas estão corretas.

b) Somente uma assertiva está correta.

c) Somente duas assertivas estão corretas.

d) Somente três assertivas estão corretas.

e) Todas as assertivas estão erradas.

48) (Magistratura do Trabalho - 3 a Região/MG – 2008) Sobre o temapessoas (naturais e físicas), analise as afirmativas abaixo e assinale aopção CORRETA:

I) Ocorre a ausência quando for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida, quando alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.

II) O nome da pessoa e o pseudônimo adotado para atividades lícitas não podem ser empregados por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória, ou usados, sem autorização, em propaganda comercial.

III) As associações são constituídas pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos e seus estatutos regerão os direitos e obrigações recíprocos entre os associados.

IV) O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.

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V) O Ministério Público do Estado velará pelas fundações nele situadas. Se elas estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público.

a) As afirmativas I e III estão corretas.

b) As afirmativas II, IV e V estão corretas.

c) As afirmativas I e II estão corretas.

d) As afirmativas II e III estão corretas.

e) As afirmativas II, III e IV estão corretas.

49) (CESPE/UnB – Procurador do Estado do Ceará – 2008) A respeito das pessoas naturais e jurídicas, assinale a opção CORRETA.

a) o patrimônio da sociedade é distinto do pertencente aos sócios. Assim, são impenhoráveis os bens particulares dos sócios pelas dívidas da sociedade, salvo quando constar do ato constitutivo da sociedade que os sócios têm responsabilidade subsidiária pelas dívidas sociais. Nessa hipótese, por ocorrer a confusão patrimonial, o Juiz determinará a extinção da personalidade jurídica, respondendo os sócios pelas dívidas da sociedade.

b) se a pessoa natural possuir diversas residências de vivência sucessivas, será considerada seu domicílio qualquer uma dessas residências ou o local onde essa pessoa for encontrada. Tendo a pessoa jurídica diversosestabelecimentos em lugares diferentes, será considerado como domicílio a sua sede, para quaisquer atos praticados em nome da sociedade.

c) define-se associação como a união de pessoas que se organizam com finalidades econômica e lucrativa, que aufira rendas para o custeio de suas finalidades e para remunerar os serviços prestados pelos associados.

d) ter plena capacidade de direito significa ter aptidão para exercer por si mesmo os direitos da vida civil, sem assistência ou representação. Sendo assim, toda pessoa que tem aptidão para adquirir direitos é hábil para gozá-los e exercê-los por si mesmo.

e) os direitos de personalidade têm por finalidade proteger as qualidades e os atributos essenciais da pessoa humana, de forma a impedir que os mesmos possam ser apropriados ou usados por outras pessoas que não os seus titulares. Esses direitos não possuem valoração econômica, ou seja, são extrapatrimoniais, embora, em caso de lesão à dignidade da pessoa humana, possam surtir efeitos patrimoniais consistentes na reparação por dano moral.

OBS: as questões adiante seguem o padrão que a CESPE/UnB também costuma usar (embora nem sempre), julgando as assertivas e colocando CERTO ou ERRADO.

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Questão 01 – Julgue os itens sobre pessoas jurídicas.

a) A existência legal das pessoas jurídicas de direito privado, como regra, independe de registro, bastando a aprovação de seu contrato social pelo Poder Executivo.

b) Nem todos os direitos de personalidade se aplicam às pessoas jurídicas.

c) As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito público interno de administração descentralizada, arroladas em tal condição no Código Civil de 2002.

Questão 02 (CESPE/UnB – Procurador do Estado do Ceará 2008) No que concerne ao direito de empresa, julgue os itens.

a) As sociedades simples e as empresárias têm por objeto social a exploração e o desenvolvimento de atividade econômica com organização profissional, voltada à produção ou circulação de bens ou serviços. Essas sociedades podem ou não ter personalidade jurídica.

b) A sociedade em conta de participação é formada por dois tipos de sócios: o ostensivo e o oculto. Essa sociedade, que pode adotar como firma o nome do sócio ostensivo, adquire personalidade jurídica com o registro de seu contrato social, e a responsabilidade dos sócios limita-se a sua participação societária.

Questão 03 (CESPE/UnB – Procurador Federal – 2007) A propósito da veladura das fundações pelo Ministério Público, julgue os itens seguintes.

a) Se uma fundação estender suas atividades por mais de um Estado, independentemente de ser federal ou estadual, sua veladura caberá ao Ministério Público Federal.

b) De acordo com o STF, cabe ao Ministério Público do Distrito Federal eTerritórios velar pelas fundações direito privado em funcionamento no DF, sem prejuízo da atribuição, ao Ministério Público Federal, da veladura das fundações federais de direito público que funcionem, ou não, no DF ou nos eventuais territórios.

Questão 04 (CESPE/UnB – Defensor Público da União) A respeito das pessoas jurídicas, julgue o item abaixo.

a) A desconsideração da personalidade jurídica de uma sociedade é permitida nos casos em que há desvio de seu objetivo social, independentemente da verificação de abuso da personalidade jurídica, da intenção de fraudar a lei ou de causar prejuízos à própria sociedade ou a terceiros. Por isso, depois de despersonalizada a sociedade, os bens particulares dos sócios e dos administradores respondem pela dívida da pessoa jurídica.

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Questão 05 (CESPE/UnB) Em relação às pessoas jurídicas, julgue os itens subsequentes.

a) A sociedade adquire personalidade jurídica no momento da celebração do contrato social.

b) Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento da empresa.

c) O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.

d) Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social ou, alternativamente, por contribuição equivalente que consista em prestação de serviços.

e) O Direito Civil estende às pessoas jurídicas a proteção dos direitos da personalidade, no que couber, havendo possibilidade de, inclusive, sofrer dano moral.

f) As sociedades simples são aquelas que têm por objeto o exercício de atividades econômicas organizadas para a produção ou circulação de bens ou de serviços próprias de empresário.

Questão 06 – Em relação as autarquias, julgue os itens subsequentes:

a) Desenvolvem atividades típicas do Estado sendo criadas para a realização de serviços descentralizados da entidade instituidora, especialmente aquelas que requeiram para seu melhor funcionamento gestão financeira e administrativa própria.

b) Não são subordinadas hierarquicamente à entidade que as criou, sendo apenas a ela vinculadas, sujeitando-se, porém, ao chamado controle finalístico.

c) Podem desempenhar atividades educacionais e previdenciárias a elas outorgadas pela entidade instituidora.

d) Integram a chamada administração pública centralizada, ao contrário das empresas públicas e as sociedades de economia mista que fazem parte da Administração Centralizada.

e) A lei instituidora não pode conferir privilégios a algumas autarquias em detrimento de outras; todas possuem o mesmo grau de autonomia.

Questão 07 – Julgue os itens. As autarquias:

a) São criadas por lei específica.

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b) São pessoas jurídicas de direito público interno.

c) Fazem parte da administração indireta.

d) Constituem forma de desconcentração política

e) Gozam de autonomia política.

f) Têm o patrimônio inicial formado pela transferência de bens móveis e imóveis da entidade matriz.

g) seus contratos não se sujeitam à licitação pública.

Questão 08 – A respeito das fundações públicas, julgue os itens subsequentes.

a) Como regra, são instituídas para a prestação de serviços atípicos do Estado, mas sempre de interesse coletivo, como assistência educacional, saúde, cultura, pesquisa, etc.

b) Podem ser pessoas jurídicas de direito público e de direito privado.

c) Suas áreas de atuação devem estar definidas por lei complementar.

d) Constituem uma universalidade de bens personalizada, destinada a um fim específico.

Questão 09 – A respeito das fundações públicas, em relação à Emenda Constitucional nº 19/98, julgue os itens subsequentes.

a) Há impedimento constitucional de acumulação de cargos, empregos efunções paras seus servidores.

b) Não integram mais a Administração Indireta.

b) Não há mais no Brasil entidade fundacional de direito público.

c) Os contratos por elas precedidos devem ser objeto de licitação.

d) Constituem uma universalidade de bens personalizada, destinada a um fim específico.

Questão 10 – A respeito das empresas públicas e sociedades de economia mista, julgue os itens subsequentes.

a) As empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, criadas por lei, com capital exclusivamente público, podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito, sendo que a exemplo das autarquias, não necessitam de registro de seus atos constitutivos.

b) O capital da empresa pública é exclusivamente público, mas pode pertencer a uma ou mais entidades.

c) As empresas públicas e as sociedades de economia mista, bem como outras que explorem atividades econômicas sujeitam-se ao regime jurídico

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próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributários.

d) As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado, com participação do poder público e de particulares em seu capital, podendo se revestir de qualquer das formas admitidas em lei.

GABARITO COMENTADO

01) Alternativa correta: letra “b”. Todas as pessoas naturais (seres humanos, inclusive os absolutamente incapazes, pois basta nascer com vida) e as pessoas jurídicas (associações, sociedades, fundações, etc.) são dotados de personalidade. Observem que o examinador usou a expressão “entes morais” como sinônimo de pessoas jurídicas. O art. 1° do CC prevê que toda pessoa (incluem-se as pessoas naturais e as jurídicas) é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Além disso, o art. 52, CC prescreve que aplica-se à pessoa jurídica, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. Por esta razão as alternativas “a” e “c” estão erradas. A letra “a” porque afirma que somente o ser humano é dotado de personalidade. Já a letra “c” é pior, pois afirma que apenas o ser humano com capacidade plena é dotado de personalidade. Ora, mesmo osabsolutamente incapazes possuem personalidade e até mesmo capacidade de direito. O que lhes falta é a capacidade de exercitar os seus direitos. A letra “d” também está errada. O espólio (que é a reunião dos bens deixados por uma pessoa que faleceu), a massa falida (que é a reunião dos bens que sobraram do falido) e a herança jacente e vacante (quando uma pessoa falece sem deixar herdeiros, os bens são arrecadados e não aparecendo herdeiro passam ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições ou ao domínio da União quando situados em território federal), são chamados de grupos despersonalizados, exatamente por não terempersonalidade jurídica.

02) Alternativa correta: letra “c”. Fundamento jurídico: arts. 1° e 52 do Código Civil

03) Alternativa correta: letra “b”. Existem diversas teorias que tentam identificar a natureza da personalidade da Pessoa Jurídica. A corrente majoritária acolheu a Teoria da Realidade Técnica, onde a pessoa jurídica existe de fato e não como uma mera abstração. Por isso é reconhecida pelo Estado, com personalidade própria, distinta da de seus membros.

04) Alternativa correta: letra “a”. Possuem personalidade tanto as pessoas naturais como as jurídicas, sendo os mesmo oponíveis a terceiros (erga omnes).

05) Alternativa correta: letra “d”. Para a doutrina fundação é um complexo de bens que assume a forma de pessoa jurídica para a realização de um fim de

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interesse público, de modo permanente e estável. Seus bens devem ser livres e constituídos para uma finalidade específica, por seu instituidor. O Ministério Público do Estado onde situada velará pela sua fiscalização (art. 66, caput do CC). O parágrafo único do art. 62, CC dispõe que uma fundação somente pode se constituir para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. A letra “a” está errada. Trata-se de tema visto na aula anterior. Tanto o parágrafo único do art. 12, CC, como o parágrafo único do art. 20, CC, prevêem que ao morto também há proteção dos direitos de personalidade e atribuem legitimidade ao cônjuge sobrevivente ou a seus parentes para a propositura de ações pertinentes. A letra “b” também está errada, pois o art. 7°, CC permite a declaração de morte presumida sem a declaração de ausência quando for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida ou tiver desaparecido em campanha ou feito prisioneiro e não foi encontrado até dois anos após a guerra. A letra “c” está errada, pois o art. 53, CC determina que constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos.

06) Alternativa correta: letra “c”. Segundo o Código Civil as pessoas jurídicas podem ser de direito público (interno ou externo) e de direito privado. O art. 41, CC enumera as pessoas jurídicas de direito público interno: a) União; b) Estados-membros, Distrito Federal e Territórios; c) Municípios; d) as Autarquias, inclusive as Associações Públicas (Lei nº 11.107/05); e) as demais entidades de caráter público criadas por lei (que são as fundações públicas). Já o art. 44, CC enumera as pessoas jurídicas de direito privado: a) Associações; b) Sociedades (empresárias ou simples); c) Fundações (particulares); d) Organizações Religiosas; (Lei nº 10.825/03); e) Partidos Políticos. (Lei nº 10.825/03). Portanto, respondendo objetivamente a questão: Autarquias

direito público interno (embora de administração indireta); Partidos Políticos

direito privado; União direito público interno (administração direta).

07) Alternativa correta: letra “c”. Notem que essa alternativa está correta, mas refere-se apenas às Pessoas Jurídicas de Direito Público de Administração Direta. Lembrem-se que as Autarquias, as Associações Públicas e as Fundações Públicas (que são entidades de caráter público, instituídas por lei) também são de Direito Público, porém de Administração Indireta. Recordando: a União designa a nação brasileira, nas suas relações com os Estados-membros que a compõe e com os cidadãos que se encontram em seu território. Os Estados federados (Estados-membros) possuem autonomia administrativa, competência e autoridade legislativa, executiva e judiciária sobre os negócios locais. Já o Distrito Federal é a capital da União, sendo equiparado a um Estado federadopor ser sede da União, tendo administração, autoridade e leis próprias atinentes aos serviços locais. Também os Municípios legalmente constituídos, pois, têm interesses e economia peculiares. Por último os Territórios, que embora não existam no momento, podem ser criados a qualquer tempo, desde que haja Lei Complementar autorizando (art. 18, §2º, CF/88). Já quanto às Empresas

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Públicas e as Sociedades de Economia Mista (alternativas “a”, “b” e “d”) não há dúvida alguma de que são Pessoas Jurídicas de Direito Privado; realizam atividade econômica. Finalmente pode-se afirma que não existem mais as ‘sociedades civis sem finalidade lucrativa’ (letra “e”). Se for sociedade, já está implícito que ela é com finalidade lucrativa; visa o lucro. As associações é que não têm essa finalidade lucrativa. Mas seja uma sociedade (simples ou empresária), seja uma associação, ambas são de Direito Privado (art. 44, CC).

08) Alternativa correta: letra “a”. Há duas espécies de Fundações. As públicas e as privadas. Observem, inicialmente que o Código Civil se refereapenas às Fundações Particulares (art. 44, III, CC). No entanto o art. 41, CC que se refere à pessoas jurídicas de direito público interno, usa, no inciso V, a expressão: ‘demais entidades de caráter público criadas por lei’. Segundo a doutrina, de forma unânime, o legislador quis se referir às Fundações Públicas.Assim, embora elas não estejam expressas na lei, existem e se classificam neste item. Em ambas as espécies de fundação nota-se alguns pontos em comum que são: dotação de bens livres e especificação de seus objetivos. Na verdade a Fundação constitui um acervo de bens, que recebe personalidade para a realização de suas finalidades (culturais, religiosas, assistenciais ou morais). Seus bens são inalienáveis e impenhoráveis, havendo uma fiscalização do Ministério Público quanto ao cumprimento de seus objetivos (art. 66, CC).

09) Alternativa correta: letra “c”. As Associações, conforme o art. 44, CC, são pessoas jurídicas de Direito Privado. No entanto, notem que o atual art. 41, inciso IV, CC, faz menção às “associações públicas” (inserida no CC pela Lei n° 11.107/05). O teste foi capcioso, pois só menciona o termo “associação”, não dizendo expressamente se era particular ou pública. Portanto devemos analisar a demais alternativas. Quanto às letras “a”, “b” e “d” (Autarquias, Município e União) não há dúvida alguma de que são pessoas jurídicas de Direito Público (elas estão arroladas no art. 41, CC). Já a letra “e” é que poderia complicar um pouco. Trata-se de mais uma “pegadinha”. Pois da leitura do art. 44, CC, nota- se que as Fundações são pessoas jurídicas de Direito Privado. No entanto, existem também as Fundações Públicas. Estas estão inseridas como pessoas jurídicas de Direito Público, no tópico “demais entidades de caráter público criadas por lei”, mencionado no art. 41, inciso V, CC. Assim, embora não haja uma previsão expressa no texto legal, está subentendido que pode haver Fundação Pública. Por isso, esta alternativa também deve ser excluída. Assim, por exclusão, ficamos com a letra “c”.

10) Alternativa correta: letra “c”. O fato que dá origem à Pessoa Jurídica de Direito Privado é a vontade humana. A sua criação possui duas fases: o ato constitutivo (ex: estatuto, contrato social, etc) e o registro de seus atos constitutivos no registro peculiar (conforme o art. 45, CC – vejam também o art. 1.150, CC). No entanto, algumas delas, excepcionalmente, necessitam de autorização governamental. Citamos como exemplo os estabelecimentos de

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seguro. O próprio art. 45, CC menciona que o registro será precedido, quando necessário, de autorização do Poder Executivo. Já os arts. 1.123/1.125 do CC também prevêem a possibilidade de autorização do Poder Executivo para ofuncionamento de certas sociedades. A letra “a” está errada, pois as sociedades podem se dissolver de diversas maneiras e não somente pela vontade de seus sócios. Exemplos: decurso de prazo (quando ela tiver prazo determinado); morte dos sócios ou a falta de pluralidade de sócios; por decisão judicial, etc. Vejam a respeito o art. 1.033, CC. A letra “b” também está errada, pois o art. 61, CC determina que se houver dissolução de uma associação, o seupatrimônio será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto. Sendo este omisso, será encaminhado à instituição municipal, estadual ou federal de fins idênticos ou semelhantes. Uma fundação nunca poderá ser confundida com uma associação. De fato, há uma semelhança: em ambas há a união de várias pessoas, com acervo de bens, não havendo finalidade lucrativa. No entanto na Associação o patrimônio é constituído pelos associados, sendo um meio para atingir os seus objetivos (instrumental). Já na Fundação o patrimônio provém do instituidor, sendo um de seus elementos essenciais, juntamente com o objetivo e a finalidade da fundação (letra “d”, portanto, está errada). Finalmente as sociedades, sejam simples ou empresárias, têm finalidade econômica ou lucrativa. As associações é que não têm. Portanto a letra “e” também está errada.

11) Alternativa correta: letra “d”. Notem que os partidos políticos e as organizações religiosas foram inseridas no art. 44, CC, como pessoas jurídicas de direito privado por força da Lei n° 10.825/03. A letra “a” está errada por causa das autarquias e a letra “b” por causa dos Municípios. Podemos dizer que nas letras “c” e “e” há uma ‘pegadinha’. A letra “c” se refere às fundações. Sabemos que elas podem ser particulares ou públicas (neste caso não há uma previsão expressa do Código; ela está subentendida na expressão “demais entidades de caráter público criadas por lei”). Como a questão pede que se assinale as pessoas jurídicas de direito privado e também se admite a forma pública para elas, a alternativa acabou ficando errada. O mesmo ocorre com as associações que atualmente podem ter a forma pública (art. 41, IV, CC – inseridas pela Lei n° 11.107/05) ou particular (art. 44, I, CC).

12) Alternativa correta: letra “d”. Segundo o art. 41, CC, são Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno: União, Estados-membros, Distrito Federal, Territórios, Municípios, Autarquias, Associações Públicas e demais entidades de caráter público criadas por lei (que são as fundações públicas). Cuidado, pois a Lei n° 11.107/05 inseriu as Associações Públicas como nova modalidade de Pessoa Jurídica de Direito Público. Vejam como o examinador, de uma forma geral, gosta de ‘novidades’. A mencionada lei, que havia entrado em vigor naqueles dias, já foi exigida em um concurso. A letra “a” está errada, pois as fundações (de uma forma geral) e as associações (também de uma forma geral)são Pessoas Jurídicas de Direito Privado (art. 44, CC). A letra “b” está errada,

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pois embora as pessoas nela mencionadas sejam de direito público, não são apenas elas que estão no rol do art. 41, CC (a expressão “somente” está errada). A letra “c” está errada, pois embora não haja previsão expressa do Código neste sentido, não há dúvida alguma (aliás, trata-se de um caso raro de unanimidade na doutrina e na jurisprudência) de que as empresas públicas e as sociedades de economia mista sejam de direito privado. Apesar de terem capital público, são dotadas de personalidade jurídica de direito privado; são regidas pelas normas empresariais e trabalhistas (art. 173, §19, CF/88), mas com as cautelas do direito público. Finalmente a letra “e” também está errada, pois embora as Autarquias sejam de Direito Público, os Partidos Políticos são de Direito Privado (art. 44, CC, alterado pela Lei n° 10.825/03, que inseriu também as organizações religiosas como sendo de Direito Privado).

13) Alternativa correta: letra “a”. Pelo Código Civil as associações públicas são pessoas de direito publico interno (art. 41, inciso IV). E a doutrina as classifica como sendo de administração indireta.

14) Alternativa correta: letra “c”. A Lei n° 10.825/03 alterou o Código Civil, incluindo as Organizações Religiosas como Pessoas Jurídicas de Direito Privado. É o que estabelece o art. 44, inciso IV, CC. Já o §1° deste dispositivo determina que “são livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das Organizações Religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento”.

15) Alternativa correta: letra “d”. Estão corretas as alternativas II, III e IV. O item I está errado, pois os partidos políticos e as organizações religiosas são pessoa jurídicas de direito privado (art. 44, CC). O item II está correto, pois o art. 48, CC prevê que se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. O item III está correto, pois o art. 49, CC prevê que se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o Juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório. Por fim o item IV também está correto, pois o parágrafo único do art. 62, CC determina que somente pode constituir uma fundação se a mesma tiver fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.

16) Alternativa correta: letra “b”. Esta questão possui mais elementos de Direito Constitucional do que Direito Civil propriamente dito. Mas é interessante para o aluno, pois fornece uma visão geral do Direito. Sempre digo que o Direito deve ser visto como um todo; na verdade todas as normas (sejam constitucionais ou ordinárias, gerais ou especiais), princípios e instituições devem se inter-relacionar de forma harmônica, formando um só sistema. No caso da questão deve-se ingressar a ação de Mandado de Segurança, pois o art. 5º, LXIX da Constituição Federal determina que “conceder-se-á Mandado de

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Segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuição do Poder Público”.

17) Alternativa correta: letra “e”. Trata-se do texto literal do art. 47, CC. A alternativa “a” está errada, pois ela trata do início da existência legal das pessoas jurídicas de direito privado (e não de direito público como na alternativa), nos termos do art. 45, CC. Além disso, o prazo decadencial para que algum interessado postule a anulação dos atos constitutivos é de três anos (e não de cinco), nos termos no parágrafo único do dispositivo citado. A alternativa “b” está errada, pois a regra em nosso direito (art. 43, CC) é a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público pelos atos de seusrepresentantes (e não excepcionalmente, como na alternativa). Além disso, a responsabilidade é objetiva, nos termos do art. 37, §6°, CF/88. A letra “c” está errada, pois os partidos políticos (Lei n° 10.825/03) são pessoas jurídicas de direito privado. Por fim, a alternativa “d” também está errada, pois o Distrito Federal é pessoa jurídica de direito público (art. 41, II, CC).

18) Alternativa correta: letra “e”. Em geral, o domicílio da Pessoa Jurídica de Direito Privado é o lugar onde funciona sua respectiva diretoria eadministração, ou onde elegerem domicílio especial nos seus estatutos. No entanto o art. 75, §1º, CC prevê que tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. Admite-se, portanto, a pluralidade dedomiciliar da pessoa jurídica, desde que ela tenha diversos estabelecimentos, como por exemplo, as agências, os escritórios de representação, etc.

19) Alternativa correta: letra “c”. Estão corretas apenas o que se afirma nas alternativas II e III. Vamos analisar uma a uma. A afirmativa I está errada. As autarquias, as empresas públicas e as sociedades de economia mista fazem parte da Administração Indireta do Estado, mais isso não quer dizer que todas sejam Pessoas Jurídicas de Direito Público. As autarquias realmente são de Direito Público, mas as empresas públicas e sociedades de economia mista são de Direito Privado. Há uma unanimidade da doutrina quanto a isso. A afirmativa II está correta. O fundador é obrigado a transferir para a fundação a propriedade sobre os bens dotados; se não o fizer os bens serão registrados em nome dela por ordem judicial (art. 64, CC). Lembrem-se que a Fundação podeser criada a partir de uma escritura (negócio entre vivos ou inter vivos) ou por um testamento (causa mortis). A afirmativa III também está correta. As associações particulares se constituem pela união de pessoas, que se organizam para fins não econômicos (art. 53, CC). A única dúvida que poderia ocorrer é que a questão fala pessoas físicas ou jurídicas. O Código Civil fala apenas em pessoas, de uma forma genérica. Desta forma, nada impede que se admita

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interpretar esta expressão em um sentido mais amplo, englobando não só as pessoas físicas como as jurídicas. Nada impede que diversas pessoas jurídicas criem uma associação, com finalidade não econômica, mas com o objetivo de melhor representar seus interesses de classe. Costumo citar, entre outros, o exemplo da “ABIA”, que é a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação, formada, portanto, por pessoas jurídicas. A afirmação IV está incorreta. A extinção da pessoa jurídica não se opera de modo instantâneo; qualquer que seja o fator extintivo tem-se o fim da entidade. Porém, se houver dívidas a resgatar, ela continuará em fase de liquidação, durante a qual subsiste para a realização do ativo e pagamento de débitos. Assim, mesmo dissolvida ela ainda continua a funcionar para os fins de liquidação. Somente quando encerrada a liquidação, ocorre o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. Finalmente a afirmação V também está errada. Aliás, o que a lei prevê é exatamente o contrário. O art. 56, CC estabelece que a qualidade de associado éintransmissível, salvo se o estatuto dispuser de forma diversa.

20) Alternativa correta: letra “d”. Embora Paulo seja proprietário da sociedade, a declaração foi firmada antes do mesmo ser eleito diretor. Portanto essa declaração não poderia ser válida e eficaz (alternativa “b”), nem anulável, porém eficaz (alternativa “a”) e muito menos nula e ineficaz temporariamente (alguém já viu um ato nulo, temporariamente?) como previsto na alternativa “c”. Os atos praticados pelos administradores ou diretores apenas têm o condão de obrigar a sociedade, nos limites de seus poderes estabelecidos no ato constitutivo (quando da eleição). É o que diz o art. 47, CC. Logo, qualquer obrigação assumida por quem não era representante da sociedade na ocasião (mesmo que seja o proprietário) é totalmente ineficaz em relação a ela, não importando se, posteriormente, o indivíduo assumiu o cargo de diretor (que é o representante da sociedade). Esta representação da Pessoa Jurídica também está prevista expressamente no art. 12, incisos I e II (para as Pessoas Jurídicas de Direito Público) e inciso VI (para as Pessoas Jurídicas de Direito Privado), do Código de Processo Civil.

21) Alternativa incorreta: letra “c”. Notem que este teste caiu na Magistratura e retirou todas as suas alternativas de texto literal de artigos do Código Civil. Ele pode ser considerado difícil, pois são itens pouco conhecidos e que caem pouco em concurso. Mas selecionamos a questão para dar uma visão ampla ao assunto, abrangendo todo o ponto do edital. Desta forma, apontamos a alternativa “c” como sendo a errada, pois o art. 63, CC determina que “quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se outra de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante”. As demais alternativas estão corretas.A letra “a” (art. 48, CC); letra “b” (art. 57, CC); letra “d” (art. 66 e parágrafo único do CC) e finalmente a letra “e” também está correta (art. 59 e caput do CC). Em relação à alternativa “b”, fiz uma adaptação na questão. Como tenho dito, costumo sempre fazer uma revisão geral nos testes, quando uma lei nova

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entra em vigor. Esta alternativa foi redigida de forma diferente. Ocorre que a Lei n° 11.127/05 modificou a redação do art. 57, CC (observem que a prova foi realizada em 2004). Assim, para que esta questão ficasse atualizada, modifiquei a sua redação, deixando-a correta.

22) Alternativa incorreta: letra “b”. Esta alternativa tem uma sutileza. São as pessoas jurídicas de direito privado (associações particulares, sociedades, fundações privadas, etc.) que iniciam sua existência com a inscrição do ato constitutivo no registro pertinente (art. 45, CC). Além disso, o enunciado tem outro erro: o prazo decadencial, para um particular interessado em pleitear a anulação de seus atos constitutivos é de três anos (parágrafo único do mesmo dispositivo). A letra “a” está correta, pois as pessoas jurídicas de direito público respondem pelos atos de seus agentes, que nesta qualidade causarem danos aterceiros (vejam o que diz o art. 43, CC e o art. 37, §6°, CF/88). Provando-se que houve culpa ou dolo do funcionário, a pessoa jurídica pode acioná-lo, de forma regressiva. A alternativa “c” também está certa (art 42, CC). Inicialmente a Pessoa Jurídica de Direito Público pode ser classificada em interno e externo. Estas são as regulamentadas pelo Direito Internacional abrangendo: os Estados estrangeiros (outros países soberanos) e os organismos internacionais (como a ONU, a OEA, etc.). A letra “d” tem previsão legal no art. 47, CC. Indicado para representar uma pessoa jurídica, o administrador pratica diversos atos que criam obrigações para a pessoa jurídica, desde que exercidos nos limites de seus poderes. Se ele extrapolar estes poderes, responderá pessoalmente por este excesso. Finalmente, não só a massa falida e o espólio, mas também as sociedades irregulares, a herança jacente e vacante, etc, são considerados comogrupos despersonalizados como corretamente afirma a letra “e”.

23) Alternativa correta: letra “d”. Espólio=Inventariante; Massa Falida=administrador judicial; Herança Jacente=curador.

24) Alternativa correta: letra “a”. Trata-se do texto expresso do art. 47, CC. A letra “b” está errada, pois o art. 48, CC prevê que se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões serão tomadas pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso (assim, o queestá errado na afirmação é a expressão “necessariamente”). A letra “c” está errada, pois o Juiz no caso, não pode agir de ofício (ou seja, sem ser provocado). Segundo o art. 49, CC ele assim deve proceder “a requerimento de qualquer interessado”. A letra “d” está errada, pois o art. 44, §1º, CC determinaque são livres a criação, a organização interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado (proibido) ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. A letra “e” está errada, pois a confusão patrimonial é uma das hipóteses que permite a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica (art. 50, CC). Vejam outros testes sobre o tema mais adiante.

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25) Alternativa incorreta: letra “e”. O erro de toda esta questão reside nofato de que a empresa pública, apesar de pertencer à Administração Indireta, é uma pessoa jurídica de direito privado.

26) Alternativa correta: letra “c”. As Fundações Públicas, pelo Decreto-Lei 200/67, fazem parte da Administração Indireta. Embora não haja previsão expressa, a doutrina admite duas espécies de Fundação Pública: a) com personalidade jurídica de direito privado e com personalidade jurídica de direito público. Nesta última hipótese, embora o Código Civil também não trate de forma expressa da Fundação Pública, entende-se que ela se encaixaria no inciso V do art. 41, CC: “São pessoas jurídicas de direito público interno: (...) as demais entidades de caráter público criadas por lei”.

27) Alternativa correta: letra “d”. O INSS é uma pessoa jurídica de direito público interno de administração indireta ou descentralizada. Na realidade trata- se de uma autarquia (art. 41, IV, CC).

28) Alternativa correta: letra “b”. A empresa pública e a sociedade de economia mista se diferem por três elementos: a) a forma jurídica (a sociedadede economia mista deve ser S/A; já a empresa pública pode ter qualquer das formas admitidas em direito (Ltda., S/A, etc.); b) composição do capital (na sociedade de economia mista há uma conjugação de recursos públicos eprivados; na empresa pública é integralmente público); e c) foro processual (as causas em que as empresas públicas federais forem interessadas, serão processadas, como regra, na Justiça Federal, segundo o art. 109, I, CF/88; as empresas públicas estaduais e municipais são julgadas na Justiça estadual; já as sociedades de economia mista não têm foro especial, portanto as causas são julgadas na Justiça estadual). O resto é igual entre elas: o regime jurídico do pessoal de ambas é o previsto na CLT; a natureza da atividade de ambas é a exploração de atividades econômicas ou a execução de serviços públicos; ambas são pessoas jurídicas de direito privado e ambas possuem a mesma forma de controle estatal.

29) Alternativa incorreta: letra “a”. O ponto de dessemelhança entre elas reside na forma societária: sociedade anônima para a sociedade de economia mista e qualquer forma societária para a empresa pública.

30) Alternativa correta: letra “b”. Três assertivas estão corretas. O item I está errado, pois as autarquias, sendo pessoas jurídicas de direito público, estão sujeitas ao seu regime (e não ao regime das empresas privadas). As demais assertivas (II, III e IV) estão corretas.

31) Alternativa correta: letra “c”. As Secretarias de Estados (bem como os Ministérios, no plano Federal) não são pessoas jurídicas autônomas. Trata de uma só pessoa jurídica de direito público (no caso o Estado-membro) que

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distribui internamente as suas competências. Chamamos isso de desconcentração.

32) Alternativa correta: letra “a”. Segundo o art. 982, CC, salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercíciode atividade própria do empresário sujeito a registro e simples as demais.

33) Alternativa incorreta: letra “d”. Trata-se de uma boa questão. Ela é bem didática, possibilitando ao aluno ler as três primeiras alternativas, praticamente ‘estudando’ a matéria. A única coisa errada em toda a questão é que a associação é uma pessoa jurídica de direito privado, sem finalidade lucrativa, criada com objetivos sociais, culturais, religiosos, etc. Portanto ela não pode ter fim econômico ou intuito lucrativo ou especulativo, como afirma a alternativa. O art. 53, CC é muito claro neste sentido, não havendo margem para dúvidas.

34) Alternativa correta: letra “d”. Considero esta questão difícil, pois é muito maliciosa. O enunciado deixa claro que a fundação, ao ser instituída, não mencionou a forma de ser administrada. As alternativas abordam esse problema. E o candidato geralmente se apega neste ponto. A questão sugere que o ponto central da pergunta se refere à forma de administração de uma fundação. Mas isso não é importante. A fundação (no caso uma fundação particular) é um conjunto de bens que adquire personalidade jurídica com fim de alcançar objetivos (culturais, assistenciais, religiosos e morais). Os seus elementos essenciais são: dotação especial de bens livres, finalidade a que sedestina e a forma de instituição: por escritura pública ou testamento. Vejam quelogo no enunciado o examinador fala que ela foi instituída por escritura particular. Por este motivo a instituição fundacional, bem como o seu registro são nulos. O art. 62, CC deixa claro que o fundador irá declarar, se quiser, a maneira de administrar a fundação. Portanto a forma de administração não é essencial para a instituição da fundação.

35) Alternativa correta: letra “e”. Já vimos, nos artigos 11 a 21 do Código Civil, os direitos da personalidade da pessoa natural (ou física). Estes dispositivos também podem ser aplicados quanto à pessoa jurídica, por força do art. 52, CC que lhe permite a proteção desses direitos, no que couber. Assim uma pessoa jurídica tem direito ao nome, à marca, à imagem, ao segredo, etc. Elas podem inclusive sofrer danos morais, podendo acionar o Judiciário para reparação desses danos. Trata-se da Súmula 227 do Superior Tribunal de Justiça: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”. Mas é evidente que as pessoas naturais e jurídicas não são iguais, por isso o direito à proteção deve ser analisado caso a caso pelo Juiz. E é por isso que o legislador inseriu a expressão: “no que couber”. A letra “b” está totalmente errada, pois é admissível a sua aplicabilidade. A letra “a” está incompleta, pois são protegidos também os direitos da pessoa jurídica de direito privado. Da mesma forma a letra “d” está incompleta, pois são aplicáveis a toda pessoa jurídica (e não

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somente às associações e fundações). Finalmente a letra “c” também está errada, pois ela afirma que se aplica indistintamente, o que não ocorre, pois o dispositivo legal citado contém a expressão: no que couber.

36) Alternativa incorreta: letra “d”. A Constituição Federal prevê, em seu art. 37, §6º a responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas de direito público (e, acrescentem-se, também as de direito privado prestadoras de serviço público), por ato de seus agentes. Já o artigo 43 do Código Civil repetiu a mesma previsão. Acrescentando algumas informações à questão, o mesmoartigo permite a ação regressiva contra o causador do ato. Ou seja, a pessoa jurídica de direito pública pode acionar o seu agente, de forma regressiva, caso fique comprovado que este tenha agido com dolo ou culpa. A letra “a” está correta, pois o art. 52, CC determina que se aplica, no que couber, a proteção dos direitos de personalidade às pessoas jurídicas. Assim tudo o que foi dito sobre os direitos da personalidade da pessoa natural (ou física), se aplica, também, à pessoa jurídica (no que couber). A alternativa “b” também está correta. No entanto a questão traz aspectos da aula anterior – Pessoa Natural. Revejam esse importante ponto da aula anterior e confira, passo-a-passo, as três fases do instituto da ausência. Acompanhe com o Código Civil – artigos 22 a 39. A alternativa “c” também foi matéria da aula passada. O art. 7 , CC prevê o

expressamente a possibilidade da declaração de morte presumida, sem decretação de ausência: for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida e tiver desaparecido em campanha ou feito prisioneiro e não foi encontrado até dois anos após a guerra.

37) Alternativa correta: letra “a”. De fato o Brasil adotou a Teoria Maior da desconsideração da personalidade jurídica, pois nesta há um exame mais profundo das hipóteses de cabimento do instituto. Assim, não é em qualquer hipótese que a desconsideração se aplica; ela somente ocorrerá em casos especiais previstos na lei. Prevê o art 50, CC: “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusãopatrimonial, pode o Juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”. A letra “b” está errada, pois o seu teor trata da chamada Teoria Menor, ou seja, para que o instituto fosse aplicado e se responsabilizasse os sócios, bastaria que a pessoa jurídica não tivesse bens suficientes em seu patrimônio para a satisfação dos créditos. Não foi esta a teoria adotada pelo Direito Civil. A letra “c” está errada, pois este dispositivo não foi inovador em nosso Direito. Inicialmente os Juizes começaram a aplicá-lo mesmo sem que houvesse uma previsão legal expressa, tendo-se em vista que era um princípio de justiça, evitando-se, com isso, o enriquecimento ilícito. Posteriormente o Código de Defesa do Consumidor (CDC), de forma expressa (art. 28 e seu §5°), introduziu, tal regra em nosso ordenamento. Portanto, o Código Civil não foi inovador quanto a isso. Em relação à letra “d”,

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não podemos dizer que está errada quanto ao sistema da desconsideração no Brasil, ou seja, é possível a sua aplicação quando a personalidade jurídica for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. No entanto, como a própria alternativa indica, este é o texto do CDC e a questão se refere ao CC. Finalmente a letra “e” está errada, pois o disposto no CC não revogou os dispositivos que tratam sobre o tema. Como exemplo citamos que o CDC continua em pleno vigor, quanto à relação de consumidores. As duas normas se interagem e se completam.

38) Alternativa correta: letra “d”. Trata-se da aplicação da parte final do art. 50, CC: “... os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”. Reforçando: A desconsideração da personalidade jurídica é uma exceção, portanto não pode ser usada em qualquer hipótese para ressarcimento de danos como menciona a letra “a”. Nem dissolver a pessoa jurídica para pagar os credores (letra “b”), muito menos ser usada como “ação de cobrança” contra as pessoas jurídicas (letra “c”).

39) Alternativa correta: letra “e”. Trata-se do art. 50, CC. A letra “a” está errada, pois a desconsideração da pessoa jurídica é a exceção. Ainda vigora aregra de que as pessoas jurídicas possuem existência distinta das dos seus membros. A letra “b” está errada, pois os sócios não têm legitimidade individual para defender os interesses da pessoa jurídica. A representação da pessoa jurídica deve ser feita por uma pessoa física, que irá exteriorizar a sua vontade. Em regra essa pessoa é a indicada no próprio ato constitutivo da pessoa jurídica; na sua omissão, a representação será exercida por seus diretores. As letras “c” e “d” estão erradas, pois a representação judicial ou extrajudicial se dá ativa e passivamente.

40) Alternativa correta: letra “c”. A desconsideração da personalidade jurídica está prevista no art. 50, Código Civil e no art. 28 e seu §5° do Código de Defesa do Consumidor (CDC). Embora a intenção seja a mesma, as hipóteses de ambos os Códigos são um pouco diferentes. Pelo CDC o Juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver não só o abuso de direito, como também excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado deinsolvência, encerramento ou inativadade da pessoa jurídica causada por má administração. Além disso, também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Portanto mesmo que não esteja configurado o abuso de direito, pode ser decretada a desconsideração, desde que configurada uma das outras hipóteses. A letra “a” está errada, pois o art. 50, CC permite que o Juiz desconsidere a personalidade jurídica, a requerimento da parte ou do Ministério Público (nos casos em que lhe

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couber intervir no processo), em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial. Portanto o Ministério Público é parte legítima para tanto. A letra “b” está errada, pois o art. 52, CC prevê que se aplica à Pessoa Jurídica, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. Por este mesmo motivo a letra “d” está errada, pois como a Pessoa Natural pode pleitear indenização por danos morais, este direito é estendido às Pessoas Jurídicas por força deste dispositivo. Finalmente a letra “e” está errada, pois o art. 43, CC prevê que as pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.

41) Alternativa correta: letra “d”. O art. 52, CC prescreve que se aplicam às Pessoas Jurídicas as regras referentes à proteção dos direitos da personalidade da Pessoa Natural, no que couber. Violados um desses direitos, há a possibilidade de se ingressar em juízo com uma ação de reparação de danos materiais e morais. Portanto a Pessoa Jurídica pode pleitear danos morais (Súmula 227 STJ). Embora a letra “a” não possa ser considerada totalmenteerrada, mas o art. 50, CC, que trata sobre a desconsideração da personalidadeda pessoa jurídica, não menciona a expressão “somente para burlar terceiros”. Por tal motivo a consideramos como errada. A letra “b” está errada, pois a expressão “autonomia subjetiva da pessoa coletiva” (ou jurídica) deve ser entendida como sendo a regra de que a responsabilidade da pessoa jurídica é independente em relação aos membros que a compõe. De fato esta é a regra. No entanto a desconsideração da pessoa jurídica (art. 50, CC) é a exceção, permitindo a responsabilidade da pessoa física em determinados casos especiais previstos na lei. Lembrem que a alternativa diz que esta autonomia “não pode ser afastada em nenhuma hipótese”, o que está errado, devido à exceção mencionada. A letra “c” está errada, pois o art. 51, CC prescreve que nos casos de dissolução da pessoa jurídica ela subsistirá para os fins de liquidação, até queesta se conclua (portanto sua extinção não é “instantânea”; deve-se aguardartodo o processo de liquidação). A letra “e” também está errada, pois se no ato constitutivo não ficar consignada a forma de administração da pessoa jurídica, quem irá nomear um administrador provisório é o Juiz (conforme o art. 49, CC).

42) Alternativa incorreta: letra “a”. Questão que envolve certa carga doutrinária, por isso a reputamos como difícil. O tema está previsto no art. 50, CC. Notem que, para que seja desconsiderada a personalidade jurídica, exige-se o abuso da personalidade, que pode ser caracterizado pelo desvio de finalidade (ao invés de fazer o que foi determinado pela assembléia geral da sociedade, o administrador pratica outro ato) ou pela confusão patrimonial. No entanto não é necessária, obrigatoriamente, a existência de atos fraudatórios. O instituto da desconsideração é mais abrangente e se estende a casos em que não ficou caracterizada uma fraude. O Código anterior realmente afirmava que as pessoasfísicas que compõem uma pessoa jurídica possuíam existência distinta, não se

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confundindo seu patrimônio. Portanto a letra “b” está correta. No entanto, apesar daquele dispositivo os juízes já estavam aplicando a desconsideração, pois se trata de impedir lesão a patrimônio de outrem, pela má-fé do empresário. Evita-se um enriquecimento ilícito. Além disso, o art. 28 e seu §5°, do Código de Defesa do Consumidor também previa (e ainda prevê) tal situação. Em que pese o linguajar mais “empolado” da alternativa “c”, ela está correta. Vejam que a “desconsideração” ainda é uma situação de exceção, pois o normal é que a sociedade pratique atos lícitos. Quanto à letra “d”, apesar da lei nada mencionar, é uma situação prática. Ou seja, uma pessoa pode entrar com uma ação cobrando determinada importância e no curso desta ação requerer a desconsideração. Em outras palavras: não é necessário propor outra ação (a ação autônoma, mencionada na questão) para discutir a matéria. A desconsideração pode ser discutida como matéria incidental da ação principal.

43) Alternativa correta: letra “d”. As pessoas jurídicas, nos termos da Súmula 227 do STJ, podem sofrer dano moral e, conseqüentemente, pleitearindenização. A letra “a” está errada, pois embora haja uma proximidade dos institutos, não é indispensável a caracterização da fraude contra credores para que o juiz desconsidere a personalidade da pessoa jurídica, pois esta é mais abrangente. O art. 50, CC admite a desconsideração em outras situações, como por exemplo, a confusão patrimonial. A letra “b” está errada, pois os partidos políticos são pessoas jurídica de direito privado (art. 44, V, CC). A letra “c” está errada, pois a personalidade da pessoa jurídica (de direito privado) se inicia com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro (art. 45, CC). A letra “e” também está errada, pois o parágrafo único do art. 41, CC determina que: salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.

44) Alternativa incorreta: letra “d”. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões são tomadas pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de forma diversa. A letra “a” está correta nos termos do art. 51, CC. A letra “b” está correta nos termos do art. 47, CC. A letra “c” também está correta, pois na sociedade de pessoas a qualidade do sócio é intransmissível (art. 56, CC).

45) Alternativa correta: letra “b”. Trata-se da desconsideração inversa da personalidade jurídica.

46) Alternativa incorreta: letra “c”. Questão capciosa. República Federativa do Brasil e União são termos usados para significar os mesmos entes. No entanto, costuma-se afirmar que a primeira expressão é usada no plano externo, para identificar o Brasil perante os outros países. Neste caso seria uma pessoa jurídica de direito público externo (ou internacional). E a segunda expressão (União) é usada no plano interno (pessoa jurídica de direito público

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interno). Até porque o art. 41, I CC, quando se refere às pessoas jurídicas de direito público interno, usa a expressão União. Por tal motivo a afirmação estaria errada. A letra “a” está correta. Trata-se de outro entendimento doutrinário. Na realidade pessoa física e a firma individual (ficção jurídica) são a mesma pessoa. Portanto não há como desconsiderar a sua personalidade jurídica. O seu titular atua em seu nome, por sua conta e risco. Ele com seus bens particulares, por todas as obrigações contraídas, inexistindo separação de patrimônio. Não há bipartição entre a pessoa natural e a firma por ela constituída. Uma e outra fundem-se, para todos os fins de Direito, em um todo único e indivisível. Uma está compreendida pela outra. Logo, quem contratar com uma está contratandocom a outra e vice versa. Ela somente é equiparada à pessoa jurídica para fins tributários. A letra “b” é mais fácil porque uma fundação (seja de direito público ou privado) não pode ter finalidade lucrativa. Aliás, o art. 62, parágrafo único,CC estabelece que a fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. A letra “d” também está correta, nos termos do art. 76, CC.

47) Alternativa correta: letra “c”. Duas assertivas estão corretas: II e III. O item I está errado, pois a fundação, nos termos do art. 44 é pessoa jurídica de direito privado. O item II está correto (art. 43, CC e 37, §6 , CF/88); este tema o

ficará mais claro com aula sobre responsabilidade civil. O item III está correto, nos termos do art. 50, CC. O item IV está errado, pois a ação deve ser proposta no domicílio de seu representante legal. Lembrem que a questão fala em procurador. Ocorre que o procurador é um representante convencional e nãolegal, daí o erro da questão. Finalmente o item V está errado, pois o art. 75, §1 , CC prevê que se a pessoa jurídica tiver diversos estabelecimentos em o

lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.

48) Alternativa correta: letra “b”. Estão corretas as afirmativas II, IV e V. Algumas assertivas são da aula anterior. Vamos relembrar. A afirmação I está errada, pois a situação narrada é hipótese de declaração de morte presumida sem decretação de ausência (art. 7 , CC). A afirmativa II está correta; trata-se o

de um resumo dos arts. 17, 18 e 19, CC. A afirmativa III está errada, pois o de fato, o art. 53 e seu parágrafo único do CC prevê que as associações são constituídas pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos; porém não há entre os associados direitos e obrigações recíprocos. A afirmativa IV esta correta; trata-se dos arts. 70 a 72, todos do CC. Finalmente a assertiva V está correta, nos termos do art. 62 e seu §2°, CC.

49) Alternativa correta: letra “e”. A questão mistura conceitos da aula sobre pessoa natural e jurídica. A letra “a” está errada, pois se trata de uma regra que admite exceções. Em caso de confusão patrimonial o Juiz pode decretar a desconsideração da personalidade jurídica da sociedade, sendo que os bens particulares dos sócios responderão para certas e determinadas obrigações (art.

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50, CC). Não é necessário que conste no ato constitutivo da sociedade tal fato, pois a desconsideração decorre da lei. Além disso, desconsiderada a pessoa jurídica, não ocorre de imediato a extinção; segundo a doutrina, a conceituação apresentada pelo Código é no sentido de que a desconsideração é temporária, não sendo causa de extinção da pessoa jurídica. A letra “b” está bem errada. Se a pessoa natural possuir diversas residências onde alternadamente viva, será considerada seu domicílio qualquer uma dessas residências (art. 71, CC). Somente se ela não tiver uma residência habitual o domicílio será considerado o local onde estiver (art. 73, CC). Além disso, se a pessoa jurídica tiver diversos estabelecimentos em lugares diferentes, será considerado como domicílio cada um deles, para os atos nele praticados (art. 75, §1 , CC). A associação não tem o

finalidade econômica (art. 53, CC) e por tal motivo a alternativa “c” está errada. A alternativa “d” começou bem. Mas finalizou errado, pois toda pessoa que tem aptidão para adquirir direitos, realmente é hábil para gozá-los. Mas nem sempre para exercê-los, pois uma pessoa pode ter capacidade de direito (ou de gozo), mas não de exercício (ou de fato).

CERTO OU ERRADO

Questão 01

a) Errado. A existência legal e a personalidade jurídica da pessoa jurídica é obtida a partir da inscrição do ato constitutivo no respectivo registro (art. 45, CC e art. 119 da Lei nº 6.015/73).

b) Certo. No tocante às pessoas jurídicas, realmente nem todos os direitos da personalidade lhes são aplicados, reservando apenas “o que couber” (art. 52 CC).

c) Errado. As sociedades de economia mista embora façam parte da Administração Indireta, são pessoas jurídicas de direito privado. Além disso sequer estão mencionadas expressamente do Código Civil.

Questão 02

a) Errado. O erro está na segunda parte da afirmação, pois ambas possuem personalidade jurídica.

b) Errado. A sociedade em conta de participação está prevista nos arts. 991a 996, CC. Nela a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade. Sua constituição independe de qualquer formalidade, sendo espécie de sociedade não personificada, pois não é necessário o registro de seu contrato social.

Questão 03

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a) Errado. Nos termos do art. 66, §2º, CC se a fundação estender suasatividades por mais de um Estado, sendo estadual, sua veladura caberá ao Ministério Público de cada Estado respectivo.

b) Certo. Como vimos na aula, o §1º do art. 66, CC foi objeto de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, sendo que o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade deste parágrafo. Se a fundação privada funcionar no DF, a competência para fiscalização é do Ministério Público do Distrito Federal e Territorial (MPDFT), e não Federal. Ressalva-se, no entanto, a atribuição do Ministério Público federal para velar pelas fundações federais de direito público.

Questão 04

Errado. A desconsideração da personalidade jurídica, prevista no art. 50, CC é uma exceção em nosso Direito. Por isso é necessária a prova do abuso da personalidade jurídica ou da intenção de fraudar a lei ou de causar prejuízos à própria sociedade ou a terceiros.

Questão 05

a) Errado. Uma sociedade adquire a personalidade com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro (art. 45 e 967, CC).

b) Certo. Prevê o art. 966, CC que é considerado empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Mas o seu parágrafo único determina que não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

c) Certo. É o que prevê o art. 978, CC.

d) Errado. O art. 1.052, CC não menciona a possibilidade alternativa.

e) Certo. O art. 52, CC prevê que se aplica às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos de personalidade. A Súmula 227 do STJ prevê que a pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

f) Errado. Nos termos do art. 982, CC “salvo as exceções expressas,considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro; e, simples, as demais”.

Questão 06

a) Certo. As autarquias fazem parte da administração indireta, com autonomia para o desempenho de serviço público descentralizado; como regra somente são destinadas a ela atividades típicas da administração.

b) Certo. As autarquias possuem autonomia administrativa; não há uma hierarquia em relação às entidades que as criaram (não há subordinação entre

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elas, mas simples vinculação), porém há um controle político, exercido nos limites da lei (controle finalístico).

c) Certo. Tais atividades são de interesse público, ao contrário das atividades industriais ou econômicas.

d) Errado. Todas as entidades mencionadas, pertencem à Administração Indireta ou Descentralizada, acrescentando-se, ainda, as Fundações Públicas.

e) Errado. A lei instituidora pode conferir a determinadas autarquias privilégios específicos e maior autonomia comparativamente com as demais autarquias, hipótese das chamadas autarquias de regime especial (ex: BACEN).

Questão 07

a) Certo. Segundo o art. 37, XIX, CF/88 as autarquias somente podem ser criadas (e extintas) por meio de lei específica. Elas adquirem personalidade jurídica diretamente da lei que a instituiu, independentemente de inscrição dos seus estatutos no Registro de Pessoas Jurídicas.

b) Certo. Estabelece o art. 41, IV, CC que as autarquias são pessoasjurídicas de direito público interno.

c) Certo. O Decreto-Lei 200/67 estabelece que elas fazem parte da Administração Indireta.

d) Errado. Na desconcentração a pessoa jurídica distribui competências dentro de sua própria estrutura, no âmbito interno. A autarquia é exemplo de descentralização, pois se cria uma nova pessoa jurídica, autônoma, que executará serviços específicos delimitados pelo Estado.

e) Errado. As autarquias gozam de autonomia administrativa, mas não de autonomia política, sendo que há vinculação (e não subordinação hierárquica, para não suprimir a autonomia financeira e administrativa) com a entidade que as criou, havendo um controle finalístico.

f) Certo. Os bens das autarquias são considerados públicos usufruindo das mesmas formas de proteção (ex: não podem ser objeto de usucapião; não podem ser penhorados, etc.).

g) Errado. Nos termos do art. 37, XXI, os contratos celebrados pelas autarquias devem ser precedidos de licitação.

Questão 08

a) Certo. Prescreve o art. 62, parágrafo único, CC que uma fundação (de direito público ou privado) somente poderá ser constituída para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.

b) Certo. De direito público estariam previstas no art. 41, V, CC (demais entidades de caráter publico) e no Decreto-Lei 200/67. As de direito privado estão previstas no art. 44, III, CC.

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c) Certo. É o que determina o art. 37, XIX, CF/88.

d) Certo. Segundo a doutrina as fundações são consideradas universitas bonorum; nelas, o que é importante é o patrimônio personalizado destinado a uma determinada finalidade que lhe dá unidade.

Questão 09

a) Certo. Art. 37, XVII, CF/88.

b) Errado. O Decreto-Lei 200/67 continua em vigor (foi recepcionado pela Constituição de 1988) e o mesmo estabelece que a fundação integra a Administração Indireta.

c) Errado. Para o Direito Civil a fundação se insere no item “demaisentidades de caráter público”. E os próprios administrativistas afirmam que existem as fundações públicas com personalidade de direito privado e as fundações públicas com personalidade do direito público.

d) Certo. Como as fundações públicas se sujeitam ao regime jurídico de direito público, a ela são aplicáveis todas as prerrogativas e restriçõesdecorrentes. Entre elas a licitação.

Questão 10

a) Errado. Apesar das empresas públicas pertencerem à Administração Indireta, são pessoas jurídicas de direito privado. Possuem capital exclusivamente público e podem se revestir de qualquer das formas admitidas em direito. Elas necessitam de uma lei autorizado o Poder Público a proceder àsua instituição. No entanto o próprio Poder Público deve providenciar o registro de seus atos constitutivos no registro competente. É com esse registro queocorre a criação, propriamente dita da empresa pública (e da sociedade de economia mista), diferentemente das autarquias que já nascem com a edição da própria lei.

b) Certo. O capital da empresa pública deve ser exclusivamente público. No entanto não se proíbe que o mesmo seja oriundo também de uma autarquia.

c) Certo. Art. 173, CF/88.

d) Errado. A sociedade de economia mista somente pode se revestir da forma de uma Sociedade Anônima.

GABARITO “SECO” DOS TESTES

01 – b02 – c03 – b04 – a05 – d

06 – c07 – c08 – a09 – c10 – c

11 – d12 – d13 – a14 – c 15 – d

16 – b17 – e18 – e19 – c20 – d

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21 – c22 – b23 – d24 – a25 – e26 – c27 – d28 – b29 – a30 – b31 – c32 – a33 – d34 – d35 – e36 – d37 – a38 – d39 – e40 – c41 – d42 – a43 – d44 – d45 – b46 – c47 – c48 – b49 – e

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AULA 01

BENS = OBJETO DO DIREITO

Meus amigos e alunos. Enquanto no tema “pessoas” estudamos os sujeitos de direito, quem pode ser sujeito de direitos e deveres na ordem civil, neste tema vamos analisar o quê pode ser objeto do Direito. A primeira coisa a fazer é conceituar BEM. Alguns autores conceituam coisa como tudo o que pode satisfazer uma necessidade do homem. Já bem é designado para a conceituação de coisa material útil ao homem enquanto economicamente valorável e suscetível de apropriação. Desta forma coisa seria gênero (tudo que existe na natureza) e bem espécie (que proporciona ao homem uma utilidade sendo suscetível de apropriação). Os bens são coisas; porém nem todas as coisas são bens. Já outros autores fornecem conceitos completamente inversos de bem e coisa. Há quem diga que mesmo atualmente, as expressões “coisa” e “bem” sejam sinônimas.

Certo é que o Código Civil anterior não fazia a distinção entre bem e coisa, usando ora um, ora outro termo, como sinônimos. Já Código atual utiliza apenas o termo BEM. Portanto, o que nos interessa é o termo Bem. Podemos fornecer o seguinte conceito inicial, sob o ponto de vista do Direito: bens são valores materiais ou imateriais que podem ser objeto de uma relação de direito. De qualquer maneira, toda relação jurídica entre dois sujeitos tem por objeto um bem sobre o qual recaem direitos e obrigações.

Nesta aula vamos estudar uma vasta classificação de Bens e sua implicação na Parte Especial do Código Civil. Desta forma, esta aula é importante por si só e também porque tem reflexos na Parte Especial do Código, especialmente no que toca os Direitos das Coisas (propriedade, posse, usucapião, penhor, hipoteca....). Assim, nesta aula vou adiantar muitos temas que serão abordados e aprofundados em aulas posteriores.

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A primeira classificação que é realizada sobre os bens não está prevista expressamente no Código Civil. É a doutrina quem faz esta importante classificação. Assim, inicialmente, podemos classificar ao Bens em:

• Corpóreos, Materiais ou Tangíveis ⎯ possuem existência física; são os percebidos pelos sentidos (ex.: imóveis, jóias, carro, dinheiro, etc.).

• Incorpóreos, Imateriais ou Intangíveis ⎯ com existência abstrata e que não podem ser percebidos pelos sentidos. (ex.: propriedade literária, o direito do autor, a propriedade industrial - marcas e patentes -, fundo de comércio, etc.). Na prática, os bens corpóreos são objetos de contrato de compra e

venda, enquanto os bens incorpóreos são objetos de contratos de cessão (transferência a outrem). Mas ambos integram o patrimônio de uma pessoa.

Os bens incorpóreos diferem também dos corpóreos, porque não podem ser objeto de usucapião.

CLASSIFICAÇÃO LEGAL DOS BENS

De acordo com o Código Civil, os bens podem ser divididos em diferentes classes, visando facilitar o estudo, aproximando os que apresentam um elemento comum. Costumo fazer a seguinte classificação inicial:

• Bens considerados em si mesmos

• Bens reciprocamente considerados

• Bens considerados em relação ao titular do domínio

• Coisas fora do comércio Cada um desses itens possui uma vasta subclassificação.

Vejamos cada uma delas de forma minuciosa.

I - BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS

Quanto a essa primeira classificação os bens se dividem em: móveis ou imóveis; infungíveis ou fungíveis; inconsumíveis ou consumíveis; indivisíveis ou divisíveis e singulares ou coletivos. Vamos à primeira delas:

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1 - BENS QUANTO À MOBILIDADE

Segundo essa classificação os bens se dividem em móveis e imóveis.

A) BENS IMÓVEIS (arts. 79/81 CC) São aqueles que não podem ser removidos, transportados, de um

lugar para o outro, sem a sua destruição. Podem ser divididos em:

• por natureza ⎯ o solo e tudo quando se lhe incorporar naturalmente (árvores, frutos pendentes), mais adjacências (espaço aéreo, subsolo). Lembramos que a propriedade do solo abrange o espaço aéreo e o subsolo. Pergunto: o dono do solo será, também, o dono do subsolo? Resposta para o Direito Civil: SIM. O dono do solo é também o dono do subsolo, especialmente para construção de passagens, garagens subterrâneas, porões, adegas, etc. No entanto esta regra pode sofrer algumas limitações. Pelo artigo 176 da C. F. as jazidas, os recursos minerais e hídricos constituirão propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, ficando sob o domínio da União. Mas, convenhamos, é difícil qualquer um de nós comprar um terreno e nele “achar” uma mina de ouro ou de diamantes ou um lençol petrolífero. No entanto se isso ocorrer, você não será dono deste recurso mineral. A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União. Todavia a própria Constituição garante ao dono do solo a participação nos resultados da lavra.

• por acessão física, industrial ou artificial (acessão quer dizer aumento, acréscimo de uma coisa a outra) ⎯ tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo, não podendo removê-lo sem destruição, modificação ou dano (ex.: sementes plantadas, edifícios, construções – pontes, viadutos, etc.). É bom que nós acrescentemos: não perdem o caráter de imóvel (ou seja, continuam sendo imóveis):

a) edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local. b) materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele

se reempregarem.

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• por acessão intelectual ⎯ o que foi empregado intencionalmente para a exploração industrial, aformoseamento e comodidade. São bens móveis que foram imobilizados pelo proprietário. É uma ficção jurídica (ex.: máquinas, tratores, veículos, animais, etc.). O Código Civil atual não acolhe mais essa divisão. Seguindo a doutrina moderna sobre o tema, preferindo qualificar como pertença, onde a coisa deve ser colocada a serviço do imóvel e não da pessoa, constituindo, portanto, a categoria de bem acessório (analisaremos melhor o tema a seguir). A pertença pode ocorrer na hipoteca, que abrange os bens móveis dentro de um imóvel (ex.: hipotecar uma fazenda juntamente com os bois). Vejam que a imobilização não é definitiva neste caso; o bem poderá voltar a ser móvel, por mera declaração de vontade. • por disposição legal ⎯ tais bens são considerados como imóveis, para que possam receber melhor proteção jurídica. São eles:

⎯ os direitos reais sobre os imóveis (ex.: direito de propriedade, de usufruto, uso, a habitação, a servidão, a enfiteuse).

⎯ o penhor agrícola e as ações que o asseguram.

⎯ o direito a sucessão aberta, ainda que a herança seja formada apenas por bens móveis. É considerada aberta a sucessão no instante da morte do de cujus; a partir de então, seus herdeiros poderão ceder seus direitos hereditários, considerados como imóveis.

⎯ as jazidas e as quedas d’água com aproveitamento para energia hidráulica são considerados bens distintos do solo onde se encontram (artigos 20, inciso IX e 176 da Constituição Federal), conforme vimos no item anterior.

B) BENS MÓVEIS (arts. 82/84 CC) São aqueles que podem ser removidos, transportados, de um

lugar para outro, por força própria ou estranha, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. Podemos classificá-los em:

• por natureza ⎯ coisas corpóreas são aquelas que podem ser transportadas sem a sua destruição, por força própria ou alheia. Força alheia – móveis propriamente ditos - carro, cadeira, livro,

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jóias, etc. Força própria – semoventes – bois, cavalos, carneiros, animais em geral.

Observações: - Os materiais de construção enquanto não forem nela

empregados são bens móveis. - As árvores enquanto ligadas ao solo são bens imóveis por

natureza exceto se se destinam ao corte (convertem-se, neste caso, em móveis por antecipação).

• por antecipação ⎯ a vontade humana mobiliza bens imóveis em função da finalidade econômica (ex.: árvores, frutos, pedras e metais aderentes ao imóvel, são imóveis; separados para fins humanos, tornam-se móveis).

• por determinação legal ⎯ direitos reais sobre bens móveis e as ações correspondentes (ex.: propriedade, usufruto, etc.).

- direitos e obrigações e as ações respectivas. - energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico

(prevista também no artigo 155, § 3º do Código Penal). Da mesma forma o gás canalizado.

- direitos autorais (é um dos exemplos mais importantes, por ser considerado um bem incorpóreo também).

- propriedade industrial – direitos oriundos do poder de criação e invenção (patentes de invenção, marcas de indústria, etc.).

- quotas e ações de sociedades. Observação Importante: Os navios e aeronaves são bens

móveis ou imóveis? A doutrina diz que eles são bens móveis sui generis. Sempre que doutrina não consegue definir algo com exatidão, utiliza essa expressão em latim: sui generis. No caso dos navios (e também das aeronaves) realmente não há uma resposta objetiva para eles. Apesar de serem fisicamente bens móveis (pois podem ser transportados de um local para outro; encaixam, portanto, no conceito de bens móveis), são tratados pela lei como imóveis, necessitando de registro especial e admitindo hipoteca. O navio tem nome e o avião marca. Ambos têm nacionalidade. Podem ter projeção territorial no mar e no ar (território ficto). Alguns autores os consideram como quase pessoa jurídica, no sentido de se constituírem num centro de relações e interesses, como se fossem sujeitos de

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direitos, embora não tenham personalidade jurídica. E vocês podem estar pensando... muito bem... e se cair no concurso o que eu coloco?? Em tese a questão não pode cair assim, de forma direta: “o navio é um bem móvel ou imóvel”. Aliás, já vi essa questão cair algumas vezes, mas nunca desta forma direta. Sempre tem algo que deve ser analisado com maior profundidade, como por exemplo, o fato de recair hipoteca (que é um instituto típico de imóveis). O conselho que dou é analisar todas as alternativas com muito cuidado. Dentre as alternativas haverá uma que melhor se adapte ao que eu estou dizendo. Em resumo os navios e as aeronaves, fisicamente são bens móveis, mas eles têm uma disciplina jurídica como se imóveis fossem.

Conseqüência prática da distinção: Imóveis ≠ Móveis. – A classificação dos bens em imóveis ou móveis tem uma razão de ser. E essa classificação é de suma relevância, principalmente em relação à Parte Especial do Código (veremos mais adiante no Direito das Coisas). Assim, os bens imóveis se distinguem dos móveis pela: forma de aquisição, necessidade de outorga, prazos de usucapião e os direitos reais. Todos estes temas são muito importantes. Portanto, vejamos item por item:

a) Formas de aquisição da propriedade – a principal forma de adquirir a propriedade dos bens móveis é com a tradição (essa palavra vem do latim tradere, que significa entregar; traditio = entrega do bem), ou seja, somente com a entrega do bem, adquire-se a propriedade de bens móveis. Outras modalidades: usucapião, achado de tesouro, ocupação (assenhoramento do bem: caça, pesca, invenção), etc. Já os bens imóveis são adquiridos com o Registro ou transcrição do título da escritura pública no Registro de Imóveis. Lembrem-se que a alienação de imóveis com valor superior a 30 salários mínimos exigem escritura pública (vejam o que diz o art. 108 CC).

b) Outorga Os bens imóveis não podem ser alienados, hipotecados, etc. por

pessoa casada sem a outorga (uma espécie de autorização ou anuência ou mesmo ciência) do outro cônjuge, exceto na separação absoluta de bens. Os bens móveis não necessitam de outorga. Assim, mulher pode vender seu carro, jóias, ações de uma sociedade anônima sem autorização do marido.

Vou dar um exemplo que pode causar surpresa em alguns alunos. E este exemplo costuma cair muito. Digamos que uma mulher

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tenha comprado e registrado um imóvel em seu próprio nome. Lógico, este imóvel é só dela!! Posteriormente ela se casa pelo regime da comunhão parcial de bens (falarei dos regimes de bens do casamento em aula posterior – Direito de Família). O imóvel continua sendo só dela!! Passado um ano do casamento ela deseja vender esse imóvel. Pergunto: Ela precisa da autorização do marido (apesar do imóvel ser somente dela)? Resposta= SIM!! Ela precisa da chamada..... outorga marital. A lei obriga essa outorga (que somente é dispensável no regime da separação total, como veremos). Continuo a perguntar: E se o marido não quiser fornecer a outorga? Resposta= Simples. O imóvel é somente dela e continua sendo dela. Mas ela precisa da outorga e o marido não fornece. Portanto a mulher pode pedir ao Juiz, em uma petição bem simples, relatando o ocorrido. E o Juiz então dará uma ordem para a escritura ser lavrada (e também o registro posterior), sem a sua anuência. É o que chamamos de “suprimento da outorga”. Se a situação fosse a inversa (o imóvel é do marido e ele precisa vender), o fato seria o mesmo, ou seja, o marido necessitaria da outorga. Porém em cada caso a outorga recebe um nome diferente. Assim, a outorga pode ser:

• marital ⎯ marido concede à mulher, ou seja, o bem é da mulher e o marido assina também os documentos de venda do imóvel.

• uxória ⎯ mulher concede ao homem; a mulher assina a documentação (uxor – em latim quer dizer mulher casada).

c) Usucapião Os prazos para se adquirir a propriedade imóvel por usucapião

são, em regra, maiores. Vamos antecipar um pouco esses prazos. Voltaremos ao assunto quando falarmos sobre o Direito das Coisas – Usucapião, quando daremos muito mais detalhes sobre o assunto. Vamos ficar aqui só com um “aperitivo”, tendo em vista o enfoque específico desta aula → a importância e as diferenças na classificação entre bens móveis e imóveis. Caso fique qualquer dúvida sobre o tema aguarde a aula específica. Repetindo, aqui estou mostrando apenas um “aperitivo sobre o tema”:

1 – Imóveis

a) Usucapião Extraordinário • 15 anos – sem título, sem boa-fé. • 10 anos – sem título, desde more no local ou tenha realizado obras

produtivas.

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b) Usucapião Ordinário • 10 anos – com título, boa-fé. • 05 anos – com título, boa-fé, adquirido onerosamente, desde que

more no local ou tenha realizado investimento de interesse social e econômico.

2 – Móveis • 5 anos – sem justo título e sem boa-fé – usucapião extraordinário. • 3 anos – com justo título e boa-fé – usucapião ordinário.

A Constituição Federal, o Código Civil e o Estatuto da Terra

estabelecem outras formas de usucapião de bens imóveis.

♦ ARTIGO 183 Constituição Federal - área urbana - área não superior a 250 m2 - posse - 5 anos ininterruptos e sem oposição - para sua moradia ou de sua família - não ser proprietário de outro imóvel - rural ou urbano - apenas uma vez - imóveis públicos – proibição

♦ ARTIGO 191 Constituição Federal - área rural - área não superior a 50 hectares - posse - 5 anos ininterruptos e sem oposição - para sua moradia - não ser proprietário de outro imóvel - rural ou urbano - tornar produtiva por força de seu trabalho ou de sua

família - apenas uma vez - imóveis públicos – proibição

d) Direitos Reais • para imóveis ⎯ regra – hipoteca.

• para móveis ⎯ regra – penhor. Qualquer dúvida sobre o tema aguarde a aula específica.

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Vejam como o tema “imóveis e móveis é amplo”. Praticamente tudo o que falamos até aqui se refere apenas a esse primeiro item (imóveis ou móveis) da primeira classificação (bens considerados em si mesmos). Vamos ao segundo item.

2 - BENS QUANTO À FUNGIBILIDADE (art. 85 CC)

Essa classificação resulta da individualização do bem, ou seja, de sua quantidade e da sua qualidade. A pergunta é: um bem pode ser substituído por outro? Se eu tomar um bem emprestado posso devolver outro? Resposta – Depende. Por isso classificamos os bens em infungíveis ou fungíveis. Vejamos:

A) INFUNGÍVEIS São os que não podem ser substituídos por outros do mesmo

gênero, qualidade e quantidade. São bens personalizados, individualizados (ex.: imóveis; carro; um quadro famoso, etc.).

B) FUNGÍVEIS São os que podem ser substituídos por outros do mesmo gênero,

qualidade e quantidade (ex.: uma saca de arroz, uma resma de papel, dinheiro, etc.).

Para facilitar um pouco nosso estudo, costumo sempre deixar bem claro:

- Os bens imóveis só podem ser infungíveis. - Os bens móveis podem ser fungíveis ou infungíveis. Todos os bens imóveis são personalizados (pois há uma

escritura, um número, possuem um registro, etc.), daí serem todos infungíveis, pois estão totalmente individualizados. Porém é possível que sejam tratados como fungíveis (ex.: devedor se obriga a fazer o pagamento por meio de três lotes de terreno, sem que haja a precisa individualização deles; o imóvel nesse caso não integra o negócio pela sua essência, mas pelo seu valor econômico).

Já os bens móveis são, em regra, bens fungíveis, mas podem também ser infungíveis (ex.: o cavalo de corrida Furacão ou o cavalo de passeio Sossego; um quadro pintado por Renoir; os veículos automotores - pois possuem número de chassis, de motor, etc. que os personalizam e os diferenciam dos demais, etc.).

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A fungibilidade pode ser da natureza ou da vontade das partes. Uma moeda ou um selo, como regra são bens fungíveis. Podem, no entanto, se tornar infungíveis para um colecionador. Uma cesta de frutas é fungível, mas pode se tornar infungível se ela for emprestada apenas para ornamento de uma festa (chamamos neste caso: comodatum ad pompam vel ostentationem) para ser devolvida posteriormente.

A obrigação de fazer pode ser infungível (Ex.: contrato “Z”, pintor famoso, para pintar um quadro; a atuação de “Z” é personalíssima – no caso de recusa, transforma-se em perdas e danos) ou fungível (pode ser realizada por qualquer pessoa; ex.: engraxar sapato, pintar uma parede). Conseqüências práticas

• A locação, o comodato e a locação são contratos de empréstimo (conforme veremos na aula sobre contratos). No entanto: O mútuo é um contrato que se refere ao empréstimo apenas de coisas fungíveis, ou seja o devedor pode devolver outra coisa, desde que seja igual. Já o comodato é um contrato de empréstimo gratuito de coisas infungíveis. E a locação é um empréstimo oneroso de bens infungíveis. Nestes dois últimos contratos a pessoa deve devolver o mesmo bem. Mas, conforme já disse, veremos isso de forma mais minuciosa na aula sobre contratos.

• O credor de coisa infungível não pode ser obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa (art. 313 do CC); ou seja ele tem o direito de receber a mesma coisa que emprestou.

• A compensação (“A” deve para “B”; mas “B” também deve para “A”) efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis entre si. Dinheiro se compensa com dinheiro; café se compensa com café; feijão se compensa com feijão, etc. Esses temas serão abordados na aula sobre Obrigações.

3 - QUANTO À CONSUNTIBILIDADE (art. 86 do CC)

Tal classificação decorre da destinação que será dada aos bens, sendo que a vontade do homem pode influir. Dividem-se em consumíveis ou inconsumíveis. Vejamos:

A) CONSUMÍVEIS

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São bens móveis, cujo uso importa na destruição imediata da própria coisa. Admitem apenas um uso apenas (ex.: gêneros alimentícios, um maço de cigarros, giz, dinheiro, gasolina, etc.).

Observação - Há bens que são consumíveis, conforme a destinação. Ex: os livros (que a princípio são inconsumíveis pois permitem usos reiterados) mas expostos numa livraria são consumíveis, pois a destinação é a venda. Quantas vezes um vendedor pode vender um mesmo bem? Uma vez. Por isso sob a ótica do vendedor esses bens são consumíveis (um uso apenas). E é por isso que nós somos chamados de ‘consumidores’. B) INCONSUMÍVEIS

São os que proporcionam reiterados usos, permitindo que se retire toda a sua utilidade, sem atingir sua integridade (ex.: roupas de uma forma geral, automóvel, casa, etc.), ainda que haja possibilidade de sua destruição em decorrência do tempo.

Quando alguém empresta algo (ex.: frutas) para uma exibição, devendo restituir o objeto, o bem permanece inconsumível até a sua devolução (a doutrina chama isso de ad pompam vel ostentationem).

A consuntibilidade não decorre da natureza do bem, mas da destinação econômico-jurídica. O usufruto somente pode recair sobre bens inconsumíveis. Se for instituído sobre bens fungíveis, é chamado pela doutrina de quase-usufruto ou usufruto impróprio. Também veremos esses temas de forma mais minuciosas, na aula específica sobre usufruto.

Aqui há uma “pegadinha” interessante: o sapato... são consumíveis ou inconsumíveis? Pelos conceitos fornecidos é um bem inconsumível, pois permitem usos reiterados. Mas alguém pode perguntar: mas o sapato não gasta? Como disse acima, não é o fato de se gastar ou não o bem. No fundo, no fundo... tudo gasta. Mas não é isso que é importante. O importante é se posso ou não usar diversas vezes. E o sapato permite usos reiterados, portanto é inconsumível.

Por último, não confundir fungibilidade com consuntibilidade. Estas qualidades podem estar combinadas em um mesmo bem. Um bem pode ser consumível e ao mesmo tempo infungível (ex.: partitura de um compositor famoso colocada à venda). O bem pode ser também inconsumível e fungível (ex.: uma picareta).

4 - QUANTO À DIVISIBILIDADE (arts. 87/88 do CC)

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Refere-se a possibilidade ou não de se fracionar um bem em partes homogêneas e distintas, sem alteração das qualidades essenciais do todo: divisíveis ou indivisíveis.

A) DIVISÍVEIS São os que podem se partir em porções reais e distintas,

formando cada qual um todo perfeito (ex.: papel, quantidade de arroz, milho, etc.). Se repartirmos uma saca de arroz, cada metade conservará as qualidades do produto. Já vi cair em um concurso o exemplo do lápis. É divisível ou indivisível? Em teoria é um bem divisível, pois podemos fracioná-lo e em cada um dos pedaços podemos fazer “uma ponta” e, portanto, teremos dois lápis (lógico que menores).

B) INDIVISÍVEIS São os que não podem ser partidos em porções, pois deixariam de

formar um todo perfeito (ex.: uma jóia, um anel, um par de óculos ou sapatos, etc.). No entanto a indivisibilidade pode ser subclassificada:

• por natureza ⎯ um cavalo vivo, um quadro etc. • por determinação legal ⎯ servidões prediais, módulo rural,

lotes urbanos, hipoteca, etc. (tais temas serão abordados oportunamente).

• por vontade das partes ⎯ o bem era divisível e se tornou indivisível por contrato. Ex: entregar 100 sacas de café. Em tese é divisível (posso entregar 50 hoje) e 50 na semana que vem. Mas eu posso pactuar a indivisibilidade: as 100 sacas devem ser entregues todas hoje.

Observações

As obrigações podem ser divisíveis ou indivisíveis segundo a natureza das respectivas prestações. Estas podem ser pactuadas pelas partes.

O condômino de coisa divisível poderá alienar sua parcela a quem quiser; se o bem for indivisível não poderá vendê-lo a estranho, se o outro ‘comunheiro’ (ou condômino) quiser o bem para si. Isto porque neste caso ele tem o chamado ‘direito de preferência’.

Se o bem for divisível, na extinção de condomínio, cada comunheiro receberá o seu quinhão; se indivisível, ante a recusa dos condôminos de adjudicá-lo a um só deles (indenizando os demais), o bem será vendido e o preço repartido entre eles.

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5 – QUANTO À INDIVIDUALIDADE (arts. 89/91)

Nesta classificação os bens podem ser singulares ou coletivos.

A) SINGULARES São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de

per si, independentemente dos demais (ex.: um cavalo, uma casa, um carro, uma jóia, um livro, etc.). São consideradas em sua individualidade. As coisas singulares podem ser simples ou compostas. Simples são as coisas cujas partes formam um todo homogêneo (ex.: pedra, cavalo, folha de papel, etc.). Compostas são as que têm suas partes ligadas artificialmente pelo homem. Ex.: navio, materiais de construção em uma casa (a janela, a porta), etc.

B) COLETIVOS OU UNIVERSAIS São as coisas que se encerram agregadas em um todo. São as

constituídas por várias coisas singulares, consideradas em seu conjunto, formando um todo único (universitas rerum). As universalidades podem se apresentar:

• Universalidade de Fato ⎯ conjunto de bens singulares, corpóreos e homogêneos, ligados entre si pela vontade humana. Ex.: Alcatéia (lobos), cáfila (camelos), biblioteca (livros), pinacoteca (quadros), hemeroteca (jornais e revistas), panapaná (borboletas), etc. Acrescenta o Código Civil que esses bens devem ser pertinentes à mesma pessoa e tenham destinação unitária.

• Universalidade de Direito ⎯ conjunto de bens singulares, corpóreos e heterogêneos ou até incorpóreos, a que a norma jurídica, com o intuito de produzir certos efeitos, dá unidade. Ex.: patrimônio (conjunto de relações da pessoa incluindo posse, direitos reais, obrigações e ações correspondentes), espólio (é a herança, o patrimônio - direitos e deveres - deixado pelo falecido que se transmite aos herdeiros), estabelecimento comercial, massa falida, etc. Nas coisas coletivas, se houver o desaparecimento de todos os

indivíduos, menos um, ter-se-á a extinção da coletividade, mas não o direito sobre o que sobrou.

Com isso terminamos a primeira classificação (Bens Considerados

em Relação a si Mesmos). Vejamos agora as demais classificações.

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II - BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS (arts. 92/97 do CC)

Esta forma de classificação é feita a partir de uma comparação entre os bens. O quê um bem é em relação a outro bem. Segundo ela os bens podem ser Principais ou Acessórios. Exemplo: uma casa. É um bem principal ou acessório? Resposta – Depende! Depende do quê? – Depende em relação a quê. A casa em relação ao quê? A casa em relação ao terreno. Neste caso a casa é acessória; o terreno é o principal. Mas, e se for a casa em relação aos bens móveis que guarnecem a casa, ou a casa em relação à piscina. Neste caso a casa será o principal e os demais serão acessórios.

Uma árvore é um principal ou acessório? Depende! A árvore em relação aos frutos é o bem principal. Mas em relação ao solo é acessório. Acompanhe então a classificação completa:

A) PRINCIPAIS São os que existem por si, abstrata ou concretamente,

independente de outros (ex.: o solo, um crédito, uma jóia, etc.). Exercem função e finalidade independentemente de outra coisa.

B) ACESSÓRIOS São aqueles cuja existência pressupõe a existência de um bem

principal (ex.: uma árvore em relação ao solo, um prédio em relação ao solo, a cláusula penal, o contrato de fiança em relação ao contrato de locação, os juros, os frutos, etc.).

Regra - o bem acessório segue o principal (salvo disposição especial em contrário) – acessorium sequitur principale.

Por essa razão, quem for o proprietário do principal, será também do acessório; a natureza do principal será a do acessório. Trata-se do princípio da gravitação jurídica (um bem atrai o outro para a sua órbita, comunicando-lhe seu próprio regime jurídico). Isto também se aplica aos contratos: se o contrato principal for nulo, nula também será a fiança, que é cláusula acessória (já o contrário não é verdadeiro – se nula a fiança o contrato principal pode ser válido). O credor que tem direito de receber uma coisa pode reclamar os seus acessórios. São Bens Acessórios:

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1 - Frutos ⎯ são as utilidades que a coisa produz periodicamente; nascem e renascem da coisa e cuja percepção mantém intacta a substância do bem que as gera. Os frutos podem ser classificados em:

- Naturais – própria força orgânica da coisa (ex.: frutas, crias de animais, ovos, etc.).

- Industriais – engenho humano (ex.: produção de uma fábrica). - Civis (ex.: juros de caderneta de poupança, aluguéis, dividendos

ou bonificações de ações, etc.). - Além disso ainda podem ser: Pendentes (ligados à coisa que os

produziu); Percebidos (já separados); Estantes (armazenados em depósitos); Percipiendos (deveriam ser, mas não foram percebidos) e Consumidos (já não existem mais).

2 - Produtos ⎯ são as utilidades que se extraem da coisa, alteram a substância da coisa, com a diminuição da quantidade até o seu esgotamento, porque não se reproduzem (ex.: pedras de uma pedreira, minerais de uma jazida - carvão mineral -, lençol petrolífero, etc.).

3 - Rendimentos ⎯ são os frutos civis ou prestações periódicas em dinheiro, decorrentes da concessão do uso e gozo de um bem (ex.: aluguel).

4 – Produtos orgânicos da superfície da terra (ex.: vegetais, animais, etc.).

5 - Obras de aderência ⎯ obras que são realizadas acima ou abaixo da superfície da terra (ex.: um prédio, o metrô, pontes, etc.).

6 - Pertenças – bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro (ex.: moldura de um quadro, acessórios de um carro, etc.). Pertença vem do latim pertinere (pertencer, fazer parte de). É acessório, depende economicamente de outra coisa. É necessário para caracterizar: vínculo intencional (material ou ideal), duradouro, estabelecido por quem faz uso da coisa e colocado a serviço da utilidade do principal. Segundo a regra do art. 94 CC os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei ou da vontade das partes. Assim, em relação às pertenças, nem sempre pode se usar o adágio de que “o acessório segue o principal”. Assim, quando se tratar de negócio que envolva transferência de propriedade é conveniente que as partes se manifestem expressamente sobre os acessórios, evitando situações dúbias (ex.: quando se vende um carro deve o vendedor mencionar se o

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equipamento de som está incluso ou não no negócio). Só são pertenças os bens que não forem partes integrantes, isto é, aqueles que, se forem retirados do principal não afetam a sua estrutura. Ex.: Uma casa é composta por diversas partes integrantes. Uma porta ou uma janela são fundamentais para a existência da casa. Já o ar condicionado pode ser considerado como pertença. Da mesma forma os instrumentos agrícolas em relação a uma fazenda.

7 - Acessões (de modo implícito) – aumento do valor ou do volume da propriedade devido a forças externas, fatos eventuais ou fortuitos (formação de ilhas, aluvião, avulsão, abandono de álveo, construções de obras e plantações – falaremos sobre esses temas nos Direito das Coisas). Não é indenizável.

8 - Benfeitorias ⎯ são obras ou despesas que se fazem em um bem móvel ou imóvel, para conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo. Talvez seja item mais importante em termos de bens acessórios. Quanto às benfeitorias precisamos saber: quais são elas, qual o conceito e exemplos de cada uma delas e o efeito que elas podem ter no direito possessório que já iremos adiantar aqui. Vamos por etapas. Dividem-se as benfeitorias em:

a) Necessárias ⎯ as que têm por fim conservar ou evitar que o bem se deteriore (ex.: reforços em alicerces, restauração de assoalhos, reforma de telhados, substituição de vigamento podre, desinfecção de pomar, etc.).

b) Úteis ⎯ são as que aumentam ou facilitam o uso da coisa (ex.: garagem, edículas, instalação de aparelho hidráulico moderno, etc.).

c) Voluptuárias ⎯ são as de mero embelezamento, recreio ou deleite, que não aumentam o uso da coisa (ex.: uma pintura artística, ajardinamento, piscina, churrasqueira, etc.).

Relevância jurídica da distinção das benfeitorias

Na posse - O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis. Caso não indenizadas, cabe direito de retenção pelo valor das mesmas. Quanto às voluptuárias não serão indenizadas, mas elas podem ser levantadas, desde que não haja detrimento da coisa.

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Por outro lado, o possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias. Vejam o quadrinho abaixo que retrata que eu disse.

Benfeitorias Posse de Boa-fé Posse de Má-fé Necessárias

Indeniza Indeniza

Úteis

Indeniza Não indeniza

Voluptuárias Não indeniza, mas pode ser levantada

Não indeniza

No entanto a lei 8.245/91 (sobre locações), dispõe:

Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção. Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel.

Cuidado - Não confundir acessão artificial com benfeitoria

Acessão Artificial ⎯ obra feita na coisa já existente, criando coisa nova, como as construções e plantações (ex.: construção de um quarto a mais na casa, atelier, etc.).

Benfeitoria ⎯ obra realizada para conservar, melhorar ou embelezar, sem modificar a substância.

Deixam de ser bens acessórios e passam a ser principais os seguintes bens:

a) a pintura em relação à tela; b) a escultura em relação à matéria-prima; c) a escritura ou qualquer trabalho gráfico em relação à

matéria-prima.

III - BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO TITULAR DO DOMÍNIO

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Tal classificação se refere aos sujeitos a que pertencem os bens. De quem são os bens? Eles podem ser divididos em:

• BENS PARTICULARES ⎯ são os que pertencem às pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado.

• RES NULLIUS ⎯ são coisas de ninguém, coisas sem dono. Ex.: animais selvagens em liberdade, pérolas no fundo do mar, peixes no mar, conchas na praia, tesouros, as coisas abandonadas (chamados de ‘res derelictae’), etc. Lembrem-se, os bens imóveis nunca serão res nullius.

• BENS PÚBLICOS (res publicae) ⎯ são os que pertencem a uma entidade de direito público interno: União, Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios, Autarquias, etc. Observação – atualmente os autores se referem também aos bens

difusos, sendo seu exemplo típico o meio ambiente, protegido pelo art. 225 da Constituição Federal. Essa proteção visa assegurar a sadia qualidade de vida dos cidadãos.

Classificação dos Bens Públicos (art. 99 CC)

A) Uso Comum do Povo Destinados à utilização do público em geral; podem ser usados

sem restrições por todos, sem necessidade de permissão especial (ex.: praças, jardins, ruas, estradas, mares, rios, praias, etc.).

Não perdem a característica de uso comum se o Estado regulamentar seu uso, ou torná-lo oneroso (ex.: pedágio nas rodovias, fechamento de uma praça à noite por questão de segurança, etc.).

Curiosidade – o art. 285 da Constituição do Estado de São Paulo prevê: “Fica assegurado a todos livre e amplo acesso às praias do litoral paulista. §1º - Sempre que, de qualquer forma, for impedido ou dificultado esse acesso, o Ministério Público tomará imediata providência para a garantia desse direito”.

B) Uso Especial Imóveis (edifícios ou terrenos) utilizados pelo próprio poder

público para a execução de serviço público (ex.: prédios onde funcionam tribunais, escolas públicas, hospitais públicos, secretarias, ministérios, etc.). Eles têm uma destinação especial. O Direito Administrativo se refere a eles como bens públicos afetados. Afetação quer dizer que há a imposição de um encargo, um ônus a um bem

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público. Indica ou determina o fim a que ele se destina ou para o qual será destinado.

C) Dominicais (ou dominiais ⎯ dominus ⎯ relativo ao domínio, senhorio)

São os bens que constituem o patrimônio disponível da pessoa jurídica de direito público. Abrange os bens móveis e imóveis. Na verdade são os outros bens públicos, por exclusão (pois não são de uso comum do povo e nem têm uma destinação especial). São eles (apenas exemplificativamente):

• terrenos de marinha (e acrescidos) ⎯ terrenos banhados por mar, lagoas e rios (públicos) onde se faça sentir a influência das marés. Estão compreendidos na faixa de 33 metros para dentro da terra medidos à linha de preamar média. Pertencem à União. • mar territorial ⎯ compreende a faixa de 12 milhas marítimas de largura, de propriedade da União. Além disso, há a zona econômica exclusiva - de 12 a 200 milhas - onde o Brasil tem direitos de soberania exclusivos, para fins de exploração econômica, preservação ambiental e investigação científica. • terras devolutas ⎯ são terras que, embora não destinadas a um uso público específico, ainda se encontram sob o domínio público. São terras não aproveitadas. Como regra pertencem aos Estados, que podem passá-las aos Municípios; serão da União se indispensáveis à segurança nacional. • outros bens considerados dominicais: estradas de ferro (se forem públicas, pois algumas são privadas); títulos da dívida pública; ilhas formadas em mares territoriais e rios públicos navegáveis; quedas d’água, jazidas e minérios; terras indígenas; sítios arqueológicos, etc. Costuma-se dizer que os bens públicos de uso comum do povo e

os de uso especial são bens do ‘domínio público do Estado’. Já os dominicais são do ‘domínio privado do Estado’.

Os bens públicos dominicais podem, por determinação legal, ser convertidos em bens públicos de uso comum ou especial.

Características dos Bens Públicos

• inalienabilidade ⎯ os bens públicos não podem ser vendidos, doados ou trocados, desde que destinados ao uso comum do povo e uso especial, ou seja, enquanto tiverem afetação pública

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(art. 100 CC). Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências legais. Ex.: uma praça pública não poderá ser vendida enquanto tiver esta destinação (uso comum do povo). Caso contrário, o Município poderá, por lei, alienar o terreno, desde que o faça em hasta pública ou por meio de concorrência administrativa.

• impenhorabilidade ⎯ impede que o bem passe do devedor ao credor por força de execução judicial (adjudicação ou arrematação). Também não pode recair hipoteca sobre esses bens.

• imprescritibilidade (usucapião) ⎯ a Constituição Federal proíbe a aquisição, por usucapião, de bens públicos.

• conversão ⎯ os bens públicos dominicais podem ser convertidos em bens de uso comum ou especial. Por meio da afetação o bem passa da categoria de bem do domínio privado do Estado para a categoria de bem do domínio público.

Conferir: • Bens da União – art. 20 da Constituição Federal.

• Bens dos Estados – art. 26 da Constituição Federal.

IV - COISAS FORA DO COMÉRCIO

Os bens que se acham no comércio podem ser alienados e adquiridos livremente. Os que estão fora não podem ser transferidas de um acervo patrimonial a outro.

Comércio ⎯ sentido técnico = possibilidade de compra e venda, doação, ou seja, liberdade de circulação.

São considerados coisas fora do comércio, os bens:

• Insuscetíveis de apropriação ⎯ são bens de uso inexaurível (ex.: ar, luz solar, água do alto-mar, etc.). São chamados de coisas comuns.

• Personalíssimos ⎯ Vida, honra, liberdade, nome, etc.

