LOGISTICA REVERSA

Panorama Brasileiro 2004

O II Seminário Internacional de Logística Reversa , promovido pelo Council of Logistic Management e realizado em São Paulo no último dia 23 de Março, trouxe palestrantes executivos e professores dos Estados Unidos, constituindo-se de um resumo do estado da arte da Logística Reversa naquele país, permitindo observar-se que também no Brasil a Logística Reversa é matéria em constante e evolutiva compreensão pelos executivos de logística.

A Revista Tecnologística nos mostrou em sua 100ª edição o desenvolvimento das atividades da logística empresarial no Brasil a partir dos anos 90, como conseqüência de mudanças ocorridas no cenário econômico do país e que o introduziram efetivamente na economia globalizada mundial. Referimo-nos ao impacto que a redução de alíquotas de importação, as privatizações de alguns setores de infra-estrutura e a estabilização monetária, a partir de 94, produziram no cenário brasileiro.

Os reflexos na logística traduziram-se por aumento de exigências na competição interna e externa, por uma maior conscientização empresarial das possibilidades competitivas da logística, maior preocupação com custos logísticos e em particular com os custos de estoques e transportes, por exigências de aumento de velocidade em todas as áreas da logística, pela necessidade de melhoria da matriz de transporte nacional e pela exigência de formação de especialistas em logística empresarial.

É neste novo cenário que novos padrões de competitividade emergemgradativamente no mercado brasileiro, de forma equivalente àqueles observados nos países mais desenvolvidos, na busca de melhores práticas internacionais. Níveis de serviços elevados e novas práticas de relacionamento com os diversos elos da cadeia produtiva, entre outros aspectos, visando perenizar seus negócios e seus clientes,tornam-se objetivos claros nas empresas atuando no país.

Observa-se, como conseqüência destas mudanças anteriormente mencionadas, a Logística Empresarial ser introduzida como disciplina em cursos de graduação e de pós-graduação, bem como em diferentes níveis de formação profissional, revelando a preocupação de profissionais e de empresas com os novos paradigmas que a tem transformado em obrigatória na reflexão estratégica empresarial, ao invés da antiga visão puramente operacional, além de sua presença crescente como fonte de trabalhos em congressos acadêmicos e empresariais, também é um sinal claro da importância, em particular de 95 para diante.

Relacionamos na tabela a seguir alguns dados extraídos da revista Exame de Nov. de 2003 que permitem observar o crescimento da produção e comercialização de produtos, matérias- primas e energia em diversos setores brasileiros neste período.

Tabela 1 - Volume de produtos / serviços transacionados no Brasil Produto Ano 1994 Ano 2002 Unidades

Monitor de computador 1,44 4,67 UnidadesVendas pela Internet 4 866 Milhões de dólares Telefone celular 0,12 13,30 Milhões de unidadesFralda descartável 1,8 16,57 unid. / habitantePapel e papelão 5,6 7,8 Milhões de toneladasSoja 25,1 52,2 Milhões de ton.Exportação de boi 250 965 Mil ton.Exportação de frango 481 1.967 Mil ton.Petróleo: 38,8 86,9 Milhões de m3Lixo 66,6 84,8 % de domicílios

Carga transportada 550 760 Milhões de ton. x KmFonte: Revista Exame: Nov./2003A estes acrescente-se outros relativos a produtos não mencionados na publicação

referida mas retirados junto às associações de classe dos setores:Tabela 2 – Produção de alguns produtos no Brasil

Produto Ano 1990 Produção no Ano 2000Garrafas de PET Início de produção no Brasil 13 bilhões de garrafas por ano Latas de alumínio Inicio de produção no Brasil 10 bilhões de latas por ano

Lâmpadas de mercúrio Não disponível 80 milhões ao ano Embalagem longa vida Não disponível 7 bilhões de embalagens por ano

Pneumáticos Não disponível 45 milhões de pneumáticos por ano Fonte: Associações de fabricantes diversos.Através destes elementos fica claro o reflexo deste crescimento de atividades em

suas respectivas cadeias de suprimentos, usualmente globais e envolvendo logística de entrada, logística de apoio à manufatura, logística de distribuição e logística reversa.

