mpu - apostila direito penal - 2010

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ESTA APOSTILA NÃO PODERÁ SER VENDIDA. TRATA-SEDE UM MATERIAL GRATUITO, CRIADO POR UMA

CONCURSEIRA A PARTIR DAS AULAS DO PONTO DOS

CONCURSOS.

CONTEÚDO DA APOSTILA ESTA DE ACORDO COM O EDITAL PASSADOPARA O CARGO DE TECNICO ADMINISTRATIVO DO MPU

NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Aplicação da lei penal.Crime e Contravenção.

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AULA 00

NOÇOES INTRODUTÓRIAS

• NESTA AULA VEREMOS CONCEITOS IMPORTANTES PARA ACORRETA COMPREENSÃO DOS TÓPICOS QUE VIRÃO EMSEGUIDA.ASSIM COMO EM MATEMÁTICA NÃO POSS VEL RESOLVERUMA EQUAÇÃO DO SEGUNDO GRAU SEM APRENDER ASOMAR, DIMINUIR, MULTIPLICAR E DIVIDIR, AQUI NÃO SERPOSSÍVEL COMPREENDER TEMAS ESPECÍFICOS SEM OCONHECIMENTO DE CONCEITOS BÁSICOS.

AULA 01

APLICAÇÃO DA LEI PENAL

• INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL• LEI PENAL NO TEMPO• CONFLITO APARENTE DE LEIS PENAIS• TEMPO DO CRIME• LEI PENAL NO ESPAÇO• LUGAR DO CRIME• EXTRATERRITORIALIDADE

AULA 02

DO CRIME

CRIME – NOÇÕES INT RODUTÓRIA S

• CONCEITO• CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES• FATO TÍPICO• TEORIA DO TIPO

CRIME – ESPÉCIES

• CRIME DOLOSO• CRIME CULPOSO• CRIME PRETERDOLOSO• ERRO DE TIPO

CRIME – IT ER CRIMI NIS

• TENTATIVA• DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA• ARREPENDIMENTO EFICAZ

AULA 03

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AULA 04

• ARREPENDIMENTO POSTERIOR• CRIME IMPOSSÍVEL

CRIME – ILI CITUDE

• ESTADO DE NECESSIDADE• LEGÍTIMA DEFESA• ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL• EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO

Cada aula será composta de 30 a 40 páginas, com exceção da demonstrativa. Ao términode cada encontro apresentarei exercícios comentados a fim de fixar a matéria. Serãocerca de 10 a 20 questões por aula, totalizando aproximadamente 150 exercícios nodecorrer do curso.

Dito isto, vamos começar a subir mais um importante degrau rumo à aprovação?

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AULA 0 – NOCÕES INTRODUTÓRIAS

1.1 DIREITO PENAL

1.1.1 CONCEITO

De acordo com o autor José Frederico Marques, “é o conjunto de normas que ligam ao

crime, como fato, a pena como conseqüência, e disciplinam também as relações

jurídicas daí derivadas, para estabelecer a aplicabilidade de medidas de segurança e a

tutela do direito de liberdade em face do poder de punir do Estado”.

Resumindo, o Direito Penal é o ramo do direito público que se destina a combater os

crimes e as contravenções penais, através da imposição de uma sanção penal. Aqui

surge um primeiro conceito importantíssimo, caro aluno, qual a diferença entre crime e

contravenção?

Dizemos que o direito penal é um ramo do direito público por ser composto de regras

aplicáveis a todas as pessoas e por ter o ESTADO como titular exclusivo do direito de

punir.

CRIME X CONTRAVENÇÃO

Para encont rar a d i ferenc iação ent re es tes do is

termos tão u t i l i zados , devemos recor rer à Le i de

Introdução ao Código Penal , que dispõe em seu

ar t igo 1º:

Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena 

de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa 

ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a 

infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão 

simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.

Logo, do expos to , podemos resumi r :

CRIME PENA DE RECLUSÃO OU DETENÇÃO

( iso ladamente, a l ternat i va ou cumulat i vamente com

mul ta )

CONTRAVENÇÃO ISOLADAMENTE PRISÃO

SIMPLES OU MULT A

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1.1.2 CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL

Caro aluno, podemos afirmar que por cominar penalidades o Direito Penal épredominantemente repressivo? É claro que não.

Na verdade, o Direito Penal tem como principal característica a finalidade preventiva,ou seja, antes de punir o infrator, estabelece normas proibitivas e comina penasvisando evitar a prática do crime.

Havendo lesão ao bem protegido, a sanção abstrata, através do processo legal,transforma-se em efetiva, atuando sobre o infrator.

Continuando com a caracterização do nosso objeto de estudo, conforme osensinamentos do renomado autor Magalhão e Noronha, “é o Direito Penal ciência

cultural normativa, valorativa e finalista”.

Além das já citadas características, podemos ainda dizer que o Direito Penal ésancionador, pois não cria bens jurídicos, mas estabelece sanções que tutelampreceitos definidos para outros ramos jurídicos. Exemplo: A constituição garante odireito à vida, mas ela fala o que deve acontecer se um indivíduo matar alguém? É aique surge o Direito Penal, sancionando a conduta.

Finalizando, o Direito Penal tem caráter fragmentário, pois não tutela TODAS ascondutas. A proteção dada pelo Direito Penal é eminentemente subsidiária, pois

resguarda apenas as situações em que a proteção oferecida por outros ramos doDireito não seja suficiente para inibir sua violação, ou em que a exposição a perigo dobem jurídico tutelado apresente certa gravidade.

Nesse sentido, posiciona-se o Professor Julio Fabbrini Mirabete: “Muitas vezes assanções civis se mostram insuficientes para coibir a prática de ilícitos jurídicos graves,que atingem não apenas interesses individuais, mas também bens jurídicosrelevantes, em condutas profundamente lesivas à vida social. Arma-se o Estado,então, contra os respectivos autores desses fatos, cominando e aplicando sançõesseveras por meio de um conjunto de normas jurídicas que constituem o Direito Penal.

Justificam-se as disposições penais quando meios menos incisivos, como os de

•  NORMATIVO PORQUE O DIREITO POSITI VO TEM COMO OBJ ETO A NORMA.

•  VALORATIVO PORQUE ESTABELECE A SUA PRÓPRIA ESCALA DE VAL ORES.

DEFINE QUAL DELITO É MAI S “PESADO” E COMINA SANÇÕES MAI S RÍGIDAS.

•  FINALISTA PORQUE VISA A PROTEÇÃO DOS BENS JURÍDICOS

FUNDAMENT AIS COMO GARANT IA DE SOBREVIVÊNCIA DA ORDEM JURÍ DICA.

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Direito Civil ou Direito Público, não bastam ao interesse de eficiente proteção aos bens

jurídicos.”

O autor Heleno Cláudio Fragoso complementa: “as lesões de bens jurídicos só podem

ser submetidas a pena quando isso seja indispensável para a ordenada vida emcomum. Uma nova política criminal requer o exame rigoroso dos casos em que

convém impor pena (criminalização), e dos casos em que convém excluir, em

princípio, a sanção penal (descriminalização), suprimindo a infração, ou modificar ou

atenuar a sanção existente (despenalização). Desde logo deve excluir-se do sistema

penal a chamada criminalidade de bagatela e os fatos puníveis que se situam

puramente na ordem moral. A intervenção punitiva só se legitima para assegurar a

ordem externa. A incriminação só se justifica quando está em causa um bem ou valor

socialmente importante.”

Agora, elencando as principais características, temos:

1.1.3 DIVISÕES DO DIREITO PENAL

Concurseiro, a doutrina apresenta diversas divisões do Direito Penal, mas com FOCO

NO EDITAL e na ESAF, nem todas são importantes para você. Desta forma,

apresentarei somente as que você precisa saber. Vamos lá:

1. Direito penal comum  O direito penal comum abrange as regras penais

aplicáveis a todas as pessoas, e não só a uma determinada “classe”, como a

dos funcionários públicos ou dos militares. A título de exemplo podemos citar a

lei nº. 11.343/2006 (Lei de drogas).

2. Direito penal especial

Aplica-se somente a pessoas que se enquadram emcertas condições legalmente exigidas. Podemos citar como exemplos o Código

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Penal Militar e o Decreto-lei 201/67, que trata da responsabilidade dosvereadores e prefeitos. 

3. Direito penal objetivo   É o conjunto de normas em vigor impostas peloEstado, a cuja observância os indivíduos podem ser compelidos mediantecoerção. É o conjunto de normas que a todos vincula, constituindo um padrãode comportamento em razão do qual se dirá se uma conduta é correta ouincorreta no plano jurídico. 

4. Direito penal subjetivo   É o direito que detêm o ESTADO de punir oindivíduo que afrontar o Direito penal objetivo. O poder de punir do Estado étambém chamado de “jus puniendi” . 

5. Direito penal material (também chamado de substantivo) É o Direito

Penal propriamente dito. 

6. Direito penal formal (também chamado de adjetivo)   É o DireitoProcessual Penal propriamente dito. 

1.1.4 FONTES DO DIREITO PENAL

Neste tópico não iremos nos aprofundar, mas ao menos um conceito básico énecessário.

Fonte, em sentido usual, é o lugar de onde provém algo. Desta forma, podemosconceituar fontes do direito penal como o ponto de partida das normas, princípios epreceitos que norteiam este ramo jurídico. Dentre os diversos doutrinadores, aclassificação que você, concurseiro, precisa ter conhecimento é a subdivisão dasfontes em formais e materiais:

1 - Fontes materiais Aqui estamos tratando de quem será responsável pelaedição de normas específicas sobre o Direito Penal no nosso País. Encontramosesta resposta na Constituição Federal que, em seu Art. 22, I, dispõe:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 

I - direito civil, comercial, penal , processual, eleitoral, agrário, marítimo,aeronáutico, espacial e do trabalho; (grifo nosso)

Desta forma, caro aluno, podemos afirmar que a única fonte material do DireitoPenal é a UNIÃO, correto??? ERRADO!!! Excepcionalmente, lei estadual (oudistrital) poderá tratar sobre questões específicas de Direito Penal, desde quepermitido pela União por meio de lei complementar, nos termos do Art. 22,parágrafo único, da Carta Magna. Observe:

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Art. 22 

[...] 

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

2 - Fontes formais Aqui, diferentemente, estamos tratando da forma como asnormas jurídicas são exteriorizadas. No Direito Penal brasileiro temos como fonteformal a lei, que recebe a denominação de fonte imediata.

Além da fonte IMEDIATA, também existem fontes MEDIATAS que, embora nãovinculem a atuação do Estado, servem de embasamento na atuação Estatal. São elas:Os costumes, os princípios gerais do direito, os atos administrativos, a doutrina e a

jurisprudência.

Alguns doutrinadores tratam de outras fontes, mas para você, caro aluno, que faráuma prova da ESAF, são essas as fontes que são de conhecimento necessário.

Podemos resumir o exposto da seguinte forma:

FONTES

FORMAIS

MATERIAIS

REGRA: UNIÃ O

EXCEÇÃO

ESTADOS (DELEGAÇAO POR LC)

MEDIATAS

IMEDIATAS LEI

1 – COSTU MES

2 – PCP. GERAIS DO DIREI TO

3 – ATOS ADMINI STRATIV OS

4 – DOUTRINA

5 - JU RISPRUDÊNCIA

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1.1.5 PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

O Direito Penal brasileiro é regido por uma série de princípios, cujo estudoaprofundado e exata compreensão é de suma importância para um bom

aprendizado dos assuntos que estão por vir.

Segundo o doutrinador Celso Antônio Bandeira de Mello:

“Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas,compondo-lhes o espírito e servindo de critério para a sua exata compreensão 

e inteligência , exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que preside a intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome sistema jurídico positivo" . (grifonosso)

Dito isto, vamos conhecer aqueles que serão importantes para a sua prova:

•  PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL  Uma das características de vitalimportância do direito penal brasileiro é o chamado princípio da reserva

legal, o qual encontra previsão não só no Código Penal, mas também naConstituição Federal. Observe:

Art. 5º (CF)

[...] 

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 

O princípio da reserva legal não é sinônimo do princípio da legalidade,

senão espécie. A doutrina não raro confunde ou não distinguesuficientemente o princípio da legalidade e o da reserva de lei . O primeirosignifica a submissão e o respeito à lei, ou a atuação dentro da esferaestabelecida pelo legislador. O segundo consiste em estatuir que aregulamentação de determinadas matérias há de se fazernecessariamente por lei formal” 

Segundo o Professor DAMÁSIO E. DE JESUS:

"(...) O princípio da ou de reserva legal tem significado político, no sentidode ser uma garantia constitucional dos direitos do homem. Constitui agarantia fundamental da liberdade civil, que não consiste em fazer tudo oque se quer, mas somente aquilo que a lei permite. À lei e somente a elacompete fixar as limitações que destacam a atividade criminosa da

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atividade legítima. Esta é a condição de segurança e liberdade individual.(...) Assim, não há crime sem que, antes de sua prática, haja uma leidescrevendo-o como fato punível. É lícita, pois, qualquer conduta que nãose encontre definida em lei penal incriminadora.”

•  PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE  Este princípio tem base no já citadoart. 5º, XXXIX, da Carta Magna e estabelece a necessidade de que oCRIME e a PENA estejam PREVIAMENTE definidos em LEI.

Mas e durante o chamado “vacatio legis”, período entre a publicação da lei ea sua entrada em vigor, já pode um indivíduo ser punido? A resposta énegativa, e para o nosso curso lembre-se sempre de que:

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU CRIMINALIDADE DE BAGATELA  Este princípio surgiu com a idéia de afastar da esfera do direito penalsituações com pouca significância para a sociedade. Observe o que o STFdiz sobre o tema no HC 92.961/SP – 2007:

A LEI PENAL PRODUZ EFEITOS A PARTI R

DE SUA ENTRADA EM VI GOR. NÃO PODE

RETROAGIR, SALVO SE BENEFICIAR O RÉU.

STF - HAB EAS CORPUS: HC 929 61 SP

HABEAS CORPUS. PENAL MILITAR. USO DE SUBSTÂNCIA

ENTORPECENTE. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICAÇÃO NOÂMBITO DA JUSTIÇA MILITAR. ART. 1º, I I I DA CONSTITUIÇÃO DO

BRASIL. PRINCÍPIO DA DIGNI DADE DA PESSOA HUM ANA

[...]

A mín ima ofens iv idade da conduta, a ausênc ia de per icu los idade

soc ia l da ação, o reduzido grau de reprovabi l idade do compor t amento

e a inexpress iv idade da lesão jur íd ica const i tuem os requis i tos de

ordem obje t iva autor izadores da ap l icação do pr inc íp io da

ins ign i f i cânc ia .

[...]

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Mas e se Tício furta um grão de arroz de Mévio, podemos afirmar que o

princípio será aplicado e, portanto, a tipicidade afastada?

A resposta é negativa, pois o simples fato de um objeto ter um reduzido

valor patrimonial não quer dizer que ele não é importante para quem odetém. E se o supracitado grão de arroz tiver sido dado a Mévio por um

parente próximo, poucos instantes antes de morrer, não será valioso para

ele?

Ok, caro concurseiro, grão de arroz no leito de morte... Realmente peguei

pesado, mas acho que agora você não esquece mais!!! Vamos ver o que diz

o STJ sobre o tema:

Para finalizar este importante princípio, é importante ressaltar que,

obviamente, ele não se aplica só aos delitos contra o patrimônio, mas A

QUALQUER CRIME. Durante o curso voltaremos a tratar deste tema.

•  PRINCÍPIO DA ALTERIDADE   Este princípio é interessante e de fácil

entendimento. Imagine que Tício, assim como o seu professor de penal, é

torcedor do Fluminense, e a cada jogo que vê na televisão Tício,desesperado, começa a bater em si e fica todo machucado.

STJ - HABEAS CORPUS: HC 60949 PE 2006/012732 1-1

HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. FURTO DE PULSOS

TELEFÔNICOS. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.

POSSIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA.

1. O pequeno valor da res furt iva (objeto do furto) não se t raduz,

automat icamente, na ap l icação do pr inc íp io da ins ign i f i cânc ia . Há

que se conjugar a impor tânc ia do ob je to mater ia l para a v í t ima,

levando-se em cons ideração a sua condição econômica, o va lor  

sent imenta l do bem, como também as c i rcunstânc ias e o resu l tadodo cr ime, tudo de modo a determinar , sub je t ivamente, se houve

re levante lesão. Precedente desta Cor te .

2 . Consoante se constat a dos termos da peça ac usatór ia , a pac iente

fo i f lagrada fazendo uma ún ica l igação c landest ina em te le fone

públ ico. Ass im, o va lor da res fur t i va pode ser c ons iderado ín f imo, a

ponto de jus t i f i car a ap l icação do Pr inc íp io da Ins ign i f i cânc ia ou daBagate la , ante a fa l ta de jus ta c ausa para a ação penal .

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Ele poderá ser condenado criminalmente por algo? NÃO, pois segundo oprincípio da alteridade ninguém pode ser punido por causar mal APENAS ASI PRÓPRIO.

•  PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA Segundo este princípio, oDireito Penal deve ser utilizado com muito critério, devendo o legisladorfazer uso dele SOMENTE nas situações realmente NECESSÁRIAS deserem rigidamente tuteladas. Veja como o STF trata o assunto: 

•  PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA  Ninguém pode ser responsabili-zado por um fato que foi cometido por um terceiro. Tal princípio tem baseconstitucional. Veja: 

Art. 5º 

[...] 

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens 

STF - HABEAS CORPUS: HC 924 63 RS

[...]

O s istem a jur íd ico há de c ons iderar a re levant íss ima c i rc unstânc ia de

que a pr ivação da l iberdade e a res t r i ção de d i re i tos do ind iv íduo

somente se jus t i f i cam quando es t r i tamente necessár ias à própr ia

proteção das pessoas, da soc iedade e de out ros bens jur íd icos que

lhes se jam essenc ia is , notadamente naqueles casos em que os

va lores penalmente tu te lados se exponham a dano, e fe t i vo ou

potenc ia l , impregnado de s ign i f i ca t i va les iv idade. O d ire i to penal não

se deve ocupar de c ondutas que produzam resu l tado, cu jo desva lor -

por não impor tar em lesão s ign i f i ca t i va a bens jur íd icos re levantes -

não represente, por i sso mesmo, pre ju ízo impor tante , se ja ao t i tu lar  

do bem jur íd ico tu t e lado, se ja à in tegr idade da própr ia ordem soc ia l .

[...]  

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ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles 

executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; 

Segundo o STF, “O postulado da intranscendência impede que sanções erestrições de ordem jurídica superem a dimensão estritamente pessoal doinfrator”. 

•  PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM   Não é admitido em nosso ordenamentojurídico a DUPLA PUNIÇÃO.

Com base neste princípio, temos a súmula 241 do STF que dispõe: “Areincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e,simultaneamente, como circunstância judicial”. É importante citar que não há que se falar em afronta a este princípio quandoum indivíduo sofre ações penais diversas, por fatos distintos.

*************************************************************************************************RESUM O DOS PRINCIPAIS PONTOS TRATA DOS

-PREVENTIVO

-NORMATIVO

-CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL -VA LORATI VO

-FINALISTA

-FRAGMENTÁRIO

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-COMUM

-ESPECIAL

DIVI SÕES DO DIREITO PENAL -OBJ ETIV O

-SUBJETIVO

-MATERIAL

-FORMAL

-RESERVA LEGAL

-ANTERIORIDADE

-INSIGNIFICÂNCIA

PRINCIPAI S PRINCÍPIOS -ALT ERIDADE

-INT ERVENÇÃO MÍNI MA

-INTRANSCENDÊNCIA

-“ NE BIS IN I DEM”

*******************************************************************************************************

Por enquanto é só! Espero encontrá-lo(a) em breve na nossa próxima aula.

Abraços e bons estudos,

Pedro Ivo

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AULA 01 – APLICABILIDADE DA LEI PENAL

Concurseiros de todo Brasil, sejam bem vindos!

Hoje trataremos de um tema importantíssimo, presente em praticamente todas as provas

de direito penal. Estudaremos, com foco na ESAF, como a lei penal é aplicada e

verificaremos como a banca costuma exigir o assunto em prova.

Dito isto, vamos começar!

Bons estudos!!!

* * * * * * * * * * * ** * * * * * * * * * * * * * ** * * * * * * * * * * * ** * * * * * * * * * * * * ** * * * * * * * * * * * * ** * * *

1.1 LEI PENAL

1.1.1 CONCEITO

A lei penal é a fonte formal imediata do Direito Penal e é classificada pela doutrinamajoritária em incriminadora e não incriminadora.

Dizemos ser incriminadoras aquelas que criam crimes e cominam penas como, porexemplo:

Art. 121. Matar alguém: 

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Sua estrutura apresenta dois preceitos, um primário (que expõe a conduta) e umsecundário (que determina a pena):

Diferentemente, as leis penais não incriminadoras são as que não criam delitos enem cominam penas, e subdividem-se em (citarei só o que importa para sua PROVA):

• PERMISSIVAS Autorizam a prática de condutas típicas. Exemplo: Art. 23 doCP.

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 

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I - em estado de necessidade; 

II - em legítima defesa; 

III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de 

direito.

• EXCULPANTES Estabelecem a não culpabilidade do agente ou caracterizaa impunidade de algum crime. Observe:

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.[...]

§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 

Pena - detenção, de três meses a um ano.

§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade ; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

• INTERPRETATIVAS Explicam determinado conceito, tornando clara a suaaplicabilidade. É o caso do artigo 327 do CP, que explica o conceito defuncionário público para fins penais:

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem,embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 

Resumindo:

LEI PENAL

NÃO

INCRIMINADORA

INCRIMINADORA

PRECEITO

PRIMÁRIO

+PRECEITO

SECUNDÁRIO

PERMISSIVA

EXCULPANTE

INTERPRETATIVA

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1.1.2 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL

A palavra interpretação não pertence exclusivamente aos estudiosos do direito. Ao

contrário, é empregada com freqüência nos múltiplos ramos do conhecimento e naprópria vida comum.

Há sempre alguém que traduz o pensamento de seus pares, de seus companheiros. Eos homens parecem gostar da interpretação, porque mexe com o raciocínio, quebra amonotonia, empolga.

É fácil, pois, compreender que o significado trivial do termo não sofreria radicaistransformações no campo do direito. Interpretar é explicar, é precisar, é revelar osentido. E outra coisa não se faz ao se interpretar um preceito legal como medidaindiscutivelmente útil e necessária.

Quando pegamos um livro de Direito Penal, verificamos que existem diversas formasde interpretação das leis penais, tais como: Autêntica, judicial, doutrinária, gramatical,etc.

Para a sua PROVA, não é necessário o conhecimento das formas interpretativas, masserá imprescindível que você saiba o conceito e as características da ANALOGIA que,embora não seja uma forma interpretativa, funciona integrando a lei penal. Sendoassim, vamos estudá-la:

1.1.2.1 ANALOGIA

A analogia jurídica consiste em aplicar a um caso não previsto pelo legislador anorma que rege caso análogo, semelhante. Por exemplo, a aplicação dedispositivo referente à empresa jornalística a uma firma dedicada à edição de livrose revistas.

A analogia não diz respeito à interpretação jurídica propriamente dita, mas àintegração da lei, pois sua finalidade é justamente suprir lacunas desta.

A analogia se apresenta nas seguintes espécies:

• Analogia in malam partem É aquela em que se supre a lacuna legal com

algum dispositivo prejudicial ao réu. Isto não é possível no nosso ordenamentojurídico e desta forma já se pronunciou o STJ e o STF. Observe:

STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 956876 RS 2007/0124539-5

Não cabe ao Julgador aplicar uma norma, por assemelhação, em 

substituição a outra validamente existente, simplesmente por entender 

que o legislador deveria ter regulado a situação de forma diversa da 

que adotou; não se pode, por analogia, criar sanção que o sistema 

legal não haja determinado, sob pena de violação do princípio da reserva legal. 

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• Analogia in bonam partem Neste caso, aplica-se ao caso omisso uma normafavorável ao réu. Este tipo de analogia é aceito em nosso ordenamento jurídicoe desta forma já se pronunciou o STF em diversos julgados: 

1.2 LEI PENAL N O TEMPO

A lei penal, assim como qualquer outro dispositivo legal, passa por um processolegislativo, ingressa no nosso ordenamento jurídico e vigora até a sua revogação, que

nada mais é do que a retirada da vigência de uma lei.

Entretanto, mais propriamente na esfera do Direito Penal, temos diversas situações emque a revogação de uma lei instaura uma situação de claro conflito que, obviamente,precisa ser sanado.

Antes de verificarmos estes conflitos, caro aluno, é importante, mas MUITOIMPORTANTE MESMO, que tenhamos em mente que a regra geral no Direito Penal é ada prevalência da lei que se encontrava em vigor quando da prática do fato, ou seja,aplica-se a LEI VIGENTE quando da prática da conduta – Princípio do “TEMPUS REGITACTUM”

Sendo assim, devemos sempre lembrar que:

STF - INQUÉRITO: Inq 1145 PB – 19.12.2006

Não é possível abranger como criminosas condutas que não tenham pertinência em relação à conformação estrita do enunciado penal.Não se pode pretender a aplicação da analogia para abarcar hipótese não mencionada no dispositivo legal (analogia in malam partem).Deve-se adotar o fundamento constitucional do princípio da legalidade na esfera penal. Por mais reprovável que seja a lamentável prática da "cola eletrônica", a persecução penal não pode ser legitimamente instaurada sem o atendimento mínimo dos direitos e garantias constitucionais vigentes em nosso Estado Democrático de Direito. 

HC/97676 - HABEAS CORPUS – 03/08/2009 

Assim, é perfeitamente aplicável a analogia in bonam partem, a fim de 

extinguir a punibilidade do réu, garantindo-se a aplicação do princípio 

da isonomia, pois é defeso ao julgador conferir tratamento diverso a 

situações equivalentes.

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“Mas professooor.... Eu escuto falar tanto em retroagir para beneficiar o réu...Não éesta a regra geral??? “

A resposta é negativa e na pergunta acima temos uma das várias exceções que, apartir de agora, vamos tratar:

1.2.1 NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA

Novatio legis  incriminadora ocorre quando um indiferente penal (condutaconsiderada lícita frente à legislação penal) passa a ser considerado crime pela leiposterior. A lei que incrimina novos fatos é irretroativa, uma vez que prejudica o

sujeito.Para exemplificar, imaginemos que é criada uma lei para criminalizar o fato deconcurseiros “ficarem vendo televisão ao invés de estudar para a prova daRECEITA FEDERAL”. Essa lei vai poder atingir a minha época de estudos? Claroque não, pois, com base na Constituição Federal, não retroagirá.

Art. 5º 

[...] 

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 

1.2.2 LEI PENAL MAIS GRAVE – LEX GRAVIOR

Aqui não temos a tipificação de uma conduta antes descriminalizada, mas sim aaplicação de tratamento mais rigoroso a um fato já constante como delito. Paraesta situação também não há que se falar em retroatividade, pois, conforme játratamos:

REGRA GERAL: A LEI PENAL INCIDE SOBRE

FATOS OCORRIDOS DURANTE A SUA

VIGÊNCIA (TEMPUS REGIT ACTUM).

TEMPUS REGIT ACTUM: É O NOME DO PRINCÍPIO QUE

REGE A APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO.ENUNCIADO: A LEI PENAL INCIDE SOBRE FATOS

OCORRIDOS DURANTE A SUA VI GÊNCIA.

SE MA IS GRAVE A LEI, TERÁ APLICAÇÃO APENAS A FATOS

POSTERIORES À SUA ENTRA DA EM VIGOR. J AM AISRETROAGIRÁ, CONFORME DETERMINA ÇÃO CONSTIT UCIONA L.

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1.2.3 ABOLITIO CRIMINIS

O instituto da abolitio criminis  ocorre quando uma lei nova trata como lícito fato

anteriormente tido como criminoso, ou melhor, quando a lei nova descriminalizafato que era considerado infração penal.

Encontra embasamento no artigo 2º do Código Penal, que dispõe da seguinteforma:

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

Não se confunde a descriminalização com a despenalização, haja vista a primeiradelas retirar o caráter ilícito do fato, enquanto que a outra é o conjunto de medidasque visam eliminar ou suavizar a pena de prisão. Assim, na despenalização ocrime ainda é considerado um delito.

Segundo os princípios que regem a lei penal no tempo, a lei abolicionista é normapenal retroativa, atingindo fatos pretéritos, ainda que acobertados pelo manto dacoisa julgada. Isto porque o respeito à coisa julgada é uma garantia do cidadão emface do Estado. Logo, a lei posterior só não pode retroagir se for prejudicial ao réu.

Entende a maioria da doutrina, inclusive o Supremo Tribunal Federal, que éperfeitamente possível abolitio criminis  por meio de medida provisória. Cite-secomo exemplo o Recurso Extraordinário nº. 254.818, cujo Relator foi o MinistroSepúlveda Pertence.

Coisa ju lgada é a qual idade confer ida à

sentença jud ic ia l cont ra a qua l não cabem

mais recursos , tornando-a imutáve l e

ind iscut íve l .

STF - RECURSO EXTRAORDINÁRIO: RE 254818 PR

Medida provisória: sua inadmissibilidade em matéria penal - extraída 

pela doutrina consensual - da interpretação sistemática da 

Constituição -, não compreende a de normas penais benéficas,

assim, as que abolem crimes ou lhes restringem o alcance,

extingam ou abrandem penas ou ampliam os casos de isenção de 

pena ou de extinção de punibilidade. 

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Mas agora imaginemos que Mévio comete um delito sob a égide de uma LEI “A”.Meses depois uma LEI “B” revoga a LEI “A”, trazendo regras mais gravosas ao crimecometido por Mévio. O que fazer neste caso?

Para esta situação, em que um delito é praticado durante a vigência de uma lei queposteriormente é revogada por outra prejudicial ao agente, ocorrerá aULTRATIVIDADE da lei.

Quando se diz que uma lei penal é dotada de ultratividade, quer-se afirmar que ela,apesar de não mais vigente, continua a vincular os fatos anteriores à sua saída dosistema.

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1.2.5 COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS

Situação curiosa ocorre quando o agente comete o delito sob os efeitos de

determinada lei penal que posteriormente vem a ser revogada por outra que lhe é maisbenéfica em alguns aspectos e mais gravosa em outros.

Para ficar bem claro, imaginemos que Caio cometeu um ilícito punível com pena de 2a 4 anos de reclusão e multa. Posteriormente é editada uma lei, revogando a anterior,prevendo pena de 5 a 8 anos, mas não trazendo previsão de multa.

Neste caso, seria possível retroagir apenas “parte” da lei a fim de favorecer o réu?

A doutrina é bem divergente quanto ao tema e isto fica claro nas lições de FernandoGalvão que, com a maestria que lhe é peculiar, assim conceitua a combinação de leispenais:

“Ocorre combinação de leis quando, diante da sucessão de leis notempo, o julgador utiliza dispositivos de duas ou mais leis paradefinir situação mais benéfica ao acusado. O Código Penal nãomenciona a possibilidade de combinação das leis, o que equivaleriaa construir uma lei distinta das demais. Não cabe ao julgado a tarefade criar leis, e sempre houve discordância na doutrina sobre apossibilidade da combinação. Entre os clássicos, Hungria e AníbalBruno repudiaram a possibilidade da combinação das leis. JáFrederico Marques e Basileu Garcia defendiam a possibilidade dacombinação com base no princípio da equidade.” (in Direito Penal,parte geral, 2ª edição, Editora Del Rey, 2007, p.95)

Não se pode desconsiderar do supra texto o destaque do fato de, efetivamente, nãohaver previsão legal da combinação de leis. Entretanto, e principalmente na seara doDireito Penal, é imperioso reconhecer que a interpretação dos institutos previstos noCódigo Penal deve ser permeada, mais do que em qualquer outro ramo do direito,pelos ditames da justiça, da igualdade e da intervenção mínima.

Ora, se nem mesmo o constituinte originário, quando concebeu a redação do art.5º,XL, da Constituição Federal, fez qualquer ressalva à combinação de leis penais maisbenéficas, por que não conferir uma máxima efetividade à referida normaconstitucional e, assim, numa interpretação extensiva, admitir a combinação das leis?

Não foi outro o entendimento mais recente do Supremo Tribunal Federal acerca do

tema, em julgado publicado no informativo de jurisprudência n°525, no qual a segundaTurma daquela corte assim se manifestou:

PELO PRINCÍPIO DA IN TERVENÇÃO MÍNI MA, O DIREITO PENAL

DEVE SE ABSTER DE INT ERVIR EM CONDUTAS I RRELEVAN TESE SÓ ATUA R QUANDO ESTRITAMENT E NECESSÁRIO.

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Entendeu o STF que a tarefa de combinação legislativa nada mais é do que umexercício de integração, perfeitamente possível em se tratando de tratamento maisbenéfico ao acusado, principalmente por compreender que a vedação não encontraapoio no texto constitucional.

Ainda nas palavras de Fernando Galvão: “Ao contrário, pode-se entender que apossibilidade da combinação das leis é extraída do próprio sistema normativo. Se a

finalidade da garantia constitucional que impõe retroatividade in mellius é beneficiar oautor do fato, impedir a retroatividade da parte benéfica da lei nova é impedir aaplicação do benefício pretendido pela carta constitucional. Portanto, a combinação das

“A Turma, em conclusão de julgamento, deferiu, por maioria, habeas corpus 

impetrado em favor de condenado por tráfico ilícito de entorpecentes (Lei 6.368/76,

art. 12, c/c art. 29 do CP) para que se aplique, em seu benefício, a causa de 

diminuição trazida pela Lei 11.343/2006 - v. Informativo 523.

Centrava-se a questão em apurar o alcance do princípio da retroatividade da lei 

penal mais benéfica, em face da nova Lei de Tóxicos, que introduziu causa de 

diminuição da pena para o delito de tráfico de entorpecentes, mas aumentou- 

lhe a pena mínima. 

Inicialmente, salientou-se a necessidade de se perquirir se seria lícita a incidência 

isolada da causa de diminuição de pena aos delitos cometidos sob a égide da lei 

anterior, tendo por base as penas então cominadas.

Entendeu-se que aplicar a causa de diminuição não significa baralhar e confundir 

normas, uma vez que o juiz, ao assim proceder, não cria lei nova, mas apenas se 

movimenta dentro dos quadros legais para uma tarefa de integração perfeitamente 

possível.

Ademais, aduziu-se que se deveria observar a finalidade e a ratio do princípio, para 

dar correta resposta à questão, não havendo como se repudiar a aplicação da causa 

de diminuição também a situações anteriores.

Nesse diapasão, enfatizou-se, também, que a vedação de junção de dispositivos de leis diversas é apenas produto de interpretação da doutrina e 

da jurisprudência, sem apoio direto em texto constitucional.

Vencida a Min. Ellen Gracie, relatora, que indeferia o writ por considerar que extrair 

alguns dispositivos, de forma isolada, de um diploma legal, e outro preceito de 

diverso diploma, implicaria alterar por completo o seu espírito normativo, gerando um 

conteúdo distinto do previamente estabelecido pelo legislador, e instituindo uma 

terceira regra relativamente à situação individual do paciente. Precedente citado: HC 

68416/DF (DJU de 30.10.92).HC 95435/RS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, rel. p/ o 

acórdão Min. Cezar Peluso, 21.10.2008. (HC-95435)” (sem grifos no original)

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leis é solução acolhida pelo ordenamento jurídico, quando resultar em benefício para oautor do fato” (in obra citada p.96).

Desta forma, independentemente de qualquer divergência doutrinária, a posição que

você deve adotar na sua PROVA é a do STF, ou seja:

1.2.6 LEI PENAL TEMPORÁRIA E LEI PENAL EXCEPCIONAL

Caro aluno, vimos até agora que a lei penal retroage para beneficiar o réu. Masimagine a seguinte situação. Uma lei é editada atribuindo penalização de reclusão de5 a 8 anos para os indivíduos que gastem uma quantidade de água superior a 300litros por mês durante certo período de racionamento. Esta lei entra em vigor em 01 dejaneiro de 2010 e termina em 31 de dezembro do mesmo ano.

Tício, no mês de outubro do supracitado ano, durante a vigência da lei, gasta 500 litrosde água e tal fato só é descoberto no dia 29 de dezembro. Para este caso, dará tempo

de ele ser condenado? E se for, no dia 1º de janeiro teremos a abolitio criminis?Para responder a estas perguntas e evitar situações absurdas que tirariam o sentidode determinadas leis, dispõe o Código Penal:

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

ÉÉ PPOOSSSSÍÍ VV EELL AA CCOOMM BB II NN AA ÇÇÃÃ OO DDEE 

LL EEII SS PPEENN AA II SS AA FFII MM DDEE 

BB EENN EEFFII CCII AA RR OO RRÉÉUU .. 

LEIS TEMPORÁRIAS  SÃO AQUELAS QUE TRAZEM EM SEU TEXT O O

TEMPO DETERMINADO DE SUA VALIDADE. POR EXEMPLO, A LEI

TERÁ VALIDADE ATÉ 15 DE NOVEMBRO DE 2012 - UM PERÍODO

CERTO.

LEIS EXCEPCIONAIS  SÃO AS QUE TÊM SUA EFICÁCIA VINCULADA

A UM ACONTECIMENTO DO MUNDO FÁTICO, COMO POR EXEMPLO

UMA GUERRA. NELSON HUNGRIA CITA A LEI QUE ORDENAVA QUE,EM TEMPO DE GUERRA, TODAS AS PORTAS DEVERIAM SER

PINTADAS DE PRETO, OU SEJA, A GUERRA É UM PERÍODO

INDETERMINA DO, MAS, DURANTE O SEU TEMPO, CONSTIT UÍA CRIME

DEIXAR DE PINTAR A PORTA. AO TÉRMINO DA GUERRA, A LEIPERDERIA EFICÁCIA.

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As leis excepcionais e temporárias são auto-revogáveis, ou seja, não há necessidadeda edição de uma outra lei para retirá-las do ordenamento jurídico. É suficiente para talo decurso do prazo ou mesmo o término de determinada situação.

Para que sua aplicabilidade seja plena, o legislador percebeu ser necessária amanutenção de seus efeitos punitivos, pós sua vigência, aos que afrontaram a normaquando vigorava.

Desta forma, podemos afirmar que as LEIS EXCEPCIONAIS E TEMPORÁRIASPOSSUEM ULTRATIVIDADE, pois, conforme exposto, aplicam-se sempre ao fatopraticado durante sua vigência. O fundamento da ultratividade é claro e a explicaçãoestá prevista na exposição de motivos do Código Penal, nos seguintes termos:

“É especialmente decidida a hipótese da lei excepcional ou temporária, reconhecendo- se a sua ultra-atividade. Esta ressalva visa impedir que, tratando-se de leis 

previamente limitadas no tempo, possam ser frustradas as suas sanções por expedientes astuciosos no sentido do retardamento dos processos penais. “ 

Esquematizando:

1.3 CONFLIT O APARENTE DE LEIS

Segundo o autor Cássio Juvenal Faria em seu estudo:

"Ocorre o conflito aparente de normas penais quando o mesmo fato se amolda a duas oumais normas incriminadoras. A conduta, única, parece subsumir-se em diversas normaspenais. Ou seja, há uma unidade de fato e uma pluralidade de normas contemporâneasidentificando aquele fato como criminoso".

INÍCIO DA

VIGÊNCIA

ATO

CONTRÁRIO

À LEI

TÉRMINO DA

VIGÊNCIA

LEI TEMPORÁRIA PERÍODO DE VIGÊNCIA DEFINIDO

LEI EXCEPCIONAL SITUAÇÃO DE ANORMALIDADE

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Resumindo, o conflito aparente de leis penais ocorre quando a um só fato,aparentemente, duas ou mais leis são aplicáveis, ou seja, o fato é único, no entanto,

existe uma pluralidade de normas a ele aplicáveis.Como diz a própria expressão, o conflito é aparente, pois se resolve com a corretainterpretação da lei.

A doutrina, regra geral, indica 04 princípios a serem aplicados a fim de solucionar oconflito aparente de leis penais, são eles:

1. SUBSIDIARIEDADE;

2. ESPECIALIDADE;

3. CONSUNÇÃO;4. ALTERNATIVIDADE

O conhecimento destes 04 princípios é importante para a sua prova e, para lembrá-los,observe que juntos formam a palavra SECA!!!

Vamos conhecê-los:

1.3.1 PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE

Estabelece que a lei especial prevalece sobre a geral. Considera-se lei especialaquela que contém todos os requisitos da lei geral e mais alguns chamadosespecializantes.

Exemplo: O crime de infanticídio, previsto no artigo 123 do Código Penal, tem um

núcleo idêntico ao do crime de homicídio, tipificado pelo artigo 121, qual seja, “mataralguém”. Torna-se figura especial, ao exigir elementos diferenciadores: A autora deve

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 Conhecido também como Princípio da Absorção, é um princípio aplicável nos casosem que há uma sucessão de condutas com existência de um nexo de dependência.De acordo com tal princípio, o crime mais grave absorve o crime menos grave.

Ao contrário do que ocorre no princípio da especialidade, aqui não se reclama acomparação abstrata entre as leis penais. Comparam-se os fatos, inferindo-se que omais grave consome os demais, sobrando apenas a lei penal que o disciplina. Mas,como assim?

Se tomo, por exemplo, o crime de furto qualificado (art. 155, § 4º, do Código Penal),não posso, de antemão , dizer que ele sofre consunção, pois que dele, em si, nada sepode aferir quanto até mesmo a sua correspondência íntima com outro crime.Abstratamente , enfim, é impossível saber se ele é, ou não, consuntivo.

No entanto, se digo que o agente Tício, com o intuito de furtar bens de uma residência,

escala o muro que a cerca e, utilizando-se de chave falsa, abre-lhe a porta e penetraem seu interior, subtraindo-lhe os bens e fugindo logo em seguida, posso, com toda acerteza, afirmar que o princípio da consunção se faz presente.

Neste caso, o furto qualificado pela escalada e pelo emprego de chave falsa (art. 155,§ 4º, II, 3ª figura, e III, do Código Penal) absorve a violação de domicílio qualificada(art. 150, § 1º, 1ª figura, do Código Penal), que lhe serviu de meio necessário.

1.3.4 PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE

Ocorre quando uma norma jurídica prevê diversas condutas, alternativamente, comomodalidades de uma mesma infração. Para estes casos, mesmo que o infrator cometamais de uma dessas ‘condutas alternativas’, isto é, se, acaso, violar mais de um deverjurídico, será apenado somente uma vez.

É comum no Direito Ambiental a norma jurídica determinar várias modalidades deconduta para a mesma infração. Por exemplo, o artigo 11 do Decreto 3.179, de21.9.1999, que regulamenta a Lei 9.605/1998, estabelece:

“Art. 11. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna 

silvestre , nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: multa de (...).” 

O infrator será apenado apenas uma vez, ainda que realize diversos comportamentosestabelecidos na norma. Por exemplo, se a pessoa caça e depois mata determinadoanimal silvestre, sofrerá uma reprimenda, a que for cominada à infração.

Para ficar bem claro, um outro exemplo: Assim dispõe o artigo 193 da Lei 9.503, de23.9.1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro:

“Art. 193. Transitar com o veículo em calçada, passeios, passarelas,ciclovias, ciclofaixas, ilhas, refúgios, ajardinamentos, canteiros centrais e 

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divisores de pista de rolamento, acostamentos, marcas de canalização,gramados e jardins públicos: Penalidade: multa (...)”.

Ao menos em linhas gerais, se a pessoa transita com o veículo na calçada, na cicloviae depois no acostamento, não cometerá tantas infrações quantos forem os deveresviolados. Trata-se de ilícito administrativo de “condutas múltiplas” e ele sofrerá únicasanção em face do princípio da alternatividade.

Finalizando este tópico, cabe pela importância ressaltar:

1.4 T EMPO DO CRIM E

Caro aluno, imagine que Tício atira em Mévio no dia 15 de março de 2009, quandopossuía 17 anos, 28 dias e 6 horas. Mévio é socorrido, levado ao hospital e vem a falecerno dia 03 de abril de 2009, em virtude dos disparos.

Neste caso, Tício poderá ser condenado?

Perceba que temos a ação ocorrendo em uma data (disparos) e o resultado em outra.Como encontrar a solução para este questionamento?

Para determinar o tempo do crime, a doutrina criminal tem apresentado três teorias, quaissejam, a teoria da atividade, do resultado e da ubiqüidade (mista).

Teoria da Atividade  O crime ocorre no lugar em que foi praticada a ação ou omissão,ou seja, a conduta criminosa. Ex.: o crime de homicídio é praticado no lugar em que oagente dispara a arma de fogo com a intenção de matar a vítima;

Teoria do Resultado  O crime ocorre no lugar em que ocorreu o resultado. Ex.: o crimede homicídio é praticado no lugar em que a vítima morreu, ainda que outro tenha sido olugar da ação;

Teoria da Ubiqüidade  Também conhecida por teoria mista, já que para esta teoria ocrime ocorre tanto no lugar em que foi praticada a ação ou omissão (atividade) como ondese produziu, ou deveria se produzir o resultado (resultado).

OO CCOONN FFLL II TT OO DDEE NN OORRMM AA SS ÉÉ AA PPAA RREENN TT EE,, OOUU  

SSEEJJ AA ,, SSEEMM PPRREE PPOODDEE SSEERR SSOOLL UU CCII OONN AA DDOO 

AA TT RRAA VV ÉÉSS DDEE UU MM AA CCOORRRREETT AA II NN TT EERRPPRREETT AA ÇÇÃÃ OO 

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O Código Penal adota claramente, em seu artigo 4º, a TEORIA DA ATIVIDADE paradeterminar o tempo do crime. Observe:

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão,ainda que outro seja o momento do resultado 

Desta forma, fica claro que em nosso exemplo inicial, Tício não poderá ser condenadocom base no Código Penal, pois era menor quando da ação do delito. Será cabível para ocaso as disposições do Estatuto da Criança e do Adolescente.

