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[email protected] @jornallona Ano XIII - Número 727 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo Curitiba, quinta-feira, 31 de maio de 2012 O único jornal-laboratório DIÁRIO do Brasil Angelo Sfair lona.redeteia.com POLÍTICA Envolvimento da Veja com Carlinhos Cachoeira e outros casos Pág. 6 Dia Mundial sem Tabaco é comemorado hoje GERAL Curitiba competiu com Bolívia e Honduras o Dia do Desafio Pág. 7 ESPECIAL Curitiba é 6° no ranking das capitais com maiores índices de homicídios Págs. 4 e 5 PERFIL Comida fast food deixa um recado não muito agradável para seus fãs Pág. 8 Paraná possui o 9º percentual mais alto de fumantes do país, acima da média nacional. Na Boca Maldita ocorre distribuição de materiais edu- cativos e realização de testes para medir o nível de monóxido de carbono no sangue. Pág. 3

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, quinta-feira, 31 de maio de 2012

[email protected] @jornallona

Ano XIII - Número 727Jornal-Laboratório do Curso de

Jornalismo da Universidade PositivoCuritiba, quinta-feira, 31 de maio de 2012

O único jornal-laboratório

DIÁRIOdo Brasil

Ange

lo S

fair

lona.redeteia.com

POLÍTICA

Envolvimento daVeja com Carlinhos Cachoeira e outros

casos

Pág. 6

Dia Mundial sem Tabaco é comemorado hoje

GERAL

Curitiba competiu com Bolívia e

Honduras o Dia do Desafio

Pág. 7

ESPECIAL

Curitiba é 6° noranking das capitais com maiores índices

de homicídios

Págs. 4 e 5

PERFIL

Comida fast food deixa um recado não muito agradável para

seus fãs

Pág. 8

Paraná possui o 9º percentual mais alto de fumantes do país, acima da média nacional.Na Boca Maldita ocorre distribuição de materiais edu-cativos e realização de testes paramedir o nível de monóxido decarbono no sangue.

Pág. 3

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Curitiba, quinta-feira, 31 de maio de 20122

ExpedienteReitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comunicação Social: André Tezza Consentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editora-chefe: Suelen Lorianny |Repórter: Vitória Peluso | Pauteira: Renata Pinto| Editorial: Laura Beal Bordin.

O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 - Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba - PR. CEP: 81280-30 - Fone: (41) 3317-3044.

Opinião

Editorial

Absurdos, absurdos, jornalismo a parTodas as manhãs, ao abrir a porta do meu apartamento para ir à aula, recolho minha Gazeta do Povo e vou lendo as manchetes do dia a caminho da garagem. Hoje, me

dei conta de que todos os dias as manchetes são diferentes, mas o tema é um só: abusos e absurdos por parte do Estado. São cachoeiras de denúncias, CPMIs e abusos por parte dos governantes e daqueles que servem ao Estado para proteger os cidadãos.

Nessa semana, alguns fatos chamam mais a atenção sobre todos os abusos e absurdos que ouvimos, vemos e lemos todos os dias nos noticiários. O contraventor Car-linhos Cachoeira pagou pelo aparelho celular de Demóstenes Torres e também pagava pela conta do telefone do senador. Ética parece não ser um conceito que embase as ações dos nossos queridos governantes. Isso sem falar nas relações contraditórias entre Gilmar Mendes, Nelson Jobim e o ex-presidente Lula. Essas tomarão as manchetes dos jornais e farão parte de muitas outras viagens de elevador entre o quarto andar e a garagem do meu prédio.

O fato que chama a atenção dos paranaenses são os abusos cometidos pelas polícias civil e militar no estado do Paraná. No domingo, onde a preguiça só me deixa pegar o jornal após o meio-dia, fiquei impressionada ao ver os abusos cometidos por funcionários que também não tem o conceito de ética como uma forma de vida. Funcionários das polícias civil e militar utilizando veículos para buscar os filhos da escola, ir e padaria e à casas de prostituição. Na polícia militar, um policial sai de suas funções para se tornar motorista de um coronel, levando-o até sua casa.

E agora sim, o mais importante. Só sabemos de tudo isso porque alguém resolveu investigar. Um jornalista, que agora segue sendo ameaçado por aqueles que se sen-tem incomodados por ter suas mordomias expostas todos os dias nos jornais. O que os faz pensar que são tão mais especiais do que todos os outros cidadãos? Servem ao Estado e ao cidadão, e não o contrário. Vale ressaltar e parabenizar aos jornalistas pelo cumprimento de sua função social, enquanto uns e outros e algumas revistas por ai, insistem em destinar capas à perpetuação de padrões de beleza. Apesar de me desanimar ao saber de tantos escândalos ao observar a capa do jornal todas as manhãs, espero que meus momentos matinais no elevador sejam sempre regados a denúncias. Só assim saberemos que o jornalismo está cumprindo a sua função. Afinal, absurdos sempre existirão, e o jornalismo sempre estará lá para denunciá-los, doa a quem doer.

No início deste ano, o lançamento de um jogo chamado Journey intrigou toda uma comunidade por um curioso elemento: simplicidade. Neste jogo, você entra no papel de um aventureiro mergulhado em um vasto deserto com uma montanha na linha do horizonte, onde aparenta ser seu objetivo. Em meio ao ambiente caótico dos lançamentos atuais – como Call of Duty: Modern Warfare 3 e Diablo III – este título trouxe de volta a ideia da aventura rumo ao desconhecido. Sem guerras, explosões ou telas repletas de números: apenas um título simples e bem trabalhado.