• Legalmente inalienáveis ⎯ apesar de suscetíveis de apropriação, têm sua comercialidade excluída pela lei para atender a interesses econômicos-sociais, defesa social e proteção de certas pessoas. Alguns exemplos:

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- bens públicos (uso comum do povo e especial – art. 100 CC) - bens das fundações (arts. 62 a 69 CC) - terras ocupadas pelos índios (art. 231, §4º CF) - bens de menores (art. 1.691 do CC) - terreno onde foi construído um edifício de condomínio por

andares, enquanto persistir o regime condominial (art.1.331, § 2º) - bens de família (*) - bens gravados com cláusula de inalienabilidade (*) Observação – os bens móveis e imóveis tombados, cuja

conservação seja de interesse público (fatos históricos, valor arqueológico, bibliográfico, artístico, etc.), não estão propriamente fora do comércio. Sua alienabilidade é restrita, não podendo ser livremente transferidos sem autorização; não podem sair do País, nem ser demolidos ou mudados.

Os bens legalmente inalienáveis poderão ser alienados, com autorização judicial, em certas circunstâncias excepcionais.

(*) Caros alunos. Também são exemplos de coisas fora do comércio o bem de família e os bens gravados com cláusulas de inalienabilidade. No entanto, devido a sua importância, os destacamos em itens separados, a seguir:

BEM DE FAMÍLIA (arts. 1.711 a 1.722 do CC) CONCEITO

Bem de família é um instituto do direito civil pelo qual se vincula o destino de um prédio para ser domicílio ou residência de sua família. Originou-se no direito americano (homestead). O governo da então República do Texas, com o objetivo de fixar famílias em suas vastas regiões, promulgou um ato em 1.839, garantindo a cada cidadão determinada área de terra, isentas de penhora.

No Brasil, podem os cônjuges ou entidade familiar (famílias legítimas ou às uniões estáveis entre homem e mulher), mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio (desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido) para instituir o bem de família. É necessário que seja imóvel residencial (rural ou urbano, com seus acessórios), não havendo limite de valor.

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Admite-se que também sejam gravados valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família. CONSEQÜÊNCIAS

Com a instituição do bem, o prédio se torna inalienável e impenhorável. E o prédio fica isento de execuções por dívidas posteriores à instituição, salvo as que provierem de:

• tributos relativos ao prédio (ex.: IPTU), ou

• despesas de condomínio. Para se constituir um bem de família, é necessária a escritura

pública e registro no Registro de Imóveis, além de publicação na imprensa local, para ciência de terceiros.

A condição para que se faça esta instituição é que inexistam ônus sobre o imóvel bem como dívidas anteriores. É nula a instituição se for feita com fraude contra credores.

A duração da instituição é até que ambos os cônjuges faleçam, sendo que, se restarem filhos menores de 18 anos, mesmo falecendo os pais, a instituição perdura até que todos os filhos atinjam a maioridade. Falecendo um dos consortes o imóvel não entrará em inventário e nem será partilhado enquanto viver o outro. Se este também falecer, deve-se esperar a maioridade de todos os filhos. O prédio entrará em inventário para ser partilhado somente quando a cláusula for eliminada.

A dissolução da sociedade conjugal, por si só, não extingue o bem de família. ALIENAÇÃO

Somente haverá a alienação (venda, doação, etc.) do bem de família instituído quando houver anuência dos dois consortes e de seus filhos, quando houver. Em havendo, o Juiz irá designar um curador especial e irá consultar o Ministério Público. A cláusula somente poderá ser levantada por mandado judicial (mandado de liberação), justificado o motivo relevante. Se foi solenemente instituído pela família como domicílio desta, não pode ter outro destino.

Se houver menores impúberes a situação ainda fica mais complicada: a cláusula não poderá ser eliminada, salvo se houver sub-rogação (substituição da coisa; transferência das qualidade de uma coisa para outra) em outro imóvel para a moradia da família.

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LEI Nº 8.009/90

Pessoal. Não confundir o Bem de Família instituído pelo Código Civil com o ‘Bem de Família’ previsto em uma lei especial. É muito comum cair questões confundindo estes temas. E também é comum ainda o aluno fazer muita confusão com os dois institutos. Portanto tomem cuidado. Vou reforçar bem este assunto.

Atualmente a Lei 8.009/90, dispõe sobre a impenhorabilidade

do bem de família, que passou a ser o imóvel residencial (rural ou urbano) próprio do casal ou da entidade familiar, independente de inscrição no Registro de Imóveis. No caso da pessoa não ter imóvel próprio (ex.: locação), a impenhorabilidade recai sobre os bens móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam da propriedade do locatário. Estende-se aos equipamentos de uso profissional.

Se o casal ou entidade familiar for possuidor de vários imóveis, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor (salvo se outro tiver sido registrado).

Repito - não confundir - bem de família (voluntário ou instituído pelo próprio interessado - arts. 1711/1722 do C.Civil) com impenhorabilidade do único imóvel do casal (legal ou automático - Lei 8.009/90).

No primeiro caso trata-se afetação de bem imóvel para certa finalidade, tornando-o impenhorável (exceto por impostos do próprio imóvel e condomínio), bem como inalienável e insuscetível de ser inventariado ou partilhado. No segundo caso trata-se de mera impenhorabilidade, não tornando o imóvel inalienável e nem isento de inventário e partilha.

EXCEÇÕES

Vimos que o bem de família do Código Civil só pode ser penhorado em duas hipóteses: tributos devidos em relação ao próprio bem imóvel ou condomínio. Já os bens de que trata a lei 8.009/90 tem um número maior de exceções, ou seja, de hipóteses em que o bem será vendido para pagar a dívida. Assim esses bens (da lei 8.009/90), não responderão por dívidas civis, mercantis, fiscais trabalhistas, etc., salvo se o processo de execução for movido em razão de:

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• crédito de trabalhadores da própria residência

• hipoteca

• financiamento

• cobrança de impostos devidos em função do imóvel

• condomínio

• pensão alimentícia

• bem adquirido com produto de crime

• fiança em locação (*)

(*) Cuidado com o último exemplo = Fiança nos contratos de

locação. Atualmente, tanto a lei, como a jurisprudência assim dispõem: Se uma pessoa é proprietário de um imóvel e deseja alugá-lo vai desejar que o locatário (inquilino) apresente um fiador. Este fiador precisa ter um bem imóvel, para garantir a fiança. Ou seja, se o locatário (inquilino) não pagar o aluguel o proprietário (locador) irá acioná-lo. Se este não conseguir pagar, o proprietário aciona o fiador e este será responsável pela dívida. Poderá o fiador alegar que aquele é o único bem que dispõe e requerer o chamado “bem de família” para não pagar a dívida? Resposta: – atualmente (depois de várias idas e vindas) não. Ou seja, se uma pessoa se dispuser a ser fiador, neste momento está abrindo mão do chamado bem de família. Não poderá invocar esse benefício para deixar de pagar a dívida do inquilino. Nos últimos anos essa posição já foi mudada diversas vezes. Atualmente é essa a que está vigorando, inclusive com uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Assim muito cuidado, inclusive em nosso dia-a-dia. Devemos saber que assumindo o risco de sermos fiadores, estamos abrindo mão do bem de família da Lei 8.009/90. Mas isso, é evidente, não se aplica àquele bem de família previsto no Código Civil, pois neste último caso o bem foi registrado e se tornou inalienável. DIFERENÇAS: 1 – Bem de Família (do Código Civil)

a) ato voluntário – deve ser registrado; b) deve representar no máximo um terço do patrimônio líquido da

pessoa que está registrando; c) acarreta inalienabilidade e impenhorabilidade do bem;

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d) tem apenas duas exceções: dívidas decorrentes de condomínio e as dívidas tributárias que recaem sobre o bem.

2 – Bem de Família – Lei 8.009/90 – na verdade não torna a coisa um “bem de família”; esta coisa fica apenas impenhorável, ou seja, não pode recair penhora sobre ele.

a) família que tem um único imóvel para sua residência – é automático; decorre da lei;

b) acarreta somente a impenhorabilidade; c) possui diversas exceções conforme vimos acima.

BENS GRAVADOS COM CLÁUSULA DE INALIENABILIDADE São aqueles que se tornam inalienáveis pela vontade humana, por

meio de uma cláusula temporária ou vitalícia, nos casos previstos em lei, por ato inter vivos (ex: doação) ou causa mortis (ex: testamento). Ex: um pai, percebendo que seu filho irá dilapidar o patrimônio, faz testamento, com essa cláusula especial, a fim de que os bens não saiam do patrimônio do filho, protegendo esses bens do próprio filho, impedindo que os atos de irresponsabilidade ou má administração possam levar o filho à insolvência - dívidas superiores aos créditos). O art. 1.911 do CC determina que “a cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade”. Atualmente essa cláusula tem valor restrito, pois o testador deverá apontar expressamente a justa causa para essa sua decisão de tornar o bem inalienável (art. 1.848 CC), ou seja, deverá justificar o porquê desta medida. Observações: • Terrenos em cemitérios públicos são objeto de concessões, que não

podem ser transferidos, portanto estão fora do comércio. O monumento tumular (anjos, capelas, etc.) também é impenhorável.

• Embora o corpo humano esteja fora do comércio, há possibilidade de se dispor do próprio corpo para após a morte, de forma gratuita, servir a fins científicos ou altruísticos (art. 14 do CC) e de se dispor de órgãos de pessoas falecidas para transplantes (Lei nº 9.434/97).

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Vamos agora apresentar o nosso já famoso quadro sinótico, que é um resumo do que foi falado na aula de hoje. Esse resumo tem a função de ajudar o aluno a melhor assimilar os conceitos dados em aula e também de facilitar a revisão da matéria para estudos futuros.

QUADRO SINÓTICO

OBJETO DO DIREITO – DOS BENS

I - Conceito - são as coisas (materiais ou imateriais) enquanto economicamente valoráveis, satisfazendo a necessidade humana.

II - Classificação Legal 1. Bens considerados em si mesmos – arts. 79/91 CC

a) Imóveis - não podem ser removidos, transportados, de um lugar para o outro, sem a sua destruição. Móveis - podem ser transportados de um lugar para outro, por força própria (semoventes) ou estranha, sem alteração da sua substância.

b) Infungíveis - não podem ser substituídos por outros do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Fungíveis - podem ser substituídos por outros do mesmo gênero, qualidade e quantidade.

c) Inconsumíveis – proporcionam reiterados usos, permitindo que se retire toda a sua utilidade, sem atingir sua integridade. Consumíveis - são bens móveis, cujo uso importa na destruição imediata da própria coisa. Admitem apenas um uso.

d) Divisíveis - podem ser partidos em porções reais e distintas, formando cada qual um todo perfeito. Indivisíveis - não podem ser partidos em porções, pois deixariam de formar um todo perfeito.

e) Singulares - são os que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais. Coletivos (ou Universais) - são as coisas que se encerram agregadas em um todo.

2. Bens reciprocamente considerados - arts. 92/97 CC

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a) Principais – existem por si mesmos. b) Acessórios – sua existência depende da existência de outro

(regra → acessório segue o principal). Espécies: frutos, produtos, pertenças, rendimentos. Benfeitorias: necessárias (conservação do bem – alicerce da casa), úteis (facilitam o uso - garagem) e voluptuárias (embelezamento, comodidade - piscina).

3. Bens considerados em relação ao titular do domínio – arts. 98/103 CC

a) Particulares b) Res nullius – coisas de ninguém ex.: peixe no fundo do mar,

coisas abandonadas). c) Públicos - uso comum do povo (rios, mares, estradas, ruas,

etc.) uso especial (hospitais e escolas públicas, secretarias, ministérios, etc.) e dominicais (patrimônio disponível das pessoas de direito público: terras devolutas e terrenos de marinha).

Observação - Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial (afetados) são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. 4. Coisas fora do comércio

a) Insuscetíveis de apropriação – uso inexaurível (ar, luz solar, etc.)

b) Personalíssimos – vida honra, liberdade, etc. c) Legalmente inalienáveis - bens públicos, das fundações,

terras indígenas, bem de família e bens gravados com cláusula de inalienabilidade.

• Bem de Família - arts. 1.711 a 1.722 CC X Lei 8.009/90 (Impenhorabilidade do único imóvel) – Não confundir – Cuidado com a fiança nos contratos de locação.

• Bens gravados com cláusula de inalienabilidade – art. 1.911 CC

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TESTES

Lembrando que estes testes já caíram em concursos anteriores e têm a finalidade de revisar o que foi ministrado hoje, completando a aula. Muitas informações relativas à matéria, principalmente algumas situações especiais estão nas respostas dos testes. Algumas dúvidas que o aluno ficou em aula podem ser esclarecidas com os exercícios. Além disso, o aluno vai “pegando a malícia dos testes”; o quê exatamente o examinador quer com tal questão. Daí a importância de fazer os testes e ler todas as respostas com atenção. 1 – Está correto afirmar que:

a) direito à sucessão aberta pode ser considerado como um bem móvel, desde que nesta sucessão somente tenha bens móveis.

b) um automóvel é um bem corpóreo ou tangível. c) as quedas d’água que podem ter aproveitamento para energia

hidráulica constituem propriedade distinta da do solo e pertencem aos Estados membros.

d) um trator, mesmo quando destinado a uma fazenda, dela fazenda parte, não pode ser considerado como bem imóvel.

e) a energia elétrica, por si só, é considerada como bem imóvel. 2 – Assinale a alternativa incorreta:

a) os bens móveis se adquirem pela transcrição. b) os direitos do autor são considerados bens móveis por força de lei. c) o mútuo é um empréstimo de coisas fungíveis. d) o módulo rural é um bem indivisível. e) comodato é um empréstimo gratuito de bens infungíveis.

3 - Pela regra “o acessório segue o principal”, podemos afirmar:

a) o principal não existe sem o acessório. b) principal e acessório formam sempre um único bem que não

poderá ser desmembrado.

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c) a propriedade do principal pertencerá como regra à mesma pessoa que tem a propriedade do acessório.

d) nulo o acessório (nos contratos), nulo será também o principal. e) frutos são considerados como benfeitorias úteis.

4 – Dadas as afirmações: I – Os bens podem ser classificados doutrinariamente: considerados em si mesmos, reciprocamente considerados, considerados em relação ao titular do domínio e coisas fora do comércio. II – Os bens considerados em si mesmos possuem uma vasta subdivisão; uma delas é infungíveis ou fungíveis. III – Os bens reciprocamente considerados podem ser classificados como Públicos ou Particulares. Podemos concluir:

a) todas estão corretas. b) I e III estão corretas. c) II e III estão corretas. d) I e II estão corretas. e) todas estão erradas.

5 – Assinale a alternativa incorreta:

a) as árvores, os frutos pendentes e o espaço aéreo são considerados como bens imóveis.

b) os edifícios são bens imóveis por acessão física. c) os materiais provisoriamente separados de um prédio para nele se

reempregarem são considerados como bens imóveis. d) os materiais destinados a alguma construção, enquanto não

forem empregados, conservam sua qualidade de móveis. e) são considerados bens imóveis os direitos reais sobre imóveis e as

ações que os asseguram, o usufruto, a hipoteca e o penhor.

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6 – João comprou um relógio e inclusive efetuou parte de seu pagamento. Ocorre que o vendedor ainda não fez a entrega do bem. Nesse caso podemos dizer que: a) João é o proprietário do relógio e pode exigir a sua entrega imediata. b) João ainda não é o proprietário do relógio, mas o contrato de

compra e venda está perfeito. c) João somente será o proprietário quando tiver pago a totalidade do

valor do relógio. d) João apesar de já ser o proprietário, deve exigir a posse para que o

contrato seja reputado perfeito. e) João somente será reputado proprietário quando houver a

transcrição do bem, ou seja, com a entrega. 7 – São benfeitorias: voluptuária, necessária e útil, na respectiva ordem:

a) construção de uma edícula no fundos da casa, instalação de uma piscina na casa e pintura artística.

b) pintura de um imóvel para impermeabilização, conserto de um encanamento rompido e instalação de antena parabólica.

c) ajardinamento de uma residência, conserto do telhado e construção de uma garagem.

d) colocação de piso de mármore na casa, pintura interna do apartamento e instalação de uma sauna nos fundos da casa.

e) construção de uma piscina, conserto do piso da casa que ameaça ceder e pintura de um mural na casa, com finalidade artística.

8 – Os bens que o Estado pode dispor são os:

a) inalienáveis. d) direitos reais. b) infungíveis. e) prescricionais. c) dominicais.

9 – São respectivamente bens fungíveis e infungíveis:

a) um terreno; uma cadeira escolar.

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b) um quadro de um pintor famoso; uma motocicleta. c) certa porção de dinheiro; um automóvel. d) o cavalo de corrida furacão; um relógio de pulso. e) um par de sapatos novos produzido em série; a caneta tipo “BIC”.

10 – Antônio financiou a compra de um terreno. Apenas edificou um muro neste terreno, mas não quis construir nada no terreno, pois sua intenção era esperar valorizar e vendê-lo posteriormente. Foi pagando aos poucos e quitou a dívida. Finalmente foi lavrada a respectiva escritura pública de compra e venda. Neste caso:

a) Antônio é o verdadeiro proprietário do terreno por já ter sido lavrada a escritura pública.

b) Antônio não é o proprietário ainda, pois não entrou na posse efetiva do terreno.

c) Antônio tornou-se proprietário do terreno no momento em que quitou a dívida, independentemente da posse.

d) Antônio não é o proprietário, pois lhe falta o registro da escritura pública.

e) Antônio ainda não é proprietário pois necessita da comprovação da tradição e do pagamento do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação ou o Inter Vivos.

11 – Não traduz uma característica do regime jurídico dos bens públicos no Brasil, uma das seguintes afirmações:

a) os bens públicos afetados são inalienáveis. b) somente os bens públicos dominiais podem ser penhorados para

que se satisfaça os créditos contra o Poder Público inadimplente. c) os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. d) os bens públicos desafetados, ao passarem para a categoria de

dominiais, podem, através de lei específica, ser alienados.

GABARITO COMENTADO

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1 – Alternativa correta – letra “b”. Um automóvel tem corpo, é percebido pelos sentidos, possui existência física, logo é considerado com um bem corpóreo, material, concreto ou tangível. O direito à sucessão aberta é considerado como um bem imóvel (art. 80, II do CC), mesmo que seja formado somente por bens móveis. Segundo o artigo 176 da Constituição Federal, as jazidas e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo e pertencem à União. Alguns bens móveis podem ser imobilizados pelo proprietário, desde que haja intenção do mesmo em assim considerá-lo. São as chamadas pertenças. Assim um trator pode ser considerado como bem imóvel em determinadas situação (ex: hipoteca que abrange a fazenda, juntamente com os bens móveis que nela estão). A energia elétrica, bem como qualquer energia que valor econômico é considerada como bem móvel por força de lei (art. 83, I CC).

2 – Alternativa incorreta – letra “a”. Esta foi fácil. Os bens móveis são adquiridos pela tradição (entrega) e não pela transcrição. Os direitos autorais (não confundir com a autoria de uma obra, que não pode ser alienada) são considerados como bens móveis (art. 83, III e Lei 9.610/98 – arts. 3o e 5o). Mútuo é um empréstimo (que pode ser gratuito ou oneroso) de bens fungíveis; locação é um empréstimo oneroso de bens infungíveis e comodato é um empréstimo gratuito de bens infungíveis. O imóvel rural não é divisível em áreas de dimensões inferior à constitutiva do módulo de propriedade rural (art. 65 da lei 4.504/64). 3 – Alternativa correta – letra “c”. Nas letras “a” e “d”, o correto é o inverso. A “b” está errada, pois a regra é que o acessório segue o principal. Porém há muitas exceções. Finalmente frutos são bens acessórios, mas não podem ser considerados como benfeitorias. Estas são obras ou despesas que são feitas em um bem para conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo. 4 – Alternativa correta – letra “d”. As afirmativas I e II estão corretas. Basta dar uma rápida olhada no quadro sinótico para se chegar a esta conclusão. A III está errada, pois os bens reciprocamente considerados se classificam em Principais e Acessórios.

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5 – Alternativa incorreta – letra “e”. Na verdade a única coisa errada na alternativa é o penhor, que é considerado, como regra, como bem móvel. A letra “a” são hipóteses de bens imóveis por natureza e a letra “b” bens imóveis por acessão física (construções e plantações). A letra “c” está correta (art. 81, II, CC). Da mesma forma a letra “d” (art. 84, CC). 6 – Alternativa correta – letra “b”. O contrato de compra e venda está perfeito, pois um relógio se trata de um bem móvel, que se perfaz com o mero consenso dos contratantes. Com o consenso, a obrigação está assumida. Mesmo que o bem ainda não esteja pago, mesmo que não tenha havido a entrega desse bem. No entanto a propriedade deste relógio (que é um bem móvel) somente será transmitida com a tradição, que é a entrega do bem. 7 – Alternativa correta – letra “c”. Na prática há muita dificuldade para se classificar de forma exata as benfeitorias. Por isso os exemplos são estereotipados. Nos exames cai da forma como colocado na questão. Na prática há essa dificuldade por causa da indenização das benfeitorias. Se serei eu quem irá indenizar, vou alegar que a benfeitoria realizada (por mais necessária que seja) é voluptuária. Se é você quem está pedindo a indenização, por mais voluptuária que seja, você vai dizer que é necessária. Alem disso há uma “área cinzenta” em alguns exemplos. A pintura. Que tipo de benfeitoria é ela. A rigor pode ser qualquer uma delas: é necessária quando for para um casa em região muito chuvosa e ela tem a missão de impermeabilizar o imóvel. Pode ser útil, uma pintura comum, para melhorar o uso da coisa. Mas uma pintura artística é voluptuária. Assim, o conselho é saber o conceito de cada uma das benfeitorias e os exemplos citados na aula, pois as hipóteses que caem nos exames são quase sempre os mesmos, como nesta questão. 8 – Alternativa correta – letra “c”. Vimos que os bens públicos são divididos em: uso comum do povo, uso especial e dominicais (ou dominiais). Os dois primeiros são inalienáveis enquanto conservarem a sua qualificação. Já os dominicais podem ser alienados, observadas as exigências legais (arts 100 e 101 do CC).

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9 – Alternativa correta – letra “c”. O dinheiro é um bem fungível (se eu empresto cem reais, quero receber os mesmos cem reais de volta), podendo, portanto, ser substituído. Diferentemente de uma nota específica de dinheiro, pois esta tem um valor determinado, numero de série, etc. Isto serve para colecionadores. Já um veículo é um bem infungível, pois há algo nele que irá individualizá-lo, diferenciá-lo dos demais, que é o número do “chassis”; número do motor, etc. Se empresto o veículo tal, cor tal, número tal, quero receber de volta o mesmo veículo e não um outro parecido. Principalmente por causa da documentação. Essa especialização, personalização, individualização que torna um automóvel em um bem infungível. 10 – Alternativa correta – letra “d”. A transmissão da propriedade dos bens móveis ocorre com a tradição. No entanto a transmissão da propriedade de bens imóveis ocorre com o registro da escritura pública. Anteriormente esse ato se chamava transcrição, palavra que não tem sido mais usada por causa da Lei de Registros Públicos, mas que ainda pode cair. Vi recentemente essa palavra (transcrição) cair em um concurso. Por eliminação só poderia ser ela. Não deveria ter caído... mas caiu! E não foi anulada! 11 – Alternativa correta – letra “b” – Cuidado com a redação dessa questão, pois ela inicia com uma negativa “não traduz.....”. Logo deve ser assinalada a afirmação que está errada, sendo que as demais estão corretas. Na hipótese a alternativa que não traz uma característica de bem público é aquela que afirma que os bens dominiais (ou dominicais) podem ser penhorados. Os bens públicos, sejam eles quais forem são impenhoráveis e, portanto, não podem ser objeto de usucapião. Lembrando que os bens afetados (que têm uma destinação) são inalienáveis e os dominiais podem ser alienados, dependendo de autorização legislativa.

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AULA 03

FATOS E ATOS JURÍDICOS

= PRIMEIRA PARTE =

Meus Amigos e Alunos.

Uma Relação Jurídica é formada por três elementos: a) Elemento Subjetivo – são os sujeitos de direito, as pessoas. Já estudamos isso nas aulas anteriores. b) Elemento Objetivo – é a prestação, o objeto do direito. Esta matéria é estudada em uma aula sobre Bens. No entanto este ponto, estranhamente, não consta em nosso edital. Assim... deixemos isso de lado. c) Elemento Imaterial – é o vínculo que se estabelece entre os sujeitos e os bens, que veremos hoje.

As relações jurídicas também possuem um ciclo vital: nascem, se desenvolvem, podem ser conservadas, modificadas ou transferidas e se extinguem. Elas têm como fonte geradora os fatos jurídicos. Há sempre um fato que antecede o surgimento de um direito subjetivo. Fato, portanto, é um evento, um acontecimento.

O tema “Fatos e Atos Jurídicos” deve ser visto bem devagar. Por isso, o desmembramos em duas aulas. Esta primeira é introdutória. Costumo fazer isso também nas aulas presenciais. Primeiro dou essa parte teórica (“e bota teórica nisso”). Os alunos, de uma forma geral, não gostam muito dessa primeira parte do tema. Mas ela é imprescindível. Por isso vou tentar torná-la mais agradável... Falaremos hoje sobre alguns conceitos, classificações, e, principalmente da prescrição e da decadência. Este, na verdade, é o ponto central da aula. Depois, na próxima aula, passaremos para uma parte mais dinâmica, onde veremos o Negócio Jurídico e seus elementos constitutivos, além da ineficácia (nulidade e anulabilidade) do Negócio Jurídico.

Comecemos, então...

Vimos acima que o Fato é um acontecimento. Assim, de início, vamos

diferenciar um fato comum de um fato jurídico. Há fatos que não interessam ao Direito. Exemplo: quando uma pessoa passeia por um jardim, está praticando um fato comum, que não sofre a incidência do direito. Porém, se essa pessoa que está passeando comprar um saco de pipocas, alugar uma bicicleta ou pisar sobre o gramado, causando danos à vegetação ou mesmo

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alimentar os animais em um zoológico (condutas consideradas como proibidas), tais fatos passarão a interessar ao direito, causado repercussões.

Portanto, para um acontecimento seja considerado como fato jurídico é necessário que esse acontecimento, de alguma forma, cause algum reflexo no âmbito do direito. Seja este reflexo lícito ou ilícito. Observem a seguinte classificação:

• Fato Comum ⎯ ação humana ou fato da natureza que não interessa ao

Direito. Não estudaremos isso, pois, como disse, não interessa ao Direito (para quê estudar algo que não nos interessa... e nem cai nos exames?).

• Fato Jurídico (em sentido amplo – lato sensu) ⎯ acontecimento ao qual o

Direito atribui efeitos e relevância jurídica. Exemplo: um contrato de locação é um fato jurídico (mais para frente veremos que ele é mais do que isso; é um negócio jurídico), pois tanto o locador, como o locatário assumem compromissos e ficam vinculados um ao outro. Deste vínculo surgem direitos e deveres para ambas as partes; surgem efeitos, ou seja, reflexos no campo do direito.

Baseado no foi dito acima, podemos conceituar os Fatos Jurídicos como sendo os acontecimentos previstos em norma de direito, em razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas. Para efeito de memorização dos elementos do Fato Jurídico, costumo usar em sala de aula a expressão A.R.M.E. (Aquisição, Resguardo, Modificação e Extinção) de Direitos. Vejamos:

Aquisição de Direitos → É a conjunção dos direitos com seu titular. Ocorre a aquisição de um direito com a sua incorporação ao patrimônio e à personalidade do titular. Dessa forma, surge a propriedade quando o bem se subordina a seu titular. Exemplos: quando eu acho um livro abandonado (e não perdido) ou quando eu compro um automóvel de um amigo, eu me torno proprietário destes bens; adquiri direitos sobre eles. Os direitos podem ser adquiridos de forma originária ou derivada:

a) Originária ⎯ o direito nasce no momento em que o titular se apossa ou se apropria de um bem de maneira direta, sem a participação de outra pessoa. O direito não tem existência objetiva anterior; ou mesmo que a tivesse, não há uma transmissão pelo seu titular. Exemplos: pescar um peixe em alto-mar, achar uma coisa abandonada, usucapir um terreno, etc.

b) Derivada ⎯ ocorre quando há uma transmissão do direito de propriedade, existindo uma relação jurídica entre o anterior e o atual titular. Exemplos: vender um carro ou uma casa para outra pessoa – a propriedade do carro ou da casa passou de uma pessoa para outra, daí ser considerada como transmissão derivada; a aquisição de direitos pelos herdeiros, etc. Lembrando que o direito é adquirido com todas as qualidades e defeitos do título anterior.

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A aquisição ainda pode ser:

c) Gratuita ⎯ quando não há uma contraprestação na aquisição. Exemplo: uma pessoa adquire um bem por uma doação; neste caso não há uma contraprestação nesta doação; o mesmo pode ocorrer quando se recebe um bem por herança.

d) Onerosa ⎯ quando há uma contraprestação na aquisição. Exemplo: a pessoa adquire o bem por meio de uma compra e venda → se por um lado recebeu o bem, por outro lado pagou por este bem, havendo, portanto uma contraprestação na aquisição; o mesmo ocorre com em uma troca ou na locação.

Resguardo (proteção ou defesa) de Direitos → São atos praticados pela pessoa que servem para proteger os seus direitos. Ou seja, o titular de um direito deve praticar atos conservatórios, preventivos (garantindo o direito contra futura violação) ou repressivos (são os que visam restaurar eventual direito violado). Costuma-se dizer que não pode haver direito subjetivo sem a correspondente proteção. Exemplo: Direito de Retenção: uma pessoa possui um bem (que não é seu, mas está de boa-fé nesta posse, ou seja, acredita que a coisa é sua) e realiza neste bem benfeitorias necessárias (conserto dos alicerces, do telhado de uma casa, etc.) ou úteis (construção de uma garagem); posteriormente o real proprietário move uma ação contra o possuidor de boa-fé e ganha a ação; o possuidor deve ir embora; mas realizou benfeitorias, devendo ser indenizado; se a outra parte não a indeniza, ela pode reter o bem até que seja indenizado pelas benfeitorias (art. 1.219, CC). Outros exemplos: arresto ⎯ que é a apreensão judicial de coisa litigiosa ou de bens para a segurança da dívida; sequestro ⎯ que é o depósito judicial da coisa litigiosa para garantia do direito; protesto, etc. Há, também a defesa preventiva:

a) Extrajudicial ⎯ são hipóteses de defesa de direitos sem ser necessário ingressar em juízo: quando se estabelece uma cláusula penal em um contrato (trata-se da multa contratual) o que se quer na verdade é estabelecer uma garantia para o cumprimento deste contrato. Outros exemplos: o sinal (também chamado de arras) é um adiantamento da quantia que será paga também para garantir o cumprimento da obrigação; a fiança, que serve para garantir o pagamento da dívida (se o devedor principal não pagar a dívida, o credor pode acionar o fiador), etc.

b) Judicial ⎯ são as ações judiciais para proteção de direitos. Recorre-se à autoridade judicial competente para restabelecer um direito já violado ou para proteger um direito ameaçado. Lembrando que para a propositura de uma ação judicial é necessário ter um interesse legítimo (econômico ou moral). Exemplos: Mandado de Segurança (que visa proteger um direito líquido e certo); Interdito Proibitório (que é uma ação possessória, que visa proteger uma pessoa de eventuais ameaças a sua posse), etc.

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Caros Alunos lembrem-se do brocardo: “A todo Direito corresponde uma Ação que o assegura”. Se houver ameaça ou violação (por ação ou omissão) a um direito subjetivo, este será protegido por meio de uma ação judicial (art. 5o, XXXV, CF/88 “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito”). Imaginem o seguinte exemplo: Todos nós sabemos que “todo cidadão tem o direito de ir, vir e permanecer”. Esse é um Direito que todos nós temos; dizemos que este é um direito material. Agora... e se uma autoridade policial diz que você está preso em flagrante, sem ter um motivo plausível para esta prisão? É o famoso “teje preso”. O que você faria?? Com certeza você entraria com um Habeas Corpus!!! Ora, o Habeas Corpus é uma Ação. Assim, nós temos um Direito (no caso o direito de locomoção, de ir, vir e permanecer). Violado este Direito, surge a Ação (no caso o Habeas Corpus). Art. 5o, LXVIII, CF/88: “conceder-se-á habeas-corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”.

O mesmo pode ocorrer com uma propriedade. Eu comprei um sítio. Paguei por ele. Tenho a escritura e o registro. Portanto é meu, eu tenho o direito de propriedade. Mas alguém invadiu a minha propriedade. O que farei? Com certeza entrarei com uma Ação. Ação de Reintegração de Posse. Portanto, voltando e reforçando a idéia... “a todo direito corresponde uma ação”.

Ação é o meio que o titular do direito dispõe para obter a atuação do Poder Judiciário, no sentido de solucionar litígios relativos a interesses jurídicos (art. 3o do Código de Processo Civil → “Para propor ou contestar uma ação é necessário ter legítimo interesse econômico ou moral” – neste sentido a Súmula 409 do Supremo Tribunal Federal).

Sabemos que no Brasil nós não podemos fazer “justiça pelas próprias mãos”, sob pena até de cometermos um crime (exercício arbitrário das próprias razões – art. 345, Código Penal). Se uma pessoa me deve seis meses de aluguel eu não posso ir até sua casa, lhe dar uns ‘tabefes’ e exigir o pagamento devido ou colocá-la no ‘olho da rua’. Não! O correto é ingressar com uma ação de despejo por falta de pagamento e requerer também o pagamento dos aluguéis atrasados. No entanto, admite-se, excepcionalmente, a autodefesa ou autotutela de um direito, como no caso da legítima defesa da posse (art. 1.210, §1o, CC), do penhor legal, etc.

Modificação (ou transformação) de Direitos → Os direitos podem sofrer modificações em seu conteúdo (objeto) ou em seus titulares, sem que haja alteração em sua substância. A modificação do direito pode ser objetiva ou subjetiva:

a) Objetiva ⎯ atinge a qualidade ou quantidade do objeto ou o conteúdo da relação jurídica. Exemplos: o credor de uma saca de feijão aceita o equivalente em dinheiro; uma pessoa está devendo uma quantia em dinheiro e o credor aceita um terreno em substituição.

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b) Subjetiva ⎯ substituição de uma das pessoas (sujeito ativo ou passivo) envolvidas na obrigação, podendo ser inter vivos (contrato) ou causa mortis. Exemplo: testamento – ex: morre o titular de um direito e este se transmite aos seus sucessores. Outros exemplos: desapropriação, venda de um bem, etc. Alguns autores afirmam que a transmissão dos direitos seria um quinto elemento do Fato Jurídico. Lembrem-se que há direitos que não comportam modificação em seu sujeito por serem personalíssimos (também chamados de intuitu personae).

Extinção de Direitos → quando sobrevém uma causa que elimina os seus elementos essenciais. Notem que o perecimento deve ser total. Se for parcial, o direito persiste sobre esta parte, bem como sobre o remanescente da coisa destruída. Se a extinção puder ser atribuída a alguém, este será o responsável pelos prejuízos, devendo ressarci-los. Observem, com atenção, os principais exemplos de extinção dos direitos (entre outros):

• perecimento do objeto (ex: anel que cai em um rio profundo e é levado pela correnteza) ou perda das qualidades essenciais do objeto (ex: campo de plantação invadido pelo mar).

• renúncia – quando o titular de um direito, dele se despoja, sem transferi-lo a quem quer que seja; ele abre mão de um direito que teria (ex: renúncia à herança).

• abandono – intenção do titular de se desfazer da coisa não querendo ser mais seu dono (ex: jogar um par de sapatos velho no lixo).

• alienação – que é o ato de transferir o objeto de um patrimônio a outro, de forma onerosa (compra e venda) ou gratuita (doação).

• falecimento do titular, sendo direito personalíssimo, e por isso, intransferível.

• confusão – numa só pessoa se reúnem as qualidades de credor e devedor. • prescrição ou decadência – analisaremos mais adiante, ainda na aula de

hoje.

Bem, com isso encerramos esta parte bem introdutória sobre o Fato Jurídico e seus Elementos (A.R.M.E.). Vejamos agora uma classificação dos Fatos Jurídicos. Podemos dizer que o Fato Jurídico se divide em Natural (é um fato qualquer da natureza) ou Humano (é o praticado por nós, os seres humanos). Cada um destes itens possui uma subdivisão. Reparem no quadro abaixo. Ele nos dá uma visão geral do tema. Depois nós o aprofundaremos. Esse quadro é de extrema importância. Daqui para frente (inclusive continuando na próxima aula) vamos analisar cada item do quadro. Portanto, sempre que tiverem qualquer dúvida sobre o assunto tratado, retornem a este quadro.

FATO

A) COMUM – acontecimento sem repercussão no Direito.

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B) JURÍDICO – aquele ao qual o Direito atribui efeitos (A.R.M.E.).

I – FATO JURÍDICO NATURAL (Fato Jurídico em Sentido Estrito ou Stricto Sensu) – não há a manifestação de vontade humana.

• Ordinário – é o que ocorre normalmente, produzindo efeitos jurídicos: nascimento, maioridade, morte (por causas naturais), aluvião (art. 1.250, CC), avulsão (art. 1.251, CC), o decurso de tempo, etc.

• Extraordinário – trata-se do caso fortuito ou da força maior (terremoto, maremoto, etc.); mesmo assim tem importância ao direito, por excluírem, como regra, a responsabilidade.

II – FATO JURÍDICO HUMANO (ou simplesmente ATO) – contam com a participação humana. Veremos este tema na próxima aula, de forma mais detalhada. Mas, por enquanto, é importante que se saiba:

1) ATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO (também chamado de Ato Jurídico Voluntário ou Lícito):

a) Ato Jurídico em Sentido Estrito (stricto sensu) – há a participação humana, mas os efeitos são os impostos pela lei (ex: reconhecimento de filho, fixação de domicílio); não há regulamentação da autonomia privada.

b) Negócio Jurídico – há a participação humana e os efeitos desta participação são ditados pela própria manifestação de vontade; os efeitos são os desejados pelas partes (ex: contrato, testamento, etc.). Há, portanto, autonomia privada.

2) ATO ILÍCITO (ou Involuntário) – é o praticado em desacordo com a ordem jurídica (arts. 186 e 187, CC). Na realidade a conduta é voluntária e consciente, transgredindo um dever jurídico. Entretanto, os efeitos da prática deste ato é que são involuntários. A consequência da prática do ato ilícito é o surgimento do dever de reparar o dano causado. Pode atuar nas seguintes áreas do Direito:

a) Penal – violação de um dever tipificado como crime, pressupondo um prejuízo causado à sociedade; desrespeitado, compromete-se a ordem social (norma de ordem pública); a sanção é pessoal, ou seja, é a pessoa do infrator imputável que irá responder pela conduta (não se transmite a responsabilidade a terceiros).

b) Administrativo – violação de um dever que se tem para com a Administração; a sanção também é pessoal.

c) Civil – violação de um dever contratual ou legal, pressupondo um dano a terceiro; a sanção é patrimonial, ou seja, atinge o patrimônio do lesante (como regra).

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Caros alunos. Muito cuidado aqui. Algumas questões costumam cair sobre o gráfico acima. E isso pode causar certa confusão ao aluno. Querem um exemplo? Duas indagações iniciais (responda sem olhar o quadro): O Ato Ilícito é um Ato Jurídico? O Ato Ilícito é um Fato Jurídico? ..... Resposta: basta analisar o gráfico com atenção (agora dê uma olhada no gráfico) que iremos concluir que o Ato Ilícito é um Fato Jurídico (humano), porém não é um Ato Jurídico!!!

Continuemos. O primeiro item do quadro que iremos analisar na aula de hoje é o Fato Jurídico Natural. A doutrina também o chama de Fato Jurídico em Sentido Estrito ou Fato Jurídico Stricto Sensu. São expressões sinônimas, mas que costumam cair e confundem...

Pois bem. Fato Natural é o acontecimento que ocorre independentemente da vontade humana, mas mesmo assim pode produzir efeitos jurídicos, criando, modificando ou extinguindo direitos. Podem ser divididos ou classificados em:

1) Ordinários ⎯ Pergunto: o que há de mais certo em nossa vida?? – A morte! Ela ocorrerá independente de nossa vontade. Portanto a morte é um fato natural. É o exemplo clássico. Lógico que estou falando da morte por causas naturais (costumo brincar – “a morte morrida”). Pois um homicídio (brincando ainda – “a morte matada”) é crime, portanto ato ilícito. Outros exemplos de Fatos Jurídicos Naturais Ordinários: o nascimento, a maioridade, o decurso de tempo que juridicamente se apresente sob a forma de prazo (intervalo de dois termos), a usucapião (essa matéria é vista no Direito das Coisas, mas nosso edital não a exige), o decurso de tempo, como a prescrição e a decadência, etc. Estes últimos temas são importantíssimo e serão analisados de forma autônoma, ainda nesta aula.

2) Extraordinários ⎯ são causas ligadas ao caso fortuito ou à força

maior, onde se configura uma imprevisibilidade e inevitabilidade do evento, além da ausência de culpa pelo ocorrido. Não há uma unanimidade dos autores para se conceituar e diferenciar tais institutos. Para alguns, caso fortuito seria um evento da natureza, imprevisível e inevitável (ex: uma tempestade, um terremoto, um tsunami, etc.). Já força maior é o que decorre de uma atuação humana imprevisível e inevitável interferindo no ato (ex: uma greve). Para outros o conceito é exatamente o inverso. E para outros ainda, o caso fortuito decorre de uma causa desconhecida (ex: explosão de uma caldeira em uma usina) e na força maior conhece-se a causa, que é fato da natureza (ex: raio que provoca um incêndio). Outros autores tratam ambos os termos como sinônimos. Sílvio Venosa assim leciona: “caso fortuito e força maior são situações invencíveis, que refogem às forças humanas, ou às forças do devedor, impedindo e impossibilitando o cumprimento da obrigação”. Geralmente costuma cair nos exames apenas os termos Caso Fortuito ou Força Maior e não a situação propriamente dita. E quando cai a situação (ex: um terremoto), basta

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o aluno saber classificá-la o fato como “fato jurídico natural (ou fato jurídico em sentido estrito – stricto sensu) extraordinário”.

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA COMO FATO JURÍDICO

As obrigações jurídicas não são eternas. Se eu empresto determinada quantia em dinheiro a uma pessoa eu não posso ficar cobrando esta dívida a vida inteira. Eu tenho um prazo determinado para exigir o cumprimento da obrigação. Se eu não cobrar dentro deste prazo (que é fixado pela lei e que veremos mais adiante), eu não poderei mais cobrar. Assim, para que haja uma tranquilidade na ordem jurídica, fundada na necessidade de estabilidade social, da certeza do direito e de que as relações jurídicas não se prorrogam indefinidamente, surgiram os institutos da prescrição e da decadência (embora alguns direitos sejam imprescritíveis, como o direito de reconhecimento de paternidade, direito ao nome, direito aos alimentos, etc.).

A questão se liga ao decurso do tempo. Assim, o decurso do tempo, aliado a inércia do titular do direito, faz com que a situação de afronta ao direito prevaleça sobre o próprio direito. Exemplo: o credor de uma dívida em dinheiro, que não recebeu o que lhe é devido, tem o direito de ajuizar uma ação para cobrar esta dívida. Mas se ele deixa de ajuizar a ação cabível, após certo tempo, perde o direito de fazê-lo, consolidando-se uma situação contrária a seus interesses, mas que ocorreu por sua própria culpa; por desídia sua. Há um brocardo em latim, muito conhecido, que diz: dormientibus non succurrit jus – o direito não socorre aos que dormem.

Ora, se a pessoa não cuidou de defender seu direito a tempo, praticamente “renunciou” a este direito, aceitando inerte a afronta que lhe era feita. Não se trata de um instituto justo e nem é esta a preocupação; o que se busca é uma questão de segurança jurídica, de tranquilidade. Ninguém se veria seguro em seus direitos, se a qualquer tempo pudesse vê-los na contingência de serem contestados por fatos ocorridos há muito tempo.

Assim, Prescrição e Decadência são causas extintivas decorrentes do não exercício de um direito durante determinado prazo. Inércia e decurso de prazo são seus elementos comuns.

Cuidado. O tema Prescrição e Decadência é comum a todas as matérias do Direito. O Direito Penal, Administrativo, Tributário, Comercial, Trabalhista.... todas elas tratam do assunto. Lógico que cada matéria possui as suas peculiaridades. Vamos dar o enfoque apenas sob a ótica do Direito Civil. Se cair uma questão sobre esse tema, observem bem em sua prova, qual ramo do Direito está sendo abordado. Reforço: o que vamos falar aqui se refere ao Direito Civil (embora algumas coisas possam ser aproveitadas pelas outras matérias). Vamos falar primeiro da Prescrição e depois da Decadência. Mas antes, gostaria de citar uma curiosidade (até porque já vi cair isto em alguns

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concursos recentes): o Código Civil anterior não mencionava a expressão Decadência. Para ele tudo era Prescrição. Ele possuía um artigo que dizia: “Prescreve... ” e elencava uma série de situações. Era a doutrina que analisando item por item daquela relação dizia o que era Prescrição e o que era Decadência. Mas mesmo assim, não havia um consenso sobre todos os temas. Resumindo: era uma bagunça... Hoje a matéria está bem mais fácil. O Código diz exatamente o que é Prescrição e o que é Decadência. Ele conceitua ambos os institutos. E menciona as situações e os prazos de um e outro caso. Além disso, ainda existem alguns “macetes de concurso” facilitam a diferenciação. Vou mencioná-los depois para facilitar ainda mais este estudo, que admito, é bem teórico.

I – DA PRESCRIÇÃO (arts. 189/206, CC)

Direito Subjetivo é a faculdade que o ordenamento reconhece a alguém de exigir de outrem determinado comportamento. Representa a estrutura da relação poder-dever, em que o poder de uma das partes corresponde ao dever da outra. A infração deste dever resulta (nas relações jurídicas patrimoniais) um dano para o titular do direito subjetivo. Por isso, todo direito subjetivo deve (ou deveria) ser protegido por uma ação. No momento em que este direito é violado surge o poder de se exigir do devedor uma ação ou omissão, que permite a composição do dano ocorrido. A doutrina chama este direito de exigir de pretensão.

Pretensão é a expressão utilizada para caracterizar o poder de exigir de outrem, coercitivamente, o cumprimento de um dever. Alguns autores usam as expressões direito subjetivo e pretensão como sinônimas. Já a prescrição é a perda do direito à esta pretensão, pela inércia do seu titular durante determinado espaço de tempo previsto na lei. Ela se opera tanto em relação às pessoas naturais (físicas) como em relação às pessoas jurídicas.

Na vigência do Código anterior falava-se que prescrição era a perda do direito de uma ação que poderia ter sido ajuizada. Conceitua-se o direito de ação como “um direito subjetivo público e abstrato dirigido ao Estado em não à parte contrária”. Assim, por coerência aos ensinamentos processuais, o atual Código consolidou a idéia de que a prescrição não atinge a ação propriamente dita, mas a pretensão.

Nossa missão aqui é objetiva. O que vem caindo nos concursos. Evitando discussões doutrinárias. O atual Código adotou a tese da prescrição da pretensão. É isso o que nos interessa. Evitem maiores divagações sobre o tema. Atualmente e tecnicamente devemos falar que prescrição é causa extintiva do direito pelo seu não exercício no prazo da lei. E o texto da lei é claro

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ao dar como objeto da prescrição a pretensão de direito material (e não a ação). A pretensão é deduzida em juízo por meio de uma ação. Violado um direito nasce para o seu titular uma pretensão. E o prazo prescricional só se inicia no momento em que é violado o direito. Se a pessoa permanecer inerte, a consequência será a perda desta pretensão. Logo a prescrição é uma sanção ao titular do direito violado (que foi negligente, não postulando, ou seja, não requerendo ou exigindo seu direito em momento adequado).

Requisitos da Prescrição: a) violação do direito com o nascimento da pretensão; b) inércia do titular; c) decurso do prazo fixado em lei.

Finalizando este tópico precisamos esclarecer que a prescrição não corre enquanto não nascer a ação possível de ser ajuizada pela violação do direito. Exemplificando: emprestei uma quantia em dinheiro a uma pessoa, estipulando que a dívida dever ser paga daqui a seis meses. Ora, enquanto a dívida não vencer, o prazo prescricional também não começa a correr. Ele só se inicia a partir do momento em que o credor tem o direito de ingressar com a ação. Notem, ainda, que mesmo ocorrendo a prescrição, ainda há a conservação do direito propriamente dito. Com a prescrição perde-se apenas o direito à pretensão (não havendo mais a ação para exercer o direito em juízo). Mas o direito em si (o direito à dívida propriamente dita) ainda existe, está mantida.

Vamos recordar. O instituto não serve para proteger o lesante. Trata-se de uma punição ao próprio lesado por sua inércia. Baseia-se no interesse social de pacificação das demandas. A prescrição extingue a pretensão. Extinta a pretensão se perde o direito de ajuizar a ação, ou seja, se perde o direito de resolver a pendência judicialmente. Todavia, o direito em si (o direito material, o direito propriamente dito) permanece incólume, só que sem proteção jurídica para solucioná-lo.

Agora um exemplo completo: emprestei uma quantia em dinheiro para outra pessoa. Esta não me devolveu o dinheiro no prazo estipulado no contrato. A partir deste momento, ou seja, da data em que a dívida deveria ser paga e não o foi, houve a violação ao meu direito de crédito, começando a correr o prazo prescricional. Neste momento “nasceu” a pretensão, que é a possibilidade de se exigir o direito. A partir daí eu já posso ingressar com uma ação pleiteando meu direito. Só que eu não ingressei com esta ação. Passado o prazo fixado na lei, a dívida prescreve. Ou seja, eu não posso mais ingressar com a ação judicial pedindo o valor da dívida. Pergunto: E se o devedor paga a dívida que estava prescrita?? Pode esse devedor, após o pagamento e percebendo que havia ocorrido a prescrição, se arrepender e pedir o dinheiro de volta? Resposta = Não! A dívida estava prescrita, mas a pessoa não pode mais pedir de volta o dinheiro que pagou. Se uma pessoa pagar espontaneamente uma dívida prescrita, este pagamento valeu! E por que? – Porque o direito material ainda existia. A pessoa ainda estava me devendo; a dívida (que no caso é o direito material) ainda existia. O direito ao crédito não foi extinto pela

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prescrição. Observem que a prescrição atingiu apenas a pretensão. Eu só perdi o instrumento judicial para cobrar a dívida (ou seja, o direito de ingressar com a ação). E não à dívida propriamente dita. Portanto ele pagou algo que existia. Assim, valeu o pagamento realizado, mesmo que ação esteja prescrita, não se podendo pedir a devolução da quantia paga.

DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE A PRESCRIÇÃO

Costumo explicar cada item do Código Civil sobre a prescrição de forma individualizada. É uma maneira bem didática de dar essa matéria. Assim:

Exceção (art. 190, CC)

Determina o Código Civil: “A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão” (art. 190, CC). Inicialmente cabe um esclarecimento quanto a esta frase, em especial àqueles que não têm formação jurídica. A expressão “exceção” possui basicamente dois sentidos. De uma forma geral significa aquilo que foge à regra; que não se inclui em determinada situação; dá uma idéia de ressalva, de reserva, de exclusão. No entanto, na técnica jurídica o vocábulo significa uma outra coisa: ele indica uma forma de defesa realizada por uma das partes (em geral o réu) em um processo para opor-se a um direito do adversário. O autor deduz uma pretensão (exigindo do réu o cumprimento de um dever jurídico). E o réu pode se defender por meio de uma exceção. Muitas vezes esta defesa é indireta, pois o réu, sem negar categoricamente o fato alegado pelo autor, alega um outro fato ou direito com o objetivo de elidir ou paralisar a ação proposta. Trata-se de uma expressão mais ligada ao Direito Processual (Civil ou Penal). A doutrina costuma afirmar que as exceções são forças contrastantes às ações; um verdadeiro contradireito do réu que visa elidir as consequências jurídicas pretendidas pelo autor. Exemplos: o autor ingressa com uma ação (deduzindo uma pretensão – cobrando uma dívida) e o réu alega como defesa que já foi processado, sendo que a ação foi julgada improcedente por aquele mesmo fato (neste caso falamos em exceção de coisa julgada); ou alega que já há uma ação pendente sobre o mesmo assunto (exceção de litispendência); ou que aquele juízo é incompetente para apreciar este tipo de questionamentos (exceção de incompetência); ou que ele não é parte legítima no processo (exceção de ilegitimidade processual); etc. Um outro exemplo é o seguinte: “A” ingressa com uma ação em face de “B” cobrando uma dívida; “B” por sua vez alega que “A” também é seu devedor; neste caso, “A” e “B” são credores e devedores reciprocamente, sendo que ambas as dívidas se compensam e as obrigações se extinguem. O que o dispositivo legal (art. 190, CC) quer dizer é que o prazo dado para a manifestação do contradireito (que é a exceção ou a defesa) é exatamente o mesmo que a lei estipula para que o titular da ação exerça sua pretensão. Por isso costuma-se dizer que a exceção (defesa) nasce com o exercício da pretensão.

Renúncia (art. 191, CC)

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O art. 191, CC prevê que a renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar. Apesar de pequeno, este dispositivo é muito importante, trazendo muitas consequências. Vamos por partes.

Inicialmente nosso Código não admite a renúncia prévia ou antecipada. Isto é, não pode haver a renúncia da prescrição antes dela ocorrer, para não destruir a sua eficácia prática. Exemplo: o credor insere no próprio contrato uma cláusula em que o devedor renuncia (isto é desiste do direito de alegá-la) de forma antecipada, eventual e futura prescrição. A lei proíbe esta conduta. Caso contrário qualquer credor poderia colocar uma cláusula no contrato de que o seu direito permaneceria válido e eficaz até o momento que ele, credor, desejasse e eventualmente ingressasse com a ação judicial. Ou seja, poderia propor a ação quando quisesse.

Além disso, não pode haver a renúncia à prescrição quando esta for em prejuízo de terceiros. Exemplo: A deve a B e C determinada quantia (duas dívidas autônomas). Em relação a B a dívida está prescrita. Resta então A pagar C. No entanto A renuncia a prescrição em relação a B e paga sua dívida em relação a ele. A seguir alega que não tem mais dinheiro para pagar C. Ora, a dívida estava prescrita. B não tinha mais como cobrar a dívida. E A ao pagar B, renunciou à prescrição, mas prejudicou os direitos de C. Portanto esta conduta não é permitida. Trata-se de uma evidente fraude contra credores, sendo que C pode anular a renúncia e pedir a entrega do dinheiro para si.

Finalmente a renúncia pode ser expressa ou tácita. Na expressa o prescribente (pessoa a quem a prescrição aproveitaria) abre mão do direito de forma explícita, dizendo que não deseja dela se utilizar. Já a tácita é aquela em que ele pratica atos incompatíveis com a prescrição. O exemplo clássico é o próprio pagamento de uma dívida já prescrita. Se eu pago uma dívida que já estava prescrita, eu estou renunciando tacitamente à prescrição. Como vimos, isso é possível. Desde que não afete direito de terceiros. Outro exemplo: fazer uma transação (acordo) referente a uma dívida prescrita (ora, se a dívida está prescrita eu não preciso pagá-la e, muito menos, fazer um acordo – ex: parcelamento – para este pagamento).

Alegação (art. 193, CC)

A prescrição pode ser alegada em qualquer fase de um processo, mesmo em grau de recurso pela parte a que aproveita, ou seja, pela parte interessada ou beneficiada com a sua declaração. Uma ação geralmente é interposta perante um Juiz singular (Primeira Instância) e o processo deve seguir um trâmite. A prescrição pode ser alegada em qualquer momento deste trâmite processual, até no seu “finalzinho”. É o que diz a lei. Após a sentença do Juiz, as partes podem recorrer da decisão. O processo então será encaminhado para um Tribunal, que é o órgão de Segunda Instância. Também nele a prescrição pode ser arguida.

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A doutrina aponta que não é cabível a alegação de prescrição na fase de liquidação em processo de execução, nem em fase de liquidação da sentença. Ou seja, o processo, propriamente dita já acabou. Agora somente estamos executando o que ficou anteriormente decidido. Tem-se entendido que também não se pode alegar a prescrição pela primeira vez perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF), pois estes Tribunais são consideradas como Instâncias Especiais e Extraordinárias. Eles somente poderiam conhecer de recursos nos quais tenha havido prévio debate da matéria em outras instâncias (ou seja, a matéria deve ser “pré-questionada”).

Efeitos Essenciais da Prescrição

• Os particulares, por meio de um contrato, não podem declarar que um direito é imprescritível. Só a lei pode fazê-lo e mesmo assim em circunstâncias muito especiais, conforme veremos.

• Os prazos prescricionais não podem ser alterados pelos particulares, mesmo que haja um acordo de vontades entre eles (art. 192, CC), seja para se reduzi-los ou aumentá-los. É a lei que determina quais são os prazos prescricionais, impedindo que eles sejam alterados.

• Antes de consumada é irrenunciável (como vimos não se pode renunciar a prescrição que ainda não ocorreu).

• Os relativamente incapazes (art. 4o, CC) e as pessoas jurídicas, também têm direito a ação regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente (art. 195, CC). Exemplo: um rapaz com 16 anos que está sob tutela, possui um crédito. Seu representante legal sabe disso e não ingressa com a ação para cobrar a dívida. Com o tempo ocorre a prescrição. Em relação à dívida nada mais pode ser feito. Ela está prescrita. Mas posteriormente o rapaz poderá acionar o seu tutor em razão de sua não-alegação do direito. Trata-se de mais uma forma de se proteger e preservar o patrimônio de incapazes ou das empresas.

• Suspensa a prescrição em favor de um credor solidário, somente se suspenderá a prescrição em favor dos demais se a obrigação for indivisível. Exemplo: Antônio se comprometeu a entregar um cavalo de raça para Bernardo e Carlos de forma solidária. Assim, eles são credores solidários de um bem indivisível (o cavalo). Se por algum motivo o prazo prescricional for suspenso em relação a Bernardo, este prazo, por força de lei (art. 201, CC), também ficará suspenso em relação a Carlos, pois a obrigação além de solidária é indivisível. No entanto, se a obrigação for divisível a prescrição somente ficará suspensa em relação a Bernardo, correndo normalmente em relação ao outro credor.

Observação – todos estes efeitos citados acima têm uma incidência incrível em concursos públicos!!!

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Pessoas a quem aproveita

A prescrição pode ser alegada e aproveita tanto às pessoas físicas como às jurídicas. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra seu sucessor (art. 196, CC). Ou seja, se um prazo prescricional começou a correr contra uma pessoa, falecendo esta no curso do prazo, este continua a correr normalmente. Os herdeiros disporão apenas do prazo faltante para exercer a pretensão. Exemplo: A tem um direito de ação em face de B. Digamos que o prazo prescricional é de dez anos. Passados sete anos A não ingressou com a ação e faleceu. Neste caso os herdeiros de A ainda têm mais três anos para mover a ação. O prazo não para em razão de sua morte.

Mas há uma exceção a essa regra: na hipótese em que o sucessor é absolutamente incapaz. Neste caso a prescrição não corre (fica impedida ou suspensa, como veremos adiante). Aproveitando o exemplo acima: A faleceu e seu único filho tem 12 anos de idade. Com a morte de A o prazo prescricional fica paralisado, suspenso, somente se reiniciando quando o herdeiro completar 16 anos (pois passa a ser relativamente incapaz).

Finalmente em relação a este tópico: Prescrevendo o direito principal, prescrevem também os acessórios. Exemplo: se a dívida principal prescreveu, com ela prescreveu também a multa contratual (trata-se da aplicação da regra, que aqui também se aplica, de que “os acessórios acompanham o principal").

Declaração de Ofício (ex officio)

Indagação relevante: um Juiz, no curso de uma ação judicial, pode reconhecer a prescrição, mesmo que a outra parte não tenha alegado, ou seja, mesmo que não tenha sido provocado para decidir a respeito? Exemplo: digamos que uma eventual pretensão já esteja prescrita. Eu tenho ciência deste fato, mas, assumindo o risco, ingresso com a ação judicial mesmo assim... A outra parte não alega a prescrição (dizemos na gíria que ela “engoliu barriga” ou “comeu bola”). Mas o Juiz percebe que ocorreu a prescrição. Pergunto: pode o Juiz reconhecer a prescrição sem que a mesma tenha sido alegada (chamamos isso de declaração ex officio)?

O entendimento era de que o Juiz não podia suprir, de ofício, a alegação de prescrição, salvo se favorecesse a pessoa absolutamente incapaz. Era o que dispunha o art. 194, CC. Se a outra parte não alegasse a prescrição o Juiz estaria entendendo que houve renúncia tácita da prescrição. Portanto ele não poderia reconhecê-la sem ser provocado; sem que houvesse pedido da parte contrária.

No entanto a Lei n° 11.280 de 16 de fevereiro de 2006 revogou o artigo 194 do Código Civil. Ou seja, atualmente o Juiz poderá declarar a prescrição de uma ação, independentemente de requerimento da outra parte, em qualquer situação. E não somente na hipótese de favorecer a pessoa absolutamente incapaz, como era anteriormente.

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Requisitos para se reconhecer a Prescrição:

• pretensão a ser exercida (a pretensão nasce com a violação de um direito).

• inércia do titular desta pretensão (não exercício do direito).

• continuidade dessa inércia durante certo lapso de tempo fixado em lei.

• ausência de algum fato ou ato a que a lei confira eficácia impeditiva, suspensiva ou interruptiva de curso prescricional, conforme veremos logo adiante.

Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas da Prescrição

Em princípio, uma vez exigível o direito subjetivo surge a pretensão. A partir daí começa a correr o prazo prescricional para se ingressar com a ação adequada. No entanto a lei prevê situações em que o prazo sequer inicia seu fluxo, ainda que já surgida a pretensão (são as causas impeditivas) ou que suspendem o curso da prescrição já iniciada (são as causas suspensivas) ou mesmo fazem com que o prazo seja reiniciado (são as causas interruptivas). A relação destas hipóteses é taxativa (dizemos tecnicamente: numerus clausus). Ou seja, as causas estão expressamente previstas na lei, não se podendo fazer uma “interpretação extensiva”. Isto porque estas causas só podem ser estabelecidas por uma lei (trata-se de uma norma de ordem pública).

Vejamos item por item, todas as situações previstas no Código Civil.

1) CAUSAS IMPEDITIVAS E SUSPENSIVAS (arts. 197, 198 e 199 do CC)

De início, cumpre destacar que a diferença entre impedimento e suspensão do prazo prescricional é sutil. Ambas possuem o mesmo regime jurídico. Porém se diferenciam:

Causas impeditivas são circunstâncias que impedem que o curso prescricional se inicie, em razão do estado de uma pessoa (atendendo a razões de confiança, amizade, e de ordem moral). A contagem do prazo não se inicia enquanto durar a impossibilidade jurídica do impedimento. Ou seja, se o prazo ainda não começou a fluir a causa ou obstáculo impede que ele comece. Se o obstáculo surge após o prazo ter iniciado, ocorre a suspensão.

Causas suspensivas são circunstâncias que paralisam temporariamente o curso prescricional, sem prejuízo do tempo já decorrido. O prazo prescricional vinha fluindo normalmente, sendo que ocorreu um fato que o fez paralisar. Neste momento a contagem do prazo fica suspensa. Superado esse fato, extinta a circunstância, o prazo prescricional volta a correr de onde parou, aproveitando-se e computando-se o prazo já decorrido antes do fato.

Segundo os artigos mencionados acima, não corre a prescrição:

• Entre os cônjuges na constância da sociedade conjugal. Observem que dependendo do momento em que a dívida venceu pode ser hipótese de

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impedimento ou de suspensão do prazo. Exemplos: uma mulher empresta determinada quantia a seu namorado. Quando esta dívida vence, eles já estão casados (não importando qual o regime de bens adotado pelo casal) e o marido não paga a dívida. O prazo prescricional sequer se iniciou, pois não corre prescrição na constância do casamento. É hipótese de impedimento. Se eles se separarem a mulher teria (ao menos em tese) o direito de cobrar aquela dívida. No entanto se a dívida venceu antes do casamento, o prazo prescricional já se iniciou. Após isso, sem que haja o pagamento da dívida, credora e devedor se casam. Neste momento o prazo fica suspenso. Se eles se separarem o prazo prescricional volta a fluir pelo tempo que ainda resta.

• Entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar. Exemplo: vamos imaginar que haja um conflito de interesses entre um menor e seus pais (ou avós). Seria um absurdo se exigir que o menor ingressasse com uma ação judicial contra seus ascendentes para preservar seus direitos, sob pena de prescrição. Portanto, aguarda-se a extinção do poder familiar (18 anos), quando então a pessoa, sentindo-se lesada, poderá acionar seus ascendentes.

• Entre tutelados ou curatelados e seus tutores e curadores, durante a tutela ou curatela. É a mesma justificativa em relação ao menor e seus pais. Protege-se, assim, o interesse do incapaz quanto à falta de zelo de seus representantes legais (tutores e curadores).

• Contra os absolutamente incapazes (art. 3o, CC). Exemplo: vamos imaginar que uma pessoa que é credora de outra, faleça. O de cujus (o falecido) deixou um filho que tem oito anos de idade. Essa criança nem ao menos sabe de seus direitos, que têm créditos a receber. Por isso, para protegê-la, o CC determina que não corre prescrição contra ela, pois é absolutamente incapaz. Aguarda-se, assim, que complete 16 anos (e seja relativamente incapaz); somente a partir daí o fluxo do prazo prescricional terá início. No entanto a prescrição pode correr “a favor” dos absolutamente incapazes (ex: quando o incapaz é o devedor e o credor não o aciona no tempo certo).

• Contra os ausentes do Brasil em serviço público da União, dos Estados e Municípios.

• Contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

• Pendendo condição suspensiva (sobre este tema, veremos os elementos acidentais do Negócio Jurídico, que será ministrado na próxima aula). Acompanhem o desenvolvimento lógico neste exemplo: eu lhe darei um carro se você passar no concurso (esta é uma condição suspensiva). Enquanto você não passar no concurso, isto é, enquanto a condição não for realizada, você não adquire o direito. Se não houve a aquisição do direito, ainda não há uma ação para proteger o direito. E se não há uma ação que se possa exercitar, o prazo prescricional não se inicia.

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• Não estando vencido o prazo. Trata-se do mesmo princípio do item anterior. Se o prazo de uma dívida ainda não venceu, ainda não se pode exigir o seu pagamento. E se ainda não se pode exigi-lo o prazo prescricional também não pode ter início. Trata-se, mais uma vez da aplicação do princípio da actio nata.

• Pendendo ação de evicção, suspende-se também a prescrição em andamento. Evicção é a perda da propriedade para terceiro em virtude de ato jurídico anterior e de sentença judicial (este tema é analisado no Direito das Coisas, mas não está no nosso edital). Exemplo: há um litígio para se saber quem é o proprietário de um imóvel. Enquanto não resolvido este litígio definitivamente, o prazo prescricional não pode ter início. Mais uma vez trata-se do princípio da actio nata (a prescrição não corre enquanto não nascer a ação possível de ser ajuizada).

• Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva (art. 200, CC). Exemplo: foi instaurado um processo criminal em que A é acusado de matar B. A alega que não matou (negativa de autoria). Neste caso a decisão criminal irá influir no Direito Civil. Como regra há uma independência entre as esferas criminal, civil e administrativa (art. 935, CC). Mas em algumas situações (ex: a existência ou não do fato delituoso e a negativa de autoria), a decisão criminal faz coisa julgada no cível. Portanto, deve-se aguardar o desfecho do processo criminal. Somente depois que a questão for resolvida no Juízo Criminal, apontando a autoria e a materialidade do delito é que se inicia o prazo prescricional. No nosso exemplo: aguarda-se a sentença criminal. Se A for condenado criminalmente, a partir desta condenação inicia-se o prazo de prescrição para que os familiares de B ingressem com eventual ação de reparação de danos pela prática do ato ilícito no Juízo Cível.

Vejamos agora um exemplo prático em relação aos efeitos da

suspensão da prescrição: imaginem um direito qualquer, cujo prazo prescricional previsto na lei seja de cinco anos. Passaram-se três anos e a pessoa não entrou com a ação judicial adequada. Após esse período (três anos), surge uma causa suspensiva da prescrição. A partir deste momento o prazo fica paralisado, suspenso. Durante o período em que o prazo esteve parado, ele não é computado. Posteriormente a circunstância que fez com que o prazo fosse suspenso, deixou de existir. O prazo volta a correr. O credor tem direito de ingressar com a ação de cobrança. Mas só pelo prazo que resta. No exemplo dado só restam dois anos. Ou seja: cinco anos (prazo inicial) menos três anos (prazo que já havia ocorrido), é igual a dois anos (o que ainda resta). Assim, é esse o prazo que resta para se ingressar com a ação, antes do prazo fatal da prescrição. O prazo volta a correr contado da data em que havia parado. Costumo sempre dar o seguinte quadrinho para se entender melhor o tema:

Suspensão do Prazo Prescricional

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Ano Ano 1º 2º 3º 4º 5º

Fluxo de prazo prescricional de 05 anos, onde já decorreram 03 anos.

Suspensão

do

Prazo

Cessada a suspensão, o prazo retoma seu fluxo pelo saldo (no caso são mais 02 anos).

Observação Importante:

Diz o art. 201, CC que “Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível”. Já vimos este dispositivo. Mas vamos explicar isso melhor.

Se uma obrigação tiver credores solidários (ou seja, qualquer credor pode exigir do devedor a prestação por inteiro), mas o objeto é divisível (ex: dinheiro), e ocorreu uma causa de suspensão de prescrição para apenas um dos credores, a prescrição ficará suspensa apenas em relação este credor (ou seja, em relação aos demais credores o prazo continua a correr normalmente). Exemplo: três pessoas são credoras de uma quarta de uma importância em dinheiro. Um dos credores se tornou absolutamente incapaz. Neste caso a prescrição somente não corre contra o incapaz, correndo normalmente contra os demais, pois a obrigação de entregar dinheiro é divisível.

Por outro lado, se a obrigação solidária for indivisível, uma vez suspensa a prescrição em favor de um dos credores, tal suspensão aproveitará (será estendida) aos demais. Exemplo: dois credores, sendo que um tem 13 anos (absolutamente incapaz) têm direito de receber um cavalo puro-sangue reprodutor (obrigação indivisível). Neste caso o prazo prescricional somente começará a fluir para todos quando o incapaz completar 16 anos (pois a partir daí ele deixa de ser absolutamente incapaz).

2) CAUSAS INTERRUPTIVAS (art. 202 a 204, CC)

São circunstâncias que impedem o fluxo normal do prazo prescricional, inutilizando o tempo já decorrido, de modo que o prazo recomeça a correr a partir da data do ato que o interrompeu, ou seja, o período já decorrido é inutilizado e o prazo volta a correr novamente por inteiro. A contagem recomeça do zero. Exemplo: o prazo prescricional é de cinco anos. Após três anos de fluência de prazo foi o mesmo interrompido. Este prazo recomeça do zero. A parte tem mais cinco anos para entrar com a ação apropriada. O efeito é instantâneo: o prazo recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.

Suspensão X Interrupção

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A grande diferença ente suspensão e interrupção da prescrição é que na suspensão o prazo é temporariamente paralisado, de forma que superado o fato suspensivo, a prescrição continua a correr computando-se o tempo que já tinha decorrido (recomeça a correr pelo tempo faltante). Já na interrupção a causa interruptiva faz com que o prazo já iniciado seja desconsiderado, começando a ser contado de novo desde o início.

Outra coisa: Na interrupção, como regra, exige-se um comportamento ativo, uma provocação do credor (ex: a notificação). Já na suspensão exige-se apenas a ocorrência de um fato previsto na lei; ocorrido este, o prazo prescricional é suspenso de forma automática.

Causas

Como vimos acima, a interrupção depende, em regra, de um comportamento ativo do credor, que deve mostrar interesse no exercício ou proteção do direito. São causas que interrompem a prescrição:

• O despacho do Juiz, mesmo incompetente, que determinar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual. Aqui é necessário fazer uma conexão com o art. 219 do Código de Processo Civil: “A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por Juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição”. Notem que há um certo conflito entre o texto do Código Civil (que menciona o despacho do Juiz) e o texto do Código de Processo Civil (que menciona a citação em si). A doutrina vem tentando harmonizar os dois dispositivos, prevalecendo a tese de que a interrupção se dá com a citação, porém, com efeitos retroativos à data da propositura da ação, desde que obedecidos os prazos fixados na lei processual.

• O protesto judicial (trata-se de uma ação judicial, na verdade uma medida cautelar prevista no CPC) ou o protesto cambial (ou seja, o protesto extrajudicial de um título de crédito como o protesto de um cheque, de uma nota promissória ou de uma duplicata). Ambas as situações se destinam a prevenir responsabilidade, ressalvar e conservar direitos ou manifestar qualquer intenção de modo formal. Tais providências refletem um comportamento ativo do credor, demonstrando a sua intenção de agir, de ver seu crédito pago, constituindo o devedor em mora e interrompendo a prescrição.

• A apresentação do título de crédito em juízo de inventário, ou em concurso de devedores. A habilitação do credor em inventário, na falência ou nos autos de insolvência civil, constitui comportamento que também demonstra a intenção do credor em interromper a prescrição.

• Qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor. Exemplo: interpelação judicial, notificação judicial, ações cautelares de uma forma geral, etc.

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• Qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito do devedor. Exemplo: pagamento de uma parcela do débito, pedido de prorrogação de prazo para pagamento da dívida, etc. Esta hipótese é muito interessante, pois se trata da única em que há interrupção da prescrição, sem que haja uma atividade do credor, mas sim do devedor.

Importante: a interrupção da prescrição no Direito Civil só poderá se

dar uma vez (é o que determina expressamente o art. 202, caput, CC). A restrição é benéfica, evitando, com isso inúmeras interrupções abusivas, a má-fé e o adiamento da solução das pendências.

Exemplo prático de uma hipótese de interrupção do prazo de

prescrição: imaginem novamente um direito qualquer, cujo prazo prescricional seja de cinco anos. Passaram-se três anos e a pessoa não entrou com a ação judicial. Após esse prazo, surge uma causa interruptiva da prescrição (ex: credor ingressa com uma notificação ou protesta um título de crédito). Neste caso o prazo “zera”, ou seja, volta à estaca zero. O prazo reinicia o seu curso. A pessoa tinha cinco anos para exercer o direito. Passaram-se três e não exerceu. Com a interrupção devolve-se o prazo de cinco anos para ingressar com a ação principal. Vejam o quadro abaixo que facilita o entendimento da matéria:

Interrupção do Prazo Prescricional

Ano Ano 1º 2º 3º 1º 2º 3º 4º 5º

Fluxo de um prazo prescricional de 05 anos, onde já decorreram 03 anos.

Interrupção

Do

Prazo

Interrompido, o prazo fluirá por mais 05 anos; inicia-se novamente, mas por apenas uma vez mais.

Quem pode promover a interrupção da prescrição? Nos termos do art. 203, CC, a interrupção da prescrição poderá ser promovida por qualquer pessoa que tenha um interesse jurídico. Portanto têm legitimidade para o ato:

• o próprio titular do direito em via de prescrição. • quem legalmente o represente. • terceiro que tenha legítimo interesse (ex: credores, fiadores ou herdeiros

do credor).

Reflexos da interrupção da prescrição (art. 204, CC). Em princípio a interrupção da prescrição beneficia apenas quem a promove. Assim, como regra, no caso de pluralidade de credores, o fato de um credor promover a interrupção, tal fato beneficiará apenas quem alegou a interrupção e não será estendido aos demais credores. Da mesma forma, como regra, se houver a pluralidade de devedores e o credor interrompeu a prescrição em relação a

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apenas um deles, este fato prejudicial não será estendido aos demais devedores. No entanto há exceções:

• Se for obrigação solidária (passiva ou ativa) a interrupção efetuada contra um devedor atingirá (prejudicando) os demais; e a interrupção aberta por um dos credores atingirá (beneficiando) os demais. Isto porque na solidariedade os vários credores são considerados com um só credor e, da mesma forma, todos os devedores são considerados como um só devedor.

• A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudicará os outros herdeiros, a menos quando se tratar de obrigação indivisível. Isto é assim porque a solidariedade não se transmite aos herdeiros, salvo se a obrigação for indivisível.

• Finalmente, se um credor interrompe a prescrição contra o devedor de uma obrigação principal (ex: locação), interrompe-se, também, eventual prazo prescricional contra o devedor da obrigação acessória (ex: fiança). Lembrem-se mais uma vez da regra: “o acessório segue o principal”.

PRAZOS PRESCRICIONAIS

O prazo da prescrição é o espaço de tempo que decorre entre seu termo inicial e final. O atual Código Civil em seu art. 205 optou por um critério simplificado de 10 anos para o prazo prescricional geral, tanto para as ações pessoais como para as reais, salvo quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Assim, para sabermos em quanto tempo prescreve uma determinada ação, devemos proceder da seguinte forma: primeiramente verificamos se a ação que desejamos propor está prevista em algum dos parágrafos do art. 206, CC. Se encontrarmos a situação prevista em algum dispositivo, o prazo é o nele determinado expressamente. Porém, se analisamos todas as situações legais e não encontramos a ação que desejamos propor, aplica-se a regra geral de 10 anos do art. 205, CC.

Temos, portanto temos duas espécies de prazo.

Espécies de Prazo

1) Ordinário (ou comum) – 10 (dez) anos em ações pessoais (ex: uma ação de cobrança que envolve duas pessoas: credor e devedor) ou reais (ex: uma ação que envolve posse, propriedade, hipoteca, etc.), alusivas ao patrimônio do titular da pretensão. Art. 205, CC: “A prescrição corre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor”.

2) Especial – são prazos mais exíguos (de um a cinco anos), pois há uma presunção de que é conveniente reduzir o prazo geral para possibilitar o exercício de certos direitos de forma a evitar que acontecimentos do passado remoto possam ainda ser questionados. Estão previstos no art. 206 e todos os seus parágrafos do CC. A diferença dos prazos repousa em uma valoração feita pelo legislador, bem como em condições pessoais do titulares das pretensões. Não se discute se eles são longos ou curtos; são fixados pela lei, que é a única fonte deles em nosso sistema.

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Destacamos como os mais importantes (somente pelo fato de haver maior incidência em concursos públicos):

a) 02 (dois) anos – pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. É interessante deixar claro que a prescrição somente atinge as prestações alimentares e nunca o direito aos alimentos. O direito aos alimentos é imprescritível; o que prescreve são as prestações alimentares.

b) 03 (três) anos – pretensão de reparação civil por ato ilícito; pretensão para haver o pagamento de títulos de crédito, a contar do vencimento (ressalvadas as disposições de lei especial); pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos.

c) 05 (cinco) anos – pretensão dos profissionais liberais em geral (médicos, advogados, contadores, etc.), pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão do serviço.

Citamos agora os prazos prescricionais em geral:

Prescrevem em 01 (um) ano:

a) a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;

b) a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:

- para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador;

- quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;

c) a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários;

d) a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo;

e) a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.

Prescreve em 02 (dois) anos:

- a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. Quando o edital exige o tema Direito de Família (não é o nosso caso), aconselho atenção neste prazo, pois é o que mais cai...

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Prescrevem em 03 (três) anos:

a) a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;

b) a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;

c) a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;

d) a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;

e) a pretensão de reparação civil;

f) a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição;

g) a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo:

- para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;

- para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento;

- para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação;

h) a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial;

i) a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.

Prescreve em 04 (quatro) anos:

- a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.

Prescrevem em 5 (cinco) anos:

a) a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;

b) a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato;

c) a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.

AÇÕES IMPRESCRITÍVEIS

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Como vimos a prescritibilidade é a regra, sendo que a imprescritibilidade é a exceção. Assim, como exceção, são imprescritíveis as ações que versem sobre:

• os direitos que protegem a personalidade, como a vida, a honra, o nome, a liberdade, a intimidade, a própria imagem, as obras literárias, artísticas ou científicas, etc.

• o estado da pessoa, como filiação (ex: investigação de paternidade), condição conjugal (separação judicial, divórcio), interdição dos incapazes, cidadania, etc. Uma pergunta que sempre me fazem é a seguinte: um filho nascido fora de um casamento pode mover ação de investigação de paternidade a qualquer momento? Não há prescrição para isso? Quanto a este tema há uma Súmula do Supremo Tribunal Federal a respeito (n° 149): “É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança”. Portanto não há prazo par mover ação de investigação de paternidade. Porém a ação de petição de herança prescreve. Como vimos os prazos prescricionais especiais estão previstos no art. 206, CC. A petição de herança não está prevista naquele rol. Logo cai na regra geral do art. 205, CC cujo prazo é de 10 anos.

• o direito de família no que concerne à questão inerente à pensão alimentícia, vida conjugal, regime de bens, etc.

• ações referentes aos bens públicos de qualquer natureza. Lembrem-se que não pode haver usucapião referente aos bens públicos, conforme o art. 102, CC. Súmula 340 STF: “Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião”. Usucapião não deixa de ser uma espécie de prescrição. Alguns autores inclusive a chamam de prescrição aquisitiva.

• ação para anular inscrição do nome empresarial feita com violação de lei ou do contrato.

II – DA DECADÊNCIA (arts. 207/211, CC)

Como vimos mais acima, direito subjetivo é a faculdade que o ordenamento reconhece a alguém de exigir de outrem determinado comportamento. Entretanto existem alguns direitos subjetivos que não fazem nascer pretensões, pois são destituídos dos respectivos deveres. Eles são chamados de Direitos Potestativos.

Direito Potestativo é o poder que o agente tem de influir na esfera jurídica de outrem, constituindo, modificando ou extinguindo direitos, sem que este possa fazer alguma coisa, senão sujeitar-se a sua vontade. Exemplo: aceitar ou renunciar à herança. Ninguém pode me obrigar a aceitar uma herança; eu aceito se eu quiser. E a minha conduta em não aceitar a herança

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pode refletir em outras pessoas (nos meus filhos que não terão direito a estes bens, nos outros herdeiros que poderão acrescer o seu quinhão, etc.). Mas estas outras pessoas (lado passivo da relação jurídica) limitam-se apenas em se sujeitar ao exercício da minha vontade. Não há um dever da minha parte. Não havendo dever não se pode falar em descumprimento. E consequentemente não há pretensão. Outros exemplos: aceitar ou não a proposta de um contrato de locação ou de oferta de emprego; possibilidade do patrão em demite um funcionário, etc.

O tempo limita o exercício dos direitos potestativos pela inércia do respectivo titular. Caducidade (em sentido amplo) significa extinção de direitos de uma forma geral. Já a expressão decadência é usada em sentido estrito, consubstanciando na perda dos direitos potestativos, posto que foi ultrapassado um prazo que a lei estabeleceu para o exercício de um direito.

Assim, decadência é a perda do direito material ou do direito propriamente dito. Como falei acima, o Código Civil atual apresenta mais uma inovação quanto ao tema, disciplinando, expressamente, a decadência nos artigos 207 a 211. Com a decadência, extingue-se, não só a pretensão, como o próprio direito existente, pelo não exercício do mesmo no prazo estabelecido, de modo que nada mais resta. Este direito também é chamado de direito material, direito propriamente dito, direito em si, etc. Em exames é muito comum o uso da expressão: “decadência é a perda de um direito potestativo”, como vimos acima.

O Código Civil estabelece prazos para que a pessoa exerça o seu direito potestativo. Não se exercendo este direito dentro de determinado prazo, por não haver neste direito uma prestação, ela jamais poderá fazê-lo; tem-se a extinção do próprio direito.

Se alguém paga um débito cujo prazo eventualmente já havia sido atingido pela decadência, essa pessoa tem direito à restituição da importância paga, porque não mais existia o direito àquele crédito. Lembrem-se que se alguém pagar algo que estava prescrito não pode pedir de volta o que pagou. O pagamento valeu. Por quê? Porque o Direito Material ainda existia. Mas se alguém paga algo em que ocorreu a Decadência, pode pedir o dinheiro de volta, pois pagou algo que não existe mais, sob o ponto de vista jurídico. Não há mais o direito material. Costumamos dizer que ainda existe a dívida sob o ponto de vista moral; moralmente a pessoa ainda estaria devendo. Mas juridicamente a dívida não mais existe, pois a decadência atingiu o próprio direito; a dívida em si.

Decadência X Prescrição

Entre muitas outras diferenças (observem o quadro comparativo mais abaixo), a doutrina costuma enfatizar o seguinte:

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Na decadência o prazo começa a fluir no momento em que nasce o direito; surge, simultaneamente direito e termo inicial. Já o prazo prescricional só se inicia quando o direito é violado; quando ocorre a lesão ao direito subjetivo.

Além disso, os prazos prescricionais resultam exclusivamente da lei; já na decadência, como veremos, os prazos podem ser legais ou convencionais, mas não podem ser suspensos ou interrompidos e, geralmente, são menores do que os prescricionais.

Enquanto a prescrição atinge a pretensão, a decadência atinge o próprio direito, o direito material.

IMPORTANTE – Direito de Ação X Direito Material

Para ficar bem claro que na Prescrição perde-se o direito à pretensão e na Decadência perde-se o direito material, costumo sempre diferenciar o que é um direito material e o que é um direito de ação. Já falamos sobre isso. Vamos reforçar... Vou inicialmente usar um exemplo do Direito Penal. A nossa Constituição Federal estabelece uma série de Direitos e Garantias ao cidadão. Um deles é o Direito de Locomoção; o direito de ir, vir e permanecer (art. 5o, inciso LXVIII). Logo o Direito de Locomoção é um direito propriamente dito, é um direito material. Se uma autoridade viola esse direito, ou seja, determina a prisão da pessoa de forma ilegal, o que esta pessoa deve fazer?? Ingressar com uma ação!!! Qual o nome desta ação? – Habeas Corpus. O Habeas Corpus é, então, uma ação. Portanto: Direito Material → o direito de locomoção; a liberdade. Direito de Ação → Habeas Corpus. Outro exemplo, agora no Direito Civil: eu empresto determinada quantia de dinheiro a um conhecido. Qual é o meu direito? De receber de volta o dinheiro que eu emprestei (direito ao crédito). Este é o meu direito material; o meu direito propriamente dito. Se essa pessoa não me paga o que está devendo, está violando meu direito material. Com isso, “nasce” o meu direito à pretensão. Ou seja, o meu direito de cobrar judicialmente o que ele me deve. Assim: Direito Material → o de receber o que eu emprestei; Direito de Ação → a Ação de Cobrança que devo propor.

ESPÉCIES DE DECADÊNCIA

O objeto da decadência é o direito que por determinação legal ou convencional (vontade humana unilateral ou bilateral), está subordinado à condição de exercício em certo espaço de tempo, sob pena de caducidade. A decadência pode ser classificada em:

A) Decadência Legal

Ocorre quando o prazo estiver previsto na lei. Os exemplos de decadência por determinação legal são os previstos expressamente no Código Civil e em leis especiais.

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O conteúdo deste é de exclusivo de Joyce de Mello Carvalho, CPF:05767859701, vedada, quaisquer

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Exemplos: prazo para alegar defeito oculto em algum produto que adquiriu; prazo para anular um negócio jurídico por ter algum defeito relativo ao consentimento (erro, dolo, coação, etc. – art. 178, CC). Segundo o art. 209, CC a decadência resultante de prazo legal não pode ser renunciada pelas partes (nem antes e nem depois de consumada), sob pena de nulidade absoluta. Isto porque as hipóteses legalmente previstas versam sobre questões de ordem pública, não cabendo às partes afastar sua incidência legal.

B) Decadência Convencional

Ocorre quando sua previsão decorrer de uma cláusula pactuada pelas partes em um contrato (autonomia privada). A contrario sensu (entendimento doutrinário) do art. 209, CC que proíbe a renúncia da decadência fixada em lei, pode-se concluir que é possível a renúncia à decadência convencional.

Exemplo clássico: oferta, em uma loja de eletrodomésticos, de venda válida somente por alguns dias (a chamada “liquidação total”; ou “queima de estoques”, etc.). Exercido o direito afasta-se a decadência, uma vez que esta se dá quando o direito não é exercido. Se você não aproveitar a oferta dentro do prazo marcado, não poderá mais ir à loja para “aproveitar a oferta”. Como a oferta não mais existe, também o direito a ela se extinguiu. Outro exemplo: prazo para o exercício do direito de arrependimento previsto no próprio contrato.

Arguição

Pelo art. 210, CC o Juiz deve (trata-se de um dever e não mera faculdade) conhecer e decretar a decadência legal, mesmo que não haja provocação das partes, no momento em que a detectar. Falamos que neste caso o Juiz pode agir ex officio. Este direito é irrenunciável (diferentemente da prescrição, em que se pode renunciar, embora somente após a sua consumação). Na decadência legal há um interesse social em se ver extinto o direito pelo seu não exercício no prazo previsto em lei. Por analogia entende-se que a decadência pode ser arguida em qualquer estado da causa e em qualquer instância.

Em que pese a revogação do art. 194, CC (referente à prescrição), se o prazo decadencial foi estipulado pelas partes (convencional), o Juiz não pode reconhecer a decadência de ofício. Isto porque foram os próprios contratantes (e não a lei) que estabeleceram o prazo decadencial para o exercício do direito. Portanto somente eles é que teriam o direito de alegá-la, em qualquer fase do processo ou grau de jurisdição. Tal regra de extrai do art. 211, CC.

Resumindo: a) o Juiz deve conhecer de ofício a decadência legal; b) o Juiz somente declara a decadência convencional, se provocado pelo interessado; c) a parte interessada pode alegar a decadência em qualquer grau de jurisdição.

Efeitos

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O efeito da decadência é a extinção do direito em decorrência de inércia do titular para o seu exercício. O efeito tempo é devastador: extingue o direito, extinguindo, indiretamente, a ação.

Como regra, não se aplicam à decadência todas aquelas normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição (art. 207, CC). Portanto o prazo decadencial corre contra todos (falamos em efeito erga omnes). Nem mesmo aquelas pessoas contra as quais não corre a prescrição ficam livres de seu efeito. A única exceção é a hipótese do art. 208, combinado com o art. 198, I ambos CC, pois o prazo decadencial não corre contra os absolutamente incapazes (embora possa correr “a favor”). Concluindo, salvo a hipótese mencionada pela lei, a decadência somente pode ser obstada pelo efetivo exercício do direito, dentro do lapso de tempo prefixado.

A exemplo da prescrição, os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas também têm direito de ação regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que deram causa à decadência ou não a alegaram oportunamente (art. 208, combinado com o art. 195, ambos do CC).

Prazos

Como vimos, atualmente os prazos prescricionais estão expressamente discriminados nos artigos 205 e 206, CC. Logo, todos os demais prazos estabelecidos pelo Código são decadenciais. Citamos alguns, de forma exemplificativa:

• 03 dias – sendo a coisa móvel, inexistindo prazo estipulado para exercer o direito de preempção (preferência), após a data em que o comprador tiver notificado o vendedor (art. 516, CC).

• 30 dias – contados da tradição da coisa para o exercício do direito de propor a ação em que o comprador pretende o abatimento do preço da coisa móvel recebida com vício redibitório ou rescindir o contrato e reaver o preço pago, mais perdas e danos (art. 445, CC) ⎯ ação estimatória.

• 60 dias – para exercer o direito de preempção, inexistindo prazo estipulado, se a coisa for imóvel, após a data em que o comprador tiver notificado o vendedor (art. 516, CC).

• 90 dias – para o consumidor obter o abatimento do preço de bem imóvel recebido com vício.

• 120 dias – prazo para impetrar Mandado de Segurança, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado (art. 23 da Lei n° 12.016/09).

• 180 dias – para o condômino, a quem não se deu conhecimento da venda, haver para si a parte vendida a estranhos, depositando o valor correspondente ao preço; direito de preferência, se a coisa for móvel, reavendo o vendedor o bem para si (art. 513, parágrafo único, CC); para anular casamento do menor quando não autorizado por seu representante legal, contados do dia em que cessou a incapacidade (se a iniciativa for do

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incapaz), a partir do casamento (se a proposta for do representante legal) ou morte do incapaz (se a atitude for tomada pelos seus herdeiros necessários) – art. 1.555 e §1°, CC; para a anulação de casamento, contados da data da celebração, de incapaz de consentir (art. 1.560, I, CC); para invalidar casamento de menor de 16 anos, contados para o menor do dia em que perfez essa idade e da data do matrimônio para seus representantes legais (art. 1.560, §2°, CC).

• 01 ano – para obter a redibição ou abatimento no preço, se for imóvel, contado da entrega efetiva (art. 445, CC); para pleitear revogação de doação, contado da data do conhecimento do doador do fato que a autorizar (art. 559, CC).

• ano e dia – para desfazer janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio (art. 1.302, CC).

• 02 anos – para mover ação rescisória (art. 495, CPC); para anular negócio jurídico, não havendo prazo, contados da data da conclusão do ato (art. 179, CC); para exercer o direito de preferência se a coisa for imóvel (art. 513, parágrafo único, CC); anulação de casamento se incompetente a autoridade celebrante (art. 1.560, II, CC); para pleitear anulação de ato praticado pelo consorte sem a outorga do outro, contado do término da sociedade conjugal (art. 1.649, CC).

• 03 anos – para o vendedor de coisa imóvel recobrá-la, se reservou a si tal direito, mediante devolução do preço e reembolso das despesas do comprador (art. 505, CC); exercer direito de intentar ação de anulação de casamento, contado da data da celebração, em razão de erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge (art. 1.560, III, CC).

• 04 anos – para pleitear anulação de negócio jurídico contado: no caso de coação, do dia em que ela cessar; no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; no de ato de incapazes, no dia em que cessar a incapacidade (art. 178, I, II e III, CC); para intentar ação de anulação de casamento, contado da data da celebração por ter havido coação (art. 1.560, IV, CC).

• 05 anos – impugnar a validade de testamento, contado da data de seu registro.

• Um exemplo que não está no Código Civil é o do art. 26 do Código de Defesa do Consumidor, ou seja, o direito do consumidor de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação, que caduca em: a) 30 (trinta) dias, tratando-se de fornecimento de serviços e de produtos não-duráveis; b) 90 (noventa) dias, tratando-se de fornecimento de serviços e de produtos duráveis.

