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londrina · junho 2013 · ano xiv · n°164

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londrina · junho 2013 · ano xiv · n°164†

VIDA EM AÇÃO N°1642

EDITO

RIAL

ir. dulcinéa ribeiro de almeida, mc · superiora geral

Apresentação

design e diagramaçãowww.sommastudio.com 41 . 30925120 / 98048588

diretor: Pe. Joel Ribeiro Medeirosjornalista resp.: Carolina Thomazequipe pastoral da comunicação

EXPEDIENTE43 . [email protected]

impressão midiografTiragem: 5.000

Celebrando, no dia 23 de junho de 2013, o Centenário de nascimento de nossa querida Mãe Fundadora, a Serva de Deus Madre Leônia Milito, queremos aproveitar este evento para penetrar na mente e no coração desta mulher agraciada por Deus, conhecer a sua vida e o seu testemunho de santidade.

Com este objetivo e, cientes da autenticidade do seu exemplo de vida e da profunda sabedoria escondida em seus ensinamentos, temos a alegria de apresentar esta revista em sua homenagem. Nela estão contidos mensagens e depoimentos de nossos arcebispos de Londrina, de sacerdotes e leigos que a conheceram e de algumas de suas filhas espirituais. Não poderíamos conservar somente para a Congregação a riqueza espiritual e carismática, vivenciada pela nossa Fundadora e transmitida às filhas e às pessoas que tiveram a alegria de conhecê-la pessoalmente ou de partilhar com ela o mesmo ideal. Queremos que tamanha riqueza espiritual se torne patrimônio da Igreja.

Como Moisés, Madre Leônia foi uma alma animada de amor e misericórdia, “de braços abertos diante do Deus”, invocando graças para a Igreja e para a humanidade. Hoje, juntamente com a comunidade claretiana do céu, ela continua comprometida com esta

missão de intercessora. O seu túmulo, localizado no presbitério do Santuário Eucarístico Mariano, na Casa Mãe da Congregação das Missionárias de Santo Antonio Maria Claret em Londrina, simboliza a sua missão de adoradora, diante de Deus face a face, dia e noite, intercedendo por todas as pessoas que invocam a sua ajuda.

A presente revista, preparada com a colaboração das pessoas que acolheram nossa proposta e partilharam seus escritos e testemunhos, enriquecerá os leitores que se colocarem na escola da Serva de Deus para aprender dela o caminho da santidade. Ela nos ensina que santidade não é outra coisa que amor (Diário

24/02/1975). É o amor apaixonado por Jesus e compassivo pelo seu “rosto” desfigurado

nos pobres, nos sofredores e nos necessitados em nível espiritual, moral e material, que a levou a viver “uma vida escondida com Cristo em Deus” (Cl 3,3). O encontro com Madre Leônia equivale a um forte e profundo apelo ao seguimento

de suas pegadas como discípula e missionária de Jesus e a escuta

dela faz ecoar, nos nossos ouvidos, mente e coração, o evangelho

anunciado através de sua vida e ensinamentos.

Fazemos votos que o seu testemu-

nho de santidade seja uma pequena semente

depositada em nosso coração e que, fecun-

dada, produzirá frutos abundantes em nossa vida

e missão.

JUNHO | 2013 Edição Especial3

Estamos no Ano da Fé. O Papa pede que busquemos nos santos, nos mártires e entre nós, exemplos, exemplos e testemunhas da fé. É preciso descobrir e conhecer os santos que estão no meio de nós, bem perto de nós. Antes de tudo lembremos que os santos são humanos, limitados, pecadores. Todavia, neles está a vitória da graça. Neles brilha o poder da fé, da esperança e do amor.

A trajetória da vida de Madre Leônia é uma trajetória de fé, conduzida pela Providência Divina, pelas mãos misericordiosas do Pai, pela sabedoria do Espírito. São admiráveis os sinais da graça na sua vida. Primeiro, ela pertenceu à Ação Católica que é uma experiência de vida cristã com um toque fortemente missionário. Ação Católica quer dizer evangelização, apostolado, missão, conversão pastoral. É a fé manifestada nas obras. Pertencer à Ação Católica significa ter espírito, consciência, ardor e prática missionários.

Segundo, M. Leônia formou-se em espiritualidade, leu autores famosos em matéria de espiritualidade, sempre buscou direção espiritual e foi formadora, mestra, escritora de assuntos espirituais. Em seus escritos e nas suas atitudes percebemos uma profundidade e sabedoria teológicas incontestáveis. Estamos diante de uma grande e sábia teóloga e mestra de espiritualidade.

Terceiro, cultivou um real e sincero amor preferencial pelos pobres desde o início de sua consagração religiosa. Pedia esmola para os pobres, organizou a “cozinha dos pobres”, abriu orfanatos, asilos, casas a serviço dos pobres. Ela viveu e morreu pobre. A pobreza de Jesus atraía seu coração aos pobres, aos quais consagrou a Congregação. Seu amor à Eucaristia, a Maria e à Cruz se desdobravam no amor e na opção pelos pobres.

Quarto, ela fez o voto de ser vítima. “Quero ser vitima reparadora”, dizia. Pedia a Deus para ser sacrifício, oblação, holocausto, cordeiro, hóstia, consumação, imolação, “pelo triunfo da Igreja, pela Congregação e pela humanidade sofredora”. A espiritualidade da cruz é o luminoso farol, o segredo da santidade de M. Leônia. Seu sofrimento interior era um “verdadeiro martírio interno”. Não perdeu nem a alegria, nem o sorriso, mesmo vivendo sobe a cruz.

Quinto, amou a Igreja. “Quero consumir minha vida, todos os dias, pela Igreja, na Igreja, com a Igreja”, escreveu. Confessa que Deus a tutelou sob as asas maternas da Igreja a qual abriu seus braços de mãe compreensiva e boa, mãe benéfica, desde os primeiros anos da Congregação. A Igreja foi para ela e para a Congregação “âncora de salvação”, e dizia: “vivo unida à Igreja, ao Papa e ao pensamento da eternidade”.

Sexto, a espiritualidade da cruz. Sofreu calúnias, perseguições, incompreensões, humilhações. Ficou, porém, de pé e abraçada à cruz e tudo sofreu com bondade e alegria. “O Coração de Jesus e de Maria me sustentaram, defenderam, encorajaram”, escreveu. Tão forte era a experiência da cruz que

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dom orlando brandes · arcebispo de londrina

ela frequentemente previa, falava e se preparava para a morte. Ela mesma se intitulava: “Leônia, pronta a tudo sofrer; Leônia, abandonada nos braços da cruz; Leônia, de Jesus vítima; Leônia, vítima; Leônia, na cruz; Leônia, serva e escrava do Senhor; Leônia da cruz; Leônia, na obscuridade; Leônia crucificada com Cristo; Leônia, desejosa de consumar-se na santidade”.

À luz da espiritualidade da cruz ela escreveu: “Sou nada. Sem nada. Não tenho nada. Aniquilada no meu dia a dia”. No dia 4 de janeiro escreveu: “A Congregação surgiu aos pés do Crucificado. A Congregação continua no calvário, corramos ao encontro do Crucificado e permaneçamos calmas nos braços de Jesus”. Ela procura transformar em doce o que era amargo. Daí seu eterno sorriso e plena alegria.

Sétimo, seus dois amores: a Eucaristia e Maria. Estas são as fontes de sua coragem e audácia missionária. “Tudo com Jesus e Maria, nada sem Jesus e Maria”, escreveu. A Eucaristia era para ela um “oceano de amor”, banquete da fraternidade, sol da vida. O sacrário é a força do missionário. Pedia a Jesus: “transforma-me em pequena e branca hóstia sacerdotal e missionária, imolada e consumada”. Jesus, o pão do céu nos impele a trabalhar pelo pão dos pobres.

Seu outro amor era Maria. Pedia a Maria a graça de sofrer e calar com o “silêncio, a oração e o sorriso”. Escreveu no dia 11 de janeiro de 1975: “ó Mãe e Rainha, olha para mim com misericórdia, cura minhas feridas, renova-me, torna-me nova criatura. Faze-me conhecer, imitar, amar e servir a Jesus. Opera um grande milagre, mudando esta grande e ingrata pecadora numa apóstola de Jesus”.

Conclusão: conheçamos, amemos e imitemos a fé de M. Leônia. Peregrinemos até ao seu túmulo. Supliquemos graças e milagres. Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo já têm seus filhos e filhas beatificados. Agora é a hora do Paraná. Madre Leônia é a padroeira da vida no trânsito, pois ela foi vítima de um acidente rodoviário. Toda sua experiência espiritual Madre Leônia endereçava para a missão. Ela viveu plenamente o que pede o Documento de Aparecida, sermos “discípulos missionários”. Que venha logo o dia em que Londrina celebre a beatificação de sua Madre.

Madre Leônia, mulher de Fé

VIDA EM AÇÃO N°1644

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Todos sabemos que no mundo há cidades que se tornaram conhecidas e celebres, por causa dos santos que nelas viveram. Cidades que se converteram para viver o Evangelho, pelo exemplo dos santos.