A mesma simplicidade me tocou quando avistei um grafite enquanto pas-seava pela cidade. No muro branco e alto estava pintada uma bola de futebol. E não era uma bola qualquer, era uma oficial da FIFA - e estava furada. De forma simples e talvez ignorada por toda a correria urbana, alguém deixou sua crítica, sua desesperança com relação à Copa do Mundo no Brasil.

Com essa simples pintura, foi denunciada um vício burocrático: as pro-messas quanto à nossa Copa irão se concretizar? Não estamos adiantados com nossas obras. Aproveitando a mesma pintura, podemos criticar ainda uma conformidade social: será que é só o futebol que importa para nossa nação e se destaca para o mundo? Já exportamos campeões em modalidades como vôlei, cientistas importantes como Cesar Lattes e grandes autores.

Avistamos montanhas no horizonte, e lá sabemos que está nosso objeti-vo – afinal, queremos a melhor Copa do Mundo. Mas temos que cruzar um deserto ainda, e não temos muito tempo.

Na última segunda-feira, uma senhora levou um tiro no rosto dentro da própria casa no bairro Ahú. Uma família inteira foi rendida por causa de uma TV de LED e um vídeo game X Box, os ladrões saíram dando risada pelas ruas do bairro Uberaba. Na C.I.C, uma dona de casa viveu 45 minutos de tensão, que pareceram uma eternidade, na mira de um assaltante que queria dinheiro, mas não achou.

Desprotegidos pela segurança pública e privada, somos incentivados a adquirir bens de consumo a juros baixíssimos. Enquanto isso, os especialistas têm coragem de dizer para os jornais, que a classe C vem sofrendo com os assaltos porque ninguém daquelas bandas tem dinheiro para investir em segurança privada, e que um circuito básico, tem um custo inicial de R$ 1.500,00. Ao contrário dos mais ricos, que vivem em fortalezas, cercados por sentinelas particulares são vigiados por câmeras.

Estariam estes homens contratados pela segurança privada, aptos a agir correta-mente em uma real situação de emergência? Passar a mão no telefone para chamar a polícia, até um vizinho faz. Não temos certeza do tipo de treinamento que estas pes-soas recebem. Existem casos que comprovam a ineficiência de um agente particular depois que o ladrão já entrou na residência, e sem falar que não ganham para isso, infelizmente eles custam menos que policias. Qual seria o papel de um segurança no caso da senhora do Ahú, que foi assassinada dentro do quarto?

A sedução por aparelhos eletrônicos atinge ricos, pobres e ladrões. Se você tem, você é informado, está na moda. O incentivo ao consumo também deveria ser respon-sável, levando em consideração os sacrifícios que muitas pessoas fazem para satisfa-zer um luxo que está colocando a nova classe média em perigo.

Jornada urbanaMaximilian Rox

AterrorizadosElisa Schneider

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Aumenta número de fumantes Paraná possui o 9.º percentual mais alto de fumantes do país (18,4%), acima da média nacional (17,2%)

O dia mundial sem tabaco é comemorado, oficialmente, hoje. Neste ano, o tema adota-do pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é “A Inter-ferência da Indústria do Taba-co”.

A data comemorativa foi instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1987 e chegou ao Brasil em 1989, por iniciativa do Institu-to Nacional do Câncer (Inca). As discussões sobre o assunto ocorrem em todo o país, atra-vés de pesquisas, programas e eventos, mas não se restrin-gem ao dia 31 de maio.

Os números do tabaco no Brasil e

no Paraná

De acordo com dados da Aliança de Controle do Taba-gismo, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério da Saúde, 200 mil pessoas morrem anualmente no país devido ao uso do cigarro. 16% da população brasileira aci-ma de 18 anos fumam, sendo que o Paraná possui o 9.º percentual mais alto de fumantes do país (18,4%), acima da média nacio-nal que é de 17,2%.

Apesar da redução geral do número de fumantes brasileiros – de 1940 fumantes per capita em 1980 para 682 em 2010 – percebe-se um aumento no nú-mero de jovens fumantes, que é alicerçada pelo descumprimento da lei por parte dos estabeleci-mentos comerciais que vendem

cigarros.Segundo pesquisa divulgada

pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) em abril deste ano, 70,5% dos adolescentes fumantes de Curitiba disseram que compram cigarro solto ou em maço nos es-tabelecimentos comerciais, sem que seja pedida uma comprova-ção de idade para eles. A pesqui-sa também mostrou que, entre 2002 e 2005, a porcentagem dos jovens entre 13 e 15 anos que fu-mavam correntemente na capital paranaense aumentou de 12,6% para 13,7%, e 41,8% já haviam experimentado o tabaco.

Não são os fumantes, porém, os únicos prejudicados pelo ta-baco. De acordo com o Obser-vatório da Política Nacional de Controle do Tabaco, o tabagismo passivo é responsável por pelo menos sete mortes diárias no Brasil e custa aos cofres públi-cos aproximadamente R$ 37,4 milhões anuais, com tratamentos e internações no Sistema Único de Saúde e pagamento de bene-fícios e pensões às famílias das vítimas.

Quais são as ações governamentais

em vigor

O Brasil coordenou o proces-so de elaboração da Convenção Quadro para o Controle do Ta-baco (CQCT), do qual é signatá-rio desde 2005. Dentre as ações que já estão em vigor figura o Programa Nacional de Controle do Tabagismo, que interliga 16 Ministérios e é coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). O programa já possibili-tou o tratamento para fumantes pelo Sistema Único de Saúde (SUS), aumento da tributação do

tabaco, ações nas escolas, como o “Saber Saúde”, dentre outros.