1.4.1 EFEITOS DA TEORIA DA ATIVIDADE PARA O TEMPO DO CRIME

A adoção da teoria da atividade para a determinação do tempo do crime apresentaalgumas conseqüências, dentre as quais as seguintes são importantes para a suaPROVA:

1. Aplica-se a lei em vigor ao tempo da conduta, exceto se a do tempo doresultado for mais benéfica.

2. Apura-se a imputabilidade NO MOMENTO DA CONDUTA.

Antes de prosseguirmos, é necessário o conhecimento básico de alguns conceitos:

DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO

CRIME PERMANENTE É O CRIME CUJO MOMENTO CONSUMATIVO SEPROLONGA NO TEMPO. EXEMPLO: CP, ART. 148 - SEQUESTRO E CÁRCERE

PRIVADO.

CRIME CONTINUADO O INSTITUTO DO CRIME CONTINUADO É UMA FICÇÃO

JURÍDICA QUE, EXIGINDO O CUMPRIMENTO DE REQUISITOS OBJETIVOS(MESMA ESPÉCIE, CONDIÇÕES DE TEMPO, LUGAR, MANEIRA DE EXECUÇÃO E

OUTRAS SEMELHANT ES), EQUIPARA A REALIZ AÇÃO DE VÁRIOS CRIMES A UMSÓ. EXEMPLO: CAIXA DE SUPERMERCADO QUE, DIA APÓS DIA, E NA

ESPERANÇA DE QUE O SEU SUPERIOR EXERÇA AS SUAS FUNÇÕES

NEGLIGENTEMENTE, TIRA PEQUENO VALOR DIÁRIO DO CAIXA, QUE PODE

TORNAR-SE CONSIDERÁVEL COM O PASSAR DO TEMPO.

CRIME HABITU AL CONSOANT E CAPEZ, " É O COMPOSTO PELA REITERAÇÃO 

DE ATOS QUE REVELAM UM ESTILO DE VIDA DO AGENTE, POR EXEMPLO,RUFIANISMO (CP, ART. 230), EXERCÍCIO ILEGAL DA MEDICINA; SÓ SE 

CONSUMA COM A H ABITUA LIDADE NA CONDUTA. 

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Prosseguindo:

3. Nos crimes permanentes, enquanto perdura a ofensa ao bem jurídico (Exemplo:extorsão mediante seqüestro), o tempo do crime se dilatará pelo período depermanência. Assim, se o autor, menor, durante a fase de execução do crimevier a atingir a maioridade, responderá segundo o Código Penal e não segundoo Estatuto da Criança e do Adolescente — ECA (Lei n. 8.069/90).

4. Nos crimes continuados em que os fatos anteriores eram punidos por uma lei,

operando-se o aumento da pena por lei nova, aplica-se esta última a todaunidade delitiva, desde que sob a sua vigência continue a ser praticado.

A súmula 711 do STF resume os itens 03 e 04. Observe:

CAIXA ROUBOU R$100,00 

CAIXA ROUBOU R$100,00 

CAIXA ROUBOU R$100,00 

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5. No Crime Habitual em que haja sucessão de leis, deve ser aplicada a nova,ainda que mais severa, se o agente insistir em reiterar a conduta criminosa.

1.5 L EI PENAL N O ESPAÇO

O Código Penal trata de maneira detalhada da aplicação da Lei Penal no espaço e,assim, torna claro para a sociedade onde as normas definidas pelo Legislador Brasileiroserão aplicadas.

A REGRA para dirimir conflitos e dúvidas é a utilização do princípio daTERRITORIALIDADE, ou seja, aplica-se a lei penal aos crimes cometidos em territórionacional. Tal preceito encontra-se no Código Penal, observe:

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.

Há exceções que ocorrem quando o brasileiro pratica crime no exterior ou um estrangeirocomete delito no Brasil. Fala-se, assim, que o Código Penal adotou o princípio daTERRITORIALIDADE TEMPERADA OU MITIGADA.

Dito isto, vamos esmiuçar a regra e as exceções:

1.5.1 PRINCÍPIO DE TERRITORIALIDADE

Em termos jurídicos, território é o espaço em que o Estado exerce sua soberaniapolítica. Para a sua PROVA, caro aluno, você não precisa saber exatamente o quecompreende o território brasileiro, bastando apenas o conhecimento do disposto nosparágrafos 1º e 2º do artigo 5º, que dispõe:

Art. 5º 

[...] 

SSÚÚ MM UU LL AA 77 11 11 DDOO SSTT FF 

AA LL EEII PPEENN AA LL MM AA II SS GGRRAA VV EE AA PPLL II CCAA --SSEE AA OO CCRRII MM EE CCOONN TT II NN UU AA DDOO 

OOUU AA OO CCRRII MM EE PPEERRMM AA NN EENN TT EE,, SSEE AA SSUU AA VV II GGÊÊNN CCII AA ÉÉ AA NN TT EERRII OORR ÀÀ  CCEESSSSAA ÇÇÃÃ OO DDAA CCOONN TT II NN UU IIDDAA DDEE OOUU DDAA PPEERRMM AA NN ÊÊNN CCII AA .. 

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§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada,achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 

Com base nos supracitados parágrafos, imagine que Ticio, brasileiro, está naArgentina e confere lesões corporais graves em um “Hermano”. Diante de tal fato,

Ticio, perseguido por policiais, corre para um navio da marinha de guerra do Brasil e oadentra. Neste caso, Tício poderá ser preso pelos policiais Argentinos?

A resposta é negativa, pois o navio será considerado extensão do território Brasileiro enão poderá ser penetrado peles policiais Argentinos.

Agora outra situação... Mévio, Americano, está em um cruzeiro que passará pelasbelas praias do Rio de Janeiro. Nas proximidades de Copacabana, Mévio atira emCaio. Diante desta situação, o que fazer? Mévio pode ser preso segundo as leisbrasileiras?

A resposta é positiva, pois, com base no parágrafo 2º do artigo 5º, para crimespraticados a bordo de embarcações privadas estrangeiras, achando-se estas em porto

ou mar territorial do Brasil, aplica-se a lei brasileira.

Como percebe, as regras são de fácil aplicação, mas o correto entendimento éfundamental para sua PROVA.

1.5.2 PRINCÍPIOS QUE MITIGAM A TERRITORIALIDADE

Vimos que o Código Penal adota o princípio da territorialidade temperada ou mitigadapor haverem exceções ao princípio da territorialidade. Vamos conhecê-las:

1.5.2.1 PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE OU DA PERSONALIDADE

Autoriza a submissão à lei brasileira dos crimes praticados no estrangeiro por autorbrasileiro ou contra vítima brasileira.

Este princípio se subdivide em outros dois:

1 – Princípio da Personalidade Ativa Só se considera a nacionalidade do autordo delito, ou seja, independentemente da nacionalidade do sujeito passivo e dobem jurídico ofendido, o agente é punido de acordo com a lei brasileira.

Encontra-se disposto no art. 7.º, I, alínea “d” e II, “b” do Código Penal:

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Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 

I - os crimes: 

[...] 

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro [...] 

II - os crimes: 

[...] 

b) praticados por brasileiro; 

2 - Princípio da Personalidade Passiva Considera-se somente a nacionalidadeda vítima do delito. Encontra previsão no art. 7.º, § 3.º do Código Penal:

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 

a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 

b) houve requisição do Ministro da Justiça. 1.5.2.2 PRINCÍPIO DA DEFESA REAL OU DA PROTEÇÃO

A lei penal é aplicada independente da nacionalidade do bem jurídico atingido pelaação delituosa, onde quer que ela tenha sido praticada e independente danacionalidade do agente. O Estado protege os seus interesses além fronteiras.Observe o preceituado no Código Penal:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 

I - os crimes: 

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 

c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 

1.5.2.3 PRINCÍPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL

As leis penais devem ser aplicadas a todo e qualquer fato punível, seja qual for anacionalidade do agente, do bem jurídico lesado ou posto em perigo e em qualquerlocal onde o fato foi praticado.

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A lei penal deve ser aplicada a todos os homens, independentemente do local ondese encontrem.

É um princípio baseado na cooperação penal internacional e permite a punição, por

todos os Estados, da totalidade dos crimes que forem objeto de tratados e deconvenções internacionais. Fundamenta-se no dever de solidariedade narepressão de certos delitos cuja punição interessa a todos os povos. Exemplos:Tráfico de drogas, comércio de seres humanos, genocídio, etc.

Encontra previsão no art. 7º, II, “a”, do Código Penal:

II - os crimes  a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;  

1.5.2.4 PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO

Segundo este princípio, deve ser aplicada a lei penal brasileira aos crimescometidos em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou depropriedade privada quando estiverem em território estrangeiro e aí não sejamjulgados. Está previsto no artigo 7º, II, “c”, do Código Penal:

II - os crimes  [...] 

c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

1.5.3 LUGAR DO CRIME

Até agora falamos bastante da territorialidade, mas para sabermos se um delitooperou-se no território Nacional precisamos aprender como determinar o lugar docrime.

Quando falamos sobre o tempo do crime, ou seja, o momento em que o crime écometido, tratamos de três teorias: ATIVIDADE, RESULTADO e MISTA ou daUBIQUIDADE. Está lembrado?

Naquela oportunidade, afirmamos que para definir o momento do crime adotou-se ateoria da atividade. Portanto, tem-se como praticado o crime NO MOMENTO daATIVIDADE.

Aqui, a questão é saber ONDE se tem como cometido o delito. O problema é o lugar(espaço) e não o tempo. Devemos, mais uma vez, para solucionar qualquer conflito,recorrer às três teorias:

•  TEORIA DA ATIVIDADE O CRIME É COMETIDO NO LUGAR ONDE FOIPRATICADA A AT IVI DADE (CONDUTA= AÇÃO OU OMISSÃO).

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•  TEORIA DO RESULTADO O LUGAR DO CRIME É ONDE OCORREU O

RESULT ADO, INDEPENDENTEMENTE DE ONDE FOI PRATICADA A CONDUTA.

•  TEORIA MISTA (OU DA UBIQÜIDADE) CONSIDERA, POR SUA VEZ, QUE O

CRIME É COMETIDO TANTO NO LUGAR DA ATIVIDADE QUANTO NO LUGARDO RESULTADO.

• 

O Código Penal, ao tratar do tema, dispõe:

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

O Código Penal adotou a teoria da ubiqüidade, valendo ressaltar que na própria

previsão do art. 6° do Código Penal esta incluída o lugar da tentativa, ou seja, "...ondese produziu ou deveria produzir-se o resultado".

Busca-se, com a teoria mista do lugar do delito, solucionar o problema dos conflitosnegativos de competência (Dentro do Território Nacional) e o problema dos crimes àdistância (Brasil - Exterior), em que ação e o resultado se desenvolvem em lugaresdiversos.

Como exemplo, podemos citar o seguinte caso:

Imagine que Tício, residente no Brasil, envia uma carta bomba para um cidadãoresidente na Grécia (vou parar com esse negócio de citar só argentinos), cujo nome é

Maradona. Maradona, grego, vem a falecer em virtude da carta. Neste caso, segundoa norma penal, o lugar do crime tanto pode ser o Brasil quanto a Grécia.

Ou seja, para que o Brasil seja competente na apuração e julgamento de determinadainfração penal, basta que porção dessa conduta delituosa tenha ocorrido no territórionacional.

EXISTEM ALGUMAS SITUAÇÕES PARA AS QUAIS NÃO SE

APLICA A TEORIA DA UBIQÜIDADE, A ÚNICA QUE IMPORTA

PARA A SUA PROVA DIZ RESPEITO AOS CRIMES DOLOSOS

CONTRA A VIDA, OCORRIDOS NO TERRITÓRIO NACIONAL QUE,SEGUNDO PACÍFICA JURISPRUDÊNCIA, A FIM DE FACILITAR A

INSTRUÇÃO CRIMINAL E A DESCOBERTA DA VERDADE REAL,

SEGUE A TEORIA DA A TIV IDADE.

Sendo assim, imagine que Mévio atira em Caio em São Paulo.

Este é socorrido e levado para um hospital no Rio de Janeiro,

onde vem a falecer. Temos, para este caso, a atividade em São 

Paulo e o resultado no Rio de Janeiro. Pela regra geral, seriam 

competentes tanto o Juízo do Rio quanto o de São Paulo,

MAAAAAS, como neste caso estamos tratando de crime doloso contra a vida, aplica-se a teoria da ATIVIDADE e não da 

UBIQUIDADE, sendo com etente, ortanto, o Juízo de São Paulo.

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1.5.4 EXTRATERRITORIALIDADE

Extraterritorialidade é a aplicação da legislação penal brasileira aos crimes cometidos

no exterior.Conforme já tratamos, justifica-se pelo fato de o Brasil ter adotado, relativamente à leipenal no espaço, o princípio da territorialidade mitigada, o que autoriza,excepcionalmente, a incidência da lei penal brasileira a crimes praticados fora doterritório nacional.

A extraterritorialidade pode ser incondicionada ou condicionada e são estas duasespécies que veremos a partir de agora. Apresentarei primeiramente as regras geraise depois colocarei o que é importante em um esquema, a fim de facilitar a assimilação.

Observação:

1.5.4.1 EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA

Como o próprio nome diz, são hipóteses em que a lei brasileira é aplicada,independentemente de qualquer CONDIÇÂO. Encontra previsão do art. 7º, I doCódigo Penal, que dispõe:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 

I - os crimes: 

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 

c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;  1.5.4.2 EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA

NÃO SE ADMITE A APLICAÇÃO DA LEI PENAL BRASILEIRA ÀS CONTRAVENÇÕES

PENAIS OCORRIDAS FORA DO TERRITÓRIO NACIONA L.

OBSERVE O DISPOSTO NA LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS:

Art . 2º A le i bras i le i ra só é ap l icáve l à cont ravenção prat icada no ter r i tó r io  

nac iona l .

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Relaciona-se aos crimes indicados no art. 7.°, II, e § 3.°, do Código Penal.

Art. 7º 

[...] 

II - os crimes: 

a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;  b) praticados por brasileiro; 

c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 

a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 

b) houve requisição do Ministro da Justiça.

A aplicação da lei penal brasileira aos crimes cometidos no exterior se sujeita às

condições descritas no art. 7.°, § 2.°, alíneas “a”, “b”, “c” e “d”, e § 3.°, do CódigoPenal.

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: 

a) entrar o agente no território nacional; 

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 

c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 

Tratando-se de extraterritorialidade condicionada, a lei penal brasileira é subsidiáriaem relação aos crimes praticados fora do território nacional, aqui já descritos.

Dito tudo isto sobre a extraterritorialidade, vamos esquematizar:

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EXTRATERRITORIALIDADE

INCONDICIONADA

CONDICIONADA

HIPÓTESES:

* CRIME CONTRA A VIDA OU A LIBERDADE DO

PRESIDENTE DA REPÚBLI CA.

*CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO OU A FÉ

PÚBLICA DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA OU

INDIRETA.

*CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA,

POR QUEM ESTÁ A SEU SERVIÇO.

*CRIME DE GENOCÍDIO, QUANDO O AGENTE FOR

BRASILEIRO OU DOMICILIA DO NO BRASIL. 

CONDIÇÕES:

*NÃO EXISTEM – O AGENTE É PUNIDO PELA LEI

BRASILEIRA, AINDA QUE ABSOLVIDO OU

CONDENADO NO ESTRANGEIRO. 

HIPÓTESES:

* CRIMES QUE, POR TRATADO OU CONVENÇÃO, O

BRASIL SE OBRIGOU A REPRIMIR.

*CRIMES PRATICADOS POR BRASILEIRO.

*CRIMES PRATICADOS EM AERONAVES OU

EMBARCAÇÕES BRASILEIRAS, MERCANTES OU DE

PROPRIEDADE PRIVADA, QUANDO EM

TERRITÓRIO ESTRANGEIRO NÃO FOREM

JULGADOS.

*CRIMES PRATICADOS POR ESTRANGEIROS

CONTRA BRASILEIROS FORA DO BRASIL, SE,

REUNIDAS AS CONDIÇÕES: 1-NÃO FOI PEDIDA OU

NEGADA A EXTRADIÇÃO; 2-HOUVE REQUISIÇÃO

DO MINISTRO DA J USTIÇA. 

CONDIÇÕES:

*ENT RAR O AGENTE NO TERRITÓRIO NACIONAL

*SER O FATO PUNÍV EL ONDE FOI PRATICADO

*ESTAR O CRIME INCLUÍDO ENTRE AQUELES

PELOS QUAIS A LEI BRASILEIRA AUTORIZA A

EXTRADIÇÃO

* NÃO TER SIDO ABSOLVIDO NO ESTRANGEIRO

OU NÃO TER AÍ CUMPRIDO PENA (CUMPRIMENTO

PARCIA L – ART. 8º DO CP)*NÃO TER SIDO PERDOADO NO ESTRANGEIRO OU

EXTINTA A PUNIBILIDADE PELA L EI + FAVORÁVEL 

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1.6 CONSIDERAÇÕES FINA S

1.6.1 PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO

Imaginemos que Tício cometeu um crime contra a vida do presidente Lula em soloargentino e lá foi condenado à pena de seis anos de reclusão, dos quais já cumpriutrês anos. Durante uma rebelião, Tício foge e consegue chegar ao Brasil.

Conforme já vimos, e quanto a isso não deve haver dúvidas, a sentença estrangeiranão faz coisa julgada no Brasil. Logo, o autor da infração deverá ser novamentejulgado.

Pensemos que Tício foi condenado aqui no Brasil a 15 anos de reclusão. O queocorrerá com aqueles três anos já cumpridos? Não valerão de nada?

Claro que valerão. E a resposta para este questionamento está no artigo 8º do CódigoPenal, que, com base no já conhecido princípio do “ne bis in idem”, dispõe:

Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

SENDO ASSIM, CONCLUÍMOS QUE A PENA CUMPRIDA NO

ESTRANGEIRO ATENUA A PENA IMPOSTA NO BRASIL PELO MESMOCRIME, QUANDO DIVERSAS, OU NELA É COMPUTADA QUANDO

IDÊNTICAS.

1.6.2 EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA

A sentença judicial é proferida pelo ESTADO com base na sua soberania e confereefeitos no local em que foi decidida. Assim, via de regra, uma sentença judicial

Brasileira vale para o Brasil, uma sentença judicial Paraguaia vale no Paraguai, eassim por diante.

Contudo, existem determinadas situações em que decisões judiciais de outras naçõessão recepcionadas pelo estado Brasileiro através de sua homologação, mediante oprocedimento constitucionalmente previsto, a fim de constituí-la em título executivocom validade em território nacional.

Encontramos as hipóteses de possibilidade de utilização da sentença estrangeira noart. 9º do Código Penal, que leciona:

Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: 

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I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; 

II - sujeitá-lo a medida de segurança. Parágrafo único - A homologação depende: 

a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; 

b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado,de requisição do Ministro da Justiça.

Diante do que vimos até agora, responda-me...Imagine que Tício foi condenado adeterminada pena do estrangeiro. Esta sentença pode ser homologada e utilizada peloBrasil, nos termos do art. 9º? É claro que........NÂO!!!!!

Observe que o artigo 9º só traz duas possibilidades de homologação, que são:

A homologação de sentença estrangeira hoje é de competência do STJ (artigo 105, I,i, da CF). Antes da Emenda Constitucional de número 45/04, a competência era doSTF.

Mas para produzir qualquer efeito sempre precisará de homologação?

Não, pois há alguns efeitos da sentença estrangeira que independem dehomologação. É o caso dos requisitos para a extraterritorialidade condicionada (artigo

7º, inciso II, “c” e parágrafo 2º, “d”, do CP) e do reconhecimento da reincidência (artigo63 do CP).

Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime,depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro,o tenha condenado por crime anterior.

Em ambos os casos, a sentença proferida no exterior produzirá efeito “intramuros”(dentro do nosso querido país), independentemente de homologação pelo STJ.

11 ..  OOBBRRIIGGAARR OO CCOONNDDEENNAADDOO ÀÀ RREEPPAARRAAÇÇÃÃOO DDOO DDAANNOO,, AA RREESSTT II TTUU IIÇÇÕÕEESS EE AA OOUUTTRROOSS 

EEFFEEII TTOOSS CCIIVV IISS..  

22 ..  SSUUJJ EEII TTÁÁ --LLOO AA MMEEDDIIDDAA DDEE SSEEGGUURRAANNÇÇAA .. 

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1.6.1 CONTAGEM DE PRAZO

O artigo 10 do Código Penal trata da contagem do PRAZO PENAL nos seguintes

termos:Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.

Vamos analisá-lo por partes:

1. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo   Imaginemos quedeterminado indivíduo é preso no dia 15 de janeiro, às 23:59h, após sua

condenação a UM dia de prisão. Pergunto...Quando ele será liberado?Ele estará livre às 00:00h do dia 16, ou seja, ficará UM MINUTO preso e istoserá considerado UM DIA.

“Mas, como assim, professor? Só um minuto???”

É exatamente isso, caro aluno. Como o dia do começo inclui-se no cômputo doprazo e, segundo o artigo 11 do Código Penal, não há que se falar em fraçõesde dia, teremos 1 minuto valendo 24 horas. Observe o disposto no ainda nãoapresentado artigo 11:

Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia , e, na pena de multa , as frações de cruzeiro. (leia-se real). (grifo nosso)

2. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum   Noprazo penal, os dias, os meses e os anos são contados de acordo com ocalendário comum, também chamado de gregoriano.

Os meses são calculados com o número de dias característicos de cada umdeles, e não como um período de 30 dias. Assim, se um indivíduo é preso porum mês em 10 fevereiro, quando será solto? Em 9 de março. E se for preso em10 de março? Será liberado em 9 de abril. Bem fácil, concorda?!

PARA CÁLCULOS EM PROVA, É IMPORTANTE OBSERVAR A SEGUINTE REGRA:

SEMPRE DEVE SER CONSIDERADA N A OPERAÇÃO A DIMI NUI ÇÃO DE UM DIA EM

RAZÃO DE SER COMPUTADO O DIA DO COMEÇO. DESTA FORMA, SE A PENA É DE

UM AN O E TEVE INÍCI O EM 20 DE SETEMBRO DE 200 9, ESTARÁ INTEGRALMENT E

CUMPRIDA EM 19 DE SETEMBRO DE 201 0.

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Para finalizar este tópico, faz-se necessário tecer um importante comentário. O prazosempre terá natureza penal quando guardar pertinência com o jus puniendi, ou seja, apretensão punitiva do Estado. É o caso, por exemplo, da prescrição e da decadência.Como a sua ocorrência importa na extinção da punibilidade, está relacionada com acontagem de prazo penal que difere do prazo processual, definido no Código deProcesso Penal e que, obviamente, não importa para a sua PROVA.

1.6.2 LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Segundo o Código Penal:

Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados 

por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. As regras gerais do Código Penal devem ser aplicadas às leis especiais quando estasnão tratarem de modo diverso. Assim, as regras gerais do CP têm caráter subsidiário.Serão elas aplicadas quando a legislação especial não dispuser de forma diversa.

***************************************************************************************************

Companheiros de estudos,

Chegamos ao final de nossa primeira aula e agora é hora de consolidar os conceitosaqui aprendidos. Este tema é questão quase certa em sua prova e, portanto, não deixepontos pendentes.

Releia o Código Penal do artigo 1º ao 12º e pratique com os exercícios.

Abraços e bons estudos,

Pedro Ivo

“O êxito na vida não se mede pelo que você conquistou,mas sim pelas dificuldades que superou no caminho.” 

Abraham Lincoln 

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PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA

DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL 

Lei penal no tempo 

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerarcrime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentençacondenatória.

Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-seaos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada emjulgado.

Lei excepcional ou temporáriaArt. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração

ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durantesua vigência.

Tempo do crime 

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda queoutro seja o momento do resultado.

Territorialidade 

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras dedireito internacional, ao crime cometido no território nacional.

§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional asembarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governobrasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcaçõesbrasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, noespaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronavesou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso noterritório nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou marterritorial do Brasil.

Lugar do crime

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão,no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

Extraterritorialidade

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

I - os crimes:

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, deTerritório, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia oufundação instituída pelo Poder Público;

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c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

II - os crimes:

a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;

b) praticados por brasileiro;

c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou depropriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda queabsolvido ou condenado no estrangeiro.

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso dasseguintes condições:

a) entrar o agente no território nacional;

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;

c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza aextradição;

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estarextinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contrabrasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:

a) não foi pedida ou foi negada a extradição;

b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Pena cumprida no estrangeiro Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo

mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

Contagem de prazo Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os

meses e os anos pelo calendário comum.

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E) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, não se aplica aos fatosanteriores à ela.

GABARITO: “D”

COMENTÁRIOS:

Alternativa “A” Incorreta Como vimos, o Brasil adota a o princípio da territorialidademitigada ou temperada. A alternativa contraria o disposto no Código Penal quando tratado tema:

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.

Alternativa “B” Incorreta A alternativa generaliza e, assim, contraria o parágrafo 1ºdo artigo 5º.

Art. 5º [...] 

§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

Alternativa “C”    Claramente incorreta. A banca repetiu o parágrafo 2º do artigo 5º colocando a palavra “Não” na frente. Observe: 

§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando- se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

Alternativa “D”  Correta  Reprodução do artigo 4º, que trata do tempo do crime: 

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão,ainda que outro seja o momento do resultado 

Alternativa “E”   Incorreta  A lei penal retroage para beneficiar o réu.

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3. (CGU – ANALISTA / 2006) A pratica o crime às 23 horas e 32 minutos do dia 27 denovembro. O prazo prescricional começa a fluir:

A) no dia 27 de novembro.

B) no dia 28 de novembro.

C) no dia da instauração do inquérito policial.

D) no dia do oferecimento da denúncia.

E) no dia do recebimento da denúncia.

GABARITO: “A”

COMENTÁRIOS: Como vimos em nossa aula, o prazo prescricional segue a regra doprazo penal. Logo, inclui-se o dia de início, conforme regra presente no artigo 10 doCódigo Penal:

Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 

4. (CGU – ANALISTA / 2006) A lei penal aplica-se retroativamente quando:

A) a contravenção penal torna-se crime.

B) o crime torna-se contravenção penal.

C) a pena de detenção torna-se de reclusão.

D) a pena de multa torna-se de detenção.

E) ocorrer a prescrição da pretensão punitiva.

GABARITO: “B”COMENTÁRIOS: Vimos que a lei penal só retroage para beneficiar o réu. Sendo assim,dentre as alternativas apresentadas, a única em que temos uma penalização mais gravepassando a um menor é a prevista na letra “B”.

5. (AUDITOR DO TRABALHO / 2003) A entrada em vigor de uma lei posterior quedeixa de considerar determinado fato como criminoso exclui:

A) somente a punibilidade.

B) a ilicitude.

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C) a imputabilidade penal.

D) somente a culpabilidade.

E) a ilicitude, a imputabilidade penal e a culpabilidade, conforme o caso

GABARITO: “A”

COMENTÁRIOS: Esta questão ficará mais clara com os conhecimentos que ainda virão,mas desde já é importante saber que a aplicação do artigo 2º do CP é com relação àextinção da punibilidade da conduta, ou seja, a ocorrência de abolitio criminis excluisomente a punibilidade. 

6. (PROCURADOR DO BACEN / 2001) Indique, nas opções abaixo, dois princípioscontidos no art. 1º do Código Penal:

A) da legalidade e da anterioridade

B) da reserva legal e da culpabilidade

C) da proporcionalidade e da legalidade

D) do duplo grau de jurisdição e da reserva legal

E) da culpabilidade e do devido processo legal

GABARITO: “A”

COMENTÁRIOS: Vimos os aspectos pertinentes a esta questão, predominantemente, naaula demonstrativa. O artigo 1º do Código Penal preceitua:

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.

Logo, fica claro e fácil concluirmos que abrange o princípio da LEGALIDADE EANTERIORIDADE.

7. (AUDITOR-FISCAL / 2007) Na contagem dos prazos penais,

A) Inclui-se o dia do começo.

B) Considera-se como termo inicial a data da intimação.

C) Considera-se como termo inicial a data da juntada do mandado aos autos.

D) Considera-se como termo inicial o dia seguinte ao da intimação.

E) Descontam-se os feriados.

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GABARITO: “A”

COMENTÁRIOS: Esta questão não apresenta muita dificuldade, pois exige apenas o

conhecimento do disposto no artigo 10 do Código Penal, que dispõe que o prazo penalinclui no cômputo do prazo o dia do começo.

Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 

8. (TCM - RJ / 2008) A organização não-governamental holandesa Expanding minds,

dirigida pelo psicólogo holandês Johan Cruiff, possui um barco de bandeiraholandesa que navega ao redor do mundo recebendo pessoas que desejamconsumir substâncias entorpecentes que alteram a percepção da realidade. Oprefeito de um município decide embarcar para fazer uso recreativo da substânciaCannabis sativa, popularmente conhecida como maconha. Na ocasião em que elefez uso dessa substância, o barco estava em alto-mar, além do limite territorialbrasileiro ou de qualquer outro país. Sabendo que a lei brasileira punecriminalmente o consumo de substância entorpecente e que a maconha éconsiderada pela legislação brasileira uma substância entorpecente, ao passo quea Holanda admite esse consumo para fins recreativos, assinale a alternativa corretaa respeito do crime praticado pelo prefeito.

A) nenhum crime

B) crime de consumo de substância entorpecente

C) crime de responsabilidade

D) improbidade administrativa

E) crime contra a fé pública

GABARITO: “A” 

COMENTÁRIOS: A regra, segundo o Código Penal, é a aplicação do princípio daterritorialidade. Logo, no caso apresentado, se o navio, com bandeira holandesa, está emalto mar, além do limite territorial brasileiro ou de qualquer outro país, não há que se falarem aplicabilidade da Lei Penal Brasileira. 

9. (SEFAZ – RO / 2004) Na definição do local onde a ação criminosa é desenvolvida,o ordenamento penal brasileiro abraçou a seguinte teoria:

A) Da intenção

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B) Da interação

C) Da atividade

D) Do resultado

E) Da ubiqüidade

GABARITO: “E” 

COMENTÁRIOS: O Código Penal adota a teoria da ubiqüidade quando, ao tratar dotema, dispõe:

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria 

produzir-se o resultado.

10. (MPDF / 2003) Com relação à aplicação da lei penal, é correto afirmar-se que:

A) a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se a fatos anterioresainda não decididos por sentença.

B) ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de considerar crime,

cessando em virtude dela a execução, preservando-se, no entanto, os efeitos penais dasentença condenatória.

C) a lei excepcional ou temporária, decorrido o período de sua duração ou cessadas ascircunstâncias que a determinaram, perde a sua eficácia, mesmo com relação aos fatospraticados durante a sua vigência.

D) considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro sejao momento do resultado.

E) ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes contra a vidaou a liberdade de governador de Estado brasileiro.

GABARITO: “D”

COMENTÁRIOS:

Alternativa “A” Incorreta A lei posterior que de qualquer modo favorece o agenteserá aplicada ainda que os fatos já tenham sido decididos por sentença penal transitadaem julgado. É o que prevê o artigo 2º, parágrafo único, do CP.

Alternativa “B” Incorreta Trata da abolitio criminis prevista no artigo 2º, caput, do CP.Sabemos que a abolitio criminis faz cessar a execução da pena bem como os efeitos

penais da sentença penal condenatória.

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Alternativa “C” Incorreta A lei excepcional ou temporária continua a reger os fatosocorridos sob sua vigência, mesmo depois de auto-revogadas (artigo 3º, do CP).

Alternativa D Correta De acordo com o artigo 4º, do CP, considera-se praticado ocrime no momento da conduta (atividade), independentemente de quando vem a ocorrer oresultado.

Alternativa E Incorreta Aplica-se a lei penal brasileira, de forma incondicionada,quando praticado o fato no exterior em detrimento da VIDA ou LIBERDADE do Presidenteda República e não do Governador de Estado.

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LISTA DAS QUESTÕES APRESENTADAS

1. (SERPRO / 2001) Um paciente, vítima de um atropelamento, está internado em um

hospital de Buenos Aires, recebendo tratamento médico de emergência. Seu estadoé grave. Deve, pois, tomar determinado medicamento de três em três horas, com oque deverá se curar. O controle de sua evolução clínica é feito por computador. Umbrasileiro, radicado em São Paulo, invade o computador daquele hospital e alteraaquela periodicidade para 6 horas. O paciente morre. Pergunta-se: onde foicometido o crime?

A) no Brasil e na Argentina

B) só na Argentina

C) só no Brasil

D) o fato é atípico

E) em nenhum dos países

2. (AFRF / 2002) Em matéria de Direito Penal, assinale a opção correta.

A) Aplica-se a lei brasileira, com prejuízo de convenções, tratados e regras de direitointernacional, ao crime cometido no território nacional.

B) Para efeitos penais, não se consideram como extensão do território nacional asembarcações e aeronaves brasileiras.

C) Não se aplica a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ouembarcações estrangeiras de propriedade privada, achando- se aquelas em pouso noterritório nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou marterritorial do Brasil.

D) Considera-se praticado o crime no lugar onde ocorreu a ação ou omissão, ainda queoutro seja o momento do resultado.

E) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, não se aplica aos fatos

anteriores à ela.

3. (CGU – ANALISTA / 2006) A pratica o crime às 23 horas e 32 minutos do dia 27 denovembro. O prazo prescricional começa a fluir:

A) no dia 27 de novembro.

B) no dia 28 de novembro.

C) no dia da instauração do inquérito policial.

D) no dia do oferecimento da denúncia.

E) no dia do recebimento da denúncia.

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4. (CGU – ANALISTA / 2006) A lei penal aplica-se retroativamente quando:

A) a contravenção penal torna-se crime.

B) o crime torna-se contravenção penal.

C) a pena de detenção torna-se de reclusão.

D) a pena de multa torna-se de detenção.

E) ocorrer a prescrição da pretensão punitiva.

5. (AUDITOR DO TRABALHO / 2003) A entrada em vigor de uma lei posterior quedeixa de considerar determinado fato como criminoso exclui:

A) somente a punibilidade.

B) a ilicitude.

C) a imputabilidade penal.

D) somente a culpabilidade.

E) a ilicitude, a imputabilidade penal e a culpabilidade, conforme o caso

6. (PROCURADOR DO BACEN / 2001) Indique, nas opções abaixo, dois princípioscontidos no art. 1º do Código Penal:

A) da legalidade e da anterioridade

B) da reserva legal e da culpabilidade

C) da proporcionalidade e da legalidade

D) do duplo grau de jurisdição e da reserva legal

E) da culpabilidade e do devido processo legal

7.(AUDITOR-FISCAL / 2007) Na contagem dos prazos penais,

A)Inclui-se o dia do começo.

B)Considera-se como termo inicial a data da intimação.

C) Considera-se como termo inicial a data da juntada do mandado aos autos.

D)Considera-se como termo inicial o dia seguinte ao da intimação.

E) Descontam-se os feriados.

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8. (TCM - RJ / 2008) A organização não-governamental holandesa Expanding minds,dirigida pelo psicólogo holandês Johan Cruiff, possui um barco de bandeiraholandesa que navega ao redor do mundo recebendo pessoas que desejamconsumir substâncias entorpecentes que alteram a percepção da realidade. Oprefeito de um município decide embarcar para fazer uso recreativo da substânciaCannabis sativa, popularmente conhecida como maconha. Na ocasião em que elefez uso dessa substância, o barco estava em alto-mar, além do limite territorialbrasileiro ou de qualquer outro país. Sabendo que a lei brasileira punecriminalmente o consumo de substância entorpecente e que a maconha éconsiderada pela legislação brasileira uma substância entorpecente, ao passo quea Holanda admite esse consumo para fins recreativos, assinale a alternativa corretaa respeito do crime praticado pelo prefeito.

A) nenhum crime

B) crime de consumo de substância entorpecente

C) crime de responsabilidade

D) improbidade administrativa

E) crime contra a fé pública

9. (SEFAZ – RO / 2004) Na definição do local onde a ação criminosa é desenvolvida,o ordenamento penal brasileiro abraçou a seguinte teoria:

A) Da intenção

B) Da interação

C) Da atividade

D) Do resultado

E) Da ubiqüidade

10. (MPDF / 2003) Com relação à aplicação da lei penal, é correto afirmar-se que:

A) a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se a fatos anterioresainda não decididos por sentença.

B) ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de considerar crime,cessando em virtude dela a execução, preservando-se, no entanto, os efeitos penais dasentença condenatória.

C) a lei excepcional ou temporária, decorrido o período de sua duração ou cessadas ascircunstâncias que a determinaram, perde a sua eficácia, mesmo com relação aos fatospraticados durante a sua vigência.

D) considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro sejao momento do resultado.

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AULA 02 – DO CRIME – PARTE 01

Caros alunos,

A cada dia que passa a humanidade descobre novas necessidades e alcança novosobjetivos. Estas transformações ocorrem em todas as áreas do conhecimento humanoe, entre elas, na ciência jurídica.

O Direito é dinâmico. Acompanha a evolução da sociedade, adaptando-se aos seusclamores.

Dentro dos ramos do Direito, encontramos no Direito Penal o exemplo fiel e legítimode adaptação social. De forma brilhante o Prof. MAGALHÃES NORONHA presenteou

o Direito Penal brasileiro com uma frase memorável que merece ser relembrada: 

"A história do direito penal é a história da humanidade. Ele surge com o homem e o acompanha através dos tempos, isso porque  o crime , qual sombra sinistra, nunca dele se afastou."  

Mas, o que vem a ser o "crime "?

Além de um fenômeno social, o crime é, na realidade, um episódio na vida de umindivíduo, não podendo, portanto, ser dele destacado e isolado, nem mesmo serestudado em laboratório ou reproduzido.

Não se apresenta no mundo do dia-a-dia como apenas um conceito, único, imutável,

estático no tempo e no espaço. Ou seja, cada crime tem a sua história, a suaindividualidade. Não há dois que possam ser reputados perfeitamente iguais.

Desta forma, começaremos agora a tratar, juridicamente, do crime, um dos principaistemas do Direito Penal e questão certa na sua prova.

Sendo assim, ative o cérebro e vamos dar mais um passo rumo à aprovação.

Bons estudos!!!

* * * * * * * * * * * ** * * * * * * * * * * * * * ** * * * * * * * * * * * ** * * * * * * * * * * * * ** * * * * * * * * * * * * ** * * *

2.1 CRIME: NOÇÕES IN TRODUTÓRIAS

2.1.1 CONCEITO

O conceito de crime é o ponto inicial para a compreensão dos principais institutos doDireito Penal. Embora aparentemente simples, a sua definição completa apresenta

questões complexas que acarretam várias consequências ao estudos dos principaispontos para sua PROVA.

O crime pode ser conceituado levando em conta três aspectos. Vamos conhecê-los.

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2.1.1.1 CRITÉRIO MATERIAL (SUBSTANCIAL)

Crime segundo o critério material é toda ação ou omissão humana que lesa ouexpõe a perigo bens jurídicos tutelados pelo direito. Segundo este conceito, nãobasta a lei dispor sobre uma conduta ilícita, mas também há que ser verificado arelevância do mal produzido pelo ato.

Quando Tício mata Mévio, há relevância quanto ao mal causado? Claro que sim,logo, segundo o critério material é crime.

Em um primeiro momento, parece uma definição simples, mas agora pergunto,caríssimo aluno: “ Imaginemos uma lei criada que comina penalização de 3 a 8anos de reclusão aos indivíduos que rasparem a cabeça no estilo Ronaldo na copa

de 2002.” Segundo o critério material, a simples lei bastará para caracterizar ailicitude da conduta?

A resposta é negativa, pois segundo a análise do delito pelo critério material nãobasta, e nem é necessária, uma lei para que qualquer conduta seja consideradapenalmente ilícita. É preciso, simplesmente, que o ato criminalizado apresenterelevância jurídico-penal, mediante a provocação de dano ou ao menos exposiçãoà situação de perigo em relação a bens jurídicos penalmente relevantes.

Seus defeitos são definidos por Machado: "É evidente que, pela sua amplitudeconceitual, a definição material de crime tem sabor pré-legislativo, de orientação eparâmetro à liberdade legislativa de criação de delitos... Não presta à formulação

dogmática pela sua volatilidade e insegurança conceituais".

2.1.1.2 CRITÉRIO LEGAL

Segue exatamente a definição apresentada pelo legislador no art. 1º da Lei deIntrodução ao Código Penal. Observe:

Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de 

reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.

Sendo assim, pelo critério legal, como você vai diferenciar, na sua prova, se écrime ou não? BASTA LER A PENA!!! Se lá estiver escrito: RECLUSÃO OUDETENÇÃO...Pronto! É CRIME SEGUNDO O CRITÉRIO LEGAL.

Mas e se viesse uma nova lei e inserisse na Lei de Contravenções Penais umaconduta punível com Detenção...Seria Crime ou Contravenção?

CRIME!!! Como eu falei anteriormente, PARA SUA PROVA, considere:

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2.1.1.3 CRITÉRIO ANALÍTICO (TAMBÉM CHAMADO FORMAL/DOGMÁTICO)

Esse critério de conceituação do crime tem o foco principal nos elementos(caracteres) que vão compor a estrutura do delito e aqui surge uma grandedivergência doutrinária, talvez a maior da teoria geral do crime.

De forma bem objetiva, o que acontece é o seguinte: Os autores definiram algunselementos que podem compor o conceito de crime segundo o critério analítico e, apartir da combinação de dois ou mais destes caracteres, criaram suas teorias.

Os seguintes elementos compõem as teorias que em seguida veremos:

SSEE NN AA PPEENN AA LL II ZZ AA ÇÇÃÃ OO HH OOUU VV EERR AA PPAA LL AA VV RRAA  

DDEETT EENNÇÇÃÃ OO OOUU RREECCLL UU SSÃÃ OO 

ÉÉ CCRRII MM EE SSEEGGUUNN DDOO OO CCRRII TT ÉÉRRII OO LL EEGGAA LL  

CONHECER PARA ENTENDER!!!

O LEGISLADOR ACHOU POR BEM CRIAR DOIS DISPOSITIVOS

DIFERENCIADOS PARA TRATAR DOS CRIMES E DAS CONTRAVENÇÕES.

OS CRIMES ESTÃO DEFINIDOS NO CÓDIGO PENAL, ENQUANTO ASCONTRAVENÇÕES, NA LEI DE CONTRAVENÇÕES PENAIS. EM TERMOS

PRÁTICOS, A DIFERENÇA ENTRE CRIMES E CONTRAVENÇÕES É A

GRAVIDADE QUE O LEGISLADOR ATRIBUI À CONDUTA E,CONSEQUENTEMENTE, À PENALIZ AÇÃO.

O QUE VOCÊ ACHA QUE É MAI S GRAVE: COMEÇAR A GRITA R ÀS 23:00 EACORDAR OS VIZINHOS OU PASSEAR NÚ NA AVENIDA PAULISTA ÀS

17:00?

CREIO QUE VOCÊ RESPONDEU PASSEAR NÚ, CORRETO? EXATAMENTE

POR ISSO O LEGISLADOR CLASSIFICOU TAL CONDUTA COMO CRIME EENQUADROU A SEGUNDA COMO CONTRAVENÇÃO.

“MAS PROFESSOR...ENTÃO A ÚNICA DIFERENÇA É ESSA? ASPENALIZAÇÕES?”

SIM, PARA A SUA PROVA, ESTA É A ÚNI CA DIFERENÇA!!!

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11 ..   TT II PPII CCII DDAA DDEE;; 

22 ..   II LL II CCII TT UU DDEE ((AA NN TT II JJ UU RRII DDII CCIIDDAA DDEE));; 

33 ..   CCUU LL PPAA BB IILL II DDAA DDEE;; EE 44 ..   PPUU NN II BB II LL IIDDAA DDEE 

No decorrer do nosso curso trataremos minuciosamente de cada um destescaracteres, mas, antes de seguir, pelo menos um conhecimento básico dosignificado destas palavras você tem que ter. Sendo assim, vamos abrir odicionário de concurseiro:

DICIONÁ RIO DO CONCURSEIRO

TIPICIDADE ADEQUAÇÃO ENTRE O FATO E A CONDUTA DEFINIDA

EM LEI.

EXEMPLO: QUANDO TÍCIO MATA MÉVIO ADEQUA-SE PERFEITAMENTE 

AO FATO TIPIFICADO NO ART. 121 DO CP – MATA R ALGUÉM.

ILICITUDE CONDUTA DEFINI DA EM LEI COMO ILÍ CITA.

EXEMPLO: SE TÍCIO MATA CAIO, PODEMOS DIZER QUE A CONDUTA É TÍPICA. MAS É ILÍCIT A SEMPRE? A RESPOSTA É NEGATIVA, POIS SE 

ELE MATOU EM LEGÍTIMA DEFESA, POR EXEMPLO, ELA PASSA A SER 

LÍCITA.

CULPABILIDADE JUÍZO DE REPROVAÇÃO SOBRE DETERMINADA

CONDUTA QUE CONTRARIA A NORMA PENAL.

EXEMPLO: MÉVIO DIZ PARA CAIO: “OU VOCÊ BATE EM TÍCIO OU EU 

ESTUPRO SUA MULHER”. DIANTE DA SITUAÇÃO, CAIO GERA LESÕES 

CORPORAIS EM TÍCIO. NESTE CASO, CAIO TEVE “ CULPA” ? CLARO QUE NÃO, POIS ESTAVA MEDIANTE COAÇÃO. LOGO, A CONDUTA NÃO É 

CULPÁVEL.

PUNIBILIDADE POSSIBIL IDADE DO ESTADO PUNI R O INFRATOR.

EXEMPLO: CAIO MATA MÉVIO E DEPOIS SE MATA. PARA ESTA

SITUAÇÃO, HÁ COMO PUNIR CAIO? CLARO QUE NÃO, POIS ELE JÁ

ESTÁ MORTO.

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Resumindo:

2.1.2 SUJEITOS DO CRIME

Sujeitos do crime são as pessoas ou entes relacionados à pratica e aos efeitos daempreitada criminosa. Dividem-se em sujeito ativo e sujeito passivo. Vamos conhecê-los a partir de agora.

