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Curitiba, quarta-feira, 5 de maio de 2010 - Ano XII - Número 551 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected] DIÁRIO d o B R A S I L Prazo de transferência do título de eleitor termina hoje Do “Tudo é Possível” ao “Fantástico”, passando ainda por “Domingão do Faustão”. O que tem de bom na programação da TV durante o tão esperado do- mingo? Nosso colunista faz uma crítica à qualidade do conteúdo veiculado na televisão aberta no horário de descanso domini- cal do telespectador. Pág. 6 TV A preparação para o tão espe- rado mundial... Será que vai dar tempo? O artigo de hoje faz uma A colunista comenta sobre o livro “Clube do Filme” (2009), que (ainda) não virou filme. Escrito pelo canadense David Gilmour, a obra expõe diálogos sutis e engraçadas que prendem o leitor do começo ao fim. Pág. 6 Entrevista Um bate-papo com o jornalista, escritor e psicólogo Felipe Pena Colunas Cinema Pág. 4 e 5 As salas de espera dos Tribunais Regionais Eleitorais de todo Bra- sil estão lotadas hoje, e em Curitiba a situação não é diferente. Isso porque termina hoje o prazo para transferência do título eleitoral. Todos os eleitores que mudaram de cidade devem transferir o do- Opinião Contagem regressiva para a Copa do Mundo Anna Luiza cumento para nova residência eleitoral para poder votar nessas eleições. Se não o fizerem, devem justificar os votos no dia 3 de outubro. Somente na capital paranaense cerca de 4 mil pessoas são esperadas na Central de Atendimento ao Eleitor. Pág. 3 análise do encaminhamento da construção dos estádios para 2014 no Brasil. Pág. 2 Diego Henrique da Silva

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JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO

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Curitiba, quarta-feira, 5 de maio de 2010 - Ano XII - Número 551Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected]

DIÁRIO

do

BRASIL

Prazo de transferência dotítulo de eleitor termina hoje

Do “Tudo é Possível” ao“Fantástico”, passando aindapor “Domingão do Faustão”. Oque tem de bom na programaçãoda TV durante o tão esperado do-mingo?

Nosso colunista faz umacrítica à qualidade do conteúdoveiculado na televisão abertano horário de descanso domini-cal do telespectador.

Pág. 6

TV

A preparação para o tão espe-rado mundial... Será que vai dartempo? O artigo de hoje faz uma

A colunista comenta sobre olivro “Clube do Filme” (2009),que (ainda) não virou filme.

Escrito pelo canadense DavidGilmour, a obra expõe diálogossutis e engraçadas que prendemo leitor do começo ao fim.

Pág. 6

Entrevista

Um bate-papo com ojornalista, escritor epsicólogo Felipe Pena

Colunas

Cinema

Pág. 4 e 5

As salas de espera dos Tribunais Regionais Eleitorais de todo Bra-sil estão lotadas hoje, e em Curitiba a situação não é diferente. Issoporque termina hoje o prazo para transferência do título eleitoral.Todos os eleitores que mudaram de cidade devem transferir o do-

Opinião

Contagem regressiva paraa Copa do Mundo

Anna

Lui

zacumento para nova residência eleitoral para poder votar nessaseleições. Se não o fizerem, devem justificar os votos no dia 3 deoutubro. Somente na capital paranaense cerca de 4 mil pessoassão esperadas na Central de Atendimento ao Eleitor.

Pág. 3

análise do encaminhamento daconstrução dos estádios para 2014no Brasil.

Pág. 2

Diego Henrique da Silva

Curitiba, quarta-feira, 5 de maio de 20102

Reitor: José Pio Martins. Vice-Reitor:Arno Antonio Gnoatto; Pró-Reitor de Graduação : Renato Ca-sagrande; Pró-Reitor de Planeja-mento e Avaliação Institucional:Cosme Damião Massi; Pró-Reitorde Pós-Graduação e Pesquisa ede Extensão: Bruno Fernandes; Pró-Reitor de Administração: ArnoAntonio Gnoatto; Coordenador doCurso de Jornalismo: Carlos Ale-xandre Gruber de Castro; Professo-res-orientadores: Ana Paula Mirae Marcelo Lima; Editores-chefes:Aline Reis ([email protected]),Daniel Castro ([email protected]) e Diego Henrique da Silva([email protected]).

“Formar jornalistas com abrangen-tes conhecimentos gerais e humanís-ticos, capacitação técnica, espíritocriativo e empreendedor, sólidosprincípios éticos e responsabilidadesocial que contribuam com seu tra-balho para o enriquecimento cultu-ral, social, político e econômico dasociedade”.

O LONA é o jornal-laboratóriodiário do Curso de Jornalismo daUniversidade Positivo – UPRedação LONA: (41) 3317-3044Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300– Conectora 5. Campo Comprido.Curitiba-PR - CEP 81280-30. Fone(41) 3317-3000

Expediente

Missão do cursode Jornalismo

O país da desorganização?Divulgação

Camila Collita

Rica, poderosa e com umnúmero considerável de fiéis, aIgreja Católica vem sofrendoinúmeras denúncias de pedo-filia nos últimos meses. As no-tícias de padres pedófilos estãoestampadas em todos os jor-nais e chocando fiéis e ateus.

Todo clero da Igreja Cató-lica mantém o voto de castida-de, ou seja, renuncia qualquerprazer sexual e matrimonial,como um ato de fé. Historiado-res, porém, afirmam que essevoto foi implementado na Ida-de Média para evitar que aIgreja disputasse heranças.

