kant- exercício de aprendizagem

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Curso de Filosofia História da Filosofia IV Moderna I CRITICISMO KANTIANO IMMANUEL KANT (1724-1804) Geraldo Natanael de Lima Orientador: Profº José de Souza Pedra “... são-nos dadas coisas como objetos de nossos sentidos, existentes fora de nós, só que nada sabemos do que eles possam ser em si mesmos, mas conhecemos apenas seus fenômenos, isto é, as representações que produzem em nós ao afetarem nossos sentidos”. Kant apud Marcondes, 1997, 210. Salvador-Ba Novembro de 2004

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas

Curso de Filosofia

História da Filosofia IV – Moderna I

CRITICISMO KANTIANO

IMMANUEL KANT (1724-1804)

Geraldo Natanael de Lima

Orientador:

Profº José de Souza Pedra

“... são-nos dadas coisas como objetos de nossos sentidos,

existentes fora de nós, só que nada sabemos do que eles possam

ser em si mesmos, mas conhecemos apenas seus fenômenos, isto

é, as representações que produzem em nós ao afetarem nossos

sentidos”.

Kant apud Marcondes, 1997, 210.

Salvador-Ba

Novembro de 2004

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SUMÁRIO

1- Quais as obras principais de Kant?............................................................................. 03

2- Quais os filósofos de influenciaram Kant? ............................................................... 03

3- De que trata a estética transcendental? ..................................................................... 04

4- De que trata a analítica transcendental? ................................................................... 05

5- De que trata a dialética transcendental? ................................................................... 05

6- Quais as categorias segundo Kant? .......................................................................... 06

7- Qual o imperativo categórico segundo Kant? .......................................................... 08

8- Prova de Deus para Kant? ........................................................................................ 09

9- Relações entre Kant, Leibniz, Descartes e Spinoza. ................................................ 11

9.1- Kant e Leibniz....................................................................................................11

9.2- Kant e Descartes................................................................................................ 12

9.3- Kant e Spinoza....................................................................................................13

10- Critique Kant. ..........................................................................................................14

11- Bibliografia.............................................................................................................. 17

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1- Quais as obras principais de Kant?

As principais obras de Kant foram:

1744- "Idéias sobre a Maneira Verdadeira de Calcular as Forças Vivas".

1763- “O Único Argumento Possível para uma Demonstração da Existência de Deus”.

1766- “Sonhos de um Visionário, Interpretados Mediante os Sonhos da Metafísica”.

1770- “Dissertação sobre a Forma e os Princípios do Mundo Sensível e do Mundo

Inteligível”.

1781- "Crítica da Razão Pura".

1783- "Os Prolegômenos a Qualquer Metafísica Futura que Possa Vir a Ser Considerada

como Ciência”.

1785- "Fundamentos da Metafísica dos Costumes".

1788- "Crítica da Razão Prática".

1790- "Crítica do Juízo (ou Crítica da Faculdade de Julgar)".

1793- “A Religião dentro dos Limites da Simples Razão”.

1795- "Ensaio filosófico sobre a paz perpétua".

1798- "O Conflito das Faculdades".

2- Quais os filósofos de influenciaram Kant?

A obra de Immanuel Kant (1724-1804) pode ser vista como um marco na

filosofia moderna. Seu pensamento é geralmente dividido em duas fases: a pré-crítica,

que vai até Dissertação de 1770, e a crítica, a partir da publicação da Crítica da Razão

Pura (1ª ed. 1781). Em sua fase pré-crítica, Kant pode ser considerado um representante

típico do chamado “racionalista dogmático”, caracterizado pela forte influência do

“sistema Leibniz/Wolff”, isto é, do predomínio, sobretudo no contexto alemã, da

filosofia racionalista inspirada em Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) e

desenvolvida e sistematizada por Christian Wolff (1679-1754). Segundo ele mesmo

nos relata em seus Prolegômenos, foi à leitura de David Hume (1711-1776) que o

despertou de seu “sonho dogmático”. Os questionamentos céticos de Hume abalaram

profundamente Kant, que visava empreender uma defesa do racionalismo contra o

empirismo cético. Percebeu, no entanto a importância das questões levantadas pelos

empiristas, destacadamente Hume, e acabou por elaborar uma filosofia que caracterizou

como racionalismo crítico, pretendendo precisamente superar a dicotomia entre

racionalismo e empirismo. É significativo que Kant, formado no contexto do

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racionalismo alemão, tenha dedicado a Crítica da Razão Pura a Francis Bacon (1561-

1626), o iniciador do empirismo.

Kant teve uma preferência pelo naturista Lucrécio (98-55 a.C.) quando estudou

na escola pietista até a sua adolescência, e talvez o tenha impressionado o livro IV do

poema “De rerum natura”, onde Lucrécio descreve a mecânica dos sentidos e do

pensamento.