Em Curitiba, o Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) pos-sui um Comitê Antifumo, que desde 2007 organiza a caminha-da “Palhaçada contra o Fumo” no dia mundial sem tabaco. O otorrinolaringologista e membro do comitê, Jayme Zlotnik, expli-cou que a caminhada não ocorre este ano devido à paralisação dos médicos do HC.

A Secretaria da Saúde tam-bém realiza ações para marcar a data, em parceria com a Socieda-de Paranaense de Pneumologia. Neste ano, segundo a pneumolo-gista responsável pela comissão de tabagismo da Sociedade, Luci Iolanda Bendhack, a concentra-ção deve acontecer das 9 às 17 na Boca Maldita, com distribui-ção de materiais educativos e realização de teste para medir o nível de monóxido de carbono no sangue, gratuitamente.

Quais osdesafios hoje

Para diminuir o número de fumantes, todos os estados de-vem ser focados nas ações na-cionais contra o tabagismo. As ações do Inca, mesmo realiza-das em âmbito nacional, deixa-ram de fora vários estados na programação deste ano do Dia Mundial sem Tabaco, dentre eles o Paraná. O Instituto fará eventos em São Paulo, Distrito Federal, Goiás, Rio de Janeiro, Piauí e Tocantins.

Para o angiologista Graci-liano José França, apesar da re-gulamentação existente, a ques-tão do tabagismo é sociológica e deve ser trabalhada a partir desse ponto. “As indústrias de tabaco percebem no jovem uma reserva de mercado e direcio-nam as propagandas para esse público”, explica o angiologista.

O neurorradiologista Ronal-do Pereira Vosgerau também

Angelo SfairCamila CassinsGustavo Ribas

chama atenção para a influên-cia do cigarro na mídia. “Exis-te uma sedução muito grande”. Vosgerau destaca que a presen-ça do cigarro em filmes, nove-las, entre outros ainda é forte e serve de incentivo, sobretudo, para o público jovem. Ele ainda recomenda o filme “Obrigado por fumar” (2005) e aponta: “É o lobby da indústria do tabaco”.

A estudante de sociologia Paulinne Pontarolli, que já atuou como voluntária da Associação Paranaense Antifumo, também acredita que o hábito de fumar é uma questão que deve ser traba-lhada além da regulamentação. “Acredito que a falha está na própria ‘cultura tabagista’, vis-ta em filmes, novelas”, coloca. Para a estudante, o convívio so-cial dos jovens é decisivo, uma vez que muitos desenvolvem o hábito de fumar porque “querem ser acolhidos em determinados ambientes ou criar vínculo com determinados grupos”.

Confira as principais regulamentações para o controle do tabaco no Brasil

1988

2000

2003

2011

Obrigatoriedade da frase: “O Ministério da Saúde adverte: fumar é preju-dicial à saúde” passa a ser obrigatória nas embalagens dos produtosderivados do tabaco.

É proibida a propaganda de produtos derivados de tabaco em revistas, jor-nais, outdoors, televisão e rádios. Patrocínio de eventos culturais e espor-tivos e associar o fumo a praticas esportivas também passa a ser proibido.

Passa a ser obrigatório o uso das frases: “Venda proibida a menores de 18 anos” e “Este produto contém mais de 4.700 substâncias tóxicas, enicotina que causa dependência física ou psíquica. Não existem níveisseguros para consumo destas substâncias”.

Lei Federal proíbe fumar em locais fechados e Anvisa proíbe o uso de aditivos em produtos derivados do tabaco.

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Homicídios fazem Curitiba subir no ranking das cidades mais violentas

A cidade que foi modelo de urbanização e segurança durante décadas é hoje uma das mais vio-lentas do Brasil. Espremida pelo tráfico de drogas e pelo aumento do número de homicídios, a ca-pital paranaense se transformou, pressionada por uma periferia desconhecida e em crescimento.

Os índices de criminalidade dos últimos 10 anos subiram na maior parte dos estados brasilei-ros. Mas o aumento registrado em Curitiba, “marketizada” país afora por sua excelente qualida-de de vida, tem colocado a cida-de como uma das mais instáveis no quesito segurança.

A pesquisa Mapa da Violên-cia 2012, divulgada pelo Insti-tuto Sangari, mostra que, em 10 anos, a capital paranaense foi da vigésima para a sexta posição no ranking das capitais brasileiras com maiores índices de homicí-dios.

Há 10 anos, o sexto lugar era ocupado pelo Rio de Janeiro, co-nhecido nacionalmente pelo seu alto índice de crimes. As ações de combate à violência realiza-das na capital carioca mostram, na nova pesquisa, que o Rio des-ceu hoje para o 23º lugar.

São Paulo, que estava no quarto lugar, caiu para a 27ª posição. Já Curitiba, mostra o Mapa da Violência, dobrou sua taxa de homicídios. Hoje, são 55 mortes para 100 mil habitantes, enquanto a média nacional é de 26 pelo mesmo número de mo-radores.

Entre as explicações para a elevação da violência na capital paranaense está o crescimento descontrolado dos municípios que cercam a cidade. Segundo os

Ana Helena Goebel João Marcelo Vieira

dados divulgados, a população da região metropolitana aumen-tou 22% nos últimos 10 anos, en-quanto que a do município em si cresceu 11%.

O levantamento produzido pelo Instituto Sangari aponta que o bairro mais perigoso é a Ci-dade Industrial, onde há grande concentração de fábricas. A ge-ração de empregos causada pela criação destas indústrias atraiu contingentes de migrantes do in-terior do Paraná e de outros es-tados.