É o caso de:São Francisco de Assis. Assis, cidade que aprendeu a ver

Jesus nos pobres.Santo Inácio de Loyola. Loyola, cidade, donde partiu uma

grande renovação da Igreja através dos Retiros Espirituais.Santa Teresa de Ávila. Ávila, cidade que ensinou o valor da

oração e da santidade.Madre Teresa de Calcutá. Calcutá, cidade que cuidou dos

excluídos e “párias” da sociedade.

Com fé e esperança esperamos poder dizer um dia... Leônia de Londrina. Madre Leônia, cuja causa de santificação já está em andamento em Roma, é uma londrinense, fundadora das Irmãs Claretianas. Quais as mensagens que Madre Leônia traz de especial para uma cidade progressista e moderna como Londrina?

Sim, Londrina é uma cidade jovem, cidade das 5 universidades, cidade da agroindústria, cidade de todas as

A cidade de Londrina e a cidadã Madre Leônia

DATAS SIGNIFICATIVAS DA VIDA DA SERVA DE DEUS MADRE LEÔNIA MILITO

dom albano cavallin · arcebispo emérito de londrina

raças e gentes, cidade do futuro, portal do Mercosul, mas, ao lado deste progresso material, ela não pode esquecer a dimensão espiritual.

Madre Leônia, com sua bela vida e vivência da caridade entre os pobres, vem alertar-nos do perigo que todas as cidades correm de viver uma ambiguidade, isto é, tornarem-se uma Babel, cidade da confusão ou uma Jerusalém, cidade da Paz. Madre Leônia nos alerta com um aviso do Evangelho: “De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se não salvar sua alma?”. Madre Leônia, com sua vida, convida Londrina a ser também a cidade da santidade.

Infelizmente, as cidades modernas correm o perigo de se tornarem como Sodoma e Gomorra, cidades doentes pelos pecados do aborto, divórcio e do sexo desenfreado e libertino.

Os santos são nossos professores de santidade. Leônia de Londrina, alguém que traz esta mensagem diferente: Londrina converta-se para a Virtude e o Bem, pois “se Deus não constrói a cidade em vão trabalham os que a edificam”. Esta é a mensagem da Cidadã londrinense – Madre Leônia Milito.

23/06/1913 • Nasce em Sapri, Província de Salerno, Itália.13/06/1920 • Recebe a primeira Eucaristia. 20/08/1921 • Recebe o sacramento do Crisma.18/06/1935 • Ingressa na Congregação das Pobres Filhas de Santo Antonio.11/11/1935 • Ingressa no noviciado. 14/12/1936 • Faz a primeira profissão religiosa.15/05/1943 • "Senhor, Sou Toda Tua Para Sempre" - Profissão Perpétua.07/07/1954 • É destinada às missões no Brasil.19/03/1958 • Juntamente com Dom Geraldo Fernandes, funda uma nova família religiosa:

"As Missionárias de Santo Antonio Maria Claret".22/07/1980 • Madre Leônia retorna à casa do Pai.19/03/1998 • Introdução da causa de beatificação de Madre Leônia Milito, em Londrina.18/10/2003 • Celebração eucarística marca o encerramento em nível diocesano do processo de

beatificação da Serva de Deus, Madre Leônia Milito, na Catedral de Londrina.27/10/2003 • Introdução do processo de beatificação em Roma.23/06/2013 • Centenário de nascimento da Serva de Deus Madre Leônia Milito

JUNHO | 2013 Edição Especial5

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Minhas queridas Irmãs Claretianas e Irmãos presentesPermiti-me que, ao ler este texto evangélico que vós

acabastes de ouvir, eu o aplique à Madre Leônia.Bem-aventurados os pobres, porque deles é o

reino dos céus: Bem-aventurada Madre Leônia, pobre e desprendida de tudo, seu testamento só podia ser mesmo espiritual, pois não tinha absolutamente nada de terreno para deixar às filhas; deixou-nos a sua alma, seu exemplo, sua virtude, sua santidade. Bem-aventurada Madre Leônia, porque foi pobre de espírito no seu coração.

Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra: Todos nós que conhecemos Madre Leônia, apesar de soar um pouco assustador seu nome, Leônia, nós sabemos que era a bondade em pessoa. Madre Leônia chegou a possuir o mundo, pois no seu desejo de fazer bem às almas, ela possui, por meio de suas filhas aqui no Brasil, oito estados da Federação, onde trabalham dedicadamente as irmãs, na África em dois países, na Europa em quatro países, na Ásia um e um na Austrália, países onde estão espalhadas as irmãs da sua querida Congregação. Bem-aventurada Madre Leônia ainda, porquê, com sua bondade e mansidão, conquistou o mundo, principalmente o mundo dos mais pobres e dos abandonados.

Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados: Eu sou testemunha das dores e lágrimas que Madre Leônia, nesta longa vida de 23 anos à frente da Congregação, que era como um pedaço da sua alma, sofria todas as vezes que a Congregação ou qualquer um de seus membros sofria. Bem-aventurada Madre Leônia, porque derramou as lágrimas dos olhos e do espírito para ser consolada pelo Pai. Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, isto é, aqueles que têm este grande desejo de santidade e de perfeição porque serão saciados, alcançarão a perfeição. Bem-aventurada Madre Leônia, porque tinha fome e sede de justiça, de amor a Deus e santidade em total dedicação ao próximo.

Bem-aventurados os que têm coração misericordioso, porque eles obterão misericórdia: Misericórdia é a forma mais sublime do amor. Amar alguém porque precisa de nós, amar alguém porque é fraco, porque é pecador, porque é uma criança abandonada, é um velho rejeitado pela sociedade, é um excepcional que ninguém quer, é um doente, talvez abandonado de todos. Bem-aventurada Madre Leônia que já obteve a misericórdia do Pai, porque ela foi misericordiosa, abrindo, no mundo inteiro, perto de cem obras de caridade da mais variada espécie.

Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus: Quem conheceu Madre Leônia intimamente como eu, e todas as suas filhas a conheceram, sabiam que era de uma pureza rara, difícil de se encontrar e de grande delicadeza em matéria de castidade e pureza. Eu mesmo tive a precaução de evitar que fosse feita a sua autopsia, para que aquele corpo

dom geraldo fernandes, homilia da missa de 7º dia, cf especial, ano xv, 1980

Bem-aventuranças da Madrevirginal não fosse tocado por mãos profanas. Bem-aventurada Madre Leônia que foi tão pura e já goza da visão de Deus.

Bem-aventurados os pacificadores, porque deles é o reino do céu: Madre Leônia passou sua vida levando a paz por toda parte; paz aos pobres, aos doentes, às suas filhas, a suas comunidades, no mundo inteiro. Bem-aventurada Madre Leônia porque tendo seguido o caminho da paz ensinado por Cristo, ela foi um anjo de paz aqui na terra.

Bem-aventurados os que são perseguidos por causa do reino dos céu, porque eles serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurada Madre Leônia porquê, preocupada com sua própria santificação, com a santificação de suas filhas, com o bem, a piedade, a oração, a santificação de tantas almas a ela confiada, sofria inúmeras vezes no seu coração, sofria pelas mais diversas causas e pelos sofrimentos das mais variadas pessoas que não a perseguiam, mas a faziam sofrer. Bem-aventurada Madre Leônia porque dela é o reino do céu.

Um texto sagrado de outra passagem evangélica diz: Bem-aventurados todos vós se cumprirdes estas bem-aventuranças, porque vosso nome já está escrito no livro da vida. O nome da nossa querida mãe já está escrito no livro da vida. Não temos a menor dúvida, Nosso Senhor a chamou para si. Aprendei a ler as Bem-aventuranças, principalmente vós, minhas queridas Irmãs Claretianas. Aprendamos a ler num livro um pouco mais fácil do que o livro da revelação, que para nós é coisa muito sagrada, o sentido das bem-aventuranças, acompanhando os passos da vida de nossa querida e santa mãe.

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Desde a minha entrada na Congregação, nas etapas de for-mação, fui acompanhada pela Madre Leônia Milito, que era a mestra de formação e superiora local da comunidade onde eu residia. Ela formulou um Programa de Formação atuali-zado de acordo com as novas orientações da Igreja daquela época, com horário estabelecido e matérias para estudar.

Sempre se dava a maior importância à oração comunitária e pessoal e à participação à santa missa. Iniciava-se para as forman-das o estudo e conhecimento da Sagrada Bíblia, em que aprendi-am a desfrutar as maravilhas da Palavra de Deus. O testemunho de Madre Leônia, ajoelhada aos pés do sacrário, normalmente à noite, motiva-nos a amar a ss. Eucaristia, junto com as orien-tações que ela nos dava, para valorizar o alimento eucarístico.

Madre Leônia trazia, para a Casa de Formação, doutos e piedosos sacerdotes que acompanhavam a comunidade na orientação espiritual, na formação e nos retiros mensais e anuais com palestras, de acordo com os tempos litúrgicos.

