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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E BIOLÓGICAS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA MEDICINA VETERINÁRIA PREVENTIVA Cinthya Alves Parreira Orientador: Prof. MSc. Leonardo Soares JATAÍ 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E BIOLÓGICAS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA

VETERINÁRIA

MEDICINA VETERINÁRIA PREVENTIVA

Cinthya Alves Parreira Orientador: Prof. MSc. Leonardo Soares

JATAÍ 2006

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CINTHYA ALVES PARREIRA

MEDICINA VETERINÁRIA PREVENTIVA

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado para

obtenção do título de Médica Veterinária junto à Universidade

Federal de Goiás

Orientador: Prof. MSc. Leonardo Soares

Supervisor: Méd. Vet. Maxwell Martins Ribeiro

JATAÍ 2006

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

(GPT/BC/UFG)

Parreira, Cinthya Alves P258m Medicina Veterinária Preventiva / Cinthya Alves

Parreira. – Jataí, 2006. 47 f. : il, tabs. Orientador: Leonardo Soares Monografia (Bacharelado) – Universidade Federal de Goiás, Curso de Medicina Veterinária, 2006. Bibliografia: f. 34-37. 1. Medicina Veterinária 2. Brucelose Bovina I.

Soares, Leonardo II.Universidade Federal de Goiás. Medicina Veterinária. III.Título.

CDU: 619:636.2

Bibliotecária Responsável: Elisângela de Brito Carvalho

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CINTHYA ALVES PARREIRA

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação defendido e aprovado em, 19 de dezembro de 2006, pela seguinte Banca Examinadora: _________________________________________________________________

Prof. MSc. Leonardo Soares - UFG Presidente da banca

_________________________________________________________________

Profª. Dra. Vera Lúcia Dias da Silva Fontana - UFG Membro da banca examinadora

_________________________________________________________________ Prof. Dr. Fernando José dos Santos Dias - UFG

Membro da banca examinadora

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Dedico essa vitória de forma especial ao meu avô Secundino, homem simples e

honroso que enquanto esteve entre nós deu-me valorosos exemplos, foi meu

grande incentivador na profissão escolhida, e sua ausência me fez lutar

firmemente por esse sonho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que me concedeu a oportunidade de estar cursando tão almejado curso, me dando força, coragem, saúde e sabedoria para seguir em frente.

À minha mãe, Elma, que dedicou toda a sua vida para minha formação, apoiando e incentivando minhas decisões, ensinando-me sempre a trilhar no melhor caminho e às vezes deixando de realizar seus sonhos para satisfazer os meus, pelas orações, cuidados, paciência, carinho com que tem para comigo.

À minha maninha Aline pelo apoio, amizade e carinho, pelas vezes que me encorajava a seguir em frente.

À minha irmãzinha de coração Aninha, pelo companheirismo, amizade, pelas diversas brigas, que em vez de afastar-nos, nos aproximou ainda mais.

À minha tia Valdete e a Vovó Belmira, por me considerarem uma filha, e ter sempre um enorme carinho comigo.

Às minhas amigas Carol, Thais e Mariana pelas farras, as pingas, o companheirismo, o apoio nas horas tristes, enfim, pela valorosa amizade de vocês que me ajudou a seguir em frente.

Aos professores que tanto contribuíram por essa minha conquista, em que me ofereceram a oportunidade de adquirir um grande conhecimento, em especial Rogério e a Alana.

Ao meu orientador Leonardo pela grande ajuda nessa última fase, que me possibilitou concluir esse trabalho.

Ao meu supervisor e amigo Maxwell, Méd. Vet. Leandro e aos colegas da Vetmaster pelos ensinamentos compartilhados, pelo carinho, e pelos momentos de descontração e pela festa de despedida.

Aos amigos da “facul”, Bruno Moraes, Thays Furtado e Noele, pela grande amizade nos momentos alegres e tristes.

Aos colegas de sala pelas bagunças, as farras, as risadas, enfim, por todas as coisas que já me fazem sentir saudades dessa turminha.

Às amigas de Quiri: Dennia, Carine, Aline e Fabi pela eterna amizade que perdurou enquanto estive longe e, pelo apoio que me deram quando decidi vir pra Jataí.

Aos grandes amigos do pensionato, pelo carinho, companheirismo, pelas risadas, as bebedeiras e os micos, em especial ao Rodrigo. Foi muito boa essa fase aqui com vocês.

Aos familiares e amigos que acreditaram, colaboraram e torceram por mim para que eu conseguisse essa conquista.

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“Não se contente em trilhar um caminho estabelecido. Ao contrário, vá para onde não há caminho algum e deixe seu rastro.”

Muriel Strode “Existe uma longa distância entre o saber

e ter consciência do que se sabe” Albertassi

“A vida é o que te acontece enquanto você está ocupado fazendo outros planos”.

John Lennon

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SUMÁRIO Página Lista de Abreviaturas ............................................................................... vii Lista de Tabelas ....................................................................................... viii 1. INTRODUÇÃO 01 2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO E DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .................................................................................... 02 3. REVISÂO DE LITERATURA ................................................................ 06 3.1. Importância da exploração leiteira ..................................................... 06 3.2. Brucelose Bovina .......................................................... 08 3.3. Etiologia ............................................................................................. 08 3.4. Epidemiologia ..................................................................................... 09 3.5. Patogenia e sinais clínicos ................................................................. 10 3.6. Achados de necropsia .......................................... 11 3.7. Métodos de determinação da brucelose bovina comumente utilizados no Brasil .................................................................................... 12 3.7.1. Diagnóstico direto ........................................................................... 13 3.7.2. Diagnóstico sorológico .................................................................... 14 3.8. Tratamento ......................................................................................... 18 3.9. Controle e erradicação ....................................................................... 19 3.10. Zoonose ........................................................................................... 23 3.11. Prejuízos .......................................................................................... 24 4. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................... 26 4.1. Registro de atividades ........................................................................ 26 5. RESULTADOS ...................................................................................... 28 5.1. Controle .............................................................................................. 28 6. DISCUSSÃO ......................................................................................... 29 7. CONCLUSÃO ....................................................................................... 33 REFERÊNCIAS ................................................................................... 34 ANEXOS 38

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LISTA DE ABREVIATURAS

2ME 2-Mercaptoetanol

AAT Antígeno Acidificado Tamponado

cELISA ELISA Competitivo

ELISA Ensaios Imunoenzimáticos

FC Fixação de Complemento

FPA Ensaio de Polarização Fluorescente

iELISA ELISA Indireto

IG Imunoglobulinas

LPS Lipopolissacarídico

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

OIE Organização Mundial de Saúde

PCR Reação em Cadeia da Polimerase

PNCEBT Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e

Tuberculose

TAL Teste do Anel em Leite

USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

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LISTA DE TABELAS

Página TABELA 1 Atividades desenvolvidas durante o estágio

curricular na Vetmaster, município de Pontalina, no período de 01 de agosto a 05 de outubro de 2006, na Área de Medicina Veterinária Preventiva............................................................ 03

TABELA 2 Atividades desenvolvidas durante o estágio curricular na Vetmaster, município de Pontalina, no período de 01 de agosto a 05 de outubro de 2006, na Área de Clínica Médica Animal.................................................................. 03

TABELA 3 Atividades desenvolvidas durante o estágio curricular na Vetmaster, município de Pontalina, no período de 01 de agosto a 05 de outubro de 2006, na Área de Nutrição Animal.................................................................. 04

TABELA 4 Atividades desenvolvidas durante o estágio curricular na Vetmaster, município de Pontalina, no período de 01 de agosto a 05 de outubro de 2006, na Área de Clínica Cirúrgica Animal.................................................................. 04

TABELA 5 Atividades desenvolvidas durante o estágio curricular na Vetmaster, município de Pontalina, no período de 01 de agosto a 05 de outubro de 2006, na Área de Obstetrícia e Reprodução Animal.................................................................. 05

TABELA 6 Classificação mundial dos principais países produtores de leite - 2005 06

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1. INTRODUÇÃO

A bovinocultura leiteira destaca-se pela sua importância econômica,

respondendo por 20 % do total das propriedades destinadas a bovinocultura no

Brasil. O estado de Goiás é hoje, o segundo maior produtor de leite do Brasil,

produzindo leite a baixo custo à pasto e sobressaindo-se no cenário nacional.

Porém, um grande problema a ser enfrentado por essa atividade é o

controle de determinadas enfermidades infecciosas de caráter zoonótico,

transmitidas ao homem pelo leite cru e seus derivados. Dentre elas, destaca-se a

brucelose, que ocorre, endemicamente, em todo o território nacional.

