livro sistemaagrossilvipastoril pdf

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1 edio

Slvio Nolasco de Oliveira Neto Antnio Bartolomeu do Vale Antnio de Pdua Nacif Mariana Barbosa Vilar Jos Batura de Assis

Universidade Federal de Viosa 2010

Ficha Catalogrfica preparada pela Seo de Catalogao e Classificao da Biblioteca Central da UFV

S 623 2010

Sistema Agrossilvipastoril: integrao lavoura, pecuria e floresta / Slvio Nolasco de Oliveira Neto ... [et al.] organizador. Viosa, MG : Sociedade de Investigaes Florestais, 2010. 190p. : il. (algumas col.) ; 21cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-89119-05-4 1. Agrossilvicultura. 2. Florestas. 3. Lavoura. 4. Pecuria. 5. Economia florestal. I. Oliveira Neto, Slvio Nolasco de, 1965-. II Universidade Federal de Viosa. Departamento de Engenharia Florestal. Polo de Excelncia em Florestas. CDO adapt CDD 634.9261

Polo de Excelncia em Florestas Telefone: (31) 3899.2467 E-mail: [email protected] Endereo: Departamento de Engenharia Florestal, sala 225 Campus da Universidade Federal de Viosa CEP 36570-000 Viosa - MG - Brasil

APRESENTAO

O crescimento da populao e da renda, sobretudo nos pases em desenvolvimento, aliado ao processo de globalizao, exige esforo incomum para satisfazer as demandas por alimentos e energia renovvel. Acresa a essa realidade, a necessidade objetiva de medidas concretas para conservao ambiental, entendidas como os cuidados com a gua e o solo, reduo da emisso de gases de efeito estufa, conservao da biodiversidade, entre outros.

Ora, a sociedade brasileira, tipicamente urbana, continuar exigindo segurana alimentar, qual seja, alimentos de qualidade, em quantidade e a baixos custos. Portanto, cabe inteligncia das instituies ligadas ao meio rural a busca de solues que garantam a produtividade e a conservao ambiental. Historicamente, todo grande problema tem sido resolvido com inovao. Plantar para colher e comer foi um largo passo no processo evolutivo, tornando a sociedade independente da coleta na natureza. Nesse contexto, o Sistema Agrossilvipastoril, uma forma de integrar a lavoura, a pecuria e a floresta, tm, para Minas Gerais e para o Brasil, a dimenso de mudana de paradigma do uso do solo e dos fatores de produo e da inteligncia. Por suas sinergias, tais sistemas de produo propiciaro a gerao simultnea de produtos agrcolas,

energticos e bens ambientais, elevando e expandindo a condio do homem do campo como novo produtor rural e prestador de servios ambientais.

A partir da, devero ser criados e utilizados mecanismos para remunerao ao agricultor pelos bens ambientais gerados e pelos servios prestados. Assim teremos, nesta fase, dado nossa contribuio instalao da to sonhada sustentabilidade no processo produtivo rural, recuperando reas degradadas que representam um forte passivo ambiental, transformando-as em ativo ambiental. por esse almejado balano positivo que mobilizamos de forma integrada nossas energias e apresentamos este livro, no intuito de mostrar novos meios de produo sustentvel.

PAULO AFONSO ROMANO Secretrio Adjunto Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuria e Abastecimento

SUMRIO

Introduo Implantao e manejo do componente arbreo em Sistema Agrossilvipastoril

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Culturas agrcolas em Sistema Agrossilvipastoril Manejo de plantas daninhas em Sistema Agrossilvipastoril Sistemas Silvipastoris: uma integrao Pasto, rvore e Animal Anlise tcnica e econmica de Sistemas Agrossilvipastoris

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INTRODUOAtualmente, a discusso sobre a necessidade de se desenvolver e implementar tecnologias que possam contribuir para a melhoria do desenvolvimento do meio rural foi ampliada, uma vez que os problemas associados s questes econmicas e ambientais tornam-se cada vez mais frequentes. A instabilidade dos preos dos produtos e insumos agropecurios, alm de outros aspectos, muitas vezes conduz os produtores rurais a rever seus modelos de produo ou procurar novas oportunidades de mercado. Aliado a este fato, o manejo inadequado do solo tem promovido a diminuio dos ndices de produtividade e, frequentemente, a degradao das reas

agricultveis no decorrer do tempo. Este processo comumente observado naquelas regies onde predominam as pastagens extensivas, que constituem a base da alimentao pecuria no Brasil, uma vez que tradicionalmente so estabelecidas em solos marginais, quando comparados queles usados pela agricultura de gros (MACEDO, 2005). Como consequncias desta condio so crescentes as discusses no sentido de se buscar modelos alternativos de produo, que sejam mais eficientes econmica e ambientalmente. Neste sentido, o Sistema Agrossilvipastoril surge como potencial,

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uma vez que diversifica a produo atravs da consorciao de rvores, culturas agrcolas, pastagens e, ou, animais. Este sistema permite a obteno do produto florestal, mantendo-se atividades agrcolas no incio do desenvolvimento do plantio florestal e, ou, a atividade pastoril at a colheita florestal, respeitando-se, assim, princpios bsicos de manejo sustentvel. Diante das diversas formas de implantao e manejo dos Sistemas Agrossilvipastoris, recentemente ampliaram-se as

discusses a respeito do modelo denominado Integrao LavouraPecuria-Floresta (ILPF), resultado da insero do componente florestal na j praticada Integrao Lavoura-Pecuria (ILP). Nesta integrao, potencial para recuperao/renovao de pastagens degradadas, a espcie forrageira implantada juntamente com a cultura agrcola, podendo, inclusive, compor uma estratgia de manejo rotacionado (KLUTHCOUSKI et al., 2007). A insero do componente florestal na ILP resulta no que hoje se denomina ILPF, a exemplo do modelo estudado por Marques (1990). Os Sistemas Agrossilvipastoris, quando estabelecidos e manejados de maneira adequada, levando-se em considerao aspectos econmicos, ambientais e sociais das propriedades rurais, assim como das regies em que esto inseridas, podem trazer

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benefcios, como diversificao da produo, incremento e melhor distribuio da renda no tempo, conservao do solo e da gua, conforto trmico para animais, melhoria do valor nutricional da forragem, entre outros. A proposta de consorciar rvores com culturas agrcolas no Brasil teve como importante fato cientfico o trabalho de Gurgel Filho (1962), que analisou a viabilidade de se cultivar milho nas entrelinhas de eucalipto. Entretanto, de acordo com Macedo et al. (2010), os primeiros relatos de plantios consorciados de eucalipto com animais foram registrados por Andrade e Vecchi (1918), que relataram experincias com ovinos em pastoreio sob as rvores. A institucionalizao destes modelos de produo teve tambm como importante fato a criao da disciplina Agrossilvicultura, cincia que estuda os Sistemas Agrossilvipastoris, em 1987, no Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viosa, onde inmeras atividades de ensino, pesquisa e extenso foram at ento conduzidas (COUTO et al., 2004). Diante das perspectivas potenciais, Sistema Agrossilvipastoril (rvore + cultura agrcola + pastagem/animal) e Silvipastoril (rvore + pastagem/animal) tem sido objeto de diversas pesquisas, tanto no Brasil (COUTO et al., 1982; RIBASKI, 1987; SANTOS, 1990; COUTO et al., 1994; ANDRADE et al., 2003; LEME et al., 2005; FERNANDES et al.,

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2007; NEVES et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2007; RIBEIRO et al., 2007; SOUSA et al., 2007; CASTRO et al., 2008; NEPOMUCENO e SILVA, 2009; OTTO et al., 2009;) como em outros pases (GIVALDO et al., 1995; BERGEZ et al., 1997; GRADO et al., 2001; LOSADA et al., 2006; LORENZO et al., 2007; YAMAMOTO et al, 2007). Recentemente, tem ocorrido um aumento expressivo no nmero de produtores rurais interessados na atividade florestal. De acordo com a ABRAF (2007), a rea total de plantios florestais estabelecidos por agricultores atravs do fomento foi, em 2006, equivalente a 25% da rea plantada no Brasil. Tal fato ocorre diante a diminuio de oferta de madeira oriunda de florestas nativas, associada ao aumento da demanda de madeira para vrias finalidades, com boas perspectivas para sua comercializao. Alm disso, o interesse em relao adoo de Sistemas Agrossilvipastoris cresce a cada dia no Brasil, destacando-se os trabalhos desenvolvidos pela Votorantim Metais, na regio de cerrado (REIS et al., 2007). Estes sistemas criam mais uma oportunidade de inserir os produtores rurais no mercado de madeira, com base em um modelo de produo que otimiza o uso da propriedade, podendo manter atividades agrcolas e, ou, pecurias tradicionais, juntamente com a atividade florestal.

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Neste contexto, concretiza-se uma nova oportunidade para o setor rural, que ser discutida nesta publicao que se prope a apresentar informaes tcnicas sobre a implantao e o manejo de Sistemas Agrossilvipastoris. Referncias Bibliogrficas ABRAF Associao Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas. Anurio estatstico da ABRAF: ano base 2006. Braslia: ABRAF, 80p. 2007. Disponvel em: . Acesso em: 21 de novembro de 2007. ANDRADE, C.M.S.; GARCIA, R.; COUTO, L.; PEREIRA, O.G.; SOUZA, A.L. Desempenho de Seis Gramneas Solteiras ou Consorciadas com o Stylosanthes guianenses cv. Mineiro e Eucalipto em Sistema Silvipastoril. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6, p.1845-1850. 2003. ANDRADE, E.N.; VECCHI, O. Os eucaliptos: sua cultura e explorao. So Paulo: Typografia Brazil, 228 p.1918. BERGEZ, J.E.; DALZIEL, A.J.I.; DULLER, C.; EASON, W.R.; HOPPE, G.; LAVENDER, R.H. Light modification in a developing silvopastoral system in the UK: a quantitative analysis. Agroforestry Systems, v.37, p.227-240. 1997. CASTRO, A.C.; LOURENO JNIOR, J.B.; SANTOS, N.F.A.; MONTEIRO, E.M.M.; AVIZ, M.A.B.; GARCIA, A.R. Sistema silvipastoril na Amaznia: ferramenta para elevar o desempenho produtivo de bfalos. Cincia Rural, v.38, n.8, p.2395-2402. 2008.