A convivência da comunidade, orientada por Madre Leônia, transcorria em serenidade, confiança, alegria, com bom humor e com interesse de crescimento na vida fraterna. As diversas tarefas comunitárias precediam de diálogo e eram partilhadas.

Desde o início da Congregação das Missionárias de Santo Antonio Maria Claret todos os programas, projetos, planos de vivência, palestras, circulares e todos os escritos de Madre Leônia enfatizavam uma orientação atualizada para os membros jovens da nova Congregação.

Tudo isso sempre me pareceu resultado dos seus encontros com o Senhor diante da Eucaristia, da devoção filial ao Imaculado Coração de Maria e aos santos padroeiros, aos quais reservou atenção especial no seu programa espiritual pessoal e comunitário. O exemplo que dela recebi e a experiência que tive com Madre Leônia alimentaram a minha vida de consagração missionária e claretiana. Senti-me privilegiada por ter recebido a graça da vocação e ter sido recebida nesta Congregação. Penso e digo a mim mesma: Amo muito esta família religiosa, considerando-a um imenso valor para a minha vida.

A convivência com a minha querida Madre Fundadora beneficiou, com seu exemplo e seu testemunho, a minha vida. Admiro nela sobretudo a adesão à vontade do Pai, sua bondade para com os irmãos, especialmente os mais pobres, e sua capacidade de perdão levado até as últimas consequências (com fatos que eu mesma presenciei), assim como a confiança em Deus e nos jovens, a amizade com os familiares das nossas irmãs.

Experiência profunda com a Madre fundadora

madre tarcisia gravina mc

Madre Leônia exerceu uma influência muito grande na minha vida. Tive do Senhor a graça de conhecê-la em minha adolescência, quando eu estudava na cidade de Nápoles e morava na Casa de Formação onde estava a Madre com as formandas. Durante a guerra dos anos 40s tive de sair de Nápoles e perdi o contato com ela. Constantemente, lembrava-me dela. Mais tarde compreendi que a espiritualidade eucarística estava encarnada nela. Este testemunho fundamentou a minha vocação, surgida mais tarde e, estando na Congregação, entendi que a ss. Eucaristia fez parte do Carisma da nossa Congregação. Reconheço que o testemunho de Madre Leônia conquistou-me.

Nas várias etapas da minha formação, ao fazer a primeira profissão e quando fui escolhida para a missão no Brasil, con-firmou-se em mim a grande influência que o contato e as ori-entações da Madre Leônia tiveram na minha caminhada mis-sionária claretiana. As suas orientações foram muito importantes para o desenvolvimento de minha missão, e as tarefas que ela confiava a mim contaram com o seu acompanhamento materno. Eu reconheço que procurei ouvi-la, acatar as suas orientações e, com confiança e fidelidade, executar quanto ela me pedia. Por isso, sou feliz em Deus e grata à minha querida Congregação.

Sinceramente de coração, agradeço Jesus pelos benefícios que ele me concedeu através dos queridos Fundadores e dos meus superiores. A presença materna do Imaculado Coração de Maria acompanhou e abençoou a minha missão. A vivência do Carisma encarnado por nossa Mãe Fundadora foi algo que tocou o meu ser e levou-me a imitar as suas atitudes no exercício do meu apostolado. Sempre tive uma perfeita sintonia com Madre Leônia e Dom Geraldo, na vivência do Carisma congregacional, na adesão fiel à santa vontade de Deus e na prática da misericórdia, como palavra de vida das Bem-Aventuranças. por tudo e sempre, agradeço o senhor!

JUNHO | 2013 Edição Especial7

“A espiritualidade eucarística é fonte do nosso amor a Deus e ao próximo; é alimento de nossa vida cristã e sobrenatural, do nosso zelo e fervor missionário” ( m.l.76)

Desde que ingressei na Congregação, ainda muito jovem, impressionou-me profundamente a paixão de Madre Leônia pela Eucaristia e seu amor aos pobres. Logo entendi que seu zelo missionário e sua grande caridade, brotava do amor e do seu encontro íntimo, diário e pessoal com Jesus Eucarístico.

Madre Leônia passava horas, ajoelhada diante do Sacrário, com o coração e os olhos fixos em Jesus. Nele ela alimentava a chama do seu zelo missionário e caritativo. Dos pés de Jesus saía para a missão e a Ele retornava para abastecer suas forças e prosseguir.

Sempre era a primeira a chegar à capela e se colocar em adoração a Jesus Eucarístico. Muito cedo, antes da comunidade iniciar as orações, às 5h45min, ela lá estava, há mais de uma hora diante do Senhor, oferecendo a Ele o seu dia, sua vida, sua missão, seus projetos, alegrias e sofrimentos, confiando-Lhe a Congregação, a Igreja e a humanidade. Aí buscava forças para enfrentar os desafios, dificuldades e problemas, contemplando Jesus Missionário e Redentor. Seu testemunho falou a mim e as jovens irmãs, muito mais alto que as palavras.

Esta sua paixão por Jesus na Eucaristia contagiava a todos que com ela conviviam ou a conheciam e deixou marcas profundas em nossa espiritualidade. ir. aparecida de lourdes arado mc

Madre Leônia, adoradora da Eucaristia e servidora dos pobres

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A Eucaristia, a Palavra de Deus e os pobres eram o tripé que sustentava sua generosa fidelidade ao Senhor e sua total entrega aos irmãos, em especial os mais pobres e sofridos. Sua vida se tornou eucaristia: amor-doação, presença solidária, serviço humilde, oferenda e comunhão.

Foi este grande amor que a levou, movida pelo Espírito, a implantar a adoração perpétua na Congregação. Ela mesma quis ser esta perpétua adoradora de Jesus, não só em vida, mas mesmo após sua morte, através da presença de seus restos mortais no presbitério, ao lado do Sacrário, no Santuário Eucarístico e Mariano, da Casa Mãe e Sede Geral da Congregação, que ela fundou com Dom Geraldo Fernandes, em Londrina.

Esta valiosa herança espiritual carismática, nós as Missionárias e os Leigos Claretianos e as pessoas que tiveram o privilégio de conhecê-la fazemos questão de preservar e cultivar, transmitindo-a às novas gerações.

Este é o retrato de Madre Leônia, descrito por ela mesmo em suas mensagens: “Todas as nossas atividades devem ser o prolongamento da vida de Jesus e da sua Redenção, vivendo em união com Ele. União que começa na comunhão com Jesus pela manhã, se intensifica através do dia pela comunhão espiritual frequente, se expressa na adoração que abastece a alma de amor, de energia e nos mantém num fervor sempre crescente”(m.l.60).

Viagens paraSANTUÁRIOS MARIANOS

PORTUGAL (Fátima)ESPANHA (S. Tiago de Compustela)

França (N.Sra. Lourdes)

VIDA EM AÇÃO N°164

Serva de Deus Madre Leônia,testemunho luminoso da fé

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Celebrar o centenário de Madre Leônia me faz contemplar na luz da fé o passado, o presente e o futuro. O passado para reverenciar, no tempo e na história, a aliança do amor de Deus para com a humanidade, com sua filha Leônia, fazendo dela um testemunho luminoso da fé para todos nós; o presente porque nos ensina que, na Igreja, se vive a comunhão dos santos e que, na luz de Cristo, também nós somos iluminados no hoje da nossa vida, feita de memória, de celebração, de festa e de liturgia que se mistura na única liturgia da Igreja, no dia sem ocaso do ressuscitado; o futuro, porque o centenário nos aponta metas iluminadas pela fé, pelos ensinamentos e testemunho de vida de Madre Leônia pela sua intercessão e vida santa e gloriosa com Cristo que nos convida a sermos amigos de Jesus, seus discípulos e irmãos e irmãs entre nós.

O centenário da Serva de Deus para a nossa diocese não é um evento qualquer. É um convite para fazermos a festa dos filhos de Deus e amigos de Madre Leônia, para renovarmos a nossa fé, a nossa esperança e o nosso amor em Deus que faz aliança conosco, que caminha conosco e que ilumina a nossa história.

1. Na luz da fé iniciou a sua históriaA história humana e divina, que teceu ao longo do

tempo a vida de Madre Leônia, iniciou no eterno projeto de amor do Pai que a envolveu na sua bondade infinita. Sua origem é o eterno sonho de Deus de partilhar conosco seu amor de Pai, criando e recriando a vida por meio do seu Filho Jesus.

E no caso da Serva de Deus Madre Leônia, o Pai olhou com carinho para duas pequenas cidades da Itália: Trecchina e Sapri e fez nascer um grande amor no coração de dois jovens: Maria, sua mãe e Gabriele seu pai, que, unidos pelo sacramento do matrimônio, não pensaram em criar os seus filhos distantes da fé, mas em ensinar, desde o berço, a tradição cristã, os valores do Evangelho, a importância da fé ensinada e transmitida pela Igreja.

Como um dom que receberam para ser partilhado, seus pais mantiveram acesa, no coração dos filhos, a chama da fé, mesmo durante a Primeira Grande Guerra

Mundial, que se fortaleceu na esperança e superou todas as dificuldades e distâncias, no amor. Leônia, com mais ou menos dois anos de idade, deixou Sapri para viver com os avós maternos em Trecchina. Naquela pequena cidade de montanha, foram-lhe ensinados a devoção mariana e o terço em família, mas também o amor à Igreja e à Palavra de Deus.