A história e o motivo dovoto de castidade, sendo eleum ato de fé ou precaução,não nos interessam, mas a pe-dofilia é uma preocupação detodos. Ainda mais se cometi-da por aqueles que deveriamser exemplos de bom compor-tamento.

Todos nós sabemos que apedofilia é um crime e dosmais graves. Além, claro, sevisto com olhos católicos, umgrande pecado. Mas pareceque os padres não sabiam dis-so, ou não queiram saber. Afila para se confessar vai ficarcheia... de padres.

É irônico pensar que umainstituição como a Igreja Cató-

lica esteja cometendo tal crime,uma vez que condene tantasoutras atitudes, incluindo apedofilia. Como confiar e acre-ditar em uma instituição quealém de cometer este crime ten-ta esconder os problemas?

Enquanto cresce o númerode coroinhas que sofrem abu-sos nas mãos dos padres, aigreja tenta, sem sucesso, seexplicar. Talvez se Bento XVIadmitisse que a Igreja estálonge de ser perfeita e quetambém comete erros, suaimagem estaria melhor.

Qualquer instituição, reli-giosa ou não, deve ter respei-to para com seus seguidorese também com aqueles quenão seguem seus ditames, afi-nal cada um tem o livre-arbí-trio para escolher qual reli-gião ou doutrina seguir. E ajustiça deve ser imparcial eimplacável, para enfrentarproblemas como esse e resol-vê-lo, punindo os responsá-veis e preservando aquelesque sofrem.

Não vivemos mais na Ida-de Média. O mundo mudou,se modernizou e a igreja ficouestagnada. Condenar o sexoantes do casamento, o contro-le de natalidade e a homosse-xualidade só afasta fiéis queprocuram algo mais parecidocom suas vontades.

Padres pecadores

Espaço do leitor

Parabéns! A nova ediçãoficou linda! Ficou mais lim-po, o que facilitou a leitura!Mesmo em PB!! (Silvia Serpe)

Finalmente saiu a primei-ra edição de 2010. O trabalhoestá muito bem feito. Para-béns! (Maria Carolina Lippi)

Gostei muito da primeiraedição do Lona de 2010.Gostaria de parabenizar oseditores pela organização dojornal, pela nova diagrama-ção e por conseguirem trans-formar um jornal-laboratórioem algo de nível profissio-nal!!! (Maria Ester Niespod-zinski)

Fale com a gente :Twitter.com/jornallona [email protected]

Thiago Maceno

Terminou na segunda-feirao prazo dado pela FIFA parainiciar as obras nas 12 cidadesbrasileiras escolhidas para aCopa do Mundo de 2014. Ape-sar disso, muitas sedes nem co-meçaram as reformas. O cenáriopreocupante fez o governo acen-der o sinal amarelo.

Tanto o Morumbi, quanto oMaracanã, estádios indicadosrespectivamente para fazer aabertura e a final dos jogos, es-tão atrasados quanto aos seuscronogramas.

No Morumbi, o caso é aindamais grave, pois, mesmo apósapresentar melhorias nos ba-nheiros, na colocação de novascadeiras e a construção de umaárea reservada para parceirosda FIFA, o clube está longe dedeixar o estádio pronto para se-diar o jogo de abertura, comotanto desejam os são-paulinos.O principal problema é que,mesmo depois de diversas revi-sões, o projeto arquitetônicoainda não foi aprovado pelaFIFA.

Ainda neste mês será finali-zado o processo de licitaçãopara a segunda parte das obrasdo Maracanã. Por enquanto, osolo da parte externa do estádioestá sendo perfurado para saberem quais pontos serão constru-ídas as novas rampas de aces-so, que vão facilitar a entrada ea saída das pessoas.

Outro palco que pretendeconcorrer com São Paulo pararealizar a abertura dos jogos éo Mineirão. No entanto, o está-dio está ainda na fase inicialdas obras. Em janeiro, as estru-turas começaram a ser reforça-das, e somente em meados dejunho deve começar a segundaetapa da reforma.

No Estádio Beira-Rio, asobras também não começaram.Segundo os dirigentes do Inter-nacional, o clube ainda esperaa aprovação de um projeto paraa isenção de impostos, para daícomeçar os trabalhos.

Caso parecido acontece como estádio indicado para receberos jogos da Copa em Curitiba.A Arena da Baixada segue comseu futuro incerto. Mesmo com70% das suas reformas já pron-tas, por ser um estádio privado

o Atlético Paranaense aindaprocura parceiros para a finali-zação dos trabalhos, orçadosem R$ 100 milhões. Segundo oclube, se uma solução parabancar as obras não for encon-trada, a Copa não vai passarpor Curitiba. O que seria umavergonha para todos os curiti-banos.

Nos outros sete estádios opanorama é o mesmo. Nenhumdeles começou de fato as obras:alguns dependem de parceiros,outros precisam de revisões nosprojetos e alguns não fazem amínima ideia de onde surgirãoos milhões para as construções.

É de se preocupar. Tudo ca-minha para uma grande confu-são. No final, a intervenção dogoverno é quase inevitável. Serápreciso injetar dinheiro nasobras. O que se presume é umcenário ainda pior do que foi oPan, no Rio de Janeiro, já que oâmbito das obras é nacional. Oque não vai faltar é dinheiro.Isso, com certeza, vai sobrar. Oproblema é que a falta de orga-nização dá uma péssima im-pressão dos empreendimentosbrasileiros.

