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Conselho Federal de Contabilidade

ABORDAGENS TICAS PARA O PROFISSIONAL CONTBIL

Braslia-DF 2003

EDITOR CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE SAS Quadra 5 - Bloco J - Ed. CFC Telefone (61) 314-9600 - Fax (61) 322-2033 - www.cfc.org.br Braslia - DF 70070-920 TIRAGEM: 4.000 exemplares Distribuio gratuitaABORDAGENS TICAS PARA O PROFISSIONAL CONTBIL FICHA TCNICA AUTORES Antonio Carlos Ribeiro da Silva Bibiani Borges Dias Francisco Jos dos Santos Alves Jos Joaquim Boarin Nicolau Schwez Silene Rengel Cota Simone Cristina de Castro Wojcicki REVISO Maria do Carmo Nbrega PROJETO GRFICO E DIAGRAMAO Fabola Rech CAPA Duetto Propaganda

FICHA CATALOGRFICA C755a Conselho Federal de Contabilidade Abordagens ticas para o profissional contbil/ Conselho Federal de Contabilidade. - - Braslia: CFC, 2003. 90 p. 1. tica - Profissional Contbil. 2. tica Profissional Legislao. I. Ttulo. CDU 174:657Ficha catalogrfica elaborada pela Bibliotecria Lcia Helena Alves de Figueiredo - CRB 1/1.401

Abordagens ticas para o Profissional Contbil

ApresentaoO Projeto de Integrao da Profisso Contbil vem, gradativamente, sendo compreendido pelos contabilistas que integram cada uma de suas clulas especficas. Para que seja forte, qualquer profisso deve reforar a sua base de sustentao intraclasse, aguando a convivncia e fortalecendo os elos de ligao entre seus integrantes. Dentro dessa filosofia, destacamos o Projeto CFC de Integrao Acadmica, dinamizado pela Comisso de Integrao Acadmica, que nasceu com a finalidade de integrar as faculdades de Cincias Contbeis e, mais especificamente, os professores de Contabilidade em todo o Pas. Em sua primeira reunio, a Comisso de Integrao Acadmica, ao traar os objetivos macro e delinear as metas a serem perseguidas no projeto, manifestou-se pela importncia da produo de um livro que viesse a dar suporte aos professores das disciplinas de tica e Exerccio Profissional. A pouca bibliografia disponvel nesta rea foi o argumento suficiente para que a idia fosse, de imediato, por mim acatada. Esta a origem deste livro ABORDAGENS TICAS PARA O PROFISSIONAL CONTBIL, um tema intrigante, que ora colocamos disposio dos dirigentes da profisso contbil, das faculdades de Cincias Contbeis e, obvio, dos professores de Contabilidade de todo o Pas e aos demais interessados na temtica. uma contribuio do Conselho Federal de Contabilidade, por meio do Projeto CFC de Integrao Acadmica, pesquisa e discusso sobre a tica em carter geral e, num contexto especfico, aplicvel ao profissional de contabilidade. Registro, aqui, meus sinceros agradecimentos aos professores que compem a Comisso de Integrao Acadmica e autores deste livro: Antonio Carlos Ribeiro da Silva, Bibiani Borges Dias, Francisco Jos dos Santos Alves, Jos Joaquim Boarin, Nicolau Schwez, Silene Rengel Cota e Simone Cristina de Castro Wojcicki, pela importante contribuio dada, no s ao mundo acadmico, mas a toda a profisso contbil.

Braslia-DF, dezembro de 2003. Alcedino Gomes Barbosa Presidente

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Abordagens ticas para o Profissional Contbil

Prefcio muito gratificante para mim, como Coordenador da Comisso de Integrao Acadmica do Conselho Federal de Contabilidade, em prefaciar este livro. Chama a ateno o interesse que desperta o tema tica na Aldeia Globalizada. Aparece como um sintoma de ausncia. Diariamente, vivemos e nos defrontamos com violentas transgresses nessa rea, tanto no plano terico como no mbito da vida pessoal e profissional; j no sabemos o que bem viver ou o que o melhor, mas falar em tica est na ordem primeira do dia. Ora, no se trata de um tema to simples como veremos nesse livro, especialmente porque a exigncias ticas da profisso contbil tm razes nas aspiraes da modernidade e so afetadas pela ruptura do ethos cultural. A forma de entrelaamento entre o fazer, apresentar e orientar sofreu um deslocamento atual em funo da crise na base normativa da sociedade moderna. Nunca demais lembrar regras bsicas de conduta funcional pessoal e profissional. Embora quase que intuitivas, as regras ticas muito simples, mas importantes, s vezes, so esquecidas. Devem ser colocadas com o sentido prtico de definir aquilo que certo ou errado, em se manter uma conduta firme e determinada permeada por parmetros plausveis centrados na conduta tica e, como conseqncia, a realizao pessoal e profissional no mago do rumo correto. Portanto, com a colaborao de todos o membros desta Comisso, e aqui os meus sinceros agradecimentos aos queridos colegas pelo trabalho e desempenho na elaborao desta obra, est a o Livro Abordagens ticas para o Profissional Contbil, para servir como um guia a todos os profissionais da Contabilidade que esto envolvidos em propagar a importncia da tica no contexto contbil para a valorizao e o desenvolvimento desta grandiosa profisso.

Contador Professor Nicolau Schwez Coordenador da Comisso de Integrao Acadmica do CFC

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Membros da Comisso de Integrao Acadmica do CFCNOMENicolau Schwez (Coordenador) - Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Vice-Presidente de Fiscalizao do CRCRS Jos Joaquim Boarin - Advogado - Professor da Fundao Escola de Comrcio lvares Penteado - Ex-Diretor da Faculdade de Cincias Econmicas de So Paulo Antnio Carlos Ribeiro da Silva - Professor da Universidade Estadual de Feira de Santana-BA - Professor da Fundao Visconde de Cairu - Professor da Faculdade Baiana de Cincias (FABAC) - Doutorando em Cincia de Educao - Mestre em Contabilidade - Pedagogo Bibiani Borges Dias - Mestre em Gesto de Negcios pela Universidade Federal de Santa Catarina - Professora da Universidade Salgado de Oliveira Simone Cristina de Castro Wojcicki - Ps-graduada em Percia Contbil pela Universidade Federal de Mato Grosso - Professora da Universidade de Cuiab Silene Rengel Cota - Conselheira do CRCSC - Professora da Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itaja - Professora da Fundao Educacional Hansa Hammonia Francisco Jos dos Santos - Professor da Universidade Estcio de S

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SumrioCaptulo I A tica ....................................................................... 9 1.1. Consideraes Preliminares ................................................. 9 1.2. Conceitos ............................................................................. 9 1.3. As Teorias que Explicam os Conceitos ticos ................... 15 1.4. tica Profissional ............................................................... 16 Capitulo II A tica na Profisso Contbil ............................... 19 2.1. Importncia da tica na Formao Profissional .................. 24 2.2. Perfil tico-Profissional Contbil ......................................... 25 Captulo III Abordagem Prtica - Estudo de Casos ............... 29 Consideraes Finais ................................................................. 38 Referncias Bibliogrficas ......................................................... 39 Legislao sobre tica Profissional do Contabilista ............... 41 Dados da Fiscalizao Nacional - Sistema CFC/CRCs ........... 59 1. Consideraes Iniciais .......................................................... 61 2. Objetivos da Atividade Fiscalizadora ..................................... 61 3. Estrutura Operacional e Programas de Fiscalizao ............ 61 4. Anlise do Desempenho Fiscalizatrio ................................. 62 5. Das Planilhas de Dados ....................................................... 63 Dados dos CRCs .......................................................................... 65 Dados do CFC ............................................................................. 83 Conselhos Regionais de Contabilidade ................................... 87 Diretoria do Conselho Federal de Contabilidade ................... 89

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Captulo IA TICA1.1. CONSIDERAES PRELIMINARES A discusso tica tem sido muito presente nos dias atuais. A humanidade encontra-se em crise moral refletida pela violncia, egosmo, indiferena para com o seu semelhante, desejo desenfreado pelo poder, no respeitando as diferenas entre os indivduos, causando assim uma crise tica tanto no mbito pessoal quanto no profissional. O que se pretende com este trabalho CONSCIENTIZAR A CLASSE CONTBIL para exercer com dignidade e honradez as aes profissionais, como sabiamente colocado pelo presidente do Comit de Integrao Latino Europa Amrica (CILEA), Sr. Oscar Juan Montaldo, para que sejamos profissionais integrais, necessrio que divulguemos e apliquemos, perante a sociedade, os princpios e valores ticos da profisso. Permeados por este desejo que desenvolveremos uma reflexo sobre a importncia e o sentido da tica para nossa profisso, que no desempenho das funes, deve-se ter qualidades e atributos que so indispensveis para desenvolver o trabalho com eficcia. Essas finalidades e virtudes vo traar o perfil do profissional tico, contribuindo para o enriquecimento de sua atuao profissional. O Prof. Lopes S (1996, p. 151) afirma que as virtudes bsicas profissionais so aquelas indispensveis, sem as quais no se consegue a realizao de um exerccio tico competente, seja qual for a natureza do servio prestado. 1.2. CONCEITOS Etimologicamente, a palavra tica vem do grego thos e significa, analogamente, modo de ser ou carter, como forma de vida tambm adquirida ou conquistada pelo homem. O homem aparece no centro da poltica, da cincia, da arte e da moral. No dicionrio Aurlio (1986), tica o estudo dos juzos de apreciao que se referem a conduta humana suscetvel de qualificao do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto. Assim, na viso tica, no existe uma definio absoluta do bem e do mal; esses termos podem9

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apresentar conceitos diferentes quando analisa a cultura, crenas, ideologias e tradies de uma sociedade, comunidade ou grupo de pessoas. Contudo, o esclarecimento do que seja certo ou errado, bom ou mau, ajuda a servir de guia para aquele que, em algum momento, se achar perdido. No se pode obrigar a algum a ser tico, isso depender dos valores morais de cada pessoa, mas o que se pode fazer deixar explcito aquilo que certo e o que no , assim caber a cada um a escolha do caminho a seguir. Para Vasquez (1999, p. 23), tica ... a teoria ou cincia do comportamento moral dos homens em sociedade, ou seja, a cincia de uma forma especfica do comportamento humano. Nesta viso, percebe-se que a tica volta-se para a racionalidade humana, uma vez que o homem deve questionar-se e descobrir quais so os seus limites quanto aos direitos e deveres, a sua essncia, aos seus valores e crenas, aos seus princpios e a sua capacidade de viver em grupo com outros seres. Para Nalini (2001), a tica a cincia do comportamento moral dos homens em sociedade. Neste conceito, o autor conceitua tica como uma cincia, uma vez que ela possui objeto de estudo e leis prprias e o seu objeto de estudo a moral. A palavra moral vem do latim mores que significa costumes. Portanto, a tica o ramo da Filosofia que tem como objeto a moral, um dos aspectos do comportamento humano. Logo, a tica configura-se como sendo a cincia do comportamento dos homens em sociedade. A tica tambm definida como conjunto de normas adquiridas pelo hbito reiterado de sua prtica.O complexo de normas ticas se alicera em valores, normalmente, designados valores do bem. As normas so regras de condutas. Lopes S (2000,p.33), em seus escritos, comenta que: A tica um estado de esprito quase hereditrio e vem da formao e do meio social no qual a criana teve sua personalidade moldada, burilada para ingressar no convvio da sociedade, que o que popularmente se denomina bero; e moral adquirida por meio da educao formal e da experincia de vida. Moore (1975) aborda que tica uma palavra de origem grega, com duas origens possveis. A primeira a palavra grega thos, com e curto, que pode ser traduzida por costume; a segunda tambm se escreve thos, porm com e longo, que significa proporiedade do carter. Clolet (1986), em outra abordagem sobre tica, afirma que a mesma tem por objetivo facilitar a realizao das pessoas, ou seja, que o ser humano chegue a realizar-se a si mesmo como tal, isto , como pessoa. A tica se ocupa e pretende alcanar a perfeio do ser humano.10