Aos domingos, toda a família unida ia à Igreja e, em casa o avô perguntava o que haviam aprendido da Palavra de Deus. Embora muito pequena, Leônia respondia sempre alguma coisa do que o padre havia explicado no sermão. A Palavra de Deus, que ela não entendia, entrava pelos seus ouvidos e permanecia no seu coração. Gostava de ouvir o avô cantar no coral da igreja e aprendeu a amar a música, mas nunca esqueceu que daquela casa ninguém voltava sem ser atendido em suas necessidades. Eles eram caridosos e solidários com os necessitados, prontos a oferecer uma palavra amiga a quem necessitasse, abertos e acolhedores, dividiam aquilo que possuíam e eram agradecidos aos empregados.

Quando voltou a Sapri, Leônia continuou a formação que havia iniciado em Trecchina, ao lado de sua mãe. Não tinha seis anos completos quando fez a primeira Eucaristia, aos oito recebeu o sacramento da Crisma e nunca mais deixou de participar dos sacramentos da confissão e da Eucaristia, nem tão pouco de ajudar os pobres. Era ela quem oferecia o seu lanche na escola a quem não o tinha, que pedia à mãe para levar alimentos aos pobres que batiam à porta da sua casa. Ao lado dos pais e irmãos, participava da vida da sua paróquia, como muitas crianças do seu tempo.

Na adolescência, Leônia sentiu o apelo de Deus quando participou do retiro espiritual da Ação Católica e passou de uma fé tradicional para uma fé operante, madura, uma fé que dá sentido à vida. Respondeu à voz de Deus que a chamava para ser religiosa e missionária. A fé que sabe escutar também sabe entender e ilumina a razão, transforma a Palavra de Deus em vida. E Leônia, escutando a Palavra, orando e servindo, entendeu que a fé era uma questão de profunda e sincera decisão. A decisão de crer que Jesus precisava dela para continuar a sua missão, para dizer ao mundo “não vim para os justos, mas para os pecadores”, para anunciar a todos a redenção, o tempo de graça e de libertação, o tempo de acolher o amor incondicional de Deus.

Impelida pela fé, deixou tudo e consagrou sua vida a Cristo Redentor. Para a jovem Leônia, a fé se tornou realização do projeto do Pai. Um modo único e existencial de ser feliz, fazendo os outros felizes. Um jeito de transportar montanhas, de unir os continentes, de estabelecer uma ponte entre o finito e o infinito, entre o tempo e a eternidade, um jeito de amar com o mesmo amor de Deus. A fé, como escuta amorosa da Palavra de Deus, transformou-se em resposta generosa e

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FORM

AÇÃO

ir. terezinha de almeida mc · postuladora

filial ao Senhor, em certeza da fé no Senhor da vida, que faz nascer o sol para todos e conta com os seus filhos e filhas em Cristo, para continuar a missão de seu único Filho Jesus, na Igreja e no mundo, para evangelizar os irmãos semeando nos corações a bondade e a ternura de Deus. E a fé na vida e na história de Madre Leônia se fez missão, potência de Deus no coração humano, esperança, amor, doação.

2. O testemunho da fé que se consome iluminandoNa potência do Espírito de Deus, a fé que edifica a

Igreja, conduziu Madre Leônia à missão, ao Brasil. Não havia nenhum projeto humano. Não tinha nenhuma certeza, não conhecia Londrina, não pensava em fundar uma Congregação, mas tinha um grande ideal burilado pela fé, que recebeu no batismo, queria ser santa. Sentia ecoar no seu coração o mesmo pedido que Jesus fez à Samaritana: “Dá-me de beber”. Ela queria matar a sede de Jesus, sede do amor de Deus, sede de doar-se pelos irmãos, sede da água que vivifica para a vida eterna. A sede que Jesus sentiu pregado na cruz. Quando disse: “Tenho sede”. A sede de Jesus, de conduzir a humanidade ao Pai, de formar o novo povo de Deus no seu Espírito Santo, tornou-se também a sede de Madre Leônia. Sede da fé eclesial que ilumina a ação humana, sede da glória de Deus e do advento do seu Reino no mundo, sede de quem ama a Trindade Santa, de discípula e de samaritana, que proclama ao mundo as maravilhas de Deus.

Madre Leônia culti-vou como dom sublime a fé que salva, aquela recebida no Batismo e alimentada pelo Corpo e Sangue de Cristo, memória e memorial do mistério divino, do sacrifício perfeito, do amor que se faz pão vivo descido do céu, para saciar a nossa fome e a nossa sede de amor, para dar sentido à nossa vida e missão. A fé que transforma os batizados num só corpo, o Corpo de Cristo, que é a sua Igreja. A Igreja amada como mãe e mestra da verdade por Madre Leônia, mistério de fé, sinal e sacramento de comunhão no Espírito santificador doado por Jesus, para que todos pudessem acolher o abraço paterno de Deus e sermos santificados, deificados no seu amor, na sua Palavra que

liberta o homem, que cria novas criaturas. Herdeira da fé que transformou Abraão em pai

de uma multidão, Maria, a jovem de Nazaré, tornou-se mãe do Senhor, e a terra conheceu o dia sem ocaso, o dia que o Senhor fez para nós, dia da vitória sobre o mal e sobre a morte. Herdeira da fé em Jesus, a Serva de Deus Madre Leônia passou pela vida fazendo o bem, no silêncio fecundo de quem anuncia o Evangelho e serve na caridade sem fazer rumor, mas transforma o cotidiano dos irmãos; seu testemunho de santidade está nos cinco continentes. A fé que a sustentou nas dificuldades, que lhe deu coragem e fortaleza cristã, que a fez esperar contra toda a esperança, que alimentou a chama do amor, levou Madre Leônia a consumir a vida iluminando e irradiando ao mundo a luz de Cristo.

A fé da santa fundadora das Missionárias de Santo Antonio Maria Claret, da missionária dos cinco continentes, da filha amada de Londrina que queremos ver beatificada para a glória de Deus, seja para nós, que celebramos o seu centenário, estímulo para bem viver, celebrar e rezar a nossa fé no cotidiano da vida, amando e servindo a Deus e ao próximo. A peregrina do amor, a companheira e amiga dos pobres, a intercessora de muitos, do céu continua sorrindo, oferecendo bondade e alegria,

intercedendo por nós e vivendo conosco na comunhão dos santos, tornando possível que a nossa vida terrena toque o infinito, onde ela já vive eternamente junto de Deus. Com ela queremos celebrar o seu centenário na fé, deixando iluminar com a memória da sua existência a nossa vida e a nossa história, imersa no mistério de Deus.

Para Madre Leônia, Cristo precisa do nosso coração para continuar a amar, das nossas mãos para continuar a salvar,

da nossa oração para abraçar os necessitados do mundo inteiro, para amenizar a dor daqueles que sofrem. Que este centenário, celebrado na fé e com fé, se transforme para nós em missão. A missão de fazer crescer um mundo novo, mais belo, onde todos os homens possam encontrar-se no amor de Deus.

VIDA EM AÇÃO N°16410

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Madre Leônia, em seu ardor missionário, não poderia limitar-se apenas a uma cidade ou a um país. Foi impelida pelo Espírito Santo a ir como os apóstolos, como Claret a ir além fronteiras para levar a Palavra de Jesus e servir na caridade aos menos favorecidos.

Foi assim que veio ao Brasil como missionária em 1954; veio a Londrina em 1957 e aqui em Londrina na Vila Vicentina, assim chamada, fundou o grupo das Filhas de Maria, dedicou-se com carinho à formação dos jovens, acompanhou o grupo dos congregados marianos, orientou as irmãs nos diversos trabalhos apostólicos com as famílias, crianças e idosos; ela mesma com seu pequeno órgão ensaiava cantos e preparava a liturgia dominical (Cf. Ir. Teresa de Almeida, A Mulher dos cinco continentes).

E foi e continua sendo evangelizadora a partir de Londrina, através de suas filhas em muitos outros lugares aos quais, certamente, nunca imaginou que poderia chegar seu zelo missionário, seu nome e seu Carisma. Atualmente as Missionárias Claretianas estão em dezoito países e nos cinco continentes.

Desde o início da fundação da Congregação ela abriu comunidades em diversas cidades do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e foi indo mais longe, à Itália em 1965 e à África em 1969. As irmãs, muito jovens ainda, iam com ardor e entusiasmo, dedicadas e desejosas de servir a Cristo em qualquer lugar para onde fossem enviadas. As irmãs chegaram em Costa do Marfim no dia 10 de janeiro de 1969, sem saber a língua francesa, mas com vontade de aprender; sem conhecer os costumes, mas desejosas de servir aquele povo e com capacidade de inculturar-se naquela realidade tão diversa e peculiar.