Embora a brucelose seja, indiscutivelmente, um dos principais

problemas sanitários do rebanho bovino brasileiro, há pouca informação segura

sobre a taxa de prevalência da enfermidade ao longo do território nacional,

acarretando com isto, uma falta de conhecimento sobre a real situação da

brucelose bovina no país. Assim, estudos que obtenham a prevalência da

enfermidade na população bovina a nível nacional são indispensáveis de modo a

orientar os necessários programas profiláticos.

O local de realização do estágio foi escolhido por se tratar de uma

empresa bem conceituada, com profissionais competentes e possuir uma

casuística freqüente em atendimentos de grandes animais, principalmente

bovinos leiteiros.

Durante o período de estágio surgiram oportunidades de se colocar em

prática os conhecimentos teóricos adquiridos no decorrer do curso, propiciando

segurança, garantindo assim o êxito futuro nas condutas profissionais.

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2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO E DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Realizou-se o estágio curricular supervisionado na empresa

Comercial Vetmaster Ltda, localizada no seguinte endereço: Av. Comercial, nº

1260 - Centro município de Pontalina - GO, no período de 01 de agosto a 05 de

outubro de 2006, sob a supervisão do Médico Veterinário Maxwell Martins Ribeiro.

A Vetmaster é uma empresa privada existente há 4 anos, constituída

pelos Médicos Veterinários Maxwell Martins Ribeiro, e Leandro Bonifácio da Silva,

um gerente, duas funcionárias de caixa, dois balconistas, um técnico agrícola e

dois carregadores.

Possui área de loja veterinária, laboratório para realização de exames

de brucelose, consultório para pequenos animais, pet shop e fábrica de ração

para confecção de rações concentradas e suplementos minerais formulados em

parceria com a Nutron – Nutrição Animal.

Realiza ainda serviços a campo envolvendo controle zootécnico,

manejo nutricional e sanitário de rebanhos, no município de Pontalina e região,

além de atendimentos emergenciais.

A discriminação das atividades desenvolvidas durante o estágio

curricular realizado na Vetmaster em Pontalina-GO, no período de 01 de agosto a

05 de outubro de 2006 serão apresentadas nas Tabelas 1 a 5.

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TABELA 1 – Atividades desenvolvidas durante o estágio curricular na Vetmaster,

município de Pontalina, no período de 01 de agosto a 05 de outubro

de 2006, na Área de Medicina Veterinária Preventiva

Atividades e/ou Casos Clínicos Atendidos Espécie Total

Exames para diagnóstico de Brucelose Bovina 184

Exames para diagnóstico de Tuberculose Bovina 184

Exames para diagnóstico de Brucelose Suína 46

Exames para diagnóstico de Leptospirose Suína 46 Total 460

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda – 2006

TABELA 2 – Casos clínicos durante o estágio curricular na Vetmaster,

município de Pontalina, no período de 01 de agosto a 05 de outubro

de 2006, na Área de Clínica Médica Animal

Casos Clínicos Atendidos Espécie Total

Garrotilho Equina 01

Paresia Puerperal Bovina 03

Cardiopatia Bovina 01

Acidente Ofídico Bovina 01

Intoxicação por Tamboriú Bovina 01

Pneumonia Bovina 02

Colibacilose Bovina 05

Abdôme Agudo Equina 03

Intoxicação por Cipermetrina Bovina 03

NeoplasiaVulva Bovina 02

Neoplasia 3º Palpebra Bovina 01

Total 23

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda - 2006

TABELA 3 – Atividades desenvolvidas durante o estágio curricular na Vetmaster,

município de Pontalina, no período de 01 de agosto a 05 de outubro

de 2006, na Área de Nutrição Animal

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Área de Nutrição Animal Espécie Total

Cálculo de Ração Bovina 01

Manejo Nutricional Bovina 97

Total 98

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda – 2006

TABELA 4 – Atividades desenvolvidas durante o estágio curricular na Vetmaster,

município de Pontalina, no período de 01 de agosto a 05 de outubro

de 2006, na Área de Clínica Cirúrgica Animal

Casos na Clínica Cirúrgica Animal Espécie Total

Rufião Bovina 01

Descorna Plástica Bovina 01

Dermorrafia Eqüina 01

Orquiectomia Bovina 03

Hiperplasia Interdigital Bovina 03

Dermatite Digital Bovina 01

Pododermatite Séptica Bovina 01

Total 11

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda - 2006

TABELA 5 – Atividades desenvolvidas durante o estágio curricular na Vetmaster,

município de Pontalina, no período de 01 de agosto a 05 de outubro

de 2006, na Área de Obstetrícia e Reprodução Animal

Casos na área de Obstetrícia e Reprodução Animal Espécie Total

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Cesariana Bovina 01

Parto Distócico Bovina 05

Prolapso Uterino Bovina 03

Mumificação Fetal Bovina 01

Diagnóstico de Gestação Bovina 41

Endometrite Bovina 09

Exame Ginecológico Bovina 11 Total 71

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda - 2006

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. Importância da exploração leiteira

A bovinocultura leiteira é um dos principais ramos da pecuária nacional,

destacando-se pela sua importância econômica e gerando empregos diretos e

indiretos ao setor agrícola (Silva, 2003).

No ano de 2005 o Brasil se colocou em sétimo lugar na produção

mundial de leite, com produção de 23.320 milhões de litros (EMBRAPA GADO DE

LEITE, 2005). Conforme tabela abaixo:

TABELA 6 - Classificação mundial dos principais países produtores de leite - 2005

Países Produção de leite (mil t) 2005

1º Estados Unidos 80.150

2º Índia 38.500

3º Rússia 30.600

4º Alemanha 27.600

5º França 25.282

6º China 24.530

7º Brasil 23.320

Outros Países 280.736

Total 530.718

Fonte: Embrapa Gado de Leite

Neste cenário Goiás ocupa o 2º lugar no ranking nacional com

produção de 2538 milhões de litros, destacando-se a região Sul do estado com

produção de 1191 milhões de litros.

No Brasil, predomina os sistemas extensivos de produção de leite, à

base de pasto, com suplementação alimentar no inverno, existindo um grande

número de produtores com produção de até 50 litros de leite/dia, o que contribui

para baixar a média da produtividade nacional (Gomes, 2006).

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Quanto ao perfil da bovinocultura leiteira brasileira, as regiões Sudeste

e Sul do Brasil responderam, em 2003, por 66 % da produção nacional. Na região

Sudeste, está concentrada a maior produção, os maiores centros de consumo e

as indústrias de laticínios. Os estados que mais produziram leite no País em 2003

foram Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo (Gomes,

2006).

No período de 1994 à 2003, o estado de Goiás apresentou a maior

taxa de crescimento na produção de leite, correspondendo a 6 % ao ano. Esse

leite a baixo custo, foi em função do baixo preço da ração concentrada, devido a

abundância de grãos e do custo de oportunidade de terra. Atualmente essa

produção de leite, vem sendo maior que o consumo, resultando na exportação

para outros estados, principalmente para Minas Gerais, para utilização nas

indústrias mineiras de laticínios (Gomes, 2006).

De acordo com Silva (2003), apesar dos avanços demonstrarem a

grande potencialidade do setor leiteiro brasileiro, 95% do leite nacional é do tipo

C, evidenciando o aspecto sanitário e qualitativo do produto final um dos

problemas a serem sanados para melhoria da qualidade do leite nacional,.

Ao mesmo tempo Poletto et al. (2004) afirma que o aumento da

concentração de bovinos por propriedade, a introdução de material genético

proveniente de outros países e a alteração do manejo sanitário e reprodutivo,

facilitaram a disseminação de diversos microorganismos patogênicos de grande

importância sanitária e econômica para a bovinocultura leiteira.

As doenças infecciosas, de origem bacteriana, viral ou parasitária são

importantes, pois podem afetar o sistema reprodutivo, tanto dos machos como

das fêmeas, impedindo a fecundação, causando abortos ou mesmo ocasionando

o nascimento de bezerros com porte inferior à média; sendo também importantes

na taxa de natalidade (EMBRAPA GADO DE CORTE, 1997).

Assim, um grande problema a ser enfrentado, é o controle dessas

determinadas enfermidades infecciosas de caráter zoonótico, transmitidas ao

homem pelo leite cru e seus derivados, a qual destaca-se a brucelose, que ocorre

endemicamente, em todo o território nacional (Jardim, 2003).