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Senge (1994, p. 4-6) ao referir-se sobre tica diz: A tica existe em todas as sociedades humanas, e talvez, mesmo entre nossos parentes no-humanos mais prximos. Ns abandonamos o pressuposto de que a tica unicamente humana. A tica pode ser um conjunto de regras, princpios ou maneiras de pensar que guiam, ou chamam a si a autoridade de guiar, as aes de um grupo em particular (moralidade), ou o estudo sistemtico da argumentao sobre como ns devemos agir (filosofia moral). Alguns filsofos contriburam para o entendimento da tica hoje, como Rousseau, no sculo XVII. Ele afirmou que a conscincia moral e o sentimento de dever so inatos, so a voz da natureza e do dedo de Deus em nossos coraes. Essas idias permeiam as aes que se pratica e as crenas que se tm. J Kant aspirava que no existe bondade natural. Somos egostas, ambiciosos, destrutivos, cruis, vidos de prazeres que nunca nos saciam e pelos quais matamos, mentimos, roubamos, sendo necessrio do dever, da obrigao, para nos tornarmos seres morais. Scrates baseava sua tica numa convico pessoal, adquirida por meio da tentativa de compreender a justia das leis. J Descartes prope uma adoo de uma moral provisria, que cuidasse, inicialmente, das questes tericas, resolvendo as prticas do jeito que desse. Talvez, ainda, simplesmente, ignorar a tica, cuidando apenas de assuntos tcnicos: conseguir dinheiro, progredir profissionalmente, etc. A tica um assunto que tem se tornado corrente no dia-a-dia das pessoas, pois a sociedade enfrenta graves desafios no incio desse sculo XXI, desafios esses evidentes nos comportamentos sociais entre os indivduos, na busca desenfreada do ter sem respeitar o seu semelhante. Como bem aborda Dalai Lama, a tica necessria para o novo milnio o Amor ao Prximo, j h mais de dois mil anos preconizada por Jesus Cristo. Se se associar a tica ao carter do indivduo, a mesma algo que se forma pelo convvio, ocorrendo, desde a infncia, com a presena marcante da famlia em compartilhar valores morais que, por certo, estaro presentes na vida adulta. Depois da famlia, os convvios com outros indivduos e grupos os faro pautar-se em normas de comportamento, que so indicadores adequados, ou no, certo ou errado, bem ou mal. Chau (1995, p. 24), ao abordar sobre os valores como padres de conduta comenta: A existncia de um agente consciente, reconhecendo a diferena entre os pares de opostos, condio sine qua non da conduta11

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tica. E a conscincia moral no s reconhece essas direnas, como julga o valor dos atos e das condutas luz de seus valores, assumindo as responsabilidades deles. Mediante os conceitos expostos, procura-se situar a tica dentro de um contexto enquanto ramo do conhecimento e em uma concepo moderna Giovanni apud Lopes de S (2000, p. 44) como A cincia que, tendo por objeto essencial o estudo dos sentimentos e juzos de aprovao e desaprovao absoluta realizados pelo homem acerca da conduta e da vontade humana. A tica encontra-se relacionada com a virtude; essa palavra origina-se do latim vis, que significa fora, energia; Lopes S (1996, p.65) relata que Na contuda tica, a virtude condio basilar, ou seja, no se pode conceber o tico sem o virtuoso como princpio, nem deixar de apreciar tal capacidade em relao a terceiros. A virtude do homem est relacionada com a prudncia, justia, fortaleza e temperana, conforme Quadro 1. Quadro 1 - Virtudes Bsicas Prudncia A reta noo daquilo que se deve fazer ou evitar, exigindo o conhecimento dos princpios gerais da moralidade e das continncias particulares da ao. o ato de respeitar os direitos e os deveres; a disposio de dar a cada um o que seu de acordo com a natureza, a igualdade ou a necessidade; a base da vida em sociedade e da participao na existncia comum; a Justia implica a combinao de diversas atividades, com a imparcialidade, a piedade, a veracidade, a fidelidade, a gratido, a liberdade e a eqidade. Firmeza interior contra tudo o que molesta a pessoa neste mundo, fazendo vencer as dificuldades e os perigos que exercem a medida comum. Regra, medida e a condio de toda virtude; o meio justo entre o excesso e a falta; exige sensatez baseada num pensamento flexvel e firme; encontra-se atrelada continncia, sobriedade, humildade, mansido e modstia.

Justia

Fortaleza

Temperana

Fonte: Adaptado de Camargo (2001, p.35)

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Atrelados s virtudes, existem os vcios que representam aes ou sentimentos contrrios mesma; implica a combinao de diversos sentimentos como o orgulho, a avareza, a gula, a luxria, a inveja, a preguia e a ira, que influenciaro e explicitaro o carter de homem. O Quadro 2 comenta cada um desses sentimentos. Quadro 2 - Os principais vcios Orgulho Procura desordenada de excelncia; o orgulhoso se valoriza demais e, normalmente, diminui e menospreza os outros. Procura desordenada de bens materiais; o avarento acumula riquezas, fazendo uso de meios nem sempre lcitos e, principalmente, centralizando todo o ser neste esforo. Procura desordenada dos prazeres de comer e beber; causa o estrago da prpria sade, prejudicando, muitas vezes, atividades profissionais e familiares. Procura desordenada dos prazeres sexuais; vive com fixao e obsesso, procurando satisfaes que at implicam desrespeito a si mesmo e a outros. Tristeza pelo bem alheio como um obstculo a prprio bem, como se isso impedisse de ele tambm crescer e aparecer; ele sofre e at gostaria que ningum fosse superior a si. Recuo diante do trabalho e do esforo; falta-lhe aquela energia para assumir atividades dentro de mtodos adequados que lhe assegurem a construo de valores. Violncia contra aquilo que resiste sua vontade, procurando vingana; a pessoa irada no raciocina, mas age tempestivamente.

Avareza

Gula

Luxria

Inveja

Preguia

Ira

Fonte: Adaptado de Camargo (2001, p.37)

Peixe (2000, p. 96) relata o ABC da antitica e de valores morais, sendo: a) AMOR varia conforme o pacto que se estabelece em toda relao.13

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b) BELEZA EXTERIOR valorizar as aparncias como forma de beleza. c) CASA & FAMLIA no respeitar, individualmente, as diferenas: pai ou me que, para compensar as frustraes do que no realizou, impe ao filho carreira que este no desejou... d) CULTURA usar o nome feito para autopromover-se, mediante lobby, presso de grupo e at suborno... e) DIREITO fazer acordo contra o cliente. Falsear, inventar dados e provas. f) ENSINO arvorar-se de dono da verdade; falar do alto em vez de aprender junto; no preparar para a vida. g) F utilizar a religio como meio de vida para se manter, economicamente, explorando os humildes, desprovidos do saber, ou seja, pouco instrudos. h) FIDELIDADE no ser fiel aos seus princpios; no ser leal com a famlia, amigos, empregados, colegas e com o seu pas. i) GRANDEZA no saber conviver com a vitria, com a glria, para ter humildade para aprender a aprender. j) HONESTO no ser sincero, franco, enganar... k) IDEALISTA o falso idealista, que defende princpios enquanto demonstra outra faceta na ao. l) INTEGRIDADE no ter inteireza moral, retido, honestidade, imparcialidade, ou seja, agir segundo suas convices em prol de si mesmo. m)JUSTO no ser justo e no admitir seus erros. n) JORNALISMO incentivar preconceitos, prejudicar, perder de vista o bem comum, preocupar-se pouco ou nada com os mais fracos, desprezar valores de sua gente. o) LEI desobedecer e tentar burlar as leis, como regra natural de comportamento individual na sociedade. p) MEDICINA tratar o paciente no como ser humano, mas como objeto de estudo... q) NEGCIO agredir a natureza na busca de lucro a curto prazo, sem planejamento e desenvolvimento auto-sustentado, visando as geraes futuras. r) OUVIR no saber ouvir sem fazer prejulgamento. s) POLCIA julgar e dar julgamento diferente aos cidados, conforme a classe social, cor, profisso e etnia. t) PROPAGANDA usar a mulher como objeto e a criana para vender, criando falsas necessidades. u) QUALIDADE oferecer produtos que no possuem a qualidade divulgada. v) RESPEITO no respeitar o prximo na sua individualidade.14

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w) SINAL desrespeitar os sinais de trnsito. x) TRABALHO encar-lo como emprego e no como trabalho para manter a perenidade do negcio, ou seja, no se esmerar. y) URBANO degradar reas pela m utilizao do solo. Observa-se ento que a tica possui um centro de ateno: o ser humano, moldado de virtudes e vcios, o qual capaz de agir de acordo com as suas necessidades individuais e coletivas. Esse agir deve ser avaliado dentro de um contexto histrico e evolutivo do homem na sociedade. Assim os conceitos ticos podem ser explicitados utilizando-se de vrias teorias pregadas por vrios estudiosos em escalas de tempo diversificada na histria. 1.3. AS TEORIAS QUE EXPLICAM OS CONCEITOS TICOS As teorias que explicam os conceitos ticos tentam nortear, cada uma, o pensamento e o comportamento que deve possuir aquele indivduo que segue essa ou aquela teoria, possuindo assim cada um, no mnimo, uma teoria para respaldo das suas condutas. A primeira Teoria o Fundamentalismo, que identifica os preceitos ticos externos ao ser humano, no permitindo que o indivduo encontre o certo ou o errado por si mesmo. O exemplo tpico desta teoria a Bblia Sagrada, que funciona como um livro de regra de f e prtica para aqueles que depositam a sua confiana nos seus escritos; os seguidores cumprem as determinaes externas sem questionar. Essa teoria tambm acontece quando grupos de indivduos definem determinados preceitos a serem seguidos por todos sem a oportunidade e a possibilidade de aceitar ou no; so as regras para serem cumpridas. A segunda Teoria a do Utilitarismo, que prope que o conceito tico seja elaborado com base no critrio do maior bem para a sociedade como um todo. Com base nessa teoria, a conduta do indivduo, diante de determinado fato, depender daquela que gerar um maior bem para a sociedade. Podemos tomar como exemplo a Guerra do Iraque, em que o Presidente dos Estados Unidos, George Bush, poder afirmar que as suas condutas esto dentro dos melhores padres ticos, pois a presena de Saddam Hussein causa um mal para a sociedade. A terceira Teoria a do Dever tico. Apregoada por Emanuel Kant (1724-1804), prope que o conceito tico seja extrado do fato de que cada um deve se comportar de acordo com os princpios universais. Kant props que estes conceitos ticos sejam alcanados da aplicao de duas regras: 1) Qualquer conduta aceita como padro tico deve valer para todos os que se encontrem na mesma situao,15