Meus amigos

Como vimos, é importantíssima a distinção e o conhecimento dos institutos da Prescrição e Decadência. No entanto, alguns vocábulos de outras

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matérias também podem ser usados pelo examinador para tentar confundir o candidato. Portanto, mesmo estes não estando no programa de Direito Civil, acho interessante a sua menção e breve explicação. Em um curso jurídico, em uma Faculdade de Direito esses temas não são misturados em uma aula, pois pertencem a ramos diferentes do Direito. Mas para efeito de concursos, acho importante ressaltar a diferença, pois em uma questão o examinador pode colocar essas palavras em alternativas diversas, mesmo estando erradas, exatamente para confundir o candidato. Assim:

Preclusão – é a perda de uma faculdade ou de um direito processual, por não ter sido exercido no momento correto. Garante-se o avanço da relação processual e obsta-se o seu recuo para fases anteriores. Todo processo tem um rito a ser seguido. Em cada fase do processo a lei faculta às partes praticarem determinados atos. Caso assim não procedam, perdem a oportunidade, ocorrendo a preclusão. Exemplo: as partes têm um prazo para arrolar testemunhas no processo; o Juiz as notifica para tanto e elas nada requerem – houve a preclusão temporal. Outro exemplo: o Juiz condenou uma das partes e a intimou para recorrer da decisão. No entanto o condenado perdeu o prazo para recorrer da decisão. Ocorreu a preclusão e ele não pode mais recorrer. Portanto a preclusão impede que a questão seja renovada, dentro do mesmo processo (art. 183, CPC). Assim, ultrapassado o momento adequado para praticar o ato, o Juiz não irá reabrir mais este prazo... o processo segue adiante...

Perempção – é a perda do direito de ação pelo autor que foi contumaz (ou seja, que reiterou o erro), dando causa a três arquivamentos sucessivos (Direito Processual Civil – art. 268, parágrafo único do CPC), impedindo que a mesma ação seja proposta uma quarta vez. Perempção também é o nome que se dá a extinção da hipoteca após o transcurso do prazo de trinta anos (art. 1.485, CC).

Caros Alunos. O quadro que veremos adiante é de suma importância. É a síntese do tema que estamos tratando = Prescrição e Decadência. Recorra a este gráfico sempre que estiver com alguma dúvida sobre o assunto tratado. Se a dúvida ainda continuar, releiam a matéria.

Distinções entre Prescrição e Decadência

PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA

1) Extingue apenas a pretensão (ação). Não interfere no direito material.

1) Extingue o direito material pela falta de exercício dentro do prazo. Atinge indiretamente a ação.

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2) Os prazos são estabelecidos somente pela lei.

2) Os prazos são estabelecidos pela lei ou pela vontade das partes.

3) Atualmente pode ser declarada de ofício pelo Juiz, mesmo nas ações patrimoniais. O art. 194, CC foi revogado.

3) Na decadência decorrente de prazo legal o Juiz deve declará-la de oficio, independente de arguição.

4) A parte pode não alegá-la. É renunciável. Porém, somente após a sua consumação. A renúncia pode ser expressa ou tácita, mas nunca em prejuízo de terceiros.

4) A decadência decorrente de prazo legal não pode ser renunciada pelas partes: nem antes e nem depois de consumada.

5) Não corre contra determinadas pessoas. O prazo pode ser impedido, suspenso ou interrompido. Ex: cônjuges, poder familiar, tutela, curatela, absolutamente incapazes, etc.

5) Corre contra todos (efeito erga omnes), como regra. Não se suspende e nem se interrompe. Exceção → não corre contra os absolutamente incapazes (art. 208, c.c. art. 198, I ambos do CC).

6) Causas de impedimento ou suspensão → arts. 197, 198, 199 e 200, CC. Causas de interrupção → art. 202 CC. As causas estão expressamente previstas em lei, não se admitindo analogia.

6) Não se admite suspensão ou interrupção em favor daqueles contra os quais não corre prescrição. Só pode ser obstada pelo exercício efetivo do direito ou da ação.

7) Regra Geral → Prazo de 10 anos (art. 205, CC). Prazos Especiais → 01, 02, 03, 04 e 05 anos (conforme a hipótese do art. 206 e seus parágrafos, CC).

7) Não há regra geral para os prazos. Eles podem ser de dias, meses e anos. Previstos em dispositivos esparsos pelo Código e Leis Especiais.

Dica de Concurso – Num caso concreto, para saber se o prazo é prescricional ou decadencial (o examinador pode pedir isso – é muito comum, inclusive), procure inicialmente identificar se este prazo está previsto no art. 205 (prazo geral) ou no art. 206 (prazos especiais), do Código Civil. Caso identifique o prazo nestes artigos, será o mesmo prescricional. Já os prazos decadenciais estão dispostos em outros dispositivos espalhados pelo Código Civil e em leis especiais. Após isso, verifique a contagem de prazos. Se for em dias, meses ou ano e dia, o prazo é decadencial. Se o prazo for em anos (01, 02, 03, 04 05 ou 10) poderá ser de prescrição ou de decadência.

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Vamos agora apresentar o nosso quadrinho sinótico, que é um resumo do que foi falado na aula de hoje.

QUADRO SINÓTICO

FATOS E ATOS JURÍDICOS

(1a Parte)

I – FATO COMUM – Ação humana ou fato da natureza sem repercussão na órbita do Direito.

II – FATO JURÍDICO – acontecimento ao qual o Direito atribui efeitos, possuindo relevância jurídica. A.R.M.E. (Aquisição, Resguardo, Modificação e Extinção) de Direitos. Alguns autores acrescentam também a Transmissão de Direitos.

A) Aquisição de Direitos ⎯ quando incorpora ao patrimônio ou à personalidade de seu titular.

B) Resguardo de Direitos ⎯ atos praticados judicial ou extrajudicialmente para protegê-los, defendê-los.

C) Modificação de Direitos ⎯ transformação de seu conteúdo ou de seu titular, sem alteração de sua essência.

D) Extinção dos Direitos ⎯ perecimento da coisa, alienação, prescrição e decadência.

III – CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS

A) Fato Jurídico Natural (Fato Jurídico em Sentido Estrito ou Stricto Sensu) → veremos melhor mais abaixo, no item IV:

1) Ordinário 2) Extraordinário

B) Fato Jurídico Humano (Ato) → veremos melhor na próxima aula:

1) Ato Jurídico em Sentido Amplo (lato sensu) ou Voluntário (Ato Lícito), englobando:

a) Ato Jurídico em Sentido Estrito (stricto sensu) – efeitos decorrentes da lei.

b) Negócio Jurídico – efeitos decorrentes da vontade das partes.

2) Ato Ilícito (ou Involuntário) – transgressão de um dever jurídico: - Penal → sanção pessoal.

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- Administrativo → sanção pessoal. - Civil → sanção patrimonial → dever de reparar o dano

causado.

IV – FATO JURÍDICO NATURAL ou FATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO (STRICTO SENSU)

A) Ordinário → é o que ocorre normalmente, produzindo efeitos jurídicos: nascimento, maioridade, morte (por causas naturais), aluvião (art. 1.250, CC), avulsão (art. 1.251, CC), decurso de tempo (prescrição e decadência), etc.

B) Extraordinário → trata-se do caso fortuito ou da força maior (ex: terremoto). Possui importância ao Direito, pois excluem, como regra, a responsabilidade. Elementos: imprevisibilidade, inevitabilidade e ausência de culpa.

V – PRESCRIÇÃO (arts. 189 a 206, CC)

A) Pretensão – todo direito subjetivo deve ser protegido por uma ação. No momento em que o direito é violado surge uma pretensão (actio nata). Prescrição é a perda do direito a esta pretensão, pela inércia do seu titular durante determinado espaço de tempo. Atinge as pessoas naturais e as jurídicas. A exceção (forma de defesa) prescreve no mesmo prazo que a pretensão.

B) Requisitos → ação judicial exercitável (pois houve a violação de um direito, nascendo, com isso, a pretensão) e inércia do titular da ação por um espaço de tempo previsto na lei.

C) Renúncia – o devedor pode renunciar à prescrição (ex: devedor paga uma dívida prescrita). Mas isto somente pode se dar depois que a prescrição se consumar (é proibida a renúncia antecipada). A renúncia pode ser expressa ou tácita, não se admitindo se for em prejuízo de terceiros.

D) Alegação – em qualquer fase do processo; em primeira ou segunda instância.

E) Declaração ex officio (ou seja, sem que a outra parte tenha alegado) – O art. 194, CC foi revogado. Com isso, atualmente, o Juiz pode declarar a prescrição de uma ação, independentemente de requerimento da outra parte.

F) Efeitos Essenciais:

1) Somente a lei pode delimitar os prazos prescricionais. E eles não podem ser alterados pelos particulares, mesmo que haja acordo de vontades entre as partes.

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2) Os relativamente incapazes (art. 4o, CC) e as pessoas jurídicas têm direito a ação regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.

3) A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. Exceção → se o seu sucessor for absolutamente incapaz o prazo não se inicia enquanto não superada a incapacidade.

G) Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas → vejam as hipóteses nos arts. 197, 198, 199, 200 e 202 do CC.

1) Causas Impeditivas – são circunstâncias que impedem que o curso prescricional se inicie, em razão do estado de uma pessoa, atendendo a razões de confiança, amizade ou ordem moral.

2) Causas Suspensivas – são circunstâncias que paralisam temporariamente o curso prescricional. O prazo prescricional vinha fluindo normalmente, sendo que ocorreu um fato que o fez paralisar. Neste momento a contagem do prazo fica suspensa. Superado esse fato, extinta a circunstância que provocou a suspensão, o prazo prescricional continua a correr de onde parou, computando-se o prazo já decorrido antes do fato. Quando uma ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva decisão definitiva. Suspensa a prescrição em favor de um credor solidário, não se suspenderá a prescrição em favor dos demais. Exceção → na hipótese de obrigação indivisível a suspensão promovida por um credor se estende aos demais.

3) Interruptivas – são circunstâncias que inutilizam o prazo prescricional iniciado, de modo que o prazo recomeça a correr a partir da data do ato que o interrompeu, ou seja, o período já decorrido é inutilizado e o prazo volta a correr novamente por inteiro. A contagem recomeça do zero. Hipóteses interruptivas → art. 204, CC. No Direito Civil só se admite uma interrupção, que pode ser levada a cabo por qualquer interessado. A interrupção da prescrição operada por um credor não aproveita aos outros; a interrupção da prescrição operada contra um co-devedor não prejudica os demais. Exceção → solidariedade ativa e passiva.

H) Prazos Prescricionais – Espaço de tempo compreendido entre o termo inicial e final.

1) Prazo Geral (ou ordinário) → 10 (dez) anos = art. 205, CC.

2) Prazos Especiais → Prazos mais exíguos (01, 02, 03, 04 e 05 anos). Relação completa – art. 206 e seus parágrafos do CC. Prazos de maior incidência em concursos: a) 02 (dois) anos – pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem; b) 03 (três) anos – pretensão de reparação civil por ato ilícito; pretensão para haver o pagamento de títulos de crédito, a contar do

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vencimento (ressalvadas as disposições de lei especial); pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; c) 05 (cinco) anos – pretensão dos profissionais liberais em geral (médicos, advogados, contadores, etc.), pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão do serviço.

VI – DECADÊNCIA (arts. 207 a 211, CC)

1) Perda do direito material, do direito propriamente dito, do direito em si. O objeto da decadência é o direito que, por determinação legal ou convencional, está subordinada à condição de exercício em um certo espaço de tempo. Enquanto a Prescrição atinge a pretensão, a decadência atinge o próprio direito.

2) Espécies:

a) Legal – o prazo é o previsto na lei (Código Civil e Leis Especiais). Ex: 04 (quatro) anos para se pleitear a anulação de um negócio jurídico em caso de erro, dolo, estado de perigo, lesão e fraude contra credores (são defeitos do negócio jurídico que veremos na próxima aula). O seu prazo não pode ser renunciado pelas partes (nem antes e nem depois de consumada a decadência), sob pena de nulidade absoluta (são hipóteses de ordem pública - art. 209, CC).

b) Convencional – cláusula pactuada pelas partes em um contrato. Ex: prazo estipulado pelas partes para o exercício do direito de arrependimento.

3) Efeitos: não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem e interrompem a prescrição. Exceção: não corre o prazo decadencial contra absolutamente incapazes. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas também têm ação regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que deram causa à decadência ou não a alegaram oportunamente.

4) Arguição – em qualquer momento processual. O Juiz pode (na verdade “deve”, pois se trata de um direito irrenunciável) reconhecer a decadência de ofício, salvo no caso de decadência convencional (art. 210, CC). Neste caso o Juiz não pode reconhecê-la de ofício, pois foram os próprios contratantes que estabeleceram o prazo para o exercício do direito.

TESTES

Observação Importante - Antes de iniciar a resolução dos testes, quero deixar bem claro que todos eles já caíram em concursos (alguns foram adaptados). Foram selecionados pela abrangência da matéria e pelo grau de dificuldade. Realmente não são fáceis. Possuem grande carga de teoria e muitos são capciosos. Pois é assim que costuma cair nos concursos. Tenho para

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mim que não adiantaria nada colocar aqui testes de fácil resolução. Isso não teria nenhuma valia para o aluno. Bastaria uma simples leitura da aula dada, mesmo que de forma superficial e todos eles estariam resolvidos com 100% de aproveitamento. Daria uma falsa noção de que o aluno aprendeu toda a matéria e que tudo é muito fácil. Optei por colocar testes mais difíceis. A minha intenção não é “derrubar” o aluno. Também não é para se fazer uma avaliação do que foi aprendido em aula. Não se preocupe com o seu grau de acerto das questões. Na verdade esses testes são um “complemento da aula”. Em cada teste vou explicando e aprofundando a matéria dada em aula. Observem que alguns testes mencionam pontos do Direito Civil que ainda não foram explicados ou mesmo que estão fora de nosso edital. Mas isso porque o teste foi assim elaborado originalmente. Assim, no comentário do gabarito explico melhor o que foi dado em aula e o que ainda veremos. E exatamente por este motivo que cada teste é totalmente comentado, alternativa por alternativa. Portanto, mais uma vez, não desanime se você não teve um alto grau de acerto. Isso é normal. Principalmente nesta matéria que é bem teórica e para quem não é formado em Direito. Vamos lá...

01) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) o fato jurídico pode ser dividido em sentido estrito (ou natural) e humano.

b) o fato jurídico em stricto sensu (em sentido estrito ou natural) é o acontecimento que independente da vontade humana, mas que pode acarretar efeitos na ordem jurídica, criando, modificando ou extinguindo direitos.

c) o ato jurídico stricto sensu (em sentido estrito) é o que surge como mero pressuposto de efeito jurídico, preordenado pela lei.

d) o contrato é exemplo de negócio jurídico bilateral; já o testamento é exemplo de negócio jurídico unilateral.

e) ato ilícito é o praticado contra disposição de lei podendo ter efeitos na ordem civil, penal ou administrativa, sendo um fato jurídico natural.

02) (OAB/SP – 2007) O reconhecimento de paternidade e a fixação de domicílio são exemplos de qual dos conceitos a seguir?

a) direito natural.

b) negócio jurídico.

c) fato não-jurídico.

d) fato natural.

e) ato jurídico stricto sensu.

03) (CESPE - OAB/SP – 2008) São exemplos de fatos jurídicos stricto sensu:

a) a declaração, o testamento, a residência.

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b) o nascimento, a morte, a aluvião.

c) o contrato, o testamento, a aluvião.

d) a descoberta de tesouro, a dívida de jogo e o nascimento.

e) o nascimento, a morte e o reconhecimento de um filho.

04) (FCC – AFR/SP 2005) Segundo o Código Civil:

a) aplicam-se aos atos jurídicos lícitos, quando couber, as disposições referentes aos negócios jurídicos.

b) todas as regras referentes aos negócios jurídicos aplicam-se aos atos jurídicos lícitos.

c) atos jurídicos e negócios jurídicos são expressões sinônimas.

d) em nenhuma hipótese se aplicam aos atos jurídicos as regras pertinentes aos negócios jurídicos.

e) todas as regras pertinentes aos negócios jurídicos aplicam-se aos atos ilícitos.

05) A passagem do tempo pode determinar uma série de efeitos jurídicos, sendo um dos elementos determinantes para a prescrição ou a decadência de direitos. Sobre esses institutos jurídicos, assinale a opção INCORRETA.

a) o Código Civil em vigor deixou claro o entendimento doutrinário no sentido de que a prescrição atinge a pretensão.

b) a decadência atinge direitos materiais, propriamente ditos, não-dotados de pretensão.

c) a prescrição é renunciável, expressa ou tacitamente; já a decadência fixada em lei é irrenunciável não.

d) suspenso um prazo prescricional o mesmo recomeça a contar por inteiro desde o seu início.

e) o Código Civil permite a decadência convencional.

06) Assinale a alternativa CORRETA:

a) a prescrição é matéria de ordem pública e não pode ser renunciada pelas partes.

b) os prazos de prescrição podem ser alterados, mas somente se houver acordo expresso das partes neste sentido.

c) o Juiz pode reconhecer de ofício a prescrição, em qualquer hipótese.

d) a prescrição poderá ser interrompida quantas vezes surgirem as condições de interrupção descritas no Código Civil.

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07) (OAB/RS – 2006) Quanto à matéria de prescrição e decadência, assinale a assertiva CORRETA.

a) os novos prazos prescricionais instituídos pelo Código Civil de 2.002 têm aplicação imediata, sem a incidência de regra de transição relativamente aos prazos do Código de 1.916.

b) os prazos prescricionais podem ser alterados pelas partes, tendo-se em vista o princípio da autonomia da vontade.

c) aplicam-se à decadência, via de regra, as normas que impedem suspendem e interrompem a prescrição.

d) a interrupção da prescrição somente pode ser usada uma vez pelo particular.

08) Não corre a prescrição entre:

a) os cônjuges, ainda que divorciados ou separados judicialmente; contra os que se acharem servindo no exército nacional; em favor do mandante, contra o mandatário.

b) os cônjuges, apenas na constância da sociedade conjugal; contra os ausentes do Brasil, quando em serviço público; se pendente ação de evicção.

c) os tutelado e tutor, enquanto durar a tutela; contra os índios; se pendente ação declaratória negativa ou constitutiva de direitos.

d) os ascendentes e descendentes durante o poder familiar; entre o credor pignoratício e o depositante; contra os incapazes, seja a incapacidade absoluta ou relativa.

09) (Analista Judiciário – TRF 1a Região – 2006 – FCC) Em conformidade com o Código Civil brasileiro, a prescrição:

a) não correrá entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar, mas correrá normalmente entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal.

b) iniciada contra uma pessoa não continua a correr contra o seu sucessor, em razão da característica da pessoalidade inerente ao instituto.

c) pode ser renunciada de forma expressa ou tácita e a renúncia só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar.

d) da pretensão dos auxiliares da justiça, serventuários judiciais e peritos pela percepção de emolumentos, custas e honorários ocorre em 05 (cinco) anos.

e) da pretensão para haver prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano com capitalização ou sem ele, ocorre em 02 (dois) anos.

10) (Magistratura - São Paulo – Concurso 171) Fatos Jurídicos são acontecimentos em virtude dos quais começam, se modificam, ou se

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extinguem as relações jurídicas. Assim sendo, para que os fatos produzam efeitos na ordem jurídica é preciso que:

a) simplesmente aconteça um fato.

b) aconteça um fato para o qual a ordem jurídica tenha estabelecido consequências jurídicas.

c) somente ocorra somente um acontecimento natural involuntário.

d) o fato decorra somente de uma atividade voluntária lícita do homem.

e) o fato decorra somente de uma atividade ilícita do homem.

11) Se o quantum da pensão alimentícia for fixado judicialmente, a pretensão para cobrar as prestações não pagas:

a) prescreverá em cinco anos. b) será imprescritível. c) prescreverá em dois anos. d) decairá em três anos. e) decairá em dois anos.

12) São imprescritíveis as pretensões que versam sobre:

a) os bens públicos, o estado da pessoa e a cobrança de prestações alimentares vencidas.

b) a ação para anular inscrição do nome empresarial feita com violação de lei ou do contrato.

c) o estado da pessoa, os direitos da personalidade e a cobrança de prestações vencidas de rendas vitalícias.

d) o direito a alimentos e a ação de reparação civil em razão de contrafação.

13) É FALSO afirmar a respeito da decadência:

a) o prazo decadencial, como regra, não pode ser suspenso ou interrompido. b) a decadência sempre pode ser conhecida de ofício pelo Juiz. c) o prazo decadencial pode ser legal ou convencional. d) pode haver renúncia à decadência. e) a decadência pode ser alegada em qualquer fase do processo, mesmo que tenha havido recurso.

14) (Analista Judiciário – TRT 13ª Região/PB – 2005 – FCC) No que tange a decadência, considere as alternativas abaixo:

I – Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, podendo o Juiz suprir, de ofício, a alegação.

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II – É anulável a renúncia à decadência fixada em lei, por ser matéria de ordem pública.

III – Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem ou interrompem a prescrição.

Está CORRETO somente o que se afirma em:

a) I. b) II. c) I e II. d) III. e) I e III.

15) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) o direito à integridade física compreende a proteção jurídica ao corpo humano, quer em sua totalidade, quer em relação a tecidos, órgãos e partes do corpo humano suscetíveis de separação e individualização.

b) o indivíduo é livre para deliberar sobre a concessão ou não de material para fins de exame de DNA. A negativa, entretanto, gerará presunção absoluta da veracidade do fato que se pretendia provar.

c) não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para elidir a presunção legal de paternidade.

d) cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível.

16) Sobre a prescrição podemos afirmar, EXCETO:

a) não correrá prescrição contra os absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil.

b) a interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor.

c) as ações pessoais prescrevem, ordinariamente, em 20 (vinte) anos, as reais em 10 (dez) anos, entre presentes, e entre ausentes em 15 (quinze), contados da data em que poderiam ter sido propostas.

d) não correrá a prescrição entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar.

e) não correrá prescrição contra os ausentes do Pais em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios.

17) (Analista Judiciário – TRT 4a Região/RS – 2006) De acordo com o Código Civil brasileiro, em regra, ato judicial que constitua em mora o devedor:

a) interromperá a decadência.

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b) suspenderá a decadência. c) impedirá a prescrição. d) suspenderá a prescrição. e) interromperá a prescrição.

18) Fixados os alimentos a favor do filho menor impúbere, com 10 anos de idade, o alimentante passou a pagar apenas 2/3 do valor fixado na sentença para a pensão alimentícia. Essa prática perdurou por seis anos. A inadimplência veio a motivar uma ação de execução de sentença pela representante da criança. Em fase de embargos, o alimentante aduziu prescrição das prestações vencidas há dois anos. Em impugnação aos embargos, deverá ser arguido que:

a) a prestação de alimentos é imprescritível. b) a prescrição não corre contra menores até 18 anos completos. c) a prescrição não corre contra menores impúberes. d) a prescrição é do direito a alimentos em si e não atinge prestações vencidas. e) a prescrição não corre enquanto o menor estiver estudando, isto até no máximo, 24 anos.

19) Considerando os preceitos sobre prescrição do Código Civil de 2002, assinale a assertiva CORRETA:

a) a prescrição consiste na extinção do direito material ou subjetivo.

b) os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.

c) a prescrição pode correr entre os cônjuges na constância da sociedade conjugal.

d) o protesto cambial não interrompe a prescrição.

e) qualquer ato que constitua em mora o devedor suspende a prescrição.

20) (OAB/RS 2006) Sobre Prescrição e Decadência, assinale a alternativa CORRETA.

a) não tendo sido alegada em primeiro grau, a prescrição não poderá ser invocada pela parte.

b) os prazos prescricionais podem ser alterados pelas partes, tendo-se em vista o princípio da autonomia da vontade.

c) o benefício da interrupção da prescrição pode ser alegado apenas duas vezes.

d) o protesto cambial interrompe a prescrição.

21) (Magistratura – Paraná) Sobre Prescrição e Decadência, de acordo com disposições expressas do Código Civil, é CORRETO afirmar que:

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a) o herdeiro sofre os efeitos da prescrição iniciada contra o autor da herança.

b) o Juiz não pode de ofício conhecer da prescrição de direitos patrimoniais.

c) a prescrição interrompe-se pela citação pessoal feita ao devedor, mesmo que esta seja nula por vício de forma.

d) prescreve em 60 (sessenta) dias, contados da tradição a ação para haver o abatimento do preço de coisa móvel, recebida com vício redibitório.

22) (FCC – Tribunal Regional do Trabalho/AM 2005) O curso do prazo prescricional é interrompido:

a) por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor ou se o credor se tornar absoluta ou relativamente incapaz.

b) pelo depósito judicial, sendo a citação válida, ou pelo casamento da credora com o devedor, enquanto durar a sociedade conjugal.

c) pelo protesto cambial ou pelo despacho do Juiz, ainda que incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual.

d) pela citação válida, ainda que ordenada por Juiz incompetente, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual ou se o credor tiver que se ausentar do país em serviço público da União.

e) por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor ou se este for nomeado curador do credor que se tornar absolutamente incapaz.

23) Tício e Caio são credores solidários de Antônio. Estando o débito prestes a prescrever, Tício notificou Antônio, por via judicial, visando à interrupção da prescrição. Em seguida, passado o prazo original de prescrição, Caio propôs ação de cobrança contra Antônio. A dívida:

a) está prescrita com relação a ambos. b) está prescrita com relação a Caio, mas não com relação a Tício. c) está prescrita com relação a Tício, mas não com relação a Caio. d) não está prescrita com relação a qualquer dos credores. e) a dívida pode ser considerada como imprescritível.

24) (FCC - Tribunal Regional do Trabalho – 3a Região – Analista Judiciário – 2005) A prescrição e a decadência não correm:

a) pendendo condição suspensiva ou ação de evicção.

b) contra os ausentes no País em serviço público da União.

c) enquanto o autor do ato ilícito considerado crime não for definitivamente condenado no juízo criminal.

d) se o prazo para o pagamento da dívida não estiver vencido.

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e) contra os absolutamente incapazes.

25) (FCC - Tribunal Regional Federal – 4a Região – Analista Judiciário – 2006) De acordo com o Código Civil Brasileiro, prescreve em 05 (cinco) anos a pretensão:

a) relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.

b) de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular.

c) para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias.

d) do beneficiário contra o segurador, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.

e) de obter ressarcimento de enriquecimento sem causa.

26) (FCC – Analista Judiciário do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco - 2007) A prescrição corre normalmente:

a) não estando vencido o prazo. b) entre os cônjuges, na constância do casamento. c) entre os ascendentes e descendentes, quando cessado o poder familiar. d) pendendo ação de evicção. e) pendendo condição suspensiva.

27) (FCC - Analista do Ministério Público da União – Processual – 2007) A prescrição ocorre em 10 (dez) anos quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Porém prescreverá em 03 (três) anos a pretensão:

a) para haver prestações alimentares a partir da data que se vencerem. b) para a percepção de honorários dos árbitros e peritos. c) relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. d) relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos. e) para o vencedor haver do vencido o que gastou em juízo.

28) (Ministério Público do Trabalho – 2008) Complete com a opção CORRETA. Prescreve em .......... a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos.

a) um ano. b) dois anos. c) três anos. d) cinco anos. e) não respondida.

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29) (Procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina – 2006 – FCC) Assinale a alternativa CORRETA de acordo com o Código Civil:

a) o protesto cambial suspende a prescrição.

b) prescreve em 10 (dez) anos a pretensão de reparação civil.

c) a prescrição corre em 20 (vinte) anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.

d) a prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado.

e) os prazos de prescrição somente podem ser alterados por acordo das partes.

30) (Magistratura do Trabalho – Rio de Janeiro – 2004) Assinale a assertiva CORRETA:

a) o prazo decadencial pode ser suspenso ou interrompido nos casos previstos em lei.

b) mesmo sendo o prazo fixado em lei, a decadência pode ser renunciada.

c) é vedado o conhecimento de ofício do prazo prescricional.

d) a prescrição admite renúncia expressa antes de consumado o prazo respectivo.

e) os prazos de prescrição podem ser convencionalmente alterados.

31) (Fundação Getúlio Vargas - Advogado – Banco do Estado de Santa Catarina) A respeito da Prescrição, assinale a alternativa CORRETA:

a) o Juiz não pode conhecer da prescrição de direitos patrimoniais se não houver invocação das partes.

b) a prescrição do principal não implica a prescrição dos acessórios.

c) corre prazo de prescrição entre ascendentes e descendentes, mesmo durante o poder familiar.

d) a interrupção da prescrição por um credor aproveita aos outros.

e) a prescrição pode ser alegada em qualquer instância, pela parte a que aproveita.

32) (Magistratura do Trabalho – Mato Grosso do Sul – 2006) Sobre a Prescrição e a Decadência, assinale a alternativa INCORRETA:

a) os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.

b) a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor.

c) é nula a renúncia à decadência fixada em lei.

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d) se a decadência foi convencional a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição.

e) o Juiz não pode suprir de ofício a alegação da prescrição.

33) (Analista Judiciário – TRT 4ª Região/RS – 2006 – FCC) Assinale a alternativa CORRETA.

a) a prescrição iniciada contra uma pessoa não continua a correr contra o seu sucessor.

b) a interrupção da prescrição, em regra, poderá ocorrer quantas vezes forem necessárias.

c) prescreve em três anos a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos e a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias.

d) é defesa, em qualquer hipótese, a renúncia tácita da prescrição, por expressa determinação legal.

e) salvo disposição legal em contrário, em regra, aplicam-se à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.

34) (Controladoria Geral da União – 2006) Assinale a opção CORRETA.

a) a apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores é causa interruptiva da prescrição.

b) as causas impeditivas da prescrição paralisam temporariamente seu curso, logo superado o fato que lhe deu origem, o lapso prescricional continua a correr computado o tempo antes dele.

c) se após o vencimento do débito falecer o credor deixando herdeiros de sete anos de idade, contra ele não correrá a prescrição até que atinja 18 anos, ocasião em que se inicia o curso prescricional.

d) as partes podem restringir o prazo prescricional fixado por lei, mesmo que se trate de direito patrimonial.

e) o prazo decadencial não correrá contra os absoluta e relativamente incapazes.

35) (OAB/SP – 2007) Sobre Prescrição de Decadência, assinale a alternativa ERRADA.

a) a exceção prescreve no mesmo prazo que a pretensão.

b) é permitida por lei (ainda que dentro do lapso) a renúncia à prescrição, feita pelo devedor.

c) se, após o vencimento da dívida, credora e devedor se casam, ocorre a suspensão do prazo prescricional.

d) protesto cambial interrompe o prazo prescricional.

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e) não corre a prescrição contra os absolutamente incapazes.

36) (Ministério Público – Minas Gerais – 2006) Sobre a Prescrição é CORRETO afirmar:

a) a prescrição suspensa em favor de um dos credores solidários, aproveita aos demais, desde que divisível a obrigação.

b) a renúncia à prescrição somente se dá de forma expressa.

c) o Juiz poderá suprir de ofício a alegação da prescrição.

d) os prazos de prescrição podem ser alterados por acordo das partes.

e) a prescrição iniciada contra uma pessoa não pode continuar a correr contra o seu sucessor.

37) (FCC - Tribunal Regional Federal – 4a Região RS/SC/PR – Analista Judiciário – 2007) Mário é proprietário de um imóvel urbano que locou a Maria. Esta, por sua vez, ali se estabeleceu com uma hospedaria. Maria não vem efetuando o pagamento dos aluguéis para Mário porque muitos de seus hóspedes não estão efetuando o pagamento da hospedagem. De acordo com o Código Civil a pretensão de Mário relativa à cobrança dos alugueis do prédio urbano, e a de Maria relativa ao pagamento das despesas de hospedagem, prescrevem, respectivamente, em:

a) um ano e três anos. b) dois e quatro anos. c) quatro e dois anos. d) três anos e um ano. e) cinco e três anos.

38) (OAB/SP – 2009) A respeito do fato jurídico, assinale a opção CORRETA.

a) a decadência extingue a pretensão e, por via oblíqua, o direito.

b) pode haver renúncia à prescrição antes da consumação do respectivo prazo, desde que não haja prejuízo a terceiros.

c) ato jurídico em sentido estrito é o que surge como mero pressuposto de efeito jurídico preordenado pela lei sem função e natureza de autorregulamento.

d) o negócio jurídico, ato independente da vontade humana, produz efeitos jurídicos, criando, modificando ou extinguindo direitos.

39) (OAB/CESPE – 2009.1) Considerando o importante efeito do decurso de tempo tanto na aquisição quanto na extinção de direitos, assinale a opção CORRETA.

a) se a decadência for convencional, o juiz não poderá suprir a alegação.

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b) se a prescrição não estiver consumada, a renúncia à possibilidade de alegá-la deverá ser expressa.

c) se as partes resolverem ampliar prazo prescricional, deverão fazê-lo por escrito.

d) o juiz só pode conhecer de ofício a prescrição, para favorecer o absolutamente incapaz.

40) (Magistratura do Trabalho – 8a Região/PA – 2007) Considerando a disciplina do Código Civil sobre as causas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição, assinale a alternativa INCORRETA.

a) não corre a prescrição contra os incapazes de modo geral, os ausente do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios e contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas em tempo de guerra.

b) a interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, poderá acontecer por despacho do Juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual.

c) a suspensão da prescrição, em favor de um dos credores solidários, não aproveita os demais, exceto se a obrigação for indivisível.

d) quando a ação se originar de fato que deva ser apurado em juízo criminal, não ocorrerá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.

e) a interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.

41) (Magistratura do Trabalho – 8a Região/PA – 2007) Sobre a prescrição, assinale a alternativa CORRETA:

a) a renúncia da prescrição pelo interessado deve ser expressa, para que seja mantida sua eficácia prática.

b) o Juiz não pode suprir de ofício a alegação de prescrição, salvo se favorecer a absolutamente incapaz.

c) em regra aplicam-se à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.

d) o prazo da prescrição ordinária ou comum prevista no Código Civil é de 20 (vinte) anos.

e) se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em fase recursal, mas o Juiz não pode suprir a alegação.

42) (Magistratura do Trabalho – 15a Região/Campinas – 2008) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) a pessoa jurídica tem ação contra os seus representantes legais que não alegarem a prescrição oportunamente.

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b) a interrupção da prescrição poderá ocorrer mais de uma vez, mas somente por meio de protesto judicial.

c) a exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão, cujo prazo não pode ser alterado por acordo das partes.

d) prescreve em 03 (três) anos a pretensão de reparação civil.

e) é nula a renúncia à decadência legal.

43) Considerando as assertivas abaixo:

I – Os negócios jurídicos típicos são apenas aqueles disciplinados pelo Código Civil.

II – Os negócios jurídicos onerosos podem ser comutativos ou aleatórios.

III – O seguro de vida é um negócio jurídico mortis causa.

IV – A fiança não é um negócio jurídico acessório.

Está CORRETO o que se afirma:

a) Somente a II. b) Todas estão corretas. c) Somente a I e II. d) Somente a III. e) Todas estão erradas.

44 (Edursan – Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Saneamento Ambiental – Advogado Cível – 2009 – Fundação Universo) O Juiz poderá conhecer de ofício da:

a) prescrição e da decadência legal. b) prescrição apenas se favorecer a pessoa absolutamente incapaz. c) decadência legal o convencional. d) prescrição e da decadência convencional. e) decadência convencional.

OBS: as questões adiante seguem o padrão que a CESPE/UnB também costuma usar (embora nem sempre), julgando as assertivas e colocando CERTO ou ERRADO.

Questão 01 (CESPE/UnB – Analista e Técnico Judiciário – Área Judiciária – TRT 17a Região/ES – 2009) A respeito da prescrição e decadência, julgue os seguintes itens.

a) A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o sucessor absolutamente incapaz.

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b) O juiz não poderá pronunciar de ofício a prescrição sobre direitos patrimoniais.

Questão 02 (CESPE/UnB - Procurador Federal - 2006) Acerca dos fatos jurídicos, julgue os itens que se seguem (adaptada).

a) Para que exista a prescrição, é necessária a existência de pretensão a ser exercida, a inércia continuada do titular pelo prazo fixado em lei, e a ausência de causas que impeçam o transcurso do lapso temporal. A reunião desses requisitos faz nascer a prescrição, mas não causa de imediato a extinção da pretensão, uma vez que esta será aniquilada somente quando o devedor alegar judicialmente prescrição.

b) Havendo solidariedade entre devedores, a interrupção da prescrição em relação ao devedor principal atinge ao fiador.

c) A ação de petição de herança (CC, art. 1.824), a ação de sonegados (CC, arts. 1.992 a 1.996) prescrevem em 10 anos, conforme dicção da regra geral do art. 205 do CC, em face de omissão legal de prazo prescricional específico para a propositura de tais ações.

Questão 03 (CESPE/UnB - Magistratura – Tocantins 2008) Acerca da prescrição e da decadência, julgue os itens a seguir:

a) O titular do direito patrimonial, desde que maior e capaz, poderá renunciar ao direito de invocar a prescrição, de forma expressa ou tácita, mesmo antes de decorrido o prazo estabelecido por lei.

b) Os direitos acessórios prescrevem quando há também a prescrição dos principais, e o Juiz, ao decidir sobre a ocorrência dessa prescrição, deverá extinguir o processo sem resolução de mérito.

c) O Juiz, de ofício, poderá reconhecer a prescrição de direitos ainda que seja favorecida pessoa maior e capaz. Entretanto, se a decadência for convencional, ela poderá ser alegada pela parte interessada, mas não poderá ser declarada de ofício pelo Juiz.

d) Se a prescrição for suspensa em favor de um dos credores solidários, contra os outros credores, o prazo prescricional fluirá normalmente, salvo quando a obrigação for indivisível.

GABARITO COMENTADO

01) Alternativa incorreta: letra “e”. Trata-se de uma questão de cunho puramente doutrinário. No entanto é bem didática, pois as quatro primeiras afirmações estão corretas. Inicialmente é conveniente rever o quadro sinótico fornecido em aula para situar melhor o Fato Jurídico, que é o gênero de tudo quanto se discute na questão, ajudando a compreensão do tema. Fato é qualquer alteração no mundo exterior. Ele pode ser classificado em: a) fato

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comum, que é uma situação que não causa repercussão no “mundo do direito” ou b) fato jurídico, que acarreta efeitos jurídicos (criando, modificando ou extinguindo direitos). O fato jurídico, por sua vez, se divide em fato jurídico natural ou fato jurídico humano. Portanto a letra “a” está correta. Fato jurídico natural (ou stricto sensu – sentido estrito) é todo acontecimento natural (que independe da vontade do homem) e que produz efeitos na órbita jurídica (letra “b” correta). Mas se o fato for provocado pela ação humana, passará a ser qualificado como fato jurídico humano (ou simplesmente ato). O ato jurídico, por sua vez se divide em sentido estrito e negócio jurídico. O ato jurídico em sentido estrito é aquele em que, praticado o ato, os efeitos são impostos pela lei (portanto a letra “c” está correta). A letra “d” também está correta, pois o negócio jurídico é aquele cujos efeitos são desejados pelas partes, sendo que um contrato é seu exemplo típico. Bilateral que dizer que há manifestação de vontade nos dois polos (ativo e passivo). Já no testamento só há a manifestação de uma vontade, por isso ele é classificado como negócio jurídico unilateral. Finalmente, o ato ilícito é aquele praticado contra disposição de lei podendo ter efeitos na ordem civil, penal ou administrativa. Mas ele não é um fato jurídico natural. E é exatamente isso que tornou a alternativa errada.

02) Alternativa correta: letra “e”. O reconhecimento de um filho e a fixação do domicílio são Fatos Jurídicos. Estes se dividem. Dentro da desta divisão os mesmos se situam entre os atos jurídicos stricto sensu, pois os efeitos decorrentes da prática deste ato são os previstos na lei.

03) Alternativa correta: letra “b”. Fato Jurídico stricto sensu (sentido estrito) ou Fato Natural é o acontecimento que ocorre independentemente da vontade humana, mas mesmo assim produz efeitos jurídicos, criando, modificando ou extinguindo direitos. Pode ser dividido em: a) ordinário – é o que ocorre normalmente, produzindo efeitos jurídicos: nascimento, maioridade, morte (por causas naturais), aluvião (art. 1.250, CC), avulsão (art. 1.251, CC), etc. ou b) extraordinário – trata-se do caso fortuito ou da força maior; mesmo assim tem importância ao direito, por excluírem, como regra, a responsabilidade. Reparem que nas outras alternativas sempre há um exemplo de uma conduta praticada pelo ser humano (declaração, testamento, fixação da residência, contrato, descoberta de tesouro, dívida de jogo e reconhecimento de filho).

04) Alternativa correta: letra “a”. Esta questão é típica de examinador que gosta de elaborar questões retiradas do texto exato da lei. Inicialmente vamos dar uma visão geral do nosso Código Civil. Ele é dividido em duas partes: Geral e Especial. Cada uma delas é dividida em Livros, Títulos, Capítulos, Seções, etc. A Parte Geral possui três Livros. O Livro I se refere às Pessoas (naturais e jurídicas). O Livro II se refere aos Bens. Já o Livro III se refere aos Fatos Jurídicos. De forma resumida, podemos dizer que o Fato Jurídico é o gênero, sendo que ele possui duas espécies: Fato Jurídico Natural e Fato Jurídico

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Humano (que é o Ato). Este, por sua vez, se subdivide em Ato Jurídico e Ato Ilícito. O Negócio Jurídico é espécie do Ato Jurídico. Como dissemos, este assunto está previsto no Livro III, que é dividido em diversos Títulos. O Título I (artigos de 104 a 184) se refere ao Negócio Jurídico: seus elementos constitutivos essenciais e secundários, seus defeitos, casos de invalidade, etc. (estes temas serão todos abordados na próxima aula). O Título II trata dos Atos Jurídicos Lícitos, que possui apenas um dispositivo, o art. 185, sendo que este prevê que “aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do Título anterior” (ou seja, aplicam-se, no que couber, as disposições do Negócio Jurídico). Por esse motivo a alternativa “a” está correta e as demais estão erradas. Apenas para continuar a divisão do Código: O Título III se refere aos Atos Ilícitos (que também serão abordados em uma aula especial); o Título IV se refere à Prescrição e Decadência e finalmente o Título V se refere à Prova. Após isso, entramos na parte Especial, que é dividida em cinco Livros: Livro I: Direito das Obrigações; Livro II: Direito de Empresa (ligado ao Direito Comercial); Livro III: Direito das Coisas; Livro IV: Direito de Família; Livro V: Direito das Sucessões. Finalmente o Código possui um Livro Complementar: disposições finais e transitórias.

05) Alternativa incorreta: letra “d”. Prescrição é a perda do direito à pretensão, pela inércia do seu titular, isto é extingue-se a possibilidade de se exigir um direito, em juízo ou fora dele. Trata-se de um meio de defesa com base no decurso de tempo, pela inação do titular do direito e baseada no princípio do interesse social de pacificação das demandas. Já decadência extingue-se, não só a pretensão, como o próprio direito existente, pelo não exercício do mesmo no prazo estabelecido, de modo que nada mais resta. Quando ocorre a suspensão de um prazo prescricional este prazo fica paralisado; superado o fato que deu ensejo à suspensão, o prazo reinicia a contagem, de onde havia parado. Computa-se o prazo decorrido antes do fato. Já na interrupção, o prazo reinicia a contagem desde o início. A letra “a” está correta. O art. 189, CC prevê que violado um direito, nasce para o seu titular a pretensão; mas esta se extingue pela prescrição. Portanto a prescrição atinge a pretensão, enquanto a decadência atinge o direito material, o direito propriamente dito, não dotado de pretensão (letra “b” correta). A letra “c” também está correta, pois pode-se renunciar ao prazo de prescrição (ex: pagando uma dívida prescrita); mas não se pode renunciar ao prazo decadencial previsto na lei, pois é uma norma de ordem pública (embora possam existir prazos decadenciais fixados pelas partes em um contrato). A letra “e” está correta, pois a decadência pode ser legal (os prazos são previstos em lei) ou convencional (prazos estipulados pelas partes em um contrato).

06) Alternativa correta: letra “c”. Tendo em vista que a prescrição pode ser renunciada pelas partes (desde que já consumada e inexistindo prejuízo à direito de terceiro), o Juiz, não podia reconhecê-la de ofício, ou seja, sem ser provocado pela parte interessada. A exceção ficava por conta da hipótese de se reconhecer algum benefício ao absolutamente incapaz. Esta era a única hipótese

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permitida. No entanto o art. 194, CC foi revogado, permitindo atualmente ao Juiz reconhecer a prescrição de ofício em qualquer hipótese. A alternativa afirma que o Juiz pode reconhecer a prescrição se favorecer absolutamente incapazes. Não está errada. Mas cuidado. Reforçando: atualmente o Juiz pode reconhecer a prescrição de ofício em qualquer situação. A letra “a” está errada. Entendo que aqui também tem uma “pegadinha”. De fato a prescrição é matéria de ordem pública. Porém as partes podem renunciar a prescrição. Como?? Resposta: Pagando uma dívida prescrita, você está renunciando a prescrição. A letra “b” também está errada, pois os prazos prescricionais são fixos, previstos nos artigos 205 (regra geral – 10 anos) e 206 (hipóteses especiais) do CC; eles não podem ser alterados pela vontade das partes (art. 192, CC). Resumindo: a prescrição é matéria de ordem pública e as partes não podem alterar os prazos previstos na lei. No entanto, elas podem renunciar a prescrição. A prescrição não pode ser interrompida quantas vezes se quiser como afirma a letra “d” (antigamente podia; esta foi outra modificação introduzida pelo atual Código e que já se encontra em vigor). O art. 202, CC determina que a interrupção da prescrição somente pode ocorrer uma vez.

07) Alternativa correta: letra “d”. De fato o art. 202, CC determina que a prescrição somente poderá ser interrompida uma única vez. A letra “a” está errada. Em relação aos prazos, de uma forma geral, a sua aplicação é imediata. No entanto, em casos muito especiais, o atual código possui uma regra de transição estabelecida em seu art. 2.028: “serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada”. Assim, digamos que o prazo para se exercer um direito pela lei anterior era de 20 anos. Já se passaram 15 anos. O atual Código reduziu para 10 anos. Logo o prazo já teria sido ultrapassado e a pessoa teria perdido o direito. No entanto esta regra especial permite que, neste caso específico, ainda se aplique o Código anterior. A letra “b” está errada, pois determina o art. 192, CC que os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. A letra “c” está errada, pois o art. 207, CC dispõe exatamente o contrário: “salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição”.

08) Alternativa correta: letra “b”. Questão um pouco difícil, pois devemos analisar com atenção os artigos 197, 198 e 199 do CC, que trazem nove situações que impedem (o prazo não começa a correr) ou que suspendem o curso (o prazo teve início e ficou paralisado temporariamente) da prescrição. Confiram as hipóteses previstas na lei com as opções mencionadas neste teste. Observem que estas hipóteses não devem ser confundidas com as do art. 202, CC, que tratam da interrupção da prescrição (quando o prazo transcorrido é inutilizado, reiniciando-se seu cômputo). Não é isso que a questão quer. Na letra “a” está errada a afirmativa “em favor do mandante, contra o mandatário” (não há esta previsão na lei); além disso, a prescrição continua a correr se houve o rompimento da sociedade conjugal (separação judicial ou divórcio). Na letra “c”

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O conteúdo deste curso é de uso exclusivo de Joyce de Mello Carvalho, CPF:05767859701, vedada, por quaisquermeios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação e distribuição, sujeitando-se os infratores àresponsabilização civil e criminal.

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o Código Civil não fala expressamente do índio e, além disso, não menciona a frase “se pendente ação declaratória de direitos”. Na letra “d” está errada a frase “credor pignoratício e depositante” (não há esta previsão legal) e também a incapacidade relativa (ou seja, só não corre a prescrição contra os absolutamente incapazes).

09) Alternativa correta: letra “c”. O art. 191, CC é expresso no sentido de que somente depois de consumada a prescrição (e desde que não haja prejuízo de terceiros) é que poderá haver a renúncia (expressa ou tácita) por parte do interessado. Isso é importante, pois caso contrário algum credor mal intencionado poderia impor ao devedor, no momento da elaboração do contrato, que ele renunciasse futura e eventual prescrição. Portanto, somente o titular pode renunciar à prescrição e mesmo assim, somente depois da consumação do tempo previsto na lei. É conveniente deixar claro que na renúncia expressa a pessoa abre mão e forma explícita, por escrito; já na tácita a pessoa pratica atos incompatíveis com a prescrição, tais como pagar a dívida ou efetivar uma transação (acordo) extrajudicial. A letra “a” está errada no tocante à segunda afirmação. De fato a prescrição não corre entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar (art. 197, II, CC). No entanto também não corre entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal (art. 197, II, CC). A letra “b” está errada, pois o art. 196, CC determina que a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor (ex: herdeiro). Observem que a lei diz “continua a correr”, ou seja, a morte da pessoa não é hipótese de suspensão ou interrupção do prazo prescricional, que continua a fluir normalmente. Lembrando que há uma exceção: quando o sucessor for absolutamente incapaz. Nesta hipótese o prazo prescricional não se inicia enquanto não superada a incapacidade (art. 198, I, CC). As alternativas “d” e “e” se referem a hipóteses de prazos de prescrição e também estão erradas. A pretensão dos auxiliares da justiça, serventuários judiciais e peritos pela percepção de emolumentos, custas e honorários prescreve em 01 (um) ano, conforme o art. 206, §1o, III, CC. A pretensão para haver prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano com capitalização ou sem ele, ocorre em 03 (três) anos, conforme o art. 206, §3o, III, CC.

10) Alternativa correta: letra “b”. Trata-se do conceito exato de Fato Jurídico. As demais não estão exatas. A letra “a” trata do Fato Comum (que não traz repercussão no Direito). A letra “c” trata apenas do Fato Jurídico Natural (ou em Sentido Estrito); a letra “d” trata do Ato Jurídico; e a letra “e” do Ato Ilícito, sendo que todas elas são espécies do Fato Jurídico.

11) Alternativa correta: letra “c”. Não devemos confundir o direito aos alimentos, que é irrenunciável e imprescritível, com o direito à cobrança das prestações alimentares, vencidas e não pagas (ou seja, quando o alimentante já foi condenado ao pagamento e não pagou). A pretensão de cobrança das prestações alimentares prescreve (e não decai) em 02 (dois) anos, conforme previsão expressa do art. 206, § 2o, CC.

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12) Alternativa correta: letra “b”. O nome empresarial identifica o empresário e a sociedade no exercício de suas atividades, constituindo em legítimo direito da personalidade. Devido a sua importância, o art. 1.167, CC, possibilita que o prejudicado possa, a qualquer tempo, ingressar com uma ação (por isso o prazo é considerado imprescritível) para anular inscrição feita na Junta Comercial. A letra “a” apenas está errada a frase “cobrança de prestações alimentares vencidas” (lembrando: o direito aos alimentos é imprescritível; no entanto as prestações vencidas prescrevem em dois anos). Na letra “c” está errada a frase “cobrança de prestações vencidas de rendas vitalícias”. E a letra “d” ação de reparação civil em razão de contrafação (contrafação significa reprodução fraudulenta, falsificação), pois o art. 206, §3o, inciso V, CC prevê o prazo prescricional de 03 três anos para se promover ação de reparação civil.

13) Alternativa incorreta: letra “b”. Questão capciosa. Como vimos, a Decadência é a perda do direito em si (do direito material ou do direito propriamente dito), pela falta de seu exercício, no prazo previsto em lei ou pelas partes. Classifica-se, portanto, em convencional, que pode ser renunciada pelas partes, e, portanto, não pode ser reconhecida ex officio pelo Juiz ou legal que, por ser irrenunciável, pode ser reconhecida de ofício (ou seja, sem que o Juiz seja provocado para tanto), conforme disposição expressa do art. 210, CC. Observe que o art. 211, CC determina que se a decadência for convencional o Juiz não pode suprir a alegação. Assim o que está errado na questão é a afirmação “a decadência sempre pode ser conhecida de ofício”, da alternativa “b”. Como vimos, nem sempre pode (como no caso da decadência convencional). Cuidado com a letra “d”. Ela é genérica, afirmando que pode haver renúncia à decadência. Poder, pode. Mas, como vimos, a regra é que não pode. Notem que o art. 209, CC considera irrenunciável apenas os prazos da decadência estabelecidos em lei e não os prazos estabelecidos pelas partes (convencionais). No entanto a doutrina estabelece que a renúncia à decadência de um prazo convencional é plenamente possível e cita um bom exemplo disso: em um pacto de retrovenda (art. 505 e seguintes do CC) ficou estabelecido o prazo (convencional) de decadência do direito de resgate de um ano a partir da efetiva compra e venda. Passado algum tempo, pode-se renunciar a este prazo inicialmente de um ano, sendo o mesmo prorrogado para até três anos (que é o limite máximo estabelecido em lei). Seria uma forma de se renunciar a um prazo decadencial convencional. Em relação ao momento em que a mesma pode ser alegada, estabelece o art. 211, CC que "a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição..." esta fase engloba a expressão qualquer fase do processo, mesmo que tenha havido recurso (letra “e”) O processo, neste caso estaria em outro grau de jurisdição, ou seja, houve recurso.

14) Alternativa correta: letra “d”. Somente está correta a afirmativa III. A assertiva I está errada, pois o art. 211, CC prevê que se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. A assertiva II está errada,

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pois o art. 209 determina que é nula (e não anulável) a renúncia à decadência fixada em lei. A afirmativa III está correta nos termos do art. 207, CC.

15) Alternativa incorreta: letra “b”. A questão mistura vários conceitos de diferentes pontos do Direito Civil. Exige um conhecimento mais profundo do Direito Civil, como um todo. Mas a questão foi selecionada pelo interesse que geralmente causa ao aluno. A recusa à perícia médica ordenada pelo Juiz, pode suprir, a prova que se pretendia obter com o exame, por força do contido no art. 232, CC. Todavia, essa presunção gerada não é absoluta, mas sim relativa (presunção juris tantum, ou seja, que admite prova em contrário). Se em uma ação de investigação de paternidade o suposto pai não quiser fazer o exame de DNA o Juiz pode considerá-lo culpado. Mas isso não quer dizer que já está condenado. Não há uma presunção absoluta. O Juiz vai analisar todas as provas carreadas aos autos para formar a sua convicção. Mas a recusa ao fazer o exame pode levar o Juiz a condená-lo. A letra “a” está correta; se tiver alguma dúvida retorne a aula sobre as Pessoas Físicas. Quanto à letra “c”, se uma mulher for considerada adúltera em um processo de separação, provavelmente será também considerada culpada pela separação judicial. Mas isso não implica, automaticamente, mesmo que confessado pela mulher, que o marido não seja o pai dos filhos havidos na constância da sociedade conjugal. Para tanto é necessário um processo especial com esta finalidade (ação negatória de paternidade). A alternativa “d” está correta. Os filhos nascidos na constância do casamento presumem-se que são dos cônjuges. Mas é uma presunção relativa (juris tantum) que pode ser contestada pelo pai em alguns casos especiais (ex: o marido estava acometido por doença que lhe impedia de ter filhos - era estéril).

16) Alternativa falsa: letra “c”. Lembrem-se de que na verdade o examinador quer que seja assinalada a resposta incorreta. E a letra “c” está errada, pois os prazos que nela estão previstos eram do Código Civil anterior, já revogado. Como vimos, o atual Código prevê em seu art. 205, que a prescrição ocorre em 10 (dez) anos (prazo geral), salvo quando a lei haja fixado um prazo menor (01, 02, 03, 04 e 05 anos – prazos especiais, previstos no art. 206). Portanto não há mais prazos de 20 ou 15 anos de prescrição. O prazo máximo previsto no CC é de 10 (dez) anos. As demais alternativas estão corretas. Conferindo: letra “a” → art. 198, inciso I do CC; letra “b” → art. 202, caput e inciso V do CC; letra “d” → art. 197, inciso II do CC; letra “e” → art. 198, inciso II do CC.

17) Alternativa correta: letra “e”. Art. 202, V, CC.

18) Alternativa correta: letra “c”. Trata-se de uma questão que foge um pouco dos padrões normais de um concurso. Além disso, trata um pouco do aspecto processual. Por isso ela é interessante. Primeiro vamos recordar o que seja um ‘menor impúbere’. Trata-se de pessoa que possui menos de 16 anos, portanto é o absolutamente incapaz. Já ‘menor púbere’ é o que tem mais de 16

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anos, porém menos de 18 anos (é o relativamente incapaz). Vejam que a questão embora seja de Direito Processual Civil, no fundo, trata exclusivamente do Direito Civil. Em outras palavras e exemplificando, a questão expõe o seguinte: um pai foi condenado a pagar R$ 1.200,00 de pensão alimentícia para seu filho de 10 anos de idade. Durante seis anos ele pagou apenas R$ 800,00. Depois desse prazo a mãe do menor (que é a sua representante legal) move uma ação contra o pai. O pai alegou (em uma peça judicial que chamamos de embargos à execução) que o débito já estava prescrito, pois o artigo 206, §2º do CC determina que prescreve em dois anos a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. O que deverá fazer a mãe do menor? Ela deverá “impugnar os embargos”! Alegando o quê? Ela deve alegar que a prescrição não corre contra os menores impúberes, pois eles são absolutamente incapazes (art. 198, inciso I, CC). Devemos recordar que o direito aos alimentos é irrenunciável e imprescritível. Mas o direito à cobrança das prestações alimentares, vencidas e não pagas (ou seja, quando o alimentante já foi condenado ao pagamento e não pagou) prescreve em 02 (dois) anos (art. 206, § 2o, CC). Assim se quando venceu a ação o menor já tinha 16 anos, o pai teria razão; as prestações alimentícias estariam prescritas (exceto a dos dois últimos anos, que ainda poderiam ser cobradas). No entanto como se trata de menor, com 10 anos, o prazo prescricional nem ao menos começou a fluir (causa de impedimento). No caso concreto as alternativas “a” e “d” estão erradas (a prestação dos alimentos não é imprescritível; e o que se discute é a prestação em si e não o direito aos alimentos, este sim imprescritível). Se na hipótese, o alimentado fosse maior de idade (18 anos), muitas das prestações já estariam prescritas, pois se passaram 06 anos da condenação. As letras “b” e “e” também estão erradas, pois a idade correta é de 16 anos (absolutamente incapaz) e não 18 anos ou 24 anos enquanto estiver estudando. Nestas hipóteses o menor pode até ter o direito aos alimentos, mas o prazo prescricional das prestações está correndo normalmente.

19) Alternativa correta: letra “b”. O art. 192, CC determina que os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. Eles são de ordem pública, cogentes, impositivos. As demais alternativas estão erradas. A prescrição atinge a pretensão e não o direito material ou subjetivo (letra “a” errada – art. 189, CC); a prescrição não corre entre os cônjuges na constância da sociedade conjugal (letra “c” errada – art. 197, I, CC); o protesto cambial (de um cheque, uma nota promissória, uma duplicata, etc.) é causa de interrupção da prescrição (letra “d” errada – art. 202, III, CC); os atos que constituem em mora o devedor interrompem (e não suspendem) a prescrição (letra “e” errada – art. 202, V, CC).

20) Alternativa correta: letra “d”. Uma pessoa está me devendo certa quantia em dinheiro e paga a dívida com um cheque. Quando apresento o cheque no banco o mesmo é devolvido por “falta de fundos”. O prazo prescricional para que eu ingresse com a ação de cobrança (execução da dívida) começa a correr. Chamamos de protesto cambial quando eu vou ao cartório de

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protesto e apresento esse cheque (também pode ser outro título como uma nota promissória, uma duplicata, etc). Este ato (protesto cambial) interrompe a prescrição, que se reinicia, conforme o art. 202, III, CC. A letra “a” está errada, pois o art. 193, CC dispõe que a prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. Assim a parte pode alegar perante o Juiz singular (primeiro grau) ou mesmo perante o Tribunal, em grau de recurso (segundo grau). O art. 192, CC proíbe que as partes alterem os prazos prescricionais (letra “b” errada). O art. 202, CC determina que a interrupção da prescrição somente ocorre uma vez (letra “c” errada).

21) Alternativa correta: letra “a”. O art. 196, CC determina que a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra seu sucessor. A letra “b” está errada, pois o art. 194, CC foi revogado e atualmente o Juiz pode reconhecer de ofício (sem ser provocado pela outra parte) a prescrição. A letra “c” está errada, pois o art. 202, inciso I, CC determina que prescrição se interrompe pelo despacho do Juiz que determinar a citação. O Juiz pode até ser incompetente, porém a citação deve ser promovida no prazo e na forma da lei processual. Portanto a citação nula por vício de forma não interrompe a prescrição. Finalmente a letra “d” está errada, pois este prazo é decadencial. Lembrem-se de uma “dica” sobre o tema: os prazos de dias e meses são sempre decadenciais. Já os prazos prescricionais são: 10 anos (geral – art. 205, CC) e 01, 02, 03, 04 e 05 anos (especiais – art. 206, CC). Além do mais, na questão, trata-se de vício redibitório (defeito oculto na coisa), que será estudado com maior profundidade em aula posterior. Adiantamos que o prazo decadencial, tanto pelo Código Civil (art. 445, CC), como na Lei n° 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor – CDC – art. 18, §1°) é de 30 (trinta) dias, contados da entrega efetiva da coisa, se esta for móvel.

22) Alternativa correta: letra “c”. As hipóteses de interrupção da prescrição estão previstas no art. 202, CC. O protesto cambial (inciso III) e o despacho do Juiz (inciso I) são hipóteses de interrupção da prescrição. A primeira parte da alternativa “a” (por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor) está correta (inciso VI do art. 202, CC). No entanto a segunda parte (se o credor se tornar absoluta ou relativamente incapaz) está errada, pois a incapacidade não é causa de interrupção da prescrição. Observem que a incapacidade absoluta (art. 3°, CC) pode ser causa de suspensão da prescrição (art. 198, I, CC). A letra “b” está totalmente errada, lembrando que durante a sociedade conjugal simplesmente não corre a prescrição, sendo caso de impedimento (art. 197, I, CC) e não de interrupção da prescrição. A primeira parte da letra “d” está correta (inciso I); no entanto a segunda parte diz respeito à suspensão (art. 198, II, CC). O mesmo ocorre com a letra “e”: a primeira parte está correta (art. 202, V, CC) e a segunda parte está errada, pois se trata de impedimento da prescrição (art. 197, III, CC).

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23) Alternativa correta: letra “d”. Como regra, a interrupção da prescrição aproveita somente a quem a promove. Todavia, tratando-se de obrigação solidária ativa (em que todos os credores são considerados como se fossem apenas um credor), a interrupção feita por um dos credores aproveitará a todos, nos termos do art. 204, § 1o, CC. Portanto quando Tício notificou Antônio o prazo prescricional foi interrompido em relação aos dois credores (Caio e Tício) e não somente a quem notificou.

24) Alternativa correta: letra “e”. A questão é aparentemente fácil. Porém possui uma grande ‘pegadinha’. Lembrem que o cabeçalho da questão deseja que se assinale a alternativa em que o prazo da prescrição e da decadência não correm. Notem que todas as hipóteses mencionadas na questão são causas de impedimento do prazo prescricional, conforme o Código Civil. Mas apenas uma das alternativas impede a fluência do prazo prescricional e decadencial, ao mesmo tempo. Confiram que não corre a prescrição: letra “a” → art. 199, I e III; letra “b” → art. 198, II; letra “c” → art. 200; letra “d” → art. 199, II. A letra “e” é a única hipótese em que não corre o prazo prescricional (art. 198, I) e decadencial (art. 208).

25) Alternativa correta: letra “b”. Trata-se do previsto no art. 206, §5º, inciso I, CC. O previsto na alternativa “a” prescreve em 04 (quatro) anos (art. 206, §4º, CC). Todas as demais situações previstas nas outras alternativas prescrevem em três anos: letra “c” (art. 206, §3º, inciso II, CC); letra “d” (art. 206, §3º, inciso IX, CC) e letra “e” (art. 206, §3º, inciso IV, CC).

26) Alternativa correta: letra “c”. O art. 197, inciso II, CC dispõe que não corre a prescrição entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar. Portanto, de forma contrária, a prescrição corre normalmente depois de cessado o poder familiar. Nas demais hipóteses, realmente não corre o prazo prescricional: letra “a” - não estando vencido o prazo (art. 199, II, CC); letra “b” -entre os cônjuges na constância do casamento (art. 197, I, CC); letra “d” -pendendo ação de evicção (art. 199, III, CC); letra “e” – pendendo condição suspensiva (art. 199, I, CC).

27) Alternativa correta: letra “d”. O prazo para a pretensão dos aluguéis prescreve em 03 (três) anos, conforme o art. 206, §3°, inciso I, CC. As prestações alimentares (letra “a”) prescrevem em 02 anos (art. 206, §2°, CC). Os honorários de árbitros e peritos (letra “b”) prescrevem em 01 ano (art. 206, §1°, inciso III, CC). A pretensão em relação à tutela (letra “c”) prescreve em 04 anos (art. 206, §4°, CC). A pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo (letra “e”) prescreve em 05 anos (art. 206, §5°, inciso III, CC).

28) Alternativa correta: letra “c”. O prazo para a pretensão dos aluguéis prescreve em 03 (três) anos (art. 206, §3°, I, CC). Observem que a letra “e” fornece ao candidato a opção de não responder a questão. Isto porque neste

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exame, “uma questão errada anula uma certa”. Colocando-se a alternativa “e” o candidato não acerta... porém... também não perde ponto.

29) Alternativa correta: letra “d”. Questão bem capciosa. A letra “d” realmente está correta, pois o art. 203, CC permite que a prescrição possa ser interrompida por qualquer interessado. Mas o que pode “pegar” nesta questão é a letra “a”. Uma pessoa afoita pode assinalar esta alternativa como sendo a correta. No entanto ela está errada, pois o protesto cambial (ou seja, o protesto de um cheque, de uma nota promissória, de uma duplicata no Cartório de Protestos) é hipótese de interrupção da prescrição (art. 202, III, CC) e não de suspensão da prescrição. A diferença destes institutos reside no fato de que quando ocorre a interrupção a contagem do prazo recomeça do zero, enquanto que na suspensão o prazo volta a ser contado de onde parou, computando-se o prazo já corrido antes da causa de suspensão. A letra “b” está errada, pois a pretensão de reparação civil prescreve em 03 (três) anos (art. 206, §3o, V, CC). A letra “c” está errada, pois a prescrição corre em 10 (dez) anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor (art. 205, CC). Finalmente a letra “e” também está errada, pois o art. 192, CC determina que os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.

30) Alternativa correta: letra “a”. Decadência é a perda do direito em si, pela falta de seu exercício em determinado prazo. Este prazo pode ser pactuado pelas partes (decadência convencional – admitindo-se a suspensão e a interrupção) ou determinado pela lei (decadência legal – o prazo neste caso é contínuo, não se suspendendo ou se interrompendo). Observem que o art. 207, CC afirma que “salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição”. Portanto o próprio dispositivo acima prevê a possibilidade do prazo decadencial ser suspenso ou interrompido em casos determinados pela lei (embora ele não diga quais sejam estes casos). A letra “b” está errada, pois o art. 209, CC prescreve que é nula a renúncia à decadência fixada em lei. A letra “c” está errada, pois atualmente o Juiz pode declarar a prescrição mesmo sem ser provocado (ou seja, agindo ex officio). A letra “d” está errada, pois pode haver a renúncia da prescrição (de forma expressa ou tácita), mas somente após a consumação (e não antes de consumado o prazo), conforme o art. 191, CC. Finalmente a letra “e” está errada, pois os prazos prescricionais não podem ser alterados pelas partes (art. 192, CC).

31) Alternativa correta: letra “e”. Trata-se do texto literal do art. 193, CC. Observem que esta questão foi atualizada, tendo em vista que a Lei n° 11.280/06 revogou o art. 194, CC, portanto a letra “a” está errada. A letra “b” está errada, pois aplica-se, neste caso, a regra de que “o acessório segue o principal”. É interessante esclarecer que esta regra não está mais explícita em nossa legislação atual (o CC de 1916 dizia em seu art. 59 “salvo disposição especial em contrário, a coisa acessória segue a principal), no entanto a doutrina é unânime neste sentido. Prescrevendo uma dívida (principal),

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prescrevem os seus acessórios (ex: a multa contratual). A letra “c” está errada, pois não corre prazo de prescrição entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar (art. 197, I CC). A letra “d” está errada, pois o art. 204, CC prevê que a interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros. No entanto, acrescentando, se a obrigação for solidária a interrupção efetuada por um dos credores beneficia a todos (art. 204, §1°, CC).

32) Alternativa incorreta: letra “e”. O art. 194, CC proibia o Juiz de reconhecer a prescrição de ofício (ou seja, sem ser provocado), salvo se favorecesse os absolutamente incapazes. Porém este artigo foi revogado e atualmente o Juiz pode reconhecer de ofício a prescrição em qualquer situação. Por tal motivo a alternativa está errada. A letra “a” está correta, pois de fato o art. 192, CC impede que os prazos prescricionais sejam alterados por acordo das partes. A letra “b” também está correta, pois o art. 196, CC determina que a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. A letra “c” também está correta, pois o art. 209, CC prescreve que é nula a renúncia à decadência fixada em lei. Finalmente a letra “d” está correta, pois trata do texto literal do art. 211, CC, ou seja, sendo a decadência convencional, ela pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição (ou seja, pode ser requerida ao Juiz de primeiro grau ou ao Tribunal).

33) Alternativa correta: letra “c”. É o que prevê o art. 206, §3°, I e II, CC. A letra “a” está errada, nos termos do art. 196, CC. A letra “b” está errada, pois a interrupção da prescrição só pode ocorrer uma vez (art. 202, caput, CC). A letra “d” está errada: a renúncia tácita (que se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição) é permitida em nosso direito, com base no art. 191, CC, mas só valerá depois que a prescrição se consumar e desde que não prejudique terceiro. A alternativa “e” está errada, pois como regra não se aplicam à decadência normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição (art. 207, CC).

34) Alternativa correta: letra “a”. De fato, a apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores é causa interruptiva da prescrição, nos termos do art. 202, inciso IV, CC. A letra “b” está errada, pois a causa impeditiva impede que o prazo prescricional se inicie; a alternativa forneceu o conceito de causa suspensiva. A letra “c” está errada, pois não corre a prescrição contra os absolutamente incapazes (art. 198, inciso I, CC). Portanto a prescrição correrá a partir do momento em que o menor completar 16 anos (e não 18 anos como na questão). A letra “d” está errada, pois os prazos prescricionais não podem ser alterados, mesmo que haja acordo das partes (art. 192, CC). Finalmente a letra “e” está errada, pois o prazo decadencial não correrá apenas contra os absolutamente incapazes (art. 208 c.c. 198, inciso I, CC).

35) Alternativa incorreta: letra “b”. O art. 191, CC determina que a renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita e somente valerá, sendo

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feita sem prejuízo de terceiros, depois que ela se consumar; ou seja, não se admite a prescrição antes de sua consumação (ou dentro do prazo, como expresso na alternativa). A letra “a” esta correta, pois se trata de texto literal do art. 190, CC. Lembrem-se que a expressão exceção, neste caso, significa “meios de defesa” do réu em face do autor de uma ação judicial. A letra “c” está correta, pois não corre a prescrição durante a constância da sociedade conjugal (art. 197, I, CC). A letra “d” está correta, pois o protesto cambial é causa de interrupção da prescrição (art. 202, III, CC). Finalmente a letra “e” está correta, pois nos termos do art. 198, I, CC não corre prescrição contra os absolutamente incapazes.

36) Alternativa correta: letra “c”. Questão semelhante a anterior, embora pertençam a concursos, Estados e Poderes diferentes. Como vimos acima, o art. 194, CC foi revogado e atualmente é possível ao Juiz o reconhecimento da prescrição sem que haja requerimento da outra parte neste sentido. Além disso, ela pode ser alegada e reconhecida em qualquer fase do processo ou grau de jurisdição (art. 193, CC). A letra “a” está errada, pois o Código Civil determina que suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação por indivisível. Exemplo: Antônio se comprometeu a entregar um cavalo de raça (bem indivisível) para Bernardo e Carlos, e forma solidária. Assim, estes são credores solidários de um bem indivisível. Se por algum motivo o prazo prescricional for suspenso em relação a Bernardo, este prazo, por força de lei (art. 201, CC), também ficará suspenso para Carlos, pois a obrigação além de solidária é indivisível. No entanto, se a obrigação for divisível a prescrição somente ficará suspensa em relação a Bernardo, correndo normalmente em relação ao outro credor. A letra “b” está errada, pois a prescrição pode se dar de forma expressa (a parte reconhece por escrito que abre mão da prescrição) ou tácita (quando a pessoa pratica atos incompatíveis com a prescrição), conforme prevê o art. 191, CC. A letra “d” está errada, pois os prazos prescricionais não podem ser alterados por acordo das partes (art. 192, CC). E finalmente a letra “e” também está errada, pois a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor (art. 196, CC).

37) Alternativa correta: letra “d”. Trata-se de uma questão bem objetiva a respeito dos prazos prescricionais. A pretensão de Mário em receber os aluguéis prescreve em 03 (três) anos, conforme o art. 206, §3o, inciso I, CC. Já a pretensão de Maria em receber os valores relativos às despesas de hospedagem prescreve em 01 (um) ano, conforme o art. 206, §1o, I, CC.

38) Alternativa correta: letra “c”. Fatos jurídicos são acontecimentos aos quais o Direito atribui efeitos (aquisição, resguardo, transformação, modificação e extinção das relações jurídicas). Classificam-se em: A. Fato jurídico natural: 1) Ordinário; 2) Extraordinário. B. Fato jurídico humano: 1) Ato jurídico em sentido amplo ou voluntário: a) ato jurídico em sentido estrito – mera realização de vontade gerando consequências jurídicas previstas em lei, sem

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função e natureza de autorregulamentação (ex: perdão, reconhecimento de filho, fixação de domicílio, etc.); b) negócio jurídico – autonomia da vontade (ex: contrato) e 2) ato ilícito ou involuntário: civil, penal e administrativo. A letra “a” está errada, pois ocorre o contrário: a decadência extingue o direito e por via oblíqua a pretensão. A letra “b” está errada, pois o art. 191, CC determina que a renúncia só vale depois que a prescrição se consumar e desde que não prejudique terceiros. A letra “d” está errada, pois no negócio jurídico exige-se a manifestação de vontade humana e os seus efeitos dependem desta manifestação.

39) Alternativa correta: letra “a”. Determina o art. 211, CC que se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. A letra “b” está errada, pois nos termos do art. 191, CC a renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, mas só valerá sendo feita depois que a prescrição se consumar e sem prejuízo de terceiros. A letra “c” está errada, pois nos termos do art. 192, CC os prazos de prescrição não podem ser alterados, mesmo que por acordo entre as partes. Finalmente a letra “d” está errada, pois atualmente o Juiz pode declarar a prescrição, independentemente de requerimento da outra parte, em qualquer situação. Observem que o art. 194, CC foi revogado.

40) Alternativa incorreta: letra “a”. Esta alternativa trata do art. 198, CC. Ocorre que o texto legal é bem específico: somente não corre a prescrição contra os absolutamente incapazes (e não contra os incapazes de uma forma geral como exposto na questão). As demais alternativas estão exatas. Letra “b” (art. 202, inciso I, CC); letra “c” (art. 201, CC); letra “d” (art. 200, CC) e letra “e” (art. 204, §1o, CC).

41) Alternativa correta: letra “e”. Esta alternativa tem previsão expressa no art. 211, CC. De fato, o Juiz somente pode declarar a decadência convencional se ela for alegada pela parte a quem aproveita. A alternativa “a” está errada, pois o art. 191, CC prevê que a renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar. A alternativa “b” era o texto do art. 194, CC. No entanto este artigo foi revogado pela Lei n° 11.280/06, sendo que atualmente o Juiz pode reconhecer a prescrição de ofício em qualquer hipótese (e não somente quando favorecer absolutamente incapaz). A alternativa “c” está errada, pois o art. 207, CC diz exatamente o oposto. A letra “d” está errada, pois no atual Código Civil o prazo prescricional ordinário é de 10 (dez) anos, conforme o art. 206, caput, CC.

42) Alternativa incorreta: letra “b”. Segundo o art. 202, CC a interrupção da prescrição, em qualquer hipótese (inclusive por meio do protesto judicial), somente poderá ocorrer uma vez. A letra “a” está correta, nos termos do art. 195, CC. A letra “c” está correta nos termos dos arts. 190 e 192, CC. A letra “d” está correta, pois a reparação por eventuais danos, morais e/ou materiais,

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prescreve em três anos, nos termos do art. 206, §3°, inciso V, do CC. A letra “e” está correta nos termos do art. 209, CC.

43) Alternativa correta: letra “a”. Trata-se de uma questão com grande carga de doutrina. Além disso, esse não seria o lugar correto para colocá-la. Estamos apenas antecipando alguns temas que ainda veremos adiante. Não se preocupem se vocês não entenderam todos os temas expostos na questão. Eles serão melhor explicados durante o curso. Nesta questão, somente o enunciado II está correto. Os negócios jurídicos onerosos podem ser comutativos (ou seja, quando as prestações de ambas as partes são conhecidas de antemão e guardam entre si uma relação de equivalência) ou aleatórios (pelo menos uma das prestações não é conhecida de antemão, podendo haver uma não equivalência entre elas – ex: seguro de um carro – eu sei o quanto irei pagar por ele; mas não sei quando ou se o usarei; e se usá-lo, não sei de antemão o valor da indenização). O enunciado I é muito capcioso, pois negócios jurídicos típicos são aqueles que estão tipificados, nominados, previstos e disciplinados na lei de uma forma geral. E não só no Código Civil, como está na questão. Portanto está errado. O enunciado III também está errado, pois o seguro de vida é um negócio jurídico feito inter vivos, sob um termo futuro que é o evento morte (em geral ele é realizado em vida, mas para gerar efeitos depois da morte). Finalmente o item IV também está errado: a fiança é um negócio jurídico acessório que garante um negócio principal. Como eu disse, veremos melhor todos esses itens nas próximas aulas. Este teste foi apenas um “adiantamento” da matéria que ainda veremos.

44) Alternativa correta: letra “a”. O Juiz pode conhecer de ofício a prescrição (revogação do art. 194, CC) e a decadência legal (nos termos do art. 210, CC).

CERTO OU ERRADO

Questão 01

a) Errado. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor (art. 196, CC), salvo se este for absolutamente incapaz. Nesta hipótese o prazo não se inicia enquanto não superada a incapacidade (art. 198, I, CC).

b) Errado. Com a revogação do art. 194, CC, atualmente o juiz pode reconhecer de ofício a prescrição sobre direitos patrimoniais.

Questão 02

a) Errado. A primeira parte da afirmação está correta. Trata-se dos requisitos para se declarar a prescrição: pretensão a ser exercida, inércia do titular do direito, prazo fixado em lei, ausência de causas que impeçam o transcurso do lapso temporal e requerimento do devedor. No entanto a segunda

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parte está errada, pois com a revogação do art. 194, CC, não é mais necessária a alegação do devedor, sendo que o Juiz pode declarar a prescrição de ofício.

b) Certo. É o que dispõe o art. 204, §3o, CC.

c) Certo. Aplica-se o prazo geral de 10 (dez) anos do art. 205, CC por ausência de previsão no art. 206, CC.

Questão 03

a) Errado. O art. 191, CC somente permite a renúncia ao direito de invocar a prescrição se esta for feita sem prejuízo de terceiros e somente depois (e nunca antes, como na afirmação) que a prescrição de consumar.

b) Errado. A primeira parte da questão está correta, pois prescrevendo o direito principal, prescrevem também os acessórios. Trata-se da aplicação da regra de que “os acessórios acompanham o principal”. A segunda parte da afirmativa é que está errada. Mas para resolvê-la o aluno tem que conhecer uma outra matéria. O art. 269, IV, do Código de Processo Civil determina que haverá resolução de mérito quando o Juiz pronuncia a decadência ou a prescrição.

c) Certo. Como o art. 194, CC foi revogado, o Juiz pode reconhecer a prescrição de ofício. No entanto, a decadência convencional (pactuada pelas partes) o Juiz não pode suprir a alegação, segundo o art. 211, CC.

d) Certo. Prevê o art. 201, CC que se for suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam aos outros se a obrigação for indivisível.

GABARITO “SECO” DOS TESTES

01 – E 02 – E 03 – B 04 – A 05 – D 06 – C 07 – D 08 – B 09 – C 10 – B 11 – C

12 – B 13 – B 14 – D 15 – B 16 – C 17 – E 19 – B 20 – D 21 – A 22 – C 23 – D

24 – E 25 – B 26 – C 27 – D 28 – C 29 – D 30 – A 31 – E 32 – E 33 – C 34 – A

35 – B 36 – C 37 – D 38 – C 39 – A 40 – A 41 – E 42 – B 43 – A 44 – A

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AULA 04

FATOS E ATOS JURÍDICOS

= SEGUNDA PARTE =

Meus Amigos e Alunos.

Iniciamos hoje mais uma etapa em nossos estudos. Marchamos para a parte final de nosso curso. Esta é a nossa penúltima aula. Portanto, recebam todos, antecipadamente, um grande abraço, como se eu estivesse aí com vocês. Desejo tudo de bom para vocês. Muitas ALEGRIAS e SUCESSO nesta empreitada que vocês se propuseram, com muita tranquilidade e paz durante os estudos e na hora da realização das provas.

Bem... como vimos na aula anterior, Fato Jurídico é aquele que a lei atribui alguns efeitos. Ele pode ser dividido em Fato Natural e Fato Humano. Já analisamos o Fato Jurídico Natural (também chamado de Fato Jurídico em Sentido Estrito), sua classificação, a Prescrição e a Decadência, etc. Na aula de hoje vamos nos ater ao Fato Jurídico Humano, que é o acontecimento que depende da vontade humana (há quem diga que o termo ‘vontade humana’ seria uma redundância, pois somente o homem teria ‘vontade’; no entanto o termo tem sido aceito normalmente), abrangendo tanto os atos lícitos como os também ilícitos.

Eu diria que a aula de hoje é mais “light” do que a anterior; ela é menos teórica. É mais dinâmica e estaremos diante de muitos casos que vivenciamos em nosso dia a dia. Portanto, antes de começar a aula propriamente dita eu sempre relembro meus alunos que este é um curso preparatório para o AFRF/2009. Assim, não devemos nos perder em detalhes, em episódios que podem ocorrer em nossas vidas e em casos particulares, mas que não trazem nenhuma repercussão para a nossa prova. Portanto o importante é conhecer cada um dos institutos e suas peculiaridades.

No entanto, se por um lado esta aula é bem mais dinâmica e menos teórica, por outro lado é bem mais longa...

Vamos então que interessa.

Como vimos, o Fato Jurídico Humano (aquele que depende da vontade do ser humano) também pode ser subdividido em Ato Jurídico (em sentido amplo) e Ato Ilícito. A consequência da prática de um ato lícito é a obtenção de um direito. Já a prática do ato ilícito gera o dever de reparar os danos. Vamos analisar as particularidades de cada item desta subdivisão:

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1) ATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO (também chamado pela doutrina de Ato Jurídico Voluntário). Pode ser classificado em:

a) Ato Jurídico em Sentido Estrito (ou meramente lícitos) ⎯ quando se tem por objetivo a mera realização da vontade do agente. Exemplos: o reconhecimento de um filho, a fixação de domicílio, o perdão, a confissão, etc. A vontade é importante para a realização do ato, mas não quanto à produção dos efeitos desde ato, pois os efeitos decorrem da lei. Caso esta a explicação não tenha ficado claro, não se preocupem... mais abaixo vamos pormenorizar melhor este item. b) Negócio Jurídico ⎯ quando se procura criar normas para regular interesses das partes, harmonizando vontades que aparentam ser antagônicas e que se subordinam às disposições comuns. A ação humana visa alcançar uma finalidade específica. Exemplos: um contrato (de locação, de compra e venda, etc.), um testamento, a adoção, etc. Observem que em todos este atos os efeitos são os desejados pelas partes.

2) ATO ILÍCITO (também chamado de Fato Jurídico Involuntário) ⎯ quando a conduta (consciente e voluntária) do ser humano transgride um dever jurídico, acarretando consequências jurídicas alheias à vontade do agente, como a reparação do dano (que veremos na próxima aula, oportunidade em que também analisaremos a Responsabilidade Civil). O ato ilícito, embora seja um fato jurídico (pois causa repercussão no direito) não é ato jurídico, pois a característica essencial do ato jurídico é que este tem de ser lícito. O ato ilícito, ao invés de direitos, cria deveres (indenização, reparação do dano).

Vamos, então, analisar o ato jurídico em sentido estrito e o negócio jurídico, que são espécies do gênero ato jurídico em sentido amplo. Lembrando que negócio jurídico é o tema mais importante, conforme veremos.

ATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO

Como vimos acima, no Ato Jurídico em Sentido Estrito há uma realização de vontade do agente, mas as suas consequências são as previstas em lei e não as que porventura queiram as partes. Por isso ele é pobre em conteúdo. Quem pratica um ato jurídico em sentido estrito obtém apenas o efeito já preestabelecido na lei e não os desejados pelas partes interessadas.

O exemplo clássico é o reconhecimento de um filho. Digamos que uma pessoa (“A”) teve um relacionamento amoroso fora do casamento. Desse relacionamento nasceu um filho (“B”). “A” quer apenas reconhecer “B” como seu filho. Mas ao reconhecê-lo como tal, independentemente da sua vontade (e também da vontade do filho), surgem diversos efeitos legais, obrigatórios, como o direito ao nome, poder familiar, obrigação de prestar alimentos, direitos sucessórios, etc. Assim, reconhecido um filho, os efeitos decorrentes do ato

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não dependem da vontade da pessoa que fez o reconhecimento, mas sim da lei. Por tal motivo, não se pode reconhecer um filho sob condições, a termo ou com encargos.

Vamos supor que no exemplo dado, o pai reconhece o filho, mas faz algumas ressalvas: eu quero reconhecê-lo como meu filho, mas... eu sou casado... tenho outros filhos com minha esposa... não gostaria que esta pessoa reconhecida fosse meu herdeiro... (Pergunto: isso pode?) Mais... também não gostaria que esta pessoa tivesse o meu nome... afinal de contas é um filho havido fora do casamento.... (Pergunto: isso pode?) E mais... além disso... não gostaria de ter que pagar a pensão alimentícia... Mas o resto eu aceito... (Pergunto novamente: isso pode? Aliás... o que seria este “resto”?). Resposta a todas as indagações: NÃO!!!. Lógico que o pai não pode fazer isso. Uma vez reconhecido um filho, o pai não pode dizer que não deseja que ele seja seu herdeiro, ou que não tenha o seu nome, ou se escuse de pagar a pensão alimentícia. Como vimos, a situação “reconhecer um filho”, traz como consequências legais e obrigatórias todos aqueles efeitos acima citados. O pai pode desejar ou não aqueles efeitos. Tanto faz... Os efeitos ocorrerão, independentemente da vontade do agente, pois eles são impostos pela lei.

Outro exemplo: quando uma pessoa notifica outra, obtém o efeito previsto na lei de constituir o devedor em mora. Querendo ou não este efeito. Isto é, mesmo que o notificante não queira este efeito, ele ocorre independentemente de sua vontade.

Resumindo: O Ato Jurídico em Sentido Estrito é o que gera consequências jurídicas previstas em lei, independentemente da vontade das partes interessadas, não havendo regulamentação da autonomia privada. A doutrina acrescenta que estes atos são unilaterais, ou seja, basta uma única manifestação de vontade para que se tornem perfeitos.

NEGÓCIO JURÍDICO

Conceito

Negócio Jurídico é uma espécie do gênero ato jurídico em sentido amplo. É o ato destinado à produção de efeitos jurídicos, desejados pelo agente e tutelados pela lei. É toda ação humana, de autonomia privada, com o qual o particular regula por si os próprios interesses, havendo uma composição de interesses.

Objeto

O exemplo clássico de Negócio Jurídico é o contrato. Qualquer tipo de contrato. Num contrato as partes contratantes acordam que devem conduzir-se de determinado modo, uma em face da outra. Vamos tomar como exemplo um contrato de locação. Nele, uma das partes se compromete a fornecer a outra, durante certo lapso de tempo, o uso e gozo de uma coisa infungível. Por outro

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lado a outra parte se obriga a remunerar este uso. Trata-se do aluguel. Os efeitos deste negócio devem ser totalmente previstos e desejados pelas partes. Qual o valor da locação? Qual o prazo da locação? Qual o dia que deve ser efetuado o pagamento? Qual o local em que o pagamento vai ser efetuado? O locatário deve pagar o IPTU? E o condomínio do prédio? Quais as obrigações de cada parte durante o contrato? Todos estes itens (entre outros) são os efeitos do contrato. Todos eles podem ser “negociados” entre os contratantes (ao menos em tese). E, como regra, eles devem estar previstos e devem ser desejados pelas partes interessadas. Guardadas as devidas proporções, o mesmo também pode ocorrer em um contrato de compra e venda. E em todos os contratos de uma maneira geral. Assim, Negócio Jurídico é o principal instrumento que as pessoas têm para realizar seus interesses.

Lembrem-se de que o contrato é apenas uma das várias espécies de Negócio Jurídico. Aliás, o contrato é um Negócio Jurídico Bilateral. No entanto, o Negócio Jurídico também pode ser Unilateral. Neste caso o exemplo clássico é o testamento. Quais os efeitos de um testamento? – Resposta: Tudo aquilo que o testador desejar (desde que não contrarie a lei, a moral e os bons costumes)! Ocorre que o testamento, embora possa se produzir os mais diversos e variados efeitos, funciona apenas a vontade do testador, daí ele ser unilateral (diferentemente de um contrato, em que se leva em consideração a vontade de ambos os contratantes).

DISTINÇÃO – Negócio Jurídico e Ato Jurídico em Sentido Estrito

Vamos reforçar a idéia: não devemos confundir negócio jurídico com o ato jurídico em sentido estrito. Ambos decorrem de uma manifestação de vontade. No entanto no ato jurídico em sentido estrito o efeito da manifestação da vontade está previsto na lei e não pode ser alterado. Este não é exercício de autonomia privada. Logo, o interesse objetivado não pode ser regulado pelo particular e a sua satisfação se concretiza no modo determinado pela lei. Já no negócio jurídico, o efeito da manifestação da vontade é o desejado pelas partes; o fim procurado pelas partes baseia-se na autonomia da vontade privada. O negócio leva em consideração o fim procurado pela parte (ou partes) e a esse fim a ordem jurídica adapta os efeitos. Resumindo de forma bem objetiva: no Ato Jurídico em Sentido Estrito a pessoa pratica uma conduta e os efeitos desta conduta são automáticos, independente da vontade de quem o pratica; já no Negócio Jurídico a pessoa pratica uma conduta e os efeitos da conduta são os desejados pelas partes.

CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

Existe uma vasta classificação dos Negócios Jurídicos. Levando-se em consideração o que tem caído nos concursos públicos e segundo a melhor doutrina sobre o tema (embora não haja uma uniformidade), classificamos os Negócios Jurídicos em:

A) Quanto ao número de manifestações de vontade:

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1) Unilaterais – quando a declaração de vontade emana de uma ou mais pessoas, mas na mesma direção colimando um único objetivo. Ou seja, o ato se aperfeiçoa com uma única manifestação de vontade; havendo apenas um polo na relação jurídica. Exemplos: testamento, renúncia, desistência, promessa de recompensa, confissão de dívida, instituição de uma fundação, etc. Eles podem ser subdivididos em:

a) Receptícios – quando a declaração tem de se tornar conhecida do destinatário para produzir os efeitos. Exemplo: a revogação de mandato (ou seja, de uma procuração) – se eu revogo uma procuração eu devo comunicar isso à pessoa a quem eu outorguei os poderes. Percebam que o ato é unilateral (pois a revogação só depende da minha vontade), mas eu devo comunicar a minha decisão à outra parte para gerar efeitos jurídicos (por isso o ato é chamado de receptício). Um outro exemplo: a escolha nas obrigações alternativas. Alguns contratos possuem um duplo objeto alternativo: eu posso escolher uma coisa ou outra. Mas esta minha escolha deve ser comunicada à outra parte para surtir efeitos.

b) Não-receptícios – quando o conhecimento do fato por parte da outra pessoa é irrelevante. Exemplo: um testamento – quando eu faço o meu testamento, nada mais precisa ser feito; não preciso comunicar ninguém desse fato, nem mesmo os beneficiados pelo testamento. Outro exemplo: renúncia de herança – basta que eu renuncie à herança de forma expressa. Não é necessário que os demais interessados na herança sejam comunicados deste fato para que o ato seja válido e operante.

2) Bilaterais – quando a declaração de vontade emana de duas manifestações de vontade, em sentido oposto, mas coincidentes sobre o objeto (consentimento mútuo ou acordo de vontades). Neste caso há dois polos na relação jurídica. Exemplos: perdão (“A” pode perdoar “B”; mas este perdão somente surtirá efeitos se “B” aceitar o perdão); contratos como a compra e venda (comprador e vendedor), ou a locação (locador e locatário), etc. Podem ser subdivididos em:

a) simples – quando somente uma das partes aufere vantagens, enquanto a outra arca com os ônus (ex: doação).

b) sinalagmáticos – quando há uma reciprocidade de direitos e obrigações para as partes (gera obrigações para ambas), estando elas em situação de igualdade (ex: compra e venda, locação, etc.).

3) Plurilaterais – contratos que envolvem mais de duas partes. Exemplos: contrato de sociedade com mais de dois sócios, consórcios de bens móveis e imóveis, etc.

B) Quanto às vantagens:

1) Gratuito – só uma das partes aufere vantagem. A pessoa assume determinada obrigação sem aguardar qualquer espécie de contraprestação. São atos de liberalidade. Exemplo: doação simples.

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2) Oneroso – ambos os contratantes possuem ônus e vantagens recíprocas. A pessoa somente assume a obrigação por esperar em contrapartida a outra obrigação. Exemplos: locação, compra e venda, etc. Os contratos onerosos se dividem em:

a) comutativos – as prestações de cada um dependem de um acontecimento certo e determinado.

b) aleatórios – há uma incerteza em relação às vantagens e sacrifícios das prestações; depende de um acontecimento incerto, havendo, portanto, um risco (ex: o contrato de seguro, para a seguradora é aleatório, pois o pagamento ou não da indenização depende de um fato específico previsto no contrato – o sinistro).