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COUTO, L.; BARROS, N.F.; REZENDE, G.C.; Interplanting soybean with eucalypt as a 2-tier agroforestry venture in south-eastern Brazil. Australian Forest Research, v.12, n.4, p.329-332. 1982. COUTO, L.; GARCIA, R.; VALE, A.B.; TSUKAMOTO FILHO, A.A.; VALE, R.S. A contribuio da Universidade Federal de Viosa para o ensino, a pesquisa e a extenso da agrossilvicultura no Brasil. Agrossilvicultura, v.1, n.1, p.1-13. 2004. COUTO, L.; ROATH, R.L.; BETTERS, D.R.; GARCIA, R.; ALMEIDA, J.C.C. Cattle and sheep in eucalypt plantations: a silvopastoral alternative in Minas Gerais, Brazil. Agroforestry Systems, v.28, p.173-185, 1994. FERNANDES, E.N.; PACIULLO, D.S.; CASTRO, C.R.T.; MULLER, M.D.; ARCURI, P.B.; CARNEIRO, J.C. Sistemas agrossilvipastoris na Amrica do Sul: desafios e potencialidades. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2007. 362p. GRADO, S.C.; HOVERMALE, C.H.; St. LOUIS, D.S. A financial analysis of a silvopasture system in southern Mississipi. Agroforestry System, v.53, p.313-322. 2001. KLUTHCOUSKI, J.; AIDAR, H.; COBUCCI, T. Opes e vantagens da Integrao Lavoura-Pecuria e a produo de forragens na entressafra. Informe Agropecurio, v.28, n.240, p.16-29. 2007. LEME, T.M.S.P.; PIRES, M.F.A.; VERNEQUE, R.S.; ALVIM, M.J.; AROEIRA, R.S. Comportamento de vacas mestias Holands x Zebu, em pastagem de Brachiaria decumbens em sistema silvipastoril. Cincia e Agrotecnologia, v.29, n.3, p.668-675. 2005. LORENZO, M.J.R.; HERNNDEZ, M.P.G.; PANDO, F.J.S. Pasture production under different tree species and densities in an Atlantic silvopastoral system. Agroforestry Systems, v.70, p.53-62, 2007.

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LOSADA, M.R.M.; NES, E.F.; RODRGUEZ, A.R. Pasture, tree and soil evolution in silvopastoral systems of Atlantic Europe. Forest Ecology and Management, v.232, p.135-145. 2006. MACEDO, M.C.M. Degradao de pastagens: conceitos, alternativas e mtodos de recuperao. Informe Agropecurio, v.26, n.226. 2005. MACEDO, R.L.G.; VALE, A.B.; VENTURIM, N. Eucalipto em sistemas agroflorestais. Lavras: UFLA, 2010. 331p. MARQUES, L.C.T. Comportameno Inicial de Paric, Tatajuba e Eucalipto, em Plantio Consorciado com Milho e Capim-Marandu, em Paragominas, Par. 1990. 92 f. Dissertao (Mestrado em Cincia Florestal) Universidade Federal de Viosa, Viosa, 1990. NEPOMUCENO, A.N.; SILVA, I.C. Caracterizao de sistemas silvipastoris da regio Noroeste do Estado do Paran. Floresta, v.39, n.2, p.279-287. 2009. NEVES, C.M.N.; SILVA, M.L.N.; CURI, N.; CARDOSO, E.L.; MACEDO, R.L.G.; FERREIRA, M.M.; SOUZA, F.S. Atributos indicadores da qualidade do solo em Sistema Agrossilvipastoril no noroeste do estado de Minas Gerais. Scientia Forestalis, n.74, p.45-53. 2007. OLIVEIRA, T.K.; MACEDO, R.L.G.; SANTOS, I.P.A.; HIGASHIKAWA, E.M.; VENTURIN, N. Produtividade de Brachiaria brizantha (Hochst. ex A. Rich) Stapf cv. Marandu sob diferentes arranjos estruturais de Sistema Agrossilvipastoril com eucalipto. Cincia e Agrotecnologia, v.31, n.3, p.748-757. 2007. OTTO, G.M.; MOTTA, A.C.V.; REISSMAN, C.B. Adubao nitrogenada em sistema silvipastoril lamo-pastagem de inverno. Revista rvore, v.33, n.3, p.433-441. 2009.

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CAPTULO I Implantao e manejo do componente arbreo em Sistema AgrossilvipastorilSlvio Nolasco de Oliveira Neto1 Haroldo Nogueira de Paiva2

O Sistema Agrossilvipastoril um modelo de Sistema Agroflorestal que possui em sua estrutura os componentes: florestal, agrcola, pastagem e, ou, animal. A composio, assim como os arranjos: espacial e temporal, pode promover inmeras interaes, ecolgicas e econmicas, que devem ser estrategicamente analisadas no planejamento, implantao e manejo do sistema. Neste captulo, so apresentadas informaes bsicas, visando a correta implantao e manejo do componente arbreo em Sistema Agrossilvipastoril, com o objetivo de orientar aqueles interessados nos procedimentos mais adequados. Informaes mais especficas a respeito das espcies agrcolas e forrageiras so abordadas nos captulos 2 e 4 respectivamente.

1 e 2

Professores do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viosa (UFV), [email protected] , [email protected]

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ESCOLHA DE LOCAL

O planejamento do uso da terra um importante procedimento na busca da sustentabilidade, com reflexos na produo e nos aspectos ambientais da propriedade rural. Nesse sentido, a definio dos modelos e das reas destinadas para produo devem contemplar informaes relacionadas aptido do solo, levando-se em considerao a fertilidade, a estrutura fsica, o relevo e a conservao do solo e da gua, com o intuito de otimizar a produtividade. Alm disso, devem-se considerar as exigncias legais referentes s reas de Preservao Permanente e de Reserva Legal. As reas com melhor aptido para produo geralmente so destinadas para culturas agrcolas e capineiras, pelas vantagens econmicas e, muitas vezes, pelo prprio aspecto cultural dos agricultores. Alm da agricultura, a pecuria, outra atividade comum nas propriedades rurais, seja de corte ou de leite, est presente na maioria dos municpios brasileiros (ZOCAL et al., 2007), tornando o pas o maior possuidor de rebanho comercial do mundo (FONSECA et al., 2008). A atividade pecuria no Brasil tem sua base de alimentao animal nos pastos, porm muitas pastagens tem apresentado rpido e acentuado declnio em sua capacidade de suporte (MACEDO, 2005;

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FERREIRA et al., 2008). Diante dessa situao, existe uma ampla discusso a respeito dos impactos ambientais e econmicos, e principalmente, da necessidade de se restabelecer a capacidade produtiva das pastagens degradadas (CARVALHO, 1993; MACEDO, 2005). A implantao de Sistemas Agrossilvipastoris tem sido proposta como alternativa vivel para a diversificao da produo e da renda na propriedade rural, alm de promover benefcios ambientais. Nesse contexto, utilizar reas de pastagens com baixa capacidade de suporte, ou at mesmo degradadas (CARVALHO et al., 2002), surge como primeira alternativa na escolha do local de implantao de Sistemas Agrossilvipastoris nas propriedades rurais. Evidentemente, para a implantao de Sistema

Agrossilvipastoril deve haver interesse do produtor por novas tecnologias de produo. A implantao desse sistema em reas de pastagens proporciona oportunidade de renovar a pastagem e estabelecer um sistema diversificado, com a insero do componente arbreo, que poder gerar novas oportunidades de renda mantendose a atividade pecuria (FERREIRA et al., 2008). Alm disto, a renovao ou recuperao da pastagem, entendida como parte do processo de implantao do Sistema Agrossilvipastoril, poder ter os custos amortizados por meio da renda proporcionada pela cultura

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agrcola, implantada comumente no primeiro ano, ou at mesmo nos seguintes, dependendo do interesse do produtor. A produtividade pode, da cultura agrcola no no Sistema valores

Agrossilvipastoril

eventualmente,

atingir

semelhantes de reas com maior aptido agrcola e em monocultivo. Todavia, na maioria das vezes, a principal funo da cultura agrcola neste sistema melhorar as caractersticas do solo, atravs da correo e fertilizao, visando benefcios para as espcies forrageiras, e gerao de renda capaz de amortizar os custos de implantao. Quando o componente arbreo tem por finalidade a produo de madeira, a profundidade efetiva do solo passa a ter relevncia. Devem-se escolher locais com profundidade efetiva do solo superior a 50 cm, em locais de boa drenagem, e superior a 100 cm, em locais de drenagem deficiente. Caso contrrio, o componente arbreo deve ter outra(s) finalidade(s), tais como produo de frutos, pasto apcola, dentre outros.