Este aumento populacional não foi acompanhado por políti-cas públicas de saúde, educação e segurança, aumentando assim o índice de pobreza e gerando focos de violência.

O sociólogo e coordenador do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná, Pedro Bodê, diz, ao analisar essa questão, que são nestes lugares e bairros abandonados onde há maior aumento de homicídios. Segundo Bodê, existe uma falha conjuntural na estrutura do país, principalmente quando o proble-ma é em relação à segurança da população.

Para o sociólogo, o aumento dos homicídios em Curitiba é causado por três fatores princi-pais, sendo dois deles nacionais. O primeiro é a circulação de ar-mas de fogo, utilizadas em mais de 95% dos homicídios registra-dos. “Todas as pessoas mortas, são por armas de fogo. Então há uma relação clara entre a presen-ça de armas e os homicídios”, disse.

Ao ser questionado sobre o aumento descontrolado na ca-pital paranaense, em relação às outras cidades, Pedro Bodê diz

que a falta de assistência tem sido fundamental para alavancar estes índices.

“No caso do Paraná, os últi-mos anos foram marcados pela falta de planejamento e de políti-cas públicas para os jovens, que são os que mais sofrem com a violência”, complementa.

O segundo ponto falho é a modernização policial, que não ocorreu como deveria. Pe-dro Bodê diz que as polícias do Brasil, de maneira geral, não se prepararam para atender as ne-cessidades de segurança da po-pulação.

“Se houve uma instituição que não se modernizou no Bra-sil, no período pós-ditadura, fo-ram as polícias”, afirma.

Diz ainda que, apesar das muitas tentativas, a prática não trouxe nada de novo e eficaz para solucionar o problema. “Nós estamos muito acostumados a pensar sempre em termos de quantidade: mais prisões, mais policiamento. Mas a questão é a qualidade.”

A terceira problemática é o posicionamento do Poder Judi-ciário que, segundo Pedro Bodê, se ocupa muito com a política doutrinária. A Justiça, diz ele, se preocupa unicamente em punir e colocar atrás das grades, usando a carceragem como solução para todos os tipos de crimes e infra-ções.

Para ilustrar a explicação, o professor citou as mudanças nas séries de televisão. Ele mostra o formato atual que tem sido ex-plorado, evidenciando a neces-sidade de investigação e conhe-cimento técnico para solucionar crimes.

“Antigamente, o trabalho pe-ricial mostrado pela mídia trazia

ESPECIAL

um policial, apenas. Hoje, nós temos séries de TV que mostram como é importante investigar, achar causas e soluções, como por exemplo o CSI”, ilustra.

Um levantamento divulgado pelo Instituto de Pesquisa Eco-nômica Aplicada (IPEA) apon-ta que as condições de vida nos arredores de Curitiba atraem de-

linquentes para a cidade, onde existe grande fluxo de dinheiro e geração de renda.

A crescente taxa de homicí-dios é de homens na faixa de 15 a 29 anos, e vai na contramão do que acontece no resto do país. Na pesquisa, foram analisadas nove capitais, levando em conta cri-térios como trabalho, moradia e

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Um sonho que custa a LIBERDADEAlessandra de Miranda é auxiliar de odontologia na Rede Municipal de Saúde de Curiti-

ba. Nasceu na cidade e morou a maior parte de sua vida com seus pais, nos arredores do bair-ro Portão. Há um ano e meio, surgiu a oportunidade de financiar seu primeiro imóvel. Entre as opções que cabiam no seu orçamento, estava a compra de um apartamento em condomínio fechado na Cidade Industrial de Curitiba, o mais violento e com maiores taxas de homicídios, segundo o Mapa de Violência 2012.

Sem pensar duas vezes, fechou contrato, e assim que o imóvel ficou pronto, fez sua mu-dança, com filho e marido. Segundo ela, apesar de fazer ideia de como seria sua segurança no novo bairro, a realidade era bem distante daquilo que imaginava.

“A gente imaginava uma coisa, outra situação, talvez até porque estávamos acostumados com outro ambiente. Tínhamos noção do risco, mas era o que podíamos adquirir no momen-to”, diz Alessandra.

Todos os dias ela sai cedo com o marido para trabalhar, enquanto o filho vai para a escola, uma instituição privada, no bairro Portão, onde morava antes. Como o turno é meio período, após o almoço, na maioria das vezes, o filho de 12 anos vai para a casa dos avós. Para ela, o fato de saber que ele não está sozinho em casa, mesmo que o condomínio seja fechado, a deixa mais aliviada para poder trabalhar. “Quando meu filho prefere ir para casa, não fico sossegada até conseguir falar com ele”, conta.

Outra coisa que mudou na vida da funcionária pública foram seus horários. Alessandra diz que está sempre se adequando aos horários de pico para fazer suas atividades. Segundo ela, tentar fazer qualquer atividade fora destes momentos é colocar a segurança sua e da família em risco. “Entre estes horários de pico ou depois disso, no período da noite, é tudo mais pe-rigoso. Teve um dia em que mataram um garoto na frente da escola, ao lado da minha casa”, relata.

Algo que está fora dos planos de Alessandra é ter uma casa independente no bairro. Para ela, a segurança privada do condomínio tem sido uma saída e com custo ao seu alcance, algo que ficaria pesado no orçamento se tivesse que arcar sozinha. “Eu me sinto um pouco mais segura porque tem portaria 24 horas. Mas não existe possibilidade de ter uma casa, com jar-dim e espaço maior por aqui”, disse.