Um evento tão importantecomo a Copa pode passar umaimagem positiva ou negativa dopaís. Isso vai depender da orga-nização do megaevento. Se ospolíticos e empresários brasilei-ros não conseguirem acelerar asobras e deixar tudo pronto para2014, correremos o risco detransformar uma grande opor-tunidade de mostrarmos quesomos um país organizado e sé-rio num reforço do velho estere-ótipo de Brasil como país semseriedade e da bagunça.

Tanto o Morumbi,quanto oMaracanã,estádios indicadosrespectivamentepara fazer aabertura e a finaldos jogos, estãoatrasados quantoaos seuscronogramas

Curitiba, quarta-feira, 5 de maio de 2010 3

Daniel Castro

Para aqueles que deixarampara a última hora e ainda preten-dem votar em 2010, hoje é o últi-mo dia para fazer ou transferir otítulo de eleitor. Como as eleiçõesserão realizadas no dia 3 de ou-tubro, a data de hoje marca exatos150 dias antes da votação, prazomáximo determinado para a ins-crição ou transferência do docu-mento.

Com o final do prazo, a procu-ra das pessoas deve ser grande,provocando longas esperas paraquem fará o título em cima dahora. Em Curitiba, o documentodeve ser feito na Central de Aten-dimento ao Eleitor (CAE), que es-tará funcionando em horário es-tendido para atender a demanda.

Há uma semana o atendimen-to tem funcionado de forma dife-rente do convencional. A Centralcontratou 40 funcionários terceiri-zados, além de ter sido feito um“empréstimo” daqueles que traba-lham em outros setores do tribu-

nal. Todo esforço é justificadopelo aumento no número depessoas que buscaram regulari-zar sua situação nos últimosdias. Ontem, a procura foi feitapor 2700 pessoas, enquanto nor-malmente esse número é de 300.Para hoje, são esperados em tor-no de 4.000 cidadãos, que terãode enfrentar um tempo de espe-ra de três a quatro horas.

A procura perto do fim doprazo é um problema que ocor-re todo ano. Para Rogério Born,subchefe do CAE em Curitiba, apreocupação das pessoas ocor-re apenas quando a mídia faz adivulgação. “As pessoas não sepreocupam em regularizar a si-tuação fora dessa data”, afirmaBorn.

O subchefe também apontaoutro motivo, ainda mais preo-cupante, para a procura daspessoas. Ele conta que os políti-cos pressionam os eleitores dointerior para que eles transfiramo título para Curitiba em trocade favores, como o fornecimen-

to de cestas básicas. “Os eleitorescriam a expectativa de que se vota-rem no candidato serão beneficia-dos”, lamenta Born.

A falta de conhecimento é ou-tra inimiga dessas pessoas. Muitasdelas acreditam que terão os seusdireitos de cidadão interrompidoscaso não tenham o documento. Noentanto, o maior prejuízo que elasterão é o de não votar, já que a Cer-tidão de Cadastro Fechado preser-va os direitos de a pessoa ter umpassaporte ou ingressar em umcargo público até que seja reabertoo período de inscrição ou transfe-rência do documento eleitoral.

Naiana Cruz, estudante de Di-reito, deixou para fazer o título nasegunda-feira. Assim como muitaspessoas, ela foi lembrada do prazopela propaganda veiculada na te-levisão. O atendimento demorouem torno de uma hora. Nas próxi-mas eleições, Naiana recomendaque os futuros eleitores não demo-rem para fazer o cadastro. “Façamo quanto antes, porque ficar espe-rando é muito chato”.

Hoje é o último dia parafazer o título de eleitor

Em pauta

Na hora da fazer ou transferir o título deeleitor, é comum surgirem dúvidas a respei-to dos documentos que devem ser levadosna ocasião. Confira as dicas dadas pelo Tri-bunal Regional Eleitoral do Paraná.

- Quem vai fazer o primeiro título develevar um documento oficial e original (Iden-tidade, Certidão de Nascimento ou Casa-mento, Reservista ou Carteira de Trabalho).Além disso, a pessoa deve levar um compro-vante de residência e para os eleitores dosexo masculino acima de 18 anos, a quita-ção do serviço militar.

- Para transferir o documento, o eleitordeve levar os mesmos documentos, além dopróprio título de eleitor.

ServiçoA Central de Atendimento ao Eleitor fica na

Rua João Parolin, 55, no Prado Velho. Hoje, es-tará atendendo das 8 h às 18h. O telefone paracontato é 3330-8673.

A Central deAtendimento aoEleitor esperareceber 4 milpessoas nestaquarta-feira

Luzi

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O que levar

Curitiba, quarta-feira, 5 de maio de 20104

Como você vê o ensino dejornalismo no Brasil, especial-mente dentro das instituiçõesprivadas?

Eu conheço muito bem asuniversidades brasileiras. A es-trutura é uma parte importanteno ensino do jornalismo, masnão é só. Você precisa se inte-ressar também por outras coi-sas, como, por exemplo, conhe-cer psicanálise, sociologia, filo-

sofia e veterinária. Se você nãose conscientizar disso, se não ti-ver força de vontade para cres-cer e estudar, não adianta teruma boa estrutura. Mas, semela, você também não consegui-rá progredir dentro da profis-são. Em geral, o ensino de jor-nalismo no Brasil é muito bom,mas no final das contas depen-de mesmo é do aluno.