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sem excees. 2) S se deve exigir dos outros o que exigimos de ns mesmos. Como exemplo, pode-se citar que todos os profissionais de contabilidade no deve omitir dados do Balano Patrimonial por eles elaborados. Esta norma de conduta universal para todos os profissionais independente do porte da empresa e dos servios que so prestados. Existem crticas a essa teoria, afirmando da dificuldade em encontrar o carter universal em algumas relaes. A quarta Teoria a Contratualista. Tendo como precursores John Locke (1632-1704) e Jean Jacques Rousseau (1712-1778), parte do pressuposto que o ser humano assume com os seus semelhantes a obrigao de se comportar de acordo com regras morais estabelecidas para o convvio social. Dessa forma, os conceitos ticos seriam extrados das regras morais que conduzissem perpetuao da sociedade, da paz e da harmonia do grupo social. Essa Teoria no atentou-se para a mutabilidade das regras morais aplicadas a determinados grupos sociais. Se um grupo de contadores resolvessem omitir as informaes contbeis para os seus clientes, teriam as suas aes de acordo com esta teoria, legitimados sob o ponto de vista tico. A quinta Teoria a do Relativismo. Com base nessa teoria, cada pessoa deveria decidir sobre o que ou no tico, com base nas suas prprias convices e na sua prpria concepo sobre o bem e o mal. Dessa maneira, o que tico para um pode no o ser para outro. Com essa teoria, muitos tentam justificar os seus prprios erros dentro de uma concepo coletiva. Como exemplo, um profissional de contabilidade poder informar diretoria dados distorcidos do Balano Patrimonial da empresa e achar que correto agir desta forma para no preocupar o administrador sobre a real situao. Conclui-se que a tica tem como base fundamental conscientizar o homem em fazer o bem e evitar o mal. O homem ao fazer a opo pelo bem ou o mal ir ponderar o senso comum entre a humanidade como: no roubar, matar, mentir, enganar e destruir, e, ainda, analisar o contexto cultural, ideolgico e as tradies que permeiam a sociedade ou o grupo de pessoas o qual est inserido. 1.4. TICA PROFISSIONAL Ao se buscar o conceito de tica Profissional poder chegar a uma srie de normas que devem levar o indivduo aquisio de hbitos e formao do carter, incluindo os deveres e os direitos que cada profissional deve possuir para viver harmonicamente com os seus pares. Passos (2000) acredita que pesquisas tm revelado que o com16

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portamento tico ainda o melhor caminho; que a integridade uma fonte de sucesso para as empresas, que ganharo a confiana dos clientes e o comprometimento dos funcionrios. O que se percebe a cada dia so as empresas interessadas por condutas ticas para o reconhecimento pela sociedade dos seus feitos, aumentando assim a sua lucratividade pela confiana demonstrada pelos clientes, oportunizando maior crescimento das suas vendas ou de seus servios. As normas das empresas so criadas pelos indivduos que nela trabalham, logo, se estas no so respeitadas pela empresa, na realidade, so os profissionais que nela exercem suas atividades que transgridem suas normas ticas, mesmo que em nome da empresa. Essas normas constitudas nas empresas perdem suas qualidades ticas quando visam conduta de um grupo e no conduta do geral, momento em que tero suas qualidades ticas aprovadas. Teixeira (1998, p. 15) comenta que a tica constitui o respaldo filosfico sobre o qual so desenvolvidos os padres de comportamentos e as atividades, tambm representando o parmetro sob o qual se analisam conceitos, perfis e a relao de compatibilidade entre si e entre eles e a organizao. Os comportamentos e atividades estruturados pela organizao para servirem de condutas ticas para todos s tero, por certo, sentido se forem construdos coletivamente e, no, impostos por uma minoria, pois o que acontece, na prtica, fingir que cumpre as regras e o outro fingir que sabe que esto sendo cumpridas. Chiavenato (2000, p.55) comenta que, historicamente, A cultura ocidental contm uma marca qualificada como individualista, desde que calcada no interesse por si mesmo e no desenvolvimento de regras neste sentido. O que se percebe, atualmente, nos Estados Unidos, um retorno a algumas questes de natureza moral, a partir de fatos que vo desde escndalos financeiros at os negcios de uma maneira geral. Como pode-se lembrar da empresa Enron, e nesse bojo encontram-se dois fatores por demais importantes para a interpretao do modus operandi das organizaes: a) os resultados econmicos e financeiros de decises apenas especulativas; b) o baixo nvel e a conscincia profissional que se reflete, dentre outros, no desencadeamento de conflitos, quando da avaliao com os valores subjacentes ao indivduo. Com essas idias, as relaes entre as organizaes e os seus funcionrios devem partir de uma ao poltica e moral, entre bem individual e bem coletivo. Ricoeur apud Teixeira (1998, p.41) defende que Toda ao em um conjunto organizado deveria se assentar num triplo interesse: o interesse por si prprio, o interesse pelos outros, o interesse pela instituio.17

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As organizaes, atualmente, tm aumentado o seu interesse por atitudes ticas, pois o que tem sido observado quando a mesma negligenciada passa a vigorar a desconfiana entre empresas, a falta de lealdade dos empregados e o uso da tecnologia a servio da fraude, colocando em jogo o destino da organizao. As organizaes precisam, perante os seus funcionrios e clientes, apresentar, com clareza, suas regras morais, ou seja, os princpios bsicos de conduta que devem orientar as relaes interpessoais. Passos (2000) salienta que os empresrios tomem conscincia que s a intuio no basta, que alm dela e do bom senso, precisam de preparao adequada, atualizada e objetiva, isso porque nos momentos de crise torna-se tnue o limite entre as questes morais e as tcnicas, entre o que devido e indevido, o que deve ser feito ou no ser feito, porque se a tica direito e vontade de justia, ela tambm, arte que deve ser aprendida dia aps dia. Diante do exposto, importante salientar que os profissionais devero imbuir-se de uma postura tica perante as organizaes, no se deixando manipular por atitudes inescrupulosas que venham, mais tarde, prejudicar a sua carreira profissional. Portanto, a educao do carter do sujeito moral deve dominar, racionalmente, impulsos e desejos, orientando a vontade rumo ao bem e felicidade, para conduzilo como membro da coletividade sociopoltica, atuando, harmonicamente, entre o carter do sujeito virtuoso e os valores coletivos. Lopes S (2000, p.40) diz que Falar sobre tica falar de uma parte essencial no s na vida pessoal, como tambm na vida de qualquer profissional. Com isso, o profissional contbil precisa ter um comportamento tico invejvel e que seja ntegro nas suas relaes para que contribua, de forma positiva, com a imagem da classe. Sem dvida, a tica direito e vontade de Justia, porm, pode ser entendida como arte que deve ser aprendida dia aps dia. um investimento que vale a pena; um grande patrimnio para os indivduos, bem como para a vida de uma empresa.

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Captulo IIA TICA NA PROFISSO CONTBILO profissional da contabilidade, diante de tantos problemas que se apresentam no cotidiano, precisa de muita perseverana, tenacidade e honradez para no cometer erros que venham a denegrir a imagem de toda uma categoria. A Discusso tica para a Profisso Contbil requer um conjunto de regras de comportamento do contabilista no exerccio de suas atividades profissionais. Qualquer profissional deve conhecer a sua profisso e no seria diferente para o contabilista, que deve conhecer os aspectos tcnicos, as prerrogativas e as regras de conduta moral da profisso, como bem aborda Handel (1994, p. 20). No possvel nem permissvel a um profissional ter todos os conhecimentos tcnicos para exercer com maestria a profisso contbil se este mesmo profissional no desenvolver suas atividades baseado num comportamento tico em relao aos demais colegas e a terceiros interessados. Discutir conduta tica no exerccio profissional uma tarefa complexa em face da amplitude do tema. Envolve uma srie de princpios e valores individuais nem sempre condizentes com a proposta de um conjunto de regras a serem respeitadas por todos indistintamente. No desempenho de suas atividades, todo profissional, alm do aprendizado tcnico constante, precisa assimilar conceitos ticos e empenhar-se em vivenci-los durante toda a sua carreira profissional. Camargo (1999, p. 32) afirma que a tica profissional intrnseca natureza humana e se explicita pelo fato de a pessoa fazer parte de um grupo de pessoas que desenvolvem determinada ao na produo de bens ou servios. Considerando ser a tica o exerccio da responsabilidade do indivduo e que cada profisso deva estar a servio do social, Lopes S (1996, p. 131) argumenta que a ausncia de responsabilidade para com o coletivo gera, como conseqncia natural, a irresponsabilidade para a qualidade do trabalho. Cada profissional atribui valores s suas aes e a tica est diretamente relacionada a esses valores, aos princpios da dignidade, do respeito s pessoas, da boa educao, no possuindo, pois, carter legal. Na viso do Institute of Certified Management Accountants e o Institute of Management Accountants, os padres de conduta tica a serem seguidos pelos profissionais de contabilidade esto relaciona19

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dos com as responsabilidades de desenvolverem suas atividades de acordo com o grau de competncia, confidencialidade, integridade e objetividade, conforme Quadro 3. Quadro 3 - Responsabilidades dos contadores ao desenvolverem suas atividades profissionais Competncia - Manter um nvel adequado de competncia profissional por meio do desenvolvimento contnuo de seus conhecimentos e habilidades. - Realizar suas obrigaes profissionais em consonncia com as leis, regulamentaes e padres tcnicos. - Elaborar demonstrativos completos e transparentes, e, aps as devidas anlises, fazer recomendaes.

Confidencialidade - Privar-se de evidenciar informaes confidenciais obtidas ao longo de seus trabalhos, exceto quando autorizadas, ou quando forem legalmente obrigados a tal. - Informar os subordinados com os devidos cuidados a respeito da confidencialidade da informao obtida na execuo dos trabalhos e monitorar suas atividades a fim de assegurar o sigilo da informao. - Privar-se de utilizar informaes confidenciais para obter vantagens ilicitamente, sejam elas de interesse pessoal ou de terceiros. Integridade - Evitar conflitos de interesses e aconselhar as devidas partes quanto a qualquer possvel conflito. - Privar-se de ingressar em qualquer atividade que prejudique o cumprimento de suas obrigaes ticas. - Recusar qualquer presente, favor ou hospitalidade que influencie ou venha a influenciar suas decises. - Privar-se de corromper os verdadeiros objetivos da organizao e da tica. - Reconhecer e comunicar as limitaes profissionais. - Comunicar informaes favorveis, bem como as desfavorveis, e suas opinies como profissionais. - Comunicar a informao de forma clara e objetiva. - Evidenciar aos usurios toda informao relevante que, provavelmente, interferiria na compreenso dos demonstrativos, notas explicativas e recomendaes apresentadas.