O sonho da casa com ambiente maior não ficou para trás. O próximo passo que a auxiliar odontológica quer dar é voltar para o bairro que morava antes. Ela diz saber que a violência está em todos os lugares, mas também que sempre há possibilidade melhora. “O que eu quero mesmo é voltar. Ter uma casa com espaço para ter cachorro e onde meu filho possa brincar e ser livre”, desabafa a mãe de família.

Favela? Em Curitiba?Rafael Correa mora e trabalha em Assis Chateaubriand, município do interior do Paraná. Ele cos-

tuma vir a Curitiba, com a esposa, pelo menos quatro vezes ao ano. Sempre passa pelo bairro da CIC para chegar à casa de seus tios, onde fica hospedado.

Para ir de um canto ao outro da cidade passa pela periferia, por baixo de viadutos, utiliza vielas para encurtar o caminho, e mesmo assim anda tranquilamente.

Perguntado pela equipe de reportagem sobre como se sente em relação à segurança de Curitiba, ele responde: “Curitiba é ótima, não tem nem favela!”.

Após ter sua resposta contestada, fica confuso por não saber localizar quais são os pontos clas-sificados como “favela” ou “periferia”. A sua resposta para a equipe foi outra pergunta: “Então onde fica a favela?”.

Para o sociólogo Pedro Bodê, a reação pode ser considerada normal, se for levado em conta como os problemas da cidade são expostos e resolvidos. Ele diz que a imagem que se tem lá fora é uma e que a realidade só vem à tona, quando as pessoas chegam à cidade que “deveria” ser modelo.

O professor atribui parte dessa responsabilidade à mídia, que não tem relatado os fatos de maneira correta. “A mídia tem uma responsabilidade pública em relatar o que acontece, a questão é como se faz isso”, disse Bodê.

Cidade modelo. Alta qualidade de vida, capital europeia, centro cultural, berço de grandes universidades, vasto campo gastronômi-co, exemplo de preservação ambiental e claro, segurança.

Segurança? É, talvez um dia ela tenha existido. Porém, hoje essa característica está muito distante da realidade curitibana. E acredite ou não, essa ideia continua viva na mentalidade de muitas pessoas.

“Tenho muito orgulho de ser curitibana. Vivemos numa cidade que é exemplo de qualidade de vida e já está até sendo comparada a muitas capitais da Europa!”. A declaração enfática é de Valéria Moraes, dona de casa, moradora do bairro Ecoville e natural de Curitiba.

Ao ser abordada a respeito da violência na capital paranaense, Valéria diz nunca ter passado por situações perigosas, mas lem-bra que cuidados básicos devem ser tomados. “É claro que não podemos bobear, quando estiver no carro, sempre janela fechada! Mas nunca passei nenhuma situação de perigo em quarenta anos morando aqui!”

Quem é Valéria? Uma parte reduzida da população que não vive, nem de longe, a real Curitiba. Segundo o Instituto de Pesqui-sa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), as classes A e B totalizam 26% da população curitibana.

Falsa segurança Curitibana

desenvolvimento. Curitiba foi a cidade que mais apresentou dife-rença entre a realidade da capital e de sua região metropolitana.

A assistente social Andreia Bissolati diz que esse problema já vem de longos anos, e que a caracterização de cidade perfei-ta que foi criada pelo marketing oficial acaba afastando a popula-ção de uma realidade que existe e é bem próxima de todos.

“As pessoas acabam acredi-tando que não existe favela, in-vasão de território e menores em conflito com a lei. Só passam a sentir isso, quando acontece al-guma coisa com elas ou alguém próximo”, disse Andreia.

Segundo ela, o fato de Curi-tiba ter uma imagem de cidade ecologicamente correta e sus-tentável a preservar faz com que o governo e as autoridades invistam apenas em pontos es-tratégicos. Já por outro lado, a população da capital paranaense não busca conhecer a realidade que está do lado de sua própria casa. “As pessoas não saem da sua rotina, não vão para outros lados. Existem lugares que nem sabem que existem. As pessoas estão acostumadas com a verda-de da sua vida ou com aquilo que

a mídia está disposta a mostrar”, afirma a assistente social.

Como se não bastasse o ín-dice nacional, Curitiba figurou entre as cidades mais violentas do mundo, segundo estudo feito pela organização não governa-mental mexicana Conselho Ci-dadão para a Segurança Pública e Justiça Penal. A capital está na 39ª posição, à frente de cidades da África do Sul, da Colômbia e do Iraque.

Outra explicação para o au-mento da criminalidade em Curi-tiba é a falta de investimento em segurança. De acordo com o Fó-rum Brasileiro de Segurança Pú-blica, o estado do Paraná investiu em segurança, na ultima década, apenas 1% de todo o Produto In-terno Bruto gerado.

Com opinião semelhante a do sociólogo Pedro Bodê, o se-cretário de Segurança Pública do Paraná, Reinaldo de Almeida Cesar, afirmou que a situação de segurança no estado é catastró-fica, confirmando que há atraso no quadro policial. “Em média, o número de policiais civis e mi-litares é o mesmo existente há 10 anos”, reconhece em entrevista dada à Agência Estadual de No-tícias.

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Estratégia de sobrevivência

Aline [email protected]

Política

Outrora foi-nos revelado que a revis-ta semanal mais vendida do país – pas-mem – a Veja teria envolvimento com o contraventor, vulgo bicheiro – Carlinhos Cachoeira. A semanária, por sua vez, ex-plicou por meio de nota que se comuni-car com corruptos não a faz ser corrupta. A mídia silenciou – exceto a rede Re-cord, é verdade. Cachoeira calou, a mí-dia abafou e a Veja, novamente, pautou.