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3.2. Brucelose Bovina

É uma zoonose de distribuição mundial, cujo agente etiológico causa

problemas sanitários e econômicos (Silva, 2003; Bathke, 1999), principalmente

nos trópicos e em países com pouco investimento nas áreas de produção de leite

e carne, onde sua incidência é alta (Jardim et al., 2006). A doença ainda constitui

um problema sério em alguns países, mas já foi erradicada em outros, em função

da eficiência e programas adotados para o seu combate (Murakami, 2003; Doxey,

1985).

Sendo uma doença infecciosa crônica, produzida pela Brucella abortus,

endêmica, é caracterizada sobretudo, pelo aborto das fêmeas em estado

avançado de gravidez, do 5º ao 7º mês de gestação (Leite et al., 2003; Hirsh,

2003; Bathke, 1999). Ao longo de sua evolução, o agente causador da doença,

desenvolveu mecanismos para conviver com seus hospedeiros, particularmente

os bovinos, de tal forma que se tornasse possível sua sobrevivência por períodos

prolongados, favorecendo a permanência e a transmissão do patógeno na

população (Silva et. al., 2005).

Nascimento & Santos (2003) definem aborto como a expulsão do

concepto antes do término do período normal de gestação, quando ele ainda é

incapaz de se manter vivo, ou seja, é expulsar o feto inviável em conseqüência da

morte intra-uterina (, 2003).

3.3. Etiologia

As seis espécies de Brucella e seus respectivos hospedeiros

preferenciais são: B. abortus – Bovinos, B. ovis - Ovinos, B. canis - cães, B. suis -

suínos, B. Melitensis – caprinos e ovinos e B. neotomae – apenas no rato silvestre

(Silva, 2003; Hirsh, 2003). Embora as brucelas tenham uma ampla variedade de

hospedeiros, não são facilmente transmitidas de um hospedeiro habitual para um

diferente (Blood & Radostits, 1991).

Todas as espécies do gênero são cocobactérias gram negativas,

imóveis, não capsuladas nem esporuladas, aeróbias ou microaerófilas (Nozaki,

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2003; Riet Corrêa et al., 2001; Corrêa & Corrêa, 1992), carboxifílicos, catalase e

uréase positivos e não produzem ácidos de carboidratos em meio convencional

de peptona (Carter, 1988). São parasitas obrigatórios que necessitam de um

animal hospedeiro para sua manutenção (Hirsh, 2003).

Segundo Jardim (2003), e Megid et al. (1999), embora vários

componentes antigênicos do gênero Brucella tenham sido caracterizados,

considera-se que sejam constituídos basicamente por antígenos polissacarídicos

e principalmente de natureza lipopolissacarídica (LPS), o qual é constituído nas

cepas lisas por diferentes proporções de antígenos denominados A e M,

responsáveis pela síntese de diferentes classes de imunoglobulinas (Ig) anti-

Brucella, detectáveis em testes sorológicos convencionais.

Quanto à resistência, as espécies do gênero Brucella são bastante

sensíveis aos desinfetantes comuns, à luz e à dessecação. Tanto a pasteurização

quanto a simples fervura as destroem (Corrêa & Corrêa, 1992). Em condições

ambientais propicias, sobrevive por até 4 meses em leite, urina, água e solo

úmido (Hirsh, 2003). Os meios de desinfecção comuns, como o cloreto de cal e a

formalina, matam as brucelas de forma segura e rápida (Hirsh, 2003; Bathke,

1999).

3.4. Epidemiologia

A distribuição das diferentes espécies de Brucella apresenta variações

geográficas, sendo a Brucella abortus a mais amplamente difundida no mundo.

No Brasil, este agente está presente em todas as regiões, embora apresentando

diferentes taxas de soropositividade bovina (Silva et al., 2006).

O sexo, a estação do ano e o clima não têm influência na apresentação

da doença, mas a idade sim, pois as Brucellas são muito mais infectantes para

animais púberes, ainda que possam ocorrer em impúberes (Corrêa & Corrêa,

1992). Os animais de um rebanho, manifestam diferentes graus de predisposição

a infecção, segundo a idade e o sexo. Os bezerros de até seis meses de idade,

são pouco predispostos à infecção e em geral se infectam somente de forma

transitória, podendo eliminar posteriormente a infecção. As novilhas podem se

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infectar antes de emprenharem, mas geralmente não abortam (Silva et al., 2006;

Marques, 2003; Corrêa & Corrêa, 1992).

A doença se mantém endêmica, e propriamente não há letalidade nem

mortalidade, a não ser que se computem os fetos abortados ou neonatos doentes,

que vêm a morrer; o adulto infectado não morre pela enfermidade (Corrêa &

Corrêa, 1992).

3.5 Patogenia e sinais clínicos

As fontes de infecção mais comuns são a água, alimentos e fômites

(substâncias inanimadas capazes de transmitir doenças contagiosas, como

materiais utilizados na inseminação artificial) contaminados por abortos, placenta,

secundinas e lóquios (Hirsh, 2003;.Riet Corrêa et al., 2001; Bathke, 1999;

EMBRAPA GADO DE CORTE, 1997; Corrêa & Corrêa, 1992).

A transmissão para o rebanho pode ser vertical, por infecção congênita

do feto, embora ocorra esporadicamente. A forma mais freqüente é a horizontal e

por contaminação direta, que pode se dar, via alimentar, conjuntival ou através da

pele íntegra ou lesada. A infecção pode ocorrer, também, através de sêmen

contaminado (Riet Corrêa et al., 2001; EMBRAPA GADO DE CORTE, 1997;

Carter, 1988). Blood et al., (1991), citam ainda a contaminação do úbere durante

a ordenha, pois a infecção pode ser transmitida por uma vaca cujo leite contenha

o microrganismo para outra vaca sadia. No caso de ingestão de substâncias contaminadas, as bactérias são

endocitadas pelas células epiteliais do intestino delgado e se alojam inicialmente

nos linfonodos regionais, onde proliferam no interior de fagócitos (Hirsh, 2003). A

invasão dos vasos linfáticos e a bacteremia subseqüentes, permitem a

disseminação da infecção por todo o organismo e, conseqüentemente, a

colonização de vários tecidos, especialmente os órgãos genitais masculinos, útero

gestante e glândulas mamárias. (Silva et al., 2005; Hirsh, 2003).

Em vacas gestantes, a infecção fetal ocorre após a multiplicação de B.

abortus nas células trofoblásticas, que leva à necrose do trofoblasto, vasculite,

separação da placenta fetal da materna e ulceração da membrana cório-

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alantóidea. Posteriormente, a bactéria se dissemina para as vilosidades

coriônicas, tecidos fetais e lume uterino. (Anderson et al., 1986; citados por Silva

et. al., 2006). Em vacas gestantes não-vacinadas, ocorre aborto após o quinto

mês de gestação e geralmente nas gestações subseqüentes, o bezerro nasce a

termo (desenvolve a gestação até o último dia), embora ainda possa ocorrer

aborto (Hirsh, 2003; Murakami, 2003; Radostits et al., 2002). Após o aborto,

ocorre, frequentemente, uma retenção de membranas fetais, sempre existindo

fluxo, acumulando-se no útero, uma secreção frequentemente cinza ou vermelho-

pardo e, às vezes, fétida, que é excretada ocasionalmente (Bathke, 1999).

Para se chegar à morte intra-uterina do feto e ao aborto, depende,

entre outros fatores, do momento da gravidez em que foi produzida a infecção e

sua generalização (Bathke, 1999). Uma pequena porcentagem de novilhas

infectadas ao nascimento e sorologicamente negativas pode abortar ou ter

bezerro infectado na primeira gestação, sendo considerados animais com

infecção latente e importantes na manutenção da doença no rebanho (Nicoletti,

1980 citado por Silva et. al., 2005; Corrêa & Corrêa, 1992).

Nos touros, as bactérias podem atingir os testículos e as glândulas

genitais acessórias, afetando a parte reprodutiva (Carter, 1988), podendo ocorrer

diminuição da libido e infertilidade (Hirsh, 2003).