2.1.2.1 SUJEITO ATIVO

É quem pratica a figura típica descrita na norma penal incriminadora.Somente o ser humano, isoladamente ou associado a outros, possui capacidadepara delinqüir (autoria ou co-autoria). Aqui temos que definir importantes conceitos:

TEORIA QUADRIPARTIDA

•  TÍPICO

•  ILÍCITO

•  CULPÁVEL

•  PUNÍVEL

TEORIA CLÁSSICA

•  TÍPICO

•  ILÍCITO

•  CULPÁVEL

TEORIA FINAL ISTA

•  TÍPICO

  ILÍCITO

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Ainda dentro do tema, para que um indivíduo seja considerado sujeito ativo, énecessário que ele detenha capacidade penal, que nada mais é do que o conjuntode condições exigidas para que um sujeito possa se tornar titular de direitos ouobrigações no campo do direito penal.

Exatamente por isso que os mortos ou os animais e entes inanimados não podemser SUJEITOS ATIVOS, podendo, entretanto, ser objetos ou instrumentos do crime(ex: sujeito que treina cão para matar alguém. O cão é instrumento do crime e nãosujeito ativo).

Bom, caro aluno, até aqui falamos das pessoas FÍSICAS, mas e as PESSOASJURÍDICAS, podem se enquadrar como SUJEITO ATIVO de um delito?

Há duas correntes em relação à pessoa jurídica poder ser sujeito ativo:

1ª) TEORIA DA FICÇÃO A personalidade jurídica somente existe por

determinação da lei e dentro dos limites por ela fixados. Não tem a pessoa jurídicaconsciência e vontade próprias. É uma ficção legal.

Para esta corrente, a pessoa jurídica não pode ser sujeito ativo do crime, poisnão tem capacidade penal. Quem atua por ela são seus membros, seus diretores,que serão responsabilizados pelo delito cometido em nome da pessoa jurídica.Assim, somente os responsáveis concretos pelo delito (gerentes, diretores) sãoresponsabilizados penalmente.

2ª) TEORIA DA REALIDADE (PREDOMINANTE) Existe o entendimento de quea pessoa jurídica é um ser natural e que tem vontades próprias. Conforme Nucci,"porque elas fazem com que se reconheça, modernamente, sua vontade, não nosentido próprio que se atribui ao ser humano, resultante da própria existêncianatural, mas em um plano pragmático-sociológico, reconhecível socialmente. Essaperspectiva permite a criação de um conceito denominado 'ação delituosainstitucional', ao lado das ações humanas individuais".

Diante disso, entende-se que a pessoa jurídica possa delinqüir.

Tal entendimento é o adotado pela ESAF e também pelo Superior Tribunal deJustiça nos seguintes termos:

STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 889528 SC 2006/0200330-2

PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE. DENÚNCIA REJEITADA PELO E. TRIBUNAL A QUO.SISTEMA OU TEORIA DA DUPLA IMPUTAÇÃO.

Admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais desde que haja a imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome ou em seu benefício, uma vez que "não se pode compreender a responsabilização do ente moral dissociada da atuação de uma pessoa física, que age com elemento subjetivo próprio" cf. Resp nº 564960/SC, 5ª Turma, Rel. Ministro Gilson Dipp, DJ de 13/06/2005 

(Precedentes). Recurso especial provido.

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Assim, sendo propositalmente repetitivo:

A adoção deste entendimento tem por base diversos dispositivos que deixam clara aopção do legislador em aplicar a Teoria da realidade em nosso ordenamento jurídico.

A CF/88, nos artigos 173, §5º e 225, §3º, determinou que a legislação ordináriaestabelecesse a punição da pessoa jurídica nos atos cometidos contra a economiapopular, a ordem econômica e o meio ambiente. Veja:

Art. 173 

[...] 

§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da 

pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.

A Lei n.º 9.605/98, referente aos delitos cometidos em desfavor do meio ambiente,fez com que essa teoria ganhasse força, uma vez que, em seu artigo 3°, dispôs:

Art. 3° As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e 

penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.(grifo nosso)

2.1.2.2 SUJEITO ATIVO QUALIFICADO

Conforme vimos, a maioria dos crimes podem ser cometidos por qualquer pessoa,bastando apenas a capacidade penal geral.

AADDMMII TTEE--SSEE AA RREESSPPOONNSSAABB II LL IIDDAADDEE 

PPEENNAALL DDAA PPEESSSSOOAA JJ UURRÍÍDDIICCAA  

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Entretanto, há crimes que reclamam determinada capacidade especial penal porparte do sujeito ativo, ou seja, certa posição jurídica (Ex: Ser funcionário públicopara cometer o crime de peculato), ou posição de fato (Ex: Ser gestante paracometer auto-aborto - infanticídio ).

Nesses casos, os sujeitos ativos são chamados de "sujeitos ativos qualificados", osquais praticam os crimes próprios.

2.1.2.3 SUJEITO PASSIVO

É o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado. É o coitado que morre no crime dehomicídio, o marido que sofre lesões corporais graves de sua mulher, ou mesmo opossuidor da coisa no furto.

Nada impede que, em um determinado delito, dois ou mais sujeitos passivosexistam, desde que estes tenham sido lesados ou ameaçados em seus bensjurídicos definidos no tipo penal.

Pode ser denominado de vítima ou de ofendido e divide-se em duas espécies:

1 - SUJEITO PASSIVO FORMAL OU MEDIATO  É O ESTADO!!!

“Mas, como assim, professor, um indivíduo é vítima de roubo, por exemplo, e osujeito passivo é o Estado?”.

Exatamente, o Estado é o sujeito passivo mediato, pois, por ser o titular domandamento proibitivo não observado pelo sujeito ativo, é sempre lesado pelaconduta do sujeito ativo.

2 - SUJEITO PASSIVO MATERIAL OU IMEDIATO É o titular do interessepenalmente protegido. É aquele que sofre a lesão do bem jurídico de que é titular,como a vida, a integridade física, a honra. Podem ser sujeito passivo material:

•  AS PESSOAS FÍSICAS  Ex: Homicídio:

Art. 121. Matar alguém: 

Pena - reclusão, de seis a vinte anos 

CRIME PRÓPRIO QUANTO AO SUJEITO ATIVO É AQUELE QUE

EXIGE DO AGENTE CERTOS REQUISITOS NATURAIS OU SOCIAIS

QUE O TORNA CAPAZ DE FIGURAR COMO SUJEITO EXECUTOR

DAQUELE CRIME. EXEMPLIFICA-SE COM OS CRIMES QUE EXIGEM

A CONDIÇÃO DE "FUNCIONÁRIO PÚBLICO" PARA QUE POSSA OINDI VÍDUO PERPETRAR A IN FRAÇÃO.

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 •  O ESTADO  Ex: Crimes contra a Administração Pública:

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio 

•  A PESSOA JURÍDICA  Ex: A companhia de seguro, como pessoa jurídica(art. 171, § 2º, V, CP - fraude para o recebimento de indenização ou valor de seguro - Estelionato )

  A COLETIVIDADE (art. 286, CP – incitação ao crime ).

Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: 

Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.

3 - SUJEITO PASSIVO – CASOS ESPECIAIS Existem  determinados casos,comumente exigidos em PROVA que, embora não saiam da regra, são importantesde serem citados para que você não precise nem pensar para marcar a respostacorreta:

Incapaz  O incapaz pode ser sujeito passivo de delitos, pois é também titular dedireitos, como a vida e a liberdade (entre outros).

Há delitos em que somente podem figurar como sujeitos passivos os incapazes.Ex: recém-nascido ser vítima de infanticídio (art. 123, CP); menor de idade sersujeito passivo de abandono intelectual (art. 246, CP).

Morto  O ser humano morto não pode ser sujeito passivo de nenhum delito, pois

não é titular de direitos, podendo ser simplesmente o objeto material do delito.Caso seja praticada alguma conduta atentando contra eles, restará configurado umcrime contra o respeito aos mortos (arts. 209 a 212, CP) e a vítima, neste caso,será sua família ou a coletividade, e não o morto em si.

Nascituro O nascituro pode ser sujeito passivo, pois o feto tem direito à vida,sendo esta protegida pela punição do aborto.

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Animais e coisas inanimadas  Os animais e as coisas não são vítimas decrime, figurando apenas como objeto material.

Daí resulta que em caso de lesão a coisas ouanimais, os sujeitos passivos são os seusproprietários ou a coletividade.

Mas e nos crimes contra a fauna? Como jádisse, é a coletividade que figura comovítima. De fato, ela é a titular do interesse dever preservado todo o patrimônio ambiental.

2.1.3 OBJETO DO CRIME

É o bem ou objeto contra o qual se dirige a conduta criminosa. Pode ser:

• JURÍDICO Objeto jurídico do crime é o interesse protegido pela lei penal ou,como diz Nuvolone, "o bem ou interesse que o legislador tutela, em linha abstrata de tipicidade (fato típico), mediante uma incriminação penal". 

• MATERIAL Objeto material ou substancial do crime é a pessoa ou coisasobre a qual recai a conduta criminosa, ou seja, aquilo que a ação delituosaatinge. Está ele direta ou indiretamente indicado na figura penal. Assim,"alguém" (o ser humano) é objeto material do crime de homicídio (art. 121), a"coisa alheia móvel" o é dos delitos de furto (art. 155) e roubo (art. 157), etc.

Art. 121. Matar alguém [...] 

Agora, caro a luno, um quest ionamento. Podemos af i rmar que o

su je i to pass ivo do de l i to é o pre jud icado pe lo c r im e?

A reposta é negat iva, po is , a inda que mui tas vezes ta is

carac ter ís t i cas se reúnam na mesma pessoa, as s i tuações são

diversas.

Suje i to pass ivo é o t i tu lar do bem lesado, enquanto o pre jud icado é

qualquer pessoa a quem o c r ime t raga danos, pat r imonia is ou não.

Imagine que Tíc io , casado com Mév ia , tem a sua a l iança roubada.

Quem é o su je i to pass ivo? Tíc io , pois e le era o t i t u lar do bem jur íd ico

prot egido. E a maior prejudicad a? A esposa, é c laro, pois Tíc io não

exibe mais o símbolo de seu enlace matr imonial . . . (ALUNAS, não

br iguem com o pro fessor . . .Aposto que na hora da prova vocês vão

lembrar des t e ex emplo! !! )

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Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel [...] 

Agora, para finalizar, um questionamento que inclusive já foi objeto de prova: Há crime sem objeto? 

A resposta é... DEPENDE, pois: 

2.2 CRIM E: CLASSIFICAÇÕES

A partir de agora começaremos a tratar das diversas classificações aplicáveis aos crimes,assunto esse que acompanhará você até a nossa última aula, ou melhor... ATÉ APROVA!!!

Sendo assim, forme uma base forte e entenda bem os conceitos, para construir, até ofinal do curso, uma fortaleza abrangendo todo o Direito Penal.

Dito isto, vamos começar:

A classificação dos crimes se subdivide em legal e doutrinária:

•  LEGAL  É a qualificação, ou seja, o nome atribuído ao delito pela lei penal. NaParte Especial do Código Penal, todo crime é acompanhado por sua denominaçãolegal (nomem iuris ).

Sendo assim, diante desta definição, como sabermos o nome do crime previsto noartigo 165 do Código Penal?

Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico.

A resposta é fácil. Basta abrir o código no artigo 165 e encontrar a denominação:“Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico”.

•  DOUTRINÁRIA  É o nome dado por estudiosos do direito a determinadasespécies de crime. Vamos ater nossos estudos à classificação doutrinária e,

NN ÃÃ OO HH ÁÁ CCRRII MM EE SSEEMM OOBB JJ EETT OO JJ UU RRÍÍ DDII CCOO,, PPOOII SS QQUU AA LL QQUU EERR 

CCRRII MM EE VV II OOLL AA UU MM AA LL EEII .. EENN TT RREETT AA NN TT OO ÉÉ PPOOSSSSÍÍ VV EELL UU MM  

DDEELL II TT OO SSEEMM OOBB JJ EETT OO MM AA TT EERRII AA LL .. EEXX EEMM PPLL OO:: AA TT OO 

OOBB SSCCEENN OO ((AA RRTT II GGOO 22 33 33 DDOO CCÓÓDDII GGOO PPEENN AA LL ))..  

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dentre as incontáveis existentes, somente àquelas que importam para a SUAPROVA.

2.2.1 CRIMES COMUNS, CRIMES PRÓPRIOS E DE MÃO PRÓPRIA

•  CRIMES COMUNS São os delitos que podem ser praticados por qualquerpessoa.

Exemplo: Homicídio, furto, etc.

•  CRIMES PRÓPRIOS São aqueles que exigem ser o agente portador decapacidade especial.

Exemplo: Peculato (só pode ser praticado por funcionário público).

•  CRIMES DE MÃO PRÓPRIA  São passíveis de serem cometidos por qualquerpessoa, mas não podem ser praticados por intermédio de outrem, ou seja, taiscrimes não admitem co-autoria, mas apenas a participação.

Exemplo: Falso testemunho.

Para ficar ainda mais claro: Um advogado pode induzir ou instigar uma testemunhaa faltar com a verdade, mas jamais poderá, em juízo, mentir em seu lugar oujuntamente com ela. Sendo assim, quem pode cometer o delito de falso

testemunho? Qualquer pessoa QUANDO for testemunha.

2.2.2 CRIMES INSTANTÂNEOS, PERMANENTES E INSTANTÂNEOS DE EFEITOSPERMANENTES 

•  CRIME INSTANTÂNEO É aquele que, quando consumado, encerra-se. Aconsumação ocorre em determinado momento e não mais se prossegue.

Exemplo: Furto.

•  CRIME PERMANENTE   Existe quando a consumação se prolonga no tempo,dependente da ação ou omissão do sujeito ativo. Não se admite a tentativa.

Exemplo: Cárcere Privado

•  DELITO INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES é aquele em que apermanência do efeito não depende do prolongamento da ação do sujeito ativo, ouseja, ocorre quando, consumada a infração em dado momento, os efeitospermanecem, independentemente da vontade do sujeito.

Exemplo: Crime de bigamia previsto no artigo 235 do CP.

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Art. 13.

[...] 

§ 2 º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia 

agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: 

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 

b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

2.2.4 CRIMES MATERIAIS, FORMAIS E DE MERA CONDUTA 

•  CRIME MATERIAL É aquele em que o tipo penal guarda em seu interior umaconduta e um resultado naturalístico, sendo a ocorrência deste último necessáriapara a consumação.

Exemplo: É o caso do homicídio, cuja consumação é caracterizada pelofalecimento da vítima.

•  CRIME FORMAL  É aquele crime que se tem como consumado independentedo resultado naturalístico, não exigindo para sua consumação o resultadopretendido pelo agente.

Ressalto que neste tipo de delito o resultado pode até ocorrer, mas, para aconsumação do crime, é indiferente.

Exemplos: No delito de ameaça, a consumação dá-se com a prática do fato, não seexigindo que a vítima realmente fique intimidada. No de injúria, é suficiente que elaexista, independentemente da reação psicológica do indivíduo.

II MM AA GGII NN EE QQUU EE TT ÍÍ CCII OO EESSTT ÁÁ NN AA PPRRAA II AA QQUU AA NN DDOO MM ÉÉVV II AA PPEERRGGUU NN TT AA AA EELL EE SSEE PPOODDEE OOLL HH AA RR SSEEUU FFII LL HH OO EENN QQUU AA NN TT OO EELLAA EENN TT RRAA NN AA ÁÁ GGUU AA .. 

TT ÍÍ CCII OO,, II MMPPRREESSSSII OONN AA DDOO CCOOMM OOSS AA TT RRII BB UU TT OOSS CCOORRPPOORRAA II SS DDEE MM ÉÉVV II AA ,, AA CCEEII TTAA AA RREESSPPOONN SSAABB II LL II DDAA DDEE EE,, EENN QQUU AA NN TT OO AA CCOOMM PPAA NN HH AA VV AA CCOOMM SSEEUU  

OOLLHH AA RR OO TT RRAA JJ EETT OO MM ÉÉVV II AA--ÁÁ GGUU AA ,, AA CCRRII AA NN ÇÇAA VV AA II PPAA RRAA OO MM AA RR EE MM OORRRREE 

AA FFOOGGAA DDAA .. 

NN EESSTT EE CCAA SSOO,, EEXX II SSTTEE AA LL GGUU MMAA NN OORRMM AA PPEENN AA LL II ZZ AADDOORRAA EEMM QQUU EE TT ÍÍ CCII OO II RRÁÁ  SSEE EENN QQUU AADDRRAA RR PPEELLAA OOMM II SSSSÃÃ OO?? 

AA RREESSPPOOSSTT AA ÉÉ NN EEGGAA TT II VV AA .. TT ÍÍ CCII OO SSEERRÁÁ EENN QQUU AA DDRRAA DDOO EEMM HH OOMM II CCÍÍ DDII OO 

CCUU LLPPOOSSOO.. 

LL OOGGOO,, CCOOMM BB AASSEE NN OO AA RRTT II GGOO 11 33 ,,  § 2º, “ B” COMETEU UM CRIME OMISSIVO

IMPRÓPRIO.  

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•  NO CRIME DE MERA CONDUTA  A lei não exige qualquer resultadonaturalístico, contentando-se com a ação ou omissão do agente. Em outraspalavras, o tipo não descreve o resultado, consumando-se a infração com asimples conduta.

Exemplos: Violação de domicílio, ato obsceno, omissão de notificação de doença ea maioria das contravenções.

2.2.5 CRIMES SIMPLES, QUALIFICADOS E PRIVILEGIADOS 

•  CRIME SIMPLES  Ocorre quando o tipo legal é único. Neles, a lesão jurídica éuna e seu conteúdo não apresenta qualquer circunstância que aumente ou diminuasua gravidade.

Exemplo: homicídio simples.

•  CRIME QUALIFICADO  Quando o legislador, ao tipo básico ou fundamental,agrega situação que eleva ou majora a pena, tal qual se dá com o homicídio (art.121 e par. 2º).

Art. 121

[...] 

§ 2° Se o homicídio é cometido: 

I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 

II - por motivo futil; 

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 

IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; 

V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 

Não surge a formação de um novo tipo penal, mas apenas uma forma mais gravede ilícito.

OOSS CCRRIIMMEESS MMAATTEERRIIAA II SS,, FFOORRMMAAIISS EE DDEE MMEERRAA  

CCOONNDDUUTTAA SSÃÃOO CCLLAASSSSII FFIICCAADDOOSS EEMM RREELLAAÇÇÃÃOO 

AAOO SSEEUU RREESSUULLTTAADDOO.. 

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CRIMES COMISSIVOSATIVIDADE POSITIVA DO AGENTE, UMA

AÇÃO.ROUBO

OMISSIVOS

PRÓPRIOS

CRIME QUE, ABSTRATAMENTE, ÉOMISSIVO. É A OMISSÃO DO AUTOR

QUANDO DEVE AGIR.

OMISSÃO DE

SOCORRO

OMISSIVOS

IMPRÓPRIOS

CRIME QUE, ABSTRATAMENTE, ÉCOMISSIVO. A LEI DESCREVE UMA

CONDUTA DE FAZER, MAS O AGENTE

SE NEGA A CUMPRIR O DEVER DE

AGIR.

ART. 13 CP - MÃE

DEIXA DEALIMENTAR A

CRIANÇA

MATERIAIS

UMA CONDUTA E UM RESULTADONATURALÍSTICO, SENDO AOCORRÊNCIA DESTE ÚLTIMO

NECESSÁRIA PARA A CONSUMAÇÃO.

HOMICÍDIO  MORTE

FORMAISCONSUMADO INDEPENDENTE DO

RESULTADO NATURALÍSTICO.AMEAÇA

MERA CONDUTANÃO EXIGE QUALQUER RESULTADO

NATURALÍSTICO.ATO OBSCENO

SIMPLESOCORRE QUANDO O TIPO LEGAL ÉÚNICO.

HOMICÍDIOSIMPLES

QUALIFICADOSAO TIPO SIMPLES, AGREGA SITUAÇÃO

QUE ELEVA OU MAJORA A PENA.ART. 121, § 2°

PRIVILEGIADOSCIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME SÃOMINORATIVAS, ISTO É, SE ATENUAM A

PENA.

HOMICÍDIO

PRATICADO POR

RELEVANTE

VALOR MORAL

COMPLEXODOIS OU MAIS TIPOS EM UMA ÚNICA

DESCRIÇÃO L EGAL.

ROUBO = FURTO

+ AMEAÇA

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2.3 CRIME: FATO TÍPICO

Fato típico é o comportamento humano (positivo ou negativo) que se enquadraperfeitamente nos elementos descritos na norma penal.

Exemplo: Tício esfaqueia Mévio, que vem a falecer devido às lesões Enquadramentode Tício na conduta definida no artigo 121 do Código Penal:

Art. 121. Matar alguém: 

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Sendo assim, caro aluno, fica fácil encontrar a definição de fato atípico, que nada mais é

do que aquele que NÃO se enquadra em nenhum dispositivo da lei penal.Para exemplificar: Mévio, pai de Tícia (22 anos), mantém relações sexuais com a filha,que consente que tal ato aconteça. Neste caso, há crime? Claro que não! A conduta podeaté ser considerada imoral, mas, por haver consentimento de ambas as partes, não seenquadra em nenhuma norma penal e, consequentemente, é atípico. O fato típico é composto dos seguintes elementos:

1.  CONDUTA

2.  RESULTADO NATU RALÍSTICO

3.  NEXO DE CAUSAL IDADE

4.  TIPICIDADE

Só para ficar bem claro, no primeiro exemplo, há uma conduta, a de o sujeito esfaquear avítima. O resultado é a morte. O nexo entre a conduta e o resultado é que a vítima faleceuem conseqüência das lesões produzidas pelas facadas. E o acontecimento se enquadrano art.121 do CP.

Mas agora pergunto, e para responder pense na classificação dos crimes que vimos nestaaula: Sempre os quatro elementos estarão simultaneamente presentes para acaracterização de um fato típico???

A resposta é negativa, pois só estarão presentes, concomitantemente, nos CRIMESMATERIAIS CONSUMADOS, pois estes, como já vimos, guardam em si uma conduta eum resultado naturalístico, exigindo a produção deste para a sua consumação.

Na tentativa e nos crimes de mera conduta, diferentemente, não há resultado naturalísticoe nem nexo causal, limitando-se o fato típico aos elementos CONDUTA e TIPICIDADE.

E nos crimes formais?

Nos crimes formais, o resultado pode até acontecer, mas não é necessário para aconsumação. Sendo assim, podemos afirmar que será necessário para caracterizar umfato típico proveniente de um delito formal, somente a CONDUTA e a TIPICIDADE.

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Esquematizando:

2.3.1 CONDUTA

Um dos mais fascinantes temas do direito penal é o estudo da conduta ou ação, nãosó pelas suas próprias características, mas mais pelas divergências que cria emrelação ao estudo do crime.

Realmente, qualquer espécie de crime, seja doloso ou culposo, somente tem suaexteriorização no mundo natural através da realização de uma conduta e há muito jáse dizia que "nullum crimem sine actione", ou seja, não há crime sem uma respectivaação humana.

O estudo da conduta é feito com base em teorias que você verá logo após o quadroabaixo:

FATO TÍPICO

RESULTADO

NEXO CAUSAL

CONDUTA

TIPICIDADE

CRIMES

MATERIAIS

CONSUMADOS

CRIMES

TENTADOS,

FORMAIS E DE

MERA

CONDUTA

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2.3.1.1 TEORIA CLÁSSICA, MECANICISTA, NATURALÍSTICA OU CAUSAL

A ideologia dessa teoria nasceu com o intuito de abrandar a sensação vivida naépoca do Império, quando a vontade do Rei prevalecia e era ele quem ditava as

regras de conduta. Em contraposição a essa fase, surgiu a teoria clássica, paraque a sociedade ficasse inteiramente adstrita à vontade da lei e não mais à domonarca.

DOLO E CULPA – QUAL A DIFERENÇA?

QUANDO ALGUÉM QUER COMETER  UM DELITO OU ASSUME O RISCO DE 

COMETÊ-LO , ELE ESTARÁ AGINDO DOLOSAMENTE. MAS SE ELE COMETEU O

CRIME APENAS POR NEGLIGÊNCIA , IMPRUDÊNCIA OU IMPERÍCIA , ELE ESTARÁAGINDO CULPOSAMENTE.

ASSIM, SE TÍCIO DÁ UM TIRO EM MÉVIO, ELE AGIU DOLOSAMENTE, POIS QUISMATÁ-LO.

MAS, E SE TÍCIO DEIXA SÓ UM PROJÉTIL E, BRINCANDO DE “ROLETA RUSSA”,

COLOCA-O CONTRA A CABEÇA DE MÉVIO, APERTA O GATIL HO E O MATA ?

NESTE CASO, ELE PODE ATÉ NÃO TER QUERIDO MATÁ-LO, MAS ASSUMIU O

RISCO DE FAZ Ê-LO E, POR ISSO, TERÁ A GIDO DOLOSAMENT E.

POR OUTRO LADO, SE CAIO DEIXA SEU REVÓLVER CAIR DA BOLSA SEM

QUERER E AO BA TER NO CHÃO ELE DISPARA E MA TA TÍCIA , SERÁ DOLOSO?

A RESPOSTA É N EGATIVA . SERÁ U M DELIT O CULPOSO, POIS ELE NÃ O DESEJOU

E NEM ASSUMIU O RISCO DE MAT AR TÍCIA , MAS AGIU COM IM PRUDÊNCIA, POIS

NIN GUÉM DEVERIA ANDAR COM UMA ARMA DESTRAVA DA EM UMA BOLSA.

FINALIZANDO:

IMPERÍCIA É QUANDO ALGUÉM QUE DEVERIA DOMINAR UMA TÉCNICA NÃO A

DOMINA. É O CASO DO MÉDICO QUE ERRA NA HORA DE SUTURAR UM

PACIENTE. DEPOIS DE SEIS ANOS ESTUDANDO MEDICINA , ELE DEVERIA SABER

SUTURAR. SE NÃO SABE, É IM PERITO.

NEGLIGÊNCIA É QUAN DO AQUELE QUE DEVERIA TOMAR CONTA PARA QUE UM A

SITUAÇÃO NÃO ACONTECESSE, NÃO PRESTA A DEVIDA ATENÇÃO E A DEIXAACONTECER. É O CASO DA MÃE QUE DEVERIA TOMAR CONTA DO NENÉM

QUANDO ESTÁ DANDO BANHO NELE, VAI ATENDER O TELEFONE E O NENÉM

ACABA SE AFOGANDO. ELA NÃ O QUERIA E NEM ASSUMI U O RISCO DE MAT Á-LO,

MAS NÃO TOMOU CONTA O SUFICIENTE PARA EVITAR SUA MORTE.

IMPRUDÊNCIA É QUANDO A PESSOA NÃO TOMA OS CUIDADOS QUE UMAPESSOA NORMAL TOMARIA. É AQUELA QUE, AO DAR MARCHA-RÉ COM O

CARRO, ESQUECE DE OLHA R PARA TRÁS E ACAB A A TROPELAN DO ALGUÉM.  

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Para os defensores dessa teoria, ficar vinculado literalmente ao texto legal era maisseguro. Interpretar a lei seria muito arriscado, não se podia dar margens ainterpretações, pois essas causariam a insegurança de regredir para a épocaImperial, quando prevalecia a arbitrariedade.

Portanto, a única interpretação possível do texto legal era a literal, devia-se seguirà risca a junção do fato à norma.

Para a teoria causal da ação, pratica fato típico aquele que pura e simplesmente dácausa ao resultado, independente de dolo ou culpa na conduta do agente,elementos esses que, segundo essa teoria, serão analisados apenas na fase deaveriguação da culpabilidade, ou seja, não pertencem à conduta.

Para saber se o agente praticou fato típico ou não, deve-se apenas analisar se elefoi o causador do resultado, se praticou a conduta descrita em lei como crime. Nãose analisa o conteúdo da conduta, a intenção do agente na ação, trabalha-se com

o mero estudo de relação de causa e efeito.Crime, para essa teoria, é fato típico, antijurídico e culpável, pois o dolo e a culpa,que são imprescindíveis para a existência do crime, pertencem à culpabilidade,logo, esta (a culpabilidade) deve fazer parte do conceito de crime para osseguidores dessa teoria. 

Para esclarecer melhor a teoria causal, partimos de um exemplo: Imagine umapessoa que, ao sair de um restaurante, dirija-se ao depósito para retirar seu guarda-chuva e, por engano, retira guarda-chuva alheio.

Para a teoria causal da ação, essa pessoa praticou fato típico (furto), visto quesubtraiu para si coisa alheia móvel. Mesmo que tal pessoa não tenha agido comdolo, praticou fato típico, ou seja, a conduta descrita em lei como crime.

Outro exemplo seria o caso do “Sr. Certinho”, que estava dirigindo a 40 Km/h emuma via cuja velocidade máxima preceituada era de 60 Km/h. Em determinadomomento, uma criança solta a mão de sua mãe, passa na frente de um caminhão

SSII SSTT EEMM AA CCLL ÁÁ SSSSII CCOO 

RELEMBRANDO!!!

PELA TEORIA ADOTADA ATU ALMENT E PELO CÓDIGO PENAL ,

CRIME É SOMENTE FATO TÍPICO E ILÍ CITO (ANTI J URÍDICO).

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(que impedia a visão dos motoristas) e acaba sendo morta pelo carro do Sr. Certinhoque, naquele momento, dirigia com a máxima atenção possível.

Neste caso, o Sr. Certinho praticou um FATO TÍPICO?Para responder a pergunta, temos que pensar segundo onome da teoria, ou seja, de forma MECÂNICA.

Qual foi a CAUSA da morte da criança? Foi a AÇÃO do Sr.Certinho, LOGO...É fato típico!

O principal defeito desta teoria é separar a conduta praticada no mundo exterior darelação psíquica do agente, deixando de analisar sua vontade.

Fica claro, portanto, que esta teoria não distingue a conduta dolosa da condutaculposa, pois ambas são analisadas objetivamente, uma vez que não se faz

nenhuma indagação sobre a relação psíquica do agente para com o resultado.Bastante adotada em décadas passadas, essa teoria foi ao longo do tempo cada vezmais abandonada, encontrando, hoje, poucos seguidores.

2.3.1.2 TEORIA FINAL OU FINALISTA

Hans Welzel foi o grande defensor dessa teoria que surgiu entre 1920 e 1930,diante das constatações neoclássicas, nas quais se observou elementos

finalísticos nos tipos penais. Pela corrente neoclássica, também denominadaneokantista, foi possível determinar elementos subjetivos no próprio tipo penal, e não somente na culpabilidade.

Esta teoria tem como idéia inicial a concepção do homem como ser livre eresponsável pelos seus atos. Para esta teoria, conduta é o comportamento humanovoltado a um fim. Logo, há que ser analisada a FINALIDADE do agente em suaconduta.

Para a teoria finalista da ação, que foi a adotada pelo nosso Código Penal, serátípico o fato praticado pelo agente se este atuou com dolo ou culpa na sua conduta.Se ausente tais elementos, teremos a atipicidade.

Para a teoria finalista, crime é um fato típico e antijurídico, sendo a culpabilidademero pressuposto de aplicação da pena. Sendo assim, analisa-se a conduta doagente se foi dolosa ou culposa, se tal conduta é típica e, por final, comopressuposto de aplicação da pena, verifica-se a culpabilidade do agente.

CONCLU IN DO, A VONTADE DO AGENTE NÃO PODERÁ M AIS

SER SEPARADA DA SUA CONDUTA, AM BAS ESTÃO LIGADAS

ENTRE SI, DEVENDO-SE FAZER UM A A NÁ LISE DE IM EDIA TO

NO “ ANI MUS” DO AGENT E PARA FIN S DE TIPICIDADE.

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A referida teoria adotada leva em conta o valor da ação, o motivo que levou alguéma praticar o delito, ao contrário da teoria causal que se contenta em apenas ver arelação de causa e efeito da conduta.

A teoria finalista se preocupa com o conteúdo da conduta e da norma, pois muitostipos penais no seu próprio corpo descrevem elementos que exigem uma finalidadeespecífica, portanto, não poderíamos ignorar essa vontade da lei. Um exemplo detipo penal que exige finalidade é o artigo 216-A do Código que descreve em seupreceito primário:

Art.216–A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego,cargo ou função.

Ora, está claro que o tipo penal incriminador estabelece uma finalidade especial doagente para que este se enquadre no mesmo, exigindo-se a finalidade de “obtervantagem ou favorecimento sexual”, concluindo que não se pode separar aconduta do agente de sua vontade, deixando claro que nosso Código Penal adotou

a teoria finalista da ação.

Resumindo:

Para a teoria finalista, importa saber se o agente atuou com dolo ou culpa. Nãoestando presente tais elementos, sua conduta será atípica. Por outro lado, para ateoria causal, sua conduta seria típica, porém ele não seria culpável por ausênciade dolo e culpa, elementos estes que, para a teoria causal, fazem parte daculpabilidade.

2.3.1.3 TEORIA SOCIAL

SSII SSTT EEMM AA FFII NN AA LL II SSTT AA  

PRESSUPOSTO DE

APLICAÇÃO DA

PENA

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A teoria social da ação tem como fundamento a relevância da conduta perante asociedade.

Para essa teoria, não basta saber se a conduta foi dolosa ou culposa para

averiguação do fato típico, mas, também, fazer uma análise de tal comportamentoe classificá-lo como socialmente permitido ou não.

Se a conduta do agente for considerada social, ou seja, aceita pela sociedade, seráatípica.

Para os adeptos da teoria social não podemos taxar como crime uma conduta queé perfeitamente aceitável perante a sociedade e que não gera danosconsideráveis.

A referida teoria alega ser inútil punir alguém por um fato que a própria sociedadeaceita, ou seja, deve-se observar um elemento social que estaria contidoimplicitamente no tipo penal. Para essa teoria, só será típico o fato que repercute

negativamente na sociedade.

Em um primeiro momento, caro aluno, a Teoria Social pode até parecer boa para asociedade, mas devemos, antes de pensar na “idéia” da teoria, responder àseguinte pergunta: “Quem vai decidir o que é aceito ou não pela sociedade?”Resposta: Somente o Juiz, e aqui é que começam os problemas.

Os críticos da teoria social alegam que esta implica num risco à segurança jurídica,pois caberia ao magistrado decidir se tal conduta é típica ou não de acordo com oscostumes.

Assim, analisando o caso em concreto, se o juiz entender que a ação do agente foi

absolutamente sociável, classificará aquela como atípica, ignorando, assim, odireito positivo.

Tal teoria não foi concebida pela nossa legislação, entretanto, não se deixa deavaliar a sociabilidade da ação, podendo esta ser utilizada pelo magistrado comocritério de fixação da pena base, com fundamento no artigo 59 do Código Penal.

Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima,estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 

I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;  II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;  III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;  IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.

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2.3.1.4 EXCLUSÃO DA CONDUTA

Não constituem conduta os atos em que não intervém a vontade. São exemplos

de hipóteses de ausência de conduta:

1. Caso fortuito e força maior  São acontecimentos imprevisíveis e inevitáveisque fogem do domínio da vontade do ser humano. Se não há vontade, não hádolo ou culpa.

Exemplo: Tício estava em uma praça, ao lado de uma senhora. Após uma forterajada de vento, Tício é arremessado contra a mulher, ferindo-a. Neste caso,houve VONTADE de Tício? É claro que não, logo, não houve conduta.

2. Atos ou movimentos reflexos   Consiste em reação automática emconsequência de uma excitação dos sentidos. 

Exemplo: Você lembra daquele martelinho de ortopedista?....Issomesmo, aquele que bate no joelho e, automaticamente, nossaperna se mexe. Então, imagine que o médico bate com estemartelinho em seu joelho e, por impulso, a perna acaba atingindo omédico. Como não há vontade de atingir o ortopedista, tambémnão há conduta.

3. Coação física irresistível   Imagine que Tício é amarrado enquanto vêMévio sofrer lesões corporais graves. Neste caso, será enquadrado nahipótese de omissão de socorro prevista no artigo 135 do Código Penal? Éclaro que não, pois está sob coação física irresistível.

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública 

4. Sonambulismo e hipnose Também não há conduta por falta de vontadenos comportamentos praticados em completo estado de inconsciência. 

2.3.2 RESULTADO

Resultado é a consequência provocada pela conduta do agente. Pode ser:

• JURÍDICO É, simplesmente, a violação da lei penal, mediante a agressão dovalor ou interesse por ela tutelado.

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• NATURALÍSTICO OU MATERIAL É a modificação do mundo exteriorprovocada pela conduta do agente.

Agora, para finalizar, um questionamento. Há crime sem resultado?A resposta é... DEPENDE, pois:

2.3.3 NEXO CAUSAL OU RELAÇÃO DE CAUSALIDADE

A relação de causalidade ou nexo causal ou nexo de causalidade é a forma segundo aqual se verifica o vínculo entre a conduta do agente e o resultado ilícito. Sobre o tema,estabelece o artigo 13 do Código Penal:

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

A doutrina considera que a palavra “resultado” prevista no início do artigo 13 refere-sesomente ao resultado naturalístico. Sendo assim, para ser determinado o autor de umcrime, sempre teremos que verificar o NEXO CAUSAL, correto? CLARO QUE NÃO!!!!

Para que se vai verificar o nexo causal em delitos formais ou de mera conduta?Nesses tipos de crimes importa o resultado ou só a conduta? Só a conduta! Sendoassim, o estudo da relação de causalidade tem pertinência apenas nos crimesMATERIAIS.

2.3.3.1 TEORIAS

NNÃÃOO HHÁÁ CCRRIIMMEE SSEEMM RREESSUULLTTAADDOO JJ UURRÍÍDDIICCOO,, PPOOIISS 

QQUUAALLQQUUEERR CCRRIIMMEE VV IIOOLLAA UUMMAA LLEEII .. EENNTTRREETTAANNTTOO ÉÉ 

PPOOSSSSÍÍVVEELL UUMM DDEELL II TTOO SSEEMM RREESSUULLTTAADDOO NNAATTUURRAALL ÍÍ SSTT IICCOO.. 

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Podem-se destacar duas principais teorias na busca para definir a relação decausalidade. São elas:

1 - DA EQUIVALÊNCIA DAS CONDIÇÕES OU EQUIVALÊNCIA DOSANTECEDENTES OU SINE QUA NON Segundo esta teoria, quaisquer dascondutas que compõem a totalidade dos antecedentes é causa do resultado, como,por exemplo, a venda lícita da arma pelo comerciante que não tinha idéia dopropósito homicida do criminoso comprador.

Essa teoria costuma ser lembrada pela “profunda” frase:

AA CCAAUUSSAA DDAA CCAAUUSSAA TTAAMMBBÉÉMM ÉÉ CCAAUUSSAA DDOO QQUUEE FFOOII CCAAUUSSAADDOO.. 

Contudo, recebe críticas por permitir o regresso ao infinito, já que, em últimaanálise, até mesmo o inventor da arma seria causador do evento, visto que, se aarma não existisse, tiros não haveria. Na verdade, a responsabilidade de tododelito incidiria em “Adão e Eva”.

Já pensou esta teoria aplicada na época em que o adultério era crime? Ia paracadeia o vendedor da cama, o dono da indústria de espuma....Enfim, é melhorpassarmos para a próxima.

2 - DA CAUSALIDADE ADEQUADA   Esta teoria considera causa do eventoapenas a ação ou omissão do agente apta e idônea a gerar o resultado.

Segundo o que dispõe essa corrente, a venda lícita da arma pelo comerciante nãoé considerada causa do resultado morte que o comprador produzir, pois venderlicitamente a arma, por si só, não é conduta suficiente para gerar a morte. Ainda épreciso que alguém efetue os disparos que a causarão.

Portanto, a causa adequada é aferida de acordo com o juízo do homem médio ecom a experiência comum. Não basta contribuir de qualquer modo para o

resultado: AA CCOONNTTRRIIBBUUIIÇÇÃÃOO DDEEVVEE SSEERR EEFFIICCAAZZ !! 

2.3.3.2 TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL

O Código Penal adotou a teoria da equivalência dos antecedentes, conforme épossível perceber ao observar com atenção o artigo 13 do Código Penal. Veja:

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (grifo nosso)

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Sendo assim, para a PROVA, causa é todo o comportamento humano, comissivoou omissivo, que, de qualquer modo, concorreu para a produção do resultadonaturalístico, pouco importando o grau de contribuição.

“Mas, professor, quer dizer que o vendedor de arma, segundo o sistema Brasileiro,pode ser responsabilizado pelo homicídio?”

A resposta é: Depende!

Segundo a jurisprudência dominante, ao interpretar o artigo 13, para que umacontecimento ingresse na relação de causalidade, não basta a mera dependênciafísica. Exige-se ainda a causalidade psíquica, ou seja, reclama-se a presença dodolo ou da culpa por parte do agente em relação ao resultado.

Como já vimos, a ausência de dolo ou culpa afasta a conduta, a qual, por seuturno, afasta a configuração do nexo causal.

Logo, na pergunta acima, se o vendedor sabia da intenção do comprador e, pornão gostar do “futuro” ofendido, facilitou a venda da arma, sua conduta seráconsiderada causa do crime de homicídio, cometido posteriormente. Se nadasabia, tal responsabilização ficará afastada.

Resumindo, pelo que vimos até agora o artigo 13 do Código Penal adotou a teoriada equivalência dos antecedentes. Fácil, concorda? Fácil até demais....E comovida de concurseiro não é nada fácil (E eu sei muito bem...), excepcionalmente, ateoria da causalidade adequada também é adotada no nosso sistema pátrio e istonos remete à necessidade de estudarmos as concausas.

Respire fundo e vamos começar!!!

2.3.3.3 CONCAUSAS

Paralelamente à causa, existe o que se denomina, doutrinariamente, concausa. Ouseja, são outras causas que concorrem juntamente no fato então praticado e dãoforça, de uma forma ou de outra, ao resultado.

As concausas subdividem-se em:

•  CAUSA DEPENDENTE É aquela que é dependente da conduta. Sóacontece por causa da conduta e, assim, não exclui a relação decausalidade. Ocorre como uma verdadeira sucessão de acontecimentosprevisíveis. Exemplo: A morte em um homicídio advém da hemorragia interna que foicausada pelo impacto da bala que veio da explosão provocada pela armafeita pela conduta da pessoa que pressionou o gatilho.

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•  CAUSA INDEPENDENTE  É aquela que acontece por motivos diversosda conduta. Apresenta um resultado inesperado e não usual.

É independente porque tem a capacidade de produzir, por si só, oresultado. Pode ser de natureza absoluta ou relativa, dependendo de suaorigem.

  Absolutamente independente  Quando não tem nenhumarelação com a conduta. Por serem independentes, produzem

por si sós o resultado naturalístico.

  Relativamente independente  Originam-se da própriaconduta efetuada pelo agente. São relativas, pois nãoexistiriam sem a atuação do agente. Entretanto, tais causassão independentes e, assim, são capazes de produzir por sisós o resultado, já que não se situam no normal trâmite dodesenvolvimento causal.

CCAA UU SSAA DDEEPPEENN DDEENN TT EE  SSÓÓ AA CCOONN TT EECCEE PPOORR 

CCAA UU SSAA DDAA CCOONN DDUU TT AA .. 

CCAA UU SSAA II NN DDEEPPEENN DDEENN TT EE  AA CCOONN TT EECCEE PPOORR 

MM OOTT II VV OOSS DDII VV EERRSSOOSS DDAA CCOONN DDUU TT AA.. 

RESULTADO

MORTE HEMORRAGIA IMPACTO

DA BALA

EXPLOSÃO

DA ARMACONDUTA

CAUSA

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Vamos começar tratando das causas absolutamente independentes, quesubdividem-se em:

AA)) PPRREEEEXXIISSTTEENNTTEESS  São aquelas que já existiam antes da conduta e o efeitodessa de nada interfere no resultado. Exemplo: Tício verifica que Mévio está deitado na praia e atira dez vezes emregiões vitais do desafeto. Posteriormente, o exame necroscópico conclui que nomomento dos disparos Mévio já estava morto, pois havia se afogado.

A conduta (tiro) não produziu o resultado (morte), pois esta foi causada peloafogamento preexistente.

BB)) CCOONNCCOOMMIITTAANNTTEE  É aquela que ocorre no exato momento da conduta.

Exemplo: Caio efetua disparos contra Mévio no exato momento em que o teto dacasa cai na cabeça deste último.

CC)) SSUUPPEERRVVEENNIIEENNTTEESS  É a que se concretiza posteriormente à condutapraticada pelo agente, dando causa ao resultado. Exemplo: Tício ministra uma alta dose de veneno para Caio, entretanto, antes de o

veneno começar a fazer efeito, aparece Mévio e efetua inúmeros disparos contra

Caio, matando-o. 

Conseqüência das causas absolutamente independentes: Perceba que emtodas as modalidades o resultado aconteceria independentemente da conduta.Desta forma, há um afastamento do nexo causal entre a conduta e o resultadodesejado.

“Mas, professor, isto quer dizer que o agente ficará impune?”

Não! Devem ser imputados ao agente os atos praticados e não o resultado

naturalístico, devido à ausência da relação de causalidade. Nos exemplosmencionados, via de regra, responderá o agente por tentativa de homicídio e nãopor homicídio consumado.

A partir de agora, voltaremos o estudo para as causas relativamenteindependentes, que podem ser: AA)) PPRREEEEXXIISSTTEENNTTEESS  A causa já existe antes da conduta do agente, entretanto,por si só, não produziria o resultado. Assim, o agente responderá integralmente

pelo resultado naturalístico.Exemplo: Tício atira em Mévio e o acerta de raspão. Entretanto Mévio, por serhemofílico, vem a falecer em virtude dos ferimentos. Perceba que a hemofilia é

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preexistente ao fato, entretanto, o resultado só foi possível devido à atuação deTício.

BB)) CCOONNCCOOMMIITTAANNTTEESS  Ocorrem concomitantemente à prática da conduta e aquivalem os mesmos comentários quanto às causas relativamente independentespreexistentes, ou seja, responde o agente pelo resultado naturalístico.