Obs: Todo negócio oneroso é bilateral, pois a prestação de uma das partes envolve uma contraprestação. Mas nem todo ato bilateral é oneroso. Exemplo: doação pura e simples é negócio bilateral (possui duas vontades: doador e donatário), porém gratuito.

C) Quanto ao tempo em que devam produzir efeitos:

1) Inter vivos – destinados a produzir efeitos durante a vida dos interessados. Exemplos: locação, compra e venda, mandato, casamento, etc.

2) Causa mortis – somente produz efeitos (criando o direito) após a morte do declarante. Exemplos: testamento, codicilo (que é uma disposição de última vontade de pequenas coisas, como um anel, roupas, etc.), etc.

Obs: O contrato de seguro (ao contrário do que parece) é um negócio jurídico inter vivos, sendo que o evento morte funciona apenas como um termo.

D) Quanto a seus efeitos:

1) Constitutivos – se sua eficácia se opera ex nunc (ou seja, se efetiva a partir do momento da conclusão do negócio). Exemplos: contrato de compra e venda.

2) Declarativos – se sua eficácia é ex tunc (ou seja, se efetiva a partir do momento em que se operou o fato a que se vincula a declaração de vontade, retroagindo no tempo). Exemplos: divisão de condomínio, reconhecimento de filho, etc.

Observação - Ainda na aula de hoje falarei mais sobre esses efeitos – ex tunc e ex nunc. Estas expressões em latim merecem uma atenção toda especial da nossa parte (não só no Direito Civil, mas no Direito como um todo). Aguardem um pouco mais que tudo irá ficar ainda mais claro sobre estas importantes expressões.

E) Quanto à subordinação:

1) Principais – são aqueles que têm existência própria e não dependem de qualquer outro. Exemplos: compra e venda, locação, doação, etc.

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2) Acessórios – são aqueles que têm a sua existência subordinada à de um contrato principal. Exemplo clássico: fiança. A fiança só existe por causa de um contrato principal; ela não tem existência jurídica autônoma (lembrem-se da regra: “o acessório segue o principal”). Se eu sou o locador de um imóvel, quero que o locatário (inquilino) apresente um fiador, que ficará responsável pelo pagamento da dívida, caso o locatário não cumpra com a obrigação. Logo o contrato de locação é o principal e a fiança é o contrato acessório, que somente existe por causa do principal. Outro exemplo: cláusula penal (que é a multa que pode ser pactuado no contrata, caso este não seja cumprido).

F) Quanto às formalidades:

1) Solenes (formais) – obedecem a uma solenidade especial, a uma forma prescrita em lei para se aperfeiçoarem. Exemplos: casamento, testamento, etc. Em alguns casos a formalidade é a própria essência do ato, como a escritura pública de compra e venda de imóvel acima de certo valor (art. 108, CC).

2) Não solenes (forma livre) – a lei não exige formalidades para seu aperfeiçoamento, podendo ser celebrado por qualquer forma, inclusive verbal. Exemplos: locação, compra e venda de bens móveis, etc. Em regra os contratos têm forma livre, salvo exceções expressas na lei.

G) Quanto às pessoas:

1) Impessoais – independe de quem sejam as partes e de eventual qualidade especial destas para a prática do ato. Exemplo: contrato uma pessoa para pintar um muro (qualquer pessoa pode pintar um muro; não há uma habilidade especial para isso).

2) Intuitu personae – o ato se realiza em função das qualidades especiais de uma pessoa. Exemplo: desejo ser operado por cirurgião de minha confiança; desejo ser defendido no Tribunal do Júri pelo advogado “X”; quero que o famoso pintor “Z” pinte um quadro para mim, etc.

H) Quanto à causa:

1) Causais – estão vinculados a uma causa. Exemplo: o registro da escritura de um imóvel está sempre ligado à existência da escritura de compra e venda deste imóvel; se a compra e venda for defeituosa, o registro também o será.

2) Abstratos – estão desvinculados de qualquer outro negócio. Exemplo: compro uma casa pagando com um cheque; a emissão deste é desvinculada; se a compra e venda for considerada nula, o cheque continuará valendo, principalmente se estiver nas mãos de terceiros.

Obs: Como podemos perceber, um mesmo negócio jurídico pode se enquadrar em mais de uma categoria de classificação, sem que haja incompatibilidade nisso.

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ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

Alguns elementos do negócio jurídico são chamados de essenciais porque constituem elementos de existência e validade. Se o negócio possui tais elementos ele será válido e produzirá efeitos. Se faltar alguns desses elementos o negócio será inválido e não produzirá efeitos. Já outros elementos são chamados de acidentais, pois são requisitos de eficácia do negócio. Neste momento inicial vamos apresentar apenas um gráfico para melhor classificar os elementos constitutivos. Depois vamos analisar cada um destes elementos detidamente.

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS

I – Elementos Essenciais – são os dizem respeito à existência e validade do Negócio Jurídico, dando-lhe a estrutura e a substância.

A) Gerais – porque eles são comuns a todos os negócios. Vamos enumerá-los:

1) Capacidade das Partes. 2) Objeto Lícito, Possível, Determinado ou Determinável. 3) Consentimento (vontade).

B) Especiais – porque dizem respeito à forma prescrita ou não defesa em lei. São aplicáveis apenas a alguns negócios.

II – Elementos Naturais – são os efeitos ou as consequências decorrentes do próprio Negócio Jurídico.

III – Elementos Acidentais – são elementos facultativos; podem ou não ser estipulados e dizem respeito, não à existência ou validade propriamente dita do Negócio Jurídico, mas sim a sua eficácia.

1) Condição. 2) Termo. 3) Modo ou Encargo.

I – ELEMENTOS ESSENCIAIS GERAIS

Segundo a doutrina, antes da análise dos elementos de validade (art. 104, CC) é necessária a presença dos pressupostos de existência do Negócio Jurídico. Estes não estão previstos na lei, sendo uma construção doutrinária:

a) Objeto Idôneo – o objeto deve ser apto a celebrar o negócio jurídico desejado; se ele for fisicamente impossível (ex: vender um terreno na Lua), conduzirá à inexistência do negócio.

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b) Vontade Humana – para que haja o negócio jurídico é imprescindível a declaração de vontade humana. Como veremos adiante, se houver uma coação física irresistível, a vítima não está realizando a sua vontade, mas a vontade do coator.

Já os elementos de validade do negócio jurídico estão previstos na lei (art. 104, CC). São eles: capacidade das partes (elemento subjetivo), objeto lícito, possível, determinado ou determinável (elemento objetivo) e forma prescrita ou não defesa em lei. A doutrina ainda acrescenta o consentimento (vontade). A capacidade, o objeto e a vontade são chamados de elementos gerais, porque são elementos comuns a todos os Negócios Jurídicos. Já a forma é elemento especial, pois diz respeito apenas alguns negócios. Nem todos os Negócios Jurídicos exigem uma forma especial. Por isso vamos analisamos a forma em um item autônomo. Por enquanto, vamos nos ater aos Elementos Essenciais Gerais.

A) CAPACIDADE DO AGENTE

Se todo negócio jurídico pressupõe uma declaração de vontade, a capacidade do agente é indispensável, pois é a aptidão para intervir nos negócios jurídicos. Trata-se da capacidade de fato ou de exercício (pessoa dotada de consciência e vontade reconhecida pela lei como apta a exercer todos os atos da vida civil), já analisada anteriormente. Os arts. 3o e 4o do Código Civil apresentam o rol das pessoas absoluta ou relativamente incapazes. Já analisamos quem podem ser estas pessoas. Se alguém ficou com alguma dúvida, retorne a aula sobre Pessoas Naturais. É imprescindível o conhecimento dessa matéria para a compreensão do que falaremos a seguir.

No caso de eventual incapacidade, esta deverá ser suprida pelos meios legais. Enquanto os absolutamente incapazes são representados em seus interesses por seus pais, tutores e curadores, os relativamente incapazes (embora já possam participar pessoalmente dos negócios jurídicos) devem ser assistidos pelas pessoas a quem a lei determinar. O ato praticado pelo absolutamente incapaz sem representação é nulo. Já o ato realizado pelo relativamente incapaz sem assistência é anulável. Ainda hoje veremos a distinção entre o ato nulo e o anulável. Lembrando que o vício da incapacidade é um instrumento que age a favor do incapaz, para protegê-lo.

Incapacidade

• Absolutamente incapazes (art. 3o, CC) devem ser representados → falta de representação → Negócio Jurídico Nulo (art. 166, I, CC).

• Relativamente incapazes (art. 4o, CC) devem ser assistidos → falta de assistência → Negócio Jurídico Anulável (art. 171, I, CC).

É interessante acrescentar que o art. 105, CC determina que a incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em

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benefício próprio, nem aproveita aos outros interessados. Isto porque a intenção da lei é proteger o incapaz contra a maior experiência e má-fé de terceiros que desejam tirar proveito desta situação. Assim não pode uma pessoa capaz realizar um negócio com um incapaz e ele próprio (o capaz) requerer a invalidade do negócio com fundamento de que a outra parte é incapaz. A incapacidade é uma exceção (forma de defesa) pessoal. Por isso somente pode ser alegada pelo próprio incapaz ou seu representante legal. Mas, como quase tudo, aqui também tem exceção à regra. Se a obrigação for indivisível (ex: entregar um cavalo), mesmo que as demais partes forem capazes, não será possível separar o interesse dos contratantes. Neste caso, a incapacidade de um deles poderá tornar anulável o ato praticado, mesmo que o vício tenha sido alegado por uma pessoa capaz. Portanto, nesta hipótese, o vício se estenderá para toda a obrigação, sendo o negócio anulado.

Recordando sobre a Pessoa Jurídica. Ela deve ser representada por uma Pessoa Física (ou Natural) ativa e/ou passivamente, exteriorizando sua vontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais. Ou seja, é necessário que haja uma Pessoa Física para assumir os compromissos e assinar os contratos dessa Pessoa Jurídica. De uma forma geral esta Pessoa Física deve exprimir a vontade da Pessoa Jurídica; deve executar os seus objetivos. E em regra essa pessoa é a indicada no ato constitutivo (ou seja, no estatuto ou no contrato social) da Pessoa Jurídica. Na sua omissão, a representação será exercida por seus diretores. Trata-se, assim, de uma representação imprópria.

Representação

Os artigos de 115 a 120 CC tratam da representação. Esta é uma relação jurídica pela qual certa pessoa se obriga diretamente perante terceiro, através de ato praticado em seu nome por um representante. O art. 115, CC delimita as situações possíveis para a sua realização: conferido por lei ou pelo próprio interessado (mandato). Assim, são espécies de representantes:

a) Legais – a própria norma jurídica confere poderes para uma pessoa administrar bens alheios; servem aos interesses do incapaz. Exemplos: pais, tutores e curadores, em relação aos bens dos filhos, tutelados e curatelados.

b) Judiciais – são as pessoas nomeadas pelo Juiz para exercer certo cargo em um determinado processo. Exemplos: administrador judicial de uma falência, inventariante, etc.

c) Convencionais – são aqueles que tem um mandato, expresso ou tácito, verbal ou escrito do representado. Exemplos: procuração outorgada (fornecida) a um advogado para patrocinar um processo judicial. Somente nesta espécie de representação é possível o substabelecimento. Substabelecer significa transferir a uma outra pessoa os poderes que o mandatário recebeu do mandante. Exemplo: “A” (representado ou mandante) outorgou poderes para “B” (representante ou mandatário) realizar um negócio perante “C”. Como “B”

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não também poderá realizar este negócio neste dia, transferiu os poderes que recebeu para “D”.

O representante deve provar às pessoas com quem tratar (em nome do representado) a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de não o fazendo, responder pelos atos que excederem à representação. Prevê o art. 116, CC que a manifestação de vontade pelo representante, ao efetivar um negócio em nome do representado, nos limites dos poderes que lhe foram conferidos, produz efeitos jurídicos em relação ao representado. Ou seja, o representante pratica o ato; mas é o representado que irá adquirir os direitos ou assumir as obrigações decorrentes da representação.

O art. 117, CC autoriza o chamado “contrato consigo mesmo” (ou autocontrato), isto é, uma só pessoa está revestida das duas qualidades jurídicas diferentes, de forma simultânea: ora por si, ora representando um terceiro. Mas isso somente é possível se houver permissão da lei ou do representado. Para a proteção do representado esta prática somente é possível se houver a sua permissão ou se a lei não se opuser, sob pena de anulação. O exemplo clássico ocorre no cumprimento do chamado mandato em causa própria, onde o mandatário é também o beneficiário. Exemplo: A confere mandato para B para vender seu apartamento, com autorização para que B venda o imóvel para ele mesmo = B. Neste caso, quando for feita a escritura, B intervirá, ora representando A (como mandatário), ora em seu próprio nome (comprando o imóvel). Notem, que mesmo nesta hipótese, B manifesta sua vontade sob dois ângulos diferentes (como vendedor, representando A e como comprador, em nome próprio). Observem que são duas vontades jurídicas diferentes.

Já o art. 119, CC prevê que se o representante concluir um negócio e houver um conflito de interesses com o representado, sendo que tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou, o negócio também será anulável.

B) OBJETO LÍCITO, POSSÍVEL, DETERMINADO OU DETERMINÁVEL

O direito somente atribui efeitos à vontade humana quando se procura alcançar objetivos lícitos. Assim, além da capacidade das partes, para que um negócio jurídico se repute válido e perfeito, deverá versar sobre um objeto lícito, conforme a lei, não sendo contrário aos bons costumes, à ordem pública e à moral. Exemplo: na locação de um imóvel para fins residenciais, este é o objeto do contrato. Assim, eu não posso desvirtuar o que foi pactuado e explorar naquele imóvel (que era para fins residenciais) uma atividade ilícita, como por exemplo, a exploração da prostituição. Desta forma, se o objeto do contrato foi ilícito, nulo será o negócio jurídico. Outro exemplo: compra e venda de objeto roubado. Também neste caso haverá a nulidade absoluta do ato.

Além disso, o objeto deve ser possível, realizável. Se o negócio implicar prestações impossíveis, também será considerado nulo. Esta a impossibilidade

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pode ser jurídica (ex: venda de herança de pessoa viva – art. 426, CC) ou física (ir à lua e voltar em duas horas, etc.). Segundo a doutrina para tornar nulo o negócio a impossibilidade deve ser absoluta, ou seja, impraticável por quem quer que seja. Se a impossibilidade for apenas relativa, isto é, puder ser realizada por alguém (mesmo que não seja o devedor), não haverá obstáculo para o negócio.

Finalmente deve ser o mesmo determinado ou, ao menos, determinável, ou seja, possível de determinação no futuro. E outras palavras: o objeto deve ser previamente conhecido e individualizado ou devem existir critérios que permitam sua futura individualização. Assim, admite-se a venda de coisa incerta (mas não indeterminada). No entanto ela deve ser indicada ao menos pelo gênero e pela quantidade, ainda que não seja mencionada a qualidade, pois esta pode ser determinada posteriormente pela escolha.

C) CONSENTIMENTO (Vontade). Da Interpretação do Negócio Jurídico.

A manifestação de vontade exerce papel importante no negócio jurídico, sendo um elemento básico. Portanto, é necessário que esta vontade seja espontânea, livre de qualquer vício. Mas nem sempre um contrato traduz a exata vontade das partes. Por isso, algumas vezes ele deve ser interpretado, para se chegar a real intenção das partes. Interpretar o negócio jurídico é delimitar o alcance da declaração de vontade. No entanto as cláusulas contratuais não devem ser interpretadas de forma isolada, mas no contexto do contrato, em conjunto com as demais cláusulas.

O consentimento pode ser expresso ou tácito. Será expresso quando for declarado por escrito ou verbalmente, mas de maneira explícita. Será considerado tácito se resultar de um comportamento do agente que demonstre, implicitamente, sua anuência, sua concordância com a situação, desde que o negócio, por sua natureza ou por disposição legal, não exija forma expressa.

O silêncio pode importar em anuência, se as circunstâncias e os usos o autorizarem e não for necessária a declaração de vontade expressa (art. 111, CC). Ou seja, o silêncio somente terá valor jurídico, como um fato gerador de um negócio, se a lei assim o permitir. Caso contrário o silêncio não tem força de declaração de vontade. Portanto, no Direito, não é totalmente aceito o brocardo: “quem cala consente”. Em alguns casos (raros) ele se aplica, como na hipótese da doação pura, onde o silêncio do beneficiário é considerado como aceitação, concluindo o contrato. Na prática é o Juiz, diante de um caso concreto, que deverá verificar se o silêncio representou ou não a vontade.

Outro princípio básico relativo às declarações de vontade é de que se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da

• Objeto ilícito, impossível, ou indeterminado → Negócio Jurídico Nulo (art. 166, II CC).

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linguagem (art. 112, CC). Ou seja, os negócios, de uma forma geral, podem conter alguma cláusula duvidosa ou algum ponto controvertido, sendo necessária uma interpretação. Pelo Código esta interpretação deve procurar se situar mais na vontade real dos contratantes, procurando as consequências e os efeitos desejados por eles, indagando sua real intenção, do que no sentido literal do negócio (que seria o exame gramatical de forma “fria” de um texto do contrato).

Além disso, os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração (art. 113, CC). Trata-se de referência à boa-fé objetiva que representa um dever de conduta das partes, de acordo com a lealdade, honestidade, confiança, etc. (a expressão “boa-fé” deriva do latim bona fide, que significa boa confiança, ou seja, é a convicção de alguém que acredita estar agindo de acordo com a lei, na prática ou na omissão de determinado ato).

O art. 114, CC estabelece uma ressalva. Os negócios jurídicos benéficos (também chamados de gratuitos, pois envolvem uma liberalidade, como uma doação pura e simples) e a renúncia interpretam-se estritamente. Ou seja, segundo a lei tais atos se limitam apenas ao que foi estabelecido pelas partes, sem incluir outras questões. Isto é, nem o Juiz poderá dar a estes negócios uma interpretação mais ampla, devendo ficar restrito ao que foi estipulado pelas partes. Um exemplo clássico disso é a fiança nos contratos de locação: sua natureza é gratuita, portanto é considerado um Negócio Jurídico benéfico; por tal motivo, se houver alguma dúvida quanto a sua abrangência, esta deve ser resolvida fazendo-se uma interpretação restritiva, ou seja, em favor daquele que prestou a fiança (no caso o fiador), não se ampliando as obrigações do mesmo (confiram o art. 819, CC).

Finalmente, acrescente-se, que há outros dispositivos estabelecendo regras sobre a interpretação da vontade. O art. 423, CC, por exemplo, prevê que quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, acolhe-se a interpretação mais favorável ao aderente. Merece destaque especial também o art. 47 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) que dispõe que “as cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”.

DEFEITOS

Defeito é todo vício que macula o negócio jurídico, tornando-o passível de anulação. Segundo Francisco Amaral é a imperfeição que nele pode surgir, decorrente na formação de vontade ou na sua declaração. Pode ser grave (quando vicia o ato de forma definitiva) ou leve (quando o ato pode ser remediado pelo interessado).

Podemos dizer que um ato é válido, quanto ao consentimento, “quando eu pratico uma conduta que eu queria realizar, desejo os seus efeitos e esta conduta não causa prejuízo a ninguém”. Às vezes eu posso ter feito algo que

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não era o que eu queria fazer (e quantas vezes isso ocorre conosco...); quero comprar algo e me engano... ou sou enganado. Outras vezes quero fazer algo e faço exatamente aquilo que eu queria fazer. Mas o que eu fiz afeta direitos de terceiros, prejudicando essas pessoas, que não foram partes do negócio principal, mas que foram lesados com a minha conduta. É importante notar que em qualquer uma destas duas situações (fiz algo que não queria ou fiz algo que eu queria, mas prejudiquei interesses de terceiros) surgem os chamados defeitos relativos à vontade.

Assim: se existe uma vontade, porém sem a correspondência com aquela que o agente quer exteriorizar, o Negócio Jurídico será viciado ou deturpado, tornando-se anulável (art. 171, II, CC), se no prazo decadencial de 04 anos for movida ação de anulação (art. 178, II, CC). São os chamados vícios de consentimento (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão). Nestes casos há uma desavença entre a vontade real e a vontade declarada.

Existem outras hipóteses em que se tem uma vontade funcionando normalmente, havendo até correspondência entre a vontade interna e a manifestação, mas, no entanto, ela se desvia da lei ou da boa-fé. O que foi colocado no contrato infringe a lei e prejudica terceiros. Também são passíveis de anulabilidade no prazo decadencial de 04 (quatro) anos. São os chamados vícios sociais (fraude contra credores). A simulação também é considerada por parte da doutrina como um vício social, uma vez que objetiva iludir terceiros. Porém o atual Código resolveu discipliná-la em outro capítulo, referente à invalidade do negócio jurídico (e não no capítulo referente aos defeitos do negócio).

Vamos, mais uma vez, apresentar um gráfico para melhor classificar os defeitos relativos à vontade. Depois vamos analisá-los um a um. E vamos ver qual a consequência deste ato viciado. Dependendo do vício o ato pode ser nulo, anulável ou até mesmo válido. Mais adiante, ainda na aula de hoje, veremos as diferenças entre um Ato Nulo e um Ato Anulável, todas as hipóteses que caracterizam uma e outra situação e os efeitos decorrentes destas situações. Esses tópicos têm vital importância para efeito de concursos. Conforme veremos mais adiante, na resolução dos testes, é muito comum a incidência deste tema em concursos públicos. Assim:

DEFEITOS

1) Ausência de Vontade → Negócio Nulo.

2) Vícios de Consentimento → A vontade não é expressada de maneira absolutamente livre → Erro ou Ignorância, Dolo, Coação, Lesão e Estado de Perigo.

3) Vícios Sociais → A vontade manifestada não tem a intenção pura e de boa-fé que enuncia → Fraude contra Credores. Quanto à

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Simulação, devemos tomar cuidado. Embora muitos doutrinadores ainda afirmem ser um vício social, o atual Código Civil a coloca em outro capítulo (da invalidade do negócio jurídico – art. 167, CC), conforme veremos adiante.

Observação – Se não for respeitado o prazo decadencial de 04 (quatro) anos, o defeito não poderá ser mais alegado, sendo o ato convalidado por decurso de prazo.

ERRO OU IGNORÂNCIA (arts. 138 a 144, CC)

Este é o primeiro defeito relativo ao consentimento. O aluno que conseguir entender o seu alcance não sentirá nenhuma dificuldade de entendimento dos demais defeitos. Por isso muita atenção.

Primeiramente: Erro e Ignorância são sinônimos? Não!! O Código Civil equipara o erro à ignorância quanto aos efeitos; ou seja, o Código não distingue um instituto do outro, mas afirma que as suas consequências são idênticas no campo do Direito. Assim, embora o Código não faça é a doutrina quem faz distinção entre o Erro e a Ignorância. E esta diferença já caiu em exames.

Erro é a falsa noção que se tem sobre um elemento que influencia a formação de vontade do declarante. Pode recair sobre as qualidades de uma coisa ou sobre uma pessoa. Ocorre quando o agente pratica o ato baseando-se em falso juízo ou engano. Pensei que era uma coisa... mas na realidade é outra. Já a Ignorância é o completo desconhecimento do declarante acerca do objeto ou da pessoa. Assim, às vezes usamos a expressão “erro”, mas queremos nos referir não só ao erro propriamente dito, como também à ignorância.

Na verdade o erro é um registro falso da realidade. Observem que no erro a pessoa se engana sozinha. Ninguém a induz a erro. Mas não é qualquer erro (ou ignorância) que torna o negócio anulável. Ele há de ser a causa determinante ou principal. Ou seja, se a situação real estivesse esclarecida e era conhecida, o negócio não seria feito. Assim, o erro (ou a ignorância) pode ser classificado em:

A) ERRO ESSENCIAL OU SUBSTANCIAL ⎯ quando se refere à natureza do próprio ato; recai sobre circunstâncias e aspectos principais, relevantes do negócio de forma que se eu soubesse do defeito jamais teria praticado o ato. A doutrina afirma que neste caso o erro deve ser escusável e real. Escusável porque ele é aceitável, desculpável; tem por fundamento uma razão plausível, ou seja, qualquer pessoa com atenção ou diligência normal seria capaz de cometê-lo em face das circunstâncias. Ex: é aceitável uma pessoa leiga confundir o diamante com zircônio. Mas não se admite este confusão para um joalheiro, que tem conhecimento técnico para fazer a distinção (para ele seria um erro inescusável e, portanto, sem possibilidade de anular o ato). Real

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porque deve acarretar um prejuízo efetivo para o interessado. O Código Civil especificou as modalidades de erro substancial (permitindo a anulação do negócio jurídico) no art. 139, CC. Vejamos:

1) Erro sobre a natureza do negócio jurídico (error in negotio) – o erro recai sobre a modalidade de contrato que eu celebrei. Pensei fazer um determinado contrato... mas fiz outro. Exemplo: empresto um determinado bem para uma pessoa, mas ela entende que houve uma doação. Observem que não houve um acordo de vontades: uma das partes pensa que está realizando um contrato (empréstimo) e o consentimento do outro se dirige a um outro contrato (doação). Outros exemplos: quero vender uma coisa, mas acabo doando; quero alugar um apartamento (o aluguel é oneroso), mas acabo fazendo um comodato (que é um empréstimo gratuito), etc. Esta situação é muito difícil de ocorrer na prática. No entanto pode muito bem cair em concursos... como já caiu.

2) Erro sobre o objeto principal da declaração (error in corpore) – a manifestação de vontade recai sobre objeto diferente do que se tinha em mente. Exemplo: comprei um lote em um condomínio que pensava ser muito valorizado, no entanto trata-se de um outro condomínio, que tem o mesmo nome, mas está situado em local diverso, muito distante de onde eu queria. Notem, mais uma vez, que ninguém me enganou. Eu errei sozinho (quando alguém me engana trata-se de um outro defeito, o dolo, como veremos adiante). O erro, neste caso, atingiu a substância do ato; portanto o ato é anulável. No entanto, o art. 144, CC dispõe que o erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. Aproveitando o exemplo acima: comprei o lote no condomínio errado (erro substancial); no entanto o vendedor, entendendo a situação, acaba entregando o lote no condomínio onde eu queria inicialmente. Ora, o negócio acabou sendo executado em conformidade com a minha vontade real inicial. Portanto, não havendo qualquer prejuízo, não se anula o negócio.

3) Erro sobre as qualidades essenciais do objeto principal (error in substantia ou in qualitate) – a pessoa adquire o objeto que imaginava; porém engana-se quanto as suas qualidades; o motivo determinante do contrato é a qualidade de um objeto que depois se constata que não existe. Exemplos: compro um relógio pensando que ele é de ouro, mas o mesmo é apenas “folheado”; compro uma blusa pensando que e de lã animal, mas na verdade é sintética (e a pessoa é alérgica e este tipo de tecido); compro um cavalo de carga pensando ele era um legítimo “puro-sangue” de corridas, etc. Observem que nestes exemplos eu também errei sozinho.

4) Erro quanto à identidade ou à qualidade da pessoa a quem se refere a declaração de vontade (error in persona) – geralmente este defeito é relativo aos contratos personalíssimos (intuitu personae). Atingem a identidade física ou moral, podendo o ato ser anulado, desde que a consideração pessoal era condição essencial para a realização do negócio. Exemplo: contratei

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um cantor pensando que ele era ótimo... mas não era. Notem que no caso de um contrato em que a prestação pode ser cumprida por qualquer pessoa (como por exemplo, pintar um muro), mesmo que o contratante tenha se enganado na designação da pessoa, tal fato não será suficiente para a anulação do negócio. O erro quanto à pessoa pode ser relativo ao:

a) Casamento: • erro quanto identidade do outro cônjuge, sobre a sua honra, boa

fama, etc. (ex: casar-se com pessoa e descobrir depois se tratar de criminoso procurado, viciado em tóxicos, etc.).

• ignorância de defeito físico irremediável ou moléstia grave, transmissível.

Em ambas as situações o casamento pode ser anulado por “vício essencial sobre a pessoa”.

b) Testamento: • deixo uma jóia para X, que salvou minha vida. Descubro,

posteriormente, que foi Z e não X quem salvou minha vida. Se eu soubesse que foi Z quem me salvou, eu não teria doado aquela jóia a X. Eu queria doar a jóia a quem realmente salvou minha vida, ou seja, Z. Neste exemplo o defeito é chamado de “erro quanto ao fim colimado ou por falsa causa”. O art. 140, CC determina que o falso motivo (ou falsa causa) somente vicia a declaração de vontade, quando for expressamente declarado como razão determinante da realização do negócio. Ou seja, o motivo somente tem relevância jurídica se for instituído expressamente no contrato, como razão para celebração deste. Vejamos um outro exemplo: um homem já idoso recebe a notícia de que teve um filho quando era mais moço, mas na ocasião a mãe não lhe informou do fato. O idoso, tentando ajudar esta pessoa lhe doa uma casa, mas estabelece o motivo: somente assim está procedendo porque esta pessoa seria seu filho. Desta forma, caso comprovado posteriormente que a pessoa não era seu filho, a doação pode ser anulada, pois havia um falso motivo que foi expresso como razão determinante do negócio, viciando, assim, a vontade.

Lembrem-se: “Ninguém pode se escusar de cumprir a lei alegando que não a conhece” = Princípio da Obrigatoriedade (art. 3o da LICC), que visa garantir a estabilidade e a eficácia do sistema jurídico, que ficaria comprometido se fosse admitida em toda e qualquer hipótese a alegação de ignorância de lei em vigor.

Somente o erro substancial, essencial, escusável, real, anula o negócio jurídico. O erro deve ser de tal forma que, caso a verdade fosse conhecida, o ato não seria realizado, importando efetivo prejuízo ao

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interessado. Mas o contratante que se achou em erro e promove a invalidade do contrato pode ser condenado a ressarcir eventuais prejuízos que causar à outra parte por não ter procedido com a diligência necessária ao prestar o seu consentimento. Somente a parte interessada (a que errou) pode arguir a anulação do ato.

B) ERRO ACIDENTAL ⎯ é aquele concernente às qualidades secundárias ou acessórias da pessoa ou do objeto. Mesmo ocorrendo esta espécie de erro, o negócio jurídico não será anulado. O ato continua válido, produzindo efeitos, porque o defeito não incide sobre a declaração de vontade. Ele decorre do não-emprego da diligência ordinária que deve ter um “homem médio”. Mesmo sabendo do defeito, a pessoa teria realizado aquele negócio. Exemplo: comprar um carro de ano de fabricação muito diferente é um erro essencial; porém comprar um carro de número de série diferente é apenas um erro acidental. Da mesma forma, comprar um carro usado com uma cor um pouco diferente (preto ou azul escuro) também é acidental, não anulando o negócio. Outros exemplos: compro uma casa pensando que tem quatro janelas, mas só tem três; doei um relógio a uma pessoa pensando que ela é solteira, mas é casada, etc.

O chamado erro de cálculo (que é a inexatidão material) também não é causa de anulação do negócio, mas de simples retificação da declaração de vontade, nos termos do art. 143, CC. Pode incidir sobre o peso, a medida, a quantidade, o valor do bem, etc. É uma espécie de erro acidental, não incidindo sobre a declaração de vontade e não viciando o consentimento. Exemplo: comprei 12 camisas, sendo que o valor de cada uma delas é de R$ 45,00; logo deveria pagar R$ 540,00, mas acabei pagando somente R$ 450,00. É evidente que houve um erro na elaboração aritmética dos dados do negócio, pois as partes sabiam do valor do negócio, errando apenas no momento da realização do cálculo final.

Erro de Fato e Erro de Direito

O erro de fato é aquele que recai sobre uma circunstância de fato. Ele pode ser essencial ou acidental. Tudo o que falamos acima se refere ao erro de fato.

Já o erro de direito diz respeito à existência de norma jurídica. Ele consiste na ignorância da lei, no falso conhecimento e também na sua interpretação errônea. Como regra ele não admite escusa; não admite desculpas. Não pode ser alegado. No entanto admite-se, excepcionalmente o erro de direito (e, por consequência, o negócio jurídico pode ser anulado), se o ato não implicar em recusa à aplicação da lei e for o motivo único ou principal do Negócio Jurídico (art. 139, III, CC). Isto é, não pode o ato recair sobre a norma cogente (ou seja, impositiva, de ordem pública), mas tão-somente sobre normas dispositivas (ou seja, sujeitas ao livre acordo das partes). Além disso, deve ser grave a ponto de afetar e viciar a manifestação de vontade do agente.

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Geralmente o erro recai sobre uma situação de fato (como vimos, um contrato propriamente dito, ou o objeto deste contrato, ou uma pessoa, etc.). Este é o erro de fato sobre uma situação concreta. Já o erro de direito é aquele que diz respeito à existência (ou não) de uma norma jurídica. A pessoa supõe que uma lei não existe ou que ela não esteja mais em vigor. Exemplos: firmar um contrato de locação com base em uma lei, pensando que ela ainda está vigorando, no entanto já foi revogada; pessoa contrata a importação de determinada mercadoria ignorando que existe uma lei proibindo tal importação. Como a ignorância foi a causa determinante do ato, pode ser alegada para anular o contrato, sem com isso se pretender que a lei seja descumprida. Um outro exemplo que sempre é muito citado pelos autores, mas que não posso afirmar se é verídico é o seguinte: um argentino vem para o Brasil trazendo um lança-perfume. Na Argentina este produto não é proibido e a pessoa não sabia que era proibido no Brasil; se soubesse não teria trazido.

Erro X Vício Redibitório

Essa é uma distinção muito importante, pois já vi cair em diversos concursos. De fato, pode confundir um pouco o candidato. O vício redibitório, é o defeito oculto na coisa, que a torne imprópria para o uso a que se destina ou lhe diminua o valor. No vício redibitório não há qualquer erro no momento da celebração do negócio; o que há é um defeito no objeto (e não na vontade do adquirente), que não foi notado, já que era oculto. Já no erro há um engano por parte do adquirente; é um vício de ordem subjetiva, pois foi a vontade que foi viciada pela falsa percepção da realidade, não havendo vício no objeto.

DOLO (arts. 145 a 150, CC)

Dolo é o emprego de um artifício astucioso por uma pessoa para enganar a outra. No dolo, o agente emprega artifícios, manobras ardilosas ou maliciosas, para levar alguém à prática de um ato que o prejudica, beneficiando o autor do dolo ou terceiros. Para a sua caracterização exige-se a vontade de enganar alguém (a doutrina chama isso de animus decipiendi).

O dolo inicialmente pode ser classificado em:

• Dolus Bonus (dolo bom) ⎯ é um comportamento tolerado nos negócios em geral. Consiste em reticências, exageros nas boas qualidades da mercadoria ou dissimulações de defeitos. É o artifício que não tem a finalidade de prejudicar ninguém... as pessoas não se sentem enganadas. Por tal motivo ele não é anulável, desde que não venha a enganar o consumidor, mediante propaganda abusiva. Aliás, o Código de Defesa do Consumidor proíbe a propaganda enganosa, apta a induzir o consumidor em erro.

• Dolus Malus (dolo mau) ⎯ consiste em manobras astuciosas (atos, palavras ou até o próprio silêncio) para enganar alguém e lhe causar

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prejuízo. Vicia o consentimento e por isso é anulável (na hipótese de ser essencial) ou obriga a satisfação de perdas e danos (na hipótese de ser acidental, como veremos adiante). O dolo mau pressupõe: a) prejuízo para o autor do ato; b) benefício para o autor do dolo ou terceiro.

Obs. Não há normas absolutas para se distinguir na prática o dolus bonus do dolus malus. É o Juiz quem vai decidir, analisando as peculiaridades de cada caso concreto.

O dolus malus se divide em (art. 146, CC):

• Dolo Principal, essencial ou substancial (dolus causam) ⎯ é aquele que dá causa ao negócio jurídico, sem o qual ele não se teria concluído, acarretando, então, a anulabilidade do negócio jurídico. Se não houvesse o induzimento, a pessoa não faria o negócio. Para que seja possível a anulação é necessário que: a) haja a intenção de induzir a outra parte a praticar um negócio lesivo; b) os artifícios maliciosos sejam graves, por indicar fatos falsos, suprimir ou alterar os verdadeiros ou por silenciar algum fato que se devesse relatar ao outro contratante; c) seja a causa determinante na declaração de vontade; d) haja uma relação de causa e efeito entre a indução do erro e a prática do negócio; e e) se o dolo foi proveniente de terceiro, que seja do conhecimento do outro contratante.

• Dolo Acidental (dolus incidens) ⎯ leva a vítima a realizar o negócio

jurídico, porém em condições mais onerosas, não afetando sua declaração de vontade (embora venha a provocar desvios). Não se constitui vício de consentimento porque não influi diretamente na realização do negócio. O negócio teria sido praticado de qualquer forma, independentemente das manobras astuciosas, embora de outra maneira, em condições menos onerosas à vítima. O dolo acidental leva à distorções comportamentais que podem alterar o resultado final do negócio, no entanto não anula o negócio, apenas obriga a satisfação de perdas e danos ou a uma redução da prestação pactuada.

O dolo ainda pode ser classificado em:

• Positivo (ou comissivo) ⎯ resulta de uma ação dolosa; são os artifícios positivos. Exemplo: falsas afirmações sobre as qualidades de uma coisa: pode comprar este “cachorrinho” que eu garanto... ele vai ficar bem pequeno... ele é da espécie “toy”... passados alguns meses aquele “cachorrinho” se tornou um “cachorrão”.

• Negativo (ou omissivo) ⎯ é a manobra astuciosa que constitui uma omissão intencional, induzindo o outro contratante a realizar o negócio. Trata-se da ocultação de uma circunstância relevante e que a parte contratante deveria saber. E, sabedora, não teria efetivado o negócio. Exemplos: seguro de vida em que se omite uma doença grave e o segurado vem a falecer dias depois – neste caso houve uma evidente intenção de lesar a seguradora, beneficiando os sucessores; venda de um cavalo de

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raça já doente e que vem a morrer logo depois da realização do negócio, etc. Nestas hipóteses o silêncio funciona como um mecanismo de atuação dolosa. Acarretará a anulação do negócio se o dolo for principal, pois é necessária a relação de causalidade entre a omissão intencional e a declaração de vontade.

Observações Importantes:

• Dolo de Terceiro (art. 148, CC) – Em algumas situações o dolo pode ser proveniente de uma terceira pessoa, estranha ao negócio. Em geral não afeta o contrato, uma vez que o terceiro não é parte do negócio. Somente enseja a sua anulação se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento. Exemplo: “C” instiga “A” a comprar o relógio de “B” assegurando que ele é de ouro; porém o relógio é apenas dourado e “C” sabe disso, estando em conluio com “B”. Neste caso o terceiro (“C”) e o contratante (“B”) são tidos como autores do dolo. O negócio é anulável. No entanto se “B” (contratante favorecido) não tinha conhecimento da conduta dolosa por parte do terceiro, não se anula o negócio, mas “A” pode reclamar as perdas e danos de “C” (o terceiro causador da situação).

• Dolo dos Representantes (art. 149, CC) – A lei fornece soluções diferentes para duas situações. No caso da representação obrigatória ou legal (pais, tutores ou curadores), o representado fica obrigado a responder civilmente somente até a importância do proveito que teve. Isto porque o seu representante foi “imposto” pela lei (ou de forma judicial), sem que ele pudesse se rebelar contra isso. Por isso seria injusto responsabilizar o representado por tudo. Por ser incapaz, ele não pôde escolher o seu representante e nem vigiar os seus atos, não tendo ciência se ele está agindo de forma maliciosa. No entanto, no caso de representação convencional ou voluntária (que é o caso do mandato) o representado responderá solidariamente com o representante por tudo, inclusive perdas e danos. Isto porque aquele que escolhe um representante e lhe confere uma procuração, cria um risco para o mundo exterior; o procurador irá agir usando o nome do representado. Por tal motivo deve, inicialmente, escolher bem a pessoa que irá representá-lo. Além disso, deve vigiar os atos da pessoa que escolheu para ser seu representante. Escolhendo mal (culpa in eligendo) ou não fiscalizando (culpa in vigilando) o seu representante, o representado responde solidariamente pela reparação total do dano (e não apenas limitado à responsabilidade do proveito que teve, como no caso da representação legal).

• Dolo recíproco (ou bilateral) – Ocorre quando ambas as partes agem com dolo (comissivo ou omissivo), desejando obter vantagem em prejuízo da outra. Configura-se a chamada torpeza bilateral. Nesta hipótese ocorre a neutralização do delito, pois há uma compensação entre os dois ilícitos. Isto é, não haverá a anulação do ato, pois ninguém pode se valer da própria torpeza. O ato é considerado válido para ambos (art. 150, CC).

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• Dolo x Erro – O erro deriva de um equívoco da própria vítima, sem que a outra parte tenha concorrido para isso. Já o dolo é intencionalmente provocado na vítima pelo autor do dolo. Em outras palavras: no erro eu errei sozinho; no dolo alguém me enganou, isto é eu errei, mas fui induzido a cometer este erro pela conduta da outra parte.

• O dolo do direito civil (artifício para enganar alguém) não deve ser confundido com o dolo do direito penal. Este é a intenção de praticar um ato que se sabe contrário a lei. O sujeito quis ou assumiu o risco de produzir o resultado. Está previsto no art. 18 do Código Penal. Também não se confunde com o dolo do direito processual. Este decorre de conduta processual contrária a boa-fé, sendo reprovável; trata-se da chamada litigância de má-fé (prevista nos arts. de 16 a 18 do Código de Processo Civil).

• Não se admite invocação do dolo para se anular um casamento. Isto porque em relação ao Direito de Família as regras são um pouco diferentes. O art. 1.550, inciso III, CC prevê que um casamento somente pode ser anulado por vício de vontade nos termos dos artigos 1.556 a 1.558. Os dois primeiros artigos se referem ao erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge. E o último se refere a coação. Portanto, por exclusão, não se pode alegar dolo para se anular um casamento. No entanto, observem que não há uma proibição expressa de se reconhecer o dolo no casamento. Isto se extrai por dedução lógica. Por tal motivo, é possível na prática que algum Juiz reconheça o dolo de um dos cônjuges para a realização do casamento. Imaginem a situação em que um homem se casa com sua namorada, pois ela diz que está grávida. Depois do casamento, ele descobre que a namorada mentiu. Diante dessa situação entendo que ele até poderia alegar o dolo para anular seu casamento.

COAÇÃO (arts. 151 a 155, CC)

Coação é toda pressão física ou moral exercida sobre um indivíduo (vida, integridade física), seus bens ou honra, para forçá-lo, contra a sua vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio jurídico. O que caracteriza a coação é o emprego da violência (física ou psicológica) para viciar a vontade. Na coação o agente sofre intimidação, oferecendo-se à vítima (também chamada de paciente ou coacto) duas alternativas: emitir declaração de vontade que não pretendia originalmente ou resistir e sofrer as consequências decorrentes da concretização da ameaça ou de uma chantagem.

Espécies:

a) Coação Física (vis absoluta) ⎯ é o constrangimento corporal que retira toda capacidade de querer de uma das partes, implicando ausência total de consentimento ou manifestação de vontade, acarretando nulidade absoluta do ato (ex: amarrar a vítima, segurar sua mão e fazê-la assinar contrato, etc.).

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A vítima não chega a manifestar uma vontade, agindo de forma mecânica. Segundo a doutrina, a manifestação de vontade é um requisito para a existência do negócio jurídico. Portanto, não havendo essa vontade, o negócio seria inexistente. Assim, doutrinariamente a coação física não é um vício de consentimento, pois sequer houve a vontade.

b) Coação Moral (vis compulsiva) ⎯ atua sobre a vontade da vítima, sem aniquilar-lhe o consentimento, pois ela conserva uma relativa liberdade, podendo optar entre a realização do negócio que lhe é exigido e o dano com que é ameaçada (ex: se não assinar o contrato, vou incendiar sua casa; vou estuprar sua mulher, vou mostrar uma foto sua em uma situação constrangedora, etc.). Trata-se de modalidade de vício de consentimento expresso na lei, posto que há manifestação de vontade, embora sob pressão.

O art. 152, CC prevê que o Juiz, ao apreciar a coação, deve ter em conta aspectos subjetivos, como o sexo, a idade, a saúde, a condição e o temperamento do paciente, bem como nas demais circunstâncias que possam influir na gravidade da coação.

Efeitos

Coação Física – não há consentimento algum → ausência de vontade → ato inexistente (não há previsão expressa na lei, mas é mencionada pela doutrina).

Coação Moral – há um consentimento, mas o mesmo é viciado → ato anulável (expressamente prevista no Código Civil).

É importante deixar claro que nem toda ameaça se configura em um vício de consentimento. Assim, são necessários os seguintes requisitos para a caracterização da coação moral e a consequente anulação do negócio jurídico (art. 151, CC):

• seja a causa determinante do negócio jurídico – ou seja, nexo causal entre o meio intimidativo e o ato realizado pela vítima; se não houvesse a coação, não haveria o negócio.

• temor justificado – deve causar um medo ou um fundado receio na vítima. Os melhores exemplos a respeito são: ameaça de morte, chantagens, cárcere privado, desonra, mutilação, escândalos públicos, etc. Exemplo: Se você não me der tanto eu colocarei “aquelas fotos suas” na internet... Já o grau de ameaça para o reconhecimento (ou não) do defeito e a consequente anulação do ato deve ser apreciado pelo Juiz, caso a caso.

• dano iminente – suscetível de atingir a pessoa da vítima, sua família, seus bens, etc. O termo família abrange não só a que resulta de casamento, como também decorrente de união estável. O dano pode atingir pessoa não pertencente à família da vítima, hipótese em que o Juiz decidirá com equidade, se houve ou não a coação.

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• dano considerável e sério – a ameaça deve ser grave (vida, liberdade, honra, patrimônio) e séria, capaz de assustar a vítima (ou paciente), nela incutindo um fundado temor. O dano pode ser patrimonial ou moral. Se a ameaça for indeterminada ou impossível não é capaz de anular o ato

Coação exercida por terceiro

A coação exercida por terceiro vicia o negócio jurídico se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite (art. 154, CC). Assim, havendo uma cumplicidade entre o coator e o beneficiário, além da anulação do negócio, ambos ainda responderão de forma solidária pelos prejuízos sofridos. Porém prevalece o princípio da boa-fé, não se anulando o ato de que a parte não sabia ou que não podia saber sobre eventual coação por parte de terceiro (art. 155, CC). No entanto, mesmo nesta hipótese, o autor da coação responderá pelas perdas e danos sofridos pela vítima.

Excluem a Coação – art. 153, CC (ou seja, não se configura coação):

• Ameaça do exercício normal de um direito (exercício regular de direito). Exemplo: se você não pagar a dívida, vou protestar o título e ingressar com uma ação de execução ou requerer a sua falência. Ora, assim agindo (protestando o título e ingressando com uma ação) eu apenas estarei exercendo um direito que me é assegurado pela lei. Portanto não há coação.

• Temor reverencial ⎯ o simples receio de desgostar ou magoar os pais, ou pessoas a quem se deve respeito e obediência também é incapaz de viciar o negócio.

ESTADO DE PERIGO (art. 156, CC)

É uma inovação do atual Código. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa (art. 156, CC). A vítima não errou, não foi induzida a erro ou coagida, mas pelas circunstâncias de um caso concreto, foi compelida a celebrar um negócio que lhe era extremamente desfavorável. Trata-se de uma hipótese de inexigibilidade de conduta diversa, ante a iminência do perigo por que passa o agente, não lhe restando outra alternativa senão praticar o ato. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do contratante o Juiz decidirá de acordo com as circunstâncias de um caso concreto.

Uma pessoa, temerosa de grave dano moral ou material (situação equiparada ao estado de necessidade, mas que com ele não se confunde), acaba assinando contrato, mediante uma prestação exorbitante. Exemplo: um pai teve filho sequestrado, sendo o que bandido lhe pediu 100 mil reais para o resgate. Um “amigo” sabendo do problema, se oferece para comprar suas jóias;

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estas valem 500 mil, mas ele oferece por elas apenas 100 mil reais, que é o valor do resgate. O que faria um pai nesta hora?? Acaba vendendo as jóias para o “amigo” (na verdade é um ‘amigo da onça’, como costumamos dizer). Isto porque o valor oferecido é muito inferior ao de mercado. Posteriormente o pai pode anular o negócio com base no estado de perigo. Outros exemplos: vítima de acidente automobilístico que assume obrigação exagerada para ser salva de imediato; venda de imóvel por valor ínfimo para poder pagar cirurgia de filho, que corre risco de morte, etc. É necessário, em todos os exemplos fornecidos, que a outra parte tenha conhecimento da situação de desespero do primeiro e se aproveite dessa situação. Em algumas situações é a própria pessoa em perigo quem promete uma extraordinária recompensa para ser salva, como no exemplo de um náufrago. A doutrina também sempre lembra o famoso exemplo histórico do rei inglês Ricardo III quando lutava em uma batalha (Bosworth Field) e seu cavalo foi morto. Caído, o rei gritava: “Um cavalo, um cavalo, meu reino por um cavalo!” (A horse, a horse, my kingdom for a horse!) O rei prometeu seu reino por um cavalo, pois estava premido por uma necessidade de salvar a si do perigo de estar em uma batalha sem ter um cavalo e assim ofereceu todo seu reino em troca do animal. Portanto acabou assumindo uma obrigação excessivamente onerosa, pois é evidente que seu reino valia mais do que um cavalo. Só para completar a história: Ricardo III acabou perdendo a batalha, o reino e também a própria vida. Mas eu pergunto: Se ele tivesse ganho a batalha será que cumpriria a obrigação??

Há alguns exemplos em que o perigo não foi provocado e nem houve má-fé das partes. Exemplo: pai que oferece uma quantia exorbitante para o tratamento de seu filho, que sofre de uma grave doença; náufrago que oferece ao seu salvador uma recompensa exagerada pelo seu salvamento. Nestes casos não seria correto que o salvador ficasse sem uma remuneração e nem que o obrigado empobrecesse. O contrato apenas foi celebrado de forma desvantajosa. Portanto a doutrina (não há previsão legal) costuma afirmar que quando o prestador de serviços está de boa-fé, não pretendendo tirar proveito do perigo de dano, o negócio deve ser conservado, mas com a redução de eventual excesso contido na obrigação assumida, equilibrando-se um pouco as prestações das partes.

Requisitos para a configuração do Estado de Perigo:

a) situação de necessidade de salvar a si ou a pessoa de sua família.

b) iminência de dano atual e grave, capaz de transmitir o receio de que, se não for afastado, as consequências temidas ocorrerão.

c) nexo de causalidade entre a declaração e o perigo de grave dano.

d) conhecimento do perigo pela outra parte, que se aproveita para tirar alguma vantagem.

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e) obrigação assumida excessivamente onerosa, ou seja, desproporcional, causando grande desequilíbrio contratual. Lembrando que se a onerosidade é razoável, o negócio pode ser considerado como válido.

Realizado um contrato sob um Estado de Perigo, a sanção é a anulação deste contrato – arts. 171, II e 178, II, ambos do CC. O prazo é decadencial (pois atinge o direito propriamente dito) de 04 anos. A anulação se justifica pela ofensa ao senso de justiça que deve estar presente nos contratos em razão da sua função social; a parte agiu contra o princípio da boa-fé objetiva, pois se aproveitou da situação de necessidade para tirar vantagem do negócio.

LESÃO (art. 157, CC)

Trata-se de outra inovação do atual Código. Lesão é o prejuízo que um contratante experimenta quando, em um contrato comutativo (onde as partes conhecem as prestações de cada um e há uma certa equivalência entre elas), deixa de receber valor correspondente ao da prestação que forneceu. Este instituto visa proteger o contratante em posição de inferioridade ante o prejuízo por ele sofrido na conclusão do contrato, devido a também desproporção existente entre as prestações. Decorre do abuso praticado em situação de desigualdade, punindo a chamada “cláusula leonina” (alguns autores também a chamam de “cláusula draconiana” – que é uma referência ao famoso e rigoroso legislador ateniense Dracon) e o aproveitamento indevido na realização do contrato.

Como se percebe, há uma deformação da declaração de vontade por fatores pessoais do contratante, diante da inexperiência ou necessidade, exploradas indevidamente pela outra parte. Exemplo: pessoa está em vias de ser despejado e, premido pela necessidade de abrigar sua família e não ver seus bens deixados ao relento, acaba realizando um outro contrato por valor muito acima do mercado, negócio esse que, se tivesse condição de melhor refletir sobre os seus efeitos, jamais faria. O objetivo é reprimir o enorme desequilíbrio nas relações contratuais.

O art. 157, CC prescreve que ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Aprecia-se, assim, a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que o contrato foi celebrado, pois o contrato é prejudicial desde o seu nascedouro. Cabe ao Juiz (somente o Juiz pode rescindir ou modificar o contrato), diante de um caso concreto, avaliar eventual desproporção entre as prestações. Segundo a doutrina, para a caracterização da lesão dispensa-se a verificação de dolo ou de má-fé da parte que se aproveitou, sendo que também não é relevante se a desproporção foi superveniente à formação do negócio.

São requisitos para a configuração da Lesão:

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• Objetivo (material) – manifesta desproporção entre as prestações recíprocas, gerando enriquecimento para uma das partes e consequentemente o empobrecimento para outra.

• Subjetivo – premente necessidade ou inexperiência da pessoa lesada. Saliente-se que a necessidade do contratante não está relacionada com sua condição econômica, sendo que o lesado pode ser mais rico que o beneficiário; trata-se da necessidade contratual. No mesmo sentido, a inexperiência também deve ser relacionada ao próprio contrato. Inexperiência não significa falta de cultura, pois a pessoa pode até ser culta e inteligente; o que ocorre é a falta de conhecimentos técnicos ou habilidades relacionadas ao contrato.

Ocorrendo a lesão, a sanção é a anulação do ato – arts. 171, II e 178, II, CC. O prazo é decadencial – atinge o direito propriamente dito – de 04 (quatro) anos.

É importante acrescentar que não se decretará a anulação do negócio se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito (lesão especial ou qualificada – art. 157, §2o, CC). Exemplo: a pessoa favorecida reconhece que exorbitou e concorda com a redução da prestação que lhe era extremamente favorável. Evita-se, assim, a anulação do ato. No entanto, cabe ao Juiz averiguar se o suplemento foi suficiente. Desta forma prestigia-se o princípio da conservação dos contratos.

Observação importante. Somente se pode alegar lesão nos contratos aleatórios de forma excepcional, quando a vantagem que uma das partes obteve é exagerada em relação ao risco normal de um contrato. Lembrando que contrato aleatório é aquele em que a prestação de uma das partes não é conhecida com exatidão no momento da celebração do contrato. Depende de uma álea (alea – do latim = sorte, azar, incerteza, perigo, etc.), que é um fator desconhecido; depende de um risco futuro e incerto.

Estado de Perigo x Lesão – diferença básica

No estado de perigo há um perigo de morte e o contratante, entre as consequências do grave dano que o ameaça (ou a pessoa de sua família) e o pagamento de uma quantia exorbitante, opta pelo último (com a intenção de minimizar ou sanar o mal). Já na lesão o contratante, devido a uma necessidade econômica, realiza negócio desproporcional; há uma situação de hipossuficiência de uma das partes e o aproveitamento desta circunstância pela outra.

FRAUDE CONTRA CREDORES (arts. 158 a 165, CC)

Constitui fraude contra credores a prática maliciosa, pelo devedor, de atos que desfalquem seu patrimônio, com o fim de colocá-lo a salvo de uma execução por dívidas em detrimento dos direitos creditórios alheios.

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Ressalvadas as hipóteses de credores com garantia real (conforme se analisa no Direito das Coisas: penhor, hipoteca e anticrese – não está no nosso edital) os demais credores estão em idênticas condições no recebimento de seus créditos. Se o patrimônio do devedor não for suficiente para o pagamento de todos os credores haverá um rateio (chamado pela doutrina, especialmente no Direito Comercial, de par conditio creditoris). E, no caso do devedor praticar atos com a finalidade de frustrar o pagamento devido, ou tendentes a violar a igualdade entre os credores, ocorrerá a fraude contra credores. Observem que não é a vontade que se encontra viciada, pois a pessoa faz exatamente o que queria fazer; o vício reside na finalidade ilícita do ato, ou seja, prejudicar seus credores. Por isso é que a fraude contra credores é chamada de vício social (e não um vício de consentimento, como vimos nos demais defeitos até agora). Exemplo clássico: pessoa contrai um empréstimo; porém, em data próxima ao vencimento da obrigação, doa todos os seus bens, ficando sem patrimônio para saldar a dívida.

A garantia de um credor de que irá receber é o patrimônio do devedor. Se este maliciosamente desfalca o seu patrimônio, a ponto de não mais garantir o pagamento do que deve, colocando-se em uma situação de insolvência, configurada está a fraude contra credores.

São Elementos Constitutivos da Fraude:

• Objetivo (eventus damni) ⎯ trata-se do prejuízo causado ao credor, que deve provar que com a prática do ato o devedor se tornou insolvente (*) ou já praticou o ato em estado de insolvência, não tendo mais condições de honrar suas dívidas.

• Subjetivo (consilium fraudis) ⎯ trata-se do “conluio fraudulento”, da má-fé; da intenção deliberada de prejudicar, com a consciência de que de seu ato advirão prejuízos a uma terceira pessoa (que é o credor). O art. 159, CC prevê duas situações onde há presunção relativa (juris tantum – admite prova em contrário) de má-fé do terceiro adquirente: a) for notória a insolvência do devedor; b) quando o terceiro adquirente tinha motivos para conhecer a má situação financeira do devedor.

São suscetíveis de fraude os negócios realizados:

• A título gratuito ⎯ doação de bens, remissão de dívidas (o devedor é também credor de terceiro e deixa de cobrar seu crédito, perdoando este terceiro), renúncia de herança ou usufruto, etc. Basta a prática de um desses atos, colocando o devedor em situação de insolvência(*), para se presumir a fraude. O ato pode ser anulado pelos credores quirografários(*), que não precisam provar o conluio fraudulento (ou seja, o consilium fraudis, a má-fé), pois na simples prática do ato já está implícita e presumida a má-fé. Exemplo: Estou devendo uma determinada importância, mas não desejo pagá-la, embora tenha bens para saldar minha dívida. Então começo a “doar” meus bens para sobrinhos e primos. Basta esta doação dos bens, me colocando em estado de insolvência, para se presumir a fraude. Portanto, neste caso, não se exige a

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prova da má-fé. O ato pode ser anulado pelos credores quirografários(*). Outro exemplo: Tenho algumas dívidas, mas não tenho dinheiro para pagá-las. De repente, um tio muito rico falece e me deixa uma grande herança. Parte dela será para pagar meus credores. Sabendo disso, eu renuncio a esta herança. Nesta hipótese também está implícita a fraude. Mesmo renunciando à herança, meus credores têm direito à herança. No entanto, depois de pagas todas as dívidas, o que sobrar (se sobrar algo) eu poderei fazer o que quiser, inclusive renunciar.

• A título oneroso ⎯ se o negócio foi oneroso, saiu um bem do patrimônio do devedor (ex: um imóvel), mas entrou outro bem (o dinheiro). Portanto, em tese, ainda não houve a fraude. No entanto, desde que insolvente ou for notória a insolvência (ex: já havia protestos contra o devedor), ou há presunção (relativa) de que irá dissipar o que recebeu (ex: venda do único imóvel além do bem de família em data próxima do vencimento das obrigações e não há outros bens para solver o débito; venda realizada entre parentes próximos, amizade íntima, o preço vil na venda do bem, etc.). Será reputada uma venda fraudulenta se não houver dinheiro suficiente para pagar o credor. Assim, se houver sobra patrimonial que permita honrar seus débitos, não haverá fraude contra credores. Se o comprador não tinha como saber o estado de insolvência do vendedor (estava de boa-fé) não se anula o negócio (protege-se o comprador, pois, como vimos, nosso Código protege quem age de boa-fé).

• Pagamento antecipado das dívidas ⎯ por si só, também não se configura fraude contra credores. Mas se um devedor insolvente paga uma dívida que ainda não venceu, em detrimento de outras que já se venceram, frustrando a igualdade entre os credores, há fraude contra credores, sendo que o primeiro pagamento deve ser anulado e o beneficiário é obrigado a repor o que recebeu. Também configura fraude contra credores quando o devedor, já insolvente, resolve privilegiar um dos credores quirografários, dando-lhe uma garantia real (ex: a hipoteca de uma casa). Ora, como a garantia real se sobrepõe aos demais créditos, o devedor também estará frustrando a igualdade entre os credores.

(*) CONCEITOS – Algumas palavras que falamos acima são importantes para um melhor entendimento da matéria:

• Credor Quirografário (do grego chirografo – chiro – mão; grafo - grafia - escrito = escrito à mão, assinado) ⎯ é o credor sem garantias especiais. Ele conta apenas com a garantia comum a todos os credores: o patrimônio do devedor.

• Insolvência ⎯ é um estado de fato e ocorre quando a soma do patrimônio ativo do devedor é inferior à do passivo; o valor das dívidas excede o valor dos bens.

Ação Pauliana

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• Os atos eivados de fraude contra credores são anuláveis através de ação própria, chamada de ação pauliana (também chamada de revocatória). Ela deve ser proposta pelos credores quirografários (e que já o eram ao tempo da alienação fraudulenta) contra (art. 161, CC) o devedor insolvente e também contra a pessoa que celebrou negócio jurídico com o fraudador ou contra terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé (há um litisconsórcio passivo necessário).

• O principal efeito desta ação é revogar o negócio lesivo aos interesses dos credores, repondo o bem no acervo sobre o qual se efetuará o concurso de credores. O prazo decadencial para o ajuizamento da ação é de 04 anos a contar da celebração do negócio (arts. 171, II e 178, II, CC).

Observações

Vimos que os Negócios Jurídicos, quando praticados com determinados vícios (erro ou ignorância essencial, dolo essencial, coação moral, lesão, estado de perigo, etc.) podem ser anulados. Mas, para que isso ocorra, é necessário ingressar com uma ação própria. A única ação que tem um nome especial é a proveniente de fraude contra credores (que chamamos de pauliana). Nos demais casos de anulação fala-se apenas em “ação de anulação por erro essencial de objeto”, “ação de anulação por dolo substancial”... vai depender da hipótese concreta. A ação pauliana é uma espécie de ação anulatória, de natureza desconstitutiva.

Alguns autores também chamam esta ação de revocatória. No entanto tomem cuidado com este termo, pois na Lei de Falências também há uma ação com este nome e pode confundir.

Fraude contra Credores X Fraude à Execução – Distinção

Não podemos confundir tais institutos. Ambos possuem elementos comuns como a fraude na alienação de bens pelo devedor, com desfalque em seu patrimônio, colocando-se em situação de insolvência e prejudicando o credor. No entanto eles se diferenciam, pois a fraude à execução (ou fraude de execução) é um instituto do Direito Processual Civil.

A fraude contra credores é um defeito no negócio jurídico (vício social, pois atinge terceiros); portanto é tema referente ao Direito Civil. No momento em que foi realizada a alienação fraudenta, ainda não havia sido proposta nenhuma ação (embora já possam existir títulos protestados).

Já a fraude à execução é um incidente processual; já há um processo. Ocorre quando ao tempo da alienação do bem (de forma fraudulenta), já corria contra o devedor demanda (ação judicial) capaz de reduzi-lo à insolvência. Os bens que foram alienados já estariam comprometidos tendo-se em vista a ação proposta. Ou seja, o devedor já havia sido citado para uma ação (de conhecimento ou de execução - é indiferente a espécie de ação) em que o autor

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persegue o recebimento de seu crédito. Na fraude à execução o credor não precisa mover ação pauliana, uma vez que o ato (venda ou doação do bem) não é apenas anulável, mas ineficaz perante o processo de execução. Na fraude à execução o vício é mais grave, sendo considerado como um ato atentatório à dignidade e administração da Justiça, podendo ser declarado ineficaz e reconhecido pelo Juiz no próprio processo, mediante um simples pedido da parte lesada. Vejamos um quadro comparativo:

FRAUDE CONTRA CREDORES FRAUDE À EXECUÇÃO

1) Defeito do Negócio Jurídico – Vício Social – Regulada pelo Direito Privado (CC).

1) Incidente de um Processo – Regulada pelo Direito Público (CPC). O vício é mais grave.

2) Quando pratica o ato o devedor ainda não foi proposta ação alguma.

2) A prática do ato foi após a propositura de uma ação judicial (processo de conhecimento ou execução).

3) Para combater a fraude deve ser proposta ação pauliana, visando a anulação do negócio jurídico.

3) Para combater a fraude deve-se expor os fatos e requerer ao Juiz a ineficácia do ato, no curso do próprio processo que está em andamento (alegação incidental).

4) Tratando-se de alienação onerosa exige-se prova da má-fé do terceiro (consilium fraudis).

4) Não se exige prova da má-fé do terceiro, uma vez que esta é presumida.

A jurisprudência dominante em nossos Tribunais é de que a fraude à execução somente se caracteriza quando o devedor é citado para a ação e a partir daí realiza os atos fraudatórios. Antes disso seria apenas a fraude contra credores. Pessoalmente entendo que não é necessária a citação, bastando a propositura da ação. Com isso previne-se a hipótese em que a ação é proposta, mas o réu se oculta para não ser citado e neste ínterim realiza os atos fraudatórios; posteriormente, já em estado de insolvência, aparece para ser citado... sem bens.

Fraude contra Credores X Simulação

Ambas atingem direitos de terceiros, prejudicando-os. A diferença básica reside no fato de que enquanto na simulação a alienação é fictícia, na fraude contra credores a alienação é real.

Fraude contra Credores X Dolo

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A fraude se consuma sem a participação do lesado no negócio; no dolo a pessoa lesada pelas manobras desleais é parte do negócio.

SIMULAÇÃO (art. 167, CC)

Simulação é a declaração enganosa da vontade, visando obter resultado diverso do que aparece, com o fim de criar uma aparência de direito, para iludir terceiros ou burlar a lei. Simular significa fingir. Há um conluio entre os contratantes. Exemplo clássico: um homem, casado, possui uma amante e deseja doar um apartamento para ela. No entanto a lei não permite tal prática (e nem a sua esposa permitiria). Assim ele faz um contrato de compra e venda, com escritura e registro, tudo aparentemente perfeito; mas na verdade, ele não vendeu o bem, ele fez uma doação. Ele fingiu celebrar uma compra e venda, mas na realidade realizou uma doação, posto que não houve uma contra-prestação em dinheiro.

É importante notar que o novo Código Civil não trata mais a simulação como sendo um defeito referente à vontade ou consentimento. Aliás, esta particularidade tem caído muito nos atuais concursos. Acompanhem, lendo no próprio Código: o Capítulo IV trata dos Defeitos do Negócio Jurídico (Erro ou Ignorância, Dolo, Coação, Estado de Perigo, Lesão e Fraude contra credores). Esse capítulo tem início no art. 138 e vai até o art. 165. Já a Simulação está prevista no art. 167, inserida no Capítulo V, referente à Invalidade do Negócio Jurídico (que veremos logo adiante). Além disso, o art. 168, CC determina que a simulação é hipótese de nulidade do ato. No entanto parte da doutrina ainda a classifica como vício social. Concluindo: Se cair em um concurso, reparem no que está disposto no cabeçalho da questão; se esta afirma “...de acordo com o disposto no atual Código Civil...” podemos concluir que não se trata de um vício social.

Feita esta observação, continuemos... Na simulação há um desacordo entre a vontade declarada e a vontade interna e não manifestada. As partes fingem, criando uma aparência, uma ilusão externa, que oculta a real intenção dos contratantes. Na simulação as duas partes contratantes estão combinadas (observem o exemplo clássico que demos a respeito ‘do marido e da amante’) e se destina a iludir terceiros (a esposa ou os filhos). Desta forma o ato somente estará viciado (causando a nulidade) quando houver intenção de prejudicar terceiros ou violar disposição de lei. A despeito do novo Código, a doutrina continua classificando a simulação da seguinte forma:

1) Absoluta ⎯ ocorre quando a declaração enganosa de vontade exprime um negócio jurídico, mas não há intenção de realizar negócio jurídico algum. Exemplo: proprietário de uma casa alugada que, com a intenção de facilitar o despejo contra seu inquilino, finge vendê-la a terceiro. Outro: marido e mulher vão se separar; possuem um patrimônio de 100; mas o marido diz estar devendo 50 para um amigo, mostrando o título; este título não representa

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qualquer negócio; não há esta dívida. Com isso o marido prejudica a esposa na partilha de bens. Em ambos os exemplos não houve negócio algum por trás do ato fraudulento; tudo foi fingido.

2) Relativa ⎯ as partes pretendem realizar um negócio; mas este é proibido pela lei ou prejudica interesses de terceiros. Assim, para escondê-lo, praticam outro negócio. Portanto, neste caso há dois negócios: a) o simulado (que é o aparente, aquele que se declarou, mas não se quer de verdade); e b) o dissimulado (que é o oculto, aquele verdadeiramente desejado pelas das partes). O negócio aparente serve apenas para ocultar a efetiva intenção dos contratantes. Exemplos: marido que finge vender um imóvel a uma pessoa, mas na verdade está doando o bem a sua amante; uma pessoa realiza a venda de um imóvel com preço na escritura inferior ao real para pagar menos imposto e burlar o Fisco.

A Simulação (seja absoluta ou relativa), acarreta a nulidade do negócio simulado (ou seja, do negócio aparente). No entanto, no caso da simulação relativa subsistirão os efeitos do negócio dissimulado, se ele for válido na substância e na forma. Na verdade o que a lei determina é que o negócio dissimulado (ou seja, a vontade real do contratante) será mantido, desde que ele seja válido na forma e na substância. Exemplo: pai deseja doar um imóvel a um de seus filhos (seria o negócio dissimulado), mas não quer que este bem seja trazido à colação quando de sua morte. Simula, então, uma compra e venda (trata-se agora do negócio simulado). Neste caso, se forem obedecidos os requisitos legais da doação (que é o negócio dissimulado, pois esta era a real intenção do pai desde o início), ela será mantida. Notem que neste caso o bem doado deve sair da parte disponível do patrimônio do pai. Ou seja, ao contrário do que geralmente se pensa, um pai pode favorecer um filho em detrimento de outro. Mas isso deve ser feito de forma legal e dentro da chamada “parte disponível” do ascendente.

A simulação ainda pode ser classificada em:

a) Subjetiva (por interposta pessoa ou ad personam) ⎯ ocorre quando a parte contratante não é o indivíduo que tira proveito do negócio. É o testa-de-ferro (também chamado de “homem de palha”). Exemplo: “A” vende um imóvel a “B”, para que este transmita o bem posteriormente a “C”, sendo que a intenção, desde o início, era transferir o bem para “C”, mas isto, por algum motivo não era permitido. Tal simulação somente se efetivará quando se completar a transmissão do bem ao real adquirente.

b) Objetiva (ou simulação de conteúdo) ⎯ relativa à natureza do negócio pretendido, ao objeto ou a um dos elementos contratuais. O ato contém uma declaração, confissão ou cláusula não verdadeira. Exemplo: as partes, em uma escritura de compra e venda de um bem imóvel, declaram preço inferior ao do negócio real com a intenção de pagar menos imposto sobre a transmissão do bem. Outros exemplos: colocar data diversa em um documento (ex: pré ou pós

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datar contratos); doação de bem imóvel pertencente a um homem casado à sua amante, dando-se a aparência de uma compra e venda, etc.

c) Inocente ⎯ quando não há a intenção de violar a lei ou de lesar outrem. Por isso, mesmo havendo a simulação, a conduta costuma ser tolerada, não se anulando o negócio. Exemplo clássico: uma senhora, sem herdeiros necessários, possui apenas três sobrinhos e deseja doar um imóvel para um deles. No entanto ela não quer ‘melindrar’ os demais sobrinhos. Assim, finge fazer uma compra e venda em relação a este sobrinho, mas na verdade o que ela fez foi doar imóvel ao sobrinho preferido. Observem que a senhora não lesou ninguém. Os sobrinhos não são seus herdeiros necessários. Se ela quisesse doar diretamente o bem a um deles, poderia fazê-lo sem problema algum.

d) Maliciosa ⎯ envolve o propósito deliberado de prejudicar terceiros ou de burlar o comando legal, viciando o ato que perderá a validade, sendo considerado nulo de pleno direito.

A doutrina vem entendendo que o Código Civil não mais distingue a simulação inocente da maliciosa, pois ambas produziriam o mesmo resultado: nulidade de eventual negócio simulado e manutenção do negócio dissimulado, se for o caso.

Observações Importantes

1) Estabelece o art. 168 e parágrafo único, CC que as nulidades do art. 167, CC (simulação) podem ser alegadas por qualquer interessado ou pelo Ministério Público quando lhe caiba intervir. Se o Juiz conhecer do ato ou de seus efeitos e a encontrar provada, deve pronunciar a nulidade, não lhe sendo permitido supri-las, mesmo que haja requerimento das partes.

2) A nulidade do ato simulado não pode prejudicar terceiros de boa-fé que tenham negociado com um dos simuladores (conforme o art. 167, §2º, CC).

Simulação X Reserva Mental

Na reserva mental não há um acordo entre as partes para enganar terceiros. Na verdade há a emissão de uma declaração unilateral de vontade não desejada, nem em seu conteúdo nem em seu resultado. O agente quer algo e declara, conscientemente, coisa diferente. Portanto há uma não-coindência entre a vontade real e a declarada, com o propósito de enganar a outra parte. Exemplo: uma pessoa empresta dinheiro a outra, sendo que esta está desesperada, a ponto de cometer um suicídio. Na verdade a primeira pessoa não deseja realizar um contrato de mútuo (ou empréstimo), mas sim de ajudar a segunda pessoa, doando-lhe o dinheiro. No entanto não quer que a outra saiba que o empréstimo, na verdade, é uma doação. Assim, ela finge que está emprestando, mas ela mesmo já sabe que o devedor não terá condições de lhe pagar o empréstimo. Portanto o empréstimo, na verdade foi a fundo perdido, ou seja, uma doação. Outro exemplo: pessoa se casa, não com o intuito de contrair matrimônio, mas sim para não ser expulsa do País. O art. 110, CC prescreve: a

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manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. É importante deixar claro que a reserva mental pode ser fraudulenta ou inocente, se houver ou não intenção de prejudicar. Lembrando que na simulação há sempre um consenso entre os simuladores (o que não ocorre na reserva mental).

II – ELEMENTOS ESSENCIAIS ESPECIAIS

Já vimos todos os elementos essenciais gerais. Recordando: Capacidade das partes, Objeto lícito, possível, determinado ou determinável e Consentimento. Vimos também os possíveis defeitos em cada um desses elementos e os seus efeitos. Veremos agora o elemento essencial especial, que é a forma prescrita ou não defesa em lei. Cuidado com esta expressão! Forma prescrita é a determinada pela lei; forma não defesa em lei é a forma NÃO PROIBIDA pela lei. Aqui, a expressão “defesa” tem o sentido de proibição.

Forma é o meio pelo qual se externa a manifestação de vontade nos negócios jurídicos; é o conjunto de formalidades, solenidades, para que o ato tenha eficácia jurídica.

Forma prescrita ou não defesa em lei

Em regra a vontade pode se manifestar livremente, não havendo uma forma especial. Pode-se recorrer à palavra falada, escrita, ao gesto e até mesmo ao simples silêncio (em alguns casos raros como vimos atrás). O art. 107, CC determina que: “A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir”.

Todavia, em casos determinados, para dar maior segurança nas relações jurídicas, a lei prescreve a observância de uma forma especial. Exemplo: o art. 108, CC determina que qualquer negócio jurídico que tenha por objetivo constituir, transferir, modificar ou renunciar direitos sobre imóveis de valor superior a 30 vezes o maior salário mínimo vigente no País, somente pode ser efetivado mediante escritura pública.

Assim, forma especial (ou solene) é o conjunto de solenidades que a lei estabelece como requisito para a validade de determinados atos jurídicos. Tem por finalidade garantir a autenticidade do ato, facilitando sua prova e assegurando a livre manifestação de vontade das partes. É interessante acrescentar que para alguns atos jurídicos a lei impõe apenas uma forma para ser realizado (escritura pública para os imóveis). No entanto a lei permite que um ato seja realizado de diversas maneiras. O exemplo clássico é o

Reforçando: Consensualismo é a regra. Formalismo é a exceção.

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reconhecimento voluntário de filho havido fora do matrimônio. Ele pode ser feito: a) no próprio termo do nascimento; b) por escritura pública ou instrumento particular; c) por testamento ou d) por manifestação expressa e direta perante o Juiz. Por exigir formalidade especial e permitir diversas maneiras de reconhecimento, costuma-se dizer que ela é uma forma especial plural.

Importante. Não devemos confundir forma com prova. Enquanto a forma serve para indicar a vontade interna do agente, a prova serve para demonstrar a existência do ato.

Nulo é o negócio jurídico quando não se revestir da forma prescrita em lei ou quando preterir alguma solenidade que a lei considere essencial para sua validade (confiram o art. 166, inciso V, CC).

Ante o que foi aqui falado sobre a forma dos negócios jurídicos em geral, concluímos que eles podem ter:

1) Forma Livre (ou geral) – para os contratos consensuais (também chamados de não-formais) → pode ser usado qualquer meio de exteriorização da vontade (desde que não prevista uma forma especial): como vimos, palavra escrita ou falada, gestos e até mesmo o silêncio. Exemplos: admite-se a forma verbal para a doação de bens móveis de pequeno valor (art. 541, CC); mandato verbal (art. 656, CC); mútuo, etc.

2) Forma Especial (ou solene) – para os contratos formais ou solenes → conjunto de formalidades que a lei estabelece como requisito para a validade de certos atos. Citamos alguns exemplos (entre outros) de Negócios Jurídicos que exigem uma formalidade especial:

• casamento ⎯ para se casar é imprescindível todo um conjunto de formalidades, um rito totalmente formal e adequado, inclusive quanto ao regime de bens escolhido.

• pacto antenupcial ⎯ deve ser realizado por escritura pública. • adoção ⎯ é imprescindível o registro de pessoas naturais. • compra e venda e doação de imóveis ⎯ tais atos devem ser formalizados

por uma escritura pública e posteriormente transcritos no Registro de Imóveis.

• bem de família (hipótese prevista pelo Código Civil – arts. 1.711/1.722) ⎯ formalizado por meio de uma escritura pública e posterior registro. Lembrando que se for o chamado bem de família instituído pela lei 8.009/90 dispensa-se as formalidades.

• testamento ⎯ deve ser feito por escrito, com rito adequado e número de testemunhas determinado.

• hipoteca ⎯ formalizada no registro de imóveis.

Concluindo: Se houver desobediência quanto à forma (prescrita ou não defesa em lei) = Nulidade Absoluta do Negócio Jurídico

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• criação de uma fundação ⎯ escritura pública ou testamento. • reconhecimento de filho havido fora do casamento ⎯ pode ser feito no

próprio termo do nascimento, por escritura pública ou particular, por testamento ou manifestação expressa e direta perante o Juiz (daí dizer que é uma forma especial e plural).

3) Forma Contratual – é a pactuada pelas partes; às vezes um contrato

pode ser realizado de forma particular, mas as partes podem convencionar que ele será realizado por instrumento público. Exemplo: posso realizar um contrato de locação por instrumento (contrato) particular. No entanto, para dar maior segurança ao ato, podemos pactuar que o mesmo será feito em cartório, por instrumento público.

Com isso terminamos a análise dos Elementos Essenciais (gerais e especiais), que dizem respeito à validade do Negócio Jurídico. Veremos agora os Elementos Naturais, que são bem simples e dizem respeito apenas aos efeitos do Negócio. Logo a seguir veremos os Elementos Acidentais, que dizem respeito à eficácia do Negócio Jurídico.

Vamos a eles.

III – ELEMENTOS NATURAIS

Os Elementos Naturais são os efeitos ou as consequências decorrentes do negócio jurídico, sem que seja necessária a menção expressa a estes efeitos, pois a norma jurídica já determina as consequências jurídicas.

Exemplo: Em uma compra e venda os elementos naturais são: obrigação do comprador de pagar o preço e a obrigação do vendedor de entregar a coisa. Além disso, o vendedor tem responsabilidade pela evicção da coisa (evicção é a perda da coisa em virtude de sentença judicial), pelo vício redibitório (que é o defeito oculto na coisa), etc. Outro exemplo: Em um contrato de locação há a obrigação do locador de entregar o bem locado. Por outro lado o locatário deverá pagar pontualmente os aluguéis. Enfim, cada parte deverá cumprir o disposto nas cláusulas do contrato. Em outras palavras, cada contratante deve cumprir as obrigações que assumiu.

IV – ELEMENTOS ACIDENTAIS (arts. 121/137, CC)

Os elementos acidentais do negócio jurídico são as cláusulas que se lhe acrescentam com o objetivo de modificar uma ou algumas de suas consequências naturais, ou seja, na geração dos efeitos jurídicos que lhe sejam próprios.

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São elementos ditos acidentais porque o ato negocial pode estar perfeito sem eles; sua presença é dispensável para a existência do negócio. Dizem respeito à eficácia do negócio jurídico. Desta forma são declarações acessórias de vontade. Um contrato pode ter ou não esses elementos. São elementos acidentais:

• Condição • Termo • Modo ou Encargo

A) CONDIÇÃO – arts. 121/130, CC

Condição, nos termos do art. 121, CC, é a cláusula acessória que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do ato jurídico a evento futuro e incerto (ex: eu lhe darei o meu carro, se eu ganhar na loteria). A condição afeta a eficácia (produção de efeitos) do negócio e não a sua existência (uma vez que a vontade foi legítima).

Os requisitos para a configuração da condição são:

a) Aceitação voluntária das partes.

b) Evento futuro (futuridade) do qual o negócio jurídico dependerá.

c) Incerteza do acontecimento (que poderá ou não ocorrer).

O titular de direito eventual, embora ainda não tenha direito adquirido, já pode praticar alguns atos destinados à conservação, com o intuito de resguardar seu futuro direito, evitando que eventualmente sofra prejuízos (ex: requerer inventário, pedir uma garantia, etc.). Antes de se realizar a condição, o ato é ineficaz. A condição pode ser classificada em:

1) QUANTO AO MODO DE ATUAÇÃO (é a que tem maior incidência nos concursos):

a) SUSPENSIVA (art. 125, CC) ⎯ é a condição cuja eficácia do ato fica suspensa (protelada, adiada) até a realização do evento futuro e incerto. Adia-se, temporariamente, a eficácia do negócio. Exemplo: eu lhe darei uma jóia se você ganhar a corrida; enquanto você não ganhar, eu não preciso entregar o bem, pois a condição suspende a doação. Outros exemplos: eu lhe darei uma casa logo após o seu casamento; eu lhe darei um carro, se você passar no concurso...

- enquanto a condição não for verificada (realizada, concretizada) ela é chamada de pendente. - o cumprimento (ou a ocorrência) da condição é chamado de implemento. - chamamos de frustração, quando a condição não é realizada.

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Pendente a condição, não há direito adquirido, mas uma simples expectativa de direito ou um direito eventual. Exemplo: “A” doa a “B” um objeto sob uma condição suspensiva. Antes do implemento da condição, “B” vende o bem a “C”. Esta venda é considerada nula. “B” não poderia vender este bem antes da ocorrência da condição. Somente com o implemento da condição aperfeiçoa-se o ato negocial de forma retroativa, desde a celebração (efeito ex tunc – falarei mais sobre esta expressão adiante), exceto nos contratos reais (que necessitam da entrega da coisa ou do registro do contrato).

Pelo art. 126, CC é possível que, na pendência de uma condição suspensiva, sejam feitas novas disposições. Mas estas somente terão validade se não forem incompatíveis com a condição original.

b) RESOLUTIVA (art. 127, CC) ⎯ é a condição que subordina à ineficácia

do negócio jurídico a um evento futuro e incerto. A eficácia do ato se opera desde logo (chamamos isso de entabulamento), mas se resolve com a ocorrência de um evento futuro e incerto. Lembrem-se: resolver = extinguir. Portanto o implemento da condição extingue os efeitos do ato. Exemplo: deixo-lhe uma renda enquanto você estudar; se você parar de estudar, você perde esta renda. O direito que você tinha em relação a esta renda se extingue (ou se resolve). Enquanto a condição não se realizar, vigorará o negócio jurídico. Verificada a condição, extingue-se o direito para todos os efeitos. Outro exemplo: empresto-lhe uma casa para você nela residir enquanto for solteiro. Isto quer dizer que no dia em que você se casar perderá o direito de usar a casa; portanto, resolve-se, extingue-se o seu direito. É interessante esclarecer que pelo art. 128, CC esta extinção do direito, como regra, não atinge os atos já praticados.

2) QUANTO À PARTICIPAÇÃO DOS SUJEITOS:

a) Casual ⎯ se depender de fato alheio à vontade das partes; ou seja, de um acontecimento fortuito. Exemplo: eu lhe darei um anel de brilhantes se chover amanhã.

b) Potestativa ⎯ se decorrer da vontade (ou do poder) de uma das partes. Subdivide-se em:

- puramente potestativa ⎯ quando decorre de um capricho ou arbítrio do proponente; decorre da vontade absoluta de uma das partes, segundo um critério exclusivo de sua conveniência. Exemplo: eu lhe darei um carro se eu levantar o braço, ou se eu quiser. A doutrina costuma chamá-la de cláusula “si voluero” (se me aprouver). São proibidas pelo nosso Direito – art. 122, CC.

- meramente (ou simplesmente) potestativa ⎯ depende da prática de algum ato do contraente e de um fator externo. Exemplo: eu lhe darei uma jóia se você cantar bem; ou se você passar num concurso; eu lhe pagarei quando revender a coisa, etc. Um dos contratantes tem poder sobre

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a ocorrência do evento, mas não um poder absoluto, pois depende, ainda, de fatores ligados ao outro contratante. Por este motivo a cláusula é válida (ao contrário da puramente potestativa em que decorre da vontade exclusiva, do puro arbítrio de uma das partes). A condição meramente potestativa pode-se tornar promíscua, quando inesperadamente ocorrer algum problema (anteriormente inexistente) que a torne inexequível. Exemplo: dou-lhe uma importância em dinheiro se você escalar determinada montanha; antes de realizar a condição a pessoa quebra a perna, impossibilitando a escalada (que anteriormente seria possível).

Observação – pode haver uma combinação entre todas as espécies de condição. Exemplo: a condição pode ser suspensiva e casual ao mesmo tempo, ou suspensiva e potestativa. Também resolutiva e casual e resolutiva e potestativa.

3) QUANTO À POSSIBILIDADE:

a) Física e juridicamente possível ⎯ é a que pode ser realizada conforme as leis físico-naturais e as normas jurídicas.

b) Física e juridicamente impossível ⎯ é a que não se pode efetivar por ser contrária à natureza (ex: eu lhe darei um carro se você filtrar toda a água do mar; ou capturar vivo um dragão, etc.) ou à ordem legal (ex: eu lhe darei um carro se você renunciar à pensão alimentícia).

Importante

Invalidam os Negócios Jurídicos: as condições físicas e juridicamente impossíveis, quando suspensivas (art. 123, I, CC). Isto porque não haveria seriedade na proposta. Nosso direito considera como condições inexistentes (art. 124, CC) as condições impossíveis quando forem resolutivas e também as de não fazer coisa impossível (ex: dou-lhe uma importância em dinheiro se você não usar qualquer aparelho auxiliar para ir às profundezas do oceano).

4) QUANTO À LICITUDE:

a) Lícita ⎯ quando não for contrária à lei, à moral e aos bons costumes; ou seja, a condição é permitida ou tolerada em nosso direito. Dispõe o art. 122, primeira parte do CC, que são lícitas todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes.

b) Ilícita ⎯ quando for condenada pela norma jurídica, pela ordem pública, pela moral e pelos bons costumes. Exemplo: eu lhe darei uma jóia se você me deixar viver em adultério; ou se você mudar de religião; ou se você não se casar, etc. A condição perplexa ou contraditória é a que não faz sentido, deixando o intérprete confuso (perplexo), por isso ela priva de todo efeito o ato, sendo considerada inválida. Exemplo: eu lhe vendo um apartamento, mas você não poderá morar nele.

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Cuidado ⎯ Invalidam o Negócio Jurídico as condições ilícitas ou de fazer coisa ilícita (conforme o art. 123, II, CC).

É importante salientar que há condições que não são aceitas pelo nosso Direito. Alguns atos que não admitem condição, pois são ligados a uma norma de direito público, cogente. Estes atos geralmente estão presentes no Direito de Família e Sucessões e são chamados de atos puros. Exemplos:

• condição de não se casar ⎯ não é admissível uma condição proibindo o casamento. Porém ela até pode ser aceita se for elaborada da seguinte maneira: eu lhe darei um apartamento se você não se casar com Paulo. Ou eu lhe darei uma casa se você casar com Leandro. Quanto à condição da obrigatoriedade de permanecer em estado de viuvez, ainda causa muita polêmica, não sendo aceita por todos. • exílio ⎯ não se pode proibir que uma pessoa more em uma cidade ou que ela tenha morada perpétua em outro lugar. Porém nada impede de se pactuar a condição de que a pessoa vá residir em outro lugar, fora de uma capital (ex: eu lhe darei uma casa se você se mudar da capital do Estado). • religião ⎯ a condição para mudança de religião atenta contra a liberdade de consciência assegurada pela nossa Constituição, sendo, por tal motivo, proibida. • profissão ⎯ não pode haver condição para que não se exerça determinada profissão. Porém pode haver para que se siga uma certa profissão (ex: se você se formar em Direito, eu lhe darei meu anel de grau). • aceitação ou renúncia de herança ⎯ este ato deve ser puro e simples, sem nenhuma condição. • reconhecimento de filhos, emancipação ⎯ também não pode haver qualquer condição para se reconhecer um filho (ex: eu o reconheço como meu filho, desde que você aceite não receber pensão alimentícia ou renuncie o direito de eventual herança); ou emancipação (eu emancipo você, desde que você não se case).

Observação – É preciso que não haja interferência maliciosa de qualquer dos interessados no desfecho da situação prevista. Se um dos contratantes interferir (dolosamente, intencionalmente) na ocorrência do evento, para que ele se realize ou não se realize, a penalidade é a de que se considere realizado o fato no sentido oposto daquele pretendido pelo agente malicioso (art. 129, CC). Exemplo: eu lhe darei determinada importância em dinheiro se o motorista chegar no local combinado até o meio dia; se a outra parte aprisiona o motorista para que ele não chegue no horário previsto, reputa-se verificada a condição, pois a mesma foi maliciosamente obstada pela parte contrária.

B) TERMO – arts. 131/135, CC

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Termo é a cláusula que subordina os efeitos do negócio jurídico a um acontecimento futuro e certo. Trata-se do dia em que começa e/ou extingue a eficácia do negócio jurídico, subordinando-se a um evento futuro e certo (embora a data deste evento possa ser determinada ou indeterminada). Assim como na condição, alguns negócios não admitem o termo (ex: aceitação ou renúncia de herança, emancipação, reconhecimento de filhos, etc.). Há varias espécies de termo: convencional (estabelecido pelas partes), de direito (decorre da lei), de graça (dilação de prazo concedida pelo devedor), etc. No entanto a classificação mais importante para efeito de concursos é a divisão em:

a) Termo Inicial ou Suspensivo (dies a quo) ⎯ quando fixa o momento em que a eficácia do negócio deve ter inicio, retardando o exercício do direito (ex: a locação terá início dentro de dois meses; eu lhe darei um carro no Natal deste ano, etc.). No termo inicial já há o direito adquirido (diferentemente da condição suspensiva onde há uma mera expectativa de direito, impedindo-se a sua aquisição). O termo inicial não suspende a aquisição do direito, que surge imediatamente, mas só se torna exercitável com a superveniência do termo. Em outras palavras: O termo suspende o exercício, mas não a aquisição do direito (art. 131, CC). O exercício do direito fica suspenso até o instante em que o acontecimento futuro e certo, previsto, ocorrer.

Observação: se o termo inicial for impossível, demonstra que não há uma vontade real de criar a obrigação, gerando, portanto, a sua nulidade. Ex: eu lhe darei um carro no dia 31 de fevereiro; ou no dia de “São Nunca”.

b) Termo Final ou Resolutivo (dies ad quem) ⎯ se determinar a data da cessação dos efeitos do negócio jurídico, extinguindo as obrigações dele oriundas (ex: uma cláusula que diga que a locação se findará no prazo de 30 meses). Antes de chegar o dia estipulado para seu vencimento, o negócio, subordinado a um termo final, vigorará plenamente e seu titular poderá exercer todos os direitos dele provenientes. Com a chegada do termo final não se destrói o negócio; apenas lhe retira a eficácia.

Não confundir termo com condição suspensiva.

A condição suspensiva trata de evento futuro e incerto. Além de suspender o exercício do direito, ela suspende também sua aquisição. Já o termo se vincula a um evento futuro e certo. Não suspende a aquisição do direito, apenas adia o seu exercício.

O termo ainda pode ser classificado em:

c) Certo ⎯ quando estabelece uma data determinada do calendário (ex: a locação terá início no dia 1º de janeiro do próximo ano).

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d) Incerto ⎯ se se referir a um acontecimento futuro, mas com uma data incerta. Ex: eu lhe darei um imóvel quando fulano falecer; o evento é futuro e certo (pois a morte é sempre certa), porém a data é incerta.

Não confundir também termo com prazo.

Prazo é o lapso de tempo compreendido entre a declaração de vontade e a superveniência do termo em que começa o exercício do direito ou extingue o direito até então vigente. Ou seja, prazo é o intervalo entre o termo inicial e o termo final. É contado por unidade de tempo (hora, dia, mês e ano), excluindo-se o dia do começo (dies a quo) e incluindo-se o dia do vencimento (dies ad quem), salvo disposição legal ou convencional em contrário (art. 132, CC). Para resolver algumas questões relativas ao prazo, o Código Civil apresenta as seguintes regras (arts. 132, 133 e 134, CC):

• Se o vencimento se der em feriado ou domingo, prorroga-se até o primeiro dia útil subsequente.

• Se o termo vencer em “meados” de um mês, isto deve ser entendido como sendo o seu 15o dia, qualquer que seja o mês, pouco importando que ele tenha 29 ou 31 dias.

• Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência. Exemplo: prazo de mês estabelecido no dia 10 de abril se expira no dia 10 de maio. No entanto há a ressalva: quando não há a exata correspondência no ano ou mês posterior. Exemplo: fiz um contrato de ano no dia 29 de fevereiro (ano bissexto). No ano seguinte não haverá o dia 29 de fevereiro. Logo o vencimento recairá no dia 1° de março. Outro exemplo: fiz um contrato de mês no dia 31 de maio. Não existe o dia 31 de junho. Portanto o prazo recairá no dia 1° de julho.

• Prazo fixado em hora é contado de minuto a minuto.

• Nos testamentos presumem-se os prazos em favor do herdeiro.

• Nos contratos, presumem-se em favor do devedor (salvo se do teor do instrumento ou das circunstâncias resultar que se estabeleceu em benefício do credor, ou de ambos os contratantes). Sendo estabelecido em favor do devedor, este poderá pagar o débito antes do vencimento, mesmo contra a vontade do credor (ainda que este não possa exigir o pagamento antes do vencimento).

• Nos negócios jurídicos entre vivos, onde não foi estabelecido um prazo, o mesmo pode ser executado desde logo. A doutrina entende que a expressão “desde logo” não deve ser entendida “ao pé da letra”, como sinônimo de imediatamente, pois às vezes é necessário que haja um certo tempo (por menor que seja) para que a prestação seja cumprida. E isso irá depender da natureza do negócio, do lugar onde a obrigação será cumprida (pode ser

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em lugar distante do local da celebração do negócio) ou mesmo de suas circunstâncias.

Observação – a exemplo da condição, também é possível haver uma combinação entre todas as espécies de termo. Exemplo: o termo pode ser inicial e certo ao mesmo tempo; inicial e incerto; final e certo; final e incerto.

C) ENCARGO OU MODO – arts. 136 e 137, CC

Encargo (também chamado de modo) é a cláusula acessória, que em regra, aparece em atos de liberalidade inter vivos (ex: doação) ou causa mortis (ex: herança, legado), impondo um ônus ou uma obrigação à pessoa (natural ou jurídica) contemplada pelos referidos atos, mas sem caráter de contraprestação exata. Por isso, o encargo deve ser menor que o benefício concedido. Na realidade é uma limitação trazida a uma liberalidade. Trata-se de uma obrigação de fazer. Exemplo: dôo um terreno à municipalidade para que nele seja edificado um hospital; dou-lhe dois terrenos desde que em um deles seja construída uma escola, etc. Também poderá ser instituído nas declarações unilaterais de vontade, como por exemplo, na promessa de recompensa (“perdeu-se cachorrinho... recompensa-se bem”). Observem que o benefício vem acompanhado de um encargo. Um exemplo muito comum, inclusive em nossa vida particular é o comodato. Este é um contrato de empréstimo de coisa infungível (que não pode ser substituída por outra igual). É um contrato gratuito. Porém eu posso colocar um encargo. Exemplo: deixo você morar de graça em meu apartamento (se eu cobrar por isso, deixa de ser um comodato e passa a ser locação). No entanto eu posso colocar o seguinte encargo: desde que você pague o condomínio e o IPTU. O pagamento destas despesas trata-se de um encargo, que não irá retirar a natureza gratuita do comodato, pois não estará havendo uma contraprestação.

Uma característica do encargo é a sua obrigatoriedade. Por isso, caso o encargo não seja cumprido, posso exigir o seu cumprimento por meio de uma ação judicial específica.

O art. 136, CC dispõe que o encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito. Exemplo: aberta a sucessão o domínio e a posse dos bens transmitem-se desde logo aos herdeiros nomeados, com a obrigação de cumprir o encargo; se este não for cumprido a liberalidade será revogada.

Interessante a análise do art. 137, CC. Se o objeto do encargo for ilícito ou impossível, é tido como não escrito, libertando o negócio jurídico de qualquer restrição e ele vale normalmente (como se fosse uma doação pura e simples). Exemplo: eu dou um terreno a Pedro desde que ele assuma a paternidade de um filho que eu tive fora do casamento. Esta cláusula seria juridicamente impossível. No entanto não há uma ligação entre o encargo (assumir a filiação) e a doação em si. Portanto se Pedro aceitar a doação e depois não assumir a paternidade, o negócio valeu. A cláusula é tida como não escrita. Isto porque

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não há uma ligação entre aceitar a doação e reconhecer o filho. Outro exemplo: eu lhe dou uma casa com o encargo de se construir uma escada até o céu. Ora, como isso é impossível, vale a doação pura e simples, como se não houvesse o encargo. No entanto o dispositivo contém uma ressalva: salvo se o encargo se constituir no motivo determinante da liberalidade. Exemplo: eu lhe dou uma casa, no entanto esta deve ser mantida como depósito de entorpecente. Observem que nesta hipótese a casa (objeto da doação) possui uma ligação imediata com o encargo (manutenção como depósito de entorpecente). Por isso o efeito é a nulidade total do negócio jurídico.

É importante não confundir as três espécies de elementos acidentais (condição, termo e encargo). Às vezes as diferenças são muito sutis e o examinador aproveita esse fato para confundir o candidato. Assim, costumo fornecer em aula um quadrinho que realça as diferenças entre os institutos vistos. O quadro a seguir, portanto, tem a finalidade de facilitar o estudo, evidenciando as diferenças dos institutos:

CONDIÇÃO SUSPENSIVA

TERMO ENCARGO

1. Evento futuro e incerto.

1. Evento futuro e certo. 1. Impõe sempre um ônus.

2. Enquanto não verificada, não se adquire o direito a que o ato visa.

2. Já se adquire o direito, apenas se retarda o seu exercício.

2. Não se suspende a aquisição nem o exercício do direito.

3. Emprego da conjunção se (eu lhe darei isso, se você fizer aquilo).

3. Emprego da conjunção quando (eu lhe darei isso quando você fizer 18 anos).

3. Emprego das locuções: para que, a fim de que, com a obrigação de, mas, etc.

4. Pode ser aplicada a quaisquer atos.

4. Pode ser aplicada a quaisquer atos.

4. Aplica-se somente a atos de liberalidade (doação, herança, etc.).

INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

Vimos até agora os Elementos Constitutivos do Negócio Jurídico (Essenciais, Naturais e Acidentais). A partir daqui veremos o que causa a Ineficácia do Negócio Jurídico.

Para a realização de um ato jurídico, a lei civil impõe que sejam

observados determinados preceitos. Em alguns casos, os atos praticados pelas partes podem não produzir os efeitos desejados, posto que realizados em

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desacordo com o ordenamento jurídico. Segundo a doutrina tradicional a expressão invalidade (ou ineficácia) é empregada para designar o negócio que não produziu os efeitos desejados pelas partes. O grau de invalidade do negócio depende da natureza da norma ofendida. Assim, abrange:

• Inexistência do Ato

• Nulidade

⎯ Absoluta (ato nulo) ou Relativa (ato anulável)

A) ATO INEXISTENTE – ocorre quando lhe falta algum elemento estrutural; é inidôneo à produção de qualquer efeito jurídico. Exemplo: compra e venda na qual não se estipulou preço; ou não se identificou o comprador ou o vendedor; ou simplesmente não há objeto, etc. Não é necessária a declaração da ineficácia por decisão judicial, porque o ato jamais chegou a existir. Não se invalida o que não existe. Costuma-se dizer: ato inexistente é o nada no mundo jurídico. O vício é tão sério que o ato é considerado como inexistente.

B) NULIDADE – de uma forma ampla nulidade é a sanção imposta pela lei que determina a privação de efeitos jurídicos do ato negocial, praticado em desobediência ao que ela prescreve. Para que se possa declarar um negócio jurídico nulo ou anulável, é preciso que ele ao menos tenha entrado (embora com vícios) no mundo jurídico para surtir os efeitos manifestados. Duas são as espécies de nulidades: nulidade absoluta e nulidade relativa (ou anulabilidade). No final deste assunto também fornecerei um quadro comparativo entre ambos (ato nulo e anulável).

1) Nulidade Absoluta (nulo) ⎯ o ato não produz qualquer efeito por ofender gravemente os princípios de ordem pública. Há um interesse social para que se prive o negócio de seus efeitos. O ato é absolutamente inválido; não precisa ser anulado, pois já nasce nulo; o Juiz somente declara o ato nulo, podendo fazê-lo a requerimento de qualquer interessado (ação declaratória) ou de ofício (ex officio), ou seja, sem ser provocado. A declaração de nulidade é uma penalidade ao desrespeito da norma. Pelo art. 169, CC os atos nulos não podem ser convalidados, nem ratificados, exceção feita à hipótese do art. 170, CC que veremos mais adiante. E também não se convalescem pelo decurso de tempo. Não produzem efeito algum.

Exemplos: venda de imóvel por contrato particular; venda realizada por absolutamente incapaz; objeto de um contrato ilícito ou impossível, etc.

2) Nulidade Relativa (anulabilidade) ⎯ quando a ofensa não atinge de forma direta o interesse social, mas sim o interesse particular de pessoas; o ato é anulável. Enquanto não for declarado como tal pelo Juiz, produz efeitos normalmente. A lei oferece aos interessados as seguintes alternativas: a) de requerer a anulação do ato; b) confirmar ou sanar o vício (evitando-se o seu desfazimento); c) deixar que continue a produzir seus

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efeitos normalmente. A anulação só atinge os atos após a declaração de anulação. A parte precisa requerer a anulação; o Juiz não pode reconhecer de ofício (ou seja, sem ser provocado). O ato anulável prende-se a uma desconformidade que a norma considera menos grave, pois viola preceitos individuais, provocando uma reação menos extrema.

Exemplos: venda realizada sob coação, ou por pessoa relativamente incapaz sem assistência, etc.

Confirmação

Como vimos, o negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiros (art. 172, CC). O instituto da confirmação do negócio anulável (também chamado de convalidação), tem por objetivo aproveitar o negócio jurídico defeituoso, que poderia ser anulado. Convalidar é sanar o defeito que inquina o ato. Pela confirmação integra-se o negócio jurídico, dando-se validade àquilo que as partes teriam contratado, se pudessem prever a anulabilidade. Embora o atual Código não seja explícito, entende a doutrina que os efeitos da confirmação do negócio são retroativos (ex tunc). Reforçando: o ato nulo não pode ser confirmado (art. 169, CC). A convalidação pode se dar:

a) Pela ratificação (ou confirmação) do ato. Determina o art. 173, CC que o ato de confirmação deve conter a substância da obrigação confirmada e a vontade expressa de confirmá-la. Portanto, deve ser a mesma clara e precisa, para que não paire qualquer dúvida a respeito. No entanto ela pode ser expressa ou tácita, quando o devedor, ciente do vício, já cumpriu parte da obrigação (art. 174, CC) – a vontade de confirmar está implícita neste ato, dando início ao cumprimento do ato. Exemplo: marido vendeu um apartamento que pertencia ao casal, sem a outorga uxória; trata-se de um ato anulável. Se posteriormente à venda do imóvel a esposa assina a documentação, está confirmando o negócio. A confirmação (expressa ou tácita) implica em renúncia a todas eventuais ações judiciais.

b) Pelo decurso de tempo (ex: decadência – art. 178, CC).

Gráfico das Diferenças

(admitido pela doutrina tradicional)

Ato Nulo

Efeitos ex tunc

A decisão que declara a nulidade retroage à data da celebração do negócio nulo. Efeito erga omnes (contra todos). Matéria de ordem pública.

Ato Anulável

Efeitos ex nunc

A decisão de anulabilidade opera efeitos a partir da anulação. Efeitos somente entre as partes contratantes. Matéria de ordem privada.

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Percebam as duas expressões em latim (ex tunc e ex nunc). Elas são muito importantes. Não só no Direito Civil, como em todos os ramos do Direito. Já vi estas expressões caírem em quase todas as matérias. Portanto, muita atenção.

Ex nunc ⎯ significa “de agora em diante”, desde agora; portanto quando se diz que algo tem efeito ex nunc, quer se dizer que os efeitos são daqui para frente; eles decorrem a partir da declaração de anulabilidade, ou seja, os efeitos não retroagem. Lembre-se ex nunc – nunca retroage = expressão nunc “lembra” nunca. Este é um “macete” muito usado por professores para que os alunos gravem a diferença. No entanto, cuidado: nunc não significa nunca. Nunc significa agora, no momento presente (portanto, de agora em diante). A dica é só para ajudar uma melhor associação. Vejamos o que diz o art. 177, CC: A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade. Ou seja, como regra a alegação de anulação só aproveita a quem alegou este fato. Mas se a obrigação é solidária ou indivisível, esta alegação também irá beneficiar os demais, mesmos que eles não a tenham alegado.

Ex tunc ⎯ significa “desde então”, desde aquele momento. Lembrem-se: ex tunc – tudo; tunc – trás, vai para trás. Ou seja, os efeitos da declaração da nulidade do ato retroagem à data da sua celebração, como se ele não tivesse existido. Esta expressão também pode se referir a uma cláusula que admite a retroatividade da lei, alcançando situações já consolidadas sob o império de lei anterior. Implica na anulação do ato alcançado por seus efeitos.

Erga omnes ⎯ é uma expressão latina que significa: contra todos, o que é válido em relação a todos, extensível a todos.

Vejamos agora quais as hipóteses de nulidade (ato nulo ou nulidade absoluta) e de anulabilidade (ato anulável ou nulidade relativa):

São nulos os negócios quando (art. 166, CC):

• praticados por absolutamente incapaz (ex: venda realizada por menor de 16 anos, enfermo mental interditado, etc.).

• for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto (ex: contrato para fazer uma viagem até o a estrela Alfa-Centauro, venda de um carro roubado, etc.).

• o motivo determinante, comum a ambas as partes for ilícito.

• não se revestir da forma prescrita em lei (ex: pacto antenupcial feito por contrato particular, testamento feito de forma verbal, etc.).

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• for preterida solenidade que a lei considere essencial para sua validade (ex: testamento realizado sem testemunhas, compra e venda de imóvel sem fazer a escritura, etc.).

• tiver por objeto fraudar lei imperativa.

• a lei taxativamente o declarar nulo ou lhe negar efeito (ex: casamento de pai com filha adotiva; cláusula que permite ao credor ficar com o imóvel hipotecado, etc.).

• o negócio jurídico for simulado (art. 167, CC) – pessoa finge vender uma casa a uma pessoa, mas na verdade esta doando para o seu cúmplice de adultério. Lembrem-se, no entanto, que o negócio subsistirá no que se dissimulou, se for válido na forma e substância.

São anuláveis os negócios (art. 171, CC):

• por incapacidade relativa do agente, sem a devida assistência de seus representantes legais (ex: venda feita por pródigo sem ser assistido).

• por vício resultante de erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo ou fraude contra credores (ex: venda sob coação moral; com erro essencial, etc.).

• por falta de legitimação (ex: venda de imóvel sem outorga do outro cônjuge, casados sob o regime em comunhão universal de bens).

• se a lei assim o declarar, tendo em vista uma situação particular (ex: art. 496, CC – É anulável a venda de ascendente para descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido; art. 550, CC – É anulável a doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice de adultério pelo outro cônjuge ou seus herdeiros, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal).

Prazo Decadencial

Pelo art. 178, CC é de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico. Conta-se esse prazo: a) no caso de coação, do dia em que ela cessar; b) no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; c) no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.

É importante salientar que quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer um prazo para pleitear-se essa anulação, este prazo será de dois anos, a contar da conclusão do ato (art. 179, CC). Exemplo: o próprio art. 496, CC citado acima. Como vimos, ele prevê que é anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Reparem que o dispositivo diz que o ato é anulável, mas não prevê o prazo para se requerer a anulação. Logo, entende-se que este prazo é de dois anos, por força do art.

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179, CC. Um outro exemplo é o do art. 533, inciso II, CC (que fala da troca ou permuta).

Observações

01) Sendo o Negócio Jurídico Nulo ou Anulável é imprescindível a manifestação do Poder Judiciário a esse respeito. Ou seja, é o Juiz quem irá declarar se o ato é nulo, anulável ou se ele é válido, dependendo da situação em concreto.

02) A teoria das nulidades sofre algumas exceções no que diz respeito ao casamento. Assim, mesmo um casamento considerado nulo, pode gerar efeitos em algumas situações especiais.

Regras Comuns à Nulidade e à Anulabilidade

• Pelo art. 182 do CC, anulado um negócio jurídico as partes serão restituídas ao estado em que se encontravam antes do negócio (status quo ante). Exemplo: anulada a compra e venda de um relógio, tanto a importância em dinheiro eventualmente entregue, como objeto do negócio (o relógio), serão devolvidos às partes. Se for um bem imóvel o registro imobiliário deve ser cancelado. Isso não sendo possível (a coisa não mais existe ou é inviável a reconstituição da situação anterior), o lesado será indenizado com o valor equivalente à coisa.

• A nulidade (absoluta ou relativa) pode ser total (atingindo todo o negócio jurídico) ou parcial (afeta somente parte do negócio). A nulidade parcial de um ato não prejudicará a parte válida do negócio, se for destacável, ou seja, se esta puder existir autonomamente (art. 184, CC). Trata-se da aplicação do princípio da conservação do negócio jurídico. Exemplo: nulidade da cláusula de fiança não anula todo o contrato de locação.

• A nulidade relativa do instrumento não induz à do ato se este puder ser provado por outro meio (art. 183, CC). Ou seja, mesmo que viciado um contrato, este pode ser provado de outras maneiras. Exemplo: anulação do contrato de locação não anula a própria locação; esta pode ser provada por meio de recibos e testemunhas.

• A nulidade da obrigação principal implica a nulidade das acessórias. Mas o contrário não. Exemplo: nulidade de cláusula onde se estabelece a locação residencial porque o locatário é menor invalida todas as outras cláusulas, inclusive a fiança. Já a nulidade no contrato de fiança não atinge o contrato de locação, propriamente dito.

Quadro comparativo entre nulidade a anulabilidade

Ato Nulo (nulidade absoluta)

Ato anulável (nulidade relativa – anulabilidade)

1. Interesse da coletividade; 1. Interesse do prejudicado;

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matéria de ordem pública. Eficácia erga omnes (extensíveis a todos); opera-se de pleno direito.

matéria de ordem privada. Os efeitos são extensíveis apenas para quem alegar, salvo nas hipóteses de indivisibilidade e solidariedade.

2. Pode ser arguida por qualquer interessado ou pelo Ministério Público.

2. Somente pode ser alegada pelo prejudicado, legítimo interessado.

3. Não pode ser suprida pelo juiz. No entanto ele pode reconhecê-la de ofício.

3. O juiz não pode reconhecê-la de ofício. No entanto, alegada, ele pode saná-la.

4. O vício não pode ser sanado pela confirmação, nem se convalesce pelo decurso do tempo.

4. O vício pode ser sanado pela confirmação (expressa) ou pelo decurso do tempo (tácita).

5. Em regra não prescreve. Exceções: quando a lei assim o permitir, negócios de fundo patrimonial, etc.

5. Prescreve em prazos mais ou menos exíguos ou em prazos decadenciais.

6. Efeito ex nunc (desde aquele momento). A declaração de nulidade retroage à data da celebração do negócio.

6. Efeito ex tunc (de agora em diante). Não retroage. Os efeitos se operam somente a partir da anulação.

CONVERSÃO DO NEGÓCIO NULO

O art. 170, CC admite a conversão do negócio jurídico nulo em outro de natureza diferente: “Se o negócio jurídico nulo contiver requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade”. O negócio não pode prevalecer da forma como pretendida pelas partes. Ele é nulo. Mas como seus elementos são idôneos para caracterizar um outro negócio, transforma-se neste, desde que não haja uma proibição expressa.

Essa matéria é bem teórica. Por isso vamos exemplificar bem: duas pessoas celebram um contrato de compra e venda de um imóvel por meio de um instrumento particular. Ora, o negócio seria nulo (nulidade absoluta), pois a compra e venda de um imóvel exige instrumento público (e não particular), que no caso é a escritura pública (para imóveis com valor superior a 30 salários mínimos – art. 108, CC). Um negócio nulo, como regra, não gera efeitos. Mas neste caso, é possível salvar este negócio, aplicando a teoria da conservação (pois visa a manutenção da vontade externada), mediante atividade de requalificação do negócio jurídico: basta considerá-lo como sendo uma promessa de compra e venda (e não como um contrato de compra e venda propriamente dito). A promessa é um compromisso bilateral de contrato ou um contrato preliminar. Observem que o art. 462, CC não exige as mesmas

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formalidades do contrato definitivo. No entanto é necessário que os contratantes queiram o outro contrato, se souberem da nulidade do que celebraram e que o negócio nulo tenha os elementos do outro negócio a ser convertido. Resumindo: o contrato de compra e venda é nulo; porém a vontade das partes fica preservada convertendo-se a compra e venda em uma promessa de compra e venda, sendo que o negócio requalificado é considerado válido (o compromisso não exige a forma pública), gerando efeitos.

Obrigações Contraídas por Menores

• As obrigações contraídas por menores entre 16 e 18 anos são anuláveis se contraídas sem assistência de seus representantes (os quais devem intervir pessoalmente nos atos).

• Os menores devem ser assistidos por curadores especiais quando intervierem em atos nos quais possa haver um conflito de interesse com seus representantes legais (art. 119, CC). Exemplo: pai e filho, este com 17 anos, querem vender imóvel que possuem em condomínio. Neste caso, para a venda do bem o filho deve ser assistido por um curador especial, pois ‘pode’ haver um conflito de interesses entre o menor e seu pai. O prazo decadencial para pleitear-se a anulação do ato praticado com esta infringência é de 180 dias a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade.

• Quanto aos atos ilícitos em que forem culpados, os menores entre 16 e 18 anos, são equiparados aos maiores. Vamos deixar claro: somente se o ilícito for civil; isso não se aplica ao ilícito penal, pois a imputabilidade penal é com 18 anos, conforme o art. 228, CF/88: “São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial”.

• O menor entre 16 e 18 anos não pode eximir-se de uma obrigação ou requerer a anulação da mesma, invocando a sua idade, se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se espontaneamente se declarou maior ao assumir a obrigação (art. 180, CC). Exemplo: rapaz com 17 anos queria alugar um apartamento (seria inquilino). Para isso seria necessária a assistência de seus pais. Porém, falsifica seu documento de identidade e se apresenta como maior. Passados alguns meses, deixa de pagar o aluguel. Acionado, alega ser incapaz. Tal argumento não será cabível, pois ele se apresentou como maior quando assumiu a obrigação.

• Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga (art. 181, CC). Ou seja, uma pessoa celebrou um contrato com um incapaz. Este negócio foi anulado. O incapaz não será obrigado a restituir eventual quantia paga. Exceto se a outra pessoa provar que a quantia reverteu em proveito dele mesmo (o menor).

PROVA DO NEGÓCIO JURÍDICO

Meus amigos e alunos.

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O tema “prova do negócio jurídico” não está especificado no Edital do AFRF/2009. No entanto ele pode estar implícito no item Negócio Jurídico. Ou seja, o examinador pode dizer que quando se referiu ao Negócio Jurídico englobou, também, a sua prova. Pelo sim e pelo não vamos completar o tema e dar esta matéria. Como se costuma dizer: “cautela e caldo de galinha não faz mal a ninguém”. Até porque a esta matéria não é muito extensa. Vamos a ela.

Uma vez praticado determinado negócio jurídico, pode surgir a necessidade de prová-lo. Não basta alegar um fato. Exige-se a prova deste fato. Há um brocardo de diz: allegare nihil et allegatum et non probare paria sunt (nada alegar e alegar algo e não prová-lo se equivalem). Deve-se provar apenas o fato e não o direito a ser aplicado, pois é atribuição do Juiz conhecer e aplicar o Direito (iura novit curia). As Ordenações do Reino (Filipinas) já mencionavam que “a prova é o farol que deve guiar o Juiz nas suas decisões sobre as questões de fato”.

Conceituando = Prova é o conjunto de meios empregados para demonstrar, legalmente, a existência de negócios jurídicos. Para um processo a serve a prova para estabelecer a verdade diante do Juiz.

Princípios

• O ônus da prova incumbe a quem alega o fato e não a quem o contesta. Esta é a regra → Código de Processo Civil – art. 333, I e II. Se o autor alegar um fato, mas nada provar, o réu (como regra) será absolvido.

• Eu disse acima “como regra”, pois alguns fatos independem de prova, como os fatos notórios, que são os fatos da cultura geral, de conhecimento de todos. Ex: datas históricas (natal, ano novo, etc), os dias da semana (depois da segunda-feira, vem terça-feira...), personagens históricos (Tiradentes, D. Pedro II), etc.

• Também devem ser considerados verídicos os fatos incontroversos, sobre os quais não há debate entre as partes. Ex: um fato foi alegado pelo autor e não foi contestado pelo réu. As partes concordam com os fatos; tornou-se incontroverso, embora possam não concordar com o resultado jurídico deles.

• Se, para a validade do negócio jurídico a lei exige forma especial, sua prova só poderá ser feita pela exibição do documento (ex: a compra e venda de imóveis só se prova pela escritura pública).

• Se o negócio for de forma livre (não solene), a prova pode ser feita por qualquer meio permitido pela ordem jurídica (até mesmo verbal).

A prova deve ser:

a) Admissível → não proibida por lei e aplicável ao caso em análise.

b) Pertinente → idônea para demonstrar os fatos.

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c) Concludente → para esclarecer pontos controvertidos ou confirmar as alegações feitas no processo.

O art. 212 do Código Civil enumera quais são os meios de prova. Mas o faz de forma exemplificativa (e não taxativa). Vejamos:

A) Confissão

É o reconhecimento do fato pela parte que pratica o ato contrário a seu interesse e favorável ao adversário. Ela pode ser judicial ou extrajudicial (fora do processo). Não tem eficácia a confissão feita por incapaz (art. 213, CC) ou se tratar de direitos indisponíveis. Também não valerá se feita por um só dos cônjuges quando o fato versar sobre bens imóveis. É irrevogável, mas pode ser anulada se for oriunda de erro de fato ou coação (art. 214, CC).

B) Documentos Públicos ou Particulares

As declarações constantes de documentos assinados presumem-se verdadeiros em relação aos signatários (art. 219, CC). Documento público é o elaborado por autoridade pública no exercício de suas funções. Ex: certidão (reprodução do que se encontra transcrito em determinado livro ou documento), traslado (cópia do que se encontra lançado em um livro ou em um processo). Particulares são os elaborados pelas pessoas em geral.

- Nos contratos celebrados com a cláusula de não valerem sem instrumento público, este passa a ser da substância do ato, e só ele poderá provar este mesmo ato.

- As obrigações convencionais de qualquer valor, constantes de instrumentos particulares, e assinados pelas partes, fazem prova se assinados por duas testemunhas.

- Para fazer prova perante terceiros, estes documentos precisam ser registrados no registro público (Cartório de Títulos e Documentos).

- Todos os documentos e instrumentos de contrato que tiverem de produzir efeitos no Brasil devem ser escritos em língua portuguesa (art. 215, §3o, CC). Se feito em outra língua devem ser traduzidos por tradutor juramentado (art. 224, CC).

C) Testemunhas

Testemunha é a pessoa natural (ou física) que, não sendo parte diretamente interessada no objeto do litígio (estranha ao feito), é chamada para depor sobre fato ou para atestar um ato jurídico, assegurando, perante outra, sua veracidade (testemunha judiciária) ou para se pronunciar sobre o conteúdo do documento que subscrevem (testemunha instrumentária), como as testemunhas que são colocadas na realização de um testamento, nas certidões de nascimento, nas escrituras públicas, etc. A prova testemunhal somente será admitida em atos negociais cujo valor não ultrapasse o décuplo (dez vezes) do maior salário mínimo vigente no País no tempo da celebração e qualquer que

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seja o valor do contrato como complemento de prova documental (art. 227, CC).

A prova testemunhal para surtir efeitos no âmbito do Processo Civil deve atender aos seguintes requisitos: a) deve ser pessoa física, não se admitindo o testemunho de pessoa jurídica, cujas informações integram a prova documental; b) deve ser pessoa estranha ao feito, não se confundindo com as partes; c) deve ter conhecimento dos fatos, direta ou indiretamente, para atestar sobre sua existência; d) deve ter capacidade jurídica para depor, preenchendo os respectivos pressupostos legais. Este tema é tratado no Código de Processo Civil, sendo que o seu art. 405 estabelece quem pode ser testemunha.

Não podem testemunhar os (art. 228, CC):

• menores de 16 anos. • que por enfermidade ou deficiência mental não têm discernimento para a prática dos atos da vida civil. • cegos e surdos, quando a ciência do fato dependa do órgão dos sentidos que lhes falta. • interessados no objeto do litígio (ex: fiador de um dos litigantes; sublocatário em ação de despejo, etc.). • inimigo capital ou amigo íntimo das partes. • condenados por crime de falso testemunho (sentença penal transitada em julgado, em face do princípio da inocência). • ascendentes e os descendentes, inclusive adotivos, em qualquer grau. • cônjuges. • colaterais até o terceiro grau, por consanguinidade (irmãos, tios, sobrinhos, etc.) ou afinidade (sogra, genro, cunhado, etc.) de alguma das partes.

☺ Observações ☺

01) Quando um menor de 16 anos presta declarações em juízo, eles são considerados como informantes (e não como testemunhas, propriamente ditas). A contrário senso, as pessoas com 16 anos ou mais já podem ser testemunhas, Se a testemunha tiver entre 16 e 18 anos, pode prestar depoimento mesmo sem a assistência de seus representantes legais. No entanto, apesar de ser considerada testemunha, se ele mentir não irá responder pelo crime de falso testemunho, uma vez que é inimputável.

02) A capacidade para ser testemunha não se confunde com a capacidade civil. Como já sabemos, o cego, o mudo, o surdo bem como o enfermo, não são incapazes civilmente, mas o serão para testemunhar, caso tais deficiências resultem na impossibilidade de percepção sensorial adequada

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do fato a ser narrado (ex: o cego não pode ser ‘testemunha ocular’ de um crime).

03) Devemos lembrar ainda que ninguém é obrigado a depor sobre fatos “a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo; a que não possa responder sem desonrar a si próprio, seu cônjuge, parente ou amigo íntimo e que os exponha a perigo de vida de demanda ou de dano patrimonial imediato” (art. 229, CC).

D) Presunção

É a ilação que se extrai de um fato conhecido para se demonstrar um desconhecido. Exemplo: um credor somente entrega o título (ex: uma nota promissória) quando a dívida é paga. Portanto, se um devedor estiver de posse do título, há a presunção de que ele já pagou a dívida. Classifica-se a presunção em:

- Absoluta (juris et de jure – de direito e por direito) ⎯ não admite provas em contrário. Ex: incapacidade jurídica daquele que foi interditado; conhecimento da lei por todos; simulação de venda de ascendente para descendente sem consentimento dos demais descendentes, etc.

- Relativa (juris tantum – resultante do direito) ⎯ a lei estabelece um fato como verdadeiro até prova em contrário. Ex: filho havido pela mulher casada presume-se do marido, mas permite que o marido conteste a paternidade, por meio de ação negatória de paternidade.

- Simples ou Hominis – deixada a critério do Juiz, que se funda naquilo que ordinariamente acontece, na experiência de vida, embora não seja absoluta. Ex: a presunção do amor familiar leva a crer que a mãe não queira prejudicar seu filho.

Observações As presunções, que não as legais, não se admitem nos casos em que a lei

exclui a prova testemunhal (art. 230, CC). Não confundir presunção com indício. Indício (do latim indicium = rastro,

sinal) é apenas um meio para se chegar à presunção. A reunião de indícios pode dar corpo à presunção.

Perícias ⎯ são os exames (grafotécnico, balístico, residuográfico, etc.) ou

as vistorias (em veículos, terrenos, casas, etc.). Cuidado: Como vimos, a prova deve ser admissível, ou seja, não proibida pela lei. E reforçando: O ônus da prova incumbe a quem alega o fato e não a quem o contesta.

A escritura pública é um documento dotado de fé pública, lavrado por tabelião de notas, redigido em língua nacional e contendo todos os requisitos

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(objetivos e subjetivos) exigidos pela lei: qualificação das partes, manifestação de vontade, data e local da efetivação e assinatura dos contratantes, das testemunhas e do tabelião. Segundo o art. 215, caput, CC ela faz prova plena.

O instrumento particular é o realizado somente com a assinatura dos próprios interessados, desde que estejam na livre disposição e administração de seus bens, sendo subscrito por duas testemunhas. Possui força probante entre as partes. O reconhecimento da firma representa apenas a autenticação do ato. Para ter efeito contra terceiros (erga omnes) deve ser registrado no Cartório de Títulos e Documentos.

O art. 231, CC prevê que aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa. Este dispositivo, somado ao artigo seguinte, pelo qual “a recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame” tem grande aplicação aos casos de investigação de paternidade. Assim, negando-se o pretenso pai a submeter-se ao exame de DNA e provado o relacionamento amoroso entre o investigando e a mãe da criança, gera a presunção de veracidade, comprovando-se a paternidade. Portanto, neste caso, há uma inversão do ônus da prova.

Em relação à interpretação, citamos como regras:

• Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem, ou seja, deve-se procurar conhecer qual a real intenção da pessoa quando manifestou sua vontade.

• Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.

• Os negócios jurídicos benéficos (gratuitos) e a renúncia interpretam-se restritivamente.

Vamos agora apresentar o nosso quadro sinótico, que é um resumo

do que foi falado na aula de hoje. Esse resumo tem a função de ajudar o aluno a melhor assimilar os conceitos dados em aula e também de facilitar a revisão da matéria para estudos futuros.

QUADRO SINÓTICO

FATOS E ATOS JURÍDICOS

(2a Parte)

I – FATO COMUM – Ação humana ou fato da natureza sem repercussão na órbita do Direito.

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II – FATO JURÍDICO – acontecimento ao qual o Direito atribui efeitos = aquisição, resguardo, modificação, transmissão e extinção de Direitos.

III – CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS FATOS JURÍDICOS

A) Fato Jurídico Natural (Fato Jurídico em Sentido Estrito ou Stricto Sensu) → já visto na aula anterior:

1) Ordinário (ex: nascimento, morte, etc.). 2) Extraordinário (ex: caso fortuito ou força maior).

B) Fato Jurídico Humano (ATO):

1) Ato Jurídico em Sentido Amplo (lato sensu) ou Voluntário (Ato Lícito), englobando (veremos este item com mais detalhes logo adiante):

a) Ato Jurídico em Sentido Estrito (stricto sensu) – efeitos decorrentes da lei.

b) Negócio Jurídico – efeitos decorrentes da vontade das partes.

2) Ato Ilícito (ou Involuntário):

- Penal → sanção pessoal. - Administrativo → sanção pessoal. - Civil → sanção patrimonial – reparação do dano.

IV – ATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO (ou Fato Jurídico Humano Voluntário).

A) Ato Jurídico em Sentido Estrito:

• Realização de vontade do agente, mas que gera consequências jurídicas previstas em lei (não depende da vontade das partes; não há autonomia da vontade). Geralmente eles são unilaterais (possuem apenas uma manifestação de vontade) e potestativos (influem na esfera jurídica de outra pessoa sem que esta pessoa possa evitar). Exemplos: reconhecimento de filho, perdão, fixação de domicílio, notificação, etc.

B) Negócio Jurídico:

1) É destinado à produção de efeitos jurídicos desejados pelo agente e tutelados pela lei. É toda ação humana, de autonomia privada, com o qual o particular regula por si os próprios interesses, havendo uma composição de interesses. Podem ser bilaterais (ex: contratos) e unilaterais (testamentos).

2) Classificação Doutrinária Principal.

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a) Quanto ao número de manifestações de vontade: unilateral (apenas uma manifestação de vontade – ex: testamento, renúncia, desistência, etc.), bilateral (duas manifestações de vontades em sentido oposto, mas coincidente sobre o objeto – ex: contratos) ou plurilateral (mais de duas partes ex: consórcio de um veículo).

b) Quanto às vantagens: gratuito (somente uma das partes aufere vantagem) ou oneroso (ambos os contratantes possuem ônus e vantagens recíprocas). Este ainda se divide em: comutativo (prestações certas e determinadas) ou aleatório (há uma incerteza em relação às vantagens e ônus das partes – risco).

c) Quanto ao tempo em que devem produzir efeitos: inter vivos ou causa mortis.

d) Quanto aos efeitos: constitutivo (ex nunc) ou declaratório (ex tunc).

d) Quanto à subordinação: principal (possui existência própria) ou acessórios (sua existência se subordina a do principal).

e) Quanto às formalidades: solene (obedece a uma formalidade especial) ou não-solene (não se exige formalidades para seu aperfeiçoamento).

f) Quanto às pessoas: impessoais (independem de quem sejam as partes e de eventual qualidade) ou intuitu personae (o ato se realiza em função da qualidade especial de um dos contratantes).

g) Quanto à causa: causais (vinculados a uma causa) ou abstratos (desvinculados de qualquer outro negócio).

V – ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

A) Elementos Essenciais – dizem respeito à existência e validade do Negócio Jurídico, dando-lhe a estrutura e a substância. Dividem-se em:

1) Gerais – são comuns a todos os negócios jurídicos.

a) Capacidade das Partes.

b) Objeto Lícito, Possível, Determinado ou Determinável.

c) Consentimento (que diz respeito à vontade das partes).

2) Especiais – dizem respeito à forma prescrita ou não defesa em lei, aplicáveis a apenas alguns negócios.

B) Elementos Naturais - são os efeitos ou as consequências decorrentes do próprio Negócio Jurídico.

C) Elementos Acidentais – são os elementos facultativos. Podem ou não ser estipulados e dizem respeito, não à existência ou validade propriamente dita do Negócio Jurídico, mas sim à sua eficácia.

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1) Condição. 2) Termo. 3) Encargo ou Modo.

VI – ELEMENTOS ESSENCIAIS GERAIS

A) Capacidade do Agente (art. 104, I, CC) → maior de 18 anos ou emancipado (art. 5o e parágrafo único, CC).

• Defeitos relativos à capacidade:

a) absolutamente incapazes (art. 3o, CC) → necessitam de representação. Caso não haja → ato nulo (art. 166, I, CC).

b) relativamente incapazes (art. 4o, CC) → necessitam de assistência. Caso não haja → ato anulável (art. 171, I, CC).

B) Objeto (art. 104, II, CC) → lícito, possível, determinado ou determinável.

• Defeito no objeto → ato nulo (art. 166, II, CC).

C) Consentimento – manifestação de vontade.

• Defeitos em relação à vontade:

a) ausência de consentimento → ato nulo (para alguns autores – inexistente). b) vícios de consentimento → erro ou ignorância, dolo, coação, lesão e estado de perigo. c) vícios sociais → fraude contra credores (a simulação, pelo Código é hipótese de invalidade).

VII – ELEMENTOS ESSENCIAIS ESPECIAIS

Forma prescrita ou não defesa em lei → (art. 104, III, CC).

• Defeitos na forma → ato nulo (art. 166, IV e V, CC).

VIII – ELEMENTOS NATURAIS

• Decorrência normal dos contratos – são os efeitos do Negócio Jurídico.

IX – ELEMENTOS ACIDENTAIS (arts. 121/137, CC) – são declarações acessórias de vontade, modificando uma ou algumas das consequências naturais; dizem respeito à eficácia do Negócio Jurídico.

A) Condição – subordina a eficácia do Negócio Jurídico a um evento futuro e incerto. Embora ainda não haja direito adquirido, já se pode praticar atos destinados à conservação do direito futuro. Classificação:

1) Quanto ao modo de atuação:

a) Suspensiva – a eficácia do ato fica suspensa até a realização do evento futuro e incerto.

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b) Resolutiva – a ocorrência de um ato faz com que se resolva (extinga) o direito.

2) Quanto à participação dos sujeitos:

a) casual – a realização da condição depende de fato alheio à vontade das partes. b) potestativa – a realização da condição decorre da vontade das partes.

B) Termo – subordina a eficácia do Negócio Jurídico a um evento futuro e certo. Classificação:

a) Inicial (suspensivo) – quando fixa o momento em que a eficácia do negócio se inicia. b) Final (resolutivo) – quando fixa o momento em que a eficácia do negócio termina. c) Certo – estabelece uma data determinada. d) Incerto – o acontecimento é futuro e certo, porém a data é indeterminada.

C) Modo ou Encargo – cláusula que pode impor ônus a atos de mera liberalidade (ex: doações ou heranças com encargo, etc.).

X – DEFEITOS NO CONSENTIMENTO

A) Ausência de Vontade → negócio nulo (ou inexistente para alguns autores)

B) Vícios de Consentimento

1. Ignorância ou Erro (arts. 138/144, CC). O Código Civil equipara ambos quanto aos seus efeitos. Porém a doutrina assim os distingue: Erro é a falsa noção que se tem de um objeto ou de uma pessoa. Ocorre quando o agente pratica o ato baseando-se em falso juízo ou engano. Já a Ignorância é o completo desconhecimento acerca do objeto ou da pessoa.

1.1 – Erro Essencial ou Substancial – quando se refere à natureza do próprio ato; recai sobre circunstâncias e aspectos principais, relevantes do negócio de forma que se eu soubesse do defeito jamais teria praticado o ato. Consequência → ato anulável (art. 171, II, CC); prazo decadencial de 04 (quatro) anos (art. 178, II, CC). Modalidades:

a) Erro sobre a natureza do negócio jurídico – o erro recai sobre a modalidade do contrato que eu celebrei. Ex: penso fazer um contrato de locação (oneroso) e a outra pessoa entende que houve um comodato (gratuito).

b) Erro sobre o objeto principal da declaração – a manifestação de vontade recai sobre objeto diferente do que se tinha em mente. Exemplo: comprei um lote em um condomínio que pensava ser muito

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valorizado, no entanto trata-se de um outro condomínio, com o mesmo nome, mas em local diverso, muito distante de onde eu queria.

c) Erro sobre as qualidades essenciais do objeto principal – a pessoa adquire o objeto que imaginava, porém engana-se quanto as suas qualidades; o motivo determinante do contrato é a qualidade de um objeto que depois se constata que não existe. Exemplos: penso comprar um relógio de ouro, mas o mesmo é apenas “folheado” a ouro, compro cavalo de carga pensando se tratar de “puro-sangue”, etc.

d) Erro quanto à identidade ou à qualidade da pessoa a quem se refere a declaração de vontade – somente é anulável se a consideração pessoal era condição essencial para a realização do negócio. O erro quanto à pessoa pode ser relativo ao: Casamento (erro quanto identidade do outro cônjuge, sobre a sua honra, boa fama, etc.) ou Testamento.

1.2 – Erro de Direito – é o engano quanto à existência ou interpretação da norma jurídica. Como regra ele não pode ser alegado (art. 3o, LICC). Admite-se, excepcionalmente se o ato não implicar em recusa à aplicação da lei e for o motivo único ou principal do Negócio Jurídico (art. 139, III, CC). Não pode o ato recair sobre a norma impositiva, mas tão-somente sobre normas dispositivas (ou seja, sujeitas ao livre acordo das partes).

1.3 – Erro Acidental – é o concernente às qualidades secundárias ou acessórias da pessoa ou do objeto. O ato continua válido, produzindo efeitos, porque o defeito não incide sobre a declaração de vontade.

2. Dolo (arts. 145/150, CC). Artifício empregado para enganar a outra parte. Emprego de manobras ardilosas ou maliciosas, para levar alguém à prática de um ato que o prejudica, beneficiando o autor do dolo ou terceiros. Se recair sobre aspectos essenciais ou substanciais → ato anulável (art. 171, II, CC); prazo decadencial (art. 178, II, CC). Se recair sobre aspectos acidentais ou secundários → ato válido, porém obriga a satisfação de perdas e danos (art. 146, CC). Modalidades:

2.1 – Dolo Principal, essencial ou substancial ⎯ é o que recai sobre aspectos essenciais do negócio; é o que dá causa ao negócio jurídico, sem o qual ele não se teria concluído (o ato é anulável).

2.2 - Dolo Acidental ⎯ é o que leva a vítima a realizar o negócio, porém em condições mais onerosas, não afetando sua declaração de vontade. O negócio teria sido praticado de qualquer forma, embora de outra maneira. Não anula o negócio, apenas obriga a satisfação de perdas e danos ou uma redução da prestação pactuada.

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2.3 – Dolus Bonus (dolo bom) ⎯ é um comportamento tolerado nos meios comerciais. Consiste em reticências, exageros nas boas qualidades da mercadoria ou dissimulações de defeitos. Não é anulável, desde que não venha a enganar o consumidor mediante propaganda abusiva.

2.4 – Dolus Malus (dolo mau) ⎯ consiste em manobras astuciosas para enganar alguém e lhe causar prejuízo. Por isso é anulável. Pressupõe: a) prejuízo para o autor do ato; b) benefício para o autor do dolo ou uma terceira pessoa.

2.5 – Positivo (ou comissivo) ⎯ resulta de uma ação dolosa; são os artifícios positivos. Exemplo: falsas afirmações sobre as qualidades de uma coisa.

2.6 – Negativo (ou omissivo) ⎯ resulta de uma omissão dolosa; ocultação de algo que a parte contratante deveria saber no momento da realização do contrato. Exemplo: em seguro de vida o segurado omite doença grave e vem a falecer dias depois.

2.7 – Dolo recíproco ⎯ quando ambas as partes agem com dolo, configurando-se torpeza bilateral; ocorre a neutralização do delito. Isto é, no caso de dolo recíproco não haverá a anulação para nenhuma das partes. O ato é considerado válido.

3. Coação (arts. 151 a 155, CC). É a pressão física (ato nulo) ou moral (anulável) exercida sobre alguém para obrigá-lo a praticar (ou deixar de praticar) determinado ato. Na coação o agente sofre intimidação, oferecendo-se à vítima duas alternativas: emitir a declaração de vontade que não pretendia originalmente ou não o fazer o ato e sofrer as consequências decorrentes da concretização de uma ameaça ou de uma chantagem. Modalidades:

3.1 – Coação Física (vis absoluta) ⎯ é o constrangimento corporal que retira toda capacidade de querer, implicando ausência total de consentimento, acarretando nulidade do ato (ex: amarrar a vítima, segurar sua mão e fazê-la assinar contrato). Não está previsto em lei; trata-se de um entendimento doutrinário.

3.2 – Coação Moral (vis compulsiva) ⎯ atua sobre a vontade, sem aniquilar-lhe o consentimento, pois se conserva uma relativa liberdade, podendo optar entre a realização do negócio que lhe é exigido e o dano com que é ameaçada (ex: se não assinar o contrato, vou incendiar sua casa; vou estuprar sua mulher, vou mostrar uma foto sua em uma situação constrangedora, etc.).

3.3 – Efeitos

a) Coação Física – não há consentimento algum → ausência de vontade → ato nulo. Entendimento doutrinário.

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b) Coação Moral – há um consentimento viciado → ato anulável (art. 171, II, CC); prazo decadencial de 04 (quatro) anos, contado do dia em que cessar a coação (art. 178, I, CC).

3.4 – Excluem a Coação:

a) ameaça do exercício normal de um direito ⎯ exercício regular de direito. b) simples temor reverencial ⎯ o receio de desgostar os pais, ou pessoas a quem se deve respeito e obediência.

4. Estado de Perigo (art. 156, CC). Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar a si, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. A vítima não errou, não foi induzida a erro ou coagida, mas pelas circunstâncias de um caso concreto, foi compelida a celebrar um negócio que lhe era extremamente desfavorável. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do contratante o Juiz decidirá segundo as circunstâncias. Realizado um contrato sob um Estado de Perigo, a sanção é a anulação – arts. 171, II, CC; prazo decadencial de 04 (quatro) anos (art. 178, II, CC). 5. Lesão (art. 157, CC). Ocorre quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que o contrato foi celebrado. Tem o intuito de proteger o contratante em posição de inferioridade ante o prejuízo por ele sofrido na conclusão do contrato, devido a desproporção existente entre as prestações. Decorre do abuso praticado em situação de desigualdade, punindo a chamada “cláusula leonina” Ocorrendo a lesão, a sanção é a anulação do ato (arts. 171, II, CC); prazo decadencial de 04 (quatro) anos (art. 178, II, CC).

5.1 – Não se decretará a anulação do negócio se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito (art. 157, §2o, CC).

C) VÍCIOS SOCIAIS

1. Fraude contra credores (arts. 158 a 165, CC). Prática maliciosa, pelo devedor, de atos que desfalcam seu patrimônio, com o fim de colocá-lo a salvo de uma execução por dívidas em detrimento dos direitos creditórios alheios. Se o patrimônio do devedor não for suficiente para o pagamento de todos os credores haverá um rateio. E, no caso do devedor praticar atos com a finalidade de frustrar o pagamento devido, ou tendentes a violar a igualdade entre os credores, ocorrerá a fraude contra credores. Não é a

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vontade que se encontra viciada; o vício reside na finalidade ilícita do ato (por isso trata-se de um vício social). Elementos:

a) Objetivo (eventus damni) – o credor deve provar que com a prática do ato o devedor se tornou insolvente ou já praticou o ato em estado de insolvência, não tendo mais condições de honrar suas dívidas.

b) Subjetivo (consilium fraudis) – trata-se da má-fé; da intenção deliberada de prejudicar, com a consciência de que de seu ato advirão prejuízos a uma terceira pessoa (que é o credor). O art. 159, CC prevê duas situações onde há presunção relativa (juris tantum – que admite prova em contrário) da má-fé do terceiro adquirente: primeiro: quando for notória a insolvência do devedor; segundo: quando o terceiro adquirente tinha motivos para conhecer a má situação financeira do devedor. Exemplo: estou devendo uma determinada importância e não desejo pagá-la. Tenho bens para saldar minha dívida. Então começo a “doar” meus bens. Basta a prática de um desses atos em estado de insolvência, para se presumir a fraude. Nesta hipótese não se exige prova da má-fé (está implícita).

1.1 – Ação Pauliana – os atos eivados de fraude contra credores são anuláveis através de ação própria, chamada de pauliana. Deve ser proposta pelos credores (e que já o eram ao tempo da alienação fraudulenta) contra o devedor insolvente e também contra a pessoa que celebrou negócio jurídico com o fraudador ou contra terceiros adquirentes que hajam procedido de má fé. A consequência é a anulabilidade (arts. 171, II, CC); prazo decadencial de 04 (quatro) anos (art. 178, II, CC). Ver na própria aula o quadro comparativo entre fraude contra credores e fraude à execução.

2. Simulação (art. 167, CC). É a declaração enganosa da vontade, visando a obter resultado diverso do que aparece, com o fim de criar uma aparência de direito, para iludir terceiros ou burlar a lei. É importante notar que o novo Código Civil não trata mais a simulação como um defeito social. Esta particularidade tem caído nos concursos. Observem que ela está situada no Capítulo V, referente à Invalidade do Negócio Jurídico. Além disso, determina que a simulação é hipótese de nulidade do ato. Na simulação há um desacordo entre a vontade declarada e a vontade interna e não manifestada. As partes fingem, criando uma aparência, uma ilusão externa, que oculta a real intenção dos contratantes. Na simulação as duas partes contratantes estão combinadas para enganar terceiros.

XI – PRAZO

É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado (arts. 171, II e 178 I e II, ambos do CC): a) no

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caso de coação, do dia em que ela cessar; b) no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; c) no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.

XII – INVALIDADE (INEFICÁCIA) DO NEGÓCIO JURÍDICO

1 – Ato Inexistente – quanto falta algum elemento estrutural do negócio; é inidôneo à produção de efeitos jurídicos.

2 – Nulidade – é a sanção imposta pela lei que determina a privação de efeitos jurídicos do ato negocial, praticado em desobediência ao que ela prescreve. Espécies:

a) Nulidade Absoluta (arts. 166/170, CC) – o ato é nulo, não produzindo qualquer efeito, por ofender gravemente os princípios de ordem pública. Efeito ex tunc (retroage).

b) Nulidade Relativa (arts. 171/179, CC) – o ato é anulável. Enquanto não for declarado como tal pelo Juiz, produz efeitos normalmente. Efeito ex nunc (não retroage).

XIII – PROVA DO NEGÓCIO JURÍDICO

Prova → conjunto de meios empregados para demonstrar, legalmente, a existência de negócios jurídicos.

Princípios → em regra o ônus incumbe a quem alega o fato; independem de prova os fatos notórios; consideram-se verídicos os fatos incontroversos. Se, para a validade do negócio jurídico a lei exigir forma especial, sua prova só poderá ser feita pela exibição do documento. O art. 212, CC enumera as provas de forma exemplificativa.

Exemplos: confissão; atos em juízo; documentos públicos ou particulares; exames periciais; vistorias; testemunhas; presunção: a) absoluta (juris et de jure – não admite prova em contrário), b) relativa (juris tantum – admite prova em contrário), c) simples ou hominis (baseia-se na experiência de vida, ficando a critério do Juiz).

TESTES

Lembrando que estes testes já caíram em concursos anteriores e têm a finalidade de revisar o que foi ministrado hoje, completando a aula. Muitas informações relativas à matéria, principalmente algumas situações especiais estão nas respostas dos testes. Algumas dúvidas que o aluno porventura tenha ficado em aula podem ser esclarecidas com os exercícios. Além disso, o aluno vai “pegando a malícia dos testes”; o quê exatamente o examinador quer com tal questão. Daí a importância de fazer os testes e ler todas as respostas com atenção. Por tal motivo o gabarito é totalmente comentado.

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Nesta aula, tendo-se em vista uma finalidade didática, tentei separar os testes por assunto para melhor situar a matéria. Portanto, cuidado ao conferir o gabarito. Vamos então a eles:

A) TEORIA GERAL – ELEMENTOS ESSENCIAIS – DEFEITOS

A.01) (OAB/SP – 2007) O reconhecimento de paternidade e a fixação de domicílio são exemplos de qual dos conceitos a seguir?

a) negócio jurídico. b) ato jurídico stricto sensu. c) fato não-jurídico. d) fato natural. e) direito natural.

A.02) Assinale a alternativa INCORRETA

a) não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a cem vezes o maior salário mínimo vigente no País.

b) o silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.

c) nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.

d) os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.

e) os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.

A.03) Quanto aos Negócios Jurídicos, podemos dizer que:

a) são seus elementos essenciais: agente capaz, objeto lícito, possível determinado ou determinável, consentimento e forma prescrita e defesa em lei.

b) o testamento é exemplo de negócio jurídico bilateral, pois ele somente estará perfeito com a aceitação da herança.

c) as pessoas absolutamente incapazes podem praticá-los, mas devem ser assistidas por seus pais, tutores ou curadores.

d) o negócio jurídico é uma ação humana de autonomia privada destinado à produção de efeitos desejados pelo agente.

e) o ato ilícito é aquele que acarreta consequências jurídicas alheias à vontade do agente, mas somente pode se configurar se houver crime.

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A.04) (CESPE - OAB/SP – 2008) Segundo a doutrina, são pressupostos de validade do negócio jurídico:

a) manifestação de vontade de boa-fé; agente legitimado para o negócio; objeto lícito, possível e determinado, ou juridicamente determinável.

b) manifestação de vontade; agente emissor de vontade; objeto; forma.

c) a manifestação de vontade livre; agente emissor de vontade capaz e legitimado para o negócio; objeto lícito, possível e determinado, ou determinável; forma legalmente prescrita ou não defesa em lei.

d) agente emissor de vontade capaz e legitimado para o negócio; objeto lícito, possível e determinado, ou determinável; forma.

A.05) Dadas as seguintes hipóteses:

I – Queria comprar um vinho italiano, mas comprei um vinho nacional.

II – Queria comprar um quadro do mestre Picasso, mas o vendedor, entregou uma cópia, sabendo deste fato.

III – Faço uma escritura de compra e venda, mas na realidade desejo doar um bem, para favorecer uma amante.

Temos, respectivamente, os seguintes vícios dos negócios jurídicos:

a) erro, dolo e fraude contra credores. b) dolo, erro e simulação. c) erro, dolo e fraude contra credores. d) dolo, fraude contra credores e simulação. e) erro, dolo e simulação.

A.06) (Analista do Ministério Público da União – Processual – 2007) Com relação aos defeitos do Negócio Jurídico, é CORRETO afirmar:

a) o erro substancial, recaindo sobre o objeto principal do negócio jurídico, causa a sua anulabilidade.

b) o dolo acidental, em regra, anula o negócio jurídico, mas não obriga à satisfação das perdas e danos.

c) ao apreciar a coação, não se terá em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde e o temperamento do paciente.

d) se ambas as parte procederem com dolo, ambas podem alegá-lo para anular o negócio ou reclamar indenização.

e) o temor reverencial é causa de coação moral e por isso anula o negócio jurídico.

A.07) A frase “os negócios de transmissão gratuita de bens ou a remissão de dívidas, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles

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reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários como lesivos dos seus direitos”, refere-se a:

a) simulação absoluta. b) alienação fraudulenta. c) dolo substancial. d) fraude à execução. e) fraude contra credores.

A.08) É causa de anulação de um negócio jurídico:

a) erro acidental. b) dolus bonus. c) coação moral. d) simulação. e) temor reverencial.

A.09) A emissão de título de crédito que não representa qualquer negócio, feita pelo marido, em favor de amigo, antes da separação judicial, para prejudicar a mulher na partilha de bens, é passível de nulidade absoluta, por estar configurada a:

a) simulação relativa objetiva. b) simulação absoluta objetiva. c) reserva mental. d) simulação relativa subjetiva. e) simulação inocente.

A.10) (Tribunal de Contas da União – Analista de Controle Externo – ESAF - 2006) “A” vende uma casa a “B” para que este a transmita a “C” (descendente do alienante), a quem se tem a intenção de transferi-la, desde o início do negócio jurídico entabulado. Tal venda poderá ser invalidada por ter havido:

a) simulação relativa objetiva. b) simulação absoluta. c) simulação maliciosa. d) simulação relativa subjetiva. e) simulação inocente.

A.11) (ESAF – AFRF) Se o de cujus, antes de falecer, não tendo deixado herdeiros necessários, doou um terreno a terceira pessoa, simulando uma venda, a quem pretendia deixar o bem aparentemente a título de legado, ter-se-á simulação:

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a) relativa subjetiva. b) absoluta. c) relativa objetiva. d) maliciosa. e) inocente.

A.12) Sob premente necessidade, Antônio Carlos acabou por adquirir um bem imóvel de Caio com preço manifestamente superior ao seu valor real, sendo que pagou a quantia combinada à vista. Neste caso, é correto afirmar que este negócio jurídico:

a) pode ser anulado, pois contém vício de consentimento denominado dolo.

b) não pode ser anulado; apesar de conter vício, este é relativo e o negócio foi válido.

c) pode ser anulado, pois contém vício de consentimento denominado lesão.

d) pode ser anulado, pois contém vício de consentimento denominado estado de perigo.

e) pode ser anulado, pois contém vício social denominado fraude contra credores.

A.13) (MAGISTRATURA – São Paulo/2003) A propósito dos defeitos que, segundo o atual Código Civil podem tornar anuláveis os negócios jurídicos, analise as seguintes relações:

I – O erro, a coação e o estado de perigo.

II – A lesão, a fraude contra credores e a coação.

III – O estado de perigo, a lesão e o dolo.

IV – O dolo, o erro e a simulação.

Pode-se afirmar que são integralmente VERDADEIRAS as afirmativas:

a) I e II, somente. b) III e IV, somente. c) I, II e III, somente. d) I, II, III e IV. e) todas estão erradas.

A.14) (Procurador do Estado – 2006) Antônio Carlos, possuía dois imóveis. Em um deles residia. O outro colocou para ser alugado, como realmente o foi para José Pedro. Logo depois de firmado este contrato de locação surgiu uma pessoa também interessada na compra deste imóvel em condições que lhe eram muito favoráveis, mas desejava o imóvel sem inquilinos. Desta forma Antônio Carlos, visando facilitar o despejo de José Pedro, fingiu vender o imóvel a Bernardo. No

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entanto esta compra era fictícia, pois não houve intenção real de vender o imóvel. Este contrato de venda e compra está viciado:

a) pela simulação, podendo ser anulado a requerimento de quem tenha legítimo interesse.

b) pela simulação e assim que declarado como tal pelo Juiz não gerará efeitos, porque é nulo de pleno direito.

c) pelo dolo essencial, em face da má-fé de Antônio Carlos, causando a nulidade do negócio.

d) pelo dolo essencial, em face da má-fé de Antônio Carlos, causando a anulação do negócio.

e) pela simulação inocente de Antônio Carlos, não sendo causa de invalidade do negócio jurídico.

A.15) (FCC - Magistratura do Trabalho – Mato Grosso do Sul – 2006) Sobre os defeitos do Negócio Jurídico:

I – O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.

II – O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.

III – São os negócios jurídicos nulos por dolo, quando este for a sua causa.

IV – Na se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.

RESPONDA:

a) somente II e IV estão incorretas. b) somente III e IV estão incorretas. c) somente III está incorreta. d) todas estão incorretas. e) todas estão corretas.

A.16) (Analista Judiciário - TRT 3a Região/MG – 2005 - FCC) O erro de direito:

a) torna o negócio jurídico nulo.

b) se não implicar em recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico, será considerado anulável.

c) não se considera defeito do negócio jurídico, porque ninguém se escusa de cumprir a lei alegando que não a conhece.

d) só torna o negócio jurídico anulável quando for reconhecido que as partes pretenderam fraudar a lei imperativa.

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e) pode ser reconhecido de ofício pelo Juiz.

A.17) No que concerne aos defeitos do negócio jurídico é CORRETO afirmar:

a) o falso motivo vicia a declaração de vontade em qualquer hipótese, causando a anulação do negócio jurídico por erro.

b) a transmissão errônea da vontade por meios interpostos não é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta.

c) a ameaça do exercício normal de um direito e o temor reverencial podem gerar a anulação do negócio jurídico por coação.

d) o dolo acidental não gera a anulação do negócio jurídico, podendo ensejar, apenas, reparação por perdas e danos.

A.18) (Agente Polícia Civil - DF – 2005) Nos negócios jurídicos em geral, o dolo acidental gera a:

a) nulidade do negócio jurídico. b) anulabilidade do negócio jurídico. c) ineficácia do negócio jurídico. d) inexistência do negócio jurídico. e) apenas à satisfação de perdas e danos.

A.19) (ESAF – FISCAL DO TRABALHO) O dolo que leva a vítima realizar ato negocial, porém em condições mais onerosas ou menos vantajosas, não afetando sua declaração de vontade, nem influindo diretamente na realização daquele ato, que seria praticado independentemente do emprego do artifício astuciosos, portanto não anulável, mas que permite uma indenização relativa àquilo que foi objeto do artifício, denomina-se DOLO:

a) bonus. b) principal. c) recíproco. d) acidental. e) de cálculo.

A.20) (Auditor Fiscal do Trabalho – 2006) A fixação de preço de venda baseada na quantia unitária computando-se de forma inexata o preço global, autoriza a retificação da declaração volitiva, não anulando o ato, visto que se configurou:

a) erro quanto ao fim colimado. b) dolo acidental. c) erro de cálculo. d) erro acidental in qualitate.

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e) dolus bonus.

A.21) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) o Código Civil admite o erro de direito como inescusável, mesmo não implicando recusa à aplicação da lei, sendo o motivo único ou principal do negócio jurídico.

b) em tema de obrigatoriedade das leis a teoria da necessidade social é a regra mais aceita porque se encontra fundamentada no fato de ser a lei obrigatória, devendo ser cumprida por todos, não de forma presumida ou ficta, a fim de se garantir a paz social e a garantia das relações jurídicas.

c) a lei tem como regra geral o caráter permanente, mantendo-se em vigor até ser revogada por outra lei, caracterizando assim o princípio de que uma lei continua a vigorar até que outra a revogue.

d) quanto à natureza jurídica da pessoa jurídica a corrente majoritária acolheu a tese da Teoria da Realidade Técnica, onde a pessoa jurídica existe de fato e não como uma mera abstração.

A.22) Assinale a alternativa CORRETA:

a) o erro de cálculo impede uma visão clara do negócio jurídico, por isto autoriza a sua anulação.

b) se ambas as partes, quando da celebração do negócio jurídico, procederem com dolo, a nulidade do negócio poderá ser arguida por qualquer das partes.

c) configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.

d) ocorre a lesão, nos termos do Código Civil, quando uma pessoa tem o seu patrimônio desfalcado em razão do cumprimento de vultosa obrigação assumida.

A.23) (Tribunal de Contas da União – Analista de Controle Externo – ESAF - 2006) “A”, tendo seu filho “B” sido sequestrado, pagou vultosa soma em dinheiro a titulo de resgate. Para tanto “A” teve de vender obras de arte de sua propriedade a preço muito inferior ao do mercado a “C”. Essa venda poderá ser anulada desde que “C”, aproveitando-se da situação, tenha conhecimento da grave circunstância em que “B”, filho de “A”, se encontra, alegando-se que houve:

a) coação. b) estado de perigo. c) dolo. d) lesão. e) erro essencial.

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A.24) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) dentre as inovações mais marcantes do Código Civil está a inserção do negócio jurídico como conceito e modelo de ato jurídico peculiar ao direito civil, em que predomina a autonomia da vontade, com as exceções cabíveis.

b) tanto o testamento, que é unilateral, como o contrato, que é bilateral, são espécies de negócios jurídicos.

c) a negócio jurídico é anulável por erro, dolo, coação, simulação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores.

d) partindo da premissa de que o negócio jurídico é o ato voluntário de efeitos também voluntários e de que o ato jurídico, em sentido estrito, é o ato voluntário de efeitos legais, pode-se afirmar que o dirigismo contratual provoca uma redução do âmbito de incidência do conceito de negócio jurídico.

e) o Negócio Jurídico simulado gera a nulidade absoluta do mesmo.

A.25) Assinale a alternativa CORRETA:

a) a coação física é causa de anulação do ato jurídico.

b) o dolo positivo causa anulabilidade do ato enquanto o negativo não causa repercussão quanto à validade do ato.

c) a fraude contra credores é causa de nulidade do ato.

d) quando as partes fingem fazer um ato que é mera aparência, mas que na verdade não existe, trata-se da simulação absoluta, que causa nulidade do ato.

e) agindo uma das partes com dolo, o negócio será reputado inválido, não importando qual a modalidade do dolo em questão, pois a parte sabia do defeito e insistiu que o negócio fosse feito mesmo assim.

A.26) (Controladoria Geral da União – 2006) Se A adquire de B uma obra de arte, por influência de C que o convence de sua raridade, sem que B, ouvindo tal disparate, alerte o comprador, o negócio é suscetível de anulação por:

a) dolo negativo. b) dolo de terceiro. c) simulação relativa objetiva. d) reserva mental. e) lesão.

A.27) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) o elemento objetivo da lesão consiste na manifesta desproporção entre as prestações recíprocas, geradoras de lucro exagerado.

b) a lesão é modalidade de defeito do negócio jurídico caracterizado pelo vício do consentimento.

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c) o elemento subjetivo da lesão é caracterizado pela inexperiência ou premente necessidade do lesado.

d) o prazo para de alegar algum vício relativo à lesão é de quatro anos, sendo decadencial.

e) mesmo que a parte favorecida concordar com a redução do proveito, o Juiz não poderá deixar de decretar a anulação do ato.

A.28) Quanto aos Negócios Jurídicos, podemos dizer que:

a) são seus elementos essenciais: agente capaz, objeto lícito, possível determinado ou determinável, consentimento e forma prescrita e defesa em lei.

b) o erro, o dolo e a coação os tornam nulos de pleno direito.

c) as pessoas absolutamente incapazes, para praticá-los, devem ser assistidas.

d) se ambas as partes agiram com dolo, nenhuma pode alegar esse eventual defeito para tentar anular o ato.

e) se o erro for acidental o ato é reconhecidamente anulável.

A.29) (Magistratura – Minas Gerais – 2004) Na regulamentação dos defeitos do negócio jurídico, significativas foram as alterações introduzidas pelo Novo Código Civil. Leia com ATENÇÃO as proposições abaixo.

I – O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.

II – Configura-se a lesão quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.

III – Subsistirá o negócio jurídico se a coação decorrer de terceiro, sem que á parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento, mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.

IV – Negócio jurídico viciado por lesão, não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.

Marque a alternativa CORRETA.

a) as proposições I, III e IV são verdadeiras. b) todas as proposições são verdadeiras. c) as proposições I, II e IV verdadeiras. d) as proposições I, II e III são verdadeiras. e) todas as proposições são falsas.

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A.30) (Concurso para Advogado da REFAP/SA – 2007) O Código Civil estabelece que os negócios jurídicos são anuláveis por dolo, quando esta for a sua causa. Quando da realização de um negócio jurídico, pode-se afirma, sobre a ocorrência do dolo que:

a) não se pode configurar a partir de uma omissão.

b) se ambas as partes procederem com dolo, caberão indenizações recíprocas, respeitando-se as proporções.

c) se for acidental, só obriga à satisfação de perdas e danos.

d) se for de terceiro, nunca torna o negócio jurídico anulável.

e) se for do representante convencional, obriga o representado a responder por perdas e danos subsidiariamente.

A.31) (ESAF – Assistente Jurídico) “A” fez um seguro de vida. No entanto omitiu uma moléstia grave que tinha e por causa desta acabou falecendo poucos meses depois. A seguradora pleiteou a anulação do negócio jurídico por estar configurado o dolo:

a) acidental. b) bonus. c) positivo. d) negativo. e) secundário.

A.32) (CESPE - OAB/SP – 2008) João, ao celebrar um contrato de seguro, omitiu intencionalmente que era portador de uma grave moléstia para assegurar a celebração do negócio jurídico, que não teria sido realizado não fosse a omissão do fato. Na situação hipotética apresentada, a conduta de João caracteriza

a) lesão absoluta. b) lesão relativa. c) dolo negativo. d) dolo secundário.

A.33) (OAB/SP – 2007) Sobre a fraude contra credores, é ERRADO afirmar que:

a) o credor deverá provar o consilium fraudis e o eventus damni a fim de anular a venda praticada pelo devedor insolvente.

b) se diferencia da fraude de execução, visto que esta só se configura caso o negócio seja praticado no decorrer de um processo de execução movido em face do devedor.

c) o prazo decadencial para anular o negócio fraudulento é de quatro anos.

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d) o credor quirografário que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.

A.34) (Fundação Getúlio Vargas - Fiscal de Rendas do Estado do Mato Grosso do Sul – 2006) Com a intenção deliberada de prejudicar outrem, pós-data-se o instrumento de negócio jurídico. Aponte o vício ligado a esse procedimento.

a) dolo acidental b) erro substancial c) simulação d) erro acidental e) fraude contra credores

A.35) (OAB/PR-2007) Sobre o negócio jurídico, assinale a alternativa CORRETA:

a) o Código Civil admite hipóteses de anulação do negócio jurídico por erro de direito.

b) o negócio jurídico de disposição patrimonial onerosa poderá ser anulado por fraude contra credores, ainda que o adquirente não saiba da insolvência do alienante, nem tenha motivos para conhecê-la.

c) somente a comprovação de má-fé por parte do adquirente propicia a anulação do negócio jurídico de disposição patrimonial gratuita sob o fundamento da fraude contra credores.

d) a simulação absoluta gera nulidade do negócio jurídico, ao passo que a simulação relativa gera a sua anulabilidade.

A.36) (CESPE/UnB – Procurador do Estado do Ceará - 2008) Acerca dos fatos jurídicos, assinale a opção CORRETA.

a) configura-se o estado de perigo quando uma pessoa, por inexperiência, ou sob premente necessidade, obriga-se a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta, gerando lucro exagerado ao outro contratante. Nessa situação, a pessoa pode demandar a nulidade do negócio jurídico, dispensando-se a verificação de dolo ou má-fé da parte adversa.

b) a fraude contra a execução é um defeito do negócio jurídico, caracterizando-se como vício de consentimento e viciando, como consequência, a declaração de vontade dos partícipes do negócio jurídico.

c) a simulação relativa é um vício social que acarreta a nulidade do negócio jurídico, que não pode subsistir, mesmo que seja válido na substância e na forma.

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d) o negócio jurídico realizado com infração a norma de ordem pública, mesmo depois de declarado nulo por sentença judicial, por se tratar de direito patrimonial e, portanto, disponível, pode ser ratificado pelas partes, convalidando-se, assim, o ato negocial.

e) a reserva mental caracteriza-se pela não-coincidência entre a vontade real e a declarada, com o propósito de enganar a outra parte. Se for desconhecida pelo destinatário, a manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou.

B) ELEMENTOS ACIDENTAIS

B.01) (Auditor Fiscal do Trabalho – 2006) “A” cede uma casa a “B”, para que nela resida, enquanto for solteiro. É negócio Jurídico que contém cláusula:

a) condição suspensiva. b) modo ou encargo. c) condição simplesmente potestativa. d) condição promíscua. e) condição resolutiva.

B.02) (Fundação Getúlio Vargas - Fiscal de Rendas do Estado do Mato Grosso do Sul – 2006) Assinale o nome do fato jurídico em que os efeitos de um negócio jurídico podem ser extintos pela ocorrência de um evento futuro e incerto.

a) termo inicial. b) condição suspensiva. c) encargo. d) condição resolutiva. e) termo final.

B.03) A expressão: “dôo dois terrenos situados à Rua “X”, no Bairro do Macuco, nesta cidade, à própria municipalidade, para que em um deles seja construída um posto de saúde”, encerra uma liberalidade gravada com:

a) encargo. b) condição suspensiva. c) termo suspensivo. d) condição resolutiva. e) condição potestativa.

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B.04) “A” doou um terreno a uma instituição. No entanto impôs o encargo de nele construir uma creche. É correto afirmar:

a) o encargo, enquanto não cumprido, suspende a aquisição do direito pelo donatário ao objeto da doação.

b) o encargo, enquanto não cumprido, suspende o exercício do direito do donatário.

c) a imposição de encargo, neste caso, se equipara ao termo inicial, salvo se imposto como condição suspensiva.

d) o encargo, neste caso, se equipara à condição resolutiva, salvo se imposto como termo final.

e) o encargo, não suspende a aquisição, nem o exercício do direito do donatário, se não for imposto expressamente como condição suspensiva.

B.05) (CESPE - OAB/SP – 2008) Não comporta condição o ato de:

a) mútuo. b) compra e venda. c) aceitação ou repúdio à herança. d) doação. e) locação.

B.06) (CESPE - OAB/SP – 2007) Segundo a lei, o negócio jurídico, cujos efeitos estão aguardando a ocorrência do termo inicial, produz:

a) anulabilidade. b) expectativa de direito. c) nulidade absoluta. d) interrupção do direito. e) direito adquirido.

B.07) Aos negócios jurídicos podem ser apostos elementos acidentais, devendo-se salientar que:

a) invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados as condições física ou juridicamente impossíveis, quando resolutivas.

b) considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.

c) o termo inicial suspende a aquisição e o exercício do direito.

d) invalidam os negócios jurídicos as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível.

B.08) (OAB/PR-2007) Assinale a alternativa CORRETA:

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a) o termo inicial suspende a aquisição do direito subjetivo.

b) a condição suspensiva, quando implementada, interrompe a possibilidade de exercício de um direito subjetivo que já existia quando da celebração do negócio jurídico.

c) em regra, enquanto o encargo não é cumprido, o beneficiário do ato de liberalidade não adquire o direito subjetivo.

d) se o objeto do encargo for ilícito ou impossível, é tido como não escrito, libertando o negócio jurídico de qualquer restrição.

B.09) Termo Inicial e Condição Suspensiva:

a) se distinguem, quanto aos seus efeitos, pois o primeiro suspende o exercício do direito, enquanto a segunda impede a sua aquisição.

b) apesar de possuírem conceitos diferenciados, produzem os mesmos efeitos jurídicos.

c) se distinguem, quanto aos seus efeitos, pois o primeiro impede a aquisição do direito, enquanto a segunda impede a sua aquisição.

d) ambas as situações impedem a aquisição do direito, mas não o seu exercício, distinguindo-se apenas porque o termo diz respeito a evento futuro e certo e a condição a evento futuro e incerto.

C) TEORIA DAS NULIDADES

C.01) (Magistratura do Trabalho – Rio de Janeiro – 2004) Assinale a assertiva CORRETA:

a) os atos jurídicos são anuláveis: por incapacidade relativa do agente, por vício resultante de erro, dolo, coação, simulação, lesão e fraude contra credores.

b) os atos jurídicos são anuláveis: por incapacidade relativa do agente, por vício resultante de erro, dolo, coação, simulação, estado de perigo, lesão, fraude contra credores.

c) os atos jurídicos são anuláveis: por incapacidade relativa do agente, por vício resultante de erro, dolo, coação, simulação, estado de perigo, lesão, fraude contra credores e nos demais casos expressos em lei.

d) os atos jurídicos são anuláveis: por incapacidade relativa do agente, por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão, fraude contra credores e nos demais casos expressos em lei.

e) os atos jurídicos são anuláveis: por incapacidade relativa do agente, por vício resultante de erro, dolo, coação, simulação, estado de perigo, lesão, fraude contra credores e quando o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito.

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C.02) Considerando a matéria sobre invalidade do negócio jurídico no Código Civil de 2002, assinale a assertiva CORRETA:

a) o negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação pelas partes.

b) quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, o prazo será de 04 anos, a contar da data da conclusão do ato.

c) o negócio jurídico simulado é anulável.

d) as hipóteses de defeitos ocorridos no negócio jurídico configuram a sua nulidade, que deve ser declarada pelo Juiz.

e) o testamento de uma pessoa é válido e eficaz, ainda que esta pessoa ainda não tenha falecido.

C.03) (FCC – 2005) Analise as afirmativas abaixo e, em seguida, assinale a alternativa CORRETA:

I – Todo negócio jurídico ineficaz é também considerado nulo.

II – À luz do Código Civil, o negócio jurídico simulado é anulável, subsistindo, porém, o negócio que se dissimulou, se atender aos requisitos pertinentes à sua existência e validade.

III – À luz do Código Civil, pode-se dizer que o prazo de 04 (quatro) anos para anular negócio jurídico eivado de coação é um prazo prescricional, iniciando-se sua fluência a partir do dia em que cessou a coação.

IV – A prescrição pode ser arguida em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita, admitindo-se, assim, que seja reconhecida tanto em sede de apelação como de Recurso Especial ou Recurso Extraordinário.

ASSINALE

a) todas as afirmativas estão corretas. b) somente as afirmativas I e III estão corretas. c) somente as afirmativas II e III estão corretas. d) todas as afirmativas estão incorretas. e) III e IV estão corretas.

C.04) Sobre a Teoria das Nulidades, é ERRADO afirmar:

a) o negócio nulo pode ser objeto de conversão, a fim de que o novo negócio ganhe validade e eficiência.

b) a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável.

c) em regra é de 04 (quatro) anos o prazo para pleitear-se a nulidade absoluta do negócio jurídico.

d) negócio anulável admite ratificação tácita.

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e) quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será validado se este a der posteriormente.

C.05) (FCC – Promotor de Justiça/AM – 2005) No tocante à invalidade dos negócios jurídicos, analise as assertivas abaixo afirmar que:

I – Nulo é o negócio jurídico simulado, mas subsistirá, o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.

II – Anulável é o negócio jurídico que tiver por objetivo fraudar a lei imperativa.

III – Nulo é o negócio jurídico resultante de erro de direito.

IV – Anulável é o negócio jurídico celebrado em estado de perigo.

V – Nulo é o negócio jurídico em que ficar configurada a lesão.

Estão CORRETOS os itens:

a) I e V. b) II e III. c) II e IV. d) IV e V. e) I e IV.

C.06) (JUIZ FEDERAL – 3ª Região/2003) O prazo para pleitear a anulação do negócio jurídico é:

a) prescricional. b) decadencial. c) peremptório. d) preclusivo lógico. e) preclusivo temporal.

C.07) (Magistratura – Minas Gerais – 2004) Acerca da validade dos negócios jurídicos é CORRETO afirmar que:

a) quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de 02 (dois) anos, a contar da data da conclusão do ato.

b) o negócio jurídico nulo é suscetível de confirmação bastando para a convalidação o simples decurso do tempo.

c) o negócio jurídico é anulável por vício resultante de erro, dolo, coação, simulação, fraude, lesão estado de perigo ou fraude contra credores.

d) na simulação, o negócio jurídico dissimulado subsistirá quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, ainda que no negócio simulado não tenha sido observada a forma do dissimulado.

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e) Resultando a anulabilidade do ato da falta de autorização de terceiro, impossível será sua convalidação ainda que posteriormente obtida a anuência.

C.08) (Ministério Público – Minas Gerais – 2006) Será NULO o negócio jurídico quando celebrado:

a) em detrimento de lei que o proíba, sem, contudo, cominar uma sanção.

b) com procedimento doloso de ambas as partes.

c) por inexperiência de uma das partes que se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.

d) por necessidade de uma das partes em salvar pessoa de sua família de grave dano, assumindo obrigação excessivamente onerosa.

e) pelos ébrios habituais.

C.09) (FCC - Advogado da I.R.B. – Brasil Resseguros – 2006) Assinale a opção VERDADEIRA:

a) se um menor, entre 16 e 18 anos, ao celebrar um contrato, se declarar maior, não se exime da obrigação assumida.

b) o estado de perigo e a lesão são atos prejudiciais praticados em estado de necessidade, visto que na base do estado de perigo há o risco patrimonial e na lesão tem o risco pessoal.

c) o erro acidental induz anulação do negócio por incidir sobre a declaração de vontade, mesmo se for possível identificar a pessoa ou a coisa a que se refere.

d) a escritura pública, lavrada em notas de tabelião, embora seja documento dotado de fé pública, não faz prova plena.

e) o novel Código Civil não admite a conversão do ato nulo em outro de natureza diferente.

C.10) (Fundação Getúlio Vargas – Advogado Banco de Santa Catarina. Questão idêntica também caiu na prova para Analista Judiciário – 2005) Observe as afirmações abaixo e assinale a alternativa CORRTA. Todo Negócio Jurídico será considerado como NULO de pleno direito:

I – Quando for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade.

II – Quando praticado com vício resultante de erro, dolo e simulação.

III – Quando praticado com vício resultante de coação ou fraude contra credores.

IV – Quando praticado por pessoa relativamente incapaz.

ASSINALE:

a) se somente a afirmativa I estiver correta.

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b) se somente a afirmativa II estiver correta. c) se somente a afirmativa IV estiver correta. d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

C.11) (FCC - Tribunal Regional Eleitoral do Paraná – Analista Judiciário – 2004) Assinale a alternativa CORRETA, de acordo com as disposições prescritas no Código Civil Brasileiro (Lei n° 10.406/02).

a) a renúncia da prescrição somente poderá ser expressa e só valerá sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar.

b) em regra é de 03 (três) anos o prazo para se pleitear a anulação de um negócio jurídico.

c) não comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico.

d) as nulidades absolutas devem ser pronunciadas pelo Juiz, quando conhecer o negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, sendo-lhe permitido supri-las a requerimento das partes.

e) os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.

C.12) (OAB/RS – 2006) Sobre a validade do negócio jurídico, assinale a assertiva VERDADEIRA:

a) o negócio jurídico celebrado por pessoa absolutamente incapaz é nulo de pleno direito, porém sujeito à ratificação.

b) quando a solenidade exigir forma prescrita em lei, se formalizado por outros meios, desde que alcançado o objetivo, mesmo que preterida alguma solenidade essencial, é plenamente válido o ato praticado.

c) há negócios jurídicos que, mesmo celebrados por incapazes, poderão gerar efeitos.

d) o negócio jurídico depende da vontade da lei em relação à produção de efeitos.

e) quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, este prazo será de 04 (quatro) anos a contar da data da conclusão do negócio.

C.13) (Fundação Getúlio Vargas – ICMS/RJ – 2008 – SEFAZ/RJ) Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação esta será de:

a) um ano.

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b) dois anos. c) três anos. d) quatro anos. e) cinco anos.

C.14) (OAB/SP – 2007) Sobre a conversão do negócio jurídico, é CORRETO afirmar que se trata de instituto:

a) aplicável apenas aos negócios anuláveis.

b) que visa converter o negócio nulo em outro válido, mas que não tem previsão no nosso ordenamento.

c) aplicável à fraude contra credores.

d) que visa converter o negócio nulo em outro válido, sendo que tem previsão expressa no Código Civil.

C.15) (OAB/RS – 2006 – adaptada) Em relação à teoria das nulidades do negócio jurídico, assinale a assertiva CORRETA.

a) o dolo de uma das partes no negócio jurídico será sempre causa de anulação do mesmo.

b) o pagamento efetuado pelo devedor de forma antecipada a um credor faz presumir a fraude contra credores.

c) o negócio jurídico simulado como regra é passível de anulabilidade.

d) em face do decurso de tempo o negócio jurídico nulo poderá ser objeto de convalidação.

e) é anulável o negócio jurídico concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de que com aquele tratou.

C.16) (FCC - Analista Judiciário – Tribunal de Justiça de Pernambuco – 2007) O Negócio Jurídico não é nulo quando:

a) for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para sua validade.

b) celebrado por pródigos.

c) o motivo determinante, comum a ambas as partes, foi ilícito.

d) não revestir a forma prescrita em lei.

e) for indeterminado o seu objeto.

C.17) (CESPE - OAB/SP – 2008) É nulo o negócio jurídico quando

a) viciado por erro, dolo, coação, estado de perigo ou lesão. b) praticado por relativamente incapaz, sem a devida assistência legal.

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c) tiver por objetivo fraudar lei imperativa. d) praticado para fraudar credores.

C.18) (Analista Judiciário – TRT 13ª Região/PB – 2006 – FCC) Considere as hipóteses:

I – Erro, dolo ou coação.

II – Objeto impossível.

III – Estado de perigo ou lesão

IV – Simulação e Objeto indeterminável.

V – Objetivo de fraudar lei imperativa.

São causas de nulidade absoluta do negócio jurídico, dentre outras, as indicadas SOMENTE em:

a) I e III. b) II e IV. c) II, III, e V. d) III, IV e V. e) II, IV e V.

C.19) (Tribunal de Contas da União – Analista de Controle Externo – ESAF - 2006) Assinale a opção CORRETA:

a) a forma especial única do negócio jurídico implica uma solenidade mais geral imposta pela norma jurídica, sendo que o seu não acatamento implica em anulabilidade.

b) é nulo ato praticado por pessoa relativamente incapaz sem a devida assistência de seus legítimos representantes.

c) a nulidade (absoluta ou relativa) opera ipso iure.

d) a nulidade absoluta, por ser de ordem pública, não pode ser suprida pelo Juiz, ainda que a requerimento dos interessados, sendo insuscetível de confirmação, nem se convalesce pelo decurso do tempo.

e) são elementos indispensáveis à configuração do ato ilícito apenas a ocorrência de um dano e fato lesivo voluntário.

C.20) (OAB/SP – 2009) Considerando-se os dispositivos do Código Civil relativos ao negócio jurídico e ao direito das obrigações, é correto afirmar que, se um humilde camponês, por meio de um contrato de compra e venda, adquirir algumas glebas de terra de seu vizinho, no valor de R$ 15.000,00, porém aceitar como documentação o simples recibo firmado pela outra parte, o referido contrato de compra e venda

a) será anulável.

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b) será inexistente. c) será perfeitamente válido. d) terá existência fática, porém é nulo.

C.21) (Magistratura do Trabalho – Mato Grosso – 2007) No atinente à invalidade do negócio jurídico, NÃO É CORRETO afirmar que:

a) a anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença e aproveita exclusivamente aos interessados que a alegarem, ainda que se trate de caso de indivisibilidade.

b) o ato nulo opera-se de pleno direito e não admite confirmação; a nulidade pode ser arguida pelas partes, por terceiros interessado, pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir, ou pode ser pronunciada de ofício pelo Juiz, bem assim pode ser reconhecida a qualquer tempo.

c) o ato anulável atinge interesses particulares, legalmente tutelados; não se opera de pleno direito e admite confirmação expressa ou tácita; a anulabilidade somente pode ser arguida pelas partes interessadas.

d) é anulável o negócio jurídico por incapacidade relativa do agente, bem assim por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.

e) a confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anulável importa em extinção de todas as ações de que contra ele dispusesse o devedor.

C.22) (Magistratura do Trabalho – 3a Região/MG) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) a invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico, sempre que este puder provar-se por outro meio.

b) o ato anulável pode ser ratificado pelas partes, salvo o direito de terceiro, mas a ratificação não retroage à data o ato.

c) são causas de anulação do ato jurídico, na sistemática do Código Civil: a incapacidade relativa do agente; os vícios do consentimento e os vícios sociais.

d) a nulidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável.

e) ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.

C.23) (Magistratura do Trabalho 3a Região/MG – 2008) Sobre os fatos jurídicos, escolha a opção correta, após análise das afirmativas abaixo:

I – A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.

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II – O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito e a ele se aplicam, no que couber, as disposições relativas à condição suspensiva.

III – É nulo o negócio jurídico simulado. Haverá simulação nos negócios jurídicos quando aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem, contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira, os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.

IV – Quando existe incapacidade relativa do agente, o negócio jurídico é anulável, o mesmo ocorrendo por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.

a) todas as afirmativas estão erradas. b) uma afirmativa está correta. c) duas afirmativas estão corretas. d) três afirmativas estão corretas. e) quatro afirmativas estão corretas.

C.24) (CESPE/UnB – Juiz de Direito Substituto/PI - 2007) Quanto aos negócios jurídicos, assinale a opção CORRETA.

a) encargo é a cláusula acessória aderente aos negócios jurídicos gratuitos. O encargo impõe uma contraprestação do beneficiário, que, enquanto não for cumprida, se traduz em óbice à aquisição ou ao exercício do direito.

b) na celebração de um negócio jurídico, a vontade manifestada de uma das partes não subsiste, se esta faz reserva mental de não querer aquilo que manifestou, ainda que a outra parte não tenha conhecimento da mesma, pois, além de haver a intenção de prejudicar, existe o vício de consentimento ensejando a nulidade do negócio. Assim, essa discrepância entre a vontade e a declaração do agente acarreta a invalidade do negócio, por erro na declaração de vontade.

c) a nulidade absoluta de um negócio jurídico poderá ser arguida por qualquer interessado, bem como pelo Ministério Público nos casos em que couber intervir, ou, ainda, ser decretada pelo Juiz, de ofício, quando conhecer do negócio ou dos seus efeitos e a encontrar provada. Declarada essa nulidade por sentença judicial, ela produzirá efeitos ex tunc, alcançando a declaração de vontade no momento da emissão.

d) quando, na celebração de um negócio jurídico bilateral ou unilateral, o representante legal ou convencional de uma das partes agir com dolo intencional, para acarretar a nulidade desse ato negocial, exige-se o efetivo conhecimento da parte que dele se aproveite, pois o dolo provocado pelo representante recebe o mesmo tratamento legal destinado ao dolo de terceiro.

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e) o silêncio importará em manifestação positiva de vontade, quando, em um contrato de adesão, houver prazo obrigatório assinalado para manifestação da parte, sob pena de, não o fazendo, a contraparte considerar que houve demonstração de aceitação do negócio jurídico, desde que a parte tenha ampla oportunidade de tomar conhecimento de todos os termos e cláusulas do contrato.

C.25) (CESPE/UnB – OAB Exame Unificado – 2008) Acerca dos fatos jurídicos, assinale a opção CORRETA.

a) o negócio jurídico concluído pelo representante legal em conflito com interesses do representado é anulável, ainda que o terceiro, pessoa com a qual o representante celebra o negócio, não tenha conhecimento de tal conflito. Se restar caracterizada a má-fé desse terceiro, o negócio jurídico é eivado de nulidade absoluta.

b) o negócio jurídico deve ser interpretado conforme a boa-fé, mas os usos e costumes do lugar de sua celebração não podem ser levados em consideração.

c) a validade de uma declaração de vontade depende, como regra, de forma especial, exceto quando a lei expressamente não a exigir.

d) a nulidade absoluta, por ser de ordem pública, não se convalesce pelo decurso do tempo nem pode ser suprida pelo juiz, ainda que a requerimento dos interessados, sendo insuscetível de confirmação.

D) FORMA E PROVA DO NEGÓCIO JURÍDICO

D.01) (Controladoria Geral da União – 2006) O reconhecimento voluntário de filho havido fora do matrimônio pode ser feito no próprio termo do nascimento, por escritura pública ou instrumento particular, por testamento ou por manifestação expressa e direta perante o Juiz. Portanto, a forma do reconhecimento de filho é:

a) especial plural. b) especial única. c) geral. d) especial genérica. e) contratual.

D.02) (Advocacia Geral da União – ESAF) Quando uma norma jurídica permitir a formalização de um negócio por vários modos, possibilitando que a parte opte por um deles, ter-se-á a forma:

a) genérica. b) plural. c) única.

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d) livre. e) contratual

D.03) (Controladoria Geral da União – 2006) Assinale a opção FALSA.

a) a presunção deixada a critério e prudência do magistrado, que se funda naquilo que cotidiana, habitual ou ordinariamente acontece, denomina-se simples, comum ou hominis.

b) arbitramento é o exame pericial tendo em vista determinar o valor da coisa ou da obrigação a ela ligada, muito comum na desapropriação, nos alimentos, na indenização dos danos por atos ilícitos.

c) a prova deve ser admissível, pertinente e concludente.

d) a confissão é irrevogável, logo não poderá ser anulada se oriunda de erro de fato ou de coação.

e) as testemunhas instrumentárias devem pronunciar-se sobre o conteúdo do instrumento que subscrevem.

D.04) (Magistratura – Minas Gerais – 2004) O novo Código Civil regula o negócio jurídico no livro III, título I. Sobre a disciplina dos negócios jurídicos é CORRETO afirmar que:

a) as condições de não fazer coisa impossível e as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas, têm-se por inexistentes.

b) não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a 10 (dez) vezes o maior salário mínimo vigente no País.

c) o silêncio não importa anuência, ainda quando as circunstâncias ou os usos o autorizem e não for necessária declaração de vontade expressa.

d) é nulo de pleno direito o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com ele contratou.

e) a incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.

D.05) (Técnico Judiciário – TRT 15ª Região – Campinas – 2006) A respeito dos Atos Jurídicos, assinale a alternativa INCORRETA.

a) o silêncio não importa anuência, ainda que as circunstâncias ou os usos autorizarem e não for necessária a declaração de vontade expressa.

b) o instrumento público é da substância do ato, no negócio jurídico celebrado com cláusula de não valer sem ele.

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c) a impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado.

d) a validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.

e) a validade do negócio requer: agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei

D.06) (Magistratura do Trabalho - 14ª Região - 2004) Tomando por base as afirmações abaixo assinale a alternativa CORRETA: No tocante à prova dos atos jurídicos, é correto afirmar:

I – A confissão é irrevogável e por consequência não pode ser anulada.