3.6. Achados de Necropsia

Os fetos abortados podem estar autolisados por ocasião do aborto e

geralmente se apresentam edematosos, contendo liquido avermelhado no tecido

subcutâneo e nas cavidades corporais (Silva et al., 2005; Doxey, 1985). A

pneumonia é a lesão mais comumente descrita em casos de aborto por brucelose

(Nascimento & Santos, 2003; Bathke, 1999; Doxey, 1985). Nos casos graves, os

pulmões estão intumescidos, de consistência firme e eritematosos, com faixas de

fibrina na pleura (Doxey, 1985). Os fetos apresentam também arterite necrótica

dos vasos pulmonares, além de reação inflamatória granulomatosa e necrose

focal no baço, fígado e rins (Nascimento & Santos, 2003).

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3.7. Métodos de determinação da brucelose bovina mais utilizados no Brasil

Na brucelose animal, assim como em outras infecções, o isolamento do

microrganismo é o método diagnóstico mais seguro, mas, em virtude das

dificuldades deste procedimento e da sua limitação para uso em grandes

rebanhos, os métodos sorológicos são os mais utilizados (Silva, 2003; Megid et

al., 2000).

O diagnóstico da brucelose bovina se realiza por provas convencionais

de aglutinação e fixação de complemento, as quais têm contribuído amplamente,

em todo o mundo, para o controle e erradicação da enfermidade. Contudo, estas

técnicas têm o inconveniente de serem subjetivas, de baixa especificidade e,

sobretudo, de não diferenciarem animais vacinados com cepa 19 presente em

animais vacinados, daqueles infectados com cepa de campo. Nos últimos anos,

novas técnicas sorológicas têm sido desenvolvidas buscando superar os

inconvenientes das provas convencionais (Jardim, 2003).

O desenvolvimento de técnicas de ELISA e da fluorescência

polarizada, demonstra a preocupação com os inconvenientes apresentados pelas

provas convencionais, pois estas técnicas não só se apresentam mais sensíveis e

específicas que as técnicas convencionais, como também apresentam a

capacidade de diferenciar animais vacinados dos infectados (Jardim, 2003). Para se obter a correta identificação de animais infectados são

utilizados vários testes diagnósticos que, em função de suas características de

sensibilidade e especificidade, de facilidade de realização, de custo e de

disponibilidade, são empregados de maneira distinta nas diferentes situações

epidemiológicas que se apresentam (Poester et al., 2005).

Os métodos diretos de diagnóstico, como o isolamento e a identificação

da bactéria, possuem a vantagem da sua alta especificidade e por identificarem

as diferentes espécies e biovariedades do agente. Entretanto, como há

necessidade de se manipular material altamente contaminado e infeccioso, é

imperiosa a utilização de instalações e equipamentos de proteção para se manter

a biossegurança adequada ao trabalho com Brucella spp. Métodos indiretos em

função disso, por serem mais rápidos, mais baratos e menos perigosos, têm sido

utilizados com mais freqüência. Esses métodos utilizam técnicas que detectam

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anticorpos em diferentes fluidos corporais. (Poester et al., 2005; Blood &

Radostits, 1991).

Os melhores materiais a serem enviados para o laboratório, quando a

escolha for os métodos diretos de diagnóstico, são secreções e fragmentos de

órgãos do feto abortado, placenta materna e fetal e secreções vaginais pós-parto

ou pós-aborto (Crawford et al., 1990 citados por Poester et al., 2005).

O sangue e o leite não são os principais materiais de escolha para o

diagnóstico da brucelose bovina, pois a bacteremia é curta, em torno de 24-48

horas, e a eliminação pelo leite é intermitente, o que contribui para diminuir a

possibilidade de sucesso no diagnóstico (Alton et al., 1988 citados por Poester et

al., 2005).

Para coleta de sangue utilizado na sorologia, o ideal é lançar mão de

tubos siliconizados, com vácuo e sem anticoagulante. Após a coleta do sangue,

os tubos devem ficar à temperatura ambiente, ao abrigo da luz solar, por cerca de

uma hora, para a completa coagulação. Então, o tubo pode ser colocado sob

refrigeração (4ºC), para a retração do coágulo, ou o soro separado decantado

imediatamente para outro frasco. Este frasco deve ser corretamente identificado e

mantido sob refrigeração, se o tempo de estocagem for curto, ou congelado.

Deve-se evitar o congelamento e descongelamento da amostra, pois isso pode

levar a diminuição do título de anticorpos (Poester et al., 2005).

3.7.1 Diagnóstico direto

a) Imunohistoquímica

É uma técnica versátil que alia a praticidade da utilização de material

preparado rotineiramente para a histopatologia com a especificidade das reações

antígeno-anticorpo e a detecção espacial de antígenos do tecido. A

imunohistoquímica tem sido utilizada para o diagnóstico de brucelose em material

de fetos abortados e no estudo da patogenia da brucelose (Santos et al. 1998

citado por Poester et al., 2005). Além das características já citadas, a

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imunoistoquímica possui a vantagem de não necessitar que a bactéria esteja

viável no tecido, além do diagnóstico poder ser realizado retrospectivamente

(Poester et al., 2005).

b) Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

A PCR é uma técnica que possibilita a identificação de um

microorganismo a partir de seu DNA presente na amostra. Além de seu emprego

para a identificação das amostras isoladas, os vários ensaios de PCR também

foram testados a amplificação a partir de material clínico, como material de

aborto, sangue, secreções nasais e sêmen (Bricker, 2002, citado por Poester et

al., 2005), com bastante sucesso, apesar de alguns problemas no preparo e

extração de DNA para utilização no ensaio (Poester et al., 2005).

Por serem testes extremamente sensíveis e específicos, podendo

detectar um número muito pequeno de bactérias, os ensaios de PCR podem

auxiliar na identificação de Brucella spp. nos mais diversos materiais, desde

material de aborto até alimentos como leite e queijo. Entretanto, a técnica

necessita de laboratórios e técnicos especializados para sua execução, em

função de equipamentos que utiliza e de evitar contaminações cruzadas (Poester

et al., 2005).

3.7.2. Diagnóstico sorológico

Na rotina de diagnóstico da brucelose animal, em função de sua

simplicidade de execução e interpretação, os métodos sorológicos são os mais

frequentemente utilizados. Nestes testes, utilizam-se antígenos preparados com

células bacterianas mortas, coradas ou não, ou frações de Brucella spp. que,

quando colocados frente a diferentes fluidos orgânicos, detectam anticorpos

específicos (Alton et. Al., 1988; Nielsen, 2002 citados por Poester et al., 2005).

Estes anticorpos são mais comumente pesquisados no soro, plasma sanguíneo e

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leite e com menos freqüência no plasma seminal e muco vaginal (Alton et al.,

1988 citados por Poester et al., 2005).

a) Testes com Antígeno Acidificado

Foi desenvolvido por necessidade de prova mais prática, mais rápida

de se executar, e, portanto mais apropriada na prática para grandes rebanhos.

Pratica-se misturando uma gota do antígeno especial com uma gota do soro,

verificando a aglutinação do antígeno corado pelo rosa-bengala após quatro

minutos (Corrêa & Corrêa, 1992).

Segundo Blood et al. (1991), as reações falso-positivas são devidas à

atividade residual do anticorpo, provocada pela vacinação, aos anticorpos do

colostro nos bezerros, à reação cruzada com certa bactéria e a erro laboratorial,

sendo observadas durante a incubação precoce da doença e imediatamente após

o aborto.

No caso do teste do antígeno acidificado tamponado (AAT), a presença

de qualquer aglutinação resulta em um teste positivo (Brasil, 2004). Logo, soros

com resultados positivos neste teste devem ser submetidos a provas

confirmatórias. A grande vantagem das provas de triagem é, no entanto, a

eliminação da necessidade de se testar os animais que resultarem negativos no

teste, economizando-se tempo e recursos (Nielsen, 1998 citado por Poester et al.,

2005).

b) Teste do Anel em Leite (TAL)

Entre as principais vantagens estão a praticidade, segurança,

simplicidade e utilidade na profilaxia da brucelose bovina, pois, além de

sensibilidade adequada, é uma prova coletiva que permite diagnosticar brucelose

em rebanhos para, posteriormente, realizar a investigação individual. (Silva, 2003;

Corrêa & Corrêa, 1992).

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As principais desvantagens inerentes ao TAL são a utilização exclusiva

em animais em lactação, resultados falso positivos em leite procedente de

animais vacinados com idade superior à indicada para a vacina B19 (Silva, 2003).

Quanto maior a freqüência de testes de um rebanho com a técnica do

anel do leite, mais eficiente o teste se torna para detectar infecções precoces e,

assim, prevenir surtos séricos em rebanhos susceptíveis (Blood et al., 1991).

Neste teste, um antígeno elaborado com células inteiras, corado com

hematoxilina, em pH 4, é colocado frente a uma mistura de leite de várias vacas.