Em 1740, aos dezesseis anos, Kant entrou para a universidade de Königsberg

onde estudou até aos 21 anos. Ajudado por um jovem professor, Martin Knutzen, que

havia estudado Christian Wolff, um sistematizador da filosofia racionalista, e que

também era um entusiasta da ciência de Sir Isaac Newton (1642-1727), Kant começou

a ler os trabalhos deste físico inglês e, em 1744, começou seu primeiro livro, o qual

tratava de um problema relativo a forças cinéticas: “Idéias sobre a Maneira Verdadeira

de Calcular as Forças Vivas”.

Em 1755, ajudado pela bondade de um amigo, Kant pode completar seus estudos

na universidade. Obteve seu doutorado e assumiu a posição de livre docente

(Privatdozent, professor sem salário). Três dissertações que ele apresentou na

habilitação a esse posto indicam o interesse e rumo de seu pensamento nessa época. Em

uma, "Sobre o fogo", ele argumenta, muito ao jeito aristotélico, que os corpos agem uns

sobre os outros através de uma matéria sutil e elástica uniformemente difusa que é a

substância básica de ambos calor e luz.

3- De que trata a Estética Transcendental?

Estética vem de “estesia”, ou do grego “aisthesis”, ou seja, sensibilidade,

sentimento. Teoria do Conhecimento Sensível. Intuição sensível (ouvido, boca, etc.):

apreende as sensações ordenadas no tempo e no espaço (Isaac Newton).

A Estética Transcendental está na primeira parte da Crítica da Razão Pura e

pretende investigar as formas puras da sensibilidade, as intuições de espaço e tempo

precisamente como condições de possibilidade da experiência sensível, como

elementos constitutivos, portanto de nossa relação com objetos enquanto determinados

espaço-temporalmente, ou seja, para o conhecimento. Kant rejeita a noção de uma

intuição intelectual, que poderia nos dar acesso direto à essência das coisas, tal como

encontramos na metafísica tradicional. Por definição, a essência é o incondicionado,

conhecê-la seria entrar numa relação com a essência, a partir do quê esta deixaria de ser

incondicionada. A intuição é sempre sensível, é o modo como os objetos se apresentam

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a nós no espaço e no tempo, condição de possibilidade para que sejamos objetos. O que

conhecemos não é o real, “a coisa-em-si” (Ding na sich), mas sempre o real em relação

com o sujeito do conhecimento, isto é, o real enquanto objeto. Kant distingue assim o

mundo dos fenômenos, a realidade de nossa experiência, do mundo do númeno, a

realidade considerada em si mesma, a qual podemos pensar, mas não conhecer.

As sínteses operadas pelas formas ou intuições puras de tempo e espaço

tornam-se matéria de síntese mais alta, tornam-se conteúdos das formas conceptuais as

categorias do intelecto. Temos então, um mundo de objetos ligados, conectados,

segundo a ordem casual (“cronos” = tempo). É o mundo da experiência, da natureza,

da ciência com suas leis universais e necessárias.

O ser humano possui elementos “a priori”, ou seja, antes da experiência que é o

tempo e o espaço. Na física clássica o tempo e espaço são absolutos. Na física quântica,

o tempo e espaço são relativos. O EU transcendental é puro, a priori, anterior ao tempo e

espaço, sem contato e anterior a experiência com o mundo e a natureza. Esse mundo

unitário é possível graças à unidade e a identidade transcendental do EU.

4- De que trata a Analítica Transcendental?

Analítica Transcendental está na segunda parte da Crítica da Razão Pura e

examina a contribuição dos conceitos puros do entendimento, as categorias, para o

conhecimento, considerando ainda, nas seções relativas à unidade sintética da

apercepção e ao esquematismo da razão pura, como sensibilidade e entendimento se

unem para constituir a experiência cognitiva. Trata-se, portanto, da formulação de um

modelo do uso da razão no conhecimento que procura dar conta de como se constitui

este conhecimento de forma legítima, buscando assim evitar e superar as dificuldades e

os impasses que o empirismo e o racionalismo, o materialismo e o idealismo

enfrentavam em sua época.

É a teoria do conhecimento inteligível em que o objeto é o mundo da

experiência. Ocupa-se em justificar a física pura ou mecânica.

5- De que trata a dialética transcendental?

Segunda parte da Teoria do Conhecimento Inteligível, tendo por objeto o mundo

transcendente. Fora da experiência sensível: imanente x transcendente. A Dialética

Transcendental trata do uso especulativo da razão, em que esta não produz

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conhecimento porque não remete a objetos de uma experiência possível. É neste sentido

que, para Kant, a metafísica tal como tradicionalmente concebida não pode ser uma

ciência, não produzindo conhecimento efetivo do real porque não tem objetos.