Madre Leônia, mulher sem fronteiras porque o mundo foi sua pátria. Andou de um lado a outro fundando e depois visitando e motivando suas filhas a testemunharem o amor de Jesus na bondade e alegria, com docilidade e caridade sem medidas. Ela escreveu a suas filhas em outubro de 1978: “Dediquemo-nos,

Madre Leônia, a missionária além fronteiras

ir. mariza rosseto mc

então à nossa nobre, à nossa sublime missão! Árdua, sem dúvida, cheia de tantas dificuldades, mas tão necessária, tão rica de beneficio para os outros, tão compensadora para nós! Jamais esqueçamos que trabalhando e socorrendo os irmãos, nos exercitamos em todas as Obras de Misericórdia – Espirituais e Corporais.”

A missionária, para Leônia, é aquela que é capaz de renunciar tudo para sair de si mesma e ir ao encontro do outro. É aquela que sem medir esforços enfrenta penúrias, doenças, fragilidades para testemunhar o amor sem limites do nosso Deus que por amor enviou seu Filho e o Filho por amor, deu sua vida para salvar a todos.

A missionária, para Leônia, é aquela que vai testemunhando a bondade e a alegria na vida simples e fraterna, na alegria de consumir-se totalmente por amor a Deus, deixando-se plasmar por ele todos os dias.

Hoje, vivendo a cada dia o Ano da Fé, somos convidados a renovar nosso batismo e ter também a coragem de superar as barreiras de nosso egoísmo, de nosso coração, abrir as portas da nossa vida e da nossa casa, para irmos ao encontro do outro que se aproxima de nós, e assim podermos também bater à sua porta e dizer que Jesus o ama muito, revelando com gestos e atitudes que servimos o Senhor e anunciamos, com nossa vida, a Boa Nova que ele nos transmitiu.

Que venha o dia em que a Igreja proclame bem-aventurada Leônia porque foi fiel ao projeto do Pai servindo a todos sem distinção e particularmente os pobres e os esquecidos da sociedade.

JUNHO | 2013 Edição Especial11

Bondade e alegria, virtudes que iluminaram a vida, a presença e as atividades de Madre Leônia Milito. Anos atrás, muitos anos, quando vi pela primeira vez estas duas palavras a iluminar como faróis o itinerário das Missionárias de Santo Antônio Maria Claret e depois de fazer uma reflexão sobre ambas, alberguei em meu coração o significado da bondade e da alegria. Nós gostamos quando alguém nos trata com bondade por pequeno que seja o gesto, ou quando alguém nos saúda e esboça um sorriso. Se eu gosto de ser acolhido assim, devo fazer o mesmo aos outros, seguindo o ensinamento de Jesus: faça aos outros aquilo que você gostaria que outros fizessem a você. Não custa nada ser bondoso e alegre, demonstrar alegria e bondade.

Madre Leônia, como fiel discípula de Jesus, percorreu o mundo espalhando bondade e alegria, como gesto de gratidão pelos dons recebidos de Deus e não guardados egoisticamente para si mesma. Soube partilhar, distribuir, o que gratuitamente recebeu. Roteiro de santidade vivido na simplicidade, na humildade, no dia-a-dia. Eu tive a sorte de ouvir tantas pessoas que davam seu testemunho relatando a bondade e a alegria de Madre Leônia.

Em março de 1998, na Arquidiocese de Londrina, deu-se a abertura do processo de canonização de Madre Leônia e, no dia 27 de outubro de 2003, tendo sido encerrada a fase arquidiocesana o processo foi introduzido na Congregação para a Causa dos Santos, em Roma.

Madre Tarcísia Gravina me chamou um dia para perguntar se eu ou algum missionário claretiano poderia fazer parte da equipe que trabalharia no processo de canonização de Madre Leônia Milito, equipe esta a ser nomeada pelo arcebispo de Londrina, D. Albano Cavallin. Eu lhe respondi positivamente e fui nomeado juiz substituto, o juiz titular era o Pe. Vitor Groppelli. Com o passar do tempo e o caminhar do processo, o Pe. Vitor voltou para a Itália e eu tive de ocupar o seu lugar no serviço de recolher os testemunhos do pessoal que havia vivido, conhecido ou ter-se-ia se relacionado de alguma maneira com Madre Leônia. Nessa época, eu morava em Rio Claro, no interior do estado de São Paulo e uma vez por mês, se não me engano, tínhamos reunião da equipe para recolher o relato dos frutos produzidos com bondade e alegria.

A mim pessoalmente me fez tanto bem ouvir coirmãs

Madre Leônia Milito

pe. oswair chiozini cmf

de Madre Leônia contar tantos particulares de uma vida santa, pequenas coisas que para nós homens, muitas vezes, passam despercebidas, mas que fotografam uma alma que não viveu para si, mas para os demais. Recolhíamos pérolas preciosas de gente que viveu lado a lado, de outras irmãs que viviam longe, de leigos e leigas, de um monsenhor que veio de Maceió porque não podia se calar, mas devia dizer o que sentia porque tudo o que viveu Madre Leônia foi para a maior glória de Deus.

E no dia 27 de outubro de 2003, na Catedral de Londrina, igreja cheia, diante do arcebispo D. Albano Cavallin, foi encerrado o processo em âmbito diocesano. Juntos todos elevamos aos céus um hino de ação de graças, demonstramos nossa gratidão a Deus, antes de tudo, por nos ter dado, ou emprestado Madre Leônia, por ter semeado por todos os cantos deste mundo tanta bondade e tanta alegria e continua por meio de suas filhas, as Missionárias de Santo Antônio Maria Claret, fazendo sempre o bem sem saber a quem.

Para ela, “santidade não é senão amor”. Foi assim que a serva de Deus Madre Leônia “consumiu sua vida iluminando”, na bondade e na alegria.

VIDA EM AÇÃO N°16412

Missionário é aquele que cumpre uma missão divina, que orienta sua vida pelo “Ide e ensinai”. Todos os evangelizadores devem caminhar, partir, deixar algo de si para ir ao encontro do outro... E quem parte corre riscos, o próprio Jesus nos chama atenção a respeito disso, quando diz aos discípulos: Não se preocupem muito com o que vão comer, vestir, onde morar e outras recomendações...do risco da caminhada. O missionário vai, deixa a Pátria, cruza os mares, vai a terras distantes, vai aos centros urbanos e a zona rural, levar a Palavra divina.

Que bonita a vida de Madre Leônia ! Maravilhoso este verbo ir, em sua vida ! Ela tomou a sério o estar a caminho. Ia para a Europa, estava de malas arrumadas...

O anjo sacrificador a esperou na estrada. Onde poderia encontrá-la senão a caminho?

padre firmo duarte (salesiano) · mato grosso · por ocasião da morte de madre leônia

Ela foi à África, foi ao nordeste brasileiro, foi ao coração do nosso Brasil, aqui onde dois estados se unem: Goiás e Mato Grosso.

Madre Leônia sabia bem dos riscos que corria. Sabia que suas missionárias eram jovens irmãs, conhecia as dificuldades porque o seu coração era muito sensível. Quem a conheceu sabe disso, suas filhas também. Mas onde havia uma necessidade ela tinha vontade de estar lá.

Ela não pesou o risco. Tomou a Palavra de Deus a sério. Ide! Caminhai. Ela foi uma mulher de fé. É a mulher forte do Evangelho, mulher forte porque acreditava. Por isso sem medir muito as consequências, ia. Ia certamente com os olhos fitos nesta ordem do Senhor Jesus. ide pregai o Evangelho, levai a mensagem do amor. Ide pelo testemunho de vida.

Sem dúvida, Madre Leônia meditava em todos os riscos, quando deixava as suas jovens filhas em todos os recantos do mundo... E como é bonito quando a gente cumpre uma missão divina e testemunha com a própria vida, a vida de Jesus Cristo, aqui na terra...

“ninguém tem maior amor do que aquele que dá A vida pelo irmão”

Quando escreverem a vida da Santa Madre, quando contarem da sua morte,quando disserem que derramou seu sangue num pedaço de asfalto brasileiro saibam que nesse pedaço ficou o sinal de quem caminha, do verdadeiro missionário, que parte, que vai, que dá a vida, daquele que sai para fazer o bem seja onde for, lá onde a vontade de Deus o chama...

Deus assim permitiu, em seus desígnios, que a vida de Madre Leônia servisse de sinal para a sua Congregação, através de todos os tempos. Multiplicar-se-ão as suas missionárias, construir-se-ão as suas casas; Deus as quis, as quer, em todos os recantos da terra, e elas hão de saber que a sua Mãe Fundadora, estava de malas prontas para viajar, para visitar as filhas, atravessar os oceanos e levar a mensagem de Deus aos lugares mais distantes.

Irmãs Missionárias Claretianas, vocês nunca poderão esquecer que a santa Fundadora morreu a caminho. Morreu com as malas prontas, para serfosse um sinal do cumprimento da Lei de Cristo: Ide...Ensinai...

JUNHO | 2013 Edição Especial13

Entrei no Instituto Franciscano no dia 20 de novembro de 1951 em Pontecorvo, Nápoles, onde Madre Leônia era superiora da comunidade e mestra das noviças, das postulantes e das aspirantes.