Exemplo: Mévio, com ânimo de matar Tício, aponta uma arma para ele. Tício,desesperado, tenta fugir e no momento em que é efetuado o disparo, Tício éatropelado por um caminhão. 

CC)) SSUUPPEERRVVEENNIIEENNTTEESS   Encontram previsão no artigo 13, parágrafo 1º doCódigo Penal. Observe:

Art. 13 

[...] 

§ 1º  - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.

Através da análise atenta do supracitado dispositivo, percebe-se que o legislador

optou por criar duas espécies do gênero causas relativamente independentessupervenientes. São elas:

1. CAUSAS SUPERVENIENTES RELATIVAMENTE INDEPENDENTES QUENÃO PRODUZEM POR SI SÓS O RESULTADO  Imagine que Tício,querendo matar Mévio, por possuir uma péssima mira, erra o coração eacerta em seu braço. Mévio é levado ao hospital e, por imperícia médica,vem a falecer.

Pergunto: Tício responderá pela morte de Mévio? Para responder a estapergunta, caro aluno, você deve se perguntar: “Se ele não tivesse levado otiro teria morrido?” É claro que não, pois nem para o hospital teria ido.

Sendo assim, nas CAUSAS SUPERVENIENTES RELATIVAMENTEINDEPENDENTES QUE NÃO PRODUZEM POR SI SÓS O RESULTADO, oagente RESPONDE pelo resultado naturalístico.

Neste sentido já se pronunciou o STJ:

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2. CAUSAS SUPERVENIENTES RELATIVAMENTE INDEPENDENTES QUEPRODUZEM POR SI SÓS O RESULTADO É exatamente a situaçãotrazida no parágrafo 1º do artigo 13.

Segundo o texto legal, a superveniência de causa relativamenteindependente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado;os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.

Perceba que aqui temos a clara aplicação da teoria da causalidadeadequada, não mais sendo considerada causa qualquer evento que tenhaconcorrido para o resultado. A partir deste dispositivo, não cabe para serresponsabilizado apenas uma contribuição, mas sim uma contribuiçãoADEQUADA ao resultado naturalístico.

STJ - HABEAS CORPUS: HC 42559 PE 2005/0042920-6

Relator(a): Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA

Julgamento: 03/04/2006

Órgão Julgador: T5 - QUINTA TURMA

Publicação: DJ 24.04.2006 p. 420

Processual penal. Habeas corpus. Homicídio qualificado. Novo interrogatório. Faculdade do julgador. Prova emprestada. Inexistência de constrangimento ilegal quando existem outros elementos que sustentam a condenação. Causa superveniente relativamente independente.Inexistência. Teoria da equivalência dos antecedentes causais. Legítima defesa. Impossibilidade de reconhecimento pela via estreita do writ por exigir exame do conjunto fático-probatório. Ordem parcialmente conhecida e,nessa parte, denegada.

[...] 

4. O fato de a vítima ter falecido no hospital em decorrência das lesões sofridas, ainda que se alegue eventual omissão no atendimento médico, encontra-se inserido no desdobramento físico do ato de atentar contra a vida da vítima, não caracterizando constrangimento 

ilegal a responsabilização criminal por homicídio consumado, em respeito à teoria da equivalência dos antecedentes causais adotada no Código Penal e diante da comprovação do animus necandi do agente.

[...] 

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Vamos exemplificar para facilitar o entendimento: Tício efetua um disparo eacerta no braço de Mévio. Mévio é levado de ambulância para o hospital.Entretanto, durante o trajeto ocorre um acidente, a ambulância bate e Méviomorre em razão da batida.

Neste caso, estamos diante de uma causa superveniente relativamente

independente que por si só produziu o resultado e, consequentemente, oagente não será responsabilizado pela morte e, somente, pelos atosanteriores.

“Mas, professor...Agora minha cabeça ficou uma bagunça....Aqui não é amesma situação anteriormente apresentada em que ele morria no hospital?Não posso pensar que ele só estava na ambulância devido aos disparosefetuados?”

Perceba, concurseiro(a), que há uma grande diferença. No caso em que elevai para o hospital e morre por imperícia médica, ele morre devido aoagravamento dos ferimentos provenientes do disparo. Diferentemente, a

causa da morte no caso da ambulância não há qualquer relação DIRETAcom os ferimentos.

VA MOS AGORA ESQUEMA TIZAR TU DO O QUE VIM OS COM

RELAÇÃO ÀS CONCAU SAS, A FIM DE ORGANIZ AR AS IDÉIAS:

Conforme já v imos, segundo a teor ia da causa adequada, a

causa é afer ida de acordo com o ju ízo do homem médio e

com a exper iênc ia com um. Não bas ta c on t r ibu i r de qualquer  modo para o resul tado: AA CCOONN TT RRII BB UU II ÇÇÃÃ OO DDEEVV EE SSEERR EEFFII CCAA ZZ !! 

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CAUSAS

ABSOLUTAMENTE

INDEPENDENTES

RELATIVAMENTE

INDEPENDENTES

PREEXISTENTES

CONCOMITANTES

SUPERVENIENTES

PREEXISTENTES

CONCOMITANTES

SUPERVENIENTES

ROMPEM O NEXO

CAUSAL E RESPONDE

O AGENTE PELOS

ATOS PRATICADOS

ATÉ ENTÃO

NÃO ROMPEM O NEXO

CAUSAL E RESPONDE

O AGENTE PELO

RESULTADO

NATURALÍSTICO

QUE NÃO

PRODUZIRAM POR

SI SÓS O

RESULTADO

QUE PRODUZI RAM

POR SI SÓS O

RESULTADO

ROMPEM O

NEXO CAUSAL

DEPENDENTES

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2.3.3.4 RELEVÂNCIA DA OMISSÃO

Omissão relevante para o Direito Penal é o não cumprimento de um dever jurídico

de agir em circunstâncias tais que o omitente tinha a possibilidade física oumaterial de realizar a atividade devida.

Conseqüentemente, a omissão passa a ter existência jurídica desde que preenchaos seguintes pressupostos:

1 - Dever jurídico que impõe uma obrigação de agir ou uma obrigação de evitar umresultado proibido;

2 - Possibilidade física, ou material, de agir.

Sobre o tema, dispõe o Código Penal:

Art. 13 

[...] 

§ 2 º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:  a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 

b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

O supra dispositivo só é aplicado aos crimes omissivos impróprios (comissivos poromissão), isto é, aqueles em que a lei penal não cria um tipo penal para a omissão,mas diz que se deixar de agir para impedir um resultado tutelado penalmente,estará cometendo o delito.

Esta dedução sobre a aplicabilidade do parágrafo 2º é obvia, pois, se para oscrimes omissivos próprios temos uma norma que tipifica a omissão, é claro queeles não irão se enquadrar no supracitado dispositivo e serão sempre penalmenterelevantes.

Sei que já tratamos da classificação dos crimes, mas só para ter certeza que vocêentendeu, pergunto: É possível um homicídio por omissão?

A OMI SSÃO É PENAL MENTE RELEVANT E QUANDO O

OMITENT E PODIA E DEVIA A GIR PARA EVIT AR O

RESULTADO.

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A resposta é positiva, pois se o indivíduo tinha o dever de impedir o resultado e nãoo fez, será responsabilizado pela morte.

E o crime é omissivo próprio ou impróprio se o indivíduo tinha o poder e o dever de

agir? Resposta: Omissivo impróprio.Segundo o Código Penal, o dever de agir incumbe a quem:

a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância.

Exemplo: Pai que intencionalmente deixa de alimentar seu filho recém-nascido,causando sua morte, responde por “homicídio doloso”;

b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado 

Pode resultar de relação contratual, profissão ou quando, por qualquer outra forma,assumiu a pessoa a posição de garantidora de que o resultado não ocorreria; odever jurídico não decorre da lei, mas de uma situação fática.

Exemplo: Salva-vidas que zela pela segurança dos banhistas de um clube;

c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência doresultado.

Exemplo: Aquele que, por brincadeira, joga uma pessoa na piscina e,posteriormente, percebe que esta não sabe nadar, tem o dever de salvá-la; se não

o fizer, responde pelo crime.

2.3.4 TIPICIDADE

Como último elemento do fato típico tem-se a TIPICIDADE, que é a correspondênciaexata, a adequação perfeita entre o fato natural, concreto e a descrição contida na lei.

Companheiros de estudo,

Chegamos ao final de mais uma aula. Sei que o assunto tratado é bem teórico e o volumede informações, bem grande. Entretanto, tenha em mente que esta aula será essencialpara o perfeito entendimento das demais. Como costumo dizer em sala de aula, só umabase forte permite uma perfeita construção.

Muitas vezes vejo alunos que já estudaram bastante o Direito Penal, mas não sabem aexata diferenciação de um crime formal para um material ou mesmo de um crime própriopara um comum.

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Isto acaba prejudicando o correto entendimento de diversos temas que são, regra geral,de fácil compreensão.

Sendo assim, dedique-se a esta aula, releia os conceitos e pratique com os exercícios a

seguir.Relembro que, ao final dos exercícios comentados, coloco a lista das questõesapresentadas, sem qualquer gabarito ou comentário. Esta lista tem a finalidade deproporcionar a resolução, sem a prévia consulta da resposta.

Desta forma, sugiro que sejam feitos, primeiramente, os exercícios sem o gabarito, a fimde realmente testar o aprendizado.

Bom, agora vamos deixar de conversa que você tem muito que fazer. Prossiga com forçaem busca do seu sonho, não desanime e lembre sempre que só depende de você.

Abraços e bons estudos,

Pedro Ivo

"O mundo está nas mãos daqueles que têm a coragem de sonhar e de correr o risco de viver seus sonhos." 

Paulo Coelho  

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PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA

DO CRIME

Relação de causalidade Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a

quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado nãoteria ocorrido.

Superveniência de causa independente § 1º  - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação

quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se aquem os praticou.

Relevância da omissão § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para

evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;

b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

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E) próprio

GABARITO: E

COMENTÁRIOS: Como vimos, crime próprio é aquele que exige uma característicaespecial do sujeito ativo. No caso apresentado, o artigo 133 exige para a tipificação que apessoa tenha alguém sob sua guarda, logo exige uma característica particular. 

4. (Técnico Administrativo – MPU / 2005) No tocante à relação de causalidade,prevista no art. 13 do Código Penal, pode-se afirmar que:

A) a superveniência de causa relativamente dependente exclui a imputação quando, porsi só, produziu o resultado.

B) a omissão é penalmente relevante quando o omitente não podia e não devia agir paraevitar o resultado.

C) a superveniência de causa relativamente independente não exclui a imputaçãoquando, por si só, produziu o resultado.

D) o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhedeu causa.

E) se considera causa somente a ação sem a qual o resultado teria ocorrido.

GABARITO: D

COMENTÁRIOS:

Alternativa “A” Incorreta Perceba que a banca substitui a palavra independente pordependente, tentando desta forma confundir o candidato quanto à redação do artigo 13.

Art. 13 

[...] 

§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.

Alternativa”B” Incorreta A omissão é penalmente relevante quando o omitente podiae devia agir para evitar o resultado.

Alternativa “C” Incorreta Assim como a alternativa “A”, contraria o parágrafo 1º doartigo 13.

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Alternativa “D” Correta Para que haja a imputação do resultado a um indivíduo, hánecessidade da conduta voltada para o fato.

Alternativa “E” Incorreta Não é somente assim, pois, conforme vimos, a omissãotambém pode ser causa de um resultado.

5. (TCE – MG / 2005) A coação física irresistível exclui a:

A) conduta.

B) culpabilidade.

C) tipicidade.

D) ilicitude.

E) antijuridicidade.

GABARITO: A

COMENTÁRIOS: Como vimos em nossa aula, a coação física irresistível exclui a condutapor ausência de vontade. 

6. (ASSESSOR JURÍDICO TCE/PI) Segundo a teoria finalista, em sua versão hojedominante, a classificação técnica e analítica mais rigorosa dos elementossubjetivos do crime dispõe que o :

(A) dolo integra o tipo a culpa integra a culpabilidade

(B) dolo e culpa integram o tipo

(C) dolo e a culpa integram a culpabilidade

(D) dolo integra a antijuridicidade e dolo integra a culpa integra o tipo.

(E) dolo e a culpa integram a antijuridicidade.

GABARITO: B

COMENTÁRIOS: Segundo a teoria finalista, o crime classifica-se em fato típico e ilícito,sendo a culpabilidade presuposto de aplicação da pena. Conforme vimos, os elementossubjetivos culpa e dolo inserem-se no tipo penal, especificamente quanto à conduta.

7. (Auditor – MT / 2004) Diz-se que o crime é:

A) formal, quando depende do resultado para se consumar;

B) material, quando o resultado, se ocorrer, é mero exaurimento;

C) de mera conduta, aquele que pode ou não ter resultado;

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D) omissivo próprio, aquele que depende de resultado para se consumar;

E) comissivo por omissão, aquele que não dispensa o resultado para se consumar.

GABARITO: E

COMENTÁRIOS:

Alternativa “A” Incorreta O crime formal pode até ter um resultado, mas nãodepende dele para a consumação.

Alternativa “B” Incorreta O crime material DEPENDE da ocorrência do resultadonaturalístico.

Alternativa “C” Incorreta O crime de mera conduta não tem resultado.

Alternativa “D” Incorreta No crime omissivo próprio, a conduta omissiva já estáprevista em lei e, portanto, a simples omissão, independentemente de qualquer resultado,já é capaz de ser considerada crime.

Alternativa “E” Correta No omissivo impróprio ou comissivo por omissão, por não

haver tipificação expressa, o “não agir” só será punido se dele provier um resultadonegativo.

8. (Auditor-Fiscal / 2007) Adotada a teoria finalista da ação, o dolo e a culpaintegram a:

A) punibilidade.

B) tipicidade.

C) culpabilidade.D) imputabilidade.

E) antijuridicidade.

GABARITO: B

COMENTÁRIOS: Mais uma, só para que você perceba a importância do tema e NÃOESQUEÇA MAIS!!! O dolo e a culpa integram o tipo. 

9. (Auditor-Fiscal / 2008) A relação de causalidade:

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A) não é excluída por concausa superveniente absolutamente independente.

B) não é normativa, mas fática, nos crimes omissivos impróprios ou comissivos poromissão.

C) é imprescindível nos crimes de mera conduta.

D) é excluída pela superveniência de causa relativamente independente que, por si só,produz o resultado, não se imputando também ao agente os fatos anteriores, ainda quetípicos.

E) é regulada, em nosso sistema, pela teoria da conditio sine qua non.

GABARITO: E

COMENTÁRIOS:

Alternativa “A” Incorreta Contraria a característica primordial das causassupervenientes absolutamente independentes, ou seja, estas causas rompem o nexocausal.

Alternativa “B” Incorreta A relação de causalidade nos crimes omissivos imprópriosé normativa e encontra-se prevista no parágrafo 2º do artigo 13 do Código Penal.

Alternativa “C” Incorreta Se os crimes de mera conduta não possuem resultado, nãohá que se falar em nexo causal.

Alternativa “D” Incorreta Imputa-se ao agente os fatos anteriores.

Alternativa “E” Correta A teoria da conditio nine qua non nada mais é, conformevimos, que a teoria da equivalência dos antecedentes.

10. (TJ – PE / 2007) Em tema de relação de causalidade, é INCORRETO afirmar que:

A) concausa superveniente absolutamente independente é aquela que nenhuma ligaçãotem com o procedimento inicial do agente.

B) a omissão é penalmente irrelevante quando o omitente devia e podia agir para evitar oresultado, tornando-se uma "não causa" a isentar o agente de responsabilidade.

C) concausa superveniente relativamente independente que, por si só, produziu oresultado, é a que forma novo processo casual, que se substitui ao primeiro, não estandoem posição de homogeneidade com o comportamento do agente.

D) caso fortuito equivale a uma "não causa", pois impede a tipificação de qualquer fatohumano a que o resultado lesivo poderia prender-se, por ser causa independente.

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E) o Código Penal adotou a teoria da equivalência dos antecedentes causais, pelo qualtudo quanto concorre para o evento é causa.

GABARITO: B

COMENTÁRIOS: A omissão, diferentemente do exposto no item “B”, é penalmenteRELEVANTE quando o omitente podia e devia agir para evitar o resultado.

11. (TJ-PA-2009) O artigo 13, do Código Penal Brasileiro, que trata do resultado, ouseja, do efeito material da conduta humana, não se aplica aos crimes:

A) habituais, comissivos e de mera conduta.

B) permanentes, formais e comissivos.

C) formais, omissivos próprios e de mera conduta.

D) comissivos, culposos e formais.

E) omissivos próprios, habituais e culposos.

GABARITO: C

COMENTÁRIOS: Os crimes formais, omissivos próprios e de mera conduta têm comocaracterística não dependerem do resultado.

GUARDE BEM ISSO PARA SUA PROVA!!!

12. (MPE-SE-2009) Considere:

I. O agente fere a vítima, diabética, que, levada ao hospital vem a falecer emdecorrência de diabete agravada pelo ferimento.

II. O agente fere a vítima num morro coberto de gelo, a qual, impossibilitada delocomover-se pela hemorragia, vem a falecer em decorrência de congelamento.

III. O agente fere a vítima com um disparo de arma de fogo e esta, levada aohospital, vem a falecer em decorrência de veneno que havia ingerido antes dalesão.

IV. O agente fere a vítima com disparo de arma de fogo. A vítima, levada ao hospital,vem a falecer em decorrência de incêndio.

Tendo em conta a relação de causalidade física, o agente responderá por homicídioconsumado na situação indicada SOMENTE em

A) IV.

B) I e II.

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C) I e III.

D) III.

E) III e IV.

GABARITO: B

COMENTÁRIOS:

Item I Causa relativamente independente preexistente. Responde o agente porhomicídio consumado.

Item II Causa superveniente relativamente independente que não produz por si só oresultado. Responde o agente por homicídio consumado.

Item III Causa absolutamente independente preexistente. Responde o agente pelosatos anteriormente praticados.

Item IV Causa superveniente relativamente independente que produz por si só oresultado. Responde o agente pelos atos anteriormente praticados.

13. (MPE-SE-2009) Fato típico é

A) a modificação do mundo exterior descrita em norma legal vigente.

B) a descrição constante da norma sobre o dever jurídico de agir.

C) a ação esperada do ser humano em face de uma situação de perigo.

D) o comportamento humano descrito em lei como crime ou contravenção.

E) a possibilidade prevista em lei do exercício de uma conduta ilícita.

GABARITO: D

COMENTÁRIOS: Questão que exige do candidato o conceito de FATO TÍPICO que nadamais é que o comportamento humano descrito em lei como crime ou contravenção.

14. (MPE-SE-2009) A respeito da conduta, como elemento do fato típico, é corretoafirmar que são relevantes para o Direito Penal

A) as omissões humanas voluntárias.

B) os atos de seres irracionais.

C) o pensamento e a cogitação intelectual do delito.

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D) os atos realizados em estado de inconsciência.

E) os atos produzidos pelas forças da natureza.

GABARITO: A

COMENTÁRIOS: As alternativas “B”, “C”, “D”,”E” trazem situações em que fica clara aausência de vontade que, conforme vimos, é essencial para a conduta.

Na alternativa “A” temos o caso da omissão relevante.

15. (MPE-SE-2009) Denomina-se crime complexo

A) o que exige que os agentes atuem uns contra os outros.

B) se enquadra num único tipo legal.

C) é formado pela fusão de dois ou mais tipos legais de crime.

D) exige a atuação de dois ou mais agentes.

E) atinge mais de um bem jurídico.

GABARITO: C

COMENTÁRIOS: Como vimos, dizemos ser crime complexo quando este encerra dois ou

mais tipos em uma única descrição legal (ex.: roubo = furto + ameaça) ou quando, emuma figura típica, abrange um tipo simples acrescido de fatos ou circunstâncias que, emsi, não são típicos (ex.: constrangimento ilegal = crime de ameaça + outro fato, que é avítima fazer o que não quer ou não fazer o que deseja)

16. (TJ-2009) Adotada a teoria finalista da ação,

A) o dolo e a culpa integram a culpabilidade.

B) a culpa integra a tipicidade e o dolo a culpabilidade.

C) o dolo integra a punibilidade e a culpa a culpabilidade.

D) a culpa e o dolo integram a tipicidade.

E) o dolo integra a tipicidade e a culpa a culpabilidade.

GABARITO: D

COMENTÁRIOS: A questão exige a característica fundamental da teoria finalista da ação:A CULPA E O DOLO INTEGRAM A TIPICIDADE.

17. (Procurador do BACEN – 2006) O resultado é prescindível para a consumaçãonos crimes

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 A) materiais e de mera conduta.

B) formais e materiais.

C) formais e omissivos impróprios.D) omissivos próprios e materiais.

E) de mera conduta e formais.

GABARITO: E

COMENTÁRIOS: A questão pergunta quais são os delitos em que o resutado éprescindível, ou seja, não é necessário. Como já tratamos em outras questões, os delitosformais e de mera conduta não dependem de resultado.

18. (Analista Ministerial – 2006) A respeito dos elementos do fato típico, é corretoafirmar:

A) É possível a ocorrência de fato típico quando o resultado lesivo é decorrente de coaçãofísica irresistível.

B) É possível a ocorrência de fato típico quando o resultado lesivo é decorrente de casofortuito.

C) É possível a ocorrência de fato típico quando o resultado lesivo é decorrente de força

maior.D) A superveniência de causa relativamente independente sempre exclui a imputação.

E) A omissão é penalmente relevante quando o agente, com seu comportamento anterior,criou o risco da ocorrência do resultado.

GABARITO: E

COMENTÁRIOS:

Alternativa “A” Incorreta Na coação física irresistível não há vontade, logo, não háconduta.

Alternativa “B” Incorreta No caso fortuito não há vontade, logo, não há conduta.

Alternativa “C” Incorreta No força maior não há vontade, logo, não há conduta.

Alternativa “D” Incorreta As causas supervenientes relativamente independentes

que não produzem por si sós o resultado não excluem a imputação do ato consumado.

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Alternativa “E” CorretaExige o conhecimento do parágrafo 2º do artigo 13. Observe:

§ 2 º  - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:  

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 

b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (grifo nosso)

19. (Técnico Ministerial – 2006) Quem instiga outrem, fazendo nascer neste a idéiade praticar um crime, é considerado.

A) autor principal.

B) partícipe.

C) co-autor.

D) autor mediato.

E) autor imediato.

GABARITO: B

COMENTÁRIOS: Ainda não aprofundamos o tema, mas essa você já sabe responder.

Quem instiga outrem é partícipe.

20. (Promotor-2007) A respeito da relação de causalidade, é certo que

A) nem todos os fatos que concorrem para a eclosão do evento devem ser consideradoscomo causa deste.

B) a causa superveniente relativamente independente só exclui a imputação quando, porsi só, produziu o resultado.

C) a causa superveniente totalmente independente exclui a imputação e o agente nãoresponde sequer pelos fatos anteriores.

D) o resultado, de que depende a existência do crime, pode ser imputado a quem não lhedeu causa.

E) a causa superveniente totalmente independente não exclui a imputação e o agenteresponde pelo resultado.

GABARITO: B

COMENTÁRIOS:

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Alternativa “A” Incorreta Como vimos, o Código Penal adota a teroria daEquivalência dos Antecedentes. Para esta teoria, causa é TODO fato humano sem o qualo resultado não teria ocorrido, ou seja, causa são todos os fatos que concorrem para aeclosão do evento.

Alternativa “B“ Correta Traz regra prevista no parágrafo 1º do artigo 13.

§ 1º   - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores,entretanto, imputam-se a quem os praticou.

Alternativa “C” Incorreta O agente responde pelos fatos anteriores.

Alternativa “D”Incorreta Contraria o artigo 13 do Código Penal que dispõe:

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (grifo nosso) 

Alternativa “E” O agente não responde pelo resultado, mas sim pelos fatos jápraticados.

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LISTA DAS QUESTÕES APRESENTADAS

1. (Auditor – TCE – PR / 2003) O agente “B” seqüestra pessoa com o fim de obter

para si vantagem em dinheiro, consistente no pagamento de resgate. “B” écondenado por extorsão mediante seqüestro (art. 159 do Código Penal). Pode-sedizer que, neste caso, trata-se de:

A) crime instantâneo.

B) crime instantâneo de efeitos permanentes.

C) crime omissivo puro.

D) crime permanente.

E) crime comissivo por omissão.

2. (Promotor de Justiça – Ceará / 2001) A tentativa é incompatível com o crime:

A) permanente

B) instantâneo

C) de dano

D) de perigo

E) complexo

3. (Fiscal do Trabalho / 1998) "Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda,vigilância ou autoridade e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscosresultantes do abandono" (CP. art. 133), quanto ao sujeito ativo, é crime:

A) coletivo

B) impróprio

C) de concurso necessário

D) impossível a co-autoria

E) próprio

4. (Técnico Administrativo – MPU / 2005) No tocante à relação de causalidade,prevista no art. 13 do Código Penal, pode-se afirmar que:

A) a superveniência de causa relativamente dependente exclui a imputação quando, porsi só, produziu o resultado.

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B) a omissão é penalmente relevante quando o omitente não podia e não devia agir paraevitar o resultado.

C) a superveniência de causa relativamente independente não exclui a imputação

quando, por si só, produziu o resultado.D) o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhedeu causa.

E) se considera causa somente a ação sem a qual o resultado teria ocorrido.

5. (TCE – MG / 2005) A coação física irresistível exclui a:

A) conduta.

B) culpabilidade.

C) tipicidade.

D) ilicitude.

E) antijuridicidade.

6. (ASSESSOR JURÍDICO TCE/PI)Segundo a teoria finalista, em sua versão hojedominante, a classificação técnica e analítica mais rigorosa dos elementossubjetivos do crime dispõe que o :

(A) dolo integra o tipo a culpa integra a culpabilidade

(B) dolo e culpa integram o tipo

(C) dolo e a culpa integram a culpabilidade

(D) dolo integra a antijuridicidade e dolo integra a culpa integra o tipo.

(E) dolo e a culpa integram a antijuridicidade.

7. (Auditor – MT / 2004) Diz-se que o crime é:

A) formal, quando depende do resultado para se consumar;

B) material, quando o resultado, se ocorrer, é mero exaurimento;

C) de mera conduta, aquele que pode ou não ter resultado;

D) omissivo próprio, aquele que depende de resultado para se consumar;

E) comissivo por omissão, aquele que não dispensa o resultado para se consumar.

8. (Auditor-Fiscal / 2007) Adotada a teoria finalista da ação, o dolo e a culpa

integram a:

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A) punibilidade.

B) tipicidade.

C) culpabilidade.

D) imputabilidade.

E) antijuridicidade.

9. (Auditor-Fiscal / 2008) A relação de causalidade:

A) não é excluída por concausa superveniente absolutamente independente.

B) não é normativa, mas fática, nos crimes omissivos impróprios ou comissivos poromissão.

C) é imprescindível nos crimes de mera conduta.

D) é excluída pela superveniência de causa relativamente independente que, por si só,produz o resultado, não se imputando também ao agente os fatos anteriores, ainda quetípicos.

E) é regulada, em nosso sistema, pela teoria da conditio sine qua non.

10. (TJ – PE / 2007) Em tema de relação de causalidade, é INCORRETO afirmar que:

A) concausa superveniente absolutamente independente é aquela que nenhuma ligaçãotem com o procedimento inicial do agente.

B) a omissão é penalmente irrelevante quando o omitente devia e podia agir para evitar oresultado, tornando-se uma "não causa" a isentar o agente de responsabilidade.

C) concausa superveniente relativamente independente que, por si só, produziu oresultado, é a que forma novo processo casual, que se substitui ao primeiro, não estandoem posição de homogeneidade com o comportamento do agente.

D) caso fortuito equivale a uma "não causa", pois impede a tipificação de qualquer fatohumano a que o resultado lesivo poderia prender-se, por ser causa independente.

E) o Código Penal adotou a teoria da equivalência dos antecedentes causais, pelo qualtudo quanto concorre para o evento é causa.

11. (TJ-PA-2009) 1. O artigo 13, do Código Penal Brasileiro, que trata doresultado, ou seja, do efeito material da conduta humana, não se aplica aos crimes:

A) habituais, comissivos e de mera conduta.

B) permanentes, formais e comissivos.C) formais, omissivos próprios e de mera conduta.

D) comissivos, culposos e formais.

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E) omissivos próprios, habituais e culposos.

12. (MPE-SE-2009) Considere:

I. O agente fere a vítima, diabética, que, levada ao hospital vem a falecer emdecorrência de diabete agravada pelo ferimento.

II. O agente fere a vítima num morro coberto de gelo, a qual, impossibilitada delocomover-se pela hemorragia, vem a falecer em decorrência de congelamento.

III. O agente fere a vítima com um disparo de arma de fogo e esta, levada aohospital, vem a falecer em decorrência de veneno que havia ingerido antes dalesão.

IV. O agente fere a vítima com disparo de arma de fogo. A vítima, levada ao hospital,vem a falecer em decorrência de incêndio.

Tendo em conta a relação de causalidade física, o agente responderá por homicídioconsumado na situação indicada SOMENTE em

A) IV.

B) I e II.

C) I e III.

D) III.

E) III e IV.

13. (MPE-SE-2009) Fato típico é

A) a modificação do mundo exterior descrita em norma legal vigente.

B) a descrição constante da norma sobre o dever jurídico de agir.C) a ação esperada do ser humano em face de uma situação de perigo.

D) o comportamento humano descrito em lei como crime ou contravenção.

E) a possibilidade prevista em lei do exercício de uma conduta ilícita.

14. (MPE-SE-2009) A respeito da conduta, como elemento do fato típico, é corretoafirmar que são relevantes para o Direito Penal

A) as omissões humanas voluntárias.B) os atos de seres irracionais.

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C) o pensamento e a cogitação intelectual do delito.

D) os atos realizados em estado de inconsciência.

E) os atos produzidos pelas forças da natureza.

15. (MPE-SE-2009) Denomina-se crime complexo

A) o que exige que os agentes atuem uns contra os outros.

B) se enquadra num único tipo legal.

C) é formado pela fusão de dois ou mais tipos legais de crime.

D) exige a atuação de dois ou mais agentes.

E) atinge mais de um bem jurídico.

16. (TJ-2009) Adotada a teoria finalista da ação,

A) o dolo e a culpa integram a culpabilidade.

B) a culpa integra a tipicidade e o dolo a culpabilidade.

C) o dolo integra a punibilidade e a culpa a culpabilidade.

D) a culpa e o dolo integram a tipicidade.

E) o dolo integra a tipicidade e a culpa a culpabilidade.

17. (Procurador do BACEN – 2006) O resultado é prescindível para a consumaçãonos crimes

A) materiais e de mera conduta.

B) formais e materiais.

C) formais e omissivos impróprios.

D) omissivos próprios e materiais.E) de mera conduta e formais.

18. (Analista Ministerial – 2006) A respeito dos elementos do fato típico, é corretoafirmar:

A) É possível a ocorrência de fato típico quando o resultado lesivo é decorrente de coaçãofísica irresistível.

B) É possível a ocorrência de fato típico quando o resultado lesivo é decorrente de casofortuito.

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C) É possível a ocorrência de fato típico quando o resultado lesivo é decorrente de forçamaior.

D) A superveniência de causa relativamente independente sempre exclui a imputação.

E) A omissão é penalmente relevante quando o agente, com seu comportamento anterior,criou o risco da ocorrência do resultado.

19. (Técnico Ministerial – 2006) Quem instiga outrem, fazendo nascer neste aidéia de praticar um crime, é considerado.

A) autor principal.

B) partícipe.

C) co-autor.

D) autor mediato.

E) autor imediato.

20. (Promotor-2007) A respeito da relação de causalidade, é certo que

A) nem todos os fatos que concorrem para a eclosão do evento devem ser considerados

como causa deste.B) a causa superveniente relativamente independente só exclui a imputação quando, porsi só, produziu o resultado.

C) a causa superveniente totalmente independente exclui a imputação e o agente nãoresponde sequer pelos fatos anteriores.

D) o resultado, de que depende a existência do crime, pode ser imputado a quem não lhedeu causa.

E) a causa superveniente totalmente independente não exclui a imputação e o agenteresponde pelo resultado.

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AULA 03 – DO CRIME – PARTE 02

Futuros Auditores Fiscais da Receita Federal, sejam bem vindos a mais uma aula!!!

Hoje prosseguiremos tratando da parte referente ao crime e chegaremos em algunspontos de muita importância para sua prova.

Lembre-se de que os conceitos tratados anteriormente serão essenciais para o corretoentendimento do que virá e, portanto, caso ainda haja dúvidas, “ganhe tempo” e releia oque já vimos nas outras aulas.

Dito isto, vamos começar!

Bons estudos!!!

3.1 CRIME DOLOSO

Ao se examinar a conduta, verifica-se que, segundo a teoria finalista, é ela umcomportamento voluntário e que o conteúdo da vontade é seu fim.

Nessa concepção, a vontade é o componente subjetivo da conduta, faz parte dela e delaé inseparável.

Se Tício mata Mévio, não se pode dizer de imediato que praticou um fato típico(homicídio), embora essa descrição esteja no art. 121 do CP ("matar alguém").

Isto porque o simples fato de causar o resultado (morte) não basta para preencher o tipopenal objetivo. É indispensável que se indague o conteúdo da vontade do autor do fato,ou seja, o fim que estava contido na ação, já que ela (a ação) não pode ser compreendidasem que se considere a vontade do agente.

Toda ação consciente é dirigida pela consciência do que se quer e pela decisão de querer realizá-la, ou seja, pela vontade. A vontade é querer alguma coisa e o dolo é a vontadedirigida à realização do tipo penal.

PARA A TEORIA FINALISTA DA AÇÃO, A CONDUTA É COMPOSTA

DE AÇÃO/OMISSÃO SOMADA AO DOLO PERSEGUIDO PELOAUTOR, OU À CULPA EM QUE ELE TENHA INCORRIDO POR NÃO

OBSERVAR DEVER OBJETIVO DE CUIDADO.

ANTES DA PROPOSIÇÃO DESSA TEORIA, A TEORIA CLÁSSICA,

ADOTADA ATÉ A REFORMA DO CÓDIGO PENAL DE 1984 NOBRASIL, CONSIDERAVA ELEMENTOS DA CONDUTA APENAS A

AÇÃO/OMISSÃO E O RESULTADO.

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Assim, pode-se definir o dolo como:

3.1.1 TEORIAS DO DOLO

Existem três teorias que tratam do dolo. São elas:

1. TEORIA DA REPRESENTAÇÃO Para esta teoria, se o agente prevê oresultado como possível e ainda assim opta por continuar a conduta, já estácaracterizado o dolo. Aqui, pouco importa se o agente quis o resultado ouassumiu o risco de produzi-lo.

Sendo assim, imagine que Tício sai de casa em sua moto para ir a umaentrevista de emprego. Durante o percurso, devido a um congestionamento,

resolve “cortar” pela calçada e, logo em um momento inicial, depara-se cominúmeros pedestres. Certo de sua perícia na moto, prossegue e acabaatropelando Mévio.

Segundo a teoria da representação, o ato será considerado doloso, pois, aosubir na calçada e se deparar com pessoas, Tício já poderia prever o resultadocomo possível, mesmo que não o desejasse sinceramente.

2. TEORIA DA VONTADE Esta teoria engloba o conceito da teoria darepresentação no que diz respeito à necessidade da previsão do resultado,entretanto, amplia os “requisitos” para a caracterização do dolo, incluindotambém a obrigatoriedade da vontade de produzir o resultado.

3. TEORIA DO ASSENTIMENTO Segundo esta teoria, há dolo não só quandoo agente quer o resultado, mas também quando realiza a conduta assumindo orisco de produzi-lo.

3.1.2 TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL

O Código Penal dispõe a respeito do crime doloso em seu artigo 18, nos seguintestermos:

A CONSCIÊNCIA E A VONTADE NA REALIZAÇÃO DACONDUTA TÍPICA OU A VONTADE DA AÇÃO

ORIENTADA PARA A REALIZAÇÃO DO TIPO.

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Art. 18 - Diz-se o crime:

I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de

produzi-lo;

Do exposto, pergunto, caro(a) Aluno(a), quais foram as teorias adotadas pelo CódigoPenal?

Resposta: A teoria da vontade (quando o inciso I diz “o agente quis o resultado”) e ado assentimento (quando o supra inciso dispõe “ou assumiu o risco de produzi-lo”).

Assim, podemos resumir que o dolo é, primordialmente, VONTADE DE PRODUZIR ORESULTADO. Entretanto, também há dolo na conduta de quem, após prever e estar ciente de que pode provocar o resultado, ASSUME O RISCO DE PRODUZÍ-LO.

3.1.3 ELEMENTOS DO DOLO

São elementos do dolo:

I – CONSCIÊNCIA DO ATO E DO RESULTADO O sujeito ativo deve saber exatamente o que está fazendo ou deixando de fazer. Ademais, deve relacionar suaação/omissão com o resultado desejado, ou seja, o nexo causal deve ser tambémpercebido pelo agente. A esta percepção dá-se o nome de momento intelectual dodolo, quando ele sabe que, com tal conduta, o resultado típico será alcançado.

II – VONTADE DE AGIR, OU SE OMITIR, E PRODUZIR O RESULTADO esteelemento é dito momento volitivo, quando o agente tem o desejo de realizar a conduta.Assim, no anterior ele sabe o que faz; neste, quer fazer isso.

O dolo inclui não só o objetivo que o agente pretende alcançar, mas também os meiosempregados e as conseqüências secundárias de sua atuação.

Mas como assim?

O CÓDIGO PENAL ADOTOU AS SEGUINTES TEORIAS PARAO CÓ DIG O PENAL ADOTOU AS SE GU IN TES TEO RIAS PARA

CARACTERIZAR O DOLO:CARACTERIZAR O DOLO:

11 – TEORIA DA VONTADE– TEORIA DA VON TADE O AGENTE QUIS O RESULTADO;O AGENTE Q UIS O RESU LTADO ;

22 – TEORIA DO ASSENTIMENTO– TEOR IA DO ASSENTI ME NTO O AGENTE ASSUMIU O RISCOO AG EN TE ASSUMIU O RISCO

DE PRODUZI-LO.DE P RO DUZI- LO .

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Bem, há duas fases na conduta: uma interna e outra externa.

A interna opera-se no pensamento do autor (e se não passa disso, é

penalmente indiferente), e consiste em:a) propor-se a um fim (matar um inimigo, por exemplo);

b) selecionar os meios para realizar essa finalidade (escolher umexplosivo, por exemplo); e

c) considerar os efeitos concomitantes que se unem ao fim pretendido (adestruição da casa do inimigo, a morte de outras pessoas que estejam

com ele, etc.).

A segunda fase consiste em exteriorizar a conduta, numa atividade em que se utilizamos meios selecionados conforme a normal e usual capacidade humana de previsão.

Caso o sujeito pratique a conduta nessas condições, age com dolo e a ele se podematribuir o fato e suas conseqüências diretas (morte do inimigo e de outras pessoas, ademolição da casa, o perigo para os transeuntes, etc.).

3.1.4 ESPÉCIES DE DOLO

A doutrina subdivide o dolo em diversas espécies. Tratarei aqui das que sãoimportantes para a sua PROVA. Vamos conhecê-las.

3.1.4.1 DOLO DIRETO E DOLO INDIRETO

Também denominado dolo determinado, o dolo direto ocorre quando o agente quer atingir um resultado específico com a conduta. É o caso, por exemplo, do matador profissional que, após receber uma determinada quantia em dinheiro, mata a vítimacom um tiro certeiro.

Diferentemente, o dolo indireto ou indeterminado é aquele que não se dirige a umresultado certo. Subdivide-se em DOLO ALTERNATIVO E DOLO EVENTUAL.

A partir de agora redobre a sua atenção, pois estamos tratando de um ponto que é

questão recorrente em PROVA.

Eu_vou_matar_ 

o_Tício_com_ minha_arma!_ 

ELEMENTOS DO DOLO:ELE MEN TOS DO D OLO:

CONSCIÊNCIA (ELEMENTO INTELECTUAL) + VONTADE (ELEMENTO VOLITIVO)CON SCIÊN CIA (E LE M EN TO I NTEL E CTUAL ) + VONT ADE (EL EMENTO VO LIT IVO)

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DOLO ALTERNATIVO Verifica-se quando o agente não possui previsãode um resultado específico, satisfazendo-se com um ou outro,indistintamente.

Dá-se o dolo alternativo, por exemplo, quando a namorada ciumentasurpreende seu amado conversando com outra e, revoltada, joga umagranada no casal, querendo matá-los ou feri-los.

Perceba que ela quer produzir um resultado e não “o” resultado.

No exemplo acima, se o resultado for a morte, responderá a agente por homicídio. Mas e se o resultado for ferimentos? Responderá por lesãocorporal ou tentativa de homicídio?

Em caso de dolo alternativo, o agente sempre responderá pelo resultadomais grave, ou seja, pela tentativa de homicídio.

DOLO EVENTUAL No dolo eventual, o sujeito prevê o resultado e,embora não o queira propriamente atingir, pouco se importa com a suaocorrência (“eu não quero, mas se acontecer, para mim tudo bem, não é por causa desse risco que vou parar de praticar minha conduta; não quero, mastambém não me importo com a sua ocorrência”).

Seria o exemplo do indivíduo que coleciona armas e, em determinado dia,resolve testar seu armamento. Prosseguindo no intento, aponta um fuzil nadireção de uma estrada na qual “quase nunca passa alguém”.

Pensa: “Aqui quase nunca passa alguém, então, se passar bem na hora queeu atirar, azar de quem estava no lugar errado na hora errada”.

Perceba que o indivíduo assumiu o risco.

Efetua o disparo e acerta uma pessoa, matando-a.

Neste caso, responderá o indivíduo por homicídio doloso, pois presente seencontra o dolo eventual. Observe o interessante e recente julgado do STFsobre o tema:

HC 91159/MG, rel. Min. Ellen Gracie, 2.9.2008. (HC-91159)

Salientou-se que, no Direito Penal contemporâneo, além do dolo direto — emque o agente quer o resultado como fim de sua ação e o considera unido aesta última — há o dolo eventual, em que o sujeito não deseja diretamente arealização do tipo penal, mas a aceita como possível ou provável (CP, art. 18,I, in fine).

Relativamente a este ponto, aduziu-se que, dentre as várias teorias quebuscam justificar o dolo eventual, destaca-se a do assentimento ou daassunção, consoante a qual o dolo exige que o agente aquiesça em causar oresultado, além de reputá-lo como possível.

Observou-se que para a configuração do dolo eventual não é necessário o

consentimento explícito do agente, nem sua consciência reflexiva em relaçãoàs circunstâncias do evento, sendo imprescindível, isso sim, que delas(circunstâncias) se extraia o dolo eventual e não da mente do autor.

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Cabe o dolo eventual a todos os delitos que com ele tenham compatibilidade. Digo istoporque em alguns casos, como na previsão do artigo 180 do Código Penal, só écabível o dolo direto, não sendo possível o eventual. Observe:

Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito

próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir paraque terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (grifo nosso)

A expressão “que sabe” traz a obrigatoriedade da vontade imediata de cometer odelito, ou seja, o dolo direto.

3.1.4.2 ABERRATIO CAUSAE (DOLO GERAL)

Aberratio causae é o erro na causa que produz o delito. Ocorre quando o sujeito,pensando ter atingido o resultado que queria, pratica uma nova conduta comfinalidade diversa e, posteriormente, constata-se que o resultado foi ocasionadopela segunda conduta.

Para exemplificar, imagine que Tício, pensando em matar Mévio, bate com umpedaço de ferro na sua cabeça. Certo de ter matado Mévio, coloca-o dentro de umsaco e lança o corpo dentro de um rio, a fim de ocultar o delito.

Dias depois, o saco é encontrado por policiais e o exame do cadáver determina

que a morte foi causada por asfixia, e não pela pancada.Neste caso, temos um erro na relação de causalidade, mas este erro, para o DireitoPenal, é irrelevante, pois o que importa é se o agente queria um resultado e oalcançou.

3.2 CRIME CULPOSO

A doutrina constantemente trata sobre este tema, entretanto, não se chegou ainda a

um conceito único de crime culposo.A lei, por sua vez, limita-se a prever as modalidades da culpa e dispõe sobre oassunto da seguinte forma:

SENDO ASSIM, PARA SUA PROVA, NÃO SE ESQUEÇA:SE NDO S SI M, P R SU P RO , N O SE E SQU EÇ :

PARECEU A EXPRESSÃO “QUE SABE”, VOCÊ JÁ SABE QUEP RE CEU E PRES S O “QUE S BE”, OCÊ J S BE Q UE

NÃO É CABÍVEL O DOLO EVENTUAL.N O É C BÍ E L O DOLO E ENT U L.

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Art. 18 - Diz-se o crime:

[...]

II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência,negligência ou imperícia.

“Mas, professor....Como assim??? Não há nenhum conceito doutrinário de crimeculposo para facilitar o entendimento?”

Caro aluno, unindo os diversos conceitos apresentados pela doutrina e seguindo a

linha de raciocínio da ESAF, podemos dizer que o crime culposo é:

O QUE SE VERIFICA QUANDO O AGENTE, DEIXANDOO Q UE SE VE RI FICA QUANDO O A GENT E, DEIXA NDO

DE OBSERVAR O DEVER OBJETIVO DE CUIDADO, PORDE OBSE RVAR O DEVER OBJET IVO DE CUIDA DO, POR

IMPRUDÊNCIA, NEGLIGÊNCIA OU IMPERÍCIA, REALIZAI MPRU DÊNCI A, NEGLIG ÊNCIA O U IMPERÍCIA, REALIZ A

VOLUNTARIAMENTE UMA CONDUTA QUE PRODUZVO LU NTARIAMEN TE UM A CO N DUTA QUE PRO DUZ

RESULTADORES ULTADO NATURALÍSTICONA TU RALÍSTICO INDESEJADO,IN DESEJADO, NÃONÃO

PREVISTO E NEM QUERIDO, QUE PODIA, COM AP RE VISTO E NEM Q UERI DO, QUE PO DI A, COM A

DEVIDA ATENÇÃO, TER EVITADO.DEVI DA ATENÇ ÃO, TER EVITAD O.