Demole a metafísica como sendo uma construção sofística (dialética) do espírito

humano. Unidades supremas mais altas para a unidade definitiva do conhecimento. São

idéias da razão.

- Mundo (cosmologia racional): como razão dos fenômenos externos.

- Alma (psicologia racional): como razão dos fenômenos internos.

- Deus (teologia racional): como razão de tudo.

Deus, Alma e Mundo são idéias vazias da razão: não temos deles

conhecimento real. O objeto de estudo é a metafísica. A forma sem matéria é “vazia”,

infecunda estéril. A matéria sem forma é cega, irracional, ininteligível.

Se for possível a ciência do fenômeno, não é possível a metafísica do “númeno”

(a coisa-em-si mesma). A dialética transcendental teria precisamente o fim de

demonstrar a impossibilidade da metafísica e ao mesmo tempo a exigência humana da

metafísica.

Kant também fala sobre a Dedução Transcendental. A sensibilidade nos fornece

os dados da experiência (o múltiplo), a imaginação completa estes dados e os unifica, e

o entendimento lhes dá unidade conceitual, permitindo-nos pensa-los. O conhecimento

resulta da contribuição desses três elementos. A Dedução Transcendental (§13) visa

fundamentar ou legitimar o conhecimento a partir do uso dos conceitos. “Denomino

dedução transcendental a explicação da maneira como conceitos a priori podem

relacionar-se com objetos, distinguindo-a da dedução empírica, que indica a maneira

como um conceito foi adquirido mediante experiência e reflexão sobre a mesma, e diz

respeito, portanto, não à legitimidade, mas ao fato pelo qual obtivemos o conceito”.

6- Quais as categorias segundo Kant?

Segundo a Analítica Transcendental (§27): “Não podemos pensar nenhum objeto

senão mediante categorias; não podemos conhecer nenhum objeto pensado senão

mediante intuições que correspondam àqueles conceitos”. E, em uma passagem famosa

da Introdução, “a intuição sem conceitos é cega, os conceitos sem intuição são vazios”.

Eis o sentido do que se poderia denominar o “construtivismo” de Kant, a idéia de que

“só conhecemos a priori das coisas o que nós mesmos colocamos nelas” (Prefácio à 2ª

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edição). Os exemplos abaixo foram retirados do livro de Danilo Marcondes, Iniciação à

História da Filosofia – Dos Pré-Socráticos a Wittgenstein.

6.1- Kant enumera 4 juízos e doze categorias (Q2RM):

Juízos (quanto à sua forma) Categorias

1. Quantidade:

Universal: “Todo homem é mortal”.

Particular: “Algum homem é mortal”.

Singular: “Sócrates é mortal”.

Unidade.

Pluralidade.

Totalidade.

2. Qualidade:

Afirmativo: “Todo homem é mortal”.

Negativo: “Não é o caso que Sócrates é mortal”.

Limitativo: “Sócrates é não-mortal”.

Realidade.

Negação.

Limitação.

3. Relação:

Categórico: “Sócrates é mortal”.

Hipotético: “Se..., então...”.

Disjuntivo: “ou..., ou...”.

Possibilidade.

Existência e inexistência.

Necessidade e contingência.

4. Modalidade:

Problemático: “É possível que...”

Assertórico: “Sócrates é mortal”.

Apodítico: “É necessário que...”.

Possibilidade.

Existência e inexistência.

Necessidade e contingência.

Os juízos e categorias deles derivados constituem as formas mais básicas e

gerais de formulação de nosso pensamento. As tabelas apresentam assim uma espécie de

“mapa” de nossas possibilidades de pensar. Kant deriva os conceitos dos juízos, dando

com isso prioridade aos juízos sobre os conceitos. Não pode haver nenhuma

combinação de conceitos se não houver uma unidade originária que a permita. Dado o

caráter predicativo dos conceitos, estes só podem ser entendidos a partir de seu papel

nos juízos. Os juízos possuem uma unidade, ou seja, uma forma lógica que independe

de seu conteúdo. Os conceitos enquanto predicados de juízos possíveis relacionam-se a

uma representação de um objeto não determinado.

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7- Qual o imperativo categórico segundo Kant?

O imperativo categórico é o princípio ético formal da razão prática, absoluto

e necessário, fundamento último da ação moral. Os princípios éticos são derivados da

racionalidade humana. Os princípios da razão prática são leis universais que definem

nossos deveres. Portanto, os princípios morais resultam da razão prática e se aplicam a

todos os indivíduos em qualquer circunstância. Pode-se considerar assim a ética

kantiana como uma ética do dever, ou seja, uma ética prescritiva.