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ESCOLHA DE ESPCIES

A escolha de espcies para composio de Sistemas Agrossilvipastoris deve ser conduzida levando-se em considerao os componentes: agrcola, florestal, pastagem e, ou, animal. Em outros captulos, que abordam o manejo de espcies agrcolas e da pastagem, a escolha das espcies discutida individualmente. Neste captulo, sero apresentadas informaes mais detalhadas sobre a escolha de espcie, ou material gentico, do componente florestal. As espcies arbreas podem desempenhar diferentes funes em um Sistema Agrossilvipastoril, tais como produo de madeira, frutos, sementes, resina, ltex, leos e tambm promover o incremento da diversidade, da ciclagem de nutrientes, melhoria do microclima para criao animal, proteo do solo, entre outros servios ambientais. Entretanto, a produo de madeira, na maioria das vezes, tem sido a principal justificativa para o plantio de rvores nas propriedades rurais. Ao decidir pelo plantio de rvores para composio de um Sistema Agrossilvipastoril, o produtor busca novas oportunidades de renda, alm de poder favorecer o ambiente para a produo animal, principalmente daqueles susceptveis ao estresse calrico, como bovinos leiteiros. De acordo com Pires et al. (2007), a produtividade de vacas em lactao pode ser adversamente afetada em ambientes

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com temperaturas elevadas. A adoo do Sistema Agrossilvipastoril promove o sombreamento em reas de pastagem, agregando benefcios ao sistema de produo. A esse respeito importante destacar uma possvel incompatibilidade temporria entre a disponibilidade de pastagem, prioritria para pecuaristas, e o rpido crescimento inicial das rvores, uma vez que a entrada dos animais na rea est associada resistncia destas contra possveis danos causados pelos animais. Tradicionalmente, as espcies florestais mais plantadas no Brasil pertencem ao gnero Eucalyptus, seguidas por outras do gnero Pinus, Acacia e Tectona (EVANS, 1999; SBS, 2006). As justificativas para o maior plantio de espcies de Eucalyptus so vrias, tais como adaptao s diferentes condies edafoclimticas, rpido crescimento, potencial para produo de madeira para usos mltiplos, disponibilidade de mudas,

conhecimento silvicultural e existncia de material gentico melhorado. Para composio de Sistemas Agrossilvipastoris estas espcies tambm apresentam potencial, conforme discutido por Oliveira Neto et al. (2007) e Macedo et al. (2008). Todavia, para estes sistemas, outras caractersticas das rvores tambm so importantes, tais como copa de menor tamanho e densidade, e boa desrama natural. Essas ltimas caractersticas podem favorecer a transmisso de radiao solar at o dossel inferior e, consequentemente, o

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crescimento e produo das espcies agrcolas e forrageiras. O tamanho e a densidade da copa podem variar dentro de um mesmo gnero, como do Eucalyptus (Figura 1) e, juntamente com o espaamento de plantio, podem influenciar de maneira expressiva a cobertura do solo e a transmisso de radiao solar que chega at a sua superfcie.

Figura 1 Vista superior da copa de plantas de E. pellita, E. urophylla e E. camaldulensis, aos 41 meses de idade, nos espaamentos 3,0 x 1,5 m e 4,0 x 3,0 m, em Trs Marias, Minas Gerais (BERNARDO, 1995).

Ao escolher a espcie para produo de madeira, o produtor deve analisar as informaes acima mencionadas, alm de verificar atentamente as oportunidades de mercado, que podem ser vrias,

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como carvo, celulose, lenha, moires, postes, escoras para construo, serraria, entre outras opes. Para estas finalidades existem espcies, ou materiais genticos, mais adequados, conforme apresentado no Quadro 1. Vale sempre lembrar que a escolha da espcie, preferencialmente, deve recair sobre aquelas que apresentam rpido crescimento inicial, buscando diminuir o intervalo de tempo entre a implantao do sistema e a presena de animais.Quadro 1 Algumas espcies arbreas potenciais para plantio em Sistemas Agrossilvipastoris e seus principais usosUsos Lenha e carvo vegetal Espcies mais recomendadas Mimosa scabrella (bracatinga), Anadenanthera peregrina (angico-vermelho), Piptadenia gonoacantha (pau-jacar), Machaerium nictitans (bico-de-pato), Eucalyptus grandis, E. citriodora, E. cloeziana, E. camaldulensis, E. tereticornis, E. urophylla, e hbridos urograndis (E. urophylla X E. grandis) Eucalyptus grandis, E. saligna, E. dunnii, E. viminalis, E. urophylla e hbridos urograndis (E. urophylla X E. grandis), Gmelina arborea Cariniana legalis (jequitib-rosa), Toona ciliata (cedro australiano), Tectona grandis, Eucaluptus grandis, E. saligna, E. urophylla, E. dunnii e hbridos urograndis E. citriodora, E. tereticornis, E. pilularis, E. microcorys, E. cloeziana, E. urophylla, E. paniculata e E. grandis Anadenanthera peregrina (angico-vermelho), Plathymenia foliolosa (vinhtico), Eucalyptus camaldulensis, E. citriodora, E. paniculata, E. urophylla e E. cloeziana Anadenanthera peregrina (angico-vermelho), Acacia mearnsii (accia-negra), Lecythis pisonis (sapucaia), Casuarina equisetifolia (casuarina) Eucalyptus camaldulensis, E. citriodora, E. smithii

Papel e celulose

Mveis

Postes, dormentes, moires Estruturas e construo civil

Taninos

Fonte: Paiva e Vital (2003).

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Atualmente, com a evoluo da silvicultura clonal, a disponibilidade de mudas clonais no mercado tem aumentado, facilitando o acesso aos materiais genticos pertencentes ao gnero de Eucalyptus por produtores rurais interessados (XAVIER e SILVA, 2008). Esses mesmos autores mencionam a necessidade de difundir o uso de clones superiores entre os produtores rurais, porm comentam a respeito da inexistncia de informaes sobre o stio de plantio e o comportamento dos clones naquele local. Sendo assim, importante mencionar que o uso de clones para composio de Sistema Agrossilvipastoril deve passar por criteriosa anlise de viabilidade tcnica. Primeiro, o produtor deve possuir informaes seguras de que determinado clone esteja realmente adaptado s condies locais de clima e solo, assim como das prticas culturais necessrias promoo do seu potencial de produo, como preparo do solo e adubao. Segundo, o produtor deve analisar a viabilidade, ou no, do uso de clones, considerando a possibilidade de utilizao de mudas provenientes de sementes melhoradas, pois ainda no existem procedimentos tcnicos, ou administrativos, que garantam a verdadeira origem e qualidade do material gentico comercializado. Outro ponto a considerar que a maioria dos clones existentes no mercado foi selecionada para fins de produo de carvo vegetal e celulose. Existe, atualmente, crescente interesse pela produo de madeira para serraria e os plantios tm sido

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utilizados com essa expectativa. De maneira crescente, esforos tm sido conduzidos para o desenvolvimento de clones de eucalipto e de tcnicas silviculturais adequadas, visando a produo de madeira para serraria. Alm do eucalipto, outras espcies florestais com potencial para produo de madeira tm sido utilizadas na composio de Sistema Agrossilvipastoril, ou Silvipastoril, no Pas, conforme apresentado no Quadro 2. Na escolha da espcie o produtor deve, tambm, ficar atento para a disponibilidade de mudas, levando-se em considerao informaes a respeito da qualidade fisiolgica e gentica, alm da disponibilidade na poca planejada para o plantio.

Quadro 2 Espcies florestais utilizadas em Sistemas Agrossilvipastoris e Silvipastoril, em diferentes regies do Brasil Espcie Gliricidia sepium Leucaeana leucocephala Prosopis juliflora Swietenia macrophylla Khaya ivorensis Ceiba pentandra Schizolobium amazonicum Bagassa guianensis Nome vulgar Gliricdia Leucena Algaroba Mogno Mogno africano Samama Paric Tatajuba Regies do Brasil Nordeste Nordeste Nordeste Norte Norte Norte Norte Norte Autor Rangel et al. (2001) Ribaski (1994) Ribaski (1987) Dutra et al. (2007) Dutra et al. (2007) Dutra et al. (2007) Marques (1990) e Veiga et al. (2001) Marques (1990)Continua

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Quadro 2 Continuao

Espcie Tectona grandis Swietenia macrophylla Tectona grandis Myracrodruon urundeuva Zeyheria tuberculosa Acacia mangium Acacia mearnsii Pinus spp. Pinus elliottii Grevillea robusta Mimosa scabrella Araucaria angustifolia

Nome vulgar Teca Mogno Teca Aroeira Ip felpudo Accia mangium Accia negra Pinus Pinus Grevlea Bracatinga Araucria

Regies do Brasil Norte CentroOeste CentroOeste Sudeste Sudeste Sudeste Sul Sul Sul Sul Sul Sul

Autor Veiga et al. (2001) Nunes (2003) Daniel et al. (2001) Moreira et al. (2009) Moreira et al. (2009) Carvalho et al. (2001) Lucas (2004) Baggio e Schreiner (1988) Barro et al. (2008) Silva (1998) Ribaski e Montoya (2001) Ribaski e Montoya (2001)

SISTEMATIZAO DO TERRENO

A sistematizao do terreno para implantao de um Sistema Agrossilvipastoril vai depender da estratgia a ser adotada. Se o sistema for incluir cultura(s) agrcolas(s) no(s) primeiro(s) ano(s), a sistematizao do terreno, na maioria das vezes,

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feita com o uso de herbicidas em rea total (Figura 2), com subsequente plantio da(s) cultura(s) agrcola(s) e da espcie arbrea. Se o objetivo for a formao de um Sistema Silvipastoril, o procedimento anterior pode ser adotado, com subsequente plantio da espcie forrageira e da espcie arbrea, ou ento, pode-se aproveitar as plantas forrageiras j existentes, fazendo-se capina, manual ou qumica, na linha de plantio, ou apenas fazendo o coroamento no entorno do local onde ser inserida a muda da espcie arbrea.

Figura 2 Sistematizao do terreno: herbicida em rea total, coroamento e abertura de covas para o plantio da espcie arbrea.