Onde fica o limite da práti-ca e da teoria?

Não fica. Elas têm que estararticuladas. A gente tem que co-meçar a esquecer essa pergun-ta, porque são as mesmas coi-

Aline ReisDaniel CastroDiego Henrique

O jornalista,psicólogo eescritor FelipePena fala dacarreiraprofissional,do ensino dejornalismo noBrasil e de suanovaempreitada naliteratura

do aquário ao oceanosas. É a teoria na prática e a prá-tica na teoria, que, aliás, é o tí-tulo do último capítulo do meulivro “Teoria do Jornalismo”,onde eu defendo isso. As pesso-as perguntam: tenho que sermais teórico ou prático? Temque ser os dois, mas juntos. Es-tudar a teoria do jornalismo, ea partir dela fazer isso que vo-cês estão fazendo aqui. Depoisque fizerem, devem refletir teo-rizando. Ou você faz as duascoisas, ou não será um profis-sional à altura.

Que conselho você dá paraum aluno que estudou a teoria,mas ao chegar ao mercado detrabalho se decepciona com aspráticas?

Tem duas coisas: uma évocê ter dentro da Universida-de uma prática que esteja ante-nada com o que acontece nomercado de trabalho. E a segun-da, que eu acho ainda mais im-portante, é você ultrapassar os

limites que o mercado de traba-lho está pedindo. Hoje, o que oTadeu Schmidt faz no “Fantás-tico” é jornalismo literário naTV, porque ele reinventou a for-ma de fazer os gols do progra-ma. O texto é outro, porque eleexperimentou. Aproveitem esseespaço para experimentar, paranão se limitar à linguagem domercado. Talvez o mercado ve-nha te buscar exatamente porisso.

Existe uma diferença entreo jornalismo que o Nelson Ro-drigues fazia, por exemplo, e oque é feito hoje. Essa diferen-ça é estrutural, ou é o ensinoque acaba engessando os alu-nos?

O Nelson não tinha forma-ção acadêmica, mas poucaspessoas possuíam a mesma cul-tura que ele. A cultura que vo-cês terão, depende de vocês. Vo-cês podem passar pela univer-sidade tendo lido minimamen-

te, ou podem ter lido um livropor dia, que era o que o Nelsonfazia. Nesse sentido, independeda academia. Ela só te engessase você não estiver disposto aexperimentar.

Como a internet e os novosmeios de comunicação refle-tem na democratização da in-formação?

A gente tinha uma comuni-cação que era de um para todos.Hoje nós temos uma comunica-ção de todos para todos. Todomundo pode expor o seu con-teúdo na rede. Essa é a parteboa da democratização. A par-te ruim é: quem tem credibilida-de? Uma rede que foi criadapara ser a mais heterogêneapossível acaba se tornando ato-mizada, tendo grupos específi-cos. Uma coisa que nasceu paraser libertária não pode se tornarsectária. Podemos usá-la emnosso benefício, mas tambémpodemos usá-la para o mal. A

“A gente tinha uma comunicação que erade um para todos. Hoje nós temos umacomunicação de todos para todos. Todomundo pode expor o seu conteúdo narede. Essa é a parte boa dademocratização” Felipe Pena

Felipe Pena:

Willian Bressan

Curitiba, quarta-feira, 5 de maio de 2010 5

tecnologia pode facilitar a dis-seminação das patologias dasociedade.

Como você avalia a impor-tância da Conferência Nacio-nal dos Direitos Humanos nademocratização da comunica-ção?

Eu acho fundamental, ain-da bem que isso existe. Cabe anós, como cidadãos, não sócomo jornalistas, exercer a ci-dadania e pressionar para queas decisões da conferência se-jam aceitas, ou não, se vocêdiscordar delas. Esse é umgrupo representativo, mas tam-bém existem outros. Não adi-anta só falar: “O Congressonão pressiona”. Quem é o con-gresso? Somos nós. Em últimainstância, é você que está vo-tando ali; você está na ágoragrega.

É uma brincadeira comumentre os estudantes do curso seperguntar como que você é tãonovo e já fez tanta coisa. Qualfoi o incentivo que você rece-beu e qual é a importânciadesse processo?

É engraçado, sempre meperguntam isso. Eu acho que sóconsegui fazer tudo tão novoporque eu ia para boates, barese namorei muito. Se não fossepor isso eu não iria tão longe.Você tem que conseguir equili-brar.

Por que você escolheu estu-dar jornalismo?

Quando eu tinha quatroanos, meu avô me ensinou a lercom jornais. Ele comprava trêsou quatro jornais por dia e euachava aquilo um barato. Euperguntava: “Vô, quem são es-ses caras aí?” Por que eles es-

crevem o que eu vou ler? Ele meexplicava que eles eram jorna-listas, e quando eu tinha seteanos eu decidi que era isso queeu queria ser. Eu planejei umpouco a minha carreira. Eu vique eu tinha que trabalhar emuma redação de jornal, depoisem uma redação de TV. Depoiseu tinha que sair disso tudopara ver distante, porque euqueria me tornar escritor. O li-vro é o que me seduz.

Por que depois de teorizarsobre o jornalismo você resol-veu partir para literatura?