Constata-se pois, paralelamente ao crescente volume de atividades na logística empresarial um crescimento substancial da Logística Reversa no Brasil, seja pela difusão de suas principais idéias, pela melhor compreensão se seus objetivos e possibilidades estratégicas ou pelas oportunidades empresariais advindas aos diferentes agentes das cadeias de suprimentos. Relembre-se que a Logística Reversa é a área da Logística Empresarial que planeja, opera e controla o fluxo, e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós - consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, através dos Canais de Distribuição Reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros.

Como este crescimento e interesse não de deu homogeneamente em todos os setores empresariais examinados até então, devido aos diferentes níveis de impacto causados pelo retorno de produtos e materiais ao ciclo de negócios e ao ciclo produtivo, resumimos este desenvolvimento de atividades no Brasil através dos diversos setores.

Implementação da Logística Reversa em empresas brasileirasA Logística Reversa tem sido implementada visando atingir objetivos

estratégicos econômicos, ecológicos, legais e de competitividade, em diversas empresas e setores empresariais através do planejamento, operacionalização e equacionamento dos aspectos logísticos das redes reversas em suas diversas fases. Nos diversos casosexaminados para a elaboração deste artigo, observa-se que os benefícios obtidos pela sua implementação ultrapassam os objetivos iniciais, produzindo outros resultados positivos de diferentes naturezas, muitas vezes não esperados inicialmente, que se transformam em substancial contribuição adicional para estas empresas.

Mais especificamente, as empresas procuram estratégias que proporcionem maior valor perceptível aos seus clientes, e para tanto necessitam estabelecer relações de colaboração e parcerias com os demais elos da cadeia produtiva, bem como com outros prestadores de serviços logísticos. A implementação da Logística Reversa de pós-venda em empresas brasileiras tem sido usada como uma das estratégias neste sentido.

Por outro lado, talvez como conseqüência das mudanças no cenário brasileiro anteriormente citadas, direta ou indiretamente através de maior participação, informação e formação formal da sociedade brasileira, percebe-se, no mesmo período, ter sidoimportante os avanços observados em conscientizarão e sensibilidade ecológica, napreocupação com a ética empresarial e no papel de cidadania das empresas, napreocupação de empresas brasileiras distinguir-se por sua responsabilidade empresarial.Nestes casos é a implementação da Logística reversa de pós- consumo em empresas e setores industriais brasileiros que tem sido aplicada e desenvolvida como estratégia.

O conhecimento adquirido em nossas recentes pesquisas, objetos de artigos específicos em edições futuras, demonstra um nítido aumento de casos de implementação de Logística Reversa em diferentes setores industriais nestes recentes anos gerando inéditas cadeias de distribuição reversas, tanto de pós-consumo como de pós-venda, observando-se ao mesmo tempo aperfeiçoamentos nas tradicionais e mais conhecidas do público em geral. Estas pesquisas apontam também para uma escassez de dados quantitativos nas cadeias reversas no país, o que torna sua avaliação qualitativa, embora a densidade por setor possa ser aferida pelo número de casos publicados e apresentados em eventos na área de logística.