O oba-oba da semana é sobre uma suposta intervenção do presidente Lula (PT) no Superior Tribunal Federal (STF) por meio de coações ao ministro Gilmar Mendes (aquele mesmo, o da não obri-gatoriedade de diploma para a função de jornalista, um gênio, que além de jurista vai ser editor-chefe da Veja depois que se aposentar.) Mendes diz que sim. Lula,

O problema é que há milhares de sites com imagens de crianças e adolescentes em situação de abuso e exploração sexual no ar e sobre eles ninguém descobre nada.

Falando em criança a rainha dos bai-xinhos foi abusada até os trezes anos. Rede Globo mobilizando o Brasil. Há dois domingos o assunto ocupada tem-po significativo da revista eletrônica (que aliás, parece que anda meio sem pautas...). De acordo com a Globo au-mentaram as denúncias no disque 100. Ótimo. Mas a Xuxa se esqueceu de fa-lar do filme “Amor estranho amor” no qual ela aparece em cenas de sexo com um adolescente. Traumas psicológicos? Pode ser. Mas que ela devia ter sido ao menos questionada sobre isso na entre-vista, isso devia.

Esporte

No último domingo, o Grand Slam Roland Garros teve início em Paris, com dois brasileiros participando da chave principal. Os Grand Slams da tempora-da são os principais torneios no calendá-rio do tênis, compostos por: Australian Open (Janeiro), Roland Garros (Maio/Junho), Wimbledon (Junho/Julho) e US Open (Agosto/Setembro).

O primeiro Brasileiro a entrar em quadra foi Rogério Dutra, que entrou na chave principal depois de furar o quali-fying, vencendo o espanhol Javier Mar-tin por 6/1 e 6/2. Rogério ocupa a 121° do ranking da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP), e acabou perdendo para o americano John Isner, 11°, por três sets a zero, com parciais de 6/3, 6/4 e 6/4. Essa foi à primeira participação do Brasileiro no torneio de Paris.

O outro brasileiro na chave era Tho-

Rodolpho [email protected]

maz Bellucci, melhor Brasileiro no ranking da ATP, na posição de 66°, tra-zia esperanças para os torcedores, pois vinha conquistando algumas boas vitó-rias nos últimos anos. Porém, Bellucci fracassou mais uma vez, ao deixar esca-par a vitória para o croata Viktor Troi-cki por três sets a dois, com parciais de 4/6, 6/3, 5/7, 6/3 e 6/2. Bellucci mais uma vez mostrou que ainda tem muito a melhorar fisicamente e principalmente, psicologicamente.

No terceiro set, Thomaz encontrava-se em situação extremamente complica-da com 5 a 2 atrás no placar, mas con-seguiu uma grande virada, e venceu por 7/5. O croata também não também não tinha um bom psicológico, e o Brasilei-ro não soube se aproveitar dos momen-tos de fraqueza do adversário. Em uma bola duvidosa no início do quarto set,

Bellucci se desconcentrou sem motivo, e começou a errar bolas fáceis, a dar pon-tos de graça para Troicki, que percebeu o momento ruim de Thomaz, e virou o jogo.

Com essa derrota, Thomaz Bellucci está praticamente fora das Olimpíadas de Londres neste ano, já que não terá ranking suficiente para poder participar da competição. Para Bellucci, a chance de participar do torneio na Olimpíada é receber um convite da Federação Inter-nacional de Tênis (ITF).

Essa edição do Roland Garros tam-bém é marcada por dois fatos curiosos entre Rafael Nadal e Novak Djokovic. O número um do mundo, Djokovic, ten-ta o seu quarto título de Grand Slams seguidos, já que ele conquistou no ano passado os torneios de Wimbledon e US Open, e no começo desse o ano o Aus-

Bellucci, ainda uma promessa

tralian Open. Já Rafael Nadal, tenta fa-zer história em Paris: Já conquistou seis vezes o torneio, e se vencer este ano, será o maior vencedor da história de Roland Garros. ‘’O Touro’’, como é conhecido Rafael Nadal, está com muita fome de vi-tória, é só Djokovic pode pará-lo. Aposto em Novak Djokovic como grande cam-peão de Roland Garros 2012.

indignado, diz que não. E no meio disso tudo, a Veja aplicou – mais uma vez – sua estratégia de sobrevivência: tirar o foco dela mesma.

Agora aqueles twitteiros e ativistas cibernéticos que há duas semanas fala-vam (ou teclavam) veementemente so-bre o envolvimento da Veja com Cacho-eira, cobram explicação do presidente. Ora, ora. Sequer tiveram explicação so-bre as ‘fontes’ da Veja. É coisa de doido mesmo. Como pode a mídia fazer-nos pensar sobre o quê eles querem que pen-semos?

Outro acontecimento bizarro foi o caso das fotos da atriz Carolina Dieck-mam. Em menos de um mês os suspeitos foram presos. Mobilização da polícia, da mídia, do Brasil. Pronto, tudo resolvido!

São estratégias de sobrevivência da Veja, da Globo e da grande mídia. Nós, passivos, engessados, amarrados, alienados, nos indignamos momen-taneamente e aguardamos a próxima edição. Qual será o protesto da semana que vem?