No mundo dos fenômenos, da realidade natural, tudo depende de uma

determinação causal. Ora, se o homem é parte da natureza e as ações humanas ocorrem

no mundo natural, então suas ações seguem uma determinação causal e o homem não é

livre nem responsável por seus atos. Porém, o homem é essencialmente um ser racional

e por isso se distingue da ordem natural, não estando, no campo do agir moral,

submetido às leis causais, mas sim aos princípios morais derivados de sua razão, ao

dever, portanto. A moral é assim independente do mundo da natureza.

O objetivo fundamental de Kant é, portanto, estabelecer os princípios a priori,

ou seja, universais e imutáveis, da moral. Seu foco é o agente moral, suas intenções e

motivos. O dever consiste na obediência a uma lei que se impõe universalmente a todos

os seres racionais. Eis o sentido do imperativo categórico (ou absoluto): “Age de tal

forma que sua ação possa ser considerada como norma universal”. Toda ação exige

a antecipação de um fim, o ser humano deve agir como se (als ob) este fosse realizável.

Daí a acusação de “formalismo ético” freqüentemente lançada contra Kant, já que este

princípio não estabelece o que se deve fazer, mas apenas um critério geral para o agir

ético, sendo este precisamente o seu objetivo.

Os imperativos hipotéticos, por sua vez, têm um caráter prático, estabelecendo

uma regra para a realização de um fim, como: “Se você quiser ter credibilidade, cumpra

suas promessas”. É o princípio representando a necessidade prática de uma ação

possível, considerada como meio de se alcançar um determinado fim: “Se queres X,

então deves fazer Y”.

As categorias de Aristóteles são objetivos, atributos supremos e universais do

Ser. Metafísica de Aristóteles: Ser enquanto Ser. As categorias de Kant são subjetivas,

mas universais, próprias do conhecimento.

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8- Prova de Deus para Kant?

No “Único Argumento Possível para uma Demonstração da Existência de

Deus” (1763), Kant divide-se em três partes, dedicadas respectivamente a expor o

argumento, mostrar sua utilidade e demonstrar que ele é o único válido.

a) Conceito de existência: a existência de uma coisa só pode ser atestada pela

experiência ou pela coisa mesma. Não devemos dizer “tal coisa é existente”,

porque essa formulação pode levar a pensar que a existência seja um

predicado, como a cor, a figura ou qualquer outra qualidade; mas dever-se-ia

dizer: “uma coisa que experimentei como existente tem tais e tais

características”. A existência não está, portanto, no plano da possibilidade, não

é o cumprimento da possibilidade, como considerava Wolff; é diferente da

possibilidade: é a “posição absoluta de uma coisa”.

b) Conceito do possível: a não-contraditoriedade certamente é condição

necessária da possibilidade, mas não suficiente. De fato, para que um ente seja

possível é preciso não apenas que ele seja não-contraditório, mas também é

preciso que sejam dados os elementos que não se contradigam entre si, que

sejam compatíveis. A não-contradição é o formal da possibilidade, os dados

compatíveis entre si são o material da possibilidade.

c) Conceito de necessidade: o necessário é aquilo cujo oposto é impossível.

Mas, como se conclui na análise do conceito do possível, impossível não e

apenas contraditório, ou seja, aquilo que elimina o formal da possibilidade: é

também aquilo que elimina o material da possibilidade. Ora, se nada existisse,

nada seria possível, uma vez que, se nada existisse, seria eliminado o material

da possibilidade.

Baseado nestas premissas Kant elabora o Único argumento da Existência de

Deus: “aquilo cuja supressão ou negação elimina toda possibilidade é

absolutamente necessário”. Ou seja: é impossível que nada seja possível; mas, se nada

existisse, nada seria possível, “portanto existe algo de modo absolutamente necessário”.

Kant deduz também que o ente necessário é único, é simples, é imutável e eterno, é o

“ens realissimum”, ou seja, a síntese de toda realidade possível, de toda positividade.

Conclui depois que tal ente é Deus. O único argumento kantiano chega, portanto a Deus

como fundamento da possibilidade das coisas, e é um desenvolvimento do argumento

que “Prop. VII da Nova dilucidatio” já enunciara. (Rovighi, 2000:545).

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Kant chama à metafísica “um abismo sem fundo”, um “oceano tenebroso sem

margem e sem faróis”; e diz que há ocasiões em que atreve a explicar tudo e a

demonstrar tudo; e outras, pelo contrário, só com temor e desconfiança se aventura em

semelhantes empresas. “O escrito parte da distinção clara da existência dos outros

predicados ou determinações das coisas. Os predicados ou determinações são posições

relativas de um quid, isto é caractere de uma coisa; a existência é a posição absoluta da

coisa em si própria. Por isso no existente não há mais qualidades ou caracteres que no

simples possível; aquilo que há a mais é a posição absoluta. O princípio de contradição