Se a amostra contiver anticorpos contra Brucella spp., estes anticorpos irão

aglutinar as bactérias presentes no antígeno, ao mesmo tempo em que irão aderir

aos glóbulos de gordura do leite via porção Fc da molécula (Olascoaga, 1976

citado por Poester et al., 2005). Após a incubação a 37ºC por 1h, este complexo é

então carregado para a superfície da amostra, resultando num anel corado que

indica a positividade da amostra. Caso contrário, o antígeno permanece

uniformemente disperso no leite e o anel de gordura aparece de cor branca,

indicando a negatividade da amostra (Brasil, 2004).

c) Teste de Redução pelo 2-Mercaptoetanol (2ME)

Na realização desta prova são utilizadas duas séries de tubos com

diluições seriadas dos soros: uma com adição de 2ME e outra sem a adição de

2ME, que corresponde à prova lenta em tubos, e a interpretação é feita por

comparação entre ambas (Manual, 2004 citado por Poester et al., 2005). Este

teste é de utilidade para detectar animais cronicamente infectados, cujos

resultados na prova de aglutinação podem revelar títulos baixos (Poester et al.,

2005).

d) Teste de Fixação do Complemento (FC)

Em ruminantes tem a vantagem de ser, relativamente, insensível aos

anticorpos produzidos em resposta à vacinação com amostra 19 de B. abortus,

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sendo altamente sensível e específico em animais naturalmente infectados pela

brucelose (Jardim, 2003).

Raramente apresenta reações inespecíficas e é útil na diferenciação

entre os títulos causados pela vacinação de bezerras e aqueles devido à infecção,

podendo ser então considerada confirmatória (Blood et al., 1991). Em casos de

infecção crônica, quando há predomínio de IG, esta prova apresenta resultados

positivos, enquanto a soroaglutinação pode apresentar títulos baixos ou mesmo

ausência de aglutinação (MacMillan, 1990 citado por Poester et al., 2005).

Animais vacinados com B19 entre três a oito meses, tornam-se

negativos à FC seis meses após a vacinação, ou seja, bem antes da

soroaglutinação (Morgan, 1967 citado por Poester et al., 2005). Esta prova

apresenta a desvantagem de ser bastante laboriosa e poucos laboratórios a

mantém como rotina, sendo reservada para uso em situações especiais (Poester

et al., 2005; Jardim, 2003). A Organização Mundial de Saúde (OIE) coloca a FC

entre as provas a serem empregadas para o diagnóstico de brucelose em animais

destinados ao trânsito internacional (Nielsen, Ewalt, 2004 citados por Poester et

al., 2005).

e) Ensaios Imunoenzimáticos (ELISA)

O avanço nos programas de erradicação da brucelose em alguns

países, o qual levou à redução da prevalência da infecção a níveis muito baixos,

gerou a necessidade de se dispor de técnicas sorológicas altamente específicas,

de fácil execução e capazes de diminuir a taxa de falso-positivos em função,

principalmente da vacinação com a amostra B19 (Nielsen et al., 1989 citados por

Poester et al., 2005).

De acordo com Jardim (2003), o teste ELISA é uma reação sorológica

baseada no uso de antígenos ou anticorpos marcados com enzimas, na qual o

complexo resultante possui atividade imunológica e enzimática. Por estar um de

seus componentes marcado com uma enzima e ligado a um suporte

imunoadsorvente, o complexo formado torna-se imobilizado. Desta forma, com a

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adição de um substrato cromogênico específico para a enzima, ocorrerá o

desenvolvimento da coloração.

Vários formatos de provas imunoenzimáticas foram descritos na

literatura, os quais vão desde provas de ELISA indiretas (com diferentes

antígenos e conjugados) (Nielsen e Gall, 1994 citados por Poester et al., 2005) a

ELISA competitivas (Nielsen et al., 1989; MacMillan et al., 1990 citados por

Poester et al., 2005). As principais vantagens do uso de provas imunoenzimáticas

são: a facilidade com que se pode ajustar os valores de sensibilidade e

especificidade; a sua automação, permitindo a realização de um número grande

de testes; a interpretação objetiva dos resultados e a padronização dos testes.

Estas provas têm como desvantagem apresentarem um custo relativamente alto

no momento da sua implantação no laboratório (Nielsen, 1998 citado por Poester

et al., 2005).

Geralmente os programas de controle de brucelose baseados em

diagnóstico e sacrifício dos animais infectados, tendo em vista o alto custo dos

resultados falso-positivos, seja para o produtor, seja para o programa, utilizam

uma estratégia de testes em série. Para tanto, empregam um teste de triagem

(AAT) com a confirmação dos animais reagentes neste, seguindo de um teste

complementar de alta especificidade como o 2ME ou FC (Poester et al., 2005).

3.8. Tratamento

Afirma-se que a terapia combinada de oxitetraciclina de longa ação

(20mg/kg por via intramuscular a cada 3 ou 4 dias, por um período de cinco

tratamentos) e estreptomicina (25mg/kg por via intravenosa ou intramuscular

diariamente durante 7 dias, a partir do início do tratamento com oxitetraciclina)

poderá eliminar a infecção na maioria das vacas (Blood et al., 1991). Devido ao

programa de erradicação empregado em muitos países, raramente as vacas

infectadas são tratadas (Margaret et. al., 1993; Corrêa & Corrêa, 1992).

Relata-se que o tratamento é mal sucedido por causa do seqüestro

intracelular dos microorganismos nos linfonodos, na glândula mamária e nos

órgãos reprodutivos. As brucelas são bactérias intracelulares facultativas que

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podem sobreviver e se multiplicar dentro dos macrófagos. As falhas no tratamento

são consideradas não pelo desenvolvimento da resistência microbiana, mas pela

incapacidade da droga em penetrar a barreira da membrana celular (Radostits, et

al. 2002).

3.9. Controle e erradicação

Este controle é importante tanto do ponto de vista econômico, pela

redução das perdas de animais durante o período de gestação, como também

quanto o aspecto de saúde pública, uma vez que esta doença pode ser

transmitida ao homem (EMBRAPA GADO DE CORTE, 1997). As medidas sanitárias são fundamentadas em dois focos principais: o

diagnóstico e a vacinação, pelos quais é possível reduzir ou prevenir a exposição

dos animais ao agente infeccioso e, aumentar a resistência dos rebanhos (Jardim

et al., 2006). Em função de sua importância como zoonose, as perdas econômicas

causadas pela infecção, quanto à ampliação de mercados proporcionando

produtos de melhor qualidade sanitária, a brucelose tem sido identificada como

uma das doenças cujo controle deverá provocar um grande impacto nos setores

produtores de carne e leite no país (Lage et al., 2005).

O controle da brucelose bovina, depende fundamentalmente de dois

fatores principais no manejo dos rebanhos acometidos: a prevenção da exposição

de animais susceptíveis à Brucella abortus e o aumento da resistência da

população bovina à infecção. A diminuição da transmissão aos animais

susceptíveis pode ser alcançada pela adoção de várias medidas de manejo, como

a restrição das áreas de parição, a separação dos animais infectados e seu

posterior descarte, associadas a medidas de higiene e desinfecção. O aumento

da população resistente à infecção por B. abortus, com conseqüente diminuição

do número de animais susceptíveis na população, tem sido alcançado com êxito

pelo emprego de programas de vacinação sistemática dos animais jovens com

vacinas vivas (Lage et al., 2005).

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É recomendado que a vacinação com B19 seja realizada em fêmeas

com idade entre três e oito meses. Isto visa não interferir com a imunidade

passiva (três meses) e, principalmente, minimizar interferências no diagnóstico

sorológico na idade adulta, além de proteger as bezerras antes de entrarem no

período reprodutivo (oito meses). Os anticorpos vacinais não são detectados em

animais adultos quando a vacinação com dose padrão respeita a idade

preconizada pelo

Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e

Tuberculose (PNCEBT), pois, nestes casos, a titulação se estende, normalmente,

até os 18 meses de idade (Costa et al. 1999).

A resistência do rebanho conferida pela vacina B19, embora não seja

absoluta, reduz a severidade dos sintomas clínicos, diminuindo a quantidade de

organismos patogênicos, que são eliminados no ambiente pelos animais

infectados (Lage et al., 2005).