A sua pessoa e a sua personalidade, a sua humanidade e a sua espiritualidade me deram a base para a minha vida religiosa e permaneceu para sempre comigo, como um ponto de referência.

Recordo-me bem, porque ficou impresso na minha mente e no meu coração, que Madre Leônia possuía uma personalidade forte e doce ao mesmo tempo. Era líder nata, sabia atrair e cativar muitíssimas jovens. Era uma pessoa decidida, não fazia distinção de pessoas. Tratava a todas nós com maternidade e compreensão, mesmo aquelas que estavam chegando no Instituto.

Lembro-me bem que Madre Leônia sabia aceitar o sofrimento físico e moral, sem fazer tragédias e sem ser peso para os outros. Da sua doçura e firmeza transparecia uma vida intimamente unida a Deus. E sua espiritualidade refletia a sua personalidade: intransigente consigo mesma; fazia do Evangelho e da regra do Instituto os pontos cardeais da sua vida e da sua consagração; perdoava com delicadeza e amor,

Entrei na Congregação das Irmãs Pobres Filhas de Santo Antonio, hoje Religiosas Franciscanas de Santo Antonio, no período em que Madre Leônia era mestra de formação em 1944. Ela me formou espiritualmente e me ajudou, com sua palavra e com o seu exemplo a perseverar na vida religiosa, apesar de tudo e a amar a oração e o sacrifício, componentes essenciais da vida religiosa, segundo as características de São Francisco.

Posso dizer que Madre Leônia me impressionava com a sua constância, com a sua coragem de ir até o fim em todas as coisas, apesar das dificuldades e contrariedades,

Era apegada à oração, como um ímã que fica preso ao objeto que o atrai. De fato, passava muito tempo em contato com o Senhor, sobretudo à noite. Era uma pessoa muito responsável. Assumia com seriedade os seus compromissos. O que não conseguia fazer durante o dia, o fazia à noite, como, por exemplo, os encontros formativos e pessoais com as formandas. Sacrificava a si mesma, mas não deixava que fôssemos privadas da formação.

Durante o noviciado, por problemas de saúde, os superiores tinham decidido que eu devia retornar à família. Mas Madre

ir. eufrásia moriello

ir. giacinta petrarca

Testemunho de uma formanda de Madre Leônia do Instituto Franciscano

Testemunho de uma irmã franciscana

quando nós fazíamos algumas travessuras.A obra que ela cumpriu e que, sobretudo, eu gosto de

recordar, é aquela claramente inspirada pelo Espírito Santo, isto é, iniciou a formação missionária no Instituto, preparando e enviando as irmãs ao Brasil. São tantos os fatos importantes que recordo da minha vida ao lado de Madre Leônia. Tive uma belíssima experiência com ela, nos poucos anos que vivi ao seu lado, que a tive como mestra e superiora.

Queria conhecê-la melhor para inspirar-me nos seus exemplos e imitá-los. Chorei muito quando soube da sua morte. Depois pensei, está nos braços do Pai e entre aqueles braços continua a ser a irmã e a mãe de todas nós. E aumentou em mim a esperança que do céu nos fará sentir todas mais irmãs. Sentimos muito a ausência de Madre Leônia. Ela era para nós guia seguro.

Leônia procurou ajudar-me. Permaneceu do meu lado, dando forças em sentido espiritual e material, cuidando que eu tivesse um tratamento terapêutico.

O Senhor se serviu de Madre Leônia, como se serve das pessoas mais humildes, para realizar os seus projetos. Ela foi um instrumento nas mãos de Deus para fundar uma nova Congregação na Igreja. Posso dizer que madre Leônia foi uma irmã que soube levar avante o projeto de Deus.

E quanto às suas qualidades e virtudes, lembro-me que me impressionavam a sua capacidade de ser disponível ao outro, o seu amor à oração e ao sacrifício, a responsabilidade ao próprio dever, a humildade e a sua capacidade de ser humana com todos. Madre Leonia inspirava confiança e simpatia em todos. Era uma referência para a juventude e nada diminuiu em mim a estima que sempre tive por ela, o amor e o respeito que nutro à sua pessoa.

Quando soube da sua morte sofri muito. Era a minha mestra e eu sempre lhe queria bem e lhe sou agradecida pelo bem que me fez. A riqueza da sua personalidade me fascina. Agradeço madre Leônia por tudo e desejo que a fecundidade da sua vida e do seu sacrifício seja um grande bem para a Igreja. Que entre os santos, o Senhor lhe dê a coroa de glória e que ela possa interceder a Deus por todas nós.

VIDA EM AÇÃO N°16414

Neste ano em que celebramos o centenário de nascimento de Madre Leônia Milito, a Igreja de Londrina, a Congregação Missionária Claretiana, o iclem -Instituto Claretiano de Leigos Missionários e a fec - Fraternidade Eclesial Claretiana, unidos pelo mesmo Carisma, somos convocados a celebrar, com alegria, a graça deste acontecimento.

D. Geraldo Fernandes Bijos e Madre Leônia Milito deixaram um grande legado à Igreja e ao mundo, a Congregação das Missionárias de Santo Antonio Maria Claret, fundada no dia 19 de março de 1958.

Como uma semente, a Congregação germinou e expandiu-se de modo prodigioso, espalhando-se pelos 5 continentes, fortalecida na missão por sua espiritualidade eucarística e cordimariana.

É tempo de revisar a nossa caminhada de fé, confirmando-a com gestos concretos da vivência de nosso Carisma redentivo, pelo anúncio da Palavra, pelo serviço da caridade, de preferência aos mais pobres, buscando o espírito das Bem-Aventuranças na prática das Obras de Misericórdia Espirituais e Temporais, Bondade e Alegria é o nosso lema!

Participei do Tribunal instalado a pedido de Dom Albano para introduzir a causa de Beatificação de Madre Leônia e sou muito grata por essa graça especial de Deus. Saciei na fonte a sede de conhecer a Madre, sua sabedoria, seu dia-a-dia, com todos os acontecimentos, os quais eram avaliados noturnamente por ela, diante do Sacrário, e como humilde serva, oferecia o seu cansaço e o seu coração sensível para o bem do mundo, da humanidade e da Igreja.

Centenário de Madre Leônia

therezinha miranda costa · presidente do instituto claretiano de leigos missionários

É um desafio cativante falar de Madre Leônia. Sua autobiografia registra a sua história de modo singelo e singular. Cada acontecimento, cada etapa é um cântico de louvor e agradecimento ao Senhor.

Impressionante é a sua vida espiritual e comunitária como fonte de santidade, que fortalece-a para consumir-se, constante e decidida na busca da perfeição. Na escola de Maria conseguia uma rica vida interior. No ano de 1980, adotou, para si e para a Congregação, o lema "Consumir-se Iluminando". Seu objetivo sobrenatural era atingir a finalidade da santidade pessoal pela via da perfeição interior "Sede perfeitos como vosso Pai Celeste".

Sua vida foi essencialmente missionária. Ela procurou conformar-se cada dia mais com Jesus Missionário e Redentor da humanidade. Como fundadora e superiora da Congregação, nunca deixou de passar às suas filhas a vivência dos valores morais resguardados pela fé cristã, sem deixar lugar para retrocessos ou negligências.

Neste ano do centenário de vida de Madre Leônia a história nos mostra que, em todos os tempos, o Espírito suscita na Igreja pessoas que buscam viver profundamente o Evangelho, como fez a nossa querida

Madre que, consagrando-se ao Senhor, com um coração sensível às necessidades dos irmãos e aos apelos da Igreja, levou Jesus Cristo ao mundo, principalmente àqueles mais sofridos e excluídos da sociedade.

A morte a encontra preparada. Partiu para a casa do Pai no dia 22 de julho de 1980 estando

a caminho da missão. Sempre ouviu e respondeu ao chamado de Deus!

Peçamos a Deus que conceda a todos os que fazem a vontade do Pai, todos os batizados chamados à santidade, a graça de vê-la glorificada aqui, como um sinal do amor de Deus pelos homens.

JUNHO | 2013 Edição Especial15

Escrevo meu sentimento de apreço e gratidão por todas as Religiosas Missionárias Claretianas, em particular aquelas que durante toda a minha vida e até os dias de hoje são meu refúgio, nos dias de tempestade, meu espelho e alicerce. Foram essas Missionárias que incutiram em mim os valores morais e cristãos. Minhas lembranças mais doces estão sempre relacionadas a uma Irmã Claretiana, principalmente na pessoa de Madre Leônia, que tive a graça de conhecer pessoalmente e partilhar de seus ensinamentos.

Quando criança, vim morar no Lar Santo Antônio, em Cambé. Foi aqui nesta casa de amor que me encaminharam para a vida, me deram asas para voar. Lembro-me muito das visitas da Madre Leônia em nosso Lar. Eram momentos de festa e de alegria inexplicável. Quando a Madre ia viajar para alguma missão, ou no seu retorno, nós íamos nos despedir dela ou acolhê-la, sempre com um canto, uma poesia, uma dança, um teatro. A Madre e as demais Irmãs sentavam-se nas cadeiras do salão de festas do Instituto Coração de Maria e a Madre sempre na frente aplaudindo nossas simples homenagens.