é a condição formal da possibilidade; mas a possibilidade intrínseca das coisas supõe

sempre uma existência qualquer porque, se não existisse nenhuma de fato, nada seria

pensável e possível” (I § 2). Desta consideração tira Kant a sua demonstração da

existência de Deus que é uma reedição do velho argumento a contigentia mundi. Todas

as outras demonstrações são reduzidas por Kant a esta, inclusive a prova ontológica de

Descartes. E ao final da obra, depois de ter dito que o argumento que expusera era o

único, Kant acrescenta:

“Aqui buscastes a prova, e, se acreditas não a ter encontrado,

abandonai esse caminho impraticável da grande estrada da

razão humana. É completamente necessário que tenhamos

certeza da existência de Deus, mas não é tão necessário

demonstrar essa existência” (G.S., II, p. 163; Scritti precritici, p.

211).

As questões de que trata – a infinitude do cosmo, a perfeição de Deus e a

imortalidade da alma – não podem ser respondidas da mesma maneira como são

respondidas as questões da física e da matemática. A metafísica não tem objetos porque,

por definição, Deus, o cosmo e a alma não podem ser objetos de minha experiência

espaço-temporal, pois não se manifestam no espaço e no tempo. São, portanto

transcendentes, resultando de usos de conceitos aos quais não correspondem intuições.

Não são objetos do conhecimento, mas agimos como se (als ob) o fossem, no sentido

daquilo que visamos, ou a que tendemos, mesmo que não possamos efetivamente

conhecer.

Kant admitia que a razão humana se coloca questões que não pode evitar, porque

provêm de sua própria natureza, mas que tampouco pode responder, porque provêm de

sua própria natureza, mas que tampouco pode responder, porque ultrapassam totalmente

sua capacidade cognitiva. Por isso, diz Kant, tive de suprimir o saber para dar lugar à fé,

questões que foram abordadas no âmbito da razão prática.

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A razão prática pressupõe uma crença em Deus, na liberdade e na imortalidade

da alma, que funcionam como ideais ou princípios regulativos. A crença em Deus é o

que possibilita o supremo bem, recompensar a virtude com a felicidade. A

imortalidade da alma é necessária, já que neste mundo virtude e felicidade não

coincidem, e a liberdade é um pressuposto do imperativo categórico, libertando-nos de

nossas inclinações e desejos, uma vez que o dever supõe o poder fazer algo.

Em 1755 Kant escreveu a “História natural universal e teoria do céu”, que

expõe uma cosmologia internamente inspirada em Newton, como se pode ver no próprio

subtítulo. A inspiração newtoniana consiste em explicar a formação do mundo a partir

da nebulosa primitiva com leis puramente mecânicas. Ora, pergunta-se Kant no

prefácio, será que tal explicação não exclui a existência de Deus? Se a ordem e a beleza

do universo são resultado de forças mecânicas, que necessidade se tem de recorrer a

Deus para explicá-las? Não se renovam talvez as teorias de Demócrito e Lucrécio? Kant

responde que a diferença está em conceber a formação do universo como o resultado de

leis necessárias, ao invés do acaso, como pensavam Demócrito e Epicuro. Ora, a

necessidade sempre foi para Kant o sinal da racionalidade, da inteligência. Além disso,

essas leis necessárias dão lugar a um cosmo ordenado. “É possível que tantas coisas,

cada uma das quais tem uma natureza independente das outras, devam determinar-se

reciprocamente por si mesmas de maneira que daí resulte uma totalidade ordenada? E,

se o fazem, será que não dão uma prova inegável de sua origem comum de uma

suprema Inteligência que a tudo provê (allgenugsam), na qual as naturezas das coisas

foram projetadas segundo objetivos compatíveis entre elas?” (G.S.,I,pp.227-228).

Longe de excluir Deus, a hipótese kantiana prova que “há um Deus justamente

porque a Natureza, mesmo no caos, só pode proceder de maneira regular e ordenada”

(ibid., p.228). Assim como Kant enfatizará também em “O único argumento”, Deus não

deve ser buscado no extraordinário, no miraculoso, mas como fundamento da própria

natureza das coisas.

9- Relações entre Kant, Leibniz, Descartes e Spinoza.

9.1- Kant e Leibniz.

Na “Monadologia física”, escrita em latim, de 1756, Kant se propõe conciliar as

teorias de Leibniz e de Newton sobre o problema da divisibilidade do extenso. O título

da obre é “Utilidade da união da metafísica e geometria na filosofia da natureza.