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CONTROLE DE FORMIGAS E CUPINS

As formigas cortadeiras so divididas em dois grandes grupos, as savas (Atta spp.) e as quem-quns (Acromyrmex spp.). Os sauveiros so mais facilmente localizados, devido presena de terra solta no entorno do ninho, ao passo que as quem-quns so mais dificilmente localizadas, pois na maioria das vezes no deixam pistas de sua existncia, principalmente para pessoas menos treinadas. O controle de formigas cortadeiras operao imprescindvel para o sucesso de um Sistema Agrossilvipastoril, uma vez que elas causam prejuzos no s para a espcie arbrea, mas tambm para as culturas agrcolas e para as plantas forrageiras. O controle deve ser feito com antecedncia de 45 a 60 dias da implantao, percorrendo-se toda a rea localizando e combatendo os formigueiros e repetindo o procedimento 15 dias antes do plantio, operaes estas denominadas de combate inicial e repasse, respectivamente. Durante e nos primeiros dias aps o plantio deve-se estar vigilante, percorrendo a rea diariamente, operao denominada de ronda. O objetivo um efetivo controle desses insetos. As formigas cortadeiras necessitam de grande quantidade de forragem para a manuteno do ninho, provocando estragos

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significativos em todas as fases de crescimento e desenvolvimento das espcies arbreas e das plantas forrageiras. Os produtos disponveis no mercado so as iscas granuladas, os formicidas em p e os lquidos termonebulizveis, sendo as iscas granuladas as mais utilizadas. As iscas granuladas podem ser distribudas sistematicamente em toda a rea ou colocadas prximo aos olheiros de alimentao dos formigueiros. No caso de sauveiros, recomenda-se aplicar de 6 a 8 gramas de isca por metro quadrado de terra solta. No caso de quem-quns recomenda-se aplicar esta mesma quantidade, por ninho. Caso seja adotada a estratgia de distribuio sistemtica das iscas, recomenda-se aplicar de 2 a 3 kg de isca por hectare. Os lquidos termonebulizveis so aplicados com o uso de termonebulizadores, apresentando a vantagem de um efetivo controle. No entanto, esse mtodo mais indicado para locais onde haja a ocorrncia de formigueiros grandes, pois seu custo mais elevado, quando comparado com as iscas granuladas, no caso de formigueiros menores. O controle de cupins feito com o uso de cupinicida, o qual aplicado antes do plantio das mudas da(s) espcie(s) arbrea(s). Mudas produzidas em tubetes tm o seu substrato imerso em soluo contendo 0,4 a 0,5 kg do cupinicida para cada 100 litros de gua. Estes 100 litros de soluo podem tratar de 8.000 a 10.000

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mudas. Deve-se tomar o cuidado de fazer esta imerso imediatamente antes da expedio das mudas para o campo, evitando irrigaes aps a aplicao, uma vez que o produto pode ser lixiviado, diminuindo ou at mesmo anulando sua atuao.

PREPARO DO SOLO

Atualmente, crescente a preocupao em relao ao balano ambiental decorrente das diversas atividades antrpicas. Neste contexto, as atividades agropecurias e florestais tambm esto inseridas, uma vez que ocupam extensas reas e cuja implantao e manejo podem produzir balanos positivos ou negativos. No caso dos Sistemas Agrossilvipastoris, esse balano tende a ser positivo. Entre as diferentes operaes realizadas para implantao de projetos agropecurios e florestais, o preparo do solo se destaca pela sua importncia para o adequado estabelecimento das culturas. Entretanto, ao se promover uma interveno no solo podem-se criar condies favorveis para ocorrncia de eroso. Esse processo de degradao ambiental indesejvel, uma vez que pode

comprometer a disponibilidade de gua e nutrientes para as culturas, alm de causar impactos ambientais em nvel local e regional.

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No elenco de alternativas existentes para o preparo do solo de forma ambientalmente mais adequada, destacam-se o sistema de plantio direto para as culturas agrcolas e forrageiras, e o cultivo mnimo, ou preparo reduzido do solo para plantio florestal. O sistema de plantio direto caracterizado pelo revolvimento mnimo do solo e manuteno de resduos (palhada) da cultura antecessora para a realizao da semeadura (FERREIRA et al., 2008). A tcnica do cultivo mnimo ou preparo reduzido do solo para plantios florestais foi concebida prevendo a manuteno dos resduos vegetais (serapilheira e sobras da colheita) sobre o solo, seguido de um preparo localizado, que pode ser, comumente, uma cova (em reas acidentadas) ou um sulco (em reas onde a mecanizao possvel) (GAVA, 2002). Estas tcnicas de preparo do solo so consideradas mais eficientes para conservao do solo e da gua. Tradicionalmente, o Sistema Agrossilvipastoril tem sido apresentado como uma tecnologia alternativa de produo com potencial para agregar benefcios ambientais, principalmente pelo seu carter de sistema permanente, caracterizado pela presena do componente florestal. Entretanto, para que esta condio seja realmente alcanada, as operaes de implantao e manejo devem contemplar tcnicas conservacionistas de solo e gua,

principalmente em reas com relevo acidentado.

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Alm das questes referentes conservao do solo e da gua, outros aspectos tcnicos devem ser analisados para a definio do preparo do solo para cultivo, tais como: caractersticas fsicas do solo, exigncia das espcies, condies do relevo e disponibilidade de mquinas e implementos. No preparo do solo para implantao das culturas agrcolas e forrageiras pode-se optar pelo sistema convencional ou pelo sistema de plantio direto. No sistema convencional a arao e a gradagem so as operaes mais comuns e devem ser cuidadosamente realizadas para se evitar processos erosivos, principalmente em condies de relevo acidentado. Visando agregar benefcios ambientais em sistemas

integrados de produo, Ferreira et al. (2008) recomendam o plantio direto de culturas agrcolas e forrageiras. Nessa proposta, a rea deve ser dessecada e o plantio das espcies agrcolas e forrageiras realizado sem revolvimento do solo com plantadeira mecanizada ou manual, conforme ser discutido em outros captulos. O preparo do solo para o plantio do componente florestal, sempre que possvel, tambm deve ser realizado com prticas de cultivo mnimo. Atualmente, os procedimentos tcnicos mais adotados so a abertura de covas - manual ou semimecanizada com motocoveadoras - ou realizao da subsolagem nas linhas de plantio, realizada em nvel ou perpendicular ao sentido da declividade do

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terreno (Figura 3). O uso da motocoveadora proporciona expressivo aumento no rendimento de abertura de covas, porm o custo de aquisio do equipamento deve ser bem analisado para confirmar a viabilidade econmica dessa prtica. A subsolagem normalmente realizada a 60 cm de profundidade, em reas cujo solo apresenta camadas compactadas que podem comprometer o desenvolvimento do componente florestal. A disponibilidade de equipamentos e os custos de operao devem ser bem observados.

(a)

(b)

Figura 3 Abertura de cova com motocoveadora (a) e subsolador (b).

CORREO E ADUBAO

Todo procedimento de recomendao de correo e adubao deve ser precedido de informaes a respeito das caractersticas fsicas e qumicas do solo. Conforme discutido anteriormente, existe uma tendncia do produtor rural escolher reas menos aptas agricultura para

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implantao de Sistemas Agrossilvipastoris. Para estes so destinadas reas de pastagens e/ou reas ociosas da propriedade. Dessa forma, pode ser comum que as reas destinadas a sua implantao sejam de baixa fertilidade natural. Alm desse aspecto, deve-se considerar a possibilidade de ser estabelecida uma maior demanda de nutrientes, diante do uso mais intensivo do solo. A recomendao de correo e adubao das culturas agrcolas e forrageiras pode ser realizada com base nas informaes da 5a aproximao (CFSEMG, 1999). Na hiptese de o Sistema Agrossilvipastoril ser estabelecido em solos de baixa fertilidade, sugere-se considerar os valores indicados para a mxima produtividade. Este procedimento poder compensar a condio de uso mais intensivo do solo e, tambm, o futuro estabelecimento das espcies forrageiras, normalmente inseridas no sistema aps a cultura agrcola. Entre as funes da cultura agrcola neste sistema destacam-se a promoo das melhorias do solo para o

estabelecimento posterior da pastagem e a possibilidade de amortizao dos custos de implantao. A adubao do componente florestal tambm deve seguir as informaes da 5a aproximao. Para as espcies de eucalipto existem informaes mais especficas, que tambm podero servir de base para auxlio na definio da adubao daquelas espcies que no possuem recomendaes.

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As espcies de eucalipto so bastante tolerantes ao alumnio do solo, dispensando a calagem para a correo da acidez do solo. Entretanto, a aplicao de calcrio pode ser justificada em situaes em que o solo apresenta baixos nveis de clcio e magnsio, aliado ausncia desses nutrientes nos fertilizantes utilizados. Uma conseqncia importante deve ser considerada face possvel correo da acidez do solo para o estabelecimento das culturas agrcolas e forrageiras que iro compor o Sistema Agrossilvipastoril. Isto ocorrendo, o fornecimento de clcio e magnsio, alm de outros fertilizantes utilizados, poder colaborar com a nutrio das espcies florestais. A adubao das espcies agrcolas e forrageiras ser tratada nos captulos especficos para estes componentes do sistema. Para condies de solos com baixa fertilidade natural recomenda-se para o plantio de espcies de eucalipto a seguinte adubao: - Fontes de fsforo: 200 a 300 g de fosfato reativo, aplicado no fundo da cova; 150 g de superfosfato simples, aplicado em covetas laterais na ocasio do plantio ou at 10 dias aps o plantio.

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- Fonte de N e K: 150 g/planta de NPK (20-05-20) + 0,5% de B + 0,5% de Zn, aplicadas em coroamento 40 a 60 dias aps o plantio. 150 g/planta de cloreto de potssio, aplicados em coroamento, nas duas estaes chuvosas subsequentes ao plantio.

- Fonte de micronutrientes: Aplicar de forma associada s formulaes comerciais de NPK, como NPK (20-05-20) + 0,5% de B + 0,5% de Zn; ou do KCl enriquecido com micronutrientes, ou 10 g de Brax, em cobertura, juntamente com o nitrognio e, ou, potssio e 5 g de sulfato de zinco, na cova de plantio.