Eu quero me comunicar,por isso resolvi fazer um ro-mance. Eu sempre tento sedu-zir o leitor. A literatura é sedu-ção pela palavra. Eu trato o li-vro como trato uma mulher.Quero seduzi-la diariamente.Tenho que reinventar cada pá-gina para que você a vire dia-riamente. Não sei se consigo, etalvez por isso eu seja solteiroaté hoje e não seja um escritorfamoso. Mas essa é a minhatentativa. É isso que você devefazer na vida e na literatura.

Como é escrever romance nopaís? Para quem você escreve?

Essa foi a minha maior pre-ocupação. As tiragens de livrosno Brasil são de 2000 a 3000exemplares, e o cara vende 300ou 500. O autor pergunta: porque eu não vendo? Eu respon-

“A autossabotagem é a receita para você serruim. É estar em uma faculdade com bonsequipamentos e não aproveitar. É oprofessor te dar uma indicação de literatura evocê ignorar”

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Willian Bressan/ Naco

O jornalista Felipe Pena estará na capital paranaense no próximo dia26, numa das filiais das Livrarias Curitiba (ainda não foi definido emqual delas) para dar uma palestra acerca das teorias do jornalismo e con-tinuar a divulgação do seu livro "O marido perfeito mora ao lado” (edi-tora Record, 304 páginas, R$ 34,90).

do que ele não vende porque échato, hermético e besta. Sei queestou generalizando, porquenem todos são assim. Mas umagrande parte não escreve paraser lido, mas para ser estudado.O cara não faz parágrafo, nãocoloca ponto, não tem enredo ediz: “Está vendo como sou ge-nial? Você não entendeu o queeu disse porque você é um es-túpido.” Todo mundo acha queé a reencarnação do JamesJoyce e do Machado de Assis.Eu não queria nada disso. Fo-ram quatro anos escrevendo ereescrevendo para tentar simpli-ficar a linguagem. Quando per-guntavam para o Nelson Rodri-gues como ele conseguia escre-ver tão fácil, ele respondia:“Não sabe o trabalho que medá. Escrever fácil é muito difí-cil”. No Rio de Janeiro nós cri-amos o Manifesto Silvestre, queé um grupo de dez escritores emdefesa da popularização da li-teratura no Brasil. O grupo estáaumentando e as coisas estãoacontecendo. O objetivo é tentarformar uma terceira via da lite-ratura brasileira, o que não sig-nifica superficialidade.

Depois do livro, você prevêque venha o que na sua carreira?

Jornalista é um estado de es-pírito, você não deixa de ser. Euescrevo ficção, mas muitas dastécnicas do jornalismo estão aí.

A boa apuração, o detalhe, apressão do deadline eu aprendina faculdade e no dia a dia daprofissão. Grande parte dos es-critores brasileiros de projeçãoveio do jornalismo. Agora mevem à cabeça a imagem do Car-los Heitor Cony, que sempre usaa melhor metáfora para explicara profissão. “Como jornalista, eunadava em um aquário. Comoromancista, eu nado em um oce-ano. Mas eu aprendi a nadar foino aquário”. Não dá para o caraser Pablo Picasso sem antes terpassado pela pintura acadêmi-ca. Então, o jornalismo é basepara muitos escritores.

Quais são os ingredientespara se fazer um jornalistaruim?

A autossabotagem é a recei-ta para você ser ruim. É estar emuma faculdade com bons equi-pamentos e não aproveitar. É oprofessor te dar uma indicaçãode literatura e você ignorar. É amesma coisa que o namoro. É asua namorada te pedir carinhoe você virar para o lado. Cara,ela vai procurar outro. Então, areceita é essa: não seu autossa-bote.

Como você define o seupensamento político?

Em termos de direita e es-querda, eu sou jornalista. Esseé o meu pensamento político.Ponto.

Curitiba, quarta-feira, 5 de maio de 20106

Provavelmente você é como este colunista: es-pera ansiosamente pelo final de semana para po-der sair com os amigos se divertir e também, é cla-ro, dar aquela pausa necessária, relaxar e descan-sar. Se o tédio bate, e você não quer sair, lá estáela: a bendita TV esperando você apertar o botãoON do controle remoto para que ela lhe dê algu-mas opções.

O zapping acaba sendo incontrolável. Na Glo-bo, filme. Você já o viu mais de três vezes e nãoquer vê-lo novamente. No SBT, o tradicional “Do-mingo Legal” está lá, mas espera aí...cadê o GuguLiberato? Ele saiu, caro telespectador, e agora estána Record, enquanto Roberto Justus e Eliana setransferiram para a emissora de Sílvio Santos. Agi-to nos bastidores da televisão brasileira!

Com piadas e brincadeiras sem graça, qua-dros explorando a miséria e o sofrimento dopovo, além do “Construindo um sonho”, permei-am o tradicional “Domingo Legal”. Você nãoquer. Muda de canal e se depara com as belaspernas de 1,20 m de Ana Hickmann. Oba! Aquiestá bom! Mas a ex-modelo e agora apresenta-dora mostra uma insegurança e um domínio depalco sofrível substituindo Eliana. Nem sendo“Tudo é Possível”, o nome do programa, dá paraaguentar. Aí, você desliga, fica de saco cheio, vaidar uma caminhada.

À noite, a mesma ladainha. Fausto Silva inva-de a telinha da Globo para comandar a segundaparte do seu “Domingão”. Sílvio Santos divide as

Domingão na TV

Willian BressanEscreve, com outros dois estudantes,sobre televisão, sempre às [email protected]

Djalma Jorge

Televisão

Esse é o domingão naTV: programas velhos,sem graça, que serepetem toda semana

atenções com ele no SBT. Na Record, uma cópiado “Fantástico”. Não? Tudo bem, daqui a poucovocê volta.