Objetividade

Fonte: Adaptado de Horngren, Foster e Datar (2000)

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Abordagens ticas para o Profissional Contbil

Quando se fala de grupos profissionais ou de categoria profissional, esses valores podem ser ampliados, estruturados e sistematizados por meio dos cdigos de tica profissional, indicando limites em relao aos quais o profissional pode medir as suas possibilidades e as limitaes a que dever se submeter. A respeito do assunto, Camargo (1999, p. 34) posiciona-se dizendo que os cdigos de tica por si no tornam melhores os profissionais, mas representam uma luz e uma pista para seu comportamento; mais do que ater-se quilo que prescrito literalmente, necessrio compreender e viver a razo bsica das determinaes. Dessa forma, nem sempre o profissional que est atendendo ao seu cliente, aplicando todos os conhecimentos e os meios disponveis para resolver os problemas apresentados, estar comportando-se eticamente, caso, ao fornecer a melhor soluo, no esteja adotando todos os princpios e as regras da Moral. Observa-se, segundo Lopes de S (2000, p. 100), que dentre todas as profisses a do Contabilista seja uma das que exija do profissional, a todo instante, um apelo ao comportamento tico, pois: a atividade contbil aquela que atravs de seus relatrios, registros, demonstrativos e principalmente pela assinatura da responsabilidade tcnica pelo servio prestado, que expe aos dependentes e usurios da contabilidade tais informaes. O que se percebe que o contabilista apresenta a terceiros, que so usurios de suas informaes, o resultado de seu trabalho e que deve transmitir confiana para o usurio. Caso essas informaes no sejam fornecidas com base no conhecimento tcnico e na tica, podero trazer srios problemas, como: a) ao empresrio contratante dos trabalhos, informaes que podero lev-lo a tomar decises prejudiciais empresa; b) aos scios, acionistas ou proprietrios, prejuzos na avaliao de seus patrimnios; c) aos credores ou fornecedores de crditos, prejuzos pelo eventual no-recebimento de seus direitos; d) ao Pas, pelo no-recebimento de impostos, o que causar danos a todos de maneira geral. A tica necessria para o contabilista deve pautar-se no Cdigo de tica da Profisso onde esto inseridos os problemas especficos da profisso e as maneiras de resolv-los de forma clara e idnea. Deve-se salientar tambm que nenhum cdigo consegue contemplar todas as situaes, por este motivo. No momento de alguma deciso que no se encontra clara no Cdigo, devem prevalecer o bom senso e a honradez para o bem-estar da categoria profissional. O Cdigo de tica do Contabilista brasileiro iniciou-se em 1950 no V Congresso Brasileiro de Contabilidade, em Belo Horizonte, sendo21

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necessrios vinte anos de amadurecimento e estudos. Somente em 1970, com a Resoluo CFC n 290/70 que se efetivou o primeiro Cdigo de tica dos Contabilistas brasileiros. A segunda verso s aconteceu em 1996, por meio da Resoluo CFC n 803/96, que se encontra em vigor. Este Cdigo estabelece regras de conduta para com a profisso, os colegas de profisso e a sociedade, baseado em quatro grandes tpicos: a) Dos Deveres e Proibies; b) Dos Honorrios Profissionais; c) Dos Deveres em Relao aos Colegas e Classe; d) Das Infraes Disciplinares. O Sistema CFC/CRCs tem procurado, nos termos da Legislao vigente, fazer com que os profissionais da contabilidade se pautem pela tica profissional quando do seu relacionamento com clientes, usurios de informaes, colegas de classe, rgos tributantes, punindo, quando necessrio, aqueles que no se conduzem de acordo com a tica e a moral necessrias profisso. Quando o contabilista comete infraes previstas no Cdigo de tica, estas so analisadas e julgadas pela Cmara de tica e Disciplina do Conselho Regional de Contabilidade, sendo os processos relatados por um conselheiro, que submete seu parecer e voto para uma Cmara que analisar a proposta do relator. Aps deciso da Cmara de tica e Disciplina, o processo com sua deciso ser homologado pelo Tribunal de tica e Disciplina (TRED) do CRC, que manter ou reformular a deciso da Cmara. Sendo o contabilista apenado, caber a este recurso ao Tribunal Superior de tica e Disciplina (TSED) do Conselho Federal de Contabilidade, em que a deciso do CRC e o Recurso apresentado pelo contabilista sero, novamente, apreciados, podendo, em Plenrio do TSED, ser mantida a deciso ou reformulada. Sempre que a punio ao contabilista por infrao ao Cdigo de tica no for de Censura Pblica, a penalidade ser sigilosa, no podendo ser informada a terceiros, mas somente ao infrator. A tica profissional tem como premissa maior o relacionamento do profissional com seus clientes e com os outros profissionais, levando em conta valores como a dignidade humana, auto-realizao e sociabilidade. Um profissional, no desempenho de suas funes, deve ter muitas qualidades e atributos alguns indispensveis para desenvolver o seu trabalho com eficincia e eficcia. O reconhecimento profissional se constri passo a passo, desde a escolha da profisso, que segundo Lopes S (1996, p. 137) implica o dever do conhecimento e o dever do conhecimento implica o dever da execuo adequada, e estende-se por toda a vida profissional. Alcanar a devida valorizao da profisso requer competncia e dedicao de cada profissional envolvido e, atualmente, mais do que22

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nunca, exige atitudes comportamentais ticas para com a sociedade, o que pode ser o diferencial do sucesso ou do fracasso, principalmente, naquelas profisses que protegem, direta ou indiretamente, os interesses da sociedade, como, por exemplo, a profisso contbil. Nesse aspecto, Lopes S (1999, p.120) afirma: A profisso contbil consiste em um trabalho exercido habitualmente nas clulas sociais, com o objetivo de prestar informaes e orientaes baseadas na explicao de fenmenos patrimoniais, ensejando o cumprimento de deveres sociais, legais, econmicos, to como a tomada de decises administrativas, alm de servir de instrumentao histrica da vida e da riqueza. Certamente, por prestar servios e informaes relevantes sociedade como um todo que o profissional contbil deve transmitir confiana na execuo de seus trabalhos. Essa confiana se conquista com o domnio tcnico especfico e atualizado, e com o mesmo grau de importncia, por meio da conduta tica do profissional. A grande misso do profissional contbil desempenhar suas atividades com honestidade, independncia e lisura, embasando-se sempre nos Princpios Fundamentais de Contabilidade, nas Normas Brasileiras de Contabilidade e no Cdigo de tica da Profisso, o qual, segundo Lisboa (1996, p. 61), alm de servir como guia ao moral, possibilita que a profisso de contador declare seu propsito de: a) cumprir as regras da sociedade; b) servir com lealdade e diligncia; c) respeitar a si mesma. Franco (1991, p. 273) comenta: Uma das marcas distintivas da profisso contbil a sua responsabilidade para com o pblico. salutar lembrar que os contadores so mais notados por serem honestos do que por serem confiveis. Como contadores, precisamos reconhecer que nosso comportamento tico envolvido no apenas pelo que vemos como tico, mas pelo que visto por terceiros que nos observam. tica, o julgamento do que certo ou errado, bom ou ruim. A tica tem como objetivo o estudo da conduta humana e tem como objetivo a padronizao das condutas com fins de diminuir os conflitos que possam surgir da convivncia em sociedade e no desenvolvimento profissional. Desta forma, nascem os cdigos de tica profissionais, para tentar padronizar procedimentos diante de determinadas situaes cotidianas, cujo objetivo ser divulgar o senso de justia que todo profissional deve ser possuidor, sempre lutando por uma sociedade mais justa. Conclui-se que a tica profissional representa um conjunto de normas que direciona a conduta dos integrantes de determinada profisso. O Cdigo de tica do Profissional Contbil tem a finalidade fundamen23

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tal de regulamentar o exerccio da profisso, pois dar conscincia da viso do certo e do errado e um bom desempenho de suas funes por parte dos profissionais, evitando, muitas vezes, que estes venham a incorrer na prtica de atos ilcitos, que se tenta evitar com a utilizao do Cdigo de tica, atos que poderiam ser considerados normais, dependendo do ambiente onde se convive. 2.1. IMPORTNCIA DA TICA NA FORMAO PROFISSIONAL Em sentido amplo, profisso significa trabalho que se pratica com freqncia a servio de terceiros, ou seja, a prtica constante de um ofcio. Segundo CUVILLIER, A. Manuel (1947, p.358), pela profisso que o indivduo se destaca e se realiza plenamente, provando sua capacidade, habilidade, sabedoria e inteligncia, comprovando sua personalidade para vencer obstculos. Segundo Lopes S (2000, p.130), a profisso contbil consiste em um trabalho exercido habitualmente nas clulas sociais, com o objetivo de prestar informaes e orientaes baseadas na explicao dos fenmenos patrimoniais, ensejando o cumprimento de deveres sociais, legais, econmicos, to como a tomada de deciso administrativa, alm de servir de instrumentao histrica da vida da riqueza. Diante do exposto, a contabilidade considerada como uma das profisses mais antigas do homem e evoluiu junto com a sociedade, estando, atualmente, entre as mais requisitadas; tem o objetivo de prover informaes e orientaes aos diversos usurios, destacandose pelo seu papel de proteo vida da riqueza das clulas sociais e pela capacidade de produzir informes qualificados sobre o comportamento patrimonial. A internacionalizao dos mercados tem provocado transformaes no cenrio em que a contabilidade atua; o que se observa uma exigncia por informaes claras e transparentes. Neste contexto, o profissional de contabilidade torna-se uma pea chave desses novos conceitos e posturas. Para inserir a concepo dos princpios de tica, faz-se necessrio mudanas radicais, partindo, principalmente, da formao dos futuros profissionais de contabilidade. Cada vez mais, as Academias devem adotar como poltica de ensino os preceitos da tica, inserindo esta filosofia na formao dos futuros contabilistas. Nos dias atuais, a informao uma das fontes mais valiosas de produo de riquezas, e o contabilista, que responsvel por levantar, estudar e analisar tais informaes, tem a obrigao de ter uma conduta responsvel, confivel e tica perante a sociedade. O contabilista precisa ter uma conscincia profissional que pos24