II – A prova do instrumento particular não pode ser suprimida por outras de caráter legal.

III – Não podem ser admitidos como testemunhas os menores de 18 anos.

IV – Salvo casos expressos a prova exclusivamente testemunhal somente será admitida nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o teto de 20 vezes o maior salário mínimo vigente no país ao tempo da celebração do referido negócio.

ASSINALE

a) apenas a afirmativa I está correta.

b) apenas as afirmativas I e II estão corretas.

c) apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.

d) as afirmativas I, II, III e IV estão corretas.

e) as afirmativas I, II, III e IV estão incorretas.

D.07) (Magistratura do Paraná) De acordo com o disposto no Código Civil é correto dizer-se que:

a) para a validade das declarações de vontade não há necessidade de forma especial, ainda que assim o exija expressamente a lei.

b) ao titular de direito eventual, no caso de condição suspensiva, não é permitido exercer os atos destinados a conservá-los.

c) todas as condições que a lei expressamente não vedar são lícitas, sendo defesas, porém, aquelas que privarem de todo efeito o ato, ou o sujeitarem ao arbítrio de uma das partes.

d) embora o contrato contenha a cláusula de não valer sem instrumento público, poderá validamente ser celebrado por instrumento particular, se os contratantes forem capazes.

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D.08) (Magistratura do Trabalho – 8a Região/PA – 2007) Marque a alternativa INCORRETA:

a) a interpretação dos negócios jurídicos deve estar baseada no princípio da boa-fé e nos usos do lugar de sua celebração.

b) dentre as hipóteses legais de cessação da incapacidade para os menores estão o casamento, o exercício de emprego público efetivo e a colação de grau em curso de ensino superior.

c) se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

d) o uso comum dos bens públicos só pode ser gratuito, pois são destinados à utilização pela sociedade que já paga impostos, sendo vedado o uso oneroso dessa classe de bens.

e) o Direito Civil estende às pessoas jurídicas a proteção dos direito de personalidade, no que couber, havendo possibilidade de, inclusive, sofrer dano moral.

D.09) (Magistratura do Trabalho – 15a Região – Campinas – 2008) Assinale a alternativa INCORRETA.

a) os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração, sendo que os contratos benéficos devem ser estritamente.

b) os prazos de meses e anos sempre expiram no dia de igual número do de início.

c) considera-se não escrito o encargo ilícito, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.

d) os prazos fixados por hora são contados de minuto a minuto.

e) na lesão o vício de consentimento decorre do abuso praticado em situação de desigualdade de um dos contratantes, por inexperiência ou por premente necessidade, havendo uma grande desproporção nas obrigações assumidas.

D.10) (ESAF – Fiscal do Trabalho) A presunção deixada ao critério e prudência do magistrado, que se funda naquilo que ordinariamente acontece, denomina-se PRESUNÇÃO:

a) simples ou hominis. b) relativa. c) sem precedentes. d) juris tantum. e) juris et de jure.

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OBS: as questões adiante seguem o padrão que a CESPE/UnB também costuma usar (embora nem sempre), julgando as assertivas e colocando CERTO ou ERRADO.

Questão 01 (CESPE – BACEN) Julgue os seguintes itens:

a) Os defeitos de um negócio jurídico, relativos à vontade, decorrem de vícios de consentimento e de vícios sociais.

b) É anulável o negócio jurídico decorrente de erro, ainda que acidental.

c) O dolo, que pode se caracterizar por omissão, é causa de anulabilidade do negócio, desde que, entre outros requisitos, tenha sido a sua causa determinante.

d) É anulável, por ser decorrente de coação, o pagamento de título vencido efetuado pela devedora, uma senhora com setenta anos de idade, receosa que o credor cumprisse a ameaça que lhe fizera, qual seja, a promover a execução judicial da dívida.

e) É defeso ao Juiz pronunciar, sem alegação da parte interessada, a anulação do ato decorrente de erro, dolo ou coação moral. Todavia, caso se trate de simulação ou fraude contra credores, poderá o magistrado, de ofício, pronunciar a nulidade do ato.

Questão 02 (CESPE/UnB) Julgue os itens a seguir:

a) Não serão anuláveis por fraude contra credores os contratos de disposição gratuita dos bens do devedor insolvente quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do devedor ou do outro contratante.

b) Existem atos jurídicos que, mesmo celebrados por incapazes, poderão gerar efeitos.

c) Os negócios jurídicos nulos não podem ser confirmados, mas podem sofrer conversão substancial em negócios jurídicos válidos.

Questão 03 (CESPE/UnB - TCU – Analista de Controle Externo – 2008) Julgue o item a seguir:

a) Ameaçada de morte por um primo, homem de notória violência, Abgail assinou contrato de compra e venda, transferindo-lhe a propriedade de uma fazenda de cacau na Bahia. Transcorridos seis anos, sem que cessasse a coação, esse primo faleceu, e ela decidiu imediatamente constituir advogado para buscar a anulação judicial do negócio. Nessa situação, caso logre êxito em provar a coação sofrida, é possível que Abgail obtenha decisão favorável ao seu pleito, pois o prazo decadencial de quatro anos para requerer a anulação é contado da data em que cessou a coação e não da data da realização do negócio.

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Questão 04 (CESPE/UnB – Juiz Federal Substituto – 5a Região/2007) Julgue os itens a seguir, relativos aos negócios jurídicos e à prescrição.

a) Para a caracterização da fraude contra credores e a consequente anulação do ato jurídico, faz-se necessário que o devedor esteja em estado de insolvência ou na iminência de alcançá-lo e pratique maliciosamente negócios que desfalquem seu patrimônio em detrimento da garantia que este representa para os direitos creditórios alheios.

b) Se, no curso de um processo, o Juiz verificar a ocorrência de prescrição, este deverá proferir sentença reconhecendo o fato e extinguindo o processo sem resolução de mérito, ainda que se trate de direitos patrimoniais e o réu, em contraditório, no prazo assinalado para a resposta, tenha renunciado à prescrição já consumada ou tenha-se mantido inerte ante o ônus de se defender.

c) Condição é cláusula de um negócio jurídico, a qual, derivada exclusivamente da vontade das partes, subordina a eficácia ou a resolução do negócio jurídico à ocorrência de evento futuro e certo.

Questão 05 (CESPE/UnB – INSS/2008 – Analista do Seguro Social com Formação em Direito) Acerca dos fatos e negócios jurídicos no direito civil, julgue os próximos itens.

a) O vendaval que destrói uma casa é exemplo de negócio jurídico unilateral.

b) Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservar tal direito.

c) Com relação à validade do negócio jurídico, considera-se que, não dispondo a lei em contrário, a escritura pública apenas é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a sessenta vezes o maior salário mínimo vigente no país.

Questão 06 (CESPE/UnB Procurador Federal/2006) Acerca dos fatos jurídicos, julgue os itens que se seguem.

a) Caracteriza a lesão, ensejando a anulação do negócio jurídico ou, para evitá-la, a exigência de complementação do preço, a situação em que ocorre a desproporção entre as prestações de um negócio jurídico no decorrer da avença, oriunda do aproveitamento, por uma das partes contratantes, da situação de inferioridade em que se encontra a outra parte.

b) No negócio jurídico, a vontade deve corresponder à declaração, a qual é mera exteriorização da vontade subjetiva do agente. Assim, havendo divergência entre a vontade e a declaração, o negócio jurídico é nulo, mesmo quando o destinatário desconhece a verdadeira intenção da outra parte, a qual permanece em reserva mental.

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Questão 07 (Magistratura da Bahia – 2007) Em relação aos fatos jurídicos, julgue os itens subsequentes:

a) A lesão inclui-se entre os vícios de consentimento decorrente de abuso praticado em situação de desigualdade de um dos contratantes, por estar sob premente necessidade, ou por inexperiência. Esse vício afeta a vontade do agente e a manifestação de vontade em desacordo com a realidade, quer porque o declarante a desconhece, quer porque o declarante está impelido pela necessidade, e tem como consequência a nulidade absoluta do negócio jurídico.

b) O instituto da conversão é a transformação de um negócio jurídico nulo em outro de natureza diversa e traduz o princípio da conservação dos atos negociais; nele aproveita-se a finalidade do ato desejado pelas partes sempre que for possível e não for obstado pelo ordenamento jurídico. Entretanto, para que ocorra a conversão de um negócio jurídico nulo em outro de natureza diversa, faz-se necessário que o negócio reputado nulo contenha os requisitos do outro negócio e que a vontade manifestada pelas partes faça supor que, se tivessem ciência da nulidade do negócio realizado, mesmo assim, teriam querido celebrar o negócio convertido.

c) Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada pagou a um incapaz, se não provar que reverteu proveito dele a importância paga.

Os exercícios a seguir não caíram em concursos, mas têm a função de melhor fixar a matéria dada em aula.

I – Estabeleça Associação:

a) Erro ou Ignorância; b) Dolo; c) Coação; d) Estado de Perigo; e) Lesão; f) Simulação; g) Fraude contra Credores.

01 – ( ) sob premente necessidade ou por inexperiência uma pessoa se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.

02 – ( ) pratica maliciosa pelo devedor de atos que desfalcam seu patrimônio com o fim de colocá-los a salvo de uma execução por dívidas em detrimento dos direitos do credor.

03 – ( ) artifício empregado para levar alguém à prática de um ato que o prejudica, beneficiando o autor do ato ou uma terceira pessoa.

04 – ( ) declaração enganosa de vontade com vistas à obtenção de um resultado diverso do que se manifesta ostensivamente.

05 – ( ) pressão física ou psicológica exercida sobre alguém para obrigá-lo a praticar ou deixar de determinado ato.

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06 – ( ) falsa noção ou completo desconhecimento que se tem acerca de um objeto ou pessoa.

07 – ( ) sob premente necessidade de salvar a si ou pessoa de sua família de grave dano conhecido pela outra parte assume obrigação excessivamente onerosa.

II – Estabeleça Associação:

a) Condição Suspensiva; b) Condição Resolutiva; c) Condição Casual; d) Condição Potestativa; e) Termo; f) Modo ou encargo.

01 – ( ) Subordina os efeitos de um negócio jurídico a evento futuro e incerto, dependente da natureza.

02 – ( ) Evento futuro e incerto que, se realizado, extingue os efeitos do ato.

03 – ( ) Subordina os efeitos do negócio jurídico a evento futuro e certo.

04 – ( ) Cláusula acessória aderente a atos liberatórios que impõe um ônus à pessoa contemplada pelos referidos atos.

05 – ( ) Ato jurídico futuro e incerto que depende da prática de um ato de vontade do contraente.

06 – ( ) Cláusula cuja eficácia fica suspensa até o implemento de evento futuro e incerto.

GABARITO COMENTADO

A) TEORIA GERAL – ELEMENTOS ESSENCIAIS – DEFEITOS

A.01) Alternativa correta: letra “b”. Revejam o gráfico referente aos Fatos Jurídicos. O reconhecimento de um filho e a fixação do domicílio são Fatos Jurídicos. Estes se dividem. Dentro da desta divisão os mesmos se situam entre os atos jurídicos stricto sensu, pois os efeitos decorrentes da prática deste ato são os previstos na lei.

A.02) Alternativa incorreta: letra “a”. O erro nesta afirmação repousa no fato de que o valor é de apenas 30 (trinta) vezes o maior salário mínimo vigente no País (art. 108, CC). As demais afirmativas são textos expressos da lei: letra “b” (art. 111, CC); letra “c” (art. 112, CC); letra “d” (art. 113) e letra “e” (art. 114, CC).

A.03) Alternativa correta: letra “d”. De fato, o Negócio Jurídico é uma espécie do gênero ato jurídico em sentido amplo. É o ato destinado à produção de efeitos jurídicos, desejados pelo agente e tutelados pela lei. É toda ação

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humana, de autonomia privada, com o qual o particular regula por si os próprios interesses, havendo uma composição de interesses. A letra “a” está errada. Para fazer um teste de concurso não se pode ser afoito. Se a alternativa for lida com atenção, vamos verificar que o examinador disse “forma prescrita e defesa em lei”. O correto seria afirmar forma prescrita (determinada, prevista) ou não defesa (não vedada, não proibida) pela lei (conforme o art. 104, III, CC). A letra “b” está errada, pois o testamento é ato jurídico unilateral. Neste só há a vontade de uma pessoa (a do testador), não sendo necessária a aceitação da herança para que o testamento esteja perfeito. A letra “c” também está errada, pois as pessoas absolutamente incapazes devem ser representadas (e não assistidas). A letra “e” está errada, pois apesar do ato ilícito é um ato praticado em desacordo com a ordem jurídica, violando direitos e criando o dever de reparar eventual dano (moral ou patrimonial). No entanto, apesar do ato ilícito ser aquele que acarreta consequências jurídicas alheias à vontade do agente, é um ato praticado na esfera do direito civil, penal e administrativo (e não somente penal como afirmado na questão).

A.04) Alternativa correta: letra “c”. Reparem que o art. 104, CC adotou a teoria tricotômica (exige apenas três elementos): a) agentes capazes; b) objeto lícito, possível, determinado ou determinável e c) forma prescrita ou não defesa em lei. No entanto a questão pede os requisitos doutrinários. E a doutrina, além dos elementos legais (art. 104, CC), acrescenta o chamado elemento volitivo, ou seja, o consentimento, a manifestação de vontade livre (vontade sem vícios).

A.05) Alternativa correta: letra “e”. Item I – eu errei sozinho, logo trata-se de um erro; além do mais diz respeito a elemento essencial ou substancial, pois se eu soubesse da procedência real do vinho não o teria comprado (portanto o ato é anulável – art. 171, II, CC). Item II – eu fui enganado pelo vendedor, pois ele sabia da falsidade, logo trata-se de um dolo, que no caso também é essencial ou substancial (portanto o ato também é anulável). Item III – finjo fazer um contrato, mas fiz outro – trata-se de uma simulação. Notem que a simulação, neste caso, acarreta em nulidade absoluta do ato (art. 167, CC).

A.06) Alternativa correta: letra “a”. O erro é a falsa noção que se tem de algo ou alguém. A pessoa erra sozinha e se soubesse do erro anteriormente, não iria realizar o negócio. Se o erro recair sobre aspectos essenciais (ou substanciais) do ato, este será anulável. É o que dispõe o art. 138, CC. O artigo seguinte fornece hipóteses em que o erro é substancial, sendo que uma das hipóteses é o relativo ao objeto do negócio (compro um cavalo comum pensando que é “puro sangue”). A letra “b” está errada, pois o dolo acidental não anula o negócio jurídico, no entanto sua ocorrência obriga à satisfação de eventual perdas e danos (arts. 145/146, CC). A letra “c” está errada, pois na coação deve-se observar todas as situações mencionadas na lei para se decretar a anulação do ato (art. 152, CC). Se ambas as partes agirem com dolo (torpeza bilateral) nenhuma delas poderá alegá-lo para reclamar a anulação do ato ou indenização (art. 150, CC), portanto a letra “d” está errada. Finalmente a letra

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“e” está errada, pois o art. 153, CC determina que o temor reverencial (ex: receio de desgostar os pais ou a pessoas a quem se deve respeito) excluem a coação.

A.07) Alternativa correta: letra “e”. A frase em questão se refere à hipótese prevista literalmente no artigo 158 CC, que trata da fraude contra credores.

A.08) Alternativa correta: letra “c”. O erro acidental e o dolus bonus (letras “a” e “b”) não anulam o contrato; este continua sendo válido, apesar da presença de qualquer um dos vícios apontados. Da mesma forma o temor reverencial que, não configurando sequer coação, não pode influir na validade do negócio jurídico. O art. 153, CC prevê que não se considera coação a ameaça a exercício normal de um direito nem o simples temor reverencial (letra “e” errada). Finalmente, o atual Código determina que o negócio simulado é nulo (art. 167, CC) estando a letra “d” errada. Portanto, das situações fornecidas somente a coação moral (também chamada de vis compulsiva) é caso de anulação do Negócio Jurídico (como exemplos citamos a ameaça de mal futuro e injusto, a chantagem, etc.). Lembrando também, que a coação física (vis absoluta) causa a nulidade do ato.

A.09) Alternativa correta: letra “b”. Na hipótese ocorreu a Simulação Absoluta Objetiva. Atualmente a simulação está prevista no capítulo referente à invalidade do negócio jurídico (art. 167, CC). Conceitua-se como sendo uma declaração enganosa de vontade, com o objetivo de criar um negócio jurídico falso, a fim de prejudicar terceiros. No caso da questão, o título de crédito emitido (por exemplo, uma nota promissória), não representa negócio algum. Trata-se, portanto, de uma simulação objetiva, pois recai sobre o objeto no negócio, ou seja, o próprio título de crédito. Seria subjetiva se a parte contratante não fosse o indivíduo que tira proveito do negócio (“vendo” uma casa a uma pessoa; mas esta deve repassá-la a outra pessoa após um ano). Na questão apresentada, trata-se, também de uma simulação absoluta, pois o título nada representa. Digamos que o marido realmente devesse ao amigo 10 mil, mas colocou no título que está devendo 50 mil. Neste caso continua sendo simulação, passível de nulidade, mas somente em relação ao que excedeu ao valor correto. Assim, nesta hipótese a simulação seria objetiva e relativa (pois houve o negócio, mas não exatamente da forma como apareceu). Havendo a simulação o negócio jurídico é reputado como nulo. O art 167, §1º, II do CC prevê que haverá simulação quando o documento contiver declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira. Já reserva metal está prevista no artigo 110 CC.

A.10) Alternativa correta: letra “d”. Simulação relativa subjetiva. É simulação porque houve uma declaração enganosa de vontade, visando prejudicar terceiros. É relativa porque o negócio existiu, embora tenha prejudicado interesses de terceiros (diferentemente da simulação total, onde não há intenção de realizar negócio algum). É subjetiva porque a pessoa que irá

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tirar proveito do negócio não é a que aparece no contrato inicialmente (diferentemente da simulação objetiva que diz respeito ao negócio propriamente dito).

A.11) Alternativa correta: letra “e”. A doutrina costuma classificar este fato como “simulação inocente”. Isto porque embora tenha havido uma simulação (fingiu fazer uma compra e venda, mas doou o terreno), não prejudicou quem quer que seja. Observem que, como o falecido não tinha herdeiros necessários (descendentes, ascendentes ou cônjuge), poderia doar o bem a quem bem entendesse. Além disso, sua intenção era mesmo deixar o bem por testamento (trata-se de um legado). A venda simulada apenas antecipou sua vontade.

A.12) Alternativa correta: letra “c”. O que ocorreu no caso foi a lesão, que é um vício de consentimento, ou seja, há uma divergência entre o que você realmente desejava e aquilo que você acabou realizando, previsto no art. 157, CC: quando uma pessoa, sob premente necessidade ou por inexperiência, se obriga a uma prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. O art. 178, inciso II, CC determina que é de quatro anos o prazo de decadência para se pleitear a anulação da lesão, contado do dia em que se realizou o negócio. Lembrem-se de que não se decretará a anulação do negócio se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.

A.13) Alternativa correta: letra “c”. Estão corretas as afirmações I, II e III. Notem que as alternativas tratam dos chamados defeitos relativos de consentimento. O erro, a ignorância e o dolo podem ser anuláveis, embora em algumas situações possa o ato ser considerado válido, mesmo com a ocorrência do defeito (ex: erro acidental). A coação pode tornar o ato anulável, embora em algumas situações também possa ele ser nulo (ex: coação física). O estado de perigo, a lesão e a fraude contra credores são hipóteses que tornam o ato anulável (art. 171, II, CC). No entanto, a simulação torna o negócio nulo (art. 167, CC).

A.14) Alternativa correta: letra “b”. No caso houve uma declaração enganosa da vontade, visando obter resultado diverso do que aparece, com o fim de criar uma aparência de direito, para iludir terceiro. Houve, portanto, uma simulação. Esta simulação foi absoluta, pois apesar de exprimir um negócio jurídico (compra e venda), não houve intenção alguma de realizar este negócio. Fingiu vender o imóvel, mas na verdade o mesmo não foi vendido de fato. Recorde-se que atualmente a simulação não é mais um defeito social do negócio jurídico, mas hipótese de invalidade do negócio jurídico (art. 167, CC), acarretando a nulidade do ato negocial.

A.15) Alternativa correta: letra “c”. Somente a afirmação III está incorreta. A proposição I está correta e prevista no art. 140, CC, quando fala do erro ou ignorância. Para ser capaz de viciar um negócio jurídico (e trazer como

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consequência a anulação do mesmo) erro deve ser essencial, razão determinante da prática do ato. Se isto não ficar comprovado, o falso motivo não irá viciar a vontade, não acarretando a anulação do negócio. Lembrem-se do seguinte exemplo: “A” doou uma casa a “B” pelo fato deste lhe ter salvo a vida; posteriormente “A” descobre que não foi “B” quem lhe salvou a vida, mas sim “C”. Neste caso a doação pode ser anulada foi o falso motivo foi a razão determinante para a doação. Da mesma forma a proposição II também esta correta, pois se trata do texto literal do art. 143, CC. O erro de cálculo é uma espécie de erro acidental, não sendo causa de anulação do negócio, mas de simples retificação. A afirmação III está errada. O art. 145, CC prevê que se houver dolo (essencial) em um negócio jurídico, este poderá ser anulado (e não ser considerado nulo). Portanto o erro na questão é bem sutil. Finalmente a afirmativa IV está correta, pois é o que prevê o art. 153, CC.

A.16) Alternativa correta: letra “b”. O erro de fato diz respeito a uma situação de fato não conhecida pela outra parte. Já o erro de direito é aquele que diz respeito à existência (ou não) de uma norma jurídica (pessoa supõe que uma lei não exista, ou que a mesma já foi revogada, etc.). A regra em nosso direito é de que ninguém pode se escusar de cumprir uma lei alegando que não a conhece. No entanto, em casos especialíssimos o erro de direito é admitido. O art. 138, CC determina que são anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial (ou essencial, ou principal). Já o art. 139, inciso III, CC prevê que o erro é substancial quando, em sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. Ou seja, o erro de direito somente pode recair sobre normas dispositivas (e nunca sobre as impositivas ou imperativas). Neste caso o ato é anulável. A letra “a” está errada, pois nem mesmo o erro de fato substancial faz com que o ato seja nulo. No máximo será anulável. A letra “c” está errada, pois ela traz uma regra; no entanto a questão deseja a exceção desta regra. A letra “d” está errada, pois traz uma incongruência: o erro é uma falsa noção de algo; se eu, com o meu comportamento, desejo fraudar a lei (como está na questão), isto já não é erro. Pode ser outro vício. Mas não o erro. A letra “e” também está errada, pois sendo um vício passível de anulação, não pode ser reconhecido de ofício (ou seja, sem ser provocado) pelo Juiz. Só os atos nulos podem ser reconhecidos de ofício pelo Juiz (art. 168, parágrafo único, CC).

A.17) Alternativa correta: letra “d”. Nos termos do art. 146, CC, o dolo acidental é aquele em que o negócio seria realizado, embora por outro modo.Ele somente obriga à satisfação das perdas e danos. Portanto não gera a anulação do negócio. A letra “a” está errada, pois nos termos do art. 140, CC, o falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. A letra “b” está errada, pois o art. 141, CC prevê que a transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta. A letra “c” está errada, pois o art. 153, CC determina que não se considera coação a ameaça do exercício normal de um

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direito, nem o simples temor reverencial. Portanto, nestes caso não se anula o negócio jurídico.

A.18) Alternativa correta: letra “e”. O dolo acidental é aquele que leva a vítima a realizar o negócio, porém em condições mais onerosas. Ele não afeta a declaração de vontade. O negócio teria sido praticado de qualquer forma, embora de outra maneira. Por isso, não se anula o negócio; apenas obriga a satisfação de perdas e danos ou a uma redução da prestação pactuada, nos termos do art. 145, CC.

A.19) Alternativa correta: letra “d”. A questão trata do conceito de dolo acidental, também chamado de dolus incidens ou secundário.

A.20) Alternativa correta: letra “c”. A questão trata do erro de cálculo que é uma inexatidão material, aritmética, também conhecido como error quantitate (e não qualitate como na alternativa “d”). É uma espécie de erro acidental, não incidindo sobre a declaração de vontade; não vicia o consentimento, não sendo causa de anulação do negócio jurídico, mas de simples retificação do mesmo (art. 143, CC).

A.21) Alternativa incorreta: letra “a”. Questão bem doutrinária. De acordo com o art. 139, CC, o erro pode recair sobre uma coisa, uma pessoa ou um direito. Para que o erro de direito (error juris) seja substancial (e, portanto, escusável, passível de anulação), é necessário que o erro tenha sido o motivo único ou principal do negócio jurídico e que não implique recusa à aplicação da lei. De fato a redação da alternativa é meio confusa. Mas o texto da questão é contrário ao que dispõe o inciso III do citado artigo, por isso esta alternativa está errada e é a deve ser assinalada. A letra “b” está perfeita, apesar também de alto grau de doutrina. Veja que às vezes as questões de direito exigem o conhecimento de doutrina. Por isso a leitura da nossa aula é importante, não bastando somente a leitura da “lei seca, nua e crua”. Trata esta alternativa da justificativa da importância do Princípio da Obrigatoriedade das Leis. Quanto à alternativa “c” está perfeita. Trata-se da aplicação do Princípio da Continuidade das Leis. Finalmente notem que a letra “d” trata da teoria da natureza jurídica da personalidade da Pessoa Jurídica. Está correta. Se restaram dúvidas, revejam a matéria na aula sobre Pessoa Jurídica.

A.22) Alternativa correta: letra “c”. O Estado de Perigo está previsto no art. 156, CC. É causa de anulação do ato jurídico. Diferentemente da lesão (art. 157, CC), exige que a outra parte contratante tenha conhecimento do grave dano que aflige o prejudicado, para que o negócio jurídico possa ser anulado. Observem que o conceito de lesão fornecido na letra “d” está muito incompleto, pois faltou dizer que a obrigação foi assumida em razão de premente necessidade ou por inexperiência. Isso seria fundamental para a caracterização do conceito deste defeito, conforme o texto legal. Por tal motivo esta alternativa não está correta. A letra “a” está errada, pois o erro de cálculo apenas autoriza

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a retificação da declaração de vontade e não a sua anulação (art. 143, CC). A torpeza bilateral (ou dolo recíproco) ocorre quando as duas partes agem com dolo. Neste caso não se autoriza a anulação para nenhuma das partes (art. 150, CC); o negócio é reputado válido para ambas. Há uma neutralização do defeito. Portanto a alternativa “b” também está errada.

A.23) Alternativa correta: letra “b”. Trata-se do estado de perigo, nos termos do art. 156, CC.

A.24) Alternativa incorreta: letra “c”. O Negócio Jurídico nulo, como regra, não gera efeitos, podendo ser declarado como tal a qualquer momento, não se convalescendo com o decurso de tempo, nos termos do art. 169, CC (lembre-se, que neste caso, a ação é imprescritível). Já o negócio jurídico anulável pode ser confirmado pelas partes, ou convalidado pelo decurso do tempo (art. 172, CC), se ninguém o anulou no prazo previsto em lei (decadência). O erro, como vimos pode ser anulável (se essencial) ou válido (se acidental). O mesmo ocorre com o dolo. Já a coação pode acarretar a nulidade absoluta (coação física) ou relativa (coação moral). No entanto, a simulação torna o negócio jurídico nulo, conforme prevê o art. 167, CC. Acrescente-se que o negócio jurídico simulado pode subsistir (ou seja, produzir efeitos) se ele respeitar a substância e a forma, como nos exemplos dados em aula (revejam o tema). Portanto a letra “c” está errada e é a que deveria ter sido assinalada, pois no mínimo, a simulação não poderia estar naquela relação de atos anuláveis. A letra “a” está correta, pois no negócio jurídico predomina a vontade das partes, ao contrário do ato jurídico em sentido estrito, cujos efeitos são vinculados pela lei. A letra “b” está perfeita, fornecendo exemplos de negócio jurídico unilateral (testamento, renúncia, promessa de recompensa, etc.) e bilateral (contratos, perdão, etc.). A letra “d” está correta, trazendo um alto grau de doutrina, no entanto dá para perceber a grande distinção entre o ato jurídico em sentido estrito (efeitos impostos pela lei) e o negócio jurídico (efeitos desejados por quem pratica o ato). Finalmente a letra “e” também está correta, pois o Negócio Jurídico Simulado gera, como regra, a sua nulidade.

A.25) Alternativa correta: letra “d”. Trata-se do conceito doutrinário de simulação, que é previsto no art 167, CC. A letra “a” está errada, pois a coação física torna o ato nulo (já a coação moral é anulável). As letras “b” e “e” também estão erradas, pois não é o dolo positivo ou negativo que torna o negócio anulável ou válido, mas sim se ele é essencial ou acidental. Assim, um ato realizado com dolo positivo pode ser anulável (se for essencial) ou válido (se for acidental). O mesmo ocorre com o dolo negativo. Já a fraude contra credores causa anulabilidade do negócio, portanto errada a alternativa “c”.

A.26) Alternativa correta: letra “b”. Trata-se do dolo de terceiro, previsto no art. 148, CC. Em algumas situações o dolo pode ser proveniente de uma terceira pessoa, estranha ao negócio. Em geral não afeta o negócio, uma vez que o terceiro não é parte do negócio. Somente enseja a anulação do negócio se a

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parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento. No problema B ouviu o “disparate” e não alertou o comprador. Por isso é anulável. No entanto se B não teve conhecimento da conduta dolosa por parte do terceiro, não se anula o negócio, mas o prejudicado pode reclamar as perdas e danos do causador da situação.

A.27) Alternativa incorreta: letra “e”. Mais uma questão sobre a Lesão. Com vimos, a lesão é prevista no art. 157, CC. Trata-se de um vício de consentimento (há uma desavença entre o que você desejava fazer e aquilo que você realmente acabou fazendo). São seus elementos: objetivo que é a manifesta desproporção entre as prestações de cada uma das partes e subjetivo – dolo de aproveitamento, ou seja, a pessoa se aproveita da premente necessidade ou da inexperiência alheia, levando-a a realizar negócio prejudicial. A sanção no casa da lesão é a anulação do ato (arts. 171, II e 178, II, CC – prazo decadencial de 04 anos). O que está errado na questão é a alternativa “e”, pois o Código Civil, em seu §2º do art. 157 permite que não se decrete a anulação do negócio se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito (chamamos isso de lesão especial ou qualificada).

A.28) Alternativa correta: letra “d”. É o que se chama de dolo recíproco, configurando-se a torpeza bilateral. O art. 150, CC prescreve que se ambas as partes procederem (agirem) com dolo, nenhuma poderá alegá-lo para anular o negócio ou reclamar indenização. Há uma neutralização de eventual defeito e o mesmo se torna válido. A letra “a” está errada. Já vimos uma questão parecida com esta. Observem que o examinador afirmou “forma prescrita e defesa em lei”. Mas o correto seria dizer forma prescrita (determinada, prevista) ou não defesa (não vedada, não proibida) em lei (conforme o art. 104, III, CC). Na letra “b”, o erro e o dolo podem tornar o ato anulável, mas nunca nulo (art. 171, II, CC). A letra “c” também está errada, pois as pessoas absolutamente incapazes devem ser representadas (e não assistidas). O erro acidental não anula o ato; ele é considerado válido, apesar do vício (art. 138, CC – só é anulável se for substancial). Portanto a alternativa “e” também está errada.

A.29) Alternativa correta: letra “a”. Somente a proposição II é falsa. A afirmação I é verdadeira (texto expresso do art. 144, CC); a afirmação II está errada, pois o conceito nela fornecido é o do estado de perigo (art. 156, CC) e não o da lesão (art. 157, CC); a afirmação III está correta (trata-se de texto expresso do art. 155, CC); por fim o item IV está correto (conforme o art. 157, §2o, CC).

A.30) Alternativa correta: letra “c”. O dolo acidental é aquele em que o negócio seria realizado, embora por outro modo, menos oneroso. Ele não anula o negócio jurídico, pois não afeta a declaração de vontade. Porém, nos termos do art. 146, CC, obriga apenas à satisfação de eventuais perdas e danos. A letra “a” está errada, pois o dolo pode ser praticado por uma ação (dolo positivo –

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ex: falsas afirmações sobre a qualidade de um objeto) ou por omissão (dolo negativo - ocultação de algum fato que o contratante deveria saber). Reparem que o art. 147, CC menciona o silêncio intencional como espécie de dolo. A letra “b” está errada, pois o art. 150, CC determina que se houver dolo recíproco (torpeza bilateral), nenhuma das partes poderá alegá-lo para anular o negócio ou reclamar indenização. A letra “d” está errada, pois o art. 148, CC permite a anulação do negócio por ato de terceiro (art. 148, CC). No entanto, neste caso somente enseja a anulação do negócio se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento. “A” instiga “B” a comprar algo de “C”. “A”, em conluio com “C” sabe que o objeto está estragado. “A” responde por dolo. Finalmente a letra “e” também está errada, pois, nos termos do art. 149, CC, se houver dolo do representante convencional o representado responderá juntamente com ele pelas perdas e danos, de forma solidária (os dois respondem ao mesmo tempo) e não de forma subsidiária (primeiro responde um, se este não pagar responde o outro).

A.31) Alternativa correta: letra “d”. Dolo negativo (ou omissivo) é a manobra astuciosa que constitui uma omissão intencional, induzindo o outro contratante a realizar o negócio. Oculta-se uma circunstância relevante que a outra parte deveria saber. E, sabedora, não teria efetivado o negócio.

A.32) Alternativa correta: letra “c”. Dolo negativo.

A.33) Alternativa correta: letra “b”. A fraude contra credores é uma prática maliciosa do devedor, desfalcando seu patrimônio, com a finalidade de colocá-lo a salvo de uma ação de cobrança, prejudicando assim, eventuais credores desta pessoa. Estes atos são anuláveis (art. 171, II, CC). Os elementos principais da fraude contra credores para a decretação a anulação do negócio são: o eventus damni (ou seja, o ato prejudicial ao credor, por tornar o devedor insolvente – elemento objetivo) e o consilium fraudis (ou seja, a má-fé, que é o intuito deliberado de prejudicar terceiros – elemento subjetivo). O prazo decadencial para se pleitear a anulação é de quatro anos, contados do dia em que se realizou o negócio (art. 178, II, CC). O art. 162, CC determina que se o credor que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor aquilo que recebeu. No entanto a fraude à execução é um instituto do Direito Processual Civil, sendo um incidente processual. Ocorre quando ao tempo da venda irregular do bem já corria uma ação contra o devedor capaz de reduzi-lo à insolvência. Não é necessário que seja um processo de execução como aponta a alternativa “c”. Pode ser qualquer espécie de ação movida contra o devedor (art. 593 do Código de Processo Civil). E é exatamente isso que está errado na questão.

A.34) Alternativa correta: letra “e”. Colocar data diversa em documentos, com intenção de prejudicar outrem é exemplo clássico de fraude contra credores.

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A.35) Alternativa correta: letra “a”. O erro é uma falsa noção da realidade por uma das partes, macula de anulabilidade o negócio jurídico quando for substancial e escusável (art. 138, CC). O erro de direito é a ignorância, o falso conhecimento ou a má interpretação de uma norma jurídica, vicia o consentimento apenas se o erro foi o único motivo ou o motivo principal do negócio jurídico (art, 139, III, CC). Não se trata de uma escusa ao cumprimento da lei (art. 3º, LICC), mas sim, de um cumprimento defeituoso por um erro na manifestação volitiva única ou principal, visto que somente poderá incidir em normas dispositivas (sujeita ao livre acordo das partes) e jamais em norma cogente ou impositiva. A letra “b” está errada. A fraude contra credores feita a título oneroso é anulável desde que feita por devedor cuja insolvência seja notória ou que exista motivos para conhecê-la, dispensando, neste caso, o consilium fraudis (art. 159, CC). A letra “c” está errada. Se o ato de desfalque do patrimônio for a título gratuito (art. 158, CC) é necessário que o devedor seja insolvente ou que se reduza a ela com os atos fraudulentos. Assim, é preciso não somente a comprovação da má-fé, como também os elementos do eventus damni (ato de desfalque) e a insolvência (anterior ou posterior ao ato). A letra “c” também está errada. A simulação absoluta é aquela em que o sujeito declara uma vontade criando a expectativa de um negócio jurídico, que em verdade, ele não tem intenção nenhuma de realizá-lo. Enquanto que na simulação relativa um negócio jurídico se efetiva, porém, sob a aparência de outro, fictício. Com o advento do Código Civil de 2002, ambas as hipóteses são vícios que geram a nulidade do negócio jurídico (art. 167, CC).

A.36) Alternativa correta: letra “e”. Na reserva mental, prevista no art. 110, CC, há emissão de uma declaração unilateral de vontade não desejada, nem em seu conteúdo nem em seu resultado. O agente quer algo e declara, conscientemente, coisa diferente, com o intuito de enganar a outra parte; pode ser fraudulenta ou inocente. A letra “a” está errada, pois está confundido estado de perigo (art. 156, CC) com lesão (art. 157, CC). A letra “b” está errada, pois a afirmação inicialmente confunde os termos fraude contra a execução com fraude contra credores, este sim previsto no art. 158, CC. E mais: na realidade ele não é um vício de consentimento (não atinge a vontade), mas sim um vício social. A letra “c” também está errada. Inicialmente porque atualmente a simulação não é mais considerada como um vício social, mas sim como uma forma de invalidação do negócio jurídico. Além disso, segundo o art. 167, CC, é nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. Por último a letra “d” também está errada, pois nos termos do art. 169, CC o negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem se convalesce pelo decurso de tempo, portanto, não pode ratificado nem convalidado.

B) ELEMENTOS ACIDENTAIS

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B.01) Alternativa correta: letra “e”. Condição Resolutiva é a que subordina a ineficácia do negócio jurídico a um evento futuro e incerto; é a condição que, se realizada, extingue os efeitos do ato (lembrem-se que resolver significa extinguir). O exemplo fornecido no problema é o clássico (art. 127, CC). A letra “a” está errada, pois a condição suspensiva (art. 125, CC) é a que a eficácia do ato fica suspensa até a realização do evento futuro e incerto (ex: eu lhe darei um carro se você passar no concurso). A alternativa “b” está errada, pois modo ou encargo (arts. 136 e 137, CC) é uma cláusula acessória, em regra, aderente a atos de liberalidade (ex: doação ou herança), que impõe um ônus ou uma obrigação à pessoa beneficiada (dou-lhe um grande terreno, desde que você nele edifique também uma “capelinha”). A letra “c” está errada, pois a condição simplesmente potestativa depende da prática de algum ato do contraente e de um fator externo (ex: eu lhe darei uma jóia se você cantar bem). Não confundir com a condição puramente potestativa, quando decorre de um capricho ou arbítrio do proponente (ex: eu lhe darei um carro se eu levantar o braço), que são proibidas pelo nosso Direito (art. 122, CC). Por último, a letra “d” também está errada, pois condição promíscua é aquela em que no momento inicial é potestativa, mas perde tal característica por fato superveniente, alheio à vontade do agente. O exemplo clássico disso é o seguinte: eu lhe darei dez milhões de reais de você, campeão mundial de futebol jogar no próximo torneio; no entanto antes da competição o jogador se lesiona, não podendo jogar o campeonato.

B.02) Alternativa correta: letra “d”. Condição resolutiva. Evento futuro e incerto=condição (eliminam-se as alternativas “a”, “c” e “e”). Como a ocorrência do evento extingue (resolve) os efeitos do negócio jurídicos, elimina-se também a alternativa “b”. Revejam também a resposta da questão anterior.

B.03) Alternativa correta: letra “a”. O encargo ou modo é uma cláusula acessória que se refere a atos de liberalidade (ex: doação ou testamento), impondo uma obrigação à pessoa beneficiada. No caso a obrigação da municipalidade (a beneficiada) em construir um posto de saúde. Observem que para a identificação do encargo encontramos as expressões “para que”, “afim de que”, traduzindo uma liberalidade mediante um ônus.

B.04) Alternativa correta: letra “e”. Vejam que estas últimas questões poderiam ser respondidas apenas com uma simples leitura do quadro comparativo entre Condição, Termo e Encargo, fornecido em aula. O encargo não suspende a aquisição, nem o exercício do direito do donatário, salvo se for imposto expressamente como condição suspensiva. Na condição, enquanto não cumprida, não se adquire o direito (ex: eu lhe darei um carro se você entrar em uma faculdade pública; enquanto você não ingressar na faculdade não adquire o direito ao carro). Já no termo a pessoa adquire o direito, mas se retarda o exercício deste direito (ex: eu lhe darei um carro quando você fizer 20 anos; um dia você vai completar esta idade; já adquiriu o direito; mas o exercício deste direito é adiado).

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B.05) Alternativa correta: letra “c”. Em algumas hipóteses, ligadas diretamente a normas de direito público, nosso direito não aceita que se coloquem condições. Estes atos geralmente estão presentes no Direito de Família e das Sucessões e são chamados de atos puros. Exemplos: condição de não se casar, condição para se reconhecer filhos, de emancipação, de exílio ou morada perpétua em determinado lugar, mudança de religião (atenta contra a liberdade de consciência assegurada pela Constituição), proibição de exercer determinada profissão. Entre estes atos estão também a aceitação ou a renúncia da herança. Estes atos devem ser puros e simples, sem condições (confiram o art. 1.808, CC).

B.06) Alternativa correta: letra “e”. Termo é o dia em que começa e/ou se extingue a eficácia do negócio jurídico, subordinando-se a um evento futuro e certo (embora a data deste evento possa ser determinada ou indeterminada). O Termo inicial (ou suspensivo) é aquele que fixa o momento em que a eficácia do negócio jurídico tem início. Ele retarda o exercício do direito, mas não a aquisição do direito. A pessoa já possui o direito (direito adquirido), mas o exercício desse direito fica suspenso até o termo fixado. Ex: um contrato de locação terá início no dia 1° de janeiro do ano vindouro. Até lá, a pessoa já adquiriu o direito à locação, mas este direito está suspenso até o dia pactuado. Já se fosse uma condição suspensiva a pessoa teria uma expectativa de direito.

B.07) Alternativa correta: letra “b”. Questão muito difícil, pois trata de temas que caem pouco em concursos, de texto literal do Código e sem nenhuma aplicabilidade prática. É o tipo da questão para derrubar um candidato. Mas esta questão serve para mostrar que quando um examinador quer, ele pode fazer uma prova “para arrebentar”. Vamos a ela. A letra “b” está correta, pois quando um Negócio Jurídico estipular um encargo ilícito ou impossível, considera-se ele como não escrito, portanto o ato de liberalidade (uma doação ou herança) valeu. No entanto há uma ressalva: se este encargo se constituir o motivo determinante da liberalidade; neste caso se invalida o próprio Negócio Jurídico. É o que prevê o art. 137, CC. A letra “a” está errada, pois invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas (e não resolutivas como está na questão – art. 123, inciso I, CC). Vejam como o examinador foi sutil... Já a letra “c” está errada, pois como vimos, o termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do Direito (art. 131, CC). A letra “d” também está errada. O art. 124, CC prevê que “têm-se por inexistentes (e não invalidam, como diz a questão) as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível”.

B.08) Alternativa correta: letra “d”. Trata-se da aplicação do art. 138, CC. A letra “a” está errada. O termo é a cláusula que subordina a eficácia (termo inicial ou suspensivo) ou a ineficácia (termo final ou resolutiva) do negócio jurídico a evento futuro e certo. O termo inicial suspende o exercício do direito, mas não a sua aquisição (art. 131, CC). A letra “b” está errada. Condição é a cláusula que subordina a eficácia (condição suspensiva) ou a ineficácia (condição

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resolutiva) do negócio jurídico a evento futuro e incerto. Quando implementada uma condição suspensiva, adquire-se o direito a que ela visa (e não, como constou na questão, interrompe o exercício do direito que já existia). A letra “c” também está errada. Encargo ou modo é a cláusula que impõe ao adquirente um ônus em decorrência da coisa adquirida. O encargo não suspende a aquisição, nem o exercício do direito subjetivo (art. 136, CC).

B.09) Alternativa correta: letra “a” (art. 131, CC).

C) TEORIA DAS NULIDADES

C.01) Alternativa correta: letra “d”. As hipóteses de anulabilidade do negócio jurídico estão arroladas no art. 171, CC. Observando bem a questão, veremos que nas demais alternativas o que está errado é a palavra simulação, pois ela torna o negócio nulo (art. 167, CC) e não anulável.

C.02) Alternativa correta: letra “a”. Uma das diferenças entre o ato anulável e o nulo é que neste último as partes, mesmo de comum acordo, não podem convalidar ou ratificar o negócio, pois houve uma grave ofensa a um princípio de ordem pública (ex: compra e venda realizada por menor de 16 anos). Nem mesmo o Juiz poderá convalidar o negócio considerado nulo (art. 168, parágrafo único, CC). A letra “b” está errada, pois quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, este prazo será de 02 (dois) anos, a contar da data da conclusão do ato (art. 179, CC). A letra “c” também está errada, pois o Negócio Jurídico simulado é nulo (e não anulável), conforme o art. 167, CC. A letra “d” também está incorreta, pois quanto aos defeitos do Negócio Jurídico, tudo pode acontecer, dependendo da hipótese (ex: erro acidental = negócio válido; dolo essencial = negócio anulável; simulação ou coação física = negócio nulo), assim não se pode dizer que é sempre hipótese de nulidade. A letra “e” está errada, pois o testamento de uma pessoa, enquanto ela estiver viva, pode até ser válido, no entanto só produzirá efeitos (será eficaz) após a morte do de cujos.

C.03) Alternativa correta: letra “d”. Todas as alternativas estão incorretas. A afirmação I está errada, pois confunde ineficácia (que é o gênero) com a nulidade (que é a espécie). A ineficácia abrange a inexistência e a nulidade do ato, sendo que esta pode ser absoluta (ato nulo) ou relativa (ato anulável). Assim, um ato pode ser considerado ineficaz pela inexistência e desta forma não poderá ser considerado nulo. A afirmação II está errada, pois a simulação gera a nulidade absoluta do ato. A afirmação III está errada, pois o prazo é decadencial (e não prescricional). A afirmação IV também está errada, pois a prescrição pode ser arguida em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita, admitindo-se que ela seja reconhecida até mesmo em grau de Apelação. No entanto a jurisprudência e a doutrina entendem que não é cabível a alegação de prescrição na fase de liquidação em processo de execução e nem pode ser alegada perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal

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Federal (STF), pois estes Tribunais são consideradas como Instâncias Especiais e Extraordinárias. Falamos sobre este assunto na aula passada. Mas é sempre interessante recordar.

C.04) Alternativa incorreta: letra “c”. É de 04 (quatro) anos o prazo para a alegação de anulação (e não de nulidade absoluta, como na questão) de um Negócio Jurídico. Lembrem-se de que este prazo é decadencial (art. 178, CC) e não prescricional. A alternativa menciona “negócio nulo”. Porém este não é suscetível de confirmação e nem se convalesce pelo decurso de tempo. A letra “a” está correta, pois o Código Civil admite a conversão do negócio jurídico nulo em outro de natureza diferente (art. 170, CC), para que tenha validade e eficácia; trata da aplicação da teoria da conservação do negócio jurídico. É necessário que os contratantes queiram o outro contrato, se souberem da nulidade daquele que celebraram. A vontade das partes, no caso concreto, estaria preservada e o negócio seria então requalificado. A letra “b” também está correta; é o que prevê o art. 184, CC. Há outras questões que tratam deste tema mais adiante. Por exemplo: eu fiz um contrato de locação, que continha uma cláusula prevendo a fiança. Posteriormente (por algum motivo qualquer – incapacidade do fiador) declara-se a nulidade da fiança; isto não trará como consequência a nulidade de todo o contrato de locação. A fiança é uma parte destacável do contrato de locação; assim, a invalidade dela não atingirá o contrato principal. Trata-se, mais uma vez, da aplicação da teoria da conservação. A letra “d” também está correta. Um negócio jurídico anulável pode ser convalidado de forma expressa (ex: pai que fornece a assistência depois do negócio concretizado; é a ratificação expressa) ou de forma tácita (ex: não se alega a anulabilidade no prazo de quatro anos; assim não procedendo, operou-se a decadência, isto é não se poderá, nunca mais, alegar este vício; portanto o ato se convalidou pela inércia do interessado – é a ratificação tácita, pois o ato se convalidou pelo decurso de tempo). Também a letra “e” está correta; se a nulidade relativa de um negócio se der pela falta de autorização de terceiro (ex: outorga do outro cônjuge para a venda de um imóvel; assistência dos pais para a vende de um imóvel do relativamente incapaz, etc.), passará a ter validade se, posteriormente, tal anuência se der.

C.05) Alternativa correta: letra “e”. Estão corretas as afirmações I e IV. A afirmação I está correta, pois se trata do previsto no art. 167, CC. A afirmativa II está errada, pois o negócio que tiver por objetivo fraudar a lei é nulo (art. 166, VI, CC). A afirmação III está errada, pois o erro de direito somente vicia o negócio jurídico excepcionalmente e mesmo assim, é anulável (art. 139, III, CC). A afirmação IV está correta, pois o negócio celebrado em estado de perigo é anulável (art. 156 combinado com o 171, II, CC). Finalmente a afirmação V está errada, pois a lesão também é caso de anulação (art. 157 c.c. 171, II, CC).

C.06) Alternativa correta: letra “b”. O art. 178, CC determina que o prazo para se pleitear a anulação do negócio jurídico é decadencial.

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C.07) Alternativa correta: letra “a”. É o que dispõe expressamente o art. 179, CC. A letra “b” está errada, pois o ato nulo não pode ser convalidado, confirmado ou ratificado (art. 169, CC); no entanto o ato anulável pode (art. 172, CC). A alternativa “c” está errada, pois simulação é hipótese de nulidade e não anulação do ato (art. 167, CC). A letra “d” está errada, pois na simulação, o negócio jurídico dissimulado subsistirá quando o mesmo for válido quanto à substância e a forma (art. 167, CC). Sobre este tema, revejam o exemplo dado em aula. Finalmente a letra “e” também está errada, pois o art. 176, CC permite a convalidação de ato anulável, com a apresentação posterior da autorização.

C.08) Alternativa correta: letra “a”. O art. 166, CC arrola diversas hipóteses de nulidade do negócio jurídico. Uma delas é o apontado pela alternativa, embora com uma redação um pouco diferente. Confiram o inciso VII: “a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção”. A letra “b” é caso de dolo recíproco; quando isso ocorre nenhuma das partes pode alegar o vício para anular negócio (art. 150, CC). A letra “c” é hipótese de lesão (art. 157, CC) e a “d” de estado de perigo (art. 156, CC), sendo ambos casos de anulação do negócio (e não de nulidade), conforme o art. 171, II, CC. Finalmente a letra “e” trata do negócio celebrado por relativamente incapaz (art. 4°, III, CC), sendo também hipótese de anulação do negócio (art. 171, I, CC).

C.09) Alternativa correta: letra “a”. O art. 180, CC prevê que o menor, entre 16 e 18 anos, não pode, para se eximir de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirida pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. Portanto, neste caso, o menor não se exime da obrigação assumida. Lembrando que eximir significa desobrigar, dispensar. A alternativa “b” está errada, pois tanto o estado de perigo como a lesão são defeitos do negócio jurídico, que podem levar a anulação do mesmo e, por isso, não podem ser equiparados ao estado de necessidade que é uma hipótese de exclusão do ato ilícito (conforme art. 188, II, CC). Além do mais, na base do estado de perigo há o risco pessoal (sua vida, sua família, etc.) e na lesão há o risco patrimonial (e não o contrário como na questão). A letra “c” está errada, pois o art. 136, CC prevê que somente o erro substancial ou essencial (e não o acidental, que incide sobre aspectos secundários) induz a anulação do negócio. A letra “d” está errada, pois o art. 215, caput, CC diz exatamente o contrário, ou seja, a escritura pública, sendo documento dotado de fé pública, faz prova plena sobre um determinado fato. Finalmente a letra “e” também está errada, pois o Código Civil admite a conversão do negócio jurídico nulo em outro de natureza diferente (art. 170, CC), desde que o nulo contenha os requisitos do outro. Lembrando que a expressão novel significa novo.

C.10) Alternativa correta: letra “a”. Somente a afirmativa I está correta. O art. 166, CC arrola as hipóteses de nulidade absoluta do negócio jurídico (ato nulo). E o inciso V determina que quando for preterida alguma solenidade essencial o ato será considerado nulo, portanto esta afirmativa está correta. As afirmativas II e III estão erradas, pois embora a simulação também seja

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hipótese de nulidade absoluta do negócio (art. 167, CC), o erro, o dolo, a coação e a fraude contra credores (além do estado de perigo e da lesão) são hipóteses de anulação (art. 171, II, CC). O ato praticado por relativamente incapaz também é hipótese de anulação (art. 171, I, CC) e por isso a afirmação IV também está errada.

C.11) Alternativa correta: letra “e”. Notem inicialmente, que esta questão mistura assuntos que já foram tratados em aulas anteriores, mas também de temas que falaremos em aula posterior. A letra “e” trata da fraude contra credores, sendo texto literal do art. 158, CC. A fraude contra credores é uma prática maliciosa do devedor, desfalcando seu patrimônio, com a finalidade de colocá-lo a salvo de uma ação de cobrança, prejudicando assim, eventuais credores desta pessoa. Estes atos são anuláveis. A alternativa “a” está errada, pois o art. 191, CC prevê que a renúncia da prescrição poderá ser expressa ou tácita. A alternativa “b” está errada, pois o art. 178, CC determina que é de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: a) no caso de coação, do dia em que ela cessar; b) no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; c) no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. Já o art. 179, CC determina que quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. A letra “c” está errada, pois, conforme veremos na próxima aula, o art. 187, CC prevê que também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. A alternativa “d” está errada, pois o art. 168, parágrafo único, CC permite ao Juiz conhecer de ofício as nulidade absolutas, mas ele não pode supri-las, ainda que a requerimento das partes. Ou seja, uma nulidade absoluta não pode ser convalidada nem mesmo pelo Juiz e nem se convalesce pelo decurso de tempo.

C.12) Alternativa correta: letra “c”. O ato jurídico é o fato jurídico que decorre de uma ação humana. Subdivide-se em ato jurídico em sentido estrito (delineado pela lei quanto à forma e cujos efeitos decorrem também da lei, com mínima margem de deliberação das partes) e negócio jurídico (onde há maior liberdade de deliberação na fixação dos termos e das decorrências jurídicas). Observem que o examinador utilizou a expressão “incapazes”, não se referindo se é o absolutamente ou o relativamente incapaz. Há inúmeras hipóteses em que um incapaz (relativamente) pratica um ato sem assistência e este ato gera efeitos. O ato somente perderá sua eficácia se a outra parte requerer a anulação. Se não o fizer o ato continua operante. E após quatro anos contados do momento em que cessa a incapacidade ocorre a decadência (art. 178, III, CC). Neste caso, mesmo que o ato fosse anulável a princípio, não poderá mais ser anulado, pois a parte perdeu o prazo para requerer a anulação do mesmo. A alternativa “a” está errada, pois, sendo a pessoa absolutamente incapaz o negócio por ela realizado é nulo de pleno direito (art. 166, I, CC). E os negócios

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nulos não podem ser convalidados, seja pela ratificação, seja pelo decurso de tempo (art. 169, CC). A letra ”b” está errada, pois o art. 166, incisos IV e V, CC assim determinam. No entanto, mesmo não sendo o caso da questão, é conveniente lembrar que o art. 170, CC prevê que se o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. Trata-se da Teoria da Conservação. A letra “d” está errada, pois no Negócio Jurídico o essencial é a vontade das partes (e não da lei como no ato jurídico em sentido estrito). Finalmente a letra “e” está errada, pois pelo art. 179, CC o prazo genérico para pleitear-se a anulação de um negócio, na omissão da lei é de dois anos (e não de quatro como na alternativa).

C.13) Alternativa correta: letra “b”. Como vimos nas questões anteriores, o art. 179, CC dispõe que: “Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato”.

C.14) Alternativa correta: letra “d”. Nos termos do art. 169, CC, o negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação e nem se convalesce pelo decurso de tempo. No entanto o Código Civil admite a conversão do negócio jurídico nulo em outro de natureza diferente (conforme o seu art. 170), para que tenha validade e eficácia. Trata da aplicação da teoria da conservação (pois visa a manutenção da vontade). No entanto é necessário que o negócio nulo contenha os requisitos de outro contrato. Neste caso subsistirá este, quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. Exemplo: partes celebram contrato de compra e venda de um imóvel por meio de instrumento particular; o negócio seria nulo (nulidade absoluta – vício de forma), pois uma compra e venda de um imóvel exige que seja feito por instrumento público (escritura – imóveis com valor superior a 30 salários mínimos). No entanto este contrato inicial pode ser salvo, aplicando-se a teoria da conservação: basta considerá-lo como sendo uma promessa de compra e venda (e não um contrato de compra e venda, propriamente dito). Notem que as demais alternativas estão erradas. A letra “a” prevê a conversão apenas em caso de negócio anulável e o art. 170, CC fala em negócio nulo. A letra “b” está errada, pois como vimos a conversão tem previsão expressa no Código Civil. A letra “c” também está errada, pois afirma ser aplicável à fraude contra credores, o que não é o caso.

C.15) Alternativa correta: letra “e”. O art. 119, CC prevê que é anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou. Lembrando que o prazo decadencial para a anulação do ato é de 180 dias a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade. A alternativa “a” está errada, pois enquanto o dolo essencial é causa de anulação do negócio, o dolo acidental não afeta a declaração de vontade, não acarretando a sua anulação (gera apenas a obrigação de satisfação de eventuais perdas e

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danos). A alternativa “b” está errada, pois o pagamento antecipado de dívida, por si só não é fraude. Mas se o devedor insolvente paga dívida ainda não vencida em detrimento de outras que já se venceram, frustrando a igualdade entre os credores, há fraude contra credores. A letra “c” está errada, pois a simulação é causa de nulidade do negócio jurídico (art. 167, CC). A letra “d” está errada, pois nos termos do art. 169, CC o negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso de tempo.

C.16) Alternativa correta: letra “b”. Notem que a questão deseja que se aponte a alternativa em que não há uma nulidade absoluta. E a única hipótese é a do negócio celebrado por pródigo. Esta pessoa é relativamente incapaz. Por isso deve ser assistida. Se assim não for o negócio será anulável (e não nulo), nos termos do art. 171, I do CC. As demais hipóteses estão previstas no art. 166, CC, que aponta os casos de nulidade absoluta do negócio jurídico.

C.17) Alternativa correta: letra “c”. É a única alternativa que trata de uma hipótese de nulidade do negócio jurídico (art. 166, VI, CC). As demais são hipóteses de anulabilidade do negócio, previstas nos art. 171, I e II, CC).

C.18) Alternativa correta: letra “e”. Na questão são causas de nulidade absoluta: objeto impossível ou objeto indeterminável (art. 166, II, CC), simulação (art. 167, CC) e objetivo de fraudar lei imperativa (art. 166, VI). As demais (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão) são hipóteses de anulabilidade (nulidade relativa), nos termos do art. 171, II, CC.

C.19) Alternativa correta: letra “d”. É o que determina os arts. 168 e 169, CC. A letra “a” está errada, pois a forma especial de um negócio jurídico é um elemento especial do contrato; além disso, sua inobservância gera a nulidade do ato (art. 166, V, CC). A letra “b” está errada, pois o ato praticado pelo relativamente incapaz sem assistência é anulável (art. 171, I, CC). A letra “c” está errada. A expressão latina ipso iure significa “em decorrência do direito”. Em uma tradução mais liberal, seria aquilo que se opera por si só. Ela é utilizada para representar uma situação em que não é necessária uma decisão judicial para a constatação de um fato. No caso a afirmação está errada, pois para anular um negócio jurídico é necessário um pronunciamento do Juiz. Observem o que diz o parágrafo único do art. 168, CC “as nulidades devem ser pronunciadas pelo Juiz...” Finalmente a letra “e” está errada, pois veremos na próxima aula que os elementos indispensáveis para a configuração de um ato ilícito são: conduta, danos e nexo causal.

C.20) Alternativa correta: letra “d”. O negócio tem existência fática, pois foi elaborado um contrato de compra e venda, sendo entregue a quantia combinada e recebido a quitação (recibo). No entanto a transmissão da propriedade imóvel só ocorre por meio do Registro da escritura pública. No problema não foi feita a escritura e muito menos o registro desta. O art. 104, CC, exige, para que o negócio jurídico tenha validade, entre outros requisitos, a

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forma prescrita (ou não defesa em lei). Além disso, o art. 1.245, CC estabelece que “Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis. §1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel”. Por último, o art. 166, IV, CC. Determina que é nulo o negócio que “não revestir a forma prescrita em lei”. Concluindo: o negócio existe de fato. Porém é considerado nulo, pois não foi respeitada a forma prevista em lei.

C.21) Alternativa incorreta: letra “a”. O que está errado nesta alternativa é a sua parte final “ainda que se trate de caso de indivisibilidade”. Na realidade, o art. 177, CC prevê o contrário, ou seja, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade. Ou seja, como regra a alegação de anulação só aproveita a quem alegou este fato. Mas se a obrigação é solidária ou indivisível, esta alegação também beneficia os demais que não a alegaram. As demais alternativas estão corretas: letra “b” (art. 168 e 169, CC); letra “c” (art. 172, CC); letra “d” (art. 171, CC) e letra “e” (art. 175, CC).

C.22) Alternativa incorreta: letra “b”. De fato, se as partes ratificarem o ato, este será confirmado e se convalida (art. 172, CC). O atual Código não é expresso, porém a doutrina entende que havendo a convalidação, esta retroage desde a prática do ato (efeito ex tunc). A letra “a” está correta nos termos do art. 183, CC. A letra “c” está correta, pois o art. 171, CC, entre outras causas previstas no Código, prevê como passível de anulação (nulidade relativa): a incapacidade relativa do agente (art. 4o, CC), os vícios de consentimento (erro, dolo, coação moral, lesão e estado de perigo) e os vícios sociais (fraude contra credores). A letra “d” está correta nos termos do art. 184, primeira parte, CC. Finalmente a letra “e” também está correta, nos termos do art. 181, CC.

C.23) Alternativa correta: letra “e”. Quatro afirmativas estão corretas (ou seja, todas elas). O item I está correto, nos termos do art. 105, CC. O item II está correto nos termos do art. 131, CC. O item III está correto nos termos do art. 167, CC. O item IV também está correto, nos termos do art. 171, I, CC.

C.24) Alternativa correta: letra “c”. Trata-se da aplicação do art. 168 e seu parágrafo único do CC. Lembrando que efeitos ex tunc são os que retroagem desde a prática do ato. A letra “a”, que trata do encargo, está errada por dois motivos. Primeiro porque o benefício vem acompanhado de um ônus à outra parte e não uma contraprestação. Caso contrário não seria uma liberalidade. Mas o principal é que segundo o art. 136, CC, o encargo não suspende a aquisição e nem o exercício do direito. A letra “b” está errada, pois também possui três erros. Ela trata da reserva mental, prevista no art. 110, CC. Segundo este dispositivo a vontade manifestada de uma das partes subsiste, ainda que seu autor tenha feito a reserva de não querer aquilo que manifestou. Outra coisa: nem sempre na reserva mental há a intenção de prejudicar a outra parte. Finalmente: não se trata de um vício de consentimento, muito menos de erro, como mencionado na questão, pois o autor do ato sabia muito bem o que estava

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fazendo (ao contrário do erro, em que o autor do ato tem uma falsa noção sobre algo ou alguém). A letra “d” também está errada, pois o dolo de terceiro (art. 148, CC) possui previsão e tratamento diferenciado do dolo do representante (art. 149, CC). Finalmente a letra “e” também está errada, pois nos termos do art. 111, CC o silêncio importa anuência quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem e não for necessária a expressa declaração de vontade; no caso da questão o silencia não pode funcionar como manifestação positiva de vontade, até porque se trata de um contrato de adesão.

C.25) Alternativa correta: letra “d”. É o que determina os arts. 168, parágrafo único e 169 do Código Civil. A letra “a” está errada, pois o art. 119, CC determina que é anulável o negócio jurídico concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou. Assim, se não houve má-fé por parte do terceiro, se este não sabia do conflito, o negócio é considerado válido. A letra “b” está errada, pois o art. 113, CC prevê que os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. A letra “c” está errada, pois o art. 107, CC diz exatamente o contrário: a validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.

D) PROVA DO NEGÓCIO JURÍDICO

D.01) Alternativa correta: letra “a”. Apesar da questão estar se referindo ao reconhecimento de filhos (tema de Direito de Família) na realidade ela trata sobre a forma dos Atos Jurídicos. O art. 107, CC prevê que a validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. Ou seja, em regra a forma é livre. No entanto, para se realizar um reconhecimento, como a própria questão já indica, não se pode fazê-lo livremente. A lei prevê expressamente forma especial. Outra coisa. Muitos atos só podem ser realizados de uma única forma (ex: a compra e venda de um imóvel somente pode ser feita por escritura pública). No entanto o reconhecimento de filho, como a própria questão também menciona, pode ser realizado de diversas maneiras. Portanto ele é plural. Daí a resposta correta: especial (e não geral), pois a lei impõe a forma como deve ser feita e plural, pois a lei admite várias formas para se realizar o ato.

D.02) Alternativa correta: letra “b”. Plural.

D.03) Alternativa correta: letra “d”. Sobre a confissão podemos dizer que: a) nos termos do art 212, inciso I do CC um negócio jurídico pode ser provado por meio da confissão (salvo se a ele se impõe uma formalidade especial); b) o art. 213, CC prevê que não tem eficácia a confissão se provém de quem não é capaz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados; c) o art. 214,

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CC dispõe que a confissão é irrevogável, mas poderá ser anulada se ela decorreu de erro de fato ou de coação. As demais alternativas estão corretas.

D.04) Alternativa correta: letra “e”. A questão pode ser considerada bem difícil. Trata-se de texto literal do Código Civil. E o que está errado na alternativa é apenas um detalhe, uma palavra. A letra “e” está correta, pois tem previsão expressa no art. 105, CC. A letra “a” está errada, pois o art. 124, CC determina que são inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas (e não suspensivas como na questão) e as de não fazer coisa impossível. Esta alternativa, apesar da previsão expressa na lei tem pouca aplicabilidade prática. Por isso, quando este artigo do Código cai em um exame, percebemos que a intenção do examinador não é avaliar o conhecimento de um candidato, mas “derrubá-lo”. A letra “b” está errada, pois o valor correto seria superior a 30 vezes o maior salário mínimo vigente (e não 10 como na questão). Trata-se de uma inovação no Direito, tem bastante aplicabilidade e vem caindo bem nos concursos em geral. A letra “c” está errada, pois o sentido é exatamente o contrário. O silêncio poderá ter valor jurídico, importando em anuência (art. 111, CC), se a lei assim o determinar, como na doação pura, onde o silêncio do beneficiário é considerado como aceitação, tornando o contrato perfeito. Alternativa importante, com aplicação prática e que costuma cair. A letra “d” também está errada, pois nesta situação o negócio jurídico será anulável (e não nulo), conforme o art. 119, CC.

D.05) Alternativa incorreta: letra “a”. O art. 111, CC prevê que o silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. A letra “b” está prevista no art. 109, CC. A letra “c” está prevista no art. 106, CC. A letra “d” está prevista no art. 107, CC. A alternativa “e” está prevista no art. 104, CC.

D.06) Alternativa correta: letra “e”. Questão capciosa, pois todas as alternativas contêm um item que as tornam incorretas. O item I está errado, pois a confissão, realmente, é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato ou coação (art. 214, CC). O item II está errado, pois o art. 221, parágrafo único, CC prevê que a prova do instrumento particular pode suprir-se pelas outras de caráter legal. O item III está errado, pois não podem ser admitidos como testemunhas os menores de 16 anos (e não 18 anos como na questão – art. 228, CC). O item IV também está errado, pois o valor máximo é de 10 salários mínimos (e não 20 como na questão – art. 227, CC).

D.07) Alternativa correta: letra “c”. O art. 122, CC determina que são lícitas todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes. Entre as condições defesas (proibidas) se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes. A letra “a” está errada, pois o art. 107, CC determina que a validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. A letra “b” está errada, pois o art. 130, CC determina

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que ao titular de direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo. A letra “d” também está errada, pois o artigo 109 determina que no negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem o instrumento público, este é da substância do ato; ou seja, o ato não poderá se celebrado, mesmo que os contratantes sejam todos capazes.

D.08) Alternativa incorreta: letra “d”. Os bens públicos de uso comum do povo, em regra são gratuitos. Porém não perdem a característica de “uso comum” se o Estado regulamentar seu uso, ou torná-lo oneroso, como por exemplo, a cobrança de pedágio nas rodovias. Esta questão mistura diversos temas que já vimos. Mas ela é interessante, pois estaremos relembrando temas importantes. Vejamos. A letra “a” se refere a aula de hoje e está correta, pois é o texto literal do art. 113, CC. A letra “b” está correta, pois trata de algumas das hipóteses de emancipação, previstas no parágrafo único do art. 5o, CC. A letra “c” está correta, pois trata da comoriência, prevista no art. 8o, CC. E finalmente a letra “e” também está correta, nos termos do art. 52, CC.

D.09) Alternativa incorreta: letra “b”. Na realidade, regra é de que os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início. Portanto a questão estaria correta. No entanto o art. 132, §3°, CC faz uma ressalva: se faltar exata correspondência, recairá no dia imediato. Exemplo: fiz um contrato de ano no dia 29 de fevereiro (ano bissexto). No ano seguinte não haverá o dia 29 de fevereiro. Logo o vencimento recairá no dia 1° de março. Outro exemplo: fiz um contrato de mês no dia 31 de maio. Não existe o dia 31 de junho. Portanto recairá no dia 1° de julho. Conclusão: a palavra “sempre” tornou a alternativa errada. A letra “a”, que trata da interpretação dos negócios jurídicos, está correta nos termos dos arts. 113 e 114, CC. A letra “c” está correta nos termos do art. 137, CC. A letra “d” está correta (art. 132, §4°, CC), bem como a letra “e” (art. 157, CC).

D.10) Alternativa correta: letra “a”. Presunção simples ou hominis. Recordando, são espécies de presunção: a) absoluta ou juris et de jure – não admite prova em contrário; b) relativa ou juris tantum – admite prova em contrário; e c) simples, comum ou hominis – baseia-se na experiência de vida e fica a critério do Juiz (exemplo clássico: o amor familiar presume que a mãe não queira prejudicar seu filho).

CERTO OU ERRADO

Questão 01

a) Certo. Vícios de consentimento: erro, dolo, coação moral, estado de perigo e lesão. Vício social: fraude contra credores. A simulação esta no capítulo referente à invalidade do negócio jurídico.

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b) Errado. O negócio jurídico somente é anulável se o erro for essencial ou substancial (art. 138, CC). Em sendo acidental o negócio é válido.

c) Certo. A causa determinante é um dos requisitos para a anulabilidade do negócio jurídico realizado com dolo (art. 145, CC).

d) Errado. No caso concreto, mesmo se tratando de uma senhora com setenta anos de idade, não se caracterizou em coação, pois a “ameaça” de se ingressar com uma ação judicial, na realidade, é considerado como exercício regular de um direito, excluindo, portanto, a coação (art. 153, CC).

e) Errado. O erro (essencial), o dolo (essencial) a coação (moral), o estado de perigo, a lesão e a fraude contra credores são atos anuláveis (art. 171, II, CC). Nestes casos o Juiz não pode declarar a anulação de ofício; depende de alegação da parte interessada. Já a simulação é hipótese de nulidade do ato (art. 167, CC), sendo que neste caso o Juiz deve pronunciá-la de ofício (art. 168, parágrafo único, CC).

Questão 02

a) Errado. A fraude contra credores é um vício social que gera a anulabilidade do negócio jurídico. São atos que desfalcam o patrimônio do devedor, evitando uma futura execução. A insolvência notória ou com motivo para ser conhecida são requisitos essenciais para configuração da fraude contra credores quando os atos que desfalcam o patrimônio do devedor forem a título oneroso (art. 159, CC). Se o ato for de liberalidade, como uma doação (art. 538, CC) ou a remissão (perdão) de dívidas (art. 385, CC) não se exige estes requisitos (não é necessário nem mesmo que o devedor esteja em situação de insolvência, desde que os atos de liberalidade o reduzam a tal).

b) Certo. Os negócios jurídicos realizados por relativamente incapazes são anuláveis (art. 171, I, CC). Estes, ao contrário dos atos nulos, podem se convalescer no tempo, como no exemplo de escoar o prazo decadencial para ser alegado (arts. 178 e 179, CC). Além disso, podem ser confirmados pelas partes (art. 172, CC), tendo eficácia até a sentença que declara a anulabilidade.

c) Certo. O negócio jurídico nulo, ao contrário do anulável, é insuscetível de convalidação ou de confirmação (art. 169, CC). Todavia, pode o negócio jurídico nulo se converter em outro válido quando este não for proibido legalmente e estando presentes os requisitos do novo negócio e desde que haja a intenção dos contratantes em efetivá-lo (art. 170, CC). Assim, o negócio jurídico nulo não pode ser confirmado e nem se convalesce no tempo, mas pode se transformar em outro negócio estando presentes os requisitos de forma e substância do novo contrato, havendo a intenção das partes e desde que não haja proibição legal.

Questão 03

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a) Certo. O art. 178, I, CC prevê que é de 04 (quatro) anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado, no caso de coação, do dia em que ela cessar.

Questão 04

a) Certo. Trata-se dos requisitos da fraude contra credores previstos no art. 158, CC.

b) Errado. A afirmação, sob o ponto de vista do Direito Civil aparentemente está correta, pois afirma que o Juiz pode reconhecer a prescrição sem ser provocado (o réu se manteve inerte), mesmo que se trate de direitos patrimoniais. Quanto à renúncia da prescrição, de fato só pode ser feita após a sua consumação; porém cabe apenas um complemento: ela somente será válida se for realizada sem prejuízo de terceiros (art. 191, CC). No entanto o grande erro desta afirmação está no âmbito do Direito Processual Civil (um pouco fora de nossa matéria). O Juiz, quando reconhece a prescrição, está extinguindo o processo com (e não sem) resolução de mérito. Isto por força do art. 269, inciso IV do Código de Processo Civil.

c) Errado. A condição, nos termos do art. 121, CC subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.

Questão 05

a) Errado. Vendaval significa vento forte e tempestuoso, temporal.Trata-se, portanto, de um evento da natureza. Logo, não é um negócio jurídico, pois neste há um ato praticado pelo homem. Tecnicamente o vendaval pode ser classificado como sendo um Fato Jurídico Natural ou Fato Jurídico Stricto Sensu (Sentido Estrito), extraordinário (pois está ligado ao caso fortuito ou à força maior).

b) Certo. Trata-se do disposto no art. 130, CC.

c) Errado. A questão estaria correta, nos termos do art. 108, CC, a não ser por um detalhe: o valor estipulado na lei é de 30 vezes o maior salário mínimo vigente no País (e não 60 como na afirmativa).

Questão 06

a) Certo. Trata-se do instituto da lesão previsto no art. 157 e parágrafos do CC.

b) Errado. De fato, a vontade interna deve corresponder à declaração exteriorizada. Quando surge divergência entre ambas, ocorre a simulação, tornando o negócio nulo. No entanto, no caso de reserva mental, se o destinatário não tinha conhecimento da verdadeira intenção da outra parte, a manifestação de vontade subsiste (art. 110, CC). Portanto, neste caso o negócio jurídico não é nulo.

Questão 07

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a) Errado. O aspecto errado da afirmação é que na lesão a consequência é a anulabilidade do negócio e não a sua nulidade, conforme o art. 171, II, CC.

b) Certo. Trata-se de um ótimo e completo esclarecimento acerca do instituto da conversão prevista no art. 170, CC.

c) Certo. Trata-se do texto do art. 181, CC. Ou seja, se uma pessoa celebra um contrato com um incapaz e este negócio é anulado, o incapaz não será obrigado a restituir eventual quantia paga. Exceto se a outra pessoa provar que a quantia reverteu em proveito do próprio incapaz.

I) Estabeleça a Associação:

01 = e (Lesão - art. 157, CC); 02 = g (Fraude contra Credores - art. 158, CC); 03 = b (Dolo - art. 145, CC); 04 = f (Simulação - art. 167, CC); 05 = c (Coação - art. 151, CC); 06 = a (Erro ou Ignorância - art. 138, CC) e 07 = d (Estado de Perigo - art. 156, CC).

II) Estabeleça Associação:

01 = c (condição casual); 02 = b (condição resolutiva); 03 = e (termo); 04 = f (modo ou encargo); 05 = d (condição potestativa); 06 = a (condição suspensiva simples).

Meus Amigos e Alunos

Vejamos agora algumas propostas para pequenas dissertações (com gabarito logo a seguir) sobre o que foi visto na aula. Recomendamos, no mínimo, a leitura da indagação com sua respectiva resposta, o que, por si só, já constitui numa excelente forma de recordação e estudo, reforçando e complementando o que foi visto em aula. Além disso, é uma ótima forma de desenvolver o poder de síntese e de redação do aluno, sendo um excelente exercício prático. Vamos então a elas.

DISSERTAÇÕES

01) Antônio, residindo em uma cidade do interior, é também proprietário de um terreno na praia. Anualmente ele vai para lá, efetua os pagamentos dos tributos, providencia a limpeza e a conservação do mesmo. Na sua última visita percebeu que alguém construiu uma casa em seu terreno. Dirigiu-se ao Registro de Imóveis e verificou a existência de uma escritura de compra e venda lavrada em favor de Pedro. Ficou constatado que alguém se passou por Antônio e de posse de documentação falsificada vendeu o imóvel para Pedro. O ato praticado por Pedro pode ser considerado como Negócio Jurídico? Por quê?

Resposta: De acordo com o art. 104, CC a validade de um contrato requer agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei. No caso concreto o objeto não é lícito, uma vez

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que a escritura pública foi realizada mediante documentos falsos. Faltando um dos elementos constitutivos do negócio jurídico este não pode ser considerado como válido. No caso ocorreu uma nulidade absoluta (objeto ilícito – art. 166, II, CC), não produzindo qualquer efeito jurídico.

02) Manoel, com 17 anos de idade, recebeu um terreno de herança de seu tio e decidiu vendê-lo. Ciente de que seu vizinho tinha interesse na compra do terreno, enviou-lhe, por correspondência, uma proposta, com preço determinado. Manoel deu prazo de 30 dias para a aceitação do negócio e ainda informou que caso o vizinho não se manifestasse no prazo, implicaria em uma aceitação tácita. Pergunta-se: Caso o vizinho não se manifeste no prazo dado, haverá o negócio jurídico? Por quê?

Resposta: A omissão do vizinho não faz com que o negócio seja reputado como perfeito. Inicialmente deve ser esclarecido que Manoel tem apenas 17 anos, portanto relativamente capaz (art. 4o, I, CC), sendo que necessitava de assistência para o ato, sob pena de anulabilidade (art. 171, I, CC). Outra coisa: A manifestação de vontade para a realização de vontade deve ser expressa. O art. 111, CC prevê que o silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. Portanto, em direito não se aplica o ditado “quem cala consente”. Assim, o silêncio (forma tácita) somente será admissível se a lei assim o determinar, em circunstâncias especialíssimas. No caso concreto não há previsão permitindo a conduta. Portanto não se pode falar em existência de negócio jurídico.

03) José e Maria se casaram. Três meses após a celebração Maria descobre que José possui extensa folha de antecedentes criminais, inclusive ligado a roubo e tráfico de entorpecentes. Após a descoberta do fato, Maria, sentindo-se enganada, não desejava mais ficar ligada a José, tornando insuportável a vida em comum. Qual a providência a ser tomada pelo advogado de Maria?

Resposta: No exemplo dado ocorreu uma hipótese típica de erro essencial quanto à pessoa do outro cônjuge, permitindo a anulação do casamento. Trata-se da aplicação dos arts. 138 e seguintes combinados com os arts. 1.556 (O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro) e 1.557, incisos I e II (Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal), todos do CC. Somente o cônjuge enganado pode requerer a anulação do casamento, no prazo decadencial de três anos (art. 1.560, inciso III, CC), a contar da data da celebração do casamento (e não do momento em que Maria soube dos antecedentes de José). O erro sempre deve ser referente a um fato existente antes do casamento e que o cônjuge somente veio a conhecer depois da celebração.

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04) André estava pescando e caiu em um rio com fortes correntezas, perdendo os sentidos, mas sendo salvo por Carlos. No hospital lhe informaram que José teria sido o seu salvador. André, ciente do fato, doou a José um carro. Dois meses depois descobre quem foi o seu verdadeiro salvador (Carlos) e pretende anular a doação anterior. Pergunta-se: A anulação pretendida é possível? Fundamente.

Resposta: É possível a anulação do ato nos termos do art. 139, II, CC combinado com o art. 171, II, CC. Isto porque a lei considera erro essencial em relação à identidade da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante. Foi o que ocorreu no caso. André somente fez a doação porque pensava que José fosse seu salvador. Neste caso o erro é chamado pela doutrina de “erro quanto ao fim colimado ou por falsa causa”.

05) Carlos sofreu um grave acidente automobilístico sendo levado urgentemente ao hospital mais próximo do local do evento. Este hospital, que é particular, recebe o paciente, mas exige naquele momento, de sua esposa Maria, um cheque-caução de valor exorbitante e totalmente desproporcional. Diante da situação Maria acaba fornecendo a garantia. Feitos os exames verifica-se que todas as lesões sofridas são leves. Mesmo assim o hospital determina que o fique em suas dependências para observação. Posteriormente alega o hospital que não devolverá o cheque, pois serviu para as despesas no hospital. Tal garantia pode ser anulada? Qual o fundamento para isto?

Resposta: Sim, a garantia pode ser anulada judicialmente, pois a entrega do cheque-caução se deu sob o vício “estado de perigo”, previsto no art. 156, CC. Maria, necessitando dos préstimos do hospital para salvar a vida de seu marido, acabou assumindo obrigação excessivamente onerosa. No caso concreto é de se salientar que Maria não errou e nem não foi induzida a erro ou mesmo coagida, mas pelas circunstâncias do evento específico foi compelida a celebrar um negócio que lhe era extremamente desfavorável. É esta a orientação que nossos Tribunais têm fornecido a respeito do tema. Além disso, as despesas realizadas com Carlos foram bem inferiores ao exigido.

06) “A” com 19 anos foi a uma joalheria comprar uma peça para sua noiva. “B”, que também está na loja, instiga e convence o comprador da raridade de um anel, dizendo até que pertenceu a uma princesa. “C”, o vendedor, ouviu o teor da conversa, sabendo que as qualidades propaladas eram falsas. Porém se calou. “A”, encantado com as qualidades do objeto, o comprou, mas posteriormente descobriu que o anel comprado não tem nada de raro e não pertenceu a princesa alguma. Há alguma possibilidade de se anular o ato? Qual o fundamento?

Resposta: Há possibilidade de se anular o ato, posto que o mesmo foi realizado por dolo de terceiro, nos termos do art. 148, CC: Também pode ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite (no caso “C”)

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dele tivesse ou devesse ter conhecimento. Além disso, nos termos da segunda parte deste mesmo dispositivo, cabe ação de indenização contra “B”: ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.

07) Antônio é solteiro, não tem descendentes ou ascendentes (logo não tem herdeiros necessários como é visto no Direito das Sucessões). Deseja realizar uma doação a um de seus sobrinhos, mas não quer que este negócio jurídico surta efeitos de imediato, mas sim apenas no futuro. Explique a diferença prática entre uma condição suspensiva e um termo inicial neste contrato de doação.

Resposta: Condição é a cláusula que subordina o efeito do ato jurídico a evento futuro e incerto. Antes de se realizar a condição, o ato é ineficaz. Os requisitos para a condição são a futuridade e a incerteza. O titular de direito eventual pode exercer os atos destinados à conservação do direito. Uma das espécies de condição é a Suspensiva (art. 125, CC). Esta é uma condição cuja eficácia do ato fica suspensa até a realização do evento futuro e incerto. Pendente a condição, não há direito adquirido, mas uma expectativa de direito ou um direito eventual. Termo é a cláusula que subordina o efeito do ato jurídico a um evento futuro e certo (embora a data deste evento possa ser determinada ou indeterminada). É o dia em que começa e/ou se extingue a eficácia do negócio jurídico. Trata-se do termo inicial (art. 131, CC) se o negócio jurídico fixar o momento em que a eficácia do negócio deve iniciar, retardando o exercício do direito. No termo inicial já há o direito adquirido (diferentemente da condição suspensiva, onde há apenas uma expectativa de direito). Não se suspende a aquisição do direito, que surge imediatamente, mas só se torna exercitável posteriormente, com a ocorrência do evento futuro e certo. A grande diferença prática é que se uma lei nova posterior proibir a doação ao sobrinho após a assinatura do contrato de doação sob termo inicial, a doação em si está garantida, pois o direito adquirido está resguardado de alterações legais. Esta garantia não há na condição, pois não há direito adquirido.

08) Antônio é proprietário de um sítio e se compromete com seu caseiro José a lhe doar toda a plantação de milho caso seu time de futebol vença o campeonato. De fato seu time foi para a final, mas esta partida ainda não foi jogada. José achando que o título já é uma “barbada”, se antecipa e colhe todo o milho da propriedade, vendendo-o. Questionado judicialmente, alega exercício regular de direito. A alegação é pertinente?

Resposta: Não. José não poderia agir desta forma. Antônio realizou um negócio jurídico, mas impôs uma condição (arts. 121 e seguintes, CC), sendo que esta ainda não foi realizada. Trata-se de uma condição suspensiva (a eficácia fica suspensa até a realização do evento futuro e incerto) e casual (não depende da vontade das partes). Enquanto a condição não se verificar, não se terá adquirido o direito e, portanto, não se poderá alegar exercício regular do direito. José agiu de forma ilícita (art. 189, CC) e pode sofrer ação de indenização.

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09) Carlos é um advogado em início de carreira. Foi contratado por Bernardo para uma causa trabalhista contra uma famosa empresa. Ambos pactuaram que Bernardo somente pagaria os honorários advocatícios caso a ação fosse procedente. Combinaram 30% sobre o valor da causa, sendo que este ainda deveria ser atualizado a partir da distribuição da ação até a data do efetivo pagamento pelo índice que melhor refletir a inflação da época, índice este escolhido por Carlos quando do pagamento. Pergunta-se: é possível identificar algum elemento acidental no negócio jurídico? E se os honorários fossem combinados da seguinte forma: R$ 5.000,00 fixo, a ser pago quando da audiência de instrução?

Resposta: O contrato inicial possui elemento acidental. No caso a condição, pois Carlos vinculou seus honorários a um evento futuro e incerto (eventual êxito da ação), nos termos do art. 121, CC. Trata-se de uma condição suspensiva (o pagamento está suspenso até a realização da condição) e potestativa (não depende de causas naturais). Aliás, o contrato possui outra condição potestativa que é a escolha, por parte de Carlos, do melhor índice de inflação na ocasião. Se os honorários fossem fixos e pagos quando da audiência, o elemento acidental passaria ser o termo (uma vez que o evento – a audiência – é futuro e certo), nos termos do art. 131, CC.

10) Paulo emprestou R$ 150.000,00 a Júlio. Este possui um apartamento no valor de R$ 120.000,00 e um carro no valor de R$ 50.000,00. Antes de vencer a dívida, Júlio, contente, porque seu único filho fez 18 anos e entrou na faculdade, doou seu carro a ele. Pergunta-se: Esta doação pode ser impugnada? E se Julio não tivesse a intenção de fraudar e não soubesse que o ato faria com que fosse reduzido à insolvência?

Resposta: A doação pode ser anulada por Paulo. No caso concreto ocorreu fraude contra credores, pois a doação do automóvel feita por Júlio o reduziu à insolvência, não tendo bens suficientes para saldar sua dívida. O negócio realizado foi a título gratuito (doação), por isso, nos termos do art. 158, CC, não se exige a prova da má-fé (consilium fraudis). Basta a prova da prática do ato danoso (eventus damni). Portanto, mesmo que o devedor ignore esta situação, o ato poderá ser anulado. A ação adequada para tanto é a “ação pauliana”.

11) Carlos deve a Daniel a importância de R$ 100.000,00, representado por uma nota promissória emitida no dia 10 de janeiro de 2009, com vencimento para o dia 10 de julho de 2009. Como a obrigação não foi cumprida no prazo, Daniel protestou o título e ingressou com ação de execução contra Carlos. No curso da ação Daniel descobriu que Carlos, no dia 10 de abril de 2009, doou a seu sobrinho João, o único bem livre e desembaraçado que possuía. Qual a medida judicial que o advogado de Daniel deverá adotar.

Resposta: No caso concreto ocorreu a fraude contra credores. Por isso a ação correta é a “Pauliana”. Notem que há uma “pegadinha” na questão. Uma das diferenças entre a fraude contra credores e a fraude a execução, é o momento

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em que a fraude foi realizada. Na primeira hipótese a fraude ocorre antes da propositura da ação e na segunda após a propositura da mesma. No caso concreto Daniel ficou sabendo da fraude após ter ingressado com a Ação de Execução. No entanto a fraude em si ocorreu antes da propositura da ação. Daí ser hipótese de ação pauliana. Lembrando que como houve uma doação, não é necessária a prova da má-fé.

12) Pedro, maior e capaz, tem uma viagem para o estrangeiro. Como necessita vender um imóvel, deixa uma procuração para João com fins específicos para vender o imóvel a “X”, com quem já havia conversado. Ocorre que João achou um outro interessado, “Y”, que ofereceu uma melhor proposta. João vendeu o imóvel para “Y”. Pergunta-se: É possível a aquisição de direitos por interposta pessoa? Em que situações? O negócio jurídico celebrado é válido?

Resposta: É possível a aquisição de direitos por interposta pessoa, como no problema fornecido. Trata-se do direito de representação, garantido no art. 115, CC. A representação é a relação jurídica pela qual certa pessoa se obriga diretamente perante terceiro, através de ato praticado em seu nome por um representante. Este dispositivo delimita as situações possíveis para a sua realização: conferido por lei ou pelo próprio interessado (mandato). No caso concreto João excedeu os poderes que lhe foram conferidos, vendendo o imóvel a pessoa a quem Pedro não havia determinado. Houve um conflito de interesses entre o representante e o representado. Desta forma, nos termos do art. 119, CC o ato pode ser anulado, se a pessoa que realizou o negócio (“Y”) sabia da intenção de Pedro. O prazo decadencial para se requerer a anulação é de 180 dias.

13) (OAB/SP – 2008) Helena celebrou um contrato de empréstimo (mútuo), obrigando-se a arcar com o pagamento de taxa de juros mensal muito superior à usual do mercado. Assim procedeu, pois necessitava de recursos para pagar uma cirurgia que sua mãe necessitava. Helena poderia anular o negócio ou alterar a taxa de juros pactuada? Qual o fundamento legal?

Resposta: Helena pode alegar a ocorrência de lesão, pois sob premente necessidade se obrigou a prestação desproporcional, nos termos do art. 157, CC. Na hipótese da parte favorecida concordar com a redução da taxa de juros, não haverá a anulação do negócio. Mantém-se o negócio, porém, a taxa de juros será modificada, adotando-se critérios de equidade para fixação da taxa de juros, nos termos do art. 157, §2o, CC. Prestigia-se, assim, o princípio da conservação dos contratos.

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GABARITO “SECO” DOS TESTES

A.01 – B A.02 – A A.03 – D A.04 – C A.05 – E A.06 – A A.07 – E A.08 – C A.09 – B A.10 – D A.11 – E A.12 – C A.13 – C A.14 – B A.15 – C A.16 – B A.17 – D A.18 – E A.19 – D A.20 – C

A.21 – A A.22 – C A.23 – B A.24 – C A.25 – D A.26 – B A.27 – E A.28 – D A.29 – A A.30 – C A.31 – D A.32 – C A.33 – B A.34 – E A.35 – A A.36 – E B.01 – E B.02 – D B.03 – A B.04 – E

B.05 – C B.06 – E B.07 – B B.08 – D B.09 – A C.01 – D C.02 – A C.03 – D C.04 – C C.05 – E C.06 – B C.07 – A C.08 – A C.09 – A C.10 – A C.11 – E C.12 – C C.13 – B C.14 – D C.15 – E

C.16 – B C.17 – C C.18 – E C.19 – D C.20 – D C.21 – A C.22 – B C.23 – E C.24 – C C.25 – D D.01 – A D.02 – B D.03 – D D.04 – E D.05 – A D.06 – E D.07 – C D.08 – D D.09 – B D.10 – A

CERTO OU ERRADO

Questão 01 a) Certo b) Errado c) Certo d) Errado e) Errado

Questão 02 a) Errado b) Certo c) Certo

Questão 03 a) Certo Questão 04 a) Certo

b) Errado c) Errado

Questão 05 a) Errado b) Certo

d) Errado Questão 06 a) Certo b) Errado Questão 07 a) Errado b) Certo c) Certo

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AULA 04

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES PARTE ESPECIAL

CONTRATOS EM ESPÉCIE

Meus amigos e alunos. Observem que estamos caminhando por uma seqüência lógica dentro do Direito Civil. Quando iniciamos a análise da Parte Especial do Código Civil falamos primeiro das Obrigações de uma forma geral. Na aula seguinte falamos da parte geral dos Contratos. Elementos constitutivos, princípios fundamentais, formação dos contratos, início, classificação, efeitos (só para recordar alguns: Exceção de Contrato Não Cumprido, Direito de Retenção, Revisão dos Contratos, Arras ou Sinal, Vício Redibitório e Evicção) e extinção. Hoje vamos falar sobre os contratos em espécie. Isto é, as modalidades de contratos previstas no Código Civil. E com essa aula encerraremos o Direito das Obrigações. Esta aula também será longa. Na próxima aula veremos um novo ponto do Direito Civil: o Direito das Coisas, que será desmembrado em duas aulas.

Comecemos, então com as espécies de contratos.

COMPRA E VENDA (arts. 481 a 532 CC)

CONCEITO

Contrato de compra e venda é aquele pelo qual um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e, o outro, a pagar-lhe o preço em dinheiro (art. 481).