ARRANJO ESPACIAL

A definio do espaamento entre plantas de fundamental importncia, uma vez que se procura estabelecer uma rea til capaz de proporcionar condies para o adequado crescimento das plantas, visando maximizar a capacidade de produo. A densidade

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populacional e a competio entre plantas por luz, gua, nutrientes e espao, so os aspectos que definiro a capacidade de produo. Alm dos aspectos relacionados produo, o espaamento de plantio poder influenciar os rendimentos operacionais e os custos de implantao, colheita e manejo do sistema de produo. Em sistemas de monocultivo o espaamento de plantio definido levando-se em considerao informaes de apenas uma espcie e o conjunto de variveis dependentes do espaamento. Em um Sistema Agrossilvipastoril a escolha do espaamento de plantio mais complexa, uma vez que diferentes componentes (rvores, espcies agrcolas e forrageiras e, ou, animais) iro dividir um determinado espao. Ao se planejar um Sistema Agrossilvipastoril, importante que o produtor rural entenda o sistema como um todo, ou seja, necessrio pensar estrategicamente de modo a minimizar possveis interaes negativas entre os diferentes componentes que iro ocupar o mesmo espao. Dependendo do interesse do produtor rural, no

planejamento e implantao do Sistema Agrossilvipastoril pode-se priorizar determinado componente, em detrimento a outros, ou seja, caso exista o desejo de se produzir mais madeira em detrimento da cultura agrcola ou do pasto e vice-versa. Nesse sentido, a definio do espaamento de plantio do componente florestal ser

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importante, uma vez que quanto maior o nmero de rvores, menor o espao destinado produo agrcola, ou de forragens, conforme estudos realizados por Passos (1996), Bergez et al. (1997) e Lucas (2004). Nesse contexto, o Quadro 3 apresenta algumas sugestes de espaamento de plantio do componente florestal em Sistema Agrossilvipastoril.

Quadro 3 Espaamentos de plantios para implantao de Sistemas AgrossilvipastorisEspaamento (m) 8 x 1,5 8x4 10 x 4 3 x 1,5 (linhas triplas) + 12 (distncia entre linhas) 3 x 1,5 (linhas duplas) + 12 (distncia entre linhas) 2 x 2 (linhas duplas) + 12 (distncia entre linhas) 3 x 2 (linhas duplas) + 12 (distncia entre linhas) rea por rvore (m ) 12,0 32,0 40,0 11,2 14,0 15,02

Nmero de rvores/hectare 834 313 250 1.111 888 714 667

Como se pode observar, aumentando o espaamento de plantio, o nmero de rvores por rea diminui, podendo influenciar o volume por rea e a dimenso da madeira produzida. De um modo geral, existe uma tendncia de diminuio do volume de madeira

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produzido por rea em funo da reduo do nmero de rvores. Entretanto, o volume pode ser o mesmo, com diferente nmero de rvores, pois em espaamentos mais largos o crescimento em dimetro maior que em povoamentos adensados. O aumento de espaamento de fundamental importncia para que o

sombreamento no comprometa a produo agrcola e da pastagem (REIFSNYDER, 1989; OLIVEIRA et al, 2007), e esta uma observao tcnica que dever ser conduzida e definida com base nos interesses estabelecidos para cada sistema. Outra informao a ser considerada no arranjo espacial do componente florestal em Sistema Agrossilvipastoril est relacionada orientao da linha de plantio. Em reas planas sugere-se estabelec-las no sentido Leste-Oeste, visando promover maior disponibilidade de luz para as espcies que sero estabelecidas nos estratos inferiores do sistema (REIS et al., 2007). Conforme discutido por Reifsnyder (1989), importante mencionar que o efeito da orientao da linha de plantio de rvores sobre a disponibilidade de luz sob a copa das mesmas sofre influncia de outros fatores como a latitude, a poca do ano, a distncia entre linhas de plantio, arquitetura e altura da copa das rvores. Deve-se ponderar, ainda, que muitas plantas forrageiras toleram ou at so beneficiadas por um sombreamento parcial.

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Alm das observaes relacionadas a esses aspectos, deve ser dada especial ateno ao arranjo espacial das rvores, que tambm poder influenciar os processos de competio, assim como diferentes aspectos relacionados ao crescimento das rvores e qualidade da madeira. As espcies arbreas apresentam relao tendenciosa entre espaamento de plantio e crescimento em dimetro, que menor em espaamentos mais reduzidos. Sendo assim, caso o produtor decida pelo plantio em faixas, ao invs de linhas, deve-se definir um espaamento no muito reduzido entre plantas nas faixas, de modo a no comprometer o crescimento das rvores e, nem levar a uma rpida estagnao do crescimento. Caso haja opo por um maior nmero de rvores, implementar o desbaste ao se observar reduo do crescimento em dimetro, conforme ser discutido adiante. A dimenso da madeira uma varivel importante para a definio do seu uso potencial, ou seja, madeira de maior dimenso mais apropriada para serraria, laminao, postes, construes, enquanto aquela de menor dimenso destinada para usos como lenha, carvo, celulose, moires e escoras. Os diferentes usos podero agregar maior ou menor valor madeira.

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Alm da dimenso e densidade da madeira, a presena de ns, madeira submetida a trao e compresso3, e a conicidade do tronco so tambm caractersticas influenciadas pelo espaamento de plantio, ou arranjo espacial, e devem ser consideradas na sua escolha. Recentemente, diante a proposta de arranjos espaciais em fileiras mltiplas (duplas, triplas ou superior) tem-se discutido a tendenciosidade das copas das rvores das fileiras externas a se curvarem para as extremidades. Ocorrendo esse fato, a qualidade da madeira tambm pode ser comprometida. A respeito dessas caractersticas do tronco e da madeira, ainda so incipientes as informaes em Sistemas Agrossilvipastoris, necessitando de pesquisas. Entretanto, o manejo das rvores atravs da desrama e do desbaste, que sero discutidos mais adiante, so prticas conhecidas que podem colaborar com a produo de madeira de melhor qualidade em Sistema Agrossilvipastoril. Outra informao importante para se considerar na escolha do espaamento das rvores em Sistema Agrossilvipastoril est relacionada dimenso de mquinas e equipamentos, tais como arados, grades, adubadeiras, plantadeiras, colheitadeiras, entre outras que podero ser utilizadas. Nesse sentido, a distncia entre as linhas, ou faixas de rvores, deve ter dimenses que permitam a mecanizao, quando esta for possvel e de interesse. Vale sempre3

Madeira anormal produzida em determinado ponto do tronco da rvore que permaneceu sob determinados esforos durante sua formao.

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ressaltar que as mquinas devem atuar a uma distncia mnima de um metro em relao ao caule da rvore. Portanto, se a colheitadeira tiver bitola de 4 m, devem-se adotar espaamentos de seis, dez ou quatorze metros entre as linhas ou fileiras mltiplas de rvores.

PLANTIO

As atividades de plantio em um Sistema Agrossilvipastoril devem levar em considerao o planejamento do arranjo temporal do sistema, ou seja, a sequncia no tempo, dos diferentes componentes e espcies que iro compor o sistema. importante relacionar as condies climticas de cada regio, ao longo do ano, com as exigncias das culturas. A anlise da disponibilidade hdrica sempre um critrio indicador do momento de plantio, sendo o perodo ps-incio das chuvas o mais comumente utilizado para as operaes de plantio. Atualmente, uma estratgia que tem sido utilizada com sucesso o plantio simultneo da cultura anual com uma espcie forrageira, no modelo de Sistema Agrossilvipastoril que se convencionou denominar integrao lavoura-pecuria-floresta (ILPF). Na Zona da Mata de Minas Gerais, experincias com

milho + braquiria + eucalipto e feijo + braquiria + eucalipto tm

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sido conduzidas com sucesso. No Sistema Agrossilvipastoril com milho, braquiria e eucalipto, o plantio das espcies pode ser simultneo, nas primeiras chuvas, enquanto para o consrcio eucalipto, feijo e braquiria, o eucalipto pode ser plantado logo no incio das chuvas (outubro-novembro, no caso da regio da Zona da Mata de Minas Gerais) e o feijo e a braquiria no incio de maro, em decorrncia da melhor poca para produo de feijo na regio (FERREIRA et al., 2009). O plantio consorciado da cultura agrcola com a braquiria tem como principal objetivo aumentar a eficincia de uso da terra e reduzir o tempo de implantao e/ou, reforma da pastagem, ou seja, aps a colheita da cultura agrcola a pastagem j estaria estabelecida na ocasio do incio do prximo perodo chuvoso. Isto permitiria um aproveitamento mais eficiente da disponibilidade hdrica pelas espcies forrageiras e reduziria o tempo para implantao da pastagem. Alm do plantio consorciado simultneo de culturas agrcolas e forrageiras, outras alternativas podem ser adotadas, conforme os plantios seqenciais utilizados nos estudos de Dub et al. (2002) e Vale et al. (2002). Esse assunto abordado com mais detalhes nos captulos que tratam das espcies agrcolas e forrageiras em Sistema Agrossilvipastoril. Para as espcies florestais o plantio deve, prioritariamente, ser realizado no incio do perodo chuvoso. Alm disso, a operao de

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plantio deve ser realizada em dias com boa disponibilidade hdrica no solo, evitando-se perodos de estiagens e elevadas temperaturas. Atualmente, a maioria das mudas de espcies florestais cultivadas produzida em tubetes plsticos, com pequeno volume de substrato e, consequentemente, com baixa capacidade de armazenamento de gua. Em caso de deficincia hdrica, seguidas por elevadas temperaturas, as plantas podem encontrar condies de estresse e comprometer o ndice de pegamento das mudas. Em situaes em que as condies climticas apresentem riscos ao estabelecimento das mudas na poca do plantio, recomenda-se o uso de gel condicionador hdrico (polmeros hidroretentores). Este produto, quando aplicado na cova, promove a manuteno da umidade prxima s razes da muda. O produto deve ser usado em soluo preparada com 1 kg do produto para 400 litros de gua, sendo aplicados cerca de 500 mL dessa mistura por cova. O plantio das mudas das espcies florestais pode ser realizado de forma manual ou semimecanizada, sendo a manual mais comum em projetos de menores dimenses. O plantio

semimecanizado pode ser realizado com a plantadeira manual (Figura 4) ou plantadeira acoplada em trator. A plantadeira acoplada apresenta maiores rendimentos de plantio, porm em condies topogrficas compatveis com o trnsito do equipamento e, comumente, associadas realizao de subsolagem.