Madre Leônia foi grande incentivadora do amor ao Imaculado Coração de Maria, da reza do terço e do amor a Jesus na Eucaristia, com momentos de adoração com o Santíssimo Sacramento exposto. Nunca vou me esquecer do amor com que Madre falava de Jesus e Maria nesses momentos de adoração, ou quando da reza do terço embaixo do pé de manga, sempre acompanhado de umas balas que tirava dos bolsos do hábito.

Madre Leônia nos acolhia a todas, sem se importar em ser abraçada por crianças que estavam correndo e brincando

Santa Leônia dos pobres

marcia maria momesso, rita de cássia, neuza feitosa de lima tosi e maria de fátima da silva · meninas do lar santo antônio de cambé – pr

com o nariz escorrendo, ela era assim... Foi nesta família que encontrei o sentido da vida, o amor e a dignidade de filha de Deus. Se não fosse Madre Leônia e suas Irmãs terem me acolhido neste Lar não sei o que seria de mim e minhas muitas irmãs em Cristo, que aqui moramos.

Juntamente com a Neuzinha, a Rita e a Maria de Fátima, já com nossas famílias, hoje continuamos a trabalhar nesta entidade, como funcionárias, procurando dar continuidade ao aprendizado recebido de Madre Leônia e suas Filhas Claretianas

Agradeço a Deus, em primeiro lugar, por ter fundado esta Congregação que cuida dos pobres e rejeitados da sociedade.

Sou imensamente grata por Deus ter colocado esta mulher terna e boa em meu caminho. Que Madre Leônia, lá do céu, interceda por todas nós e espero que um dia ela seja levada aos altares como Santa Leônia dos pobres.

VIDA EM AÇÃO N°16416

Jane e eu somos testemunhas do apostolado das Irmãs Claretianas em Bariri, pois sentimos vivamente o acolhimento por elas oferecido, por ocasião da morte de nossos pais.

No ano de 1965, quando faleceu nossa mãe, (nosso pai faleceu um ano antes), ficamos os três irmãos, Manoel, 13, Jane 11 e eu, 9 anos, em pleno coração do estado de São Paulo, sem nenhum familiar para nos socorrer, pois viemos como migrantes do norte de Minas Gerais no ano de 1959.

Moramos com as irmãs e mais 110 meninas (em média) órfãs por sete anos, de 1965 a 1972, na Casa da Criança de Bariri onde pudemos receber e usufruir de moradia, alimentação, vestuário, saúde, educação, amor, atenção e religiosidade. Devo ressaltar que o hábito de frequentar a Igreja e participar da missa semanalmente, bem como a vida de oração, devo sem dúvida às irmãs, que deram continuidade à fé que recebemos de nossos pais.

O acolhimento das Irmãs Claretianas, lideradas pela Madre Superiora Geral e fundadora, foi para nós um porto seguro e lar que tivemos nesses anos. Certamente

Visita e instrui as crianças

terezinha de jesus muniz dalla coletta · bariri - sp

o tratamento e cuidado que recebíamos no dia-a-dia era fruto da idealização da Madre Leônia.

Me recordo que, por ocasião de suas visitas, ela era esperada com ansiedade que se traduzia em preparar a casa e as homenagens das quais nós, crianças, participávamos alegremente com apresentações de músicas, poesias e teatro. Confesso que isso me influenciou muito no gosto pela arte e interesse pela cultura, que cultivo até hoje. Porém o ponto alto da visita era a hora da "instrução" com a Madre, em que ela nos falava como a filhas, nos transmitindo conselhos e ensinamentos.

Hoje, a Jane, com 59 anos, é enfermeira aposentada de uma carreira de sucesso e destaque como profissional muito querida. Quanto a mim, com 56 anos, me aposentei como professora de Arte, com um detalhe curioso: lecionei por 14 anos na considerada melhor escola da cidade que se encontra instalada exatamente no mesmo local e prédio, onde funcionou a Casa da Criança.

Concluindo, só temos que agradecer a Deus, por ter colocado em nossa vida pessoas generosas, solidárias e bondosas como as Irmãs Claretianas que foram, por sete anos, nossa mãe e nosso pai. Obrigada, Madre Leônia, por sua vocação, sua missão e seu amor. Pedimos que de onde está rogue a Deus por nós.

Rua Guadalajara, 296 Tel: 3321-2823

JUNHO | 2013 Edição Especial17

Tive uma infância pobre e sofrida. Desde os 6 anos tive que trabalhar na roça e na olaria, com plantação, terra e água. Meu pai bebia e se tornava violento com os filhos e mais ainda com minha mãe, que apesar de fraca e doente sempre nos protegia. Aos dez anos, em dezembro de 1968 perdi minha mãe e ficamos 4 filhos órfãos. Desamparado fui parar num vagão de trem, onde fui descoberto e levado para uma cela de cadeia fria de madrugada, coberto somente por jornais. Fui levado ao fórum e interrogado por duas vezes. Não tinha ainda 12 anos. Foi então que Deus colocou em meu caminho as Missionárias Claretianas e hoje digo “Obrigado mamãe Leônia, obrigado irmãs”, pois vocês deixaram familiares para acolher, amparar, cuidar e muito mais...

Aos 23 de julho de 1969, fui acolhido pelas Claretianasno Educandário Santo Antonio, em Matão sp, levado pelos agentes do Fórum. Aí fui recebido pela Madre Celestina Maiorano, Ir. Antonia Pinheiro e Creuza Barros e por uma grande quantidade de “irmãos”. Senti-me seguro e confiante, pois recebi afago, carinho e amor.

Permaneci neste Educan-dário 7 anos, onde muito aprendi. Neste tempo outras

Falar de Madre Leônia é prazeroso e ao mesmo tempo difícil, porque foi uma pessoa que recebeu de Deus muitas graças, um grande Carisma e frutificou espalhando o bem onde vivia, por onde passava.

Mulher simples que com humildade e coração cheio de amor, conquistou uma terra longínqua, deixando seu país e tudo que tinha para vir ao Brasil e aqui fundar a Congregação das Missionárias de Santo Antonio Maria Claret.

Conheci Madre Leônia por volta dos anos 65/66, numa Visita Canônica ao Educandário São José. Daí por diante nunca mais me separei da Congregação. Sou leiga, mas me considero uma missionária claretiana, estou do lado da Congregação, pois a tenho como se minha família fosse e amo-a com carinho e esmero.

Madre Leônia, em suas visitas à Catanduva, eu e meu marido a levávamos pelas cidades vizinhas e era grande nossa alegria.

Aprendi com Madre Leônia uma lição de vida, que jamais vou esquecer, dizia ela: “minha filha, aqui nesta vida tudo é difícil, mas não é preciso fazer tantas coisas para nossa salvação, é só ‘amar e servir’ e orar constantemente.”

Querida Madre, a senhora deixou um legado maravilhoso

fábio firmino da silva

anadir pachá · catanduva - sp

Obrigado mamãe Leônia

A nossa querida Madre Leônia, saudades!

irmãs também foram muito importantes em minha vida e por elas dou graças a Deus.

Tive a alegria de conhecer Madre Leônia, mulher carismática e a oportunidade de conversar longo tempo com ela, sentado ao lado da capela, falando da minha história, do meu trabalho e como ela me acolhia e ouvia atentamente, mesmo cansada e tendo que viajar.

Por tudo só me resta dizer “Obrigado Missioná- rias Claretianas, obrigado Madre Celestina, Obrigado Mamãe Leônia”!

Sou Fábio Firmino da Silva, pai de 3 filhas e avô de 6 netas. Moro em Matão, sou metalúrgico aposentado, participo do iclem, das pastorais, catequese, das cebs de minha Paróquia e em projetos sociais de inclusão. Sou locutor da Rádio Educadora Comunitária e voluntário há 8 anos. Procuro retribuir a Deus e aos irmãos um pouco do muito que recebi.

que nunca vai acabar, pois estamos firmes, sob a proteção do Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria, que intercede por nós para que esta Congregação cresça cada vez mais para servir a humanidade.

Pedimos ao bom Deus que nossas preces sejam ouvidas para que o processo de beatificação se concretize o mais breve possível. Sabemos, querida Madre, que a senhora está na glória do céu, juntamente com Jesus, Maria e os Anjos, e que pode interceder por nós.

Obrigada, Senhor, por eu haver conhecido, aqui na terra, Madre Leônia e ter convivido com ela.

VIDA EM AÇÃO N°16418

Eu conheci esta mulher

Como amigos dos Fundadores da Congregação das Missionarias de Santo António Maria Claret, Dom Geraldo Fernandes, Madre Leônia Milito, Madre Eucarística Lo Conte e outras eu pude acompanhar de perto os primeiros momentos da fundação desta obra de Deus, participando um pouco da vida da Madre Leônia, de uma vida totalmente dedicada a Deus no serviço ao povo.