Divulgação/ O GloboDilvugação

“Fantástico” no ar. Patrícia Poeta e Zeca Ca-margo anunciam as notícias que foram destaquedurante a semana. Passa para o entretenimento,Bruno Mazzeo invade o programa com “Cilada”e você se diverte, pensa que, enfim não foi tãoruim, você pôde dar umas risadas...Mas o tempojá passou novamente, a vinheta entra no ar, anun-ciando o fim do domingo.

Esse é o domingão na TV: programas velhos,sem graça, que se repetem toda semana. Novida-des? Muito poucas, quase zero. E o telespectadorque fique a ver navios. Sorte que hoje o Domin-gão não precisa mais ser passado diante de umatela largado no sofá. Mas cuidado para não terpesadelos, afinal, Celso Portiolli, Sílvio Santos eFaustão juntos na TV são demais e podem ficarno seu subconsciente, mas você está livre parasonhar com as belas pernas de Ana Hickmann eque “Tudo é Possível”.

Pelo menos à primeira vista pode parecer estranhoque o assunto da primeira coluna de cinema seja um li-vro. E mais: um livro que nem virou filme. Realmentenão é o usual, mas para o “Clube do Filme” (2009), docanadense David Gilmour, é preciso e plausível que seabra uma exceção.

Praticamente desempregado e, consequentemente,com dificuldades financeiras, David, escritor, crítico eapresentador de talk-show, assume uma responsabilida-de que o leva toda hora a questionar a sua capacidade defazê-lo: ele se responsabiliza pela educação de seu filho,Jesse, um adolescente de 15 anos com os hormônios emplena ebulição.

Bastante apreensivo, mas decidido, Gilmour per-mite que o garoto deixe o colégio com uma única condi-ção: que assistam juntos até o final a três filmes por se-mana. Péssimo aluno e desgostoso com o esquema esco-lar, o garoto concorda de prontidão com a proposta. Apartir daí se inicia uma viagem pelo interessante mundoda sétima arte.

Com medo de ser dogmático ou didático demais, Da-vid habilmente inicia a programação com filmes que poderi-am prender mais a atenção do menino, como “Scarface”, “Noi-vo neurótica, noiva nervosa” e “Lolita”, sem fazer muitasintroduções para que Jesse fizesse suas próprias interpreta-ções e descobrisse o seu estilo favorito de cinema. Com opassar do tempo, o pai se dá ao luxo de apresentar para oadolescente filmes que necessitam de paciência para seremapreciados, como “A felicidade não se compra”.

Nesse intervalo, “O poderoso chefão”, “O Iluminado”,“Ladrões de bicicleta”, “Um bonde chamado desejo” e “Umalinda mulher” são alguns dos clássicos vistos e discutidos deforma sincera pela dupla. De um lado a visão de um críticode cinema e do outro a de um jovem que praticamente nãotem qualquer conhecimento sobre o assunto.

David e Jesse discutem com irreverência a interpreta-ção dos atores, as cenas e o impacto que determinado longateve sobre a vida de cada um, pois, mais do que materialpara uma aula de cinema, os filmes são como ganchos paraque pai e filho possam discutir fatos que acontecem em suasvidas em relação a drogas, dinheiro, amor, futuro, princípiose demais assuntos que não seriam explorados sem a premis-sa dada pela sétima arte.

Como consequência, aos poucos acompanhamos a evo-lução da relação entre a dupla e a busca pela própria definição,não só de Jesse, que começa a encarar os primeiros momentosda vida adulta, mas também de Gilmour, que precisa definirsua postura como pai e seus princípios como profissional.

Os diálogos sutis e engraçados prendem o leitor até ofim do livro e proporcionam uma leitura recomendada paraqualquer tipo de público. Para o leigo em cinema o livro re-lembra os filmes vistos e apresenta outros títulos interessan-tes e ainda se torna uma espécie de manual (pouco doutri-nário) sobre as cenas mais marcantes. Por outro lado, o espe-cialista no assunto tem em mãos a oportunidade de entenderum pouco mais do que se passa na cabeça do espectador e aimportância que um filme pode ter para as pessoas.

O clube de doismembros

Cinema

Anna Luiza GarbeliniEscreve quinzenalmentesobre cinema, sempre às [email protected]

Curitiba, quarta-feira, 5 de maio de 2010 7

Maria Ester Niespodzinski

Com 29 anos, o ariano queassume as características dosigno — impulsivo, aventurei-ro e que se arrisca sem temer asconsequências — é aquele quemuitas garotas chamariam de“par perfeito”.

Cineasta e designer, viajadopor vários cantos do mundo,ama festas alternativas, toca ba-teria, anda de skate, adora rag-gae, já atuou em filmes, traba-lhou como modelo, carrega trêstatuagens e é dono de um reper-tório cultural de fazer inveja.Apesar de ter nascido em Gua-rapuava, considera-se de Fozdo Iguaçu, onde morou e secriou desde bebê. E foi lá, nafronteira com o Paraguai e Ar-gentina, que começou a interes-sante história de paixão pelomundo da cultura.