Para identificar estes avanços e a implementação da Logística Reversa nos diversos setores empresariais no Brasil analisamos uma amostra representativa de casos de empresas e de setores industriais, que não exaure certamente o universo de empresas e setores brasileiros, que permitirão uma visão geral pretendida. A segmentação adotada e específica para este artigo destaca:

Implementação da Logística reversa de pós- venda:• Reparos , remanufatura, consertos, manutenção.• Compras por catálogo e Internet • Varejo tradicional geral

Implementação da Logística reversa de pós- consumo:• Produtos com legislações específicas• Produtos sem legislação específica• Produtos descartáveis e Produtos duráveis

Operadores Logísticos com serviços específicos

Implementação da Logística Reversa de pós-venda•Reparos, remanufatura e manutençãoNeste segmento as empresas têm como principais direcionadores na

implementação da Logística reversa os objetivos econômicos e satisfação do cliente, visando rapidez e economia na solução dos problemas logística da cadeia reversa, e tem-se destacado pela intensa atividade em Logística reversa no país. Caracterizam este segmento os aparelhos de telefonia celular, informática e seus periféricos, fotografia, copiadoras, equipamentos de automação em geral, equipamentos de transmissão de imagem e energia, entre outros.

Um dos melhores exemplos é o das industriais e serviços de produtos eletroeletrônicos que apresentam importante crescimento de atividades no Brasil durante os últimos anos e em conseqüência procuram melhor administrar os seus fluxos reversos nacionais e muitas vezes internacionais, com movimentação de produtos para reparos, substituição de componentes, trocas de equipamentos, garantia, manutenção industrial, entre outros motivos. Destacam-se também as industrias nas quais o valor agregado de seus componentes justifica seu reaproveitamento, com ou sem remanufatura, industrias nas quais a manutenção de seus componentes é centralizada,entre outros casos.

É um segmento de Logística reversa caracterizado pela relação empresa-empresa-consumidor final o que obriga ao equacionamento rápido e a utilização de todos os recursos da logística reversa, tais como a adequação do projeto dos produtos, sistemas de coleta, rede logística reversa otimizada, sistemas de informação especialmente desenvolvidos para a Logística Reversa e uso de prestadores de serviços especializados.

O exemplo das cadeias reversas de reparos de produtos eletrônicos

Telefones celulares, equipamentos de telecomunicações, computadores e periféricos,entre outros, retornam por diferentes motivos e são reparados ou desmanchados, seus componentes são revalorizados por remanufatura e consertos ou seus materiais reaproveitados por reciclagem. Em muitos casos os produtos ou partes são enviados para tratamento fora do país em processos de alta tecnologia, como por exemplo o caso de reciclagem de baterias de celulares e da recuperação de metais pesados e preciosos de componentes eletrônicos.

Um fluxo reverso genérico para estes casos pode ser visualizado na Figura 1 abaixo:

Figura 1 – Fluxo de canal reverso de reparos / consertos

Fonte: Casos estudados

O exemplo da cadeia reversa de manutenção de componentes de alto valor agregado

Distinguem-se atualmente no Brasil diversos casos de cadeias reversa muito bem estruturadas e informatizadas em que o objetivo da organização é a manutenção de seus componentes de alto valor agregado e que são por via de regra enviados ao exterior devido à tecnologia centralizada de seus fornecedores.

• Internet e vendas por catálogoA experiência no Brasil tem mostrado que os níveis de retorno neste segmento

são muito inferiores aos observados nos Estados Unidos. Neste país observam-se níveis de retorno de 30% sobre o que é entregue ao mercado pela cadeia direta e apresenta valores unitários de compra muito maiores em relação aos observados no Brasil, onde o retorno não ultrapassa a 5% do que é entregue ao mercado, diferenças estas explicadas aparentemente por hábitos de consumidor diferentes nos dois países.

As empresas deste segmento, no entanto, apresentam alto nível de atividade na área de Logística reversa porque o retorno, além de apresentar custo unitário elevado oferece maior risco à imagem empresarial que aqueles inerentes à cadeia logística diretadeste segmento. Por força desta preocupação observam-se concepções logísticas reversa bem desenvolvidas em suas cadeias no Brasil, destacando-se parcerias com empresas prestadoras de serviço de “courrier”.