O contrato de compra e venda não transfere o domínio (ou seja, a propriedade). Este é transferido pela tradição (bens móveis) ou pelo registro do título aquisitivo no cartório de Registro de Imóveis (bens imóveis). O contrato de compra e venda dá aos contratantes tão somente um direito pessoal, gerando ao vendedor a obrigação de

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transferir o domínio. Caso o vendedor não entregue a coisa vendida, o contrato será resolvido nos termos do inadimplemento das obrigações de dar. Concluindo: não é o contrato que transfere a propriedade da coisa. A propriedade é transferida pela tradição ou registro. O contrato somente cria a obrigação de uma transferência da coisa.

CARACTERÍSTICAS

Na aula passada vimos a classificação genérica dos contratos. Eles podem ser unilaterais ou bilaterais; onerosos ou gratuitos; comutativos ou aleatórios, etc. Na aula de hoje vamos aplicar a teoria da aula passada. Ou seja, cada contrato será enquadrado em uma classificação específica. Vou fazer isso com todos os contratos que veremos. Logo a seguir vou explicando as características especiais do contrato em análise. Dessa forma, o Contrato de Compra e Venda pode ser classificado com sendo:

• Bilateral ou sinalagmático - cria obrigações para ambos os contratantes, que serão ao mesmo tempo credores e devedores.

• Oneroso ⎯ ambas as partes auferem vantagens patrimoniais de suas prestações.

• Comutativo (regra) ⎯ objeto certo e seguro com equivalência das prestações e contra-prestações; ou Aleatório ⎯ depende de um evento incerto.

• Consensual (regra) ⎯ forma-se pelo mútuo consenso dos contraentes; ou solene ⎯ além do consentimento a lei exige uma forma para a sua manifestação (ex.: escritura pública para a compra de imóveis).

• Translativo do domínio - embora a propriedade só seja transferida com a tradição ou com transcrição, serve como titulo adquirendi, isto é, serve como fato gerador da transmissão da propriedade.

ELEMENTOS

São elementos dos contratos de compra e venda, além dos comuns a todos os atos jurídicos e a todos os contratos: a) coisa; b) preço e c) consentimento (res, pretium e consensus).

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A) COISA (res) OU OBJETO ⎯ é o objeto da compra e venda, seja ela corpórea (móveis ou imóveis) ou incorpórea (direitos de invenção, de propriedade literária, científica ou artística).

A coisa objeto da compra e venda:

• deve ser disponível ou estar in commercium, uma vez que sua inalienabilidade impossibilitaria a sua transmissão ao comprador, como nas hipóteses de bem de família, bem público, bem gravado com cláusula de inalienabilidade, bem desapropriado, etc.

• pode se referir a coisa futura como ocorre nos contratos aleatórios (ex.: frutos de uma colheita esperada), embora deva ser individualizada no momento de sua execução (coisa determinada ou determinável).

B) PREÇO (pretium) ⎯ é a quantia em dinheiro que o comprador é obrigado a pagar pela coisa; é o valor da compra e venda. A lei diz que deve ser pago em dinheiro (art. 481 CC). Todavia, nada impede que o valor expresso em dinheiro seja pago por coisas representativas de dinheiro (cheque, nota promissória, duplicata, etc.). Se constituir numa coisa por outra, ter-se-á permuta. O preço deve ser certo, e fixado de comum acordo pelas partes. É nulo o contrato em que se deixar o preço para ser fixado ao livre arbítrio de uma das partes (art. 489 CC). Todavia, o preço pode ser fixado:

• no futuro, ao arbítrio de terceiro (art. 485 CC), que os contratantes designarem no contrato ou prometerem designar. Neste caso, se o terceiro não aceitar a incumbência, o contrato será considerado sem efeito (nulo), salvo se as partes concordarem, no contrato, em designar outra pessoa;

• fixado à taxa de mercado ou da bolsa, em certo e determinado dia e lugar.

Não sendo a venda à crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço (art. 491 CC). C) CONSENTIMENTO dos contratantes sobre a coisa, preço e demais condições do negócio (observação - com relação ao consentimento, se você ficou com alguma dúvida, releia a aula referente aos Fatos e Atos Jurídicos).

EFEITOS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA

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A) – Tradição - Obrigação do vendedor de entregar a coisa com todos os seus acessórios, transferindo ao adquirente a propriedade. Geralmente a tradição é efetiva ou real. Mas em certos casos pode ser simbólica, como a entrega de algo que represente a coisa (ex.: chaves do carro). B) – Garantia – o vendedor deve garantir a qualidade e bom funcionamento da coisa alienada (garantia contra vícios aparentes ou redibitórios) e assegurar ao proprietário a propriedade (garantia contra a evicção). Os vícios aparentes poderão ser reclamados dentro do prazo decadencial de 30 (produtos não duráveis) ou 90 dias (produtos duráveis), contados da entrega do produto. Se o vício for oculto o prazo computa-se no instante em que o defeito se evidenciar. C) – Riscos - relacionam-se com a responsabilidade, caso a coisa ou preço não seja pago. Assim, temos como regras (art. 492 CC):

• risco da coisa ⎯ se o bem vier a se perder ou a se deteriorar, por caso fortuito ou força maior, até o momento da entrega (tradição), o vendedor sofrerá as conseqüências, devendo restituir o preço, se já o havia recebido; se o fato se der após a tradição, sem culpa do vendedor, este terá direito ao preço.

• risco do preço ⎯ se o preço se perder ou se degradar antes da tradição, o comprador sofrerá o risco; se isso ocorrer após o pagamento, o vendedor arcará com o prejuízo.

Exceções: • Se a coisa, para ser entregue, necessita ser contada, pesada,

medida ou assinalada, desde o momento em que tiver sido colocada à disposição do comprador, por sua conta correm os riscos, embora ainda não tenha sido contada, pesada, medida ou assinalada, e caso a coisa se perca por "caso fortuito" no ato de contar, marcar ou assinalar.

• Correm por conta do comprador os riscos das coisas que já tiverem sido colocadas à sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados, se o comprador estiver em mora para as receber.

D) – Despesas para a transferência do bem. Regras (art. 490 CC):

• da tradição ⎯ são do devedor (ex.: de carreto, frete, corretagem, comissão, etc.).

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• da escritura ⎯ são do comprador (além dos impostos sobre transmissão da propriedade, registro, etc.).

E) – Certidões negativas de impostos - a lei determina que em toda escritura da transferência de imóveis serão transcritas as certidões de se acharem eles quites com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal, de quaisquer impostos a que possam estar sujeitos. Por outro lado, existe a regra de que os ônus dos impostos sobre prédios se transmitem aos adquirentes, exceto se constarem da escritura pública as certidões de recebimento, pelo fisco, dos impostos devidos. Desta forma, exonera-se o adquirente do imóvel que exibir certidão negativa de débito fiscal a que possa estar sujeito o bem adquirido, de responsabilidade por dívida anterior do imóvel por impostos.

PROIBIÇÃO DE VENDA

• a lei civil proíbe que os ascendentes vendam aos descendentes quaisquer bens, sem que haja o consentimento dos outros descendentes e o cônjuge do alienante, salvo se casado sob o regime de separação obrigatória (art. 496 CC), sob pena de anulação do ato. Essa venda poderia simular uma doação em prejuízo dos demais herdeiros. Esse é o item mais exigido nos concursos. Assim: pode haver a venda de um bem do pai para o filho? Resposta = Pode, mas com o consentimento de todos os outros filhos e da esposa do pai, que pode ser a mãe ou outra mulher (ex: o pai se casou novamente).

• pessoa casada (exceto no regime de separação absoluta de bens) não poderá alienar ou gravar de ônus os bens imóveis do seu domínio sem a autorização do outro cônjuge (art. 1.647 CC).

• os consortes (marido e mulher) não poderão, em regra, fazer contrato entre si, pois a compra e venda entre marido e mulher está proibida (na comunhão universal ter-se-á uma venda fictícia, pois os bens do casal são comuns e ninguém pode comprar o que já lhe pertence).

PROIBIÇÃO DA COMPRA

Não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:

• pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração. A lei receia que estas pessoas se façam prevalecer de sua posição especial para lograrem

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vantagem em detrimento dos titulares dos bens que guardam ou administram.

• pelos servidores públicos, os bens da união, dos Estados e dos Municípios, que estiverem sob sua administração direta ou indireta, aplicando-se a mesma disposição aos juízes, arbitradores, ou peritos que, de qualquer modo, possam influir no ato ou no preço da venda.

• pelos juízes, empregados da Fazenda, secretários de tribunais, escrivães e outros oficiais da Justiça, os bens ou direitos, sobre que se litigam em tribunal, juízo, ou conselho, no lugar onde esses funcionários servirem ou a que se estender sua autoridade.

• Pelos leiloeiros e seus prepostos quanto aos bens de cuja venda estejam encarregados e corretores das Bolsas quanto aos bens a eles confiados.

• o proprietário de coisa alugada, para vendê-la deverá dar conhecimento do fato ao inquilino, que terá direito de preferência para adquiri-la em igualdade de condições com terceiros.

• o condômino, enquanto pender o estado de indivisão, não poderá vender a sua parte a estranho, se o outro condômino a quiser (art. 504, 1ª parte do CC). Trata-se do direito de preferência do condômino sobre a venda de bem indivisível. O condômino a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, no prazo de seis meses. Veremos no Direito das Coisas que o condomínio pode ser classificado em: a) pro indiviso (quando o bem se encontra não dividido entre os vários proprietários, de modo que cada um apenas possui parte ou fração ideal) ou b) pro diviso (quando apesar de possuírem em condomínio, cada condômino tem sua parte delimitada e determinada). Neste caso último, cada condômino pode vender sua parte a terceiro sem oferecer aos outros condôminos. No caso do condomínio ser pro indiviso, e o bem for indivisível, cada condômino só pode vender sua parte a estranhos se antes oferecer aos outros condôminos (como dissemos, direito de preferência).

CLÁUSULAS ESPECIAIS À COMPRA E VENDA

Um contrato de compra e venda, desde de que os contraentes consintam, pode vir acompanhado de cláusulas especiais, que não retiram sua essência, mas alteram sua fisionomia. Assim, são os chamados pactos adjetos à compra e venda: retrovenda; venda a

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contento; preempção; reserva de domínio e venda sobre documentos. Vamos analisá-los um a um:

1 – Retrovenda (arts. 505 a 508 CC) Retrovenda é o direito que tem o vendedor de readquirir o imóvel

que vendeu, dentro de certo prazo, restituindo ao comprador o preço recebido, mais as despesas feitas pelo comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias (art. 505 CC).

A retrovenda é uma condição resolutiva; a propriedade resolúvel se extinguirá no instante em que o alienante exercer seu direito de reaver o bem.

O prazo máximo decadencial de três anos é improrrogável, ininterrupto e insuscetível de suspensão. No caso de não se estipular o prazo, este será de três anos. Na hipótese de se estipular prazo maior, este será considerado não escrito. Vencido o prazo, a venda se torna irretratável.

2 - Venda a contento e Venda sujeita a prova (arts. 509 a 512 CC) Venda a contento consiste na hipótese de venda feita sob

condição suspensiva. Neste caso, a venda não se aperfeiçoa enquanto o comprador não se declara satisfeito. Exemplo: A vende para B uma certa quantidade de vinho, entregando-a, sendo que a conclusão do negócio fica na dependência de B manifestar sua aceitação, após provar o produto. Enquanto o comprador não manifestar sua vontade, suas obrigações são de mero comodatário. Até esse ato a coisa pertence ao vendedor.

Não havendo prazo estipulado para a manifestação do comprador, o vendedor terá direito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável.

Ocorre a venda sujeita a prova quando o vendedor apresenta ao comprador amostras que indiquem a qualidade do produto a ser vendido. Neste caso, entende-se que o vendedor assegura ter a coisa vendida as qualidades por ele apresentadas. Caso a coisa não apresente as qualidades explicitadas pelo vendedor, será ela enjeitada, aplicando-se as regras do vício redibitório (art. 510 CC).

3 – Preempção, preferência ou prelação (arts. 513 a 520 CC)

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O contrato de compra e venda pode conter a cláusula segundo a qual o comprador se obriga a oferecer ao vendedor a coisa objeto do contrato (móvel ou imóvel), se caso o comprador for vendê-la a terceiro ou dá-la em pagamento, para que o comprador use de seu direito de prelação na compra. O preço será "tanto por tanto", isto é, o que seria pago pelo terceiro. O direito é intransmissível, isto é, não se pode ceder a terceiros e nem passa aos herdeiros, sendo personalíssimo. Prazo para o exercício da preempção: a) se a coisa for móvel, não poderá exceder 180 dias. b) se for imóvel, não poderá exceder 2 anos. Obs. – inexistindo prazo estipulado o direito de preempção caducará em 3 dias se for móvel, ou 60 dias se for imóvel.

Se o comprador alienar a coisa sem ter dado ciência ao vendedor do preço e das vantagens que por ela lhe ofereceram, responderá por perdas e danos. Se o adquirente estiver de má fé, responde solidariamente.

Como regra o direito de preferência decorre do contrato. Mas em algumas situações é a lei que o prevê. Assim, têm direito de prelação (ou preferência) legal: • dono de bem desapropriado – pelo direito de retrocessão (art. 519

CC) se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriando o direito de preferência, pelo preço atual da coisa.

• condômino de bem indivisível – um condômino só pode vender sua parte a estranhos, se oferecer primeiro a outro condômino, nas mesmas condições. O condômino preterido poderá, depositando o peço, requerer para si a coisa vendida a estranhos, se o fizer no prazo (decadencial) de 180 dias.

• locatário em relação ao bem locado – o art. 27 da Lei 8.245/91 prevê que o locatário tem preferência para adquirir o imóvel locado, em igualdade de condições com terceiros, nos casos de venda ou promessa de venda. O locatário deverá exercer este direito no prazo (decadencial) de 30 dias. Se o locador não respeitar o direito de preferência, há duas opções para o locatário preterido: reclamar perdas e danos ou depositar o preço (e demais despesas do ato de transferência) e haver para si o imóvel locado. Nesta última hipótese

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deve requerer no prazo de 6 meses, a contar do registro do ato no cartório de imóveis, desde que o contrato de locação esteja averbado pelo menos 30 dias antes da alienação, junto à matrícula do imóvel.

4 - Reserva de domínio (arts. 521 a 528 CC) Ocorre a reserva de domínio quando se estipula em contrato de

compra e venda de coisa móvel infungível (regra), que o vendedor reserve para si a propriedade do bem, até o momento em que se realize o pagamento integral do preço, quando o negócio terá eficácia plena. O vendedor transfere ao comprador a posse da coisa, mas conserva a propriedade até o pagamento (art. 521 CC).

É um contrato formal, que deve ser feito por escrito. Para valer contra terceiros (erga omnes) deve ser registrado no Cartório de Títulos e Documentos. A doutrina predominante considera-o como sendo uma venda sob condição suspensiva, em que o evento futuro e incerto é o pagamento integral do preço; suspende-se a transmissão da propriedade até que se tenha o implemento da condição, isto é, o pagamento integral do preço ajustado. Efetuado o pagamento, a transferência do domínio opera-se automaticamente. Se o comprador não pagar as prestações no vencimento, poderá o vendedor:

• pleitear a rescisão do contrato, reintegração de posse da coisa, devolvendo as prestações pagas (deduzidas as despesas);

• mover ação pleiteando a cobrança das prestações vencidas e vincendas, pois o atraso de uma prestação acarreta no vencimento antecipado das demais.

Observação – o vendedor poderá dispor da coisa somente com expressa autorização do vendedor. 5 - Venda sobre documentos (arts. 529 a 532 CC) Vem sendo usada nos negócios de importação e exportação, ligando-se à técnica de pagamento denominada crédito documentado (trust receipt). Substitui-se a tradição da coisa, pela entrega de seu título representativo ou outros documentos exigidos no contrato. O pagamento, como regra, deverá ser efetuado na data e local da entrega dos documentos.

TROCA OU PERMUTA (art. 533 CC)

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CONCEITO

O contrato de troca ou permuta é aquele pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra coisa que não seja dinheiro. Operam-se, ao mesmo tempo, duas vendas, servindo as coisas trocadas de compensação recíproca. Também é chamado de escambo.

CARACTERÍSTICAS

• É contrato bilateral, oneroso, comutativo e translativo de propriedade (há duas tradições, duas entregas).

OBJETO

O objeto da permuta há de ser dois bens. Se um dos contraentes der dinheiro ou prestar serviços, não se terá troca. Podem ser trocados todos os bens que puderem ser vendidos, mesmo sendo de espécies diversas e valores diferentes. Gera para cada contratante a obrigação de transferir para o outro o domínio da coisa objeto de sua prestação.

RELAÇÃO COM A COMPRA E VENDA

Há uma grande analogia entre os dois institutos. Por isso o legislador prescreve que se apliquem à permuta as mesmas disposições relativas à compra e venda (em relação às garantias, vícios redibitórios, evicção, etc.). No entanto, há diferenças:

a) na troca, as prestações são em espécie; na venda, a prestação de um dos contraentes é em dinheiro.

b) o vendedor, uma vez entregue a coisa vendida, não poderá pedir-lhe a devolução no caso de não ter recebido o preço; já o permutante terá o direito de repetir o que deu, se a outra parte não lhe entregar o objeto permutado. Repetir é devolver coisa ou dinheiro; restituir.

EFEITOS

• a permuta encerra uma dupla venda.

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• cada um dos permutantes pagará metade das despesas da troca, além de pagar, cada um, o imposto sobre o valor do bem adquirido.

• é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem o expresso consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante; se os valores forem iguais a troca é válida.

CONTRATO ESTIMATÓRIO (arts. 534 a 537 CC)

CONCEITO Contrato estimatório ou venda em consignação é o negócio jurídico em que alguém (consignatário) recebe de outrem (consignante) bens móveis, ficando autorizado a vendê-los, obrigando-se a pagar um preço estimado previamente, se não restituir as coisas consignadas, dentro do prazo ajustado (art. 534 CC). É considerado com sendo um contrato real, pois há necessidade da entrega do objeto. Digamos que em minha residência eu fabrique, manualmente, alguns brinquedos, ou enfeites, doces ou salgados, etc. Desejo vender esses bens. Mas não tenho um ponto de venda. Assim, eu deixo esses bens na padaria de um amigo ou no salão de beleza de uma outra amiga. Esses bens ficam expostos para serem vendidos. Entrego os bens a meus amigos e eles podem vender os bens. Posteriormente eles vendem e prestam contas comigo. PARTES do Contrato

• Consignante – aquele que entrega a coisa; no exemplo fornecido acima, sou eu.

• Consignatário – recebe a coisa para vendê-la; no nosso exemplo, são os meus amigos, o do dono da padaria, etc.

EFEITOS • consignante não perderá o domínio (a propriedade) da coisa

consignada, até que o consignatário a negocie com terceiros.

• consignante não poderá dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de lhe ser comunicada a restituição.

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• A coisa consignada não poderá ser objeto de penhora pelos credores do consignatário, enquanto não for pago integralmente o seu preço.

• consignatário deverá pagar as despesas de custódia e venda.

• consignatário não se libertará da obrigação de pagar o preço, se a restituição da coisa consignada, em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele não imputável.

DOAÇÃO (arts. 538 a 564 CC)

CONCEITO

Doação é o contrato pelo qual uma pessoa por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra, que os aceita. Exige-se o animus donandi, ânimo de fazer uma liberalidade espontânea. PARTES

• Doador ⎯ é o que doa.

• Donatário ⎯ é o que recebe a doação.

CARACTERÍSTICAS

• Contrato unilateral e gratuito ⎯ requer intervenção de duas partes contratantes. No entanto, apenas o doador assume a obrigação de transferir bens ao donatário (apenas uma é devedora), não havendo contraprestação por parte do donatário. É ato de liberalidade. Todavia, pode ter um encargo, caso o doador obrigue o donatário, como, por exemplo, a construir, plantar certa cultura, etc.

• Supõe a aceitação ⎯ o contrato de doação só se aperfeiçoa com a aceitação do bem por parte do donatário; portanto é um negócio receptício (quer dizer, exige a aceitação). Referida aceitação pode ser expressa ou tácita, caso o doador marque prazo para a recusa e nele não se manifesta o donatário. A aceitação precisa ser expressa se a doação for com encargos.

• Forma – é um contrato solene, pois o art. 541 CC lhe impõe uma forma que deverá ser respeitada, sob pena de não valer o contrato. É obrigatória a forma escrita, uma vez que se exige instrumento

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público ou particular. Excepcionalmente admite-se a forma verbal (seguida de tradição), para os bens móveis de pequeno valor. É necessária a forma de escritura pública para imóveis, sujeita à transcrição no Registro Imobiliário.

• É ato inter vivos ⎯ Não existe doação para após a morte (isto seria um testamento, como veremos em aula específica).

CAPACIDADE ATIVA PARA DOAR

Para que a doação seja válida, além dos requisitos gerais, é imprescindível observar:

• Os absoluta ou relativamente incapazes não podem (em regra) doar, nem mesmo por representantes legais, visto que tais liberalidades não são feitas no interesse do representado. O pródigo pode doar se assistido por seu curador, que dará ou não sua anuência para o ato.

• Os cônjuges, sem a devida autorização (exceto no regime da separação absoluta), estão impedidos de fazer doação, não sendo remuneratória, com os bens e rendimentos comuns, ou dos que possam integrar futura meação.

• cônjuge adúltero não pode fazer doação a seu cúmplice, sob pena de anulabilidade (pleiteada pelo outro cônjuge ou seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal).

• Os consortes (marido e mulher) não podem fazer doações entre si se o regime for da comunhão universal; se outro for o regime, não havendo disposição em contrário, nada obsta a doação, importando em adiantamento do que lhes cabe por herança (art. 544 CC).

• As pessoas jurídicas de direito privado podem fazer e receber doações.

• falido não pode fazer doações porque perdeu a administração de seus bens e isso lesaria seus credores.

• Os ascendentes não podem fazer doações a seus filhos, que importaria em adiantamento da legítima. Nula será toda cláusula que possa vir alterar as normas de direito sucessório. Exemplo: um pai não pode doar todos os seus bens para um dos filhos, deixando os outros sem nada (a não ser que haja uma deserdação, que veremos na aula sobre Direito das Sucessões). Explicarei melhor esse ponto logo adiante, ainda na aula de hoje.

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REQUISITOS OBJETIVOS PARA A DOAÇÃO

Inicialmente é necessário que a coisa esteja in commercium: bens móveis ou imóveis; corpóreos ou incorpóreos; presentes ou futuros; etc. Além disso, deve-se observar:

• Não valerá a doação de todos os bens, sem reserva de parte ou renda suficiente para subsistência do doador (art. 548 CC). Nula será tal doação. A proibição será eliminada se o doador se reservar o usufruto dos bens.

• Se com a doação o doador ficar insolvente, os credores prejudicados poderão anulá-la (pode ter ocorrido neste caso fraude contra credores – se ficou com dúvida, releia isso na aula sobre Fatos e Atos Jurídicos).

• Nula será a doação da parte excedente do que poderia dispor o doador em testamento (havendo herdeiros o testador só poderá dispor de metade da herança – art. 1.789 e 1.846 CC), preservando-se, assim, a legítima dos herdeiros. Haverá nulidade da doação inoficiosa (segundo dicionário Aurélio – aquilo que prejudica, sem razão conhecida; nociva) apenas na porção excedente à legítima de seus herdeiros.

DOAÇÃO A INCAPAZES

As pessoas que não podem contratar (os incapazes, relativa e absolutamente) podem aceitar doações puras (isto é, sem encargos ⎯ art. 543 CC). A doação feita a nascituro é válida, desde que aceita pelos pais (art. 542 CC). Trata-se de caso de ato jurídico sujeito a condição suspensiva, pois ocorrerá a doação se houver nascimento com vida. Caso o nascituro nasça morto (seja natimorto), o contrato é ineficaz. Igualmente válida será a doação feita em contemplação de casamento futuro e referente aos filhos futuros do casal.

ESPÉCIE DE DOAÇÃO

• Pura e simples ou típica ⎯ feita por mera liberalidade; quando não se impõe nenhum ônus, nenhuma restrição ao donatário, que desfrutará amplamente do bem recebido, sem qualquer limitação.

• Condicional ⎯ quando surte efeitos somente a partir de ou ao findar um certo momento (acontecimento futuro ou incerto). Ex.:

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doação feita subordinando-se a realização de um casamento. Neste caso há uma condição suspensiva: a doação só terá efeito se o casamento se realizar.

• A termo ⎯ contém um termo inicial ou final (futuro e certo). Ex.: dôo um sítio a duas pessoas, dando a uma delas o direito de usá-lo dez anos e à outra a partir dessa época.

• Com encargo ou modal ou onerosa ⎯ quando o doador impõe ao donatário alguma incumbência em seu benefício, em proveito de terceiro ou de interesse geral. Ex.: Dôo um terreno com a obrigação de o donatário ali construir uma escola; dôo uma casa com a obrigação de se colocar os impostos em dia, etc.

• Remuneratória ⎯ tem por finalidade recompensar serviços ou favores prestados pelo donatário ao doador. Esta doação não é tida como gratuita, mas onerosa. Ex.: Doação de um leitão ao médico que tratou do doador sem nada cobrar. Na verdade a parte que corresponde à retribuição do serviço prestado é pagamento; só será doação quanto à parte que exceder o valor desse serviço.

• Com cláusula de reversão ⎯ o doador estipula que, se o donatário morrer antes dele, os bens doados voltarão ao patrimônio do doador (não seguindo, assim, o caminho natural da sucessão, que seria rumo ao patrimônio dos sucessores do donatário). Não prevalece a cláusula de reversão em favor de terceiro (art. 547 CC).

• Doação conjuntiva ⎯ feita em comum a mais de uma pessoa, sendo distribuída por igual entre os diversos donatários, exceto se o contrato estipulou o contrário (art. 551 CC). Caso os beneficiários sejam marido e mulher, falecendo um deles, terá o cônjuge sobrevivente o direito de acrescer à sua parte a do falecido.

DOAÇÃO A FILHOS

É permitida a doação de bens dos pais aos filhos. Não é imprescindível a autorização dos outros filhos. No entanto, "a doação de ascendente a descendente, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança" (art. 544 CC). Exemplo: Um homem viúvo possui três imóveis do mesmo valor e três filhos. Pergunto: ele pode doar um imóvel a um dos filhos? Necessita de autorização dos outros filhos? Resposta = O pai pode fazer a doação do bem sem autorização dos demais filhos. No entanto, quando esse pai falecer, esta situação será levada em consideração no inventário.

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Aquele filho que recebeu a doação não terá mais direito à herança. Houve o que chamamos de adiantamento da parte que lhe era cabível, ou seja, adiantamento da legítima. Portanto os outros dois imóveis serão divididos pelos outros dois filhos. E se o pai der dois imóveis a um dos filhos? Neste caso a doação de um dos imóveis será válida, pois está dentro de sua parte disponível. Mas o outro não. Nesse caso, o que ultrapassou a parte disponível é nulo.

Por ocasião da morte do doador, se faz necessário que os bens recebidos pelos filhos sejam arrecadados no inventário, para nova conferência, por meio da colação. Colação consiste na arrecadação dos bens recebidos pelos herdeiros, do de cujus, quando este ainda vivia, trazendo-os todos para o processo de inventário, a fim de serem submetidos à divisão do juízo do inventário.

Todavia, pode ocorrer que a doação tenha sido feita saindo os bens da parte disponível de seus bens, dispensando expressamente o donatário de colação. Neste caso, a doação não importa em adiantamento da legítima.

REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO

A doação é um contrato e, como tal, uma vez aperfeiçoado, só pode ser rescindido pela vontade d e ambas as partes, ou por vício de nulidade ou anulabilidade. Todavia, a doação, além destes casos, pode ser revogada: A) Pela ingratidão se o donatário:

• atentar contra a vida do doador.

• comete, contra o doador, ofensa física.

• injuriar ou caluniar o doador.

• podendo ministrá-los, recusar alimentos ao doador. A revogação deve ser pleiteada dentro do prazo decadencial de

um ano, a partir do conhecimento do fato que a autorizar pelo doador, mediante ação judicial. Esse direito é personalíssimo (art. 560 CC).

Não se pode renunciar antecipadamente o direito de revogar a liberalidade por ingratidão do donatário (art. 556 CC).

A revogação não prejudica os direitos adquiridos de terceiros (art. 563 CC). Isto é, revogada a doação, os bens voltam ao patrimônio do doador, respeitados, porém, os direitos dos terceiros. Se o donatário já

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vendeu um bem, o terceiro não fica prejudicado; o preço recebido pelo donatário deve voltar para o doador. Não se revogam por ingratidão as doações:

• puramente remuneratórias;

• oneradas com encargo;

• que se fizerem em cumprimento de obrigação natural (dívidas de jogo ou prescritas).

• feitas para determinado casamento. B) Pelo descumprimento do encargo – a doação onerosa poderá ser

revogada por inexecução do encargo, desde que o donatário incorra em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar judicialmente o donatário, assinalando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigação assumida (art. 562 CC).

LOCAÇÃO (arts. 565 a 578, 593 a 626 CC)

A locação é o contrato pelo qual uma das partes, mediante remuneração paga pela outra, se compromete a fornecer-lhe, durante certo lapso de tempo, o uso e gozo de uma coisa infungível, a prestação de um serviço apreciável economicamente ou a execução de alguma obra determinada. Podemos estabelecer três tipos de locação:

a) Locação de Coisas (locatio rei) – uso e gozo de bem

infungível. b) Locação de Serviços (locatio operarum) – prestação de

serviços economicamente apreciável. c) Locação de Obras ou empreitada (locatio operis faciendi) –

execução de obra ou trabalho. Observações

1 - Pela disposição atual no Código Civil, a prestação de serviços e a empreitada deixam de ser espécies de locação, mesmo porque o legislador as colocou após o contrato de empréstimo, fazendo questão de separar esses contratos (prestação de serviços e empreitada) da

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locação de coisas. Por questões didáticas, continuamos a colocá-las neste mesmo ponto.

2 – É conveniente esclarecer que os termos “locação” e “arrendamento” são usados como sinônimos, embora, na prática diária, se use arrendamento para aluguel de imóveis rústicos (rurais) e locação para urbanos.

CARACTERÍSTICAS COMUNS

As três modalidades de locação apresentam as seguintes características comuns:

• Cessão temporária do uso e gozo da coisa, sem transmissão de propriedade

• Remuneração: a) locação de coisas ⎯ aluguel

b) prestação (locação) de serviços ⎯ salário

c) empreitada (locação de obras) ⎯ preço

• Contrato: bilateral (obrigações recíprocas), oneroso (visa determinada vantagem), comutativo (mútuas vantagens conhecidas e equivalentes) e consensual (sem forma especial, exceto hipóteses especiais).

A) LOCAÇÃO DE COISAS

É o contrato pelo qual uma das partes (locador, senhorio) se obriga a ceder à outra (locatário, inquilino), por tempo determinado, ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa remuneração (art. 565 CC). Se houver mais de um locador ou locatário, entende-se que são solidários, se o contrato não estipulou o contrário.

Caso se referisse a bem fungível, teríamos o mútuo. No entanto, em certas hipóteses, bens fungíveis poderão ser alugados, quando o seu uso e gozo for concedido ad pompam vel ostentationem (ex.: ceder ao locatário garrafas de vinho, ou cesta de frutas, para que sirvam apenas de ornamentação, devolvendo-se depois). Se fosse coisa infungível, porém gratuita, teríamos o comodato. PARTES

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• Locador (senhorio ou arrendador) ⎯ é o que oferece a coisa em locação. Nem sempre o proprietário é o locador; o usufrutuário e o sublocador também podem sê-lo.

• Locatário (inquilino ou arrendatário) ⎯ é o que recebe a coisa em locação.

ELEMENTOS Sendo a locação um contrato, e, portanto, um negócio jurídico,

será sempre um ato jurídico bilateral. Portanto, seus elementos serão os mesmos previstos para o ato jurídico, acrescentando-se coisa (res), preço (pretium) e consenso (consensus):

• Coisa ⎯ como vimos, o bem a ser locado pode ser móvel ou imóvel, corpóreo ou incorpóreo, divisível ou indivisível. No entanto, deve ser infungível, inconsumível e suscetível de gozo, lícito e possível. É conveniente ressaltar que mesmo um bem inalienável (ex.: gravado com cláusula de inalienabilidade) pode ser locado.

• Preço - remuneração, aluguel ou renda ⎯ importância que o locatário paga periodicamente pelo uso da coisa. O valor do aluguel pode ser estipulado livremente pelas partes, sendo proibida a imposição unilateral. Deve ser certo e pode ser em dinheiro ou qualquer outro bem. Deve também ser sério; se for irrisório será um empréstimo dissimulado. Como vimos na aula sobre Obrigações, é proibida qualquer forma de vinculação ao salário mínimo, moedas estrangeiras e metais preciosos. Os reajustes devem seguir o disposto em lei específica. Se o locatário não pagar, sua cobrança será feita judicialmente, e poderá haver rescisão contratual.

• Consentimento válido – é o acordo de vontades. Quanto aos defeitos relativos ao consentimento, reveja a aula referente aos Fatos e Atos Jurídicos. Os absoluta e relativamente incapazes só poderão alugar se representados ou assistidos por seus representantes legais (pais, tutores ou curadores).

FORMA E PRAZO A forma do contrato de locação pode ser qualquer uma, inclusive

a verbal, posto que é um contrato consensual. O prazo é sempre temporário; será, no máximo vitalício, mas

nunca perpétuo. O prazo pode ser determinado ou indeterminado, dependendo do que se fixar no contrato. Se não houver prazo, será

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indeterminado. Na locação predial urbana, se for igual ou superior a dez anos, dependerá de autorização conjugal, se um dos consortes for locador.

ESPÉCIES A locação pode ser de:

1- Coisa: a) Móvel - rege-se pelo Código Civil (ex.: de um carro) b) Imóvel - rege-se pelo Código Civil (ex.: um terreno, garagem

autônoma, etc.) 2 - Prédios Urbanos – aplica-se a Lei nº 8.245/91

a) Residenciais urbanos. b) Não residenciais:

- comerciais ou industriais urbanos e rústicos (art. 51). - hospitais, unidades sanitárias oficiais, asilos,

estabelecimentos de saúde e de ensino autorizados e fiscalizados pelo Poder Público (art. 53).

- lojistas e empreendedores de shopping center (art. 54). - não comerciais urbanos (ex.: prédio para rede de

associação).

3 - Prédios Rústicos (destina-se à atividade rural) ⎯ Dec. 59.566/66 e Estatuto da Terra.

LOCAÇÃO NO CÓDIGO CIVIL

As regras do Código Civil aplicam-se à locação de objetos móveis e imóveis, que não se enquadrem como prédios urbanos com fins residenciais e comerciais (neste caso aplica-se a Lei 8.245/91). Assim continuam sendo regulados pelo Código Civil: 1 – Locações

• de imóveis de propriedade da União, dos Estados, dos Municípios;

• de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamentos de veículos;

• de espaços destinados à publicidade;

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• de apart-hotéis, hotéis-residência ou equiparados 2 - Arrendamento mercantil.

LOCAÇÃO DE COISAS MÓVEIS E IMÓVEIS a) Pode ela ser por tempo determinado ou indeterminado. Se por

prazo determinado, ela cessa de pleno direito, findo o prazo estipulado, independente de notificação ou aviso.

b) Findo o prazo da locação, se o locatário continuar na posse da coisa alugada, sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada sem prazo determinado.

c) A qualquer tempo, vencido o prazo do contrato, pode o locador notificar o locatário para restituir a coisa.

d) Alienada a coisa, o novo proprietário não é obrigado a respeitar o contrato, a não ser que o contrato esteja na sua vigência, por prazo determinado, e contenha cláusula de sua vigência no caso de alienação, e constar de Registro de Imóveis.

e) Morrendo o locador ou locatário transfere-se a locação a seus herdeiros.

f) Na dúvida de interpretação, favorece-se o locatário.

Direitos do locador • Receber pagamento do aluguel;

• Exigir algumas garantias do locatário (Ex.: caução);

• Mover ação de despejo nos casos em que a lei permitir;

• Autorizar sublocação ou cessão de locação;

• Pedir revisão judicial do aluguel.

Obrigações do locador • Entregar ao locatário a coisa alugada, com suas pertenças,

em estado de servir ao uso a que se destina.

• Manter a coisa alugada neste estado pelo tempo do contrato, salvo cláusula expressa.

• Garantir ao locatário o uso pacífico da coisa, durante o prazo do contrato.

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• A resguardar o locatário dos embaraços e turbações de terceiros.

• Indenizar benfeitorias úteis e necessárias feitas pelo locatário de boa-fé.

Direitos do locatário • Exigir a entrega da coisa e recibo de aluguel;

• Reter o bem no caso de benfeitorias necessárias ou úteis feitas com o consentimento por escrito do locador enquanto não receba indenização relativa a elas;

• Preferência na aquisição no caso de alienação do imóvel locado;

• Purgar a mora (pagar a dívida) para evitar a rescisão do contrato.

Obrigações do locatário • A servir-se da coisa alugada para os usos convencionados

ou presumidos conforme a natureza dela.

• A tratar a coisa alugada como se fosse sua.

• Pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados e na falta de ajuste, segundo os costumes do lugar.

• A restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, salvo as deteriorações naturais do uso.

LOCAÇÃO DE IMÓVEL URBANO – LEI 8.245/91

Regula a locação de imóveis urbanos residenciais e não residenciais.

Como vimos, continuam regidas pelo Código Civil as locações de imóveis de propriedade da União, dos Estados, dos Municípios, de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamentos de veículos, de espaços destinados à publicidade, de apart-hotéis, hotéis residências e o arrendamento mercantil.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

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• Aluguel fixado por qualquer prazo (se for igual ou superior a dez anos, necessita de outorga uxória ou marital);

• Durante o prazo convencionado não poderá o locador reaver o imóvel alugado; o locatário poderá devolvê-lo, pagando a multa pactuada. O locatário poderá rescindir a locação por prazo indeterminado mediante aviso por escrito ao locador, com antecedência mínima de trinta dias.

• Não pode ser fixado em moeda estrangeira, nem vinculado a variação cambial, salário-mínimo, etc.

• Não pode ser cobrado adiantado (salvo a locação por temporada e o contrato sem garantia);

• Os índices e a periodicidade dos reajustes são previstos em legislação específica. Também pode ser reajustado judicialmente a cada 3 (três) anos, a partir do último contrato ou acordo ⎯ Ação Revisional de Aluguel.

• Alienação do imóvel rompe o contrato, salvo se a locação for por tempo determinado.

• Extinção ⎯ a locação se desfaz por mútuo acordo, infração contratual ou não pagamento do aluguel.

• Ação do locador para reaver o imóvel é sempre por despejo que pode ser cumulado com a cobrança de aluguéis

• O locatário poderá votar em assembléia geral que envolva despesas ordinárias de condomínio, se o locador não comparecer

• O locador só pode exigir as seguintes modalidades de garantia: a) caução – que não pode exceder a três meses de aluguel b) fiança c) seguro de fiança locatícia

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE – Isto serve para concursos e para nossa vida prática: É proibida, sob pena de nulidade, mais de uma dessas modalidades de garantia num mesmo contrato.

LOCAÇÃO RESIDENCIAL O legislador estabeleceu as seguintes hipóteses:

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• Contratos fixados por 30 (trinta) meses ou mais ⎯ Nas locações ajustadas por escrito e por prazo igual ou superior a trinta meses, a resolução do contrato ocorrerá findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou aviso. Findo o prazo ajustado, se o locatário continuar na posse do imóvel alugado por mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada a locação por prazo indeterminado, mantidas as demais cláusulas e condições do contrato. Ocorrendo a prorrogação, o locador poderá pedir o imóvel para si (chamamos isso de “denunciar o contrato”) a qualquer tempo, concedido o prazo de trinta dias para desocupação.

• Contratos fixados até 30 (trinta) meses ⎯ Quando ajustada verbalmente ou por escrito e como prazo inferior a trinta meses, findo o prazo estabelecido, a locação prorroga-se automaticamente, por prazo indeterminado Neste caso somente pode ser retomado o imóvel (denúncia cheia): a) por mútuo acordo; b) em decorrência da prática de infração legal ou contratual; c) em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais encargos; d) para a realização de reparações urgentes determinadas pelo poder público, que não possam ser normalmente executadas com a permanência do locatário no imóvel ou, podendo, ele se recuse a consenti-las; e) em decorrência de extinção do contrato de trabalho, se a ocupação do imóvel pelo locatário relacionada com o seu emprego; f) se for pedido para uso próprio, de seu cônjuge ou companheiro, ou para uso residencial de ascendente ou descendente que não disponha, assim como seu cônjuge ou companheiro, de imóvel residencial próprio; g) se for pedido para demolição e edificação licenciada ou para a realização de obras aprovadas pelo Poder Público, que aumentem a área construída, em, no mínimo, vinte por cento ou, se o imóvel for destinado a exploração de hotel ou pensão, em cinqüenta por cento; h) se a vigência ininterrupta da locação ultrapassar cinco anos.

• Locação por temporada ⎯ por até 90 dias, para certos fins, como lazer, tratamento de saúde ou feitura de obras.

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Aluguel e encargos podem ser cobrados antecipadamente e de uma só vez.

Caros alunos e amigos. Sempre que trato do tema “locações”

surgem diversas indagações de alunos em sala de aula. Mas as perguntas feitas são mais de ordem prática do que para concursos, propriamente dito. Os alunos querem saber aspectos práticos do contrato de locação, muitas vezes casos que vivenciaram, particulares. E eu nunca me neguei a responder qualquer tipo de indagação. Assim, antevendo que possa haver algumas indagações a respeito, elaborei uma série de perguntas-respostas, na verdade um “bate-bola” comigo mesmo, respondendo às indagações mais comuns dos alunos. Repito: isso serve mais para a vida prática do que para concursos. Mas aqui vai:

Situações 1) Fiz um contrato de locação com prazo de 12 meses. O locador pode pedir o imóvel de volta a qualquer tempo? Resposta: Não. Nas locações efetuadas por tempo inferior a 30 meses, a denúncia vazia (que é o pedido de retomada do imóvel pelo locador sem justificativa) só poderá ocorrer após cinco anos ininterruptos de locação. Os pedidos justificados de retomada são:

- no caso de extinção do contrato de trabalho vinculado à locação;

- para uso próprio, cônjuge ou companheiro;

- para uso residencial de ascendentes ou descendentes que não disponham, de imóveis próprios;

- para demolição e edificação;

- para realização de obras que aumentem a área construída em pelo menos 20%;

2) Sou inquilino há um ano e o locador já me pediu o imóvel de volta. Ele pode reaver o imóvel antes do prazo? Meu contrato é de 30 meses. Resposta: Não. A lei é bem clara neste sentido. O locador só poderá retomar o imóvel sem justificativa (denúncia vazia) após o término do contrato ou em casos especialíssimos (ex.: acordo entre as partes, não pagamento do aluguel, etc.). Somente o inquilino poderá desistir da locação durante o prazo do contrato, pagando multa proporcional. Se a locação estiver vinculada com a atividade de trabalho e ocorrer transferência de emprego para outro local, o inquilino ficará isento do pagamento da multa, devendo notificar o locador num prazo de 30 dias de antecedência.

3) Desejo realizar algumas reformas no imóvel que aluguei. Como fazer isso? Resposta: O locatário não poderá realizar modificações internas ou externas no imóvel sem o consentimento prévio e por escrito do locador.

4) A casa que aluguel está com problemas sérios de vazamento. Já conversei com o locador, mas ele ainda não mandou arrumar. Posso providenciar o conserto e abater do aluguel? Resposta: Sim. As benfeitorias necessárias efetuadas pelo inquilino, mesmo sem autorização do locador, são indenizáveis.

5) Aluguei uma casa dois meses atrás e agora descobri que a casa está infestada de ratos, cupins e traças. Posso rescindir o contrato? Resposta: Pela lei, se o imóvel não tem condições de habitabilidade o locatário pode rescindir o contrato sem pagar a multa. Mas, para isso, seria necessário entrar com ação judicial. Na

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prática o conselho é que se tente primeiro um acordo, pedindo para que o locador providencie a desratização, descupinização e dedetização do imóvel. Caso não seja possível, pode-se rescindir o contrato.

6) Fui fiador de um amigo e o contrato, que era de 30 meses, já venceu. Minha fiança persiste? Se ele ficar inadimplente, que responsabilidade eu tenho? Resposta: Ultimamente, a Justiça vem entendendo que a responsabilidade do fiador só vai até o fim do contrato, embora o artigo 39 da Lei 8.245/91, que rege as locações, informe que a garantia do fiador se estenda até a efetiva entrega das chaves. Para se precaver, no entanto, convém que se faça uma notificação informando que não deseja mais ser fiador. O artigo 835 do novo Código Civil dispõe que o fiador pode desistir da fiança a qualquer momento, desde que se notifique o locador (proprietário). No entanto, mesmo feita a notificação, o fiador permanecerá responsável pela fiança por mais 60 dias, quando então sua responsabilidade se extingue.

7) Tenho uma casa alugada já faz cinco anos. Nunca houve nenhum reajuste. Qual é o índice oficial que devo usar caso tente negociar um aumento do aluguel? Resposta: Os índices mais utilizados para os reajustes de aluguel são o IPC da Fipe, o IGPM e o INPC.

8) Quando o inquilino não paga a taxa de condomínio, apesar de disposto em contrato, é possível ao proprietário cobrar o condomínio junto com o aluguel? Resposta: Teoricamente é possível. No entanto, não é aconselhável na prática. Isto porque nem todas as despesas do condomínio são de responsabilidade do inquilino, e ele tem o direito de saber o que está pagando. Além do mais, se o valor do condomínio aumentar durante o prazo da locação e o locador efetuar a cobrança de forma única, junto com o aluguel, ele não terá como repassar este aumento para o inquilino, já que o reajuste a ser pactuado será por um índice de inflação estabelecido em contrato.

9) No meu contrato de aluguel consta uma cláusula que nos obriga a pintar todo o imóvel quando o desocuparmos, inclusive com especificação exata da tinta e a informação de que o trabalho terá de ser todo refeito se o locador não gostar do resultado da pintura. Isto é abusivo ? Resposta: Normalmente os contratos de locação exigem a entrega do imóvel nas mesmas condições em que foi recebido e a pintura é uma das condições que integra os contratos. Mas daí a exigir que seja refeita caso o locador não gostar, o que implica muita subjetividade, já pode ser considerada cláusula abusiva.

Feitas estas observações de ordem prática, vamos continuar ....

Direito de preferência No caso de alienação o locatário tem preferência para adquirir o

imóvel locado, em igualdade de condições com terceiros (e em especial no preço), devendo o locador dar-lhe conhecimento do negócio mediante: notificação judicial, ou notificação extrajudicial, ou outro meio de ciência inequívoca.

O locatário deve se manifestar no prazo de 30 dias, sob pena de caducar o direito. Ocorrendo a aceitação da proposta e posterior desistência por parte do locador, este deve responder pelos prejuízos causados (danos emergentes e lucros cessantes).

O locatário preterido no seu direito de preferência poderá reclamar do alienante as perdas e danos ou, depositando o preço e demais despesas do ato de transferência, haver para si o imóvel locado, se o requerer no prazo de seis meses a contar do registro do ato no

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cartório de imóveis, desde que o contrato de locação esteja averbado pelo menos 30 dias antes da alienação, junto à matrícula do imóvel.

Benfeitorias As benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda

que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, são indenizáveis e permitem o direito de retenção.

As benfeitorias voluptuárias não são indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que a sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel.

Tais disposições podem ser deliberadas de modo diverso no contrato de locação.

Transferência do contrato de locação Admite-se que um contrato de locação seja transferido para

terceiros nas seguintes hipóteses:

• Atos inter vivos - Cessão, Sublocação ou Empréstimo.

• Morte de um dos contratantes - Locador ou Locatário.

Cessão locacional A cessão locacional consiste na transferência a outrem,

mediante alienação, da posição contratual do locatário. O locatário desliga-se do contrato primitivo, desaparecendo a sua responsabilidade. O cessionário se entenderá com o locador. A cessão, por importar em transferência de direito pessoal, rege-se pelas disposições do Código Civil atinentes à cessão de crédito.

Sublocação A Sublocação consiste na concessão do gozo (parcial ou total) da

coisa locada, por parte de um locatário e uma terceira pessoa, que se torna locatária do locatário, tendo os mesmos direitos e deveres. O locatário primitivo não se exonera da locação original.

Rescindida ou finda a locação resolvem-se as sublocações, salvo o direito de indenização que possa competir ao sublocatário contra o sublocador.

Empréstimo O locatário empresta o imóvel locado a terceiro, de forma gratuita,

por breve tempo. O locatário continua responsável perante o locador.

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Na cessão, na sublocação e no empréstimo deve haver consentimento prévio, por escrito, do locador.

Morte Na locação de prédio urbano, falecendo o locador, os herdeiros

receberão os direitos inerentes à locação. Em outras palavras, não se extingue a locação, uma vez que seus direitos e obrigações passarão aos sucessores.

Em caso de óbito do locatário, têm direito à continuidade da locação (sub-rogação):

• Cônjuge sobrevivente e sucessivamente os herdeiros necessários e pessoas que viviam na dependência econômica do locatário, desde que residentes no imóvel para fins residenciais (inclui concubina)

• Espólio do locatário falecido e a seguir o seu sucessor, no caso de locação não residencial.

EXTINÇÃO DA LOCAÇÃO DAS COISAS A locação das coisas cessará se houver:

• Distrato ou resilição bilateral (mútuo acordo);

• Retomada do bem locado;

• Implemento de condição resolutiva;

• Perda ou destruição da coisa;

• Vencimento do prazo sem prorrogação ou renovação;

• Desapropriação;

• Morte do locatário sem sucessores;

• Resilição unilateral por inexecução contratual ou infração à lei. A resilição por parte do locador denomina-se denúncia, que se consuma com a sentença de despejo;

• Extinção do usufruto, tratando-se de contrato ajustado pelo usufrutuário (salvo se com ele anuiu, por escrito, o nu-proprietário).

Locação não residencial Nesta área existem quatro hipóteses:

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• Locação comercial ⎯ contrato por qualquer prazo, com prorrogação por tempo indeterminado, se no seu término ficarem silentes as partes por mais de 30 dias. Ocorrida a prorrogação, caberá denúncia imotivada (denúncia vazia), a qualquer tempo, com 30 dias para a desocupação. Mas o locatário comerciante ou industrial pode obter judicialmente a renovação do aluguel, e continuar no imóvel desde que haja contrato escrito com prazo determinado, vigente, por mais de 5 anos ininterruptos, estando o locatário exercendo o mesmo ramo de atividade há pelo menos 3 anos ininterruptos, sendo proposta a ação renovatória de aluguel de 1 ano até 6 meses antes do fim do prazo contratual. As sociedades civis com fins lucrativos têm também direito à ação renovatória. A lei de locação revogou expressamente a antiga lei de Luvas (Decreto nº 24.150, de 1934), incorporando no seu texto a matéria revogada.

• Locação não residencial civil⎯ abrange locatários com atividades civis, suas sedes, escritórios, estúdios e consultórios. Rege-se pelos princípios da locação comercia (denúncia vazia). Não tem direito, porém, a ação renovatória.

• Locação não residencial especial ⎯ abrange escolas, hospitais e asilos. Rege-se por sistemática própria, que exclui a denúncia vazia e prevê prazo de desocupação de 6 meses até 1 ano.

• Locação de benefício ou vantagem profissional indireta ⎯ ocorre quando o locatário é pessoa jurídica e o imóvel destinado ao uso de seus dirigentes ou empregados. Segue a locação comercial: denúncia vazia.

B) PRESTAÇÃO DE SERVIÇO (arts. 593 a 609 CC)

CONCEITO

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Prestação de serviço (ou locação de serviço) é o contrato em que uma das partes se obriga para com a outra lhe fornecer a prestação da sua atividade, sem vínculo empregatício, mediante remuneração.

Com o advento da Consolidação das Leis do Trabalho (C.L.T.) a locação de serviço foi substituída pelo contrato individual de trabalho (tanto urbano – CLT, como rural – Lei 5.889/73 e Dec. 73.626/74) e pelo contrato de trabalho avulso (Leis especiais). No entanto o contrato civil de prestação de serviço ainda existe.

O contrato de trabalho cria a chamada relação de emprego (ou vínculo empregatício), de ordem trabalhista, com seus três elementos: habitualidade, subordinação e dependência econômica.

Já a prestação de serviços não gera qualquer vínculo trabalhista. Ficam sob a égide da prestação de serviços os profissionais liberais e representantes comerciais; o trabalhador eventual (ex.: jardineiro). Assim, aplica-se a lei civil para os serviços prestados quando não se estabelecer vínculo empregatício. OBJETO Toda espécie de serviços ou trabalhos (material ou imaterial), desde que lícitos, isto é, não proibido pela Lei e pelos bons costumes. Trata-se de uma Obrigação de Fazer.

PARTES • Locador (prestador de serviços, executor ou contratado) – é o

que entrega sua força de trabalho; compromete-se a prestar certos serviços.

• Locatário (tomador, solicitante ou contratante) – é o que contrata os serviços da outra parte; necessita do serviço e o remunera.

CARACTERÍSTICAS • Contrato bilateral (ambos assumem obrigações), comutativo

(prestações equivalentes), oneroso (transferência recíproca de direitos e vantagens) e consensual (forma livre).

PAGAMENTO A remuneração é estipulada livremente entre as partes, mas. Se

não o fizerem, será fixada por arbitramento, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e a qualidade. A regra é que seja feita em

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3311

dinheiro, mas nada impede que seja em alimento, vestuário, moradia, etc.

Como regra, a retribuição será paga depois de prestado o serviço, se, por convenção ou costume do lugar, não houver de ser adiantada ou paga em prestações.

PRAZO A locação de serviço não pode ser convencionada por mais de

quatro anos. Decorrido este prazo, dar-se-á por findo o contrato, ainda que não concluída a obra (caso contrário haveria uma verdadeira escravidão). Terminado o prazo o prestador pode despedir-se ou ser despedido unilateralmente. Nada impede que outro contrato seja celebrado.

Não havendo prazo estipulado, nem se podendo concluir seu prazo pela natureza do contrato ou pelo costume do lugar, qualquer das partes pode rescindir o contrato, a qualquer tempo, bastando simples aviso prévio, com antecedência de:

a) oito dias, se o salário for fixado por um mês ou mais; b) quatro dias, se o salário for fixado por uma semana ou

quinzena; c) de véspera, se por menos de sete dias.

TIPOS DE SERVIÇOS O contrato deverá determinar o serviço a ser prestado. Caso seja

omisso, entende-se que o locador de serviços se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com suas forças e condições.

RESCISÃO DO CONTRATO O locador de serviços, contratado por tempo certo ou por dia

determinado, não pode se ausentar ou rescindir o contrato, sem justa causa, antes de preenchido o tempo ou concluída a obra.

Se rescindir o contrato sem justa causa, terá direito à retribuição vencida, mas responderá por perdas e danos.

O locatário que, sem justa causa, despedir o locador, será obrigado a pagar-lhe por inteiro a retribuição vencida e por metade a que lhe tocaria se concluísse o contrato.

SUBSTITUIÇÃO DAS PARTES

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Não pode o locatário, ainda que outra coisa tenha sido contratada, transferir a outrem o direito aos serviços ajustados. Nem o locador pode, sem o consentimento do locatário, dar substituto que preste aqueles serviços.

TÉRMINO DO CONTRATO • Pelo vencimento do prazo;

• Pela conclusão da obra a que se referir o serviço contratado;

• Pela morte do locador;

• Pela rescisão contratual, com ou sem justa causa, com ou sem indenização, respectivamente.

C) EMPREITADA (arts. 610 a 626 CC)

CONCEITO Empreitada ou locação de obras é o contrato pelo qual uma das

partes (empreiteiro) se obriga, sem subordinação ou dependência, a realizar, pessoalmente ou por meio de terceiro, certa obra para a outra parte (dono da obra ou comitente), com material próprio ou por este fornecido, mediante remuneração determinada ou proporcional ao trabalho executado. O empreiteiro se obriga a entregar uma obra pronta por um preço determinado ou proporcional ao serviço, sem se prender ao tempo nela empregado. Mesmo que demore mais que o esperado, não terá direito a qualquer majoração. A direção e fiscalização competem ao próprio empreiteiro, que contratará ou despedirá os operários.

Pode ter por finalidade obra material (ex.: ponte, conserto de veículo, plantações, etc.) ou intelectual (ex.: elaboração de um projeto, de uma obra literária, etc.). PARTES

• Comitente (proprietário da obra, dono da obra, empreitante, empreitador ou contratante) – é o que contrata a obra.

• Empreiteiro (contratado) – é o que põe à disposição sua atividade.

CARACTERÍSTICAS

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• Contrato bilateral (ambos assumem obrigações), comutativo (prestações equivalentes), oneroso (transferência recíproca de direitos e vantagens) e consensual (forma livre).

EMPREITADA X PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS • Na prestação de serviços o risco é do locatário; na empreitada, é

do empreiteiro.

• O empreiteiro é responsável pela entrega de uma obra terminada, não apenas pela execução de serviços: tem-se em vista a sua empreitada, não o trabalho em si, mas o resultado.

• Na prestação de serviços, paga-se pelo tempo de trabalho (dias, horas, etc.); na empreitada, a remuneração é proporcional à obra contratada, independe do tempo consumido em sua execução.

• Na empreitada, com fornecimento de material, o empreiteiro assume os riscos até o momento da entrega da obra; na prestação de serviços, os riscos são do locatário.

CLASSIFICAÇÃO A) QUANTO AO MODO DE FIXAÇÃO DO PREÇO OU

REMUNERAÇÃO: 1 - empreitada a preço fixo (ou marché à forfait) – a retribuição

é estipulada para a obra inteira, de antemão, em quantia certa e invariável, sem considerar o fracionamento da atividade. Possui subdivisão: a) empreitada a preço fixo absoluto - se não admitir qualquer alteração na remuneração, seja qual for o custo da mão-de-obra ou dos materiais; b) empreitada a preço fixo relativo – se permitir variação em decorrência do preço de algum dos componentes da obra, ou de alterações que já estejam programadas por influência de fatos previsíveis, ainda que não constatados.

2 – empreitada por medida (ou ad mensuram, ou marché sur dévis) – se na fixação do preço se atender ao fracionamento da obra, considerando-se as partes em que ela se divide ou a medida. Estipula-se o pagamento por parte concluída.

3 – empreitada de valor reajustável – se contiver cláusula permissiva de variação do preço em conseqüência de aumento ou diminuição valorativa da mão-de-obra e dos materiais;

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possibilita que o preço varie segundo índices oficiais, procedendo-se à revisão periódica em datas preestabelecidas. Protege-se o empreiteiro de variações de preços repentinas em períodos de grande inflação.

4 – empreitada por preço máximo - se estabelecer um limite de valor que não poderá ser ultrapassado pelo empreiteiro.

5 – empreitada a preço de custo - se o empreiteiro se obrigar a realizar o trabalho, ficando sob sua responsabilidade o fornecimento dos materiais e o pagamento da mão-de-obra, mediante o reembolso do dependido, acrescido do lucro assegurado.

B) QUANTO À EXECUÇÃO DO TRABALHO PELO EMPREITEIRO: 1- empreitada de lavor - o empreiteiro assume a obrigação de

prestar o trabalho; fornece apenas a mão-de-obra (sem materiais) para a confecção, produção, construção ou execução da obra.

2- empreitada de materiais de construção (ou mista) – o empreiteiro, além do trabalho, fornece também os materiais; contrai, ao mesmo tempo, uma obrigação de fazer e de dar.

DIREITOS E DEVERES A) Direitos do Empreiteiro • Receber a remuneração pactuada.

• Exigir a aceitação da obra concluída.

• Reter a obra para assegurar o recebimento do preço, se cumpriu com seus deveres.

• Constituir o comitente em mora, consignando judicialmente a obra.

• Ceder o contrato (desde que não seja intuitu personae) – subempreitada.

• Suspender a obra (nos casos de culpa do dono, dificuldades imprevisíveis, etc.).

B) Deveres do Empreiteiro • Executar a obra conforme as determinações contratuais, corrigindo

os vícios e defeitos que a mesma apresentar e entregando-a concluída ao dono.

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• Não fazer acréscimos ou mudanças sem necessidade e sem consentimento do comitente.

• Pagar os materiais que recebeu do comitente, se por negligência ou imperícia os inutilizar e responder por perdas e danos se suspender a empreitada sem justa causa.

• Apontar os defeitos nos materiais entregues pelo comitente, que possam comprometer a execução da obra.

C) Direitos do Comitente (dono da obra) • Acompanhar a execução da obra e recebê-la concluída, exigindo a

observância do contrato.

• Enjeitar a obra ou pedir o abatimento proporcional do preço.

• Pedir o pagamento dos materiais que forneceu e foram inutilizados por culpa do empreiteiro.

D) Deveres do Comitente • Verificar o que foi feito, pagar a remuneração e receber a obra.

• Não alterar o projeto da obra, sem anuência do seu autor.

• Indenizar o empreiteiro pelos trabalhos e despesas que houver feito, se rescindir ou suspender o contrato sem justa causa.

RESPONSABILIDADES: • Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções

consideráveis, o empreiteiro de materiais e lavor responderá durante 05 (cinco) anos pela solidez e segurança do trabalho, tanto em relação aos materiais, como ao solo, exceto quanto a este, se prevenir a tempo o dono da obra.

• Quando o empreiteiro fornece os materiais, correm por sua conta os riscos até o momento da entrega da obra, não estando o comitente em mora. Estando em mora, os riscos correrão, por igual, contra as duas partes.

• Quando o empreiteiro só fornece a mão-de-obra, todos os riscos correrão por conta do dono, exceto se o empreiteiro tiver culpa.

• Sendo a empreitada unicamente de lavor, se a coisa perecer antes de ser entregue, sem mora do dono, nem culpa do empreiteiro, este perderá o salário, a não ser que prove que a perda resultou de defeito dos materiais, sobre cuja qualidade e quantidade reclamou a tempo.

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• O arquiteto ou construtor que, por empreitada, se incumbir de executar uma obra segundo aceito por quem a encomendou, não terá direito de exigir acréscimo de preço, ainda que haja aumento de salários ou encarecimento de materiais, nem ainda que se altere ou aumente a obra em relação à planta, exceto se alterou por instruções escritas do contratante.

RECEBIMENTO DA OBRA Concluída a obra de acordo com o ajuste ou o costume do lugar, o

dono é obrigado a recebê-la. No entanto, o dono não é obrigado a receber a obra, se:

• o empreiteiro se afastou das instruções percebidas e dos planos dados;

• o empreiteiro descumpriu regras técnicas previstas para trabalhos da espécie; neste caso, o empreitante pode receber a obra com abatimento do preço.

RESCISÃO DO CONTRATO Pode o dono rescindir o contrato de empreitada, sem pagamento

de indenização:

• Se ocorrer enfermidade do empreiteiro, ou outra causa que o tome, deixando-o incapaz de executar a obra contratada;

• Por vício ou procedimento errôneo do empreiteiro;

• Pela não observância do contrato pelo empreiteiro. Se fora dos casos acima, o proprietário rescindir o contrato com o

empreiteiro, apesar de começada a execução, indenizará o empreiteiro pelas despesas e trabalhos já feitos, bem como pelos lucros que este poderia ter se concluísse o trabalho (lucros cessantes).

EMPRÉSTIMO (arts. 579 a 592 CC) Empréstimo é o contrato pelo qual alguém entrega uma coisa

para outrem, gratuitamente, obrigando-se este a devolver a mesma coisa ou devolver outra da mesma espécie e quantidade. O empréstimo poderá constituir um comodato ou um mútuo. Ambos são em regras benéficos (gratuitos), temporários (com prazo determinado ou

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determinável), unilaterais (havendo obrigação apenas para uma das partes) e reais (exigem a entregado bem para que se reputem perfeitos). São suas espécies:

a) Comodato ⎯ empréstimo de uso em que o bem emprestado deverá ser restituído (exemplo: empresto a você minha casa na praia), não podendo ser fungível ou consumível.

b) Mútuo ⎯ empréstimo de consumo em que o bem usado sendo fungível ou consumível não poderá ser devolvido e a restituição será no seu equivalente, por outra coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade (exemplo: empréstimo de 1 kg de feijão, carioquinha, tipo 01).

Observação – No mútuo opera-se a transferência do domínio da coisa a quem a emprestou, que poderá até mesmo aliená-la; no comodato haverá apenas o direito de usar a coisa, restituindo-a posteriormente. Vamos analisar os dois institutos de forma mais detalhada.

A) COMODATO (arts. 579 a 585 CC) Comodato é o contrato unilateral, a título gratuito, pelo qual

alguém entrega a outra pessoa coisa infungível, para ser usada temporariamente e depois restituída.

CARACTERÍSTICAS • Contrato Unilateral ⎯ é contrato, pois decorre de acordo de

vontades; no entanto é unilateral, pois apenas o comodante assume obrigação: a de entregar a coisa para uso do comodatário.

• Gratuito ⎯ não exige contraprestação do comodatário. Se o empréstimo for de um apartamento, pode-se convencionar que o comodatário pagará o condomínio, sem que isso desnature o contrato, pois a onerosidade é inferior à contraprestação (comodato modal ou com encargo).

• Real ⎯ o contrato se perfaz com a entrega (tradição) da coisa a comodatário (que passará a ter a posse direta).

• Temporário ⎯ o uso da coisa deverá ser temporário, podendo o prazo ser determinado ou indeterminado. Sendo por prazo indeterminado, a lei prevê que o contrato terá a duração necessária

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para o uso convencionado, ou para o fim a que se destinou (ex.: comodato de terras para plantio de cultura temporária).Não se admite o comodato perpétuo (nesse caso seria doação).

• Intuitu personae – é pessoal; não poderá ser cedido pelo comodatário a terceiro.

PARTES • Comodante ⎯ o que empresta a coisa, gratuitamente.

• Comodatário ⎯ o que toma emprestado e tem o dever de devolvê-la posteriormente.

FORMA O contrato de comodato pode ser por qualquer das formas

permitidas pelo direito, inclusive, verbal. Mas, na prática, por cautela, é preferível fazer um contrato escrito, para evitar problemas posteriores.

OBJETO O objeto do comodato deve ser coisa infungível e inconsumível,

podendo recair sobre bens móveis (ex.: carro) ou imóveis (ex.: uma casa, um terreno), que deverão ser entregues ao comodatário. RESTITUIÇÃO DA COISA

Terminado o prazo do comodato por tempo determinado ou notificado, para que seja posto fim ao contrato de comodato por tempo indeterminado, o comodatário há de devolver a mesma coisa recebida (infungibilidade).

Não restituída a coisa no prazo acertado, ocorre o esbulho possessório, ou seja, a “posse do comodatário” passa a ser injusta e de má-fé. Nesse caso, o comodante deverá utilizar a ação de reintegração de posse. Cuidado: é a reintegração de posse e não a ação de despejo.

PROIBIÇÃO DE CONTRATO DE COMODATO São proibidos de dar bens em comodato: os tutores, os curadores

e os administradores; relativamente aos bens confiados à sua guarda. Cessa a proibição se houver autorização especial.

MORA DO COMODATÁRIO

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Não devolvida a coisa ao término do contrato ou após a competente notificação, o comodatário é constituído em mora. Neste caso:

• deverá pagar o aluguel arbitrado pelo comodante;

• ficará responsável pelos riscos, perda ou deterioração da coisa

OBRIGAÇÕES DO COMODATÁRIO • Conservar e guardar a coisa como se fosse sua.

• Usá-la de acordo com o contrato ou sua natureza (sob pena de responder por perdas e danos).

• Pagar aluguel, se constituído em mora.

• Responder pelos danos causados à coisa.

• Não emprestá-la a terceiro, nem alugá-la. Observação – se houver mais de um comodatário, todos

responderão de forma solidária.

INDENIZAÇÃO DE BENFEITORIAS O comodatário é possuidor de boa-fé (pois há um contrato

autorizando a posse) e, se realizar benfeitorias na coisa recebida em comodato, no término do contrato, ao devolver a coisa ao comodante, terá direito à indenização das benfeitorias úteis e necessárias, bem como a levantar (tirar, levar embora) as voluptuárias se a retirada não danificar o bem.

B) MÚTUO (arts. 586 a 592 CC)

Mútuo é o contrato pelo qual alguém transfere a propriedade de cosa fungível a outrem, que se obriga a lhe restituir coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade (art. 586 CC). Exemplo: empréstimo de sacas de arroz para consumo, devolvendo-se outras da mesma qualidade e quantidade.

PARTES • Mutuante ⎯ o que dá por empréstimo.

• Mutuário ⎯ o que toma emprestado.

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4400

DESTINO DO BEM E FORMA A coisa recebida em mútuo passa para a propriedade do

mutuário, que lhe dá o destino que quiser, consumindo-a, guardando-a, emprestando-a para terceiro ou mesmo alienando-a por venda ou doação.

Não requer a lei modo especial para a sua celebração (possui forma livre), exceto se for mútuo oneroso, hipótese que deverá ser convencionada expressamente (art. 591 CC).

DEVOLUÇÃO DO BEM A coisa a ser devolvida deve ser da mesma espécie, qualidade e

quantidade da recebida. Não pode ser devolvida coisa diversa ou soma em dinheiro, pois teríamos outro tipo de contrato, como p. ex.: troca ou compra e venda.

CARACTERÍSTICAS • Real ⎯ somente se perfaz com a entrega da coisa emprestada.

• Contrato Gratuito ⎯ por ser um contrato requer a manifestação de duas vontades; gratuito porque o mutuante nada recebe do mutuário em troca do empréstimo. O mútuo pode ser oneroso, se se referir a empréstimo de dinheiro, onde se estipula o pagamento de juros. “Destinado-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a capitalização anual” (art. 591 CC).

• Temporário ⎯ por prazo curto e determinado ou determinável. Caso contrário, seria doação. Se não for estipulado prazo, o mútuo será (art. 592 CC):

- até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas (consumo ou semeadura). - de 30 dias, pelo menos, se for de dinheiro. - do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for qualquer outra coisa fungível.

• Que supõe a transferência do domínio ⎯ pois sendo o mútuo referente a coisa fungível e portanto móvel, só se perfaz com a tradição (entrega da coisa) e esta transfere o domínio (a propriedade) ao mutuário.

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MÚTUO FENERATÍCIO É o mútuo oneroso, permitido por nossa legislação, pois o Código Civil prescreve que se presumem devidos juros, (que não poderão exceder a taxa legal), destinado-se o mútuo a fins econômicos (art. 591 CC). São nulas de pleno direito as estipulações cujos valores são superiores às legalmente permitidas (isto é chamado de usura). O juiz deverá ajustá-las à medida legal; mas se já foram pagas deve ordenar a restituição em dobro da quantia paga em excesso.

A capitalização de juros (a doutrina chama isso de anatocismo) foi proibida pela Lei de Usura (Dec. 22.262/33), mas nas operações realizadas pelas instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional, é admissível a capitalização com periodicidade inferior a um ano. No entanto passou-se a utilizar a correção monetária para garantir a integridade do valor emprestado, isto é, do poder aquisitivo da moeda que será restituído no final do contrato. A correção monetária passou a ser um ajuste do valor do débito, podendo ser convencionada nos mútuos, mesmo fora do sistema financeiro.

MÚTUO FEITO A PESSOA MENOR “O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele

sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores” (art. 588 CC). Todavia, cessa essa disposição se (art. 589 CC):

– a primeira pessoa de cuja autorização o menor precisava, ratifica o ato posteriormente.

– estando ausente essa pessoa, o menor se viu obrigado a contrair o empréstimo para seus alimentos habituais (inclui estudos, vestuário, médico, etc.).

– o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho (nessa hipótese a execução do credor não pode ultrapassar as forças dos ganhos).

– o empréstimo reverteu em benefício do menor. – o menor obteve o empréstimo maliciosamente.

DEPÓSITO (arts. 627 a 652 CC)

CONCEITO

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Depósito é o contrato pelo qual uma pessoa (depositária) recebe de outra (depositante) um objeto móvel, para guardá-lo, temporária e gratuitamente, até que o depositante o reclame. Ex.: deposito sacas de café em um armazém para posterior venda.

PARTES

• Depositário ⎯ recebe a coisa em depósito.

• Depositante ⎯ entrega a coisa em depósito.

CARACTERÍSTICAS

• Contrato Unilateral (regra) ⎯ é contrato, pois exige mútuo consenso, duas vontades; no entanto é unilateral, pois origina obrigações apenas para o depositário (o depósito, às vezes pode ser bilateral, pois pode ser cobrado).

• Real ⎯ para se tornar perfeito é necessária a efetiva entrega (tradição) da coisa, exceto se o depositário já se encontrar na sua posse.

• Gratuito ⎯ determina o art. 638 CC que: “O contrato de depósito é gratuito, exceto se houver convenção em contrário, se resultante de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão”. Se o depósito for oneroso e a retribuição do depositário não constar de lei, nem resultar de ajuste, será determinado pelos usos do lugar, e, na falta destes, por arbitramento.

• Coisa móvel e corpórea ⎯ se for imóvel entende-se haver locação de serviços, em que se recebe o bem para guarda e conservação; se for incorpóreo não tem consistência e não poderá ser manipulada para a guarda.

• Contrato temporário ⎯ o depositário deverá apenas guardar a coisa que lhe foi confiada, e, ao final do contrato, tem a obrigação de restituir a coisa depositada. Não há depósito perpétuo. Caso o prazo não seja estipulado, a lei nº 2.313, de 03/09/1954 estabeleceu que será de, no máximo, 25 anos, findo os quais o bem depositado é recolhido ao Tesouro Nacional, onde aguardará seu dono por 5 anos, findo os quais, se não reclamados, passará ao patrimônio nacional.

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DIREITOS E OBRIGAÇÕES NO DEPÓSITO

1 – Obrigações do depositário • Ter na custódia da coisa o cuidado e diligência exigíveis, como se

a coisa fosse sua, respondendo pelos prejuízos a que der causa.

• Não usar a coisa depositada sem autorização, nem transferi-la, sob pena de responder por perdas e danos.

• Manter a coisa no estado em que lhe foi entregue.

• Restituí-la ao final do contrato ou quando solicitada, no local convencionado.

2 – Direitos do depositário • Receber as despesas feitas com a coisa e a indenização dos

prejuízos.

• Exigir a remuneração, se esta for pactuada.

• Reter a coisa até que se lhe pague a retribuição devida.

• Requerer o depósito judicial, nos casos permitidos (arts. 635 e 641 CC).

3 – Obrigações do depositante • Pagar a remuneração, se convencionado e reembolsar as

despesas necessárias.

• Responder pelo risco do contrato de depósito. 4 – Direitos do depositante

• Exigir a conservação da coisa que entregou e a sua restituição, com todos os seus acessórios, a qualquer tempo (mesmo que haja prazo estipulado), e impedir o uso da coisa, se não o autorizou.

MODALIDADES

1 - Voluntário ou convencional (arts. 627 a 646 CC) ⎯ resulta de livre acordo entre as partes. Deve ser escrito, pois a lei só permite prova por escrito.

2 - Necessário (arts. 647 a 652 CC): a) por imposição de lei (legal). Exemplo: depósito de objeto achado;

de dívida vencida, na pendência da lide, se vários credores disputarem

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o montante; feito pelo administrador dos bens do depositário que tenha se tornado incapaz, etc.

b) por ocasião de calamidade (miserável). Exemplo: terremoto, incêndio, inundação, naufrágio ou saque, quando o depositante é obrigado a se socorrer de pessoa que aceita depositar os bens que conseguiu salvar, etc. Obs.: este admite qualquer meio de prova.

c) depósito do hoteleiro ou hospedeiro - será analisado adiante. 3 – Judicial ou seqüestro – determinado por mandado do Juiz, que

entrega a terceiro, coisa litigiosa (móvel ou imóvel), com o intuito de preservar a sua incolumidade, até que se decida a causa principal. Esse depósito é remunerado e confere poderes de administração, necessários à conservação dos bens (arts. 635 do CC).

BAGAGEM EM HOTEL E SIMILARES

A bagagem deixada em hotel, hospedaria, pensão, etc., é considerada depositada em mãos do dono do hotel, hospedaria, etc., o qual responde como depositário (art. 649 CC).

Esta responsabilidade se estende mesmo em casos de furtos e roubos perpetrados pelos empregados e pessoas admitidas na hospedaria.

A responsabilidade cessa se: celebrar convenção com o hóspede, o prejuízo não poderia ter sido evitado, o fato se deu por caso fortuito ou força maior (ex.: roubo a mão armada – se for furto há responsabilidade) ou houver culpa do hóspede (ex.: deixou a porta de seu quarto aberta).

A responsabilidade do hospedeiro se caracteriza pela ocorrência do dano, desde que haja contrato de hospedagem. Este depósito não é gratuito, sendo que seu preço se considera incluído no valor da diária.

PRISÃO DO DEPOSITÁRIO

O depositário que injustificadamente não restituir a coisa depositada, ao final do contrato, ou quando solicitada, e desde que não esteja amparado pelas causas de exclusão da obrigação de restituir (arts. 633 e 634), passa a ser considerado depositário Infiel e poderá ter decretada sua prisão, pelo prazo de até um ano, além de ser obrigado a indenizar o depositante pelos prejuízos decorrentes de sua infidelidade (art. 652).

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OBSERVAÇÃO Há quem entenda não ser admissível a prisão civil do depositário

infiel, com base no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos aprovados na Convenção sobre Direitos Humanos de São José de Costa Rica, que a proibiria. Além disso, a nossa Constituição apenas facultaria a prisão do depositário infiel, nada impedindo que o direito infraconstitucional a suprimisse.

No entanto o art. 11 do referido Pacto, aprovado pelo Decreto Legislativo 226/91 prescreve que “ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com uma obrigação contratual”. O cerne da questão está no verbo poder, referindo-se àqueles casos em que o devedor inadimplente se encontre em situação de penúria, não tendo como pagar suas dívidas. Essa disposição não se aplica a quem, podendo devolver, restituir o bem, assim não procede, injustificadamente. Assim, tem prevalecido a tese que a pode ser decretada a prisão do depositário infiel.

MANDATO (arts. 653 a 709 CC)

ORIGEM

O mandato se origina do direito romano, o mandatum, isto é, manu datum, que era um contrato formal em que as partes, para firmá-lo, estendiam-se as mãos, que em seguida apertavam, como manifestação de haver sido dado e aceito o encargo.

CONCEITO

Mandato é um contrato pelo qual alguém (mandatário) recebe de outro (mandante) poderes para, em seu nome (em nome do mandante), praticar atos ou administrar interesses (art. 653 CC).

Por este contrato, A, mandante, confere poderes a B, mandatário, e este age em nome de A, como se fosse o próprio A, a praticar os atos jurídicos. O mandatário é um representante do mandante; fala e age em nome e por conta dele. É o mandante quem contrai as obrigações e adquire os direitos como se tivesse tomado parte pessoalmente no negócio jurídico. Os atos jurídicos praticados por B, neste caso, são

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assumidos por A como se ele próprio os tivesse praticado. O mandato pode ser expresso ou tácito; verbal ou escrito.

PARTES

• Mandante (outorgante) ⎯ que confere os poderes.

• Mandatário (outorgado, procurador) ⎯ que recebe os poderes.

CARACTERÍSTICAS

• Contrato Bilateral ⎯ contrato porque são necessárias duas vontades: além do mandante, o mandatário deve aceitar o mandato, embora este, como regra, não assine o instrumento. A aceitação pode ser expressa ou tácita (se resultar do começo da execução, ou seja, se o mandatário der início a atos de execução, presume que aceitou o mandato). O simples silêncio não indica aceitação do encargo. É bilateral porque gera efeitos tanto para o mandante quanto para o mandatário.

• Gratuito ou Remunerado (oneroso) ⎯ o mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada retribuição, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa (ex.: advogado, despachante, etc.). Se a retribuição não estiver prevista no contrato o quantum será determinado pelos usos e costumes locais ou, na sua ausência, por arbitramento judicial.

• Intuitu personae ⎯ é celebrado em consideração à idoneidade técnica e moral do mandatário, predominando a mútua confiança dos contratantes.

• Representatividade ⎯ é imprescindível a idéia de representação, que estabelece um liame obrigacional entre o mandante e a terceira pessoa, por meio do representante (mandatário).

• Revogabilidade ⎯ qualquer dos contratantes poderá por fim ao contrato, sem a anuência do outro ou qualquer justificativa: revogação por parte do mandante e renúncia por parte do mandatário. Há casos de irrevogabilidade, que serão analisados adiante.

• Forma Livre ⎯ não exige forma especial, podendo ser até verbal. É contrato consensual (depende só da vontade das partes) e não

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formal (não tem forma prevista em lei). Todavia, para os atos que exigem instrumento público ou particular (ex.: compra e venda de bens imóveis por escritura pública, fiança, aceite de cambial, etc.), o mandato não pode ser verbal, necessitando de instrumento.

É inadmissível mandato verbal para os atos que exigem instrumento público ou particular (art. 657 CC).

INSTRUMENTO DO MANDATO

O instrumento do mandato escrito é a procuração, que é uma autorização representativa. Pode ser por instrumento público ou particular.

A procuração por instrumento público só será exigida em casos especiais (ex.: relativamente incapazes, cego, analfabeto, etc.). Fora desses casos, será lícito outorgar procuração mediante instrumento particular, somente tendo validade se tiver assinatura do mandante (art. 654, in fine). O reconhecimento da firma do outorgante no instrumento particular será condição essencial à sua validade em relação a terceiros (efeito erga omnes), que poderão exigi-lo.

É de rigor que seja por instrumento público a procuração dada por cônjuge para o outro para: alienar, hipotecar ou gravar de ônus real os bens imóveis do casal; prestar fiança; fazer doação de bens ou rendimentos comuns.

ESPÉCIES

O mandato, que é caracterizado pela idéia de representação, pode ser: legal, judicial ou convencional (ad judicia ou ad negotia.).

1 - Mandato legal Mandato legal é o que decorre da lei e dispensa qualquer

instrumento. São exemplos, o mandato que os pais têm para representar os filhos menores e administrar-lhes seus negócios, bem como o dos tutores e curadores em relação aos tutelados e curatelados. Os sindicatos têm mandado legal para representar seus associados perante autoridades administrativas e judiciais.

2 - Mandato judicial

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Mandato judicial é o conferido em virtude de um processo judicial, sendo o mandatário nomeado pela autoridade judicial, como o inventariante (representa o espólio), o síndico (representa a massa falida), o comissário (representa o estabelecimento em concordata), etc.

3 - Mandato convencional Mandato convencional decorre de contratos entre as partes, dos

quais cuidaremos mais adiante, sendo que o ad judicia é conferido a advogado, e o ad negotia é conferido a qualquer pessoa, com 16 anos ou mais, para administrar interesses.

NÃO SE ADMITE MANDATO

Nada obsta que atos extrapatrimoniais sejam praticados por meio de procuração, como o reconhecimento de filho, casamento, etc. No entanto proíbe-se a realização de certos atos personalíssimos como:

• fazer testamento ou revogá-lo, prestar exames, exercer cargos ou funções, exercício do voto, depoimento pessoal, recebimento de indenização por acidente trabalhista, etc.

CLASSIFICAÇÃO DO MANDATO 1 - Quanto às relações entre mandante e mandatário

• Oneroso ⎯ se a atividade do mandatário é remunerada.

• Gratuito ⎯ sem remuneração. 2 - Quanto à pessoa do procurador

• Singular ou simples ⎯ apenas um mandatário.

• Plural ⎯ vários procuradores. Se eles não puderem agir separadamente, será conjunto; se puderem, independentemente da ordem de nomeação, será solidário; se a ação de cada mandatário estiver delimitada, devendo cada qual agir em seu setor, será fracionário; se um puder agir na falta do outro pela ordem de nomeação, será substitutivo.

3 - Quanto ao modo de manifestação de vontade • Expresso ⎯ procuração com poderes especiais.

• Tácito ⎯ a aceitação do encargo se der por atos que se presumem.

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4 - Quanto à forma de celebração • Verbal ⎯ é permitido em todos os casos onde não exija a

forma escrita; pode ser provado por testemunhas.

• Escrito ⎯ se feito por escrito, por instrumento particular (procuração simples – para valer perante terceiros é necessário reconhecimento de firma) ou por instrumento público (procuração feita em cartório).

5 - Quanto ao objeto • Empresarial (comercial ou mercantil) ⎯ se o mandatário

tiver de praticar atos de comércio (geralmente oneroso).

• Civil ⎯ as obrigações do procurador não constituem na prática ou administração de interesses mercantis.

6 - Quanto ao fim • Ad Negotia ⎯ ou extrajudicial, se a ação do mandatário se

der fora do âmbito judicial.

• Ad Judicia ⎯ mandatário (sempre advogado) age em juízo em nome do constituinte, sempre sendo oneroso. Deve ser por escrito e tem por objeto o patrocínio dos interesses de uma pessoa perante Juízos ou Tribunais.

MANDATO AD JUDICIA

O mandato ad judicia também é conhecido como mandato judicial. É o conferido a advogados (deve ser inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, sob pena de nulidade), para a prática de atos judiciais; podendo praticar todos os atos do fórum em geral, excetuados os que exigem poderes especiais. É um contrato intuitu personae, lastreado na mútua confiança. É admissível a sua resilição unilateral e será sempre oneroso, devendo ser feito por escrito.

A procuração ad judicia, que é instrumento do mandato, pode ser outorgada por instrumento público ou particular, dependendo da hipótese. Dispensa-se o instrumento o defensor nomeado pelo Juiz.

Não podem ser procuradores ad judicia:

• os menores de 18 anos, a não ser que sejam emancipados.

• os funcionários judiciais, escrivães, Juízes e membros do Ministério Público.

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• ascendentes, descendentes e irmãos do Juiz da causa.

• ascendentes ou descendentes da parte adversa, exceto em causa própria.

• vereadores, deputados e senadores não podem patrocinar causas contra as pessoas jurídicas de direito público.

QUEM PODE OUTORGAR PROCURAÇÃO

Todas as pessoas maiores ou emancipadas, no gozo dos direitos civis (portanto, capazes) podem outorgar procuração mediante instrumento particular, que valerá, desde que tenha a assinatura do outorgante. Os absolutamente incapazes não podem outorgar procuração (já têm representantes). Os relativamente incapazes, para os atos que também não podem praticar sozinhos ou assistidos por representantes legais, por meio de instrumento público.

REQUISITOS DA PROCURAÇÃO

A procuração deve conter a designação:

• do Estado, Cidade e circunscrição civil onde é passada; da data em que é outorgada; do nome do outorgante e a sua qualificação civil; do nome do outorgado e sua qualificação; do objetivo da procuração; da natureza, designação e extensão dos poderes conferidos.

SUBSTABELECIMENTO

Substabelecer uma procuração significa conferir a terceira pessoa os poderes que o mandatário recebeu do mandante. O substabelecimento pode ser feito por instrumento particular, ainda que o mandatário tenha recebido os poderes por procuração pública, mas desde que a lei não exija instrumento público.

Quanto ao substabelecimento, o mandatário pode: 1 - Ter poderes para substabelecer - o substabelecimento é válido e o substabelecido responde pessoalmente perante o mandante, como seu procurador. Neste caso haverá responsabilidade do mandatário que substabelece, só se o substabelecido for notoriamente incapaz ou insolvente.

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2 - Não ter poderes para substabelecer - o substabelecimento é válido, mas o mandatário continua responsável por qualquer prejuízo causado por culpa do substabelecido. 3 - Estar proibido de substabelecer - o substabelecimento também é válido, sendo que o mandatário responde perante o mandante por qualquer prejuízo que aquele lhe causar, mesmo que seja por caso fortuito, salvo provando que o fato teria ocorrido ainda que não tivesse havido o substabelecimento. O substabelecimento pode ser:

a) Sem reserva de poderes – o procurador (substabelecente) transfere os poderes ao substabelecido (esse passa a ser o único procurador), definitivamente, renunciando ao mandato. Nesse caso deve haver notificação do constituinte (mandante), pois se assim não proceder, não ficará isento de responsabilidade pelas obrigações.

b) Com reserva de poderes – o procurador (substabelecente) outorga poderes ao substabelecido, sem perdê-los; qualquer um dos dois pode exercer os poderes.

PODERES ESPECIAIS

O mandato ad negotia confere poderes para os atos de administração em geral, e o ad judicia confere poderes para advogado praticar todos os atos do processo, com exceção dos que exigem poderes especiais. A) Exige poderes especiais, o mandado ad negotia para:

• alienar • levantar dinheiro

• hipotecar • dar fiança

• transigir • aceitar cambial

• celebrar casamento • emitir cheque

• oferecer queixa-crime B) Exige poderes especiais o mandato ad judicia para:

• receber citação • receber e dar quitação

• confessar • representar testamenteiro

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5522

• transigir

RATIFICAÇÃO

O mandatário pode se exceder no cumprimento do mandato e praticar atos para os quais não tinha procuração. Estes atos podem ser impugnados pelo mandante, para anulá-los, ou podem ser ratificados. Ex.: O mandatário pratica atos após o término do mandato, como, por exemplo, recebendo pagamento, adquirindo bens, etc.

Neste caso, o mandatário age como gestor de negócios, que é a pessoa que, sem autorização, gera negócios alheios segundo a vontade presumível do dono. Ratificados tais atos pelo dono do negócio, tornam-se válidos e perfeitos.

PROCURAÇÃO DADA A MENORES

Os menores, a partir de 16 anos, podem ser mandatários ad negotia, mas o mandante não tem ação contra ele, para cobrar-lhe os prejuízos eventualmente causados, exceto:

• Se o menor foi autorizado pelo seu representante.

• Se o menor se disse maior ou ocultou a própria idade. Observe-se que terceiros com quem o mandatário menor

contratou não podem ficar prejudicados. Neste caso, o mandante responde quando o menor não responder.

OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO

• Cumprir fielmente o mandato, de modo que se não o cumprir responde por culpa.

• Não substabelecer sem autorização, sob pena de responder pelos prejuízos, como já visto anteriormente.

• Prestar contas ao mandante, transferindo-lhe as vantagens.

• Representar a procuração com quem tratar.

OBRIGAÇÕES DO MANDANTE

• assumir as obrigações contraídas nos limites do mandato.

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• reembolsar as despesas decorrentes do mandato (a regra é adiantá-las).

• pagar a remuneração tratada.

• cobrir os prejuízos do mandatário.

VÁRIOS MANDATÁRIOS

Se houver mais de dois mandatários nomeados no mesmo instrumento, qualquer deles poderá exercer os poderes outorgados (salvo se não forem expressamente declarados conjuntos, nem especificamente designados para atos diferentes, ou subordinados a atos sucessivos). Se os mandatários forem declarados conjuntos, todos deverão praticar o ato em conjunto, sob pena de não produzir efeitos (ressalvada a ocorrência de ratificação, que retroagirá a data do ato).

EXTINÇÃO DO MANDATO

• Por revogação do mandante, que pode ser expressa ou tácita (ex.: O mandante assume pessoalmente a gestão do negócio).

• Por renúncia do mandatário. Este deve comunicar ao mandante, sob pena de arcar com os prejuízos daí decorrentes.

• Por morte ou interdição de qualquer das partes.

• Pela mudança de estado que o inabilite para a outorga do mandato (ex.: mulher que deu procuração para vender imóvel seu, e depois se casa em regime da comunhão).

• Pelo término do prazo ou conclusão do negócio.

• Pela extinção da pessoa jurídica, quando o mandato for daqueles que decorrer do contrato social.

Observações: 1. Revogação tácita ⎯ pode ocorrer:

a) quando o mandante constituir novo mandatário. Neste caso, se o mandante não comunicou ao primeiro mandatário, os atos por este praticados não são considerados excessivos e valem.

b) quando o mandante assume pessoalmente o negócio. 2. No caso de morte, há que se observar:

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a) até se provar que o mandante faleceu, deve o mandatário cumprir o mandato, sendo os atos válidos.

b) a morte do representante do incapaz não extingue o contrato.

c) a morte do representante da pessoa jurídica não extingue o mandato conferido a terceiro.

d) ocorrendo a morte do mandatário, seus herdeiros têm obrigação de prestar contas.

MANDATO IRREVOGÁVEL

São irrevogáveis os mandatos quando:

• assim se convencionar.

• em causa própria.

• conferido a sócio, pelo estatuto social.

• forem condição de um contrato bilateral.

MANDATO EM CAUSA PRÓPRIA

Trata-se de mandato em que o beneficiário é o próprio mandatário. É o mandato outorgado no exclusivo interesse do mandatário. Ex.: A confere mandato em causa própria para B vender um terreno, sendo que B pode vendê-lo a si mesmo ou para terceiro. Este mandato:

• é irrevogável;

• isenta o mandatário de prestação de contas;

• tem seus poderes ilimitados e não se extinguem pela morte do mandante;

• equivale a uma verdadeira venda ou cessão de direitos, se contém os respectivos requisitos (res, pretium et consensos), sendo pago o imposto de transmissão, acaso devido;

• o mandatário pode acioná-lo em seu próprio nome, como se proprietário fosse;

• não se extingue com a morte do mandante, mas passa aos seus herdeiros.

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Obs.: apesar de irrevogável, se o mandante o revogar, vale a revogação, respondendo este por perdas e danos.

FIANÇA (arts. 818 a 839 CC)

CONCEITO

Fiança (ou caução fidejussória) é a promessa feita por uma ou mais pessoas, de garantir ou satisfazer a obrigação de um devedor, se este não a cumprir, assegurando ao credor o seu efetivo cumprimento (art. 818 CC). No direito brasileiro temos duas espécies de contratos de caução ou garantia:

1. Garantia Real ⎯ res = coisa; a coisa garante a dívida (ex.: penhor, hipoteca, anticrese e alienação fiduciária).

2. Garantia Fidejussória ⎯ garantia pessoal (ex.: fiança e aval).

Como se vê, a fiança parte do gênero dos contratos de caução ou garantia. É negócio entabulado entre credor e fiador; portanto o devedor (afiançado) não é parte na relação jurídica fidejussória.

A fiança pode ser dada a qualquer tipo de obrigação, seja ela de dar (coisa certa ou incerta), fazer ou não fazer.