Thomaz sempre teve conta-to com outros idiomas e, aindamuito jovem, já dominava o es-panhol. Sua primeira viagemfoi para Porto Iguaçu, na Ar-gentina, onde permaneceu so-mente alguns meses. Lá, apro-

fundou-se no espanhol e apro-veitou para conhecer os costu-mes, a música e a arte da re-gião. Depois, fascinado pelacultura latino-americana, foidireto para Assunção, no Pa-raguai. “Por ter crescido emFoz, onde a ligação com o Pa-raguai é muito grande, sempretive muito interesse em conhe-cer o país. E, dessa vez, nãocomo o país que vende muam-bas e sim como um lugar deuma cultura riquíssima e quemuitos desconhecem”, afirmaThomaz.

No país, passou por váriasexperiências profissionais. Elee uma colega, Jades, tiveramum programa de rádio, o “Bla-ck Urbano” e, nessa mesmaépoca, surgiu a oportunidadede escrever um artigo para aRevista Tribo – a maior no seg-mento skate do Brasil. Viven-do fora do Brasil, escreveu umótimo histórico do skate no Pa-raguai (vale a pena conferir!).Foi lá também que começou atrabalhar como designer e, porintermédio de uma tia que jáatuava na área, Thomaz, que

sempre gostou de desenhar,iniciou como designer gráficode catálogos da Puma, que se-riam entregues no Brasil, Chi-le, México e uma parte dosEUA. Passados dois anos emeio, o admirador de bossanova e jazz veio para Curitiba,ficou aqui por mais dois anose depois saiu do continenteamericano. Sua próxima para-da foi a Europa.

Começou pela Alemanha,onde foi estudar alemão. Emseguida foi para Portugal cur-sar a faculdade de cinema.Desse período, destaca umaprofessora renomada no mun-do do cinema, “uma roteiristatop”, Suzana Romana. Trêsanos depois, já formado, o jo-vem viajante voltou para o Bra-sil falando dois idiomas — es-panhol e inglês — e “arra-nhando” o francês, o italiano eo guarani.

Por falar em guarani, Tho-maz conta uma história engra-çada que viveu enquanto mo-rou no Paraguai. Em um diacomo outro qualquer, ele e seucolega paraguaio foram ao

Perfil

Maria Ester Niespodzinski

mercado comprar biscoitos agranel e, como estavam longede casa, resolveram pedir caro-na na esquina – o que, lá, émuito comum. Passados 5 mi-nutos, a carona apareceu. Noentanto, foi uma carona desa-gradável: era a polícia.

Thomaz estava com o vistovencido e, junto com o resto debiscoito que carregava, que foiconsiderado droga, foi levadoà delegacia. Chegando lá, dis-se ter sentido “todos os tipos demedo”. Na época com cabelocomprido e piercing, seu mai-or medo era o de ser preso e“virar ‘a menininha’ do presí-dio”.

Com muito humor, contaque inventou uma longa histó-ria para sair ileso: “Disse quefui visitar o país para procuraruma universidade para estu-dar. Lembro que tive que repe-tir essa mentira várias vezes e,para mim, acabou virandouma verdade.” Passando emmeio aos presos, ouvia os gri-tos: “Paysandu, Paysandu”. Eele entendia um pouco de gua-rani, no entanto tinha medo de

dizer: “Sim... Paysandu... Bra-sil... futebol”, pois sabia quequalquer coisa que dissessepoderia ser usado contra ele.

Depois de tanto medo, fi-nalmente conseguiu se livrardessa “fria” e, no dia seguinte,vendo os noticiários, viu que oPaysandu (time brasileiro) ti-nha dado uma lavada no Cer-ro Porteño (time paraguaio), eele conta: “Se eu tivesse sidosimpático e tentado me engra-çar com os presos, eu tava f. (ri-sos)”.

Hoje, o admirador deShakespeare trabalha duranteo dia numa empresa america-na de cartão de crédito, a Ame-rican Express e, à noite, no barBlues Velvet. Dormindo so-mente 4 horas por noite, Tho-maz Valentim trabalha por umsonho: ter seu próprio equipa-mento de cinema e um dia serreconhecido pelo seu trabalho,mas ele deixa claro: “Seriamuito bom ter esse reconheci-mento mundial, mas antes dis-so – de ter fama, dinheiro - , euquero ser feliz, e ser feliz fa-zendo aquilo que eu gosto”.

Cineasta edesigner, viajadopor vários cantosdo mundo, amafestas alternativas,toca bateria, andade skate, adoraraggae, já atuouem filmes,trabalhou comomodelo e carregatrês tatuagens.Este é ThomazValentim

Grandes sonhos empoucas horas de sono

Curitiba, quarta-feira, 5 de maio de 20108

Cultura

MenuAline Reis

Luma Bendini

A Fundação Cultural de Cu-ritiba oferece há quatro anos asoficinas literárias. Escritoresparanaenses e professores mi-nistram palestras e cursos prá-ticos que começaram em feve-reiro e vão até novembro. É pos-sível escolher entre diversos te-mas, que atendem várias faixasetárias e interesses. Para cadatema são realizados 22 encon-tros durante o ano. Assim, osaspirantes a escritores podemescolher de teoria da narrativa,com o romancista Otto Leopol-do Winck, à criação poética,com o poeta Ricardo Corona.

Jussara Charello, uma dascoordenadoras do projeto, dizque o objetivo é “descobrir no-vos talentos, formar escritores”,embora ela mesma admita quegrande parte do público é depessoas que, de alguma forma,já são ligadas às letras: profes-sores, jornalistas ou adolescen-tes que vêm de casa com o estí-mulo da leitura.