•Varejo tradicional geralEmbora este segmento da logística reversa seja extremamente bem desenvolvido

nos Estados Unidos, onde as principais cadeias de varejo possuem centros de distribuição reversos especializados, estruturas organizadas de revalorização de seus ativos, redistribuição otimizadas de estoques excedentes nos canais, flexibilidade na

CONSUMIDOR FINAL OPERADORA

CENTROS DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA

APARELHO OK

CENTROS DE REPAROS FABRICANTE

TROCA DE PLACAS

REAPROVEITAMENTO DE COMPONENTES E MATERIAIS

devolução de mercadorias, contratos de fornecimento com zero retorno, entre outros aspectos do equacionamento em Logística reversa, no Brasil ainda são pouco conhecidos os casos de boa estruturação de retorno no segmento de pós - venda.

Implementação da Logística Reversa de pós-consumoRecentemente empresas dos setores de pneumáticos, vasilhames de agrotóxicos,

óleos lubrificantes, lâmpadas de mercúrio, para citar alguns no Brasil, implementaram Logística Reversa com objetivos de cumprimento de regulamentos legais. Além dos benefícios específicos às empresas do setor em suas próprias organizações internas, observa-se saudável efeito multiplicador em suas redes operacional, fornecedores, clientes e concorrentes, bem como junto a seus parceiros na rede reversa gerada e aos operadores logísticos prestadores de serviço.

• Produtos com legislação específicaO exemplo do “pool” de empresas do setor de defensivos agrícolas (vide

edição Set. 2002 Revista Tecnologística) A industria de defensivos agrícolas utiliza vasilhames de diversos materiais

plásticos como embalagem para seus produtos. O produto embalado é distribuído como material perigoso, e após o seu uso ainda é considerado produto perigoso pela possível absorção do conteúdo pelo plástico da embalagem. A partir do ano 2000 lei específica emanada do governo federal exigiu o retorno controlado das embalagens usadas dos defensivos agrícolas, atribuindo à cadeia produtiva a responsabilidade da montagem da cadeia reversa deste produto após o uso, os quais eram até então enterrados de forma a mitigar os seus efeitos de contaminação.

As empresas fabricantes do setor e diversas associações correlatas criaram a INPEV- Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, órgão centralizador das atividades da logística reversa do setor, solução inédita neste setor no mundo, que com significativos investimentos constituiu uma cadeia reversa de vasilhames usados com alta qualidade tecnológica e logística, com apreciável crescimento e alta eficiência de retorno, consolidando atualmente o retorno em 92 pontos do país e constituindo parcerias com empresas de reciclagem destes frascos usados.

O resultado de ter um departamento de logística reversa no Instituto que trata diretamente de todas as ações e operações logísticas de retorno dos produtos usados tem produzido resultados surpreendentes para a própria organização, ultrapassando suas metas e objetivos. Confirmando esta eficiência em logística reversa constata-se um crescimento no recolhimento de embalagens usadas de defensivos agrícolas no Brasil de 382 unidades no acumulado do ano até o mês de Maço de 2002 para 3.769 unidades no mesmo período no ano de 2004.

O exemplo dos pneumáticos brasileiros A industria de pneumáticos brasileira foi objeto, em 1999, de legislação de

regulamentação por Resolução do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente, que em linhas gerais preconiza a obrigatoriedade de manter uma relação crescente entre a quantidade de pneus reciclados e a quantidade de pneus produzidos pelos fabricantes brasileiros, bem como pelos importadores de pneumáticos. A relação cresce de 1 pneu reciclado para 4 pneus fabricados no ano de 2002 até 5 pneus reciclados para 4 pneus fabricados no ano de 2005 , de forma a recuperar quantidades não recicladas existentes.

A solução tecnológica brasileira para a reciclagem dos pneus, ou seja, sua utilização principal, após a moagem, como combustível em fornos de fábricas de cimento que possuam filtros adequados e autorizados por órgãos oficiais, foi o fator contributivo que permitiu esta regulamentação, aparentemente solução inédita no setor no mundo.