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(a)

(b)

(c)

(d)

Figura 4 Sequncia de plantio com uso da plantadeira manual (a muda retirada do tubete; b plantio propriamente dito; c ligeira compactao ao redor da muda; d muda plantada).

O replantio deve ser realizado sempre que necessrio, com objetivo de reduzir possveis perdas por mortalidade ocorridas no plantio. Para esta operao deve-se realizar o levantamento do percentual de mortalidade das mudas que, quando superior a 5%, justifica o replantio. Dependendo do espaamento de plantio adotado, mesmo com ndices menores de mortalidade, justifica-se fazer o replantio. Este procedimento deve ser realizado,

aproximadamente, 30 a 40 dias aps o plantio. importante

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mencionar que o replantio deve ser realizado nas mesmas condies do plantio, ou seja, com boa disponibilidade hdrica no solo e temperaturas amenas do ar.

MANUTENO

A manuteno do Sistema Agrossilvipastoril envolve procedimentos diferenciados para os componentes agrcola, forrageiro e florestal. De modo geral, procedimentos para monitoramento e controle de possveis pragas e doenas devem ser conduzidos para o sistema como um todo. Alm disto, a preveno de incndios, atravs da implantao e manuteno de aceiros, deve ser criteriosamente conduzida. Em relao ao componente florestal, o controle da competio, possvel de ocorrer nas covas, ou nas linhas de plantio, diante da eventual presena de espcies agrcolas ou forrageiras, bem como de plantas daninhas, deve ser uma prioridade. Diversos estudos (BRENDOLAN et al., 2000; SILVA et al., 2000; TOLEDO, 2002; BOCCHESE et al., 2007) discutem a respeito da sensibilidade das espcies arbreas competio. Recomenda-se o controle da vegetao, atravs de capinas, manual ou qumica, em uma faixa mnima de 1 metro, at pelo menos o primeiro ano, conforme

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mostrado na Figura 5. Optando-se pelo controle qumico desta operao, ateno especial deve ser dada a possveis danos causados s espcies florestais decorrentes da deriva de herbicidas.

(a)

(b)

Foto: Mrcia Santos

Figura 5 Detalhes do controle da vegetao nas linhas de plantio do eucalipto em Sistema Agrossilvipastoril sequencial com milho (a) e braquiria (b).

A respeito do efeito da competio de plantas com as espcies florestais em Sistema Agrossilvipastoril ainda so escassas as informaes sobre seu manejo, principalmente quanto faixa e tempo de controle, indicando a necessidade de mais pesquisas. Informaes mais detalhadas deste assunto so abordadas no captulo sobre manejo de plantas daninhas.

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DESRAMA

A desrama ou poda a retirada dos ramos laterais do tronco da rvore, com o objetivo de produzir madeira limpa, ou seja, sem a presena de ns, que mais valorizada para fins de serraria e laminao. Ela pode ocorrer de forma natural, pela senescncia, morte e posterior desprendimento da rvore, ou pode ser artificial, atravs da remoo dos galhos vivos e mortos at determinada altura da base da rvore (MONTAGNA et al., 1976). A desrama natural ocorre por influncia de agentes fsicos e biticos e se processa em etapas distintas, ocorrendo a morte e queda dos galhos, seguidas da ocluso da base do ramo. O incio e a intensidade da desrama natural varia com a espcie e seu grau de melhoramento, com o espaamento adotado, com o formato ou densidade das copas e com as condies edficas e climticas. A presena de ramos laterais pode promover a formao de defeitos na madeira, mais especificamente para aquelas destinadas serraria e laminao, como ns e bolsas de resina. Sendo assim, a desrama, natural ou artificial, pode ser um processo desejvel quando se pretende produzir madeira para essas finalidades. Em relao s espcies florestais cultivadas sabe-se que algumas podem apresentar desrama natural mais intensa, como

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aquelas do gnero Eucalyptus, em comparao a outras como aquelas do gnero Pinus e a Tectona grandis (teca). Entretanto, somente a desrama natural pode no ser suficiente para eliminao dos defeitos da madeira, tornando essencial e necessria a prtica da desrama artificial, de modo a produzir madeira serrada ou laminada de qualidade, com preos superiores. Couto (1995) menciona que, embora muitas espcies do gnero Eucalyptus apresentem desrama natural, sabe-se que a permanncia dos ramos secos nas idades jovens ou a retirada dos mesmos ocasionam problemas de ns na madeira ou bolsas de resina, que diminuem a resistncia fsica das peas e prejudicam a aparncia. Reis e Reis (2006) discutem a respeito da idia equivocada que se tem a respeito da ocorrncia de desrama natural em eucalipto e a necessidade da desrama artificial. De acordo com esses autores, a desrama natural, quando ocorre, nem sempre suficiente para produo de madeira serrada de qualidade, uma vez que os galhos quando morrem nem sempre se desprendem na sua totalidade. Desse modo sugerem que, mesmo que o material gentico apresente galhos finos e intensa desrama natural, no deve ser dispensada a prtica da desrama artificial. Uma observao que deve ser conduzida em Sistema Agrossilvipastoril, refere-se competio entre copas. Quando se compara esse sistema com os monocultivos florestais, tem-se uma condio diferenciada em razo do espaamento de plantio mais

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amplo no Sistema Agrossilvipastoril. Desse modo as copas das rvores estaro submetidas a uma menor competio, promovendo menor sombreamento e morte dos galhos de sua base. Mantendo-se vivos, aumentam seu crescimento e elevam-se as possibilidades de defeitos da madeira. Diante do exposto, ao se implantar um Sistema

Agrossilvipastoril, sugere-se planejar criteriosamente a finalidade da madeira produzida. Atualmente, existem boas perspectivas de uso para serraria, no qual se pode agregar maior valor madeira isenta de ns e, ou, manchas. Considerando a necessidade de realizao da desrama das rvores em Sistema Agrossilvipastoril, deve-se atentar para os procedimentos tcnicos adequados, como intensidade de desrama, idade e nmero de operaes. A realizao da desrama artificial envolve a remoo de ramos mortos e alguns ramos vivos da copa e deve ser conduzida com base na proporo da altura da copa viva e no em funo da altura total da rvore, uma vez que a planta depende da copa viva para seu crescimento (REIS e REIS, 2006). Nesse sentido, e considerando que variaes podero ocorrer em funo das espcies e dos diferentes materiais genticos, bem como espaamento de plantio e clima, informaes na literatura recomendam que a desrama no seja realizada alm de 40% da copa viva.

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A idade para realizao da primeira desrama deve ser ento definida com base no crescimento em altura das rvores e das copas, e no nmero de operaes necessrias para obteno da tora com madeira limpa que, geralmente, de 6 metros. Em plantios bem estabelecidos de Eucalyptus spp., a primeira desrama pode ser realizada entre os 15 e 18 meses de idade, quando a altura das rvores estiver prxima aos 10 m. Essa operao pode ser realizada em todas as rvores do povoamento, exceto naquelas tortas e bifurcadas, com baixo potencial para produo de madeira serrada. A altura da primeira desrama varia de 2,5 a 3 metros, retirando-se todos os galhos verdes e secos, sempre observando o limite mximo de 40% de copa viva a ser removida. Na operao, os galhos so cortados rentes ao tronco, evitando-se deixar chupetas ou tocos de galhos e ferir a casca das rvores. A segunda desrama, at a altura de 6 metros, pode ser realizada quando as rvores apresentarem idade em torno de 30 a 36 meses. Entretanto, essas informaes devem ser entendidas como sugestes gerais e no como regra. Em casos mais especficos, estudos tcnicos devem ser conduzidos, conforme Vale et al. (2002) que, ao avaliarem o efeito da desrama sobre a qualidade da madeira de clones de eucalipto em Sistema Agrossilvipastoril, removeram galhos at 2 m, 4 m e 6 m de altura da planta desde o solo, em uma nica interveno, aos trs

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anos de idade. Estes autores observaram efeito da altura da desrama sobre a densidade bsica da madeira e sobre o nmero de ns. Souza et al. (2007) tambm realizaram desrama em rvores de eucalipto em Sistema Agrossilvipastoril implantado na regio Noroeste de Minas Gerais, sendo a primeira operao realizada at a altura de 2 m, aos 18 meses de idade. A segunda ocorreu aos 30 meses, at 4 m, e a terceira e ltima, aos 42 meses, at 6 m. Ao realizar a anlise econmica do sistema estudado, os autores observaram aumento significativo da viabilidade econmica, medida que se agregou valor aos produtos florestais. Outros estudos foram realizados por Almeida (2003), Pulronik et al. (2005) e Fontan (2007), que avaliaram diferentes intensidades, freqncias e idades de aplicao da desrama em diferentes clones de Eucalyptus spp. Em Sistema Agrossilvipastoril a desrama deve ser realizada visando, tambm, elevar a transmisso de radiao solar (REIS et al., 2007; FONTAN, 2007), de modo a favorecer a produo das culturas agrcolas e, principalmente, forrageiras, diante suas exigncias lumnicas especficas (CASTRO et al., 1999; ANDRADE et al., 2004; BARRO et al., 2008) e sua permanncia no sistema em idades mais avanadas, quando as rvores apresentam maior desenvolvimento de copa. Na Figura 6 so ilustradas condies antes e depois da desrama realizada em rvores de eucalipto em Sistema

Agrossilvipastoril, aos 18 meses de idade. Observa-se que a desrama

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est favorecendo a transmisso de radiao solar at a superfcie do solo, onde encontra-se estabelecida a braquiria.