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sa guiar seus trabalhos, e virtudes que sirvam de parmetros para a realizao de tais tarefas, baseando-se na conscincia de que por levar as clulas sociais eficcia que se consegue o bem-estar nas naes e nas comunidades em geral. Viver em um pas marcado por um nmero to alto de infraes ticas, a exemplo da corrupo, torna-se essencial para os futuros contabilistas a concepo de que a tica vital no exerccio profissional. Neste contexto, torna-se fundamental a busca do conhecimento, pois em uma sociedade onde a concorrncia cada vez maior, faz-se necessrio que os profissionais de contabilidade busquem a atualizao constante, pois gerar conhecimento ser uma das maneiras de exercer a tica perante o mercado de trabalho. 2.2. PERFIL TICO-PROFISSIONAL Para que desenvolva com eficcia suas atividades, muitas so as virtudes que um profissional precisa ter; algumas dessas virtudes so inerentes ao seu carter, outras podem ser conquistadas. Em verdade, mltiplas so as exigncias para caracterizar um profissional tico e competente numa sociedade que se encontra em conflito moral, com tantas indiferenas, onde a questo da justia est intimamente ligada tanto responsabilidade social quanto questo da honestidade. Lopes S (1996, p.161) considera algumas virtudes como bsicas e que so comuns a quase todas as profisses, afirmando: Virtudes bsicas profissionais so aquelas indispensveis, sem as quais no se consegue a realizao de um exerccio tico competente, seja qual for a natureza do servio prestado. Destacam-se algumas virtudes referenciais a qualquer profisso e que podem ser consideradas imprescindveis para todo profissional da contabilidade: Honestidade est relacionada com a confiana que se depositada, com a responsabilidade perante o bem de terceiros e manuteno de seus direitos. uma atitude que no admite meio termo, relatividade ou tolerncia. A honestidade no se trata apenas de um costume, de um comportamento, mas de uma conduta que obriga ao respeito e lealdade para com o bem de terceiros. Ser honesto, integralmente, um dever tico de qualquer profissional; no existe meia confiana, como no existe meia honestidade. necessrio ser honesto para que exista a prtica do respeito ao direito de nosso semelhante. Se um contabilista utiliza em seu favor o dinheiro a ele entregue25

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pelo cliente, para pagar impostos, fere a tica profissional pelo rompimento da honestidade. Se o mesmo profissional omitir informaes nas demonstraes contbeis de uma empresa, est lesando a tica. Em suma, pode-se elencar vrias possibilidades de aes que o profissional cometeria e estaria ferindo o Cdigo de tica e denegrindo a imagem da categoria perante a sociedade. Zelo parte de uma responsabilidade individual, baseada na relao entre o sujeito e o objeto de trabalho. Cada tipo de tarefa exige seu prprio zelo e sua prpria forma de caracteriz-la. A exemplo de um contabilista encarregado de cuidar de uma escrita contbil, tem a seu cargo, geralmente, todas as tarefas fiscais e que envolvem declaraes, pagamentos de tributos, etc; e j um outro profissional da contabilidade, que incumbido de realizar uma anlise para fins de avaliao de um ativo imaterial de uma empresa, j tem outro gnero de responsabilidade. A obrigatoriedade de zelar pela tarefa aceita no varia, mesmo que variem a qualidade do servio e a formalizao do contrato. O Profissional no deve distinguir qualidade de tarefa ou qualidade de cliente, mas, sim, manter o objetivo de cumprir o trabalho de forma eficaz. Deixar de cumprir com afinco uma tarefa cuja responsabilidade se assumiu trata-se de falta de zelo, sem falar que se constitui numa transgresso tica. Sigilo bem afirma Lopes S (1996,p.165): Eticamente, o sigilo assume o papel de algo que confiado e cuja preservao de silncio obrigatria. Embora nem sempre o segredo seja pedido, por parecer bvio a quem o confidenciou, poder, ao ser divulgado, enfraquecer o valor do profissional e ser entendido como violao de confiana pelo prejudicado. Por isso, o ideal que se guarde em sigilo tudo o que se conhece sobre o cliente na prtica da profisso. Quando se tratar de documentaes, hbitos pessoais, registros contbeis, e quaisquer outros fatos que, em funo de sua natureza devem ser mantidos em sigilo, a revelao deles pode trazer srios problemas ao cliente do profissional. Competncia, sob o ponto de vista funcional, o exerccio do conhecimento de forma adequada e persistente a um trabalho ou profisso. O exerccio de uma profisso exige a aquisio de pleno conhecimento, o domnio sobre a tarefa e sobre a forma de execut-la, alm de um constante aperfeioamento. Aceitar uma tarefa sem ter capacidade para exerc-la uma tare26

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fa condenvel, em razo dos danos que pode causar. Nem sempre possvel acumular todo o conhecimento que uma tarefa requer, mas preciso que se tenha a postura tica de recusar o servio ao perceber que os conhecimentos adquiridos no so suficientes para que se realize tal tarefa com perfeio. Um profissional precisa reconhecer suas limitaes para no incorrer em erros. O erro, na conduta, no est em no ter conhecimentos, mas em ter conscincia de que dele no se dispe e mesmo assim aceitar uma tarefa.(Lopes de S , 1996, p. 167) O profissional deve preocupar-se sempre com a Educao Continuada, principalmente o contabilista, pois as informaes da rea mudam em velocidade crescente. fundamental, portanto, do ponto de vista tico, que a tarefa seja executada dentro do que h de mais atual e em favor do cliente, de modo a oferecer-lhe menores custos e maior capacidade e aproveitamento do trabalho. Prudncia, ou seja, o bom julgamento da ao, cautela, zelo no momento de decidir. No se pode basear apenas na prudncia para determinar se uma ao boa ou m, certa ou errada. Contudo, se no processo de discusso ou contestao algumas atitudes se revelam boas, certas, melhores que outras, tem-se que acabar por adot-las, e , precisamente, neste momento, que se precisa fazer uso desta virtude. Humildade. O profissional precisa possuir essa virtude para compreender que no o dono da verdade e que o bom senso e a inteligncia so propriedades de um grande nmero de pessoas. Imparcialidade uma virtude to importante que assume as caractersticas do dever, pois se destina a se contrapor aos preconceitos, a reagir contra os mitos, a defender os verdadeiros valores sociais e ticos, assumindo, principalmente, uma posio justa nas situaes que ter que enfrentar. Para ser justo, preciso ser imparcial, logo a justia depende muito da imparcialidade. Poderamos elencar outras virtudes que, por certo, agregariam as j citadas anteriormente no intuito de traar um perfil necessrio para o profissional contbil; porm, as virtudes citadas atendem, plenamente, aos anseios dos contabilistas para bem exercer as suas atividades. A tica condio essencial para o exerccio de qualquer profisso. A profisso contbil desempenha papel vital em uma economia de mercado, pois esta necessita das informaes geradas pela contabilidade para desenvolver-se plenamente. Contudo, informaes no27

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so suficientes; tm que ser informaes confiveis, e que este padro s alcanado por meio de condutas profissionais ticas. O bom contabilista no se compraz com a sonegao; antes, a combate; no se mancomuna com o erro, procura elimin-lo; no avilta a profisso e nem os honorrios a que faz jus, pelo contrrio, coloca a primeira em alto padro e decncia e estipula o segundo de forma a viver com dignidade.

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Captulo IIIABORDAGEM PRTICA - ESTUDO DE CASOSO presente Captulo tem por objetivo apresentar casos reais ocorridos nos Conselhos Regionais, que foram a julgamento pela Cmara de tica, relatando situaes de condutas ticas praticadas pelos contabilistas envolvidos. No sero citados nomes e, sim, relatos dos fatos ocorridos e sugesto de encaminhamento de discusses nas aulas de tica. A tica profissional representa um conjunto de normas que direciona a conduta dos integrantes de determinada profisso. Um cdigo de tica profissional tem a finalidade fundamental de regulamentar o exerccio da profisso, pois dar conscincia da viso do certo e do errado e um bom desempenho de suas funes por parte dos profissionais, evitando, muitas vezes, que estes venham a incorrer na prtica de atos ilcitos, que se tenta evitar com a utilizao do cdigo de tica, atos que poderiam ser considerados normais, dependendo do ambiente onde se convive. Contudo, o esclarecimento do que seja certo ou errado, bom ou mau, ajuda a servir de guia para aquele que, em algum momento, se achar perdido. No se pode obrigar algum a ser tico; isso depender dos valores morais de cada pessoa, mas o que se pode fazer deixar explcito aquilo que certo e o que no ; assim, caber a cada um a escolha do caminho a seguir. Assim, surgem os cdigos de tica profissionais, para tentar padronizar procedimentos diante de determinadas situaes cotidianas, cujo objetivo ser divulgar o senso de justia que todo profissional deve ser possuidor, sempre lutando por uma sociedade mais justa. Esto elencadas a seguir possveis infraes que podero ser cometidas por profissionais da Contabilidade. 1- Angariar clientes por meio de agenciador. Utilizar-se de terceiros para obter novos clientes, oferecendo-lhe percentuais ou outros meios como forma de pagamento por cliente. 2- Inexecuo dos servios contbeis para os quais foi expressamente contratado. Deixar de executar os servios contbeis contratados pelo clien29

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te e em desobedincia Legislao e s Normas Brasileiras de Contabilidade. 3- Inexecuo de servios contbeis obrigatrios. No executar os servios de acordo com os princpios contbeis, sendo-os obrigatrios e resguardando ao seu cliente a situao econmico-financeira de sua empresa, por meio dos lanamentos e das Demonstraes Contbeis. 4- Adulterao ou manipulao fraudulenta na escrita ou em documentos, com o fim de favorecer a si mesmo ou a clientes. Trabalhar de forma inidnea para seu cliente ou com os rgos pblicos no recolhimento de impostos, deixando de conservar a boa-f e a confiabilidade depositadas pelo empresrio. 5- Apropriao indbita. Apropriar-se de valores confiados pelos clientes para recolhimento de impostos devidos pelas empresas aos cofres pblicos. 6- Incapacidade tcnica. Contratar servios contbeis para o qual no esteja, absolutamente, capaz de execut-los, vindo, desta forma, a colocar em risco o Patrimnio da empresa pelas ms execues dos servios e a denegrir a imagem de uma categoria. 7- Incapacidade tcnica em virtude de erros reiterados (precedida de processo de sindicncia). Persistir nos erros durante a execuo dos trabalhos, sabendo que no est capacitado para a execuo dos mesmos em que o cliente depositou tal confiana. 8- Aviltamento de honorrios. Ocorre quando um profissional oferece seus servios por preo bem inferior ao ofertado pelos demais profissionais atuantes no seu mercado especfico. Deve ser levado em considerao o tipo de atividade desenvolvida pelo cliente disputado, como tambm a regio em que dever ser prestado o servio. 9- Concorrncia desleal. Pode ser caracterizada pela propaganda desabonadora que um profissional faa de outro colega. Poder ocorrer na oferta de servios de forma promocional, como, por exemplo: seja nosso30

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cliente e ganhe 3 meses de horrios de graa. Importante observar que, neste caso, o profissional ou a empresa de contabilidade pode at estar cobrando honorrios superiores queles dos outros colegas, porm, por tratar-se de uma oferta, certamente, cativar clientes em detrimento dos demais. A concorrncia desleal pode ser caracterizada tambm como propagandas enganosas, como, por exemplo: seja nosso cliente e no pague imposto de renda. 10- Anncio que resulte na diminuio de colega ou de organizao contbil. Publicar de forma imoderada os trabalhos desenvolvidos nos meios de circulao, menosprezando os trabalhos executados pelos colegas daquela regio. 11- Reteno abusiva, danificao ou extravio de livros ou documentos contbeis, comprovadamente, entregue aos cuidados do contabilista. Reter, abusivamente, documentos quando da troca de profissional por parte do cliente, extraviar ou danific-los, quando os mesmos foram deixados em confiana sob responsabilidade do profissional no decorrer da prestao dos servios. O profissional da contabilidade poder infringir, como expostos anteriormente, e recebero enquadramento e determinadas penalidades aps deciso do Conselho Superior de tica de cada Regional. O quadro a seguir identifica as possveis infraes com os enquadramentos e penalidades.