Para exemplificar, não sei se você acompanhou (sei que concurseiro não vê muitatelevisão), recentemente tivemos um caso amplamente divulgado de uma mãe queestava com seu filho em um carrinho de bebê e, ao esquecer de acionar o freio dasrodas, o carrinho caiu na linha férrea e o trem passou por cima.

Neste caso, tivemos um final feliz, pois nada aconteceu com a criança, mas e se oresultado morte ocorresse. A mãe seria responsabilizada?

Claro que sim, pois produziu um resultado indesejado, não previsto e nem querido,que podia, com a devida atenção (acionamento dos freios), ser evitado.

Prosseguindo, conforme já vimos, dentro de uma concepção finalista, culpa é o elementonormativo da CONDUTA, pois sua constatação depende da valoração do caso concreto.

Os crimes culposos, normalmente, são previstos no chamado tipo penal aberto, pois a leinão diz expressamente no que consiste o comportamento culposo, reservando estaavaliação ao Juiz.

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Entretanto, é importante ressaltar que nada impede a definição de um crime culposo emum tipo fechado, tal como ocorre no delito de receptação culposa previsto no Código

Penal. Observe:

Art. 180

[...]

§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou peladesproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem aoferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso.(grifo nosso)

3.2.1 ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO

Após estes conceitos iniciais, vamos aprofundar o assunto verificando os elementosque compõem o crime culposo. São eles:

1. CONDUTA HUMANA;

2. VIOLAÇÃO DO DEVER OBJETIVO DE CUIDADO;

3. RESULTADO NATURALÍSTICO;4. NEXO CAUSAL;

5. TIPICIDADE; e

DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO

TIPO PENAL ABERTO

FALA-SE EM TIPO ABERTO QUANDO O LEGISLADOR, EM RAZÃO DA

IMPOSSIBILIDADE DE PREVER TODAS AS CONDUTAS PASSÍVEIS DEACONTECER NA SOCIEDADE, CRIA TIPOS NOS QUAIS NÃO DESCREVE

DE FORMA COMPLETA E PRECISA O COMPORTAMENTO CONSIDERADOPROIBIDO E CRIMINOSO, O QUE IMPÕE A NECESSIDADE DE

COMPLEMENTAÇÃO PELO INTÉRPRETE DA NORMA.

NESSA LINHA, TIPO ABERTO É AQUELE QUE TRAZ EM SEU BOJOREQUISITOS NORMATIVOS, DE FORMA A EXIGIR DO APLICADOR DO

DIREITO A REALIZAÇÃO DE JUÍZO NORMATIVO.

EXEMPLIFICANDO: PRATICAR ATO OBSCENO. A NORMA PENAL NÃO

ESPECIFICA O QUE SEJA ATO OBSCENO, CABENDO AO INTÉRPRETEBUSCAR A SUA DEFINIÇÃO.

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Neste sentido, fica claro que estas barreiras são impostas pelo próprioordenamento jurídico a todas as pessoas, visando regular o pacífico convíviosocial e garantir o DEVER OBJETIVO DE CUIDADO.

E o que é esse dever objetivo de cuidado?Quem vive em sociedade não deve causar dano a terceiro, sendo-lhe exigido odever de cuidado, indispensável para evitar tais lesões. Assim, se o agente nãoobserva esses cuidados, causando com isso dano a bem jurídico alheio,responderá por ele.

Como muitas das atividades humanas podem provocar perigo para os bensurídicos, sendo inerentes a elas um risco que não pode ser suprimidointeiramente sob pena de serem totalmente proibidas (dirigir um veículo, operar um maquinismo, lidar com substâncias tóxicas etc.), procura a lei estabelecer quais os deveres e cuidados que o agente deve ter quando desempenha certas

atividades (velocidade máxima permitida nas ruas e estradas, utilização deequipamento próprio em atividades industriais, exigência de autorização paraexercer determinadas profissões etc.).

Em razão de existir em todo delito culposo essa violação ao DEVEROBJETIVO DE CUIDADO, alguns doutrinadores referem-se a ele como oobjeto central de estudo do “Direito Penal da Negligência”, o gênero que teriacomo espécies as seguintes MODALIDADES:

NEGLIGÊNCIA;

IMPERÍCIA ;

IMPRUDÊNCIA.

RELEMBRANDO!!!

IMPERÍCIA É QUANDO ALGUÉM QUE DEVERIA DOMINAR UMA

TÉCNICA NÃO A DOMINA. É O CASO DO MÉDICO QUE ERRA NA HORADE SUTURAR UM PACIENTE.

DEPOIS DE SEIS ANOS ESTUDANDO MEDICINA, ELE DEVERIA SABER

SUTURAR. SE NÃO SABE, É IMPERITO.

NEGLIGÊNCIA É QUANDO AQUELE QUE DEVERIA TOMAR CONTA

PARA QUE UMA SITUAÇÃO NÃO ACONTEÇA, NÃO PRESTA A DEVIDA

ATENÇÃO E A DEIXA ACONTECER.

É O CASO DA MÃE QUE DEVERIA TOMAR CONTA DO NENÉM QUANDO

ESTÁ DANDO BANHO NELE, VAI ATENDER O TELEFONE E O NENÉMACABA SE AFOGANDO. ELA NÃO QUERIA E NEM ASSUMIU O RISCO

DE MATÁ-LO, MAS NÃO TOMOU CONTA O SUFICIENTE PARA EVITARSUA MORTE.

IMPRUDENTE É A PESSOA QUE NÃO TOMA OS CUIDADOS QUE UMA

PESSOA NORMAL TOMARIA. É A PESSOA QUE, AO DAR MARCHA-RÉCOM O CARRO, ESQUECE DE OLHAR PARA TRÁS E ACABA

ATROPELANDO ALGUÉM.

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3.2.1.3 RESULTADO NATURALÍSTICO

No crime culposo, o resultado naturalístico funciona como elementar do tipo

penal. Sendo assim, podemos concluir que:

Em si mesma, a inobservância do dever de cuidado não constitui conduta típicaporque é necessário outro elemento do tipo culposo: o resultado.

Só haverá ilícito penal culposo se da ação contrária ao cuidado resultar lesão aum bem jurídico. Se, apesar da ação descuidada do agente, não houver resultado lesivo, não haverá crime culposo.

O resultado não deixa de ser um "componente de azar" da conduta humana nocrime culposo (dirigir sem atenção pode ou não causar colisão elesões em outra pessoa).

Não existindo o resultado (não havendo a colisão), não se

responsabilizará por crime culposo o agente que inobservou ocuidado necessário, ressalvada a hipótese em que a condutaconstituir, por si mesma, em um ilícito penal (a contravenção de

direção perigosa de veículo, prevista no art. 34 da LCP, por exemplo).

A exigência do resultado lesivo para a existência do crime culposo justifica-sepela função política garantidora que deve orientar o legislador na elaboração dotipo penal.

Não haverá crime culposo mesmo que a conduta contrarie os cuidadosobjetivos e se verifique que o resultado se produziria da mesma forma,independentemente da ação descuidada do agente.

Assim, se alguém se atira sob as rodas do veículo que é dirigido pelo motoristana contramão de direção, não se pode imputar a este o resultado (morte dosuicida). Trata-se, no caso, de mero caso fortuito.

TODO CRIME CULPOSO É UMTOD O C R IME C ULPOSO É UM

CRIME MATERIAL!!!C R IME MA TER IA L!!!

IMPRUDÊNCIA, NEGLIGÊNCIA E IMPERÍCIA SÃOIMPR UD ÊNCIA , N EGLIGÊ NC IA E IMP ER ÍC IA SÃOMODALIDADES, E NÃO ESPÉCIES DE CULPA.MOD A LID A D ES, E NÃ O ES PÉC IE S DE C ULPA.

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Evidentemente, deve haver no crime culposo, como em todo fato típico, arelação de causalidade entre a ação e o resultado, obedecendo-se ao quedispõe a lei brasileira no art. 13 do CP.

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime,somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causaa ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

3.2.1.4 NEXO CAUSAL

Como se trata de crime MATERIAL, há que ser verificado a relação entre a condutae o resultado a fim de caracterizar o delito, ou seja, em consonância com a teoria

da equivalência dos antecedentes causais, deve ser provado que o RESULTADOADVEIO DA CONDUTA.

3.2.1.5 TIPICIDADE

Sendo elemento do fato típico nos crimes materiais consumados, a tipicidadeprecisa estar presente para a configuração do crime culposo. Como já vimos, nadamais é do que a adequação do fato concreto ao descrito na lei.

3.2.1.6 PREVISIBILIDADE OBJETIVA

É a possibilidade de uma pessoa comum, com inteligênciamediana, prever o resultado.

Com você já sabe, o tipo culposo é diverso do doloso. Há naconduta não uma vontade dirigida à realização do tipo, masapenas um conhecimento potencial de sua concretização,vale dizer, uma possibilidade de conhecimento de que o

resultado lesivo pode ocorrer.Esse aspecto subjetivo da culpa é a possibilidade de conhecer o perigo que aconduta descuidada do sujeito cria para os bens jurídicos alheios e a possibilidadede prever o resultado conforme o conhecimento do agente. A essa possibilidade deconhecimento e previsão dá-se o nome de previsibilidade.

A previsibilidade, conforme o Professor Damásio, “é a possibilidade de ser antevisto o resultado, nas condições em que o sujeito se encontrava. Exige-se queo agente, nas circunstâncias em que se encontrava, pudesse prever o resultado deseu ato. A condição mínima de culpa em sentido estrito é a previsibilidade; ela nãoexiste se o resultado vai além da previsão.”

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Mas qual fato não pode ser previsto pelo homem? Não se pode prever que existe apossibilidade de um louco se jogar na frente de um carro? Claro que sim, há loucopara tudo neste mundo!

É evidente, porém, que não é essa previsibilidade em abstrato de que se fala, pois,se não se interpreta o critério de previsibilidade informadora da culpa com certaflexibilidade, o resultado lesivo sempre seria atribuído a seu causador.

Não se pode confundir o dever de prever, fundado na diligência ordinária de umhomem qualquer, com o poder de previsão. Diz-se, então, que estão fora do tipopenal dos delitos culposos os resultados que estão fora da previsibilidade objetivade um homem razoável, não sendo culposo o ato quando o resultado só teria sidoevitado por pessoa extremamente prudente.

Assim, só é típica a conduta culposa quando se puder estabelecer que o fato erapossível de ser previsto pela perspicácia comum, normal dos homens. Esse

indivíduo comum, de atenção, diligência e perspicácia normais à generalidade daspessoas é o que se convencionou chamar de HOMEM MÉDIO.

Os homens, porém, são distintos no que concerne à inteligência, sagacidade,instrução, conhecimentos técnicos específicos etc., variando a condição de prever os fatos em cada um.

Assim, a previsibilidade, segundo a doutrina, deve ser estabelecida tambémconforme a capacidade de previsão de cada indivíduo. A essa condição dá-se onome de previsibilidade subjetiva.

Verificado que o fato é típico diante da previsibilidade objetiva (do homemrazoável), só haverá reprovabilidade ou censurabilidade da conduta (culpabilidade)se o sujeito pudesse prevê-la (previsibilidade subjetiva).

Vamos exemplificar:

José, um exímio atirador, realiza a conduta voluntária de limpar sua pistola em umquarto onde seus sobrinhos estão brincando.

Age com inobservância do cuidado objetivo manifestado através da imprudência,que é a prática de um ato perigoso.

Como assim?Embora saiba dos riscos de acidente que a limpeza de arma de fogo traz, esperalevianamente que nada ocorra, pois confia na sua perícia no trato com armas.Dessa forma, dá um golpe de segurança na arma para que se houvesse algumcartucho na câmara este fosse ejetado, retira o carregador e começa a limpeza daarma apontando-a sempre no sentido oposto do que brincam seus sobrinhos.

Durante a limpeza, a arma dispara, o projétil atinge a janela, ricocheteia e lesionaseu sobrinho.

Ocorre que José deveria, antes de dar o golpe de segurança, ter retirado o

carregador, pois da forma como agiu, colocou um projétil na câmara da arma.Percebe-se, no exemplo citado, que o homem prudente e de discernimento(homem médio) colocado nas condições de José não agiria como ele agiu, pois

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não precisa ser um atirador perfeito para saber do perigo existente na limpeza deum armamento.

Dessa forma, configurada está a previsibilidade objetiva.

Quando, ao comparar a conduta do sujeito com o dever de cautela genérico,observa-se que ele não agiu da forma imposta pelo cuidado objetivo, facilmenteconclui-se que o fato é típico.

3.2.2 ESPÉCIES DE CULPA

Quanto às espécies, podemos classificar a culpa em:

3.2.2.1 CULPA CONSCIENTE X CULPA INCONSCIENTE

Essa divisão tem como fator distintivo a previsão do agente acerca do resultadonaturalístico provocado pela sua conduta.

Na culpa consciente o agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra.Acredita o agente que pode evitá-lo com suas habilidades (culpa com previsão).

Exemplo clássico dessa espécie de culpa é dada pelo Professor Mirabete, no qualo caçador, avistando um companheiro próximo ao animal que deseja abater, confiaem sua habilidade de exímio atirador para não atingi-lo, mas, quando dispara,

acaba causando a morte da vítima.Diferentemente, na culpa inconsciente, o resultado não é previsto pelo agente,embora previsível. É a culpa comum, que se manifesta pela imprudência,negligência ou imperícia.

Caro aluno, tudo claro? Então agora pergunto um dos principais questionamentostrazidos pelas bancas. Existe diferença entre CULPA CONSCIENTE E DOLOEVENTUAL?

Resposta: Claro que sim!!! A culpa consciente se diferencia do dolo eventual.

No dolo eventual o agente tolera a produção do resultado, o evento lhe é

indiferente, tanto faz que ele ocorra ou não. Ele assume o risco de produzi-lo.Na culpa consciente, ao contrário, o agente não quer o resultado, não assume orisco e nem ele lhe é tolerável ou indiferente. O evento lhe é representado(previsto), mas confia em sua não-produção.

Para resumir tudo isso e você NÃO ERRAR EM PROVA, imagine que Tício cometeuma conduta que ocasiona um resultado naturalístico penalmente punível.

Qual será a frase adequada para Tício no caso de dolo eventual?

E no caso de culpa consciente?

Abaixo apresento a resposta (Com uma linguagem bem clara!!!):

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Aproximadamente às 2 da manhã, Mévia volta para sua casa, passa peloscachorros, que novamente não latem, e começa a subir na sacada para entrar pelaanela.

Caio, pai de Mévia, avista um vulto tentando entrar em sua casa e atiracerteiramente. Ao descer para ver o corpo, percebe que alvejou sua filha.

O agente efetuou os disparos com arma de fogo, com intenção de matar. Tinhadolo direto. Agiu, contudo, com o chamado “ERRO INESCUSÁVEL QUANTO ÀILICITUDE DO FATO”, pois foi imprudente.

“Mas como assim imprudente?”

Ele poderia ter sido mais cauteloso, já que o vulto não trazia ameaça e, com osilêncio dos cachorros, somente poderia ser pessoa da casa.

Desta forma, responde por homicídio culposo.

3.2.3 COMPENSAÇÃO DE CULPAS

Vamos começar este tópico exemplificando para facilitar o entendimento: Imagine queTício avança o semáforo no sinal vermelho e, concomitantemente, um carro trafega nacontramão. Os dois batem e ficam com lesões corporais.

Neste caso, como fica claro, os dois foram imprudentes e se enquadram no delito delesão corporal culposa. Será possível a compensação de culpas?

A resposta é NEGATIVA, ou seja:

3.2.4 EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO

O parágrafo único do artigo 18 do Código Penal deixa claro que só haverá penalizaçãopara um delito cometido de forma culposa quando houver previsão legal. Observe:

Art. 18

[...]

Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o praticadolosamente.

NÃO SE ADMITE A COMPENSAÇÃO DE CULPAS NON O S E DMITE COMPE NS Ç O DE CULP S N O

DIREITO PENAL BRASILEIRO, UMA VEZ QUE PREVALECEDIREITO PEN L BR SILEIRO , UM EZ QUE PRE LE CE

OO CARÁTERC R TER PÚBLICOPÚ BLICO DAD SANÇÃOS NÇ O PENALPE N L COMOCO MO

FUNDAMENTO PARA A SUA PROIBIÇÃO.FUN D MEN TO P R SU PROI BIÇ O.

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O furto, por exemplo, por não trazer previsão, não existe na modalidade culposa.

Para complementar, veja as importantes palavras do STJ:

3.2.5 TENTATIVA NO CRIME CULPOSO

O crime se diz tentado quando o agente não o consuma por circunstâncias alheias àsua vontade. O intento do agente era consumar a infração, atingir o bem jurídicoprotegido na extensão pretendida, todavia, é interrompido, mas não por vontadeprópria.

Essa vontade qualifica-se como dolosa, porque a intenção do agente era consumar ainfração penal ou produzir o resultado criminoso.

Nos crimes culposos, não se admite a tentativa porque a vontade inicial é dirigida aodescumprimento único e exclusivo do dever objetivo de cuidado, mas não se vincula,em momento algum, a vontade com a realização do resultado, sob pena de se verificar a modalidade dolosa.

Então se cair na prova que a TENTATIVA nunca é aceita para delitos culposos, estácorreto??? N OOOOO, pois:

STJ - HABEAS CORPUS: HC 12161 SP

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO.DENÚNCIA. INÉPCIA. EX-PREFEITO MUNICIPAL. CRIME DERESPONSABILIDADE. DECRETO-LEI Nº 201/67. AUSÊNCIA DEJUSTA CAUSA PARA A AÇÃO PENAL. EXAME APROFUNDADO DEPROVAS. Súmula 164-STJ:"O prefeito municipal, após a extinção domandato, continua sujeito a processo por crime previsto no art. 1º, do

Decreto-Lei nº 201, de 27.2.67."De acordo com o princípio da excepcionalidade dos crimesculposos (parágrafo único do art. 18 do CP)a punição por dolo é aregra, enquanto a sanção por culpa é excepcional, só sendoadmitida quando a lei textualmente o prevê. (grifo nosso)

É ADMITIDA A TENTATIVA NAÉ ADMIT IDA A TE NTATI VA NA

HIPÓTESE DE CULPA IMPRÓPRIA!!!HIP ÓT ES E DE CULPA I MPRÓP RI A!!!

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3.3 CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO

Quando estudarmos a parte do Código Penal referente aos crimes e respectivascominações, você perceberá que existem determinados delitos que possuem umapenalização definida para uma conduta básica e outras penas mais rigorosas previstaspara resultados mais graves advindos da conduta.

Têm-se denominado tais infrações de crimes qualificados pelo resultado. Observe umexemplo:

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediantegrave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

[...]

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é dereclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, areclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. (grifo nosso)

São quatro as espécies de crimes qualificados pelo resultado:

1 – DOLO NO ANTECEDENTE E DOLO NO CONSEQÜENTE Há intenção do agentede praticar tanto a conduta típica quanto produzir o resultado agravador.

Exemplo: O agente espanca vítima com a intenção de provocar-lhe aborto (art. 129, § 2º,V). Tem dolo de lesões corporais e dolo de provocar, como conseqüência, o aborto.

2 – CULPA NO ANTECEDENTE E CULPA NO CONSEQÜENTE A prática do tipo dá-se de forma culposa, assim como seu resultado.

Exemplo: Acidentalmente causa lesões corporais a outrem que, devido a elas, corre risco

de vida (art. 129, § 1º, II).Outro exemplo é o caso dos crimes culposos de perigo comum, resultando lesão corporalgrave ou morte. Veja:

Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal denatureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; seresulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resultalesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-sea pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.

3 – CULPA NO ANTECEDENTE E DOLO NO CONSEQÜENTE A primeira conduta éculposa, mas a segunda, que a agrava, é cometida dolosamente.

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Exemplo: Sem querer, o agente causa lesões corporais, mas, propositalmente, deixa deprestar socorro (art. 129, § 7º).

4 – DOLO NO ANTECEDENTE E CULPA NO CONSEQÜENTE (CRIMEPRETERDOLOSO OU PRETERINTENCIONAL) Neste caso, o agente produz mais doque pretende. Na primeira conduta, tem a intenção de praticá-la, mas o resultado acabasendo mais grave do que esperava ou queria. Esse é o chamado crime preterdoloso, poiso resultado foi pior do que pretendido.

Exemplo: Tendo a intenção de provocar lesões à vítima, dá-lhe um soco; ela cai, bate acabeça numa pedra e morre.

Também existe no caso de latrocínio, se a morte após o roubo não era desejada (art. 157,§ 3º).

OBS: Se o agente do roubo assume o risco da qualificadora morte, teremos dolo noantecedente e dolo no consequente. Observe o elucidativo julgado do supremo tribunalFederal:

Vamos agora tratar especificamente desta quarta espécie qualificadora que, como jávisto, recebe a denominação de crime preterdoloso.

3.3.1 CRIME PRETERDOLOSO

Preterdolo é uma expressão que advêm do latim praeter dolum, ou seja, além do dolo.A grosso modo, podemos dizer que o crime preterdoloso, também chamado depreterintencional, é aquele que ocorre quando a conduta dolosa gera a produção de

um resultado mais grave do que o efetivamente desejado pelo agente.

STJ, RESP 418.183/DF

PENAL. RECURSO ESPECIAL. LATROCÍNIO. CONCURSO DEAGENTES. PARTICIPAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA.INAPLICABILIDADE.

I - O roubo com morte é delito qualificado pelo resultado, sendo queeste plus, na melhor dicção da doutrina, pode ser imputado na forma dedolo ou de culpa.

II - No roubo, mormente praticado com arma de fogo, respondem, deregra, pelo resultado morte, situado evidentemente em plenodesdobramento causal da ação delituosa, todos que, mesmo nãoagindo diretamente na execução da morte, contribuíram para aexecução do tipo fundamental (Precedentes). Se assumiram o risco,pelo evento respondem. Recurso provido

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O crime preterdoloso é um crime misto, em que há uma conduta que é dolosa, por dirigir-se a um fim típico, e que é culposa pela geração de outro resultado, ocorridopela inobservância do cuidado objetivo, que não era objeto do crime fundamental.

Não há aqui um terceiro elemento subjetivo ou forma nova de dolo ou mesmo deculpa. Como bem acentua Pimentel, "é somente a combinação de dois elementos -dolo e culpa - que se apresentam sucessivamente no decurso do fato delituoso: aconduta inicial é dolosa, enquanto o resultado final dela advindo é culposo. Há, comose tem afirmado, dolo no antecedente e culpa no conseqüente.

Exemplo típico é o apresentado no artigo 129, parágrafo 3º, do Código Penal, quedispõe da seguinte forma:

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.[...]

§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agentenão quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos. (grifei)

Perceba, caro(a) aluno(a), que o legislador tipifica a conduta de gerar lesões corporais(caput) e adiciona um resultado agravador que é a morte da vítima produzida a títulode culpa.

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3.3.2 DISPOSIÇÃO DO CÓDIGO PENAL SOBRE O TEMA

De forma bem objetiva para a sua PROVA, guarde o seguinte:

PELO RESULTADO QUE AGRAVA A PENA, SÓ RESPONDE O AGENTE QUE OHOUVER CAUSADO AO MENOS CULPOSAMENTE, conforme leciona o artigo 19 doCódigo Penal:

Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde oagente que o houver causado ao menos culposamente.

Desta forma, o resultado mais grave, se culposo, deve ser objetivamente previsível, ou

seja, previsível ao HOMEM MÉDIO para que possa ser imputado ao agente.

3.4 ERRO DE TIPO

Para começar este tópico, e a fim de que você entenda corretamente o assunto, é precisoque se faça uma pergunta: “Erro e ignorância são palavras sinônimas? “Em um primeiromomento, podemos dizer que não, mas para a SUA PROVA a resposta é SIM.

“Mas como assim, professor?”

Vamos compreender:O erro é um acontecimento humano de estado positivo, ou seja, o erro é a falsarepresentação da realidade, é a crença de ser A, sendo B, é o equivocado conhecimentode um elemento.

Para o Direito, o erro é o vício de consentimento e, sendo este um acontecimentohumano, não podia o Direito Penal deixar de tratar da matéria.

A ignorância, por sua vez, é um acontecimento humano de estado negativo. A ignorânciadifere do erro por ser a falta (e não a falsa) de representação da realidade, o totaldesconhecimento, isto é, a ausência do saber de determinado objeto.

Na ciência jurídica, no entanto, não cabe a diferenciação entre estado negativo e estadopositivo do acontecimento humano. Para nossa disciplina legal, predomina uma teseunificadora. Ambos, erro e ignorância, no Direito Penal, são semelhantes em suasconseqüências ou, como nas palavras de Alcides Munhoz Neto:

“incidem sobre o processo formativo da vontade, viciando-lhe o elemento intelectivo, aoinduzir o sujeito a querer coisa diversa da que teria querido, se houvesse conhecido arealidade.

Sendo assim, podemos resumir que, para o Código Penal Brasileiro:

ERRO E IGNORÂNCIA SE EQUIVALEM!!!

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3.4.1 CONCEITO

Erro de tipo é a falsa percepção da realidade acerca dos elementos constitutivos do

tipo penal.É o que incide sobre as elementares ou circunstâncias da figura típica, sobre ospressupostos de fato de uma causa de justificação ou dados secundários da normapenal incriminadora.

É o que faz o sujeito supor a ausência de elemento ou circunstância da figura típicaincriminadora ou a presença de requisitos da norma permissiva.

O erro de tipo pode ser:

ESSENCIAL O erro recai sobre dados principais do tipo.Exemplo: Tício vai caçar na floresta e, para isso, esconde-se atrás de uma árvore.A fim de abater sua caça, aponta sua arma para uma moita, que não para demexer (para frente e para trás).

Acreditando ser uma onça, atira e acerta uma pessoa que estava lá. A pessoamorre.

Ocorre erro de tipo, pois não sabia Tício que atirava em um ser humano. É erro detipo essencial, pois recaiu sobre dado principal do tipo (art. 121: matar alguém).

ACIDENTAL O erro recai sobre dados periféricos do tipo.

Exemplo: Mévio vai a um supermercado para furtar sal. Chegando em casa com oproduto do furto, percebe que é açúcar.

É erro de tipo, pois não sabia que estava subtraindo açucar .

É erro de tipo acidental, pois o fato de ser sal ou açúcar é periférico ao tipo.

O erro de tipo encontra previsão no artigo 20 e parágrafos do CP:

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui odolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.

NO ERRO DE TIPO ESSENCIAL, O AGENTE, SE AVISADO DO ERRO,NO ER RO DE TIP O ESSEN CIAL, O AGEN TE, SE AVISADO DO ERR O,

PARA IMEDIATAMENTE O QUE IA FAZER.PARA IMEDIATAMENT E O QU E IA FAZER.

NO ERRO DE TIPO ACIDENTAL, O AGENTE, SE AVISADO DO ERRO,NO E RRO DE TIP O ACIDE NTAL, O AGEN TE, SE A VISAD O DO ERR O,

O CORRIGE E CONTINUA A AGIR ILICITAMENTE.O CORRIG E E C ONTIN UA A AG IR ILICITAMEN TE.

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Antes de prosseguirmos, alguns conceitos são necessários. Sendo assim, vamos abrir o nosso já conhecido dicionário do concurseiro e aprender, ou relembrar, conceitos:

3.4.2 ESPÉCIES

O erro de tipo essencial pode ser de duas espécies:

1. INESCUSÁVEL, VENCÍVEL OU INDESCULPÁVEL Neste caso, apesar doerro, fica claro que tal poderia ter sido evitado. É a mesma situação que jávimos quando tratamos do conceito de HOMEM MÉDIO relacionado com aculpa.

2. ESCUSÁVEL, INVENCÍVEL, DESCULPÁVEL É o erro que não advêm da

CULPA do agente, ou seja, qualquer pessoa MÉDIA, naquela situação, incidirianaquele erro.

DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO

TIPO PENAL É O CONJUNTO DOS ELEMENTOS DO CRIME DESCRITOS NANORMA PENAL. TODO TIPO PENAL POSSUI, NO MÍNIMO, UM NÚCLEO, QUE VEMA SER O “VERBO” QUE REPRESENTA A CONDUTA (AÇÃO OU OMISSÃO) HUMANADESCRITA.

ELEMENTOS OBJETIVOS OS ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO REFEREM-SEAO ASPECTO MATERIAL DA INFRAÇÃO PENAL, DIZENDO RESPEITO À FORMA DEEXECUÇÃO, TEMPO, MODO, LUGAR, ETC.

ELEMENTOS SUBJETIVOS OS ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO PENAL,TAMBÉM CONHECIDOS NA DOUTRINA POR ELEMENTOS SUBJETIVOS DOINJUSTO, DIZEM RESPEITO AO ESTADO PSICOLÓGICO DO AGENTE, OU SEJA, ÀSUA INTENÇÃO.

ELEMENTOS NORMATIVOS OS TIPOS PENAIS PODEM CONTER ELEMENTOSNA SUA FORMAÇÃO QUE NÃO SÃO DE COMPREENSÃO IMEDIATA, COMO OSELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS, EM RAZÃO DA NECESSIDADE DE UMJUÍZO DE VALOR SOBRE OS MESMOS. NESTES TIPOS PENAIS QUE CONTÉMELEMENTOS NORMATIVOS, ALÉM DE O LEGISLADOR INCLUIR EXPRESSÕESCOMO MATAR, SUBTRAIR, OFENDER, ETC., INCLUI AINDA EXPRESSÕES COMOSEM ‘JUSTA CAUSA’, ‘INDEVIDAMENTE’, ‘FRAUDULENTAMENTE’, ETC., QUE SÃOCONSIDERADOS ELEMENTOS NORMATIVOS.

ELEMENTARES DENOMINAM-SE ELEMENTARES AS EXPRESSÕES (PALAVRASOU SIGNOS LINGÜÍSTICOS) QUE DESCREVEM O CONTEÚDO BÁSICO DO TIPOPENAL, SEM AS QUAIS A DESCRIÇÃO RESTA INCOMPLETA. SÃO ELEMENTARESDO TIPO PENAL DESCRITO NO ARTIGO 155 DO CP (CRIME DE FURTO):“SUBTRAIR PARA SI OU PARA OUTREM, COISA ALHEIA MÓVEL”.

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A partir da análise destas duas espécies no caso concreto serão definidos os efeitosde erro de tipo. Desde já é importante citar que, nos termos do “caput” do artigo 20 doCP, seja o erro INESCUSÁVEL ou ESCUSÁVEL, ele SEMPRE EXCLUI O DOLO.

Mas e a culpa?Ai sim vai depender da espécie, ou seja, o erro escusável EXCLUI O DOLO E ACULPA, gerando a impunidade total do fato.

Diferentemente, o erro inescusável exclui o dolo, mas permite a punição por crimeculposo.

Desta forma, podemos afirmar que, se Tício, por não olhar a placa do veículo, leva ocarro alheio para sua casa, ele será punido a título de culpa, por tratar-se de crimeinescusável, correto? ERRADO!!!!!

Como vimos, a penalização por crime culposo tem caráter excepcional e como a lei

não tipifica a conduta CULPOSA para o crime de furto, independentemente de ser escusável ou inescusável, permanecerá o agente impune.

Resumindo:

3.4.3 DESCRIMINANTES PUTATIVAS

Caro aluno, neste tópico vou adentrar somente no que importa para sua PROVA, nãoabordando assim aspectos referentes à culpabilidade.

Sobre as descriminantes putativas, preceitua o Código Penal:

Art. 20

[...]§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelascircunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação

ERRO DE

TIPO

ESSENCIAL

INESCUSÁVEL

ESCUSÁVELEXCLUI O DOLO E

A CULPA

EXCLUI O DOLO,

MAS NÃO A

CULPA

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legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato épunível como crime culposo.

Putativo significa algo que se supõe verdadeiro, embora, na verdade, não o seja. Háuma incongruência ou contradição entre a representação fática do agente e a situaçãoobjetiva ou real.

No momento da conduta, o autor imagina ser esta não-ilícita, pois supõe existir umasituação que na verdade não há. Se tal situação realmente existisse, a conduta doagente tornar-se-ia lícita.

Portanto, dois pontos extremos são as chaves para a compreensão dasdescriminantes putativas: o mundo real e o mundo imaginário. As condutas praticadasna realidade apresentam sua ilicitude. Porém, no plano das idéias do agente asmesmas teriam seu caráter lícito.

Ainda estudaremos a fundo as excludentes de ilicitude, mas por enquanto é importanteao menos uma noção básica:

COMPREENDER PARA APRENDER

EXCLUSÃO DE ILICITUDE É UMA CAUSA EXCEPCIONAL QUE RETIRA OCARÁTER ANTIJURÍDICO DE UMA CONDUTA TIPIFICADA COMO

CRIMINOSA.

NO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO, SÃO CAUSAS EXCLUDENTES DE

ILICITUDE:

ESTADO DE NECESSIDADE - QUANDO O AUTOR PRATICA ACONDUTA PARA SALVAR DE PERIGO ATUAL DIREITO PRÓPRIO

OU ALHEIO.LEGÍTIMA DEFESA - CONSISTE EM REPELIR MODERADAMENTE

INJUSTA AGRESSÃO A SI PRÓPRIO OU A OUTRA PESSOA.ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL - QUANDO O AUTOR

TEM O DEVER DE AGIR E O FAZ DE ACORDO COMDETERMINAÇÃO LEGAL.

EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO - CONSISTE NA ATUAÇÃO DO

AGENTE DENTRO DOS LIMITES CONFERIDOS PELOORDENAMENTO LEGAL.

EM SÍNTESE, DESCRIMINANTE PUTATIVA É UMA CAUSA

EXCLUDENTE DE ILICITUDE, ERRONEAMENTE IMAGINADA

PELO AGENTE. ELA NÃO EXISTE NA REALIDADE, MAS O

GENTE PENSA QUE SIM PORQUE ESTÁ ERRADO.

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A doutrina admite três hipóteses de descriminantes putativas:

a) Erro sobre os pressupostos fáticos (supor situações de fato) de uma causa de

exclusão da ilicitude. Imaginemos que Tício está na rua e avista Mévio, seudesafeto. Ao se aproximar, Mévio coloca a mão no bolso e Tício, imaginando queMévio tiraria uma arma, efetua 3 disparos certeiros, matando Mévio.

Posteriormente, Tício, que pensou estar agindo em legítima defesa, verifica que Mévionão possuía arma e iria somente tirar um isqueiro do seu bolso. Ocorreu a chamadaLEGITIMA DEFESA PUTATIVA.

b) Erro relativo aos limites da causa de justificação Caio, fazendeiro, fica o diatodo em sua janela com uma espingarda apontada para a entrada de sua propriedade.

Sempre que um posseiro tenta invadir sua propriedade, ele, certeiramente, atira emata o indivíduo. Cuida-se da figura do excesso, pois a defesa da propriedade nãopermite esse tipo de reação desproporcional.

c) Erro sobre a existência da causa de justificação (supor estar autorizado) Caio encontra sua mulher praticando adultério com Mévio. Sem pensar, pega suaarma e mata os dois.

Imagina estar agindo de acordo com a LEGÍTIMA DEFESA DA HONRA, que não écausa de exclusão de ilicitude aceita em nosso ordenamento jurídico. O agente errouquanto à existência da descriminante.

O artigo 20, parágrafo 1º, trata unicamente da situação de ERRO SOBRE OSPRESSUPOSTOS FÁTICOS (SUPOR SITUAÇÕES DE FATO) DE UMA CAUSA DEEXCLUSÃO DA ILICITUDE e atribui os seguintes efeitos:

3.4.4 ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO

Sobre o tema, dispõe o Código Penal:

SITUAÇÃO DE FATO QUE, SE EXISTISSE, TORNARIA A AÇÃO LEGÍTIMA

1–ERRO PLENAMENTE JUSTIFICADO ISENTA DE PENA

2–ERRO INESCUSÁVEL RESPONDE POR CULPA (CASO HAJA PREVISÃO

LEGAL)

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Art. 20

[...]

§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.

Há determinadas situações nas quais o agente não erra por conta própria, mas sim deforma provocada, isto é, determinada por outrem (agente provocador). Este erroprovocado pode ser doloso ou culposo.

Quando o agente provocador atua com dolo, a ele será imputado o delito.

Suponha-se que o médico, desejando matar o paciente, entrega à enfermeira umainjeção que contém veneno, afirma que se trata de um anestésico e faz com que ela aaplique.

A enfermeira agiu por erro determinado por terceiro, e não dolosamente, respondendoapenas o médico.

Ocorre que também pode o provocador agir culposamente e, nestes casos, teremosum efeito diferenciado.

Imagine que um vendedor de carro, por engano, fornece um veículo sem freios paraque um pretenso comprador realize um “test drive”. Ao sair da loja, o comprador atropela dois indivíduos.

Neste caso, responde o agente provocador e também o provocado, desde que seuerro seja inescusável.

3.4.5 ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE A PESSOA

Caro aluno, sabe aquele indivíduo que tudo que faz, fazerrado. Então, é exatamente dele que trataremos agora. Noerro sobre a pessoa, o sujeito, não satisfeito em decidir matar alguém, ainda ERRA a pessoa.

É o caso de Tício, que querendo atirar em Mévio, confundea pessoa visada e mata Caio.

Atenção que aqui não estamos tratando de um indivíduoque erro o alvo e sim daquele que, por confusão, acredita estar matando A e acabamatando B.

Sobre o tema, preceitua o Código Penal:

Art. 20

[...]

§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isentade pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades davítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

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Perceba que o final do supra-exposto parágrafo diz que se deve considerar aqualidade da vítima contra quem o delito seria cometido. Sendo assim, imaginemosque Tício quer matar seu pai, mas o confunde com seu tio, irmão gêmeo, matando-o.Neste caso, a agravante, cometer crime contra ascendente, prevista no artigo 61, seráaplicada?

A resposta é positiva, pois não importa o que ocorreu e sim o que o agente queria queocorresse.

“Mas, professor, como vamos saber exatamente, na realidade, o que o agente estavapensando?”

Boa pergunta...Depois que você passar na prova eu tento responder. Por enquanto,atenha-se à teoria!!!

3.4.6 ERRO DE TIPO ACIDENTAL NA EXECUÇÃO (ABERRATIO ICTUS)

Neste tipo de erro, diferentemente do ocorrido no erro sobre a pessoa, o agente nãose confunde quanto à pessoa, mas erra o alvo e acaba acertando outra.

Exemplo: Tício mira em Mévio, mas acerta uma criança. Neste caso, responderá pelohomicídio doloso, mas não de forma qualificada (crime cometido contra criança), pois,como vimos no item anterior, vale o que ele quer fazer e não o que ele fez.

3.4.7 ERRO DE PROIBIÇÃO (ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO) X

DESCONHECIMENTO DA LEI.

Caro(a) aluno(a), trataremos brevemente deste tópico, pois o aprofundamentoencontra-se dentro do assunto CULPABILIDADE, que está fora de seu edital.

Para começar, uma pergunta: O não conhecimento da lei pode ser utilizado peloagente como forma de ficar isento de pena?

A resposta é negativa e o efeito deste desconhecimento encontra previsão no artigo21 do Código Penal, que dispõe:

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre ailicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.

Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou seomite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nascircunstâncias, ter ou atingir essa consciência. (grifo nosso)

Mas todos interpretam as leis da mesma forma? Claro que não.

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Imaginemos um indivíduo que, lendo a lei de drogas, “interpreta” ser possível aplantação em sua casa da planta da maconha para fins medicinais. Este indivíduopoderá alegar o TOTAL DESCONHECIMENTO DA LEI?

A resposta é negativa, pois como vimos o desconhecimento da lei é inescusável.Entretanto, poderá alegar um erro quanto ao entendimento da ilicitude do fato, ou seja,um ERRO DE PROIBIÇÃO.

O erro de proibição pode ser definido como a falsa percepção do agente acerca docaráter ilícito do fato típico por ele praticado, de acordo com um juízo profano, isto é,possível de ser alcançado mediante um procedimento de simples esforço de suaconsciência.

O indivíduo conhece a existência da lei penal, mas desconhece ou interpreta mal seuconteúdo, ou seja, não compreende adequadamente seu caráter ilícito.

7

****************************************************************************************************

FUTURO(A) AUDITOR(A) FISCAL DA RECEITA

FEDERAL, MUITO BOM!!! AQUI VOCÊ ACABA DE

FINALIZAR MAIS UM IMPORTANTE TEMA RUMO À TÃO

SONHADA APROVAÇÃO. SE A PROVA ESTÁ

CHEGANDO, VOCÊ TAMBÉM ESTÁ ADQUIRINDO MAIS

E MAIS CONHECIMENTO E É ISSO QUE FARÁ A

DIFERENÇA NO DIA DE COLOCAR O ESFORÇO EMPRÁTICA. DITO ISTO, RESPIRE FUNDO, RECARREGUE

AS SUAS ENERGIAS E VAMOS À LUTA COM O ÚLTIMO TEMA DE NOSSA AULA!!!

****************************************************************************************************

SE ESSE DESCONHECIMENTO FOR INEVITÁVEL, ISENTA

DE PENA.

DIFERENTEMENTE, SE EVITÁVEL, PODE REDUZIR A

PENA.

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3.5 ITER CRIMINIS

Iter criminis é uma expressão em latim, que significa "caminho do delito", utilizada nodireito penal para se referir ao processo de evolução de um crime, ou seja, descrevendoas etapas que se sucederam desde o momento em que surgiu a idéia do delito até a suaconsumação.

O Iter criminis costuma ser divididos em duas fases: A fase interna e a fase externa.

3.5.1 FASE INTERNA

Na fase interna, dá-se a cogitação do crime.

A cogitação refere-se ao plano intelectual acerca da prática criminosa, com avisualização do resultado querido.

Essa fase é interna ao sujeito, está em sua mente, em sua cabeça, logo, não épunível. De fato, a conduta penalmente relevante é somente aquela praticada por seres humanos e projetada no mundo exterior.

3.5.2 FASE EXTERNA

A fase externa engloba os atos preparatórios, os atos de execução e a consumaçãodo delito.

Atos preparatórios São atos externos ao agente, que passam da cogitação àação objetiva, como, por exemplo, a aquisição da arma para a prática de homicídio.Os atos preparatórios, regra geral, não são puníveis. Com relação às exceções,não se preocupe para sua PROVA.

Atos de execução São aqueles dirigidos diretamente à prática do crime. No

Brasil, o Código Penal, em seu artigo 14, inciso II, definiu que o crime se diztentado quando iniciada a execução e esta não se consuma por circunstânciasalheias à vontade do agente. Assim, exige-se que o autor tenha realizado demaneira efetiva uma parte da própria conduta típica, adentrando no núcleo do tipo.

É o caso, por exemplo, de efetuar disparos de arma de fogo contra uma pessoa

Consumação É aquela na qual estão presentes os elementos essenciais queconstituem o tipo penal. É, por isso, um crime completo ou perfeito, pois a condutacriminosa se realiza integralmente.

Para exemplificar, em um homicídio em que a conduta é “matar alguém”, dizemosque o crime foi condumado com a morte de um ser humano provocado por outrapessoa.

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Resumindo:

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Caros alunos,

Finalizamos mais uma aula e agora é hora de consolidar os conceitos com exercíciose uma atenta releitura dos pontos principais.

OH YES,

VOU

MATAR!!!

COGITAÇÃO PREPARAÇÃO

PROIBIDO!!!

IMAGENSFORTES!!!

EXECUÇÃO CONSUMAÇÃO

COMPREI

ARMA

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Siga com força nos estudos, pois a prova está cada vez mais próxima e, em breve, seDeus quiser, todo esforço será coroado com a tão sonhada e tão esperada aprovação.

Nos momentos de cansaço, imagine como poderá estar sua vida daqui a pouco tempo

e lembre-se SEMPRE que só depende de você.

Abraços e bons estudos,

Pedro Ivo

"Consulte não a seus medos, mas a suas esperanças e sonhos.Pense não sobre suas frustrações, mas sobre seu potencial não usado. Preocupe-se não

com o que você tentou e falhou, mas com aquilo que ainda é possível a você fazer. "(Papa João XXIII)

***************************************************************************************************

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PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA

Art. 18 - Diz-se o crime:

Crime doloso

I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;

Crime culposo

II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligênciaou imperícia.

Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.

Agravação pelo resultado

Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente queo houver causado ao menos culposamente.

Erro sobre elementos do tipo

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, maspermite a punição por crime culposo, se previsto em lei.

Descriminantes putativas

§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias,supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de penaquando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.

Erro determinado por terceiro

§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.

Erro sobre a pessoa

§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena.Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as dapessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

Erro sobre a ilicitude do fato

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, seinevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.

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Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem aconsciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.

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EXERCÍCIOS

1. (Promotor – MPE – CE / 2003) No crime preterdoloso , tem-se:

A) dolo no antecedente e dolo no conseqüente

B) culpa no antecedente e culpa no conseqüente

C) culpa no antecedente e dolo no conseqüente

D) dolo no antecedente e culpa no conseqüente

E) responsabilidade objetiva

GABARITO: DCOMENTÁRIOS: Como vimos, o crime preterdoloso é caracterizado pelo dolo noantecedente e culpa no consequente.

2. (Juiz – TRT / 2003) O chamado dolo eventual caracteriza-se pelo fato de o agente:

A) não querer o resultado, mas assumir o risco de produzi-lo pouco se importando com aprodução ou não deste resultado;

B) querer o resultado e por isso assumir o risco de produzi-lo;

C) não querer o resultado, mas acreditar sinceramente que este não é antijurídico;

D) não querer o resultado e acreditar sinceramente que, agindo da maneira que agirá, nãodará causa ao resultado;

E) nenhuma das respostas anteriores.

GABARITO: A

COMENTÁRIOS: É a questão do “Seja o que Deus quiser”, ou seja, no dolo eventual oagente não se importa com o resultado que irá vir de sua conduta.