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Primeiro ensaio: Monadologia física”. Portanto, Kant ainda considera válida a

metafísica (e o representante por excelência da metafísica é Leibniz), mas pensa que

deve ser acompanhada da geometria para constituir uma sólida filosofia da natureza. No

prefácio, afirma que a verificação da experiência deve-se somar à geometria: é claro,

portanto, que se refere a Newton. Ora, a metafísica, também chamada de “Philosophia

transcendentalis” (G.S., I, p.475), afirma que os corpos não são infinitamente divisíveis,

porque na divisão se chega a elementos simples, portanto indivisíveis, que são as

mônadas; a geometria, ao contrário, afirma que o espaço é infinitamente divisível; a

metafísica nega que exista um espaço vazio; a geometria diz que ele é necessário para

que haja movimentos livres; a geometria diz que a gravitação universal deriva de forças

inerentes aos corpos que agem à distância; a metafísica considera essas ações à distância

como produtos da imaginação. Como conciliá-las? Kant propõe esta solução: os corpos

são constituídos de mônadas indivisíveis; contudo, cada mônada, com sua atividade,

define um pequeno espaço (spatiolum) de sua presença que afasta de si as outras

mônadas (Prop. VI). Isso explica a extensão e a impenetrabilidade dos corpos (Prop.

VIII). A solução kantiana não tem muito interesse: o que importa notar é a intenção de

conciliar metafísica e física newtoniana.

9.2- Kant e Descartes.

Na sua obra “Os paralogismos” Kant aborda Descartes criticando a idéia de

alma, como objeto da psicologia racional. Uma psicologia racional, para ser

verdadeiramente “racional”, ou seja, constituída de proposições necessárias e universais,

deve ter um objeto independente de toda experiência. Ora, de mim, independente de

toda experiência, só me é dado o eu penso. “Se o mínimo aspecto empírico do meu

pensamento, uma percepção particular qualquer do meu estado interno, estivesse

misturada aos fundamentos dessa ciência, ela não seria mais psicologia racional, mas

empírica” (G.S., III, p. 263; R. pura, p. 235). Mas o eu penso não é suficiente para dar-

me o conceito da alma, porque a “representação vazia: eu” não é um conceito, “mas

apenas uma consciência que acompanha todo conceito”. O eu da apercepção

transcendental é um x “que só é conhecido mediante os pensamentos que são seus

predicados, e do qual nunca podemos ter o menor conceito, se o separarmos desses

predicados” (G.S., III, p.265; R.pura, p.328). Assim, para ter um conceito do eu,

precisamos uni-lo a esses predicados, devemos pensa-lo como uma substância

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permanente no tempo. Mas pensando-o assim, já contaminamos sua pureza, não o

concebemos mais como uma coisa em si, mas como fenômeno.

A psicologia racional baseia-se num paralogismo, um erro de lógica, na troca do

eu como “sujeito lógico do pensamento” pelo sujeito entendido como alma-substância.

O paralogismo consistiria aqui numa “quaternio terminorum”, um silogismo com quatro

termos, em vez de três; um silogismo cuja premissa maior diz: tudo o que pode ser

apenas sujeito (e não predicado ou determinação do outro) é substância; a menor diz: o

eu é apenas sujeito; portanto, o eu é uma substância. Ora, o termo “sujeito” é tomado em

dois significados diferentes na maior e na menor (portanto, os termos são quatro), uma

vez que na maior se entende por sujeito aquilo que permanece sob as diversas

determinações (predicados), ao passo que na menor o sujeito é a pura atividade

unificadora das múltiplas intuições.

9.3- Kant e Spinoza.

Na terceira parte de sua Crítica da Razão Pura, na dialética transcendental, Kant

se interroga sobre o valor do conhecimento metafísico. Ao fundamentar solidamente o

conhecimento, a análise precedente limita o seu alcance. O que é fundamentado é o

conhecimento científico, que se limita a por em ordem, graças às categorias, os

materiais que lhe são fornecidos pela intuição sensível.

No entanto, diz Kant, é por isso que não conhecemos o fundo das coisas. Só

conhecemos o mundo refratado através dos quadros subjetivos do espaço e do tempo.

Só conhecemos os “fenômenos” e não as coisas em si ou “noumenos”. As únicas

intuições de que dispomos são as intuições sensíveis. Sem as categorias, as intuições

sensíveis seriam "cegas", isto é, desordenadas e confusas, mas sem as intuições

sensíveis concretas as categorias seriam "vazias", isto é, não teriam nada para unificar.

Pretender como Platão, Descartes ou Spinoza que a razão humana tem intuições fora

e acima do mundo sensível, é passar por "visionário" e se iludir com quimeras: "A

pomba ligeira, que em seu vôo livre fende os ares de cuja resistência se ressente, poderia

imaginar que voaria ainda melhor no vácuo. Foi assim que Platão se aventurou nas asas

das idéias, nos espaços vazios da razão pura. Não se apercebia que, apesar de todos os

seus esforços, não abria nenhum caminho, uma vez que não tinha ponto de apoio em

que pudesse aplicar suas forças".

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10- Critique Kant.