Quadro 4 - Principais infraes e enquadramentos

INFRAO Inexecuo de Servios

ENQUADRAMENTOS Alnea e do art. 27 do DL 9.295/46, c/c art. 2o, inciso I do CEPC e com art. 24, incisos I e VI da Res. CFC 960/03 Alnea e do art. 27 do DL 9.295/46, c/c art. 2o , inciso I do CEPC e com art. 24, incisos I, VI da Res. CFC 960/03.

PENALIDADES Suspenso de 6 meses a 1 ano, advertncia reservada, censura reservada ou censura pblica. Suspenso de 6 meses a 1 ano, advertncia reservada, censura reservada ou censura pblica.

Incapacidade Tcnica

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INFRAO Adulterao ou Manipulao Fraudulenta na Escrita ou em Documentos Aviltamento de Honorrios e Concorrncia Desleal DECORE Sem Base Legal

ENQUADRAMENTOS Alnea d do art. 27 do DL 9.295/ 46, c/c art. 2o , inciso I e art. 3o , incisos III, VIII e X do CEPC e com art. 24, incisos I, VI,X e XI da Res. CFC 960/03 Art. 2o, inciso I, e arts. 6o e 8o do CEPC, c/c art. 24, inciso I, da Res. CFC 960/03.

PENALIDADES Suspenso do exerccio profissional, advertncia reservada, censura reservada ou censura pblica.

Advertncia reservada, censura reservada ou censura pblica.

Alnea c ou d do art. 27 do DL 9.295/46, c/c Smula 08 do CFC, com arts. 2o , inciso I, 3o , incisos VIII e XVII, e 11, inciso II do CEPC, com art. 24, incisos I, X, XI e XII da Res. CFC 960/03 e com art. 3o da res. CFC 872/ 2000. Art. 3o , nico, da Res. CFC 872/2000, c/c art. 2o , inciso I do CEPC, com art. 24 incico I, da Res. CFC 960/03 Art.2o, 2o, da Res. CFC 872/ 2000, c/c art. 2o, inciso I, do CEPC e com art. 24, inciso I, da Res. CFC 960/03 Art. 6o do CEPC, aprovado pela Res. CFC 803/96 c/c Art. 24, inciso XIV da Res. CFC 960/03.

Suspenso do exerccio profissional por prazo de at 5 anos ou multa de R$ 240,00 a R$ 2.400,00, advertncia reservada, censura reservada ou censura pblica.

Deixar de Apresentar 2a Via de DECORE Emitida

Multa de R$ 240,00 a R$ 2.400,00, advertncia reservada, censura reservada ou censura pblica. Multa de R$ 240,00 a R$ 2.400,00, advertncia reservada, censura reservada ou censura pblica. Multa de R$ 240,00 a R$ 2.400,00, advertncia reservada, censura reservada ou censura pblica. Multa de R$ 240,00 a R$ 2.400,00, advertncia reservada, censura reservada ou censura pblica.

Contabilista que Emite DECORE Sem Fixao da DHP

Contrato de Prestao de Servio

Livro Dirio Sem Registro no rgo Competente

Inciso 2.1.5.4 da NBCT 2.1, aprovada pela Res. CFC 563/ 83, c/c art. 2o , inciso I do CEPC e com art. 24, incisos I e V , da Res. CFC 960/03 Alnea e do art. 27 do DL 9.295/ 46, c/c a Smula 02 do CFC, com art. 3o , incisos X e XII do CEPC e com art. 24, incisos I, VI e IX da Res. CFC 960/03. Art. 3o, inciso XVIII, do CEPC, c/ c art. 24, inciso I, da Res. CFC 960/03.

Reteno de Livros e Documentos

Suspenso de 6 meses a 1 ano, advertncia reservada, censura reservada ou censura pblica.

Descumprimento de Determinao Expressa do CRC

Advertncia reservada, censura reservada ou censura pblica.

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INFRAO Acobertamento a No-Habilitado ou impedido Demonstraes Contbeis sem Base Legal Ausncia de Escriturao Contbil

ENQUADRAMENTOS Art. 3o , inciso V, do CEPC, c/c art. 24, inciso I, da Res. CFC 960/03 Art. 27 alnea c ou d do DL 9295/46, c/c Smula 08 do CFC, com os incisos 2.1.3 e 2.1.4 da NBCT 2, aprovada pela Res. CFC 563/83, com os arts. 2o , inciso I, e 3o incisos XVII e XX do CEPC e com o art. 24, incisos I, V, XI e XII da Res. CFC 960/03. Art. 12 do DL 9.295/46, c/c os arts. 1o e 2o , 1o e 2o , da Res. CFC 867/99, com o art. 3o , inciso V, do CEPC e com os arts. 21 e 24, incisos I e II, da Res. CFC 960/03. Art. 20 do DL 9.295/46 (IN 05/ 95), c/c art. 3o , inciso V do CEPC, com os arts 20 e art. 24, incisos I e II, da Res. CFC 960/03 e com art. 31 da Res. CFC 867/99. Art. 26 do DL 9.295/46, c/c art. 3o da res. CFC 560/83 (com especificao do item infringido), com art. 3o , inciso V do CEPC e com art. 24, incisos I e II da Res. CFC 960/03.

PENALIDADES Advertncia reservada, censura reservada ou censura pblica. Suspenso do exerccio profissional por prazo de at 5 anos ou multa de R$ 240,00 a R$ 2.400,00, advertncia reservada, censura reservada ou censura pblica.

Exercer a Profisso sem Registro

Multa de R$ 240,00 a R$ 2.400,00, advertncia reservada, censura reservada ou censura pblica.

Exercer a Profisso Contbil com Registro Baixado ou Suspenso

Multa de R$ 240,00 a R$ 2.400,00, advertncia reservada, censura reservada ou censura pblica.

Tcnico em Contabilidade Exercendo Atividades Privativas de Contador sem a Necessria Habilitao Apropriao Indbita

Multa de R$ 240,00 a R$ 2.400,00, advertncia reservada, censura reservada ou censura pblica.

Alnea e do art. 27 do DL 9.295/46, c/c a Smula 02 do CFC com art. 2o , Inciso I e art. 3o , incisos III, VIII e X do CEPC e com art. 24, incisos I, VI e X da Res. CFC 960/03.

Suspenso de 6 meses a 1 ano, advertncia reservada, censura reservada ou censura pblica.

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ESTUDO DE CASOS Abordaremos alguns casos reais ocorridos nos Conselhos Regionais de Contabilidade sem identificar o nome real do profissional, bem como o estado da federao em que ocorreu o fato. Os casos podero levar os estudantes de tica a identificar as possveis solues e o enquadramento de acordo com o cdigo de tica e a legislao pertinente. CASO 1 Durante os servios anuais de auditoria independente ao Banco Net Day, um dos auditores, Jos Henrique Pantocha, foi convidado para ser o controller do Banco. Jos Henrique ficou muito interessado na proposta, pois alm de um salrio melhor, as condies de trabalho so mais promissoras. Jos Henrique planeja discutir detalhes desta oportunidade perante a direo do Banco Net Day. Analise a proposta feita ao auditor e reflita se, de alguma forma, ela afeta a credibilidade do relatrio de auditoria. CASO 2 Joo Boca Livre formou-se no ano de 2001 no curso de Cincias Contbeis, sempre exercendo atividades na rea contbil, sendo que antes era auxiliar contbil. Aps a sua formatura, no se registrou no Conselho Regional de Contabilidade de seu estado e passou a exercer a funo de Contador na empresa Viao Asa Branca CNPJ 12.111.11/0001-68, localizada rua desembargador Jos Leite, n 11. Tal situao foi identificada por meio de diligncia da Fiscalizao do Conselho Regional de Contabilidade. Diante da situao apresentada, qual o enquadramento e a penalidade que devem ser aplicados ao caso? CASO 3 Apolinria da Anunciao executa servios contbeis, na funo de contadora h 2 (dois) anos na organizao contbil Mundo Novo, estando com o registro profissional vencido h mais de 1 (um) ano. Tal situao foi identificada por meio de denncia ao Conselho Regional de Contabilidade, que, aps comprovar a irregularidade, dever aplicar qual penalidade? CASO 4 Determinada entidade sem fins lucrativos terceirizava seus servios contbeis com uma empresa de contabilidade de sua cidade. O contador da empresa contratada era tambm o proprietrio do escritrio e, em funo de acmulo de servios, no conseguia deixar a conta-

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bilidade em dia, mas como a entidade necessitava apresentar o Balano Patrimonial e a Demonstrao de Resultados do Exerccio ao final de cada perodo, o contador resolveu elaborar essas demonstraes sem fazer os efetivos lanamentos contbeis, ou seja, ele no se embasou em documentao hbil. A entidade quando descobriu tal fato manifestou-se em trocar de profissional contbil e o referido contador no quis entregar a documentao da entidade, sendo que essa teve que retir-la com mandado judicial. Diante do exposto quais as infraes e quais as penalidades que deveria sofrer esse contador? CASO 5 O Contador Jos Boa Morte Silva oferecia um servio a mais para seus clientes, que era a emisso de DECORE por um preo especial. As DECOREs eram to constantes, que acabou chamando a ateno do CRC, que por meio de visita in loco constatou que emitia tais Declaraes sem base em documentao hbil e legal. O CRC, comprovando a irregularidade, dever aplicar qual penalidade? CASO 6 A empresa Comercial XYZ constituda desde 1989, mantinha desde sua constituio os seus servios de contabilidade terceirizados com o Escritrio Contbil Q.Bom e considerava um excelente escritrio, com servios muito bem executados e de confiana, tanto que no precisava nem se preocupar com o pagamento dos impostos, pois at isso o escritrio contbil fazia para a empresa. A empresa, desde 1997, era optante pelo Simples federal. Em 2002, a referida empresa precisou fazer uma renovao de cadastro em determinado banco e foi informada que desde 1999 estava excluda do Simples e havia algum problema com a Receita Federal. Foi, ento, que constatou que o Escritrio Contbil que tanto confiava deixou de pagar, por vrios meses, os impostos que cobrava da empresa e, por esse motivo, estava com dbitos na Dvida Ativa da Unio, motivo pelo qual foi excluda do Simples. A empresa denunciou esse profissional ao CRC e este, aps a comprovao, poder julg-lo de que forma? CASO 7 A contadora Felisbela da Natividade, por se encontrar em situao conflitante com uma das empresas em que presta assessoria contbil, reteve indevidamente livros e documentos de seu cliente, onde a mesma foi denunciada no Conselho pelo empresrio. Que medidas o Conselho Regional de Contabilidade deve adotar para solucionar a questo?