Apesar dos poucos casos de abortos relatados quando da aplicação da

vacina RB51, recomenda-se a não vacinação de fêmeas prenhes. Machos

também não devem ser vacinados. Estudos sobre a segurança de utilização da

RB51 demonstram que a mesma não é eliminada no ambiente e que não

permanece no organismo dos animais por período superior a 12 semanas (Lage

et al., 2005).

Em 2000, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(MAPA) revisou as estratégias e a legislação sobre o controle da brucelose bovina

no país e, no início de 2001, quando da adoção do PNCEBT (Brasil, 2001a e b

citados por Lage et al., 2005). As estratégias contidas no Regulamento Técnico

do PNCEBT (Brasil, 2004) incluem:

a vacinação obrigatória de bezerras com idade entre 3 e 8

meses com vacina B19;

certificação voluntária de propriedades livres;

monitoramento voluntário de propriedades de gado de corte

baseado em amostragens periódicas;

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exigência de atestados negativos para trânsito interestadual

de animais para reprodução e para ingresso em exposições, feiras e

leilões;

sacrifício dos animais reagentes;

padronização dos métodos de diagnóstico e,

capacitação e habilitação de médicos veterinários do setor

privado aos quais o serviço de defesa sanitária delegará competências.

O PNCEBT tem por objetivos baixar a prevalência e a incidência da

brucelose e da tuberculose e certificar um número elevado de propriedades, nas

quais o controle e erradicação destas enfermidades sejam executados com rigor e

eficácia, objetivando aumentar a oferta de produtos de baixo risco para a saúde

pública. Esta garantia sanitária na origem, associada à modernização das cadeias

produtivas do leite e da carne, visa aumentar a produtividade e a competitividade

dos produtos pecuários, nos mercados interno e externo, oferecendo ao

consumidor um produto de maior valor agregado (Lage & Poester et al., 2005).

O Regulamento Técnico do PNCEBT (Brasil, 2004; Jardim, 2003; Silva,

2003) aprovou para o diagnóstico de brucelose os testes AAT e o TAL, como

testes de rotina, e o teste 2ME e a FC, como testes confirmatórios. Segundo

Brasil (2004) o TAL pode ser empregado na triagem ou monitoramento de

rebanhos leiteiros e pode ser realizado por veterinários habilitados, por

laboratórios credenciados ou oficiais e pelo serviço de defesa sanitária animal. A

interpretação dos resultados será qualitativa e os rebanhos com amostras

reagentes devem ter seus animais testados individualmente. O teste AAT é

empregado na triagem de animais e pode ser realizado por veterinários

habilitados e por laboratórios credenciados ou oficiais. A interpretação dos

resultados é qualitativa.

Em rebanhos comprovadamente infectados o médico veterinário

poderá optar por condenar o animal apenas com o resultado do AAT,

privilegiando assim a sensibilidade do diagnóstico e acelerando o processo de

saneamento do rebanho. Nas situações em que é necessário evitar resultados

falso positivos, quando se pretende boa especificidade, pode-se, então, aplicar o

método de testes em série, em que os animais reagentes ao AAT são submetidos

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a teste confirmatório. O teste do 2ME é empregado para a confirmação dos

animais reagentes ao teste do AAT e só pode ser realizado por laboratórios

credenciados ou oficiais. A interpretação dos resultados é quantitativa e os

critérios de interpretação levam em consideração o histórico de vacinação dos

animais (Lage & Poester et al., 2005). A FC também poderá ser utilizada como

teste confirmatório em animais reagentes ao AAT e só será realizada por

laboratórios oficiais. A interpretação dos resultados do teste é quantitativa. É o

teste de referência para o trânsito internacional de animais, de acordo com as

normas da OIE (MacMillan & Stack, 2000 citados por Lage et al., 2005).

O PNCEBT não permite a vacinação de animais adultos com nenhuma

vacina, incluindo a B19, o que preocupa os pecuaristas, que não têm outra opção

além do sacrifício (abate sanitário) e destruição dos soropositivos, mesmo que

esses representem mais de cinqüenta por cento do rebanho total, o que se torna

mais crítico pelo fato de o sacrifício não reverter capital suficiente para a

reposição do rebanho e pela destruição significar apenas perda. A atual legislação

não prevê apoio a esses casos, assim como não orienta qual o melhor manejo a

ser adotado com os bezerros das vacas soropositivas que mamam em suas

mães; nestes casos, a eliminação, como única saída, poderia inviabilizar a

atividade (Jardim et al., 2006).

Dentre as ações obrigatórias do PNCEBT está a vacinação de bezerras

com idade entre 3 e 8 meses contra brucelose com a vacina B19 (Nicoletti, 1990

citado por Lage & Poester et al., 2005). Além da emissão do atestado de

vacinação, as bezerras vacinadas devem ser marcadas a ferro candente com a

letra “V”, acompanhada do algarismo final do ano de vacinação, no lado esquerdo

da cara (Lage & Poester et al., 2005).

Recentemente foi aprovada pelo MAPA a utilização no país da vacina

com a amostra rugosa de Brucella abortus RB51 em animais com idade superior

a 8 meses. O objetivo da utilização desta vacina é aumentar a cobertura vacinal

em animais acima de 8 meses de idade, com conseqüente aumento da imunidade

de rebanho e sem interferência no diagnóstico. A RB51 foi aprovada pelo MAPA

para utilização em fêmeas adultas que nunca foram vacinadas, não reagentes aos

testes de diagnóstico, em focos de brucelose e em situações de alto risco de

infecção, onde se justificam vacinações estratégicas (Lage & Poester et al., 2005).

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3.10. Zoonose

Pelo caráter zoonótico da brucelose, torna-se de primordial importância

a identificação e eliminação de fontes de infecção com a finalidade de bloquear a

transmissão ao ser humano e a outros animais susceptíveis (Silva, 2003).

Segundo Blood et al. (1991), a forma mais comum de transmissão da

brucelose para a população em geral é o consumo de leite contaminado não-

pasteurizado e de queijos preparados com leite cru.

A transmissão também pode ocorrer por aerossol ou contato direto com

material infectado, sendo vaqueiros e veterinários os principais grupos de risco na

aquisição da doença, pelo contato com material altamente infectado (Santos et

al., 2005; Corrêa & Corrêa, 1992). Cabe ao médico veterinário orientar o pessoal

envolvido com o manejo de bovinos para evitar contato direto com placentas ou

fetos abortados (Santos et al., 2005).

Os abatedouros são um ambiente propício para ocorrência da infecção

ocupacional, uma vez que, além dos operários trabalharem diretamente com

carcaças, o ambiente favorece a formação de aerossóis que podem

potencialmente transmitir o agente (Santos et al., 2005).

O início dos sinais em humanos ocorre em 2 a 3 semanas após

exposição. Os sinais clínicos são inespecíficos e incluem febre intermitente e

calafrios com sudorese noturna, fadiga e dor muscular, articular e lombar.

Depressão e insônia são comuns (Hirsh, 2003).

Ao contrário do que ocorre com os animais domésticos, nos quais o

aborto é a principal manifestação da infecção pro Brucella, este agente não é uma

causa comum de aborto na espécie humana (Santos et al., 2005).

O tratamento recomendado pela Organização Mundial de Saúde é a

combinação de doxaciclina e rifampicina por seis semanas para o tratamento da

brucelose humana (Santos et al., 2005).

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3.11. Prejuízos

A brucelose é uma zoonose crônica de importância para a Saúde

Pública (Langoni et al.; 2000; Carter, 1988). Dados epidemiológicos sobre a

prevalência de brucelose bovina são escassos, o que dificulta o estudo

sistemático do impacto econômico dessas enfermidades no rebanho bovino

leiteiro, o qual oferece maior possibilidade de contaminação aos humanos, pelo

contato e consumo de leite e seus derivados (Poletto et al., 2004). A dificuldade no conhecimento da prevalência, está associada a

diversos fatores, entre os quais podem ser citados: a grande extensão territorial, o

grande número de animais que compõem o rebanho brasileiro, a escassez de

recursos financeiros e o grande esforço necessário para manter atualizado este

tipo de informação. Não havendo a produção de dados que fomentem de forma

sistemática as estatísticas de ocorrência de brucelose, não há informações

seguras que possam orientar os programas de controle (Murakami, 2003).

Na América Latina, a brucelose é uma das enfermidades que provoca

perdas anuais de cerca de US$ 600 milhões, um valor que explica a prioridade

concedida ao controle dessa infecção nas atividades dos serviços de saúde

animal (Silva et al., 2006; Murakami, 2003).