CARACTERÍSTICAS

• Acessório ⎯ não existe sem um contrato, onde se encontra a obrigação que está sendo garantida pela fiança. Ex.: José contrata um mútuo de dinheiro com um Banco (contrato principal). Pedro, seu fiador, assume obrigação acessória de quitar a dívida, caso José não pague (fiança - contrato acessório).Como o acessório segue o principal (accessorium sequitur principale), se o contrato principal for nulo, nula será a fiança (art. 824 CC). No entanto a recíproca não é verdadeira. Além disso, abrange todos os acessórios da dívida principal (juros, cláusula penal, despesas judiciais, etc.). A fiança pode ser de valor inferior da obrigação principal; no entanto nunca poderá ser superior ao valor do débito principal, nem ser mais onerosa do que ele, sob pena de ser reduzida ao nível da dívida afiançada (art. 823 CC).

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• Unilateral ⎯ gera obrigação apenas para o fiador que se obriga para com o credor, mas este nenhum compromisso assume em relação àquele.

• Gratuito ⎯ como regra, o fiador não recebe remuneração; apenas ajuda o devedor. No entanto nada obsta que se pactue certa remuneração, muito comum em contratos bancários, em que os bancos assinam termos de responsabilidade em favor de seus clientes, em troca de uma porcentagem sobre o montante garantido.

• Forma escrita ⎯ a forma da fiança é obrigatoriamente escrita (art. 819 CC), por instrumento público ou particular e assinada, não se admitindo a fiança verbal, ainda que com muitas testemunhas. Fiança não se presume; é contrato solene. Pode ela ser realizada no próprio instrumento do contrato principal.

• Não admite interpretação extensiva ⎯ a fiança sempre será interpretada restritivamente, isto porque é contrato benéfico. O fiador responde por aquilo que efetiva e expressamente consignou no instrumento. Se alguma dúvida surgir, interpreta-se favoravelmente ao fiador. Ex.: se concedida para garantir aluguel, não se estende a danos causados no prédio por incêndio. Se concedida para garantir aluguel, não se estende a pagamentos de impostos, etc.

• Não se estende além do tempo convencionado ⎯ para prorrogar-se a fiança, caso o contrato se prorrogue, precisa disposição expressa a esse respeito. Costuma-se dizer: “a fiança não se estende de uma coisa para outra, de uma pessoa para outra, de um tempo para outro”.

• Subsidiária ⎯ o fiador só se obriga se o devedor principal ou afiançado não cumprir a prestação devida, a menos que se tenha pactuado a solidariedade. Nesse caso o fiador assume a posição de co-devedor (sem desnaturar a fiança).

• Súmula 214 do Superior Tribunal de Justiça ⎯ “o fiador na locação não responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu”.

SUBSTITUIÇÃO

O credor pode exigir a substituição do fiador se este (art. 826 CC): a) se tornar insolvente (não tiver bens para responder pela

obrigação assumida).

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b) Se tornar incapaz.

CONDIÇÕES PARA SER FIADOR

Para ser fiador, é necessário que:

• Seja idôneo (moral e financeiramente).

• Resida no mesmo município onde tenha que prestar fiança (será mais fácil avisá-lo do inadimplemento do devedor).

Podem ser fiador Todas as pessoas maiores ou emancipadas, que tenham a livre

disposição de seus bens e preencham os requisitos descritos acima.

Não podem ser fiador • Os menores de 18 anos, mesmo emancipados. Nem mesmo se os

pais os representarem ou assistirem. A emancipação confere o direito de administrar seus negócios; a fiança é uma obrigação por dívida alheia.

• Os pródigos, sem assistência do curador.

• Os absolutamente incapazes, mesmo que representados por seus curadores.

• O cônjuge, sem o consentimento do outro (outorga uxória ou marital), exceto no regime da separação total de bens. Se for dada fiança sem outorga, será anulável. O prazo para anular esta fiança é de quatro anos, a partir da dissolução da sociedade conjugal.

• O analfabeto, a não ser que o faça por procurador constituído por instrumento público, com poderes especiais.

• Certas pessoas em razão de seu ofício (tesoureiros, leiloeiros – Dec. nº 2.198/32, tutores, curadores, etc.).

FIANÇA DE OBRIGAÇÃO NULA

As obrigações nulas não são suscetíveis de fiança. Assim, sendo nula a obrigação principal, nula também será a fiança. Ex.: fiança dada em contrato de locação assinado por absolutamente incapaz.

FIANÇA DE OBRIGAÇÕES CONTRAÍDAS POR MENOR

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Se a fiança for dada a obrigação contraída por pessoa menor (até 18 anos), embora a obrigação principal seja nula ou anulável, conforme o caso, prevalece a fiança (art. 1.988 do Código Civil). Ex.: menor assina contrato de locação; se o contrato for nulo ou anulado, prevalece a obrigação do fiador quanto aos aluguéis não pagos pelo menor.

FIANÇA A MÚTUO CONTRAÍDO POR MENOR

Se a fiança se referir a contrato de mútuo contraído por menor, sendo nulo ou anulado o contrato de mútuo, nula também será a fiança. Esta é uma exceção à regra acima. Ex.: menor toma dinheiro emprestado e terceira pessoa assina o contrato como fiador. Declarado nulo ou anulado o contrato de mútuo, exonera-se também o fiador.

BENEFÍCIO DE ORDEM É o direito assegurado ao fiador de exigir do credor que acione,

em primeiro lugar, o devedor principal, isto é, que os bens do devedor principal sejam executados antes dos seus (art. 827 CC). A invocação desse benefício deve ser manifestada expressamente.

Não pode o fiador socorrer-se deste benefício se renunciou o benefício, ou se obrigou como principal pagador (ou devedor solidário), ou se o devedor for insolvente ou falido.

BENEFÍCIO DE DIVISÃO Havendo mais de um fiador garantindo a mesma obrigação, estes

são solidários entre si, aplicando-se-lhes as regras das obrigações solidárias.

Todavia, podem os fiadores, entre si, prever expressamente no contrato de fiança, que se utilizarão do benefício de divisão, isto é, de que a obrigação entre eles seja divisível. Assim, cada fiador só responderá pela parte que, em proporção, lhe couber no pagamento (art. 829 e parágrafo único CC).

SUB-ROGAÇÃO O fiador que pagar integralmente a dívida, ficará sub-rogado nos

direitos do credor, mas só poderá demandar a cada um dos outros fiadores pela respectiva cota (art. 831 CC). Sub-rogar significa estar no lugar de. Sub-rogação nos direitos do credor significa que o fiador que paga passa a ocupar o lugar do credor, assumindo-lhe todos seus direitos, inclusive o de executar o devedor, ou os outros fiadores.

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O fiador pode cobrar do devedor as perdas e danos que sofrer em razão da fiança.

RESPONSABILIDADE DOS HERDEIROS Os herdeiros do fiador respondem quanto às obrigações

assumidas pelo de cujus em razão de fiança. Mas a responsabilidade da fiança não pode ultrapassar as forças da herança e se limitará até a data da morte do fiador.

Se A é fiador de B, referente à locação de imóvel, e B deve os meses de julho a dezembro, no valor de 100 por mês, sendo que A falece em setembro e só deixa de herança 500, os herdeiros só serão responsáveis por 300, porque o limite foi a data da morte do fiador. Se A só tivesse deixado 200 de herança, os herdeiros só responderiam por 200.

EXTINÇÃO DA FIANÇA

• Por vontade do fiador, quando tiver assinado fiança sem limitação de tempo. Neste caso, a exoneração pode ser por ato amigável entre o fiador e o credor ou por decisão judicial.

• Por morte do fiador;

• Por anulação judicial, nos casos de anulabilidade dos atos jurídicos em geral (falta de legitimação, vícios do ato jurídico, etc.)

• Se, sem o consentimento do fiador, o credor conceder moratória ao devedor;

• Se, por fato do credor, tornar impossível a sub-rogação do fiador nos seus direitos e preferências. Ex.: credor levanta hipoteca que garante a dívida, sendo que por isso o fiador não pode se sub-rogar no direito de executar aquela hipoteca.

• Se o credor, em quitação amigável, aceitar do devedor objeto diverso do que venha a perdê-lo por evicção. Ex.: A credor aceita do devedor um terreno para quitar a dívida, em lugar de pagamento em dinheiro. Se A vier a perder este terreno, mesmo por evicção, o fiador está liberado.

• Se o fiador indicar bens do devedor para serem executados em primeiro lugar, demorando-se o credor a executá-los, e caindo, posteriormente, o devedor em insolvência, libera-se o fiador.

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AVAL

O aval é, a exemplo da fiança, uma garantia pessoal, em que uma pessoa (o avalista) obriga-se a pagar a dívida de outrem (avalizado). O avalista é devedor solidário.

O aval é figura do direito cambiário, isto é, uma garantia própria dos títulos de crédito (letra de câmbio, nota promissória, etc.).

O aval importa na responsabilidade autônoma do avalista, independente da validade da obrigação garantida.

Para dar o aval, basta que o avalista aponha sua assinatura, do próprio punho, ou através de procurador, no título.

Meus amigos e alunos. Vimos hoje as modalidades dos contratos, as diversas espécies de contratos. Foi uma aula longa, cheia de detalhes. Porém não é complexa. Esses contratos, em sua maioria, já são conhecidos dos alunos. Mesmo aquele que não é formado em Direito. Quem nunca ouvir falar de um contrato de locação? Ou de fiança, ou mesmo da compra e venda? O que é necessário é complementar as informações que o aluno já tinha com o teor da aula de hoje, com as peculiaridades de cada contrato, pois é isso que costuma cair nos concursos. Por isso é muito importante a leitura do nosso famoso quadro sinótico abaixo. Este “quadrinho”, na verdade, é um resumo do que foi falado na aula de hoje e tem a função de ajudar o aluno a melhor assimilar e memorizar os conceitos fornecidos na aula e também de facilitar a revisão da matéria para estudos futuros.

QUADRO SINÓTICO

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES = PARTE ESPECIAL CONTRATOS EM ESPÉCIE

Compra e Venda (arts. 481 a 532)

Um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa

coisa, e o outro, a pagar-lhe o preço em dinheiro. Elementos: coisa, preço e consenso. Não se transfere o domínio.

Este é transferido pela tradição (bens móveis) ou pelo registro do título aquisitivo no Cartório de Registro de Imóveis (bens imóveis).

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A lei proíbe que os ascendentes vendam aos descendentes quaisquer bens, sem que haja o consentimento dos outros descendentes e o cônjuge do alienante, salvo se casado sob o regime de separação obrigatória (art. 496 CC), sob pena de anulação do ato. Essa venda poderia simular uma doação em prejuízo dos demais herdeiros.

Cláusulas especiais: retrovenda (arts. 505/508), venda a contento (arts. 509/512), preempção ou preferência (arts. 513/520) e reserva de domínio (arts. 521/528).

Troca ou permuta (art. 533) As partes se obrigam a dar uma coisa por outra que não seja

dinheiro. Operam-se, ao mesmo tempo, duas vendas, servindo as coisas trocadas de compensação recíproca. É anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem o expresso consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante.

Estimatório (arts. 534 a 537)

Uma das partes (consignatário) recebe da outra (consignante) bens móveis, ficando autorizada a vendê-los, obrigando-se a pagar um preço estimado previamente, se não restituir as coisas consignadas, dentro do prazo ajustado.

Doação (arts. 538 a 564)

Uma pessoa, por liberalidade, transfere de seu patrimônio, bens ou vantagens para o de outra, que os aceita. Os ascendentes podem fazer doações a seus filhos, mas isso importa em adiantamento da legítima. Nula será a doação da parte excedente do que poderia dispor em testamento. Há nulidade da doação inoficiosa apenas no que exceder à legítima dos herdeiros. A doação pode ser revogada se houver ingratidão (ex.: atentar contra a vida ou caluniar o doador) ou descumprimento de encargo.

Locação (arts. 565 a 578 e 593 a 626)

Uma das partes, mediante remuneração, se compromete a fornecer à outra, por certo tempo, o uso de uma coisa, a prestação de um serviço ou a execução de determinado trabalho. Há três espécies:

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1. Locação de serviços – Prestação de serviços economicamente apreciável.

2. Locação de obras ou empreitada – Execução de obra ou trabalho.

Pela disposição atual no Código Civil, a prestação de serviços e a empreitada não são espécies de locação e sim contratos autônomos.

3. Locação de coisas – É o contrato pelo qual uma das partes (locador ou senhorio) se obriga a ceder à outra (locatário ou inquilino), por tempo determinado, ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa remuneração (art. 565 CC). Se houver mais de um locador ou locatário, entende-se que são solidários, se o contrato não estipulou o contrário. A locação de imóvel urbano é regulada pela Lei 8.245/91. O locador só pode exigir uma das seguintes garantias sob pena de nulidade: a) caução (máximo 3 meses); b) fiança; c) seguro-fiança locatícia. Durante o prazo convencionado não poderá o locador reaver o imóvel alugado; o locatário poderá devolvê-lo, pagando a multa pactuada. O locatário poderá denunciar a locação por prazo indeterminado mediante aviso por escrito ao locador, com antecedência mínima de trinta dias. No caso de alienação o locatário tem direito de preferência para adquirir o imóvel em igualdade de condições com terceiros.

Empréstimo (arts. 579 a 592)

Alguém entrega uma coisa para outrem, gratuitamente, obrigando-se este a devolver a mesma coisa ou devolver outra da mesma espécie e quantidade. A lei prevê duas espécies deste contrato:

1. Comodato – Empréstimo de uso em que o bem

emprestado deverá ser restituído, não podendo ser fungível ou consumível. O bem a ser devolvido deve ser o mesmo que foi emprestado (ex.: uma casa). Não restituindo o bem o comodante pode ingressar com ação de reintegração de posse e cobrar aluguel.

2. Mútuo – Empréstimo de consumo em que o bem usado, sendo fungível ou consumível, não poderá ser devolvido e a restituição será em seu equivalente, por outra coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade (ex.: um quilo de feijão). Pode ser gratuito ou oneroso (feneratício).

Depósito (arts. 627 a 652)

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Uma pessoa (depositária) recebe de outra (depositante) um objeto móvel para guardá-lo, temporária e gratuitamente, até que o depositante o reclame. Depositário que não restitui a coisa ao final do contrato (infiel) = pode ser decretada sua prisão.

Mandato (arts. 653 a 709) Alguém (mandatário) recebe de outro (mandante), poderes para,

em seu nome (em nome do mandante), praticar atos ou administrar interesses. O instrumento do mandato escrito é a procuração. O mandato pode ser legal, judicial ou convencional (ad judicia ou ad negotia). Substabelecer uma procuração significa conferir a terceira pessoa os poderes que recebeu do mandante.

Fiança (arts. 818 a 839)

Também chamada caução fidejussória, é a promessa feita por uma ou mais pessoas de garantir ou satisfazer a obrigação de um devedor, se este não a cumprir, assegurando ao credor seu efetivo cumprimento.

TESTES

1) Sobre o contrato de compra e venda, marque a opção incorreta. a) é nulo quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço. b) quando o contrato de compra e venda for puro, considera-se obrigatório e perfeito, desde que as partes acordem no objeto e no preço. c) é lícito o contrato de compra e venda entre os cônjuges, com relação a bens pertencentes à comunhão. d) a cláusula de reserva de domínio deve ser estipulada por escrito e depende de registro para valer contra terceiros. 2) A respeito da doação é correto afirmar: a) a doação far-se-á pó instrumento público ou particular, mas é inválida se feita de forma verbal.

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b) a doação de ascendentes à descendentes é nula de pleno direito. c) é nula a doação se, no momento da liberalidade, ultrapassar a metade disponível do doador. d) em nenhuma hipótese pode o doador revogar a doação já efetivada. 3) O prazo para revogar doação por ingratidão é: a) decadencial de um ano, contado do conhecimento do fato pelo próprio doador. b) prescricional de quatro anos, contado da ciência do fato. c) decadencial de dois anos, a partir da data da prática dos atos ofensivos. d) prescricional de cinco anos, contado do dia em que o doador soube da ingratidão. 4) Negando-se o comodatário, constituído em mora, a devolver o

bem ao comodante ... a) fica obrigado a restituir a coisa com juros legais, juros compensatórios e penalidades moratórias e, em se tratando de comodato de dinheiro, a restituir em dobro o valor emprestado. b) passa a dever ao comodante valor correspondente a aluguel pelo uso do bem, até a sua efetiva devolução. c) comete esbulho, sujeitando-se à propositura de ação de reintegração de posse, sem pagamento de aluguel, pois é gratuito o comodato. d) não responde pelo perecimento do bem em caso de força maior ou por caso fortuito, a não ser que não tenha tomado as cautelas de praxe para a guarda da coisa e que não tenha registrado o contrato de comodato no Cartório competente. 5) Assinale a alternativa incorreta: a) No contrato estimatório, o consignante transfere ao consignatário, temporariamente, o poder de alienação da coisa móvel consignada, com opção de pagamento do preço ajustado ou sua restituição no prazo ajustado;

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b) O bem objeto do contrato estimatório não pode ser objeto de penhora pelos credores do consignatário, enquanto não pago integralmente o preço devido ao consignante; c) Constitui anatocismo, vedado pelo direito civil, a capitalização anual de juros nos contratos de mútuo com fins econômicos; d) Diversamente do anterior, o Código Civil brasileiro dispõe sobre o enriquecimento sem causa determinando que seja restituído o indevidamente auferido, com atualização dos valores monetários. 6) Em tema de contratos é CORRETO afirmar: a) promessa de recompensa exemplifica certo negócio jurídico bilateral; b) O contrato estimatório exemplifica certo contrato unilateral; c) O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só com seu trabalho, caracterizando a empreitada de lavor; d) A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, não altera a proposta originária. 7) O depósito de bagagem dos hóspedes nas hospedarias onde estiverem é modalidade de depósito: a) irregular. b) convencional. c) necessário. d) voluntário. 8) Assinale a alternativa INCORRETA, relativamente ao mandato. a) O mandante é obrigado a satisfazer todas as obrigações contraídas pelo mandatário, na conformidade do mandato conferido, e adiantar a importância das despesas necessárias à execução dele quando o mandatário lhe pedir. b) O mandante é obrigado a pagar ao mandatário a remuneração ajustada e as despesas da execução do mandato, ainda que o negócio não surta o efeito esperado, salvo se o mandatário for culpado pela não conclusão do negócio. c) O mandato presume-se oneroso quando o contrário não tiver sido estipulado pelas partes.

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d) O mandatário que exceder os poderes do mandato, ou proceder contra eles, será considerado gestor de negócios, enquanto o mandante não lhe ratificar os atos. 9) Determinada pessoa, por meio de instrumento particular de mandato, outorga poderes a uma outra, para que esta alugue um imóvel de sua propriedade. Em correspondência escrita, por meio da qual encaminha ao mandatário essa procuração, o mandante determina que o imóvel não seja alugado para repartições públicas e que o valor mínimo do aluguel mensal não deverá ser inferior a R$ 5.000,00. O mandatário aluga o imóvel para uma Secretaria Municipal e por R$ 4.000,00 por mês. Nesse caso, o mandante deverá: a) aforar ação anulatória do ato jurídico contratado pelo mandatário, com alegação de erro, dolo ou simulação. b) propor ação de perdas e danos contra o mandatário, uma vez que não poderá anular o ato jurídico firmado com o terceiro. c) acionar pedido declaratório de nulidade absoluta do ato jurídico contratado pelo mandatário, com fundamento no dolo ou na inobservância de forma prescrita em lei. d) notificar o locatário, exigindo a sua saída do imóvel por não terem sido observadas as condições primordiais do negócio. 10) Antônio recebeu de Benedito um apartamento em locação, para fins residenciais, sendo celebrado contrato escrito com prazo determinado de 36 meses. No contrato, que não foi averbado na matrícula do imóvel, foi estipulado direito de preferência do inquilino na compra do imóvel, a ser exercido no prazo de 30 dias. Passado um ano de vigência da locação, o apartamento é vendido a um terceiro, sem ser consultado o locatário. Nesse caso: a) a venda não pode ser desfeita, embora tenha sido estipulado direito de preferência do locatário. b) a venda pode ser desfeita, por ter sido desrespeitado o direito de preferência do locatário, que pode reclamar do vendedor as perdas e danos e, ainda, requerer, no prazo de 6 meses, contado da data do registro da venda no Cartório Imobiliário, que lhe seja conferida a titularidade do imóvel locado, depositando o preço e demais despesas do ato de transferência.

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c) a venda pode ser desfeita, por ter sido desrespeitado o direito de preferência do locatário, que pode reclamar do vendedor as perdas e danos e, ainda, requerer, no prazo de 6 meses, contado da data do registro da venda no Cartório Imobiliário, que lhe seja conferida a titularidade do imóvel locado, depositando somente o preço que constou da venda. d) a venda pode ser desfeita, por ter sido desrespeitado o direito de preferência do locatário, que pode reclamar do vendedor as perdas e danos ou requerer, no prazo de 6 meses, contado da data do registro da venda no Cartório Imobiliário, que lhe seja conferida a titularidade do imóvel locado, depositando o preço e demais despesas do ato de transferência. 11) Doação com cláusula de reversão é: a) uma constituição de renda a título gratuito. b) a que, sob aparência de mera liberalidade, revela o propósito do doador de retribuir serviço prestado pelo donatário. c) a feita em comum a várias pessoas, distribuída por igual entre elas, sendo obrigação divisível, exceto disposição em contrário que venha a estabelecer que a parte do que faltar acresça à do que vier a sobreviver. d) aquela em que o doador estipula que o bem doado retorne ao seu patrimônio se sobreviver ao donatário.

GABARITO COMENTADO 1 – Alternativa incorreta – letra “c”. O contrato de compra e venda entre cônjuges só pode dizer respeito a bens excluídos da comunhão, ou seja, só pode recair sobre bens particulares, conforme determinação do art. 499, do CC/02. Como vimos o contrato está perfeito quando há acordo sobre a coisa e o preço (consensus, res e pretium), sendo nulo quando há arbítrio de uma das partes em relação a qualquer de seus elementos (letras “a” e “b” estão corretas). Na cláusula com reserva de domínio estipula em contrato de compra e venda de coisa móvel, que o vendedor reserve para si a propriedade do bem, até o momento em que se realize o pagamento integral do preço. Somente neste momento o negócio terá eficácia plena. O vendedor transfere ao comprador a posse

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da coisa, mas conserva a propriedade até o pagamento (art. 521 CC). Trata-se de um contrato formal, que deve ser feito por escrito. Para valer contra terceiros (erga omnes) deve ser registrado no Cartório de Títulos e Documentos. 2 – Alternativa correta – letra “c” . Doação inoficiosa é aquela em que a doação ultrapassa a parte que o doador poderia dispor. O art. 549 do CC determina que é nula a doação somente a parte excedente, permanecendo válida a doação da parte não excedente do que poderia dispor. A doação pode ser feita de forma verbal (ex: doação de um anel, de um relógio). Portanto a letra “a” está errada. Porém se a doação se referir a bens imóveis necessita de escritura e registro. Pode haver doação de ascendentes para descendentes, desde que os demais descendentes e a esposa do doador consintam com a doação (letra “b” errada). Pode haver a revogação da doação. Por exemplo, no caso de ingratidão (doei um bem a uma pessoa e ela tentou me matar). 3 – Alternativa correta – letra “a”. A revogação da doação só pode ser pleiteada pelo doador no caso de ingratidão do donatário ou de inexecução do encargo. Em qualquer dessas hipóteses, a ação deve ser proposta no prazo decadencial de 1 (um) ano, contado do conhecimento do fato pelo doador, nos termos do art. 559 do CC 02. 4 – Alternativa correta – letra “b”. O comodato é o empréstimo gratuito de coisa não fungível (insubstituível), também chamado de empréstimo de uso. Por determinação do art. 582 do CC, caso o comodatário se negue a restituir o bem, responderá por qualquer dano causado e deverá pagar aluguel fixado pelo comodante. A letra “a” contém um erro sério, pois não existe comodato de dinheiro. Como vimos o comodato é para bens infungíveis e dinheiro é coisa fungível. A letra “c” também está errada. Embora o comodatário esteja sujeito a ação de reintegração de posse, fica responsável, também, pelo pagamento do aluguel da coisa que não devolveu. 5 – Alternativa correta – letra “c”. O artigo 591 do CC permite que sobre o mútuo feneratício (com fim econômico) incida juros compensatórios, inclusive com capitalização anual de juros. É uma exceção à regra da proibição do anatocismo, ou seja, da cobrança de juros sobre juros. Assim, podemos afirma que realmente o anatocismo

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é vedado pelo Direito Civil. Porém, nos contratos de mútuo com fins econômicos ele é permitido. As demais afirmação estão perfeitas. 6 – Alternativa correta letra “c”. O contrato de empreitada (ou locação de obra), regido pelo art. 610 e seguintes do CC, é aquele em que o empreiteiro se obriga a construir certa obra, com material próprio (empreitada de material ou mista), ou com material do dono da obra (chamada de empreitada de lavor). As demais alternativas estão erradas: A promessa de recompensa é considerada Ato Jurídico Unilateral, pois só há uma manifestação de vontade. O contrato estimatório é um contrato bilateral, pois as duas partes envolvidas (consignante e consignatário) se obrigam, possuindo direitos e obrigações recíprocas. A aceitação de uma proposta, porém fora do prazo não vincula mais o proponente (ou como preferem os examinadores, o policitante); se a aceitação se der com restrições, adições, ou modificações de uma forma geral, corresponde a uma nova proposta (também chamada de contra-proposta). 7 – Alternativa correta – letra “c”. Pelo contrato de depósito, o depositário recebe uma coisa móvel para guardar, até que o depositante o reclame. O depósito pode ser voluntário (resulta de acordo de vontades), necessário (independe da vontade), legal (feito em desempenho de obrigação legal ou em caso de calamidade pública (miserável). O depósito das bagagens dos hóspedes é equiparado ao necessário (art. 649 do CC). 8 – Alternativa correta – letra “c”. Mandato é contrato pelo qual alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. O art. 658 do CC estabelece presunção relativa (que admite prova em contrário ou chamada de juris tantum) de gratuidade do mandato quando não houver estipulação contratual, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa, como por exemplo: um advogado, um despachante, etc. 9 – Alternativa correta – letra “b”. Como as restrições feitas pelo mandante não constavam do instrumento de mandato, mas sim de uma carta enviada ao mandatário, não há como se afirmar que a locatária tinha conhecimento delas (estava de boa fé). Portanto o

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contrato de locação é considerado válido. Assim, só resta ao mandante, por força do disposto no art. 679 do CC, exigir a reparação das perdas e danos ao mandatário, que descumpriu as instruções. 10 – Alternativa correta – letra “a”. Caso seja desrespeitado o direito de preferência, decorrente de locação, o locatário poderá pleitear indenização pelas perdas e danos ou, tendo sido averbado o contrato de locação na matrícula do bem há pelo menos 30 dias, o direito de haver para si a coisa, depositando o preço e demais despesas do ato de transferência, conforme prescreve o art. 33, da Lei 8.245/91. Na questão, o contrato não foi averbado, por isso, embora haja o direito de preferência, a venda não pode ser desfeita. 11 – Alternativa correta – letra “d”. A doação com cláusula de reversão está prevista no artigo 547 do CC. Trata-se de uma doação em que o doador estipula que o bem doado retorne ao seu patrimônio, caso o donatário (o que recebe o bem) falecer antes do doador. Exemplo: dou minha casa para você; mas se você morrer antes de mim, esta casa volta ao meu patrimônio. É importante ressaltar que esta cláusula só se admite quando a reversão for a favor do próprio doador (e não para terceiros).

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AULA 03

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

= PARTE ESPECIAL =

DOS CONTRATOS EM GERAL

Meus amigos e alunos. Na aula anterior estudamos as Obrigações, de uma forma geral. E vimos que o Negócio Jurídico, entre outras modalidades, constitui Fonte de Obrigações.

Também vimos que o Negócio Jurídico pode ser unilateral ou bilateral. O negócio jurídico unilateral é o que depende, para a sua formação, de apenas uma vontade (ex.: renúncia, testamento, etc.). Já o negócio bilateral é o que necessita, para a sua formação, de um encontro de vontades. As partes acordam que devem se conduzir de determinado modo, uma em face da outra, combinando seus interesses, constituindo, modificando ou extinguindo obrigações. Um contrato, portanto, é negócio jurídico bilateral.

Assim, podemos definir contrato como sendo o acordo de duas ou mais vontades que visa à aquisição, resguardo, transformação, modificação ou extinção de relações jurídicas de natureza patrimonial.

Embora discutível na doutrina, alguns autores consideram a existência do autocontrato, nome dado ao contrato em que o mesmo interveniente age, ora por si, ora representando terceiro. O autocontrato ocorre no cumprimento dos mandatos em causa própria, onde o mandatário é também o beneficiário. Ex.: A confere mandato para B para vender seu apartamento, com autorização para que B venda para ele mesmo – B. Neste caso B, intervirá na escritura, ora como representando A, ora em seu próprio nome. Mesmo assim,

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manifesta sua vontade de dois ângulos diferentes; são duas vontades jurídicas diferentes. É raro cair em concursos. Mas esta prática é até comum no dia-a-dia. É utilizado na compra de imóveis financiados. Neste caso é chamado de “contrato de gaveta”.

ELEMENTOS

Vimos então que o contrato é um negócio jurídico bilateral e este exige, como elementos essenciais: agentes capazes, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, consentimento válido e finalmente forma prescrita ou não defesa em lei. Já analisamos cada um desses elementos na aula sobre fato e atos jurídicos. Vamos então recordar o que já vimos, reforçando o aprendizado sobre o tema e complementar com os elementos específicos do contrato. Assim, são elementos essenciais do contrato:

• Existência de duas ou mais pessoas já que o contrato é ato jurídico bilateral.

• Capacidade plena das partes para contratar. Se as partes não forem capazes o contrato poderá ser nulo (absolutamente incapaz que não foi representado) ou anulável (relativamente incapaz que não foi assistido).

• Consentimento ⎯ vontades isentas de vícios (erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão, fraude contra credores e simulação).

• Objeto lícito ⎯ o objeto não pode ser contrário à lei, à moral, aos princípios da ordem pública e aos bons costumes (ex.: dispõe o art. 426 do CC que não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva – proíbe-se, assim, o chamado “pacta corvina”). Se o objeto for ilícito o contrato será considerado nulo.

• Possibilidade física ou jurídica do objeto. • O objeto deve ser certo, determinado ou, pelo menos,

determinável (ou seja, deve conter os elementos necessários para que possa ser determinado). Um contrato não pode ter um objeto indeterminado. Se for indeterminado, será considerado inválido.

• O objeto deve ser economicamente apreciável, isto é, deverá versar sobre o interesse capaz de se converter, direta ou indiretamente, em dinheiro. Assim, a venda de um simples grão de arroz não interessa ao direito. Esse é um dos diferenciais do Negócio Jurídico de uma forma geral (que até pode ter como

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objeto algo sem valor) em relação ao Contrato, que necessita ter como objeto algo que represente um valor.

• Forma prescrita ou não defesa em lei. Quando a lei exigir que um contrato tenha uma forma especial é dessa forma que deve ser feito. Quando não exige uma forma especial pode ser ter forma livre, apenas não utilizando alguma que seja proibida. Qualquer vício quanto à forma torna o contrato nulo.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Os contratos também se submetem a alguns princípios fundamentais. Podemos, de uma forma resumida, apontar como sendo tais princípios:

• Autonomia da vontade – contratantes têm ampla liberdade para estipular o que lhes convier, a liberdade de contratar ou não, de escolher o outro contratante; o conteúdo do contrato também pertence livremente à determinação das partes. Pode-se contratar sobre o que quiser, mesmo que não previsto em lei. Evidente que há limites para essa autonomia, conforme veremos.

• Observância das normas de ordem pública – a liberdade de contratar encontra seus limites na lei, na ordem pública (que são normas impositivas, cogentes e visam o interesse coletivo), nos bons costumes, etc., daí a supremacia da ordem pública sobre os contratos. Um exemplo é a proibição de contrato envolvendo herança de pessoa viva.

• Obrigatoriedade das convenções ⎯ o contrato faz lei entre as partes; suas estipulações devem ser fielmente cumpridas (em direito usamos o brocardo pacta sunt servanda), sob pena de execução patrimonial contra a pessoa que não cumpriu o contrato (salvo causas de força maior e caso fortuito). Em regra o simples acordo de duas ou mais vontades é suficiente para gerar um contrato válido. Veremos no final desta aula uma série de exceções a esse princípio da obrigatoriedade. Atualmente, cada vez mais vem se atenuando esse princípio.

• Relatividade dos efeitos do contrato ⎯ o contrato, em regra (veremos depois as exceções), não aproveita nem prejudica terceiros, vinculando exclusivamente as partes que nele intervierem. O contrato somente produz efeito entre os contratantes. Também não é um princípio absoluto. Vejam o que

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diz a “estipulação em favor de terceiros”, no final desta aula, onde há o favorecimento (nunca prejuízo) de terceiros.

• Boa fé objetiva – é um princípio estabelecido pelo novo Código Civil; trata-se de uma novidade no Direito Civil e que tem sido objeto de muitas perguntas em concurso, por ser novidade. Segundo ele, as partes devem agir com lealdade, probidade e confiança recíprocas (art. 422 CC), não só na elaboração, como na conclusão e execução do contrato, que além da função econômica de circulação de riquezas, serve, também, de mecanismo para se atingir a justiça social, solidariedade, dignidade da pessoa humana, etc., que são objetivos primordiais de nossa sociedade, estabelecidos na Constituição. Um contrato deve ser útil e justo.

• Outros Princípios: Função Social do Contrato – art. 421 CC – trata-se de outra novidade inserida no atual Código Civil. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato; na interpretação do contrato atém-se mais à intenção do que ao sentido literal das disposições escritas; justiça contratual (protegida por institutos como o da onerosidade excessiva, para dar maior equilíbrio às partes e ao contrato, estado de perigo, lesão, etc.). Completando tal princípio, citamos também a Justiça Contratual (art. 317 e 478 CC). Percebemos, portanto, que o princípio da autonomia da vontade

perdeu muito sua importância. Apesar do Direito Civil fazer parte do Direito Privado, disciplinando a atividade dos particulares, onde prevalece os interesses de ordem particulares, normas dispositivas, não podemos negar que também “sentimos a presença do Estado”. Atualmente há uma constante interferência do Estado nas relações de direito privado e até mesmo nos contratos, muitas vezes para proteger a parte mais frágil de uma relação. Chamamos isso de Dirigismo Contratual.

Capacidade Validade Objeto lícito, possível e apreciável (já visto) Forma prescrita ou não defesa em lei

Consentimento

CONTRATOS Condição Eficácia Termo

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(já visto) Modo ou Encargo

Autonomia da vontade Princípios Supremacia da ordem pública Obrigatoriedade e Relatividade Boa fé objetiva, Justiça Contratual Função Social do Contrato

FORMAÇÃO DO CONTRATO

O contrato nasce da conjunção de duas ou mais vontades coincidentes. Sem o mútuo consenso, não haverá contrato. Antes de estabelecer o acordo final, é possível que ocorram negociações preliminares (conversas prévias, sondagens, debates, tendo em vista o contrato futuro), sem que haja vinculação jurídica entre os participantes, não causando obrigações às partes. É a chamada fase das tratativas (ou puntuação). Apenas no momento em que as vontades manifestam a sua concordância é que se formará o contrato. O contrato, assim, possui duas fases:

• Proposta ou Oferta • Aceitação

1 - PROPOSTA Proposta (também chamada de oferta, policitação ou oblação) é a

manifestação da vontade de contratar, por uma das partes, solicitando a concordância da outra. A expressão policitação (por ser a menos usual na prática) é a que tem maior incidência em concursos. É declaração unilateral por parte do proponente. É receptícia. Assim falamos porque só produz efeitos ao ser recebida pela outra parte. Não perde o caráter de receptício se, ao invés de se dirigir a uma pessoa determinada, assumir o aspecto de oferta ao público, em que o aceitante não é identificado (ex.: produtos na prateleira de um supermercado, “encartes” em jornais de grande circulação anunciando ofertas, etc.).

Regra: Feita a proposta, vincula o proponente ou policitante (art.427 CC); caso a proposta não seja mantida, obriga a perdas e danos.

EXCEÇÕES. A proposta deixa de obrigar se:

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• o contrário não resultar dos termos da proposta (ex.: cláusula expressa que lhe retire a força vinculativa; ou o próprio contrato possui cláusula de não-obrigatoriedade).

• feita sem prazo a uma pessoa presente, não for imediatamente aceita. A noção de presença e ausência, neste contexto nada tem a ver com distância. Presentes são aqueles que podem se comunicar diretamente (ex.: telefone, fax, etc.). Feita a proposta entre presentes, deve ser imediatamente aceita. Se não o for, já não vincula mais.

• feita sem prazo a pessoa ausente (não é possível a comunicação imediata, direta), tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente.

• feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado.

• antes da proposta ou juntamente com ela, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.

2 - ACEITAÇÃO Como vimos, o contrato é negócio jurídico bilateral. A proposta é a

manifestação de uma das vontades. Por outro lado, esta proposta precisa ser aceita. Aceitação, assim, é a manifestação da vontade (expressa ou tácita) do destinatário (também chamado de oblato ou aceitante), consentindo, anuindo com a proposta, tornando o contrato definitivamente concluído. A expressão oblato (aceitante) já caiu diversas vezes. Não é muito conhecida na prática, mas cai muito em concursos.

Regras • se o negócio for entre presentes, a proposta ou oferta pode estipular

ou não prazo para a aceitação. Se não contiver prazo a aceitação deverá ser manifestada imediatamente. Se houver prazo deverá ser pronunciada no termo concedido.

• se o contrato for entre ausentes, deve chegar a tempo, isto é, no prazo marcado. Neste caso, se a aceitação chegar após o prazo marcado, sem culpa do aceitante, deverá o proponente avisar o aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. Se o ofertante (ou policitante) não estipulou qualquer prazo, a aceitação deverá ser manifestada dentro de tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente.

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• aceitação fora do prazo, ou com adições, restrições, modificações, corresponde a nova proposta (contraproposta).

• a aceitação admite arrependimento se, antes da aceitação ou com ela, chegar ao proponente a retratação do aceitante.

MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO

• Entre presentes – no momento da aceitação da proposta.

• Entre ausentes – pela teoria da expedição, os contratos por correspondência epistolar. Epístola quer dizer carta; hoje em dia podemos estender o conceito para os e-mails (o “e” significa eletronic – e-mail = correio eletrônico), o fax, ou qualquer outro meio de comunicação escrito. Tornam-se perfeitos, como regra, no momento em que a aceitação é expedida. Existem inúmeras teorias a respeito. Os livros de doutrina ficam explicando as diversas teorias em dezenas de páginas. Nós não precisamos de tudo isso. Devemos saber apenas: qual a teoria que o Brasil adotou? E isso que cai nos concursos!! ⎯ O Brasil adotou a Teoria da Expedição da Aceitação (ou seja, no momento em que a aceitação é colocada no correio real ou virtual – ‘e-mail’). Lembrem-se sempre disto: Teoria da Expedição da Aceitação. Lembrem-se, também, que não se considera concluído se a retratação chegar antes ou junto com a aceitação.

LOCAL DA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO

De acordo com o artigo 435 do CC o negócio jurídico reputa-se celebrado no lugar em que foi proposto (esta é uma regra dispositiva, isto é, as partes podem dispor de modo diverso; admite convenção em contrário estipulado no contrato). CONTRATO PRELIMINAR É aquele por via do qual as partes se comprometem a celebrar mais tarde outro contrato, denominado principal ou definitivo. Às vezes não é conveniente às partes celebrar, desde logo, o contrato; assim podem firmar um contrato-promessa (em direito chamamos de pactum in contrahendo), sendo que as partes se comprometem a celebrar o contrato definitivo posteriormente (o exemplo clássico é o compromisso irretratável de compra e venda). Ele deve ser registrado, presumindo-se irretratável. Se uma das partes desistir do negócio, sem justa causa, a

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outra poderá exigir-lhe, coercitivamente, o seu cumprimento, sob pena de multa diária, fixada no contrato ou pelo Juiz. As partes se denominam promitentes. Quanto à forma, não há obrigatoriedade de ser observada a mesma que figurará no contrato definitivo.

ESPÉCIES DE CONTRATOS

Os contratos possuem uma grande classificação. Isto é feito por causa da diversidade de categorias que possuem. A intenção dessa classificação é fazer uma comparação, verificando as semelhanças e diferenças entre suas espécies, os ônus e as vantagens de cada contratante, bem como os efeitos jurídicos que produzem. Essa classificação é muito solicitada em concursos. Assim:

1) Contratos Unilaterais ou Bilaterais Cuidado. Já vimos que o negócio jurídico pode ser unilateral ou

bilateral. O contrato é negócio jurídico bilateral, uma vez que necessita de duas vontades. No entanto, o contrato também pode ser classificado em unilateral ou bilateral. E isso pode causar certa confusão. Logo adiante vou explicar novamente isso.

O contrato será unilateral quando apenas um dos contratantes assume obrigações em face do outro. É o que ocorre na doação pura e simples. Há duas vontades: a do doador e a do donatário. No concurso de vontades nascem obrigações apenas para o doador. O donatário apenas auferirá vantagens. Outros exemplos: mútuo, comodato, etc. Os contratos unilaterais, apesar de exigirem duas vontades, colocam só uma delas na posição de devedora, não havendo contraprestação.

O contrato será bilateral quando os contratantes são simultânea e reciprocamente credores e devedores um do outro, produzindo direitos e obrigações para ambos. Também é conhecido como sinalagmático (synallagma – do grego significa duas faces, bilateral, contrato). A compra e venda é o exemplo clássico ⎯ o vendedor deve entregar a coisa, mas por outro lado tem o direito ao preço; já o comprador deve pagar o preço, mas, por outro lado tem o direito de receber o objeto que comprou. Outros exemplos: troca, locação, etc.

ATENÇÃO – CUIDADO – Repetindo. Quero deixar bem claro o que falei logo acima e que também já foi mencionado na aula Fatos e Atos Jurídicos. Não devemos confundir “Negócio Jurídico” (que por sua vez é

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uma espécie de Ato Jurídico) com “Contrato”. Esse é um erro muito comum, inclusive por pessoas que já são formadas em Direito. Muitas vezes pergunto em sala de aula: Gostaria que alguém me desse um exemplo de Negócio (ou Ato) Jurídico Unilateral... E o primeiro exemplo que costumam fornecer é a Doação. É o exemplo mais fornecido... e o que mais cai em concursos. Mas este exemplo... está errado!! Quem assim respondeu confundiu negócio jurídico com contrato. Doação é um contrato unilateral e não um ato jurídico unilateral. Explico: No ato jurídico unilateral há apenas uma manifestação de vontade. Exemplo: a renúncia. A renúncia é ato jurídico unilateral. Não se consulta a outra parte para se saber se ela aceita ou não essa renúncia. A pessoa apenas renuncia... e pronto. Nada mais é necessário para que o ato (a renúncia) seja válido e produza efeitos. O mesmo ocorre com o testamento. Eu faço meu testamento. Ponto. Esse testamento já é válido (lógico que as suas cláusulas somente serão cumpridas quando eu morrer). Já a doação é um negócio jurídico bilateral. Por que? Porque há duas (daí bilateral) manifestações de vontade. Primeiro a do doador. É necessário que uma pessoa queira doar o bem. Mas depois também a do donatário, que é a pessoa que irá receber o bem doado. Se essa pessoa não aceitar, não houve a doação. Portanto a doação é um negócio (ou ato) jurídico bilateral. Necessita de duas manifestações de vontade. No entanto os atos jurídicos bilaterais se dividem em: Unilaterais e Bilaterais. E é por isso que confunde um pouco. Resumindo: a doação é um negócio jurídico bilateral (contrato). Porém é um contrato unilateral, pois apenas um dos contratantes (doador) assume obrigações em face do outro (donatário). Assim apresento o seguinte esqueminha para nunca mais esquecerem essa classificação.

• Negócio Jurídico Unilateral – apenas uma manifestação de vontade (ex.: renúncia, testamento, promessa de recompensa, etc.).

• Negócio Jurídico Bilateral – duas manifestações de vontade (ex.: perdão – ele precisa ser aceito para valer; todos os contratos de uma forma em geral; o casamento, etc.). Já os contratos, por sua vez, se subdividem:

- Contrato Unilateral: duas vontades, mas apenas uma se obriga (ex.: doação pura e simples, comodato, etc.).

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- Contrato Bilateral: duas vontades – ônus e vantagens recíprocas (ex.: compra e venda, locação, etc.).

2) Contratos Onerosos ou Gratuitos Os contratos onerosos são aqueles que trazem vantagens para

ambos os contratantes, pois estes sofrem um sacrifício patrimonial, correspondente a um proveito desejado (ex.: locação – locatário paga aluguel, mas temo direito de usar o bem; já o locador recebe o dinheiro do aluguel, mas deve entregar a coisa para que seja usada por outrem). Em outras palavras: ambas as partes assumem ônus e obrigações recíprocas.

Os contratos gratuitos (ou benéficos) são aqueles que oneram somente uma das partes, proporcionando à outra uma vantagem, sem qualquer contraprestação (ex: doação pura e simples, depósito, comodato, etc.). Os contratos benéficos devem ser interpretados de forma restrita.

Observação: Em regra, os contratos onerosos são bilaterais e os gratuitos são unilaterais. Mas pode haver exceção como o mútuo sujeito a juros. Além da obrigação de restituir a quantia emprestada (contrato unilateral), deve-se pagar juros (contrato oneroso).

3) Contratos Comutativos ou Aleatórios O contrato é comutativo (também chamados de pré-estimados)

quando as prestações de ambas as partes são conhecidas e guardam relação de equivalência. Ex.: compra e venda. A coisa entregue por uma das partes e o preço pago pela outra são conhecidos no momento da realização do contrato e guardam certa relação de equivalência. Eu sei o quanto eu vou pagar e sei exatamente o bem que será entregue.

Já o contrato aleatório é aquele em que a prestação de uma das partes não é conhecida com exatidão no momento da celebração do contrato. Depende de uma álea (alea – do latim – sorte ou azar, incerteza, risco, perigo, etc.), que é um fator desconhecido; depende de um risco futuro e incerto, não se podendo antecipar o seu montante. O risco de perder ou ganhar pode sujeitar um ou ambos os contratantes.

Alguns contratos são aleatórios devido à sua natureza (ex.: rifa, bilhete de loteria, o jogo e a aposta, seguro, etc.), enquanto outros são acidentais, por terem por objeto coisa incerta ou de valor incerto (ex.:

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contrato de garimpo, venda de colheita futura, peixes que vierem na rede do pescador, etc.). Embora eu nunca tenha visto cair em concursos, é prudente mencionar as duas espécies de contratos aleatórios previstas no Código Civil: A – Coisas Futuras

a) Emptio Spei – um dos contratantes toma para si o risco relativo à existência da coisa, ajustando um preço, que será devido integralmente, mesmo que nada se produza, sem que haja culpa do alienante (ex.: compro de um pescador, ajustando um preço determinado, tudo o que ele pescar hoje; mesmo que nada pesque terá direito ao preço integral).

b) Emptio Rei Speratae – se o risco versar sobre a quantidade maior ou menor da coisa esperada (ex.: compro, por um preço determinado, a próxima colheita de laranjas; se nada colher estará desfeito o contrato).

B – Coisas Existentes O contrato versa sobre coisa existente, sujeitas ao risco de se perderem, danificarem ou, ainda, sofrerem depreciação (ex.: mercadoria que é vendida, mas transportada até o destino de navio; o comprador assume a álea (risco) de ela chegar ou não ao seu destino; se o navio afundar a venda será válida e o vendedor terá direito ao preço).

4) Contratos Nominados ou Inominados Nominados (ou típicos) ⎯ são os contratos que têm denominação

prevista na Lei, são tipificados pela Lei (ex.: compra e venda, locação, comodato, etc.).

Inominados (ou atípicos) ⎯ são os contratos criados pelas partes, dentro do princípio da liberdade contratual e que não correspondem a nenhum tipo previsto na Lei; não têm tipificação (ex.: cessão de clientela, factoring, etc.). O art. 425 CC permite às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas no Código Civil.

5) Contratos Paritários ou de Adesão Paritários ⎯ são aqueles em que os interessados, colocados em

pé de igualdade, discutem as cláusulas contratuais, uma a uma, eliminando os pontos divergentes mediante transigência mútua.

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de Adesão (ou por adesão) ⎯ são aqueles em que a manifestação de vontade de uma das partes se reduz a mera anuência a uma proposta da outra. Uma das partes elabora o contrato e a outra parte apenas adere às cláusulas já estabelecidas, não sendo possível a discussão das cláusulas. Os exemplos clássicos são os contratos bancários. Quando você vai abrir uma conta em um Banco, o contrato já está pronto. Ou você assina da maneira que ele foi elaborado ou o contrato não sai. Será que alguém já ficou discutindo cláusula de um contrato de abertura de conta com um gerente de um banco? Outros exemplos: contrato de transporte, fornecimento de gás, água ou luz, seguro de vida ou de veículo, sistema financeiro de habitação, etc. O contrato de adesão deve ser sempre escrito com letras grandes e legíveis. Partes envolvidas: proponente e aderente (que adere às cláusulas apresentadas; é a parte mais fraca do contrato – não obrigatoriamente a “mais pobre”).

O contrato de (ou por) adesão não pode ser impresso em “letras miúdas”, com redação confusa, com terminologia vaga e ambígua, nem cláusulas desvantajosas para um dos contratantes. A cláusula que implicar limitação ao direito do consumidor deverá ser redigida com destaque (letras maiores), permitindo sua imediata e fácil compreensão. Na dúvida vigora a interpretação mais favorável ao aderente. São nulas as cláusulas que estipulam a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.

O art. 54 do Código de Defesa do Consumidor admite essa espécie de contrato, acrescentando que a inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato (seria uma apertada margem reservada à negociação).

6) Contratos Consensuais, Solenes ou Reais Consensuais ou não solenes ⎯ são os contratos que se perfazem

pelo simples acordo das partes. Basta o consenso das partes envolvidas. Não se exige nenhuma forma especial para a sua celebração (ex.: compra e venda de bens móveis, locação, transporte, etc.).

7) Solenes ou formais ⎯ são os contratos em que a lei exige, para sua celebração, uma forma especial que lhes dará existência. A falta desta formalidade levará à nulidade do negócio. Ex: a compra e venda de bens imóveis exige, inicialmente, uma escritura pública. E para que o comprador seja considerado proprietário exige-se, também, o Registro Imobiliário. Isto é escritura deve ser registrada para haver a

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transmissão da propriedade. Escritura, Registro, são formalidades essenciais do negócio.

8) Reais ⎯ são os contratos que apenas se aperfeiçoam com a entrega da coisa, feita de um contratante para outro. O depósito, por exemplo. Este contrato somente será concretizado quando a coisa for realmente entregue, depositada. Outros exemplos: comodato, mútuo, penhor, etc. Antes da entrega da coisa tem-se apenas promessa de contratar e não um contrato perfeito e acabado.

9) Contratos Principais ou Acessórios Principais ⎯ são os contratos que existem por si, exercendo sua

função e finalidade independente de outro. Ex: contrato de locação.

Acessórios ⎯ são aqueles contratos cuja existência supõe a do principal, pois visam assegurar sua execução. Ex: a fiança é contrato acessório, estabelecido para garantir a locação, que é o principal; logo, a fiança não poderá existir sem a locação. 10) Contratos Pessoais ou Impessoais Pessoais ⎯ também chamados de personalíssimos ou intuitu personae ⎯ são aqueles em que a pessoa do contratante é considerada pelo outro como elemento determinante de sua conclusão. Desejo que o advogado “Y” me defenda no Tribunal do Júri. Quero que o cirurgião “X” me opere.

Impessoais ⎯ são os que a pessoa do contratante é juridicamente indiferente para a conclusão do negócio. Contrato uma empresa par pintar minha casa. Tanto faz que o serviço seja realizado pelo pintor “A” ou “B”.

11) Outras Modalidades de Contratos A doutrina ainda aponta outras espécies de contratos (embora

tenham pouca incidência em concursos, é conveniente mencioná-los):

• de Massa – são os apresentados em fórmulas prontas, geralmente impressos, adquiridos até mesmo em papelarias.

• Necessários – quando existe obrigação em contratar.

• Autorizados – dependem de licença especial dos poderes públicos.

• Coletivos – celebrados entre categorias funcionais, como contratos coletivos de trabalho.

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EFEITOS DO CONTRATO

O contrato válido estabelece um liame jurídico entre as partes, sendo que, em princípio, é irretratável unilateralmente, ou seja, como regra uma das partes não pode desistir do cumprimento do contrato. Isto é assim, pois, como vimos os contratos devem ser cumpridos da forma como foram estabelecidos inicialmente (trata-se do princípio do pacta sunt servanda). Costumamos dizer que um contrato faz lei entre as partes, vinculando as pessoas que o pactuaram. Assim, um contrato pode produzir inúmeros efeitos. Dentre eles citamos:

Exceção de Contrato Não Cumprido Direito de Retenção Revisão dos Contratos Regra dos Contratos Gratuitos Arras ou Sinal Estipulação em Favor de Terceiros Vício Redibitório Evicção

Vamos agora explicar de forma pormenorizada cada um destes efeitos.

A) EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO (arts. 476/477 CC) Esta expressão vem do latim - exceptio non adimpleti

contractus. É muito comum cair em concursos. Nos contratos bilaterais (ou sinalagmáticos) a regra é que nenhum dos contratantes poderá, antes de cumprir a sua obrigação, exigir a do outro (art. 476 CC). Isso porque há uma dependência recíproca das prestações que, por serem simultâneas, são exigíveis ao mesmo tempo. A exceptio é um modo de defesa oponível pelas partes. Assim, se uma parte não cumpriu o contrato, outra parte tem direito de opor-lhe, em defesa, essa exceção.

Vou dar um exemplo. Vamos supor que eu contratei um pintor para pintar toda minha casa, por dentro e por fora. Acertemos um determinado valor. E combinamos que entregaria metade deste valor no início dos trabalhos. Mas o restante somente seria entregue após o término do serviço. Eu cumpri a minha parte. Paguei ao pintor metade

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do serviço e ele começou o serviço. Após alguns dias o pintor exige o pagamento da parcela restante. Ele está descumprindo o combinado. Somente faria jus à parcela restante no final do serviço e está exigindo tudo agora. O que eu diria ao pintor? Cumpra a sua parte que depois eu cumpro com a minha. Ou então: eu não sou obrigado a cumprir com o pagamento integral enquanto você não cumprir com a sua parte. Na verdade, falando isso, tecnicamente eu estou alegando a “exceção de contrato não cumprido”.

A mesma regra é aplicada no caso de cumprimento incompleto, defeituoso e inexato da prestação por um dos contraentes. Trata-se de uma variação do efeito anterior. Por exemplo: o pintor realmente executou a obra, mas não da forma que nós combinamos (deixou de pintar alguns cômodos ou pintou com a cor errada ou deixou buracos na parede, etc). Chamamos isso de exceptio non rite adimpleti contractus. Neste caso eu também posso me recusar a cumprir com a minha obrigação (pagar o restante do dinheiro) até que a prestação (a pintura da casa) se complete ou melhore.

Excepcionalmente será permitido, a quem incumbe cumprir a prestação em primeiro lugar, recusar-se ao seu cumprimento, até que a outra parte satisfaça a prestação que lhe compete ou dê alguma garantia de que será cumprida. No entanto, isso somente é admissível quando, depois de concluído o contrato, sobrevier diminuição em seu patrimônio que comprometa ou torne duvidosa a prestação a que se obrigou. Usando o mesmo exemplo anterior: digamos que durante a execução do serviço (pintura), haja uma diminuição no meu patrimônio e haja uma presunção de que eu não possa cumprir com a minha parte. O pintor poderia então pedir que eu pague primeiro (invertendo a ordem no cumprimento da obrigação) ou poderia exigir que eu forneça uma garantia de que eu tenho dinheiro para pagar o combinado (por exemplo, colocando o dinheiro em uma poupança e mostrando que o dinheiro está disponível, provando assim, que eu tenho condições de saldar com minha dívida).

Cláusula solve et repete ⎯ a exceptio não poderá ser argüida se houver renúncia, impossibilidade da prestação ou se o contrato contiver a cláusula solve et repete, que torne a exigibilidade da prestação imune a qualquer pretensão contrária do devedor. Isto é o contrato pode haver uma cláusula (na realidade isso é muito perigoso) em que o contratante renuncia, abre mão da exceptio. Isso quer dizer que a qualquer momento a outra parte pode exigir o pagamento

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integral, mesmo que ainda não tenha cumprido com a sua parte no contrato. Não se deve fazer isso na prática.

Rescisão ⎯ a parte lesada pelo inadimplemento (não cumprimento) da obrigação pela outra parte pode pedir rescisão do contrato, acrescido de perdas e danos.

B) DIREITO DE RETENÇÃO

Direito de Retenção é a permissão concedida pela norma ao credor de conservar em seu poder coisa alheia, já que detém legitimamente, além do momento em que deveria restituir, até o pagamento do que lhe é devido.

Requisitos: a) detenção da coisa alheia; b) conservação dessa detenção; c) crédito líquido, certo e exigível do retentor, em relação de conexidade com a coisa retida. Para se entender melhor o que seja o direito de retenção, nada melhor que um exemplo. Digamos que uma pessoa foi possuidora de boa fé de uma casa, durante quatro anos. Nesse tempo realizou benfeitorias necessárias. No entanto o proprietário moveu uma ação de reintegração de posse e acabou ganhando a ação. Muito bem, o possuidor perdeu a ação; deve sair do imóvel. Porém, tem o direito de ser indenizado pelas benfeitorias necessárias que realizou (já vimos este tema na aula sobre bens e voltaremos ao assunto na aula sobre Direito das Coisas). Mas e se a pessoa que ganhou a ação não quiser indenizar o possuidor quanto à benfeitoria realizada? Pois bem, enquanto aquele antigo possuidor não for indenizado pela benfeitoria necessária que realizou, tem o direito de reter o imóvel até que seja ressarcido ou até o tempo calculado sobre o valor da benfeitoria. Isto é o que chamamos de Direito de Retenção.

Esse direito está assegurado: a todo possuidor de boa-fé que tem direito à indenização por benfeitorias necessárias ou úteis (art. 1.219 CC). Outro exemplo: veremos em outra aula o penhor. Pois o credor no contrato de penhor (chama-se credor pignoratício) tem o direito em reter o bem até que o valor emprestado lhe seja pago (art. 1.433, I e II CC). Outros exemplos: o depositário (art. 644 CC); o mandatário (art. 681 CC); etc.

C) REVISÃO DOS CONTRATOS

Já falamos diversas vezes a ainda repetimos. Em princípio os contratos devem ser cumpridos como foram estipulados (pacta sunt

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servanda). No entanto, excepcionalmente, admite-se a revisão judicial dos contratos de cumprimento a prazo ou em prestações sucessivas, isto quando uma das partes vem a ser prejudicada sensivelmente por uma alteração imprevista da conjuntura econômica. A possibilidade dessa alteração está lastreada na Teoria da Imprevisão. Por esta teoria entende-se implícita nos contratos a termo ou sucessivo a cláusula rebus sic stantibus (“o mesmo estado das coisas”; “as coisas ficam como estão”; “pelas coisas como se acham”). Esta é outra expressão em latim que costuma cair muito em concursos.

Por exemplo: contrata-se uma obra, sendo que no curso desta houve um plano econômico que redundou num aumento sensível no custo do material, aumento este totalmente imprevisível, tornando a obra inviável pelo preço combinado. Neste caso, é possível a revisão judicial do contrato, provando-se o fato ocorrido.

Assim, o evento extraordinário é imprevisto, que dificulta o adimplemento da obrigação, é motivo de resolução contratual por onerosidade excessiva. A parte lesada ingressa em juízo pedindo a rescisão do contrato ou o reajustamento da prestação. Houve uma época no Brasil em que foi muito aceito por nossos Tribunais. Exemplo: uma pessoa comprava um carro importado e o financiava sendo que o preço era fixado em dólar. O dólar era uma moeda estável em relação ao real. Portanto as prestações variavam muito pouco. De repente o dólar disparou... Em alguns meses dobrou de valor. As pessoas que se sentiram lesadas entraram com ações judiciais para rever as condições do financiamento que se tornou “impagável”. Muitas ganharam... mas algumas perderam... Para se tornar viável a extinção do contrato por onerosidade excessiva, o Juiz sempre deve verificar:

• vigência de um contrato comutativo

• alteração das condições econômicas

• onerosidade excessiva para uma das partes

• imprevisibilidade da alteração

D) REGRAS APLICÁVEIS AOS CONTRATOS GRATUITOS

• O Código Civil estabelece que os contratos gratuitos devem ser interpretados restritivamente. Como regra prevalece a inexigibilidade de cláusula penal em razão de falência.

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• Os contratos gratuitos, se reduzirem o alienante à condição de insolvência, são anuláveis pelos credores quirografários.

E) ARRAS OU SINAL (arts. 417/420 CC)

Arras ou Sinal é uma quantia em dinheiro ou outra coisa móvel, fungível, entregue por um dos contratantes ao outro, como prova de conclusão do contrato (bilateral) e para assegurar o cumprimento da obrigação. Configura-se como princípio de pagamento e garantia para o cumprimento do contrato. Sempre são dadas para significar que as partes chegaram a um acordo final.

Dadas as arras ou sinal, a questão que se põe é quanto à possibilidade de arrependimento. Como dissemos, um contrato foi feito para ser cumprido. Mas às vezes um contrato pode conter uma cláusula de arrependimento. A questão assim se resume quanto ao arrependimento: a) se o arrependimento não estiver previsto no contrato:

• as arras são chamadas de confirmatórias; é a regra em nosso direito → não havendo estipulação em contrário as arras são confirmatórias. Isto porque a regra é que o contrato deve ser cumprido da forma em que foi elaborado.

• não é possível o arrependimento unilateral; o contrato torna-se obrigatório, fazendo lei entre as partes.

• as arras antecipam o pagamento do preço, sendo que o seu quantum será imputado no preço; a quantia entregue é tida como adiantamento do preço.

• determinam, previamente, as perdas e danos pelo não-cumprimento das obrigações a que tem direito o contraente que não deu causa ao inadimplemento (art. 418 CC: Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária, juros e honorários de advogado). Pode a parte inocente exigir a execução do contrato, mais perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização.

b) se o arrependimento estiver previsto no contrato:

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• as arras são chamadas de penitenciais, que é uma função secundária, funcionando apenas como indenização (não se confunde com a multa). O contrato é resolúvel (pode ser extinto), atenuando-lhe a força obrigatória. Trata-se de mais uma exceção ao princípio da obrigatoriedade dos contratos.

• quem deu as arras, perde-as em benefício da outra parte.

• quem as recebeu, ficará obrigado a devolvê-las acrescido do equivalente (em outras palavras, devolve o valor recebido em dobro).

• em nenhuma das hipóteses haverá indenização suplementar. Ou seja, se foi estipulado arras penitenciais, não se pode cumular isso com mais nenhuma vantagem. O contrato se desfaz e perde-se o sinal ou o mesmo é devolvido em dobro. Nada mais. Nada de perdas e danos, juros, correção monetária, etc. Vejam o que ficou estabelecido na Súmula 412 do Supremo Tribunal Federal – “No compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento, a devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui indenização maior a título de perdas e danos, salvo os juros moratórios e os encargos do processo”.

Há hipóteses em que haverá a mera restituição do sinal, reconduzindo as partes ao status quo ante (ex.: ambos se arrependem, caso fortuito ou força maior, distrato, etc.).

F) ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO (arts. 433/438 CC)

Um dos princípios do contrato é que ele não prejudica nem beneficia a terceiros, atingindo apenas as partes que nele intervieram (princípio da relatividade). No entanto esse princípio não é absoluto, podendo favorecer terceiros.

Dá-se estipulação em favor de terceiro quando se pactua vantagem para terceira pessoa que não é parte do contrato. Ex.: A (estipulante) compra uma casa de B (promitente) para que este a entregue para C (beneficiário). C não é parte do contrato, no entanto é favorecido pelo mesmo.

Neste caso, tanto o que estipula como o terceiro (beneficiário) podem exigir o cumprimento da obrigação.

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O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro, independente de sua anuência ou do outro contratante. Tal substituição pode ser por ato entre vivos ou por testamento.

G) VÍCIO REDIBITÓRIO (arts. 441/446 CC)

Vícios redibitórios são falhas ou defeitos ocultos existentes na coisa alienada, objeto de contrato comutativo, que a tornam imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuem sensivelmente o valor, de tal modo que o ato negocial não se realizaria se esses defeitos fossem conhecidos, dando ao adquirente direito para redibir (devolver a coisa defeituosa) ou para obter abatimento no preço.

Exemplo: compro um cavalo puro sangue portador de uma doença, e o cavalo vem a morrer daí a poucos dias. Se eu, comprador do cavalo soubesse do defeito oculto, não teria realizado o negócio. Assim, trata-se de uma garantia, sendo um dos efeitos dos contratos comutativos e bilaterais, como na compra e venda, troca ou permuta, doação gravada com encargo (doação onerosa), etc.

Redibir = restituir coisa defeituosa.

Regras: • O alienante é sempre responsável, mesmo que não conhecesse o

defeito (responsabilidade objetiva), exceto se o contrário estiver previsto no contrato. Se o alienante (art. 443):

a) Sabia do defeito → restituirá o valor que recebeu, acrescido de perdas e danos.

b) Não sabia do vício → restituirá o valor recebido, mais eventuais despesas do contrato (sem perdas e danos).

• Há responsabilidade do alienante mesmo que a coisa pereça na posse do adquirente e o vício oculto já existia antes da tradição (art. 444 CC).

• O adquirente tem a sua disposição as seguintes ações (que os autores costumam chamar de ações edilícias):

1 – Ação Redibitória – visa a devolução do dinheiro e restituição da quantia paga, reembolso de despesas, e até perdas e danos (no caso do alienante conhecer o vício).

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2 – Ação Estimatória (também chamada de quanti minoris) – visa conservar a coisa, reclamando o abatimento proporcional do preço em que o defeito a depreciou (art. 442 CC).

• Bem adquirido em hasta pública: não se pode redibir o contrato, nem pedir abatimento do preço. No entanto, se for um leilão de arte ou de animais em rodeios, a responsabilidade subsiste.

• Os contratos objeto do vício redibitório são os comutativos e os de doação com encargo (doações em que o beneficiário, para receber o bem doado, assume algum ônus).

• Não caberá nenhuma reclamação se as partes pactuarem que o alienante não responde por vícios ocultos; o alienante avisa que a coisa pode conter alguns defeitos (Ex: vendas de saldão em que se anunciam pequenos defeitos).

Decadência Nos negócios regulados pelo Código Civil, o prazo de reclamação e

propositura das ações acima citadas, contado da entrega efetiva (tradição), é de (art. 445 CC):

• 30 (trinta) dias para bens móveis

• 1 (um) ano para bens imóveis

• Se o comprador já estava na posse o prazo é reduzido pela metade

Observações: Quando o vício só puder ser conhecido mais tarde, o prazo conta-

se a partir do instante em que dele se tiver ciência, até o máximo de 180 dias se tratar de móveis e 1 ano se tratar de imóveis.

As partes podem estabelecer outros prazos (ex.: compra de veículos – é comum se estipular prazo de 02 anos de garantia). Mas mesmo assim, o adquirente deve denunciar (apontar) o defeito ao alienante nos 30 dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.

Código de Defesa do Consumidor Atualmente a matéria é regulada também pela Lei nº 8.078/90

(Código de Defesa do Consumidor – C.D.C.). São normas de ordem pública e de interesse social, atendendo disposições constitucionais que atribuem ao Estado a defesa do consumidor.

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Vejam a diferença: Se uma pessoa adquire um bem de um particular, a reclamação rege-se pelo Código Civil. Se for de um comerciante, rege-se pelo Código de Defesa do Consumidor. O CDC tem uma abrangência maior: considera vícios redibitórios tanto os defeitos ocultos na coisa como também os aparentes ou de fácil constatação. Os prazos são decadenciais a partir da data da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. Observem que também são diferentes dos prazos estabelecidos no Código Civil:

• produtos não duráveis (ex.: alimentos) → 30 dias

• produtos duráveis (ex.: uma cadeira) → 90 dias Os fornecedores, quando efetuada a reclamação direta, têm prazo

máximo de trinta dias para sanar o vício. Não o fazendo pode o consumidor exigir alternativamente:

a) Substituição do produto b) restituição da quantia paga (e, dependendo do caso, acrescido

de perdas e danos) c) Abatimento proporcional do preço.

Observação - O prazo decadencial que nos referimos acima pode

ser reduzido, de comum acordo, para no mínimo 07 dias e acrescido de no máximo 180 dias. Transcrevemos a seguir os artigos do CDC de interesse à matéria:

DA RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO

Art. 18 - Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

§ 1º - Não sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 (trinta) dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

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I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço.

§ 2º - Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a 7 (sete) nem superior a 180 (cento e oitenta) dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. § 3º - O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial. § 4º - Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1º deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1º deste artigo. § 5º - No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor. § 6º - São impróprios ao uso e consumo:

I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.

DA DECADÊNCIA E DA PRESCRIÇÃO

Art. 26 - O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:

I - 30 (trinta) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto não duráveis;

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II - 90 (noventa) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto duráveis.

§ 1º - Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. § 2º - Obstam a decadência:

I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; II - (Vetado.) III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.

§ 3º - Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito

Caros amigos e alunos. Costumo sempre em sala de aula fazer o seguinte gráfico comparativo sobre os Vícios Redibitórios no Código Civil e no CDC. Observem:

Código Civil Código de Defesa do Consumidor

Objeto – bens, objetos de contratos comutativos (móveis ou imóveis).

Objeto – produtos (móveis ou imóveis; corpóreos ou incorpóreos) e serviços.

Defeito oculto. Defeito oculto, aparente ou de fácil constatação; qualidade no produto ou serviço não correspondente à propaganda, rótulo, etc.

Efeitos – rescindir o contrato, pedir abatimento no preço ou substituir ou consertar a coisa.

Efeitos - idem.

Prazos de Decadência. a) Móveis – 30 dias da

tradição. b) Imóveis – 01 ano da

Prazos de Decadência a) produtos ou serviços duráveis –

90 dias da constatação ou da entrega.

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tradição. b) produtos não-duráveis – 30 dias da constatação ou entrega.

H) EVICÇÃO (arts. 447/457 CC)

Evicção é a perda da propriedade para terceiro, em razão de ato jurídico anterior e de uma sentença judicial (evincere = ser vencido). A evicção supõe a perda total ou parcial da coisa, em mão do adquirente, por ordem do juiz, que a defere a outrem.

Exemplo clássico: A vende para B uma fazenda. Quando B toma posse do imóvel percebe que uma terceira pessoa (C) já detém a posse daquele imóvel há muitos anos. B Tenta tirar C do imóvel. Mas este além de não sair ainda ingressa com uma ação de usucapião. Caso C obtenha a sentença judicial de usucapião, B perderá o imóvel. Vejam: B pagou pelo imóvel e o perdeu em uma ação judicial. Isto é a evicção. A fica obrigado a indenizar B. Neste caso:

A → é o alienante, que transferiu a coisa de forma onerosa. B → é o evicto (adquirente ou evencido), que perdeu a coisa adquirida, em virtude de sentença judicial. C → é o evictor (ou evencente), ganhou a ação judicial. Toda pessoa, ao transferir o domínio, a posse, ou o uso a terceiro,

nos contratos onerosos, deveria resguardar o adquirente contra os riscos de evicção. É obrigação de fazer, a cargo do alienante, que nasce do próprio contrato. Regras:

• O alienante, nos contratos onerosos (compra e venda, troca e até nas doações com encargo), responde pelos riscos da evicção, ainda que se tenha realizado em hasta pública.

• A responsabilidade da evicção decorre da lei, portanto, não precisa estar prevista no contrato, mas as partes podem reforçar a responsabilidade, atenuando ou agravando seus efeitos.

• A responsabilidade pode ser excluída, desde feita de forma expressa. Todavia, mesmo excluída a responsabilidade pela evicção, se esta ocorrer, o alienante responde por ela (o evicto não sabia do risco da evicção ou informado, não o assumiu). Neste caso, a responsabilidade consiste apenas na devolução do preço.

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• O alienante somente ficará totalmente isento de responsabilidade se foi pactuada a cláusula de exclusão e o adquirente foi informado sobre o risco da evicção (sabia do risco e o aceitou). Costumo fazer a seguinte sentença matemática:

a) cláusula expressa de exclusão da garantia + ciência específica do risco pelo adquirente = isenção do alienante de toda responsabilidade.

b) cláusula expressa de exclusão da garantia – ciência do risco pelo adquirente ou ter assumido o risco = responsabilidade do alienante apenas pelo preço pago pela coisa evicta.

c) omissão da cláusula = responsabilidade total do alienante + perdas e danos.

Direitos do evicto • Restituição integral do preço pago.

• Despesas com o contrato.

• Todos os prejuízos decorrentes da evicção.

• Indenização dos frutos que for obrigado a restituir.

• Obter o valor das benfeitorias necessárias e úteis que não lhe forem pagas.

• Custas judiciais. A evicção pode ser total ou parcial, se o adquirente pode rescindir

o contrato ou exigir restituição do preço da parte evicta. Para poder responsabilizar o alienante, o adquirente deve, quando

for instaurado o processo judicial, chamar o alienante ao processo (art. 456 CC). Trata-se de um instituto do Direito Processual Civil. É a chamada denunciação à lide. Ela obrigatória para que o evicto possa exercer o direito que da evicção lhe resulta. Se assim não proceder perderá os direitos decorrentes da evicção, não mais dispondo de ação direta para exercitá-los. A denunciação se justifica posto que o alienante precisa saber da pretensão do terceiro-reivindicante, uma vez que irá suportar as conseqüências da decisão judicial. Observações:

1 - Se o alienante foi citado como parte na ação, desnecessária a denunciação da lide.

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2 - Há uma teoria minoritária admitindo o ajuizamento de ação autônoma de evicção, como indenização, pela prática de ato ilícito, baseado no princípio que proíbe o enriquecimento sem causa.

Não pode ser demandado o alienante por evicção (art. 457 CC): a) se a perda da coisa se deu por caso fortuito, força maior, roubo ou furto; b) se o adquirente sabia que a coisa era alheia ou litigiosa (ex.: comprou um carro que sabia ser produto de roubo).

EXTINÇÃO DA RELAÇÃO CONTRATUAL

Tendo-se em vista a falta de sistematização legal, há uma grande divergência doutrinária sobre terminologias, conceitos e classificações sobre os modos extintivos dos contratos. Por sua maior clareza, preferimos acolher o sistema adotado pela Professora Maria Helena Diniz, a seguir exposto resumidamente.

O contrato, como qualquer negócio jurídico, possui um ciclo de existência: nasce do mútuo consentimento, sofre as vicissitudes de sua carreira e termina normalmente com o cumprimento das prestações.

A execução do contrato é o modo normal de extinção de uma relação contratual. O devedor executa a prestação e o credor atesta o cumprimento através da quitação (ou recibo), que é um direito do devedor. Se a quitação não lhe for entregue ou se lhe for oferecida de forma irregular, poderá reter o pagamento (sem que se configure a mora) ou efetuar a consignação em pagamento.

No entanto, um contrato pode ser extinto antes de seu cumprimento, ou no decurso deste. São as causas anteriores ou contemporâneas ao nascimento do contrato (ex.: nulidade) ou supervenientes à sua formação (ex.: distrato).

Embora a doutrina não seja unânime quanto ao uso das terminologias sobre o tema, como já dissemos, costuma-se dizer que quando o contrato não chegou ao seu término, ocorreu a rescisão (ou dissolução) contratual.

A RESCISÃO (gênero) pode-se dar por:

A) CAUSAS ANTERIORES OU CONTEMPORÂNEAS

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• Nulidades – não observância de normas jurídicas atinentes a seus requisitos subjetivos, objetivos e formais (ex.: capacidade, objeto, consentimento, forma, etc.).

• Condição Resolutiva – dou-lhe uma mesada enquanto estudar; parando de estudar opera-se o inadimplemento e a extinção do contrato.

• Direito de Arrependimento – previsto no próprio contrato, quando os contraentes estipulam que o contrato será rescindido, mediante declaração unilateral de vontade, se qualquer deles se arrepender. Esse direito pode estar previsto na lei: art. 49 do Código de Defesa do Consumidor permite ao consumidor a desistência do contrato, dentro de sete dias (contados da assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço), sempre que a contratação se der fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio, sendo os valores pagos devolvidos de forma atualizada.

B) CAUSAS SUPERVENIENTES

A rescisão pode-se se dar pela resolução (extinção do contrato por descumprimento) ou pela resilição (dissolução por vontade bilateral ou unilateral, quando admissível), nas seguintes hipóteses:

• Resolução por inexecução voluntária ⎯ impossibilita a prestação por culpa do devedor (tanto na obrigação de dar como na de fazer). Sujeitará o inadimplente ao ressarcimento por todas as perdas e danos (danos emergentes e lucros cessantes).

• Resolução por inexecução involuntária ⎯ impossibilita o cumprimento da obrigação nos casos de força maior ou caso fortuito. Não haverá perdas e danos, mas tudo será devolvido.

• Resolução por onerosidade excessiva ⎯ evento extraordinário e imprevisível, que dificulte extremamente o adimplemento do contrato. Teoria da imprevisão. Como vimos, é cláusula rebus sic stantibus. Provadas as condições pode haver a rescisão ou revisão das prestações.

• Resilição bilateral ou distrato ⎯ é um novo contrato em que ambas as partes resolvem, de comum acordo, pôr fim ao contrato anterior que firmaram. Submete-se às mesmas normas e formas relativas aos contratos (se o contrato foi pactuado por instrumento

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particular o distrato também deve ser pactuado desta forma; se o contrato foi por instrumento público o distrato assim também será).

• Resilição unilateral ⎯ há contratos que admitem dissolução pela simples declaração de vontade de uma das partes (também chamada de denuncia vazia). Só ocorre excepcionalmente, como no mandato, no comodato e no depósito. Opera-se mediante denúncia notificada à outra parte. Assume a feição de resgate, renúncia ou revogação.

• Morte de um dos contraentes ⎯ só é causa extintiva em obrigações personalíssimas (intuitu personae). Neste caso, o contrato se extingue de pleno direito.

Meus amigos e alunos. A carga de

informações da aula de hoje foi muito grande. Por isso é muito importante a leitura do “quadrinho sinótico” abaixo. Sabemos que este “quadrinho”, na verdade, é um resumo do que foi falado na aula de hoje. Esse resumo tem a função de ajudar o aluno a melhor assimilar e memorizar os conceitos fornecidos na aula e também de facilitar a revisão da matéria para estudos futuros.

QUADRO SINÓTICO – CONTRATOS - PARTE GERAL (arts. 421 a 480 CC)

I - Conceito → acordo de vontades que visa aquisição, resguardo, transformação, modificação ou extinção de relações jurídicas de natureza patrimonial. II - Elementos • Duas ou mais pessoas. • Capacidade plena das partes (representação ou assistência dos

incapazes). • Consentimento. • Objeto lícito, possível determinado ou determinável e

economicamente apreciável. • Forma prescrita ou não defesa em lei.

III - Princípios

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• Autonomia da vontade – liberdade para estipular o que lhes convier. Não é mais absoluto

• Observância das normas públicas – supremacia da lei (normas impositivas que visam o interesse coletivo) sobre o interesse individual.

• Obrigatoriedade das obrigações – pacta sunt servanda; em regra o simples acordo de duas ou mais vontades é suficiente para gerar o contrato.

• Relatividade dos efeitos – o contrato, como regra, só vincula as partes que nele intervierem.

• Boa fé - as partes devem agir com lealdade e confiança recíprocas. • Função Social do Contrato – a liberdade de contratar será exercida

em razão e nos limites da função social do contrato

IV – Formação → duas vontades: proposta (oferta ou policitação) e aceitação. Regra – feita a proposta, vincula o proponente (art. 427 CC).

V - Momento da Celebração • entre presentes → momento da aceitação da proposta • entre ausentes → teoria da expedição – momento em que a aceitação

é expedida (contratos epistolares). VI - Local da Celebração Regra dispositiva – art. 435 CC – no lugar em que foi proposto (admite-se convenção em contrário). VII - Classificação • Unilaterais (apenas um dos contratantes assume obrigações em

face do outro) ou Bilaterais (direitos e obrigações para ambas as partes – sinalagmáticos).

• Onerosos (ambas as partes assumem obrigações) ou Gratuitos (oneram somente uma das partes). Em regra os contrato bilaterais são também onerosos. E os unilaterais são gratuitos. Exceção: mútuo sujeito a juros – obriga a devolução da quantia emprestada (contrato unilateral) devendo-se pagar os juros (contrato oneroso).

• Comutativos (prestações de ambas as partes são conhecidas e guardam relação de equivalência) ou Aleatórios (uma das prestações não é conhecida no momento da celebração do contrato).

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• Nominados (denominação prevista em Lei) ou Inominados (contratos criados pelas partes, não havendo tipificação legal).

• Paritários (os interessados discutem as cláusulas contratuais em pé de igualdade) ou de (por) Adesão (uma das partes adere às cláusulas já estabelecidas pela outra).

• Consensuais (perfazem-se pelo simples acordo de vontades), Solenes (lei exige forma especial para sua celebração) ou Reais (perfazem-se com a entrega da coisa).

• Principais (existem por si, independente de outro - locação) ou Acessórios (sua existência supõe a do principal - ex.: fiança).

• Pessoais (intuitu personae – a pessoa do contratante é fundamental para a sua realização) ou Impessoais (a pessoa do contratante é indiferente para a conclusão do negócio)

VIII - Efeitos dos Contratos

A) Exceção de contrato não cumprido → regra nos contratos bilaterais – nenhum dos contratantes poderá, antes de cumprir a sua obrigação, exigir a do outro – arts. 476/477 CC

B) Direito de retenção → permite ao credor conservar coisa alheia em seu poder além do momento em que deveria restituir, até o pagamento do que lhe é devido.

C) Revisão dos contratos → Imprevisão – Onerosidade excessiva - Rebus sic Stantibus – arts. 478/480 CC - excepcionalmente, admite-se a revisão judicial dos contratos quando uma das partes vem a ser prejudicada sensivelmente por uma alteração imprevista da conjuntura econômica. O evento extraordinário é imprevisto, que dificulta o adimplemento da obrigação, é motivo de resolução contratual por onerosidade excessiva. A parte lesada ingressa em juízo pedindo a rescisão do contrato ou o reajuste da prestação.

D) Regra dos contratos gratuitos → devem ser interpretados de forma restritiva.

E) Arras ou Sinal → prova de conclusão do contrato; assegura o cumprimento da obrigação e é princípio de pagamento (arts. 417/420 CC). Arrependimento previsto → arras penitenciais; arrependimento não previsto → arras confirmatórias.

F) Estipulação em Favor de Terceiros → pactua-se vantagem para terceira pessoa que não é parte no contrato (arts. 433/438 CC).

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G) Evicção → perda da propriedade para terceiro por sentença judicial e ato jurídico anterior (arts. 447/457 CC). Nos contratos onerosos o alienante responde pela evicção. Exemplo → Usucapião.

H) Vício Redibitório → vício ou defeito oculto na coisa que a tornam imprópria para o uso a que se destina ou lhe diminui o valor (arts. 441/446 CC) Também previsto no Código de Defesa do Consumidor, que em maior abrangência. Redibir = restituir coisa defeituosa. O consumidor pode exigir alternativamente: a) substituição do produto, b) restituição da quantia paga, ou c) abatimento proporcional do preço.

IX – Extinção da Relação Contratual

1 - Normal → Execução, Cumprimento do contrato (quitação). 2 – Rescisão ou Dissolução

a) causas anteriores ou contemporâneas - nulidade, condição resolutiva, arrependimento

b) causas supervenientes - resolução (descumprimento voluntário ou involuntário), resilição (acordo – bilateral ou unilateral) ou morte de um dos contratantes em obrigações personalíssimas.

TESTES

1) Quanto aos contratos, assinale a alternativa incorreta: a) O atual Código Civil brasileiro, diferentemente do que o antecedeu, prevê a função social do contrato como princípio a ser seguido e que, em certo sentido, limita o princípio do pacta sunt servanda; b) O Código Civil de 1916, diferentemente do atual, não possuía disposição expressa cuidando da boa-fé objetiva; c) A resolução do contrato por onerosidade excessiva pressupõe, no Código Civil brasileiro, tratar-se de contrato de execução continuada ou diferida e situação extremamente vantajosa para a outra parte, em virtude de acontecimento extraordinário e imprevisível; d) Pelo princípio da relatividade, podemos dizer que os contratos têm uma obrigatoriedade relativa, podendo, como regra, a parte optar pela revisão das cláusulas contratuais, ou simplesmente não cumpri-lo.

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2) São os seguintes os princípios introduzidos pelo novo Código Civil no direito contratual brasileiro: a) dignidade da pessoa humana, função social do contrato; boa-fé objetiva e justiça contratual; b) autonomia das vontades das partes, força vinculante do contrato e igualdade das partes contratantes; c) igualdade das partes, efeitos do contrato somente em relação às partes contratantes e “pacta sunt servanda”; d) função social do contrato, boa-fé objetiva, autonomia das vontades das partes e intangibilidade do conteúdo do contrato; 3) O contrato aleatório é: a) contrato gratuito, sujeito a evento futuro, porém certo ou ao menos previsível; b) contrato oneroso, sujeito a evento futuro e incerto; c) contrato gratuito, pelo qual um dos contratantes transfere coisa determinada independentemente de contraprestação; d) contrato oneroso, pelo qual um dos contratantes transfere coisa incerta em troca de coisa certa. 4) Assinale a alternativa CORRETA: a) A policitação é uma declaração receptícia de vontade, dirigida pelo policitante ao oblato, por força da qual o primeiro manifesta sua intenção de se considerar vinculado se a outra parte aceitar; b) Os elementos integrantes do contrato de compra e venda são a coisa e o preço; c) “Res nullius” é coisa sem dono porque foi abandonada pelo seu proprietário; d) Feita a policitação e aceita pelo oblato não se permite o arrependimento. 5) É correto afirmar a respeito dos vícios redibitórios: a) trata-se da perda ou desapossamento da coisa por causa jurídica, determinante e preexistente à alienação, reconhecida por decisão judicial em favor de outrem;

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b) ao adquirente prejudicado somente assiste o direito de pleitear o abatimento do preço; c) o adquirente decai do direito de obter a redibição no prazo de 2(dois) anos, se o bem for imóvel; d) ao adquirente prejudicado é lícito manejar ação redibitória para rejeição da coisa e devolução do preço do negócio, ou ação estimatória objetivando a restituição de parte do preço, a título de abatimento; 6) “A” comprou de “B” uma casa, por escritura pública, pelo preço de R$ 200.000,00, pagando R$ 20.000,00 de sinal. “A” obrigou-se a pagar o restante do preço, ou seja, R$ 180.000,00, com financiamento da Caixa Econômica Estadual, a ser obtido no prazo de 3 meses. Acontece que, após ter sido pago o sinal, referida Caixa fechou sua Carteira de Financiamento, pelo período de um ano, o que impossibilitou o comprador “A” de completar o pagamento do preço. Esse fato, em si: a) acarreta a extinção do contrato por resolução. b) acarreta a extinção do contrato por resilição por onerosidade excessiva. c) acarreta a extinção do contrato por rescisão bilateral. d) não acarreta a extinção do contrato. 7) “A” obrigou-se a construir para “B” um edifício, com 12 andares, que foi terminado, segundo peremptória afirmação de “A”. Por sua vez, “B” alega que houve cumprimento insatisfatório e inadequado da obrigação por parte de “A”, que não observou, rigorosamente, a qualidade dos materiais especificados no memorial. Assim, “B” suspende os últimos pagamentos devidos a “A”, a) aguardando que este cumpra, corretamente, a obrigação. b) ajuizando ação com fundamento na exceptio non adimpleti contractus. c) ajuizando ação com fundamento na cláusula rebus sic stantibus. d) ajuizando ação com fundamento na exceptio non rite adimpleti contractus.

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8) É correto afirmar que pelo atual Código Civil brasileiro: a) o juiz pode intervir no contrato somente quando ocorrer onerosidade excessiva. b) somente nos contratos paritários pode haver cláusulas abusivas. c) para que possa haver intervenção judicial em um contrato é necessário que a onerosidade excessiva seja decorrente de um fato extraordinário e imprevisível. d) em razão do princípio do “pacta sunt servanda” o juiz nunca pode intervir em um contrato. 9) Relativamente à onerosidade excessiva, é correto afirmar: a) No Código de Defesa do Consumidor a onerosidade excessiva deve sempre advir de evento extraordinário e imprevisível, que dificulta o adimplemento da obrigação de uma das partes. b) No Código de Defesa do Consumidor não há qualquer menção à resolução contratual por onerosidade excessiva. c) O Código Civil adotou a teoria da imprevisão tendo atrelado a esse conceito a teoria da onerosidade excessiva. Assim, havendo desequilíbrio no contrato, somente por acontecimento superveniente extraordinário ou imprevisível, poder-se-á pleitear a resolução do contrato. d) A onerosidade excessiva, no Código Civil, independe da demonstração de fato superveniente imprevisível ou extraordinário, bastando a demonstração do desequilíbrio contratual.

GABARITO COMENTADO 1 – Alternativa incorreta – letra “d”. Um contrato, em regra, deve ser cumprido da forma como foi elaborado, não aproveitando, muito menos prejudicando terceiros, vinculando, exclusivamente, as partes que nele intervierem, ou seja, produzindo efeitos somente entre os contratantes. É isso o que quer dizer o princípio da relatividade. As demais alternativas estão corretas: as letras “a” e “b” (função social do contrato e boa fé objetiva) são princípio novos introduzidos pelo novo Código

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(arts. 421 e 422 CC). A alternativa “c” também está correta (art. 476 CC). 2 – Alternativa correta – letra “a”. Com o objetivo de proteger a sociedade, de equilibrar as relações contratuais, o CC/02 introduziu os princípios da dignidade da pessoa humana (vide arts. 11 a 21); da função social do contrato (art. 421); da boa-fé objetiva (art.422); e também o da justiça contratual (art. 317 e 478). Na realidade, se a questão se referisse aos princípios contratuais, todas as alternativas estariam certa. No entanto notem que o cabeçalho da questão fala em princípios introduzidos pelo atual Código. Somente a letra “a” se refere aos novos princípios. Nas demais alternativas foram colocados princípios que o Código anterior já previa. 3 - Alternativa correta – letra “b”. O contrato aleatório é aquele em que a prestação (se há prestação, é oneroso) de uma das partes não é conhecida com exatidão no momento da celebração do contrato. Depende de uma alea, ou seja, depende de um fato futuro e incerto, não se podendo antecipar exatamente o seu montante Este modalidade de contrato está prevista nos art. 458 e 459 do CC (exemplo – contrato de seguro). 4 – Alternativa correta – letra “a”. Vejam como o examinador pode complicar uma questão fácil. A alternativa correta, na verdade necessita ser “traduzida”. No entanto, todos esses termos foram usados na aula. Quem prestou atenção na aula acerto facilmente. Vamos “traduzir” - a policitação (oferta) é uma declaração receptícia (que necessita ser aceita) de vontade, dirigida pelo policitante (pessoa que oferece, o proponente) ao oblato (aceitante), por força da qual o primeiro manifesta sua intenção de se considerar vinculado se a outra parte aceitar. Após a “tradução”, percebe-se que a questão está exata (arts. 427 e seguintes do CC). A letra “b” nós ainda não vimos; podemos adiantar que não está totalmente errada, porém está incompleta, pois os elementos do contrato de compra e venda são: coisa, preço e consentimento (“res, pretium e consensus”). A letra “c” também está errada. Na aula sobre bens falamos que “res nullius” é coisa de ninguém. Coisa abandonada é “res derelictae”. Letra “d” – feita a policitação (oferta) e aceita pelo oblato (aceitante) admite-se o arrependimento se antes da aceitação ou juntamente com ela chegar ao proponente a retração do aceitante.

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5 – Alternativa correta – letra “d”. Vício redibitório é o vício ou defeito oculto da coisa que a torna imprópria ao uso que se destina ou que lhe diminui sensivelmente o valor, de forma que o contrato não seria realizado se o adquirente tivesse conhecimento do vício. Nos termos do art. 442 do CC, o prejudicado pode redibir (devolver) a coisa ou pedir abatimento proporcional no preço. A letra “a” trata da evicção; a “b” está errada, pois não é somente o abatimento do preço e a “c” também está errada, pois o prazo previsto no CC para imóveis é de um ano. Observe que este tema também é tratado pelo CDC, que é mais abrangente. 6 – Alternativa correta – letra “a”. Como vimos em aula, não há uma unanimidade dos autores sobre os nomes corretos dos institutos. No entanto os examinadores vêm a adotando a terminologia dada em aula. A extinção do contrato por fato posterior é chamada de rescisão contratual (gênero), que, por sua vez, se divide em resilição e resolução (espécies). A questão traz uma hipótese de resolução, que é a do inadimplemento (não cumprimento ou inexecução) involuntário do contrato, isto é, quando a parte não consegue cumprir o contrato por causa de um fato externo, não se podendo lhe atribuir culpa. 7 - Alternativa correta letra “d”. Todo contrato bilateral gera direitos e obrigações para ambas as partes, logo, deixando alguma delas de cumprir a sua obrigação, não poderá exigir o cumprimento da obrigação da outra parte. Portanto, são cláusulas resolutivas (extintivas) tácitas, tanto a exceptio non adimpleti contractus (descumprimento total), como também a exceptio non rite adimpleti contractus (cumprimento incompleto, defeituoso ou inexato da prestação por um dos contraentes). 8 – Alternativa correta – letra “c”. Para que possa haver intervenção judicial em um contrato, seja para corrigi-lo, seja para decretar a sua resolução (art. 478 e 479), o CC exige que o contrato seja de execução continuada ou diferida (ex: contrato que será executado em prestações), e que um evento imprevisível ocasione o desequilíbrio deste contrato, trazendo onerosidade excessiva para uma das partes.

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9 - Alternativa correta – letra “c”. O art. 478, do CC/02, adotou a teoria da imprevisão, tendo atrelado a esse conceito a noção de onerosidade excessiva, que, para permitir a resolução (extinção) do contrato, deve ser ocasionada por um evento extraordinário e imprevisível.