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CASO 8 O Professor Dagoberto da Anunciao tem o seu registro contbil baixado h mais de 15 anos e por ter sido gerente de uma grande instituio financeira aceita o convite para lecionar Contabilidade das Instituies Financeiras; a baixa do seu registro ocorreu porque jamais exerceu a profisso. Pergunta-se: O Senhor Dagoberto da Anunciao cometeu alguma infrao? Aponte se houve e discuta. CASO 9 A Contadora Aparecida Trindade utilizou-se de etiqueta falsa e firmou declarao comprobatria de percepo de rendimentos sem base em documentao hbil e legal. Diante do ocorrido, quais as penalidades pertinentes para a profissional em conformidade com o Cdigo de tica.

EXEMPLOS DE PROCESSOS JULGADOS

EXEMPLO 1 Enquadramento: art. 2o, inciso I e art 3o, incisos VIII do CEPC, aprovado pela Resoluo CFC no 803/96, c/c art. 24, incisos I, VI e X, da Resoluo CFC no 960/03. Histrico: Por se utilizar de etiqueta DHP falsa ou falsificada, na DECORE de 2/1/01, cuja beneficiria a Fulana de Tal. Defesa: Alegou que utilizou uma DECORE para a sua cliente e que a mesma desistiu; utilizou-a novamente para o banco do estado, sendo que, na poca, no sabia que teria algum problema. Parecer: Comprovada a irregularidade Censura Pblica. Recurso: ex officio. CFC: Manteve a deciso do Regional.

EXEMPLO 2 Enquadramento: art. 2o, inciso I e art 3o, incisos VIII e XVII e art.36

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11, inc. II do CEPC, aprovado pela Resoluo CFC no 803/96, c/c art. 24 inciso I da Resoluo CFC no 960/03. Histrico: Por firmar declarao comprobatria de percepo de rendimentos, proveniente de diversas fontes e como renda de autnoma no ms de dezembro/X2, sem base em documentao hbil e legal. Defesa: Justificou que a cliente no utilizou a DECORE. Parecer: Comprovada a irregularidade Censura Pblica.

EXEMPLO 3 Enquadramento: art. 2o, inciso I e VIII, art 3o, incisos II, V, X e XX e art. 11, inc. V do CEPC, aprovado pela Resoluo CFC no 803/96, c/ c art. 24 inciso I da Resoluo CFC no 960/03. Histrico: Por demonstrar falta de zelo no exerccio de suas funes, no se manifestando quanto existncia de impedimento para exercer a profisso contbil, assumindo servios com prejuzo moral e desprestgio para a classe, exercendo a profisso quando impedido, prejudicando culposa ou dolosamente interesse confiado sua responsabilidade profissional, no observando os princpios Fundamentais e as Normas Brasileiras de Contabilidade ao elaborar as demonstraes Contbeis da empresa... Defesa: Intempestiva. Alegando que a Demonstrao de Lucros e Prejuzos acumulados relativa ao exerccio encerrado em 31/12/X1, foi elaborada na poca correta, no entanto, quando da confeco do registro dirio e de balanos e balancetes da empresa, a pgina relativa ao referido demonstrativo no foi includa. Parecer: Advertncia Reservada. Recurso: Voluntrio. CFC: A infrao est caracterizada nos autos, nos livros contbeis por lei. Foi constatada a ausncia da DLPA e o autuado no poderia estar exercendo atividades contbeis, uma vez que se encontrava com o registro baixado. Manuteno.

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CONSIDERAES FINAIS A tica condio fundamental para que a nossa profisso adquira credibilidade social, pois caso a sociedade no perceba a disposio dos profissionais em proteger os valores ticos, certamente ela passar a no acreditar na profisso. O profissional contbil quem constri a sua prpria valorizao, por meio de suas atitudes e valores, levando-o a refletir sobre suas aes, que, por sua vez, implica pensar eticamente antes de decidir. O profissional precisa refletir sobre o seu papel mediante as questes de valores morais, nas quais uma base tica torna-se necessria para limitar a falibilidade humana, principalmente no mundo dos negcios no qual o contabilista est inserido. Acredita-se que chegado o momento em que os profissionais de contabilidade precisam compreender que a tica o caminho para o enobrecimento da profisso, pois a mesma o alicerce para exercermos uma Cidadania Plena. Lutemos para sermos ticos nas nossas relaes sociais e sermos indispensveis na sociedade em que vivemos, pois a tica no uma abstrao acadmica, mas uma das maneiras de ajudar a preservao no s das profisses como da espcie. Os autores.

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Referncias BibliogrficasLAMA, Dalai. Uma tica para o novo milnio. Rio de Janeiro: Sextante, 2000 LOPES DE S, Antonio. tica Profissional. 2a ed. Ao Paulo: Atlas, 1996 _____, A tica Necessria. Minas Gerais: Una, 2000 SILVA, Antonio Carlos Ribeiro da. Metodologia da Pesquisa Aplicada Contabilidade. So Paulo: Atlas, 2003 SENGE, Peter. tica. Oxford: OUP, 1994 MOORE, G.E. Princpios ticos. So Paulo: Abril Cultural, 1975 CLOLET, J. Uma Introduo ao tema da tica. Psico, 1986 CAMARGO, Marculino. Fundamentos da tica Geral e Profissional. Rio de Janeiro: Vozes, 1999. VASQUEZ, Adolfo Sanchez. tica. 17a ed. So Paulo: Civilizao Brasileira, 1999 LISBOA, Lzaro Plcido (Coord). tica Geral e Profissional em Contabilidade. So Paulo: Atlas, 1997. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resoluo CFC no 803, de 10 de outubro de 1996. In: Princpios Fundamentais de Contabilidade e Normas Brasileiras de Contabilidade. Braslia. CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administrao. So Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 2000. CHAU, Marilena. Convite Filosofia. So Paulo: tica, 1995. FERREIRA, Aurlio Buarque de Holanda. Novo Dicionrio da Lngua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 2a ed. Revista e ampliada. HANDEL, Carmem. tica e o exerccio profissional. In: Revista do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul, Nov/ 1994. NALINI, Jos Renato. tica Geral e Profissional. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2001

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PASSOS, Elizete Silva. tica nas Organizaes: Uma introduo. Salvador: Passos & Passos, 2000. TEIXEIRA, Nelson Gomes. A tica no Mundo da Empresa. So Paulo: Pioneira, 1998 HOLANDA, Aurlio Buarque de. Dicionrio da Lngua Portuguesa. Editora Melhoramentos, 1986.

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Legislao sobre tica Profissional do Contabilista

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RESOLUO CFC N 803/96 Aprova o Cdigo de tica Profissional do Contabilista CEPC O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exerccio de suas atribuies legais e regimentais, CONSIDERANDO que o Cdigo de tica Profissional do Contabilista, aprovado em 1970, representou o alcance de uma meta que se tornou marcante no campo do exerccio profissional; CONSIDERANDO que, decorridos 26 (vinte e seis) anos de vigncia do Cdigo de tica Profissional do Contabilista, a intensificao do relacionamento do profissional da Contabilidade com a sociedade e com o prprio grupo profissional exige uma atualizao dos conceitos ticos na rea da atividade contbil; CONSIDERANDO que, nos ltimos 5 (cinco) anos, o Conselho Federal de Contabilidade vem colhendo sugestes dos diversos segmentos da comunidade contbil a fim de aprimorar os princpios do Cdigo de tica Profissional do Contabilista CEPC; CONSIDERANDO que os integrantes da Cmara de tica do Conselho Federal de Contabilidade, aps um profundo estudo de todas as sugestes remetidas ao rgo federal, apresentou uma redao final, RESOLVE: Art. 1 Fica aprovado o anexo Cdigo de tica Profissional do Contabilista. Art. 2 Fica revogada a Resoluo CFC n 290/70. Art. 3 A presente Resoluo entra em vigor na data de sua aprovao. Braslia, 10 de outubro de 1996.

Contador JOS MARIA MARTINS MENDES Presidente

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CDIGO DE TICA PROFISSIONAL DO CONTABILISTA

CAPTULO I DO OBJETIVO Art. 1 Este Cdigo de tica Profissional tem por objetivo fixar a forma pela qual se devem conduzir os contabilistas, quando no exerccio profissional.

CAPTULO II DOS DEVERES E DAS PROIBIES Art. 2 So deveres do contabilista: I exercer a profisso com zelo, diligncia e honestidade, observada a legislao vigente e resguardados os interesses de seus clientes e/ou empregadores, sem prejuzo da dignidade e independncia profissionais; II guardar sigilo sobre o que souber em razo do exerccio profissional lcito, inclusive no mbito do servio pblico, ressalvados os casos previstos em lei ou quando solicitado por autoridades competentes, entre estas os Conselhos Regionais de Contabilidade; III zelar pela sua competncia exclusiva na orientao tcnica dos servios a seu cargo; IV comunicar, desde logo, ao cliente ou empregador, em documento reservado, eventual circunstncia adversa que possa influir na deciso daquele que lhe formular consulta ou lhe confiar trabalho, estendendo-se a obrigao a scios e executores; V inteirar-se de todas as circunstncias, antes de emitir opinio sobre qualquer caso; VI renunciar s funes que exerce, logo que se positive falta de confiana por parte do cliente ou empregador, a quem dever notificar com trinta dias de antecedncia, zelando, contudo, para que os44

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interesse dos mesmos no sejam prejudicados, evitando declaraes pblicas sobre os motivos da renncia; VII se substitudo em suas funes, informar ao substituto sobre fatos que devam chegar ao conhecimento desse, a fim de habilitlo para o bom desempenho das funes a serem exercidas; VIII manifestar, a qualquer tempo, a existncia de impedimento para o exerccio da profisso; IX ser solidrio com os movimentos de defesa da dignidade profissional, seja propugnando por remunerao condigna, seja zelando por condies de trabalho compatveis com o exerccio tico-profissional da Contabilidade e seu aprimoramento tcnico. Art. 3 No desempenho de suas funes, vedado ao contabilista: I anunciar, em qualquer modalidade ou veculo de comunicao, contedo que resulte na diminuio do colega, da Organizao Contbil ou da classe, sendo sempre admitida a indicao de ttulos, especializaes, servios oferecidos, trabalhos realizados e relao de clientes; II assumir, direta ou indiretamente, servios de qualquer natureza, com prejuzo moral ou desprestgio para a classe; III auferir qualquer provento em funo do exerccio profissional que no decorra exclusivamente de sua prtica lcita; IV assinar documentos ou peas contbeis elaborados por outrem, alheio sua orientao, superviso e fiscalizao; V exercer a profisso, quando impedido, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exerccio aos no habilitados ou impedidos; VI manter Organizao Contbil sob forma no autorizada pela legislao pertinente; VII valer-se de agenciador de servios, mediante participao desse nos honorrios a receber; VIII concorrer para a realizao de ato contrrio legislao ou destinado a fraud-la ou praticar, no exerccio da profisso, ato definido como crime ou contraveno;45