A doença provoca graves perdas econômicas na produção animal,

chegando a causar diminuição de 25 % da produção de leite e 15 % da produção

de carne, e ainda a perda de bezerros ocasionada por abortos, nascimento de

animais fracos, e aumento da taxa de retenção de placentas. (Vasconcelos,

2005). Os touros afetados podem apresentar infertilidade temporária ou

permanente, dependendo da intensidade das lesões (Radostits et al., 2002).

Suas implicações econômicas geram barreiras internacionais ao

comércio de produtos de origem animal (Vasconcelos, 2005; Jardim, 2003), e

perdas na indústria: condenação do leite e da carne, queda de preços da carne,

leite e derivados, desvalorização para o mercado externo, e altos custos com

programas de controle, erradicação e pesquisas (Jardim et al., 2006).

Uma em cada cinco vacas que abortam torna-se estéril, e a

necessidade de repor animais em um rebanho infectado aumenta em

aproximadamente 30 %. Em condições ideais de manejo, vacas livres de

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brucelose dão em média um bezerro a cada 11,5 meses, enquanto vacas

infectadas dão em média um bezerro a cada 20 meses (Jardim, 2003; Silva ,

2003).

As perdas com a produção animal por causa dessa doença podem ser

de grande importância, primariamente devido ao declínio na produção de leite nas

vacas que abortam. A seqüela comum de infertilidade aumenta o período entre as

lactações e, num rebanho infectado, o período médio entre os partos pode ser

prolongado por muitos meses. Além dos prejuízos ocasionados pela diminuição

da produção de leite, há perda de bezerros e interferência com o programa de

reprodução (Blood et al., 1991). Um surto de brucelose em rebanho leiteiro

geralmente resulta em aumento na contagem de células somáticas no leite e

redução da fertilidade por aumento no intervalo de partos, devido à ocorrência de

abortos ou metrite pós-parto (Gorham et al., 1986; Meador & Deyoe, 1989 citados

por Silva et. al., 2005).

A incidência varia consideravelmente entre os rebanhos, entre as áreas

e entre os países e, por esta razão, são de pouco valor os detalhes sobre a

percentagem de animais acometidos (Blood et al., 1991). O último diagnóstico de

situação da brucelose bovina no Brasil foi realizado nos anos 90, quando dados

oficiais apontavam que a prevalência de animais soropositivos se mantinha entre

4 e 5 %, no período de 1988 e 1998 (Silva et al., 2006). Em 1975 foram

verificadas as seguintes prevalências em animais por região: Sul, 4 %; Sudeste,

4,5 %; Centro-Oeste, 6,8 %; Nordeste, 2,5 %; e Norte, 4,1 % (Jardim, 2003).

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Registro de atividades

Foram colhidas amostras de sangue de 184 animais, provenientes de

13 propriedades rurais de exploração leiteira no município de Pontalina – GO.

Os vacas da raça Girolando tinham entre 5 e 8 anos de idade,

pesavam entre 400 e 500 kg, se apresentavam clinicamente sadias, e não

vacinadas. Os proprietários solicitaram a realização de exames de brucelose e

tuberculose desses animais, pois os mesmos estavam sendo vendidos para

outros proprietários rurais e o atestado negativo é uma das exigências dos bancos

para a concessão de empréstimos destinados a aquisição de animais.

Para a realização dos exames, foram coletadas amostras de sangue

dos animais através da venopunção da mamária com agulhas estéreis

(40x12mm). Foi coletado 1ml de sangue em tubos de ensaio de 10 ml,

previamente identificados com o número do brinco do animal, que permaneceram

inclinados para facilitar o processo de retração do coágulo visando a obtenção do

soro para realização dos testes sorológicos, e levados em temperatura ambiente

ao laboratório, onde foram colocados em geladeira com temperatura entre 2 e 8ºC

por cerca de 24 horas. Após as amostras e o reagente foram deixadas em

temperatura ambiente por cerca de 30 minutos, então as amostras foram

centrifugadas por 10 minutos.

As amostras foram então submetidas ao teste de AAT, com seguinte

metodologia:

- Identificação da localização de cada soro a ser testado na placa de

vidro.

- Utilizando pipetador (automático com ponta descartável) medimos 30

microlitros do soro e 30 microlitros do reagente, e colocamos separadamente

sobre a placa de vidro quadriculada padrão (3cm2).

- Homogeneização, com auxilio de um bastão de vidro, o soro e o

reagente sobre a placa de vidro formando círculos de cerca de 2 cm de diâmetro.

- Homogeneização com movimentos suaves de inclinação da placa.

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- Colocação da placa sobre fonte de luz e a leitura após 4 minutos.

Os resultados foram interpretados a partir de reações de aglutinação,

indicada pela presença de grumos nas amostras positivas e ausência nas

negativas.

Os animais não foram submetidos ao teste de confirmação, através do

2 – Mercaptoetanol, pois seria muito oneroso para os produtores.

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5. RESULTADOS

Dentre as 184 amostras testadas, 19 (10,32%) foram diagnosticadas

soropositivas, encontradas em 9 (69,23%) das 13 propriedades rurais atendidas,

ou seja, pelo menos um animal é fonte de infecção para todos.

5.1. Controle

As medidas tomadas com relação aos animais soropositivos foram:

marcação com ferro candente de um P de positivo do lado

direito da cara dentro de um círculo;

Recomendação para que os animais fossem vendidos para

frigoríficos, eliminando assim do plantel animais soropositivos.

Medidas recomendadas para com os outros animais do rebanho:

Submeter o rebanho ao TAL ou individualmente ao exame de

AAT (os animais vacinados só serão submetidos após 18 meses de idade);

Vacinar as fêmeas bovinas entre 3 e 8 meses de idade;

Ao adquirir animais submetê-los ao exame de AAT antes de

introduzi-los no plantel, diminuindo assim o risco de reintrodução da

doença no rebanho;

Reservar um piquete somente para vacas parirem, evitando-

se espalhar restos placentários pelos outros piquetes, podendo assim,

contaminar todo o rebanho.

Medidas para evitar as zoonoses:

Evitar contato direto das pessoas com fômites, fetos

abortados, e animais suspeitos.

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6. DISCUSSÃO

As propriedades rurais pesquisadas eram pequenas, caracterizadas

como agricultura familiar, predominando o sistema extensivo à base de pastejo e

utilizando suplementação alimentar na época da seca. Os animais testados não

eram vacinados. As formas de transmissão e riscos da doença eram ignorados

pelos vaqueiros e por grande número de proprietários.

A ordenha era realizada manualmente, e não era utilizado testes de

rotina para detecção de brucelose como o TAL ou o AAT. Blood et al., (1991),

citam a contaminação do úbere durante a ordenha, pois a infecção pode ser

transmitida por uma vaca cujo leite contenha o microrganismo para outra vaca

sadia. Nessas propriedades não eram adotados piquetes maternidade. Hirsh

(2003) cita que o manejo da parição também desempenha um papel importante

na disseminação da brucelose. Piquetes de parição separados, contribuem para

minimizar exposição de animais não-infectados. Recomendamos a utilização de

piquetes maternidades para não ficarem espalhados restos placentários ou feto

abortado pela propriedade toda, pois assim facilitaria o contato com um maior

número de animais que poderiam vir a contrair a doença.

Esses proprietários ao adquirirem animais de outras propriedades, não

exigiam o atestado negativo para brucelose. Em uma das propriedades

pesquisadas, entre 52 animais testados, 5 animais soropositivos foram

diagnosticados, que, segundo o funcionário da fazenda eram todos animais que

foram adquiridos recentemente de uma outra propriedade rural. Blood et al.

(1991) cita que a disseminação da doença de um rebanho para outro e de uma

área para outra, quase sempre se deve à transferência de animais infectados de

um rebanho acometido para um sadio, mas susceptível. A movimentação

desordenada de bovinos de rebanhos ou áreas infectadas para rebanhos ou

áreas livres de brucelose é a maior causa dos fracassos em um programa de

erradicação da doença.

Segundo Murakami (2003), há pouca informação segura sobre a taxa

de prevalência da enfermidade ao longo do território nacional. Silva et al. (2006)

citam que no último diagnóstico sobre prevalência de brucelose no país realizada

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entre 1988 e 1998, a situação era de 4 e 5% de animais infectados. Jardim (2003)

relata que em 1975 foi verificada a prevalência em animais na região Centro-

Oeste de 6,8 %.