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Curitiba, quinta-feira, 31 de maio de 2012 7

Dia do Desafio promove o combateao sedentarismo

Angelo SfairCamila CassinsGustavo Ribas

Curitiba participou pela sétimo ano consecutivo e competiu com cidades da Bolívia e

Honduras. Expectativa era de que 50% da população participasse

GERAL

Além dos exercícios físicos, Dia do Desafio focou na prevenção

A cidade de Curitiba partici-pou ontem do Dia do Desafio. A data tem como objetivo com-bater o sedentarismo, visando a melhora da saúde e do bem-estar da população.

Para estimular os participan-tes, é proposto um desafio entre cidades, sendo declarado vence-dora a que obtiver o maior regis-tro de atividades físicas propor-cionalmente.

Neste ano, Curitiba disputou com Santa Cruz de La Sierra, da Bolívia, e com Tegucigalpa, ca-pital de Honduras.

Um palco foi montado na Boca Maldita, localizada no fi-nal do calçadão da Rua XV de novembro, a fim de reunir a po-pulação.

No local, apresentações de dança e ginástica convidavam os transeuntes para participar das atividades. Além das atrações aeróbicas, aulas de artes mar-ciais – como karatê e kung fu – também foram explanadas.

Para os que não são adeptos das artes marciais e das danças, a praça também dispunha de esteiras para caminhada ou cor-rida, orientada por profissionais da Secretaria Municipal de Es-porte, Lazer e Juventude (SME-LJ). “Qualquer exercício físico contribui na prevenção de doen-ças causadas pelo sedentarismo,

como as do tipo cardiovascular, além de auxiliar no emagreci-mento”, explicou Marcelo Luís Miranda, orientador do depar-tamento de esporte e lazer da SMELJ, que acompanhava os que optaram por utilizar as estei-ras.

A participação dos curitiba-nos foi crescendo no decorrer do dia. Para Miranda, a adesão da população foi bem melhor em relação ao ano passado. Segundo o diretor do departamento de es-porte e lazer da SMELJ, Adílson Bassan, a expectativa era de que 900.000 habitantes participas-sem do Dia do Desafio em toda a cidade. “Esperamos uma cres-cimento de 5% em relação ao ano anterior, totalizando 50% da população se exercitando neste dia”, revelou Bassan.

De acordo com o diretor, o objetivo vai muito além de ven-cer a competição. “A ideia é que estes quinze minutos exercício de hoje tornem-se um hábito diá-rio”, contou Bassan. “A competi-ção é só mais uma forma de esti-mular a população”, completou.

O resultado do Dia do Desa-fio não foi revelado até o fecha-mento desta edição.

Saúde e Prevenção

O Dia do Desafio não ficou marcado apenas pelos exercícios físicos. Estandes montado nas redondezas do palco principal da Boca Maldita contavam com profissionais que mediam gratui-tamente a pressão e a glicemia dos interessados. Também era

possível receber dicas de pre-venção para a saúde bucal e do coração.

Ao lado, outro estande com voluntários da área da saúde orientavam as pessoas interessa-das em saber mais sobre doação de órgãos e medula óssea. Era o caso de Luciana Souza de Olivei-ra, estudante do 2º de medicina

da UFPR, que orientou o públi-co e coletou algumas assinaturas de novos doadores de medula. Segundo a farmacêutica Suelen Camargo Zech, que coordenou o estande de doação de medula, a iniciativa era muito importante. “Somente hoje [ontem] espera-mos recrutar cerca de 100 novos doadores”, contou Suelen.

Na fila para receber informa-ções sobre a doação de órgãos, um senhor chamava a atenção. “O meu desafio é outro: minha luta é contra a hemodiálise”, dis-se o aposentado Gilcimar Antu-nes Sobrinho, que aguarda há um ano por um transplante de rim, mas sem perder o bom humor e o sorriso no rosto.

Angelo Sfair

O Dia do Desafio surgiu no Canadá no ano de 1983. Durante o rigoroso inverno canadense daquele ano, com temperaturas em torno de 20°C negativos, o prefeito de uma pequena cidade propôs que todos apagassem as luzes às 15h e saíssem de casa para uma caminhada de 15 minutos. À época, a data serviu para estimular a população a exercitar o corpo e economizar energia.

No ano seguinte, a cidade vizinha também participou e o Dia do Desafio foi tornando-se comum em cidades do mundo inteiro. No ano passado, 325 municípios do estado do Paraná celebraram o Dia do Desafio. Em 2012, Curitiba participa pelo sétimo ano consecutivo, sendo que nas seis edições anteriores a capital paranaense venceu seus desafiantes.

História

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Sou uma comida

fast foodOlá, todos os leitores, eu sou a pizza! Antes de terminar minha apresentação quero

primeiramente explicar o que é comida fast food. Nomeada nos Estados Unidos, fast food é toda comida de preparo rápido e prática de comer. Estão na lista eu, a pizza, sanduíches de todos os tipos, porções de batatas fritas, mandioca, carnes em geral, pastéis, coxinhas, quibes, empanados, entre outras.

Existem muitas pesquisas sobre como fazemos mal ao corpo humano se ingeridas em excesso. Nós, comidas fast food, somos alvos de muitas críticas.

Mas por que cada vez mais estamos presentes nas refeições? O acúmulo de tarefas diárias como trabalhar, estudar, se dedicar à família, lazer e

outras atividades, faz com que as pessoas procurem comidas que sejam de fácil preparo mesmo dentro de casa ou em locais específicos. Ter tempo para preparar um almoço é quase um luxo nas grandes metrópoles do mundo. Somos práticos e matamos a fome.