Dos benefícios que a Congregação começava a espalhar, eu me beneficiei, entre outras coisas, das aulas de latim ministradas pela Madre Eucarística e pela Madre Leônia, para a minha formação de coroinha da capela a fim de ajudar nas celebrações das missas que, naquela época, eram em latim.

Éramos e somos muito amigos da congregação e hoje podemos ter a satisfação e a alegria de saber que as Claretianas estão levando o seu trabalho, a sua dedicação para evangelizar os cinco continentes graças a Deus.

carlos massaro – londrina · pr

Madre Leônia transmitia alegria

Tivemos a felicidade de conhecê-la pessoalmente.Madre Leônia transmitia alegria, paz, segurança e

firmeza na fé. Era a mulher forte da Bíblia.O seu olhar era meigo e transmitia bondade

e ternura. Amava as crianças e todos eram bem recebidos por ela.

Pelo batismo, somos consagrados a Deus para sempre e é o principio da vida nova. Madre Leônia viveu o seu batismo em toda a sua intensidade e profundidade.

Madre Leônia nasceu num berço cristão alimentado pela fé, esperança e muito amor. Foi um presente do céu para toda a Igreja. Roguemos a ela que olhe lá do céu e nos mostre sempre o caminho que nos conduz a Deus.

Que Deus permita ganharmos um grande presente neste seu centenário de nascimento: sua beatificação. Amém.

pe. amador romão – matão · sp

Modelo no segmento de Jesus

Fiquei muito contente e feliz quando a irmã Iraci me pediu para falar sobre uma amiga especial: Madre Leônia era carismática e caridosa, determinada e corajosa nas obras de Deus.

Todos os domingos à tarde, nossa visita era na casa das irmãs, onde ela nos recebia com muita alegria e carinho.

Ela nos transmitia muita paz e amor a Deus, nos dando verdadeiras aulas de evangelização. Ela era modelo no seguimento de Jesus, a força e o exemplo perfeito da nossa vida cristã, que encontramos na Eucaristia e no Imaculado Coração de Maria.

Peço a Deus um presente: a beatificação de Madre Leônia. Amém.

maria neuza marchesan – matão · sp

JUNHO | 2013 Edição Especial19

Conheci Madre Leônia em Maceió e tive o privilégio de receber sua feliz visita em minha casa, em 1977, se não me falha a memória, no mês de outubro. A visita foi para acertarmos a vinda das irmãs para assumirem junto com meu marido professor João Azevedo e eu Marta, uma instituição de menores que pertence à Arquidiocese de Maceió.

Lembro-me que em 1980, no dia 13 de maio, aniversário de Juvenópolis, foi a Madre Leônia quem hasteou a bandeira do Brasil. O fato interessante é que na véspera, enquanto fazíamos os preparativos para a festa, caiu uma tempestade e quando voltávamos para casa tivemos de passar a ponte com água na altura do joelho, e todos de mãos dadas, professores, irmãs, funcionários e eu, para não sermos levados pela correnteza. Quem havia ido de carro teve de deixá-lo pois não havia condição de atravessar a ponte. Ao chegar em casa contei o acontecido a João Azevedo e ele disse que não tivesse medo, nem se preocupasse que tudo iria dar certo e eu de pouca fé, disse: com tudo cheio de água? Mais ele reafirmou que iria acontecer um milagre. Eu considero que foi este o primeiro milagre da Madre Leônia que havia vindo a Maceió para a festa.

M. Leônia é muito importante em minha vida. Certa ocasião em Londrina, ela me disse que não havia necessidade de mais irmãs em Juvenópolis porque eu era uma que fazia a mesma coisa.

Não conheci pessoalmente Madre Leônia Milito, mas quando a então madre geral Tarcisia Gravina convidou-me, no final da década de oitenta, para escrever a história da Congregação das Missionárias de Santo Antonio Maria Claret, que completava trinta anos de existência, passei a conhecê-la pela abundante documentação por ela deixada e pelos testemunhos dos que com ela conviveram.

Madre Leônia foi uma figura ímpar na história religiosa da Itália e do Brasil. Fiel ao chamado de Deus para consagrar-se a Ele, professou os votos religiosos na Congregação das Pobres Filhas de Santo Antonio. Nela exerceu a função de mestra de noviças, que lhe permitiu transmitir às jovens o ardor missionário.

Não tardou o chamado brasileiro, necessitado de religiosas, precisamente de Matão no estado de São Paulo e sua vizinhança. Isso foi no início da década de cinquenta do século xx. Inicialmente vieram apenas quatro irmãs, mas logo em seguida, a própria Leônia trouxe para cá nada menos do que uma vintena de jovens entusiasmadas pelo campo missionário que se abria para a pequena congregação italiana.

Houve contrariedades e quase a missão no Brasil foi fechada, porém Deus não desampara os necessitados e Madre Leônia com seu ardor missionário e ânimo fiel a Deus levou a frente às comunidades missionárias em diversas cidades do interior do estado de São Paulo.

Madre Leônia com a lealdade das irmãs que atuavam no Brasil as quais em solidariedade a ela, espontaneamente pediram

marta lúcia gomes de melo azevedo fec · maceió - al

josé garcia gonzáles neto

Experiências vividas com Madre Leônia Milito

Madre Leônia Milito

Quando estávamos no Rio de Janeiro representando Alagoas em um congresso de instituições filantrópicas para apresentar a experiência vivida em Maceió soubemos de sua morte. Foi muito triste. Eu particularmente tenho a presença viva desta santa muito perto de mim todos os dias. Viajando quase que diariamente no carro tenho uma foto dela para a qual volto meu olhar com muita frequência.

Já notifiquei o caso do meu sobrinho para a qual rezamos pedindo a intercessão da Madre. Sabemos, com certeza, que foi ela quem intercedeu por sua cura. Foi contado no meu depoimento.

É muito bom conversar, escrever alguma coisa que fale de uma santa que conheci; sinto muita felicidade.

dispensa de seus votos e continuaram trabalhando onde estavam.

Providencia lmente, entra em cena, nesse momento, a figura do padre Geraldo Fernandes, indicado para aconselhar as irmãs como representante dos religiosos no Brasil. Nomeado para ser o primeiro bispo de Londrina, vislumbrou ele possibilidade de acolher as irmãs na sua nova diocese. Ele e Leônia fundaram uma congregação religiosa de direito diocesano que, a pedido das irmãs, foi chamada Congregação das Missionárias de Santo Antonio Maria Claret, visto que elas queriam compartilhar o Carisma de seu Fundador que era religioso Claretiano.

Da fundação até sua morte ocorrida em 1980, Madre Leônia am- pliou consideravelmente a jovem Congregação que foi reco-nhecida como de direito pontifício e hoje está espalhada nos cinco continentes com centenas de irmãs atuando em prol dos mais necessitados numa demonstração de sua fidelidade e fecundidade.

VIDA EM AÇÃO N°16420

Já se passaram dezoito meses em que eu vi a imagem de uma moça muito jovem, me segurando pelo braço e pediu para eu voltar. Isto me deixou com uma paz e um alívio muito grande, eu senti que aquela imagem que vi, era a Madre Leônia, mesmo sem conhecê-la, estou acostumada a ver a imagem dela com uma idade mais avançada. Neste dia o Padre Ildo, muito amigo da nossa família, quando estava no hospital me visitando, foi informado pelos médicos para preparar a família, porque, daquela noite eu não passaria, devido ao meu estado de saúde que era muito grave. O Padre Ildo após esta notícia procurou a Irmã Aparecida que é Missionária Claretiana, pedindo para que ela levasse uma imagem da Madre Leônia e fosse até o hospital rezar por mim.

Eu me lembro que ouvi a minha mãe dizer que tinha uma freira rezando por mim naquele momento, mas eu não sabia quem era. Fiquei muito curioso em saber realmente quem era aquela moça que eu havia visto, e como não conseguia falar, pois estava respirando através de uma traqueotomia, quando melhorei, tentei escrever, perguntando quem era a Irmã e quem esteve com ela no hospital naquele dia. Como ninguém entendia o que eu escrevia, ficava cada vez mais curioso em saber que era ela, porque após este fato que eu consegui melhorar de saúde, sair do estado de coma e em dois dias sai da uti e fui para um apartamento.

Quando conseguiram ler o que eu perguntava, a Irmã Aparecida respondeu que não tinha ninguém com ela, e ai eu escrevi novamente que eu via alguém com ela naquele dia em que esteve rezando por mim. Quando melhorei

e estava em casa me mostraram o álbum da Madre Leônia e eu fiquei muito emocionado quando vi uma foto idêntica a que eu tinha visto no hospital, era a foto da Madre Leônia de quando jovem. Tenho uma grande gratidão por Madre Leônia e todas as irmãs Claretianas, pois tenho certeza que foi através da presença da Irmã Aparecida que a Madre Leônia intercedeu por mim, me trazendo novamente a viver.

Todas as vezes que vejo a imagem da Madre, tenho um sentimento de paz, de alegria, de esperança, de confiança e tenho certeza que ela está conosco todos os momentos de nossa vida.

joão geraldo bersi filho

Madre Leônia intercessora de todos