3. (TCE – RN / 2000) "Deixar, o ex-administrador de instituição financeira, deapresentar, ao interventor, liqüidante, ou síndico, nos prazos e condiçõesestabelecidas em lei as informações, declarações ou documentos de suaresponsabilidade" (Lei no 7.492, de 16 de junho de 1986, art. 12).Esse tipo legal decrime configura:

A) crime próprio

B) crime preterintencional

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C) crime de consumação antecipada

D) exaurimento

E) tentativa perfeita

GABARITO: A

COMENTÁRIOS: Essa questão exige conceitos vistos na aula 02, mas, como temos ocrime preterdoloso sendo citado na alternativa “B”, resolvi colocar. De qualquer forma,creio que nenhum concurseiro fica chateado com exercício a mais!!!

A questão trata de um crime próprio, ou seja, exige uma qualidade especial do agente. Nocaso em questão, a qualificação como “ex-administrador de instituição financeira”.

4. (Juiz Substituto – TJ-SP 2009) Depois de haver saído do restaurante onde haviaalmoçado, Tício, homem de pouco cultivo, percebeu que lá havia esquecido suacarteira e voltou para recuperá-la, mas não mais a encontrou. Acreditando ter odireito de fazer justiça pelas próprias mãos, tomou para si objeto pertencente aodono do referido restaurante, supostamente de valor igual ao seu prejuízo. Essefato pode configurar:

A) erro determinado por terceiro.

B) erro de tipo.C) erro de permissão.

D) erro de proibição.

E) N.R.A.

GABARITO: A

COMENTÁRIOS: Perceba, caro aluno, que no caso em tela fica claro que Tício temconhecimento da ilicitude do ato de furtar, mas, através de um juízo próprio, julga ser seu

ato plenamente lícito por ter o “direito de fazer justiça pelas próprias mãos”. Assim,estamos diante do ERRO DE PROIBIÇÃO.

5. (AFRF / 1998) A, amigo de B, ambos maiores e imputáveis, vão à caça. A vê aonça próxima a B; não querendo perder a oportunidade, embora tenha previsão depoder matar o amigo, se errar a pontaria, atira em direção ao animal, confiante deque, como ocorrera, várias vezes, naquelas circunstâncias, não erraria o alvo. Atiraem direção ao animal, todavia, mata B. A situação descrita configura:

A) culpa inconsciente

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B) preterdolo

C) culpa consciente

D) dolo eventual

E) dolo direto

GABARITO: C

COMENTÁRIOS: O fato descrito pela ESAF deixa claro a existência da chamada culpaconsciente. O agente acredita, sinceramente, que o resultado delituoso não ocorrerá.

6. (SEFAZ – PI / 2001) No que diz respeito ao elemento subjetivo do tipo, é corretoafirmar que:

A) o crime de furto só é punido a título de dolo.

B) o crime de furto admite as modalidades dolosa e culposa.

C) há dolo direto quando a vontade do agente não visa a um resultado preciso edeterminado.

D) há dolo eventual quando o agente não assume o risco de produzir o resultado.

E) imprudência, negligência e imperícia são modalidades do dolo.

GABARITO: A

COMENTÁRIOS: Questão que exige conceitos amplamente tratados na aula.

Vimos que o crime de furto não traz a tipificação para a culpa, logo, como o crime culposotem caráter excepcional, ou seja, precisa estar previsto para ser considerado crime, só épunido a titulo de dolo.

A alternativa “C” traz o conceito de dolo indireto.

A alternativa “D” tenta confundir o candidato com o conceito de culpa consciente atribuído

ao dolo eventual. Conforme vimos, no dolo eventual o agente assume o risco, não seinteressando pelo resultado que advirá de sua conduta.

A alternativa “E” é só para quem nunca viu Penal na vida errar... Imprudência, Negligênciae Imperícia são MODALIDADES da Culpa.

7. (MPU / 2004) É correto afirmar que:

A) pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver 

causado dolosamente.B) o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado isenta de pena.

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C) responde pelo crime o terceiro que não determina o erro.

D) é isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõesituação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima.

E) no caso de erro sobre a pessoa, consideram-se para efeitos penais, as condições ouqualidades da vítima efetivamente atingida.

GABARITO: D

COMENTÁRIOS:

Alternativa “A” Vimos que existem delitos em que o resultado culposo agrava a pena.Exemplo: Crime Preterdolosos.

Alternativa “B” O erro quanto à pessoa não isenta de pena, nos termos do parágrafo 3º

do artigo 20:

Art. 20

[...]

§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isentade pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades davítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

Alternativa “C” Tenta confundir o candidato incluindo a palavra “não”. Na verdade,responde pelo crime o terceiro que DETERMINA o erro. Observe:

Art. 20

[...]

§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.

Alternativa “D” É a reprodução exata do parágrafo 1º do artigo 20, que versa sobre asdescriminantes putativas. Observe:

§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelascircunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a açãolegítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato épunível como crime culposo

Nesta questão fica clara a importância da leitura dos dispositivos do Código Penal.

Alternativa “E” No erro sobre a pessoa, consideram-se as qualidades de quem sequeria atingir.

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8. (MPU / 2004) A diferença entre dolo eventual e culpa consciente consiste no fatode que:

A) no dolo eventual a vontade do agente visa a um ou outro resultado; e na culpaconsciente o sujeito não prevê o resultado, embora este seja previsível.

B) no dolo eventual a vontade do agente não visa a um resultado preciso e determinado;e na culpa consciente o agente conscientemente admite e aceita o risco de produzir oresultado.

C) no dolo eventual, não é suficiente que o agente tenha se conduzido de maneira aassumir o resultado, exige-se mais, que ele haja consentido no resultado; já na culpaconsciente, o sujeito prevê o resultado, mas espera que este não aconteça.

D) se o agente concordou em última instância com o resultado, não agiu com doloeventual, mas com culpa consciente.

E) se não assumiu o risco de produzir, mas tão-só agiu com negligência, houve doloeventual e não culpa consciente.

GABARITO: C

COMENTÁRIOS: Mais uma sobre dolo eventual e culpa consciente. Esse tipo dequestão aparece muito em prova. A alternativa C trata de forma perfeita sobre estes doisinstitutos.

Alternativa “A” Na culpa consciente, o agente prevê o resultado, mas espera

sinceramente não atingí-lo. Quando o agente não prevê o resultado, temos a culpacomum.

Alternativa “B” Insere o conceito de dolo indireto na culpa consciente.

Alternativa “D” Se o agente concorda com o resultado, age com dolo e não com culpa.

Alternativa “E” Se agiu com negligência, ocorreu CULPA e não DOLO.

9. (MPU / 2004) O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado:

A) isenta o réu de pena, pois o agente visa a atingir certa pessoa e, por acidente ou errono uso dos meios de execução, vem a atingir outra.

B) não isenta o réu de pena; no entanto, as qualidades ou condições que contarão paraqualificar ou agravar o delito, serão as da vítima que se pretendia atingir e não as daefetivamente ofendida.

C) não isenta o réu de pena, e o erro é reconhecido quando o resultado do crime é únicoe não houve intenção de atingir pessoa determinada.

D) isenta o réu de pena, e ocorre quando o agente, por erro plenamente justificado pelascircunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima.

E) não isenta o réu de pena; no entanto, as qualidades ou condições da vítimaefetivamente atingida é que contarão para qualificar ou agravar o delito.

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GABARITO: B

COMENTÁRIOS: Exige do candidato o conhecimento do parágrafo 3º do artigo 20 do CP.

§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isentade pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades davítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

10. (MPU / 2004) "Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de queestá contaminado, ato capaz de produzir o contágio" (CP. art. 131). No texto - "como fim de transmitir" - configura elemento:

A) Subjetivo

B) Naturalístico

C) Normativo

D) Subjetivo do tipo

E) Circunstancial

GABARITO: D

COMENTÁRIOS: Com frequência encontramos em prova questões deste tipo, ou seja,exigindo a diferenciação entre os elementos do tipo. Para relembrar:

ELEMENTOS OBJETIVOS DESCRITIVOS: São os objetos (coisas), seres (agentes),animais, coisas ou atos perceptíveis pelos sentidos. Não precisam de nenhumavaloração.

ELEMENTOS NORMATIVOS: São aqueles que devem ter uma valoração, um juízo devalor. Como exemplo as expressões: “indevidamente”, “digna” , “saúde”.

ELEMENTOS SUBJETIVOS: Vivem no interior no psiquismo do sujeito, na esfera dopensamento; todo dolo possui um elemento subjetivo que é a consciência. Comoexemplo, "para ocultar desonra própria", "com o fim de transmitir doença a outrem", "deque se sabe inocente", “para si ou para outrem”.

Logo, fica claro que temos na expressão destacada um elemento subjetivo do tipo, o qualserá necessário para caracterizar a conduta tipificada a título de dolo.

11. (Auditor Fiscal / 2003 - Adaptada) No tocante ao erro quanto à ilicitude do fato,pode-se afirmar que:

A) quando for evitável não se permite a redução da pena.

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B) é considerado evitável o erro se o agente atua ou se omite com a consciência dailicitude do fato.

C) o engano recai sobre elemento do tipo penal e exclui o dolo.

D) O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderádiminuí-la de um sexto a um terço.

E) é também conhecido como erro de proibição, sendo o desconhecimento da leiescusável.

GABARITO: D

COMENTÁRIOS: Exige o conhecimento do artigo 21, que dispõe:

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude dofato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sextoa um terço.

Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omitesem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nascircunstâncias, ter ou atingir essa consciência.

Alternativa “A” Se evitável, permite-se a redução da pena de um sexto a um teço.

Alternativa “B” Transcreve de forma errada o parágrafo único do artigo 21. Éconsiderado evitável o erro se o agente atua ou se omite SEM a consciência da ilicitude.

Alternativa “C” A alternativa C trata de hipótese de erro de tipo e não de erro deproibição, pois afirma que o erro incide sobre elemento do tipo penal, excluído o dolo.

Alternativa “D” Resposta fácil de ser encontrada, pois reproduz o caput do artigo 21.

Alternativa “E” O desconhecimento da lei é INESCUSÁVEL.

12. (TJ – PA / 2009) O artigo 18, I, do Código Penal Brasileiro indica duas espéciesde dolo, ou seja, dolo

A) direto e indireto.

B) de dano e de perigo.C) determinado e genérico.

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D) genérico e específico.

E) normativo e indeterminado.

GABARITO: A

COMENTÁRIOS: O artigo 18, I, dispõe:

Art. 18 - Diz-se o crime:

I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco deproduzi-lo;

O início trata do dolo direto: “O agente quis o resultado...”

O término do dolo indireto: “Assumiu o risco de produzí-lo.”

Com relação às outras alternativas, não se importe, para SUA PROVA, com as definiçõesque não foram tratadas.

13. (TJ – PA / 2009) Para a configuração do crime culposo, além da tipicidade, torna-se necessária a prática de conduta com:

A) observância do dever de cuidado e vontade consciente.

B) inobservância do dever de cuidado que causa um resultado cujo risco foi assumidopelo agente.

C) observância do dever de cuidado que causa um resultado desejado, mas previsível.

D) inobservância do dever de cuidado que causa um resultado desejado, mas previsível.

E) inobservância do dever de cuidado que causa um resultado não desejado eimprevisível.

GABARITO: E

COMENTÁRIOS: A questão trata do crime culposo de maneira genérica, não se referindoespecificamente a nenhuma espécie.

Como vimos, para o crime culposo é essencial a ocorrência de um resultado derivado dainobservância do dever de cuidado, não desejado pelo agente.

14. (MPE – SE / 2009) O médico que, numa cirurgia, sem intenção de matar,esqueceu uma pinça dentro do abdômen do paciente, ocasionando- lhe infecção e amorte, agiu com:

A) culpa, por imperícia.

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16. (TJ – PE / 2007) Quanto ao erro sobre os elementos do tipo, o erro determinadopor terceiro, o erro sobre a pessoa e o erro sobre a ilicitude do fato, tratados no

Código Penal, é INCORRETO afirmar que:

A) o erro do agente sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável,poderá diminui-la de um sexto a um terço.

B) é isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõesituação de fato que, se existisse tornaria a ação legítima.

C) o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena o agente.

D) não há isenção de pena quando o erro deriva da culpa e o fato é punível como crimeculposo.

E) o erro sobre o elemento constitutivo do tipo legal do crime, não exclui o dolo, masimpede a punição por crime culposo, ainda que previsto em lei.

GABARITO: E

COMENTÁRIOS: Questão que exige o conhecimento do artigo 20, 21 e seus parágrafos.

Alternativa “A” Reproduz o final do artigo 21. Observe:

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do

fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sextoa um terço.

Alternativa “B” Reproduz o início do parágrafo 1º do artigo 20. Veja:

§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelascircunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a açãolegítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato épunível como crime culposo

Alternativa “C” Reproduz o início do parágrafo 3º do artigo 20.

§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isentade pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades davítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

Alternativa “D” Reproduz o final do parágrafo 1º, acima reproduzido.

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Alternativa “E” Contraria o “caput” do artigo 20 ao dizer que impede a punição por crime culposo. Observe:

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui odolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.

17. (TJ – PE / 2006) Em relação ao Dolo e a Culpa, é INCORRETO afirmar que:

A) age com culpa por negligência, o agente que por inércia psíquica ou indiferença,podendo tomar as cautelas exigíveis, não o faz por displicência.

B) salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto comocrime, senão quando o pratica dolosamente.

C) a quantidade da pena para o crime não varia segundo a espécie de dolo.

D) na culpa consciente o agente prevê o resultado, mas espera, sinceramente, que nãoocorra, enquanto na culpa inconsciente o agente não prevê o resultado que é previsível.

E) no dolo eventual ou também chamado de culpa própria, o agente realiza a condutacom a vontade firme e definida de obter o resultado pretendido.

GABARITO: E

COMENTÁRIOS:

Alternativa “A” Está perfeita. Trata da hipótese de negligência relacionada à culpa.

Alternativa “B” Como vimos, regra geral, o indivíduo só é punido pelo fato em que atuacom DOLO, SALVO aqueles em que a LEI expressamente prevê a modalidade culposa.

Art. 18

[...]

Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.

Alternativa “C” A quantidade da pena não varia segundo a espécie de dolo comoprevisto no art. 18, inciso I.

Assim, em homicídio simples, a pena será a cominada abstratamente para o crime(reclusão de 6 a 20 anos), quer ocorra o dolo direto, quer tenha o agente atuado com doloeventual.

Na aplicação da pena, porém, o juiz poderá levar em consideração a espécie de dolo. Nalei anterior, fazia-se referência expressa à intensidade do dolo como uma das

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20. (TCE – RN / 2000) "Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício"(Lei no 8.429, de 2/6/1992, art. 11, II)."Indevidamente" é elemento:

A) Subjetivo

B) Objetivo

C) Acidental

D) Normativo

E) Culpa consciente

GABARITO: D

COMENTÁRIOS: A palavra indevidamente significa que se o retardamento ou a nãoprática for DEVIDA, não incidirá o tipo penal. Desta forma, como há necessidade de umavaloração por parte do Magistrado, conforme vimos na questão 10, trata-se de elementonormativo.

21. Mulher na rodoviária é abordada por um sujeito que pede que ela leve uma caixade medicamento para um amigo seu que estará esperando no local de destino.Inocentemente, a mulher pega a caixa, entra no ônibus e segue viagem. Chegandoao local, é abordada por policiais que, ao abrir a caixa de remédios verifica que há200 gramas de pó de cocaína. A mulher cometeu:

A) erro determinado por terceiro.

B) erro de tipo.

C) erro de permissão.

D) erro de proibição.

E) N.R.A.

GABARITO: B

COMENTÁRIOS: A mulher agiu com erro de tipo, ou seja, entendia ausente um elementotípico presente, qual seja, levar consigo drogas.

22. Holandês é pego no aeroporto de Guarulhos/SP fumando seu cigarrinho demaconha, pois pensa ser lícita a conduta com base no ordenamento de seu país.

Comete o Holandês:

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A) erro determinado por terceiro.

B) erro de tipo.

C) erro de permissão.

D) erro de proibição.

E) N.R.A.

GABARITO: D

COMENTÁRIOS: Agiu o Holandês com erro de proibição, ou seja, sabia o que estavafazendo (fumando droga), mas imaginava lícito (porque na Holanda é liberado).

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LISTA DAS QUESTÕES APRESENTADAS

1. (Promotor – MPE – CE / 2003) No crime preterdoloso , tem-se:

A) dolo no antecedente e dolo no conseqüente

B) culpa no antecedente e culpa no conseqüente

C) culpa no antecedente e dolo no conseqüente

D) dolo no antecedente e culpa no conseqüente

E) responsabilidade objetiva

2. (Juiz – TRT / 2003) O chamado dolo eventual caracteriza-se pelo fato de o agente:

A) não querer o resultado, mas assumir o risco de produzi-lo pouco se importando com aprodução ou não deste resultado;

B) querer o resultado e por isso assumir o risco de produzi-lo;

C) não querer o resultado, mas acreditar sinceramente que este não é antijurídico;

D) não querer o resultado e acreditar sinceramente que, agindo da maneira que agirá, nãodará causa ao resultado;

E) nenhuma das respostas anteriores.

3. (TCE – RN / 2000) "Deixar, o ex-administrador de instituição financeira, deapresentar, ao interventor, liqüidante, ou síndico, nos prazos e condiçõesestabelecidas em lei as informações, declarações ou documentos de suaresponsabilidade" (Lei no 7.492, de 16 de junho de 1986, art. 12).Esse tipo legal decrime configura:

A) crime próprio

B) crime preterintencionalC) crime de consumação antecipada

D) exaurimento

E) tentativa perfeita

4. (Juiz Substituto – TJ-SP 2009) Depois de haver saído do restaurante onde haviaalmoçado, Tício, homem de pouco cultivo, percebeu que lá havia esquecido suacarteira e voltou para recuperá-la, mas não mais a encontrou. Acreditando ter o

direito de fazer justiça pelas próprias mãos, tomou para si objeto pertencente aodono do referido restaurante, supostamente de valor igual ao seu prejuízo. Essefato pode configurar:

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A) erro determinado por terceiro.

B) erro de tipo.

C) erro de permissão.

D) erro de proibição.

E) N.R.A.

5. (AFRF / 1998) A, amigo de B, ambos maiores e imputáveis, vão à caça. A vê aonça próxima a B; não querendo perder a oportunidade, embora tenha previsão depoder matar o amigo, se errar a pontaria, atira em direção ao animal, confiante deque, como ocorrera, várias vezes, naquelas circunstâncias, não erraria o alvo. Atira

em direção ao animal, todavia, mata B. A situação descrita configura:

A) culpa inconsciente

B) preterdolo

C) culpa consciente

D) dolo eventual

E) dolo direto

6. (SEFAZ – PI / 2001) No que diz respeito ao elemento subjetivo do tipo, é corretoafirmar que:

A) o crime de furto só é punido a título de dolo.

B) o crime de furto admite as modalidades dolosa e culposa.

C) há dolo direto quando a vontade do agente não visa a um resultado preciso edeterminado.

D) há dolo eventual quando o agente não assume o risco de produzir o resultado.

E) imprudência, negligência e imperícia são modalidades do dolo.

7. (MPU / 2004) É correto afirmar que:

A) pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado dolosamente.

B) o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado isenta de pena.

C) responde pelo crime o terceiro que não determina o erro.

D) é isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe

situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima.E) no caso de erro sobre a pessoa, consideram-se para efeitos penais, as condições ouqualidades da vítima efetivamente atingida.

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8. (MPU / 2004) A diferença entre dolo eventual e culpa consciente consiste no fatode que:

A) no dolo eventual a vontade do agente visa a um ou outro resultado; e na culpaconsciente o sujeito não prevê o resultado, embora este seja previsível.

B) no dolo eventual a vontade do agente não visa a um resultado preciso e determinado;e na culpa consciente o agente conscientemente admite e aceita o risco de produzir oresultado.

C) no dolo eventual, não é suficiente que o agente tenha se conduzido de maneira aassumir o resultado, exige-se mais, que ele haja consentido no resultado; já na culpaconsciente, o sujeito prevê o resultado, mas espera que este não aconteça.

D) se o agente concordou em última instância com o resultado, não agiu com doloeventual, mas com culpa consciente.

E) se não assumiu o risco de produzir, mas tão-só agiu com negligência, houve doloeventual e não culpa consciente.

9. (MPU / 2004) O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado:

A) isenta o réu de pena, pois o agente visa a atingir certa pessoa e, por acidente ou errono uso dos meios de execução, vem a atingir outra.

B) não isenta o réu de pena; no entanto, as qualidades ou condições que contarão paraqualificar ou agravar o delito, serão as da vítima que se pretendia atingir e não as daefetivamente ofendida.

C) não isenta o réu de pena, e o erro é reconhecido quando o resultado do crime é únicoe não houve intenção de atingir pessoa determinada.

D) isenta o réu de pena, e ocorre quando o agente, por erro plenamente justificado pelascircunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima.

E) não isenta o réu de pena; no entanto, as qualidades ou condições da vítimaefetivamente atingida é que contarão para qualificar ou agravar o delito.

10. (MPU / 2004) "Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de queestá contaminado, ato capaz de produzir o contágio" (CP. art. 131). No texto - "como fim de transmitir" - configura elemento:

A) Subjetivo

B) Naturalístico

C) Normativo

D) Subjetivo do tipo

E) Circunstancial

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11. (Auditor Fiscal / 2003 - Adaptada) No tocante ao erro quanto à ilicitude do fato,pode-se afirmar que:

A) quando for evitável não se permite a redução da pena.B) é considerado evitável o erro se o agente atua ou se omite com a consciência dailicitude do fato.

C) o engano recai sobre elemento do tipo penal e exclui o dolo.

D) O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderádiminuí-la de um sexto a um terço.

E) é também conhecido como erro de proibição, sendo o desconhecimento da leiescusável.

12. (TJ – PA / 2009) O artigo 18, I, do Código Penal Brasileiro indica duas espéciesde dolo, ou seja, dolo

A) direto e indireto.

B) de dano e de perigo.

C) determinado e genérico.

D) genérico e específico.

E) normativo e indeterminado.

13. (TJ – PA / 2009) Para a configuração do crime culposo, além da tipicidade, torna-se necessária a prática de conduta com:

A) observância do dever de cuidado e vontade consciente.

B) inobservância do dever de cuidado que causa um resultado cujo risco foi assumidopelo agente.

C) observância do dever de cuidado que causa um resultado desejado, mas previsível.D) inobservância do dever de cuidado que causa um resultado desejado, mas previsível.

E) inobservância do dever de cuidado que causa um resultado não desejado eimprevisível.

14. (MPE – SE / 2009) O médico que, numa cirurgia, sem intenção de matar,esqueceu uma pinça dentro do abdômen do paciente, ocasionando- lhe infecção e amorte, agiu com:

A) culpa, por imperícia.B) dolo direto.

C) culpa, por negligência.

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D) culpa, por imprudência.

E) dolo eventual.

15. (TJ – PE / 2007) Quanto ao dolo e a culpa é correto afirmar que:

A) a forma típica da culpa é a culpa inconsciente, em que o resultado previsível não éprevisto pelo agente. É a culpa sem previsão.

B) no dolo eventual, o evento é previsto, mas o agente confia em que não ocorra; já naculpa consciente, o resultado não é previsto, mas o agente se conduz de modo a assumir o risco de produzi-lo.

C) no caso de dois agentes concorrerem culposamente para um resultado ilícito, nenhumdeles responderá pelo fato, diante da teoria da compensação de culpas adotada pelo

nosso ordenamento penal.D) o dolo direto ou determinado compreende o dolo eventual e o dolo alternativo, no qualo agente quer um ou outro entre dois ou mais resultados.

E) no crime culposo o agente realiza uma conduta involuntária que produz um resultadonão querido, imprevisível e excepcionalmente previsível, que podia, com a devidaatenção, ser evitado.

16. (TJ – PE / 2007) Quanto ao erro sobre os elementos do tipo, o erro determinadopor terceiro, o erro sobre a pessoa e o erro sobre a ilicitude do fato, tratados no

Código Penal, é INCORRETO afirmar que:

A) o erro do agente sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável,poderá diminui-la de um sexto a um terço.

B) é isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõesituação de fato que, se existisse tornaria a ação legítima.

C) o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena o agente.

D) não há isenção de pena quando o erro deriva da culpa e o fato é punível como crimeculposo.

E) o erro sobre o elemento constitutivo do tipo legal do crime, não exclui o dolo, masimpede a punição por crime culposo, ainda que previsto em lei.

17. (TJ – PE / 2006) Em relação ao Dolo e a Culpa, é INCORRETO afirmar que:

A) age com culpa por negligência, o agente que por inércia psíquica ou indiferença,podendo tomar as cautelas exigíveis, não o faz por displicência.

B) salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto comocrime, senão quando o pratica dolosamente.

C) a quantidade da pena para o crime não varia segundo a espécie de dolo.

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D) na culpa consciente o agente prevê o resultado, mas espera, sinceramente, que nãoocorra, enquanto na culpa inconsciente o agente não prevê o resultado que é previsível.

E) no dolo eventual ou também chamado de culpa própria, o agente realiza a conduta

com a vontade firme e definida de obter o resultado pretendido.

18. (TRE – MS) Jonas e José celebraram um pacto de morte. Jonas ministrouveneno a José e José ministrou veneno a Jonas. José veio a falecer, mas Jonassobreviveu. Nesse caso, Jonas

A) não responderá por nenhum delito, por falta de tipicidade.

B) responderá por homicídio consumado.

C) responderá por auxílio a suicídio.

D) responderá por instigação a suicídio.

E) responderá por induzimento a suicídio.

19. (TCE – RN / 2000) "Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, aindaque fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida"(Código Penal, art. 316)."Para si ou para outrem" representa:

A) dolo

B) culpa conscienteC) culpa inconsciente

D) normativo

E) elemento subjetivo do tipo

20. (TCE – RN / 2000) "Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício"(Lei no 8.429, de 2/6/1992, art. 11, II)."Indevidamente" é elemento:

A) SubjetivoB) Objetivo

C) Acidental

D) Normativo

E) Culpa consciente

21. Mulher na rodoviária é abordada por um sujeito que pede que ela leve uma caixade medicamento para um amigo seu que estará esperando no local de destino.

Inocentemente, a mulher pega a caixa, entra no ônibus e segue viagem. Chegandoao local, é abordada por policiais que, ao abrir a caixa de remédios verifica que há200 gramas de pó de cocaína. A mulher cometeu:

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A) erro determinado por terceiro.

B) erro de tipo.

C) erro de permissão.

D) erro de proibição.

E) N.R.A.

22. Holandês é pego no aeroporto de Guarulhos/SP fumando seu cigarrinho demaconha, pois pensa ser lícita a conduta com base no ordenamento de seu país.Comete o Holandês:

A) erro determinado por terceiro.

B) erro de tipo.

C) erro de permissão.

D) erro de proibição.

E) N.R.A.

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PROFESSOR PEDRO IVO AULA 04 – DO CRIME – PARTE 03 

Caros alunos, 

Hoje finalizaremos a parte do Código Penal que trata sobre o crime e, com certeza, ao final da aula, você já terá garantido importantes pontos na sua prova. Bons estudos!!! 

4.1 TENTATIVA 

4.1.1 CONCEITO Como vimos no final da aula passada, o crime possui um caminho que se denomina “iter criminis”. Ele é composto da cogitação, preparação, execução e consumação, das quais apenas as duas últimas têm importância para o estudo da tentativa. Digo isto pois o legislador deixa claro no Código Penal que tentativa é o início da execução de um crime que somente não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Observe: 

Art. 14 - Diz-se o crime: [...] II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por  circunstâncias alheias à vontade do agente. 

A tentativa, muitas vezes, recebe outras denominações, tais como crime imperfeito ou crime incompleto, em oposição ao crime consumado, reconhecido como completo ou perfeito. 

A TENTATIVA É A REALIZAÇÃO INCOMPLETA DO TIPO PENAL, DO MODELO DESCRITO NA LEI. 

NA TENTATIVA, HÁ PRÁTICA DE ATO DE EXECUÇÃO, MAS NÃO CHEGA O SUJEITO À CONSUMAÇÃO POR 

CIRCUNSTÂNCIAS INDEPENDENTES DE SUA VONTADE. 

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PROFESSOR PEDRO IVO 4.1.2 ELEMENTOS DA TENTATIVA De forma bem objetiva, pode-se dizer que 03 elementos compõem a estrutura do crime tentado. São eles: 

1. INÍCIO DA EXECUÇÃO; 2. AUSÊNCIA 

VONTADE;  DE  CONSUMAÇÃO  POR  CIRCUSTÂNCIAS  ALHEIAS  À 3. DOLO DE CONSUMAÇÃO. 

Observe, caro aluno, que uma característica fundamental da tentativa é o dolo da consumação, ou seja, o agente QUERIA, TINHA VONTADE de alcançar a consumação, mas por circunstâncias que não havia previsto, não consegue atingir seu objetivo. Aqui surge um importante questionamento que deve ser estudado com muita atenção: É cabível a tentativa no dolo eventual? 

PARA LEMBRAR: NO DOLO EVENTUAL, O SUJEITO PREVÊ O RESULTADO E,  EMBORA NÃO O QUEIRA PROPRIAMENTE ATINGIR, POUCO SE IMPORTA COM A SUA OCORRÊNCIA (“EU NÃO QUERO, MAS SE ACONTECER, PARA MIM TUDO BEM, NÃO É POR CAUSA DESSE RISCO QUE VOU PARAR DE PRATICAR MINHA CONDUTA; NÃO QUERO, MAS TAMBÉM NÃO ME IMPORTO COM A SUA OCORRÊNCIA”) 

A doutrina é extremamente divergente neste ponto, mas, com foco na sua PROVA, 

o que é necessário conhecer é o entendimento da ESAF e, segundo a banca, É  CABÍVEL A TENTATIVA NOS CASOS DE DOLO EVENTUAL. Este é o entendimento que vem sendo seguido pela maioria dos Tribunais. Veja: 

TJMA - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO: RSE 137722007 MA Não cabe a desclassificação do crime de tentativa de homicídio, quando presente o dolo eventual na conduta do acusado, porquanto, o tipo penal não faz diferenciação em relação ao dolo direto.

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PROFESSOR PEDRO IVO TJDF - RECURSO 20030510017029 DF  EM  SENTIDO  ESTRITO  :  RECSENSES 

PROCESSUAL PENAL. TENTATIVA DE HOMICÍDIO SIMPLES. [...] 2. AO DESFERIR TIROS NO TÓRAX DA VÍTIMA, REGIÃO DE LETALIDADE IMEDIATA, FICA EVIDENCIADO, NO MÍNIMO, O DOLO EVENTUAL,RAZÃOPELAQUALIMPOSSÍVELEXCLUIR  ANTECIPADAMENTE O ÁNIMO DO DELITO. 

4.1.3 ESPÉCIES DE TENTATIVA A tentativa apresenta a seguinte divisão: 

• TENTATIVA BRANCA OU INCRUENTAO agente não atinge o objeto material. Imagine que Tício está com uma blusa branca, perfeitamente lavada pela sua mãe. Ao encontrar Mévio, este começa a atirar e Tício começa a correr. Nenhum tiro é acertado, logo o que era branco permanece branco, pois o objeto não foi atingido. 

•  TENTATIVA VERMELHA OU CRUENTADiferentemente da tentativa branca, aqui a vítima é atingida, mas o delito não se consuma. 

TENTATIVA PERFEITANeste tipo de tentativa, fica caracterizada a INCOMPETÊNCIA do agente, ou seja, o autor do delito utiliza TODOS os meios executórios disponíveis e, mesmo assim, não atinge a consumação. É o caso do indivíduo que, portando um revolver com 06 cartuchos, utiliza todos, mas não consegue atingir a vítima em um ponto letal. 

TENTATIVA IMPERFEITAO agente inicia a execução, mas não utiliza todos os meios de que dispõe. É o caso do indivíduo que começa a atirar e, no 3º disparo, é interrompido pela chegada de policiais que estavam passando pelo local. 

• 

• 

4.1.4 PUNIBILIDADE DA TENTATIVA 

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PROFESSOR PEDRO IVO Ao punir a tentativa, o Direito está protegendo um bem jurídico, ainda que este não tenha corrido perigo de maneira efetiva, mas pelo simples fato de a tentativa poder vir a proporcionar a vivência do perigo. A ordem jurídica teme pelo sujeito passivo, mesmo que este não tenha sentido temor algum e nem tenha percebido a ameaça. Duas teorias existem a respeito da punibilidade da tentativa. A subjetiva prega a aplicação da mesma pena que a do delito consumado, fundamentando-se na vontade do autor, contrária ao direito. Diferentemente, a objetiva propõe para a tentativa pena menor que a do crime consumado, já que a lesão é menor ou não ocorreu qualquer resultado lesivo ou perigo de dano. Foi esta a adotada pelo Código Penal ao determinar que: 

Art. 14 [...] Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços 

A redução da pena concernente à tentativa deve resultar das circunstâncias da própria tentativa. Isto quer dizer que não devem ser consideradas na redução da pena as atenuantes ou agravantes porventura existentes, mas sim o iter criminis percorrido pelo agente em direção à consumação do delito. A diminuição entre os limites legais deve ter como fundamento elementos objetivos, ou seja, a extensão do iter criminis percorrido pelo agente, graduando- se o percentual em face da maior ou menor aproximação da meta objetivada. Ou seja, quanto mais o agente se aprofundou na execução, quanto mais se aproximou da consumação, menor a redução. Na hipótese de homicídio, tem-se considerado em especial a redução máxima para a tentativa branca e também a maior ou menor gravidade da lesão efetiva para a dosagem da pena na tentativa. A lei prevê exceções à regra geral no art. 14, parágrafo único, cominando a mesma pena para a consumação e a tentativa do resultado lesivo. É cominada a

 mesma sanção, por exemplo, para a evasão ou tentativa de evasão com violência do preso (art. 352), para a conduta de votar ou tentar votar duas vezes (art. 309 do Código Eleitoral) etc. Veja: 

Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa: 

Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência. 

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PROFESSOR PEDRO IVO Afora as exceções expressas, é obrigatória a redução da pena entre os limites de um e dois terços. Podemos resumir: 

PROXIMIDADE DA CONSUMAÇÃO 

DIMINUIÇÃO MÍNIMA DA 

PENA DIMINUIÇÃO MÁXIMA DA 

PENA 

4.1.5 CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA A regra geral é a de que os crimes dolosos são compatíveis com a tentativa, pouco importando se são materiais formais ou de mera conduta. A título de exemplo, imagine que Mévio e Tícia decidem realizar um show de sexo explícito em uma praça pública. No momento em que vão tirar a última peça de roupa, são abordados e presos por policiais. Neste caso, as condutas se enquadram como tentativa de ato obsceno (crime de mera conduta). Sendo assim, REPITO, a regra geral é a COMPATIBILIDADE dos delitos com a tentativa. Algumas espécies de infrações penais, entretanto, não admitem tentativa. São elas: 

1. CRIMES CULPOSOSComo vimos na aula anterior, não se admite tentativa no crime culposo, pois este só se consuma com a ocorrência do resultado naturalístico. Pode-se, porém, falar em tentativa na culpa imprópria, uma vez que, nessa hipótese, o agente visa o evento, que não vem a ocorrer por circunstâncias alheias à sua vontade. Ocorre na realidade um crime doloso tentado que, por ter sido executado por erro ou excesso culposos, tem o tratamento do crime culposo por disposição legal. 

2. CRIMES PRETERDOLOSOSTambém já tratamos deste delito e sabemos que ele, por se caracterizar pela culpa no resultado, não admite 

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PROFESSOR PEDRO IVO tentativa. É ela possível, porém, nos crimes qualificados pelo resultado em que este é abrangido pelo dolo do sujeito. Assim, se em um roubo o sujeito tentar matar a vítima, há tentativa de crime qualificado pelo resultado. 

Também chamado de crime único, é3. CRIMESUNISUBSISTENTES 

aquele em que a conduta é exteriorizada mediante um único ato, não se podendo falar em iter criminis e, consequentemente, na ocorrência da tentativa. É o caso do delito de desacato cometido verbalmente: ao ser dita a palavra empregada, com a finalidade de menosprezar a função pública, consumado está o crime. 

Os crimes omissivos puros também4. CRIMESOMISSIVOS PRÓPRIOS 

não admitem a tentativa, pois não se exige um resultado naturalístico decorrente da omissão. Se o sujeito deixou escoar o momento em que deveria agir, ocorreu a consumação; se ainda pode atuar, não há que se falar em tentativa. Atenção que nos crimes omissivos impróprios, admite-se a tentativa. A mãe que, desejando a morte do filho recém-nascido, deixa de alimentá-lo, sendo a vítima socorrida por terceiro, pratica tentativa de infanticídio. 

Segundo a Lei de Contravenções Penais5. CONTRAVENÇÕESPENAIS 

(que não importa para a sua prova), NÃO É ADMITIDA A TENTATIVA 

PARA AS CONTRAVENÇÕES PENAIS. 6. CRIMES CONDICIONADOSSão aqueles que dependem do 

cumprimento de uma condição para que possam ser punidos. Um exemplo claro é o crime de participação em suicídio. Exemplo: Tício, percebendo que seu cunhado está na janela, começa a gritar: “PULA! PULA! PULA! PULA!. Se o cunhado não pular, não há delito, pois só há punição se resultar em morte ou lesão corporal grave. 

7. CRIMES HABITUAISEntende a doutrina majoritária NÃO ser possível a tentativa nos crimes habituais. Ex: Tentativa de curandeirismo. 

Resumindo: Não admitem tentativa os crimes: 

1. CRIMES CULPOSOS; 2. CRIMES PRETERDOLOSOS; 3. CRIMES UNISUBSISTENTES; 4. CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS; 

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PROFESSOR PEDRO IVO 5. CONTRAVENÇÕES PENAIS; 6. CRIMES CONDICIONADOS; 7. CRIMES HABITUAIS. 

4.1.6 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ Imagine que Tício, a fim de ocupar a vaga de presidência em um empresa, ministra veneno para Mévio. Este ingere o veneno e começa a perder os sentidos. Se neste momento Tício já respondesse, de qualquer forma, pela execução, o que o levaria a interromper o feito, dando, por exemplo, um antídoto para Mévio? Exatamente para estimular esta interrupção e impedir o resultado naturalístico advindo da execução, o legislador optou por colocar um dispositivo no Código Penal prevendo que caso haja a desistência do prosseguimento na ação ou o impedimento do resultado, responderá o agente SOMENTE pelos seus atos já praticados. Observe: 

Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos á praticados. 

Deste supracitado artigo, surgem os conceitos da desistência voluntária e do arrependimento eficaz, que são formas da chamada tentativa abandonada, assim denominada porque a consumação do crime não ocorre em razão da VONTADE DO AGENTE. Vamos estudar cada um destes institutos: 

1. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIAO agente, por ato voluntário, interrompe a execução do crime, abandonando a prática dos demais atos necessários e que estavam à sua disposição para a consumação. Observe, caro concurseiro, que em nenhum momento ocorre de o agente NÃO PODER PROSSEGUIR na execução, e este entendimento é importantíssimo para a sua PROVA. Exemplificando: Imagine que Tício prende Mévio (esse Mévio sofre....) em uma parede e começa a atirar de uma distância de 50 metros, errando o primeiro disparo. Efetua o segundo disparo de 25 m e também erra. Nervoso, resolve se posicionar a 1 metro de Mévio e, ao encostar a arma em sua cabeça, vê a foto da filha da vítima caída no chão. Comovido, e ainda com 5 cartuchos no revólver, desiste da ação. Neste caso, temos a desistência voluntária. 

Sendo assim, entenda e GUARDE PARA SUA PROVA:: 

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DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIAQUANDO O AGENTE DIZ: “POSSO PROSSEGUIR, MAS NÃO QUERO”. TENTATIVAQUANDO O AGENTE DIZ: “QUERO PROSSEGUIR, MAS NÃO POSSO”. 

2. ARREPENDIMENTO EFICAZDiferentemente do que ocorre na desistência voluntária, o agente pratica todos os atos suficientes à consumação do delito, mas adota providências para impedir o resultado. É o caso do exemplo que vimos no início deste tópico em que Tício dá veneno para Mévio. Ao ingerir o veneno, Mévio só não morre se Tício der a ele o antídoto. Se Tício age desta forma e impede a morte, operou-se o arrependimento eficaz. É importante ressaltar que o arrependimento eficaz só é possível nos crimes materiais, pois o CP é claro o dizer “ impede que o resultado se produza”. Logo, se o resultado é relevante ao fato, obviamente, não há que se falar  em delitos formais ou de mera conduta. 

4.1.6.1 REQUISITOS Ainda dentro do assunto desistência voluntária e arrependimento eficaz, é preciso citar que existem dois requisitos a serem cumpridos para que o agente seja beneficiado pelo disposto no artigo 15. São eles: 

1. VOLUNTARIEDADE  Idéia originada da mente do agente. 2. EFICÁCIATem que impedir o resultado. Se tentou impedir, mas não

 conseguiu...Azar o dele... 

4.1.6.2 EFEITOS A desistência voluntária e o arrependimento eficaz não são causas de diminuição da pena e sim de atipicidade. “Mas como assim professor? Quer dizer que ele não vai ser punido?” Claro que vai, mas não de forma tentada pelo delito, mas somente pelos atos já

 praticados. Nos exemplos citados referentes a disparo de arma de fogo, por  exemplo, não responderá o agente por tentativa de homicídio e sim por lesões corporais. 

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STJ - RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS: RHC 20051 RJ 2006/0181741-0 RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. DIREITO PROCESSUAL PENAL. CRIMES DE ESTELIONATO E FORMAÇÃO DE QUADRILHA. ARREPENDIMENTO POSTERIOR. DEPOIMENTO CONTIDO NOS AUTOS PELA PRÓPRIA VÍTIMA QUE ATESTA QUE O DANO FOI REPARADO VOLUNTARIAMENTE PELO PACIENTE. INCIDÊNCIA OBRIGATÓRIA DA CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA. 1. O arrependimento posterior é causa de diminuição de pena objetiva, bastando para a sua configuração seja voluntário e realizado antes do recebimento da denúncia, mediante a devolução ou reparação integral do bem jurídico lesado. 2. Na hipótese, observa-se, mormente da leitura do termo de declarações prestado pela própria vítima, que o recorrente, voluntariamente e logo após os fatos narrados na denúncia, restituiu, relativamente ao crime de estelionato, os bens havidos de forma indevida e fraudulenta 3. Recurso provido para, mantida a condenação do recorrente, determinar ao juízo sentenciante que realize nova dosimetria da pena, relativamente ao crime de estelionato a ele imputado, na qual deverá incidir a causa de diminuição da pena do arrependimento posterior prevista no art. 16, do Código Penal. 

Antes de prosseguirmos, uma pequena observação: 

CONHECER PARA ENTENDER A DENÚNCIA E A QUEIXA SÃO OS PEDIDOS INICIAIS PARA QUE O ESTADO PROMOVA UMA AÇÃO PENAL. DIANTE DOS ELEMENTOS APRESENTADOS PELO INQUÉRITO POLICIAL OU PELAS INFORMAÇÕES QUE RECEBEU, O ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO FORMA A SUA CONVICÇÃO E PROMOVE A AÇÃO PENAL PÚBLICA COM O OFERECIMENTO DA DENÚNCIA.  A QUEIXA É A DENOMINAÇÃO DADA PELA LEI À PETIÇÃO INICIAL DA AÇÃO PENAL PRIVADA INTENTADA PELO OFENDIDO OU SEU REPRESENTANTE LEGAL. OBS: PARA A SUA PROVA, NÃO SE PREOCUPE COM AS ESPÉCIES DE AÇÃO (PÚBLICA E PRIVADA). 

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PROFESSOR PEDRO IVO 4.2.1.1 REQUISITOS Para que o arrependimento posterior seja aceito, os seguintes requisitos devem ser  cumpridos, CUMULATIVAMENTE: 

Imagine que Tício,1. CRIME SEMVIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA 

querendo furtar uma loja, quebra uma janela de vidro, depois explode duas portas de madeira, mata três cachorros e, por fim, estrangula o gato da dona da loja. Neste caso, será possível a aplicação do instituto do arrependimento posterior? Claro que sim, pois houve violência contra a COISA e não contra a pessoa. 

2. REPARAÇÃO VOLUNTÁRIA, PESSOAL E INTEGRALO agente não pode ser coagido a reparar o dano, o que não quer dizer que não pode ter  sido induzido por outra pessoa a tal ato. Aqui não importa se a idéia surgiu ou não da mente do agente. Basta que a reparação seja voluntária. A reparação deve ser pessoal, ou seja, não pode o pai do criminoso querer  restituir, por exemplo, uma quantia furtada. “Mas professor, como saber se não foi o pai do agente que deu o dinheiro para ele devolver?” Boa pergunta, mas com certeza a ESAF não vai cobrar este “subjetivo conhecimento” de você! Fique tranquilo(a). Por fim, não basta reparar ou restituir parcela do que foi lesado. 

3. LIMITE TEMPORALA reparação do dano ou restituição da coisa deve ocorrer antes do RECEBIMENTO da denúncia ou queixa. 

Agora que já conhecemos a desistência voluntária, o arrependimento eficaz e o arrependimento posterior, podemos resumir: 

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA  EXCLUI A TIPICIDADE, RESPONDENDO O AGENTE 

PELOS ATOS JÁ PRATICADOS 

ARREPENDIMENTO EFICAZ 

ARREPENDIMENTO POSTERIOR  OBRIGATORIAMENTE DIMINUI A PENA 

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PROFESSOR PEDRO IVO E ainda: 

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA 

ARREPENDIMENTO EFICAZ 

ARREPENDIMENTO POSTERIOR 

INÍCIO DA EXECUÇÃO 

FIM DA EXECUÇÃO 

CONSUMAÇÃO DO CRIME 

RECEBIMENTO DA DENÚNCIA 

OU QUEIXA 

4.3 CRIME IMPOSSÍVEL 

4.3.1 CONCEITO Crime impossível, também chamado pela doutrina de quase-crime, tentativa inadequada ou inidônea, na conceituação de Fernando Capez, "é aquele que, pela ineficácia total do meio empregado ou pela impropriedade absoluta do objeto material é impossível de se consumar". O renomado jurista Antonio José Miguel convencionou chamar de crime impossível "a atitude do agente, quando o objeto pretendido não pode ser alcançado dada a ineficácia absoluta do meio, ou pela absoluta impropriedade do objeto". Por sua vez, para reforçar as definições aqui apresentadas, o art. 17 do Código Penal dispõe que: 

"Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime." 