Na região sul de Goiás, no município de Pontalina, foi encontrada a

prevalência de 10,32% de animais soropositivos entre os animais examinados,

um índice que está acima do encontrado em outras áreas do país, como cita a

literatura. Estes dados não são totalmente confiáveis, pois, os animais deveriam

ter sido submetidos a provas confirmatórias como o FC ou 2ME, mas pelo

elevado custo que os proprietários teriam, estes optaram por não realizar os

testes.

O teste utilizado para o estudo da prevalência foi o AAT, por ser um

teste de rotina que pode ser realizado a campo. O Regulamento Técnico do

PNCEBT (Brasil, 2004ª; Jardim, 2003; Silva, 2003) aprovou para o diagnóstico de

brucelose os testes AAT e o TAL, como testes de rotina, e o teste 2ME e a FC,

como testes confirmatórios. Segundo Blood et al. (1991), o AAT é um teste

eficiente, mas podem ocorrer reações falso-positivas que são devidas à atividade

residual do anticorpo, provocada pela vacinação aos anticorpos do colostro nos

bezerros, à reação cruzada e o erro laboratorial. São observadas durante a

incubação precoce da doença e imediatamente após o aborto.

Na brucelose animal, assim como em outras infecções, o isolamento do

microrganismo é o método diagnóstico mais seguro, mas, em virtude das

dificuldades deste procedimento e da sua limitação para uso em grandes

rebanhos, os métodos sorológicos são os mais utilizados (Silva, 2003; Megid et

al., 2000).

Recomendou-se que os animais fossem descartados para frigoríficos,

eliminando assim do plantel, animais soropositivos. O PNCEBT não permite a

vacinação de animais adultos com nenhuma vacina, incluindo a B19, o que

preocupa os pecuaristas, que não têm outra opção além do sacrifício (abate

sanitário) e destruição dos soropositivos (Jardim et al., 2006). Contudo, os

produtores não adotaram essa medida, o que aumenta os riscos de disseminação

da doença tanto para o rebanho da fazenda, como para outros rebanhos, caso

esses animais sejam vendidos para outros produtores.

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No Brasil, a legislação recomenda vacinação entre 3 e 8 meses de

idade. Ribeiro et al. (1997) observaram que bezerras vacinadas nessa faixa etária

já não apresentavam títulos sorológicos positivos no teste AAT após 308 dias da

vacinação. Assim recomenda-se para os rebanhos avaliados, a vacinação das

fêmeas bovinas com idade entre 3 e oito meses de idade, para os animais

vacinados com mais de 18 meses e para todos os não vacinados, recomenda-se

que sejam submetidos ao TAL ou AAT.

A entrada do agente em criações não infectadas previamente, é

produzida, em primeiro lugar, pela estabulação de fêmeas gestantes infectadas,

ainda, sem manifestações clínicas. Também é possível mediante a compra de

vacas clinicamente sadias, mas já infectadas, que pouco antes tinham abortado

ou parido um feto morto, assim como por meio de touros infectados (Bathke,

1999). Por esse fato, recomendava-se a aquisição somente de animais que

apresentavam resultado negativo para a brucelose bovina, sendo esta prática,

raramente adotada pelos produtores da região.

A situação da doença no Brasil não é muito bem conhecida e muitas

vezes seu controle é prejudicado pelo fato de os veterinários nem sempre

notificarem os casos de brucelose, este no momento da aquisição do antígeno

para o exame de brucelose deve preencher documentos e depois prestar contas

do que foi utilizado, situação essa que leva a oportunidade de agir de má fé e não

notificar os casos de brucelose. Por não existir, na prática, uma indenização aos

produtores por parte do governo, este, agindo de forma inadvertida ou de má fé,

vende os animais positivos para outras propriedades, disseminando ainda mais a

doença (Silva et al., 2006).

A brucelose bovina pode ser controlada com um programa efetivo de

vacinação ou erradicada com um esquema de testes e abate (Blood et al., 1991).

Para se estabelecer um plano de ação eficiente, torna-se necessário a

realização de estudos sobre a prevalência da doença em todas as regiões

brasileiras e à partir deste, elaborar soluções que possam levar à erradicação da

doença em dada região (Blood et al, 1991).

Uma medida favorável a erradicação da doença, foi a aprovação pelo

MAPA da utilização da RB51 em fêmeas adultas que nunca foram vacinadas, não

reagentes aos testes de diagnóstico, em focos de brucelose e em situações de

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alto risco de infecção, onde se justificam vacinações estratégicas (Lage & Poester

et al., 2005). Com a utilização da RB51, os animais não positivos que se

encontram em áreas endêmicas, não necessitaram mais serem eliminados,

diminuindo assim o prejuízo do proprietário dos animais.

Uma medida importante seria o pagamento de indenização do governo

para os produtores que necessitassem submeter seu rebanho ao abate sanitário,

pois assim, evitar-se-ia a não comunicação de casos visando contornar maiores

prejuízos, além de eliminar o foco dentro da propriedade, bem como a entrada da

doença em outras propriedades, através da aquisição desses animais

soropositivos não comunicados.

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7. CONCLUSÃO

O perfil da agricultura familiar e das técnicas de manejo adotadas por

estes, predispõe a entrada e a disseminação da brucelose no rebanho, assim,

devem ser utilizadas novas técnicas adequadas à realidade do campo.

Torna-se necessário, a implantação de políticas governamentais que

indenizem os produtores pelas perdas com o abate sanitário, considerando-se o

valor do gado leiteiro e não o preço do gado de corte.

É necessário o esclarecimento sobre os aspectos epidemiológicos da

doença para que se possa prevenir a mesma nos rebanhos.

Com a erradicação da doença, o Brasil poderia aumentar a

produtividade pela redução do intervalo entre partos, das perdas com abortos e

natimortos, e, também o rompimento de barreiras alfandegárias, favorecendo a

exportação de produtos e gerando divisas para o Brasil.

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30. RIET-CORRÊA, F.; SCHILD, A. L.; MENDEZ, M. D. C.; LEMOS, R. A. A. Doenças de Ruminantes e Eqüinos. v.2. 2ºed. São Paulo: Varela, 2001. p.351-352. 31. SANTOS, R. L.; SILVA, F. L.; PAIXÃO, T. A.; SAMARTINO, L. E. Brucelose: zoonose e bioterrorismo. Cad. Téc. Vet. Zoot, v. 47, p. 83-98, 2005. 32. SILVA JR., F. F. Avaliação do Teste do Anel na vigilância epidemiológica da brucelose bovina em rebanhos e laticínios. 2003. 69 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2003. 33. SILVA, F. L., PAIXÃO, T. A.; BORGES, A. M.; LAGE, A. P.; SANTOS, R. L. Brucelose bovina. Cad. Tec. Vet. Zootec. UFMG, n. 47, p.1-12, 2005. 34. SILVA, M. R.; OLIVEIRA, V. J.; FERNANDES, R. F.; FERREIRA, D. A. F.; TEIXEIRA, M. G.; FONSECA, J. F. Tuberculose e brucelose: perigo dentro e fora das fazendas. Balde Branco. n. 498, p.46-50. 2006. 35. VASCONCELOS, R. M. Clínica, cirurgia e medicina veterinária preventiva de bovinos. Relatório de Estágio (Bacharelado) – UFG, p 17, 2005.

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ANEXOS

ANEXO I ATESTADO DE REALIZAÇÃO DE TESTES DE BRUCELOSE E TUBERCULOSE

Proprietário: Propriedade: Inscr. Estadual: Município: Estado: Nº Certificação: Total de animais existentes: Regime de criação: Espécie animal:

Motivo do teste: Trânsito Aglomeração Certificação de propriedade livre Certificação de propriedade monitorada Outro

Nº de testes para Brucelose: Data da Colheita: Data do teste: Nº de testes para Tuberculose: Data de Inoculação: Data da leitura:

Antígeno Acidificado Tamponado: Laboratório: Partida: Data de fabricação: PPD bovina: Laboratório: Partida: Data de fabricação: PPD aviária: Laboratório: Partida: Data de fabricação:

Número de animal Sexo Idade Raça Resultado brucelose Resultado tuberculose Destino dos reagentes

AAT 2-ME FC TCS 1 TCC 2 TPC 3

Proprietário: Propriedade: Inscr. Estadual: Município: Estado: Nº Certificação:

Número de animal Sexo Idade Raça Resultado brucelose Resultado tuberculose Destino dos reagentes

AAT 2-ME FC TCS 1 TCC 2 TPC 3

Local e Data: Exame válido até: / / Assinatura e carimbo CRMV Nº Habilitação nº do Médico Veterinário Habilitado

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