(a)

(b)

Figura 6 Sistema Agrossilvipastoril com eucalipto antes (a) e depois (b) da realizao da primeira desrama, realizada at 3 metros de altura do tronco, aos 18 meses aps o plantio.

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DESBASTE Desbastes so cortes parciais, feitos em povoamentos imaturos, com o objetivo de concentrar o potencial de produo de um dado local em um nmero cada vez menor de indivduos. Nesta prtica, eliminam-se rvores defeituosas e, ou, em excesso, permitindo mais espao para o desenvolvimento das melhores e aumentando a produo de madeira de melhor qualidade (toras) e, consequentemente, de maior valor econmico. Os objetivos bsicos da realizao do desbaste so: Aumentar a taxa de crescimento em dimetro das rvores, de modo a ter maiores dimetros em menor espao de tempo; Melhorar a sanidade das rvores, ao eliminar aquelas doentes e atacadas por pragas; Diminuir a perda por mortalidade natural; Antecipar receitas, com a possvel venda da madeira colhida; Agregar valor a diferentes produtos por meio da produo de madeira com diferentes dimenses para usos mltiplos; No Sistema Agrossilvipastoril, o desbaste tambm uma estratgia para proporcionar maior passagem de radiao solar, favorecendo o desenvolvimento da pastagem. Nesse sistema essa prtica silvicultural poder ser realizada quando o espaamento de plantio das rvores for reduzido nas linhas e, ou, fileiras (duplas, triplas ou mltiplas).

54

Em Sistemas Agrossilvipastoris, onde normalmente so escolhidas espcies pertencentes classe ecolgicas das pioneiras, o mtodo de desbaste a ser adotado o desbaste por baixo, onde so removidas as rvores pertencentes s classes de copas mais baixas. Outro mtodo que poder ser adotado o desbaste mecnico ou sistemtico, que consiste em remover sistematicamente

determinadas rvores ou linhas de rvores, sem considerar a classe de copa ou a qualidade do fuste. Este ltimo mtodo poder ser o preferido em plantios clonais. Para plantios florestais puros existem vrios mtodos de regulao dos desbastes, que so baseados, na maioria dos casos, na procura de regras sobre o nmero de rvores ou rea basal a deixar aps a interveno. Essa ltima alternativa a mais importante sob o ponto de vista tcnico, pois se o desbaste visa redistribuir o espao para o crescimento das rvores remanescentes, a rea basal o ponto chave em termos de ocupao de espao de crescimento. Para Sistemas Agrossilvipastoris, ainda so incipientes as informaes cientficas a respeito da realizao do desbaste. Uma maneira prtica de verificar o momento de realiz-lo seria atravs do acompanhamento da circunferncia das rvores, a 1,3 m de altura do tronco. Quando o crescimento em circunferncia comear a diminuir sinal de que as rvores iniciam o processo de competio, viabilizando o incio do desbaste. A Figura 7 apresenta

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um esquema de desbaste, considerando um Sistema Agrossilvipastril com fileiras triplas de rvores. Nesta proposta de arranjo espacial das rvores, o Sistema Agrossilvipastoril seria implantado com 1.111 plantas por hectare, semelhante a um povoamento puro em espaamento 3 x 3 m. Aos 4 ou 5 anos, poderia ser realizado o primeiro desbaste sistemtico, eliminando-se 50% (555) das rvores, de forma alternada nas linhas de plantio, mantendo-se assim um arranjo espacial triangular nas fileiras. A madeira produzida nesta ocasio apresentaria menores dimenses e teria maior potencial para produo de lenha, carvo, celulose, moires, escoras, entre outros usos. Aos 8 anos, seria realizado o segundo desbaste e seriam cortadas, aproximadamente, 450 rvores com maiores dimenses e potencial para produo de postes e madeira serrada. A partir dos 12 anos, poderia ser realizado o corte final das 98 rvores, com dimenses mais adequadas para uso em serraria, agregando-se maior valor comercial madeira. Ao se realizar o desbaste o sistema produzir madeiras com diferentes dimenses, em momentos distintos, proporcionando o uso mltiplo do componente florestal que, em determinados casos, seria uma estratgia comercial interessante, uma vez que amplia as oportunidades diante demandas e especificaes do mercado consumidor.

56

(a)

1,5 m1,5 m

12 m (b)

3m

3m

12 m (c)

3m

6m 18 mFigura 7 Ilustrao do arranjo espacial de um Sistema Agrossilvipastoril com rvores estabelecidas em espaamento de fileiras triplas (3 x 1,5 m) + 12 m, com realizao de dois desbastes.

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CONSIDERAES FINAIS

As pesquisas desenvolvidas at o momento tm mostrado que so promissoras as vantagens de se utilizar os Sistemas Agrossilvipastoris, compatibilizando a produo agrcola e pecuria com a produo florestal. Estes sistemas permitem a obteno do produto florestal, mantendo-se atividades agrcolas no incio do desenvolvimento do plantio florestal e/ou, a atividade pastoril at a explorao da floresta, respeitando-se, assim, princpios bsicos de manejo sustentvel da propriedade rural. A adoo de procedimentos tcnicos adequados na implantao e no manejo do componente arbreo de fundamental importncia para o sucesso deste sistema, uma vez que as rvores promovem interaes ecolgicas junto cultura agrcola, a pastagem e o animal. Neste contexto, a escolha da espcie, o arranjo espacial e as tcnicas silviculturais, devem ser criteriosamente conduzidas de modo que as vantagens ecolgicas e econmicas destes sistemas sejam alcanadas.

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CAPTULO II

Culturas agrcolas em Sistema AgrossilvipastorilFrancisco Cludio Lopes de Freitas1 Lino Roberto Ferreira2

Aroldo Ferreira Lopes Machado3 Paula Gracielly Morais Lima do Nascimento4

INTRODUO

No Sistema Agrossilvipastoril, as culturas agrcolas anuais como arroz, milho, feijo e soja, ou bianuais e perenes como a mandioca e a cana-de-acar, so implantadas, normalmente, durante o perodo de desenvolvimento inicial da espcie arbrea e desempenham um importante papel, pois permitem o retorno mais rpido do capital investido na implantao, ou parte dele, alm de viabilizar a recuperao das caractersticas qumicas do solo, atravs1

Eng. Agrnomo, Doutorado em Fitotecnia - Universidade Federal Rural do Semi-rido, [email protected] 2 Eng. Agrnomo, Doutorado em Fitotecnia - Universidade Federal de Viosa, [email protected] 3 Eng. Agrnomo, Doutorado em Fitotecnia - Universidade Federal do Tocantins, [email protected] 4 Engenheira Agrnoma, mestranda em Fitotecnia - Universidade Federal Rural do Semi-rido, [email protected].

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da correo da fertilidade, por meio de calagem e adubaes, beneficiando, principalmente, a pastagem a ser implantada posteriormente. Alm disso, as prticas culturais intensivas, como controle de pragas, doenas e plantas daninhas nas culturas agrcolas, beneficiam as espcies florestais, que com seu desenvolvimento inicial lento, so vulnerveis interferncia exercidas por estes organismos. O plantio das culturas agrcolas realizado entre as fileiras das espcies florestais, que, no Sistema Agrossilvipastoril, so implantadas em espaamentos maiores, de modo a permitir o trnsito de mquinas agrcolas e principalmente a passagem de luz fotossinteticamente ativa para as espcies agrcolas e forrageiras. Diante do exposto, discutiremos a seguir as tcnicas para implantao de culturas agrcolas em Sistema Agrossilvipastoril, que podero ser implantadas em monocultivo, consorciadas entre si, ou com gramneas forrageiras no sentido de produzir palhada para viabilizao do plantio direto na palha no cultivo seguinte ou para formao de pastagem.

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ESCOLHA DA ESPCIE AGRCOLA

A escolha da cultura agrcola a ser implantada no Sistema Agrossilvipastoril depende de diversos fatores como: adaptao s condies ambientais (clima, solo e manejo); caractersticas da propriedade (tradio de cultivo, nvel tecnolgico, assistncia tcnica, disponibilidade de maquinrios, galpes de armazenamento e mo-de-obra, etc); mercado (escoamento da produo e preo) e adaptao ao cultivo consorciado com espcies arbreas e com forrageiras, para formao de pastagens. Dentre as diversas culturas anuais, o milho tem sido a espcie mais utilizada no consrcio com cultivos arbreos (MACEDO et al., 2006; FERREIRA et al., 2007) e com forrageiras para formao de pastagens (JAKELAITIS et al., 2004, Freitas et al., 2005b), principalmente por sua tradio de cultivo, disponibilidade de gentipos comerciais adaptados s diferentes regies ecolgicas do Brasil, e suas inmeras utilidades na propriedade rural. No caso da formao da pastagem realizada atravs da consorciao

milho/forrageira, possvel a entrada de animais para pastejo aproximadamente 60 dias aps a colheita do milho, para ensilagem, e imediatamente, no caso de milho para gros, principalmente se a colheita for manual, como ocorre em reas declivosas (FREITAS et al., 2005b). Entretanto no caso do consrcio milho, forrageira e espcie

72

florestal a liberao da rea para pastejo determinada pelo crescimento da espcie arbrea, ou seja, os animais sero colocados no pasto quando as rvores atingirem um tamanho suficiente para no serem prejudicadas pelos animais. No caso do eucalipto isso acontece entre um e dois anos (Figura 1). O ideal comear o pastejo com animais menores at que as rvores atinjam o tamanho ideal.