Diante dos conceitos apresentados, caro aluno, existe alguma semelhança entre o crime tentado e o crime impossível? A resposta é positiva, pois nos dois a execução da conduta criminosa não alcança a consumação. Entretanto, as diferenças são bem claras. 

Na tentativa, a consumação é plenamente possível, a qual só não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente. 

Diferentemente, no crime impossível a consumação nunca pode ocorrer, seja em razão da ineficácia absoluta do meio, seja por força da impropriedade absoluta do objeto. 

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PROFESSOR PEDRO IVO 4.3.2 TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL O Código Penal, ao tratar do crime impossível, resolveu adotar a chamada teoria objetiva temperada ou intermediária. Segundo esta teoria, para a configuração do crime impossível, os meios empregados e o objeto do crime devem ser  ABSOLUTAMENTE inidôneos a produzir o resultado. Inidoneidade absoluta é aquela em que o crime nunca poderia chegar a ser  consumado. Exemplo tradicional na doutrina é o indivíduo que falsifica grosseiramente uma nota e tenta comprar algo com ela. Você, caro aluno, aceitaria as notas abaixo? 

Claro que não, nem você, nem ninguém. Logo, é hipótese de CRIME impossível. Diferentemente, se lhe é apresentada a seguinte nota: 

Embora seja falsa, a diferenciação não é possível por um simples olhar. Logo, não caracteriza o crime impossível. 

Neste sentido já se pronunciou o STJ: 

STJ - HC 45.616/SP – 09/08/2007 PENAL. HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE FURTO. CRIME IMPOSSÍVEL. ORDEM DENEGADA. 1. O crime impossível somente se caracteriza quando o agente, após a prática do fato, jamais poderia consumar o crime pela ineficácia absoluta do meio empregado ou pela absoluta impropriedade do objeto material, nos termos do art. 17 do Código Penal. 2. A ação externa alheia à vontade do agente, impedindo a consumação do delito após iniciada a execução, caracteriza a tentativa (art. 14, II, do CP). 3. Ordem denegada 

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4.3.3 ESPÉCIES DE CRIME IMPOSSÍVEL A leitura atenta do artigo 17 nos traz duas espécies de crime impossível: • 

• POR INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO; 

POR IMPROPRIEDADE ABSOLUTA DO OBJETO. Ocorre o primeiro caso, segundo o Ilustre DAMASIO, “quando o meio executório empregado pelo insciente pseudo autor, pela sua natureza, é absolutamente incapaz de causar o resultado (ausência de potencialidade lesiva)”. O exemplo por ele apresentado é do sujeito que, por erro, desejando matar a vítima mediante veneno, coloca açúcar em sua alimentação, pensando tratar-se de arsênico. Outro exemplo clássico na doutrina é o da tentativa de homicídio com a utilização de revólver sem munição ou de armas cujas cápsulas já foram deflagradas . Inclui-se nessa hipótese, ainda, a chamada tentativa irreal ou supersticiosa, cujo exemplo é do agente que deseja matar a vítima mediante ato de magia ou bruxaria. Na segunda parte do artigo 17, encontra-se a segunda hipótese de ocorrência do crime impossível: o objeto material sobre o qual deveria incidir o comportamento não existe ou, pela sua situação ou condição, torna-se absolutamente impossível a produção do resultado visado, por circunstâncias desconhecidas pelo agente. Assim, há integral impropriedade do objeto quando o bem jurídico é inexistente. Ocorre, por exemplo, quando a mulher erroneamente acredita estar grávida e,  desejando se livrar do feto, faz uso de práticas abortivas. Outro exemplo bastante utilizado na doutrina é o caso do sujeito que, desejando matar  a vítima, efetua disparos em direção a um cadáver. Fica claro, neste caso, que o bem urídico protegido, a vida, já não existe. 

Agora, pergunto, Futuro Aprovado: Imaginemos que Tício tenta furtar Mévio, mas ao colocar a mão no bolso direto, não consegue pegar o objeto, pois este estava no esquerdo. Neste caso, como Tício tentou pegar o celular em um bolso que nada tinha, é caso de crime impossível? A resposta é negativa, pois o objeto material existia e, nesta situação, estamos diante de uma impropriedade RELATIVA do objeto. Como o Código Penal exige impropriedade ABSOLUTA, não será caso de crime impossível, mas tentado. 

E no caso do roubo, se o indivíduo não possui nenhum bem? É crime impossível? Para a PROVA, deve-se seguir o entendimento do STJ: 

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STJ - REsp 897.373/SP – 03/04/2007 RECURSO ESPECIAL. PENAL. ROUBO. CRIME COMPLEXO. AUSÊNCIA DE BENS. TENTATIVA. INEXISTÊNCIA DE CRIME IMPOSSÍVEL. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL COMPROVADA. 1. A divergência jurisprudencial restou devidamente comprovada. 2. Tratando-se o crime de roubo, tem-se por iniciada a execução tão-logo praticada a violência ou grave ameaça à vítima. O fato de inexistir bens materiais em poder da vítima, não desnatura a ocorrência do crime em sua modalidade tentada. 

Para finalizar, um último caso prático. Imaginemos que Tício entra em um supermercado repleto de câmeras e seguranças. Mesmo assim, resolve colocar um produto no bolso a fim de não ser cobrado por ele. Devido ao monitoramento, é descoberto e levado à polícia. Neste caso, devido ao monitoramento, é caso de crime impossível? A resposta é negativa e novamente o STJ já se pronunciou sobre o caso: 

STJ - REsp 911.756/RS – 17/04/2008 1. Cinge-se a controvérsia à configuração ou não de crime impossível na hipótese em que o agente, ao tentar sair do estabelecimento comercial com produtos pertencentes a este, é detido por seguranças, em decorrência da suspeita de funcionários da empresa. 

2. No caso dos autos, o fato de o agente ter sido vigiado pelo segurança do estabelecimento não ilide, de forma absolutamente eficaz, a consumação

 do delito de furto, pois existiu o risco, ainda que mínimo, de que o agente lograsse êxito na consumação do furto e causasse prejuízo à vítima, restando frustrado seu intento por circunstâncias alheias à sua vontade. 

3. Desta maneira, não se pode reconhecer, nesta situação, a configuração de crime impossível pela absoluta ineficácia do meio empregado, mas sim a tentativa de furto. O crime impossível somente se caracteriza quando o agente, após a prática do fato, jamais poderia consumar o crime pela ineficácia absoluta do meio empregado ou pela absoluta impropriedade do objeto material, nos termos do art. 17 do Código Penal. 

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4.4 ILICITUDE 

4.4.1 CONCEITO licitude é a relação de antagonismo que se estabelece entre a conduta humana voluntária e o ordenamento jurídico, de modo a causar lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico tutelado. Entretanto, nem toda conduta que se enquadra perfeitamente no ordenamento jurídico penal deve ser punida. Imagine, por exemplo, que Tício chega em casa e percebe que há um bandido com uma arma, prestes a assassinar sua esposa. Diante de tal fato, pega sua arma e mata o invasor. Nesta situação, podemos dizer que Tício deve ser punido? Claro que não, pois a conduta dele é aceitável. O que ele deveria fazer? Deixar a esposa morrer? negativa.  A resposta, obviamente, é Sendo assim, existem determinadas situações que excluem a ilicitude da conduta, e a elas, IMPORTANTÍSSIMAS PARA SUA PROVA, dá-se o nome de CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE. Vamos estudá-las!!! 4.4.2 CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE A grande parte das causas excludentes de ilicitude estão presentes no Código Penal. Estas causas recebem a denominação de LEGAIS e dividem-se em genéricas e específicas. As causas genéricas são aquelas presentes no artigo 23 do CP, as quais iremos estudar uma a uma. São elas: 

• • • • 

ESTADO DE NECESSIDADE; LEGÍTIMA DEFESA; ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL; EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO. 

As chamadas causas específicas, que não são relevantes para sua PROVA, são aquelas que estão previstas na parte especial do Código Penal e são referentes a delitos específicos, como no caso do artigo 142 que versa sobre a injúria e a difamação. Observe: 

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Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por  seu procurador; II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. 

Além das causas legais, a doutrina e a jurisprudência vêm admitindo causas de exclusão da ilicitude que não encontram previsão direta em lei, conhecidas como supralegais. Na verdade, aqui não se trata de uma atuação extralegal, mas de uma extensão das normas, pois, nas lições de Mezger, “Nenhuma lei esgota a totalidade do direito”. Para os que admitem as causas supralegais, a que é aceita por todos e importa para sua PROVA diz respeito ao consentimento do ofendido. Sendo assim, um indivíduo que faz uma tatuagem em outro não comete lesão corporal, pois está amparado no consentimento do ofendido como causa supralegal de exclusão da ilicitude. Do exposto, podemos resumir:

 • ESTADO DE 

NECESSIDADE GENÉRICAS  • LEGÍTIMA DEFESA 

• ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL 

LEGAIS • EXERCÍCIO REGULAR DO 

DIREITO 

ESPECÍFICAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE 

PREVISTAS NA PARTEESPECIAL DO CÓDIGO PENAL.EXEMPLOS: Art. 128 / Art. 142/ Art. 146, parágrafo 3º.

SUPRALEGAIS  CONSENTIMENTO DO OFENDIDO

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4.4.3 ESTADO DE NECESSIDADE Estado de necessidade é o sacrifício de um interesse juridicamente protegido para salvar de perigo atual e inevitável o direito do próprio agente ou de terceiros. É causa de exclusão de ilicitude, desde que outra conduta, nas circunstâncias reais, não fosse razoável exigir. Um exemplo amplamente tratado na doutrina é o dos dois náufragos que avistam uma tábua de madeira capaz de suportar o peso só de um indivíduo. Durante a “briga” pela madeira, A deixa B morrer afogado a fim de se salvar. Neste caso, podemos dizer que A agiu em estado de necessidade. Perceba que no estado de necessidade não há, como vemos, uma agressão a um direito, mas um choque, em que alguém, na defesa de direito próprio ou alheio, se vê na contingência de praticar fato considerado criminoso, a fim de salvá-lo de perigo atual e iminente que não provocou por sua vontade, não sendo justo exigir-se o sacrifício desse direito. Encontra-se disposto no artigo 24 do Código Penal, nos seguintes termos: 

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de  enfrentar o perigo. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. 

4.4.3.1 REQUISITOS 

A análise do artigo supracitado revela a existência de dois momentos distintos QUE DEVEM SER SOMADOS para a correta verificação da ocorrência do estado de necessidade. São eles: 

1. Situação de Necessidade • • • 

PERIGO ATUAL; PERIGO NÃO PROVOCADO VOLUNTARIAMENTE; AMEAÇA A DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO; 

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Que depende de: 

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PROFESSOR PEDRO IVO •  AUSÊNCIA DE DEVER LEGAL DE ACEITAR O PERIGO. 

A conduta típica em face do perigo tem como 2. Fato necessitado requisitos: 

• INEVITABILIDADE DO PERIGO POR OUTRO MODO; • PROPORCIONALIDADE. 

4.4.3.2 SITUAÇÃO DE NECESSIDADE • 

Existência de perigo atualPerigo é a exposição do bem jurídico a uma situação de probabilidade de dano. Sua origem pode vir de um fato da natureza, de seres irracionais (como um cachorro) ou mesmo da atividade humana. Atual é o que está acontecendo, é o perigo concreto, imediato, não se admitindo o uso de tal excludente quando trata-se de perigo remoto, ou seja, de perigo passado. 

•  Proteção de direito próprio ou alheioÉ necessário que o bem a ser  salvo esteja protegido pelo ordenamento jurídico, pois, do contrário, não poderá alegar estado de necessidade. Exemplo: Um preso não pode matar  o carcereiro sob o pretexto de exercício do seu direito de liberdade. 

Perigo não provocado voluntariamenteA pessoa que deu origem ao perigo não pode invocar a excludente para sua própria proteção, pois seria injusto e despropositado. É o caso, por exemplo, do indivíduo que põe fogo em uma lancha por imprudência e depois mata o outro viajante afogado a fim de ficar com a única bóia existente. 

Inexistência do dever legal de enfrentar o perigoDeve inexistir o dever legal de enfrentar o perigo, pois caso a lei o determine, este deve tentar salvar o bem ameaçado sem destruir qualquer outro, mesmo que para isso tenha que correr os riscos inerentes à sua função. Exemplificativamente, não pode um bombeiro, para salvar um morador de uma casa em chamas, destruir a residência vizinha, quando possível fazê-lo de forma menos lesiva, ainda que mais arriscada à sua pessoa. 

4.4.3.3 FATO NECESSITADO 

• 

• 

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NÃO ME MATE!!! PULE A 

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PROFESSOR PEDRO IVO •  Inevitabilidade do perigoSomente se admite o sacrifício do bem 

quando o perigo for inevitável, bem como seja necessário a lesão a bem urídico de outrem para escapar da situação perigosa. Exemplo: Se para fugir do ataque de um boi bravio de R$500.000,00 o agende puder  facilmente pular uma cerca, não está autorizado a matar o animal. Proporcionalidade do sacrifícioExige que o agente aja de acordo com  a razoabilidade do sacrifício, ou seja, deve-se buscar sacrificar um bem de menor importância para salvar um bem de maior ou igual valor. Exemplo: Entre uma vida e o patrimônio, sacrifica-se o patrimônio. Mas e se o indivíduo, visando proteger bem próprio ou de terceiro, sacrifica outro bem jurídico de maior valor? Neste caso, não há exclusão do crime. É mantida a tipicidade, mas é possível a diminuição de pena nos termos do parágrafo 2º do artigo 23 : 

§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. 

Observe que no supra dispositivo não há OBRIGATORIEDADE da diminuição de pena, mas simplesmente a POSSIBILIDADE do magistrado, avaliando o caso, aplicar tal redução. 

CERCA! 

• 

4.4.4 LEGÍTIMA DEFESA A legítima defesa é a segunda causa de exclusão da antijuridicidade prevista pelo artigo 23 do Código Penal, e está regulada no artigo 25 do mesmo ordenamento: 

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 

Segundo NUCCI, “é a defesa necessária empreendida contra agressão injusta, atual ou iminente, contra direito próprio ou de terceiro, usando, para tanto, moderadamente, os meios necessários.” E continua: “Valendo-se da legítima defesa, o indivíduo consegue repelir as agressões a direito seu ou de outrem, substituindo a atuação da sociedade ou do Estado, que não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, através dos seus agentes. A ordem urídica precisa ser mantida, cabendo ao particular assegurá-la de modo eficiente e dinâmico”. 

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PROFESSOR PEDRO IVO A análise do artigo 25 revela que a CUMULATIVAMENTE, aos seguintes requisitos: 

• • • • • 

AGRESSÃO INJUSTA; AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE; 

legítima  defesa  deve  atender, 

DEFESA DE DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO; REAÇÃO COM OS MEIOS NECESSÁRIOS; USO MODERADO DOS MEIOS NECESSÁRIOS. 

Resumindo: 

INJUSTA AGRESSÃO 

REQUISITOS DA LEGÍTIMA 

DEFESA EMPREGO DOS MEIOS 

REAÇÃO  NECESSÁRIOS USO MODERADO DOS 

MEIOS 

ATUAL OU IMINENTE CONTRA DIREITO 

PRÓPRIO OU ALHEIO 

4.4.4.1 AGRESSÃO INJUSTA Agressão é o comportamento humano capaz de gerar lesão ou provocar um perigo concreto dano. Trata-se de atividade exclusiva do ser humano, não podendo ser  efetuada por um animal, por exemplo. Sendo assim, se um indivíduo é atacado por um animal e o mata, regra geral, pode ser caracterizado o estado de necessidade, mas não a legítima defesa. Dito isto, pergunto: Imagine que Tício faz um treinamento intensivo para que seu cachorro aprenda a atacar os outros quando ordenado. Em determinado momento,  ao encontrar Mévio, ordena ao cão o ataque. Mévio, utilizando seu canivete, mata o cachorro. Neste caso, está caracterizado o estado de necessidade ou a legítima defesa? Para esta situação particular, temos a LEGÍTIMA DEFESA, pois Tício utiliza o cachorro como se fosse uma arma e obriga Mévio a repelir injusta agressão. 

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PROFESSOR PEDRO IVO 4.4.4.2 AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE A agressão humana injusta e real deve ser marcada pela atualidade ou pela iminência. Significa que a mesma deverá estar ocorrendo ou prestes a acontecer, e nunca quando já terminada. Aqui encontramos uma diferença com relação ao dispositivo que trata do estado de necessidade. Neste, temos a obrigatoriedade do perigo ATUAL, enquanto na legítima defesa pode ser ATUAL ou iminente. 

4.4.4.3 AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE 

A ação de defesa promovida em face da agressão, deve ser praticada com vontade 

de defesa. Isto indica a intenção do agredido de se defender ou de defender um bem jurídico de terceiro. Agora me responda: A vida é um bem jurídico? Claro que sim... Sendo assim, imagine que Tício, médico, percebe que Mévio vai injetar uma quantidade tão grande de drogas que facilmente o levaria a morte. Visto isso, tentando impedir a situação, bate em Mévio a fim de que este desmaie e deixe de ingerir a substância. Neste caso, está configurada a LEGÍTIMA DEFESA? A resposta é POSITIVA, pois Tício está defendendo um bem jurídico de terceiro (A VIDA) que no momento sofre agressão. 

4.4.4.4 REAÇÃO COM OS MEIOS NECESSÁRIOS Meios necessários são todos aqueles suficientes à repulsa da agressão injusta que está ocorrendo ou prestes a ocorrer. Ensina a doutrina majoritária que os meios necessários, além de suficientes, devem estar disponibilizados no momento da agressão, existindo, em todo caso, a observância da proporcionalidade entre o bem jurídico a que se visa resguardar e a repulsa contra o agressor. Se um indivíduo joga uma pedra e como resposta obtêm um tiro de bazuca na  testa, obviamente que não há proporcionalidade. Corroborando tal posicionamento, vem a calhar a opinião sempre abalizada do  professor Heleno Cláudio Fragoso: “Empregar moderadamente os meios necessários significa usar os meios disponíveis, na medida em que são necessários para repelir a agressão. Deverão aqui considerar-se as circunstâncias em que a agressão se fez, tendo-se em vista a sua gravidade e os meios de que o agente podia dispor.” É importante ressaltar que o meio necessário, desde que seja o único disponível ao agente para repelir a agressão, pode ser desproporcional em relação a ela, se

 empregado MODERADAMENTE. É o caso, por exemplo, do indivíduo que, ao ser  

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PROFESSOR PEDRO IVO atacado com uma barra de ferro, utiliza uma arma de fogo, meio de defesa que estava ao seu alcance. 

4.4.4.5 USO MODERADO DOS MEIOS NECESSÁRIOS Além do emprego do meio adequado, é imprescindível que se faça o uso com moderação, a fim de não se incorrer no chamado excesso de legítima defesa. 

4.4.4.6 LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA (IMAGINÁRIA) É aquela em que, devido a um erro, o agente acredita existir injusta agressão, atual ou iminente a direito seu ou de outrem. É o exemplo mais do que já tratado em que Mévio coloca a mão no bolso para  pegar um lenço e Tício, achando que ele vai retirar uma arma, efetua disparos. Neste caso, NÃO OCORRE A EXCLUSÃO DA ILICITUDE. 

LEGÍTIMA DEFESA REAL X LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA 

ALEGÍTIMADEFESAPUTATIVA,TECNICAMENTE,NÃO  CARACTERIZA LEGÍTIMA DEFESA, ISTO É, CAUSA DE EXCLUSÃO DA ANTIJURIDICIDADE. NA VERDADE, A DENOMINADA LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA CARACTERIZA ERRO DE TIPO, OU SEJA, O AGENTE TEM UMA FALSA PERCEPÇÃO DA REALIDADE QUE FAZ COM QUE O MESMO PENSE QUE ESTÁ AGINDO EM UMA SITUAÇÃO DE LEGÍTIMA DEFESA, QUANDO, DE FATO, NÃO ESTÁ SOFRENDO AGRESSÃO ALGUMA. A LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA EXCLUIRÁ O DOLO, ISTO É, O FATO TÍPICO, MAS NÃO A ANTIJURIDICIDADE DA CONDUTA.  

4.4.5 ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL Diferentemente do que fez com o "estado de necessidade" e com a "legítima defesa", o Código Penal não definiu o conceito de "estrito cumprimento de dever legal", limitando-se a dizer que: 

Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato: www.pontodosconcursos.com.br   23 

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PROFESSOR PEDRO IVO [...] III – em estrito cumprimento de dever legal... 

Sua conceituação, porém, é dada pela doutrina, como, por exemplo, Fernando Capez, que assim define o estrito cumprimento do dever legal: "É a causa de exclusão da ilicitude que consiste na realização de um fato típico, por força do desempenho de uma obrigação imposta por lei, nos exatos limites dessa obrigação". Em outras palavras, a lei não pode punir quem cumpre um dever que ela impõe.  Dentro desse conceito, importante atentar para duas expressões: "dever legal" e "cumprimento estrito". O que vem a ser "dever legal"? Como a própria expressão sugere, é uma obrigação imposta por lei, significando que o agente, ao atuar tipicamente, não faz nada mais do que cumprir uma obrigação. Mas para que esta conduta, embora típica, seja lícita, é necessário que esse dever  derive, direta ou indiretamente, de "lei". O que significa, por sua vez, o "cumprimento estrito"? Quando a lei impõe determinada obrigação, existem limites, parâmetros, para que tal obrigação seja cumprida, isto é, a lei só obriga ou impõe dever até certo ponto e o agente obrigado só dever proceder até esse exato limite imposto pela lei. Dessa forma, exige-se que o agente tenha atuado dentro dos rígidos limites do que obriga a lei ou determina a ordem que procura executar o comando legal. Fora desses limites, desaparece a excludente, surgindo, então, o abuso ou excesso. Exemplo clássico de estrito cumprimento de dever legal é o do policial que priva o fugitivo de sua liberdade ao prendê-lo em flagrante. Nesse caso, o policial não comete crime de constrangimento ilegal ou abuso de autoridade, por exemplo, pois que ao  presenciar uma situação de flagrante delito, a lei obriga que o policial efetue a prisão do respectivo autor, preenchido, portanto, o requisito do dever legal. Por outro lado, é necessário também que o policial se limite a cumprir exatamente o que a lei lhe impõe, isto é, que o cumprimento desse dever cinja-se estritamente ao imposto por tal lei. Assim, basta que o policial prenda o agente flagrado, privando sua liberdade. Haveria

 abuso ou excesso se o policial, depois de contido o sujeito, continuasse desnecessariamente a fazer uso da força ou de ofensas físicas contra aquele. Outro exemplo tradicional é o do oficial de justiça que retira da casa de alguém objetos de sua propriedade em cumprimento de mandado de penhora contra aquela pessoa. Ora, por um lado, há o dever legal de assim agir, pois que o mandado judicial entregue ao oficial de justiça impõe-lhe o dever de cumpri-lo, não havendo, portanto, crime de roubo, embora a conduta seja típica. Da mesma forma, necessário que o oficial de justiça permaneça nos limites rígidos do que lhe impôs o mandado. Assim, haveria o excesso por parte do servidor se, por exemplo, além da penhora e seqüestro de um quadro valioso, de propriedade do executado, aquele resolvesse penhorar e seqüestrar também outro bem do executado não relacionado no "mandado 

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PROFESSOR PEDRO IVO udicial", apenas por imaginar que futuramente teria que voltar àquela residência para fazer "reforço de penhora". 

4.4.5.1 ELEMENTO SUBJETIVO Assim como as demais excludentes de ilicitude, o estrito cumprimento do dever  legal exige que o agente tenha consciência de que age sob essa causa de ustificação. Em outra palavras, é preciso que o agente que praticou a conduta típica tenha atuado querendo praticá-la, mas com a consciência de que cumpria um dever  imposto pela lei. Dessa forma, se, por exemplo, o delegado de polícia, querendo vingar-se de seu desafeto, prende-o sem qualquer justificativa, amedrontando-o pelo fato de "ser  delegado" e descobre, posteriormente, que já existia mandado de prisão preventiva contra aquele cidadão, cabendo a ele, delegado, cumpri-lo, nem por isso sua conduta deixa de ser criminosa, porque atuou sem a consciência e sem a intenção de cumprir o seu dever. É pela necessidade desses elementos subjetivos que não é possível a ocorrência do estrito cumprimento de dever legal na prática de condutas típicas culposas, mas apenas em condutas dolosas. Aliás, todas as excludentes de ilicitude só podem ser  verificadas em crimes dolosos. 

4.4.5 EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO Trataremos agora da última excludente de ilicitude, presente no final do artigo 23 do CP nos seguintes termos: 

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: [...] 

III – [...] no exercício regular de direito. 

O exercício regular de direito pressupõe uma faculdade de agir atribuída, regra geral, pelo ordenamento jurídico a alguma pessoa, pelo que a prática de uma ação típica não configuraria um ilícito. Mirabete cita como exemplos de exercício regular de direito: • A correção dos filhos por seus pais; • Prisão em flagrante por particular; • No expulsar, quando da invasão da propriedade.

 

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PROFESSOR PEDRO IVO Em qualquer caso, não se pode ultrapassar os limites que a ordem jurídica impõe ao exercício do direito. Caso os pais, a pretexto de corrigir os filhos, incorram em maus- tratos, responderão pelo crime. 

4.4.5.1 OFENDÍCULOS Ofendículos são aparatos defensivos da propriedade (cacos de vidro no muro, cercas de arame farpado, maçanetas eletrificadas etc.). Embora sejam considerados, por parte da doutrina, como legítima defesa, são, na verdade, exercício regular de um direito, pois faltaria o elemento subjetivo da defesa à agressão. 

Também se consideram exercício regular de direito as lesões ocorridas na prática de esportes violentos, desde que toleráveis e dentro das regras do esporte. 

4.4.6 ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL X EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO 

Sabemos que tanto o estrito cumprimento de dever legal quanto o exercício regular do direito são causas excludentes de ilicitude. Todavia, estes dois importantes institutos do Direito Penal possuem diferenças claras. São elas: DIFERENCIAÇÕES  ESTRITO CUMPRIMENTO DO 

DEVER LEGAL  EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO 

FACULTATIVAO AGENTE ESTÁ AUTORIZA- DO A AGIR PELO ORDE- NAMENTO JURÍDICO, MAS A ELE PERTENCE A OPÇÃO DE EXERCER O DIREITO ASSEGURADO. O DIREITO CUJO EXER- CÍCIO SE AUTORIZA PODE ADVIR DA LEI, DE REGU- LAMENTOS E, PARA PARTE DA DOUTRINA, ATÉ MES- MO DOS COSTUMES. 

NATUREZA  COMPULSÓRIAO AGENTE ESTÁ OBRIGADO A CUMPRIR O MANDAMENTO LEGAL 

ORIGEM  O DEVER DE AGIR TEM ORIGEM EXCLUSIVAMENTE NA LEI 

4.4.7 LEGÍTIMA DEFESA X ESTADO DE NECESSIDADE 

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PROFESSOR PEDRO IVO Dentre as várias questões que aparecem em PROVA exigindo o conhecimento das causas excludentes de ilicitude, sem dúvida, uma que disputa a preferência dos examinadores é a que tenta confundir os candidatos com os conceitos de legítima defesa e estado de necessidade. Para que você não erre em prova, vou apresentar essas diferenças neste tópico a fim de que você não se confunda. Vamos começar: 

A) NO ESTADO DE NECESSIDADE, HÁ UM CONFLITO ENTRE DOIS BENS JURÍDICOS EXPOSTOS A PERIGO; NA LEGÍTIMA DEFESA, UMA REPULSA A ATAQUE; 

B) NO ESTADO DE NECESSIDADE, O BEM JURÍDICO É EXPOSTO A PERIGO; NA LEGÍTIMA DEFESA, O DIREITO SOFRE UMA AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE; 

C) NO ESTADO DE NECESSIDADE, O PERIGO PODE OU NÃO ADVIR DA CONDUTA HUMANA; NA LEGÍTIMA DEFESA, A AGRESSÃO SÓ PODE SER PRATICADA POR PESSOA HUMANA; 

D) NO ESTADO DE NECESSIDADE, A CONDUTA PODE SER DIRIGIDA CONTRA TERCEIRO INOCENTE; NA LEGÍTIMA DEFESA, SOMENTE CONTRA O AGRESSOR; 

E) NO ESTADO DE NECESSIDADE, A AGRESSÃO NÃO PRECISA SER INJUSTA; NA LEGÍTIMA DEFESA, POR OUTRO LADO, SÓ EXISTE SE HOUVER INJUSTA AGRESSÃO (EXEMPLO: DOIS NÁUFRAGOS DISPUTANDO A TÁBUA DE SALVAÇÃO. UM AGRIDE O OUTRO PARA FICAR COM ELA, MAS NENHUMA AGRESSÃO É INJUSTA). 

4.5 EXCESSO 

Há determinadas situações nas quais o agente, baseado em uma excludente de ilicitude, age com excesso, ou seja, ultrapassa as barreiras do aceitável. Sendo assim, o Código Penal, depois de apresentar as excludentes de ilicitude, dispõe, no parágrafo único do artigo 23, que: 

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PROFESSOR PEDRO IVO 

Art.23 [...] Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. 

A expressão “em qualquer das hipóteses deste artigo” indica a penalização do excesso, doloso ou culposo, em todas as causas legais genéricas de exclusão de ilicitude. Podemos exemplificar: 

•  EXCESSO NO ESTADO DE NECESSIDADEO indivíduo, tentando fugir do ataque de um cão feroz, quebra o vidro de um carro, quando podia resguardar-se

 em uma casa que tinha à sua disposição. O excesso no estado de necessidade recai na expressão “nem podia de outro modo evitar”, presente no artigo 24 do CP. 

•  EXCESSO NA LEGÍTIMA DEFESAMévio, começa a jogar pedras em Tício. Este por sua vez, pega a arma e efetua 14 disparos sendo 5 na cabeça. O excesso na legítima defesa ocorre quando o agente utiliza meios desnecessários ou emprega os meios sem moderação. 

•  EXCESSO NO ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGALTício, policial, usa a força para prender Mévio e continua agredindo o agente depois de preso. O excesso no estrito cumprimento do dever legal resulta da não observância, pelo agente, dos limites definidos pela lei. 

•  EXCESSO NO EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITOTício, visando a boa educação de seu filho, Mévio, resolve, no exercício regular do direito de corrigir o comportamento da criança, utilizar uma barra de ferro a título de castigo físico. O excesso no exercício regular de direito decorre da utilização abusiva do direito consagrado pelo ordenamento jurídico. 

Do exposto até agora, podemos resumir: 

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PROFESSOR PEDRO IVO 

EXCESSO • NO ESTADO DE NECESSIDADE, RECAI NA EXPRESSÃO “NEM 

PODIA DE OUTRO MODO EVITAR”. • NA LEGÍTIMA DEFESA, OCORRE QUANDO O AGENTE UTILIZA 

MEIOS DESNECESSÁRIOS OU EMPREGA OS MEIOS SEM MODERAÇÃO. 

• NO ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL, RESULTA DA NÃO OBSERVÂNCIA, PELO AGENTE, DOS LIMITES DEFINIDOS PELA LEI. 

• NO EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO, DECORRE DO EXERCÍCIO ABUSIVO DO DIREITO CONSAGRADO PELO ORDENAMENTO JURÍDICO. 

4.5.1 ESPÉCIES DE EXCESSO •  DOLOSO OU CONSCIENTEÉ o excesso voluntário. O agente dolosamente 

extrapola os limites legais. É o caso, por exemplo, de um indivíduo que desarma um bandido e, posteriormente, com o ladrão já imobilizado, dispara dois tiros em sua cabeça. 

CULPOSO OU INCONSCIENTEÉ o excesso que deriva de culpa (negligência, imperícia ou imprudência) em relação à moderação e, para alguns doutrinadores, também quanto à escolha dos meios necessários. O agente, assim, responde por  crime culposo. Exemplo: Tício, visando defender-se de tapas efetuados por uma mulher, empurra Mévia que tropeça, cai e bate com a cabeça, vindo a falecer. 

• 

Observe o que o STF dispõe sobre o tema: "Depois da Reforma Penal em 1984, segundo o parágrafo único do art. 23 do CP, o agente responderá pelo excesso doloso ou culposo em qualquer das causas de exclusão de ilicitude. Desde então, tornou-se obrigatório o questionamento do excesso doloso ou culposo, sempre que o Conselho de Sentença negar, na excludente da legítima defesa, o uso dos meios necessários ou a moderação no emprego dos meios. 

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PROFESSOR PEDRO IVO Pela ordem de precedência, questiona-se em primeiro lugar o excesso doloso, porquanto o Júri, até ali, negou a legítima defesa, prevalecendo ainda a prática do fato criminoso a título de dolo, pois ação é única. Respondido afirmativamente, estará o réu condenado por crime doloso. Negado, questiona-se o excesso culposo. Negado ambos, o réu estará absolvido, pois o Júri reconheceu o excesso casual. Se o Juiz Presidente deixa de questionar o excesso doloso, indagando apenas o excesso culposo, ocorrerá nulidade por deficiência dos quesitos, independentemente de protesto no momento próprio, pois se trata de quesito obrigatório. Tem incidência a Súmula 156 do STF" (nº 697023711, Rel. Des. Danúbio Edon Franco. j. 25.6.97, DJ 8.8.97, p. 31).

*************************************************************************************************** Companheiros de estudo, Finalizamos aqui a “PARTE GERAL” do edital, ou seja, os itens referentes ao início do Código Penal. A partir da próxima aula começaremos a tratar de temas específicos, iniciando com os CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. PARABÉNS por mais esta etapa completada. Sem dúvida, os ensinamentos aqui aprendidos farão diferença na hora da tão esperada PROVA e naquela escada apresentada na aula zero, você acaba de subir mais um degrau!!! 

Agora, pratique bastante com os exercícios e não deixe de reler os pontos que ainda não foram assimilados. 

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PROFESSOR PEDRO IVO Abraços e bons estudos, Pedro Ivo 

"Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo." (José Saramago) 

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PROFESSOR PEDRO IVO PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA 

DO CRIME 

Art. 14 - Diz-se o crime: Tentativa II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à 

vontade do agente. Pena de tentativa Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena 

correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Desistência voluntária e arrependimento eficaz 

Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. Arrependimento posterior  

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. Crime impossível Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta 

impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. Exclusão de ilicitude Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Excesso punível Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo 

excesso doloso ou culposo. www.pontodosconcursos.com.br   32 

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PROFESSOR PEDRO IVO Estado de necessidade 

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o  

perigo. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser  

reduzida de um a dois terços. Legítima defesa 

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios 

necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 

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PROFESSOR PEDRO IVO EXERCÍCIOS 

1. (MPE – SE / 2009) Considere: I. Tício resolveu matar seu desafeto. Elaborou um plano de ação, apanhou uma faca e o atacou, desferindo- lhe golpes. Este, no entanto, conseguiu desviar-se e, utilizando técnicas de defesa pessoal, dominou e desarmou o agressor. II. Caio resolveu matar seu desafeto. Adquiriu uma arma e efetuou diversos disparos em sua direção, errando o alvo e acabou sendo preso por policiais que acorreram ao local. 

Nas situações indicadas, deve ser reconhecida a ocorrência de: A) fatos penalmente irrelevantes. B) crime tentado e crime consumado, respectivamente. C) crimes consumados. D) crimes tentados. E) crime consumado e crime tentado, respectivamente. 

GABARITO: D COMENTÁRIOS: Nas duas situações o agente não atinge o seu objetivo por fatores ALHEIOS À SUA VONTADE. Desta forma, fica caracterizado o crime tentado, conforme o artigo 14, II, do Código Penal. 

Art. 14 - Diz-se o crime: [...] II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por  circunstâncias alheias à vontade do agente. 

2. (MPE – SE / 2009) Pedro efetuou disparo de arma de fogo contra Paulo. Em  seguida, arrependido, o levou até um hospital, onde, apesar de atendido e medicado, veio a falecer. Nesse caso, houve: 

A) arrependimento posterior. www.pontodosconcursos.com.br   34 

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PROFESSOR PEDRO IVO B) desistência voluntária. C) arrependimento eficaz. D) crime tentado. E) crime consumado. 

GABARITO: E COMENTÁRIOS: Esta é uma questão típica de prova e ainda vejo muitos concurseiros errando. Como vimos em nossa aula, o arrependimento eficaz só é válido quando o indivíduo consegue EFICAZMENTE impedir o resultado. No caso em tela, o resultado naturalístico acontece, logo, não há que se falar em qualquer outro crime que não o consumado.

 

Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos á praticados. 

3. (MPE – SE / 2009) No estado de necessidade, 

A) o agente pode responder pelo excesso doloso, mas não pelo culposo. B) a situação de perigo não pode ter sido provocada por vontade do agente. C) a reação contra agressão humana deve ser atual. D) a ameaça só pode ser a direito próprio. E) há extinção da punibilidade. 

GABARITO: B COMENTÁRIOS: O estado de necessidade encontra-se disposto no artigo 24 do Código  Penal, nos seguintes termos: 

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 

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PROFESSOR PEDRO IVO § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal  de enfrentar o perigo. 

Do supra artigo retiramos que para caracterizar o estado de necessidade devemos ter: 

• • • • 

PERIGO ATUAL; PERIGO NÃO PROVOCADO VOLUNTARIAMENTE; AMEAÇA A DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO; AUSÊNCIA DE DEVER LEGAL DE ACEITAR O PERIGO. 

• INEVITABILIDADE DO PERIGO POR OUTRO MODO; • PROPORCIONALIDADE. 

Analisando as alternativas, verifica-se que a que se enquadra dentro dos requisitos é a alternativa “B”, deixando claro que não há caracterização do estado de necessidade quando o agente cria a situação de perigo. É importante lembrar que o estado de necessidade extingue a ILICITUDE, pode ser  alegado para direito próprio ou de terceiro e a AGRESSÃO deve ser atual. 

4. (PC – PB / 2009) Um indivíduo, portador do vírus da AIDS, manteve regularmente relações sexuais com sua namorada, com a intenção de matá-la por meio do contágio da doença. A namorada não tinha conhecimento do estado patológico de  seu parceiro. Dias após, foi constatado, por meio de exames médicos e laboratoriais, que houve efetivamente a transmissão do vírus, apesar de os efeitos da doença ainda não terem se manifestado, não impedindo, portanto, o desempenho das atividades cotidianas da pessoa infectada. Nessa situação hipotética, o indivíduo portador do vírus: 

A) não cometeu ilícito penal, uma vez que se trata de crime impossível. B) cometeu tentativa de homicídio. C) cometeu o crime de perigo para a vida ou saúde de outrem. D) cometeu o crime de perigo de contágio venéreo. E) cometeu o crime de perigo de contágio de moléstia grave. 

GABARITO: B www.pontodosconcursos.com.br   36 

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PROFESSOR PEDRO IVO COMENTÁRIOS: Esta situação não é muito comum em provas, mas, como abrange uma parte importante da matéria, resolvi colocá-la. Qual era a VONTADE do agente? MATAR A NAMORADA. Ele conseguiu? Não, por fatores alheios à sua vontade (não importa quais são esses fatores). Logo, responde por: TENTATIVA DE HOMICÍDIO!!! Este deve ser o raciocínio utilizado em sua prova. 

5. (MPE – PE / 2006) Inclui-se dentre as causas excludentes da antijuridicidade: A) o erro inevitável sobre a ilicitude do fato. B) o exercício regular de um direito. C) a obediência à ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico. D) a embriaguez fortuita completa. E) a coação irresistível. 

GABARITO: B COMENTÁRIOS: Essa é fácil! As causas legais excludentes de ilictude são: 

• • • • 

ESTADO DE NECESSIDADE; LEGÍTIMA DEFESA; ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL; EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO. 

Logo, a única resposta correta é a alternativa “B”. 

6. (EXAME DE ORDEM – OAB 2008.1 - Adaptada) Com relação às causas  excludentes de ilicitude (ou antijuridicidade), assinale a opção correta. 

A) Agem em estrito cumprimento do dever legal policiais que, ao terem de prender  indiciado de má fama, atiram contra ele para dominá-lo. 

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PROFESSOR PEDRO IVO B) O exercício regular do direito é compatível com o homicídio praticado pelo militar que, em guerra externa ou interna, mata o inimigo. C) Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar-se de perigo atual ou futuro que não provocou por sua vontade ou era escusável. D) A legítima defesa putativa é causa de exclusão da ilicitude E) N. R. A 

GABARITO: E COMENTÁRIOS: Alternativa “A”Está errada, porque não existe dever legal de matar ou para matar. A Lei não poderia determinar a destruição da vida de uma pessoa. Conforme a orientação da doutrina penal pátria, havendo a agressão de determinada pessoa contra um policial,  poderá este reagir em legítima defesa. Não é o caso de estrito cumprimento do dever  legal, mas sim de situação de legítima defesa. Afora isso, outro argumento considerado para descaracterizar o dever legal na ação é o excesso da mesma, justamente porque não é necessário, nem aceitável, atirar num indiciado com o intuito de dominá-lo. 

Alternativa “B”O homicídio praticado pelo militar em guerra externa ou interna caracteriza situação de estrito cumprimento do dever legal, e não de exercício regular de direito. Excepcionalmente (caso de guerra) se aceita, no Direito Penal, a ação de matar  como estrito cumprimento do dever legal. Alternativa “C” não o futuro. Alternativa “D” Alternativa “E” 

Está errada, porque o estado de necessidade enseja o perigo atual, e A legitima defesa putativa não é causa excludente de ilicitude. É a resposta correta, pois todas as alternativas estão erradas. 

7. (AGU / 99) A, imputável, jamaicano, sem assimilar a cultura brasileira, agindo como se estivesse em seu país, pratica conduta definida como crime, no Brasil. Na Jamaica, tal conduta é lícita. O fato configura erro de: 

A) Tipo B) Fato C) Proibição D) Crime impossível E) Crime consumado 

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GABARITO: C COMENTÁRIOS: Essa questão abrange a matéria apresentada na aula 02 e apresenta nas alternativas conceitos introduzidos na aula 03. No exemplo apresentado, fica caracterizado o erro sobre a ilicitude do fato, logo, estamos tratando de erro de proibição. 

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 

8. (AGU / 99) "A", imputável, inicia atos de execução de um crime; antes de ocorrer  o resultado, deixa de praticar os demais atos para atingir a consumação. A consumação não acontece. A hipótese configura: 

A) tentativa B) arrependimento posterior  C) desistência voluntária D) arrependimento eficaz E) crime impossível 

GABARITO: C COMENTÁRIOS: O agente interrompe a execução por vontade própria antes do término da execução, logo, é caso de desistência voluntária. Para relembrar a relação entre a desistência voluntária, o arrependimento eficaz e o arrependimento posterior, observe o gráfico abaixo: 

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA 

ARREPENDIMENTO EFICAZ 

ARREPENDIMENTO POSTERIOR 

INÍCIO DA EXECUÇÃO

 FIM DA 

EXECUÇÃO 

CONSUMAÇÃO DO CRIME

 RECEBIMENTO DA DENÚNCIA

 OU QUEIXA 

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9. (BACEN / 2002) No que se refere ao arrependimento posterior pode-se afirmar  que: 

A) para que haja a redução da pena, exige-se a completa reparação do dano ou a  restituição da coisa, além da necessidade da voluntariedade do ato realizado pelo agente. B) se trata de causa facultativa de diminuição de pena. C) só é aplicável caso a reparação do dano ou a restituição da coisa ocorra após o recebimento da denúncia ou da queixa. D) a redução da pena neste caso atinge todos os crimes, inclusive aqueles cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa. E) a reparação feita por um dos acusados não aproveita aos demais. 

GABARITO: A COMENTÁRIOS: Alternativa “A”Traz os requisitos obrigatórios para a caracterização do arrependimento posterior, nos termos do artigo 16. Observe: 

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 

Alternativa “B” pena. Alternativa “C” ou queixa. 

O arrependimento posterior é causa OBRIGATÓRIA de redução de Não é após o recebimento, e sim antes do RECEBIMENTO da denúncia 

Alternativa “D”O artigo 16 deixa claro só ser cabível o arrependimento posterior aos delitos cometidos SEM violência ou grave ameaça. Alternativa “E”No arrependimento posterior, o importante é a reparação do dano. Sendo assim, se dois indivíduos cometeram o delito, a reparação feita por um deles pode ser aproveitada pelo outro. Este tema não é pacífico, havendo muita divergência doutrinária. 

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PROFESSOR PEDRO IVO 10. (Promotor – CE / 2001) A, imputável, inicia a execução de um crime; antes da consumação, por deliberação própria, deixa de prosseguir os atos delituosos. A hipótese caracteriza: 

A) arrependimento eficaz B) tentativa C) desistência voluntária D) consumação E) exaurimento 

GABARITO: C COMENTÁRIOS: Mais uma questão que exige o conhecimento do conceito de desistência voluntária. 

11. (Fiscal trabalho / 1998) Assinale a opção cujo instituto jurídico não seja comum ao crime e à contravenção penal. 

A) tentativa B) pena C) resultado D) consumação E) execução 

GABARITO: A COMENTÁRIOS: Como tratamos, uma das hipóteses de impossibilidade de tentativa são as contravenções penais. 

12. (MPU / 2004) Quanto ao arrependimento posterior, previsto no artigo 16 do Código Penal, pode-se afirmar que: 

A) não há limite temporal para a sua aplicação. 

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PROFESSOR PEDRO IVO B) a redução de pena é aplicável aos crimes cometidos com ou sem violência ou grave ameaça à pessoa. C) se trata de mera atenuante e não de causa obrigatória de diminuição de pena. D) a pena pode ser reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois terços). E) a reparação do dano exigida não precisa ser efetiva, bastando a simples intenção de fazê-la. 