Segundo inúmeras pesquisas feitas conosco, contemos muitas substâncias que pre-judicam o organismo. Por exemplo, para nos mantermos com boa aparência, usam na nossa fabricação altas doses de sal ou açúcar e muita gordura industrializada.

Se consumidos em excesso, podemos deixar graves consequências como obesi-dade, alto nível de colesterol, entupimento em veias e artérias do corpo e até mesmo podemos causar doenças cardíacas.

Uma pesquisa divulgada pelo site “jornaldositeodonto”, realizada no ano de 2008 por cientistas do Hospital Universitário de Linkoping, na Suécia, mostrava os malefí-cios das comidas fast food. O estudo comprovou que pessoas consideradas magras e saudáveis que foram expostas ao consumo de fast food em pelo menos duas refeições diárias por um mês apresentaram, no final das quatro semanas, um aumento de 6,5 qui-los e foram localizadas em seus corpos enzimas que indicam danos no fígado.

Na realidade, nós somente preocupamos médicos e cientistas porque de 2008 até nosso ano atual o aumento de pessoas que consomem cada vez mais os fast food é considerável. Nosso público-alvo é caracterizado, na maioria das vezes, por crianças, adolescentes e jovens.

Informações do site “banco de saúde” apontam que o prejuízo da má alimentação e o consumo de fast food fez com que o relator das Nações Unidas para o Direito à Alimentação, Oliver Schutter, mostrasse um estudo que comprova que somos um dos vilões da alimentação moderna. Para o relator, cinco pontos são importantes para haver mudanças na alimentação, tendo em vista que 1,5 bilhão de pessoas no mundo podem ser consideradas obesas. Primeiramente é necessário controlar alimentos que contêm alto teor em gordura saturada, açúcares e sal. Para isso é prioritário também reduzir a publicidade dos fast food. Para induzir as pessoas a comerem melhor, os países devem repensar os subsídios para a agricultura que acabam desequilibrando os preços e per-mitir à população acesso a alimentos frescos, saudáveis e nutritivos.

Aqui no Brasil, dados de pesquisas mostram que houve um aumento de crianças entre cinco e nove anos com sobrepeso e obesidade. Estudo divulgado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, em 2012, revela que 34,8% dos meninos estão com sobrepeso e 32% das meninas sofrem do mesmo problema. Já 16,6% das crianças do sexo masculino estão com obesidade e 11,8% das crianças do sexo oposto também contam com o mesmo problema.

Foto e texto: Emanuele Martins

Nós não afetamos apenas o peso de nossos consumidores, mas também trazemos outros danos à saúde. Má circulação, celulite e varizes podem aparecer como causa do consumo de fast food. Como explica e enfermeira Neuza Maria Freitas, “além do aumento no peso ganhamos outros problemas com a ingestão deste tipo de comida. Entre os maiores problemas estão a falta de desenvolvimento nas crianças, problemas cardiovasculares, problemas no funcionamento intestinal, aumento na pressão arte-rial, problemas renais entre outros.”

A enfermeira ainda comenta sobre como os alimentos fast food podem deixar da-nos diversos. “Se a pessoa procura uma refeição rápida é porque ela não tem tempo para comer. Normamente se ingere fast food fazendo outras atividades ou até mesmo contando os minutos no relógio. A mastigação superficial do alimento antes de ser engolido também prejudica a digestão”.

Neuza ainda termina relatando que alguns problemas podem ser somente diagnos-ticados a longo prazo. “Doenças como diabete, problemas no fígado, arteriosclerose vão apresentar sintomas depois de muito tempo de má alimentação. O que vemos hoje é muitos jovens apresentando certas doenças que antigamente eram desenvolvidas em pessoas idosas. Diversos estudos já comprovam que o fast food podem ser uns dos causadores até mesmo de doenças degenerativas da memória, como Alzheimer.”

Vale uma dica para meus amantes, os que não vivem sem uma boa pizza. No mercado já existem irmãs minhas que são fabricadas com farinha integral. Elas têm um pouco menos de calorias e são mais saudáveis para o corpo. Sempre lembrando que o valor calórico de nós, pizzas, não está somente na massa. Podemos duplicar as calorias dependendo dos recheios escolhidos.

O site “adrianalauffer.com”, da nutricionista Adriana Lauffer, deixa algumas dicas que podem ajudar os compulsivos por pizza. Na página da internet ela deixa claro que tanto a massa quanto o molho da comida não são os vilões. Eles somam em torno de 130 calorias. Se acrescentar queijo mussarela o valor sobe para 280. Outra dica é sempre escolher fatias que tenham no máximo três ingredientes. Jamais se deve com-plementar a minha fatia com azeite, pois isso aumenta nossas calorias.

Para quem quer emagrecer ou ter uma alimentação mais saudável e não quer dei-xar de me comer, deve evitar ingredientes como provolone, gorgnzola, catupiry, ca-labresa e bacon. O melhor é optar por alternativas como atum, marguerita, rúcula e escarola. E mais: deixar de lado nossas bordas recheadas.

Com tudo isso que passei podemos montar uma pizza ideal: massa fina integral, dois ingredientes de recheio, se puder escolher queijos brancos e vegetais ajuda, bor-da normal e uma média de três pedaços por semana. Deixo um gráfico com as pizzas mais tradicionais e os valores calóricos delas.

Agora que você já sabe o que a ingestão dos fast food pode causar ao organismo vou deixar mais uma dica bem simples: moderação. Nós, comidas rápidas, somos para serem apreciadas em pouca quantidade e somente de vez em quando, não deve-mos fazer parte do cardápio diário.

A todos os meus leitores, obrigada pela atenção.

Assinado: Pizza

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