A pergunta é complexa eexige algumas especulações.Professor universitário e mestreem literatura, ChristianSchwartz acredita que a forma-ção acadêmica não é determi-nante, mas dá possibilidades deingressar no mundo da literatu-ra: “As experiências fora doBrasil, onde a cultura literária écompletamente diferente, mos-tram que você pode criar algunsdos maiores escritores em ofici-nas literárias. Muitos jovens es-critores saíram desses cursos decreative writing: Dave Eggers,David Foster Walace, ZadieSmith”. Mas isso envolve mui-to mais do que as oficinas.Schwartz explica que no Brasilainda estamos muito longe deconhecer a figura do escritorprofissional, aquele que de fatoganha a vida escrevendo.

Aqui, para desenvolver a es-crita sempre foi preciso ter umganha-pão estável. Durante al-gum tempo, ser funcionário pú-blico era a melhor saída. E foiassim que conhecemos a obrade Graciliano Ramos, que che-gou a ser prefeito numa cidade-zinha do Alagoas. Depois, vi-mos as redações de jornal for-

mar outros nomes importantesda literatura, entre eles NelsonRodrigues. Depois dos anos 70,o ganha-pão dos escritores pas-sou a ser a academia. Dessavez, profissão professor.

Um pouco sintoma, um pou-co conseqüência desse últimocenário está o boom das oficinasliterárias no Brasil. Milton Ha-toum, um dos grandes nomesdo romance contemporâneo, le-cionou na Universidade Fede-ral do Amazonas e também nosEstados Unidos. Saiu da Uni-versidade para escrever. Ementrevista à revista Caros Ami-gos de março, explica por quê:“Eu tinha um emprego estávele com quase 46 anos no Brasilé difícil largar um emprego es-tável. Então eu apostei tudo nolivro Dois irmãos”.

Pensando em Brasil, pode-sedizer que, embora muito compe-tente, Hatoum teve sorte. Doisirmãos é sucesso de crítica evenda. Apesar disso, não vivedos direitos autorais de seus li-vros e sim de palestras, colunasquinzenais no Estado de S. Pau-lo e algumas traduções de obrasestrangeiras. Como é fazer lite-ratura num país que lê tão pou-co? Para Hatoum, já melhoroumuito, mas o grande déficit estána educação, “Bons leitores jus-tificam a literatura”. Mas o lei-tor brasileiro é muito pouco exi-gente.

Há ainda outro ponto a serconsiderado quando se trata daformação dos escritores. A relu-tância em aceitar escritores quesaiam da academia ou mesmo

de oficinas está, em grande par-te, na idealização da figura doartista. Artista é profissão?Noel Rosa dizia que samba nãose aprende na escola, que é pre-ciso sentir o cheiro da vida nomorro para ser um bom sambis-ta. Será mesmo? O Romantismodo século XIX nos ensinou aolhar para o artista como aque-le que não se envolve com di-nheiro (porque arte não é mer-cadoria), que leva a vida damaneira mais boêmia possível(pois carrega uma grande fardode infelicidade por algum infor-túnio da vida) e, ainda, é dota-do de grandes porções de ins-piração. Assim, é tão difícil en-carar o escritor (ainda mais opoeta) como um trabalhadorquanto dar-lhe devido espaçono mundo do trabalho.

Isso não quer dizer, contu-do, que artistas não se formamna escola simplesmente por im-plicância histórica. É impossí-vel desvincular vida pessoal eprofissional na hora de cons-truir uma obra literária. Sensi-bilidade, vivência, bagagem,esses são todos fatores tão im-portantes quanto subjetivos e,por isso, é tão difícil determi-nar com certeza qual a melhorformação para um escritor.

ServiçoOficinas de Análise e Cria-

ção LiteráriaInformações: Secretaria de

Cursos da Coordenação de Li-teratura (Praça Garibaldi, nº 7- Palacete Wolf) - Telefones:3321-3317 e 3321-3379.

Oficinas ensinam ossegredos da literatura

Divulgação

O escritor e professor Otto Leopoldo Winck

Está acontecendo desde ontem o projeto “Agenda 2010: Fu-tebol e Política”. O evento é promovido no Paço da LiberdadeSESC Paraná e conta com a presença de jornalistas, entre elesLauro Mesquita, além de intelectuais, ex-jogadores e cientistassociais. Amanhã, às 19 horas, a discussão é sobre arte e profis-sionalismo na era da imagem. Informações pelo telefone 3234-4221.

Futebol e jornalismo

Escrevendo com a luz

Desde o dia 30 de março acontece na Casa Andrade Muri-cy o evento “Coletiva Fotográfica”, que reúne grandes nomesda fotografia brasileira, entre eles Regina Nogueira, CristianoMascaro e Orlando Azevedo (foto). A entrada é franca e as vi-sitações estão abertas de terça a domingo, das 10h às 19h. Nossábados, domingos e feriados os portões abrem às 10h e fechamàs 16h.

Divulgação

Está em cartaz no Centrode Criatividade de Curitiba,no Parque São Lourenço, amostra “Tesselas: Liberdadede Expressão”, que reúnemosaicos de 25 artistas como tema 317 anos de Curitiba.

Liberdade de expressão

Quem quiser conferir a progra-mação pode visitar a exposiçãoaté 30 de maio, de segunda asexta, das 8h30 às 12h e das 13hàs 20h; e aos sábados, de 8h30até o meio-dia. A entrada gra-tuita.