GABARITO: D COMENTÁRIOS: Exige do candidato o simples conhecimento do texto presente no artigo 16 do Código Penal. Observe: 

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 

Como já vimos, o arrependimento posterior possui um limite temporal (antes do recebimento da denúncia ou queixa), só é cabível aos delitos praticados sem violência ou grave ameaça à pessoa e é causa obrigatória de diminuição de pena. Além disso, a reparação do dano deve ser EFETIVA, não bastando a simples intenção de fazê-la. Aqui, o que importa NÃO É A INTENÇÃO!!! 

13. (Auditor Fiscal do Trabalho / 2006) O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução do crime, responde: 

A) pela prática do crime tentado. B) pela prática do crime consumado. C) somente pelos atos já praticados. D) pelo crime consumado, mas reduzida a pena de um a dois terços em virtude do arrependimento posterior. E) pelo crime consumado, sem qualquer redução da pena. 

GABARITO: C www.pontodosconcursos.com.br   42 

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PROFESSOR PEDRO IVO COMENTÁRIOS: Questão que exige do candidato a literalidade do artigo 15 do Código Penal. 

Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos á praticados. 

14. (BACEN / 2006) A tentativa: 

A) constitui causa geral de diminuição da pena, devendo o respectivo redutor  

corresponder à culpabilidade do agente. B) é impunível nos casos de ineficácia absoluta do meio e de relativa impropriedade do objeto. C) exige comportamento doloso do agente. D) não prescinde da realização de atos de execução, ainda que se trate de contravenção penal. E) dispensa o exaurimento da infração, necessário apenas para que se reconheça a consumação.

 

GABARITO: C COMENTÁRIOS: Alternativa “A”A redução da pena concernente à tentativa deve resultar das circunstâncias da própria tentativa. Isto quer dizer que não devem ser consideradas na redução as atenuantes ou agravantes porventura existentes e sim tendo-se em vista o iter criminis percorrido pelo agente em direção à consumação do delito. Alternativa “B”A impropriedade do objeto não deve ser relativa e sim absoluta.  Observe o que dispõe o Código Penal: 

Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. 

Alternativa “C”É a alternativa correta, pois não há que se falar em tentativa para o crime culposo (salvo a culpa imprópria). Desta forma, deve-se exigir um comportamento DOLOSO para a caracterização da tentativa. 

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PROFESSOR PEDRO IVO Alternativa “D”Está completamente incorreta. Primeiro porque para as contravenções não cabe tentativa, segundo porque será necessário o início da fase de execução para caracterização do instituto penal. Veja: 

Art. 14 - Diz-se o crime: [...] II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por  circunstâncias alheias à vontade do agente. 

Alternativa “E”Na tentativa, o indivíduo vai até o final em busca do resultado almejado, mas é interrompido por circunstâncias alheias à sua vontade. 

15.(AGENTE DE POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL - NCE/UFRJ 2005) Entre as alternativas abaixo, é correto afirmar que os ofendículos excluem: 

a) o nexo causal; b) a culpabilidade; c) a imputabilidade; d) a ilicitude; e) a culpa. 

GABARITO: D COMENTÁRIOS: Ofendículos são artefatos utilizados para o resguardo do patrimônio, tais como cercas elétricas, cacos de vidro, etc. Se um indivíduo tenta invadir uma casa e morre com a alta voltagem da cerca, os donos da propriedade estarão amparados e a ilicitude da conduta será excluída. 

16. (PC – MA / 2006) Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. A redução de pena decorrente da tentativa deve resultar: 

A) do iter criminis percorrido pelo agente em direção à consumação do delito. B) da prevalência das circunstâncias atenuantes sobre as circunstâncias agravantes. 

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PROFESSOR PEDRO IVO C) da maior ou menor periculosidade do agente, tendo em conta os dados constantes do processo. D) da valoração dos antecedentes do agente, especialmente da primariedade e da  reincidência. E) da intensidade do dolo, do grau da culpa, e dos motivos determinantes da conduta delituosa. 

GABARITO: A COMENTÁRIOS: Mais uma questão que exige o conhecimento do fator que deve ser  levado em consideração na mensuração da redução da pena a ser aplicada no caso de tentativa. Como já vimos, quanto mais próximo da consumação, menor será a redução. 

17. (PC – MA / 2006) Considere: 

I. Paulo deseja matar José, mas desiste de seu intento. II. João deseja matar José, adquire veneno, mas se arrepende e também desiste. III. Luiz deseja matar José, adquire veneno, coloca na xícara de café deste, mas se arrepende e impede o mesmo de ingeri-lo. IV. Pedro deseja matar José, adquire veneno, coloca na xícara de café deste; José toma o veneno, mas é levado por sua empregada a um hospital, onde os médicos conseguem salvá-lo. 

Há tentativa de homicídio nas hipóteses indicadas APENAS em: 

A) IV. B) III. C) III e IV. D) II, III e IV. E) I e II. 

GABARITO: A COMENTÁRIOS: Vamos analisar cada item: 

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PROFESSOR PEDRO IVO Item “I”Neste primeiro item temos um indiferente penal, ou seja, não há nenhum delito. Estamos no início do iter criminis, na fase do desejo, da cogitação. Item “II”Ainda estamos tratando de um indiferente penal. O agente está na fase dos atos preparatórios e desiste de seu intento. Item “III”Aqui a fase de execução tem início, mas o agente se arrepende (desistência voluntária). Neste caso, responderá somente pelos atos já praticados que, no caso em tela, não caracterizam crime. Item “IV”Agora sim!!! Aqui temos a tentativa de homicídio. O agente só não obtêm o resultado naturalístico por fatores alheios à sua vontade. 

18. (PC – MA / 2006) Inclui-se dentre as causas excludentes da ilicitude: A) a coação física irresistível. B) o estado de necessidade. C) a legítima defesa putativa. D) a coação moral irresistível. E) o desconhecimento da lei. GABARITO: B COMENTÁRIOS: Como já vimos, o ESTADO DE NECESSIDADE é uma excludente de ilicitude. 

19. (Defensor Publico – MA / 2003) A tentativa: A) é impunível nos casos de ineficácia absoluta do meio e de relativa impropriedade do objeto. B) dispensa o exaurimento da infração, necessário apenas para que se reconheça a consumação. C) não prescinde, para seu reconhecimento, da realização de atos de execução, ainda que se trate de contravenção penal. D) exige comportamento doloso do agente. E) constitui causa geral de diminuição da pena, devendo o respectivo redutor  corresponder à culpabilidade do agente. 

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PROFESSOR PEDRO IVO 

GABARITO: C COMENTÁRIOS: Questão bem parecida com a número 14 e aqui valem os mesmos comentários, ou seja, a tentativa exige comportamento DOLOSO do agente. 

20. (Auditor Fiscal – SP / 2007) Exclui a ilicitude da conduta: A) a coação irresistível. B) a obediência hierárquica. C) a desistência voluntária. D) o estrito cumprimento do dever legal. E) o arrependimento posterior. 

GABARITO: D COMENTÁRIOS: O estrito cumprimento do dever legal é uma EXCLUDENTE DE ILICITUDE. 

21. (Procurador – Recife / 2003) Excluem a antijuridicidade da conduta: A) a legítima defesa, o estrito cumprimento do dever legal e a obediência hierárquica. B) a coação irresistível, a desistência voluntária e o exercício regular de direito. C) o arrependimento eficaz, o arrependimento posterior e o estado de necessidade. D) a coação irresistível, a obediência hierárquica e a desistência voluntária. E) o exercício regular de direito, o estrito cumprimento do dever legal e o estado de necessidade. 

GABARITO: E COMENTÁRIOS: Mais uma sobre as excludentes de ilicitude. Perceba que este tipo de questão é RECORRENTE em provas. A alternativa correta é a “E” que traz hipóteses de excludentes de ilicitude presentes no artigo 23 do CP: 

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PROFESSOR PEDRO IVO Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de 

direito. 

22. (SEFAZ – DF / 2001) Excluem a ilicitude da conduta: 

A) o exercício regular de direito, o estrito cumprimento do dever legal e o estado de necessidade.

 B) a legítima defesa, o exercício regular de direito e a coação irresistível. C) a obediência hierárquica, a coação irresistível e a desistência voluntária. D) o arrependimento eficaz, o arrependimento posterior e o estrito cumprimento do dever  legal. E) o estado de necessidade, a obediência hierárquica e a desistência voluntária. 

GABARITO: A COMENTÁRIOS: Mais uma questão que exige o conhecimento do artigo 23 do Código Penal. 

23. (TCE – CE / 2006) A respeito do dolo e da culpa, é correto afirmar que: A) não pode haver culpa se o agente tiver previsto o resultado. B) o crime culposo não admite tentativa. C) no Direito Penal a culpa do réu e da vítima podem compensar-se. D) no Direito Penal não há concorrência de culpas. E) a culpa é presumida no tipo penal e o dolo deve estar expresso.  GABARITO: B COMENTÁRIOS: Como vimos, a regra geral é a impossíbilidade da tentativa para os crimes culposos. 

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24. (TCE – PB / 2006) Paulo arrombou o armário de Maria, sua colega de serviço, no  momento em que esta se ausentou do local de trabalho e subtraiu a carteira, contendo R$ 100,00 em dinheiro, de dentro da bolsa. Dois meses depois, se

 arrependeu. Procurou Maria e lhe devolveu a carteira e o dinheiro furtado, bem como lhe reembolsou o dinheiro gasto no reparo do armário arrombado. Nesse caso, Paulo: 

A) só terá direito à redução de pena se Maria o perdoar expressamente perante o Juiz do processo. B) não terá direito a nenhum benefício, porque o arrependimento só tem eficácia se ocorrer até a consumação do delito. C) terá a pena reduzida de um a dois sextos, se a restituição dos valores furtados e a reparação do dano tiverem ocorrido entre o recebimento da denúncia e a sentença. D) não terá direito à redução da pena porque se trata de delito cometido mediante violência consistente no arrombamento do armário. E) terá a pena reduzida de um a dois terços, se a restituição dos valores furtados e a reparação do dano tiverem ocorrido até o recebimento da denúncia. 

GABARITO: E COMENTÁRIOS: Questão que exige o conhecimento do instituto do arrependimento posterior, disposto no artigo 16 do Código Penal. Observe: 

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 

Conforme percebe-se, o disposto na alternativa “E” enquadra-se perfeitamente no supracitado conceito. 

25. (ESCRIVÃO DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO CEARÁ 2006) O agente que  pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício não era razoável exigir-se, encontra-se em situação de:

 

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PROFESSOR PEDRO IVO A) legítima defesa. B) estado de necessidade putativo. C) legítima defesa putativa. D) estado de necessidade. E) N.R.A 

GABARITO: D COMENTÁRIOS: Exige o conhecimento do artigo 24 que define o que é o ESTADO DE NECESSIDADE 

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 

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PROFESSOR PEDRO IVO 

LISTA DAS QUESTÕES APRESENTADAS 1. (MPE – SE / 2009) Considere: 

I. Tício resolveu matar seu desafeto. Elaborou um plano de ação, apanhou uma faca e o atacou, desferindo- lhe golpes. Este, no entanto, conseguiu desviar-se e, utilizando técnicas de defesa pessoal, dominou e desarmou o agressor. II. Caio resolveu matar seu desafeto. Adquiriu uma arma e efetuou diversos disparos em sua direção, errando o alvo e acabou sendo preso por policiais que acorreram ao local. 

Nas situações indicadas, deve ser reconhecida a ocorrência de: A) fatos penalmente irrelevantes. B) crime tentado e crime consumado, respectivamente. C) crimes consumados. D) crimes tentados. E) crime consumado e crime tentado, respectivamente. 

2. (MPE – SE / 2009) Pedro efetuou disparo de arma de fogo contra Paulo. Em  seguida, arrependido, o levou até um hospital, onde, apesar de atendido e medicado, veio a falecer. Nesse caso, houve: 

A) arrependimento posterior. B) desistência voluntária. C) arrependimento eficaz. D) crime tentado. E) crime consumado. 

3. (MPE – SE / 2009) No estado de necessidade, 

A) o agente pode responder pelo excesso doloso, mas não pelo culposo. B) a situação de perigo não pode ter sido provocada por vontade do agente. 

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PROFESSOR PEDRO IVO C) Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar-se de perigo atual ou futuro que não provocou por sua vontade ou era escusável. D) A legítima defesa putativa é causa de exclusão da ilicitude E) N. R. A 

7. (AGU / 99) A, imputável, jamaicano, sem assimilar a cultura brasileira, agindo como se estivesse em seu país, pratica conduta definida como crime, no Brasil. Na Jamaica, tal conduta é lícita. O fato configura erro de: 

A) Tipo B) Fato C) Proibição D) Crime impossível E) Crime consumado 

8. (AGU / 99) "A", imputável, inicia atos de execução de um crime; antes de ocorrer  o resultado, deixa de praticar os demais atos para atingir a consumação. A consumação não acontece. A hipótese configura: 

A) tentativa B) arrependimento posterior  C) desistência voluntária D) arrependimento eficaz E) crime impossível 

9. (BACEN / 2002) No que se refere ao arrependimento posterior pode-se afirmar  que: 

A) para que haja a redução da pena, exige-se a completa reparação do dano ou a  restituição da coisa, além da necessidade da voluntariedade do ato realizado pelo agente. B) se trata de causa facultativa de diminuição de pena. C) só é aplicável caso a reparação do dano ou a restituição da coisa ocorra após o recebimento da denúncia ou da queixa. D) a redução da pena neste caso atinge todos os crimes, inclusive aqueles cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa. 

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PROFESSOR PEDRO IVO E) a reparação feita por um dos acusados não aproveita aos demais. 

10. (Promotor – CE / 2001) A, imputável, inicia a execução de um crime; antes da consumação, por deliberação própria, deixa de prosseguir os atos delituosos. A hipótese caracteriza: 

A) arrependimento eficaz B) tentativa C) desistência voluntária D) consumação E) exaurimento 

11. (Fiscal trabalho / 1998) Assinale a opção cujo instituto jurídico não seja comum ao crime e à contravenção penal. 

A) tentativa B) pena C) resultado D) consumação E) execução 

12. (MPU / 2004) Quanto ao arrependimento posterior, previsto no artigo 16 do Código Penal, pode-se afirmar que: 

A) não há limite temporal para a sua aplicação. B) a redução de pena é aplicável aos crimes cometidos com ou sem violência ou grave ameaça à pessoa. C) se trata de mera atenuante e não de causa obrigatória de diminuição de pena. D) a pena pode ser reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois terços). E) a reparação do dano exigida não precisa ser efetiva, bastando a simples intenção de fazê-la. 

13. (Auditor Fiscal do Trabalho / 2006) O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução do crime, responde: 

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PROFESSOR PEDRO IVO 

A) pela prática do crime tentado. B) pela prática do crime consumado. C) somente pelos atos já praticados. D) pelo crime consumado, mas reduzida a pena de um a dois terços em virtude do arrependimento posterior. E) pelo crime consumado, sem qualquer redução da pena. 

14. (BACEN / 2006) A tentativa: 

A) constitui causa geral de diminuição da pena, devendo o respectivo redutor  corresponder à culpabilidade do agente. B) é impunível nos casos de ineficácia absoluta do meio e de relativa impropriedade do objeto. C) exige comportamento doloso do agente. D) não prescinde da realização de atos de execução, ainda que se trate de contravenção penal. E) dispensa o exaurimento da infração, necessário apenas para que se reconheça a consumação. 15.(AGENTE DE POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL - NCE/UFRJ 2005) Entre as alternativas abaixo, é correto afirmar que os ofendículos excluem: 

a) o nexo causal; b) a culpabilidade; c) a imputabilidade; d) a ilicitude; e) a culpa. 

16. (PC – MA / 2006) Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. A redução de pena decorrente da tentativa deve resultar: 

A) do iter criminis percorrido pelo agente em direção à consumação do delito. B) da prevalência das circunstâncias atenuantes sobre as circunstâncias agravantes. 

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PROFESSOR PEDRO IVO C) da maior ou menor periculosidade do agente, tendo em conta os dados constantes do processo. D) da valoração dos antecedentes do agente, especialmente da primariedade e da  reincidência. E) da intensidade do dolo, do grau da culpa, e dos motivos determinantes da conduta delituosa. 

17. (PC – MA / 2006) Considere: 

I. Paulo deseja matar José, mas desiste de seu intento. II. João deseja matar José, adquire veneno, mas se arrepende e também desiste.

 III. Luiz deseja matar José, adquire veneno, coloca na xícara de café deste, mas se arrepende e impede o mesmo de ingeri-lo. IV. Pedro deseja matar José, adquire veneno, coloca na xícara de café deste; José toma o veneno, mas é levado por sua empregada a um hospital, onde os médicos conseguem salvá-lo. 

Há tentativa de homicídio nas hipóteses indicadas APENAS em: 

A) IV. B) III. C) III e IV. D) II, III e IV. E) I e II. 

18. (PC – MA / 2006) Inclui-se dentre as causas excludentes da ilicitude: A) a coação física irresistível. B) o estado de necessidade. C) a legítima defesa putativa. D) a coação moral irresistível. E) o desconhecimento da lei. 

19. (Defensor Publico – MA / 2003) A tentativa: www.pontodosconcursos.com.br   56 

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PROFESSOR PEDRO IVO 

A) é impunível nos casos de ineficácia absoluta do meio e de relativa impropriedade do objeto. B) dispensa o exaurimento da infração, necessário apenas para que se reconheça a consumação. C) não prescinde, para seu reconhecimento, da realização de atos de execução, ainda que se trate de contravenção penal. D) exige comportamento doloso do agente. E) constitui causa geral de diminuição da pena, devendo o respectivo redutor  corresponder à culpabilidade do agente. 

20. (Auditor Fiscal – SP / 2007) Exclui a ilicitude da conduta: A) a coação irresistível. B) a obediência hierárquica. C) a desistência voluntária. D) o estrito cumprimento do dever legal. E) o arrependimento posterior. 

21. (Procurador – Recife / 2003) Excluem a antijuridicidade da conduta: A) a legítima defesa, o estrito cumprimento do dever legal e a obediência hierárquica. B) a coação irresistível, a desistência voluntária e o exercício regular de direito. C) o arrependimento eficaz, o arrependimento posterior e o estado de necessidade. D) a coação irresistível, a obediência hierárquica e a desistência voluntária. E) o exercício regular de direito, o estrito cumprimento do dever legal e o estado de necessidade. 

22. (SEFAZ – DF / 2001) Excluem a ilicitude da conduta: 

A) o exercício regular de direito, o estrito cumprimento do dever legal e o estado de necessidade. B) a legítima defesa, o exercício regular de direito e a coação irresistível.

 C) a obediência hierárquica, a coação irresistível e a desistência voluntária. 

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PROFESSOR PEDRO IVO D) o arrependimento eficaz, o arrependimento posterior e o estrito cumprimento do dever  legal. E) o estado de necessidade, a obediência hierárquica e a desistência voluntária. 

23. (TCE – CE / 2006) A respeito do dolo e da culpa, é correto afirmar que: A) não pode haver culpa se o agente tiver previsto o resultado. B) o crime culposo não admite tentativa. C) no Direito Penal a culpa do réu e da vítima podem compensar-se. D) no Direito Penal não há concorrência de culpas. E) a culpa é presumida no tipo penal e o dolo deve estar expresso.  24. (TCE – PB / 2006) Paulo arrombou o armário de Maria, sua colega de serviço, no  momento em que esta se ausentou do local de trabalho e subtraiu a carteira, contendo R$ 100,00 em dinheiro, de dentro da bolsa. Dois meses depois, se arrependeu. Procurou Maria e lhe devolveu a carteira e o dinheiro furtado, bem como lhe reembolsou o dinheiro gasto no reparo do armário arrombado. Nesse caso, Paulo: 

A) só terá direito à redução de pena se Maria o perdoar expressamente perante o Juiz do processo. B) não terá direito a nenhum benefício, porque o arrependimento só tem eficácia se ocorrer até a consumação do delito. C) terá a pena reduzida de um a dois sextos, se a restituição dos valores furtados e a reparação do dano tiverem ocorrido entre o recebimento da denúncia e a sentença. D) não terá direito à redução da pena porque se trata de delito cometido mediante violência consistente no arrombamento do armário. E) terá a pena reduzida de um a dois terços, se a restituição dos valores furtados e a reparação do dano tiverem ocorrido até o recebimento da denúncia. 

25. (ESCRIVÃO DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO CEARÁ 2006) O agente que  pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício não era razoável exigir-se, encontra-se em situação de: 

A) legítima defesa. www.pontodosconcursos.com.br   58 

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PROFESSOR PEDRO IVO B) estado de necessidade putativo. C) legítima defesa putativa. D) estado de necessidade. E) N.R.A 

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

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substância de efeitos análogos, quando habitual aembriaguez;

II - o condenado por vadiagem ou mendicância.III - (Revogado pela Lei nº 6.416, de 24-5-1977.)IV - (Revogado pela Lei nº 6.416, de 24-5-1977.)

Internação em colônia agrícola ou eminstituto de trabalho, de reeducação ou de

ensino profissional

Art. 15. São internados em colônia agrícola ouem instituto de trabalho, de reeducação ou deensino profissional, pelo prazo mínimo de 1 (um)ano:

I - o condenado por vadiagem (Art. 59);II - o condenado por mendicância (Art. 60 e seu

parágrafo).III - (Revogado pela Lei nº 6.416, de 24-5-1977.)

Internação em manicômio judiciário ou emcasa de custódia e tratamento

Art. 16. O prazo mínimo de duração dainternação em manicômio judiciário ou em casa decustódia e tratamento é de 6 (seis) meses.

Parágrafo único. O juiz, entretanto, pode, aoinvés de decretar a internação, submeter o indivíduoa liberdade vigiada.

Ação penal

Art. 17. A ação penal é pública, devendo aautoridade proceder de ofício.

Capítulo I - Das contravenções referentes àpessoa

Fabrico, comércio, ou detenção de armas ou

muniçãoArt. 18. Fabricar, importar, exportar, ter em

depósito ou vender, sem permissão da autoridade,arma ou munição:

Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um)ano, ou multa, ou ambas cumulativamente, se o fatonão constitui crime contra a ordem política ou social.

Capítulo I - Das contravenções referentes àpessoa

Porte de arma

Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou dedependência desta, sem licença da autoridade:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 6

(seis) meses, ou multa, ou ambas cumulativamente.§ 1º A pena é aumentada de um terço atémetade, se o agente já foi condenado, em sentençairrecorrível, por violência contra pessoa.

§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de 15(quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa, quem,possuindo arma ou munição:

a) deixa de fazer comunicação ou entrega àautoridade, quando a lei o deter-mina;

b) permite que alienado, menor de 18 (dezoito)anos ou pessoa inexperiente no manejo de arma atenha consigo;

c) omite as cautelas necessárias para impedirque dela se apodere facilmente alienado, menor de18 (dezoito) anos ou pessoa inexperiente emmanejá-la.

Capítulo I - Das contravenções referentes àpessoa

Anúncio de meio abortivo

Art. 20. Anunciar processo, substância ou objetodestinado a provocar aborto:

Pena - multa.

Capítulo I - Das contravenções referentes àpessoa

Vias de fato

Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém:Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3(três) meses, ou multa, se o fato não constitui crime.

Capítulo I - Das contravenções referentes àpessoa

Internação irregular em estabelecimentopsiquiátrico

Art. 22. Receber em estabelecimentopsiquiátrico, e nele internar, sem as formalidadeslegais, pessoa apresentada como doente mental.

Pena - multa.§ 1º Aplica-se a mesma pena a quem deixa de

comunicar à autoridade competente, no prazo legal,internação que tenha admitido, por motivo de

urgência, sem as formalidades legais.§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de 15(quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa, aqueleque, sem observar as prescrições legais, deixaretirar-se ou despede de estabelecimentopsiquiátrico pessoa nele internada.

Capítulo I - Das contravenções referentes àpessoa

Indevida custódia de doente mental

Art. 23. Receber e ter sob custódia doentemental, fora do caso previsto no artigo anterior, semautorização de quem de direito:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3(três) meses, ou multa.

Capítulo II - Das contravenções referentes aopatrimônio

Instrumento de emprego usual na prática defurto

Art. 24. Fabricar, ceder ou vender gazua ouinstrumento empregado usualmente na prática decrime de furto:

Pena - prisão simples, de 6 (seis) meses a 2(dois) anos, e multa.

Capítulo II - Das contravenções referentes aopatrimônio

Posse não justificada de instrumento deemprego usual na prática de furto

Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois decondenado por crime de furto ou roubo, ouenquanto sujeito à liberdade vigiada ou quandoconhecido como vadio ou mendigo, gazuas, chavesfalsas ou alteradas ou instrumentos empregadosusualmente na prática de crime de furto, desde quenão prove destinação legítima:

Pena - prisão simples, de 2 (dois) meses a 1(um) ano, e multa.

Capítulo II - Das contravenções referentes aopatrimônio

Violação de lugar ou objeto

Art. 26. Abrir, alguém, no exercício de profissãode serralheiro ou ofício análogo, a pedido ou porincumbência de pessoa de cuja legitimidade não setenha certificado previamente, fechadura ouqualquer outro aparelho destinado à defesa de lugarou objeto:

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

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Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3(três) meses, ou multa.

Capítulo II - Das contravenções referentes aopatrimônio

Exploração da credulidade pública

Art. 27. Explorar a credulidade pública mediante

sortilégios, predição do futuro, explicação de sonho,ou práticas congêneres:Pena - prisão simples, de 1 (um) a 6 (seis)

meses, e multa.

Capítulo III - Das contravenções referentes àincolumidade públicaDisparo de arma de fogo

Art. 28. Disparar arma de fogo em lugar habitadoou em suas adjacências, em via pública ou emdireção a ela:

Pena - prisão simples, de 1 (um) a 6 (seis)meses, ou multa.

Parágrafo único. Incorre na pena de prisãosimples, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou

multa, quem, em lugar habitado ou em suasadjacências, em via pública ou em direção a ela,sem licença da autoridade, causa deflagraçãoperigosa, queima fogo de artifício ou solta balãoaceso.

Capítulo III - Das contravenções referentes àincolumidade pública

Desabamento de construção

Art. 29. Provocar o desabamento de construçãoou, por erro no projeto ou na execução, dar-lhecausa:

Pena - multa, se o fato não constitui crime contraa incolumidade pública.

Capítulo III - Das contravenções referentes àincolumidade públicaPerigo de desabamento

Art. 30. Omitir alguém a providência reclamadapelo estado ruinoso de construção que lhe pertenceou cuja conservação lhe incumbe:

Pena - multa.

Capítulo III - Das contravenções referentes àincolumidade pública

Omissão de cautela na guarda ou conduçãode animais

Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda depessoa inexperiente, ou não guardar com a devida

cautela animal perigoso:Pena - prisão simples, de 10 (dez) dias a 2 (dois)meses, ou multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:a) na via pública, abandona animal de tiro, carga

ou corrida, ou o confia a pessoa inexperiente;b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a

segurança alheia;c) conduz animal, na via pública, pondo em

perigo a segurança alheia.

Capítulo III - Das contravenções referentes àincolumidade pública

Falta de habilitação para dirigir veículo

Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículona via pública, ou embarcação a motor em águaspúblicas:

Pena - multa.

Capítulo III - Das contravenções referentes àincolumidade pública

Direção não licenciada de aeronave

Art. 33. Dirigir aeronave sem estar devidamentelicenciado:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3(três) meses, e multa.

Capítulo III - Das contravenções referentes àincolumidade pública

Direção perigosa de veículo na via pública

Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ouembarcações em águas públicas, pondo em perigoa segurança alheia:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3(três) meses, ou multa.

Capítulo III - Das contravenções referentes àincolumidade pública

Abuso na prática da aviaçãoArt. 35. Entregar-se, na prática da aviação, a

acrobacias ou a vôos baixos, fora da zona em que alei o permite, ou fazer descer a aeronave fora doslugares destinados a esse fim:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3(três) meses, ou multa.

Capítulo III - Das contravenções referentes àincolumidade pública

Sinais de perigo

Art. 36. Deixar de colocar na via pública sinal ouobstáculo, determinado em lei ou pela autoridade edestinado a evitar perigo a transeuntes:

Pena - prisão simples, de 10 (dez) dias a 2 (dois)meses, ou multa.Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:a) apaga sinal luminoso, destrói ou remove sinal

de outra natureza ou obstáculo destinado a evitarperigo a transeuntes;

b) remove qualquer outro sinal de serviçopúblico.

Capítulo III - Das contravenções referentes àincolumidade pública

Arremesso ou colocação perigosa

Art. 37. Arremessar ou derramar em via pública,ou em lugar de uso comum, ou de uso alheio, coisaque possa ofender, sujar ou molestar alguém:

Pena - multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre aqueleque, sem as devidas cautelas, coloca ou deixasuspensa coisa que, caindo em via pública ou emlugar de uso comum ou de uso alheio, possaofender, sujar ou molestar alguém.

Capítulo III - Das contravenções referentes àincolumidade pública

Emissão de fumaça, vapor ou gás

Art. 38. Provocar, abusivamente, emissão defumaça, vapor ou gás, que possa ofender oumolestar alguém:

Pena - multa.

Capítulo IV - Das contravenções referentes àpaz pública

Associação secreta

Art. 39. Participar de associação de mais decinco pessoas, que se reúnam periodicamente, sob

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

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c) a sede ou dependência de sociedade ouassociação, em que se realiza jogo de azar;

d) o estabelecimento destinado à exploração dejogo de azar, ainda que se dissimule esse destino.

Capítulo VII - Das contravenções relativas àpolícia de costumesLoteria não autorizada

Art. 51. Promover ou fazer extrair loteria, semautorização legal:

Pena - prisão simples, de 6 (seis) meses a 2(dois) anos, e multa, estendendo-se os efeitos dacondenação à perda dos móveis existentes no local.

§ 1º Incorre na mesma pena quem guarda,vende ou expõe à venda, tem sob sua guarda, parao fim de venda, introduz ou tenta introduzir nacirculação bilhete de loteria não autorizada.

§ 2º Considera-se loteria toda ocupação que,mediante a distribuição de bilhete, listas, cupões,vales, sinais, símbolos ou meios análogos, fazdepender de sorteio a obtenção de prêmio emdinheiro ou bens de outra natureza.

§ 3º Não se compreendem na definição do

parágrafo anterior os sorteios autorizados nalegislação especial.Capítulo VII - Das contravenções relativas à

polícia de costumesLoteria estrangeira

Art. 52. Introduzir, no País, para o fim decomércio, bilhete de loteria, rifa ou tômbolaestrangeiras:

Pena - prisão simples, de 4 (quatro) meses a 1(um) ano, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quemvende, expõe à venda, tem sob sua guarda, para ofim de venda, introduz ou tenta introduzir nacirculação, bilhete de loteria estrangeira.

Capítulo VII - Das contravenções relativas àpolícia de costumesLoteria estadual

Art. 53. Introduzir, para o fim de comércio,bilhete de loteria estadual em território onde nãopossa legalmente circular:

Pena - prisão simples, de 2 (dois) a 6 (seis)meses, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quemvende, expõe à venda, tem sob sua guarda, para ofim de venda, introduz ou tenta introduzir nacirculação, bilhete de loteria estadual, em territórioonde não possa legalmente circular.

Capítulo VII - Das contravenções relativas à

polícia de costumesExibição ou guarda de lista de sorteio

Art. 54. Exibir ou ter sob sua guarda lista desorteio de loteria estrangeira:

Pena - prisão simples, de 1 (um) a 3 (três)meses, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quemexibe ou tem sob sua guarda lista de sorteio deloteria estadual, em território onde esta não possalegalmente circular.

Capítulo VII - Das contravenções relativas àpolícia de costumes

Impressão de bilhetes, lista ou anúncios

Art. 55. Imprimir ou executar qualquer serviço defeitura de bilhetes, lista de sorteio, avisos oucartazes relativos a loteria, em lugar onde ela nãopossa legalmente circular:

Pena - prisão simples, de 1 (um) a 6 (seis)meses, e multa.

Capítulo VII - Das contravenções relativas àpolícia de costumes

Distribuição ou transporte de listas ou avisos

Art. 56. Distribuir ou transportar cartazes, listas

de sorteio ou avisos de loteria, onde ela não possalegalmente circular:Pena - prisão simples, de 1 (um) a 3 (três)

meses, e multa.

Capítulo VII - Das contravenções relativas àpolícia de costumesPublicidade de sorteio

Art. 57. Divulgar, por meio de jornal ou outroimpresso, de rádio, cinema, ou qualquer outraforma, ainda que disfarçadamente, anúncio, avisoou resultado de extração de loteria, onde acirculação dos seus bilhetes não seja legal:

Pena - multa.

Capítulo VII - Das contravenções relativas àpolícia de costumes

Jogo do bicho

Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominadajogo do bicho, ou praticar qualquer ato relativo à suarealização ou exploração:

Pena - prisão simples, de 4 (quatro) meses a 1(um) ano, e multa.

Parágrafo único. Incorre na pena de multaaquele que participa da loteria, visando a obtençãode prêmio, para si ou para terceiro.

Capítulo VII - Das contravenções relativas àpolícia de costumes

Vadiagem

Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente àociosidade, sendo válido para o trabalho, sem terrenda que lhe assegure meios bastantes desubsistência, ou prover a própria subsistênciamediante ocupação ilícita:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3(três) meses.

Parágrafo único. A aquisição superveniente derenda, que assegure ao condenado meios bastantesde subsistência, extingue a pena.

Capítulo VII - Das contravenções relativas àpolícia de costumesMendicância

Art. 60. Mendigar, por ociosidade ou cupidez:Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3

(três) meses.Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um

sexto a um terço, se a contravenção é praticada:a) de modo vexatório, ameaçador ou fraudulento;b) mediante simulação de moléstia ou

deformidade;c) em companhia de alienado ou de menor de 18

(dezoito) anos.

Capítulo VII - Das contravenções relativas àpolícia de costumes

Importunação ofensiva ao pudor

Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ouacessível ao público, de modo ofensivo ao pudor:

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

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Pena - multa.

Capítulo VII - Das contravenções relativas àpolícia de costumes

Embriaguez

Art. 62. Apresentar-se publicamente em estadode embriaguez, de modo que cause escândalo ou

ponha em perigo a segurança própria ou alheia:Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3(três) meses, ou multa.

Parágrafo único. Se habitual a embriaguez, ocontraventor é internado em casa de custódia etratamento.

Capítulo VII - Das contravenções relativas àpolícia de costumes

Bebidas alcoólicas

Art. 63. Servir bebidas alcoólicas:I - a menor de 18 (dezoito) anos;II - a quem se acha em estado de embriaguez;III - a pessoa que o agente sabe sofrer das

faculdades mentais;

IV - a pessoa que o agente sabe estarjudicialmente proibida de freqüentar lugares onde seconsome bebida de tal natureza:

Pena - prisão simples, de 2 (dois) meses a 1(um) ano, ou multa.

Capítulo VII - Das contravenções relativas àpolícia de costumes

Crueldade contra animais

Art. 64. Tratar animal com crueldade ousubmetê-lo a trabalho excessivo:

Pena - prisão simples, de 10 (dez) dias a 1 (um)mês, ou multa.

§ 1º Na mesma pena incorre aquele que, emborapara fins didáticos ou científicos, realiza, em lugar

público ou exposto ao público, experiência dolorosaou cruel em animal vivo.§ 2º Aplica-se a pena com aumento de metade,

se o animal é submetido a trabalho excessivo outratado com crueldade, em exibição ou espetáculopúblico.

Capítulo VII - Das contravenções relativas àpolícia de costumes

Perturbação da tranqüilidade

Art. 65. Molestar alguém ou perturbar-lhe atranqüilidade, por acinte ou por motivo reprovável:

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 2(dois) meses, ou multa.

Capítulo VIII - Das contravenções referentes àadministração públicaOmissão de comunicação de crime

Art. 66. Deixar de comunicar à autoridadecompetente:

I - crime de ação pública, de que teveconhecimento no exercício de função pública, desdeque a ação penal não dependa de representação;

II - crime de ação pública, de que teveconhecimento no exercício da medicina ou de outraprofissão sanitária, desde que a ação penal nãodependa de representação e a comunicação nãoexponha o cliente a procedimento criminal:

Pena - multa.

Capítulo VIII - Das contravenções referentes àadministração pública

Inumação ou exumação de cadáver

Art. 67. Inumar ou exumar cadáver, com infraçãodas disposições legais:

Pena - prisão simples, de 1 (um) mês a 1 (um)ano, ou multa.

Capítulo VIII - Das contravenções referentes àadministração pública

Recusa de dados sobre própria identidade ou

qualificação

Art. 68. Recusar à autoridade, quando por estajustificadamente solicitados ou exigidos, dados ouindicações concernentes à própria identidade,estado, profissão, domicílio e residência:

Pena - multa.Parágrafo único. Incorre na pena de prisão

simples, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa, se ofato não constitui infração penal mais grave, quem,nas mesmas circunstâncias, faz declaraçõesinverídicas a respeito de sua identidade pessoal,estado, profissão, domicílio e residência.

Capítulo VIII - Das contravenções referentes àadministração pública

Proibição de atividade remunerada aestrangeiro

Art. 69. (Revogado pela Lei nº 6.815, de 19-8-1980.)

Capítulo VIII - Das contravenções referentes àadministração pública

Violação do privilégio postal da União

Art. 70. Praticar qualquer ato que importeviolação do monopólio postal da União:Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um)

ano, ou multa, ou ambas cumulativamente.

Disposições finais

Art. 71. Ressalvada a legislação especial sobreflorestas, caça e pesca, revogam-se as disposiçõesem contrário.

Art. 72. Esta Lei entrará em vigor no dia 1º dejaneiro de 1942.

Rio de Janeiro, 3 de outubro de 1941; 120º daIndependência e 53º da República.

Getúlio Vargas

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

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TESTES DEDIREITO PENAL 

01) No crime de peculato, abstraída a condiçãode "funcionário público" do agente ocorre:

a) detração penalb) "actio libera in causa"c) atipicidade absolutad) irrelevância penal do fatoe) desclassificação do crime para outro

02) As afirmações abaixo estão corretas,exceto: "Não excluem a culpabilidade":

a) o erro sobre pessoa (error in persona)b) o erro na execução (aberratio ictus)c) o resultado diverso do pretendido (aberratio

criminis)d) a coação moral irresistívele) a emoção e a paixão

03) Sobre a interpretação analógica no direitopenal podemos dizer que ela:

a) não é admitida no direito penalb) aplica-se ao texto quando ele diz menos

que o pretendidoc) ocorre quando o próprio dispositivo legal

determina a sua aplicaçãod) é o raciocínio que parte do geral para oespecial

e) é sinônimo de analogia

04) A consciência da ilicitude do fato:a) é parte integrante do dolo, na teoria da ação

finalistab) integra o tipo, na teoria normativa mais

tradicionalc) integra a culpabilidade, na teoria da ação

finalistad) integra a ação, na teoria da ação finalistae) n.d.a.

05) Em direito penal, costuma-se dizer que se ofato não, foi previsto por quem lhe deu causa e se,além disso, era de todo imprevisível e só por issoinevitável, ocorre uma hipótese de:

a) culpa inconscienteb) dodo eventual

c) força maiord)  caso fortuitoe) n.d.a.

06) Admite-se, no direito penal brasileiro:a) co-autoria em crime culposob) a tentativa no crime de injúria (CP, Art. 140)c) o perdão judicial no crime de descaminho

d) a aplicação de uma escusa absolutória nopeculato culposoe) n.d.a.

07) O desconhecimento da lei implica:a) a exclusão de antijuridicidadeb) a exclusão de culpabilidadec) circunstância atenuante da penad) circunstância qualificadora da penae) n.d.a.

08) No concurso de pessoas, comunicam-se ascircunstâncias:

a) e condições de caráter pessoalb) subjetivas pessoaisc) e condicionais de caráter subjetivo e

objetivod) e condições de caráter pessoal, quandoelementares

e) n.d.a.09) O momento consumativo do crime

continuado ocorre coma) a primeira das ações que o integramb) qualquer das ações que o integramc) a Última das ações que o integramd) a consumação da segunda das ações que o

integrame) n.d.a.

10) O sujeito passivo no crime de atentadoviolento ao pudor está expresso como sendo

a) mulher

b) mulher e virgemc) alguémd) mulher honestae) n.d.a.

11) Ocorre arrependimento eficaz quando oagente

a) voluntariamente desiste de prosseguir naexecução do crime

b) voluntariamente impede que o resultadocriminoso se produza

c) por circunstâncias alheias à sua vontadedesiste da consumação do ilíto

d) n.d.a.

12) Os elementos seguintes integram o crime de

estelionato, salvoa) obtenção de vantagem para si ou paraoutrem

b) prejuízo de valor considerávelc) emprego de meio fraudulentod) n.d.a.

13) Configura-se crime de resistência quando aoposição a execução de ato legal se faz

a) mediante promessa de vantagem indevidab) necessariamente com emprego de violênciac) com a simples ameaça a funcionário

competented) n.d.a.

14) Diz-se que o furto à qualificado, quando épraticado

a) com abuso de confiançab) por sócio contra quem legitimamente detém

a coisa comum

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

23

c) em prejuízo do cônjuge, na constância dasociedade conjuga

d) n.d.a.

15) A subtração de energia elétrica éa) furtob) estelionatoc) apenas ilícito civil

d) n.d.a.

16) A doutrina dominante justifica a punição doscrimes em estado de enbriaguês:

a) pela teoria da "act-lo libera in causab) pelo princípio do "nullum crimen, nulla

poena sine lege"c) pela responsabilidade objetivad) n.d.a.

17) Em Direito Penal , quando o agente,penalmente capaz, pratica o fato em legítimadefesa, tem-se (assinale a alternativa correta):

a) uma excludente de imputabilidadeb) uma irresponsabilidade penalc) uma hipótese de "actio libera in causa"

d) uma descriminantee) n.d.a.

18) A receptação culposa ou dolosa é punívelsomente

a) se conhecido o autor do crime de queproveio a coisa

b) se punido o autor do crime de que proveio acoisa

c) se comprovada a origem ilegítima da coisad), se não se suceder absolvição por não haver

prova da existência do fato anteriore) n.d.a.

19) Não admitem a tentativa os seguintescrimes:a) culposos, materiais e preterdolososb) culposos, formais e unissubsistentesc) unissubsistentes, plurissubsistentes e os

omissivos própriosd) omissivos impróprios, os materiais e os de

mera condutae) n.d.a.

20) Para a doutrina finalista:a) o dolo é normativo porquanto contêm a

consciência da antijuridicidadeb) o dolo é normativo não porquanto não

contem a consciência da antijuridicidadec) o dolo é natural porquanto contém a

consciência da antijuridicidaded) o dolo é natural porquanto não contêm aconsciência da antijuridicidade

e) n.d.a.

21) O empregado que subtrai uma ferramentada empresa durante a jornada de trabalho e ésurpreendido com esse objeto na revista pessoaldiária, antes da saída, vindo a ser preso emflagrante, comete:

a) crime consumadob) contravenção consumadac) contravenção penal tentadad) crime tentadoe) n.d.a.

22) A luz do Direito Penal, examine asalternativas abaixo e assinale:

a) se uma delas for corretab) se duas delas forem corretasc) se três delas forem corretas

d) se todas elas forem corretas

I) A legítima defesa à causa de exclusão deantijuridicidade.

II) A coação moral irresistível, é causa deexclusão de antijuridicidade.

III) No crime de falso testemunho, o fato nãodeixa de ser punível mesmo quando o agente se

retrata ou declara a verdade antes da sentença aser proferida no processo em que o crime seconsumou.

IV) Diz-se consumado o crime quando nele sereúnem todos os elementos de sua definição legal.

23) Na "aberratio ictus" com lesão à terceiro e àpessoa visada, haverá:

a) concurso de crimesb) crime únicoc) excesso culposod) erro de tipoe) n.d.a.

24) Em relação ao crime de latrocínio, pode-se dizer que:

a) está consumado, se há a subtração, aindaque a vítima sobreviva ao ataque físico ,b) não cabe aplicar o aumento de pena

previsto no § 2º., I, do Art. 157 do Código Penalc) é considerado crime progressivod) à considerado crime permanentee) n.d.a.

25) Entre os requisitos da Legitima defesa, nãofigura:

a) a preservação de um direito, próprio ou deoutrem

b) o emprego moderado dos meiosnecessários à defesa

c) a impossibilidade de prevenir, ou obstar aação, ou de invocar e receber socorro da autoridade

públicad) agressão atual, ou iminente, e injustiçae) n.d.a.

26) O elemento subjetivo ou culpabilidadea) exclui o dolob) abrange a imprudência, que é a omissão de

um determinado procedimento que deveria ter oagente

c) inexiste se o resultado não à previsíveld) envolve a imperícia, que se traduz pela

ação em que o agente manifesta desprezo pelacautela normal

e) n.d.a.

27) A desistência voluntária corresponde,

penalmente:a) ao crime consumadob) ao arrependimento eficazc) ao arrependimento posteriord) à tentativae) n.d.a.

28) Um elemento, pretendendo praticar umfurto, tenta arrombar uma porta, porém afasta-se dolocal. Na hipótese, ocorre

a) crime consumadob) desistência voluntáriac) crime tentadod) arrependimento eficaze) n.d.a.

29) Denomina-se ultratividade da Lei Penal aa) aplicação da norma jurídica após a sua

revogaçãob) aplicação da norma do fato ocorrido antes

do início de sua vigência

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

45) Quanto a culpabilidade, é correto afirmar queela:

a) exclui o dolob) abrange a imprudência, que se configura pela

omissão de uma cautela que se deveria tomar.c) não existe, se o resultado delituoso é

imprevisíveld) envolve a imperícia, que é menosprezo pelas

cautelas legais que se deve tomar no exercício deum direito.

46) Com relação aos crimes culposos:a) não podem ser cometidos em concurso de

agenteb) independem de prévia previsão legalc) não admite tentativa