Seu trabalho concentrou-se na resposta a três questões: O que eu sei? O que devo

fazer? O que devo esperar? Entretanto, as respostas para as duas últimas dependem da

resposta à primeira: “nosso dever e nosso destino podem ser determinados somente

depois de um profundo estudo do conhecimento humano”.

O problema fundamental de toda a metafísica é a questão "que é que existe?" E

quanto a essa questão fundamental, as principais correntes que, no final do século XVIII

Kant se propõe a conciliar, são o realismo e o seu oposto o idealismo, o racionalismo e

o seu oposto o empirismo.

O Realismo sustenta que, no conhecimento humano, os objetos do conhecimento

são intuídos, apreendidos e vistos como eles realmente são em sua existência fora e

independente da mente. Então, conhecer uma coisa significa encontrar entre os

conceitos possíveis, aquele que está adequado a essa coisa (a essência). Se a isso

acrescentamos os caracteres acidentais individuais da substância, então chegamos ao

conhecimento pleno da realidade.

O Idealismo, ao contrário, sustenta que as coisas existem conforme a mente pode

construí-las; tudo que existe é conhecido para o homem nas dimensões que lhe são

mentais, como idéias ou através de idéias. O idealismo metafísico sustenta a idealidade

da realidade, e o idealismo epistemológico sustenta que, no processo do conhecimento,

os objetos da mente estão condicionados pela sua perceptibilidade.

O Racionalismo tem a razão como suprema fonte e teste do conhecimento,

sustentando que a realidade, ela mesma, tem uma estrutura lógica inerente. Para o

Racionalismo existe uma classe de verdades que o intelecto pode intuir diretamente,

além do alcance da percepção sensível. O Racionalismo opõe-se o Empirismo, que

sustenta que todo conhecimento vem, e precisa ser testado, pela experiência sensível. O

Empirismo tende a negar a Metafísica, porque esta trata das possibilidades de intuição

do conhecimento, para além das coisas apreendidas pelos sentidos, ou pela experiência.

Kant é considerado o grande filósofo do Iluminismo. Ele próprio assim

respondeu à questão "o que é o Iluminismo?": "O Iluminismo é a saída do ser humano

do estado de não-emancipação em que ele próprio se colocou. Não-emancipação é a

incapacidade de fazer uso de sua razão sem recorrer a outros. Tem-se culpa própria na

não-emancipação quando ela não advém de falta da razão, mas da falta de decisão e

coragem de usar a razão sem as instruções de outrem. Sapere aude!" Tenha a coragem

de fazer uso da sua razão, é, portanto, o lema do Iluminismo.

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O sistema filosófico de Kant é conhecido pelo nome de criticismo e encontra-se

exposto, sobretudo, na Crítica da Razão Pura. Kant diz desenvolver uma "filosofia

transcendental" na qual expõe a crítica a que há que submeter a razão humana a fim de

indagar as condições que tornam possível o conhecimento a priori. Kant buscou

conciliar a disputa entre empiristas e racionalistas. Para isso considera que existem duas

faculdades que operam na aquisição de conhecimentos: a sensibilidade e o

entendimento.

Kant na Crítica da Razão Pura chama sensibilidade à "capacidade de receber

representações (receptividade), graças à maneira como somos afetados pelos objetos";

por intermédio dela são-nos, pois, dados objetos, fornecidas intuições. No entanto, é o

entendimento que pensa esses objetos, sendo dele que provêm os conceitos. Kant não

atribui primazia a nenhuma das duas capacidades: "sem a sensibilidade, nenhum objetos

nos seria dado; sem o entendimento, nenhum seria pensado”.

Hume defendeu que não era possível conhecer mais do que aquilo que os

sentidos e a memória nos oferecem e que não é possível um conhecimento universal e

necessário das coisas, porque tal necessidade e universalidade não nos são dadas pela

experiência. Kant opõe a esta idéia a suposição de que, se esta necessidade e

universalidade não podem vir da experiência, por outro lado, são condições necessárias

de um verdadeiro conhecimento, então terão de ser um elemento a priori do mesmo.

Considera que, para entender a experiência (conhecimento a posteriori), é

necessário ter conhecimentos que não provenham da experiência (conhecimentos a

priori): "embora todo o nosso conhecimento comece com a experiência, isso não

significa que proceda todo da experiência". Só assim é que o conhecimento empírico

pode ter as condições exigidas pelo verdadeiro conhecimento (universalidade e

necessidade) - características que a experiência por si só não pode outorgar. Esta

posição opera uma mudança de método, tal como a afirmação de que não é o

entendimento que se deixa governar pelos objetos, mas são estes que se submetem às

leis do conhecimento impostas pelo entendimento humano. Trata-se de uma “revolução

copernicana”, um salto radical em relação ao empirismo.