A indústria de pneumáticos no Brasil através de sua associação nacional ANIP se encarrega de montar a logística reversa de pneumáticos usados de diferentes pontos do país de forma a cumprir a determinação legal. As empresas trabalham com um sistema de certificado de reciclagem para demonstrar a eficiência de sua rede reversa.

O exemplo das lâmpadas de mercúrioAs lâmpadas de mercúrio são usadas tanto em iluminação pública em geral

como as conhecidas lâmpadas fluorescentes domiciliares, e mais recentemente as lâmpadas de baixo consumo incentivadas pela exigida economia de energia do ano de 2003. A legislação sobre o descarte das lâmpadas de mercúrio não é muito clara quantoàs responsabilidades sobre o retorno das mesmas, temerosa atitude de nossos legisladores pois é sabido que o metal pesado mercúrio é um dos mais danosos à saúde.

A tecnologia ainda é muito cara porém várias empresas nacionais pagam o tratamento de reciclagem e estabelecem parcerias em diversas etapas da cadeia reversa de forma a garantir suas qualidades ambientais face às normas ISO 14000 e como prova de responsabilidade empresarial.

Neste caso a performance das cadeias reversas sob o ponto de vista do setor é muito inferior ao que poderia se esperar e os esforços são absolutamente voluntariosos por parte destas empresas de responsabilidade ambiental.

O exemplo dos óleos lubrificantesApós ser utilizado o óleo lubrificante pode ser totalmente recuperado e reciclado

e para tanto existe legislação federal neste sentido porem sem clareza de responsabilidades o que dificulta a formação de redes reversas eficientes. Esta regulamentação do governo previa um período inicial de adaptação às novas condições, até o final do ano de 2000, na qual o governo arcaria com as despesas de coleta e transporte do óleo usado. Após esta data a responsabilidade de organização da Logística Reversa e de toda a cadeia reversa dos óleos usados seria dos produtores de óleos novos.

A regulamentação previa ainda índices de reciclagem a serem cumpridos pelo setor, aumentados gradativamente ao longo do tempo, iniciando-se com um índice de reciclagem fixados em 20% no primeiro ano, 25% no segundo e 30% no terceiro ano.

A reciclagem dos produtos de pós – consumo de óleos lubrificantes é a única alternativa de disposição controlada, sendo evitada a queima devido à emanação de gases de metais pesados. O processo de reciclagem, denominado de rerrefino, é de alta performance técnica, com baixo índice de rejeitos de processo, garantindo uma qualidade similar ao produto novo, mesmo quando reciclado por várias vezes, constituindo-se em um produto de alta reciclabilidade técnica.

• Produtos sem legislação específicaCadeias reversas de produtos descartáveis e duráveis Pouco avanço se observa nestas cadeias reversas, embora sejam intimamente

ligadas ao meio ambiente e apresentem alta visibilidade no desequilíbrio entre o fluxo direto e o fluxo reverso. Alguns casos em que os direcionadores econômicos predominam, como o caso de latas de alumínio e metais em geral, organizam-se eficientemente porém os demais casos nos quais não existem condições “naturais” de mercado pode-se dizer que nos últimos anos pouca evolução se observa nestes segmentos da logística reversa.

Registrem-se os exemplos das cadeias reversas de dos metais em geral que são conhecidos por sua alta performance e em particular a alta performance no Brasil na reciclagem das latas de alumínio para embalagem que atingem 89% de reciclagem marca considerada uma das melhores do mundo.

Menos brilhante a eficiência de cadeias reversas de plásticos em geral cujo desempenho neste período no Brasil embora possa ter crescido em termos de volume absoluto não apresentou melhores índices de performance.

No setor de produtos de pós – consumo provenientes de produtos duráveis, considerado aqui como linha branca e linha marrom, pouca informação tem sido divulgada tendo-se portanto dificuldade em analisar sua evolução no Brasil. Aparentemente baixa atividade em Logística reversa neste setor no país, diferentemente do que se observa em países mais desenvolvidos.