( a)

(b)

Figura 1. Cultivo consorciado de milho com braquiria na entrelinha do eucalipto, por ocasio da colheita do milho (a). Pastagem de braquiria, em condio de pastejo, formada atravs da consorciao de milho na entrelinha do eucalipto, um ano aps a implantao do Sistema Agrossilvipastoril (b).

A

soja

uma

cultura

promissora

em

Sistema

Agrossilvipastoril, principalmente pela sua expanso em rea cultivada e adaptao a solos de baixa fertilidade, podendo anteceder a pastagem, em sistema de rotao de culturas, uma vez que sua palhada decompe-se rapidamente, liberando os nutrientes no solo, em especial o nitrognio. Seu cultivo mais indicado no

73

primeiro ano de implantao do sistema, uma vez que em consorciao com forrageiras, tem como fator limitante a dificuldade de colheita mecanizada. Outra leguminosa interessante, para o Sistema

Agrossilvipartoril, o feijo, que, assim como a soja, pode anteceder o pasto em sistema de rotao de culturas, uma vez que seus restos culturais decompem-se rapidamente, liberando os nutrientes para a forrageira. No caso de consrcio, o feijo mais indicado do que a soja, sobretudo se a colheita for manual. Alm das culturas mencionadas, diversas outras podem fazer parte do Sistema Agrossilvipastoril, conforme adaptao s condies edafoclimticas de cada regio, do potencial de consorciao, da plasticidade fenotpica, do interesse e poder econmico do produtor e do mercado consumidor para os produtos, como o caso de culturas como arroz, mandioca, algodo, girassol e outras. Nos primeiros anos, as plantas arbreas ainda esto pequenas e no afetam a produtividade das culturas. No entanto, para que a cultura no prejudique o crescimento das mudas arbreas, no primeiro ano, necessrio manter uma faixa de pelo menos 1,0 m de cada lado das fileiras, sem implantao de culturas, a partir do segundo ano, esta distncia pode aumentar em funo da projeo da copa.

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Segundo Moniz (1987), a cultura do milho em associao inicial com o eucalipto uma prtica conveniente, por no afetar a sobrevivncia da espcie florestal. Alm disso, de acordo com esse autor, o cultivo do milho na entrelinha da espcie arbrea reduziu os custos de implantao florestal em at 80%. Castillo (1977) constatou que o consrcio milho x eucalipto, diminuiu os custos do reflorestamento em torno de 60%. A espcie arbrea beneficiada pelos tratos culturais, mais intensivos, empregados nas culturas anuais, como manejo de plantas daninhas, pragas e doenas, conforme pode ser observado na Figura 2, que ilustra o plantio de eucalipto em monocultivo e tambm consorciado com a cultura do feijo, onde se verifica benefcio da consorciao com a cultura do feijo, sobre o crescimento das mudas de eucalipto.

(a)

(b)

Figura 2. Muda de eucalipto cultivada em monocultivo (a) e consorciada com a cultura do feijo (b).

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A implantao das culturas entre as fileiras das espcies arbreas no apresenta grandes variaes do monocultivo, no que diz respeito ao preparo do solo, adubaes e tratos culturais, no entanto, maiores cuidados devem ser dados ao manejo de plantas daninhas, quando se faz uso de herbicidas, devido possibilidade de intoxicao das espcies florestais. Ser discutida a seguir, passo a passo, a implantao das culturas anuais.

CORREO DO SOLO

A maioria dos solos brasileiros, especialmente os destinados s pastagens, apresentam pH baixo, alto teor de alumnio e so pobres em clcio e magnsio, necessitando de calagem para que possam ser implantadas as culturas anuais. A correo do solo deve ser feita, preferencialmente, at trs meses antes do plantio, baseada nos resultados encontrados na anlise do solo. No caso do sistema de plantio direto, a quantidade a ser aplicada deve ser inferior recomendada a partir da anlise do solo para o sistema de plantio convencional. Isto acontece porque no sistema de plantio direto na palha, o corretivo (calcrio, agrosilcio e outros), quando indicado pela anlise do solo, deve ser aplicado

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sobre a superfcie do solo, sem revolvimento para incorporao (arao e gradagem). Nessa situao, a quantidade de corretivo deve ser menor, pois, no havendo incorporao, o seu efeito, inicialmente, se restringe s camadas superficiais. Assim, recomendase a aplicao da metade da necessidade recomendada para o sistema convencional. Portanto, as recomendaes sugerem no exceder a 3,0 t/ha. Caso haja necessidade de doses maiores, necessrio fazer a correo em dois anos consecutivos, colocando-se o restante da dose no segundo ano. No entanto, nos solos arenosos a dose do corretivo no deve ser superior a 2,0 t/ha. Na Tabela 1 esto os resultados da aplicao de calcrio superficialmente, na quantidade de 2,0 t/ha em duas glebas (dois solos distintos), cerca de trs meses antes do plantio, sendo as amostragens estratificadas nas profundidades de 0-5, 5-10 e 1020 cm, antes da calagem e aps a colheita do milho. Nestas condies verifica-se que no solo de morro com estrutura granular e maior porosidade, houve efeito do calcrio em todos os perfis avaliados, com elevao dos nveis de clcio e magnsio, reduo do alumnio trocvel e elevao dos nveis de pH e de saturao de bases. Para o solo de baixada, com maior densidade, o comportamento foi semelhante ao observado no morro, no entanto, o efeito do calcrio se restringiu camada superficial, de 0-5 cm.

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Tabela 1 Resultado das anlises de solo realizadas antes da calagem e depois da colheita do milho para diferentes profundidades nas reas de morro e baixada (Freitas et al., 2005a).Gleba Profundidade poca da pH (cm) amostragem mg/dm P3

cmolc/dm Ca2+

3

K

Mg

2+

Al

3+

SB

CTC (T)

V%

M.O. (dag/kg)

Morro Morro Morro Morro Morro Morro Baixada Baixada Baixada Baixada Baixada

0-5 0-5 5-10 5-10 10-20 10-20 0-5 0-5 5-10 5-10 10-20

Antes Depois Antes Depois Antes Depois Antes Depois Antes Depois Antes

4,14 3,9 60 0,36 0,31 1,24 0,83 4,09 1,7 31 0,01 0,09 1,40 0,18 4,11 0,8 23 0,01 0,07 1,12 0,14 4,63 0,8 31 0,33 0,32 1,10 0,7

8,85 9,3 7,35 2,4 6,14 2,3 9,0 7,9

4,88 4,26 3,56 4,1

5,29 1,8 51 2,07 1,49 0,18 3,69 11,14 33,1 6,14 4,74 1,1 41 0,87 0,66 0,81 1,63 10,03 16,3 4,91

5,10 2,4 75 2,85 1,45 0,20 4,49 11,09 40,6 7,46 5,85 2,9 54 3,73 2,80 0,00 6,67 12,07 55,7 7,23 5,04 2,5 51 1,95 1,07 0,45 3,15 10,20 30,9 5,81 4,95 1,4 41 1,91 0,95 0,24 2,96 4,74 1,2 35 1,25 0,57 0,51 1,90 7,76 38,2 5,14 6,75 28,2 3,65

Baixada 10-20 Depois 4,81 1,3 29 1,27 0,51 0,21 1,85 6,15 30,2 3,36 pH em gua; P e K: extrator Mehlich-1: Ca, Mg e Al: extrator KCl-1 mol/L; CTC pH 7 (T); V%: ndice de saturao de bases; Matria Orgnica (M.O.): C. Org. x 1,724 Walkley-Black

PREPARO DO SOLO Para a implantao das culturas em Sistema

Agrossilvipastoril podem ser adotados diversos modelos para o preparo do solo. A escolha do modelo vai depender das condies do solo das reas a serem implantadas. Normalmente, o preparo do solo

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realizado para efetuar o controle de plantas daninhas e eliminao de impedimentos de natureza qumica e fsica, de forma a criar condies propcias para a germinao das sementes e para o desenvolvimento das plantas. Para cumprir este objetivo nem sempre necessrio que o produtor realize o preparo do solo em toda a rea de cultivo. Isso vai depender das condies relacionadas ao tipo de solo e suas propriedades fsicas e qumicas, bem como outras caractersticas relacionadas rea de plantio e cultura. Diante do exposto, ser discutido a seguir o preparo do solo nos sistemas de plantio convencional e plantio direto na palha, com suas respectivas particularidades. No sistema de plantio convencional, o preparo do solo feito em duas etapas, que so o preparo primrio e o secundrio. O preparo primrio consiste naquela operao mais grosseira, realizada com arado ou grade pesada, que visa revolver o solo, para o controle das plantas daninhas, servindo tambm, para incorporao de corretivos, fertilizantes, resduos vegetais. Nessa etapa, os implementos mais utilizados so: arado de discos ou de aivecas e grade aradora. O arado de discos o mais utilizado por no embuxar com os resduos vegetais, porm o arado de aivecas revolve melhor o solo. J a grade aradora, apresenta alto rendimento operacional,

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realizando o preparo do solo em tempo muito menor e com baixo consumo de combustvel. Alm da eficincia em solo com grande quantidade de resduos vegetais (plantas daninhas e restos culturais). No entanto, este equipamento apresenta algumas desvantagens como menor penetrao no solo, incorporando os corretivos somente profundidade de 10 a 13 cm. A principal desvantagem pode ser observada somente a longo prazo, pois o uso da grade continuamente pode provocar a formao do "p-de-grade", que uma camada compactada logo abaixo da profundidade de corte da grade, aproximadamente 10-15 cm. Essa camada impede a penetrao de razes e reduz a infiltrao de gua no solo, o que, por sua vez, ir favorecer ao maior escoamento superficial e, conseqentemente, eroso do solo. No preparo secundrio realizado o destorroamento e nivelamento do solo utilizando-se grades niveladoras. Normalmente, essa operao ocorre em duas etapas. A primeira, logo aps o preparo primrio, tem o objetivo de realizar o destorroamento e incorporar de forma mais eficiente matria orgnica e o correti