É o próprio Kant quem compara a revolução operada por Copérnico (quando

propôs substituir a teoria de que os astros giravam pela suposição de que os astros se

mantinham imóveis, sendo antes o espectador quem girava) com a revolução operada na

filosofia, ao substituir-se a idéia de que os nossos conhecimentos devem regular-se

pelos objetos pela idéia de que são os objetos que se regulam pelo nosso conhecimento.

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Kant observa que, para que se dê o conhecimento, são precisos dois tipos de

condições: empíricas e a priori. As primeiras são particulares e contingentes, quer dizer,

dizem respeito a um sujeito e podem ser modificadas (por exemplo, para ver uma coisa

intervém a agudeza visual e o tamanho do objeto); mas há outras a priori, universais e

necessárias: o espaço e o tempo, que estão sempre presentes e não procedem da

experiência, mas a antecedem (para ver algo, primeiro é preciso um lugar e um tempo

no qual se ordenam as impressões recebidas pela vista). Portanto, se existem condições

a priori, isto implica que o sujeito desempenha um papel ativo no processo do

conhecimento, traz algo para esse conhecimento e, portanto, não se limita a receber

passivamente o que percebe.

Os juízos podem ser analíticos ou sintéticos. Os juízos analíticos são aqueles

cujo predicado está compreendido no conceito do sujeito e, portanto, não são

extensivos, não trazem nada de novo ao conhecimento; por exemplo, "o quadrado tem

quatro lados iguais". Os juízos sintéticos, ampliam o nosso conhecimento porque o

predicado não faz parte do sujeito; por exemplo, "este livro é de Filosofia". Nestes

exemplos verificamos que o primeiro também é um juízo a priori, porque o fato de um

quadrado ter quatro lados é uma característica essencial do mesmo e não precisamos da

experiência para o comprovar. No segundo caso, trata-se de um juízo a posteriori, pois

necessitamos de recorrer à realidade para o emitir: é necessária a experiência.

Mas a grande descoberta é afirmar que há juízos sintéticos a priori: aumentam o

nosso conhecimento (são sintéticos) e são universais e necessários (a priori), e, além

disso, são próprios das ciências. Assim, um juízo como "os objetos caem devido à lei da

gravidade", é sintético porque o predicado nos traz uma informação que não está

incluída no sujeito "os objetos", e é a priori porque, se é certo que o comprovamos pela

experiência e pelo hábito, as coisas caem necessariamente e a experiência não mostra

ligações necessárias, mas apenas contingentes.

Deste modo, Kant desenvolve uma teoria que concilia os empiristas e os

racionalistas. Face aos racionalistas, afirma que é verdade que o sujeito traz algo de si -

o espaço, o tempo e as categorias - mas isso sem a experiência nada é. Em relação aos

empiristas, também defende que o conhecimento deve ater-se à experiência, mas esta

não consiste em meras impressões: estas impressões são ordenadas pelo sujeito (no

espaço e no tempo). Esta ordem é comum a toda a experiência, pelo que o conhecimento

desta ordem tem caráter universal e necessário.

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11- Bibliografia BLACKBURN, Simon, Dicionário Oxford de Filosofia, RJ, Jorge Zahar Editor, 1997.

FERRATER MORA, José, Dicionário de Filosofia, SP, Edições Loyola, 2000.

HUISMAN, Denis, Dicionário dos Filósofos, SP, Editora Martins Fontes, 2001.

KANT, Immanuel, Coleção Os Pensadores, SP, Nova Cultural, 1999.

DESCARTES, René, Coleção Os Pensadores, SP, Nova Cultural, 1999.

REZENDE, Antônio (org.), Curso de Filosofia, RJ, Jorge Zahar Editor, 2002.

CAYGILL, Howard, Dicionário Kant, RJ, Jorge Zahar Editor, 2000.

LEIBNIZ, Gottfried Wilhelm, Coleção Os Pensadores, SP, Nova Cultural, 1999.

MARCONDES, Danilo e JAPIASSÚ, Hilton, Dicionário Básico de Filosofia, RJ,

Jorge Zahar Editor, 2001.

MARCONDES, Danilo, Iniciação à História da Filosofia: Dos pré-socráticos a

Wittgenstein, 7ª edição, RJ, Jorge Zahar Editor, 1997.

MONDIN, Battista, Curso de Filosofia: Os Filósofos do Ocidente, SP, Edições

Paulinas, 1982.

ROVIGHI, Sofia Vanni, História da Filosofia Moderna, SP, Edições Loyola, 1999.

Observação: Foram acessados vários Sites na Internet para realização desta pesquisa,

entretanto não mencionaremos os endereços e as fontes, por não seguirmos o critério

de metodologia científica para a compilação destas informações. O mérito deste

trabalho somente se restringe a organização das informações, não sendo rigoroso nas

menções aos autores originais dos textos pesquisados.