Operadores Logísticos Especializados Como a Logística reversa tem como característica produto logístico heterogêneo,

trabalhando em geral com baixos volumes, com produtos de retorno geralmente apresentando baixa transportabilidade e apresentando geralmente baixa previsibilidade de retorno, entre outros aspectos, a terceirização de serviços logísticos é muito requisitada nesta área da logística como uma forma de melhor consolidar e utilizar sinergias de transportes, armazenagens, etc., que permitem melhor eficiência total nas operações de retorno.

Observa-se desta forma uma intensa atividade de operadores logísticos dedicando-se também à Logística reversa no país, estabelecendo parcerias em diversos segmentos desta nova área e especializando-se em serviços específicos. Destaque-se que em todas as mensagens comerciais destes prestadores de serviços é possível se notar a oferta de serviços de Logística reversa atualmente no país.

A Logística Reversa e a Legislação brasileira de responsabilidade estendida aos produtos

Conforme se pode constatar em muitos dos exemplos citados, a regulamentação de legislações relacionadas ao retorno de produtos brasileiros preferencialmente visa produtos que apresentem contaminação direta ao meio ambiente, porém mais recentemente, observa-se regulamentação sobre produtos considerados como inertes em relação ao meio ambiente, mas que apresentem poluição por excesso, ou seja, produtos cujo fluxo reverso é muito baixo em relação ao fluxo direto.

As leis ambientais brasileiras têm adotado o princípio do “poluidor–pagador”, que em linhas gerais preconiza que o agente poluidor do meio ambiente deve ser responsável pelo pagamento da solução do mesmo. Esta orientação legislativa ambiental edstabelece o respeito ao principio de “Extensão da responsabilidade sobre os produtos produzidos” (conhecido como “Extended Product Responsability”), tendo como preceito básico que a responsabilidade do produtor ou da cadeia produtiva sobre o produto não se encerra com a sua entrega ao mercado, mas deve ser estendida após o seu uso ou devolução incluindo-se aí o equacionamento do retorno de seus produtosdando-lhes destino devido, à semelhança de países desenvolvidos. Empresas com visão estratégica de agregação de valor buscam revalorizar os seus retornos, qualquer que seja o caso, minimizando custos e muitas vezes gerando centro de lucros.

Ao longo destes últimos anos percebe-se que emerge um novo cliente econsumidor no Brasil buscando relacionamentos preferenciais com empresas que considerem efetivamente suas necessidades em serviços, redução de custos e condutas de responsabilidade social e ambiental. Esta preocupação ecológica e de responsabilidade empresarial tem dirigido as legislações sobre a cadeia produtiva ou sobre a empresa produtora do produto transferindo-lhes a responsabilidade de

montagem de suas cadeias reversas. A figura abaixo esquematiza o direcionamento legislativo atual brasileiro:

Figura 2 – Reflexos de uma nova perspectiva de um novo cliente

Fonte: Logística Reversa- Meio Ambiente e Competitividade- Leite,2003

(continua com: Dificuldades de implementação da Logística Reversa no Brasil; Estratégias de implantação a serem adotadas para o sucesso da Logística reversa; Mensuração e metodologias usadas para implantação da Logística reversa; Logística de Pós – Venda: oportunidades para o fabricante e para o varejista; Logística de pos- consumo: oportunidades para o fabricante e para o cliente)

Prof. Engº Paulo Roberto LeiteConsultor Empresarial Autor do livro:”Logística Reversa –Meio Ambiente e Competitividade”

NOVOCLIENTE E

CONSUMIDOR QUER• SERVIÇOS• REDUÇÃO DE CUSTOS• RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL

EXIGE

LEGISLAÇÕES AMBIENTAIS

RECAEM SOBRE

CADEIA PRODUTIVA OU EMPRESAS