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IX solicitar ou receber do cliente ou empregador qualquer vantagem que saiba para aplicao ilcita; X prejudicar, culposa ou dolosamente, interesse confiado a sua responsabilidade profissional; XI recusar-se a prestar contas de quantias que lhe forem, comprovadamente, confiadas; XII reter abusivamente livros, papis ou documentos, comprovadamente confiados sua guarda; XIII aconselhar o cliente ou o empregador contra disposies expressas em lei ou contra os Princpios Fundamentais e as Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade; XIV exercer atividade ou ligar o seu nome a empreendimentos com finalidades ilcitas; XV revelar negociao confidenciada pelo cliente ou empregador para acordo ou transao que, comprovadamente, tenha tido conhecimento; XVI emitir referncia que identifique o cliente ou empregador, com quebra de sigilo profissional, em publicao em que haja meno a trabalho que tenha realizado ou orientado, salvo quando autorizado por eles; XVII iludir ou tentar iludir a boa-f de cliente, empregador ou de terceiros, alterando ou deturpando o exato teor de documentos, bem como fornecendo falsas informaes ou elaborando peas contbeis inidneas; XVIII no cumprir, no prazo estabelecido, determinao dos Conselhos Regionais de Contabilidade, depois de regularmente notificado; XIX intitular-se com categoria profissional que no possua, na profisso contbil; XX elaborar demonstraes contbeis sem observncia dos Princpios Fundamentais e das Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade;46

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XXI renunciar liberdade profissional, devendo evitar quaisquer restries ou imposies que possam prejudicar a eficcia e correo de seu trabalho; XXII publicar ou distribuir, em seu nome, trabalho cientfico ou tcnico do qual no tenha participado. Art. 4 O Contabilista poder publicar relatrio, parecer ou trabalho tcnico-profissional, assinado e sob sua responsabilidade. Art. 5 O Contador, quando perito, assistente tcnico, auditor ou rbitro, dever; I recusar sua indicao quando reconhea no se achar capacitado em face da especializao requerida; II abster-se de interpretaes tendenciosas sobre a matria que constitui objeto de percia, mantendo absoluta independncia moral e tcnica na elaborao do respectivo laudo; III abster-se de expender argumentos ou dar a conhecer sua convico pessoal sobre os direitos de quaisquer das partes interessadas, ou da justia da causa em que estiver servindo, mantendo seu laudo no mbito tcnico e limitado aos quesitos propostos; IV considerar com imparcialidade o pensamento exposto em laudo submetido sua apreciao; V mencionar obrigatoriamente fatos que conhea e repute em condies de exercer efeito sobre peas contbeis objeto de seu trabalho, respeitado o disposto no inciso II do art. 2; VI abster-se de dar parecer ou emitir opinio sem estar suficientemente informado e munido de documentos; VII assinalar equvocos ou divergncias que encontrar no que concerne aplicao dos Princpios Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo CFC; VIII considerar-se impedido para emitir parecer ou elaborar laudos sobre peas contbeis, observando as restries contidas nas Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade;47

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IX atender Fiscalizao dos Conselhos Regionais de Contabilidade e Conselho Federal de Contabilidade no sentido de colocar disposio desses, sempre que solicitado, papis de trabalho, relatrios e outros documentos que deram origem e orientaram a execuo do seu trabalho.

CAPTULO III DO VALOR DOS SERVIOS PROFISSIONAIS Art. 6 O Contabilista deve fixar previamente o valor dos servios, por contrato escrito, considerados os elementos seguintes:Art. 6, caput, com redao dada pela Resoluo CFC n 942, de 30 de agosto de 2002.

I a relevncia, o vulto, a complexidade e a dificuldade do servio a executar; II o tempo que ser consumido para a realizao do trabalho; III a possibilidade de ficar impedido da realizao de outros servios; IV o resultado lcito favorvel que para o contratante advir com o servio prestado; V a peculiaridade de tratar-se de cliente eventual, habitual ou permanente; VI o local em que o servio ser prestado. Art. 7 O Contabilista poder transferir o contrato de servios a seu cargo a outro Contabilista, com a anuncia do cliente, sempre por escrito.Art. 7, caput, com redao dada pela Resoluo CFC n 942, de 30 de agosto de 2002.

Pargrafo nico. O Contabilista poder transferir parcialmente a execuo dos servios a seu cargo a outro contabilista, mantendo sempre como sua a responsabilidade tcnica.

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Art. 8 vedado ao Contabilista oferecer ou disputar servios profissionais mediante aviltamento de honorrios ou em concorrncia desleal.

CAPTULO IV DOS DEVERES EM RELAO AOS COLEGAS E CLASSE Art. 9 A conduta do Contabilista com relao aos colegas deve ser pautada nos princpios de considerao, respeito, apreo e solidariedade, em consonncia com os postulados de harmonia da classe. Pargrafo nico. O esprito de solidariedade, mesmo na condio de empregado, no induz nem justifica a participao ou conivncia com o erro ou com os atos infringentes de normas ticas ou legais que regem o exerccio da profisso. Art. 10. O Contabilista deve, em relao aos colegas, observar as seguintes normas de conduta: I abster-se de fazer referncias prejudiciais ou de qualquer modo desabonadoras; II abster-se da aceitao de encargo profissional em substituio a colega que dele tenha desistido para preservar a dignidade ou os interesses da profisso ou da classe, desde que permaneam as mesmas condies que ditaram o referido procedimento; III jamais apropriar-se de trabalhos, iniciativas ou de solues encontradas por colegas, que deles no tenha participado, apresentando-os como prprios; IV evitar desentendimentos com o colega a que vier a substituir no exerccio profissional. Art. 11. O Contabilista deve, com relao classe, observar as seguintes normas de conduta: I prestar seu concurso moral, intelectual e material, salvo circunstncias especiais que justifiquem a sua recusa; II zelar pelo prestgio da classe, pela dignidade profissional e pelo aperfeioamento de suas instituies;49

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III aceitar o desempenho de cargo de dirigente nas entidades de classe, admitindo-se a justa recusa; IV acatar as resolues votadas pela classe contbil, inclusive quanto a honorrios profissionais; V zelar pelo cumprimento deste Cdigo; VI no formular juzos depreciativos sobre a classe contbil; VII representar perante os rgos competentes sobre irregularidades comprovadamente ocorridas na administrao de entidade da classe contbil; VIII jamais utilizar-se de posio ocupada na direo de entidades de classe em benefcio prprio ou para proveito pessoal.

CAPTULO V DAS PENALIDADES Art. 12. A transgresso de preceito deste Cdigo constitui infrao tica, sancionada, segundo a gravidade, com a aplicao de uma das seguintes penalidades: I advertncia reservada; II censura reservada; III censura pblica. Pargrafo nico. Na aplicao das sanes ticas, so consideradas como atenuantes: I falta cometida em defesa de prerrogativa profissional; II ausncia de punio tica anterior; III prestao de relevantes servios Contabilidade. Art. 13. O julgamento das questes relacionadas transgresso de preceitos do Cdigo de tica incumbe, originariamente, aos Con50

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selhos Regionais de Contabilidade, que funcionaro como Tribunais Regionais de tica e Disciplina, facultado recurso dotado de efeito suspensivo, interposto no prazo de quinze dias para o Conselho Federal de Contabilidade em sua condio de Tribunal Superior de tica e Disciplina.Art. 13, caput, com redao dada pela Resoluo CFC n 950, de 29 de novembro de 2002.

1 O recurso voluntrio somente ser encaminhado ao Tribunal Superior de tica e Disciplina se o Tribunal Regional de tica e Disciplina respectivo mantiver ou reformar parcialmente a deciso. 1 com redao dada pela Resoluo. CFC n 950, de 29 de novembro de 2002.

2 Na hiptese do inciso III do art. 12, o Tribunal Regional de tica e Disciplina dever recorrer ex officio de sua prpria deciso (aplicao de pena de Censura Pblica). 2 com redao dada pela Resoluo CFC n 950, de 29 de novembro de 2002.

3 Quando se tratar de denncia, o Conselho Regional de Contabilidade comunicar ao denunciante a instaurao do processo at trinta dias aps esgotado o prazo de defesa. 3 renumerado pela Resoluo CFC n 819, de 20 de novembro de 1997.

Art. 14. O Contabilista poder requerer desagravo pblico ao Conselho Regional de Contabilidade, quando atingido, pblica e injustamente, no exerccio de sua profisso.

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RESOLUO CFC N 819/97 Restabelece o instituto do recurso ex officio na rea do Processo tico. Altera o 2 do art. 13 do CEPC. Revoga a Resoluo CFC n 677/90 e d outras providncias. O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exerccio de suas atribuies legais e regimentais, CONSIDERANDO que o julgamento das infraes ao Cdigo de tica Profissional do Contabilista CEPC exige prudncia na anlise do comportamento do Contabilista no campo do exerccio profissional, a fim de no se confundir com os valores que definem a infrao ao Decreto-lei n 9.295, de 27 de maio de 1946; CONSIDERANDO que na estrutura organizacional do CFC a Cmara de tica se especializa na apreciao e julgamento dos processos de natureza tica que sobem instncia ad quem em grau de recurso; CONSIDERANDO que, dentre as penas previstas no Cdigo de tica Profissional do Contabilista CEPC, a de censura pblica a que merece destaque, em razo de sua publicidade perante a sociedade, extrapolando, por esse motivo, o campo restrito do mundo profissional da Contabilidade, fato esse que pode gerar grave leso imagem da profisso; CONSIDERANDO que, com a instituio da Cmara de tica no campo estrutural do Conselho Federal de Contabilidade, o melhor caminho ser adotar critrios uniformes em termos de aplicao da pena de censura pblica, para tanto, restabelecendo-se o instituto do recurso ex officio na rea do Processo tico, RESOLVE: Art. 1 Ao 2 do art. 13 do Cdigo de tica Profissional do Contabilista CEPC, aprovado pela Resoluo CFC n 803/96, d-se a seguinte redao: 2 Na hiptese do inciso III do art. 12, o Tribunal Regional de tica Profissional dever recorrer ex officio de sua prpria deciso (aplicao de pena de Censura Pblica).52

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Art. 2 Renumere-se o atual 2 do art. 13 do Cdigo de tica Profissional CEPC, aprovado pela Resoluo CFC n 803/96, para 3. Art. 3 Para processar e julgar a infrao de natureza tica, competente o Conselho Regional de Contabilidade, investido de sua condio de Tribunal Regional de tica e Disciplina (TRED) do local de sua ocorrncia. Art. 3, caput, com redao dada pela Resoluo CFC n 950, de 29 de novembro de 2002. Pargrafo nico. Quando o CRC do local da infrao no for o do registro principal do infrator, sero observadas as seguintes normas: I O CRC do local da infrao encaminhar cpia da notificao ou do auto de infrao ao CRC do registro principal, solicitando as providncias e informaes necessrias instaurao, instruo e julgamento do processo. II O CRC do registro principal, alm de atender, em tempo hbil, s solicitaes do CRC do local da infrao, fornecer a este todos os elementos de que dispuser no sentido de facilitar seus trabalhos de informao e ap